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Universidade Estadual de Londrina DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE BACHARELADO EM GEOGRAFIA ANA CAROLINA CHIQUETO CARACTERIZAÇÃO E MAPEAMENTO DAS ONG’S DE COLETA SELETIVA DE LONDRINA LONDRINA - PARANÁ NOVEMBRO/2006

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Universidade Estadual de Londrina

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE BACHARELADO EM GEOGRAFIA

ANA CAROLINA CHIQUETO

CARACTERIZAÇÃO E MAPEAMENTO DAS ONG’S DE COLETA SELETIVA DE

LONDRINA

LONDRINA - PARANÁ NOVEMBRO/2006

ANA CAROLINA CHIQUETO

CARACTERIZAÇÃO E MAPEAMENTO DAS ONG’S DE COLETA SELETIVA DE LONDRINA

Londrina

2006

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ANA CAROLINA CHIQUETO

CARACTERIZAÇÃO E MAPEAMENTO DAS ONG’S DE COLETA SELETIVA DE LONDRINA

Monografia apresentada ao Curso de Bacharelado, em Geografia, da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel. Orientador: Prof. Wladimir César Fuscaldo

Londrina

2006

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ANA CAROLINA CHIQUETO CARACTERIZAÇÃO E MAPEAMENTO DAS ONG’S DE COLETA SELETIVA DE

LONDRINA

Monografia apresentada ao Curso de Geografia, da Universidade Estadual de Londrina, como Requisito parcial à obtenção do título de Bacharel.

COMISSÃO EXAMINADORA

Rosely Maria de Lima ____________________________________

Prof.

Geraldo Terceiro Correa ____________________________________

Prof.

Wladimir César Fuscaldo ____________________________________

Prof.

Londrina, ____ de _____________ de 2006

5

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por ter me dados forças para superar todos

os obstáculos encontrados no meu caminho.

Agradeço aos meus pais Clóvis e Honorina, pois sem o esforço, carinho e

confiança eu não teria chegado ao lugar que estou hoje. A minha irmã Ana Silvia por ser um

modelo de persistência em correr atrás de seus objetivos.

Ao meu namorado Jonatan, pelo amor, que esteve e está ao meu lado desde o começo dessa jornada.

A minha querida amiga Sarah por agüentar todas as lamentações e emoções

vividas na execução deste trabalho.

Ao meu orientador Wladimir, pela paciência e por estar do meu lado durante

todos esses anos.

Aos amigos, colegas, em especial a Silvana, Luis Barateli, Frank, Ana Paula,

Janet, Cibelli, Marco Alexandre, Carla, Lucas e Edi.

Aos profissionais da empresa onde trabalho que me ofereceram apoio,

instrumentos, recursos e ensinamentos para que pudesse realizar este trabalho, sem ajuda

desses amigos seria inviável a confecção deste material.

Aos que não impediram a finalização deste estudo.

6

A Deus, aos meus pais e aos meus amigos.

7

“O que mais te surpreende na humanidade? Os homens... porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensar ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.”

Dalai Lama

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

SIG Sistema de Informação Geográfica

CEMPRE Compromisso Empresarial para a Reciclagem

RS Resíduos Sólidos

GPS Global Positioning System

CMTU - Companhia de Trânsito e Urbanização

ONG Organização não Governamental

PEV Posto de Entrega Voluntária

CEPEVE Central de Pesagem e Venda

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

ITP Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PML Prefeitura Municipal de Londrina

UEL Universidade Estadual de Londrina

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Número de pessoas que trabalham na ONG ..................................... 69

Figura 02 - Horas trabalhadas.............................................................................. 71

Figura 03 - Forma de pagamento......................................................................... 72

Figura 04 - Conhecimento dos preços de venda pelos recicladores ....................74

Figura 05 - Locais de armazenamento................................................................ 76

Figura 06 - Investimento na organização............................................................ 77

Figura 07 - O que poderia ser melhorado........................................................... 77

Figura 08 - Proprietário do terreno da Ong..........................................................78

Figura 09 - Quantos são os bairros atendidos por cada Ong ..............................78

Figura 10 - Utilizam material de proteção...........................................................79

Figura 11 - Há reuniões para discutir assuntos sobre a Ong................................80

Figura 12 - Qual o grau de participação..............................................................80

Figura 13 - Existem conflitos entre os associados e os carrinheiros...................81

Figura 14 - Sabem o que é coleta seletiva............................................................81

Figura 15 - Quais os benefícios da coleta seletiva..............................................82

Figura 16 – Quantidade de material coletado por mês....................................... 87

Figura: 17- Sistema de Informações................................................................... 90

Figura 18 – Mapa de lotes e dados alfanuméricos da cidade de Assis ...............92

10

Figura 19 - Constelação de 24 Satélites situados em 6 planos orbitais, uma latitude média de

20.200 Km .......................................................................................................95

Figura 20 - Modelo do software Geomedia Professional.................................101

Figura 21 - Dados Gráficos e Alfanuméricos do Estado do Paraná ................102

Figura 22 – Consulta ao Banco de Dados no sistema Geomedia.....................103

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RESUMO

O trabalho abordou a gestão dos resíduos sólidos municipais em suas diversas formas como

aterros sanitários, compostagem, incineração, com ênfase à coleta seletiva e à reciclagem.

Com foco no estudo de caso do Município de Londrina no Norte do Paraná. O objetivo final

foi uma análise dos aspectos socioeconômicos dos trabalhadores das Ong’s de Coleta Seletiva

e um mapeamento georreferenciado da localização de 28 Ong’s do município, utilizando

como apoio o mapeamento urbano de Londrina.

Palavras chaves: resíduos sólidos, reciclagem, coleta seletiva, Ong’s, georrefenciamento e

mapeamento.

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SUMÁRIO

CAPITULO 1 O ESPAÇO URBANO E A GEOGRAFIA .................................................... 15 1.1INDUSTRIALIZAÇÃO ....................................................................................................19 1. 2 LONDRINA: HISTÓRIA E EVOLUÇÃO URBANA .....................................................22 CAPITULO 2 RESÍDUOS SÓLIDOS OU O LIXO................................................................26 2.1 LEGISLAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS....................................................................28 2.2 OS RESÍDUOS SÓLIDOS E OS PROBLEMAS AMBIENTAIS ....................................31 2.3 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS .............................................................34 2.4 TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DO R.S ..........................................................37 2.5 FORMAS DE TRATAMENTO.........................................................................................38 2.6 RECICLAGEM ..................................................................................................................38 2.7 COLETA SELETIVA ........................................................................................................41 2.8 COMPOSIÇÃO DOS R. S RECICLÁVEIS ......................................................................48 2.8.1 PAPEL.............................................................................................................................49 2.8.2 PLÁSTICO ......................................................................................................................51 2.8.3 VIDRO ............................................................................................................................52 2.8.4 METAIS ..........................................................................................................................53 2.8.5 EMBALAGEM CARTONADA E/OU LONGA VIDA.................................................54 2.8.6 OUTROS MATERIAIS ..................................................................................................55 CAPITULO 3 CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DAS ONG’S ......................................56 3.1 CEPEVE .............................................................................................................................60 3.2 HISTÓRICO DA COLETA SELETIVA EM LONDRINA ..............................................61 3.3 O CATADOR.....................................................................................................................63 3.4 METODOLOGIA DA APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO ..........................................66 3.5 QUESTIONÁRIO APLICADO EM OITO ONG’S NA CIDADE DE LONDRINA.......67 3.6 O MERCADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM LONDRINA...........................................82 CAPITULO 4 O MAPEAMENTO DAS ONG’S DE COLETA SELETIVA.........................89 4.1 O EOPROCESSAMENTO ALIADO A COLETA DE DADOS E DESENVOLVIMENTO DO MAPEAMENTO DAS ONG’S. ........................................................................................89 4.2 CARTOGRAFIA................................................................................................................92 4.3 GPS – GLOBAL POSITIONING SYSTEM .....................................................................94 4.3.1 – ESTAÇÃO DE REFERENCIA....................................................................................96 4.4 SIG – SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA .................................................100 4.5 RESULTADOS – MAPEAMENTO E BANCO DE DADOS ........................................103 4.5.1 MATERIAL COLETADO............................................................................................103 4.6 AVALIAÇÃO DA BASE CARTOGRAFICA ................................................................104 4.7 DIFICULDADES ENCONTRADAS ..............................................................................105 4.8 PREPARAÇÃO DA BASE CARTOGRÁFICA..............................................................106 4.9 RE SULTADO DO PRODUTO.......................................................................................107 CONSIDERAÇÃO FINAL ....................................................................................................109 BIBLIOGRAFIA ANEXO I ANEXO II

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho realizado no curso de Geografia da Universidade

Estadual de Londrina teve como foco principal o mapeamento e a caracterização do trabalho

desenvolvido pelas Ong’s de coleta seletiva de lixo de Londrina.

Primeiramente descrevemos os processos envolvidos no descarte, coleta e

reciclagem dos resíduos sólidos. Discutimos o que é o “lixo” e como se deu o aumento do

volume deste material nos centros urbanos. Analisamos os métodos mais utilizados de

controle dos resíduos sólidos e abordamos, ainda, o quanto nosso país descarta diariamente de

resíduos, também analisamos, quais são as leis que regem a política de resíduos sólidos atual.

Tendo esclarecido essas etapas, discutimos como a geografia pode colaborar

no processo de reciclagem, uma vez que, este é um método que envolve tanto questões sociais

quanto ambientais.

Para compor nosso quadro de estudos sobre resíduos sólidos, fizemos um

resgate histórico de como surgiu a Coleta Seletiva no município de Londrina e quais são os

agentes envolvidos neste processo. Quando falo em agentes, me refiro aos ex-garimpeiros do

lixão e aos catadores de rua da cidade que hoje, com a ajuda do poder público e da população,

lutam para efetivar o trabalho de coleta porta a porta de resíduos sólidos.

As Ong’s de Londrina levaram a cidade ao ranking dos municípios que

praticam a coleta seletiva obtendo resultados satisfatórios.

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Na esperança de contribuir para que o município obtenha resultados ainda

melhores com a coleta seletiva porta a porta, foi realizado um levantamento georreferenciado

das Ong’s, este trabalho resultou na elaboração de um mapa temático. O georreferenciamento

proporcionou também a confecção de um projeto de geoprocessamento que futuramente

poderá ser empregado no desenvolvimento e otimização dos trabalhos das Ong’s.

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CAPITULO 1 O ESPAÇO URBANO E A GEOGRAFIA

Os problemas gerados através do descarte inadequado dos resíduos sólidos

intensificaram com a Revolução Industrial que ofertava variadas opção de consumo em

conjunto com a falta de planejamento urbano, segundo Fuscaldo, 2001 p.14

“ Essas questões já preocupavam geógrafos como Elisée Reclus, que em sua obra La Terre, de 1881, alertava para as transformações que a ação do homem provocava nas condições naturais, ao mesmo tempo que apontava alternativas de tratamento dos problemas gerados por essa mesma ação.”

A reciclagem dos resíduos sólidos torna-se um tema pertinente para a

geografia, por que esta é uma ciência que procura apontar soluções para os problemas no

espaço, ou seja, o espaço como resultado da ação técnica. É desta maneira que:

[...] a presença dos resíduos sólidos, [...] se intensifica à medida que a humanidade progride nas suas relações com o meio natural, transformando-o cada vez mais, com maior intensidade em um meio técnico-científico informacional (FUSCALDO 2001, p.13).

Para compreendermos melhor esta questão geografia/reciclagem vamos

contar um pouco da história desta ciência que a cada dia alcança novos colaboradores e novos

horizontes de estudo.

A ciência geográfica manifesta-se há tempos com variadas definições e

conceitos, pois o objeto de estudo desta ciência no sentido etimológico da palavra Geografia

significa “descrição da terra”, portanto seria capaz de desvendar os fenômenos da superfície

terrestre, mas é importante dizer que os fenômenos que compõem a superfície da terra são

tanto da ordem social quanto natural. Esta questão dividiu-se em dois ramos, pois para alguns

pensadores achavam que a Geografia seria o “estudo da paisagem” (MORAES, 1999), que

restringia-se aos “aspectos visíveis do real “ abarcando duas variantes para a paisagem, uma

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seria a descrição dos elementos presentes na paisagem e a outra seria o ponto de vista do

funcionamento da paisagem com os elementos presentes nesta dinâmica.

Outra proposta seria o estudo da “individualidade dos lugares” (MORAES,

1999), à qual caberia estudar os fenômenos presentes em uma determinada área através da

descrição dos elementos. Esta Geografia apresenta-se contemporaneamente como a Geografia

Regional que propõe:

[...] como objeto de estudo, uma unidade espacial, a região – uma determinada porção do espaço terrestre (de dimensão variável), passível de ser individualizada, em função de um caráter próprio (MORAES, 1999, p.16).

A evolução das técnicas no espaço é constante, esta não poderia ficar fora

deste tema já que a geografia é uma das propulsoras desse desenvolvimento. Antes há que

analisar o espaço o qual apresenta uma concepção de forma complexa e poderia ser entendido

de diferentes formas como:

[...] categoria do entendimento, isto é, toda forma de conhecimento efetivar-se-ia através de categorias, como tempo, grau, gênero, espaço etc. [...] pode ser concebido como um atributo dos seres, no sentido de nada existiria sem ocupar um determinado espaço. [...] o espaço pode ser concebido como um ser específico do real, com características e com uma dinâmica própria. Esta perspectiva da Geografia, como estudo do espaço, enfatiza a busca da lógica da distribuição e da localização dos fenômenos, a qual seria a essência da dimensão espacial (MORAES, 1999, p. 17).

É certo dizer que existem variadas formulações sobre o conceito de espaço

geográfico e cada conceito expressa uma leitura diferenciada. No nosso caso cabe aplicar a

concepção de espaço geográfico elaborada por Milton Santos afirma que num mesmo espaço

coabitam tempos diferentes, tecnologias diferentes carregadas de heranças que possibilitam

inserções, ritmos e formas de coexistência nos lugares, em resumo “o espaço é resultado da

ação e objetos articulados”. SANTOS, 1996

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A concepção geográfica que abrange o estudo do homem e o meio foi

apontada por outros autores que buscavam explicar o “relacionamento entre os dois domínios

da realidade” (MORAES, 1999). Esta posição deu origem a outras concepções desse objeto

como:

[...] a influência da natureza sobre a humanidade. [...] o objeto como a ação do homem na transformação deste meio. [...] o objeto com a relação em si, com os dados humanos e os naturais possuindo o mesmo peso. Entretanto em qualquer delas encontra-se a idéia de que a Geografia trabalha unitáriamente, com os fenômenos naturais e humanos (MORAES, 1999, p.19).

As propostas atuais do pensamento Geográfico surgiram da crise da

Geografia Tradicional que trabalhava com a dicotomia na relação do homem/natureza. Em de

busca de encontrar novos caminhos as novas propostas de renovação propõem uma maior

liberdades de reflexão e criação para os geógrafos.

Através da ciência Geográfica é possível conhecer os processos de

transformação do espaço urbano. A intervenção humana neste espaço é capaz de alterar sua

condição natural e agravar os problemas de ordem ambiental.

Por meio da evolução das técnicas o homem altera seu território

modificando e recriando o espaço (urbano). Para Milton Santos “a técnica é o processo

constitutivo do território, técnica e território vivendo uma relação recíproca de constituição”

SANTOS, 1999, p.152.

