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Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Tecnologia Martina Rodrigues dos Anjos AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE DO PAVIMENTO DA RODOVIA BR-324 NO TRECHO FEIRA DE SANTANA – AMÉLIA RODRIGUES Feira de Santana - Bahia 2008

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Universidade Estadual de Feira de Santana

Departamento de Tecnologia

Martina Rodrigues dos Anjos

AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE DO PAVIMENTO DA RODOVIA BR-324 NO

TRECHO FEIRA DE SANTANA – AMÉLIA RODRIGUES

Feira de Santana - Bahia

2008

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Martina Rodrigues dos Anjos

AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE DO PAVIMENTO DA RODOVIA BR-324 NO

TRECHO FEIRA DE SANTANA – AMÉLIA RODRIGUES

Trabalho de Graduação apresentado aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana, como parte dos requisitos para obtenção do diploma de conclusão do curso.

Orientador: Prof. Dr. Francisco Antônio Zorzo

Feira de Santana - Bahia

2008

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Martina Rodrigues dos Anjos

AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE DO PAVIMENTO DA RODOVIA BR-324 NO

TRECHO FEIRA DE SANTANA – AMÉLIA RODRIGUES

Trabalho de Graduação apresentado aos professores do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana, como parte dos requisitos para obtenção do diploma de conclusão do curso.

Feira de Santana, Bahia, 08 de abril de 2008.

________________________________________________

Especialista Eng. Antônio Carlos Cruz de Oliveira Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes

________________________________________________

Prof. MSc. Areobaldo de Oliveira Aflitos Universidade Estadual de Feira de Santana

________________________________________________

Orientador: Prof. Dr. Francisco Antônio Zorzo Universidade Estadual de Feira de Santana

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Aos meus pais, Saul e Gracinha,

por todo o amor

e carinho.

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AGRADECIMENTOS

Neste período, na Universidade Estadual de Feira de Santana, por cinco anos de

minha vida, muito evoluí intelectualmente, seja pela diversidade e riqueza de

conhecimentos aqui desenvolvidos, seja pelos professores e qualificados profissionais

que aceitaram me orientar. Em todos os sentidos, somente marcas positivas me foram

deixadas por essa grande universidade pública, que teima em resistir, apesar das

políticas atuais. Mas, com certeza, essa (que eu conheci) tem muito ainda a ensinar e a

fazer pela sociedade.

Devo agradecer ao meu orientador, Prof. Dr. Francisco Antônio Zorzo, que me

iniciou neste trabalho, ensinando-me a tomar iniciativas e a me aperfeiçoar cada vez

mais. Como orientador e como professor da disciplina de Estradas, apresentou-me

noções de mecânica e estrutura dos pavimentos, planejamento do sistema de transportes

rodoviários e incentivou-me no trabalho da avaliação da superfície do pavimento na

BR-324. Participou da elaboração deste projeto, ensinando-me a pensar, dirigindo

minhas atividades com objetividade. Acrescentou muitas idéias a este trabalho,

envolvendo-se e incentivando-me. Sua participação, no final deste trabalho, foi

indispensável para as conclusões aqui apresentadas.

Aos Professores das disciplinas que cursei que me mostraram outros estágios do

conhecimento, alargando meu universo de pesquisa. Sinceros agradecimentos ao

professor Areobaldo Oliveira Aflitos que, com sua disponibilidade, sempre respondeu a

todos os meus questionamentos.

À Coordenadora da disciplina Projeto Final II, Prof.ª Eufrosina de Azevedo

Cerqueira, por todas as dicas e disposição em contribuir com o trabalho realizado.

Aos Engenheiros dos órgãos rodoviários, DNIT e DERBA, pelas contribuições

necessárias para o desenvolvimento do trabalho. Devo agradecer, em especial, ao Eng.

Max Gil Leite de Souza, pelo apoio durante a avaliação na BR-324 e pelas informações

valiosas que muito contribuíram para esta pesquisa.

Ao Técnico Sr. Antônio Luiz pelo auxílio na etapa experimental, e pelas

importantes informações sobre a estrutura do pavimento e falhas apresentadas.

Ao aluno, também orientando do Prof. Dr. Francisco Antônio Zorzo, Djavan

Aragão, que participou de um trabalho semelhante na BR-324, com a utilização de outro

método, mas que contribuiu nas discussões realizadas durante a avaliação.

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Agradeço ao meu colega Jonas Madeira pelas contribuições e pela disposição em

ajudar.

Aos colegas de trabalho da Donelisa Construções e Incorporações Ltda., em

especial ao Eng. Luiz Alberto Moura Alves, pela paciência e compreensão nos

momentos de ausência.

Aos meus verdadeiros amigos que torceram pelo meu sucesso, dentro e fora do

meu ambiente de trabalho.

Aos meus pais, Saul Andrade dos Anjos e Maria das Graças Rodrigues dos

Anjos, que não pouparam recursos físicos e emocionais para tornar realidade o meu

sonho de formar em Engenharia Civil. Ao meu irmão, Alexandre, por suportar a dor da

distância e por torcer, mesmo em silêncio. Aos meus tios, José Carlos Rodrigues e

Elizabete Rodrigues, por todo o incentivo.

Ao meu namorado, Wilson Dourado Filho, pelo amor, carinho e compreensão de

sempre.

Ao meu amigo Gledson Castro, pelo companheirismo, amizade e incentivo.

E, em especial, a Deus, pela força e por estar presente em todos os momentos da

minha vida.

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A possibilidade de arriscar é que nos faz homens.

Vôo perfeito

no espaço que criamos.

Ninguém decide

sobre os passos que evitamos.

Certeza

de que não somos pássaros

e que voamos.

Tristeza

de que não vamos

por medo dos caminhos...

(Damário Dacruz)

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RESUMO

O presente trabalho trata de uma avaliação da superfície do pavimento da rodovia BR-

324. Em primeiro lugar, realizou-se um estudo sobre a história de implantação desta

importante rodovia do Estado da Bahia, descrevendo os critérios construtivos adotados.

Em segundo lugar, foram discutidos os principais problemas relacionados ao

planejamento de transportes. Foi elaborado um estudo teórico-metodológico sobre o

pavimento, sua estrutura de camadas, a sua classificação e os materiais mais utilizados

para a pavimentação asfáltica. A mecânica dos pavimentos também foi levada em

consideração, já que envolve os mecanismos de ruptura e caracteriza a formação das

falhas na estrutura dos pavimentos. Além disso, foram descritos, detalhadamente, os

defeitos que ocorrem em pavimentos asfálticos e quais as suas possíveis causas, visando

compor uma base conceitual para o diagnóstico da avaliação a ser executado. Para o

trabalho de campo, foi escolhido um trecho de 23 km de Feira de Santana à Amélia

Rodrigues, a fim de realizar um levantamento de ocorrências na superfície do

pavimento. O método adotado foi baseado na Norma do DNIT 006/2003 - PRO, que

consiste na “Avaliação objetiva da superfície de pavimentos flexíveis e semi-rígidos”.

Após a realização do trabalho de campo, os dados coletados foram tabulados e

analisados, a fim de obter um índice que retrate o grau de degradação atingido.

Calculou-se o IGG (Índice de Gravidade Global), que caracterizou o trecho com

conceito péssimo no seu estado de conservação. Diante disso, foram propostas medidas

corretivas para os defeitos encontrados.

Palavras-Chave: Rodovia, Pavimento, Defeitos, Avaliação da Superfície.

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ABSTRACT

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Extensão da Rede Rodoviária da Bahia........................................................11

Figura 2 – Estrutura do pavimento da BR-324 no trecho Feira de Santana – Amélia

Rodrigues.........................................................................................................................13

Figura 3 – Esforços nas camadas do pavimento.............................................................20

Figura 4 – Camadas genéricas de um pavimento flexível..............................................21

Figura 5 – Resposta mecânica do pavimento flexível: pressões concentradas..............27

Figura 6 – Resposta mecânica do pavimento rígido: pressões mais distribuídas do que

os pavimentos flexíveis...................................................................................................27

Figura 7 – Ação de esforços de tração entre partículas dos materiais............................37

Figura 8 – Ação de confinamento em materiais granulares...........................................37

Figura 9 – Pressões verticais aliviadas com a profundidade..........................................38

Figura 10 – Evolução da deterioração em rodovias pavimentadas................................54

Figura 11 – Localização das estações do trabalho de campo.........................................63

Figura 12 – Trinca interligada tipo couro de jacaré com erosão....................................64

Figura 13 – Desgaste do pavimento, com a presença de ranhura...................................65

Figura 14 – Panelas ou buracos......................................................................................65

Figura 15 – Remendos no pavimento.............................................................................66

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Termos aplicáveis a camadas de revestimentos asfálticos............................24

Tabela 2 – Base Classificatória para Pavimentos...........................................................26

Tabela 3 – Espessuras recomendadas para concretos asfálticos.....................................31

Tabela 4 – Condição do pavimento em função do IGG.................................................57

Tabela 5 – Codificação dos defeitos...............................................................................67

Tabela 6 – Fator de Ponderação......................................................................................68

Tabela 7 – Planilha resumo da avaliação........................................................................69

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ALC – Afundamento de Consolidação Local

ALP – Afundamento Plástico Local

ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres

ATC – Afundamento de Consolidação nas Trilhas de Roda

ATP – Afundamento Plástico nas Trilhas de Roda

CA – Concreto Asfáltico

CAP – Cimento Asfáltico de Petróleo

CBR – California Bearing Ratio

CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado a Quente

CNT – Confederação Nacional dos Transportes

D – Desgaste

DCM – Diretoria de Construção e Manutenção (DERBA)

DERBA – Departamento de Estradas e Rodagens do Estado da Bahia

DNER – Departamento Nacional de Estradas e Rodagens

DNIT – Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes

DRF – Distrito Rodoviário Federal (DNER)

EX – Exsudação

FC-1 – Trincas Isoladas

FC-2 – Trincas Interligadas sem erosão

FC-3 – Trincas Interligadas com erosão

FI – Fissura

FRN – Fundo Rodoviário Nacional

GEPES – Gerência de Pesquisas (DERBA)

GEPRO – Gerência de Projetos (DERBA)

IFC – International Finance Corporation

IGG – Índice de Gravidade Global

IGI – Índice de Gravidade Individual

IP – Índice de Plasticidade

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

J – Trinca Interligada Tipo “Couro de Jacaré”, sem erosão

JE – Trinca Interligada Tipo “Couro de Jacaré”, com erosão

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O – Ondulação

P – Panela

PIB – Produto Interno Bruto

PMF – Pré-Misturado a Frio

PMQ – Pré-Misturado a Quente

PNLT – Plano Nacional de Logística e Transportes

PRO – Procedimento

R – Remendo

TB – Trinca Interligada Tipo “Bloco”, sem erosão

TBE – Trinca Interligada Tipo “Bloco”, com erosão

TCP – Tratamento Contra Pó

TER – Terminologia

TLC – Trinca Isolada Longitudinal Curta

TLL – Trinca Isolada Longitudinal Longa

TRE – Trilha de Roda Externa

TRI – Trilha de Roda Interna

TRR – Trinca Isolada devido a Retração Térmica

TS – Tratamentos Superficiais

TSD – Tratamento Superficial Duplo

TSS – Tratamentos Superficiais Simples

TST – Tratamentos Superficiais Triplo

TTC – Trinca Isolada Transversal Curta

TTL – Trinca Isolada Transversal Longa

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO...................................................................................... 3

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 3

2. JUSTICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA ..................................................... 5

3. OBJETIVOS ............................................................................................................. 6

3.1. Objetivo Geral .............................................................................................. 6

3.2. Objetivos Específicos ................................................................................... 6

4. METODOLOGIA..................................................................................................... 7

CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................. 9

5. A FORMAÇÃO DA REDE RODOVIÁRIA DA BAHIA....................................... 9

5.1. Histórico das rodovias da Bahia ................................................................... 9

5.1.1. Histórico da Implantação, Pavimentação e Melhoramentos da BR-324, no

trecho Salvador – Feira de Santana. .........................................................................12

6. A PROBLEMÁTICA DO PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES................... 14

6.1. A falta de investimentos em rodovias......................................................... 14

6.2. A alternativa de financiamento: a privatização .......................................... 15

6.3. A questão institucional do setor.................................................................. 16

6.4. Controle de peso nas rodovias .................................................................... 18

6.5. Gerenciamento de projeto e de pavimentação ............................................ 19

7. O PAVIMENTO..................................................................................................... 19

7.1. Definições ................................................................................................... 19

7.2. As Camadas dos Pavimentos ...................................................................... 21

7.2.1. Subleitos .......................................................................................................21

7.2.2. Reforços de subleitos....................................................................................22

7.2.3. Bases e sub-bases .........................................................................................22

7.2.4. Pinturas entre camadas .................................................................................23

7.2.5. Revestimentos...............................................................................................23

7.3. Classificação dos Pavimentos..................................................................... 24

8. MATERIAIS PARA PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA....................................... 28

8.1. Bases e Sub-bases Granulares .................................................................... 28

8.1.1. Solo-brita, Solo-agregado ou Solo estabilizado granulometricamente. .......28

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8.1.2. Brita graduada simples .................................................................................29

8.1.3. Macadame hidráulico ...................................................................................29

8.2. Revestimentos Betuminosos....................................................................... 30

8.2.1. Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ).......................................30

8.2.2. Pré-Misturado a Quente (PMQ) ...................................................................31

8.2.3. Pré-Misturado a Frio (PMF).........................................................................31

8.2.4. Tratamentos Superficiais (TS)......................................................................32

9. MECÂNICA DOS PAVIMENTOS ....................................................................... 32

9.1. Módulo Resiliente....................................................................................... 33

9.2. Comportamentos Resilientes Típicos ......................................................... 34

9.3. Interações estruturais dos esforços provocados pelas cargas do tráfego com os

materiais das camadas de pavimentos ........................................................................ 36

9.3.1. Flexão das camadas ......................................................................................36

9.3.2. Confinamento horizontal – Contenção lateral ..............................................37

9.3.3. Compressão vertical e cisalhamento das camadas .......................................38

9.4. Mecanismos de Ruptura do Pavimento ...................................................... 39

9.4.1. Ruptura por esforços excessivos em camadas..............................................40

9.4.2. Fissuração de materiais – Ruptura por Fadiga .............................................40

9.4.3. Ruptura por Deformação Plástica das Camadas...........................................41

9.4.4. Ruptura por Propagação de Trincas..............................................................41

9.4.5. Outros tipos de ruptura .................................................................................42

9.5. Influência do meio físico no subleito e no pavimento................................ 43

10. DEFEITOS EM PAVIMENTOS ASFÁLTICOS .................................................. 44

10.1. Fenda........................................................................................................... 44

10.1.1. Fissura...........................................................................................................44

10.1.2. Trinca 45

10.2. Afundamento .............................................................................................. 45

10.3. Ondulação ou Corrugação .......................................................................... 46

10.4. Escorregamento do Revestimento .............................................................. 46

10.5. Exsudação ................................................................................................... 47

10.6. Desgaste ...................................................................................................... 48

10.7. Panela ou buraco......................................................................................... 49

10.8. Remendo ..................................................................................................... 49

10.9. Outros defeitos............................................................................................ 50

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10.9.1. Polimento......................................................................................................50

10.9.2. Bombeamento de Finos ................................................................................50

10.9.3. Descolamento do Revestimento ...................................................................51

10.9.4. Solapamento .................................................................................................51

10.9.5. Depressão .....................................................................................................52

10.9.6. Inchamento ...................................................................................................52

10.10. Interações entre os defeitos......................................................................... 52

10.11. Evolução da deterioração............................................................................ 53

11. AVALIAÇÃO DOS PAVIMENTOS ASFÁLTICOS............................................ 55

11.1. Avaliações das Condições de Superfície .................................................... 55

11.1.1. DNIT 006/2003 – PRO – Avaliação objetiva da superfície de pavimentos

asfálticos – Procedimento.........................................................................................56

CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO.......................................................................... 59

12. AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE DO PAVIMENTO ........................................... 59

12.1. A rodovia a ser avaliada ............................................................................. 59

12.2. Entrevistas com profissionais dos órgãos rodoviários................................ 60

12.3. Metodologia de avaliação ........................................................................... 61

12.4. Descrição do inventário de ocorrências ...................................................... 62

12.4.1. Trecho avaliado ............................................................................................62

12.4.2. Caracterização do estado do pavimento nas estações...................................63

12.5. Diagnóstico das ocorrências e cálculo do Índice de Gravidade Global...... 66

12.6. Estudo dos mecanismos de deterioração da superfície avaliada................. 70

12.7. Indicação de medidas corretivas ................................................................. 72

CAPÍTULO IV – CONCLUSÃO................................................................................... 74

13. CONCLUSÃO........................................................................................................ 74

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 76

ANEXOS ........................................................................................................................ 79

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3

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso trata de uma avaliação da superfície do pavimento

da rodovia BR-324, identificando as suas falhas a fim de se obter um diagnóstico da condição

do pavimento.

Na década de 1990, a deficiência na manutenção da rede rodoviária federal e o

aumento do volume expressivo de tráfego da malha estadual contribuíram para a deterioração

das estradas de rodagens baianas. Isso elevou os custos de transportes e, por conseqüência, da

produção, aumentando o número de acidentes a despeito dos intensos esforços do Governo do

Estado para ampliar a rede de acesso a novas regiões produtoras e recuperar parte da malha

deteriorada.

No Brasil, constantemente, a imprensa retoma a questão rodoviária como assunto em

destaque, mas, pelo menos aparentemente, sem conseguir mirar uma solução adiante. A

Pesquisa Rodoviária de 2006, divulgada pela Confederação Nacional de Transporte (CNT),

classificou como regular, ruim e péssimo o estado geral de 75% dos 84.382 quilômetros das

rodovias federais verificadas. Na Bahia, os números são preocupantes. O Estado possui dois

lugares entre os dez piores da lista da CNT, ocupando a terceira e a quinta posição no ranking

das 109 ligações pesquisadas.

Entre os vilões das rodovias estão a falta de recapeamento, o desgaste das sinalizações

horizontal e vertical, a ausência ou erros na metragem dos acostamentos. Somam-se a estes

fatores de risco a falta de acompanhamento técnico dos trabalhos e até a inexistência de

pavimentação.

Com o desgaste contínuo da superfície dos pavimentos flexíveis no decorrer da sua

vida útil, que se estende da ordem de pouco mais de 10 anos (MEDINA, 1997), surgem o que

os autores chamam de defeitos ou patologias, que estão bastante relacionadas não somente aos

materiais empregados como também relacionadas ao comportamento mecânico peculiar de

cada pavimento.

