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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL RONALDO LIMA LACERDA JUNIOR AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO CONDOMINIAL Feira de Santana 2010

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

RONALDO LIMA LACERDA JUNIOR

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO

DE ESGOTO CONDOMINIAL

Feira de Santana 2010

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RONALDO LIMA LACERDA JUNIOR

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO CONDOMINIAL

Monografia apresentada junto ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientação: Prof. Dr. Roque Angélico

Araujo

Feira de Santana 2010

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RONALDO LIMA LACERDA JUNIOR

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO CONDOMINIAL

Monografia apresentada junto ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientação: Prof. Dr. Roque Angélico Araujo

Feira de Santana-Ba, ____/____/______

____________________________________________ Orientador: Profº. Dr. Roque Angélico Araújo Universidade Estadual de Feira de Santana

____________________________________________ Avaliador: Profº. Me. Diogenes Oliveira Senna Universidade Estadual de Feira de Santana

____________________________________________ Avaliador: Profº. Me. Carlos Pereira Novaes Universidade Estadual de Feira de Santana

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Dedico este trabalho a todas as pessoas que lutam para garantir a preservação do Meio Ambiente.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me dar força e perseverança na realização deste trabalho, me

guiando e me fortalecendo nas dificuldades.

A meus pais por toda ajuda, a minhas irmãs e a meu irmão pela confiança

em mim depositada na realização deste estudo.

A Manoela pela ajuda e dedicação na realização deste trabalho e pela

parceria em todos os momentos.

Ao professor Roque Angélico Araujo pela orientação desta monografia e

pela oportunidade de me aperfeiçoar sobre esse tema tão instigante.

A todos do laboratório de tecnologia da UEFS em especial a Adriano pela

calma e dedicação nos ensaios.

A José Mário, funcionário da EMBASA, pela ajuda na coleta das

amostras.

A todos os amigos da UEFS que também vivem essa experiência de fazer

brotar aos poucos esse estudo, em especial José Juvintino pela parceria.

Enfim, a todos que participaram de forma direta ou indiretamente desse

processo de construção.

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"A vida da terra depende da vontade humana. A terra será o que os homens nela farão.

Nós vivemos, desde agora, este momento histórico decisivo da evolução terrestre".

Rudolf Steiner, fundador da Antroposofia

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RESUMO O presente trabalho tem como objetivo avaliar o tratamento do esgoto doméstico em

uma localidade (Condomínio residencial) com população estimada de 788

habitantes. Para avaliar a eficiência do sistema de tratamento implantado foram

feitas coletas de amostras de efluente bruto e tratado ao final de cada etapa do

processo de tratamento e análises em laboratório, em seguida fez-se a tabulação

dos resultados obtidos nas diferentes etapas e avaliação juntamente com dados da

Resolução 357 do CONAMA. Os resultados indicam que a Estação de Tratamento

de Esgoto submetida à análise tem uma eficiência quanto à remoção da DBO de

95,20%, quanto à remoção da DQO de 85,17%, e em relação a coliformes

termotolerantes mostrou-se reduzir de ≥ 2,3x109 para 8,0x10³.

PALAVRAS-CHAVE: Esgoto doméstico; Tratamento de esgoto; Eficiência de Tratamento.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

1.1 OBJETIVOS 14

1.1.1 Objetivo Geral 14

1.1.2 Objetivo Específico 14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 15

2.1 O SANEAMENTO BÁSICO 15

2.2 O TRATAMENTO DOS ESGOTOS 16

2.3 A EFICIÊNCIA DE UMA ESTAÇÃO NO TRATAMENTO DOS

ESGOTOS DOMÉSTICOS

18

2.4 CARACTERÍSTICAS DOS EFLUENTES E OS PARÂMETROS

PARA O TRATAMENTO NA ESTAÇÃO

20

2.4.1 Características Físicas 20

2.4.2 Características Químicas 21

2.4.3 Características Biológicas 27

2.5 PARÂMETROS LEGAIS PARA DESPEJO DE EFLUENTES EM

CORPOS RECEPTORES

27

2.6 ASPECTOS GERAIS DA ETE EM ESTUDO 29

3 MATERIAL E MÉTODOS 37

3.1 COLETA, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DAS AMOSTRAS 37

3.2 PROCEDIMENTOS REALIZADOS NO LABORATÓRIO 40

3.2.1 Análises Físico-Químicas 40

3.2.2 Análises Bacteriológicas 41

3.3 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

41

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 43

4.1 ESGOTO BRUTO 43

4.2 ESGOTO SUBMETIDO AO TRATAMENTO APENAS PELO DAFA 44

4.3 ESGOTO SUBMETIDO AO TRATAMENTO DO DAFA + WETLAND 44

4.4 ESGOTO SUBMETIDO AO TRATAMENTO DO DAFA + WETLAND

+ DESINFECÇÃO

45

4.5 A EFICIÊNCIA DA ETE E OS PARÂMETROS EXIGIDOS PELO

CONAMA

46

5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES 50

REFERÊNCIAS 51

ANEXOS 53

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

DAFA – Digestor Anaeróbio de Fluxo Ascendente

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO – Demanda Química de Oxigênio

ETE – Estação de Tratamento de Esgoto

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PNAD – Pesquisa Nacional Por amostragem de Domicílios

PNSB – Pesquisa Nacional de Saneamento Básico

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Sedimentador da ETE

Figura 02: DAFA da ETE

Figura 03: Wetland com recirculação da ETE

Figura 04: Tanque de contato (desinfecção) e bomba dosadora da ETE

Figura 05: ETE composta por todos os sistemas unitários

FIGURA 06: a - Entrada de efluente bruto; b - Efluente depois de submetido ao

tratamento no DAFA; c - Efluente depois de submetido ao tratamento no Wetland; d -

Efluente depois de submetido à desinfecção.

Figura 07: Amostra de Efluentes coletados

Figura 08: Amostra de efluentes para análise bacteriológica

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: procedimentos realizados no laboratório

Tabela 02: procedimentos realizados no laboratório relativo à análise bacteriológica

Tabela 03: Resultados das amostras do esgoto bruto da ETE

Tabela 04: Resultados das amostras após o primeiro processo do tratamento (DAFA)

da ETE

Tabela 05: Resultados das amostras após o segundo processo do tratamento

(Wetland) da ETE

Tabela 06: Resultados das amostras no ultimo processo do tratamento

Tabela 07: Resultados das amostras do efluente tratado

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1 INTRODUÇÃO

A água é um dos mais importantes recursos ambientais, sem ela não

haveria vida na Terra, no entanto, este recurso escasso vem sendo agredido pelo

homem, por isso, toda a sociedade deve buscar soluções para preservá-lo.

É nesse contexto que surgem as formas de tratamento de efluentes, para

tentar impedir, ou ao menos minimizar, o impacto ambiental que os dejetos humanos

causam ao serem descartados no meio ambiente (corpo receptor) sem tratamento

adequado.

A solução sustentável mais comumente aplicada é a utilização de rede de

esgoto coletivo municipal, onde a agua residuária é encaminhada para uma estação

de tratamento e posteriormente despejada no corpo receptor, com impacto mínimo

ao meio ambiente.

O Brasil possui um déficit no setor de saneamento. De acordo com a

Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB realizada em 2008, 45,7% das

residências brasileiras são atendidas por serviço público de coleta de esgotos, os

demais domicílios, 54,3%, recorrem à fossas sépticas, ou meios menos eficientes,

como fossas secas, valas a céu aberto, ou lançamento direto em curso d’ água. Do

esgoto coletado, 68,8% passa por algum tipo de tratamento (IBGE, 2008).

Em decorrência do baixo índice de redes coletoras de esgoto são graves

os problemas relacionados com a saúde pública e com a degradação ambiental,

pois a maior parte dos efluentes não encontra destinação adequada, sendo

despejado nos rios, lagos, lagoas e no solo sem qualquer tratamento prévio

(ANDRADE NETO, 1997).

