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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – MG WELDER FIGUEIREDO MORAIS FATORES DE CLASSIFICAÇÃO DA ABERTURA DE CAPITAL DAS EMPRESAS NO SETOR DO AGRONEGÓCIO Varginha 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – MG WELDER … · 2.1 EMPRESAS DE CAPITAL ABERTO E CAPITAL FECHADO Para entender o motivo pela qual as empresas abrem seu capital, primeiramente

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – MG

WELDER FIGUEIREDO MORAIS

FATORES DE CLASSIFICAÇÃO DA ABERTURA DE CAPITAL DAS

EMPRESAS NO SETOR DO AGRONEGÓCIO

Varginha

2015

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WELDER FIGUEIREDO MORAIS

FATORES DE CLASSIFICAÇÃO DA ABERTURA DE CAPITAL DAS

EMPRESAS NO SETOR DO AGRONEGÓCIO

Trabalho de conclusão de curso apresentado

como parte dos requisitos para obtenção do

título de Bacharel em Ciências Econômicas

com Ênfase em Controladoria pela

Universidade Federal de Alfenas.

Orientador: Prof°. MSc. João Estevão

Barbosa Neto.

Varginha/MG

2015

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Dedico este trabalho a Deus que está sempre

presente na minha vida, a minha família pela

confiança e apoio a mim demonstrado, a

minha namorada pela compreensão, amor e

carinho, e aos professores pelo simples fato

de estarem dispostos a ensinar.

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RESUMO

O atual cenário econômico brasileiro tem levado as empresas nacionais a identificar

oportunidades de expansão e crescimento de suas operações ou reestruturação de seu capital.

Para atingir tais objetivos, as empresas têm buscado recursos de diversas formas, sendo uma

das principais o mercado de capitais. Diante dessa realidade, o presente trabalho tem como

objetivo analisar os fatores que classificam as empresas em capital aberto ou fechado. O

presente trabalho tem como objetivo identificar os fatores que classificam as empresas do setor

do agronegócio em capital aberto e capital fechado na bolsa de valores e quais resultados se

podem obter por meio dessa estratégia. Especificamente, buscou-se identificar características

da abertura de capital das empresas do agronegócio brasileiro. Para tanto, realizou-se uma

pesquisa explicativa, com abordagem quantitativa, utilizando o guia Melhores & Maiores da

revista Exame do ano de 2015. A amostra foi composta por 335 empresas, dos quais 25 são de

capital aberto, 310 de capital fechado. Foram estabelecidas 5 hipóteses (a probabilidade de uma

empresa abrir o capital está positivamente relacionada a seu endividamento, rentabilidade,

idade e tamanho e negativamente relacionada com o controle acionário), no qual foi submetido

a técnica de regressão logit para análise dos dados. Obteve-se que as variáveis tamanho da

empresa, idade, rentabilidade, endividamento e controle acionário são variáveis que explicam

a abertura de capital das empresas do setor do agronegócio. Ou seja, todas as variáveis do

modelo são estatisticamente significantes. As variáveis que influenciaram positivamente a

abertura de capital foram idade, tamanho e controle acionário. Já as que influenciaram

negativamente foram as variáveis de rentabilidade e endividamento.

Palavras-chave: Mercado de Capitais. Abertura de Capital. Agronegócio.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 6

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................................... 6

1.2 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................. 7

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................... 7

1.4 SETOR DO AGRONEGÓCIO ............................................................................................ 7

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO ................................................................................................ 9

2.1 EMPRESAS DE CAPITAL ABERTO E CAPITAL FECHADO ....................................... 9

2.2 ABERTURA DE CAPITAL .............................................................................................. 11

2.2.1 Fases da abertura de capital ............................................................................................. 13

2.3 MOTIVOS INFLUENCIADORES DA ABERTURA DE CAPITAL .............................. 13

3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 18

3.1 MODELO LOGIT .............................................................................................................. 19

3.2 DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS ...................................................................................... 20

3.3 COLETA DE DADOS E AMOSTRA ............................................................................... 25

4. ANÁLISE DE RESULTADOS .......................................................................................... 25

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 33

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 35

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

A decisão de abrir o capital é uma estratégia importante das empresas. Segundo

BM&FBOVESPA (2014), no Brasil entre os anos de 2003 e 2010, foram realizadas cerca de

130 aberturas de capital, porém, ao final de 2011 o mercado de ações brasileiro fechou com 374

empresas cadastradas. Tal quantidade é bem superior à encontrada nas últimas três décadas,

quando no Brasil era baixo o incentivo devido à situação macroeconômica do país, como a alta

inflação e altas taxas de juros. Atualmente, estão em operação na BM&FBOVESPA 513

empresas de diversos ramos e segmentos. Desse modo, o que se observa é que o número de

empresas cadastradas na BM&FBOVESPA vem crescendo ano a ano.

Com base na crença de que a abertura de capital, embora possua seus custos, também

apresenta benefícios, é importante entender qual fenômeno leva as empresas a aderirem ao

mercado de capitais e verificar se as teorias consagradas e relacionadas ao tema mercado de

capitais se comparam com a realidade, levando em consideração diversos trabalhos e artigos

publicados referentes a esse tema.

Neste sentido, muitos estudos têm sido publicados a respeito das ofertas iniciais de

ações, sendo diversos fatores que afetam a decisão de abrir o capital: captação de recursos para

adequar à estrutura de capital da empresa (BRIGHAM E EHRHARDT, 2006; SOUZA, 2003;

KIM E WEISENBACH, 2005; PAGANO, PANETA e ZINGALES 1998), captação de recursos

para desenvolvimento de novos projetos e investimentos em pesquisa e desenvolvimento (KIM

e WEISENBACH, 2008), aumento da liquidez patrimonial (BRIGHAM e EHRHARDT, 2006;

SOUZA, 2003); Fortalecimento da imagem institucional e melhor relacionamento com

funcionários e clientes potenciais (BRIGHAM e EHRHARDT, 2006; SOUZA, 2003); maior

diversificação de produtos e portfólio, estabelecimento de um valor para a empresa e melhorias

na negociação de fusões (BRIGHAM e EHRHARDT, 2006). Adicionalmente, existe outro fator

que pode também influenciar na abertura de capital das empresas e que está relacionada ao seu

marketing, pois empresas de capital aberto recebem uma maior atenção em termos de

publicidade de mídia (DEMERS e LEWELLEN, 2003). São diversas as correntes desse tipo de

estudo e varia de acordo com a questão internacional, estrutura das companhias, estrutura de

capital e a amplitude do mercado de ações que as companhias estão inseridas.

Os estudos procuram focar na abertura de capital como sendo um estágio do ciclo de

crescimento de uma empresa. Por um lado, tornar-se uma empresa de capital aberto pode fazer

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parte do estágio de crescimento de uma empresa, mas, porém, se apenas esse fator influenciasse

na decisão de abertura de capital, teríamos listado na bolsa de valores todas as grandes

empresas. Dentro desse contexto, o presente trabalho pretende identificar os fatores que

classificam as empresas em capital aberto e fechado na bolsa de valores e suas características.

Portanto, buscou-se identificar características da abertura de capital das empresas do

agronegócio brasileiro. Para tanto, realizou-se uma pesquisa explicativa, com abordagem

quantitativa, utilizando o guia Melhores & Maiores da revista Exame do ano de 2015.

Assim, o trabalho está divido em cinco partes, sendo a primeira esse tópico inicial de

contextualização e objetivos. Após, aborda o referencial teórico, onde se faz uma análise dos

principais aspectos relacionados ao mercado de capitais e abertura de capital. O tópico três

constitui a metodologia do trabalho. O tópico quatro aborda a análise de resultados e por fim

temos a considerações finais.

1.2 OBJETIVO GERAL

O presente trabalho tem como objetivo identificar os fatores que classificam as empresas

do setor do agronegócio em capital aberto e capital fechado na bolsa de valores e quais

resultados se podem obter por meio dessa estratégia.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar as principais diferenças entre empresas de capital aberto e capital fechado;

Levantar as principais causas que levam as empresas a aderirem ao mercado de

capital;

1.4 SETOR DO AGRONEGÓCIO

O ritmo de crescimento da população exige aumento rápido na produção de alimentos

no mundo. Nesse sentido, o Brasil aparece como um dos países mais bem preparados para

atender essa demanda, pois, possui solo e clima privilegiado, que permitem a diversificação da

agricultura nas várias regiões (ZACCHI, 2013). De acordo com o Centro de Estudos Avançados

em Economia Aplicada (CEPEA, 2015), o agronegócio é um setor estratégico para a economia

brasileira, pois representou 23% do PIB brasileiro no ano de 2014.