No espaço urbano atualmente o lixo é um dos maiores geradores de

problemas ambientais e sociais. Todo o processo de transformação de um produto em resíduo

se dá com mais intensidade dentro da cidade, por que o processo de fabricação,

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comercialização, consumo e descarte é muito maior e intenso do que em outras áreas, como a

área rural, embora seja esta a fornecedora da matéria-prima.

As transformações que ocorrem dentro de uma cidade são dinâmicas e

complexas porque o espaço urbano esta sempre em transformação seja por influência

antrópica ou natural.

O espaço urbano sofre transformações muito complexas com ritmo e

natureza diferentes, pois o que se poderia esperar da vida urbana, como sendo um ambiente

saudável resultante da racionalidade do homem, contraditoriamente sofre degradações de todo

tipo, causadas pela ambição do ser humano (MENDONÇA, 1994).

Para compreendermos o dinamismo urbano, teremos que resgatar o histórico

da industrialização que marca a era contemporânea nas cidades, tornando-as um local de

concentração de força de trabalho e do desenvolvimento do capitalismo.

19

1.1 INDUSTRIALIZAÇÃO

A revolução industrial ocorrida na segunda metade do Século XVIII

impulsionou o crescimento populacional urbano com ritmos muito acentuados, intensificados

a partir da produção industrial, viabilizada graças ao capital acumulado e ao desenvolvimento

técnico-científico. Assim a urbanização via industrialização sofreu um forte impacto quanto

às transformações estruturais da sociedade. Isto porque a indústria não proporcionou apenas

um elevado número de pessoas que passaram a viver em cidades, mas também provocou uma

forte mudança na estrutura social, política e econômica com a transição do capitalismo

comercial para o capitalismo industrial ou concorrêncial (SPÓSITO, 1998).

Conceição (2003, p. 26) comenta que:

O novo método de fazer coisas (mercadorias utilizando máquinas, cujo conceito inicial seria substituir o trabalho e gerar maior produção com custo menor, propiciando maiores lucros), acaba trazendo uma nova concepção social das relações entre capital versus trabalho e novas tecnologias que expandiram extraordinariamente as possibilidades de desenvolvimento material da humanidade.

Em virtude deste crescimento populacional, aumenta a procura por espaço

dentro da cidade, paralelamente o desenvolvimento do modo de produção capitalista torna a

terra uma mercadoria, isto é, o solo urbano é disputado para inúmeros usos, estes problemas

urbanos advindos da rápida industrialização e crescimento populacional desordenado

incentivaram o individualismo e a separação de classes sociais como refere Corrêa (1986),

originando a “exclusão social” na qual a classe mais desprovida de recursos financeiros

instalava-se em locais insalubres como se pode observar nas palavras de Spósito (1998, p.58)

que:

20

Estes “problemas” urbanos. A falta de coleta de lixo, de rede de água e esgoto, as ruas estreitas para circulação, a poluição de toda ordem, moradias apertadas, falta de espaço para lazer, enfim insalubridade e feiúra eram problemas urbanos, na medida em que se manifestavam de forma acentuada nas cidades, palco de transformações econômicas, sociais e políticas[...] .

Somente na segunda metade do século XIX que foram aprovadas as leis

sanitárias para implantação de redes de água e esgoto, posteriormente de gás, eletricidade,

telefone, e melhoria nos percursos (ruas, praças, estradas de ferro). E, assim, o poder público

passou a gerenciar estas cidades (SPÓSITO, 1998).

Mesmo com todas estas melhorias em relação à qualidade de vida da

população urbana os países subdesenvolvidos não tinham condições de caminhar no mesmo

ritmo dos desenvolvidos, pois a demanda da população que afluía às cidades, fruto do êxodo

rural era muito grande e acabava atravancando o planejamento urbano gerando grandes

problemas ambientais.

No Brasil, segundo Santos, (apud Mendonça, 1994, p. 68), a urbanização

evidenciou um ritmo acelerado de crescimento entre as décadas de sessenta e setenta do

século XX. Em 1970 cerca de 56,8% da população se concentrava nas cidades,

principalmente naquelas com população de mais de 500.000 habitantes.

Resultado da falta de planejamento da industrialização e das variadas opções

de consumo, a grande quantidade de resíduos aumentou exorbitantemente, provocando sérios

problemas ambientais e sociais, como se refere (MENDONÇA, 1994, p. 10) ”[...] os rios,

fundos de vales e bairros residenciais periféricos dividem o espaço com o lixo e a miséria”.

O lixo tornou-se um dos agravantes deste campo de luta desigual

sociedade/natureza e apresenta-se como um dos grandes vilões da atualidade. O almejo da

21

sociedade capitalista em auferir cada vez mais os lucros, gerou a busca desenfreada dos

recursos da natureza para aumentar e melhorar suas condições de produção. Isso resultou em

um número cada vez maior de variedades de produtos descartáveis, o que potencializa o

mercado consumidor tornando-o acessível às diversas classes sociais. Assis, fatalmente,

consumindo mais, maiores quantidades de resíduos serão descartados no meio ambiente.

Este descontrolado processo de urbanização, nas grandes cidades, veio

agravar ainda mais a descarga de resíduos em áreas urbanas inadequadas, isto porque a falta

de planejamento impossibilita o gerenciamento das atividades voltadas a sociedade, por

exemplo: saneamento básico, gerenciamento dos resíduos sólidos. Estes acabam sendo

destinados em qualquer área sem controle e tratamento, mas vale ressaltar que o lixo não é um

problema somente dos países subdesenvolvidos e sim um problema mundial.

É neste contexto que a reciclagem torna-se uma das alternativas para a

diminuição dos impactos negativos obtidos através do mau acondicionamento do lixo nas

cidades. É importante caracterizar o espaço urbano, porque é dentro dele que as políticas e

gestão dos resíduos sólidos são viabilizadas, isto é, coleta seletiva, reciclagem,

acondicionamento dos resíduos, ou qualquer outro instrumento referente às políticas

ambientais.

22

1.2 LONDRINA: HISTÓRIA E EVOLUÇÃO URBANA

O município de Londrina está localizado no Norte do Estado do Paraná na

Latitude entre 23º08’47’’ e 23º55’46’’ Sul e Longitude entre 50º52’23’’ e 51º19’11’’ Oeste.

Sua área é de 1.650,809 Km2 IBGE 2002.

O clima da cidade é subtropical úmido, com chuvas em todas as estações.

Nos solos do município predominam o latossolo ou a terra rocha, esta

característica proporcionou o desenvolvimento econômico da agricultura, mais

especificamente do café.

No ano de 1923 chega ao Brasil a Missão Montagu fundadora da Brazil

Plantations Syndicate Limited1, em 1924 cria-se a Paraná Plantations Limited tendo sede em

Londres e no Brasil como a CTNP2 (Companhias de Terras do Norte do Paraná)

A área adquirida no Estado do Paraná pela CTPN correspondia a 1.318.941

hectares, e o plano de colonização previa a venda de pequenos lotes na área rural a baixo

preço, o que levaria a um interesse maior por parte de população e garantiria a circulação de

produtos e capital além de impulsionar o desenvolvimento urbano. (MENDONÇA, 1994)

O sistema urbano estabelecia uma distância de aproximadamente 100Km entre os núcleos econômicos mais importantes – Londrina, Maringá, Cianorte e Umuarama. Em menos de 25 anos surgiram na área adquirida pela CNTP cerca de 110 núcleos urbanos, o que deu origem a uma rede de cidades novas, criada por uma grande companhia privada. (MENDONÇA, 1994, p.75).

1 Foi a responsável pela produção de algodão no Norte do Estado do Paraná. 2 Atuava no campo dos negócios imobiliários de colonização e loteamento de terras, mas tendo como prioridade à produção de café nos ricos solos de terra roxa.

23

Londrina foi fundada em 1929 e elevada a condição de município em 3 de

Dezembro de 1934, através do Decreto Estadual assinado pelo interventor Manoel Ribas, e foi

criada para ser o núcleo de uma importante região agrícola.

O município destaca-se por seu dinamismo e expansão espacial, em 1945

atinge um total de 22.560 mil habitantes (SANTOS, 1981, p.15). A partir da década de 60 a

população londrinense apresentou elevados índices de urbanização em função da

modernização da agricultura e inicio do processo de industrialização. É importante ressaltar

que em 50 anos a população passa de 10.000 habitantes (1940) para 355.000 (1991)

(SANTOS, 1981).

Em função desse desenvolvimento a malha urbana estendeu-se para áreas

inadequadas, iniciando a variada gama de problemas ambientais enfrentados por todos os

municípios que tiveram uma urbanização acelerada. Para Buchman (198[], p.1)

[...] a cidade de “Londrina tem como característica marcante a beleza de seus vales. O desenvolvimento vem interagindo sobre estes espaços, proporcionando interação entre a forma de espaço natural e forma do espaço urbano. No entanto, nas últimas décadas estes vales estão sendo impactados, conseqüência natural do processo de urbanização, o que tem acarretado constantes e progressivos problemas quanto à preservação e conservação ambiental.

Atualmente Londrina tem uma população de 447.065 habitantes segundo

censo do IBGE de 2000.

Na década de 60, do século XX em virtude do grande fluxo populacional, o

processo de industrialização intensifica-se na região. As primeiras industrias que se

desenvolveram foram as industrias alimentícia (decorrente da agricultura), vestuário,

calçados, tecidos e a partir dos anos oitenta aparecem industrias do ramo mobiliário,

mecânica, madeireira, metalurgia, editorial e gráfica. Essas industrias localizavam-se na zona

24

norte da cidade próximas a rodovia que liga o Estado do Paraná ao Estado de São Paulo,

importante via de ligação de dois Estados.

O crescimento de Londrina fez-se de forma acelerada devido a interesses

capitalistas e imobiliários, que atuavam sobre determinadas áreas promovendo sua

valorização ou não, de acordo com os níveis econômicos da população de cada lugar.

Este foi um dos fatores responsáveis pelo crescimento intenso da porção

Norte e Sul da cidade e com a urbanização desenfreada dessas áreas surgiram as primeiras

favelas, assentamentos urbanos, etc. Segundo Silva (2001, p.1) [...] “é fundamental considerar

que o espaço urbano é apropriado seletivamente e de acordo com a camada social (classe

social)”.

Com o rápido crescimento urbano, com a expansão das atividades

industriais e a migração campo/cidade surge um número cada vez maior de desempregados,

os quais não são absorvidos pelos setores empregatícios, e em algumas situações a população

de baixa renda busca na coleta seletiva uma alternativa de renda.

Nesse sentido, LEGASPE (1996, p.120) (apud Conceição, 2003, p.34.)

argumenta que:

[...] sem destino, que ficam vagueando pelos centros urbanos, são expulsos para sua periferia que, por sua vez, já abriga os lixões [...] só lhes sobrando sua força de trabalho que também não está sendo mais aceita. Assim, uma matilha do meio homem, meio vira – latas, caminha para os lixões como a última esperança de vida, para lá leva sua família e do lixo passam a viver.

25

Assim nos capítulos posteriores discutiremos a coleta seletiva como

alternativa de vida na cidade de Londrina.

26

CAP ITULO 2 RESÍDUOS SÓLIDOS OU LIXO

Lixo é todo o material descartado, inutilizado, pelo ser humano, Jardim

(1995, p. 23) adota a seguinte definição para o termo:

[...] restos das atividades humanas, considerado pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis. Normalmente, apresenta-se sob estado sólido, semi-sólido ou semilíquido (como conteúdo líquido insuficiente para que este líquido possa fluir livremente).

O sentido etimológico da palavra “lixo” origina-se do latim “lix”, que

significa cinzas ou lixívia (CONCEIÇÃO 2003, p, 36). Porém o termo técnico correto

designado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT - NBR-10.004, é Resíduos

Sólidos. Para outros autores, este termo também pode ser aplicado aos:

Lodos provenientes de sistema de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviáveis o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou para isto exijam soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (POMPEU e BRAGA, 2001, p.78).

Nos artigos e textos de caráter cientifico é empregado o termo “Resíduos

Sólidos” porque ele é capaz de abranger todas as características heterogêneas dos materiais

presentes no lixo, mesmo porque a maioria dessas substancias encontram-se no estado sólido.

(TEIXEIRA, 2001, p.78).

No passado o lixo era basicamente composto por resíduos orgânicos gerados

em grande maioria pelos domicílios, com o passar do tempo, o lixo se transforma, e sua

composição passa a agregar variados tipos de materiais artificiais como plástico, vidro,

alumínio, etc, materiais estes que em grande maioria não são passíveis de decomposição,

pelos processos naturais.

27

À medida que o avanço tecnológico mostra-se mais presente no nosso dia a

dia, com a produção de produtos descartáveis as opções de consumo aumentam

exorbitantemente, visto que a praticidade que o homem encontra atualmente forma um par

perfeito com a vida atribulada que levamos, mas que, acarreta no aumento de produtos

descartados no meio ambiente.

Para LEGASPE, esta transformação do lixo ocorreu porque:

[...] o lixo era, em sua maioria, constituído por restos de alimentos. Com o passar do tempo, os artigos foram retratando as novas facetas, onde ele surgia como produto capaz de recompor as matérias-primas escassas ou minimizar o gasto com produtos virgens. Este período está relacionado a uma fase de plena expansão do consumo dos produtos descartáveis (apud Conceição 2003, p. 29)

Depois de comentarmos as variadas significações do termo do que é “o

lixo”, cabe a cada um de nós conceituarmos o que consideramos “lixo” pois o que

descartamos e consideramos como algo inútil poderá ser reaproveitado por outras pessoas

capazes de transformar e comercializar esses materiais.

Para este trabalho adotaremos como termo a palavra “lixo” já que estaremos

apresentado o processo pelo qual os catadores de Londrina ganham a vida, coletando o que é

descartado pela população.

28

2.1 - LEGISLAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

No Brasil a geração de resíduos sólidos vem crescendo a cada

dia, porém não existe ainda uma Política Nacional de Resíduos Sólidos que

incentive a destinação adequada do resíduo e a reciclagem dos mesmos.

Isso quer dizer que, para que todos esses instrumentos legais

realmente vigorem impeçam as irregularidades sobre o tratamento, destinação e

até a reciclagem necessita-se da criação de uma Política Nacional para trabalhar

conjuntamente com Município e Estado.

Neste tópico abordaremos a Legislação no âmbito Federal,

Estadual e Municipal, em conjunto com as Resoluções do Conselho Nacional do

Meio Ambiente – CONAMA e a Norma ABNT 13.230 de novembro de 1994.

No âmbito Federal temos a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de

1981 que:

Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. FIGUEIREDO e ANDREAZZA, 1981.

A Política Nacional de Meio Ambiente visa assegurar a

qualidade ambiental do país e tem por objetivo:

[...] a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. FIGUEIREDO e ANDREAZZA, 1981.

29

Propostas de Lei Nacional para resíduos sólidos são discutidas,

porém sabemos que no Brasil todos os projetos de lei são extremamente lentos,

nossa Política Nacional do Meio Ambiente tem 24 anos, em todos esses anos

muitas coisas mudaram principalmente o ritmo de degradação ambiental, quem

sabe foram às lacunas existentes nessa legislação que deram às pessoas liberdade

para destruir sem se preocupar com os resultados.

