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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ TCCG-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA INTOXICAÇÃO DE BOVINOS POR ORGANOFOSFORADOS Dalila Almeida Lima Orientadora: Prof. a Dr. a Cecília Nunes Moreira Sandrini JATAÍ - GO 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS JATAÍ

TCCG-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

INTOXICAÇÃO DE BOVINOS POR ORGANOFOSFORADOS

Dalila Almeida Lima

Orientadora: Prof.a Dr.a Cecília Nunes Moreira Sandrini

JATAÍ - GO

2008

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DALILA ALMEIDA LIMA

INTOXICAÇÃO DE BOVINOS POR ORGANOFOSFORADOS

Trabalho de Conclusão de curso

apresentado para a obtenção do título

de Medico Veterinário junto a

Universidade Federal de Goiás-Campus

Jataí.

Orientadora: Prof.a Dr.a.Cecília Nunes Moreira Sandrini

Supervisor: Antonio da Silva Pinto.

JATAÍ - GO

2008

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (GPT/BSCAJ/UFG)

Bibliotecário responsável: Enderson Medeiros CRB 2.276

Lima, Dalila Almeida. (1985 - ) L7324i Intoxição de bovinos por organofosforados. / Dalila Almeida

Lima. – Jataí : [S.n], 2008. 42 f. : il.; figs.; tabs.

Orientador: Prof. Dra. Cecília Nunes Moreira Sandrini.

Trabalho de Conclusão de Curso (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí, 2008.

1. Bovinos. 2. Toxicologia. 3. Antiparasitários. 4. Organofosforados. 5. Intoxicação. 6. Atropina. I. Sandrini, Cecília Nunes Moreira. II. Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí. III. Título.

CDU : 616-099 (615.285:636.2)

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DALILA ALMEIDA LIMA

Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação defendido e

aprovado em de dezembro de 2008, pela seguinte Banca Examinadora:

Prof.a. Drª. Cecília Nunes Moreira Sandrini – UFG

Presidente da Banca

Dr. Antenor Lombardi Neto

Membro da Banca

Profº. Edismair Carvalho Garcia

Membro da Banca

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus avós, pois mesmo estando ausentes

ficarão sempre guardados no meu coração.

Aos meus pais pelo apoio, força, motivação e acima de tudo

compreensão que tiveram comigo, sempre estando do meu lado.

As minhas amigas que sempre me acompanharam e me

incentivaram para concluir este curso.

Ao meu querido irmão que nunca me abandonou e de uma forma ou

de outra sempre esteve do meu lado.

E a todos que de alguma forma contribuíram para conclusão do

curso de Medicina Veterinária, dedico a vocês.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pois só ele sabe o que passei para chegar até aqui

e se cheguei, foi graças a ele.

Aos meus pais que mesmo com as turbulências da vida nunca

encontraram dificuldades para me ajudar, me dando força e motivação para

vencer esta batalha.

Ao meu irmão que pra mim é exemplo de crescimento profissional.

Ao meu Supervisor Dr. Antonio da Silva Pinto, pela experiência

transmitida, paciência, dedicação e pela oportunidade de realização do Estágio

Curricular em sua loja.

A todos os amigos que conquistei durante o curso, em especial

(Nemuel, Éllen, Tatiane, Célio, Sérgio, Glênia, Thaysa, Pryscilla, Tânia e

Cariângela) que em todos os momentos que passamos juntos, me estenderam

a mão sempre.

Às companheiras de moradia, pela amizade e companheirismo.

Agradeço a todos os meus professores, grandes mestres e

educadores, que contribuíram de forma direta e algumas vezes indiretamente,

nos auxiliando nos momentos difíceis e repassando seus conhecimentos

profissionais.

A minha Orientadora Prof (a).Dr.a Cecília Nunes Moreira Sandrini,

que para mim sempre foi e sempre será um exemplo de luta pelos nossos

direitos como acadêmico, motivação nos incentivando a expandir nossos

conhecimentos e de capacitação,pois sempre deu o melhor de si em suas

aulas.

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“É exatamente a vida que

aguçando nossa curiosidade,

nos leva ao conhecimento”.

Paulo Freire

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 1

1.1 Descrição do local de estágio....................................................... 1

1.2 Registro das Atividades................................................................ 2

2 INTOXICAÇÃO BOVINA POR ORGANOFOSFORADOS............ 6

2.1 Revisão de Literatura.................................................................... 6

2.1.1 Etiologia........................................................................................ 10

2.1.2 Epidemiologia................................................................................ 11

2.1.3 Importância................................................................................... 12

2.1.4 Toxicidade..................................................................................... 15

2.1.5 Mecanismo de ação...................................................................... 18

2.1.6 Sinais Clínicos da Intoxicação...................................................... 20

2.1.7 Diagnóstico................................................................................... 22

2.1.8 Diagnostico Diferencial................................................................. 23

2.1.9 Tratamento.................................................................................... 24

2.1.10 Medidas Preventivas.................................................................... 26

2.1.11 Diretrizes Preventivas para a Utilização eficaz e segura de

Pesticidas......................................................................................

27

2.2 Relato do Caso............................................................................. 31

2.2.1 Anamnese..................................................................................... 31

2.2.2 Tratamento.................................................................................... 32

2.2.3 Evolução do quadro...................................................................... 32

3 DISCUSSÃO................................................................................. 33

4 CONCLUSÃO............................................................................... 36

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................... 37

6 REFERÊNCIAS............................................................................. 38

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Relação de atividades desenvolvidas na área de Medicina

Veterinária na parte de Atendimento Clínico Cirúrgico,

durante o Estágio Curricular Supervisionado, realizado na

Natural Produtos Agropecuários, no período de 12/08 a

09/10/2008................................................................................

2

Tabela 2- Relação dos casos atendidos na área de Reprodução e

Obstetrícia Animal, durante o Estágio Curricular

Supervisionado, realizado na Natural Produtos

Agropecuários, no período de 12/08 a

09/10/2008................................................................................

3

Tabela 3- Relação das atividades relacionadas á Medicina Preventiva

desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado,

realizado na Natural Produtos Agropecuários, no período de

12/08 a 09/10/2008...................................................................

3

Tabela 4- Relação dos demais casos clínicos vistos na área de clínica

Médica Veterinária durante o Estágio Curricular

Supervisionado, realizado na Natural Produtos

Agropecuários, no período de 12/08 a 09/10/2008...................

4

Tabela 5- Relação das atividades relacionadas á área de Produção

Animal, desenvolvidas durante o Estágio Curricular

Supervisionado, realizado na Natural Produtos

Agropecuários, no período de 12/08 a

09/10/2008................................................................................

4

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Evolução de vendas das classes de pesticidas

agroquímicos no Brasil..........................................................

10

Quadro 2- DL50 oral aguda de alguns ORFs para ruminantes.............. 17

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Galões de Dimetil Benzil Amonium.................................. 7

Figura 2- Tambores alkyl dimetil benzil amonium........................... 8

Figura 3- Estrutura química básica de inseticidas

organofosforados.............................................................

9

Figura 4- Esquema da ligação do neurotransmissor nos dois

sítios ativos da acetilcolinesterase para que ocorra a

hidrólise da acetilcolina....................................................

20

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1

1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado foi realizado na Natural Comércio

e Representações de Produtos Agropecuários Ltda. (Natural Saúde Animal)

localizada no município de Jataí - GO, no setor de Clínica, Reprodução e

Obstetrícia, Cirurgia, Manejo de ordenha e Produção de Rações, no período de

12 de agosto de 2008 a 09 de outubro de 2008, perfazendo um total de 366

horas.

A escolha da Natural para a realização do estágio foi devido a esta ser

uma empresa renomada e pela excelente capacidade profissional em diferentes

áreas da Medicina Veterinária que o proprietário possui.

Neste trabalho será abordado um caso clínico acompanhado no

departamento de Clínica Animal, correspondente a intoxicação bovina por

Organofosforados.

1.1 Descrição do local de estágio

A Natural Comércio e Representações de Produtos Agropecuários

Ltda., está localizada na Rua Santos Dumont, n0 391, no município de Jataí -

GO, sob supervisão do Médico Veterinário Antonio da Silva Pinto.

Esta empresa vem atuando em Jataí desde 1991 e hoje consta com

uma loja de produtos agropecuários trabalhando com prestações de serviços,

representação e comercialização de medicamentos em geral, vacinas,

ordenhadeiras, tanques, produtos químicos e uma fábrica de rações com

misturas pré-formuladas concentradas e sal mineralizado, sendo estes prescritos

pelo próprio Médico Veterinário da empresa.

Na Natural trabalham dois técnicos em montagem de ordenhadeiras,

três auxiliares de carga e descarga, um motorista para venda e entrega dos

produtos, uma responsável pelo departamento financeiro, um Office - boy, um

gerente administrativo, um administrador de empresa e o Médico Veterinário.

Os atendimentos são agendados, incluindo pequenas e grandes

propriedades rurais, tendo um aumento na atividade de corte, principalmente em

confinamentos, tanto em Jataí como em municípios do entorno.

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Além disso, desenvolvem-se atividades como controle zootécnico do

rebanho, manejo nutricional e sanitário, custo de produção, atendimentos

clínicos e cirúrgicos, maximização da mão-de-obra e viabilização da

propriedade.

Em 1995 a empresa começou a trabalhar com a parte de

ordenhadeiras em parceria com a Bosio e desde 2004 vem trabalhando com

revendas de produtos químicos, tanques e ordenhas em geral em parceria com

a De Laval (antiga Bosio).

