94
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS DOUTORADO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS BELISE MARIA OLIVEIRA BEZERRA INFLUÊNCIA DE OBJETOS DE ENRIQUECIMENTO E DE ÓLEOS VEGETAIS SOBRE ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE FORTALEZA-CEARÁ 2019

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

FACULDADE DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

DOUTORADO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

BELISE MARIA OLIVEIRA BEZERRA

INFLUÊNCIA DE OBJETOS DE ENRIQUECIMENTO E DE ÓLEOS VEGETAIS

SOBRE ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE

CRECHE

FORTALEZA-CEARÁ

2019

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

2

BELISE MARIA OLIVEIRA BEZERRA

INFLUÊNCIA DE OBJETOS DE ENRIQUECIMENTO E DE ÓLEOS VEGETAIS SOBRE

ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE

FORTALEZA-CEARÁ

2019

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Veterinárias

da Faculdade de Veterinária da

Universidade Estadual do Ceará,

como requisito parcial para obtenção

do título de Doutor em Ciências

Veterinárias.

Área de Concentração: Reprodução e

Sanidade Animal

Linha de Pesquisa: Reprodução e

Sanidade de carnívoros, onívoros,

herbívoros e aves

Orientadora: Profa. Dra. Diana Célia

Sousa Nunes-Pinheiro

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

3

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

4

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

5

A Deus e aos meus pais, Benito e Conceição, dedico.

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

6

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me guiar em todos os momentos da minha vida, me trazendo muita paz, oportunidades

e discernimento.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias (PPGCV) pela oportunidade de

continuar estudando e me dedicando à pesquisa.

Ao Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de

Doutorado concedida.

À granja Xerez e seus funcionários, em especial ao Médico Veterinário, Tiago Silva Andrade, pela

recepção, ajuda e acolhimento para realização do experimento.

À minha orientadora, Diana Célia Sousa Nunes Pinheiro, por toda dedicação e orientação, e por

ter me inserido e apoiado na pesquisa científica desde o começo.

Ao meu co-orientador, José Nailton Bezerra Evangelista, por ter me apresentando a suinocultura

e ser sempre um facilitador nos meus trabalhos científicos.

Ao professor colaborador, Pedro Henrique Watanabe, por toda disponibilidade e ajuda no

experimento.

Aos membros da banca e professores, Airton Alencar Araújo e Ricardo Toniolli, por prontamente

aceitarem o convite.

Aos alunos e integrantes do setor de suinocultura da UECE pela intensa dedicação e apoio em

todos os momentos do experimento.

Aos meus colegas do Laboratório de Imunologia e Bioquímica Animal (LIBA) por dividirem

comigo os desafios diários da pesquisa cientifica.

À minha família, em especial, aos meus pais, Benito Costa Bezerra e Conceição de Maria Oliveira

Bezerra, e ao meu irmão, Benito Costa Bezerra Filho, pelo apoio e amor incondicional em todos

os momentos da minha vida.

Aos animais, em especial aos suínos e aos meus animais de estimação, que me inspiram a trabalhar

com empenho todos os dias.

Muito Obrigada!

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

7

RESUMO

O enriquecimento ambiental é uma ferramenta importante dentro dos sistemas de produção para

promover o bem-estar e favorecer a saúde dos animais. Nos sistemas de produção, os produtos

naturais vêm se destacando na substituição a produtos sintéticos. Portanto, o objetivo deste

trabalho foi avaliar o efeito de objetos de enriquecimento e suplementação com óleos vegetais

sobre parâmetros fisiológicos de leitões na fase de creche. Para avaliar o uso dos objetos de

enriquecimento, foram utilizados 32 leitões alojados em granja experimental, distribuídos em

4 grupos (n=8): corda, corrente, garrafa pet e controle negativo. Amostras de sangue foram

coletadas no início e no final do experimento para contagem de leucócitos circulantes e

determinação de antioxidantes não-enzimáticos, óxido nítrico, malondialdeido, e de saliva para

avaliação do cortisol. Foi aplicado etograma e avaliação do ganho médio de peso diário e a

conversão alimentar. Os parâmetros avaliados no primeiro dia do experimento não variaram

entre os grupos (p > 0,05). No último dia do experimento, os valores de neutrófilos e da relação

neutrófilo/linfócito foram mais elevados nos leitões do grupo corrente, assim como os valores

de cortisol salivar (p < 0,05). O ácido úrico apresentou-se mais elevado nos leitões do grupo

corrente e o malondialdeído (MDA) nos do grupo garrafa (p < 0,05). Para avaliação da

suplementação com óleo vegetais, foram utilizados 180 leitões alojados em granja comercial,

distribuídos em 3 grupos (n=60) conforme suplementação alimentar: óleo de pequi, óleo de

girassol e controle negativo. Amostras de sangue e o peso dos animais foram obtidos nos

intervalos de quatro trocas de rações da fase de creche para avaliação do desempenho, da

resposta inflamatória, perfil lipídico e “status” oxidativo. Os parâmetros fisiológicos

mensurados demonstraram que os óleos interferiram positivamente na resposta inflamatória

sistêmica (p < 0,05), no equilíbrio oxidante-antioxidante (p < 0,05) e no metabolismo lipídico

(p < 0,05). Por outro lado, esses óleos vegetais interferiram no ganho de peso e no consumo de

ração (p < 0,05). Sendo assim, concluí-se que objetos de enriquecimento e suplementação com

óleos vegetais provocam alterações fisiológicas e tem impacto negativo no desempenho

zootécnico de leitões na fase de creche.

Palavras-chave: suínos. objetos de enriquecimento. antioxidantes naturais. parâmetros

fisiológicos. desempenho zootécnico.

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

8

ABSTRACT

Environmental enrichment is an important tool within production systems to promote well-

being and promote animal health. In the production systems, the natural products have been

emphasizing in the substitution to synthetic products. Therefore, the objective of this work was

to evaluate the effect of enrichment and supplementation objects with vegetable oils on the

physiological parameters of piglets in the nursery phase. In order to evaluate the use of

enrichment objects, 32 piglets housed in an experimental farm were distributed in 4 groups (n

= 8): rope, chain, pet bottle and negative control. Blood samples were collected at the beginning

and end of the experiment to count circulating leukocytes and to determine non-enzymatic

antioxidants, nitric oxide, malondialdehyde, and saliva to evaluate cortisol. An etogram and

evaluation of mean daily gain and feed conversion were applied. The parameters evaluated on

the first day of the experiment did not vary between groups (p> 0.05). On the last day of the

experiment, neutrophil and neutrophil / lymphocyte ratios were higher in piglets of the current

group, as were salivary cortisol values (p <0.05). Uric acid was higher in the piglets of the

current group and malondialdehyde (MDA) in the bottle group (p <0.05). To evaluate the

supplementation with vegetable oil, 180 piglets were housed in commercial farm, distributed

in 3 groups (n = 60) according to food supplementation: pequi oil, sunflower oil and negative

control. Blood samples and animal weight were obtained at intervals of four rats exchanges of

the day care phase to evaluate the performance, inflammatory response, lipid profile and

oxidative status. The physiological parameters measured showed that the oils interfered

positively in the systemic inflammatory response (p <0.05), the oxidant-antioxidant balance (p

<0.05) and lipid metabolism (p <0.05). On the other hand, these vegetable oils interfered in

weight gain and feed intake (p <0.05). Thus, it was concluded that objects of enrichment and

supplementation with vegetable oils cause physiological changes and have a negative impact

on the zootechnical performance of piglets in the nursery phase.

Key words: pigs. enrichment objects. natural antioxidants physiological parameters

zootechnical performance.

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 -

Figura 2 –

Figura 3 –

Figura 1 -

REVISÃO DE LITERATURA

Fatores associados ao conceito de bem-estar animal........................

Medidas para promoção do bem-estar animal na

suinocultura.........................................................................................

Danos moleculares desencadeados pelo estresse

oxidativos............................................................................................

CAPÍTULO 1

Principais comportamentos de leitões em fase de creche avaliados

por etograma......................................................................................

16

18

22

52

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1-

Tabela 1 -

Tabela 2-

Tabela 3-

Tabela 4-

Tabela 5 -

Tabela 6-

Tabela 7-

Tabela 1-

Tabela 2-

Tabela 3

Tabela 4-

REVISÃO DE LITERATURA

Componentes antioxidantes enzimáticos e não enzimáticos e suas funções.

CAPÍTULO 1

Variáveis de desempenho de leitões na fase de creche submetidos a

enriquecimento ambiental...........................................................................

Padrões de comportamento avaliados em etograma aplicado......................

Parâmetros fisiológicos em leitões na fase de creche submetidos a

enriquecimento ambiental........................................................................

Correlação entre cortisol salivar, relação N/L e ácido úrico dos leitões do

grupo corrente.............................................................................................

Parâmetros fisiológicos em leitões na fase de creche submetidos a

enriquecimento ambiental..........................................................................

Correlação entre MDA, GMPD, ácido úrico e óxido nítrico dos leitões do

grupo garrafa.............................................................................................

Comportamentos de leitões na fase de creche avaliados por etograma.......

CAPÍTULO 2

Desempenho de leitões na fase de creche suplementados com óleos de pequi

e girassol............................................................................................................

Avaliação inflamatória sistêmica de leitões na fase de creche

suplementados com óleos de pequi e girassol.................................................

Perfil Lipídico de leitões na fase de creche suplementados com óleos de

pequi e girassol........................................................................................

Correlação entre cortisol salivar, relação N/L e ácido úrico dos leitões do

grupo corrente............................................................................................

21

45

46

47

48

49

50

51

64

65

66

67

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

º Grau

ºC Graus Celsius

% Percentagem

µL Microlitro

µg Micrograma

ABMVZ Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia

ANOVA Análise de variância

CA Conversão alimentar

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CDR Consumo diário de ração

CEUA Comitê de ética para uso de animais

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CV Coeficiente de Variância

DNA Ácido desoxirribonucleico

dL Decilitro

EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético

ELISA Ensaio imunoabsorvente ligado a enzimas

EROS Espécies reativas de oxigênio

FAVET Faculdade de Veterinária

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

GC Grupo Controle

GCd Grupo Corda

GCt Grupo corrente

GDP Ganho diário de peso

GMPD Ganho médio de peso diário

GG Grupo Garrafa

GPx Glutationa peroxidase

HDL Lipoproteína de alta densidade

Kg Kilograma

LDL Lipoproteína de baixa densidade

Linfo Linfócitos

m Metro

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

12

mm Milímetro

mg Miligrama

MDA Malondialdeído

MRO Metabólitos reativos de oxigênio

NEU Neutrófilos

nm Nanômetro

nmol Nanomol

NO Óxido nítrico

ON Óxido nítrico

PPGCV Programa de Pós-Graducação em Ciências Veterinárias

PPGZ Programa de Pós-Graduação em Zootecnia

PT Proteína total

PUFA Ácido graxos poli-insaturados

RPM Rotações por minuto

SNK Student-Newman-Keuls

SOD Superóxido dismutase

TBA Ácido tiobarbitúrico

UECE Universidade Estadual do Ceará

UFC Universidade Federal do Ceará

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

13

SUMÁRIO

1

2

2.1

2.2

2.2.1

2.2.2

2.3

2.3.1

2.3.2

2.3.3

2.3.4

2.4

2.4.1

2.4.2

2.4.3

2.4.4

3

4

5

6

7

8

9

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................

REVISÃO DE LITERATURA......................................................................

ESTRESSE...................................................................................................................

BEM ESTAR ANIMAL: CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................

Bem estar animal na suinocultura ............................................................................

Enriquecimento ambiental ........................................................................................

ESTRESSE OXIDATIVO: CONSIDERAÇÕES GERAIS .........................................

Antioxidantes ..............................................................................................................

Peroxidação lipídica ...................................................................................................

Biomarcadores do estresse oxidativo ........................................................................

Estresse oxidativo na suinocultura ...........................................................................

SUPLEMENTAÇÃO COM PRODUTOS NATURAIS..............................................

Antioxidantes ..............................................................................................................

Produtos ricos em ácidos graxos

Óleo de pequi ..............................................................................................................

Óleo de girassol ...........................................................................................................

JUSTIFICATIVA .......................................................................................................

HIPÓTESE .................................................................................................................

OBJETIVOS ...............................................................................................................

CAPÍTULO 1 - AVALIAÇÃO DO ESTRESSE E DESEMPENHO DE SUÍNOS

NA FASE DE CRECHE, EMPREGANDO TÉCNICAS DE

ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL.......................................................

CAPÍTULO 2 - SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEOS RICOS EM ÁCIDOS

GRAXOS POLI-INSATURADOS NA DIETA DE LEITÕES NA FASE DE

CRECHE: EFEITOS NO DESEMPENHO, NA RESPOSTA

INFLAMATÓRIA, PERFIL LIPÍDICO E “STATUS”

OXIDATIVO....................................................................................................

CONCLUSÕES ..........................................................................................................

PERSPECTIVAS .......................................................................................................

REFERÊNCIAS .........................................................................................................

APÊNDICE................................................................................................................

APÊNDICE A – CERTIFICADO DO CEUA(uece)................................................

APÊNDICE B – ARTIGO DE REVISÃO.................................................................

14

15

15

15

16

17

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

29

30

32

53

66

67

68

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

14

1 INTRODUÇÃO

A busca da sociedade e do mercado externo por produtos éticos e de qualidade tem

conquistado alguns progressos na produção de animais, como por exemplo, a implantação de

medidas de bem-estar e promoção da saúde, onde destacam-se os objetos de enriquecimento e

a substituição de medicamentos sintéticos por produtos naturais (BAPTISTA et al., 2011; LIN

et al., 2018).

Para evitar o estresse e promover o bem-estar animal, o enriquecimento ambiental é

utilizado em sistema de produção de confinamento pois permite a expressão de

comportamentos específicos da espécie, diminuindo a incidência de comportamentos negativos

que interferem na saúde dos animais com repercussão em seus parâmetros fisiológicos

(NANNONI et al., 2018; BROOM & MOLENTO, 2004).

Na suinocultura, são utilizados diversos objetos de enriquecimento fixos ou móveis,

como por exemplo, jornais, garrafas, palha, todos eles com intuito de reduzir o estresse entre os

animais, promovendo a saúde dos mesmos, com consequente efeitos benéficos nos sistemas de

produção (VAN DE WEERD et al., 2006; TELKÄRANTA et al., 2014; CAMPOS et al., 2010).

Quando o bem-estar não é preservado nos sistemas de produção, os animais ficam

submetidos aos efeitos do estresse. Dentre os danos causados por situaçãoes estressantes, pode-

se destacar o estresse oxidativo que é o desequilíbrio entre sistemas pró-oxidantes e

antioxidantes. Um dos principais mecanismos de lesão causados por ele é a lipoperoxidação,

ou seja, a oxidação da camada lipídica da membrana celular, desencadeando alterações na

função celular e tecidual (SCHNEIDER & OLIVEIRA, 2004).

O estresse oxidativo pode trazer efeitos deletérios para os suínos, causando prejuízos à

saúde desses animais, e dessa maneira, refletindo na produção da suinocultura. Os fatores que

podem desencadear o estresse oxidativo são, por exemplo, nutrição inadequada e permanência

dos animais em condições de estresse (ANDRADE et al., 2010).

Na tentativa de melhorar de amenizar os efeitos causados pelo estresse e o estresse

oxidativo nos animais, tem sido proposto o uso de produtos alternativos, onde destacam-se, os

aditivos fitogênicos, como extratos e óleos derivados de plantas ricas em moléculas bioativas

com uma ampla gama de efeitos fisiológicos (BURT, 2004). Os mais utilizados são os óleos

ricos em ácidos graxos poli-insaturados e antioxidantes que já são utilizados, popularmente,

com efeitos anti-inflamatório e cicatrizante, dentre eles, podemos destacar o óleo de pequi e o

óleo de girassol (OLIVEIRA et al., 2010; LIN et al., 2018).

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

15

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ESTRESSE

O estresse é uma reação reflexa de animais em ambientes adversos e provoca

consequências que podem levar ao desconforto ou até à morte dos mesmos (DAS et al., 2016).

Nos sistemas de produção, o estresse de animais em confinamento, geralmente, é associdado a

densidades elevadas, condições climáticas inóspitas e ambientes monótonos (Das et al., 2016;

MULLAN et al., 2009; MAIA et al., 2013).

Os animais e seres humanos respondem a um estresse agudo através do estímulo do eixo

hipotálamo-pituitária-adrenal, que por sua vez, induz a uma hipersecreção de cortisol,

resultando no seu aumento na circulação sanguínea. Por isso, esse hormônio é bastante utilizado

para avaliação de situações que causam estresse (SRITHUNYARAT et al., 2018).

Porém, a definição de estresse simplesmente como um estímulo ou um evento que

provoque atividade do córtex da adrenal, de maneira isolada, não tem valor científico e prático.

Esse conceito deve ser associado a avaliação de critérios do que é adverso a um animal

(BROOM & MOLENTO, 2004).

Mudanças nos padrões de comportamento, muitas vezes, representam o primeiro nível

de resposta de um animal a uma adversidade ou estresse ambiental, dessa forma o estresse pode

ser avaliado através de análises comportamentais e fisiológicas (TEMPLE et al., 2011).

2.2 BEM ESTAR ANIMAL: CONSIDERAÇÕES GERAIS

Bem-estar deve ser definido de forma que permita pronta relação com outros conceitos,

tais como: necessidade, liberdade, felicidade, adaptação, controle, capacidade de previsão,

sentimentos, sofrimento, dor, ansiedade, medo, tédio, estresse e comprometimento da

imunidade. A palavra estresse deve ser utilizada para descrever aquela porção do bem-estar que

se refere a falência na tentativa de enfrentar as dificuldades (BROOM & MOLENTO, 2004)

(Figura 1).

Estresse e bem-estar compartilham muitas características comuns, ambos os conceitos

têm sido descritos em termos de respostas fisiológicas e comportamentais e estas respostas, em

grande parte se sobrepõem. A liberação de cortisol, taquicardia, susto, fuga e luta são usados

para descrever as respostas ao estresse, bem como para avaliar o estado de bem-estar

(VEISSIER & BOISSY, 2007).

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

16

Figura 1 - Fatores associados ao conceito de bem-estar animal.

Fonte: Elaborado pelo autor

Cada definição de bem-estar animal é influenciada pelos padrões morais e éticos das

sociedades. Por isso, torna-se tão complexo definir o bem-estar animal. De uma maneira ampla

podemos considerar o seguinte conceito: Bem-estar é ausência de lesão ou de algum

comprometimento, em outras palavras, ausência de sofrimento (OHL & STAAY, 2012).

O conceito de bem-estar animal refere-se ao estado de um indivíduo em uma escala

variando de muito bom a muito ruim, portanto trata-se de um estado mensurável. Ao se

considerar como avaliar o bem-estar de um indivíduo, é necessário haver de início um bom

conhecimento da biologia do animal (BROOM & MOLENTO, 2004).

O bem-estar animal pode ser melhorado pelo uso de enriquecimento ambiental, e um

dos seus principais mecanismos é a criação de oportunidades comportamentais para permitir

que um animal expresse o controle sobre o seu meio-ambiente. Esses objetos devem ocupar e

desviar os animais da realização de comportamentos anômalos (VAN DE WEERD et al., 2006).

2.2.1 Bem-estar animal na suinocultura

A suinocultura passou por profundas alterações tecnológicas nas últimas décadas,

visando principalmente, o aumento da produtividade e redução dos custos de produção. Na

suinocultura brasileira, predomina o sistema de confinamento intensivo com o objetivo de

aperfeiçoar o desempenho econômico e produtivo, por outro lado, os produtores sofrem pressão

da sociedade para que se valorize o bem-estar animal, sendo necessários mais conhecimentos

científicos nessa área (BAPTISTA et al., 2011).

O sistema de produção que mais se aproxima do natural para suínos é o extensivo. Já

foi observado que suínos ibéricos mantidos em condições extensivas são mais propensos a lidar

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

17

com seu ambiente e executar padrões normais de comportamento. Em condições intensivas, há

elevada ocorrência de comportamentos sociais “negativos”, pois esse sistema não possibilita a

expressão de comportamentos normais para essa espécie (TEMPLE et al., 2011).

No sistema intensivo, a suinocultura possui diversas fases de criação e cada uma delas

pode desencadear situações estressantes. A reprodução é uma fase delicada, pois matrizes

suínas podem ter seu desempenho prejudicado por estresse prolongado com elevações

constantes de cortisol plasmático (TURNER et al., 2005).

As fases subsequentes são a gestação e maternidade que são marcadas pelo uso de

gaiolas que causam estresse, além disso a separação dos leitões e da matriz no final da

maternidade também é um período crítico. A longevidade dessa relação pode melhorar o bem-

estar, mas com isso diminuiria o avanço da taxa de crescimento de suínos criados para o abate

(GOURDINE et al., 2010).

O intervalo desmame-acasalamento das fêmeas também é considerado modelo de

estudo para o bem-estar, pois as mesmas, nesse período, são submetidas a novas relações

sociais. Uma forma de evitar o estresse nessa fase é manter grupos contemporâneos de porcas,

contribuindo para uma menor taxa de agressão devido ao menor número de apresentações das

matrizes (GOURDINE et al., 2010).

Para os leitões, o pós-desmame e a fase de creche são períodos considerados críticos,

uma vez que são caracterizados pela baixa ingestão de alimentos e aumento do estresse, devido

a adaptação desses animais com o novo ambiente e com a dieta sólida (AMAZAN et al., 2012;

TEODORO et al., 2008).

Nas fases seguintes que são de crescimento e terminação, a alta densidade, a

claudicação, competição por comida e falta de conforto na área de repouso comprometem o

bem-estar dos suínos (MULLAN et al., 2009). Para evitar o estresse nessas fases, a densidade

pode ser reduzida e objetos de enriquecimento podem ser implementados, determinando

modificações no comportamento dos suínos com impacto no bem-estar animal (CORNALE et

al., 2015).

Além dos fatores estressantes observados nas fases de criação da suinocultura, o

transporte de suínos em condições comerciais (que inclui manuseio, condução e mudança de

ambiente) representa um modelo complexo de estresse, sendo considerado adequado para

avaliação primária de biomarcadores de estresse (SOLER et al., 2013)

2.2.2 Enriquecimento ambiental

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

18

Há dois tipos de medidas que podem ser utilizadas para reduzir o estresse no sistema

produtivo de suínos: as que interferem claramente no bem-estar, como exemplo a eliminação

de procedimentos cruentos na criação, e as que colaboram como a amenização do estresse, onde

destaca-se o enriquecimento ambiental (MAIA et al., 2013) (Figura 2).

