44
0 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho” Campus de Ourinhos PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NO MUNICÍPIO DE TAQUARITUBA - SP André Franco Guerra Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora para obtenção do título de Especialista em Gerenciamento de Recursos Hídricos e Planejamento Ambiental em Bacias Hidrográficas pela UNESP – Campus de Ourinhos. Ourinhos – SP Outubro/2012

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

0

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“Júlio de Mesquita Filho”

Campus de Ourinhos

PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NO

MUNICÍPIO DE TAQUARITUBA - SP

André Franco Guerra

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à banca examinadora para obtenção do título

de Especialista em Gerenciamento de

Recursos Hídricos e Planejamento Ambiental

em Bacias Hidrográficas pela UNESP –

Campus de Ourinhos.

Ourinhos – SP

Outubro/2012

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

1

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“Júlio de Mesquita Filho”

Campus de Ourinhos

PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DE UMA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NO

MUNICÍPIO DE TAQUARITUBA - SP

André Franco Guerra

Orientador: Profª. Dr. Rodrigo Lilla Manzione

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

à banca examinadora para obtenção do título

de Especialista em Gerenciamento de

Recursos Hídricos e Planejamento Ambiental

em Bacias Hidrográficas pela UNESP –

Campus de Ourinhos.

Ourinhos – SP

Outubro/2012

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

2

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ................................................................................ 7

2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 9

2.1. OBJETIVOS GERAIS ................................................................................................. 9

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................... 9

3. REVISÃO DE LITERATURA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................. 10

3.1. HISTÓRICO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO .......................................... 10

3.2. CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL ................... 11

3.2.1. UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL ...................................................... 12

3.2.2. UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL ........................................................... 14

3.2.3. RESUMO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL .................. 18

4. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................. 21

4.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA A SER IMPLANTADA A UNIDADE...................... 21

4.2. REALIZAÇÃO DE ESTUDOS TÉCNICOS ............................................................ 23

4.3. DEFINIÇÃO DA CATEGORIA ............................................................................... 24

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 25

5.1. CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA ........................................................................ 25

5.2. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO ............................................................... 26

5.2.1. ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS ............................................................... 26

5.2.2. SOLOS ............................................................................................................... 27

5.2.3. CLIMA ............................................................................................................... 28

5.2.4. RECURSOS HÍDRICOS.................................................................................... 29

5.3. IDENTIFICAÇÃO DE POTENCIAL PARA VISITAÇÃO PÚBLICA ................... 29

5.4. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA .......................................................... 31

5.5. DEFINIÇÃO DA CATEGORIA DA UNIDADE ..................................................... 31

5.6. ETAPAS NECESSÁRIAS PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE ................................ 33

5.7. USOS DA UNIDADE ............................................................................................... 34

5.7.1. CONSTRUÇÃO DE TRILHAS NA MATA ..................................................... 34

5.7.2. AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA UNIDADE ............................... 37

5.7.3. CONSTRUÇÃO DE UMA SALA VERDE....................................................... 38

5.7.4. ARBORISMO .................................................................................................... 39

6. CONCLUSÕES / CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 40

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 41

ANEXO I..................................................................................................................................43

Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

3

ÍNDICE FIGURAS

Figura 1. Imagem de satélite que abrange todo o perímetro urbano de Taquarituba. .............. 21

Figura 2. Foto aérea do Município de Taquarituba, destacando-se o Parque Municipal Arnon e

a Mata do Eugênio. ................................................................................................................... 22

Figura 3. Foto aérea do Município de Taquarituba, sendo que em amarelo está destacada a

localização do loteamento “Residencial Zico Marcolino” e a Área Verde 1. .......................... 23

Figura 4. Mapa do loteamento Zico Marcolino, destacando-se a Área Verde 1. ..................... 25

Figura 5. Geomorfologia do município de Taquarituba, SP (IPT, 1981). ................................ 27

Figura 6. Solos do município de Taquarituba, SP (OLIVEIRA et. al., 1999 apud SCTDE,

2002). ........................................................................................................................................ 28

Figura 7. Visão geral da Área Verde a ser implantada a Unidade de Conservação. ................ 30

Figura 8. Foto do interior da mata, onde se pretende construir a trilha. ................................... 35

Figura 9.Visão geral da Área, onde se pretende construir a trilha ao redor. ............................ 36

Figura 10. Trecho que se observa o local a ser implantada a trilha. ......................................... 36

Figura 11. Local a ser construída a “Sala Verde”. ................................................................... 38

Figura 12. Parte interna da “Sala Verde” do Município de Itapeva-SP. .................................. 39

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

4

ÍNDICE TABELAS

Tabela 1. Unidades de Conservação de Proteção Integral. ...................................................... 18

Tabela 2. Unidades de Conservação de Uso Sustentável. ........................................................ 19

Tabela 3. Algumas espécies de árvores encontradas na Área Verde 1. ................................... 26

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

5

RESUMO Dentre as categorias de Unidades de Conservação (UC) existentes no Brasil, o presente trabalho estudou uma proposta com a categoria mais adequada para ser implantada na Área Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado no Município de Taquarituba-SP. Foram realizados estudos técnicos na área para promover a caracterização biológica, a caracterização do meio físico, a identificação do potencial para visitação pública e a identificação dos possíveis impactos sobre as atividades produtivas do município. A partir desses resultados, conclui-se que a categoria de Unidade mais indicada é a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE). O estudo também propõe alguns usos que poderão ser explorados no local, como construção de trilhas na mata, ações de Educação Ambiental, construção de uma “Sala Verde” e a realização de arborismo. Palavras-chave: Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE); construção de trilhas na mata; “Sala Verde”; arborismo.

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

6

ABSTRACT

From the existing Conservation Units (UC) categories in Brazil, this work studied a proposal aimed to adjust the most appropriated category to create a Green Area in the "Zico Marcolino Residential" enterprise, located in the Municipality of Taquarituba-SP, Brazil. Technical studies were conducted in the area to promote biological and physical environment characterization, identifying the potential for public viewing and identification of possible impacts in the productive activities of the municipality. From these results, this study concluded that the most appropriate category for this project is Unit Area of Relevant Ecological Interest (ARIE). The study also proposed some actions that can be explored at the site, such as building forest trails, Environmental Education activities, building a "Green Room" and conducting treetop walkings. Keywords: Area of Ecological Interest (ARIE); forest trails; "Green Room"; treetop walking.

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

7

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

As primeiras iniciativas da humanidade com objetivo de resguardar áreas naturais para

a preservação e/ou conservação da natureza de maneira sistematizada surgem no século XIX

nos Estados Unidos, e a partir daí, vão fundamentando as experiências de criação de áreas

naturais protegidas em todo o mundo (CARRIJO, 2007).

No Brasil, a terminologia atualmente utilizada para as áreas protegidas é englobada no

termo Unidades de Conservação (UC), de modo que no ano 2000, o Instituto Brasileiro de

Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) instituiu o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação (SNUC), através da Lei nº 9.985/2000 e regulamentado pelo

Decreto nº 4.340/2002, que posteriormente foram introduzidas alterações através da Lei nº

11.132/2005 e o Decreto nº 5.566/2005.

