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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA GILDEGLEICE BARCELAR DAS VIRGENS REVISÃO BIBLIÓGRAFICA DOS FOLHELHOS COM GÁS DA FORMAÇÃO BARNETT, TEXAS, EUA: UM EXEMPLO DE RESERVATÓRIO NÃO CONVENCIONAL. Salvador 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA

GILDEGLEICE BARCELAR DAS VIRGENS

REVISÃO BIBLIÓGRAFICA DOS FOLHELHOS COM GÁS DA

FORMAÇÃO BARNETT, TEXAS, EUA:

UM EXEMPLO DE RESERVATÓRIO NÃO CONVENCIONAL.

Salvador 2011

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Salvador 2011

Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Geologia pela Universidade Federal da Bahia.

Orientador: Prof. MSc. Roberto Rosa da Silva

GILDEGLEICE BARCELAR DAS VIRGENS

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DOS FOLHELHOS COM GÁS DA

FORMAÇÃO BARNETT, TEXAS, EUA:

UM EXEMPLO DE RESERVATÓRIO NÃO CONVENCIONAL.

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TERMO DE APROVAÇÃO

_________________________________________________________________1°

Examinador: Prof. MSc. Roberto Rosa da Silva - Orientador PETROBRAS/RH/UO/ECTEP UFBA / IGEO _________________________________________________________________2°

Examinador: Prof. Prof° Dr. Carlson de Matos Maia Leite PETROBRAS/EXP/SE UFBA / IGEO _________________________________________________________________3°

Examinador: Prof. Prof° Dr. Doneivan Fernandes Ferreira. UFBA / IGEO

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA FOLHELHOS COM GÁS DA

FORMAÇÃO BARNETT, TEXAS, EUA:

UM EXEMPLO DE RESERVATÓRIO NÃO CONVENCIONAL.

SUBTÍTULO

GILDEGLEICE BARCELAR DAS VIRGENS

Salvador, 07 de Julho de 2011.

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM GEOLOGIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA PELA SEGUINTE BANCA EXAMINADORA:

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A minha mãe Gil pelo seu amor

incondicional...

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a toda a minha família pelo respeito as minhas escolhas e em

especial a minha vó Maria e meu avô Nelú por apoiarem o meu projeto de felicidade

desde o início.

A minha mãe pela paciência comigo sempre.

A minha madrinha Maré e todas as minhas tias e tios pelo carinho e dedicação

por mim, em todos os momentos mais difíceis durante esta caminha.

Ao meu namorado Artur e sua família, pela atenção e carinho. Obrigada a Sra.

Margareth e ao Sr. Osmar, sou muito grata, por terem me acolhido.

Obrigada, ao meu orientador, professor Roberto Rosa pela credibilidade e

dedicação a esse trabalho desde o início da escolha do tema até a última linha

dessa monografia.

Agradeço a ANP pela bolsa de incentivo a estudos no setor de Petróleo e Gás

através do programa PRH-08.

A todos os meus mestres que durante a graduação foram responsáveis por

construir pedacinho por pedacinho do conhecimento adquirido desses anos e meio.

Em especial àqueles que além da dedicação como professores compartilharam

momentos de amizade e descontração principalmente durante as viagens de campo:

Flávio Sampaio, Haroldo Sá, Amalvina Costa, Simone Cruz e Johildo Barbosa.

Vocês me ensinaram muito mais que GEOLOGIA.

Aos meus amigos da Geologia: Fabiane, André, Eula, Milena, Nelise, Jamille,

Gleide, Henrique, Luciano, Pedro, Valter, Rodolfo, Anderson, Alexandre, Mário,

Mateus ao casal Laura e Alexandre. Obrigada por vocês fazerem parte da minha

vida.

A todos os funcionários do IGEO, muito obrigado.

Obrigada Meu Deus, por todas as minhas conquistas.

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“...se antes de cada acto nosso nos puséssemos

prever todas as consequências dele,

a pensar nelas a sério, primeiro as imediatas,

depois as prováveis, depois as possíveis,

depois as imagináveis, não chegaríamos sequer

a mover-nos de onde o primeiro

pensamento nos tivesse feito parar.

Os bons e os maus resultados dos nossos ditos e

Obras vão-se distribuindo, supõe-se que de uma forma

bastante uniforme e equilibrada, por todos

os dias do futuro, incluindo aqueles, infindáveis,

em que já cá não estaremos para poder

comprová-lo, para congratular-nos ou pedir perdão,

aliás, há quem diga que isso é que é a

imortalidade de que tanto se fala,”

Trecho de Ensaio Sobre a Cegueira,

de José Saramago.

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RESUMO

Diante da atual demanda energética no mundo, a busca por novos

reservatórios de petróleo e gás se estende até àqueles anteriormente considerados

com economicamente inviáveis. Esses denominados reservatórios não

convencionais representam hoje em muitos países o caminho para a independência

energética.

Os reservatórios não convencionais possuem características petrofísicas

particulares que impossibilitam o hidrocarboneto acumulado de poder ser extraído

por processos simples de recuperação, necessitando assim de um estágio

tecnológico de desenvolvimento avançado.

Diante deste desafio este trabalho propõe o entendimento dos fatores que

afetam a distribuição e desempenho da produção dos principais reservatórios não

convencionais a exemplo dos reservatórios de metano em camadas de carvão,

arenitos com baixa permeabilidade, hidratos de Metano, reservatórios de óleo

pesado e de gás em folhelhos.

Com o foco principal de estudo na análise do reservatório de gás em folhelho

da Formação Barnett, localizado na bacia de Fort Worth no Texas, EUA, este

trabalho apresenta as principais características desse reservatório como seu

contexto geológico, características petrofísicas, geoquímicas e modelo de produção.

Evidenciando a viabilização e incorporação de novos recursos para a manutenção

da cadeia petrolífera/gaseífera depende da ampliação de pesquisas e

desenvolvimento tecnológico nessa área.

Palavras-chaves: Reservatórios não convencionais, gás em folhelho,

Formação Barnett.

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ABSTRACT

Given the current energy demand in the world, the search for new oil and gas

reservoir extends to those with previously considered uneconomical. These so-called

unconventional reservoirs in many countries today represent the path to energy

independence.

The unconventional reservoirs have characteristics that preclude particular

petrophysical accumulated hydrocarbons can be extracted by simple processes of

recovery, thus requiring an advanced stage of technological development.

Faced with this challenge this paper proposes an understanding of the factors

affecting the distribution and production performance of major reservoirs such

unconventional reservoirs of methane in coal seams, sandstone with low

permeability, gas hydrates, heavy oil reservoirs and shales gas.

With the main focus of study in the analysis of reservoir Shale gas in Barnett

Formation, located in Fort Worth Basin in Texas, this paper presents the main

characteristics of this reservoir and its geological context, petrophysical

characteristics, geochemical and production model. Demonstrating the viability and

incorporation of new resources for the maintenance of chain oil/gasification depends

on the expansion of research and technological development in this area.

KeyWords: Unconventional Reservoirs, Shales gás, Barnett Formation.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS x LISTA DE FOTOS xi LISTA DE TABELAS xii 1.0 INTRODUÇÃO 13

1.1 Apresentação 13

1.2 Objetivo 15

1.2.1 Objetivos Gerais 15

1.2.2 Objetivos Específicos 15

1.3 Metodologia 16

2.0 ROCHA RESERVATÓRIO 17

2.1 Rochas Reservatórios Convencionais 17

2.2 Rochas Reservatórios Não Convencionais 18

2.2.1 Reservatórios de metano em camadas de carvão. (Coalbed Metano). 18

2.2.2 Reservatórios em arenitos com baixa permeabilidade. (Tight Sands). 21

2.2.3 Hidratos de Metano (Methane Hydrates). 22

2.2.4 Reservatórios de óleo pesado. (Heavy Oil) 26

2.2.5 Reservatórios de gás em folhelhos (Shale gas). 28

2.2.5.1 Ocorrência mundial dos reservatórios de gás em folhelhos. 32

3.0 A FORMAÇÃO BARNETT, TEXAS, EUA ,UM EXEMPLO DE GÁS EM

FOLHELHOS.

35

3.1 Contexto Geológico. 35

3.2 Caracterização Litológica. 40

3.2.1 Composição Mineralógica e associações de litofáceis. 40

3.3 Caracterização Petrofísica. 46

3.3.1 Porosidade e Permeabilidade. 46

3.3.2 Saturação em água. 49

3.3.3 Ocorrência de Fraturas. 50

3.4 Característia Geoquímica. 52

3.4.1 Análises do Conteúdo de Carbono Orgânico Total. 52

3.4.2 Reflectância de Vitrinita. 54

3.5 Caracterização do reservatório a partir de interpretação de perfis. 59

3.6 Completaçâo e Produção. 69

4.0 CONCLUSÕES. 77 78 5.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

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LISTA DE FIGURAS Figura 2.1: Movimentação do gás em camadas de carvão. 20 Figura 2.2: Localização dos maiores prospectos de gás em arenitos de baixa permeabilidade no Estados Unidos.

21

Figura 2.3: Estrutura dos hidratos de metano. 23 Figura 2.4: Áreas de ocorrência de hidratos de metano no Brasil. 25 Figura 2.5: Estimativas dos recursos petrolíferos mundiais. 26 Figura 2.6: Distribuição das reservas de óleo pesado, por continente. 27 Figura 2.7: Shale gas um sistema petrolífero independente. 29 Figura 2.8: Diagrama generalizado mostrando a área de ocorrência de acumulação de gás de forma convencional em trapas estruturais e estratigráficas e de forma não convencionais em folhelho.

31

Figura 2.9: Distribuições das reservas de shale gas no mundo em trilhões de metros cúbicos.

33

Figura 2.10: Distribuição da produção comercial de gás em folhelho nos EUA. 34 Figura 3.1: Localização da área de estudo. Mapa da Bacia Fort Worth mostrando as principais características geológicas que influenciam o folhelho de Barnett e contornos estruturais.

36

Figura 3.2: Paleogeografia regional da região centro-sul do continente durante o final do Mississippiano (325 Ma), mostrando a posição aproximada do Fort Worth.

37

Figura 3.3: Coluna estratigráfica generalizada da Bacia de Fort Worth. 38 Figura 3.4: Litofácies: Folhelhos silicosos não calcáreos e Folhelhos silicosos calcáreos,

43

Figura 3.5: Litofácies: Folhelhos Dolomíticos, Folhelhos calcáreos e concreções.

44

Figura 3.6: Litofácies: Folhelhos calcáreos laminados, Depósitos acamadados de Silte e areia com marcas de ondas e Depósitos Fosfáticos.

45

Figura 3.7: Litofácies: Depósito fossilífero. 46 Figura 3.8: Fotomicrografia através de Microscópio Eletrônico de Varredura (SEM - Scanning Electron Microscopy), da arquitetura de poros nanométricos no Folhelho de Barnett.

47

Figura 3.9: Relação Porosidade X Permeabilidade, obtida a partir de amostragem em testemunhos no folhelho da FM Barnett. Diferentes cores são codificadas para litofácies diferente.

48

Figura 3.10: Fotomicrografias, através de Microscópio Eletrônico de Varredura, dos poros nos Folhelhos de Barnett

48

Figura 3.11: Testemunho do folhelho de Barnett mostrando uma fratura preenchida quase vertical separada por uma camada de fosfatada mais porosa que a camada adjacente do folhelho.

51

Figura 3.12: Microfratrura no folhelho de Barnett, por análise a partir de Microscópio Eletrônico de Varredura (SEM - Scanning El ctron Microscopy).

51

Figura 3.13: Mapa de valores de Ro (isoreflectância) para o folhelho de Barnett na Bacia de Fort Worth.

55

Figura 3.14: Mapa mostrando a localização do Campo de Newark Leste e proximidades com cores indicando os valores de reflectância.

55

Figura 3.15: Diagrama demonstrando as três fases para a história térmica do folhelho de Barnett.