1.2 Registro das atividades

As atividades desenvolvidas durante o período de Estágio Curricular

Supervisionado estão expostas nas tabelas de 1 a 5.

TABELA 1: Relação de atividades desenvolvidas na área de Medicina

Veterinária na parte de Atendimento Clínico Cirúrgico, durante o

Estágio Curricular Supervisionado, realizado na Natural Produtos

Agropecuários, no período de 12/08 a 09/10/2008

Atividades Bovino Total %

Preparação de Rufiões 3 3 75

Casqueamento 1 1 25

Total 4 4 100

Fonte: Seção Veterinária Natural Produtos Agro. Ltda. Jataí - GO.

A tabela 1 mostra que as atividades desenvolvidas na área de Clínica

Cirúrgica durante o Estágio Curricular foram em número reduzido, reflexo talvez

de um ano ruim ou aumento dos profissionais na atividade pecuária.

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3

TABELA 2: Relação dos casos atendidos na área de Reprodução e Obstetrícia

Animal, durante o Estágio Curricular Supervisionado, realizado na

Natural Produtos Agropecuários, no período de 12/08 a 09/10/2008

Reprodução e Obstetrícia Touros Vacas Novilhas Total %

Diagnóstico de gestação _ 175 26 201 98,5

Parto Distócico _ 1 2 3 1.5

Total _ 176 28 204 100

Fonte: Seção Veterinária Natural Produtos Agro. Ltda. Jataí - GO.

A tabela 2 mostra as atividades atendidas na área de Reprodução

Animal, as quais o diagnóstico de gestação foram na sua grande maioria feitos

para identificar gestações precoces, sendo que num primeiro instante fazia-se a

palpação retal e em seguida utilizava-se o aparelho de ultra-som bovino.

TABELA 3: Relação das atividades relacionadas à Medicina Veterinária

Preventiva desenvolvidas durante o Estágio Curricular

Supervisionado, realizado na Natural Produtos Agropecuários, no

período de 12/08 a 09/10/2008

Atividades Touros Bezerros (as) Total %

Vacina contra Brucelose bovina _ 62 62 22,30

Vacina contra Carbúnculo 10 129 139 50

Medicação contra anemia _ 60 60 21,58

Medicação contra Deficiência de

Ferro

_ 17 17 6,11

Total 10 308 318 100

Fonte: Seção Veterinária Natural Produtos Agro. Ltda. Jataí – GO.

A tabela 3 mostra a preocupação por parte do Médico Veterinário em

desenvolver um trabalho preventivo junto aos produtores, pois as atividades

relacionadas a esta área foram em maior número dentre as atividades

desenvolvidas dentro do estágio Curricular Supervisionado.

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TABELA 4: Relação dos demais casos clínicos vistos na área de clínica Médica

Veterinária durante o Estagio Curricular Supervisionado, realizado

na Natural Produtos Agropecuários, no período de 12/08 a

09/10/2008

Atividades Bovinos

adultos

Bezerros

(as)

total %

Dermatofilose _ 6 6 31,57

Intoxicação por Resíduos na Ração 6 _ 6 31,57

Cólica Eqüina _ _ 1 5,26

Intoxicação por organofosforados 6 _ _ 31,57

Total 12 6 19 100

Fonte: Seção Veterinária Natural Produtos Agro. Ltda. Jataí - GO

Na tabela 4 estão todos os atendimentos clínicos emergenciais feitos

dentro do período de estágio, sendo possível apenas com a realização do

exame físico estabelecer um diagnóstico presuntivo.

TABELA 5: Relação das atividades relacionadas à área de Produção Animal,

desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado,

realizado na Natural Produtos Agropecuários, no período de 12/08 a

09/10/2008

Atividades Desenvolvidas Quantidade %

Visita a Propriedades leiteiras 7 70

Visita a Confinamentos 2 20

Visita a Semiconfinamentos 1 10

Total 10 100

Fonte: Seção Veterinária Natural Produtos Agro. Ltda. Jataí - GO

Na tabela 5 estão relacionadas às visitas técnicas específicas

realizadas dentro do período de estágio, que tinham por objetivo conhecer as

instalações que ali existiam, principalmente as que possuíam ordenha montada

com orientações e equipamentos da marca De Laval, como parte do

aprendizado dentro do Estágio Curricular Supervisionado. As propriedades

leiteiras visitadas como atividade em questão me proporcionaram aprendizado

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quanto ao manejo dos animais, análise crítica de cada uma delas quanto à

viabilidade e tipo de ordenha para determinada propriedade, orientação correta

para os produtores de como utilizar os produtos e melhoria da qualidade do leite.

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6

2 INTOXICAÇÃO BOVINA POR ORGANOFOSFORADOS

2.1 Revisão de Literatura

Na medida em que a agricultura e pecuária intensivas foram se

desenvolvendo, aumentou-se a necessidade de tornar o controle das pragas

mais eficiente. Dessa forma, ao longo do tempo, diversos princípios ativos foram

descobertos e sintetizados, e vários praguicidas tornaram-se disponíveis para os

produtores e para a população em geral, visando cumprir essa finalidade

(SPINOSA et al., 2008).

Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Toxicológicas-

SINTOX - a segunda causa de acidentes tóxicos registrados no Brasil é por

pesticidas, sendo também estes os maiores responsáveis pela letalidade por

intoxicações (OLIVEIRA –SILVA et al., 2001).

Os primeiros compostos organofosforados foram preparados por

alquimistas na Idade Média, mas seu estudo sistemático teve início no século

XIX, por Lassaigne em 1820, com a esterificação de acido fosfórico. Dentre os

inseticidas orgânicos de origem natural foram muito utilizados, nicotina, nor-

nicotina, anabasina, piretrinas e aletrina, rotenóides como a rotenona e, em

menor escala, alguns quassinóides como a quassina (SANTOS et al., 2007).

Solventes, pesticidas, inseticidas e suas embalagens, tintas,

pigmentos inorgânicos, combustíveis, substâncias contendo chumbo, mercúrio,

cádmio, são alguns exemplos de materiais que se enquadram na classificação

de resíduos perigosos. No entanto, nem todos os resíduos que contém materiais

perigosos são classificados como tais no Brasil (SCHIO, 2001).

A figura 1 mostra galões de dimetil benzil amonium iguais aos que

foram utilizados no caso clínico abordado, como bebedouro para os animais.

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7

FIGURA 1:Galões de Dimetil Benzil amonium em container

Fonte: img.alibaba.com/photo/11396800/Linear_Alkyl_B

O Dimetil benzil amonium (um dos produtos citados neste caso) é

indicado para o controle da disseminação de microorganismos das espécies

Escherichia coli, Salmonella cholerasuis, Pseudomonas aeruginosa,

Staphylococcus aureus. É um bactericida de uso externo, é utilizado no

tratamento de feridas, coletas de sêmen, inseminação artificial e processo de

ordenha. Também como bactericida de utensílios em equipamentos, ambientes

avícolas, pecuários, Clínicas Veterinárias, Hospitais Veterinários, Centros

Cirúrgicos, canis e gatis. A apresentação é em frasco plástico de 250 ml e 1 litro,

Bombonas de 20 litros e tambores de 200 litros (REIVET, 2004).

De acordo com a LOJA DE DADOS DE SEGURANÇA DOS

MATERIAIS QUÍMICOS (2008), a dose letal específica da monoetanolamina (um

segundo produto citado neste caso) para humanos é de 1720mg/kg oral, sendo

considerada como ácido forte, um agente oxidante forte e sua inalação e o

contato com os olhos e com a pele podem causar queimaduras. A ingestão pode

causar queimaduras na boca, garganta e abdômen. A exposição prolongada ou

repetida pode causar seqüelas, perda da visão e dermatite na pele.

O Cloreto de Benzalcônio (alquil dimetil benzil amônio), seria a junção

do alquil+dimetil benzil amonium,sendo produtos responsáveis pela

intoxicaçãodos bovinos neste caso clínico, é um agente de tensão superficial

para aumentar o contato nitrogenoso e catiônico pertencente ao grupo de

compostos de amônio

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quaternário. É um sal facilmente solúvel em água, álcool e acetona. É utilizado

como antisséptico, espermicida, descongestionante nasal, e historicamente

como bactericida. Seu uso varia desde desinfecção de pele e limpeza de

membranas mucosas passando por esterilização de instrumentos, por cultivo de

pêssegos e até como conservante (WIKIPÉDIA, 2008). A figura 2 ilustra os

tambores de 200 litros idênticos aos utilizados como bebedouros no caso clínico

a ser descrito.

FIGURA 2:Tambores alkyl dimetil benzil amonium

Fonte: img.alibaba.com/photo/51048063/Linear_Alkyl_B

Segundo SANTOS et al. (2007), a estrutura química de inseticidas

organofosforados é basicamente composta conforme a figura 3, tornando

possível classificar a que tipo de composto químico pertencia o alquil, um dos

compostos envolvidos no rótulo da substância em questão.

FIGURA 3: Estrutura química de um organofosforado.

Fonte: www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-4042200700

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9

A continuidade do interesse por esta classe de inseticidas deve-se à

facilidade de síntese de novos derivados, à possibilidade de síntese de pró-

inseticidas, que sofrem ativação preferencial em insetos e não em mamíferos, e

à maior biodegradabilidade em comparação com os organoclorados (SANTOS

et al., 2007).

Produtos químicos têm sido úteis na erradicação de doenças e

epidemias, no controle de pragas agrícolas e muitas outras aplicações mais o

emprego de um grande número de substâncias potencialmente tóxicas também

tem provocado sérios riscos e problemas a saúde e ao ambiente (SCHIO, 2001).

