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1.Introdução Este artigo busca pensar os cemitérios em Salvador a partir de etnografias realizadas na Quinta dos Lázaros e no Campo Santo, num total de quatro visitas entre os meses de abril de maio de 2009, em que foram entrevistados três coveiros dois vigilantes um porteiro, e um diácono. Investiguei possíveis diferenças entre eles por localizarem-se em variadas partes da cidade e, sobretudo por atenderem a públicos diversos, pois o primeiro é reconhecido como um lugar onde são enterradas pessoas pobres ou de classe média baixa, em sua maioria menos notórias, dentre elas policiais, funcionários públicos, indigentes, mas uma parcela desses mortos detém uma identidade pública bastante marcada, mesmo que negativamente, malfeitores, e pessoas principalmente ligadas ao mundo do crime e especialmente ao trafico de drogas, tanto que meu informante citou como bandidos eméritos dois cangaceiros do bando de lampião, um deles de alcunha o “azulão”, como famosos. O segundo abriga em seu solo nomes de destaque na sociedade soteropolitana, desde filhos de artistas famosos, como o de Sheila Carvalho, a morena do "É o tcham", que foi o primeiro famoso que meu informante citou, Castro Alves, Antonio Carlos Magalhães e seu filho Luiz Eduardo Magalhães, Thales de Azevedo, Lauro de Freitas, dentre outros, o que permite que se compreenda a existência de um roteiro turístico que inclui uma visita às sepulturas de pessoas eméritas, o que pode ser pensado como uma “... forma de consumo de lazer em que se dá ênfase ao consumo de experiência e prazer (tais como parques temáticos, centros turísticos e recreativos)...” (FEATHERSTONE, 1995, p.137). O campo Santo não é o único a possuir um roteiro turístico.Em Buenos Aires, visita-se a Recoleta, e em Montevidéu há um passeio noturno e guiado no cemitério público municipal mais antigo da cidade ambientado pela música de quatro mulheres que tocam violino, violoncelo, flauta e oboé em diversos pontos do local, de modo que o necroturista 1 , caminha pelas alamedas e desfrutas de toda a beleza da arte cemiterial, cujos ingressos num total de cem, estavam esgotados na primeira vez que o roteiro foi realizado, em 26 de março de 2009. 2 1  -nome dado pelo artigo ao turista de necrópole. 2  - http://www.mochileiros.com/passeio-turistico-em-cemiterio-t32514.html  1

Universidade Federal da Bahia se a Recoleta, e em Montevidéu há um passeio noturno e guiado no cemitério público municipal mais antigo da cidade ambientado pela música de quatro

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1.Introdução

Este   artigo   busca   pensar   os   cemitérios   em   Salvador   a   partir   de   etnografias 

realizadas na Quinta dos Lázaros e no Campo Santo, num total de quatro visitas entre os 

meses   de   abril   de   maio   de   2009,   em   que   foram   entrevistados   três   coveiros   dois 

vigilantes um porteiro, e um diácono.

Investiguei possíveis diferenças entre eles por localizarem­se em variadas partes 

da cidade e, sobretudo por atenderem a públicos diversos, pois o primeiro é reconhecido 

como um lugar onde são enterradas pessoas pobres ou de classe média baixa, em sua 

maioria  menos notórias,  dentre  elas  policiais,   funcionários  públicos,   indigentes,  mas 

uma parcela desses mortos detém uma identidade pública bastante marcada, mesmo que 

negativamente,  malfeitores,   e  pessoas  principalmente   ligadas   ao  mundo  do  crime  e 

especialmente  ao   trafico  de drogas,   tanto  que meu  informante  citou  como bandidos 

eméritos dois cangaceiros do bando de lampião, um deles de alcunha o “azulão”, como 

famosos. O segundo abriga em seu solo nomes de destaque na sociedade soteropolitana, 

desde filhos de artistas famosos, como o de Sheila Carvalho, a morena do "É o tcham", 

que foi o primeiro famoso que meu informante citou,  Castro Alves,  Antonio Carlos 

Magalhães e seu filho Luiz Eduardo Magalhães, Thales de Azevedo, Lauro de Freitas, 

dentre outros, o que permite que se compreenda a existência de um roteiro turístico que 

inclui uma visita às sepulturas de pessoas eméritas, o que pode ser pensado como uma 

“... forma de consumo de lazer em que se dá ênfase ao consumo de experiência e prazer 

(tais como parques temáticos, centros turísticos e recreativos)...” (FEATHERSTONE, 

1995, p.137).