Figura 2 - Medidas para promoção do bem-estar animal na suinocultura.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os objetos de enriquecimento devem ser projetados para melhorar o bem-estar,

permitindo atendimento as necessidades comportamentais, reduzindo comportamentos

anormais e estresse (TELKÄRANTA et al., 2014). Suínos em ambiente enriquecido

demonstram evidência comportamental de melhor bem-estar quando comparados a outros em

ambiente confinado sem enriquecimento (CAMPOS et al., 2010).

Em sistemas intensivos, a cama de palha é o melhor tipo de ocupação para suínos em

terminação, evitando a mordedura de cauda, embora seu uso traga dificuldade na limpeza e

concentração elevada de amônia. Quando não for possível o fornecimento da mesma, podem

ser utilizados outros tipos de enriquecimento, como brinquedos e substratos alimentares, esses

não afetam negativamente a produção e também impedem as mordeduras de cauda (VAN DE

WEERD et al., 2006).

A disponibilização de brinquedos para suínos pode favorecer o bem-estar dos mesmos.

A mordedura de cauda é um problema comum na suinocultura e afeta o bem-estar dos animais,

com impactos na produção, esse problema pode ser amenizado com a presença de jornal e

cordas de sisal para leitões recém-nascidos até o desmame, reduzindo a incidência desse tipo

de comportamento entre os leitões (TELKÄRANTA et al., 2014).

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

19

Na fase de creche, garrafas pet que são objetos móveis são atraentes para suínos, porém

esses animais se acostumam rápido com esse tipo de brinquedo, tendo que os mesmos serem

renovados constantemente e expostos por pouco tempo, pois logo brincar entres si torna-se mais

interessante do que com esses objetos (CAMPOS et al., 2010).

A introdução de objetos de enriquecimento na suinocultura deve ser cuidadosa, pois

esses podem afetar o desempenho dos suínos, se esses objetos possuírem potenciais efeitos

negativos sobre a produção podem dificultar a adoção de enriquecimento em escala comercial

maior. O tamanho limitado do ponto de enriquecimento pode restringir o acesso dos suínos,

causando competição, agressividade ou agitação nos grupos de animais (VAN DE WEERD et

al., 2006).

2.3 ESTRESSE OXIDATIVO: CONSIDERAÇÕES GERAIS

Para manter condições fisiológicas adequadas, o organismo necessita de equilíbrio entre

oxidantes e antioxidantes (PAJK et al., 2006). A oxidação é parte fundamental da vida aeróbica

e do metabolismo, e assim, os radicais livres são produzidos naturalmente ou por alguma

disfunção biológica (BARREIROS et al., 2006). Uma percentagem de 2 a 5% de oxigênio

consumido durante uma reação metabólica é convertido em radicais livres sob a forma de

espécies reativas de oxigênio (EROS) (FALOWO et al., 2014). O estresse oxidativo é

comumente definido como um desequilíbrio entre a produção de EROS e o sistema antioxidante

de um organismo, a favor das EROS (SIES, 1991).

Os radicais livres são moléculas que possuem um ou mais elétrons desemparelhados, o

que os torna altamente reativos. Dentre eles, os mais importantes são o radical hidroxila, o ânion

superóxido, óxido nítrico e o radical peroxil (FIRUZI et al., 2011). Em baixos níveis esses

radicais são mediadores indispensáveis em muito processos biológicos, incluindo diferenciação

celular, regulação da via de sinalização celular, controle de expressão gênica, apoptose,

modulação do músculo esquelético e na defesa contra agentes patogênicos invasores

(FALOWO et al., 2014). Contudo, em quantidades elevadas ou quando não são removidos dos

organismos adequadamente podem causar problemas metabólicos e danos em moléculas

biológicas, como DNA, proteínas e lipídios (AKTAN et al., 2003; DEBLANC et al., 2013).

O dano oxidativo inclui a modificação oxidativa de macromoléculas celulares, danos

estruturais nos tecidos, morte celular por apoptose ou necrose (LYKKESFELDT &

SVENDSEN, 2007). A toxicidade dos EROS é controlada por uma rede complexa de

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

20

antioxidantes enzimáticos e não-enzimáticos presentes no soro, eritrócitos, em órgãos e tecidos

(DALTO et al., 2015; AKTAN et al., 2003).

2.3.1 Antioxidantes

A geração excessiva de EROS resulta na estimulação de enzimas envolvidas na sua

regulação, tais como, a glutationa peroxidase (GPx), superóxido dismutase (SOD) e a catalase

(CAT). Esses mediadores também estão envolvidos na oxidação de componentes antioxidantes

como, glutationa, grupo tiol de proteínas, vitaminas A, E, C, ceruloplasmina, transferina e

albumina, bem como no acúmulo de produtos de oxidação nos tecidos, os quais levam ao

aumento da quantidade de hidroperóxidos no sangue (DEBLANC et al., 2013; AKTAN et al.,

2003).

O sistema de defesa antioxidantes dos organismos é classificado em enzimático e não-

enzimático (Tabela 1). As principais enzimas antioxidantes em mamíferos são a GPx, a SOD e

a CAT (SHI-BIN et al., 2007), as quais compõem três sistemas enzimáticos.

Dois tipos de enzimas SOD catalisam a destruição do radical ânion superóxido O2-,

convertendo-o em oxigênio e peróxido de hidrogênio, enquanto a CAT atua na dismutação do

peróxido de oxigênio em oxigênio e água. A glutationa em conjunto com as enzimas glutationa

peroxidase e redutase catalisa a dismutação do peróxido de hidrogênio em água e oxigênio,

operando em ciclos entre sua forma oxidada e reduzida (BARREIROS et al., 2006).

O sistema não enzimático inclui compostos sintetizados pelo organismo como

bilirrubina, ácido úrico, albumina, ceruloplasmina entre outros, e aqueles oriundos da dieta

como as vitaminas A, C, E e flavonoides (SCHENEIDER & OLIVEIRA, 2004; AKTAN et al.,

2003).

A atividade antioxidante da bilirrubina ocorre principalmente quando se encontra ligada

com a albumina, esse é complexo considerado um dos antioxidantes naturais dos fluidos

extracelulares (BARREIROS et al., 2006). O ácido úrico é o antioxidante solúvel mais

abundante em humanos e contribui em até dois terços de toda a capacidade de eliminação de

radicais livres do plasma (WARING, 2002). A ceruloplasmina é uma α-globulina que está

envolvida no transporte e na regulação do cobre, podendo reduzir diretamente o oxigênio sem

intermediários conhecidos, e, portanto, participa do sistema de defesa antioxidante extracelular

(SCHENEIDER & OLIVEIRA, 2004).

As vitaminas A, C, E são consideradas excelentes no combate aos radicais livres e se

destacam no grupo dos antioxidantes não-enzimáticos (DALTO et al., 2015). A vitamina C

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

21

(ascorbato) é o principal antioxidante solúvel em água, o seu poder redutor é utilizado em

reações redox. O principal componente antioxidante da vitamina E, α-tocoferol, reduz peroxilas

a partir de, por exemplo, ácidos graxos poli-insaturados ou lipoproteínas, enquanto os da

vitamina A, β-caroteno e outros carotenoides, neutralizam o oxigênio atômico e outros elétrons

excitados, e também reagem com radicais peroxil e alcoxi (SIES & STAHL, 1995).

A concentração individual dos antioxidantes geralmente não é representativa da

atividade antioxidante total devido as interações sinérgicas e antagonistas entre eles (ROSSI et

al., 2013).

Tabela 1 - Componentes antioxidantes enzimáticos e não enzimáticos e suas funções.

Sistemas antioxidantes Componentes Principais funções Referências

Enzimáticos

GPx Dismutação de H2O2 SHI-BIN et al., 2007

SOD Destruição do O2- SHI-BIN et al., 2007

CAT Dismutação de H2O2 SHI-BIN et al., 2007

Não enzimáticos

Bilirrubina,

Ácido úrico

Eliminação de radicais

livres dos fluidos

extracelulares

BARREIROS et al.,

2006

Ceruloplasmina Redução de oxigênio SCHENEIDER &

OLIVEIRA, 2004

Vitamina A Neutralização O2 SIES & STAHL,

1995

Vitamina C Reação Redox SIES & STAHL,

1995

Vitamina E Redução de peroxilas SIES & STAHL,

1995

Fonte: Elaborado pelo autor.

2.3.2) Peroxidação lipídica

Se os sistemas antioxidantes não forem capazes de neutralizar os radicais livres, isso

gera danos oxidativos a lipídios, proteína e ácidos nucléicos dos organismos (PALANISAMY

et al., 2011). As reações desse excesso de radicais com ácidos graxos poli-insaturados presentes

nas membranas celulares e nas lipoproteínas, por exemplo, inicia um processo em cadeia

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

22

conhecido como peroxidacão lipídica ou lipoperoxidacao, que pode ser avaliado e utilizado

como indicador do estresse oxidativo (GROTTO et al., 2009) (Figura 3).

Os lipídios contêm um grande número de ácidos graxos poli-insaturados e quando são

aquecidos na presença do oxigênio produzem reações oxidativas que geram produtos como

peróxidos e hidroperóxidos (SHI-BIN et al., 2007). Essa peroxidação dos lipídios diminui a

fluidez e compromete a função de barreira das membranas, resultando em perturbações na

organização estrutural e na inibição enzimática, desencadeando uma possível morte celular

(AKTAN et al., 2003).

Seus produtos, hidroperóxidos lipídicos, aldeídos e o malondialdeído (MDA), são

citotóxicos e podem causar alterações celulares associadas ao envelhecimento, câncer, artrite e

aterosclerose (MOSELHY et al., 2013; LIMA & ABDALLA, 2001).

Figura 3 - Danos moleculares desencadeados pelo estresse oxidativo.

Fonte: Elaborado pelo autor

A avaliação da peroxidação lipídica através das dosagens de seus marcadores celulares

e teciduais em medicina veterinária é amplamente utilizada para o estudo do estresse oxidativo

em patologias, nas tecnologias reprodutivas e em respostas ao uso de produtos naturais

antioxidantes nas mais diferentes espécies (FINNO et al., 2018; BANDAY et al., 2017; KARA

et al., 2015).

2.3.3 Biomarcadores do estresse oxidativo

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

23

O estudo de biomarcadores do estresse oxidativo é um campo de crescente atenção e

vem amadurecendo bastante com esforços por parte dos pesquisadores para estudar e

compreender esses compostos tanto no nível químico como biológico-molecular (KADIISKA

et al., 2015).

O estresse oxidativo pode ser mensurado diretamente através da detecção da produção

de radicais livres, ou indiretamente, por mensuração de moléculas antioxidantes ou

biomarcadores de danos oxidativos (ROSSI et al., 2013).

Um dos métodos para avaliação direta do estresse oxidativo é através da mensuração

dos radicais livres. Um dos radicais livres comumente mensurado é óxido nítrico (NO) através

da mensuração de µg nitrito (reação de Griess) por µg de proteína (reação de Bradford), para

estimar a quantidade de NO na amostra (D´AVILA et al., 2008).

Os antioxidantes podem ser mensurados individualmente, através do uso de kits

comerciais, ou através da mensuração da capacidade antioxidantes total, que é difícil de ser

quantificada, pois antioxidantes podem ser encontrados no interior das células, nas membranas

celulares e nos fluidos extracelulares (ROSSI et al., 2013).

Para avaliação indireta, são utilizadas metodologias como a detecção de subprodutos da

peroxidação lipídica. O MDA é o mais fácil de mensurar, pois o mesmo é uma substância

reativa ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) (AKTAN et al., 2003). A intensidade do pigmento cor

de rosa que é gerado através da reação entre o MDA e o ácido tiobarbitúrico é mensurada através

de leitura em espectrofotômetro e indica a extensão da peroxidação lipídica (GROTTO et al.,

2009).

2.3.4 Estresse Oxidativo em Suínos

O estresse oxidativo pode desencadear alterações na fisiologia, no comportamento e no

desempenho dos animais (SHI-BIN et al., 2007). Em animais de produção, o estresse oxidativo

pode estar envolvido em várias condições patológicas, incluindo as condições que são

relevantes para a produção animal e bem-estar dos indivíduos (LYKKESFELDT &

SVENDSEN, 2007).

Em suínos, a produção rentável requer um rápido aumento no peso corporal e na massa

magra, aumentando a demanda sobre o sistema metabólico desses animais, o que pode levar,

ao estresse oxidativo, a menos que sistemas antioxidantes sejam reforçados através da nutrição

(ROSSI et al., 2013).

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

24

As condições de criação de suínos para produção, relacionadas principalmente com

instalações, ambiente, transporte e genética podem influenciar a produção de radicais livres por

esses animais, com isso torna-se necessários mais estudos correlacionando atividade

antioxidante total de suínos com esses fatores (ROSSI et al., 2013).

Um fator que se entende como estressante associado a produção de suínos é o transporte.

Suínos em terminação transportados por cinco horas apresentam maior quantidade de EROS e

MDA no tecido hepático e MDA sérico em relação a suínos que não foram transportados

(ZHANG et al., 2015).

Um momento que merece especial atenção na suinocultura é a inseminação artificial de

matrizes, pois comportamentos sexuais são restritos nas fêmeas, causando estresse (Borell et

al., 2007). Já foi observado que o período antes do estro nas porcas é um modelo promissor

para se estudar respostas e tratamentos em relação ao estresse oxidativo através de marcadores,

como por exemplo, selênio e GPx, que são modulados pela suplementação dietética através de

vitamina B6 durante o pré-estro em porcas púberes (DALTO et al., 2015).

O estresse oxidativo também vem sendo estudado em suínos através das patologias que

podem acometer esses animais, quando esse é induzido pela própria infecção ou já estabelecido

no hospedeiro no momento da instalação da mesma, esse desequilíbrio pode participar da

patogenicidade dos agentes infecciosos (DEBLANC et al., 2013).

2.4) SUPLEMENTAÇÃO COM PRODUTOS NATURAIS

A suinocultura brasileira é marcada, principalmente, pela forma intensiva, e esse tipo de

criação vem sofrendo algumas mudanças devido a exigências dos consumidores. A busca da

sociedade e do mercado externo por produtos éticos e de qualidade tem conquistado alguns

progressos na produção de animais, como por exemplo, a substituição de medicamentos

sintéticos por produtos naturais (BAPTISTA et al., 2011).

Tratamentos medicinais à base de plantas são mais acessíveis financeiramento e seguros

do que medicamentos alopáticos, já sendo considerados bastante úteis também na prática

veterinária, principalmente, em países asiáticos onde esses produtos são encontrados em

abundância (ANAND et al., 2016).

Nos últimos anos, muitos produtos naturais, incluindo os óleos vegetais, são utilizados

como aditivos nas dietas para promover estímulo do sistema imune dos animais de produção,

assim como melhorando o seu desenvolvimento através de efeitos fisiológicos e ações

nutricionais (LIU et al., 2017).

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

25

2.4.1 Antioxidantes

O equilíbrio oxidante-antioxidante em suínos pode ser influenciado também por

questões nutricionais, por isso o uso de ração e suplementos na suinocultura deve ser cuidadoso

(Falowo et al., 2014). Os produtos antioxidantes mais utilizados para suínos são sintéticos com

base na vitamina E, porém, os compostos naturais, principalmente os fenólicos, já estão sendo

avaliados quanto a sua eficácia como antioxidantes na suinocultura (ROSSI et al., 2013).

O pós-desmame é considerado um dos períodos mais delicados na produção de suínos,

uma vez que é caracterizado por baixo consumo de ração e aumento do estresse, que pode

desencadear o estresse oxidativo (AMAZAN et al., 2012). O estresse oxidativo em leitões

recém-desmamados diminui a digestibilidade de nutrientes e o crescimento desses animais

(SHI-BIN et al., 2007), por isso, essa fase torna-se uma das mais importantes para a

suplementação com antioxidantes. A suplementação com vitamina E em água potável para

porcas gestantes e leitões aumenta a concentração sérica de α-tocoferol nos leitões, produzindo

assim um melhor estado oxidativo 5 e 20 dias pós-desmame quando comparada com uma única

suplementação (AMAZAN et al., 2012).

A vitamina C também tem sua importância, pois é um dos antioxidantes biológicos mais

eficazes e seus níveis em tecidos podem ser alterados por mudanças no consumo alimentar

(SHANG et al., 2002). Com isso, torna-se importante a suplementação com essa vitamina na

alimentação dos suínos, principalmente para os mais jovens. O uso da vitamina C é muito

importante para leitões recém-desmamados, já que a mesma atua como protetora contra o dano

oxidativo ao DNA e as proteínas e a sua deficiência pode alterar a homeostase “redox” do

cérebro e aumento da oxidação de lipídios (LYKKESFELDT & SVENDSEN, 2007).

Nos últimos anos, tem sido dada uma especial atenção a uma série de produtos naturais

(plantas medicinais, frutas e extratos) que podem ser utilizados com fontes antioxidantes

potenciais (FALOWO et al., 2014). Na produção animal, aumentou-se o número de pesquisas

que correlacionam esses produtos e o status oxidativo dos animais, principalmente, frutas e

óleos vegetais tem provado ser benéficos na redução do estresse oxidativo, visando uma

melhoria na saúde animal e um melhor custo-benefício (PAJK et al., 2006).

A atividade antioxidante total do sangue tende a ser maior em suínos que recebem

suplementação com antioxidantes naturais provenientes de plantas a longo prazo, do desmame

ao abate, quando comparados com suínos que não recebem suplementação antioxidante (ROSSI

et al., 2013). Como é o caso do flavonoide quercetina, que vem sendo utilizado na

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

26

suplementação na ração de suínos. A quercetina é um poupador de vitamina E que tem efeito

antioxidante sobre a peroxidação lipídica em suínos em crescimento, assim demonstrando que

o uso de suplementos fitogênicos na ração dos animais pode substituir, parcialmente, a

suplementação com vitamina E (LUEHRING et al., 2011).

Outros produtos naturais que podem suplementar a dieta dos suínos são as frutas. O uso

de frutas como maças, morangos, mirtilos e tomates na dieta de suínos tem mostrado ser

benéfica na redução do estresse oxidativo, com enfoque na peroxidação lipídica, induzido pela

ingestão de elevado teor de gordura (PAJK et al., 2006; ÇOBAN et al., 2013).

Óleos essenciais também são utilizados como opção natural contra o estresse oxidativo,

como por exemplo, o óleo essencial de orégano que diminui significativamente os níveis de

MDA no fígado e aumenta a atividade de enzimas antioxidantes, reduzindo a oxidação lipídica

e aliviando o estresse causado pelo transporte de suínos em terminação, apresentando efeitos

semelhantes a suplementação sintética de vitamina E (ZHANG et al., 2015).

A exploração de antioxidantes naturais torna-se ainda mais importante, pois além de

combater os desafios da instabilidade oxidativa dos suínos, diminui os riscos do consumo de

substâncias sintéticas pelos animais e pelos humanos (FALOWO et al., 2014). Além de

fortalecer a saúde dos animais, evitando assim o uso de antibióticos, e consequentemente,

prevenindo a possível resistência de estirpes patogênicas de bactérias e o acúmulo desse tipo de

medicamento na cadeia alimentar (SONG et al., 2013).

2.4.2) Produtos ricos em ácidos graxos

Os lipídeos, popularmente chamados de gorduras, são compostos insolúveis em água

constituídos de uma série de substâncias, entre elas os ácidos graxos. Esses são ácidos

carboxílicos com cadeias hidrocarbonadas, classificados segundo o comprimento da cadeia de

carbonos (cadeia curta, média e longa), a presença e número de duplas ligações (saturados e

insaturados) e a configuração das duplas ligações (cis e trans) (SANTOS et al., 2013).

O consume de ácidos graxos insaturados possue vários efeitos benéficos para os

organismos, dentre eles, podemos destacar a redução de lipídios e lipoproteínas, com

consequente redução na pressão sanguínea, na variabilidade da frequência cardíaca e na

glicemia. Atuam também no metabolismo dos triglicerídeos, na função plaquetária endotelial,

na excitabilidade cardíaca, no estresse oxidativo e na função imune (LIMA et al., 2004).

O mais conhecido deles, o ômega-3, possui relevantes funções anti-inflamatórias e

imunomoduladoras. Além disso, alteram a fluidez da membrana, contribuindo para sua

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

27

afinidade aos substratos enzimáticos; influenciam em vias de sinalização celular e aumentam

potencialmente a absorção de glicose no intestino (GABLER et al., 2009).

Dentre as alternativas naturais, a suplementação com óleos naturais a base de ácidos

graxos vem ganhando espaço nos sistemas de produção, já que os mesmos têm importante papel

na imunidade dos animais. A dieta acrescida ácidos graxos insaturados constitui uma opção

promissora na suplementação dietética de suínos e dependendo da concentração usada pode

influenciar positivamente na saúde geral desses animais (TANGHE et al., 2014). Óleos vegetais

são importantes fontes de energia e de ácidos graxos poli-insaturados. Além disso, são

importantes também para o funcionamento regular dos organismos, como veículos no

transporte das vitaminas lipossolúveis (MASUCHI et al., 2008).

Os suínos exigem na sua alimentação uma dieta diferenciada, particularmente, rica em

lipídios (VERUSSA, 2015). Os ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) são lipídios

componentes integrais das membranas e das vitaminas, regulando o metabolismo e as funções

celulares imunológicas (CALDER, 2007).

A influência do uso de ácidos graxos na dieta de suínos pode ser observada nas diversas

fases da criação. No período de desmame, há um estresse imunológico nos leitões, o qual pode

ser mitigado pela suplementação com ômega-3, despertando um aumento no consumo de ração

e contribuindo para o ganho de peso (LI Q et. al., 2014).

Na fase de gestação, a dieta com ômega-3 por longo período aumenta a captação de

glicose pelo leitão desmamado, o que pode estar associado a mudanças no perfil intestinal de

ácidos graxos. Assim, esse ácido graxo ajuda os leitões a se adaptarem a dietas que mudam

rapidamente no início da vida e permitem a absorção ideal de nutrientes (GABLER et. al.,

2009).

Na fase de terminação, é observado que o uso de ômega-3 e ômega-6 na dieta facilita a

absorção e utilização de ácidos graxos e aminoácidos. Assim, esses ácidos graxos exercem

efeitos benéficos no metabolismo lipídico e nos processos inflamatórios, disponibilizando mais

energia para as vias homeostáticas, podendo levar a uma diminuição dos níveis de expressão

das citocinas inflamatórias (DUAN et al., 2013).

2.4.3 Óleo de Pequi

Um exemplo de produto natural e regional que podemos utilizar como antioxidante é o

pequi. Esse fruto encontrado no cerrado brasileiro e é uma importante fonte de renda e alimento

para a população dessa região, apresenta um alto valor nutricional, sendo rico em proteínas,

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

28

vitaminas (A e E), lipídios (polpa e amêndoa) e ácidos graxos poli-insaturados (DE LIMA et

al., 2007; ROESLER et al., 2008).

