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1
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
FACULDADE DE VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
DOUTORADO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
BELISE MARIA OLIVEIRA BEZERRA
INFLUÊNCIA DE OBJETOS DE ENRIQUECIMENTO E DE ÓLEOS VEGETAIS
SOBRE ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE
CRECHE
FORTALEZA-CEARÁ
2019
2
BELISE MARIA OLIVEIRA BEZERRA
INFLUÊNCIA DE OBJETOS DE ENRIQUECIMENTO E DE ÓLEOS VEGETAIS SOBRE
ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE
FORTALEZA-CEARÁ
2019
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Veterinárias
da Faculdade de Veterinária da
Universidade Estadual do Ceará,
como requisito parcial para obtenção
do título de Doutor em Ciências
Veterinárias.
Área de Concentração: Reprodução e
Sanidade Animal
Linha de Pesquisa: Reprodução e
Sanidade de carnívoros, onívoros,
herbívoros e aves
Orientadora: Profa. Dra. Diana Célia
Sousa Nunes-Pinheiro
3
4
5
A Deus e aos meus pais, Benito e Conceição, dedico.
6
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me guiar em todos os momentos da minha vida, me trazendo muita paz, oportunidades
e discernimento.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV) pela oportunidade de
continuar estudando e me dedicando à pesquisa.
Ao Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de
Doutorado concedida.
À granja Xerez e seus funcionários, em especial ao Médico Veterinário, Tiago Silva Andrade, pela
recepção, ajuda e acolhimento para realização do experimento.
À minha orientadora, Diana Célia Sousa Nunes Pinheiro, por toda dedicação e orientação, e por
ter me inserido e apoiado na pesquisa científica desde o começo.
Ao meu co-orientador, José Nailton Bezerra Evangelista, por ter me apresentando a suinocultura
e ser sempre um facilitador nos meus trabalhos científicos.
Ao professor colaborador, Pedro Henrique Watanabe, por toda disponibilidade e ajuda no
experimento.
Aos membros da banca e professores, Airton Alencar Araújo e Ricardo Toniolli, por prontamente
aceitarem o convite.
Aos alunos e integrantes do setor de suinocultura da UECE pela intensa dedicação e apoio em
todos os momentos do experimento.
Aos meus colegas do Laboratório de Imunologia e Bioquímica Animal (LIBA) por dividirem
comigo os desafios diários da pesquisa cientifica.
À minha família, em especial, aos meus pais, Benito Costa Bezerra e Conceição de Maria Oliveira
Bezerra, e ao meu irmão, Benito Costa Bezerra Filho, pelo apoio e amor incondicional em todos
os momentos da minha vida.
Aos animais, em especial aos suínos e aos meus animais de estimação, que me inspiram a trabalhar
com empenho todos os dias.
Muito Obrigada!
7
RESUMO
O enriquecimento ambiental é uma ferramenta importante dentro dos sistemas de produção para
promover o bem-estar e favorecer a saúde dos animais. Nos sistemas de produção, os produtos
naturais vêm se destacando na substituição a produtos sintéticos. Portanto, o objetivo deste
trabalho foi avaliar o efeito de objetos de enriquecimento e suplementação com óleos vegetais
sobre parâmetros fisiológicos de leitões na fase de creche. Para avaliar o uso dos objetos de
enriquecimento, foram utilizados 32 leitões alojados em granja experimental, distribuídos em
4 grupos (n=8): corda, corrente, garrafa pet e controle negativo. Amostras de sangue foram
coletadas no início e no final do experimento para contagem de leucócitos circulantes e
determinação de antioxidantes não-enzimáticos, óxido nítrico, malondialdeido, e de saliva para
avaliação do cortisol. Foi aplicado etograma e avaliação do ganho médio de peso diário e a
conversão alimentar. Os parâmetros avaliados no primeiro dia do experimento não variaram
entre os grupos (p > 0,05). No último dia do experimento, os valores de neutrófilos e da relação
neutrófilo/linfócito foram mais elevados nos leitões do grupo corrente, assim como os valores
de cortisol salivar (p < 0,05). O ácido úrico apresentou-se mais elevado nos leitões do grupo
corrente e o malondialdeído (MDA) nos do grupo garrafa (p < 0,05). Para avaliação da
suplementação com óleo vegetais, foram utilizados 180 leitões alojados em granja comercial,
distribuídos em 3 grupos (n=60) conforme suplementação alimentar: óleo de pequi, óleo de
girassol e controle negativo. Amostras de sangue e o peso dos animais foram obtidos nos
intervalos de quatro trocas de rações da fase de creche para avaliação do desempenho, da
resposta inflamatória, perfil lipídico e “status” oxidativo. Os parâmetros fisiológicos
mensurados demonstraram que os óleos interferiram positivamente na resposta inflamatória
sistêmica (p < 0,05), no equilíbrio oxidante-antioxidante (p < 0,05) e no metabolismo lipídico
(p < 0,05). Por outro lado, esses óleos vegetais interferiram no ganho de peso e no consumo de
ração (p < 0,05). Sendo assim, concluí-se que objetos de enriquecimento e suplementação com
óleos vegetais provocam alterações fisiológicas e tem impacto negativo no desempenho
zootécnico de leitões na fase de creche.
Palavras-chave: suínos. objetos de enriquecimento. antioxidantes naturais. parâmetros
fisiológicos. desempenho zootécnico.
8
ABSTRACT
Environmental enrichment is an important tool within production systems to promote well-
being and promote animal health. In the production systems, the natural products have been
emphasizing in the substitution to synthetic products. Therefore, the objective of this work was
to evaluate the effect of enrichment and supplementation objects with vegetable oils on the
physiological parameters of piglets in the nursery phase. In order to evaluate the use of
enrichment objects, 32 piglets housed in an experimental farm were distributed in 4 groups (n
= 8): rope, chain, pet bottle and negative control. Blood samples were collected at the beginning
and end of the experiment to count circulating leukocytes and to determine non-enzymatic
antioxidants, nitric oxide, malondialdehyde, and saliva to evaluate cortisol. An etogram and
evaluation of mean daily gain and feed conversion were applied. The parameters evaluated on
the first day of the experiment did not vary between groups (p> 0.05). On the last day of the
experiment, neutrophil and neutrophil / lymphocyte ratios were higher in piglets of the current
group, as were salivary cortisol values (p <0.05). Uric acid was higher in the piglets of the
current group and malondialdehyde (MDA) in the bottle group (p <0.05). To evaluate the
supplementation with vegetable oil, 180 piglets were housed in commercial farm, distributed
in 3 groups (n = 60) according to food supplementation: pequi oil, sunflower oil and negative
control. Blood samples and animal weight were obtained at intervals of four rats exchanges of
the day care phase to evaluate the performance, inflammatory response, lipid profile and
oxidative status. The physiological parameters measured showed that the oils interfered
positively in the systemic inflammatory response (p <0.05), the oxidant-antioxidant balance (p
<0.05) and lipid metabolism (p <0.05). On the other hand, these vegetable oils interfered in
weight gain and feed intake (p <0.05). Thus, it was concluded that objects of enrichment and
supplementation with vegetable oils cause physiological changes and have a negative impact
on the zootechnical performance of piglets in the nursery phase.
Key words: pigs. enrichment objects. natural antioxidants physiological parameters
zootechnical performance.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 -
Figura 2 –
Figura 3 –
Figura 1 -
REVISÃO DE LITERATURA
Fatores associados ao conceito de bem-estar animal........................
Medidas para promoção do bem-estar animal na
suinocultura.........................................................................................
Danos moleculares desencadeados pelo estresse
oxidativos............................................................................................
CAPÍTULO 1
Principais comportamentos de leitões em fase de creche avaliados
por etograma......................................................................................
16
18
22
52
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1-
Tabela 1 -
Tabela 2-
Tabela 3-
Tabela 4-
Tabela 5 -
Tabela 6-
Tabela 7-
Tabela 1-
Tabela 2-
Tabela 3
Tabela 4-
REVISÃO DE LITERATURA
Componentes antioxidantes enzimáticos e não enzimáticos e suas funções.
CAPÍTULO 1
Variáveis de desempenho de leitões na fase de creche submetidos a
enriquecimento ambiental...........................................................................
Padrões de comportamento avaliados em etograma aplicado......................
Parâmetros fisiológicos em leitões na fase de creche submetidos a
enriquecimento ambiental........................................................................
Correlação entre cortisol salivar, relação N/L e ácido úrico dos leitões do
grupo corrente.............................................................................................
Parâmetros fisiológicos em leitões na fase de creche submetidos a
enriquecimento ambiental..........................................................................
Correlação entre MDA, GMPD, ácido úrico e óxido nítrico dos leitões do
grupo garrafa.............................................................................................
Comportamentos de leitões na fase de creche avaliados por etograma.......
CAPÍTULO 2
Desempenho de leitões na fase de creche suplementados com óleos de pequi
e girassol............................................................................................................
Avaliação inflamatória sistêmica de leitões na fase de creche
suplementados com óleos de pequi e girassol.................................................
Perfil Lipídico de leitões na fase de creche suplementados com óleos de
pequi e girassol........................................................................................
Correlação entre cortisol salivar, relação N/L e ácido úrico dos leitões do
grupo corrente............................................................................................
21
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64
65
66
67
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
º Grau
ºC Graus Celsius
% Percentagem
µL Microlitro
µg Micrograma
ABMVZ Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia
ANOVA Análise de variância
CA Conversão alimentar
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CDR Consumo diário de ração
CEUA Comitê de ética para uso de animais
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CV Coeficiente de Variância
DNA Ácido desoxirribonucleico
dL Decilitro
EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético
ELISA Ensaio imunoabsorvente ligado a enzimas
EROS Espécies reativas de oxigênio
FAVET Faculdade de Veterinária
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
GC Grupo Controle
GCd Grupo Corda
GCt Grupo corrente
GDP Ganho diário de peso
GMPD Ganho médio de peso diário
GG Grupo Garrafa
GPx Glutationa peroxidase
HDL Lipoproteína de alta densidade
Kg Kilograma
LDL Lipoproteína de baixa densidade
Linfo Linfócitos
m Metro
12
mm Milímetro
mg Miligrama
MDA Malondialdeído
MRO Metabólitos reativos de oxigênio
NEU Neutrófilos
nm Nanômetro
nmol Nanomol
NO Óxido nítrico
ON Óxido nítrico
PPGCV Programa de Pós-Graducação em Ciências Veterinárias
PPGZ Programa de Pós-Graduação em Zootecnia
PT Proteína total
PUFA Ácido graxos poli-insaturados
RPM Rotações por minuto
SNK Student-Newman-Keuls
SOD Superóxido dismutase
TBA Ácido tiobarbitúrico
UECE Universidade Estadual do Ceará
UFC Universidade Federal do Ceará
13
SUMÁRIO
1
2
2.1
2.2
2.2.1
2.2.2
2.3
2.3.1
2.3.2
2.3.3
2.3.4
2.4
2.4.1
2.4.2
2.4.3
2.4.4
3
4
5
6
7
8
9
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................
REVISÃO DE LITERATURA......................................................................
ESTRESSE...................................................................................................................
BEM ESTAR ANIMAL: CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................
Bem estar animal na suinocultura ............................................................................
Enriquecimento ambiental ........................................................................................
ESTRESSE OXIDATIVO: CONSIDERAÇÕES GERAIS .........................................
Antioxidantes ..............................................................................................................
Peroxidação lipídica ...................................................................................................
Biomarcadores do estresse oxidativo ........................................................................
Estresse oxidativo na suinocultura ...........................................................................
SUPLEMENTAÇÃO COM PRODUTOS NATURAIS..............................................
Antioxidantes ..............................................................................................................
Produtos ricos em ácidos graxos
Óleo de pequi ..............................................................................................................
Óleo de girassol ...........................................................................................................
JUSTIFICATIVA .......................................................................................................
HIPÓTESE .................................................................................................................
OBJETIVOS ...............................................................................................................
CAPÍTULO 1 - AVALIAÇÃO DO ESTRESSE E DESEMPENHO DE SUÍNOS
NA FASE DE CRECHE, EMPREGANDO TÉCNICAS DE
ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL.......................................................
CAPÍTULO 2 - SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEOS RICOS EM ÁCIDOS
GRAXOS POLI-INSATURADOS NA DIETA DE LEITÕES NA FASE DE
CRECHE: EFEITOS NO DESEMPENHO, NA RESPOSTA
INFLAMATÓRIA, PERFIL LIPÍDICO E “STATUS”
OXIDATIVO....................................................................................................
CONCLUSÕES ..........................................................................................................
PERSPECTIVAS .......................................................................................................
REFERÊNCIAS .........................................................................................................
APÊNDICE................................................................................................................
APÊNDICE A – CERTIFICADO DO CEUA(uece)................................................
APÊNDICE B – ARTIGO DE REVISÃO.................................................................
14
15
15
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66
67
68
14
1 INTRODUÇÃO
A busca da sociedade e do mercado externo por produtos éticos e de qualidade tem
conquistado alguns progressos na produção de animais, como por exemplo, a implantação de
medidas de bem-estar e promoção da saúde, onde destacam-se os objetos de enriquecimento e
a substituição de medicamentos sintéticos por produtos naturais (BAPTISTA et al., 2011; LIN
et al., 2018).
Para evitar o estresse e promover o bem-estar animal, o enriquecimento ambiental é
utilizado em sistema de produção de confinamento pois permite a expressão de
comportamentos específicos da espécie, diminuindo a incidência de comportamentos negativos
que interferem na saúde dos animais com repercussão em seus parâmetros fisiológicos
(NANNONI et al., 2018; BROOM & MOLENTO, 2004).
Na suinocultura, são utilizados diversos objetos de enriquecimento fixos ou móveis,
como por exemplo, jornais, garrafas, palha, todos eles com intuito de reduzir o estresse entre os
animais, promovendo a saúde dos mesmos, com consequente efeitos benéficos nos sistemas de
produção (VAN DE WEERD et al., 2006; TELKÄRANTA et al., 2014; CAMPOS et al., 2010).
Quando o bem-estar não é preservado nos sistemas de produção, os animais ficam
submetidos aos efeitos do estresse. Dentre os danos causados por situaçãoes estressantes, pode-
se destacar o estresse oxidativo que é o desequilíbrio entre sistemas pró-oxidantes e
antioxidantes. Um dos principais mecanismos de lesão causados por ele é a lipoperoxidação,
ou seja, a oxidação da camada lipídica da membrana celular, desencadeando alterações na
função celular e tecidual (SCHNEIDER & OLIVEIRA, 2004).
O estresse oxidativo pode trazer efeitos deletérios para os suínos, causando prejuízos à
saúde desses animais, e dessa maneira, refletindo na produção da suinocultura. Os fatores que
podem desencadear o estresse oxidativo são, por exemplo, nutrição inadequada e permanência
dos animais em condições de estresse (ANDRADE et al., 2010).
Na tentativa de melhorar de amenizar os efeitos causados pelo estresse e o estresse
oxidativo nos animais, tem sido proposto o uso de produtos alternativos, onde destacam-se, os
aditivos fitogênicos, como extratos e óleos derivados de plantas ricas em moléculas bioativas
com uma ampla gama de efeitos fisiológicos (BURT, 2004). Os mais utilizados são os óleos
ricos em ácidos graxos poli-insaturados e antioxidantes que já são utilizados, popularmente,
com efeitos anti-inflamatório e cicatrizante, dentre eles, podemos destacar o óleo de pequi e o
óleo de girassol (OLIVEIRA et al., 2010; LIN et al., 2018).
15
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ESTRESSE
O estresse é uma reação reflexa de animais em ambientes adversos e provoca
consequências que podem levar ao desconforto ou até à morte dos mesmos (DAS et al., 2016).
Nos sistemas de produção, o estresse de animais em confinamento, geralmente, é associdado a
densidades elevadas, condições climáticas inóspitas e ambientes monótonos (Das et al., 2016;
MULLAN et al., 2009; MAIA et al., 2013).
Os animais e seres humanos respondem a um estresse agudo através do estímulo do eixo
hipotálamo-pituitária-adrenal, que por sua vez, induz a uma hipersecreção de cortisol,
resultando no seu aumento na circulação sanguínea. Por isso, esse hormônio é bastante utilizado
para avaliação de situações que causam estresse (SRITHUNYARAT et al., 2018).
Porém, a definição de estresse simplesmente como um estímulo ou um evento que
provoque atividade do córtex da adrenal, de maneira isolada, não tem valor científico e prático.
Esse conceito deve ser associado a avaliação de critérios do que é adverso a um animal
(BROOM & MOLENTO, 2004).
Mudanças nos padrões de comportamento, muitas vezes, representam o primeiro nível
de resposta de um animal a uma adversidade ou estresse ambiental, dessa forma o estresse pode
ser avaliado através de análises comportamentais e fisiológicas (TEMPLE et al., 2011).