As unidades de conservação foram divididas em dois grupos. O primeiro grupo foi

dividido pelas Unidades de Proteção Integral, onde a proteção da natureza é o principal

objetivo dessas unidades, por isso as regras e normas são mais restritivas, sendo permitido

apenas o uso indireto dos recursos naturais; ou seja, aquele que não envolve consumo, coleta

ou dano aos recursos naturais. Exemplos de atividades de uso indireto dos recursos naturais

são: visitação, recreação em contato com a natureza, turismo ecológico, pesquisa científica,

educação e interpretação ambiental. As categorias de proteção integral são: Estação Ecológica

(ESEC), Reserva Biológica (REBIO), Parque Nacional (PARNA), Monumento Natural

(MONA) e Refúgio de Vida Silvestre (RVS). O segundo grupo contempla as Unidades de

Uso Sustentável, que visam conciliar a conservação da natureza com o uso sustentável dos

recursos naturais. Nesse grupo, atividades que envolvem coleta e uso dos recursos naturais

são permitidas, mas desde que praticadas de forma a garantir a perenidade dos recursos

ambientais renováveis e dos processos ecológicos. As categorias de uso sustentável são: Área

de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Floresta Nacional (FLONA), Reserva de Fauna,

Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Reserva Extrativista (RESEX), Área de

Proteção Ambiental (APA) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).

Segundo MMA (2006), as unidades de conservação não são espaços intocáveis e se

mostram comprovadamente vantajosas para os municípios, tendo em vista que podem evitar

ou diminuir acidentes naturais ocasionados por enchentes e desabamentos; possibilitar a

manutenção da qualidade do ar, do solo e dos recursos hídricos; permitir o incremento de

atividades relacionadas ao turismo ecológico, e proporcionar a geração de emprego e renda.

As unidades de conservação podem ser entendidas como uma maneira especial de

ordenamento territorial, e não como um entrave ao desenvolvimento econômico e

socioambiental, reforçando o papel sinérgico das UC no desenvolvimento econômico e

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

8

socioambiental local. Os usos e manejo dos recursos naturais permitidos dentro de cada UC

variam conforme sua categoria, definida a partir da vocação que a área possui. Em outras

palavras, é importante que a escolha da categoria de uma UC considere as especificidades e

potencialidades de uso que a área oferece, a fim de garantir a promoção do desenvolvimento

local (MMA, 2006).

O desenvolvimento de municípios de pequeno porte requer medidas criativas para

proporcionar entretenimento e momentos lúdicos a seus habitantes. Muitos municípios não

conseguem fixar seus jovens por falta de locais para recreação e ensino de qualidade,

forçando-os a deixar seus municípios de origem na idade universitária, seja para estudar e/ou

trabalhar, e muitos deles jamais retornam. Com isso, além de um envelhecimento da

população, verifica-se que em muitos casos o número de habitantes vem caindo ano após ano.

Na região da Bacia Hidrográfica do Alto Paranapanema (UGRHI-14), Estado de São Paulo,

essa realidade foi verificada no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE, 2010) em grande parte de seus 36 municípios.

Neste contexto, acredita-se que no município de Taquarituba, integrante da UGRHI-

14, seja possível implantar uma unidade de conservação adequada à realidade local,

aproveitando-se a existência de uma Área Verde praticamente intocada que está localizada

dentro de um novo loteamento denominado “Residencial Zico Marcolino”. A criação de

espaços como esse podem não só servir como lazer para a população como também atrair

turistas e visitantes de outros municípios vizinhos para visitação. Com este trabalho, pretende-

se aprofundar o estudo sobre qual a melhor categoria de unidade de conservação para

implantar na referida área, como forma de comprovar que é possível compatibilizar o

desenvolvimento econômico com a preservação ambiental.

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

9

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVOS GERAIS

Desenvolver uma análise sobre as unidades de conservação para apresentar uma ou

mais propostas para serem implantadas na Área Verde do loteamento “Residencial Zico

Marcolino”, localizado no Município de Taquarituba-SP.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

· Estudar as peculiaridades de cada categoria de Unidade de Conservação;

· Avaliar as características do local a ser implantada a Unidade de Conservação;

· Levantar os procedimentos técnicos para criação da Unidade;

· Propor a ou as categorias de Unidades mais adequadas para o local;

· Propor os usos que poderão ser realizados dentro da Unidade de Conservação.

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

10

3. REVISÃO DE LITERATURA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. HISTÓRICO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

A criação de espaços preservados não é recente, remontando à história da Índia, da

África do Sul (o povo Venda), da China, de Veneza, da Bretanha, da Rússia e da Inglaterra.

Para se ter uma idéia, já na Rússia, “as profundas raízes históricas das áreas protegidas estão

associadas à criação de bosques e florestas sagradas, ‘áreas comunais proibidas’ e ‘áreas

sagradas’, nas quais caçar, pescar, derrubar árvores e a presença humana eram proibidas”

(OLIVEIRA, 2005, p. 3233, apud SILVA, 2009).

Os EUA, por sua vez, implantaram um modelo de conservação, que tem como

exemplo o Parque de Yellowston (1872), que influenciou as políticas públicas ambientais de

países como o Brasil, destacando a dicotomia entre parques e ocupação humana (CUNHA e

COELHO, 2003, apud SILVA, 2009). Segundo SILVA (2009) os objetivos que levaram à

criação desse Parque foram: a preservação de atributos cênicos, a significação histórica e o

potencial para atividades de lazer. A partir da criação do Parque Nacional de Yellowstone

houve uma racionalização no processo de colonização do oeste americano, levando à criação

de diversas outras áreas protegidas.

A década de 1970 foi um marco para o fomento e a consolidação do debate ambiental

na interface com diferentes áreas do conhecimento. No Brasil já existia o Código das Águas

de 1934 e o Código Florestal de 1965 que apontavam algumas diretrizes para o uso dos

recursos naturais, mas foi a partir das grandes conferências mundiais, como por exemplo, a

realizada em Estocolmo no ano de 1972, que a discussão sobre o uso dos recursos e seus

impactos ambientais se intensificou (CARRIJO, 2007).

Nos países em desenvolvimento, essa concepção de parque causou sérios problemas

socioeconômicos e ambientais, que se constituem no que se define como “crise da

conservação” (FEITOSA et al, 2002, apud SILVA, 2009). Além do que, nos Estados Unidos

não houve a preocupação com a população que vivia no interior dessas áreas, bem como

aquelas do entorno, devido o alto grau de urbanização, o que diferia do Brasil, já que, em

diversas áreas, há populações vivendo no interior e no entorno das áreas protegidas.

Conforme LÉVÊQUE (1999) para conservação da biodiversidade existem dois

princípios básicos: o da conservação ex situ que busca manter os recursos em ambientes

artificiais como museus, zoológicos, ou banco de genes; e o da conservação in situ que busca

manter a integridade dos recursos em seu habitat natural ou ambiente de ocorrência. As

unidades de conservação buscam então promover o princípio de conservação in situ,

delimitando áreas que passam a contar com restrições de uso e manejo.

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

11

Para HARRISON et al (1982) apud CARRIJO (2007) a idéia de criação de parques foi

obtendo sucesso com o tempo. No início, o crescimento foi lento, apresentando um aumento

durante os anos 20 e 30, antes de ficar estacionado por volta da Segunda Guerra Mundial. A

partir do início dos anos 50, o incremento tomou novo impulso, tendo sido criado entre 1970 e

1980 o dobro das áreas que existiam até 1969.

Na Europa, desenvolveu-se outro conceito de área natural protegida. Após milênios de

colonização humana, muito pouco restou dos ambientes originais nesse continente. No

entanto, a paisagem modificada ainda apresentava importantes atributos de beleza cênica, e

estava sendo ameaçada pelo crescimento urbano e pela agricultura de larga escala. Existiam

poucas áreas de domínio público, e o preço da terra tornava inviável a desapropriação para a

criação de unidades de conservação (SILVA, 2009).

A alternativa adotada foi a criação de mecanismos jurídicos e sociais para regular o

uso das terras privadas. Na França, as áreas protegidas foram chamadas de Parques Naturais.

