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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA LÍCIA RODRIGUES DA SILVEIRA DESAFIOS DO MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: A GESTÃO DE SEIS ATERROS SANITÁRIOS SIMPLIFICADOS NO ESTADO DA BAHIA Salvador 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA

MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA

LÍCIA RODRIGUES DA SILVEIRA

DESAFIOS DO MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: A GESTÃO DE SEIS ATERROS SANITÁRIOS SIMPLIFICADOS NO ESTADO DA BAHIA

Salvador

2008

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LICIA RODRIGUES DA SILVEIRA

DESAFIOS DO MANEJO DE RESÍDUOS SÓLIDOS: A GESTÃO DE SEIS ATERROS SANITÁRIOS SIMPLIFICADOS NO ESTADO DA BAHIA

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana da Escola Politécnica da UFBA, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia Ambiental Urbana.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Roberto Santos Moraes

Salvador

2008

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Silveira, Lícia Rodrigues da, S39 Desafios do manejo de resíduos sólidos: a gestão de seis aterros

sanitários simplificados no Estado da Bahia/Lícia Rodrigues da Silveira, 2008.

163 p: il. color.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola Poli- técnica, 2008. Orientador: Prof. Dr. Luiz Roberto Santos Moraes.

1. Resíduos sólidos urbanos. 2. Aterros sanitários simplificados. 3. A- terros sanitários. 4. Lixo. I. Universidade Federal da Bahia. Escola Politéc- nica. II. Moraes, Luiz Roberto Santos. III. Título. CDD 18.ed. 628.445 CDU 1976 628.44

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, nas pessoas de Dra. Maria del Carmen Fidalgo e Dra. Lívia Gabrielle atuais Diretora Presidente e Diretora de Planejamento Urbanismo e Habitação, respectivamente e ao Dr. Mário Gordilho, ex Diretor Presidente da CONDER. Sem este apoio institucional, esta dissertação não teria se tornado possível.

Aos colegas da CONDER: João Carlos Araújo e Luciano Sandes; aos

amigos e ex-colegas da CONDER Maria Thereza Fontes, Maurício Fiúza e Jussara Duarte por toda a disposição em debater várias vezes o tema e pela prestação de depoimentos valiosos, todos esperançosos de encontrar soluções para resolverem os problemas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos no Estado da Bahia.

Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Luiz Roberto Santos Moraes e

também a Prof. Dra. Viviana Maria Zanta por todas as contribuições que ofereceram durante o transcorrer dos trabalhos.

Lembro de agradecer também a algumas pessoas que apesar de não

conhecer, dispuseram-se a ajudar, o Dr. Fernando Wolmer e o Dr. Otávio Okano da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de S. Paulo, CETESB e a Prof. Dra. Liséte Celina Lange, da Universidade Federal de Minas Gerais.

A Juli, Lu e Dica, minhas filhas, que tanto me estimularam a realizar

esta dissertação. A Fábio Moura pelas correções feitas no texto. Faço uma homenagem especial, in memorian, ao colega da CONDER,

Oswaldo Mendes, que com o seu conhecimento profissional contribuiu para apoiar a mudança da situação de destinação final dos resíduos sólidos urbanos no Estado da Bahia, entre 1991 e 2005.

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RESUMO A operação inadequada da maioria dos aterros sanitários construídos em alguns municípios do Estado da Bahia leva ao questionamento das razões porque os municípios não conseguem operá-los de forma adequada, considerando o seu baixo custo e a simplicidade de sua operação. Este estudo focou investigar a operação dos aterros sanitários simplificados construídos pelo Governo do Estado e repassado aos municípios. A tecnologia de tratamento e destinação final dos resíduos sólidos urbanos (RSU) por meio dos aterros sanitários simplificados tem se mostrado apropriada para municípios de pequeno porte, com geração de até 10 t/dia, desde que o sítio escolhido apresente condições geotécnicas favoráveis à utilização dessa tecnologia. Para a seleção dos municípios pesquisados tomou-se por referência estudo do Ministério Público sobre a destinação dos RSU na Bahia. Para esse estudo, dos 30 aterros sanitários simplificados pesquisados e construídos pelo Governo do Estado apenas três apresentavam condição regular de operação. Assim, foram selecionados esses três como condição aceitável e três considerados com operação péssima cuja distância fosse mais próxima da capital, por uma questão de custo. Dentre as hipóteses consideradas, destacaram-se a ausência de um ambiente favorável tanto no âmbito estadual como nacional para a questão dos RSU, o falta de compromisso do gestor municipal com as questões ambientais e a forma como se deu a implantação dos aterros. A metodologia constou de pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Os resultados apontam que a implantação dos aterros deu-se em um contexto de fragilidades tanto por parte do Governo como por parte das Prefeituras, não havendo acompanhamento da operação, nem pelo órgão estadual responsável pela implantação, Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (CONDER), nem pelo órgão estadual ambiental, Instituto de Meio Ambiente (IMA). Ao final do estudo são feitas recomendações, tanto aos futuros projetos dos aterros sanitários simplificados quanto às Prefeituras e ao Governo do Estado, como forma de contribuição para novas decisões. Palavras-chave: resíduos sólidos, manejo de resíduos sólidos urbanos, aterros sanitários simplificados, gestão de aterros sanitários simplificados.

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iii

ABSTRACT

The improper operation of the most landfills built in some municipalities of the state of Bahia leads to questions of why the municipalities can not operate them adequately, considering their low cost and simplicity of its operation. This study focused on investigating the operation of landfills simplified built by the State Government and transferred to municipalities. The technology of processing and final destination of solid waste (MSW) through the landfill has been simplified apropriate for small municipalities, with the generation of up to 10 tonnes per day per day, provided that the site chosen presents geotechnical conditions favorable to use this technology. For the selection of the cities surveyed was taken by reference study of the Public Ministry on the allocation of MSW in Bahia. For this study, the 30 landfills simplified researched and built by the State Government had only three regular condition of operation. Thus, these three were selected as a condition considerable acceptable and three with terrible operation whose distance was closer to the capital, as a matter of cost. Among assumptions used to highlight the absence of a favorable environment for both statewide and nationally to the issue of MSW, the lack of commitment by the municipal manager with environmental issues and how was the deployment of landfills. The methodology consisted of desk research, literature and field research. The results indicate that the deployment of the landfill was in a context of weak both by the government as by the Prefecture, with no monitoring of the operation, nor state agency responsible for the implementation, Urban Development Company of the State of Bahia (CONDER) or the state environmental agency, Institute of Environment (IMA). At the end of the study recommendations are made, both for future projects on landfills simplified, Prefecture and the State Government, as a contribution to the new decisions. Keywords: solid waste, management of municipal solid waste, landfills simplified, streamlined management of landfills.

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. Percentual de Municípios e formas de destinação de RSU no Brasil ....13

FIGURA 2. Avaliação das condições de operação dos aterros sanitários implantados pela CONDER no Estado da Bahia....................................22

FIGURA 3. Resumo das atividades da pesquisa ......................................................31

FIGURA 4. Mapa de localização do Município de Saubara ......................................33

FIGURA 5. Mapa de localização do Município de Conceição de Jacuípe ................34

FIGURA 6. Mapa de localização do município de Itanagra.......................................35

FIGURA 7. Mapa de localização do Município de Araci.............................................36

FIGURA 8. Mapa de localização do Município de Tucano.........................................37

FIGURA 9. Mapa de localização do Município de Maracás.......................................38

FIGURA 10. Intensidade da pobreza em municípios do Estado da Bahia...................41

FIGURA 11. Percentuais de gastos e desembolsos, segundo a modalidade de serviço de saneamento básico ...............................................................45

FIGURA 12. Modelo de excelência em gestão pública...............................................47

FIGURA 13. Terreno baldio com grande quantidade de saco plástico fino espalhado pela ação do vento. Município de Araci. 19/09/07................53

FIGURA 14. Pilares para apoio à gestão de RSU em municípios de pequeno porte .......................................................................................................60

FIGURA 15. Aspecto geral do ASS de Saubara .........................................................86

FIGURA 16. Lixiviado migrando..................................................................................86

FIGURA17. Vala aberta pela Prefeitura......................................................................87

FIGURA 18. Resíduos despejados na lateral da vala.................................................87

FIGURA 19. Vala de RSS...........................................................................................87

FIGURA 20. Poço de monitoramento do aterro de Saubara.......................................88

FIGURA 21. RSU fora da vala ....................................................................................90

FIGURA 22. Catador no aterro ...................................................................................90

FIGURA 23. Utilização de outra vala ..........................................................................91

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v

FIGURA 24. Coleta RSU.............................................................................................91

FIGURA 25. Cerca sem conservação.........................................................................91

FIGURA 26. Guarita saqueada ...................................................................................93

FIGURA 27. Cerca sem fios de arame........................................................................93

FIGURA 28. Aterro sem o portão................................................................................94

FIGURA 29. Queima de RSU na vala .........................................................................94

FIGURA 30. RSU no leito da vala...............................................................................94

FIGURA 31. Aspecto geral do aterro ..........................................................................96

FIGURA 32. Conjunto de portão e guarita ..................................................................97

FIGURA 33. Drenagem pluvial....................................................................................97

FIGURA 34. Frente de trabalho ampla........................................................................97

FIGURA 35 Poço monitorização .................................................................................98

FIGURA 36. Vala de RSS...........................................................................................98

FIGURA 37. Vala encerrada recoberta .......................................................................98

FIGURA 37. Portões sem conservação ....................................................................100

FIGURA 38. Cerca sem conservação.......................................................................100

FIGURA 39. RSU dispostos fora da vala ..................................................................101

FIGURA 40. Queima de RSS....................................................................................101

FIGURA 41. Vala sem uso........................................................................................101

FIGURA 42. Galpão de triagem sem uso..................................................................102

FIGURA 43. Recicláveis selecionados......................................................................102

FIGURA 44. Poço de monitoramento........................................................................102

FIGURA 45. Visão do conjunto .................................................................................104

FIGURA 46. Portão conservado ...............................................................................104

FIGURA 47. RSU fora da vala ..................................................................................104

FIGURA 48. Acesso, lixo solto..................................................................................105

FIGURA 49. Vala RSS..............................................................................................105

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vi

FIGURA 50. Canaleta drenagem ..............................................................................105

FIGURA 51. Galpão de triagem ...............................................................................106

FIGURA 52. Poço monitorização ..............................................................................106

FIGURA 53. Distância entre as valas........................................................................110

FIGURA 54. Caçamba iniciando processo de basculamento ...................................111

FIGURA 55. Basculamento I....................................................................................111

FIGURA 56. Basculamento II....................................................................................112

FIGURA 57. Basculamento III..................................................................................112

FIGURA 58. Compactador efetuando despejo..........................................................112

FIGURA 59. Guia para construção de um modelo de gestão de resíduos sólidos urbanos.................................................................................................129

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LISTA DE TABELAS TABELA 1. Distribuição dos municípios da Bahia por faixas de população urbana

(2000) ......................................................................................................15

TABELA 2. População dos municípios atendidos com aterro sanitário simplificado.....16

TABELA 3. Custos aterros convencionais implantados: população e custo per capita ......................................................................................................18

TABELA 4. Custo dos aterros sanitários simplificados população e custo per capita ......................................................................................................19

TABELA 5. Custo das obras dos aterros simplificados de Maracás, Ibirapitanga e Itapitanga.............................................................................................20

TABELA 6. Percentuais de pobreza nos municípios pesquisados............................42

TABELA 6. Geração per capita dos RSU dos Municípios de Lençóis, Palmeiras e Ibicoara, Bahia.....................................................................................56

TABELA 7. Composição gravimétrica dos resíduos sólidos domésticos dos municípios de Lençóis, Palmeiras e Ibicoara, Bahia ..............................57

TABELA 8. Síntese das entrevistas com Prefeitos ...................................................78

TABELA 9. Síntese das entrevistas com Secretários I .............................................81

TABELA 10. Critérios adotados para avaliar condição de operacionalidade dos aterros ..................................................................................................117

TABELA 11. Receitas Próprias e de Transferência 2001-2002 ...............................119

TABELA 12. Municípios com receitas acima de R$25 milhões e situação de disposição final, 2002 ...........................................................................120

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1. Fatores vinculados à problemática do manejo dos RSU na ALC ...........24

QUADRO 2. Ano de início da operação e situação de licenciamento dos aterros sanitários simplificados pesquisados......................................................32

QUADRO 3. Conceitos sobre RSU encontrados na literatura.....................................52

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AASAS Análise e Avaliação da Sustentabilidade de Aterros Simplificados

ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABNT

ALC

Associação Brasileira de Normas Técnicas

América Latina e Caribe

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ASSEMAE Associação Nacional de Serviços Municipais de Saneamento

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CEAPD Cadastro Estadual de Atividades Potencialmente Degradadoras ou

Utilizadoras de Recursos Ambientais

CEPRAM Conselho Estadual de Meio Ambiente (Bahia)

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (São Paulo)

COMLURB Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia

CRA Centro de Recursos Ambientais (Bahia)

EU União Européia

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

GISRSU Gestão Integrada e Sustentável de Resíduos Sólidos Urbanos

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE

IMA

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Instituto de Meio Ambiente

IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano

IQR Índice de Qualidade dos Aterros

LS

LU

Licença Simplificada

Limpeza Urbana

MMA Ministério do Meio Ambiente

NBR Norma Brasileira

OECD Organization for Economic Co-operation and Development

OPAS Organização Pan-americana da Saúde

PGIRS Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos

PGLU Plano de Gestão de Limpeza Urbana

PGRS Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PL Projeto de Lei

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PLANASA Plano Nacional de Saneamento Ambiental

PMSS Programa de Modernização do Setor Saneamento

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPA

PRODETUR

Plano Plurianual

Programa de Desenvolvimento do Turismo

PROSAB Programa de Pesquisa em Saneamento Básico

ReCESA Rede Nacional de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento

Ambiental

RSU Resíduos Sólidos Urbanos

SEDUR Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia

SEPURB Secretaria de Política Urbana

SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente

SNIS Sistema Nacional de Informações em Saneamento

TCFA Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental

UFC UFC Engenharia

UNEP United Nations Environment Programme

UPB União de Municípios da Bahia

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10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................12

1.1 Justificativa...................................................................................................14

1.2 Hipóteses da pesquisa.................................................................................23

OBJETIVOS..............................................................................................................27

METODOLOGIA .......................................................................................................28

3.1. Pesquisa bibliográfica..................................................................................29

3.2. Pesquisa Documental ..................................................................................30

3.3 Pesquisa de campo ......................................................................................30 3.3.1. Municípios pesquisados ..........................................................................31 3.3.2. Licenciamento, ano de início da operação dos ASS pesquisados ..........32

3.3.2.1. Aterros sanitários considerados com operação inadequada pelo MP/BA................................................................................................................33

3.3.2.1.1. Município de Saubara....................................................................33 3.3.2.1.2. Município de Conceição de Jacuípe..............................................34 3.3.2.1.3. Município de Itanagra ....................................................................35

3.3.2.2. Aterros considerados com operação aceitável pelo MP/BA.............36 3.3.2.2.1. Município de Araci .........................................................................36 3.3.2.2.2. Município de Tucano .....................................................................37 3.3.2.2.3. Município de Maracás....................................................................38

REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................39

4.1 Municípios, processo de descentralização e pobreza ..............................39

4.2. Competências municipais na área ambiental ............................................42

4.3. Políticas de saneamento básico .................................................................44

4.4. Gestão Pública..............................................................................................47 4.4.1. Síntese dos elementos atuais para a gestão pública ..............................47

4.5 Apoio institucional aos municípios ............................................................48

4.4. Resíduos Sólidos Urbanos ..........................................................................50 4.4.1. Aspectos gerais .......................................................................................50 4.4.2. Conceitos e princípios atuais para a gestão dos RSU.............................52 4.4.3. Aspectos técnicos dos RSU ....................................................................55

4.4.3.1. Origem, geração per capita, classificação e composição................55

4.5. Gestão dos RSU ...........................................................................................58

4.6. Aterros sanitários simplificados .................................................................63

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11

4.6.1. Operação de aterros sanitários simplificados..........................................67

4.8. Aspectos legais e normativos para os RSU...............................................70

RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................77

5.1. Resultados das entrevistas com prefeitos e secretários..............................78

5.2. Informações adicionais fornecidas pelos Prefeitos ..................................82 5.2.1. Município de Saubara – informações adicionais .....................................82 5.2.2. Município de Conceição de Jacuípe – informações adicionais ...............82 5.2.3. Município de Itanagra – informações adicionais......................................83 5.2.4. Município de Araci - informações adicionais ...........................................83 5.2.5. Município de Tucano – informações adicionais.......................................83 5.2.6. Município de Maracás – informações adicionais .....................................83

5.3. Dados colhidos na visita aos aterros sanitários simplificados................84 5.3.1. Aterro Sanitário Simplificado do Município de Saubara...........................84 5.3.2. Aterro sanitário simplificado do Município de Conceição de Jacuípe......88 5.3.3. Aterro Sanitário Simplificado do Município de Itanagra ...........................92 5.3.4. Aterro sanitário simplificado do Município de Araci .................................95 5.3.5. Aterro Sanitário Simplificado do Município de Tucano ............................99 5.3.6. Aterro sanitário simplificado do Município de Maracás..........................103

5.4. Resultado das entrevistas com técnicos da CONDER............................106

5.5. A experiência de São Paulo.......................................................................114

5.6. Avaliação dos aterros pelos critérios adotados ......................................116

6. CONCLUSÃO .....................................................................................................121

REFERÊNCIAS.......................................................................................................131

APÊNDICE A Roteiro das entrevistas semi-estruturadas APÊNDICE B Dados observados em campo ANEXO A Elementos para estudos de seleção de área para aterros simplificados ANEXO B Resumo do Manual de Operação dos Aterros Simplificados da CONDER

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12

INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea vive o conflito entre os padrões insustentáveis

de produção/consumo e a preservação ambiental do planeta. Da produção e do

consumo são geradas toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) que precisam

ser coletadas, transportadas, tratadas e dispostas em algum lugar.

Os RSU representam a materialidade dos restos do consumo da sociedade

e sua geração descontrolada constitui-se em um problema complexo a ser

solucionado pelo Poder Público e pela Sociedade, a fim de reduzir os impactos

negativos produzidos no meio ambiente e na saúde.

Andrade (2006) afirma que os RSU fazem parte da vida do homem e os

qualifica como agente de interação entre diversos setores de atividade, tais como:

energia, saúde pública, educação, uso e ocupação do solo, qualidade do ar,

qualidade da água, qualidade do solo, geração de renda e emprego, pesquisa e

desenvolvimento, turismo, direito, cidadania, comportamento social, transporte e

segurança.

Segundo o autor, diversas áreas do conhecimento (engenharia, economia,

física, química, biologia, geofísica, geografia, sociologia, direito, administração, etc.)

têm interface com a questão dos RSU e auxiliam no encontro de soluções para

tratamento e destinação adequados aos materiais encontrados nas grandes

quantidades de RSU diariamente gerados (ANDRADE, 2006).

A partir da revolução industrial, do conseqüente processo de urbanização,

do desenvolvimento de novas tecnologias e da oferta de novos produtos, o modo de

consumir da sociedade foi modificado, estabelecendo novos contextos (do descarte,

por exemplo), que resultaram em modificações ao meio ambiente. O aumento da

geração de RSU tem apresentado conseqüências que provocam alterações na

água, no ar e no solo.

No Brasil, a destinação final dos RSU é um problema a ser superado pelos

municípios, ente federado responsável por sua gestão. A Figura 1 apresenta os

percentuais de municípios que informaram o modo utilizado para dispor os RSU, de

acordo com a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB 2000 (IBGE, 2002).

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13

53,29

2,295,24

16,43

12,77

7,12

2,86

Aterros controlados

Aterros sanitarios

Aterros especiais

Incineração

Lixões

Usinas compostagem

Usinas reciclagem

Fonte: PNSB 2000 (IBGE, 2002)

FIGURA 1. Percentual de Municípios e formas de destinação de RSU no Brasil

Pode-se observar que, no Brasil, predomina sobre os modos de tratamento

e destinação final o uso do lixão, que são depósitos de RSU a céu aberto, uma

forma inadequada de disposição, sem compactação ou cobertura (CASTILHOS

JUNIOR, 2003). Constituem-se, na maioria das vezes, em áreas escolhidas pelas

prefeituras sem nenhum critério técnico de seleção, onde, continuamente são

depositadas grandes quantidades de lixo, que se acumulam ao longo do tempo,

atraindo vetores e poluindo o meio ambiente.

Esta forma de disposição tem levado os governos estaduais a intervirem

nos municípios implantando aterros sanitários. Entretanto, essas intervenções não

têm sido suficientes para estabelecer uma solução para o problema.

Em muitos estados brasileiros, os projetos e programas de governo para

RSU são desenvolvidos de forma pontual, no sentido de buscar soluções apenas

para a destinação final. As obras de construção dos aterros sanitários nos

municípios são executadas sem que haja um comprometimento na melhoria do

manejo dos RSU, reduzindo a sua geração ou aumentando o percentual de

aproveitamento, de forma que não sejam aterrados. Nestas circunstâncias, muitos

aterros transformam-se em lixões.

Para os municípios de pequeno porte, assim considerados, neste trabalho,

aqueles com população urbana de até 20.000 habitantes, a gestão dos RSU

configura-se como um dos grandes problemas a ser administrado pelos gestores

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14

municipais. Embora a quantidade de RSU gerada situe-se em torno de 10 a 15 t/dia,

ao se considerar o porte da economia desses municípios, o problema torna-se de

difícil solução.

A complexidade que envolve o manejo dos RSU e a busca por soluções

adequadas às peculiaridades de cada cidade levam, muitas vezes, a adoção de

ações simplistas cujos resultados são insatisfatórios e insustentáveis no longo prazo.

Sem se preocuparem com o planejamento, não há priorização de aplicação dos

recursos financeiros e organizacionais que são necessários à estruturação para a

prestação dos serviços.

Países que se dispõem a aplicar grandes somas para investimentos no

tratamento e destinação final dos RSU alcançam situação mais favorável, uma vez

que, para o seu planejamento, são estabelecidos modelos de gestão e o seu

gerenciamento se faz de forma eficaz, com recursos financeiros suficientes e base

legal para regular a área de RSU.

No Brasil, em face das dificuldades econômicas e na ausência de uma

política que discipline a área de RSU, cujo Projeto de Lei tramita atualmente no

Congresso Nacional, o problema vem se agravando, principalmente no que se refere

à destinação final.

Este trabalho visa realizar uma análise da gestão dos RSU adotadas em

municípios de pequeno porte e o reflexo desse modelo no gerenciamento dos

aterros sanitários simplificados, tecnologia que vem sendo adotada para solucionar

o problema de destinação final.

1.1 Justificativa

Em 2002, o Governo do Estado da Bahia e a Secretaria de

Desenvolvimento Urbano, por meio da Companhia de Desenvolvimento Urbano do

Estado da Bahia - CONDER iniciaram o atendimento a municípios de pequeno porte

com a técnica de aterros sanitários simplificados, para adequação da destinação

final dos RSU, a fim de reduzir os impactos ambientais negativos provocados pelos

lixões.

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15

Os dados da Tabela 1 demonstram que grande parte dos municípios do

Estado da Bahia, cerca de 90%, situa-se na faixa de até 20.000 habitantes urbanos,

os quais geram, teoricamente, entre 10t/dia a 15t/dia de RSU. Depreende-se,

portanto, que em 364 municípios seria possível a utilização da tecnologia do aterro

sanitário simplificado.

TABELA 1. Distribuição dos municípios da Bahia por faixas de população urbana (2000)

Faixa de população urbana

Quantidade municípios

% Percentual acumulado %

Até 10.0000 290 69,5 69,5

De 10.001 a 20.000 74 17,8 87,3

De 20.001 a 40.000 25 6,0 93,3

De 40.001 a 60.000 13 3,1 96,4

De 60.001 a 80.000 3 0,7 97,1

De 80.001 a 100.000 3 0,7 97,8

Acima de 100.001 8 1,9 99,7

Acima de 1.000.000 1 0,3 100,00

TOTAL 417 100

Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados do SEI (2000).

Até o ano de 2006, o Governo do Estado da Bahia havia implantado 35

aterros sanitários simplificados e 19 aterros do tipo convencional.

Conforme pode ser observado na Tabela 2, em geral, os aterros sanitários

simplificados foram implantados em municípios com população urbana de até 20.000

habitantes, de acordo com o critério adotado pela CONDER, porém, pode-se

verificar que houve casos de implantação de aterros em cidades com população

urbana acima desta quantidade.

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16

TABELA 2. População dos municípios atendidos com aterro sanitário simplificado

Nº MUNICÍPIOS

POP. URBANA

(IBGE 2000)

POP. TOTAL (IBGE 2000)

1 Abaíra 3559 9067

2 Alcobaça 7446 20.900

3 Aporá 6.546 16.769

4 Araci 16.189 47.586

5 Barra do Choça 17.721 40.818

6 Boipeba (povoado) - 694

7 Cabaceiras Paraguaçú 3.305 15.547

8 Caravelas 10.332 20.103

9 Conceição do Jacuípe 19.466 26.194

10 Conde 10.492 20.426

11 Filadélfia 7.966 17.177

12 Ibirapitanga 6.363 22.177

13 Ipirá 23.320 61.746

14 Itanagra 1.859 6.370

15 Itapebi 8.542 11.526

16 Itapitanga 7.095 10.382

Ituberá 15.910 29.133 17 Nilo Peçanha 2.495 11.213 Taperoá 7.523 15.933

18 Jiquiriçá/Ubaíra 4.588 13.638

19 Lafayete Coutinho 1.921 4.102

20 Laje 5.118 19.601

21 Lajêdo do Tabocal 4.608 8.100

22 Macarani 10.719 14.594

23 Maracás 18.516 31.683

24 Morro de São Paulo(povoado) - 1.653

25 Mutuípe 8.984 20.462

26 Palame/Baixio - 570

27 Planaltino 2.990 7.963

28 Potiraguá 7.546 14.579

29 Ribeirão do Largo 4.451 15.303 30 Rio de Contas 5.683 13.935 31 Santa Inês 10.374 11.027

32 São Domingos Valente

3.711 9.511

8.526 19.142

33 Saubara 10.076 10.193

34 Serra Preta 5.692 17.726

35 Tucano 18.597 50.948 Fonte: CONDER/GEAMB (2006); IBGE (2000); SEI (2000)

1 Requalificado, significa que, por ter sido operado de forma inadequada, precisou de obras para recobrar sua condição de

aterro sanitário.

Fiúza, Fontes e Cruz (2002, p. 1) entendem que a maioria dos municípios

baianos de pequeno porte pode adotar essa tecnologia, pois “são muito pobres, com

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17

baixa geração de receita própria, não conseguindo resolver seus problemas de

saneamento básico, por falta de recursos e carentes de capacitação técnica e

gerencial”.

Os citados autores argumentam ainda, com relação a custos, que a

implantação de um aterro convencional, por necessitar de balança, drenos, mantas e

lagoas, a média de valor para sua construção está na ordem de R$1.358.000,00. O

custo de operação, segundo os autores, situa-se em torno de R$20.000,00 por mês,

por exigirem, de forma permanente, o uso de máquinas e veículos, trator de esteira,

máquina retroescavadeira e caçambas, além da mão de obra (FIÚZA, FONTES e

CRUZ, 2002).

Sendo assim, diante desses custos altos pode ficar inviabilizada a

destinação final adequada nos municípios de pequeno porte.

A Tabela 3 apresenta os custos de implantação dos aterros sanitários

convencionais e a quantidade da população urbana atendida na Bahia. Da análise

dos dados fornecidos, verifica-se que o custo per capita de um aterro sanitário do

tipo convencional varia mais em função das especificações contidas no projeto,

necessárias para reduzir os impactos ambientais, do que em função da população

atendida. Significa dizer que para cidades mais populosas, há tendência de redução

do custo per capita. Entretanto, no caso do município de Camamu, caracterizado por

ter área ambientalmente frágil e população reduzida, ao implantar um aterro tipo

convencional o custo de implantação per capita alcançou um valor na ordem de

R$109,31, configurando-se como uma exceção à tendência mencionada.

