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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE Faculdade de Letras e Ciências Sociais Departamento de Ciência Política e Administração Pública Trabalho de Licenciatura em Administração Pública ESTER TOMÁS GOBENE SUPERVISOR: Prof. Doutor José Jaime Macuane Reforma da Administração Financeira do Estado em Moçambique e o seu Impacto na Melhoria da Gestão de Salários dos Funcionários e Agentes do Estado: O Caso do Distrito de Boane (2013-2015) Maputo, Outubro de 2017

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UNIVERSIDADE

EDUARDO

MONDLANE

Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Departamento de Ciência Política e Administração Pública

Trabalho de Licenciatura em Administração Pública

ESTER TOMÁS GOBENE

SUPERVISOR: Prof. Doutor José Jaime Macuane

Reforma da Administração Financeira do Estado em Moçambique e o seu Impacto na

Melhoria da Gestão de Salários dos Funcionários e Agentes do Estado: O Caso do

Distrito de Boane (2013-2015)

Maputo, Outubro de 2017

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Curso de Licenciatura em Administração Pública

Trabalho de Fim de Curso

TEMA: Reforma da Administração Financeira do Estado em Moçambique e o seu

Impacto na Melhoria da Gestão de Salários dos Funcionários e Agentes do Estado: O

Caso do Distrito de Boane (2013-2015)

Maputo

2017

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Reforma da Administração Financeira do Estado em Moçambique e o seu Impacto

na Melhoria da Gestão de Salários dos Funcionários e Agentes do Estado: O Caso

do Distrito de Boane (2013-2015)

Trabalho de fim de curso apresentado em cumprimento parcial dos requisitos exigidos

para obtenção do grau de Licenciatura em Administração Pública, na Faculdade de

Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane.

O Júri

O Presidente: ________________________________________

O Supervisor: ________________________________________

O Oponente: _________________________________________

Maputo, Outubro de 2017

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Índice

Índice de Figuras e Tabelas ......................................................................................................... i

Declaração de Honra ................................................................................................................... ii

Epígrafe ....................................................................................................................................... iii

Dedicatória .................................................................................................................................. iv

Agradecimentos ........................................................................................................................... v

Lista de Siglas e Abreviaturas ................................................................................................... vi

Resumo ....................................................................................................................................... vii

CAPÍTULO I ............................................................................................................................... 1

1. Introdução ................................................................................................................................ 1

1.1 Contextualização ................................................................................................................. 3

1.2 Delimitação espácio-temporal do tema ............................................................................... 8

1.3 Problema de Pesquisa e Pergunta de Partida ....................................................................... 9

1.4 Objectivos do Estudo ........................................................................................................ 16

1.4.1 Objectivo Geral .......................................................................................................... 16

1.4.2 Objectivos Específicos ............................................................................................... 16

1.5 Hipótese ............................................................................................................................. 16

1.6 Justificativa ....................................................................................................................... 16

CAPÍTULO II ............................................................................................................................ 18

2. Revisão da Literatura ........................................................................................................... 18

2.1 A Gestão de Salários por via e-SISTAFE ......................................................................... 21

CAPÍTULO III .......................................................................................................................... 27

3. Enquadramento Teórico e Conceptual ............................................................................... 27

3.1 Teoria do Governo electrónico (e-Gov) ............................................................................ 27

3.2 Análise de Sistema de Gestão de Recursos Humanos ....................................................... 29

3.3 Definição de Conceitos ..................................................................................................... 30

3.3.1 Administração Financeira do Estado .............................................................................. 30

3.3.2 Gestão de Recursos Humanos ........................................................................................ 30

3.3.3 Gestão de Pessoas ou Gestão do Pessoal........................................................................ 31

3.3.4 Gestão de Salários .......................................................................................................... 31

3.3.5 Impacto ........................................................................................................................... 31

3.3.6 Avaliação do Impacto..................................................................................................... 31

CAPÍTULO IV .......................................................................................................................... 33

4. Metodologia de Pesquisa ....................................................................................................... 33

4.1 Tipo de Pesquisa ............................................................................................................... 33

4.2 Técnicas de Pesquisa ......................................................................................................... 34

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4.3A Selecção da Amostra ...................................................................................................... 34

4.4 Variáveis do Estudo .......................................................................................................... 36

CAPÍTULO V ............................................................................................................................ 38

5. Apresentação e Análise de Resultados da Pesquisa ........................................................... 38

5.1 Fases de Reforma de Processamento e Pagamento de Salários na Função Pública

moçambicana ........................................................................................................................... 39

CAPÍTULO VI .......................................................................................................................... 47

6. Melhorias do e-SISTAFE no Pagamento de Salários ......................................................... 47

6.1 Quanto aos Indicadores de Eficiência e Eficácia .............................................................. 47

6.2 Quanto aos Indicadores da Capacidade Funcional ............................................................ 51

6.3 Quanto aos Indicadores de Mérito .................................................................................... 54

Conclusão ................................................................................................................................... 58

Recomendações .......................................................................................................................... 59

Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 60

Anexos ........................................................................................................................................ 67

Grelha de Questionário ......................................................................................................... 67

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Ester Tomás Gobene | i

Índice de Figuras e Tabelas

Figura 1. Esquema de pagamento de salários durante a fase de sistemas de

pagamentos paralelos/informáticos......................................................41

Figura 2. Esquema de pagamento de salários durante o período de sistemas

informáticos de reforma no sector da educação...................................42

Tabela 1. Quadro resumo das fases de reforma de processamento e pagamento de

salários na função pública moçambicana.............................................46

Tabela 2. Casos de desvio de fundos e peculato 2013 – 2015.............................48

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Ester Tomás Gobene | ii

Declaração de Honra

Declaro por minha honra que este trabalho de fim de curso é da minha autoria e resulta

da minha investigação, estando referenciadas no trabalho as fontes utilizadas para além

da orientação dada pelo supervisor. Esta é a primeira vez que o submeto para obter um

grau académico numa instituição educacional.

A Licencianda

_________________________________

Ester Tomás Gobene

Maputo, Outubro de 2017

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Ester Tomás Gobene | iii

Epígrafe

“Não é um notável talento o que se exige para assegurar o êxito

em qualquer empreendimento, mas sim um firme propósito”.

(Thomas Atkinson)

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Ester Tomás Gobene | iv

Dedicatória

Dedico este trabalho de forma especial aos meus amados pais, Tomás Estêvão Gobene e

Adélia Agostinho da Conceição, e aos meus irmãos: Cardoso, Albertina, Marta,

Estêvão, Aida, Celso e Agostinho.

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Ester Tomás Gobene | v

Agradecimentos

Agradeço a Deus pelo dom da vida e por ter estado presente nos bons e maus momentos

ao longo da minha formação até hoje.

Aos meus amados pais, Tomás Estêvão Gobene e Adélia Agostinho da Conceição, por

terem contribuído de forma incondicional na minha formação. Sempre procuraram

proporcionar-me melhores condições para a minha formação académica e o apoio moral

em muitas situações da vida académica, vão os meus sinceros agradecimentos.

Aos meus irmãos que deram-me forças e segurança sempre que precisasse. A

compreensão pela rotina académica, principalmente da minha irmã Aida. Os meus

sobrinhos, Tomás Cardoso, Tomás Adenilson e meus irmãos Estêvão, Celso e

Agostinho que garantiram a minha segurança numa altura que a onda de criminalidade

estava cada vez mais ameaçadora, meus sinceros agradecimentos.

De um modo especial, agradeço ao meu Supervisor José Jaime Macuane, por ter

aceitado ser meu supervisor, pela paciência que teve e a forma sábia de me orientar

durante a elaboração deste trabalho. Sem ele esta monografia não teria sido possível.

Aos Funcionários e Professores do Distrito de Boane e do Serviço Distrital de

Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJT); ao Técnico Afonso Gule Júnior do Centro

de Desenvolvimento de Sistemas de Informação de Finanças (CEDSIF); ao doutor

Aurélio Paulo Tinga, Chefe do Departamento de Normas e Apoio ao Utilizador do e-

SISTAFE do Ministério da Economia e Finanças: Direcção Nacional da Contabilidade

Pública e ao doutor Hermenegildo Timane, Assessor do Gabinete Central de Combate à

Corrupção, pela sua disponibilidade nas entrevistas de recolha de dados e pelo apoio em

documentos e esclarecimentos, vão os meus agradecimentos.

A todos meus professores que leccionaram o curso de Licenciatura em Administração

Pública, em 2011-2014 com os quais aprendi muito, vão os meus sinceros

agradecimentos e reconhecimento.

Aos meus amigos e colegas do curso que com eles colaborei durante a minha vida na

Faculdade, vão os meus agradecimentos.

Por último, agradeço aos demais familiares e amigos que directa ou indirectamente,

apoiaram-me, e que não foi possível mencionar os seus nomes aqui.

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Ester Tomás Gobene | vi

Lista de Siglas e Abreviaturas

AGP Acordo Geral de Paz.

CIRESP Centro de Informação de Reforma do Sector Público.

CPD Centro de Processamento de Dados.

CEDSIF Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Informação de Finanças.

CED Classificador Económico de Despesa.

CUT Conta Única de Tesouro.

DAF Departamento de Administração e Finanças.

DAF’s Departamentos de Administração e Finanças.

EDM Electricidade de Moçambique.

e-SISTAFE Sistema Informático da Administração Financeira do Estado.

e- FOLHA Funcionalidade Electrónica do Cálculo da Folha de Salários.

EGRSP Estratégia Global da Reforma do Sector Público.

e- CAF Folha electrónica para Cadastro de Funcionários e Agentes do Estado.

e-SIP Subsistema electrónico de Informação.

ERDAP Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública.

EPC Escola Primária Completa.

FMI Fundo Monetário Internacional.

GFP Gestão de Finanças Públicas.

GRH Gestão de Recursos Humanos.

NUIT Número Único de Identificação Tributária.

MPS Módulo de Salários e Pensões.

PAPs Parceiros de Apoio Programático.

PBCP Plano Básico de Contabilidade Pública.

PRE Programa de Reabilitação Económica.

SDEJT Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia.

SISTAFE Sistema de Administração Financeira de Estado.

SPA Sector Público Administrativo.

SNV Sistema Nacional de Vencimentos.

SPS Sistema de Pagamento de Salários.

SPAV Sistema de Pagamento de Vencimento.

TDM Telecomunicações de Moçambique.

UTRAFE Unidade Técnica para a Reforma da Administração Financeira do Estado.

VD Via Directa.

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Ester Tomás Gobene | vii

Resumo

Com a vaga de reformas levadas a cabo através da Estratégia Global da Reforma do

Sector Público, na área de Gestão de Finanças Públicas foi introduzida a plataforma

informática e-SISTAFE (Sistema Electrónica da Administração Financeira do Estado)

com vista, entre outros, a melhoria dos processos de tramitação e pagamento de salários.

Com efeito, volvidos vários anos após a sua implantação e implementação, este trabalho

analisa o impacto (o antes e o depois) do e-SISTAFE (funcionalidade e-Folha) na

melhoria do processamento e pagamento de salários dos funcionários e agentes do

Estado. Com base no método de estudo de caso com recurso à pesquisa bibliográfica,

documental e a entrevistas (semi - estruturadas) com os beneficiários (professores

primários do Distrito de Boane), gestores do e-SISTAFE no CEDSIF (Centro de

Desenvolvimento de Sistemas de Informação de Finanças), usuários dos SDEJT

(Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia) de Boane, foram colectados os

dados para a pesquisa. Os resultados mostraram que com o e-SISTAFE na

funcionalidade e-Folha (Funcionalidade electrónica do cálculo da folha de salários) há

uma modernização e informatização dos procedimentos administrativos tendentes à

tramitação e pagamento de salários dos funcionários e agentes do Estado quanto

comparados com os anteriores sistemas. Nota-se uma tendência crescente de mudanças

e melhorias significativas mas não na totalidade. O trabalho conclui que o e-Folha

flexibilizou e encurtou os passos, etapas e intervenientes nos processos de salários,

eliminou casos de descontos não reconhecidos nos salários e desvio de fundos.

Contudo, ainda prevalecem casos de viciação e duplicações de pagamentos, embora

com uma redução significativa.

Palavras-chave: e-Sistafe, e-Folha e salários.

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Ester Tomás Gobene | 1

CAPÍTULO I

1. Introdução

O presente trabalho tem em vista o cumprimento parcial de requisitos exigidos para

obtenção do grau de Licenciatura em Administração Pública, na Faculdade de Letras e

Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane. A pesquisa tem como tema:

Reforma da Administração Financeira do Estado em Moçambique e o seu Impacto na

Melhoria da Gestão de Salários dos Funcionários e Agentes do Estado: O Caso do

Distrito de Boane (2013-2015).

Em termos de organização, o trabalho é constituído por seis partes fundamentais. A

primeira parte abarca a introdução, que apresenta a contextualização, como forma de

perceber o contexto em que o estudo se insere; a delimitação espácio-temporal do

estudo; a justificativa que mostra as motivações e a pertinência do desenvolvimento da

presente pesquisa. A introdução comporta ainda o problema de pesquisa, os objectivos

da pesquisa, geral e específicos e a hipótese como resposta provisória à pergunta de

partida levantada.

A segunda parte acolhe a revisão da literatura, a qual descreve e apresenta os contornos

do estabelecimento dos sistemas electrónicos na gestão de recursos humanos e os

contornos da gestão dos salários por via e-SISTAFE (Sistema Electrónico da

Administração Financeira do Estado). Em função da revisão da literatura feita,

apresenta-se a hipótese do trabalho.

A terceira parte apresenta o enquadramento teórico e conceptual, onde faz-se a

fundamentação teórica da pesquisa, mostra os parâmetros de análise dos sistemas de

Recursos Humanos e a definição dos conceitos-chave.

A quarta parte apresenta a metodologia usada para a realização da pesquisa, faz alusão

ao tipo de pesquisa e às técnicas, ao tipo de amostra empregue e as variáveis do estudo.

Na quinta parte faz-se apresentação e análise dos resultados da pesquisa. Onde,

destacam-se as fases da reforma de processamento e pagamento de salários na função

pública moçambicana.

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Ester Tomás Gobene | 2

A sexta parte apresenta as melhorias, bem como os constrangimentos resultantes da

implementação do e-SISTAFE na funcionalidade e-Folha nos indicadores de eficiência,

eficácia, capacidade funcional e mérito. Em seguida, apresenta-se as conclusões do

trabalho e as respectivas recomendações. Os anexos são compostos pela grelha de

questionários dirigidos ao grupo-alvo do estudo, nomeadamente, Gestores do e-

SISTAFE e usuários do e-SISTAFE no distrito de Boane, utentes do e-SISTAFE no

distrito (neste caso os professores primários), o Centro de Desenvolvimento de Sistemas

de Informação de Finanças (CEDSIF) e o Gabinete Central de Combate à Corrupção

(GCCC).

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Ester Tomás Gobene | 3

1.1 Contextualização

Tal como outros países, Moçambique logo depois da proclamação da sua independência

nacional, iniciou a sua onda de reformas. Segundo o Centro de Informação de Reformas

do Sector Público-CIRESP (2001), são três gerações de reformas em Moçambique. A

primeira fase de 1975, da constituição do novo Estado que culminou com a aprovação

da Primeira Constituição de Moçambique livre, adopção de Estado de democracia

popular e do modelo de estado socialista de partido único.

A segunda fase de reforma situou-se no período 1983-87. De acordo com Abrahamsson

e Nilsson (1994) aponta que em meados da década de 80, o governo de Moçambique

compreendeu que a estratégia de desenvolvimento do país ora vigente de economia

centralmente planificada, se encontrava num beco sem saída. A produção Nacional

tinha-se tornado demasiado baixa, a capacidade do Estado fazer uma planificação

central e uma fixação administrativa de preços tinha sido sobrestimada. A

desestabilização militar e económica tinha anulado as condições de produção. Contudo,

os credores bilaterais internacionais não se sentiam satisfeitos com as medidas

económicas de Moçambique na outrora vigente. Como condição para o fornecimento de

créditos, Moçambique teria que ser membro das instituições Bretton Woods (Fundo

Monetário Internacional-FMI e Banco Mundial-BM) e teria que ser definido um

Programa de Reabilitação Económica em colaboração com essas organizações a partir

de 1983. Estas medidas culminaram com a mudança política e ideológica marxista-

leninista, de economia centralmente planificada para economia de mercado. Após e na

sequência da adesão de Moçambique em 1984 nas instituições Bretton Woods (FMI &

BM), introduziu-se importantes medidas e reformas económicas no quadro do Programa

de Reabilitação Económica (PRE). Ou seja, adoptou-se a economia de mercado,

introduzido em 1987 com a adopção do PRE, depois do país ter aderido, três anos antes,

ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial.

A terceira fase de reformas iniciou em 1990. Tal como refere Forquilha (2007),

Moçambique iniciou em princípios da década de 90, com o programa de reforma dos

órgãos locais, um processo de descentralização, parte integrante de um conjunto de

reformas políticas, económicas e administrativas em curso desde os anos 80. Estas

reformas de descentralização e desconcentração conheceram um enquadramento

político e sua celeridade em 1990, com a aprovação (pela Assembleia ainda mono

partidária), da constituição da República de Moçambique, que consagrou os princípios

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Ester Tomás Gobene | 4

de separação de poderes e pluralismo político. Institucionalizou no quadro da

consagração de um Estado de Direito democrático, os princípios de desconcentração e

descentralização. A Constituição de 1990 permitiu a abertura do espaço político, criou

as bases para uma governação local assente em princípios democráticos, de inclusão e

participação local. A aprovação da Constituição da República de Moçambique em 1990

culminou com a assinatura do Acordo Geral da Paz (AGP) em Roma, em 1992 e a

realização das primeiras eleições multipartidárias em 1994.

No seguimento da sua onda de reformas, em 2001 o Governo lançou e iniciou a

implementação de uma estratégia abrangente de reforma do sector público - Estratégia

Global da Reforma do Sector Público (EGRSP), concebida para o período 2001 a 2011.