57

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Figura 3.16: Carta de Eventos do Sistema Petrolífero onde está localizada a FM Barnett.

57

Figura 3.17: Carta de estratigráfica da Bacia de Fort Worth com detalhe para FM Barnett e produção de Óleo e Gás.

58

Figura 3.18: Localização das seções AA’ e BB’ da Bacia de Fort Worth. 61 Figura 3.19: Perfil típico estratigráfico mostrando o comportamento dos perfis de Raios Gama e Resistividade no Folhelho de Barnett, unidades superiores e subjacentes. (Profundidade em pés).

62

Figura 3.20: Seções AA’ na Bacia de Fort Worth. 63 Figura 3.21: Seções BB’ na Bacia de Fort Worth. 64 Figura 3.22: Profundidade de investigação x Resolução vertical das camadas, em ferramentas de perfilagens.

65

Figura 3.23: Registro do perfil do tipo Raio Gama, de Imagem Resistiva e comparação com descrição em testemunho de um poço localizado no campo de Newark Leste na Bacia de Fort Worth.

66

Figura 3.24: Distribuição mineralógica proposta a partir da análise de 7 poços no folhelho devoniano.

67

Figura 3.25: Perfis de Raios Gama, Espectrometria de Raios Gama, Densidade e Neutrônico e os Perfis de Resistividade, observado no intervalo testemunhado na Bacia de Worth (barra vermelha) no poço Texas United Blakely.

68

Figura 3.26: Gráficos obtidos com o cruzamento dos dados obtidos pelos perfis neutrônico e densidade.

68

Figura 3.27: Gráficos obtidos com o cruzamento dos dados obtidos pelos perfis neutrônico e densidade.

69

Figura 3.28: Aumento do número de poços de 1997 até 2009, no folhelho de Barnett.

70

Figura 3.29: Esboço do posicionamento de um poço horizontal e um poço vertical.

71

Figura 3.30: Comparação da produção e do número entre poços horizontais e verticais.

72

Figura 3.31: Modelo simplificado do processo de extração de gás em folhelho. 75

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LISTA DE FOTOS

Foto 01: Afloramento em corte de estrada apresentado a disposição estratigráfica da Formação Barnett(B), sobre carbonatos Formação Limestone (C), sustentadas na base pelo Dolomítos do Grupo Ellenburger (E).

39

Foto 02: Afloramento do folhelho da FM Barnett Shale (B), exposto sobre o Llano uplift nas proximidades de San Saba, Texas.

39

Foto 03: Folhelho da FM Barnett sobre calcários do Grupo Chappel (C) separados por inconformidade do Grupo Ellenburger.

40

Foto-04: Realização do processo de fraturamento hidráulico no campo de Newark Leste. (1) Tanques de armazenamento do gel. (2) Unidades de bombeio. (5) Unidade de mistura (Blender do gel e propante) ao lado do poço.

73

Foto-05: Exemplo genérico dos equipamentos utilizados na operação de fraturamento de um poço de gás. (1) Silos contendo propante, (2) Unidades de bombeio, (3) Unidade de mistura, (4) Tanques com gel e água. O poço onde esse material será injetado encontra-se fora da figura a direita.

74

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Composição mineralógica do Folhelho de Barnett. 41 Tabela 02: Quando de Argilominerais presentes nos folhelhos da FM.Barnett e representação gráfica.

42

Tabela 03: Faixas de valores distintos de permeabilidade para a Formação Barnet e seus respectivos autores.

49

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1.0 INTRODUÇÃO

1.1 Apresentação

Análises acerca da disponibilidade e viabilidade (seja econômica ou

geopolítica) de acesso às reservas provadas de hidrocarbonetos no mundo

assumem considerável importância quando se observa a demanda energética atual.

Nesse contexto o estudo dos reservatórios do tipo não convencional é de

imensa relevância no que se diz respeito à necessidade de suprir e reduzir a

dependência energética entre alguns países. Assim, a questão da ampliação de

pesquisas e desenvolvimento tecnológico, relacionados com esse tema, é de

extrema importância ao passo que possibilita a viabilização e incorporação de novos

recursos para a manutenção da cadeia petrolífera/gaseífera no mundo.

O presente trabalho se propõe em discutir os novos rumos que o setor

petrolífero vem tomando em busca da exploração dos reservatórios não

convencionais, especificando seus principais tipos, com enfoque no estudo do

reservatório de gás em folhelho da Formação Barnett, no Texas, Estados Unidos

(EUA).

Ao longo das últimas décadas a produção da cadeia gaseífera a partir de

reservatórios ditos como não convencionais em países como os Estados Unidos,

significam o caminho da independência energética. As previsões eram de que os

Estados Unidos seriam os grandes importadores globais de gás natural, mas as

perspectivas mudaram a partir das reservas de gás em folhelho, em inglês shale

gas, e os analistas começaram a revisar suas projeções.

Os primeiros folhelhos com reservas de gás a serem explorados foram os de

Ohio e Marcellus nos Estados Unidos, por volta de 1821. O gás produzido era

tipicamente canalizado para as cidades vizinhas e utilizado para o abastecimento de

lâmpadas de rua. A verdadeira corrida por gás de folhelho começou com a

descoberta realizada pela Mitchell Energy C. W. Slay nos folhelhos de Barnett no

ano de 1981.

O gás natural proveniente de folhelhos tem de ser produzido por tecnologias

não usuais, caracterizando assim esses reservatórios que os contém como

reservatórios não convencionais. Muitas vezes, a distinção entre recursos

convencionais e não convencionais foi feita com base em questões econômicas e

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tecnológicas. Comumente, recursos não econômicos ou marginalmente econômicos

foram considerados então como não convencionais.

A Petrobras através do CENPES (Centro de pesquisa da Petrobras) vem

buscando identificar reservatórios com essas mesmas características nas bacias

brasileiras. Essa pesquisa está direcionada inicialmente para as bacias paleozóicas

a exemplo da Bacia do Paraná. Em função de apresentarem semelhanças com os

folhelhos explorados nos EUA. No intuito de propor uma expansão da produção de

petróleo e gás natural através de reservatórios não convencionais de forma a

intensificar as atividades exploratórias e incrementando os atuais volumes de

reservas do país.

Assim como outras empresas com a HRT e a OGX já emitiram em seus sites

oficiais notas de futuros prospectos em torno dos reservatórios não convencionais

de gás em folhelho na Bacia de Solimões e do São Francisco, respectivamente.

Assim pode-se concluir que a fomentação de pesquisa para a exploração e

produção de reservatórios não convencionais, como do tipo gás em folhelho, significa

uma possibilidade de maior aproveitamento dos recursos energéticos. Ao passo que,

a dinâmica energética mundial, como recursos naturais, tecnologia, mercados e

instituições que se configuram hoje, determinam a energia de amanhã.

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1.2. Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Mostrar que os avanços científicos e tecnológicos nas geociências durante as

últimas décadas ampliaram as possibilidades de campos de exploração da

cadeia petrolífera proporcionando uma reavaliação da potencialidade e

prospectividade em hidrocarbonetos nos reservatórios não convencionais.

1.2.2 Objetivos Específicos

Apresentar os novos rumos que o setor petrolífero vem tomando em busca da

exploração dos reservatórios não convencionais, tendo como foco principal, a

análise do reservatório de gás em folhelho de Barnett, que representa um

modelo de sucesso em todo o mundo, localizado na bacia de Fort Worth no

Texas, EUA.

Contribuir para a ampliação do desenvolvimento científico na área de

recursos não convencionais no cenário das geociências.

Construir um referencial teórico em português a cerca dos principais

características dos reservatórios não convencionais, ocorrência e importância

um material de consulta para estudos de identificação de potenciais

reservatórios similares no Brasil.

Entendimento dos fatores que afetam a distribuição e desempenho de

produção dos reservatórios não convencionais.

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1.3. METODOLOGIA

Essa monografia foi elaborada e desenvolvida a partir de um processo

sistematizado de pesquisa bibliográfica e documental.

A pesquisa bibliográfica foi realizada no intuito de se buscar o domínio do

estado da arte presente na literatura do tema abordado, através do levantamento de

publicações impressas e/ou eletrônicas;

Essas pesquisas foram realizadas em livros, revistas, boletins técnicos,

documentos e publicações a partir de bibliotecas virtuais de associações tais como

AAPG (American Association of Petroleum Geologists), USGS (United States

Geological Survey), EIA (Energy Information Administration), órgãos relacionados à

atividade petrolífera.

A pesquisa documental foi elaborada a partir de fontes de informações tais

como folders, relatórios de empresas, registros fotográficos, entrevistas, arquivos e

outras. Informações estas que foram necessárias para esclarecer o processo de

completação e produção desses reservatórios.

Todo esse material, foi catalogado de acordo com a estruturação a qual esta

monografia foi elaborada, de forma de facilitar a sua utilização tanto na forma de

consulta como também na forma de referência.

Todo o material de consulta utilizado foi catalogado compreendendo um

acervo com cerca de 60 arquivos entre artigos, teses, revistas e boletins técnicos.

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2.0 ROCHA RESERVATÓRIO.

Após os processos de geração e migração, eventualmente os

hidrocarbonetos se acumulam em armadilhas subterrâneas.

Entende-se por reservatório a porção da armadilha que contem óleo e/ou gás

como um sistema simples hidraulicamente conectado. (ALLEN E ROBERT, 1997).

A rocha reservatório pode apresentar qualquer origem ou natureza, mas para

se constituir em um reservatório deve apresentar espaços vazios em seu interior

(porosidade) e que estes vazios estejam interconectados, conferindo-lhe a

característica de permeabilidade. Deste modo, podem se constituir rochas

reservatório os arenitos e calcarenitos além de todas as rochas sedimentares

essencialmente dotadas de porosidade intergranular que sejam permeaveis.

(THOMAS, 2001).

2.1 Rochas Reservatórios Convencionais.

As rochas reservatórios convencionais são aquelas em que o hidrocarboneto

pode ser extraído por processos de recuperação primária e secundária. Constituem

reservatórios porosos e permeáveis, de identificável interface com a água, de baixa

viscosidade e de densidade baixa e média. Como a maioria dos arenitos e

calcarenitos.

Além desta classificação embasada nas características e propriedades

petrofísicas do reservatório há também a definição de rocha reservatório

convencional pela ótica técnico-econômica.

Como define Holditch, 2007: “Fundamentalmente os reservatórios

convencionais são aqueles cuja extração do produto é considerada fácil, prática e

econômica em um dado estágio tecnológico de desenvolvimento.”

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2.2 Rochas Reservatórios Não Convencionais.

As rochas reservatórios não convencionais são aquelas que não apresentam

características petrofísicas capazes de garantir que o hidrocarboneto acumulado

possa ser extraído por processos simples de recuperação, necessitando assim de

um estágio tecnológico de desenvolvimento avançado.

Holditch (2007) explica que os reservatórios não convencionais são aqueles

que não podem ser produzidos a taxas de fluxo econômico viáveis ou que não

produzem volumes econômicos de petróleo e gás sem a ajuda de tratamentos de

estimulação maciça ou processos especiais de recuperação e tecnologias, tais como

a injeção de vapor.

No entanto, o conceito de reservatório não convencional não é preciso, pois o

reservatório que fora outrora assim considerado, pode vir a tornar-se convencional

com o avanço do conhecimento geológico e da tecnologia disponível.

Nos itens a seguir estão brevemente apresentados os principais tipos de

reservatórios não convencionais, principais características e ocorrência.

Essencialmente, existem diversas categorias, a saber:

Reservatórios de metano em camadas de carvão. (Coalbed Metano).

Reservatórios em arenitos com baixa permeabilidade. (Tight Sands).

Hidratos de Metano (Methane Hydrates).

Reservatórios de óleo pesado. (Heavy Oil).

Reservatórios de gás em folhelhos (Shale Gas).

2.2.1 Reservatórios de metano em camadas de carvão. (Coalbed Metano).

Devido à sua grande área superficial interna as camadas de carvão

armazenam entre seis e sete vezes mais gás de metano do que o volume

equivalente de uma rocha reservatório de gás convencional.