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18

TABELA 3. Custos aterros convencionais implantados: população e custo per capita

Nº Municípios

Pop.Urbana (IBGE 2000)

Custo Total R$

Custo per

capita

1 Salvador/ Simões Filho/ Lauro de Freitas 2.627.392 2.317.934,00 0,88,

2 Camaçari/ Dias D’Ávila 197.075 1.129.885,92 5,73,

3 Alagoinhas 112.440 1.111.727,00 9,89,

4 S.Francisco Conde/Candeias/ M.Deus 102.596 1.022.850,44 9,97,

5 Teixeira de Freitas 98.688 1.065.054,14 10,79,

6 Catu / Pojuca / Mata de São João 84.669 989.977,00 11,69,

7 Jequié 130.296 1.663.640,73 12,77,

8 Porto Seguro 79.619 1.136.342,79 14,27,

9 Itapetinga 55.182 837.262,39 15,17,

10 Ilhéus / Uruçuca 125.840 2.070.342,98 16,45,

11 Sto. Antonio de Jesus 66.245 1.111.449,45 16,78,

12 Vera Cruz/ Itaparica 43.782 892.002,08 20,37,

13 Jaguaquara 35.103 738.268,73 21,03,

14 Maragojipe 21.043 516.983,94 24,57,

15 Santo Amaro 44.505 1.855.970,48 41,70,

16 Muritiba/Cachoeira/S. Félix 35.168 1.796.404,64 51,08,

17 Belmonte 10.805 732.538,00 67,80,

18 Sauípe 20.000 1.580.904,10 79,05,

19 Camamu 12.107 1.323.469,00 109,31,

20 Cruz das Almas (obra em final de conclusão)

TOTAL 3.902.555 23.893.007,81 6,12,

Fonte: CONDER/GEAMB (2006)

De acordo com os custos apresentados na Tabela 3 verifica-se que o custo

de implantação dos aterros sanitários convencionais variou entre R$517.000,00 a

R$2.318.000,00, aproximadamente.

Os aterros sanitários simplificados por se constituírem em obras menos

complexas sem exigência de impermeabilização com manta de PEAD, em geral, e

sem lagoas de estabilização, tem seu custo de implantação bastante reduzido se

comparado aos valores dos aterros sanitários convencionais, conforme pode se

verificar na Tabela 4.

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19

TABELA 4. Custo dos aterros sanitários simplificados população e custo per capita

Pop. Urbana

Nº Municípios (IBGE, 2000)

Custo Total (R$)

Per capita

(R$/hab) 1 Abaíra 3.559 2 Barra do Choça 17.721 3 Conde 10.492 4 Itapebi 8.542 5 Potiraguá 7.546 6 Saubara 10.076

1.130.749,41 19,52

57.936 7 Macarani 1 10.719 95.000,00 8,86 8 Boipeba 694 180.000,00 259,36

9 Morro de São Paulo 2 1.653 180.000,00 108,89 10 Laje 5.118 200.000,00 39,08 11 Mutuípe 8.984 260.000,00 28,94 12 Jiquiriçá/Ubaíra 12.598 563.408,71 44,72 13 Araci 16.189 14 Aporá 6.546 15 Itanagra 1.859 16 Filadélfia 7.966 17 S.Domingos/Valente 13.222 18 Serra Preta 5.692 19 Palame / Baixio 570

1.364.149,51 26,21

51.774 20 Caravelas 10.332 21 Alcobaça 7.446 22 Lajêdo do Tabocal 4.608 23 Rio de Contas 5.683 24 Lafayete Coutinho 1.921 25 Planaltino 2.990 26 Ribeirão do Largo 4.451 27 Santa Inês 10.374

1.289.945,00 12,95

99.579 28 Ipirá 23.320 29 Tucano 18.597 30 Cabaceiras Paraguaçú 3.305 31 Conceição do Jacuípe 19.466

1.215.891,00 18,80

64.688 32 Ibirapitanga 6.363 33 Itapitanga 7.095 19,79 34 Maracás 18.516 632.709,00

31.974 35 Ituberá/Nilo Peçanha/Taperoá 25.928 290.790,00 11,22

TOTAIS 377.598 7.402.642,63 19,60 Fonte: CONDER/GEAMB (2006) 1 Implantado pela Prefeitura 2 Requalificado

Conforme se demonstra na Tabela 4, o custo de implantação de um aterro

sanitário simplificado implantado pela CONDER, à exceção de Macarani cuja verba

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20

foi repassada à Prefeitura, variou de acordo com as especificações do projeto e

ficaram na ordem de R$180.000,00 a 260.000,00, em geral com abertura de duas

valas, guarita, cerca, portão, poços de monitorização.

Ressalta-se que, quando se compara o custo per capita de implantação

dos aterros simplificados com o custo per capita dos aterros sanitários

convencionais, a exceção de Salvador (maior população) e Camamu, conforme já

esclarecido, observa-se que não há uma diferença significativa entre esses valores.

No caso dos aterros sanitários convencionais o intervalo fica situado entre R$5,79 a

R$79,05 e os simplificados entre R$8,86 a R$47,37, a exceção dos aterros

sanitários dos povoados de Boipeba e Morro de São Paulo, que atendem a

pequenas populações.

Para avaliar o custo de um aterro licitado em grupo, num total de 6 grupos

que corresponderam a implantação de 29 aterros, foi selecionado de modo aleatório

para análise, o resumo da planilha orçamentária da obra dos aterros de Maracás,

Ibirapitanga e Itapitanga, cujos valores estão apresentados na Tabela 5.

TABELA 5. Custo das obras dos aterros simplificados de Maracás, Ibirapitanga e Itapitanga

Item Discriminação Valor R$1,00 % 1 PROJETO 60.647,80 9,779

1.1 Projeto executivo 60.647,80 9,779 2 IMPLANTAÇÃO 559.534,11 90,221

2.1 Serviços preliminares 87.690,85 14,140 2.2 Acesso viário 92.807,12 14,964 2.3 Valas sanitárias 137.344,32 22,146 2.4 Drenagem 18.238,82 2,941 2.5 Edificações 61.804,73 9,966 2.6 Abastecimento de água 4.347,00 0,701 2.7 Esgotamento sanitário 3.175,74 0,500 2.8 Paisagismo 50.933,04 8,213 2.9 Remediação dos lixões 86.913,04 14,014 2.10 Monitorização ambiental 16.279,12 2,625

TOTAL 620.181,91 100,00 Saldo a pagar 143,92

Total 620.325,83 Fonte: CONDER/DEFIS, 2004

Deduzindo-se do valor total o custo de remediação dos lixões tem-se um

valor de R$533.412,79 para implantação dos três aterros. Dividindo-se esse valor

tem-se o custo médio de cada aterro em torno de R$177.804,26.

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21

Com relação ao custo de operação de um aterro sanitário simplificado,

pode-se estimar um valor para cobrir despesas com 3 trabalhadores, uso alternado

de uma máquina e despesas para reparos, ferramentas, manutenções, fardamento

e licenciamento.

Fica demonstrado, portanto, que com relação aos custos de implantação

de um aterro sanitário simplificado há uma substancial redução dos valores

aplicados, se comparado ao custo de um aterro convencional, o que pode viabilizar

a destinação adequada dos RSU nos pequenos municípios. Esta redução também é

significativa no valor da operação por não necessitar, principalmente, de um trator

esteira, diariamente, no local.

Ocorre que, embora esses custos de implantação e operação sejam

reduzidos, a situação operacional da maioria dos aterros sanitários simplificados é

deficiente.

É o que se verifica nos dados da publicação “Desafios do Lixo: problemas,

responsabilidades e perspectivas”, apresentado e publicado pelo Ministério Público

do Estado da Bahia, em 2007, onde é feita uma avaliação da situação de destinação

final no Estado da Bahia (BAHIA, 2007).

Consoante essa publicação, os aterros apresentaram os resultados

encontrados na Figura 2, de acordo com a metodologia de avaliação utilizada pelo

referido órgão.

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22

Fonte: MPE (BAHIA, 2007)

FIGURA 2. Avaliação das condições de operação dos aterros sanitários implantados pela CONDER no Estado da Bahia

Dos 35 aterros sanitários simplificados implantados pela CONDER, foram

avaliados 30 e apresentados os seguintes resultados: 12,5% considerados em

condição aceitável de operação, 56,2% regulares e 31,3% péssima condição. Dos

19 aterros sanitários convencionais implantados pela CONDER foram avaliados 15,

sendo que 18,7% foram considerados em condição aceitável, 43,8% regulares e

37,5% péssima condição (BAHIA, 2007).

Dessa forma, embora o Governo do Estado da Bahia tenha aplicado a

soma de R$ 31.295.650,44, no período 1995-2006, para melhoria da forma de

destinação final dos RSU em diversos municípios, nem todos corresponderam com a

manutenção e operação dos aterros, sendo que, muitos desses aterros

transformaram-se em lixões.

Fica assim o problema desse estudo configurado na operação inadequada

pelos municípios da maioria dos aterros sanitários simplificados implantados pelo

Governo do Estado da Bahia. O questionamento é, ao considerar a

facilidade/simplicidade da operação dos aterros simplificados, porque estes não

estão sendo bem operados pelas prefeituras?

0%

10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

100%

Aterros

convencionais Aterros

Simplificados

Péssimo

Regular

Aceitável

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23

A pesquisa propõe identificar as causas que podem concorrer para a boa

ou má operação dos aterros. A tecnologia de aterros sanitários simplificados para a

disposição final dos RSU, por sua facilidade de operação e baixo custo de

implantação, pode ser uma alternativa para melhorar a disposição final dos RSU em

pequenos municípios. Se for bem aplicada, pode contribuir para reduzir a disposição

aleatória dos RSU diretamente no solo.

A delimitação desta pesquisa é a gestão dos sistemas de destinação final

de seis aterros sanitários simplificados no Estado da Bahia, sob a ótica da gestão

dos resíduos sólidos do município. Para tanto foram selecionados três aterros

sanitários simplificados com operação aceitável e três com operação irregular,

segundo dados do Ministério Público do Estado da Bahia (BAHIA, 2007).

O conhecimento das causas que interferem na operação dos aterros

sanitários simplificados implantados poderá subsidiar o planejamento e a tomada de

decisão dos gestores públicos no que tange à questão dos RSU. Desse modo,

poderão ser mais acertadas a aplicação de técnicas de destinação final e indicação

de estruturas apropriadas que garantam a sustentabilidade dos aterros sanitários

simplificados nos municípios de pequeno porte no Estado da Bahia ou em outros

locais.

1.2 Hipóteses da pesquisa

Constantemente, a sociedade vem cobrando dos Prefeitos a destinação

inadequada dos RSU do seu município, uma vez que cabe a estes gestores a

responsabilidade de organizar e executar os serviços públicos de interesse local.

Alguns prefeitos argumentam que são insuficientes os recursos financeiros,

equipamentos e conhecimento técnico para operar aterros sanitários, ou, ainda, que

não recebem o apoio necessário do Governo Estadual para executar tal serviço. No

entanto, outros gestores conseguem alcançar níveis regulares de operação do

aterro, mesmo limitado por recursos financeiros e conhecimento técnico.

Para a população em geral, a responsabilidade maior com a questão dos

RSU é do Poder Público Municipal. A Universidade de Taubaté, em julho de 2000,

realizou uma pesquisa, com a finalidade de saber o que as pessoas pensam sobre o

lixo, com diversas perguntas, dentre elas, “quem deveria ser responsável pelo lixo?”.

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24

De um universo de 104 pessoas, 58% indicaram o governo e somente 10% acharam

que é de responsabilidade de todos (RIBEIRO, 2006 apud SILVEIRA e MORAES,

2007). Sendo assim, percebe-se que as pessoas atribuem sempre ao Poder Público

a solução do problema.

O estudo realizado pela Organização Pan-americana de Saúde considerou

que o manejo integrado dos RSU representa um dos desafios mais importantes

enfrentados pelas autoridades governamentais, pelos prestadores de serviços e pela

comunidade em geral (OPAS, 2005).

A par disso, indicou fatores que dificultam o manejo dos RSU na América

Latina e Caribe - ALC, os quais encontram-se elencados no Quadro 1.

QUADRO 1. Fatores vinculados à problemática do manejo dos RSU na ALC

Horizontes muito curtos de planejamento e de compromisso para a autoridade local, dado o breve período das administrações municipais Volatilidade e descontinuidade política nas administrações municipais Falta de cultura de pagamento pelos serviços públicos com que a população é atendida Excessivo atraso e graves deficiências nos procedimentos e mecanismos para a cobrança de impostos municipais Partidarismo das decisões e do debate público Persistência de traços culturais rurais nas cidades, o que equivale em geral à desconsideração do espaço público em um contexto urbano Falta de uma cultura de limpeza e de responsabilidade pelos RSU gerados a nível individual Falta de aplicação da ordem jurídica e de controle Incerteza para o investimento e falta de transparência nas decisões dos governos locais Baixo nível de competência e capacitação no serviço público

Visão incompleta e distorcida da gestão ao assimilá-lo fundamentalmente como um problema relativo ao serviço esquecendo de seus componentes ambiental, social, econômico e de saúde Ausência de organismo operadores autônomos sob regras claras de eficiência e prestação de contas Marco regulatório e normativo difuso, obsoleto, incompleto, carente de uma estrutura intersetorial e de instrumentos jurídicos de caráter técnico Falta de instrumentos econômicos, jurídicos e de promoções que motivem a participação social em processos de separação e reciclagem do lixo Ausência de políticas e estratégias para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Municipais Falta de estratégias para a incorporação do setor informal (catadores) na gestão dos resíduos sólidos Desvinculação entre as distintas instâncias envolvidas na área de resíduos sólidos Falta de modelos tarifários que permitam a recuperação das tarifas ou quotas, pela prestação dos serviços fornecidos e que considerem as diferenças entre os resíduos

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25

gerados pelas diferente fontes Fonte: OPAS, 2005.

Segundo Acurio et al. (1997), há, ainda, outros fatores que também limitam

a gestão de RSU em países da América Latina, são eles: falta de definição do

âmbito de competência dos diferentes órgãos; carência de um sistema de

informação e nenhum intercâmbio de dados; falta de uma identificação para a área

de RSU dentro da Administração Pública Municipal; limitada capacidade institucional

para assumir as funções e responsabilidades; aparente falta de vontade política nos

níveis de tomada de decisão e estabelecimento de prioridades.

Azambuja (2002) assinala que os fatores de ordem jurídica e as questões

ambientais e sociais também influenciam a gestão dos RSU.

Segundo Araújo (2006), a causa que impede maiores avanços na gestão

dos RSU no Brasil é a baixa institucionalização para a prestação dos serviços. Esta

se constitui em um fator que contribui para a transformação de aterros em lixões,

pois em 70% dos municípios não existe órgão específico para a limpeza urbana,

resultando na falta de controle sobre os serviços.

Afirma, ainda, a citada autora que mais de 50% dos municípios não cobram

pelos serviços, e, quando cobram, os valores são muito inferiores à despesa real.

Além disso, não há preparo técnico do pessoal operacional para os aterros, os

Órgãos Estaduais Ambientais são ausentes na fiscalização, inexiste uma política

nacional de resíduos sólidos estabelecendo a responsabilização do gerador e

instrumentos adequados de regulação e controle sobre a prestação dos serviços

(ARAÚJO, 2006).

Além dessa multiplicidade de fatores que Acurio et al. (1997), Azambuja

(2002) e Araújo (2006) afirmam que repercutem na má gestão dos RSU, foram

consideradas também como hipóteses:

a) Não existência, até então, de um ambiente favorável ao encontro de

soluções sustentáveis. Isto é, há ausência de uma legislação específica para a área

de RSU, que estabeleça orientações e diretrizes para o manejo dos resíduos dirigido

a produtores e consumidores, com objetivos e metas, bem como, nenhum programa

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26

de erradicação de lixões, com linhas de financiamento acessíveis para pequenos

municípios, face à complexidade que envolve a gestão dos RSU.

b) O tímido ou a falta de compromisso do gestor municipal para com as

questões ambientais aliado a não autonomia política e administrativa dos municípios

de pequeno porte.

c) Os aterros sanitários simplificados não estão sendo bem operados pelas

prefeituras por não terem sido privilegiados aspectos como a participação da

população, o fortalecimento institucional da Prefeitura para gerir o aterro e a

necessidade do próprio Governo do Estado em reforçar sua estrutura institucional

para apoiar os municípios na gestão dos RSU, realizando apenas a obra.

d) Outras variáveis como cultura, educação, nível de organização social

das populações locais e do próprio Poder Público e o perfil do gestor também

influenciam a gestão dos resíduos sólidos, porém não serão objeto deste estudo.

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OBJETIVOS

Esta dissertação tem como objetivo geral identificar e avaliar, sob a ótica

de gestão, as causas que interferem na operação adequada ou inadequada dos

aterros sanitários simplificados implantados pelo Governo do Estado da Bahia.

E tem como objetivos específicos:

a) Analisar, sob a ótica da gestão do sistema de RSU, a tecnologia do aterro

sanitário simplificado.

b) Identificar fatores que concorrem para a gestão dos aterros sanitários

simplificados.

c) Analisar os sistemas de destinação final de seis municípios dotados de

aterros sanitários simplificados, três com operação considerados aceitável e

três com operação inadequada, segundo publicação do Ministério Público do

Estado da Bahia, de 2007.

d) Avaliar as condições em que se realiza a operação destes aterros.

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28

METODOLOGIA

O eixo central da pesquisa foi identificar as causas que concorrem para a

adequada ou inadequada operação dos aterros simplificados, de modo a servir de

apoio ao planejamento e a tomada de decisão política dos gestores públicos.

Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo com método de abordagem

dedutivo, uma vez que por meio das conclusões inferidas do estudo, pode-se chegar

à resposta do problema (ARANTES, 2007).

Desse modo, para a conclusão do estudo tomou-se por base o referencial

teórico, as entrevistas, as observações das visitas de campo, as estruturas

implantadas para gerenciar o sistema de destinação final e a análise das

particularidades de cada aterro sanitário simplificado.

Para selecionar os municípios pesquisados, tomou-se como referência a

publicação “Desafio do Lixo: problemas e perspectivas” relatório do Ministério

Público do Estado da Bahia, de 2007, elaborado pelo Centro de Apoio Operacional

às Promotorias de Justiça de Meio Ambiente, CEAMA, órgão auxiliar do Ministério

Público,.

O CEAMA, face às inúmeras solicitações de perícias das Promotorias e

exercendo o seu papel de proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente

e de outros interesses difusos e coletivos, realizou um diagnóstico da qualidade

ambiental da disposição do lixo no Estado da Bahia, nos anos de 2006 e 2007. Este

diagnóstico identificou a existência de cerca de 408 lixões no Estado da Bahia e

realizou uma avaliação ambiental de 30 aterros simplificados dos 35 implantados

pela CONDER (BAHIA, 2007).

Verifica-se, na referida publicação, que dos 30 aterros sanitários

simplificados implantados pela CONDER foram considerados aceitáveis apenas três,

os aterros dos municípios de Maracás, Tucano e Araci. O nível “aceitável” é

considerado no relatório como reflexo da operação dos mesmos. Com base nessa

avaliação, esses três aterros foram selecionados para a pesquisa.

Considerando a mesma quantidade para aterros simplificados avaliados

com situação ambiental péssima, segundo o mesmo relatório, obtém-se uma

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29

amostra de seis aterros. O critério para seleção destes outros três aterros, avaliados

como péssimos, foi sua localização mais próxima de Salvador, visando reduzir

custos da pesquisa. Assim, foram selecionados os aterros dos municípios de

Saubara, Itanagra e Conceição de Jacuípe.

Portanto, do universo de 30 aterros foram selecionados seis, ou seja, uma

amostra de 20% do universo considerado. Para uma pesquisa de caráter

exploratória constituiu-se numa amostra suficiente para comparar causas de

interferência na operação. Isto é, reconhecer o que está acontecendo nos aterros e

observar fenômenos sob a ótica da sua gestão.

Portanto, os métodos consistiram em pesquisa bibliográfica com revisão da

literatura, pesquisa documental e pesquisa de campo.

3.1. Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica abrangeu consulta a textos, estudos, teses e

dissertações de diversas instituições sobre o tema RSU tratado em seus diversos

aspectos; pesquisa na internet; leitura de textos de autores reconhecidos, anais dos

eventos da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES e

consulta a sítios governamentais.

Na literatura foi encontrado, ainda que em número reduzido, o tema gestão

de RSU nos seus aspectos de diretrizes, arcabouço institucional e legal, assim como

sobre operação de aterros sanitários.

Buscou-se pesquisar, também, sobre gestão pública, o município, sua

evolução a partir da Constituição Federal de 1988 e políticas de saneamento básico.

Para facilitar e dar ordenamento ao desenvolvimento da dissertação,

conforme as hipóteses da pesquisa, a revisão bibliográfica foi subdividida por temas:

a) municípios, descentralização e políticas de saneamento básico; b) RSU aspectos

técnicos, aspectos legais e normativos; c) gestão pública e gestão de RSU; d)

aterros sanitários simplificados no Brasil e na Bahia, por entender que todos esses

assuntos têm implicações sobre a forma como vem sendo tratado o tema,

destinação final dos RSU.

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30

Especificamente, para aterros sanitários simplificados foram encontradas

contribuições em menor quantidade, possivelmente por constituir-se em uma

tecnologia nova, não amplamente difundida no Brasil. Publicações do - Programa

de Pesquisa em Saneamento Básico, PROSAB, da CETESB, da Organização Pan

Americana de Saúde – OPAS e da CONDER foram fundamentais para o estudo

sobre aterros sanitários simplificados.

3.2. Pesquisa Documental

A pesquisa documental foi realizada na CONDER, órgão estadual

responsável pela implantação dos aterros sanitários simplificados e pelo

desenvolvimento de outras ações de RSU no Estado da Bahia.

Buscou-se reunir informações contidas em material não publicado, interno

da Companhia, sobre critérios utilizados pela instituição para o processo de

implantação dos aterros. Foram selecionadas as informações referentes ao

planejamento (estudos de seleção de área, licenciamento ambiental, concepção

básica dos ASS, relação entre a Prefeitura e o Estado, capacitação, transferência do

equipamento para a Prefeitura).

3.3 Pesquisa de campo

A pesquisa de campo dos aterros sanitários simplificados consistiu no

levantamento de dados por meio da aplicação de um roteiro de entrevistas semi-

estruturadas com os atores intervenientes no processo da implantação e operação

dos aterros nos municípios. Foram entrevistados prefeitos, secretários e

responsáveis pela operação do aterro (APÊNDICE A). Fez parte também desta

etapa um relatório fotográfico que mostra algumas ocorrências encontradas e revela

a situação encontrada no dia da visita.

Após a pesquisa de campo, estando a autora na posse de informações

suficientes para dar início às deduções das causas que estariam contribuindo para a

operação inadequada dos aterros, foi realizada entrevista semi-estruturada com três

engenheiros da CONDER que atuaram durante a implantação dos aterros. Esta

entrevista objetivou conhecer a evolução do processo de implantar os ASS e

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31

esclarecer alguns questionamentos de aspectos observados em campo, que podem

repercutir sobre dificuldades na forma de operar os aterros sanitários simplificados.

De forma complementar foi realizada visita à CETESB, para conhecer a

experiência de São Paulo com a implantação dos aterros em valas, quando foi

visitado o aterro em valas do município de Conchas e coletado material bibliográfico

sobre o tema.

Todas essas consultas permitiram reconhecer a complexidade que envolve

construir e implantar um modelo de gestão de RSU.

A Figura 3 apresenta um resumo das atividades desenvolvidas durante a

pesquisa.

CLASSIFICAÇÃO ATIVIDADES OBJETIVO � Pesquisa na literatura sobre RSU; aterros

sanitários, aterros simplificados. � Gestão; gestão pública, gestão de sistemas de

RSU; Políticas públicas; política de saneamento.

PESQUISA

BIBLIOGRÁFICA- REVISÃO DA LITERATURA

� .Pesquisas de artigos técnicos, teses e dissertações feitas na internet.

MARCO TEÓRICO REFERENCIAL

� Levantamentos de dados sobre os aterros sanitários simplificados implantados na Bahia:

� dados sobre demandas, atendimentos, licenciamentos, condução do processo de implantação, população dos municípios

PESQUISA DOCUMENTAL

� Situação das condições operacionais dos aterros simplificados na visão da CONDER.

CONTEXTO, DELIMITAÇÃO DO

OBJETO DA PESQUISA

� Seleção e visitas aos municípios dos aterros pesquisados.

� Definição dos atores intervenientes durante todo o processo de implantação dos aterros simplificados.

� Coleta de dados e entrevista com engenheiros da CONDER.

PESQUISA DE CAMPO

� Visita a CETESB para conhecer a experiência do Estado de São Paulo no processo de implantação dos aterros sanitários em valas.

APROXIMAÇÃO DA REALIDADE DA

GESTÃO E OPERAÇÃO DOS

ATERROS SIMPLIFICADOS NO ESTADO DA BAHIA

PROPOSIÇÕES/ RECOMENDAÇÕES

FIGURA 3. Resumo das atividades da pesquisa

3.3.1. Municípios pesquisados

Apresenta-se a seguir os municípios cujos aterros serão pesquisados,

iniciando com a situação do licenciamento ambiental e ano do início da operação

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dos mesmos. Os seis municípios estão localizados em mapa e são acrescentadas

informações como: dados gerais dados populacionais, índice pluviométrico, geração

de resíduos, etc.

3.3.2. Licenciamento, ano de início da operação dos ASS pesquisados,

Com referência às licenças ambientais dos aterros sanitários simplificados

a CONDER, em articulação com o Instituto de Meio Ambiente, IMA, antigo Centro de

Recursos Ambientais, CRA, implantou um apoio para acompanhamento dos

processos, ainda que fosse de responsabilidade das Prefeituras a solicitação da

mesma.

Alguns municípios foram habilitados a licenciar atividades de baixo impacto

ambiental, de acordo com a Resolução CEPRAM nº 2.965 e a Norma Administrativa

nº 001/2002, tendo por base a Lei Estadual 7.799/01, que visavam a

descentralização ambiental, do licenciamento e da fiscalização, com órgãos

municipais de meio ambiente. Para o órgão ambiental da Bahia, o aterro sanitário

simplificado é um empreendimento de baixo impacto ambiental.

Após consulta aos arquivos da CONDER e site do IMA foram obtidos os

dados apresentados no Quadro 2, os quais demonstram que somente três, dos seis

aterros pesquisados, possuíam o licenciamento ambiental, vencidos ou prestes a

vencer, por ocasião da pesquisa.

QUADRO 2. Ano de início da operação e situação de licenciamento dos aterros sanitários simplificados pesquisados

MUNICÍPIOS

Início

operação

Vencimento

da LS

ÓRGÃO

EMISSOR

OBS.

Araci Ago/05 26/02/07 Prefeitura Município habilitado para licenciamento ambiental

Conceição do Jacuípe Dez/04 - - Não licenciado

Itanagra Abril/05 Dez/2006 IMA Município habilitado para licenciamento ambiental

Maracás Nov/05 Set/2007 IMA Licenciado

Saubara Fev/04 - Processo não concluído/IMA

Tucano Jan/05 - - Sem registro

Fonte: CONDER/ GEAMB/IMA (2007)

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33

Apresenta-se, a seguir, dados gerais dos municípios pesquisados.

3.3.1.1. Aterros sanitários considerados com operação inadequada pelo MP/BA

3.3.1.1.1. Município de Saubara

FIGURA 4. Mapa de localização do Município de Saubara

Características gerais

Município litorâneo com características típicas de local de veraneio. Muitas

casas são mantidas fechadas na baixa estação só sendo ocupadas durante o verão

e em feriados prolongados.

Possui clima úmido e precipitação pluviométrica em torno de 1.600 mm a

1.800 mm/ano

Os dados contidos no relatório de estudo de seleção de área realizado pela

CONDER indicam que um critério favorável à escolha da área foi a proximidade da

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sede com o distrito de Cabuçu que gera maior quantidade de resíduos do que a

sede, principalmente no verão (BAHIA, 2003b).

A população a ser atendida prevista no projeto do aterro é a urbana

abrangendo 10.073 habitantes (SEI, 2000). O projeto refere-se à população

flutuante, porém a mesma não foi quantificada (BAHIA, 2003b).

Foi prevista a geração de 15t/dia na alta estação e 8t/dia na baixa estação

(BAHIA, 2003b).

O estudo de seleção de área informa que a coleta atinge a área urbana em

100%, atendendo 16.593 pessoas (BAHIA, 2003b).

3.3.1.1.2. Município de Conceição de Jacuípe

FIGURA 5. Mapa de localização do Município de Conceição de Jacuípe

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35

Características gerais

O projeto do ASS do Município de Conceição de Jacuípe apresenta dados

de população urbana de 19.460 habitantes e total de 26.188 habitantes, segundo o

IBGE (2000). Possui clima seco e sub-úmido e precipitação pluviométrica: entre

1.000 e 1.400mm/ano.

O dimensionamento da geração diária de resíduos é da ordem de 13,6

toneladas, considerando uma geração diária de 0,7kg/habitante (BAHIA, 2003c).

O relatório de seleção de área realizado pela CONDER recomenda um

estudo geotécnico e topográfico pormenorizado da área escolhida e que a

CONDER apóie a Prefeitura em programa de educação ambiental, (o que não

aconteceu). Este relatório já apontava a presença de catadores no lixão (BAHIA,

2003 c).

3.3.1.1.3. Município de Itanagra

FIGURA 6. Mapa de localização do município de Itanagra

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36

Características gerais

O município possui 1.857 habitantes urbanos e população total de 4.503

(IBGE, 2000). Na sede do município há poucas ruas calçadas e possui um distrito.

Possui clima úmido e precipitação pluviométrica em torno de 1.811mm/ano.