No que se refere à legislação do Estado do Paraná, temos a Lei

nº 12493 de 22 de janeiro de 1999 que:

Estabelece princípios, procedimentos, normas e critérios referentes a geração, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos no estado do Paraná, visando controle de poluição, da contaminação e a minimização de seus impactos e adota outras providências. Legislação Sobre Gestão de Resíduos Sólidos e Limpeza Urbana (estaduais e municipais)

No seu artigo 3º ficam estabelecidos os seguintes princípios no tocante as

atividades de geração, importação e exportação de resíduos sólidos:

I – a geração de resíduos sólidos, no território do Estado do

Paraná, deverá ser minimizada através da adoção de processos de baixa geração

de resíduos e da reutilização e/ou reciclagem de resíduos sólidos, dando-se

prioridade à reutilização e/ou reciclagem a despeito de outras formas de

tratamento e disposição final, exceto nos casos em que não exista tecnologia

viável. Esta lei estabelece critérios ligados a reciclagem onde a geração de

resíduos sólidos deverá ser minimizada através da reciclagem ou reutilização dos

mesmos, porém a falta de incentivo à coleta seletiva e a organizações de

30

recicladores torna esta medida incapaz de atenuar os danos causados ao meio

ambiente e as pessoas que trabalham na coleta informal de resíduos sólidos.

Quanto aos municípios, eles têm autonomia politíca-

administrativa para prestar serviços ligados às tarefas de limpeza pública, como

coleta, transporte, armazenamento e disposição final dos resíduos, mas

necessitam, para trabalhar, seguir os princípios, normas e resoluções

constitucionais e a legislação Federal e Estadual além da Municipal, se houver.

Segundo o Jardim, 1995, p. 243.

A Constituição de 1988, em seu artigo 23, incisos III, IV, VI e VII, confere aos municípios a competência para a proteção ambiental, em comum com a União e os estados. Entretanto, a competência outorgada aos municípios permanece mais no âmbito da execução da legislação em vigor do que no âmbito de criar leis sobre o assunto. Porém, a norma do artigo 30, Inciso II da Constituição, reconhece aos municípios a competência para suplementar a legislação federal e a estadual em matéria ambiental.

Será citado neste item, um histórico da legislação desde o ano de

1991 até a legislação mais atual.

No ano de 1991 foi sancionada a lei nº4.859, de 02 de Dezembro

de 1991, pela Câmara Municipal de Londrina, Estado do Paraná, e prefeito do

Município. Esta lei refere-se sobre a classificação, acondicionamento, coleta e

transporte internos, tratamento prévio. Armazenamento intermediário e final.

Coleta e transporte municipais, tratamento e destinação final, dos resíduos de

serviços de saúde (lixo hospitalar) do município de Londrina, e dá outras

previdências.

31

Para cumprimento das terminologias, classificações e definições

de resíduos sólidos temos o amparo da NBR nº 10.004, da Associação Brasileira

de Normas Técnicas – ABNT . As características quanto à composição e origem

dos resíduos sólidos e a RESOLUÇÃO Nº 275 DE 25 DE ABRIL DE 2001 no

uso das atribuições que lhe conferem a Lei nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981, e

tendo em vista o disposto na Lei nº 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998, e no

Decreto nº 3.179 de 21 de Setembro de 1999. FILHO, 2001

Esta resolução estabelece padrões nacionais de cores para

qualificar a coleta seletiva quanto à origem e destino do lixo de um Município.

Em cada cor fica acondicionado um tipo de material.

Embora sejam esses os padrões estabelecidos por lei os

responsáveis pela organização do programa de Coleta Seletiva de Londrina

decidiram optar pela cor verde das sacarias distribuídas para a população atendida

pelas Ong’s de coleta seletiva.

2.2 – OS RESÍDUOS SÓLIDOS E OS PROBLEMAS AMBIENTAIS

As alterações no meio ambiente tornaram-se inevitáveis, já que,

temos uma enorme capacidade de transformar o meio em que vivemos, de acordo

com nossa necessidade e evolução de técnicas, porém as alterações ocorridas no

meio ambiente, no passado não eram tão agressivas quanto hoje, mesmo porque, a

quantidade de pessoas que habitavam a Terra era bem menor.

32

A caça, a pesca e agricultura eram unicamente para própria

sobrevivência da espécie e o mais importante, não existiam conservantes, muito

menos plástico conseqüentemente não existiam alimentos não perecíveis que

necessitassem ser guardados em embalagens duráveis.

N medida que o homem evolui os danos causados ao meio

ambiente acompanham de forma rápida e agressiva, isso porque está embutido em

nós uma cultura de onipotência que nos faz ultrapassar qualquer barreira para

conquistarmos nosso lugar no mundo. Foi assim que começamos nosso processo

incontrolável de transformação e destruição do espaço.

Um aspecto marcante dessa transformação foi o surgimento da

máquina que modificou toda uma sociedade, passando de uma economia feudal

para uma economia mercantil, onde os burgueses visavam o lucro

incondicionalmente, menor custo e produção acelerada. Junto com este avanço

tecnológico veio o aumento da população e o êxodo rural e urbanização

desordenada.

Com a Revolução Industrial os produtos passaram a ser

produzidos mais rapidamente, com mais variedades, viabilizando a concorrência,

barateando a mercadoria e estimulando o consumo da população.

Unido a esses acontecimentos houve uma geração muito maior

de resíduos, popularmente conhecido como “lixo”, “resto”, e é aí que começa um

dos maiores problemas ambientais enfrentados atualmente. O resíduo quando mal

acondicionado, ou melhor, quando mal gerenciado provoca níveis de degradação

33

às vezes irreparáveis, poluindo águas, atmosfera, facilitando a proliferação de

vetores, poluição do solo e poluição visual.

O resíduo sólido seja ele industrial ou doméstico quando

lançados nos rios e mares destroem gradativamente a vida aquática do local, isto

porque o despejo de matéria orgânica na água serve como alimento para os

microorganismos aumentando sua população que consome todo o oxigênio da

água eliminando a vida do local. Não podemos esquecer também do chorume

líquido escuro e mal cheiroso gerado pelo lixo, que acondicionado a céu aberto

fica exposto à chuva, aumentando o acumulo de água, auxiliada pela

decomposição dos materiais orgânicos e pelas bactérias presentes pode se tornar

altamente tóxico, infiltrando-se nas águas subterrâneas, córregos e solo nas

proximidades do aterro.

Na atmosfera os danos são causados principalmente pela queima

de resíduos a céu aberto, que liberam substancias tóxicas como o metano3 que

emitidos na atmosfera na forma de gases comprometem seriamente a qualidade do

ar.

A proliferação de vetores também é outro sério problema

causado pelo mau acondicionamento do lixo, pois é inevitável a veiculação de

moscas, mosquitos, baratas, ratos etc, que trazem risco a saúde de toda a

população que circula nos arredores do aterro.

3 O metano é um gás provocador do efeito estufa de 20 vezes mais potente do que o dióxido de carbono. Uma das fontes geradoras de metano são a queima irregular dos resíduos sólidos e a decomposição de resíduos orgânicos. Metano. Enciclopédia Livre.

34

Sabe-se que, no Brasil grande parte dos resíduos são depositados

a céu aberto sem nenhum tratamento ou gerenciamento adequado. O IBGE (PNSB

2000) contabilizou que do lixo urbano gerado no nosso país diariamente só 15%

tem como destino final aterros sanitários, 13% em aterros controlados, 67% em

lixões a céu aberto e apenas 5% desse material é reciclado.

Porém alguns municípios, poucos, visto o tamanho do país estão

se comprometendo mais com as políticas ambientais, políticas essas cobradas por

parte da mídia da população e de uma parcela empresarial preocupada em aplicar

principio dos 3R – Reduzir, Reutilizar e Reciclar.

2.3 - CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Os resíduos sólidos são compostos de variados elementos, esses

elementos é que caracterizam cada tipo de resíduo. Como existe uma grande

quantidade de materiais que é descartado é necessário utilizar uma classificação

para esses materiais.

O Instituto de Pesquisa Tecnológica, 1995, e a Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), classificam os (RS) da seguinte maneira:

Por sua natureza física: seco e molhado;

Por sua composição química: matérias orgânica e inorgânica;

35

Pelos riscos potenciais ao meio ambiente: perigosos, não-inertes e inertes (NBR

– 10.004) (ABNT, 1987).

Pela NBR 10004, os resíduos são classificados de acordo com o

seu grau de periculosidade, isto é, por possíveis danos causados ao meio ambiente

e a sociedade.

• Resíduos classe I – considerado perigoso, apresentando riscos ao meio

ambiente e a saúde pública.

• Resíduos classe II – não-inerte. Possui propriedades como:

combustibilidade, biodegradilidade ou solubilidade;

• Resíduo classe III – inerte. Não causam contaminação nem quando estão

em contato com a água, estes resíduos se degradam muito lentamente,

como entulho, pedras, areias, etc.

Após caracterizá-los e classifica-los vamos dividi-los em grupos

quanto a sua fonte geradora.

• Domiciliar – constituído por restos de alimentos, produtos deteriorados,

jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, e uma

grande diversidade de outros itens;

• Comercial – A maioria do lixo produzido nos estabelecimentos

comerciais é: papel, plástico, embalagens diversas e resíduos particulares

dos funcionários, etc;

• Público – originados dos serviços de limpeza pública urbana, limpeza de

áreas de feiras livres;

36

• Serviços de saúde e hospitalares – constitui-se de resíduos sépticos, que

contenham ou potencialmente podem conter germes patogênicos.

• Portos, Aeroportos, Terminais Rodoviários e Ferroviários – constitui-

se de resíduos sépticos, pode carregar doenças provenientes de outras

cidades, estados e países.

• Industrial – O lixo industrial é bastante variado, podendo ser apresentado

na forma de cinzas, óleos, plásticos, resíduos alcalinos ou ácidos, papel,

madeira, borracha, metal, escórias, vidros, etc. Nesta categoria, inclui-se a

grande maioria do lixo considerado tóxico;

• Agrícola – Composto de embalagens de adubo, ração, restos de colheita,

etc.

• Entulho – resíduos da construção civil.

Saber a origem do lixo é importante para podermos fazer um

bom gerenciamento desses materiais, uma vez que, o destino final do resíduo deve

ser diferenciado, de acordo com sua classificação, qualidade (volumes pequenos

ou grandes), composição, movimentação (tipo de coleta e freqüência). (JARDIM,

1995).

37

2.4 - TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO FINAL DO R.S

No Estado do Paraná acondicionamento, ou destino final dos

resíduos sólidos deve seguir os parâmetros estabelecidos pela Lei Estadual nº

12493, de 22 de janeiro de 1999 – (Paraná) que estabelece que:

Art.5º Os resíduos sólidos deverão sofrer acondicionamento, transporte, tratamento e disposição final adequados, atendendo as normas aplicáveis da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e as condições estabelecidas pelo Instituto Ambiental do Paraná – IAP, respeitando as demais normas legais vigentes. (Jaime Lerner/ Govenador do Estado, Hitoshi Nakamura/ Secretário de Estado do Meio Ambiente. Acesso em 19/10/2005)

Existem diversas formas de acondicionamento de resíduos

sólidos, cada resíduo deve ser acondicionado de acordo com sua composição, por

exemplo, os resíduos que são de natureza orgânica devem ser encaminhados para

a compostagem.

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT,1995) caracteriza os

seguintes tipos de depósitos:

• Aterro Sanitário – o resíduo sólido é depositado seguindo critérios de

engenharia e normas operacionais especificas de controle de poluição e

proteção a saúde pública.

• Aterros Controlados – disposição dos resíduos sólidos, sem causar

danos ou riscos a saúde pública, minimizando os impactos ambientais,

esta forma de disposição produz poluição localizada, e geralmente não

dispõe de impermeabilização de base comprometendo a qualidade das

38

águas subterrâneas, também não contém sistema de tratamento de

chorume ou de dispersão dos gases gerados.

• Lixão ou Vazadouro – o resíduo é descarregado sobre o solo sem

medidas de proteção ao meio ambiente e a saúde pública.

2.5 – FORMAS DE TRATAMENTO

• Incineração de Lixo – A incineração tem como finalidade diminuir o

volume dos resíduos, pois não se consegue a eliminação total deste lixo,

visto que resultam deste processo cinzas que deverão ser levadas para o

Aterro Sanitário (CALDERONI, 1998, p.130).

• Compostagem – é a maneira mais adequada de se manejar os resíduos

orgânicos, diminuindo o volume de lixo destinado aos aterros, tendo

como produto final um composto que poderá ser empregado diretamente

no solo favorecendo no crescimento das plantações.

• Reciclagem – é o resultado de um processo de separação dos materiais

que se tornariam lixo ou que estão no lixo, podendo ser usado como

matéria segunda na manufatura de bens.

2.6 - RECICLAGEM

Mesmo com poucos incentivos financeiros, um pequeno número

de materiais tem como fim à reciclagem, diminuindo o volume de lixo a ser

39

destinado para os aterros. Quando bem gerida a reciclagem passa a ser um método

viável ambientalmente e economicamente, pois o resíduo novamente passa a fazer

parte ciclo produtivo de mercadorias. Para podermos compreender este processo

DUSTON 1993 destaca que:

[...] qualquer produto ou material que tenha servido para os propósitos a que se destinava e tenha sido separado do lixo é reintroduzido no processo produtivo e transformado em um novo produto, seja igual ou semelhante ao interior, seja assumindo características diversas das iniciais. (apud Conceição 2003, p, 39).

A reciclagem é então adotada como uma das soluções para a

redução dos resíduos. Como referido no capitulo anterior às políticas públicas não

exercem todo seu poder fazendo com que sejam cumpridas as leis de destinação

adequada dos resíduos, criação de leis que garantam a qualidade de serviço dos

trabalhadores, incentivo a comercialização.

A reutilização dos resíduos como matérias-primas proporciona

uma redução significativa desses resíduos, aumentando a vida útil dos aterros

sanitários, diminuindo a proliferação de doenças advindas do mau

acondicionamento do lixo, atenuando a poluição das águas, do ar, solos, sem

contar os benefícios econômicos e sociais.

Quanto aos benefícios econômicos nos referimos à redução de

custos de produção da matéria-prima em produto final; a reutilização da matéria-

prima reciclada gasta menos recurso comparado à produção a partir da matéria-

40

prima virgem, o que conseqüentemente diminui a exploração dos recursos não-

renováveis4 refletindo no custo da produção e do produto final5.

Já no âmbito social o assunto é muito mais complexo, porque

não existe por parte do poder público nenhuma política que favoreça as pessoas

que sobrevivem desta coleta informal. A reciclagem apresenta-se no mercado

atual de maneira informal, por catadores de lixo nas ruas, tornando-se uma das

alternativas de geração de renda para a população carente. Segundo, Santos:

[...] é atribuído o status mais baixo entre os pobres urbanos e economicamente são os mais pobres entre os pobres. Muitos desses coletores de lixo são mulheres e crianças. Eles vagam pelas ruas a pé, procurando lixo, que colocam dentro de sacos que transportam. Deixam suas casas ao amanhecer, andando vários quilômetros todos os dias, completando ao fim da tarde. Seus instrumentos de trabalho são um saco para coleta e uma vara para espetar e mexer o lixo. No trabalho, correm vários riscos: ficam com cortes e ferimentos produzidos por objetos cortantes e pedaços de vidro ou contraem, no lixo, alergias de pele causados por lixo químico. Depois de terminada a coleta do dia, os coletores separam os materiais, vendidos aos comerciantes. O que recebem como pagamento pela coleta é muito pouco, vivendo estas pessoas no limite da pobreza (apud Conceição p, 131, 2003).

