Upload
ngoduong
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES CURSO DE LETRAS A DISTÂNCIA
ÁDILA MACEDO MARTINS
PRÁTICAS DE LEITURA DESENVOLVIDAS NO ENSINO MÉDIO DA
E.E.E.F.M. DR. ANTÔNIO BATISTA SANTIAGO,
NAS TURMAS DE 2º E 3º ANOS
ITABAIANA
NOVEMBRO DE 2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
CURSO DE LETRAS A DISTÂNCIA
ÁDILA MACEDO MARTINS
PRÁTICAS DE LEITURA DESENVOLVIDAS NO ENSINO MÉDIO DA
E.E.E.F.M. DR. ANTÔNIO BATISTA SANTIAGO,
NAS TURMAS DE 2º E 3º ANOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de
Letras à Distância da Universidade Federal da Paraíba
como requisito para obtenção do grau de Licenciado em
Letras.
Orientadora: Prof. Ms. Edileide de Souza Godoi
ITABAIANA NOVEMBRO DE 2013
ÁDILA MACEDO MARTINS
PRÁTICAS DE LEITURA DESENVOLVIDAS NO ENSINO MÉDIO DA
E.E.E.F.M. DR. ANTÔNIO BATISTA SANTIAGO,
NAS TURMAS DE 2º E 3º ANOS
Artigo apresentado ao Curso de Letras à Distância, da Universidade Federal da Paraíba como requisito para obtenção do grau de Licenciado em Letras.
Data de aprovação: ____/____/____
Banca examinadora:
______________________________________________________________________
Edileide de Souza Godoi Orientadora
______________________________________________________________________
Alvanira Lucia de Barros Examinadora
______________________________________________________________________
Eliana Vasconcelos da Silva Esvael Examinadora
Aos que amo. Por estarem presentes em
todos os momentos da minha vida,
ensinando-me o valor das coisas que são
realmente essenciais. A todos, meu amor e
gratidão.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por me fazer companhia sempre e me dar forças para perseverar
durante os momentos difíceis do curso. Obrigada, Senhor, por tudo!
Aos meus queridos pais (Lucinaldo e Irabeni), irmãos (Ádamo e Amanda) e cunhada
(Paulinha), namorado amado (Júnior), amigos, familiares, por sempre me incentivarem a
concluir o curso e me mostrarem a importância deste para minha vida pessoal e acadêmica.
Obrigada pelos incentivos e por estarem sempre torcendo e se alegrando com as minhas
vitórias. Amo vocês. Para sempre em meu coração.
Aos ótimos professores-tutores, professores e tutores presenciais que encontrei durante
todos esses anos, obrigada pela paciência, interesse e ajuda em muitos momentos
determinantes, principalmente a minha maravilhosa orientadora Edileide, muito obrigada pelo
seu jeito especial e paciente de me tratar e orientar. Você foi a pessoa escolhida por Deus para
me ajudar a concluir essa etapa. Melhor não poderia existir. Obrigada, por tudo!
Vocês serão sempre lembrados como parte dessa vitória.
Agradeço a minha prima Roberta por ter me incentivado a fazer esse curso, sem seu
estímulo não estaria aqui hoje. Obrigada, Betinha. Sem você esse sonho nem teria se tornado
realidade.
As minhas queridas colegas de curso, que na verdade, tornaram-se amigas, Fabiana e
Meyrelane, vocês são muito especiais e sempre serão lembradas como parte essencial desse
sonho realizado; e a amiga Patrícia, obrigada por todos os bons momentos de estudo em sua
casa, mesmo que você não tenha dado continuidade ao curso. Saudades.
Sou muito grata ao professor Iratam, que me recebeu com maior gentileza na escola e
estava sempre disponível para qualquer esclarecimento, durante todo aquele período de
pesquisa de campo, e aos alunos também, que me ajudaram a concluir essa matéria. Sem
vocês nada teria sido possível. Que Deus sempre os ilumine.
RESUMO
O ser humano utiliza diversas formas para buscar a leitura, seja através de romances, poemas,
contos, como entretenimento, conhecimento ou para manter-se informado. Os meios que
podem proporcionar uma leitura eficiente são as práticas destas, desde a infância, passando
pela escola e lendo sempre, de preferência o que mais se gosta. Tomando essas observações, a
presente pesquisa se propõe a refletir a partir das considerações realizadas por alguns autores
como Irandé Antunes, Paulo Freire, Ângela B. Kleiman, Marisa Lajolo, Maria Ester Vieira de
Sousa e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) sobre as práticas de leitura no ensino
médio e sua importância no processo de aprendizagem nessa fase escolar, bem como
apresentar alguns aspectos fundamentais que devem ser observados pelos professores de
língua portuguesa para que possam desenvolver a leitura e sua prática de forma eficiente em
sala de aula. Para tanto, fizemos uma pesquisa de campo em Itabaiana, na E.E.E.F.M. Dr.
Antônio Batista Santiago, nos 2º e 3º anos diurnos, com jovens entre 16 e 18 anos, em que
pudemos analisar como está o gosto pela leitura dos alunos, que gênero de leitura os motiva e
o que gostariam que o professor realizasse como atividade de leitura, por exemplo. É possível
perceber que na realidade o ensino de Língua Portuguesa não tem priorizado o
desenvolvimento da leitura e suas práticas de leitura satisfatoriamente, o que tem contribuído
para a formação de alunos inseguros e despreparados para assumir seu papel de agentes
comunicativos nos diferentes contextos sociais.