Com a crescente transformação que tem ocorrido no campo, a agricultura passou a ser

vista como um amplo e complexo processo que não se limita as atividades de dentro da

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propriedade rural, devendo considerar também as atividades de distribuição e insumo,

armazenamento, processamento e distribuição dos produtos (MENDES, PADILHA JUNIOR,

2007). De acordo com Neves e Zylbersztajn (2005), o setor do agronegócio, tem papel de

destaque na composição do Produto Interno Bruto (PIB) da economia brasileira e grande parte

do saldo positivo na balança comercial se deve as exportações brasileiras deste setor. O Brasil

é o detentor do maior saldo da balança comercial agrícola do mundo (MAPA, 2012).

Nesse sentido, a produção agroindustrial brasileira tem demonstrado nos últimos anos

uma maior concentração produtiva acompanhada de ganhos de produtividade e eficiência,

caracterizando uma mudança organizacional e tecnológica do agronegócio (CALLADO, 2008).

Por ser importante gerador de divisas estrangeiras, respondendo por 40% do

faturamento das exportações brasileiras e grande responsável pelos superávits comerciais do

país, o agronegócio é que poderá abrir espaço para o crescimento dos demais setores, bastante

dependentes de importações, portanto, das dívidas que o agronegócio gerar (CEPEA, 2015).

Para tanto, se faz necessário um desenvolvimento sustentável. A mudança de

paradigmas estabelece um novo cenário para processos de desenvolvimento das atividades

agrícolas, florestais e pecuários. Portanto, a partir de observações da realidade local o Ministério

da Agricultura desenvolve e estimula boas práticas agropecuárias privilegiando os aspectos

sociais, econômicos, culturais, bióticos e ambientais. Para apoiar o agronegócio, o ministério

da agricultura elabora projetos e programas direcionados para a assistência técnica,

financiamento e normatização das práticas rurais sustentáveis. É dessa forma que se pretende

superar o grande desafio de manter o Brasil como provedor mundial de matérias-primas e

alimentos aliados à necessidade da conservação do meio ambiente (MAPA,2014).

No presente momento, existem três formas de o setor agrícola se financiar: recursos de

credito rural (concessão de empréstimos), empréstimos de agentes financeiros e mercado de

capitais. Portanto, o mercado de capitais se refere a uma fonte sustentável de financiamento e

uma grande alternativa para os empresários do agronegócio (ZACCHI, 2013).

Nesse sentido, com o avanço do agronegócio brasileiro, este estudo pretende analisar os

fatores que classificam em capital abertura e capital fechado das empresas do setor do

agronegócio de acordo com a classificação da revista exame (melhores & maiores) do ano de

2015 pelo critério de vendas liquidas, tendo em vista que esse setor apresenta ano a ano novas

empresas no mercado de capitais.

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2 REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1 EMPRESAS DE CAPITAL ABERTO E CAPITAL FECHADO

Para entender o motivo pela qual as empresas abrem seu capital, primeiramente deve-

se entender o conceito e a diferença do termo capital aberto e capital fechado. Uma empresa de

capital aberto, segundo Brigham e Ehrhardt (2006) é uma empresa cujo capital é formado por

ações que são vendidas aos agentes econômicos. Ainda, de acordo com tais autores, classifica-

se como empresa de capital fechado aquela cujo capital é limitado ou restrito a um determinado

conjunto de pessoas.

De acordo com Cavalcante, Misume e Rudge (2005) com relação ao significado e a

distinção entre as empresas de capital aberto e capital fechado, uma companhia de capital aberto

busca no mercado de ações recursos junto ao público em geral, ofertando ações de sua emissão,

pois, companhias de capital aberto atuam no mercado de ações emitindo e transacionando ações

com o público em geral. De um modo diferente, a companhia fechada tem suas subscrições de

ações feitas pelos acionistas ou grupos restritos de pessoas, mediante o exercício do direito de

preferência ou contrato de participação acionária feito com terceiros subscritos e previamente

conhecidos.

Para Ritter (1998), uma empresa é considerada de capital aberto quando vende uma ação

para o público em geral pela primeira vez, com a expectativa de que se crie um mercado

secundário líquido após a emissão dessas ações. Para Procianoy (1994) a abertura de capital de

uma empresa acontece no instante em que uma companhia vai ao mercado de capitais com o

objetivo de captar recursos.

De acordo com o Artigo 22 da Lei n. 6.385, de 07 de dezembro de 1976, considera-se

aberta a companhia cujos valores mobiliários estejam admitidos a negociação na bolsa ou no

mercado de balcão. Valores mobiliários são títulos ou contratos de investimento coletivo, que

geram direito de participação, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendedor ou de

terceiros. Pela Lei n° 6.404 de 15 de dezembro de 1976, a diferença entre as empresas de capital

aberto e as empresas de capital fechado é:

Art. 1° A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações, e a

responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações

subscritas ou adquiridas.

(...)

Art. 4° Para os efeitos dessa lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores

mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos á negociação no mercado de

valores mobiliários.

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1° Somente os valores mobiliários da emissão de companhia registrada na comissão

de valores mobiliários podem ser negociados no mercado de valores mobiliários.

2° Nenhuma distribuição pública de valores mobiliários será efetivada no mercado

sem prévio registro na comissão de valores mobiliários.

Portanto, o que se pode notar de diferenças entre capital aberto e fechado é justamente

a divisão do capital em ações e a sua negociação no mercado mobiliário. No entanto, há também

uma diferença ao que se refere à divulgação dos dados contábeis, ou seja, as empresas de capital

aberto são obrigadas a divulgarem todos os seus dados contábeis e financeiros de acordo a lei

6.404 de 15 de dezembro de 1976.

Art. 176° Ao final de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na

escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que

deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações

ocorridas no exercício:

1 – Balanço patrimonial;

2 – Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados;

3 – Demonstração do resultado do exercício;

4 – Demonstração dos fluxos de caixa;

5 – Se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.

1° As declarações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores

correspondentes das demonstrações do exercício anterior.

Nas empresas de capital fechado isso não ocorre, pois elas se limitam aos recursos de

capital próprio. Segundo Brigham e Ehrhardt (2006), a maior parte das empresas inicia suas

atividades de modo individual ou em forma de sociedades, até o ponto em que começa a se

expandir tornando-se atrativo a ideia de se organizar em sociedades por ações. Assim, no início

da abertura de capital para negociações na bolsa de valores, a maioria das ações das empresas

fica nas mãos dos administradores fundadores e aos funcionários mais importantes. Ou seja, as

empresas decidem abrir seu capital quando enfrentam altas taxas de crescimento e aumento dos

custos de produção e desenvolvimento de novos produtos. Diante disso, as empresas precisam

aumentar seu capital e se adequar devido ao período de grande crescimento.

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2.2 ABERTURA DE CAPITAL

Segundo Gitman (1997), no âmbito da administração financeira, o termo capital está de

acordo com novos fundos de longo prazo da empresa, ou seja, são os itens constantes do lado

direito do balanço com exceção do passivo circulante. O capital de terceiros inclui qualquer

tipo de fundos de longo prazo, obtidos pela empresa via empréstimos. Já o capital próprio

consiste em fundos de longo prazo fornecidos pelos proprietários da empresa, os acionistas.

Ainda de acordo com Gitman (1997), ao contrário dos fundos tomados como

empréstimos, que precisam ser pagos em uma data predeterminada, espera-se que o capital

próprio permaneça na empresa por um período indeterminado. Portanto, a abertura de capital

funciona como um instrumento capaz de fornecer recursos permanentes, que visam financiar

novos projetos de investimentos, promoção do crescimento e a modernização das atividades e

até mesmo possibilitar a reestruturação de capital.

De acordo com Brigham e Ehrhardt (2006), a abertura de capital consiste na venda de

algumas ações de uma empresa a investidores externos, permitindo, assim, a negociação nos

mercados públicos. Para Cavalcante, Misumi e Rudge (2005), ao negociar ações na bolsa de

valores, a companhia deixa de ser de capital fechado e passa a ser uma companhia de capital

aberto.

Segundo guia de abertura de capital da BM&FBovespa (2000), no início do processo de

abertura de uma empresa no mercado mobiliário, deve ser feita uma análise preliminar sobre a

conveniência da abertura com o auxílio de consultores de mercado de capitais. Tomada à

decisão, há então a necessidade de contratar auditoria externa cadastrada na Comissão de

Valores Mobiliários (CVM). A CVM é formada por uma comissão que tem por objetivo

normalizar e fiscalizar a atuação dos diversos participantes do mercado. Além de ser um

requisito obrigatório para obtenção e manutenção da condição de companhia aberta, a empresa

deve divulgar relatórios auditados das demonstrações financeiras e com os respectivos

pareceres dos auditores. Isso é de fundamental importância para uma boa conceituação da

empresa frente à comunidade financeira.