Infelizmente essa é a realidade do catador de rua que hoje é

muito mais intensa a sua presença pelas ruas, fato esse que presenciamos todos os

dias. Eles se encontram em todos os locais de grande circulação de pessoas e

4 Proporcionando uma economia dos recursos naturais do planeta, com 74% a menos da poluição do ar; 35% a menos de poluição das águas; um ganho de energia de 64%. Dependendo do produto, gera uma redução de 30% a 40% da matéria-prima utilizada. (Conceição, 2003 p, 102) 5 A reciclagem esta intimamente ligada ao modelo capitalista vigente, quando, como instrumento econômico, cria condições de os resíduos selecionados/separados voltarem ao processo produtivo, para novamente formarem novos produtos. (Conceição, 2003, p.107).

41

mercadorias. Por trabalharem com um tipo de produto descartado pela população,

o catador é estereotipado como mendigo ou qualquer outro adjetivo do gênero.

Entretanto, são pessoas carentes que não tem nenhuma condição

para melhorar sua qualidade de vida, mas como não há outra possibilidade de

sustento para essas pessoas a população deve colaborar para melhorar as

condições de trabalho desses indivíduos.

Quando despertado o interesse da população neste processo, a

criação de Cooperativas, Associações, Ong’s de reciclagem servem como uma

válvula propulsora para atenuar as condições precárias de trabalho enobrecendo

um pouco a atuação desses profissionais do “lixo”.

2.7 COLETA SELETIVA

A cada ano cresce o volume de lixo a ser depositado nos

“aterros” e “lixões” (observe a tabela 02) e a solução encontrada pelos municípios

é a substituição da coleta convencional de lixo pela coleta seletiva.

A Coleta Seletiva é uma alternativa ecologicamente correta que desvia do destino em aterros sanitários ou lixões, resíduos sólidos que podem ser reciclados. Com isso, dois objetivos importantes são alcançados. Por um lado à vida útil dos aterros sanitários é prolongado e o meio ambiente é menos contaminado. Por outro lado o uso de matéria-prima reciclável diminui a extração dos nossos tesouros naturais. Uma lata velha que se transforma em uma lata nova é muito melhor que uma lata a mais. E de lata em lata o planeta vai virando um lixão CONÇALVES 2005.

42

A Coleta Seletiva também é uma alternativa para o tratamento

dos resíduos sólidos. Segundo Jardim (1995, p. 132), “a Coleta Seletiva deve estar

baseada no tripé Tecnologia (para efetuar a coleta, separação e reciclagem),

Informação (para motivar o público alvo) e Mercado (para absorção do material

recuperado)”.

A coleta quando bem administrada pelo município trás grandes

benefícios tanto para a cidade como para a população. Para a cidade a

contribuição é na redução do volume dos resíduos sólidos a serem destinados para

os aterros, o que conseqüentemente aumenta a vida útil do mesmo. Além disso, os

recicláveis a serem vendidos serão de melhor qualidade já que estarão menos

contaminados pelos outros materiais presentes no lixo, visto que a separação deste

será feita no domicilio. Em algumas cidades o departamento de Coleta Seletiva

permite parcerias com empresas, associações, cooperativas, escolas, estimulando e

fortalecendo o trabalho dos catadores, buscando melhores condições de

negociação com as empresas e divulgando através das escolas a importância da

contribuição de cada cidadão.

Jardim, 1995 destaca que todo projeto a entrar em vigor em um

município gera gastos e para a instalação da coleta seletiva a cidade necessita

investir em caminhões especiais muito mais caros que os da coleta convencional e

também de centros de triagem onde os recicláveis deverão ser separados de

acordo com o tipo de seu material. A Coleta Seletiva pode ser realizada pelos

caminhões especiais que passam coletando o material separado direto no

domicilio ou através de Postos de Entrega Voluntária (PEVs) que ficam instalados

43

em diversos pontos da cidade por caçambas diferenciadas por cores que

corresponde a cada tipo de RS reciclável.

Porém devemos esclarecer que este panorama já mudou, a

cidade de Londrina é uma prova real de que não é necessário um investimento

grande para alcançar bons resultados na reciclagem dos resíduos sólidos. Além de

utilizar à mão de obra antes marginalizada (os catadores) a cidade conta com a

colaboração de grande parte da população.

Segundo Jardim, 1995 a coleta seletiva inicia-se no Brasil em

1992. Para (EIGENHEER, 1998), a primeira experiência sistematicamente

documentada foi o programa do bairro São Francisco em Niterói em 1985. Porém

é desde de 1994 que o Instituto de Pesquisas Tecnológicas em conjunto com o

CEMPRE constatou a existência de 82 programas de coleta seletiva, tanto nas

cidades de pequeno porte quanto nas grandes cidades. Desde então são realizados

levantamentos periódicos no tocante a coleta seletiva no Brasil.

Segundo o IBGE a coleta seletiva em 2002 era praticada em 451

municípios brasileiros (observe o gráfico 01). Os números são bem superiores,

quando comparados ao levantamento realizados pelo CEMPRE que contabilizou

192 cidades com serviço de coleta seletiva. (COLAVITTI, 2003).

44

Gráfico 01 – Número de municípios com serviço de Coleta Seletiva por Unidade de Federação no Brasil

Fonte – IBGE, Pesquisa nacional de Saneamento Básico 2002.

Elaborado: Chiqueto, 2005.

45

Tabela 01 – Municípios com serviço de Coleta Seletiva no Estado do Paraná e

quantidade de lixo coletado tonelada/dia – 2000

Municípios Nº Tonelada

dia

Municípios Nº Tonelada

dia Paraná 73 923 Paraná 73 923 Agudos do Sul 1 1 Iporã 1 - Almirante Tamandaré 1 2 Itapejara d'Oeste 1 - Ampére 1 2 Ivaiporã 1 14 Antônio Olinto 1 - Jaguariaíva 1 3 Arapoti 1 6 Jussara 1 4 Araucária 1 1 Londrina 1 32 Balsa Nova 1 - Mamborê 1 2 Barracão 1 - Mandaguaçu 1 9 Bela Vista do Paraíso 1 - Mandirituba 1 1 Campina do Simão 1 1 Manoel Ribas 1 1

Campina Grande do Sul 1 2

Marechal Cândido Rondon 1 2

Campo do Tenente 1 - Maringá 1 2 Campo Largo 1 2 Mariópolis 1 - Campo Magro 1 200 Maripá 1 1 Cantagalo - PR 1 3 Matinhos 1 1 Capitão Leônidas Marques 1 - Munhoz de Melo 1 - Cascavel 1 2 Nova Laranjeiras 1 - Céu Azul 1 5 Palmeira 1 1 Chopinzinho 1 3 Palotina 1 - Colombo 1 3 Pato Branco 1 1 Coronel Vivida 1 1 Pinhais 1 4 Curitiba 1 510 Pinhão 1 1 Diamante D'Oeste 1 3 Piraquara 1 18 Dois Vizinhos 1 - Ponta Grossa 1 2 Foz do Iguaçu - PR 1 2 Pontal do Paraná 1 1

46

Guarapuava 1 1 Porto Vitória 1 - Guaraqueçaba 1 1 Quatro Barras 1 3 Guaratuba 1 2 Rio Branco do Sul 1 1 Ibiporã 1 - Rio Negro 1 10 Inácio Martins 1 1 Santa Mariana 1 1 São João 1 - São Jorge d'Oeste 1 1 São José dos Pinhais 1 2

São Miguel do Iguaçu 1 3

São Tomé 1 2

Teixeira Soares 1 -

Telêmaco Borba 1 26

Terra Roxa 1 4

Toledo 1 6

Umuarama 1 9

União da Vitória 1 1

Virmond 1 -

Vitorino 1 -

Fonte: IBGE, SIDRA, 2000.

Tabela elaborada, Chiqueto, 2005

Na tabela exemplificada acima podemos constatar a quantidade

de municípios que trabalham com programas de coleta seletiva no Estado do

Paraná. Ao todo são 73 os municípios que empregam o programa. Os registros

com campos em branco representam a ausência do dado.

Comparado ao total dos 332 municípios de Estado, os serviços

de coleta seletiva são insuficientes. Porém, comparado ao levantamento realizado

pelo CEMPRE no mesmo período, os dados da tabela (IBGE) mostram-se bem

47

otimistas. Não podemos deixar de comentar que as formas de levantamentos

empregados pelos dois órgãos são distintas, o IBGE realiza sua pesquisa baseada

em questionários respondidos pelas prefeituras, enquanto que o CEMPRE é

baseada em visitas aos locais. (COLAVITTI, 2003).

No Brasil a maneira mais comum de destinação de resíduos

sólidos segundo Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, 2000 é o Aterro

Controlado, com 84.575,5 toneladas do total de 228.413 toneladas do lixo

coletado diariamente.

No Estado do Paraná o Vazadouro a céu aberto (lixão) é a

maneira mais utilizada de descarte de resíduos, do total (7.542,9 ton) coletado

diariamente 2.961,9 ton vai direto para o lixão. Enquanto que 101,6 ton, vai para

Estação de Compostagem e 105,4 ton para Triagem.

Esta pequena quantidade de material destinado a alguma pratica

da reutilização, pode ser reflexo dos dados mostrados na tabela I, onde 73 dos 392

municípios são adeptos da coleta seletiva.

48

2.8 – COMPOSIÇÃO DOS R. S RECICLÁVEIS

Como se sabe, os produtos recicláveis, atualmente, aumentaram

exorbitantemente quanto ao seu volume e peso.

São vários os tipos de materiais recicláveis, cada um com suas

peculiaridades e finalidades. Sua descrição é necessária para o reconhecimento

qualitativo do material a ser vendido para as fábricas de recicláveis. Com base nas

descrições do CEMPRE, abordaremos alguns dos produtos de maior demanda por

parte das fábricas de reciclagem. Todos os dados apresentados neste capitulo são

extraídos do CEMPRE ( Fichas Técnicas) e JARDIM,1995.

Tabela 02 - Percentual dos produtos mais reciclados no país

PRODUTO RECICLAGEM 2002 RECICLAGEM 2003 RECICLAGEM 2004

Papel de escritório 41% - 33%

Papel ondulado 77,30% - 79%

Embalagens Cartonadas 15% - 22%

Pet 35% - 48%

Plástico Rígido 17,5% - -

Plástico Filme 17,5% - -

Vidro 44% - -

Latas de aço 45% 47% -

Latas de Alumínio 87% - 95%

Fonte: Fichas Técnicas CEMPRE, 2003/2004.

Tabela elaborada: Chiqueto, 2005.

49

Na tabela acima podemos ver comportamento da reciclagem no

Brasil e os produtos de maior demanda no mercado de produtos recicláveis. Nota-

se nos dados obtidos no site do CEMPRE que houve um crescimento na

reciclagem de alguns produtos, comparado aos dados de 2002, são as embalagens

cartonadas e as garrafas PET.

Embora o papel de escritório tenha sofrido um decréscimo na

reciclagem, o importante é que no geral a reciclagem no Brasil está aumentando,

mesmo que lentamente, sabemos que o progresso não é imediato, ainda mais

quando depende do trabalho conjunto dos governantes e da população.

2.8.1 - PAPEL

O papel é um composto de fibras celulósicas, provenientes da

madeira e outras matérias-primas fibrosas. Sua qualidade é medida pela

característica dessas fibras. Dependendo de sua finalidade cada papel tem uma

característica específica, estes podem ser classificados como: papel de escritório;

papel ondulado; embalagens cartonadas; cartões e cartolinas; especiais.

Devido a esta variedade agrega-se valor diferenciado a cada

tipo, o papel mais valioso é o papel branco de computador, embora os papéis

mesclados de menor valor também sejam coletados para reciclagem, enquanto que

os para fins sanitários, papéis vegetais, parafinados, carbono, plastificados e

metalizados não são encaminhados para a reciclagem.

50

O papel ondulado, conhecido também como corrugado e

popularmente como papelão, é coletado facilmente em grandes estabelecimentos

comerciais, tornando-se um material relativamente de baixo custo no seu

processamento.

As aparas6 mais valiosas são as “brancas de primeiras”

(CEMPRE), por não conter qualquer tipo de revestimento ou impressão. Já o

papel ondulado é o material que mais utiliza material reciclado no país. O Brasil

participa no mercado mundial com 1,5% de aparas, e no ano de 2002 a produção

deste tipo de papel foi de 2,1 milhão de ton/ano, reciclando 1.95 milhão de

ton/ano. O valor desta mercadoria varia conforme seu preparo, separação e

também conforme a região.

O ciclo de reciclagem desses materiais difere quanto ao seu

processo, geralmente o papel de escritório e o ondulado passam pela mesma

operação, a diferença é que o papel de escritório passa por técnicas de limpeza

fina, retirada de tintas, branqueamento do material e lavagens especiais,

transformando o papel em uma pasta de celulose e em seguida são aplicados

produtos químicos que finalizam este processo para então serem levadas para as

fábricas de papel. Já o papel ondulado não passa pelas técnicas de limpeza fina,

retirada de tintas, branqueamento do material e lavagens especiais.

6 As aparas são provenientes de atividades comerciais, residenciais, escolas e outras instituições, elas podem ser recolhidas através de um sistema de coleta seletiva, ou através do sistema comercial, que envolve o catador, o sucateiro, depositário de material e o aparista. (JARDIM, 1995 p, 176)

51

2.8.2 – PLÁSTICO

Os plásticos são fabricados a partir de resinas (polímeros)

sintéticas, derivadas do petróleo, apresentando uma grande resistência a

biodegradação.

Esse material é dividido em duas categorias, os termofixos e

termoplásticos, referentes ao processo de moldagem do plástico. Os termofixos

são usados na fabricação de solas de calçados, na fabricação de telhas reforçadas

com fibra de vidro, em revestimento de móveis, etc, e não podem passar pelo

processo de moldagem, pois acabam não fundidos, mas podem ser reutilizados em

outras aplicações. Os termoplásticos já podem passar pelo processo de moldagem

por várias vezes ou por processo de transformação. Devido essas alterações, as

misturas de alguns tipos de plásticos originam outros diferentes tipos de plástico

rígido (Jardim, 1995).

Tabela 03 - Plásticos mais consumidos pela população e reciclados.

Sigla Significado Finalidade

PET Polietileno Tereflalato Garrafas de refrigerantes.

PEAD Polietileno de alta densidade Baldes, tambores, autopeças, etc.

PVC Cloreto de polivinila Garrafas para água mineral, detergente líquido.

PP Polipropileno Embalagens de massas e biscoitos, potes de margarinas, etc.

PS Poliestireno Eletrodomésticos, e copos descartáveis.

52

PEBD Polietileno de baixa densidade Sacolas de supermercados, sacos de lixo, embalagens de leite.

Fonte: Fichas Técnicas CEMPRE, 2003.

Tabela elaborada: Chiqueto, Ana Carolina, 2005.

Em virtude da grande variedade de plásticos os fabricantes

adotam símbolos padronizados nas embalagens para facilitar a identificação dos

mesmos.A seleção dos plásticos é feita visualmente, mas na maioria das vezes é

feita pela cor da chama, fumaça e odor do material durante a queima.

A reciclagem dos plásticos no Brasil utiliza três tipos de

tecnologias. A primeira é a reciclagem primária ou pré-consumo que recupera os

resíduos na própria empresa geradora. A segunda ou reciclagem secundária ou

pós-consumo consiste na conversão do plástico descartado no lixo, e a terceira ou

reciclagem terciária é conversão de resíduos plásticos em produtos químicos e

combustíveis, através de processos termoquímicos.

