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Universidade Estadual PaulistaCampus de Botucatu

Instituto de Biociências

Filipe Galvão FerreiraDepto. de Farmacologia

Drogas de abusoDrogas de abuso

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Cardápio• Dados epidemiológicos;

• Fatores que influenciam;

• Conceitos gerais;

• Neurobiologia;

• Via de recompensa.

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RELEVÂNCIA RELEVÂNCIA

DADOS EPIDEMIOLÓGICOSDADOS EPIDEMIOLÓGICOS

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11.6

6.6

2.7

0.9 1.22.1

0

2

4

6

8

10

12

uso na vida

qualquerdrogamaconha

solventes

ansiolíticos

anfetaminas

cocaína

%

Drogas mais consumidas no Brasil - Estudo domiciliar

Galduróz et al. (2000) CEBRID/UNIFESP

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%

Drogas mais consumidas no Brasil - Estudantes de 1o. e 2o. graus

Galduróz et al. (1997) CEBRID/UNIFESP

77,0

44,1

14,4 12,48,6 6,6 4,5

0

1020

30

4050

60

70

80

uso na vida

álcooltabacomaconhasolventesansiolíticosanfetaminascocaína

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Drogas• Fatores que influenciam:

→ disponibilidade;

→ via de administração;

→ genética;

→ histórico de uso de drogas;

→ estresse.

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Conceitos gerais

Dependência um conjunto de sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos que indicam que o indivíduo perdeu o controle do uso da droga e continua a usar a substância apesar das conseqüências adversas deste uso (DSM-IV, 1994).

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Diagnóstico de dependência (DSM-IV, 1994)

• Tolerância• Abstinência• Uso freqüente de quantidades maiores ou por períodos

mais prolongados do que o pretendido• Desejo persistente ou esforços mal-sucedidos para

controlar o uso• Muito tempo é consumido em conseguir, usar ou

recuperar-se do uso• Abandono ou redução de atividades sociais,

ocupacionais ou recreativas devido ao uso• Uso mantido apesar do reconhecimento de problemas

físicos ou psicológicos persistentes ou recorrentes, causados ou agravados pelo uso

pelo menos 3 durante os últimos 12 meses

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Droga de abuso

Fármaco ou droga que são usados - por agir sobre os mecanismos de gratificação do

cérebro - com propósitos não médicos, devido aos seus efeitos estimulantes, euforizantes

e/ou tranqüilizantes.

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Por que algumas pessoas usam drogas e se tornam dependentes

e outras não?

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O uso e a dependência de drogas é um transtorno mental?

• Fatores neurobiológicos (início e manutenção da dependência);

• Mudanças no SNC;

• Mecanismo de ação (sistema de recompensa);

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Via mesolímbica-mesocorticalVia mesolímbica-mesocortical(Feixe prosencefálico media)(Feixe prosencefálico media)

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Sistema límbico

VIA DOPAMINÉRGICA MESOLÍMBICA E PSICOFARMACOLOGIA DA RECOMPENSA

Realizações intelectuais Realizações atléticasOuvir uma sinfoniaSensação de orgasmoUso de psicotrópicos

neurônios mesolímbicos dopamina

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Via mesolimbica

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NTNTNTNT

NTNT

TirosinaTirosina

Tirosina hidroxilaseTirosina hidroxilase

NTNTNTNT

NTNT

DOPADOPADopa descarboxilaseDopa descarboxilase

TirosinaTirosina

DopaminaDopamina

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INTRODUÇÃO

CaCa++++

CaCa++++CaCa++++

CaCa++++

CaCa++++

CaCa++++

CaCa++++

CaCa++++

CaCa++++

CaCa++++

DADADADADADA

DADA

DADADADA

DADADADA

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Sistema límbico

NEUROTRANSMISSORES

dopamina sistema do prazer (“cocaína/anfetamina”)

acetilcolina centro do orgasmo (“nicotina”)

adrenalina sistema de recompensa do hipotálamo

serotonina cérebro emocional

anandamida (lipídeo) (“maconha”)

 

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Sistema límbico

COMO FUNCIONA A DROGA DE ABUSO NO SISTEMA LÍMBICO

droga de abuso o prazer pode ser obtido de forma mais intensa e mais fácil

a recompensa produzida pela droga produz um suprimento límbico pós-sinaptico de dopamina tão intenso que os receptores D2 passam a necessitar furiosamente de mais dopamina depois que a droga pára de atuar buscar mais droga

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Sistema límbico

COMO FUNCIONA A DROGA DE ABUSO NO SISTEMA LÍMBICO

► o risco de se tornar um abusador pode depender de quantos receptores o indivíduo possui:

poucos receptores da primeira vez, o uso não causa muito efeito, mas se tornará cada vez mais prazeroso com o aumento da dose

muitos receptores o uso será aversivo e isso pode impedir o indivíduo de tentar novamente

 

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Drogas que aumentam DA

• anfetamina• cocaína• opiáceos (morfina,

heroína)• MDMA• etanol• nicotina• THC

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Aspectos históricos

• Sec. XIX “Instintos subconscientes?

• Década de 40 - Teoria do Reforço (chimpanzés – opióides);

• 1954 Ratos – “Auto-estimulação”

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Bases biológicas

Modelo de dependência

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Equipamento

de programação

seringa de infusão

Catéter

barra

Intravenosa

Paradigma de auto-administração

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Tolerância

• diminuição da resposta a uma dose de determinada substância que ocorre com o uso continuado da mesma (OMS, 1997)

• aumento da resposta a uma dose de determinada substância após administração repetida;

• Forma de plasticidade neuronal – associada com mudanças neuroadaptativas no circuito da recompensa decorrentes do uso crônico de drogas de abuso.