Ainda de acordo com o guia da BM&FBovespa (2000), é exigido que a abertura de

capital seja feita por meio de um intermediário financeiro como as corretoras de valores, banco

múltiplo, banco de investimento ou distribuidora. A distribuidora exerce o papel de coordenador

das operações e é responsável por enviar analistas e operadores de underwriting (intermediário

financeiro) à empresa para realizar estudos sobre sua situação financeira presente, perspectivas

de resultado, capacidade de pagamento futuro dos compromissos financeiros e modelo de

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abertura de capital mais adequado. A abertura de capital exige a transformação da empresa em

sociedade por ações mediante realização de assembleia geral extraordinária (AGE), que nada

mais é como uma reunião entre os acionistas para uma discussão sobre políticas empresariais.

Concedido o registro pela CVM inicia-se o processo de distribuição pública. Esse deve ser

divulgado, por meio de anúncios de início de distribuição pública e vinculado duas vezes em

jornal de grande circulação. Nesse anúncio constam as principais características da operação, o

nome das instituições financeiras e o número de registro de emissão. A distribuição de títulos

pode ser primária e secundária. Quando a empresa vende novos títulos e os recursos da venda

vão direto para o caixa da empresa, dizemos que a distribuição de títulos é primária ou de

primeira ordem. Por outro lado, quando não envolvem a emissão de novos títulos,

caracterizando apenas a venda de ações já existentes, em geral dos sócios que querem

desinvestir ou reduzir a sua participação no negócio e os recursos vão para os vendedores e não

para o caixa da empresa, a distribuição de títulos nesse caso é secundária ou de segunda ordem.

No caso de distribuição secundária em bolsa de valores, o anúncio é substituído pelo edital de

distribuição secundária. Se a operação for de lançamentos primários, os investidores

subscrevem os novos títulos por meio de preenchimento de boletim de subscrição, com modelos

previamente submetidos à CVM. Subscritos os títulos, ou efetivada a venda no mercado

secundário, a instituição coordenadora promove a liquidação financeira que consiste no

recebimento dos valores dos investidores e seu repasse para a companhia emissora ou acionista

que vendeu sua posição. Pode haver um prazo entre o recebimento e o repasse dos recursos

financeiros captados, o qual é negociado durante a contratação da operação.

O guia da abertura de capital da BM&FBovespa (2000) ressalta ainda que ao final do

período de distribuição pública, o coordenador da operação deve publicar anúncio de

encerramento até, no máximo 15 dias após a conclusão da distribuição. A subscrição de ações

deve ser efetivada em um período máximo de seis meses, contados a partir de início de

preferência ou, na existência desses, a partir da data da assembleia geral extraordinária ou

reunião do conselho de administração que deliberou a emissão. Se não houver a colocação para

o público da totalidade dos títulos referidos na emissão, a CVM considera anulado o aumento

de capital. E, se esse aumento de capital for o fundamento exclusivo da concessão de registro

de companhia aberta, este será cancelado.

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2.2.1 Fases da abertura de capital

De acordo com Oliveira (2011), a organização para a abertura de capital deve começar

alguns anos antes da oferta. O tempo combalido, os efeitos da abertura de capital e os custos

envolvidos para uma companhia estabelecem uma elaboração detalhada do evento. Ainda de

acordo com Oliveira (2011), a elaboração para uma abertura de capital inicia com a disposição

da alta administração em se tornar uma empresa de capital aberto e conclui com o anúncio de

distribuição pública de ações de acordo com a Tabela 1 abaixo.

Tabela 1 – Processo de Abertura de Capital

Etapas Ações detalhadas da abertura de capital

1 - Decisão da Alta Administração

- Contratação de Auditoria Externa

2 - Contratação de um Underwriter

3 - Reunião com todos os participantes da oferta

4 - Preparação do prospecto Preliminar

5 - Arquivamento do Prospecto Preliminar

- Início do Road Show

6 - Definição do preço da oferta

- Arquivamento do Prospecto Definitivo

7 - Dia da Oferta

- Início de Negociação das Ações

8 - Processo de Estabilização

9 - Anúncio de Encerramento

Fonte: Adaptado de Oliveira (2011)

2.3 MOTIVOS INFLUENCIADORES DA ABERTURA DE CAPITAL

De acordo com Souza (2003), são diversos os motivos pelos quais as empresas abrem o

capital e dentre eles destacam-se: ampliação da base de capitação de recursos, maior

flexibilidade estratégica (liquidez patrimonial), fortalecimento da imagem institucional devido

a maior exposição no mercado, reestruturação societária e aceleração da profissionalização. De

acordo com o mesmo autor, os principais motivos que atrapalham na decisão de abrir o capital

são os altos custos associados ao processo de abertura e a necessidade de melhoria na qualidade

das informações.

Para Souza (2003), o mercado de ações deve ter o papel de conscientizar as empresas

fechadas de que o mercado de valores mobiliários pode ser uma fonte imediata de busca de

recursos financeiros e também pode ser uma importante ferramenta que pode tornar a empresa

conhecida por um público mais amplo de parceiros comerciais e investidores. O autor destaca

que as empresas se tornam mais confiantes em abrir o capital quando a economia de

determinado país está estabilizada, ou seja, à medida que a confiança em relação à economia

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aumente e que as taxas de juros reduzam-se permitindo maior crescimento do país. O mercado

de ações vai se antecipar como uma opção de financiamento barato as empresas e ao investidor

e como um veículo certo para financiar o crescimento nacional. Para Bonfim, Santos e Junior

(2007), as empresas de grande porte ao dar entrada no mercado de ações acabam puxando outras

empresas a entrar no mercado de capitais devido a atenção especial por parte da mídia.

Brigham e Ehrhardt (2006), também citam uma série de fatores que são a base

influenciadora da abertura de capital. Dentre elas destacam-se algumas, bem como aumento de

liquidez, diversificação, facilidade de novos fundos para a empresa, estabelecimento de um

valor para a empresa, negociações de fusão e aumento dos mercados potencial.

Para Brigham e Ehrhardt (2006), o aumento da liquidez é um dos fatores determinantes

para a saúde de qualquer empresa. Nesse sentido, a ação de uma empresa privada é ilíquida, ou

seja, empresas de capital fechado não tem como negociar ações. Se um proprietário precisar de

recursos imediatos e quiser vender algumas ações, ele terá dificuldades para achar um

comprador, e mesmo quando encontrar, não terá um preço estabelecido como base para a

transação. As empresas de capital aberto não enfrentam esse problema, pois ao contrário elas

têm o poder de captar recursos de forma mais eficiente.

Ainda de acordo com Brigham e Ehrhardt (2006), abertura do capital permite aos

fundadores da empresa diversificar seus produtos. À medida que a empresa cresce e o seu valor

aumenta, seus fundadores acabam comprometendo grande parte de sua riqueza com o negócio.

Portanto a venda de algumas ações em uma oferta pública permite-lhes diversificar os

investimentos, reduzindo dessa forma, o risco de suas carteiras pessoais.

Se em uma empresa de capital fechado tornar-se necessário o levantamento de fundos

para novos investimentos, ela terá que recorrer aos seus proprietários atuais que podem ter ou

não dinheiro disponível ou ainda buscar investidores com poder aquisitivo elevado. Porém, há

uma grande dificuldade de encontrar investidores externos para investir em empresas de capital

fechado, pois os investidores internos podem estipular para si próprio elevadas remunerações e

não pagarem seus dividendos como previsto. Desse modo, as empresas de capital aberto, que

divulgam publicamente suas informações contábeis e é regularizada por conselhos mobiliários,

reduz os problemas e aumenta a disposição das pessoas de investir na empresa, facilitando

assim a obtenção de capital (BRIGHAM E EHRHARDT, 2006).

É também importante que a empresa estabeleça o valor dela no mercado, pois de acordo

com Brigham e Ehrhardt (2006), isso ameniza os problemas de tributação. Por exemplo, quando

o proprietário de uma empresa de capital fechado falece, os avaliadores tributários da esfera

estadual e federal devem estabelecer o valor da empresa para fins tributários. Tal fato cria um

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grande problema, pois frequentemente é estabelecido um valor relativamente mais elevado. Em

uma empresa de capital aberto, já não existe este tipo de problema, uma vez que ela já possui

um valor estabelecido no mercado. Desse modo, se uma empresa já tem seu valor estabelecido

no mercado, ela possui mais vantagens ao estabelecer negociações de fusão com outras

empresas, tanto ao adquirir quanto sendo adquirida por outra empresa para pagamentos com

ações.

Ainda de acordo com os mesmos, para muitas empresas é bem mais cômodo vender os

produtos e serviços aos clientes potenciais depois de abrir o seu capital. Isso acontece porque

com a abertura do capital a empresa fica com uma melhor imagem perante a sociedade e isso é

o que favorece vender mais e fechar negócios com outros clientes potenciais.

