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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CURSO DE LICENCIATURA DE GEOGRAFIA CAMPUS DO SERTÃO ROSEMERE DE SOUZA VIEIRA ENSINANDO SOBRE GEOGRAFIA E POLUIÇÃO AMBIENTAL: A PRODUÇÃO DO LIXO NO POVOADO JARDIM CORDEIRO E NO BAIRRO DESVIO, DELMIRO GOUVEIA – AL Delmiro Gouveia/AL Fevereiro/2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CURSO DE … · Msc, Carla Taciane Figueiredo, UFAL - Campus do Sertão) (Examinador Externo) A Deus, a minha família e aos meus amigos, ... O Povoado

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CURSO DE LICENCIATURA DE GEOGRAFIA

CAMPUS DO SERTÃO

ROSEMERE DE SOUZA VIEIRA

ENSINANDO SOBRE GEOGRAFIA E POLUIÇÃO AMBIENTAL: A

PRODUÇÃO DO LIXO NO POVOADO JARDIM CORDEIRO E NO BAIRRO

DESVIO, DELMIRO GOUVEIA – AL

Delmiro Gouveia/AL Fevereiro/2015

ROSEMERE DE SOUZA VIEIRA

ENSINANDO SOBRE GEOGRAFIA E POLUIÇÃO AMBIENTAL: A

PRODUÇÃO DO LIXO NO POVOADO JARDIM CORDEIRO E NO BAIRRO

DESVIO, DELMIRO GOUVEIA – AL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Geografia Licenciatura da Universidade Federal de Alagoas, Campus do Sertão, como requisito parcial para obtenção do grau de graduado em Geografia Licenciatura. Orientador (a): Prof. Msc. Kleber Costa da Silva.

Delmiro Gouveia/AL Fevereiro/2015

FOLHA DE APROVAÇÃO

AUTORA: Rosemere de Souza Vieira

Ensinando sobre Geografia e Poluição Ambiental: A Produção do Lixo no Povoado Jardim

Cordeiro e no Bairro Desvio, Delmiro Gouveia – AL / Trabalho de Conclusão de Curso de

graduação em Geografia Licenciatura, da Universidade Federal de Alagoas – UFAL Campus

do Sertão.

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao corpo docente do Curso de Geografia Licenciatura da Universidade Federal de Alagoas e aprovado em 25 de fevereiro de 2015.

___________________________________________________

(Prof. Msc, Kleber Costa da Silva, UFAL – Campus do Sertão) (Orientador)

Banca Examinadora:

___________________________________________________________

(Profa. Dra, Sara Fernandes de Souza, UFAL – Campus do Sertão) (Examinador Interno)

___________________________________________________________

(Profa. Msc, Carla Taciane Figueiredo, UFAL - Campus do Sertão) (Examinador Externo)

A Deus, a minha família e aos meus amigos,

que sempre estiveram ao meu lado nos

momentos bons e ruins e que são tudo em

minha vida.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que é a base da minha vida. Aos meus pais José

Renato Nunes Vieira e Joselita de Souza Vieira que sempre cuidaram de mim, me deram

forças para seguir em frente e que são responsáveis pela pessoa que sou. As minhas queridas

irmãs Renalda, Rogéria e Ronilma e ao meu irmão Ricardo, que sempre estiveram ao meu

lado.

Um agradecimento especial ao Professor Msc. Kleber Costa da Silva, pela orientação

neste trabalho, pela confiança e apoio, esses necessários para a obtenção do resultado do

mesmo; ajudando-me com suas orientações desde o início da minha graduação, contribuindo

para torna-me uma futura docente; sendo além de um grande professor, um grande amigo.

Aos professores e alunos da UFAL Campus do Sertão, com quem eu convivi ao longo

da minha trajetória acadêmica na graduação em Geografia e que me ajudaram na construção

do conhecimento, e em especial as colegas e amigas Adriana Gomes da Silva, Elisiane

Barbosa de Sá, Mirian Polline Gomes de Souza e Sueleide Rodrigues dos Santos Barros, que

sempre me apoiaram.

Agradeço também à professora Elânia dos Santos Oliveira, da Escola Doutor José

Correia Filho, e ao professor Paulo César dos Santos, da Escola Noêmia Bandeira da Silva,

que disponibilizaram suas aulas, nas quais pude pôr em prática as atividades da pesquisa junto

aos alunos. Agradeço ainda aos alunos por terem me recebido e ajudado a construir esse

trabalho.

A todos os funcionários da UFAL, Campus do Sertão, que sempre me ajudaram

quando precisei, principalmente pelo carinho demonstrado em várias das etapas de trabalho.

Ao Grupo de Estudos Sociedade e Natureza, pelos vários momentos de discussões e

debates sobre temas importantes e, em especial, ao Programa de Bolsas de Iniciação à

Docência (PIBID – CAPES) do Curso de Graduação em Geografia, Campus Sertão,

Universidade Federal de Alagoas, que me possibilitou realizar pesquisas no âmbito do ensino,

contribuindo assim para minha formação docente.

Muito Obrigada!

RESUMO

Este trabalho, então intitulado “Ensinando sobre Geografia e Poluição Ambiental: A

Produção do Lixo no Povoado Jardim Cordeiro e no Bairro Desvio, Delmiro Gouveia – AL”,

pretendeu ser uma experiência de iniciação à pesquisa e ao ensino de Geografia com o foco na

problemática do lixo como motivadora para a prática da educação ambiental. O objetivo

principal foi trazermos o problema da poluição ambiental a partir e através de algumas ações

de iniciação à docência (PIBID) – reflexões sobre a importância da reciclagem – junto aos

alunos da Escola Municipal Doutor José Correia Filho, Povoado Jardim Cordeiro e da Escola

Noêmia Bandeira da Silva, Bairro Desvio, Delmiro Gouveia, Sertão de Alagoas. Ela foi

dividida em três momentos. No primeiro foram realizadas leituras sobre os conceitos de

espaço, lugar, meio ambiente, poluição ambiental, lixo e reciclagem, tendo como principais

autores Milton Santos (2006), Maria Isabel da Cunha (2008), Richard Domingues Dulley

(2004), Luiz Mário Queiroz Lima (2004), Sidney Grippi (2006) e Heloisa Sisla Cinquett

(2004). Num segundo momento, foi realizado um breve estudo sobre educação ambiental, o

problema do meio ambiente e de como ele se tornou importante para a educação escolar. E,

num terceiro momento, foram construídas, através de ações em duas escolas públicas locais,

discussões sobre os conceitos de meio ambiente, poluição ambiental, lixo e reciclagem.

Adotamos uma estratégia pedagógica baseada no jogo “STOP da Reciclagem”, além de uma

“Aula-Passeio” (Trabalho de Campo) pelo Povoado Jardim Cordeiro e pelo Bairro Desvio,

para exercício de observação de paisagem e de constatação de pontos de poluição ambiental.

Colecionaram-se produtos como “cartazes da Aula-Passeio”, feitos pelos alunos e os “Baldes

de Lixo para Coleta Seletiva” como estratégias alternativas à ação docente em Geografia. Este

trabalho figurou como relevante processo de iniciação à docência, na medida em que permitiu

o contato com aspectos teóricos e práticos do ensino em geral e da observação da realidade

empírica no contexto da Geografia. E, ainda, permitiu o contato (leitura, observação, análise,

exposição) de aspectos valiosos para uma geografia de ambas as escolas e do seu entorno. As

informações foram levadas ao conhecimento dos alunos, bem como por eles mesmos

produzidas. Nesse sentido, aliar leitura teórica com o exercício da produção do conhecimento

permitiu um tratamento pedagógico baseado no aprendizado pela experiência, o que muito

instigou a reflexão sobre as possibilidades variadas de nosso crescimento enquanto docentes.

Palavras-chave: Poluição Ambiental. Iniciação à Docência. Delmiro Gouveia.

ABSTRACT

This work, then titled "Teaching Geography and Environmental Pollution: The Waste Production in town Jardim Cordeiro and Desvio Bairro, Delmiro Gouveia - AL", intended to be an initiation experience in research and teaching of Geography with a focus on issues garbage as motivation for the practice of environmental education. The main objective was to bring the problem of environmental pollution from and through some initiation actions to teaching (PIBID) - reflections on the importance of recycling - with the students of the School Dr. José Correia Filho, Jardim Cordeiro Village and School Noêmia Bandeira da Silva, Desvio Bairro, Delmiro Gouveia, Sertão de Alagoas. It was divided into three stages. In the first readings were taken on the concepts of space, place, environment, environmental pollution, waste and recycling, the main authors Milton Santos (2006), Maria Isabel da Cunha (2008), Richard Domingues Dulley (2004), Mario Luiz Queiroz Lima (2004), Sidney Grippi (2006) and Heloisa Sisla Cinquett (2004). Secondly, a brief study on environmental education was conducted, the problem of the environment and how it has become important for school education. And a third time, were built through actions in two local public schools, discussions on the concepts of environment, environmental pollution, garbage and recycling. We have adopted a pedagogical strategy based on the game "STOP Recycling", and a "class-Ride" (Field Work) by town Jardim Cordeiro and the Desvio Bairro, to exercise observation of landscape and of environmental pollution points finding. Products are collected as "posters Class-Ride", made by the students and the "Waste buckets Selective Collection" as alternative strategies to the teaching activities in Geography. This work figured as an important process of initiation to teaching, to the extent that allowed contact with theoretical and practical aspects of teaching in general and the observation of empirical reality in the context of Geography. And also allowed contact (reading, observation, analysis, exposure) of valuable aspects to a geography of both schools and their surroundings. The information was made known to the students as well as for themselves produced. In this sense, combining theoretical reading with the exercise of knowledge production allowed a pedagogical approach based on learning by experience, which greatly prompted reflection on the varied possibilities of our growth as teachers.