Palavras-chave: leitura, práticas de leitura, ensino médio.
ABSTRACT
The human being makes use of several ways to seek the reading, either through novels,
poems, tales, as entertainment, knowledge or to keep informed. The means that may provide
an efficient reading are the practice of it, since childhood, passing through school and always
reading, preferring what they like most. Taking these observations, the present research
intends to reflect from the considerations realized by some authors such as Irandé Antunes,
Paulo Freire, Ângela B. Kleiman, Marisa Lajolo, Maria Ester Vieira de Sousa and the PCNs
bout the reading practices in high school and their importance in the learning process in this
school stage, as well as to present some fundamental aspects that must be observed by
Portuguese teachers so that they are able to develop reading and its practice efficiently in
classes. For that, we have made a field research in Itabaiana, at E.E.E.F.M. Dr. Antônio
Batista Santiago school, in the 2nd and 3rd years diurnal, with youngsters between 16 and 18
years, in which we could analyze how is the taste for reading of the students, what they feel
motivated to read and what they would like the teacher to perform as a reading activity, for
example. It is possible to realize that in fact, the teaching of Portuguese Language has not
given priority to reading development and its reading practices satisfactorily, what has
contributed to the formation of insecure and unprepared students to assume their role of
communicative agents in the different social contexts.
Key-words: reading, reading practices, high school.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 9
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................................ 10
1- O que é leitura? .................................................................................................................... 10
2- Qual a importância da leitura? ............................................................................................... 11
3- Qual o papel do professor no incentivo à leitura em sala de aula? ............................................ 13
4- A importância do desenvolvimento das práticas de leitura no ambiente escolar......................... 15
METODOLOGIA ....................................................................................................................... 16
ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................................................. 17
CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 23
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 24
9
INTRODUÇÃO
O tema escolhido para minha pesquisa foi: Práticas de Leitura Desenvolvidas no
Ensino Médio. Para desenvolvê-lo melhor li o que Paulo Freire, Isabel Solé e Irandé Antunes
falaram sobre o tema, para ter um maior embasamento sobre o assunto.
A leitura faz parte da vida do ser humano e é através dela que podemos compreender o
mundo a nossa volta, expandindo nossa capacidade de interpretação. Segundo Freire (1989, p.
09) “a leitura de mundo precede a leitura de palavra (...)”, dessa forma, ler é mais do que
decodificar palavras, é buscar os significados que estão explícitos e implícitos no texto verbal,
não verbal, é buscar os significados que estão presentes no contexto ao qual estamos
inseridos. É essa a leitura de mundo a qual Freire se refere.
Segundo Solé (1998, p. 09) “ler é sobretudo uma atividade voluntária e prazerosa [...]
as crianças e os professores devem estar motivados para aprender e ensinar a ler”. Porém,
observando a sala de aula, lugar propício para se desenvolver a leitura prazerosa, é possível
constatar uma realidade muito distante do que é esperado. De acordo com Antunes (2003, p.
27) no que se refere às atividades de ensino da leitura, também se encontra ainda: uma
atividade de leitura centrada nas habilidades mecânicas, sem interesse, sem função,
desvinculada dos diferentes usos sociais, no qual se faz uma leitura puramente escolar, sem
gosto, sem prazer, na maioria das vezes a leitura tem apenas interesses avaliativos.
Entre tantos aspectos positivos e negativos que ainda envolvem a prática da leitura em
sala de aula, surge o interesse em pesquisar como essa prática está acontecendo nas turmas
diurnas do segundo e terceiro anos do ensino médio da E.E.E.F.M. Dr. Antônio Batista
Santiago, buscando identificar e analisar as principais dificuldades enfrentadas pelos alunos,
pois são estes os agentes envolvidos nessa ação e que estão em contato diário com essas
dificuldades.
A importância em se fazer a Pesquisa sobre as Práticas de Leitura vem do fato de
querer conhecer o dia a dia dos alunos, assim como seus desejos, dificuldades e o que
gostariam de melhorar no ensino de leitura visto em sala de aula. Alguns estudantes gostam
de ler, fazem-no por prazer ou para obter conhecimento, outros não; só por obrigação, porque
“tem que ler” e é importante fazer essa avaliação para poder trabalhar melhor com a turma,
10
quanto ao tipo de texto e atividades para melhor aproveitamento dos alunos. A leitura é um
instrumento de aprendizagem e informação e podemos aproveitá-la bastante dependendo do
método utilizado para ensinar e incentivar os alunos.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Lemos o mundo antes de ler as palavras, assim já dizia Paulo Freire (1989). Não se
pode separar a leitura do mundo da leitura das letras, visto que estas fazem parte do mesmo.
Ler o mundo é compreender a nossa realidade, tudo que nos cerca: pessoas, objetos, gestos,
imagens, incluindo a nós mesmos. Podemos ler tudo ao nosso redor. Vivemos em um mundo
de leitura, podem-se ler as pessoas, por exemplo, e através do que ler ficar satisfeito ou não.
Assim o homem conhece o mundo e com ele interage a partir das leituras que vai
desenvolvendo. A leitura da palavra escrita apoia-se no conhecimento adquirido ao longo da
vida, ao mesmo tempo em que amplia e modifica tal conhecimento.
“A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta
não pode prescindir da continuidade da leitura daquele.” A palavra que eu digo sai
do mundo que estou lendo, mas a palavra que sai do mundo que eu estou lendo vai
além dele. Se for capaz de escrever minha palavra estarei, de certa forma
transformando o mundo. O ato de ler o mundo implica uma leitura dentro e fora de
mim. (FREIRE, 1989, p. 09).
