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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG Instituto de Ciências da Natureza Curso de Geografia Licenciatura TALYSON DE MELO BOLLELI ANÁLISE DA PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE O USO DE GEOTECNOLOGIAS COMO INSTRUMENTO DE ENSINO PARA A GEOGRAFIA Alfenas - MG 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG · 3 talyson de melo bolleli anÁlise da produÇÃo acadÊmica sobre o uso de geotecnologias como instrumento de ensino para a geografia a banca

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG

Instituto de Ciências da Natureza

Curso de Geografia Licenciatura

TALYSON DE MELO BOLLELI

ANÁLISE DA PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE O

USO DE GEOTECNOLOGIAS COMO INSTRUMENTO

DE ENSINO PARA A GEOGRAFIA

Alfenas - MG

2015

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TALYSON DE MELO BOLLELI

ANÁLISE DA PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE O

USO DE GEOTECNOLOGIAS COMO INSTRUMENTO

DE ENSINO PARA A GEOGRAFIA

Trabalho de Conclusão de Cursoapresentada como parte dos requisitospara obtenção do título de Licenciadoem Geografia pelo Instituto deCiências da Natureza daUniversidade Federal de Alfenas-MG, sob orientação da Prof. Dra.Sandra de Castro Azevedo.

Alfenas – MG2015

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TALYSON DE MELO BOLLELI

ANÁLISE DA PRODUÇÃO ACADÊMICA SOBRE O

USO DE GEOTECNOLOGIAS COMO INSTRUMENTO

DE ENSINO PARA A GEOGRAFIA

A Banca examinadora abaixo-assinada aprova o Trabalho deConclusão de Curso apresentadocomo parte dos requisitos paraobtenção do título de Licenciado emGeografia pela Universidade Federalde Alfenas. Área de concentração:Ensino de Geografia.

Aprovada em:

Profº.: Dr. Rodrigo José Pisani

Instituição: ICN / Unifal - MG Assinatura:

Profº.: Dr. Daniel Hideki Bando

Instituição: ICN / Unifal - MG Assinatura:

Alfenas – MG2015

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente а minha Mãe Maria Lucia de Melo Bolleli, qυе permitiu

qυе tudo isso acontecesse, ао longo dе minha vida, е nãо somente nestes

anos como universitário, mаs еm todos оs momentos. Que apesar das

dificuldades e limitações sempre esteve do meu lado me apoiando e me dando

força pra seguir em frente.

Aos professores e amigos, que acreditaram em mim mesmo sabendo ou

não das minhas dificuldades e lutas diárias, gostaria de agradecer

imensamente a paciência de todos.

A minha orientadora Profa. Dra. Sandra de Castro de Azevedo pelo

suporte nо pouco tempo qυе lhe coube, pelas suas correções е incentivos.

Além de ser uma referência no qual me espelho.

Como também gostaria de agradecer a minha avó, Marlene Bolleli de

Souza, heroína qυе mе dеυ apoio, incentivo nаs horas difíceis, de desânimo е

cansaço e nunca deixou de acreditar em mim. Assim como os meus familiares.

MUITO OBRIGADO, GRATIDÃO A TODOS !

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RESUMO

O uso das geotecnologias no ensino de geografia pode contribuir para arelação ensino-aprendizagem, por promover a experimentação das possíveisformas de representar a realidade socioespacial cotidiana do aluno. O presentetrabalho refere-se ao uso de geotecnologias como instrumento no ensino degeografia. E objetiva a realização de um levantamento bibliográfico acerca daaplicabilidade de algumas possíveis ferramentas e seu uso no ensino degeografia. A contemplação desse objetivo foi possível, a partir da análise, dabibliografia respeito da incorporação das tecnologias e a relação ensinoaprendizagem. Realizou-se uma breve conceituação da geotecnologia e suasferramentas, foram levantados também artigos a respeito da aplicabilidadedestas no ensino, enfatizando as limitações e os desafios sobre o uso dessasferramentas no ensino de geografia. Por fim, foram realizadas análises teóricasa respeito dos conteúdos dos artigos. A análise de conteúdo e o exercícioanalítico representam os encaminhamentos metodológicos que possibilitaram acontemplação dos objetivos supracitados. Os resultados obtidos possibilitaramcompreender o atual cenário da incorporação das geotecnologias no ensino degeografia, além de possibilitar perspectivas a respeito do tema.

Palavras chave: Geotecnologias, Ensino, Geografia.

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ABSTRACT

Use of geotechnology in geography education can contribute to

teaching and learning relationship by provide a trial of possible ways to

represent a socio reality everyday make student. The present work refers to it

using geo as an instrument not geography teaching. And the objective hum

realization bibliographic survey about the applicability of some possible tools

and applications to geography teaching. Contemplation of this goal was

possible, the from the analysis, one respect denmark incorporation of

technologies and the teaching-learning relationship. Carried out a brief

evaluation of geotechnology and your tools, were also raised articles respect to

the applicability of these tools, emphasizing the limitations and challenges about

use transfers neither geography teaching. By fim, were carried out analyzes

lectures one respect the contents of the analyzed articles. the content analysis

and the represent analytical exercise methodological referrals possible

contemplation of the above objectives. The obtained results enabled

understanding the current scenario of the incorporation of geo in geography

teaching, in addition to perform an analysis on the current perspectives and

future respect one theme.

Key words: Geo , Education, Geography

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LISTA DE ABREVIATURAS

A.C. – Análise de Conteúdo

AESA - Agência Executiva de Águas do Estado da Paraíba – AESA

CD - Cartografia Digital

DGI - Divisão de Geração de Imagens

GIS – Geographic Information System

GPS - Sistema de Posicionamento Global

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

SIG - Sistema de Informação Geográfica

SR - Sensoriamento Remoto

SUDEMA - Superintendência de Administração do Meio Ambiente do Estado daParaíba

Web – Referência a World Wide Web

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO......................................................................................................9

1. A QUESTÃO DA TECNOLOGIA NO ENSINO E O PROCESSO DE ENSINO

APRENDIZAGEM...............................................................................................12

1.1 O processo de ensino-aprendizagem.........................................................12

1.2 Reflexões sobre a prática de ensino de Geografia..................................13

2. A GEOTECNOLOGIA E SEUS INSTRUMENTOS........................................16

2.1 Cartografia digital......................................................................................16

2.2 Sensoriamento remoto..............................................................................17

2.3 Sistema de posicionamento global...........................................................17

2.4 Sistema de Informações Georreferenciadas............................................18

3. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SOBRE O USO DE GEOTENOLOGIA NO

ENSINO..............................................................................................................20

3.1 Tabela 1. Analise dos artigos sobre geotecnologia em ensino ..............24 3.2 Tabela 2. Analise dos artigos sobre geotecnologia em ensino.............28 3.3 Tabela 1. Analise dos artigos sobre geotecnologia em ensino...............33

4. ANÁLISE DO MATERIAL LEVANTADO.......................................................34

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................36

6. REFERÊNCIAS..............................................................................................37

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INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, tornou-se perceptível o quão grande foi o

desenvolvimento tecnológico e cientifico, assim como a velocidade na

transmissão da informação. A sociedade atual está cada vez mais voltada para

o uso das tecnologias e dos computadores, especialmente os jovens, em

função de gostarem de trabalhar com computadores e também pela facilidade

que normalmente têm em usá-los. O uso de geotecnologias e os seus mais

diversos métodos de análise permitem uma vasta aplicação nos ramos das

ciências, sendo uma ferramenta muito útil no Ensino de Geografia, em seus

diversos níveis (fundamental e médio). As diferentes concepções e inovações teóricas metodológicas no

ensino de geografia que utilizam o geoprocessamento na quantificação de

dados, aliada ao estudo qualitativo e aos trabalhos interdisciplinares com

outros campos do saber são um estímulo à produção de novos modelos

didáticos. Os jovens ao invés de aprender a teoria e tentar aplicá-la

posteriormente, tendem a experimentar para ver o que acontece (ROSA, 2011).

