83
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Djavan Aragão Pereira dos Santos AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE DE PAVIMENTOS FLEXÍVEIS ATRAVÉS DO LEVANTAMENTO VISUAL CONTÍNUO - PROCEDIMENTO DNIT 008/2003 PRO: ESTUDO DE CASO DA BR-324 NO TRECHO ENTRE AMÉLIA RODRIGUES E FEIRA DE SANTANA - BA Feira de Santana 2008

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANAcivil.uefs.br/DOCUMENTOS/DJAVAN ARAGÃO PEREIRA DOS... · Djavan Aragão Pereira dos Santos ... 1 - INTRODUÇÃO 13 1.1 - ESTRUTURA DO TRABALHO

  • Upload
    vudang

  • View
    220

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Djavan Aragão Pereira dos Santos

AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE DE PAVIMENTOS FLEXÍVEIS

ATRAVÉS DO LEVANTAMENTO VISUAL CONTÍNUO -

PROCEDIMENTO DNIT 008/2003 PRO: ESTUDO DE CASO

DA BR-324 NO TRECHO ENTRE AMÉLIA RODRIGUES E

FEIRA DE SANTANA - BA

Feira de Santana 2008

Djavan Aragão Pereira dos Santos

AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE DE PAVIMENTOS FLEXÍVEIS

ATRAVÉS DO LEVANTAMENTO VISUAL CONTÍNUO -

PROCEDIMENTO DNIT 008/2003 PRO: ESTUDO DE CASO

DA BR-324 NO TRECHO ENTRE AMÉLIA RODRIGUES E

FEIRA DE SANTANA - BA

Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade Estadual de Feira de Santana, apresentado à disciplina Projeto Final II como requisito parcial à obtenção de titulo de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Francisco Antônio Zorzo

Feira de Santana 2008

Djavan Aragão Pereira dos Santos

AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE DE PAVIMENTOS FLEXÍVEIS

ATRAVÉS DO LEVANTAMENTO VISUAL CONTÍNUO -

PROCEDIMENTO DNIT 008/2003 PRO: ESTUDO DE CASO

DA BR-324 NO TRECHO ENTRE AMÉLIA RODRIGUES E

FEIRA DE SANTANA - BA.

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção de

Título de Bacharel em Engenharia Civil

Feira de Santana, abril de 2008.

Banca Examinadora:

Me. Mário Sergio de Souza Almeida______________________

Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes

Gerinaldo Costa Alves_________________________________

Universidade Estadual de Feira de Santana

Dr. Francisco Antônio Zorzo_____________________________

Universidade Estadual de Feira de Santana

DEDICATÓRIA

A Deus por ter me concedido a alcançar meu sonho.

A meu admirável Pai Dilson e a minha magnífica Mãe Dinaci.

Aos meus amáveis irmãos Djenane, Jeferson e a saudosa Daiane.

A minha querida namorada Teciana.

Aos meus parentes paternos e maternos.

Aos amigos e incentivadores.

AGRADECIMENTOS

Um trabalho de conclusão de curso não é apenas a busca em fontes

bibliográficas em arquivos e artigos para a elaboração de um trabalho. É aliar a

busca do conhecimento com o estudo de um problema conhecido. Por sorte, recebi

ajuda de amigos e professores, que foram de fundamental importância para a

realização dessa tarefa. A todas estas pessoas, e outras que por esquecimento

possa ter deixado de citar, que facilitaram e tornaram menos árduo a realização

deste trabalho, o meu sincero obrigado.

Ao Departamento de Infra-estrutura e Transportes da Bahia que através de

seus funcionários, pôde disponibilizar informações e dados para a realização deste

trabalho.

Ao professor Francisco Antônio Zorzo, pela orientação, pelo desafio e pelo

tempo empregado para orientação.

A professora Eufrozina coordenadora da disciplina Projeto Final II, que me

guiou, cobrou e ensinou a iniciar e desenvolver esse trabalho. Ao Professor

Gerinaldo Costa da disciplina Projeto Final I, que me deu as primeiras orientações

para esse trabalho.

Aos Engenheiros do DNIT – Salvador, pela atenção prestada e pelas

informações disponibilizadas para a elaboração do trabalho, que foram: Antônio

Carlos Cruz de Oliveira, Olavo Galvão Costa e Mário Sérgio de Souza Almeida.

E em especial aos engenheiros Luiz Welf do DERBA 2ª RM, ao engenheiro

Max Gil Leite de Souza do DNIT - Feira de Santana e a colega Martina Rodrigues,

pelo auxílio e acompanhamento no desenvolvimento do estudo de caso.

RESUMO O trabalho apresenta uma verificação da condição do pavimento de uma rodovia no

estado da Bahia. Este estudo condiz com a realidade atual de manutenção da

superfície asfáltica dos pavimentos do país, já que devido ao avançado estado das

construções de pavimentos flexíveis a preocupação agora se volta para a

manutenção da vida útil das mesmas. Foi aplicado um método de avaliação da

superfície de pavimentos flexíveis, na rodovia BR-324, trecho entre Amélia

Rodrigues e Feira de Santana, do Km 543 ao Km 230. Nesse estudo foi aplicado o

modelo de avaliação superficial LVC do DNIT, que através da norma 008/2003 –

PRO informa as diretrizes para a realização do estudo. O método baseia-se na

verificação do estado geral da superfície asfáltica e das manifestações patológicas

nela presentes, gerando-se 03(três) índices que são o ICPF (Índice de Condição de

Pavimentos Flexíveis), o IGGE (Índice de Gravidade Global Expedito) e o IES (Índice

do Estado de Superfície do Pavimento). Ao final do estudo chegou-se ao resultado

que indicou o estado do pavimento como regular. Com isso, o trabalho visa

demonstrar a situação sobrecarregada do setor rodoviário do país e da Bahia. O tipo

de estudo aqui desenvolvido torna-se importante para a tomada de decisões sobre

uma intervenção de recuperação para que seja melhorada a condição de

trafegabilidade nesse trecho, diminuindo o gasto de uma intervenção feita em hora

inoportuna e reduzindo a incidência de acidentes de trânsito.

Palavras chave: Método de Avaliação de Pavimentos, Levantamento Visual

Contínuo, Pavimentos Asfálticos, Manutenção de Rodovias, Defeitos de Pavimentos.

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

1 - INTRODUÇÃO 13

1.1 - ESTRUTURA DO TRABALHO 14

1.2 - JUSTIFICATIVA 14

1.3 - OBJETIVOS 16

1.3.1 - Geral 16

1.3.2 - Especifico 16

1.4 - METODOLOGIA DO TRABALHO 16

2 - ESTUDO DA SITUAÇÃO DOS TRANSPORTES NO BRASIL 18

2.1 - A FORMAÇÃO DAS RODOVIAS NO BRASIL 18

2.2 - IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO NO BRASIL 19

2.3 - CARACTERIZAÇÃO DOS TRANSPORTES NO BRASIL 20

2.3.1 - Ferrovias 20

2.3.2 - Hidrovias 21

2.3.3 - Rodovias 22

2.4 - CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA MALHA RODOVIÁRIA 24

2.4.1 - Rodovias Federais em Geral 25

2.4.2 - Rodovias Federais na Bahia 26

3 - AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE DO PAVIMENTO 29

3.1 - GERÊNCIA DE PAVIMENTOS 29

3.2 - AVALIAÇÃO SUPERFICIAL 30

3.2.1 - Definição 30

3.2.2 - Importância da Avaliação Superficial 31

3.3 - TERMINOLOGIA DAS FALHAS DOS PAVIMENTOS 33

3.4 - MÉTODOS DE AVALIAÇÃO SUPERFICIAL DOS PAVIMENTOS 33

3.4.1 DNIT 007/2003 – PRO 34

3.4.2 DNIT 008/2003 – PRO 34

3.4.3 DNIT 009/2003 – PRO 35

3.5 - OUTROS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DOS PAVIMENTOS 35

3.5.1 - Avaliação Estrutural Destrutiva (prospecção) 36

3.5.2 - Prospecção Não Destrutiva dos Pavimentos 36

3.5.3 - Medidas de Deflexões 37

3.5.4 - Viga Benkelman 37

3.5.5 - Falling Weight Deflectometer 38

4 - ESTUDO DO MECANISMO DA PRODUÇÃO DAS FALHAS ABORDADAS

NA METODOLOGIA DO DNIT 008/2003 PRO 39

4.1 - TRINCAS 39

4.2 - DEFORMAÇÕES 41

4.3 - PANELAS E REMENDOS 43

4.4 - OUTROS DEFEITOS 43

5 - SELEÇÃO DAS ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO E REABILITAÇÃO 45

5.1 - ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO 45

5.1.1 - Remendos 45

5.1.2 - Capas Selantes 46

5.2 - ATIVIDADES DE REABILITAÇÃO 46

5.3 - SERVIÇOS RECOMENDADOS PARA AS DIFERENTES

MANIFESTAÇÕES DE PATOLOGIAS ASFÁLTICAS 47

6 - ESTUDO DE CASO 49

6.1 - TRECHO RODOVIÁRIO ESTUDADO 49

6.2 - METODOLOGIA UTILIZADA NO TRABALHO DE CAMPO 50

6.2.1 - Operação do Veículo 51

6.2.2 - Processo de Levantamento 51

6.2.2.1 - Extensão dos Segmentos 51

6.2.2.2 - Preenchimento do Formulário para Registro 52

6.2.3 - Cálculos 55

6.3 - APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 56

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 70

ANEXOS 73

Anexo I: Formulário Para o Levantamento Visual Contínuo 74

Anexo II: Formulário Para o Cálculo do IGGE 75

Anexo III: Quadro de Resumos dos Índices Calculados 76

Anexo IV: Representação dos Diferentes Tipos de Defeitos 77

Anexo V: Relatório Fotográfico do Estudo de Caso 78

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Evolução da participação dos transportes de carga no Brasil p.20;

Figura 2 - Malha ferroviária brasileira p.21;

Figura 3 - Principais hidrovias do Brasil p.22;

Figura 4 - Condição do pavimento das rodovias federais p.25;

Figura 5 - Evolução da condição do pavimento das rodovias federais p.26;

Figura 6 - Efeitos da escolha do momento de se restaurar um pavimento p.32;

Figura 7 - Localização da BR-324 - Trecho Amélia x Feira p.50;

Figura 8 - Percentual de Trechos x Qualificação p.67.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução da rede rodoviária nacional por tipo de jurisdição 1960/2000

p.23;

Tabela 2 - Qualidade do pavimento da malha rodoviária federal na Bahia p.26;

Tabela 3 - Classificação das rodovias da malha rodoviária federal na Bahia p.27;

Tabela 4 - Tabela de código de defeitos p.33;

Tabela 5 - Resumo das causas e tipos de deformação permanente p.42;

Tabela 6 - Patologias e serviços de correção p.48;

Tabela 7 - Informações do Cabeçalho p.52;

Tabela 8 - Elementos de inspeção a serem observados p.52;

Tabela 9 - Representação dos tipos de defeitos observados pelo LVC p.53;

Tabela 10 - Freqüência dos defeitos p.53;

Tabela 11 - Tabela de ICPF p.54;

Tabela 12 - Pesos para cálculo do IGGE p.55;

Tabela 13 - Índice do Estado de Superfície do Pavimento p.56;

Tabela 14 - Resultado do Levantamento Visual Contínuo 1ª Planilha p.57;

Tabela 15 - Resultado do Levantamento Visual Contínuo 2ª Planilha p.58;

Tabela 16 - Primeiro formulário de cálculo do IGGE p.59;

Tabela 17 - Segundo formulário do cálculo do IGGE p.60;

Tabela 18 - Primeiro quadro de resumo de resultados p.61;

Tabela 19 - Segundo quadro de resumo de resultados p.62;

Tabela 20 - Qualificação dos subtrechos e correlação com o relatório fotográfico

p.63;

Tabela 21 - Caracterização do Estado do Pavimento p.66.

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AASTHO - American Association of State Highway and Transportation Officials

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres

CAP - Cimento Asfáltico de Petróleo

CBUQ - Concreto Betuminoso Usinado à Quente

CNT - Confederação Nacional dos Transportes

CVRD - Companhia Vale do Rio Doce

DERBA - Departamento de Infra-Estrutura de Transportes do Estado da Bahia

DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT - Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes

EUA - Estados Unidos da América

FEPASA - Ferrovia Paulista S.A.