Esta estratégia integrava o programa de modernização da administração financeira do

Estado.

Em 2012, o Governo aprovou a Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da

Administração Pública - ERDAP (2012-2025), um instrumento de continuidade da

Estratégia Global da Reforma do Sector Público que teve a sua vigência de 2001 a

2011. Tem como objectivos: Dotar a Administração Pública de técnicos qualificados;

Aproximar a Administração Pública ao cidadão; Melhorar a qualidade dos serviços;

Fortalecer a organização da Administração Pública; Promover e disseminar uma cultura

de integridade na Administração Pública e na sociedade; e Utilizar as tecnologias de

informação e comunicação e a inovação para melhorar a prestação de serviço; e

Acompanhar a execução e medir os resultados. A ERDAP foi desenvolvida no sentido

de concretizar a visão de “uma Administração Pública centrada no cidadão, promotora

do desenvolvimento e vocacionada para a prestação de serviços de qualidade”.

Ao nível da Gestão de Finanças Públicas a ERDAP dá ênfase a melhoria da eficiência e

gestão financeira do Estado, através da aplicação do e-SISTAFE para a melhoria da

transparência das contas públicas, na celeridade da execução do Orçamento do Estado e

numa melhor gestão do mesmo.

Na implementação da EGRSP, em 2002, aprovou-se através da Lei nº 9/2002, de 12 de

Fevereiro o Sistema da Administração Financeira do Estado (SISTAFE). E no mesmo

ano, o Ministério das Finanças (MF) criou a Unidade Técnica de Reforma da

Administração Financeira do Estado (UTRAFE), um órgão sob sua tutela com o

objectivo de conceber, desenvolver e monitorar a implementação do Sistema da

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Ester Tomás Gobene | 5

Administração Financeira do Estado (SISTAFE), bem como proceder às reformas

tecnológicas do Ministério das Finanças (MF, 2010).

Segundo José (2014:13), o desenvolvimento das reformas resultou no crescimento da

Unidade Técnica de Reforma da Administração Financeira do Estado (UTRAFE) e da

complexidade das suas funções e número dos seus colaboradores, o que determinou a

necessidade de criação de uma entidade jurídica nova – CEDSIF – Centro de

Desenvolvimento de Sistemas de Informação de Finanças (através do Decreto n.º

34/2010, de 30 de Agosto), extinguindo-se a UTRAFE e o CPD – Centro de

Processamento de Dados, cujas funções e atribuições transitaram para o CEDSIF.

Em conformidade com o Relatório da Avaliação do Desempenho da Gestão de Finanças

Públicas (2015), o CEDSIF é resultante da fusão entre a UTRAFE e o CPD. E em

relação a este aspecto, o relatório identifica dois problemas. O primeiro é sobre a

adequação de uma perspectiva técnica do CEDSIF, como coordenador de reforma, e o

segundo é sobre o nível de autoridade que o CEDSIF pode exercer na tentativa de

monitorar e coordenar as acções de outros departamentos com um maior nível de

antiguidade e status. O coordenador de reformas deve, idealmente, ter uma perspectiva

mais ampla sobre questões de GFP (Gestão de Finanças Públicas) e um status mais

elevado de forma a exercer a autoridade.

A Visão das Finanças Públicas 2011-2025 indica que o CEDSIF é uma instituição

pública dotada de personalidade jurídica e de autonomia administrativa e financeira.

Tem como objecto, a modernização dos processos das finanças públicas e outros

processos associados, executar as responsabilidades de natureza técnica de organização,

modernização e desenvolvimento dos processos de suporte à viabilização da

concretização do desempenho dos processos das finanças públicas.

O SISTAFE (Sistema de Administração Financeira do Estado) compreende, segundo o

nº 3 do Artigo 7 da Lei nº 9/2002, de 12 de Fevereiro, um conjunto de órgãos,

subsistemas, normas e procedimentos administrativos que tornam possível a obtenção

da receita, a realização da despesa e a gestão do património do Estado, incluindo suas

aplicações e correspondente registo. O SISTAFE é suportado por um sistema

informático designado e-SISTAFE (Sistema Informático de Administração Financeira

do Estado) e é, segundo o nº 1 do Artigo 99 do Decreto nº 23/2004, de 20 de Agosto, o

único sistema informático que suporta o SISTAFE.

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Ester Tomás Gobene | 6

Segundo o nº 3 do Artigo 1, da Lei nº 9/2002, de 12 de Fevereiro, o SISTAFE

estabelece e harmoniza regras e procedimentos de programação, gestão, execução e

controlo do erário público, de modo a permitir o seu uso eficaz e eficiente, bem como

produzir a informação de forma integrada e atempada, concernente à administração

financeira dos órgãos e instituições do Estado. É constituído por cinco principais

subsistemas, nomeadamente: Subsistema do Orçamento de Estado; Subsistema da

Contabilidade Pública; Subsistema do Tesouro Público; Subsistema do Património do

Estado; e Subsistema do Controlo Interno. É aplicável a todas instituições e organismos

do Estado, incluindo aqueles com autonomia administrativa e financeira. É igualmente

aplicável às empresas públicas (Empresas do Estado) e os municípios.

De acordo com o artigo 3 da Lei nº 9/2002, de 12 de Fevereiro, o SISTAFE tem como

objectivos: (i) Estabelecer e harmonizar regras e procedimentos de programação,

execução, controlo e avaliação dos recursos públicos; (ii) Desenvolver subsistemas que

proporcionem informação oportuna e fiável sobre o comportamento orçamental e

patrimonial dos órgãos e instituições do Estado; (iii) Estabelecer, implementar e manter

um sistema contabilístico de controlo da execução orçamental e patrimonial adequado

às necessidades de registo, de organização da informação e da avaliação do desempenho

das acções desenvolvidas no domínio da actividade financeira dos órgãos e instituições

do Estado; (iv) Estabelecer, implementar e manter o sistema de controlo interno

eficiente e eficaz, e procedimentos de auditoria interna, internacionalmente aceites; (v)

Estabelecer, implementar e manter um sistema de procedimentos adequados à uma

correcta, eficaz e eficiente condução económica das actividades resultantes dos

programas, projectos e demais operações no âmbito da planificação programática

delineada e dos objectivos pretendidos.

Segundo o Regulamento do SISTAFE, Decreto nº 23/2004, de 20 de Agosto, no seu

artigo 105, o SISTAFE foi implantado no exercício de 2004 para os órgãos e

instituições do Estado, no âmbito central e local, através de adiantamento de fundos aos

DAF's (Departamentos de Administração e Finanças) como Unidades Gestoras. E no

seu artigo 106, informa que o Sistema Informático e-SISTAFE é também implantado

durante o exercício económico de 2004 em paralelo com o Sistema Actual de Gestão

das Finanças Públicas.

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Ester Tomás Gobene | 7

Segundo CEDSIF (2013), o e-SISTAFE é o novo sistema informático único que suporta

o SISTAFE, criado em conformidade com o Modelo Conceptual e legislação do

SISTAFE, como um elemento integrador que envolve todo o ciclo orçamental, desde a

sua elaboração até a execução final, incluindo todos os subsistemas que compõem,

nomeadamente: Orçamento, Tesouro Público, Contabilidade Pública, Património e

Controlo interno; o sistema integrado de orçamento, programação financeira,

contabilidade e controlo interno do Estado de Moçambique. O e-SISTAFE é usado,

entre outras formas, para assegurar a execução das despesas de salários e pensões dos

funcionários e agentes do Estado. Em 2009 o sistema abrangeu todos os órgãos e

instituições do Estado.

Segundo o Relatório da Inclusão Digital em Moçambique (2009:32), o Sistema

Informático de Administração Financeira do Estado (e-SISTAFE), constitui o primeiro

grande sistema do Governo Electrónico, e faz parte integrante do processo da reforma

do sector público. Trata-se de um sistema integrado que abrange a contabilidade,

orçamento, tesouraria, auditoria, impostos, recursos humanos e salários. O Sistema

facilita a política de descentralização e promove a transparência financeira e capacidade

de auditoria efectiva.

Para o desenho e implementação do SISTAFE (Sistema de Administração Financeira do

Estado) foram igualmente aprovados outros instrumentos legais que constituem os seus

alicerces, nomeadamente: Decreto nº 23/2004, de 20 de Agosto, que aprova o

regulamento do SISTAFE e a estrutura do Plano Básico da Contabilidade Pública

(PBCP) e o Diploma Ministerial nº 1/2004 de 07 de Janeiro, que aprova o regulamento

da Conta Única do Tesouro (CUT), para concentrar todos os recursos financeiros do

Estado e evitar desvios de fundos e desperdícios.

Nos dias 27 e 28 de Novembro de 2015 realizou-se na cidade de Maputo, pelo Governo

moçambicano, a Primeira Reunião Nacional do SISTAFE, a qual analisou os dez anos

de implementação do SISTAFE. Nesta, referiu-se que o Executivo logrou introduzir a

Conta Única do Tesouro (CUT) que permitiu a melhoria do controlo de liquidez e, ao

mesmo tempo, a elaboração e execução do Orçamento do Estado por mais de 1100

órgãos e instituições do Estado, de forma online. A funcionalidade do SISTAFE permite

as descobertas de desfalques financeiros em algumas instituições, sobretudo ministérios.

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Ester Tomás Gobene | 8

Os aparentes atrasos que se verificam no pagamento de salários na Função Pública estão

relacionados com algumas questões pontuais de harmonização técnica dos dados,

atinentes aos próprios funcionários. Apontou-se como desafios do SISTAFE a

permanente modernização da Administração Financeira do Estado, no desenvolvimento

de processos e técnicas sempre compatíveis com os desígnios do serviço público: a

racionalização de custos, de forma a tornar a gestão orçamental suficientemente ágil

para fazer face aos choques exógenos e a profissionalização dos recursos humanos que

têm a responsabilidade de levar a cabo a reforma da Administração Financeira do

Estado em curso, como garantia do alcance dos objectivos que se almejam1.

1.2 Delimitação espácio-temporal do tema

Este trabalho tem como objecto de estudo o e-SISTAFE. O Sistema Informático de

Administração Financeira do Estado (e-SISTAFE) integra, segundo o nº 2 do artigo 91

do Decreto nº 23/2004, de 20 de Agosto, vários módulos, nomeadamente: (i) módulo de

Elaboração Orçamental, que apoia a elaboração da Proposta do Orçamento do Estado;

(ii) módulo de Execução Orçamental, que apoia a execução do Orçamento do Estado;

(iii) módulo de Gestão de Informações, que apoia a geração de informações obtidas a

partir dos demais módulos do e - SISTAFE, propiciando a acção do Controlo Interno,

Externo e da administração pública; (iv) módulo de Gestão do Património do Estado,

que apoia a administração do Património do Estado; (v) módulo de Gestão de Salários e

Pensões, que apoia a elaboração da folha de salários e pensões dos funcionários

públicos e pensionistas; (vi) módulo de Gestão da Dívida Pública, que apoia a

administração da Dívida; (vii) módulo de Gestão da Rede de Cobrança que apoia a

administração da Rede de Cobrança.

Longe de analisar o funcionamento do sistema no seu todo, o estudo situa-se no módulo

de Gestão de Salários e Pensões, que apoia a elaboração da folha de salários e pensões

dos funcionários públicos e pensionistas. Neste, o trabalho pretende entender o papel do

e-SISTAFE na melhoria do pagamento de salários dos funcionários e agentes do Estado.

Com efeito, para analisar o Impacto do e-SISTAFE na melhoria da gestão de salários,

optamos por um estudo de caso, que é o Distrito de Boane, no horizonte temporal de

2013-2015.

1Jornal Noticias da Sexta-feira, 27 de Novembro de 2015, na ocasião da Primeira Reunião Nacional do

SISTAFE.

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Ester Tomás Gobene | 9

Este trabalho aborda o e-SISTAFE sob ponto de vista da Gestão de Recursos humanos,

onde o e-CAF (Cadastro de Funcionários e Agentes do Estado) e e-FOLHA

(Funcionalidade do Módulo de gestão de Salários e Pensões para processamento de

salários), que constituem alicerces da implementação do e-SISTAFE jogam um papel

importante na questão da gestão de salários. Ou seja, analisá-lo entanto que sistema de

reforma e modernização da Gestão de Finanças Públicas (GFP) que contribui para a

melhoria da gestão de pessoal.

É certo que o e-SISTAFE como sistema informático é produto do Governo Electrónico

(e-Gov). Contudo, o foco do trabalho é analisá-lo como suporte na gestão de salários

dos funcionários e agentes do Estado. Avaliar se a plataforma está a alcançar os

objectivos pelos quais foi proposta, se trouxe mudanças e melhorias e se tais mudanças

e melhorias são a solução de problemas que se propunha resolver.

1.3 Problema de Pesquisa e Pergunta de Partida

Segundo Pollitt e Bouckaert citado por Awortwi (2006:33), a reforma do sector público

consiste em mudanças deliberadas na estrutura e no processo das organizações públicas,

com o objectivo de fazer com que funcionem melhor, bem como melhorar a eficiência,

a economia e a eficácia do Governo.

Para Bangura (2000), as reformas da administração pública abrangem uma série de

iniciativas que visam alcançar quatro principais objectivos: estabilidade fiscal,

eficiência gerencial, a capacidade do Estado e responsabilidade pública. As reformas de

criação de capacidade do sector público abordam questões relacionadas, entre outras,

com monitoramento, gerenciamento de custos de despesas correntes, para garantir a

sustentabilidade dos projectos e os investimentos públicos.

Assim, em Moçambique a reforma de gerenciamento de custos e controlo de execução

orçamental, bem como a modernização do Sistema de Administração Financeira do

Estado levaram à criação do sistema informático e-SISTAFE.

De acordo com Sal & Caldeira (2009), o sistema tem como base a construção de um

sistema de informação, sustentado informaticamente, mantido e disponibilizado a todos

órgãos e instituições do Estado, para a operação dos procedimentos do SISTAFE. E,

como argumenta De Renzio (2011), a introdução de sistemas integrados, como o caso

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de e-SISTAFE, é uma oportunidade para governos de países em desenvolvimento

promoverem a transparência, integridade e eficiência na gestão de finanças públicas.

Estudos realizados nos primórdios da implementação da reforma do Sistema de

Administração Financeira do Estado (SISTAFE) em Moçambique, tal como avançava

Macuane (2006) citando Hodges, Tibana & Lawson indicavam que apesar da melhoria

na gestão das finanças públicas, principalmente em relação ao controlo da execução

orçamental, o SISTAFE tinha algumas lacunas: a fraca prestação de contas e fraco

controlo da folha de salários. Na altura o autor constatava que a introdução do SISTAFE

permitiu a eliminação de pagamento por meio de títulos, o que resultava numa maior

transparência e responsabilidade na planificação e no uso dos fundos públicos.

De acordo com Macuane (2013), na gestão das finanças públicas, até 31 de Dezembro

de 2012 havia 920 instituições elegíveis ao SISTAFE. Destas, 620 estavam integradas

ao e-SISTAFE, 300 ainda não estavam. Destas últimas, 120 já estavam em condições de

serem integradas e 121 ainda não tinham condições para entrar, porque não possuiam

segregação de funções ou por falta de infra-estruturas como, energia ou sinal de TDM

(Telecomunicações De Moçambique), para a transmissão de dados. A ideia era que

cerca de 70% das organizações do sector público elegíveis estivessem integradas até

2015. O autor aponta que apesar da melhoria dos sistemas de gestão financeira, a

capacitação do sistema de aquisições, o fortalecimento do controlo interno, as práticas

de má gestão e desvio dos fundos do Estado, não pareciam estar a abrandar. Os casos

mais emblemáticos eram a descoberta do esquema de desvio de fundos no sector da

educação, envolvendo funcionários do sector de Contabilidade. E a cobertura do sistema

nos distritos ainda não era completa, devido aos constrangimentos de infra-estruturas.

Em conformidade com o Ministério das Finanças (2010), a introdução da

funcionalidade do e-SISTAFE permitiu a contabilização e pagamento das despesas de

bens, serviços e investimento por meio de transferência bancária da CUT (Conta Única

de Tesouro), para a conta do fornecedor do Estado (vulgarmente conhecida como via

directa). Em 2007, a utilização desta funcionalidade tornou-se obrigatória e o e-

SISTAFE foi disponibilizado aos sectores de uma forma gradual. Como consequência

desta disponibilização, até finais de 2009, a elaboração e execução do orçamento por via

directa, no e-SISTAFE, passou a abranger todos os Ministérios e órgãos do Estado até

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Ester Tomás Gobene | 11

ao nível das Direcções Provinciais, Administrações Distritais e Instituições Autónomas,

e em 2009, 20% da despesa global de salários foi paga no mecanismo do e-SISTAFE.

Segundo o Relatório dos Grupos de Trabalho do ex-ministério de Planificação e

Desenvolvimento (2011), o ano de 2010 registou avanços na implementação do

SISTAFE, nomeadamente, no que se refere a expansão do e-SISTAFE, tendo sido

abrangidos 21 distritos e 31 instituições a nível central e provincial. Os resultados desta

expansão podem ser verificados na evolução da execução da despesa, por via directa em

relação a despesa total executada, que apresenta uma evolução positiva tendo

apresentado crescimentos de 20 % em 2008, 29% em 2009 e 37,5% em 2010. No que se

refere ao desenvolvimento dos módulos, foi concluída a funcionalidade do cálculo da

folha de salários (e-folha) e o pagamento de salários por esta via, que abrangeu em

2010, as instituições a nível central num total de 40, isto é, 8,60% em relação à despesa

total de salários realizada. O que significa um maior controlo por parte do Estado das

suas disponibilidades financeiras, pois as instituições do Estado passaram a mobilizar

gradualmente os seus recursos para dentro da CUT.