Há décadas a concepção a cerca do gás de carvão é que o mesmo

significava um grande problema no processo de lavra, uma vez que elevadas

concentrações de metano em minas representam séria ameaça à segurança dos

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trabalhadores. Atualmente o gás adsorvido nas camadas de carvão constitui um dos

exemplos entre as reservas de gás não convencional.

Os reservatórios de gás nas camadas de carvão são definidos como não

convencionais, pois o armazenamento do gás neste reservatório ocorre pelo

fenômeno de adsorção, que é fundamentalmente diferente do processo de

estocagem em reservatórios convencionais, onde o gás é estocado sob pressão nos

espaços porosos das rochas reservatórios.

Segundo Loftin (2009), na adsorção, o metano adere à superfície das

pequenas partículas de carvão promovendo um aumento da densidade do fluido até

valores próximos daqueles do líquido correspondente. Este processo permite que a

capacidade de estocagem nesses sistemas exceda, em muito, aquela normalmente

encontrada nos reservatórios convencionais.

A adsorção do metano no carvão é controlada por alterações de pressão. A

diminuição de pressão provoca a dessorção das moléculas da superfície sólida,

processo que faz com que as moléculas sólidas retornem à fase gasosa. As

moléculas livres na fase gasosa permeiam os microporos da matriz de carvão por

meio de difusão. O processo de difusão é lento, e só ocorre em pequenos percursos

até que sejam atingidas as fraturas naturais do material (cleat system). As fraturas

naturais constituem o principal sistema de transferência de gás do reservatório até o

poço.

Salvo raras exceções, as fraturas naturais se encontram repletas de água,

sendo a pressão hidrostática capaz de manter o gás adsorvido na superfície do

carvão. Assim sendo, a retirada de água do conjunto de fraturas promove a redução

de pressão necessária para a produção de gás. Por ser um líquido altamente

incompressível, a retirada de água em grandes volumes acarreta uma abrupta

queda na pressão do reservatório, permitindo a dessorção do gás, sua difusão pela

rede carbonífera e, por fim, a sua penetração no conjunto de fraturas naturais.

(LOFTIN, 2009).

Para melhor entendimento a cerca do sistema de extração de gás de

camadas de carvão a figura 2.1 exemplifica a movimentação do gás em camadas de

carvão com o aumento de escala.

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Figura 2.1: Movimentação do gás em camadas de carvão. Fonte: Adaptado de Loftin, 2009.

No início da produção, obtém-se quase que exclusivamente água, uma vez

que a quantidade de gás livre no sistema é muito pequena. Com o avançar do

tempo, o grau de saturação de gás na água aumenta e a taxa de recuperação de

gás começa a atingir níveis comerciais. Este comportamento se opõe àquele de

produção de gás de reservatórios convencionais, onde a vazão de gás é maior e a

produção de água é menor exatamente nos primeiros estágios do processo

(LOFTIN, 2009).

Nos EUA, o Comitê de Gás Potencial (Potential Gas Committee) estima que o

gás de carvão corresponda a 7,8% do total de recursos de gás, sendo utilizado

primordialmente para aquecimento e para geração elétrica (NATURALGAS.ORG,

2010).

Vale ressaltar que o carvão pode estocar outros gases além do metano,

sendo o CO2 um dos gases adsorvidos preferencialmente pelo sólido. Uma vez que

a afinidade do carvão pelo CO2 é maior que pelo metano, à medida que este último é

liberado, a quantidade de CO2 adsorvido no carvão tende a aumentar. Este efeito

permite vislumbrar a possibilidade de, no futuro, se utilizar campos de carvão

depletados para seqüestro de CO2 ou utilizar este fenômeno para aumentar a

recuperação de metano pela injeção do dióxido de carbono (LOFTIN, 2009).

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2.2.2 Reservatórios de arenitos com baixa permeabilidade. (Tight Sands).

Os reservatórios de arenitos com baixa permeabilidade também denominados

de: arenitos muito fechados (Tight Sands) possuem permeabilidade menor que 0,1

millidarcy. O millidarcy é uma unidade de medida relacionada com a capacidade de

um fluido passar através de um meio poroso. O grau de permeabilidade depende do

tamanho e da forma dos poros e das suas interligações.

Tais reservatórios apresentam enormes desafios técnicos para viabilizar sua

produção como; incertezas geológicas, cenários em águas profundas, dificuldades

de produção e garantia de fluxo, explica Plavnik, 2007.

Segundo o mesmo autor, o arenito convencional mostra um espaço poroso

bem conectado, enquanto o do arenito tight é extremamente irregular e pouco

conectado por capilaridades. Justamente devido a esta pouca conectividade (baixa

permeabilidade), o gás trapeado neste arenito não é produzido facilmente

necessitando assim de métodos mais avançados de avaliação além de novas

tecnologias de forma a torná-los parte de recursos do portfólio de energia no futuro.

Até a presente data, para a produção de gás nos reservatórios de arenitos

com baixa permeabilidade de forma econômica, necessita-se da presença de

sistemas abertos de fratura natural. Assim, é imprescindível uma investigação

centrada no desenvolvimento de ferramentas e métodos avançados que ajudem a

prever a localização dos reservatórios de gás que estejam naturalmente fraturados

antes da etapa da perfuração.

Segundo Vieira (2006), os valores de permeabilidade dos reservatórios de

arenitos fechados encontrados no Brasil, e nos quais estão concentradas as jazidas

de gás, encontram-se na faixa de 0,1mD a 2mD. Muitos desses reservatórios se

encontram na região Nordeste. Também existem grandes reservas em países como

Argentina, México e EUA. As dificuldades para prospecção nessas áreas envolvem

desde a etapa de modelagem do reservatório até serviços de perfuração e

completação do poço. Eles exigem uma série de tratamentos especiais para garantir

a produção, como o fraturamento da rocha.

O desenvolvimento e a disponibilidade dessa tecnologia já possibilitaram a

produção em algumas bacias localizadas nos Estados Unidos como pode ser

observado na figura 2.2.

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Figura 2.2: Localização dos maiores prospectos de gás em arenitos de baixa permeabilidade no Estados Unidos. Fonte: EIA, 2010.

2.2.3 Hidratos de Metano. (Methane Hydrates).

Os hidratos que armazenam o gás metano tem sido objeto das mais recentes

pesquisas relacionadas com reservatórios não convencionais. Os hidratos são

formados quando moléculas de água se solidificam formando uma estrutura do tipo

“gaiola” em torno de moléculas de metano. (PEER, 2010).

Hidratos de gás são geralmente encontrados em margens continentais com

altas taxas de sedimentação, as quais asseguram rápido soterramento e

preservação da matéria orgânica existente.

De acordo com Kvenvolden e Bernard (1983), após a etapa de soterramento

inicia-se um processo de metabolização da matéria orgânica, resultando no

aparecimento de duas zonas bioquimicamente diversas na camada sedimentar: uma

região onde predominam os processos aeróbicos, sobreposta a outra, na qual são

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dominantes as reações efetuadas sob regime anaeróbico. Nesta zona inferior

alternam-se dois níveis. No nível de cima ocorrem processos de redução dos

sulfatos, enquanto no nível de baixo dominam as reações que levam à redução dos

carbonatos, as quais favorecem amplamente a formação de metano biogênico.

Segundo esses autores, a composição molecular e isotópica dos

hidrocarbonetos gasosos, bem como a profundidade em que esses hidratos são

encontrados, levam a crer que a maior parte do gás metano existente na forma de

hidratos tem origem na alteração bacteriana da matéria orgânica.

A figura 2.3 ilustra a estrutura dos hidratos de metano – Gaiolas (cages)

formadas por moléculas de água que “aprisionam” moléculas de metano e

configuram a microestrutura de um reservatório de gás metano proveniente de

hidratos.

Figura 2.3: Estrutura dos hidratos de metano.

Fonte: PEER, 2010.

As condições de formação e estabilidade dos hidratos são determinadas pela

relação entre três variáveis: concentração do metano, temperatura e pressão.

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O composto tende a se formar em locais onde há temperaturas relativamente

baixas, pressões relativamente altas e quantidades suficientes de água e gás

formador do hidrato. (CLENNELL 2000, apud MACHADO, 2009).

Os hidratos têm a peculiaridade de serem grandes fontes de gás. A

dissociação de 1m3 de hidrato à temperatura ambiente resulta em 164 m3 de metano

e 0,8 m3 de água (KVENVOLDEN, 1993).

Pesquisas apontam que foram os russos, no final da década de 60, os

pioneiros no estudo do método de avaliação e exploração de depósitos de hidratos

de gás natural, bem como no desenvolvimento de uma teoria que explicasse sua

formação.

De acordo com Kennett (2003), 90% da área total dos oceanos possuem as

condições favoráveis de temperatura e pressão para o desenvolvimento de zonas de

hidratos de gás em profundidades que, em geral, variam de 100m a 650m dentro da

camada sedimentar. Nestes locais, a pressão de vapor dos gases pode cair

abruptamente formando um depósito embrionário de hidratos de gás.

Acredita-se que esta queda de pressão induz a que o restante do gás retido

nos sedimentos e na própria água migre por difusão e filtragem, fazendo com que o

depósito inicial cresça lateralmente e em profundidade, concentrando grandes

quantidades de gás de metano.

Um método que teve êxito em produzir o gás economicamente a partir de

hidrato é o "método de despressurização". Este método só é aplicável a hidratos que

existem em regiões polares sob o chamado “permafrost”.

Segundo Machado (2009), primordialmente as pesquisas no Brasil eram

voltadas apenas para o desenvolvimento de inibidores de hidratos de gás para evitar

os prejuízos causados pela obstrução dos dutos de óleo e gás. Entretanto, algumas

dessas pesquisas, publicadas entre o final da década de 80 e o início dos anos 2000

na forma de artigo em periódicos e anais, já indicaram a existência de ocorrência de

recursos no Brasil e registraram a presença do composto na foz do Amazonas e na

Bacia de Pelotas.

Machado (2009) apresenta uma revisão da literatura de hidratos de gás e

considera grandes as probabilidades de que sejam encontrados nas bacias

sedimentares de Campos, Espírito Santo e Cumuruxatiba. A figura 2.4 identifica as

áreas consideradas promissoras para a exploração de hidratos no Brasil.

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Segundo dados divulgados pelo Laboratório de Geologia Marinha da

Universidade Federal Fluminense (UFF), a ocorrência de hidratos da Bacia da Foz

do Amazonas tem volume estimado em 450 trilhões de pés cúbicos (TCF),

equivalente a 13 trilhões de m3 de gás em superfície. A espessura estimada de 450

m para essa camada de hidrato deve ser vista com cautela, mas os valores

calculados são compatíveis com as outras ocorrências mundiais.

Para os hidratos de gás do Cone do Rio Grande da Bacia de Pelotas, Sad et

al. (1997), estimaram uma área média de 45.000 km2, uma espessura de 200m e

uma concentração de 1,5%. Com base nesses dados, o volume calculado é de 135

bilhões de m3 de gás in place, ou 22 trilhões de m3 em superfície, considerando-se

um fator volume de formação (Bg) de 0,006 para o gás de hidrato. Estes valores se

assemelham aos dos maiores depósitos de hidratos do mundo.

Figura 2.4: Áreas de ocorrência de hidratos de metano no Brasil. Fonte: Machado, (2009).

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2.2.4 Reservatórios de óleo pesado. (Heavy Oil).

Segundo Alboudwarej (2007), a maior parte dos recursos de petróleo do

mundo corresponde a hidrocarbonetos pesados. As estimativas do total de reservas

de petróleo no mundo oscilam entre 9 a 13 trilhões de barris, incluindo óleos

pesados, ultrapesados e o betume que, somados apresentam cerca de 70% dos

recursos petrolíferos, como apresentado na figura 2.5.