Pagano, Paneta e Zingales (1998), a partir de dados da economia italiana, analisaram a

decisão de abrir o capital examinando o antes e o depois da abertura. De acordo com os autores,

os determinantes da abertura de capital podem ser concluídos de características anteriores da

empresa que vai a público e das consequências posteriores em sua decisão de políticas de

financiamento e investimento. Deste modo, determinantes anteriores a abertura de capital como

tamanho da empresa e valor de mercado de empresas do mesmo ramo de atuação tem forte

poder de explicação para a abertura de capital enquanto necessidades de financiamento para

investimento e lucratividade tem pouca força de explicação e custos, disponibilidade de

concentração de credito não tem força de explicação.

Para as consequências posteriores, uma estratégia para revelar a decisão de abrir o

capital será observar medidas contábeis como: lucratividade, investimento, estrutura de

propriedade e controle. Diante disso, Pagano, Paneta e Zingales (1998) analisaram 69

companhias que abriram o capital e concluiu em seu trabalho que o principal motivo pelo qual

levam as empresas a aderirem ao mercado de capital é o ajustamento da sua estrutura de capital,

não necessariamente para novos projetos de expansão, mas também para diversificação de seu

portfólio.

Segundo Demers e Lewellen (2003), existe outro fator importante que também

influenciam as empresas a abrirem seu capital que está relacionada ao marketing da empresa,

pois empresas de capital aberto que transacionam diariamente suas ações na bolsa de valores

tem uma maior atenção por parte da mídia. Ou seja, o marketing, na visão de Demers e Lewellen

(2003), é um instrumento necessário para a abertura de capital para qualquer empresa, sendo

assim, a abertura de capital é uma oportunidade de marketing para dar um arca bolso para a

marca da empresa.

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16

Demers e Lewellen (2003) levantaram um estudo com 79 empresas italianas que tiveram

seu capital aberto entre os anos de 1999 e 2001 relacionando o marketing com a abertura de

capital. Para cada empresa coletaram diversas informações: informações gerais sobre a

empresa, características da abertura de capital, gastos com publicidade em mídia de massa como

(tv, rádio, imprensa, cinema). De acordo com os dados obtidos, ficou evidente a importância

do papel desempenhado pela comunicação em uma abertura de capital, ou seja, a maior parte

das despesas gastas com comunicação está alocada nos jornais (48%), anúncios de tv (41%),

cinemas com (2%), rádio (4%). Ainda de acordo com a pesquisa, Demers e Lewellen (2003),

afirmam que o uso dos meios de comunicação difere também de acordo com o segmento do

mercado de ações.

Segundo Azevedo (2014), construir e sustentar a imagem de uma empresa ao longo do

tempo não é uma tarefa fácil, mas é essencial para uma empresa se manter em ambientes

competitivos. O mercado de ações pode ser um forte aliado para reforçar uma marca construída

ao longo dos anos, ou para recuperar danos de imagem deixados por experiências passadas.

Azevedo (2014), cita o caso da Natura e Eternit. A fabricante de cosméticos da natura encontrou

no mercado de ações uma maneira de consolidar os princípios de transparência e compromisso

com as relações sociais que guiam seus 35 anos de história. Já a fabricante de telhas e caixas

d’água Eternit, fundada por empresários suíços há 64 anos, se inseriu no novo mercado de ações

com um pacote de estratégias de comunicação construído para afastar os males causados a sua

imagem pelo amianto, tipo de fibra danosa que quando inalada agride os pulmões, utilizado na

sua linha de produção, que rendeu a empresa uma série de indenizações.

Aparentemente, o mercado de ações é uma ferramenta que as empresas utilizam para a

captação de recursos, porém, demonstra que pode servir também, para reforçar uma marca

trabalhada ao longo dos anos, ou de forma contrária, pode servir para recuperar danos de

imagem deixados pelo passado. Neste contexto, a Bovespa se manifestou como um produto

especial disposto no mercado de ações, cujas particularidades podem ser interessantes para a

estratégia de comunicação das empresas (AZEVEDO, 2014).

Kim e Weisenbach (2005) fizeram um estudo relacionado à captação de recursos para

novos investimentos e ampliação e detectaram que esse fator é um motivo fundamental para a

abertura de capital de uma empresa. Analisaram uma amostra de 16.958 de oferta inicial de

ações em 38 países entre os anos de 1990 e 2003 e concluíram que 89% das emissões de ações

eram de primeira ordem e o dinheiro captado por essa oferta era colocado no caixa da empresa

para suprir necessidades de recursos.

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Dessa forma, os recursos captados pela emissão de ações de primeira ordem destas

companhias supriam a necessidade de capital decorrente do crescimento do investimento e com

o pagamento de débitos, ou seja, havia uma adequação da estrutura de capital das empresas.

Portanto, a decisão de abrir o capital está relacionada com os projetos de expansão e

investimentos da empresa e com a adequação de sua estrutura de capital. Bonfim, Santos e

Junior (2007) realizaram um estudo sobre o assunto com 12 empresas brasileiras que passaram

por processo de abertura de capital entre os anos de 2004 e 2005 nas quais abordaram o assunto

por meio de um questionário contendo cinco tópicos: fatores que influenciaram a opção pela

abertura de capital na BM&FBovespa, alternativas de captação, custos, mudanças

organizacionais relacionadas ao processo, e percepções após o processo.

No primeiro tópico foram sugeridos oito pontos relevantes: necessidade de recursos para

projetos de expansão, opinião dos principais investidores, necessidade de melhorar a imagem

institucional, tendências da indústria, custo da captação, facilidade de uma futura negociação,

estratégia de crescimento e valorização, reestruturação do capital. As empresas classificaram

os pontos em forte, fraca e nenhuma influência. Portanto, identificaram, que o fator mais

influente para a abertura de capital é o aspecto de valorização e crescimento (26%), seguido

pelo item necessidade de recursos para projetos de expansão, que teve influência de 23%. Na

terceira colocação ficaram os itens reestruturação de capital e opinião dos investidores, ambos

com influência de 14%. No segundo tópico, referente às alternativas de captação, foi sugerido

pelos pesquisadores os seguintes pontos: capital próprio, debêntures, fusões, financiamento de

curto e de longo prazo. A questão mais votada foi o financiamento de longo prazo (38%),

seguido da opção capital próprio (23%). As outras alternativas foram consideradas como fraca

influência na abertura de capital (BONFIM, SANTOS, JUNIOR; 2007).

O resultado do terceiro tópico foi referente à importância dos custos e teve como

sugestão os seguintes pontos: taxas legais, tempo da diretoria, taxa de auditoria, taxa dos

underwriters, gastos com divulgação, gastos com estruturação da empresa. O item de maior

influência na abertura de capital foi o das taxas legais que correspondeu a 15%. Os outros itens

tiveram fraca influência. As mudanças organizacionais relacionadas ao processo, referente ao

quarto tópico, teve como itens: política de governança coorporativa, relação com investidores,

engajamento da alta diretoria, papel dos auditores, papel dos investidores, práticas contábeis.

Todas as 12 empresas da amostra responderam que mudanças nas políticas corporativas. E no

papel desempenhado pelos auditores, obtiveram resultado de 78%, ou seja, também foi um fator

de forte influência (BONFIM, SANTOS, JUNIOR; 2007).

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O último tópico do questionário abordou o tema percepções após a abertura com cinco

itens: preço inicial de oferta, volume inicial negociado, desempenho dos underwriters,

comportamento do preço das ações nos meses subsequentes ao lançamento inicial, exposição

da empresa na mídia. Os resultados obtidos apontaram que todos os itens foram satisfatórios

para 89% das empresas da amostra enquanto que para 11% os resultados referentes aos itens

do tópico cinco não foram satisfatórios (BONFIM, SANTOS, JUNIOR; 2007).

Portanto, a pesquisa feita por Bonfim, Santos e Junior (2007), mostrou que as 12

empresas que abriram seu capital entre os anos de 2004 e 2005, aderiram à abertura de capital

visando uma melhor estratégia de valorização e crescimento e captação de recursos para

financiamento de projetos de expansão. Os resultados do estudo mostram ainda que os

principais motivos para a abertura de capital dizem respeito aos fatores apontados pelos

diversos autores referentes a esse tipo de estudo, ou seja, recursos para projeto de expansão

associado às estratégias de valorização e crescimento. A pesquisa também mostrou que a

questão referente aos custos de abertura de capital é bem significativa, os principais custos estão

relacionados a despesas com auditoria, taxas de underwriters.

Chod e Lyandres (2011) apud Oliveira (2011) examinaram os fatores que influenciavam

as empresas a abrir o capital em mercados competitivos. Os autores concluíram que as

companhias que aderem à abertura de capital tendem a tomar decisões mais agressivas e

arriscadas e isso resulta em um ganho de competitividade se comparadas às empresas de capital

fechado. O estudo demonstra que, em um ambiente competitivo, as empresas de capital fechado

tendem a ser engolidas pelas companhias de capital aberto, uma vez que estes estão supridas de

capital para fazer novos negócios e aproveitar a oportunidade única de crescimento do mercado.