FWD - Falling Weight Deflectometer

LVC - Levantamento Visual Contínuo

VMD - Volume Médio Diário

HRB - Highway Research Board

FRN - Fundo Rodoviário Nacional

GPR - Ground Penetrating Radar

HDM - High Disign Maintence

ICPF - Índice de Condição do Pavimento Flexível

IES - Índice do Estado de Superfície

IGG - Índice de Gravidade Global

IGGE - Índice de Gravidade Global Expedito

IGI - Índice de Gravidade individual

MT - Ministério dos Transportes

PMF - Pré-Misturados a Frio

PNV - Plano Nacional de Viação

PPP - Parceria Público Privada

RFFSA - Rede Ferroviária Federal S.A.

SGP - Sistema de Gerência de Pavimentos

VSA - Valor da Serventia Atual

1- INTRODUÇÃO

A avaliação de um pavimento rodoviário compreende um conjunto de

atividades destinadas a obtenção de dados, informações e parâmetros que

permitam diagnosticar os problemas e interpretar o desempenho de uma estrutura.

Essa avaliação é feita visando detectar as necessidades atuais e futuras de

manutenção do pavimento e se prever as conseqüências da implementação de

estratégias alternativas de manutenção (GONÇALVES, 1999).

A avaliação da superfície de pavimentos pode ser feita através de vários

métodos que se propõem a estabelecer um índice de qualidade para um

determinado segmento a partir da análise e estatísticas relacionadas aos diversos

defeitos encontrados sobre a superfície do pavimento (BALBO, 1997). No caso do

presente estudo foi eleita a metodologia preconizada no Procedimento Técnico do

DNIT, PRO-008/2003 – Levantamento Visual Contínuo (LVC).

A seleção do Procedimento Técnico do DNIT, PRO-008/2003 – Levantamento

Visual Contínuo, como metodologia de trabalho de campo, deveu-se ao fato de que

ela é, atualmente, a mais empregada pela gerência de pavimentos dos órgãos

responsáveis pelas rodovias, no caso da Bahia, o DERBA – Departamento de Infra-

estrutura de Transportes do Estado da Bahia. Essa metodologia está bastante

difundida por representar uma abordagem simplificada, mas de boa eficiência para

avaliação rápida e não destrutiva da superfície dos pavimentos rodoviários.

Segundo Gonçalves (1999) pode ser necessário avaliar-se um pavimento por

razões específicas, tal como estimar a vida restante de um pavimento que sofreu

interferências anormais ou não previstas, a exemplo de excesso de carga ou

problemas de natureza construtiva, e levar a uma tomada de decisão correta.

A avaliação da superfície do pavimento é realizada para fins de determinação

da decisão a ser tomada para o aumento da vida útil do pavimento que está sendo

estudado.

1.1 - ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho monográfico é constituído de sete capítulos, cuja

composição está descrita a seguir.

O capítulo 1 faz a introdução do trabalho monográfico, onde são descritos o

tema, o problema, a justificativa e a metodologia utilizada para elaboração do

trabalho.

Do capítulo 2 ao 5 é feita uma revisão bibliográfica sobre assuntos

relacionados ao tema abordado no trabalho monográfico:

O capítulo 2 é composto por um estudo da situação do transporte rodoviário

no âmbito brasileiro, com alguns fatos, datas e nomes marcantes.

No capítulo 3 é elaborada uma revisão teórica do modelo de gerência de

pavimentos flexíveis e seus benefícios.

No capítulo 4 consta uma apresentação das patologias existentes no

pavimento conforme foram consideradas nesse trabalho e as possíveis causas da

produção destas falhas.

O capítulo 5 consta dos tipos de serviços recomendados para cada caso de

manifestação das patologias asfálticas e os principais serviços executados em

manutenção e reabilitação de pavimentos atualmente.

O capítulo 6 apresenta o estudo de caso, com o levantamento de dados e a

análise dos mesmos.

No capítulo 7 estão incluídas as considerações finais do trabalho monográfico

e os pontos principais deste estudo.

Por fim, são listadas as referências bibliográficas e representados os anexos

utilizados para a elaboração deste trabalho.

1.2 - JUSTIFICATIVA

Uma das maiores preocupações que atingem os profissionais que trabalham

com a operação das rodovias é a de avaliar o estado dos pavimentos e planejar os

serviços de engenharia.

As obras de conservação rodoviária têm um custo muito elevado e devem ser

executadas no momento certo, podendo encarecer mais o valor, se a gerência de

pavimentos não conseguir identificar os defeitos e fazer a intervenção no momento

correto.

Para realizar a avaliação dos pavimentos e o monitoramento das rodovias

com fins de gerenciar a aplicação dos “tapa-buracos” e dos demais serviços, é

preciso encadear uma série de informações e conhecimentos e superar dificuldades

operacionais. Uma das dificuldades está em escolher a metodologia de avaliação.

Outra dificuldade está em conhecer as causas das patologias a partir do diagnóstico

do estado do pavimento. Uma outra dificuldade está, com base nos levantamentos,

avaliar a serventia do pavimento e indicar as medidas a serem empreendidas

(BALBO, 1997).

O problema estudado aqui tem chamado a atenção dos agentes e usuários

ligados à rede rodoviária. As sociedades brasileira e baiana estão muito

interessadas no assunto do funcionamento da malha viária. Os periódicos baianos

cotidianamente salientam as manchetes sobre defeitos de pavimentos, acidentes

rodoviários, problemas de insegurança nas estradas (PEREIRA, 2006).

Nesse sentido, a CNT – Confederação Nacional dos Transportes, um órgão

ligado ao empresariado do setor de transportes de carga, faz, por conta própria,

anualmente, uma avaliação da pavimentação da malha federal. Os dados são

veiculados através da publicação na Internet e na revista CNT. No item 2.4, a seguir,

estão colocados os resultados dos últimos anos que demonstram que grande parte

dos sistemas rodoviários nacional e baiano estão sendo avaliados como em estado

regular, ruim ou péssimo.

De todo modo a CNT, para fazer sua pesquisa, precisou conceber uma

metodologia de avaliação dos pavimentos. A sua metodologia, bastante parecida

com a que será empregada no presente estudo, consiste numa análise visual feita

em deslocamento na rodovia, levando em conta alguns elementos como sinalização,

condição do pavimento, geometria e demais defeitos.

Os órgãos rodoviários federal e estaduais desenvolveram diversas

metodologias de estudos de pavimentos. Muitas delas baseadas na experiência

internacional. Os órgãos americanos da ASSHTO e o HRB – Highway Research

Board possuem normas e procedimentos para a avaliação dos pavimentos que

inspiraram os departamentos rodoviários de muitos países inclusive do Brasil.

Dentre as diversas metodologias recomendadas pelo DNIT vale aqui fazer

referência aos quatro procedimentos que são 006/2003, 007/2003, 008/2003 e

009/2003 (ver também o item 3.4 do presente trabalho).A aplicação do LVC se

justifica pelo fato de ser um método de abordagem simples, econômico, rápido e não

destrutivo.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1- Geral

Avaliar a superfície asfáltica do pavimento da rodovia BR-324 no trecho entre

Amélia Rodrigues e Feira de Santana, na Bahia, do quilômetro 543 ao 520, através

do método do LVC, visando, com o estudo das condições da rodovia, incentivar a

melhora do conhecimento do estado da malha viária da federal no estado da Bahia.

1.3.2- Específico

1 - Formalizar e mensurar a qualidade da superfície do pavimento neste

trecho da rodovia para consultas e posteriores trabalhos;

2 - Realizar um diagnóstico das causas da deterioração do pavimento da

rodovia através da avaliação de um trecho escolhido,e indicar medidas

de engenharia;

3 - Avaliar os resultados da aplicação do método do LVC como um

procedimento do sistema de gerenciamento da rodovia com vistas a

reduzir propagação de defeitos e desgaste da rodovia, através da

tomada de decisão na hora certa.

1.4 – METODOLOGIA DO TRABALHO

Para o desenvolvimento do trabalho monográfico, foi executada uma revisão

bibliográfica, em artigos, livros, teses, dissertações, jornais e revistas.

Foram abordados assuntos como:

- O desenvolvimento histórico das estradas ao longo dos anos;

- A priorização do modal rodoviário para transportes no Brasil;

- O planejamento do sistema de gerenciamento de pavimentos;

- Os tipos de falhas e as causas prováveis encontradas nos pavimentos

flexíveis, visualmente identificáveis;

- Os serviços de recuperação recomendados em cada caso.

Executou-se, no entanto, para estudar a situação da malha viária da Bahia, a

aplicação do método do LVC para o contexto da BR-324 no sentido Salvador-Feira,

no trecho entre Amélia Rodrigues e Feira de Santana do quilômetro 543 ao 520, cuja

pavimentação é executada em CBUQ.

Para isto, foi empregado o procedimento 008/2003 do DNIT, que é composto

dos seguintes processos:

a) Levantamento Visual em campo, através do percurso do trecho a ser

analisado;

b) anotação dos defeitos apresentados em planilhas;

c) Cálculo dos Índices de avaliação do pavimento.

Esse levantamento de campo que será descrito e esclarecido no item 6.2

deste presente trabalho tem uma formulação teórico-metodológica que foi motivo de

uma revisão bibliográfica.

2- ESTUDO DA SITUAÇÃO DOS TRANSPORTES NO BRASIL

2.1 – A FORMAÇÃO DAS RODOVIAS NO BRASIL

Durante praticamente todo o período colonial, a ocupação e o povoamento

brasileiro foram um constante objetivo de Portugal, em virtude da lei internacional do

uti possidetis. Por esta lei, vigente na Europa, logo após os grandes descobrimentos,

todas as nações européias poderiam invocar o princípio do efetivo domínio para

reivindicarem a posse dos territórios recém-descobertos, daí o empenho português

de povoar a colônia e, até mesmo, abrir caminhos e interligar as várias capitanias

brasileiras (GALVÃO, 1996).

Segundo Cruz e Bitencourt (2005) o fato que deu início à história do sistema

viário terrestre no Brasil foi à inauguração da estrada União Indústria, em 1861.

Contudo, a primeira lei a conceder auxílio federal para a construção de estradas foi

aprovada somente em 1905.

Segundo Rubin e Pagel (2007) dá pra se dizer que a história das estradas

brasileiras tem grande avanço com Washington Luís, que assumiu o cargo de

presidente do Brasil em 1926, a quem se atribuiu à frase “Governar é Construir

Estradas”. Isso porque é apenas em seu governo que surgem grandes obras como a

Rio-São Paulo – hoje Via Dutra – e a primeira rodovia pavimentada do Brasil, a Rio-

Petrópolis, que hoje leva o nome do presidente em questão. Ambas foram

inauguradas em 1928.

Na primeira metade do século XX, ainda tem-se a percepção de que o Brasil

constituía um imenso arquipélago de ilhas econômicas. Surge, então, a ideologia

nacionalista da marcha para o Oeste e, nesta linha os governos de Vargas e

Kubitscheck consagraram a integração nacional como um dos objetivos principais da

política pública, por meio de grandes obras rodoviárias (GALVÃO, 1996).

Em 1937 é criado o DNER (Departamento Nacional de Estradas de

Rodagem), órgão que não possuía recursos próprios e suas atividades eram

desvinculadas dos sistemas rodoviário estadual e municipal. Como resultado da

política rodoviária adotada até então, o Brasil chegava a meados da década de 1940

com modestos 423 Km de rodovias pavimentadas, entre federais e estaduais.

Nos anos 40 a construção de rodovias ganha impulso, com a criação do

Fundo Rodoviário Nacional (FRN) em 1946. O fundo estabelecia um imposto sobre

os combustíveis que, juntamente com uma parte do orçamento, tinham o objetivo de

financiar novas estradas. A criação da Petrobrás e o início da indústria

automobilística aceleram ainda mais a abertura de novas rodovias.

Em 1945 o então ministro da Viação e Obras Públicas, Maurício Joppert da

Silva, aprovou junto ao presidente José Linhares, o Decreto-lei 8.463, que conferia

autonomia técnica e financeira ao DNER. Com essas medidas a política rodoviária

brasileira tem seu grande impulso. Em 1950 o Brasil já contava com 968 Km de

rodovias pavimentadas, o dobro do verificado na década anterior.

Nos governos militares dos anos 1960 e 1970, a integração do país veio a ser

tratada como assunto de segurança nacional (GALVÃO, 1996). Foi então que

ocorreu a explosão do rodoviarismo no Brasil, onde foram interligadas as capitais do

país. Surgiram várias rodovias importantes. Em 1980 o Brasil já possuía 47 mil Km

de rodovias federais pavimentadas.

Começou então uma nova fase, menos entusiástica do plano rodoviário

brasileiro. Em 1988 o Fundo Rodoviário Nacional foi extinto. Criaram-se então

alternativas, como o Selo Pedágio em 1989, e o Imposto do Petróleo em 1991.