Esses originaram de hidrocarbonetos que foram gerados em formações

profundas, mas migraram para a região da superfície onde foram degradados por

bactérias e por intemperismo, havendo ainda o escape dos hidrocarbonetos na

fração leve.

Figura 2.5: Estimativas dos recursos petrolíferos mundiais. Fonte: Adaptado de Schlumberger, 2007.

De acordo com Obregón, (2001), considera-se que os óleos pesados são

aqueles que possuem menos de 19ºAPI (entre 10°-20°), uma densidade maior que

0,90 g/ mL e uma viscosidade maior que 10cP, entre 10cP-100cP no fundo e,

viscosidade de 100cP a 10.000cP na superfície. Essas características aumentam as

dificuldades e tornam sua exploração onerosa, dificultando sua movimentação desde

o reservatório até a superfície.

Os óleos pesados são muito viscosos e têm elevada quantidade de carbono

em relação ao hidrogênio, em geral com mais de 15 átomos de carbono por

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molécula. Também têm como características; índices elevados de aromáticos,

parafina, asfalteno, enxofre, nitrogênio e metais pesados. Além disso, os óleos

pesados têm um ponto de ebulição bem maior que os óleos leves.

As estimativas de reservas no planeta distribuída por continentes de óleos

ditos não convencionais, de acordo com Kooper et al. (2007) oscilam entre 6 a 9

trilhões de barris. Os óleos pesados representam cerca de 15% das reservas

estimadas. Já a sua quantidade em relação às reservas comprovadas gira em torno

dos 550 bilhões de barris, sendo o continente americano a região com as maiores

jazidas, em torno de 61% do montante, conforme apresentam figura 2.6.

Figura 2.6: Distribuição das reservas de óleo pesado, por continente.

Fonte: Adaptado de Schlumberger, 2007.

A maioria dos reservatórios de óleo pesado, óleo ultrapesado, e depósitos de

betume ocorrem em profundidades muito rasas, ou seja, próximos da superfície.

Essa forma de ocorrência resulta em uma série de dificuldades para avaliação e

produção desses reservatórios.

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O fenômeno da segregação composicional do óleo induz diferença de

densidade do petróleo dentro da formação portadora e, na região de contato óleo-

água, podem ser encontradas verdadeiras camadas de betume, ou óleo ultrapesado.

Segundo Obregón, (2001), o óleo pesado possui como característica baixo

poder calorífico. Devido esse tipo de óleo possuir moléculas de grande peso

molecular com baixo teor de hidrocarbonetos menos densos tais como o as frações

leves e o próprio gás. Esses reservatórios tendem apresentar uma baixa

recuperação primária em face de sua baixa energia autógena induzindo baixas

eficiências de recuperação e a baixos índices de produtividades dos poços.

Como já foi citado anteriormente os óleos pesados são viscosos, propriedade

que tem um papel crucial no transporte de fluidos. E cabe lembrar que, a

viscosidade dos hidrocarbonetos líquidos sofre uma variação direta exponencial com

a temperatura. Assim, é baixa a mobilidade do óleo no seu escoamento dentro da

rocha reservatório. Este fato agrava a eficiência de recuperação, a produtividade dos

poços e muda substancialmente o perfil de produção de líquidos (água e óleo) ao

longo da vida útil de um dado campo produtor. Além do transporte em dutos que

requerer maior nível de pressão, impondo maior consumo de energia.

No Brasil os principais reservatórios de óleo pesado se encontram no sudeste

do país: Arenitos Turbidíticos e Carbonatos do Membro Siri na Bacia de Campos, e

em Arenitos do Eoceno da Bacia de Santos.

2.2.5 Reservatórios de gás em folhelhos (Shale Gas).

O folhelho é uma rocha sedimentar formada por fração granulométrica argila

depositada por decantação em ambientes de baixa energia constituindo camadas

com laminações paralelas que eventualmente pode conter gás confinado no espaço

entre elas.

Em virtude da granulação muito fina, as rochas são muito suscetíveis a

rearranjos mineralógicos, originando alguns minerais autigênicos, isto é, grupo de

minerais formados durante a sedimentação ou na fase de diagênese precoce,

podendo então indicar as condições físico-químicas dos ambientes de

sedimentação. Esse arranjo seria provavelmente a principal causa da litificação dos

folhelhos.

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A composição dos folhelhos pode variar de acordo com a rocha à qual estes

estão associados, assim como a coloração, do vermelho amarronzado ao preto.

Os folhelhos podem ser depositados em diversos ambientes onde ocorram

baixos níveis de tração e predomine o processo de decantação. Os folhelhos

portadores de gás são depositados em ambientes anóxicos comuns em lagos,

mares e oceanos. A sua composição, pode variar bastante, sendo controlada pelo

tectonismo ou geomorfologia de bacia sedimentar onde se encontram.

No caso especial dos folhelhos reservatórios de gás, sabe-se que, o que

representa hoje a rocha reservatório foi na verdade a rocha geradora durante o

processo de maturação da matéria orgânica. Além de ser a geradora e o próprio

reservatório constitui ainda características de rochas selantes, configurando assim

um sistema petrolífero totalmente independente como definido por Jarvie et al.

(2003) (Figura 2.7).

Portanto, somente o folhelho cujo processo deposicional se deu em ambiente

anóxico, pode representar potencial para acumulação de gás. Porque para que haja

a ocorrência de hidrocarboneto, a matéria orgânica geradora deverá acumular-se

sem sofrer oxidação.

Figura 2.7: Shale gas um sistema petrolífero independente

Fonte: Modificado de Jarvie et al. (2003).

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Em um dado ambiente deposicional a camada onde ocorrem taxas mínimas

de oxigênio denominada de Oxygen Minimum Layer (OML), por Ayers, (2005)

representa um bom local para a deposição e preservação dos recursos marinhos

ricos em sedimentos orgânicos. Estas podem está localizadas sobre o talude

continental e em águas profundas, por exemplo.

Segundo Ayers, (2005) um folhelho gerador típico que teria um grande

potencial para representar um shale gas, seria um folhelho rico em matéria orgânica

e com as seguintes características:

Coloração escura a preta;

Baixa porosidade e permeabilidade;

Conteúdo Orgânico Total (TOC) entre 1-10% (ou mais);

Comumente bem estratificados;

Assinatura de raios gama geralmente maior que 140 API;

Ocorrência de Pirita (lamas anóxica, onde bactérias anaeróbicas foram ativas);

Se folhelhos fosfatados.

Os reservatórios de gás em folhelhos são classificados quanto a sua

acumulação como plays “contínuos” de gás natural, ou seja, acumulações que são

difundidas em grandes áreas geográficas.

As acumulações contínuas diferem das convencionais de hidrocarbonetos em

dois aspectos importantes. Primeiro, eles não ocorrem acima de uma base de água,

e segundo, eles geralmente não são estratificados por densidade dentro do

reservatório, conforme mostrado na figura 2.8.

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Figura 2.8: Diagrama generalizado mostrando a área de ocorrência de acumulação de gás de forma

convencional em trapas estruturais e estratigráficas e de forma não convencionais em folhelho.

Fonte: Modificado de Pollastro, 2003.

A origem do hidrocarboneto nas rochas geradoras pode ser por dois

processos:

Como o gás biogênico por causa da ação de microrganismos anaeróbios,

durante a primeira fase diagenética de soterramento ou a recente invasão de

bactérias carregadas de água meteórica e;

Como o gás termogênico da degradação térmica do querogênio em maiores

profundidades e temperaturas.

Os fatores que controlam o nível de produção de metano após o soterramento

dos sedimentos são: o ambiente anóxico, ambiente deficiente de sulfato, a baixa

temperatura, a abundância de matéria orgânica e o espaço suficiente para

armazenagem de gás.

Os folhelhos reservatórios de gás possuem armazenamento intrínseco de

fluidos e transmissividade na ordem de micro Darcy. O armazenamento do gás

nesse caso ocorre dentro das fraturas, ou na porosidade da matriz e, como uma fase

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adsorvida em querogênio. A adsorção é a adesão de uma única camada ou mais

moléculas de gás às superfícies internas de uma matriz de folhelho.

Aproximadamente 50% do total de gás em folhelho podem ser encontrado

como uma fase adsorvida no querogênio, (Faraj et al, 2004). Assim, a quantidade

total e o tipo de matéria orgânica exercem uma forte influência sobre a capacidade

de adsorção do folhelho.

A permeabilidade é obtida através dos sistemas naturais de fratura

desenvolvido a partir de influências componentes estruturais mais competentes, bem

como através da presença de lâminas de siltito/arenito presentes nos folhelhos.

Segundo Nelson, (2001) os reservatórios de gás em folhelhos classificam-se

como reservatórios fraturados cujo armazenamento é dado principalmente na matriz

e a permeabilidade é assegurada mediante as fraturas.

2.2.5.1 Ocorrência mundial dos reservatórios de gás em folhelhos.

Do longínquo canto noroeste do Canadá a borda sudeste da Austrália, os

campos de folhelho estão gerando interesse e especulação como fontes abundantes

de gás natural.

O desenvolvimento e aperfeiçoamento das técnicas de perfuração horizontal

e de fraturamento hidráulico têm permitido a expansão da capacidade de produção

de gás natural em formações geológicas do tipo gás em folhelho. Nesse novo

contexto exploratório, destaca-se o crescimento da produção nos EUA e no Canadá

onde o aumento da oferta interna de gás natural vem modificando completamente o

mercado do energético.

Existe uma serie de ocorrências de gás em folhelhos localizadas em diversos

países, tais como Estados Unidos, Argentina, China, Canadá e no sul Brasil. Essas

ocorrências uma boa parte delas são denominadas de estimadas como a que ocorre

na Bacia do Paraná, ou seja, carecem de uma confirmação posterior para que sejam

ditas reservas provadas. (figura 2.9).

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Figura 2.9: Distribuições das reservas de shale gas no mundo em trilhões de metros cúbicos.

Fonte: www.eia.doe.gov.

Como se podem observar as principais ocorrências de reservas de gás em

folhelhos estão localizadas nos Estados Unidos assim como a principal produção e

comercialização desse gás. Suas reservas estão distribuídas em diversas bacias

como; Bacia dos Appalaches, Bacia de Michigan, Bacia Illinois, Bacia do San Juan e

na Bacia de Fort Worth, (Figura 2.10).

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Figura 2.10: Distribuição da produção comercial de gás em folhelho nos EUA. Fonte: Faraj et al, 2004.

Desde a década de 1990 a produção de gás em folhelho vem apresentando

números consideráveis de crescimento. Em 2004, a produção de gás em folhelhos

nos EUA chegou a cerca de 700 Bcf /ano, um enorme aumento em comparação a

350 Bcf / ano em 2000. Tendo como o maior produtor de gás em folhelho a

Formação Barnett, na bacia de Fort Worth, que representa o principal objeto de

pesquisa desse trabalho ao passo que, a partir da exploração deste reservatório de

gás, os EUA passaram representar a nação com maior potencial econômico para a

produção de gás em folhelho e definir o padrão para o desenvolvimento posterior de

outras bacias em todo o mundo.

No Brasil a publicação mais recente a cerca do tema, foi a realizada pelo

Grupo HRT em seu Relatório de Resultados referente ao mês de dezembro de 2010,

atestando que recursos de gás em reservatórios não convencionais foram

identificados no bloco do Solimões, localizada na região amazônica do Brasil

pertencente a empresa. Estima-se que a área possui um potencial entre 35 tcf (991

bilhões de m³ ou 6,2 bilhões de BOE) e 175 tcf (4.955 bilhões de m³ ou 31,2 bilhões

de BOE) de gás em folhelhos (shale gas), que podem potencialmente representar

uma fonte significativa e de longa duração para suprimento de gás natural.

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3.0 A FORMAÇÃO BARNETT, TEXAS, EUA UM EXEMPLO DE GÁS EM FOLHELHOS.

3.1 Contexto Geológico.

O denominado folhelho da formação Barnett está localizado em toda a

extensão da Bacia Fort Worth, região adjacente do Arch Bend no centro-norte do

Texas ocupando uma área total de 75.520 Km². (Figura 3.1).