Sensibilização

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0

10

20

30

40

ADMINISTRAÇÕES

EFEI

TO Sensibilização

Tolerância

Controle

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Síndrome de abstinência

Distúrbio fisiopatológico característico para cada tipo de fármaco e/ou droga, evidenciado por um conjunto de sinais e sintomas de gravidade variável, que se

verifica após interrupção total ou parcial do uso repetido (geralmente prolongado) e/ou excessivo do

composto.

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Estímulos aversivos

Estímulos que levam o organismo a minimizar a exposição

- Reforço negativo: estímulo que aumenta a freqüência do comportamento; previne ou termina sua

apresentação.

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Neuroadaptação

Alteração do SNC devido a presença de uma droga ou fármaco, após exposição única ou

repetida, que se manifesta pelo aparecimento de transtornos físicos

intensos quando se interrompe o uso (síndrome de abstinência) ou pela resposta

diminuída para uma mesma concentração no sítio de ação.

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Mecanismos de aprendizado e memória

• Quais são e como ocorrem as transformações biológicas na dependência de drogas?

• De que forma essas alterações são “gravadas” no cérebro a ponto de modificar o comportamento do animal ou da pessoa mesmo após a cessação do efeito da droga?

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Estímulo condicionado

- Estímulos ambientais podem associar-se aos efeitos das drogas aditivas ou com síndromes de retirada,

podendo alterar o comportamento pela busca da droga

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Preferência condicionada por lugar

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• Drogas que mantém a auto-administração e induzem preferência condicionada por lugar:

anfetaminas, barbitúticos, cocaína, codeína, etanol, fentanil, heroína, metadona, metanfetamina, metilfenidato, morfina, nicotina e THC (Tanda et al., 2000) e MDMA (3,4-metileno-dioxi-metanfetamina – Ecstasy)

Paradigmas de auto-administração

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Memória das drogasMemória das drogasPET scan (tomografia por emissão de pósitrons) - Estudo para determinar que partes do cérebro são ativadas pelo desejo da droga.

Amigdala ativada (sistema límbico:

memória e emoções)

Video neutro(montanhas, rios, animais, flores,

árvores)

FrontalFrontal

Fonte: NIDA (National Institute on Drug Abuse)

Amigdala não ativada

Video com estímulos ambientais

(cachimbos, agulhas, seringas e outros

acessórios familiares aos usuários de

cocaína)

desejo intenso pelo uso da droga, com demanda imediata e rejeição de pensamentos racionais

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Evidências experimentais Interrupção química ou cirúrgica desta via reduz o

comportamento de busca da droga Derivados da anfetamina e da cocaína (alto potencial

para dependência) aumentam a oferta de Dopamina cerebral

Camundongos transgênicos (deleção de receptores do tipo D2) não desenvolvem dependência por morfina, embora outros efeitos desta droga se manifestem

Síndrome de abstinência se desenvolve em animais dependentes de morfina cujos receptores D2 foram bloqueados (reforço negativo)

de serotonina ou de glutamato reduzem o comportamento de busca de álcool, sugerindo que a modulação não depende apenas de Dopamina

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ABUSO

RECOMPENSA (reforço positivo)Aumento da probabilidade de ocorrência de comportamento que resulte no uso da drogaImediataBreve (horas)Diminui com a repetição

DEPENDÊNCIA Uso compulsivo, prevalecendo

sobre outras necessidades

Aspectos sociais, farmacológicos, fisiológicos e

psicológicos: DEPENDÊNCIA

FÍSICA Estado de adaptação à

presença da droga, cuja retirada tem efeito

aversivo

TOLERÂNCIA Necessidade de

aumento da dose para se obter o mesmo efeito

SÍNDROME DEABSTINÊNCIA (reforço negativo)

Variável com a droga Tardia

Longa duração (dias)Aumenta com a repetição

Page 43: Universidade Estadual Paulista Campus de Botucatu Instituto de Biociências Filipe Galvão Ferreira Depto. de Farmacologia Drogas de abuso

administração da droga

Neuroadaptação de “oposição”

retiradada droga

Recuperação da neuroadaptação

atividade normal do SNC

estado livre da droga efeito agudo da droga

tolerância à drogasíndrome de abstinência

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ABUSODEPENDÊNCIA

FÍSICA Estado de adaptação à

presença da droga, cuja retirada tem efeito

aversivo

RECOMPENSA (reforço positivo)Aumento da probabilidade de ocorrência de comportamento que resulte no uso da drogaImediataBreve (horas)Diminui com a repetição

DEPENDÊNCIA Uso compulsivo, prevalecendo

sobre outras necessidades

Aspectos sociais, farmacológicos, fisiológicos e

psicológicos: TOLERÂNCIA

Necessidade de aumento da dose

para se obter o mesmo efeito

SÍNDROME DEABSTINÊNCIA (reforço negativo)

Variável com a droga Tardia

Longa duração (dias)Aumenta com a repetição

CONDICIONAMENTO PositivoEstímulos ambientais e sociais associados às sensações prazerosasNegativo Os antecedentes de não tomar a droga tornam-se aversivos

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CISA – Centro de Informações sobre saúde e álcool www.cisa.org.br

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http://www.who.int/substance_abuse/publications/en/Neuroscience.pdf

http://www.nida.nih.gov/

http://learn.genetics.utah.edu/units/addiction/drugs/mouse.cfm