Muitos desinfetantes químicos de uso doméstico foram

desqualificados por não atingirem os padrões microbiológicos necessários.

Desde então, os fabricantes começaram a alterar a formulação e a embalagem

de seus produtos desinfetantes, bem como a melhorar o esclarecimento para

seu uso, atendendo às novas exigências. Numa etapa intermediária deste

programa, alguns produtos, com a formulação já alterada, apesar de qualificados

microbiologicamente, foram considerados tóxicos. (OLIVEIRA-SILVA et al.,

2001).

Os organofosforados são derivados do ácido fosfórico, ditiofosfórico e

tiofosfórico, onde o primeiro a ser utilizado na agricultura foi o paration, em 1944

(SPINOSA et al., 2008).

Segundo SANTOS et al. (2007), a descoberta das propriedades

tóxicas e inseticidas de alguns compostos de fósforos por Shrader e

colaboradores em 1930, criou novos compostos organofosforados nas

indústrias.

São conhecidos como agentes anticolinesterásicos, sendo

mundialmente utilizados desde o século XX, a partir de 1970, quando se iniciou

o declínio dos organoclorados (SPINOSA et al., 2008).

Para SPINOSA et al. (2008), esses praguicidas possuem atividade

principalmente como inseticida (agrícolas, domésticos e de uso veterinário),

além de ação acaricida, nematicida, fungicida e herbicida de diversas pragas em

culturas agrícolas.

Entre as diversas aplicações industriais pode ser citado o uso como

reagente de flotação, matéria-prima na síntese de plásticos não inflamáveis,

antioxidantes, plastificantes, aditivo para óleos lubrificantes e combustíveis

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hidrocarbônicos, solventes aplicados em extrações seletivas e, principalmente,

como inseticidas e agentes antitumorais (SANTOS et al., 2007).

No Brasil, mesmo sendo conhecida amplamente a toxicidade destes

compostos, há poucos relatos em animais com interesse pecuário, havendo a

descrição de surtos de intoxicação em bovinos por organofosforados em Santa

Catarina (GAVA, 2001), no Pará (BARBOSA et al., 2003) e por Carbamatos no

Rio Grande do Sul (SOARES et al., 2002) (MARCIO et al., 2007).

Existem mais de 200 praguicidas organofosforados, os quais são

comercializados no mundo todo por diversas empresas, na forma de inúmeras

formulações e nomes comerciais (SPINOSA et al., 2008). A evolução das

vendas de praguicidas está descrita no quadro 1.

QUADRO 1 - Evolução de vendas das classes de pesticidas agroquímicos

no Brasil

Evolução das vendas de agroquímicos

1996 1997 1998 1999 2000

Herbicidas Fungicidas Inseticidas Acaricdas Outros(*)

1.005.112 276.331 375.548 92.237 43.443

1.214.818 356.304 464.796 86.714 58.159

1.368.723 436.235 581.693 105.619 65.579

1.175.933 422.476 596.051 78.726 55.881

1.300.515 380.418 689.953 65.560 63.512

Total 1.792.671

2.180.791

2.557.849

2.329.067

2.499.958

(*) antibrotantes, reguladores de crescimento, fito-hormônios e espelhantes

adesivos.

Fonte: SANTOS et al., 2007.

2.1.1 Etiologia

Os animais se intoxicam através da ingestão direta do produto ou

indiretamente, através da água e alimentos contaminados, ou ainda quando são

usados como antiparasitários por erro de dosagens em aspersões ou injeções

(BARBOSA et al., 2005).

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11

Segundo SPINOSA et al. (2008), os dados de que os praguicidas

organofosforados estão sempre entre os principais agentes tóxicos relacionados

a exposições agudas são: sua ampla utilização, a alta toxidade de alguns destes

compostos, o uso incorreto, a facilidade de acesso a essas substâncias (ambos

apresentam produtos registrados para uso agrícola, veterinário ou doméstico) e

também o fato de que a fiscalização dos praguicidas de uso proibido ou registro

é muitas vezes, ineficiente, sendo comum a comercialização ilegal de agentes

extremamente tóxicos, como o aldicarb.

2.1.2 Epidemiologia

Um dos tipos de intoxicação mais comuns encontrados pelos

veterinários em animais pecuários é a por organofosforados, e as perdas são

ainda muito pequenas, porém todas as espécies animais são acometidas

(RADOSTITS et al., 2002).

Segundo RIET-CORREA et al., (2001) esses compostos podem ser

absorvidos pelo organismo animal pela via digestiva, por inalação ou por contato

com a pele ou mucosas.

As principais fontes da toxina são: pastejo em áreas recentemente

pulverizadas; desvio pelo vento do produto aplicado na pulverização de culturas;

feno ou fardos feitos de plantas pulverizadas com compostos organofosforados;

uso de latas vazias de inseticidas como comedouros; contaminação de fontes de

suprimento de água; concentração muito alta do inseticida na solução utilizada

para pulverização; aplicação em animais de produtos que contêm veículo à base

de óleo formulado exclusivamente para pulverização em paredes (RADOSTITS

et al., 2002).

Segundo RADOSTITS et al. (2002), as fêmeas prenhes em virtude de

defeitos congênitos que podem ocorrer em suas crias, animais jovens,

estressados, privados de água, sob condições de frio e animais adultos

dependendo de alguns produtos, são muito mais susceptíveis aos fatores de

risco da intoxicação.

A dose tóxica varia de 1-20 mg/kg, dependendo do produto e da

espécie e sexo dos animais envolvidos. Algumas substâncias como a

succinilcolina, tranqüilizantes fenotiazínicos, levamisole, nicotina, curare e

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antibióticos aminoglicosídeos potencializam a ação dos organofosforados (RIET-

CORREA et al., 2001).

Bovinos Zebus e os seus cruzamentos parecem mais susceptíveis a

alguns compostos do que os de outras raças, talvez devido a suar menor

adaptabilidade em relação à utilização de compostos antiparasitários. A

toxicidade de alguns compostos parece aumentar com a estocagem

(RADOSTITS et al., 2002).

2.1.3 Importância

Deve-se notar que durante os últimos 30 anos, inseticidas

organofosforados têm sido amplamente usados como alternativa para substituir

compostos organoclorados no controle de insetos; são os mais utilizados devido

ao baixo custo, à síntese fácil e baixa toxidez para muitos organismos tratados

(SANTOS et al., 2007).

A elevada utilização de agrotóxicos, sem cuidados necessários, tem

contribuído para a degradação ambiental e o aumento das intoxicações

ocupacionais, sendo um dos principais problemas de saúde pública no meio

rural brasileiro (OLIVEIRA-SILVA et al., 2001).

A aplicação intensiva de inseticidas de largo espectro no controle de

insetos-praga tem causado impacto negativo nos agroecossistemas, além do

crescente aumento de casos de resistência a pesticidas (SANTOS et al., 2007).

A disposição final de resíduos de produtos domésticos perigosos é um

desafio que requer providências urgentes, visando a prevenção da

contaminação do solo, do ar, da água, e as conseqüências desastrosas que os

mesmos acarretam sobre a saúde humana, animal e para o meio ambiente.

(SCHIO, 2001).

Como o Brasil é um país de território extenso e possui várias

pequenas propriedades (82%), os agricultores geralmente recebem pouca ou

nenhuma informação sobre a utilização dos agrotóxicos e conseqüentemente

sobre sua periculosidade. Muitas vezes não escolhem o agrotóxico correto, não

possuem conhecimento no preparo, aplicação, transporte, armazenamento e

descarte das embalagens e sobras desses agrotóxicos. Por esse motivo, um

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programa de monitoramento é imprescindível para população (RODRIGUES,

2006).

Os inseticidas organofosforados são importantes não somente pela

proteção agrícola que oferecem, mas, também, pelos propósitos industriais,

domiciliares e ambientais. Os compostos organofosforados podem ser obtidos

por diversos métodos de preparação, simples e eficientes. Estes compostos

apresentam um largo campo de aplicações, uma vez que sua estrutura química

permite diversos modos de ação, sendo bastante empregados como potentes

inseticidas, cuja função principal é a inibição e interação com a enzima

acetilcolinesterase (Ache) de insetos, causando inativação da mesma (SANTOS

et al., 2007).

Os recipientes de pesticidas descartados jamais estão totalmente

vazios e os animais podem ser envenenados se receberem alimento ou água

nestes recipientes, ou se tiverem acesso a depósitos de lixo onde são

descartados recipientes de produtos químicos (SALVADOR et al., 1999).

Os processos de tratamento de resíduos perigosos estão divididos em

três principais categorias: físico, químico e biológico que tem como objetivo a

redução do seu volume e da toxicidade; podem envolver diferentes

procedimentos visando: a destruição de produtos indesejáveis; a alteração das

características de periculosidade de modo que sua disposição final no ambiente

se torne aceitável; ou simplesmente segregando a massa de resíduos, para

favorecer a reciclagem e reduzir o volume final (BENAVIDES 1991; SCHIO,

2001).

Atualmente, vários compostos de fósforo usados comercialmente são

inorgânicos, mas compostos de fósforo orgânicos estão se tornando bastante

importantes. Eles são usados como antioxidantes e estabilizantes para plásticos

e óleos industriais, e em diversas áreas de aplicação, assim como resistência à

corrosão, extração e complexação e como agroquímicos (inseticidas, fungicidas,

herbicidas) (SANTOS, et al., 2007).