Dentre esses mecanismos destacam-se: os acordos para preservar certas práticas do uso do

solo, os contratos para a recuperação de atributos cênicos e biológicos e os acordos entre

proprietários e organizações civis para manter uma rede de trilhas para pedestres em áreas

privadas (SILVA, 2009).

No Brasil, a primeira iniciativa para a criação de uma área protegida ocorreu em 1876,

como sugestão do Engenheiro André Rebouças (inspirado na criação do Parque de

Yellowstone) de se criar dois parques nacionais: um em Sete Quedas e outro na Ilha do

Bananal. No entanto, data de 1937 a criação do primeiro parque nacional brasileiro: o Parque

Nacional de Itatiaia (SILVA, 2009).

Somente em 2000, é que foi criado um diploma legal para a criação e regulamentação

de Unidades de Conservação, com a Lei N° 9.985, de 18 de julho de 2000 que institui o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. De modo geral, essa lei tem

como principal característica a divisão de categorias de unidades de conservação em dois

grupos, sendo um com finalidade de proteção integral e outro com finalidades de uso

sustentável.

3.2. CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL

De acordo com artigo 7o do capítulo 3 da Lei no 9.985/2000 as unidades de

conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com características

específicas: I - Unidades de Proteção Integral; II - Unidades de Uso Sustentável. O objetivo

básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso

indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei. O objetivo

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

12

básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o

uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.

De acordo com artigo 8o do capítulo 3 da Lei no 9.985/2000, o grupo das Unidades de

Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade de conservação: Estação

Ecológica; Reserva Biológica; Parque Nacional; Monumento Natural e Refúgio de Vida

Silvestre.

De acordo com artigo 14o do capítulo 3 da Lei no 9.985/2000, constituem o Grupo das

Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de unidade de conservação: Área de

Proteção Ambiental; Área de Relevante Interesse Ecológico; Floresta Nacional; Reserva

Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular

do Patrimônio Natural.

3.2.1. UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL

3.2.1.1. ESTAÇÃO ECOLÓGICA

A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de

pesquisas científicas. A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas

particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional, de acordo com o que

dispuser o Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico. A pesquisa científica

depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está

sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em

regulamento. Na Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas no

caso de: I - medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados; II - manejo de

espécies com o fim de preservar a diversidade biológica; III - coleta de componentes dos

ecossistemas com finalidades científicas; IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o

ambiente seja maior do que aquele causado pela simples observação ou pela coleta controlada

de componentes dos ecossistemas, em uma área correspondente a no máximo três por cento

da extensão total da unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares (Lei 9.985/2000,

art. 9o).

3.2.1.2. RESERVA BIOLÓGICA

A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais

atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações

ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as

ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

13

biológica e os processos ecológicos naturais. A Reserva Biológica é de posse e domínio

públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de

acordo com o que dispõe a lei. É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo

educacional, de acordo com regulamento específico. A pesquisa científica depende de

autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às

condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento

(Lei 9.985/2000, art. 10o).

3.2.1.3. PARQUE NACIONAL

O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais

de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas

científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de

recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. O Parque Nacional é de posse e

domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão

desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. A visitação pública está sujeita às normas e

restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão

responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento. A pesquisa científica

depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está

sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em

regulamento. As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão

denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal (Lei 9.985/2000,

art. 11o).

3.2.1.4. MONUMENTO NATURAL

O Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros,

singulares ou de grande beleza cênica. O Monumento Natural pode ser constituído por áreas

particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização

da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários. Havendo incompatibilidade entre

os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo aquiescência do proprietário às

condições propostas pelo órgão responsável pela administração da unidade para a coexistência

do Monumento Natural com o uso da propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo

com o que dispõe a lei. A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas

no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua

administração e àquelas previstas em regulamento (Lei 9.985/2000, art. 12o).

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

14

3.2.1.5. REFÚGIO DA VIDA SILVESTRE

O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se

asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora

local e da fauna residente ou migratória. O Refúgio de Vida Silvestre pode ser constituído por

áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a

utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários. Havendo

incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou não havendo

aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela

administração da unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da

propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei. A visitação

pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às

normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em

regulamento. A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela

administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem

como àquelas previstas em regulamento (Lei 9.985/2000, art. 13o).

3.2.2. UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL

3.2.2.1. ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de

ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente

importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como

objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e

assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. A Área de Proteção Ambiental é

constituída por terras públicas ou privadas. Respeitados os limites constitucionais, podem ser

estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em

uma Área de Proteção Ambiental. As condições para a realização de pesquisa científica e

visitação pública nas áreas sob domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da

unidade. Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições

para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências e restrições legais. A Área de

Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo órgão responsável por sua

administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de organizações da

sociedade civil e da população residente, conforme se dispuser no regulamento desta Lei. (Lei

9.985/2000, art. 15o).

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

15

3.2.2.2. ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO

A Área de Relevante Interesse Ecológico é uma área em geral de pequena extensão,

com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que

abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas

naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a

compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza. A Área de Relevante Interesse

Ecológico é constituída por terras públicas ou privadas. Respeitados os limites

constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma

propriedade privada localizada em uma Área de Relevante Interesse Ecológico (Lei

9.985/2000, art. 16o).

3.2.2.3. FLORESTA NACIONAL

A Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal de espécies

predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos

recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável

de florestas nativas. A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas

particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a

lei. Nas Florestas Nacionais é admitida a permanência de populações tradicionais que a

habitam quando de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano

de Manejo da unidade. A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas

para o manejo da unidade pelo órgão responsável por sua administração. A pesquisa é

permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela

administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e àquelas previstas

em regulamento. A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo

órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos,

de organizações da sociedade civil e, quando for o caso, das populações tradicionais

residentes. A unidade desta categoria, quando criada pelo Estado ou Município, será

denominada, respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal (Lei 9.985/2000, art.

17o).

3.2.2.4. RESERVA EXTRATIVISTA

A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais,

cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de

subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger

os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

16

naturais da unidade. A Reserva Extrativista é de domínio público, com uso concedido às

populações extrativistas tradicionais conforme o disposto no art. 23 desta Lei e em

regulamentação específica, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem

ser desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. A Reserva Extrativista será gerida por

um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e

constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das

populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de

criação da unidade. A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses

locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área. A pesquisa científica é

permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão responsável pela

administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e às normas

previstas em regulamento. O Plano de Manejo da unidade será aprovado pelo seu Conselho

Deliberativo. São proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou

profissional. A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases

sustentáveis e em situações especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas

na Reserva Extrativista, conforme o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da

unidade (Lei 9.985/2000, art. 19o).

3.2.2.5. RESERVA DE FAUNA

A Reserva de Fauna é uma área natural com populações animais de espécies nativas,

terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos

sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. A Reserva de Fauna é de posse

e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser

desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei. A visitação pública pode ser permitida,

desde que compatível com o manejo da unidade e de acordo com as normas estabelecidas pelo

órgão responsável por sua administração. É proibido o exercício da caça amadorística ou

profissional. A comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas

obedecerá ao disposto nas leis sobre fauna e regulamentos (Lei 9.985/2000, art. 19o).

3.2.2.6. RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga populações

tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos

naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que

desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da diversidade

biológica. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável tem como objetivo básico preservar a

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

17

natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução

e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das

populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as

técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações. A Reserva de

Desenvolvimento Sustentável é de domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas

em seus limites devem ser, quando necessário, desapropriadas, de acordo com o que dispõe a

lei. O uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais será regulado de acordo com o

disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentação específica. A Reserva de Desenvolvimento

Sustentável será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por

sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de organizações da

sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em

regulamento e no ato de criação da unidade. (Lei 9.985/2000, art. 20o).