Segundo BALBO (1997), tais patologias funcionais, nitidamente associadas às

irregularidades presentes na superfície do pavimento, longitudinais ou transversais podem ser

encaradas como resultantes de processos de natureza essencialmente estrutural: deformações

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4

plásticas, que ocorrem com maior ou menor intensidade em cada uma das camadas do

pavimento.

A norma do DNIT 006/2003 – PRO estabeleceu critérios objetivos de se quantificar o

estado do pavimento quanto a tais deformações, estabelecendo valores mínimos aceitáveis

pelos usuários para o parâmetro serventia, ou seja, uma medida de quão bem o pavimento

atende ao tráfego com conforto e segurança aos usuários.

Desta forma, esta pesquisa pretende avaliar de forma objetiva o estado em que se

encontra a rodovia BR-324 do estado da Bahia, no trecho Feira de Santana – Amélia

Rodrigues, estabelecendo indicadores de qualidade do pavimento, e propor medidas corretivas

e de conservação.

A estrutura deste trabalho está dividido em 4 capítulos. O Capítulo I, denominado de

Introdução, consiste na introdução propriamente dita, na justificativa e importância do tema,

nos objetivos (geral e específicos) e na metodologia.

O Capítulo II, referente à Revisão Bibliográfica, se divide em 7 tópicos, sendo que o

primeiro se refere à formação da rede rodoviária da Bahia, ressaltando o histórico da

implantação da BR-324 e critérios de execução desta rodovia. O segundo tópico, o item 6,

descreve a problemática do planejamento de transportes. Já o terceiro e quarto tópico deste

capítulo, o item 7 e 8, discorrem, respectivamente, sobre o pavimento, sua classificação, a sua

estrutura e sobre os materiais mais utilizados em bases e sub-bases, no revestimento, do

pavimento asfáltico, que é o foco deste trabalho. O item 9 refere-se à Mecânica dos

Pavimentos, onde se estuda o comportamento resiliente da estrutura do pavimento e seus

mecanismos de ruptura. Já o item 10, descreve os defeitos inerentes ao pavimento, os

mecanismos de formação das falhas, suas evoluções e suas prováveis causas. O último item

deste capítulo apresenta os procedimentos do DNIT normalmente utilizados para a avaliação

da condição de superfície e descreve o procedimento escolhido para a avaliação do pavimento

da BR-324.

O Estudo de Caso compõe o Capítulo III, que consiste na avaliação da superfície do

pavimento da rodovia BR-324, no trecho entre Feira de Santana e Amélia Rodrigues. Os

critérios utilizados para a escolha da rodovia, os levantamentos de dados, a apresentação e

análise de resultados e as indicações de medidas corretivas para o trecho avaliado serão o foco

do capítulo.

O Capítulo IV envolve a conclusão do trabalho, sugerindo assuntos para a continuação

do estudo. Os anexos e as referências consultadas vêm logo em seguida.

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2. JUSTICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA

O estudo do transporte rodoviário é de fundamental importância para o

desenvolvimento das cadeias produtivas modernas em função de sua grande flexibilidade e

reduzido prazo para cumprir as demandas da sociedade. Estes são dois dos principais fatores

de impulso ao desenvolvimento dos países neste novo milênio.

O Brasil, dadas as peculiaridades de sua geografia e necessidades de crescimento

econômico, tem na malha rodoviária seu instrumento de maior agilidade na movimentação de

cargas e de passageiros, permitindo a geração de riquezas. A própria malha rodoviária em si, é

um grande ativo do país, e, como tal, deve ser conservada e ampliada.

Segundo a Confederação Nacional de Transporte (CNT), na atual realidade brasileira,

o setor de transporte rodoviário possui papel fundamental, pois detém cerca de 96,2% da

matriz de transporte de passageiros e de 61,8% da matriz de transporte de cargas. Sendo

assim, o monitoramento deste setor, além de uma constante avaliação da malha rodoviária,

torna-se cada vez mais requerido para o desenvolvimento da economia regional, como

subsídio ao planejamento estratégico.

A avaliação das manifestações patológicas do pavimento das rodovias é uma excelente

maneira de garantir seu melhor funcionamento, para prever sua durabilidade, além de ajudar a

definir qual solução é mais conveniente para a atividade de restauração. Desta maneira, os

órgãos responsáveis pela execução dos serviços de restauração e manutenção, irão

desempenhar esta tarefa através de indicadores de qualidade do pavimento.

O trecho Feira de Santana – Salvador, na rodovia BR-324, tem uma importante função

no sistema viário baiano, pois desempenha o papel coletor fundamental do tráfego que flui

entre Salvador e as demais regiões, tanto do Estado, quanto do restante do país. Por este efeito

polarizador, constitui-se assim, no trecho rodoviário de maior importância no Estado, em

função da densidade do tráfego que o atravessa. Diante desta condição, encontra-se hoje

completamente duplicado.

Em 2005 o número de acidentes nas rodovias federais chegou a 6.251, com 4.304

pessoas feridas e 493 mortas. No tocante à rodovia federal e ao trecho em que mais se registra

acidentes de trânsito no estado da Bahia, foi detectado através de estudo dos dados fornecidos

pelo sistema BR-BRASIL, que no trecho da rodovia BR 324 compreendido entre o km 517 e

o km 627, (Salvador e Feira de Santana), são registrados cerca de 20,6% do total de acidentes

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no estado, 13,6% de feridos e 10,6% dos mortos registrados em toda a circunscrição da

Policia Rodoviária Federal na Bahia. Foi também apresentado um estudo do Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, sobre Impactos Sociais e Econômicos dos Acidentes

de Trânsito nas Rodovias Brasileiras, que indica os custos monetários dos acidentes. O Brasil

perde anualmente R$ 22 bilhões com os acidentes de trânsito em rodovias/estradas, sendo R$

6,5 bilhões apenas em rodovias federais.

Levando em consideração a importância do trecho, a sua densidade de tráfego e o alto

índice de acidentes, decidiu-se por realizar uma avaliação da superfície do pavimento, no

trecho Feira de Santana – Amélia Rodrigues, para se obter um diagnóstico e, por conseguinte,

a indicação de medidas para a restauração da rodovia.

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

A pesquisa tem como objetivo principal avaliar as condições do pavimento da rodovia

BR-324 do estado da Bahia, no trecho Feira de Santana – Amélia Rodrigues, em relação à

ocorrência de defeitos na sua superfície.

3.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos consistem em:

• Identificar e detalhar as falhas na superfície do pavimento da rodovia BR-324, no

trecho Feira de Santana – Amélia Rodrigues;

• Estudar as possíveis causas das manifestações patológicas;

• Indicar soluções viáveis para intervenções corretivas.

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4. METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos desta pesquisa estão fundamentados na idéia de

qualificar o pavimento da rodovia BR-324 do estado da Bahia, no trecho Feira de Santana –

Amélia Rodrigues, na direção de Salvador. Para tanto, foi necessário realizar um estudo

detalhado sobre a estrutura do pavimento asfáltico, seu comportamento mecânico, bem como

suas falhas provenientes das deformações excessivas provocadas pelas cargas verticais e

horizontais, para obter elementos necessários para uma boa avaliação e caracterização do

pavimento da rodovia em estudo.

Foi realizado um estudo referente à formação da rede rodoviária da Bahia, envolvendo

o histórico de implantação e construção da rodovia BR-324. Os dados consistem no ano de

implantação, pavimentação e melhoramentos e a estrutura de camadas do pavimento a ser

estudado, as dimensões das camadas constituintes e seus respectivos materiais, para que se

faça posteriormente um diagnóstico mais preciso.

Além disso, também foi descrito um estudo que consiste nos motivos que explicam o

estado de funcionamento da malha rodoviária da Bahia, envolvendo questões como o

planejamento dos órgãos responsáveis, as limitações financeiras e as dificuldades da

fiscalização rodoviária com relação ao controle de cargas.

O estudo da mecânica dos pavimentos, que foi abordado neste trabalho, visa explicar o

funcionamento estrutural dos pavimentos sob a ação do tráfego, com base nas observações de

campo. Os mecanismos de ruptura do pavimento, a formação das falhas e os defeitos mais

comuns serão descritos posteriormente.

Os métodos de avaliação da superfície de pavimentos foram analisados a fim de

determinar o que melhor se adequasse ao recorte conceitual do trabalho. A metodologia para o

trabalho de campo está abordada no capítulo referente ao estudo de caso.

Desta forma, para a elaboração da revisão bibliográfica, foram utilizados livros,

artigos técnicos e científicos, teses, dissertações, normas do DNIT (Departamento Nacional de

Infra-estrutura de Transportes), além de periódicos (revistas, jornais, etc.) e entrevistas com

técnicos dos setores responsáveis pela conservação e manutenção das rodovias.

Após esta etapa inicial de estudo e revisão bibliográfica, foram definidos os

procedimentos e formulários a serem adotados, baseados nas normas do DNIT, mais

especificamente a norma DNIT 006/2003 – PRO, a fim de coletar dados de modo a facilitar a

avaliação posterior do pavimento da rodovia.

Page 22: Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARTINA RODRIGUES DOS ANJOS.pdf · Figura 12 – Trinca interligada tipo couro de jacaré com

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O processo de seleção e definição da rodovia BR-324 levou em consideração a

importância sócio-econômica e o volume de tráfego de veículos no entorno da cidade de Feira

de Santana, no estado da Bahia. Os dados referentes ao volume foram obtidos a partir dos

órgãos oficiais de transporte e de informações de empresas do setor. Já a análise econômica

inclui a movimentação de passageiros e de cargas, o potencial de crescimento econômico e a

relevância, atual ou futura, da área de influência do trecho para o desenvolvimento local e

para integração regional.

A partir da definição da rodovia a ser pesquisada e avaliada, foram desenvolvidos os

instrumentos de coletas de dados, desde os formulários em papel até os formulários

eletrônicos para digitação dos dados coletados em campo. A preparação destes instrumentos

de coleta de dados tem como finalidade organizar as informações para a montagem da base de

dados da pesquisa, a fim de realizar a análise estatística e calcular o Índice de Gravidade

Global (IGG).

Antes dos dados coletados em campo, foi necessário coletar dados nos órgãos

responsáveis pela manutenção e conservação da rodovia em estudo, como o DNIT, por

exemplo.

Após a fase de coleta das informações, iniciou-se a apuração e a consistência dos

dados que foram coletados em campo, ou seja, analisando as falhas dos pavimentos e

compondo os indicadores de gravidade global (IGG) e da serventia do pavimento. Diante da

avaliação da condição de superfície do pavimento, foram levantadas possíveis causas que

levaram ao seu mau funcionamento e à redução da sua vida útil.

Com a conclusão da etapa de coleta, tabulação e análise de dados, os resultados foram

apresentados e discutidos e, posteriormente, avaliados a fim de propor soluções viáveis para a

restauração do pavimento da rodovia em estudo.

Page 23: Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARTINA RODRIGUES DOS ANJOS.pdf · Figura 12 – Trinca interligada tipo couro de jacaré com

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CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5. A FORMAÇÃO DA REDE RODOVIÁRIA DA BAHIA

5.1. Histórico das rodovias da Bahia

Na década de 1920, uma verdadeira reviravolta produziu-se no sistema viário baiano,

conduzida por uma grande euforia rodoviarista. O primeiro plano rodoviário, em forma de

legislação com a lei 1.227, foi aprovado pela Assembléia Legislativa do Estado da Bahia em

31 de agosto de 1917, e é considerado um marco na organização dos serviços rodoviários na

Bahia. Este plano foi concebido através da Secretaria de Agricultura, sob a presidência do

secretário Pedreira Franco. A proposta objetivava a construção de estradas de rodagem , como

a ligação Salvador-Feira de Santana e Ilhéus - Itabuna, a fim de interligar zonas produtivas,

portos, estações ferroviárias e mercado consumidor. O estrondoso plano, que não foi

devidamente implementado, tinha uma constituição centralizadora na forma de uma “estrada

de cintura”, contornando a Bahia de Todos os Santos, da qual partiriam outras “estradas de

penetração” ou “regionais” e desde as quais partiriam outras linhas de interconexão ligando-se

com povoados do interior e com ferrovias (ZORZO, 2000).

O resultado direto do plano rodoviário de 1917 foi o início da construção da primeira

estrada de rodagem moderna da Bahia, ocorrida no ano seguinte, a estrada de rodagem da

Capital a Feira de Santana, considerada, desde então a principal conexão terrestre de Salvador

ao sertão (TARQUÍNIO, 1934, citado por ZORZO, 2000). A estrada teve seu trecho final

inaugurado somente em 25 de abril de 1929, mas apesar da demora de sua construção, uma

grande mudança estava em jogo. Na década de 1930, um verdadeiro movimento rodoviário se

alastrou como uma febre política.

O sistema de ferrovias que aparentemente não entrava no novo boom rodoviário,

entretanto, foi decisivo para o desenvolvimento rodoviário, pois o conjunto de vias férreas deu

consistência ao sistema rodoviário em implantação na Bahia. A ferrovia foi o suporte que

havia desencadeado, em grande quantidade, os caminhos de ligação que faziam parte dos

planos rodoviários em gestação. Além disso, cabe lembrar que a implantação das novas

rodovias veio a reboque das mudanças tecnológicas de engenharia introduzidas pela ferrovia,

Page 24: Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARTINA RODRIGUES DOS ANJOS.pdf · Figura 12 – Trinca interligada tipo couro de jacaré com

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tais como os cálculos plani-altimétricos e estruturais e o uso dos equipamentos mecanizados

de construção (ZORZO, 2000).

A partir do fim dos anos de 1940, com a criação do DNER no âmbito nacional, em

1937, o rodoviarismo tomou um peso dentro das políticas de desenvolvimento nacional.

Adhemar Fontes (“Rodoviarismo na Bahia”, 1961, apud ZORZO, 2000) relata que esse

período, que foi marcado pela atuação do Departamento de Estradas de Rodagem da Bahia

(DERBA), resultou na conclusão da BR-13, de Feira de Santana à Barra do Tarrachil no São

Francisco e nos 100 km baianos da BR-4, a Rio – Bahia, além do trecho Feira de Santana –

Ipirá da BR-28.

Em 1938, revisou-se o Plano Rodoviário do Estado e se previu um programa de

construção em quatro redes, a sul, a central, a radial e a do Recôncavo, sendo concluídas

ligações como Cipó – Paulo Afonso, Ibicaraí – Brumado, Muritiva – Itajuípe, São José –

Camacan, Tanquinho – Jacobina, entre outras (ZORZO, 2000).

O ano de 1945 é considerado pelos técnicos rodoviários como divisor de águas para a

construção das vias. Esta foi alimentada pelos vultosos recursos financeiros do Fundo

Rodoviário Nacional - FRN, criado pelo Decreto - Lei nº. 8.463, de 27 de dezembro de 1945,

a chamada "Lei Joppert", em homenagem ao seu mentor, o ministro Maurício Joppert da

Silva. Essa política rodoviária deu autonomia administrativa e financeira aos órgãos

encarregados do sistema rodoviário e garantia de recurso alocado na construção da rede de

vias, independente dos nomes integrantes dos governos.

O modelo de financiamento do setor rodoviário, baseado no FRN, foi responsável pela

construção de um patrimônio representado por cerca de 68.000km de rodovias federais, dos

quais 51.000km pavimentados.

As obras de pavimentação rodoviária tiveram um grande incremento nos anos 50,

quando, fruto do intenso intercâmbio de técnicos do extinto DNER, produziu-se uma grande

transferência de tecnologia oriunda dos Estados Unidos da América do Norte. Entre os anos

de 1945 e 1955, no campo de atuação do governo federal, o avanço se deu na construção da

BR-4 (atual BR-116) e no do governo estadual, a interiorização alcançou o vale o São

Francisco. Foi a época da pavimentação da BR-28, Salvador – Feira de Santana, a atual BR-

324, o que somente se concluiu em 1960.

Após a crise do petróleo de 1973, os governos federal e estadual reduziram seus

investimentos nos transportes. Se em 1975 o governo investia cerca de 1,8% do PIB nos

transportes, esse índice caiu para 0,2% em 1991. Atualmente, a política governamental é de

recuperação da infra-estrutura existente mais do que em implantação de novas vias. Mesmo

Page 25: Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARTINA RODRIGUES DOS ANJOS.pdf · Figura 12 – Trinca interligada tipo couro de jacaré com

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assim, no período a partir da década de 1980, a rede de rodovias teve ampliação, mormente

nas estradas da região do Oeste Baiano e em estradas de ligação das sedes urbanas com a

malha principal. De março de 1979 a novembro de 1982, foram executados pelo DERBA 946

km de pavimentação e 1.482 km de TCP (Tratamento Contra Pó) (ZORZO, 2000).

Segundo dados, do ano de 2003, da Secretaria de Infra-Estrutura do Estado da Bahia

(SEINFRA), a rede rodoviária baiana detinha cerca de 124.713,10 km de rodovias, sendo que

4.214 km correspondem a rodovias federais pavimentadas e 13.476,30 km a rodovias

estaduais pavimentadas (Figura 1).

Figura 1 – Extensão da Rede Rodoviária da Bahia

Fonte: SEINFRA (2003)

O advento da crise do petróleo nos anos 70, a extinção do FRN nos anos 80 e os

investimentos insuficientes destinados ao setor tornaram o sistema rodoviário extremamente

vulnerável. Nos últimos anos, porém, a aplicação de recursos em rodovias vem sendo

gradualmente transferida para as atividades de recuperação e restauração.

Com base nos estudos, realizados por ZORZO (2000), sobre a história da formação e

expansão da rede rodoviária da Bahia, nota-se que a aplicação de recursos em transportes não

se distribui igualmente por todo o território, comprovado pelo decréscimo do investimento no

sentido litoral-interior. A construção das infra-estruturas de transporte é uma parte estratégica

do sistema econômico, com instalação cara e atendendo os interesses e condições políticas

que variam ao longo do tempo.

Page 26: Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARTINA RODRIGUES DOS ANJOS.pdf · Figura 12 – Trinca interligada tipo couro de jacaré com

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5.1.1. Histórico da Implantação, Pavimentação e Melhoramentos da BR-324, no

trecho Salvador – Feira de Santana.