2.2 BEM ESTAR ANIMAL: CONSIDERAÇÕES GERAIS
Bem-estar deve ser definido de forma que permita pronta relação com outros conceitos,
tais como: necessidade, liberdade, felicidade, adaptação, controle, capacidade de previsão,
sentimentos, sofrimento, dor, ansiedade, medo, tédio, estresse e comprometimento da
imunidade. A palavra estresse deve ser utilizada para descrever aquela porção do bem-estar que
se refere a falência na tentativa de enfrentar as dificuldades (BROOM & MOLENTO, 2004)
(Figura 1).
Estresse e bem-estar compartilham muitas características comuns, ambos os conceitos
têm sido descritos em termos de respostas fisiológicas e comportamentais e estas respostas, em
grande parte se sobrepõem. A liberação de cortisol, taquicardia, susto, fuga e luta são usados
para descrever as respostas ao estresse, bem como para avaliar o estado de bem-estar
(VEISSIER & BOISSY, 2007).
16
Figura 1 - Fatores associados ao conceito de bem-estar animal.
Fonte: Elaborado pelo autor
Cada definição de bem-estar animal é influenciada pelos padrões morais e éticos das
sociedades. Por isso, torna-se tão complexo definir o bem-estar animal. De uma maneira ampla
podemos considerar o seguinte conceito: Bem-estar é ausência de lesão ou de algum
comprometimento, em outras palavras, ausência de sofrimento (OHL & STAAY, 2012).
O conceito de bem-estar animal refere-se ao estado de um indivíduo em uma escala
variando de muito bom a muito ruim, portanto trata-se de um estado mensurável. Ao se
considerar como avaliar o bem-estar de um indivíduo, é necessário haver de início um bom
conhecimento da biologia do animal (BROOM & MOLENTO, 2004).
O bem-estar animal pode ser melhorado pelo uso de enriquecimento ambiental, e um
dos seus principais mecanismos é a criação de oportunidades comportamentais para permitir
que um animal expresse o controle sobre o seu meio-ambiente. Esses objetos devem ocupar e
desviar os animais da realização de comportamentos anômalos (VAN DE WEERD et al., 2006).
2.2.1 Bem-estar animal na suinocultura
A suinocultura passou por profundas alterações tecnológicas nas últimas décadas,
visando principalmente, o aumento da produtividade e redução dos custos de produção. Na
suinocultura brasileira, predomina o sistema de confinamento intensivo com o objetivo de
aperfeiçoar o desempenho econômico e produtivo, por outro lado, os produtores sofrem pressão
da sociedade para que se valorize o bem-estar animal, sendo necessários mais conhecimentos
científicos nessa área (BAPTISTA et al., 2011).
O sistema de produção que mais se aproxima do natural para suínos é o extensivo. Já
foi observado que suínos ibéricos mantidos em condições extensivas são mais propensos a lidar
17
com seu ambiente e executar padrões normais de comportamento. Em condições intensivas, há
elevada ocorrência de comportamentos sociais “negativos”, pois esse sistema não possibilita a
expressão de comportamentos normais para essa espécie (TEMPLE et al., 2011).
No sistema intensivo, a suinocultura possui diversas fases de criação e cada uma delas
pode desencadear situações estressantes. A reprodução é uma fase delicada, pois matrizes
suínas podem ter seu desempenho prejudicado por estresse prolongado com elevações
constantes de cortisol plasmático (TURNER et al., 2005).
As fases subsequentes são a gestação e maternidade que são marcadas pelo uso de
gaiolas que causam estresse, além disso a separação dos leitões e da matriz no final da
maternidade também é um período crítico. A longevidade dessa relação pode melhorar o bem-
estar, mas com isso diminuiria o avanço da taxa de crescimento de suínos criados para o abate
(GOURDINE et al., 2010).
O intervalo desmame-acasalamento das fêmeas também é considerado modelo de
estudo para o bem-estar, pois as mesmas, nesse período, são submetidas a novas relações
sociais. Uma forma de evitar o estresse nessa fase é manter grupos contemporâneos de porcas,
contribuindo para uma menor taxa de agressão devido ao menor número de apresentações das
matrizes (GOURDINE et al., 2010).
Para os leitões, o pós-desmame e a fase de creche são períodos considerados críticos,
uma vez que são caracterizados pela baixa ingestão de alimentos e aumento do estresse, devido
a adaptação desses animais com o novo ambiente e com a dieta sólida (AMAZAN et al., 2012;
TEODORO et al., 2008).
Nas fases seguintes que são de crescimento e terminação, a alta densidade, a
claudicação, competição por comida e falta de conforto na área de repouso comprometem o
bem-estar dos suínos (MULLAN et al., 2009). Para evitar o estresse nessas fases, a densidade
pode ser reduzida e objetos de enriquecimento podem ser implementados, determinando
modificações no comportamento dos suínos com impacto no bem-estar animal (CORNALE et
al., 2015).
Além dos fatores estressantes observados nas fases de criação da suinocultura, o
transporte de suínos em condições comerciais (que inclui manuseio, condução e mudança de
ambiente) representa um modelo complexo de estresse, sendo considerado adequado para
avaliação primária de biomarcadores de estresse (SOLER et al., 2013)
2.2.2 Enriquecimento ambiental
18
Há dois tipos de medidas que podem ser utilizadas para reduzir o estresse no sistema
produtivo de suínos: as que interferem claramente no bem-estar, como exemplo a eliminação
de procedimentos cruentos na criação, e as que colaboram como a amenização do estresse, onde
destaca-se o enriquecimento ambiental (MAIA et al., 2013) (Figura 2).
Figura 2 - Medidas para promoção do bem-estar animal na suinocultura.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os objetos de enriquecimento devem ser projetados para melhorar o bem-estar,
permitindo atendimento as necessidades comportamentais, reduzindo comportamentos
anormais e estresse (TELKÄRANTA et al., 2014). Suínos em ambiente enriquecido
demonstram evidência comportamental de melhor bem-estar quando comparados a outros em
ambiente confinado sem enriquecimento (CAMPOS et al., 2010).
Em sistemas intensivos, a cama de palha é o melhor tipo de ocupação para suínos em
terminação, evitando a mordedura de cauda, embora seu uso traga dificuldade na limpeza e
concentração elevada de amônia. Quando não for possível o fornecimento da mesma, podem
ser utilizados outros tipos de enriquecimento, como brinquedos e substratos alimentares, esses
não afetam negativamente a produção e também impedem as mordeduras de cauda (VAN DE
WEERD et al., 2006).
A disponibilização de brinquedos para suínos pode favorecer o bem-estar dos mesmos.
A mordedura de cauda é um problema comum na suinocultura e afeta o bem-estar dos animais,
com impactos na produção, esse problema pode ser amenizado com a presença de jornal e
cordas de sisal para leitões recém-nascidos até o desmame, reduzindo a incidência desse tipo
de comportamento entre os leitões (TELKÄRANTA et al., 2014).
19
Na fase de creche, garrafas pet que são objetos móveis são atraentes para suínos, porém
esses animais se acostumam rápido com esse tipo de brinquedo, tendo que os mesmos serem
renovados constantemente e expostos por pouco tempo, pois logo brincar entres si torna-se mais
interessante do que com esses objetos (CAMPOS et al., 2010).
A introdução de objetos de enriquecimento na suinocultura deve ser cuidadosa, pois
esses podem afetar o desempenho dos suínos, se esses objetos possuírem potenciais efeitos
negativos sobre a produção podem dificultar a adoção de enriquecimento em escala comercial
maior. O tamanho limitado do ponto de enriquecimento pode restringir o acesso dos suínos,
causando competição, agressividade ou agitação nos grupos de animais (VAN DE WEERD et
al., 2006).
2.3 ESTRESSE OXIDATIVO: CONSIDERAÇÕES GERAIS
Para manter condições fisiológicas adequadas, o organismo necessita de equilíbrio entre
oxidantes e antioxidantes (PAJK et al., 2006). A oxidação é parte fundamental da vida aeróbica
e do metabolismo, e assim, os radicais livres são produzidos naturalmente ou por alguma
disfunção biológica (BARREIROS et al., 2006). Uma percentagem de 2 a 5% de oxigênio
consumido durante uma reação metabólica é convertido em radicais livres sob a forma de
espécies reativas de oxigênio (EROS) (FALOWO et al., 2014). O estresse oxidativo é
comumente definido como um desequilíbrio entre a produção de EROS e o sistema antioxidante
de um organismo, a favor das EROS (SIES, 1991).
Os radicais livres são moléculas que possuem um ou mais elétrons desemparelhados, o
que os torna altamente reativos. Dentre eles, os mais importantes são o radical hidroxila, o ânion
superóxido, óxido nítrico e o radical peroxil (FIRUZI et al., 2011). Em baixos níveis esses
radicais são mediadores indispensáveis em muito processos biológicos, incluindo diferenciação
celular, regulação da via de sinalização celular, controle de expressão gênica, apoptose,
modulação do músculo esquelético e na defesa contra agentes patogênicos invasores
(FALOWO et al., 2014). Contudo, em quantidades elevadas ou quando não são removidos dos
organismos adequadamente podem causar problemas metabólicos e danos em moléculas
biológicas, como DNA, proteínas e lipídios (AKTAN et al., 2003; DEBLANC et al., 2013).
O dano oxidativo inclui a modificação oxidativa de macromoléculas celulares, danos
estruturais nos tecidos, morte celular por apoptose ou necrose (LYKKESFELDT &
SVENDSEN, 2007). A toxicidade dos EROS é controlada por uma rede complexa de
20
antioxidantes enzimáticos e não-enzimáticos presentes no soro, eritrócitos, em órgãos e tecidos
(DALTO et al., 2015; AKTAN et al., 2003).
2.3.1 Antioxidantes
A geração excessiva de EROS resulta na estimulação de enzimas envolvidas na sua
regulação, tais como, a glutationa peroxidase (GPx), superóxido dismutase (SOD) e a catalase
(CAT). Esses mediadores também estão envolvidos na oxidação de componentes antioxidantes
como, glutationa, grupo tiol de proteínas, vitaminas A, E, C, ceruloplasmina, transferina e
albumina, bem como no acúmulo de produtos de oxidação nos tecidos, os quais levam ao
aumento da quantidade de hidroperóxidos no sangue (DEBLANC et al., 2013; AKTAN et al.,
2003).
O sistema de defesa antioxidantes dos organismos é classificado em enzimático e não-
enzimático (Tabela 1). As principais enzimas antioxidantes em mamíferos são a GPx, a SOD e
a CAT (SHI-BIN et al., 2007), as quais compõem três sistemas enzimáticos.
Dois tipos de enzimas SOD catalisam a destruição do radical ânion superóxido O2-,
convertendo-o em oxigênio e peróxido de hidrogênio, enquanto a CAT atua na dismutação do
peróxido de oxigênio em oxigênio e água. A glutationa em conjunto com as enzimas glutationa
peroxidase e redutase catalisa a dismutação do peróxido de hidrogênio em água e oxigênio,
operando em ciclos entre sua forma oxidada e reduzida (BARREIROS et al., 2006).
O sistema não enzimático inclui compostos sintetizados pelo organismo como
bilirrubina, ácido úrico, albumina, ceruloplasmina entre outros, e aqueles oriundos da dieta
como as vitaminas A, C, E e flavonoides (SCHENEIDER & OLIVEIRA, 2004; AKTAN et al.,
2003).
A atividade antioxidante da bilirrubina ocorre principalmente quando se encontra ligada
com a albumina, esse é complexo considerado um dos antioxidantes naturais dos fluidos
extracelulares (BARREIROS et al., 2006). O ácido úrico é o antioxidante solúvel mais
abundante em humanos e contribui em até dois terços de toda a capacidade de eliminação de
radicais livres do plasma (WARING, 2002). A ceruloplasmina é uma α-globulina que está
envolvida no transporte e na regulação do cobre, podendo reduzir diretamente o oxigênio sem
intermediários conhecidos, e, portanto, participa do sistema de defesa antioxidante extracelular
(SCHENEIDER & OLIVEIRA, 2004).
As vitaminas A, C, E são consideradas excelentes no combate aos radicais livres e se
destacam no grupo dos antioxidantes não-enzimáticos (DALTO et al., 2015). A vitamina C
21
(ascorbato) é o principal antioxidante solúvel em água, o seu poder redutor é utilizado em
reações redox. O principal componente antioxidante da vitamina E, α-tocoferol, reduz peroxilas
a partir de, por exemplo, ácidos graxos poli-insaturados ou lipoproteínas, enquanto os da
vitamina A, β-caroteno e outros carotenoides, neutralizam o oxigênio atômico e outros elétrons
excitados, e também reagem com radicais peroxil e alcoxi (SIES & STAHL, 1995).
A concentração individual dos antioxidantes geralmente não é representativa da
atividade antioxidante total devido as interações sinérgicas e antagonistas entre eles (ROSSI et
al., 2013).
Tabela 1 - Componentes antioxidantes enzimáticos e não enzimáticos e suas funções.
Sistemas antioxidantes Componentes Principais funções Referências
Enzimáticos
GPx Dismutação de H2O2 SHI-BIN et al., 2007
SOD Destruição do O2- SHI-BIN et al., 2007
CAT Dismutação de H2O2 SHI-BIN et al., 2007
Não enzimáticos
Bilirrubina,
Ácido úrico
Eliminação de radicais
livres dos fluidos
extracelulares
BARREIROS et al.,
2006
Ceruloplasmina Redução de oxigênio SCHENEIDER &
OLIVEIRA, 2004
Vitamina A Neutralização O2 SIES & STAHL,
1995
Vitamina C Reação Redox SIES & STAHL,
1995
Vitamina E Redução de peroxilas SIES & STAHL,
1995
Fonte: Elaborado pelo autor.
2.3.2) Peroxidação lipídica
Se os sistemas antioxidantes não forem capazes de neutralizar os radicais livres, isso
gera danos oxidativos a lipídios, proteína e ácidos nucléicos dos organismos (PALANISAMY
et al., 2011). As reações desse excesso de radicais com ácidos graxos poli-insaturados presentes
nas membranas celulares e nas lipoproteínas, por exemplo, inicia um processo em cadeia
22
conhecido como peroxidacão lipídica ou lipoperoxidacao, que pode ser avaliado e utilizado
como indicador do estresse oxidativo (GROTTO et al., 2009) (Figura 3).
Os lipídios contêm um grande número de ácidos graxos poli-insaturados e quando são
aquecidos na presença do oxigênio produzem reações oxidativas que geram produtos como
peróxidos e hidroperóxidos (SHI-BIN et al., 2007). Essa peroxidação dos lipídios diminui a
fluidez e compromete a função de barreira das membranas, resultando em perturbações na
organização estrutural e na inibição enzimática, desencadeando uma possível morte celular
(AKTAN et al., 2003).
Seus produtos, hidroperóxidos lipídicos, aldeídos e o malondialdeído (MDA), são
citotóxicos e podem causar alterações celulares associadas ao envelhecimento, câncer, artrite e
aterosclerose (MOSELHY et al., 2013; LIMA & ABDALLA, 2001).
Figura 3 - Danos moleculares desencadeados pelo estresse oxidativo.
Fonte: Elaborado pelo autor
A avaliação da peroxidação lipídica através das dosagens de seus marcadores celulares
e teciduais em medicina veterinária é amplamente utilizada para o estudo do estresse oxidativo
em patologias, nas tecnologias reprodutivas e em respostas ao uso de produtos naturais
antioxidantes nas mais diferentes espécies (FINNO et al., 2018; BANDAY et al., 2017; KARA
et al., 2015).
2.3.3 Biomarcadores do estresse oxidativo
23
O estudo de biomarcadores do estresse oxidativo é um campo de crescente atenção e
vem amadurecendo bastante com esforços por parte dos pesquisadores para estudar e
compreender esses compostos tanto no nível químico como biológico-molecular (KADIISKA
et al., 2015).
O estresse oxidativo pode ser mensurado diretamente através da detecção da produção
de radicais livres, ou indiretamente, por mensuração de moléculas antioxidantes ou
biomarcadores de danos oxidativos (ROSSI et al., 2013).
Um dos métodos para avaliação direta do estresse oxidativo é através da mensuração
dos radicais livres. Um dos radicais livres comumente mensurado é óxido nítrico (NO) através
da mensuração de µg nitrito (reação de Griess) por µg de proteína (reação de Bradford), para
estimar a quantidade de NO na amostra (D´AVILA et al., 2008).
Os antioxidantes podem ser mensurados individualmente, através do uso de kits
comerciais, ou através da mensuração da capacidade antioxidantes total, que é difícil de ser
quantificada, pois antioxidantes podem ser encontrados no interior das células, nas membranas
celulares e nos fluidos extracelulares (ROSSI et al., 2013).
Para avaliação indireta, são utilizadas metodologias como a detecção de subprodutos da
peroxidação lipídica. O MDA é o mais fácil de mensurar, pois o mesmo é uma substância
reativa ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) (AKTAN et al., 2003). A intensidade do pigmento cor
de rosa que é gerado através da reação entre o MDA e o ácido tiobarbitúrico é mensurada através
de leitura em espectrofotômetro e indica a extensão da peroxidação lipídica (GROTTO et al.,
2009).