Por outro lado o gerenciamento de tais resíduos têm se transformado

em um dos temas ambientais mais complexos devido ao número crescente de

materiais e substâncias identificadas como perigosas que são colocadas no

mercado em quantidades e diversidades diferentes (SCHIO, 2001).

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Todo este crescente interesse na síntese de novos organofosforados,

particularmente os derivados pentavalentes tipo fosforoamidatos e

fosforotioatos, é devido à sua aplicabilidade como agrotóxico. O mercado de

produtos químicos para defesa agrícola é avaliado em US$ 2,5 bilhões somente

no Brasil, segundo levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos

para Defesa Agrícola (SINDAG) (SANTOS et al., 2007).

A qualidade da água para abastecer o gado deve ser levada em

consideração, às águas altamente salinas ou que contenha elementos tóxicos

representam perigo à saúde animal afetando a qualidade da carne, leites e

derivados, os tornando impróprios para o consumo (BRITO et al., 2004).

Segundo OTENIO (2008), os bebedouros artificiais são mais indicados

que as fontes naturais. Eles permitem um melhor monitoramento da qualidade

da água do rebanho. As fontes naturais, quando contaminadas com matéria

orgânica, por exemplo, podem trazer riscos à saúde dos bovinos. Não é

incomum encontrar reservatórios naturais ou artificiais de água com uma

coloração verde. Esta água contém algas que podem ser tóxicas, que produzem

componentes altamente nocivos para os bovinos. Não permitir o acesso do

rebanho às minas, lagos, riachos e rios são também importantes por evitar a

contaminação da água por fezes e urina. Essa medida contribui para a

preservação das fontes naturais, já que o pisotear do rebanho compacta o

terreno e destrói a vegetação ao redor.

Segundo OTENIO (2008), é recomendado que os bebedouros fiquem

em locais frescos e de fácil acesso. Além disso, ele deve ter espaço suficiente

para que os animais não precisem “disputar” pela água. O recomendável é que

um bebedouro seja capaz de atender 20 vacas. Assim, evita-se que os animais

dominantes impeçam que outros bovinos tenham acesso à água.

Para ALOISIO (2008), a água fornecida às vacas deve ser limpa e

fresca. Os bovinos são seletivos tanto na escolha do pasto quanto na hora de

matar a sede. Água parada e suja não só desestimula o consumo como também

provoca doenças. Os bebedouros precisam ser limpos semanalmente ou toda

vez que acumularem restos de ração, lodo ou outras sujeiras. No que diz

respeito à temperatura, estudos realizados indicam que os bovinos preferem

bebê-la entre 25ºC e 30ºC. “O consumo diminui quando a temperatura fica

abaixo de 15ºC”.

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A introdução desses compostos na terapêutica animal para o

tratamento das infestações por nematódeos, bernes, gasterofilose, oestrose, e

como inseticidas para pulverizações em plantas e solo aumentou a sua

importância como possíveis causas de intoxicações e de poluição do leite, da

carne e dos ovos, sendo estes as causas mais importantes de intoxicação de

animais pecuários (RADOSTITS et al., 2002).

2.1.4 Toxicidade

Os organofosforados apresentam baixa ação residual, com pouca

estabilidade no meio ambiente e acumulação limitada em organismos vivos,

sendo que 80 a 90% dos compostos são eliminados após 48 horas do contato

(SANTOS et al., 2007).

Os resíduos tóxicos são os que contêm substâncias capazes de

provocar a morte e/ou efeitos nocivos a saúde e ao ambiente. Variam em

características e severidade de acordo com a forma e a intensidade da

exposição (SCHIO, 2001).

Os reagentes de fósforo podem ser usados para a síntese de grande

variedade de compostos. Estes reagentes possuem fórmula geral (PR3), onde R

pode ser o grupamento: alquila, arila, alcoxila, ariloxila, halogeneto, tioalquila,

amino, alquilamino, ou arilamino. Nestes compostos, o átomo de fósforo possui

um par de elétrons livres, o qual confere caráter básico e nucleofílico às

respectivas moléculas. Quando R é o grupamento alquila ou arila têm se as

fosfinas, que se comparadas às aminas, são bases mais fracas, porém são

nucleófilos mais forte (SANTOS et al., 2007).

A degradação é feita por processos químicos, físicos e biológicos. A

velocidade dessa degradação, que determina a persistência, depende da

estrutura química do pesticida (e também da formulação), e das condições

locais, como a temperatura, umidade e a natureza dos solos, acidez e salinidade

das águas, populações microbianas, espécies vegetais e outras (MARQUES,

1996).

Os organofosforados salvo algumas exceções, não são muito

persistentes e se dissipam em duas a quatro semanas. São pouco

hidrossolúveis, portanto solúveis em solventes orgânicos e também em gorduras

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e óleos, assim estes podem ser diretamente absorvidos pela pele do animal

(SALVADOR et al., 1999).

Os inseticidas organofosforados são a classe de maior interesse

comercial e toxicológico, são ésteres ou tióis derivados de ácidos fosfóricos,

fosfônico, fosfínico ou fosforamídico e usualmente têm a estrutura geral descrita

usualmente como na figura 2 (SANTOS et al., 2007).

Usualmente R1 e R2 são grupos arilas ou alquilas que são ligados

diretamente ao átomo de fósforo, formando fosfinatos, ou através de um átomo

de oxigênio ou de enxofre, formando fosfatos e fosforotioatos. Em outros casos,

R1 está diretamente ligado ao átomo de fósforo e R2 está ligado por um átomo

de oxigênio ou de enxofre, formando fosfonatos ou tiofosfonatos. Finalmente, o

grupo L pode pertencer a uma variedade de grupos, tais como: halogênios,

alquila, arila ou heterocíclicos. O grupo – L, ligado através de um oxigênio ou

átomo de enxofre ligados ao átomo de fósforo, é chamado de grupo de saída,

que é liberado pelo átomo de fósforo quando o mesmo é hidrolisado pela

fosfotriesterase (PTE), ou pela interação com o sítio da proteína (AChE)

(SANTOS et al., 2007).

Muitos ORFs (organofosforados) usados como inseticida na

atualidade contém a porção tiono (=S) mais que a porção oxon (=O). Na sua

forma original, que é do tipo tiono, os ORFs não são caracteristicamente

inibidores potentes da enzima acetilcolinesterase (AChe), mas requerem

ativação metabólica à forma análoga ativa oxon, pela ação principalmente da

oxidase mista. O fígado possui a maior capacidade enzimática para bioativação

(síntese letal) desses compostos, no entanto outros órgãos como o pulmão e o

cérebro também têm esta função (ANDRADE, 2002).

A presença de outros produtos químicos pode alterar a toxicidade de

pesticidas organofosforados, cujos efeitos podem ser sinérgicos ou antagônicos.

Qualquer outro pesticida que cause sinais clínicos semelhantes aos dos

organofosforados, ou compostos com amônio quaternário, podem apresentar

sinergismo com os organofosforados, pois também inibem as

acetilcolinesterases (SALVADOR et al., 1999).

Nas décadas de 50 a 70, ocorreu uma explosão no desenvolvimento

da síntese orgânica, inclusive de produtos com atividade inseticida que se

mostraram mais potentes e mais específicos, substituindo rapidamente o

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inseticida de origem natural. Passaram a ser utilizados o DDT ([1,1-bis-(4-

clorofenil)-2,2,2- tricloroetano]), HCH (hexacloroexano), aldrin, dieldrin e

clordano (SANTOS et al., 2007).

Para SPINOSA et al. (2008) a forma thion não é inibidora da

acetilcolinesterse, até que no fígado, seja bioativada para a forma oxon.

Segundo ANDRADE (2002), a administração recente ou concomitante

de algumas drogas pode aumentar potencialmente a suscetibilidade do animal à

toxicose por ORFs ou Carbamatos. A DL50 (dose letal suficiente para matar 50%

dos animais expostos) oral aguda de alguns carbamatos e ORFs está descrita

no quadro 2.

QUADRO 2 - DL50 oral aguda de alguns ORFs para ruminantes

Nome Genérico Nome Comercial DL50 (mg/kg)

Triclorfon Neguvon 390 a 630

Malation Cythion 347 a 1.375

Parationa Thiophos 3 a 6

Amiton Citram 0,5 a 7

Clorpirifos _ 500(caprinos) e 97(ratos)

Diclorvos _ 25 a 80

Clorfenvinfos _ 10 a 39

Fonte: ANDRADE, 2002

A toxicidade desses compostos diminui à medida que são degradados

pelo sol, pela água, por microorganismos ou íons metálicos. Pode ocorrer

aumento na toxicidade por ativação de reserva, em que isômeros altamente

tóxicos de certos pesticidas são formados espontaneamente em solventes

polares ou água, e são mais tóxicos do que os compostos originais (SALVADOR

et al., 1999).

A biotransformação é hepática por meio de diferentes reações,

envolvendo, por exemplo, o citocromo P 450 (RIET-CORREA, et al., 2001).

Esta reação é acelerada pelo calor e a isomerização pode prosseguir

quando o pesticida é diluído e armazenado, tornando-se um pesticida mais

tóxico. A temperatura, a volatilidade, e a natureza do veículo em que o pesticida

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é distribuído podem aumentar sua absorção através da pele e causar

intoxicações (SALVADOR et al., 1999).

De acordo com SPINOSA et al. (2008), estes compostos ORFs se

distribuem por todos os órgãos e tecidos, sendo que alguns deles podem

atravessar a barreira hematoencefálica e placentária,podendo causar aborto.