Com o objetivo de minimizar o impacto causado ao meio ambiente,

condomínios residenciais em localidades onde inexiste rede municipal coletora de

esgoto, geralmente em locais mais afastados dos centros urbanos, estão tendo que

construir Estação de Tratamento de Esgoto para atender unicamente as unidades

habitacionais do empreendimento.

A região onde está localizado o referido empreendimento não conta com

rede de esgoto fornecida pelo Município ou pelo Estado, por isso, foi instalada uma

rede de esgoto e tratamento no próprio condomínio, com posterior lançamento do

efluente da ETE do conjunto habitacional em corpo d’água.

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A presente monografia visa, justamente, avaliar a eficiência de uma

Estação de Tratamento implantada em um conjunto habitacional, com 197 casas de

43,2m², com estimativa de 4 moradores por unidade habitacional, totalizando uma

população de 788 habitantes, localizada no Bairro Parque Ipê, no Município de Feira

de Santana-BA, composta por um sistema híbrido de tratamento com as seguintes

unidades de tratamento: Sedimentador, tratamento anaeróbio do tipo DAFA,

posteriormente, wetland com recirculação, através de leitos percolantes cultivados

recirculantes, e por fim, desinfecção.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Verificar ao final de cada etapa individual e global, a eficiência da Estação

de Tratamento do Esgoto, implantada em um Condomínio Residencial.

1.1.2 Específico

Analisar se as unidades em estudo efetivamente são eficientes e

atendem as exigências de qualidade estabelecidas nas leis que

regulam as concentrações máximas permitidas dos agentes poluidores

nos corpos receptores.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 O SANEAMENTO BÁSICO

De acordo com WHO, a Organização Mundial de Saúde define o

saneamento como sendo o “controle de todos os fatores do meio físico do homem

que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre o bem-estar físico mental ou

social”. (WHO, 1989).

A mesma instituição (WHO) simplifica tal conceito, definindo o

saneamento como o “conjunto de medidas visando preservar ou modificar o meio

ambiente, com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde”.

Continua a WHO aduzindo que são inúmeros os benefícios oriundos do

saneamento básico, dentre eles, maior rendimento no trabalho, mudanças no humor,

benefícios econômicos com a diminuição dos custos com internações hospitalares,

sem falar nos benefícios ambientais.

A história do saneamento remonta a muitos séculos antes da Era Cristã.

Com efeito, como o processo de formação das cidades ocorreu na presença de

cursos d’água, eram necessárias medidas para a preservação da saúde das

pessoas (CNS, 1999).

No Brasil, a história do saneamento também se confunde com o processo

de surgimento e formação das cidades. Nos povoados formados na era colonial, o

abastecimento de água era feito através de bicas e fontes, de forma rudimentar e

precária. A implantação de uma infraestrutura mínima se deu com a chegada da

Família Real, notadamente no Rio de Janeiro. Ainda no século XIX verifica-se o

crescimento das cidades e elevado fluxo migratório em direção a estas, o que

impulsionou o agravamento dos problemas de saneamento básico, como as

epidemias, por exemplo (CNS, 1999).

Embora se tenha registro da coleta de esgotos desde a Roma Antiga, o

seu tratamento faz parte da história recente do homem.

De acordo com Andrade Neto, o tratamento dos esgotos no Brasil, até os

anos de 1970, se preocupava apenas com a retirada dos sólidos e do material

flutuante de matéria orgânica e de patogênicos. A partir de 1970, se passou a dar

atenção aos aspectos estéticos, aos interesses ambientais e à remoção de

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nutrientes como nitrogênio e fósforo. Foi somente a partir de 1980 que foram

incluídos dentre os objetivos do tratamento dos esgotos a remoção de compostos

tóxicos, de metais pesados e de compostos recalcitrantes (de difícil biodegradação).

Com efeito, por conta do grande crescimento populacional e industrial

vivido na sociedade moderna, aumenta a demanda por água, consequentemente,

também é ascendente a quantidade de esgoto gerado, podendo este ser definido

como todo “líquido que contém resíduo da atividade humana” seja ele doméstico ou

industrial (NBR 7.229/1993).

Para se garantir a preservação da saúde, do meio ambiente e o

crescimento sustentável, efetivando-se o saneamento se faz necessário tratar os

esgotos oriundos das mais diversas atividades humanas.

Ao longo da evolução histórica, a análise da cobertura dos serviços de

saneamento no Brasil revela que houve melhorias perceptíveis no atendimento às

populações, sobretudo urbanas. Por outro lado, em que pese as melhorias, os

déficits são significativos e refletem o padrão desigual do crescimento econômico

vislumbrado pelo país nas últimas décadas.

A Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios – PNAD, de autoria

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, feita por amostra em

domicílios brasileiros, investiga diversas características socioeconômicas da

sociedade, como população, educação, trabalho, rendimento, habitação, previdência

social, saúde, nutrição e etc., nesse contexto, 45,7% das residências brasileiras são

atendidas por serviço público de coleta de esgotos, os demais domicílios, 54,3%,

recorrem à fossas sépticas, ou meios menos eficientes, como fossas secas, valas a

céu aberto, ou lançamento direto em curso d’ água. Do esgoto coletado, 68,8%

passa por algum tipo de tratamento (IBGE, 2008).

Além disso, a referida pesquisa também constatou que 55,2% dos

municípios são servidos por alguma rede de coleta de esgotos (IBGE, 2008).

2.2 O TRATAMENTO DOS ESGOTOS

De acordo com o que foi visto acima, constata-se que o Brasil é um país

deficiente no que tange ao tratamento de esgotos. Por isso há necessidade de se

buscar formas simplificadas para esse tratamento.

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Dessa maneira, algumas soluções se apresentam para que nas

localidades onde não haja coleta municipal de esgotos os efluentes possam ser

submetidos a tratamento.

De acordo com Santos (2007), os esgotos domésticos são compostos

basicamente de água, cerca de 99,9%, e o restante, cerca de 0,1%, é composto de

matéria orgânica, sabões, alvejantes, papel, plástico, detergentes, desinfetantes, etc.

Tais substancias são originárias das fezes, urina, e das diversas atividades

humanas.

Para sistemas individuais de tratamento de esgoto sanitário, ou seja,

tratamento realizado em residência, por exemplo, as soluções mais utilizadas no

Brasil são: “fossa seca nas suas diversas modalidades; tanque séptico + infiltração

no solo; tanque séptico + filtro anaeróbico” (CHERNICHARO, 1997).

Para sistemas condominiais de coleta de esgotos, também denominados

de sistemas coletivos, Chernicharo (1997) traz as seguintes possibilidades

comumente utilizadas no Brasil: “lagoa de estabilização; aplicação no solo; tanque

séptico + filtro anaeróbico; reator anaeróbico de manta de lodo; filtro biológico

percolador”.

Importante destacar que, segundo Sperling (1996), no que tange aos

sistemas coletivos de tratamento de esgotos, embora existam outras tecnologias

passíveis de utilização, entende-se que, no Brasil, entre as décadas de 1940 e 1990,

as últimas cinco relacionadas anteriormente encontram uma maior aplicabilidade.

Para ele, os sistemas acima apontados são os que mais satisfatoriamente

atendem aos requisitos que merecem destaques, quais sejam:

Baixo custo de implantação;

Elevada sustentabilidade do sistema, relacionada a pouca

dependência de fornecimento de energia, de peças, de

equipamentos de reposição, etc.;

Simplicidade operacional, de manutenção e de controle (pouca

dependência de operadores e engenheiros altamente

especializados);

Baixos custos operacionais;

Adequada eficiência na remoção das diversas categorias

de poluentes (matéria orgânica biodegradável, sólidos

suspensos, nutrientes, patógenos);

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Pouco ou nenhum problema com a disposição do lodo gerado

na estação;

Baixos requisitos de área;

Existência de flexibilidade em relação às extensões futuras e

ao aumento da eficiência;

Possibilidade de aplicação em pequena escala (sistemas

descentralizados), com pouca dependência da existência de

grandes interceptores;

Fluxograma simplificado de tratamento (poucas unidades

integrando a estação);

Elevada vida útil;

Ausência de problemas que causem transtorno à população

vizinha;

Possibilidade de recuperação de subprodutos úteis, visando

sua aplicação na irrigação e na fertilização de culturas agrícolas;

Existência de experiência prática.