Keywords: Environmental Pollution. Introduction to Teaching. Delmiro Gouveia.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa 1 – Localização das Áreas de Estudo........................................................... 11

Figura 2 – Escola Municipal Dr. José Correia Filho (Povoado Jardim Cordeiro)................... 30

Figura 3 – Jogo: STOP da Reciclagem.................................................................................... 32

Figura 4 – Registro da equipe vencedora do jogo “STOP da Reciclagem”, realizado com os

alunos ....................................................................................................................................... 33

Figura 5 – Rua Ana Nery......................................................................................................... 34

Figuras 6 e 7 – Rua Ana Nery e Rua Pilar .............................................................................. 35

Figura 8 – Rua Pilar................................................................................................................. 36

Figura 9 – Cartaz da Aula-Passeio produzido pelos alunos..................................................... 37

Figura 10 – Baldes de Lixo para Coleta Seletiva confeccionados pelos alunos...................... 39

Figura 11 e 12 – Escola Noêmia Bandeira da Silva e Apresentação do slide sobre os conceitos

referentes ao trabalho............................................................................................................... 40

Figura 13 – Jogo: STOP da Reciclagem da equipe ganhadora ................................................ 42

Figura 14 – Rua Guararapes..................................................................................................... 43

Figura 15 e 16 – Rua Bela Vista e Travessa São Sebastião..................................................... 44

Figura 17 – Cartaz 1 da Aula-Passeio, produzidos pelos alunos............................................. 45

Figura 18 e 19 – Cartaz 2 da Aula-Passeio, produzidos pelos alunos e Cartaz 3 da Aula-

Passeio, produzidos pelos alunos............................................................................................. 46

Figura 20 – Baldes de Lixo para Coleta Seletiva, produzidos pelos alunos............................ 48

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

2. POLUIÇÃO AMBIENTAL E RECICLAGEM: UM PONTO DE PARTIDA

TEÓRICO-CONCEITUAL .................................................................................................. 14

2.1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS............................................................................. 14

2.2. A RECICLAGEM COMO UMA ALTERNATIVA PARA O FIM DO LIXO......... 19

3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL................................................................................... 21

3.1. NOÇÃO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL............................................................... 21

4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O EXERCÍCIO DA DOCÊNCIA EM

GEOGRAFIA........................................................................................................................... 29

4.1. A PROBLEMÁTICA DO LIXO E DA POLUIÇÃO AMBIENTAL COMO

MOTIVADORES PARA O EXERCÍCIO DA DOCÊNCIA EM GEOGRAFIA................... 29

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 51

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53

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1. INTRODUÇÃO

Este estudo é o resultado do conjunto de atividades do Programa de Bolsas de

Iniciação à Docência (PIBID – CAPES) do Curso de Graduação em Geografia, do Campus

Sertão, da Universidade Federal de Alagoas, realizadas desde 2012.

O tema deste estudo, “Ensinando sobre Geografia e Poluição Ambiental: A Produção

do Lixo no Povoado Jardim Cordeiro e no Bairro Desvio, Delmiro Gouveia – AL”, nasceu da

busca de reflexões acerca da importância de se trabalhar a questão ambiental no contexto da

escola pública. Pretendeu-se, no entanto, e especificamente, tratar da poluição ambiental e da

reciclagem como motivadores do debate acerca das condições ambientais locais e processo de

conhecimento da realidade por parte dos envolvidos; no caso, os alunos do 8° Ano das escolas

municipais Doutor José Correia Filho (Povoado Jd. Cordeiro, Delmiro Gouveia-AL) e

Noêmia Bandeira da Silva (Bairro Desvio, Delmiro Gouveia-AL).

O Povoado Jardim Cordeiro está situado a 38 km de distância da sede municipal de

Delmiro Gouveia – AL, localizado na zona rural (Figura 1). Nele se localiza uma única escola

pública a oferecer o ensino básico para a comunidade local, que é a Escola Municipal de

Ensino Fundamental Doutor José Correia Filho. O Bairro Desvio, por sua vez se situa às

margens da Rodovia AL-220, na zona urbana, onde também é oferecido o ensino básico para

a comunidade local, que é a Escola de Ensino Fundamental Noêmia Bandeira da Silva.

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Figura 1: Mapa 1 – Localização das Áreas de Estudo

Fonte: Base Cartográfica, IBGE 2013. Rogéria Vieira, 2015.

Como objetivo geral, propõe-se um olhar crítico para o problema da produção do lixo

local e de realizar possíveis processos de reciclagem, no âmbito da educação ambiental, onde

também buscamos refletir sobre nossa atuação enquanto futuros docentes de Geografia. Como

objetivos específicos, buscamos construir o trabalho pautado em:

a) Realizar leitura de alguns referenciais bibliográficos sobre os conceitos de espaço,

lugar, meio ambiente, poluição ambiental, lixo e reciclagem;

b) Acentuar a aproximação ao contexto histórico relativo aos conceitos de educação

ambiental bem como à sua definição corrente;

c) Buscar ações de ensino com base na realização de uma aula expositiva dos

conceitos, de atividade lúdica através do Jogo “STOP da reciclagem”; da

realização de uma Aula-Passeio com a participação de alunos das escolas

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envolvidas a título de observação e paisagem, e da exposição dos resultados como

culminância dos resultados encontrados, para efeito de reflexão sobre todo

processo de ensino-aprendizagem.

O estudo do problema do lixo e da poluição ambiental evidencia uma questão

importante ao ensino de Geografia: como ver a organização do espaço, o protagonismo do ser

humano na intervenção do meio e do desenvolvimento sustentável. Com base nesse sentido,

buscamos construir um trabalho que tem o intuito de mobilizar os alunos e a população do

Povoado Jardim Cordeiro e do Bairro Desvio na busca de soluções que tratem do lixo no

espaço público desses lugares. Além disso, interessa-nos refletir sobre o lixo, através de um

conjunto amplo de atividades com a participação de alunos, subsidiando nossa reflexão sobre

iniciação à docência.

O processo de condução deste trabalho foi divido em três momentos para melhor

compreensão do estudo em questão. No primeiro capítulo poderá ser constatado a leitura dos

conceitos de espaço, lugar, meio ambiente, poluição ambiental, lixo e reciclagem. Os autores

principais nessa análise foram Milton Santos (2006), Maria Isabel da Cunha (2008), Richard

Domingues Dulley (2004), Luiz Mário Queiroz Lima (2004), Sidney Grippi (2006) e Heloisa

Sisla Cinquett (2004).

No segundo capítulo trabalhamos o conceito de educação ambiental como suporte à

reflexão acerca do meio ambiente, mostrando o seu significado, como ela surgiu no mundo e

no Brasil, como as leis que fundamenta as ações em nosso país e como a educação ambiental

poderia se apresentar por meio de uma atividade pedagógica permanente em todos os níveis

de ensino.

No terceiro capítulo, por sua vez, registramos o processo de trabalho ligado ao ensino

de Geografia que realizamos junto às duas escolas envolvidas. Tais momentos se apresentam

como relatos de uma experiência conduzida com o apoio da gestão das escolas e dos docentes

de Geografia que muito somaram com as suas experiências.

Enquanto registro de atividades para fins de Trabalho de Conclusão de Curso de

Licenciatura em Geografia que pretendeu ser, este trabalho simboliza ainda um conjunto de

esforços que devem ser registrados: Primeiro, a boa vontade da gestão escolar no que tange ao

tratamento de uma temática complexa e ao conhecimento da localidade facilitada pela

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importante contribuição dos professores e da equipe de funcionários quanto à facilitação de

todo o processo de trabalho. Em segundo lugar, ao acúmulo de reflexões que foram se

somando ao longo da graduação em Geografia no campus do Sertão, UFAL, e a preocupação

pessoal com o tema em relação à escola (ainda mais ampliado com a oportunidade de ser visto

e revisto com a participação junto ao PIBID).

Nesse sentido, consideramos que este trabalho analisa uma temática relevante para os

dias atuais. Além disso, permitiu o nosso crescimento enquanto docentes da área de

Geografia, na medida em que forneceu as bases para alguns contatos iniciais com o ambiente

da escola pública.

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2. POLUIÇÃO AMBIENTAL E RECICLAGEM: UM PONTO DE PARTIDA

TEÓRICO-CONCEITUAL

2.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Para esta proposta de trabalho, inicialmente foram abordados os conceitos de Espaço,

Lugar, Meio Ambiente, Poluição Ambiental, Lixo e Reciclagem em direção à compreensão da

produção de lixo no Povoado Jardim Cordeiro e no Bairro Desvio, Delmiro Gouveia – AL. A

intenção não é a de esgotar o debate teórico-conceitual, mas a de tornar as contribuições a

seguir, como direcionamento de nossas humildes reflexões a serem por ora trabalhadas como

exercício de iniciação à pesquisa e ao ensino de Geografia. Para a compreensão do que é

espaço, Milton Santos afirma: (2006, p. 24) “[...], o espaço é formado de objetos; mas não são

os objetos que determinam os objetos. É o espaço que determina os objetos: o espaço visto

como um conjunto de objetos organizados segundo uma lógica e utilizados (acionados)

segundo uma lógica [...]”.