O cerrado é uma região onde as árvores recebem alta incidência de raios solares, o que

favorece a geração de radicais livres, essa condição favorece a biossíntese de compostos

secundários com propriedade antioxidantes, como compostos fenólicos e carotenoides (DE

LIMA et al., 2007).

Esse fruto é utilizado, popularmente, como antioxidante e anti-inflamatório e vem

despertando grande interesse por parte dos pesquisadores em estender o uso deste produto

natural, explorando valores sociais, econômicos e terapêuticos do fruto e seus derivados (SENA

JR. et al., 2010).

A casca do pequi tem propriedade antioxidante, atuando na remoção de radicais livres

e inibição da peroxidação lipídica, essa atividade é atribuída aos seus compostos fenólicos

(ROESLER et al., 2008).

O uso do óleo de pequi já se mostrou como uma opção mais eficaz do que vitaminas C

e E sintéticas para conter o crescimento de tumores, aumentar a imunidade dependente de

linfócitos, reduzir o dano oxidativo celular e amenizar os efeitos adversos de tratamento

quimioterápico (MIRANDA-VILELA et al., 2014).

O efeito protetor antioxidante do óleo de pequi é associado ao seu teor de carotenoides

e sua maior concentração de ácido oleico, que é seu principal componente, do que palmítico,

esteárico e ácidos graxos poli-insaturados (DE LIMA et al., 2007; MIRANDA-VILELA et al.,

2014). Outra vantagem do uso desse óleo para humanos e animais é a redução da lipoproteína

de baixa densidade (LDL) e colesterol total (AGUILAR et al., 2012).

2.4.4 Óleo de Girassol

Outro óleo importante na suplementação com ácidos graxos é o óleo de girassol que é

considerado um produto nobre por suas qualidades nutricionais (MARTINS, 2013). O óleo de

girassol possui um alto teor de antioxidantes naturais como tocoferóis (vitamina E), assim como

também é rico em ácidos graxos insaturados, destacando-se nessa composição os ácidos

linoleico e oleico, além de possuir um alto potencial proteico (RAI et al., 2016).

O ácido clorogênico também é um importante componente do óleo de girassol, o mesmo

tem efeitos benéficos na dieta de leitões desmamados: reduz a incidência de diarreia, aumenta

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

29

a capacidade antioxidante, melhora a digestão intestinal e o desempenho de crescimento

(CHEN et al., 2018).

A suplementação com óleo de girassol na dieta das mais diversas espécies desencadeia

efeitos benéficos na saúde dos animais e, consequentemente, na qualidade dos produtos de

origem animal. Dentre esses produtos, destacam-se a carne e o leite de pequenos ruminantes,

pois esse óleo induz a mudança da microbiota intestinal, auxiliando na transformação de ácido

graxo insaturado em saturado que é absorvido no intestino, melhorando a qualidade desses

produtos (BELENGUER et al., 2010).

Em suínos na fase de terminação, a suplementação com esse óleo induz uma maior

concentração de ácido oleico e menor grau oxidativo de lipídios na carne, confirmando que é

fonte de ácidos graxos insaturado e seu potencial antioxidante associado ao seu teor de

tocoferóis (CARDENIA et al., 2011).

O alto teor de ácidos graxos poli-insaturados deste óleo favorece a redução dos níveis

de colesterol plasmático total e, também, da fração LDL-colesterol, contribuindo assim para a

prevenção da aterosclerose e redução de riscos de doenças cardiovasculares (MANDARINO et

al., 2005).

3 JUSTIFICATIVAS

A) O estresse dos animais é bastante comum na suinocultura intensiva devido, principalmente,

ao confinamento prolongado, tornando-se importante o uso de distrações para os suínos, como

por exemplo, os objetos de enriquecimento. Esses objetos estimulam comportamentos e

interações positivas, sendo uma ferramenta eficaz para promoção do bem-estar animal na

suinocultura e redução do estresse e agressões entre os suínos, principalmente, entre leitões.

B) O estresse oxidativo pode comprometer a saúde dos suínos, interferindo no seu bem-estar e

na sua produção. Com isso, torna-se importante o conhecimento sobre o uso de produtos

naturais antioxidantes para combater esse desequilíbrio, melhorar a imunidade e o metabolismo

lipídico dos leitões na fase de creche. Esses produtos causam menos impacto na produção

animal e tem um melhor custo-benefício, como exemplos temos, o óleo de pequi e o óleo de

girassol que são utilizados, popularmente, com finalidade terapêutica e antioxidante, podendo

melhorar o desempenho dos animais na criação intensiva de suínos.

4 HIPÓTESES

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

30

A) Objetos de enriquecimento utilizados em baias da creche reduzem o estresse e o estresse

oxidativo, melhoram o comportamento e o desempenho de suínos nessa fase de criação da

suinocultura intensiva.

B) O uso do óleo de pequi e do óleo de girassol, considerados antioxidantes naturais, reduz o

estresse oxidativo em leitões na fase de creche, assim como também melhora a sua imunidade

e seu metabolismo lipídico.

5 OBJETIVOS

5.1 OBJETIVOS GERAIS

Avaliar o uso de objetos de enriquecimento e antioxidantes naturais em um modelo de

suinocultura intensiva no combate ao estresse e ao estresse oxidativo em leitões na fase de

creche.

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

A) Avaliar os comportamentos, dados zootécnicos, cortisol salivar e parâmetros fisiológicos

em leitões alojados na fase de creche em modelo de suinocultura intensiva em relação ao uso

de objetos de enriquecimento móveis e fixos;

B) Avaliar os efeitos do óleo de pequi e do óleo de girassol sobre os marcadores do estresse

oxidativo, da resposta inflamatória sistêmica e do metabolismo lipídico em leitões na fase de

creche criados em sistema intensivo.

CAPÍTULO 1

AVALIAÇÃO DO ESTRESSE E DESEMPENHO DE SUÍNOS NA FASE DE

CRECHE, EMPREGANDO TÉCNICAS DE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

31

Publicado no Periódico: Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.71, n.1,

p.281-290, 2019.

(Qualis A2)

(ISSN: 0102-0935)

Avaliação do estresse e desempenho de suínos na fase de creche, empregando técnicas de

enriquecimento ambiental

[Evaluation of stress and performance of pigs during the nursery phase, using

environmental enrichment techniques]

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

32

Belise Maria Oliveira Bezerra1, Shayanne Sayonara da Costa Silva1, Amanda Medeiros

Araújo de Oliveira2, Caio Vitor Oliveira Silva2, Rebeca de Andrade Parente2, Tiago Silva

Andrade3, José Nailton Bezerra Evangelista2, Diana Célia Sousa Nunes-Pinheiro1*

1 Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinárias (PPGCV) - Faculdade de Veterinária

(FAVET) - Universidade Estadual do Ceará (UECE)

2 Faculdade de Veterinária (FAVET) - Universidade Estadual do Ceará (UECE)

3 Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (PPGZ) - Universidade Federal do Ceará (UFC)

*Autor para correspondência: [email protected]

RESUMO

O enriquecimento ambiental é uma ferramenta importante dentro dos sistemas de produção para

promover o bem-estar e favorecer a saúde dos animais. Portanto, o objetivo deste trabalho foi

avaliar o efeito do enriquecimento ambiental sobre o estresse de suínos na fase de creche. Foram

utilizados 32 leitões alojados em granja experimental, distribuídos em 4 grupos (n=8): corda,

corrente, garrafa pet e controle negativo. Amostras de sangue foram coletadas no início e no

final do experimento para contagem de leucócitos circulantes e determinação de antioxidantes

não-enzimáticos, óxido nítrico, malondialdeido, e de saliva para avaliação do cortisol. Foi

aplicado etograma e avaliação do ganho médio de peso diário e a conversão alimentar. Os

parâmetros avaliados no primeiro dia do experimento não variaram entre os grupos (p > 0,05).

No último dia do experimento, os valores de neutrófilos e da relação neutrófilo/linfócito foram

mais elevados nos leitões do grupo corrente, assim como os valores de cortisol salivar (p <

0,05). O ácido úrico apresentou-se mais elevado nos leitões do grupo corrente e o

malondialdeído (MDA) nos do grupo garrafa (p < 0,05). Os enriquecimentos ambientais

estimularam comportamentos positivos nos leitões, onde a corda se destacou como o mais

atrativo. Por outro lado, a corrente apresentou efeito negativo sobre a fisiologia dos animais,

gerando estresse, assim como a garrafa que induziu a peroxidação lipídica e um menor ganho

de peso nos leitões.

Palavras-chave: suínos, móbiles, parâmetros oxidantes e antioxidantes, fisiologia animal,

comportamento animal.

ABSTRACT

Environmental enrichment is an important tool within production systems to promote welfare

and animal health. The aim of this study was to evaluate the effect of enrichment objects on

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

33

stress of piglets in nursery phase. 32 piglets housed in experimental farm were distributed in 4

groups (n=8): rope, chain, pet bottle and negative control. Blood samples were collected at the

beginning and end of the experiment to count circulating leukocytes and determine non-

enzymatic antioxidants, nitric oxide, malondialdehyde, and saliva to evaluate cortisol. At the

same time, an etogram and evaluation of mean daily gain and feed conversion were applied.

The evaluated parameters on first day of the experiment did not vary between groups (p > 0.05).

On the last day, neutrophil and neutrophil /lymphocyte ratios were higher in chain group

piglets, as were salivary cortisol values (p < 0.05). Uric acid was higher in chain group and

MDA in bottle group (p < 0.05). Environmental enrichment stimulated positive behaviors in

piglets, where the rope stood out as the most attractive. On the other hand, chain had a negative

effect on animal physiology, generating stress, as well as the bottle that induced lipid

peroxidation and a lower weight gain in piglets.

Keywords: pigs, mobiles, oxidant and antioxidants parameters, animal physiology, animal

behavior.

INTRODUÇÃO

A definição de bem-estar animal é influenciada por padrões morais e éticos das sociedades, o

que dificulta o estabelecimento de parâmetros objetivos e quantificáveis para esse termo. De

maneira geral, o bem-estar animal pode ser resumido como ausência de sofrimento (Ohl &

Staay, 2012). Nesta perspectiva, na tentativa de trazer condições favoráveis aos animais foi

proposto o enriquecimento ambiental para criar oportunidades comportamentais, expressão de

controle sobre o meio e desvio da realização de comportamentos anômalos (Van de Weerd et

al., 2006). Neste sentido, o enriquecimento pode ser utilizado para indicar melhorias sociais,

físicas, sensoriais, nutricionais e imunológicas para os animais de acordo com mudanças

realizadas em seus ambientes de confinamento (Newberry, 1995).

O enriquecimento ambiental é utilizado dentro dos sistemas de produção de diferentes espécies,

como por exemplo, em frangos de corte (Sans et al., 2014), cabras mestiças em confinamento

(Oliveira et al., 2014) e coelhos em gaiolas (Siloto et al., 2009). Desse modo, a escolha do

enriquecimento ambiental nos sistemas de produção deve estar de acordo com o efeito desejado

sobre os comportamentos dos animais e sua adequação na perspectiva do produtor (Zwicker et

al., 2013). Além do mais, a introdução do enriquecimento deve ser realizada de maneira

cuidadosa para evitar efeitos negativos no desempenho dos animais que podem comprometer a

produção e dificultar a adoção em escala comercial maior. Um exemplo disso é a restrição do

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

34

ponto de enriquecimento que pode causar competição, agressividade ou agitação nos grupos de

animais (Van de Weerd et al., 2006).

O sistema de criação predominante na suinocultura é o intensivo, que é caracterizado pelo

confinamento dos animais, e isso inibe a expressão de comportamento típico da espécie, já que

esse ambiente não apresenta estímulos (Foppa et al., 2014). Enriquecimento ambiental dentro

desse sistema, como o uso de brinquedos, proporciona bons resultados, principalmente com

redução de caudofagia e ociosidade e aumento de interações (Rodarte et al., 2004). No Brasil,

a utilização de enriquecimento ambiental através de garrafas pet (500 mL) para leitões na fase

de creche (Campos et al., 2010), e correntes (Vasconcelos et al., 2015) e brinquedos (Oliveira

et al., 2016) na fase de crescimento, mostraram-se positivos sobre os comportamentos dos

animais. Vale ressaltar que o enriquecimento ambiental atua sobre o sistema imunológico (Luo

et al., 2017), bem-estar fisiológico (Luz et al., 2017) e sobre índices zootécnicos (Oliveira et

al., 2016). Porém, os efeitos desse enriquecimento ainda são pouco estudados sobre a fisiologia

animal e particularmente sobre os suínos.

Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito do uso de diferentes tipos

de enriquecimento ambiental sobre o cortisol, leucócitos do sangue periférico, parâmetros do

estresse oxidativo e comportamento de leitões na fase de creche.

MATERIAL E MÉTODOS

O protocolo experimental foi aprovado pelo CEUA/UECE sob o número 6364557/2015. O

trabalho foi desenvolvido no setor de suinocultura da Faculdade de Medicina Veterinária

(FAVET) da Universidade Estadual do Ceará (UECE) situada em Fortaleza/Ceará, latitude

03°78’99’’, longitude 38°55’32’’ e altitude de 48 m. Essa região é classificada com Aw

(tropical quente com inverno seco) de acordo com Köppen e Geiger.

Foram utilizados 32 suínos, 18 machos e 14 fêmeas distribuídos nos grupos aleatoriamente, do

cruzamento Landrace x Large White x Duroc, alojados em baias experimentais de acordo com

4 tratamentos (n=8), , onde cada animal foi considerado como uma repetição: grupo corda

(GCd), grupo corrente (GCt), grupo garrafa (GG) e grupo controle (GC). Esses móbiles foram

disponibilizados durante 6 horas por dia, de 09:00 às 15:00, para leitões no período de creche

(45 dias), que estavam alojados em baias do tipo suspensas de piso plástico, onde a corda

(tamanho: 1,5 m; diâmetro: 20 mm) e a corrente (tamanho: 1,5 m; diâmetro: 6 mm) foram

penduradas e fixadas no ponto central das baias e as duas garrafas pet (500 mL) foram mantidas

livres.

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

35

Os leitões foram pesados no dia do desmame (D1), que foi realizado quando os animais estavam

com 25 dias de vida, e ao final da fase de creche (D2) (70 dias de vida), a partir desses dados

foram calculados o ganho médio de peso diário (GMPD) (kg/dia) de cada animal. Os leitões

foram clinicamente avaliados no primeiro dia do experimento através da observação das

mucosas, mensuração da temperatura e análise da presença ou ausência de diarreia e/ou tosse.

Todos os animais foram considerados saudáveis. O arraçoamento dos leitões era realizado uma

vez ao dia no início da manhã, todos os grupos recebiam a mesma quantidade de ração que era

ajustada semanalmente, onde na primeira semana foi ofertado 0,2 kg/animal/dia (pré-inicial 1),

na segunda semana, 0,4 kg/animal/dia (pré-inicial 2), na terceira e quarta semanas,

0,7kg/animal/dia (inicial 1) e na quinta e sexta semanas, 0,9 kg/animal/dia (inicial 2). A partir

do consumo de ração dos animais e do ganho de peso, foi obtido o valor de conversão alimentar

(CA).

Foram realizadas coletas de sangue por venopunção jugular nos animais no início do

experimento (D1) e no final (D45), no momento de saída da creche. As amostras sanguíneas

foram coletadas em tubos com anticoagulante (EDTA) e sem anticoagulante e transportadas até

o laboratório. No laboratório, foram quantificados leucócitos totais (x10³/µL) em aparelho de

automação hematológico e o diferencial de leucócitos realizado através de leitura de esfregaço

sanguíneo corado com panótico rápido comercial por patologista clínico veterinário (400x) para

determinação de neutrófilos (x10³/µL), linfócitos (x10³/µL) e relação neutrófilo/linfócito.

As amostras de sangue coletadas em tubos sem anticoagulante foram centrifugadas (3.000

rpm/10 minutos) para obtenção do soro. No soro, foram dosados os teores de albumina (g/dL),

ácido úrico (mg/dL), bilirrubina total (mg/dL), utilizando-se metodologias específicas

conforme o fabricante dos kits comerciais em analisador bioquímico automatizado.

O óxido nítrico (ON) sérico foi mensurado através de metodologia de Griess modificada em

placa de ELISA (D’ÁVILA et al. 2008). Para tanto, o reagente de Griess preparado (100 μL)

foi adicionado a 50 μL do soro e 50 μL de água destilada em cada poço da placa para obtenção

dos valores de nitrito em espectrofotômetro (550 nm). Para obtenção das quantidades de

proteínas séricas foi utilizado o reagente de Bradford (200 μL) adicionado a 4µL do soro em

cada poço da placa e a leitura realizada em espectrofotômetro (600 nm) (BRADFORD 1976),

os resultados foram expressos em μg nitrito/μg proteína.

Para avaliação da peroxidação lipídica, foi realizada a quantificação do malondialdeido (MDA)

sérico em tubos de vidro onde foram adicionados 250 μL de soro seguido por 400 μL de ácido

perclórico (35%) em banho-maria (37ºC; 1 hora), a mistura foi centrifugada (1400 g; 10

minutos) e o 600 μL do sobrenadante foi adicionado a 200 μL de ácido tiobarbitúrico a 1,2%.

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

36

Essa mistura foi levada ao banho-maria (95ºC; 30 minutos). Após resfriada, a leitura foi

realizada em espectrofotômetro (535 nm). Os resultados obtidos foram expressos em nmol/mL

de soro (DRAPER & HADLEY 1990).

A saliva dos leitões foi coletada no final do experimento (D45), com auxílio de cotonetes

longos estéreis que foram introduzidos no interior da cavidade oral dos animais para que fossem

mastigados até o maço de algodão ficar umedecido . Posteriormente, a saliva foi extraída por

pressão manual do algodão para micro tubos, centrifugadas (1.500 rpm/10 min) e armazenadas

em temperatura de -20ºC até o processamento. Os sobrenadantes foram analisados em

equipamento automatizado através do método de quimiluminescência.

Durante os 45 dias da creche foram avaliados e anotados os comportamentos dos leitões, em

dias alternados. No horário de 09:00 às 15:00, onde de 10 em 10 minutos o mesmo observador

localizado em ponto fixo em frente as baias anotava quantos animais expressavam cada tipo de

comportamento descritos na tabela 2 . Esse modelo de etograma foi baseado e adaptado de

Campos et al., 2010

Os resultados foram expressos em média±desvio padrão e foram considerados significativos

com p ≤ 0,05. Os dados foram submetidos ao teste de Kruskal-Wallis seguido de Dunn

(Graphpad Prism®). A correlação de Spearman (Graphpad Prism®) foi utilizada para

comparação de dados. Os comportamentos foram expressos em porcentagem (%).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A importância desse estudo se deve ao fato do enriquecimento ambiental ser uma alternativa

relevante no sistema de produção para diminuir a inatividade dos animais, proporcionar bem-

estar animal e melhorar seu potencial produtivo (Andrade et al., 2015) que pode ser avaliado

através de parâmetros de desempenho. Os valores relacionados ao desempenho: peso inicial,

peso final, ganho de peso médio diário (GPMD) e conversão alimentar encontram-se na tabela

2. Onde podemos observar que no início do experimento não havia diferença (p > 0,05) entre

os pesos do animais entre os tratamentos, porém no final do mesmo, o GC apresentou o maior

ganho de peso e a menor conversão alimentar quando comparado ao GCd e GG (p < 0,05). A

corda e a garrafa foram os objetos mais atrativos para os leitões, levando os mesmos a

desenvolverem mais comportamentos ativos, aumentando o exercício físico e o gasto de

energia, que consequentemente, levam a um menor ganho de peso corporal (Vieira et al., 2015).

Os animais do GCt não apresentaram diferença nas variáveis de desempenho avaliadas em

reação ao GC, o que pode ser justificado pelo fato desse objeto não estimular tanta atividade

física dos animais. No estudo de Oliveira et al. (2014), brinquedos pendurados melhoraram o

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

37

desempenho de crescimento de leitões na fase de creche, o que não foi observado em nosso

trabalho.

Os parâmetros sanguíneos referentes ao primeiro dia do experimento (D1) não variaram entre

os grupos estudados e encontram-se nas tabelas 3 e 4. Em D45, encontramos algumas diferenças

entre os grupos e discutiremos a seguir:

Os leucócitos são células de defesa e tem uma forte relação entre saúde e doença. Nesse estudo,

focalizamos o comportamento animal e sua repercussão sobre os leucócitos circulantes, cujo os

dados encontram-se na tabela 3. Os valores de leucócitos totais e linfócitos não variaram (p >

0,05) entre os tratamentos. Os neutrófilos e consequentemente a relação neutrófilo/linfócito

apresentaram-se mais elevados nos leitões do GCt quando comparados aos grupos GG e GC (p

< 0,05) e não apresentaram diferença em relação ao GCd (p > 0,05) (Tabela 3). Esses resultados

podem ser associados ao fato da corrente ser um objeto fixo não destrutível que pode acabar

frustrando os animais em não expressar os comportamentos tão importantes para essa espécie

como fuçar, mastigar e destruir o objeto, levando ao estresse e provocando um mecanismo

compensatório com o aumento em número de neutrófilos circulantes e da relação

neutrófilo/linfócito. Vale ressaltar que os suínos, fisiologicamente, apresentam mais linfócitos

do que neutrófilos circulantes e que o estresse por esteroides causa neutrofilia e linfopenia

(Stockham & Scott, 2011), corroborando com os nossos achados.

Na tentativa de avaliar a influência do enriquecimento ambiental sobre o estresse do leitões, foi

determinado cortisol salivar, cujos valores encontram-se na tabela 3. O cortisol salivar

apresentou-se mais elevado nos leitões de GCt quando comparados aos do GC (p < 0,05)

(Tabela 3). Este fato pode estar associado a uma situação de estresse para esses animais, como

relatado anteriormente, pois a corrente representa um objeto rígido, inclusive a relação

neutrófilo/linfócito apresentou correlação positiva com o cortisol nos animais desse grupo

(Tabela 4). Esses dados corroboram com os resultados obtidos em suínos alojados em ambientes

enriquecidos, onde os animais apresentaram maiores concentrações basais de cortisol (De Jong

et al., 1998). O cortisol é um mediador hormonal esteroide produzido pelas glândulas

suprarrenais e está diretamente envolvido no controle do estresse pelo organismo (Stockham &

Scott, 2011). Por isso, esse parâmetro é bastante utilizado em protocolos onde o estresse é

avaliado, uma vez que o cortisol resulta da atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

Então, quando um animal é submetido a uma situação estressante, há uma ativação desse eixo

e, consequentemente, o aumento do cortisol (Escribano et al., 2012).

