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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ENGENHARIA DE ALIMENTOS
FÁBIO SANTOS DA SILVA
LOURANNE RODRIGUES NERI
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
INTENÇÃO DE CONSUMO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS INCORPORADOS
COM INSETOS
GOIÂNIA
2019
FÁBIO SANTOS DA SILVA
LOURANNE RODRIGUES NERI
INTENÇÃO DE CONSUMO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS INCORPORADOS
COM INSETOS
Orientadora: Profª. Dra. Adriana Régia Marques de Souza
GOIÂNIA
2019
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Curso de Engenharia de Alimentos da
Universidade Federal de Goiás - UFG, para
obtenção do grau de Engenheiro de
Alimentos.
Fábio Santos da Silva
Louranne Rodrigues Neri
INTENÇÃO DE CONSUMO DE PRODUTOS ALIMENTÍCIOS INCORPORADOS
COM INSETOS
Aprovada em 06 de novembro de 2019, pela banca examinadora constituída pelos
seguintes professores:
___________________________________
Profª. Dra. Adriana Régia Marques de Souza
Universidade Federal de Goiás - UFG
Orientadora
____________________________________
Profª. Dra. Miriam Fontes Araújo Silveira
Universidade Federal de Goiás - UFG
Membro
____________________________________
MSc Taynara Álvares Martins
Universidade Federal de Goiás - UFG
Membro
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus, por ter nos dado saúde, paciência, discernimento
e força para superar as dificuldades e concluir este trabalho.
Aos familiares, amigos e namorado (a) pelos incentivos, apoio e palavras de conforto
nas horas de desânimo e cansaço.
À nossa orientadora, pelo tempo dedicado e conhecimento compartilhado.
À esta universidade e todos os professores que contribuíram com a nossa formação
racional, educacional, e de caráter, e a todos que, direta ou indiretamente, colaboraram com a
realização e conclusão deste trabalho, o nosso muito obrigado.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 2
2.1. Tendências Alimentares ................................................................................................ 2
2.1.1. Vegetariano e Vegano .................................................................................................. 2
2.1.2. Entomofagia ................................................................................................................. 4
2.2. Entomofagia .................................................................................................................. 4
2.2.1. Mercado ....................................................................................................................... 4
2.2.2. Perfil nutricional .......................................................................................................... 5
3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 8
3.1. Análise estatística .......................................................................................................... 9
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 11
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 18
6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 19
LISTA DE FIGURAS
Quadro 1. Análise nutricional de insetos comestíveis............................................................ 6
Figura 1. Questionário de avaliação da aceitação e consumo de produtos produzidos com
insetos no Brasil. .................................................................................................................... 8
Figura 2. Imagens de produtos à base de insetos utilizadas para auxiliar no esclarecimento da
entomofagia. A) Massa alimentícia tipo Tagliatelle com farinha de inseto; B) Snacks de
insetos; C) Pão enriquecido com farinha de grilo triturado; D) Hambúrguer de insetos
comestíveis. ........................................................................................................................... 9
Figura 3. Relação percentual (%) de todos os entrevistados (n=1430), representando o perfil
dos participantes, como faixa etária (A), sexo (B), escolaridade (C) e região de nascimento
(D). ...................................................................................................................................... 11
Figura 4. Relação percentual (%) de todos os entrevistados (n=1430), representando o perfil
dos participantes, que são vegetarianos (A) e que possuem conhecimento sobre entomofagia
(B). ...................................................................................................................................... 12
Figura 5. Influência do sexo no consumo de insetos (A); Influência do grau de escolaridade
no consumo de insetos: sim (B), não (C), talvez (D). ............................................................ 13
Figura 6. Consumo integral de insetos, em relação ao sexo (A) e faixa etária (B). ............... 14
Figura 7. Influência do sexo no consumo de produtos incorporados com farinha de inseto
(A); Influência do grau de escolaridade no consumo de produtos incorporados com farinha de
inseto: sim (B), não (C), talvez (D)....................................................................................... 15
Figura 8. Influência do sexo no hábito de ler rótulos (A) e conhecimento de produtos
existentes no mercado contendo farinha de inseto (B). ......................................................... 16
Figura 9. Nuvem de palavras mais citadas para a definição sobre o assunto. ........................ 17
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ASBRACI – Associação Brasileira dos Criadores de Insetos
ACT – Aliança de Controle do Tabagismo
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
FAO – Food and Agriculture Organization
IBOPE – Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
ONU – Organização das Nações Unidas
RDC – Resolução da Diretoria Colegiada
SIF – Serviço de Inspeção Federal
SILVA, F. S.; NERI, L. R. INTENÇÃO DE CONSUMO DE PRODUTOS
ALIMENTÍCIOS INCORPORADOS COM INSETOS. Trabalho de Conclusão de Curso –
Curso de Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás.