Com a citação de Paulo Freire vem à tona alguns questionamentos que serão
trabalhados nos tópicos seguintes:
1- O que é leitura?
A leitura é algo inerente ao ser humano. Faz parte da vida desde quando éramos
crianças, quando nossos pais liam para dormimos ou nos entreter. Ela é fundamental a nossa
aprendizagem, pois enriquece nosso vocabulário, faz-nos obter conhecimento, dinamiza nosso
raciocínio e interpretação, estimula a criatividade, o lazer e a capacidade de transformar o
obscuro em real. É preciso paciência para adquirir o hábito da leitura, que muitos dizem não
11
tê-la, porém se soubessem como ela é rica e faz tão bem, tentariam adquiri-la. Nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (1997, p. 36) temos que:
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do
significado do texto, [...] Não se trata simplesmente de extrair informação da escrita,
decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que
implica, necessariamente, compreensão na qual os sentidos começam a ser
constituídos antes da leitura propriamente dita.
É importante quando o leitor consegue compreender o que lê, assim sendo, constata-se
que isso não é uma mera decodificação das letras, mas sim, apenas um dos métodos que ele
utiliza quando lê. Outras estratégias do leitor fluente são: “seleção, antecipação, inferência e
verificação, sem as quais não é possível rapidez e proficiência.” PCN (1997, p.36)
Para Kleiman (2004) a leitura é:
uma prática social que remete a outros textos e outras leituras [...] e ainda, um
processo psicológico em que o leitor utiliza diversas estratégias baseadas no seu
conhecimento linguístico, sociocultural, enciclopédico. (KLEIMAN, p.12)
Sabe-se que aquele sujeito que gosta de ler, escreve e fala melhor também, melhora o
linguajar e o vocabulário fica mais enriquecido, pois passa a ter contato com um número
maior de palavras. Ao se aproximar da escrita, o aluno encontrará facilidade de se relacionar
com as pessoas, de escrever um texto, pois o principal suporte para a aprendizagem na escola
é a leitura e a escrita.
2- Qual a importância da leitura?
Boa parte do que aprendemos na escola é esquecida com o tempo, porque não as
praticamos. Através da leitura diária, nossos conhecimentos fixariam melhor de forma a não
serem esquecidos posteriormente. As dúvidas que aparecem enquanto escrevemos poderiam
ser sanadas pelo hábito de ler e/ou talvez nem as tivéssemos, porque a leitura tornaria nosso
conhecimento mais amplo e variado.
“Ou o texto dá um sentido ao mundo, ou ele não tem sentido nenhum.” (LAJOLO
1993, p.15). A leitura muda a vida de qualquer leitor, pois o faz enxergar o mundo com outros
olhos; e o conhecimento adquirido através dos livros, jornais, revistas, internet etc. é muito
importante para fazê-lo uma pessoa capaz de refletir sobre o mundo ao seu redor. Possuir
conhecimento é muito importante para viver em sociedade e só quem lê bastante é capaz de
12
ter mais oportunidades na vida, seja no âmbito profissional, pessoal ou social. A prática da
leitura faz de um simples leitor uma pessoa importante, pois o conhecimento é uma forma de
poder em nossa sociedade. Ratifico essa ideia com as palavras de Antunes (2009, p. 193)
quando diz que:
pela leitura temos acesso a novas concepções, novos dados, novas perspectivas,
novas diferentes informações, acerca do mundo , das pessoas, da história dos
homens, da intervenção dos grupos sobre o mundo, sobre o planeta, sobre o
universo. Ou seja, pela leitura promovemos nossa entrada nesse grande e
ininterrupto diálogo empreendido pelo homem, agora e desde que o mundo é
mundo.
No entanto, é importante salientar que leitura como um hábito ou lazer deve ser
estimulada desde a infância, assim também o sujeito crescerá um adulto culto, empreendedor
e perspicaz. Durante a leitura descobrimos um mundo novo, cheio de coisas desconhecidas e
interessantes e é importante abrir nossos horizontes a coisas novas. Saber e compreender o
que se lê e o que os outros dizem, de alguma forma, ter possibilidades de intervir no curso de
sua vida e dos grupos em que atua. “a leitura nos dá esse poder de imersão, nos confere o
poder de enxergar e perceber o que nos circunda” (ANTUNES, 2009, p.193), oportunidade
excluída aos não leitores.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais: “A leitura, como prática social, é
sempre um meio, nunca um fim. Ler é resposta a um objetivo, a uma necessidade pessoal.”
(1997, p.38). E a escola, embora não possa dar conta de todo processo de ampliação das
competências da linguagem, é a instituição encarregada de promover, aprofundar e
sistematizar a formação instrucional no processo eficiente de leitura. Por isso, acreditamos
que a escola, a partir do ensino-aprendizagem linguístico, juntamente com conhecimento
extralinguístico próprio do aluno são as bases necessárias para um bom desenvolvimento do
processo de leitura, pois os sentidos são construídos a partir de conjunto de fatores que
envolvem conhecimento institucional e psíquico-social. Sabemos que quanto mais
familiaridade com o texto mais rapidamente o sujeito irá lê-lo, isso depende do conhecimento
prévio do leitor (conhecimento linguístico e de mundo) e de uma série de fatores que
motivaram seu encontro com o texto, dentre os quais se destacam os objetivos da leitura, os
interesses, as expectativas em relação ao que se lê e as necessidades da leitura.