As atividades desenvolvidas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável obedecerão

às seguintes condições: I - é permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível

com os interesses locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área; II - é

permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à melhor

relação das populações residentes com seu meio e à educação ambiental, sujeitando-se à

prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e

restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento; III - deve ser sempre

considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a conservação e IV - é

admitida a exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de manejo

sustentável e a substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que sujeitas

ao zoneamento, às limitações legais e ao Plano de Manejo da área (Lei 9.985/2000, art. 20o).

3.2.2.7. RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL

A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com

perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. O gravame de que trata

este artigo constará de termo de compromisso assinado perante o órgão ambiental, que

verificará a existência de interesse público, e será averbado à margem da inscrição no

Registro Público de Imóveis. Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do Patrimônio

Natural, conforme se dispuser em regulamento: a pesquisa científica e a visitação com

objetivos turísticos, recreativos e educacionais. (Lei 9.985/2000, art. 21o).

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

18

3.2.3. RESUMO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL

As unidades de conservação possuem regras próprias de uso e manejo definidas pela

Lei 9.985/2000. As diferenças, semelhanças e peculiaridades de cada uma das categorias de

unidades estão sumarizadas nas Tabelas 1 e 2.

Tabela 1. Unidades de Conservação de Proteção Integral.

UPI POSSE E DOMÍNIO FINALIDADE

Estação

Ecológica

Poder público e as terras

privadas em seus limites serão

desapropriadas.

Preservação da natureza e a realização de

pesquisas científicas

Reserva

Biológica

Poder público e as terras

privadas em seus limites serão

desapropriadas.

Objetivo a preservação integral da biota e

demais atributos naturais existentes em seus

limites, sem interferência humana direta ou

modificações ambientais, excetuando se as

medidas de recuperação de seus

ecossistemas alterados e as ações de manejo

necessárias para recuperar e preservar o

equilíbrio natural, a diversidade biológica e

os processos ecológicos naturais.

Parque

Nacional

Poder público e as terras

privadas em seus limites serão

desapropriadas

Preservação de ecossistemas naturais de

grande relevância ecológica e beleza cênica,

possibilitando a realização de pesquisas

científicas e o desenvolvimento de

atividades de educação e interpretação

ambiental, de recreação em contato com a

natureza e de turismo ecológico.

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

19

Tabela 1. Unidades de Conservação de Proteção Integral (continuação).

Monumento

Natural

Pode ser constituído por áreas

particulares, desde que seja

possível compatibilizar os

objetivos da unidade com a

utilização da terra e dos recursos

naturais do local pelos

proprietários.

Preservar sítios naturais raros, singulares

ou de grande beleza cênica.

Refúgio da

Vida

Silvestre

Pode ser constituído por áreas

particulares, desde que seja

possível compatibilizar os

objetivos da unidade com a

utilização da terra e dos recursos

naturais do local pelos

proprietários. Em caso de

incompatibilidade, a área

privada pode ser desapropriada.

Objetivo: proteger ambientes naturais onde

se asseguram condições para a existência

ou reprodução de espécies ou comunidades

da flora local e da fauna residente ou

migratória.

FONTE: (SILVA, 2009).

Tabela 2. Unidades de Conservação de Uso Sustentável.

UUS POSSE E DOMÍNIO FINALIDADE

Área de

Proteção

Ambiental

Constituída por terras públicas

ou privadas

Área em geral, extensa, com certo grau de

ocupação humana, dotada de atributos

abióticos, bióticos, estéticos ou culturais

especialmente importantes para a qualidade

de vida e o bem estar das populações

humanas, e tem como objetivos básicos

proteger a diversidade biológica, disciplinar o

processo de ocupação e assegurar a

sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Área de

Relevante

Interesse

Ecológico

Constituída por terras públicas

ou privadas

Tem o objetivo de manter os ecossistemas

naturais de importância regional ou local e

regular o uso admissível dessas áreas, de

modo a compatibilizá-lo com os objetivos de

conservação da natureza.

Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

20

Tabela 2. Unidades de Conservação de Uso Sustentável (continuação).

Floresta

Nacional

Posse e domínio públicos,

sendo que as áreas particulares

incluídas em seus limites

devem ser desapropriadas de

acordo com o que dispõe a lei.

Básico o uso múltiplo sustentável dos

recursos florestais e a pesquisa científica,

com ênfase em métodos para exploração

sustentável de florestas nativas.

Reserva

Extrativista

Domínio público, com uso

concedido às populações

extrativistas tradicionais, sendo

que as áreas particulares

incluídas em seus limites

devem ser desapropriadas, de

acordo com o que dispõe a lei.

Objetivos básicos de proteger os meios de

vida e a cultura dessas populações

(populações tradicionais), e assegurar o uso

sustentável dos recursos naturais da unidade.

Reserva de

Fauna

Posse e domínio públicos,

sendo que as áreas particulares

incluídas em seus limites

devem ser desapropriadas de

acordo com o que dispõe a lei.

Preservar populações animais de espécies

nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou

migratórias, adequadas para estudos técnicos

científicos sobre o manejo econômico

sustentável de recursos faunísticos.

Reserva de

Desenvolvi-

mento

Sustentável

Domínio público, sendo que as

áreas particulares incluídas em

seus limites devem ser, quando

necessário, desapropriadas, de

acordo com o que dispõe a lei.

Preservar a natureza e, ao mesmo tempo,

assegurar as condições e os meios necessários

para a reprodução e a melhoria dos modos e

da qualidade de vida e exploração dos

recursos naturais das populações tradicionais,

bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar

o conhecimento e as técnicas de manejo do

ambiente, desenvolvido por estas.

Reserva

Particular

do

Patrimônio

Natural

Área privada, gravada com

perpetuidade.

Objetivo de conservar a diversidade

biológica.

FONTE: (SILVA, 2009).

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

21

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA A SER IMPLANTADA A UNIDADE

A área do presente estudo está localizada no perímetro urbano do Município de

Taquarituba, situado no extremo Sudoeste do Estado de São Paulo, quase na divisa com o

Estado do Paraná, e localizado entre as coordenadas UTM norte 7.382.000 e 7.411.000, e

leste 667.000 e 692.00, fuso 22 sul. Faz divisas com os municípios paulistas de Taguaí, a

noroeste; de Tejupá, ao norte; de Itaí, a leste; e de Coronel Macedo, ao sul e a oeste.

As principais vias de acesso, a partir de São Paulo, é a Rodovia Castelo Branco (SP-

280), até altura do Km 242, tomando-se daí a SP-255; e a Rodovia Raposo Tavares (SP-270),

até a altura do Km 280, tomando-se daí a SP-255, chega-se a cidade de Taquarituba, SP,

distante aproximadamente de 320 km da capital.

O município apresenta uma população de 22.291 habitantes (IBGE, 2010) e uma área

total de 448 Km2, sendo que o perímetro urbano possui área de 11.73 Km2, conforme a Lei

Complementar n° 58/2007. A Figura 1 identifica todo o perímetro urbano do município.

Figura 1. Imagem de satélite que abrange todo o perímetro urbano de Taquarituba.

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

22

O Município possui seis parques e praças públicas bem arborizadas, com lagos, pistas

de caminhadas, espaços para academia ao ar livre, parquinhos para as crianças, além disso,

possui grandes áreas de florestas nativas, totalizando 2.314.743 m2 ou 2,31 Km2 de projeção

de copa das áreas verdes dentro do perímetro urbano, Figura 2, no entanto, não possui

nenhuma área legalmente definida como Unidade de Conservação conforme a Lei nº

9.985/2000. Estas informações foram obtidas através da sobreposição do mapa do perímetro

urbano sobre uma imagem de satélite Wordview de 2008, com identificação de toda

vegetação arbórea pelo programa AutoCAD.