Os limites geográficos do folhelho de Barnett incluem o Cinturão de

Cavalgamento de Ouachita a leste, o Arco Muenster e Rio Vermelho ao norte, a

Plataforma Oriental a oeste e Llano Uplift a sul. (MONTGOMERY et al, 2005;

POLLASTRO, 2007).

O contexto geológico atual em que a área esta situada se deu a partir do

contexto tecnossedimentar regional. Durante todo o final do Proterozóico o

supercontinente no qual o Cráton Norte Americano esteve inserido permaneceu

coeso (DiCKINSON, 1981). Sabe-se que apenas durante o período da metade para

o final do Mesoproterozóico (1300-1000 Ma), ocorreu o evento tectônico colisional

mais bem definido denominado de Orogenia Grenville, durante o qual a colisão de

placas promoveu um encurtamento crustal e falhas de empurrão.

No Neoproterozóico (~850 Ma) ocorreu a fragmentação em placas de parte do

supercontinente, separando a Placa Norte-Americana da Placa Sul-Americana-

Africana. Este evento promoveu o conjunto de falhas de direção NNW de alto

mergulho com rejeito lateral (KELLER et al., 1980). As direções estruturais de ambos

os eventos parecem ter influenciado os padrões estruturais posteriores no

Paleozóico, Mesozóico, e Cenozóico (HENRY and PRICE, 1985).

Segundo alguns autores, foi durante o início do Permiano (310 Ma) que se

originou um dos mais importantes ciclos tectônicos em mega escala e que culminou

com o Marathon Uplift (DECKER, 1981).

A colisão da Placa Laurásia e da Placa Sul Americana-Africana (Gondwana),

produziu o evento compressional Ouachita-Marathon formou o Cinturão de

Cavalgamento Ouachita que possui grande expressividade e importância nos

elementos e processos para o sistema de acumulação de gás na área de estudo.

(ARBENZ, 1989).

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Figura 3.1: Localização da área de estudo. Mapa da Bacia Fort Worth mostrando as principais características geológicas que influenciam o folhelho de Barnett e contornos estruturais. Fonte: Modificado Montgomery e et al, 2005.

A Bacia de Fort Worth, onde está inserida a área de estudo, se formou

durante a Orogenia de Ouachita no final do Paleozóico, gerados pela convergência

de Laurássia e Gondwana (Figura 3.2). Esta era parte de um bacia de foreland

situada na borda sul da Laurussia.

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Figura 3.2: Paleogeografia regional da região centro-sul do continente durante o final do Mississippiano (325 Ma), mostrando a posição aproximada do Fort Worth. Fonte: Modificada de Blakey, 2005.

Pode-se observar através da Coluna estratigráfica da Bacia de

Estratigraficamente Fort Worth que Formação Barnett encontra-se recobrindo os

calcários do Grupo Chapel que por sua vez estão em contato erosivos como estratos

carbonáticos da Formação Viola do Ordoviciano. E é recoberta pelo calcário Marble

Falls, concordante com uma espessa sucessão de sedimentos sobrejacentes

Pensilvâniano. A formação Barnett é subdivida superior e inferior, está intercalada

aos carbonatos da Formação Forestburg. (Figura 3.3).

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Figura 3.3: Coluna estratigráfica generalizada da Bacia de Fort Worth. Fonte: Modificado de Pollastro (2003).

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A seguir podem ser observadas uma série de fotos de afloramentos dos

folhelhos da Formação Barnett, durante uma campanha de campo. Nessas fotos

observam-se as relações de contato entre os folhelhos Barnett e os carbonatos

Formação Marble e os dolomitos do Grupo Ellenburger.

Foto 01: Afloramento em corte de estrada apresentado a disposição estratigráfica da Formação Barnett(B), sobre carbonatos Formação Limestone (C), sustentadas na base pelo Dolomítos do Grupo Ellenburger (E). (Fotografia cedidas por Daniel J. Soeder).

Foto 02: Afloramento do folhelho da FM Barnett Shale (B), exposto sobre o Llano uplift nas proximidades de San Saba, Texas. (Fotografia cedidas por Daniel J. Soeder).

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Foto 03: Folhelho da FM Barnett sobre calcários do Grupo Chappel (C) separados por inconformidade do Grupo Ellenburger. (Fotografia cedidas por Daniel J. Soeder).

3.2 Caracterização Litológica.

De maneira geral o folhelho de Barnett é rico em sílica e matéria orgânica,

com quantidades variáveis de carbonatos, menores quantidades de dolomita, e uma

dispersão de minerais como feldspato e pirita. Embora muitas vezes descrito como

um "folhelho negro", este termo pode ser enganador quando aplicado ao Barnett. Na

verdade, a formação é rica em sílica (35% -50%, em volume) e relativamente pobre

em minerais de argila (menos de 35%, geralmente). É, portanto, litologicamente

distintas de vários conhecidos folhelhos negros como os de Antrim, Bakken,

Chattanooga ou Woodford, também localizados nos Estados Unidos.

3.2.1 Composição Mineralógica e associações de litofáceis.

Análises de amostras de folhelho de Barnett obtidas ao redor dos Municípios

Denton e Wise indicam que na área central, a média composicional do folhelho de

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Barnett é de 45-55% de silte (quartzo e feldspato), 15-25% de carbonatos, 20-35%

minerais de argila, e 2-6% pirita. (BOWKER, 2003). (Tabela 01)

Tabela 01: Composição mineralógica do Folhelho de Barnett. Fonte: Bowker, 2003.

Uma das razões que faz do folhelho Barnett um dos maiores produtores

desse tipo de reservatório não convencional nos EUA esta relacionado à sua

composição mineralógica quartzosa que confere ao mesmo uma maior facilidade ao

fraturamento hidráulico. Quando submetido ao processo de estimulação por

fraturamento a fim de aumentar a sua produtividade, este caráter frágil fornece uma

melhor resposta. (GALE et al 2007;. JARVIE et al 2007).

Entre outras características, a composição dos folhelhos é extremamente

importante para a facilidade de produção desse tipo de reservatório não

convencional. A presença de minerais de argila (argilominerais) contribui ainda mais

para redução da porosidade e da permeabilidade dificultando a produção nesses

poços.

Os principais argilominerais presentes em reservatórios petrolíferos são: illita,

caulinita, esmectita e clorita (PIMENTA, 1995). Dentre esses tipos, a esmectita é a

que apresenta maior capacidade de inchamento, por conta da sua característica

expansível, sendo responsável por grande parte dos “danos à formação” nesse tipo

de reservatório.

As primeiras análises composicionais dos folhelhos da FM. Barnett foram

descritas por Jarvie (2004) onde foram definidas 5 litofáceis. Caracterizadas como

folhelhos negros, folhelhos calcários negros, folhelhos fosfáticos negros, grainstone

calcáreos (DUNHAM, 1962), folhelhos dolomíticos negros.

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Em 2005, Papazis propôs outra classificação em: folhelhos negros, calcita

rica, sedimentos ricos e folhelhos negros de composição fosfática, acumulações de

grãos grosseiros e concreções de pirita.

Posteriormente em 2006, os autores Hickey e Henk identificaram seis

litofácies no folhelho de Barnett, concluindo uma sedimentação em águas profundas

com intercalações de camadas de lama e fluxos de detritos.

Já em 2009, Kale a partir de 796 amostras obtidas em 4 poços localizados no

campo de produção Newark Leste, mostra a presença de diferentes minerais de

argila, evidenciando que a illita é a argila predominante. Na tabela 02 estão

apresentadas as percentagens dos argilominerais presente dos folhelhos da

Formação Barnett segundo, Sagar, 2009. Illita (70%), argilas mistas

interestratificadas (15%), clorita (8%), caulinita 2% e esmectita com 1%.

Tabela 02: Quando de Argilominerais presentes nos folhelhos da FM.Barnett e representação gráfica. Fonte: Modificada de Kale (2009).

As litofácies que compõem a formação Barnett, foram descritas e

caracterizadas por Singh (2008), a partir de amostras de testemunho de acordo com

os métodos de O'Brien e Slatt (1990).

Foram identificadas 9 litofácies baseadas em uma série de analises tais

como: MEV ( Microscopia Eletrônica de Varredura), análise macroscópica de

testemunho para descrição de estruturas sedimentares e texturas.

Além de análises mineralógicas, obtidas por difratometria de raios (DRX) e

espectroscopia de infravermelho. Essas análises listadas anteriormente associadas

ao teor de carbono orgânico total (COT) forneceu embasamento para a identificação

das 9 litofácies a seguir: (1) Folhelhos silicosos não calcáreos (2) Folhelhos

silicosos calcáreos, (Figura 3.4) (3) Folhelhos Dolomíticos, (4) Folhelhos calcáreos,

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(5) Concreções, (Figura 3.5) (6) Depósitos de calcáreos laminados, (7) Depósitos

acamadados de silte e areia com marcas de onda, (8)Depósito fosfático (Figura 3.6)

e (9) Depósito fossilífero. (Figura 3.7).

Figura 3.4: Litofácies: Folhelhos silicosos não calcáreos e Folhelhos silicosos calcáreos,

Fonte: Singh, 2008.

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Figura 3.5: Litofácies: Folhelhos Dolomíticos, Folhelhos calcáreos e concreções.

Fonte: Singh, 2008.

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Figura 3.6: Litofácies: Folhelhos calcáreos laminados, Depósitos acamadados de Silte e areia com

marcas de ondas e Depósitos Fosfáticos.

Fonte: Singh, 2008.

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Figura 3.7: Litofácies: Depósito fossilífero.

Fonte: Singh, 2008.

3.3 Caracterização Petrofísica.

Neste item serão discutidos os parâmetros petrofísicos que mais influenciam

na capacidade de armazenamento e fluxo do hidrocarboneto. Como por exemplo:

porosidade e permeabilidade, saturação em água e as propriedades mecânicas da

rocha.

3.3.1 Porosidade e Permeabilidade

A porosidade onde o gás "livre" encontra-se armazenado nos folhelhos esta

associado aos nanoporos (109 mm) localizados no material orgânico concentrado de

querogênio. Poros com essa dimensão só são caracterizados e visualizados através

de microscopia eletrônica de varredura. Em reservatórios convencionais poros dessa

ordem de grandeza além de não contribuírem para o fluxo de fluidos apresentam

elevados valores de saturação de água irredutível. (Figura 3.8).

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Figura 3.8: Fotomicrografia através de Microscópio Eletrônico de Varredura (SEM - Scanning Electron Microscopy), da arquitetura de poros nanométricos no Folhelho de Barnett. Fonte: Jarvie (2007).

Estudos realizados por Singh (2008) a partir de 182 testemunhos

representativos das diferentes litofácies da Formação Barnett com o intuito de

observar o relacionamento entre a porosidade e a permeabilidade nesta formação

não revelou nenhuma relação significativa (Figura 3.9). Os pontos de dados para os

nove litofácies diferentes encontram-se dispersos aleatoriamente em toda a nuvem

de dados.

Apesar da impossibilidade de estabelecer uma relação entre a porosidade e

permeabilidade desses folhelhos o que fica bem claro é que tratam de valores

baixos. Análises petrofísicas de reservatórios de baixa permeabilidade em geral

apresentam resultados não muito confiáveis face às limitações de ordem operacional

do método.

A porosidade média em porções produtiva da formação varia de 3 a 6%,

enquanto que a porosidade em porções não produtiva é tão baixa quanto 1%

(Johnston et al, 2004). Slatt et al, (2009) apresentou fotomicrografias, através de

Microscópio Eletrônico de Varredura (SEM - Scanning Electron Microscopy), das

interpartículas porosas de aproximadamente 3 micrômetros de diâmetro formados

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nas do folhelho de Barnett, observando nessa escala possíveis rotas de migração ou

planos preferenciais de fraquezas. (Figura 3.10).