2.8.3 - VIDRO

As matérias-primas utilizadas na fabricação dos vidros são:

areia, calcário, barrilha e feldspato.

O vidro é um material obtido através da fusão de compostos inorgânicos a altas temperaturas, e resfriando da massa resultante até um estado rígido, não cristalino. (JARDIM, 1995, p 193).

Embora os vidros contenham a mesma matéria-prima, eles

possuem composições diferenciadas como o vidro soda-cal (denominado vidro

53

comum), vidro borosilicato (tem óxido de boro), vidro de chumbo (tem óxido de

chumbo), e vidros de formulações especiais.

Os vidros são utilizados como embalagens para bebidas,

produtos alimentícios, medicamentos, perfumes etc. É um material durável e

inerte, os únicos produtos de vidro não-recicláveis são as lâmpadas fluorescentes,

lâmpadas incandescentes, tubos de televisão, vidros planos e espelhos e vidros

domésticos, isso por não se saber a procedência do material que podem ter

composições químicas diferentes que acabam causando defeitos nas embalagens.

O vidro deve ser separado por cor para não alterar a qualidade

final e visual do produto.

2.8.4 - METAIS

Os metais são materiais de grande durabilidade, são divididos

em dois grupos, o primeiro grupo de metais é composto basicamente de ferro e

aço e outro de metal não-ferroso.

Existem quatro tipos de latas, as de folha-de-flandres - que são

revestidas com estanho, como as latas de conservas de alimentos, pois são mais

resistentes a corrosão; cromadas que são revestidas com cromo, como as latas de

óleo; de aço não-revestido que são as latas de tintas; e os alumínios como as latas

de bebidas.

54

No ano de 2004, segundo CEMPRE o Brasil reciclou 9 bilhões

de latas de alumínio, esse resultado é atribuído aos programas de coleta seletiva e

criação de cooperativas de reciclagem de lixo.

2.8.5 - EMBALAGEM CARTONADA E/OU LONGA VIDA

As embalagens Longa Vida compõe um outro grupo de material,

visto que, seu processo de reciclagem não se enquadra na reciclagem do papel

nem do alumínio.

A embalagem cartonada e/ou Longa Vida é composta de três

camadas de material, papel duplex (75%), polietileno de baixa densidade (20%), e

alumínio (5%), criando uma barreira que empeça a entrada de luz, ar, água, e

microorganismos, impedindo a contaminação dos alimentos. Cada um desses

materiais tem suas peculiaridades quanto à reciclagem, mercado e a composição,

além da matéria-prima básica (celulose).

A matéria-prima das embalagens Longa Vida, no caso o papel,

corresponde a 75% da embalagem e os outros 35% segundo CEMPRE, esses

materiais são fornecidos por empresas certificadas pela ISO 14001.

Já a embalagem Cartonada passa por duas etapas, a primeira é a

retirada do papel, e em seguida o processamento do polietileno/alumínio que pode

ser reciclado de várias maneiras.

55

2.8.6 - OUTROS MATERIAIS

Vale citar que além dos materiais descritos, existem outros

materiais passiveis de reciclagem e de reutilização como os pneus, pilhas,

lâmpadas fluorescentes, materiais de limpeza, inseticidas, herbicidas, cosméticos,

tintas, remédios e entulhos. Mas cabe lembrar, que este trabalho não abrange a

reciclagem desses materiais, pois os enfoques serão nos recicláveis de maior

demanda, visto que as indústrias de reciclagem que atendem a cidade de Londrina

compram o material reciclado que é selecionado pelas Ong’s de reciclagem e que

não trabalham com todo o tipo de material reciclável, mas trabalham com os

recicláveis mais consumidos pela população.

56

CAPITULO 3 - CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DAS

ONG’S EM LONDRINA

As Ong’s de ex-catadores de rua e ex-garimpeiros do Aterro

Municipal são integrantes de uma metodologia diferenciada no programa de

Coleta Seletiva. Surgiu de um projeto da Prefeitura Municipal de Londrina

“Projeto 1000 Ong’s” com o objetivo de integrar a população de baixa renda a

sociedade e da pressão dos próprios carrinheiros (vide noticias de jornais da

época).

Composto de um total de 30 Ong’s e ultrapassando 500

associados, eles coletam diariamente cerca de 90 toneladas de recicláveis por dia,

ou seja, 23% do lixo produzido diariamente segundo a CMTU – LD [2005]. A

coleta é feita porta a porta pelos membros das Ong’s que contam com a

colaboração da população para o abastecimento da “mercadoria”, utilizam como

transporte para o recolhimento, carrinhos, carroças, Kombi. O grupo distribui

sacos de lixo da cor verde fornecido pela Prefeitura para cada residência

correspondente a seu setor, setor este estabelecido pela CMTU, todo o material é

coletado e encaminhado para as bandeiras (Local de acondicionamento dos sacos

geralmente uma praça ou terreno baldio no setor da coleta) sendo transportados

pela Prefeitura até o local da triagem de cada Ong, depois de separado o lixo a

Ong encaminha seus materiais a intermediários ou à CEPEVE, onde é prensado e

enfardado para a venda.

A priori este projeto teve como foco principal à inserção dessa

população na sociedade, que anteriormente era marginalizada pela sociedade e

57

exploradas pelos donos de depósitos (sucateiros) que pagavam muito pouco pelo

material selecionado.

Um grande desafio a ser enfrentado é a necessidade da

capacitação dos membros das Ong’s incluindo toda a sua família. Com o objetivo

de melhorar suas condições de vida, foram elaborados vários projetos que os

beneficiam melhorando suas condições de saúde, evitando o consumo de drogas,

promover oficinas de reciclagem, capacitação de mão-de-obra para aprendizes,

conhecimento de línguas, computação, conhecimento de educação ambiental,

alfabetização de adultos associados, dentre outros cursos de capacitação, porém

até a data da aplicação do questionário nenhum projeto tinha sido colocado em

prática.

Para a excussão destes projetos foram feitas parcerias com a

Secretaria Municipal de Educação, Ação Social, Saúde, Meio Ambiente, CMTU –

Companhia de Trânsito e Urbanização, além da Associação das Ong’s do

município e a Cepeve.

Em Londrina as Ong’s estão espalhadas nas diversas regiões da

cidade, sendo 11 Ong’s na região Norte, 06 na região Sul, 05 na região Leste, 05

na região Oeste, 02 na região Central e 1 no distrito de Irerê em todas as Ong’s

uma boa parcela dos trabalhadores é oriunda da catação de rua e ex-garimpeiros

do aterro.

As Ong’s contam com instalações precárias, uma parte desses

grupos trabalham em barracões improvisados, não utilizam material de proteção.

58

Além disso o lixo recolhido fica acomodado em terrenos a céu aberto correndo

risco de ser roubado pelos carrinheiros não associados e também a perda do

material que pode ser levado pela chuva, já que algumas Ong’s encontram-se em

fundos de vale.

Convém ressaltar que para o ingresso de trabalhadores em uma

Ong deve-se seguir o Estatuto Social criado pela CEPEVE onde cada Ong deverá

cumprir com seus deveres e ter assegurado todos os seu direitos estabelecidos pelo

Estatuto e pelos dispositivos legais ou regulamentares que lhes são aplicáveis e

pelos princípios do associativismo autogestionário. (Estatuto – Associação de

Recicladores, Londrina 15 de setembro de 2003).

As pessoas que desejam integrar-se as Ong`s de coleta seletiva

deverão estar dispostas ao cumprimento do Estatuto que diz:

Poderão associar-se a Associação, salvo se houver impossibilidade técnica, quaisquer trabalhadores e trabalhadoras que se dediquem às atividades objeto da entidade, exercendo-as dentro da área de ação da associação, que tenham disposição para levar adiante os princípios do associativismo autogestonário7, concordem com o presente Estatuto [...].(Capitulo III Seção I dos Associados Art.4º, 2003).

É valido comentarmos sucintamente alguns dos capítulos deste

Estatuto, já que encontramos através das pesquisas situações que não condizem

com as normas estabelecidas pelos princípios do associativismo

autogestinonário8.

7 Associativismo autogestionário “Trata-se de organizações de produtores em forma de autogestão: na igualdade de direitos de todos os membros; na propriedade comum do capital, numa distribuição mais igualitária, bem como em sua gestão democrática”. LIMA, 2004 8 Não caberá a este trabalho englobar a discussão de Associativismo, Ong`s e/ou Terceiro Setor.

59

No Capitulo II Finalidades, Art2º parágrafo III o estatuto tem

como finalidade “Combater sistematicamente o atravessador, liberando o

trabalhador da exploração e impedindo a expropriação dos excedentes do

trabalho”.Porém em entrevista realizada a 8 Ong`s no decorrer do trabalho, mostra

que todas passam seus materiais pelas mãos de intermediários para

posteriormente serem vendidos a empresas recicladoras, além da CEPEVE.

Outro ponto importante é o do Capitulo III Seção I dos

Associados, Art.4º inciso 1º “O numero de associados é limitado quanto ao

máximo, não podendo ser, entretanto inferior a 06 pessoas físicas, conforme a

legislação em vigor”. No entanto a Ong Reciclando para Educação respondeu que

o numero de funcionários eram no total 5 (cinco), inferior ao numero estabelecido

por lei.

Seguindo o Capitulo no Art. 7º - São DIREITOS dos associados:

II – Participar das Assembléias Gerais, discutindo e votando os assuntos que nela forem tratados, respeitados os impedimentos legais.

IV – Participar das atividades econômicas, sociais e educativas da Associação.

VII – Solicitar informações e esclarecimento sobre seus débitos e créditos.

60

Todavia a pesquisa realizada nos mostra um quadro diferente,

em que participam 50% do associados, 37% dos funcionários e 12% não vão as

reuniões, sem contar que somente 62% sabem o preço de venda do material

vendido pela ASSOCIAÇÃO, nestas circunstancias torna-se difícil que os

associados saibam quais são seus direitos. Esses são alguns exemplos de como as

leis, os Estatutos existem para assegurar os direitos dessas pessoas, mas por outro

lado não existe nem um tipo de fiscalização mediante as Ong`s.

Os dados referentes as Ong’s exemplificadas neste tópico tem

um caráter puramente demonstrativo, não foi possível fazer nenhuma análise

critica ou qualitativa quanto às condições socioeconômicas de cada Ong’s, visto

que são 30 Ong’s atualmente em Londrina, e estes dados são de apenas 8 Ong’s.

No entanto algumas medidas já estão sendo tomadas, como a

instalação destes grupos em barracões fechados, a cargo da Cepeve e financiado

pela CODEL (Companhia de Desenvolvimento de Londrina) e as Ong’s ficam

responsáveis por outros gastos como a luz, água e telefone.

3.1 – CEPEVE

A CEPEVE (Central de Pesagem e Venda) surgiu para fortalecer

o poder de negociação das Ong’s. Com o objetivo de conseguir melhores preços

pelos materiais reciclados ela auxilia os grupos com equipamentos de prensa,

balança, triturador de plástico, o que permite que o material reciclado vá direto

61

para a industria. A Cepeve é encarregada de contactar as empresas que compram

os RS reciclados e negociar o melhor preço.

Esta central ainda tem o compromisso de alojar todas as Ong’s

em barracões fechados. No total são 10 Ong’s associadas que serão beneficiadas

pela Cepeve. Ela é dirigida por alguns membros das Ong’s, recentemente através

de uma eleição foi escolhido o presidente também presidente da Ong Arel que

funciona na própria Cepeve.

No decorrer desta pesquisa a Cepeve perdeu um importante

comprador a multinacional Sonoco compradora de papelão e papel misto, sendo

este um dos materiais mais vendidos, pelo fato de não emitir nota fiscal aos

compradores.

3.2 - HISTÓRICO DA COLETA SELETIVA EM LONDRINA

O programa de Coleta Seletiva na cidade de Londrina iniciou-se

em 14 de novembro de 1996, abrangendo somente 5% da área urbana e atendendo

a 32.000 habitantes. A partir do ano de 2001 a Coleta Seletiva passa a contar com

a parceria da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) e as

Ong’s de Reciclagem (Organização não Governamental) de ex - garimpeiros do

aterro e catadores de lixo nas ruas, e passou a abranger 85% da área urbana e/ou

cerca de 400.000 habitantes.

62

A população de Londrina produz em torno de 380 toneladas de

resíduos sólidos domiciliar/dia no ano de 2005, segundo PML/CMTU –

Companhia de Transito e Urbanização. Se fosse quantificado todo o lixo

produzido por estabelecimentos comerciais, industrias, construção civil e serviços

de saúde, esses dados seriam bem mais expressivos.

Deste montante de resíduos produzidos (350t), 35% são

passíveis de reciclagem, ou seja, cerca de 120 toneladas por dia. Segundo

informações disponibilizadas pela PML/CMTU o programa retira da fonte

geradora 23% do lixo produzido por mês.

Outro serviço oferecido é a coleta dos PEV’s (Posto de Entrega

Voluntária), constituído de 35 postos instalados em pontos estratégicos da cidade,

esta coleta é realizada duas vezes por semana e fica a cargo de população levar

seu lixo até os PEVs.

A pareceria das Ong’s com o poder público é um diferencial que

tem demonstrado alguma eficiência nas coletas, apesar da precariedade do

trabalho e de suas instalações inadequadas vários avanços já foram conseguidos,

como a diminuição do volume de lixo nos aterros, geração de trabalho para mais

de 350 pessoas através da criação de 30 “Ong’s”, a criação da CEPEVE (Central

de Pesagem e Venda), dentre outros.

Em virtude do pouco tempo de constituição das Ong’s, vários

problemas ainda são enfrentados, como a falta de estrutura física e organizacional

destas, a rivalidade dos associados com os carrinheiros, etc.

63

Essas dificuldades são tarefas que serão vencidas e trabalhadas

no decorrer do processo, com a participação efetiva da Prefeitura, o apoio das

Universidades e colaboração da população, será possível vencer todas as barreiras

que impedem o melhoramento do atendimento a cidade de Londrina.

64

3.3 - O CATADOR

É indispensável mencionar o catador por que no Brasil a coleta

dos resíduos que são encaminhados para a reciclagem não sobreviveria sem essa

figura “o catador”. Nosso país ainda precisa de uma grande massa de

trabalhadores para fazer o serviço “sujo”.

A catação de lixo sustenta a reciclagem há tempos, não só no

nosso país como em outros (JARDIM, 1995, p. 138). Homens, mulheres e

crianças submetem-se a condições de trabalho sub-humanas, como relata

Conceição, 2003, p.34.

Tais catadores submetem-se a uma rotina diária de trabalho que muitas vezes, ultrapassa doze horas ininterruptas, um trabalho exaustivo visto as condições a que estes indivíduos se submetem com seus carrinhos puxados pela tração humana carregando por dia mais de 200 quilos de lixo e percorrendo mais de 20 quilômetros por dia, sendo, no final, muitas vezes explorado pelos donos de depósito de lixo (sucateiro).

Envolvido neste processo de reciclagem um dos catadores

membro de uma das oito Ong’s estudadas para a realização deste trabalho, a Ong

“Reciclando para a Saúde”, relata que: “aqui não existe esse negocio de horas de

trabalho, vamo até as 10:00 hs, vamo até as 7:00hs vamo, vai amanhecê então

vamo amnhecê”. Notamos o quanto essas pessoas trabalham precariamente, sem

hora para parar.