Figura 2. Foto aérea do Município de Taquarituba, destacando-se o Parque Municipal Arnon e a Mata do Eugênio.

Neste contexto, o Loteamento “Residencial Zico Marcolino” apresenta um grande

potencial para criação de uma Unidade de Conservação. O loteamento possui uma área total

de 224.177,09 m2 (100%), que foi subdividida de forma a promover o melhor aproveitamento

do terreno, onde se projetou 346 lotes com total de 112.908,06 m2 (50,36 %), o sistema viário

possui 53.502,11 m2 (23,86 %), a área verde 46.546,98 m2 (20,76 %) e a área institucional

224.177,09 m2 (5,02 %) conforme Planta Urbanística Ambiental presente no Anexo I.

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

23

A área verde foi subdividida em Área Verde 1 com 17.070,14 m2, Área Verde 2 com

13.918,35 m2, Área Verde 3 com 7.875,38 m2, Área Verde 4 com 655,73 m2 e Área Verde 5

com 7.027,38 m2.

A Área Verde 1 é o objeto deste estudo de implantação da Unidade de Conservação

(Figura 3 e Figura 4).

Figura 3. Foto aérea do Município de Taquarituba, sendo que em amarelo está destacada a localização do loteamento “Residencial Zico Marcolino” e a Área Verde 1.

4.2. REALIZAÇÃO DE ESTUDOS TÉCNICOS

Serão realizados os seguintes estudos técnicos com base no Roteiro para criação de

Unidades de Conservação Municipais, (OLIVEIRA, 2010):

· Caracterização biológica com informações sobre o ecossistema da área de estudo,

caracterizando a fitofisionomia (ex. floresta ombrófila, floresta estacional, restinga,

manguezal, cerradão, caatinga arbórea etc.) incluindo o levantamento biológico com a

lista de algumas das principais espécies da fauna e da flora;

· Caracterização do meio físico com informações importantes para caracterizar a área,

dentre as quais destacam-se a geomorfologia, o solo, o clima e os recursos hídricos;

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

24

· Identificar o potencial para visitação pública, verificar se a área já possui visitação

pública ou se tem atributos naturais (matas, cachoeiras, cavernas, rios, lagoas,

formações rochosas, sítios arqueológicos etc.) para receber visitantes. Segundo

Oliveira (2010), esta é uma etapa importante para definição da categoria da unidade,

pois, por exemplo, se a área possui esses atributos e recebe visitação, a categoria a ser

escolhida deverá, a princípio, permitir a visitação pública, como parques e

monumentos naturais.

· Identificar possíveis impactos sobre as atividades produtivas do município que serão

afetadas pela proposta de criação da unidade de conservação.

4.3. DEFINIÇÃO DA CATEGORIA

Concluído os estudos técnicos, a proposta da categoria mais apropriada, ou as

categorias mais apropriadas seguiu as diferenças, semelhanças e peculiaridades apontadas em

SILVA (2009). Assim, procurou-se enquadrar a área de estudo na categoria que mais se

assemelhasse ao proposto na Lei nº 9.985/2000.

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

25

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA

De acordo com o levantamento florístico realizado no dia 21 de setembro de 2012, de

acordo com técnica visual comparativa e com apoio de literatura específica, conclui-se que a

Área Verde 1 do Loteamento a ser implantada a Unidade de Conservação (Figura 4) se

encontra inserida em região com vegetação classificada como Floresta Estacional

Semidecidual.

A Área em questão é um importante fragmento de Floresta Estacional Semidecidual,

com 17.070,14 m², onde foram encontradas grande quantidade de espécies nativas, como

descrito na Tabela 3. Conforme a análise das espécies e da situação do local, conclui-se que

esta área possui Vegetação Primária, pois apresenta as características descritas na

RESOLUÇÃO Nº 1/1994, que a define como vegetação de máxima expressão local, com

grande diversidade ecológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não

afetar significativamente suas características originais de estrutura e de espécie.

Figura 4. Mapa do loteamento Zico Marcolino, destacando-se a Área Verde 1.

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

26

Tabela 3. Algumas espécies de árvores encontradas na Área Verde 1.

Nome Popular Nome Científico Família

Primavera-arbórea Bougainvillea Nyctaginaceae

Embira-de-sapo Lonchocarpus guillemineanus Fabaceae

Angico-Branco Anadenanthera peregrina Leguminosae-Mimosoideae

Pau-Viola Citharexylum myrianthum Verbenaceae

Pata-de-Vaca Bauhinia forticata Caesalpinaceae

Pau-marfim Balfourodendron riedelianum Rutaceae

Cebolão Phytolacca dióica Phytolaccaceae

Pau-jacaré Piptadenia gonoacantha Mimosaceae

Açoita-cavalo Luehea divaricata Tiliaceae

Grandiúva Trema micrantha Ulmaceae

Tamanqueiro Aegiphila sellowiana Verbenaceae

Leiteiro Peshiera fuchsiaefolia Apocynaceae

Pau-de-lagarto Casearia sylvestris Flacourtiaceae

Guaiuvira Patagonula americana Boraginaceae

5.2. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO

5.2.1. ASPECTOS GEOMORFOLÓGICOS

No contexto geomorfológico, o município de Taquarituba está inserido na Depressão

Periférica paulista, mais especificamente na denominada “Zona do Paranapanema”. A Figura

5 refere-se ao Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo (IPT, 1981), na região do

município de Taquarituba, SP.

Predominam as formas de relevo tipo Colinas Médias, ocorrendo em

aproximadamente 83% das terras do município, que se dispõem em altitudes entre 600 a 700

m e apresentam encostas com declividades dominantes de 10 a 20% e com amplitudes locais

inferiores a 100 m.

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

27

COLINAS MÉDIAS

MORROTES ALONGADOS E ESPIGÕES

MORROS ARREDONDADOS

PLANÍCIES ALUVIAIS

TAQUARITUBA

Figura 5. Geomorfologia do município de Taquarituba, SP (IPT, 1981).

Na observação da figura acima, verificou-se que a Área deste trabalho, encontra-se na

formas de relevo tipo Colinas Médias, pois o perímetro urbano está praticamente no centro

do município. Segundo JÚNIOR (2002) as Colinas Médias apresenta os interflúvios com

áreas entre 1 a 4 km2 e topos aplainados; as vertentes apresentam perfis regionais de

convexos a retilíneos. A drenagem nesse domínio é de média a baixa densidade e padrão sub-

retangular, sendo terrenos com baixo potencial erosivo.

5.2.2. SOLOS

Conforme Mapa Pedológico do Estado de São Paulo OLIVEIRA et. al., (1999) apud

SCTDE, (2002), que se baseia no Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, definidas pela

EMBRAPA/IAC (1999), no município de Taquarituba ocorrem as associações pedológicas

apresentadas na Figura 6.

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

28

LV64

LV4

LV47

PVA79

PVA10

NV6

TAQUARITUBA

GX2

LEGENDA

Figura 6. Solos do município de Taquarituba, SP (OLIVEIRA et. al., 1999 apud SCTDE, 2002).

Observando-se a figura acima, pode-se identificar que a Área de estudo está inserida

na associação pedológica LV 4, ou seja, esta classificação agrupa os Latossolos Vermelhos

Eutroférricos e Distroférricos e os Latossolos Vermelhos Distróficos, ambos A moderado,

textura argilosa, dispostas num relevo suave ondulado. Predomina na região central e leste do

município e se estende por cerca de 20% das terras municipais.