Figura 3.9: Relação Porosidade X Permeabilidade, obtida a partir de amostragem em testemunhos no folhelho da FM Barnett. Diferentes cores são codificadas para litofácies diferente. Fonte: Singh (2008).

Figura 3.10: Fotomicrografias, através de Microscópio Eletrônico de Varredura, dos poros nos Folhelhos de Barnett. Fonte: Slatt et al, 2009.

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Grande parte dessas interpartículas porosas do folhelho de Barnett pode ter

resultado da transformação térmica do querogênio em hidrocarboneto. Jarvie (2007)

sugere que os componentes orgânicos destas rochas contêm carbono inerte

(presumivelmente pirobetuminoso) e carbono conversível (contendo hidrogênio).

Após a maturação o carbono conversível se decompõe e gera o hidrocarboneto que

leva à formação dos nanoporos no interior das partículas. O carbono inerte produz

apenas menores quantidades de gás seco.

Diversos trabalhos foram publicados caracterizando os valores distintos de

permeabilidade desse reservatório, isso se deve ao fato da influencia da variação

geográfica, tornando complexa a interpretação dessa propriedade dependente do

local amostrado, interação de fraturas, falhas e stress (Kuuskraa et al, 1998).

A tabela 03 abaixo mostra os faixas de valores distintos de permeabilidade

para a Formação Barnet e seus respectivos autores.

Autor /Ano Valores de permeabilidade

Jarvie et al, 2004 2004: 0,02-0,10 millidarcies

Montgomery et al, 2005 < 0,01 millidarcies

Ketter et al, 2007 0,0005-0,00007 millidarcies

Johnston, 2004; Bowker, 2007 microdarcies para nanodarcies

Tabela 03: Faixas de valores distintos de permeabilidade para a Formação Barnet e seus respectivos

autores.

A baixa permeabilidade desses reservatórios faz com que os mesmos sejam

estimulados apenas através de fraturamento hidráulico a fim de atingir taxas de

produção com caráter comercial (Fisher et al. 2004). Em contrapartida o folhelho

Barnett é considerado ligeiramente pressurizado, com um gradiente de pressão

aproximadamente 0,52 psi/ft (Bowker, 2007).

3.3.2 Saturação em água.

Quanto a saturação em água, sabe-se que em áreas produtivas ricas em

materia orgânica, o folhelho de Barnett apresenta uma média de saturação entre 25-

43% (Lancaster et al, 1993; Hayden e Pursell, 2005; Bowker, 2007). A saturação em

água nesses folhelhos aumenta ainda mais em partes da formação em que a

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quantidade de matéria orgânica é menor, como nos folhelhos calcáreos

(Montgomery et al, 2005). Esse comportamento sugere que, a geração de

hidrocarbonetos na camada rica em materia orgânica, tambem resultou em perdas

de água. Por esse motivo, a água é acumulada em minerais de argila ou encontra-se

confinada em microporos e fraturas naturais, ou seja o folhelho e insento de água

livre.(Johnston et al, 2004; Bowker, 2007).

3.3.3 Ocorrência de Fraturas.

Quanto ao seu padrão natural de fraturamento, estudos estruturais realizados

a partir de campanhas de campo em afloramento análogos, revelam que as

principais tendências naturais de fratura do sistema são para noroeste,

paralelamente ao arco Muenster, e mergulha 74º para o sudoeste (Montgomery et al.

2005). Um conjunto de fratura secundária é orientado norte-sul (Gale et al. 2007). O

mergulho das fraturas natural é geralmente íngreme, e as aberturas destas fraturas

são geralmente inferiores a 0,002 polegadas de largura (Bowker, 2007).

As fraturas possuem proporções comprimento/largura superior a 1000:1 (Gale

et al. 2007). Amostragens feitas através de testemunhos indicam que muitas das

fraturas naturais são cimentadas por calcita (Gale et al. 2007).

O papel de fraturas naturais em Barnett desempenho da produção é

contestado (Bowker 2003; Bowker 2007; Montgomery et al 2005). Alguns autores

evidenciam que as fraturas naturais podem melhorar a produção do reservatório,

enquanto outros relatam que elas raramente estão presentes, e quando presentes,

as mesmas estão fechadas devido à mineralização posterior e pouco contribuem

para a produção. Na figura 3.11 observa-se uma fratura em testemunho no folhelho

de Barnett, quase verticalizada separada por uma camada de fosfatada mais porosa

que a camada adjacente do folhelho, e, portanto pode ser mais capaz de absorver

tensões e fraturas.

Na figura 3.12 observa-se uma microfratrura no folhelho de Barnett, por

análise a partir de Microscópio Eletrônico de Varredura (SEM - Scanning Electron

Microscopy), com ampliação 100.000X mostrando divisões das tensões lineares,

possivelmente alinhado com estruturas cristalinas.

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Figura 3.11: Testemunho do folhelho de Barnett mostrando uma fratura preenchida quase vertical separada por uma camada de fosfatada mais porosa que a camada adjacente do folhelho. Fonte: Slatt et al, 2009.

Figura 3.12: Microfratrura no folhelho de Barnett, por análise a partir de Microscópio Eletrônico de Varredura (SEM - Scanning El ctron Microscopy). Fonte: Slatt et al, 2009.

CAMADA FOSFATADA

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3.4 Caracterização Geoquímica

3.4.1 Análises do Conteúdo de Carbono Orgânico Total.

Em função das características geoquímicas necessárias para avaliar uma

rocha como sendo de uma rocha geradora de hidrocarbonetos, a quantificação da

matéria orgânica se apresenta como o primeiro parâmetro analisado.

A quantidade de matéria orgânica é medida através do teor de carbono

orgânico (COT), expresso na forma de percentual em relação ao extrato seco, que

reflete as condições de produção e preservação no ambiente deposicional.

(EPISTALIÉ, 1977).

O procedimento experimental consiste inicialmente em tratar a amostra

pulverizada com ácido clorídrico a fim de se liberar o carbono inôrganico (na forma

de carbonato) e, após, medir a quantidade de CO2 gerada quanda a amostra é

submetida ao processo de combustão.

Os valores médios de COT para folhelhos geradores de hidrocarbonetos são

de 2,0% (em massa), sendo que os valores mínimos aceitáveis são de

aproximadamente 1,0% para folhelhos betumnosos e 0,5% para folhelhos

carbonosos.(KILLOPS, 1994).

Análises do conteúdo de Carbono Orgânico Total (COT) contido, no folhelho

de Barnett encontram-se em média com valores entre 3,16 - 3,26% em Jarvie

(2004), 3,3 - 4,5% em Montgomery et al (2005), e 2,4 - 5,1% em Jarvie et al(2007).

Os valores supracitados foram medidos em testemunhos e amostragem

realizadas na parte centro-norte da bacia onde as rochas são termicamente maturas.

De acordo com o esquema de classificação de Peters e Cassa (1994), os

folhelhos de Barnett possuem um conteúdo de Carbono Orgânico Total que vai de

muito bom (TOC = 2-4%) a excelente (TOC%> 4) em termos de sua riqueza

orgânica de sua rocha geradora.

O conteúdo orgânico é geralmente maior nas camadas ricas em sílica e

fosfatos e menores nas camadas dolomíticas e calcíticas, principalmente no membro

inferior do folhelho, em relação ao membro Barnett superior.

O COT do membro Calcário da Formação Forestburg, que interdigitam o FM

Barnett, é de apenas 1,8% (Montgomery et al, 2005), talvez porque os níveis mais

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altos de oxigênio associada à deposição de carbonato levou a uma maior

degradação da matéria orgânica contida.

Em contraste, os valores de COT alcançam 11-13% em amostras de Barnett

afloramento de perto do Uplift Llano, onde as rochas são termicamente imaturas

(Jarvie et al 2001; Hayden e Pursell, 2005). Essa diferença regional reflete a

conversão parcial de matéria orgânica ao petróleo. Onde a rocha é termicamente

matura, espera-se uma diminuição do COT de 36-50% com a crescente maturidade

dos imaturos para pós-matura. Cálculos anteriores sugerem que quando

originalmente depositado o folhelhos contém até 20% de carbono total na porção sul

da bacia e cerca de 5-12% na parte central. (Montgomery et al, 2005).

Quanto a composição original dessa matéria orgânica Hill et al (2007),

apresenta a seguinte média composicional original para os folhelhos de Barnett:

querogênio amorfo 91-93%, vitrinita 3-5%, inertinita 1-5%, e exinita 1%.

A vitrinita é derivada de constituintes botânicos formados por lenhina e

celulose. A exinita origina-se de constituintes botânicos estruturados, tais como,

esporos, pólenes, cutículas, algas e resinas. Já a inertinita é originada a partir de

carvão vegetal fossilizados.

O querogênio amorfo é uma matéria orgânica com composição química

bastante complexa, pois inclui matéria orgânica derivada das áreas continentais e

dos ambientes marinhos, que apresentam diferentes composições químicas iniciais.

Os estudos realizados por Hill et al (2007) revelaram frequentemente algas de

origem marinha como as Tasmanites. È classificado assim como o quêrogenio do

tipo II contendo uma maior proporção de núcleos aromáticos, anéis naftênicos e

grupos funcionais oxigenados. Geralmente derivado de matéria orgânica de origem

marinha.

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3.4.2 Reflectância de Vitrinita.

Trata-se de um método óptico de medição da reflectância sobre uma

superfície polida de uma partícula orgânica. Mede-se a reflectância das vitrinitas,

pois estas apresentam respostas proporcionais à maturação da matéria orgânica.

A alteração química que ocasiona a variação da reflectância é irreversível.

Esse fato confere a vitrinita um papel análogo ao de um termômetro de máxima, pois

sua reflectância é a conseqüência da maior temperatura experimentada durante a

sua existência. (SILVA, 2007).

Os níveis de maturação da rocha analisada variam entre valores de 0,5 até

1,3% para amostras maturas, sendo que valores menores do que 0,5% são

característicos de amostras imaturas e acima de 1,3% de amostras supermaturas ou

senis.

A Reflectância de vitrinita (Ro) é a medida mais comumente citado para

avaliar a maturidade térmica do folhelho de Barnett. Um valor cada vez maior de Ro

reflete uma maior maturidade térmica da rocha de origem, que por sua vez,

influencia o esperado hidrocarbonetos gerados.

Estudos realizados por Jarvie et al., (2007) demonstram num processo inicial

em que o óleo e o gás e gerado diretamente do querogênio o Ro <1,1%, enquanto

que enquanto que o gás produzido por exemplo, na região do Campo de Newark,

leste e áreas vizinhas, provavelmente formado mais tarde por craqueamento

secundário de petróleo e betume apresenta-se com maior maturidade térmica (Ro>

1,1%).

Um mapa de valores de Ro (isoreflectância) para o folhelho de Barnett em

toda a bacia, indicam uma tendência geral de aumentar a maturidade térmica na

direção leste-nordeste (Figura 3.13 e 3.14) (Montgomery et al, 2005). Os valores

variam de um mínimo de menos de 0,7 perto da Uplift Llano e perto do Arco de Red

River, com um máximo superior a 1,7 ao longo do Cinturão de Cavalgamento

Ouachita.

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Figura 3.13: Mapa de valores de Ro (isoreflectância) para o folhelho de Barnett na Bacia de Fort Worth. Fonte: Montgomery et al, 2005.

Figura 3.14: Mapa mostrando a localização do Campo de Newark Leste e proximidades com cores

indicando os valores de reflectância. Fonte: Montgomery et al, 2005.

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Observa-se que Ro não muda de maneira uniforme em toda a área sua

variação na bacia está correlacionada a uma tendência regional de refletir a

presença de estruturas intrabacinal. Valores são mais elevados a nível local em área

adjacente ao Cinturão de Cavalgamento Ouachita, ao sistema de falhas entre o

denominado Poço Mineral e Newark Leste, e localmente menor sobre o Arco de Red

River. Pollastro et al (2003) e Montgomery et a (2005) atribuíram essas anomalias

para uma múltiplas história de soterramento que a bacia sofreu, múltiplos eventos

térmicos e aquecimento hidrotermal principalmente associados a regiões de falhas.