2.3.4 Estresse Oxidativo em Suínos
O estresse oxidativo pode desencadear alterações na fisiologia, no comportamento e no
desempenho dos animais (SHI-BIN et al., 2007). Em animais de produção, o estresse oxidativo
pode estar envolvido em várias condições patológicas, incluindo as condições que são
relevantes para a produção animal e bem-estar dos indivíduos (LYKKESFELDT &
SVENDSEN, 2007).
Em suínos, a produção rentável requer um rápido aumento no peso corporal e na massa
magra, aumentando a demanda sobre o sistema metabólico desses animais, o que pode levar,
ao estresse oxidativo, a menos que sistemas antioxidantes sejam reforçados através da nutrição
(ROSSI et al., 2013).
24
As condições de criação de suínos para produção, relacionadas principalmente com
instalações, ambiente, transporte e genética podem influenciar a produção de radicais livres por
esses animais, com isso torna-se necessários mais estudos correlacionando atividade
antioxidante total de suínos com esses fatores (ROSSI et al., 2013).
Um fator que se entende como estressante associado a produção de suínos é o transporte.
Suínos em terminação transportados por cinco horas apresentam maior quantidade de EROS e
MDA no tecido hepático e MDA sérico em relação a suínos que não foram transportados
(ZHANG et al., 2015).
Um momento que merece especial atenção na suinocultura é a inseminação artificial de
matrizes, pois comportamentos sexuais são restritos nas fêmeas, causando estresse (Borell et
al., 2007). Já foi observado que o período antes do estro nas porcas é um modelo promissor
para se estudar respostas e tratamentos em relação ao estresse oxidativo através de marcadores,
como por exemplo, selênio e GPx, que são modulados pela suplementação dietética através de
vitamina B6 durante o pré-estro em porcas púberes (DALTO et al., 2015).
O estresse oxidativo também vem sendo estudado em suínos através das patologias que
podem acometer esses animais, quando esse é induzido pela própria infecção ou já estabelecido
no hospedeiro no momento da instalação da mesma, esse desequilíbrio pode participar da
patogenicidade dos agentes infecciosos (DEBLANC et al., 2013).
2.4) SUPLEMENTAÇÃO COM PRODUTOS NATURAIS
A suinocultura brasileira é marcada, principalmente, pela forma intensiva, e esse tipo de
criação vem sofrendo algumas mudanças devido a exigências dos consumidores. A busca da
sociedade e do mercado externo por produtos éticos e de qualidade tem conquistado alguns
progressos na produção de animais, como por exemplo, a substituição de medicamentos
sintéticos por produtos naturais (BAPTISTA et al., 2011).
Tratamentos medicinais à base de plantas são mais acessíveis financeiramento e seguros
do que medicamentos alopáticos, já sendo considerados bastante úteis também na prática
veterinária, principalmente, em países asiáticos onde esses produtos são encontrados em
abundância (ANAND et al., 2016).
Nos últimos anos, muitos produtos naturais, incluindo os óleos vegetais, são utilizados
como aditivos nas dietas para promover estímulo do sistema imune dos animais de produção,
assim como melhorando o seu desenvolvimento através de efeitos fisiológicos e ações
nutricionais (LIU et al., 2017).
25
2.4.1 Antioxidantes
O equilíbrio oxidante-antioxidante em suínos pode ser influenciado também por
questões nutricionais, por isso o uso de ração e suplementos na suinocultura deve ser cuidadoso
(Falowo et al., 2014). Os produtos antioxidantes mais utilizados para suínos são sintéticos com
base na vitamina E, porém, os compostos naturais, principalmente os fenólicos, já estão sendo
avaliados quanto a sua eficácia como antioxidantes na suinocultura (ROSSI et al., 2013).
O pós-desmame é considerado um dos períodos mais delicados na produção de suínos,
uma vez que é caracterizado por baixo consumo de ração e aumento do estresse, que pode
desencadear o estresse oxidativo (AMAZAN et al., 2012). O estresse oxidativo em leitões
recém-desmamados diminui a digestibilidade de nutrientes e o crescimento desses animais
(SHI-BIN et al., 2007), por isso, essa fase torna-se uma das mais importantes para a
suplementação com antioxidantes. A suplementação com vitamina E em água potável para
porcas gestantes e leitões aumenta a concentração sérica de α-tocoferol nos leitões, produzindo
assim um melhor estado oxidativo 5 e 20 dias pós-desmame quando comparada com uma única
suplementação (AMAZAN et al., 2012).
A vitamina C também tem sua importância, pois é um dos antioxidantes biológicos mais
eficazes e seus níveis em tecidos podem ser alterados por mudanças no consumo alimentar
(SHANG et al., 2002). Com isso, torna-se importante a suplementação com essa vitamina na
alimentação dos suínos, principalmente para os mais jovens. O uso da vitamina C é muito
importante para leitões recém-desmamados, já que a mesma atua como protetora contra o dano
oxidativo ao DNA e as proteínas e a sua deficiência pode alterar a homeostase “redox” do
cérebro e aumento da oxidação de lipídios (LYKKESFELDT & SVENDSEN, 2007).
Nos últimos anos, tem sido dada uma especial atenção a uma série de produtos naturais
(plantas medicinais, frutas e extratos) que podem ser utilizados com fontes antioxidantes
potenciais (FALOWO et al., 2014). Na produção animal, aumentou-se o número de pesquisas
que correlacionam esses produtos e o status oxidativo dos animais, principalmente, frutas e
óleos vegetais tem provado ser benéficos na redução do estresse oxidativo, visando uma
melhoria na saúde animal e um melhor custo-benefício (PAJK et al., 2006).
A atividade antioxidante total do sangue tende a ser maior em suínos que recebem
suplementação com antioxidantes naturais provenientes de plantas a longo prazo, do desmame
ao abate, quando comparados com suínos que não recebem suplementação antioxidante (ROSSI
et al., 2013). Como é o caso do flavonoide quercetina, que vem sendo utilizado na
26
suplementação na ração de suínos. A quercetina é um poupador de vitamina E que tem efeito
antioxidante sobre a peroxidação lipídica em suínos em crescimento, assim demonstrando que
o uso de suplementos fitogênicos na ração dos animais pode substituir, parcialmente, a
suplementação com vitamina E (LUEHRING et al., 2011).
Outros produtos naturais que podem suplementar a dieta dos suínos são as frutas. O uso
de frutas como maças, morangos, mirtilos e tomates na dieta de suínos tem mostrado ser
benéfica na redução do estresse oxidativo, com enfoque na peroxidação lipídica, induzido pela
ingestão de elevado teor de gordura (PAJK et al., 2006; ÇOBAN et al., 2013).
Óleos essenciais também são utilizados como opção natural contra o estresse oxidativo,
como por exemplo, o óleo essencial de orégano que diminui significativamente os níveis de
MDA no fígado e aumenta a atividade de enzimas antioxidantes, reduzindo a oxidação lipídica
e aliviando o estresse causado pelo transporte de suínos em terminação, apresentando efeitos
semelhantes a suplementação sintética de vitamina E (ZHANG et al., 2015).
A exploração de antioxidantes naturais torna-se ainda mais importante, pois além de
combater os desafios da instabilidade oxidativa dos suínos, diminui os riscos do consumo de
substâncias sintéticas pelos animais e pelos humanos (FALOWO et al., 2014). Além de
fortalecer a saúde dos animais, evitando assim o uso de antibióticos, e consequentemente,
prevenindo a possível resistência de estirpes patogênicas de bactérias e o acúmulo desse tipo de
medicamento na cadeia alimentar (SONG et al., 2013).
2.4.2) Produtos ricos em ácidos graxos
Os lipídeos, popularmente chamados de gorduras, são compostos insolúveis em água
constituídos de uma série de substâncias, entre elas os ácidos graxos. Esses são ácidos
carboxílicos com cadeias hidrocarbonadas, classificados segundo o comprimento da cadeia de
carbonos (cadeia curta, média e longa), a presença e número de duplas ligações (saturados e
insaturados) e a configuração das duplas ligações (cis e trans) (SANTOS et al., 2013).
O consume de ácidos graxos insaturados possue vários efeitos benéficos para os
organismos, dentre eles, podemos destacar a redução de lipídios e lipoproteínas, com
consequente redução na pressão sanguínea, na variabilidade da frequência cardíaca e na
glicemia. Atuam também no metabolismo dos triglicerídeos, na função plaquetária endotelial,
na excitabilidade cardíaca, no estresse oxidativo e na função imune (LIMA et al., 2004).
O mais conhecido deles, o ômega-3, possui relevantes funções anti-inflamatórias e
imunomoduladoras. Além disso, alteram a fluidez da membrana, contribuindo para sua
27
afinidade aos substratos enzimáticos; influenciam em vias de sinalização celular e aumentam
potencialmente a absorção de glicose no intestino (GABLER et al., 2009).
Dentre as alternativas naturais, a suplementação com óleos naturais a base de ácidos
graxos vem ganhando espaço nos sistemas de produção, já que os mesmos têm importante papel
na imunidade dos animais. A dieta acrescida ácidos graxos insaturados constitui uma opção
promissora na suplementação dietética de suínos e dependendo da concentração usada pode
influenciar positivamente na saúde geral desses animais (TANGHE et al., 2014). Óleos vegetais
são importantes fontes de energia e de ácidos graxos poli-insaturados. Além disso, são
importantes também para o funcionamento regular dos organismos, como veículos no
transporte das vitaminas lipossolúveis (MASUCHI et al., 2008).
Os suínos exigem na sua alimentação uma dieta diferenciada, particularmente, rica em
lipídios (VERUSSA, 2015). Os ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) são lipídios
componentes integrais das membranas e das vitaminas, regulando o metabolismo e as funções
celulares imunológicas (CALDER, 2007).
A influência do uso de ácidos graxos na dieta de suínos pode ser observada nas diversas
fases da criação. No período de desmame, há um estresse imunológico nos leitões, o qual pode
ser mitigado pela suplementação com ômega-3, despertando um aumento no consumo de ração
e contribuindo para o ganho de peso (LI Q et. al., 2014).
Na fase de gestação, a dieta com ômega-3 por longo período aumenta a captação de
glicose pelo leitão desmamado, o que pode estar associado a mudanças no perfil intestinal de
ácidos graxos. Assim, esse ácido graxo ajuda os leitões a se adaptarem a dietas que mudam
rapidamente no início da vida e permitem a absorção ideal de nutrientes (GABLER et. al.,
2009).
Na fase de terminação, é observado que o uso de ômega-3 e ômega-6 na dieta facilita a
absorção e utilização de ácidos graxos e aminoácidos. Assim, esses ácidos graxos exercem
efeitos benéficos no metabolismo lipídico e nos processos inflamatórios, disponibilizando mais
energia para as vias homeostáticas, podendo levar a uma diminuição dos níveis de expressão
das citocinas inflamatórias (DUAN et al., 2013).
2.4.3 Óleo de Pequi
Um exemplo de produto natural e regional que podemos utilizar como antioxidante é o
pequi. Esse fruto encontrado no cerrado brasileiro e é uma importante fonte de renda e alimento
para a população dessa região, apresenta um alto valor nutricional, sendo rico em proteínas,
28
vitaminas (A e E), lipídios (polpa e amêndoa) e ácidos graxos poli-insaturados (DE LIMA et
al., 2007; ROESLER et al., 2008).
O cerrado é uma região onde as árvores recebem alta incidência de raios solares, o que
favorece a geração de radicais livres, essa condição favorece a biossíntese de compostos
secundários com propriedade antioxidantes, como compostos fenólicos e carotenoides (DE
LIMA et al., 2007).
Esse fruto é utilizado, popularmente, como antioxidante e anti-inflamatório e vem
despertando grande interesse por parte dos pesquisadores em estender o uso deste produto
natural, explorando valores sociais, econômicos e terapêuticos do fruto e seus derivados (SENA
JR. et al., 2010).
A casca do pequi tem propriedade antioxidante, atuando na remoção de radicais livres
e inibição da peroxidação lipídica, essa atividade é atribuída aos seus compostos fenólicos
(ROESLER et al., 2008).
O uso do óleo de pequi já se mostrou como uma opção mais eficaz do que vitaminas C
e E sintéticas para conter o crescimento de tumores, aumentar a imunidade dependente de
linfócitos, reduzir o dano oxidativo celular e amenizar os efeitos adversos de tratamento
quimioterápico (MIRANDA-VILELA et al., 2014).
O efeito protetor antioxidante do óleo de pequi é associado ao seu teor de carotenoides
e sua maior concentração de ácido oleico, que é seu principal componente, do que palmítico,
esteárico e ácidos graxos poli-insaturados (DE LIMA et al., 2007; MIRANDA-VILELA et al.,
2014). Outra vantagem do uso desse óleo para humanos e animais é a redução da lipoproteína
de baixa densidade (LDL) e colesterol total (AGUILAR et al., 2012).
2.4.4 Óleo de Girassol
Outro óleo importante na suplementação com ácidos graxos é o óleo de girassol que é
considerado um produto nobre por suas qualidades nutricionais (MARTINS, 2013). O óleo de
girassol possui um alto teor de antioxidantes naturais como tocoferóis (vitamina E), assim como
também é rico em ácidos graxos insaturados, destacando-se nessa composição os ácidos
linoleico e oleico, além de possuir um alto potencial proteico (RAI et al., 2016).
O ácido clorogênico também é um importante componente do óleo de girassol, o mesmo
tem efeitos benéficos na dieta de leitões desmamados: reduz a incidência de diarreia, aumenta
29
a capacidade antioxidante, melhora a digestão intestinal e o desempenho de crescimento
(CHEN et al., 2018).
A suplementação com óleo de girassol na dieta das mais diversas espécies desencadeia
efeitos benéficos na saúde dos animais e, consequentemente, na qualidade dos produtos de
origem animal. Dentre esses produtos, destacam-se a carne e o leite de pequenos ruminantes,
pois esse óleo induz a mudança da microbiota intestinal, auxiliando na transformação de ácido
graxo insaturado em saturado que é absorvido no intestino, melhorando a qualidade desses
produtos (BELENGUER et al., 2010).
Em suínos na fase de terminação, a suplementação com esse óleo induz uma maior
concentração de ácido oleico e menor grau oxidativo de lipídios na carne, confirmando que é
fonte de ácidos graxos insaturado e seu potencial antioxidante associado ao seu teor de
tocoferóis (CARDENIA et al., 2011).
O alto teor de ácidos graxos poli-insaturados deste óleo favorece a redução dos níveis
de colesterol plasmático total e, também, da fração LDL-colesterol, contribuindo assim para a
prevenção da aterosclerose e redução de riscos de doenças cardiovasculares (MANDARINO et
al., 2005).
3 JUSTIFICATIVAS
A) O estresse dos animais é bastante comum na suinocultura intensiva devido, principalmente,
ao confinamento prolongado, tornando-se importante o uso de distrações para os suínos, como
por exemplo, os objetos de enriquecimento. Esses objetos estimulam comportamentos e
interações positivas, sendo uma ferramenta eficaz para promoção do bem-estar animal na
suinocultura e redução do estresse e agressões entre os suínos, principalmente, entre leitões.
B) O estresse oxidativo pode comprometer a saúde dos suínos, interferindo no seu bem-estar e
na sua produção. Com isso, torna-se importante o conhecimento sobre o uso de produtos
naturais antioxidantes para combater esse desequilíbrio, melhorar a imunidade e o metabolismo
lipídico dos leitões na fase de creche. Esses produtos causam menos impacto na produção
animal e tem um melhor custo-benefício, como exemplos temos, o óleo de pequi e o óleo de
girassol que são utilizados, popularmente, com finalidade terapêutica e antioxidante, podendo
melhorar o desempenho dos animais na criação intensiva de suínos.
4 HIPÓTESES
30
A) Objetos de enriquecimento utilizados em baias da creche reduzem o estresse e o estresse
oxidativo, melhoram o comportamento e o desempenho de suínos nessa fase de criação da
suinocultura intensiva.
B) O uso do óleo de pequi e do óleo de girassol, considerados antioxidantes naturais, reduz o
estresse oxidativo em leitões na fase de creche, assim como também melhora a sua imunidade
e seu metabolismo lipídico.
5 OBJETIVOS
5.1 OBJETIVOS GERAIS
Avaliar o uso de objetos de enriquecimento e antioxidantes naturais em um modelo de
suinocultura intensiva no combate ao estresse e ao estresse oxidativo em leitões na fase de
creche.
5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
A) Avaliar os comportamentos, dados zootécnicos, cortisol salivar e parâmetros fisiológicos
em leitões alojados na fase de creche em modelo de suinocultura intensiva em relação ao uso
de objetos de enriquecimento móveis e fixos;
B) Avaliar os efeitos do óleo de pequi e do óleo de girassol sobre os marcadores do estresse
oxidativo, da resposta inflamatória sistêmica e do metabolismo lipídico em leitões na fase de
creche criados em sistema intensivo.
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO DO ESTRESSE E DESEMPENHO DE SUÍNOS NA FASE DE
CRECHE, EMPREGANDO TÉCNICAS DE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL
31
Publicado no Periódico: Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.71, n.1,
p.281-290, 2019.