Cada um interpreta o texto de acordo com o que entende sobre o que está lendo. Não
que o texto tenha vários significados, porém, o modo como o leitor chega a certa conclusão
depende do que ele conhece do mundo também. Ele pode demorar mais a interpretar um texto
13
do que outra pessoa que conheça o assunto, por exemplo. O leitor pode gostar “de cara” de
um texto ou não; um dos fatores é o psicológico, depende de como ele está se sentindo
naquele momento.
3- Qual o papel do professor no incentivo à leitura em sala de aula?
A leitura é uma prática social complexa e precisa ser incentiva pelos professores, em
sala de aula. Ela não pode ser mais vista como um objeto de ensino. É necessário um
incentivo muito grande, por parte do corpo docente, para transformarem-na em objeto de
aprendizagem, preservando sua natureza sem descaracterizá-la. O corpo docente deve se
aperfeiçoar cada vez mais na arte de repassar o que sabe, pois os alunos estão lá para aprender
e precisam se tornar mais informados, críticos e hábeis. Precisa-se, segundo os Parâmetros
Curriculares Nacionais:
[...] trabalhar com a diversidade de textos e de combinações entre eles. Significa
trabalhar com a diversidade de objetivos e modalidades que caracterizam a leitura,
ou seja, os diferentes “para quês” — resolver um problema prático, informar-se,
divertir-se, estudar, escrever ou revisar o próprio texto — e com as diferentes formas
de leitura em função de diferentes objetivos e gêneros: ler buscando as informações
relevantes, ou o significado implícito nas entrelinhas, ou dados para a solução de um
problema.
As salas de aulas estão lotadas de decodificadores, porém é preciso formar leitores,
alunos interessados e com sede de aprender. Os Parâmetros Curriculares Nacionais, 1997, p.
36 afirmam que:
Para tornar os alunos bons leitores — para desenvolver, muito mais do que a
capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura —, a escola terá de
mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender) requer
esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo
que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los
confiantes, condição para poderem se desafiar a "aprender fazendo". Uma prática de
leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica
eficiente. (1997, p. 38).
É obrigação da escola oferecer material de estudo de qualidade e práticas de leitura
eficazes e diversas que façam parte do contexto sociocomunicativo do aluno, que incentivem
os alunos, para que estes possam aprender a solucionar os problemas do cotidiano e os que os
cercam, refletindo sobre estes. Pois a escola é o lugar de leitura e reflexão, assim como o
campo é o lugar de futebol, a igreja é lugar de oração. Segundo os PCNs, é importante
14
oferecer aos estudantes a leitura de textos do mundo e não apenas os que fazem parte da grade
escolar.
É preciso, portanto, oferecer-lhes os textos do mundo: não se formam bons leitores
solicitando aos alunos que leiam apenas durante as atividades na sala de aula, apenas
no livro didático, apenas porque o professor pede. “Eis a primeira e talvez a mais
importante estratégia didática para a prática de leitura: o trabalho com a diversidade
textual. Sem ela pode-se até ensinar a ler, mas certamente não se formarão leitores
competentes.”
Embora a responsabilidade com a leitura não seja apenas do professor de língua
portuguesa, visto que qualquer disciplina apoia suas aulas em textos escritos, ele exerce um
papel fundamental na vida dos alunos, pois são nas aulas de língua portuguesa que o aluno
terá acesso ao conhecimento linguístico (conhecimento da gramática, do léxico, e da forma
como se faz o agrupamento e a segmentação das unidades menores) e ao conhecimento
textual (tipos de gênero, estratégias e recursos da coesão, da coerência e de outras
propriedades da textualidade). Além de que tem a função de conscientizar e formá-los para a
sociedade, transmitindo e construindo conhecimento, visando o crescimento intelectual do
aluno, respeitando as diferenças sociais e linguísticas para que se construa uma sociedade
melhor. Sobre isso, em relação aos professores e aos alunos, Sousa (2002), ao discutir sobre
essa prática, afirma que:
[...] a leitura compreendida como prática social se insere no espaço escolar como seu
lugar instituído, regulamentado e naturalizado, mas, ao mesmo tempo, não pode
deixar de refletir as práticas mais gerais de leitura que vinculam o leitor a outros
espaços sociais. De maneira geral, diria que, na sociedade atual, queiramos ou não,
somos obrigados a ler. Quando se trata de professores e alunos, a questão de ser ou
não leitor se torna, no mínimo, estranha. Quero dizer com isso que, do ponto de vista
da escola, essa é uma questão mal formulada. Parece-me que não se trata de não ler,
mas do que se lê e como se lê. (SOUSA, 2002, p. 4)
As palavras de Souza, citadas acima nos levam a questionar: Como os professores
estão agindo para orientar os alunos em relação às inúmeras informações que recebem
diariamente? A escola incentiva à reflexão, discussão e leitura visando à formação do aluno?
A escola precisa reconhecer sua importância em ser uma ponte entre o conhecimento
e a realidade, formando um leitor mais consciente. É de suma importância desenvolver no
aluno o senso crítico e levá-lo ao sentido das coisas. Como afirmam as seguintes autoras:
A principal tarefa da escola é ajudar o aluno a desenvolver a capacidade de construir
relações e conexões entre os vários nós da imensa rede de conhecimento que nos
enreda. Somente quando elaboramos relações significativas entre objetos, fatos e
conceitos podemos dizer que aprendemos. […] A ideia de conhecer, assemelha-se à
15
enredar-se, e a leitura constitui a prática social por excelência para este fim
(KLEIMAN; MORAES, 1999, p. 91).
