Upload
vannhu
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO FINACEIRA GOVERNAMENTAL
LUIGI CAMARDELLI CESARINO
DÍVIDA PÚBLICA. Reestruturação do endividamento público como instrumento de investimentos
para o estado da Bahia.
Salvador 2011
LUIGI CAMARDELLI CESARINO
DÍVIDA PÚBLICA. Reestruturação do endividamento público como instrumento de investimentos
para o estado da Bahia.
Projeto apresentado ao Núcleo de Pós-
Graduação em Administração da Universidade
Federal da Bahia – NPGA/UFBA, como requisito
parcial para a obtenção do grau de Especialista
em Administração Financeira Governamental.
Orientador: Ernani Coelho Neto
Salvador 2011
SUMÁRIO
1 – APRESENTAÇÃO....................................................................................... 4
1.1 - NATUREZA DA INTERVENÇÃO.......................................................... 4
1.2 - EIXO DE PESQUISA............................................................................. 4
1.3 - MOTIVAÇÃO PARA A ESCOLHA DO TEMA....................................... 4
1.4 - JUSTIFICATIVA DO TRABALHO......................................................... 5
1.5 - OBJETIVOS DA INTERVENÇÃO......................................................... 5
1.6 - A METODOLOGIA EMPREGADA PARA A ELABORAÇÃO DO PIO.. 6
1.7 - A ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO................................................. 7
2 – DIAGNÓSTICO........................................................................................... 8
2.1. CONTEXTO DO PROBLEMA............................................................... 8
2.2. ANÁLISE DE DADOS........................................................................... 13
2.3. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA............................................................... 31
3 – MARCO TÉCNICO / TEÓRICO.................................................................. 32
4 – PROGNÓSTICO........................................................................................... 35
4.1 – SITUAÇÃO PRETENDIDA................................................................... 35
4.2 – RECOMENDAÇÕES............................................................................ 41
4.3 – ATORES ENVOLVIDOS E DEFINIÇÃO DE RESPONSABILIDADES. 43
4.4 – LIMITAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES............................................... 44
5 – CRONOGRAMAS E RECURSOS................................................................ 45
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 47
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 50
4
1 – Apresentação
– Natureza da intervenção
Este trabalho visa propor uma nova configuração do perfil do endividamento
público do estado da Bahia através da reestruturação e recomposição do principal
de dívida.
A proposta seria a troca de dívidas refinanciadas pelo Tesouro Nacional
através das Leis nº. 9.496/97 e 8.727/93, ainda vigentes, por novas operações com
organismos multilaterais de crédito ou agentes financeiros públicos oficiais.
As vantagens da implantação desta operação seriam: o alongamento
temporal do perfil da dívida pública e a redução nos encargos financeiros cobrados
pelo(s) novo(s) agente(s).
1.2 – Eixo de pesquisa
Este projeto está alinhado com a área Administração Financeira
Governamental sob o tema Dívida Pública que envolve a gestão da Dívida do estado
da Bahia e seus desdobramentos.
1.3 – Motivação para escolha do tema
A principal motivação para elaboração desse trabalho é a profissional,
principalmente pelo desafio da implementação desta intervenção e pela existência
de vários atores que entre eles destacam-se até atores internacionais, como as
agencias multilaterais de crédito e atores nacionais de peso como a Secretaria do
Tesouro Nacional, o Senado Federal e atores políticos como secretários de estado,
governador e ministros de estado.
5
1.4 – Justificativa do Trabalho
Tema de extrema importância para as finanças públicas estaduais que irá
proporcionar maior conhecimento sobre o endividamento público estadual, os
detalhes sobre a qualidade dessa dívida e possíveis alterações sobre seu perfil,
seus credores e os controles dessa dívida.
O processo de reestruturação deverá incrementar os investimentos estaduais,
principalmente em infra-estrutura, alavancando a economia baiana para a COPA de
2014 e também, mesmo de forma indireta, para as Olimpíadas de 2016,
proporcionando melhoria na qualidade de vida dos baianos.
O risco do estado da Bahia em não fazer esta reestruturação passa pela
redução drástica dos níveis de investimentos públicos e privados principalmente no
período após a COPA de 2014 e Olimpíadas de 2016, onde o Estado estaria com
sua capacidade de endividamento bem reduzida.
1.5 – Objetivos da intervenção
1.5.1 – Objetivo geral
Incrementar a capacidade de investimento através da reestruturação
da dívida pública do estado da Bahia.
1.5.2 – Objetivos específicos
Analisar a projeção do fluxo de pagamentos do serviço da dívida
Verificar a capacidade de endividamento e investimento estadual para
os próximos anos.
Propor intervenções no que concerne a contratação de nova operação
de crédito para pagamento de operação vigente e conseqüente reestruturação da
Dívida Pública.
6
1.6 - A metodologia empregada para a elaboração do PIO
Levantamento das condições atuais da Dívida Pública da Bahia sua
composição por credores e por moedas / índices, processo de evolução do estoque
e serviço nos últimos anos.
Projeção das receitas e despesas orçamentárias com base no
comportamento médio dos últimos dez anos e previsão para os próximos dez.
Projeção das prováveis condições futuras da Dívida Pública da Bahia,
evolução do estoque e serviço até o final do pagamento da carteira.
Verificar as possibilidades de incremento da capacidade de endividamento
tanto no aumento das receitas quanto na redução das despesas.
Análise da legislação fiscal como a Lei de Responsabilidade Fiscal e
Resoluções do Senado Federal, além da legislação infralegal com pertinência ao
assunto dívida e endividamento público e operações de crédito.
Consulta a Secretaria do Tesouro Nacional sobre a pertinência e a
conveniência do Pleito e as condições para aprovação da operação como operação
de reestruturação de dívida.
Verificação de situações similares em outras entidades subnacionais para
análise da situação ocorrida, suas peculiaridades e coincidências com o caso da
Bahia.
Solicitação aos negociadores da revisão do Programa de Ajuste Fiscal para
inclusão, na décima primeira revisão, da operação de crédito em questão com seus
requisitos e condições financeiras, prevista para ocorrer entre agosto e outubro de
2011.
Consulta aos sites dos agentes financeiros aptos sobre a disposição da
concessão da linha de crédito.
7
Consulta a cúpula governamental sobre o interesse na implementação do
projeto.
Confecção da Carta – Consulta que seria a própria Proposta de Intervenção
de forma adaptada e apresentação a COFIEX – Comissão de Financiamentos
Externos do Governo Federal para recomendar aprovação.
1.7 – Organização do documento
Este projeto apresenta a proposta de reestruturação da Dívida Pública como
instrumento para investimentos futuros do estado da Bahia.
Serão delimitados em seis seções onde a primeira faz uma apresentação
sobre a natureza da intervenção, o eixo da pesquisa, a motivação, a justificativa, os
objetivos e a metodologia empregada para elaboração deste projeto.
A segunda seção faz um diagnóstico sobre a situação atual da dívida pública
baiana contextualizando o problema, analise de dados existentes nos sistemas
contábeis e gerenciais do Estado definindo a existência do problema com suas
devidas justificativas.
A terceira seção descreve as contribuições técnicas ou teóricas que ajudaram
a sustentar a proposta de solução do problema demonstrando a melhor alternativa
para a proposta de intervenção.