Para manutenção da homeostase dos organismos é necessário o equilíbrio entre o sistema

oxidante e antioxidante, pois a geração das espécies reativas de oxigênio (EROS) provocam

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

38

danos que podem ser evitados através da atuação dos antioxidantes (Sies & Stahl, 1995). Neste

trabalho, os teores de antioxidantes não enzimáticos foram medidos e encontram-se na tabela

5. Os antioxidantes não enzimáticos plasmáticos, albumina e bilirrubina não apresentaram

diferença significativa entre os grupos de acordo com os enriquecimentos ambientais (p > 0,05),

enquanto o ácido úrico apresentou-se mais elevado nos leitões de GCt (p < 0,05) (Tabela 5).

Esse dado pode ser explicado por uma compensação antioxidante do organismo desses leitões,

aumentando o ácido úrico para neutralizar aumento na produção de radicais livres induzido pelo

estresse desencadeado pelo uso do objeto. O ácido úrico é o mais importante antioxidante não

enzimático, seguido pelo complexo bilirrubina-albumina, que em concentrações fisiológicas

atua contra a oxidação mediada por radicais livres na corrente sanguínea, inibindo reações

nitrosativas extracelulares (Mancuso et al., 2006). O ácido úrico apresentou correlação negativa

com o cortisol e a relação neutrófilo/linfócito no grupo corrente (Tabela 4) e correlação positiva

com o GMPD do GG (Tabela 6). O ácido úrico é o produto final de oxidação do catabolismo

das purinas e seus níveis séricos dependem de fatores metabólicos (Marion et al., 2011), o que

podemos associar a sua correlação positiva com o GMPD. E sua correlação negativa com o

cortisol e relação neutrófilo pode ser relacionada ao consumo desse antioxidante devido ao

aumento na produção de radicais livres gerado pelo estresse

Dentre os EROS destaca-se o ON que é produzido por diversas células de defesa e endotélio

vascular. Os níveis séricos de ON encontram-se na tabela 5. Os leitões não apresentaram

mudanças na produção desse potente radical livre de acordo com os enriquecimentos ambientais

utilizados em suas baias (p > 0,05). ON é um radical livre produto da reação de oxirredução da

L-arginina em L-citrulina que acontece nos macrófagos, sendo esse agente importante da defesa

do organismo contra patógenos (Marletta et al., 1988). Quando ele é produzido em excesso

causa danos oxidativos em proteínas, bem como a peroxidação lipídica, podendo levar a

citotoxicidade e dano celular (Szabó, 2003). Para avaliação da peroxidação lipídica, os níveis

de MDA foram mensurados e encontram-se na tabela 5. MDA apresentou-se mais elevado nos

leitões do GG em comparação ao GCt (p < 0,05). Esse aumento do MDA observado neste

protocolo experimental pode ser associado ao fato da garrafa ser um objeto móvel e estimular

a movimentação dos animais nas baias. Dados semelhantes foram observados em humanos

realizando exercício físico onde havia estimulação da lipoperoxidação (Schneider & Oliveira,

2004). Esse processo é um dos principais mecanismos moleculares decorrente do dano

oxidativo, atuando sobre a membrana celular, o que gera toxicidade seguida por dano tecidual

(Dianzani & Barrera, 2008). A peroxidação lipídica resulta em uma variedade de intermediários

e produtos finais, como por exemplo o MDA (Moselhy et al., 2013). Apesar, do ON não ter

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

39

variado entre os grupos apresentou correlação positiva com o MDA (tabela 6), demonstrando

que esse radical livre está relacionado à peroxidação lipídica, porém não aumentou

significativamente nos leitões do GG. Esse fato pode estar associado a existência de outros

radicais na corrente sanguínea (Sies & Stahl, 1995) que não foram mensurados nesse estudo.

Por outro lado, o MDA apresentou correlação positiva com o GMPD dos animais do GG,

demostrando que o esforço físico também pode ter influenciado esse parâmetro de desempenho,

uma vez que com aumento do MDA houve uma redução do GMPD (tabela 6).

Além dos parâmetros fisiológicos avaliados, decidiu-se pela aplicação de etograma para avaliar

influência dos móbiles sobre comportamento animal. Os resultados da influência do

enriquecimento ambiental sobre o comportamento de leitões estão apresentados na tabela 7.

Dentre os comportamentos avaliados, os mais expressos foram dormindo/deitado e

comendo/bebendo, sendo que o GC apresentou maior porcentagem do comportamento

dormindo/deitado quando comparado aos outros grupos (figura 1). Esse dado pode estar

relacionado com o maior GMPD dos animais desse grupo, que pode ser atribuído ao longo

tempo de permanência em repouso e menor gasto de energia (VIEIRA et al., 2015).

Muitas são as tentativas de introdução de enriquecimento ambiental dentro do sistema de

produção para estimular comportamentos positivos nos animais. Porém, a incerteza do que

realmente é atrativo para cada espécie, pode impossibilitar o uso dos mesmos. Mediante ao

exposto, o móbile mais atrativo para leitões na fase de creche foi a corda, seguido pela garrafa

e corrente (figura 1). Os leitões alojados em baias enriquecidas apresentaram maior

porcentagem de comportamento exploratório como o de fuçando a baia, além da interação com

os móbiles, do que os do grupo controle (Figura 1). O uso de enriquecimento ambiental a longo

prazo induz o comportamento exploratório em suínos (Zwicker et al., 2013). Já o

comportamento fuçando o outro foi mais expresso nos leitões do GC (5,0%), o que pode ser

um fator de estimulação de brigas. Essa melhora no comportamento dos animais alojados em

ambiente enriquecido já foi observada anteriormente em estudo com brinquedos suspensos em

leitões no período de creche, essa técnica pode ser uma ferramenta importante na promoção de

bem-estar na suinocultura (Oliveira et al., 2016).

CONCLUSÃO

Neste trabalho, o enriquecimento ambiental estimulou comportamentos positivos nos leitões,

onde a corda se destacou como o mais atrativo. Por outro lado, a corrente apresentou efeito

negativo sobre a fisiologia dos animais, gerando estresse, assim como a garrafa que induziu a

peroxidação lipídica e um menor ganho de peso nos leitões. Dessa forma, concluí-se que o

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

40

enriquecimento ambiental melhora os comportamentos dos leitões, porém pode provocar

alterações fisiológicas, o que ressalta a importância do estudo dessa técnica antes da aplicação

nos sistemas de produção.

AGRADECIMENTOS

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e FINEP pelo

suporte financeiro a esse trabalho.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, T.V., SOUSA, P.H.A.A., JÚNIOR, C.P.B et al. Aspectos relacionados ao bem-

estar animal na produção de suínos. Aspectos relacionados ao bem-estar animal na produção de

suínos. J. Anim. Behav. Biometeorol, v.3, n.4, p.124-127, 2015.

BRADFORD, M. M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities

of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Anal. Biochem, v.72, p.248-254, 1976.

CAMPOS, J.A., TINÔCO, I.F.F., SILVA, F.F. et al. Enriquecimento ambiental para leitões na

fase de creche advindos de desmame aos 21 e 28 dias. Rev. Bras. Cienc. Agra., v.5, n.2, p.272-

278, 2010.

D’ÁVILA, V.G.F.C., SOUSA JÚNIOR, N.B., SOUSA, F.B. et al. Avaliação da produção de

óxido nítrico em ratos, submetidos aos exercícios aeróbios e anaeróbios. Rev. Bras.

Cienc. Farm., v.44, n.4, 2008.

DE JONG, I.C., EKKEL, E.D., DE BURGWAL, J.A.D. et al. Effects of Strawbedding on

Physiological Responses to Stressors and Behavior in Growing Pigs. Physiol. Behav., v.64, n.3,

p. 303-310, 1998.

DIANZANI, M. & BARRERA, G. Pathology and physiology of lipid peroxidation and its

carbonyl products. Free. Radic. Pathophysiol., p. 19- 38, 2008.

DRAPER, H. H.; HADLEY, M. Malondialdehyde determination as index of lipid peroxidation.

Methods Enzymol., v. 186, p. 421-431, 1990.

ESCRIBANO, D., FUENTES-RUBIO, M., CERÓN, J.J. Validation of an automated

chemiluminescent immunoassay for salivary cortisol measurements in pigs. Journal. Of. Vet.

Diag. Invest., v.24, n.5, p.918-923, 2012.

FOPPA, L., CALDARA, F.R., MACHADO, S.P. et al. Enriquecimento ambiental e

comportamento de suínos: Revisão. Braz. J. Bios. Enginee., v. 8, n.1, p.01-07, 2014.

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

41

LUO, L., GEERS, R., REIMERT, I. et al. Effects of environmental enrichment and regrouping

on natural autoantibodies-binding danger and neural antigens in healthy pigs with different

individual characteristics. Animal, p.1-8, 2017.

LUZ, C.S.M., FARIAS, L.A., PIMENTA, J.L.L.A. et al. Physiological Parameters of Pigs

Raised with and without Environmental Enrichment. J. Agric. Sci., v. 9, n. 4, p.176-185, 2017.

MANCUSO, C., BONSIGNORE, A., CAPONE, C. et al. Albumin-Bound Bilirubin Interacts

with Nitric Oxide by a Redox Mechanism. Antioxid. Redox. Signal., v.8, n.3, p.487-494, 2006.

MARION, M., CARVALHO, J.A.M., BOCHI, G.V. et al. Ácido úrico como fator de risco para

doenças cardiovasculares e síndrome metabólica. Rev. Bras. Farm., v.92, n.1, p.3-8, 2011.

MARLETTA, M.A, YOON, P.S, IYENGAR, R. et al. Macrophague oxidation of L-arginine to

nitrite and nitrate: Nitric oxide is an intermediate. Biochem., v.27, p.8706-8711, 1988.

MOSELHY, H.F., REID, R.G., YOUSEF, S. et al. A specific, accurate, and sensitive measure

of total plasma malondialdehyde by HPLC. J. Lip. Res., v.54, p.852-858, 2013.

NEWBERRY, R.C. Environmental enrichment: Increasing the biological relevance of captive

environments. Appl. Anim. Behav. Sci., v.44, p.229-243. 1995.

OHL, F., STAAY, F.J. Animal welfare: At the interface between science and society. Vet. J.,

v.192, p.13-19, 2012.

OLIVEIRA, A.P.G., COSTA, W.M., DA COSTA, W.M. et al. Influência do enriquecimento

ambiental nos padrões de comportamentos sociais e anormais de cabras em confinamento.

Arch. Vet. Sci., v.19, n.2, 2014.

OLIVEIRA, R.F., SOARES, R.T.R.N., MOLINO, J.P. et al. Environmental enrichment

improves the performance and behavior of piglets in the nursery phase, Arq. Bras. Med. Vet.

Zootec., v.68, n.2, p.415-421, 2016.

RODARTE, L. F., DUCOING, A., GALINDO, F. et al. The effect of environmental

manipulation on behavior, salivary cortisol and growth of piglets weaned at 14 days of age. J.

Appl. Anim. Welf. Sci., v.7, p.171-179, 2004.

SANS, E.C.O., FEDERICI, J.F., HAMMERSCHMIDT, J. et al. O enriquecimento ambiental

sobre o bem-estar de frangos de corte. Cienc. Rural, v.44, n.10, p.1867-1873, 2014.

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

42

SCHNEIDER, C.D., OLIVEIRA, A.R. Radicais livres de oxigênio e exercício: mecanismos de

formação e adaptação ao treinamento físico. Rev. Bras. Med. Esporte., v.10, n.4, p.308-318,

2004.

SIES, H., STAHL, W. Vitamins E and C, α-carotene, and other carotenoids as

antioxidants. Am. J. Clin. Nutr., v. 62, p. 1315-21, 1995.

SILOTO, E.V., ZEFERINO, C.P., MOURA, A.S.A.M.T. et al. Temperatura e enriquecimento

ambiental sobre o bem-estar de coelhos em crescimento. Cienc. Rural., v.39, n.2, p.528-533,

2009.

STOCKHAM, S. L.; SCOTT, M. A. Fundamentos de patologia clínica veterinária. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

SZABO, C. Multiple pathways of peroxynitrite cytotoxicity. Toxicol. Lett, v.140-141, p.105-

112, 2003.

VAN DE WEERD, H.A., DOCKING, C.M., DAY, J.E.L. et al. Effects of species-relevant

environmental enrichment on the behaviour and productivity of finishing pigs. Appl. Anim.

Behav. Sci., v.99, p.230-247, 2006.

VASCONCELOS, E.K.F., BORGES, L.S., SILVA, A.L. et al. Comportamento de suínos na

fase de crescimento criados em ambiente enriquecido, J. Anim. Behav. Biometeorol., v. 3, n. 4,

p.120-123, 2015.

VIEIRA, T.A., CARVALHO, R.L.P., FERREIRA, S.C. et al. The effects of environmental

enrichment on biochemical and metric parameters of aged rats. Biosci. J., v.31, n.3, p.982-987,

2015.

ZWICKER, B., GYGAX, L., WECHSLER, B. et al. Short- and long-term effects of eight

enrichment materials on the behaviour of finishing pigs fed ad libitum or restrictively. Appl.

Anim. Behav. Sci., v.144, p.31-38, 2013.

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

43

Tabela 1. Variáveis de desempenho de leitões na fase de creche submetidos a enriquecimento ambiental

Enriquecimento Ambiental

Variáveis de

Desempenho Corda Corrente Garrafa Controle

Peso Inicial (kg) 5,28±0,83 a 4,88±1,09 a 4,86±1,02 a 5,59±0,48 a

Peso Final (kg)

22,77±2,39 a

23,06±2,30 ab

20,8±2,28 a

27,08±1,03 b

GPMD (kg)

0,39±0,04 a

0,40±0,03 ab

0,35±0,03 a

0,48±0,01 b

CA

1,53±0,16 a

1,47±0,12 ab

1,68±0,15 a

1,24±0,03 b

Letras diferentes na mesma linha denotam diferença significativa (p < 0,05).

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

44

Tabela 2. Padrões de comportamento avaliados em etograma aplicado

Comportamento Descrição*

Comportamento agonístico Animal brigando, mordendo ou arranhando o

outro com os dentes.

Fuçando a Baia Animal fuçando o piso da baia, as laterais ou ao

redor do comedouro com o focinho.

Fuçando o Outro Animal fuçando a orelha, a cauda ou a barriga

do outro com o focinho.

Dormindo ou Deitado

Animal deitado com o corpo em contato com o

piso ou estirado sob o mesmo, com olhos

fechados ou abertos.

Ingerindo alimento ou água Animal ingerindo alimento (ração ou água) no

comedouro ou bebedouro.

Locomovendo-se Animal em movimento de caminhada pela baia.

Outros

Animal sentado (apoiado com a parte posterior

e as patas dianteiras no piso); animal parado

sob o piso apoiado nas quatro patas e sem

nenhum movimento aparente ou animal

excretando dejetos (fezes e urina).

Brincando entre eles Animal correndo dentro da baia ou animal

apoiado sobre o outro.

Brincado com os objetos Animal fuçando, abocanhando ou empurrando

os objetos.

*Campos et al., 2011.

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

45

Tabela 3. Parâmetros fisiológicos em leitões na fase de creche submetidos a enriquecimento ambiental

Enriquecimento Ambiental

Corda Corrente Garrafa Controle

Parâmetros

Fisiológicos D1 D45 D1 D45 D1 D45 D1 D45

Leucócitos

(x10³/µL) 10,6±2,3 a 16,7±3,5 a 15,7±4,4 a 18,2±2,7 a 11,5±3,4 a 15,4±1,8 a 13,4±2,1 a 17,1±2,7 a

Neutrófilos

(x10³//µL) 3,8±2,6 a 4,5±1,0 ab 5,6±2,2 a 6,6±1,2 a 4,3±2,8 a 3,7±1,1 b 4,3±1,6 a 3,8±1,1 b

Linfócitos

(x10³//µL) 6,9±0,6 a 11,8±3,9 a 9,7±2,3 a 11,3±2,2 a 7,2±1,7 a 11,3±1,5 a 9,0±1,1 a 13,0±2,1 a

Relação N/L

0,4±0,1 a 0,43±0,2ab 0,5±0,1 a 0,61±0,1 a 0,5±0,2 a 0,33±0,1 b 0,5±0,2 a 0,30±0,1 b

Cortisol salivar

(ng/mL) * 2,15±0,2 ab * 3,36±1,0 a * 2,33±0,5 ab * 1,93±0,1 b

Letras diferentes entre os grupos no mesmo dia de coleta denotam diferença significativa (p < 0,05).

Relação N/L: N=neutrófilos, L=linfócitos. D1: primeiro dia do experimento; D45: último dia do experimento.

*Cortisol salivar não foi dosado no primeiro dia do experimento.

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

46

Tabela 4. Correlação entre cortisol salivar, relação N/L e ácido úrico dos leitões do grupo

corrente

r: coeficiente de correlação; p: diferença significativa.

Relação N/L Cortisol Ácido úrico

Relação N/L r - 0,5274 -0,3179

p - < 0,001 0,0013

Cortisol r - -0,3178

p - 0,0014

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

47

Tabela 5. Parâmetros fisiológicos em leitões na fase de creche submetidos a enriquecimento ambiental

Enriquecimento Ambiental

Corda Corrente Garrafa Controle

Parâmetros

Fisiológicos D1 D45 D1 D45 D1 D45 D1 D45

Albumina

(g/dL) 3,2±0,2 a 3,0±0,3 a 3,0±0,6 a 3,0±0,3 a 3,0±0,2 a

3,06±0,68

a 3,3±0,2 a

3,59±0,5

8 a

Bilirrrubina

(mg/dL) 0,4±0,1 a 0,4±0,2a 0,4±0,2a 0,4±0,2 a 0,4±0,1 a

0,39±0,13

a 0,5±0,3 a

0,53±0,2

9 a

Ácido úrico

(mg/dL) 0,4±0,2 a

0,2±0,05

ab 0,3±0,1a

0,3±0,05

a 0,3±0,2 a

0,20±0,05

ab 0,3±0,2 a

0,19±0,0

6 b

ON

(µg ONO/µg

pt)

0,08±0,0

2 a

0,06±0,0

2 a

0,07±0,0

3 a

0,04±0,0

1 a

0,07±0,03

a

0,06±0,02

a

0,06±0,0

4 a

0,04±0,0

2 a

MDA

(nmol/ml

soro)

8,2±2,3a 10,0±1,2

ab 9,7±2,6a 7,6±1,3 a 12,6±4,0a

12,79±2,6

1 b

12,8±5,8

a

8,18±2,1

0 b

Letras diferentes entre os grupos no mesmo dia de coleta denotam diferença significativa (p < 0,05).

ON: óxido nítrico; ONO: nitrito; pt: proteína total sérica.

D1: primeiro dia do experimento; D45: último dia do experimento.

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

48

Tabela 6. Correlação entre MDA, GMPD, ácido úrico e óxido nítrico dos leitões do grupo garrafa

r: coeficiente de correlação; p: diferença significativa.

GMPD MDA Ácido úrico Óxido Nítrico

GMPD r - 0,5485 0,5270 -0,3144

p - < 0,001 < 0,001 0,014

MDA r - 0,5061 0,5497

p - < 0,001 < 0,001

Ácido úrico r - 0,8243

p - < 0,001

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

49

Tabela 7. Comportamentos de leitões em fase de creche avaliados por etograma

Comportamentos

(Porcentagem/%)

Enriquecimento Ambiental

Corda Corrente Garrafa Controle

Mordendo 0 0,3 0,1 0

Fuçando a baia 6,9 7,0 5,6 3,8

Fuçando o outro 1,6 2,1 1,3 5,0

Dormindo/Deitado 42,7 34,1 33,4 61,5

Comendo/Bebendo 35,2 45,4 46,10 25,0

Locomovendo-se 1,7 2,8 3,8 1,9

Parado/Excretando 0,4 0,8 0,9 2,4

Brincando entre si 0,2 0,4 0,2 0,4

Brincando com objeto 11,3 7,1 8,6 0

Total 100 100 100 100

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

50

Figura 1. Principais comportamentos de leitões em fase de creche avaliados por etograma

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

51

CAPÍTULO 2

SUPLEMENTAÇÃO COM ÓLEOS RICOS EM ÁCIDOS GRAXOS POLI-

INSATURADOS NA DIETA DE LEITÕES NA FASE DE CRECHE:

DESEMPENHO, NA RESPOSTA INFLAMATÓRIA, PERFIL LIPÍDICO E

“STATUS” OXIDATIVO

Submetido ao Periódico: Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia em

Novembro de 2018

(Qualis A2)

(ISSN: 0102-0935)

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

52

Suplementação com óleos ricos em ácidos graxos poli-insaturados na dieta de

leitões na fase de creche: efeitos no desempenho, na resposta inflamatória, perfil

lipídico e “status” oxidativo

[Supplementation with oils rich in polyunsaturated fatty acids in the diet of pigs in

the nursery phase: effects on performance, inflammatory response, lipid profile

and "status" oxidative]

Belise Maria Oliveira Bezerra1, Rebeca de Andrade Parente2, Tiago Silva Andrade3,

Pedro Henrique Watanabe3, José Nailton Bezerra Evangelista2, Diana Célia Sousa

Nunes-Pinheiro1

1 Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinárias (PPGCV) - Faculdade de

Veterinária (FAVET) - Universidade Estadual do Ceará (UECE)

2 Faculdade de Veterinária (FAVET) - Universidade Estadual do Ceará (UECE)

3 Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (PPGZ) - Universidade Federal do Ceará

(UFC)

*Autor para correspondência: [email protected]

RESUMO

Nos sistemas de produção, os produtos naturais vêm se destacando na substituição a

produtos sintéticos, dentre eles, podemos destacar os óleos vegetais ricos em ácido graxos

poli-insaturados (PUFA) que são conhecidos, popularmente, por seus efeitos benéficos.

Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da suplementação dos óleos

de pequi e girassol sobre parâmetros fisiológicos em leitões na fase de creche. Foram

utilizados 180 leitões alojados em granja comercial, distribuídos em 3 grupos (n=60)

conforme suplementação alimentar: óleo de pequi, óleo de girassol e controle negativo.

Amostras de sangue e o peso dos animais foram obtidos nos intervalos de quatro trocas

de rações da fase de creche para avaliação do desempenho, da resposta inflamatória, perfil

lipídico e “status” oxidativo. Os parâmetros fisiológicos mensurados demonstraram que

os óleos interferiram positivamente na resposta inflamatória sistêmica (p < 0,05), no

equilíbrio oxidante-antioxidante (p < 0,05) e no metabolismo lipídico (p < 0,05). Por outro

lado, esses óleos vegetais interferiram no ganho de peso e no consumo de ração (p < 0,05).