O espaço, portanto, assume relevante papel na compreensão da realidade. Dimensão

rica que se revela formado por objetos e ações que se acumulam ao longo do tempo,

evidenciando-se como produto da relação entre sociedade e natureza. Contém ainda um

sentido, ou uma “lógica”, (re) produtora de ações que por isso mesmo dão significados as

dinâmicas sociais.

Nessa perspectiva, podemos ainda definir lugar como algo de importância para nós,

onde a ação do homem acontece, ou seja, o lugar é uma morada do homem, na qual ele

produz suas ações. Com isso, segundo Cunha (2008, p. 184), “[...]. O lugar se constitui

quando atribuímos sentido aos espaços, ou seja, reconhecemos a sua legitimidade para

localizar ações, expectativas, esperanças e possibilidades [...]”.

De modo geral, há muito tempo a relação entre o homem e o meio ambiente, seja

agradável ou não, vem gerando uma série de mudanças que são decorrentes da relação entre

natureza e sociedade, especialmente da interferência desta naquele. De tal relação, nasce a

necessidade de discussão sobre a possibilidade da poluição do meio ambiente e como tal

problemática se apresenta, para a reflexão a respeito da construção da cidadania e de um

mundo melhor.

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Diante disso, o ambiente, segundo Dulley (2004, p. 06) “[...], seria portanto a natureza

conhecida pelo sistema social humano (composto pelo meio ambiente humano e meio

ambiente das demais espécies conhecidas)”. O ambiente é a natureza em que vive o ser

humano e as mais diversas espécies que, com o tempo, foi sendo modificada pela ação do

homem. Por isso, segundo Birnfeld, Liane et Birnfeld, Carlos (2013, p. 1708) “[...], o meio

ambiente já figura-se como elemento de fundamental importância no processo histórico-

cultural: é nele que vivemos, é a partir dele que sobrevivemos e é nele que desenvolvemos a

nossa condição humana tal qual ela se apresenta”. O meio ambiente é de suma importância

para a história e cultura do planeta, pois é o local no qual vivemos, sobrevivemos e

desenvolvemos nossas habilidades com as coisas ao nosso redor. Com isso, podemos afirmar:

[...] a preocupação com o meio ambiente deve fazer parte da vida de cada cidadão, e dos governantes. Todos devem tornar o ambiente em que vivemos um lugar prazeroso e saudável, que requer que todos nós um posicionamento relacionado no tocante a preservação do mesmo, pois é um assunto primordial para uma reflexão, pois atinge a todos nós de forma direta ou indireta [...] (JÚNIOR, 2012, p. 5).

A preocupação de como o meio ambiente atual deveria ser de cada uma das pessoas e

também dos que comandam o país, pois todos nós devemos fazer a nossa parte, a de tornar o

ambiente o melhor possível para se viver, tomando com isso todos os cuidados para sua

preservação. Afinal, as causas de poluição ambiental sempre nos atingem de alguma forma.

Nesse sentido, a poluição impõe traços específicos à organização espacial:

A poluição é considerada, juridicamente, como a inclusão de qualquer fator ao ambiente que provoque alterações de suas qualidades naturais, impondo ao vizinho condições modificadas de seu meio (BASTOS e FREITAS, 2009, p. 39 apud STROH (2009)).

A poluição é compreendida como qualquer ação feita ao ambiente, na qual ela provoca

modificações ao ambiente original, estabelecendo às pessoas péssimas condições de vida, pois

gera alterações no meio ambiente de forma negativa, causadas pela ação do homem que

poluem os rios, o ar e solo. De acordo com Lima (2004), a poluição ambiental pode ser

classificada em: poluição do solo, poluição das águas e poluição do ar.

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Na poluição do solo, o lixo é jogado em qualquer lugar, sem nenhum cuidado,

poluindo o solo em que são modificadas suas particularidades, podendo prejudicar a vida das

pessoas. Já na poluição das águas, o lixo é despejado de qualquer jeito nos rios, onde os danos

podem ser identificados de várias maneiras pelas pessoas e que esses despejos inadequados

podem causar problemas aos seres humanos e aos seres vivos. E na poluição do ar, o lixo

pode ser considerado como gases lançados na atmosfera, praticados pelo homem nas cidades,

onde essas substâncias podem produzir substâncias tóxicas, tanto para o homem como para o

meio ambiente, prejudicando a saúde de todo o planeta (LIMA, 2004).

Em relação à poluição ambiental do solo, cabe um tratamento especial sobre a

poluição do solo em que o lixo é um dos mais graves motivadores dessas ações, pois além de

afetar o solo com seus dejetos também prejudica a saúde do homem em contato com o

mesmo. Diante disso, segundo Ribeiro; Albuquerque; Silva; Navaes et. al. Júnior (2009, p. 3)

“[...]. A poluição se constitui uma das consequências que mais tem afetado a vida da

sociedade, pela enorme quantidade de lixo produzido e jogado e nos lugares que são

lançados”. A poluição ambiental, de certa maneira, tem prejudicado a humanidade, por causa

do lixo que é produzido e jogado em qualquer lugar, sem nenhum cuidado com o mesmo, que

acaba gerando inúmeras doenças. Assim, a poluição ambiental é considerada como uma

desorganização ambiental que resulta da penetração de agentes poluidores variados, na ação

de matéria ou energia e que são sujeitos que fazem mal ao homem e às outras formas de vida.

E é exatamente nas cidades que os problemas de poluição do solo (lixo) se tornam mais grave.

O lixo urbano a cada dia tem se tornado um sério problema para a população e

principalmente para a gestão pública municipal, por causa dos acúmulos de resíduos no meio

urbano, havendo uma necessidade de um destino final adequado desses resíduos, pois, não

havendo essa ordenação dos resíduos, eles acabam sendo lançados diretamente no solo, ar e

água, acarretando com isso a poluição do meio ambiente e mínima qualidade de vida no

planeta. Por isso, para Grippi (2006, p. 91) “O lixo é um problema crônico em nossa

sociedade e muitas vezes seu mau gerenciamento acaba propiciando verdadeiras mazelas

ambientais dentro dos municípios brasileiros, além de comprometer a qualidade de vida da

população [...]”. O lixo é um problema crônico que existe há muito tempo na sociedade, em

que sua má destinação gera problemas ambientais na maioria dos municípios brasileiros,

como também prejudica a saúde da população em geral. Ela é uma questão que perpassa no

ambiente urbano e rural, ampliado pelo crescimento populacional, pela maior quantidade de

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produção de alimentos e bens de consumo, bem como pelo crescimento das indústrias que

geram o aumento das matérias-primas em produtos acabados, ampliando com isso

quantidades cada vez maiores de resíduos dispostos inadequadamente. Assim, ainda de acordo

com Lima (2004), o lixo pode ser classificado em: residencial, comercial, industrial,

hospitalar, especial e outros.

O lixo residencial é aquele produzido nas residências e que muitas vezes são deixados

no espaço público devido à falta da assistência do poder público municipal ou de ausência de

locais específicos de tratamento junto à comunidade ou bairro. O lixo comercial é aquele que

é gerado no local de trabalho (comércio e serviços). O lixo industrial é aquele que é produzido

nas indústrias, principalmente em construções, onde as mesmas acabam sendo responsáveis

pelas inúmeras contaminações do local e pela maneira como é manuseada. O lixo hospitalar é

entendido como aquele produzido no contexto dos ambientes de assistência à saúde, de

elevado grau de periculosidade quanto ao potencial de risco de contaminação à sociedade –

exigindo-se grande cuidado por parte do poder público. E o lixo especial é aquele em que tem

elevado grau de atenção, dada seu valor específico para o tratamento da saúde pública (LIMA,

2004, p. 14/15).

Pode-se deduzir que o lixo urbano é algo que tende a acumular-se e a agravar ainda

mais o problema da poluição ambiental. Em algumas cidades brasileiras o destino final do

lixo é nos lixões e nos terrenos baldios, onde não é dado o tratamento adequado desses

resíduos, ocasionando proliferação de organismos patogênicos, tendo com isso a geração de

doenças, que tornam a gestão do lixo urbano um grande desafio para os administradores

públicos. Nesse sentido:

A decomposição do lixo a céu aberto (lixões) produz o metano – gás altamente poluente e prejudicial à saúde humana. Essas áreas também transfomam-se em criadouros de insetos e roedores, agentes transmissores de inúmeras doenças contagiosas. Esses lixões são diretamente responsáveis pela contaminação do ar, das águas e do solo (BASTOS e FREITAS, 2009, p. 70/71 apud STROH (2009)).

Com a presença de lixões municipais, outros problemas acabam se acrescentando às

questões relativas à poluição ambiental. No âmbito social, parte de uma sociedade excluída se

apresenta como dependente da coleta, a título de sobrevivência, nestes espaços. Isso eleva a

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possibilidade de contaminação e segrega os envolvidos a um ambiente de riscos, além de

severa luta contra a miséria. Estes se envolvem no trabalho de catação de lixo, por não terem

outras estratégias de sobrevivência.