Ainda de acordo com Chernicharo (1997), as peculiaridades de cada caso

devem ser observadas no momento da escolha de um projeto de estação de

tratamento de esgoto através de relatório preliminar seguido de projeto básico, onde

devem ser coletados os seguintes dados: a população a ser atendida, estimação do

coeficiente de retorno, vazão da infiltração, área que poderá ser destinada a

implantação da Estação, local de descarte do efluente tratado e do lodo produzido,

existência de energia elétrica e água, e mais, definição do nível de tratamento do

esgoto a ser processado, sempre levando em consideração o enquadramento nas

normas vigentes.

2.3 EFICIÊNCIA DE UMA ESTAÇÃO NO TRATAMENTO DOS ESGOTOS

DOMÉSTICOS

A avaliação da eficiência de uma Estação de Tratamento é definida

através da porcentagem de remoção dos poluentes, como matéria orgânica,

nutrientes, agentes patogênicos, através do cálculo realizado com a seguinte

fórmula (fórmula nº. 01):

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Fórmula nº. 01:

E = Ca - Ce x 100 Ca Onde:

E = eficiência do sistema (%)

Ca = concentração afluente do poluente (mg/L)

Ce = concentração efluente do poluente (mg/L)

A partir da fórmula nº. 01 e dados de monitoramento da Estação de

Tratamento de Esgotos em cada etapa do tratamento, verifica se o esgoto tratado

encontra-se dentro dos limites de descarte regulamentados pelas normas

ambientais.

O esgoto tratado poderá atingir três níveis de eficiência, quais sejam,

primário, secundário e terciário, quanto mais alto o nível atingido maior será a

eficiência do tratamento.

Normalmente, o nível primário é atingido com os processos físicos de

tratamento dos esgotos.

Para se atingir o nível secundário de tratamento, usualmente, precisa-se

adicionar aos processos primários algum processo biológico, como lagoas de

estabilização, ou lodos ativados, reatores anaeróbios, eliminando-se os compostos

carbonáceos.

Por fim, o tratamento terciário visa à redução das concentrações de

Nitrogênio e Fósforo, que é usualmente feito através de processos biológicos de

nitrificação e desnitrificação. A remoção de fósforo também pode ser efetuada

através de tratamento químico, com sulfato de alumínio, por exemplo. No tratamento

terciário faz-se também a remoção de organismos patogênicos, através da

desinfecção ou do tempo de detenção prolongado.

O quadro nº. 01 a seguir demonstra os principais poluentes dos esgotos

domésticos e a sua respectiva forma de remoção:

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QUADRO Nº. 01

Poluentes Forma de remoção na ETE

Sólidos grosseiros em suspensão Crivos, grades ou peneiras

Sólidos sedimentáveis Caixas de areia, centrifugadores, decantadores, flotadores, etc.

Óleos, graxas e sólidos flutuantes Tanques de retenção de gordura, flotadores, decantadores com removedores de escuma

Matéria orgânica biodegradável Lagoas de estabilização, lodos ativados, filtros biológicos, tratamento anaeróbio, disposição no solo, etc.

Patogênicos Lagoas de maturação, disposição no solo, técnicas artificiais de desinfecção

Nitrogênio Nitrificação e desnitrificação biológica, disposição no solo, processos físico-químicos

Fósforo e compostos orgânicos voláteis Remoção biológica, processos físico-químicos, gás stripping, adsorção em carvão, oxidação avançada, etc.

Odor gás stripping, adsorção em carvão, biofiltros etc.

(SANTOS, 2007)

2.4 CARACTERÍSTICAS DOS EFLUENTES E OS PARÂMETROS PARA O

TRATAMENTO

Para se determinar a qualidade da água, deve-se ter em conta as suas

características físicas, químicas e biológicas.

2.4.1 Características Físicas

Fisicamente são observadas a presença de sólidos em suspensão, a

temperatura da água tratada, a cor e a turbidez.

a) Sólidos em suspensão

Os sólidos são matérias que permanecem como resíduo após a

temperatura ser elevada entre 103 e 105º C, e podem estar dissolvidos ou em

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suspensão. Serão dissolvidos quando forem oriundos de moléculas orgânicas e

inorgânicas que não podem ser retidos em membrana de porosidade determinada,

serão suspensos quando membrana de porosidade determinada puder retê-los

(CHERNICHARO, 1997).

A divisão dos sólidos totais de um efluente entre sólidos dissolvidos totais

e sólidos suspensos totais é essencial, uma vez que a maioria dos processos de

tratamento é efetiva somente sobre um desses dois tipos.

Os sólidos dissolvidos totais caracterizam a porção de sólidos filtráveis

enquanto que os sólidos suspensos totais constituem a porção não filtrável, ou seja,

a porção que permanece no filtro após a filtração (CASSINI, 2008).

b) Temperatura

A temperatura, por sua vez, afeta diretamente a eficiência de uma estação

de tratamento e influi na manutenção da vida aquática, nas reações químicas e na

dissolução do oxigênio da água.

A temperatura pode afetar a eficiência do sistema de remoção de

sólidos, pois a diminuição da temperatura gera o aumento da viscosidade do líquido,

o que diminui a eficiência da sedimentação dos sólidos presentes. E mais, a

temperatura também afeta o desenvolvimento dos microorganismos presentes no

efluente (CASSINI, 2008).

c) Cor e turbidez

A cor e a turbidez demonstram a existência de compostos orgânicos e

inorgânicos dissolvidos na água, e podem indicar poluição.

Assim, observar as características físicas da água é essencial em uma

estação de tratamento de esgoto, para fazer com que a água fique o mais

transparente e inodora possível, sinais estes de água tratada.

2.4.2 Características Químicas

a) Presença de matéria orgânica

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No que diz respeito aos aspectos químicos, segundo Chernicharo (1997)

as águas provenientes de esgotos possuem grande quantidade de compostos

orgânicos suspensos e dissolvidos, os quais são constituídos por matéria orgânica

carbonácea e microorganismos vivos e mortos.

CASSINI (2008) acrescenta ainda que os efluentes de média carga

orgânica contêm cerca de 75% de sólidos em suspensão, e, desses, 40% são

constituídos de sólidos orgânicos. Se essa matéria não for degradada antes de o

efluente ser lançado no corpo receptor, as bactérias ali constantes irão iniciar o

processo de degradação e, durante o processo, consumirão o oxigênio que se

encontra dissolvido no corpo receptor, o que ocasionará a diminuição drástica dos

níveis de oxigênio dissolvido, exterminando os peixes e a vida aquática em geral.

Continua CASSINI (2008) aduzindo que os principais materiais orgânicos

biodegradáveis presentes no efluente são proteínas, carboidratos e lipídios.

Ademais, os esgotos podem conter ainda pequenas quantidades de diferentes

moléculas orgânicas sintéticas cuja decomposição é muito lenta, ou mesmo, não

biodegradáveis biologicamente, sendo esta a principal causa de dificuldades

existente nos sistemas de tratamento de efluentes.

As proteínas são um dos principais compostos presentes nos animais.

Elas são formadas por aminoácidos e apresentam uma estrutura química complexa

e instável, estando, portanto, suscetíveis a muitas formas de decomposição. Além

disso, algumas proteínas apresentam solubilidade em água, enquanto outras não.

As moléculas de proteína são formadas por átomos de carbono, oxigênio

e hidrogênio, além de conter um elevado teor de nitrogênio, cerca de 16%, sendo

esse o fator que a diferencia dos demais compostos orgânicos.