A quarta seção avalia o impacto desta reestruturação para os investimentos
públicos nos próximos anos e o significado destes investimentos para o Estado.
Descreve as recomendações que deverão ser adotas para que a intervenção atinja
seus objetivos mensurados e os limites que a proposta condiciona para a sua
intervenção.
A quinta seção avalia a forma temporal e a quantidade de recursos
(orçamento) necessários para a implantação do projeto
8
A sexta seção traz as conclusões e considerações finais sobre a proposta de
intervenção.
2 – Diagnóstico
O tema será abordado com enfoque dado pelo Programa de Ajuste Fiscal,
onde a Secretaria do Tesouro Nacional utiliza um conceito de execução
orçamentária relativa às administrações direta e indireta dependentes dos recursos
do Tesouro, as chamadas “fontes do Tesouro”, que são as fontes de 00 a 39 + 60 e,
também, na Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n º 101) onde se
adota o conceito de ente, conforme a pertinência e também, a conveniência da
abordagem do assunto em cada caso.
As fontes do Tesouro são as fontes de recursos classificadas conforme a
destinação legal destes. Entende-se por fontes de recursos a origem ou a
procedência dos recursos que devem ser gastos com uma determinada finalidade.
Portanto, é necessário individualizar estes recursos de modo a evidenciar sua
aplicação segundo determinação legal. As fontes do tesouro ou recursos do tesouro
é um grupo de fontes de recursos que, no caso, é controlado / gerido pela diretoria
do tesouro do estado da Bahia.
O período de análise do endividamento e investimento público do estado da
Bahia (delimitação espacial) é até 2040 (delimitação temporal), onde existe previsão
do final do desembolso de toda a carteira de operações de crédito, algumas vezes
será delimitado em 2027, prazo no qual se finaliza o contrato de refinanciamento
com a Lei nº. 9.496/97 que é o objeto de pagamento da operação de crédito de
reestruturação da dívida pública.
2.1. – Contexto do problema
Um ente público para fazer investimentos em áreas estratégicas como: saúde,
educação, segurança e etc, devem dispor de recursos em caixa. No entanto, na
maioria das vezes, esses recursos não estão disponíveis em montante necessário e
a opção de endividamento público pode ser a saída para a sua obtenção.
9
Contudo, a opção de endividar-se, além de ser onerosa, obriga o ente público
a trilhar um caminho bem difícil para a contratação das operações de crédito. Assim,
órgãos como a Secretaria do Tesouro Nacional e os próprios agentes financeiros
solicitam para análises financeiras documentações, atestados de regularidades,
pareceres de órgãos técnicos e jurídicos tanto da Secretaria do Tesouro Nacional
quanto do próprio agente financeiro.
Desde meados dos anos 80, a Bahia havia deixado de cumprir com
obrigações da dívida pública, deteriorando as relações do Estado com as agências
multilaterais de financiamento. Ao longo de 08 anos não se contabilizou parcelas
não pagas, provocando distorções no saldo devedor. Assim, com registro deficiente
e contratos não contabilizados, quando, em 1994, finalmente se efetivou a rolagem
da dívida com o Tesouro Nacional, através da Lei 8.727/93, houve aparente
“crescimento significativo” da dívida, que na verdade, decorria da regularização dos
débitos.
O BID e o BIRD reabriram linhas de crédito de importância estratégica para a
economia baiana, possibilitando ao Estado:
• antecipar investimentos utilizando poupança futura nas áreas de
saneamento, saúde, educação e infra-estrutura básica;
• liquidar passivos onerosos de curto prazo; e ainda,
• contratar operações de longo prazo com carência e taxas compatíveis
com a realidade de nossa economia.
Pontuando as renegociações, em 1991, o Governo Federal, juntamente com
os bancos credores internacionais, chegaram a um entendimento sobre o
refinanciamento dos juros devidos no período de 1989 a 1990, “buscando a
normalidade de suas relações financeiras externas (internacionais)”, conforme
enuncia a Resolução n.º 20, de 20/06/91, do Senado Federal. O contrato firmado
pelo Estado da Bahia totalizou US$ 7 milhões.
Em janeiro de 1994, o Estado da Bahia se engaja no programa nacional de
consolidação e re-escalonamento pela União de dívidas internas dos Estados e
Municípios, e assina o contrato de refinanciamento nos termos da Lei 8.727/93, já
buscando equacionar o seu perfil de endividamento. O refinanciamento envolveu
10
dívidas contratuais com a Caixa Econômica Federal, BNDES, Banco Central, Banco
do Nordeste do Brasil e Banco do Brasil, incluindo a assunção pelo Estado de
dívidas oriundas de algumas entidades da administração indireta, tais como,
EMBASA, CERB, DESENVALE, BAHIATURSA e CNB. O montante refinanciado
equivale a US$ 1,307 bilhão.
Em 1995, o Estado da Bahia, autorizado pela Resolução n.º 98/92 do Senado
Federal, assina o contrato de refinanciamento da dívida externa (Plano Brady),
relativo ao principal vencido (a partir de 1988) e a vencer, assim como juros não
remissíveis a partir de 1991 devidos a bancos privados estrangeiros. O contrato
alcança o montante de US$ 89 milhões.
Em dezembro de 1997, sintonizado com o Programa de Reestruturação e
Ajuste Fiscal, o Estado assina com a União o contrato de refinanciamento de sua
dívida mobiliária, incluindo, ainda, o saldo devedor dos empréstimos contraídos ao
amparo do Voto CMN 162/95, destinados ao Programa de Demissão Voluntária.
O Programa de Reestruturação e Ajuste Fiscal apresenta os objetivos, as
metas, a estratégia e as ações a serem implementadas pelo Governo estadual com
vistas a atender a meta fiscal básica de reduzir a sua dívida financeira total a valor
não superior ao de sua receita líquida real anual. Para tanto, o Estado deve gerar
superávits primários fiscais e realizar receitas provenientes da alienação de ativos,
na estrutura do Programa Nacional de Desestatização, com vistas a cobrir os novos
serviços da dívida refinanciada.
O refinanciamento da dívida mobiliária configurou-se através da troca das
Letras estaduais por Letras Financeiras do Tesouro, séries A e B, conforme
estabelecem as Portarias números 7 e 8, da Secretaria do Tesouro Nacional. A
dívida mobiliária passa a ser da União e o Estado passa a ter uma dívida contratual
para com o Tesouro Nacional. A transformação de uma dívida de custo elevado e
curto prazo de resgate, em outra de condições claramente mais favoráveis,
representa uma mudança significativa no perfil de endividamento do Estado. O
quadro abaixo faz uma análise comparativa entre as condições de financiamento da
dívida mobiliária, enquanto tal, e as condições fixadas no contrato firmado em
dezembro de 1997.