A ligação Salvador – Feira de Santana impunha-se de imediato como primeiro passo

no sentido de criação de um sistema rodoviário, integrando a Capital ao interior do Estado,

tendo em vista a posição geográfica de ambas as cidades. E assim, em 1917, como já foi dito

anteriormente, o governo estadual iniciou as obras dessa importante ligação, concluindo-as

em 1928 e sendo inaugurada apenas em 1929. A rodovia tinha, então, uma extensão de 144

km construída nas melhores condições técnicas da época, e com revestimento primário

(Documento fornecido pelo DNIT/Salvador).

Segundo documentos fornecidos pelo DNIT, no Plano Rodoviário Nacional de 1944, a

rodovia passa a ser incluída na rede federal, como parte integrante da transversal da Bahia.

Em 1949, o DERBA e o antigo DNER decidem pela construção de uma nova rodovia

Salvador – Feira de Santana, ficando o DNER com a construção de um segmento partindo de

Feira de Santana na extensão aproximada de 48 km e o DERBA com a obra do segmento a

partir de Salvador, com extensão aproximada de 60 km.

A nova rodovia teria características técnicas de Via Expressa, rodovia do mais elevado

padrão técnico, com controle total de acesso e os critérios de seleção sob decisão

administrativa dos órgãos competentes, e previa-se a sua duplicação, tendo sido os primeiros

20 km, a partir de Salvador, implantados com plataforma prevendo a duplicação, bem como

35 km, a partir de Feira de Santana, na direção Salvador.

Em 1951, toda a rodovia é delegada ao Governo Estadual que, até 1955, já havia

concluído toda a implantação nos moldes acima mencionados e pavimentado a primeira pista,

na extensão de 55 km, sendo 35 km entre Feira de Santana e Usina de Itapetinguí e 20 km

entre Salvador e Simões Filho (Antiga Água Comprida). A nova rodovia computaria uma

economia de 35 km em relação ao traçado anterior.

O DERBA devolve a rodovia ao DNER em 1956, que prossegue a obra, a princípio

através do 5º DRF (Distrito Rodoviário Federal) e, posteriormente, através da Comissão

Especial de Construção das BR-5 / BR-28, para afinal, em 1960 entregar toda a primeira pista

pavimentada.

O crescimento acelerado do tráfego faz com que, em 1969, o DNER decida pela

duplicação do segmento inicial da rodovia e elabore o seu projeto de duplicação do km 0 ao

34. Os trabalhos são iniciados em 1970 e concluídos em 1972. Em 1973, o DNER decide-se

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pela conclusão do restante do trecho entre o km 34 e Feira de Santana e prepara o novo

projeto, que se conclui em 1976. Em 1977, iniciam-se as obras de duplicação entre o km 34 e

Feira de Santana que, afinal, são concluídas em 1985, com toda a rodovia duplicada.

O revestimento betuminoso utilizado na pavimentação da pista foi o CBUQ (Concreto

Betuminoso Usinado a Quente). Quanto ao acostamento, foi utilizado em apenas alguns locais

o TSD (Tratamento Superficial Duplo).

Com base em documentos fornecidos pelo DNIT/Salvador, as características do

pavimento do trecho Feira de Santana – Amélia Rodrigues, do km 518,80 ao km 541,80 da

mais recente rodovia (duplicada), estão descritas abaixo:

- Revestimento da pista em CBUQ: 0,075 m;

- Revestimento do acostamento em TSD: 0,025 m;

- Base em brita graduada: 0,20 m;

- Sub-base em solo estabilizado: 0,18 a 0,30 m.

Esta estrutura de pavimento corresponde ao trecho Feira de Santana – Amélia

Rodrigues, no qual a presente avaliação foi feita. Comparando com um estudo realizado pelo

IFC (2005), estes dados apresentam algumas incompatibilidades. Segundo o IFC (2005), a

composição do pavimento no trecho Feira de Santana – Amélia Rodrigues consiste numa sub-

base de 20 cm de solo estabilizado, base de 20 cm de solo-brita e revestimento com quatro

camadas de CBUQ de 5 cm (ver figura abaixo), o que relata a quantidade de recapeamentos

que já foram realizados.

Figura 2 – Estrutura do pavimento da BR-324 no trecho Feira de Santana – Amélia Rodrigues

Fonte: IFC (2005)

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Conforme informação do DNIT da unidade de Feira de Santana, há constantemente

três equipes de trabalho, por semana, responsáveis por realizar a manutenção e conservação

do trecho.

6. A PROBLEMÁTICA DO PLANEJAMENTO DE TRANSPORTES

Dentro da complexa problemática do planejamento de transporte, destacam-se os

temas da política de investimentos no setor, envolvendo a falta de recursos, a questão

institucional, a fiscalização para evitar o excesso de cargas nas rodovias (com a utilização de

postos de pesagem), o gerenciamento de custos de projeto e de pavimentação, a operação de

manutenção rotineira e/ou corretivas e o aumento do volume de tráfego superior à ampliação

da malha rodoviária, e outros problemas derivados do desequilíbrio da composição modal dos

transportes.

6.1. A falta de investimentos em rodovias

Diretamente relacionada à quase interrupção da construção de novas estradas e à falta

de conservação das existentes, constata-se forte redução dos investimentos do setor público

federal em transportes a partir de 1975.

Dentre os fatores responsáveis por este quadro negativo destaca-se a eliminação do

Fundo Rodoviário Nacional, cujos recursos estavam vinculados ao setor de transportes. O

pano de fundo foi a crise financeira do estado brasileiro, nas décadas de 1980 e 1990.

De 1975 a 1988, enquanto ainda esteve em vigor o FRN – Fundo Rodoviário

Nacional, os gastos anuais do setor público no segmento de transportes oscilaram entre US$

2,63 e US$ 2,41 bilhões. A partir de então, houve uma queda brusca desses gastos, chegando

a apenas US$ 0,24 bilhão. Desde então, os investimentos do Governo Federal em rodovias

têm sido ampliados, sem, no entanto, retornarem aos valores alcançados antes da década de

1970 (CBIC, 2000).

Page 29: Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARTINA RODRIGUES DOS ANJOS.pdf · Figura 12 – Trinca interligada tipo couro de jacaré com

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A instabilidade do processo de liberação dos valores destinados ao setor pelo

orçamento da União é outro problema grave. Isto tem acontecido desde que o Governo

Federal passou a praticar o chamado “orçamento virtual”, na década de 1980: os gastos

orçamentários são aprovados pelo Congresso, mas, quase sempre, são contingenciados em sua

liberação pelo poder executivo.

No final dos anos 1990, a estratégia de “Eixos de Desenvolvimento”, adotada pelo

Governo Federal, implicou numa elevação do nível de prioridade dos investimentos na infra-

estrutura viária, traduzida na programação de grandes volumes de recursos públicos para

aplicação no setor. De fato, no Plano Plurianual de Aplicações 2000-2003, o Governo Federal

programou investir R$ 16 bilhões em transporte, sendo R$ 9,8 bilhões em rodovias (CBIC,

2000). Há previsão de ampliação de investimentos, mas resta esperar que eles sejam aplicados

conforme planejado.

6.2. A alternativa de financiamento: a privatização

A carência de recursos para realização de investimentos justificou a política de

concessão de rodovias à iniciativa privada. Iniciado pelo Governo Federal com a assinatura do

contrato de concessão da Ponte Rio - Niterói, em 1994, e seguida por diversos estados, o

programa de privatização transformou-se em um novo instrumento de obtenção de recursos

para investimentos rodoviários.

Com o êxito das primeiras experiências, o programa foi ampliado no biênio 1997/98,

com a inclusão de concessão de rodovias estaduais dos estados de São Paulo, Rio Grande do

Sul, Santa Catarina e Paraná. Na Bahia, foi concedido o trecho rodoviário da Estrada do Côco

/ Linha Verde. As concessões concedidas pela União abrangem hoje um conjunto 9.191 km

de rodovias (CBIC, 2000).

Os investimentos realizados pelas concessionárias são dirigidos não apenas para a

cobertura dos gastos operacionais, mas também para a ampliação dos sistemas, para a área de

segurança rodoviária, melhoria em pontes e viadutos, muros de arrimo, tapa buraco,

recapeamento, sinalização, entre outros, já são expressivos. Os trechos sob concessão

passaram a ser os melhores das rodovias nacionais, conforme avaliação de usuários e da CNT

– Confederação Nacional dos Transportes.

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Os 9.191 km concedidos fazem do Brasil um dos países com grande proporção de

rodovias pedagiadas, ou 5,6% da malha pavimentada, somente perdendo para a Argentina,

que tem 16% e o México, com 6,7%. A Itália tem 1,7%. Já a Espanha, a Inglaterra, o Japão, a

França e os Estados Unidos, têm, cada um deles, menos de 0,8% das respectivas malhas

pavimentadas sob pedágio (CBIC, 2000).

Os resultados favoráveis, em termos de investimentos realizados com recursos

privados e dos usuários, foram conseguidos, mesmo com os sérios problemas enfrentados

pelas concessionárias de trechos rodoviários: alteração unilateral de contratos,

questionamento dos valores do pedágio, revisão arbitrária dos investimentos programados,

substituição da diretoria dos órgãos de regulação, etc.

Segundo estimativas, ainda existem pelo menos mais 5.000 a 10.000 km, que podem

ser assumidos pela iniciativa privada, o que possibilitaria investimentos expressivos em

melhoria da malha rodoviária brasileira. Não obstante, apesar de positiva e da necessidade da

sua continuidade, a política de privatização de rodovias terá que ser complementada por

investimentos governamentais, pois nas estimativas mais otimistas, não devem superar os

20.000 km a extensão dos trechos, cujo tráfego gera receita suficiente para remunerar

diretamente os investimentos.

As outras alternativas de concessão rodoviária atualmente em estudo – o contrato

permanente de manutenção rodoviária é uma delas – estão baseadas em financiamento com

recursos públicos. Portanto, tendo em vista o limite da estratégia de privatização de trechos

rodoviários, a questão setorial mais importante continua sendo a de como viabilizar, de forma

estável e permanente, recursos fiscais, em volume compatível com as necessidades de

expansão e melhoria da malha rodoviária brasileira.

6.3. A questão institucional do setor

Hoje, os principais órgãos do Governo Federal, envolvidos com a infra-estrutura de

transporte rodoviário são o Ministério dos Transportes e o DNIT – Departamento Nacional de

Infra-Estrutura de Transportes. Nos estados, as atividades rodoviárias ainda se apóiam em

antigas estruturas de departamentos estaduais de rodovias, os DERs.

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A inadequação do sistema de regulação no setor rodoviário está evidenciada em alguns

fatos. Na sua quase totalidade, esta estrutura foi montada num momento em que não existia,

nem se previa, a presença de concessões e capitais privados na exploração de rodovias.

A concessão já realizada de trechos rodoviários, abrangendo praticamente 5,6% do

total da malha brasileira pavimentada (CBIC, 2000), tem criado questões de caráter

institucional, para as quais os órgãos do setor não estão aparelhados e preparados para tal

operação.

Os órgãos DERs e o DNIT representam diretamente o poder concedente das rodovias.

Para uma adequada regulação, deveria haver outro órgão regulador com independência dos

atores envolvidos (poder concedente, concessionário e usuários da infra-estrutura),

exatamente para poder atuar na solução de conflitos entre eles, resolvendo as questões, em

âmbito administrativo, sem a necessidade de recurso ao Judiciário.

Segundo um estudo realizado pelo CBIC (2000), as outras inadequações da atual

estrutura institucional compreendem:

• O DNIT, as secretarias do Ministério dos Transportes e os DERs, bem como diversos

outros órgãos da administração pública, têm sido esvaziados, em função de uma

política salarial não motivadora, com transferência de técnicos para a iniciativa

privada.

• As funções de regulação fogem completamente à forma tradicional de atuação desses

órgãos. Elas incluem, por exemplo, o estabelecimento de regras para o funcionamento

economicamente eficiente de atores privados, em situações de exploração de

monopólio (nas concessões rodoviárias, por exemplo).

• Não existe atualmente uma amarração entre os programas rodoviários federal,

estaduais e municipais. Essa articulação seria importante para se obter sinergia nos

investimentos realizados pelos três níveis de governo. Nem há formas

institucionalizadas para solucionar questões intergovernamentais, como as suscitadas,

por exemplo, pelas rodovias federais delegadas aos estados.

• Em razão de uma legislação inadequada, o setor de serviços de transporte interestadual

e internacional de passageiros - sobre os quais a ANTT “legisla” - vem sendo, há

muito, “regulado" por meio de simples “portarias”, em aspectos fundamentais como os

que envolvem a estabilidade econômica das concessionárias e os que têm efeitos

distributivos significativos.

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Na ausência de uma reformulação institucional do setor, esta situação tende a se

perpetuar e se estender por todo o setor de infra-estrutura, com conseqüências negativas

previsíveis na condição das rodovias.

6.4. Controle de peso nas rodovias

O excesso de peso transportado nas rodovias brasileiras é um problema grave, que

pode trazer sérias conseqüências à economia do país. Segundo a Lei 9503 de setembro de

1997, do Código de Trânsito Brasileiro, o controle de peso dos veículos nas rodovias sob

concessão é atribuição da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), nas outras a

fiscalização é realizada pelo DNIT (FARUOLO, FERNANDES e BROCHADO, 2006). Tais

órgãos não tem conseguido disciplinar convenientemente as cargas máximas dos veículos.

Segundo João Fortini Albano (2005), o excesso pode reduzir drasticamente a

durabilidade do pavimento, dependendo do método adotado, as reduções na vida útil prevista

para o pavimento podem variar desde 23% até 65%, para excessos de carga de 20% acima dos

limites máximos permitidos por eixo. Os efeitos dos excessos sobre pavimentos delgados, que

apresentam uma resistência menor do que o comum, indicam a redução da durabilidade ainda

maior, podendo atingir valores de até 70%.

O Plano Diretor de Pesagem do antigo DNER tornou-se inoperante e inadequado às

necessidades atuais diante das modificações constantes dos fluxos de cargas, bem como da

evolução de tecnologias na fabricação dos veículos transportadores. Diante disso, este plano

foi reformulado e o DNIT prevê a instalação de 78 Postos de Pesagem de Veículos (45 fixos e

33 móveis), a partir do ano de 2008.

Os objetivos fundamentais do controle de cargas consistem na redução do custo –

Brasil, ou seja, na possibilidade de redução da depreciação da frota, do consumo de diesel e

poluição, do tempo de viagem, entre outros aspectos; assegurar a vida útil dos pavimentos,

pontes e viadutos da rede rodoviária federal pavimentada; e na redução do número e da

severidade dos acidentes ocorridos nas rodovias federais.

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6.5. Gerenciamento de projeto e de pavimentação

Outro fator que dificulta o desenvolvimento da infra-estrutura de transportes no Brasil

é o gerenciamento de custos dos projetos e de pavimentação ao longo da vida útil da estrutura.

Trata-se de uma análise de viabilidade de custos de investimento e custos de operação e

manutenção.

Considerando que as atividades de recapeamento e restauração representam parcelas

mais importantes em termos de custo de reabilitação do pavimento propriamente dito, pode-se

considerar que o custo inicial cresce com o intervalo necessário ao recapeamento.

Um pavimento melhor e de maior espessura, portanto mais caro, implicará na

necessidade de recapeamentos a intervalos maiores, seja porque demorará mais para atingir o

nível de serventia mínimo, seja porque tem maior capacidade de suportar o tráfego

acumulado. Os custos anuais de reabilitação, por outro lado, serão tantos menores quanto

maior o intervalo de recapeamento, variando, portanto, em sentido contrário ao investimento

inicial.

O problema do projeto de um pavimento é, portanto, um problema de minimização de

custo total dentro da vida útil da estrutura, no qual estão envolvidas muitas variáveis de

operação e gerência de serviços de manutenção. A diretriz de projeto do pavimento depende

da comparação entre custos de construção, conservação e operação dos veículos.

7. O PAVIMENTO

7.1. Definições

Segundo o Manual de Pavimentação – DNER (1996), o pavimento é a superestrutura

de uma rodovia, constituído por um sistema de camadas de espessuras finitas, assentes sobre

um semi-espaço considerado teoricamente como infinito – a infra-estrutura ou terreno de

fundação, a qual é designada de subleito.

De acordo com BALBO (2007), a estrutura do pavimento é concebida, em seu sentido

puramente estrutural, para receber e transmitir esforços de maneira a aliviar pressões sobre as

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camadas inferiores, que geralmente são menos resistentes. Para que funcione adequadamente,

todas as peças que a compõe devem trabalhar deformações compatíveis com sua natureza e

capacidade portante.

Tal adequação deve ocorrer para se evitar processos de ruptura ou danificação de

forma prematura e inadvertida nos materiais que constituem as camadas do pavimento (Figura

3).

Figura 3 – Esforços nas camadas do pavimento

Fonte: BALBO (2007)

Portanto, devido a fatores técnico-econômicos, o pavimento é composto por camadas

de materiais de diferentes resistências e deformabilidades, que por estarem em contato,

resultam em comportamentos de elevado grau de complexidade, no que se refere ao estudo

das tensões e deformações.

À medida que se passa a analisar o pavimento como um sistema de camadas e a

calcular as tensões e deformações, considera-se a absorção dos esforços de tração pelas

camadas superficiais dotadas de maior rigidez, como o concreto asfáltico. O estado de tensões

numa camada espessa de concreto asfáltico tem influência na tensão transmitida ao subleito

(MEDINA, 1997).

A ruptura mais comum do pavimento, após atingir sua vida-útil (em torno de 10 anos),

é a ruptura por fadiga, atingida pelo trincamento progressivo. A fadiga ocorre pela repetição

das tensões de tração do pavimento. Isto pode ser mitigado com estudos que consideram a

resiliência do material empregado nas camadas do pavimento, mostrando a influência da

deformabilidade das camadas de revestimento e da base granular.

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7.2. As Camadas dos Pavimentos

Cada camada do pavimento possui uma ou mais funções específicas, que devem

proporcionar aos veículos as condições adequadas de suporte e rolamento em qualquer

condição climática. As cargas aplicadas sobre a superfície do pavimento acabam por gerar um

estado de tensões na estrutura, que muito dependerá do comportamento mecânico de cada

camada e do conjunto delas. Recorde-se que as cargas são aplicadas por veículos e também

pelo ambiente, geralmente de modo transitório; são, portanto, cíclicas e repetitivas, o que não

implica na manutenção de suas respectivas magnitudes (BALBO, 2007).

Em linhas gerais, pode-se dizer que as cargas externas geram esforços solicitantes

verticais e horizontais. Os esforços verticais podem ser reduzidos a solicitações de

compressão e cisalhamento; os esforços horizontais podem inclusive solicitar certos materiais

à tração ou simplesmente atuar confinando outros materiais.