Registre-se ainda que a decomposição de proteínas ocasiona odores

desagradáveis nos efluentes;

Os carboidratos, por sua vez, são compostos largamente distribuídos na

natureza, incluindo entre eles os açúcares, o amido e a celulose. Como as proteínas,

as moléculas de carboidrato são formadas por carbono, oxigênio e hidrogênio.

Dentre os carboidratos presentes nos efluentes, a celulose é o mais resistente à

decomposição;

Os lipídios também são compostos cujas moléculas são formadas por

carbono, hidrogênio e oxigênio e formam uma variedade de substãncias orgânicas,

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dentre elas, as gorduras, os óleos e as graxas. Esssa forma de matéria orgânica é

uma das de mais difícil degradação por bactérias.

As bactérias se utilizam dessas matérias orgânicas para a realização de

seus metabolismos, razão pela qual, elas podem ser usadas para a eliminação do

material orgânico, na forma do quadro nº. 02 de reações químicas a seguir:

QUADRO Nº. 2

Matéria

Orgânica

+ O2 + Bactérias

aeróbias ->

CO2 +

H2O +

Energia +

Novas

Células

+produtos

mineralizados

+ NO3 +

Bactérias

anaeróbias

(desnitrificantes)

-> CO2

+N2 +

+ SO4-2 +

Bactérias

anaeróbias

(redutoras de

sulfato)

-> CO2 +

H2S +

+

Microorganismos

anaeróbios

(bactérias e

archaea

metanogênicas)

-> CO2 +

CH4 +

(SANTOS, 2007)

A partir do conhecimento dos parâmetros químicos de qualidade da água

e das reações acima referidas é possível escolher o processo que será usado para

tratar o esgoto no que diz respeito às matérias orgânicas.

Como o material orgânico é vastíssimo em águas residuárias domésticas,

é muito difícil identificar individualmente cada uma de suas espécies. Por isso,

divide-se o material orgânico a ser tratado em dois grupos: o que pode ser oxidado e

o que contém carbono orgânico. Tal medição é feita através de um método indireto

de cálculo do consumo de oxigênio presente na amostra, para se concluir a

quantidade de material orgânico que ali existe .

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Os métodos usados que se baseiam na oxidação do material orgânico

são: Demanda Biológica de Oxigênio (DBO) e Demanda Química de Oxigênio

(DQO).

A DBO é a medida a quantidade de matéria orgânica biodegradável

através da aferição da quantidade de oxigênio dissolvido (OD) necessária para

estabilizar bioquimicamente a matéria orgânica através da ação de bactérias

aeróbicas. Usualmente é medida em mgO2/L. Importante destacar ainda que quanto

maior o DBO, maior será o consumo de oxigênio nos corpos d’água e,

consequentemente, maiores os danos ao meio ambiente (SANTOS, 2007).

A análise da DBO, portanto, pode ser usada para quantificar o teor e a

concentração de substâncias consumidoras de oxigênio presentes no efluente. As

substâncias que consomem oxigênio são compostas por porções carbonáceas, que

se referem ao teor de carbono do efluente, assim, o carbono reagirá com o oxigênio

dissolvido presente no efluente produzindo CO2 e nitrógenos (CASSINI, 2008).

Para se estimar a DBO, incuba-se uma amostra por 5 dias sob a temperatura

de 20o C e mede-se a quantidade de oxigênio consumida nesse tempo, esse é o

valor da DBO, medido em DBO520 (CASSINI, 2008).

De acordo com Santos (2007) a DQO mede o oxigênio equivalente ao

conteúdo de matéria orgânica de uma amostra que pode ser oxidada por um forte

oxidante químico em meio ácido. No teste do DQO, uma amostra de água residuária

é a uma mistura de dicromato de potássio e ácido sulfúrico, um forte oxidante. A

mistura é aquecida até seu ponto de ebulição e, a oxidação das substâncias

orgânicas estará praticamente completa (mais de 95%) A DQO é expressa em

mgO2/L.

Assim como na aferição da DBO, quanto maior a DQO em um dado

efluente, maior sua poluição. Além disso, o valor estimado de DQO de um efluente

fornece uma boa idéia da quantidade total de matéria orgânica presente, pois o

método consegue uma oxigenação bastante eficiente de toda a matéria orgânica e,

inclusive, de alguns constituintes inorgânicos, como NO2-, S2

-, FE2+, SO3

2-.

(CASSINI, 2008)

As análises de DBO e de DQO conduzem a diferentes resultados, sendo

o valor do primeiro maior que o do segundo tendo em vista que a oxidação

microbiológica envolve a parcela biodegradável e a parcela não biodegradável da

amostra. Além disso, via de regra, a realização de uma das análises acima referida

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exclui a realização da outra, pois, o valor da DQO pode ser estimado empiricamente

através de relação com o valor da DBO (CASSINI, 2008).

A análise da quantidade de nitrogênio, segundo Santos (2007), também é

de fundamental importância para a aferição da qualidade da água. É importante

destacar que tal composto é natural de vários compostos biológicos, como as

proteínas, as clorofilas, etc. e é indispensável para o crescimento de

microorganismos responsáveis pela depuração biológica.

Conforme Santos (2007), este componente causa o desenvolvimento de

algas e plantas aquáticas (eutrofização) e subsequente comprometimento da

qualidade dos corpos receptores.

A proteína contém cerca de 16% de nitrogênio, sendo este denominado

de nitrgênio orgânico. Analisando-se o teor de nitrogênio orgânico presente na

amostra, chega-se à quantidade de proteína (CASSINI, 2008).

Quando a matéria orgânica é degradada pelos microorganismos, ocorre a

hidrólise da proteína a um tipo de amônia, denominada de amônia livre (CASSINI,

2008).

CASSINI (2008) aduz ainda que a amônia livre pode ser hidrolisada

produzindo o íon amônio, nos termos da reação a seguir (equação nº. 01):

Equação nº. 01:

NH3 + H2O NH4+ + OH-

e que quando o pH do meio for inferior a 7, o equilíbibrio da reação se

desloca para a direita e a espécie de nitrogênio predominante é NH4+. Se o pH do

meio for superior a 7, o equilíbrio da reação se desloca para a esquerda e a espécie

predominante de oxigênio é a amônia, sendo a forma não ionizada a mais letal para

a vida na água.

Por conseguinte, para se tratar o efluente poluído com alguma das citadas

formas do nitrogênio é necessário um processo denominado de nitrificação, que

consiste na oxidação da amônia, realizado por bactérias autotróficas, formando o

nitrito, na presença de O2. Em outro processo denominado de desnitrificação,

realizado por bactérias heterotróficas, o nitrito formado é convertido em gás

nitrogênio, na ausência de O2 (SANTOS, 2007).

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Conforme CASSINI (2008), quando a amônia é oxidada em reações com

a presença das bactérias nitrossomonas, resulta o nitrito. Quando a amônia é

oxidada com a presença das bactérias nitrobacters, resulta o nitrato.

CASSINI (2008), afirma que somando as porções de nitrogênio orgânico,

amônia livre, nitrito e nitrato tem-se o nitrogênio total. Cada uma dessas formas de

nitrogênio é importante para a manutenção da vida aquática saudável, no entanto,

devem estar presentes apenas em doses adequadas, por isso a necessidade de um

eficiente tratamento.

Ademais, o nitrogênio na forma de nitrito é bastante instável, sendo

facilmente oxidado em nitrato. Já o nitrato é a forma mais oxidada do nitrogênio

presente no efluente, sendo considerado um importante parâmetro a ser controlado.

(CASSINI, 2008).

Observa-se que a retirada do nitrogênio dos efluentes para o seu

tratamento é um processo que demanda muito controle, o qual exige também uma

rigorosa observância das taxas de oxigênio, o pH, a alcalinidade.