11
CONDIÇÕES DE FINANCIAMENTO DA DÍVIDA MOBILIÁRIA CONDIÇÕES ANTES DEPOIS Taxas de Juros 43% a.a. (1) 6% a.a. + IGP-DI(apx.13% a.a.) Prazo de Resgate 3 anos 30 anos Garantia Tesouro Estadual FPE Fonte: DEPAT/GEPUB (1) Base: novembro/97
A taxa de Juros pactuada foi de 6% ao ano, mais a atualização monetária
pelo IGP-DI, contra uma taxa anterior de 43% ao ano (custo do mercado de papéis
estaduais no Brasil, medido pelo SELIC + 0,15% ao mês). O prazo para pagamento
do valor refinanciado é de 30 anos, contra três anos de resgate para papéis em
circulação, e os encargos da dívida passaram a integrar parte do limite de
comprometimento com a Receita Líquida Real – RLR. Tal comprometimento está
limitado aos patamares de 12%, 12,5% e 13% da RLR nos exercícios de 1998, 1999
e a partir de 2000, respectivamente.
O novo perfil de endividamento é caracterizado por alongamento de prazo e
redução de taxas, proporcionando ao Estado uma economia anual, de mais de US$
200 milhões, à época, ao se desobrigar dos encargos decorrentes de política
monetária (SELIC) que haveria de assumir com as flutuações das taxas de juros
internas, determinadas pelo Governo Federal, para atração de capitais externos e
equilíbrio da balança de pagamentos.
O Manual de Instrução de Pleitos – MIP que se subordinam as normas da Lei
de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº. 101, de 4 de maio de 2000) e às
Resoluções números 40 e 43 do Senado Federal, de 20 e 21 de dezembro de 2001,
regulamentam os procedimentos de instrução dos pedidos dos pedidos de análises
dirigidos ao Ministério da Fazenda. O MIP discrimina os procedimentos para
contratação, as condições ou vedações aplicáveis, os limites de endividamento a
que estão submetidos, bem como os documentos exigidos pelo Senado Federal e
sua forma de apresentação.
A Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF define operação de crédito como
“compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão
e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores
12
provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras
operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros”.
A contratação de operações de crédito gera um passivo para o ente público
devedor e consequentemente a necessidade de pagamento do valor dos recursos
emprestados além dos encargos envolvidos no processo.
A dívida Pública do estado da Bahia passou por alguns ajustes após
refinanciamentos referendados com a edição de algumas Leis Federais que
possibilitava a reestruturação e internalização de algumas dívidas estaduais. O mais
importante deles foi o refinanciamento da Lei nº. 9.496, publicada em 11 de
setembro de 1997, que autorizava a União a refinanciar dívidas a serem definidas
com os estados com prazo de financiamento de até 30 anos prorrogáveis por mais
10, atualizados pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) mais
juros de no mínimo de 6% ao ano. Tinha o objetivo de equacionar dificuldades
financeiras enfrentadas pelos estados à época, além de alongar o perfil das dívidas
estaduais melhorando o resultado do fluxo de caixa no curto prazo.
O estado da Bahia aderiu ao refinanciamento através do Contrato de
Confissão, Consolidação e Refinanciamento de Dívida nº. 006/97 STN/COAFI, de 01
de dezembro de 1997 que estabeleceu um Programa de Ajuste Fiscal (PAF), com o
cumprimento de metas (indicadores) anuais, acordado para um triênio e a Receita
Líquida Real – RLR, que, além de servir de base para alguns desses indicadores,
tem com sua principal função o de limitar o comprometimento máximo de pagamento
dessas dívidas refinanciadas.
A previsão de finalização do PAF é o ano de 2027, 30 anos após o início de
sua implantação (1998), não havendo necessidade dos 10 anos de prorrogação
devido à quitação do chamado “resíduo” (valor postecipado dos pagamentos devido
ao limite máximo mensal de comprometimento).
Para se ter uma idéia mais completa e entender alguns detalhes implícitos da
situação são necessários conhecer sobre a dívida pública do estado da Bahia, sua
composição por credores e por moedas / índices, a projeção do estoque e dos
dispêndios para o final do pagamento de toda a carteira de operações de créditos
13
contratadas e a contratar (inclusas no anexo V da décima revisão do Programa de
Ajuste Fiscal, período de 2010 – 2012). Além disso, conhecer os credores que
reúnam as melhores condições para a reestruturação da dívida.
Para as análises abaixo, as posições estão situadas em setembro de 2010 e
a base para as projeções futuras estão em 31/12/2009. Alguns indicadores são
atualizados anualmente, não existindo para estes, resultados parciais mensais.
2.2 – Análise de dados
Composição da dívida
Por credores
A dívida pública consolidada ou fundada, que a LRF estabelece como o
“montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da
Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da
realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze
meses”, do estado da Bahia, conforme critério da lei de Responsabilidade Fiscal
perfez um montante de R$ 10.176 mil em setembro de 2010. Têm, em sua
composição, credores como o Tesouro Nacional que detêm mais de 60% do estoque
da dívida baiana, organismos multilaterais de crédito como o BID, o BIRD além de
outros, bancos oficiais federais (Banco do Brasil, BNDES, Caixa Econômica Federal
e Banco do Nordeste) e precatórios vencidos e não pagos que foram considerados
como dívida pela LRF e outras dívidas incorporadas ou reconhecidas pelo Tesouro
Estadual.
Para o Programa de Ajuste Fiscal é definida como dívida financeira a dívida
consolidada menos os precatórios e as chamadas outras dívidas, que são as dívidas
reconhecidas ou incorporadas, pelo tesouro estadual, da administração indireta ou
empresas públicas liquidadas ou ainda de outros poderes que não o executivo.
No grupo Tesouro Nacional estão inclusos os refinanciamentos que tiveram
origem com a edição das Leis nº. 9.496 / 97, e nº. 8.727 / 93, que estabelecem
critérios de refinanciamento de dívida e serão objeto de estudo desse projeto.
14
Abaixo temos a composição da dívida pública baiana especificada em
externa, interna e, precatórios vencidos e não pagos e desses, em credores:
Fonte: Sistema da Dívida Pública, 2010.
Por moeda / índice
Na composição percentual das moedas e índices contratuais no estoque da
dívida pública do estado da Bahia destaca-se o IGP-DI, TR e o DÓLAR que
somados representam 89,5% desse total. Os outros índices / moedas tem influencia
de pouco mais de 10 % na dívida pública da Bahia, pouco significativo mesmo com
fortes oscilações.
15
Evolução do Saldo Devedor
13.265
12.53712.211
11.445 11.499
10.424 10.426
8.000
9.000
10.000
11.000
12.000
13.000
14.000
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
ano
milhões
Fonte: Sistema da Dívida Pública, 2010.
O conhecimento da composição da dívida por moedas / índices indica o
comportamento presente do estoque da dívida e do futuro pelas suas possíveis
oscilações, com criação de cenários em situações de crise financeira mundial ou
nacional.
Existe um indicador chamado de ID-BAHIA, criados por técnicos da dívida
pública, onde é feita a composição desses três indicadores mais representativos,
para as projeções dos comportamentos e criação de cenários econômicos futuros.
Evolução do estoque
O saldo devedor da dívida pública baiana vem em linha descendente mesmo
antes do ano de 2004, impulsionado principalmente por fortes pagamentos de
amortizações resultante do contrato nº. 006/97 STN / COAFI, de 01/12/1997 que
previa pagamentos de resíduos de dispêndios da dívida através da evolução da
receita, mais especificamente 13 % da Receita Líquida Real (RLR). Além desses
fortes pagamentos de amortizações, a Bahia foi beneficiada pela situação cambial
com as quedas do dólar e as baixas correções da TR.