(Qualis A2)
(ISSN: 0102-0935)
Avaliação do estresse e desempenho de suínos na fase de creche, empregando técnicas de
enriquecimento ambiental
[Evaluation of stress and performance of pigs during the nursery phase, using
environmental enrichment techniques]
32
Belise Maria Oliveira Bezerra1, Shayanne Sayonara da Costa Silva1, Amanda Medeiros
Araújo de Oliveira2, Caio Vitor Oliveira Silva2, Rebeca de Andrade Parente2, Tiago Silva
Andrade3, José Nailton Bezerra Evangelista2, Diana Célia Sousa Nunes-Pinheiro1*
1 Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinárias (PPGCV) - Faculdade de Veterinária
(FAVET) - Universidade Estadual do Ceará (UECE)
2 Faculdade de Veterinária (FAVET) - Universidade Estadual do Ceará (UECE)
3 Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (PPGZ) - Universidade Federal do Ceará (UFC)
*Autor para correspondência: [email protected]
RESUMO
O enriquecimento ambiental é uma ferramenta importante dentro dos sistemas de produção para
promover o bem-estar e favorecer a saúde dos animais. Portanto, o objetivo deste trabalho foi
avaliar o efeito do enriquecimento ambiental sobre o estresse de suínos na fase de creche. Foram
utilizados 32 leitões alojados em granja experimental, distribuídos em 4 grupos (n=8): corda,
corrente, garrafa pet e controle negativo. Amostras de sangue foram coletadas no início e no
final do experimento para contagem de leucócitos circulantes e determinação de antioxidantes
não-enzimáticos, óxido nítrico, malondialdeido, e de saliva para avaliação do cortisol. Foi
aplicado etograma e avaliação do ganho médio de peso diário e a conversão alimentar. Os
parâmetros avaliados no primeiro dia do experimento não variaram entre os grupos (p > 0,05).
No último dia do experimento, os valores de neutrófilos e da relação neutrófilo/linfócito foram
mais elevados nos leitões do grupo corrente, assim como os valores de cortisol salivar (p <
0,05). O ácido úrico apresentou-se mais elevado nos leitões do grupo corrente e o
malondialdeído (MDA) nos do grupo garrafa (p < 0,05). Os enriquecimentos ambientais
estimularam comportamentos positivos nos leitões, onde a corda se destacou como o mais
atrativo. Por outro lado, a corrente apresentou efeito negativo sobre a fisiologia dos animais,
gerando estresse, assim como a garrafa que induziu a peroxidação lipídica e um menor ganho
de peso nos leitões.
Palavras-chave: suínos, móbiles, parâmetros oxidantes e antioxidantes, fisiologia animal,
comportamento animal.
ABSTRACT
Environmental enrichment is an important tool within production systems to promote welfare
and animal health. The aim of this study was to evaluate the effect of enrichment objects on
33
stress of piglets in nursery phase. 32 piglets housed in experimental farm were distributed in 4
groups (n=8): rope, chain, pet bottle and negative control. Blood samples were collected at the
beginning and end of the experiment to count circulating leukocytes and determine non-
enzymatic antioxidants, nitric oxide, malondialdehyde, and saliva to evaluate cortisol. At the
same time, an etogram and evaluation of mean daily gain and feed conversion were applied.
The evaluated parameters on first day of the experiment did not vary between groups (p > 0.05).
On the last day, neutrophil and neutrophil /lymphocyte ratios were higher in chain group
piglets, as were salivary cortisol values (p < 0.05). Uric acid was higher in chain group and
MDA in bottle group (p < 0.05). Environmental enrichment stimulated positive behaviors in
piglets, where the rope stood out as the most attractive. On the other hand, chain had a negative
effect on animal physiology, generating stress, as well as the bottle that induced lipid
peroxidation and a lower weight gain in piglets.
Keywords: pigs, mobiles, oxidant and antioxidants parameters, animal physiology, animal
behavior.
INTRODUÇÃO
A definição de bem-estar animal é influenciada por padrões morais e éticos das sociedades, o
que dificulta o estabelecimento de parâmetros objetivos e quantificáveis para esse termo. De
maneira geral, o bem-estar animal pode ser resumido como ausência de sofrimento (Ohl &
Staay, 2012). Nesta perspectiva, na tentativa de trazer condições favoráveis aos animais foi
proposto o enriquecimento ambiental para criar oportunidades comportamentais, expressão de
controle sobre o meio e desvio da realização de comportamentos anômalos (Van de Weerd et
al., 2006). Neste sentido, o enriquecimento pode ser utilizado para indicar melhorias sociais,
físicas, sensoriais, nutricionais e imunológicas para os animais de acordo com mudanças
realizadas em seus ambientes de confinamento (Newberry, 1995).
O enriquecimento ambiental é utilizado dentro dos sistemas de produção de diferentes espécies,
como por exemplo, em frangos de corte (Sans et al., 2014), cabras mestiças em confinamento
(Oliveira et al., 2014) e coelhos em gaiolas (Siloto et al., 2009). Desse modo, a escolha do
enriquecimento ambiental nos sistemas de produção deve estar de acordo com o efeito desejado
sobre os comportamentos dos animais e sua adequação na perspectiva do produtor (Zwicker et
al., 2013). Além do mais, a introdução do enriquecimento deve ser realizada de maneira
cuidadosa para evitar efeitos negativos no desempenho dos animais que podem comprometer a
produção e dificultar a adoção em escala comercial maior. Um exemplo disso é a restrição do
34
ponto de enriquecimento que pode causar competição, agressividade ou agitação nos grupos de
animais (Van de Weerd et al., 2006).
O sistema de criação predominante na suinocultura é o intensivo, que é caracterizado pelo
confinamento dos animais, e isso inibe a expressão de comportamento típico da espécie, já que
esse ambiente não apresenta estímulos (Foppa et al., 2014). Enriquecimento ambiental dentro
desse sistema, como o uso de brinquedos, proporciona bons resultados, principalmente com
redução de caudofagia e ociosidade e aumento de interações (Rodarte et al., 2004). No Brasil,
a utilização de enriquecimento ambiental através de garrafas pet (500 mL) para leitões na fase
de creche (Campos et al., 2010), e correntes (Vasconcelos et al., 2015) e brinquedos (Oliveira
et al., 2016) na fase de crescimento, mostraram-se positivos sobre os comportamentos dos
animais. Vale ressaltar que o enriquecimento ambiental atua sobre o sistema imunológico (Luo
et al., 2017), bem-estar fisiológico (Luz et al., 2017) e sobre índices zootécnicos (Oliveira et
al., 2016). Porém, os efeitos desse enriquecimento ainda são pouco estudados sobre a fisiologia
animal e particularmente sobre os suínos.
Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito do uso de diferentes tipos
de enriquecimento ambiental sobre o cortisol, leucócitos do sangue periférico, parâmetros do
estresse oxidativo e comportamento de leitões na fase de creche.
MATERIAL E MÉTODOS
O protocolo experimental foi aprovado pelo CEUA/UECE sob o número 6364557/2015. O
trabalho foi desenvolvido no setor de suinocultura da Faculdade de Medicina Veterinária
(FAVET) da Universidade Estadual do Ceará (UECE) situada em Fortaleza/Ceará, latitude
03°78’99’’, longitude 38°55’32’’ e altitude de 48 m. Essa região é classificada com Aw
(tropical quente com inverno seco) de acordo com Köppen e Geiger.
Foram utilizados 32 suínos, 18 machos e 14 fêmeas distribuídos nos grupos aleatoriamente, do
cruzamento Landrace x Large White x Duroc, alojados em baias experimentais de acordo com
4 tratamentos (n=8), , onde cada animal foi considerado como uma repetição: grupo corda
(GCd), grupo corrente (GCt), grupo garrafa (GG) e grupo controle (GC). Esses móbiles foram
disponibilizados durante 6 horas por dia, de 09:00 às 15:00, para leitões no período de creche
(45 dias), que estavam alojados em baias do tipo suspensas de piso plástico, onde a corda
(tamanho: 1,5 m; diâmetro: 20 mm) e a corrente (tamanho: 1,5 m; diâmetro: 6 mm) foram
penduradas e fixadas no ponto central das baias e as duas garrafas pet (500 mL) foram mantidas
livres.
35
Os leitões foram pesados no dia do desmame (D1), que foi realizado quando os animais estavam
com 25 dias de vida, e ao final da fase de creche (D2) (70 dias de vida), a partir desses dados
foram calculados o ganho médio de peso diário (GMPD) (kg/dia) de cada animal. Os leitões
foram clinicamente avaliados no primeiro dia do experimento através da observação das
mucosas, mensuração da temperatura e análise da presença ou ausência de diarreia e/ou tosse.
Todos os animais foram considerados saudáveis. O arraçoamento dos leitões era realizado uma
vez ao dia no início da manhã, todos os grupos recebiam a mesma quantidade de ração que era
ajustada semanalmente, onde na primeira semana foi ofertado 0,2 kg/animal/dia (pré-inicial 1),
na segunda semana, 0,4 kg/animal/dia (pré-inicial 2), na terceira e quarta semanas,
0,7kg/animal/dia (inicial 1) e na quinta e sexta semanas, 0,9 kg/animal/dia (inicial 2). A partir
do consumo de ração dos animais e do ganho de peso, foi obtido o valor de conversão alimentar
(CA).
Foram realizadas coletas de sangue por venopunção jugular nos animais no início do
experimento (D1) e no final (D45), no momento de saída da creche. As amostras sanguíneas
foram coletadas em tubos com anticoagulante (EDTA) e sem anticoagulante e transportadas até
o laboratório. No laboratório, foram quantificados leucócitos totais (x10³/µL) em aparelho de
automação hematológico e o diferencial de leucócitos realizado através de leitura de esfregaço
sanguíneo corado com panótico rápido comercial por patologista clínico veterinário (400x) para
determinação de neutrófilos (x10³/µL), linfócitos (x10³/µL) e relação neutrófilo/linfócito.
As amostras de sangue coletadas em tubos sem anticoagulante foram centrifugadas (3.000
rpm/10 minutos) para obtenção do soro. No soro, foram dosados os teores de albumina (g/dL),
ácido úrico (mg/dL), bilirrubina total (mg/dL), utilizando-se metodologias específicas
conforme o fabricante dos kits comerciais em analisador bioquímico automatizado.
O óxido nítrico (ON) sérico foi mensurado através de metodologia de Griess modificada em
placa de ELISA (D’ÁVILA et al. 2008). Para tanto, o reagente de Griess preparado (100 μL)
foi adicionado a 50 μL do soro e 50 μL de água destilada em cada poço da placa para obtenção
dos valores de nitrito em espectrofotômetro (550 nm). Para obtenção das quantidades de
proteínas séricas foi utilizado o reagente de Bradford (200 μL) adicionado a 4µL do soro em
cada poço da placa e a leitura realizada em espectrofotômetro (600 nm) (BRADFORD 1976),
os resultados foram expressos em μg nitrito/μg proteína.
Para avaliação da peroxidação lipídica, foi realizada a quantificação do malondialdeido (MDA)
sérico em tubos de vidro onde foram adicionados 250 μL de soro seguido por 400 μL de ácido
perclórico (35%) em banho-maria (37ºC; 1 hora), a mistura foi centrifugada (1400 g; 10
minutos) e o 600 μL do sobrenadante foi adicionado a 200 μL de ácido tiobarbitúrico a 1,2%.
36
Essa mistura foi levada ao banho-maria (95ºC; 30 minutos). Após resfriada, a leitura foi
realizada em espectrofotômetro (535 nm). Os resultados obtidos foram expressos em nmol/mL
de soro (DRAPER & HADLEY 1990).
A saliva dos leitões foi coletada no final do experimento (D45), com auxílio de cotonetes
longos estéreis que foram introduzidos no interior da cavidade oral dos animais para que fossem
mastigados até o maço de algodão ficar umedecido . Posteriormente, a saliva foi extraída por
pressão manual do algodão para micro tubos, centrifugadas (1.500 rpm/10 min) e armazenadas
em temperatura de -20ºC até o processamento. Os sobrenadantes foram analisados em
equipamento automatizado através do método de quimiluminescência.
Durante os 45 dias da creche foram avaliados e anotados os comportamentos dos leitões, em
dias alternados. No horário de 09:00 às 15:00, onde de 10 em 10 minutos o mesmo observador
localizado em ponto fixo em frente as baias anotava quantos animais expressavam cada tipo de
comportamento descritos na tabela 2 . Esse modelo de etograma foi baseado e adaptado de
Campos et al., 2010
Os resultados foram expressos em média±desvio padrão e foram considerados significativos
com p ≤ 0,05. Os dados foram submetidos ao teste de Kruskal-Wallis seguido de Dunn
(Graphpad Prism®). A correlação de Spearman (Graphpad Prism®) foi utilizada para
comparação de dados. Os comportamentos foram expressos em porcentagem (%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A importância desse estudo se deve ao fato do enriquecimento ambiental ser uma alternativa
relevante no sistema de produção para diminuir a inatividade dos animais, proporcionar bem-
estar animal e melhorar seu potencial produtivo (Andrade et al., 2015) que pode ser avaliado
através de parâmetros de desempenho. Os valores relacionados ao desempenho: peso inicial,
peso final, ganho de peso médio diário (GPMD) e conversão alimentar encontram-se na tabela
2. Onde podemos observar que no início do experimento não havia diferença (p > 0,05) entre
os pesos do animais entre os tratamentos, porém no final do mesmo, o GC apresentou o maior
ganho de peso e a menor conversão alimentar quando comparado ao GCd e GG (p < 0,05). A
corda e a garrafa foram os objetos mais atrativos para os leitões, levando os mesmos a
desenvolverem mais comportamentos ativos, aumentando o exercício físico e o gasto de
energia, que consequentemente, levam a um menor ganho de peso corporal (Vieira et al., 2015).
Os animais do GCt não apresentaram diferença nas variáveis de desempenho avaliadas em
reação ao GC, o que pode ser justificado pelo fato desse objeto não estimular tanta atividade
física dos animais. No estudo de Oliveira et al. (2014), brinquedos pendurados melhoraram o
37
desempenho de crescimento de leitões na fase de creche, o que não foi observado em nosso
trabalho.
Os parâmetros sanguíneos referentes ao primeiro dia do experimento (D1) não variaram entre
os grupos estudados e encontram-se nas tabelas 3 e 4. Em D45, encontramos algumas diferenças
entre os grupos e discutiremos a seguir:
Os leucócitos são células de defesa e tem uma forte relação entre saúde e doença. Nesse estudo,
focalizamos o comportamento animal e sua repercussão sobre os leucócitos circulantes, cujo os
dados encontram-se na tabela 3. Os valores de leucócitos totais e linfócitos não variaram (p >
0,05) entre os tratamentos. Os neutrófilos e consequentemente a relação neutrófilo/linfócito
apresentaram-se mais elevados nos leitões do GCt quando comparados aos grupos GG e GC (p
< 0,05) e não apresentaram diferença em relação ao GCd (p > 0,05) (Tabela 3). Esses resultados
podem ser associados ao fato da corrente ser um objeto fixo não destrutível que pode acabar
frustrando os animais em não expressar os comportamentos tão importantes para essa espécie
como fuçar, mastigar e destruir o objeto, levando ao estresse e provocando um mecanismo
compensatório com o aumento em número de neutrófilos circulantes e da relação
neutrófilo/linfócito. Vale ressaltar que os suínos, fisiologicamente, apresentam mais linfócitos
do que neutrófilos circulantes e que o estresse por esteroides causa neutrofilia e linfopenia
(Stockham & Scott, 2011), corroborando com os nossos achados.
Na tentativa de avaliar a influência do enriquecimento ambiental sobre o estresse do leitões, foi
determinado cortisol salivar, cujos valores encontram-se na tabela 3. O cortisol salivar
apresentou-se mais elevado nos leitões de GCt quando comparados aos do GC (p < 0,05)
(Tabela 3). Este fato pode estar associado a uma situação de estresse para esses animais, como
relatado anteriormente, pois a corrente representa um objeto rígido, inclusive a relação
neutrófilo/linfócito apresentou correlação positiva com o cortisol nos animais desse grupo
(Tabela 4). Esses dados corroboram com os resultados obtidos em suínos alojados em ambientes
enriquecidos, onde os animais apresentaram maiores concentrações basais de cortisol (De Jong
et al., 1998). O cortisol é um mediador hormonal esteroide produzido pelas glândulas
suprarrenais e está diretamente envolvido no controle do estresse pelo organismo (Stockham &
Scott, 2011). Por isso, esse parâmetro é bastante utilizado em protocolos onde o estresse é
avaliado, uma vez que o cortisol resulta da atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.
Então, quando um animal é submetido a uma situação estressante, há uma ativação desse eixo
e, consequentemente, o aumento do cortisol (Escribano et al., 2012).
Para manutenção da homeostase dos organismos é necessário o equilíbrio entre o sistema
oxidante e antioxidante, pois a geração das espécies reativas de oxigênio (EROS) provocam
38
danos que podem ser evitados através da atuação dos antioxidantes (Sies & Stahl, 1995). Neste
trabalho, os teores de antioxidantes não enzimáticos foram medidos e encontram-se na tabela
5. Os antioxidantes não enzimáticos plasmáticos, albumina e bilirrubina não apresentaram
diferença significativa entre os grupos de acordo com os enriquecimentos ambientais (p > 0,05),
enquanto o ácido úrico apresentou-se mais elevado nos leitões de GCt (p < 0,05) (Tabela 5).