Porém, os recursos foram caindo gradativamente após isso.

Com a escassez dos recursos destinados à política dos transportes foram

criadas algumas alternativas na década de 90, como o Programa de Concessões

Rodoviárias, o Programa de Descentralização e Restauração da Malha e o

Programa Crema, de restauração e manutenção rodoviária (CRUZ e BITENCOURT,

2005).

2.2 – IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO NO BRASIL

Ao longo da década de 1990, o transporte de cargas pelas rodovias

brasileiras respondeu por mais de 60% do total transportado no Brasil, relegando o

transporte ferroviário e hidroviário ao segundo plano, conforme ilustrado na Figura 1

que está mostrada a seguir:

Figura 1 – Evolução da Participação dos Transportes de Carga no Brasil

Fonte: Brasil 2001, apud Bartholomeu (2006)

Em 2004 a distribuição dos transportes de carga no Brasil se manteve, com o

transporte rodoviário sendo responsável por 61,1% do total, o ferroviário por 20,7% e

o hidroviário por 4,6% (Confederação Nacional dos Transportes – CNT, 2005, apud

BARTHOLOMEU, 2006, p.21).

2.3 – CARACTERIZAÇÃO DOS TRANSPORTES NO BRASIL

2.3.1 Ferrovias

As ferrovias brasileiras não constituem o principal foco de investimento como

sistema de transporte brasileiro. O sistema ferroviário está sendo operado quase em

sua totalidade por empresas privadas, após a desestatização da RFFSA (Rede

Ferroviária Federal S.A.), da Fepasa (Ferrovia Paulista), da CVRD (Companhia Vale

do Rio Doce) e outras empresas menores. A extensão da malha ferroviária está

limitada a 30 mil Km e, em alguns casos, em precário estado (CRUZ e

BITENCOURT, 2005).

Os investimentos feitos atualmente no sistema de transportes ferroviário

dizem respeito à manutenção da malha já existente, configurando assim um

crescimento lento na quantidade transportada pelo sistema.

A Figura 2 mostra a malha ferroviária brasileira e os territórios que são

interligados por tal malha. Conforme se pode notar, a região sudeste detêm a maior

parte da rede férrea.

Figura 2 – Malha Ferroviária Brasileira

Fonte: ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres 2007

2.3.2 Hidrovias

Constitui o transporte menos utilizado no país. As principais hidrovias

nacionais, na qualidade de vias navegáveis (cursos d’água), constituem a maior

parte dos 42.000 km de sua extensão. Vale dizer que o volume de água da bacia

amazônica permite em sua malha fluvial a integração de quase metade do território

nacional.

Dentre as principais hidrovias do Brasil se destacam: Hidrovia do Madeira,

Hidrovia do São Francisco, Hidrovia Tocantins-Araguaia, Hidrovia Paraná-Tietê e

Hidrovia Paraguai-Paraná. Esse modal de transportes é o que apresenta os menores

custos de implantação e manutenção. As obras viárias são simples, necessitando

apenas de sinalização e uma fiscalização das intervenções feitas ao longo do curso

dos rios navegáveis. Um fator negativo deste modal de transportes é o grande

impacto ambiental ocasionado nas regiões por onde o mesmo é desenvolvido.

A Figura 3 mostra as principais hidrovias do território nacional e suas

interligações, com a observação da grande concentração da malha hidroviária no

norte do território.

Figura 3 – Principais Hidrovias do Brasil

Fonte: Ministério dos Transportes (2007)

2.3.3 Rodovias

As rodovias brasileiras são a principal fonte de deslocamento dentro do país.

Isso ocorre pelo alto desenvolvimento do sistema rodoviário, em relação aos modais

ferroviário e hidroviário, o que vem sobrecarregando esta modalidade de transporte

cada vez mais.

Uma das importantes causas da sobrecarga da modalidade rodoviária é o

aumento da frota proporcionalmente maior que o desenvolvimento do sistema viário.

A evolução da malha rodoviária no Brasil se deu de maneira acelerada a partir

dos anos de 1960, a tabela 1 mostra que dos 1.734.000 Km de via, apenas 10% são

pavimentados, crescendo em relação aos apenas 2,75% pavimentados na década

de 1960.

Esse crescimento foi acompanhado pelo surgimento de várias fábricas de

automóveis, o que contribuiu para a priorização do transporte rodoviário no país.

Tabela 1 – Evolução da rede rodoviária nacional por tipo de jurisdição 1960/2000

Fonte: DNIT Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes 2005

Porém o investimento na manutenção da malha viária não vem seguindo de

modo adequado o mesmo crescimento, o que provoca as más condições das

rodovias, que podem ser observadas em todo o país, principalmente nas regiões

menos desenvolvidas.

Contudo, ainda em péssimas condições as rodovias respondem por mais de

60% dos transportes de cargas no interior do país. Em se tratando de pessoas, são

mais de 1,3 bilhão de pessoas anualmente, o que representa cerca de 95% do

transporte total de passageiros no país (CRUZ e BITENCOURT, 2005).

A malha rodoviária nacional é a segunda maior em extensão do mundo,

perdendo apenas para os EUA. Porém a participação das rodovias no transporte de

cargas nos EUA é de 33%, realizando uma melhor distribuição entre os modais de

transportes, sendo 44% nas ferrovias e 23% nos demais modais. Na China os

modais ferroviário e aquaviário respondem por 87% do transporte de cargas do país

(BRANDÃO e CURY, 2005).

Como conseqüência, a qualidade dos transportes no Brasil é de apenas 22%

da observada nos Estados Unidos, o que demonstra uma melhor eficácia da

distribuição dos transportes norte-americana.

O modal rodoviário, além de tudo, é o que necessita de uma maior

investimento em manutenção dentre os modais apresentados. Investimento esse

que no Brasil não vem sendo realizado de maneira correta. A priorização das

rodovias a serem recuperadas, muitas vezes segue vontades políticas

inconvenientes.

No país não tem havido fundos suficientes para arrecadação de recursos para

recuperação de rodovias. Os sistemas existentes de acompanhamento e gerência

de rodovias não funcionam de modo conveniente.

2.4 – CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DA MALHA RODOVIÁRIA

Os órgãos competentes, que fiscalizam as rodovias nacionais, detêm o

conhecimento do estado da superfície dos pavimentos flexíveis. A análise é feita

através das suas normas, que serão abordadas no item 3.4 deste trabalho.

Além dos departamentos de transportes, desde 1995, a CNT, Confederação

Nacional dos Transportes, realiza a pesquisa rodoviária, que avalia a totalidade da

malha federal do Brasil e as mais importantes rodovias estaduais sob concessão.

Essa pesquisa é uma importante ferramenta, já que demonstra quais as

rodovias que precisam de investimento para recuperação mais imediato, produzindo

um grande efeito sobre a opinião pública.

A Pesquisa Rodoviária CNT fundamenta-se na idéia de qualificar trechos

rodoviários de até 10 quilômetros de extensão segundo semelhança com um trecho

homogêneo e perfeito, isto é, aquele que possui as melhores condições em todos os

atributos considerados na pesquisa. A quantificação dessa semelhança é realizada

por meio de coeficientes de parecença, usados em análise de agrupamento, para se

medir semelhança ou disparidade entre dois objetos quaisquer.

Em cada trecho da malha nacional, a pesquisa rodoviária CNT 2007 foi

realizada por um pesquisador e um motorista, que avaliaram a condição da rodovia

no que diz respeito à condição do pavimento, geometria, sinalização e demais

defeitos aparentes. Dos dados da CNT apresentados na pesquisa 2007, nesse

trabalho daremos enfoque à condição da superfície do pavimento, vejam-se os

resultados da CNT a seguir:

Péssimo

7,9

Ruim

10,8

Regular

35,8

Bom

6,5

Ótimo

39

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

2.4.1 - Rodovias Federais em Geral

Na pesquisa rodoviária CNT 2007 foram pesquisados os 87.500 Km de

rodovias pavimentadas federais e estaduais sob concessão atualmente no país. As

rodovias foram classificadas quanto ao nível de qualidade do pavimento como:

Figura 4 – Condição do Pavimento das Rodovias Federais

Fonte: Confederação Nacional dos Transportes 2007

Cerca de 7,9% do pavimento das rodovias brasileiras analisadas obtiveram a

classificação como péssima. Já 10,8% foram considerados ruins, 35,8% regular,

6,5% bons e 39% como ótimos. Esses resultados demonstram que apenas 45,5%

dos pavimentos avaliados foram considerados trafegáveis com segurança e

conforto. Ou seja, cerca de 40.000 Km de rodovias foram consideradas em mínimas

condições de trafego, sendo então os outros 54,5% dos pavimentos considerados

em condição regular, ruim ou péssima, podendo causar problemas de operação de

veículos.

A análise sistêmica destes resultados da Pesquisa Rodoviária CNT 2007

indica um quadro geral deficiente e, em certa medida, muito preocupante. Isto

porque se percebe que modificações qualitativas favoráveis em grande escala nas

condições rodoviárias demandarão um período de tempo mais longo para serem

implementadas e poderem gerar maiores benefícios ao país.

Observa-se através da análise dos últimos levantamentos da pesquisa que

entre 2005 e 2007 houve uma intervenção de restauração dos pavimentos das

rodovias, já que as rodovias consideradas como ruim ou péssimas caíram de 24,6%

no ano de 2005 para 18,7% no ano de 2007.

Figura 5 – Evolução da Condição do Pavimento das Rodovias Federais

Fonte: CNT - Confederação Nacional dos Transportes 2007

Essa recente melhoria nas rodovias expressa uma reação do poder público

durante os últimos anos para conservação da malha rodoviária.

2.4.2 – Rodovias Federais na Bahia

A avaliação da pesquisa nas rodovias federais na Bahia, não diferentemente

dos outros estados, obteve resultados também preocupantes:

Tabela 2 - Qualidade do pavimento da malha rodoviária federal na Bahia

Fonte: CNT – Confederação Nacional dos Transportes (2007)

Foram avaliados 7.056 Km de rodovias federais e estaduais sob concessão

na Bahia. Desses, 38,3% (2.700 Km) da superfície do pavimento foram considerados

em estado bom ou ótimo, ou seja, com condições de tráfego com conforto e

segurança. Já regular, ruim ou péssimo foram considerados 61,7% (4.356 Km) das

rodovias analisadas. Isso indica a má qualidade do sistema viário federal do estado

da Bahia e a necessidade de um estudo mais detalhado por rodovia.

A tabela a seguir demonstra a classificação das rodovias federais da Bahia

quanto às condições analisadas pela Pesquisa CNT 2007:

Tabela 3 - Classificação das rodovias da malha rodoviária federal na Bahia

Fonte: CNT – Confederação Nacional dos Transportes (2007)

A rodovia em estudo obteve uma classificação quanto à condição da

superfície do pavimento como regular de acordo com a pesquisa. Foram analisadas

269 Km de extensão da rodovia BR – 324 dentro da Bahia. Esse resultado serve

como um parâmetro de correlação para o estudo de caso realizado no capítulo seis.

Para a melhoria desse quadro, o DNIT vem procurando soluções para

melhorar a gerência de pavimentos do país. De acordo com os engenheiros do DNIT

na Bahia, Antônio Carlos Cruz de Oliveira, Mário Sergio de Souza Almeida e Olavo

Galvão Costa:

“O DNIT está implantando um Programa de Gestão e Manutenção de

pavimentos, o HDM (High Design Maintence). O Programa tem por princípio o

acompanhamento do Banco Mundial nos gastos efetuados em determinada estrada

ao longo da sua vida útil”.1

Ainda de acordo com os engenheiros do DNIT, esse sistema modificaria o

modelo de priorização de intervenção em rodovias a serem recuperadas, já que

cada estrada teria seu recurso destinado desde a sua implantação, acompanhando

o seu desgaste durante a vida útil e intervindo quando necessário.

Essa iniciativa modificaria o quadro do estado das rodovias na Bahia, porém o

programa ainda encontra-se em fase de implantação. Segundo o estudo de

viabilidade de PPP (Parceria Público Privada)-Sistema Rodoviário BR-116/BR-

324/BA, o modelo HDM é uma ferramenta para a avaliação de estratégias de

construção e manutenção de rodovias. A validade da estratégia é julgada sobre uma

base de custos totais. O modelo simula as condições e custos envolvidos no período

de vida útil do projeto, fornecendo parâmetros econômicos de decisão entre várias

estratégias de manutenção para um trecho de rodovia.