O campo Santo não é o único a possuir um roteiro turístico.Em Buenos Aires, 

visita­se a Recoleta, e em Montevidéu há um passeio noturno e guiado no cemitério 

público municipal mais antigo da cidade ambientado pela música de quatro mulheres 

que tocam violino, violoncelo, flauta e oboé em diversos pontos do local, de modo que 

o necroturista1, caminha pelas alamedas e desfrutas de toda a beleza da arte cemiterial, 

cujos ingressos num total de cem, estavam esgotados na primeira vez que o roteiro foi 

realizado, em 26 de março de 2009.2

1 ­nome dado pelo artigo ao turista de necrópole.2 ­ http://www.mochileiros.com/passeio­turistico­em­cemiterio­t32514.html 

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2.Histórico

No século XVI jesuítas portugueses construíram, afastado do centro da vila uma 

casa para repouso para religiosos e alunos ­ uma Quinta ­ que hoje abriga o arquivo 

público da Bahia. Em 21 de agosto de 1787, foi inaugurado um hospital para leprosos 

sob   a   invocação  de  São  Cristóvão  dos  Lázaros3.A  Quinta   passa   a   se   chamar   “dos 

Lázaros”, batismo que serve para designar um dos cemitérios  dando nome ao bairro, 

destinado à época a leprosos (REIS, 1991, p.197).

O Campo Santo, pertence à Santa Casa de Misericórdia, irmandade criada em 

Portugal e que foi no Brasil a congregação que teve a primazia da administração dos 

primeiros cemitérios, no momento em que os sepultamentos deslocaram­se de dentro 

para fora das igrejas, administrando também o do Campo da Pólvora, que abrigava a 

escória da sociedade: suicidas, criminosos, indigentes, escravos e rebeldes.(REIS, 1991, 

p.193).  Fundada em 1549, logo após a criação da cidade por Thomé  de Souza, teve 

desde   então   como   princípio   fundamental...   “praticar   a   caridade   e   prestação   de 

assistência  médica e social  aos enfermos e desamparados”4,  atuando não só  com os 

mortos mas também com os vivos,  pois  estava sob sua responsabilidade  o primeiro 

hospital da recém fundada capital. Foi alvo da cemiterada, revolta da população local, 

capitaneada   pelas   ordens   religiosas   e   ordens   terceiras   além   de  outras   organizações 

leigas,   que   aconteceu   em   Salvador   em   25   de   outubro   de   1836,   ocasião   em   que 

destruíram a pedras e paus e fogo, o recém construído Campo Santo, manifestando­se 

contra   a   lei   que   proibia   enterros   em   igrejas,   mas   também   contra   a   concessão   do 

monopólio da Santa Casa na administração de enterros por 30 anos (REIS, 1991, p.13).  

3.Etnografia na cidade

Estudar a cidade, fazer antropologia na cidade, é sempre um desafio na medida 

em   que   não   há   uma   homogeneidade.   Apesar   de   alguns   autores   defenderem   que   a 

acumulação capitalista tende a homogeneizar os setores urbanos da sociedade, entendo 

que a visão mais esclarecedora é  o reconhecimento de dois processos simultâneos e 3 ­ informações constantes no site www.saltur.salvador.ba.gov.br­site4 ­ site da anta Casa de Misericórdia de Salvador (www. santacasaba.org.br)

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complementares,  defendida  por  Oliven,  que na  pesquisa   realizada  em Porto Alegre, 

percebeu que:

“... membros de diferentes estratos sociais (a grande maioria dos quais passou a maior parte de suas vidas em grandes cidades) têm práticas e orientações   semelhantes  em áreas  que  envolvem dimensões  de  vida instrumentais   (tais   como  trabalho)   como  também em aspectos  mais fortemente   sujeitos   a   influencias   ideológicas   (tais   como educação   e questões políticas genéricas). Eles, entretanto, tem diferentes práticas e orientações   em   áreas   que   envolvem   dimensões   de   vida   mais pessoais(tais como família, religião e vida associativa) e em aspectos que tem conseqüências e significados diversos de acordo com a posição social   (tais   como   questões   políticas   específicas).”   (OLIVEN,1980, p.35)

 

Por esse motivo, a pesquisa que realizei priorizou a maneira como os indivíduos 

pensam define e articulam os enterros porque o fato de compartilharmos patrimônios 

culturais com os membros da nossa sociedade, não nos faz esquecer que a cidade tem 

muitas descontinuidades, onde as visões de mundo são diferenciadas e contraditórias, 

sendo justamente isso que permite, pesquisar grupos diferentes do nosso na cidade, pelo 

constante movimento de compartilhamento de valores gerais e estranhamento de outros 

(VELHO 1980, p.16), e porque as interpretações e os esquemas locais de significação 

são muito importantes (HANNERZ, 1997, p.11).

4. A localização

Pensar nas especificidades é pensar na localização dos mesmos no contexto da 

cidade. A Quinta dos Lázaros, fica distante do centro na Baixa de Quintas, um bairro 

pobre, com pequenos comércios locais, instalado numa longa rua em aclive, circundado 

de três outros cemitérios, o da Ordem Terceira do Carmo, da Ordem Terceira de São 

Francisco, e o Israelita que formam um largo, cujo acesso se faz a pé ou de carro, pois o 

transporte público passa no sopé da ladeira. O Campo Santo encontra­se na Federação, 

bairro considerado de classe média, próximo a avenida Centenário, ao Barra Shopping e 

a UFBA, servido por linhas de ônibus freqüentes e até estacionamento pago e vigiado. 