3. METODOLOGIA

O presente estudo trata-se de uma pesquisa explicativa, com abordagem quantitativa.

De acordo com Lopes (2006), o caráter explicativo se dá pelo fato de o trabalho recorrer

ao conhecimento da realidade do mercado de capitais através da identificação dos fatos

determinantes para a abertura de capital das empresas. Por fim, o caráter quantitativo da

pesquisa se dá pelo uso da quantificação para tratamento dos dados por meio de técnicas

estatísticas (REIS, 2010). No próximo tópico será descrito o modelo econométrico utilizado

para a análise dos resultados.

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19

3.1 MODELO LOGIT

O modelo Logit Binomial incide em um modelo econométrico de seleção qualitativa,

uma vez que gera respostas de metodologias qualitativos do tipo presença ou ausência de um

determinado atributo (PINDYCK; RUBINFELD, 1998). Esse modelo é fundamentado na

função de probabilidade acumulada, especificada por:

𝑃𝑖 = 𝐹(𝑍𝑖) = 𝐹 (𝛼 + ∑ 𝛽𝑗 . 𝑋𝑖𝑗

𝑗

) =1

1 + 𝑒−𝑍𝑖=

1

1 + 𝑒−(𝛼+∑ 𝛽𝑗.𝑋𝑖𝑗)𝑗

(1)

em que 𝑃𝑖 é a probabilidade de ocorrência de um evento dada a ocorrência de 𝑋𝑖𝑗 na observação

i, F é a função de distribuição acumulada, 𝛽𝑗 é o coeficiente da variável independente 𝑋𝑖𝑗 e 𝑍𝑖

é um contínuo teórico determinado pelas variáveis explicativas 𝑋𝑖𝑗.

A partir de algumas transformações algébricas elementares sobre a equação (1) obtém-se:

𝐿𝑁 (𝑃𝑖

1 − 𝑃𝑖) = 𝑍𝑖 = 𝑎 + ∑ 𝛽𝑗. 𝑋𝑖𝑗

𝑗

= 𝛽1 + 𝛽2𝑋𝑖

(2)

Onde LN é o logaritmo da razão de chances, não apenas linear em X, mas também, linear nos

parâmetros, ou seja, LN é chamado de modelo logit. Portanto, Pi / (1 - Pi ) é a razão de chances

de uma empresa abrir o capital menos a razão da probabilidade de uma empresa de capital

aberto contra a probabilidade de uma empresa de capital fechado.

Em modelos com variáveis contínuas relacionadas a atributos que servem como

variáveis explicativas, se faz necessário estimar um modelo logit no qual somente uma

alternativa esteja associada a cada conjunto de valores assumidos pelas variáveis

independentes. Assim, por meio da obtenção dos coeficientes das variáveis explicativas, pode-

se perceber o impacto dessas na variação do logaritmo da probabilidade da variável dependente,

aqui compreendida como abertura ou não do capital das empresas (GUJARATI,2006). Dessa

forma, o modelo logit permite verificar o quanto as variáveis analisadas neste estudo interferem

na probabilidade de uma empresa aderir à abertura de capital.

Para Oliveira (1997), a função de regressão logit diz respeito à uma categoria de

modelos estatísticos, em que a variável a ser esclarecida é na verdade, qualitativa ou

quantitativa. Ainda, de acordo com o mesmo, a finalidade desse tipo de modelo é cogitar uma

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escolha entre duas alternativas, do tipo “ sim ou não”, ou seja, refletir o caráter de alta

objetividade. Os modelos mais simples dentro dessa classe são aqueles em que a escolha é uma

ou outra de (apenas) duas alternativas disponíveis e mutuamente exclusivas (OLIVEIRA,

1997).

Para Dias Filho e Corrar (2007), a regressão logística se mostra mais adequada do que

outras técnicas para a solução de problemas que envolvem estimações de probabilidade, uma

vez que sua escala de resultados varia entre zero e um.

Deve se notar, no entanto, que, em modelos de regressão binário, a qualidade do

ajustamento é de importância secundária. O que importa são os sinais esperados dos

coeficientes de regressão e sua significância estatística e/ou prática (GUJARATI, 2006).

Portanto, no presente trabalho, serão consideradas informações de acordo com o guia

Melhores & Maiores da revista Exame do ano de 2015.

3.2 DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS

De acordo com estudos de Pagano, Paneta e Zingales (1998), na Itália com uma amostra

de 2181 empresas que abriram o capital entre os anos de 1982 a 1992, as empresas podem ser

endividadas por algum motivo específico do setor de atuação, podem ter baixo nível de

endividamento ou podem estar se endividando para realização de investimentos. Nesse sentido,

esse estudo corrobora o trabalho de Oliveira (2011), onde, este, realizou uma pesquisa com

1720 empresas que abriu capital entre os anos de 2004 a 2010 no Brasil. Para Oliveira (2011),

as empresas que abriram o capital são aquelas que estavam mais endividadas e, portanto, a

abertura de capital foi uma alternativa para as empresas readequarem a estrutura de capital.

Assim, Formula-se a seguinte hipótese:

H1: A probabilidade de uma empresa abrir o capital está positivamente relacionada a seu

endividamento.

Em relação à rentabilidade, Pagano, Paneta e Zingales (1998) asseguram que o resultado

desta variável é duvidoso, pois empresas que apresentam margens de lucro altas e que geram

caixa não precisariam abrir o capital e captar recursos, ou seja, tais empresas seriam menos

predispostas a abrir o capital. Por apresentar alta rentabilidade poderiam aproveitar a percepção

do mercado de que são lucrativas, para vender suas ações a um preço mais alto. Portanto, essa

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variável assim como a variável endividamento pode afetar positivamente a probabilidade de

abertura de capital.

De acordo com o estudo de Oliveira (2011), empresas brasileiras optaram por abrir o

capital num período de alta rentabilidade, portanto, o coeficiente dessa variável foi

significativamente positivo e possui grande significância estatística. Dessa forma, estabelece-

se a seguinte hipótese:

H2: A probabilidade de uma empresa abrir o capital está positivamente relacionada a sua

rentabilidade.

Ritter (1991), fez um estudo com 1526 de capital aberto nos Estados Unidos nos anos

de 1975 a 1984 e identificou que empresas mais novas foram as que obtiveram os piores

retornos, indicando a existência de uma forte relação entre a idade da empresa e a atuação de

suas ações no longo prazo. Ao contrário de Ritter, Allen, Morkel e Piboonthanakiat (1999),

analisou uma amostra de 151 empresas que abriu o capital entre os anos de 1985 a 1992 na

Tailândia e não evidenciaram esta relação, o que foi observado em seus estudos foi que as

empresas mais novas apresentaram os maiores retornos de longo prazo. Portanto, o que se

observa é que existem estudos contraditórios em relação a idade das empresas.

De acordo com os estudos de Pagano, Paneta e Zingales (1998), a variável idade da

empresa teve grande significância. De acordo com os mesmos, os agentes financeiros

(investidores) estabeleciam que a empresa já possuísse um certo tempo de mercado para que se

pudesse ter mais certeza em relação a compra de ações. Dessa forma, as organizações deveriam

ter um maior tempo de mercado, para que fosse aumentada sua disposição à abertura de capital.

Assim se estabelece a seguinte hipótese:

H3: A probabilidade de uma empresa abrir o capital está positivamente relacionada a idade da

empresa.

Ainda de acordo com os estudos de Pagano, Paneta e Zingales (1998), objetivando

entender os motivos que levam as empresas italianas a abrirem o capital, encontraram

evidencias que a probabilidade de alguma empresa abrir o capital está relacionada a fatores

como avaliação no mercado de ações do segmento a qual ela está inserida, a idade e ao tamanho.

Portanto, destacam que as empresas italianas que abriram o capital são maiores e tem mais

tempo de mercado. A pesquisa de Oliveira (2011) evidenciou que o tamanho das empresas não

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é estatisticamente significante para a abertura de capital pelo fato de existirem inúmeras

empresas grandes que preferem não negociar ações na bolsa de valores. Para representar o

tamanho da empresa foi utilizado os dados referentes ao valor das vendas liquidas. Diante desse

fato é formulada a seguinte hipótese:

H4: A probabilidade de uma empresa abrir o capital está positivamente relacionada ao tamanho

da empresa.