As informações que deverão constar no acervo técnico que são necessárias à

execução do HDM são os dados de identificação dos subtrechos, dados da estrutura

do pavimento existente, dados pluviométricos, dados de defeitos dos pavimentos,

dados de condição da superfície de rolamento, dados de deflexão, dados de

irregularidade longitudinal, dados do tráfego. Esse programa deverá funcionar como

um acompanhamento intensificado do estado das rodovias ao longo da sua vida útil.

1 Em entrevista ao DNIT/BA na cidade de Salvador, no dia 14 de dezembro de 2007;

3 – AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE DO PAVIMENTO

3.1 – GERÊNCIA DE PAVIMENTOS

Após a construção da estrada, fato esse que requer uma aplicação financeira,

uma outra vertente aparece, que é a atividade de gerência do pavimento.

A gerência dos pavimentos é a realização de atividades para a manutenção

do estado da via em condições trafegáveis e que tragam conforto e segurança aos

usuários. Essa gerência é constituída de etapas, que vão desde as atividades de

avaliação do pavimento, passando pelas atividades de manutenção e para rodovias

mais deterioradas, atividades de reabilitação.

A necessidade de manutenção dos pavimentos da rodovia ocorre desde a sua

construção, quando ela ainda é nova e em bom estado até o fim da sua vida útil. A

respeito dos pavimentos, constata-se a necessidade da intervenção em hora

oportuna, uma vez que os pavimentos começam a se deteriorar a partir do primeiro

dia útil (LIMA e RODRIGUES, 2000 apud NETO, 2002, p.7).

Para isso, existem órgãos governamentais, a exemplo do DNIT e do DERBA

que possuem equipe técnica especializada na realização dos procedimentos de

avaliação. Porém, o grande empecilho dessa atividade é o direcionamento dos

recursos para o pleno desenvolvimento da gerência.

Porém, para que esta intervenção ocorra é necessário que se monte um

sistema de gerência de pavimentos.

De acordo com Lee, 1996 apud Bartholomeu (2006, p.27),

“O atraso nos investimentos necessários para minorar as carências do setor

gera o processo de antieconomia, em que para cada dólar poupado em serviços de

conservação em momento oportuno, resulta em um acréscimo de cerca de 3 dólares

em gastos futuros com obras de reabilitação e reconstrução.”

Nos EUA, desde os anos 80, o governo começou montar um sistema de

gerência de pavimentos (SGP), para se evitar uma crescente e inadequada

aplicação de recursos públicos (BALBO e BODI, 1998).

No Brasil, a disponibilidade de recursos é muito menor. É indispensável a

rápida adoção de medidas que ajudem a direcionar os recursos públicos, visando

um retorno mais efetivo e democrático para a população. Para isso é necessário que

o governo federal estabeleça um SGP, para que assim haja identificação dos trechos

de rodovia mais necessitados de intervenção de restauração, priorizando e

agendando os serviços mais economicamente vantajosos para todos.

A classificação dos modelos de conservação rodoviária, segundo o estudo de

viabilidade de PPP do DNIT, pode ser feita como:

Conservação Corretiva Rotineira: conjunto de operações de conservação

feitas de forma permanente, com programação regular e rotineira, para corrigir um

defeito ou inconformidade.

Conservação Preventiva Periódica: conjunto de operações de conservação

realizadas de forma periódica para evitar o surgimento ou agravamento dos defeitos.

Conservação de Emergência: conjunto de operações destinadas a reparar,

repor, reconstruir ou restaurar elementos obstruídos ou danificados da rodovia,

corrigindo defeitos de surgimento repentino, provocado por eventos extraordinários e

imprevisíveis.

Além dessa análise, uma boa política de gestão de qualquer malha viária

depende do fluxo contínuo de recursos necessários à implementação dos serviços

de manutenção de rotina e de reforço, conforme um SGP. Qualquer atraso no

agendamento de obras de manutenção resulta em demandas futuras com custos

muito superiores, pois, verificou-se que a progressão dos defeitos dos pavimentos

geralmente não varia proporcionalmente com o tempo, e atrasos de seis meses a

um ano podem significar custos de manutenção de 400 a 500% superiores,

conforme estudos da United States Department of Transportation (TAVAKOLI et alli,

1992 apud, BALBO e BODI, 1998).

3.2 - AVALIAÇÃO SUPERFICIAL

3.2.1 - Definição

Para o melhor entendimento do mecanismo de avaliação da superfície do

pavimento, iremos definir a superfície do mesmo e o seu comportamento quando

submetido a cargas.

Segundo Senço (2001), a superfície do pavimento é a face exposta

diretamente à ação do trafego, e é também a face que proporciona ao usuário o

conforto, a segurança, e a mobilidade, o que é, em última análise, a razão do projeto

e construção do pavimento. Esta deve estar em bom estado para exercer sua função

de condução do trafego com segurança e conforto.

A avaliação da superfície de um pavimento consiste do registro da extensão,

freqüência e severidade dos defeitos de superfície existentes (GONÇALVES, 1999).

Segundo Senço (2001), o estudo da situação da via deve se basear

inicialmente num exame visual das condições da superfície da capa de rolamento, e

os trabalhos de conservação deverão ser vinculados ao grau de falhas encontrado.

Após o que, realiza-se uma verificação estrutural do pavimento, através dos

mecanismos que serão citados no fim deste capítulo. O exame visual pode ser um

direcionador para os trechos de devem ser avaliados pelos métodos de inspeção

estrutural.

3.2.2 - Importância da Avaliação Superficial

A avaliação da superfície do pavimento se torna importante, à medida que

observa-se que essa possibilita o cadastro dos problemas encontrados nos

segmentos e com isso a escolha do momento correto para a realização de uma

manutenção preventiva. Essa atividade se constitui como um dos principais

mecanismos de auxílio para o pleno gerenciamento da rodovia.

Segundo os estudos da United States Department of Transportation

(TAVAKOLI et alli, 1992, apud BALBO e BODI, 1998), a medida em que a rodovia

sofre a interferência na hora correta, os custos com os reparos que devem ser feitos

podem ser de até quatro a cinco vezes menores do que se essa intervenção fosse

feita posteriormente com a pista em uma qualidade muito deteriorada. Esse

gerenciamento pode também diminuir os danos nas camadas inferiores do

pavimento.

Podemos observar na Figura 6, duas alternativas de intervenção, a

alternativa 1, mais barata e que não deixa o pavimento chegar ao mínimo aceitável

e a alternativa 2, que se torna mais cara, a medida que observa-se que são gastos 4

a 5 vezes o valor da alternativa 1, durando apenas de 1,5.

Figura 6 - Efeitos da Escolha do Momento de se Restaurar um Pavimento

Fonte: Fernando Pugliero Gonçalves (1999)

Segundo Gonçalves (1999) o processo de tomada de decisão que diz

respeito à escolha de medidas de manutenção depende da integração de uma série

de fatores, tais como: estrutura do pavimento, tráfego atuante, taxa de oportunidade

do capital e custo da obra.

A vida útil do pavimento é diminuída, dentre outras causas, pela aplicação de

carga em excesso no pavimento, devida as sobrecargas transportadas pelos

veículos automotores de grande porte. Essa constatação se torna mais evidente, à

medida que observa-se a preferência nacional pelo modelo de transportes rodoviário

e a falta de vigilância das cargas de veículos.

Um importante dado obtido pelas avaliações superficiais são os tipos de

defeitos encontrados no pavimento, com a identificação das possíveis causas das

manifestações patológicas, propiciando um melhoramento na decisão a ser tomada

para a recuperação do trecho defeituoso. Algumas das causas mais freqüentes no

surgimento dos defeitos dos pavimentos asfálticos podem ser devidas a problemas

construtivos.

Porém, na maior parte da malha viária do país, prioriza-se obras de

manutenção com base nas reclamações comunicadas pelos usuários ou veiculadas

pela mídia, ou ainda dependente da boa ou má opinião técnica dos gerentes da área

de manutenção que costumeiramente são indicados por políticos que não tem

acesso ou não se interessam pela efetiva implantação de um SGP, que realizaria a

avaliação rotineira da superfície dos pavimentos da malha viária, assunto que

raramente é abordado fora dos trabalhos acadêmicos.

3.3 - TERMINOLOGIA DAS FALHAS DOS PAVIMENTOS FLEXÍVEIS

As falhas dos pavimentos flexíveis são definidas de acordo a norma do DNIT

005/2003 – TER: defeitos nos pavimentos flexíveis e semi-rígidos: terminologia.

Essa norma descreve a terminologia dos tipos de defeitos encontrados na

camada superficial dos pavimentos asfálticos:

Tabela 4 – Tabela de Código de Defeitos

Defeito Código

Fissura FI

Trinca Transversal Curta TTC

Trinca Transversal Longa TTL

Trinca Longitudinal Longa TLL

Trinca Longitudinal Curta TLC

Couro de Jacaré sem erosão J

Couro de Jacaré com erosão JE

Trinca de Retração Térmica TRR

Trinca de Bloco sem Erosão TB

Trinca de Bloco com Erosão TBE

Afundamento Plástico Local ALP

Afundamento Plástico da Trilha ATP

Afundamento de Consolidação Local ALC

Afundamento de Consolidação de Trilha ATC

Ondulação/Corrugação O

Escorregamento E

Exsudação EX

Desgaste D

Panelas P

Remendo Superficial RS

Remendo Profundo RP Fonte: DNIT 005/2003 TER

3.4 – MÉTODOS DE AVALIAÇÃO SUPERFICIAL DOS PAVIMENTOS

O DNIT possui quatro normas fixadoras dos procedimentos de avaliação da

superfície dos pavimentos. Dentre elas, para o presente estudo foi relacionado o

procedimento 008/2003 PRO que se refere ao LVC, estudado mais profundamente a

seguir na parte da metodologia utilizada no Estudo de Caso do Capítulo 6. As outras

são indicadas a seguir:

3.4.1 DNIT 006/2003 - PRO Avaliação Objetiva da Superfície de Pavimentos

Flexíveis e Semi-rígidos.

Este procedimento baseia-se no cálculo do IGG (Índice de Gravidade Global)

da superfície analisada. Para isso devem ser demarcadas as áreas que serão

analisadas de 20 m em 20 m alternados em relação ao eixo da pista. Essa área é

composta da largura da faixa de tráfego e uma extensão de 6 m.

Nessas áreas serão analisadas as ocorrências de defeitos (ver tabela 4),

dando ênfase à observação da presença do afundamento nas trilhas de roda. Para

isso será utilizada uma treliça metálica cuja configuração é apresentada em norma.

Para o cálculo do IGG, os defeitos são separados em 8 grupos. Cada grupo

possui seu fator de ponderação que através do cálculo de cada IGI (Índice de

Gravidade Individual) será somado para a obtenção do IGG. Esse índice por sua vez

classifica o pavimento da rodovia como ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo.

3.4.2 DNIT 007/2003 - PRO Levantamento para Avaliação da Condição de

Superfície de Subtrecho Homogêneo de Rodovias de Pavimentos Flexíveis e Semi-

rígidos para Gerência de Pavimentos e Estudos de Projetos.

Esse procedimento analisa o estado da superfície de um pavimento expresso

através da presença ou ausência de defeitos que serão contados e medidos.

A demarcação das áreas serão idênticas as do método descrito

anteriormente, porém serão analisados separadamente subtrechos homogêneos de

100m cada.

A diferenciação entre os métodos é que nesse os defeitos serão identificados

e medidos em áreas.

Esse método não apresenta um índice de identificação do estado da

superfície, isso deve ser feito de acordo com a análise das planilhas e as áreas

afetadas pelos defeitos.

3.4.3 DNIT 009/2003 - PRO Avaliação Subjetiva da Superfície de Pavimentos

Flexíveis e Semi-rígidos

Esse procedimento baseia-se na determinação de um índice conhecido como

Valor da Serventia Atual (VSA) que é uma medida das condições de superfície de

um pavimento, feita por um grupo de avaliadores que percorrem o trecho sob

análise, registrando sua opiniões sobre a capacidade do pavimento de atender às

exigências do tráfego em relação à suavidade e ao conforto.

Cada membro do grupo irá atribuir um valor do VSA de acordo com a sua

experiência vivida ao longo da sua atividade profissional, onde esse tenha dirigido

veículos e avaliado consideráveis extensões de rodovias.

O parecer dos componentes do grupo deve ser registrado em escala de 0 a 5,

indicando, respectivamente, pavimentos de péssimo a ótimo.

Para o cálculo do VSA de cada trecho da rodovia, o observador deve se

basear na análise de como se comportaria aquele trecho de rodovia atendendo a

finalidade para o qual foi construído, durante um período de 24 horas por dia, se ele

estivesse localizado em uma rodovia principal. Outra questão considerada no

procedimento é qual o conforto que este pavimento proporcionaria a quem tivesse

que utilizá-lo dirigindo um veículo durante 8 horas ou 800 quilômetros.