3.3.1.2. Aterros Considerados com Operação Aceitável pelo MPBA.

3.3.1.2.1. Município de Araci

FIGURA 7. Mapa de localização do Município de Araci

Características gerais

O relatório do Estudo de Seleção de Área realizado pela CONDER adota o

dado de 16.189 habitantes da área urbana (IBGE, 2000). A população total do

município é de 47.584 habitantes. Não se refere à geração dos RSU dos distritos

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37

próximos, limitando-se apenas a citá-los. Calcula uma geração de 8,05t/dia (BAHIA,

2004c)..

Clima semi-árido, precipitação 657mm/ano.

3.3.1.2.2. Município de Tucano

FIGURA 8. Mapa de localização do Município de Tucano

Características gerais

Dados do IBGE apresentam a população urbana de 18.597 e a população

total de 50.943 habitantes.

O estudo de Seleção de Área realizado pela CONDER considerou a

população urbana do distrito sede de 12.399 habitantes e do distrito de Caldas do

Jorro 6.198 habitantes, perfazendo um total de 18.597 habitantes, segundo dados da

prefeitura. O Município possui dois grandes povoados Caldas do Jorro e Cregenhem

(BAHIA, 2004d).

Clima semi-árido, precipitação 580mm/ano.

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3.3.1.2.3. Município de Maracás

FIGURA 9. Mapa de localização do Município de Maracás

Características gerais

Possui os povoados de Pé de Serra, Porto Alegre, Caldeirão dos Miranda,

Capivaras e Moenda, dos quais Porto Alegre possui 1.200 habitantes. A população

urbana é de 18.516 e total de 31.683, segundo dados do IBGE(2000).

Clima semi-árido, precipitação 897mm/anual média chegando a 2.224mm.

Segundo o estudo de seleção de área realizado pela CONDER, existiam

catadores no lixão, porém foi desenvolvido um trabalho para selecionar o material e

encaminhar a um galpão de triagem (BAHIA, 2003e).

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REVISÃO DA LITERATURA

Os temas abordados estão numa seqüência que visa facilitar o

entendimento da complexidade que envolve a criação de estruturas capazes de

operar mudanças na gestão dos RSU e que vão repercutir na operação dos aterros

sanitários.

Por isso, opta-se, inicialmente, em abordar as questões relacionadas com a

criação dos municípios e as políticas de saneamento que foram implementadas no

Brasil e os seus direcionamentos para os RSU, com o objetivo de analisar o

comportamento destes entes federados responsáveis pela questão da destinação

final dos RSU, diante do direcionamento oferecido por essas políticas públicas. Em

seguida busca-se verificar qual o movimento atual para melhoria da gestão dos

serviços públicos e os programas existentes apresentados pelo Governo Federal,

como forma de apoio aos municípios. Para os aspectos técnicos dos RSU estão

apresentados os conceitos, origem, classificação dos RSU e a importância desses

dados para o planejamento. Com referência à gestão dos RSU são abordadas as

principais mudanças ocorridas para o tratamento dos resíduos, a partir da década de

1970, os estudos existentes sobre aterros sanitários simplificados e os aspectos

legais e normativos que regem a matéria.

Estão inseridas, em vários capítulos, observações sobre alguns artigos do

Projeto de Lei 1.991/07, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e que

indicam possíveis mudanças no tratamento dado aos RSU.

O embasamento teórico e o conjunto dos dados colhidos na pesquisa de

campo possibilitaram a análise das hipóteses e a associação de fatores que

intervêm no desempenho operacional dos aterros sanitários simplificados.

4.1 Municípios, processo de descentralização e pobreza

A Constituição Federal de 1988 concedeu a autonomia municipal, após

períodos de conquistas e retrocessos. Na Constituição encontram-se previstas as

competências de cada uma das esferas governamentais, o que significa dizer que,

em se tratando de assuntos de competência exclusiva, o município não fica

subordinado às autoridades federal ou estadual (PINTO, 2002).

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40

A garantia dessa autonomia é exercida com a promulgação das Leis

Orgânicas, criadas pelas Câmaras Municipais.

Ainda na década de 1980, com o processo de democratização e

descentralização fiscal, os municípios brasileiros passaram a ter alteradas as

relações intergovernamentais entre os entes federativos e ter prefeitos eleitos pelo

voto popular, deixando, assim, de derivar sua autoridade política do governo federal

(ARRETCHE, 1999). Foi também, ampliada a parcela dos tributos com as

transferências aos municípios e estes ganham a prerrogativa de tributar impostos de

significativa importância. Passou a autoridade política de cada nível de governo a

ser independente e os municípios autônomos, o que significa, segundo a citada

autora, que o prefeito é autoridade soberana na sua circunscrição (ARRETCHE,

1999).

Entretanto, a prerrogativa de criar novos tributos, não alcançou os

municípios de até 20.000 habitantes, objeto deste estudo, pois, ao serem

desobrigados de elaborar seus Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano,

ficaram sem condição política de usar institutos tributários e financeiros como o

Imposto Predial e Territorial Urbano – IPTU (Lei 10.257/01).

Embora a Constituição Federal de 1988 tenha definido medidas de

descentralização, dando maior autonomia político-administrativa aos municípios

brasileiros e transferindo atribuições, não distribuiu recursos financeiros suficientes e

nem os municípios foram preparados para receber e cumprir essas novas funções

(BREMAEKER, 2004). Para o citado autor, dessa forma, a União se desobrigou de

solucionar problemas de desenvolvimento urbano e regional.

Passam também os municípios, dentro do processo de redução do

tamanho do Estado, por um processo de valorização de governo e são desafiados a

assumir novas responsabilidades, o que vem exigindo dos gestores municipais

novas práticas de governar (PINTO, 2002).

Para que essas mudanças se iniciem é necessário haver uma nova

montagem da estrutura de gestão administrativa nas prefeituras, estabelecendo

funções que tenham por finalidade prestar serviços públicos aos cidadãos e limitar o

poder do governante e este é um processo que está em curso.

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41

Dentre os serviços públicos municipais que devem ser prestados

regularmente e com qualidade figura o manejo adequado dos RSU, incluindo a

destinação final, parte integrante do sistema de resíduos sólidos.

A observação feita por Rangel et al. (1999) apud Lima (2000) sobre o

processo de emancipação dos municípios indica que quando a intenção política

prevaleceu sobre a “reivindicação emancipacionista” (LIMA, 2000, p.4), os

municípios não tiveram estudo de viabilidade para sustentação econômica e por isso

“perenizam a pobreza e envelhecem sem projetarem um processo de

desenvolvimento” (idem).

Ao analisar essa situação, observa-se na Figura 10 que dos então 415

municípios baianos pesquisados pelo PNUD (2000), 83 municípios com maior

quantidade de pobres possuem, aproximadamente, entre 61% a 80% da população

com renda inferior a meio salário mínimo.

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD (2000)

FIGURA 10. Intensidade da pobreza em municípios do Estado da Bahia

A pobreza é medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per

capita inferior a R$75,50, equivalente à metade do salário mínimo vigente em agosto

de 2000 (PNUD, 2000).

A Tabela 6 apresenta os percentuais de pobreza dos municípios

pesquisados, que se situam entre 50,8 % a 75,72%, portanto, muito pobres.

LEGENDA

40,71 a 49,63 83

49,64 a 53,44 85

53,45 a 56,59 81

56,60 a 60,85 83

60,86 a 79,96 83

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TABELA 6. Percentuais de pobreza nos municípios pesquisados

Municípios % de pobres

Araci 75,2

Conceição do Jacuípe 50,8

Itanagra 75,7

Maracás 72,3

Saubara 52,7

Tucano 72,3

Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano, PNUD (2000)

Estes altos índices de pobreza podem refletir a debilidade de movimentos

sociais locais que não interferem nas questões dos RSU, pois estão voltadas para

suprir carências básicas.

4.2. Competências municipais na área ambiental

Com referência às competências municipais na área ambiental, estas se

iniciam em 1988, com a Constituição Federal e prosseguem previstas também em

outras leis federais e resoluções.

a) Na Constituição Federal de 1988, os Artigos 23, 30 e 225 prevêem,

respectivamente, a competência comum da União dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios em proteger o meio ambiente e combater a poluição;

a promoção do adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e

controle do uso, de parcelamento e da ocupação do solo urbano e o direito de

todos em ter um meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao

Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações.

b) Na Lei Federal nº 6.938/81, que dispunha sobre a Política Nacional de Meio

Ambiente seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Esta Lei foi

alterada pela Lei nº. 8.028, de 12 de abril de 1990, já com base na Constituição

Federal de 1988 e, além de estabelecer a Política Nacional de Meio Ambiente,

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43

instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). O SISNAMA é

constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal

e dos Municípios.

Portanto, os municípios são membros do SISNAMA e podem exercer as

atividades de fiscalização ambiental nas suas respectivas jurisdições. Esta Lei dá

competência aos municípios de elaborarem normas ambientais próprias.

c) Na Lei Federal nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como a Lei de

Crimes Ambientais que dispôs sobre as sanções penais e administrativas

derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, no seu art. 70, §

1º autoriza funcionários de órgãos ambientais integrantes do SISNAMA,

designados para as atividades de fiscalização, a lavrar auto de infração

ambiental e instaurar processo administrativo em casos de atos lesivos ao meio

ambiente.

d) Na Lei nº. 10.165, de 27 de dezembro de 2000, que altera a Lei nº 8.939/81 e

institui a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, de competência

do IBAMA, para atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos

naturais. Esta Lei, por meio de convênio do IBAMA com os municípios,

podendo repassar-lhes a atividade de fiscalização e parcela da receita obtida

com esta taxa.

e) A Resolução CONAMA nº 237/97 dá competência ao órgão municipal ambiental,

ouvidos os órgãos competentes da União e dos Estados, quando couber, de

emitir o licenciamento ambiental de empreendimentos com impacto ambiental

local e daqueles que lhe forem delegados pelo Estado por instrumento legal ou

convênio. Para isso os municípios devem elaborar Planos Diretores e criar

Conselhos de Meio Ambiente, conforme o artigo 20 dessa Resolução.

Neste ponto, verifica-se que, somente, a partir de 1988 os municípios

passam a ter formalmente expressa a responsabilidade legal de promover meios

para prestar os serviços públicos de limpeza urbana e proteger o meio ambiente. As

administrações municipais preocuparam-se em retirar os RSU gerados nas sedes

municipais, por meio da coleta, dispondo-os diretamente no solo, formando os lixões,

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sem a preocupação ambiental de dar-lhes um destino adequado. Também as

políticas de saneamento básico não foram dirigidas a solucionar os problemas

causados pelos RSU. E que, por fim, a depender da forma como se deu a criação do

município, muitos perenizaram a pobreza, sem qualquer ação de desenvolvimento,

além de não se imbuírem da responsabilidade ambiental, como órgãos do

SISNAMA.

4.3. Políticas de saneamento básico

Somente a partir da Lei 11.445, de 05 de janeiro de 2007, são

estabelecidas as diretrizes nacionais para o saneamento básico, ao tempo em que

se abrem novas perspectivas para a área dos RSU (BRASIL, 2007).

A Lei 5.318, de 26 de setembro de 1967, a primeira que instituiu a Política

Nacional de Saneamento e criou o Ministério do Interior e o Conselho Nacional de

Saneamento, conceituou saneamento básico como abastecimento de água, esgotos

pluviais e drenagem, controle da poluição ambiental, inclusive o lixo (grifo nosso);

controle das modificações artificiais das massas de água e controle de inundações e

erosões (BRASIL, 1967).

Em 1971, com a criação do Plano Nacional de Saneamento, PLANASA, a

área de saneamento básico experimenta avanços significativos para a cobertura de

abastecimento de água, porém, sem haver maior preocupação com a área de

resíduos sólidos. O PLANASA foi direcionado para o fortalecimento das companhias

estaduais de água e esgoto, transferindo competências do âmbito local para o

estado. Com essa centralização as políticas locais de saneamento básico são

gerenciadas das capitais dos estados, sem considerar a realidade local e sem

contribuir para o fortalecimento administrativo do município (SEDUR, 2007)

Em 1993, foi criado o Projeto de Modernização do Setor Saneamento,

atualmente denominado Programa de Modernização do Setor Saneamento - PMSS

tem por objetivo “criar condições propícias a um ambiente de mudanças e de

desenvolvimento do setor saneamento no País” BRASIL (2006a, p. 3).

A atuação do PMSS está direcionada a reorganizar a política e melhorar a

eficiência da área de saneamento. O Programa produz estudos e pesquisas e a

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realização de atividades de capacitação técnica e viabilizou a criação de um banco

de dados para a área, o Sistema Nacional de Informações em Saneamento, SNIS,

que, com referência a água e esgoto está na sua 12ª edição e na 4ª edição para

Manejo de RSU (ARANTES, 2007). Em 2005, tornou-se responsável pela

coordenação da Rede Nacional de Capacitação e Extensão Tecnológica em

Saneamento Ambiental (ReCESA), criada em 2004, composta de núcleos regionais.

A ReCESA tem o objetivo de estruturar Núcleos Regionais formados por instituições

diversas para capacitação no conjunto das temáticas que integram o saneamento

ambiental.

Em 2003 é criado o Ministério das Cidades que passa a tratar da política de

desenvolvimento urbano e das políticas setoriais de habitação, saneamento

ambiental, transporte urbano e trânsito.

Da análise do Relatório de Investimentos em Saneamento, período 2003 a

2006, pode-se constatar que o trato do tema RSU pela União não foi expressivo. A

Figura 11 apresenta os percentuais dos valores contratados e desembolsados,

segundo a modalidade do serviço de saneamento básico, no período 2003 a 2006,

demonstrando que os investimentos para a componente RSU, situaram-se ainda em

patamar inferior à drenagem pluvial, evidenciando a insuficiência de recursos para

alterar o quadro atual no Brasil.

26,69

5,27

1,78

27,31

19,89

5,59

1,26

26,46Água

Esgoto

Drenagem

Resíduos Desembolsado

Contratado

Fonte: Adaptado de Brasil, 2005b

FIGURA 11. Percentuais de gastos e desembolsos, segundo a modalidade de serviço de saneamento básico

sólidos

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46

Com referência às políticas de saneamento básico, Demajorovic et al.

(2006, p. 3) entendem que “Ao deixar a questão dos RSU em segundo plano os

governos federal, estadual e municipal contribuíram para a proliferação dos lixões

entre 1970 e 1980”.

Continuando o autor afirma que, por terem os RSU ocupado por muito

tempo uma posição secundária no saneamento básico fica explicado o

desenvolvimento tardio dessa componente, pois o PLANASA em 1971 visou

melhorar o abastecimento de água e esgotamento sanitário. Dentre outras razões

que podem explicar a não prioridade dos resíduos sólidos destacam-se: o descaso

ou desconhecimento por parte da sociedade sobre os impactos sócio-ambientais

gerados pelos RSU; a escassez de recursos públicos para esta atividade; e uma

cultura privilegiando uma abordagem técnica e não sócio-ambiental da questão,

conclui Demajorovic et al. (2006).

Heller apud Brasil MTb (2002) afirma que o saneamento básico no Brasil,

atendeu a interesses dominantes que determinaram as ações, não considerando a

necessidade de atendimento da prestação do serviço com eqüidade, o que

determinou a exclusão de segmentos da sociedade das políticas de saneamento

básico. Dessa forma, a água mostrava-se mais atraente em função da possibilidade

do lucro, o que fragmentou a visão do saneamento básico, que se manifestou

também, institucionalmente, na relação entre Estados e Municípios (REZENDE e

HELLER, 2002 apud BRASIL, 2002). O autor coloca também que o PMSS deu

suporte técnico à política do capital privado no controle das operadoras.

Portanto, conclui-se que a maioria dos municípios de pequeno porte

enfrenta dificuldades financeiras e não são capazes de desempenhar o papel

autônomo de ente federado que lhe é garantido pela constituição e a sua

responsabilidade com as questões de RSU não alcança o tratamento e a destinação

final. Fica claro também que as políticas públicas de saneamento básico até então

implementadas não foram suficientes para alterar a destinação final, apenas

possibilitaram melhorias nos índices de coleta regular.

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47

4.4. Gestão Pública

4.4.1. Síntese dos elementos atuais para a gestão pública

Atualmente há um movimento para melhoria da gestão pública, após o

Decreto 5.378, de 23 de fevereiro de 2005, que instituiu o Programa Nacional de

Gestão Pública e Desburocratização. Este Programa tem por foco os interesses do

cidadão e por objetivos “IV) assegurar a eficácia e efetividade da ação

governamental, promovendo a adequação entre meios, ações, impactos e

resultados” ; e “V) promover a gestão democrática, participativa, transparente e

ética” (BRASIL, 2005a, p. 1).

O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão no seu programa

Gespública apresenta um esquema para a gestão das organizações do setor

público brasileiro, e recomenda focar a gestão em resultados, orientada para o

cidadão, para a melhoria da qualidade dos serviços públicos. O Programa

estabelece que os fundamentos da gestão pública devem estar em conformidade

com o que está apresentado na Figura 12 (BRASIL, 2007d).

Fonte: BRASIL (2007d)

FIGURA 12. Modelo de excelência em gestão pública

222 EEEssstttrrraaatttééégggiiiaaasss eee PPPlllaaannnooosss

111 LLLiiidddeeerrraaannnçççaaa

333 CCCiiidddaaadddãããooosss SSSoooccciiieeedddaaadddeee

555 PPPeeessssssoooaaasss

666 PPPrrroooccceeessssssooosss

777... RRReeesssuuulll tttaaadddooosss

4. Conhecimento e informação

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48

Outros instrumentos de planejamento para a gestão pública são os Planos

Plurianuais (PPA). Todos os entes federados têm a obrigação de elaborar seus

orçamentos, os quais se constituem em compromissos assumidos alinhados com

ideais de eqüidade e dinamismo e exigem uma atuação capaz de transformar esse

compromisso em realidade (BRASIL, 2003).

De acordo com o Plano do Governo Lula (BRASIL, 2003), implementar as

ações com foco nos resultados requer: a) ajuste de estratégias; adoção de metas;

adequação de estruturas e modelos institucionais para agilizar o processo decisório;

c) aprimoramento dos processos de trabalho; d) adequação dos quadros funcionais;

e) conduta ética e participativa e o aprimoramento ao atendimento do cidadão.

Conforme ainda a referida publicação, buscar a eficiência “é fazer melhor com os

recursos disponíveis” (BRASIL, 2003, p.10).

A adoção desse modelo de gestão pública, proposto pelo governo federal,

ao ser adaptado aos serviços públicos de limpeza urbana, pode dar uma nova

qualificação aos serviços de limpeza urbana dos municípios.

Observa-se que esse movimento de melhoria da gestão pública não

alcançou todos os municípios brasileiros, que continuam a fazer gestão (grifo

nosso) de acordo com o perfil do gestor municipal.

Um Modelo de Gestão de Limpeza Urbana da Fundação Nacional da

Qualidade está sendo aplicado na Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio

de Janeiro, COMLURB estruturado de forma sistêmica em sete critérios: liderança,

informações e conhecimento; pessoas; processos; resultados; clientes; estratégias e

planos, “norteiam a modelagem de uma gestão própria que garante a melhoria

contínua dos processos” (PUPPI, 2007, p. 10).

4.5 Apoio institucional aos municípios

Em face da pouca capacidade dos municípios de solucionarem as

questões dos RSU algumas instituições do Governo Federal respondem por ações

promotoras e por meios de financiamento, visando alterar o quadro da gestão dos

RSU, especialmente da destinação final.

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49

A responsabilidade das ações no âmbito federal está assim distribuída:

Ministério das Cidades, por meio da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental,

apóia projetos para implantação e ampliação dos sistemas de RSU para cidades

com população superior a 250 mil habitantes ou regiões metropolitanas.

O Ministério do Meio Ambiente atende a municípios com população entre

50 mil e 250 mil habitantes, apoiando projetos demonstrativos, aproveitamento

energético das emissões de metano, disposição de gestão integrada e capacitação

de agentes para a gestão.

O Ministério da Saúde por meio da Fundação Nacional de Saúde,

FUNASA, atende projetos de coleta, tratamento e disposição final para a prevenção

e controle de agravos em municípios até 50 mil habitantes ou com risco de

transmissão de dengue.

Cabe ainda aos Ministérios: do Trabalho apoiar a organização de catadores

de materiais recicláveis; do Desenvolvimento Social e Combate à Fome apoio aos

comitês gestores do Lixo & Cidadania e ao do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio Exterior, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e

Social-BNDES financiar projetos de tratamento de RSU.

O Sistema Nacional de Informações em Saneamento - SNIS, desde 2002

publica um relatório para RSU contendo informações de caráter operacional,

gerencial, financeiro e de balanço, de acordo com informações fornecidas pelos

municípios.

Segundo o Ministério das Cidades, as informações, os dados históricos e

os indicadores do SNIS destinam-se às ações de planejamento e de orientações

para as políticas públicas e visam estimar a aplicação de investimentos, a

construção de estratégias de ação, o acompanhamento de programas e a avaliação

de desempenho dos serviços.

A definição de indicadores vem preencher uma lacuna nas avaliações de

desempenho operacional dos sistemas de limpeza urbana e devem servir de

parâmetros para as prefeituras.

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50

O apoio do Governo do Estado da Bahia às ações de resíduos sólidos, até

o ano de 2006, ocorreu, na sua maioria, em função de programas financiados com

recursos externos, em que essa componente aparecia como demanda para ser

atendida. Foram planos, programas e projetos como o Projeto Metropolitano, o

Programa Bahia Azul/Baía de Todos os Santos (BTS), o Programa de Administração

Municipal e Desenvolvimento de Infra-estrutura Urbana - PRODUR, o Programa de

Desenvolvimento Turístico – PRODETUR. Outros programas foram Nascentes do

Paraguaçu, com recursos do Ministério do Meio Ambiente e o ProSanear com

recursos da Caixa Econômica Federal e com recursos do orçamento do Estado,

construídos 35 aterros simplificados, até 2006.

Essas ações, a exceção das obras dos 35 aterros sanitários simplificados,

abrangeram planos de gestão de limpeza urbana, seleção de áreas para aterros

sanitários, doação de equipamentos, construção de aterros sanitários tipo

convencional, alguns, programas de educação ambiental e um banco de dados da

situação de destinação final de 96 municípios do Estado da Bahia.

O Estado da Bahia não tem uma política de resíduos sólidos, não elaborou

ainda um plano estadual de resíduos sólidos, para atuar nos municípios, nem criou o

ICMS ecológico como incentivo à melhoria da destinação final dos RSU.

4.4. Resíduos Sólidos Urbanos

4.4.1. Aspectos gerais

De Conto et al. (2007) identificam, a partir da análise dos trabalhos

apresentados em eventos técnicos científicos sobre RSU, tendências da hierarquia

das etapas propostas para o seu gerenciamento. Segundo os autores, ao analisar

os RSU como objeto de estudo nos Congressos da Associação Brasileira de

Engenharia Ambiental, Abes, entre 1960 e 2005, os resultados permitiram concluir

que 98,07% dos trabalhos preocuparam-se em estudar soluções corretivas e

passivas da gestão dos RSU e, apenas, 1,93% referiram-se a medidas de prevenção

e minimização da geração.

Na pesquisa bibliográfica identificou-se vasta literatura sobre RSU tratando

o tema com objetivos diversos, na sua maioria, dando ênfase a estudar os aspectos

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técnicos dos RSU, isto é, caracterização, formas de acondicionamento, coleta,

destinação final, reciclagem e compostagem, coleta seletiva, catadores, aspectos de

políticas públicas e embalagens. Encontrou-se também o tema incluído como

elemento de gestão ambiental e poluição no meio físico e na saúde da população.

Muitos autores colocam a gestão como a forma de manejo dos RSU,

privilegiando o tratamento do assunto dentro de uma visão de limpeza urbana,

oferecendo conceitos, formas de caracterização e de coleta regular e seletiva,

aterros sanitários, construção e seleção de áreas. Outros enfocam a gestão,

especificamente por tipos de resíduos como: gestão de resíduos de serviços de

saúde, da construção civil, tóxicos, elétrico-eletrônicos.

Mais recentemente, o aspecto social tem sido observado na medida em

que aumentam os problemas de desemprego e de valorização da parte reciclável

dos RSU.

Para esclarecer o conceito de gestão de RSU, que será utilizado neste

trabalho, recorre-se a Leite (1999) apud Azambuja (2002) e a Zanta e Ferreira

(2003) que fazem a necessária distinção entre os termos gestão e gerenciamento.

Para as autoras a gestão refere-se às decisões de caráter estratégico, indica

prioridades, seleciona as tecnologias que serão utilizadas, as condições políticas,

institucionais, legais, financeiras, sociais e ambientais que são necessárias ao

planejamento do sistema de RSU. O gerenciamento, por outro lado, visa ações

práticas de operação do sistema de limpeza urbana.

Lima (2001) utiliza também a distinção entre os dois conceitos, o que vai

permitir dar maior consistência aos estudos sobre RSU e facilitar as ações de

planejamento.

Azambuja (2002) sintetiza bem a compreensão dos termos quando afirma

que o termo gestão sugere uma visão ampla do que fazer, já o gerenciamento

sugere o como fazer.

Vale destacar que o Projeto de Lei 1.991/2007, que estabelece a Política

Nacional de Resíduos Sólidos faz essa diferenciação dos dois termos na Seção

Única “Das Definições” (BRASIL, 2007a).

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52

A importância dessa distinção se reflete no planejamento do sistema de

RSU, pois é preciso que a gestão defina as diretrizes de caráter estratégico, o

modelo tecnológico a ser utilizado e contemple estruturas gerenciais suficientes,

para garantir a operação adequada dos aterros sanitários que é uma ação

pertencente ao gerenciamento.

4.4.2. Conceitos e princípios atuais para a gestão dos RSU

Os conceitos de RSU encontrados na literatura, conforme apresentado no

Quadro 3, não consideram o sentido de que todo lixo é matéria (SILVEIRA e

MORAES, 2007). Os autores afirmam que inexistindo uma relação entre o conceito

adotado e as implicações com o seu manejo, dificilmente as pessoas entenderão

que as suas “sobras” são matérias reaproveitáveis ou transformáveis. Afirmam ainda

os autores que tais definições não destacam a diferença entre os materiais que

podem ser reintegrados ao ambiente ou ao processo produtivo e não induzem o

gerador a atuar responsavelmente com os RSU que gera.

QUADRO 3. Conceitos sobre RSU encontrados na literatura

EU São substâncias ou objetos listados na categoria do Anexo I os quais seu proprietário descarta ou é solicitado a descartar (European Council, 1991).

OECD São materiais diferentes de materiais radioativos que se pretende dispor por razões especificadas nesta tabela (OECD, 1994).

UNEP São substâncias ou objetos os quais são dispostos ou se tem pretensão de dispor ou são solicitados a serem dispostos de acordo com a lei (European Council, 1993).

Fonte: Pongrácz, 2004

Quadro 3A.

EU São todos aqueles materiais gerados nas atividades de produção, transformação ou consumo, que não alcançaram valor econômico e social imediato (BRAGA, 2000a apud AZEVEDO, 2004).

ALEMANHA É tudo que se gera na produção, fabricação e processamento cuja geração não era intenção original do processo (TEGGE, 1997 apud AZEVEDO, 2004).

Fonte: Azevedo, 2004

Quadro 3B.

Brasil

(ABNT)

Resíduos sólidos são resíduos em estados sólidos e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos neta definição, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível. (ABNT, 2004)

Brasil

Resíduo é o material ou resto de material cujo proprietário ou produtor não mais o considera com valor suficiente para conservá-lo (AZEVEDO, 2004; BRAGA et al., 2004)

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53

Brasil São os restos das atividades humanas, considerados por seus geradores como inúteis, indesejáveis e descartáveis. sólidos são os que se apresentam em estado sólido, semi-sólido ou semi-líiquido (isto é, com um conteúdo líquido insuficiente para que este material possa fluir livremente (IPT, 1998).

Fonte: Silveira e Moraes (2007)

O Projeto de Lei 1.991/07 define RSU quanto ao estado físico e quanto à

origem. Conforme inciso XIII do artigo 7º, deste Projeto de Lei, resíduos sólidos são:

“resíduos no estado sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem

urbana, industrial, de serviços de saúde, rural, especial ou diferenciada” (BRASIL,

2007a, p.3).

Schalch (2001) apud Lopes (2004) ao comentar a definição da NBR –

10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, observa que, ela

permanece a mesma de 1987 na sua atualização em 2004, não contemplando

termos como redução, reutilização e reciclagem, utilizados, atualmente, como

princípios para a gestão.

O princípio da redução consiste em evitar a geração dos RSU adotando-se

melhores práticas de aquisição e consumo ou substituindo embalagens descartáveis

por embalagens reutilizáveis para acondicionamento do transporte de produtos de

feiras e supermercados. Neste caso, pode-se substituir o uso dos sacos plásticos,

muito encontrados em terrenos baldios nas cidades pesquisadas, conforme Figura

13, por sacolas reutilizáveis.