Sendo assim, concluí-se que a suplementação com óleos de pequi e girassol melhora a

saúde dos animais mas tem impacto negativo no desempenho zootécnico de leitões na

fase de creche.

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

53

Palavras-chave: suínos, ácidos graxos poli-insaturados, desempenho zootécnico, saúde

animal.

ABSTRACT

In the production system, natural products have been prominent in the substitution of

synthetic products, among them, it is possible that they feel at a high level on

polyunsaturated fatty acids (PUFA), which are popularly known for their beneficial

effects.. Thus, the objective of this work was to evaluate the effects of the supplementation

of pequi and sunflower oils on physiological parameters in piglets during the nursery

phase. A total of 180 piglets were housed in a commercial farm, distributed in 3 groups

(n = 60) according to food supplementation: pequi oil, sunflower oil and negative control.

Blood samples and weight of the animals were obtained at intervals of four rats

exchanges of the day care phase to evaluate the performance, inflammatory response,

lipid profile and oxidative status. The physiological parameters measured showed that

the oils interfered positively in the systemic inflammatory response (p <0.05), the oxidant-

antioxidant balance (p <0.05) and lipid metabolism (p <0.05). Therefore, it is concluded

that the supplementation with pequi oil and sunflower improves the life of the animals,

but there is no negative impact on the nursery during the nursery phase. On the other

hand, these vegetable oils interfered in the weight gain (p <0.05).

Keywords: pigs, polyunsaturated fatty acids, zootechnical performance, animal health

INTRODUÇÃO

A suinocultura brasileira é marcada, principalmente, pela forma intensiva, e esse tipo de

criação vem sofrendo algumas mudanças devido a exigências dos consumidores. A busca

da sociedade e do mercado externo por produtos éticos e de qualidade tem conquistado

alguns progressos na produção de animais, como por exemplo, a substituição de

medicamentos sintéticos por produtos naturais (BAPTISTA et al., 2011).

O pós-desmame é considerado um período crítico na criação intensiva de suínos, pois é

caracterizado pela baixa ingestão de alimentos e aumento do estresse, devido a adaptação

desses animais com o novo ambiente e com a dieta sólida (AMAZAN et al., 2012).

Nos últimos anos, muitos produtos naturais, incluindo os óleos vegetais, são utilizados

como aditivos nas dietas de animais de produção para promover estímulo imunológico

(LIN et al., 2018), assim como, para melhorar o desempenho produtivo através de efeitos

fisiológicos e ações nutricionais (LIU et al., 2017).

Os ácidos graxos poli-insaturados são constituintes de muitos óleos vegetais e possuem

vários efeitos benéficos para os organismos. Dentre eles, podemos destacar a influência

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

54

no metabolismo de lipídios (GO et al., 2014), no estresse oxidativo (LI et al., 2014) e na

função imune (TANGUE et al., 2014).

Diante disso, o objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos da suplementação dos

óleos de pequi e girassol sobre o desempenho, marcadores inflamatórios, do metabolismo

lipídico e do estresse oxidativo em leitões na fase de creche criados em sistema intensivo.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado em granja comercial situada em Maranguape/Ceará/Brasil,

latitude 03°88’29’’, longitude 38°67’75’’ e altitude de 70 m. Essa região é classificada

com Aw (tropical quente com inverno seco) de acordo com Köppen e Geiger. O protocolo

experimental foi aprovado pelo CEUA/UECE sob o número 6364557/2015.

Foram utilizados 180 leitões, fêmeas e machos castrados de genética comercial

distribuídos em blocos ao acaso, de acordo com 3 grupos experimentais suplementados

com óleos vegetais: controle negativo, óleo de pequi e óleo de girassol. Cada grupo foi

dividido em quatro unidades experimentais com quinze animais cada, onde duas eram

constituídas por leitões com pesos iniciais entre 5,5-6,0 kg e as outras duas entre 6,0-6,5

kg.

Os leitões foram clinicamente avaliados no primeiro dia do experimento através da

observação das mucosas, mensuração da temperatura e análise da presença ou ausência

de diarreia e/ou tosse. Foram realizados exames de fezes, e os animais apresentaram-se

negativos para presença de ovos e parasitas. Todos os animais foram considerados

saudáveis.

Os leitões foram pesados no dia do desmame (D0), que foi realizado quando os animais

estavam com 21 dias de vida, e a cada mudança de ração a base de milho e soja específica

para fase de creche: pré-inicial 1 (D1), pré-inicial 2(D2), inicial 1(D3) e inicial 2 (D4). O

experimento finalizou no dia da saída dos animais, com 63 dias de vida, da fase de creche

para fase de crescimento. A partir dos pesos obtidos, foram calculados o ganho de peso

diário (GPD) (kg/dia) de cada animal.

O arraçoamento dos leitões foi realizado duas vezes ao dia (manhã e tarde). A inclusão

dos óleos de pequi e girassol, que foram obtidos comercialmente, foi padronizada em 0,2

mL de óleo/kg do animal e seu ajuste era realizado após cada pesagem dos animais. Os

óleos foram adicionados com auxílio de uma betoneira imediatamente antes do

arraçoamento, onde eram misturadas as quantidades calculadas de ração e de óleos para

cada unidade experimental.

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

55

A quantidade de ração foi ajustada semanalmente. Na primeira semana, foi ofertado 0,2

kg/animal/dia (pré-inicial 1), na segunda semana, 0,4 kg/animal/dia (pré-inicial 2), na

terceira e quarta semanas, 0,7kg/animal/dia (inicial 1) e na quinta e sexta semanas, 0,9

kg/animal/dia (inicial 2). A partir desses dados, foram obtidos os valores de consumo

diário de ração (CDR) e conversão alimentar (CA).

Foram realizadas coletas de sangue por venopunção jugular de três animais de cada

unidade experimental, escolhidos aleatoriamente, em D0,D1,D2,D3,D4. As amostras

sanguíneas foram coletadas em tubos com anticoagulante (EDTA) e sem anticoagulante.

No sangue total, foram quantificados leucócitos totais (x10³/µL) em aparelho de

automação hematológico e o diferencial de leucócitos foi realizado em esfregaço

sanguíneo submetido a coloração rápida para obtenção da relação neutrófilo/linfócito.

No soro obtido após centrifugação, foram dosados os teores de albumina, ácido úrico

(mg/dL), proteína total (g/dL), colesterol total (mg/dL) e triglicérideos (mg/dL)

utilizando-se metodologias específicas conforme o fabricante dos kits comerciais em

espectrofotômetro.

O óxido nítrico (ON) sérico foi mensurado através de metodologia de Griess modificada

em placa de 96 poços (D’ÁVILA et al. 2008). Para tanto, o reagente de Griess preparado

(100 μL) foi adicionado a 50 μL do soro e 50 μL de água destilada em cada poço da placa

para obtenção dos valores de nitrito em espectrofotômetro (550 nm). Para obtenção das

quantidades de proteínas séricas foi utilizado o reagente de Bradford (200 μL) adicionado

a 4µL do soro em cada poço da placa e a leitura realizada em leitor de ELISA (600 nm)

(BRADFORD 1976), os resultados foram expressos em μg nitrito/μg proteína.

Para avaliação da peroxidação lipídica, foi realizada a quantificação do malondialdeido

(MDA) sérico em tubos de vidro onde foram adicionados 250 μL de soro seguido por 400

μL de ácido perclórico (35%) em banho-maria (37ºC; 1 hora), a mistura foi centrifugada

(1400 g; 10 minutos) e o 600 μL do sobrenadante foi adicionado a 200 μL de ácido

tiobarbitúrico a 1,2%. Essa mistura foi levada ao banho-maria (95ºC; 30 minutos). Após

resfriada, a leitura foi realizada em espectrofotômetro (535 nm). Os resultados obtidos

foram expressos em nmol/mL de soro (DRAPER & HADLEY 1990).

Os resultados foram expressos em média e considerados significativos com p ≤ 0,05. Os

dados foram submetidos a ANOVA seguido de teste Student-Newman-Keuls (SNK)

(SAS®).

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

56

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A dieta acrescida de ácidos graxos poli-insaturados constitui uma opção promissora na

suplementação dietética de suínos. Porém, é necessário que se determine a concentração

ideal de suplementação, pois a mesma pode influenciar de forma negativa ou positiva na

saúde dos animais (TANGHE et al., 2014). Diante disso, os óleos de pequi e girassol

foram escolhidos em nosso estudo porque são produtos naturais ricos em ácidos graxos

poli-insaturados e podem substituir os sintéticos nos sistemas de produção brasileiros.

O óleo de pequi é proveniente de fruto encontrado no cerrado brasileiro e é um importante

fonte de renda para agricultura de subsistência dessa região (DE LIMA et al., 2007). O

óleo de girasol, por sua vez não tem origem no Brasil, mas é amplamente utilizado por

sua população na alimentação, e vem ganhando espaço na nutrição de animais, por seus

efeitos benéficos a saúde (LAGE et al., 2016).

Os óleos de pequi e girassol são óleos vegetais ricos em ácidos graxos poli-insaturados,

onde destacam-se o ácido oleico (ômega-9) (OLIVEIRA et al., 2010) e o ácido linoleico

(ômega-6), respectivamente (VIJAVAKUMAR et al., 2016). Devido a essa composição,

esses óleos já são estudados e utilizados, amplamente, por suas propriedades anti-

inflamatórias e cicatrizantes (LIN et al., 2018) (OLIVEIRA et al., 2010). Na produção

animal, torna-se importante comprovar os seus efeitos fisiológicos benéficos e conhecer

o impacto econômico de seu uso.

Dessa forma, avaliamos os seguintes parâmetros zootécnicos dos animais experimentais:

consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP) e conversão alimentar (CA).

Os resultados desses parâmetros encontram-se na tabela 1, onde podemos observar que

GDP foi maior no grupo controle quando comparado aos grupos suplementados com os

óleos na primeira e na quarta semana do experimento (p < 0,05), assim como CDR na

segunda semana (p < 0,05). Esses dados demostram que a suplementação com óleos de

pequi e girassol afeta negativamente o desempenho de leitões na fase de creche. Já foi

observado que a adição de óleos ricos em ácidos graxos poli-insaturados na dieta de

suínos não afeta o desempenho de crescimento desses animais significativamente, apesar

de haver uma tendência a um menor ganho de peso diário (SZOSTAK et al., 2016). A

redução no ganho de peso pode ser atribuída ao ácido clorogênico, componente do óleo

de girassol, pois o mesmo possui esse efeito em animais (BHANDARKAR et al., 2019).

As respostas dos organismos diante de desafios de natureza traumática, infecciosa e não

infecciosa ocorrem através de marcadores inflamatórios que irão determinar uma resposta

proporcional à magnitude da agressão (HOLVOET et al, 2008). Os ácidos graxos poli-

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

57

insaturados dos óleos de pequi e girassol são essenciais para síntese de marcadores e

reguladores da inflamação (LI et al., 2014). Dentre esses marcadores, podemos destacar

os leucócitos totais, relação neutrófilo/linfócito, proteínas totais e relação

albumina/globulina que foram avaliados em nosso estudo e encontram-se na tabela 2.

Os leucócitos dos leitões, uma semana após ao desmame, suplementados com óleo de

girassol, encontravam-se mais elevados quando comparados aos outros grupos (p < 0,05).

Esse aumento no número de leucócitos pode ser relacionado com a composição rica em

ômega-6 do óleo de girassol que estimula o mecanismo anti-inflamatório em uma fase

crítica para os leitões, o pós-desmame, levando a um aumento dessas células nos animais

suplementados com esse óleo (BAKER et al., 2018).

As proteínas totais dos grupos suplementados com óleo de pequi e óleo de girassol foram

maiores em D1 e D3 quando comparadas as do grupo controle (p < 0,05). Já a relação

albumina/globulina do grupo controle em D3 demonstrou-se mais elevada quando

comparada aos grupos suplementados com os óleos (p < 0,05) (tabela 2). O aumento da

proteína total e da relação albumina/globulina em D3 pode ser associada ao fato da

albumina, nos animais tratados com os óleos, ter atividade antioxidante natural não

enzimática, sendo relacionada com o estresse oxidativo, o que discutiremos mais adiante.

Para avaliar a influência do uso dos óleos vegetais sob o perfil lipídico foram dosados o

colesterol total e o triglicerídeos dos leitões (tabela 3). O colesterol total apresentou-se

mais elevado nos animais do grupo girassol em D1 e D3 e nos animais do grupo pequi

em D4 quando comparado aos outros grupos (p < 0,05). Os valores de triglicérides não

variaram entre os grupos (p > 0,05). Óleos ricos em ácidos graxos poli-insaturados afetam

o metabolismo lipídico dos organismos de maneira favorável (VIJAVAKUMAR et al.,

2016). Esses óleos são bem metabolizados pelo fígado para síntese e secreção de

colesterol que essencial para manutenção da homeostase celular, já que é um constituinte

tão importante de suas membranas (GO et al., 2014). Como só dosamos o colesterol total,

não sabemos qual o impacto desses óleos no colesterol HDL e LDH, o que sabemos é que

a suplementação com os mesmos não influenciou no aumento de triglicérides.

O equilíbrio entre oxidantes e antioxidantes é importante para manutenção da homeostase

dos organismos (SIES, 1991). O óleo de girassol além de possuir um alto teor de ácidos

graxos poli-insaturados, é rico em vitamina E que é um antioxidante lipossolúvel

(ESMAILZADEH & AZADBAKHT, 2011). O óleo de pequi, por sua vez, também

possui em sua constituição ácidos graxos poli-insaturados e sua ação antioxidante é

associada ao seu teor de carotenoides (MIRANDA-VILELA et al., 2014). Dentre as

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

58

espécies oxidantes, destaca-se o óxido nítrico, que em nosso estudo demonstrou-se mais

elevado no grupo controle em D1 (tabela 4), demonstrando que os óleos foram eficientes

na neutralização desse radical livre no pós-desmame dos leitões que é um período que

induz o estresse oxidativo nesses animais (BUCHET et al., 2017).

O dano causado por espécies oxidantes nas membranas celulares gera formação do

subproduto malondialdeído (MOSELHY et al., 2013) que se apresentou mais elevado nos

leitões suplementados com óleo de girassol e pequi nos momentos D2 e D3 em

comparação aos animais do grupo controle (p < 0,05) (tabela 4). Esse aumento do MDA

pode ser relacionado com o aumento do colesterol nesses animais, já que esse esteroide

serve com substrato para oxidação em membranas celulares, estimulando, dessa forma, a

formação do MDA (HOLVOET, 2008).

Para combater o estresse oxidativo dos organismos, os antioxidantes não enzimáticos,

como albumina e ácido úrico atuam neutralizando os radicais livres. Em nosso

experimento, esses antioxidantes foram avaliados e encontram-se na tabela 4. A albumina

estava mais elevada nos animais suplementados com os óleos de pequi e girassol em D1,

no mesmo momento onde o teor de óxido nítrico foi menor. Esse importante antioxidante

natural dos fluidos extracelulares age na neutralização de radicais livres, o que,

provavelmente, aconteceu em nosso estudo (BARREIROS et al., 2006). O ácido úrico é

o principal produto do metabolismo de nitrogênio e purina das proteínas (HARR, 2002),

por isso o seu valor mais elevado no D3 pode ser relacionado ao aumento de proteína

total nesse momento.

Considerando que os produtos sintéticos podem trazer efeitos adversos na promoção da

saúde de animais de produção, os produtos naturais, como óleos vegetais, podem ser

substitutos adequados com essa finalidade.

CONCLUSÃO

Os óleos de pequi, rico em ômega-9, e de girassol, rico em ômega-6, apresentaram efeito

negativo no consumo de ração e ganho de peso dos leitões. Por outro lado, a

suplementação com esses óleos estimulou os animais no combate a inflamação e ao

estresse oxidativo, além de interferir positivamente no metabolismo lipídico. Concluí-se

que a suplementação com óleos de pequi e girassol melhora a saúde dos animais mas tem

impacto negativo no desempenho zootécnico de leitões na fase de creche.

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

59

AGRADECIMENTO

À CAPES, CNPq, FINEP, UECE e Granja Xerez pelo apoio para o desenvolvimento do

experimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMAZAN, D., REY, A.I., FERNÁNDEZ, E et al. Natural vitamin E (D-α-tocopherol)

supplementation in drinking water prevents oxidative stress in weaned piglets. Livest.

Sci., v.145, p.55-62, 2012.

BAKER, E.J., YUSOF, M.H., YAQOOB et al. Omega-3 fatty acids and leukocyte-

endothelium adhesion: Novel anti-atherosclerotic actions. Mol. Aspects. Med, v.64,

p.169-181, 2018.

BHANDARKAR, N.S., BROWN, L., PANCHAL, S.K. Chlorogenic acid attenuates

high-carbohydrate, high-fat diet–induced cardiovascular, liver, and metabolic changes in

rats. Nutr. Res., v.62, p.78-88, 2019.

BARREIROS, A.L.B.S., DAVID, J.M., DAVID, J.P. Estresse oxidativo: Relação entre

geração de espécies reativas e defesa do organismo. Quim. Nova, v.29, n.1, p.113-123,

2006.

BAPTISTA, R.I.A.A., BERTANI, G.R., BARBOSA, C.N. Indicadores do bem-estar em

suínos. Cienc. Rural, Santa Maria, v.41, n.10, p.1823-1830, 2011.

BRADFORD, M. M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram

quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Anal. Biochem, v.72,

p.248-254, 1976.

BUCHET, A., BELLOC, C., LEBLANC-MARIDOR, M et al. Effects of age and

weaning conditions on blood indicators of oxidative status in pigs. PLoS. One, 2017.

D’ÁVILA, V.G.F.C., SOUSA JÚNIOR, N.B., SOUSA, F.B et al. Avaliação da produção

de óxido nítrico em ratos, submetidos aos exercícios aeróbios e anaeróbios. Rev. Bras.

Cienc. Farm., v.44, n.4, 2008.

DE LIMA, A., SILVA, A.M.O., TRINDADE, R.A et al. Composição química e

compostos bioativos presentes na polpa e na amêndoa do pequi (Caryocar brasiliense,

camb.). Rev. Bras. Frutic., v. 29, n. 3, p. 695-698, 2007.

DRAPER, H. H.; HADLEY, M. Malondial dehyde determination as index of lipid

peroxidation. Methods. Enzymol, v. 186, p. 421-431, 1990.

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

60

ESMAILLZADEH, A., AZADBAKHT, L. Different kinds of vegetable oils in relation

to individual cardiovascular risk factors among Iranian women. Br. J. Nutr., v.105, p.919-

927, 2011.

GO, R., HWANG, K., KIM, Y et al. Effects of Palm and Sunflower Oils on Serum

Cholesterol and Fatty Liver in Rats. J. Med. Food., v.0, n.0, p.1-7, 2014.

HARR, K.E. Clinical chemistry of companion avian species: a review. Vet. Clin. Pathol.,

v.31, n.3, p.140-151, 2002.

HOLVOET, P. Relations between metabolic syndrome, oxidative stress and

inflammation and cardiovascular disease, Verh. K. Acad. Geneeskd. Belg., v. 70, n.3,

p.193-219, 2008.

LAGE, L.A., LOPES, M.A., LOPES, F.C.F. et al. Economic feasibility of adding

sunflower oil to elephant grass-based diets of lactating dairy cows. Semina: Ciênc. Agrár.,

v. 37, n. 4, p. 2313-2320, 2016.

LI, K., HUANG, T., ZHENG, J. et al. Effect of marine-derived n-3 polyunsaturated fatty

acids on C-reactive protein, interleukin 6 and tumor necrosis factor alfa: a meta-analysis.

PLoS One, 2014.

LIN, T., ZHONG, L., SANTIAGO, J.L. Anti-Inflammatory and Skin Barrier Repair

Effects of Topical Application of Some Plant Oils. Int. J. Mol. Sci., v.19, n.1, p.1-21,

2018.

LIU, W., PEDRAM, R., JAVANDEL, F. et al. The effects of different levels of dietary

fish oil, soybean oil, and sunflower oil on performance and immunity related parameters

of broiler chicken. J. Anim. Plant Sci. , v.27, n.2, p.384-389, 2017.

MIRANDA-VILELA, A.L., GRISOLIA, C.K., LONGO, J.P.F et al. Oil rich in

carotenoids instead of vitamins C and E as a better option to reduce doxorubicin-induced

damage to normal cells of Ehrlich tumor-bearing mice: hematological, toxicological and

histopathological evaluations. J. Nutr. Biochem., v.25, p.1161-1176, 2014.

MOSELHY, H.F., REID, R.G., YOUSEF., S. et al. A specific, accurate, and sensitive

measure of total plasma malondialdehyde by HPLC. J. Lipid. Res., v.54, p. 852-858,

2013.

OLIVEIRA, M.L.M., NUNES-PINHEIRO, D.C.S et al. In vivo topical anti-inflammatory

and wound healing activities of the fixed oil of Caryocar coriaceum Wittm. Seeds. J.

Ethnopharmacol., v.129, p.214–219, 2010.

SIES, H. Oxidative stress: from basic research to clinical application. Am. J. Med. Sci. ,

v.91, p.31S-38S, 1991.

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

61

SZOSTAK, A., OGLUZKA, M., TE PAS, M.F.W et al. Effect of a diet enriched with

omega-6 and omega-3 fatty acids on the pig liver transcriptome. Genes Nutr., v.11, n.9,

p. 1-17, 2016.

TANGHE, S., COX, E., MELKEBEEK, V et al. Effect of fatty acid composition of the

sow diet on the innate and adaptive immunity of the piglets after weaning. Vet. J., v. 200,

n. 2, p.287-293, 2014.

VIJAYAKUMAR, M., VASUDEVAN, D.M., SUNDARAM, K.R et al. A randomized

study of coconut oil versus sunflower oil on cardiovascular risk factors in patients with

stable coronary heart disease. Indian. Heart. J, v.68, p. 498-506, 2016.

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

62

Tabela 1. Desempenho de leitões na fase de creche suplementados com óleos de pequi e

girassol.