O ser humano, por essência, é um ser social e cultural. A sua formação pessoal é vista
como produto entre interação dialética com o mundo social no qual está inserido. Significa
dizer que o ser não é totalmente livre, nem pode ser determinado com antecedência, porém se
constitui nas relações com a família, escola, sociedade, ou seja, nos grupos ao qual está
inserido.
Não podemos interpretar a fala dos sujeitos livres dos fatores ideológicos e sociais,
sendo totalmente deles ou completamente transparentes. Portando, se quisermos compreender
a fala dos outros e seus discursos, precisamos olhar o contexto sociocultural em que são
produzidas. “Para Vigotski (2007; 2005), o indivíduo vai sendo transformado pelo outro e ao
mesmo tempo transforma os que estão ao seu redor por sua influência, pois, para ele, o sujeito
se constitui nas relações sociais.”
4- A importância do desenvolvimento das práticas de leitura no ambiente escolar
É evidente, no cotidiano escolar, que as práticas de leitura são trocadas pelo ensino de
gramática, esquecendo que os objetivos da escola devem voltar-se para a ampliação de
diferentes competências, sem esquecer, claro, que as pessoas que ensinamos já têm algumas
competências, basta verificar no discurso de um aluno para se deparar com regras de
diferentes categorias pragmáticas ou linguísticas (fonológicas sintáticas e morfológicas).
A escola, ao dar prioridade às competências linguísticas, acaba esquecendo-se de juntá-la a
outras que também precisam ser ampliadas, como por exemplo, a leitura, pois o acesso a
leitura, segundo Antunes (2009) pode exercer o direito à palavra escrita.
Não podemos desvincular a escrita da leitura, pois as experiências adquiridas através
da leitura influenciam na escrita, de muitas maneiras. Pela leitura construímos uma grande
intimidade com a escrita. A leitura é uma maneira de enriquecimento da memória e do
conhecimento sobre os mais diversos assuntos que se pode escrever.
As práticas de leitura em sala de aula, como produção textual, são muito ricas, pois
leva o aluno a refletir sobre o tema proposto pelo professor e a gramática normativa. Ao
elaborar um texto o aluno é incentivado a pesquisar sobre vários assuntos, fazendo com que a
prática de escrita seja uma resposta positiva à prática de leitura praticada anteriormente.
16
Segundo Antunes (2009), o trabalho com a leitura “não se restringe às aulas de
língua”, pois em todas as disciplinas trabalha-se com tal modalidade, independente da forma
como é trabalhada. As maneiras de avaliação fundamentam-se na interpretação e
conhecimentos adquiridos através da leitura. A leitura torna-se uma ferramenta fundamental
na escola, sendo trabalhada em todas as disciplinas e de diversas formas.
No livro “Aula de Português”, Irandé Antunes (2006) define leitura como uma
“atividade de interação entre indivíduos”, pois temos presente, na hora da leitura, o autor do
texto e o leitor. A leitura amplia nosso repertório pessoal e somente através da prática desta o
aluno conseguirá descobrir como se diferenciam os gêneros. Não esquecendo que a leitura é
também um momento de deleite.
METODOLOGIA
A realização de uma pesquisa requer uma sequência organizada de ações que devem
ser planejadas e executadas de forma adequada, para garantir um resultado eficiente.
A pesquisa a ser realizada será bibliográfica qualitativo-descritiva de campo norteada
pelo paradigma interpretativista, uma vez que ao pesquisar como se dão as práticas que
envolvem a leitura busca-se compreender as potencialidades e dificuldades que envolvem essa
prática.
Para investigar as práticas de leitura desenvolvidas no ensino médio, primeiramente é
necessário que aconteça um contato do pesquisador com o objeto de estudo a ser pesquisado,
o pesquisador passará a ter algumas informações e impressões sobre seu objeto de estudo, e
tais informações serão extremamente importantes para a sequência das próximas etapas; nesse
caso: observar quatro aulas do professor de língua portuguesa nas turmas de 2º e 3º anos do
turno da manhã.
A observação dos dados será feita nas turmas de 2º e 3º anos diurno na E.E.E.F.M. Dr.
Antônio Batista Santiago, num prazo de cinco dias, quatro dias serão para observar as aulas
do professor e sua turma e no quinto dia será a aplicação do Questionário com sete (7)
questões subjetivas e objetivas.
Na segunda etapa será feita a coleta de dados, com a aplicação do questionário, para os
alunos, de maneira que este contenha perguntas que ofereçam informações consistentes para
uma boa análise. Depois de coletar os dados, será realizada a terceira etapa com a análise de
17
tudo que foi pesquisado, a quarta e última etapa será a apresentação dos resultados, feita
através de um relatório, que deve ser também apresentado para o professor que participou da
pesquisa de maneira que, ao ter contato com os resultados obtidos, poderá utilizar os mesmos
para dar um melhor direcionamento às suas aulas e se for o caso, modificar sua prática em
relação ao processo de leitura.
Analisaremos os dados, seguindo as etapas, primeiramente apresentando as respostas,
tanto nas questões objetivas como subjetivas, depois, levantaremos os possíveis problemas
apresentados e, por último, a partir de um levantamento bibliográfico, faremos uma proposta
de intervenção.
Observarei, através dos dados coletados na Pesquisa, não só se os alunos do 2º e 3º
anos apresentam dificuldades para ler em sala de aula, mas também quais são estes
obstáculos. Também o que eles gostariam que fosse trabalhado nas aulas de leitura, quantos
gostam de ler, por que leem, o que buscam encontrar através da leitura. Se ao ler um livro ou
revista ficam no início, meio ou vão até fim; se entendem o que leem e quais atividades se
sentem motivados a participarem.