RESUMO
A entomofagia é definida como o consumo de inseto por seres humanos e teve seu início na
era paleolítica. Estudos mostram que os insetos, aptos para o consumo humano, podem chegar
a oferecer o dobro ou triplo de proteína (>40%) ao compara-los às fontes tradicionais como as
de origem animal. Tendo em vista essas informações sobre os insetos, o objetivo do trabalho
foi avaliar a aceitação e intenção de consumo de produtos alimentícios incorporados com
insetos. Foi realizada uma pesquisa de mercado em formulário no formato online, a partir do
Google Formulários e, posteriormente, compartilhado em grupos de rede social (Facebook) e
aplicativo de mensagens (WhatsApp), na qual foram obtidas respostas de todas regiões do
Brasil. Dentre os 1430 entrevistados, apenas 11,0% têm conhecimento sobre a entomofagia.
Entre os participantes, cerca de 46,8% das mulheres não consumiriam o inseto em forma
integral, já para os homens, esse percentual cai para 20,2%, mostrando que os homens estão
“mais abertos” ao consumo. Ao avaliar o consumo de alimentos (pães, biscoitos, etc.)
produzidos com farinha de inseto, observou-se que 78,6% das mulheres e 55,9% dos homens
consumiriam alimentos industrializados. O estudo mostrou que o público está mais receptível
a produtos desenvolvidos industrialmente com a incorporação da farinha do inseto. Assim,
considerando o avanço industrial em diversas partes do mundo, a tendência é que o
preconceito fique para trás e novos produtos sejam desenvolvidos.
Palavras-chave: alimento; entomofagia; proteína.
1
1. INTRODUÇÃO
A entomofagia é definida como o consumo de inseto por seres humanos e teve seu
início na era paleolítica (SUTTON, 1995). De acordo com Eaton e Konner (1985), a falta de
tecnologias para a estocagem de alimentos e a falta de informação de como conservá-los,
levou a alimentação de diferentes tipos de insetos.
Os insetos constituem uma parcela da dieta regular de cerca de 2 bilhões de pessoas
em todo o mundo, com um menu com mais de 2 mil espécies de insetos comestíveis (FAO,
2013). Entretanto, o hábito de seu consumo possui pouca popularidade entre as culturas
ocidentais por diversas razões, dentre elas psicológicas, estéticas, além de serem considerados
animais sujos, transmissores de doenças e vistos como pragas (COSTA NETO, 2003).
Contudo, com o crescimento populacional esperado até 2050, os alimentos de origem animal
se tornarão “iguarias de luxo”, ou seja, os alimentos ficarão mais caros em comparação aos
valores atuais, portanto, a entomofagia tem sido proposta como futura fonte sustentável de
alimentos (FAO, 2013).
Estudos mostram que os insetos, aptos para o consumo humano, podem chegar a
oferecer o dobro ou triplo de proteína (>40%) ao compara-los às fontes tradicionais como as
de origem animal. Além disso, na composição é encontrado um alto teor de vitaminas e
minerais, como: ferro, fósforo, magnésio, manganês, selênio e zinco; além de apresentar
grandes quantidades de fibras e nutrientes, importantes para redução dos níveis de colesterol,
diabetes, prevenir o ganho de peso, dentre outros (ROMEIRO, OLIVEIRA & CARVALHO,
2015; KOUŘIMSKÁ & ADÁMKOVÁ, 2016). Assim, o hábito de comer insetos pode ser
indicado através da educação, ao mostrar os benefícios nutricionais que os mesmos podem
fornecer ao consumidor (COSTA NETO, 2003).
Desta maneira, o objetivo do trabalho foi avaliar a aceitação e intenção de consumo de
produtos alimentícios incorporados com insetos.