Fonte: Sistema da Dívida Pública, 2010
16
0
2.000.000
4.000.000
6.000.000
8.000.000
10.000.000
12.000.000
R$ mil
t ot al 10.496.0 9.468.858.386.18 7.599.566.830.05 6.110.95 5.390.814.724.994.115.42 3.606.96 3.149.53 2.698.012.253.971.612.87 1.137.57 639.281 214.080 145.212 100.238 82.897 66.481 50.990 41.886 34.570 28.083 21.597 15.110 8.623 2.136 0
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 2035 2036 2037 2038 2039 2040
Projeção do estoque
A dívida pública do estado da Bahia apresenta uma projeção de finalizar seu
estoque para o ano de 2042 (considerando as operações contratadas e a contratar)
Fonte: Sistema da Dívida Pública, 2010
Evolução do serviço da dívida
Existe uma reversão na tendência de incremento do serviço da dívida que seu
ponto culminante no exercício de 2008, que coincide com o final dos pagamentos
dos resíduos acumulados dos excedentes da margem de comprometimento em anos
anteriores.
17
Evolução do Serviço da Dívida
804 85 91.066
1.2331.458
1.26 6942
56959 8
594573
56 5
525
507
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
milhões
Principal Encargos
Fonte: SICOF
A partir de 2009 e seguintes, há uma projeção de redução na tendência dos
dispêndios da dívida.
Com a quitação do chamado resíduo (pagamento postergado do serviço da
dívida referente à Lei nº. 9494/97), existe uma tendência de queda no volume
desses dispêndios devido à mudança na metodologia de cálculo desses valores que
deixaram de ser pagos por um percentual da RLR e passaram para prestação
normal (prestação ideal – Tabela PRICE)
Projeção do serviço da dívida
A dívida pública Bahia projeta dispêndios até o ano horizonte de 2040.
Observemos dois momentos de muita importância nesse perfil:
1 – Em 2012 e 2013 há uma reversão na tendência de queda do serviço da
dívida devido ao começo dos pagamentos dos dispêndios de algumas
operações de crédito como: COPA 2014, MOBILIDADE URBANA, PEF I e II.
2 – Em 2027 uma redução bastante considerável no volume do serviço da
dívida devido ao fim do refinanciamento da lei 9496.
18
Evolução do Serviço da Dívida
913. 876
1.027.2341.082. 667
786.624 769. 512719. 093 720. 146
665.818609.570
508. 456457. 436 451.520 444.038
641. 099
475. 300 498. 292425.201
68. 868 44. 974 17.341 16.416 15. 491 9. 104 7.316 6. 487 6. 487 6.487 6.487 6. 487 2. 136
534. 138
520. 566488. 151
433.515392. 815
352. 928 313. 346
273.822
236.899
205. 348
180. 039 156.272 131.891
102. 090
70. 997 42.797
16. 001
3. 1351.841
1.220 910 622 376 282 210 169 127 86 44 70
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1.400.000
1.600.000
1.800.000
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 2031 2032 2033 2034 2035 2036 2037 2038 2039 2040
Fonte: SICOF
Principal Encargos
Fonte: Sistema da Dívida Pública, 2010
Encargos e prazo médio por credor
A carteira das dívidas do estado da Bahia está relaciona pelos seus credores
com os juros médios (em % a.a) e os prazos médios (em anos) do conjunto de
operações de crédito contratadas.
Cada credor utiliza-se de um indexador para correção de seus empréstimos.
Observe que o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste têm o indexador dólar (US$)
19
devido a serem repassadores (internalização) de operações com origem externa
como: BAHIA SEGURA, PRODETUR e METRÔ.
Os credores com as menores taxas de juros médias aplicada em nossa
carteira de dívida são, respectivamente, em ordem crescente o BIRD, o FIDA, o BB
e BID, fator decisivo para escolha do credor que substituirá operações com o
Governo Federal que estão na faixa de 6% a.a. mais a correção pelo IGP-DI.
Operações com Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social –
BNDES, apesar de serem as maiores taxas de juros da carteira, temo pouca
possibilidade de estar disponíveis para a reestruturação, pois são operações novas
com menos de dois anos de contratadas. Este fato poderia ser criador de dificuldade
no processo.
20
Evolução da RCL
9.075
10. 329
11. 360
12.585
14.23814.671
17.373
8.000
9.000
10.000
11.000
12.000
13.000
14.000
15.000
16.000
17.000
18.000
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
a no
mi lhõe s
Receita Corrente Líquida – RCL
A RCL definida na LRF como “somatório das receitas tributárias, de
contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências
correntes e outras receitas também correntes, deduzidos, nos Estados, as parcelas
entregues aos Municípios por determinação constitucional”, é base para apuração
de alguns limites que, entre outros, destacam-se a dívida pública e o montante de
operações de crédito. Assim, a base para medição da capacidade de endividamento,
segundo a Resolução do Senado Federal nº. 40 / 2001, Artigo 3º inciso I, a DCL não
deve ultrapassar duas vezes o valor da RCL.
Fonte: Balanço Geral do estado da Bahia, 2004 a 2010.
Existe um esforço do estado da Bahia, traduzido em eficiência administrativa,
de incrementar sua arrecadação. A capacidade de arrecadação de tributos e o alto
repasse do Fundo de Partição dos Estados – FPE pela União garantem uma
trajetória futura ascendente da RCL.
A respeito da receita corrente líquida, ela será apurada somando-se as
receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as
duplicidades.
21
Situação atual
Os indicadores financeiros do Estado da Bahia mantêm-se dentro de todos os
limites legais previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal, Resoluções 40 e 43 de
2001, do Senado Federal, bem como tem sido cumprido o Programa de
Reestruturação e Ajuste Fiscal, conforme avaliações anuais do Tesouro Nacional.
O Estado encerrou o exercício de 2010 com uma Dívida Consolidada de R$
10,4 bilhões, mas com uma capacidade técnica adicional de endividamento da
ordem de R$ 3,7 bilhões e de R$ 1,9 bilhão anual no tocante à capacidade de
pagamento.
Ressalte-se a quitação do Resíduo da Lei 9.496, em junho de 2009, que
significou alívio de dispêndios à ordem de R$ 600 milhões anuais em média,
permitindo ao ente margem para novos investimentos de caráter social.
A taxa e o prazo médios da carteira da Dívida Pública do Estado da Bahia,
ponderado pelo saldo devedor, apontam respectivamente para 5,14% a.a. e 12,54
anos, o que, embora não se constitua por si só em motivo de concentração de
compromissos da Dívida, indica margem para melhoria desse perfil, a partir do
alongamento de prazo e, sobretudo de redução da taxa de juros.
22
Fonte: Sistema da Dívida Pública, 2010.
Assim, a reestruturação da dívida pública baiana se constitui em incentivo ao
aumento da capacidade de investimentos estaduais, uma melhoria no perfil do
endividamento público do estado da Bahia com taxas internacionais mais baratas em
comparação com as taxas internas, além de um alongamento no prazo de
pagamento do serviço da dívida.
Para aumentar a capacidade de investimento de um ente público logicamente
deve-se ou incrementar a capacidade de se auferir receitas e / ou reduzir os gastos
públicos.