5.2.3. CLIMA

A altitude média em Taquarituba, SP, é de 590 m, e segundo a classificação climática

de Köeppen, citados por CAMARGO, (1974) e RUSSO JR., (1980) apud SCTDE, (2002), no

município predomina o clima tropical com verão quente e sem estação seca (Cfa), ou seja, que

apresenta uma estação seca com mais de 60 mm de chuva. Porém, os índices pluviométricos

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

29

médios mensais, medidos pelo Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo –

DAEE durante o período entre 1958 e 1969, mostram que nos meses de seca (julho e agosto)

ocorrem menos que 60 mm de chuva, destacando a importância de se estudar o clima numa

escala local.

5.2.4. RECURSOS HÍDRICOS

No interior da Área que se pretende implantar a Unidade de Conservação, não possui

nascentes d’água, rios ou córregos. O ponto da Área que está mais próximo de um córrego

fica a 130 metros de distância, ou seja, esta é a menor distância até o Ribeirão do Lageado

(Ribeirão que atravessa vários bairros do município).

5.3. IDENTIFICAÇÃO DE POTENCIAL PARA VISITAÇÃO PÚBLICA

Segundo SILVA (2003) o símbolo principal que se desenvolveu em torno dos parques

foi o de grandes espaços que poderiam aliviar os problemas da cidade e romper a situação

citadina de estresse, onde as pessoas poderiam ter contato com ar fresco, lazer e tranqüilidade.

Além disso, os parques tinham como função principal à socialização da vida cotidiana, as

pessoas poderiam caminhar, se encontrar, se conhecer e se relacionar. Era também o espaço

de descanso que compensaria as horas de excessivo trabalho por horas de ócio, e é nessa

perspectiva que os parques poderiam também otimizar o trabalho semanal. Nas áreas dos

parques, as pessoas poderiam por meio das caminhadas e outras atividades esportivas

melhorar suas habilidades sinestésicas corporais, e desenvolver os sentidos de direção,

tamanhos, etc.

Cabe ressaltar que, inicialmente os parques eram espaços utilizados pelas classes

médias e altas, pois eram antigos jardins privados. Por exemplo, os ricos novaiorquinos

promoviam carreatas no Central Park, com passeios a cavalo. Entretanto, ao se tornarem

espaços públicos, houve uma socialização maior desse espaço, nos quais eram desenvolvidos

jogos dos mais diversos entre distintas classes sociais (SILVA, 2003).

O desenvolvimento dos movimentos ambientalistas, que surge no século XX e se

acentua nos dias atuais, relata a importância da Educação Ambiental para a formação do

cidadão, sendo que para SILVA (2003) os parques urbanos são espaços destinados à

construção de uma consciência ecológica, nos quais os cidadãos podem compreender os

processos naturais, por meio do contato direto com os elementos da natureza, e utilizam essas

informações na conservação dos recursos e do ambiente urbano.

A Área que se pretende implantar a Unidade de Conservação, Figura 7, está inserida

em região já urbanizada nas confrontações com os bairros Centro, Novo Centro e Ouro

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

30

Branco, e também com a região de futura urbanização que é a do próprio Loteamento

“Residencial Zico Marcolino” a qual esta área pertence. Neste sentido, muitas pessoas

residentes nos bairros já citados, como também, a população em geral poderá ter acesso aos

benefícios desta Área.

Figura 7. Visão geral da Área Verde a ser implantada a Unidade de Conservação.

Dentre as atividades que poderão ser desenvolvidas dentro da Unidade, podem-se citar

as seguintes:

· Caminhadas em trilhas no interior e ao redor da mata nativa;

· Ações de educação ambiental, como por exemplo, a colocação de placas que

identifiquem o nome das espécies das árvores;

· Construção de uma “Sala Verde” na entrada da unidade, onde podem ter

informações, livros, materiais educativos, além de poder ser utilizada para

eventuais reuniões e apresentações em eventos ambientais;

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

31

· Arborismo na mata.

5.4. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA

Essa etapa consiste em identificar possíveis impactos sobre as atividades produtivas do

município que serão afetadas pela proposta de criação da unidade de conservação. Neste

sentido, por se tratar de uma pequena área com 17.070,14 m², e por não haver população

residente no interior da futura unidade de conservação, não se prevê possíveis impactos

negativos pela criação da mesma.

Por outro lado, a unidade poderá gerar impactos positivos do ponto de vista

socioeconômico, ou seja, irá proporcionar uma maior valorização dos imóveis do entorno

(terrenos e casas ficarão mais caras), devido à preferência da população em residir em locais

próximos às áreas de lazer, principalmente pelos benefícios de se obter melhor qualidade de

vida.

5.5. DEFINIÇÃO DA CATEGORIA DA UNIDADE

Cada uma das modalidades resumidas no item 3.2.3. destacam uns ou outros objetivos

e princípios da Lei do SNUC, em maior ou menor escala, respeitando o princípio

conservacionista. Algumas prevêem a pesquisa científica, como a Estação Ecológica e a

Reserva de Fauna, em outras, permitem usos econômicos sustentáveis, como na Floresta

Nacional, na Reserva Extrativista, na Área de Proteção Ambiental e na Reserva de

Desenvolvimento Sustentável, entre outras.

Além disso, em relação à propriedade das terras, podemos verificar que as categorias

de unidades de conservação se dividem entre as públicas (o poder público como proprietário),

as privadas (sob o domínio e posse de proprietário de terras) e as de caráter misto (parte

pública e parte privada).

Segundo SILVA (2009), nas públicas, o Estado se responsabiliza exclusivamente pela

criação e manutenção da área, inclusive a maioria das UCs é de responsabilidade do poder

público, havendo a possibilidade de desapropriar terras privadas que, porventura, existam em

seus limites. A prática, no Brasil, de criação dessas áreas preservadas restringe-se, muitas

vezes, à mera formalização através de decretos, portarias, que reconhecem a Lei nº 9.985, art.

6º, parágrafo único, apenas “no papel” a existência daquela unidade de conservação, não

ocorrendo às devidas desapropriações, convivendo assim, terras públicas e privadas no

interior da unidade de conservação.

Juridicamente, sem a efetiva desapropriação, o poder público não tem nenhuma ação

sobre terras privadas, ou seja, não podendo, por exemplo, implantar a execução do plano

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

32

manejo na área de UC pública, que ainda está com sua situação fundiária irregular. Nessa

situação, podem estar: Reserva Biológica, Estação Ecológica, Parque Nacional, Refúgio da

Vida Silvestre, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna e Reserva de

Desenvolvimento Sustentável (SILVA, 2009).

As de caráter misto, isto é, aquelas que aliam dois regimes de propriedade, o público e

o privado, são elas: Área de Proteção Ambiental (APA) e Área de Relevante Interesse

Ecológico (ARIE). Nessas áreas, existe a possibilidade da convivência dos dois regimes,

porém o poder público estabelece restrições em relação ao uso da propriedade privada

(SILVA, 2009).

E a terceira e última espécie é aquela de caráter exclusivamente privada, que são as

Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).

No caso específico do presente trabalho, pretende-se apresentar uma proposta em que

a Prefeitura Municipal de Taquarituba não necessite adquirir a Área Verde do Loteamento

Residencial Zico Marcolino, mas ao mesmo tempo possibilite ao Poder Público Municipal

estabelecer restrições em relação ao uso da Área, podendo-se até mesmo realizar a

administração da Unidade de Conservação a ser implantada, possibilitando realizar a

pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.

A análise da área a ser implantada a unidade de conservação, bem como, as categorias

de unidades existentes no Brasil, permitiu identificar que é possível implantar a categoria de

Área de Relevante Interesse Ecológico.