2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Tendências Alimentares
2.1.1. Vegetariano e Vegano
As dietas vegetarianas obtiveram uma maior aceitação pelos pesquisadores ao
indicarem que podem ser nutricionalmente adequadas. Entretanto, sua visibilidade para novos
adeptos aumentou, a partir da preocupação com o deleite do animal, o meio ambiente e a
saúde do indivíduo. Deste modo, alguns estudos apontam que os indivíduos aderiram a dieta
vegetariana por razões de saúde, direitos dos animais, preocupação com o meio ambiente,
valores éticos, ou a combinação destes (JABS, DEVINE & SOBAL, 1998).
Segundo Simões (2019), a Sociedade Vegetariana chegou no termo “vegetariano” na
metade do século XIX. Desde então, surgiram novas alternativas alimentares para evitar
alguns ou todos os alimentos de origem animal. As dietas vegetarianas são compostas por
ovo-lacto-vegetariano, lacto-vegetariano, vegetariano estrito e vegano.
A dieta ovo-lacto-vegetariano, costuma ser o primeiro passo para adentrar na dieta
vegetariana, além de reunir o maior número de adeptos. Nesta dieta, o indivíduo deixa de
comer todos os tipos de carne (frango, frutos do mar, peixes e vermelha), porém segue o
consumo de leite e ovos. Segundo Jasmine (2017), é possível obter todos os nutrientes
necessários ao organismo, mas, é necessário equilibrar a alimentação. A lacto-vegetariano,
além de não comer nenhum tipo de carne, também excluem os ovos. No entanto, a parte dos
adeptos, a esta dieta, fazem por motivos de saúde, devido ao elevado nível de colesterol
(JASMINE, 2017; SIMÕES, 2019).
O vegetariano estrito rejeita qualquer dieta advinda da carne, leite, ovos ou qualquer
outro derivado animal, como por exemplo, o mel e gelatina. Além disso, o mesmo
desconsidera qualquer alimento que pode ter causado sofrimento ou trabalho forçado a um
animal. Deste modo, os vegetarianos estritos, não consomem ovos, devido ao confinamento
do animal para estimular a sua produção; e leite, pois argumentam que o animal é forçado, por
uso de hormônios ou pela alteração genética, a produzir excessivamente mais leite do que
produzem naturalmente. O vegetariano estrito não pode ser considerado um vegano, visto que
para aderir a esta condição, o mesmo deve excluir produtos de origem animal em sua vida
diária, como produtos de higiene, roupas, dentre outras (JASMINE, 2017; SIMÕES, 2019;
AZEVEDO, 2013).
3
Segundo o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) (2018), cerca
de 14% da população brasileira se declara como vegetariana. Além disso, nas regiões
metropolitanas de Curitiba, São Paulo, Recife e Rio de Janeiro, este percentual sobe para
16%. Em 2012, a mesma pesquisa, indicou que a população, da região metropolitana, que se
alegava vegetariana era de 8%, ou seja, um crescimento de 75%. O número de brasileiros
adeptos a esta dieta alimentar, representa quase 30 milhões.
O veganismo (ou vegans) é uma subcategoria do vegetariano, como os ovo-lacto-
vegetariano, lacto-vegetariano e vegetariano estrito. É um grupo denominado de
“vegetarianos radicais”, e significa que a prática vegana, em nenhum momento, deve
consumir alimentos que contenha carne, gelatina, leites, mel, ovos ou outros ingredientes
derivados de animais. A dificuldade desta prática é o fato de que os produtos industrializados
possuem, um ou mais, destes ingredientes em sua composição (SIMÕES, 2019; SOCIEDADE
VEGANA, 2011).
De acordo com a Sociedade Vegana (2011), os praticantes devem evitar o uso de
produtos farmacêuticos, cosméticos e de higiene testados em animais, pois para os mesmos, é
“uma das formas mais cruéis de exploração animal” e devem ter o cuidado com vestiários que
utilizam couro, lã, peles, penas, plumas e seda, na qual são provenientes da exploração
animal. Também não toleram, entretenimentos com animais, como circos e rodeios, e a
exposição e/ou maus tratos de animais (zoológicos e aquários) (TRIGUEIRO, 2013).
O veganismo, além de ser uma dieta, é um posicionamento ético na qual delineia uma
responsabilidade para com os atos de consumo, sendo assim, reconhecido como parte da
construção importante de um modo de viver. É considerado um tipo de consumo reflexivo,
em especial ao analisar os interesses e ações que o produzem, como: a) avaliar criticamente a
relação humanidade-animalidade; b) mobilizar politicamente, na forma de ativismo, novos
processos de subjetivar e redefinir os estilos de vida e consumo, e, por fim, c) posicionar
eticamente sob as formas que a sociedade deve viver (TRIGUEIRO, 2013).