Em decorrência do crescimento do uso das tecnologias e do padrão

comportamental dos jovens, o uso de novas tecnologias no cotidiano pode

prejudicar o andamento de algumas aulas e faz com que os professores

tenham que modificar a maneira de transmitir o conhecimento, havendo a

necessidade de serem elaboradas aulas inovadoras para prender a atenção

dos alunos. A utilização das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação)

permite inserir as inovações tecnológicas informacionais em sala de aula e

possibilitando que os alunos saibam aplicar as possíveis ferramentas em seu

cotidiano (como celular, computadores moveis, entre outros) modificando

assim, a maneira de agir e se relacionar em sala de aula, tanto na dinâmica

entre alunos quanto alunos professores. Podemos notar que a incorporação de

conhecimentos científicos tecnológicos, principalmente os que envolve a

dinâmica em sala de aula (fazer pedagógico dos professores) vem

transformando gradativamente as relações sociais, medidas principalmente por

bens materiais e serviços. Nesse contexto de intensas mudanças no cenário

escolar que nos mostra, a necessidade de uma reestruturação escolar e dos

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processos educacionais, principalmente no que diz respeito a formação de

professores dos anos iniciais.A geotecnologia, nesse sentido, tem como objetivo auxiliar o

professor na utilização de novas ferramentas tecnológicas para o ensino, não

apenas na cartografia, mas em todos as outras disciplinas da geografia. No

sistema educacional, porém, poucas mudanças ocorreram até então na

estrutura física da escola e; uma vez que, tem-se ‘’alunos do século 21,

professores do século 20 e escolas do século 19’’, torna-se cada vez mais

complicado o andamento das aulas. Afinal, tanto na dinâmica educacional,

como na vida humana, são indispensáveis o uso de recursos tecnológicos, uma

vez que a tecnologia se faz presente a todo momento, sendo inclusive

intrínseca ao ser humano. Diante desta problemática sobre incorporação das

geotecnologias no ensino de geografia o presente trabalho se debruçou sobre

os seguintes questionamentos. Em que medida os relatos de experiência e

prática divulgados nos veículos de comunicação científica realmente produzem

conhecimentos a respeito da temática das geotecnologias no ensino de

geografia? Como são incorporados e representados os conceitos de geografia

nos relatos analisados? As metodologias utilizadas dão conta de representar os

conceitos, as práticas e os conteúdos do ensino de geografia?

O presente trabalho teve como objetivo a realização de uma análise

sobre os conteúdos publicados a respeito das experiências e práticas utilizando

as geotecnologias, através disso, buscar compreender as dificuldades e

limitações ainda presentes na vida dos professores de geografia, além de

buscar teorias relacionadas a geografia que possibilitem analisar o material

bibliográfico levantado. Ao todo, foram levantados dezenove artigos em revistas

e anais de congressos científicos, o método de amostragem realizado foi a

“bola de neve”, esse método de amostragem prevê que o ponto de interromper

o levantamento, corresponde ao ponto onde as resposta já tenham sido

respondidas e não há a necessidade de realizar novos levantamentos. No

entanto, foram selecionados dez desses artigos, apresentados cujo os mesmos

são de maior relevância para a construção desse trabalho, com uma finalidade

de expor praticas educativas, realizadas através dos trabalhos levantados.Para contemplar estes objetivos foram realizados os seguintes

procedimentos metodológicos; levantamento e leitura de bibliografias a respeito

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das geotecnologias no ensino de geografia; análise dos conteúdos dos artigos

selecionados; avaliação sobre a aplicabilidade, as tendências e os desafios a

respeito do tema das geotecnologias no ensino de geografia. A contemplação destes objetivos tornou-se factível a partir da

incorporação da “Análise de Conteúdo”, que é um instrumento metodológico

que possibilita uma observação sobre o que está por trás das representações

da linguagem, ou seja, “a linguagem seria apenas um veículo de transmissão

de uma mensagem subjacente, sendo a esse conteúdo que se pretende chegar

com uma pesquisa em Análise de Conteúdo” (ROCHA; DEUDARÁ, 2005, p.

311). Dessa forma, a instrumentação da A. C. corresponde no questionamento

sobre o que está posto nas leituras bibliográficas. De acordo com Amado

(2000, p. 01), a representação da técnica de A.C. significa:Em essência, trata-se de uma técnica que procura “arrumar” numconjunto de categorias de significação o conteúdo manifesto dos maisdiversos tipos de comunicações (texto, imagem, filme); o primeiroobjectivo é, pois, proceder à sua descrição objetctiva, sistemática e,até, quantitativa. Mas através desta descrição procura-se ir mais aléme atingir um processo inferencial, as condições de produção dascomunicações em análise entendemos por essas condições, asintenções, representações, pressupostos e “quadros de referência” dafonte de comunicação.

Em razão dos procedimentos e da metodologia adotados, o presente

trabalho se desdobra no seguintes capítulos. O capítulo 1 trata da questão do

uso das TIC’s no ensino e seus desdobramentos sobre o processo de ensino e

aprendizagem. O capítulo 2 corresponde a definição conceitual a respeito das

geotecnologias. No capítulo 3 foram analisados os artigos científicos sobre o

uso das geotecnologias no ensino de geografia e análise dos conteúdos dos

mesmos, avaliando as perspectivas presentes e futuras a respeito do tema que

estão presentes também no capítulo 4.

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1. A QUESTÃO DA TENOLOGIA NO ENSINO E O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

1.1 O processo de ensino-aprendizagem

O papel da educação é buscar o desenvolvimento intelectual do

aluno visando também a formação de caráter, personalidade social e

habilidades que se desenvolvem com o decorrer do tempo. O papel do

professor a partir de então está ligado diretamente ao processo de ensino e

aprendizagem, de modo a introduzir o aluno a um ambiente de novos

elementos para que seja capaz de provocar no aluno uma situação crítica, na

qual ele produza um conhecimento capaz de reagir de acordo com o estimulo

dado pelo professor. A pratica pedagógica, com a introdução de novas

ferramentas devem caracterizar-se por atividades didáticas que façam com que

o aluno tome parte do conhecimento transmitido e aproprie-se do mesmo, não

apenas receba informação, uma vez que, receber não significa

necessariamente em aprender. Nos estudos de Piaget, a teoria da equilibrarão

,a aprendizagem está relacionada ao desenvolvimento cognitivo do aluno, pois,

quando o conhecimento transforma-se em ação, ocorre a aprendizagem, cujo

objetivo é a autonomia do sujeito. A Geografia Tecnológica, vertente do movimento de renovação da

Geografia (MORAES, 2005), ressaltada por Fitz (2010), ganha um caráter

importante frente ao contexto atual. Este autor enfatiza o primeiro passo para

um redirecionamento que forneça à Geografia a capacidade necessária para

propor soluções plausíveis, com vistas à discussão e à resolução de problemas

na estrutura sociedade atual, sugerindo uma na Geografia Tecnológica, a qual

procura integrar, dentro de uma concepção humanística, os avanços

tecnológicos com o objeto de estudo e com determinados preceitos

metodológicos da ciência geográfica (FITZ, 2010).

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Para que ocorra um processo de ensino eficiente, a metodologia

deve ser ligada diretamente à estrutura cognitiva do aluno, uma vez que o

modelo não se restrinja apenas a um único pensamento, como também deva

considerar o conhecimento prévio do aluno. Cabe ao professor estimular e

buscar novas formas de colocar à disposição do aluno novas práticas e

vivências, que coloque o aluno diante de situações que vão de encontro ao

conhecimento adquirido anteriormente, originando assim um conflito de idéias

na cabeça do aluno. Através da mediação do professor, o mesmo irá trabalhar

informações desenvolvendo a sua capacidade de elaboração e formulação de

conceitos.Geoprocessamento é uma ‘tecnologia interdisciplinar’, a

interdisciplinaridade dos SIG’s é obtida pela redução dos conceitos de cada

disciplina a ‘algoritmos e estruturas de dados’ utilizados para armazenamento e

tratamento dos dados geográficos. Considerando a título de ilustração os

problemas: um sociólogo deseja utilizar um SIG para entender e quantificar o

fenômeno da exclusão social numa grande cidade brasileira; um ecólogo usa o

SIG com o objetivo de compreender os remanescentes florestais da Mata

Atlântica, através do conceito de fragmento típico de Ecologia da Paisagem;

um geólogo pretende usar um SIG para determinar a distribuição de um

mineral numa área de prospecção, a partir de um conjunto de amostras de

campo (CAMARA & MEDEIROS, 2000).

1.2 Reflexões sobre a prática de ensino de Geografia

A Geografia no que diz respeito a disciplina escolar tem o papel de

contribuir para a formação dos indivíduos, no aprofundamento do pensamento

crítico para com os fatos do cotidiano, quanto na participação ativa na

sociedade, de maneira que seja possível entender e compreender o mundo e

suas complexidades. No entanto, esses objetivos só serão alcançados a partir

do desenvolvimento de uma pratica pedagógica e de ensino, que seja

problematizadora e ao mesmo tempo transformadora, para que aja um

despertar do interesse do aluno no processo de ensino aprendizado, levando a

geografia para o contexto vivido, possibilitando que o aluno compreenda as

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transformações e ações em seu modo de vida. Com tudo, o que se observa na

maioria das salas de aula é o padrão da geografia tradicional, que promove o

conteúdismo e o enciclopedismo. Tornando a disciplina abstrata e sem

aplicação no espaço de vivência dos alunos, essas praticas estão ligadas

diretamente com o pensamento de Yves Lacoste, que caracteriza a Geografia

dos Professores considerada simplória, ou seja sem nenhuma aplicação no

contexto social dos alunos.[...]Uma disciplina maçante, mas antes de tudo simplória, pois, comoqualquer um sabe, “em geografia nada há para entender, mas épreciso ter memória...” De qualquer forma, após alguns anos, osalunos não querem mais ouvir falar dessas aulas que enumeram,para cada região ou para cada país, o relevo – clima – vegetação –população – agricultura – cidades - indústrias (LACOSTE, 2010, p.21).