Na mesma ordem de ideias, De Renzio (2011), aponta que a criação da Conta Única do

Tesouro (CUT) e a introdução do e-SISTAFE, a gestão do dinheiro se torna muito mais

rápida e eficiente, tendo melhorado a gestão das disponibilidades Financeiras do Estado

por meio da CUT. Por exemplo, os fundos são transferidos directamente para as contas

bancárias de quem recebe do estado, reduzindo atrasos. Na sua opinião, um sistema

automatizado de administração financeira do Estado é importante para melhorar a

qualidade, eficiência e transparência da gestão dos recursos públicos. Ele traz vários

benefícios, entre os quais: um controlo mais eficaz dos gastos públicos e uma maior

rapidez nos pagamentos, o que facilita a relação estado-empresas-fornecedoras.

De acordo com o Relatório da Avaliação do Desempenho da Gestão de Finanças

Públicas (2015), as melhorias substanciais foram alcançadas devido a qualidade dos

sistemas de GFP. O e-SISTAFE tem constituído uma ferramenta crucial na

implementação das reformas da GFP, sobretudo nas áreas de orçamentação, execução,

contabilização e gestão de tesouraria pública, e vem sendo implantado de forma gradual

aos níveis Central, Provincial e Distrital. Os seus módulos operacionais já são utilizados

em cerca de 75% dos órgãos e instituições do Estado (Ministérios, Direcções

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Provinciais e Secretarias Distritais), sendo que cerca de 60% de toda a despesa pública é

presentemente executada a partir da Conta Única do Tesouro.

A Visão das Finanças Públicas 2011-2025 indica que desde a implementação do

processo de reformas, na área de Finanças Públicas tem-se vindo a obter sucessos

assinaláveis, particularmente no domínio da plataforma informática (e-SISTAFE) e da

expansão da sua implementação para diversos Órgãos e Instituições do Estado, aos

níveis central, provincial e distrital. A introdução e expansão do e-SISTAFE têm

melhorado progressivamente a abrangência, transparência e qualidade da elaboração e

execução orçamentais.

Com efeito, este trabalho analisa o impacto do e-SISTAFE na melhoria do pagamento

de salários dos funcionários e agentes do Estado, na perspectiva da Gestão de Recursos

Humanos, ou seja, analisá-lo entanto que sistema de reforma e modernização da Gestão

de Finanças Públicas (GFP), que contribui para a melhoria da gestão de pessoal. O foco

do trabalho é analisar a plataforma electrónica e-SISTAFE, como suporte na gestão de

recursos humanos principalmente no que tange à gestão de salários. Avaliar se a

plataforma está a alcançar os objectivos pelos quais foi implementada, se trouxe

mudanças e melhorias, e se tais mudanças e melhorias são a solução de problemas que

se propunha resolver. Quanto ao fraco controlo da folha de salários verificado pelo

estudo, talvez poderá questionar-se, em que medida o e-SISTAFE permite o controlo da

folha de salários.

Sitole (2013), no seu artigo intitulado “O Impacto das Tecnologias de Informação e

Comunicação na Administração Pública em Moçambique (O Caso de SISTAFE)”

aponta que, um dos impactos do e-SISTAFE na Administração Pública em

Moçambique é a flexibilidade na tramitação de salários. Para esta autora, a flexibilidade

na tramitação de salários, que antes da integração no e-SISTAFE era feita com

morosidade, chegando mesmo a serem liquidados na primeira semana do mês seguinte,

o que custava muito caro ao funcionário, pois tinha que esperar mais de um mês para

auferir o seu salário. Esta morosidade ganhava espaço, porque havia vários

intervenientes no processo de tramitação de salários. A melhoria deste processo deve-se

em grande medida, segundo a autora, ao uso do e-SISTAFE, pois houve redução

substancial do número dos intervenientes que participavam do processo. Decorrente

desta situação, verifica-se a redução do pessoal envolvido no maneio do processamento

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do salário, assim como o sistema não permite que o trabalhador sofra deduções não

obrigatórias no seu salário, inerentes ao pagamento de quotas às organizações sindicais

e partidárias.

Entretanto, apesar de todas melhorias na gestão de finanças públicas acima indicadas, a

partir de 2013, alguns jornais da praça começaram a reportar: a demora e reclamações

em relação ao pagamento de salários em alguns sectores da Função Pública, tal como se

pode ler:

O Jornal a Verdade da sexta-feira, dia 30 de Agosto de 2013 escreve: Problema de e-SISTAFE atrasa

salários na Função Pública. O Jornal o País online do dia 28 de Março de 2013 escreve: Descoberto novo

esquema de desvio de salários de professores. O Jornal Notícias de 30 de Agosto de 2013 aponta:

Problemas técnicos verificados no e-SISTAFE atrasam salários na Função Pública. O jornal a verdade do

sábado, dia 01 de Janeiro de 2014 reporta: Falhas do e-SISTAFE originam atraso do salário dos

professores.

Eliminar o desvio de fundos alicerçados na existência de funcionários fantasmas na

gestão pública era um dos objectivos e pretensões da reforma e modernização do

SISTAFE e da implantação do e-SISTAFE. O anterior sistema de pagamento de salários

em si era propenso a tais situações, o processamento e cálculo para pagamento de

salários era de base manual. Contudo, o que se nota aqui é a permanência do problema

de desvio de fundos, mesmo com a implementação do e-SISTAFE no pagamento de

salários. O que resta saber é: em que medida o e-SISTAFE eliminou o desvio de fundos

e o pagamento de funcionários fantasmas?

O estudo da Merina José (2014) sobre o grau de Implementação da Estratégia do

Governo Electrónico em Moçambique através dos casos de “Balcão de Atendimento

Único” (BAÚ) e o Sistema Electrónico da Administração de Finanças Públicas (e-

SISTAFE) constata que o e-SISTAFE só pode estar a funcionar onde existam condições

de infra-estruturas de telecomunicações (internet) criadas para o efeito; nos dias de

pagamento de salário verificam-se longas filas, nas caixas automáticas e atrasos

aparentes de salários devido a recorrentes falhas e oscilação de sistema. A expansão da

rede eléctrica e de telecomunicações é lenta e parte dos Distritos e vilas, ainda carece de

infra-estruturas adequadas para suportar a electrificação e extensão de serviços de

telecomunicações. A disponibilização do material informático com toda a interligação

dos sistemas utilizados na função pública deixa a desejar. A conclusão a que a autora

chega é de que o e-SISTAFE melhorou a Gestão de Finanças Públicas ao introduzir o e-

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FOLHA para o pagamento dos ordenados dos Funcionários e Agentes do Estado, o que

evita os pagamentos ilícitos e viciosos, dos funcionários fantasmas, graças ao aplicativo

e-CAF que procede ao registo e cadastro dos beneficiários.

Partilhando a mesma ideia da conclusão da autora supracitada, o Relatório da Avaliação

do Desempenho da Gestão de Finanças Públicas (2015) indica também, que

verificaram-se melhorias significativas na gestão da folha de salários com o

estabelecimento simultâneo, do sistema de pagamentos e-FOLHA e sistema de pessoal

e-CAF. No entanto, o relatório avança que a cobertura do e-CAF não está concluída e os

controlos manuais do sistema, que têm de ser aplicados para o pagamento de pessoal

fora do sistema, não são suficientes para assegurar a plena integridade dos dados.

Relativamente à questão de condições de infra-estruturas electrónicas e

telecomunicações, Joanguete (2011), argumenta que em Moçambique a conectividade e

a comunicação de dados é extremamente lenta e há uma constante oscilação e quedas da

rede electrónica. As infra-estruturas de telecomunicações que não estão distribuídas

pelo país de forma equitativa concentram-se mais nos grandes centros urbanos,

oferecendo menos oportunidade de acesso para a maioria da população. O acesso às

infra-estruturas de telecomunicações depende da existência de energia, mas a fraca

qualidade da energia fornecida também constitui factor de impedimento.

Aliás, segundo a Estratégia da Reforma e Desenvolvimento da Administração Pública-

ERDAP (2012-2025), a nível distrital existe um conjunto de desafios associados à

escassez de infra-estruturas adequadas, capacidade técnico administrativo, devido ao

número reduzido de funcionários qualificados. Associado a estas limitações, verifica-se

a deficiente rede de comunicação em muitos distritos, o que limita a expansão da

GovNet, e-CAF e do e-SISTAFE, ferramentas importantes na gestão estratégica dos

Recursos Humanos.

De acordo com o Relatório da avaliação dos Parceiros de Apoio Programático (PAPs)

2014, publicado em Março de 2015, na área de GFP, a contínua expansão do e-

SISTAFE resultou em maiores níveis de execução da despesa por via directa (68% do

total da despesa). Os resultados dos esforços na área de pagamento de salários por via

directa são também claros, reduzindo o risco de duplicação de pagamentos. Contudo,

segundo o Relatório e Parecer sobre a Conta Geral do Estado (2015), em 2015, o

pagamento de Salários e Remunerações pela via directa atingiu o valor de 26.956,6

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milhões de Meticais, ou seja, 87,2% do total gasto nesta rubrica. O relatório aponta

ainda que foram detectadas divergências entre os valores indicados nas Requisições de

Pagamento de Salários e os registados nos Mapas Demonstrativos Consolidados do e-

SISTAFE.

Aliado a isto, o sector da Educação tem registado muitos problemas de salário. Para

além do atraso no pagamento, que passa em média dois meses sem salário, o outro

problema que verifica-se é da alteração, por vezes, do valor prejudicando o funcionário,

como por exemplo: um N32 receber o salário de um N4

3; ou os funcionários transferidos

não aparecerem na folha de salário4.

Aliado aos problemas acima indicados, o Relatório da Avaliação do Desempenho da

Gestão de Finanças Públicas (2015) indica que o conhecimento e compreensão dos

parceiros de interesse, sobre o e-SISTAFE é muito pouca. Os ministérios, auditores,

doadores e outros parceiros chaves careciam de conhecimento adequado sobre a

funcionalidade do sistema.

De acordo com a Visão das Finanças Públicas 2011-2025, as fraquezas que ainda

prevalecem na implementação do e-SISTAFE e que constituem um dos desafios são: (a)

a não utilização da enorme informação disponibilizada pelo sistema e a prevalência da

gestão e de tomada de decisões sem observância da informação fornecida pelo e-

SISTAFE; (b) o desenvolvimento de certas aplicações sob pressão da urgência e

algumas não aderentes ao modelo Conceptual do SISTAFE e à arquitectura do e-

SISTAFE; e (c) a não programação e atendimento aos requisitos de expansão da

escalabilidade da capacidade de memórias aplicacional e de bases de dados do e-

SISTAFE, situação agravada pelo desgaste e termo da vida útil da respectiva infra-

estrutura tecnológica, tendo daí resultando em consequente lentidão e interrupções

operacionais do sistema.

Como constatou José (2014:81), apesar dos progressos alcançados com a

implementação de reformas na área de Gestão de Finanças Públicas, principalmente

com a introdução da plataforma informática (e-SISTAFE), alguns processos ainda não

são eficientes como se espera, o e-SISTAFE só pode estar a funcionar onde existem

2Professor de nível médio.

3Professor de nível básico.

4Em entrevista no dia 27 de Novembro de 2015- no Serviço Distrital de Educação, Juventude e

Tecnologia (SDEJT) do Governo Distrital de Boane.

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condições de infra-estruturas de telecomunicações (internet) criadas para o efeito; nos

dias de salário verificam-se longas filas nas caixas automáticas, lentidão do próprio

sistema Electrónico, atrasos aparentes, recorrentes falhas e oscilação de sistema.

Assim, perante os constrangimentos acima levantados, em relação ao sistema de

pagamento de salários via e-SISTAFE, a questão que se coloca é a seguinte: em que

medida a implementação do e-SISTAFE melhorou o pagamento de salários dos

funcionários e agentes do Estado?

1.4 Objectivos do Estudo

1.4.1 Objectivo Geral

Analisar o impacto da implementação do e-SISTAFE na melhoria do pagamento de

salários dos Funcionários e Agentes do Estado.

1.4.2 Objectivos Específicos

Apresentar como é feita a gestão dos salários por via e-SISTAFE;

Mostrar as mudanças e as melhorias resultantes da implementação do e-

SISTAFE (assiduidade, tempo e flexibilidade no processamento e tramitação

dos salários, racionalização e simplificação de procedimentos) antes e depois do

e- SISTAFE;

Avaliar os resultados e o desempenho da plataforma e-SISTAFE na gestão de

salários dos professores primários no Distrito de Boane.

1.5 Hipótese

Chegado até aqui, a hipótese avançada é: A implementação do e-SISTAFE melhorou a

gestão de salários dos funcionários e agentes do Estado, na medida em que modernizou

os serviços e flexibilizou o pagamento de salários.

1.6 Justificativa

A relevância do presente estudo está no facto do Sistema Electrónico de Administração

Financeira do Estado (e-SISTAFE) ser um dos rendimentos resultantes da

implementação da EGRSP (2001-2011), no âmbito da reforma e modernização do

sistema, estabelecida com o objectivo de melhorar a qualidade e a transparência na

Administração Financeira do Estado.

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Aliado a isto, nos últimos dias, o assunto sobre SISTAFE e e-SISTAFE vem

despertando crescente interesse, tanto no meio académico quanto nas instituições

governamentais e bancos como nas organizações da sociedade civil, suportadas pela

onda da demora de pagamento de salários principalmente dos professores.

Do ponto de vista teórico, a importância deste estudo decorre do facto de tratar-se de um

tema pouco estudado, e consequentemente registar-se na literatura moçambicana

escassez de estudos focalizados e aprofundados sobre o impacto do e-SISTAFE, na

melhoria da gestão de salários dos funcionários e agentes do Estado. E do ponto de vista

prático, o motivo da escolha do tema surge pelo facto de querer avaliar até que ponto o

e-SISTAFE, como plataforma de pagamento de salários, melhora a gestão destes e do

desempenho das finanças públicas no geral.

A escolha do Distrito de Boane, como caso de estudo neste trabalho, deve-se ao facto de

ser um dos distritos que foi tomado como pioneiro na introdução do e-SISTAFE e na

operacionalização de pagamento de salários. Optou-se pelo período 2013 a 2015, pelo

facto de 2013 ser, por um lado o ano em que, apesar das melhorias registadas no sistema

de pagamento de salários a partir deste, começaram a surtir problemas derivados da

funcionalidade do sistema e por outro, de ser o horizonte temporal no qual achou-se

conveniente que é possível e/ou será fácil obter dados necessários para a análise nesta

pesquisa. Com o ano de 2015 pretende-se obter o estágio actual da funcionalidade do

sistema, bem como as suas actuais implicações e constrangimentos para melhor aferir o

seu actual impacto na melhoria da gestão de salários.

Igualmente, o estudo restringiu-se apenas a analisar o impacto do e-SISTAFE na

melhoria da gestão de salários dos professores primários no Distrito de Boane, porque

neste distrito o sector da educação é o que tem maior número de funcionários e por ser

neste sector, onde tem-se registado muitos problemas relacionados com os salários.

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CAPÍTULO II

2. Revisão da Literatura

O impacto do e-SISTAFE na melhoria da gestão dos salários pode ser analisado sob

ponto de vista de várias perspectivas. Pode-se analisar numa perspectiva de governo

electrónico (como é o caso do estudo da Merina José de 2014), como um sistema que

contribui para a melhoria de serviços públicos ou ainda entanto que reforma salarial em

si.

Com efeito, a revisão da literatura vai assentar em revisar os pontos de vista de

diferentes autores, sobre o estabelecimento dos sistemas electrónicos na melhoria da

qualidade dos serviços.

A questão do estabelecimento dos sistemas electrónicos na gestão de recursos humanos

constitui um dos instrumentos de suporte à gestão dos recursos humanos na

Administração Pública. Tem como objectivos: a modernização da gestão do pessoal na

Administração Pública, acesso ao histórico dos funcionários públicos, transparência na

gestão, agiliza a adopção de políticas e reformas para optimização dos recursos

humanos e apoio no processo decisório. Os modelos que têm sido desenvolvidos são: a

actualização e gestão através do recenseamento dos funcionários públicos, validação

dos dados pessoais e profissionais por parte dos sectores e desenvolvimento de

programas de gestão de pessoas. Os benefícios/vantagens destes instrumentos são:

organiza e mantém organizados a informação sobre os dados dos servidores necessários

à gestão previsional, nomeadamente: planeamento, organização, execução e controlo de

recursos humanos, integração do processamento salarial e agiliza a tomada de decisões5.

De acordo com Diamond & Allen citados por De Renzio (2011), a automação e

informatização da gestão do orçamento, desde a formulação à execução e relatórios

passaram a ser vistos como um passo necessário para modernizar a gestão de finanças

públicas em todo o mundo. As instituições internacionais que apoiam reformas

orçamentais têm feito a introdução de sistemas de informação integrada de gestão

financeira (IFMIS), um componente normal de reformas orçamentais promovidos em

todo o mundo em desenvolvimento. Este destina-se a resolver muitos dos pontos fracos

5www.nosi.cv/index.php/pt/solucoes-v15-121/outras . Acessado no dia 03/04/2016.

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do manual e sistemas ultrapassados de rastreamento de despesas e de contabilidade, má

gestão, gastos excessivos, e a acumulação de pagamentos em atraso que poderia minar a

estabilidade fiscal.

De acordo com Rezende (2007), o recurso às novas tecnologias na gestão de recursos

humanos, em geral e na gestão de salários, em particular existe para uma relação

positiva entre a adopção ou modernização dos sistemas de gestão e a melhoria da

qualidade dos serviços prestados aos seus grupos alvos.

Entretanto, um estudo feito em Brasil em relação a Implementação da Plataforma

Electrónica de Apoio à Gestão Escolar da Rede Pública de Escolas do Ensino Básico e

Secundário GEPE (2007), mostra que em suma, observam-se ineficiências e

subaproveitamento das potencialidades das novas tecnologias dos processos de gestão,

devido a insuficientes competências para garantir o apoio técnico, insuficiente

investimento em tecnologia para permitir a funcionalidade dos sistemas, reduzida

dotação de equipamentos de apoio, redes de área local não estruturadas e ineficientes.