Para se fazer uma avaliação criteriosa sobre a capacidade de endividamento
do estado da Bahia enseja-se detalhar os grupos de contas de receitas e despesas
orçamentárias conforme exposto abaixo:
Aumento de receitas
Os subgrupos mais representativos do grupo receitas são: tributárias e
transferências correntes. Essas tiveram, respectivamente, participação de 51,8% e
23
35,5% no total de receitas no exercício de 2010 (Balanço Geral do Estado da Bahia,
2010).
Na categoria receita tributária, item ICMS (Imposto por Circulação de
Mercadoria e Serviços) completa 86,6% do total da categoria (Balanço Geral do
Estado da Bahia, 2010) item principal para incremento e conseqüente aumento de
receitas. Porem, um aumento na carga tributária na atual conjuntura econômica e
cultural é um ato praticamente inaceitável aos setores organizados da sociedade,
portanto, verifica-se uma dificuldade bastante significativa em ampliar receitas.
Redução de despesas
Os subgrupos mais representativos da despesa são: Pessoal e Encargos
Sociais e Outras Despesas Correntes com participação de 85,1% no total das
despesas. Eles sugerem uma reavaliação no processo do gasto, pois a
racionalização neste processo pode significar um aumento considerável na
capacidade de investir em áreas sociais e de infra-estrutura.
O subgrupo Juros e Encargos da Dívida, apesar de representar pequena
parcela na participação no total da despesa (2,1%) representam, em valores
absolutos, montantes superiores a R$ 500 milhões. Uma redução de 20% nos
pagamentos de juros e encargos da dívida significa um aumento potencial no
mínimo em torno de R$ 100 milhões, ainda podendo ser aumentado mais R$ 100
milhões, pelo menos, com novos endividamentos sendo aqueles recursos utilizados
como contrapartidas em novos projetos financiados com novas operações de
crédito.
24
Receitas Totais Disponíveis
As receitas totais do Estado são compostas por Receitas Correntes e
Receitas de Capital. As deduções da receita são contribuições a fundos obrigatórias
como a receita de formação do FUNDEF ou FUNDEB. A execução orçamentária
dessas rubricas vem se realizando de 2001 a 2009 conforme tabela abaixo. O
resultado das receitas após essas deduções, poderia ser chamado de Receitas
Totais Disponíveis.
Fonte: SICOF Gerencial, 2010
Projetando esse crescimento médio anual com base no crescimento médio
dos anos de 2001 a 2009, temos para o ano horizonte de 2020, distribuição
conforme abaixo:
25
Despesas com Pessoal
A execução orçamentária no grupo de despesas correntes, despesa com
pessoal e encargos sociais, vem sofrendo um incremento considerável nas contas
públicas do Estado. Existe um aumento percentual médio anual dessas despesas de
36,15%, considerando os exercícios de 2001 a 2009, conforme tabela abaixo.
Fonte: SICOF Gerencial, 2010.
Projetando esse crescimento médio anual com base no crescimento médio
dos anos de 2001 a 2009, temos para os anos de 2010 a 2020 a distribuição
conforme tabela abaixo:
26
Outras Despesas Correntes
A execução orçamentária no grupo Outras Despesas Correntes vem sendo
realizado de 2001 a 2009 conforme tabela abaixo. Existe um incremento linear
média anual desta despesa em 27%.
Projetando esse crescimento médio anual com base no crescimento médio
dos anos de 2001 a 2009, temos para os anos de 2010 a 2020 a distribuição
conforme tabela abaixo:
27
Investimentos e Inversões Financeiras
A execução orçamentária no grupo investimentos e inversões financeiras
realizados nos anos de 2001 a 2009 foram conforme tabela abaixo. Existe uma
tendência anual de incremento em investimentos de 16,4% e em inversões
financeiras de 7,5%
Para avaliar a capacidade projetada de investimentos para os anos de 2010 a
2020 tem-se que verificar o quanto da receita total disponível projetada comporta as
despesas projetadas dos grupos, Pessoal e Outras Despesas Correntes.
O resíduo do confronto entre receitas e despesas será a capacidade real
projetada de investimentos e inversões financeiras do Estado. Esta relação, ano a
ano, dará a capacidade do estado em fazer investimentos e /ou contrapartidas em
projetos financiados por operações de crédito.
Vejamos e analisemos a tabela e os gráficos seguintes:
28
Receita x Despesa
-10.000.000.000,00
0,00
10.000.000.000,00
20.000.000.000,00
30.000.000.000,00
40.000.000.000,00
50.000.000.000,00
60.000.000.000,00
70.000.000.000,00
80.000.000.000,00
90.000.000.000,00
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
ano
R$
Receita totaisPessoal, Juros e Amortiz. dívida e ODCInvestimento e Inversões
Fonte: SICOF gerencial, 2010.
29
Receita X Despesa (Pessoal, ODC, juros e amortização) - Projeção (a partir de 2010) com base em média geométrica
0,00
10.000.000.000,00
20.000.000.000,00
30.000.000.000,00
40.000.000.000,00
50.000.000.000,00
60.000.000.000,00
70.000.000.000,00
80.000.000.000,00
90.000.000.000,00
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
Receita Despesa
30
Capacidade de Investimento
8,77%8,20%
7,18%6,34% 6,37%
5,42%4,42%
3,20%
1,96%
0,62%
-0,79%-2,00%
0,00%
2,00%
4,00%
6,00%
8,00%
10,00%
ano
Projetando todas as variáveis de receitas e despesas, algumas com o
comportamento baseado em realizações passadas como Pessoal e Outras
Despesas Correntes e outras como juros e encargos e amortização da dívida
baseadas em comportamento dos índices e moedas em data fixa de 31/12/2009,
mesma projeção utilizada no Programa de Ajuste Fiscal, verifica-se um incremento
mais acentuado das despesas do que a receita disponível e a cada ano uma
redução na capacidade real de investimento estadual.
O exercício de 2020 é o ano de inflexão entre a receita e a despesa projetada
pela média geométrica, ou seja, é o ano em as despesas de pessoal, custeio e
dívida (encargos e amortizações) superam o total de receitas projetadas.
A capacidade de investimento pode ser mostrada através do gráfico, abaixo,
que confronta o percentual da tal capacidade com a projeção da receita disponível
ano após ano até 2020.
Fonte: SICOF gerencial, 2010.
Verificamos que anualmente o percentual da Capacidade de Investimento
decresce de forma quase que constante (ver linha de tendência no gráfico),
chegando praticamente a nulidade em 2019 e se tornando negativo em 2020. Já a
partir de 2016, com menos de 5% da receita disponível para investimentos, o Estado
demonstra ineficiência na produção de recursos para aplicação em investimentos
públicos.
31
2.3 – Definição do Problema
Existe uma relação muito estreita entre o tema dívida pública e a
Administração Financeira Governamental. Conceitos como capacidade de
investimento, endividamento e pagamento de dívidas, são extremamente
importantes para a saúde financeira de qualquer ente público. A relevância do tema
para a sociedade passa principalmente pela transparência e as boas práticas na
administração da dívida pública, que deve ser pautado em boas técnicas de
administração financeira.