Os compostos que requerem ativação enzimática não são tão tóxicos

para animais muito mais jovens, porque as enzimas de ativação são deficientes

durante as primeiras semanas de vida (SALVADOR et al., 1999).

São eliminados principalmente pelas vias urinárias e fecais, sendo que

alguns desses praguicidas podem se eliminados pelo leite (RIET-CORREA et

al., 2001).

A segunda maior incidência de acidentes tóxicos ocupacionais em

humanos foi causada pelos agrotóxicos, representando 22,96%. Destes, os

maiores causadores pertenciam ao grupo do organofosforados (RIO GRANDE

DO SUL, 2008).

2.1.5 Mecanismo de Ação

Os organofosforados são conhecidos como anticolinesterásicos em

razão de mecanismo de ação inibitória sobre a enzima acetilcolinesterase

(AchE), responsável pela degradação da acetilcolina, um neurotransmissor do

sistema nervoso central e periférico (SPINOSA et al., 2008).

Os inseticidas organofosforados provocam uma inibição irreversível da

AchE, através da ligação organofosforado + AchE, ocorrendo acúmulo de

acetilcolina (Ach) na fenda sináptica, aumentando o número de despolarizações.

(SALVADOR et al., 1999).

A acetilcolina é um mediador químico, necessário para transmissão

dos impulsos nervosos, presente nos mamíferos e insetos e quando a

acetilcolinesterase é inibida, acontece paralisia e morte dos insetos (SANTOS et

al., 2007).

A ação dos fosfatos deixa livre a acetilcolina (Ach) das terminações

nervosas simpáticas e parassimpática para atuar continuamente e sem a

liberação dos efetores ao final de cada estímulo. São rapidamente absorvidos

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pela pele (principalmente lesada e em temperatura ambiente alta), pelo trato

respiratório e gastrintestinal (SPINOSA et al., 2008).

Todos os receptores colinérgicos muscarínicos e nicotínicos são

superestimulados por Ach, que normalmente seria destruída se a Ache

(acetilcolinesterase) não estivesse inibida (SALVADOR et al., 1999).

Entre as propriedades químicas dos organofosforados estão à alta

lipossolubilidade e sua rápida hidrólise no meio ambiente e em meios biológicos.

A figura 4 mostra em detalhes, a ligação do neurotransmissor nos dois

sítios ativos da acetilcolinesterase para que ocorra a hidrólise da acetilcolina. A

acetilcolinesterase possui dois locais ativos, sendo um aniônico, e outro

esterásico, no qual os organofosforados ligam-se somente a serina presente no

sítio esterásico da enzima por meio de ligação covalente, dando origem ao ácido

éster-fosfórico (SPINOSA et al., 2008).

FIGURA 4: Esquema da ligação do neurotransmissor nos dois sítios

ativos da acetilcolinesterase para que ocorra a hidrólise

da acetilcolina

Fonte: www.deiaestudio.com.br

Além da acetilcolinesterase, os organofosforados também podem inibir

outras colinesterases, como as pseudocolinesterases, propilcolinesterase e

acilcolinesterase (SPINOSA et al., 2008).

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2.1.6 Sinais clínicos da intoxicação

Segundo ANDRADE (2002), os sinais clínicos precoces observados

com inseticidas organofosforados e carbamatos são geralmente do tipo

muscarínicos.

O quadro de intoxicação por organofosforados é muito similar com os

demais agentes anticolinesterásicos, além de ser conseqüência do acúmulo de

acetilcolina nos locais onde esse neurotransmissor é liberado no organismo.

(SPINOSA et al., 2008).

Para RIET-CORREA et al. (2001), os organofosforados inibem a

acetilcolinesterase e, em conseqüência, aumentam o nível de acetilcolina nos

tecidos, a qual é responsável pela manifestação de sinais clínicos muscarínicos

(resposta visceral) e nicotínicos (resposta neuromusclar).

Os efeitos muscarínicos caracterizam-se por salivação, diarréia,

protusão da língua, dispnéia estertorosa, miose, cianose e timpanismo, e os

efeitos nicotínicos se manifestam por tremores musculares, tetania, rigidez

muscular, apatia, e paralisia flácida (RIET-CORREA et al., 2001).

Os resultantes da estimulação e do subseqüente bloqueio dos

receptores nicotínicos, incluindo os gânglios das divisões simpáticas e

parassimpática do sistema nervoso autônomo e junções neuromusculares são

(taquicardia, hipertensão, fasciculação, tremores, fraqueza muscular e/ou

paralisia flácida) (SPINOSA et al., 2008).

Já segundo ANDRADE (2002), estes incluem rigidez muscular,

debilidade, paresia e paralisia.

Nos casos de inativação aguda da acetilcolinesterase, nos ruminantes

os sinais premonitórios e os únicos sinais nos casos leves são: salivação,

lacrimejamento, desassossego, corrimento nasal, tosse, dispnéia, diarréia,

micção freqüente e espasticidade muscular com andar incoordenado (RIET-

CORREA et al., 2001).

A sintomatologia clássica da intoxicação por anticolinesterásicos

compreende estimulação excessiva dos receptores muscarínicos do sistema

nervoso autônomo parassimpático (broncoconstrição, miose, sialorréia, náuseas,

vômito, expectoração, sudorese, incontinência urinária, cólicas abdominais,

diarréia, bradicardia) (SPINOSA et al., 2008).

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21

Os resultantes dos efeitos no sistema nervoso central são: (ansiedade,

agitação, tontura, ataxia, prostação, confusão mental, perda de memória,

labilidade emocional, fraqueza generalizada, depressão do centro respiratório,

cianose, convulsões e coma), além de manifestações cardíacas como,

(arritmias, anormalidades eletrocardiográficas, defeitos de condução e

alterações da pressão arterial) e hipotermia ligeira a moderada. Nos casos

graves, após as exposições a altas doses, a morte pode ocorrer em decorrência

da parada respiratória (SPINOSA et al., 2008).

De acordo com ANDRADE (2002), observa-se debilidade muscular e

ataxia, as quais afetam inicialmente os membros posteriores, que podem

progredir à paralisia flácida e, nos casos graves, envolvimento de membros

anteriores, além da deficiência da propiocepção.

Ocorrem contrações, fasciculações musculares e ataxia, mas a vítima

pode sofrer apenas convulsões (SPINOSA et al., 2008). Segundo ANDRADE

(2002), a morte ocorre normalmente devido à falência respiratória, por inibição

do centro respiratório (medular) ou por secreções brônquicas excessivas aliadas

a broncoespasmo e também por paralisia do diafragma e da musculatura

intercostal.

Comumente os sinais surgem dentro de uma a duas horas depois de

um contato isolado com o veneno que pode ocorrer por inalação ou absorção

cutânea (mais freqüentes que a ingestão). Os casos não fatais se recuperam

dentro de 48 horas (SPINOSA et al., 2008; RIET-CORREA et al., 2001).

Neuropatia tardia é provocada por alguns organofosforados e têm seu

início retardado de 7 a 21 dias seguidos da exposição. A síndrome não está

associada à inibição das colinesterases, e sim à esterase neurotóxica, com

envelhecimento da molécula de organofosforados sobre essa enzima

(ANDRADE, 2002).

A maior suscetibilidade parece ser decorrente da exaustão das

reservas de colinesterase no organismo. Nas lesões pós-mortem surgem

hemorragias em diversos locais, especialmente no pulmão, coração e tubo

gastrintestinal (SPINOSA et al., 2008).

Segundo JONES et al. (2000) ocorrem dificuldades respiratórias,

acompanhados de movimentos respiratórios laboriosos e exagerados. Antes da

morte, ficam evidenciados estertores pulmonares intensos e grunhidos suaves.

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A neuropatia periférica tardia se manifesta com dores musculares,

fraqueza muscular progressiva e diminuição dos reflexos tendinosos duas a três

semanas ou até meses após a exposição (SPINOSA et al., 2008).

2.1.7 Diagnóstico

O diagnóstico das intoxicações por essa classe de praguicidas inclui o

histórico de exposição ao agente, a sintomatologia característica de toxicose por

anticolinesterásicos e as alterações post mortem (SPINOSA et al., 2008).

A constatação da atividade da colinesterase abaixo de 50% pode

indicar intoxicação (ANDRADE, 2002). A diminuição no nível da colinesterase

nos eritrócitos circulantes é considerada como evidência de intoxicação por

fosfatos orgânicos. Para determinação da atividade da colinesterase, podem ser

utilizadas amostras de sangue e também do cérebro dos animais que vierem a

óbito (SPINOSA et al., 2008).

Nem sempre a depressão dos níveis da atividade enzimática

sangüínea pode ser correlacionada com a gravidade da intoxicação, pois os

sinais clínicos aparecem quando as colinesterases estiverem inibidas. Para

avaliação da atividade da acetilcolinesterase ou da pseudocolinesterase, podem

ser usados sangue, plasma, cérebro total ou núcleo caudado (ANDRADE, 2002).

A análise dos inseticidas e seus metabólitos podem ser realizadas nos

tecidos, no conteúdo gástrico ou ruminal, nas amostras de pêlo, pele e urina,

mas o resultado pode ser negativo, pois os organofosforados não permanecem

por muito tempo no organismo (ANDRADE, 2002).

Apesar de as alterações não serem patognomônicas, em alguns casos

o conjunto delas torna o quadro altamente sugestivo de intoxicação por

praguicida. Por isso, é importante que sempre sejam realizadas a necropsia e a

coleta de material para avaliação microscópica e, quando possível, toxicológica

(SPINOSA et al., 2008).