A partir desse cenário educacional sobre o ensino de geografia, que

perpetua até os dias atuais, se faz necessário ações que sejam capazes de

mudar as perspectivas das relações de ensino-aprendizagem, ou seja,

desenvolver através da disciplina formas que tenham além da aplicabilidade,

um significado para os alunos. Conforme aponta Oliveira (2006, p. 20) [...]Nós professores precisamos perceber que o papel da Geografiano processo de democratização da sociedade consiste,principalmente, em desenvolver uma prática não alienante, masconscientizadora. E o ensino de Geografia pode servir para isso. Portanto, desenvolver uma prática transformadora faz parte da práxis doprofessor que está intimamente relacionada a sua formaçãoconstante e postura política, numa perspectiva crítica-reflexiva.

A esse respeito da problematização das práticas pedagógicas dos

professores de Geografia, Lana de Souza Cavalcanti mostra que tal postura

deve ser: [...]Consistente, contínua, que procure desenvolver uma relaçãodialética ensino-pesquisa, teoria-prática. Trata-se de uma formaçãocrítica e aberta à possibilidade da discussão sobre o papel daGeografia na formação geral dos cidadãos, sobre as diferentesconcepções da ciência geográfica, sobre o papel pedagógico daGeografia escolar (CAVALCANTI, 2002, p. 21).

Na década de 90 já se percebia no aluno de Geografia alguma resistência em

assimilar um conhecimento técnico, sem aspirar exercer futuramente atividades

técnicas, visão esta, que tem limitado a atuação do profissional, na medida em

que a legislação que regulamenta suas competências e atribuições, e prevê o

exercício de atividades de reconhecimentos, levantamentos, estudos e

pesquisas, também de caráter físico-geográfico, o que inclui o sensoriamento

remoto como uma tecnologia de grande valia a este profissional (FITZ, 1999).

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Para que as aulas de Geografia tenham sentido e possam despertar

os interesses dos alunos, elas devem apresentar e representar um significado

concreto, para contemplação dessas diretrizes é necessário uma relação direta

entre teoria e pratica, ou seja, de modo que os alunos possam se relacionar e

se inserir ao contexto socioespacial, para que assim possam não só

compreender o processo, como também enxergar que eles estão inseridos

diante do mesmo. Segundo Antunes (2010, p.47):[...]podemos dizer que uma aula é boa quando produz nos alunos aconstrução de uma aprendizagem que os leva a se transformarem eao mesmo tempo torna-os capazes de atribuir significação ao queaprenderam, transferindo o aprendido para outras situações ecircunstâncias e revelando capacidade de preservar o essencial nossabedores conquistados.

Cavalcanti (2002, p. 24) aponta a necessidade de atribuir a

Geografia do cotidiano no processo de elaboração das aulas estabelecendo

relações entre “os conceitos cotidianos dos alunos e os trabalhados pela

ciência geográfica”. Além disso, é importante que os professores trabalhem os

conceitos geográficos de lugar, paisagem, território, e região e demonstrem a

aplicabilidade dos mesmos como categorias de análise, afim de desenvolver

habilidades aos alunos compreender as dimensões do espaço geográfico. Dessa forma, refletindo sobre o papel do professor de Geografia é

necessário buscar desenvolver uma prática cidadã, que transforme o aluno em

ser social atuante e que possa fazer uso da aprendizagem escolar,

compreendendo e transformando o espaço de vivência, para que a Geografia

alcance seus objetivos enquanto disciplina escolar, que corresponde a

formação do cidadão. De acordo com Antunes (2010, p. 39):[...]Estudar esse espaço e conhecer a rede de relações a que se estásujeito e da qual se é sujeito é outro nome que se pode dar a‘cidadania’. Quem ensina Geografia, explica cidadania”. Portanto,ensinar Geografia dever ser um ato de cidadania e de transformação,tanto para o professor, como para o aluno.

A Geografia é a ciência que se preocupa com o estudo do espaço,

considerando o conjunto de relações entre a natureza e a sociedade. Desde

sua sistematização em 1850, esta ciência sempre se deparou com a dicotomia

“físico versus humano”, embora seu objeto de estudo – o espaço –

considere/agregue o conjunto das relações entre a natureza e sociedade

(AQUINO; VALLADARES, 2013).A Geografia enquanto disciplina escolar contribui para a formação

dos indivíduos, para o aprofundamento do pensamento crítico e para a

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participação ativa na sociedade, tornando possível a compreensão do mundo

em toda a sua complexidade (MACÊDO; SILVA; MELO, 2012).Esses objetivos, porém, só são alcançados quando se desenvolve

uma prática de ensino problematizadora e transformadora, capaz de despertar

no aluno o interesse para aprender e aplicar a Geografia no seu cotidiano,

possibilitando alguma transformação no seu modo de vida e, sobretudo,

melhorando sua condição atual (MACÊDO; SILVA; MELO, 2012). A contemplação desses objetivos pode ser realizada através

incorporação das geotecnologias no ensino de Geografia. Santos (et. al., 2011)

consideram que talvez a Geografia seja a ciência na qual mais se aproveite os

avanços tecnológicos dentro de sala de aula, e isso é possível pelo advento

das Geotecnologias, que é a introdução da informática na Cartografia. O termo

ganhou força a partir da década de 1970, oferecendo uma gama de atividades

que podem ser trabalhadas dentro e fora da sala de aula.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) as áreas de Ciências

Naturais, História e Geografia (1ª a 4ª séries) serão as principais parceiras para

o desenvolvimento dos conteúdos de Meio Ambiente e Saúde, pela própria

natureza dos seus objetos de estudo (BRASIL, 1997), contemplando ao meio-

ambiente em que vivemos os seus elementos físicos e biológicos e os modos

de interação do homem e da natureza, por meio do trabalho, da ciência, da arte

e da tecnologia.

Dentre os objetivos dos PCN’s para o ensino fundamental, os alunos devem

ser capazes, dentre outros, de (BRASIL, 1997):

- utilizar as diferentes linguagens como a verbal, matemática, gráfica, plástica e

corporal - como meio para produzir, expressar e comunicar suas idéias,

interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e

privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;

- saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para

adquirir e construir conhecimentos;

Nesse sentido, considera-se muito didática a ferramenta do Google Earth Pro,

pois permite visualizar, localizar, gerar mapas sobre as imagens, e relacionar

dados e gráficos às imagens de diversos satélites, conforme já observado por

(FITZ, 2008),

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2. A GEOTECNOLOGIA E SEUS INSTRUMENTOS

O termo Geotecnologias pode ser definido como o conjunto de

tecnologias para coleta, processamento, análise e disponibilização de

informações com referência geográfica (ROSA, 2011). P .275As geotecnologias são compostas por soluções de hardware,

software e peopleware que juntas constituem-se em poderosos instrumentos

como suporte a tomada de decisão. Dentre as principais, podem ser

destacadas: a Cartografia Digital - CD, o Sensoriamento Remoto - SR, o

Sistema de Posicionamento Global – GPS e o Sistema de Informação

Geográfica– SIG. Há ainda os aplicativos gráficos disponíveis na WEB -

Google Maps, o Google Earth, o Microsoft Virtual Earth, Google Street View, etc

(ROSA, 2011).O principal desafio das geotecnologias observa-se não o uso de

novas ferramentas, mas a aplicação de um pensamento já ultrapassado de

visão estanque das variáveis, perdendo a oportunidade de dar um passo a

mais na busca de correlações de variáveis para melhor caracterização da

realidade espacial. A imensa coleção de dados hoje disponível é, na verdade,

um labirinto de informações que muitas vezes não significa ganho de

conhecimento nas análises espaciais. Muitos sistemas representam, na

verdade, “bando de dados” e não “banco de dados” (MOURA, 2004).As geotecnologias podem e devem ser utilizadas em atividades

educativas como ferramentas didáticas adaptadas pelo professor, de acordo

com seus objetivos e seu domínio do conteúdo, tornando as aulas mais

atraentes e, ao mesmo tempo, contribuindo para formação mais abrangente

dos alunos (SILVA; CARNEIRO, 2012).