ANÁLISE DOS DADOS
Para o desenvolvimento do trabalho, foi feita a pesquisa de campo na escola do
município de Itabaiana, durante cinco dias, quatro foram para observação e o quinto para a
aplicação do questionário. Lá, pude assistir às aulas do professor, sua metodologia e perceber
o comportamento dos alunos durante as aulas e a receptividade da turma.
O questionário foi desenvolvido em turmas de 2º e 3º anos, com jovens entre 16 e 18
anos, na E.E.E.F.M. Dr. Antônio Batista Santiago, em Itabaiana, no período de cinco aulas
como já mencionadas. O dia de aplicar o Questionário foi tranquilo, sem qualquer dificuldade,
os alunos o receberam, leram e responderam. Era um questionário simples com apenas sete
questões. Segue abaixo questões e análise.
O comportamento dos alunos foi uma surpresa, pois não houve questionamento sobre
nada, o assunto do Questionário era comum a todos e foi fácil para eles, não chegando nem a
durar os quarenta e cinco minutos da aula.
18
Pelo questionário feito aos alunos dos 2º anos E e D, total de 40 alunos, e 3º anos A,
B e C, total de 57 alunos, total geral de 97 estudantes, encontrei as seguintes respostas:
Questões Objetivas:
Questão 1– Você gosta de ler?
Sim 25
Não 23
Às vezes 49
Para essa primeira questão temos que a pesquisa mostra que apenas 25 alunos do total
de 97 dizem gostar de ler, 23 dizem não gostar e 49 só gostam às vezes.
A questão que nos intriga, a partir dessas respostas é, por que será que a maioria não
respondeu que sim? O que está acontecendo no contexto escolar que não leva os alunos a
apreciarem a prática de leitura? Embora não tenhamos as respostas prontas para essas e outras
questões, podemos dizer que ninguém nasce com o gosto pela leitura, “o ato de ler não é uma
habilidade inata” (ANTUNES, 2009, p.201) ao indivíduo, ele precisa ser estimulado,
exercitado e vivido.. Isso nos coloca diante das deficiências da escola, pois ela como espaço
próprio de leitura será que propõe esse estímulo de forma adequada?
De acordo com os PCNs a escola deve adotar o leitor pensando na seguinte proposta:
“Um leitor competente só pode constituir-se mediante uma prática constante de leitura de
textos de fato, a partir de um trabalho que deve se organizar em torno da diversidade de textos
que circulam socialmente. Esse trabalho pode envolver todos os alunos, inclusive aqueles que
ainda não sabem ler convencionalmente.” (PCN, 1997, p. 42).
Questão 2 - Você entende o que lê?
Sim 26
Não 24
Às vezes 47
Para essa questão tivemos 26 alunos dizendo que sim, entendem o que leem para 24
dizendo que não e 47 dizendo que só às vezes é que entendem. Aqui percebemos que a
questão vai além da proposta, mas pensar: quais conhecimentos devem ser mobilizados para
19
que se entenda o que se lê? É preciso primeiro que a própria escola e professores repensem
que concepção de linguagem é adotada por eles. Tendo em vista que a escola ou alguns
professores, ainda adotam o sentido do texto como produto do pensamento do autor, limita e
compromete a produção do sentido, pois ao levar em conta que o sentido é construído apenas
pela captação das ideias do autor, ele deixa de fora o texto e o leitor petrificando os sentidos a
um único sujeito, que muitas vezes, está muito distante do conhecimento prévio do aluno.
Conforme (LAJOLO, 1982, p.15) “Ou o texto dá sentido ao mundo, ou ele não tem sentido
nenhum. E o mesmo se pode dizer das nossas aulas.”
A questão seguinte nos surpreendeu, pois dos 97 alunos pesquisados 77 dizem ler um
livro até o final. Isso mostra que a maioria está lendo o que gosta. Como isso acontece não
sabemos, se por escolha individual ou pelo estímulo proposto pela escola. Já que, como disse
anteriormente, ninguém nasce gostando de nada, muitas vezes precisa ser estimulado. No
entanto, é importante salientar que o objetivo a que se propõe a leitura pode ser o grande
responsável pela finalização da leitura de um texto ou obra. Sobre isso Koch (2006) afirma
que a constante interação entre o conteúdo e o leitor é regulada pelos objetivos de leitura.
Abaixo a questão já analisada.
Questão 3 - Ao ler um livro, uma revista ou um texto, você costuma:
Ficar no início 3
Parar na metade 10
Ir até o final 77
Só olhar a capa e as figuras 7
Para a questão seguinte, apenas 11 alunos diz ler ou por obrigação ou para ser
avaliado, o que não deixa de ser uma obrigação. Nessa questão percebemos que a leitura, de
alguma forma, está presente na vida escolar desses alunos, fato relevante, porque assim como
Antunes (2009, p. 206) acreditamos que “se desde o início for dada ao aluno a oportunidade
de leitura plena (do livro e do mundo) - aquele que desvenda, que revela, que lhes possibilita
uma visão crítica do mundo e de si mesmos – (...) uma nova ordem de cidadão poderá surgir
e, dela, nova configuração da sociedade”.
Questão 4 - Por que você lê?