FIGURA 13. Terreno baldio com grande quantidade de saco plástico fino espalhado pela ação do vento. Município de Araci. 19/09/07

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54

Além disso, outra forma para reduzir a geração dos RSU, é reverter a

questão da obsolescência programada, principalmente, de produtos eletro-

eletrônicos, cujo encurtamento da vida útil requer constante reposição.

Reutilizar significa o reaproveitamento dos materiais gerados, dando-lhe

utilidade e evitando adquirir novo produto.

Reciclar consiste em “dar nova vida” aos materiais (LOPES, 2003, p.7),

transformando-os em novos produtos.

Com referência à reciclagem, Lima (2005) faz uma advertência sobre a

necessidade de se estudar o ciclo de vida do material a ser reciclado, avaliando o

consumo de energia e água e os impactos no meio ambiente, durante o processo de

reciclagem.

Novos conceitos que também auxiliam a construção do modelo de gestão

dos RSU são:

a) Análise do ciclo de vida que, segundo Kiperstock et al. (2002), é um dos

instrumentos utilizados para avaliar a ecoeficiência de um produto. A

ecoeficiência é uma avaliação que busca associar ao produto os encargos

ambientais (consumo de energia, água, geração de resíduos, emissões) e

impactos sobre a saúde humana (KIPERSTOK et al., 2002).

b) Logística reversa, outro conceito contemplado no artigo 11 do PL 1.991/07.

Stock (1998) apud Lima (2005, p.108) descreve:

logística reversa se refere ao papel da logística no retorno de produtos, redução na fonte, reciclagem, substituição de materiais, reuso de materiais, disposição de resíduos, reforma, reparação e manufatura..

Adotando a logística reversa para os RSU ocorrerá um “alongamento” do

ciclo de vida do produto.

No Projeto de Lei 1.991/07 da Política Nacional de Resíduos Sólidos estes

dois conceitos estão contemplados na seção “Das Definições” (BRASIL, 2007 a).

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55

Com base nas conceituações apresentadas entende-se RSU como

matérias-primas de um “novo” sistema produtivo, o que pode reduzir problemas de

degradação ambiental.

Pressupõe também necessário rever o conceito de um projeto de

destinação final de RSU, de forma a incorporar o máximo aproveitamento dos

resíduos. Desse modo, é possível reverter a finalidade dos aterros sanitários

(aterramento) e introduzir a perspectiva de sustentabilidade.

4.4.3. Aspectos técnicos dos RSU

4.4.3.1. Origem, geração per capita, classificação e composição

Dados do IBGE indicam a evolução de 49% da geração de RSU no Brasil

no período 1989/2000, enquanto no período 1991/2000 a população cresceu 16,43%

(IBGE, 2006).

Para Zanta e Ferreira (2003, p. 3) a própria definição da Associação

Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, por sua NBR 10.004 de 2004, apresentada

no Quadro 3, evidencia a complexidade dos RSU, ao considerar a diversidade da

sua origem.

A NBR 10.004 (ABNT, 2004) ao classificar os RSU quanto aos seus riscos

potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, busca auxiliar o seu adequado

gerenciamento evitando o perigo da contaminação. A classificação tem por base a

origem do resíduo e verifica o seu enquadramento dentro das listagens que estão

anexas à Norma. Desse modo, a classificação está baseada no processo de

produção para enquadramento do resíduo em: i) classe I (perigoso); ii) resíduo

classe II (não perigoso) que se subdivide em II A – não inertes e II B – inertes.

O PL 1.991/07 da Política Nacional de Resíduos Sólidos traz também uma

classificação dos resíduos: i) quanto à origem, ii) quanto à finalidade, incluindo,

neste caso, os resíduos sólidos reversos, aqueles que servirão de insumos para

confecção de novos produtos, bem como os rejeitos, ou seja, aqueles que “tiveram

esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos

tecnológicos acessíveis e disponíveis” (BRASIL, 2007a, p.5).

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56

Por isso, conhecer as características dos RSU permite a “escolha da

estratégia mais viável para o gerenciamento” (ZANTA e FERREIRA, 2003, p.6). De

acordo com a origem dos resíduos, são necessárias formas diferentes de

acondicionamento, meios de transporte, coleta, reaproveitamento e destinação final.

A caracterização dos RSU contribui para a gestão, pois, permite considerar

no planejamento a implantação e manutenção de centros de reciclagem, disposição

final, aproveitamento energético e a política pública para o financiamento.

No que tange ao planejamento da gestão, outro dado necessário é

conhecer a geração per capita dos RSU, o que irá permitir estimar a quantidade a

ser gerada na perspectiva de longo prazo, de acordo com a dinâmica de crescimento

da população do município.

Na América Latina e no Caribe a taxa de geração per capita está em torno

de 0,790kg/hab/dia, com variação nos países com baixo Índice de Desenvolvimento

Humano, IDH, os quais revelam uma geração de, aproximadamente,

0,250kg/hab/dia (SEGALA, 2006).

Na Bahia, dados mais recentes do Projeto Nascentes do Paraguaçu,

coordenado pelo Instituto de Meio Ambiente, IMA, mostram o per capita dos RSU

gerados nos municípios de Lençóis, Palmeiras e Ibicoara, o que pode ser conferido

na Tabela 6.

TABELA 6. Geração per capita dos RSU dos Municípios de Lençóis, Palmeiras e Ibicoara, Bahia

Municípios Per capita kg/hab/dia

Ibicoara 0,47 Lençois 0,50 Palmeiras 0,75

Fonte: BAHIA (2005a)

A caracterização gravimétrica de RSU em municípios onde são efetuadas

pesagens periódicas das quantidades de resíduos gerados demonstra que ocorrem

variações significativas decorrentes de diversos fatores. Lima (2001) atribui essa

variação em razão da interferência de fatores tais como: população, renda, tipo de

atividade produtiva predominante no município, nível social, sazonalidade, nível

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57

cultural da população e a existência ou não de programas de coleta seletiva e de

conscientização das comunidades locais voltadas à redução da geração de RSU.

Os resultados obtidos nos estudos de caracterização diferenciam a

composição dos RSU e identificam a presença de materiais orgânicos, recicláveis e

rejeitos. A composição gravimétrica, dos resíduos sólidos domésticos, apresentada

na Tabela 7 foi obtida pelo método do quarteamento para os municípios de Ibicoara,

Palmeiras e Lençóis e demonstra o alto percentual de matéria orgânica, seguido de

resíduos inertes.

TABELA 7. Composição gravimétrica dos resíduos sólidos domésticos dos municípios de Lençóis, Palmeiras e Ibicoara, Bahia

Média Ponderada Entre as Classes (%) Componentes

Ibicoara Palmeiras Lençois

Matéria Orgânica 55,3 40,97 59,07 Papel 1,92 1,56 2,15 Papelão 2,75 2,68 4,31 Osso 1,33 0,53 0,13 Vidro 3,53 2,36 3,39 Plástico mole 4,54 7,11 7,35 Plástico duro 6,08 2,71 2,64 Metal 4,43 2 1,74 Casca de ovo 0 1,03 0 Trapo/ couro 1,34 5,84 4,68 Madeira 1,65 1,87 0,46 Lâmpada Incandescente 0 0 0,04 Inerte (terra e similares) 11,79 24,29 5,52 Seringa 0 0 0 Fita Cassete 0 0,01 0 Tetra Pack 0,2 0,03 0,04 Lâmpada 0,09 0,07 0 Lâmina 0 0,06 0 Lixa 0 0 0,04 Laminados 0,07 0,15 0,39 Borracha 0,75 1,31 0,48 Cerâmica 0 0 0,09 Espuma 0,02 0.15 0,03 Pilha Alcalina 0 0,01 0 Saco de nylon 0 0 0,29 Outros* 4,1 5,39 7,01 Caixa de Fósforos 0 0 0,05 Isopor 0,11 0,02 0,04 TOTAL 100 100 100 Fonte: BAHIA (2005a)

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58

Assim, é possível perceber que há toda uma complexidade para

construção de um modelo de gestão de RSU, haja vista que devem ser

considerados os conceitos empregados, a quantidade diariamente gerada, a

diversidade dos tipos de RSU, as suas características e o seu poder de

contaminação. Para cada tipo de resíduos gerados são exigidas diferentes formas

de transporte, de tratamento e de destinação final.

4.5. Gestão dos RSU

Do final do século XIX até os dias atuais, a geração dos resíduos é reflexo

de fatores tais como: aumento da população, processo acelerado de urbanização

das cidades, economia do desperdício, ampla diversidade e qualidade dos materiais

empregados no processo produtivo e da valorização do consumo.

Porém, a partir da metade do século XX, ao se constatar que o seu efeito

poluidor, por vezes, demonstra-se irreversível, vem ocorrendo uma tomada de

consciência da sociedade no sentido de reorientar esse crescimento de RSU.

Demajorovic (1995) classifica a evolução da gestão dos RSU em três

fases:

A primeira prevaleceu até a década de 70 e significou aumento da pressão

por recursos naturais, aumento do consumo e aumento do volume de resíduos para

a disposição final.

A segunda fase ocorreu a partir da década de 70 quando começaram a

surgir grupos ambientalistas e os espaços para a disposição final se tornaram

escassos. Os danos, cada vez maiores, provocados pela disposição dos resíduos no

solo revelaram as limitações dessa alternativa. Nesta segunda fase foram

estabelecidas novas prioridades para a gestão de RSU, com vista a reduzir o volume

de materiais a serem dispostos, inserindo-se a reciclagem, o aproveitamento

energético e a sua disposição em aterros sanitários.

Na terceira fase, a partir da década de 80, a redução na fonte foi

incorporada como princípio de gestão.

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59

A valorização da reciclagem e promoção de ações educativas para

mudanças de valores e hábitos da sociedade são elementos somente incorporados

a partir de 1990.

Assim, o modelo atual de gestão dos resíduos sólidos urbanos adota os

princípios da redução na fonte (redução do consumo, redução de uso de produtos

novos), da reutilização, da reciclagem e do reaproveitamento da energia contida nos

RSU.

A Agenda 21, documento assinado durante a Conferência das Nações

Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio/92), propõe uma hierarquia

dos programas relacionados com os resíduos. Segundo a Agenda 21, deve ser

obedecida uma abordagem preventiva: a) redução ao mínimo dos resíduos; b)

aumento ao máximo da reutilização e reciclagem ambientalmente saudáveis dos

resíduos; c) promoção de formas de tratamento ambientalmente saudáveis dos

resíduos; d) ampliação do alcance dos serviços que se ocupam com os resíduos.

Para Moraes (2007) a gestão, de um modo geral, constitui-se em um

processo de estratégias e definições que conduzam a uma estrutura organizacional

capaz de executar as atividades que lhe são atribuídas e de verificar o controle de

sua execução, além de efetuar as correções necessárias.

Com referência, especificamente, à gestão dos RSU, Moraes (2003)

apresenta proposta de um novo paradigma para a questão, por meio da Gestão

Integrada e Sustentável de RSU-GISRSU.

As soluções, geralmente isoladas e estanques, até aqui praticadas, cometem o equívoco de tratar de forma parcial a problemática de resíduos sólidos urbanos. A solução pode estar no desenvolvimento de modelos integrados e sustentáveis, que considerem desde o momento da geração dos resíduos, a maximização de seu reaproveitamento e reciclagem, até o processo de tratamento e destinação final (MORAES, 2003, p.1).

Com base nesses referenciais teóricos há que se formular um modelo de

gestão integrada considerando todas as etapas do sistema de resíduos sólidos,

evitando-se soluções isoladas. Isto significa que, ao construir o aterro sanitário

simplificado serão necessárias intervenções na forma de coleta e na estrutura

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disponível para o seu gerenciamento, para que a solução adotada alcance o objetivo

de tornar adequada a disposição dos RSU.

A Figura 14 apresenta os pilares da gestão de um sistema de RSU para

uma cidade de pequeno porte. Do pilar 1 ao 4 estão relacionadas as tomadas de

decisão de nível estratégico e, do pilar 5 ao 7, as diretrizes que devem nortear o

modelo tecnológico a ser adotado pelo município. A incineração não aparece como

opção, por ser pouco utilizada no Brasil, mesmo que para aproveitamento

energético.

Pilar 1 – vontade/decisão política Pilar 2 – participação social Pilar 3 – planejamento Pilar 4 – financiamento/recursos/preços a cobrar dos usuários Pilar 5 – Prevenção/redução/reutilização/seletividade por tipo de /catadores Pilar 6 – Compostagem Pilar 7 – Aterramento/confinamento Fonte: Adaptado pela autora www.netresiduos.com

FIGURA 14. Pilares para apoio à gestão de RSU em municípios de pequeno porte

Para Kiperstok et al. (2002) a gestão dos RSU deve estar baseada na idéia

de perda de material e energia, iniciando-se com a concepção do produto indo até o

aproveitamento da matéria da qual ele foi constituído, sendo capaz de transformá-lo

em um novo produto.

As soluções para os problemas oriundos da geração de RSU são

complexas por exigirem forte participação da sociedade e são onerosas, por

necessitarem de equipamentos pesados para a remoção e transporte até a

destinação final.

Base de apoio social, política, técnica, econômica, legal

Desenvolvimento da gestão de RSU

1 2 3 4 5 6 7

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Nesse sentido, Demajorovic et al. (2006) reconhecem a importância dos

diversos atores sociais como co-responsáveis na gestão dos RSU.

Oliveira (2002) refere-se à experiência que a Alemanha possui no

desenvolvimento de tecnologia ligada ao tratamento dos RSU. Hahn (1994) apud

Oliveira (2002) informa que desde a década de 1970 esse país reconheceu os RSU

como “materiais valiosos” e que o processo não ocorreu de forma imposta, mas

acompanhou uma evolução cultural, com implantação paulatina.

Eigenheer (1999b, p.119) apud Oliveira (2002) faz uma comparação

entre os estágios que se encontravam, em 1999, o Brasil e a Alemanha:

A Alemanha está, sem dúvida, na vanguarda na gestão de resíduos sólidos e deve ser observada atentamente. Problemas subsistem, apesar de não tão evidentes ao observador menos atento. Importa notar também que as políticas traçadas foram de longo e médio prazo. No Brasil, a despeito de sermos compatíveis com a oitava economia do mundo, sequer demos os primeiros passos que já se mostravam imprescindíveis na Alemanha nos anos sessenta, como é o caso do fim dos lixões (grifo nosso). As desigualdades sociais e regionais tornam ainda mais complexa a situação brasileira. Na proposta alemã a utopia de superação do lixo está presente e de alguma forma explícita. As dificuldades são grandes, e não se deve manter uma postura eufórica, ainda que os resultados sejam satisfatórios.

Na Alemanha, a gestão dos RSU prevê o enterramento de resíduos depois

de esgotadas todas as possibilidades de reaproveitamento. Os domésticos são

separados em orgânicos; embalagens; revistas, jornais e papéis; materiais perigosos

(pilhas, baterias, tintas, remédios, óleos, etc.); roupas; eletrodomésticos e tudo que

sobra segue para aterramento.

Azevedo (2004) também entende que a segregação de materiais, em

conjunto com a coleta seletiva, apresenta-se como uma das formas de minimização,

desviando-os do aterro.

Pellegrino (2003) cita como forma de apoio à gestão dos RSU a

regulamentação ambiental, implantada nos Estados Unidos, que consiste em

empregar no processo produtivo as tecnologias limpas, o que tem resultado em

melhorias na qualidade ambiental.

Tecnologias limpas significam a aplicação continuada de estratégias

econômicas, ambientais e tecnológicas integradas aos processos produtivos. Dessa

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forma, é possível evitar a geração de emissões e aumentar a eficiência no uso de

matérias-primas, água e energia, por meio da não geração, minimização ou

reciclagem de gerados no processo produtivo (KIPERSTOK et al., 2002).

Nunesmaia (2002) propõe um conceito de gestão socialmente integrada

que remeta aos aspectos sanitários, ambientais e econômicos, à participação da

sociedade, considerando a realidade local. Para a autora a gestão dos RSU no

Brasil apresenta contradições por ter anseios de países do primeiro mundo e não ter

como vencer limitações nos serviços de limpeza urbana.

Para Chenna (2001) apud Demarojovic et al. (2006) o problema dos RSU é

visto, quase sempre, como a “engenharia da limpeza”, isto é, o planejamento

resume-se em escolher o tipo de transporte, ampliar o quantitativo de funcionários e

melhorar a destinação final, não existindo uma visão ampla da problemática dos

RSU.

Azambuja (2002, p. 26) conceitua gestão de RSU “como a combinação e

otimização dos vários recursos disponíveis para alcançar, dentro de parâmetros

ambientalmente corretos, os objetivos de: diminuir a geração dos resíduos, coletá-

los, valorizá-los, tratá-los e dar a estes uma destinação final adequada”. Esta autora

coloca ainda que é possível encontrar na ciência da administração teorias

organizacionais que são embasadas no planejamento, na implementação e no

controle dos projetos para alcance de seus objetivos, para auxiliar a estruturação de

um modelo gestão de RSU.

Heller et al. (2006, p. 325) ao referirem-se à escassa literatura nacional

sobre avaliação das políticas públicas implementadas para o saneamento “para

verificar os erros e acertos das opções assumidas pelo Estado e para contribuir para

eventuais ajustes de rumo”, dá um aporte no sentido de inserir no planejamento

alguma forma de julgamento das ações realizadas.

Apesar de alguns autores abordarem a gestão dos RSU considerando

diferentes aspectos, todos afirmam a necessidade de participação da sociedade

para a construção de um modelo de gestão e a adoção dos princípios para reduzir o

aterramento de resíduos.

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O artigo 7º, inciso XI do Projeto de Lei 1.991/07, define gestão integrada

como “ações voltadas à busca de solução para os resíduos sólidos, de forma a

considerar as dimensões políticas, econômicas, ambientais, culturais e sociais, com

a ampla participação da sociedade, tendo como premissa o desenvolvimento

sustentável” (BRASIL, 2007b,p.3).

A recente Lei nº 11.445/07 prevê o consórcio de municípios para a gestão

associada de serviços públicos, o que pode induzir ao compartilhamento da

destinação final dos RSU entre municípios, dando uma nova orientação à gestão

dos aterros sanitários. A formação do consórcio tem o sentido de garantir os

recursos para a gestão dos resíduos e reduzir suscetibilidades aos atritos políticos,

que possam vir a ocorrer, entre gestores municipais. Desse modo, o

compartilhamento de aterros passa também a ser visto como uma prática que pode

ser escolhida pelo município para a gestão dos RSU, com vistas à redução de

custos, minimização de danos ambientais e a garantia de uma melhor operação.

4.6. Aterros sanitários simplificados

Segundo Lima apud Feruccio (2003, p.17), o aterro sanitário é uma das

práticas mais antigas e utilizadas para a disposição dos RSU, por “sua relativa

simplicidade de execução, tendo como fator limitante a disponibilidade de áreas

próximas aos centros urbanos”.

Aterro sanitário é definido pela NBR 8.419/84 da ABNT como:

Técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, minimizando impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os a menor área possível e reduzi-los ao menor volume possível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores se for necessário (ABNT,1984).

A NBR 8.849 (ABNT,1985) definiu procedimentos para construção de

aterros controlados, a fim de viabilizar a adequada destinação dos resíduos sólidos

em municípios cujos projetos de aterros sanitários se mostrassem onerosos. As

exigências construtivas dessa NBR referem-se mais à execução das drenagens,

sem citar impermeabilizações ou unidades de tratamento de lixiviados. Para a

operação do aterro controlado a ABNT faz algumas exigências quanto a

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isolamentos, preparo do local onde serão dispostos os resíduos, controle da

quantidade e composição dos resíduos recebidos e depositados, descrição do

método de operação e seqüência do preenchimento do aterro, com indicação de

espessura de camas e cobertura dos taludes.

As tecnologias simplificadas de destinação final dos RSU, também

denominadas de aterros em valas, aterros sustentáveis ou aterros manuais surgem

como resposta aos riscos das diversas formas de poluição causadas pelos lixões

das cidades de pequeno porte. São projetos de engenharia e compreendem um

conjunto de procedimentos que minimizam os impactos a níveis aceitáveis.

Assim, considerando a baixa geração per capita dos RSU nas cidades de

pequeno porte, o aterro sanitário simplificado vem se apresentando como uma

tecnologia apropriada para a destinação final.

Sua concepção é baseada no método de trincheira, executada na forma

trapezoidal, podendo ser aplicado em terrenos planos ou com baixa declividade

(ZANTA e FERREIRA, 2003).

Zanta e Ferreira (2003) citados por May e Zanta (2006, p.3) ao

conceituarem os aterros sanitários simplificados, consideram alguns fatores que

poderão interferir na operação desse equipamento:

[...] tecnologia que além da simplicidade operacional alicerçada, em procedimentos científicos, possui a flexibilidade necessária para compatibilizar sua concepção, projeto e operação com os requisitos ambientais e as potencialidades locais. Considera também a capacitação das equipes de profissionais envolvidos bem como a efetiva incorporação da atividade pelo órgão gestor e pela comunidade, propiciado a manutenção adequada do padrão de operação [...]

Segundo Paiva (2002), a tecnologia simplificada de aterro sanitário foi

estudada no Brasil pelo Programa de Pesquisa em Saneamento Básico, PROSAB,

pela CETESB e pela CONDER.

O Programa de Saúde Ambiental da Organização Pan-americana de

Saúde - OPAS apresenta o aterro manual simplificado como alternativa técnica e

econômica para populações inferiores a 40 mil habitantes, com geração média em

torno de 20t/dia (JARAMILLO e ZEPEDA, 1991).

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Para municípios que possuem população de até 20.000 habitantes, a

adoção de sistemas simplificados de destinação final pode substituir os lixões,

reduzindo os impactos ambientais causados pela deposição sem controle.

Fiúza, Fontes e Cruz (2002) entendem que os aterros sanitários

simplificados são necessários para atender ao grande número de municípios

brasileiros de pequena população, por serem equipamentos construídos com a

devida preocupação ambiental, possuírem simplicidade construtiva e operacional e

baixos custos de implantação e operação, se comparado a outras soluções.

Possibilitam também a reutilização da área após seu fechamento e requerem

simplicidade na monitorização. Suas desvantagens, segundo os autores, são

redução do valor da área de vizinhança, emanação de gases e poeiras (mesmo que

reduzidas), concluem os autores.

O Programa de Pesquisa em Saneamento Básico, PROSAB, é um

programa do Ministério da Ciência e Tecnologia que promove e apóia o

desenvolvimento de pesquisas na área de saneamento ambiental, formando redes

de pesquisas temáticas, com universidades, institutos tecnológicos e empresas. Foi

responsável por desenvolver a implantação do aterro sustentável de Catas Altas,

durante o período de 2001-2003 (FERREIRA, 2004).

O estudo experimental realizado pelo PROSAB, em Catas Altas, município

com 5.000 habitantes, localizado no Estado de Minas Gerais, adota como

metodologia para implantação do aterro sanitário simplificado, os estudos

preliminares, consubstanciados na coleta de dados do município tais como:

população, caracterização dos resíduos e informações sobre os serviços de limpeza

urbana. Envolveu o treinamento dos operadores, a forma de coleta e a participação

da sociedade, para a segregação dos resíduos. A aplicação dessa metodologia

visou garantir a sustentabilidade do aterro. Posteriormente, foi realizada a seleção

da área e elaboração do projeto, com vistas ao método de operação a ser utilizado.

Em Catas Altas é utilizada a operação manual.

Para Ferreira (2004), participante desse estudo, a relação de

sustentabilidade ocorre por haver na quantidade de RSU recursos renováveis e não

renováveis (aqui a autora usa o termo recurso indo ao encontro do que propõe

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Silveira e Moraes (2007) para o conceito de RSU), devendo o planejamento propor

sempre o aumento da parcela de resíduos sólidos recuperáveis, evitando o seu

aterramento (FERREIRA, 2004).

Lange et al. (2002) apud Ferreira (2004) consideraram também a

minimização dos RSU, como elemento capaz de dar maior sustentabilidade ao

aterro.

A adoção da estratégia de minimização constitui-se em uma das formas de

redução da geração de resíduos. Azevedo (2003, p.15) considera que

A minimização é uma filosofia aqui considerada essencial para a gestão dos RSU, porque proporciona economia de matéria prima e conservação dos recursos naturais, redução de custos de manufatura, tratamento e disposição de resíduos.

As tecnologias utilizadas para minimização e tratamento foram: a coleta

seletiva, construção do galpão de triagem e unidade de compostagem, além da

participação social.

Ferreira (2004) sugere que a Política Nacional de Resíduos Sólidos preveja

incentivos fiscais e financeiros não só às instituições que promovem a reutilização e

a reciclagem como as que estimulem a implantação de empreendimentos de coleta

seletiva, triagem e reciclagem.

Ferreira (2004) também defende o envolvimento da Administração Pública

e da sociedade como pressupostos para garantir a sustentabilidade das ações de

resíduos sólidos. Para a sustentabilidade econômica refere-se ao ICMS ecológico de

Minas Gerais que estabelece uma parcela do ICMS estadual para ser distribuída

entre municípios que tenham adotado técnicas de tratamento ou disposição dos

RSU.

A autora faz uma observação sobre o fato de, em Minas Gerais, esta

compensação ter parcela maior para aqueles municípios que optem por utilizar

métodos de tratamento, como unidades de triagem, que nem sempre cumprem sua

função. Para a sustentabilidade financeira a autora cita a cobrança da taxa de

limpeza urbana, devendo, entretanto, cada município definir seu critério de

cobrança.

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A adoção de tecnologia simplificada para destinação está associada à

“simplicidade operacional, baseada em procedimentos científicos, à flexibilidade

necessária para compatibilizar o projeto, a operação, os requisitos ambientais e as

potencialidades locais” e vem sendo entendida como uma forma ambientalmente

segura de tratar os RSU, desde que sejam atendidas condições de seleção de área

e operacionalidade (ZANTA e FERREIRA, 2003, p. 14).

May e Zanta (2006) apresentam uma ferramenta para Análise e Avaliação

da Sustentabilidade de Aterros Simplificados – AASAS, para municípios de pequeno

porte, a partir de diretrizes e de variáveis de controle e variáveis de ação, que

caracterizam as diferentes etapas do aterro sanitário simplificado.

Para a CETESB (1997, p.3), as vantagens de um aterro sanitário em valas

são:

Custo de investimento muito menor que o requerido por outras formas de tratamento de resíduos; custo de operação muito menor que o requerido pelas instalações de tratamento de resíduos; método completo, pois não apresenta rejeitos ou refugos a serem tratados em outras instalações; simplicidade operacional; flexibilidade operacional, sendo capaz de operar bem mesmo ocorrendo flutuações nas quantidades a serem aterradas.

Como desvantagens, a CETESB (1997, p.3) aponta:

Não trata os RSU, consistindo numa forma de armazenamento no solo; requer áreas cada vez maiores; a operação sofre ação das condições climáticas; apresenta risco de contaminação do solo e da água subterrânea.

4.6.1. Operação de aterros sanitários simplificados

Os procedimentos operacionais, em geral, adotados pelo PROSAB pela

CETESB e pela CONDER, referem-se à necessidade de manutenção das vias de

acesso, recobrimento dos RSU diariamente, manutenção dos sistemas de drenagem

pluvial e do lixiviado, quando houver, e limpeza geral da área do aterro.

Para a compactação dos RSU, o PROSAB prevê o apiloamento manual. O

Programa Estadual de Resíduos Sólidos do Estado de São Paulo prevê, para os

municípios que implantam aterros, o recebimento de uma pá carregadeira, para

abertura de novas valas e recobrimento dos resíduos - segundo informações do

técnico acompanhou a autora na visita ao município de Conchas, e deve ser

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utilizada prioritariamente no aterro sanitário simplificado. Para a CONDER, a

compactação visa reduzir o espaço ocupado pelos resíduos, podendo ser feita

manualmente (por meio de um rolo compactador) ou por trator. Esta forma de

trabalhar com a compactação manual não fica muito claro no Manual de Operação

do Aterro Sanitário Simplificado da CONDER (2004).

Visitas técnicas realizadas pela CONDER, em 2005 e 2006, já indicavam

as dificuldades das prefeituras em operar os aterros sanitários simplificados.

Segundo relato de técnicos responsáveis por essa monitorização, a maioria das

prefeituras não dispunha, naquela época, do projeto original fornecido pela

CONDER e nem os prefeitos revelaram o entendimento de que a obra do aterro

sanitário referia-se a uma primeira fase, necessitando ampliação, tão logo a

capacidade da vala estivesse esgotada.