2.1 Cartografia digital

Um sistema de Cartografia Digital (CD) pode ser compreendido

como um conjunto de ferramentas, incluindo programas e equipamentos,

orientado para a conversão para o meio digital, armazenamento e visualização

de dados especiais e tem como ênfase a produção final de mapas. É também

denominada Cartografia Assistida por Computador (FILHO, 2000).O trabalho em meio digital, além de facilitar a análise visual de

documentos cartográficos e sua comparação com mapas modernos, apresenta

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uma série de benefícios, tais como possibilidade de ressimbolização e

facilidade de alteração de mapas, experimentação de novas técnicas de

visualização, novas projeções cartográficas e diferentes testes de

representação, automação de rotinas repetitivas e emprego de um SIG

(CINTRA, 2009; FILHO, 2000).

A cartografia digital vem sendo utilizada, ainda em caráter de

experiência, em algumas escolas públicas e privadas da capital do estado de

São Paulo como uma nova proposta de aprendizagem da cartografia e uma

ferramenta auxiliar da disciplina geografia. A proposta tem o mérito de contribuir

com a inclusão digital dos jovens alunos de todas as classes sociais. Os

profissionais de geografia inseridos no projeto observam em seus programas

educacionais que a disciplina possui grandes potencialidades de incorporação

da informática em seus planos de aula. Além disso, o uso deste recurso gera

um grande interesse e motivação por parte dos alunos em relação à disciplina.

Cabe observar também que nunca antes o uso da tecnologia pôde

ser integrado aos conceitos geográficos como na atualidade. Crianças e os

jovens podem observar no mundo que os rodeia diversos recursos tecnológicos

que tratam do espaço geográfico, como veículos com GPS, imagens de

satélites na televisão ou na Internet, acesso ao Google Maps e Google Earth

etc. Todos estes recursos podem e devem ser incorporados nas aulas de

geografia, assim como a cartografia digital.

Seu curso é teórico-prático, incluindo noções teóricas básicas de comunicação

cartográfica, criação, leitura e interpretação de tabelas estatísticas e de

gráficos. E ainda dispõe de uma parte prática, na qual os alunos constroem

seus mapas no computador através da aprendizagem do uso de um software

livre, que pode ser utilizado futuramente pelos alunos para as diversas

atividades escolares que exijam o uso de mapas.

2.2 Sensoriamento remoto

Historicamente, reconhece-se que o termo Sensoriamento Remoto

foi criado para designar o desenvolvimento dessa nova tecnologia de

instrumentos capaz de obterem imagens da superfície terrestre a distâncias

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remotas. Por isso, a definição mais conhecida ou clássica de sensoriamento

remoto é: Sensoriamento remoto é uma técnica de obtenção de imagens dos

objetos da superfície terrestre sem que haja um contato físico de qualquer

espécie entre o sensor e o objeto.O sensoriamento remoto pode ser entendido como técnica de

aquisição de informações sobre “um alvo na superfície da Terra, por meio da

captação da energia eletromagnética refletida ou emitida por ele e sem que

haja contato físico entre este alvo e o sistema sensor que capta esta energia”

(SAUSEN, 2008). A técnica, revolucionária, proporcionou visão privilegiada da

superfície terrestre.O sensoriamento remoto é uma tecnologia de obtenção de imagens

e dados da superfície terrestre através da captação e registro da energia

refletida/emitida pela superfície sem que haja contato físico entre o sensor e a

superfície estudada.

Os sensores óptico-eletrônicos utilizados para a captura dessa

energia funcionam como uma câmera fotográfica (que capta e registra a

radiação – luz – emitida/refletida pelo objeto) que tirasse fotos da superfície

terrestre, só que um pouco mais sofisticados.

As câmeras fotográficas convencionais captam apenas o espetro de luzvizivel (de ondas longas), já os sensores utilizados no sensoriamento remotocostumam captar outras bandas (uma delas é o infravermelho que é muitoimportante para o estudo das vegetações, por exemplo).

Após feita a captura da imagem, estas serão analisadas, transformadas emmapas ou constituirão um banco de dados georreferenciados caracterizando oque chamamos de geoprocessamento

O veículo mais utilizado para captura de imagens em sensoriamentoremoto é, com certeza, o satélite devido a sua melhor relação de custo-benefício, uma vez que ele pode passar anos em órbita da terra.

Os mais famosos satélites são: o CBERS, Chinese – Brazilian EarthResources Satellite, com 1.450kg e duração de dois anos é um satélitenacional em parceria com a China, lançado em 1999 e administrado pelo INPE(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais); o Landsat 7 (Earth ResourcesTechnology Satellite), com aproximadamente 2.100kg e mais de cinco anos devida foi lançado em 1999. O primeiro Landsat foi lançado ainda em 1972; oSPOT (Sistéme Probatoire de L’Observation De La Terre France), com 2.700 kge, também, mais de cinco anos de vida sendo que o primeiro da série (SPOT 1)foi lançado em 1986

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2.3 Sistema de posicionamento global

O sistema GPS, do inglês Global Positioning System, entrou em

operação em 1991 e em 1993 a constelação dos satélites utilizados pelo

sistema foi concluída. O sistema foi projetado que em qualquer lugar do mundo

e a qualquer momento, existam pelo menos quatro satélites acima do plano

horizontal do observador (RELON, 2008).

Na história da humanidade sempre foram utilizadas técnicas de localização,

muitas delas através de fatores naturais como estrelas, sol, vento, formações

rochosas, entre outras. No entanto, o Sistema de Posicionamento Global

apresenta extrema eficácia na obtenção de informações referentes à

localização e orientação geográfica. Proporciona a posição geográfica em

qualquer ponto do planeta.

Desde o lançamento dos primeiros receptores GPS no mercado, há

um crescente número de aplicações nos levantamentos topográficos,

cartográficos e de navegação, face às vantagens oferecidas pelo sistema

quanto à precisão, rapidez, versatilidade e economia. Com o desenvolvimento

da navegação espacial adjunto ao surgimento do Sistema de Posicionamento

Global (GPS), tornou-se crescente também o interesse científico na criação de

bancos de dados georreferenciados com extrema precisão (BERNADI;

LANDIM, 2002).Sistema de Posicionamento Global é um programa que foi

desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, com o custo

aproximado de 10 bilhões de dólares. O primeiro receptor foi testado em 1982.

O objetivo era de que esse se tornasse o principal sistema de navegação das

forças armadas estadunidense.

Atualmente existem dois sistemas de posicionamento por Satélite em pleno

funcionamento, o GPS desenvolvido e mantido pelos Estados Unidos e o

Glonass, desenvolvido na Rússia. A China está desenvolvendo um sistema

denominado Compass. Outro sistema em fase de implantação é o Galileo

europeu.

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O desenvolvimento de outros sistemas de posicionamento por satélites é de

fundamental importância para os usuários, pois o GPS, tecnologia

desenvolvida e controlada pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos,

limita informações destinadas aos civis, e, em caso de guerras envolvendo

esse país, a emissão de sinal pode ser ainda mais restrita.

Atualmente, o GPS tem sido utilizado no estabelecimento e

adensamento de redes geodésicas com diferentes finalidades, tornando

disponíveis coordenadas de qualidade em WGS-84. Ao mesmo tempo, seu

emprego em um número grande de projetos de geologia, ecologia, geografia,

engenharia cartográfica, urbanização, cadastro de utilidades públicas,

transportes e tantos outros assumiram um caráter praticamente cotidiano

(BERNADI; LANDIM, 2002).

2.4 Sistema de Informações Georreferenciadas

O uso inicial dos Sistemas de Informações Georreferenciadas (SIG),

em inglês Geographic Information System (GIS), se deu no Canadá por

iniciativa do governo a fim de se realizar inventários dos recursos naturais do

país. O SIG pode ser entendido como um banco de dados georreferenciados,

ou seja, localizados de maneira precisa no espaço; as informações geradas

são úteis para o planejamento territorial. O SIG tem evoluído ao longo do

tempo: o tipo mais rudimentar de SIG é dado pelas sobreposições e integração

de mapas analógicos em mesas de luz. As aplicações se expandiram

expressivamente em ambiente computacional. Uma de suas inúmeras

vantagens, que aperfeiçoou a análise de mapas, é a possibilidade de sobrepor

mapas digitais e gerar importantes dados sobre as áreas em estudo (SILVA;

CARNEIRO, 2012; REOLON, 2008). Para georreferenciar pontos no espaço é utilizado o GPS, sistema

de radio navegação desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos EUA com

o objetivo de ser o principal sistema de navegação de suas forças armadas. O

uso para finalidades civis iniciou-se na década de 80 do século passado

especialmente para posicionamento geodésico (SILVA; CARNEIRO, 2012).Os produtos das geotecnologias estão largamente disponíveis na

internet e em muitos casos o acesso pode ser gratuito. O Estado brasileiro tem

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disponibilizado, por exemplo, imagens de satélites, visualizáveis no sítio da