De acordo com o Relatório da Avaliação da Gestão de Finanças Públicas (2007), dando

o ponto de situação em relação ao processo das reformas de gestão pública, o SISTAFE

é uma reforma do sistema de administração financeira em curso em Moçambique, a fim

de substituir o sistema herdado da administração colonial, vindo a introduzir legislação

e modelos de gestão mais adequados às necessidades de gestão de uma administração

mais moderna e actualizada.

De acordo com a Visão das Finanças Públicas 2011-2025, até o ano de 2000 a

administração financeira do Estado assentava em legislação não adequada às

necessidades e exigências do país, o que levou ao empreendimento de reformas que

incluíram a revisão e aprovação de nova legislação e o desenvolvimento de aplicações

informáticas de suporte à implementação das reformas que foram sendo introduzidas no

sistema.

Na área de Planificação, orçamentação, gestão financeira e procurement, a Estratégia

Global da Reforma do Sector Público (EGRSP) destaca que os orçamentos públicos não

estavam a ser utilizados como um instrumento de gestão orientada para resultados. A

preparação do orçamento tendia a ser a repetição do exercício dos anos anteriores e não

reflectia a execução de programas e projectos concretos. As contas públicas não

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incluíam todos os fundos utilizados no sector público, o que criava oportunidade para a

proliferação de fundos fora do orçamento. As auditorias e inspecções financeiras não

eram regulares nem inclusivas, havia desperdícios e desvios de fundos, e parte

significativa da legislação e das normas que regulavam a gestão financeira do Estado

estavam ultrapassadas6.

Em conformidade com Sal & Caldeira (2009), vários eram os motivos de inadequação

da administração financeira do Estado: métodos rudimentares de trabalho; incapacidade

de cobrir e tratar contabilística e financeiramente, mais de um terço de todos os recursos

públicos aplicados em órgãos e instituições do Estado; era um sistema maioritariamente

manual, de partidas simples, lento, trabalhoso e sujeito a erros; a gestão de tesouraria

ineficaz pela dispersão de fundos públicos e multiplicidade de contas bancárias

distribuídas pelos diversos sectores, entre outros. Para resolver estes constrangimentos,

o Governo de Moçambique avançou para a criação do novo Sistema de Administração

Financeira do Estado (SISTAFE), com vista a obter maior eficiência no uso e gestão do

erário público, bem como produzir informação de forma integrada e atempada sobre a

administração financeira dos órgãos do Estado.

Foi neste contexto que com a conclusão do diagnóstico do sistema vigente na época

culminou com a criação em 2002 do Sistema de Administração Financeira do Estado

(SISTAFE) para resolver os problemas acima referidos, através da Lei nº 9/2002, de 12

de Fevereiro, bem como na aprovação do instrumento legal que constitui o alicerce para

o desenho e implementação do SISTAFE, nomeadamente, o Decreto nº 23/2004, de 20

de Agosto que aprova o seu regulamento.

Neste sentido, a realização de reformas no Sistema de Administração Financeira do

Estado (SISTAFE) é empreendida com o objectivo de melhorar a gestão do erário

público e das finanças públicas no geral. E de acordo com De Renzio (2007), os

objectivos das reformas do Sistema da Administração Financeira do Estado, SISTAFE

são: (a) melhorar a cobertura e a transparência do processo de gestão de finanças

públicas (receitas e despesas); (b) assegurar gradualmente eficácia e eficiência da

despesa pública de acordo com os objectivos da política; e (c) melhorar e garantir a

sustentabilidade a longo prazo da política e processos fiscais.

6CIRESP (2001) -Estratégia Global da Reforma do Sector Público (2001-2011, pag.65).

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Segundo o relatório da UTRAFE, publicado em Fevereiro de 2010, a introdução da

funcionalidade do SISTAFE permitiu: (i) a contabilização e pagamento da despesa de

bens, serviços e investimento por meio de transferência bancária da CUT para a conta

do fornecedor do Estado (vulgarmente conhecida como via directa); (ii) melhorias

significativas na gestão das finanças públicas, principalmente em relação ao controlo da

execução orçamental; (iii) aumenta a transparência, melhorando a informação sobre os

gastos públicos e reduzindo o risco de desvios de fundos; (iv) a redução das contas

bancárias, informação mais abrangente nos Relatórios de Execução Orçamental e

melhorias no controlo interno.

De acordo com o Relatório da Avaliação do Desempenho da Gestão de Finanças

Públicas (2015), nos últimos 15 anos, progressos significativos foram registados em

Moçambique na área de Gestão de Finanças Públicas (GFP), impulsionados sobretudo

pelo desenvolvimento e introdução de um sistema informático integrado de gestão e

informação financeira, de suporte ao SISTAFE (o e-SISTAFE). O e-SISTAFE tem

constituído uma ferramenta crucial na implementação das reformas da GFP, sobretudo

nas áreas de orçamentação, execução, contabilização e gestão de tesouraria pública, e

vem sendo implantado de forma gradual aos níveis Central, Provincial e Distrital. A

introdução gradual de mapeamento gradual do sistema de pagamento de salários

electrónico (e-Folha) contribui para gestão de folhas de salário e monitoria ao

desempenho.

2.1 A Gestão de Salários por via e-SISTAFE

Segundo o Relatório da Inclusão Digital em Moçambique (2009:32), o Sistema

Electrónico de Administração Financeira do Estado (e-SISTAFE), constitui o primeiro

grande sistema do Governo Electrónico, e faz parte integrante do processo da reforma

do sector público. Trata-se de um sistema integrado que abrange a contabilidade,

orçamento, tesouraria, auditoria, impostos, recursos humanos e salários. O Sistema

facilita a política de descentralização e promove a transparência financeira e capacidade

de auditoria efectiva. O e-SISTAFE tem a sua rede própria, usando as mesmas infra-

estruturas nacionais que são usadas pela GovNet.

Como mostramos anteriormente, dentre os vários módulos que compõem o e-SISTAFE,

existe o módulo de Gestão de Salários e Pensões, que apoia a elaboração da folha de

salários e pensões dos funcionários públicos e pensionistas. Tal como descreve o

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Relatório anual do CEDSIF (2011:12), para a operacionalização deste módulo, algumas

acções foram desencadeadas, nomeadamente, o recenseamento dos funcionários e

agentes do Estado, a que se seguiu o início do processo de Cadastro Único dos

Funcionários e Agentes do Estado (e-CAF) em 2008, e a conclusão da funcionalidade

do cálculo da folha de salários (e-FOLHA) que é a funcionalidade desenvolvida para a

verificação e automatização do pagamento da folha de salários.

Segundo CEDSIF (2013), o Módulo e-FOLHA consiste em proceder ao pagamento de

salários aos funcionários públicos e pensionistas por via directa (crédito directo nos

domicílios bancários dos funcionários públicos e pensionistas), o que de certa forma

contribui para a redução do número de “funcionários fantasmas”. A ideia é que no

futuro, todos os salários dos funcionários e pensionistas deverão ser processados através

da ferramenta electrónica e-Folha a nível nacional. Após estes processos, passou-se a

ser possível o pagamento de salários através do e-SISTAFE.

Ao longo deste relatório refere-se ainda que, as actividades realizadas em relação à

operação contínua do e-SISTAFE espelham a execução orçamental e massificação do

pagamento de despesas, através da Via Directa (VD). O maior indicador de desempenho

da execução orçamental é a extensão do processo de expansão do e-SISTAFE a todos os

órgãos e instituições do Estado ao nível central, provincial e distrital, incluindo as

instituições autónomas, bem como a manutenção e aperfeiçoamento das funcionalidades

do sistema.

No período anterior à integração no e-SISTAFE no pagamento de salários, tal como

descreve Sitole (2013), havia uma morosidade na tramitação dos salários. Esta

morosidade encontra justificativa se considerar os vários intervenientes que

participavam do processo de tramitação de salários. O referido processo obedecia o

seguinte esquema: Banco Central → Conta da Direcção Provincial das Finanças →

Conta da Direcção da Cidade → Conta da Instituição → Conta Individual do

Funcionário. Caso estas contas fossem de instituições bancárias diferentes o processo

era ainda mais moroso.

Com o e-SISTAFE na tramitação dos salários não há protocolos, o processamento dos

salários é feito pelo Banco Central, directamente para as contas individuais dos

funcionários. A seguir Sitole (2013) apresenta as vantagens do e-SISTAFE como

plataforma de pagamento de salários: (i) flexibiliza a tramitação de salários, decorrente

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da redução do pessoal envolvido no maneio do processamento do salário; (ii)

economiza recursos e tempo na medida em que, o e-SISTAFE tem uma base de dados

constituída mediante um cadastro do usuário para a inclusão no e-SISTAFE, e a base de

dados permite reduzir mão-de-obra na recolha, armazenamento, processamento e

difusão de dados; (iii) democratiza os processos, o sistema não permite que o

trabalhador sofra deduções não obrigatórias no seu salário inerentes ao pagamento de

quotas às organizações sindicais e partidárias. Enquanto, antes da inclusão do e-

SISTAFE, todo o funcionário do Estado sendo ou não membro de determinada

organização sofria descontos de valores correspondentes às quotas. Estes descontos

eram feitos directamente na folha de salários.

Com a inclusão do e-SISTAFE, o pagamento de quotas é feito pelo próprio trabalhador,

num ambiente de liberdade e nenhum trabalhador é obrigado a pagar quotas em

organizações com as quais não se identifica; (iv) elimina casos de improbidade pública

no seio dos funcionários do estado, através da sua base de dados o sistema identifica

casos de funcionários em situação de improbidade pública (caso de funcionários que

prestam serviços a tempo integral em mais de uma instituição do estado e ou mesmo a

acumulação de cargos proeminentes no sector estatal, situações estas não admissíveis

pela Lei no 16/2012, de 14 de Agosto-Lei de Probidade Pública); (v) Permite o

desmantelamento de redes de funcionários fantasmas. Através do cadastro dos

funcionários e da sua base de dados o sistema possibilita descobrir casos de

funcionários que não existem (por rescisão de contrato, abandono entre outras razões)

mas mantidos nas folhas de salário pelos agentes administrativos para seu proveito

pessoal e, (vi) a base de dados do e-SISTAFE permite mais rapidez de acesso à

informação e mais qualidade com base nos dados recolhidos, processados e divulgados

em suporte electrónico se comparado aos arquivos em papel.

A literatura sobre as práticas da adopção das TICs para o melhoramento da qualidade

dos serviços na administração pública, indicam duas realidades: primeiro, demonstram a

importância e vantagens da implementação dos projectos do governo electrónico e, em

segundo, alertam os factores que podem constranger e influenciar o seu impacto.

É comummente aceite por vários autores que o uso das tecnologias de comunicação e

informação na Administração Pública permite a melhoria da qualidade dos serviços. Tal

como avança Balbe (2010:189), as TICs na Administração Pública reduzem os custos,

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aperfeiçoam os sistemas de gestão, permitem o aumento da produtividade, encurtam

distâncias, garantem maior inter-operacionalidade e consolidação da informação,

proporciona maior eficácia, eficiência, integridade e confidencialidade das operações

administrativas.

De acordo com a Estratégia do Governo Electrónico em Moçambique (2005), os

objectivos gerais desta, são: melhorar a eficiência e a eficácia na prestação de serviços

públicos; assegurar a transparência e responsabilidade dos servidores públicos e dar

acesso à informação para melhorar as actividades do sector privado e simplificar a vida

dos cidadãos7.

Entretanto, segundo José (2014), a mera modernização dos serviços não leva a melhoria

de qualidade ou ao sucesso, mas que a sua interpretação e aplicação devem ser

adequadas a nível local. O Governo Electrónico se justifica pela capacidade de melhorar

a prestação dos serviços públicos na Administração Pública. Porém, não se pode pensar

que o Governo Electrónico pode transformar um Estado de falhas em um Estado

eficiente e credível. A tecnologia deve ser colocada como uma ferramenta para o

programa com recurso à utilização das TIC’s, quando e onde for necessário.

Balbe (2010:190), discorrendo sobre o assunto afirma que o e-Gov não se restringe a

mera automação, mas envolve uma mudança na maneira como o governo pelo uso das

TICs atinge os seus objectivos, incluindo, assim, a melhoria dos processos e o aumento

da eficiência e transparência. Aliás, a Estratégia de Governo Electrónico de

Moçambique (2005) alerta que o Governo Electrónico, por si só não leva de imediato à

melhoria da qualidade de serviços públicos e redução dos custos operacionais ou à

transparência e eficiência dos Governos, nem é necessariamente um acontecimento que

vá de imediato alterar a natureza do Governo. Tais transformações apenas acontecem

quando a adopção das tecnologias é acompanhada de vontade política de mudança de

atitude.

Os textos que versam sobre o assunto8 indicam que existem os factores de risco ou

críticos, que influenciam o impacto da modernização na melhoria da qualidade dos

7Estratégia de Governo Electrónico de Moçambique, aprovada pelo Conselho de ministros.

8José (2014); Balbe (2010); Relatório de inclusão digital de Moçambique (2009); Estratégia de Governo

Electrónico em Mocambique (2005).

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serviços, nomeadamente: Infra-estrutura de telecomunicações, a falta de monitoria e

avaliação, capacidade humana e institucional e mobilização de recursos.

A questão de infra-estrutura é, segundo o Relatório da ONU citado por José (2014), o

grande desafio para o desenvolvimento do Governo Electrónico em África. A maioria

dos países deste continente têm falta generalizada de infra-estruturas e alfabetização

funcional, apesar da recente expansão da telefonia móvel, a maioria dos países africanos

continua na cauda da exclusão digital.

Não obstante, de acordo com o Relatório sobre a Inclusão Digital em Moçambique

(2009), há falta de instalação de uma infra-estrutura única de conectividade que possa

ser partilhada por vários operadores, cada um sente-se na obrigação de criar o seu

sistema próprio sectorial ou empresarial. O relatório vai mais além e mostra que esta

problemática é ainda mais aguda em relação à criação de infra-estruturas de

comunicação e conectividade nos distritos. Seria imprescindível as infra-estruturas de

governo electrónico, SISTAFE, educação, Telecomunicações de Moçambique (TDM),

Electricidade de Moçambique (EDM), empresas de telefonia móvel, operadores de rádio

e televisão, onde estão presentes, se abrirem para corresponder à procura dos demais e

dimensionar novos investimentos conjuntos para servir as necessidades de todos.

Apesar do progresso na expansão dos serviços, a falta de infra-estrutura, especialmente

de banda larga, continua sendo um factor crítico e dificulta o desenvolvimento do

Governo Electrónico em Moçambique, José (2014:26).

A mobilização de recursos, sejam eles materiais, humanos, monetários, entre outros, é

bastante significativa para o sucesso na implementação de qualquer projecto ou

programa. Como refere o Relatório da Inclusão Digital (2009), em Moçambique os

fundos ainda são insuficientes, e não se pode necessariamente contar com apoios

consistentes a longo prazo e à escala das necessidades. Portanto, a dependência de

ajuda/financiamento externo compromete a execução de muitos programas.

A falta de monitoria e avaliação dos projectos para se aferir se o programa está a

alcançar os objectivos pelos quais foi implementado, ou se a implementação está trazer

mudanças, e se tais mudanças são a solução do problema que se propunha resolver, é

um dos factores que influencia o impacto dos projectos do governo electrónico.

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Quanto à capacidade humana e institucional, a Estratégia do Governo Electrónico

(2005), indica que as instituições envolvidas na coordenação e implementação dos

projectos devem beneficiar-se de capacitação institucional e em recursos humanos, de

forma a estarem à altura de assegurar a sinergia e integração dos projectos da Política de

Informática e da Reforma do Sector Público.

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CAPÍTULO III

3. Enquadramento Teórico e Conceptual

3.1 Teoria do Governo electrónico (e-Gov)

Tal como refere Balbe (2010), de uma maneira geral, o uso das Tecnologias de

Informação e Comunicação como ferramenta da Administração Pública para levar a

melhoria dos serviços estão associados em grande medida ao conceito de governo

electrónico. No âmbito das reformas da Administração Pública este, é um dos

pressupostos da Nova Gestão Pública (NGP). O uso das TICs é identificado como um

fenómeno relevante que marca a Administração Pública contemporânea, onde os

avanços tecnológicos têm influenciado no movimento das reformas da Administração

Pública, combinando com mudança organizacional e adopção de novas práticas.

Ao tratarem sobre o tema, Gil-Garcia e Lima Reyes (2008) estruturam a concepção do

Governo electrónico (e-Gov) na administração pública em três maneiras: A primeira

coloca o e-Gov como sendo a provisão de informações, serviços e outras actividades

baseadas na internet. A segunda descreve o e-Gov como o uso da tecnologia de

informação nas actividades do governo. A terceira destaca o redesenho das acções

governamentais após a utilização dos recursos da TIC com a sociedade. Estes autores

vão mais além, ao mostrarem os estágios de desenvolvimento do e-gov na esfera da

administração pública. O primeiro diz respeito à catalogação operacionalizada por meio

da classificação das informações e a respectiva apresentação em páginas electrónicas. O

segundo estágio, é a transação, quando as organizações públicas e cidadãos interagem

via sites electrónicos. O terceiro estágio é a integração vertical, que consiste na reunião

física e vertical de diferentes órgãos e fases do processo de gestão pública. O quarto e

último estágio está vinculado à transformação do processo de trabalho com a quebra das

barreiras, exigindo uma complexa transformação.

De acordo com Mateus (2008), o processo da adopção das TICs na Administração

Pública, é consequência da necessidade de substituição dos processos burocráticos e

estruturas arcaicas incapazes de responder aos anseios da sociedade moderna. Na

Administração Pública, quando a sociedade passa a exigir melhores serviços, celeridade

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nos processos, transparência das acções governamentais e accountabillity, os antigos

alicerces não sustentam o novo modelo. É preciso flexibilizar, inovar, descentralizar,

responsabilizar: modificar todo um arcabouço institucional-legal, mesmo que em

velocidade reduzida, se comparada às instituições privadas, dadas as características

hierárquicas e culturais inerentes ao Estado.