Por não terem que prestar conta de seu trabalho para “patrões” e

da flexibilidade de horário, segundo (JARDIM, 1995), muitos trabalhadores

65

preferem ficar nesse serviço, embora as condições a que se submetem, sejam

precárias.

Segundo pesquisas do CEMPRE, (1999), estima-se que mais de

300 mil pessoas sobrevivam do trabalho da catação do lixo no Brasil. A renda

desses catadores difere conforme o local de trabalho (região), e também quanto ao

material coletado. Segundo LAYRARGUES (apud Calderoni , 1998).

[...] apesar de a remuneração do catador e sucateiro oriunda da reciclagem contribuir para a melhoria de sua condição de vida, os ganhos econômicos estão mal distribuídos: Sua pesquisa realizada no município de São Paulo indicou que a industria da reciclagem aufere a maior parte dos ganhos, alcançando quase R$215 milhões (cerca de 66% da fatia total obtida através da reciclagem de lixo). O restante dos ganhos é repartido entre a prefeitura, que retém R$36 milhões (11%), os sucateiros, que recebem R$32 milhões (quase 10%) e os catadores, que obtêm quase R$43 milhões (13%).

O catador fica a mercê da industria, pois desfavorecido de leis

que assegurem seus benefícios, ele fica impossibilitado de concorrer com a

industria, que estipula o quanto será pago pela sua mercadoria, oferecendo o

mínimo para sua sobrevivência (CONCEIÇÃO, 2003).

O catador, carrinheiro ou as variadas denominações que lhes são

atribuídas como rampeiro, margarida, xepeiro, badameiro, bóia-fria do lixo

(Legaspe, apud Conceição 2003, p. 32), sofrem grande discriminação e seu

trabalho passa despercebido por uma parcela da população, seja pela sua

vestimenta ou pelo seu trabalho com o lixo, lixo esse que para outros não passam

de inutilidade.

66

O carrinheiro junto com a sua família sai de casa pela manhã e

passa recolhendo sua valiosa mercadoria faça sol ou chuva, com seus carrinhos de

tração humana, e algumas vezes utilizado como meio transporte carroças. São

pessoas humildes, que em grande maioria não tiveram a oportunidade de estudar,

conseqüentemente de arrumar um emprego melhor, não tendo possibilidades de

lutar contra crises econômicas que originam o desemprego, e acabam achando

como opção, trabalhar com materiais passíveis de reciclagem.

Grande parte dessas pessoas ainda trabalha em lixões, com seus

filhos pequenos, mulheres, idosos, em meio a todos os perigos ali encontrados. Os

lixões são lugares insalubres, provedor de doenças e de degradação social. Ali eles

não buscam só mercadorias para a venda, mas também uma parcela deste exclusos

buscam alimentos para matarem sua fome.

Segundo Conceição, (2003, p.41) o catador será eliminado do

processo de reciclagem, isto por que o catador é um intermediário entre o

consumidor e a indústria, e a partir do momento que nós consumidores

despertarmos para a reciclagem e ativarmos nossa consciência ecológica,

acabaremos mesmo que involuntariamente suprimindo a catação informal, já que

o consumidor passará a fazer em seu domicílio o trabalho deste intermediário, o

de selecionar o lixo, o que deverá ir direto para a industria via programas de coleta

seletiva.

Uma alternativa para a não eliminação do catador seria a

implementação de associações, cooperativas, ong’s de catadores para fortalecer

67

esta classe desprovida e desamparada legalmente, com o objetivo de melhores

condições de negociação com a industria.

Este é um diferencial da cidade de Londrina, pois além do

projeto de coleta seletiva, contamos também com a formação de Ong’s de

reciclagem de lixo, que contam com o apoio do município, e da CEPEVE (Central

de Pesagem e Venda), as Ong’s conseguem assegurar a venda de seus resíduos

com melhores preços, mesmo que considerado pouco em comparação aos ganhos

das industrias de reciclagem.

3.4 – METODOLOGIA DA APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

Foram visitadas para a elaboração desta parte do trabalho um

total de 8 Ong’s, duas em cada setor da cidade (Norte, Sul, Leste e Oeste).

Em todas as elas foram aplicados questionários com o intuito de

caracterizar o perfil sócio econômico dos grupos e a estrutura física do local de

seleção do material. Cabe ressaltar que a aplicação deste questionário é puramente

demonstrativa, ou seja, não é de nosso intuito realizar qualquer análise

quantitativa deste material.

As Ong’s localizadas na zona Norte da cidade são Ong

“Reciclar para a Saúde”, e a Ong “Reciclando para a Educação”. Na zona Sul Ong

“Ressalt” e “Ressul”, na zona Oeste “Nova Esperança” e “Oeste Limpe” e na zona

Leste a Ong “Nova Conquista” e a “Arel”.

68

Cada Ong tem sua particularidade e diferenças, seja me suas

estruturas físicas, seja em sua estrutura organizacional e para exemplificar estas

diferenças veja a seguir a tabulação do questionário.

3.5 - QUESTIONÁRIO APLICADO EM OITO ONG’S NA CIDADE DE

LONDRINA

Localização das ONG’s pesquisadas na cidade de Londrina.

Quadro 01

SIMBOLO NOME REGIÃO

A Reciclando para a Saúde Região Norte

B Reciclando para Educação Região Norte

C Ressul Região Sul

D Ressalt Região Sul

E Nova Esperança Região Oeste

F Oeste Limp Região Oeste

G Nova Conquista Região Leste

H Arel Região Leste

Estas são as ONG’s escolhidas para a pesquisa de campo. Optamos por duas

ONG’s em cada região da cidade.

69

Tempo de atuação da ONG no setor de reciclagem de lixo

Quadro 02

ONG TEMPO

A 3 anos

B 2 anos

C 3 anos

D 3 anos

E 3 anos

F 2 anos

G 2 anos

H 3 anos

Esta tabela exemplifica há quanto tempo a ONG está em atuação no mercado, das

oito ONG’s cinco estão no mercado há três anos e três ONG’s estão a dois anos.

As ONG’s que estão a três anos surgiram no começo do Projeto 1000 ONG’s

desenvolvido para integrar a população carente a sociedade londrinense.

Número de pessoas que trabalham na ONG

Quadro 03

ONG Nº DE TRABALHADORES

A 11

B 5

C 10

D 24

E 8

F 12

G 12

70

H 11

O número dos trabalhadores varia muito entre as ONG’s podemos ver que

enquanto uma ONG (D) tem disponível em seu quadro 24 trabalhadores, outra (B)

têm somente cinco, as outras variam de oito a doze trabalhadores.

Figura 01

11

5

10

24

8

12 12 11

0

5

10

15

20

25

A B C D E F G H

nº de funcionários

Sexo dos trabalhadores

Quadro 04

ONG MASCULINO FEMININO NÃO SABEM

A 4 7

B 3 2

C 3 7

D X

E 3 5

F 5 7

G 3 9

H 4 6

71

TOTAL 25 43 --------------

Nesta tabela podemos concluir que as mulheres das ONG’s pesquisadas estão em

maior número trabalhando com a reciclagem de lixo, compondo um total de 43

mulheres e 25 homens no total de trabalhadores.

Obedecem a alguma hierarquia – Qual o tipo de organização?

Todas as Ong’s obedecem a uma organização administrativa em função do

Estatuto cobrado pela Cepeve (Central de Pesagem e Venda). Esta hierarquia está

exemplificada no organograma abaixo, está hierarquia é composta de um

presidente, tesoureiro, secretário, fiscal de rua e os catadores.

Quadro 06 – Organograma das Ong’s, segundo a Cepeve

CATADOR

TESOUREIRO

CATADOR

FISCAL DE RUA

CATADOR

SECRETÁRIO

PRESIDENTE

Horas trabalhadas.

A figura a baixo mostra a quantidade de horas trabalhadas pelas Ong’s

pesquisada. As Ong’s trabalham, de oito a nove horas por dia, exceto a ONG A

que trabalha mais de nove horas/dia.

72

Figura 02

87,50%

12,50%

De 8h a 9hMais de 9h

Renda Mensal

Quadro 08

ONG VALOR R$

A 300,00 reais

B Inferior a um salário mínimo

C 250,00 reais

D 300,00 reais

E 300,00 reais

F 250,00 reais

G 350,00 reais

H 250,00 reais

Esta tabela evidencia a renda salarial dos associados, que varia entre R$250,00

reais a R$350,00 reais. Das ONG’s estudadas, duas destacam-se pelas rendas

mensais, a ONG B cujos trabalhadores ganham menos que um salário mínimo na

época (R$ 240,00) e a ONG G em que esses ganhos superam um salário mínimo.

73

Forma de pagamento

A figura abaixo mostra a forma de pagamento dos trabalhadores, a renda mensal

exemplificada acima é paga quinzenalmente e por horas trabalhadas por 75% das

ONG’s enquanto que 25% delas pagam quinzenalmente.

Figura 03

25%

75%

quinzenal

quinzenal horatrabalhada

Resíduos Selecionados pelas Ong’s

Neste quadro poderá ser visto todos os resíduos selecionados e vendidos pelas

ONG’s pesquisadas, 100% delas trabalham com estes tipos de materiais.

Quadro 10

ONG’S Plástico Papel/Papelão Vidro Latas Sucata

A X X X X X

B X X X X X

C X X X X X

D X X X X X

E X X X X X

74

F X X X X X

G X X X X X

H X X X X X

Os compradores dos materiais selecionados.

Os materiais selecionados são vendidos para Cepeve (Central de Pesagem e

Vendas) e para Sucateiros, nenhuma das ONG’s vende diretamente para Empresas

Privadas, todas passam seus materiais pelas mãos de intermediários, para

posteriormente serem encaminhados para as grandes empresas recicladoras.

Quadro 11

ONG CEPEVE SUCATEIROS

A X

B X X

C X X

D X X

E X X

F X X

G X X

H X X

Conhecimento dos preços de venda pelos recicladores

O gráfico abaixo mostra a porcentagem dos trabalhadores que tem conhecimento

do preço de venda de seus produtos selecionados, 62% do total de funcionários

75

das Ong’s conhecem o valor de venda de seus materiais, e 37% deste total não

sabem o valor de seus materiais.

Figura 04

62,50%

37,50%

Sim Não

Tipo de transporte utilizado na coleta de porta em porta

No quadro podemos ver quais são os transportes utilizados pelas Ong’s na coleta

dos RS. Os transportes mais utilizados são os carrinhos e carroças com tração

animal e veículos motorizados como a Kombi. Não podemos esquecer de destacar

que no total são 27 ONG’s em Londrina e não sabemos quais são os outros tipos

de transporte utilizados. A maiorias das Ong s pesquisadas contam com carrinhos

e carroças, que são mais usuais neste serviço, somente uma ONG a (A) tem um

veículo motorizado uma Kombi, mas que nos dias da pesquisa estava quebrada,

isto é, não estava sendo utilizada, sendo a ONG que mostra um número maior de

tipos de veículos para a coleta composto de 3 carroças, 6 animais e uma Kombi.

As demais contam ou com carrinhos ou com carroças.

76

Quadro 12

ONG’S CARRINHO CARROÇA ANIMAIS VEÍCULO

A 3 6 1

B 4 4

C 2 1 1

D 2

E 1

F 1

G 2

H 2

Locais de armazenamento

Este gráfico mostra a porcentagem de onde são armazenados os RS, evidenciando

também a condição de instalação destas Ong’s. O fato de somente 37% das Ong’s

guardarem seus materiais em galpões fechados refere-se as condições da estrutura

física delas, quer dizer elas estão instaladas em barracões protegidos de roubos,

chuvas, não ocorrendo danos aos seus materiais, podendo ter materiais de melhor

qualidade. Em quanto 62,5% das Ong’s estão em terrenos a céu aberto.

77

Figura 05

37,50%

62,50%

galpão fechadoterreno a céu aberto

Investimento na organização

O gráfico mostra as aplicações de dinheiro em melhorias para as ONG’s, não

temos o valor (R$) de quanto foi aplicado por que os entrevistados não sabiam

corretamente, mas temos os instrumentos em que foi aplicado o dinheiro, 50% das

ONG’s aplicaram seus capitais em melhorias na estruturas física de seus

barracões, 12,5% na melhoria do transporte da coleta, 12,5% na compra de

animais (cavalos) e 25% das ONG’s não sabe onde foi aplicado o dinheiro.

78

Figura 06

0

50%

0

12,50%12,50%

25%

maquinário

estrutura física da Ong

facilitação na comprade terrenosmelhoria no transporteda coletacompra de animais

não sabe

O que poderia ser melhorado?

Neste gráfico podemos ver o que os trabalhadores das ong’s gostariam que fosse

melhorado, para 25% dos entrevistados a concessão de barracões seria o ideal,

12,5% gostaria de assistência veterinária, 12,5% concessão de maquinário e 50%

não sabiam o que poderia melhorar em suas Ong’s.

Figura 07

25%

12,50%12,50%

50%

Concessão de galpão

Concessão demaquinárioAssistência veterinária

Não responderam

79

Proprietário do terreno da Ong?

Figura 08

75%

12,50%

12,50%PrefeituraOngFuncionário da Ong

Quantos são os bairros atendidos por cada Ong?

Figura 09

7

3

9

13

98

54

0

2

4

6

8

10

12

14

A B C D E F G H

nº de bairros atendidospelas Ong's

Há colaboração por parte dos moradores?

Segundo as Ong’s a população tem colaborado.

Utilizam material de proteção?

80

Figura 10

12,50%

87,50%

SimNão

Há auxilio da Prefeitura

Quadro 13

ONG TRANSPORTE SACARIA

A X X

B X X

C X X

D X X

E X X

F X X

G X X

H X X

81

Há reuniões para discutir assuntos sobre a Ong

Figura 11

87,50%

12,50%

simnão

Qual o grau de participação?

Figura 12

50%37,50%

12,50%

PresidenteFuncionáriosNinguém

Qual a periodicidade das reuniões?

As reuniões são realizadas uma vez por semana na Cepeve (Central de Pesagem e

Vendas).

82

Existem conflitos entre os associados e os carrinheiros?

Figura 13

87,50%

12,50%

SimNão

Há intercâmbio de informações com as outras Ong’s?

As Ong’s que participam das reuniões realizadas na Cepeve semanalmente trocam

informações sobre as condições das Ong’s.

Sabem o que é coleta seletiva?

Figura 14

62,50%

37,50%SimNão

83

Quais os benefícios da coleta seletiva?

Figura 15

25%

37.50%

37.50% AmbientalSocialNão sabe

A Ong é especializada em algum tipo de material?

Nenhuma das Ong’s pesquisadas trabalha somente com um tipo de material.

3.6 O MERCADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM LONDRINA

Para que um projeto de coleta seletiva e reciclagem seja

implantado em uma cidade um dos primeiros passos a ser dado é investigar a

existência de um mercado consumidor dos resíduos reciclados para atender a

demanda desses materiais coletados.

84

Segundo informações cedidas pelo departamento de Coleta

Seletiva de Londrina, a cidade conta com aproximadamente quarenta empresas9

compradoras dos resíduos selecionados pelas ONGs. Para que estes materiais

agreguem maior valor na venda, todas as ONGs encaminham seus materiais para

a CEPEVE que negocia direto com as empresas, na CEPEVE o material é

prensado e preparado para a venda.