Divisão de Geração de Imagens (DGI) do Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais - INPE. Estes recursos juntamente com o uso do software Google

Earth, também disponível para download, podem ser aproveitados como

ferramentas dinamizadoras nas aulas de geografia (SILVA; CARNEIRO, 2012).O SIG pode ser utilizado para gerar, armazenar, integrar e analisar

informações de diferentes fontes, como imagens de sensoriamento remoto,

mapas, dados censitários, etc, com a finalidade de calcular áreas e gerar

mapas de forma automatizada. O uso de ambientes computacionais de SIG

facilita a integração de dados de sensores remotos juntamente com aqueles

provenientes de outras fontes, bem como a análise espacial e a modelagem

dos ambientes permitindo realizar a projeção de cenários futuros. As técnicas de sensoriamento remoto e SIG são de grande utilidade

no estudo de temas relacionados com a Geografia Física. Para obter bons

resultados no uso dessas geotecnologias, no entanto, é essencial o

conhecimento teórico sobre o tema estudado e a técnica aplicada. Nesse

sentido, é recomendável consultar referências originais e especializadas. É

importante destacar também o uso da escala adequada dos dados, que deve

ser compatível com sua resolução original e o objeto do estudo

(FLORENZANO, 2012).Todos os SIG tem componentes de CD, mas nem todos os sistemas

de CD tem componentes de SIG. Os SIGs envolvem muito mais que a

elaboração de mapas digitais, exigem a habilidade de analisar dados com

referência espacial (FILHO, 2000).

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3. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA SOBRE O USO DE GEOTENOLOGIA NO ENSINO

Segundo Pinto et. al. (2011) a utilização das geotecnologias como

recursos educacionais permite a melhoria do processo de ensino-

aprendizagem.Divino, Zaidan e Afonso (2006) apresentaram uma metodologia para

utilização de técnicas de sensoriamento remoto e geoprocessamento, afim de,

complementar o ensino de temas ligados à disciplina de Geografia no âmbito

escolar. Os autores destacaram que a escolha dos temas didáticos deve ser

baseada na coleção adotada pela escola, de forma a ser possível a

continuidade do trabalho nas séries posteriores.Em relação à eleição dos conceitos a serem abordados, estes

devem ser correlacionados de modo a permitir o uso da “didática” proposta.

Devido à importância de que os alunos tenham os recursos tecnológicos como

alternativa possível para a realização de determinadas atividades, a escola

deve possibilitar e incentivar que os alunos usem seus conhecimentos sobre as

tecnologias para comunicar-se e expressar-se, como utilizar imagens

produzidas eletronicamente na ilustração de textos e trabalhos; pesquisar

assuntos; confeccionar folhetos, mapas,gráficos etc.; sem que a realização

dessas atividades esteja necessariamente atrelada a uma situação didática

planejada pelo professor(DIVINO; ZAIDAN; AFFONSO, 2006).Os autores ainda destacam a importância do cuidado na escolha do

sistema a ser utilizado, que deve levar em conta a sua fácil aquisição, e de

preferência que seja gratuito e esteja disponibilizado na rede mundial de

computadores, e que as ferramentas disponíveis sejam amigáveis tanto para o

educador, quanto para educando (DIVINO; ZAIDAN; AFFONSO, 2006).Com o estudo realizado, Divino, Zaidan e Affonso (2006) confirmam

que através do uso das tecnologias de comunicação e de sensoriamento

remoto é possível problematizar, estudar, realizar trabalhos práticos de

conteúdos específicos de Geografia e de temas ligados ao Meio Ambiente,

favorecendo o preparo de crianças e jovens para uma relação mais harmoniosa

com o espaço geográfico. As únicas limitações que podem existir estão

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relacionadas a não existência de computadores ou da conexão a internet

através de “banda larga” nas escolas.Peixoto (et. al., 2011), em estudo realizado no município de Vitória -

ES utilizaram as geotecnologias de Sistemas de Informações Geográficas -

SIG e Sensoriamento Remoto – SR como suporte a elaboração de recursos

didáticos à aprendizagem da Cartografia Escolar. As geotecnologias (SIG e SR) foram fundamentais para que a

proposta de trabalho ganhasse vida. Usadas da forma correta, elas possibilitam

e auxiliam os docentes e os discentes a observarem e interpretarem a

paisagem em suas diversas escalas. Além de permitir que construam uma

concepção sobre o lugar que ocupam no espaço geográfico, resultado das

condições sociais em que vivem, sobretudo, compreenderem como a relação

sociedade-natureza contribui para a organização do espaço, tudo isso através

de mapas e imagens de satélites (PEIXOTO et. al., 2011). Os autores levantaram que, diante do que foi exposto, devido ao fato

dessas novas tecnologias serem relativamente novas no Brasil é preciso que

se faça o seguinte questionamento: Será que todos os profissionais da

educação estariam preparados para lidar com esses recursos? A compreensão

da realidade de cada localidade é primordial diante da possível necessidade de

políticas que promovam a capacitação de professores. Dessa forma, as

Geotecnologias não correrão o risco de se tornar um recurso desnecessário,

mas útil ao aprendizado da Cartografia Escolar e para formação de cidadãos

críticos e conscientes em uma sociedade de classes (PEIXOTO et al, 2011).Santos (et. al., 2011) apresentaram um estudo desenvolvido com 80

alunos do 6º ano de uma escola do município de Barreiras - BA. As atividades

foram desenvolvidas de acordo com o planejamento do professor, que teve

como base o livro didático: para cada capítulo preparava-se um novo material

para auxiliar na explicação do conteúdo e proporcionar maior entendimento ao

aluno. Foram utilizadas as ferramentas Google Earth, imagens de satélites

adquiridas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, fotografias

aéreas, além de filmes e vídeos.Com o auxílio do computador, os alunos puderam visualizar imagens

de satélites da sua região e município, isso proporcionou um maior

conhecimento a respeito do bioma Cerrado, da hidrografia e das formas de

relevo. Dessa maneira, é necessário destacar a importância de aproximar o

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aluno da realidade local, mostrá-lo a relevância de seus recursos naturais

assim como a preservação deste (SANTOS et al, 2011).O desenvolvimento das atividades possibilitou o desenvolvimento da

capacidade dos alunos em trabalhar em conjunto, despertando assim o

interesse de cooperação. Notou-se também o comprometimento dos alunos em

relação as atividades que eram passadas como tarefas de casa a exemplo das

pesquisas, colagens e croquis (SANTOS et al, 2011).As principais dificuldades apontadas no estudo foram a existência de

pouco material didático na escola e a falta de tempo do professor no

planejamento das aulas junto aos bolsistas e voluntários do projeto. Esta última

é uma realidade no Brasil, já que os professores, em sua maioria, lecionam em

mais de uma escola e a carga horária do docente é quase totalmente em sala

de aula, impossibilitando o planejamento das aulas no ambiente escolar

(SANTOS et al, 2011).Com o objetivo de disseminar o conhecimento e uso das

geotecnologias educacionais para os alunos e visando a melhoria das aulas

com o recurso didático, Pinto et al (2011) iniciaram algumas oficinas com

alunos do 2° e 3° ano do Ensino Médio em uma escola no Maranhão. O intuito

foi relacionar o conteúdo ministrado com a ferramenta de trabalho escolhida: o

Google Earth. As oficinas foram realizadas nas dependências do Laboratório de

Ensino de Geografia da Universidade Federal do Maranhão. Os autores

dividiram a aula em dois momentos, o primeiro momento envolvia as exposição

teórica, explanando os conteúdos em uma aula expositiva dialogada, com boa

participação dos alunos. O segundo momento envolvia atividades práticas,

utilizando o Google Earth® para a realização da aula prática (PINTO et al,

2011). Aos alunos que participaram do projeto foi distribuída uma mídia

com os conteúdos trabalhados, setup para a instalação do software utilizado e

uma apostila explicativa para auxiliar no manuseio do programa fora da sala de

aula, já que aqueles que participaram do projeto serão disseminadores do que

foi proposto (PINTO et al, 2011).O estudo realizado comprovou que diante dos mais novos

instrumentos tecnológicos, os professores podem melhorar suas aulas

contando com um recurso que pode tanto facilitar a apropriação de conteúdos

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cartográficos, como promover o interesse dos alunos numa viagem lúdica

através das imagens de satélites (PINTO et al, 2011).Para facilitar o entendimento e compreensão dos artigos,

elaboramos um quadro síntese com os conteúdos levantados, dos artigos de

maior relevância. ( Quadro 1)

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Quadro 1. Análise dos artigos sobre geotecnologia em ensino I

Autores MetodologiaGeotecnologia

Utilizada

ConceitoGeográficoAbordado

Pontos Positivos/Negativos

Fonte

DIVINO; ZAIDAN; AFFONSO, 2006

Uso de sensoriamento remoto, Levantamento de dados e Analise Atividade Realizada com alunos do 5º sem descrição donumero de alunos