Segundo BALBO (2007), respeitando uma terminologia coerente, de uma forma mais

completa possível, o pavimento possui as seguintes camadas: revestimento, base, sub-base e

reforço do subleito (Figura 4). Dependendo do caso, o pavimento poderá ou não possuir

camada de sub-base ou de reforço.

Figura 4 – Camadas genéricas de um pavimento flexível

Fonte: BALBO (2007)

7.2.1. Subleitos

O subleito se refere à fundação. Os esforços impostos sobre a superfície do pavimento

serão aliviados com a profundidade. Deve-se, portanto, ter maior preocupação com os estratos

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superiores onde os esforços solicitantes atuam com maior magnitude. O subleito será

constituído de material natural consolidado e compactado, por exemplo, nos cortes do corpo

estradal, ou por um material transportado e compactado, no caso dos aterros (BALBO, 2007).

7.2.2. Reforços de subleitos

O emprego de camada de reforço de subleito não é obrigatório, pois espessuras

maiores de camadas superiores poderiam, em tese, aliviar as pressões sobre um subleito

medíocre. Contudo, procura-se utilizá-lo por razões econômicas, pois subleitos de resistência

baixa exigiriam, do ponto de vista de projeto, camadas mais espessas de base (e mais caras) e

sub-base. Logicamente, o reforço do subleito por sua vez, resistirá a solicitações de maior

ordem de grandeza, respondendo parcialmente pelas funções do subleito e exigindo menores

espessuras de base e sub-base sobre si (BALBO, 2007).

7.2.3. Bases e sub-bases

Pode-se concluir que os esforços verticais transmitidos ao subleito devem ser

compatíveis com sua capacidade de suporte. Essa assertiva é naturalmente válida para

qualquer outra camada do pavimento. Para aliviar as pressões sobre as camadas de solo

inferiores, surgem as camadas de base e sub-base, que também podem desempenhar papel

importante na drenagem subsuperficial dos pavimentos (BALBO, 2007).

Quando a camada de base exigida para desempenhar tal função (distribuir os esforços

para camadas inferiores) é muito espessa, procura-se por razões de natureza construtiva e

econômica, dividi-la em duas camadas, criando-se, assim, uma sub-base, geralmente de

menor custo.

As bases podem ser constituídas por solo estabilizado, misturas de solos e agregados

(solo-brita), brita graduada e brita graduada tratada com cimento, solo estabilizado

quimicamente com ligante hidráulico ou asfáltico, concretos, etc. Para as sub-bases, podem

ser utilizados os mesmos materiais citados para o caso das bases. Para os solos estabilizados

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quimicamente, de maneira geral, os consumos de agentes aglomerantes são pequenos

(BALBO, 2007).

7.2.4. Pinturas entre camadas

Entre muitas das camadas de pavimento mencionadas, faz-se necessária a execução de

um filme asfáltico, que será denominado “pintura de ligação” (com função de aderir uma

camada à outra) ou “imprimação impermeabilizante” (com a função de impermeabilizar uma

base constituída de solo granular antes do lançamento da camada superior). Entre quaisquer

camadas de revestimento asfáltico, sempre é aplicada uma pintura de ligação. As pinturas de

ligação são aplicadas com emulsões asfálticas, e as imprimações impermeabilizantes, com

asfaltos diluídos (BALBO, 2007).

7.2.5. Revestimentos

O revestimento deverá, dentre outras funções, receber as cargas, estáticas ou

dinâmicas, sem sofrer grandes deformações elásticas ou plásticas, sem a desagregação de

componentes ou, ainda, sem perda de compactação; necessita, portanto, ser composto de

materiais bem aglutinados ou dispostos de maneira a evitar sua movimentação horizontal.

Segundo BALBO (2007), os revestimentos asfálticos são muitas vezes subdivididos e

duas ou mais camadas por razões técnicas, construtivas e de custo. Assim é comum encontrar

expressões como “camada de rolamento” e “camada de ligação” (do inglês binder) para

descrever um revestimento dividido em duas camadas de diferentes materiais. A tabela 1

abaixo apresenta as possíveis camadas de revestimento asfáltico, de acordo com a

terminologia empregada no meio rodoviário.

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Tabela 1 – Termos aplicáveis a camadas de revestimentos asfálticos

Fonte: BALBO (2007)

7.3. Classificação dos Pavimentos

Dentre os autores estudados, a terminologia mais empregada é a do Manual de

Pavimentação (1996). Normalmente, os pavimentos se classificam em flexíveis e rígidos.

Segundo o Manual, pavimento flexível é uma estrutura constituída de uma ou mais camadas

de espessura finita, assente sobre um semi-espaço infinito, cujo revestimento é do tipo

betuminoso. Já o pavimento rígido é o formado, predominantemente, por camadas que

trabalham sensivelmente à tração.

Entretanto, há situações intermediárias em que é difícil estabelecer um limite entre as

duas categorias do pavimento. Os materiais tratados com cimento, cal etc., bem como certas

misturas betuminosas, resistem apreciavelmente à tração.

O dimensionamento de pavimentos flexíveis se limita à resistência do subleito e

também leva em consideração a deformação específica de tração na camada inferior do

revestimento; enquanto que, no caso de pavimentos rígidos, é limitado pela resistência do

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próprio pavimento. Não sendo assim, podem ser classificados como semi-rígidos e semi-

flexíveis.

Segundo estudos realizados por BALBO (1997), os europeus têm aplicado com uma

certa freqüência um outro tipo de pavimento denominado composto, que consiste de um

pavimento de concreto revestido por uma camada de rolamento elaborada com algum tipo de

mistura asfáltica.

Além disso, um método bastante utilizado em outros países chamado white-topping

vem sendo muito empregado aqui no Brasil e consiste de reforços em antigos pavimentos

flexíveis com uma camada de 50 a 150 mm de concreto de cimento Portland, com juntas mais

próximas e sem barras de transferências de cargas entre as placas.

Os termos rígido e flexível nem sempre dizem respeito ao comportamento da estrutura

como um todo, pois dependendo das condições climáticas, como por exemplo, o concreto

asfáltico será um material bastante rígido ou bastante flexível. Diante de tantas colocações, a

tabela a seguir fornecerá uma base classificatória que irá auxiliar na classificação dos

pavimentos.

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Tabela 2 – Base Classificatória para Pavimentos

Fonte: BALBO (2007)

Pode-se observar, conforme o indicado na Tabela 2, que há vários tipos de

combinação de camadas, eliminando restrições quanto ao uso de um revestimento flexível

sobre uma base rígida, e vice-versa, tornando-se difícil estabelecer um critério único de

classificação.

Yoder e Witczak (1975), citado por BALBO (2007), fornecem uma clara diretriz que

pode ser tomada quando discutem a diferença mais expressiva entre pavimentos rígidos e

flexíveis, que é a forma como cada qual distribui os esforços sobre si aplicadas no solo da

fundação (subleito).

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Uma dada carga atuante sobre um pavimento flexível impõe nessa estrutura um campo

de tensões muito concentrado, nas proximidades do ponto de aplicação dessa carga (Figura 5).

No pavimento rígido, verifica-se um campo de tensões bem mais disperso, com os efeitos da

carga distribuídos de maneira semelhante em toda a dimensão da placa (Figura 6), o que

proporciona menores magnitudes de esforços verticais (pressões) sobre o subleito. Assim, em

linhas gerais, um pavimento com resposta mecânica rígida impõe pressões bem mais

reduzidas sobre o subleito, para uma mesma carga aplicada sobre a estrutura (BALBO, 2007).

Figura 5 – Resposta mecânica do pavimento flexível: pressões concentradas.

Fonte: BALBO (2007)

Figura 6 – Resposta mecânica do pavimento rígido: pressões mais distribuídas do que os pavimentos flexíveis.

Fonte: BALBO (2007)

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8. MATERIAIS PARA PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA

8.1. Bases e Sub-bases Granulares

Alguns dos materiais mais utilizados para base e sub-base dos pavimentos asfálticos e

que foram empregados no trecho em estudo são apresentados abaixo.

8.1.1. Solo-brita, Solo-agregado ou Solo estabilizado granulometricamente.

Uma base densa e relativamente impermeável deverá satisfazer determinadas

especificações – granulometria, limite de liquidez, índice de plasticidade e CBR – cuja

estabilização pode ser conseguida de forma natural ou artificial (SENÇO, 1997).

O aproveitamento de um solo de características medíocres ou com propriedades

indesejáveis para fins de pavimentação poderá ocorrer com o emprego de procedimentos de

melhoria do solo com agregados, o que se denomina mistura solo-agregado ou solo-brita.

Embora as especificações estrangeiras para solos estabilizados granulometricamente

levem em consideração necessidades de boa distribuição granulométrica, podem ser usadas

outras misturas. Misturas solo-agregado descontínuas são misturas de solo com agregados ou

materiais britados mal graduados (BALBO, 2007). Tais misturas, mesmo mal graduadas, são

empregadas em muitas regiões do Brasil como bases e sub-bases de pavimento, para trafego

leve até pesado.

Para se ter uma referência, os critérios tradicionais de dosagem limitam em cerca de

25% a quantidade de solo na mistura, que deve apresentar IP (Índice de Plasticidade) próximo

a zero, o que, em geral, não resulta em misturas econômicas. A prática com solos lateríticos

no Brasil tem demonstrado bom comportamento de mistura solo agregado ou solo brita na

razão de meio a meio, sendo a brita ou agregado descontínuo (BALBO, 2007).

No trecho escolhido para avaliação, Feira de Santana – Amélia Rodrigues, como visto

anteriormente no histórico de implantação da BR-324, o solo estabilizado

granulometricamente foi utilizado como material de sub-base, com espessura de 20 cm de

camada.

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8.1.2. Brita graduada simples

Trata-se de um material resultante da mistura, em usina apropriada, de agregados

britados que passaram por processo de peneiramento e foram classificados (divididos e

estocados por faixas de diâmetros).

As frações provenientes de britagem, em geral de uma mesma rocha, resulta em

mistura bem graduada, com umidade controlada em usina. Isso se segue de compactação do

material em pista. Seu emprego é dos mais amplos em pavimentação, tendo substituído de

modo relevante, o emprego de macadames hidráulicos, comuns no passado (BALBO, 2007).

Constituem camadas de bases e de sub-bases de elevada qualidade quando compactada

corretamente. São normalmente empregadas em camadas de 10 cm a 20 cm em diversos tipos

de pavimentos e para quaisquer tipos de tráfegos.

Ainda com base no histórico de implantação da BR-324, o trecho Feira de Santana –

Amélia Rodrigues utilizou como material de base a brita graduada simples, com uma camada

de 20 cm de espessura.

8.1.3. Macadame hidráulico

Trata-se de uma camada resultante da compressão de agregados graúdos seguida de

preenchimento de vazios do agregado graúdo por agregados miúdos, o que é realizado com o

auxilio de varrição, de água e de compressão mecânica. Consegue-se, com o auxilio da água,

a colmatação dos vazios dos agregados graúdos, sendo o material de enchimento normalmente

o pó-de-pedra. (BALBO, 2007).

O termo “macadame” retrata uma homenagem a John McAdam, engenheiro escocês

que em 1836 substituiu os serviços de assentamento de pedras pela construção de camadas de

agregados graúdos devidamente comprimidas. O macadame hidráulico é uma variante do

macadame original (SENÇO, 1997).

O macadame hidráulico é um material de largo emprego no Brasil; para exemplificar,

entre as vias que empregaram essa técnica em sua pavimentação, citam-se a Avenida Paulista

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(1903) e a Rodovia Presidente Dutra (1956). Até mesmo o trecho Amélia Rodrigues – Feira

de Santana da BR-324 (1960) o empregou.

Durante décadas este material foi preferencial para pavimentação, perdendo depois

terreno para brita graduada simples; em parte, esta alteração ocorreu pelo processo artesanal e

mais lento de execução do macadame hidráulico, cujo resultado, em termos de qualidade fica

muito suscetível à experiência de quem o executa.

8.2. Revestimentos Betuminosos

8.2.1. Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ).

O Concreto Betuminoso Usinado a Quente designado CBUQ, ou simplesmente

Concreto Asfáltico (CA), pode ser considerado a mais comum e tradicional mistura asfáltica a

quente empregada no país, seja pelos materiais empregados em sua fabricação, seja também

pelos processos de controle exigidos para sua execução, em usina e em pista. Este tipo de

revestimento foi utilizado na construção do pavimento da BR-324 e nos seus recapeamentos.

O CBUQ é um material para execução de revestimentos de pavimentos, incluindo as

capas de rolamento e camadas de ligação, obtido a partir da mistura e homogeneização de

CAP (Cimento Asfáltico de Petróleo) com agregados minerais (naturais ou artificiais, britados

ou em sua fórmula disponível). Em geral, os agregados são bem graduados, acrescidos de

material fino de enchimento – filer (pó-de-pedra, finos calcários ou cimento Portland) e de

cimento asfáltico de petróleo (CAP). Trata-se de uma mistura elaborada a quente, em usina

misturadora, contínua ou descontínua, de grande, media ou pequeno porte (BALBO, 2007).

Normalmente a espessura final desejada para um revestimento em concreto asfáltico

acaba por impor a sua compactação em camadas distintas, com ou sem alteração de faixas

granulométricas. Esse procedimento é empregado para a garantia da correta densificação do

material (Tabela 3). Na ocorrência de execução de duas camadas de revestimento, a camada

superficial recebe o nome de capa de rolamento ou camada de desgaste e a camada inferior

recebe o nome de binder ou camada de ligação. Um concreto asfáltico poderá ainda ser

utilizado como camada com a função de regularização do nível do greide de uma superfície de

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pavimento antiga e irregular, quando então será designada camada de regularização ou

camada de nivelamento (BALBO, 2007).

Tabela 3 – Espessuras recomendadas para concretos asfálticos

Fonte: BALBO (2007)

8.2.2. Pré-Misturado a Quente (PMQ)

Os pré-misturados a quente são misturas asfálticas semelhantes ao CBUQs, porém

elaboradas sem a introdução de material de enchimento, sendo em geral compostos quanto ao

diâmetro por apenas um ou dois tipos de agregados. Resultam, portanto, em misturas mais

abertas (com maior índice de vazios) que os CBUQs, não existindo especificações rígidas

quanto à dosagem dos agregados. Por resultarem em camadas mais flexíveis e serem menos

custosos que os CBUQs, são preferencialmente utilizados como camada de regularização ou

de ligação. As espessuras finais de compactação limitam-se entre 30 mm e 90 mm, segundo a

faixa granulométrica adotada para sua fabricação (IBP, 1990, citado por BALBO, 2007).

8.2.3. Pré-Misturado a Frio (PMF)

O pré-misturado a frio constitui uma mistura de agregados e materiais asfálticos

poucos viscosos (emulsões) à temperatura ambiente, empregando algum equipamento

misturador, sem a necessidade de aquecimento dos agregados ou do ligante.

Vale ressaltar que, em misturas abertas, sempre é recorrente o problema da coesão do

ligante asfáltico com esqueleto mineral da mistura. Além de ser reduzida, a coesão é

impunemente prejudicada pela ação de água permeando a mistura, o que contribui para a

oxidação e lavagem do ligante no decorrer do tempo. (BALBO, 2007).

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O PMF é utilizado como camadas de pavimentos, mas é mais freqüente na aplicação

como material para execução de serviços de manutenção em vias urbanas e mesmo em

rodovias (tapa-buraco).

8.2.4. Tratamentos Superficiais (TS)

Os tratamentos superficiais são revestimentos delgados constituídos por asfaltos e

agregados, executados na pista sobre a base ou sobre o revestimento existente de um

pavimento, não sendo utilizados processos de usinagem em sua execução.

Os materiais asfálticos aplicáveis na execução dos tratamentos superficiais são os

CAPs, os asfaltos diluídos e as emulsões asfálticas. Os teores destes materiais devem ser

fixados para cada caso em projeto, em função do material asfáltico disponível. O tipo e as

características dos agregados a serem utilizados podem ter influência marcante na fixação de

teores ou taxas de aplicação (BALBO, 2007).

Conforme o processo construtivo adotado para a execução, esses tratamentos podem

ser designados tratamentos por “penetração invertida” ou por “penetração direta”, consistindo

em camadas simples (TSS), dupla (TSD) ou tripla (TST).

Este tipo de material foi utilizado na rodovia em estudo, a BR-324, como revestimento

do acostamento.

9. MECÂNICA DOS PAVIMENTOS

A Mecânica dos Pavimentos é a ciência desenvolvida para cálculo de pavimentos e

dimensionamento de camadas. Sua aplicação objetiva definir, com maior exatidão, a estrutura

dos pavimentos a partir do conhecimento de suas características elásticas perante o tráfego,

definidas através dos módulos de resiliências e dos coeficientes de Poisson dos materiais que

compõe as suas camadas e, inclusive, o subleito (ALBERNAZ, CALDAS e OLIVEIRA,

1996).

Conhecidos estes parâmetros, e mais as espessuras das camadas e a magnitude e a

distribuição das cargas por eixo que transitam na rodovia, calculam-se as tensões,

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deformações e deslocamentos em quaisquer pontos da estrutura. Comparando-se essas tensões

e deformações com as admissíveis de cada material do sistema pavimento/subleito,

determinam-se as espessuras das camadas que atendem aos critérios de confiabilidade,

durabilidade e economia (ALBERNAZ, CALDAS e OLIVEIRA, 1996).

Segundo BUZATTI (1982), nos estudos teóricos, muitas são as dificuldades impostas

ao se tentar analisar os efeitos das cargas dinâmicas nos diversos materiais constituintes dos

pavimentos. Por este motivo, parte-se normalmente de estudos baseados em solicitações

causadas por cargas estáticas. São bastante diversas, entretanto, as condições de tensão e

deformação impostas a um pavimento por um veículo parado ou em movimento normal. Não

obstante, a análise teórica constitui um instrumento de grande valor para a compreensão do

comportamento dos pavimentos, para a interpretação de resultados experimentais e para a

generalização de dados empíricos.

Segundo MEDINA (1997), ensaios dinâmicos ou de cargas repetidas dos solos do

subleito e das misturas asfálticas fornecem os parâmetros de deformabilidade necessários ao

dimensionamento. Além disso, variações sazonais e diárias de temperatura e umidade do

subleito e das camadas do pavimento influenciam no comportamento mecânico do pavimento,

em suas respostas às cargas do tráfego.

Ensaios de campo, deflectometria, medições com sensores de força, deslocamento e

temperatura, pesagens de veículos e avaliação de defeitos em pavimentos completam o quadro

de dados experimentais necessários à calibração dos modelos de desempenho estrutural

(MEDINA, 1997).