O valor dessas mercadorias é diferenciado, de acordo com o tipo

e qualidade do resíduo10. A mercadoria de Londrina é vendida pelos seguintes

preços:

Quadro 14 – Preços do Material Coletado em Londrina

MATERIAL PREÇO R$

Papel branco 0,32 a 0,35

Papelão 0,22

Misto 0,08 a 0,11

Longa Vida 0,10

Vidro (Branco0,05)(verde0,04)(preto0,03)

Pet 0,80

Plástico fino branco 0,50

Plástico fino colorido 0,40

9 A venda dos materiais recicláveis deve ser feita para várias empresas. Essa é uma maneira de promover a competitividade dos preços entre os compradores (JARDIM, 1995 p.129). 10 É importante lembrar que existe uma sazonalidade de preço para a venda, e que esta não é igual para todos os tipos de material. Por isso, indica-se o planejamento dos estoques de materiais (JARDIM, 1995 p.129).

85

Sacolinhas de supermercado 0,20

Plástico fino misto 0,40

Latinhas 0,18

Sucata 0,18

Fonte: CMTU

Tabela elaborada, Chiqueto, 2005.

No início desta pesquisa a Cepeve recebia em torno de 30

toneladas diárias de resíduos, atualmente esse número caiu para 12 toneladas. O

que explica este fato não é a redução do material coletado e sim o desvio da venda

do resíduo direto para as empresas recicladoras e sucateiros11. Vários são os

fatores que implicam neste processo de venda como:

• O sucateiro e/ou empresa paga à vista pelo material, enquanto que na

Cepeve o pagamento é feito quinzenalmente;

• A Cepeve não emite nota do material vendida, o que ocasiona na perda de

importantes compradores;

• O sucateiro e/ou empresa oferece para as ONGs instrumentos (carrinhos)

que viabilizam e agilizam sua coleta em troca da exclusividade da venda

do material;

• Existe ainda uma grande quantidade de carrinheiros que não estão

associados as ONGs o que implica no não envio do material para a

Cepeve.

11 No inicio da pesquisa a maior parte do material era encaminhado para a Cepeve.

86

Mas o fator mais influente na negociação direta ONG/empresa é

o pagamento à vista pelo material, isto tudo seria resolvido se a ONG tivesse um

pouco mais de organização administrativa, porque a venda individual dos

produtos ocasiona perda no valor da mercadoria, o que não ocorre na Cepeve já

que há uma quantidade muito maior de material junto, conseqüentemente

agregando maior valor final.

Segundo dados fornecidos pelo Departamento de Coleta Seletiva

de Londrina no ano de 2005 as ONGs coletaram:

Quadro 15 – Quantidade Coletada de material

Ong Quantidade ton/dia

Quantidade ton/mês

Urna - Novo Amparo 2,133 51,194Ressul 3,309 79,413Ressalt 3,516 84,376Refúgio 946 22,695Reciclando Vidas 2,895 69,478Reciclando para a Saúde 2,849 68,383Reciclando para a Cidadania

2,382 57,172

Reciclando Oeste 0,189 4,529Reciclando a Natureza 4,324 103,767Recicla Café 3,998 95,956Primavera 2,571 61,704Oest Limp 2,146 51,496Novo Tempo 0,522 12,516Novo Milênio 6,216 149,196Nova Esperança 3,622 86,936Nova Conquista 3,602 86,456Monte Cristo 1,057 25,372Lutando pelo Novo Mundo 3,11 74,648Juventude 4,318 103,641Irerê - -

87

Ong Quantidade ton/dia

Quantidade ton/mês

Grupo União 4,332 103,973Aruvi 1,959 47,027Arlon 7,149 171,587Arle 5,541 132,983Arel 3,118 74,821Aracen 3,887 93,298A Vida 2,815 67,566A Missão 2,666 63,976 Fonte: Departamento de Coleta Seletiva, 2005 Tabela elaborada: Chiqueto, 2005

88

Figura 16 – Quantidade de material coletado por mês

51.19479.413

84.37622.695

69.47868.383

57.1724.529

103.76795.956

61.70451.496

12.516149.196

86.93686.456

25.37274.648

103.6410

103.97347.027

171.587132.983

74.82193.298

67.56663.976

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

quantidade_ton_mes

Urna - Novo Amparo Ressul Ressalt RefúgioReciclando Vidas Reciclando para a Saúde Reciclando para a Cidadania Reciclando OesteReciclando a Natureza Recicla Café Primavera Oest LimpNovo Tempo Novo Milênio Nova Esperança Nova ConquistaMonte Cristo Lutando pelo Novo Mundo Juventude IrerêGrupo União Aruvi Arlon ArleArel Aracen A Vida A Missão

Fonte: Departamento de Coleta Seletiva de Londrina, 2005. Elaborado por: Chiqueto, 2005

Num breve estudo observou-se que a uma enorme diferença na

quantidade de lixo coletado entre Ong’s que tem sua coleta exclusiva em alguns

bairros, enquanto outras dividem a mesma demanda com Ong’s do mesmo setor.

Pudemos observar que as Ong`s, mesmo com mais ou menos

tempo de existência, ocupam lugar de hierarquia quando trata-se de quantidade de

material coletado.

89

Existe uma desigualdade muito grande de material coletado

pelas Ong’s, enquanto uma coleta 170 ton/mês, outra coleta 4 ton/mês. Quais

serão os fatores que influenciam nessa diferença?

Visto que o fator tempo não influi nesta questão, sua

administração está diretamente vinculada a este fato, que são de responsabilidade

de sua diretoria: seus recursos e desenvolvimento da forma que o trabalho será

realizado em determinados bairros, por exemplo, quantas vezes serão necessárias

para que todo o material produzido pela determinada região seja absorvido sem

que haja perda de produto, ou mau gerenciamento na divisão de bairro. Então, há

uma deficiência no que tange o planejamento de trabalho, para se atingir um

melhor resultado e assim um ponto satisfatório de coleta individual para cada

Ong.

90

CAP ITULO 4 – O MAPEAMENTO DAS ONG’S DE COLETA SELETIVA

4.1 - O GEOPROCESSAMENTO ALIADO A COLETA DE DADOS E

DESENVOLVIMENTO DO MAPEAMENTO DAS ONG’S.

Atualmente existe um consenso de que a informação é

valiosíssima para a tomada de decisões e para o desenvolvimento de projetos tanto

de âmbito global quanto local.

Obter a informação de uma forma ágil e atualizada reforça e

assegura a gestão de negócios públicos ou privados, já dizia Raffestin, (1993. p.

202) “A produção e circulação da informação são poderosos instrumentos de

controle, [...] que pode controlar, vigiar, interceptar, praticamente sem ser visto”.

A tecnologia do geoprocessamento se encaixa neste perfil, pois

fazendo uso desta ferramenta se é capaz de obter informações e resultados de

forma rápida e segura. Para podermos discutir um pouco mais sobre o papel do

geoprocessamento nos dias de hoje, precisamos antes, caracteriza-lo de forma e

simples e sucinta já que esta tecnologia tem uma grande gama de recursos e

aplicabilidades.

91

O

Figura: 17- Sistema de Informações

O geoprocessamento é um conjunto de ferramentas capaz de fazer aquisições,

tratamento, interpretação e análise de dados sobre a terra.

Uma das definições mais simples encontrada é a de que:

O geoprocessamento é o processamento informatizado de dados georreferenciados. Utiliza programas de computador que permitem o uso de informações cartográficas (mapas e plantas) e informações a que se possa associar coordenadas desses mapas ou plantas. Por exemplo, permitem que o computador utilize uma planta da cidade identificando as características de cada imóvel, ou onde moram as crianças de uma determinada escola. VAZ, José Carlos, 2005.

O geoprocessamento é uma tecnologia que trabalha com

diversas áreas, pois se apóia em tecnologias de ponta como imagens de satélites,

sensores remotos, GPS, estações totais, programas de informática (SIG – Sistema

de Informações Geográficas), coleta de dados, sendo capaz de trabalhar de forma

conjunta esses recursos em um mesmo ambiente.

92

Um dos grandes problemas enfrentados para a aplicação do

geoprocessamento em qualquer ramo é a organização das informações já que se

trata de uma ferramenta sistemática é primordial a organização de todos os dados

que comporão este tipo de sistema. Se o sistema estiver trabalhando com uma

base cartográfica desatualizada e informações incorretas, os resultados obtidos

serão incertos e com certeza trarão resultados insatisfatórios.

Para o planejamento urbano, por exemplo, ao gestor é

primordial visualizar (mapas) e obter as informações necessárias a determinada

área (informações alfanuméricas) para gerenciar de forma segura suas decisões.

Um exemplo seria o uso do geoprocessamento na sistematização de dados sobre o

programa de coleta seletiva pode-se ter a informação da quantidade de resíduos

sólidos, o que é recolhido em cada setor da cidade, quais são os produtos mais

coletados, quanto de lixo ou materiais recicláveis a cidade coleta por dia, quais os

bairros geradores de maior quantidade de resíduo, enfim obter todas as

informações necessárias para que seja possível atingir um desenvolvimento do

programa de forma correta e organizada.

Esta figura mostra um exemplo do geoprocessamento utilizado

na cidade de Assis interior do Estado de São Paulo. Base gráfica (mapa) e dados

alfanuméricos (Banco de Dados).

93

Figura 18 – Mapa de lotes e dados alfanuméricos da cidade de Assis

4.2 CARTOGRAFIA

Um grande aliado do geoprocessamento, além das ferramentas

citadas é a cartografia, indispensável para qualquer atividade geográfica, pois é o

principal meio de apresentação dos resultados sendo o mapa um objeto de fácil

interpretação ainda mais associado a informações alfanuméricas.

A cartografia é uma das ciências mais antigas da humanidade,

desde que o homem começou sua exploração pelo mundo e sentiu a necessidade

de demarcar seu território, era preciso registrar e elaborar uma maneira de

representação do espaço a ser explorado ou ocupado.

Podemos definir a cartografia da seguinte maneira:

1 - Ramo da ciência que trata da elaboração de mapas, proporciona subsídios para a análise e interpretação de mapas, tabelas e outros recursos gráficos. 2 - Conjunto de operações científicas, artísticas e técnicas produzidas a partir de resultados de observações diretas ou de exposições de documentos. Departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Normalização Técnica - ST/DN.

94

Desde então a cartografia vem evoluindo, deixando os velhos

mapas e cartas em papel para modelos digitais já que, a durabilidade dos arquivos

são maiores que dos mapas em papel, a precisão cartográfica do posicionamento

dos elementos na terra podem ser reais e principalmente a edição e atualização

destes mapas são bem mais rápidas e precisas.

A cartografia digital é fruto do processo de amadurecimento da

cartografia tradicional, ela é baseada em um conjunto de ferramentas e programas

que permitem converter objetos para o meio digital. As vantagens da utilização

destes processos são inúmeras como, conversão de projeções cartográficas,

aumento da produtividade, emprego do SIG ou Geoprocessamento, criação de

mapas que são difíceis de realizar por métodos convencionais, derivação de outros

temas a partir do processamento de mapas, etc. Câmara e Medeiros, 1996.

Neste trabalho daremos mais ênfase na tecnologia do GPS -

Global Positioning System e do SIG – Sistema de Informação Geográfica isto

porque estas ferramentas foram fundamentais na elaboração do mapeamento das

ONG’s de coleta seletiva de Londrina.

No item 1 demos uma rápida visão do que é o geoprocessamento

e suas ferramentas, agora é preciso descrever melhor as tecnologias utilizadas

nesta monografia.

95

2.3 GPS – GLOBAL POSITIONING SYSTEM

O GPS foi utilizado para coleta de pontos referentes à

localização de todas as ONG’s de Londrina este é um sistema que utiliza sinais

emitidos por satélites artificiais, existem no mercado vários modelos de aparelho

com várias finalidades de uso e diferentes graus de precisão.

O entendimento desta tecnologia não é tão simples, porém não é

necessária a compreensão tão detalhada para o nosso trabalho, por isso nós

faremos de forma simples a explicação do funcionamento do GPS.

O Global Positioning System vulgo GPS funciona da seguinte

maneira, 24 satélites trabalham em conjunto com algumas estações em Terra,

quando vamos coletar um ponto o GPS emite um sinal a um satélite que esteja a

uma determinada distância, depois manda outro sinal a outro satélite a uma

distância maior quando estes dois sinais se cruzam mandamos outro sinal a um

terceiro satélite mais longe ainda, neste momento conseguimos a intercessão

destes sinais obtendo a informação de nossa localização no globo terrestre.

96

Figura 19: Constelação de 24 Satélites situados em 6 planos orbitais, uma latitude média de 20.200 Km

Fonte: Santiago e Cintra – Brasil, 2005.

Para não nos aprofundarmos em explicações do funcionamento

do GPS esta foi à forma mais simples para explicarmos como é feita a coleta de

dados.

Porém, não se pode levar em conta somente o posicionamento

dos satélites em órbita; tem-se que considerar a existência de inúmeros modelos

de GPS e que alguns podem fornecer uma precisão maior do que outros. Por

exemplo: quando se coleta um ponto qualquer no espaço, pode estar marcando um

ponto com uma precisão métrica de 2 a 5m, ou seja, o ponto marcado pode estar

dentro de um raio de 5 metros. Os aparelhos com precisão milimétricas funcionam

da mesma maneira; porém, sua precisão será de milímetros do ponto coletado.

Com este tipo de equipamento os resultados alcançados para o seu projeto ou

trabalho serão mais satisfatórios.

O GPS utilizado em nosso trabalho de campo foi um aparelho

Pathfinder Pro XR fabricado pela TRIMBLE com as seguintes características

segundo a distribuidora Santiago e Cintra da tecnologia no Brasil:

• Poderoso coletor de dados e sistema de manutenção de dados

• Precisão submétrica em tempo real.

• Equipamento com menos cabos e baterias para carregar

• Possui 12 canais paralelos.

97

• Atende plenamente às Normas Técnicas para Georreferenciamento de

Imóveis Rurais do Incra (Lei 10.267/2001).

• Precisão melhor que 50 cm em distâncias de até 300 Km da base

utilizando apenas o código C/A e 1cm + 5 ppm em levantamentos

cinemáticos com a fase da portadora L1

• Precisão submétrica em tempo real

• Resistente a água, choque e poeira.

4.3.1 – ESTAÇÃO DE REFERENCIA

ESTAÇÃO DE REFERÊNCIA LOCALIZADA NA COPEL EM GUARAPUAVA, PR.

Receptor GPS TRIMBLE Pathfinder Pro XR de 12 canais; L1 apenas; SNR

Horário Universal de Greenwich. Três (3) horas a mais do que a hora local

Datum: WGS-84

Latitude: 25° 22' 00,49848" S

Longitude: 51° 29' 45,31139" W

Altitude: 1054,1810 m (HAE)

Coordenadas referidas ao centro de fase da antena.

Antena: Compact L1 com Plano de Terra.

Ponto irradiado da estação de referência localizada em Curitiba - PR,

Dados disponíveis no formato .SSF, compactados no formato .EXE

Taxa de Gravação: 05 segundos (Código C/A + fase L1).

Arquivos de 1 hora de rastreio, com a seguinte nomenclatura:

98

XYMMDDHH.SSF onde: X significa que trata-se de um arquivo da estação base de Guarapuava - PR; Y é o último dígito do ano corrente; MM o mês corrente; DD o dia corrente e HH a hora do dia.XYMMDDHH.SSF onde: X significa que trata-se de um arquivo da estação base de Guarapuava - PR; Y é o último dígito do ano corrente; MM o mês corrente; DD o dia corrente e HH a hora do dia.