De acordo com Santos (2007), assim como o nitrogênio, o fósforo é um

nutriente essencial para os microorganismos decompositores da matéria orgânica e

também é um dos responsáveis pela eutrofização causada pelo crescimento das

algas e que, nos esgotos sanitários, o fósforo é oriundo, principalmente, do uso de

detergentes.

Ainda no âmbito das características químicas da água tratada, deve-se

observar o pH e a alcalinidade. O controle do pH no tratamento das águas

residuárias é de fundamental importância para o desenvolvimento das reações

químicas e bioquímicas do processo.

De acordo com CASSINI (2008), o pH das soluções aquosas exerce

influência direta nas principais características desta solução, como qual substância

se dissolve em determinado efluente. Além disso, o pH influencia no potencial

corrosivo do efluente.

Ainda de acordo com a mesma autora, o controle do pH é determinante

no tratamento biológico dos efluentes, pois, a depender da faixa em que ele se

encontre, serão permitidas ou não a ação de bactérias.

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2.4.3 Características Biológicas

Por fim, no tratamento dos esgotos ainda deve ter em conta as

características biológicas da água, controlando os microorganismos nela presentes

para um efetivo tratamento. Existem microorganismos que são utilizados para

estabilizar a matéria orgânica, outro grupo é usado para eliminar o nitrogênio, outro

para eliminar o fósforo, e assim por diante. Destaque-se ainda que existem micro-

organismos que somente desempenham suas funções catabólicas1 e anabólicas2 na

presença do oxigênio, são os aeróbicos e outros, desempenha suas funções na

ausência de oxigênio, são os anaeróbicos.

2.5 PARÂMETROS LEGAIS PARA DESPEJO DE EFLUENTES EM CORPOS

RECEPTORES

De acordo com Sperling, compete ao Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA) estabelecer os padrões para lançamento de efluentes. Tais

parâmetros foram estabelecidos através da Resolução n°. 357/2005 do Conselho

Nacional do Meio Ambiente - CONAMA (SPERLING, 1996).

A referida Resolução determina que “efluentes de qualquer fonte

poluidora somente poderão ser lançados, direta ou indiretamente, nos corpos de

água, após o devido tratamento a fim de garantir a saúde pública e a preservação

ambiental”.

Como ainda não existe o enquadramento do corpo receptor dos efluentes

tratados na ETE em estudo com relação à classe a que este pertence, o art. 42 da

Resolução 357/2005 do CONAMA determina que o mesmo deve ser considerado de

classe 2.

Como dito na introdução, devida às limitações técnicas, foram escolhidos

os seguintes parâmetros para análise: DBO5, DQO, Nitrito, Nitrato, Sólidos em

Suspensão, Coliformes Termotolerantes, Turbidez, pH, cor e nitrogênio amoniacal.

1 De acordo com o Dicionário Aurélio (1986) as funções catabólicas são os processos metabólicos

onde há "quebra" de substâncias complexas em substâncias mais simples. A "quebra" das proteínas do tecido muscular para obter energia é um exemplo de catabolismo. 2 De acordo com o Dicionário Aurélio (1986) as funções anabólicas são os processos metabólicos que

constroem moléculas maiores a partir de outras menores.

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Quanto aos parâmetros acima referidos a Resolução 357/2005 do CONAMA define

em seu artigo 15, combinado com o art. 14 quais são os limites permitidos:

a) para DBO: 5 dias a 20°C até 5 mg/L O2;

b) Nitrito: 1,0 mg/LN;

c) Nitrato: 10,0 mg/LN;

d) Sólidos em suspensão: 100 mg/L;

e)Coliformes termotolerantes: não deverá ser excedido um limite de 1.000

coliformes termotolerantes por 100 mililitros

em 80% ou mais de pelo menos 6 (seis)

amostras coletadas durante o período de

um ano, com freqüência bimestral. A E. coli

poderá ser determinada em substituição ao

parâmetro coliformes termotolerantes de

acordo com limites estabelecidos pelo

órgão ambiental competente;

f) Turbidez: até 100 UNT;

g) Cor: até 75 mg Pt/L;

h) Nitrogênio amoniacal total: 3,7 mg/LN, para pH ≤ 7,5;

2,0 mg/LN, para 7,5 <pH ≤ 8,0;

1,0 mg/LN, para 8,0 <pH ≤ 8,5;

0,5 mg/LN, para pH > 8,5.

i) pH: 6,0 a 9,0;

Em relação ao parâmetro DQO, embora a resolução do CONAMA

357/2005 não faça referência no lançamento de efluentes líquidos, algumas

legislações ambientais estaduais estabelecem limites máximos.

No caso em estudo o órgão responsável por estabelecer limites máximos

de DQO é o Instituto de Gestão de Águas e Clima (INGÁ), que se posicionou

baseado na concentração máxima de DBO5 fixando esse critério em 5,20 vezes a

concentração máxima de DBO, o que significa 26,0 mg/L O2.

A ETE em estudo precisa atender aos parâmetros acima para uma

tranquilidade técnica e preservação ambiental ou reuso da água. Somente se a ETE

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estiver em consonância com as normas ambientais que tratam da matéria é que

podemos dizer que ela é eficiente.

2.6 ASPECTOS GERAIS DA ETE EM ESTUDO

A região onde está localizado o referido empreendimento não conta com

rede de esgoto fornecida pelo Município ou pelo Estado, por isso, foi instalada uma

rede de esgoto e tratamento no próprio condomínio, com posterior lançamento do

efluente da ETE do conjunto habitacional em corpo d’água.

Foi escolhido um sistema

híbrido de tratamento composto por

Sedimentador, tratamento anaeróbio do

tipo DAFA, posteriormente, wetland

com recirculação, através de leitos

percolantes cultivados recirculantes, e

por fim, desinfecção.

Preliminarmente ocorre o

processo de Sedimentação, tal

processo consiste em uma preparação

dos esgotos para o tratamento

posterior, evitando obstruções, danos

em equipamentos eletromecânicos,

redução do volume útil do reator

biológico ocupado com biomassa e

consequentemente, problemas no

tratamento. A figura 01 se refere ao

projeto do sedimentador em estudo e

ilustra cada etapa do processo.

Este tratamento inicial é constituído

de gradeamento e desarenação. O

gradeamento tem como objetivo a remoção dos sólidos grosseiros e usa como

dispositivo de remoção barras de ferro ou aço paralelas posicionadas

transversalmente ao canal de chegada dos esgotos. As grades devem permitir o

FIGURA 01: Sedimentador da ETE

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escoamento dos efluentes sem produzir grandes perdas de cargas, além de resistir

aos esforços nela empregados durante sua operação.

Já a desarenação ou caixa de retenção de areia, processo posterior ao

gradeamento, consiste na remoção de sólidos com características de sedimentação

semelhantes as da areia, os quais se introduzem no sistema principalmente devido à

infiltração da água na rede coletora de esgotos.

Ultrapassada a fase preliminar, os esgotos seguem para tratamento no

DAFA. De acordo com Andrade Neto (1997), o sistema DAFA foi originariamente

desenvolvido para tratar águas residuárias industriais de alta concentração, mas, por

possuir como característica o separador de fases, a partir de 1980, passou a ser

utilizado no tratamento de esgoto.

O reator anaeróbio de fluxo ascendente através do leito de lodo é, basicamente, um tanque no qual os esgotos são introduzidos na parte inferior (fundo) e saem na parte superior, estabelecendo um fluxo ascendente. A principal característica funcional do DAFA é o fluxo através do leito de lodo. A camada de lodo, pouco expandida, constitui um leito filtrante, porém biologicamente ativo,que retém o lodo em altas concentrações. E se o leito é de lodo, está implícito que não há suporte (evidente que não é um reator de biomassa

aderida e muito menos fixa). (ANDRADE NETO, 1997)

Ainda segundo Andrade Neto (1997), o sistema de tratamento de

efluentes DAFA é feito em três estágios: primário, secundário e terciário.

A figura 02 se refere ao projeto do DAFA na Estação de Tratamento em

análise.