Tal como avança Caixote & Monjane (2014:264), a questão do desenvolvimento de

sistema de informação ou base de dados para a gestão de recursos humanos, tem por

objectivo acompanhar e verificar o cumprimento de estratégias, políticas e metas,

normas e procedimentos, e contribuir para a realização da função de gestão de recursos

humanos. A criação, automatização e informatização da base de dados no sector de

recursos humanos facilita o acesso às informações de gestão, elimina as redundâncias e

permite, entre outros, dados sobre salários e incentivos, subsídios e complementares

salariais.

Portanto, este estudo enquadra-se nos trilhos dos pressupostos da teoria do Governo

electrónico onde, de acordo com Araújo et al. (2012), as tecnologias de informação e

comunicação aplicadas ao âmbito governamental possibilitam uma maior eficiência na

gestão pública. Os sistemas de informação e comunicação permitem o levantamento de

informações em tempo real, integração de sistemas públicos, simplificar os processos,

racionalizar o uso de recursos, reduzir custos unitários, tempo e o número de

documentos exigidos; e dar transparência e publicidade às acções do governo.

Portanto, as TICs nas organizações públicas vêm para introduzirem mudanças

fundamentais nos processos e nas estruturas, que possam responder às novas demandas

contemporâneas, ou seja, às necessidades de flexibilização, inovação, criatividade,

agilidade, diversificação, descentralização das decisões, cooperação e compartilhamento

de informações.

Portanto, a reforma de gestão financeira (neste caso do SISTAFE), permite a melhoria

da gestão de recursos humanos. O e-SISTAFE é uma plataforma estabelecida para

melhorar a gestão das finanças públicas no geral e em particular, a gestão de recursos

humanos. Na gestão de recursos humanos, a plataforma, veio entre outros aspectos,

modernizar a execução de despesas de salários dos funcionários e agentes do Estado,

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eliminar o sistema manual de pagamentos de salários, a morosidade na tramitação e

pagamento de salários, práticas de má gestão e desvio de fundos.

Ademais, como refere José (2014:90), do conjunto dos módulos hospedados no e-

SISTAFE vale a pena trazer mais detalhes sobre o Módulo de Gestão de Salários e

Pensões (e-FOLHA), pois não só está ligado à gestão das despesas de finanças públicas

como tal, mas também influencia na prestação de serviços aos funcionários e agentes do

Estado, ajuda a identificar o beneficiário através do cadastro feito pela e-CAF, ao

mesmo tempo em que evita o pagamento a funcionários fantasmas.

Portanto, estamos a analisar a implementação do Governo electrónico, neste caso (e-

SISTAFE) na melhoria do sistema de gestão, tramitação e pagamento da folha de

salários, tendo em conta os criérios de eficiência, eficácia, capacidade funcional e

mérito.

3.2 Análise de Sistema de Gestão de Recursos Humanos

De acordo com De Renzio (2007), a análise sobre os sistemas de gestão de recursos

humanos é feita a partir dos cinco parâmetros: eficiência, mérito, capacidade funcional,

capacidade de integração e consistência estrutural.

Entretanto, para analisarmos o impacto do e-SISTAFE na melhoria da gestão dos

salários e funcionários do Estado, tendo como base os parâmetros que pretendemos

usar, nomeadamente: a assiduidade e tempo no pagamento de salários, quantidade de

erros no processamento; existência de pagamentos fraudulentos; tempo e flexibilidade

no processamento e tramitação dos salários, número de pagamentos ilícitos e viciosos, a

presente avaliação adoptará os seguintes:

Eficiência, segundo Neves (2002:184), entende-se a relação entre o valor

atribuído aos processos obtidos e o valor dos recursos consumidos para o efeito.

Uma organização/sistema é eficiente quando tira o máximo partido dos recursos

disponíveis. Segundo De Renzio (2007), a análise da eficiência das políticas de

gestão dos recursos humanos focaliza na compreensão dos factores que

produzem impacto e está directamente ligada a factores que resultam dos

sistemas de remuneração;

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Eficácia, para Neves (2002:184), é entendida como a capacidade da realização

dos objectivos fixados. Uma organização é eficaz quando atinge os objectivos

fixados e, consequentemente, desejáveis e considerados realizáveis. No caso em

apreço, o e-SISTAFE será eficaz se a plataforma estiver a alcançar os objectivos

pelos quais foi implementado, se trouxe mudanças e melhorias e se tais

mudanças e melhorias são a solução de problemas que se propunha resolver;

Capacidade funcional diz respeito à consistência dos procedimentos, existência

de condições criadas para o efeito e que garantem o pleno funcionamento;

Mérito diz respeito ao reconhecimento de padrões de qualidade, inerentes ao

produto em causa, atender as expectativas dos servidores e a satisfação dos

clientes.

3.3 Definição de Conceitos

Os conceitos que se evidenciam para a melhor compreensão do trabalho e da análise

são: Administração Financeira do Estado, Gestão de Recursos Humanos, Gestão de

pessoas, Gestão de salários, Impacto e Avaliação do impacto.

3.3.1 Administração Financeira do Estado

Para a melhor compreensão do que seja Administração Financeira do Estado é

necessário, primeiro conhecer o que é a actividade financeira do Estado. Segundo

Pereira (2003:41), a actividade financeira do Estado consiste em obter, criar, gerir e

despender o dinheiro indispensável às necessidades, cuja satisfação está sob sua

responsabilidade ou transferida a outras pessoas jurídicas de direito público. Ela

desenvolve-se através de obtenção dos meios que se dá pela arrecadação das receitas

públicas; pela criação que origina-se através dos créditos públicos; a gestão que é

promovida pelo orçamento e o dispêndio que ocorre por meio das despesas públicas.

Então, segundo Waty (2011), a Administração Financeira do Estado relaciona-se com a

actividade financeira do Estado, nomeadamente do Sector Público Administrativo

(SPA), isto é, a actividade económica desenvolvida por um serviço ou instituto público,

que visa afectar bens à satisfação de necessidades colectivas.

3.3.2 Gestão de Recursos Humanos

Segundo Chiavenato (2006), é por um lado uma disciplina das Ciências Sociais que

estuda as técnicas de gestão de emprego, as remunerações e os planos de formação e

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desenvolvimento do pessoal nas organizações e, por outro lado, é o manuseamento de

pessoas existentes na empresa, entanto que recursos através da aplicação de normas,

procedimentos, sistemas e estruturas de funcionamento da organização.

Para Gil (2009), é o processo de planear e organizar, dirigir e controlar as funções de

recrutamento, e selecção, formação e desenvolvimento de pessoas, manutenção e

utilização da força de trabalho para atingir os objectivos da organização.

3.3.3 Gestão de Pessoas ou Gestão do Pessoal

De acordo com Gil (2009), é o manuseamento das pessoas de uma determinada

empresa, de forma diferenciada, como indivíduos e cada um com as suas

particularidades, competências, habilidades, aptidões, conhecimento, capacidades e

destrezas.

3.3.4 Gestão de Salários

Segundo Caixote & Monjane (2014), envolve acções, sistemas, directrizes de

manuseamento, processamento e pagamento regular das remunerações ou

compensações retribuídas aos indivíduos pelo trabalho realizado num determinado

período de tempo e local.

3.3.5 Impacto

Parsons (1995) define impacto como sendo as consequências de uma política pública.

Para Theodolou (2013), define-o como sendo as consequências resultantes da

implementação da política ou olhando para algum sucesso ou insucesso, tendo em vista

o estabelecimento das metas iniciais. Trosa (2001) define impacto como sendo os

indicadores quantitativos e qualitativos que permitem verificar se estamos no bom

caminho. É obtida através das consequências, sobre a sociedade, de serviços prestados

ou as actividades das administrações a partir do grupo alvo e partes interessadas.

3.3.6 Avaliação do Impacto

Para Theodolou (2013), a avaliação de impacto analisa até que ponto os resultados ou as

consequências de uma determinada política incidem sobre o grupo-alvo, metas teóricas

do programa/política, as actuais metas, os objectivos do programa ou política, os

resultados do programa ou política e se os mesmos são o impacto desejado ou não

desejado, positivo ou negativo. Entretanto, no caso da Administração Pública como

refere Neves (2002), a importância da avaliação centra-se nos efeitos sociais da acção

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desenvolvida. A preocupação é com eficiência, eficácia e pertinência. Por isso mesmo

que, para analisar o e-SISTAFE na melhoria da gestão de salários dos funcionários e

agentes do Estado, adoptamos critérios de eficiência, eficácia, capacidade funcional e

mérito.

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CAPÍTULO IV

4. Metodologia de Pesquisa

4.1 Tipo de Pesquisa

Segundo Vieira (2010), a pesquisa científica é caracterizada por um processo de

aquisição e construção do conhecimento. Este processo de aquisição e produção do

conhecimento, por sua vez é caracterizado por um processo padronizado e

metodológico, onde estabelecem-se regras ou procedimentos que levam a validação dos

resultados da pesquisa.

Quanto ao tipo de pesquisa ou método de procedimento neste estudo, privilegiou-se o

estudo de caso, portanto, analisar o Impacto do e-SISTAFE na melhoria da gestão de

salários dos professores primários no Distrito de Boane.

De acordo com Silva (2008), o estudo de caso ocorre quando envolve o estudo profundo

e exaustivo de um ou poucos objectos, de maneira que se permita o seu amplo e

detalhado conhecimento. Para Castro (2007), o método de estudo de caso tem a

vantagem, principalmente, de estudar fenómenos reais e descobrir laços e implicações

não evidentes explorando hipóteses, descrevendo variáveis e construindo teorias

(inferências).

Portanto, a aplicação do método de estudo de caso permitiu analisar detalhadamente o

impacto do e-SISTAFE, na melhoria do pagamento de salários dos professores

primários no Distrito de Boane. Com este estudo de caso, pretende-se verificar em que

medida o e-SISTAFE (Reforma de Gestão de Finanças Públicas) permitiu melhorar o

desempenho na gestão de salários (Gestão de Recursos Humanos) na função pública. A

aplicação do método de estudo de caso vai ajudar na melhoria do objecto de estudo em

causa, na medida em que a análise se restringe a apenas um caso específico, particular e

único, ou seja, trata-se de uma pesquisa voltada à análise de um caso (impacto de e-

SISTAFE no Distrito de Boane) na relação entre as reformas de gestão de finanças

públicas e o desempenho na área de gestão de recursos humanos.

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4.2 Técnicas de Pesquisa

Por técnica de pesquisa entende-se como sendo um conjunto de preceitos ou processos,

que serve à ciência na obtenção de seus propósitos, correspondem, portanto, a parte de

colecta de dados, (Lakatos, 2001).

Devido a falta de dados estatísticos sobre número de reclamações apresentadas em

relação aos salários, número de erros no processamento, limitada viciação de

pagamentos fraudulentos, pagamentos ilícitos, casos de omissão de remunerações na

folha de salários, o estudo é eminentemente qualitativo. Por isso, o método de estudo de

caso, foi articulado com as técnicas de pesquisa e/ou colecta de dados nomeadamente, a

bibliográfica, documental e entrevista (semi-estruturada).

A pesquisa bibliográfica foi uma das técnicas de pesquisa usada neste estudo. Segundo

Tozoni-Reis (2007:30), a pesquisa bibliográfica tem como principal característica o

facto de que o espaço onde será a colecta de dados é a própria bibliografia sobre o tema

ou objecto que se intenta estudar, buscando autores e obras seleccionadas ou dados para

a produção do conhecimento pretendido. Na pesquisa documental o campo de colecta

de dados é um documento, que pode ser histórico, institucional, associativo e oficial.

Portanto, a técnica de pesquisa bibliográfica materializou-se neste estudo na busca da

literatura, obras, monografias, dissertações, jornais e artigos científicos que versam

sobre o tema. E a pesquisa documental, empregou-se na consulta de leis, decretos,

relatórios, documentos produzidos pelas entidades responsáveis pelo e-SISTAFE e

outras.

4.3A Selecção da Amostra

Amostra constitui uma porção ou parcela, convenientemente seleccionada, do universo

populacional (Lakatos & Marconi, 2001). Empregou-se a amostra intencional, na

medida em que por um lado, recolhemos informações com os diferentes intervenientes

que têm peso nesta avaliação nomeadamente, os utentes de serviços de e-SISTAFE

neste caso, (10 professores primários do Distrito de Boane); 01 gestor do e-SISTAFE do

CEDSIF; 01 gestor de apoio aos utilizadores de e-SISTAFE da Contabilidade Pública;

usuários de e-SISTAFE no distrito de Boane (4 usuários do SDEJT e 3 da Secretaria

Distrital de Boane) e 01 Assessor do Gabinete Central do Combate à Corrupção,

portanto, grupos-alvo da pesquisa que directamente são envolvidos e que tenham

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informação e dados necessários para analisar o Impacto do e-SISTAFE na melhoria de

pagamento de salários dos professores primários neste Distrito. Desta forma, o estudo

contou com 20 pessoas entrevistadas. Onde privilegiou-se o uso da técnica de entrevista

(semi-estruturada) direccionada a estas pessoas.

O perfil dos 10 (dez) professores primários do Distrito de Boane que foram

entrevistados são aqueles que estão abrangidos pelo e-SISTAFE, estão na carreira de

docente pelo menos a 05 (cinco) anos, e que têm conhecimento sobre a matéria, sabem

comparar o antes e depois da implementação do e-SISTAFE. Ao passo que os gestores

do e-SISTAFE do CEDSIF e Contabilidade Pública são pessoas que exercem essa

função pelo menos a 10 (anos) e o Assessor do Gabinete Central do Combate à

Corrupção, está integrado desde a implantação do Gabinete. Isto permitiu que os

gestores fornecessem informações sobre os dilemas e contornos por detrás do e-

SISTAFE, principalmente no que tange à gestão de salários. Os quatro (04) usuários do

SDEJT e 3 da Secretaria Distrital de Boane foram funcionários do sector da Gestão de

Recursos Humanos na repartição que gere o e-SISTAFE, são usuários do SISTAFE há

anos e têm conhecimento e informações sobre o antes e depois do e-SISTAFE.

A escolha deste tipo de entrevista justifica-se pelo facto de, por um lado, ser a técnica

que permite a existência de um contacto directo entre o investigador e os seus

interlocutores, comunicação e interacção humana, necessária para a realização da

pesquisa e permitem ao investigador retirar das entrevistas informações e elementos de

reflexão muito ricos e matizados (Campenhoudt & Quivy, 2005). E por outro, por serem

as entrevistas (semi-estruturadas) as mais utilizadas em investigação social, e permitem

analisar o sentido que os autores dão às suas práticas e aos acontecimentos com os quais

se vêem confrontados (idem).

Portanto, neste caso, privilegiou-se este tipo de entrevista auxiliada de perguntas

abertas9 como forma de auxiliar a literatura disponível e, como forma de permitir maior

liberdade aos entrevistados responderem perguntas com simplicidade e buscar mais

profundidade nas respostas às questões que as forem feitas.

Com as entrevistas (semi-estruturadas) a recolha foi sobre como era a situação antes e

depois da implantação do e-SISTAFE, quais os resultados alcançados, as mudanças

9Vide nos anexos

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registadas, o estado actual do sistema, progressos assinaláveis e seus pontos

críticos/problemas.

4.4 Variáveis do Estudo

A hipótese deste trabalho é: A implementação do e-SISTAFE melhorou a gestão de

salários dos funcionários e agentes do Estado na medida em que modernizou os serviços

e flexibilizou o pagamento de salários.

Portanto, o e-SISTAFE constitui a variável independente/explicativa enquanto a

melhoria na gestão de salários é a variável dependente, os funcionários e agentes de

Estado são o grupo-alvo, beneficiários dos serviços da plataforma.

Para entender como o pagamento de salários melhorou na gestão dos salários, traçamos

indicadores dentro dos cinco critérios de análise adoptados (eficiência, eficácia,

capacidade funcional, satisfação dos utentes e mérito):

Os indicadores da eficiência são: assiduidade e flexibilidade no processamento e

tramitação dos salários, redução de custos de tempo e processamento de salários,

ausência e/ou redução de falhas e oscilação de sistema, número de reclamações

apresentadas em relação aos salários;

Os indicadores da eficácia são: redução e/ou eliminação de número de erros no

processamento, limitada viciação de pagamentos fraudulentos, fantasmas e

pagamentos ilícitos, limitada viciação da duplicação e/ou omissão de

remunerações na folha de salários;

Os indicadores da capacidade funcional do e-SISTAFE na melhoria de gestão

de salários são: existência de infra-estruturas e condições de funcionamento

(existência de funcionários com conhecimento sobre o funcionamento do

Sistema, qualidade da rede de telecomunicações e energia no local, existência de

equipamentos de apoio técnico);

Satisfação dos utentes em relação ao serviço em termos de flexibilidade no

processamento e pagamento de salários (reclamações em relação o serviço,

assiduidade, tempo, racionalização e simplificação de procedimentos) no antes e

o depois do e- SISTAFE, medido através dos 10 (dez) professores primários do

Distrito de Boane (número da amostra) que foram entrevistados;

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O indicador do mérito é o sentimento da satisfação dos funcionários e agentes

do Estado pelos serviços que o e-SISTAFE proporciona.

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CAPÍTULO V

5. Apresentação e Análise de Resultados da Pesquisa

O Distrito de Boane está localizado a sudeste da Província de Maputo, sendo limitado a

Norte pelo Distrito de Moamba, a Sul e Este pelo Distrito de Namaacha, e a Oeste pela

Cidade da Matola e pelo Distrito de Matutuíne. Boane foi elevado à categoria de

Distrito em Abril de 1987 pelo Decreto-lei nº 8/87 e a sua Sede foi elevada a Vila pela

Resolução nº 9/87, de 25 de Abril do Conselho de Ministros. Tem uma superfície de

806 km2 e a sua população está estimada em 134 mil habitantes e com uma densidade

populacional aproximada de 166 hab/km2 10

.