Existem indícios nas pré-análises referentes à dívida pública e capacidade de
investimento que levam as seguintes afirmações:
O estado da Bahia terá incapacidade de investimentos com recursos próprios
para os eventos da Copa do mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016. Deverá existir
uma capacidade residual de endividamento, após a contratação das várias
operações de créditos para estes eventos. Para a potencialização do volume de
investimentos, o estado da Bahia deverá utilizar o incremento da capacidade de
investimentos com a redução do serviço da dívida para utilizar como contrapartidas
de novas operações de créditos.
Para tanto, temos que fazer alguns questionamentos para identificação da
situação ou situações problema(s).
- Quais as tendências e desafios que se apresentam para as Finanças Públicas do
estado da Bahia para os próximos dois governos (2011 – 2018)?
- O estado da Bahia terá capacidade de investimento com recursos próprios após a
Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016?
- Quais alterações podem surgir para as finanças com a mudança do perfil do
endividamento público? Quais as vantagens e desvantagens com a troca da dívida
refinanciada pela União?
- Quais as dificuldades poderão ser encontradas na negociação de uma operação de
reestruturação de dívida?
32
A troca da dívida renegociada com o Tesouro Nacional (Lei nº.
9.496/97) que tem como indexador o IGP-DI + 6 % ao ano por outros indicadores /
moedas com o IPCA ou dólar, deverá ser vantajosa para a Bahia devido ao menor
custo dos encargos e o alongamento temporal do perfil da dívida.
O aumento das despesas de pessoal e outras despesas correntes mais
aceleradas que as receitas trarão grandes influencia na redução da capacidade de
investimentos para o estado da Bahia. Além disso, uma política de controle no
aumento das despesas correntes, principalmente as despesas de custeio da
máquina administrativa, aumentará a capacidade do Estado em incrementar esses
investimentos, principalmente para a COPA de 2014. A reestruturação da dívida
pública baiana servirá para atender as necessidades de investimentos futuros,
importantes para o desenvolvimento econômico e social.
Portanto, deve-se entender que devido aos vultosos investimentos previstos
para serem feitos nos anos de 2011 a 2013, principalmente os ligados ao evento
COPA 2014, a Bahia terá uma capacidade reduzida na realização de investimentos
para os anos seguintes. Isso poderá ocasionar um prejuízo à atividade econômica
local e consequentemente reduzir o incremento das receitas tributárias
comprometendo o desenvolvimento do Estado.
A aplicação destes recursos em projetos de desenvolvimento estrutural da
malha viária e na construção civil incrementará a arrecadação do principal imposto
dos Estados, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS que
atualmente compõe mais de 50% (cinqüenta por cento) de toda a receita do estado
da Bahia. A atividade econômica é um dos principais fatores que influenciam na
arrecadação do ICMS.
33
3 – Marco técnico / teórico
Para o trabalho que será desenvolvido, informam-se algumas fontes
consultadas ou a ser consultada não sendo estas exaustivas, podendo ser
adicionadas ou suprimidas.
34
Destaca-se maior importância entre as contribuições acima consultadas a Lei
Complementar nº. 101 / 2000, muito conhecida também como Lei de
Responsabilidade Fiscal, a Resolução nº. 43 / 2001 e suas alterações posteriores e
o Manual para Instrução de Pleitos – MIP.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, no artigo 35, veda o refinanciamento de
operações de crédito com mesma instituição financeira.
A resolução nº. 43 / 2001 do Senado Federal, em seu artigo 7º, parágrafo 7º,
extingue a obrigatoriedade das operações de crédito de reestruturação e
recomposição do principal de dívidas no cumprimento dos limites de endividamento
devido à operação não causar aumento no estoque de dívida.
O Manual para Instrução de Pleitos – MIP detalha todas as instruções
para a contratação desse tipo especial de operação de crédito, onde define a
constituição de troca de dívida, ou seja, não deve afetar o endividamento já
constituído. Deve, ainda, substituir obrigação mais cara por obrigação a custo e
condições mais favoráveis, sem o quê não poderia valer-se da exceção quanto aos
limites de endividamento. Além de ausência total de carência, com o propósito de
melhorar o perfil da dívida, ou seja, As operações de reestruturação e recomposição
do principal de dívidas têm enquadramento especial por significarem
necessariamente a troca de dívida (efeito permutativo) com base em encargos mais
favoráveis ao Ente.
O MIP também orienta contratação de operação de credito externo onde o
agente financeiro não integra o Sistema Financeiro Nacional e não necessitam
observar as regras de crédito ao setor público do Conselho Monetário Nacional –
CMN. Contudo, é requerida a recomendação prévia da Comissão de Financiamentos
Externos – COFIEX, órgão colegiado integrante da estrutura do Ministério do
Planejamento Orçamento e Gestão, que tem por finalidade avaliar e selecionar
projetos ou programas de interesses do setor público, financiadas por operações de
crédito externo com entidades credoras do exterior.
35
4 – Prognóstico
4.1 – Situação pretendida
O início do processo de reestruturação tem como meta ser assinado em
novembro ou dezembro de 2011 e os desembolsos e pagamentos a partir do início
de 2012. O número de parcelas ideal de desembolso seria 01 (uma), mas conforme
experiência com esses organismos e com outras operações de crédito, não se
acredita que seria em menos de 02 (duas) devido ao acompanhamento do processo
de pagamento das operações eleitas para serem quitadas.
O valor ideal da operação de crédito de reestruturação seria de
R$4.996.132.200,45, valores a preços de 31/12/2010 e pagos a partir de janeiro de
2012 que equivaleriam ao saldo devedor das operações de refinanciamento
referentes às leis federais nº. 8.727 / 93 e nº. 9.496 / 97.
A projeção de economia com pagamentos de juros e encargos sobre a dívida
pública baiana com a contratação da operação de reestruturação é de R$
1.835.141.862,00 (um bilhão, oitocentos e trinta e cinco milhões, cento e quarenta e
um mil, oitocentos e sessenta e dois reais) com as atuais condições do Banco
Interamericano de Desenvolvimento – BID e de R$ 1.996.066.284,38 (um bilhão,
novecentos e noventa e seis milhões, sessenta e seis mil, duzentos e oitenta e
quatro reais e trinta e oito centavos) com as atuais condições do Banco Mundial -
BIRD até o final de 2027, prazo de término da operação objeto desta reestruturação.
Projeção de pagamentos com juros e encargos da dívida pública da Bahia com
os refinanciamentos das Leis 8727 e 9496
36
Projeção de pagamentos com juros e encargos da dívida pública da Bahia com os refinanciamentos das Leis 8727 e 9496 com a troca de encargos pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento - BID
Diferença de pagamentos com juros e encargos da dívida pública da Bahia
com os refinanciamentos das Leis 8727 e 9496 com a troca de encargos pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID
37
Projeção de pagamentos com juros e encargos da dívida pública da Bahia com os refinanciamentos das Leis 8727 e 9496 com a troca de encargos pelo Banco
Mundial - BIRD
Diferença de pagamentos com juros e encargos da dívida pública da Bahia
com os refinanciamentos das Leis 8727 e 9496 com a troca de encargos pelo Banco Mundial - BIRD
38
Importante observar no caso descrito pelas tabelas acima indica que a troca
da operação foi simulada com o mesmo prazo das operações originais, ou seja,
2027.