Esse dado pode ser explicado por uma compensação antioxidante do organismo desses leitões,
aumentando o ácido úrico para neutralizar aumento na produção de radicais livres induzido pelo
estresse desencadeado pelo uso do objeto. O ácido úrico é o mais importante antioxidante não
enzimático, seguido pelo complexo bilirrubina-albumina, que em concentrações fisiológicas
atua contra a oxidação mediada por radicais livres na corrente sanguínea, inibindo reações
nitrosativas extracelulares (Mancuso et al., 2006). O ácido úrico apresentou correlação negativa
com o cortisol e a relação neutrófilo/linfócito no grupo corrente (Tabela 4) e correlação positiva
com o GMPD do GG (Tabela 6). O ácido úrico é o produto final de oxidação do catabolismo
das purinas e seus níveis séricos dependem de fatores metabólicos (Marion et al., 2011), o que
podemos associar a sua correlação positiva com o GMPD. E sua correlação negativa com o
cortisol e relação neutrófilo pode ser relacionada ao consumo desse antioxidante devido ao
aumento na produção de radicais livres gerado pelo estresse
Dentre os EROS destaca-se o ON que é produzido por diversas células de defesa e endotélio
vascular. Os níveis séricos de ON encontram-se na tabela 5. Os leitões não apresentaram
mudanças na produção desse potente radical livre de acordo com os enriquecimentos ambientais
utilizados em suas baias (p > 0,05). ON é um radical livre produto da reação de oxirredução da
L-arginina em L-citrulina que acontece nos macrófagos, sendo esse agente importante da defesa
do organismo contra patógenos (Marletta et al., 1988). Quando ele é produzido em excesso
causa danos oxidativos em proteínas, bem como a peroxidação lipídica, podendo levar a
citotoxicidade e dano celular (Szabó, 2003). Para avaliação da peroxidação lipídica, os níveis
de MDA foram mensurados e encontram-se na tabela 5. MDA apresentou-se mais elevado nos
leitões do GG em comparação ao GCt (p < 0,05). Esse aumento do MDA observado neste
protocolo experimental pode ser associado ao fato da garrafa ser um objeto móvel e estimular
a movimentação dos animais nas baias. Dados semelhantes foram observados em humanos
realizando exercício físico onde havia estimulação da lipoperoxidação (Schneider & Oliveira,
2004). Esse processo é um dos principais mecanismos moleculares decorrente do dano
oxidativo, atuando sobre a membrana celular, o que gera toxicidade seguida por dano tecidual
(Dianzani & Barrera, 2008). A peroxidação lipídica resulta em uma variedade de intermediários
e produtos finais, como por exemplo o MDA (Moselhy et al., 2013). Apesar, do ON não ter
39
variado entre os grupos apresentou correlação positiva com o MDA (tabela 6), demonstrando
que esse radical livre está relacionado à peroxidação lipídica, porém não aumentou
significativamente nos leitões do GG. Esse fato pode estar associado a existência de outros
radicais na corrente sanguínea (Sies & Stahl, 1995) que não foram mensurados nesse estudo.
Por outro lado, o MDA apresentou correlação positiva com o GMPD dos animais do GG,
demostrando que o esforço físico também pode ter influenciado esse parâmetro de desempenho,
uma vez que com aumento do MDA houve uma redução do GMPD (tabela 6).
Além dos parâmetros fisiológicos avaliados, decidiu-se pela aplicação de etograma para avaliar
influência dos móbiles sobre comportamento animal. Os resultados da influência do
enriquecimento ambiental sobre o comportamento de leitões estão apresentados na tabela 7.
Dentre os comportamentos avaliados, os mais expressos foram dormindo/deitado e
comendo/bebendo, sendo que o GC apresentou maior porcentagem do comportamento
dormindo/deitado quando comparado aos outros grupos (figura 1). Esse dado pode estar
relacionado com o maior GMPD dos animais desse grupo, que pode ser atribuído ao longo
tempo de permanência em repouso e menor gasto de energia (VIEIRA et al., 2015).
Muitas são as tentativas de introdução de enriquecimento ambiental dentro do sistema de
produção para estimular comportamentos positivos nos animais. Porém, a incerteza do que
realmente é atrativo para cada espécie, pode impossibilitar o uso dos mesmos. Mediante ao
exposto, o móbile mais atrativo para leitões na fase de creche foi a corda, seguido pela garrafa
e corrente (figura 1). Os leitões alojados em baias enriquecidas apresentaram maior
porcentagem de comportamento exploratório como o de fuçando a baia, além da interação com
os móbiles, do que os do grupo controle (Figura 1). O uso de enriquecimento ambiental a longo
prazo induz o comportamento exploratório em suínos (Zwicker et al., 2013). Já o
comportamento fuçando o outro foi mais expresso nos leitões do GC (5,0%), o que pode ser
um fator de estimulação de brigas. Essa melhora no comportamento dos animais alojados em
ambiente enriquecido já foi observada anteriormente em estudo com brinquedos suspensos em
leitões no período de creche, essa técnica pode ser uma ferramenta importante na promoção de
bem-estar na suinocultura (Oliveira et al., 2016).
CONCLUSÃO
Neste trabalho, o enriquecimento ambiental estimulou comportamentos positivos nos leitões,
onde a corda se destacou como o mais atrativo. Por outro lado, a corrente apresentou efeito
negativo sobre a fisiologia dos animais, gerando estresse, assim como a garrafa que induziu a
peroxidação lipídica e um menor ganho de peso nos leitões. Dessa forma, concluí-se que o
40
enriquecimento ambiental melhora os comportamentos dos leitões, porém pode provocar
alterações fisiológicas, o que ressalta a importância do estudo dessa técnica antes da aplicação
nos sistemas de produção.
AGRADECIMENTOS
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e FINEP pelo
suporte financeiro a esse trabalho.
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43
Tabela 1. Variáveis de desempenho de leitões na fase de creche submetidos a enriquecimento ambiental
Enriquecimento Ambiental
Variáveis de
Desempenho Corda Corrente Garrafa Controle
Peso Inicial (kg) 5,28±0,83 a 4,88±1,09 a 4,86±1,02 a 5,59±0,48 a
Peso Final (kg)
22,77±2,39 a
23,06±2,30 ab
20,8±2,28 a
27,08±1,03 b
GPMD (kg)
0,39±0,04 a
0,40±0,03 ab
0,35±0,03 a
0,48±0,01 b
CA
1,53±0,16 a
1,47±0,12 ab
1,68±0,15 a
1,24±0,03 b
Letras diferentes na mesma linha denotam diferença significativa (p < 0,05).
44
Tabela 2. Padrões de comportamento avaliados em etograma aplicado
Comportamento Descrição*
Comportamento agonístico Animal brigando, mordendo ou arranhando o
outro com os dentes.
Fuçando a Baia Animal fuçando o piso da baia, as laterais ou ao
redor do comedouro com o focinho.
Fuçando o Outro Animal fuçando a orelha, a cauda ou a barriga
do outro com o focinho.
Dormindo ou Deitado
Animal deitado com o corpo em contato com o
piso ou estirado sob o mesmo, com olhos
fechados ou abertos.
Ingerindo alimento ou água Animal ingerindo alimento (ração ou água) no
comedouro ou bebedouro.
Locomovendo-se Animal em movimento de caminhada pela baia.
Outros
Animal sentado (apoiado com a parte posterior
e as patas dianteiras no piso); animal parado
sob o piso apoiado nas quatro patas e sem
nenhum movimento aparente ou animal
excretando dejetos (fezes e urina).
Brincando entre eles Animal correndo dentro da baia ou animal
apoiado sobre o outro.
Brincado com os objetos Animal fuçando, abocanhando ou empurrando
os objetos.
*Campos et al., 2011.
45
Tabela 3. Parâmetros fisiológicos em leitões na fase de creche submetidos a enriquecimento ambiental
Enriquecimento Ambiental
Corda Corrente Garrafa Controle
Parâmetros
Fisiológicos D1 D45 D1 D45 D1 D45 D1 D45
Leucócitos
(x10³/µL) 10,6±2,3 a 16,7±3,5 a 15,7±4,4 a 18,2±2,7 a 11,5±3,4 a 15,4±1,8 a 13,4±2,1 a 17,1±2,7 a
Neutrófilos
(x10³//µL) 3,8±2,6 a 4,5±1,0 ab 5,6±2,2 a 6,6±1,2 a 4,3±2,8 a 3,7±1,1 b 4,3±1,6 a 3,8±1,1 b
Linfócitos
(x10³//µL) 6,9±0,6 a 11,8±3,9 a 9,7±2,3 a 11,3±2,2 a 7,2±1,7 a 11,3±1,5 a 9,0±1,1 a 13,0±2,1 a
Relação N/L
0,4±0,1 a 0,43±0,2ab 0,5±0,1 a 0,61±0,1 a 0,5±0,2 a 0,33±0,1 b 0,5±0,2 a 0,30±0,1 b
Cortisol salivar
(ng/mL) * 2,15±0,2 ab * 3,36±1,0 a * 2,33±0,5 ab * 1,93±0,1 b
Letras diferentes entre os grupos no mesmo dia de coleta denotam diferença significativa (p < 0,05).
Relação N/L: N=neutrófilos, L=linfócitos. D1: primeiro dia do experimento; D45: último dia do experimento.
*Cortisol salivar não foi dosado no primeiro dia do experimento.
46
Tabela 4. Correlação entre cortisol salivar, relação N/L e ácido úrico dos leitões do grupo
corrente
r: coeficiente de correlação; p: diferença significativa.
Relação N/L Cortisol Ácido úrico
Relação N/L r - 0,5274 -0,3179
p - < 0,001 0,0013
Cortisol r - -0,3178
p - 0,0014
47
Tabela 5. Parâmetros fisiológicos em leitões na fase de creche submetidos a enriquecimento ambiental
Enriquecimento Ambiental
Corda Corrente Garrafa Controle
Parâmetros
Fisiológicos D1 D45 D1 D45 D1 D45 D1 D45
Albumina
(g/dL) 3,2±0,2 a 3,0±0,3 a 3,0±0,6 a 3,0±0,3 a 3,0±0,2 a
3,06±0,68
a 3,3±0,2 a
3,59±0,5
8 a
Bilirrrubina
(mg/dL) 0,4±0,1 a 0,4±0,2a 0,4±0,2a 0,4±0,2 a 0,4±0,1 a
0,39±0,13
a 0,5±0,3 a
0,53±0,2
9 a
Ácido úrico
(mg/dL) 0,4±0,2 a
0,2±0,05
ab 0,3±0,1a
0,3±0,05
a 0,3±0,2 a
0,20±0,05
ab 0,3±0,2 a
0,19±0,0
6 b
ON
(µg ONO/µg
pt)
0,08±0,0
2 a
0,06±0,0
2 a
0,07±0,0
3 a
0,04±0,0
1 a
0,07±0,03
a
0,06±0,02
a
0,06±0,0
4 a
0,04±0,0
2 a
MDA
(nmol/ml
soro)
8,2±2,3a 10,0±1,2
ab 9,7±2,6a 7,6±1,3 a 12,6±4,0a
12,79±2,6
1 b
12,8±5,8
a
8,18±2,1
0 b
Letras diferentes entre os grupos no mesmo dia de coleta denotam diferença significativa (p < 0,05).
ON: óxido nítrico; ONO: nitrito; pt: proteína total sérica.
D1: primeiro dia do experimento; D45: último dia do experimento.
48
Tabela 6. Correlação entre MDA, GMPD, ácido úrico e óxido nítrico dos leitões do grupo garrafa
r: coeficiente de correlação; p: diferença significativa.
GMPD MDA Ácido úrico Óxido Nítrico
GMPD r - 0,5485 0,5270 -0,3144
p - < 0,001 < 0,001 0,014
MDA r - 0,5061 0,5497
p - < 0,001 < 0,001
Ácido úrico r - 0,8243
p - < 0,001
49
Tabela 7. Comportamentos de leitões em fase de creche avaliados por etograma
Comportamentos
(Porcentagem/%)
Enriquecimento Ambiental
Corda Corrente Garrafa Controle
Mordendo 0 0,3 0,1 0
Fuçando a baia 6,9 7,0 5,6 3,8
Fuçando o outro 1,6 2,1 1,3 5,0
Dormindo/Deitado 42,7 34,1 33,4 61,5
Comendo/Bebendo 35,2 45,4 46,10 25,0
Locomovendo-se 1,7 2,8 3,8 1,9
Parado/Excretando 0,4 0,8 0,9 2,4
Brincando entre si 0,2 0,4 0,2 0,4
Brincando com objeto 11,3 7,1 8,6 0
Total 100 100 100 100
50
Figura 1. Principais comportamentos de leitões em fase de creche avaliados por etograma
51
CAPÍTULO 2
SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEOS RICOS EM ÁCIDOS GRAXOS POLI-
INSATURADOS NA DIETA DE LEITÕES NA FASE DE CRECHE:
DESEMPENHO, NA RESPOSTA INFLAMATÓRIA, PERFIL LIPÍDICO E
“STATUS” OXIDATIVO
Submetido ao Periódico: Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia em
Novembro de 2018
(Qualis A2)
(ISSN: 0102-0935)
52
Suplementação com óleos ricos em ácidos graxos poli-insaturados na dieta de
leitões na fase de creche: efeitos no desempenho, na resposta inflamatória, perfil
lipídico e “status” oxidativo
[Supplementation with oils rich in polyunsaturated fatty acids in the diet of pigs in
the nursery phase: effects on performance, inflammatory response, lipid profile
and "status" oxidative]
Belise Maria Oliveira Bezerra1, Rebeca de Andrade Parente2, Tiago Silva Andrade3,
Pedro Henrique Watanabe3, José Nailton Bezerra Evangelista2, Diana Célia Sousa
Nunes-Pinheiro1
1 Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinárias (PPGCV) - Faculdade de
Veterinária (FAVET) - Universidade Estadual do Ceará (UECE)
2 Faculdade de Veterinária (FAVET) - Universidade Estadual do Ceará (UECE)
3 Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (PPGZ) - Universidade Federal do Ceará
(UFC)
*Autor para correspondência: [email protected]
RESUMO
Nos sistemas de produção, os produtos naturais vêm se destacando na substituição a
produtos sintéticos, dentre eles, podemos destacar os óleos vegetais ricos em ácido graxos
poli-insaturados (PUFA) que são conhecidos, popularmente, por seus efeitos benéficos.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da suplementação dos óleos
de pequi e girassol sobre parâmetros fisiológicos em leitões na fase de creche. Foram
utilizados 180 leitões alojados em granja comercial, distribuídos em 3 grupos (n=60)
conforme suplementação alimentar: óleo de pequi, óleo de girassol e controle negativo.
Amostras de sangue e o peso dos animais foram obtidos nos intervalos de quatro trocas
de rações da fase de creche para avaliação do desempenho, da resposta inflamatória, perfil
lipídico e “status” oxidativo. Os parâmetros fisiológicos mensurados demonstraram que
os óleos interferiram positivamente na resposta inflamatória sistêmica (p < 0,05), no
equilíbrio oxidante-antioxidante (p < 0,05) e no metabolismo lipídico (p < 0,05). Por outro
lado, esses óleos vegetais interferiram no ganho de peso e no consumo de ração (p < 0,05).
Sendo assim, concluí-se que a suplementação com óleos de pequi e girassol melhora a
saúde dos animais mas tem impacto negativo no desempenho zootécnico de leitões na
fase de creche.
53
Palavras-chave: suínos, ácidos graxos poli-insaturados, desempenho zootécnico, saúde
animal.
ABSTRACT
In the production system, natural products have been prominent in the substitution of
synthetic products, among them, it is possible that they feel at a high level on
polyunsaturated fatty acids (PUFA), which are popularly known for their beneficial
effects.. Thus, the objective of this work was to evaluate the effects of the supplementation
of pequi and sunflower oils on physiological parameters in piglets during the nursery
phase. A total of 180 piglets were housed in a commercial farm, distributed in 3 groups
(n = 60) according to food supplementation: pequi oil, sunflower oil and negative control.
Blood samples and weight of the animals were obtained at intervals of four rats
exchanges of the day care phase to evaluate the performance, inflammatory response,
lipid profile and oxidative status. The physiological parameters measured showed that
the oils interfered positively in the systemic inflammatory response (p <0.05), the oxidant-
antioxidant balance (p <0.05) and lipid metabolism (p <0.05). Therefore, it is concluded
that the supplementation with pequi oil and sunflower improves the life of the animals,
but there is no negative impact on the nursery during the nursery phase. On the other
hand, these vegetable oils interfered in the weight gain (p <0.05).
Keywords: pigs, polyunsaturated fatty acids, zootechnical performance, animal health
INTRODUÇÃO
A suinocultura brasileira é marcada, principalmente, pela forma intensiva, e esse tipo de
criação vem sofrendo algumas mudanças devido a exigências dos consumidores. A busca
da sociedade e do mercado externo por produtos éticos e de qualidade tem conquistado
alguns progressos na produção de animais, como por exemplo, a substituição de
medicamentos sintéticos por produtos naturais (BAPTISTA et al., 2011).