De acordo com IBOPE (2018), em pesquisa realizada com pessoas das regiões centro-
oeste, norte, nordeste, sul e sudeste do Brasil, 55% dos entrevistados, declararam que
consumiriam produtos veganos, se estivesse apontado na embalagem; e, cerca de 60%,
declararam que, consumiria apenas se possuíssem os mesmos preços dos produtos que estão
acostumados a consumir.
4
2.1.2. Entomofagia
A entomofagia é definida como um efeito histórico e geograficamente disseminada
(COSTA NETO, 2003). Os indícios históricos mostram que a entomofagia surgiu na era
paleolítica. Assim, os primeiros hominídeos levaram essa prática para mais de 100 países ao
redor do globo (SUTTON, 1995; RAMOS-ELORDUY & MENZEL, 1998). Alguns povos,
como o povo Asteca, alimentavam-se com mais de 90 espécies de insetos, de diversas
maneiras: assados, condimentos, fritos, fervidos e em molhos. Entretanto, na era das grandes
navegações, muito destes alimentos foram avaliados negativamente, consequentemente
esquecidos e/ou depreciados (COSTA NETO, 2003).
Os insetos podem ser consumidos em seus diferentes estágios de desenvolvimento:
ovos, larvas ou pupas, adulto. Ainda assim, grande parte da população considera a prática de
comer insetos “primitiva”, pois são considerados sujos, transmissores de doenças e visto
como pragas. Porém, estudos realizados pela Organização das Nações Unidas (ONU),
mostram mais de 800 milhões de pessoas passando fome no mundo, assim, o maior desafio da
humanidade é garantir, que em 2050, com uma população estimada em 10 bilhões de pessoas,
todos tenham o que comer. Desta forma, o hábito de consumir insetos torna-se uma das
soluções, devido a mesma ser considerada como fonte protéica (COSTA NETO, 2003;
CAZARRÉ, 2017).
2.2. Entomofagia
2.2.1. Mercado
De acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO) (2011) cerca de 80% dos
países consomem insetos em seu cardápio, e 20 destas nações estão no continente americano.
No continente oriental, pode-se encontrar mais de mil tipos de insetos para o consumo. Os
países africanos consomem mais de 524 espécies, os asiáticos consomem 349, oceania 152, a
américa 679 espécies e os países europeus 41.
No Brasil, o consumo de alguns insetos se faz presente em alguns pratos tradicionais.
Um dos pratos mais comuns é a farofa com formiga Tanajura (içá), a qual é muito apreciada
na região nordestina, mas também é usada em outras receitas pelas regiões do Amazonas e
Minas Gerais. Além das formigas içás, são consumidas larvas de besouro (Pachymerus
nucleorum) pelos moradores da zona rural de Minas Gerais, e saúva (Atta cephalotes),
5
encontradas na região Norte (BENÍTEZ, 2013; ROMEIRO, OLIVEIRA & CARVALHO,
2015).
Embora o consumo destes insetos no Brasil seja apreciado, a legislação para produtos
industrializados ainda é inexistente para o consumo humano. O único aspecto regulamentado
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é a Resolução da Diretoria
Colegiada (RDC) n° 14 de 2014, na qual estabelece limites toleráveis de “matérias estranhas”
em alimentos. Neste documento são listados insetos que são considerados parte do processo
de produção de alimentos (comidas e bebidas) e, dentro dos limites estabelecidos, não
ameaçam a saúde humana. Ou seja, o fragmento de insetos, apenas pode ser considerado
falhas no processo de produção, envolvendo desde a colheita do alimento até o produto final,
embalado (MORAES & FERNANDES, 2018).
Entretanto, estudos estimaram um mercado de 1,54 bilhões de dólares, em 2013, no
mercado global de insetos para alimentação. Além disso, o mesmo salienta que dois bilhões
de pessoas comem insetos, sendo que a maior parte de adeptos está no Ocidente. Outro
mercado em alta é o comércio fitness, na qual apela por produtos com altas doses de proteína,
ferro e zinco, visto que são essenciais nas dietas dos atletas de alto rendimento. Além disso, o
mercado oferece uma variedade de produtos processados como barras energéticas à base de
farinha de grilo, produzidos pela empresa americana Exo, e shakes de proteína de grilos,
fabricados pela empresa britânica Grub (MORAES & FERNANDES, 2018).