Ambos, porém tem uma similaridade, encontram­se circundados por favelas: O Calabar 

faz   fronteira   com   o   Campo   Santo   e   o   Alto   do   céu   com   a   Quinta   dos   Lázaros. 

Poderíamos pensar neste passo, nos valendo de Da Matta, quando refere que no Brasil 

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qualquer estudo urbano deve tratar da dicotomia entre centro e periferia, Lázaros seria 

um cemitério periférico e o Campo Santo um central, com maior importância do centro 

em   detrimento   da   periferia.   Há   autores   como   Hannerz   que   discordam   deste 

posicionamento no sentido de que”...a nova organização global da cultura não pode ser 

entendida  nos   termos  dos  modelos   centro­periferia   existentes,  mesmo daqueles   que 

admitem   múltiplos   centros   e   periferias.”.(HANNERZ,   1997,   p.   7   apud 

APPADURAI,1990, p.6)

5. Os cemitérios e suas especificidades

5.1. A Quinta dos Lázaros

É o cemitério onde se enterra de forma mais econômica, pois ele atende a um 

público pobre,  e de classe média  baixa.  Não há  nele mausoléus,  ou outros  tipos de 

túmulos suntuosos. A divisão se dá entre carneiros5 (foto 01), em oito espaços uns sobre 

os outros e covas feitas na terra (foto 02), onde geralmente, são enterradas pessoas que 

não podem pagar. Na terra, o número máximo de enterros por dia é de dez. O corpo 

sepultado permanece três anos se for nas gavetas e 2 anos se na terra, e depois os ossos 

são retirados e colocados num ossuário. Espacialmente é bem organizado, porém não há 

capricho na manutenção das carneiras e nem nos corredores que dão acesso a elas, que 

se encontravam mal limpos e cuidados. Um carneiro custa 400 reais e a utilização das 

salas de velório 120, donde se percebe, que a despeito de atender usuários com menos 

recursos, ainda é caro. No setor dos não pagantes estão os coveiros­jardineiros6, que são 

trabalhadores   contratados,   não   sendo   funcionários   públicos   e   recebendo   salários 

menores do que os coveiros de carreira7, havendo um declarado conflito entre eles, e 

uma marcante distribuição espacial em termos de atividades. 

5.2  O Campo Santo

5 ­ Gaveta ou urna, nos cemitérios, onde se enterram cadáveres.6 ­ Meu informante assim se auto denominou, pois  enterram os mortos na terra e também mantém como parte do seu trabalho 

roçar , capinar , manter o “jardim” o cemitério em ordem.7 ­são aqueles que cuidam apenas do sepultamento nas carneiras

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Inicialmente,  é  mister   ter  claro  que  há   dois  Campos  Santos,   a   saber:  o  dos 

mausoléus e carneiros, ou seja, o espaço dos pagantes e o outro que chamei de telúrico, 

no qual os corpos são enterrados diretamente na terra, e gratuitamente.

O setor  pagante   (fotos  03,  04,  05 e  06)    é   todo pavimentado  com  lajotas  e 

espaços razoáveis entre as tumbas de modo que se transita com tranqüilidade entre elas, 

sem precisas caminhar por sobre os defuntos. A entrada principal se dá através de um 

grande portão de ferro e uma alameda com alguns degraus que desemboca na igreja, 

muito bela, em cujo interior no piso encontram­se muitas sepulturas, da época em que 

se enterrava dentro das igrejas. Ele também possui muitas árvores que na parte mais 

antiga sombreiam as lápides, permitindo um clima confortável e até refrescante nos dias 

quentes. Além disso, possui muitas placas indicativas dos quadros8, e funcionários que 

indicam a localização desejada. Os carneiros são mais baixos, não excedendo a cinco 

gavetas dispostas verticalmente.

Na parte posterior, já fazendo divisa com a favela encontra­se o local dos mortos 

que não podem pagar. Esse espaço é em declive, com apenas uma parte com escadas, de 

modo que o caixão para chegar lá em baixo precisar ser levado pelas mãos, pois não há 

como o carro de transporte funerário alcançar o local desejado. Nesse espaço, também 

quem realiza  os enterros  são coveiros­jardineiros,  que percebem um salário  mínimo 

mensal, com a possibilidade de ao fim de alguns anos de trabalho, ascender à posição de 

coveiros, que é menor remunerada e goza de melhor status.