Concluído estes estudos, cabe a Prefeitura Municipal de Taquarituba, através da

Coordenadoria Municipal da Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente, aceitar a proposta

dessa categoria de Unidade de Conservação.

Segundo OLIVEIRA (2010), após a definição da categoria e dos limites propostos

para criação da unidade, a Coordenadoria Municipal da Agricultura, Abastecimento e Meio

Ambiente de Taquarituba, deverá encaminhar ofícios-consultas para manifestação dos órgãos

públicos que desenvolvem atividades na região como Secretaria Estadual de Agricultura,

Secretaria Estadual de Planejamento, INCRA e outros. O envio destes ofícios evitará

transtornos de sobreposição e conflitos com outros interesses.

Concluída a consulta a estes órgãos, os técnicos devem analisar as manifestações

(respostas) desses órgãos, visando adequar ou não os limites propostos para criação da

unidade de conservação. Se algum destes órgãos se posicione contrário à criação da UC, os

técnicos deverão avaliar se os argumentos são procedentes e se cabe uma reformulação da

proposta (mudança de categoria, alteração do polígono, criação de mais de uma categoria ou

mosaico), (OLIVEIRA, 2010).

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

33

5.6. ETAPAS NECESSÁRIAS PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE

Segundo OLIVEIRA (2010) existem algumas etapas necessárias para a criação da

unidade. Resumidamente são elas:

· Realizar Consulta Pública;

· Após a realização da consulta pública, os técnicos da Coordenadoria Municipal

da Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente analisarão as sugestões

apresentadas durante e após a consulta pública e emitirão Nota Técnica

favorável ou contrária (integral ou parcialmente);

· Respondidas as demandas apresentadas pelos interessados no prazo estipulado

na consulta pública e estabelecido o mapa final da proposta, deverá ser

elaborado um parecer pelos técnicos da Coordenadoria Municipal da

Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente. Quando o parecer for favorável

à criação da unidade, deverão ser elaboradas ainda: minuta de ofício, minuta de

exposição de motivos e minuta do ato de criação da unidade com respectivo

memorial descritivo para ser encaminhado a autoridade competente do órgão

proponente que deverá enviar o processo para prévia análise jurídica.

· Por fim, deverá ser elaborado o ato de criação da Unidade de Conservação, que

pode ser através de um Decreto do Prefeito Municipal.

· Antes da publicação do ato de criação da unidade de conservação, a Assessoria

Jurídica emitirá um parecer informando se o processo atendeu os requisitos

legais exigidos pela Lei N° 9.985/2000 e o Decreto N° 4.340/2002 e, caso

necessário, corrigindo/alterando as minutas de ofício, exposição de motivos e

ato de criação. Em caso de parecer negativo, a assessoria jurídica deve

informar as pendências que precisam ser regularizadas. Caso o parecer seja

favorável, o processo será encaminhado para assinatura.

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

34

5.7. USOS DA UNIDADE

5.7.1. CONSTRUÇÃO DE TRILHAS NA MATA

As Trilhas de recreação ou de uso público são para todo mundo e permitem às pessoas

voltarem às suas raízes primitivas, pois ajudam as a extrair algum sentido de um mundo cada

vez mais dominado por automóveis, calçadas e concreto.

As Trilhas valorizam a herança selvagem da população e põe em contato com

ambientes naturais, confortando-se a alma, desafiando o corpo, e permitem praticar

habilidades pouco exigidas no dia-a-dia. Além disso, ao invés de ameaçar a integridade das

áreas florestais, como receiam alguns ambientalistas, as trilhas são um instrumento de

preservação, de apreciação e de educação ambiental.

A existência de uma trilha frequentada por visitantes afasta usuários indesejados e

preserva quilômetros quadrados ao redor.

Segundo HESSELBARTH (2009) a psicologia humana também desempenha seu

papel nos benefícios que uma trilha pode trazer. Uma trilha útil deve ser fácil de encontrar,

fácil de percorrer, e conveniente de se usar. Trilhas existem simplesmente porque são uma

maneira mais fácil de chegar a algum lugar. Muitas trilhas, tais como as picadas através da

floresta, rotas de ciclistas e vias de escalada, são deliberadamente desafiadoras, com grau de

risco relativamente alto, no entanto, caso a trilha oficial não for a via de mais fácil

caminhamento, os usuários criarão sua própria trilha.

Além disso, HESSELBARTH (2009) diz que a trilha a ser construída em algum lugar,

deve ser mais óbvia, mais fácil de transitar e mais conveniente do que as alternativas, caso

contrário, estará desperdiçando tempo e dinheiro.

No loteamento “Residencial Zico Marcolino” poderão ser implantadas as trilhas no

interior da mata (Figura 8) como também ao redor de toda a Área Verde (Figura 9 e 10) de

forma a torná-las mais óbvias, mais fáceis de transitar e mais conveniente do que as

alternativas.

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

35

Figura 8. Foto do interior da mata, onde se pretende construir a trilha.

Segundo HESSELBARTH (2009) os sinais de sucesso na construção de uma trilha são

obtidos quando se supera os problemas com terra, água e gravidade, ou seja, quando se

consegue:

· Impedir a água superficial de correr ao longo da trilha;

· Manter a trilha bem drenada;

· Manter na trilha o material do piso.

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

36

Figura 9.Visão geral da Área, onde se pretende construir a trilha ao redor.

Figura 10. Trecho que se observa o local a ser implantada a trilha.

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

37

5.7.2. AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA UNIDADE

Segundo SAITO (2006) a valorização da busca pela eqüidade e participação sociais na

conservação da biodiversidade soma-se aos princípios e objetivos da Política Nacional de

Educação Ambiental, que em seu artigo 5o, IV, prescreve o incentivo à participação

individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio

ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do

exercício da cidadania. Isso se relaciona com “o estímulo e o fortalecimento de uma

consciência crítica sobre a problemática ambiental e social” (Artigo 5o, Inciso III) e a

“construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada, fundamentada nos princípios da

liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e

sustentabilidade” (Artigo 5o, Inciso V)

Na mesma lei, no Artigo 3o, VI, é dito que cabe à sociedade, como um todo, manter

atenção permanente à formação de valores, atitudes e habilidades que propiciem a atuação

individual e coletiva voltada para a prevenção, a identificação e a solução de problemas

ambientais. O conhecimento assume grande valor neste momento, defendendo-se, porém o

“desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente, em suas múltiplas e

complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,

econômicos, científicos, culturais e éticos” (artigo 5o, inciso I), combatendo uma visão

unilateral do meio ambiente e restrita a uma única disciplina escolar. Em suma, estes

dispositivos destacados na Política Nacional de Educação Ambiental chamam a atenção para

o papel do conhecimento como motivador de mudanças de atitude (SAITO, 2006).

O artigo 14 da Política Municipal de Educação Ambiental de Taquarituba, Lei 1.555

de 10 de junho de 2009, diz que a Coordenadoria Municipal da Educação e a Coordenadoria

Municipal da Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente devem elaborar e implementar

ações de ecoturismo como alternativa de desenvolvimento sustentável, identificando os

benefícios que podem trazer às populações envolvidas, observando os impactos negativos que

podem advir de não se planejar antecipada e criteriosamente a sua implantação.

Neste sentido, a Unidade de Conservação poderá ser o local adequado para se

implementar ações de ecoturismo, principalmente através da visitação dos alunos da Rede

Municipal de Ensino.

Alguns exemplos de atividades que podem ser realizadas pelos alunos são, a

identificação das espécies das árvores nativas presentes na área; identificar espécies de

animais; promoção de palestras; identificar os benefícios da mata; entre outras ações

extracurriculares.