A experiência da CETESB (2005) com a implantação dos aterros em valas

vem tendo um acompanhamento técnico realizado por meio de vistorias nos aterros,

resultando na publicação anual do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos. Da

análise das vistorias realizadas pode-se observar que, em 2005, cerca de 40% dos

aterros implantados apresentaram condições inadequadas de operação e as

desconformidades constatadas com maior freqüência são as seguintes:

Valas abertas em desacordo com o projeto executivo aprovado pela CETESB; resíduos dispostos fora das valas, a céu-aberto; abertura e fechamento de valas em desacordo com os procedimentos técnicos; não recobrimento diário dos resíduos dispostos na valas; queima de resíduos a céu-aberto; disposição de resíduos hospitalares em aterro destinado a domiciliares; presença de aves e outros animais; presença de catadores; separação de resíduos recicláveis na área do aterro (CETESB, 2005, p.6).

Jaramillo e Zepeda (1991) recomendam alguns procedimentos para

controle da operação dos aterros sanitários simplificados. Para os autores todos os

resíduos que chegarem ao aterro devem ser vistoriados, para verificar sua

procedência e tipo (devendo ser registrado em formulário próprio

tipo/quantidade/dia/hora de chegada) e ao motorista do veículo deve ser indicado o

local de descarga no dia, de forma que a frente de trabalho não se amplie e possa

ser controlada. Recomendam também que as ferramentas e equipamentos de

proteção individual sejam fornecidos de forma adequada aos trabalhadores.

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Feruccio (2003) ao analisar a operação dos aterros sanitários de doze

municípios paulistas classificados pela CETESB, como adequados, refere-se aos

métodos construtivos e a possibilidade de interferência destes durante a operação.

Capodagllio (1999) apud Feruccio (2003) considera o líquido gerado pelo processo

de degradação e lixiviação, que afeta a massa de resíduo, fator relevante de risco

ambiental, sendo um dos principais problemas associados à fase de operação de

aterros.

As condições operacionais analisadas por Feruccio (2003) basearam-se

nos dados anualmente publicado pela CETESB no Índice de Qualidade de Aterros

de Resíduos (IQR), que pontua fatores como: a) aspecto geral; b) resíduos

descobertos (frente de trabalho ampla); c) presença de aves e animais; c) presença

de catadores; d) manutenção dos prédios, acessos e cercas; controle das descargas

dos tipos de resíduos; atendimento às especificações do projeto. Como condição

para maior facilidade operacional deve-se observar se o material para cobertura está

localizado próximo ou dentro do aterro.

Feruccio (2003) faz algumas recomendações semelhantes à Jaramillo e

Zepeda (1991), dirigidas aos municípios que queiram manter os aterros em

condições adequadas de operacionalidade, a exemplo de: a) somente construir

galpões de triagem quando houver prévia separação dos RSU; b) adoção de

mecanismos que garantam a continuidade das diretrizes e dos projetos, evitando a

descontinuidade administrativa; c) promoção de ações para estimular a segregação

dos resíduos e, sugere, colocação de containeres de 600 litros com tampa ou sacos

de ráfia de 1.000 litros em condomínios e edifícios; d) criação de uma legislação

municipal regulamentando tanto a prestação do serviço como o comportamento dos

usuários; e) divulgação à população da existência do aterro sanitário, informando

sobre seu funcionamento e necessidade de aumentar sua vida útil; f) controlar o

resíduo que entra no aterro sanitário para ser disposto e a área onde deve ser

disposto; g) a monitorização seja sempre assumida pela Prefeitura; h) construção de

um viveiro de mudas de espécies nativas, na área do aterro sanitário para reposição

da cerca viva, quando necessário; i) não dispor horizontalmente os resíduos nos

aterros de pequeno porte, pois, implica na necessidade de maquinário específico

(mais caro).

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As recomendações dadas pelos autores deixa claro que o planejamento

para uma adequada gestão dos RSU exige uma série de requisitos e ações que

antecedem à estruturação dos sistemas de limpeza urbana de uma cidade e que a

continuada avaliação e monitorização devem integrar os modelos de gestão, pois

possibilitam correções e verificação do cumprimento dos objetivos.

4.8. Aspectos legais e normativos para os RSU

Com relação aos resíduos de serviços de saúde, a Lei nº 8.080/1990, que

regula as ações e serviços de saúde, Lei Orgânica de Saúde, no seu art. 13,

parágrafo II estabelece que a articulação de políticas e programas abrangerá

atividades de saneamento básico e meio ambiente. Atualmente as normas para esse

tipo de resíduo são de competência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

,ANVISA, e do Conselho Nacional do Meio Ambiente, CONAMA, estando em vigor

as Resoluções nº 306/2004 da ANVISA e a Resolução CONAMA nº 358/2005.

A seguir destacam-se as regulamentações sobre resíduos sólidos tratadas

pelas Resoluções CONAMA, por ano de publicação.

1991: Resolução nº06 dispõe sobre a incineração de resíduos sólidos

provenientes de estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos. Resolução número

08, dispõe sobre a entrada no país de materiais residuais.

1993: Resolução nº05 estabelece definições, classificação e procedimentos

mínimos para o gerenciamento de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde,

portos e aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários.

1999: Resolução nº257 estabelece que pilhas e baterias que contenham

em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, tenham os

procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final

ambientalmente adequado. Resolução nº258 determina que as empresas

fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a coletar e dar

destinação final ambientalmente adequada aos pneus inservíveis.

2001: Resolução nº275 estabelece código de cores para diferentes tipos de

resíduos na coleta seletiva.

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71

2001: Resolução nº283 dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos

resíduos dos serviços de saúde.

2002: Resolução nº307 estabelece diretrizes, critérios e procedimentos

para a gestão dos resíduos da construção civil.

2002: Resolução nº308 dispõe sobre licenciamento ambiental de sistemas

de disposição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno

porte.

2005: Resolução nº358 dispõe sobre o tratamento e a disposição dos

resíduos dos serviços de saúde.

Na esfera estadual, a Lei nº 10.431, de 20 de dezembro de 2006, dispõe

sobre a Política de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da

Bahia. Desta Lei destacam-se dois princípios que envolvem questões de resíduos

sólidos: “adoção de práticas, tecnologias e mecanismos que contemplem a eficiência

ambiental na produção de bens e serviços, no consumo e no uso dos recursos

ambientais” e o do “usuário-pagador e poluidor-pagador” (BAHIA, 2006, p.2).

Também prevê a participação da sociedade civil como um dos princípios

para a gestão dos resíduos sólidos urbanos. Dentre os objetivos desta Lei destaca-

se no artigo 3º, inciso II, “a otimização do uso de energia, matérias-primas e

recursos visando a economia de recursos naturais, a redução da geração de

resíduos líquidos, sólidos e gasosos”. Em suas diretrizes, artigo 4º, obriga inserir a

dimensão ambiental nas políticas, planos, programas e projetos e atos da

Administração Pública (BAHIA, 2006, p.2).

Traz, como diretrizes, o incentivo à reciclagem e reuso dos recursos

naturais, ao desenvolvimento de pesquisas, a utilização de tecnologia mais limpas, a

busca da ecoeficiência e as ações orientadas para o uso sustentável dos recursos

ambientais. No inciso V, do artigo 4º, estabelece mecanismos de prevenção de

danos ambientais e de responsabilidade sócio-ambiental pelos empreendedores

públicos ou privados, e o fortalecimento do auto-controle nos empreendimentos e

atividades com potencial impacto no meio ambiente.

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72

Define poluição como “o lançamento, liberação ou disposição de qualquer

forma de matéria ou energia nas águas, no ar, no solo ou no subsolo, em

quantidades, características e duração em desacordo com os padrões estabelecidos

ou que provoquem, direta ou indiretamente, a degradação ambiental” e define

recursos ambientais como “os recursos naturais, tais como o ar, a atmosfera, o

clima, o solo e o subsolo; as águas interiores e costeiras, superficiais e

subterrâneas, os estuários, o mar territorial; a paisagem, a fauna, a flora; o

patrimônio histórico-cultural e outros fatores condicionantes da salubridade física e

psicossocial da população” inclui assim a dimensão do bem-estar psicológico da

população (BAHIA, 2006, p.2).

Esta Lei institui o Cadastro Estadual de Atividades Potencialmente

Degradadores ou Utilizadoras de Recursos ambientais – CEAPD, para fins de

controle e fiscalização das atividades capazes de provocar degradação ambiental.

No seu artigo 29, a Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção à

Biodiversidade assegura que os meios de produção devem visar a produção mais

limpa e observar os princípios norteadores desta Lei e as diretrizes de não geração,

minimização, reutilização e reciclagem dos resíduos e alteração de padrões de

produção e consumo, estimulando e valorizando as iniciativas da sociedade para o

aproveitamento de resíduos reutilizáveis e recicláveis (BAHIA, 2006).

Quanto aos Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos - PGRS, esta

Lei orienta, no seu artigo 31, que as fontes geradoras de resíduos sólidos deverão

elaborar, quando exigido, o seu PGRS contendo estratégia dotada para o

gerenciamento dos resíduos, abrangendo todas as suas etapas, inclusive as

referentes à minimização da geração, reutilização e reciclagem, especificando as

ações a serem implementadas com vistas à conservação e recuperação dos

recursos naturais (BAHIA, 2006).

Na esfera federal a Lei 11.445, de 05 janeiro de 2007, Lei de Saneamento

Básico, ao estabelecer as diretrizes nacionais para o saneamento básico, define os

princípios para a prestação dos serviços públicos de saneamento básico,

constituídos de: a) abastecimento de água; b) esgotamento sanitário; c) limpeza

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urbana e manejo dos resíduos sólidos (grifo nosso); d) drenagem e manejo de

águas pluviais (BRASIL, 2007c).

A limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos é considerada nesta Lei

como o conjunto de atividades, infra-estruturas e instalações operacionais de coleta,

transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo

originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas (BRASIL, 2007c).

No seu artigo 7o a Lei define as atividades do serviço público de limpeza

urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos: coleta, transbordo, transporte,

tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição, da poda

de árvores em vias e logradouros públicos; triagem para fins de reuso ou

reciclagem, de tratamento, inclusive por compostagem, e de disposição final

(BRASIL, 2007c).

Orienta no sentido de que sejam incluídas as funções de planejamento,

regulação e fiscalização, para a prestação dos serviços de saneamento básico.

Por planejamento é entendido todo o processo necessário a identificar,

qualificar, quantificar, organizar e orientar as ações necessárias para a oferta de um

serviço público de qualidade. Regulação é qualquer ato normativo que discipline o

serviço, fixando padrões de qualidade, tarifas, direitos e obrigações dos usuários.

Fiscalização são as atividades de acompanhamento e monitorização, controle e

avaliação do serviço público ofertado.

Os municípios ficam obrigados, a partir desta Lei, a elaborarem seus

planos de saneamento básico e definirem o grau de participação social e estratégia

de atendimento dos serviços com garantia de qualidade (BRASIL, 2007b).

Além de definir os princípios, esta Lei prevê no seu inciso II, artigo 3º, a

gestão associada, associação voluntária de entes federados, por convênio de

cooperação ou consórcio público, conforme disposto no art. 241 da Constituição

Federal (BRASIL, 2007c).

Destaca-se, dos princípios da Lei nº 11.445/07, aqueles que possam vir a

modificar o tratamento da questão dos resíduos sólidos, especialmente no que se

refere: a) gestão associada por consórcios públicos; b) controle social, com a

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obrigatoriedade de fornecer informações; c) prestação regionalizada, que oferece a

possibilidade de maior economia na prestação do serviço e induz ao

compartilhamento da destinação final dos resíduos sólidos urbanos (BRASIL,

2007c).

Outros princípios que se aproximam das questões dos serviços de limpeza

urbana são: a) integralidade, entendida como o conjunto de todas as atividades e

componentes dos serviços de saneamento básico; b) adoção de métodos que

considerem as peculiaridades locais e regionais; articulação com outras políticas de

desenvolvimento, como a de habitação, combate a pobreza, proteção ambiental e da

saúde; c) eficiência e sustentabilidade econômica; d) utilização de tecnologias

apropriadas, considerando a capacidade de pagamento dos usuários e a adoção de

soluções graduais e progressivas; c) transparência das ações, baseada em sistemas

de informações e processos decisórios institucionalizados; e) controle social; f)

segurança, qualidade e regularidade (BRASIL, 2007c).

De acordo com Montenegro (2007), em curso sobre Consórcios Públicos,

realizado pela SEDUR, em outubro de 2007, a Lei nº 11.445/07 busca, para o

saneamento básico e em especial para os resíduos sólidos, garantir, por formação

de consórcios públicos, uma operação adequada dos aterros sanitários financiados

pelo Governo Federal com recursos não onerosos.

SEDUR (2007) considera que, face às dificuldades institucionais, técnicas e

financeiras dos municípios para a gestão dos serviços de saneamento básico e para

o cumprimento da Lei, o regime de cooperação federado apresenta-se como

alternativa de gestão.

A Lei 11.445/07 estabelece no seu artigo 29 que os serviços públicos de

saneamento básico terão a sustentabilidade econômico-financeira assegurada,

sempre que possível, mediante remuneração pela cobrança dos serviços. E com

referência à limpeza urbana acrescenta “II - de limpeza urbana e manejo de resíduos

sólidos urbanos: taxas ou tarifas e outros preços públicos, em conformidade com o

regime de prestação do serviço ou de suas atividades” (BRASIL, 2007c, p.7).

Prossegue com o parágrafo 1º deste artigo recomendando “Observado o

disposto nos incisos I a III do caput deste artigo, a instituição das tarifas, preços

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públicos e taxas para os serviços de saneamento básico observará as seguintes

diretrizes: I - prioridade para atendimento das funções essenciais relacionadas à

saúde pública; II - ampliação do acesso dos cidadãos e localidades de baixa renda

aos serviços; III - geração dos recursos necessários para realização dos

investimentos, objetivando o cumprimento das metas e objetivos do serviço; IV -

inibição do consumo supérfluo e do desperdício de recursos; V - recuperação dos

custos incorridos na prestação do serviço, em regime de eficiência; VI - remuneração

adequada do capital investido pelos prestadores dos serviços; VII - estímulo ao uso

de tecnologias modernas e eficientes, compatíveis com os níveis exigidos de

qualidade, continuidade e segurança na prestação dos serviços; VIII - incentivo à

eficiência dos prestadores dos serviços” (BRASIL, 2007c).

No artigo 35, prevê que as taxas ou tarifas decorrentes da prestação de

serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos urbanos devem

levar em conta a adequada destinação dos resíduos coletados e poderão

considerar: I - o nível de renda da população da área atendida; II - as características

dos lotes urbanos e as áreas que podem ser neles edificadas; III - o peso ou o

volume médio coletado por habitante ou por domicílio (BRASIL, 2007c).

A Lei nº 11.107, de 06 de abril de 2005, Lei de Consórcios Públicos, dispõe

sobre normas de contratação de consórcios públicos e dá outras providências,

possibilita a gestão associada dos serviços de limpeza urbana ao disciplinar a

contratação de consórcios públicos entre os entes federados para a realização de

objetivos de interesse comum (BRASIL, 2005c)

Segundo Costa (2007), em artigo publicado no sítio da Associação

Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento - ASSEMAE, esta Lei permite

exercer a gestão mais ampla da prestação dos serviços públicos, com o

planejamento, a regulação e a fiscalização dos mesmos. Essa Lei também permite

arranjos que podem racionalizar esforços dos municípios, titulares dos serviços de

limpeza urbana. Sua aplicação, na área de resíduos sólidos, pode ser aproveitada

nos serviços de operação de aterros sanitários compartilhados. Para o citado autor o

ambiente formado pelas Leis 11.445/07 e 11.107/05 mais o Programa de Aceleração

do Crescimento é de otimismo para o saneamento básico, pois são fornecidos

instrumentos para que os entes federados possam exercer a gestão associada.

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A conjugação de esforços para tornar aplicável o que prevê as Leis

11.107/05 e 11.445/07 pode dar uma nova orientação para o encontro de soluções

sustentáveis da gestão dos RSU, porém não substitui a necessidade de haver uma

legislação específica que institua as diretrizes para o manejo dos RSU e ordene a

área, tanto para as empresas como para a sociedade.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo são apresentados os resultados da pesquisa de campo, com

breve descrição do aspecto dos aterros nos dias das visitas e registro fotográfico

feito pela autora, com o objetivo de mostrar as ocorrências e oferecer uma visão de

alguns aspectos que foram considerados para avaliar a operação dos aterros.

Para avaliação das condições operacionais dos aterros foram observados:

o aspecto geral, ocorrência de resíduos a descoberto, recobrimento adequado ou

inadequado, presença de aves e moscas, presença de catadores, se há criatório de

animais, funcionamento e manutenção das drenagens, manutenção dos acessos,

isolamento com cerca, existência de guarita e controle dos resíduos dispostos.

Inicialmente, são descritos os três aterros sanitários simplificados

considerados operados de forma inadequada pelo Ministério Público Estadual:

Saubara, Conceição de Jacuípe e Itanagra, após o que, serão descritos os aterros

sanitários considerados com operação aceitável por esse Ministério: Araci, Tucano e

Maracás.

Para Penido deve-se considerar, para uma avaliação da situação de coleta

e destinação final dos resíduos sólidos urbanos, a “volubilidade institucional e

operacional do setor”, pois, as mudanças ocorrem para melhor ou pior. Por ser uma

atividade muito dinâmica, sem obras físicas estáticas, como o são as dos serviços

de água e de esgotamento sanitário, e por não contarem com arrecadação de tarifas

sofrem instabilidades em curtos espaços de tempo. Segundo o mesmo autor, “Um

aterro sanitário pode se transformar em um lixão em questão de dias, bastando que

os equipamentos ali alocados não estejam mais disponíveis” (PENIDO, 2002, p. 2)

A pesquisa realizada em campo buscou identificar em cada município as

estruturas e o conjunto de relações que podem interferir na operação dos aterros.

Assim, além das visitas aos aterros foram realizadas entrevistas com os Prefeitos e

os responsáveis pela operação dos aterros simplificados além de colher informações

gerais sobre a coleta domiciliar, em cada Prefeitura.

As entrevistas com técnicos da CONDER possibilitaram informações sobre

a concepção dos projetos e sobre o processo de implantação dos aterros.

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As entrevistas com os Prefeitos tiveram por objetivo identificar o

conhecimento do Gestor sobre os problemas causados por resíduos sólidos, para

perceber se há relação entre o nível de operação do aterro simplificado com o

conhecimento e o seu interesse (vontade política) em dar uma solução ao problema.

O Prefeito de Maracás encontrava-se ausente nos dias da pesquisa.

Foram percorridos cerca de 3.000km, em virtude das distâncias entre os

seis municípios e a cidade de Salvador.

5.1. Resultados das entrevistas com prefeitos e secretários

A Tabela 8 apresenta uma síntese das respostas dos prefeitos às entrevistas. A

análise dessas respostas revela que embora os prefeitos tivessem feito à solicitação

de implantação dos aterros para os seus municípios, o fizeram desconhecendo que

teriam que absorver mais uma despesa para operação do ASS. A prioridade dos

prefeitos tem sido prestar os serviços de coleta e a varrição.

TABELA 8. Síntese das entrevistas com Prefeitos

PERGUNTAS ARACI TUCANO SAUBARA

ITANAGRA

C. JACUÍPE

1 Sabia da complexidade dos serviços de LU? Imaginava Mais ou menos Não muito

Sabia da necessidade Não

2 Quais os serviços da LU prioritários? Varrição Coleta Varrição. Coleta Varrição Coleta

Varrição. Coleta Coleta

3 A limpeza urbana tem uma rubrica no orçamento? Não Sim Não Sim Sim

4 E a destinação final? Não Não Não Não Não

5 O que significa um aterro sanitário para o senhor?

Solução de um problema

Local para colocar o lixo

passou a ter significado

local para colocar o lixo

Não respondeu com clareza

6 O que lhe motivou buscar junto ao governo o ASS Ministério Público Ministério Público

Sabia da necessidade

Consciência da necessidade

Não respondeu com clareza

7 Obteve informações na CONDER sobre o aterro? Sim Sim Sim Sim Sim

8

Entende que foram suficientes para dar continuidade? Bastante Preciso mais Não muito Não Não

9

C/ relação à implantação quais as maiores dificuldades? (1) Entender detalhes do projeto (2) O processo de licenciamento

Processo licenciamento

Os dois

Não se acompanhou a obra, foi feita em outra administração

A CONDER fez o aterro e depois entregou

Não houve um acompanhamento da Prefeitura durante a obra

10

Qual a maior dificuldade para operar o aterro? (1) Falta de pessoal capacitado (2) Poucos recursos financeiros

Falta pessoal capacitado Os dois

período chuvoso/alta estação/finanças

Falta dinheiro catadores

11 Tem consciência do efeito Sim Sim Sim Sim Sim

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poluidor do ASS?

12 Possui engenheiro sanitarista no quadro de funcionários? Não

Eng. Agrônomo - assessor Não

Eng. Agrônomo - assessor

Eng. Agrônomo secretário

13 A Prefeitura possui cópía do projeto? Sim Sim Sim Sim Sim

14 Há participação da população nas ações de LU? Sim Cidade pequena Sim

Cidade pequena Não

15 Existe algum controle dos serviços executados na LU? Não Não Não Não Não

16 Qual a despesa mensal aproximada com LU? R$30.000,00 R$32.000,00 R$ 30.000,00

17

Vinculado Sec.Adm. e Meio Ambiente Não

Existe mas não tem sede

Existe um departamento formalizado no organograma da Prefeitura?

Não, está vinculado a Sec. Obras e tem uma garagem

Está vinc. à Saúde

Mas tem uma garagem

18 Qual o nível de escolaridade de quem opera o aterro? Técnico em Química 1ª grau Alfabetizado Não opera

Há um responsável 1º grau

19 Há terceirização do serviço? aluguel caçambas

aluguel de caminhão carroceria

aluguel caçambas

aluguel de caminhão carroceria

aluguel de caçambas

20 A mão de obra é do quadro da prefeitura (concursado) Não Não Não/cooperativa

Não/contrato temporário Não

21 Está previsto concurso Vou fazer Não Não Não Sim

Outros aspectos destacados das entrevistas revelam a não existência de

um ambiente favorável à implantação do ASS, embora os prefeitos tivessem

conhecimento que iriam operar o aterro, tais como:

� A disposição final não aparece na rubrica do orçamento da Prefeitura, em

algumas existe para a coleta.

� Em geral a decisão de ter o aterro é tomada por pressão do Ministério Público

(ainda que nem todos afirmem).

� Alguns afirmam que obtiveram informações na CONDER, porém precisam de

mais informação; todos possuem o projeto fornecido pela CONDER.

� Nenhum respondeu se houve dificuldades com a implantação, responderam

que não acompanharam.

� A Prefeitura tinha conhecimento de que a obra era responsabilidade da

CONDER e a Prefeitura iria operar.

� O licenciamento era de responsabilidade da Prefeitura, algumas vezes a

CONDER custeou a Licença Simplificada em nome da própria CONDER. Há

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dificuldades próprias do processo de Licenciamento e a renovação da LS é

vinculada ao atendimento das condicionantes.

� As maiores dificuldades de acordo com as respostas são: falta de recursos

financeiros e de pessoal capacitado. Saubara acrescentou ainda que o período

chuvoso e a alta estação são também dificuldades enfrentadas pelo Município

para a operação do aterro.

� Araci e Tucano não souberam responder a ordem de grandeza sobre o valor

gasto com limpeza urbana.

� Araci e Saubara contam com uma sede onde funciona a oficina da Prefeitura.

Tucano tem uma sede com pátio onde ficam máquinas e equipamentos e tem

uma gerência de limpeza urbana, as demais têm o funcionário “encarregado da

limpeza da cidade”.

� Com relação à operação dos aterros, a exceção de Itanagra (que não tem

nenhum tipo de operação/manutenção), os demais mantêm dentro do aterro um

funcionário cuja atividade é manter a área limpa de sacos e papéis espalhados

e capinar, mas não existe o funcionário responsável pela operação, que

controle o que ocorre quando chegam os resíduos. Existe um responsável pela

limpeza urbana e pelo aterro, que eventualmente vai verificar a situação.

� Perguntado sobre a escolaridade dos trabalhadores responsáveis pelo aterro,

verifica-se que apenas o aterro de Araci conta com um técnico de nível médio.

� Os serviços de coleta são realizados por caçambas alugadas ou

compactadores, em alguns dos municípios, sem segregação.

As entrevistas com os secretários objetivaram avaliar a capacidade

financeira e a capacidade técnica da prefeitura em operar o aterro. Verificar o nível

de planejamento do sistema de resíduos sólidos municipal e avaliar o planejamento

municipal para a área de resíduos sólidos; o conhecimento do secretário sobre

resíduos sólidos e aterros sanitários; os controles de despesa com limpeza urbana

que são praticados; a prioridade do município em capacitar o pessoal do aterro.

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TABELA 9. Síntese das entrevistas com Secretários I

PERGUNTAS ARACI TUCANO MARACÁS SAUBARA ITANAGRA C. JACUÍPE

Cargo Sec. Administração Sec. Obras

Sec. Obras e Urbanismo

Sec. Administração

Assessor do Prefeito Controlador

1

Existe algum planejamento do SLU Mais ou menos

Mais ou menos Sim Mais ou menos Não

Mais ou menos

2 E para a coleta seletiva? Não Não Não Não Não Não

3

Algum benefício para os trabalhadores? Não Não Não Não Não Não

4

Alguma solução para os catadores?

Não existem no aterro

É proibido entrar no aterro Não

Não existem, só os 2 do aterro Não

São mais de 20 no aterro

5

Existe algum Regulamento dos serviços de LU? Não Não Não Não Não Não

6

São feitos relatórios mensais? Não Não Não Não Não Não

7

Alguma forma de controle dos serviços realizados Não Não Não Não Não Não

8

O Município possui Conselho de Meio ambiente? Não Não Não

Sim, criado recente Não Não

Do exame das respostas dos Secretários faz-se a seguinte síntese:

� Não há planejamento para os serviços que não é percebido como um sistema

de limpeza urbana.

� O foco é restrito ao atendimento da população com os serviços de coleta e

varrição.

� Não é realizado trabalho de valorização dos empregados na limpeza urbana.

� Não há controle dos serviços executados.

� Inexiste regulamentação para a prestação dos serviços.

� A prefeitura, que tem muitos catadores, se sente incapaz de resolver o

problema.

� Nos municípios de Araci, Tucano e Maracás os trabalhadores da coleta e

varrição usam fardamento.

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5.2. Informações adicionais fornecidas pelos Prefeitos

Quando das entrevistas os prefeitos manifestaram-se de forma livre sobre

diversos aspectos da implantação e operação dos aterros e complementaram com

outras informações o roteiro das entrevistas as quais demonstram as dificuldades

desses gestores para operar o aterro sanitário simplificado.

5.2.1. Município de Saubara – informações adicionais

O Prefeito de Saubara explicou que sabia do problema da operação

inadequada do aterro, mas, tinha por prioridade deixar a cidade limpa. Informou que,

logo que reassumiu a prefeitura por reeleição, recebeu uma notificação do Ministério

Público para solucionar o problema da má operação do aterro no prazo de 90 dias,

isto em janeiro de 2006, mas não pôde fazer nada. Vem solicitando um técnico da

CONDER, pois, sua preocupação maior é com a varrição e a coleta, mantendo as

vias limpas.

Segundo o Prefeito, o município nunca recebeu recursos financeiros do

Governo Federal ou Governo Estadual. Do Governo do Estado recebeu o aterro e

dois compactadores, mas não recebeu a máquina para operar o aterro. Na opinião

do Prefeito o Governo Federal prioriza atender municípios maiores. Informou

também que tentou um recurso da FUNASA, mas não conseguiu.

Segundo o Secretário de Administração e Meio Ambiente, secretaria á qual

está vinculado o serviço de limpeza urbana, as maiores dificuldades para operar o

aterro são: financeira, pois precisa mandar a máquina periodicamente e

desconhecimento técnico da forma de operar um aterro simplificado. A quantidade

de lixo, principalmente, entre dezembro e março é muito grande (período de verão) e

que na época de chuvas fica muito difícil manter o aterro.

5.2.2. Município de Conceição de Jacuípe – informações adicionais

Segundo o Prefeito, a falta de pessoal qualificado é um dos problemas para

a operação do aterro, assim como, a presença de mais de 20 catadores que já

catavam no lixão e continuam no aterro. Ressente-se da falta de apoio do Governo

Estadual para solucionar o problema.

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5.2.3. Município de Itanagra – informações adicionais

O Prefeito informou que quando recebeu o aterro foi recomendado que se

colocasse a vigilância. Contou que os dois trabalhadores que foram contratados

para vigiar 24 horas o aterro, se sentiram amedrontados de permanecerem sozinhos

no local, por falta de segurança. Que o município é pequeno, sem recursos para

operar o aterro. Faz a coleta com dificuldade.

5.2.4. Município de Araci - informações adicionais

Segundo o Prefeito, inicialmente a Prefeitura recusou-se a receber o aterro,

mas posteriormente, um técnico da CONDER explicou os benefícios do equipamento

e resolveu aceitar em vista da situação do lixão, que era inaceitável, pois se

localizava na margem da rodovia, na entrada da cidade. Entende hoje a importância

da operação do aterro. Esteve na área por duas vezes, porém sua maior

preocupação é com a coleta.