Wikimapia Lugar

Espaço

Demonstrou ser acessível e não necessitar de computadores com configurações físicas mais avançadas

Falta de estrutura

http://www.ufjf.br/virtu/files/2009/11/9-geotecnologia-aplicada-UFJF.pdf

PEIXOTO et.al., 2011

A utilização de imagens de satélites como forma de abordar eexemplificar temas geográficos; Levantamento de dados e análises através de softwer Sem descrição de turmas e quantidade de alunos.

shapes e imagens de satélite

SIG e Sensoriamento Remoto

Geobases/IJSN (2008)

Cartografia

Espaço Geográfico

Espaço Vivido

Auxiliam os docentes e os discentes a observarem e interpretarem a paisagem em suas diversas escalas

https://cartografiaescolar2011.files.wordpress.com/2012/03/imaginacaoinovacaoaventuragregacartografarmundoantiguidade.pdf

SANTOS et al, 2011

Levantamento de Dados e análise deimagens obtidas , Tendo o Livro didático como base.Atividade desenvolvida com alunos dos 6º ano.80 Alunos

Google Earth, imagens de satélites adquiridas pelo INPE fotografias aéreas

Região

Espaço vivido

Puderam visualizar imagens de satélitesda sua região e município, isso proporcionou um maior conhecimento a respeito do da hidrografia e das formas de relevo.

Dificuldade de Professores para trabalhar com as ferramentas

http://www.dsr.inpe.br/sbsr2011/files/p1221.pdf

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Pinto et al, 2011

Relacionar o conteúdo ministrado com a ferramenta de trabalho escolhida através de oficinas.alunos do 2° e 3° ano do Ensino Médio

Google Earth. Espaço

Tempo

Observou-se que docentes e discentes não apresentaram resistência diante desse novo processo de ensino aprendizagem.

http://www.sbpcnet.org.br/livro/63ra/resumos/resumos/5098.htm

A seguir apresentamos a análise de mais alguns artigos. A opção por

dividir os artigos em quadros separados visa a facilitação da leitura de forma

que esta não se torne cansativa.Sousa e Sousa (2014) mostraram a importância da apropriação das

geotecnologias associadas à representação gráfica nas aulas de Geografia,

com intuito de proporcionar aos futuros professores, como também aos

docentes atuantes, possibilidades para melhoria do processo de ensino e

aprendizagem na educação geográfica a partir de materiais atualizados,

participativos e interativos com possibilidades para abordar a dinâmica espacial

em diferentes escalas espaciais e temporais. A metodologia consistiu na análise de levantamentos teóricos e

experiências bem sucedidas de pesquisadores no Brasil e em outros países

com o emprego de geotecnologias no ensino de cartografia. Os resultados

indicaram que a inserção das geotecnologias na representação gráfica

contribui para melhorar a percepção espacial (SOUSA; SOUSA, 2014). Os autores relatam que existem grandes desafios a serem

superados para a inserção da tecnologia espacial na rede pública de ensino

básico no Brasil, dentre eles: a infra-estrutura dos laboratórios de informática

caracterizada pela desproporção entre o número de computadores e a

quantidade de alunos por turmas, em média com 35 a 40 alunos, associada à

navegação de baixa velocidade e, ainda o desconhecimento ou mesmo falta de

interesse dos professores quanto aos benefícios do uso das geotecnologias

para o processo de ensino e aprendizagem de Geografia (SOUSA; SOUSA,

2014). Estes desafios tornam importante a preparação teórica e prática dos

estudantes do curso de licenciatura de Geografia, como também a participação

de professores de Geografia em cursos de nível de pós-graduação a respeito

dos benefícios em desenvolver e aplicar os métodos de ensino utilizando

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geotecnologias em atividades com mapas. É preciso considerar o nível

cognitivo do aluno quanto à alfabetização cartográfica e conhecimento

geográfico, de modo que estes materiais melhorem o entendimento das

relações complexas e dialéticas do espaço geográfico. (SOUSA; SOUSA,

2014). Macêdo, Silva e Melo (2012) ressaltam que a utilização das

geotecnologias deve ser feita com objetivos bem definidos e estabelecidos para

que a utilização dos recursos não tenha um fim em si, mas que possam

contribuir para o aprendizado do aluno. Os autores relataram uma experiência vivida em projeto de extensão

realizado em Campina Grande/PB, com alunos de uma escola normal. Foram

utilizados diversos materiais que serviram como recursos para a execução da

ação extensiva, como: cartas topográficas, mapas e plantas, ressaltando os

elementos cartográficos; utilização de várias ferramentas do software Google

Earth; jogos lúdicos; e a utilização da internet, principalmente com os sites do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Agência Executiva de Águas do

Estado da Paraíba - AESA, Superintendência de Administração do Meio

Ambiente do Estado da Paraíba – SUDEMA, Biblioteca Digital Mundial e outros

(MACÊDO; SILVA;MELO, 2012). Todos esses recursos foram utilizados objetivando que os

estudantes conhecessem os recursos disponíveis livremente na internet e de

como poderiam utilizá-los nas aulas das séries iniciais. Os alunos

demonstraram ter aprendido com o curso e através da representação das

possibilidades de utilizar os conhecimentos construídos no curso, como

também de enriquecimento da experiência da equipe extensionista, no

fortalecimento de sua formação acadêmica, por manifestar pontos importantes

de como se faz a necessário repensar a prática de ensino e a importância das

geotecnologias no ensino (MACÊDO; SILVA; MELO, 2012).A principal dificuldade foi o uso do laboratório de informática da

escola que, embora existindo, seguia o exemplo de tantos outros em escolas

brasileiras: estava indisponível devido a problemas na instalação elétrica e nos

computadores. Houve ainda a necessidade de colaboração dos outros

professores da escola que tiveram que ceder suas aulas para tal fim, dentre

outros entraves (MACÊDO; SILVA; MELO, 2012).

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Criscuolo et. al. (2008) apresentaram uma proposta metodológica de

intervenção na abordagem introdutória dos conceitos de paisagem e lugar, a

partir do uso de imagens de satélites. As imagens de satélites nesse trabalho

atuaram como a fonte de dados para analisar questões vinculadas à

localização, à interpretação e percepção da paisagem rural e urbana e da

interferência humana na modificação dos ambientes O jogo da memória

produzido pode ser aplicado em diferentes faixas etárias, na abordagem de

variados temas, modificando-se apenas o grau de dificuldade, a escolha das

imagens de satélites mais adequadas à exploração do tema proposto e o

número de peças e atividades vinculadas ao jogo. Durante o desenvolvimento do estudo, foi observado que os projetos

com imagens de satélites, que envolvem crianças da faixa etária, entre 7 e 10

anos, necessitam de um preparo inicial, com algumas etapas anteriores à sua

utilização propriamente dita, já que refere-se ao espaço percebido por elas. As

etapas iniciais desenvolvidas no decorrer do projeto foram fundamentais para o

sua efetividade, ou seja, foi necessário trabalho com visão lateral, oblíqua e

vertical dos alvos, analise de alvos na superfície terrestre em diferentes

escalas, níveis espaciais, utilização de exemplos concretos amparados em

atividades lúdicas para a compreensão das imagens de satélites, sem as quais

não teria sido possível o desenvolvimento do jogo da memória (CRISCUOLO

et al,2008). O seguimento dessas etapas consideram o desenvolvimento

cognitivo dos alunos, por se tratar de uma etapa em que devem ser

trabalhadas essas noções sobre o espaço. Os autores consideraram importante a divulgação dessa

experiência, por representar uma forma acessível de desenvolvimento de

material didático, disseminando atividades factíveis envolvendo geotecnologias

e baixos recursos financeiros. A parceria entre as instituições de pesquisa e a

escola foi interessante porque representou uma forma de aproximação desses

dois segmentos da sociedade que trabalham, na maior parte das vezes, de

forma isolada (CRISCUOLO et al,2008). Com essa proposta, a escola pode desempenhar o importante papel

de produtora de conhecimentos e materiais didáticos específicos e

personalizados aos seus próprios interesses, demonstrando ser uma

alternativa viável em comparação aos materiais disponíveis no mercado, que

muitas vezes não tratam de questões locais de interesse no desenvolvimento

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de temas trabalhados com alunos de idade escolar reduzida (CRISCUOLO et

al,2008).

Quadro 2. Análise dos Artigos Sobre Geotecnologias no Ensino II

Autores MetodologiaGeotecnolo

giaUtilizada

ConceitoGeográficoAbordado

Pontos Positivos/Negativos

Fonte

SOUSA; SOUSA, 2014

A metodologia consiste na análise de levantamentosteóricos e experiências bem sucedidasde pesquisadoresno Brasil e em outros países com o emprego de geotecnologiasno ensino de cartografia.Alunos do 6º e 7º ano em turmas com media de 35 a 40.