Bowker (2007) considerou que a maturidade térmica foi controlada exclusivamente

pela proximidade ao Cinturão de Cavalgamento Ouachita e salmouras quentes

associados ao mesmo.

O diagrama que conta a história de soterramento dos folhelhos da Formação

Barnett compartimenta essa historia em três fases distintas (Montgomeryet al, 2005).

No final do Mississippiano, um estágio inicial de soterramento se deu de maneira

rápida no período Pensilvâniano e Permiano. Jarvie et al (2001) postularam que o

petróleo e gás primários foram geradas durante esta primeira etapa, possivelmente

com alguma influência de craqueamento secundário do óleo para gás.

O segundo estágio ocorreu enquanto os folhelhos Barnett permaneceram a

uma temperatura elevada (240-285ºF) do final do Permiano através do Cretáceo

Inferior. A maior parte do gás foi gerado nesse intervalo do tempo geológico por

processos de craqueamento do petróleo, betume e querogênio.

O terceiro e último estágio, que se estende desde o Cretáceo Superior ao

Terciário, foi de soerguimento e erosão. Montgomery et al (2005) também

estabelece a possibilidade do óleo poder também ter sido gerado durante esta última

fase, quando a pressão e a temperatura diminuiu (figura 3.15).

Pollastro (2003) descreve o Sistema Petrolífero, através da Carta de Eventos,

a fim de situar os diversos eventos ao longo do tempo geológico. Vamos aqui

ressaltar que o período que vai do Miississipiano ao Pensilavaniano os folhelhos da

Formação FM Barnett foi ao mesmo tempo gerador, reservatório e capeador. (figura

3.16). Esse modelo reforça a concepção proposta supracitada por Montgomeryet al,

2005.

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Figura 3.15: Diagrama demonstrando as três fases para a história térmica do folhelho de Barnett. Fonte: Montgomery et al, 2005.

Figura 3.16: Carta de Eventos do Sistema Petrolífero onde está localizada a FM Barnett. Fonte: Pollastro et al, 2003.

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Na carta estratigráfica abaixo da Bacia de Fort Worth encontram-se

localizados todos os reservatórios de óleo e gás presentes nessa bacia ao longo de

toda seção sedimentar. Percebe-se facilmente que trata-se de uma bacia bastante

prolífica em função da presença de diferentes níveis contendo rochas geradoras e

reservatórios. O folhelho da formação Barnett constitui o principal gerador de

grandes volumes de hidrocarbonetos onde a maior parte ficou acumulada no próprio

folhelho e parte migrou para os demais reservatórios clásticos e carbonáticos das

seções paleozóicas superiores. (Figura 3.17).

Figura 3.17: Carta de estratigráfica da Bacia de Fort Worth com detalhe para FM Barnett e produção de Óleo e Gás. Fonte: Pollastro et al, 2003.

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3.5 Caracterização do reservatório a partir de interpretação de perfis.

A importância da utilização dos perfis geofísicos para a interpretação

geológica de um sistema pertrolífero se dá pelo fato de que através dos mesmos são

obtidas representações gráficas entre as profundidades do poço e as propriedades

petrofísicas das formações.

Esses registros são possíveis porque as rochas podem ser identificadas em

função de suas propriedades elétricas (condutividade elétrica, polarização induzida,

constante dielétrica ou potencial eletroquímico natural), acústicas (velocidade de

propagação ou tempo de trânsito de ondas elásticas compressionais ou cisalhantes),

radioativas (radioatividade natural ou induzida), mecânicas, térmicas entre outras.

Tais propriedades podem ser obtidas a partir de perfis geofísicos elétricos,

acústicos, radioativos, mecânicos, térmicos etc., a depender da propriedade usada

para estes registros.

O perfil de Raios Gama lê a radioatividade natural das formações, refletindo o

conteúdo argiloso da rocha, pois os elementos radioativos tendem a se concentrar

em minerais argilosos e, por conseguinte, em folhelhos. São utilizados para

identificação litológica, estimativa de argilosidade como também análise

sedimentológica e inferências sobre ambientes deposicionais. A radioatividade

natural das formações advém de íons de potássio, thório e urânio que produzem

raios gama com diferentes níveis de energia que são detectados por um

centilômetro. O registro é feito por janelas de energia, em pulsos por segundo,

sendo as contagens proporcionais às concentrações dos elementos. De posse

desses dados é possível caracterizar determinam o tipo de argilominerais,

reconhecem minerais pesados e avalia reservatórios micáceos e glauconíticos.

O perfil de Densidade registra continuamente as variações das densidades

das camadas com a profundidade, e assim lê a porosidade da rocha com base na

densidade da mesma. Enquanto que os perfis neutrônicos medem uma

radioatividade induzida artificialmente, por meio de bombardeio das rochas com

nêutrons de alta energia ou velocidade e assim lê a porosidade com base no índice

de hidrogênio. Isso porque o hidrogênio está presente na molécula de água, nos

hidrocarbonetos etc, preenchendo os poros das rochas.

Alguns óleos, a depender de sua densidade, têm aproximadamente a mesma

concentração de hidrogênio, por unidade de volume, que a água. Já o gás e o

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condensado apresentam uma concentração de hidrogênio substancialmente menor,

fazendo com que esta ferramenta, combinada com a do perfil Densidade, facilite a

identificação de hidrocarbonetos leves nas rochas reservatórios.

Nos poços da formação Barnett esses perfis foram utilizados no intuito de

estabelecer uma correlação entre os mesmos. Foram posteriormente associados

aos valores de COT e de Reflectância de Vitrinita de forma a transpor essa

correlação para outros poços. Todos esses dados foram correlacionados nos poços

testemunhados e a assim diagnosticadas as melhores fácies reservatórios para este

folhelho.

Neste item serão apresentados em um primeiro momento interpretações a

perfis como os do tipo Raio Gama e Resistividade, com o objetivo de melhor

descrever as formações da área de estudo bem como a sua litologia, relações de

contato, espessura, profundidade, na escala de uma bacia mostrando sua eficiência.

( POLLASTRO, 2007).

Em um segundo momento será discutido a importância da correlação

testemunho perfil e profundidade quando se trata de estudos de caracterização em

escala menores, sinalizando as limitações dos perfis convencionais nesse contexto.

Pallastro, 2007 realizou um estudo a partir de perfis de Raios Gama e

Resistividade para caracterizar a litologia e espessura da FM Barnett, através de 2

seções estratigráficas transversais generalizadas na área da Bacia de Fort Worth.

(Figura 3.18).

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Figura 3.18: Localização das seções AA’ e BB’ da Bacia de Fort Worth. Fonte: Pallastro, 2007.

As seções AA’ e BB’ foram compostas a partir de correlações de perfis de

Raio Gama e Resistividade como o apresentado na figura 3.19. Esses perfis

abrangem as unidades superiores e subjacentes da Formação Barnett. Observa-se

alto Raio Gama e maiores expressões de resistividade para a Formação Barnett em

relação às demais.

É possível identificar uma resposta ao perfil raios gama extremamente alta na

base da Unidade Inferior do Folhelho cita pelo autor como: “basal hot shale”, esta

pode ser rastreada durante a maior parte da bacia, como pode ser observada nas

seções AA’ e BB’ respectivamente nas Figuras 3.20 e 3.21.

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Figura 3.19: Perfil típico estratigráfico mostrando o comportamento dos perfis de Raios Gama e Resistividade no Folhelho de Barnett, unidades superiores e subjacentes. (Profundidade em pés). Fonte: Pollastro, 2007.

A partir da observação das seções AA’ encontram-se camadas de folhelhos

de Barnett com espessuras de até 1000 pés aproximadamente 305m, localizadas na

parte mais profunda do Fort Worth Bacia. Na área próxima do campo Newark Leste,

na seção BB’, o folhelho de Barnett é informalmente dividido em intervalos inferior e

superior que são separados pela uma unidade dos calcários de Forestburg. Pode se

concluir que a FM Barnett apresenta-se contínua em grande extensão na Bacia de

Fort Worth.

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Figura 20: Seções AA’ na Bacia de Fort Worth. Fonte: Pollastro, 2007.

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Figura 3.21: Seções BB’ na Bacia de Fort Worth. Fonte: Pollastro, 2007

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Slatt (2009), e discutido a importância de quando correlacionar propriedades

perfis de poços à testemunhos determinar com precisão a profundidade de correção

perfil-testemunho. Pois os perfis possuem limitações, tais como no caso dos perfis

do tipo Raios Gama que tem sua eficiência diminuída em caso de camadas pouco

espessas. Assim pode ser que o perfil não identifique litofáceis em estratos com

pequenas espessuras, por exemplo. A figura 3.22 demonstra as relações entre

profundidade de investigação e resolução vertical das camadas para diversas

ferramentas de perfilagem, pode-se observar que perfis como o de raios Gama

possuem resolução vertical da ordem de 30cm.

Figura 3. 22: Profundidade de investigação x Resolução vertical das camadas, em ferramentas de perfilagens. Fonte: Serra, (2004).

Assim pesquisadores admitem que para calibrar profundidades entre perfis e

testemunhos devemos utilizar litofácies que sejam mais diagnósticas tais como as

concreções calcárias. Uma vez que são visíveis em um registro de Perfil de Imagem

Resistiva, ou apresentem densidade relativamente alta e velocidade (tempo de

trânsito) em perfis. Na ausência de um registro de imagem, litofácies radioativos, tais

como rochas fosfatadas, pode ser usado se as mesmas possuírem espessura

suficiente para serem detectáveis no perfil de Raios Gama log.

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Figura 3.23: Registro do perfil do tipo Raio Gama, de Imagem Resistiva e comparação com descrição em testemunho de um poço localizado no campo de Newark Leste na Bacia de Fort Worth. Fonte: Slatt, 2009.

.

Em outras interpretações a partir de perfis para o Folhelho de Barnett temos:

Kane 2006, ressalta que grande parte da metodologia utilizada em seu trabalho foi

realizada com base na metodologia aplica em testemunhos por ResTech, (1991).

Esta metodologia advém de trabalhos anteriores desenvolvidos no folhelho

devoniano (GRI, 1989), onde poucos dados tinham sido publicados. A distribuição

mineralógica encontra-se em gráficos de barras onde podem analisar qualquer

elemento em termos de média, moda e desvios padrões. Esses dados foram obtidas

da análise de 7 poços no folhelho devoniano. (Figura 3.24).

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Figura 3.24: Distribuição mineralógica proposta a partir da análise de 7 poços no folhelho devoniano. Fonte: Kane, (2006).

Quanto as características do querogênio analisado nesse modelo, o autor

conclui que o mesmo aparece como porosidade nos perfis, eles possuem uma

densidade média de 1,0 a 1,2 g/cm3 e possui índice de hidrogênio em torno de 0,65

a 0,7. Essa modelagem do querogênio foi realizada a partir de dados obtidos em

testemunhos. Inicialmente, correlações foram obtidas de forma a obter o volume de

querogênio a partir dos perfis. Cuja correlação ainda não foi publicada.

Foi obtido também um modelo mineralógico para os minerais de argila,

quartzo, calcita, dolomita, pirita, apatita, querogênio e fluidos (água e gás). E assim

foi apresentado um conjunto de perfis com o objetivo de observar as respostas a

cada um desses modelos e possivelmente construir um conjunto de equações a fim

de descrever essas relações, a partir de programas como: ELAN™ e OPTIMA™.

Na figura 3.25 observa-se o intervalo testemunhado na Bacia de Worth (barra

vermelha) no poço Texas United Blakely e os perfis obtidos no mesmo. Foram

corridos os perfis de Raios Gama, Espectrometria de Raios Gama, Densidade e

Neutrônico e os Perfis de Resistividade.