O Cálculo do VSA da rodovia é feito pela média dos valores dados por cada

integrante do grupo.

3.5 – OUTROS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DOS PAVIMENTOS

Existem métodos de avaliação de pavimentos que possuem melhor precisão

do que os métodos de avaliação superficial. Esses métodos são conhecidos como

métodos de avaliação estrutural dos pavimentos.

A expressão avaliação estrutural, em seu sentido mais amplo, abrange a

caracterização completa de elementos e variáveis estruturais dos pavimentos que

possibilite uma descrição objetiva de seu modo de comportamento em face das

cargas do tráfego, de modo a possibilitar a emissão de julgamento abalizado sobre a

capacidade portante de um pavimento existente diante das futuras demandas de

tráfego (BALBO, 2007).

Serão citados nesse trabalho alguns dos mais importantes métodos de

avaliação estrutural descritos por Balbo (2007), sem aprofundamento dos mesmos.

Esses métodos tornam-se importantes para a complementação dos estudos da

avaliação de pavimentos.

3.5.1 – Avaliação Estrutural Destrutiva (Prospecções)

Este método tem por finalidade a completa caracterização física da estrutura

do pavimento: determinação das camadas existentes, definição dos materiais que a

compõem e suas espessuras, bem como indicação do estado de degradação

presente em todas as camadas.

A avaliação destrutiva pode ser realizada por processos manuais ou

mecânicos. Os processos podem ser feitos por abertura de trincheiras, na pista de

rolamento ou até mesmo no acostamento. A abertura de trincheiras na pista de

rolamento só é justificável quando a avaliação do pavimento exija um alto nível de

detalhamento, que seja preciso analisar, por exemplo, deformações plásticas nas

trilhas de roda.

As avaliações mecânicas podem ser realizadas através da sondagem rotativa,

com emprego de brocas com coroas diamantadas, para a extração de amostras de

misturas asfálticas, bases cimentadas e concretos, para análise laboratorial.

As sondagens a trado do tipo concha ou do tipo helicoidal, prestam-se a

determinação da existência de materiais saturados ou ainda lençol freático sob as

camadas do pavimento, para a determinação da melhoria da drenagem profunda em

regiões de degradação expressiva sob ação da água.

3.5.2 – Prospecção Não Destrutiva de Pavimentos

O Ground Penatrating Radar (GPR) é um equipamento de alta tecnologia

para a identificação de espessuras de camadas e tipos de matérias existentes no

pavimento.

Baseado em processos geofísicos, por meio de uma antena emissora de

ondas e outra receptora, permitem a identificação de alterações na reflexão das

ondas de acordo com a profundidade registrada dos pontos, identificando a

espessura das camadas.

A determinação da espessura das camadas é um processo imediato feito

através do equipamento colocado em movimento em um veículo e sendo observada

a resposta da emissão de sinais emitidos pelo mesmo. Já a determinação do tipo de

material existente é um processo menos imediato, quando se leva em conta à

diversidade de tipos de materiais, bem como a dos estados de degradação. Tal

processo torna-se difícil, sendo necessária a calibração de resultados para inúmeros

materiais, de maneira a ser possível a identificação dos mesmos pelos padrões

estabelecidos.

3.5.3 – Medidas de Deflexões

Além da determinação de tipos, espessuras e condições presentes de

camadas, é necessária a determinação da capacidade estrutural do pavimento, o

que se faz por meio de provas de carga. A estrutura é submetida a uma carga

conhecida e analisada pela medição da deformação. Dois equipamentos são muito

utilizados no Brasil, a viga Benkelman e o deflectômetro de impacto Falling Weight

Deflectometer (FWD).

3.5.4 – Viga Benkelman

É o equipamento de medida de deflexões mais difundido no Brasil. As normas

do país para projetos de restauração de rodovias utilizam modelos de cálculo

fundamentados em padrões de deflexão medidos com a viga Benkelman.

Dispositivo inventado pelo engenheiro do Bureau of Public Roads dos EUA,

ao qual deu o nome, o princípio de funcionamento é simplesmente o de um braço de

alavanca.

Uma haste rígida encontra-se com a ponta entre um par de rodas do eixo

traseiro de um caminhão toco carregado com carga-padrão de 80 kN e 100 psi de

pressão nos pneus de aro 10 x 20. Essa haste encontra-se apoiada em um ponto,

possuindo extensômetro na extremidade oposta à da roda do caminhão,

proporciona-se assim a leitura da deflexão reversível ocasionada pelo caminhão no

pavimento quando ele se retira do local da análise.

3.5.5 – Falling Weight Deflectometer

O FWD é um equipamento concebido a partir de conceitos anteriormente

desenvolvidos para testes geofísicos.

Esse ensaio caracteriza-se pela aplicação de um impulso contra a superfície

do pavimento através de um martelo de massa variável e altura de queda variável

conforme o padrão de medida desejável. Após a aplicação da carga, sete

transdutores de velocidade ou geofones, dispostos longitudinalmente captam as

ondas de resposta do impacto, registrando as medidas de deflexão de cada local

onde os geofones se encontram.

As medidas de deflexão executadas com a viga Benkelman e o FWD são

diferentes. Há evidentes vantagens do FWD sobre a Viga Benkelman. Embora

aponte a possível dificuldade de correlação, segundo Rocha Filho, 1996 (apud

BALBO, 2007 p. 411), a deflexão do FWD é 87% da deflexão da viga Benkelman.

4 – ESTUDO DO MECANISMO DA PRODUÇÃO DAS FALHAS ABORDADAS NA

METODOLOGIA DO DNIT 008/2003 PRO

Existem diferenciados modos de ruptura dos pavimentos flexíveis. Isso

decorre do fato que as rupturas ser realizam em sítios geológicos e pedológicos

diversos, diferentes condições climáticas e morfológicas e com políticas de cargas

para veículos comerciais diferentes, em diversos países (BALBO, 1997).

Os mais importantes modos de ruptura dos pavimentos são devido à

resistência, fadiga, deformação plástica, retração hidráulica, retração térmica,

propagação de trinca e ruptura funcional.

Segundo Villibor, Fortes e Nogami (1994) os defeitos possuem inter-

relacionamento de modo geral, ou seja, o aparecimento de um geralmente está

associado a um estágio avançado de outro.

Listaremos algumas das formas em que se apresentam esses defeitos,

conforme o que está ilustrado no anexo IV.

4.1 - TRINCAS

São fendas identificáveis a uma distância superior a 1,5m, podendo ser

classificadas como longitudinal ou transversal (BALBO, 1997).

Existem ainda trincas consideradas como trincas interligadas, que são

divididas em duas categorias: trincas couro de jacaré com contornos sinuosos, e

trincas em bloco, com contornos bem definidos.

A trinca é um defeito na superfície que atinge a camada do revestimento e

permite a entrada da água, provocando um enfraquecimento adicional da estrutura.

Uma vez desencadeado o processo de trincamento, este tende a aumentar sua

extensão e severidade conduzindo posteriormente à desintegração do revestimento.

Segundo o Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT 2006,

os revestimentos betuminosos tendem a trincar em algum estágio da vida sob as

ações combinadas do tráfego e das condições ambientais, por meio de um ou mais

mecanismos:

Trincamento por Fadiga: O trincamento do material devido à fadiga resulta

dos efeitos cumulativos do carregamento sucessivo.

Segundo Yoshizane, as trincas por fadiga são trincas conectadas, que

formam uma série de pequenos blocos. Este tipo de trincamento é caracterizado em

sua fase final pelas trincas couro de jacaré, usualmente confinadas nas trilhas de

roda.

Nos Estados Unidos, Francis Hveem, em 1938, foi um dos primeiros

estudiosos a pesquisar a deformabilidade dos pavimentos. Segundo Hveem (apud

MEDINA 1997 p.158), o trincamento progressivo dos revestimentos asfálticos se

devia à deformação resiliente (elástica) das camadas subjacentes. Hveem decidiu

usar este termo ao invés de deformação elástica por considerar que a deformação

nos pavimentos é muito maior do que nos sólidos elásticos (concreto, aço, madeira,

etc) com que lidam os engenheiros.

Trincas por Envelhecimento ou Retração: O ligante betuminoso perde seus

elementos mais leves, com a exposição ao ar, e vai se tornando mais suscetível a

rompimentos; o revestimento não pode mais suportar as deformações provenientes

das mudanças de temperatura ao longo do dia em diferentes estações do ano.

A rapidez do processo de endurecimento do asfalto depende da resistência à

oxidação, da temperatura ambiente e da espessura do filme de ligante. Ou seja, o

processo de envelhecimento depende, além da qualidade do ligante, das condições

climáticas. Teores mais elevados de asfalto e baixa quantidade de vazios podem

produzir efeitos benéficos sobre a vida útil de uma mistura betuminosa, pois

dificultam o processo de oxidação e promovem maior durabilidade.

Trincas por Reflexão: Ocorrem quando o trincamento existente em uma

camada inferior propaga-se em direção à superfície, atingindo o revestimento

asfáltico. Sendo assim ela pode se apresentar sob qualquer forma de tipo de trinca

(longitudinal, irregular ou interligada).

Trincas Próximas as Bordas: São provocadas geralmente pela umidade no

acostamento. Também podem ser causadas por ruptura plástica do material das

camadas sob a área trincada, em virtude da má drenagem. Podem ocorrer,

eventualmente, ramificações em direção ao acostamento.

4.2 - DEFORMAÇÕES

Entre as deformações permanentes em pavimentos, incluem-se os

afundamentos nas trilhas de roda, deformações plásticas no revestimento e

depressões. Esses defeitos causam acréscimos na irregularidade longitudinal,

afetando a qualidade de rolamento e aumentando o custo operacional dos veículos.

As causas das deformações permanentes podem estar associadas ao tráfego ou a

fragilidades das camadas do pavimento.

São três as situações em que o tráfego causa as deformações na camada

superficial dos pavimentos asfálticos:

1 – Os esforços das rodas nos materiais constituintes dos pavimentos são

suficientes para causar cisalhamento, promovendo deslizamentos no interior do

material. Isso ocorre com cargas concentradas ou pressões excessivas nos pneus,

excedendo a resistência ao cisalhamento dos materiais, provocando fluência

plástica, causando afundamentos sob a carga de roda e solapamentos ao redor da

área carregada. Esses efeitos podem ser evitados pela seleção dos materiais na

execução da estrutura da pista, de acordo com a sua propriedade de resistência ao

cisalhamento.

2 – Carregamentos estáticos de longa duração causam afundamentos em

materiais de comportamento viscoso, como misturas betuminosas e alguns tipos de

solos.

3 – Por fim, um grande número de repetições de cargas de pressões

reduzidas pode causar pequenas deformações que se acumulam ao longo do tempo

e se apresentam como afundamentos canalizados ao longo da trilha de roda.

As deformações que não têm suas causas ligadas à ação do tráfego são,

geralmente, o reflexo de mudanças e deformações ocorridas nas camadas inferiores

do pavimento, provavelmente devidas à ação da umidade. Esta umidade provoca

inchamento, empolamento ou recalque nas camadas subjacentes dos pavimentos

que são refletidos na superfície.

A tabela 5 demonstra em quais casos, as causas das deformações serão

relacionadas à ação do tráfego ou não:

Tabela 5 – Resumo das causas e tipos de deformação permanente

Causa Geral Exemplo do Defeito Causa Específica

Associada com o

carregamento

Fluência plástica (ruptura

por cisalhamento)

Carregamento

concentrado ou em

excesso

Deformações ao longo do

tempo

Carregamento de longa

duração ou estático

Afundamento nas trilhas

de roda

Grande número de

repetições de carga

Não associada com o

carregamento

Inchamento ou

empolamento

Subleito constituído de

solo expansivo

Recalque diferencial Solos compressíveis na

fundação do pavimento

Fonte: Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos

A densificação é mais um mecanismo presente na formação das deformações

pela ação do tráfego. É ocasionada pela compactação dos materiais durante a vida

útil do pavimento e pode ser evitada pela boa compactação na hora da execução da

estrutura do pavimento.

Segundo a NBR 005/2003 TER, as deformações podem se manifestar na

forma de:

Afundamento Plástico: Causado pela fluência plástica de uma ou mais

camadas do pavimento, acompanhada de solapamento. Quando menores que 6m,

são considerados locais, já os maiores que 6m, localizados nas trilhas de roda,

recebem o nome de afundamento local de trilha de roda.