No comércio brasileiro, algumas empresas já oferecem insetos desidratados para
ração, com intuito de atender ao mercado pet de animais exóticos, como aves e répteis. Não
existem diferenças na produção de insetos seja para o consumo animal ou para humano. A
produção deve seguir as exigências sanitárias e é necessário a inspeção do Serviço de
Inspeção Federal (SIF), além do selo de autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), que assegura a qualidade de produtos de origem animal comestíveis
e não comestíveis destinados ao mercado interno e externo (MORAES & FERNANDES,
2018).
2.2.2. Perfil nutricional
Os insetos são considerados um recurso alimentar natural renovável e podem ser
consumidos como suplemento alimentar ou como componente essencial da dieta de diferentes
habitantes em diversas regiões do mundo, podendo ser consumido na forma “viva” ou como
alimento enriquecido/desidratados. Na forma desidratada são encontrados inteiros,
6
fragmentados, moídos, reidratados. Estudos demonstram que a “carne” dos insetos possui as
mesmas substâncias encontradas nas carnes bovinas, suínas, frango e de peixe. A principal
diferença está na quantidade de proteína para cada tipo: um inseto, como a formiga conhecida
como saúva-da-mata (Atta cephalotes L.) possui mais de 40% de proteínas contra 23% no
frango e 20% na carne bovina (COSTA NETO, 2003; CUNHA, 2014; SCHICKLER, 2013).
Esta proporção é vantajosa, entretanto, dependerá de cada inseto. O corpo de um inseto pode
conter até 80% de proteína, em razão do controle da temperatura corpórea, variando de acordo
com o ambiente (CUNHA, 2014).
Nos insetos também pode ser encontrado uma grande quantidade de lipídeos, fibras,
vitaminas e minerais. O besouro, um dos mais consumidos pelos humanos, possui
concentração de ferro maior do que um bife de carne bovina. Uma porção de gafanhoto
oferece quantidades semelhantes de vitamina D ao do peixe arenque, ao fígado de galinha
cozido ou à gema do ovo (CUNHA, 2014).
Os insetos, além de quantidades consideráveis de lipídeos e proteínas, são ricos em
Na, K, Zn, P, Mn, Mg, Fe, Cu e Ca, podendo variar a quantidade em insetos comestíveis vivos
e desidratados (Quadro 1). Uma vantagem de alimentos com grandes concentrações de Zn é
ser utilizada para a fase de crescimento e desenvolvimento de crianças (COSTA NETO,
2003).
De acordo com Schickler (2013), análises bromatológicas realizadas com pupas de
bichos-da-seda (Bombyx mori L.) inseridas como biscoitos, demonstrou que em 362g de
biscoito, há 90g de gordura e 207g de proteína, enquanto biscoitos comuns possuem, em
média, 45g de gordura e 40g de proteína, ou seja, biscoitos a base de insetos apresentam cerca
de 80% a mais de proteínas.
Ramos-Elorduy (2001) determinou o conteúdo de vitaminas A, C, D e B (tiamina,
riboflavina e niacina), em 35 espécies de insetos comestíveis no México, e indicou que larvas
e pupas do marimbondo (Brachygastra mellifica) contém 0,11mg/100g de tiamina,
0,17mg/100g de riboflavina e 0,25mg/100g de niacina; formigas saúva-da-mata (Atta
cephalotes) apresentaram 0,61mg/100g de tiamina, 1,01mg/100g de riboflavina e
1,26mg/100g de niacina; grilos (Acheta domestica L.) são ricos em vitamina D, e baratas
(Periplaneta americana L.) possuem vitaminas A (29,06UI/100g), C (23,84UI/100g) e D
(387,18UI/100g).
7
Quadro 1. Análise nutricional de insetos comestíveis.
Insetos Proteína
(%)
Fibras
(%)
Cinzas
(%)
Cálcio
(%)
Fósforo
(%)
Tenebrio Comum 18,72 7,61 1,03 0,05 0,28
Tenebrio Gigante 17,24 7,42 1,04 0,07 0,21
Vivo Grilo Preto 16,47 10,59 1,42 0,15 0,23
Barata Cinérea 20,17 15,58 1,40 0,14 0,25
Mosca
Doméstica 13,92 8,61 1,08 0,09 0,24
Tenebrio Comum 47,41 6,45 3,20 0,07 0,52
Tenebrio Gigante 44,03 8,00 3,21 0,12 0,53
Desidratado Grilo Preto 48,76 7,99 4,43 0,19 0,66
Barata Cinérea 60,39 21,48 6,92 5,16 0,13
Mosca
Doméstica 50,25 6,93 4,65 0,39 1,05
*Fonte: SCHICKLER, 2013.