O Secretário de Meio Ambiente tem formação em Agronomia e informou

que promove ações de educação ambiental no Município.

5.2.5. Município de Tucano – informações adicionais

A entrevista com o Prefeito ocorreu após a visita ao aterro. O mesmo

demonstrou surpresa pelo estado do aterro. Referiu-se à falta de pessoal qualificado

para manter o mesmo.

5.2.6. Município de Maracás – informações adicionais

As informações foram colhidas com o Secretário de Obras e Urbanismo e o

responsável pela limpeza urbana. O Secretário referiu-se a algumas dificuldades

para a colocação da máquina no aterro e informou que, em 2006, o Município de

Maracás recebeu o prêmio de Excelência em Gestão Diferenciada de Resíduos

Sólidos, pela União dos Municípios da Bahia - UPB.

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5.3. Dados colhidos na visita aos aterros sanitários simplificados

Por entender que há estreita relação entre os serviços que formam os sistemas de

limpeza urbana e a destinação final, foram observadas questões quanto as

estruturas administrativas e operacionais disponíveis para operar o sistema.

5.3.1. Aterro Sanitário Simplificado do Município de Saubara

Identificou-se que não há uma estrutura administrativa e ou operacional

montada. Existe um espaço na oficina da Prefeitura, um responsável pelo serviço de

coleta e o contingente de coleteiros, motoristas e varredores. Nenhum mecanismo

de controle é realizado.

A coleta de podas é realizada junto com o lixo doméstico o que aumenta o

volume a ser descartado na vala.

Para o transporte dos RSU a Prefeitura possui dois compactadores

pequenos, mas um encontra-se quebrado sendo substituído por caçamba. A coleta,

atualmente, é feita por um compactador de 6m3, uma caçamba de 5m3 e um trator

com reboque de 2m3 para limpeza de praia e áreas de difícil acesso. A coleta na

sede é diária e alternada nos distritos de Bom Jesus dos Pobres, Pedras Altas,

Araripe e Cabuçu.

A coleta sofre interrupções por falta de equipamentos segundo o

trabalhador responsável pelo serviço de limpeza urbana.

Não é feito trabalho de segregação na origem, nem controle dos resíduos

dispostos no aterro.

Descrição do aspecto do aterro sanitário simplificado de Saubara, no dia da

visita, 08/07/2007

O terreno onde está instalado o Aterro Sanitário Simplificado de Saubara

apresenta-se em declive. Observou-se que tinha havido ocorrência de chuvas

recentes. O aspecto geral era ruim, mato crescendo nas valas de drenagem pluvial,

massa de lixo fora da vala, vala sem recobrimento, geração de lixiviado dentro e

escorrendo fora da vala, presença de aves, conforme Figura 15.

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Nova vala foi aberta pela Prefeitura sem conformidade com o projeto

(embora possuam o projeto fornecido pela CONDER), assemelhando-se a um

buraco com 4m de largura, 50m de comprimento e 4m de altura, com risco de

desmoronamento, Esta vala foi utilizada parcialmente, apresentava-se com pouca

massa de lixo no fundo e muito lixiviado (Figura 16). Segundo o Secretário de

Administração e Meio Ambiente, há dificuldade de aproximação do compactador

para bascular, com receio de tombar.

No aterro havia uma máquina, tipo retroescavadeira, em péssimo estado

de conservação, quebrada, aguardando conserto, segundo informações do

Secretário de Administração e Meio Ambiente. Ainda segundo informações do

Secretário, eventualmente o lixo é empurrado para dentro da vala. Nenhum serviço

de manutenção é realizado.

Havia forte migração superficial do lixiviado (Figura 16). A vala aberta pela

Prefeitura estava em desacordo com o projeto e apresentava-se com erosão,

resíduos já descartados no fundo da vala, onde se via bastante lixiviado (Figura 17).

A frente de trabalho encontrava-se desordenada com lixo descartado em qualquer

local do aterro (Figura 18).

Os resíduos de serviço de saúde não são coletados separados, quando

encontram caixas de embalagens de perfurocortantes colocam em um local que

seria a vala de resíduos hospitalar, que se apresentava descoberta, envolta em

mato, (Figura 19). Embora possua poço de monitorização, Figura 20, nunca foi

utilizado, segundo informações do Secretário de Meio Ambiente.

� Pessoal de operação do aterro

Estão alocados no aterro dois ex-catadores de materiais recicláveis que

foram contratados pela Prefeitura. Ficam no aterro fazendo a catação. Disseram não

ter ferramental para realizar serviço de limpeza da área.

� Catadores no aterro

Os dois trabalhadores contratados pela prefeitura são os catadores do

aterro.

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Registro Fotográfico – Aterro Sanitário Simplificado de Saubara

FIGURA 15. Aspecto geral do ASS de Saubara

FIGURA 16. Lixiviado migrando

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FIGURA17. Vala aberta pela Prefeitura

FIGURA 18. Resíduos despejados na lateral da vala

FIGURA 19. Vala de RSS

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FIGURA 20. Poço de monitorização do aterro de Saubara

5.3.2. Aterro sanitário simplificado do Município de Conceição de Jacuípe

Identificou-se que não existe uma estrutura organizacional montada

especificamente para o sistema de limpeza urbana, com controle sobre os serviços

realizados. As caçambas e máquinas são alugadas e os motoristas conhecem os

roteiros. Há um funcionário responsável pela limpeza urbana e por todo o

contingente de varredores e coleteiros.

A coleta é realizada por duas caçambas alugadas, com freqüência

alternada três vezes por semana, por bairros. Não há separação sistemática por tipo

de resíduos. O funcionário informou também que as duas caçambas com

capacidade original de 7m3 são adaptadas com duas tábuas laterais aumentando a

capacidade volumétrica para 10m3. Realizam sete viagens por dias coletando os

resíduos da sede. Um cálculo teórico da quantidade de resíduos dispostos, significa

uma disposição de, aproximadamente, 17 toneladas a cada dois dias.

Trabalhar esta quantidade de resíduos exige máquina, preferencialmente,

trator esteira para haver compactação. Neste caso, a concepção do aterro sanitário

simplificado pode não ser a mais indicada.

Em caso de a coleta ter freqüência diária, a quantidade, presumidamente,

seria de cerca de 8,8t/dia. Neste caso, poderia ser indicada a tecnologia do aterro

sanitário simplificado.

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Não é feito trabalho de segregação na origem, nem controle dos resíduos

dispostos no aterro.

Descrição do aspecto do aterro sanitário simplificado de Conceição de

Jacuípe, no dia da visita, 30/08/2007.

O terreno onde está implantado o aterro do Município de Conceição de

Jacuípe é plano. No momento da visita havia uma máquina trabalhando, tipo pá

carregadeira, empurrando o lixo disposto na borda da vala para dentro da mesma,

sem alcançar o seu centro. De acordo com a explicação dada, a máquina não se

aproxima muito da vala por precaução, para não tombar para dentro da massa do

lixo. Perguntado à pessoa que acompanhou a autora porque o lixo estava todo

disposto na margem da vala, a mesma explicou que o caçambeiro não se

aproximava muito para não correr risco de desmoronamento da beira da vala com o

peso da caçamba cheia de lixo.

Com três anos de operação já foram fechadas duas valas, que se

apresentavam recobertas com solo. Outras valas abertas também se encontravam

com lixo nas bordas.

Segundo relato do acompanhante, desde que foi inaugurado o aterro, os

catadores obtiveram permissão para continuarem a catação.

Foram abertas novas valas sem atender ao especificado no projeto.

Não foi observado escoamento de lixiviado, aves ou outros animais. Havia

muita vegetação na drenagem pluvial e diversos tipos de materiais espalhados na

área do aterro.

O Município utiliza outra área para depósito dos RSU, um lixão, localizado

às margens da BR-101 em direção ao município de Humildes.

Não existe trabalhador/operador fixo na área do aterro. O responsável pelo

serviço de limpeza é também o responsável pelo aterro sanitário simplificado, que,

periodicamente, avalia a necessidade de mandar a máquina para empurrar os RSU

para a vala.

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Existem cerca de vinte catadores fazendo a catação. Estes catadores estão

na área desde que o local era o lixão da cidade. Observa-se na Figura 21 que os

resíduos estão dispostos na lateral da vala, em função de se apresentar mais fácil

para a caçamba. Os catadores que trabalhavam no lixão permanecem no aterro,

Figura 22.

Neste aterro, foram abertas mais de duas valas ao mesmo tempo, o que

faz com que sejam utilizadas simultaneamente, sem que houvesse o encerramento

de uma - conforme orienta o Manual de Operação (Anexo A), Figura 23. Toda a

massa de lixo é coletada sem separação, em caçamba com vida útil esgotada,

FIGURA 24. A conservação da área do aterro estava ruim e o mato crescia junto à

cerca, FIGURA 25.

FIGURA 21. RSU fora da vala

FIGURA 22. Catador no aterro

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FIGURA 23. Utilização de outra vala

FIGURA 24. Coleta RSU

FIGURA 25. Cerca sem conservação

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5.3.3. Aterro Sanitário Simplificado do Município de Itanagra

Identificou-se que não existe uma estrutura organizacional montada

especialmente para o serviço de limpeza urbana. Não existe um responsável pelos

serviços de limpeza urbana. São realizados os serviços de varrição e coleta.

A coleta é feita por um caminhão carroceria de madeira, alugado, com

freqüência diária. Não há separação por tipo de resíduos.

Não é feito trabalho de segregação na origem, nem controle dos resíduos

dispostos no aterro.

Descrição do aspecto do aterro sanitário simplificado de Itanagra, no dia da

visita, 29/08/2007

A área do aterro do município de Itanagra é plana. No fundo da área está

localizada uma jazida de argila que estava sendo escavada por máquina, naquele

dia. Nas valas foi observado queima dos RSU. Toda a estrutura de cerca, portão e

guarita foi saqueada.

Não foi visto geração de lixiviado. A área tem aspecto de abandono e

parecia não estar sendo utilizada, regularmente, para a disposição de resíduos da

coleta, porém ninguém confirmou. Não havia presença de aves ou animais.

Está localizado na vizinhança de um projeto de reflorestamento no Litoral

Norte.

� Pessoal de operação - Não foi destacado pela Prefeitura um trabalhador para

manutenção do aterro.

� Não existem catadores no município.

O aspecto do aterro é de abandono. A guarita, segundo o Prefeito, foi

saqueada e furtados o portão, mourões e fios da cerca (Figuras 26, 27 e 28). Em

uma vala os resíduos estavam dispostos na inclinação da lateral, com queima

(Figura 29). Em outra vala os RSU estavam concentrados ao longo do leito conforme

pode ser visto na Figura 30, fora das recomendações feitas no Manual de Operação

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(Anexo A). Observa-se presença de pneus A recomendação do Manual é iniciar a

disposição dos resíduos verticalmente, a partir da cabeceira da vala. A coleta neste

Município é feita por caminhão carroceria, sem basculamento e dessa forma os RSU

são lançados manualmente na vala.

A disposição na inclinação da lateral da vala mostra que a disposição do

resíduo na vala pode ocorrer de forma a não facilitar o preenchimento do espaço

central, o que pode comprometer a duração de sua vida útil (Figura 29).

FIGURA 26. Guarita saqueada

FIGURA 27. Cerca sem fios de arame

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FIGURA 28. Aterro sem o portão

FIGURA 29. Queima de RSU na vala

FIGURA 30. RSU no leito da vala

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5.3.4. Aterro sanitário simplificado do Município de Araci

� Estrutura do serviço de limpeza urbana

Há uma estrutura administrativa e operacional montada, porém sem

mecanismos de controle do serviço executado. Existe um espaço na oficina da

Prefeitura, um responsável pelo serviço, com formação técnica em química, e o

contingente de coleteiros, motoristas e varredores apresentavam-se com uniformes.

A coleta é realizada por um compactador e duas caçambas, diariamente e

é diferenciada por tipo de resíduo, domiciliar, poda, entulho e de saúde.

Não é feito trabalho de segregação na origem, nem controle dos resíduos

dispostos no aterro.

Descrição do aspecto do aterro sanitário simplificado de Araci, no dia da visita,

19/09/2007.

O aterro sanitário simplificado de Araci está em terreno plano, solo com

aspecto argiloso. Não havia ocorrência de chuva recente. Apresentava aspecto

regular, pois a área estava limpa, livre de mato ou sacos plásticos espalhados. Não

se percebeu geração de lixiviado, provavelmente por causa do clima.

O recobrimento dos resíduos é feito por uma máquina retroescavadeira,

periodicamente, segundo informações do Secretário de Agricultura e Meio Ambiente.

Existem valas fechadas, cobertas com solo, porém sem recobrimento de

vegetação, conforme o recomendado (Figura 37).

� Pessoal do aterro - Há um funcionário no local com a função de manter

a área livre de sacos plásticos voando e resíduos espalhados e não deixar entrar

pessoas estranhas.

O responsável pelo aterro é o gerente da limpeza urbana, técnico com

formação em química, que indicou não ter maior dificuldade de programar a máquina

para o recobrimento dos resíduos.

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Não havia catadores, porém foi visto algum material reciclável selecionado,

que, segundo informações, é feito pelo funcionário do local.

Os acessos apresentavam boas condições de tráfego, cercas e portões em

bom estado de conservação, valeta de drenagem pluvial desobstruída como

mostrado nas Figuras 31, 32 e 33 respectivamente.

A frente de trabalho estava ampla e a abertura desta nova vala estava fora

das especificações do projeto. A Prefeitura, ao abrir nova vala sem atendimento

integral ao projeto da CONDER, permitiu que o veículo coletor entrasse na vala para

dispor os RSU em uma única frente de trabalho. Os RSU estavam sem cobertura e

havia presença de aves(Figura 34). O poço de monitorização apresentava-se sem

tampa (Figura 35).

A Prefeitura abriu nova vala para os resíduos se serviços de saúde (Figura

36). A vala encerrada estava recoberta de solo, porém sem vegetação (Figura 37)

FIGURA 31. Aspecto geral do aterro

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FIGURA 32. Conjunto de portão e guarita

FIGURA 33. Drenagem pluvial

FIGURA 34. Frente de trabalho ampla

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FIGURA 35 Poço monitorização

FIGURA 36. Vala de RSS

FIGURA 37. Vala encerrada recoberta

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5.3.5. Aterro Sanitário Simplificado do Município de Tucano

Há uma estrutura administrativa e operacional montada, porém sem

mecanismos de controle do serviço executado. O aterro está vinculado à Secretaria

de Saúde. Existe um espaço da administração, um responsável pelo serviço e o

contingente de coleteiros, motoristas e varredores.

A coleta tem freqüência diária, tanto na sede como em Caldas do Jorro. É

realizada por 1 compactador de 8t, 3 caçambas e 1 trator agrícola com carreta.

Possui um contingente de 219 trabalhadores entre a sede e Caldas do Jorro e mais

71 trabalhadores em outras localidades.

Não é feito trabalho de segregação na origem, nem controle dos resíduos

dispostos no aterro.

Descrição do aspecto do aterro sanitário simplificado de Tucano no dia da

visita, 21/09/2007.

O aterro está situado em área plana. Apresentava lixo espalhado e fora das

valas, nas margens. Segundo o funcionário que trabalha no aterro, a máquina ainda

não foi liberada. No momento da visita os resíduos de serviços de saúde dispostos

na vala séptica estavam sendo queimados.

Existe vala encerrada, recoberta com solo sem vegetação. Novas valas

foram abertas, porém fora das especificações, pois estão sem afastamento

suficiente para a manobra de basculamento da caçamba. A área necessitava de

limpeza.

� Pessoal – A Prefeitura alocou um trabalhador de forma permanente no

aterro, com a função de manter a área livre de plásticos finos nas cercas.

Não havia catadores. A catação, em pequena escala, é feita pelo

trabalhador do próprio aterro.

Cerca e portão sem conservação, Figuras 37 e 38. Os resíduos são

dispostos na lateral da vala, Figura 39, neste caso, sem atendimento às

recomendações especificadas no Manual de Operação da CONDER (Anexo A).

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Os resíduos de serviços de saúde estavam sendo queimados na vala,

Figura 40. Neste aterro foram abertas mais de uma vala e construído galpão de

triagem que estão sem uso e sem manutenção, Figuras 41 e 42.

Havia material reciclável acumulado, Figura 43, demonstrando a existência

de catador, ainda que seja o trabalhador que atua no aterro, e de possibilidade de

comercialização desses materiais.

FIGURA 37. Portões sem conservação

FIGURA 38. Cerca sem conservação

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FIGURA 39. RSU dispostos fora da vala

FIGURA 40. Queima de RSS

FIGURA 41. Vala sem uso

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FIGURA 42. Galpão de triagem sem uso

FIGURA 43. Recicláveis selecionados

FIGURA 44. Poço de monitorização

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5.3.6. Aterro sanitário simplificado do Município de Maracás

Há uma estrutura administrativa e operacional montada, porém sem

mecanismos de controle do serviço executado. Existe um espaço de escritório, um

responsável pelo serviço e o contingente de coleteiros, motoristas e varredores.

Maracás faz parte do Consórcio do Vale do Jiquiriçá. Os serviços de limpeza urbana

estão vinculados à Secretaria de Obras e Urbanismo.

Os resíduos são coletados por 3 caçambas alugadas, perfazendo um total

de 9 viagens/dias. Foi estimada uma geração de 11,25t/dia. Os resíduos de poda

são coletados separadamente por um trator com carreta.

Não é feito trabalho de segregação na origem, nem controle dos resíduos

dispostos no aterro.

Descrição do aspecto do aterro sanitário simplificado de Maracás no dia da

visita, 21/09/2007.

A área do aterro sanitário de Maracás é plana. O aspecto geral era de

regular estado de manutenção.

� Pessoal – existe um trabalhador para “tomar conta” do aterro, E

encarregado de manter a área do aterro limpa. Ele próprio realiza catação.

O prédio da administração, mais completo do que uma guarita, portão e

cerca apresentavam bom aspecto, Figuras 45 e 46. Os resíduos dispostos fora da

vala, na borda, revelavam condições de operação inadequadas Figura 47. Segundo

informações do responsável pelo aterro, periodicamente é operado por máquina.

Vala com resíduos espalhados na lateral. As valas abertas pela Prefeitura, tanto

para RSU como para RSS, estavam fora da especificação do projeto, Figura 49.

A canaleta de drenagem pluvial encontrava-se desobstruída, Figura 50.

Este aterro possui um galpão de triagem sem uso, Figura 51 e poço de

monitorização. Figura 52.

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FIGURA 45. Visão do conjunto

FIGURA 46. Portão conservado

FIGURA 47. RSU fora da vala

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FIGURA 48. Acesso, lixo solto

FIGURA 49. Vala RSS

FIGURA 50. Canaleta de drenagem

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FIGURA 51. Galpão de triagem

FIGURA 52. Poço de monitorização

5.4. Resultado das entrevistas com técnicos da CONDER

As entrevistas com técnicos da CONDER que participaram do processo de

implantação dos aterros objetivaram: i) conhecer a atuação do Governo do Estado

da Bahia na promoção de melhorias para a destinação final; ii) avaliar o

planejamento das ações de resíduos sólidos feito pela CONDER; iii) avaliar a

institucionalização da área de resíduos sólidos no Governo do Estado da Bahia.

Foram entrevistados: Engo Sanitarista Luciano Sandes, o Engo Civil

Maurício Fiúza e a Enga Sanitarista Maria Thereza Fontes.

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A entrevista foi realizada em 21 de janeiro de 2008, e as respostas

transcritas o foram por consenso. O resultado da transcrição foi submetido aos

entrevistados que conferiram a conformidade das idéias e palavras.

Foram levantadas questões quanto ao processo de planejamento e quanto

aos critérios de seleção dos municípios para implantação dos aterros.

Quanto ao processo de planejamento todos concordaram que foi frágil nos

aspectos de envolvimento da sociedade e também de outras instituições a exemplo

do Ministério Público Estadual. Algumas prefeituras apresentaram uma postura

passiva “em receber o aterro” sem o devido envolvimento nas questões operacionais

e ambientais, sobretudo nas incumbências relativas ao licenciamento ambiental. O

tempo entre a tomada de decisão de implantar e de executar a obra era curto o que

não permitia outras ações de participação social. Posteriormente à obra, foi

disponibilizado, para todos os aterros, um técnico da CONDER para orientar a

operação, bem como um Manual de Procedimentos para Operação de Aterros

Simplificados. Na época a estrutura institucional da CONDER não permitia esse

trabalho de forma mais assídua junto às Prefeituras.

Entre 2005 e 2006 foram feitas avaliações periódicas da operação dos

aterros implantados em vários municípios, quando foram fornecidas orientações

técnicas quanto à operação. Nessas avaliações os Prefeitos também eram

procurados para tomar conhecimento da situação, porém nem todos davam a

atenção necessária à questão. Para capacitação técnica foram oferecidos dois

cursos pela SEDUR em 2006 e 2007, com foco na operação dos aterros, com

participação da CONDER, mas nem todas as prefeituras se interessaram em indicar

um técnico.

Ainda com relação ao processo de planejamento no que se referiu ao

projeto e a obra, entendiam que, no caso dos aterros simplificados, nem todos os

projetos foram submetidos a análise da gerência responsável pelas questões de

resíduos sólidos, passando diretamente para a gerência de obras.

Outro ponto questionado pela pesquisadora foi a necessidade de todos os

aterros sanitários simplificados terem guarita e galpão de triagem. Todas as guaritas

têm um banheiro, porém, o fornecimento de água para o reservatório não se

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justificaria por meio de carro-pipa, sendo necessária a instalação de um poço, o que

não foi providenciado pelas prefeituras.

Quanto aos galpões de triagem, que estão sem uso, informaram que foram

construídos a pedido das Prefeituras. Estas se diziam empenhadas em mudanças

de paradigmas que envolviam apenas o aterramento incorporando uma nova visão

com o conceito de 3Rs.

Sobre os catadores existentes nos lixões e ações que antecedessem para

retirá-los dos aterros disseram que a Prefeitura era informada da necessidade de

retirá-los, mas a grande maioria nada fez.

Buscou-se saber se em algum município a CONDER fez a caracterização

dos resíduos com vistas à coleta seletiva e a adoção de coleta diferenciada, bem

como levantamento do mercado para venda dos materiais, ao que informaram que

não.

Sobre o processo de transferência dos aterros simplificados para os

municípios explicaram que, em geral, não era assinado Termo de Cooperação ou

Convênio.

Por fim, a autora colocou para os engenheiros como resultado de sua

observação, algumas dificuldades de se operar os aterros simplificados visitados e

que, supõe, sejam por concepção de projeto.

A exceção do aterro de Araci, cuja vala aberta pela Prefeitura, fora das

especificações do projeto da CONDER, permite o veículo adentrar na vala para

operar por despejo, isto é, por basculamento, e lançar o lixo (seja caçamba

basculante ou compactador) no fundo da vala, todos os demais aterros simplificados

apresentavam-se com lixo fora ou na borda da vala, até mesmo o aterro de Itanagra

cuja geração é de cerca de 2t/dia, mas que o veículo coletor é um caminhão

carroceria. Este aterro é o único que não tem trabalhador fixo.

Segundo informações coletadas junto a alguns caçambeiros e pessoas

responsáveis pelos aterros, os veículos coletores tipo caçamba encontram

dificuldade em se aproximar da vala para operar por despejo os resíduos no fundo

da vala por entender arriscado, podendo ocasionar tombamento do veículo; diante

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desse risco despejam os resíduos na lateral, permanecendo esta situação até que

uma máquina, retroescavadeira ou escavadeira, empurre a massa de lixo para

dentro da vala.

Foram questionados pela autora alguns procedimentos da coleta que

repercutem na operação dos aterros sanitários simplificados, como o processo de

“empurrar” o lixo para dentro da vala, que, segundo o operador da máquina, também

é feito sem aproximação em virtude do mesmo risco. Ocorre o mesmo procedimento

com o veículo compactador, que utiliza o processo de ejeção da massa de lixo, uma

vez que este tipo de veículo não bascula, ou seja, a disposição dos RSU é feita na

lateral da vala.

Sobre o basculamento do veículo caçamba, o Engo Sanitarista colocou que

há sim possibilidade de aproximação e que é uma questão individual do caçambeiro,

uma “barreira psicológica”, não querer se aproximar para não correr risco. Quanto à

empurrar o lixo em grandes volumes acumulados não é serviço próprio para

escavadeiras e sim para tratores de esteira. Apresentou foto do dia da entrega dos

aterros de Conceição de Jacuípe, Ibirapitanga e Conceição do Jacuípe com a

caçamba operando por despejo. Que não há risco da estabilidade do terreno, a não

ser que seja areia, admitindo que a equipe de engenheiros houvesse pensado em

colocar uma placa de metal sobre a massa de lixo já disposta na vala e na cota de

encerramento da mesma, para dar maior estabilidade/trafegabilidade sobre a massa

de lixo para despejo destes na vala (sugestão que se encontra no Manual de

Procedimentos para Operação do Aterro Simplificado).

Com relação ao compactador cujo despejo se dá por ejeção, a alternativa

é, inicialmente, dispor os resíduos na borda da vala e, posteriormente, espalhar

dentro da vala com auxílio da máquina.

Quanto à idéia de operar o aterro de forma “manual”, isto é, sem o auxílio

de máquinas, vem sendo observado que poucos aterros o fazem desta maneira, só

aqueles que recebem quantidades pequenas de resíduos, cerca de 5 t/dia.

Ao informar aos engenheiros que a exceção do município de Araci, os

demais aterros têm como responsável, ainda que não seja na função de operador,

trabalhadores de escolaridade de nível fundamental ou sem escolaridade, como é o

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caso de Saubara, ficou entendido que este é um questionamento para as

Prefeituras.

Com relação aos projetos dos aterros pesquisados, foram observados

pontos que não facilitam a operação, tais como: a distância entre as valas não

permite espaço para manobras da caçamba, e que os diques formados pela terra

escavada colocados nas laterais não permitem o uso das duas laterais, uma vez que

só uma lateral está disponível para despejar a massa de resíduos, conforme pode

ser visto não ASS de Itanagra, Figura 53.

FIGURA 53. Distância entre as valas

Foi explicado então que isto não ocorre em todos os projetos e,

principalmente, que esta impossibilidade não acontece em todas as valas

projetadas. Estas observações serão consideradas nos próximos projetos, pois os

projetos já evoluíram. Os primeiros aterros simplificados tinham a largura de 6m de

fundo da vala, o que posteriormente foi alterado para 2m, para que houvesse uma

compactação natural do próprio peso da massa, por confinamento; e menor área

possível para, em caso de chuvas, reduzir a precipitação direta sobre os resíduos e

diminuir consideravelmente a geração de lixiviados, o que se deve ser evitado ao

máximo nos aterros simplificados.

Sobre o questionamento do despejo dos resíduos fora da vala, por

dificuldades ou por risco de tombamento, levantado pela pesquisadora, o Engº

Luciano Sandes forneceu fotos de seu arquivo, onde se vê caçamba fazendo o

despejo dos RSU na vala. As fotos apresentadas nas Figuras 54, 55 e 56 foram

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tomadas no dia da entrega do aterro de Conceição de Jacuípe. O conjunto destas

fotos com a Figura 57 revela a dificuldade de se lançar os resíduos dentro da vala,

seja por basculamento ou por ejeção (compactador), Figura 58.

Observar o auxílio do trabalhador para sinalizar local da extremidade da

vala. Figura 57.

FIGURA 54. Caçamba iniciando processo de basculamento

FIGURA 55. Basculamento I

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FIGURA 56. Basculamento II

FIGURA 57. Basculamento III

FIGURA 58. Compactador efetuando despejo

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113

Acrescenta-se ainda o relato da Enga Sanitarista Maria Thereza Fontes, que

na época exercia o cargo de Subgerente de Destinação Final na CONDER e que

não pôde comparecer à reunião.

Depois de ler seu texto e as observações do Engo Luciano, fiz poucas observações.

Acho que as modificações para o sucesso na concepção do aterro simplificado

deveriam ter sido incorporadas, resultantes das observações nas questões

operacionais sentidas pelo Engo Luciano e pelo Engo Crittemberger e nossa equipe

da Gerência de Resíduos Sólidos, durante os nossos oito anos de trabalho. (Aliás,

ao iniciar este trabalho isto foi unânime entre todos os técnicos da

Subgerência: Eng° Oswaldo (in memória), Engº Sergio Figueiredo, Engª Jussara

Duarte, Engº Luciano Alvim, eu e o Eng° Maurício Fiúza). Este monitoramento foi

pensado por toda equipe de Projeto e Obra, pois, era imprescindível para as

correções, tanto de projeto quanto as questões operacionais, o que não aconteceu,

por falta de apoio do órgão e o pouco envolvimento das prefeituras.

Era fundamental a realização do monitoramento, citado no parágrafo anterior,

durante a implantação e operação de dois aterros implantados em áreas com

características opostas para que pudéssemos verificar as falhas e os acertos e

levantássemos alguns indicadores importantes para a correção na concepção e

operação do equipamento.