O espalhamento do lixo na cidade dificulta a coleta e o transporte do mesmo que

também atrapalha as vias públicas, trazendo riscos à saúde pública e ao meio ambiente, e que

também é ocasionado pela contaminação da água, do solo e da atmosfera em contato com

esses resíduos.

Pode-se afirmar:

Cada brasileiro gera em média 500g de lixo por dia. Estamos falando de algo em torno de 100 000 t por dia de lixo gerado em todo o país. Aliado a este problema, vem a baixa eficiência da grande maioria das prefeituras brasileiras, que operam com verdadeiros e vergonhosos lixões a céu aberto, faltando recursos e tecnologias para investimento em aterros sanitários oficiais e licenciados pelo órgão ambiental e, o que seria melhor, incrementar a coleta seletiva para propiciar a reciclagem [...] (GRIPPI, 2006, p. 5/6).

Em todo o país se gera muito lixo por dia, que é um problema que vem crescendo para

a maioria das prefeituras. Os espaços destinados aos lixões têm sido revistos e o tratamento

dos resíduos tem sido feitos com a implantação de processos alternativos, tal como a coleta

seletiva. Nesse sentido:

Para que a coleta seletiva tenha sucesso e contribua com o desenvolvimento sustentável, é preciso que a população saiba descartar corretamente seus lixos e resíduos sólidos, não precisando de recipientes com cor, mas sim de uma separação adequada [...] (NORÕES; MELO, Sales et. al. MELO, Silva, 2011, p. 12).

A coleta seletiva é uma forma de ajudar a população a ter uma vida mais saudável,

mas para isso as pessoas têm que aprender a jogar de forma certa o lixo e saber separá-lo em

baldes de lixo com a específica cor referente ao tipo de lixo, para que com isso a coleta

seletiva ocorra de forma correta. Assim pode-se minimizar os impactos ambientais causados

pelos aterros sanitários e lixões urbanos.

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2. 2. A RECIClAGEM COMO UMA ALTERNATIVA PARA O FIM DO LIXO

Um dos métodos ligado ao tratamento do lixo, e que causa menores danos ao meio

ambiente, é a reciclagem. Esta transforma os resíduos descartados pelo homem em produtos

novos para consumo humano, tornando assim o mundo um lugar mais sustentável. Diante

disso, podemos dizer que:

Reciclagem é o resultado de uma série de atividades através das quais materiais que se tornariam lixo ou estão no lixo, são desviados, sendo coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de outros bens, feitos anteriormente apenas com matéria-prima virgem (GRIPPI, 2006, p. 35).

A reciclagem é o reaproveitamento de recursos, na qual os materiais que são

originados da produção do lixo são coletados, separados e processados para se transformarem

em materiais novos, que foi constituído do material virgem, com menor duração de tempo de

decomposição, e que não causam mal ao meio ambiente.

Nisso, soma-se o seguinte:

O advento das indústrias de reciclagem de diversificados materiais descartados do consumo engendrou a formação da categoria dos trabalhadores da catação de resíduos sólidos, cuja ampla maioria integra a condição de trabalhadores destituídos dos direitos sociais do trabalho (SANTOS e STROH, 2009, p. 118 apud STROH (2009)).

Com isso a reciclagem ficou sendo considerada como um negócio, onde ela tem uma

estrutura e planejamento igual a outros empreendimentos, pois a reciclagem é vista como uma

indústria nova que ainda está em formação, mas que tem um potencial enorme de

crescimento. Contudo, pode-se afirmar:

A reciclagem [...], é a forma de conciliar as tendências mundiais de globalização, que embute a tendência de universalização da sociedade de consumo e, por via de

20

consequência, a ampliação de geração de resíduos, com a atividade econômica do processamento de resíduos (ZULAUF, 2000, p. 97/98).

A reciclagem seria a forma de aliar as propensões mundiais de globalização, que

introduzem a vocação de universalização da sociedade de consumo em que há a reprodução

original dos resíduos, com a atividade econômica de transformação dos resíduos, que geram

menos impacto ao meio ambiente, além de serem mais baratos e úteis aos seres humanos.

Diante disso, pode-se informar:

Se hoje conseguíssemos idealmente reduzir ao mínimo o desperdício e o consumo, reutilizar e reciclar todos os resíduos possíveis, ainda restaria lixo, como o papel higiênico e objetos feitos de materiais para os quais não há tecnologia para a reciclagem (tais como couro, lâmpada, espelho, tecido, isopor, espuma e fralda descartável). Além disso, algumas tecnologias de reciclagem (como as embalagens longa-vida e as de madeira) não são acessíveis para boa parte das cidades (CINQUETTI, 2004, p. 324).

Assim, para que possamos ter uma vida melhor temos que fazer a nossa parte e não

poluir o lugar em que vivemos, utilizando formas adequadas de não jogar o lixo em lugares

inadequados, a reciclagem, por exemplo, é um método adequado de transformação do lixo em

outro mais eficaz ao homem e a natureza, procurando preservar o nosso lar como também o

meio ambiente da melhor maneira possível, só assim teremos uma vida de mais qualidade em

que se possa viver plenamente.

21

3. EDUCAÇÃO AMBIENTAL

3.1. NOÇÃO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Busca-se, neste capítulo, abordar os conceitos de educação ambiental como suporte à

compreensão do meio ambiente, da escola e do cotidiano dos alunos, que serão importantes

para o presente trabalho.

Para o entendimento do que é educação ambiental, Sandra Maria Furiam Dias afirma:

[…] a Educação Ambiental é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida, e deve estimular a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservem entre si relação de interdependência e diversidade (DIAS, 2003, p. 18).

A Educação Ambiental é um processo de conhecimento que diminui o impacto da

ação humana sobre o meio ambiente, que deve ser incentivado na sociedade para que assim os

seres humanos vivam em equilíbrio constante.

Pode-se entender:

[…], a educação ambiental é definida como uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores, conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e a atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente [...] (LOUREIRO; AZAZIEL et. al. FRANCA, 2003, p. 15).

A educação ambiental é vista como uma base para a melhoria da educação e da

sociedade, que tem por objetivo a organização desses saberes, que possam tornar mais claras à

vida real das pessoas e que elas a partir disso compreendam a importância de ter cuidado em

suas ações tanto individuais como coletivas em relação à natureza.

22

Segundo Jacobi (2003, p. 193) “[...]. Entende-se, portanto, que a educação ambiental é

condição necessária para modificar um quadro de crescente degradação socioambiental, mas

ela ainda não é suficiente [...]”.

A educação ambiental é fundamental para que ocorra o desenvolvimento sustentável,

pois o homem tem que transformar o seu modo de agir perante a natureza buscando preserva-

la para assim usufruí-la sem prejudica-la, mas isso tem que ser uma ação de toda as pessoas

do mundo e não só de uma minoria.

Conforme Layrargues (2004), na Educação Ambiental muitos autores discutiram sobre

novas denominações que surgiram nessa área como Educação Ambiental Conservadora,

Educação Ambiental Crítica, Educação Ambiental Transformadora e Educação Ambiental

Convencional, que são de fundamental importância para os diferentes posicionamentos

políticos-pedagógicos.

A Educação Ambiental Conservadora se coloca incapaz de modificar algo real, ao

invés disso ela conserva o movimento da manifestação da realidade diante daquilo que a

domina do mundo real. Com isso pode-se dizer que:

[…], a Educação Ambiental Conservadora tende, refletindo os paradigmas da sociedade moderna, a privilegiar ou promover: o aspecto cognitivo do processo pedagógico, acreditando que transmitindo o acontecimento correto fará com que o indivíduo compreenda a problemática ambiental e que isso vá transformar seu comportamento e a sociedade; o racionalismo sobre a emoção; sobrepor a teoria à prática; o conhecimento desvinculado da realidade; a disciplinaridade frente a transversalidade; o individualismo diante da coletividade; o local descontextualizado do global; a dimensão tecnicista frente a política; dentre outros (GUIMALHÃES, 2004, p 27).

A Educação Ambiental Crítica seria a apresentação do assunto no que diz respeito às

revelações das mudanças das pessoas no que diz respeito ao meio ambiente, desenvolvida

através de projetos para além das salas de aulas de forma crítica, onde segundo Guimarães

(2004, p. 32) “[…], a Educação Ambiental Crítica se propõe a desvelar a realidade, para,

inserindo o processo educativo nela, contribuir na transformação da sociedade atual,

assumindo de forma inalienável a sua dimensão política”. Ela revela o que está acontecendo

atualmente, incluindo nisso o processo educativo.

23

A Educação Ambiental Transformadora surgiu no Brasil nos anos de 1980, para tornar

sólidas as novas práticas e teorias compostas na Educação Ambiental. Por isso, segundo

Loureiro (2004, p. 78) “[…], a Educação Ambiental transformadora procura a realização

humana em sociedade, enquanto forma de organização coletiva de nossa espécie, e não

simples “cópia” de uma natureza descolada do movimento total […]”. Ela busca tornar real a

vida dos homens com o mundo, como também em conjunto com a natureza e não viver só em

uma imitação de um meio ambiente, em que só a metade ainda é conservada.