Bisconsin-Junior et al. (2018), avaliaram a quantidade total de ácidos graxos em larvas
de besouro, apresentando de 13 a 37% de ácidos graxos saturados, 41 a 66% de
monoinsaturados e 14 a 33% de poli-insaturados, na qual as proporções dos principais ácidos
graxos variam entre 11 a 33% para ácido palmítico (C 16:0), 31 a 61% para ácido oleico (C
18:1, ω-9) e 15 a 31% para ácido linoleico (C 18:2, ω-6). Para grilo adulto, o total de ácidos
graxos variaram entre 30 a 44% de saturados, de 20 a 35% de monoinsaturados e de 20 a 47%
de poli-insaturados, sendo que dos 23 a 32% são ácidos palmíticos, 20 a 29% ácido oleico e
20 a 41% ácido linoleico.
8
3. MATERIAL E MÉTODOS
Realizou-se um questionário (Figura 1) na versão online, a partir do Google
Formulários e, posteriormente, foi compartilhado em grupos de rede social (Facebook) e
aplicativo de mensagens (WhatsApp), nos quais foram obtidas respostas de todas regiões do
Brasil. As coletas dos dados foram realizadas nos dias 29 e 30 de maio de 2019. As perguntas
foram elaboradas para traçar o perfil dos participantes, seus conhecimentos sobre
entomofagia, a compreensão em relação ao consumo de insetos como fonte alimentar, entre
outros.
Figura 1. Questionário de avaliação da aceitação e consumo de produtos produzidos com
insetos no Brasil.
Questões
1. Faixa Etária: ( ) 18 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 50 anos ( ) Acima de 50 anos
2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
3. Escolaridade:
( ) Fundamental Incompleto ( ) Ensino Superior Incompleto ( ) Fundamental Completo ( )Ensino Superior Completo
( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Pós-Graduação
( ) Ensino Médio Completo
4. Em que região do país você nasceu?
( ) Centro-Oeste ( ) Nordeste ( ) Sudeste ( ) Norte ( ) Sul
5. Você é vegetariano? ( ) Sim ( ) Não
6. Você sabe o que é entomofagia? ( ) Sim ( ) Não
7. Os insetos possuem em sua composição o dobro ou triplo de proteína, quando comparados
às fontes tradicionais. Após essas informações, você utilizaria desta fonte? ( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez
8. Você consumiria insetos em sua forma integral? ( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez
9. Você consumiria alimentos (pães, biscoitos, etc.) produzidos com farinha de inseto? ( ) Sim ( ) Não ( ) Talvez
10. Você tem o costume de ler os rótulos dos alimentos? ( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes
11. Você sabia que alguns produtos já existentes no mercado, podem conter farinha de inseto
em sua composição?
( ) Sim ( ) Não
9
Os participantes responderam as questões de um a seis sem qualquer explicação prévia
sobre a entomofagia. Na questão 6, se a resposta fosse afirmativa, o participante era
redirecionado para uma sessão em que o mesmo definia o conceito de entomofagia. Por outro
lado, se a resposta fosse negativa, era concedida uma breve definição com relação ao tema.
Em ambas as respostas foram utilizadas imagens (Figura 2) para maior esclarecimento. Em
seguida, foi realizado o preenchimento do questionário relacionado às questões de sete a onze.
Figura 2. Imagens de produtos à base de insetos utilizadas para auxiliar no esclarecimento da
entomofagia. A) Massa alimentícia tipo Tagliatelle com farinha de inseto; B) Snacks de
insetos; C) Pão enriquecido com farinha de grilo triturado; D) Hambúrguer de insetos
comestíveis.
Fonte: A) Spiegel (2018); B) North Country Public Radio (2015); C) Conexão Planeta (2018); D) Cra2ysci
(2016).