O projeto foi lançado baseado na concepção do Prof. Jaramillo, do conhecimento

adquirido em visitas realizadas por mim e pelo Eng° Luciano Alvim à CETESB, para

conhecer a concepção dos aterros de vala implantados por este órgão em alguns

municípios paulistas.

Com relação ao referencial teórico do Prof. Jaramillo e do material adquirido em São

Paulo foram feitas adaptações pelos Engenheiros Mauricio Fiúza e Luciano Ricardo

para a nossa realidade local. Por exemplo: infiltração do chorume no solo, pela sua

baixa geração em áreas secas, pois o mesmo se incumbia de tratar o chorume, não

possuía dreno de gás e após o despejo dos resíduos pelo caminhão, o manuseio e

arrumação na vala era manual em função da baixa quantidade de resíduos gerados

pelos municípios escolhidos.

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114

Na visita à São Paulo, foi visto o aterro do município de Pedro Alexandre, no qual o

projeto elaborado foi baseado em vala larga e comprida, onde o carro tanto descia

na vala, como despejava os RSU por cima. Como a pluviosidade no Município é

alta, o chorume era captado e destinado para uma estação de esgoto próxima. O

aterro estava sendo operado há mais ou menos seis meses e estava muito bem.

Então, concluo que a iniciativa deste projeto foi salutar para o Estado, que possui

uma grande quantidade de municípios sem soluções adequadas para a questão dos

seus resíduos sólidos, faltando corrigir as falhas que já foram levantadas no seu

texto.

A análise das informações fornecidas pelos técnicos da CONDER

demonstra que o meio técnico possuía compreensão sobre a forma de como iniciar o

processo de implantação dos aterros, e, dentre outras, a necessidade de

envolvimento da população para a segregação dos materiais, a questão da

capacitação constante e a monitorização e apoio técnico com visitas periódicas aos

municípios.

Pode-se também observar que havia fragilidade institucional na gerência

responsável pelas ações de resíduos sólidos: poucos engenheiros (dois da área de

civil, três da área sanitária e ambiental), ausência de profissional da área de

geologia, de instrumentos informatizados e precisos para os estudos de seleção de

área. Os projetos foram licitados junto com a obra o que significou menor

participação da gerência responsável pelas ações de resíduos sólidos, pois, o

processo de construção era iniciado e concluído pela gerência de obras. Desta

forma, não foi possível aos engenheiros da gerência de resíduos um

acompanhamento para correções e adequações dos projetos.

5.5. A experiência de São Paulo

A visita realizada pela pesquisadora à CETESB objetivou conhecer a

experiência de São Paulo com o processo de erradicação dos lixões no Estado e a

implantação e acompanhamento da operação dos aterros em valas, para poder

comparar as duas experiências de governo.

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115

O Governo do Estado de São Paulo optou em promover um Plano de Ação

para redução da disposição inadequada dos RSU em todo o Estado e, inicialmente,

atendeu 281 municípios com aterros em valas. Estes municípios tinham geração

diária de até 10 toneladas de RSU. A executora dessas ações foi a Secretaria de

Estado de Meio Ambiente e a CETESB.

O apoio do Governo do Estado às Prefeituras consistiu em auxiliar técnica

e financeiramente (grifo nosso) a implantação de aterros sanitários em sistema de

valas comuns. A opção por esta tecnologia decorreu do seu custo baixo e

simplicidade de implantação e operação. O apoio financeiro tem origem nos recursos

do Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FEHIDRO e do Fundo de Prevenção e

Controle da Poluição - FECOP.

De acordo com a publicação Procedimentos para Implantação de Aterro

Sanitário em Valas (2005), são assinados convênios com os Municípios, mediante

Plano de Trabalho e estabelecidos prazos e forma de prestação de contas por parte

das Prefeituras. Não estão inseridos nos Planos de Ação compromissos das

prefeituras quanto às práticas de minimização dos resíduos e a participação da

população.

A CETESB vem publicando, desde 1997, o Inventário Estadual de

Resíduos Sólidos Domésticos, cujas inspeções, coletas e fornecimento de dados

são feitos pelas Agências Ambientais da própria Companhia, com acompanhamento

das condições ambientais e sanitárias dos locais de tratamento e disposição final

dos resíduos.

De acordo com a mesma publicação a construção da guarita é opcional,

privilegiando-se sua construção quando a localização do aterro está mais próxima do

centro urbano, atraindo catadores de materiais recicláveis.

Durante a visita à CETESB, questionou-se se havia problemas com a

operação dos aterros em valas e o engenheiro que atendeu a autora respondeu que

as agências fiscalizam e notificam quando a operação está inadequada e as

Prefeituras podem solicitar o financiamento de uma retroescavadeira, para abertura

de novas valas, mas que os problemas mais comuns são: valas abertas em

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116

desacordo com o projeto; resíduos dispostos fora das valas; presença de catadores;

presença de aves e resíduos descobertos.

Foi realizada visita ao aterro sanitário simplificado do Município de

Conchas.

5.6. Avaliação dos aterros pelos critérios adotados

Nas visitas aos aterros, foram observados os critérios adotados para

considerar os aterros operacionalmente adequados ou não e incluídos novos

critérios. Esses critérios estão relacionados na Tabela 10, aos quais são atribuídas

notas. A nota 10 significa condição adequada, a nota 5 razoavelmente adequada e a

nota 0 inadequada. Para definição das notas foi feita comparação entre os seis

aterros. Os critérios sombreados em amarelo claro não foram pontuados porque

todas as respostas foram iguais (critérios 11 e 16) e do mesmo modo o critério 7,

este por não haver igualdade de condição.

A nota máxima de 140 pontos foi alcançada pelo aterro de Araci.

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117

TABELA 10. Critérios adotados para avaliar condição de operacionalidade dos aterros

CRITÉRIOS Araci Nota C.Jacuipe Nota Itanagra Nota Maracás Nota Saubara Nota Tucano Nota

1 Frente de trabalho ampla 1

Não

10 Sim

0

Sim

0

Sim

0

Sim

0

Sim

0

2 Visível geração de lixiviado

Não

10

Não

10

Não

10

Não

10

Sim

0

Não

10

3

Plásticos/lixo espalhado

Não

10

Não

10

Pouco

5

Não

10

Sim

0

Não

10

4

Estado de conservação do cercamento

Bom

10

Regular

5

Sem portão

0

Bom

10

Ruim

5

Bom

10

5

Estado de conservação da portaria

Bom

10

Regular

5

Destruída

0

Bom

10

Ruim

5

Bom

10

6

Estado de conservação do portão

Bom

10

Regular

5

Sem portão

0

Bom

10

Ruim

5

Bom

10

7

Estado de conservação do galpão de triagem 2

Bom Sem uso

-

Não tem

-

Não tem

-

Bom Sem uso

-

Não tem

-

Bom Sem uso

-

8

Aspecto das valas não utilizadas recobertas de mato

Não

10

Sim

0

Sim

0

Não

10

Sim

0

Não

10

9

Valas preenchidas recobertas de terra

Sim

10

Sim

10

Não

0

Sim

10

Sim

10

Sim

10

10

Processos erosivos na vala

Não 10

Sim 0

Sim 0

Sim 0

Sim 0

Não 10

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118

Continuação Tabela 10

11

Uso de lona para proteção da chuva conforme recomendado

Não -

Não -

Não -

Não -

Não -

Não -

12

Presença de catadores

Não 10

Sim 0

Não 10

Não 10

Sim 0

Não 10

13

Condições de acessos

Boa

10

Regular

5

Péssima

0

Boa

10

Péssima

0

Boa

10

14

Manutenção dos drenos pluviais

Sim

10

Não

0

Não

0

Sim

10

Não

0

Sim

10

15

Vala de RSS coberta. Com manutenção

Sim

10

Não abriram novas

0

Não tem 0

Sim

10

Desco- berta

5

Quei- mando

0

16

Novas valas abertas pela Prefeitura conforme especificado no projeto

Não

0

Não

0

Não

0

Não

0

Não

0

Não

0

17

Faz uso de máquina para a operação periodicamente

Sim

10

Sim

10

Não opera

0

Sim

10

Sim

10

Sim

10

18 Presença de aves Sim 0 Sim 0 Sim 0 Sim 0 Sim 0 Sim 0 TOTAL 140 60 35 120 40 120

1 Significa o não recobrimento de resíduos por muitos dias, com grande quantidade de resíduos espalhados. 2 Deixou-se de pontuar por não haver condição de igualdade para todos

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119

Verifica-se que, dos três aterros sanitários simplificados considerados

com operação aceitável pelo Ministério Público do Estado da Bahia, apenas o

aterro do Município de Araci encontrava-se em melhores condições. Os aterros

dos Municípios de Tucano e Maracás apresentavam condição de operação

irregular e foram confirmados com operação péssima os aterros de Conceição de

Jacuípe, Itanagra e Saubara.

Para subsidiar uma análise da relação entre receitas municipais e nível

de qualidade da operação dos aterros sanitários, foram pesquisadas as receitas

dos municípios estudados. Da análise da Tabela 11, observa-se que parece

haver uma tendência que os municípios com maior receita estariam com

operação dos aterros em melhor situação que os demais.

TABELA 11. Receitas Próprias e de Transferência 2001-2002

Receita Realizada (R$) Receita Própria (R$)

Receita de Transferência (R$) Municípios

2001 2002 2001 2002 2001 2002

Araci 19.414.467 21.558.052 2.289.676

2.341.589 17.124.791

19.216.463

Conceição do

Jacuípe 9.429.628 9.351.073 643.417

621.396 8.786.211

8.729.678

Itanagra 3.159.762 4.838.552 45.567

1.406.615 3.114.195

3.431.937

Maracás 9.882.840 10.657.115 338.577

538.344 9.544.263

10.118.771

Saubara 3.958.935 5.040.538 168.807

166.690 3.790.128

4.873.848

Tucano 15.171.165 18.449.726 514.944

827.888 14.656.221

17.621.838

Fonte: MINFAZ / STN eTCM

Elaboração: adaptado pela autora do SEI (2004),

Nota: Nos valores das Transferências já está descontada a parcela destinada ao FUNDEF.

Porém, quando se busca essa relação, receita e situação operacional do

aterro, entre os aterros convencionais implantados pelo Governo do Estado da

Bahia, esta relação não se confirma, conforme Tabela 12. Foram analisados

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120

dezessete municípios que têm aterros sanitários convencionais e que, em 2002,

obtiveram receitas acima de R$ 25 milhões/ano.

TABELA 12. Municípios com receitas acima de R$25 milhões e situação de disposição final, 2002

Receita/2002 Município R$1,00

Situação operacional pesquisada

Salvador 1.022.732.339 Operação adequada

Camaçari 238.809.412 Operação aceitável / compartilhado

Feira de Santana 135.236.516 Implantado Prefeitura – sem informação

Ilhéus 97.919.173 Operação inadequada

São Francisco do Conde 95.207.294 Compartilhado / Operação inadequada/

Simões Filho 68.656.263 Compartilhado Salvador

Lauro de Freitas 67.569.028 Compartilhado Salvador

Jequié 66.781.531 Operação aceitável/oscila

Candeias 64.893.227 Compartilhado S.F.Conde / deposita Camaçarii

Barreiras 60.264.314 implantado pela Prefeitura – sem informação

Alagoinhas 49.598.226 Operação inadequada

Porto Seguro 45.397.102 Operação inadequada

Teixeira de Freitas 41.727.123 Operação inadequada

Madre de Deus 40.057.086 Compartilhado S.F.Conde /deposita Camaçari

Dias d'Ávila 40.056.234 Compartilhado Salvador

Santo Antônio de Jesus 27.512.092 Operação inadequada

Catu 25.229.876 Operação inadequada

Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados do MINFAZ/STN e TCM e Relatório MP

Elaboração:SEI (2004)

(¹) Valores atualizados a preços de 2002 pelo IGP/DI-FGV. Obs.: as linhas coloridas significam que os aterros são compartilhados

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121

6. CONCLUSÃO

Mudanças são construídas paulatinamente e só ocorrem quando há um

ambiente favorável para gerar essa mudança. Ações pontuais podem reduzir

problemas, mas, não geram mudanças. Ainda que sejam carregadas de boas

intenções não alcançam os objetivos para os quais o recurso público foi aplicado.

Ambiente favorável significa legislação específica, recursos, apoio técnico, planos,

programas, divulgação da intenção para a participação de todos.

O processo de implantação dos aterros sanitários simplificados pelo

Governo do Estado da Bahia deu-se dentro de um contexto de fragilidades

que são percebidas quando se aprofundam as observações e se realiza a análise

das ocorrências, o que pode ter convergido para a não sustentabilidade dos

aterros.

A falta de estrutura tanto do governo estadual como do municipal para

planejar e receber o aterro, a falta de procedimentos claros de repasse e de

monitorização do equipamento, bem como projetos baseados em dados de

geração de RSU subestimados foram fatores que contribuíram para o insucesso

da ação governamental.

A decisão do Governo em assumir a implantação de 35 aterros

sanitários (em dois anos), deu-se a partir de uma experiência obtida no município

de Macarani, em 2002, considerada exitosa. Na época, houve empenho do

prefeito na manutenção e operação do aterro. Posteriormente a operação desse

aterro veio a ser considerada inadequada. Para atender o volume de obras a

serem contratadas, conforme consta na Tabela 4, era exigida uma estrutura

institucional que não havia no Estado da Bahia.

A ausência de documento firmado entre o Estado e as com as

Prefeituras, estabelecendo responsabilidades e contrapartidas, aumentou a

fragilidade da participação das prefeituras, que não se incorporaram ao processo

de implantação. A ausência de documento que firmasse o ato de repassar a

operação, com dados sobre a obra, valores, descrição das benfeitorias não

facilitou a incorporação contábil deste bem ao patrimônio da Prefeitura; o repasse

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122

dos aterros para as prefeituras foi feito por meio de documento de entrega da

obra.

Com relação aos estudos preliminares para a implantação, estes não

foram feitos para coletar informações sobre o sistema de RSU dos municípios.

Também não houve ações preliminares para promover a participação social, nem

a inserção social dos catadores do lixão (onde havia). Em nenhum dos municípios

foi feita a caracterização dos resíduos, o que significou trabalhar sem dados

consistentes para a implantação do aterro e promover a coleta seletiva. Nem

sempre os projetos consideraram no cálculo da geração de resíduos, os

povoados próximos, o que, em alguns, aumentou a quantidade prevista a ser

disposta, possivelmente ultrapassando as 20t/dia propostas, em alguns

municípios.

Após a implantação, não houve acompanhamento sistemático dos

aterros pelo Governo do Estado, para que possibilitasse correções e adequações

dos projetos e fosse verificada a adequação da operação.

Por parte das Prefeituras observou-se que nenhuma agiu, nem antes

nem depois da implantação do aterro, para solucionar problemas onde houvesse

catadores (como foi o caso do Município de Conceição de Jacuípe). Nenhuma

adaptou sua estrutura administrativa, nem operacional para se tornar compatível

para exercer uma adequada operação e controle dos resíduos que são

depositados no aterro (para avaliar a vida útil do mesmo), consequentemente

nenhuma fez monitorização ou acompanhamento.

Não demonstraram maior preocupação ou responsabilidade com o

processo do licenciamento ambiental. Ao abrirem novas valas o fizerem sem

conformidade com o projeto e sem licenciamento. A exceção do Município de

Itanagra, que não realiza ação de manutenção no aterro, todos os demais aterros

pesquisados utilizam, periodicamente, máquinas (em geral retroescavadeira) para

empurrar os RSU para a vala.

Embora o aterro de Araci tenha apresentado melhor aspecto,

constatou-se que não há uma interferência direta do prefeito. O funcionário

responsável possui algum conhecimento ambiental e mantém o aterro em

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123

condições aceitáveis. Nos demais aterros pesquisados, todos com operação

inadequada, observou-se que o prefeito não assume a responsabilidade pela

operação do aterro ainda que Maracás no ano de 2006 houvesse operado

adequadamente o que mereceu um prêmio da UPB.

Esse procedimento de inércia revela que os prefeitos não se

apropriaram dos benefícios ambientais e sanitários proporcionados pelo

equipamento.

Por parte dos projetos pôde-se verificar que:

1. Em alguns projetos por estar previsto a abertura de mais de duas valas nos

aterros, não ficou claro para as prefeituras que o uso das valas seria

seqüenciado, isto é, teriam que utilizar uma, fechar/recobrir com solo, para

depois utilizar outra.

2. O modo “manual” de operar não foi compreendido e talvez não tenha sido

aceito, pois, o entendimento é de que a máquina deve empurrar os RSU

para a vala, por isso os depositam na lateral, exatamente pela dificuldade

do veículo basculante aproximar-se da beira da vala, por risco de tombar.

3. Nenhuma caixa d´água colocada no aterro é abastecida.

4. Não há utilização do galpão de triagem.

5. Há uma interferência significativa do clima sobre a operação. Em regime de

chuva mais constante (Municípios de Saubara e Conceição de Jacuípe)

aumenta a dificuldade de operação. Este é um critério que pode vir a ser

considerado como determinante para avaliar o emprego desta tecnologia,

considerando a possibilidade de geração do lixiviado.

6. O Manual de Procedimento da CONDER entregue às Prefeituras, ainda

que precise ser revisto, não foi repassado ao funcionário que é responsável

pelo aterro, nem ao funcionário que executa atividades de limpeza dentro

do aterro. Dessa forma, alguns aterros iniciam a operação na extremidade

oposta onde tem o tanque de acumulação do lixiviado (para escoamento

natural).

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124

Conclui-se assim, que o procedimento das Prefeituras com relação à

manutenção/operação dos aterros sanitários simplificados é parte, omissão do

que lhe compete por Lei, parte, reflexo do processo de implantação do

aterro e parte reflexos das políticas públicas para a área.

Do ponto de vista operacional, a tecnologia dos aterros simplificados

mostra-se apropriada para municípios com geração de até 10t/dia, face à

simplicidade de sua operação. Recomenda-se observar as características

climáticas do município a receber o aterro e outras constantes dos estudos de

seleção de área.

Sua implantação deve ser precedida de ações que reduzam a

quantidade de material, que não pode mais ser conceituado como lixo, para ser

aterrado. Essas ações exigem ampla participação da sociedade e devem ser

acompanhadas pelo Poder Público, pois são contínuas, até que se alcancem

mudanças significativas no tratamento dos resíduos.

Para as Prefeituras recomenda-se:

O gestor, ao tomar a decisão de implantar um aterro sanitário simplificado deve

entender que esse equipamento urbano exerce função sanitária e ambiental e

passa a se constituir mais uma despesa para os cofres públicos (com ganhos na

saúde e no meio ambiente). Assim, quanto à gestão do sistema de resíduos

sólidos municipais recomenda-se:

a) Implantação de programa de melhoria na gestão dos serviços público

de acordo com o Programa Nacional de Desburocratização e Gestão

Pública, oferecido pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão.

b) Articulação para a participação da sociedade, empresas, ONGs e

Poder Público, como elementos essenciais no processo de

planejamento das ações para minimização dos RSU.

c) Criação, por lei, da área de resíduos sólidos municipal, seguida da

institucionalização, constando no organograma da Prefeitura, com

participação no PPA e no orçamento anual, considerando: i) todo o

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125

sistema de RSU, desde a geração, passando pelo tratamento até o

destino final; ii) assumir responsabilidade com o licenciamento

ambiental; iii) promover ações de redução do material a ser aterrado;

iv) manter um consultor com formação em engenharia sanitária e

ambiental como responsável técnico do aterro sanitário simplificado.

d) Implantação de relatórios de desempenho do sistema de resíduos

sólidos e manter-se interessado nos dados apresentados.

e) Articulação de parcerias com comerciantes locais.

f) Inserção social de catadores de materiais recicláveis.

g) Implantação gradual da coleta seletiva, por catadores.

h) Promover a atração de pequenas indústrias recicladoras para o

município.

i) Assumir todas as competências, que lhe são outorgadas por lei, para

as questões ambientais do município, como membro do SISNAMA.

As recomendações, baseadas em todo o estudo desenvolvido, são dirigidas aos

responsáveis pelos projetos, ao Governo do Estado da Bahia e às Prefeituras

Para os próximos projetos de aterros sanitários simplificados recomenda-

se:

A concepção dos aterros sanitários simplificados, modelo CONDER, pode

merecer revisão e considerar no projeto facilidades para a sua operação. Pode

não haver compactação por meio mecânico, que é a idéia do aterro sanitário

simplificado, mas precisaria da máquina para reduzir a área de despejo dos RSU.

Assim os projetos devem ser orientados a:

a) Operar os aterros, periodicamente, por máquina e atender municípios

que gerem de 5t/dia até 10t/dia de resíduos domiciliares, com

condição climática favorável à não geração de lixiviado.

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126

b) Operar os aterros, diariamente, manualmente e atender municípios

que gerem, no máximo, até 5t/dia de RSU, para evitar que se

transforme em lixão, pois um dia sem operação significará no dia

seguinte 10t para operar.

c) Discutir com a Prefeitura a possibilidade de o aterro funcionar em um

turno, antes de construir estruturas de apoio como: guarita, caixa

d´água.

d) Definir a forma de abastecimento ao construir a caixa d´água, que,

sugere-se, seja por captação da água de chuva ou escavação de

cisterna.

e) Construir galpão de triagem apenas nos municípios que desenvolvam

ações de segregação dos resíduos na origem.

f) Rever o Manual de Operação e o Projeto Básico da CONDER

apresentados às Prefeituras e apresentar mecanismos de controle e

fiscalização dos serviços executados de forma a gerar relatórios com

informações confiáveis.

Comparando-se os projetos da CETESB e do PROSAB observa-se que as valas

variam de comprimento entre 30m e 50m, abertas em etapas. Nos projetos da

CONDER, em alguns aterros, pois os projetos não são iguais, as valas têm entre

50m e 100m de comprimento e são integralmente abertas ao mesmo tempo 2 ou

4 valas, o que se reflete na operação.

Para o Governo do Estado da Bahia recomenda-se:

A decisão política de eliminar os lixões no Estado da Bahia exige

programa cujas ações têm que estar alinhadas com a participação da sociedade

no planejamento de cada sistema de resíduos sólidos. Terá que considerar os

princípios para a gestão dos resíduos (redução, reaproveitamento e reciclagem),

princípios da Lei nº11.445/07 e princípios da gestão pública (liderança, pessoas,

resultados). Será necessário inserir o planejamento nas ações de fortalecimento

institucional do setor nas prefeituras, com capacitação continuada. Assim, para

que o Estado obtenha sucesso, em caso de decidir, reduzir gradativamente até

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127

eliminar a disposição de RSU diretamente no solo, são recomendadas as ações

de:

a) Fortalecimento ou definição institucional do órgão estadual

responsável pelas ações de resíduos sólidos.

b) Estabelecimento de convênios com as Prefeituras cujo objeto deve

estar claro e estabelecer contrapartidas e responsabilidades, quando

da implantação do equipamento. As contrapartidas das prefeituras

podem ser: i) criação, por lei, da área de resíduos sólidos municipal,

seguida da institucionalização, fazendo com que conste no

organograma da Prefeitura, com participação no PPA e no orçamento

anual, considerando todo o sistema, da geração ao tratamento e

destino final; ii) assumir a responsabilidade com o licenciamento

ambiental e suas renovações; iii) promover ações de redução do

material a ser aterrado; iv) manter um consultor com formação em

engenharia sanitária e ambiental como responsável técnico do aterro

sanitário simplificado.

c) Promoção, quando possível, de formação de consórcio para a gestão

associada dos sistemas de resíduos sólidos.

d) Criação de incentivos fiscais para as Prefeituras que tratarem

adequadamente seus RSU (ICMS Ecológico).

e) Criação de incentivos fiscais para instalação de pequenas indústrias

recicladoras em municípios de médio porte, reduzindo distâncias e

viabilizando economicamente a reciclagem.

f) Isentção para a cobrança de ICMS de material reciclável.

g) Montagem de programa de capacitação em parceria com

Universidades, escolas técnicas, ONG.

h) Planejamento por etapas, em cada município, para inserir o processo

de mudança da forma de destinação dos resíduos.

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128

Sugere-se a busca de parcerias com Universidades, Ministério Público,

União dos Municípios da Bahia, Escolas Técnicas e outras instituições afins, tanto

para construção do plano como para o acompanhamento das ações. Envolver a

Secretaria de Meio Ambiente e o Instituto de Meio Ambiente que atuarão,

principalmente, na monitorização, através das Regionais e das Comuas –

Comissões de Usuários das Águas; criar um Fundo de Prevenção da Poluição por

Resíduos Sólidos destinado a financiar obras e equipamentos, a fundo perdido

para as Prefeituras; a criação do ICMS Ecológico, processo em andamento no

Instituto de Meio ambiente, criando incentivos fiscais para os municípios que

possuírem centrais de tratamento de resíduos e/ou aterro sanitários (com

diferentes percentuais); também incentivar a implantação de indústrias

recicladoras em municípios pólos.

Por fim apresenta-se a Figura 59 que é uma representação esquemática

de um guia para desenvolvimento de processo de construção de um modelo de

gestão municipal de RSU. Deve ser seguido por etapas e contar com a

participação da população.

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129

Fonte: Wilson et al. (2001), tradução livre e adaptação da autora

FIGURA 59. Guia para construção de um modelo de gestão de resíduos sólidos urbanos

As estratégias e princípios adotados devem estar baseados no que

recomenda a literatura, porém a proposta para tratamento dos resíduos deve

partir de um Comitê a ser formado por representantes da sociedade civil com

participação da Prefeitura. O Modelo de Gestão de RSU, ao final do processo de

construção, deve estar adequado às características físicas do município, à

1. Mobilização Participação

2. Definição de

estratégias

3.Estabelecimento de estratégias e

princípios

4. Identificação e avaliação de

opções

5. Desenvolvimento

de estratégias

6. Prepara Plano/Modelo de

Gestão

7. Implementa

Plano /Modelo de Gestão

Identifica, reúne representantes da comunidade, do governo, do legislativo. Cria comitê

Coleta dados sobre RSU/geração/per capita/serviços existentes. Prepara as Estratégias.

Define o que se quer fazer com os resíduos e em que prazo. Hierarquização, integração. Define os princípios e metas.

Seleciona técnicas aplicáveis, tipos de disposição, segregação na fonte, meios de financiamento, hierarquiza. Modelo Institucional consórcio/compartilhamento. Catadores. Inicia elaboração do Plano de Ação.

Políticas, leis, regulamentos. Define objetivos e metas, indica meios, tipo de organização (serviços), Sustentabilidade financeira. Prepara documento, de acordo com os passos 2 e 3, para aprovação política.

Sustentabilidade financeira, administrativa, modelo tecnológico, monitoramento. Desenvolvimento Institucional. Estratégias. Tipos de coleta. Prepara Planos de Ação e de Investimentos.

Monitoramentos. Informações. Indicadores. Solucionando problemas. Elaborando e implementando modelo de gestão.

MODELO DE GESTÃO DE RSU URBANOS (ADEQUADO ÀS CARACTERÍSTICAS E DESEJOS DA POPULAÇAO DO MUNICÍPIO)

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130

quantidade e composição dos resíduos gerados e às opções tecnológicas

baseadas nos aspectos técnicos, financeiros, sociais e ambientais do município.

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nº 02/1991, dispõe sobre adoção de ações corretivas, de tratamento e de disposição final

de cargas deterioradas, contaminadas ou fora das especificações ou abandonadas.

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______ Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional de Meio Ambiente Resolução

nº 257/1999 estabelece que pilhas e baterias que contenham em suas composições

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135

chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, tenham os procedimentos de reutilização,

reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequado. Publicado no DOU

em: 22 de julho de 1999.

______ Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional de Meio Ambiente Resolução

nº258 determina que as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos

ficam obrigadas a coletar e dar destinação final ambientalmente adequada aos

pneus inservíveis. Publicado no DOU em: 02 de dezembro de 1999.

______ Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional de Meio Ambiente Resolução

número 275/2001, estabelece código de cores para diferentes tipos de resíduos

na coleta seletiva. Publicado no DOU em: 19 de junho de 1991.

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Resolução número 307/02, estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a

gestão dos resíduos da construção civil. Publicado no DOU em: 17 de julho de 2002.

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APÊNDICES

Page 145: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA … · LISTA DE TABELAS TABELA 1. população urbana Distribuição dos municípios da Bahia por faixas de (2000)

142

APÊNDICE A – ENTREVISTAS SEMI-ESTRUTURADAS COM OS ATORES ENVOLVIDOS NA

CONSTRUÇÃO, NO PLANEJAMENTO E NA OPERAÇÃO DOS ATERROS SANITÁRIOS

SIMPLIFICADOS.

Prefeitos e Secretários Municipais, Operadores do aterro, Técnicos da CONDER.