9.1. Módulo Resiliente

Segundo MEDINA (1997), a característica fundamental de um material, do ponto de

vista estrutural, é sua capacidade de armazenar energia de deformação, o que basicamente

exige, portanto, o registro de deformações sofridas pelo material face a carregamentos

impostos em um dado volume de contorno. O estado de tensões ao qual o material estará

sujeito é uma condição que dependerá muito das condições geométricas do elemento

estrutural e ainda da própria geometria de aplicação da carga.

O termo módulo de resiliência foi empregado originalmente pelo engenheiro F.N.

Hveem, em 1938, por considerar que as deformações medidas em materiais de pavimentação

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flexível eram de magnitudes muito superiores aos materiais convencionais (concreto, vidro e

aço). Esse fato, associado à sujeição das estruturas de pavimentos e de seus materiais a cargas

repetitivas, induz ao modelo que considera o processo de fadiga nos materiais de

pavimentação (MEDINA, 1997).

O valor deste parâmetro é dependente da forma como a carga é aplicada relativamente

ao formato da peça estrutural ou amostra laboratorial, no ensaio que se pretende estudar as

características de deformabilidade. Assim, tipo de teste condicionará a resposta da

deformação medida (à tração, à compressão, à flexão, à torção, ao esforço cisalhante, etc.)

devendo ser especificado o tipo de módulo de resiliência em questão, em função do tipo de

ensaio.

É importante frizar que o módulo de resiliência refere-se estritamente a deformações

de natureza elástica ou resiliente, não dizendo respeito a deformações plásticas sofridas por

ações das cargas. Trata-se, portanto, da deformação resiliente de uma deformação recuperável

após cessada a ação da carga, recuperação esta cujo tempo demandado poderá variar de

material para material, em função de suas propriedades visco elásticas (MEDINA, 1997).

9.2. Comportamentos Resilientes Típicos

A deformação resiliente pode ser vista a nível microscópico como deformação elástica

das partículas do solo e dos aglomerados de partículas. É a deformabilidade “elástica” ou

resiliente, das camadas do pavimento e do subleito, que condiciona a vida de fadiga das

camadas superficiais mais rijas (revestimentos asfálticos).

A descrição do comportamento resiliente dos materiais de pavimentação é

normalmente realizada, para os materiais dos solos e agregados, relacionando-se o valor do

módulo de resiliência com as tensões de desvio ou confinantes sofridas pela amostra em

ensaio.

As misturas estabilizadas com ligantes hidráulicos, empregadas como bases ou sub-

bases cimentadas, possuem a peculiaridade, em geral, de resultarem em módulos de

resiliência constantes independentemente do nível de tensões aplicadas. Como tais valores

geralmente resultam bem mais elevados que outros materiais de pavimentação, não é

incomum o emprego do termo módulo de elasticidade em tais casos.

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Os concretos asfálticos ou CBUQ’s, como as demais misturas betuminosas usinadas,

têm seus valores de módulos de resiliência muito afetados pela temperatura de serviço, pois

tal sensibilidade à temperatura é herdada dos cimentos asfálticos empregados (MEDINA,

1997).

Segundo MEDINA (1997), o módulo resiliente depende da natureza do solo

(constituição mineralógica, textura, plasticidade da fração fina), umidade, densidade e estado

de tensões (peso próprio mais tensões causadas pelas cargas dos veículos). O módulo é

determinado no ensaio triaxial de cargas repetidas.

O modo como se arrumam e aglomeram as partículas do solo, assim como a

quantidade de água de compactação e de equilíbrio são determinantes na deformabilidade e

são fatores importantes para determinar o módulo resiliente do solo (MEDINA, 1997).

No estudo da deformabilidade de materiais granulares graúdos, procura-se levar em

conta tensões normais e tensões cisalhantes. Com base nos estudos realizados por

pesquisadores ingleses da Universidade de Nottingham, citados por MEDINA (1997), a

distribuição de tensões não influi na deformação resiliente, mas sim na deformação

permanente.

Verifica-se, com base no artigo elaborado por SEVERI, BALBO, RODOLFO,

SESTINI e PRIETO (1999), que os materiais tipicamente granulares (britas graduadas,

pedregulhos, bicas corridas, macadames hidráulicos, saibros, saprólitos, etc.), possuem

módulo resiliente dependente da tensão de confinamento aplicada. Quanto mais confinados

encontra-se um material granular, maior seu módulo de resiliência e, portanto, menos

deformação resultaria da aplicação de uma mesma carga.

Os solos finos apresentam contrariamente um comportamento resiliente dependente da

tensão-desvio. Este comportamento é corriqueiramente chamado de bi-linear; normalmente, a

partir de um dado valor da tensão de desvio, o valor do módulo de resiliência torna-se menos

sensível a variações na tensão-desvio. O módulo de resiliência dos solos finos coesivos

registra quedas de magnitude na medida em que a tensão de desvio aumenta, ou seja, para um

valor fixo de tensão confinante, o módulo de resiliência diminuiria com o incremento da

tensão vertical aplicada (MEDINA, 1997).

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9.3. Interações estruturais dos esforços provocados pelas cargas do tráfego com os

materiais das camadas de pavimentos

Os efeitos dos esforços externos aplicados por rodas de veículos (como também por

cargas estáticas de outra natureza), em termos das respostas estruturais, dependerão dos

materiais que constituem as camadas dos pavimentos. Pode-se dizer, que as solicitações

ocorridas nessas camadas são: pressões ou tensões verticais (compressão vertical), flexão

(dobramento), confinamento (compressão horizontal) e cisalhamento como resultado das

pressões verticais (BALBO, 2007).

9.3.1. Flexão das camadas

As cargas de rodas de veículos aplicadas sobre a superfície do pavimento e

distribuídas entre as camadas subjacentes causam, na maioria dos materiais empregados em

revestimentos e em bases, uma tendência ao dobramento das camadas, o que também é

denominado flexão. Os esforços de tração (Figura 7) são mobilizados para resistirem aos

deslocamentos verticais impostos pelas cargas.

Tais esforços ou, melhor formalizando, deformações em tração, que repetidamente

ocorrem em materiais de pavimentação (condição dinâmica de esforços e relaxação

sucessivos), vão paulatinamente provocando deformações plásticas ou microfissuras nessas

zonas; as fissuras, por sua vez, vão se nucleando de maneira incessante, levando os materiais

a um estado de fadiga ou de ruptura (BALBO, 2007).

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37

Figura 7 – Ação de esforços de tração entre partículas dos materiais

Fonte: BALBO (2007)

9.3.2. Confinamento horizontal – Contenção lateral

Quando uma camada de material é limitada em sua face inferior ou superior por

material de rigidez maior, ela se encontra travada entre outras camadas. Além disso, por uma

condição de presença contínua dessa camada mais rígida, que a torna quase infinita, há

limitações para sua mobilidade horizontal, existindo, portanto, uma contenção lateral do

mesmo material (Figura 8), quando não é rígido ou estável pela presença de ligantes em sua

estrutura granular (BALBO, 2007).

Figura 8 – Ação de confinamento em materiais granulares

Fonte: BALBO (2007)

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38

Assim, toda a massa lateral de material granular reage à tentativa do deslocamento

lateral da camada que apresenta maior rigidez, criando sucessivas “barreiras de contenção”.

Em uma condição em que a camada estivesse travada em ambas as faces, superior e inferior,

ocorreria um confinamento ainda maior do material, que apresentaria menores deslocamentos

devido ao aumento fictício de sua rigidez (BALBO, 2007).

9.3.3. Compressão vertical e cisalhamento das camadas

As pressões aplicadas sobre a superfície do revestimento do pavimento são

distribuídas ao longo de sua profundidade e de suas camadas de tal sorte que, sobre cada linha

horizontal imaginária e paralela a esta superfície, atuam também pressões verticais de

magnitudes inferiores às pressões em pontos superiores (Figura 9). Esta distribuição de

pressões na profundidade, considerados os planos horizontais, não é uniforme, sendo sua

solução para rodas múltiplas mais complexas em razão da superposição de efeitos individuais

de cada carga. A própria área de contato do pneu-pavimento não exerce uma pressão uniforme

sobre a superfície, mas para finalidades práticas consideradas uniformes (BALBO, 2007).

Figura 9 – Pressões verticais aliviadas com a profundidade.

Fonte: BALBO (2007)

Os esforços de compressão vertical são reduzidos por ação dos dois outros principais

mecanismos, de flexão e de confinamento, ao longo da profundidade do pavimento, quando as

reações horizontais aos esforços transmitidos pelas cargas são mobilizadas. Estes esforços

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provocam tensões de cisalhamento resultantes do deslocamento ou escorregamento relativo

entre as partículas dos materiais. Os esforços menos expressivos à medida que um material

venha apresentar rigidez elevada e as reações de flexão se mostrem mais importantes na

mobilização de esforços resistentes (BALBO, 2007).

Com relação à grande maioria dos materiais de pavimentação, para os quais

significativos esforços de cisalhamento vertical são mobilizados, o material em dado ponto

transfere deformações ao ponto vizinho. Nesses materiais, a ocorrência de deformações

plásticas cumulativas torna-se importante no decorrer do tempo, causando paulatinamente

formações de trilhas de roda nas zonas superficiais do pavimento mais solicitadas pelo

tráfego.

Essas formações de trilhas de roda, em pavimentos asfálticos, são decorrentes não

apenas das propriedades das misturas asfálticas das capas superiores, mas também da

plasticidade das camadas inferiores. Desse modo, a deformação plástica total na superfície do

pavimento é, em modelos construtivos, determinada pela contribuição individual de cada

camada (BALBO, 2007).

9.4. Mecanismos de Ruptura do Pavimento

Os pavimentos são concebidos para durarem um determinado período. O decréscimo

da condição ou da serventia do pavimento ao longo do tempo é conhecida como deterioração

do pavimento.

Posto que a função primordial do pavimento é proporcionar ao tráfego usuário

condições de rolamento confortável, seguro e econômico, a ruptura se caracteriza pelo não

atendimento dessas condições. Inúmeros fatores podem contribuir, individualmente ou em

conjunto, para a perda do conforto e da suavidade do rolamento do ponto de vista dos

usuários. Diversos parâmetros e índices são utilizados para a aferição do nível de atendimento

funcional de um pavimento, destacando-se entre os mesmos o Valor da Serventia Atual e o

Índice de Gravidade Global.

Uma situação onde a superfície do pavimento não fornece, através de sua

macrotextura, condições adequadas de rolamento para se garantir níveis ideais de aderência

entre pneu e pavimento configura uma condição elevada na segurança. Viscoplanagem e

hidroplanagem são fenômenos que, ainda em grande parte dos países, não são considerados

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nas fase de projeto de um pavimento. Seria sempre aconselhável projetar a mistura asfáltica

do revestimento de modo a ser obtida uma superfície altamente aderente.

O entendimento dos mecanismos que regem o processo de deterioração de um

pavimento é condição essencial para a identificação das causas que o levaram a sua condição

atual, bem como para a escolha e programação da técnica mais adequada para sua restauração.

Com base nos estudos elaborados por BALBO (1997), serão descritos neste trabalho os

principais mecanismos de ruptura do pavimento.

9.4.1. Ruptura por esforços excessivos em camadas

Os materiais de pavimentação, desde que compactados, apresentam resistências

características a determinados tipos de esforços. Um solo compactado apresentará resistência

à compressão, ao cisalhamento e eventualmente, ainda que muito pequena, alguma resistência

à tração caso apresente coesão. Uma brita graduada simples não apresentará resistência à

tração ou à flexão, ao contrário de uma brita graduada tratada com cimento. As misturas

asfálticas,a frio ou a quente, também apresentam resistências a diversos tipos de esforços,

inclusive flexionais e torcionais (SEVERI, BALBO, RODOLFO, SESTINI e PRIETO, 1999).

Caso um esforço solicitante em algum ponto da estrutura de pavimento, em um dado

momento, supere numericamente o valor da resistência específica do material quanto àquele

tipo de esforço, ocorrerá a ruptura do mesmo.

Assim, pode-se chamar de ruptura por esforços excessivos em camadas,

genericamente, qualquer ruptura motivada por esforços solicitantes superiores à resistência

típica do material quanto àquela forma de solicitação.

9.4.2. Fissuração de materiais – Ruptura por Fadiga

O fenômeno de fadiga relaciona-se ao fato que muitos materiais, sendo

sucessivamente solicitados a níveis de tensão inferiores àqueles de ruptura estática (para um

dado modo de solicitação), paulatinamente vão desenvolvendo alterações em sua estrutura

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interna, que resultam em perda de características estruturais internas originais, gerando um

processo de microfissuração que culmina no desenvolvimento de fraturas.

As misturas asfálticas estão sujeitas a este fenômeno. O agente ligante, que não possui

natureza frágil e sim dúctil, suporta deformações plásticas significativas antes que ocorra a

ruptura; no entanto, tais deformações apresentam limites a partir dos quais esforços de

extensão causam uma microfissura na estrutura do material. O fenômeno é progressivo e

causará a fratura do material ao longo do tempo. Os defeitos relacionados com este fenômeno

são as trincas interligadas no revestimento asfáltico.

9.4.3. Ruptura por Deformação Plástica das Camadas

Plasticidade é a capacidade do material em preservar deformações residuais depois de

cessado o estado de esforços ao qual foi submetido. Tais deformações são denominadas

plásticas ou permanentes.

O comportamento mais significativo dos materiais de pavimentação em termos de

pavimentos flexíveis é aquele de natureza elasto-plástica. Solos, misturas estabilizadas,

granulometricamente, pedras britadas e pedregulhos, a cada aplicação de cargas apresentarão

uma componente de deformação residual. De forma cumulativa no decorrer da vida de serviço

de um pavimento, as deformações contribuem para manifestação de defeitos, em especial

afundamento das trilhas de roda.

Tal tipo de processo pode ser considerado como uma condição de ruptura que ocorrerá

com maior ou menor participação de cada camada da estrutura do pavimento flexível. Esta

condição de ruptura está bastante associada à ruptura funcional, sendo mais evidenciada em

situações onde há baixa resistência de camadas inferiores ou ainda quando o fluxo pesado de

veículos comerciais é muito canalizado em faixas de rolamento estreitas.

9.4.4. Ruptura por Propagação de Trincas

A propagação de trincas trata-se de um fenômeno que ocorre pelo contato de uma

camada superior de mistura asfáltica com uma camada inferior, que apresenta trincas em sua

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superfície. Na região de contato onde existe a trinca da camada inferior, quando solicitada por

uma carga, ocorre um estado diferenciado de tensões. Encontrando-se a fibra inferior da

mistura asfáltica do revestimento trabalhando à tração na flexão, a fissura no topo da camada

inferior tende a se abrir.

Esta situação gera um esforço solicitante de magnitude superior aos esforços gerados

por cargas idênticas em regiões de interface onde não existem trincas na camada inferior.

Naturalmente, tornam-se tais pontos de interface sujeitos a um processo de fratura induzida

pela presença da trinca, que paulatinamente se propaga para a superfície, apresentando-se a

descontinuidade num processo progressivo e ascensional.

9.4.5. Outros tipos de ruptura

A retração consiste em variações volumétricas na massa que acabam ocasionando o

surgimento de fissuras em sua estrutura interna. Dentre os vários mecanismos de retração,

destaque especial é dado à retração hidráulica e à retração térmica do pavimento. A retração

hidráulica ocorre ou por secagem ocorre quando há evaporação, ou da água adsorvida a

temperaturas altas ou com a evaporação da água capilar ou livre.

Daí infere-se a necessidade de cura adequada para as misturas cimentadas e para os

concretos em idades jovens. Do exposto, entretanto, vê-se que a retração hidráulica é um

fenômeno de difícil controle, especialmente quando se trabalha com grandes volumes de

materiais cimentados.

A retração térmica ocorre devido a variações de temperatura nas misturas tratadas com

cimento e nos concretos de cimento Portland ou em misturas betuminosas, motivadas por

reações químicas na massa fresca com liberação de calor de hidratação. Tal mecanismo

poderá ser minimizado, porém não completamente eliminado através de uso de cimentos com

baixo calor de hidratação, uso de misturas com menores traços de cimento, proteção da

mistura contra o calor direto durante a cura.

A retração térmica longitudinal da camada, especialmente em bases cimentadas, acaba

por aumentar a abertura de fissuras ou ainda gerar novas fissuras transversais devidas à

restrição do movimento longitudinal dessas placas pelo contato com camadas inferiores.

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9.5. Influência do meio físico no subleito e no pavimento

No subleito e na estrutura do pavimento, os mecanismos como precipitação

atmosférica, variações de temperatura e umidade, e a radiação solar podem influir no

desempenho do pavimento. Esses fenômenos serão aqui enumerados, com base nos estudos

de MEDINA (1997).

A infiltração da água da chuva pode atingir o subleito, através de acostamentos não

revestidos, trincas e juntas não vedadas, poros da superfície envelhecida e condições de

drenagem comprometida.

A oscilação do lençol freático, em razão do acesso da água da chuva, e os gradientes

de temperatura diários e sazonais podem acarretar variações de umidade no subleito,

prejudicando o seu desempenho como apoio para o pavimento.

A ação da água e do calor, associada à ação desagregadora do tráfego, provoca a

intemperização dos materiais que compõem a estrutura do pavimento. Isto porque a

desagregação dos materiais do pavimento expõe novas superfícies à ação físico-química em

contato com a água. As modificações sofridas pelo asfalto – oxidação, polimerização, etc. –

enrijecem as misturas asfálticas, tornando-as mais frágeis, principalmente a baixas

temperaturas. Em regiões com períodos quentes e chuvosos, a intemperização química é

acentuada (MEDINA, 1997).

O acúmulo de óleo e resíduos também torna os pavimentos escorregadios, em períodos

chuvosos, pois diminuem a resistência à derrapagem. O desgaste ou polimento dos agregados

pelo tráfego torna os revestimentos mais susceptíveis à água. Há um grande risco de

hidroplanagem, pela formação de uma película de água entre o pneumático e a superfície do

revestimento, principalmente quando o veículo se desloca em alta velocidade (MEDINA,

1997).

A migração de sais minerais do solo ou dos agregados pode dar-se por capilaridade

ascensional da água com sais dissolvidos e ao chegar à superfície, evapora-se a água e

depositam-se os sais. Estes são cloretos e sulfatos de sódio, cálcio e magnésio, que formam

manchas nas trincas do revestimento asfáltico. Em clima áridos, há uma maior

vulnerabilidade do pavimento. Diante disso, deve-se ter muito cuidado na escolha dos

materiais que serão utilizados como base e sub-base, para que em suas composições não

existam altos índices de cloretos e sulfatos.