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FIGURA 02: DAFA da ETE

No tratamento secundário, após a remoção de sólidos grosseiros na fase

preliminar, o esgoto bruto sofrerá processos físicos e biológicos anaeróbios em um

DAFA, A unidade de pré-tratamento consiste em um tanque no qual se acumulam os

sólidos em suspensão, havendo hidrólise e metanogênese parcial.

No DAFA ocorre um processo biológico natural, a digestão anaeróbia, que

leva à degradação de material orgânico através de sua conversão em metano. No

reator, o processo natural é acelerado muitas vezes, pois, são mantidas grandes

quantidades de bactérias anaeróbias e assegura-se um contato intensivo entre o

material orgânico presente na água residuária que entra no DAFA e as bactérias ali

presentes.

Depois os efluentes processados no DAFA são conduzidos ao Wetland,

um sistema de leitos cultivados recirculantes, que associa um processo hidropônico,

com a oxidação biológica em meios filtrantes.

Esse sistema de leitos percolantes cultivados conhecidos como Reed

Beds ou Constructed Wetlands consiste em

Lagoas ou canais rasos, que abrigam plantas aquáticas.

Mecanismos biológicos, químicos e físicos no sistema de raiz-solo

atuam no tratamento dos esgotos. Esse sistema é mais apropriado

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para pós-tratamento de efluentes de reatores anaeróbios, tendo em

vista o seu baixo potencial de geração de maus odores e de

aparecimento de mosquitos e ratos. (CHERNICHARO, 1997)

Ainda segundo Chernicharo (1997), os leitos percolantes adotados são

preenchidos com brita “1” e cultivados com papiros ("Cyperus papyrus"), uma planta

perene da família das ciperáceas.

A função da espécie da planta é remover os coliformes fecais, a Demanda

Química de Oxigênio (D.Q.O.) e a Demanda Bioquímica de Oxigênio (D.B.O.)

(CHERNICHARO, 1997).

O supracitado Autor afirma ainda que, os filtros biológicos recirculantes,

utilizam meios percolantes variados desde cascalho, brita graduada ou coquilhos

vegetais para promover tratamento final de águas residuais. Eles consistem de um

reservatório impermeável de alvenaria ou de manta em PVC, preenchido por meio

filtrante assentado sobre um sistema de drenagem de fundo. As águas residuais são

aplicadas sobre a superfície do filtro através de uma rede de distribuição para

permitir a percolação através do meio filtrante para o sistema de drenagem no fundo

do filtro.

A figura 03 abaixo se refere ao projeto do Wetland em estudo, ilustrando

cada um de seus componentes.

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FIGURA 03: Wetland com recirculação da ETE

O sistema de drenagem de fundo recolhe e recicla o efluente contido para

posterior reprocessamento. Outros mecanismos de tratamentos ocorrem no filtro

incluindo processos físicos, tais como sedimentação na remoção de sólidos

suspensos. Além disso, pode ocorrer de forma limitada a absorção de poluentes nas

superfícies do meio filtrante (CHERNICHARO, 1997).

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Os microorganismos que se desenvolvem na forma de biofilmes sobre as

superfícies do meio filtrante são capazes de absorver material solúvel e resíduos

coloidais na água, que percolem sobre a superfície filtrante. Os materiais são

absorvidos e incorporados à massa celular ou degradados em condições aeróbias

na forma de dióxido de carbono e água (CHERNICHARO, 1997).

Em suma, o sistema de wetland com recirculação, que ocorre depois do

DAFA, tem seu funcionamento assim assegurado:

1- Os rizomas ou raízes da tábua crescem verticalmente e

horizontalmente garantindo a capacidade do leito e percolação do esgoto em

tratamento sem inundação superficial;

2- O ambiente subsuperficial em torno do sistema radicular sustenta uma

grande biomassa de bactérias aeróbias, que recebem oxigênio transferido a partir

das folhas de papiros, promovendo a metabolização do esgoto;

3- Por via anóxica e anaeróbia o esgoto é metabolizado na camada

inferior do leito, mais afastada dos rizomas.

No presente caso o wetland é composto de duas unidades.

É importante destacar que, consoante aponta Chernicharo (1997), ao

Associar o sistema DAFA e o Sistema Wetland a matéria orgânica (DBO) se

estabiliza e microorganismos nitrificadores serão capazes de se desenvolver nas

camadas mais profundas, onde a nitrificação irá ocorrer, para em seguida

desnitrificar em contacto com o efluente pré-tratado no DAFA na medida em que

este aflue ao corpo do leito percolante cultivado, com o objetivo de aumentar a

eficiência no tratamento do esgoto.

Por fim, a última fase do tratamento do esgoto sanitário é a desinfecção.

Essa fase tem por objetivo destruir os agentes patogênicos presentes nos efluentes

tratados e será realizada, no caso em análise, através de cloração.

Uma bomba dosadora garante a inserção do cloro, nesse caso,

hipoclorito, em períodos pré-estabelecidos, garantindo a concentração desejada.

A figura 04 se refere ao projeto em estudo e ilustra as etapas do processo

de desinfecção.

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FIGURA 04: Tanque de contato (desinfecção) e bomba dosadora da ETE

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A Figura 5 ilustra toda a ETE, com todas as unidades acima descritas:

FIGURA 05: ETE composta por todos os sistemas unitários

3 MATERIAL E MÉTODOS

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Este estudo, de natureza quantitativa e analítica, foi desenvolvido em uma

Estação de Tratamento de Esgoto de um condomínio residencial localizado no Bairro

Parque Ipê, no Município de Feira de Santana-BA, com 197 casas, com estimativa

de 4 moradores por unidade habitacional, totalizando uma população de 788

habitantes.

Foi utilizado para aferir a eficiência da Estação de Tratamento em estudo,

os parâmetros físico-químicos e biológicos dos efluentes tratados na estação,

mediante coleta e análise de amostras retiradas ao final de cada etapa do

tratamento.

Foram realizadas duas coletas de amostras, uma no dia 17 de novembro

de 2010 e a outra no dia 29 de novembro de 2010, ambas as 10:00h. Em cada ponto

foram extraídas amostras suficientes para a realização de três análises

concomitantes em laboratório, totalizando seis leituras diferentes de cada parâmetro.

Por impossibilidades técnicas do laboratório responsável por fazer a

análise das amostras, nem todos os parâmetros de qualidade do efluente sob

tratamento previstos na Resolução 357/2005 do CONAMA foram observados, tendo

o presente trabalho se detido aos seguintes: DBO, DQO, nitrogênio, nitrito, nitrato,

sólidos em suspensão, coliformes termotolerantes, turbidez, pH e nitrogênio

amoniacal.

Quanto a análise de coliformes termotolerantes foi realizada somente no

primeiro e no ultimo ponto, tendo sido feita uma leitura por ponto coletado.

3.1 COLETA, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DAS AMOSTRAS

Nos pontos de coleta as amostras foram retiradas com o auxílio de um

balde e em seguida transportadas para os vasilhames apropriados para serem

encaminhados ao laboratório, conforme figura nº. 06 a seguir, (consubstanciada nas

fotos a, b, c e d):

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FIGURA 06: a - Entrada de efluente bruto; b - Efluente depois de submetido ao tratamento no DAFA; c - Efluente depois de submetido ao tratamento no Wetland; d - Efluente depois de submetido à desinfecção.

As amostras para análise dos parâmetros físico-químicos do esgoto

tratado na estação em estudo foram acondicionadas em garrafas de polietileno com

capacidade de 2L coletadas nos seguintes pontos:

a) Entrada de efluente bruto;

b) Efluente depois de submetido ao tratamento no DAFA;

c) Efluente depois de submetido ao tratamento no Wetland;

d) Efluente depois de submetido à desinfecção.

A figura 07 demonstra as amostra de efluente coletados nos pontos

citados acima.