E a Educação Ambiental Convencional surgiu no Brasil, em meados da década de

1970 através de órgãos governamentais ambientais, preocupados com ações que ajudem na

manutenção de áreas protegidas e na defesa da biodiversidade, pensando na relação entre

sociedade e natureza. Diante disso pode-se afirmar:

A dita educação ambiental convencional, está centrada no indivíduo, no alcançar a condição de ser humano integral e harmônico, pressupondo a existência de finalidades previamente estabelecidas na natureza e de relações ideias que fundamentam a pedagogia do consenso. Focaliza o ato educativo enquanto mudança de comportamentos compatíveis a um determinado padrão idealizado de relações corretas com a natureza, reproduzindo o dualismo natureza-cultura, com uma tendência a aceitar a ordem social estabelecida como condição dada, sem crítica às suas origens históricas […] (LOUREIRO, 2004, p. 80).

Segundo Ramos (1996, p. 8) “A Educação Ambiental é um fenômeno característico da

segunda metade do século XIX. Ela surgiu basicamente como uma das “estratégias” que o

homem põe em marcha para fazer frente aos problemas ambientais”. Vale ressaltar que foi no

século XVIII com a Revolução Industrial que os problemas sociais e ambientais surgiram,

mas o entendimento do que é educação ambiental surgiu na primeira metade do século XIX,

com base em estratégias do homem para resolver as dificuldades ambientais.

Conforme Dewes et Wittckind (2006), em vários anos aconteceram diversas

comissões internacionais que tiveram início nos anos 70 do século passado, mas que agora

vários encontros acontecem também em nível local, regional e nacional. Em 1965 ocorreu a

Conferência de Educação Ambiental da Universidade de Keele, em Londres, Inglaterra, com

o propósito de buscar superação dos problemas ambientais. Depois em 1972 ocorreu o Clube

de Roma, onde foi publicado um relatório sobre “Os Limites do Crescimento” que tinha o

24

desejo de comprovar o inviável crescimento industrial, como modo de impedir os impactos no

meio ambiente. Por isso pode-se afirmar:

[…]. Este documento deu início às discussões sobre desenvolvimento versus meio ambiente e, ao mesmo tempo, buscava medidas para se obter no mundo um equilíbrio global, entendendo que o meio ambiente não teria que arcar com os custos do desenvolvimento tecnológico e industrial, propondo, assim, uma política de crescimento zero (SABBGH, 2011, p. 15).

O tal documento foi responsável pelas primeiras discussões a respeito da melhoria da

natureza, pois dela se corria atrás de soluções para manter firme o planeta terra,

compreendendo que o meio ambiente por si só não pode lutar naturalmente pela melhoria das

condições mínimas de vida humana.

Nesse mesmo ano ocorreu a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente Humano, realizada e Estocolmo, Suécia, organizada pela ONU (Organização das

Nações Unidas), na qual foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

(PNUMA), tendo sido o primeiro evento internacional a tratar da questão do meio ambiente

para buscar soluções sobre problemas ambientais. Segundo Matthes et Casteleins (2009, p.

11535) “[...], nele foi decidido que a educação é a principal ação para o desenvolvimento de

mudanças nos hábitos e comportamentos das pessoas e da sociedade”. Nessa conferência foi

resolvido que a educação é o efeito de agir, para o crescimento de alteração nos usos e atos da

humanidade.

Em 1975 ocorreu o I Seminário Internacional de Educação Ambiental, em Belgrado,

que ficou conhecido como Carta de Belgrado, sendo o primeiro documento oficial dedicado à

educação ambiental. Com isso pode-se afirmar:

[…]. O documento final desta conferência, conhecida como Carta de Belgrado, é o primeiro documento oficial dedicado integralmente à educação ambiental. Nesse documento estão incluídas análises da situação mundial, destacando-se a necessidade de buscar “a erradicação das causas básicas da pobreza, fome, do analfabetismo, da poluição, da exploração e dominação” […] (RAMOS, 1996, p. 14).

25

Em 1977 ocorreu a 1ª Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, em

Tbilisi, na Geórgia (ex-União-Soviética), que constituiu num marco importante para a

definição e evolução da educação ambiental. Segundo Henriques; Trajber; Mello; Lipai; et. al.

Chamusca (2007, p. 12) “[...]. Foi deste encontro – firmado pelo Brasil – que saíram as

definições, os objetivos, os princípios e as estratégias para a Educação Ambiental que até hoje

são adotados em todo o Brasil”. Esta conferência foi um marco para as discussões sobre

educação ambiental que no Brasil ganharam grandes repercussões, pois aos poucos essas

ideias de educação ambiental foram se espalhando em todo o país e até hoje ainda são

discutidos.

Em 1983 ocorreu a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento,

conhecido como Comissão Brundland, na Noruega, dirigida pela Primeira Ministra da

Noruega Gro Halem Brundland e organizada pela Organização das Nações Unidas, que cria

essa comissão relacionada sobre meio ambiente e desenvolvimento. Assim:

[…]. Esta comissão passa a ter como objetivos principais: discutir as questões críticas sobre o meio ambiente, reformular propostas de abordagem e propor formas de cooperação internacional, com o propósito de orientar os países a desenvolverem ações de conscientização nas escolas, nas empresas e nos meios de comunicação […] (SMANEOTO; CENCI et. al. LIMA, 2012, p. 924).

Em 1987 ocorreu o Congresso Internacional de Educação e Formação da UNESCO-

PNUMA, em Moscou, na qual a educação ambiental não pode ser definida sem ter em vista a

realidade social, econômica e ecológica da sociedade.

Em 1992 ocorreu a Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento, no Rio de Janeiro conhecido como Rio-92, onde foi elaborada a Agenda 21

procurando garantir o acesso universal ao ensino básico. Perante isso pode-se afirmar:

Na Conferência do Rio, toma-se como ponto de partida a desigualdade que se agiganta no mundo atual, e que traz como consequência o agravamento da pobreza, das doenças, do analfabetismo e a contínua pauperização dos recursos naturais dos quais dependem o bem-estar humanos (RAMOS, 1996, p. 25).

Nessa conferência o foco principal do debate foi a desigualdade social no mundo. Em

1997 ocorreu a Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente e Sociedade, em

26

Thessaloniki, Grécia, na qual reconheceu que depois de cinco anos do Rio-92, o

desenvolvimento da Educação Ambiental não foi suficiente para resolver o problema

ambiental, e em 2002 ocorreu o encontro referente à Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento

Sustentável, em Johanesburgo, na África do Sul, na qual ficou conhecida como Rio+10, onde

o debate foi voltado principalmente para o enfrentamento da pobreza. Segundo Cuba (2010, p.

26) “[...] Representantes dos países pobres e ricos estiveram presentes à Conferência, a fim de

discutirem sobre questões importantes para o futuro do planeta”.

No Brasil existem vários artigos, capítulos e leis voltados para a educação ambiental,

que são resultado de várias discussões internacionais de soluções para o desenvolvimento

sustentável. O primeiro processo de institucionalização da Educação Ambiental teve início em

1973, na qual foi criada a Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema) ligada à Presidência

da República. Uma das primeiras leis a tratar da educação ambiental foi a Lei Federal Nº

6938, de 31 de agosto de 1981 com a instituição da Política Nacional do Meio Ambiente

(PNMA), para que a educação ambiental fosse aplicada em todos os níveis de ensino. Assim,

literalmente segundo Silva (2008, p. 48) “No que diz respeito à educação ambiental, a Lei

9.6938/81, Art. 2º, inciso X, afirma que a educação ambiental deve ser ministrada a todos os

níveis de ensino, objetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do meio ambiente

[...]”. Essa lei foi instituída com o propósito de incorporar a educação ambiental em todos os

níveis de ensino, para que todos os alunos tenham um profundo conhecimento do assunto e

assim possam pensar sobre a defesa do meio ambiente.

A Constituição Federal do Brasil, por sua vez, foi promulgada em 05 de outubro de

1988, no inciso VI do artigo 225, na qual foi o primeiro documento a tratar do tema meio

ambiente. Segundo Sabbgh (2011, p. 23) “Estas importantes contribuições da Constituição

Federal de 1988 foram resultados dos avanços obtidos pelo movimento ambientalista e das

normas em vigor, acompanhando a discussão mundial sobre o desenvolvimento sustentável”.

Esta constituição teve bons avanços graças às discussões feitas por vários países que se

preocuparam com os problemas ambientais e foram à luta em busca da melhor maneira de

cuidar do planeta.

Em 1995 ocorreu a Câmara Técnica Temporária de Educação Ambiental no Conselho

Nacional de Meio Ambiente (Conama), com os princípios voltados para a participação,

descentralização, reconhecimento da pluralidade, diversidade cultural e a

interdisciplinaridade. Em 1996 ocorreu através do MMA, o Grupo de Trabalho de Educação

27

Ambiental, onde foi firmado um protocolo de intenções com o MEC, voltado para a

cooperação técnica e institucional em Educação Ambiental, para o desenvolvimento de ações

conjuntas.