Na necropsia edema e congestão pulmonares, hemorragia e edema

intestinais podem estar presentes em vários órgãos de animais intoxicados por

organofosforados e as possíveis alterações microscópicas são: necrose axonal

com desmielinização do trato medular motor e periférico. Não há tratamento

específico para neurotoxidade tardia. (ANDRADE, 2002).

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23

2.1.8 Diagnostico Diferencial

Os sinais clínicos e as lesões da intoxicação por organofosforados e

hidrocarbonetos se sobrepõem de maneira considerável. Porém os

hidrocarbonetos clorados não causam sinais parassimpáticos e produzem

efeitos excitantes e convulsivantes mais graves, acompanhados por elevação da

temperatura corpórea (SALVADOR et al. 1999).

Para confirmação do diagnóstico, é necessário resultado positivo na

análise do material suspeito de ser tóxico. Nos bovinos a taxa de morbidade e

mortalidade fica próxima de 100%. Segue a lista de diagnósticos diferenciais em

bovinos:

ü Casos esporádicos de anafilaxia;

ü Grupos de bovinos acometidos por enfisema pulmonar agudo e

edema (febre da rebrota), que podem apresentar súbito surto de

dispnéia, mas o edema pulmonar é perceptível à auscultação, não

existindo salivação e rigidez muscular;

ü Raiva (salivação excessiva, pois o animal não consegue degluti-la

devido a paralisia mandibular e da língua principalmente, paralisia dos

membros posteriores + o histórico de exposição ao agente

(morcegos);

ü Botulismo (paralisia flácida de toda a musculatura esquelética,

rápida progressão, cuja morte ocorre em 3 dias, paralisia lingual,

maxilar, mastigatória e faríngea, paralisia da cauda e parada

respiratória + histórico que seria presença de carcaças na

propriedade);

ü Tétano (espasmos persistentes em toda musculatura estriada,

sem salivação, postura de cavalete, cifose, olhos arregalados

+exposição do animal a feridas acidentais ou processos cirúrgicos);

ü Intoxicação por hidrocarbonetos (salivação, animal assustado,

ataques de raiva com mugidos, tremores na cabeça e pescoço, porém

nestes casos há febre, o que não ocorre nos organofosforados);

ü Exposição a outros produtos inseticidas que podem causar os

sinais parecidos com inibição da acetilcolinesterase Ex: Carbamatos

(DIRKSEN et al., 1993; RADOSTITS et al. 2002).

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24

2.1.9 Tratamento

O rápido reconhecimento da intoxicação e seu tratamento adequado

são essenciais para prognóstico favorável quando há intoxicação por

organofosforados (SPINOSA et al., 2008).

O tratamento depende da via de administração, da dose ingerida ou

aplicada, da gravidade e do tempo decorrido da exposição (ANDRADE, 2002).

A administração de atropina na dose de 0,1-0,5mg/kg é eficaz para os

sinais muscarínicos, mas não reverte sinais nicotínicos, podendo esta dosagem

ser repetida a cada 6 horas caso os sinais muscarínicos retornem (RIET-

CORREA et al., 2001)

Nas intoxicações por inseticidas organofosforados são contra-

indicadas as morfinas, a aminofilina, a teofilina, os barbitúricos, fenotiazínicos,

reserpina. Aminas adrenérgicas devem ser dadas somente se houver indicação

específica, como hipotensão grave. Como marcador clínico mais seguro da

atropinização efetiva, pode-se ter a redução da sialorréia e alívio das alterações

respiratórias (SPINOSA et al., 2008).

Para RADOSTITS et al. (2002), o tratamento primário e urgente é

fundamental, especialmente nos bovinos devido a elevada taxa de mortalidade.

Atropina em grandes doses (cerca do dobro do normal) é o tratamento aprovado

e as doses recomendadas são 0,25mg/kg PV em bovinos. Nos animais muito

doentes cerca de um terço deve ser dado muito lentamente, por via venosa, em

solução diluída (2%), e o restante por injeção intramuscular. As aplicações

deverão se repetidas em intervalos de 4 a 5 horas, se os sintomas retornarem,

sendo mantidas por um período de 24-48 horas.

Podem ser usados agentes bloqueadores muscarínicos como sulfato

de atropina, reativadores de colinesterases como oxima e também eméticos

catárticos e/ou carvão ativado. O uso de anticonvulsivantes deve ser cuidadoso

por causa da depressão respiratória. Podem ser usados benzodiazepínicos

(Diazepam) ou barbitúricos (Hipnol) de acordo com a gravidade (ANDRADE,

2002).

O sulfato de atropina não neutraliza a ação praguicida-enzima; mas

bloqueia o efeito da acetilcolina nos terminais nervosos muscarínicos (pois este

é um antagonista de receptores muscarínicos) (SPINOSA et al., 2008).

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25

Fármacos do grupo oximas são indicados para regeneração da

colinesterase (reversão dos sinais nicotínicos). O metiodeto de aldoxima 2-

pridina (2-PAM) na dose de 50-100 mg/kg e/ou de brometo de trimedoxima

(DAM) a dosagem de 10-20mg/kg por via endovenosa, tem dado bons

resultados (RIET-CORREA et al., 2001).

Utiliza-se o sulfato de atropina (que atua nos sintomas muscarínicos

ou parassimpaticomiméticos como antídoto farmacológico, contrabalançando os

efeitos do excesso de acetilcolina no organismo) e os derivados de oximas ou

reativadores da colinesterase (Contrathion, 2-PAM ou cloreto de pralidoxima ou

Protopam e cloreto de obidoxima ou Toxogonina), que atuam como antídotos

químicos por liberarem a ligação das colinesterases com os inseticidas

fosforados orgânicos (SPINOSA et al., 2008).

Os efeitos muscarínicos central e periférico são bloqueados com o uso

de sulfato de atropina na dose de 0,6 a 1 mg/kg IV a cada 10 minutos, de acordo

as necessidades, mas este não reverte os efeitos nicotínicos como tremores

musculares (ANDRADE, 2002).

Segundo SPINOSA et al. (2008) como medida específica, emprega-se

o sulfato de atropina na dose 0,2 a 0,5 mg/kg, sendo que um quarto da dose

deve ser administrado pela via intravenosa e o restante via subcutânea ou

intramuscular. Recomenda-se a utilização da menor dose efetiva possível, dada

à possibilidade de que sejam necessárias várias repetições. Nesse caso,

preconiza-se a administração da metade da dose inicial.

A superdosagem de sulfato de atropina pode causar estase intestinal

ou ruminal, taquicardia, delírio e hipermetria; assim deve-se evitar a

atropinização excessiva. O cloridrato de pralidoxima (2-PAM) poderá ser usado

na tentativa de regenerar rapidamente a acetilcolinesterase e aliviar os sinais

nicotínicos, como debilidade e tremores musculares. O tratamento associado à

atropina e cloridrato de pralidoxima trazem melhores resultados e a dose de 2-

PAM é 10 a 15 mg/kg, IM ou SC, a cada 8 a 12 horas, no mínimo, por 36 horas

(ANDRADE, 2002).

Já o tratamento com oxima deve ser instituído rapidamente, dentro de

24 a 48 horas, pois o complexo organofosforado/AChE pode se tornar não

responsivo em conseqüência do “envelhecimento” desse complexo (ANDRADE,

2002).

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Para RADOSTITS et al. (2002), a combinação da oxima e atropina são

recomendadas, por ser superior às duas drogas sozinhas. O resultado do

tratamento será maior, se for feito no início da intoxicação antes de decorridas

24 horas, sendo de pouco valor depois de 72 horas.

A terapia continuada com atropina deverá ser efetuada com cautela

em animais ruminantes por causa da possibilidade da ocorrência de atonia

ruminal (SPINOSA et al., 2008).

As vacas que tiverem recebido grande quantidade do tóxico poderão

não responder ao tratamento. A atropina bloqueia apenas os efeitos

muscarínicos, não revertendo os tremores, espasmos e convulsões

(RADOSTITS et al., 2002).

O uso das oximas (reativadores da acetilcolinesterase) no tratamento

da intoxicação por organofosforados é amplamente aceito. A oxima disponível

no Brasil é a pralidoxima ou 2-PAM (Contrathion), na dose de 25 a 50 mg/kg em

grandes animais, por via intravenosa ou intramuscular (SPINOSA et al., 2008).

2.1.10 Medidas Preventivas

Se a exposição foi acidental e o agente era de uso domiciliar, deve ser

salientada a necessidade de utilizar o produto em locais onde não haja nenhum

animal, além dos cuidados na manipulação e armazenamento do praguicida,

que deve ser mantido sempre fora do alcance de animais e crianças (SPINOSA

et al., 2008).

Segundo RIET-CORREA et al. (2001), para a profilaxia devem ser

seguidas rigorosamente às recomendações para cada produto. Animais tratados

com organofosforados devem ter acesso a água em abundância e alimentação

fibrosa, pobre em proteína.

Para impedir a ocorrência de novos casos, todo o ambiente deve ser

avaliado quanto à presença de praguicidas e medidas de descontaminação

devem ser realizadas, tais como: lavagem do local, troca da água e comida dos

animais e ainda, se for o caso, remoção do solo contaminado ou afastamento

dos animais do local suspeito (SPINOSA et al., 2008).

Como medida importante de saúde pública, o leite dos animais

intoxicados não deve ser consumido, a não ser que a avaliação de resíduos

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tenha sido negativa para a presença do agente suspeito. A utilização de

praguicidas anticolinesterásicos de uso veterinário deve ser evitada por um

período de quatro a seis semanas (SPINOSA et al., 2008).