6. O cemitério reproduz a cidade

Toda a constituição quer espacial, quer simbólica que encontramos nas cidades, 

são   em   maior   ou   menor   grau   reproduzidas   nas   necrópoles.   No   que   respeita   ao 

espaçamento,   os   lugares  por   onde   se   caminha   equivalem às   ruas,   com  suas  placas 

indicativas permitindo ao visitante saber onde ele está e onde quer chegar, indicando 

desta   forma   o   endereço   do   morto,   os   quadros   correspondem   às   quadras,   além   de 

vizinhança temos o serviço religioso, prestado por padres e diáconos, missas, capelas, 

administração do espaço, plano diretor, garis, polícia e tantas outras situações. Há os 

bairros   nobres,   cujo   metro   quadrado   é   caro,   no   Campo   Santo   representado   pelos 8 ­ espaços semelhantes a quadras onde estão, um certo número de sepulturas.

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mausoléus e  os  carneiros,  estes  mais  acessíveis.  A quinta  dos  Lázaros   também tem 

diferenças entre os espaços mais caros – pagos ­ e os gratuitos, também possui ruas e 

quadros   (foto  07).  A  parte   telúrica  dos  dois   cemitérios   reproduz  o   lado  pobre  das 

cidades, pois como nos bairros populares as ruas são mal delineadas, sem pavimentação, 

com acentuadas subidas e descidas, que são de difícil acesso. Para MARANHÃO (1987, 

p.36),   ‘‘No  decurso  desses  últimos  séculos  presenciamos  uma  radical  mudança  das 

práticas funerárias e dos sentimentos e pensamentos a elas associados. Não obstante, 

algo permaneceu inalterado: a visível estratificação das condutas funerárias, reflexo da 

existência de uma sociedade de classe.”

O status do morto em vida é mantido na morte. Se a pessoa é muito importante, 

colocará seu corpo a descansar num mausoléu que identifica o status que teve em vida. 

O material utilizado é caro e sofisticado, como mármore, granito, os enfeites de bronze 

ou cobre, os tipos de letras que adornam a lápide em bronze, além de uma profusão de 

Estátuas  de  anjos,  Santos,  deusas  gregas  e   tantas  outras  que   fazem parte  do  que  é 

chamado de arte cemiterial.  As flores  também demonstram a importância do morto, 

quando   a   morte   é   recente   ou   ele   é   importante,   quer   social   como   particular   e 

afetivamente, o tumulo está sempre coberto de flores. Uma outra forma que podemos 

perceber de distinção social é a lavação dos túmulos. É claro que de modo geral quer 

num como noutro cemitério, no período que antecede ao dia de finados, é comum às 

pessoas  e   famílias,  mandarem recuperar  as  casas  de seus  mortos.  Mas o que há  no 

Campo Santo, especificamente na parte dos mausoléus, é um exército de empregados 

contratados para permanentemente, lavarem e repararem os túmulos. Podemos pensar 

que a pessoa que em vida teve empregados para servir­lhe em sua casa e na limpeza e 

manutenção de sua vida privada continuam a reproduzir esses serviços após sua morte, 

de modo que o status que teve em vida se mantém na morte, pois a tumba bem limpa, 

ornada e rica, é um dos sinais que demonstram o lugar a que esse morto pertencia, como 

também a estilos e maneiras compatíveis com sua classe, no dizer de Park ;“Sob essas 

circunstâncias o status do indivíduo é determinado num grau considerável por sinais 

convencionais – por moda e “aparência” – e a arte da vida reduz­se em grande parte a 

esquiar   sobre   superfícies   finas   e   a   um escrupulosos   estudo  de  estilos   e  maneiras.” 

(PARK, 1979,p.62)

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7. Os necrotérios e a privacidade

Nessa   etnografia   uma   das   primeiras   questões   que   surgiram   diz   respeito   as 

diferentes formas de privacidade. No campo Santo, para fotografar e transitar no espaço 

cemiterial foi necessário autorização da administração. As imagens, que se encontram 

no anexo deste trabalho, só foram conseguidas após minha identificação aliada a uma 

narrativa detalhada do objeto de estudo, e ainda houve uma expressa recomendação de 

não identificar os nomes dos mortos nem de suas famílias, o que traduz a preocupação 

com a privacidade dos mortos e de seus familiares. Por outro lado, se alguém circula 

com   uma   sacola,   ou   comporta­se   com   o   que   os   guardas   definem   como   ‘atitudes 

suspeitas’ a rígida segurança intervém coibindo possíveis furtos de metais caros, ou a 

utilização do espaço para a realização de trabalhos de magia, ou até a retirada de terra 

de cemitério, muito usada para esses fins. Já na Quinta não há controle algum ao acesso 

e nem proibição alguma de fotografar, além da circulação ser livre.