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FIGURA 07: Amostra de efluentes coletadas

Já as amostras para análise dos parâmetros biológicos do esgoto tratado,

Figura 08, na estação em estudo foram acondicionadas em recipientes de vidro

esterilizados com capacidade de 100mL as quais se realizaram nos seguintes

pontos:

a) Entrada de efluente bruto;

b) Efluente depois de submetido à desinfecção.

.

FIGURA 08: Amostras de efluentes para análise bacteriológica

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As amostras foram devidamente identificadas e acondicionadas em um

recipiente térmico não havendo necessidade de conservação com gelo, pois o

tempo gasto com a coleta das amostras e o transporte até o laboratório foi de

aproximadamente quarenta minutos, em seguida as amostras foram armazenadas

em caixas térmicas e posteriormente encaminhadas ao Laboratório de Saneamento

do Departamento de Tecnologia da Universidade Estadual de Feira de Santana.

3.2 PROCEDIMENTOS REALIZADOS NO LABORATÓRIO

3.2.1 Análise Físico-Químicas

pH – a determinação do potencial hidrogeniônico foi realizada utilizando

um pH-metro de bancada da marca Quimis modelo Q.400 A e calibrado com

soluções tampões de pH 4,2 e 6,86 antes de realizar a leitura das amostras.

Turbidez – foi realizada por meio de um turbidímetro da marca Micronal

modelo B250.

Cor – foi determinada utilizando-se um colorímetro visual da marca DEL

Lab modelo DLNH 100.

Nitrito e Nitrato – as análises foram realizadas através do Kit da marca

Hach Modelo NI – 12 Nitriver/Nitraver.

DBO – foi determinada através do método respirométrico utilizando a

estufa de DBO da marca OXITOP, modelo WTW.

DQO – sua determinação se deu através do método do refluxo fechado

utilizando o Espectrofotometro da marca PROCYON, modelo SC 90.

Nitrogênio amoniacal – sua análise foi realizada através do método de

Kjeldahl utilizando o destilador de nitrogênio da marca TECNAL, modelo TE - 0363.

Sólidos em suspensão – o ensaio foi realizado pela norma de

determinação de resíduos em águas através do método gravimétrico.

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Tabela 01: procedimentos realizados no laboratório

Parâmetro Unidade Metodologia Analítica Norma

Ph - Eletrométrico NBR 14339/1999

Turbidez uT Turbidimétrico MB 3227/1990

Cor uH Colorimétrico NBR 13798/1997

Nitrito/Nitrato mg/L NO3/NO2 Colorimétrico Test Kit Hach

DBO mg/L O2 Respirométrico

Standard Methods –

20ª Ed

DQO mg/L DQO Refluxo fechado NBR 10357/1988

Nitrogênio

Amoniacal

mg/L Método de Kjeldahl NBR 12621/1992

Sólidos em

suspensão

mg/L Gravimétrico NBR 12620/1992

3.2.2 Análises Bacteriológicas

As análises bacteriológicas dos efluentes para determinação do teor de

coliformes totais termotolerantes foi realizada através do método do substrato

cromogênico da marca Colilert que é regulamentada pelo Standard Methods 20ª Ed.

Tabela 02: procedimentos realizados no laboratório relativo à análise bacteriológica

Parâmetros Unidades Metodologia

Analítica Normas

Coliformes Totais

Termotolerantes NMP/100mL

Substrato

Cromogênico Colilert

Standard Methods –

20ª Ed

3.3 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS

Para a avaliação da eficiência da estação de tratamento em estudo foi

feita uma comparação entre as médias das leituras feitas em laboratório em cada

ponto analisado com os valores máximos dos parâmetros previstos na Resolução

357/2005 do CONAMA estudados no capítulo anterior.

O calculo da eficiência teve como base a média de todos os valores

encontrados referente a cada parâmetro.

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Também foi calculado o desvio padrão das amostras afim de demonstrar

a variação entre os resultados obtidos em laboratório e consequentemente a

confiabilidade entre eles.

A média das leituras foi calculada de acordo com a seguinte expressão

(equação nº. 02):

Equação nº. 02:

O desvio padrão das amostras foi calculado utilizando a expressão a

seguir (equação nº. 03):

Equação nº. 03:

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir será tabelado todos os dados coletados em laboratório dos

parâmetros submetidos a análise, tendo a representação das respectivas médias e

desvio padrão destes em cada ponto de coleta.

4.1 ESGOTO BRUTO

O esgoto bruto foi coletado na estação elevatória da ETE sendo que

este efluente passou anteriormente apenas por tratamento primário através de

gradeamento e caixa de areia para retirada de resíduos sólidos.

Seguem na Tabela 03, os dados referentes ao esgoto bruto, os quais são

indispensáveis para a avaliação da eficiência da estação, pois são estes os valores

iniciais a serem comparados com as próximas etapas de tratamento.

Tabela 03 - Resultados das amostras do esgoto bruto da ETE

** Amostra apresentou problema durante a leitura no laboratório, o que inviabilizou a sua utilização na análise dos dados.

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4.2 ESGOTO SUBMETIDO AO TRATAMENTO APENAS PELO DAFA

A Tabela 04 contém os resultados das análises do efluente submetido

apenas ao tratamento pelo DAFA. Nessa tabela consta a eficiência que esta forma

de tratamento pode atingir analisando separadamente cada parâmetro.

Tabela 04 – Resultados das amostras após o primeiro processo de tratamento (DAFA) da ETE

** Amostra apresentou problema durante a leitura no laboratório, o que inviabilizou a sua utilização na análise dos dados.

O tratamento secundário realizado pelo DAFA demonstrou uma eficiência

de 68,73% para Demanda Bioquímica de Oxigênio e 71,19% para Demanda

Química de Oxigênio o que representa uma considerável redução na demanda de

Oxigênio. Este valor se encontra próximo ao previsto em projeto para ambos os

parâmetros, 70%.

4.3 ESGOTO SUBMETIDO AO TRATAMENTO DO DAFA + WETLAND

A Tabela 05 além de representar todos os valores encontrados nos

ensaios realizados, mostra também a eficiência do tratamento com o Wetland e a

eficiência do tratamento obtida com os dois processos de tratamento secundário:

DAFA + Wetland.

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Tabela 05 – Resultados das amostras após o segundo processo de tratamento (Wetland) da ETE

** Amostra apresentou problema durante a leitura no laboratório, o que inviabilizou a sua utilização na análise dos dados.

As amostras analisadas representam eficiências de 72,6% na remoção de

DBO, 45,3% de DQO e 73,0% de Nitrogênio Amoniacal.

O presente estudo não teve possibilidades de demonstrar os valores

parciais de coliformes, porém o Wetland tem como uma de suas principais

características a redução de coliformes termotolerantes além de sua eficiência para

DBO e DQO.

4.4 ESGOTO SUBMETIDO AO TRATAMENTO NO DAFA + WETLAND +

DESINFECÇÃO

Os dados referentes ao tratamento completo, Tabela 06, representam a

eficiência geral da ETE em estudo

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Tabela 06 – Resultados das amostras no ultimo processo de tratamento (Desinfecção)

** Amostra apresentou problema durante a leitura no laboratório, o que inviabilizou a sua utilização na análise dos dados.

Os resultados indicam eficiências do processo de desinfecção em

remoção de Cor de 25%, de DBO 44,05%, de DQO 5,9% de Nitrogênio Amoniacal

41,51%, porém houve um aumento considerável na Turbidez de 594,22%, que pode

estar relacionado com a coagulação de compostos orgânicos com a aplicação do

cloro, e leigeiro aumento do pH de 3,45%.

4.5 A EFICIÊNCIA DA ETE E OS PARÂMETROS EXIGIDOS PELO CONAMA

Para avaliação da eficiência de uma Estação de Tratamento de Esgoto a

comparação entre as concentrações máximas exigidas pela Resolução 357/2005 do

CONAMA deve ser feita com o esgoto tratado diluído no corpo receptor.