Importante salientar que a economia verificada entre os anos de 2012 a 2027
seria a redução das projeções dos encargos calculados nas atuais condições de
endividamento pelos encargos projetados com a troca das dívidas supracitadas, ou
seja, a reestruturação da dívida pública.
Acima, cronograma de dispêndios de operação de crédito, com as condições
do Banco Mundial – BIRD e saldo do principal dos refinanciamentos dos contratos
referentes às Leis federais 8727 / 93 e 9496 / 97 consolidados.
39
As condições do Banco Mundial – BIRD seriam as condições para a
contratação da operação onde o prazo total é de 30 anos a começar em janeiro de
2012 e terminar em dezembro de 2041, o contrato seria assinado em 15/12/2011
com o primeiro vencimento para 15/01/2012, periodicidade mensal, número total de
parcelas de 360 (trezentos e sessenta) e taxa de juros de 0,87% ao ano. Como se
trata de uma operação de reestruturação, não haverá carência.
Uma maneira alternativa e mais interessante para o estado da Bahia, porém
com maiores dificuldades para negociação com a Secretaria do Tesouro Nacional –
STN de contratação da operação de reestruturação seria com prazo além do ano de
2027.
Comparativo dos dispêndios anuais com o saldo das 8727 e 9496
40
Comparativo dos dispêndios anuais
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
900.000
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025
2026
2027
2028
2029
2030
2031
2032
2033
2034
2035
2036
2037
2038
2039
2040
2041
R$
mil
Condições Atuais Condições Reestruturação
O comparativo da projeção do serviço da dívida pública da Bahia nas
condições atuais e nas condições da operação de reestruturação está disposto
conforme cronograma acima.
Importante verificar que as diferenças apuradas entre as duas condições seria
justamente o acréscimo até 2027 ou o decréscimo de 2028 há 2041 da capacidade
de investimento do Estado. Essas diferenças, também se referem coincidentemente
com o alívio ou o acréscimo do dispêndio com a dívida pública da Bahia.
Esta opção de cronograma de reembolso (pagamento) está prevista no sítio
da internet do Banco Mundial, no link http://treasury.worldbank.org/bdm/htm/financing.html.
Fonte: Sistema da Dívida Pública, 2010.
A projeção de economia nos anos subseqüentes ao ano de 2027 se inverteria
ocasionando uma diferença negativa, ou seja, um aumento dos dispêndios da dívida
pública da Bahia, porém em uma situação de maior equilíbrio fiscal, com projeção de
maiores receitas e menores valores nos pagamento de serviço de dívida e novos
projetos para contenção das despesas de custeio.
41
Capacidade adicional de Investimento
697 ,18 695 ,64
370,16
291,24 292 ,01
186 ,25 185,58 186 ,95
340 ,95
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
800,00
ano
R$
milh
ões
Capacidade Adicional de Investimento 697,18 695,64 370,16 340,95 291,24 292,01 186,25 185,58 186,95
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
A meta dessa intervenção seria o aumento, e de forma potencializada, da
capacidade de investimento com foco nesta década (2011 – 2020) com as atuais
condições de receita, custeio e pessoal e reestruturando o pagamento da dívida
pública do estado da Bahia.
O processo poderia ser incrementado com o aumento do potencial de
endividamento e com uma política de redução das despesas correntes,
principalmente as de custeio.
Nota-se no gráfico acima que com a reestruturação da dívida pública estadual
o montante adicional que poderá ser aplicado em investimentos perfaz a ordem de
R$ 3,2 bilhões, valores bastante significativos no que tange aos projetos
estruturantes anunciados pelo governo baiano. Apenas nos anos de 2012 e 2013 o
incremento será na ordem de R$ 1,4 bilhão.
4.2 – Recomendações
A operação de reestruturação da divida pública da Bahia seguirá as mesmas
etapas de uma operação de crédito externo.
Abaixo, fluxo de ações sugeridas pelo Manual de Instrução de Pleitos – MIP
para contratação da operação:
43
A assinatura do contrato com a posterior liberação do recurso contratado com
a instituição financeira – Banco Mundial - impactará numa mudança do perfil dos
dispêndios da dívida pública baiana com redução no serviço do seu pagamento.
Esse efeito refletirá no aumento da capacidade de investimento do Estado, conforme
descrito em seções anteriores.
4.3 – Atores envolvidos e definição de responsabilidades
a) Áreas e processos modificados
Serão “eleitas” operações de créditos ou operações de refinanciamentos (que
no caso serão, provavelmente, as referentes às Leis nº. 8.727/93 e 9.496/97) onde a
nova operação de reestruturação (provavelmente com uma organização multilateral
de crédito BID ou BIRD) irá desenhar um novo perfil do endividamento do estado da
Bahia, com maiores prazos médios e menores taxas de juros.
A secretaria da Fazenda da Bahia seria a grande responsável pelo processo
operacional através da Gerência da Dívida Pública (GEPUB) e do próprio Gabinete
do Secretário (GASEC) que conduziriam à contratação da nova operação de
reestruturação e finalizariam a operação em curso.
b) Público beneficiado pela mudança
a. Sociedade
Maiores investimentos em infra-estrutura proporcionando maior
empregabilidade e renda.
b. Construtoras
Construção de várias obras resultante da reversão do pagamento de
encargos em investimentos.
c. Governo
Reconhecimento da sociedade com a inauguração de grandes
empreendimentos.
d. Secretaria do Tesouro nacional
Receberia o valor antecipado das operações referentes ao financiamento das
Leis nº. 8.727/93 e 9.496/97.
44
e. BIRD (Banco Mundial) ou BID (Banco Interamericano de
Desenvolvimento)
Concretização de uma operação de alto valor com um ente sub-nacional em
boa situação fiscal.
f. Estado da Bahia
Melhoraria seu fluxo de pagamento de dívida e aumentaria a capacidade de
investimentos públicos.
g. Secretaria da Fazenda - SEFAZ
Conduziria o macro processo operacional
h. Gerência da Dívida Pública
Conduziria o micro processo operacional, as análises econômico-financeiras e
confeccionariam os novos perfis de endividamento.
i. Senado Federal
Aprova resolução que autoriza a contratação da operação externa.
c) Público prejudicado pela mudança
a. Secretaria do Tesouro Nacional
Redução do controle sobre as contas do Estado devido à inexigibilidade de
novas revisões do Programa de Ajuste Fiscal com a quitação das operações em
curso.
A Secretaria do Tesouro Nacional – STN figura entre o público beneficiado e
prejudicado pela intervenção. Beneficiado pelo recebimento antecipado dos valores
que foram refinanciados pela União e prejudicado pela falta de controle exercido
através do programa de ajuste fiscal, ora exigido pela Lei nº. 9.496 / 93, pelos
Estados federativos (Bahia) no monitoramento de suas receitas e despesas de forma
mais rigorosa que a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF.
4.4 – Limitação das recomendações
Existe um interesse do estado da Bahia, através da Superintendência de
Administração Financeira da Secretaria da Fazenda, em reestruturar a dívida
pública, no que tange aos refinanciamentos as Leis 9496/97 e 8727/93.
45
Foram feitas consultas ao Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID e
Banco Mundial – BIRD, sobre os tipos de produtos financeiros existentes e
disponíveis para os entes subnacionais (no caso os Estados Federativos) em suas
carteiras financeiras e, também, a Secretaria do Tesouro Nacional – STN, que é a
atual credora da Bahia nestes refinanciamentos e que, nos moldes desta
reestruturação, será futura avalista.