Ainda em dezembro do mesmo ano ocorreu a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

(LDB), Lei nº 9.394/96, onde são reafirmados os princípios estabelecidos na Constituição

voltados à Educação Ambiental. Em 1997 foram aprovados pelo Conselho Nacional de

Educação, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), feitos pelo MEC como base de

orientação para os professores. Diante disso pode-se afirmar:

[…]. Os PCN se constituem em um subsídio para apoiar a escola na elaboração do seu projeto educativo, inserindo procedimentos, atitudes e valores no convívio escolar, bem como a necessidade de tratar de alguns temas sociais urgentes, de abrangência nacional, denominados como temas transversais: meio ambiente, ética, pluralidade cultural, orientação sexual, trabalho e consumo, com possibilidade de as escolas e/ou comunidades elegerem outros de importância relevante para sua realidade (HENRIQUES; TRAJBER; MELLO; LIPAI et. al. CHAMUSCA, 2007, p. 14).

Os PCN são de suma importância para a escola no que diz respeito à construção de

projetos educativos, necessários para o ensino, pois trazem diversos temas essenciais voltados

para a realidade do aluno.

E em 27 de abril de 1999 ocorreu a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA),

na qual foi aprovada a Lei nº 9. 795, composta de 04 capítulos, sendo aplicada na educação

em geral e na educação escolar. Com isso pode-se afirmar:

A lei contempla alguns parâmetros importantes, como quando determina que as atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, quando conceitua por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade e quando determina os princípios básicos […] (SMANEOTO; CENCI et. al. LIMA, 2012, p. 930)

Essa lei valoriza os exercícios ligados a Política Nacional de Educação Ambiental, que

tem que ser praticada na educação como todo e no ambiente escolar, pois quando essas

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atividades são trabalhadas de forma tanto individual como coletiva se transformam em

processos que ajudam a valorizar ainda mais o meio ambiente.

Vale ressaltar ainda que:

Para que a educação ambiental seja efetivamente integrada às disciplinas do currículo, é necessário pensar a educação em seu conjunto. Isso significa uma mudança de postura que passa pelo exame da relação do homem com a natureza, o que implica examinar como os padrões culturais do cartesianismo influenciaram o ensino e como eles determinaram nosso modo de ver a natureza e a educação (RAMOS, 1996, p. 103).

Para que ela faça parte de uma disciplina curricular, tem que haver uma mudança de

atitude do homem com a natureza em relação à cultura dos cidadãos que ali surgiu e que

refletirão na educação. Diante isso pode-se afirmar:

[...], a educação ambiental, deve estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo, seja ele formal ou não-formal. A Lei é bem clara: a educação não deve ser uma atividade pedagógica pontual ou esporádica dentro dos sistemas de ensino. A educação ambiental, segundo a Lei em questão, deve ser uma atividade educativa permanente e articulada com todos os níveis de ensino (SILVA, 2008, p. 49).

A educação ambiental, ainda, é um projeto político que debate a situação do homem e

da natureza e como essa relação vem provocando mudanças entre eles pelo caminho, que a

sociedade economicamente vem trilhando ao longo de sua trajetória.

Diante de tal situação, consideramos que a valorização da educação ambiental é

necessária para a formação de novos cidadãos com reflexões críticas ligadas à melhoria e à

transformação do planeta. E a escola é lugar ideal para essa ação, em prol do meio ambiente,

precisando ela de apoio da sociedade para isso ocorrer.

No capítulo seguinte, então, faremos algumas breves reflexões sobre práticas

pedagógicas, com foco em educação ambiental à luz do ensino de geografia, junto à Escola

Doutor José Correia Filho, no Povoado Jardim Cordeiro e Escola Noêmia Bandeira e Silva,

no Bairro Desvio, Delmiro Gouveia – Alagoas.

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4. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O EXERCÍCIO DA DOCÊNCIA EM GEOGRAFIA

4.1. A PROBLEMÁTICA DO LIXO E DA POLUIÇÃO AMBIENTAL COMO

MOTIVADORES PARA O EXERCÍCIO DA DOCÊNCIA EM GEOGRAFIA

Ao pensarmos no exercício do ensino de Geografia, focamos na realização de

atividades que levaram em consideração a reflexão sobre os conceitos de espaço, lugar, meio

ambiente, poluição ambiental, lixo e reciclagem, bem como de ações práticas em duas escolas

públicas locais.

A aplicabilidade pedagógica desenvolveu-se em duas turmas do 8º Ano do Ensino

Fundamental II, nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental Doutor José Correia Filho

(Povoado Jardim Cordeiro) que fica na zona rural do município e Noêmia Bandeira da Silva

(Bairro Desvio) que fica na zona urbana do município, ou seja, dentro do município, ambas

localizadas no município de Delmiro Gouveia - AL.

A proposta central foi a de elevar-se a importância de se preservar o meio ambiente em

relação à poluição ambiental e ao trato do lixo, promovendo junto aos alunos e às duas

comunidades o conhecimento crítico em relação à produção do lixo nessas localidades e à

construção de um ambiente relativamente mais saudável.

Para a obtenção de um bom resultado, as atividades foram planejadas em cinco etapas

que se complementam:

a) Aula Expositiva dos conceitos de meio ambiente, lixo e reciclagem;

b) Jogo: “STOP da Reciclagem”;

c) Aula-Passeio na escola e localidade;

d) Produção de Cartazes da Aula-Passeio; e

e) Produção de Baldes de Lixo, tais atividades realizadas em duas escolas diferentes e

em momentos diferentes para o conhecimento da produção do lixo nesses lugares.

Essas atividades ocorreram primeiramente no Povoado Jardim Cordeiro, na Escola

Municipal de Ensino Fundamental Doutor José Correia Filho – (Figura 2), numa turma do 8º

Ano. A primeira etapa foi realizada no dia (19 de março de 2013), por meio de uma aula

expositiva com os respectivos conceitos trabalhados na pesquisa, com o objetivo de mostrar

brevemente os conceitos sobre Meio Ambiente, Lixo e Reciclagem, explicando o que é cada

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um deles, como também relacionando esses conceitos com a realidade em que vivem e a

importância desse conhecimento. Tal ação se justifica pela relevância de tratamento de

aspectos teórico-conceituais como norte ao conjunto das atividades seguintes. Necessitou-se

de referências apropriadas, à luz da iniciação à leitura de autores fundamentais como amparo

à iniciação à docência.

Figura 2: Escola Municipal Dr. José Correia Filho (Povoado Jardim Cordeiro). Autor: Kleber Costa da Silva. Mar. 2013.

Na segunda etapa, ocorrido no mesmo dia, foi realizado o Jogo “STOP da

Reciclagem”1 – Figura 3 e Figura 4, com o objetivo de compreender quais objetos devem e

1 Dinâmica disponível no Portal do Professor, esse lançado em 2008 em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia. O portal tem como objetivo contribuir no processo de formação de professores, trazendo sugestões de planos de aula, mídias, notícias gerais sobre educação, e cursos. http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=26464. Acessado em: 21 jan. 2013.

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podem ser reciclados. A problematização do jogo foi os alunos através da letra do alfabeto

sorteado, identificar os tipos de lixo que podem ser reciclado e com isso preencher cada

coluna da tabela ao respectivo elemento que são: Papel, Metal, Vidro, Plástico e Orgânico da

tabela. O jogo foi copiado no quadro negro para que os alunos o fizessem no caderno para

assim começar a atividade lúdica. A dinâmica do jogo foi realizada da seguinte maneira:

foram formadas 5 equipes com um total de 5 pessoas cada, onde alunos tinham que preencher

uma tabela: Letra, Papel, Metal, Vidro, Plástico, Orgânico, Pontuação, contendo na tabela dez

colunas, valendo 5 pontos cada objeto. Cada rodada teve uma letra sorteada, sendo que cada

letra teria que ser preenchida em cada coluna referente aos tipos de lixo, ganhando o jogo a

equipe que primeiro preencher a tabela toda. No final do jogo considerou-se uma equipe

vencedora. Os alunos tiveram um pouco de dificuldade no jogo, mas com essa dinâmica eles

aprenderam mais sobre os tipos de lixo que podem ser reciclados e foram bem participativos

com relação a todo o processo. Tal ação se justifica pela maior possibilidade de criar maior

empatia entre os envolvidos e os temas abordados de modo a explorar o lúdico como

ferramenta pedagógica alternativa ao ensino da disciplina. Nesse caso podemos afirmar:

Reciclagem é o resultado de uma série de atividades através das quais materiais que se tornariam lixo ou estão no lixo, são desviados, sendo coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de outros bens, feitos anteriormente apenas com matéria-prima virgem (GRIPPI, 2006, p. 35).

O Jogo “STOP da Reciclagem” proporcionou aos alunos melhor conhecimento dos

tipos de lixo que podem ser reciclados, pois também existem tipos de lixo que não podem ser

reciclados como: madeira, borracha etc., e seus derivados, na qual eles podem ser coletados,

separados e assim transformados em novos materiais menos danosos ao meio ambiente.

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Figura 3: Jogo “STOP da Reciclagem”. Fonte: Rosemere de Souza. Mar. 2013.

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Figura 4: Registro da equipe vencedora do jogo “STOP da Reciclagem”, realizado com os alunos. Fonte: Rosemere Vieira. Mar. 2013.

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Na terceira etapa foi realizada uma “Aula-Passeio” – (Figuras 5 a 8), – com o objetivo

de conscientizar os alunos sobre a preservação do espaço e registrar os tipos de lixo por meio

de fotografias. A problematização da Aula-Passeio foi a dos alunos identificar no povoado e

na escola os tipos de lixo existente nesses locais e registra-los através de fotografias. Os

alunos foram levados ao exercício de observação da paisagem em geral e para a observação

específica acerca da produção do lixo no povoado e no entorno da escola envolvida.