Mas há ainda um outro aspecto: a privacidade ao velar o morto. O Campo Santo 

possui oito salas de velório, individuais, nas quais ao centro há um espaço para colocar 

o   caixão.   Com   janelas   que   abrem   para   a   rua,   bancos   laterais,   cortinas,   banheiros 

coletivos para todas as salas divididos entre masculinos e femininos, sendo um lugar 

ventilado   e   aprazível,   com   castiçais   para   colocar   velas   e   acomodar   com   conforto 

parentes e amigos, e há ainda a opção de velar da igreja, utilizando o espaço da nave 

central para depositar a urna funerária, incluindo missa de corpo presente, que custa 800 

reais. Na Quinta, por seu turno, não há nenhuma sala de velório individual, todas são 

coletivas,   abrigando   dois   e   até   três   urnas   mortuárias   simultaneamente, 

independentemente  de elas  serem aquelas   reservadas  aos  pagantes,  como a dos  não 

pagantes.  Na verdade o que as   torna  diferentes  é  a  ornamentação,  as  primeiras  são 

revestidas de azulejos e ladeada por bancos e na segunda o espaço é mínimo, cobertos 

com azulejos de péssima qualidade, sem porta, apenas sendo fechada ou uma grade de 

ferro se assemelhado mais a um canil do que um lugar onde se vela um morto, e o 

espaço entre as duas urnas é tão pequeno que com certeza, os parentes ficam do lado de 

fora, e se chovendo estiver, tomarão um bom banho porque não há nenhuma cobertura, 

que possa abrigas as pessoas.(foto 08)

7

Além da privacidade há uma marca da higienização e organização na primeira e 

do afrouxamento dela no segundo. No campo Santo, há um contingente de garis que 

varrem e colhem as folhas do cemitério, os coveiros e os guardas comunicam­se com a 

administração através de rádios, e na entrada das salas de velório há um quadro, que 

relaciona as pessoas que estão sendo veladas (foto 09), e a que hora serão enterradas.

Isso   vem   a   demonstrar   o   quanto   a   classe   média   e   média   alta   valoriza   sua 

privacidade e sua individualidade, de modo a ter na morte um momento particular. Os 

pobres, por seu turno, acostumados a viverem em espaços em que há mais socialização, 

pois se observarmos, geralmente essas pessoas possuem maior proximidade física de 

seus vizinhos, reproduziram estes tipos de relações na morte.

 8. As cruzes e suas identificações numéricas ­ indivíduo versus pessoa

Nos dois cemitérios telúricos, todas as sepulturas são marcadas por uma cruz de 

cimento, a qual exibe apenas um numero, não um nome, que para ser identificado, o 

interessado precisa buscar na administração, o registro correspondente (fotos 10 e 11). 

Essa identificação com numerais é um complicador em certos aspectos, pois como os 

quadros   onde   elas   se   encontram   possuem   partes   em   declive,   e   a   ação  das   chuvas 

provoca um deslocamento de areia morro abaixo, resulta o ocultamento das cruzes e de 

seus números identitários.

A freqüência maciça a casa dos mortos se dá no dia de finados, trabalhando os 

coveiros­jardineiros, incessantemente para colocarem em ordem números, cruzes, e dar 

cabo do mato, retirando a areia que as ocultou, pois a pronta identificação é cobrada 

pelos familiares,  às vezes até   responsabilizando­os por eventuais  danos que a chuva 

tenha   causado,   tendo   eles   que   recuperarem   para   não   terem   problemas   com   a 

administração da casa. 

  Em contrapartida,  onde estão os carneiros  bem como os mausoléus há  uma 

identificação detalhada  do morto,  além do nome,   também as datas  de nascimento  e 

morte, e mensagens de seus familiares e em certos casos até fotografias. Porque esta 

diferença na identificação destes mortos?

8

Da   Matta   defende   a   tese   que   a   sociedade   brasileira   é   marcada   por   um 

movimento dicotômico entre indivíduos e pessoas. Desta forma, ser “indivíduo” é ser 

povo, é ser nada, é não ter padrinho, é ser pobre e ter que submeter as leis e regras 

gerais, é ter um tratamento igualitário, que sempre é sinônimo de tratamento inferior 

(Da MATTA, 1983, p.184). Já ser pessoa é ser importante, é ter poder, é ter padrinho, é 

ter notoriedade, é também se distinguir, é ser muito mais importante do que o individuo 

(Da   MATTA,   1983,   p   179.),   e   que   “...   é   a   partir   dessa   perspectiva   que   nasce   a 

necessidade de pensar o mundo como altamente hierarquizado, pois o mundo pertence 

de fato às superpessoas.” (Idem 181)

Nesta  marcada  hierarquização,   aqueles   que   tem  dinheiro,   que   são  da   classe 

média e média alta,  precisam ser  pessoas,  devidamente marcadas no seu  status  e na 

reprodução de seu modo de vida, por isso suas tumbas precisam ser tão detalhadamente 

identificadas, e também é o lugar onde são representadas as muitas façanhas e feitos 

realizados durante suas vidas, que podem ser traduzidos nos agradecimento, carregados 

de sentimentos dos familiares, e até em alguns casos, gratidão explícita de instituições 

as quais foram beneméritos ou prestaram relevantes serviços. 