20
Para se manter informado 21
Porque gosta de ler 22
Por obrigação, porque a professora pede 5
Para ser avaliado 6
Para obter conhecimento 43
Em seguida passaremos às questões subjetivas e suas análises. Essas foram analisadas
de forma conjunta. Seguem as questões:
Questão 5 - Quais as dificuldades que você enfrenta para ler na sala de aula?
Vergonha de ler em público 35
Timidez 20
Nenhuma 18
Barulho da turma 5
Fome 4
Medo de errar 4
Sono 3
Calor 3
Preguiça 3
Palavras desconhecidas 2
Questão 6 - Das atividades que envolvem a leitura na sala de aula, quais você mais gosta e se
sente motivado a participar?
Poesia 33
Romance 20
Poema 15
Conto 9
História em quadrinhos 6
21
Charge 5
Crônica 4
Interpretação de texto 3
Debate de um livro, em grupo 2
Questão 7 - Qual (is) atividade(s) de leitura você gostaria que seu professor trabalhasse em
sala de aula?
Romance 30
História em quadrinhos 27
Poesia 15
Redação 5
Textos cômicos 5
Texto preparatórios para o vestibular 5
Contos 4
Crônicas 3
Interpretação de texto 3
Percebe-se, através das respostas dadas à questão 5, que a vergonha de ler em público
e a timidez representam a maioria das dificuldades encontradas pelos alunos para ler em sala
de aula, 56,70 % da turma. Porém, com tal prática, exercida continuadamente, espera-se que o
aluno fique mais seguro para exercer sua competência. Nossa análise mostra que a maioria
sente-se motivado a ler poesia e romance e o que gostariam que o professor trabalhasse em
sala de aula são a poesia e história em quadrinhos. Não resta dúvida de que o que é mais
necessário acrescentar a essa turmas seja a poesia em primeiro lugar, seguida de história em
quadrinhos e livros de romance. Segundo Freire (1996, p. 16 ) “Não há ensino sem pesquisa e
pesquisa sem ensino.” Nossa pesquisa refletiu os gostos dos estudantes e ela deve ser
respeitada desde então.
22
Os alunos tem voz ativa e através dos dados coletados, percebemos que é preciso
reformular as práticas de leitura nessas séries e incluir as atividades que os alunos mais
prezam. Teremos, portanto, alunos interessados em ler cada vez mais, pois estarão lendo o
que gostam; como vimos na questão 3, cuja maioria, 79, 38 % chega ao fim de um livro,
revista ou texto. Conforme Lajolo (2004, p.13):
Motivamos a classe a ler, a ler sempre [...] poucos são os comentários de falta de
interesse, talvez porque repito sempre o slogan: quem não lê, mal fala, mal ouve,
mal vê. Leem porque eu incentivo muito e às vezes até dramatizo o assunto
resumidamente, para que o aluno se interesse mais por leitura [...] Após um trabalho
árduo e longo, o hábito de leitura parece ter sido implantado.
Nossa pesquisa mostra, através dos dados coletados, que os alunos apresentam
dificuldade no processo de desenvolvimento de atividades que envolvem o processo de
leitura, no entanto, nosso objetivo não é apenas encontrar dificuldades, mesmo porque esse
olhar já é comum em diferentes trabalhos já desenvolvidos, mas compreender quais são estas
dificuldades e como seria possível saná-las.
Assim, percebendo as dificuldades, questionamos aos alunos do 2º e 3º anos quais são
estas dificuldades nas atividades de leitura em sala de aula, o que eles gostariam que fosse
trabalhado nas aulas de leitura, se gostam e entendem o que leem, por que leem e se ao ler um
livro ou revista ficam no início, meio ou vão até o fim e ainda qual (ais) gênero (s) se sentem
motivados e preferem que o professor realize em sala de aula.
Tomando as palavras de Paulo Freire, acreditamos que o processo de aprendizagem de
leitura pode ser pedagógico, tendo em vista que de acordo com Freire (1989, p.13) “a leitura
da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por certa forma de “escrevê-lo”
ou de “reescrevê-lo”, quer dizer, de transformá- lo através de nossa prática consciente.”
Isso nos deixa a par que, se a maioria, 34,02 %; contra a minoria, 2,06 %, tem
interesse por algum tipo de leitura e não o fazem talvez a escola tenha que repensar que
gêneros propor para o trabalho e as atividades de leitura. Além disso, repensar como sanar
dificuldades de compreensão de palavras desconhecidos, pois se os alunos não
compreenderem os sentidos das palavras que leem como interpretarem o que leem. Entendo
leitura aqui como processo de interpretação.
Especificamente, para melhorar essa dificuldade, a meu ver, seria um dicionário
presente em sala de aula, na hora da leitura, ao menos um, para que os alunos pesquisassem a
23
palavra desconhecida na hora em que ela aparecesse, e assim dar continuidade ao
entendimento do texto.
Já para resolver outros fatores negativos que atrapalham a prática de leitura na sala de
aula como barulho e timidez é necessário, primeiramente, um trabalho de conscientização,
com a turma, depois atividades de leitura que possa envolver a todos. Assim, com o
envolvimento completo da turma, possivelmente todos colaborariam no desenvolvimento da
atividade.
CONCLUSÃO
Conclui-se que as práticas de leitura desenvolvidas, nas turmas observadas, embora
não atendam ao gosto de todos, são bem frequentes e apreciadas pelos alunos. Observamos as
dificuldades e concordamos com Antunes (2009) que a escola ainda precisa colocar a leitura
no centro de sua proposta pedagógica, de onde tudo demais derivaria. Há muito mais
dificuldades banais no desenvolvimento de atividades de leitura em sala de aula do que
pensávamos, como a fome, sono, preguiça, vergonha, barulho da turma.