Variáveis

do

desempenho

Tratamentos

21 a 28 dias

Controle Pequi Girassol CV% Valor de p

CDR(g) 0,15 0,12 0,11 24,52 0,1733

GDP(g) 0,08 0,04 0,03 31,32 0,0059

CA 3,77 3,27 1,97 45,51 0,2201

21 a 33 dias

CDR(g) 0,49 0,42 0,37 12,42 0,0486

GDP(g) 0,18 0,18 0,14 17,18 0,1066

CA 2,70 2,42 2,70 7,17 0,1067

21 a 40 dias

CDR(g) 0,35 0,33 0,31 7,18 0,0682

GDP(g) 0,22 0,20 0,20 6,56 0,1355

CA 1,59 1,61 1,52 4,49 0,2109

21 a 47 dias

CDR(g) 0,43 0,39 0,39 5,02 0,0680

GDP(g) 0,26 0,24 0,22 5,39 0,0104

CA 1,63 1,58 1,76 6,28 0,1030

21 a 59

dias

CDR(g) 0,58 0,54 0,55 4,78 0,2454

GDP(g) 0,35 0,34 0,33 5,92 0,4945

CA 1,63 1,62 1,61 5,29 0,9214

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

63

Tabela 2. Avaliação inflamatória sistêmica de leitões na fase de creche suplementados

com óleos de pequi e girassol.

Parâmetros

Grupos Dias Controle Pequi Girassol CV% Valor de

p

Leucócitos

totais

(x103/µL)

D0 12,89 14,85 13,80 24,05 0,3659

D1 15,47 15,62 18,50 15,38 0,0096

D2 18,08 19,66 20,43 19,88 0,3267

D3 21,19 21,92 21,25 24,10 0,9283

D4 15,70 16,35 16,43 21,61 0,8528

Neutrófilo/

Linfócito

D0 0,92 2,31 1,21 72,19 0,0083

D1 0,60 0,68 0,56 34,63 0,3916

D2 0,78 0,80 1,01 38,81 0,1890

D3 0,62 0,85 0,73 31,74 0,0788

D4 0,83 0,59 0,62 41,16 0,0850

Proteínas

Totais

(g/dL)

D0 4,93 5,22 4,77 10,10 0,1003

D1 4,94 5,48 5,41 10,32 0,0515

D2 4,97 4,53 4,72 19,19 0,4995

D3 5,00 5,53 6,74 19,82 0,0025

D4 5,38 5,71 6,21 16,63 0,1175

Albumina/

Globulina

D0 1,09 0,95 1,39 42,21 0,0975

D1 0,65 0,71 0,85 31,10 0,1030

D2 0,72 0,68 0,70 39,99 0,9259

D3 0,53 0,39 0,38 34,01 0,0363

D4 0,58 0,64 0,58 32,30 0,7169

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

64

Tabela 3. Perfil Lipídico de leitões na fase de creche suplementados com óleos de pequi

e girassol.

Parâmetros

Grupos Dias Controle Pequi Girassol CV% Valor de

p

Colesterol

(mg/dL)

D0 136,4 126,9 127,7 20,17 0,6232

D1 64,3 51,2 71,2 23,26 0,0066

D2 84,8 78,8 77,9 13,01 0,2391

D3 69,4 87,6 93,4 14,92 0,0001

D4 84,7 105,2 98,3 14,67 0,0041

Triglicérides

(mg/dL)

D0 56,4 62,3 58,0 15,92 0,2906

D1 47,2 47,0 47,2 12,27 0,9942

D2 60,2 59,8 50,4 18,07 0,0418

D3 58,7 56,0 64,0 18,90 0,2235

D4 52,3 52,8 52,3 14,98 0,9840

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

65

Tabela 4. Parâmetros do estresse oxidativo de leitões na fase de creche suplementados com óleo

de girassol e pequi.

Parâmetros

Grupos Dias Controle Pequi Girassol CV% Valor de

p

NO

(µg

ONO/µg

pt)

D0 0,004 0,003 0,004 39,13 0,2305

D1 0,003 0,001 0,002 44,75 0,0341

D2 0,004 0,004 0,003 35,84 0,3376

D3 0,002 0,001 0,001 38,09 0,7281

D4 0,002 0,003 0,003 58,77 0,0448

MDA

(nmol/ml

soro)

D0 13,29 13,32 11,71 16,32 0,1125

D1 13,40 12,76 11,61 20,13 0,2325

D2 31,04 32,85 37,46 09,66 0,0001

D3 23,38 29,91 35,44 18,79 <0,0001

D4 13,84 11,36 11,39 22,40 0,0524

Ácido úrico

(mg/dL)

D0 0,89 0,98 1,10 35,64 0,3357

D1 0,97 0,75 0,73 43,64 0,2087

D2 1,37 1,30 1,07 27,29 0,0969

D3 1,14 0,87 1,40 29,46 0,0024

D4 0,77 0,65 0,67 52,77 0,6838

Albumina

(g/dL)

D0 2,64 2,44 2,80 22,29 0,3366

D1 1,95 2,23 2,43 17,80 0,0203

D2 2,04 1,86 1,93 20,50 0,5618

D3 1,65 1,55 1,84 20,89 0,1482

D4 1,94 2,17 2,10 14,44 0,1617

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

66

6) CONCLUSÕES

6.1) O enriquecimento ambiental estimulou comportamentos positivos nos leitões,

onde a corda se destacou como o mais atrativo. Por outro lado, a corrente apresentou

efeito negativo sobre a fisiologia dos animais, gerando estresse, assim como a garrafa que

induziu a peroxidação lipídica e um menor ganho de peso nos leitões. Dessa forma,

concluí-se que o enriquecimento ambiental melhora os comportamentos dos leitões,

porém pode provocar alterações fisiológicas, o que ressalta a importância do estudo dessa

técnica antes da aplicação nos sistemas de produção.

6.2) Os óleos de pequi, rico em ômega-9, e de girassol, rico em ômega-6,

apresentaram efeitos negativo no consumo de ração e ganho de peso dos leitões. Por outro

lado, a suplementação com esses óleos estimulou os animais no combate a inflamação e

ao estresse oxidativo, além de interferir positivamente no metabolismo lipídico. Concluí-

se que a suplementação com óleos de pequi e girassol melhora a saúde dos animais mas

tem impacto negativo no desempenho zootécnico de leitões na fase de creche.

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

67

7) PERSPECTIVAS

Os resultados obtidos neste trabalho ressaltam o melhor entendimento das respostas

fisiológicas e zootécnicas de leitões na fase de creche de acordo com o uso de objetos de

enriquecimento e antioxidantes naturais no sistema intensivo.

Esse conhecimento pode ser enriquecido com o estudo de novos marcadores. O modelo

desse estudo pode ser aplicado em outras fases da suinocultura não estudadas nesse trabalho.

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

68

8) REFERÊNCIAS

ANAND, A., DASS, L.L., SHARMA,K., SINGH, K.K. Biochemical changes in the

wounds of goats following treatment of sunflower oil and olive oil. Exploratory Animal

and Medical Research, v.6, n.1, p.107-112, 2016

AKTAN, B., TAYSI, S., GUMUSTEKIN, K., BAKAN, N., SUTBEYAZ, Y. Evaluation

of oxidative stress in erythrocytes of guinea pigs with experimental otitis media and

effusion. Annals of Clinical & Laboratory Science, v.33, n.2, p.232-236, 2003.

AMAZAN, D., REY, A.I., FERNÁNDEZ, E., LÓPEZ-BOTE, C.J. Natural vitamin E

(D-α-tocopherol) supplementation in drinking water prevents oxidative stress in weaned

piglets. Livestock Science, v.145, p.55-62, 2012.

ANDRADE, E.R., MELO-STERZA, F.A., SENEDA, M.M., ALFIERI, A.A.

Consequências da produção das espécies reativas de oxigênio na reprodução e principais

mecanismos antioxidantes. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.34, n.2, p. 79-

85, abril/junho, 2010.

BANDAY, M.N., LONE, F.A., RASOOL, F., RASHID, M., SHIKARI, A. Use of

antioxidants reduce lipid peroxidation and improve quality of crossbred ram sperm during

its cryopreservation. Cryobiology, v.74, p.25-30, 2017.

BAPTISTA, R.I.A.A., BERTANI, G.R., BARBOSA, C.N. Indicadores do bem-estar em

suínos. Ciência Rural, Santa Maria, v.41, n.10, p.1823-1830, 2011.

BARREIROS, A.L.B.S., DAVID, J.M., DAVID, J.P. Estresse oxidativo: Relação entre

geração de espécies reativas e defesa do organismo. Química Nova, v.29, n.1, p.113-123,

2006.

BELENGUER, A., TORAL, P.G., FRUTOS, P., HERVAS, G. Changes in the rumen

bacterial Community in response to sunflower oil and fish oil supplements in the diet of

dairy sheep. Journal of Dairy Science, v.93, n.7, p.3275-3286, 2010.

BRADFORD, M. M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram

quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical

Biochemistry, v.72, p.248-254, 1976.

BROOM, D.M., MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: Conceitos e questões

relacionadas-Revisão. Archives of Veterinary Science, v.9, n.2, p.1-11, 2004.

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

69

BORELL, E.V., DOBSON, H., PRUNIER, A. Stress, behaviour and reproductive

performance in female cattle and pigs. Hormones and Behavior, v.52, p.130-138, 2007.

CAMPOS, J.A., TINÔCO, I.F.F., SILVA, F.F., PUPA, J.M.R., DA SILVA, I.J.O.

Enriquecimento ambiental para leitões na fase de creche advindos de desmame aos 21 e

28 dias. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.5, n.2, p.272-278, 2010.

CARDENIA, V., RODRIGUEZ-ESTRADA, M.T., CUMELLA, F., SARDI, L., CASA,

G.D., LERCKER, G. Oxidative stability of pork meat lipids as related to high-oleic

sunflower oil and vitamin E diet supplementation and storage conditions. Meat Science,

v.88, n.2, p.271-279, 2011.

CHEN, J., LI, Y., YU, B., CHEN, D., MAO, X., ZHENG, P., LUO, J., HE, J. Dietary

chlorogenic acid improves growth performance of weaned pigs through maintaining

antioxidant capacity and intestinal digestion and absorption function. Journal of Animal

Science, v.96, n.3, p.1108-1118, 2018.

ÇOBAN, J., EVRAN, B., ÖZKAN, F., ÇEVIK, A., DOGRU-ABBASOGLU, S.,

UYSAL,M. Effect of blueberry feeding on lipids and oxidative stress in the serum, liver

and aorta of guinea pigs fed on a high-cholesterol diet. Bioscience, Biotechnology and

Biochemistry, v.77, n.2, p. 389-391, 2013.

CORNALE, P., MACCHI, E., MIRETTI, S. RENNA, M., LUSSIANA, C., PERONA,

G., MIMOSI, A. Effects of stocking density and environmental enrichment on behavior

and fecal corticosteroid levels of pigs under commercial farm conditions. Journal of

Veterinary Behavior, in press.

DALTO, D.B., ROY, M., AUDET, I., PALIN, M.F., GUAY, F., LAPOINTE, J.,

MATTE, J.J. Interaction between vitamin B6 and source of selenium on the response of

the selenium-dependent glutathione peroxidase system to oxidative stress induced by

oestrus in pubertal pig. Journal of Trace Elements in Medicine and Biology, v.32, p.21-

29, 2015.

D’ÁVILA, V.G.F.C., SOUSA JÚNIOR, N.B., SOUSA, F.B., GUILLO, L.A. Avaliação

da produção de óxido nítrico em ratos, submetidos aos exercícios aeróbios e anaeróbios.

Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v.44, n.4, 2008.

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

70

DAS, R., SAILO, L., VERMA, N., BHARTI, P., SAIKIA, J., KUMAR, I., KUMAR, R.

Impact of heat stress on health and performance of dairy animals: A review. Veterinary

World, v.9, p. 260-268, 2016.

DEBLANC, C., ROBERT, F., PINARD, T., GORIN, S., QUÉQUINER, S., GAUTIER-

BOUCHARDON, A.V., FERRÉ, S., GARRAUD, J.M., CARIOLET, R., BRACK, M.,

SIMON, G. Pre-infection of pigs with Mycoplasma hyopneumoniae induces oxidative

stress that influences outcomes of a subsequent infection with a swine influenza virus of

H1N1 subtype. Veterinary Microbiology, v.162, p.643-651, 2013.

DE LIMA, A., SILVA, A.M.O., TRINDADE, R.A., TORRES, R.P., MANCINI-FILHO,

J. Composição química e compostos bioativos presentes na polpa e na amêndoa do pequi

(Caryocar brasiliense, camb.). Revista Brasileira de Fruticultura, v. 29, n. 3, p. 695-

698, 2007.

DRAPER, H. H.; HADLEY, M. Malondial dehyde determination as index of lipid

peroxidation. Methods Enzymology, v. 186, p. 421-431, 1990.

DUAN, Y., LI, F., LI, L., FAN, J., SUN, X., YIN, Y. n-6:n-3 PUFA ratio is involved in

regulating lipid metabolism and inflammation in pigs. The British Journal of Nutrition,

v.111, n.3, p.445-451, 2013.

FALOWO, A.B., FAYEMI, P.O., MUCHENJE, V. Natural antioxidants against lipid–

protein oxidative deterioration in meat and meat products: A review. Food Research

International, v.64, p. 171–181, 2014.

FINNO, C.J., ESTELL, K.E., WINFIELD, L., KATZMAN, S., BORDBARI, M.H.,

BURNS, E.N., MILLER, A.D., PUSCHNER, B., TRAN, C.K., XU, L. Lipid peroxidation

biomarkers for evaluating oxidative stress in equine neuroaxonal dystrophy. Journal of

Veterinary Internal Medicine, v.32, p.1740-1747, 2018.

FIRUZI, O., MIRI, R., TAVAKKOLI, M., SASO, L. Antioxidant Therapy: Current

Status and Future Prospects. Current Medicinal Chemistry, v.18, n.,25, p.3871-3888,

2011.

GOURDINE, J.L., DE GREEF, K.H., RYDHMER, L. Breeding for welfare in outdoor

pig production: A simulation study. Livestock Science, v.132, p. 26-34, 2010.

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

71

GROTTO, D., MARIA, L.S., VALENTINI, J., PANIZ, C., SCHMITT, G., GARCIA,

S.C., POMBLUM, V.J., ROCHA, J.B.T., FARINA, M. Importance of the lipid

peroxidation biomarkers and methodological aspects for malondialdehyde quantification.

Química Nova, v.32, n.1, p.169-174, 2009.

KADIISKA, M.B., PEDDADA, S., HERBERT, R.A., BASU, S., HENSLEY, K.,

JONES, D.P., HATCH, G.E., MASON, R.P. Biomarkers of oxidative stress study VI.

Endogenous plasma antioxidants fail as useful biomarkers of endotoxin-induced

oxidative stress, Free Radical Biology and Medicine, v. 81, n. 100-106, 2015.

KARA, K., GÜÇLÜ, B.K., BAYTOK, E., SENTÜRK, M. Effects of grape pomace

supplementation to laying hen diet on performance, egg quality, egg lipid peroxidation

and some biochemical parameters. Journal of Applied Animal Research, v.44, n.1,

p.303-310, 2015.

LIMA, M.F., HENRIQUES, C.A., SANTOS, F.D., ANDRADE, P.M.M., CARMO,

M.G.T. Ácido Graxo ômega-3 docosahexaenoico (DHA C22:6 n-3) desenvolvimento

neonatal: aspectos relacionados a sua essencialidade e suplementação. Nutrire, v.68,

p.65-77, 2004.

LIMA, E.S., ABDALLA, D.S.P. Peroxidação lipídica: mecanismos e avaliação em

amostras biológicas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v.37, n.3, 2001.

LIN, T., ZHONG, L., SANTIAGO, J.L. Anti-Inflammatory and Skin Barrier Repair

Effects of Topical Application of Some Plant Oils. International Journal of Molecular

Sciences, v.19, n.1, p.1-21, 2018.

LIU, W., PEDRAM, R., JAVANDEL, F., NASABIAN, S., SEIDAVI, A. The effects of

different levels of dietary fish oil, soybean oil, and sunflower oil on performance and

immunity related parameters of broiler chicken. Journal of animal & plant sciences,

v.27, n.2, p.384-389, 2017.

LUEHRING, M., BLANK, R., WOLFFRAM, S. Vitamin E-sparing and vitamin E-

independent antioxidative effects of the flavonol quercetin in growing pigs. Animal Feed

Science and Technology, v.169, p. 199-207, 2011.

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

72

LYKKESFELDT, J., SVENDSEN, O. Oxidants and antioxidants in disease: Oxidative

stress in farm animals. The Veterinary Journal, v.173, p.502-511, 2007.

MAIA, A.P.A., SARUBBI, J., MEDEIROS, B.B.L., MOURA, D.J. Enriquecimento

ambiental como medida para o bem-estar positivo de suínos (Revisão). Revista do

Centro de Ciências Naturais e Exatas, v.14, n.14, p.2862-2877, 2013.

MIRANDA-VILELA, A.L., GRISOLIA, C.K., LONGO, J.P.F., PEIXOTO, R.C.A., DE

ALMEIDA, M.C., BARBOSA, L.C.P., ROLL, M.M., PORTILHO, F.A.,

ESTEVANATO, L.L.C., BOCCA, A.L., BÁO, S.N., LACAVA, Z.G.M. Oil rich in

carotenoids instead of vitamins C and E as a better option to reduce doxorubicin-induced

damage to normal cells of Ehrlich tumor-bearing mice: hematological, toxicological and

histopathological evaluations. Journal of Nutritional Biochemistry, v.25, p.1161-1176,

2014.

MOSELHY, H.F., REID, R.G., YOUSEF., S., BOYLE, S.P. A specific, accurate, and

sensitive measure of total plasma malondialdehyde by HPLC. Journal of Lipid

Research, v.54, p. 852-858, 2013.

MULLAN, S., EDWARDS, S.A., BUTTERWORTH, A., WHAY, H.R., MAIN, D.C.J.

Interdependence of welfare outcome measures and potential confounding factors on

finishing pigs farms. Applied Animal Behaviour Science, v.121, p.25-31, 2009.

NANNONI, E., SARDI, L., VITALI, M., TREVISI, E., FERRARI, A., FERRI, M.E.,

BACCI, M.L., GOVONI, N., BARBIERI, S., MARTELLI, G. Enrichment devices for

undocked heavy pigs: effects on animal welfare, blood parameters and production traits.

Italian Journal of Animal Science, v.17, n.3, p.1-12, 2018.

OHL, F., STAAY, F.J, V.D. Animal welfare: At the interface between science and

society. The Veterinary Journal, v.192, p.13-19, 2012.

OLIVEIRA, M.L.M., NUNES-PINHEIRO, D.C.S., TOME, A.R., MOTA, E.F., LIMA-

VERDE, I.A., PINHEIRO, F.G., CAMPELLO, C.C., DE MORAIS, S.M. In vivo topical

anti-inflammatory and wound healing activities of the fixed oil of Caryocar coriaceum

Wittm. Seeds. Journal of Ethnopharmacology, v.129, p.214–219, 2010.

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

73

PAJK, T., REZAR, V., LEVART, A., SALOBIR, J. Efficiency of apples, strawberries,

and tomatoes for reduction of oxidative stress in pigs as a model for humans. Nutrition,

v. 22, p.376-384, 2006.

PALANISAMY, G.S., KIRK, N.M., ACKART, D.F., SHANLEY, C.A., ORME, I.M.,

BASARABA, R.J. Evidence for Oxidative Stress and Defective Antioxidant Response in

Guinea Pigs with Tuberculosis. PLoS ONE, v.6, n.10, p.1-13, 2011.

RAI, A., MOHANTY, B., BHARGAVA, R. Supercritical extraction of sunflower oil: A

central composite design for extraction variables. Food Chemistry, v.192, p. 647-659,

2016.

ROESLER, R., CATHARINO, R.R., MALTA, L.G., EBERLIN, M.N., PASTORE, G.

Antioxidant activity of Caryocar brasiliense (pequi) and characterisation of components

by electrospray ionization mass spectrometry. Food Chemistry, v.110, p.711-717, 2008.

ROSSI, R., PASTORELLI, G., CORINO, C. Application of KRL test to assess total

antioxidante activity in pigs: Sensitivity to dietary antioxidants. Research in Veterinary

Science, v. 94, p. 372-377, 2013.

SCHNEIDER, C.D., OLIVEIRA, A.R. Radicais livres de oxigênio e exercício:

Mecanismo de adaptação ao treinamento físico. Revista Brasileira de Medicina do

Esporte, v.10, n.4, 2004.

SENA JR., D.M., RODRIGUES, F.F.G., FREIRE, P.T.C., DE LIMA, S.G., COUTINHO,

H.D.M., CARVAJAL, J.C.L., COSTA, J.G.M. Physicochemical and spectroscopical

investigation of Pequi (Caryocar coriaceum Wittm.) pulp oil. Grasas y Aceites, v.61,

p.191-196, 2010.

SHANG, F., GONG, X., EGTESADI, S., MEYDANI, M., SMITH, D., PERRONE, G.,

SCOTT, L., BLUMBERG, J.B., TAYLOR, A. Vitamin C prevents hyperbaric oxygen-

induced growth retardation and lipid peroxidation and attenuates the oxidation-induced

up-regulation of glutathione in guinea pigs. Journal of Nutritional Biochemistry, v.13,

p.307–313, 2002.

SHI-BIN, Y., DAI-WEN, C., KE-YING, Z., BING, Y. Effects of Oxidative Stress on

Growth Performance, Nutrient Digestibilities and Activities of Antioxidative Enzymes of

Weanling Pigs. Asian-Australasian Journal of Animal Science, v.20, n.10, p.1600-

1605, 2007.

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

74

SIES, H. Oxidative stress: from basic research to clinical application. American Journal

of Medicine, v.91, p.31S–38S, 1991.

SIES, H., STAHL, W. Vitamins E and C, α-carotene, and other carotenoids as

antioxidants. American Journal of Clinical Nutrition, v. 62, p. 1315-21, 1995.

SOLER, L., GUTIÉRREZ, A., ESCRIBANO, D., FUENTES, M., CERÓN, J.J. Response

of salivary haptoglobin and serum amyloid A to social isolation and short road transport

stress in pigs. Research in Veterinary Science, v.95, p.298-302, 2013.

SONG, J., LI, Y.L., HU, C.H. Effects of copper-exchanged montmorillonite, as

alternative to antibiotic, on diarrhea,intestinal permeability and proinflammatory cytokine

of weanling pigs. Applied Clay Science, v.77-78, p.52-55, 2013.

SRITHUNYARAT, T., HAGMAN, R., HÖGLUND, O.V., STRIDSBERG, M.,

HANSON, J., LAGERSTEDT, A.S., PETTERSSON, A. Catestatin, vasostatin, cortisol,

and visual analog scale scoring for stress assessment in healthy dogs. Research in

Veterinary Science, v.117, p.74-80, 2018.

TANGHE, S., COX, E., MELKEBEEK, V., DE SMET, S., MILLET, S. Effect of fatty

acid composition of the sow diet on the innate and adaptive immunity of the piglets after

weaning. The Veterinary Journal, v. 200, n. 2, p.287-293, 2014.