Os pobres são indivíduos a quem lhes é legado o anonimato, gozando de menor 

importância, não carecendo de uma identificação precisa. 

 ‘... É como se tivéssemos duas bases através das quais pensássemos o nosso sistema. No caso das leis gerais e da repressão, seguimos sempre o   código   burocrático   ou   a   vertente   impessoal   e   universalizante, igualitária do sistema. Mas no caso das situações concretas, daquelas que a ‘vida’ nos apresenta, seguimos sempre o código das relações e da moralidade pessoal, tomando a vertente do ‘jeitinho’ da ‘malandragem’ e   da   solidariedade   como   eixo   de   ação.   A   primeira   escolha,   nossa unidade   é   o  indivíduo;   na   segunda,   a  pessoa.  A   pessoa   merece solidariedade   e   um   tratamento   diferencial.   O   indivíduo,   ao contrário, é o sujeito da lei, foco abstrato para quem as regras e a repressão   foram   feitos.   Desta   separação,   muitas   conseqüências importantes se derivam9.”(Da Matta, 1983, p.169).

Para o autor, numa cidade pequena, não se usa essa forma de fuga do anonimato, 

simplesmente  porque o anonimato  não existe  (p.170),  donde se conclui  a dicotomia 

entre  pessoa  e  indíviduo  se faz presente na modernidade das cidades. Mas, como ser 

pessoa é ser importante é estar acima na escala hierárquica, os indivíduos almejam ser 

pessoas. No Campo Santo, isso ficou claro, quando numa das sepulturas numeradas, os 

9 ­ grifos meus

9

familiares e/ou amigos, colocaram por sobre a cruz numerada uma grossa corrente de 

prata numa flagrante identificação de quem ali jazia, buscando uma marca de distinção. 

8.2 – A hierarquia entre os coveiros

A marcada hierarquia tratada por Da Mata, existe também nos dois cemitérios 

estudados, entre aos coveiros e os coveiros­jardineiros. Os primeiros são os que têm 

entre 10 a 15 anos de pratica, funcionários públicos ,percebendo salários mais altos e 

realizando um trabalho tido como “mais fácil”, pois enterram nos carneiros, onde se 

limitam a retirar a tampa de cimento, e após a entrada do caixão, cobri­lo novamente. 

Os segundos ficam com a parte mais difícil, pois além de terem que fazer as covas,  em 

dias de sol ou chuva, são responsáveis por toda a limpeza e manutenção desta parte do 

cemitério que fica na terra. Assim suas funções são: roçar, capinar, limpar, arrumar a 

terra, recolher o lixo, reacender os números das cruzes e refazer as covas destruídas pela 

chuva, e apesar disso possuem salários menores. Meus informantes me disseram que se 

com o tempo seriam elevados a categoria de coveiros. Num outro aspecto, os segundos 

como trabalham com uma população carentes ou com bandidos e marginais (no caso da 

Quinta)   em muitas   oportunidades   são   ameaçados  pelos   familiares   do  defunto,   caso 

deixem cair o caixão ao descê­lo para a cova, ou se colocam com muita rapidez a areia 

por sobre o caixão, relatando inclusive que a família enlutada e descontrolada pela dor 

da perda,  queria agredi­los.  Entre  estes dois grupos os espaços onde cada um deles 

trabalha e as funções são separadas.

9. Os espaços dos cemitérios e seus usos

Espacialmente, em ambos os cemitérios no local de terra, há um lugar reservado 

para   os   anjinhos10.   Essas   crianças   são   enterradas   separadamente,   e   isso   é   um   fato 

recorrente,  principalmente   em cemitérios  que  estudei  anteriormente   como o  de  São 

Tomaz11. Lá os anjinhos gozavam de um lugar de honra, pois estão sepultados do lado 

direito de quem entra e bem na frente do cemitério que ficava atrás da igreja.(fotos 12 e 

13).

10 ­ Anjo ou anjinho, para Câmara Cascudo é criança, ou cadáver de criança menor de cinco anos.11 ­São Tomaz é uma comunidade de 250 famílias aproximadamente, que dista 25 km da sede do Município de Laguna­SC, que sobrevivem da pesca artesanal, agricultura e pequena pecuária, possuindo duas igrejas – católicos e crentes ­ e dois cemitérios, onde estudei em 2008 os rituais da morte e seus cemitérios.

10

Em ambos  os  cemitérios,  percebi  diferentes  ocupações  do  espaço em vários 

momentos do dia. A Quinta dos Lázaros, que não possui vigilância, tanto que não há a 

realização de velórios à  noite, pela falta de segurança, o dia é utilizado para velar e 

enterrar os mortos, mas a noite é  o espaço para a entrega de trabalhos (foto 14) no 

cruzeiro das almas12. No que respeita a invasão com fins de furto, isso não acontece, 

pois não há objetos valorosos para serem furtados. No Campo Santo, o espaço diurno 

até as 17:30 horas é freqüentado por funcionários, visitantes, parentes, amigos, padres, 

coveiros, lavadores de túmulos, etc, mas a partir deste horário, suas portas são cerradas 

e só  circulam nele os guardas e os cães, realizando­se velórios noturnos, mas ficam 

separados do cemitério, ao qual não tem acesso.