Para o gado leiteiro há recomendações de não se usar substâncias

antiparasitárias em vacas durante a lactação devido à persistência no

leite.(NETO et al., 2005).

O período de carência dos compostos organofosforados varia entre 7

a 21 dias, porém algumas exceções como: Endrin, Dieldrin podem variar com

até 60 dias e o Terracur com até 90 dias de período de carência (O

BIOLÓGICO, 1972).

Portanto, cabe também ao Médico Veterinário divulgar a gravidade

desse problema e educar o proprietário do animal quanto aos riscos envolvidos

nessa prática. Além disso, a notificação desses casos permite que se obtenham

informações mais fidedignas da realidade, tornando-se possível investir em

programas mais eficientes de prevenção e exigir a aplicação de medidas mais

eficazes de fiscalização, controle e punição (SPINOSA et al., 2008).

2.1.11 Diretrizes para a utilização eficaz e segura de pesticidas

A utilização dos inseticidas organofosforados é intensa no mundo

todo, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil. Esse fato,

associado à baixa instrução da maioria dos agricultores e à falta do uso de

equipamento de proteção individual, resulta em inúmeras intoxicações, que

podem ser agudas ou crônicas, leves, moderadas, graves e mortíferas. A

instrução aos usuários, juntamente com medidas de prevenção, proteção e o

monitoramento contínuo, principalmente com exames laboratoriais (dosagem do

nível da colinesterase) nos trabalhadores expostos direta ou indiretamente, é

relevante para a prevenção de intoxicações crônicas e a detecção das

intoxicações agudas causadas por esses inseticidas (RIBEIRO et al., 2007).

As chances de intoxicação para indivíduos com pelo menos o

segundo grau são 57% menores do que as estimadas para aqueles que não

atingiram esse grau de escolaridade; usar óculos de proteção diminui as

chances de intoxicação em 56%; usar macacão diminui as chances de

intoxicação em 14%;usar máscara diminui as chances de intoxicação em

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83%;usar somente um dia a roupa de aplicação diminui as chances de

intoxicação em 78%;jogar as embalagens vazias no sistema de coleta de lixo

diminui as chances de intoxicação em 14% (SOARES, et al.,2003).

A maior utilização destas substâncias se dá na agricultura, mas elas

são também utilizadas em saúde pública, na eliminação e controle de vetores

transmissores de enfermidades endêmicas como doença de Chagas, malária e

dengue. O elevado sub-registro dos acidentes de trabalho mostra aos sindicatos,

associações, cooperativas e outras entidades de classe a urgência em priorizar

ações conjuntas com as instituições de saúde, a fim de prevenir os acidentes de

trabalhos, e para os casos ocorridos, melhorar a identificação, registro,

assistência e recuperação dos danos (RIBEIRO et al., 2007).

Os indivíduos que admitiram não usar equipamento de proteção

individual têm 193% a mais de chance de se intoxicar em relação aos indivíduos

que usam ao menos um tipo de proteção; As chances de intoxicação para os

que não usam Equipamento de proteção Individual (EPI) quando o motivo é

calor são 535% maiores do que para quem não o usam por outro motivo;

aplicadores de agrotóxico que utilizam o pulverizador costal manual têm 16% a

mais de chance de se intoxicar em relação aos trabalhadores que fazem o uso

de outro equipamento; lavar os equipamentos em tanque de uso doméstico

aumenta as chances de intoxicação em 350% (SOARES et al.,2003).

“As reciclagens clandestinas não respeitam as normas e visando lucro,

fazem a lavagem para reaproveitar os galões, o que é totalmente proibido e não

se sabe o destino dessas embalagens recicladas”. O processo correto é fazer a

trituração do plástico e depois enviar para a reciclagem (PRADO, 2008).

Até há pouco tempo recomendava-se que se destruíssem as

embalagens e as enterrassem. As novas exigências européias em matéria de

ambiente recomendam outras práticas:

• Proceder à tripla lavagem das embalagens vazias;

• Inutilizar as embalagens lavadas;

• Usar as águas de lavagem na preparação da calda;

• Guardar na exploração agrícola, ao abrigo do calor e da chuva, as

embalagens lavadas em sacos ou outros reservatórios

impermeáveis;

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• A curto prazo, nos pontos de venda, deverão ser fornecidas

informação sobre os locais onde deverão ser entregues os

referidos sacos.

• Em alternativa devem ser procurados outros destinos que não

prejudiquem o ambiente (AZEVEDO et al., 2006).

Com a criação do projeto “Conscientizar” em Rio Verde-GO, um agente

da unidade vai à fazenda e faz um trabalho explicativo sobre o procedimento

que deve ser seguido pelo produtor rural, assim ele acaba entendendo a

importância ambiental que tem as centrais e fica livre de multas (PRADO, 2008).

Entre as medidas que devem ser tomadas com urgência pelos países

em desenvolvimento para impedir envenenamento grave e crônico assim como

deteriorações do ambiente pelos pesticidas, estão:

• Boas práticas agrícolas e controle integral dos parasitas;

• Preparação de pessoal em segurança química, incluindo formação

de toxicologia clínica, profissional, analítica, experimental,

preventiva e reguladora;

• Avaliação dos riscos;

• Programas de vigilância toxicológica;

• Estatísticas de confiança sobre a mortalidade e morbidade

relacionadas com envenenamento por pesticidas;

• Análises de controle de resíduos de pesticidas em amostras de

alimentos, no meio ambiente e em amostras biológicas humanas;

• Utilização restrita de pesticidas altamente tóxicos e resistentes;

• Cursos a vários níveis sobre a utilização segura de pesticidas;

• Operários especializados, treinados periodicamente, e

responsáveis pela aquisição e utilização segura de pesticidas;

• Aplicação da legislação;

• Esforços intensos para reduzir o analfabetismo entre os

trabalhadores rurais (ALMEIDA, 1984; ALVES, 1997).

Um dado preocupante é o baixo índice de escolaridade dos trabalhadores

rurais brasileiros, que torna essa população altamente susceptível aos riscos de

acidentes com agrotóxicos (RIBEIRO et al., 2007).

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Infelizmente não existe uma política efetiva, fiscalização, controle,

acompanhamento e sequer aconselhamento técnico adequado na utilização dos

agentes inseticidas como os organofosforados no Brasil. Dessa forma, este

assunto merece ser incluído nas prioridades de saúde, com o planejamento e a

execução da assistência em área rural, investindo na formação de profissionais

de saúde sobre problemas de origem ocupacional em populações rurais;com a

construção de um sistema eficiente e informações sobre problemas de saúde na

área rural.O Estado deve oferecer melhor assistência ambulatorial e hospitalar

para os trabalhadores rurais e desenvolver atividades pedagógicas com

discussão e orientação para a saúde.(RIBEIRO et al., 2007)

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2.2 Relato do Caso

No dia 27 de agosto de 2008, como parte das atividades

desenvolvidas dentro do período de Estágio Curricular Supervisionado, foi

visitada uma fazenda próxima a Jataí-GO, no sentido de Rio Verde com

aproximadamente 28km de distância da cidade, na qual o proprietário havia se

queixado da morte de 6 vacas mestiças prenhes.

Em julho de 2008 este mesmo caso foi abordado e o Médico

Veterinário solicitou que fosse coletado o cérebro de um animal e enviado para

laboratório através da Agrodefesa e sugerido a vacinação de seu rebanho contra

a Raiva.

A visita do dia 27 trouxe surpresa ao proprietário e ao profissional que

até então acompanhava o caso só pelos relatos do produtor, onde após uma

segunda queixa foi decidido realizar visita técnica à propriedade para

diagnosticar a causa da morte destes animais.

2.2.1 Anamnese

Ao chegar à propriedade foi realizada a anamnese com o relato do

proprietário que suas vacas estavam morrendo muito rápido, uma atrás da outra

e os únicos sinais vistos por ele teriam sido: salivação excessiva, contrações

musculares, a vaca se apresentava “fria”. Como o histórico das vacinações

estava em dias, foi descartada a possibilidade de tratar-se de Tétano ou

Botulismo.

Resolveu-se então dar uma volta nos piquetes para avaliar onde

estaria o problema e ao chegar aos bebedouros foi encontrado o que poderia

esclarecer o caso: galões azuis com rótulos em inglês sendo utilizados como

bebedouros, confirmados como um sendo pesticidas do tipo organofosforado.

Todos os 4 galões apresentavam sinais indicativos de perigo no rótulo e o

proprietário relatou que havia comprado em Jataí, numa loja que vende galões

clandestinos. Nos latões que os bezerros bebiam água os rótulos eram de

produtos vitamínicos, devido a isso nada acontecera com estes.

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2.2.2 Tratamento

Foi recomendada a retirada imediata destes animais do local e em

seguida a retirada dos galões de água do piquete. Foi orientado ao proprietário

que caso algum animal apresentasse os sinais de intoxicação fosse aplicado

Sulfato de Atropina na dose de: 0,22 mg de sulfato de atropina/kg/pv (0,2 ml/10

Kg). Administrando ¼ da dose por via endovenosa lenta e o restante por via

intramuscular ou subcutânea.

2.2.3 Evolução do quadro

A evolução do quadro foi satisfatória e após a retirada dos galões de

sua fazenda no mesmo dia da visita, não houve mais queixas do proprietário em

relação à ocorrência de morte de seus animais.