GPSsoftware de geoprocessamento o EduSPRING versão para educação do SPRING 5.0

ArcGIS Online

Cartográficosleitura e interpretação da representação do espaço de vivencia do aluno a partir da interação de dados proporcionados pelo uso do GPS

Facilidade de Leitura einterpretação da dinâmica espacial

Descontinuidade no processo de aprendizagem de professores

http://www.cartografia.org.br/cbc/trabalhos/9/348/CT09-15_1404354938.pdf

MACÊDO; SILVA; MELO, 2012

Reflexão sobreo Ensino de Geografia na atualidade: seus objetivos,potencialidades e limitações no contexto atual; Levantamentos de dados

Google Earth

transformação da paisagem

distinção de mapas, cartas e plantas

superação das dificuldades impostas por uma prática tradicional do ensino da Geografia

file:///C:/Users/Bolelli/Downloads/12354-69809-1-PB%20(1).pdf

CRISCUOLO et al, 2008

localização As imagens de satélites nessetrabalho atuaram como a

imagens desatélites

paisagem e lugar

Por ser uma atividade elaborada especificamente para uma região, foi necessário um trabalho prévio, uma

http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/1

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fonte de dadospara analisar questões vinculadas à localização, à interpretação epercepção da paisagem rurale urbana e da interferência humana na modificação dos ambientes

vez que ,crianças da faixa etária entre 7 e 10 anos, necessitam de um preparo inicial, com algumas etapas anteriores à sua utilização propriamente dita, já que se trata de um espaço de vivencia.

07261/1/2301.pdf

A seguir os últimos artigos analisados nesta pesquisa.Ferreira (et al 2014) analisaram a utilização das geotecnologias

como perspectiva do ensino da geografia no ensino fundamental. Destaca-se o

uso das mesmas torna-se ainda mais essencial nas aulas ministradas pelos

docentes de geografia, adquirindo uma importância fundamental, pois vivemos

numa realidade onde as tecnologias assumem cada vez um papel de destaque

e é nesse sentido que as geotecnologias aparecem como um novo recurso

didático, ajudando o professor na construção do processo de ensino-

aprendizagem. Segundo o estudo, estas tecnologias da informação colaboram na

análise necessária acerca do espaço geográfico, porque dispõem de uma

representação de distintas paisagens que são fontes de leituras dele. Além

disso, as geotecnologias promovem uma aproximação entre os discentes e seu

contexto, pois as informações obtidas pelas mesmas retratam paisagens do

cotidiano deles como: a rua, bairro, cidade etc., sendo nesse sentido

instrumentos de distintas análises espaciais. As geotecnologias estão

fomentando ainda mais uma perspectiva de compreensão dos discentes sobre

essa ciência social, a Geografia (FERREIRA et al, 2014).Aguiar (2013) apresentou uma tentativa de integração do processo

ensino-aprendizagem de geografia utilizando geotecnologias por professores

de uma escola em Fortaleza, no intuito de estimular o aprendizado dos alunos

de ensino fundamental e médio. Os objetivos abordar as tendências e o

contexto ensino-apredizagem na geografia e o uso de geotecnologias;

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apresentar metodologias de análise utilizando geotecnologias no ensino de

Geografia; avaliar a tentativa de implantação do projeto de pesquisa de

integração entre o ensino de geografia e o uso de geotecnologias na escola,

em andamento; e propor caminhos para o ensino-aprendizagem na geografia

utilizando geotecnologias, nos níveis fundamental e médio. Correa, Fernandes e Paini (2010) realizaram um estudo com a

intenção de diagnosticar como as geotecnologias vêm sendo veiculadas no

sistema educacional, especialmente no Ensino Médio, na disciplina de

Geografia na terceira série do Ensino Médio em duas escolas, sendo uma

pública e outra particular, na cidade de Maringá, Estado do Paraná. A escolha

de uma escola pública e outra particular fez-se justamente para fins de

comparação e análise subjetiva quanto à estrutura de ambas, bem como da

oferta e acesso às tecnologias voltadas para o ensino.Na análise dos dados, os autores concluíram que a Geotecnologia,

embora nos últimos anos venha sendo mais divulgada e conhecida, é pouco

utilizada no ensino da disciplina de Geografia. Constataram que seu uso

restringe-se mais ao software do GoogleEarth, todavia o seu acesso não

acontece no espaço escolar. A escola oferece os computadores, mas faltam

estrutura e adequação para o uso do SIG (GIS) e do Google Earth, além de

outros equipamentos, como o GPS. Foi perceptível que a escola e os

professores de Geografia podem estreitar essa relação, contribuindo para a

inserção tecnológica e melhoria da qualidade do ensino, facilitando a

compreensão das complexidades do espaço habitado junto aos alunos, à

escola e à sociedade (CORREA; FERNANDES; PAINI, 2010).Lobo (2011) realizou uma pesquisa visando testar e avaliar o uso da

cartografia digital como instrumento de apoio didático da disciplina Geografia

em escolas públicas da rede estadual do município de Manaus - AM. A autora

encontrou certa resistência por parte dos professores, tanto em relação ao

conhecimento de informática como na sua aplicação em sala de aula. Lobo (2011) percebeu que no Ensino Médio, a inexistência da

utilização da cartografia digital está basicamente vinculada ao

desconhecimento por parte dos professores deste eficiente recurso

tecnológico. Contudo, as dificuldades encontradas foram insignificantes face a

grande aceitação por parte dos alunos e à familiaridade dos alunos em relação

aos recursos tecnológicos, que levou ao entrosamento de alunos e

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professores. Superados os desafios é possível um ensino mais dinâmico e

atrativo para professores e alunos.Fantini, Bolfe e Costa (2009) desenvolveram um estudo aplicando o

programa computacional GPS Track Maker Free® como recurso didático-

pedagógico no ensino de cartografia que visou a construção de uma

representação gráfica do espaço de vivência pelos alunos da 5ª série de uma

escola estadual de Santa Maria - RS. O trabalho foi desenvolvido em quatro

etapas com duas turmas de 5ª série do Ensino Fundamental, nos anos de 2006

e 2007. Os alunos com o auxílio do Programa GPS Track Maker Free® sobre a

imagem de satélite IKONOS II (2004) identificaram e mapearam, em formato

digital, formas de uso dos espaços de vivência dos alunos como a escola, o

pátio, a vegetação, as ruas, entre outros. Para Fantini, Bolfe e Costa (2009) a principal dificuldade encontrada

no desenvolvimento das atividades pedagógicas com o auxílio do programa foi

o despertar dos alunos para a execução da representação do seu espaço de

vivência e para a exposição das etapas de elaboração dos mapas, visto que

estas não contaram com auxílio de professores assistentes. Os alunos

freqüentemente mostraram-se dispersivos, o que atrapalhava o andamento da

aula. A atividade de representação do trajeto casa-escola não foi elaborada

pelos alunos. Acredita-se que estes alunos não entenderam a atividade

proposta.Di Maio (2014) avaliou o ensino informatizado e pela internet

envolvendo geotecnologias junto a professores e alunos de duas escolas

públicas de ensino médio em São José dos Campos - SP. A autora gerou em

ambiente digital o meio para esta avaliação, desenvolvendo unidades

instrucionais digitais, abrangendo cartografia, sensoriamento remoto e sistemas

de informação geográfica em consonância aos Parâmetros Curriculares

Nacionais.A experiência de Di Maio (2014) nas duas escolas mostraram que a

implantação de novas tecnologias envolvendo a informática tem uma relação

muito estreita com as características de cada unidade escolar e de cada

professor. O autores realizaram um estudo analisando o Caderno do Professor

do ensino fundamental e do ensino médio, a fim de verificar qual a necessidade

de atualização em relação ao uso da cartografia e do sensoriamento remoto

para o ensino de Geografia. Cada ano escolar possui o Caderno do Professor,

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o qual serve para dar um norteamento aos professores e é formado por 4

volumes, sendo que cada um é dividido por 4 Situações de Aprendizado, com

exceção do último volume do 3º ano do ensino médio e do 2º volume da 5º

série, do ensino fundamental II, que possuem 5 Situações de Aprendizado.As análises realizadas por BASOTTI et al (2014) mostraram que,

apesar de já serem utilizados ambos os temas, cartografia e sensoriamento

remoto, no ensino de Geografia, seu uso, principalmente o do sensoriamento,

ainda é muito reduzido. A cartografia é bastante utilizada, porém verifica-seque

ainda poderia ser mais bem explorada em alguns temas da Geografia,

principalmente fazendo uma inter-relação com o sensoriamento remoto.