...’As   descontinuidades   significativas   no   tecido   urbano   não   são resultado de  fatores  naturais,  como a   topografia,  ou de  intervenções como   o   traçado   de   ruas,   zoneamento   e   outras   normas.   Tais descontinuidades   são   produzidas   por   diferentes   formas   de   uso   e apropriação do espaço, que é preciso, justamente, identificar e analisar.Ruas,   praças,   edificações,   viadutos,   esquinas   e   outros   equipamentos estão  lá,   com seus  usos  e   sentidos  habituais.  De   repente,   tornam­se outra  coisa;   a   rua  vira   trajeto  devoto   em dia  de  procissão;   a   praça transforma­se em local de compra e venda; o viaduto é  usado como local de passeio a pé; a esquina recebe despachos e ebós, e assim por diante.  Na   realidade   são   as  práticas   sociais   que  dão   significado  ou ressignificam   eixos   de   significação;   casa/rua,   masculino/feminino; sagrado/profano;   público/privado;trabalho/lazer;   e   assim   por diante.”(MAGNANI, 1996 p.38­39)

9.1 ­ O cemitério ecumênico

  Na etnografia   realizada  em São Tomaz   ,   constatei  que  os   rituais  da  morte 

estavam sempre ligados à  religião, fosse ela católica ou a dos crentes, de modo que 

conclui,  naquele estudo, que não havia nem morte, nem rituais funerários laicos. Na 

pesquisa   realizada   nos   cemitérios   de   Salvador,   pude   perceber   que   urbanização 

influenciou consideravelmente na ritualização do morrer, pois neles são admitidas tanto 

pessoas   que   não   professam   religião   alguma,   quanto   é   atribuído   espaço   para   a 

manifestação de quaisquer ritos religiosos nos enterros.  Caetano13,  um dos coveiros­

jardineiros   entrevistados,   relatou   que   são   admitidas   no   cemitério,   quaisquer 

12 ­ Cruz existente nos cemitérios onde de homenageia todos os mortos, inclusive aqueles que não se sabe onde estão enterrados e outros que estão em outros cemitérios.13 ­nome fictício, para preservar a identidade do informante.

11

manifestações   religiosas,   sejam   católicas,   crentes,   ou   até   do   candomblé,   e   que   já 

aconteceu, eles ficarem esperando um longo tempo, até que todo o ritual acontecesse, e 

citou   que   nesse   aspecto   o   único   contratempo   que   houve,   foi   uma   certa   feita,   um 

mulçumano   que   queria   ser   enterrado,   somente   enrolado   no   tecido,   como   era   sua 

tradição, mas a administração do cemitério não permitiu.

10.Conclusão

A   despeito   de   a   globalização   poder,   em   certos   aspectos,   criar   uma   cidade 

hegemônica, esta etnografia pode mostrar o quanto o movimento inverso da busca de 

identidade particular existe. Salvador, a terceira maior cidade do país, possui nos dois 

cemitérios analisados formas bem distintas de enterrar seus mortos e de tratar os vivos. 

Questões como privacidade, higienização, organização, espaçamento e até identificação 

destes mortos variam de um para outro, e esta diferença pode ser facilmente visualizada 

através das imagens que fazem parte do anexo. As próprias regras de como transitar e 

como utilizar o espaço da necrópole são variados, o que me faz concordar com o ponto 

de vista defendido por Carmem Rial, na conclusão de seu artigo sobre fast­food diz:

“Se tomarmos exemplos concretos da globalização, e o caso fast­foods como tentei mostrar pode ser visto como um, percebemos que, nas práticas sociais assim como em nível do imaginário, a mundialização se manifesta e é vivida através  de duas tendências:  de um lado a que conduz à  homogeneização  à escala   planetária;   de   outra,   a   que   revela   a   irrupção   de  localismos.   Não pretendo dizer com isso que a homogeneização se confronte com a tradição e que se bata contra as diversidades locais, mas, ao contrario, que o movimento de globalização comporta nele mesmo estas duas tendências, uma unificadora, a outras diversificante.”(RIAL. 1995, p.31)

E conclui:

“Partilhar  um símbolo, como sabemos,  não significa forçosamente partilhar uma imagem mental, um mesmo significado”.(Idem. p.32).