Exemplo: X8030610.SSF é um arquivo contendo 1 hora de observações iniciadas às 10:00 da manhã (horário de Greenwich) do dia 06 de Março de 1998. O programa gera 1 arquivo a cada hora. O tamanho médio dos arquivos compactados (.EXE) é de 200K.Exemplo: X8030610 SSF é um arquivo contendo 1 hora de observações

OBS: Estação de Referência disponível a partir de 23/03/05 às 19:00h (Hora

UTC), em fase de testes.

A estação de referencia fornece todos os dados referentes à

localização da base e do material utilizado, porém está é uma estação de

referencia que está em teste, portanto não fornece um descritivo da estação,

quando utilizado o descritivo obtemos de uma forma mais detalhada a localização

da estação (ponto de referencia).

O trabalho de campo realizado com a ajuda do topógrafo Luís

Barateli que trabalha na Engemap – Engenharia, Mapeamento e

Aerolevantamento, empresa que disponibilizou todo o equipamento, foi feito em

todas as zonas do município de Londrina (Zona, Norte, Sul, Leste e Oeste).

Através dos endereços das Ong’s (material fornecido pela

CMTU) foi possível mapear 28 das 30 Ong’s existentes. O trabalho começou por

volta das 8:00 da manhã do dia 18 de Setembro de 2005 e encerou-se as 19:00 da

noite.

99

A principal dificuldade encontrada foi à localização das Ong’s,

primeiro por estarem em grande maioria em periferias da cidade o que torna o

trajeto mais dificultoso quanto ao acesso do local, segundo por estarem com erros

de endereço no cadastro fornecido pela Coleta Seletiva, resultado destes

obstáculos foi o não mapeamento de 2 (duas) Ong’s de coleta seletiva, que não

foram localizadas.

100

Quadro 18 - Ong’s mapeadas

1 N Reciclando para a Natureza

Rua Orlando Waldemar Spranger, nº 264 3327-8950 João Jd. São Jorge

2 N Reciclando para a Saúde Rua Nizia M. Lopes do Carmo, nº 260 9103-5522/3347-1324 Dário Jd. Maria Celina II

3 N Primavera Av. Saul Elkind, nº 3.485 9126-6220 Antônio Cj. Vivi Xavier

4 N Recicla Café Av. Alexandre Santoro, nº 758 9115-8933/9138-3882 Gilberto Jd. Alto da Boa Vista

5 N Reciclando para a Educação Av. Saul Elkind, s/nº

3328-5093/9123-7846 Renilson Jd. Parati

6 N Grupo União Av. Winston Churchill, s/nº 9118-3458/9118-3935 Valmir Chácara Jacutinga

7 N Grupo Juventude Rua Horácio de Oliveira, nº 135 3348-2010 Kelly Jd. Alto da Boa Vista

8 N Arlon Av. Lúcia Helena Gonçalves Viana'nº 903

9138-9704/8408-0264 Janice Jd. Itália

9 N Reciclando Cidadania Av. Angelina Ricci Vezozo, nº 3.503 329-8315/9141-3111 Rosimara Pq. das Ind. Leves

10 N Urna - Novo Amparo Av. das Maritacas, nº 420 3339-6661 Claudete Cj. Novo Amparo

11 L Monte Cristo Rua Júlio Cesar de Souza, nº 75 3325-4662 Reis Jd. Monte Cristo

12 L Reciclando Vidas Rua Saturnino de Brito, s/nº 9997-0897 Verônica Vila Marízia

13 L Novo Milênio Rua Santa Terezinha, nº 486 3027-6822/9131-3202 Olga Vila Santa Terezinha

14 L Arel Rua Paraguai, nº 709 3324-27-68 Sandra Vila Brasil

15 L Nova Conquista Rua Aristides Leonardo da Fonseca, nº 166

3336-8994/9129-8607 Zaqueu Jd. Nova Conquista

16 S Ressalt Av. Europa, nº 1.075 9124-8913 Simone Jd. Piza

17 S Novo Tempo Av. Europa, nº 911 9127-8676 Marta Jd. Piza

18 S Refúgio Estrada Urbasa, s/nº 3343-0626/9103-7793 Paulo Jd. Piza

19 S Lutando pelo Novo Mundo Rua Dirceu Bertolocini, nº 856

9105-4630/9103-0758 Edna Pq. das Indústrias

20 S Ressul Av. Guilherme de Almeida, nº 811 9132-9038 Rosângela Pq. Ouro Branco

21 O Aruvi Rua Miguel Campos de Souza, nº 179 3342-5660/3343-3441

Roberto/Pedro Jd. União da Vitória

101

22 O Oest Limp Rua Juvenal Pietróia, nº 447 3347-0164/3347-9917 Silvanir Jd. Colúmbia C

23 O Reciclando Oeste Rua Madre Tereza de Caucutá, s/nº 3347-0652 Vanderson Jd. João Turquino

24 O A Missão Rua Lenita César, nº 60 3348-3092/6117-7251 Aroldo Jd. João Turquino

25 O Arle Av. Dr. Francisco Xavier Toda, nº 258 3348-7211 Bráz Pq. Industrial Cacique

26 O Nova Esperança Rua São José, nº 115 9116-9662 Marcos Jd. Santo André

27 D Reciclando Irerê Rua Silvério Vieira, s/nº 3398-62549 Dona Maria Distrito de Irerê

28 N Aracen Rua Manoel Ribeiro, nº 312 8402-0621/9111-6890 Rosângela Jd. São Jorge

29 C Apulon Rua Tremembés, nº 497 8408-3867/9113-5777

Wellington Vila Casoni

30 C A Vida Rua Tremembés, nº 1.332 3325-3041 Elias Vila Casoni

4.4 - SIG – SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA

O Sig é um sistema que permite ao usuário coletar, armazenar,

recuperar, gerenciar e analisar grande quantidade de dados, porém para

caracterizarmos um Sig de maneira completa não podemos esquecer dos

componentes que integram este sistema: software, hardware, dados gráficos e

alfanuméricos e organização, esses componentes têm que estar em perfeita

sincronia, se um deles não estiver em boas condições não se poderá chegar ao

resultado esperado.

Neste trabalho utilizamos o sistema Geomedia Professional, que

possui interface em inglês, permite ao usuário conversão de sistemas de projeção,

capturar, editar, estruturar e manipular dados espaciais. Trabalha com variados

tipos de arquivos e Banco de Dados.

102

Figura 20 - Modelo do software Geomedia Professional.

Fonte: Geomedia Professional

Primeiramente os pontos coletados no GPS foram

descarregados, após estes processos os arquivos foram convertidos para Shapefile.

Em seguida foi criado um projeto no Geomedia primeiro no

ambiente da Geoworkspace (dados gráficos) em seguida no ambiente Warehouse

(banco de dados).

O trabalho realizado na Geoworkspace é a inserção dos dados

gráficos, onde definimos os aspectos visuais (cores, símbolos). Na Warehouse o

trabalho foi de inserção dos dados alfanuméricos (criação de atributos, e inserção

dos registros) todos associados à feição gráfica.

103

Figura 21 - Dados Gráficos e Alfanuméricos do Estado do Paraná.

Exemplo do banco de dados associado à feição gráfica dentro do sistema

Geomedia.

104

Figura 22 – Consulta ao Banco de Dados no sistema Geomedia.

4.5 RESULTADOS – MAPEAMENTO E BANCO DE DADOS

4.5.1 MATERIAL COLETADO

Como citado anteriormente, após levantamento das Ong’s foi

realizado um mapeamento com os seguintes temas:

• Limite do município de Londrina

• Hidrografia

• Quadras e logradouros

• Ong´s de coleta seletiva

105

Partindo dessas bases, foi feito um projeto no software

Geomedia. Neste projeto introduzimos todas essas feições citadas acima, além do

mapeamento do Estado do Paraná.

O projeto no geoprocessamento consiste na vinculação destes

dados gráficos a um banco de dados.

No banco de dados podemos encontrar informações referentes

ao Estado do Paraná, município de Londrina e as informações de cada Ong

mapeada.

4.6 AVALIAÇÃO DA BASE CARTOGRAFICA

Para a transformação de arquivos para arquivos nos padrões

aceitos em Geoprocessamento adota-se o seguinte fluxo de atividades:

- Avaliação do arquivo

- Níveis gráficos existentes

- Conteúdo de cada nível

- Caracterização e documentação de cada nível

- Tipo de elemento gráfico

- Forma de representação

- Eliminação de níveis desnecessários

106

- Legendas

- Comentários

- Informações referentes a layout

- Grid geográfico

- Conversão do sistema de projeção e datum (Se for necessário)

- Separação dos níveis gráficos em arquivos individualizados

- Processamento gráfico

4.7 DIFICULDADES ENCONTRADAS

Quando optado por fazer o geoprocessamento, temos que fazer

todo um trabalho de adequação da base cartográfica.

Primeiro que a base cartográfica veio num arquivo AutoCad, e

dificilmente bases de Cad estão totalmente prontas para o geoprocessamento. Os

principais problemas dessa base foram:

• Falta de conectividade entre linhas

• Falta de conectividade entre polígonos

• Linhas duplicadas

• Arquivo truncado

107

4.8 PREPARAÇÃO DA BASE CARTOGRÁFICA

O processamento gráfico visa a alteração da geometria do

arquivo com o objetivo de preparar o mesmo para uso em aplicações de

Geoprocessamento. A aplicação destes recursos deve ser precedida de um estudo

para a definição das características desejadas para o arquivo resultante.

Contudo foram realizadas as seguintes etapas:

Intersecção (Intersection)

Gera intersecções entre elementos lineares que se cruzam.

Pontas livres (End Point)

Localiza pontas sem conectividade, também chamado de pontos livres. Estes

pontos livres podem ainda ser classificados como:

- Undershoot: Linhas que não chegam a uma intersecção.

- Overshoot: Linhas que se conectam a outra, mas ainda passam da intersecção.

Duplicação (Duplicate Line)

Elimina trechos de linha perfeitamente duplicados.

Elementos curtos (Short Segment)

Elimina linhas com dimensão reduzida.

108

Simplificação linear (Line Weeder)

Elimina pontos desnecessários sobre uma linha.

Ajuste de bordas (Edge Matcher)

Realiza a operação de conectividade entre bordas de arquivos distintos.

Estes processos devem ser executados inúmeras vezes, até a

completa correção de todos os erros. Após o processamento gráfico executou-se o

pós-processamento. As principais funções de pós-processamento são:

• Criação de polígonos

• Geração de áreas a partir de um grupo de linhas que se conectam.

• União de elementos

• Unificação de elementos lineares resultando em um arquivo com

elementos únicos entre duas intersecções.

Estes processos foram realizados no software Modular GIS

Environment (MGE).

4.9 RESULTADO E PRODUTO FINAL

Após a realização de todos esses processos chegamos a um

material final a elaboração de um mapa temático do município de Londrina com o

ponto de localização de cada Ong. Observar em Anexo I e II os mapas elaborados.

109

E através da criação do mapa e do geoprocessamento podemos

propor analises de alguns aspectos surgidos após a instalação das Ong’s de coleta

seletiva na cidade.

Podemos destacar:

• A instalação dos barracões em fundo de vale;

• Aspectos socioeconômicos dos catadores;

• Logística empregada na coleta porta a porta;

• Zoneamento urbano (setores com maior número de Ong’s);

• Possíveis impactos ambientais causados pelo acondicionamento dos

resíduos das Ong’s.

110

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante todo o desenvolvimento do trabalho, a preocupação

maior foi não desvirtuar o objetivo principal que era a caracterização das Ong’s de

reciclagem de lixo de Londrina. Porém como o trabalho requer conhecimentos

específicos de determinados conceitos de resíduos sólidos, houve uma abordagem

sobre assuntos que circundam o tema.

Para que fosse possível discorrer sobre este tema iniciamos nosso

trabalho reconhecendo as áreas de produção, consumo e descarte de resíduos

sólidos. É fato que a cidade, seja ela, de pequeno ou grande porte, é a principal

fonte geradora de resíduos, uma vez que os processos de geração de produtos,

aliado ao descontrolado processo de urbanização e ao mau gerenciamento dos

recursos naturais intensificam o descarte de resíduos e somados a desigualdade

social, faz com que uma parcela da população se submeta a trabalhos precarizados

(catança de lixo) sem nenhuma força política que defenda efetivamente a classe

para um trabalho digno.

Dito isso, partimos para a pesquisa de campo que foi realizado

em duas fases. O primeiro trabalho teve como objetivo evidenciar as condições de

trabalho e estruturas físicas de cada Ong.

111

Primeira Fase

Primeiro foi elaborado um questionário aplicado em 8 (oito)

Ong’s, duas em cada zona da cidade. Este questionário não ofereceu

possibilidades de nenhum estudo mais aprofundado, apenas demonstrou a situação

de algumas delas.

Porém conseguimos reconhecer o quadro geral de trabalho e vida

dos trabalhadores, evidenciando o quanto precária é a condição econômica e de

trabalho dos associados.

Segunda Fase

Na segunda pesquisa de campo, optamos por fazer um

mapeamento georreferenciado das Ong’s, uma vez que o município nem a

Universidade Estadual de Londrina havia realizado este tipo de serviço. Através

desta pesquisa de campo foi elaborado um mapa temático contendo o mapa

urbano da cidade, hidrografia e Ong’s.

Outra atividade realizada foi o desenvolvimento de um projeto

piloto de geoprocessamento, que visa dar praticidade ao trabalho desenvolvido

pelas Ong`s. Para que o trabalho atinja a finalidade desejada se faz necessário um

desenvolvimento afinco na área de geoprocessamento, uma vez que, as

informações coletadas não são suficientes para compor uma base de dados

alfanumérica e gráfica precisa. Por fim, com esse trabalho realizado, constatou-se

que há uma desigualdade na divisão de trabalho, onde evidenciasse o mau

112

gerenciamento da coleta porta a porta. Para constatar esse mau gerenciamento

porta a porta, relacionamos dois casos específicos cada qual de um setor da

cidade, observa-se que há uma divergência na distribuição de tarefas.

Citando a Ong que mais coleta material reciclável está a Arlon

que coleta diariamente segundo dados oficiais da Coleta Seletiva de Londrina,

2005, 7.149 ton. e mensalmente 171.587 toneladas.

Enquanto que a Ong que menos coleta é a Reciclando Oeste com

189 kilos por dia, 4.529 toneladas por mês.

Um dos fatores relevantes dessa situação é o fato de que

determinadas Ong’s dividem bairros com outras, enquanto que algumas são

privilegiadas, tendo os bairros para sua exclusiva coleta, isso gera o produto final

que acabamos de constatar, ou seja, má divisão de setores que resulta numa

divergência de valores em produtos coletados.

Mesmo com essa discrepância na quantidade de material

coletado entre Ong’s a coleta seletiva de Londrina obteve um resultado

satisfatório em relação aos municípios brasileiros, segundo informações coletadas

no IBGE, isso se deve ao trabalho que é desenvolvido pelas próprias Ong’s numa

visão geral.

113

Este trabalho apontou a necessidade para que futuramente seja

desenvolvido um trabalho de geoprocessamento para otimizar o gerenciamento

das Ong’s, uma vez que esta ferramenta proporciona agilidade e veracidade para o

trabalho de Coleta Seletiva.

114

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120

ANEXO I

MAPA

121

122

ANEXO II

MAPA

123 123