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

38

5.7.3. CONSTRUÇÃO DE UMA SALA VERDE

O Município de Itapeva, Estado de São Paulo, possui a Mata do Carmo, que esta

localizada em uma área nobre da cidade, entre o centro (Avenida 20 de setembro), jardim

America (Avenida Orestes Gonzaga) e o Jardim Ferrai III. Nesta Mata, a Prefeitura construiu

a “Sala Verde”, com a proposta de desenvolver a educação ambiental para atender à

população estudantil, como também, toda a população da cidade.

A “Sala Verde” de Taquarituba, a ser construída na parte externa da Mata do

loteamento Residencial Zico Marcolino (Figura 11) poderá ser semelhante à de Itapeva. Em

Itapeva, o projeto baseou-se em uma construção de 250m², toda construída em madeira de

reflorestamento tratada, telha de barro, vidro e alicerce de pedra, com um hall de entrada,

sanitários e uma enorme varanda (Figura 12). Além disso, possui lojinha de artesanato com

grande variedade de objetos.

O local é utilizado para palestras e também a realização de oficinas, como por

exemplo, confecções de materiais ecológicos, calendários ecológicos, jogos ecológicos e

máscaras ecológicas com reaproveitamento de materiais de embalagens, vassouras de garrafas

pet, sacolas de lona, coador de pano e outros.

Figura 11. Local a ser construída a “Sala Verde”.

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

39

Figura 12. Parte interna da “Sala Verde” do Município de Itapeva-SP.

5.7.4. ARBORISMO

Outra atividade importante que pode ser desenvolvida no interior da mata da futura

Unidade de Conservação de Taquarituba é o “Arborismo”, ou seja, um esporte radical que

consiste na travessia entre plataformas montadas no alto das árvores, ultrapassando diferentes

tipos de obstáculos como escadas, pontes suspensas, tirolesas e outras atividades que podem

ser criadas.

O Arborismo é muito utilizado no turismo de aventura, para lazer e recreação, e para

estudos de fauna e flora das camadas mais altas da floresta. Portanto esta atividade poderá

proporcionar um maior contato da população de Taquarituba com a natureza, favorecendo a

educação ambiental.

A Coordenadoria Municipal do Esporte, Lazer e Turismo, juntamente com a

Coordenadoria Municipal da Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente, poderão definir

os locais na mata para se implementar o arborismo, bem como, treinar o monitores guias que

cuidarão para que as pessoas realizem o esporte com segurança.

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

40

6. CONCLUSÕES / CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Bacia Hidrográfica do Alto Paranapanema (UGRHI-14) possui poucas áreas

protegidas por legislação especial, sendo quatro Estações Ecológicas com Florestas

estacionais semidecíduas e formações do cerrado, que são locais importantes para reprodução

e alimentação de rica fauna silvestre. Possui ainda, importante área de Mata Atlântica

protegida pelo Parque Estadual Intervales e pelo Parque Estadual de Carlos Botelho. A Área

de Proteção Ambiental Corumbataí, Botucatu e Tejupá também está parcialmente localizada

na Bacia do Alto Paranapanema, onde insere-se parte do município de Taquarituba.

No entanto é possível observar que existe grande potencial para ampliar o número de

Unidades de Conservação em todos os 36 municípios pertencente à Bacia, de forma a aliar o

desenvolvimento socioeconômico com a conservação da natureza.

As Unidades de Conservação fornecem direta ou indiretamente bens e serviços que

satisfazem várias necessidades da sociedade, além disso, o conjunto de serviços ambientais

oferecidos, muitas vezes podem gerar contribuições econômicas com valores superiores

àqueles que têm sido destinados pelas administrações públicas à manutenção da Unidade.

Portanto a proposta de criação da Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) na

Área Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino” será um marco na história ambiental

de Taquarituba e da Bacia e servirá como “Unidade Modelo” para outros municípios, pois

será possível combinar a preservação da mata, com a educação ambiental, o ecoturismo e a

valorização imobiliária do loteamento.

É importante destacar também, que a categoria de Unidade de Conservação escolhida

não necessita de desapropriação da área, sendo assim, a Prefeitura Municipal conseguirá

implantar a Unidade com baixo investimento financeiro. Neste sentido, por lei, é obrigatório

que todo loteamento residencial tenha em seu projeto uma determinada área para ser “Área

Verde”, o que facilita aos Governos Municipais a realização de parcerias com os proprietários

para a implantação dessas Unidades.

Uma forma de divulgar a Unidade para a comunidade é realizar um concurso entre

todas as escolas do Município para a escolha do nome, sendo assim o nome da Unidade

ficará, ARIE seguido do nome escolhido.

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

41

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Brasília: Palácio do Planalto.

BRASIL. Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. Brasília: Palácio do Planalto.

BRASIL. Lei nº 11.132, de 4 de julho de 2005. Brasília: Palácio do Planalto.

BRASIL. Decreto nº 5.566, de 26 de outubro de 2005. Brasília: Palácio do Planalto.

BRASIL. Resolução nº 1, de 31 de janeiro de 1994. Brasília: CONAMA.

CARRIJO, B. R. Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE Buriti), Pato Branco-PR:

Gênese, Manejo e Perspectivas de Gestão. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2007.

28p.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Sistema

Brasileiro de Classificação de Solos. Brasília: Sistema de Produção de Informação. SPI

da EMBRAPA, 1999.

HESSELBARTH, W., VACHOWSKI, B., DAVIES, M. A. Manual de Construção e

Manutenção de Trilhas. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo,

2009.

IBGE. Censo Demográfico 2010. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1> Acesso em 21/09/2012.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT.

______ (1981) Mapa geomorfológico do Estado de São Paulo, escala 1:1.000.000. São

Paulo: Publicação IPT 1183, Monografias 5. 2 v.

______(1981) Mapa geológico do Estado de São Paulo, escala 1:500.000. São Paulo.

Publicação IPT 1184, Monografias 6. 2v.

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

42

______(1987) Orientações para o combate à erosão no Estado de São Paulo, Bacia do

Peixe-Taquarituba. São Paulo: Relatório Técnico IPT no 24739.

LÉVÊQUE, C. A Biodiversidade. Tradução: Valdo Memelstein. Bauru, SP: EDUSC, 1999.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza. 6º Ed. Brasília, 2006.

OLIVEIRA, J. C.C., BARBOSA, J. H. C. Roteiro para criação de Unidades de

Conservação Municipais. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2010.

SAITO, C. H. Educação Ambiental PROBIO. Brasília: Departamento de Ecologia da

Universidade de Brasília/MMA, 2006.

SECRETARIA DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO –

SCTDE. Relatório Técnico nº 57998 Estudos do Meio Físico visando a implantação de

distritos agrícolas no município de Taquarituba, São Paulo. Programa de Apoio

Tecnológico aos Municípios – PATEM da Secretaria da Ciência, Tecnologia e

Desenvolvimento Econômico – SCTDE, 2002. V. 1.

SILVA, J. I. A. O., CUNHA, L. H. Regime Jurídico das Unidades de Conservação: Suas

Características Jurídico-Ambientais. Paraíba: Revista da UEPB, 2009. V. 1.

SILVA, L. J. M. Parques Urbanos: A Natureza na Cidade – Uma análise de percepção

dos atores urbanos. Brasília: Universidade de Brasília, 2003.

TAQUARITUBA. Lei Complementar n° 58, de 12 de fevereiro de 2007. Taquarituba-SP.

TAQUARITUBA. Lei nº 1.555 de 10 de junho de 2009. Taquarituba-SP.

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “Júlio de Mesquita Filho ...vampira.ourinhos.unesp.br/bou/tcc/Pós_graduação... · Verde do loteamento “Residencial Zico Marcolino”, localizado

43

ANEXO I