Afundamento de Consolidação: causado pela consolidação diferencial de uma

ou mais camadas sem estar acompanhado de solapamento. Quando menores que

6m são locais, quando maiores, são de trilha de roda.

Ondulação/Corrugação: Ondulações ou corrugações transversais na

superfície do pavimento causadas pelo recalque da fundação dos aterros

executados em regiões de pouco suporte.

4.3 - PANELAS E REMENDOS

Panelas: Cavidades que se formam no revestimento podendo alcançar

camadas inferiores do pavimento, causando a desagregação dessas camadas. As

panelas também são conhecidas como buracos.

Diversas causam podem contribuir para o surgimento dos buracos, que em

geral ocorrem como uma fase evolutiva posterior a outros defeitos (BALBO, 1997).

As causas mais freqüentes no aparecimento dos buracos são:

a) Desagregação do revestimento trincado (trincas interligadas);

b) Evolução de afundamentos localizados;

c) Evolução do processo de deslocamento do revestimento sobre

antigos revestimentos ou base (falta de imprimação);

d) Falta de correto adensamento na etapa construtiva do pavimento.

Remendos: Panela preenchida com uma ou mais camadas de pavimento, na

operação conhecida como “tapa-buraco”.

Os remendos evidenciam intervenções corretivas no pavimento sendo

motivados pela presença de afundamento, escorregamentos, trincas interligadas,

buracos, etc. Os remendos superficiais reportam à reparação de pequenas áreas, já

os profundos indicam uma intervenção mais severa.

4.4 - OUTROS DEFEITOS

Desgaste: Ocorre após a perda do filme asfáltico de envolvimento dos

agregados, podendo ser acompanhado pelo polimento dos agregados, por expor os

mesmos à ação das rodas dos veículos, e que poderá ser agravado a depender da

natureza do agregado, sendo consumido pela ação abrasiva do tráfego, ocorrendo

então a perda da microestrutura dos agregados que se tornam bastante

desgastados e lisos. (BALBO, 1997).

A causa mais freqüente do aparecimento desse tipo de manifestação

patológica condiz com a aderência insuficiente do ligante sobre a superfície de

aplicação ou desgaste pela ação do tráfego.

A perda de aderência do ligante começa a se manifestar quando a

viscosidade do ligante cai significativamente devido à evaporação dos óleos mais

leves do CAP. Isso ocorre devido ao aquecimento exagerado na usinagem ou a

oxidação durante longa exposição às temperaturas ambientais.

Exsudação: Ocorre sob forma de manchas isoladas ou ainda em grande

extensão, denotando excessiva presença de cimento asfáltico na superfície. É fácil

de identificar por registrar as marcas de pneus em dias quentes, nada mais sendo do

que a migração do asfalto para a superfície do pavimento.

A migração poderá ser motivada por:

a) segregação da mistura em algum momento da sua execução;

b) compactação excessiva da mistura;

c) excessiva quantidade de ligante na mistura;

d) emprego de ligante com viscosidade baixa em local com clima

quente;

e) falta de adesividade do ligante asfaltico.

Escorregamento: deslocamento do revestimento em relação a camadas

inferiores, com o surgimento de fendas em forma de meia-lua.

As possíveis causas dessa manifestação patológica são:

a) imprimação inadequada (excessiva ou insuficiente) da base,

gerando deslocamentos transversais, especialmente em trechos de curva.

b) viscosidade inadequada do ligante;

c) excesso de ligante na mistura.

5 – SELEÇÃO DAS ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO E REABILITAÇÃO

Visando esclarecer um dos objetivos do presente estudo, cabe aqui

prescrever as atividades de engenharia para recuperação de rodovias.

Para esclarecermos os problemas que aparecem na superfície dos

pavimentos, deveremos conhecer a estrutura da rodovia. Os materiais utilizados na

construção da estrutura das rodovias apresentam formas diferenciadas de

deterioração, resultado da aplicação das cargas promovidas pelo tráfego e das

condições climáticas a que são submetidos.

Existe uma grande correlação entre o desempenho dos pavimentos, as

estratégias de intervenção, as datas de realização das atividades e os custos, como

foi descrito no capítulo 3 deste presente trabalho.

Segundo Yoshizane, as atividades de intervenção na pista são divididas em 2

categorias, atividades de manutenção e reabilitação:

5.1 – ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO

São serviços, geralmente, de remendos e capas para selagem de trincas. A

principal característica para a execução deste tipo de serviço é a detecção e reparo

dos defeitos nas fases iniciais, proporcionando assim uma melhor utilização dos

recursos disponíveis.

Um bom exemplo são as trincas que se não seladas logo, podem evoluir

rapidamente para sérios defeitos e aumentar os custos de manutenção e

reabilitação.

5.1.1 – Remendos

São o método de reparo mais utilizados na manutenção de rodovias e ruas,

pois todos os pavimentos necessitam de reparos em buracos em alguma fase da

vida útil.

Os buracos devem ser reparados com urgência, pois comprometem a

segurança e o conforto dos usuários das vias. Além disso, permitem a entrada de

água, que enfraquece a estrutura e acelera a deterioração.

Quanto ao material utilizado, podem ser constituídos de CBUQ ou PMF, após

a limpeza, secagem, corte em área retangular, imprimação, e compactação do

material de remendo.

5.1.2 – Capas Selantes

Atividade de aplicação do ligante asfáltico juntamente ou não com o

agregado, na superfície do pavimento, com o objetivo de rejuvenescer o

revestimento e selar as trincas para evitar a entrada de água através das mesmas e

retardar a deterioração do pavimento.

Os tipos mais freqüentes das capas selantes são:

- Selo Asfáltico Impermeabilizante (fog seal): leve aplicação de emulsão

asfáltica diluída em água e sem agregado, para selar trincas com pequenas

aberturas.

- Tratamentos Superficiais (chip seals): camadas formadas por aplicação de

ligante e agregados, em que a dimensão máxima do agregado da camada

sucessiva, não pode ser maior que a metade da dimensão máxima da camada

subjacente.

- Lama Selante ou Lama Asfáltica (slurry seal): mistura de emulsão asfáltica,

agregados miúdos bem graduados e água, para tornar a mistura fluida. São

utilizadas para selagem de trincas.

5.2 – ATIVIDADES DE REABILITAÇÃO

As atividades de reabilitação são indicadas para correção de pavimentos com

problemas maiores. Dentre as atividades mais utilizadas estão a fresagem, a

reciclagem, o recapeamento estrutural e a reconstrução.

a) Fresagem: principal forma de remoção do revestimento antigo,

através da fresadora, executando o serviço tanto para a reciclagem

como para acerto da superfície a ser recapeada.

b) Reciclagem: O revestimento asfáltico é escarificado, aquecido no

local, misturado com recicladores, lançado e compactado para

recompor a base. Essa técnica é utilizada para renovar e

rejuvenescer as misturas asfálticas oxidadas. Como resultado, a

mistura pode ser utilizada para uma melhor ligação entre o

pavimento antigo e o recapeamento.

c) Recapeamento Estrutural: Construção de camada sucessiva sobre

o pavimento existente. É necessária a correção do nivelamento da

camada antiga, posteriormente coberta pela camada uniforme do

revestimento novo.

d) Reconstrução: Quando a deterioração do pavimento encontra-se

em estágio avançado, esse procedimento torna-se necessário.

Muitas vezes os problemas aparecem pelo mau funcionamento do

sistema de drenagem, sendo necessária a correção total, única

opção para reabilitação do pavimento. No passado a reconstrução

utilizava materiais novos, atualmente o serviço de reciclagem tem

sido muito utilizado para auxiliar na reconstrução.

5.3 - SERVIÇOS RECOMENDADOS PARA AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES

DE PATOLOGIAS ASFÁLTICAS

Os serviços de reabilitação das rodovias devem ser definidos de acordo com

a origem dos defeitos, para que os mesmos não voltem a se manifestar. Muitos

desses defeitos são provenientes de problemas encontrados na base, na sub-base

ou até mesmo no subleito do pavimento. Neste trabalho, foram abordados apenas

serviços relacionados a problemas da camada superficial do pavimento,

considerando que os mesmos não sejam reflexo de problemas vindos das camadas

inferiores.

Os tipos de serviços a serem executados nas vias que apresentam algum tipo

de defeito devem ser escolhidos de acordo com o tipo de medida mais adequada.

A Tabela 6 apresenta os serviços recomendados para os diferentes tipos de

patologias apresentadas na camada superficial do pavimento.

Tabela 6 - Patologias e Serviços de correção

PATOLOGIA ATIVIDADE DE CORREÇÃO

Trincas Remendo profundo ou mistura usinada a

frio com graduação fina;

Trincas em Bloco Lama asfáltica + capa selante;

Trincas Couro de Jacaré Remendo Profundo;

Trincas de Bordo Mistura asfáltica usinada a quente + Rolo;

Panelas Pré-misturado a frio + Compactação

(remendo);

Afundamento de Trilha de Roda

Pintura de ligação + mistura asfáltica

densa + Compactação com rolo

pneumático;

Corrugação/Ondulação Revestimento maior 5 cm: Fresadora a frio

+ Capa selante;

Deterioração de Remendos Reaplicação do Remendo;

Escorregamento Remendo Superficial;

Exsudação Aplicação de areia quente ou Fresadora +

Capa;

Desgaste Ligante asfáltico rejuvenescedor.

Obs: Correções aconselhadas para apresentação das patologias em pequenas severidades.

Fonte: Hiroshi Paulo Yoshizane

6 – ESTUDO DE CASO

6.1 – TRECHO RODOVIÁRIO ESTUDADO

Segundo Nery e Monteiro (1986), em 1917, o governo estadual da Bahia

iniciou as obras para a construção de uma rodovia que ligava Salvador a Feira de

Santana e foi concluída em 1928. Era constituída de 144 Km de extensão e foi

executada nas melhores condições da época.

No plano rodoviário nacional de 1944, a estrada de rodagem é incluída na

rede federal como parte integrante da transversal da Bahia e chamada de BR-028.

Em 1949, o DERBA e o DNER decidem pela construção de uma nova rodovia

Salvador-Feira de Santana, essa agora com 108 km de extensão.

Em 1951, a rodovia foi delegada ao governo estadual. Em 1955 ocorreu a

pavimentação da pista no segmento de 35 Km que vai de Feira de Santana à Usina

de Itapetingui. Esse segmento envolve o trecho estudado neste trabalho. Ainda

nessa década o DERBA devolve a rodovia ao DNER, que prossegue a obra

completando-a em 1960.

Em 1969, o crescimento acelerado do tráfego faz com que o DNER decidisse

pela duplicação da pista. Em 1976, a duplicação é concluída. Isso explica as

diferenças entre as duas pistas, devido a idade diferenciada entre as duas.

Intervenções ora em uma, ora em outra, também explicam a variação dos problemas

encontrados em cada uma das pistas. Outro fator é o escoamento maior de cargas

em direção ao porto de Salvador.

A rodovia, que passou a se chamar BR-324, faz a ligação entre o interior da

Bahia e o litoral, passando por cidades importantes do interior. O trecho que liga

Feira de Santana à Amélia Rodrigues possui pista dupla e vai do km 520 ao km 543.

Este trabalho, porém, foi desenvolvido no sentido Amélia Rodrigues - Feira de

Santana.

O trecho de rodovia possui um tráfego intenso e pesado, no qual são

escoados os produtos vindos do interior para o principal porto e aeroporto da Bahia

que se encontram em Salvador. Segundo o DNIT (2006), o VMD da rodovia no Km

40, que é a localização onde foi efetuado o estudo da superfície do pavimento é de

19.870 veículos, envolvendo caminhões e automóveis pequenos.

A figura 7 mostra a BR-324, onde está situado o trecho para usado para o

estudo de caso, e sua localização no estado da Bahia.

Figura 7- Localização da BR-324 - Trecho Salvador x Feira de Santana

Trecho Estudado

BR-324

Fonte: DNIT - Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes

6.2 – METODOLOGIA UTILIZADA NO TRABALHO DE CAMPO

O estudo constitui-se da aplicação do método de avaliação da superfície

através do Levantamento Visual Contínuo (LVC) do pavimento da BR-324, trecho

entre Amélia Rodrigues e Feira de Santana, no estado da Bahia.

Para realização do trabalho, empreenderam-se os seguintes passos:

Escolha do trecho da rodovia a ser analisado;

Levantamento de campo dos defeitos existentes no pavimento do

trecho da rodovia;

Cálculo do Índice de Gravidade Global Expedito, Índice de

Condição de Pavimentos Flexíveis e do Índice de Estado da

superfície;

Análise dos resultados obtidos.