OBJETIVO GERAL DAS ENTREVISTAS:

Pesquisar dados que possam indicar As causas da operação adequada ou inadequada dos

aterros simplificados.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

PREFEITOS

Identificar o conhecimento do prefeito sobre os problemas causados por resíduos sólidos a fim de

verificar a possibilidade de relacionar o nível da operação do aterro com o conhecimento e

interesse (vontade política) dele como gestor em dar uma solução para o problema

SECRETÁRIOS

Avaliar a capacidade financeira e a capacidade técnica da prefeitura em operar o aterro. Verificar o

nível de planejamento do sistema de resíduos sólidos municipal. A forma de contratação dos

trabalhadores.

Avaliar o planejamento municipal para a área de resíduos sólidos; o conhecimento do secretário

sobre aterros sanitários, resíduos sólidos; os controles de despesa com limpeza urbana que são

praticados; a prioridade do município em capacitar o pessoal do aterro.

Saber como se deu a escolha e o contrato de trabalho do operador com a Prefeitura.

OPERADORES

Avaliar a experiência e o seu nível de envolvimento com o trabalho, identificar se possui algum

conhecimento específico sobre aterros.

TÉCNICOS DA CONDER

Conhecer a atuação do governo na promoção de melhorias para a destinação final.

Avaliar o planejamento das ações de resíduos sólidos feito pela instituição.

Avaliar a institucionalização do setor no Governo do Estado da Bahia

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ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA COM PREFEITOS IDENTIFICAÇÃO

MUNICÍPIO:___________________________________________________ DATA DE IMPLANTAÇÃO DO ATERRO_________________________ NOME DO PREFEITO:____________________________________________ ANO DE ELEIÇÃO_______________________________________________ DATA DA ENTREVISTA / /

1. Ao iniciar seu governo possuía uma idéia da dimensão do problema com os resíduos sólidos urbanos?

[ ] SIM [ ] NÃO 2. No orçamento municipal estão previstos gastos com limpeza urbana?

[ ] SIM [ ] NÃO . Se SIM informar valor aproximado________________

3. Tem uma rubrica própria? [ ] SIM [ ] NÃO

4. Aterro sanitário simplificado, o que é isto para o senhor? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

a) O aterro sanitário foi construído na sua gestão? SIM [ ] NÃO [ ] b) Se sim. Como se deu a decisão de instalar o aterro sanitário: i) Foi procurado pela

CONDER [ ]; ii) Procurou a CONDER [ ] c) ....................................................................................................................................

..........................................................................................................

4.2 O que lhe motivou a aceitar a instalação de um aterro sanitário no município? 4.2.1 Pressão do Ministério Público ou Ibama 4.2.2 Pressão da população

4.2.3 Consciência da necessidade 4.2.4 Soube que um município já tem 4.2.5 Outro motivo (ESPECIFICAR)____________________________________

4.3 Na CONDER obteve informações sobre: (objetivo: saber o grau de apoio técnico recebido) 4.3.1 Necessidade de licenciamento [ ] 4.3.2 da desapropriação do terreno [ ] 4.3.3 detalhes do projeto [ ] 4.3.4 detalhes da operação [ ] 4.3.5 custos de manutenção [ ] 4.3.6 da responsabilidade da operação [ ] 4.3.7 da responsabilidade de abrir novas valas. [ ]

4.4 Seleção da área: 4.4.1 acompanhou o processo de seleção? SIM [ ] NÃO [ ] 1.4.2 conhece os critérios de seleção de área para um aterro? SIM [ ] NÃO [ ] 4.4.3 possui um exemplar remetido pela CONDER do processo de seleção de área? 5. O departamento de limpeza urbana na sua opinião está estruturado de forma suficiente para atender todo o município? SIM [ ] NÃO[ ]

Se SIM, o que leva a esta afirmação?

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Se NÃO, complemente porque, o que falta, quais as principais dificuldades: ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Na sua campanha a questão dos resíduos sólidos urbanos foi colocada como uma das prioridades na sua gestão? SIM [ ] NÃO [ ]

Se SIM, a prioridade era a coleta [ ] a limpeza das ruas [ ] [ ] a destinação final?

6. Acha que o fato de o município ter um aterro sanitário implantado os problemas com os resíduos sólidos estariam todos resolvidos? SIM [ ] NÃO [ ] Justifique a resposta ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. Vem acompanhando a operação do aterro periodicamente? SIM [ ] NÃO [ ] Se SIM, quantas vezes /(mês, dia, ano). 8. Tem conhecimento do efeito poluidor de um aterro mal operado? SIM [ ] NÃO [ ] 9. A Prefeitura possui engenheiro sanitarista no seu quadro funcional? SIM [ ] NÃO [ ] 10. A Prefeitura possui cópia do projeto do aterro sanitários? SIM [ ] NÃO [ ] e do Manual de Operação SIM [ ] NÃO [ ] 11. O aterro sanitário possui o licenciamento ambiental? SIM [ ] NÃO [ ] 12. Tem conhecimento do efeito poluidor de um aterro mal operado? SIM [ ] NÃO [ ] 13. Existe na Prefeitura algum projeto específico para a questão dos resíduos sólidos? Coleta seletiva [ ] catadores [ ] compostagem [ ] outros [ ] ______________________________________________________________________________________________________________________________________

14. Qual o gasto aproximado atual da Prefeitura com a execução dos serviços de limpeza urbana? _______________________________________________________________ 15. E, especificamente, com a operação do aterro simplificado?________________

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17. Quais as principais dificuldades encontradas na sua gestão para realizar o serviço de limpeza urbana?

(marcar de 1 a 7, por nível de importância, as quadrículas que entender pertinentes)

[ ] Falta de planejamento dos serviços [ ] Falta de participação da população [ ] Poucos recursos financeiros para atender todas as demandas [ ] Falta de capacitação técnica do pessoal envolvido no serviço de limpeza urbana [ ] A questão dos resíduos sólidos não se mostrou uma prioridade [ ] Ausência de controle e avaliação dos serviços realizados pela própria prefeitura [ ] Problemas sociais e jurídicos causados pela disposição final do lixo Outros: _______________________________________________________________

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ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA COM SECRETÁRIO RESPONSÁVEL PELO SISTEMA DE LIMPEZA URBANA DATA DA ENTREVISTA / /

1. DADOS DO MUNICÍPIO NOME:____________________________________________________________ POPULAÇÃO IBGE/2000: ____________________________________________ DATA DE IMPLANTAÇÃO DO ATERRO: ________________________________

2. IDENTIFICAÇÃO DO TITULAR DA SECRETARIA NOME:____________________________________________________________ SECRETARIA: _____________________________________________________ FORMAÇÃO PROFISSIONAL: __________________________________________ 3. PLANEJAMENTO MUNICIPAL 3.1. Existe algum projeto específico para resíduos sólidos visando reduzir a sua geração? SIM [ ] NÃO [ ] 3.1.1 Se sim, qual? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3.1.1.1 e para a coleta seletiva? SIM [ ] NÃO [ ] 3.1.1.2 Se sim, descrever de forma sucinta ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 4. Se existem catadores a questão é, de alguma forma, observada pela prefeitura? SIM [ ] NÃO [ ] 4.1 Se sim, existe alguma providência neste sentido?Qual? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. Existe alguma lei ou regulamento municipal que trate da questão dos resíduos sólidos urbanos? SIM [ ] NÃO [ ] 5.1 Se sim, cite-a. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. A Lei Orgânica do Município trata da questão ambiental? Descrever

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________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7. GESTÃO DO SISTEMA 7.1 Qual a forma de realização dos serviços?

totalmente terceirizado [ ] parcialmente terceirizado [ ] totalmente municipalizado (inclusive equipamentos) [ ]

7.2 Se terceirizados, a prefeitura exerce a fiscalização?

SIM [ ] NÃO [ ]

7.2.1 De que forma?

Por meio de relatórios mensais? SIM [ ] NÃO [ ] Quando há necessidade de correções estas são repassadas AO contratante? SIM [ ] NÃO [ ] OU

Por reclamação dos municípes SIM [ ] NÃO [ ]

8. GERENCIAMENTO DO SISTEMA

8.1 Quais os tipos de controles que são feitos pela prefeitura para acompanhar o gerenciamento dos serviços? Anotações de regularidade/irregularidade dos serviços? SIM [ ] NÃO[ ] Gasto com combustível? SIM [ ] NÃO [ ] Gastos com pessoal [ ] Gastos com coleta? [ ] Gastos com a destinação final? [ ] OUTROS ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8.2. Quantas pessoas trabalham para o sistema de limpeza urbana, por tipo de serviço?

a) coleteiros____ b) motoristas_____ c) varredores _____ d) serviços especiais ____ e) destinação final _____ f)

8.3. É realizado algum programa de valorização dos trabalhadores, algum benefício? SIM [ ] NÃO [ ] 8.4 Se sim, qual? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8.5 Como se deu a seleção do operador do aterro sanitário simplificado? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________

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9. PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE 9.1 O MUNICÍPIO POSSUI ALGUMA ONG AMBIENTAL?

SIM [ ] NÃO [ ] Se sim, tem boa atuação?

SIM [ ] NÃO [ ] 9.2 O Município possui conselho de meio ambiente?

SIM [ ] NÃO [ ]

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ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA COM OPERADORES DO ATERRO

DATA DA ENTREVISTA / /

1. DADOS DO MUNICÍPIO NOME:___________________________________________________________

POPULAÇÃO IBGE/2000____________________________________________

DATA DE IMPLANTAÇÃO DO ATERRO:_____________________________

2. DADOS DO RESPONSÁVEL PELA OPERAÇÃO

2.1 NOME DO RESPONSÁVEL PELA OPERAÇÃO____________________________ 2.2 ESCOLARIDADE_____________________________________________________ 2.3 IDADE ___________________________________________________________

3. EXPERIÊNCIA

3.1 Desde quando está operando este aterro? ___________________________________________________________ 3.2 Tem alguma experiência anterior em operação de aterros

SIM [ ] NÃO [ ] 3.2.1 SE SIM. Qual o tempo? _____________________________________________

4. CAPACITAÇÃO 4.1 Houve algum tipo de capacitação anterior para a execução do serviço? SIM [ ] NÃO [ ] 4.2 Desde que o aterro foi implantado foi oferecido algum treinamento? SIM [ ] NÃO [ ]

5. NÍVEL DE CONHECIMENTO DO OPERADOR 5.1 Sabe distinguir o que é um aterro sanitário e o que é um lixão? SIM [ ] NÃO [ ] 5.2 Conhece algum tipo de poluição causado pela má operação do aterro? SIM [ ] NÃO [ ]. SE SIM. 5.2.1 Quais?___________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 5.3 Sabe o que é chorume/lixiviado? SIM [ ] NÃO [ ] 5.4 Já leu o manual de operação de aterro simplificado fornecido pela CONDER?

SIM [ ] NÃO [ ] 5.4.1 E por outra instituição?

SIM [ ] NÃO [ ] 5.5 Sabe o que significa “frente de trabalho”?

SIM [ ] NÃO [ ]

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6. DADOS DA OPERAÇÃO 6.1 Horário de funcionamento do aterro__________________________ 6.2 Quantos funcionários trabalham no aterro?__________________ 6.3 Qual a média de viagens/dia recebidas no aterro por tipo de equipamento : CAÇAMBAS _______________________________________ COMPACTADORES _________________________________ OUTROS ___________________________________________ 6.4 Na chegada os veículos são orientados a descarregar o lixo em um determinado ponto?

SIM [ ] NÃO [ ] 6.5 O aterro possui lona para recobrimento das células, após a descarga dos resíduos?

SIM [ ] NÃO [ ] 6.6 Possui vala séptica?

SIM [ ] NÃO [ ] 6.7 Os resíduos são recobertos com solo/terra de quantos em quantos dias?

DIARIAMENTE[ ] DIA SIM DIA NÃO [ ] DUAS VEZES POR SEMANA [ ] OUTROS PERÍODOS – ESPECIFICAR____________________________________

6.7.1 O solo de recobrimento (material de empréstimo) está localizada dentro do aterro?

SIM [ ] NÃO [ ] 6.8 É realizado algum tipo de segregação de materiais dentro do aterro?

SIM [ ] NÃO [ ] 6.9 Sabe informar se há algum tipo de coleta seletiva na cidade (por catadores ou veículos)?

SIM [ ] NÃO [ ] 6.10 Tem conhecimento do que será necessário fazer no aterro após o preenchimento total da

célula em uso? SIM [ ] NÃO [ ]

6.11 Avalia por quanto tempo ainda a célula poderá receber lixo? SIM [ ] NÃO [ ]. 6.11.1 SE SIM. Por quanto tempo?____________________ OBSERVAÇÕES LIVRES DO ENTREVISTADO ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ROTEIRO PARA ENTREVISTA NÃO ESTRUTURADA COM TÉCNICOS DA CONDER

DATA _____/____/____ 1. IDENTIFICAÇÃO DO TÉCNICO NOME:_____________________________________________________________ FUNÇÃO/PROFISSÃO_________________________________________________ 2. HÁ QUANTO TEMPO PARTICIPA DA EQUIPE DE RESÍDUOS SÓLIDOS?_________ 3. COMO ESTÁ ESTRUTURADA A CONDER PARA ABSORVER O PLANEJAMENTO E A EXECUÇÃO DAS OBRAS DE IMPLANTAÇÃO EM TODOS OS MUNICÍPIOS? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ (ANOTAR EM OUTRA FOLHA) 4. SABE INFORMAR COMO SE DEU A ESCOLHA DO MUNICÍPIO QUE RECEBEU O EQUIPAMENTO? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5. DESCREVA COMO FOI REALIZADO O PROCESSO DE SELEÇÃO DE ÁREA ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6. COMO SE DEU A ENTREGA DA OBRA? EXISTE UM TERMO DE ENTREGA DA OBRA? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 7. A CONDER VINCULOU A APRESENTAÇÃO DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL À EXECUÇÃO DA OBRA? SIM [ ] NÃO [ ] ÀS VEZES { ] 7.1 SABERIA DESCREVER PORQUE? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 8. SE PUDER, FAÇA ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A ATUAÇÃO DA CONDER NA QUESTÃO DA DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO ESTADO. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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APÊNDICE B DADOS DOS ATERROS OBSERVADOS EM CAMPO: Grupo 1 Localização do município Dados sobre o sistema de coleta urbana local Grupo 2 Tipo predominante de solo Índice pluviométrico Grupo 3 Aspectos gerais construtivos do aterro Existência ou não de galpão triagem Grupo 4 Data início da operação Procedimentos operacionais e uso de máquinas Geração de lixiviado Área de RSS Uso de lona para cobertura temporária Obras de manutenção Presença/ausência de catadores de material reciclável Observação sobre a existência de geração gases Odor Presença de aves e animais Quantidade funcionários/escolaridade/tipo contrato/uso ou não de EPI Horário de chegada dos resíduos – regularidade Tipo de equipamento coletor Modo de aterramento da massa de resíduos Recobrimento das valas esgotadas, com vegetação Aspectos de processos erosivos Desobstrução das calhas de drenagem de águas pluviais

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ANEXO A - ELEMENTOS PARA ESTUDOS DE SELEÇÃO DE ÁREA PARA ATERROS SIMPLIFICADOS

De acordo com o relatório de estudo de seleção de área para aterros

simplificados, ao ser definida a alternativa pela construção do aterro sanitário, o

passo inicial refere-se ao estudo que elege um conjunto de requisitos, no sentido

de atender aos aspectos pertinentes à preservação do meio ambiente, às técnicas

de construção, à composição de custos financeiros, à situação fundiária e

utilização da área, à distância do aeroporto e do perímetro urbano, entre outros.

Esses elementos referem-se ao perfil municipal com informações sobre:

demografia, economia, saúde, abastecimento de água, esgotamento sanitário,

vias de acesso, educação, energia elétrica.

Ressalvando ser quase impossível encontrar uma alternativa que

atenda a todos os requisitos exigidos para o processo seletivo da área possível

para se implantar um aterro sanitário simplificado, usa-se uma matriz de

pontuação (Tabela 1), de acordo com a seguinte metodologia: a) elegem-se, no

mínimo, 3 áreas alternativas; b) identifica-se cada requisito da área atribuindo

notas e ponderações; c) totalizam-se as notas de cada área e escolhe-se a de

maior pontuação, conforme matriz de pontuação.

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Tabela 1. Matriz de pontuação para seleção de área

GRUPOS/ PG (%) CRITÉRIO P.I (%)

FAIXA DE AVALIAÇÃO NOTA Máx. Pont AREA 1 AREA 2

AREA 3

N NP N NP N NP N NP < 200 m 0

19 200 - 1000m 5 PROXIMIDADE DE

MANAN- CIAIS DE

SUPERFÍCIE > 1000m 10 X 1,9

< 4m 0 28 4 - 8m 5

PROXIMIDADE DE ÁGUA

SUBTERRÂNEA ( Fundo da Vala) > 8 m 10 X 2,8

> 10-3 cm/s 0 18 10-3 - 10-4 cm/s 5

CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA

DO SOLO < 10-4 cm/s 10 X 1,8

< 4 km 0 13 4km – 8km 10 X 1,3

DISTÂNCIA DOS CENTROS URBANOS

> 8km 5 <300 m 0 6 300m - 500m 5

DISTÂNCIA PARA HABITA-

ÇÃO MAIS PRÓXIMA

> 500m 10 X 0,6 Favorável 0 DIREÇÃO DO

VENTO EM RE- LAÇÃO AS ÁREAS

URBANAS 5 Não favorável

10 X 0,5 < 4.500 m 0

4 4.500m - 13.000 m 5

RISCOS COM AERONAVES

> 13.000 m 10 X 0,4 Intenso 0

5 Moderado 5 0,5 Nenhum 10 X

<100 m (tráfego intenso) 0

2

< 100 m (trafego

moderado) 5

RISCOS COM ACIDENTE EM

RODOVIAS (Acesso e

Visibilidade) RISCOS COM

ACIDENTE EM RODOVIAS

(Pássaros) > 100 m 10 X 0,2 ( ∑ total das NP )X(PG) 3,6

< 1 m³/s 0 25 1 - 10 m³/s 5

GRUPO 1 SAÚDE PÚBLICA E SEGURANÇA

PG: 36

VAZÃO DO RIO

> 10 m³/s 10 X 2,5

Classe I/ Similar/

Especial 0 X 25 Classe II 5

IMPORTÂNCIA AMBIENTAL DO RECURSO

HÍDRICO Acima de classe II 10 2,5

Área degradada 10 X 5,0

GRUPO 2 AMBIENTE NATURAL

PG: 26

VEGETAÇÃO 50 Pastagem/agricultura 5

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sem uso 10 ( ∑ total das NP )X(PG) 2,6

GRUPO 3 pequeno 10 X 3,0

30 médio 5 IMPACTO VISUAL

grande 0

pequeno 10 X 4,0

40 médio 5

INSTABILIDADE PSICO-SOCIAL

grande 0

pequeno 10 X 2,0 20 médio 5

ODOR grande 0

pequeno 10 X 1,0

10 médio 5 POEIRA

grande 0

AMBIENTE SOCIAL

PG: 12 ( ∑ total da NP )X(PG) 1,2

GRUPO 4 Inexistente 0

Asfalto ( boas

condições) 10 X 1,4

14 Asfalto ( más

condições) 5

VIAS DE ACESSO

cascalho 5

Alta > 30% 0 Média 10 - 30% 5

6 Baixa 3 - 10% 10 X 0,6

DECLIVIDADE DAS VIAS

DA ACESSO plana < 3% 10

Alto custo p/ capt. e

adução 0

4 Baixo custo p/ capt.

e adução 5

DISPONIBILIDADE DE ÁGUA

Disponível no local 10 X 0,4

Requer alto

investimento 0

2 Requer baixo investimento 5

DISPONIBILIDADE DE ENERGIA

Disponível no local 10 X 0,2

< 5 hectares ou V.U. < 10 anos 0

25 5 - 8 hectares ou 10 -

15 anos 5 DISPONIBILIDADE DE ÁREA

OU VIDA ÚTIL (V.U.) > 8 hectares ou V.U.

> 15 anos 10 X 2,5

Particular valorizada 0

Particular pouco

valorizada 5

INFRAESTRUTURA PG: 26

TITULARIDADE DO TERRENO

21 Pertencente ao município ou 10 X 2,1

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passível de doação

DECLIVIDADE DA ÁREA Alta declividade 0

(topografia) 8 Média declividade 5 Baixa declividade 10 X 0,8

Disponível no local 10 X 2,0

20 J<5 km 5

DISPONIBILIDADE DE TERRA

P/ IMPERMEABILIZAÇÃO

OU COBERTURA MINERAL J>5 km 0

( ∑ total das NP )X(PG) 2,6

BÔNUS PARA ÁREA DO LIXÃO 1,0 ( ∑ total das NP dos Grupos )X(PG respectivo) 10

N: Nota; NP: Nota Ponderada PG: Peso do Grupo; PG:

PI: Peso Individual NP: produto da nota c/ peso individual

Obs 1: Cada criterio e avaliado e pontuado conforme sua importancia. Opeso de cada grupo foi definido dado a importancia tecnica ambiental e legal dentro de uma escala de 0 a 100%. A Nota Final varia de 0 a 10. A area mais favoravel e a que apresenta a nota mais proxima da maxima pontuacao (10). Obs 2: Será acrescido 1 ponto de bonus à área pré selecionada que for utilizada como "lixão" pelo município.

Assim, a área selecionada será aquela mais próxima possível da

otimização dos requisitos listados, ou seja; a que menos impacte o meio

ambiente, atenda ao processo construtivo do aterro, apresente menor problema

fundiário e não aumente substancialmente o custo da coleta.

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Anexo B

Resumo do Manual de Operação dos Aterros Simplificados CONDER

O Manual foi elaborado com o objetivo de instruir quanto aos

procedimentos para a operação dos aterros sanitários simplificados. É dirigido

aos trabalhadores que operam os aterros. No Manual de Operação de Aterros

Simplificados – CONDER estão descritos tanto os procedimentos como um

regulamento para o funcionamento do aterro, com as instruções sobre, por

exemplo:

Quais tipos de resíduos o aterro sanitário simplificado está apto a

receber:

� Resíduos domésticos � Podas de árvores e resíduos de feitas � Entulhos � Resíduos de saúde

Horário de funcionamento a ser definido pela Prefeitura.

Descrição das rotinas operacionais:

� Manter portão de acesso fechado, só o abrindo o operador

responsável pelo aterro.

� Só permitir acesso de caminhões cadastrados.

� Verificar a procedência dos resíduos.

� Anotar a quantidade de resíduos (cubagem dos veículos).

� Manter a área limpa, livre de plásticos e utilizar formulário de controle

conforme modelo sugerido.

Dentro das rotinas operacionais estão descritos, com ilustrações, os

procedimentos dos operadores do aterro cujas atividades são:

� Encaminhar o caminhão para a frente de serviço; indicando que esta

posição deve ocorrer na extremidade oposta onde se encontra o poço de

acumulação de águas, e sempre dispor junto às disposições anteriores;

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158

� Informar que a descarga do lixo deve ocorrer, preferencialmente (grifo

nosso) no interior da vala conforme Figura 1, em não conformidade com o

recomendado.

Fonte: CONDER (2004)

FIGURA 1. Descarga dos resíduos por ejeção

O Manual explica que, quando a descarga ocorrer pelo topo da vala, a

Prefeitura deve providenciar placa de aço com espessura de 2,00cm x 3,50m

(grifo nosso) para apoiar as rodas do veículos no momento da descarga, dessa

forma dá maior segurança evitando riscos de desmoronamento do talude e

apresentada na Figura 2.

Fonte: CONDER (2004)

FIGURA 2. Descarga dos resíduos por ejeção utilizando placa de aço

Com relação aos dias chuvosos, quando não for possível a entrada do

caminhão na vala, é muito importante que as vias laterais estejam em condições

de permitir o tráfego de veículos ao redor delas. Para isto são importantes as

rotinas de manutenção das vias e das valas de drenagem previstas no projeto.

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159

• Preenchimento das valas

Recomenda que o preenchimento seja feito de forma ordenada

evitando o espalhamento do lixo e acompanhando a inclinação da lateral da vala

até atingir o topo. Durante o preenchimento o lixo deve ser compactado a fim de

reduzir o espaço ocupado. Enquanto o lixo não estiver na altura do topo da vala,

deverá estar sempre protegido com uma lona plástica para evitar o contato com

animais, e com as águas de chuva, Figura 3.

Fonte: CONDER (2004)

FIGURA 3. Cobertura de lona provisória

• Limpeza e manutenção das valas

O operador deverá empurrar o lixo de encontro ao talude da frente de serviço

sempre que houver disposição de novas descargas.

As valas devem ser mantidas limpas e quando da operação em períodos

chuvosos deve-se utilizar o conjunto motobomba para esgotar a água acumulada

no poço de acumulação.

Caso ocorra desmoronamento de terra das laterais das valas, deverá ser

providenciado a imediata recomposição dos taludes, para isto poderá ser

necessário a implantação de contenção com sacos preenchidos com solo natural.

• Compactação e cobertura

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A compactação visa reduzir o espaço ocupado pelo lixo, podendo ser feita

manualmente (por meio de um rolo compactador) ou por trator. Exemplifica com o

trator na Figura 4.

Recomenda que ao atingir a altura do topo da vala deverá ser providenciada a

imediata cobertura utilizando parte do solo estocado da escavação.

Fonte: CONDER (2004)

FIGURA 4. Compactação com utilização de trator

• Preenchimento dos espaços entre os diques

Orienta que, depois da vala coberta, sejam preenchidos os espaços entre os

diques.

Instrui o Manual “Gradativamente, então, deverá ser executado o dique

do outro lado da vala, através do transporte e compactação manual do solo

estocado. Posteriormente todo este solo exposto deverá ser revestido com

gramíneas ou com plantas nativas rasteiras, protegendo o solo contra as erosões,

sendo que esta proteção só será completamente eficaz a partir de regas

sistemáticas. À medida que os diques sejam concluídos deverão ser implantados

os sistemas de drenagens previstos no projeto”, (Figura 5).

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161

Fonte: CONDER (2004)

FIGURA 5. Modelo esquemático das valas e execução do dique

• Manutenção do aterro

Entre outros, estão previstos os seguintes tipos de manutenção:

� do sistema viário; � paisagismo; � da limpeza geral da área; � dos sistemas de drenagem (superficial e do interior da vala); � das cercas, portões e portaria.

As valas serão sempre revestidas com manta de PVC inclusive no topo

quando alcançar a altura da camada da cobertura definitiva do solo.

• Resíduos de serviços de saúde

Os resíduos de serviços de saúde, pelo risco que contêm, deverão ser

dispostos em valas individuais, evitando contato manual com os operadores do

aterro. Estes resíduos deverão ser lançados no interior das valas e cobertos

diariamente por uma camada de 20 centímetros de solo estocado. A camada de

cobertura definitiva deverá ter espessura de 60 centímetros (Figura 6).

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Fonte: CONDER (2004)

FIGURA 6. Vala de RSS

• Abertura sequencial de novas valas e aproveitamento do solo dos diques

Neste ponto o Manual informa que a Prefeitura ficará responsável por

escavar novas valas, por um período máximo de dois anos, para eu não fiquem

expostas às intempéries, por muito tempo.

Alerta também a necessidade de deixar metade do solo escavado< nas

laterais das valas, deixando espaço para o tráfego de veículos, suficiente para

manobras e lançamento do resíduo no interior da vala. Estocar a outra metade do

solo escavado.

Construir valetas de drenagens provisórias, junto aos solos depositados

para evitar a penetração de água nas valas.

Outra atenção especial deve ser dada à questão da drenagem das valas

com relação ao sistema previsto para a sua parte interna, onde o projeto propôs

uma valeta de terra ao longo de cada vala, tendo na parte final um poço de

acumulação com uma bomba. Esta bomba deverá conduzir as para as valetas de

drenagens definitivas especificadas no projeto.

Com relação ao solo escavado, que deverá ser estocado para utilização

como cobertura do lixo e para os diques, é importante que seja dada atenção

especial a esta deposição transitória para evitar que durante as chuvas este

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material seja erodido e que seja transportado ou para o interior das valas ou para

o meio ambiente. Para isto devem ser observados os seguintes procedimentos:

Após a conclusão da escavação das valas deverá ser providenciado pelo

menos uma compactação do solo escavado, com equipamento ou manualmente,

de modo a evitar solos soltos na superfície do material estocado;

Deverá ser providenciada a cobertura vegetal deste solo estocado, com

gramíneas ou plantas nativas rasteiras, que o proteja dos impactos das gotas de

chuvas e com isto reduza os riscos de erosões. É importante que seja sempre

providenciada a rega constante deste plantio de modo a se obter uma cobertura

vegetal eficaz.

• Monitorização

Recomenda necessário que, periodicamente, se faça o acompanhamento

de diversos elementos para que se possa minimizar e controlar os impactos

ambientais causados pela implantação do equipamento.

Como elemento para controle ambiental orienta:

� amostras obtidas nos poços de monitoramento; � amostras obtidas nos poços de acumulação; � sólidos retirados das valas aterradas; � recalques dos aterros.