O Distrito de Boane tem um total de 2078 Funcionários e Agentes do Estado, sendo que

1622 correspondentes a 77% trabalham nos serviços de Educação, 262 correspondentes

a 13% estão afectos nos serviços de saúde, Mulher e Acção Social, 122 correspondentes

a 6% trabalham na Secretaria Distrital; 51correspondentes a 3% estão afectos nos

serviços das Actividades Económicas e 21 correspondentes a 1% trabalham para os

serviços de Planeamento e Infra-estruturas11

.

Em 2007, no âmbito da operacionalização das reformas do Estado e da descentralização

de serviços, o Distrito de Boane foi tomado como pioneiro no processo de pagamento

de salários a Funcionários e Agentes do Estado por via e-SISTAFE, na funcionalidade

e-Folha. Neste contexto, o sector da educação do distrito, começou a efectuar o

pagamento de salários por via e-FOLHA em 5 escolas: Instituto Agrário de Boane; EPC

de Boane; Escola Secundária Joaquim Chissano; EPC 25 de Setembro e EPC 19 de

Outubro, como uma experiência e só em 2014, é que a modalidade cobriu o Distrito

todo12

.

10

Perfil do Distrito de Boane Província de Maputo, edição de 2014. 11

Em entrevista no dia 17 de Agosto de 2016 na Repartição de Recursos Humanos da Secretaria Distrital

do Governo de Boane. 12

Em entrevista no dia 19 Agosto de 2016 na Repartição de Administração e Finanças dos SDEJT de

Boane.

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Dos 2078 Funcionários e Agentes do Estado que o distrito tem, estima-se que perto de

2000 funcionários beneficiam-se ou são pagos os seus salários por via e-SISTAFE na

funcionalidade e-FOLHA13

.

O sistema de processamento e pagamento de salários na função pública moçambicana

passou por várias etapas, até chegar ao actual sistema de e-SISTAFE na funcionalidade

e-FOLHA. A seguir é apresentada a trajectória desse processo.

5.1 Fases de Reforma de Processamento e Pagamento de Salários na

Função Pública moçambicana

Da análise das informações e dados fornecidos a partir das entrevistas, permite-nos

aferir que as reformas de processamento e pagamento de salários na função pública

moçambicana passaram por três momentos.

O primeiro momento é o dos sistemas manuais de pagamento de salários. Esta fase

vigorou no período depois da independência até ao período da concepção e

implementação da Estratégia Global da Reforma do Sector Público (EGRSP-2001-

2011). O processamento e pagamento de salários nesta fase eram feitos nas instituições

numa folha de salário Modelo 5, de preenchimento manual. O pagamento de salário era

por meio de título modelo 3 preto. O título era uma espécie de cheque do Estado e

levava várias assinaturas dentro do Ministério das Finanças. Era devolvida aos

próprios sectores para levarem a caixa do Estado. A Caixa do Estado era uma unidade

do Banco de Moçambique, que fazia pagamento de Estado e o banco pagava em

numerário (dinheiro), pois nessa altura os funcionários não tinham contas bancárias

assim como as instituições. Os Gestores financeiros das instituições é que iam fazer

pagamento de dinheiro ao funcionário. Este era liquidado no Ministério das Finanças

onde havia, a nível Central- Direcção Nacional da Contabilidade Pública; a nível

Provincial- Direcção Provincial de Plano e Finanças - Departamento da Contabilidade

Pública14

.

O segundo momento é o processamento e pagamento de salários feito através de

sistemas informáticos, os chamados sistemas Paralelo ou via gestor ou ainda por

13

Em entrevista no dia 17 de Agosto na Repartição de Recursos Humanos da Secretaria Distrital do

Governo de Boane. 14

Em entrevista no dia 9 de Setembro de 2016 no Departamento de Normas e Apoio ao Utilizador do e-

SISTAFE no Ministério de Economia e Finanças-Direcção Nacional de Contabilidade Pública.

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adiantamento de fundos. Estes vigoraram antes da concepção e implantação do sistema

e-FOLHA, eram os três diferentes sistemas informáticos, distribuídos por regiões a

nível nacional, nomeadamente: SNV (Sistema Nacional de Vencimentos)15

; SPS

(Sistema de Pagamento de Salários);16

e SPAV (Sistema de Pagamento de

Vencimentos)17

. A forma de pagamento ou de processar o salário nestes sistemas era a

mesma, apenas o que diferenciava entre eles, é que estes processavam salários por

regiões.

O processamento e pagamento por via destes sistemas informáticos eram feitos da

seguinte forma. Preparava-se a folha de salário que ditava ou dita em termos de

valores a pagar por cada um e o valor total a pagar, de acordo com as despesas desse

mês, considerando a efectividade, horas extras e os descontos. Depois emitia-se uma

requisição de adiantamento de fundos para Direcção Provincial de Plano e Finanças, e

anexava-se a requisição que vem a descrição da finalidade do valor que estava a ser

requisitado. De seguida as Finanças transferiam todo o bolo (valor) para conta da

instituição. Quando entrasse o valor, a instituição preparava uma ordem de

transferência dirigida para o banco onde dizia que em função da lista “X”, que

continha os nomes e contas (rúbricas) solicitava-se que se transferisse o valor “Y”. O

levantamento deste valor era confirmado pelo gestor e o ordenador de despesas. No

fim, o valor era levado para instituição e separado por envelopes com nome de cada

funcionário e assim era distribuído para todos os funcionários, e o funcionário

confirmava com assinatura na lista de controlo de que já recebeu18

.

Mas para um entendimento dos passos e etapas deste processo, pode-se observar na

figura: 1 (Esquema de pagamento de salários durante a vigência de sistemas

informáticos ou paralelos). A figura mostra as rotinas, passos e trajectória desde quando

se emanava a ordem de pagamento de salários até o funcionário ter acesso ao seu

salário.

15

Em uso a nível Central, e nas províncias de Maputo e Maputo Cidade. 16

Em uso nas províncias de Sofala, Manica e Zambézia. 17

Em uso nas províncias de Nampula, Cabo Delgado, Niassa e Tete. 18

Em entrevista no dia 15 de Setembro de 2016 na Repartição de Recursos Humanos na Secretaria

Distrital de Boane.

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Figura1. Esquema de pagamento de salários durante a fase de sistemas de pagamentos

paralelos/informáticos.

Fonte: Adaptada pela autora do trabalho.

De forma específica, no sector da educação o processo de pagamento de salários era

feito da seguinte forma: Primeiro- a escola submetia a pasta de informação salarial à

Direcção Provincial de Educação-Maputo e este para a Direcção Provincial de Plano

e Finanças-Maputo, contendo documentos como: ficha de criação, se for necessário

criar um novo funcionário, mapa de efectividade, mapa de abonos e respectivos

justificativos etc. Segundo- aguardavam a impressão da folha de Paralelo, concretizar

e analisar se contempla todos os funcionários da escola, se constam na folha ou mesmo

se há funcionários desconhecidos. Terceiro- preparava-se a folha e requisição de

fundos para pagamento, seguindo o trajecto Serviço Distrital de Educação, Juventude e

Tecnologia-Boane, Direcção Provincial de Educação-Maputo e Direcção Provincial de

Plano e Finanças-Maputo. Quarto- após o pagamento da folha pela Direcção

Provincial de Plano e Finanças de Maputo, o qual era feito na conta de salários da

escola, produzia-se um ficheiro ao banco para poder fazer distribuição dos valores nas

Instituição X preparava a folha de salário

Direcção Provincial de Plano e Finanças

O valor na conta da instituição

Nota da instituição para o banco

Instituição levantava o valor no banco

Funcionário recebia o valor na instituição

Ordem de pagamento de salário (Ministério)

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contas dos funcionários. Quinto- tendo-se feito o pagamento pelo banco os funcionários

tinham de assinar o paralelo como forma de confirmarem o que auferiram19

.

A figura 2: mostra as rotinas, passos e trajectória durante a vigência de sistemas

informáticos ou paralelos, especificamente no sector da educação.

Figura: 2. Esquema de pagamento de salários durante o período de sistemas informáticos

de reforma no sector da educação.

Fonte:Adaptada pela autora do trabalho.

Eram vários os problemas e constrangimentos que este sistema de pagamento de

salários trazia. Segundo os nossos entrevistados, por muitas vezes, as etapas acima

descritas, só se completavam no mês seguinte, e/ou poucas vezes nos últimos dias do

mês o que resultavam em atrasos de salários. Com este sistema, não se tinha uma data

certa para ter o salário, para além da morosidade. No caso dos funcionários que ainda

não estavam integrados no novo sistema ou que ainda estavam sendo substituídos pelo

e-FOLHA, encontravam-se na situação de não terem os seus salários a tempo. E isso

19

Em entrevista no dia 22 de Setembro de 2016 no Serviço Distrital de Educação, Juventude e

Tecnologia (SDEJT) de Boane.

Escola preparava a folha de salário

Direcção Provincial de Educação - Maputo

Direcção Provincial de Plano e Finanças - Maputo

O valor na conta de salários da escola

Ficheiro da escola para o banco

O banco distribuía o valor nas contas dos funcionários

Serviços Distritais de E.J e Tecnologia-Boane

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gerava um ambiente de insatisfação ou desmotivação, uma vez que na mesma escola

uns tinham salário e outros não.

As instituições ao receberem as folhas geradas pelos três (3) sistemas, preenchiam as

requisições de fundos e remetiam ao Ministério das Finanças, que por sua vez, por via

de e-SISTAFE transferiam os valores para as contas das instituições. Nesta altura, os

funcionários eram orientados a abrirem contas bancárias, permitindo que as instituições

ordenassem aos bancos para a transferência final do salário de cada funcionário, que era

disponibilizado ao banco por via de (flash ou disquete).

Um dos problemas desta forma de pagamento era a ineficiência e insegurança para a

movimentação do processo, sobretudo os valores. Obedecia muitas etapas até poder-se

ter o dinheiro disponível. O sistema levava mais tempo para a disponibilidade dos

fundos e, consequentemente, o salário demorava cair nas contas. Este sistema

propiciava desvios de dinheiro e eram frequentes reportes de casos de desvio de

dinheiro e de erros da contagem do mesmo.

Muitas vezes devolvia-se a folha de salário, e por falta de comunicação com os sectores

ou instituições visadas, as mesmas tomavam conhecimento tardiamente, o que de algum

modo contribuía no atraso de salário. Noutros, podia haver o caso de o nome do

beneficiário não aparecer na folha e ser necessário voltar-se ao centro de processamento

de dados. O sistema levava mais tempo para a disponibilidade dos fundos, era inseguro,

propiciava desvios e corrupção, pagamento fraudulentos ou mesmo ilícitos ou ainda a

funcionários fantasmas.

O terceiro momento da reforma do sistema de pagamento de salários na função pública

moçambicana começou com aprovação da lei do SISTAFE e do e-SISTAFE em 2002.

Com a aprovação do e-SISTAFE extinguiu-se o título como o meio de pagamento e, foi

criada a Conta Única do Tesouro - CUT- uma conta do Estado aberta no Banco de

Moçambique e sub-gestão da Direcção Nacional do Tesouro, por onde devem ser

canalizadas todas as receitas do Estado e a partir da qual devem ser financiadas todas

as despesas. Nesta altura, as instituições do Estado não podiam abrir contas bancárias

sem autorização da Direcção Nacional do Tesouro e todas estas contas das Instituições

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tinham que ter como raiz a CUT “aqui entra receita e sai despesa” que serve para

recolha dos saldos diários a partir das 15horas e 30 minutos20

.

O Ministério das Finanças preenchia uma nota de pagamento para Direcção Nacional do

Tesouro, que ordenava o banco por via da CUT para transferir os valores para as contas

das instituições. As instituições nesta altura com a disponibilidade na conta emitiam os

cheques para entregar aos funcionários ou pagavam mesmo em numerário. Esta é a fase

da criação da CUT. É a fase da criação das UGE (Unidades Gestoras Executoras),

dentro do Ministério das Finanças para apoiar as diversas instituições e órgãos do

Estado na execução do orçamento.

Esta fase começa com a implantação do e-CAF e o início da funcionalidade do cálculo,

processamento e liquidação de salários por via e-SISTAFE no pacote e-Folha em 2010,

no âmbito de melhoramento e desenvolvimento do módulo de pagamento de salários e

pensões.

O e-CAF é a base de dados dos Funcionários e Agentes do Estado, através de (NUIT,

Nome, Filiação, Carreira/Função, Habilitações literárias, Conta bancária, Nome do

banco e Impressões digitais), que são introduzidos no momento do ingresso do

funcionário e actualizados sempre quando necessário e serve de base para alimentar o

sistema e-FOLHA. O e-FOLHA é a componente do Módulo de salários e pensões

(MSP) que permite o cálculo e processamento de salários no e-SISTAFE possibilitando

que o seu pagamento seja efectuado mediante transferência directa da CUT para as

contas bancárias dos Funcionários e Agentes do Estado. Serve igualmente para a

verificação e automatização do pagamento da folha de salários.

No primeiro momento desta fase, o tratamento de salários era feito com a intervenção

de três instituições nomeadamente, Ministério da Administração Estatal e Função

Pública; Ministério das Finanças (Direcção Nacional da Contabilidade Pública) e o

próprio Sector. O procedimento era assim: o sector gerava a folha de salários e

elaborava a folha de requisição de fundos e remetia ao Ministério das Finanças que por

via do e-SISTAFE executava as três (3) fases de despesa pública (Cabimento,

Liquidação e Pagamento) garantindo que o pagamento seja feito da CUT directamente

para a conta do funcionário sem a intervenção da conta da instituição.

20

Em entrevista no dia 19 de Julho de 2016 no Departamento da Divisão de Organização e Comunicação

de reformas no CEDSIF.

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Entretanto, isto veio a mudar a partir de Dezembro de 2014, através do Diploma

Ministerial nº 210/2014 de 9 de Dezembro, que foi aprovado o novo roteiro de

pagamento do salário. No âmbito da implementação deste diploma, foi descentralizada

em Março de 2015, a parte relativa ao processamento dos salários, excluindo-se por

conseguinte a intervenção prévia do Ministério das Finanças no processamento das

folhas.

Em Junho do mesmo ano e no âmbito da implementação do mesmo diploma foram

descentralizadas as dotações orçamentais de salários para cada UGE (Unidade Gestora

Executora) do Sector e em paralelo a isso foram automatizadas as fases da execução de

despesa (Cabimento, Liquidação e Pagamento) para salários. Assim, o processamento e

o pagamento de salários actualmente é iniciado e concluído no e-SISTAFE, por via do

e-FOLHA nas UGE dos Sectores, ficando o Ministério da Economia e Finanças a

realizar a fiscalização sucessiva do processo.

Portanto, actualmente é possível fazer-se a execução da despesa e pagamento do salário

via directa, o que significa o cumprimento das três fases da despesa (Cabimento,

Liquidação e Pagamento) para salários de ordem sequencial, sendo que tanto o

cabimento bem como o pagamento são direccionados aos beneficiários finais, sejam

eles fornecedores, prestação de serviços. E para o caso dos Funcionários e Agentes do

Estado, com base no processamento no e-FOLHA componente do Módulo de Salários e

Pensões (MSP), o cálculo e processamento de salários é efectuado mediante

transferência directa da CUT para as contas bancárias dos Funcionários e Agentes do

Estado.

No entanto, a situação actual em relação à implementação do Módulo de Salários e

Pensões do e-SISTAFE na funcionalidade e-Folha, está no processo da expansão para

todas as instituições do órgão do Estado ao nível Central, Provincial e Distrital, tendo

em conta que a implementação do e-FOLHA vem sendo feita de forma gradual. Em

paralelo a isto, está em desenvolvimento o Módulo de Pensões para permitir o

pagamento de pensões directamente na conta do pensionista. O processo de

desenvolvimento do módulo de salários e pensões deverá terminar com a

implementação do Módulo de GRH (Gestão de Recursos Humanos), que igualmente

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Ester Tomás Gobene | 46

está em desenvolvimento e deverá permitir a gestão integral dos Funcionários e

Agentes do Estado desde a sua entrada até a fase da reforma21

.

Tal como se verificou, o processo de reformas de pagamento de salários passou por

várias etapas/fases. A tabela 1 resume e mostra as três fases deste processo, indica as

principais características de cada fase e os constrangimentos que decorriam.

Tabela 1. Quadro resumo das fases de reforma de processamento e pagamento de

salários na função pública moçambicana.

Fases da

reforma

Modelo de

Pagamento

Período de

Vigência

Características

Principais

Constrangimentos

que Decorriam

1ª Fase

Pagamento por

meio de títulos.

Desde a

independência

até mais ou

menos 2001.

Sistemas manuais de

pagamento de salários,

os funcionários e as

instituições não

possuiam contas

bancárias.

Deduções/descontos

não obrigatórios nos

salários sem seu

consentimento,

inseguro na

movimentação dos

valores, propiciava

desvios e corrupção,

inseguro, pagamentos

fraudulentos ou

mesmo ilícitos.

2ª Fase Sistemas

informáticos ou

Paralelos.

De 2002 a

2010.

Aprovação da lei do

SISTAFE, criação da

CUT e UGE. As

instituições e os

funcionários eram

orientados a abrirem

contas bancárias.

Morosidade na

tramitação de

salários, resultante de

vários intervenientes

que participavam no

processo.

3ªFase/actual Pagamento

através da

funcionalidade e-

FOLHA.

De 2014 em

diante.

O cálculo e

processamento de

salários são efectuados

mediante transferência

directa da CUT para as

contas bancárias dos

Funcionários e Agentes

do Estado.

Disparidade no

pagamento de

salário, oscilação e

lentidão do sistema.

Fonte: Adaptada pela autora do trabalho.

21

Em entrevista no dia 19 de Julho de 2016 no Departamento de Divisão de Organização e Comunicação

de reformas no CEDSIF.