No intervalo testemunhado de 7100 a 1210 pés é possível perceber dois

padrões caracterizados pelo conjunto de perfis. Um padrão localizado entre 7100 e

7150 pés para o carbonato e outro entre de 7150 a 7210 pés para os folhelhos.

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CaliperIN6 16

Total gamma rayGAPI0 300

Corrected gamma rayGAPI0 300

7100

7200

7300

7400

DEPTHFEET

Potassium%-5 5

ThoriumPPM0 40

UraniumPPM-10 30

Neutron porosityV/V0.3 -0.1

Bulk densityG/C32 3

Shallow focussed logMMHO0.2 2000

Medium inductionOHMM0.2 2000

Deep inductionOHMM0.2 2000

Figura 3.25: Perfis de Raios Gama, Espectrometria de Raios Gama, Densidade e Neutrônico e os Perfis de Resistividade, observado no intervalo testemunhado na Bacia de Worth (barra vermelha) no poço Texas United Blakely. Fonte: Kane, (2006).

Para a correlação dos dados entre os perfis da Figura 3.25 anteriormente

citada foram elaborados uma série de gráficos. Como os apresentados a seguir na

figura 3.26.

Figura 3.26: Gráficos obtidos com o cruzamento dos dados obtidos pelos perfis neutrônico e densidade. Fonte: Kane, (2006).

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No gráfico da esquerda as cores expressam uma profundidade que varia de

7090-7250 (pés). O comportamento entre o intervalo 7090 e 7150 pés caracterizam

rochas carbonáticas, já no intervalo entre de 7150 a 7250 pés são mostrado o

comportamento para os folhelhos. A partir dessas análises não há como evidenciar

os folhelhos como portadores de Hidrocarboneto, então foi sugerido o correlação

desses dados com análises químicas como podem ser observados na figura 3.27.

Os gráficos especificam a análises do conteúdo de Carbono Orgânico Total

(COT) que para os folhelhos expressão altos valores. Essa correlação expressa

entre alto Raio Gama e Alto COT, evidência que está zona testemunhada confere

um potencial para ser portadora de hidrocarbonetos.

Figura 3.27: Gráficos obtidos com o cruzamento dos dados obtidos pelos perfis neutrônico e densidade. Fonte: Kane, (2006).

3.6 COMPLETAÇÂO E PRODUÇÃO.

Os reservatórios de gás em folhelhos de Barnett é uma fonte crescente de

reservas de gás “onshore” nos Estados Unidos nas últimas décadas. Este impulso

na produção decorreu a partir do desenvolvimento das novas tecnologias e de uma

constante evolução das estratégias de completação, aplicadas neste tipo de

reservatório de permeabilidade muito baixa, a partir da perfuração de poços

horizontais.

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A figura 3.28 abaixo mostra a evolução no aumento do número de poços no

período que vai de 1997 até 2009. Através dos pontos vermelhos é possível

perceber o expressivo aumento de poços horizontais nessa área, chegando a

12.000 segundo EIA (Energy Information Administration) de 2009.

Figura 3.28: Aumento do número de poços de 1997 até 2009, no folhelho de Barnett. Fonte: EIA, 2009.

Anteriormente a produção nos folhelhos da Formação Barnett era feita a partir

de poços verticais onde apenas um pequeno intervalo do reservatório de baixa

permeabilidade era produzido diretamente. Nesses poços em geral era possível

ocorrer a perda das melhores zonas produtoras como também ocorria uma rápida

taxa no declínio da produção, fato esse muito comum em reservatórios não

convencionais.

Somente a partir da utilização da perfuração e completação horizontal pode-

se então aumentar o intervalo de produção desses reservatórios. A figura 3.29

apresenta um esboço do posicionamento de um poço horizontal e um vertical

comparando o volume de rocha reservatório que pode ser drenado utilizando a

técnica de fraturamento em poços horizontais.

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Figura 3.29: Esboço do posicionamento de um poço horizontal e um poço vertical. Fonte: Modificado de www.eia.doe.gov.

A tecnologia de completação do poço horizontal foi pela primeira vez

adaptada para o desenvolvimento de gás em folhelhos no intuito de oferecer uma

maior exposição do poço para a área do reservatório. Essa geometria no caso dos

poços horizontais além de permitir uma redução do número de locações e nas

instalações situadas em áreas urbanas da Bacia de Fort Worth. (Brown, 2007),

ampliou os índices de produtividade dos poços com um aumento substancial.

Conclui-se então que as taxas de produção são significativamente mais elevadas

para poços horizontais do que para os poços verticais conforme demonstra o gráfico

abaixo. (Figura 3.30).

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Figura 3.30: Comparação da produção e do número entre poços horizontais e verticais. Fonte: Adaptado de www.eia.doe.gov.

A base do modelo de completação do folhelho de Barnett é a utilização de

poços horizontais e fraturamento hidráulico e devido ao seu êxito está sendo

expandido para outras áreas com acumulação de gás similar em folhelhos de todo o

mundo.

Como possui baixíssima permeabilidade natural em relação à transmissão de

fluidos, para que esses poços passem a produzir volumes significativos de gás deve-

se aumentar a sua permeabilidade, e então se fazem necessárias operações de

estímulo a produção do reservatório, como o fraturamento hidráulico. Os poços

horizontais nos folhelhos Barnett possuem extensões que vão desde 450m até

1500m ao longo da melhor zona produtora desse reservatório com dimensões de

fraturamento perpendiculares aos poços da ordem de 70 a 100m, em uma

profundidade média de 2200m. Para esse tipo de intervenção são necessárias

inúmeras unidades para essa operação de fraturamento hidráulico.

As figuras a seguir ilustram o processo de fraturamento hidráulico onde

podemos observar o grande numero de unidades (caminhões de grande porte) que

são necessários para esse tipo de operação de estimulação (fraturamento). Nessa

operação são necessários tanques para colocação de água e gel, e silos contendo

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propante. O material denominado de propante refere-se as grãos na fração

granulométrica areia compostos por bauxita ou cerâmica.

Esses grãos serão inseridos nas fraturas a fim de evitar o fechamento das

mesmas após o fraturamento. Esse tipo de material é muito utilizado por ter uma

maior resistência a deformações posteriores. Utiliza-se também uma unidade de

mistura (blender) onde o gel, água e propante são todos misturados e injetados a

partir de um grande numero de unidades de bombeio interligadas entre si. Esse

material é injetado com pressão superior a da formação, induzindo fraturas a mesma

e ao mesmo tempo empurrando o propante para dentro das fraturas. Foto-04.

Foto-04: Realização do processo de fraturamento hidráulico no campo de Newark Leste. (1) Tanques

de armazenamento do gel. (2) Unidades de bombeio. (5) Unidade de mistura (Blender do gel e

propante) ao lado do poço.

Em poços horizontais com 1000m de extensão essas operações de

fraturamento duram de 15 a 20 dias a um custo da ordem 2 a 3 milhões de dólares.

Por essa razão estudos de viabilidade econômica desses poços são necessários

antes da perfuração dos mesmos. (Foto-05).

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Foto-05: Exemplo genérico dos equipamentos utilizados na operação de fraturamento de um poço de

gás. (1) Silos contendo propante, (2) Unidades de bombeio, (3) Unidade de mistura, (4) Tanques com

gel e água. O poço onde esse material será injetado encontra-se fora da figura a direita.

A figura a seguir apresenta um modelo esquemático de um poço horizontal

com posterior processo de fraturamento hidráulico figura 3.31. São descritas as

seguintes etapas:

1.0 Vedação

2.0 Fraturamento Hidráulico

3.0 Perfuração Horizontal

4.0 Liberação do gás alojado

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Figura 3.31: Modelo simplificado do processo de extração de gás em folhelho. Fonte: Adaptado de www.eia.doe.gov.

A execução de poços horizontais no início de 2000 ofereceu uma solução

econômica no folhelho de Barnett com os primeiros poços fornecendo três vezes a

mais da estimativa de recuperação final, apesar do dobro do custo em comparação

com poços verticais. A tendência da indústria tem sido no sentido de aumentar as

extensões laterais dos poços tornando-as mais longas e aplicando estimulações em

múltiplos estágios.

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De maneira geral o maior sucesso na operação de completação de poços

localizados no folhelho de Barnett depende da situação dos poços em relação a rede

de mais extensa fratura na rocha reservatório. Assim um dos maiores desafios é

determinar a estratégia da completação que irá criar a maior rede de fratura ao longo

do folhelho, a partir da identificação dos métodos mais rentáveis de diagnóstico para

avaliar estas estratégias e, finalmente, otimizar a completação.

Alguns aspectos relacionados ao contexto geológico e geofísico do

reservatório são de imensa relevância na etapa da estratégia de completação para o

sucesso da perfuração horizontal nos folhelhos de Barnett. Já que será necessário:

1) identificar o alvo adequado para a localização do poço que se tratando

de um poço horizontal que deve ter sua inclinação em direção a uma

zona relativamente mais frágil.

2) manter o posicionamento lateral do poço durante a perfuração,

evitando deslocamento.

3) saber a colocação de grandes falhas que permitirá o acesso a

formação que contem água, como a formação Ellenburger.

4) identificar áreas que podem conter fraturamento mais intenso.

5) identificar zonas de fratura e/ou falhas que podem estar presentes em

áreas adjacentes a poços horizontais onde fraturando do novo poço

pode interferir na produção dos poços mais velhos.

No seu Relatório Anual de Energia, 2011, a EIA - Agência Internacional de

Energia dos EUA evidencia que os recursos recuperáveis nesse tipo de prospecto

de gás em folhelhos nos EUA duplicaram em relação ao ano anterior. Esse

crescimento se deve em grande parte pelo sucesso do uso de técnicas avançadas

de perfuração e completação em poços horizontais.

Na ação, o relatório prevê que até 2035, quase metade (45%) do gás natural

produzido em os EUA virão a partir dos reservatórios de gás em folhelho, acima dos

14% em 2009 (EIA, 2010). Nos últimos anos novas técnicas de exploração estão

remapeando o futuro energético dos os EUA. Estimativas sugerem que estas

reservas possam chegar ao equivalente de 17,3 trilhões de metros,

aproximadamente o mesmo que as reservas provadas do Kuwait .

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4.0 CONCLUSÕES

O desenvolvimento dos reservatórios não convencionais significa hoje uma

alternativa de suprimento da demanda por hidrocarbonetos em muitos países,

conforme aqui foi apresentado.

A tecnologia para a viabilização da produção dos reservatórios não

convencionais está em crescente desenvolvimento tornando uma realidade

sua exploração e produção em muitos países. Já que a viabilidade desse tipo

de reservatório depende da disponibilidade de tecnologia para produção.

Os reservatórios não convencionais do tipo: metano em camadas de carvão,

arenitos com baixa permeabilidade; hidratos de metano, reservatórios de óleo

pesado, e reservatórios de gás em folhelhos estão sendo explorados em todo

o mundo.

As zonas mais enriquecidas em gás nos folhelhos foram rastreadas a partir do

teor de COT acima de 4%. e RO% com valores acima de 1,1%.

Os perfis de Raios Gama, de Densidade e de Neutrônico não foram

diagnósticos na caracterização das zonas mais ricas em gás nos folhelhos.

O papel de fraturas naturais nos folhelhos da formação Barnett teve seu

desempenho na produção contestado. Em geral estão fechadas por

mineralização posterior e pouco não contribuindo para permeabilidade ou

para o fraturamento hidráulico.

Uma das razões que faz do folhelho Barnett um dos maiores produtores

desse tipo de reservatório não convencional nos EUA esta relacionado à sua

composição mineralógica quartzosa que confere uma maior facilidade ao

fraturamento hidráulico.

A perfuração horizontal e o fraturamento hidráulico representam os processos

que mais contribuíram ao processo de explotação e aumento da produção de

gás em folhelhos da Formação Barnett no Texas, EUA.

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5.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Review, 2006. 34-53 p. Disponível em: http://www.slb.com. Acesso em abril de 2011.

ALLEN T.O.; ROBERTS A. P. Production operations Well Completions Workover

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