O investimento em uma subsidiaria ou divisão estrangeira oferece vantagens

significativas: ele dá autos retornos potenciais a uma organização, pois ela não tem de dividir

seus lucros com a organização de fora, e reduz o nível de risco, porque os gerentes da

organização têm total controle sobre todos os aspectos de suas operações na subsidiaria

estrangeira (JONES E GEORGE, 2011). De acordo com o trabalho de Oliveira (2011),

empresas subsidiarias tem menos tendência a abertura de capital devido ao seu controle ficar

com empresas já de capital aberto em outros países. Assim apresenta-se a seguinte hipótese:

H5: A probabilidade de uma empresa abrir o capital está negativamente relacionada ao controle

acionário estrangeiro.

Tabela 2 – Principais pesquisas empíricas sobre os determinantes da abertura de capital

Estudos Empíricos

Pagano, Paneta

e Zingales

(1998)

Oliveira (2011) Ritter (1991)

Allen, Morkel e

Piboonthanakiat

(1999)

País Itália Brasil Estados Unidos Tailândia

Amostra 2181 1720 1526 151

Variável

Endividamento

Sinal

Encontrado + + NA NA

Variável

Rentabilidade

Sinal

Encontrado + + NA NA

Variável

LnIdade

Sinal

Encontrado + NA + -

Variável

Tamanho da

empresa

Sinal

Encontrado + 0 NA NA

Variável

Controle

Acionário

Sinal

Encontrado NA - NA NA

Fonte: Elaborada pelo autor

Nota: (NA) variável não analisada e (0) variável não significativa estatisticamente.

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É possível perceber, pelo número de variáveis analisadas na busca de evidências que

comprovem os motivos da abertura de capital, que há consenso no uso das mesmas pelos

pesquisadores. Nesse sentido, os resultados não são conclusivos quanto aos efeitos de cada

variável, uma vez que, na maioria dos casos, as variáveis apresentaram resultados divergentes

entre as pesquisas. Ressalta-se, porém, que a rentabilidade e o endividamento apresentaram-se

como as únicas variáveis com resultados convergentes nos diversos trabalhos.

Portanto, o presente trabalho tem como objetivo, analisar as variáveis apoiado nos

estudos empíricos, ou seja, será utilizada as mesmas proxies utilizadas pelos estudos empíricos.

Para a realização do estudo será utilizado os conceitos econométricos de logística binomial

assumindo valores entre 0 e 1. Portanto, a variável dependente (logit) empregada nesta pesquisa

é conexa com a abertura de capital das empresas.

0 = se a empresa for de capital fechado

1 = se a empresa for de capital aberto

As variáveis explicativas empregadas, bem como a descrição da forma de cálculo estão

listadas na tabela 3:

Tabela 3 - Descrição das Variáveis Utilizadas (continua)

Variável Hipótese

relacionada

Definição operacional das

variáveis

Referência

Sinal

Esperado

do presente

trabalho

Endividamento H1

Soma do passivo circulante

com o exigível a longo prazo

e dividido pelo ativo total da

empresa.

Pagano, Paneta

e Zingales

(1998) e

Oliveira (2011)

+

Revista Exame Melhores e

Maiores (2015)

Rentabilidade H2

Representada pela

rentabilidade sobre as vendas,

que é o lucro líquido dividido

pelas vendas liquidas e

multiplicado por cem.

Pagano, Paneta

e Zingales

(1998) e

Oliveira (2011)

+

Revista Exame Melhores e

Maiores (2015)

LN Idade H3

Logaritmo natural do tempo

de mercado da empresa desde

sua fundação [LN (Ano t -

Ano Fundação) ].

Pagano, Paneta

e Zingales

(1998), Ritter

(1991), Allen,

Morkel e

Piboonthanakiat

(1999)

+

Oliveira (2011)

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(Conclusão)

Variável Hipótese

relacionada

Definição operacional das

variáveis

Referência

Sinal

Esperado

do presente

trabalho

Tamanho da Empresa H4

Representado pela diferença

aritmética entre o valor das

vendas brutas deduzidas das

devoluções e abatimentos, e

os impostos sobre as vendas

Pagano, Paneta

e Zingales

(1998) e

Oliveira (2011)

+

Revista Exame Melhores e

Maiores (2015)

Controle Acionário H5

Variável Dummy igual a 1 se

a empresa é subsidiária de

uma empresa nacional ou

multinacional e igual a zero

caso contrário

Oliveira (2011) -

Fonte: Elaborada pelo autor

De acordo com as variáveis definidas, o modelo estudado é evidenciado conforme a

equação:

Pr(ABERTURA DE CAPITAL) = 𝑙𝑛 (𝑃𝑖

1−𝑃𝑖) = 𝛽1 + 𝛽2𝐸𝑁𝐷𝐼𝑉𝐺𝐸𝑅𝐴𝐿 + 𝛽3𝑅𝐸𝑁𝑇𝐴𝐵 +

𝛽4𝐿𝑁𝐼𝐷𝐴𝐷𝐸 + 𝛽5𝑇𝐴𝑀 + 𝛽6𝐶𝑂𝑁𝑇𝑅𝐴𝐶𝐼𝑂𝑁

Onde:

Pr (ABERTURA DE CAPITAL): probabilidade de uma empresa abrir o capital;

𝛽1: constante;

ENDIVGERAL: endividamento geral da empresa traduzido pela soma do passivo circulante

com o exigível a longo prazo e dividido pelo ativo total da empresa;

RENTAB: representado pela rentabilidade sobre as vendas, que é o lucro líquido dividido pelas

vendas liquidas e multiplicado por cem;

LNIDADE: representado pelo logaritmo natural (LN) do tempo de mercado da empresa desde

de sua fundação;

TAM: tamanho da Empresa representado pelas Vendas Líquidas;

CONTRACION: variável subsidiaria representado pela variável dummy igual a 1, se a empresa

é subsidiaria de uma empresa nacional ou multinacional, e igual a zero, caso contrário.

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25

3.3 COLETA DE DADOS E AMOSTRA

Por meio da Tabela 4 é possível observar a fonte das informações das empresas de

capital aberto e capital fechado a respeito das variáveis utilizadas.

Tabela 4 - Fonte de coleta de dados

Variável Fonte: Empresas de capital aberto e fechado

Endividamento geral Revista Exame/ Melhores & Maiores 2015

Rentabilidade Revista Exame/ Melhores & Maiores 2015

LN idade Consulta Receita Federal

Tamanho Revista Exame/ Melhores & Maiores 2015

Controle acionário Revista Exame/ Melhores & Maiores 2015

Fonte: Elaborado pelo autor

A amostra total limitou-se a 400 maiores empresas do setor de agronegócio de acordo

com o guia Melhores & Maiores da revista Exame do ano de 2015. Dentre o total da amostra,

25 empresas são de capital aberto e 310 de capital fechado. Vale ressaltar que foram excluídas

da amostra total 65 empresas de capital fechado por falta de alguma das variáveis estudadas.

Fazem parte dessa natureza, empresas que fornecem insumos ou prestam serviços aos

produtores e indústrias que compram o produto agropecuário para processamento.

Para análise dos dados foram utilizados os softwares Excel® e os software econométrico

Gretl®.

4. ANÁLISE DE RESULTADOS

Nesta seção do trabalho apresenta-se a análise descritiva e a análise empírica das

variáveis do modelo. Na Tabela 5 é evidenciado a analise descritiva da amostra total e na Tabela

6 está expressa a analise descritiva das empresas da amostra dividido em capital aberto e capital

fechado. Nesse sentido, por meio da Tabela 5 é possível observar a análise descritiva das

variáveis do modelo em relação a amostra total.

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Tabela 5 – Estatística descritiva da amostra total Amostra Total

Tamanho

(milhões)

Rentabilidade Endividamento Idade

Média 1475,0 2,2% 64% 28

Mediana 561,10 2,9% 64% 26

Desvio Padrão 3317,6 15% 21% 17,5

Mínimo 202,60 -133% 12% 2

Máximo 28448,0 75% 172% 124

Fonte: Elaborado pelo autor

O total da amostra é de 335 empresas do setor do agronegócio brasileiro, dos quais 25

pertencem às empresas de capital aberto e 310 pertencem às empresas de capital fechado.

Analisando a amostra total é observado uma média de aproximadamente R$ 1,4 bilhões em

vendas líquidas que representa a variável tamanho das empresas, 64 % de endividamento e 2,2

% de rentabilidade. O valor mínimo da amostra total das vendas liquidas foi de

aproximadamente R$ 203 milhões e o máximo foi de R$28,4 bilhões. Ainda na amostra total a

média da variável idade das empresas foi de 28 anos.

Separando as empresas da amostra total em empresas de capital aberto e empresas de

capital fechado, conforme Tabela 6, nota-se uma média em relação às vendas líquidas

(tamanho) das empresas de capital aberto de R$ 4,4 bilhões contra R$ 1,2 bilhões das empresas

de capital fechado. O valor mínimo de vendas líquidas (tamanho) para empresas de capital

aberto foi de R$ 203 milhões e o máximo foi de R$ 2,6 bilhões. Para as empresas de capital

fechado o valor mínimo de vendas líquidas (tamanho) foi de R$ 202 milhões e o máximo de

R$ 2,8 bilhões. Adicionalmente, é plausível indicar que, em média, as empresas de capital

aberto são menos endividadas, apresentando uma média de aproximadamente 56%, enquanto

as empresas de capital fechado apresentam média de 65%.