O pós-desmame é considerado um período crítico na criação intensiva de suínos, pois é
caracterizado pela baixa ingestão de alimentos e aumento do estresse, devido a adaptação
desses animais com o novo ambiente e com a dieta sólida (AMAZAN et al., 2012).
Nos últimos anos, muitos produtos naturais, incluindo os óleos vegetais, são utilizados
como aditivos nas dietas de animais de produção para promover estímulo imunológico
(LIN et al., 2018), assim como, para melhorar o desempenho produtivo através de efeitos
fisiológicos e ações nutricionais (LIU et al., 2017).
Os ácidos graxos poli-insaturados são constituintes de muitos óleos vegetais e possuem
vários efeitos benéficos para os organismos. Dentre eles, podemos destacar a influência
54
no metabolismo de lipídios (GO et al., 2014), no estresse oxidativo (LI et al., 2014) e na
função imune (TANGUE et al., 2014).
Diante disso, o objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos da suplementação dos
óleos de pequi e girassol sobre o desempenho, marcadores inflamatórios, do metabolismo
lipídico e do estresse oxidativo em leitões na fase de creche criados em sistema intensivo.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em granja comercial situada em Maranguape/Ceará/Brasil,
latitude 03°88’29’’, longitude 38°67’75’’ e altitude de 70 m. Essa região é classificada
com Aw (tropical quente com inverno seco) de acordo com Köppen e Geiger. O protocolo
experimental foi aprovado pelo CEUA/UECE sob o número 6364557/2015.
Foram utilizados 180 leitões, fêmeas e machos castrados de genética comercial
distribuídos em blocos ao acaso, de acordo com 3 grupos experimentais suplementados
com óleos vegetais: controle negativo, óleo de pequi e óleo de girassol. Cada grupo foi
dividido em quatro unidades experimentais com quinze animais cada, onde duas eram
constituídas por leitões com pesos iniciais entre 5,5-6,0 kg e as outras duas entre 6,0-6,5
kg.
Os leitões foram clinicamente avaliados no primeiro dia do experimento através da
observação das mucosas, mensuração da temperatura e análise da presença ou ausência
de diarreia e/ou tosse. Foram realizados exames de fezes, e os animais apresentaram-se
negativos para presença de ovos e parasitas. Todos os animais foram considerados
saudáveis.
Os leitões foram pesados no dia do desmame (D0), que foi realizado quando os animais
estavam com 21 dias de vida, e a cada mudança de ração a base de milho e soja específica
para fase de creche: pré-inicial 1 (D1), pré-inicial 2(D2), inicial 1(D3) e inicial 2 (D4). O
experimento finalizou no dia da saída dos animais, com 63 dias de vida, da fase de creche
para fase de crescimento. A partir dos pesos obtidos, foram calculados o ganho de peso
diário (GPD) (kg/dia) de cada animal.
O arraçoamento dos leitões foi realizado duas vezes ao dia (manhã e tarde). A inclusão
dos óleos de pequi e girassol, que foram obtidos comercialmente, foi padronizada em 0,2
mL de óleo/kg do animal e seu ajuste era realizado após cada pesagem dos animais. Os
óleos foram adicionados com auxílio de uma betoneira imediatamente antes do
arraçoamento, onde eram misturadas as quantidades calculadas de ração e de óleos para
cada unidade experimental.
55
A quantidade de ração foi ajustada semanalmente. Na primeira semana, foi ofertado 0,2
kg/animal/dia (pré-inicial 1), na segunda semana, 0,4 kg/animal/dia (pré-inicial 2), na
terceira e quarta semanas, 0,7kg/animal/dia (inicial 1) e na quinta e sexta semanas, 0,9
kg/animal/dia (inicial 2). A partir desses dados, foram obtidos os valores de consumo
diário de ração (CDR) e conversão alimentar (CA).
Foram realizadas coletas de sangue por venopunção jugular de três animais de cada
unidade experimental, escolhidos aleatoriamente, em D0,D1,D2,D3,D4. As amostras
sanguíneas foram coletadas em tubos com anticoagulante (EDTA) e sem anticoagulante.
No sangue total, foram quantificados leucócitos totais (x10³/µL) em aparelho de
automação hematológico e o diferencial de leucócitos foi realizado em esfregaço
sanguíneo submetido a coloração rápida para obtenção da relação neutrófilo/linfócito.
No soro obtido após centrifugação, foram dosados os teores de albumina, ácido úrico
(mg/dL), proteína total (g/dL), colesterol total (mg/dL) e triglicérideos (mg/dL)
utilizando-se metodologias específicas conforme o fabricante dos kits comerciais em
espectrofotômetro.
O óxido nítrico (ON) sérico foi mensurado através de metodologia de Griess modificada
em placa de 96 poços (D’ÁVILA et al. 2008). Para tanto, o reagente de Griess preparado
(100 μL) foi adicionado a 50 μL do soro e 50 μL de água destilada em cada poço da placa
para obtenção dos valores de nitrito em espectrofotômetro (550 nm). Para obtenção das
quantidades de proteínas séricas foi utilizado o reagente de Bradford (200 μL) adicionado
a 4µL do soro em cada poço da placa e a leitura realizada em leitor de ELISA (600 nm)
(BRADFORD 1976), os resultados foram expressos em μg nitrito/μg proteína.
Para avaliação da peroxidação lipídica, foi realizada a quantificação do malondialdeido
(MDA) sérico em tubos de vidro onde foram adicionados 250 μL de soro seguido por 400
μL de ácido perclórico (35%) em banho-maria (37ºC; 1 hora), a mistura foi centrifugada
(1400 g; 10 minutos) e o 600 μL do sobrenadante foi adicionado a 200 μL de ácido
tiobarbitúrico a 1,2%. Essa mistura foi levada ao banho-maria (95ºC; 30 minutos). Após
resfriada, a leitura foi realizada em espectrofotômetro (535 nm). Os resultados obtidos
foram expressos em nmol/mL de soro (DRAPER & HADLEY 1990).
Os resultados foram expressos em média e considerados significativos com p ≤ 0,05. Os
dados foram submetidos a ANOVA seguido de teste Student-Newman-Keuls (SNK)
(SAS®).
56
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A dieta acrescida de ácidos graxos poli-insaturados constitui uma opção promissora na
suplementação dietética de suínos. Porém, é necessário que se determine a concentração
ideal de suplementação, pois a mesma pode influenciar de forma negativa ou positiva na
saúde dos animais (TANGHE et al., 2014). Diante disso, os óleos de pequi e girassol
foram escolhidos em nosso estudo porque são produtos naturais ricos em ácidos graxos
poli-insaturados e podem substituir os sintéticos nos sistemas de produção brasileiros.
O óleo de pequi é proveniente de fruto encontrado no cerrado brasileiro e é um importante
fonte de renda para agricultura de subsistência dessa região (DE LIMA et al., 2007). O
óleo de girasol, por sua vez não tem origem no Brasil, mas é amplamente utilizado por
sua população na alimentação, e vem ganhando espaço na nutrição de animais, por seus
efeitos benéficos a saúde (LAGE et al., 2016).
Os óleos de pequi e girassol são óleos vegetais ricos em ácidos graxos poli-insaturados,
onde destacam-se o ácido oleico (ômega-9) (OLIVEIRA et al., 2010) e o ácido linoleico
(ômega-6), respectivamente (VIJAVAKUMAR et al., 2016). Devido a essa composição,
esses óleos já são estudados e utilizados, amplamente, por suas propriedades anti-
inflamatórias e cicatrizantes (LIN et al., 2018) (OLIVEIRA et al., 2010). Na produção
animal, torna-se importante comprovar os seus efeitos fisiológicos benéficos e conhecer
o impacto econômico de seu uso.
Dessa forma, avaliamos os seguintes parâmetros zootécnicos dos animais experimentais:
consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e conversão alimentar (CA).
Os resultados desses parâmetros encontram-se na tabela 1, onde podemos observar que
GDP foi maior no grupo controle quando comparado aos grupos suplementados com os
óleos na primeira e na quarta semana do experimento (p < 0,05), assim como CDR na
segunda semana (p < 0,05). Esses dados demostram que a suplementação com óleos de
pequi e girassol afeta negativamente o desempenho de leitões na fase de creche. Já foi
observado que a adição de óleos ricos em ácidos graxos poli-insaturados na dieta de
suínos não afeta o desempenho de crescimento desses animais significativamente, apesar
de haver uma tendência a um menor ganho de peso diário (SZOSTAK et al., 2016). A
redução no ganho de peso pode ser atribuída ao ácido clorogênico, componente do óleo
de girassol, pois o mesmo possui esse efeito em animais (BHANDARKAR et al., 2019).
As respostas dos organismos diante de desafios de natureza traumática, infecciosa e não
infecciosa ocorrem através de marcadores inflamatórios que irão determinar uma resposta
proporcional à magnitude da agressão (HOLVOET et al, 2008). Os ácidos graxos poli-
57
insaturados dos óleos de pequi e girassol são essenciais para síntese de marcadores e
reguladores da inflamação (LI et al., 2014). Dentre esses marcadores, podemos destacar
os leucócitos totais, relação neutrófilo/linfócito, proteínas totais e relação
albumina/globulina que foram avaliados em nosso estudo e encontram-se na tabela 2.
Os leucócitos dos leitões, uma semana após ao desmame, suplementados com óleo de
girassol, encontravam-se mais elevados quando comparados aos outros grupos (p < 0,05).
Esse aumento no número de leucócitos pode ser relacionado com a composição rica em
ômega-6 do óleo de girassol que estimula o mecanismo anti-inflamatório em uma fase
crítica para os leitões, o pós-desmame, levando a um aumento dessas células nos animais
suplementados com esse óleo (BAKER et al., 2018).
As proteínas totais dos grupos suplementados com óleo de pequi e óleo de girassol foram
maiores em D1 e D3 quando comparadas as do grupo controle (p < 0,05). Já a relação
albumina/globulina do grupo controle em D3 demonstrou-se mais elevada quando
comparada aos grupos suplementados com os óleos (p < 0,05) (tabela 2). O aumento da
proteína total e da relação albumina/globulina em D3 pode ser associada ao fato da
albumina, nos animais tratados com os óleos, ter atividade antioxidante natural não
enzimática, sendo relacionada com o estresse oxidativo, o que discutiremos mais adiante.
Para avaliar a influência do uso dos óleos vegetais sob o perfil lipídico foram dosados o
colesterol total e o triglicerídeos dos leitões (tabela 3). O colesterol total apresentou-se
mais elevado nos animais do grupo girassol em D1 e D3 e nos animais do grupo pequi
em D4 quando comparado aos outros grupos (p < 0,05). Os valores de triglicérides não
variaram entre os grupos (p > 0,05). Óleos ricos em ácidos graxos poli-insaturados afetam
o metabolismo lipídico dos organismos de maneira favorável (VIJAVAKUMAR et al.,
2016). Esses óleos são bem metabolizados pelo fígado para síntese e secreção de
colesterol que essencial para manutenção da homeostase celular, já que é um constituinte
tão importante de suas membranas (GO et al., 2014). Como só dosamos o colesterol total,
não sabemos qual o impacto desses óleos no colesterol HDL e LDH, o que sabemos é que
a suplementação com os mesmos não influenciou no aumento de triglicérides.
O equilíbrio entre oxidantes e antioxidantes é importante para manutenção da homeostase
dos organismos (SIES, 1991). O óleo de girassol além de possuir um alto teor de ácidos
graxos poli-insaturados, é rico em vitamina E que é um antioxidante lipossolúvel
(ESMAILZADEH & AZADBAKHT, 2011). O óleo de pequi, por sua vez, também
possui em sua constituição ácidos graxos poli-insaturados e sua ação antioxidante é
associada ao seu teor de carotenoides (MIRANDA-VILELA et al., 2014). Dentre as
58
espécies oxidantes, destaca-se o óxido nítrico, que em nosso estudo demonstrou-se mais
elevado no grupo controle em D1 (tabela 4), demonstrando que os óleos foram eficientes
na neutralização desse radical livre no pós-desmame dos leitões que é um período que
induz o estresse oxidativo nesses animais (BUCHET et al., 2017).
O dano causado por espécies oxidantes nas membranas celulares gera formação do
subproduto malondialdeído (MOSELHY et al., 2013) que se apresentou mais elevado nos
leitões suplementados com óleo de girassol e pequi nos momentos D2 e D3 em
comparação aos animais do grupo controle (p < 0,05) (tabela 4). Esse aumento do MDA
pode ser relacionado com o aumento do colesterol nesses animais, já que esse esteroide
serve com substrato para oxidação em membranas celulares, estimulando, dessa forma, a
formação do MDA (HOLVOET, 2008).
Para combater o estresse oxidativo dos organismos, os antioxidantes não enzimáticos,
como albumina e ácido úrico atuam neutralizando os radicais livres. Em nosso
experimento, esses antioxidantes foram avaliados e encontram-se na tabela 4. A albumina
estava mais elevada nos animais suplementados com os óleos de pequi e girassol em D1,
no mesmo momento onde o teor de óxido nítrico foi menor. Esse importante antioxidante
natural dos fluidos extracelulares age na neutralização de radicais livres, o que,
provavelmente, aconteceu em nosso estudo (BARREIROS et al., 2006). O ácido úrico é
o principal produto do metabolismo de nitrogênio e purina das proteínas (HARR, 2002),
por isso o seu valor mais elevado no D3 pode ser relacionado ao aumento de proteína
total nesse momento.
Considerando que os produtos sintéticos podem trazer efeitos adversos na promoção da
saúde de animais de produção, os produtos naturais, como óleos vegetais, podem ser
substitutos adequados com essa finalidade.
CONCLUSÃO
Os óleos de pequi, rico em ômega-9, e de girassol, rico em ômega-6, apresentaram efeito
negativo no consumo de ração e ganho de peso dos leitões. Por outro lado, a
suplementação com esses óleos estimulou os animais no combate a inflamação e ao
estresse oxidativo, além de interferir positivamente no metabolismo lipídico. Concluí-se
que a suplementação com óleos de pequi e girassol melhora a saúde dos animais mas tem
impacto negativo no desempenho zootécnico de leitões na fase de creche.
59
AGRADECIMENTO
À CAPES, CNPq, FINEP, UECE e Granja Xerez pelo apoio para o desenvolvimento do
experimento.
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62
Tabela 1. Desempenho de leitões na fase de creche suplementados com óleos de pequi e
girassol.
Variáveis
do
desempenho
Tratamentos
21 a 28 dias
Controle Pequi Girassol CV% Valor de p
CDR(g) 0,15 0,12 0,11 24,52 0,1733
GDP(g) 0,08 0,04 0,03 31,32 0,0059
CA 3,77 3,27 1,97 45,51 0,2201
21 a 33 dias
CDR(g) 0,49 0,42 0,37 12,42 0,0486
GDP(g) 0,18 0,18 0,14 17,18 0,1066
CA 2,70 2,42 2,70 7,17 0,1067
21 a 40 dias
CDR(g) 0,35 0,33 0,31 7,18 0,0682
GDP(g) 0,22 0,20 0,20 6,56 0,1355
CA 1,59 1,61 1,52 4,49 0,2109
21 a 47 dias
CDR(g) 0,43 0,39 0,39 5,02 0,0680
GDP(g) 0,26 0,24 0,22 5,39 0,0104
CA 1,63 1,58 1,76 6,28 0,1030
21 a 59
dias
CDR(g) 0,58 0,54 0,55 4,78 0,2454
GDP(g) 0,35 0,34 0,33 5,92 0,4945
CA 1,63 1,62 1,61 5,29 0,9214
63
Tabela 2. Avaliação inflamatória sistêmica de leitões na fase de creche suplementados
com óleos de pequi e girassol.
Parâmetros
Grupos Dias Controle Pequi Girassol CV% Valor de
p
Leucócitos
totais
(x103/µL)
D0 12,89 14,85 13,80 24,05 0,3659
D1 15,47 15,62 18,50 15,38 0,0096
D2 18,08 19,66 20,43 19,88 0,3267
D3 21,19 21,92 21,25 24,10 0,9283
D4 15,70 16,35 16,43 21,61 0,8528
Neutrófilo/
Linfócito
D0 0,92 2,31 1,21 72,19 0,0083
D1 0,60 0,68 0,56 34,63 0,3916
D2 0,78 0,80 1,01 38,81 0,1890
D3 0,62 0,85 0,73 31,74 0,0788
D4 0,83 0,59 0,62 41,16 0,0850
Proteínas
Totais
(g/dL)
D0 4,93 5,22 4,77 10,10 0,1003
D1 4,94 5,48 5,41 10,32 0,0515
D2 4,97 4,53 4,72 19,19 0,4995
D3 5,00 5,53 6,74 19,82 0,0025
D4 5,38 5,71 6,21 16,63 0,1175
Albumina/
Globulina
D0 1,09 0,95 1,39 42,21 0,0975
D1 0,65 0,71 0,85 31,10 0,1030
D2 0,72 0,68 0,70 39,99 0,9259
D3 0,53 0,39 0,38 34,01 0,0363
D4 0,58 0,64 0,58 32,30 0,7169
64
Tabela 3. Perfil Lipídico de leitões na fase de creche suplementados com óleos de pequi
e girassol.