Para isso foi necessário o levantamento das falhas do pavimento através da

aplicação das planilhas de coleta de dado da avaliação do LVC. A Diretoria de

Planejamento e Pesquisa do DNIT elaborou em 2003, a norma DNIT 008/2003 PRO,

que serve como documento base no levantamento visual contínuo para a avaliação

de pavimentos flexíveis e semi-rígidos por meio de determinação do Índice de

Condição dos Pavimentos Flexíveis (ICPF), do Índice de Gravidade Global Expedito

(IGGE) e do Índice do Estado de Superfície do Pavimento (IES).

Essa norma fixa, conforme o que vem descrito abaixo, as condições

necessárias para ser realizado o procedimento, além dos tipos de defeitos

considerados, estudados no capítulo anterior. São fixadas também, as diretrizes dos

procedimentos e formulários a serem preenchidos. A norma inicialmente recomenda

como deve ser operado o veículo em que o avaliador empreende a inspeção técnica.

6.2.1 - Operação do Veículo

O veículo deve ser operado a uma velocidade média aproximada de 40 km/h

percorrendo a rodovia em um único sentido, no caso de rodovias de 2 (duas) pistas

de cada lado o levantamento será feito em cada pista separado. Já em rodovias de

pista simples serão levantados em um único sentido, levando-se em consideração

simultaneamente as duas ou mais faixas de tráfego.

6.2.2 - Processo de Levantamento

O processo de levantamento visual contínuo compreende o preenchimento de

alguns formulários que serão mostrados no item 6.3 deste presente trabalho. Para

isso, será necessário o conhecimento de algumas instruções, tais como as que

seguem:

6.2.2.1 - Extensão dos Segmentos

A divisão dos subtrechos deve ser feita de tal forma que se obtenha uma

mínima extensão de 1 km e máxima de 6 km. Preferencialmente devem ser

estabelecidas extensões de 1 km para garantir a homogeneidade do subtrecho, para

que não haja uma interferência no resultado. Ou seja, um subtrecho deve estar em

iguais condições em sua totalidade, devendo haver mudanças nas suas

características apenas em um próximo subtrecho.

Essa situação será mais garantida se os subtrechos forem divididos em

menores partes possíveis. Os resultados deverão ter mais precisão e as medidas a

serem tomadas para reabilitação do mesmo estarão em conformidade com o que os

resultados obtidos no estudo.

6.2.2.2 - Preenchimento do Formulário para Registro

Será necessário o preenchimento do cabeçalho do formulário para o

Levantamento Visual Contínuo (anexo I) com algumas informações importantes para

o esclarecimento posterior das características da via na data de aplicação da

avaliação para consultas posteriores. Essas informações de cabeçalho são

esclarecidas na tabela 7:

Tabela 7 – Informações do Cabeçalho

ITEM DEFINIÇÃO

EXT Extensão executada do levantamento

ORIG Idade do pavimento

REST Idade da última restauração

REV Tipo do revestimento

ESP Espessura do revestimento

INI/FIM Início e fim do trecho

VMD Volume médio diário

Nº pista/lado 1 para pista simples e 2 para dupla

MR Marco rodoviário

Mês/ano Data do levantamento

A tabela 8 contém os elementos da inspeção que devem ser observados na

data da aplicação da avaliação que servem para a localização e identificação do

trecho avaliado:

Tabela 8 – Elementos de Inspeção a serem observados

ITEM DEFINIÇÃO

Nº do Seg Número seqüencial do segmento

Odômetro Quilometragem indicada no odômetro do carro

Quilômetro Quilometragem da rodovia de acordo ao MR

Na tabela 9 estão as representações dos tipos de defeitos a serem

observados no procedimento do LVC:

Tabela 9 – Representação dos tipos de defeitos observados pelo LVC

REPRESENTAÇÃO TIPO DE DEFEITO

P Panela

TR Trinca isolada

TJ Trinca couro de jacaré

TB Trinca em bloco

AF Afundamento

O Ondulações

E Escorregamento do revestimento betuminoso

D Desgaste do pavimento

EX Exsudação

R Remendo

- Freqüência de defeitos: A = alta, M = média e B = baixa. A tabela auxilia na

determinação da freqüência dos defeitos do pavimento.

Tabela 10 – Freqüência dos defeitos

Fonte: DNIT Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes

- Deve ser anotado todo e qualquer fato relevante não previsto nos demais

campos do formulário, como por exemplo: obras em andamento, trechos urbanos,

obras-de-arte, etc.

- As determinações dos valores das trincas, de deformações, de panelas +

remendos serão feitas pelo observador sem sair do veículo, avaliando visualmente

as dimensões e tipos dos defeitos considerados, item esse que foi adaptado para

esse estudo quando o observador fez paradas para a realização de um relatório

fotográfico que pode ser observado no anexo V.

- ICPF: é analisado somente o valor do Índice de Condição do Pavimento

Flexível, que é estimado com base na avaliação visual do pavimento, classificando a

superfície do segmento segundo os conceitos da tabela 11, tendo em vista a

aplicabilidade das medidas de manutenção determinadas pelo profissional avaliador.

A precisão do valor do índice será de aproximadamente 0.5.

Tabela 11 – Tabela de ICPF

Fonte: DNIT Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes

- O formulário para o cálculo do ICPF, onde será considerada a presença e a

severidade de cada defeito no revestimento asfáltico. Esse índice será gerado

através da conceituação do observador sobre a necessidade de um melhoramento

na camada superficial do pavimento.

- O levantamento das informações deverá ser feito ao fim de cada quilômetro

percorrido. Extensão menor que 1 km só serão aceita em casos extremos, como fim

da rodovia, mudança do tipo ou da idade do revestimento, etc.

6.2.2.3 – Cálculos

- Os pesos para o cálculo do valor do IGGE, serão adotados conforme a

indicação da Tabela 12, de acordo com a freqüência de aparecimento de cada tipo

de defeito:

Tabela 12 – Pesos para cálculo do IGGE

Fonte: DNIT Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes

- O IGGE é obtido através do desenvolvimento da fórmula a seguir, tendo esta

que ser feita para cada sub-trecho pesquisado, formando assim um relatório da

condição do trecho pesquisado. O cálculo desse índice deve ser feito com o auxílio

do formulário de cálculo do IGGE (anexo II)

onde: Pt = Peso das trincas;

Ft = Freqüência das trincas;

Poap = Pesos dos outros defeitos (AF, O);

Foap = Freqüência dos outros defeitos;

Ppr = Peso das panelas e remendos;

Fpr = Freqüência das panelas e remendos.

IGGE = (Pt x Ft) + (Poap x Foap) + Ppr x Fpr

- O IES, cujos valores estão compreendidos entre 0 e 10 é avaliado em

função do ICPF e do IGGE calculados, constituindo-se pois, uma síntese destes dois

índices. Os valores do IES juntamente com o código e o conceito atribuídos ao

estado da superfície do pavimento, são determinados de acordo com a tabela 13. Os

resultados devem ser colocados no formulário do quadro de resumos (anexo III).

Tabela 13 - Índice do Estado de Superfície do Pavimento

Fonte: DNIT Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes

6.3 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

A metodologia do LVC na BR-324, trecho entre Amélia Rodrigues e Feira de

Santana do Km 543 ao km 520, realizado no dia 22 de janeiro de 2008, foi realizada

da seguinte forma:

Foram analisados 23 subtrechos de 1 quilômetro cada, para garantir a

uniformidade da superfície analisada.

Contou-se com a colaboração de um profissional responsável pela elaboração

do LVC na região de Feira de Santana.

Os observadores procuraram relatar os pontos significantes e os tipos de

defeitos apresentados ao longo da rodovia.

Foram obtidos os resultados que se seguem nos quadros da metodologia a

seguir:

As duas primeiras tabelas mostram as observações feitas em campo,

anotações sobre a severidade dos defeitos, particularidades do pavimento, dentre

outras observações feitas no decorrer do percurso.

Na tabela 14, estão as anotações feitas durante a aplicação da metodologia,

constando os 12 primeiros segmentos.

Tabela 14 - Resultado do Levantamento Visual Contínuo 1ª Planilha;

Na tabela 15, está a segunda página do formulário para o levantamento visual

contínuo, constando os segmentos do 12 ao 23, e as demais informações sugeridas

pela tabela.

As Informações complementares foram conseguidas através de Nery e

Monteiro (1986).

Tabela 15 – Resultado do Levantamento Visual Contínuo 2ª Planilha;

As duas tabelas posteriores apresentam os fatores correspondentes às

severidades dos defeitos anotadas pelo observador e o cálculo do Índice de

Gravidade Global Expedito do pavimento, a exemplo da tabela 16.

Tabela 16 – Primeiro Formulário de Cálculo do IGGE

A tabela 17 apresenta a continuação do cálculo do Índice de Gravidade

Global Expedito, apresentando do segmento 13 ao segmento 23.

Tabela 17 – Segundo Formulário para o Cálculo do IGGE

As duas próximas tabelas funcionam como um quadro de resumo para

demonstrar a real situação da rodovia pesquisada e fazer uma síntese dos 03 três

índices calculados pelo avaliador.

Tabela 18 – Primeiro Quadro de Resumo de Resultados

A tabela 19 apresenta o resumo dos resultados obtidos entre os segmentos

12 e 23.

Tabela 19 – Segundo Quadro de Resumo de Resultados

6.4 - AVALIAÇÃO DOS SEGMENTOS

A tabela 20 apresenta a qualificação dos subtrechos pesquisados e a sua

identificação no relatório fotográfico no anexo V.

Tabela 20 – Qualificação dos Subtrechos e Correlação com o relatório Fotográfico

SEGMENTO CARACTERÍSTICA PRINCIPAL FOTOS - ANEXO V

1

Subtrecho com alta presença de trincas

isoladas, em bloco e couro de jacaré,

mostrando a evolução de trincas devido ao

tráfego, com presença de trincas de até 6 cm.

Fotos 01, 02, 03 e 04

2

Subtrecho com presença de desgaste e

remendos, principalmente na pista da direita,

a mais solicitada pelo tráfego pesado.

Foto 05

3

Subtrecho com mediana presença de trincas

isoladas e razoável desgaste, exsudação,

escorregamento e afundamento de trilha de

roda.

Fotos 06, 07 e 08

4

Trecho com mediana presença de trincas

isoladas de borda, trincas em bloco e alta

presença de desgaste com polimento do

agregado.

Fotos 09

5 Subtrecho apresentou as mesmas

características do anterior. Foto 10

6 Subtrecho com alta presença de trincas

isoladas, trincas em bloco e couro de jacaré. Fotos 11 e 12

7 Subtrecho com alta presença de afundamento

com solapamento e ondulações. Fotos 13 e 14

8 Alta presença de trincas, remendos,

afundamentos, ondulações e exsudação. Foto 15

9

Marcante presença de desgaste e exsudação,

e surgimento de panelas, afundamentos e

ondulações.

Fotos 16 e 17

10

Alta presença de vários defeitos, estando

apenas as trincas sendo consideradas de

média severidade.

Foto 18

11

Características parecidas com as do

segmento anterior, com mediana presença de

escorregamento e exsudação.

Foto 19 e 20

12

Presença mediana de trincas e desgaste de

pavimento, com baixa presença de

afundamento e ondulação.

Sem Foto

13

Subtrecho com baixa ou nenhuma presença

de defeitos, apresentando apenas baixa

presença de desgaste e trincas, sendo

considerado o melhor trecho dos estudados.

Foto 21

14

Possui características iguais as do trecho

anterior, sendo também considerado um bom

trecho.

Foto 22

15

Baixa presença de exsudação, trincas em

bloco, afundamento, ondulações e mediana

presença de desgaste.

Foto 23

16 Média presença de trincas e desgaste e alta

presença de remendos. Sem Foto

17

Alta presença de trincas e remendos e

aparecimento médio de desgaste e

exsudação.

Foto 24

18 Subtrecho com características marcantes de

panelas, remendos e desgaste. Sem Foto

19

Subtrecho com aparecimento freqüente de

panelas, com exposição do pavimento antigo

da BR.

Fotos 25 e 26

20 Subtrecho marcado pela presença de grandes

remendos, inclusive com trincas ao redor. Foto 27

21 Altamente trincado e com presença de

panelas e remendos. Fotos 28 e 29

22 Subtrecho com alta presença de panelas,

remendos e mediana presença de trincas. Foto 30

23

Pela proximidade com a cidade de Feira de

Santana, esse trecho apresenta panelas e

remendos em alta severidade, uma grande

presença de desgaste no pavimento.

Fotos 31 e 32

Ao todo, dos 23 subtrechos pesquisados, nenhum foi considerado em ótimo

estado, 10 foram considerados em estado regular, 8 em bom estado, 2 em estado

ruim e 3 em estado péssimo, conforme ilustrado na tabela 21.