No entanto, a mediana da variável rentabilidade das empresas de capital aberto foi de

1,5%, enquanto as empresas de capital fechado obtiveram 3%, ou seja, quase o dobro da

rentabilidade das empresas de capital aberto e isso mostra que as companhias fechadas são mais

rentáveis. Por fim, pode-se também concluir que as empresas de capital aberto possuem mais

tempo no mercado do que as empresas de capital fechado, ou seja, a média da variável idade

das empresas abertas foi de (36 anos) e das empresas fechadas foi de aproximadamente (27

anos).

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Tabela 6 – Estatística descritiva da amostra de empresas de capital Aberto e Fechado Empresas de Capital Aberto

Tamanho

(milhões)

Rentabilidade Endividamento Idade

Média 4421,7 -2% 56% 36

Mediana 1616,8 1,5% 53,5% 38

Desvio Padrão 7127,4 25% 23% 24

Mínimo 203,30 -85% 11,5% 6

Máximo 26885,0 36% 119% 124

Empresas de Capital Fechado

Tamanho Rentabilidade Endividamento Idade

Média 1237,4 2.5% 64.5% 27

Mediana 529,65 3% 65% 26

Desvio Padrão 2681,8 14% 21% 17

Mínimo 202,60 -134% 14% 2

Máximo 28448,0 75% 172% 66

Fonte: Elaborada pelo autor

É importante analisar também, o comportamento da correlação das variáveis

independentes do modelo para comprovar a entrada de tais variáveis no modelo sugerido. O

coeficiente de correlação mede o grau da correlação entre duas variáveis assumindo valores

entre -1 e 1. Valores igual a 1, significam uma correlação perfeita positiva entre duas variáveis.

Valores iguais a -1, significam uma correlação negativa perfeita entre duas varáveis, ou seja, se

uma aumenta, a outra diminui. Por fim, valores iguais a zero significam que duas variáveis não

dependem linearmente uma da outra.

Quando analisadas as correlações entre as variáveis, conforme apresentado na Tabela 7,

identificou-se que a abertura de capital das companhias brasileiras do setor de agronegócio é

correlacionada com as variáveis. A variável controle acionário com as vendas liquidas

apresentam significância estatística. Do mesmo modo, as variáveis endividamento com

rentabilidade, idade com endividamento e controle acionário com idade também apresentam

significância estatística. No entanto, as correlações entre as variáveis não são fortemente

correlacionadas.

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Tabela 7 - Matriz de correlação das variáveis Independentes

Tamanho Rentabilidade Endividamento Idade Controle

Acionário

Tamanho 1

Rentabilidade 0,0199 1

Endividamento 0,0022 -0,1915 1

Idade -0,07144 0,0543 -0,1200 1

Controle Acionário -0,20679 0,0963 -0,01326 0,1042 1

Fonte: Elaborado pelo autor

Após a análise descritiva, foi estimado o modelo de regressão logit da probabilidade de

uma empresa abrir o capital, indicando quais variáveis mais impactam na decisão de uma

empresa de iniciar a negociação de suas ações na bolsa de valores. Portanto, conforme indicado

na seção de metodologia desta pesquisa. Desse modo, o resultado dos coeficientes é apresentado

na Tabela 8.

Tabela 8 – Resultado do modelo de regressão logit

Variável Coeficiente Z P-valor

Const. -5,87337 -3,216 0,0013***

Endivgeral -0,0196160 -1,811 0,0702*

Rentab -0,0268422 -2,080 0,0375**

LnIdade 0,74947 2,118 0,0341**

Tamanho 0,000190 3,459 0,0005***

Contracion 1,92891 1,704 0,0883*

N 335 - -

R² McFadden 0,156154 - -

Rv

N° de casos corretamente

previsto

Count R²

27,7718

310

92,5%

-

0,0000

Fonte: Elaborado pelo autor

Nota: (Endivgeral) – Endividamento; (Rentab) – Rentabilidade sobre as vendas; (LnIdade) – Idade;

(tamanho) – Tamanho da empresa; (Contracion) – Controle acionário.

*: estatisticamente significante ao nível de 10%

**: estatisticamente significante ao nível de 5%

***: estatisticamente significante ao nível de 1%

Os resultados da regressão logit demostram que apenas os parâmetros de tamanho e

idade obtiveram os sinais esperados. Desse modo, as variáveis endividamento e margem líquida

impactaram de forma negativa na probabilidade de as empresas abrir o capital. Já as variáveis

tamanho, controle acionário e idade possuem efeito positivo na variável dependente.

O coeficiente endividamento de -0,019616 indica que, mantidas as demais variáveis

constantes, se o endividamento aumentar em um ponto percentual, o logit diminui, em média,

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cerca de -0,019 unidades, sugerindo uma relação negativa entre os dois. Já o coeficiente de

idade de 0,74947 indica que, se mantermos as demais variáveis constantes, se a idade aumentar

em um ano, a logit aumenta em média 0,75, pois há uma relação positiva entre as duas. Se a

rentabilidade aumentar em um ponto percentual, o logit diminui cerca de -0,026, mantendo as

demais variáveis constantes. Dessa mesma forma de entendimento, se o tamanho da empresa

aumentar em um milhão, o logit aumenta em 0,00019, mantendo as demais constantes.

Contudo, todas as variáveis do modelo apresentam significância estatística (nível de

significância 10%), podendo assim ser consideradas como explicativas para as empresas

abrirem ou não o capital. Ou seja, o nível de tamanho, rentabilidade, endividamento, controle

acionário e idade parece afetar na determinação das empresas pesquisadas abrir o capital ou

não. Porém, é importante identificar a hipótese de que todos os coeficientes da regressão são

nulos. Dessa forma, como o p-valor foi zero para uma estatística de 27,7718, rejeita-se a

hipótese de que os coeficientes são nulos. Ou seja, ao menos um dos parâmetros da regressão é

diferente de zero.

Como observado, uma interpretação mais significativa está em termos de chances, que

são obtidas tornando-se o antilogaritmo dos vários coeficientes angulares (GUJARATI, 2006).

Analisado o antilogaritmo do coeficiente idade de 0,74947 obtém-se 2,1158 (≈ 𝑒0,74947). Isso

sugere que as empresas com maior tempo de marcado tem duas vezes mais chances de abrir o

capital, mantendo tudo mais constante. Para o coeficiente de controle acionário de 1,92891,

obtém-se o antilogaritmo aproximadamente igual a 6,88. Isso significa que empresa subsidiaria

de uma empresa nacional tem aproximadamente sete vezes mais chances de abrir o capital. Já

em relação ao endividamento, obtivemos um antilogaritmo de aproximadamente 1 e isso

significa que empresas endividadas tem uma vez mais chances de abrir o capital. Para o

coeficiente de tamanho da empresa que foi de 0,000190275, o antilogaritmo também foi igual

a 1, e isso significa que quanto maior for a empresa terá uma vez mais chances de abrir o capital.

Por fim, o antilogaritmo de rentabilidade (-0,0268422) foi de 1, 027 aproximadamente, isso

significa dizer que empresas com maior rentabilidade tem uma vez mais chances de serem de

capital aberto.

Adicionalmente, de acordo com a Tabela 9, o modelo logit conseguiu prever

corretamente 310 empresas da amostra, ou seja, 92,5% do total da amostra, enquanto o valor

R² de McFadden foi de 0,156154 que significa valor de grandeza. No entanto, o logit fez

previsões incorretas para 25 empresas que significa 7,5% da amostra total.

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Tabela 9: Previsões da Regressão

Previsto

0 1

Efetivo 0 308 2

1 23 2 Fonte: Elaborado pelo autor.

Para finalizar a análise logit, foi feito o cálculo da probabilidade efetiva para uma

empresa de capital aberto e uma de capital fechado com o intuito de verificar a probabilidade

destas de abrir o capital. De acordo com Gujarati (2006), uma vez que o regressando no modelo

logit assume valor 1 ou zero, se a probabilidade prevista for maior que 0,5, classificamos como

1, mas, se for menor que 0,5, classificamos como zero. Tomando como base a empresa de

capital fechado com maior volume de vedas liquidas, ou seja, empresa 1 da amostra total iremos

verificar a probabilidade desta de abrir o capital por meio da equação 3.

𝑃𝑖 =1

1 + e−(β1+β2Xi)

(3)

Por meio da equação 3 verifica-se que a probabilidade estimada para a empresa 1 é de 0,796894.