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Ester Tomás Gobene | 47

CAPÍTULO VI

6. Melhorias do e-SISTAFE no Pagamento de Salários

6.1 Quanto aos Indicadores de Eficiência e Eficácia

As melhorias resultantes da implementação do e-SISTAFE no seu Módulo e-FOLHA,

no pagamento de salários:

Pagamento atempado de salários e directamente para a conta do beneficiário sem

a intervenção de nenhuma conta. Por causa disto, o sistema permite que os

Funcionários e Agentes de Estado não sofram descontos que não conheçam a

partir da fonte do seu salário;

Para o Estado o sistema garante a transparência, tendo em conta que é um

sistema único e do âmbito nacional. O sistema permite o respeito pelo princípio

da legalidade, no sentido de que só é pago no e-FOLHA o que tiver base legal

ou previsto. O sistema consegue garantir a harmonização das regras, existência

de maior controlo e transparência na execução dos Recursos Financeiros. E em

particular os fundos alocados para o pagamento de salários e remunerações;

A descentralização do processamento e pagamento de salários é um dos avanços

mais significativos na implantação do sistema e-FOLHA, uma vez que o

encadeamento dos processos, embora falte a sua compreensão por parte dos

usuários, foi definido com clareza, permitindo que cada interveniente conheça as

suas tarefas específicas, respeitando o princípio de segregação de funções que

consiste na existência de vários intervenientes (Agentes do e-CAF e do e-

FOLHA), a introduzirem dados no sistema, e cada um no seu nível de

responsabilidade.

Em relação a pagamentos fraudulentos, fantasmas ou ilícitos, o processamento no e-

FOLHA observa o princípio de segregação de funções, envolvendo três intervenientes

(o Agente de Mapa de efectividade, o Agente Sectorial do DAF e o Agente Supervisor

Sectorial da Folha de Salário),22

o que possibilita a flexibilidade, eficiência e a não

possibilidade de fraudes ou pagamentos ilícitos. O advento do e-SISTAFE permite

22

Agente de Efectividade- Regista faltas injustificadas contraídas por cada funcionário no sistema, e horas

extras do mês anterior.

Agente de DAF- faz o lançamento de diferentes abonos, diferenças salariais e segunda turma. Supervisor da Folha - verifica a conformidade da folha de modo a dar a conformidade sectorial, e em seguida a

impressão da folha para fazer a requisição do salário.

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Ester Tomás Gobene | 48

identificar com mais facilidade, eventuais fraudes que podem ocorrer, diferente do

sistema anterior que todas estas facilidades não eram possíveis23

.

Portanto, os pagamentos fraudulentos aconteciam anteriormente,24

os funcionários

podiam manipular os números e não se detectar de imediato e nem descobrir a pessoa

que fez, ou mesmo nunca ser descoberto. Era fácil violar as regras de procedimentos

financeiros, os utilizadores do sistema entendiam que tinham que trocar a conta bancária

de um funcionário e mantinham o nome. Daí o valor ia cair na conta duma outra pessoa.

Mas, actualmente é da maior responsabilidade do Agente Supervisor Sectorial da Folha

de Salário, onde dentre as demais funções é da sua responsabilidade fazer a

confrontação da informação com os documentos comprovativos e verificar a fiabilidade

da informação introduzida, ou seja, verificar irregularidades, o que se paga e o que não

se deve pagar. Actualmente com o sistema é possível detectar de imediato os casos de

pagamentos fraudulentos, fantasmas ou ilícitos, porque o sistema e-SISTAFE faz o

registo de todas as ocorrências desde a data, hora, o valor que foi desviado e o agente

utilizador que efectuou a transação, querendo dizer, desta forma o sistema é muito

preventivo, deixa rasto ou pistas das pessoas que fazem“falcatruas” podendo-se

responsabilizar a pessoa culpada pela prática ilícita25

.

A tabela 2 mostra os casos registados sobre desvio de fundos, corrupção e peculato26

do

ano de 2013 a 2015 em todo o país, detectados a partir do SISTAFE.

Tabela 2 – Casos de desvio de fundos e peculato 2013 – 2015.

Ano/casos 2013 2014 2015

Desvio de fundos ou bens do Estado 173 147 62

Corrupção 600 597 367

Peculato 103 129 96

Fonte: GCCC, 2016.

23 Em entrevista no dia 19 de Julho de 2016 no Departamento da Divisão de Organização e Comunicação de

Reformas do CEDSIF. 24Em entrevista no dia 20 de Julho de 2016 nos SDEJT- Boane. 25Em 20 de Julho de 2016, no Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJT- Boane. 26 É um crime de desvio de dinheiro público por funcionário que tem o seu cargo a administração de verbas públicas.

É um crime específico do servidor público e trata-se de abuso de confiança pública.

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Como se pode verificar, há uma tendência significativa de redução de casos tanto de

desvio de fundos de Estado como os de corrupção e de peculato desde 2013. E acredita-

se que as reformas do e-SISTAFE em curso trouxeram melhorias no que diz respeito a

redução de pagamentos fraudulentos, desvios de fundos salariais e desrespeito às regras

financeiras. O sistema e-SISTAFE é muito vantajoso e apresenta muitas facilidades

para detecção dos infractores em pouco tempo, independentemente das mudanças do

perfil e violações das regras orçamentais 27

.

Com a entrada em funcionamento da plataforma e-SISTAFE no pagamento e gestão de

salários no Distrito de Boane, a gestão de salários melhorou muito, actualmente o

processo de pagamento está simplificado e o administrativo já não tem o trabalho de

correr atrás da folha, o sistema é menos burocrático e não há registo de casos de

fraudes salariais ou duplicações ilegais de salário dos Funcionários e Agentes do

Estado28

.

É referenciado pela parte dos gestores que o e-FOLHA minimizou a morosidade do

processamento do salário, pois o processamento de salários é feito mediante à

transferência directa da CUT (Conta Única de Tesouro) para a conta de beneficiário,

dependendo da flexibilidade de cada gestor é possível ter-se o salário no dia 15 de cada

mês ou ainda no intervalo dos dias 18 a 25 regularmente. O sistema já vem com datas

estipuladas para processamento de dados, enquanto antigamente não era assim, mas

actualmente há dias para visualizar-se a folha no sistema. E caso haja problemas com

a folha, o gestor de salários entra em contacto com o serviço Distrital que trabalha

com a folha para junto resolverem o problema, isto é, actualizar os dados do

funcionário29

.

Entre outros, é atribuído como melhoria do sistema, a racionalização dos fundos

alocados para o pagamento de salários nas instituições que já estão no e-FOLHA, a

simplificação de processamento e pagamento de salários, a não facilidades de

ocorrência da corrupção, a geração de relatórios em tempo real e o acesso a informação

no sistema integrado a partir da própria instituição. A informação sobre os salários que é

gerada no sistema é conservada de forma electrónica na base de dados do e-SISTAFE e

27

Em entrevista no dia 13/12/2016 no Gabinete Central do Combate á Corrupção 28

Em entrevista no dia 22/07/ 2016 no Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJT) do

Distrito de Boane 29

Em entrevista no dia 20/07/ 2016 no Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJT) do

Distrito de Boane.

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Ester Tomás Gobene | 50

permite emitir em tempo útil vários documentos dos Funcionários e Agentes do

Estado30

.

Contudo, apesar das melhorias significativas alcançadas através do e-FOLHA no

processamento e pagamento de salários na função pública moçambicana, ainda

prevalece casos de viciação na folha de salários.

No Distrito de Boane por exemplo, registou-se um caso de viciação de pagamentos de

horas extras, em que um Agente do Mapa de Efectividade teria registado horas extras a

mais para cerca de 80 horas extras a seu favor desde o mês de Outubro de 2015 e só

veio a ser descoberto no mês de Maio de 2016. Durante estas ocorrências, sempre que

fosse necessário imprimir a folha ou o mapa para o visto e homologação, o funcionário

imprimia e submetia a folha do mês anterior ao invés da folha actual que correspondia o

mês em referência e que foi carregada, onde só trocava o título para que não fosse

descoberto. Em Junho de 2016 começou-se a fazer diligências sobre o caso.

Entretanto, o pagamento de salário no e-FOLHA é necessário porque através dele a

informação dos funcionários é tratada em tempo real. Sendo o e-FOLHA um

instrumento de gestão. A questão das fraudes e pagamentos ilícitos devem ser vistos ao

nível de actuação moral dos utilizadores aliados ao tipo do controlo interno instituído

em cada órgão da instituição do Estado, atendendo que o responsável máximo da área

é que deve garantir a definição do controlo interno eficaz e eficiente. Contudo, os

pagamentos fraudulentos não estão associados a vulnerabilidades do sistema, mas sim

ao incumprimento ou execução fraudulenta dos procedimentos legalmente

normalizados por parte dos utilizadores do mesmo31

.

Como se pode notar, apesar das mudanças e melhorias alcançadas com a funcionalidade

do e-FOLHA como ferramenta de processamento de salários, por si só não garante

efectivamente a eliminação de casos de fraudes, duplicações de pagamentos. Para isso,

precisa de auxiliar-se a outros mecanismos de controlo instituídos em cada instituição

de Estado, de modo que a plataforma atinja os resultados almejados.

30

Trata-se de documentos como: Talão de pagamento, Declaração de IRPS, Histórico de pagamento por

NUIT, Relatório de abonos e descontos; Relatório da tabela IRPS; Relatório do estado da conformidade;

Relatório da folha de salário; Relatório de Mapa de efectividade; Relatório das alterações; Relatório do

classificador económico da despesa (CED) e Fonte de recursos (FR); Relatório de Funcionários Públicos

e Agentes do Estado. 31

Em entrevista no dia 19 de Julho de 2016 no Departamento de Normas e Apoio ao utilizador e-

SISTAFE Ministério da Economia e Finanças- Direcção Nacional de Contabilidade Pública.

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Ester Tomás Gobene | 51

Uma outra questão que inibe a eficiência e eficácia do e-FOLHA no pagamento de

salário diz respeito a oscilações de sistema. O sistema em si por vezes não se apresenta

eficaz devido a oscilações. Houve uma situação em que alguns professores ficaram sem

salário por não ter sido reconhecido o seu cadastro pelo sistema. Isso aconteceu por

causa de falhas do sistema e do técnico. Tem havido também, situações de erros no

processamento, em que o salário cai na conta errada, mas raramente isso acontece.

Quando há oscilações ou falta da rede e-SISTAFE, os técnicos têm-se deslocado a

terminal da Matola ou da Cidade de Maputo para efectuar as operações de pagamento

de salários e outras actividades32

.

A movimentação de técnicos a procura de terminais que oferecem condições de pleno

funcionamento do sistema, ocorre devido a falta de equipamento informático de e-

SISTAFE, cortes frequentes de energia e de falta de rede de comunicação, e isso tem

como consequência a demora de processamento e pagamento de salários, bem como

paralisação de outras operações no e-SISTAFE.

Portanto, quanto a eficiência e eficácia, o sistema mostra capacidade de ser eficiente e

eficaz, pois, oferece condições para a flexibilidade na tramitação e processamento de

salários de Funcionários e Agentes do Estado, eliminação de casos de pagamento de

funcionários fantasmas e duplicação de pagamentos. Contudo, devido à falta de

equipamento informático de e-SISTAFE, cortes frequentes de energia e de falta de boa

rede de comunicação, não seja eficiente e eficaz.

6.2 Quanto aos Indicadores da Capacidade Funcional

Através dos nossos entrevistados, foi possível captar factores que constrangem e/ou

põem em causa o pagamento de salários por via e-SISTAFE (e-Folha) na função pública

moçambicana.

O primeiro constrangimento, é a existência de pessoal irregular a exercer funções no

aparelho do Estado. E só pode ser integrado no e-CAF e por consequência no e-FOLHA

todo o Funcionário e Agente do Estado com a situação do vínculo com o Estado

regularizada, ou seja, que tem uma nomeação provisória ou definitiva com o Visto do

Tribunal Administrativo, ter contrato previsto na lei dentro do prazo e igualmente com

o visto do Tribunal Administrativo. Entretanto, no Aparelho do Estado ainda encontra-

32

Em entrevista no dia 20 de Julho de 2016 no Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia

SDEJT de Boane.

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Ester Tomás Gobene | 52

se pessoal que não reúne os requisitos acima mencionados, o chamado pessoal em

situação irregular. Em 2013 o Governo permitiu por Decreto, a regularização do

referido pessoal, mas, existem casos que ainda não foram regularizados embora o

mesmo decreto tenha expirado a sua validade em 2014. Actualmente, o Ministério da

Administração Estatal e Função Pública está em processo de apresentação de uma

proposta de solução, tendo em conta que tal pessoal está a trabalhar e recebe salário33

.

A existência de pessoal irregular a exercer funções no aparelho do Estado na vigência

do sistema de pagamento de salários por via e-SISTAFE, faz com que persistam

algumas situações que têm obrigado à manutenção de outras formas de pagamento de

salários (paralelas e Sistema Nacional de Vencimento), retardando deste modo o

desenvolvimento do processo de implementação do e-FOLHA no pagamento de

salários.

O segundo constrangimento, é a existência de algumas instituições embora integradas

no e-folha, em que o salário de alguns funcionários continua a ser processado pelo

(SNV), por falta de definição das regras de cálculo para as seguintes situações:

funcionários ou agentes que exercem funções de assinantes de contas gestor;

funcionários ou agentes nas carreiras de docentes e que encontram-se a exercerem

funções fora da sala de aula ou mesmo do Ministério da Educação, embaixadores cujo

salário pertence a tabela especial aprovada para os dirigentes superiores do Estado e

Pessoal contratado34

.

Com efeito, torna-se importante a eliminação do uso de sistemas paralelos para

processamento e pagamento de salários, para permitir a abrangência e o

desenvolvimento do processo de implementação de e-FOLHA no pagamento de

salários.

O terceiro constrangimento tem a ver com a existência de Distritos que ainda não têm o

ponto do e-SISTAFE por falta de energia limpa e de uma rede de comunicação;

problemas com a rede resultando na lentidão do sistema, o que inviabiliza o processo de

expansão do e-SISTAFE para outros locais. Este facto está aliado à falta de bancos em

alguns distritos, resultante da fraca expansão da rede bancária que é também causada

33

Em entrevista no dia 19 de Julho de 2016 no Departamento da Divisão de Organização e Comunicação

de Reformas do CEDSIF. 34

Em entrevista no dia 19 de Julho de 2016 no Departamento de Normas e Apoio ao utilizador e-

SISTAFE Ministério da Economia e Finanças- Direcção Nacional de Contabilidade Pública.

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Ester Tomás Gobene | 53

pela falta de equipamentos para este propósito. A maior parte de casos verifica-se pelo

reduzido número de computadores, com acesso ao e-SISTAFE, sobretudo nos distritos

que por vezes estes se deslocam às capitais provinciais para fazerem as operações

relativas ao processamento e pagamento de salários.

A aquisição e manutenção do equipamento informático para a operacionalização do

sistema electrónico e-SISTAFE é da responsabilidade do Estado, isto é, o fundo provém

do orçamento do Estado que é atribuído a cada instituição, cabendo à instituição fazer a

devida aplicação.

O quarto factor é a falta de domínio e conhecimento do funcionamento da plataforma

por maior parte dos usuários do e-SISTAFE nos distritos. Existe um pequeno número de

funcionários capacitados para operarem no sistema. O critério usado para a selecção dos

Recursos Humanos para a função no sistema, tem sido a idoneidade por tratar-se de uma

função que exige muita confidencialidade.

Entretanto, a capacitação ou formação dos utilizadores ou usuários do sistema

electrónico e-SISTAFE antes de serem atribuídos o perfil que lhe dá direito o acesso ao

sistema, tem sido de um (01) a dois (02) dias. E ao longo do ano também têm-se

beneficiado de capacitação e formação de forma regular, a nível da Província de

Maputo, duas vezes por ano, que são realizadas no 1º e 2º semestre e, mais uma

capacitação em caso de necessidade. Nestas capacitações todos os sectores são

convocados a participar, através dos seus utilizadores mas nem todos os utilizadores

são solicitados dependendo do perfil ou da função que desempenham no sistema35

.

Com isso, a capacitação ou formação de um ou dois dias mostra-se insuficiente para que

os usuários do e-SISTAFE conheçam e dominem o funcionamento do sistema.

Não menos importante, a existência de Funcionários sem NUIT36

ou com NUIT fictício

(atribuído pelo sistema só para viabilizar o cadastro), é um dos factores que constrange

o funcionamento do e-FOLHA no pagamento de salários de Funcionários e Agentes do

Estado.

35

Em entrevista no dia 22 de Julho de 2016 no Serviço Distrital de Educação, Juventude e Tecnologia

(SDEJT) do Distrito de Boane. 36

Número Único de Identificação Tributária

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O Distrito de Boane, quanto às outras instituições do Estado que dispõem do e-

SISTAFE para fazer transações do Orçamento do Estado via sistema electrónico, no

decorrer do seu exercício económico não tem-se beneficiado de nenhuma monitoria e

avaliação, referente ao funcionamento do sistema, de modo a aferirem o nível das

dificuldades e constrangimentos que têm-se registado. O que tem acontecido é a

instituição solicitar um dos técnicos canalizados na Direcção Provincial de Plano e

Finanças (DPPF) para aproximar-se a instituição, caso esteja a registar algum problema

de carácter técnico no sistema electrónico para que este solucione o problema existente.

A ausência de monitoria e avaliação referente ao funcionamento do sistema tem levado

no Distrito de Boane, por exemplo, a movimentação de três funcionários cadastrados

para os locais da terminal de e-SISTAFE (Sede do distrito de Boane ou Direcção

Provincial de Plano e Finanças-Matola), bem como para o processamento da folha de

salários e as escolas que ainda não dispõem de equipamento informático de e-SISTAFE.

6.3 Quanto aos Indicadores de Mérito

Neste ponto, pretende-se trazer a avaliação que os beneficiários (Funcionários e Agentes

do Estado, concretamente professores primários do Distrito de Boane) fazem em relação

à qualidade dos serviços que lhes são oferecidos pela funcionalidade e-FOLHA no

processamento e pagamento de salários.