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10. DEFEITOS EM PAVIMENTOS ASFÁLTICOS

Com base nos estudos realizados por BALBO (1997), na norma do DNIT 005/2003 –

TER e no Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos (2006), a classificação dos

defeitos será descrita nos itens a seguir.

10.1. Fenda

A fenda é qualquer descontinuidade na superfície do pavimento, que conduza a

aberturas de menor ou maior porte. Pode se apresentar sob forma de fissuras e trincas.

Conforme a abertura das fendas, as mesmas podem ser classificadas em FC-1, FC-2 e

FC-3. As fendas FC-1 são caracterizadas por trincas isoladas, com aberturas superiores a das

fissuras e menores que 1,0mm; as do tipo FC-2, correspondem a trincas isoladas ou

interligadas com abertura superior a 1,0mm e sem erosão; já as fendas FC-3 diferenciam da

FC-2 por apresentarem erosão nas bordas (Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos,

2006).

As fendas são causadas genericamente pelas seguintes ocorrências que atuam em

conjunto:

• Tráfego atuante que pelo ciclo do carregamento e alívio promovem tensões de tração

na fibra interior do revestimento;

• Alternância da mudança diária de temperatura que acusam contrações de revestimento

existente;

• Reflexão no revestimento de trincas existentes de bases cimentadas.

10.1.1. Fissura

Fenda de largura capilar existente no revestimento, perceptível a olho nu a partir de

distância inferior a 1,5m, posicionada longitudinal, transversal ou obliquamente ao eixo da

via.

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As fissuras são fendas incipientes que ainda não causam problemas funcionais ao

revestimento, não sendo assim consideradas quanto à gravidade nos métodos atuais de

avaliação das condições de superfície (Norma DNIT 005/2003 – TER).

10.1.2. Trinca

Fenda existente no revestimento, com abertura maior à da fissura, podendo apresentar-

se sob a forma de trinca isolada ou trinca interligada.

As trincas isoladas podem ser classificadas em: transversal, longitudinal e de retração.

As trincas transversais se apresentam na direção predominantemente ortogonal ao eixo da via.

Já as trincas longitudinais se apresentam na direção predominantemente paralela ao eixo da

via. Tanto as transversais quanto as longitudinais, quando possuem extensão inferior a 1m são

denominadas de curtas, e, contrariamente a tal caso, de longas.

As trincas de retração são trincas isoladas não atribuídas aos fenômenos de fadiga e

sim aos fenômenos de retração térmica ou do material do revestimento ou do material de base

rígida ou semi-rígida subjacentes ao revestimento trincado.

As trincas interligadas são divididas em duas categorias: trinca tipo “couro de jacaré”

e trinca tipo “bloco”. O primeiro tipo se refere ao conjunto de trincas interligadas sem

direções preferenciais, assemelhando-se ao aspecto de couro de jacaré. Já o segundo tipo é

caracterizado pela configuração de blocos formados por lados bem definidos.

10.2. Afundamento

O afundamento é considerado como sendo uma ocorrência de deformação permanente

na superfície do pavimento, acompanhada, ou não, de solevamento da mistura asfáltica. Pode

se apresentar sob a forma de afundamento plástico ou de consolidação.

O afundamento plástico é causado pela fluência plástica de uma ou mais camadas do

pavimento ou do subleito, acompanhado de solevamento. O afundamento de consolidação é

causado pela consolidação diferencial de uma ou mais camadas do pavimento ou subleito sem

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estar acompanhado de solevamento. Até 6m de comprimento são considerados locais; quando

sua extensão é maior e ao longo das trilhas de roda, o afundamento é dito da trilha de roda.

10.3. Ondulação ou Corrugação

É um defeito caracterizado por deformações na superfície do pavimento, de ocorrência

transversal ao eixo; é ocasionado pela ruptura por cisalhamento no revestimento ou na

interface entre o revestimento e o material de base, causado pelas cargas de tráfego. Quando

agrupadas e seqüenciadas com pequeno comprimento de onda, as ondulações podem ser

denominadas de “costela de vaca”.

As corrugações podem ser acompanhadas ou não por escorregamentos, e resultam em

sensíveis vibrações para os veículos em movimento. Estão geralmente associadas a trechos de

baixa velocidade de veículos, como nas faixas ascensionais e a locais de parada.

A ondulação ou corrugação pode ser causada por:

• Instabilidade da mistura betuminosa da camada de revestimento e/ou da base de um

pavimento;

• Excesso de umidade das camadas subjacentes;

• Contaminação da mistura asfáltica;

• Retenção de água nas misturas asfálticas.

10.4. Escorregamento do Revestimento

Este defeito consiste em um deslocamento do revestimento em relação à camada

subjacente do pavimento, com aparecimento de fendas em forma de meia-lua.

A ocorrência mais comum são deslocamentos no sentido transversal ao eixoda mistura

asfáltica e geralmente em faixas solicitadas por veículos comerciais. Poderão associar-se a

afundamentos plásticos em trilhas de roda e ainda condicionar a formação de trincas

parabólicas.

O escorregamento pode ser ocasionado por:

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47

• Ligação inadequada entre o revestimento e a camada sobre a qual este se apóia

(deficiências na imprimação ou pintura de ligação);

• Resistência limitada do revestimento asfáltico em virtude de sua reduzida espessura;

• Compactação deficiente das misturas asfálticas ou da porção superior da camada de

base;

• Fluência plástica do revestimento na ocorrência de temperaturas elevadas;

O escorregamento é caracterizado, inicialmente, pela presença de trincas em forma de

meia-lua (trincamento parabólico) ocorrentes nos locais de aplicação dos esforços de tração

das cargas de roda. Com o tempo, surge escorregamento do revestimento ou da capa asfáltica,

promovendo a exposição das camadas inferiores do pavimento.

Este defeito poderá ser encontrado nas faixas de aceleração e de desaceleração, em

rampas acentuadas (aclives ou declives), em curvas horizontais de raio pequeno, em

interseções e em paradas de ônibus.

10.5. Exsudação

Corresponde à migração do ligante através do revestimento, provocando um excesso

do material betuminoso na superfície do pavimento.

Ocorre sob a forma de manchas isoladas ou ainda em grande extensão (espelhamento),

denotando excessiva presença de cimento asfáltico na superfície, fácil de identificar por

registrar as marcas de pneumáticos em dias quentes. Poderá estar associada a escorregamentos

da mistura asfáltica.

A exsudação poderá ocorrer por duas razões:

• Dosagem inadequada da mistura asfáltica, acarretando teor excessivo de ligante e/ou

índice de vazios muito baixos;

• Temperatura do ligante acima da especificada no momento da mistura, acarretando a

dilatação do asfalto e ocupação irreversível dos vazios entre as partículas.

Com a ação do tráfego e de altas temperaturas, o cimento asfáltico da mistura irá

expandir ocupando os vazios não preenchidos. Desta forma, ocorre a migração e concentração

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do ligante na superfície do revestimento. A exsudação poderá se manifestar em qualquer

região da superfície do pavimento, sendo mais severa nas trilhas de roda. A passagem das

cargas poderá causar um aumento da densificação da mistura nas trilhas de roda (redução do

volume de vazios) e aumentar a exsudação.

10.6. Desgaste

O desgaste do pavimento poderá ocorrer devido aos esforços tangenciais causados

pelo tráfego. Esta manifestação patológica consiste no efeito de arrancamento progressivo do

agregado do pavimento, caracterizado pela aspereza superficial do revestimento e perda do

envolvimento betuminoso.

Este defeito pode ser provocado pelos seguintes motivos:

• Redução da ligação existente entre o agregado e o ligante. Isso pode ser provocado

pela oxidação do ligante e pela ação combinada do tráfego e dos agentes intempéricos;

• Perda de coesão entre agregado e ligante devido à presença de poeira ou sujeira no

momento da mistura;

• Execução da obra em condições metereológicas desfavoráveis;

• Presença de água no interior do revestimento que originam sobrepressões hidrostáticas

capazes de provocar o descolamento da película betuminosa;

• Deficiência localizada de ligante asfáltico nos serviços por penetração, decorrente de

entupimento dos bicos ou má regulagem da barra espargidora.

Como resultado das causas prováveis acima enumeradas, o ligante asfáltico fica

impossibilitado de promover a retenção dos agregados, que se soltam progressivamente sob a

ação das cargas do tráfego. A ocorrência desse defeito é mais comum em tratamentos

superficiais e em misturas asfálticas que empregam menores teores de ligante.

Os desgastes, em seus estágios mais avançados, após a desagregação total do

revestimento, que deixa a superfície da base diretamente sujeita às variações de umidade e em

contato com a ação abrasiva dos pneus dos veículos, evoluem para a formação de buracos ou

panelas (VILLIBOR, FORTES, NOGAMI, 1994).

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10.7. Panela ou buraco

Panelas ou buracos são cavidades que se formam no revestimento, devido inclusive à

falta de aderência entre camadas superpostas, provocando o desplacamento das camadas e,

por conseguinte, atingindo as camadas inferiores do pavimento. As formas e dimensões

superficiais desses defeitos são bastante variáveis, não devendo ser confundidos com o

solapamento.

Este defeito é muito grave, pois afeta estruturalmente o pavimento, permitindo o

acesso das águas superficiais ao interior da estrutura. Também é grave do ponto de vista

funcional, já que afeta a regularidade longitudinal e, como conseqüência, a segurança do

tráfego, e o custo do transporte.

As principais causas da formação de panelas podem estar relacionadas a:

• Trincamento por fadiga;

• Desintegração localizada na superfície do pavimento por desgaste de severidade alta.

As trincas de fadiga, na medida em que evoluem, sofrem um processo de interligação,

formando pequenas placas sem vínculo e com bordas erodidas. Com a passagem das cargas de

tráfego estas placas vão sendo arrancadas, formando buracos no revestimento, os quais podem

evoluir ao ponto de atingir a base do pavimento.

A água superficial, que já possuía acesso até a base através das trincas, terá ainda

maior facilidade de alcançar essa camada. A água sob pressão irá carrear o material mais fino

da base e agravar o problema. No caso de desintegração, o processo é semelhante. Os buracos

podem ocorrer em qualquer área do revestimento, principalmente nas trilhas de roda.

10.8. Remendo

Remendo é uma panela preenchida com uma ou mais camadas de pavimento na

operação denominada de “tapa-buraco”. Este defeito pode se apresentar de duas formas: como

remendo profundo e superficial. O primeiro consiste na substituição do revestimento e,

eventualmente, de uma ou mais camadas inferiores do pavimento, enquanto que o segundo

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tipo se refere à correção numa determinada área da superfície do revestimento por aplicação

de uma camada betuminosa.

Os remendos superficiais são pequenas áreas reparadas e apresentam cor e textura

diferenciadas em relação à superfície asfáltica circundante original.

Embora seja difícil estabelecer condições visuais para classificar um remendo

profundo, quando tais reparos definem grandes áreas, supõe-se que no local o pavimento foi

recomposto ou reconstruído.

10.9. Outros defeitos

Segundo os estudos realizados por BALBO (1997), alguns defeitos, por dificuldades

de classificação quanto a sua morfologia, não se enquadram nas terminologias explicitadas

anteriormente. Desse modo, serão apresentados abaixo alguns desses defeitos.

10.9.1. Polimento

Apesar de poder ser considerado como desgaste, o polimento é um processo de

arrancamento gradual do agregado do revestimento. Trata-se de um defeito altamente

indesejável, pelo efeito escorregadio provocado.

O agregado exposto, e seu conseqüente desgaste superficial, poderão levar a perda da

macrotextura da superfície do pavimento concomitantemente com a perda da microtextura dos

agregados que se tornam bastante desgastados e lisos.

O processo de polimento está extremamente relacionado com a qualidade do agregado

que poderá apresentar maior ou menor abrasividade frente ao tráfego.

10.9.2. Bombeamento de Finos

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Este defeito é visível, geralmente, nas bordas de trincas e fissuras (de classe 2 ou 3) na

superfície do revestimento. São caracterizados por manchas lineares de terra, com coloração

variável caso a caso, e são causados pela infiltração de água através das fendas, resultando no

bombeamento de finos das camadas inferiores para das bases para a superfície dos

revestimentos.

O registro da ocorrência deste fenômeno é de extrema importância para a detecção de

bases contaminadas, que induzem um comportamento anômalo da estrutura. É um indicador

de problemas de baixa capacidade de suporte de bases existentes.

10.9.3. Descolamento do Revestimento

A presença de placas irregulares descoladas ou soltas na superfície do revestimento

asfáltico caracteriza este defeito. A camada de revestimento se destaca, em partes, deixando

visível a camada subjacente.

A ocorrência deste descolamento se dá, muitas vezes, porque as camadas de reforço

são assentadas sobre antigos revestimentos, dificultando a aderência entre essas capas,

surgindo daí protuberâncias de maior ou menor profundidade.

10.9.4. Solapamento

Solapamento é uma cavidade profunda e de dimensões razoáveis, com presença de

bordas “suspensas” de revestimento asfáltico em seus contornos. Este defeito está

normalmente associado ao afundamento, já anteriormente discutido. Os efeitos para o tráfego

neste caso são tão perigosos quanto os buracos.

A ocorrência deste defeito é mais comum em vias urbanas, e podem ser ocasionados

pela ruptura de tubulações ou galerias subterrâneas, com conseqüente percolação de água sob

pressão, que carreia o solo da fundação.

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10.9.5. Depressão

São ondulações perceptíveis a olho nu, côncavas em relação a superfície original do

pavimento, serpenteando a superfície, com grandes comprimentos de onda. Podem ocorrer em

função de recalques em fundações de aterros executados em extensões razoáveis, em regiões

de pântano ou de orla marítima.

10.9.6. Inchamento

Este defeito se caracteriza por elevações locais ou lineares do revestimento, denotando

saliências, geralmente acompanhadas de trincas. As elevações pontuais são decorrentes da

expansão da base ou de outra camada, com visível aumento de volume na superfície do

pavimento. As elevações lineares, formando cumeeiras, são típicas do crescimento de raízes

de árvores presentes às margens da pista.

10.10. Interações entre os defeitos

O somatório das deformações ocorrentes em toda a estrutura do pavimento manifesta-

se pelos afundamentos nas trilhas de roda e pelas distorções do perfil longitudinal do

pavimento. Estes defeitos no pavimento promovem a irregularidade da superfície e, com o

aumento, resulta em uma cadeia de mecanismos de restauração e combina os efeitos de vários

tipos de defeitos e, como tal, essa cadeia não pode ser entendida como o efeito isolado de um

fenômeno.

As cargas de tráfego induzem tensões e deformações no interior da estrutura do

pavimento. Essas tensões e deformações são função da magnitude do carregamento, dos

módulos e espessuras das camadas constituintes do pavimento e da capacidade de suporte do

subleito. Quando a ação das cargas é repetida, propicia o desenvolvimento do fenômeno de

fadiga nas camadas tratadas (com asfalto ou estabilizantes químicos) e a deformação de

qualquer das camadas constituintes do pavimento, e também do subleito.

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53

Segundo o Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos (2006), a ação dos

agentes das intempéries (chuva e variação de temperatura) faz com que a mistura asfáltica,

que constitui a camada de revestimento, torne-se progressivamente mais quebradiça e

susceptível ao trincamento e à desagregação. Uma vez iniciado, o trincamento progride em

área afetada e severidade, até o ponto da desintegração das bordas das trincas e,

posteriormente, provoca o arrancamento das placas e formação de panelas.

As trincas abertas na superfície permitem a entrada de água no interior do pavimento

e, desta forma, aceleram o processo de deterioração, reduzem a resistência ao cisalhamento

dos materiais não tratados e aumentam a velocidade da deformação gerada pelas tensões

provenientes dos carregamentos induzidos pelo tráfego.

10.11. Evolução da deterioração

Conforme consta no Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT

(2006), a velocidade da deterioração pode variar enormemente, em função de diversos fatores,

tais como: as condições ambientais, a capacidade de suporte do pavimento e do subleito, a

qualidade dos materiais utilizados e do processo construtivo, o volume de tráfego, a carga por

eixo.

A progressão da deterioração segue uma trajetória não-linear, que permite um maior

número de opções na escolha e programação da conservação (Figura 10). Durante um certo

período inicial, que pode durar até a terça parte do ciclo de vida, as rodovias pavimentadas

bem projetadas sofrem uma deterioração muito pouco visível.

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54

Figura 10 – Evolução da deterioração em rodovias pavimentadas

Fonte: Manual de Restauração do DNIT (2006)

Depois desse período inicial, a deterioração da rodovia é crescente, lenta a princípio,

mas acelerando rapidamente quando atinge o estado regular. Se nessa fase não forem

realizadas medidas importantes de conservação, isto resultará, em poucos anos, numa falha

estrutural extrema que pode atingir o mau estado do pavimento.

Durante a primeira etapa descrita anteriormente, uma rodovia pavimentada pode ser

mantida em bom estado mediante conservação rotineira, a um custo bastante baixo. Na etapa

seguinte, com o aumento da deterioração, o pavimento deve ser recuperado de maneira a

permanecer em bom estado, por meio de selagem, recapeamento ou reforço do revestimento.

O reforço restabelece a qualidade de rolamento da rodovia e a capacidade estrutural

necessária para suportar o tráfego durante vários anos, começando assim um novo ciclo do

pavimento.

Com a conservação rotineira adequada, mais a conservação periódica oportuna do

pavimento, uma rodovia pavimentada nunca se degradará até chegar ao mau estado, quando é

necessária a reconstrução de todo o pavimento.

Desta forma, a evolução da deterioração, influi decididamente na escolha da política

de conservação ótima e, quando os tomadores de decisão não estão conscientes sobre tal

evolução, verifica-se que, geralmente, são menosprezadas as necessidades de conservação das

redes relativamente novas.

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55

11. AVALIAÇÃO DOS PAVIMENTOS ASFÁLTICOS

A boa ou má condição de um pavimento indica o nível de degradação resultante do

uso continuado pelo tráfego e dos processos associados ao meio ambiente. A avaliação do

estado do pavimento é feita por meio do conhecimento de diversos parâmetros de referência,

já normatizados e citados pelo Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos do DNIT

(2006), que permitem a determinação das:

• condições de superfície;

• condições estruturais;

• condições de rugosidade longitudinais;

• avaliação das solicitações do tráfego;

• condições de aderência pneu/pavimento.