Como a empresa 1 é de capital fechado e como o modelo logit atribuiu uma probabilidade igual

a 0 para empresas de capital fechado, a probabilidade estimada de 0,796894 está maior que 0,5.

Isto significa que a variável tamanho da empresa que está representada pelas vendas liquidas

influencia positivamente na abertura de capital desta empresa.

Agora, tomando como base a empresa 2, que é capital aberto com maior volume de vendas

líquidas e usando a mesma formula para prever a probabilidade desta de ser de capital aberto,

foi previsto uma probabilidade de 0,886118. Como a empresa 2 é de capital aberto e o modelo

logit atribuiu uma probabilidade igual a 1 para empresas de capital aberto, a probabilidade

estimada de 0,886118 é maior que 0,5 por cento.

Utilizando o modelo de regressão logit, com base na equação 1, constatou-se que as

variáveis que impactaram na abertura de capital das empresas brasileiras do setor do

agronegócio são Endividamento e Controle Acionário (significativa a 10%), Rentabilidade e

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Idade (significativas a 5%) e Tamanho (significativa a 1%). A seguir, os resultados obtidos são

interpretados de acordo com cada hipótese definida na pesquisa.

H1: A probabilidade de uma empresa abrir o capital está positivamente

relacionada a seu endividamento.

A proxie de endividamento geral (Soma do passivo circulante com o exigível a longo

prazo e dividido pelo ativo total da empresa) apresentou-se significativa, porém não apresentou

sinal esperado. Adicionalmente, a média do endividamento relativa das empresas de capital

aberto demonstrou-se inferior à média das empresas de capital fechado. Assim, a hipótese 1 não

é aceita, ou seja, relação negativa entre a abertura de capital e o endividamento. Os resultados

não são coerentes com os trabalhos de Pagano, Paneta e Zingales (1998) e Oliveira (2011).

H2: A probabilidade de uma empresa abrir o capital está positivamente

relacionada a sua rentabilidade.

A proxie relacionada rentabilidade da empresa (Representada pela rentabilidade sobre

as vendas, que é o lucro líquido dividido pelas vendas liquidas e multiplicado por cem)

apresentou-se significativa, porém não apresentou sinal esperado. Adicionalmente, a média da

rentabilidade relativa das empresas de capital aberto apresentou-se inferior à média das

empresas de capital fechado. Esses resultados indicam que as empresas de capital fechado são

mais rentáveis do que as empresas de capital aberto. Tal fato pode estar relacionado com o

endividamento, ou seja, empresas de capital fechado apresentaram índices maiores de

endividamento. Desse modo, a hipótese 2 não é aceita, ou seja, relação negativa entre a

rentabilidade e a abertura de capital. Os resultados vão em sentido oposto aos trabalhos de

Pagano, Paneta e Zingales (1998) e Oliveira (2011).

H3: A probabilidade de uma empresa abrir o capital está positivamente

relacionada a sua idade da empresa.

A idade das empresas (Logaritmo natural do tempo de mercado da empresa desde sua

fundação [LN (Ano t - Ano Fundação) ]) também se apresentou significativa e com sinal

esperado. Tal fato se deve pela relação estabelecida entre os agentes financeiros (investidores),

ou seja, o investidor está mais propenso a comprar ações de empresas solidas e com certo tempo

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de mercado pois, empresas mais novas apresentaram os maiores retornos de longo prazo.

Adicionalmente, a média da idade relativa das empresas de capital aberto é maior que as de

capital fechado. Assim, os resultados dessa pesquisa vão de encontro com os achados em alguns

trabalhos empíricos (Ritter 1991 e Pagano, Paneta e Zingales 1998). Por outro lado, vão contra

os estudos de Allen, Morkel e Piboonthanakiat (1999).

H4: A probabilidade de uma empresa abrir o capital está positivamente

relacionada ao tamanho da empresa.

A proxie de tamanho da empresa (Representado pela diferença aritmética entre o valor

das vendas brutas deduzidas das devoluções e abatimentos, e os impostos sobre as vendas) foi

estatisticamente significativo e obteve o sinal esperado. Além disso, a média de tamanho da das

empresas de capital aberto é significativamente maior do que a média das empresas de capital

fechado. Esses resultados indicam que a significativa alocação de recursos pelos acionistas

sugere em uma maior necessidade dos mesmos incentivarem os administradores para que os

recursos sejam utilizados da melhor maneira. Além disso, empresas maiores tendem a ser mais

habilitadas a gerenciarem planos de opções de ações em detrimento das empresas menores

devido à complexidade de tais planos. Outro fator a ser considerado é que empresas maiores,

geralmente, são descentralizadas, o que dificulta o monitoramento dos empregados

(principalmente gestores) e ocasiona maior necessidade de incentivar os mesmos. Diante disso,

a hipótese 4, de tamanho da empresa pode ser aceita, o que vai ao encontro dos resultados dos

trabalhos de Pagano, Paneta e Zingales (1998) e vai contra o estudo de Oliveira (2011), onde

este não encontrou significância estatística da variável tamanho da empresa.

H5: A probabilidade de uma empresa abrir o capital está negativamente

relacionada ao controle acionário.

Por fim, a variável controle acionário (Variável Dummy igual a 1 se a empresa é

subsidiária de uma empresa nacional ou multinacional e igual a zero caso contrário) apresentou-

se significância estatística, porém, não obteve o sinal esperado. Desse modo, rejeita-se a

hipótese 5, ou seja, a uma relação positiva entre o controle acionário e a abertura de capital das

empresas. Esse resultado, vai em sentido oposto ao trabalho de Oliveira (2011), onde este,

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ressaltava que empresas subsidiarias tem menos tendência a abertura de capital devido ao seu

controle ficar com empresas já de capital aberto em outros países.

Diante dos resultados apresentados pode-se concluir que as melhores e maiores

empresas do setor do agronegócio brasileiro, com maior controle acionário nacional, tamanho

e idade, com menor Rentabilidade e endividamento serão mais propensas a abrirem o capital

para negociação de ações. Portanto, os resultados encontrados neste estudo, bem como as

demais provas empíricas anteriores sobre o tema não apresentam uniformidade conforme

Tabela 10.

Tabela 10 – Comparativo dos principais resultados de pesquisas empíricas.

Estudos Empíricos

Pagano,

Paneta e

Zingales

(1998)

Oliveira

(2011)

Ritter

(1991)

Allen, Morkel e

Piboonthanakiat

(1999)

Presente

estudo

País Itália Brasil Estados

Unidos Tailândia Brasil

Amostra 2181 1720 1526 151 335

Variável

Tamanho

Sinal

Encontrado + 0 NA NA +

Variável

Rentabilidade

Sinal

Encontrado + + NA NA -

Variável

Endividamento

Sinal

Encontrado + + NA NA -

Variável

Controle

acionário

Sinal

Encontrado NA - NA NA +

Variável Idade Sinal

Encontrado + NA + - +

Fonte: Elaborada pelo autor

Nota: (NA) variável não analisada e (0) variável não significativa estatisticamente.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho se propõe a identificar e analisar quais são os fatores que classificam

as empresas em capital aberto e fechado. Com base em informações de mercado e de

características especificas de uma amostra de empresas de capital aberto e fechado do setor do

agronegócio brasileiro, o trabalho contribuiu, por meio da técnica de regressão logit, para

identificação das características de empresas que abriram o capital ao longo do tempo nesse

setor. A amostra foi composta por 400 empresas, dentre elas 25 são de capital aberto, 310 de

capital fechado e 65 foram excluídas da amostra devido à falta de algumas variáveis estudadas.

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Utilizando o modelo de regressão logit, com base nas equações 1 e 2 constatou-se que

as variáveis apresentam uma relação, tanto negativa quanto positiva na abertura de capital das

empresas brasileiras do setor do agronegócio. Endividamento e Controle acionário

(significativa a 10%), Rentabilidade e Idade (significativas a 5%) e Tamanho (significativa a

1%). Ou seja, Todas as variáveis do modelo apresentaram significância estática. Porém, as

variáveis que obtiveram os sinais esperados foram apenas tamanho e idade das empresas.

Os resultados obtidos no trabalho indicam que os fatores que influenciam na abertura de

capital das empresas no setor do agronegócio se refere ao tamanho da empresa, idade e ao

controle acionário, pois ambas foram positivamente relacionadas a abertura de capital das

empresas do agronegócio brasileiro. Isto, pode estar relacionado ao fato de os investidores

preferirem investir em empresas maiores e mais velhas no mercado e que empresas subsidiarias

tem menos tendência a abertura de capital devido ao seu controle ficar com empresas já de

capital aberto em outros países. Por outro lado, a variável de rentabilidade e endividamento

foram negativamente relacionadas a abertura de capital.

Como contribuição para futuros trabalhos, sugere-se analisar o destino dos recursos

captados nas vendas de ações, e verificar a destinação futura destes.

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