Figura 5: Rua Ana Nery. Autor: Rosemere Vieira. Mar. 2013.

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Figura 6: Rua Ana Nery. Autor: Rosemere Vieira. Mar. 2013.

Figura 7: Rua Pilar. Autor: Rosemere Vieira. Mar. 2013.

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Figura 8: Rua Pilar. Autor: Rosemere Vieira. Mar. 2013.

Consideramos fundamental o contato com a realidade e a prática da observação de

campo. Tal ação permitiu o contato direto, sob orientação da professora titular da disciplina,

com os aspectos concretos e relativos à realidade da poluição ambiental, o que permitiu uma

averiguação do conteúdo teórico trabalhado em sala de aula. Com isso, para Grippi (2006, p.

91) “O lixo é um problema crônico em nossa sociedade e muitas vezes seu mau

gerenciamento acaba propiciando verdadeiras mazelas ambientais dentro dos municípios

brasileiros, além de comprometer a qualidade de vida da população [...]”.

O lixo identificado no povoado é um problema grave existente naquele lugar, pois sua

coleta seletiva ocorre só uma vez por semana, tendo que a população conviver com esse

problema e o tipo de lixo fotografado e registrado foi o lixo domiciliar, que ocasiona a

poluição do solo no povoado.

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Na quarta etapa (18 de abril de 2013), realizou-se a exposição na escola dos cartazes

da Aula-passeio, com o objetivo de expor através de uma apresentação coletiva, os tipos de

lixo que foram encontrados no povoado e na Escola – (Figura 9). Essa exposição é o resultado

da Aula-Passeio em que os alunos divididos em equipes confeccionaram em casa os cartazes

para serem apresentados e expostos na escola, para mostras o acumulo de lixo existente no

povoado. Tal esforço da exposição foi realizado pelos alunos. A descoberta da problemática,

no primeiro momento, até a sua constatação enquanto questão relevante para ser pensada a

localidade, permitiu o retrato de diversas questões relativas ao meio ambiente, na qual seria a

importância de preservar o meio ambiente em que vivemos. Esta culminância consolidou-se

como uma rica experiência de encontro do conceito com a realidade empírica, fornecendo

subsídios mais certeiros para o tratamento pedagógico da questão ambiental.

Figura 9: Cartaz da Aula-Passeio produzido pelos alunos. Autor: Kleber Costa da Silva. Abr. 2013.

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E, no quinto momento, ocorrido no mesmo dia da exposição anteriormente citada, foi

realizada também de uma exposição dos “Baldes de Lixo para a Coleta Seletiva”, com o

objetivo de conscientizar os alunos para a reciclagem do lixo – (Figura 10). A problemática

dessa exposição foi realizar uma coleta seletiva através de Baldes de Lixo do lixo produzido

na escola e conhecer uma alternativa de minimizar esse problema, na qual os baldes foram

produzidos em casa pelos próprios alunos, onde esses baldes foram recobertos de EVA com

as cores específicas de acordo com o tipo de lixo e trazidos para a escola para serem expostos,

que por final ficaram muito bons. Por isso podemos afirmar:

Para que a coleta seletiva tenha sucesso e contribua com o desenvolvimento sustentável, é preciso que a população saiba descartar corretamente seus lixos e resíduos sólidos, não precisando de recipientes com cor, mas sim de uma separação adequada [...] (NORÕES; MELO, Sales et. al. MELO, Silva, 2011, p. 12).

A coleta seletiva é uma forma de ajudar as pessoas a ter uma vida mais saudável e

esses Baldes de Lixo para a Coleta Seletiva ocorrida na escola só ajudaram os alunos a

separar o lixo de forma mais adequada em seus específicos recipientes para melhor realização

da coleta do lixo para reciclagem, na qual até hoje esses baldes de Lixo para a Coleta Seletiva

permanecem em bons estados e são utilizados por todos da escola.

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Figura 10: Baldes de Lixo para Coleta Seletiva confeccionados pelos alunos. Autor: Kleber Costa da Silva. Abr. 2013.

Estas mesmas atividades foram repetidas no Bairro Desvio, na Escola Municipal de

Ensino Fundamental Noêmia Bandeira da Silva, também numa turma do 8º Ano, no dia 18 de

julho de 2014, onde na primeira etapa ocorreu a Aula Expositiva dos conceitos de meio

ambiente, lixo e reciclagem (Figuras 11 e 12), com o objetivo mostrar brevemente esses

conceitos para que os alunos tenham a compreensão do que é cada um e como ele age em

todo lugar. A problemática dessa atividade foi os alunos terem o conhecimento sobre o

assunto trabalhado para assim realizarem as outras atividades com mais facilidade, mas nessa

atividade os alunos foram um pouco participativos na aula.

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Figura 11: Escola Noêmia Bandeira da Silva. Autor: Rosemere Vieira. Ago. 2014.

Figura 12: Apresentação do slide sobre os conceitos referentes ao trabalho. Autor: Paulo César dos Santos. Abr.

2014.

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Na segunda etapa também ocorreu o Jogo “STOP da Reciclagem” (Figura 13), com o

objetivo de compreender quais objetos devem e podem ser reciclados. A problematização do

jogo discorre em os alunos através da letra do alfabeto sorteado, identificar os tipos de lixo

que podem ser reciclado e com isso preencher cada coluna da tabela ao respectivo elemento

que são: Papel, Metal, Vidro, Plástico e Orgânico da tabela. O jogo foi impresso e entregue a

cada equipe que no qual foram divididos em 5 equipes de 5 pessoas e que nesse caso cada

coluna referente ao tipo de lixo a ser reciclado ficou valendo 1 ponto, onde os alunos tinham

que seguir o mesmo processo adotado na escola anterior. Com isso podemos afirmar:

Reciclagem é o resultado de uma série de atividades através das quais materiais que se tornariam lixo ou estão no lixo, são desviados, sendo coletados, separados e processados para serem usados como matéria-prima na manufatura de outros bens, feitos anteriormente apenas com matéria-prima virgem (GRIPPI, 2006, p. 35).

O Jogo “STOP da Reciclagem” também proporcionou aos alunos dessa escola melhor

conhecimento dos tipos de lixo que podem ser reciclados, na qual eles podem ser coletados,

separados e assim transformados em novos materiais menos danosos ao meio ambiente.

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Figura 13: Jogo: STOP da Reciclagem da equipe ganhadora. Fonte: Rosemere Vieira. Jul. 2014.

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Na terceira etapa, a Aula-Passeio foi planejada para o dia 15 de agosto de 2014 –

(Figuras 14 a 16), com o objetivo de demonstrar como o lixo é produzido no Bairro. A

problematização da Aula-Passeio foi a dos alunos identificar no bairro e na escola os tipos de

lixo existente nesses locais e registra-los através de fotografias. Os alunos tiveram que

localizar as ruas em que tinha o lixo por meio de fotografias e fazer anotações do nome da rua

em que foi encontrado o lixo. Por isso, para Grippi (2006, p. 91) “O lixo é um problema

crônico em nossa sociedade e muitas vezes seu mau gerenciamento acaba propiciando

verdadeiras mazelas ambientais dentro dos municípios brasileiros, além de comprometer a

qualidade de vida da população [...]”.

O lixo identificado no bairro também é um problema grave existente naquele lugar,

pois apesar de sua coleta seletiva ocorrer três vezes por semana, a população convive com

esse acumulo de lixo espalhado em cada rua desse bairro e o tipo de lixo fotografado e

registrado foi o lixo domiciliar, com isso os alunos compreenderam de como o lixo prejudica

o lugar em que se vive.

Figura 14: Rua Guararapes. Autor: Alunos da Escola. Ago. 2014.

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Figura 15: Rua Bela Vista. Autor: Alunos da Escola. Ago. 2014.

Figura 16: Travessa São Sebastião. Autor: Alunos da Escola. Ago. 2014.

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16

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Na quarta etapa ocorreu a Confecção de Cartazes da Aula-Passeio na escola no dia 22

de agosto de 2014 – (Figuras 17 a 19), com o objetivo de expor através de cartazes quais os

tipos de lixo que foram encontrados no Bairro e na Escola. A problemática proposta foi a de

após o registro do lixo encontrado no Bairro Desvio, os alunos confeccionarem cartazes como

resultados da Aula-Passeio para serem expostos na escola e para mostrar a realidade do lixo

existente naquele lugar. A Confecção de Cartazes da Aula-Passeio foi realizada a partir da

divisão dos alunos em três equipes, na qual confeccionaram na sala de aula três cartazes com

as fotos tiradas do lugar em que foram localizados lixos nas determinadas ruas do bairro, que

depois foram expostos na escola para que os alunos de outras turmas possam ver esse trabalho

realizado e com isso os alunos compreenderam que não pode e não deve jogar o lixo no chão.

Figura 17: Cartaz 1 da Aula-Passeio, produzidos pelos alunos. Autor: Rosemere Vieira. Ago. 2014.

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46

Figura 18: Cartaz 2 da Aula-Passeio, produzidos pelos alunos. Autor: Rosemere Vieira. Ago. 2014.

Figura 19: Cartaz 3 da Aula-Passeio, produzidos pelos alunos. Autor: Rosemere Vieira. Ago. 2014.