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Quadro 3. Análise dos Artigos Sobre Geotecnologias no Ensino

Autores MetodologiaGeotecnologia

Utilizada

ConceitoGeográficoAbordado

PontosPositivos/Negativos

Fonte

AGUIAR Projeto Integrado comuso de geotecnologia

SIG, Sensoriamento Remoto, Cartografia Digital entre outras

Espaço geográfico

Conseguiu diálogo e aceitação sobre a implantação doprojeto

http://www.geosaberes.ufc.br/seer/index.php/geosaberes/article/viewFile/184/182

FERREIRA Análise do espaço geográfico e da paisagem no ensino fundamental

SIG, Sensoriamneto Remoto, GoogleEarth

Espaço Geográfico e paisagem

Necessidade de planejamento e domínio da técnica

http://www.unifal-mg.edu.br/simgeo/system/files/anexos/Alan%20Leonardo%20Oliveira%20Ferreira2.pdf

FANTINI, BOLFE E COSTA (2009)

representaçãodo seu espaçode vivência e para a exposição dasetapas de elaboração dos mapas

Programa Computacional GPS Track Maker Free®

Lugar e espaço de vivência

Alunos não realizaram a atividade

seer.ufrgs.br/bgg/article/download/37406/24150

LOBO Cartografia Digital para tonar os alunos mais ativos

Google MapsSoftware PhilcartoSIDRA-IBGE

Espaço Geográfico

Professores com dificuldade com oinstrumentos;Alunos bem envolvidos e estimulados

Teses.usp.br

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8135/tde-13072012-112524/en.php

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CORREA, FERNANDES e PAINI (2010)

Obtenção dosresultados, fez-se uma pesquisa qualitativa de caráterteórico-prático com a aplicação de um questionárioPara a análisee discussão dos resultados, fez-se a tabulação dos dados colhidos pelos questionáriosaplicados a 46alunos do Ensino Médio

GPS, SIG (GIS), Google Earth

Ele aborda aplicação dasgeotecnologiasna disciplina de Geografia ( pesquisa )

A escola oferece os computadores, mas faltam estrutura e adequação para o uso do SIG (GIS) e do Google Earth, além de outros equipamentos, como o GPS

file:///C:/Users/Bolelli/Downloads/6258-33856-1-PB.pdf

DI MAIO(2014

O estudo foicaracterizado

através deuma

investigaçãode

professores,com o tema

meio ambientee o uso da

informática naeducação.

Foramlevantadas 41escola com ototal de 112

professores degeografia

Mapas, Cartastopográficas,

GPS ,

cartografia esensoriament

o remoto

A limitação deestudos comosensoriamento

remoto , mesmoa cartografiaainda poucoexplorada

http://www.uff.br/geoden/docs/Tese_Doutorado_Di_Maio_2004.pdf

BASOTTI etal (2014)

levantamentodo material

bibliográfico.Pesquisa

realizada comalunos

5º, 6º, 7º, 8º,1º colegial

Google Earth Sensoriamento Remoto eCartografiaTemática

Necessidade deatualização dos

métodos deensino.

Necessidade doprofessor estar

bem capacitado

file:///C:/Users/Bolelli/Downloads/

608-2395-1-PB.pdf

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2º colegial3º colegia

O levantamento do material bibliográfico possibilitou realizar

algumas reflexões atreladas as teorias da geografia, que possibilitam

compreender o atual cenário do uso das geotecnologias no ensino de geografia

e que se será apresentada no capítulo 4 do presente trabalho.

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4. ANÁLISE DO MATERIAL LEVANTADO

O novo nem sempre é desejado pela estrutura hegemônica da

sociedade. Para, há o novo que convém e o que não convém. O novo pode ser

recusado se traz uma ruptura que pode retirar a hegemonia das mãos de quem

a detém (SANTOS, 2008).O estudo do espaço está ligado em diversas áreas de estudos e

atividades humanas nos dias atuais. A importância desse tema, tornou-se

bastante relevante nos últimos anos, devido ao crescente avanço nos

conhecimentos científicos e tecnológicos no que diz respeito às ciências

cartográficas, geografia, comum acionais e informacionais, que juntas são

responsáveis por uma alteração, tanto nas maneiras de representação

cartográfica do espaço quanto na sua concepção como um todo. No que diz

respeito ao conceito, “[...] uma estrutura social dotada de um dinamismo próprio

e revestida de certa autonomia, na medida em que sua evolução se faz

segundo leis que lhe são próprias” (SANTOS, 1988, p. 15). Esse dinamismo,

por sua vez, produz e transforma, incessantemente, a realidade através da

ação humana - de ordens social, cultural, ideológica e política – que modifica o

meio natural, redimensiona a paisagem, altera as relações sociais.Segundo os dados analisados, foram relatados casos no qual os

alunos mostraram uma certa facilidade de leitura e interpretação de dados uma

vez que os aproximavam da realidade, de modo a mostrar que os mesmo

fazem parte de um contexto, espaço de vivencia. Porem se faz necessário um

trabalho diferenciado para as turmas iniciais, uma vez que , as mesmas

necessitam de um de um olhar prévio, ou seja para que as mesmas entendam

o contexto no qual elas estão inseridos, a partir de então sua legalização no

espaço. Outro ponto a ser destacado sobre o uso das Tics, em sala de aula

abordado pelos autores, foi a facilidade na acessibilidade de alguns programas

gratuitos como Google Eart, o que, ajuda a passar por cima da falta de

estrutura enfrentada pela maioria das escolas, uma vez que esses programas

estão disponíveis online e não necessitam de computadores com

configurações avançadas para sua utilização . No entanto, o ponto chave sobre

a questão do uso de ferramentas tecnológicas em sala de aula, continua sendo

a resistência de alguns professores, sendo ela por falta de interesse, ou

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melhor, por optar trabalhar com uma forma mais clássica de ensino, ou por

falta de conhecimento sobre os novos métodos de ensino que hoje se fazem

tão presentes, reflexo de uma formação inicial falha.Nesse ponto vale destacar, a formação de professores como um

ponto chave para o desenvolvimento de novas metodologias de ensino, sendo

assim, uma maneira de diminuir a resistência para com o uso de novas

ferramentas. Pois não basta o domínio do professor para com o programa, e

necessário que o mesmo entenda alem do seu funcionamento, qual a

finalidade de uso em sala de aula assim como qual ou quais as abordagem dos

conceitos no qual estão trabalhando, de acordo com a analise dos dados

levantados, o levantamento de dados, e interpretação das imagens foram os

focos na maioria dos trabalhos desenvolvidos, o que nos cabe salientar qual

seria o verdadeiro papel da ferramenta em sala de aula . Ou seja, os alunos

não são levados a aprender a usar a geotecnologia e sim a interpretar os

dados já prontos.Outro ponto importante é que devemos ter cuidado em valorizar

muito a tecnologia e transformar a aula em um espetáculo vazio, onde a

tecnologia é o único objetivo deixando em segundo plano ou totalmente fora o

conteúdo e o aprendizado.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As geotecnologias são materiais em apoio ao processo de ensino-

aprendizagem de Geografia, uma vez que permitem desenvolver atividades

cartográficas com informações geográficas passíveis de modificações e

atualizações que despertam motivação, entusiasmo, prazer e, sobretudo

permitem ao educando a construção de conhecimento para além da sala de

aula, ou seja, para o exercício da sua cidadania.Com isso e de grande

importância que o professor esteja mais do que tudo, disposto a experimentar

novas formas de ensino, visando assim uma melhor relação entre : aula, aluno

e professor.O avanço tecnológico acelerado nos últimos anos obriga os

professores a uma atualização constante para que não fiquem parados no

tempo. Com isso, o uso de geotecnologias no ensino não é diferente, acerca de

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procurar evidenciar a importância da utilização de novas ferramentas em salas

de aula.Os estudos apresentados confirmam a grande importância das

geotecnologias como perspectiva da geografia no ensino Fundamental e Médio

e como as mesmas podem ser utilizadas na compreensão dos alunos acerca

do conhecimento sobre o espaço geográfico que na atualidade está cada vez

mais complexo devido à mundialização da sociedade, nesse sentido deve-se

ampliar a utilização das tecnologias que contribuem no entendimento desta

complexidade e este artigo teve como objetivo apresentação das

geotecnologias como instrumentos de explicação no ensino da geografia sobre

as relações sociais que se materializam no espaço geográfico, buscando

contribuir ainda mais no entendimento dos discentes acerca dessa ciência

social.No entanto, se faz importante ressaltar que a formação inicial

docente tem que ser bem consolidado no que se refere aios conteúdos

geográficos e seus instrumentos.Também se faz necessário uma melhor

estruturação das escolas no que se refere a equipamentos e manutenção dos

mesmo, só dentro dês contexto a geotecnologia poderá ser efetivada na

educação básica.

6. REFERÊNCIAS

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