TELKÄRANTA, H., SWAN, K., HIRVONEN, H., VALROS, A. Chewable materials

before weaning reduce tail bitingin growing pigs. Applied Animal Behaviour Science,

v.157, p. 14–22, 2014.

TEMPLE, D., MANTECA, X., VELARDE, A., DALMAU, A. Assessment of animal

welfare through behavioural parameters in Iberian pigs in intensive and extensive

conditions. Applied Animal Behaviour Science, v.131, p.29-39, 2011.

TEODORO, S.M., BERTO, D.A., PADOVANI, C.R., CHAVES, M.A., PANIZZA, J.C.

Leitões lactentes e desmamados alimentados com dietas fareladas ou extrusada seca e

úmida. Archivos de Zootecnia, v.57, p.549-552, 2008.

TURNER, A.I., HEMSWORTH, P.H., TILLBROOK, A.J. Susceptibility of reproduction

in female pigs to impairment by stress or elevation of cortisol. Domestic animal

endocrinology, v.29, p. 398-410, 2005.

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

75

VAN DE WEERD, H.A., DOCKING, C.M., DAY, J.E.L., BREUER, K., EDWARDS,

S.A. Effects of species-relevant environmental enrichment on the behaviour and

productivity of finishing pigs. Applied Animal Behaviour Science, v.99, p.230-247,

2006.

VEISSIER, I., BOISSY, A. Stress and welfare: Two complementary concepts that are

intrinsically related to the animal's point of view. Physiology & Behavior, v.92, p.429-

433, 2007.

WARING, W.S. Uric acid: an important antioxidant in acute ischaemic stroke. QJM: An

International Journal of Medicine, v.95, p.691-693, 2002.

ZHANG, T., ZHOU, Y.F., ZOU, Y., HU, X.M., ZHENG, L.F., WEI, H.K.,

GIANNENAS, I., JIN, L.Z., PENG, J., JIANG, S.W. Effects of dietary oregano essential

oil supplementation on the stress response, antioxidative capacity, and HSPs Mrna

expression of transported pigs, Livestock Science, v.178, 2015.

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

76

APÊNDICE

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

77 APÊNDICE A – CERTIFICADO DO CEUA(UECE)

Page 78: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

699

Impactos do estresse oxidativo na produção intensiva de

suínos: desafios e perspectivas. Uma Revisão

Impacts of oxidative stress in swine: Challenges and Perspectives. A reviuew

Belise Maria Oliveira Bezerra 1*

, José Nailton Bezerra Evangelista2, Diana Célia Sousa

Nunes-Pinheiro3

1 Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinárias, Faculdade de Veterinária, Universidade

Estadual do Ceará 2 Professor da Faculdade de Veterinária, Universidade Estadual do Ceará

3 Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinárias, Faculdade de Veterinária,

Universidade Estadual do Ceará.

Autor para correspondência: *[email protected]

RESUMO: O estresse oxidativo é um desequilíbrio entre espécies reativas de oxigênio

(EROS) e substâncias antioxidantes dos organismos, que pode ser induzido fisiologicamente ou

patologicamente, causando danos oxidativo, como por exemplo, a peroxidação lipídica. A

mensuração do estresse oxidativo pode ser realizada através de biomarcadores, utilizando-se

várias técnicas. Na suinocultura, a produção rentável aumenta a demanda sobre o sistema

metabólico dos suínos, o que pode levar, ao estresse oxidativo. O desequilíbrio oxidativo dos

suínos pode estar associado a várias condições, como medidas inadequadas de manejo

associadas ao seu sistema de produção e as patologias de diversas origens. Para combater o

estresse oxidativo, é necessário reforçar os sistemas antioxidantes dos suínos através de

suplementação nutricional com produtos sintéticos a base de vitaminas, minerais e produtos

naturais. Mediante o exposto, o presente trabalho tem como objetivo apresentar uma revisão

bibliográfica sobre a o estresse oxidativo na suinocultura enfatizando medidas de manejo,

patologias e suplementação nutricional com antioxidantes. Os dados coletados dos diversos

artigos científicos possibilitaram concluir que o estresse oxidativo tem impacto sobre a

suinocultura, e que, através de um maior conhecimento de biomarcadores desse desequilíbrio,

pode ser possível uma adequada interferência com suplementação de antioxidantes não

enzimáticos para favorecer a saúde e o desempenho dos suínos.

Termos para indexação: Suínos, Desequilíbrio oxidativo, Produção animal

ABSTRACT: Oxidative stress is an imbalance between reactive oxygen species (ROS) and

antioxidants of organisms, which can be generated physiologically or pathologically causing

oxidative damage, for example, lipid peroxidation. Measurement of oxidative stress may be

achieved by biomarkers using various techniques. In swine, economical production increases

the demand on the metabolic system of the pigs, which may lead to the oxidative stress.

Oxidative imbalance of pigs may be associated to various conditions such as inadequate

management measures related with their production system and pathologies of various origins.

To minimize oxidative stress, it is necessary to strengthen the antioxidant systems of pigs

through nutritional supplementation with natural and synthetic products based on vitamins and

minerals. Thus, this paper aims to present a review on the oxidative stress in swine

Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal Brazilian Journal of Hygiene and Animal Sanity

ISSN: 1981-2965

I

Re

vis

ão

78APÊNDICE B – ARTIGO DE REVISÃO

Page 79: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

700

emphasizing management measures, diseases and nutritional supplementation with

antioxidants. The data collected from scientific articles made it possible to conclude that

oxidative stress has an impact on the swine, and through a better understanding of biomarkers

of this imbalance it is possible to intervene with a suitable non-enzymatic antioxidant

supplementation to promote health and performance of pigs.

Index Terms: Pigs, Oxidative imbalance, Animal production.

_______________________

Autor para correspondência: *[email protected] Recebido em 09/09/2015; Aceito em 19/12/2015

http://dx.doi.org/10.5935/1981-2965.20150063

INTRODUÇÃO

Um organismo encontra-se sob

estresse oxidativo quando ocorre um

desequilíbrio entre sistemas pró-oxidantes

e antioxidantes, tendo como um dos

principais mecanismos de lesão a

lipoperoxidação, ou seja, a oxidação da

camada lipídica da membrana celular

(SCHNEIDER & OLIVEIRA, 2004). Esse

desequilíbrio é uma alteração que pode

trazer efeitos deletérios para os suínos,

causando prejuízos à saúde desses animais,

e dessa maneira, refletindo na produção da

suinocultura (ANDRADE et al., 2010).

Parâmetros fisiológicos são

importantes para o diagnóstico do bem-

estar e sanidade dos animais de produção,

com isso há uma necessidade da seleção de

indicadores fisiológicos que associados

com mensurações práticas reflitam de

maneira eficiente a saúde e o grau de bem-

estar dos animais (BOND et al., 2012). Um

dos métodos para avaliar a resposta

fisiológica do animal ao estresse é a

mensuração de biomarcadores séricos e

teciduais do estresse oxidativo

(BERNABE et al., 2013). Em suínos, os

biomarcadores do estresse oxidativo

poderão fornecer um maior conhecimento

sobre sua importância na saúde e na

doença em sistemas de produção.

A observação da interligação entre

o estresse oxidativo e a suinocultura gerou

interesse para o nosso grupo de pesquisa, e

estimulou o surgimento de uma nova linha

de estudo e um trabalho experimental que

avaliou alguns biomarcadores do estresse

oxidativo em suínos nas fases de creche,

crescimento e terminação. Dessa forma,

foram avaliadas as interferências das

condições de criação de suínos nessas fases

em uma granja comercial sob

biomarcadores não-enzimáticos

(BEZERRA, 2014). Durante a realização

desse trabalho, houve um investimento em

artigos científicos pertinentes ao assunto e

que impulsionou a realização da presente

revisão de literatura, pois vários

pesquisadores (SHI-BIN et al., 2007;

ZHANG et al., 2015; ROSSI et al., 2013;

LYKKESFELDT & al., 2007; DEBLANC

79

Page 80: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

701

et al., 2013) vêm relacionando o estresse

oxidativo na produção de suínos.

Nesse contexto, o presente trabalho

tem como objetivo apresentar uma revisão

bibliográfica sobre a relação do estresse

oxidativo com diversos fatores

relacionados com a suinocultura, como

medidas de manejo, patologias e

suplementação nutricional com

antioxidantes.

1) ESTRESSE OXIDATIVO

1.1) Considerações gerais

Para manter condições fisiológicas

adequadas, o organismo necessita do

equilíbrio entre oxidantes e antioxidantes

(PAJK et al., 2006). A oxidação é parte

fundamental da vida aeróbica e do

metabolismo, e assim, os radicais livres

são produzidos naturalmente ou por

alguma disfunção biológica (BARREIROS

et al., 2006). Uma percentagem de 2 a 5%

de oxigênio consumido durante uma reação

metabólica é convertido em radicais livres

sob a forma de espécies reativas de

oxigênio (EROS) (FALOWO et al., 2014).

Dessa forma, o estresse oxidativo é

comumente definido como um

desequilíbrio entre a produção de EROS e

o sistema antioxidante de um organismo, a

favor das EROS (SIES, 1991).

Os radicais livres em baixos níveis

são mediadores indispensáveis em muito

processos biológicos, incluindo

diferenciação celular, regulação da via de

sinalização celular, controle de expressão

gênica, apoptose, modulação do músculo

esquelético e defesa contra agentes

patogênicos invasores (Falowo et al.,

2014). Contudo, em quantidades elevadas

ou quando não são removidos dos

organismos adequadamente podem causar

distúrbios metabólicos e danos em

moléculas biológicas, como DNA,

proteínas e lipídios (AKTAN et al., 2003;

DEBLANC et al., 2013).

O dano oxidativo inclui a

modificação oxidativa de macromoléculas

celulares, morte celular por apoptose ou

necrose, além de danos estruturais nos

tecidos (LYKKESFELDT & SVENDSEN,

2007). A toxicidade dos EROS é

controlada por uma rede complexa de

antioxidantes enzimáticos e não-

enzimáticos presentes no soro, eritrócitos,

órgãos e tecidos (DALTO et al., 2015;

AKTAN et al., 2003).

1.2) Antioxidantes

A geração excessiva de EROS

resulta na estimulação de enzimas

envolvidas na sua regulação tais como:

glutationa peroxidase (GPx), superóxido

dismutase (SOD) e catalase (CAT). Esses

mediadores também estão envolvidos na

oxidação de componentes antioxidantes

como, glutationa, grupo tiol de proteínas,

vitaminas A, E, C, ceruloplasmina,

transferina e albumina, bem como no

acúmulo de produtos de oxidação nos

80

Page 81: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

702

tecidos, os quais levam ao aumento da

quantidade de hidroperóxidos no sangue

(DEBLANC et al., 2013; AKTAN et al.,

2003).

O sistema de defesa antioxidantes

dos organismos é classificado em

enzimático e não-enzimático (Tabela 1).

As principais enzimas antioxidantes

em mamíferos são a GPx, a SOD e a CAT

(SHI-BIN et al., 2007), as quais compõem

três sistemas enzimáticos.

Dois tipos de enzimas SOD

catalisam a destruição do radical ânion

superóxido O2-, convertendo-o em

oxigênio e peróxido de hidrogênio,

enquanto a CAT atua na dismutação do

peróxido de oxigênio em oxigênio e água.

A glutationa, em conjunto com as

enzimas glutationa peroxidase e redutase,

catalisa a dismutação do peróxido de

hidrogênio em água e oxigênio, com a

glutationa operando em ciclos entre sua

forma oxidada e reduzida (BARREIROS et

al., 2006).

O sistema não enzimático inclui

compostos sintetizados pelo organismo

como bilirrubina, ácido úrico, albumina,

ceruloplasmina, entre outros, e aqueles

oriundos da dieta como as vitaminas A, C,

E e flavonoides (SCHENEIDER &

OLIVEIRA, 2004; AKTAN et al., 2003).

Tabela 1. Componentes antioxidantes enzimáticos e não enzimáticos e suas funções.

Sistemas

antioxidantes

Principais

componentes

Principais funções Referências

Enzimáticos GPx Dismutação de H2O2 Barreiros et al., 2006

SOD Destruição do O2-

Barreiros et al., 2006

CAT Dismutação de H2O2 Barreiros et al., 2006

Não enzimáticos

Bilirrubina,

Ácido úrico

Eliminação de radicais livres

dos fluidos extracelulares

Barreiros et al., 2006;

Waring, 2002

Ceruloplasmina Redução de oxigênio Scheneider & Oliveira, 2004

Vitamina A Neutralização O2 atômico Sies & Stahl, 1995

Vitamina C Reação Redox Sies & Stahl, 1995

Vitamina E Redução de peroxilas Sies & Stahl, 1995

Flavonoides Proteção contra oxidação de

lipídios e proteínas

Çoban et al., 2013;

Lanferdini et al., 2013

A atividade antioxidante da

bilirrubina ocorre principalmente quando

se encontra ligada a albumina, sendo esse

complexo considerado um dos

antioxidantes naturais dos fluidos

extracelulares (Barreiros et al., 2006).

O ácido úrico é o antioxidante

solúvel mais abundante em humanos e

81

Page 82: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

703

contribui em até dois terços de toda a

capacidade de eliminação de radicais livres

do plasma (WARING, 2002). A

ceruloplasmina é uma α-globulina que está

envolvida no transporte e na regulação do

cobre, podendo reduzir diretamente o

oxigênio sem intermediários conhecidos, e,

portanto, participa do sistema de defesa

antioxidante extracelular (SCHENEIDER

& OLIVEIRA, 2004).

As vitaminas A, C, E são

consideradas excelentes no combate aos

radicais livres e se destacam no grupo dos

antioxidantes não-enzimáticos (DALTO et

al., 2015). A vitamina C (ascorbato) é o

principal antioxidante solúvel em água,

com poder redutor em reações redox. O

principal componente antioxidante da

vitamina E, α-tocoferol, reduz peroxilas a

partir de, por exemplo, ácidos graxos poli-

insaturados ou lipoproteínas, enquanto os

da vitamina A, β-caroteno e outros

carotenoides, neutralizam o oxigênio

atômico e outros elétrons excitados, e

também reagem com radicais peroxil e

alcoxi (SIES & STAHL, 1995).

Outros componentes antioxidantes

incluem os flavonoides de origem vegetal,

os quais estão envolvidos na proteção dos

tecidos contra a oxidação de lipídios e

proteínas (ÇOBAN et al., 2013;

LANFERDINI et al., 2013). Trabalhos

desenvolvidos por pesquisadores de nosso

grupo apontam a participação dessas

substâncias em processos de cicatrização

na pele (SILVEIRA VASCONCELOS et

al., 2015), no dano hepático provocado por

etanol (Gomes-Rochette et al., 2013) e

efeito gastroprotetor (Monteiro et al.,

2007).

A concentração individual dos

antioxidantes geralmente não é

representativa da atividade antioxidante

total devido às interações sinérgicas e

antagonistas entre eles (Rossi et al., 2013).

1.3) Peroxidação lipídica

Se os sistemas antioxidantes não

forem capazes de neutralizar os radicais

livres, isso gera danos oxidativos a

lipídios, proteínas e ácidos nucléicos dos

organismos (PALANISAMY et al., 2011).

As reações desse excesso de radicais com

ácidos graxos poli-insaturados presentes

nas membranas celulares e nas

lipoproteínas, por exemplo, inicia um

processo em cadeia conhecido como

peroxidacão lipídica ou lipoperoxidacao,

que pode ser avaliado e utilizado como

indicador do estresse oxidativo (GROTTO

et al., 2009).

Os lipídios contêm um grande

número de ácidos graxos poli-insaturados e

quando são aquecidos na presença do

oxigênio, ocorrem reações oxidativas que

geram produtos como peróxidos e

hidroperóxidos (SHI-BIN et al., 2007).

Essa peroxidação dos lipídios reduz a

fluidez e compromete a função de barreira

82

Page 83: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

704

das membranas, resultando em

perturbações na organização estrutural e na

inibição enzimática, desencadeando uma

possível morte celular (AKTAN et al.,

2003).

Seus produtos, hidroperóxidos

lipídicos, aldeídos e o malondialdeído

(MDA), são citotóxicos e podem causar

alterações celulares associadas ao

envelhecimento, câncer, artrite e

aterosclerose (MOSELHY et al., 2013;

LIMA & ABDALLA, 2001).

1.4) Biomarcadores do estresse

oxidativo

O estudo de biomarcadores do

estresse oxidativo é um campo de

crescente atenção, tanto com foco

científico como comercial, e vem

amadurecendo bastante com esforços por

parte dos pesquisadores para estudar e

compreender esses biomarcadores tanto no

nível químico como biológico-molecular

(KADIISKA et al., 2015).

O estresse oxidativo pode ser

mensurado diretamente através da detecção

da produção de radicais livres, ou

indiretamente, por mensuração de

moléculas antioxidantes ou biomarcadores

de danos oxidativos (ROSSI et al., 2013).

Um dos métodos para avaliação

direta do estresse oxidativo é através da

mensuração dos radicais livres. Um dos

radicais livres comumente mensurado é

óxido nítrico (NO) através da mensuração

de µg nitrito (reação de Griess) por µg de

proteína (reação de Bradford), para estimar

a quantidade de NO na amostra (D´Avila et

al., 2008).

Os antioxidantes podem ser

mensurados individualmente, através do

uso de kits comerciais, ou através da

mensuração da capacidade antioxidante

total, que é difícil de ser quantificada, pois

antioxidantes podem ser encontrados no

interior das células, nas membranas

celulares e nos fluidos extracelulares.

Estudos com o uso de novos kits que

mensurem essa capacidade de maneira

adequada estão sendo desenvolvidos por

pesquisadores (ROSSI et al., 2013).

Para avaliação indireta, são

utilizadas metodologias como a detecção

de subprodutos da peroxidação lipídica. O

MDA é o mais fácil de mensurar, pois o e

mesmo é uma substância reativa ao ácido

tiobarbitúrico (TBARS) (AKTAN et al.,

2003). A intensidade do pigmento cor de

rosa que é gerado através da reação entre o

MDA e o ácido tiobarbitúrico é mensurada

através de leitura em espectrofotômetro e

indica a extensão da peroxidação lipídica

(GROTTO et al., 2009).

2) Estresse Oxidativo na suinocultura

O estresse oxidativo pode

desencadear alterações na fisiologia, no

comportamento, fraco crescimento e

desempenho, além de aumentar a

susceptibilidade a doença nos animais

83

Page 84: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

705

(SHI-BIN et al., 2007). Em animais de

produção, o estresse oxidativo pode estar

envolvido em várias condições patológicas,

incluindo as condições que são relevantes

para a produção animal e bem-estar dos

indivíduos (LYKKESFELDT &

SVENDSEN, 2007).

Em suínos, a produção rentável

requer um rápido aumento no peso

corporal e na massa magra, aumentando a

demanda sobre o sistema metabólico

desses animais, o que pode levar, ao

estresse oxidativo, a menos que sistemas

antioxidantes sejam reforçados através da

nutrição (ROSSI et al., 2013).

2.1) Influências do manejo sobre o

estresse oxidativo

As condições de criação de suínos

para produção, relacionadas

principalmente com instalações, ambiente,

transporte e genética podem influenciar a

produção de radicais livres por esses

animais, com isso tornam-se necessários

mais estudos correlacionando atividade

antioxidante total de suínos com esses

fatores (ROSSI et al., 2013).

Um fator considerado estressante

associado a produção de suínos é o

transporte. As alterações que esse fator

induz também podem ser observadas em

relação ao equilíbrio oxidativo e a espécie

suína, onde suínos em terminação,

transportados por cinco horas, apresentam

maior quantidade de EROS e MDA no

tecido hepático e MDA sérico em relação a

suínos que não foram transportados (Zhang

et al., 2015).

A suplementação de ferro no

terceiro dia de vida dos leitões é uma etapa

essencial no manejo de suínos, pois a

anemia ferropriva é um grave problema em

leitões lactentes, porque a transferência de

ferro a partir da placenta para o feto suíno

é limitada e o leite das matrizes contém

baixa quantidade de ferro (YUN et al.,

2000). A administração de ferro tem

influência sobre os possíveis danos

causados pelo estresse oxidativo nos

animais. O dano causado ao DNA de

linfócitos induzido por peróxido de

hidrogênio em leitões com 1 dia de idade é

significativamente maior do que naqueles

com 7 dias de idade, mostrando que a

queda do teor ferro hepático corresponde a

redução da sensibilidade dos linfócitos do

sangue para o estresse oxidativo

(KRUSZEWSKI et al., 2008).

Os criadores de suínos preocupam-

se com as questões nutricionais da ração,

porém há uma necessidade de cuidado com

a conservação da mesma. A micotoxina

zearalenona que pode contaminar os grãos

da ração de suínos, além de ter como

consequência o estrogenismo nas fêmeas

suínas (BAUER et al., 1987), também tem

impacto sobre o estresse oxidativo,

principalmente em leitões recém-

desmamados, onde a micotoxina aumenta a

84

Page 85: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

706

expressão da GPx e CAT, e diminui a

expressão da SOD (MARIN et al., 2013).

Um momento que merece especial

atenção na suinocultura é a reprodução,

pois comportamentos sexuais são restritos

nas matrizes, causando estresse (BORELL

et al., 2007). Dados mostram que o período

antes do estro nas porcas é um modelo

promissor para se estudar respostas e

tratamentos em relação ao estresse

oxidativo através de marcadores, como,

selênio e GPx, os quais são modulados

pela suplementação dietética através de

vitamina B6 durante o pré-estro em porcas

púberes (DALTO et al., 2015).

Em estudo do nosso grupo de

pesquisa, foram avaliados alguns

biomarcadores do estresse oxidativo

associados as condições inerentes as fases

de creche, crescimento e terminação,

observando-se uma menor quantidade de

albumina e uma maior quantidade de MDA

e NO em suínos no final da fase de creche

em comparação as outras fases estudadas

(BEZERRA, 2014).

2.2) Estresse oxidativo e patologias

associadas

Há uma vasta literatura existente

que correlaciona o papel do estresse

oxidativo no desenvolvimento de

condições patológicas crônicas e no

envelhecimento dos organismos no geral

(LYKKESFELDT & SVENDSEN, 2007).

Durante os processos metabólicos normais,

os radicais livres são gerados

continuamente no interior dos sistemas

vivos, porém a sua taxa de produção

aumenta em certas condições inflamatórias

e em doenças (DIMRI et al., 2014).