18

19

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E, na quinta etapa, no dia 01 de agosto de 2014, foram pedidos que os alunos fizessem

o seguinte trabalho, confeccionar em casa os Baldes de Lixo para Coleta Seletiva – (Figura

20), com o objetivo de conscientizar os alunos para a reciclagem do lixo. A problemática

dessa atividade referente a exposição foi realizar uma coleta seletiva através de Baldes de

Lixo do lixo produzido na escola e conhecer uma alternativa de minimizar esse problema, na

qual os baldes foram produzidos em casa pelos próprios alunos. Cada equipe ficou com um

tipo de balde de lixo que são relacionados pela cor e nome da seguinte forma: Balde Azul:

Papel, Balde Verde: Vidro, Balde Amarelo: Metal, Balde Vermelho: Plástico e Balde

Marrom: Orgânico, tendo que levar os baldes já prontos 15 dias depois da data em que foi

pedido para fazer os baldes, para serem expostos na escola. Portanto podemos afirmar:

Para que a coleta seletiva tenha sucesso e contribua com o desenvolvimento sustentável, é preciso que a população saiba descartar corretamente seus lixos e resíduos sólidos, não precisando de recipientes com cor, mas sim de uma separação adequada [...] (NORÕES; MELO, Sales et. al. MELO, Silva, 2011, p. 12).

A coleta seletiva é uma forma de ajudar as pessoas a ter uma vida mais saudável e

esses Baldes de Lixo para a Coleta Seletiva ocorrida na escola só ajudou os alunos a separar o

lixo de forma mais adequado em seus específicos recipientes para melhor realização da coleta

do lixo para reciclagem e assim minimizar o lixo daquele lugar.

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Figura 20: Baldes de Lixo para Coleta Seletiva, produzidos pelos alunos. Autor: Rosemere Vieira. Set. 2014.

Assim expostas, tais atividades realizadas junto com os alunos foram valiosas na

medida em que possibilitaram a reflexão sobre alguns aspectos principais, a saber:

a) O desenvolvimento do espírito de participação, de comunidade e de cidadania por

parte dos alunos;

b) A apropriação de conceitos fundamentais que foram meio ambiente, lixo e

reciclagem no que diz respeito às suas atuações mais conscientes em relação ao

cotidiano das localidades;

c) A aproximação dos temas debatidos em sala de aula em relação ao entorno da

escola e junto à comunidade;

d) O nosso crescimento quanto à identificação dos diferentes usos do espaço público,

especialmente no que se refere ao povoado e ao bairro considerados neste trabalho;

e) O nosso crescimento em relação à aproximação relativa a uma temática complexa

(em termos teórico-conceituais) e a uma prática de iniciação à docência (em

termos de contato com a ambiência de duas escolas públicas).

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49

A realização deste trabalho em conjunto com o PIBID foi pautada numa pesquisa-ação

na qual envolvem um objeto de estudo que no caso foram os lugares como: Povoado Jardim

Cordeiro e Bairro Desvio localizados no município de Delmiro Gouveia que tem um

problema em comum a produção do lixo nessas localidades e com isso foi buscado soluções

que minimizem esse problema Com isso podemos afirmar:

A importância da pesquisa na formação de professores acontece no movimento que compreende os docentes como sujeitos que podem construir conhecimento sobre o ensinar na reflexão crítica sobre sua atividade, na dimensão coletiva e contextualizada institucional e historicamente [...] (PIMENTA, 2005, p. 523).

A pesquisa é importante para a formação de um professor, pois o ajuda a construir o

conhecimento, além de prepara-lo a elaborar atividades e atuar em sala de aula e a terem uma

construção coletiva de saberes tanto através de experiências na escola como a terem

experiências na vida pessoal.

Segundo Pimenta (2005, p. 526) “[...]. Os professores que vivenciam esta modalidade

de pesquisa têm a possibilidade de refletir sobre as suas próprias práticas, sua condição de

trabalhador, bem como os limites e possibilidades de seu trabalho [...]”.

Os professores que vivem desse tipo de pesquisa tem a chance de buscar e pôr em

prática atividades mais práticas em sala de aula e assim as aulas vão deixando de ser somente

teórica, melhorando sua postura profissional, como também por limites em certas atividades

não dando muita liberdade para os alunos e a sempre crescer profissionalmente. Por isso

podemos afirmar:

A escola inovadora é a escola que tem a força de se pensar a partir de si própria e de ser aquilo que mais adiante designarei por escola reflexiva. Neste tempo de descentralização, de autonomização e de responsabilidade que estamos vivendo, algumas escolas têm conseguido fazê-lo com sucesso [...] (ALARCÃO, 2001, p. 19).

Essa escola tem pensamentos próprios sobre as coisas, ou seja, não recebe influencias

de outras escolas, ela resolve os problemas internos e externos existentes na mesma, na qual

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algumas escolas que tem utilizado esse tipo de método têm sido dirigidas com sucesso. Nesse

sentido podemos afirmar:

Uma escola assim concebida pensa-se no presente para se projetar no futuro. Não ignorando os problemas atuais, resolve-os por referência a uma visão que se direcione para a melhoria da educação praticada e para o desenvolvimento da organização. Envolvendo no processo todos os seus membros, reconhece o valor da aprendizagem que para eles daí resulta (ALARCÃO, 2001, p. 25).

Uma escola assim formada, pensa nos acontecimentos atuais para ficarem prevenidos

no futuro, pois resolve os problemas existentes na escola, para que a educação se discorra

cada vez melhor como também melhora o progresso da organização, por meio dos seus

membros e admitido como certo à qualidade da aprendizagem que reside nessa escola

reflexiva.

Nesse contexto, este foi um trabalho dedicado, de esforço e reflexão, que ocorreu

através de uma ação orientada à docência em Geografia. Tal ação carrega um forte sentido de

iniciação, o que nos leva a pensar tais atividades como primeiro passo de uma realização

profissional.

51

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta inicial deste trabalho foi a de realizarmos algumas reflexões acerca da

importância de se trabalhar a questão ambiental no contexto da escola pública, principalmente

no caso da questão da poluição ambiental e da possibilidade da reciclagem como motivadora

de ações conscientes em relação à educação. Tivemos como parceiros de trabalho os alunos

do 8° Ano das escolas municipais Doutor José Correia Filho (Povoado Jd. Cordeiro, Delmiro

Gouveia-AL) e Noêmia Bandeira da Silva (Bairro Desvio, Delmiro Gouveia-AL).

Entendemos que o espaço é um conceito fundamental para a realização da

conscientização geográfica acerca dos problemas para a vida em sociedade. Os aspectos

materiais e simbólicos que definem a espacialidade indicam a organização de um mundo, seja

no âmbito geral ou dos lugares.

Do mesmo modo, compreendemos que a questão ambiental surge como relevante

questão para enxergarmos a situação atual dos lugares geográficos, principalmente na medida

em que a relação entre sociedade e natureza produz tipos específicos de impactos. E tais

impactos possibilitam a reavaliação das nossas ações enquanto seres humanos em relação ao

ambiente natural.

Um desses impactos é a poluição ambiental promovida pela produção do lixo. Este,

provindo dos excessos de nossa sociedade, impacta na organização espacial e na apresentação

da paisagem geográfica. A síntese de nossa relação com a natureza é a de uma desorganização

advinda de espaços poluídos e que merecem uma apreciação crítica urgente.

Poluição ambiental e produção do lixo, portanto, surgiram como as razões para a nossa

reflexão a respeito do ensino de Geografia. Nesse sentido, planejamos as nossas ações em 5

etapas básicas de prática pedagógica a fim de se aliar teoria e prática e de se trabalhar as

questões ambientais no contexto da escola pública.

Como finalização de análise/intervenção, preferimos colocar no centro de nossa

reflexão a reciclagem como possibilidade de pensarmos a educação ambiental como um

caminho favorável à diminuição dos problemas ambientais locais. Assim se fez na forma de

um conjunto de atividades pedagógicas baseadas na ligação entre conceitos e identificação de

problemas concretos no espaço (numa parceria rica entre comunidade, professores e alunos).

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Quanto ao povoado e ao bairro considerados neste trabalho, notamos que a produção

do lixo faz parte da realidade das pessoas que moram lá. Existem obviamente espaços que

sofrem maiores impactos do que outros e revelam o acúmulo de lixo como uma problemática

urgente para pensarmos a respeito da vida dos que fazem o dia-a-dia a comunidade. Se

enxerga o aluno e o problema do lixo no espaço público, que compreende o caminho

percorrido no seu cotidiano como uma questão a ser encarada de frente, de forma crítica, logo

já simboliza um caminho a ser pensado e discutido no contexto da produção do conhecimento

e da educação escolar. Nessa perspectiva, pensamos que a educação ambiental é fértil para

levarmos o ensino de Geografia aos espaços da vida concreta.

Este trabalho, portanto, é como já dissemos o registro de um esforço voltado para o

espírito de participação (e indiretamente de cidadania), de apropriação de alguns conceitos

fundamentais (meio ambiente, lixo, reciclagem), de conhecimento das localidades (usos do

espaço) e da iniciação à docência. Tais aspectos foram aqui vistos como integrados numa

unidade de ensino de Geografia. Esperamos que tal esforço seja o primeiro passo para outros

trabalhos no futuro.

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