A reestruturação da dívida pública da Bahia deve ser bem planejada de forma
a se conseguir efetuar os pagamentos das dívidas renegociadas com total
transparência inclusive, sem entrada de recursos nos cofres públicos, para a
destinação correta e integral dos recursos que se trata do pagamento das dívidas
referentes aos refinanciamentos sugeridos pela Lei nº. 9.496 / 97 e 8.727 / 93.
Conseqüentemente, uma política de redução de despesas correntes,
principalmente as despesas de custeio, que pode ser obtida através da eficiência da
máquina pública e redução dos desperdícios, deve ser implantada no estado para
maior otimização da capacidade real de investimento estadual.
Além da política de redução de despesas, o montante, ou seja, o valor total
necessário para operação de crédito reestruturar a divida pública baiana, pode não
ser conseguido, mesmo por mais de um agente financeiro.
O primeiro montante sinalizado pelo Banco Mundial – BIRD indica o valor de
US$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de dólares americanos) que a preços de
31/12/2010 (valor a ser sinalizado para a próxima revisão do Programa de Ajuste
Fiscal) perfaz o total de R$ 1.666.200.000,00 (um bilhão seiscentos e sessenta e
seis milhões e duzentos mil reais). Este valor contempla 33,3% do total necessário
para reestruturação plena deste montante para o impacto aqui descrito dessa
operação que traria o mesmo percentual de resultado explicitados nas seções
acima.
A valorização ou mesmo oscilações futuras da moeda americana, pode se
refletir no chamado efeito cambial. Apesar da mínima possibilidade de altas cambiais
no caso de valorização do dólar, este fator pode ser um limitador de ganhos de custo
de oportunidade futuros.
47
5.2 – Orçamento para implantação
A implantação do projeto de Reestruturação do endividamento público como
instrumento de investimentos para o estado da Bahia tem na sua composição
orçamentária horas técnicas trabalhadas na Secretaria da Fazenda e Consultoria
pela Instituição Financeira. Além da composição das horas técnicas, será
considerado, como adicional, mais 25% (vinte e cinco por cento) de despesas
indiretas, tais como: taxas cobradas no processo, envios de documentos, viagens e
diárias para negociações da operação e para esclarecimentos entre técnicos,
matérias de escritório, entre outras.
6 – Considerações finais
6.1 - Avaliação do processo de elaboração do trabalho
O estudo de impactos de reestruturação da dívida pública do estado da Bahia
foi realizado por equipe técnica da Secretaria da Fazenda mais especificamente pela
Gerência da Dívida Pública onde o próprio autor está inserido e foi o principal
prospector do processo.
O Projeto de Intervenção Organizacional foi baseado nestes estudos e
atualizado nas atuais condições econômicas e financeiras e das atuais condições
operacionais das instituições envolvidas no processo.
48
A implantação deste projeto, bem provavelmente, deve requerer novos
ajustes, novos cenários impostos pelos atores mais relevantes do processo, como a
Secretaria do Tesouro Nacional e o Banco Mundial, porém o foco da implantação
obedecerá ao custo de oportunidade entre operações de crédito, confrontando suas
taxas de encargos e prazos.
6.2 - Indicação de prováveis obstáculos à implantação das recomendações;
O principal obstáculo à implantação deste projeto seria o endurecimento da
Secretaria do Tesouro Nacional – STN no processo de contratação da operação de
crédito. Foram feitas consultas aos setores estratégicos da STN para aprovação
desta operação de crédito e informalmente confirmados a procedência de uma
operação com tais critérios, sem nenhum tipo de entraves na legislação. Na parte
política, acredita-se também não haver nenhuma obstaculização.
A aplicação do recurso público gerado na economia dos dispêndios futuros
dos encargos da dívida pública na rubrica investimentos, torna-se uma função
estratégica para o governo e de controle fundamental para os setores responsáveis
por tais aplicações. A economia gerada pela reestruturação da dívida pública deveria
ser aplicada integralmente nas rubricas investimentos e inversões financeiras para
que o objetivo deste projeto de intervenção seja totalmente alcançado.
Os objetivos setoriais da operação de crédito, ou seja, objetivos e metas
descritos nos contratos para serem atingidos pelos setores (secretarias)
responsáveis devem ser vinculados aos objetivos de infra-estrutura e mobilidade
urbana necessários ao desenvolvimento do evento copa do mundo de 2014.
O montante total necessário à liquidação das operações de refinanciamento
referentes às Leis 9.496/97 e 8727/93 (em torno cinco bilhões de reais) seria o valor
suficiente para impacto previsto neste projeto. Valores contratados nesta operação
de crédito inferiores aos previstos não se tornaria necessariamente um obstáculo
aos efeitos do processo, e sim um limitador na plenitude da previsão dos valores.
49
6.3 - Sugestões e elementos de uma estratégia de implantação.
A implementação deste Projeto de Intervenção Organizacional onde a
reestruturação da dívida pública do estado da Bahia como sendo um instrumento
que propiciará o incremento dos gastos público em investimentos, ensejará o
controle de outras variáveis do gasto público que também contribuirá no alcance dos
objetivos.
Uma política de melhoria da gestão dos gastos com pessoal com auditoria
permanente na folha de pagamentos e a centralização dos processos de
aposentadoria impactará positivamente nestas despesas e fortalecerá a política de
gestão de investimentos.
A redução das despesas dos encargos da dívida pública mediante a
substituição de operações com taxas mais elevadas por outras com taxas mais
favoráveis, melhora o perfil de pagamento da dívida pública, desconcentrando o
fluxo de pagamentos de curto prazo e poderá elevar os investimentos em infra-
estrutura do Estado de forma a propiciar maior competitividade entre os atores
econômicos além de favorecer o crescimento da receita através do nível da atividade
econômica.
50
Referências
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.
BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000.
BRASIL. Resolução do Senado Federal nº 40, 21 de dezembro de 2001.
BRASIL. Resolução do Senado Federal nº 43, 09 de abril de 2002.
BRASIL. Resolução do Senado Federal nº 31, 12 de maio de 1998.
BAHIA. Parâmetros para uma gestão fiscal responsável. Salvador, 2000.
MENEZES, Rita de Cássia S.; COSTA, Rogério Luis N. PROGRAMA DE AJUSTE
FISCAL, O caso da Bahia no período de 1998 – 2000. Salvador, 2002.
CALAZANS, Roberto Balau; FLORES, Luciano Lauri. A reestruturação da dívida com
instrumento de gestão fiscal no Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2009.
BRASIL. Ministério da Fazenda. Operações de Crédito de Estados e Municípios.
Manual de Instrução de Pleitos – MIP. Brasília, 2010.
BAHIA. Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia. Relatório da Dívida Pública. Salvador, 2010.
BAHIA. Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia. Previsão de Dispêndios da Dívida Pública. Salvador, 2010.
BRASIL. Banco Interamericano de Desenvolvimento. Programa de Consolidação do
Equilíbrio Fiscal para o Desenvolvimento do Estado da Bahia (PROCONFIS/BA).
Relatório de Término do Projeto. Salvador, 2010.