Os subtrechos 13, 14 e 15, foram considerados os melhores trechos da

avaliação, apresentando apenas desgaste mediano na superfície do pavimento,

Foi observado que, na totalidade do trecho pesquisado, há a presença de

desgaste do pavimento, devido ao estado de utilização excessiva da rodovia

principalmente por transporte de cargas. Esse tipo de defeito requer apenas uma

operação de reabilitação simplificada, com a aplicação de ligante asfáltico, na

totalidade do trecho pesquisado.

Subtrechos como 1, 6, 17, 21 e 23 que apresentaram alto índice de trincas, ou

seja, trincas em mais de 50% do subtrecho, necessitam de aplicação de capas

selantes com graduação fina (em trincas longitudinais e transversais) para obstrução

da possível entrada de água através da fendas. Já nas trincas “couro de jacaré”, que

denotam presença de trincas por fadiga, que são reflexos de problemas

provenientes da parte inferior da camada para a parte superior, é necessária a

aplicação de um remendo profundo no local.

Subtrechos como 18, 20, 21, 22 e 23 apresentaram alta presença de panelas,

que na metodologia quer dizer mais do que 5 panelas/km, necessitam de um serviço

de tapa-buracos, com correção dos defeitos através da aplicação de remendos

superficiais, em buracos de pouca profundidade, que não tenham atingido a camada

de base, e serviços de remendo profundo, com reconstrução da camada de base,

recompactação, aplicação do CBUQ.

No subtrecho 9, que apresenta afundamento de trilha de roda, deve ser

realizada uma operação de tapa-buracos para a correção da trilhas de roda.

Os subtrechos 7, 8, 10 e 11 que têm alta presença de ondulações requerem

um maior cuidado, no sentido de se investigar através dos procedimentos de

avaliação estrutural, se o problema é relacionado às camadas inferiores do

pavimento, caso seja comprovado, é necessário a escarificação do pavimento,

reciclagem através da mistura com a base, e reconstrução da base.

Os demais subtrechos, 2, 3, 4, 5, 12, 16 e 19, são subtrechos considerados

com problemas de severidades medianas, que justificam apenas a aplicação de

conservação rotineira.

A tabela 21 mostra o percentual das qualificações encontradas na avaliação

do pavimento:

Tabela 21 – Caracterização do Estado do Pavimento

ESTADO DO

PAVIMENTO

NÚMERO DE

SEGMENTOS PORCENTAGEM (%)

Ótimo 0 00,0

Bom 8 34,8

Regular 10 43,5

Ruim 2 08,7

Péssimo 3 13,0

.

Isso demonstra a maior proporção dos subtrechos considerados como

regular, com incidência de 43,5%, denotando a qualificação.

Esse resultado variou um pouco, no percentual de índices, do obtido pelo

estudo desenvolvido pela CNT 2007, pelo fato da metodologia utilizada por ela ser

diferenciada da metodologia do presente trabalho. A metodologia CNT não avalia

um trecho específico da rodovia, mas a rodovia como um todo, levando inclusive em

consideração outros fatores que não só a superfície do pavimento.

O percentual de trechos considerados de acordo a sua qualificação da

metodologia do LVC, são apresentados a seguir na figura 8:

Figura 8 – Percentual de Trechos x Qualificação

7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O tipo de estudo desenvolvido neste trabalho é de grande relevância para um

melhor conhecimento da importância da gerência dos pavimentos flexíveis com

intuitos técnico e econômico. Deve-se observar o encarecimento acelerado, com o

passar dos anos, nas rodovias afetadas, das medidas para correção das

manifestações patológicas.

O estudo procurou entender a evolução desigual, ao longo das décadas, dos

principais modais de transporte no Brasil e na Bahia. Nessa evolução percebe-se

que os investimentos nos transportes não contemplaram o gerenciamento,

demonstrando falta de planejamento na constituição da modalidade rodoviária.

O modelo de priorização do transporte rodoviário trouxe consigo graves

conseqüências, dentre elas, por deficiência da gerência dos pavimentos, a intensa

deterioração das rodovias. Esse desgaste ocorrido nos pavimentos, muitas vezes,

estão ligados ao excesso de carga transportado nos caminhões, fator que poderia

ser minorado com a implantação de postos de pesagem e fiscalização de cargas em

todas as rodovias brasileiras.

Com a deterioração das vias, torna-se cada vez mais importante se otimizar o

direcionamento dos recursos econômicos para manutenção e reabilitação dos

pavimentos das rodovias.

Com isso, para a conservação das rodovias torna-se necessário implantar um

sistema de gerenciamento de pavimentos. O gerenciamento tem como objetivo

acompanhar o estado do pavimento, tarefa que pode ser realizada através de alguns

métodos de avaliação, sejam superficiais ou estruturais.

As metodologias de avaliação superficial servem para mensurar defeitos mais

aparentes e para indicar trechos que precisem da aplicação da metodologia

estrutural.

Neste trabalho foi aplicada a metodologia de avaliação superficial dos

pavimentos flexíveis. Através do estudo, concluiu-se que o método do LVC é

perfeitamente aplicável ao contexto a que foi submetido, com algumas adaptações

para melhorar o conhecimento dos segmentos, a exemplo das paradas para registro

fotográfico.

O método, no entanto demonstrou-se insensível à severidade de alguns

defeitos, a medida em que se observa a contagem de remendos e buracos por

quantidade. Já em relação aos pesos atribuídos pelo método, observa-se a maior

preocupação com as panelas, remendos, ondulações e afundamentos, do que com

as trincas.

Outro fator importante é a influência maiúscula da opinião do observador

sobre a condição da superfície do pavimento, já que o método não dispõe de

instrumentos ou gabaritos de medida de comparação com uma rodovia em boas

condições.

Através do levantamento e avaliação da pesquisa realizada, chegou-se a

conclusão de que o trecho analisado encontra-se na maior parte em estado regular.

O trecho apresenta defeitos diversos, porém, com severidades medianas, a não ser

em subtrechos específicos que apresentaram falhas mais severas.

Segundo a avaliação, o trecho já necessita de intervenção, podendo em

muitos segmentos empregar soluções de rotina, como as que são desenvolvidas em

todas as estradas com a vida útil em idade avançada. Em alguns segmentos pode-

se prever recapeamento e até reconstrução.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BALBO, José Tadeu; BODI, Janos. Modelos para Priorização de Serviços de

Manutenção de Pavimentos Urbanos, 31ª Reunião Anual de Pavimentação, São

Paulo, SP, 1998.

BALBO, José Tadeu. Pavimentos Asfálticos Patologias e Manutenção, São

Paulo, Plêiade, 1997.

BALBO, José Tadeu. Pavimentação Asfáltica: Materiais, Projeto e Restauração,

São Paulo, Oficina de Textos, 2007.

BARTHOLOMEU, Daniela Bacchi, Quantificação dos Impactos Econômicos e

Ambientais Decorrentes do Estado de Conservação das Rodovias Brasileiras,

Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006.

BRASIL. Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. Coordenação

Geral de Estudos e Pesquisa. Instituto de Pesquisas Rodoviárias. Manual de

Restauração dos Pavimentos Asfálticos – 2 ed. – Rio de Janeiro: IPR 2006.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - Estudo de Viabilidade

de PPP Sistema Rodoviário BR-116/BR324/BA – Volume I - revisão 4 - Junho

2006.

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - Estudo de Viabilidade

de PPP Sistema Rodoviário BR-116/BR324/BA – Volume IV - Junho 2006.

BRANDÃO, Luiz Eduardo Teixeira; CURY, Marcus Vinicius Quintella. Avaliação da

viabilidade econômica da concessão e análise dos riscos e incertezas do

tráfego da BR-163, com o uso da Teoria das Opções Reais, Relatório de

Trabalho (MT/CNPq), 2005.

CRUZ, Fábio Henrique Campos; BITENCOURT, Rafael Inocêncio de Andrade.

Análise Econômica-Ambiental de Empreendimentos Vários: Um Estudo

Comparativo, Trabalho de Graduação, Instituto Tecnológico de Aeronáutica – São

José dos Campos, SP, 2005.

GALVÃO, Olímpio J. de Arroxelas. Desenvolvimento dos Transportes e

Integração Regional no Brasil – Uma Perspectiva Histórica, UFPE, Recife, 1996.

GONÇALVES, Fernando Pugliero. O Diagnóstico e a Manutenção dos

Pavimentos, (Notas de Aula), 1999.

HVEEM, Francis N. Pavement Deflection end Fatigue Failures, Bulletin n.114,

HRB (TRB) Washington, DC p.43-87. 1955.

MEDINA, Jacques de. Mecânica dos Pavimentos, Rio de Janeiro: Editora UFRJ,

1997.

NERY, Antônio Pedro Cedraz; MONTEIRO, Renato. Histórico das Rodovias

Federais no Estado da Bahia, DNIT/BA, portaria 05.022 - 5º DRF, 1986.

NETO, Julio Pacheco Monteiro. Um Modelo Teórico para Estruturação de um

Sistema de Informações para Controle e Acompanhamento da Manutenção de

uma Malha Rodoviária, Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) –

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2002.

PEREIRA, Reginaldo. Irregularidade nas Obras Rodoviárias, Artigo Publicado no

Jornal A Tarde 10/02/2006.

RUBIN, Débora; PAGEL, Geovana. Governar é Construir Estradas, Artigo

Publicado no Jornal Eletrônico ANBA 22/08/2007. Disponível em www.anba.com.br.

Acessado em 08/11/2007.

SENÇO, Wlasermiler de. Manual de Técnicas de Pavimentação, Volume I, São

Paulo: Pini, 1997.

SENÇO, Wlastermiler de. Manual de Técnicas de Pavimentação, Volume II, São

Paulo: Pini, 2001.

VILLIBOR, Fadul Douglas; FORTES, Fábio Quintela; NOGAMI, Job Shuji. Defeitos

de Pavimentos de Baixo Custo e sua Conservação, 28ª Reunião Anual de

Pavimentação, Belo Horizonte, MG, 1994.

YOSHIZANE, Hiroshi P. Defeitos, Manutenção e Reabilitação de Pavimento

Asfáltico. Centro Superior de Educação Tecnológica CESET – UNICAMP, Limeira,

SP, disponível em www.ceset.unicamp.br, acessado em 06/03/08.

Sítios Consultados:

ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres – Disponível em

http://www.antt.gov.br/carga/ferroviario/ferroviario.asp. Acessado em 08/11/2007

MT - Ministério dos Transportes – Disponível em www.transportes.gov.br. Acessado

em 08/11/2007.

DNIT - Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes – Disponível em

www.dnit.gov.br. Acessado em 13/11/2007.

CNT – Confederação Nacional dos Transportes – Disponível em www.cnt.org.br.

Acessado em 28/11/07.

ANEXOS

ANEXO I - Formulário Para o Levantamento Visual Contínuo

ANEXO II - Formulário Para o Cálculo do IGGE

ANEXO III - Quadro de Resumos dos Índices Calculados

ANEXO IV - Representação dos Diferentes Tipos de Defeitos

ANEXO V - Relatório Fotográfico do Estudo de Caso

Foto 01 Foto 02

MR de Início do Estudo Trincamento Severo

Foto 03 Foto 04

Aberturas de 6 cm Remendos e Trincas

Foto 05 Foto 06

Remendos, trincas na faixa direita Desgaste e Afundamento de Trilha

Foto 07 Foto 08

Afundamento de trilha de roda Medida de 2,5cm de Afundamento

Foto 09 Foto 10

Trinca de Borda Desgaste Acentuado

Foto 11 Foto 12

“Couro de Jacaré” Detalhe do “Couro de Jacaré”

Foto 13 Foto 14

Detalhe do Solapamento Afundamento com Solapamento

Foto 15 Foto 16

Afundamento com Solapamento Buracos ou Panelas

Foto 17 Foto 18

Afundamento com Trincamento Afundamento

Foto 19 Foto 20

Trilha de Roda Escorregamento em Curva

Foto 21 Foto 22

Pouco Desgaste Pouco Desgaste

Foto 23 Foto 24

Afundamento Trincas em Bloco e de Bordo

Foto 25 Foto 26

Detalhe da Formação de Panelas Formação de Panelas

Foto 27 Foto 28

Remendos Trincas Interligadas

Foto 29 Foto 30

Remendos no Acostamento Panelas no Acostamento

Foto 31 Foto 32

Remendos Remendos

0%

1%

2%

3%

4%

5%

Questão 7

Empresa "A"

Empresa "B"

Empresa "C"

Empresa "D"

Empresa "E"