Parâmetros
Grupos Dias Controle Pequi Girassol CV% Valor de
p
Colesterol
(mg/dL)
D0 136,4 126,9 127,7 20,17 0,6232
D1 64,3 51,2 71,2 23,26 0,0066
D2 84,8 78,8 77,9 13,01 0,2391
D3 69,4 87,6 93,4 14,92 0,0001
D4 84,7 105,2 98,3 14,67 0,0041
Triglicérides
(mg/dL)
D0 56,4 62,3 58,0 15,92 0,2906
D1 47,2 47,0 47,2 12,27 0,9942
D2 60,2 59,8 50,4 18,07 0,0418
D3 58,7 56,0 64,0 18,90 0,2235
D4 52,3 52,8 52,3 14,98 0,9840
65
Tabela 4. Parâmetros do estresse oxidativo de leitões na fase de creche suplementados com óleo
de girassol e pequi.
Parâmetros
Grupos Dias Controle Pequi Girassol CV% Valor de
p
NO
(µg
ONO/µg
pt)
D0 0,004 0,003 0,004 39,13 0,2305
D1 0,003 0,001 0,002 44,75 0,0341
D2 0,004 0,004 0,003 35,84 0,3376
D3 0,002 0,001 0,001 38,09 0,7281
D4 0,002 0,003 0,003 58,77 0,0448
MDA
(nmol/ml
soro)
D0 13,29 13,32 11,71 16,32 0,1125
D1 13,40 12,76 11,61 20,13 0,2325
D2 31,04 32,85 37,46 09,66 0,0001
D3 23,38 29,91 35,44 18,79 <0,0001
D4 13,84 11,36 11,39 22,40 0,0524
Ácido úrico
(mg/dL)
D0 0,89 0,98 1,10 35,64 0,3357
D1 0,97 0,75 0,73 43,64 0,2087
D2 1,37 1,30 1,07 27,29 0,0969
D3 1,14 0,87 1,40 29,46 0,0024
D4 0,77 0,65 0,67 52,77 0,6838
Albumina
(g/dL)
D0 2,64 2,44 2,80 22,29 0,3366
D1 1,95 2,23 2,43 17,80 0,0203
D2 2,04 1,86 1,93 20,50 0,5618
D3 1,65 1,55 1,84 20,89 0,1482
D4 1,94 2,17 2,10 14,44 0,1617
66
6) CONCLUSÕES
6.1) O enriquecimento ambiental estimulou comportamentos positivos nos leitões,
onde a corda se destacou como o mais atrativo. Por outro lado, a corrente apresentou
efeito negativo sobre a fisiologia dos animais, gerando estresse, assim como a garrafa que
induziu a peroxidação lipídica e um menor ganho de peso nos leitões. Dessa forma,
concluí-se que o enriquecimento ambiental melhora os comportamentos dos leitões,
porém pode provocar alterações fisiológicas, o que ressalta a importância do estudo dessa
técnica antes da aplicação nos sistemas de produção.
6.2) Os óleos de pequi, rico em ômega-9, e de girassol, rico em ômega-6,
apresentaram efeitos negativo no consumo de ração e ganho de peso dos leitões. Por outro
lado, a suplementação com esses óleos estimulou os animais no combate a inflamação e
ao estresse oxidativo, além de interferir positivamente no metabolismo lipídico. Concluí-
se que a suplementação com óleos de pequi e girassol melhora a saúde dos animais mas
tem impacto negativo no desempenho zootécnico de leitões na fase de creche.
67
7) PERSPECTIVAS
Os resultados obtidos neste trabalho ressaltam o melhor entendimento das respostas
fisiológicas e zootécnicas de leitões na fase de creche de acordo com o uso de objetos de
enriquecimento e antioxidantes naturais no sistema intensivo.
Esse conhecimento pode ser enriquecido com o estudo de novos marcadores. O modelo
desse estudo pode ser aplicado em outras fases da suinocultura não estudadas nesse trabalho.
68
8) REFERÊNCIAS
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76
APÊNDICE
77 APÊNDICE A – CERTIFICADO DO CEUA(UECE)
Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715
699
Impactos do estresse oxidativo na produção intensiva de
suínos: desafios e perspectivas. Uma Revisão
Impacts of oxidative stress in swine: Challenges and Perspectives. A reviuew
Belise Maria Oliveira Bezerra 1*
, José Nailton Bezerra Evangelista2, Diana Célia Sousa
Nunes-Pinheiro3
1 Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinárias, Faculdade de Veterinária, Universidade
Estadual do Ceará 2 Professor da Faculdade de Veterinária, Universidade Estadual do Ceará
3 Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinárias, Faculdade de Veterinária,
Universidade Estadual do Ceará.
Autor para correspondência: *[email protected]
RESUMO: O estresse oxidativo é um desequilíbrio entre espécies reativas de oxigênio
(EROS) e substâncias antioxidantes dos organismos, que pode ser induzido fisiologicamente ou
patologicamente, causando danos oxidativo, como por exemplo, a peroxidação lipídica. A
mensuração do estresse oxidativo pode ser realizada através de biomarcadores, utilizando-se
várias técnicas. Na suinocultura, a produção rentável aumenta a demanda sobre o sistema
metabólico dos suínos, o que pode levar, ao estresse oxidativo. O desequilíbrio oxidativo dos
suínos pode estar associado a várias condições, como medidas inadequadas de manejo
associadas ao seu sistema de produção e as patologias de diversas origens. Para combater o
estresse oxidativo, é necessário reforçar os sistemas antioxidantes dos suínos através de
suplementação nutricional com produtos sintéticos a base de vitaminas, minerais e produtos
naturais. Mediante o exposto, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma revisão
bibliográfica sobre a o estresse oxidativo na suinocultura enfatizando medidas de manejo,
patologias e suplementação nutricional com antioxidantes. Os dados coletados dos diversos
artigos científicos possibilitaram concluir que o estresse oxidativo tem impacto sobre a
suinocultura, e que, através de um maior conhecimento de biomarcadores desse desequilíbrio,
pode ser possível uma adequada interferência com suplementação de antioxidantes não
enzimáticos para favorecer a saúde e o desempenho dos suínos.
Termos para indexação: Suínos, Desequilíbrio oxidativo, Produção animal
ABSTRACT: Oxidative stress is an imbalance between reactive oxygen species (ROS) and
antioxidants of organisms, which can be generated physiologically or pathologically causing
oxidative damage, for example, lipid peroxidation. Measurement of oxidative stress may be
achieved by biomarkers using various techniques. In swine, economical production increases
the demand on the metabolic system of the pigs, which may lead to the oxidative stress.
Oxidative imbalance of pigs may be associated to various conditions such as inadequate
management measures related with their production system and pathologies of various origins.
To minimize oxidative stress, it is necessary to strengthen the antioxidant systems of pigs
through nutritional supplementation with natural and synthetic products based on vitamins and
minerals. Thus, this paper aims to present a review on the oxidative stress in swine
Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal Brazilian Journal of Hygiene and Animal Sanity
ISSN: 1981-2965
I
Re
vis
ão
78APÊNDICE B – ARTIGO DE REVISÃO
Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715
700
emphasizing management measures, diseases and nutritional supplementation with
antioxidants. The data collected from scientific articles made it possible to conclude that
oxidative stress has an impact on the swine, and through a better understanding of biomarkers
of this imbalance it is possible to intervene with a suitable non-enzymatic antioxidant
supplementation to promote health and performance of pigs.
Index Terms: Pigs, Oxidative imbalance, Animal production.
_______________________
Autor para correspondência: *[email protected] Recebido em 09/09/2015; Aceito em 19/12/2015
http://dx.doi.org/10.5935/1981-2965.20150063
INTRODUÇÃO
Um organismo encontra-se sob
estresse oxidativo quando ocorre um
desequilíbrio entre sistemas pró-oxidantes
e antioxidantes, tendo como um dos
principais mecanismos de lesão a
lipoperoxidação, ou seja, a oxidação da
camada lipídica da membrana celular
(SCHNEIDER & OLIVEIRA, 2004). Esse
desequilíbrio é uma alteração que pode
trazer efeitos deletérios para os suínos,
causando prejuízos à saúde desses animais,
e dessa maneira, refletindo na produção da
suinocultura (ANDRADE et al., 2010).
Parâmetros fisiológicos são
importantes para o diagnóstico do bem-
estar e sanidade dos animais de produção,
com isso há uma necessidade da seleção de
indicadores fisiológicos que associados
com mensurações práticas reflitam de
maneira eficiente a saúde e o grau de bem-
estar dos animais (BOND et al., 2012). Um
dos métodos para avaliar a resposta
fisiológica do animal ao estresse é a
mensuração de biomarcadores séricos e
teciduais do estresse oxidativo
(BERNABE et al., 2013). Em suínos, os
biomarcadores do estresse oxidativo
poderão fornecer um maior conhecimento
sobre sua importância na saúde e na
doença em sistemas de produção.
A observação da interligação entre
o estresse oxidativo e a suinocultura gerou
interesse para o nosso grupo de pesquisa, e
estimulou o surgimento de uma nova linha
de estudo e um trabalho experimental que
avaliou alguns biomarcadores do estresse
oxidativo em suínos nas fases de creche,
crescimento e terminação. Dessa forma,
foram avaliadas as interferências das
condições de criação de suínos nessas fases
em uma granja comercial sob
biomarcadores não-enzimáticos
(BEZERRA, 2014). Durante a realização
desse trabalho, houve um investimento em
artigos científicos pertinentes ao assunto e
que impulsionou a realização da presente
revisão de literatura, pois vários
pesquisadores (SHI-BIN et al., 2007;
ZHANG et al., 2015; ROSSI et al., 2013;
LYKKESFELDT & al., 2007; DEBLANC
79
Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715
701
et al., 2013) vêm relacionando o estresse
oxidativo na produção de suínos.
Nesse contexto, o presente trabalho
tem como objetivo apresentar uma revisão
bibliográfica sobre a relação do estresse
oxidativo com diversos fatores
relacionados com a suinocultura, como
medidas de manejo, patologias e
suplementação nutricional com
antioxidantes.
1) ESTRESSE OXIDATIVO
1.1) Considerações gerais
Para manter condições fisiológicas
adequadas, o organismo necessita do
equilíbrio entre oxidantes e antioxidantes
(PAJK et al., 2006). A oxidação é parte
fundamental da vida aeróbica e do
metabolismo, e assim, os radicais livres
são produzidos naturalmente ou por
alguma disfunção biológica (BARREIROS
et al., 2006). Uma percentagem de 2 a 5%
de oxigênio consumido durante uma reação
metabólica é convertido em radicais livres
sob a forma de espécies reativas de
oxigênio (EROS) (FALOWO et al., 2014).
Dessa forma, o estresse oxidativo é
comumente definido como um
desequilíbrio entre a produção de EROS e
o sistema antioxidante de um organismo, a
favor das EROS (SIES, 1991).
Os radicais livres em baixos níveis
são mediadores indispensáveis em muito
processos biológicos, incluindo
diferenciação celular, regulação da via de
sinalização celular, controle de expressão
gênica, apoptose, modulação do músculo
esquelético e defesa contra agentes
patogênicos invasores (Falowo et al.,
2014). Contudo, em quantidades elevadas
ou quando não são removidos dos
organismos adequadamente podem causar
distúrbios metabólicos e danos em
moléculas biológicas, como DNA,
proteínas e lipídios (AKTAN et al., 2003;
DEBLANC et al., 2013).
O dano oxidativo inclui a
modificação oxidativa de macromoléculas
celulares, morte celular por apoptose ou
necrose, além de danos estruturais nos
tecidos (LYKKESFELDT & SVENDSEN,
2007). A toxicidade dos EROS é
controlada por uma rede complexa de
antioxidantes enzimáticos e não-
enzimáticos presentes no soro, eritrócitos,
órgãos e tecidos (DALTO et al., 2015;
AKTAN et al., 2003).
1.2) Antioxidantes
A geração excessiva de EROS
resulta na estimulação de enzimas
envolvidas na sua regulação tais como:
glutationa peroxidase (GPx), superóxido
dismutase (SOD) e catalase (CAT). Esses
mediadores também estão envolvidos na
oxidação de componentes antioxidantes
como, glutationa, grupo tiol de proteínas,
vitaminas A, E, C, ceruloplasmina,
transferina e albumina, bem como no
acúmulo de produtos de oxidação nos
80
Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715
702
tecidos, os quais levam ao aumento da
quantidade de hidroperóxidos no sangue
(DEBLANC et al., 2013; AKTAN et al.,
2003).
O sistema de defesa antioxidantes
dos organismos é classificado em
enzimático e não-enzimático (Tabela 1).
As principais enzimas antioxidantes
em mamíferos são a GPx, a SOD e a CAT
(SHI-BIN et al., 2007), as quais compõem
três sistemas enzimáticos.
Dois tipos de enzimas SOD
catalisam a destruição do radical ânion
superóxido O2-, convertendo-o em
oxigênio e peróxido de hidrogênio,
enquanto a CAT atua na dismutação do
peróxido de oxigênio em oxigênio e água.
A glutationa, em conjunto com as
enzimas glutationa peroxidase e redutase,
catalisa a dismutação do peróxido de
hidrogênio em água e oxigênio, com a
glutationa operando em ciclos entre sua
forma oxidada e reduzida (BARREIROS et
al., 2006).
O sistema não enzimático inclui
compostos sintetizados pelo organismo
como bilirrubina, ácido úrico, albumina,
ceruloplasmina, entre outros, e aqueles
oriundos da dieta como as vitaminas A, C,
E e flavonoides (SCHENEIDER &
OLIVEIRA, 2004; AKTAN et al., 2003).
Tabela 1. Componentes antioxidantes enzimáticos e não enzimáticos e suas funções.
Sistemas
antioxidantes
Principais
componentes
Principais funções Referências
Enzimáticos GPx Dismutação de H2O2 Barreiros et al., 2006
SOD Destruição do O2-
Barreiros et al., 2006
CAT Dismutação de H2O2 Barreiros et al., 2006
Não enzimáticos
Bilirrubina,
Ácido úrico
Eliminação de radicais livres
dos fluidos extracelulares
Barreiros et al., 2006;
Waring, 2002
Ceruloplasmina Redução de oxigênio Scheneider & Oliveira, 2004
Vitamina A Neutralização O2 atômico Sies & Stahl, 1995
Vitamina C Reação Redox Sies & Stahl, 1995
Vitamina E Redução de peroxilas Sies & Stahl, 1995
Flavonoides Proteção contra oxidação de
lipídios e proteínas
Çoban et al., 2013;
Lanferdini et al., 2013
A atividade antioxidante da
bilirrubina ocorre principalmente quando
se encontra ligada a albumina, sendo esse
complexo considerado um dos
antioxidantes naturais dos fluidos
extracelulares (Barreiros et al., 2006).
O ácido úrico é o antioxidante
solúvel mais abundante em humanos e
81
Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715
703
contribui em até dois terços de toda a
capacidade de eliminação de radicais livres
do plasma (WARING, 2002). A
ceruloplasmina é uma α-globulina que está
envolvida no transporte e na regulação do
cobre, podendo reduzir diretamente o
oxigênio sem intermediários conhecidos, e,
portanto, participa do sistema de defesa
antioxidante extracelular (SCHENEIDER
& OLIVEIRA, 2004).
As vitaminas A, C, E são
consideradas excelentes no combate aos
radicais livres e se destacam no grupo dos
antioxidantes não-enzimáticos (DALTO et
al., 2015). A vitamina C (ascorbato) é o
principal antioxidante solúvel em água,
com poder redutor em reações redox. O
principal componente antioxidante da
vitamina E, α-tocoferol, reduz peroxilas a
partir de, por exemplo, ácidos graxos poli-
insaturados ou lipoproteínas, enquanto os
da vitamina A, β-caroteno e outros
carotenoides, neutralizam o oxigênio
atômico e outros elétrons excitados, e
também reagem com radicais peroxil e
alcoxi (SIES & STAHL, 1995).
Outros componentes antioxidantes
incluem os flavonoides de origem vegetal,
os quais estão envolvidos na proteção dos
tecidos contra a oxidação de lipídios e
proteínas (ÇOBAN et al., 2013;
LANFERDINI et al., 2013). Trabalhos
desenvolvidos por pesquisadores de nosso
grupo apontam a participação dessas
substâncias em processos de cicatrização
na pele (SILVEIRA VASCONCELOS et
al., 2015), no dano hepático provocado por
etanol (Gomes-Rochette et al., 2013) e
efeito gastroprotetor (Monteiro et al.,
2007).
A concentração individual dos
antioxidantes geralmente não é
representativa da atividade antioxidante
total devido às interações sinérgicas e
antagonistas entre eles (Rossi et al., 2013).