Concordamos ainda com Sousa (2008) ao pensar sobre a prática de leitura na sala de
aula. Ela a entende como uma prática social que se insere no espaço escolar como seu lugar
instituído, regulamentado e naturalizado, mas ao mesmo tempo, não pode deixar de refletir as
práticas mais gerais de leitura que vinculam o leitor a outros espaços sociais.
De maneira geral, diria que, na sociedade atual, queiramos ou não, somos obrigados
a ler. Quando se trata de professores e alunos, a questão de ser ou não leitor se torna,
no mínimo, estranha. Quero dizer com isso que, do ponto de vista da escola, essa é
uma questão mal formulada. Parece-me que não se trata de não ler, mas do que se lê
e como se lê. (SOUSA, 2008, p. 04)
Tomando as questões citadas acima “o que lê e como se lê”, percebemos que muitos
alunos adotam para si confirmações que acabam refletindo essas indagações, pois muitos não
querem apenas ler, mas ler o que gostam. Por isso concordamos com a professora Ester Souza
quando diz que, “de maneira geral, os textos propostos para alunos devem levar em conta a
utilização de recursos linguísticos que se aproximam dos usos da linguagem que os
24
adolescentes fazem em seu cotidiano e remetem para temáticas também peculiares a essa
faixa etária.” (SOUSA, 2009, p.2270; 2271).
Por fim, de modo geral percebemos que é vital no processo de leitura que se mantenha
uma relação de aprendizado e prazer, pois sendo impossível sua eficiência quando se propõe
apenas conteúdo de aprendizado linguístico.
Por isso, concluo dizendo que a pesquisa foi muito importante para minha vida
acadêmica e pessoal, pois além de ter a oportunidade de lidar, na prática, com o processo de
leitura em sala de aula, podendo observar tanto a prática docente como a recepção discente,
seus anseios e preocupações, aprendi também a ser mais humilde e prestar mais atenção ao
meu redor, perceber a leitura enquanto prática social que precisa ser inserida em condições
sociocomunicativas específicas.
Por fim, ao termino desse trabalho, tomo para mim as questões de Antunes (2009) com
o propósito de novas e futuras pesquisas.
Seria muito sonhar com uma escola na qual o exercício da leitura fosse o centro da
proposta pedagógica? Seria muito sonhar com uma escola na qual o gosto da leitura pelo
simples prazer de ler fosse um cuidado de cada dia? Seria muito sonhar com uma escola em
que a alegria de poder aprender fosse o desafio de cada momento e o apelo de cada livro?
Seria muito sonhar com uma escola em que os alunos não são meros depósitos de
conhecimento?
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Irandé. Aula de Português: Encontro e Interação . São Paulo, Parábola Editorial,
2003.
________, Irandé. Aula de Português: encontro e interação. 4ª ed. São Paulo: Parábola,
2006.
________, Irandé. Língua, texto e ensino: outra escola possível. 2ª ed. São Paulo: Parábola,
2009.
DORNELES, Darlan Machado. A leitura e escrita no ensino de língua portuguesa. Anais
do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. In______ Col. Polêmicas do Nosso tempo,
Editora Cortez, São Paulo, 1989.
25
__________. Pedagogia da Autonomia. 1996.
PRADO, Iara Glória Areias. Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: língua portuguesa / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília
144p. Língua portuguesa: Ensino de primeira à quarta série.
KLEIMAN, A. B.; MORAES, S. E. Leitura e interdisciplinaridade: tecendo redes nos
projetos da escola. Campinas: Mercado das Letras, 1999.
KLEIMAN, A. B. Oficina de leitura: teoria e prática. Campinas: Pontes, 2002.
KLEIMAN, A. B. Oficina de leitura: teoria e prática. 10 ed. Campinas: Pontes,
2004.
LAJOLO, Marisa. Usos e abusos da literatura na escola. Rio de Janeiro: Globo, 1982.
_________. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6. ed. São Paulo: Editora
Àtica, 2004.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura, 6ª ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998.
SOUSA, Maria Ester Vieira de. As Surpresas do previsível no discurso de sala de
aula.João Pessoa: Editora universitária, 2002.
________, Maria Ester Vieira de. Leituras de professores e alunos: entre o prazer e a
obrigação. Trabalho apresentado no Encontro Internacional Texto e Cultura, Fortaleza:
UFC, 2008.
________, Maria Ester Vieira de. Desnaturalizando os discursos sobre a leitura. Anais do IV
Congresso Internacional da ABRALIN. João Pessoa: Ideia, 2009.
VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente . São Paulo: Martins Fontes, 2007.
APÊNDICE
Questionário
1- Você gosta de ler? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes
2- Você entende o que lê? ( )Sim ( )Não ( )Às vezes
3- Ao ler um livro, uma revista ou um texto, você costuma:
26
( ) ficar no inicio
( ) parar na metade
( ) ir até o final
( ) só olhar a capa e as figuras
4- Por que você lê?
( ) para se manter informado
( ) porque gosta de ler
( ) por obrigação, porque a professora pede
( ) para ser avaliado
( ) para obter conhecimento
5- Quais as dificuldades que você enfrenta para ler na sala de aula?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
6- Das atividades que envolvem a leitura na sala de aula, quais você mais gosta e se sente
motivado a participar?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
7- Qual (is) atividade(s) de leitura você gostaria que seu professor trabalhasse em sala de
aula?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________