O SISTAFE veio mudar a forma de pagamento de salários. Antigamente sofria-se

muito, havia descontos sem justificativa, por vezes o salário saía por metade porque

registava-se falhas do administrativo ou do banco ou ainda alguém entendia que tinha

que descontar, mas actualmente o salário sai na totalidade, já não há barulho de

descontos não reconhecidos nos salários37

.

Um dos maiores ganhos que os beneficiários dos serviços de e-SISTAFE no pagamento

de salário referem, é a eliminação de casos de descontos não reconhecidos a partir da

fonte de salários. Porque os casos de descontos não reconhecidos eram um dos grandes

problemas que os anteriores sistemas de pagamento de salários apresentavam.

Antes do e-SISTAFE havia muita morosidade no pagamento de salário, professores

ficavam cerca de três meses sem salário. Naquela época havia muita burocracia, pois

tinha que se correr com a tramitação do expediente, por vezes era o cheque que tinha

37

Em entrevista no dia 27 de Agosto de 2016 na EPC- 25 de Setembro.

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que ficar 48 horas sem levantar o dinheiro, e mais outros trámites que tinham de serem

seguidos. Chegado no final do mês, era normal ouvir que a folha de salários ainda não

saiu porque estavam a espera das finanças, etc, etc. Estas situações levavam muitos

professores a perderem o ânimo pela sua profissão e até a não dar aulas conforme.

Mas, actualmente, o e-SISTAFE veio limar esses problemas todos, há flexibilidade no

pagamento e é possível ter o salário antes do dia 25 de cada mês38

.

A outra mudança que os usuários reconhecem que o e-SISTAFE trouxe, é a

flexibilização na tramitação, processamento e pagamento de salários. Em termos dos

procedimentos anteriores e considerando o nível no qual estávamos, o e-SISTAFE

trouxe mudanças e melhorias significativas, no encurtamento de passos que tinham de

ser seguidos, ao imaginar a gincana de ir atrás da folha, separar a folha, levar para o

distrito e por vezes ser devolvida para a Direcção Provincial de Educação, este levava

para a Direcção Provincial de Plano e Finanças e se tiver algum funcionário com erro,

tinha que voltar para corrigir e pedir a nova impressão, este era um processo muito

burocrático, obedecia muitas etapas. Mas o e-SISTAFE mudou, o sistema já vem com

datas estipuladas para processamento de dados, enquanto antigamente não era assim,

actualmente há dias para visualizar a folha no sistema, isto é, actualizar os dados do

funcionário39

.

Portanto, o e-SISTAFE modernizou, encurtou e simplificou os procedimentos de

tramitação, processamento e pagamento de salários, actualmente o processo é feito

mediante transferência directa da CUT para as contas dos funcionários ou agentes do

Estado.

Um outro benefício do e-SISTAFE no pagamento de salário é a segurança, pois os

sistemas de pagamentos anteriores eram inseguros para a movimentação de processos,

sobretudo os valores.

Contudo, apesar das melhorias acima apresentadas, os beneficiários descrevem

situações negativas resultantes da implementação do e-SISTAFE no processamento e

pagamento de salários.

38

Em entrevista no dia 10 de Setembro de 2016 na EPC de Boane-Sede. 39

Em entrevista no dia 15 de Outubro de 2016 na Repartição de Administração e Finanças nos SDEJT de

Boane.

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Um dos Funcionários e Agentes do Estado referencia o seguinte: o sistema por vezes

não se apresenta eficaz, devido à falta da data fixa para o salário cair nas contas. É

possível dentro da mesma escola uns terem o salário e outros não, sendo que o sistema

é o mesmo, no entanto, não se sabe explicar porquê isso acontece. Quando procuramos

saber sempre dizem que processam o salário a tempo e hora. Então, quanto ao

pagamento já não se sabe quando é que o salário cai, se é no dia 15 ou 2540

.

Um outro beneficiário dizia:

Um dos problemas que surge ou que o sistema traz quando chega o momento do

salário, é o caso de alguns professores receberem o seu salário e outros ficarem

pendentes sem salário até por aí 3 a 4 dias, enquanto outros já receberam. Isso

constitui um grande problema. O outro grande dilema, é que nunca percebe-se

quando é que o funcionário público deve ter salário na conta, se este mês é dia

15 o outro será dia 25 a 27, é complicado. Os problemas têm sido da situação

dos outros receberem o salário e alguns não, ficando com o salário retardado

por 2 semanas ou um pouco mais41

.

A questão da disparidade de pagamentos de salários, aliada à falta de data fixa para os

Funcionários e Agentes do Estado auferirem os seus salários é um desafio à melhoria da

qualidade da plataforma e-FOLHA no pagamento de salários.

Com efeito, o processamento e liquidação de salários e remunerações dos Funcionários

e Agentes do Estado no Sector da Educação, no Distrito de Boane, está numa fase de

transição do sistema de pagamento paralelo para o e-SISTAFE, na funcionalidade e-

FOLHA.

Portanto, o impacto ou as mudanças que o e-SISTAFE trouxe para o pagamento de

salário são:

Flexibilização na tramitação, processamento e pagamento de salários, em

termos de procedimentos, o e-SISTAFE modernizou, encurtou e simplificou os

procedimentos de tramitação. O processamento e pagamento de salários,

actualmente são feitos mediante transferência directa da CUT para as contas dos

Funcionários ou Agentes do Estado;

Pagamento atempado de salários e directamente para a conta do beneficiário

sem a intervenção de nenhuma conta. Por causa disso, o sistema permite que os

40

Em entrevista no dia 27/08/2016 na EPC de Boane-Sede. 41

Em entrevista no dia 27/08/16 na EPC de 25 de Setembro.

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Funcionários e Agentes do Estado não sofram descontos que não conheçam, a

partir da fonte do seu salário. Actualmente com o sistema é possível detectar de

imediato os casos de pagamentos fraudulentos, fantasmas ou ilícitos, porque o

sistema e-SISTAFE faz o registo de todas as ocorrências desde a data e o nome

do utilizador;

O sistema é muito preventivo, deixa rasto ou pistas das pessoas;

Para o Estado o sistema garante a transparência, tendo em conta que é um

sistema único e de âmbito nacional. O sistema permite o respeito pelo princípio

da legalidade, no sentido de que só é pago no e-FOLHA o que tiver base legal

ou previsto. O sistema consegue garantir a harmonização das regras, existência

de maior controlo e transparência na execução dos recursos financeiros. E em

particular aos fundos alocados para o pagamento de salários e remunerações;

Permite a gestão do pessoal da função pública, a informação dos Funcionários e

Agentes do Estado é tratada em tempo real.

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Ester Tomás Gobene | 58

Conclusão

O presente trabalho procurou analisar o impacto do e-SISTAFE na funcionalidade e-

FOLHA na melhoria do processamento e pagamento de salários dos Funcionários e

Agentes do Estado, a partir da descrição do antes e depois da implementação desta

plataforma.

Onde constatou-se que com o e-SISTAFE na funcionalidade e-FOLHA houve

modernização e informatização dos procedimentos administrativos, tendentes à

tramitação e pagamento de salários dos Funcionários e Agentes do Estado, quando

comparados com os anteriores sistemas. Nota-se uma tendência crescente de mudanças

e melhorias significativas, mas não na totalidade. Ainda prevalecem casos de viciação e

duplicações de pagamentos, embora com uma redução significativa.

Feitas as análises, observou-se que o sistema ainda não mostra segurança na protecção

das operações ligadas à tramitação e pagamento de salários. Na realidade e na prática, o

sistema não limita viciação e duplicações de pagamentos. Pois, como notou-se para o

caso de Boane onde um Agente do mapa de efectividade teria registado horas extras a

mais para cerca de 80 horas a seu favor, mostra que qualquer um dos três utilizadores42

agindo de forma individual ou colectiva, podem viciar o sistema. Portanto, é necessário

que ao nível das instituições se assegurem outras formas de controlo e protecção das

operações do e-SISTAFE.

O estudo constatou ainda, que a falta de equipamento informático para o sistema como:

computadores com acesso ao e-SISTAFE, terminais de e-SISTAFE e número reduzido

de funcionários capazes de trabalharem com o sistema, falta de monitoria do

funcionamento da plataforma, influenciam negativamente na eficiência e eficácia do

sistema, não só para o processo de pagamento de salários como também para outras

operações. Outrossim, a fraca qualidade da corrente eléctrica e da rede de comunicação

contribuem para aparentes oscilações e lentidão do sistema, constrangindo assim o

pleno funcionamento da plataforma.

Aliado ao que acima foi exposto, conclui-se que poderia existir um estudo a aprofundar

até que ponto a falta de equipamento informático para o e-SISTAFE e o reduzido

42

Trata-se de Agente de Efectividade, Agente Sectorial do DAF e Supervisor Sectorial da Folha de

Salários.

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número de funcionários capazes de trabalharem com o sistema, influenciam o

desempenho da plataforma nas diversas funcionalidades.

O trabalho observou que o e-SISTAFE na funcionalidade e-FOLHA no processo

relativo ao pagamento de salários está num bom caminho, o que falta neste momento, é

o aperfeiçoamento, desenvolvimento e melhoramento dos serviços do sistema.

Constatou-se ainda que, para o aperfeiçoamento, desenvolvimento e melhoramento das

funcionalidades do sistema e-SISTAFE torna-se necessário, investir em equipamentos

informáticos, na capacitação do capital humano ligado ao sistema, melhoria de infra-

estruturas ou redes de comunicação principalmente ao nível dos distritos. Desenvolver-

se e integrar-se um bom sistema de segurança na plataforma para a proteção das

operações.

Recomendações

Aperfeiçoamento e melhoramento dos serviços do sistema através de

apetrechamento de seus equipamentos (computadores, terminais), formação e

acompanhamento de funcionários que trabalham com o sistema, técnicos para

operacionalização e reparação das máquinas;

A expansão do e-FOLHA para as instituições do Estado que seja acompanhado

com os equipamentos e pessoal capacitado e que seja feita através de

coordenação e articulação de entidades (bancos, redes de comunicação,

energia), que podem garantir a existência e a criação de condições para o pleno

funcionamento do sistema;

Melhoria da qualidade do sistema, de rede de comunicação e de energia

eléctrica;

Fazer-se monitoria e avaliação do funcionamento da plataforma;

Fazer-se manutenções periódicas do sistema, para evitar problemas que podem

pôr em causa o funcionamento do sistema;

Melhorar-se o processo de preparação das folhas de salários, através de

estabelecimento e fixação de datas para o processamento de salários, de modo a

garantir a não entrada tardia e nem disparidades na entrada do salário;

Aumento dos dias de capacitação/formação dos usuários para permitir que

conheçam e dominem o funcionamento da plataforma.

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atrasa salários na Função Pública.

Jornal o País online do dia 28 de Março de 2013- Descoberto novo esquema de desvio

de salários de professores.

Jornal Notícias de 30 de Agosto de 2013 - Problemas técnicos verificados no e-

SISTAFE atrasam salários na Função Pública.

Jornal a verdade do sábado, dia 01 de Janeiro de 2014- Falhas do e-SISTAFE originam

atraso de salário dos professores.

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Lista de pessoas entrevistadas

Item Nome Proveniência/Instituição Função

1 Aurélio Paulo Tinga Ministério de Economia e

Finanças - Direcção Nacional

de Contabilidade Pública

Chefe do Departamento de

Normas e Apoio ao

Utilizador do e-SISTAFE.

2 Afonso Gule Júnior CEDSIF Área de Divisão de

Organização e Comunicação

de Reformas.

3 Alexandre Eduardo Levij Secretaria Distrital de Boane Técnico de Recursos

Humanos.

4 Lina Valoi Secretaria Distrital de Boane Gestora de Recursos

Humanos no Distrito de

Boane.

5 Gervásio Francisco Matlhula Secretaria Distrital de Boane Chefe de Repartição de

Planificação.

6 Geremias Cuava Tivane Secretaria Distrital de Boane Agente da execução

Financeira Distrital.

7 João Sambo SDEJT de Boane Supervisor de folha nos

SDEJT de Boane.

8 Fátima Lucas Paiva SDEJT de Boane Agente de Efectividade de

SDEJT de Boane.

9 Clementina Joaquim Xerinda SDEJT de Boane Agente do DAF

10 Arsénio Gabriel Tualufo EPC de Boane-Sede Professor da EPC de Boane-

Sede.

11 Tomás Tiago Macande EPC de Boane-Sede Professor da EPC de Boane-

Sede.

12 Daniel Ezequiel EPC de Boane-Sede Professor da EPC de Boane-

Sede.

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13 Amélia Pelembe EPC de 25 de Setembro Professora da EPC de 25 de

Setembro.

14 Idalina António José Maluleque EPC de 25 de Setembro Professora da EPC de 25 de

Setembro.

15 Isidro Fernando Nhaduco EPC de 25 de Setembro Professor da EPC-25 de

Setembro.

16 Adelaide Manuel Guambe EPC de 25 de Setembro Professora da EPC de 25 de

Setembro.

17 Rosália Mondlane EPC de 25 de Setembro Professora da EPC de 25 de

Setembro.

18 Isabel Fumo EPCde 25 de Setembro Professora da EPC de 25 de

Setembro.

19 Faustino Tomás EPCde 25 de Setembro Professor da EPC de 25 de

Setembro.

20 Hermenegildo Timane Gabinete Central de Combate

à Corrupção

Assessor do GCCC.

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Anexos

Grelha de Questionário

Secção A – Questionário dirigido aos gestores do e-SISTAFE a nível do CEDSIF

1. Como era o processo de pagamento de salários dos funcionários antes do e-

SISTAFE?

2. Como é agora/depois da implantação do e-SISTAFE no pagamento de salários?

3. Qual é o ponto de situação em relação a implementação do módulo de salários e

pensões no e-SISTAFE?

4. Que facilidades, este sistema traz no âmbito de pagamento de salários dos

Funcionários e Agentes do Estado?

5. O que é que com o pagamento de salários via e-SISTAFE não se consegue alcançar?

E porque?

5. Quais têm sido os principais problemas e constrangimentos recorrentes com o

pagamento de salários via e-SISTAFE?

6. Como é que têm sido resolvidos estes problemas e constrangimentos?

7. Em função dos problemas e constrangimentos verificados no pagamento de salários

via e-SISTAFE, o que se pensa fazer ou está sendo feito?

8. Fazendo um balanço geral, acredita que o e-SISTAFE no pagamento de salários

trouxe mudanças e melhorias, refiro-me a assiduidade e tempo no pagamento de

salários, quantidade de erros no processamento; Existência de pagamentos fraudulentos;

Tempo e flexibilidade no processamento e tramitação dos salários, Pagamentos ilícitos e

viciosos?

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Secção B - Questionário dirigido aos Usuários de e-SISTAFE no distrito (SDEJT e

Secretaria Distrital) de Boane

1. Quantos funcionários e agentes do Estado o Distrito de Boane tem e qual é a sua

distribuição sectorial?

2. Quantos destes beneficiam-se de e-SISTAFE no pagamento de salários?

3. O que é que o Distrito de Boane fez para começar a pagar os salários por via e-

SISTAFE?

4. Antes da introdução do sistema e-SISTAFE, como eram pagos os salários? E quais

eram os problemas que nele decorriam?

5. Com a entrada em funcionamento da gestão de salários na função pública via e-

SISTAFE, estes problemas foram resolvidos efectivamente?

6. Que melhorias significativas têm-se registado com a gestão dos salários por via e-

SISTAFE no Distrito?

7. Quais têm sido os problemas/constrangimentos que o Distrito de Boane tem registado

resultantes da gestão de salários por via e-SISTAFE?

8. Como é que têm sido resolvidos estes problemas e constrangimentos?

9. Em função dos problemas e constrangimentos verificados em relação a gestão de

salários via e-SISTAFE, o que se pensa fazer ou está sendo feito?

11. Fazendo um balanço geral, acredita que o e-SISTAFE no pagamento de salários

trouxe mudanças e melhorias, refiro-me a assiduidade e tempo no pagamento de

salários, quantidade de erros no processamento; Existência de pagamentos fraudulentos;

Tempo e flexibilidade no processamento e tramitação dos salários, Pagamentos ilícitos e

viciosos?

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Secção C – Questionário dirigido aos Utentes do e-SISTAFE no distrito

(professores primários) de Boane

1. Antes da introdução do sistema e-SISTAFE, como eram pagos os salários? E quais

eram os problemas que nele decorriam?

2. Com a entrada em funcionamento do e-SISTAFE no pagamento de salários, estes

problemas foram resolvidos efectivamente?

3. Como beneficiário desse sistema de pagamento, se sente satisfeito com a qualidade

dos serviços que lhe é oferecido? E porque?

4. Quais têm sido os problemas/constrangimentos que os professores registam

resultantes desse sistema de pagamento?

5. Como é que as entidades responsáveis resolvem estes problemas e constrangimentos?

6. O sistema corresponde as expectativas que os professores almejavam? O que acha

que deve ser feito para melhorar no actual sistema de pagamento de salários?

7. Fazendo um balanço geral, acredita que o e-SISTAFE no pagamento de salários

trouxe mudanças e melhorias, refiro-me a assiduidade e tempo no pagamento de

salários, quantidade de erros no processamento; Existência de pagamentos fraudulentos;

desvio de fundos, Tempo e flexibilidade no processamento e tramitação dos salários

corrupção, Pagamentos ilícitos e viciosos?

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Secção D – Questionário dirigido ao Gabinete Central de Combate à Corrupção

1. O quê havia antes do e-SISTAFE em termos de casos de desvio de salários e

violações das regras financeiras?

2. E agora com a implementação do e-SISTAFE, qual tem sido a tendência dos casos de

desvio de fundos e de fraudes salariais?

3. Em termos numéricos, quantos foram os casos registados do ano 2013 à 2015?

4. Fazendo um balanço, acredita que o e-SISTAFE no pagamento de salários trouxe

melhorias no que respeita a redução de pagamentos fraudulentos, desvios de fundos

salariais e violação das regras de gestão orçamental?