11.1. Avaliações das Condições de Superfície

Para a avaliação das condições de superfície dos pavimentos asfálticos, são utilizadas

as normas a seguir:

• DNIT 006/2003 – PRO – Avaliação objetiva da superfície de pavimentos asfálticos –

Procedimento;

• DNIT 007/2003 – PRO – Levantamento para avaliação da condição de superfície de

subtrecho homogêneo de rodovias de pavimento flexível e semi-rígido para gerência

de pavimentos e estudos e projetos – Procedimento;

• DNIT 008/2003 – PRO – Levantamento visual contínuo para avaliação da superfície

de pavimentos asfálticos – Procedimento;

• DNIT 009/2003 – PRO – Levantamento para avaliação subjetiva da superfície do

pavimento – Procedimento.

Estas normas são utilizadas nos métodos atuais de projeto para avaliação e restauração

dos pavimentos asfálticos. Para a avaliação das condições de superfície do pavimento da BR-

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324, que é o objetivo deste trabalho, o procedimento que foi utilizado está descrito na norma

do DNIT 006/2003 – PRO - Avaliação objetiva da superfície de pavimentos asfálticos.

11.1.1. DNIT 006/2003 – PRO – Avaliação objetiva da superfície de pavimentos

asfálticos – Procedimento

O objetivo básico da Norma DNIT 006/2003 – PRO é o de apresentar a sistemática de

cálculo de um índice combinado de falhas, o Índice de Gravidade Global (IGG), derivado do

“Severity Index” utilizado no Canadá pelo “Saskatchewan Departament of Highways and

Transportation”, e adaptado pelo Engenheiro Armando Martins Pereira, para as condições de

pavimentos brasileiros (Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos, DNIT, 2006).

Além de todos os defeitos constantes citados anteriormente, no item 10, o cálculo do

IGG inclui também a medida das profundidades dos afundamentos nas trilhas de roda,

avaliadas a partir das medidas das flechas com treliça de base igual a 1,20m.

Nesse método, devem ser implantadas estações de ensaio afastadas de 20m, alternando

as faixas de tráfego direita e esquerda, para o caso de pista simples. Para o caso de pista dupla,

as estações devem estar afastadas de 20m, na mesma faixa de tráfego, que geralmente é a

direita por ser a mais crítica.

A superfície de avaliação será delimitada por uma seção transversal situada 3m à ré da

estação, por outra situada 3m avante, e pelo eixo da pista de rolamento, para pista simples, ou

eixo de separação de faixa para pista dupla. Com isto, cada estação corresponde a uma área de

21m² (6,0m x 3,5m).

Em cada estação de ensaio, um técnico perfeitamente treinado para identificar os

diferentes tipos de defeitos deverá anotar em uma ficha de campo a configuração de

terraplenagem e a presença ou não de cada um dos tipos de falha. Observe-se que não será

indicada a quantidade de cada tipo de defeito em cada estação, mas apenas será identificada a

sua presença.

Adicionalmente, com a utilização de uma treliça de alumínio com base de 1,2m,

munida de uma régua graduada (a qual se desloca verticalmente na sua região central), o

técnico deverá medir a flecha nas trilhas de roda externa e interna, expressa em mm.

Os dados coletados no inventário serão processados, devendo-se inicialmente separar

os segmentos com características homogêneas, como por exemplo, aqueles que apresentam o

Page 71: Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARTINA RODRIGUES DOS ANJOS.pdf · Figura 12 – Trinca interligada tipo couro de jacaré com

57

mesmo tipo de constituição de estrutura (mesmo tipo de revestimento, base, sub-base e

subleito), o mesmo tipo de materiais constituintes das camadas e espessuras, a mesma

incidência de tráfego e a mesma situação climática. Em seguida, deve-se determinar a

freqüência absoluta e relativa das falhas anotadas, bem como a média aritmética e a variância

(o quadrado do desvio padrão) das flechas nas trilhas de roda.

Para os eventos detectados, defeito ou parâmetro estatístico das flechas, deve-se

atribuir um peso ou fator de ponderação, que exprima sua maior ou menor importância no que

diz respeito à serventia. Por exemplo, as trincas de classe 1 possuem pequena influência na

serventia, recebendo, portanto, um fator de ponderação menor (0,2), enquanto que para

panelas e corrugações, as quais exercem forte influência na serventia, atribui-se um fator de

ponderação maior (1,0).

O produto de freqüência relativa de cada defeito e também da média e variância das

flechas) pelo seu fator de ponderação resulta no Índice de Gravidade Individual (IGI)

correspondente ao evento. A somatória de todos os valores de IGI representa, finalmente, o

valor do IGG a ser atribuído ao segmento homogêneo.

O IGG permite classificar o estado geral de um determinado trecho homogêneo de

pavimento, em função da incidência de defeitos de superfície. Ele é um indicador das

condições de pavimento, muito útil para a tomada de decisões quanto às intervenções de

restauração necessárias, atribuindo-lhe conceitos variáveis, segundo a Tabela 4 a seguir

apresentada.

Tabela 4 – Condição do pavimento em função do IGG

Fonte: Norma DNIT 006/2003

O procedimento do DNIT 0006/2003-PRO permite não só uma análise das condições

do pavimento à luz do IGG, como também uma interpretação detalhada do perfil de falhas

ocorrentes em cada segmento homogêneo.

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Os formulários do Inventário do Estado da Superfície do Pavimento estão anexos, e a

planilha de Cálculo do Índice de Gravidade Global (IGG) será apresentada nas páginas

seguintes, na apresentação dos resultados.

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CAPÍTULO III – ESTUDO DE CASO

12. AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE DO PAVIMENTO

12.1. A rodovia a ser avaliada

A escolha da rodovia federal BR-324 para objeto de estudo deste trabalho levou em

consideração alguns critérios, como a proximidade da rodovia com a Universidade Estadual

de Feira de Santana (UEFS) e a importância da rodovia para o sistema viário da Bahia, pois,

como já foi dito, desempenha o papel de canal coletor fundamental para o tráfego que flui

entre Salvador e as demais regiões, tanto do Estado, quanto do restante do país.

A rodovia BR-324, no Estado da Bahia, atravessa seis diferentes microregiões

homogêneas. No segmento divisa PI/BA – Jacobina, ela atravessa a região do Baixo Médio

São Francisco, Senhor do Bonfim e Piemonte de Diamantina, nas quais se inserem,

respectivamente, os municípios de Remanso, Sento Sé, Campo Formoso e Jacobina. No

segmento de Jacobina a Feira de Santana, ela atravessa os municípios de Riachão de Jacuípe e

Candeal, Santa Bárbara e Feira de Santana. Já no segmento seguinte, Feira de Santana –

Salvador, ela atravessa as microregiões homogêneas do Recôncavo – Conceição de Jacuípe,

Amélia Rodrigues, Santo Amaro e São Sebastião do Passe e, de Salvador, Candeias, Simões

Filho e Salvador (Documentos fornecidos pelo DNIT/SSA).

A BR-324 desempenha uma importante função que é interligar o entrocamento

rodoviário em Feira de Santana à capital baiana, tornando-a uma das principais rodovias no

estado da Bahia. Como já foi dito anteriormente, a rodovia está duplicada entre Feira e

Salvador.

O trecho escolhido para avaliação foi o de Feira de Santana – Amélia Rodrigues,

compreendendo 23 km do km 518,8 ao km 541,8, na direção Feira de Santana – Salvador. A

avaliação foi realizada na faixa do lado direito, para não interromper completamente a via.

Segundo estudo realizado pelo IFC (International Finance Corporation), em convênio

com o Ministério de Planejamento do Governo Federal, que realizou em dezembro de 2005

um estudo de tráfego para o “Estudo de viabilidade de Parceria Público-Privada para o

Sistema Rodoviário BR-116 / BR-324 no Estado da Bahia”, o trecho Feira de Santana –

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Salvador compreende aproximadamente 114 km de rodovia, e possui o VMD (Volume Médio

Diário) em torno de 20 mil veículos de todas as categorias: veículos leves (autos e utilitários),

ônibus de 2 a 4 eixos, caminhões e carretas de 2 a 9 eixos e motocicletas.

O que se nota no estudo de tráfego para a BR-324 (IFC, 2005) é que no fluxo de

veículos a predominância de caminhões é menos expressiva, representando em torno de 25%,

ao contrário da BR-116, que pode variar de 68% a 80%. Apesar de terem participações

diferentes nas duas rodovias, o número de caminhões não varia muito, com média de cerca de

4.800 veículos/dia na BR-324 e 4.000 veículos/dia na BR-116. Percebe-se também que o

volume de tráfego diminui, à medida que se afasta de Salvador, para a direção oeste.

12.2. Entrevistas com profissionais dos órgãos rodoviários

Para a realização da avaliação da superfície do pavimento da rodovia, foram feitas

algumas visitas aos órgãos responsáveis pela fiscalização e manutenção das rodovias.

No dia 23 de novembro de 2007, realizou-se uma visita no DER/BA e no DNIT, na

cidade de Salvador, para compreender o funcionamento da fiscalização e manutenção das

rodovias, sob jurisdição estadual e federal, respectivamente.

Na visita ao DERBA, foram entrevistados o Eng. Almir Ferreira Santos, coordenador

de logística, que fez uma pequena apresentação sobre o PNLT (Plano Nacional de Logística e

Transportes); o Eng. Berchris Moura Requião Filho, diretor da DCM (Diretoria de Construção

e Manutenção); a Eng.ª Solange Bastos Costa, gerente da GEPES (Gerência de Pesquisas); o

Eng. Daniel Amoedo, gerente da GEPRO (Gerência de Projetos); e outros engenheiros do

órgão.

No DNIT, os profissionais entrevistados foram: o Eng. Antônio Carlos Cruz de

Oliveira, supervisor de Construção; o Eng. Mário Sérgio de Souza Almeida, analista em Infra-

Estrutura de Transportes; e o Eng. Olavo Galvão Costa, analista em Infra-Estrutura de

Transportes.

Em Feira de Santana, realizou-se uma visita ao DNIT no dia 14 de janeiro de 2008,

para solicitar apoio ao Eng. Max Gil Leite de Souza, responsável pela unidade, para a

avaliação que estava prevista para 24 de janeiro de 2008.

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61

12.3. Metodologia de avaliação

A avaliação realizada na BR-324, sentido Feira – Salvador, no trecho Feira – Amélia

Rodrigues, foi baseada no procedimento do DNIT 006/2003, cujo título é: Avaliação objetiva

da superfície de pavimentos flexíveis e semi-rígidos - Procedimento.

Para tal avaliação em campo, contou-se com o apoio do Eng. Max Gil Leite de Souza,

responsável pela unidade do DNIT em Feira de Santana; de um técnico experiente aposentado

do DNIT, o Sr. Antônio Luiz, e de uma equipe de dois funcionários do órgão para dar o

suporte necessário de sinalização para a realização da avaliação; do professor orientador

Francisco Antônio Zorzo.

Os procedimentos para avaliação foram realizados com base no item 10.1.1 deste

trabalho. Entretanto, alguns critérios para execução do levantamento foram adaptados, diante

das condições de elaboração da presente pesquisa, no âmbito acadêmico do trabalho de

conclusão de curso.

Um dos pontos importantes que sofreram alterações consiste na quantidade de

estações de trabalho. O procedimento DNIT 006/2003 foi adaptado, definindo-se, então, que

as estações de trabalho seriam localizadas a cada 500m, já que a rodovia apresentava trechos

bastante homogêneos, com raras exceções. A avaliação foi realizada na faixa direita da pista,

pois além de representar a faixa mais solicitada, ficava próxima ao acostamento, facilitando a

avaliação e não impedindo totalmente o tráfego de veículos, disponibilizando a outra faixa

para o fluxo.

Em cada estação, com o auxílio de uma trena de 20m, foi demarcada a superfície de

avaliação. Não foi necessário realizar uma pintura com tinta de demarcação, nem tampouco a

indicação no pavimento do número correspondente à estaca ou marco quilométrico, já que

durante a avaliação, estas informações eram cuidadosamente anotadas.

A cada estação, com a ajuda de um técnico experiente do DNIT, o Sr. Antônio Luiz, e

de uma treliça de alumínio, padronizada, de 1,20m de comprimento na base, dotada de uma

régua móvel instalada em seu ponto médio, foram medidas as flechas nas trilhas de roda

interna (TRI) e externa (TRE). Algumas dificuldades nesta medição foram encontradas,

levando em conta que em todo o trecho foi identificado um grande número de remendos,

apresentando assim, eventualmente, leituras negativas nas trilhas de roda.

Após demarcação das áreas para avaliação e medição das trilhas de roda, fez-se o

inventário das ocorrências, ou seja, o levantamento dos defeitos, de acordo com a norma

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DNIT 005/2003 – PRO, e os tipos de seção de terraplenagem ocorrente na estação de

avaliação.

Realizado o inventário das ocorrências, iniciou-se o cálculo das freqüências absolutas

e relativas, conforme apresentado no item 9.1.1. Calculou-se também a média e a variância

das flechas apresentadas.

Com a tabulação desses dados, incluindo os fatores de ponderação, calculou-se o IGI

(Índice de Gravidade Individual), e realizando o seu somatório obteve-se o IGG (Índice de

Gravidade Global).

Com a finalidade de conferir ao pavimento inventariado um conceito que retrate o

grau de degradação atingido, o valor do IGG foi situado dentro dos limites que determinam o

estado atual do pavimento, segundo a Tabela 4, apresentada no item 11.1.1.

12.4. Descrição do inventário de ocorrências

12.4.1. Trecho avaliado

Durante toda a manhã do dia 24 de janeiro de 2008, realizou-se a avaliação do

pavimento no trecho Feira de Santana – Amélia Rodrigues. O trecho avaliado possui 23 km

de extensão e grande dificuldade para avaliação, devido ao intenso tráfego na rodovia e, em

muitos locais, ausência de acostamento.

O trecho apresenta, além de deficiências no pavimento, ausência ou péssima condições

de conservação do acostamento em algumas estações, grandes desníveis entre a pista de

rolamento e o acostamento, deficiência de sinalizações, canteiros mal cuidados, favorecendo

um grande número de acidentes nesta rodovia.

O trecho foi dividido em 47 estações de trabalho, com início no km 518,8, marcado

pelo viaduto “Princesa do Sertão”, e estação final no km 541,8, na localidade do município de

Amélia Rodrigues (Figura 11).

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Figura 11 – Localização das estações do trabalho de campo.

12.4.2. Caracterização do estado do pavimento nas estações

A estação inicial, localizada no viaduto “Princesa do Sertão”, apresenta um pavimento

bastante comprometido, com a presença de inúmeras trincas interligadas tipo couro de jacaré

com erosão, afundamento plástico local, desgaste e alguns remendos.

Da segunda a décima estação, o pavimento apresenta poucos defeitos, com apenas

desgaste e alguns remendos. Foram observados valores de flechas nas trilhas de roda interna e

externa maior do que 1 cm nas estações 2, 3, 7 e 8. Normalmente a trilha de roda externa

apresenta valores superiores à trilha de roda interna, devido a maiores solicitações de carga.

Os canteiros entre as pistas de rolamento indicam uma falta de controle na vegetação

existente, pelas empresas responsáveis pela conservação e manutenção do trecho.

A sinalização está claramente desgastada e comprometida, e em muitos locais até

inexiste. Além disso, o acostamento praticamente não mais apresenta revestimento, ficando

visível o tipo de material utilizado como base do pavimento, o solo-brita.

Page 78: Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARTINA RODRIGUES DOS ANJOS.pdf · Figura 12 – Trinca interligada tipo couro de jacaré com

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Ainda no intervalo de estações descrito acima, foram observados alguns

desplacamentos do revestimento mais novo do revestimento executado anteriormente. Isto

indica a falta de aderência entre as camadas, provocadas provavelmente por erros na

execução. Este deve ter sido motivo também para a presença de algumas trincas longitudinais

ao eixo, localizadas no meio da pista de rolamento, ou seja, entre as duas faixas de tráfego,

nas chamadas juntas de construção.

Durante a avaliação, percebe-se que a seção de terraplenagem mais recorrente foi a

seção de aterro (e algumas vezes, aterro em lagoa), abrangendo quase todo o trecho da

rodovia.

A partir da décima primeira estação, observa-se mais claramente o início do processo

de fadiga, como pode se pode ver na figura 12. A presença de trincas interligadas tipo FC-3

(com erosão) indicam a deficiência e o mau estado do pavimento. Mas, somente a partir da

estação de número 16, é que o processo de fadiga se encontra num estágio muito mais

avançado, visto que o número de remendos é considerável e se observa o surgimento de

algumas panelas. A quantidade de remendos é maior na faixa direita da pista, comprovando

que é a região mais solicitada.

Figura 12 – Trinca interligada tipo couro de jacaré com erosão.

A maior flecha da trilha de roda apresentada na avaliação foi a trilha de roda externa,

como era de se esperar, com valor de 2,4cm, na décima quarta estação. Ainda que em algumas

estações as flechas de trilha de roda apresentam valores nulos, não quer dizer que não há

deformações nestes locais, pois a presença de remendos, muitas vezes, implica, até mesmo,

em leituras negativas, dificultando a leitura real da deformação nas trilhas de roda.

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Em todo o trecho da rodovia foi observado a ocorrência de retração térmica da tinta

utilizada para demarcação da pista (sinalização), apresentando inúmeras fissuras transversais à

direção do estaqueamento.

Problemas construtivos são notados também na estação 21, que apresenta trincas

longitudinais no meio da pista de rolamento.

O desgaste foi observado em todas as estações avaliadas, demonstrando o

envelhecimento do pavimento e, em alguns locais, a exposição da camada de base,

favorecendo a formação de panelas ou buracos. A figura 13 representa o desgaste observado

no pavimento avaliado.

Figura 13 – Desgaste do pavimento, com a presença de ranhura.

A partir da vigésima sétima estação, 13 km após a estação inicial, as panelas passam a

estar mais presentes, demonstrando ainda mais o estado de deterioração da estrutura do

pavimento (Figura 14).

Figura 14 – Panelas ou buracos

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66

A presença de remendos foi verificada em quase todas as estações, e vale ressaltar que

a quantidade é tão grande que quase não há espaçamentos entre eles, como pode ser

observado na figura 15.

Figura 15 – Remendos no pavimento.

Até a última estação, quadragésima sétima, no município de Amélia Rodrigues, a

variação dos defeitos é muito pequena, apresentando com maior intensidade desgaste,

remendos, trincas tipo FC-3 e panelas.