Há   também aspectos dos cemitérios,  e dos rituais    mortuários,que podem ser 

definidos como parte de um universo global, indicado pela articulista acima e também 

pelo que Baudrillard,(citado por FEATHERSTONE. 1995, p.140) definiu como “hiper­

realidade”, na qual as mercadorias incorporam várias imagens simbólicas e imaginárias, 

que modificam o seu valor e uso inicial, transformando­as em mercadorias signos, e que 

o acumulo destes signos, imagens e simulações, acontece por meio do consumismo e da 

12

televisão. E o mesmo autor também se reporta à cidade pós­moderna como centro de 

consumo tanto cultural quanto geral. Na busca de “ser moderno” e de consumir o que 

está   na   moda,   de   se   igualar   ao   que   é   chique   ou   requintado,   ou   religioso,   enfim 

dependendo daquilo que se busca enquanto signo, é que formas de consumo vão sendo 

criadas, ou copiadas, e que reproduzem aspectos globalizantes podendo ser encontradas 

em diferentes   lugares.  Os  guardas  do  Campo  Santo,   com seus  uniformes  bicolores 

(camisas verdes e calças pretas), com rádio transmissores, organizadamente vestidos, 

com   posturas   eretas   e   conduta   retraída,   são   as   mesmas   imagens   dos   seguranças 

espalhados   pelos   shoppings   centers   da   cidade.   A   propaganda,   que   é   a   cara   da 

modernidade, também estava presente, desde a possibilidade dos usuários escolherem 

entre uma gradação de enterros caros, sofisticados, baratos e gratuitos, da localização 

das sepulturas,  da qualidade  dos caixões,  das  flores,  da presença ou não de serviço 

religioso, da maquiagem do cadáver, do material que cobrirá a sepultura até um mural 

existente na administração do Campo Santo onde estavam arroladas dezenas de ofertas 

de túmulos, com seus respectivos preços, localização e nomes e endereços para contato.

11. Bibliografia

CASCUDO,   Luiz   da   Câmara.   Dicionário   do   Folclore   Brasileiro,   volume   1,   Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 5ª edição, 1984.

DA MATTA, Roberto. Casa, rua e outro mundo: o caso do Brasil in: A Casa & a Rua – Espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil,  Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1987, p.31­69.

DA MATTA, Roberto. Carnavais, Malandros e Heróis: Para uma sociologia do dilema brasileiro, capítulo IV, Rio de Janeiro:Zahar Editores, 1983, p.139­185.

FEATHERSTONE,   Mike.   Cultura   de   Consumo   e   Pós­Modernismo,   editora   Studio Nobel, São Paulo, 1995, Capítulo7, p.135­154.

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13

MAGNANI,   José   Guilherme   Cantor.   Quando   o   Campo   é   a   cidade:   Fazendo Antropologia na Metrópole. In, MAGNANI, José Guilherme; TORRES Lílian de Lucca (Orgs.) Na Metrópole textos de Antropologia Urbana, São Paulo: EDUSP ­Editora da Universidade de São Paulo, 1996, p.15­53.

MARANHÃO, Jose Luiz de Souza. O que é a morte. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987, p. 36­38.

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PARK,   Robert   Ezra.   A   cidade:   sugestões   para   a   investigação   do   comportamento humano no meio urbano. In, VELHO, Guilherme Otávio (Org.) O Fenômeno Urbano, Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979, p.26­67.

REIS, João José Reis, A morte é uma festa, Ritos Fúnebres e Revolta Popular no Brasil do século XIX, São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

RIAL,   Carmem   Silvia   Moraes.Os   fast­food   uma   homogeneidade   contestável   na globalização   cultural.   In  Horizontes   Antropológicos   ­   Diferenças   Culturais   vol   5, p.140­180, julho 1997 em Antropologia em Primeira Mão, PPGAS/UFSC, 1995.

VELHO,Gilberto.  O antropólogo pesquisando em sua  cidade:  sobre conhecimento  e heresia.  In,  VELHO, Gilberto  (Org.)  O Desafio da Cidade Novas Perspectivas  da Antropologia Brasileira, Rio de Janeiro, Editora Campus Ltda., 1980, p.13­20.

ANEXOS

14

Foto 1 – Carneiros da Quinta dos Lázaros

Foto 2 – Covas na terra na Quinta dos Lázaros

15

Foto 03 – A igreja do Campo Santo

16

Fotos 04 e 05 – Mausoléus e Túmulos do Campo Santo

17

Foto 06 – Campo Santo

18

Foto 07 – Quinta dos Lázaros – parte telúrica dos enterros gratuitos

19

Foto 08 – “Sala” de velório dos não pagantes na Quinta dos Lázaros

20

Foto 09 – Quadro com o rol dos enterros – Campo Santo

Foto 10 – Quinta dos Lázaros Cruz

21

Foto 11 – Quinta dos Lázaros ­Cruz

22

Foto 12 ­ Cemitério de São Tomaz sepultura de anjinhos

Foto 13 – Quinta dos Lázaros – sepultura dos anjinhos

23

Foto 14 – Oferenda no cruzeiro das almas – Quinta dos Lázaros

24