A resposta inflamatória abrange a

ativação de geradores de radicais livres em

vários tipos de células, que tem como uma

das principais consequências a peroxidação

lipídica no hospedeiro (KADIISKA et al.,

2015). A associação do estresse oxidativo

com a inflamação pode ser visualizada em

patologias em que há um aumento dos

marcadores do desequilíbrio oxidativo em

paralelo com o aumento das proteínas de

fase aguda, como a haptoglobina, por

exemplo (DEBLANC et al., 2013)

O estresse oxidativo vem sendo

estudado em suínos através das patologias

que podem acomete-los. Quando esse é

induzido pela própria infecção ou já

estabelecido no hospedeiro no momento da

infecção, esse desequilíbrio pode participar

da patogenicidade do vírus (DEBLANC et

al., 2013). A seguir serão mencionadas

algumas patologias que acometem suínos e

comprometem o seu equilíbrio oxidativo

(Tabela 2).

2.2.1) Patologias induzidas por

patógenos

As principais patologias

relacionadas com estresse oxidativo em

suínos são: pneumonia, onde é observado

um declínio nos níveis de ascorbato,

85

Page 86: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

707

enterite, com aumento da produção de

nitrito no intestino e, sepse, acompanhada

de declínio dos antioxidantes do organismo

e de aumento da peroxidação lipídica

(LYKKESFELDT & SVENDSEN, 2007).

É reconhecido que infecções virais

induzem o estresse oxidativo no

hospedeiro infectado (DEBLANC et al.,

2013). No caso dos suínos, isso é

observado em doença causada pelo

circovírus suíno do tipo 2, onde os animais

infectados têm alterações no seu estado

oxidativo. Dessa forma, a suplementação

de selênio na dieta pode ser um método

eficaz para retardar a progressão da

doença, reduzindo a morbidade através da

regulação redox dependente da replicação

do vírus (CHEN et al., 2012).

Nos casos de coinfecção, como por

exemplo, a coinfecçao do Mycoplasma

hyopneumoniae com H1N1, o estresse

oxidativo é induzido, bem como uma

resposta a esse estresse, com aumento da

GPx e redução na proporção proteínas

tiol/proteína total, indicando uma

estimulação do sistema antioxidante

(DEBLANC et al., 2013).

Doença de pele também pode

comprometer o equilíbrio oxidante-

antioxidante dos animais. Os suínos, por

exemplo, podem ser acometidos pela sarna

sarcóptica, e nesse caso, a infestação por

Sarcoptes scabiei var. suis induz alterações

nos marcadores do estresse oxidativo e

deteriora o sistema de defesa antioxidante.

Há aumento dos níveis de MDA e

atividades reduzidas de SOD, CAT e

glutationa S-transferase (GST), tanto na

pele quanto no sangue de suínos com sarna

sarcóptica clínica (DIMRI et al., 2014).

2.2.2) Patologias de outras origens

O estresse oxidativo também tem

relação com patologias de origem

inflamatória em suínos, como no caso da

otite média, onde há um aumento na

produção de radicais livres, causando

danos celulares e teciduais com

agravamento do processo inflamatório,

além do aumento da peroxidação lipídica,

mensurada através do MDA nos eritrócitos

dos animais portadores dessa doença

(AKTAN et al., 2003).

Em modelo experimental de

diabetes em suínos, foi observado aumento

do estresse oxidativo, através do aumento

da SOD, e maior expressão de mediadores

inflamatórios nas artérias coronárias com o

desenvolvimento de aterosclerose

coronária avançada (ZHANG et al., 2013).

A aterosclerose geralmente acomete

os suínos de forma precoce, e dietas ricas

em colesterol contribuem para esse achado

e consequente estresse oxidativo, com

aumento de MDA hepático e redução da

atividade de GST (ÇOBAN et al., 2013).

86

Page 87: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

708

A melhor compreensão dos fatores

envolvidos no estresse oxidativo

relacionados com patologias nos suínos

podem auxiliar no desenvolvimento de

estratégias para o controle de doenças,

melhorando o estado de saúde e o bem-

estar dos animais, e reduzindo assim

medicações e risco zoonótico (DEBLANC

et al., 2013).

A emergente exigência de

importadores e de grupos específicos de

consumidores pela retirada de

antimicrobianos das dietas de suínos tem

promovido o interesse por aditivos

alternativos que garantam a produtividade

sem afetar a qualidade do produto final,

como exemplo desses produtos, temos os

antioxidantes (LANFERDINI et al., 2013).

A terapia antioxidante fornece uma

alternativa de tratamento potencialmente

importante e de baixo custo para doenças

relacionadas ao estresse oxidativo, embora

o seu uso ainda seja controverso, sendo

necessários mais estudos nessa área

(LYKKESFELDT & SVENDSEN, 2007).

2.3) Redução do estresse oxidativo

com suplementação nutricional na

suinocultura

O equilíbrio oxidante-antioxidante

em suínos pode ser influenciado também

por questões nutricionais, por isso o uso de

ração e suplementos na suinocultura deve

ser cuidadoso (FALOWO et al., 2014). Os

produtos antioxidantes mais utilizados para

suínos são sintéticos com base na vitamina

E, porém, os compostos naturais,

principalmente os fenólicos, já estão sendo

avaliados quanto a sua eficácia como

87

Page 88: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

709

antioxidantes na suinocultura (ROSSI et

al., 2013).

O pós-desmame é considerado um

dos períodos mais delicados na produção

de suínos, uma vez que é caracterizado por

baixo consumo de ração e aumento do

estresse, que pode desencadear o estresse

oxidativo (AMAZAN et al., 2012). O

estresse oxidativo em leitões recém-

desmamados diminui a digestibilidade de

nutrientes e o crescimento desses animais

(SHI-BIN et al., 2007), por isso, essa fase

torna-se uma das mais importantes para a

suplementação com antioxidantes. A

suplementação com vitamina E em porcas

gestantes e leitões aumenta a concentração

sérica de α-tocoferol nos leitões,

produzindo assim um melhor estado

oxidativo 5 e 20 dias pós-desmame

(AMAZAN et al., 2012).

A vitamina C também tem sua

importância, pois é um dos antioxidantes

biológicos mais eficazes e seus níveis em

tecidos podem ser alterados por mudanças

no consumo alimentar (SHANG et al.,

2002). Com isso, torna-se importante a

suplementação com essa vitamina na

alimentação dos suínos, principalmente

para os mais jovens. O uso da vitamina C é

importante para leitões recém-

desmamados, já que a mesma atua como

protetora contra o dano oxidativo ao DNA

e as proteínas, e a sua deficiência pode

alterar a homeostase “redox” do cérebro e

aumento da oxidação de lipídios

(LYKKESFELDT et al., 2007).

Nos últimos anos, tem sido dada

uma especial atenção a uma série de

produtos naturais (plantas medicinais,

frutas e extratos) que podem ser utilizados

com fontes antioxidantes potenciais

(FALOWO et al., 2014). Na produção

animal aumentou-se o número de pesquisas

que correlacionam esses produtos e o

estado oxidativo dos animais, onde

principalmente, frutas e óleos vegetais têm

provado serem benéficos na redução do

estresse oxidativo, visando uma melhoria

na saúde animal e um melhor custo-

benefício (PAJK et al., 2006).

A seguir, veremos alguns exemplos

de produtos naturais que vem sendo

utilizados na suinocultura com resultados

satisfatórios. A atividade antioxidante total

do sangue tende a ser maior em suínos que

recebem suplementação com antioxidantes

naturais provenientes de plantas a longo

prazo do desmame ao abate quando

comparados com suínos que não recebem

suplementação antioxidante (ROSSI et al.,

2013).

Como é o caso do flavonoide

quercetina, que vem sendo utilizado na

suplementação da ração de suínos. A

quercetina é um poupador de vitamina E

que tem efeito antioxidante sobre a

peroxidação lipídica em suínos em

crescimento, assim demonstrando que o

88

Page 89: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

710

uso de suplementos fitogênicos na ração

dos animais pode substituir parcialmente a

suplementação com vitamina E

(LUEHRING et al., 2011).

Outros produtos naturais que

podem suplementar a dieta dos suínos são

as frutas. O uso de frutas como maçãs,

morangos e tomates na dieta de suínos tem

mostrado ser benéfico na redução do

estresse oxidativo, com enfoque na

peroxidação lipídica, induzido pela

ingestão de elevado teor de gordura (PAJK

et al., 2006). A “blueberry” também pode

ser utilizada na suplementação contra o

estresse oxidativo, já que a mesma tem

ação antioxidante e antilipêmica (ÇOBAN

et al., 2013).

Óleos essenciais também são

utilizados como opção natural contra o

estresse oxidativo, como por exemplo o

óleo essencial de orégano que reduz

significativamente os níveis de MDA no

fígado e aumenta a atividade de enzimas

antioxidantes, reduzindo a oxidação

lipídica e o estresse causado pelo

transporte de suínos em terminação,

apresentando efeitos semelhantes a

suplementação sintética de vitamina E

(ZHANG et al., 2015).

A exploração de antioxidantes

naturais torna-se ainda mais importante,

pois além de combater os desafios da

instabilidade oxidativa dos suínos, diminui

os riscos do consumo de substâncias

sintéticas por esses animais, e

consequentemente, pelos humanos

(FALOWO et al., 2014).

CONSIDERAÇÕES GERAIS

Apesar de muitos autores

abordarem o estresse oxidativo na

produção animal, ainda é necessário um

maior conhecimento de seus

biomarcadores associados ao manejo de

suínos. Os dados coletados dos diversos

artigos científicos possibilitaram concluir

que o estresse oxidativo tem impacto sobre

a suinocultura, e que através da detecção

desse desequilíbrio pode ser possível uma

adequada interferência com suplementação

de antioxidantes não enzimáticos para

favorecer a saúde e o desempenho dos

suínos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, E.R., MELO-STERZA, F.A.,

SENEDA, M.M., ALFIERI, A.A.

Consequências da produção das espécies

reativas de oxigênio na reprodução e

principais mecanismos antioxidantes.

Revista Brasileira de Reprodução

Animal, v.34, n.2, p. 79-85, abril/junho,

2010.

AMAZAN, D., REY, A.I., FERNÁNDEZ,

E., LÓPEZ-BOTE, C.J. Natural vitamin E

(D-α-tocopherol) supplementation in

drinking water prevents oxidative stress in

weaned piglets. Livestock Science, v.145,

p.55-62, 2012.

89

Page 90: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

711

AKTAN, B., TAYSI, S., GUMUSTEKIN,

K., BAKAN, N., SUTBEYAZ, Y.

Evaluation of oxidative stress in

erythrocytes of guinea pigs with

experimental otitis media and effusion.

Annals of Clinical & Laboratory

Science, v.33, n.2, p.232-236, 2003.

BARREIROS, A.L.B.S., DAVID, J.M.,

DAVID, J.P. Estresse oxidativo: Relação

entre geração de espécies reativas e defesa

do organismo. Química Nova, v.29, n.1,

p.113-123, 2006.

BERNABE, J., MULERO, J., CERDA, B.,

GARCIA-VIGUERRA, C., MORENO,

D.A., PARRA, S., AVILES, F., GIL-

IZQUIERDO, A., ABELLAN, J.,

ZAFRILLA, P. Effects of a citrus based

juice on biomarkers of oxidative stress in

metabolic syndrome patients. Journal of

Functional Foods, v.5, p. 1031-1038,

2013.

BAUER, J., HEINRITZI, K., GAREIS,

M., GEDEK, B., 1987. Changes in the

genital tract of female swine after feeding

with practice-relevant amounts of

zearalenone. Tierarztliche Praxis, v.15,

p.33–36, 1987.

BEZERRA, B.M.O. Influência das fases de

crescimento e terminação de suínos sobre

parâmetros fisiológicos, 2014, 56p.

(Dissertação de Mestrado) - Programa de

Pós-Graduação em Medicina Veterinária,

Faculdade de Veterinária, Universidade

Estadual do Ceará, 2014).

BOND, G.B., ALMEIDA, R.,

OSTRENSKY, A., MOLENTO., C.F.M.

Métodos de diagnóstico e pontos críticos

de bem-estar de bovinos leiteiros, Ciência

Rural, v.42, n.7, p.1286-1293, 2012.

BORELL, E.V., DOBSON, H., PRUNIER,

A. Stress, behaviour and reproductive

performance in female cattle and pigs.

Hormones and Behavior, v.52, p.130-

138, 2007.

CHEN, X., REN, F., HESKETH, J., SHI,

X., LI, J., GAN, F., HUANG, K. Selenium

blocks porcine circovirus type 2 replication

promotion induced by oxidative stress by

improving GPx1 expression. Free Radical

Biology and Medicine, v. 53, p. 395-405,

2012.

ÇOBAN, J., EVRAN, B., ÖZKAN, F.,

ÇEVIK, A., DOGRU-ABBASOGLU, S.,

UYSAL,M. Effect of blueberry feeding on

lipids and oxidative stress in the serum,

liver and aorta of guinea pigs fed on a

high-cholesterol diet. Bioscience,

Biotechnology and Biochemistry, v.77,

n.2, p. 389-391, 2013.

DALTO, D.B., ROY, M., AUDET, I.,

PALIN, M.F., GUAY, F., LAPOINTE, J.,

MATTE, J.J. Interaction between vitamin

B6 and source of selenium on the response

of the selenium-dependent glutathione

peroxidase system to oxidative stress

induced by oestrus in pubertal pig. Journal

of Trace Elements in Medicine and

Biology, v.32, p.21-29, 2015.

90

Page 91: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

712

D’ÁVILA, V.G.F.C., SOUSA JÚNIOR,

N.B., SOUSA, F.B., GUILLO, L.A.

Avaliação da produção de óxido nítrico em

ratos, submetidos aos exercícios aeróbios e

anaeróbios. Revista Brasileira de

Ciências Farmacêuticas, v.44, n.4, 2008.

DEBLANC, C., ROBERT, F., PINARD,

T., GORIN, S., QUÉQUINER, S.,

GAUTIER-BOUCHARDON, A.V.,

FERRÉ, S., GARRAUD, J.M.,

CARIOLET, R., BRACK, M., SIMON, G.

Pre-infection of pigs with Mycoplasma

hyopneumoniae induces oxidative stress

that influences outcomes of a subsequent

infection with a swine influenza virus of

H1N1 subtype. Veterinary Microbiology,

v.162, p.643-651, 2013.

DIMRI, U., BANDYOPADHYAY, S.,

SINGH, S.K., RANJAN, R.,

MUKHERJEE, R., YATOO, M.I.,

PATRA, P.H., A.A.DAR, U.K.D. Assay of

alterations in oxidative stress markers in

pigsnaturally infested with Sarcoptes

scabiei var. suis. Veterinary Parasitology,

v.205, p.295–299, 2014.

FALOWO, A.B., FAYEMI, P.O.,

MUCHENJE, V. Natural antioxidants

against lipid–protein oxidative

deterioration in meat and meat products: A

review. Food Research International,

v.64, p. 171–181, 2014.

GOMES ROCHETTE, N.F., MOTA,

E.F., NUNES-PINHEIRO, D.C.S.,

BEZERRA, C.F., OLIVEIRA, M.L.M.,

SILVA, A.C.M., MIRANDA, M. R. A.,

FERNANDES DE MELO, D. Effect of the

pretreatment with acerola (Malpighia

emarginata DC.) juice on ethanol-induced

oxidative stress in mice - Hepatoprotective

potential of acerola juice. Free Radicals

and Antioxidants, v. 3, p. 16, 2013.

GROTTO, D., MARIA, L.S.,

VALENTINI, J., PANIZ, C., SCHMITT,

G., GARCIA, S.C., POMBLUM, V.J.,

ROCHA, J.B.T., FARINA, M. Importance

of the lipid peroxidation biomarkers and

methodological aspects for

malondialdehyde quantification. Química

Nova, v.32, n.1, p.169-174, 2009.

KADIISKA, M.B., PEDDADA, S.,

HERBERT, R.A., BASU, S., HENSLEY,

K., JONES, D.P., HATCH, G.E., MASON,

R.P. Biomarkers of oxidative stress study

VI. Endogenous plasma antioxidants fail as

useful biomarkers of endotoxin-induced

oxidative stress, Free Radical Biology

and Medicine, v. 81, n. 100-106, 2015.

KRUSZEWSKI, M., IWANENKO, T.,

BARTLOMIEJCZYK, T., WOLINSKI, J.,

STARZYNSKI, R.R., GRALAK, M.A.,

ZABIELSKI, R., LIPINSKI, P. Hepatic

iron content corresponds with the

susceptibility of lymphocytes to oxidative

stress in neonatal pigs. Mutation

Research/Genetic Toxicology and

91

Page 92: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

713

Environmental Mutagenesis, v.657,

p.146-149, 2008.

LANFERDINI, E., ANDRETTA, I.,

LEHNEN, C.R., MELCHIOR, R., SILVA,

M.F.Rp., GARCIA, G.G. Digestibilidade

de dietas e metabolismo de suínos

alimentados com dietas contendo extratos

cítricos. Archivos de Zootecnia, v.62,

p.307-310, 2013.

LIMA, E.S., ABDALLA, D.S.P.

Peroxidação lipídica: mecanismos e

avaliação em amostras biológicas. Revista

Brasileira de Ciências Farmacêuticas,

v.37, n.3, 2001.

LUEHRING, M., BLANK, R.,

WOLFFRAM, S. Vitamin E-sparing and

vitamin E-independent antioxidative

effects of the flavonol quercetin in growing

pigs. Animal Feed Science and

Technology, v.169, p. 199-207, 2011.

LYKKESFELDT, J., SVENDSEN, O.

Oxidants and antioxidants in disease:

Oxidative stress in farm animals. The

Veterinary Journal, v.173, p.502-511,

2007.

LYKKESFELDT, J., TRUEBA, J.P.,

POULSEN, H.E., CHRISTEN, S. Vitamin

C deficiency in weanling guinea pigs:

differential expression. of oxidative stress

and DNA repair in liver and brain. British

Journal of Nutrition, v.98, p.1116–1119,

2007.

MARIN, D.E., PISTOL, G.C., NEAGOE,

I.V., CALIN, L., TARANU, I. Effects of

zearalenone on oxidative stress and

inflammation in weanling piglets. Food

and Chemical Toxicology, v. 58, p. 408-

415, 2013.

MONTEIRO, M.V.B., NUNES-

PINHEIRO, D.C.S. ; LEITE, A. K. R. D.

M., ; MORAIS, S. Topical

antiinflammatory, gastroprotector and

antioxidant effects of the essential oil of

Lippia sidoides Cham. leaves. Journal of

Ethnopharmacology, v. 111, p. 378-382,

2007.

MOSELHY, H.F., REID, R.G., YOUSEF.,

S., BOYLE, S.P. A specific, accurate, and

sensitive measure of total plasma

malondialdehyde by HPLC. Journal of

Lipid Research, v.54, p. 852-858, 2013.

PAJK, T., REZAR, V., LEVART, A.,

SALOBIR, J. Efficiency of apples,

strawberries, and tomatoes for reduction of

oxidative stress in pigs as a model for

humans. Nutrition, v. 22, p.376-384,

2006.

PALANISAMY, G.S., KIRK, N.M.,

ACKART, D.F., SHANLEY, C.A.,

ORME, I.M., BASARABA, R.J. Evidence

for Oxidative Stress and Defective

Antioxidant Response in Guinea Pigs with

Tuberculosis. PLoS ONE, v.6, n.10, p.1-

13, 2011.

92

Page 93: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

714

ROSSI, R., PASTORELLI, G., CORINO,

C. Application of KRL test to assess total

antioxidante activity in pigs: Sensitivity to

dietary antioxidants. Research in

Veterinary Science, v. 94, p. 372-377,

2013.

SHANG, F., GONG, X., EGTESADI, S.,

MEYDANI, M., SMITH, D., PERRONE,

G., SCOTT, L., BLUMBERG, J.B.,

TAYLOR, A. Vitamin C prevents

hyperbaric oxygen-induced growth

retardation and lipid peroxidation and

attenuates the oxidation-induced up-

regulation of glutathione in guinea pigs.

Journal of Nutritional Biochemistry,

v.13, p.307–313, 2002.

SHI-BIN, Y., DAI-WEN, C., KE-YING,

Z., BING, Y. Effects of Oxidative Stress

on Growth Performance, Nutrient

Digestibilities and Activities of

Antioxidative Enzymes of Weanling Pigs.

Asian-Australasian Journal of Animal

Science, v.20, n.10, p.1600-1605, 2007.

SCHNEIDER, C.D., OLIVEIRA, A.R.

Radicais livres de oxigênio e exercício:

Mecanismo de adaptação ao treinamento

físico. Revista Brasileira de Medicina do

Esporte, v.10, n.4, 2004.

SIES, H. Oxidative stress: from basic

research to clinical application. American

Journal of Medicine, v.91, p.31S–38S,

1991.

SIES, H., STAHL, W. Vitamins E and C,

α-carotene, and other carotenoids as

antioxidants. American Journal of

Clinical Nutrition, v. 62, p. 1315-21,

1995.

SILVEIRA VASCONCELOS, M.,

GOMES-ROCHETTE, N. F., DE

OLIVEIRA, M. L. M., NUNES-

PINHEIRO, D. C. S., TOME, A. R.,

MAIA DE SOUSA, F. Y., PINHEIRO, F.

G. M., MOURA, C. F. H., MIRANDA, M.

R. A., MOTA, E. F. ; DE MELO, D. F.,

Anti-inflammatory and wound healing

potential of cashew apple juice

(Anacardium occidentale L.) in mice.

Experimental Biology and Medicine, v.

1, p. 1-8, 2015.

ZHANG, L., ZALEWSKI, A., LIU, Y.,

MAZUREK, T., COWAN, S., MARTIN,

J.L., HOFMANN, S.M., VLASSARA, H.,

SHI, Y. Diabetes-Induced Oxidative Stress

and Low-Grade Inflammation in Porcine

Coronary Arteries. Circulation, v.108,

p.472-478, 2003.

WARING, W.S. Uric acid: an important

antioxidant in acute ischaemic stroke.

QJM: An International Journal of

Medicine, v.95, p.691-693, 2002.

YU, B., HUANG, W., CHIOU, P.W.

Bioavailability of iron from amino acid

complex in weanling pigs. Animal Feed

Science and Technology, v.86, p.39-52,

2000.

93

Page 94: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE …€¦ · ESTRESSE OXIDATIVO E BEM-ESTAR EM LEITÕES NA FASE DE CRECHE Linha de Pesquisa: Reprodução e FORTALEZA-CEARÁ 2019 Tese

Bezerra et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.9, n.4) (2015) 699-715

715

ZHANG, T., ZHOU, Y.F., ZOU, Y., HU,

X.M., ZHENG, L.F., WEI, H.K.,

GIANNENAS, I., JIN, L.Z., PENG, J.,

JIANG, S.W. Effects of dietary oregano

essential oil supplementation on the stress

response, antioxidative capacity, and HSPs

Mrna expression of transported pigs,

Livestock Science, v.178, 2015.

94