No caso em questão o corpo receptor não teve capacidade de diluição,

tendo em vista que se trata de um riacho intermitente, o qual estava desprovido de

qualquer líquido na época do desenvolvimento do presente estudo.

Logo a comparação pode ser feita com o efluente na fase final do

tratamento.

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Na Tabela 07, estão relacionados as médias de cada parâmetro

escolhido para análise no início e final do tratamento, bem como os valores máximos

para os mesmos parâmetros recomendados pela Resolução 357 do CONAMA, a

eficiência obtida no tratamento e a situação em relação aos parâmetros da referida

Resolução.

Tabela 07 – Resultados das amostras do efluente tratado

** Amostra apresentou problema durante a leitura no laboratório, o que inviabilizou a sua utilização na análise dos dados.

A remoção de coliformes foi eficiente (99,999%) porém não atendeu a

Resolução do 357/2005 do CONAMA que exige um despejo máximo no corpo

receptor de 1000NMP/100mL e no caso em análise a concentração final foi de 8000

NMP/100mL, oito vezes maior.

Em relação a cor a Resolução do 357/2005 do CONAMA foi atendida,

pois o valor encontrado no efluente tratado foi igual ao limite estabelecido pela

mesma, que é de 75uH.

Apesar da redução da DBO5 ter sido de 95,20% não foi atendida a

Resolução 357/2005 do CONAMA.

Para que seja satisfeita a resolução é necessário que se atinja uma

demanda de 5,00 mg/L O2, diluido no corpo receptor e o que se conseguiu foi 39,17

mg/L O2.

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Quanto à DQO a eficiência obtida foi de 85,17%, redução de 3.933,33

mg/L O2 para 583,33 mg/L O2. Porém, esse resultado é superior ao que estabelece a

Resolução 357/2005, que é uma concentração máxima de 26 mg/L O2, logo não

atende à mesma.

Em todos os pontos de coleta não se detectou a presença de Nitrito e/ou

Nitrato, nem mesmo no esgoto bruto. Tal fenômeno pode ter sido causado por erro

nas leituras em laboratório tendo em vista que a possibilidade de um esgoto

doméstico não apresentar esses compostos é muito remota. Até porque foi

constatada a presença de nitrogênio amoniacal nas amostras, o qual, quando

decomposto, dá origem ao nitrito e posteriormente em nitrato, formato

completamente oxidado do nitrogênio.

Por conseguinte, não se pôde aferir a eficiência da Estação em estudo

quanto ao nitrito e ao nitrato, nem se houve cumprimento das determinações

estabelecidas pela Resolução 357/2005 do CONAMA que determina uma

concentração máxima de 1,0 mg/LN para Nitrito e 10,0 mg/LN para Nitrato.

Se considerarmos o valor 0,0 (o qual esse pesquisador acredita que não

condiz com a realidade) a ETE em estudo, em tese, cumpriria as determinações do

CONAMA para o nitrito e para o nitrato, sendo, portanto, eficaz.

Em relação as concentrações referentes ao nitrogênio amoniacal a

pesquisa demonstrou uma eficiência de 89,12%, sendo lançado no corpo receptor

um efluente com um teor de 2,07 mg/LN. Para satisfazer as exigências requeridas

nesse estudo seria necessário um efluente com concentração de até 2,00 mg/LN,

consequentemente não atenderia as solicitações desejadas.

Porém foi verificado um resultado muito próximo do que se determina o

CONAMA, consequentemente uma eficiência satisfatória.

A verificação das concentrações de pH permaneceu em patamares

satisfatórios em todos os pontos analisados.

Os valores obtidos a partir das análises ficaram na faixa entre 6,0 e 9,0

que é o que determina a Resolução 357/2005 do CONAMA.

A Resolução 357/2005 do CONAMA determina que a concentração

máxima de sólidos suspensos para lançamento em corpos receptores seja de

100mg/L. A ETE em estudo nesse quesito satisfez as exigências, pois, as análises

laboratoriais apontam um efluente tratado com 21,5 mg/L de sólidos suspensos com

eficiência de 95,3%.

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Foi observado a partir das amostras submetidas a análise uma redução

da turbidez no tratamento secundário, porém houve um aumento significativo no

ultimo processo de tratamento, contribuindo para uma não conformidade em relação

aos parâmetros estabelecidos pela Resolução 357/2005 CONAMA.

De acordo com a referida Resolução, um corpo receptor não deve receber

um efluente com turbidez maior que 100uT e o presente estudo detectou turbidez de

348,5uT no efluente final da ETE, logo não atende portanto a exigência referente a

esse parâmetro.

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5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Os efluentes da Estação de Tratamento de Esgoto Condominial em todos

os parâmetros analisados, reduziu consideravelmente o impacto ao meio ambiente

como: Coliformes Termotolerantes, DBO, DQO e Nitrogênio Amoniacal.

Assim, a ETE em estudo se mostrou eficiente, ou seja, quando se fala em

eficiência, trata-se de como fazer, de produtividade.

Entretanto, o tratamento analisado não satisfez às exigências ambientais

regulamentadas pela Resolução nº. 357/2005 do CONAMA, no que tange aos

principais parâmetros escolhidos para avaliar a ETE.

Com efeito, a eficácia é um grau no qual os resultados correspondem aos

parâmetros externos fixados. Cumpre trazer um exemplo: a eficiência estaria

consubstanciada ao se cavar, com perfeição técnica, um poço artesiano; e a eficácia

estaria garantida se fosse encontrada água. Assim sendo, "eficiência é fazer as

coisas de maneira correta, eficácia são as coisas certas” (DRUCKER, 1967).

Assim sendo, embora a ETE tenha sido eficiente, pois reduziu

consideravelmente os agentes poluidores, não foi eficaz, já que não atendeu aos

parâmetros previstos na Resolução nº. 357/2005 do CONAMA.

Em relação ao Nitrito e ao Nitrato foi percebida sua ausência em todos os

pontos coletados até mesmo no esgoto bruto, o que, muito provavelmente não

condiz com a realidade, tendo em vista que a possibilidade de um esgoto doméstico

não apresentar esses compostos é muito remota. Ademais, o nitrogênio amoniacal

foi encontrado, o qual se decompõe em nitrito e posteriormente em nitrato, o que

também corrobora com a assertiva de que muito provavelmente houve erro de

leitura.

Contudo, a ausência de nitrito e nitrato impossibilitou avaliar a eficiência

do tratamento em relação a esses compostos, já que era esperado que o Wetland

removesse um certo percentual através das superfícies de meios filtrantes (raiz).

Por fim, não basta apenas implantar uma estação de tratamento em um

conjunto habitacional, é necessário assegurar que ela seja eficiente e eficaz no que

diz respeito a Resolução 357/2005 do CONAMA.

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REFERÊNCIAS

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DRUCKER, Peter Ferdinand,. O gerente eficaz. Rio de Janeiro: Guanabara, c 1967. Estações de Tratamento de Esgoto Precisam Atender Leis e Normas. Revista H2O Água. Edição de 07 de janeiro de 2010. Disponível em: <http://64.233.163.13 2/search?q=cache:ggv HNuKzQJ:www.h2oagua.com.br/noticia.asp%3Fnoticia %3D627+construção+civil+ esgoto+exigências+meio+ambiente&cd=7&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 15 de janeiro de 2010. FERREIRA, Aurélio B. de Hollanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. Instrução Normativa 03/07 do Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ) - Dispõe sobre critérios técnicos referentes à outorga para fins de diluição, transporte ou disposição final de esgotos domésticos em corpos de água de domínio do Estado da Bahia. Disponível em: < http://www.inga.ba.gov.br/modules/p ico/inde x.php? content_id=198>. Acesso em: 15 de janeiro de 2010.

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http://pt.wikipedia.org/wiki/PesquisaNacional _por_Amostra_de_Domic%C3%ADlio>.

Acesso em: 05 de novembro de 2010.

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ANEXO

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