Os relatórios fotográficos das estações e das falhas estão apresentados nos ANEXOS

A e B.

Os formulários de inventário do estado da superfície do pavimento são apresentados

no ANEXO C.

12.5. Diagnóstico das ocorrências e cálculo do Índice de Gravidade Global

A sistemática de cálculo do IGG é baseada na atribuição de pesos ou fatores de

ponderação a cada evento mensurado. Consiste em critérios para definir a freqüência relativa

de estações com ocorrência de cada tipo de defeito e parâmetros ligados à análise estatística

das flechas nas trilhas de roda. Os pesos buscam caracterizar sua influência sobre a serventia

do pavimento.

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67

Para a avaliação da superfície do pavimento, a Norma do DNIT 005/2003 – TER

estabelece uma codificação para identificar os defeitos (Tabela 5). Estas abreviaturas facilitam

o levantamento no trabalho de campo.

Tabela 5 – Codificação dos defeitos

Fonte: Norma DNIT 005/2003 – TER

Segundo a norma do DNIT 006/2003 - PRO, para efeito de ponderação todas as

trincas isoladas devem ser consideradas como ocorrências Tipo 1 (FI, TTC, TTL, TLC, TLL e

TRR), as trincas interligadas FC-2 (bloco e couro de jacaré sem erosão) consideradas como

Tipo 2, as trincas interligadas FC-3 (bloco e couro de jacaré com erosão) como Tipo 3, os

afundamentos plásticos (ALP e ATP) como Tipo 4, ondulação e panelas como Tipo 5,

exsudação como Tipo 6, desgaste como Tipo 7 e remendos como Tipo 8.

A freqüência absoluta corresponde ao número de vezes em que a ocorrência foi

verificada. Porém, para os tipos 1, 2 e 3, a freqüência absoluta considerada consiste a uma

única ocorrência de cada tipo, como por exemplo, se no Tipo 1 for verificada trincas

transversais curtas, trincas longitudinais longas e fissuras, a freqüência absoluta é 3, entretanto

a freqüência absoluta considerada é 1.

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68

Vale ressaltar que, também para efeito de ponderação, quando em uma mesma estação

foram constatadas ocorrências tipo 1, 2 e 3, só foram consideradas as do tipo 3 para o cálculo

de freqüência relativa em percentagem e para o cálculo do Índice de Gravidade Individual; do

mesmo modo, quando foram verificadas ocorrências tipos 1 e 2 na mesma estação, só foram

consideradas as do tipo 2. Dessa maneira, obtém-se a freqüência relativa que corresponde ao

número de vezes verificadas nas estações em percentagem.

O Índice de Gravidade Individual é calculado a partir do produto dos valores da

freqüência relativa das ocorrências com os seus respectivos fatores de ponderação,

estabelecidos pela norma DNIT 006/2003 – PRO, conforme tabela 6 abaixo:

Tabela 6 – Fator de Ponderação

Fonte: Norma DNIT 006/2003.

O somatório dos Índices de Gravidade Individual resulta no Índice de Gravidade

Global e, por conseguinte, obtém-se o conceito que estabelece o estado da superfície do

pavimento avaliado.

A planilha resumo, elaborada a partir dos dados coletados em campo, compõe os

resultados parciais das freqüências absolutas e relativas dos defeitos e os Índices de Gravidade

Individual, e como resultado final, o Índice de Gravidade Global (Tabela 7).

Page 83: Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/MARTINA RODRIGUES DOS ANJOS.pdf · Figura 12 – Trinca interligada tipo couro de jacaré com

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Tabela 7 – Planilha resumo da avaliação

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Neste trabalho, conforme tabela apresentada, o desgaste foi verificado em 100% das

estações, seguido do remendo que se apresentou em 61,70%, depois as trincas tipo FC-3

correspondendo a 57,45% e as panelas com 40,43% das estações avaliadas. As outras

ocorrências não foram tão significativas.

As flechas médias obtidas nas trilhas de roda interna e externa foram, respectivamente,

3,13 mm e 5,77 mm, correspondendo a um Índice de Gravidade Individual (IGI) de 5,93, o

que não indica, isoladamente, um estado muito grave do pavimento quando em comparação

com os outros IGI´s obtidos.

O IGI que apresentou uma situação mais grave, considerando os fatores de

ponderação, foi o correspondente as panelas, que obteve um índice de 40,43. Enquanto que o

desgaste, mesmo observado em 100% das estações, obteve um índice de 30,00, ficando em

terceiro lugar na escala decrescente dos IGI´s. Os remendos também tiveram uma grande

participação no cálculo do IGG, já que apresentou um IGI no valor de 37,02.

Na planilha resumo, pôde-se encontrar o somatório dos Índices de Gravidade

Individual, que resultou no IGG de 195,80, o que indica que o pavimento obteve conceito

péssimo no seu estado de conservação, revelando um elevado grau de degradação.

12.6. Estudo dos mecanismos de deterioração da superfície avaliada

O entendimento dos mecanismos que regem o processo de deterioração de um

pavimento é condição essencial para a identificação das causas que o levaram a sua condição

atual, bem como para a escolha e programação da técnica mais adequada para a sua

restauração.

Os revestimentos betuminosos tendem a trincar em algum estágio de suas vidas sob a

ação combinada do tráfego e das condições ambientais, por meio de um ou mais mecanismos.

As trincas, os defeitos mais observados na superfície do pavimento avaliado, enfraquecem o

revestimento e permite a entrada da água, provocando um enfraquecimento da estrutura. O

que se observou foi que essas falhas tendem a aumentar a sua extensão e sua severidade, ao

longo do tempo, conduzindo à desintegração do revestimento. Com base nesses efeitos, o

trincamento tem sido um importante indicativo para a deflagração de intervenções de

restauração de pavimentos.

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O principal tipo de trincamento observado na superfície do pavimento avaliado foi o

trincamento devido à fadiga, que resulta dos efeitos cumulativos do carregamento sucessivo.

Este trincamento é caracterizado pelas trincas isoladas em todas as direções e pelas trincas

interligadas tipo bloco e couro de jacaré, sendo que este último indica a fase final do processo

de trincamento por fadiga, principalmente que vem acompanhado de erosão nas bordas.

As trincas interligadas tipo couro de jacaré, com erosão, tiveram um grande destaque

no levantamento dos defeitos, o que comprova que o pavimento avaliado está bastante

comprometido e necessita de uma intervenção de restauração. Essas trincas, em muitas

estações, estavam associadas ao afundamento plástico nas trilhas de roda.

O trincamento por envelhecimento também foi observado, já que se verificou a

presença de trincas irregulares com espaçamentos maiores que 50cm. Uma vez iniciado, este

trincamento tende a propagar-se em toda a área coberta pelo revestimento. As trincas por

envelhecimento ocorrem quando o ligante betuminoso torna-se tão susceptível a rompimentos

que não consegue mais suportar sequer as deformações provenientes das mudanças de

temperatura que ocorrem ao longo do dia.

As deformações permanentes, incluindo os afundamentos nas trilhas de roda, também

foram observadas no pavimento avaliado. Estes defeitos, que podem ser causados pelo grande

número de repetições de cargas, afetam a dinâmica das cargas, a qualidade do rolamento, o

custo operacional dos veículos e, devido ao acúmulo de água, risco à segurança dos usuários.

Os mecanismos de desagregação provocam, basicamente, o defeito do pavimento

conhecido como desgaste. Esta desagregação foi observada em todas as estações avaliadas e

pode ser definida como a perda do agregado superficial devido a fratura mecânica do filme do

ligante ou pela perda de adesão entre o ligante e o agregado (o que na presença de água é

também chamado de arrancamento).

A fratura mecânica do filme do ligante (CAP), normalmente, é provocada pela

combinação de esforços tangenciais e de sucção na área de contato dos pneus dos veículos,

que pode ser agravada caso o ligante já esteja muito endurecido (proveniente do

envelhecimento do pavimento), ou com uma camada muito esbelta no revestimento.

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12.7. Indicação de medidas corretivas

O desgaste, por ter sido observado em todas as estações avaliadas, deve ter uma

atenção especial, pois como já foi dito anteriormente, em seu estágio mais avançado, após a

desagregação do total do revestimento, poderá evoluir para panelas ou buracos, o que

realmente pôde ser notado em algumas estações na avaliação realizada. Antes da evolução

para buracos, devem ser tomadas medidas corretivas em tempo hábil, como a execução de um

remendo do revestimento. Caso evoluam para buracos, pode haver a necessidade de execução

de reparo da base.

Com relação às ocorrências dos defeitos, excluindo-se os buracos ou panelas que

decorrem das más condições de conservação da estrada, destaca-se o acentuado processo de

fadiga no revestimento asfáltico com presença sistemática de áreas trincadas, que podem ser

decorrentes do envelhecimento da mistura asfáltica.

A presença dessas trincas favorece a infiltração e retenção das águas pluviais nas

camadas subjacentes, acarretando a formação de buracos ou panelas com a solicitação das

cargas do tráfego. Portanto, a impermeabilização da superfície constitui uma atividade

indispensável para que se garanta a integridade da estrutura do pavimento.

Os demais defeitos ou ocorrências superficiais, tais como, afundamentos em trilha de

roda, são menos significativos na totalidade do trecho avaliado. Os afundamentos nas trilhas

de roda medidos (com média da ordem de 5 mm para a externa e 3 mm para interna)

demonstram, preliminarmente, que as camadas asfálticas existentes, embora envelhecidas,

ainda apresentam função estrutural relevante na estrutura dos pavimentos não havendo

necessidade de reconstrução ou fresagens profundas dessas camadas.

Com base no cálculo do IGG, o pavimento obteve o conceito péssimo no estado de

conservação. Um indicativo preliminar para este estado funcional do pavimento seria uma

recomposição do revestimento asfáltico (fresagem) com reforço estrutural em CBUQ. Nessas

condições, a recuperação (recapeamento) depende de uma avaliação estrutural e deve ser feito

um estudo para determinar a espessura da capa.

Levando em consideração os resultados da posterior avaliação estrutural e caso não

haja limitações de custo, deve-se avaliar a possibilidade da reciclagem do material da base e a

construção de um novo revestimento, caracterizando a reconstrução do pavimento.

No que tange aos acostamentos, faz-se necessária a reconstituição dos mesmos para

eliminar os acentuados desníveis ou degraus existentes com a pista de rolamento,

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complementando-se com revestimento asfáltico. Essa reconstituição pode ser efetuada com a

sobreposição complementar de camadas constituídas por solos ou materiais locais.

Com relação aos aspectos de drenagem dos pavimentos, o sistema existente é

suficiente em quase toda a extensão do trecho, sendo necessários serviços de recuperação dos

elementos danificados, ou ainda, implementações de pequeno porte em certos segmentos, tais

como descidas d’água e valetas de proteção.

Complementarmente, as sinalizações horizontal e vertical deverão ser refeitas por

completo na totalidade da estrada.

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CAPÍTULO IV – CONCLUSÃO

13. CONCLUSÃO

O trabalho de conclusão de curso tem uma importância fundamental na formação de

um profissional de engenharia, já que estimula o aprendizado de uma situação concreta e

desenvolve a capacidade de enfrentar um problema, de trabalhar coletivamente e refletir

individualmente, buscar informações e analisá-las, além de propiciar o conhecimento das

exigências técnicas normativas.

Vale ressaltar a importância da atitude do orientador e do coordenador da disciplina do

Trabalho de Conclusão de Curso, em apontar e corrigir os erros e deficiências do trabalho. A

atitude acadêmica dos professores contribui para o desenvolvimento da segurança e da auto-

estima do aluno.

Este trabalho tem por base o estudo do transporte rodoviário. As rodovias

desempenham um papel chave no desenvolvimento: o crescimento econômico do Estado e do

País está fortemente relacionado aos investimentos no setor de infra-estruturas. A

conseqüência da insuficiência de recursos é o governo recorrer à participação privada no

provimento e na gestão das rodovias no regime de concessão, aliás, fato que já ocorreu em

outros setores, como energia, telecomunicações, ferrovias e portos.

O estudo do planejamento do sistema de transportes e da formação da rede rodoviária

na Bahia, que consiste na primeira parte do trabalho, ajuda na compreensão do problema da

gestão dos pavimentos rodoviários. De nada adiantaria partir para um trabalho empírico, se

não fosse realizado conjuntamente esse estudo mais abrangente. O que se observou é que as

questões ligadas à política de conservação das rodovias e à gerência dos pavimentos são tão

importantes quanto às questões técnicas de conhecimento do comportamento de pavimentos.

Este estudo indicou deficiências na política de investimentos e na política de

conservação das rodovias. Estas deficiências na infra-estrutura rodoviária se traduz numa

série de fatos negativos: a elevação do tempo de transporte, os altos índices de acidentes, o

encarecimento do custo das atividades econômicas, a perda de competitividade internacional,

a redução no nível de emprego e na arrecadação de impostos e, até mesmo, a queda da receita

de exportações.

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Nota-se que há a necessidade de projetos econômicos viáveis, estrutura financeira

adequada, análise de sensibilidade abrangente, a necessidade de incentivos técnico-

administrativos cuidadosos, arranjos institucionais regulatórios e razoabilidade na concepção

dos projetos para que os problemas relacionados à sustentabilidade da infra-estrutura sejam

minimizados, deixando as rodovias à altura das necessidades de desenvolvimento econômico

do Brasil.

Diante do trabalho de campo, realizado no trecho da BR-324, entre Feira de Santana e

Amélia Rodrigues, pode-se concluir que o procedimento adotado de “Avaliação objetiva da

superfície de pavimentos flexíveis e semi-rígidos”, com base na Norma do DNIT 006/2003 –

PRO, tem uma importância fundamental na determinação do estado de conservação do

pavimento e na geração de um instrumento indicativo para a gerência da rodovia. Entretanto,

este método apresenta limitações com relação à superfície avaliada, já que não demonstra na

coleta de dados a severidade dos defeitos, nem tampouco, a homogeneidade do trecho.

O levantamento dos defeitos do trecho rodoviário foi bastante intenso e cuidadoso.

Com o apoio do pessoal do DNIT e do técnico Sr. Antônio Luiz, foram medidas as flechas

das trilhas de roda e as estações foram caracterizadas. Algumas dificuldades foram

encontradas, pois o volume de tráfego na rodovia é bastante intenso, dificultando a

interrupção da faixa direita da pista.

O resultado das falhas verificadas no trecho alcançou um Índice de Gravidade Global

de 195,80. Com base nos limites estabelecidos por norma, isso resultou no conceito péssimo

para o estado de conservação do pavimento em estudo. Com tal resultado foram indicadas

medidas corretivas a serem adotadas.

Por fim, para continuação dos estudos, citam-se algumas sugestões que devem

aprofundar as análises: a avaliação do pavimento dos outros trechos que compõe a rodovia

BR-324 entre Feira de Santana e Salvador; análise de custos das medidas corretivas indicadas

para o trecho, avaliando a necessidade da execução de recapeamento e fresagem ou

reconstrução total ou parcial da rodovia; um estudo de tráfego, seguido de um estudo de

viabilidade, para avaliar a necessidade de uma terceira faixa.

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REFERÊNCIAS

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FARUOLO, Luciano B., FERNANDES, José L. e BROCHADO, Marina R. Tendências para o controle de peso de veículos nas rodovias. ENQUALAB, 2006. São Paulo. INTERNET: www.abpv.com.br. (Site da Associação Brasileira de Pavimentação). INTERNET: www.estradas.com.br. Informações sobre as rodovias. INTERNET: www.proasfalto.com.br. MEDINA, Jacques de. Mecânica dos Pavimentos. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997. MOTTA, Laura Maria Goretti da; MEDINA, Jacques de. Investigação e Desenvolvimento em Mecânica dos Pavimentos na COPPE – Brasil. Rio de Janeiro, 2006. NAKAHARA, Suyen Matsumura. Estudo do Desempenho de Reforços de Pavimentos Asfálticos em Via Urbana sujeita a Tráfego Comercial Pesado. Tese. São Paulo, 2005. Norma DNIT 005/2003 – TER. Defeitos nos pavimentos flexíveis e semi-rígidos – Terminologia. Norma DNIT 006/2003 – PRO. Avaliação objetiva da superfície de pavimentos flexíveis e semi-rígidos – Procedimento. Norma DNIT 007/2003 – PRO. Levantamento para avaliação da condição de superfície de subtrecho homogêneo de rodovias de pavimentos flexíveis e semi-rígidos para gerencia de pavimentos e estudos e projetos – Procedimento. Norma DNIT 008/2003 – PRO. Levantamento visual contínuo para avaliação da superfície de pavimentos flexíveis e semi-rígidos – Procedimento. Norma DNIT 009/2003 – PRO. Avaliação subjetiva da superfície de pavimentos flexíveis e semi-rígidos – Procedimento. SENÇO, Wlastermiller. Manual de Técnicas de Pavimentação - Volume I. São Paulo - SP, 1ª Ed., PINI, 1997.

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SENÇO, Wlastermiller. Manual de Técnicas de Pavimentação - Volume II. São Paulo - SP, 1ª Ed., PINI, 2001. SEVERI, Andréa Arantes; BALBO, José Thadeu; RODOLFO, Marcos Paulo; SESTINI, Valéria Maria; PRIETO, Valter. Verificação à Fadiga de Revestimentos Asfálticos e Bases Cimentadas. “Programa Pavimentos Asfálticos v. 1.0”. Artigo. São Paulo, 1999. VILLIBOR, Douglas Fadul; FORTES, Fábio Quintela; NOGAMI, Job Shuji. Defeitos de Pavimentos de Baixo Custo e sua Conservação. In: 28ª Reunião Anual de Pavimentação. Belo Horizonte-MG, 1994. ZORZO, Francisco Antônio. Retornando à História da Rede Viária Baiana: o Estudo dos Efeitos do Desenvolvimento Ferroviário na Expansão da Rede Rodoviária da Bahia (1850-1950). Artigo. Feira de Santana-Ba, 2000.

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ANEXOS ANEXO A – Relatório fotográfico das estações

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ANEXO B – Relatório fotográfico dos defeitos

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ANEXO C – Planilha de levantamento de dados (km 518,8 ao km 525,8)

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ANEXO C – Planilha de levantamento de dados (km 526,3 ao km 533,3)

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ANEXO C – Planilha de levantamento de dados (km 533,8 ao km 540,8)

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ANEXO C – Planilha de levantamento de dados (km 541,3 ao km 541,8)

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ANEXO D – Norma DNIT 006/2003 – PRO: Avaliação objetiva da superfície de pavimentos

flexíveis e semi-rígidos - Procedimento

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