O proprietário foi orientado a adquirir outros bebedouros para estes

animais ou trocá-los de piquete para evitar perdas de mais animais, pois toda a

sua propriedade continha destes galões para ração e água para bezerros e

vacas. O proprietário ao retornar a loja agropecuária mostrou-se satisfeito com

os resultados.

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33

3 DISCUSSÃO

Diante da história clínica relatada pelo proprietário, sem a visita em

sua fazenda seria impossível chegar a um diagnóstico, pois todas as suspeitas

clínicas de doenças em relação ao histórico do caso foram descartadas.

Segundo RADOSTITS et al. (2002), o número de intoxicações

aumentou devido ao aumento na utilização destes produtos na terapêutica

animal de forma errônea e em bovinos é complicado de observar os sinais no

início da intoxicação, pois quando se observa já é tarde para entrar com

tratamento.

Para JONES et al. (2000), os fosfatos orgânicos são mais bem

conhecidos pelos nomes comercias específicos (paration, malation), porém já

existem muitos destes compostos com nomes comerciais novos e rotulados em

inglês, o que dificultou ainda mais o diagnóstico do caso em questão,pois se

tratava de um desinfetante germicida (monoetnolamina) e um pesticida

organofosforado+amônia quaternária (alkyl+dimetil benzil amonium).

A intoxicação subaguda ocorre com o uso de pequenas quantidades

do tóxico por vários dias, sendo observadas manifestações moderadas de

toxicidade, segundo RIET-CORREA et al. (2001). Desta forma uma intoxicação

gradativa ocorreu nos animais, pois estes bebiam quantidades de água que

continha o tóxico por muitos dias, porém com o calor a tendência no aumento do

consumo de água fez com que o quadro evoluísse mais rápido.

SALVADOR et al. (1999), ressaltou que os recipientes de pesticidas

nunca estão totalmente vazios, e isto se torna um erro muito grande pela parte

dos produtores que não seguem as informações corretas do rótulo e

principalmente pela parte dos vendedores clandestinos que reutilizam os

recipientes para fazerem reciclagem clandestina com destinação irregular do

material.

Para RADOSTITS et al. (2002), um dos efeitos muscarínicos em

outros sistemas que pode ser relacionado com este caso é o aborto, sendo um

dos relatos que confundiu o fechar do diagnóstico, pois existem muitas outras

doenças que causam aborto em bovinos.

De acordo com SPINOSA et al. (2008) e ANDRADE (2002), a

sintomatologia clássica da intoxicação por anticolinesterásicos foi condizente

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com os sinais descritos pelo proprietário, que foram do tipo muscarÍnicos, aos

quais a sialorréia, desassossego, dispnéia, e espasticidade muscular com andar

incoordenado foram os observados, acrescentando que o animal não tinha febre

e sim se apresentava frio.

A principal causa da morte destes animais foi a asfixia, pois de acordo

com (SPINOSA et al., 2008), ocorre uma falência respiratória com paralisia do

diafragma e da musculatura intercostal provocados pela exaustão da

colinesterase levando a um aumento de acetilcolina nos tecidos e pelo

decréscimo na capacidade dinâmica pulmonar. Para evitar a morte destes

animais deveria ter sido feita a visita no dia em que começaram a observar os

primeiros sinais ou as primeiras mortes, fato que não ocorreu devido à primeira

suspeita ser de Raiva e a espera pelos exames fez com que a necessidade da

visita prolongasse ainda mais.

Segundo PRADO (2008), para evitar que os animais se intoxiquem

com produtos que são utilizados na propriedade, o correto seria usá-los se

necessário somente com indicações do rótulo e do Médico Veterinário que o

indicou, sempre estando com equipamentos adequados e estar sempre atento

para o descarte das embalagens, pois estas jamais devem permanecer na

fazenda.

Um alerta importante deveria ter sido feito com relação aos galões que

o proprietário comprou, impedindo-o de reutilizá-los, pois se este tivesse

observado do que se tratava o produto, nem teria colocado como bebedouros,

assim como orienta SALVADOR et al. (1999), onde os recipientes de pesticidas

descartados jamais estão totalmente vazios e os animais podem ser

envenenados se receberem alimento ou água nestes recipientes, ou se tiverem

acesso a depósitos de lixo onde são descartados recipientes de produtos

químicos.

A qualidade da água para abastecer o gado deve ser levada em

consideração, às águas que contenha elementos tóxicos representam perigo à

saúde animal afetando a qualidade da carne, leites e derivados, os tornando

impróprios para o consumo, logo com a troca dos bebedouros não houve, mais

mortes e a saúde dos animas foi preservada (AYRES et al., 1991; BRITO, et al.,

2004).

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35

Para confirmação de intoxicação por organofosforados deveriam ser

realizadas a necropsia e a coleta de material para avaliação microscópica e, se

possível, toxicológica, porém os animais já estavam mortos há muito tempo e

com alterações cadavéricas que impossibilitou a necropsia (SPINOSA et al.,

2008).

No caso do Botulismo, DIRKSEN et al. (1993) citam que há uma

rápida progressão, levando a morte em três dias e vários animais adoecem

sucessivamente, descartamos então esta doença, pois os sinais típicos de

paralisia flácida não foram observados e a progressão não foi tão rápida da

primeira morte para a última, prolongando por mais ou menos um mês.

A suspeita de Tétano foi descartada pelo fato dos animais serem

vacinados recentemente e não haver histórico de ferimento acidental ou

intervenção cirúrgica,fatores predisponentes para a enfermidade, segundo RIET-

CORREA et al. (2001).

Para determinação da atividade da colinesterase, poderia ser utilizada

amostra de sangue e também do cérebro dos animais que vieram a óbito, porém

ao enviá-las ao laboratório o pedido foi unicamente para exame de raiva e não

sendo feito então uma nova coleta, pois havia se passado muito tempo

ocorrendo perda do material biológico (SPINOSA et al., 2008).

Poderia ter sido feito a dosagem sanguínea da acetilcolinesterse caso

algum animal apresentasse os sinais da intoxicação no momento da visita, o que

confirmaria o composto ser a base de organofosforado, como indica ANDRADE

(2002).

O tratamento foi indicado, porém não foi necessária a utilização de

atropina, na dose de 0,2 a 0,5 mg/kg citado por SPINOSA et al. (2008), pois com

a retirada dos galões de água da propriedade não houve mais morte dos

animais e nenhum destes apresentou sinais característicos da intoxicação.

O fato de utilizar galões azuis como bebedouros para os animais foi

criativo e aparentemente econômico, porém este teve uma perda financeira que

pagaria a construção de bebedouros fixos economicamente viáveis e corretos e

que não causariam danos aos seus animais.

É importante ressaltar que, nos casos de intoxicações em grandes

animais é bem mais difícil de reverter o quadro do que em pequenos animais,

provavelmente pelo fato do curso clínico ser muito rápido e estes sinais não

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serem observados a tempo visto o manejo muitas vezes extensivo destes

animais, porém com adoção de medidas preventivas corretas, o rebanho se

torna imune e livre de acidentes de trabalho causados por compostos químicos

(SALVADOR et al., 1999).

Conclui-se então que com boas práticas de profilaxia e um bom

manejo em toda a propriedade o rebanho permanece estável, onde foi

observado que, apenas com a retirada dos galões com tóxico da propriedade o

problema da morte dos animais que foi um erro apenas de manejo, foi

solucionado rapidamente, minimizando assim os prejuízos que poderiam ser

causados ao produtor em questão (PRADO, 2008).

4 CONCLUSÃO

Foi possível concluir que, apenas com uma avaliação Clínico

Epidemiológica o diagnóstico foi firmado e logo solucionou-se o problema do

referido caso. Com a visita na propriedade e identificação dos bebedouros

contendo produtos tóxicos sendo utilizados para os animais fechou-se o

diagnóstico de intoxicação, pois embasado nestes dados associados aos sinais

clínicos observados pelo proprietário estabeleceu-se um diagnóstico presuntivo

característico das intoxicações por organofosforados.

Desta forma não houve necessidade de entrar com o tratamento, pois

com a troca dos galões azuis pelos bebedouros de concreto não houve mais

queixas do proprietário.

Obteve-se então um resultado satisfatório apenas com medidas

preventivas de manejo, minimizando desta forma os possíveis prejuízos que

poderiam ser causados ao produtor futuramente.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio curricular supervisionado realizado na Natural Comércio e

Representações de Produtos Agropecuários Ltda., em Jataí-GO foi de extrema

importância para meu aprendizado acadêmico, pois pude aperfeiçoar meus

conhecimentos dentro da Medicina Veterinária na área de Grandes animais,

tendo a possibilidade de vivenciar o relacionamento com os produtores e

trabalhadores rurais e aprender com eles também.

Durante o Curso de Graduação obtive muitos conhecimentos teóricos,

porém muitos deles até então não tinham sido consolidados na prática e durante

o estágio pude consolidar cirurgias e atendimentos clínicos que contribuíram de

forma direta para aperfeiçoar a minha prática.

Acredito que a assistência técnica no campo é de fundamental

importância para os produtores rurais, pois através dela podemos difundir novas

tecnologias e conhecimentos que podem melhorar os índices produtivos,

econômicos e preventivos dentro de uma propriedade rural.

Além de aprender muito durante o período de estágio e fazer

amizades importantes, amadureci profissionalmente e sem este acredito que

não estaria tão preparada como agora para enfrentar o mercado de trabalho na

área de Medicina Veterinária.

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38

6 REFERÊNCIAS

ALMEIDA, F. Constituição de uma Comissão Nacional interdisciplinar sobre

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