1.3) Peroxidação lipídica
Se os sistemas antioxidantes não
forem capazes de neutralizar os radicais
livres, isso gera danos oxidativos a
lipídios, proteínas e ácidos nucléicos dos
organismos (PALANISAMY et al., 2011).
As reações desse excesso de radicais com
ácidos graxos poli-insaturados presentes
nas membranas celulares e nas
lipoproteínas, por exemplo, inicia um
processo em cadeia conhecido como
peroxidacão lipídica ou lipoperoxidacao,
que pode ser avaliado e utilizado como
indicador do estresse oxidativo (GROTTO
et al., 2009).
Os lipídios contêm um grande
número de ácidos graxos poli-insaturados e
quando são aquecidos na presença do
oxigênio, ocorrem reações oxidativas que
geram produtos como peróxidos e
hidroperóxidos (SHI-BIN et al., 2007).
Essa peroxidação dos lipídios reduz a
fluidez e compromete a função de barreira
82
Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715
704
das membranas, resultando em
perturbações na organização estrutural e na
inibição enzimática, desencadeando uma
possível morte celular (AKTAN et al.,
2003).
Seus produtos, hidroperóxidos
lipídicos, aldeídos e o malondialdeído
(MDA), são citotóxicos e podem causar
alterações celulares associadas ao
envelhecimento, câncer, artrite e
aterosclerose (MOSELHY et al., 2013;
LIMA & ABDALLA, 2001).
1.4) Biomarcadores do estresse
oxidativo
O estudo de biomarcadores do
estresse oxidativo é um campo de
crescente atenção, tanto com foco
científico como comercial, e vem
amadurecendo bastante com esforços por
parte dos pesquisadores para estudar e
compreender esses biomarcadores tanto no
nível químico como biológico-molecular
(KADIISKA et al., 2015).
O estresse oxidativo pode ser
mensurado diretamente através da detecção
da produção de radicais livres, ou
indiretamente, por mensuração de
moléculas antioxidantes ou biomarcadores
de danos oxidativos (ROSSI et al., 2013).
Um dos métodos para avaliação
direta do estresse oxidativo é através da
mensuração dos radicais livres. Um dos
radicais livres comumente mensurado é
óxido nítrico (NO) através da mensuração
de µg nitrito (reação de Griess) por µg de
proteína (reação de Bradford), para estimar
a quantidade de NO na amostra (D´Avila et
al., 2008).
Os antioxidantes podem ser
mensurados individualmente, através do
uso de kits comerciais, ou através da
mensuração da capacidade antioxidante
total, que é difícil de ser quantificada, pois
antioxidantes podem ser encontrados no
interior das células, nas membranas
celulares e nos fluidos extracelulares.
Estudos com o uso de novos kits que
mensurem essa capacidade de maneira
adequada estão sendo desenvolvidos por
pesquisadores (ROSSI et al., 2013).
Para avaliação indireta, são
utilizadas metodologias como a detecção
de subprodutos da peroxidação lipídica. O
MDA é o mais fácil de mensurar, pois o e
mesmo é uma substância reativa ao ácido
tiobarbitúrico (TBARS) (AKTAN et al.,
2003). A intensidade do pigmento cor de
rosa que é gerado através da reação entre o
MDA e o ácido tiobarbitúrico é mensurada
através de leitura em espectrofotômetro e
indica a extensão da peroxidação lipídica
(GROTTO et al., 2009).
2) Estresse Oxidativo na suinocultura
O estresse oxidativo pode
desencadear alterações na fisiologia, no
comportamento, fraco crescimento e
desempenho, além de aumentar a
susceptibilidade a doença nos animais
83
Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715
705
(SHI-BIN et al., 2007). Em animais de
produção, o estresse oxidativo pode estar
envolvido em várias condições patológicas,
incluindo as condições que são relevantes
para a produção animal e bem-estar dos
indivíduos (LYKKESFELDT &
SVENDSEN, 2007).
Em suínos, a produção rentável
requer um rápido aumento no peso
corporal e na massa magra, aumentando a
demanda sobre o sistema metabólico
desses animais, o que pode levar, ao
estresse oxidativo, a menos que sistemas
antioxidantes sejam reforçados através da
nutrição (ROSSI et al., 2013).
2.1) Influências do manejo sobre o
estresse oxidativo
As condições de criação de suínos
para produção, relacionadas
principalmente com instalações, ambiente,
transporte e genética podem influenciar a
produção de radicais livres por esses
animais, com isso tornam-se necessários
mais estudos correlacionando atividade
antioxidante total de suínos com esses
fatores (ROSSI et al., 2013).
Um fator considerado estressante
associado a produção de suínos é o
transporte. As alterações que esse fator
induz também podem ser observadas em
relação ao equilíbrio oxidativo e a espécie
suína, onde suínos em terminação,
transportados por cinco horas, apresentam
maior quantidade de EROS e MDA no
tecido hepático e MDA sérico em relação a
suínos que não foram transportados (Zhang
et al., 2015).
A suplementação de ferro no
terceiro dia de vida dos leitões é uma etapa
essencial no manejo de suínos, pois a
anemia ferropriva é um grave problema em
leitões lactentes, porque a transferência de
ferro a partir da placenta para o feto suíno
é limitada e o leite das matrizes contém
baixa quantidade de ferro (YUN et al.,
2000). A administração de ferro tem
influência sobre os possíveis danos
causados pelo estresse oxidativo nos
animais. O dano causado ao DNA de
linfócitos induzido por peróxido de
hidrogênio em leitões com 1 dia de idade é
significativamente maior do que naqueles
com 7 dias de idade, mostrando que a
queda do teor ferro hepático corresponde a
redução da sensibilidade dos linfócitos do
sangue para o estresse oxidativo
(KRUSZEWSKI et al., 2008).
Os criadores de suínos preocupam-
se com as questões nutricionais da ração,
porém há uma necessidade de cuidado com
a conservação da mesma. A micotoxina
zearalenona que pode contaminar os grãos
da ração de suínos, além de ter como
consequência o estrogenismo nas fêmeas
suínas (BAUER et al., 1987), também tem
impacto sobre o estresse oxidativo,
principalmente em leitões recém-
desmamados, onde a micotoxina aumenta a
84
Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715
706
expressão da GPx e CAT, e diminui a
expressão da SOD (MARIN et al., 2013).
Um momento que merece especial
atenção na suinocultura é a reprodução,
pois comportamentos sexuais são restritos
nas matrizes, causando estresse (BORELL
et al., 2007). Dados mostram que o período
antes do estro nas porcas é um modelo
promissor para se estudar respostas e
tratamentos em relação ao estresse
oxidativo através de marcadores, como,
selênio e GPx, os quais são modulados
pela suplementação dietética através de
vitamina B6 durante o pré-estro em porcas
púberes (DALTO et al., 2015).
Em estudo do nosso grupo de
pesquisa, foram avaliados alguns
biomarcadores do estresse oxidativo
associados as condições inerentes as fases
de creche, crescimento e terminação,
observando-se uma menor quantidade de
albumina e uma maior quantidade de MDA
e NO em suínos no final da fase de creche
em comparação as outras fases estudadas
(BEZERRA, 2014).
2.2) Estresse oxidativo e patologias
associadas
Há uma vasta literatura existente
que correlaciona o papel do estresse
oxidativo no desenvolvimento de
condições patológicas crônicas e no
envelhecimento dos organismos no geral
(LYKKESFELDT & SVENDSEN, 2007).
Durante os processos metabólicos normais,
os radicais livres são gerados
continuamente no interior dos sistemas
vivos, porém a sua taxa de produção
aumenta em certas condições inflamatórias
e em doenças (DIMRI et al., 2014).
A resposta inflamatória abrange a
ativação de geradores de radicais livres em
vários tipos de células, que tem como uma
das principais consequências a peroxidação
lipídica no hospedeiro (KADIISKA et al.,
2015). A associação do estresse oxidativo
com a inflamação pode ser visualizada em
patologias em que há um aumento dos
marcadores do desequilíbrio oxidativo em
paralelo com o aumento das proteínas de
fase aguda, como a haptoglobina, por
exemplo (DEBLANC et al., 2013)
O estresse oxidativo vem sendo
estudado em suínos através das patologias
que podem acomete-los. Quando esse é
induzido pela própria infecção ou já
estabelecido no hospedeiro no momento da
infecção, esse desequilíbrio pode participar
da patogenicidade do vírus (DEBLANC et
al., 2013). A seguir serão mencionadas
algumas patologias que acometem suínos e
comprometem o seu equilíbrio oxidativo
(Tabela 2).
2.2.1) Patologias induzidas por
patógenos
As principais patologias
relacionadas com estresse oxidativo em
suínos são: pneumonia, onde é observado
um declínio nos níveis de ascorbato,
85
Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715
707
enterite, com aumento da produção de
nitrito no intestino e, sepse, acompanhada
de declínio dos antioxidantes do organismo
e de aumento da peroxidação lipídica
(LYKKESFELDT & SVENDSEN, 2007).
É reconhecido que infecções virais
induzem o estresse oxidativo no
hospedeiro infectado (DEBLANC et al.,
2013). No caso dos suínos, isso é
observado em doença causada pelo
circovírus suíno do tipo 2, onde os animais
infectados têm alterações no seu estado
oxidativo. Dessa forma, a suplementação
de selênio na dieta pode ser um método
eficaz para retardar a progressão da
doença, reduzindo a morbidade através da
regulação redox dependente da replicação
do vírus (CHEN et al., 2012).
Nos casos de coinfecção, como por
exemplo, a coinfecçao do Mycoplasma
hyopneumoniae com H1N1, o estresse
oxidativo é induzido, bem como uma
resposta a esse estresse, com aumento da
GPx e redução na proporção proteínas
tiol/proteína total, indicando uma
estimulação do sistema antioxidante
(DEBLANC et al., 2013).
Doença de pele também pode
comprometer o equilíbrio oxidante-
antioxidante dos animais. Os suínos, por
exemplo, podem ser acometidos pela sarna
sarcóptica, e nesse caso, a infestação por
Sarcoptes scabiei var. suis induz alterações
nos marcadores do estresse oxidativo e
deteriora o sistema de defesa antioxidante.
Há aumento dos níveis de MDA e
atividades reduzidas de SOD, CAT e
glutationa S-transferase (GST), tanto na
pele quanto no sangue de suínos com sarna
sarcóptica clínica (DIMRI et al., 2014).
2.2.2) Patologias de outras origens
O estresse oxidativo também tem
relação com patologias de origem
inflamatória em suínos, como no caso da
otite média, onde há um aumento na
produção de radicais livres, causando
danos celulares e teciduais com
agravamento do processo inflamatório,
além do aumento da peroxidação lipídica,
mensurada através do MDA nos eritrócitos
dos animais portadores dessa doença
(AKTAN et al., 2003).
Em modelo experimental de
diabetes em suínos, foi observado aumento
do estresse oxidativo, através do aumento
da SOD, e maior expressão de mediadores
inflamatórios nas artérias coronárias com o
desenvolvimento de aterosclerose
coronária avançada (ZHANG et al., 2013).
A aterosclerose geralmente acomete
os suínos de forma precoce, e dietas ricas
em colesterol contribuem para esse achado
e consequente estresse oxidativo, com
aumento de MDA hepático e redução da
atividade de GST (ÇOBAN et al., 2013).
86
Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715
708
A melhor compreensão dos fatores
envolvidos no estresse oxidativo
relacionados com patologias nos suínos
podem auxiliar no desenvolvimento de
estratégias para o controle de doenças,
melhorando o estado de saúde e o bem-
estar dos animais, e reduzindo assim
medicações e risco zoonótico (DEBLANC
et al., 2013).
A emergente exigência de
importadores e de grupos específicos de
consumidores pela retirada de
antimicrobianos das dietas de suínos tem
promovido o interesse por aditivos
alternativos que garantam a produtividade
sem afetar a qualidade do produto final,
como exemplo desses produtos, temos os
antioxidantes (LANFERDINI et al., 2013).
A terapia antioxidante fornece uma
alternativa de tratamento potencialmente
importante e de baixo custo para doenças
relacionadas ao estresse oxidativo, embora
o seu uso ainda seja controverso, sendo
necessários mais estudos nessa área
(LYKKESFELDT & SVENDSEN, 2007).
2.3) Redução do estresse oxidativo
com suplementação nutricional na
suinocultura
O equilíbrio oxidante-antioxidante
em suínos pode ser influenciado também
por questões nutricionais, por isso o uso de
ração e suplementos na suinocultura deve
ser cuidadoso (FALOWO et al., 2014). Os
produtos antioxidantes mais utilizados para
suínos são sintéticos com base na vitamina
E, porém, os compostos naturais,
principalmente os fenólicos, já estão sendo
avaliados quanto a sua eficácia como
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antioxidantes na suinocultura (ROSSI et
al., 2013).
O pós-desmame é considerado um
dos períodos mais delicados na produção
de suínos, uma vez que é caracterizado por
baixo consumo de ração e aumento do
estresse, que pode desencadear o estresse
oxidativo (AMAZAN et al., 2012). O
estresse oxidativo em leitões recém-
desmamados diminui a digestibilidade de
nutrientes e o crescimento desses animais
(SHI-BIN et al., 2007), por isso, essa fase
torna-se uma das mais importantes para a
suplementação com antioxidantes. A
suplementação com vitamina E em porcas
gestantes e leitões aumenta a concentração
sérica de α-tocoferol nos leitões,
produzindo assim um melhor estado
oxidativo 5 e 20 dias pós-desmame
(AMAZAN et al., 2012).
A vitamina C também tem sua
importância, pois é um dos antioxidantes
biológicos mais eficazes e seus níveis em
tecidos podem ser alterados por mudanças
no consumo alimentar (SHANG et al.,
2002). Com isso, torna-se importante a
suplementação com essa vitamina na
alimentação dos suínos, principalmente
para os mais jovens. O uso da vitamina C é
importante para leitões recém-
desmamados, já que a mesma atua como
protetora contra o dano oxidativo ao DNA
e as proteínas, e a sua deficiência pode
alterar a homeostase “redox” do cérebro e
aumento da oxidação de lipídios
(LYKKESFELDT et al., 2007).
Nos últimos anos, tem sido dada
uma especial atenção a uma série de
produtos naturais (plantas medicinais,
frutas e extratos) que podem ser utilizados
com fontes antioxidantes potenciais
(FALOWO et al., 2014). Na produção
animal aumentou-se o número de pesquisas
que correlacionam esses produtos e o
estado oxidativo dos animais, onde
principalmente, frutas e óleos vegetais têm
provado serem benéficos na redução do
estresse oxidativo, visando uma melhoria
na saúde animal e um melhor custo-
benefício (PAJK et al., 2006).
A seguir, veremos alguns exemplos
de produtos naturais que vem sendo
utilizados na suinocultura com resultados
satisfatórios. A atividade antioxidante total
do sangue tende a ser maior em suínos que
recebem suplementação com antioxidantes
naturais provenientes de plantas a longo
prazo do desmame ao abate quando
comparados com suínos que não recebem
suplementação antioxidante (ROSSI et al.,
2013).
Como é o caso do flavonoide
quercetina, que vem sendo utilizado na
suplementação da ração de suínos. A
quercetina é um poupador de vitamina E
que tem efeito antioxidante sobre a
peroxidação lipídica em suínos em
crescimento, assim demonstrando que o
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uso de suplementos fitogênicos na ração
dos animais pode substituir parcialmente a
suplementação com vitamina E
(LUEHRING et al., 2011).
Outros produtos naturais que
podem suplementar a dieta dos suínos são
as frutas. O uso de frutas como maçãs,
morangos e tomates na dieta de suínos tem
mostrado ser benéfico na redução do
estresse oxidativo, com enfoque na
peroxidação lipídica, induzido pela
ingestão de elevado teor de gordura (PAJK
et al., 2006). A “blueberry” também pode
ser utilizada na suplementação contra o
estresse oxidativo, já que a mesma tem
ação antioxidante e antilipêmica (ÇOBAN
et al., 2013).
Óleos essenciais também são
utilizados como opção natural contra o
estresse oxidativo, como por exemplo o
óleo essencial de orégano que reduz
significativamente os níveis de MDA no
fígado e aumenta a atividade de enzimas
antioxidantes, reduzindo a oxidação
lipídica e o estresse causado pelo
transporte de suínos em terminação,
apresentando efeitos semelhantes a
suplementação sintética de vitamina E
(ZHANG et al., 2015).
A exploração de antioxidantes
naturais torna-se ainda mais importante,
pois além de combater os desafios da
instabilidade oxidativa dos suínos, diminui
os riscos do consumo de substâncias
sintéticas por esses animais, e
consequentemente, pelos humanos
(FALOWO et al., 2014).
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Apesar de muitos autores
abordarem o estresse oxidativo na
produção animal, ainda é necessário um
maior conhecimento de seus
biomarcadores associados ao manejo de
suínos. Os dados coletados dos diversos
artigos científicos possibilitaram concluir
que o estresse oxidativo tem impacto sobre
a suinocultura, e que através da detecção
desse desequilíbrio pode ser possível uma
adequada interferência com suplementação
de antioxidantes não enzimáticos para
favorecer a saúde e o desempenho dos
suínos.
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