3.1. Análise estatística
Os dados obtidos foram analisados por meio da planilha eletrônica Microsoft Excel
2016 (MICROSOFT, 2016). Foi utilizada estatística descritiva, expondo os resultados
10
mediante comparação gráfica do conjunto de dados. As questões 7, 8, 9, 10 e 11 foram
submetidas à análise do teste do qui-quadrado (5%) no software Excel em relação às questões
de faixa etária, sexo, escolaridade e região do país que nasceu.
11
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram da pesquisa 1430 pessoas das regiões centro-oeste, norte, nordeste, sul e
sudeste do Brasil. Dentre o público participante, observou-se que a faixa etária foi de 18 a 25
anos (Figura 3A), com predominância de pessoas do sexo feminino (Figura 3B), grande parte
de universitários, seguido de pessoas que possuem ensino médio completo (Figura 3C) e a
maior parte oriundas na região Sudeste do país (Figura 3D).
Figura 3. Perfil dos participantes, faixa etária (A), sexo (B), escolaridade (C) e região de
nascimento (D).
Embora somente 3,2% das pessoas entrevistadas se declaram vegetarianos (Figura
4A), de acordo com a conferência anual da Sustainable Food (SOCIEDADE VEGANA,
2019), o mercado vegano tende a ajudar a desenvolver as empresas que investem no mercado
da entomofagia, fazendo uma ponte entre o mercado vegano e entomofágico, visto que até
12
mesmo os veganos estão consumindo insetos como alimento, pois acreditam que esta criação
pode ser tão sustentável quanto a agricultura orgânica.
Segundo Romeiro (2015), embora no Brasil o desconhecimento sobre o tema seja
grande (89,2%), estima-se que cerca de 100 espécies de insetos já estejam sendo consumidas
como alimentos em algumas regiões do país, principalmente por povos indígenas. Na região
nordeste do país é comum a venda de formigas tanajuras em feiras, geralmente, são
consumidas fritas ou em forma de farofa e possuem um alto valor de venda devido às suas
especificidades. No presente trabalho, apenas 10,8% têm conhecimento sobre entomofagia
(Figura 4B).
Figura 4. Caracterização do perfil alimentar dos participantes (A) e possuem conhecimento
sobre entomofagia (B).
Quando analisada a pergunta como: “Os insetos possuem em sua composição o dobro
ou triplo de proteína, quando comparados às fontes tradicionais. Após essas informações,
você utilizaria desta fonte?” (Figura 5), em relação aos parâmetros de faixa etária, sexo,
escolaridade e região em que nasceu, somente os quesitos sexo e escolaridade teve como
parâmetro relevante.
Observou-se que o nível de escolaridade foi um fator significante na resposta da
pergunta juntamente ao sexo. Ao avaliar os entrevistados, no quesito sexo (Figura 5A),
separadamente, demonstra que 50,9% do sexo feminino e 75,3% do sexo masculino, utilizará
ou provavelmente utilizaria desta fonte. Já na escolaridade (Figura 5B/D), 39,6% que
ingressaram ou possuem ensino superior e pós-graduação, também utilizará ou utilizaria da
fonte de insetos, indicando que quando possuem conhecimento a sua aceitação é mais
13
acessível. Tais resultados estão de acordo com a literatura, em que autores perceberam que
quando o indivíduo possui informações e um maior grau de escolaridade existe uma possível
aceitação (CHEUNG e MORAES, 2016).
Figura 5. Influência do sexo no consumo de insetos (A); Influência do grau de escolaridade
no consumo de insetos: sim (B), não (C), talvez (D).
Segundo Cardoso (2016), uma das fontes proteicas mais consumida é a carne bovina,
porém para atender ao mercado consumidor, tem-se a necessidade da busca de fontes
alternativas, para sua redução ou substituição parcial. O que torna o consumo de insetos uma
alternativa, pois ainda que fatores como habitat, dieta e estágio de desenvolvimento afetem a
composição nutricional dos insetos, os mesmos são fonte de um elevado teor de proteínas de
alta qualidade quando comparado a outras fontes, como carne bovina e pescados.
Ao serem questionados se “Você consumiria insetos em sua forma integral?” (Figura
6), somente os quesitos sexo e faixa etária foram parâmetros de influência. Embora a maior
porcentagem, de ambos os sexos (Figura 6A), sejam negativas, ao avaliar os entrevistados,
separadamente, o maior percentual que, provavelmente, consumiria ou certamente consumiria
é maior para o sexo masculino, cerca de 46,8%, porém, no sexo feminino este percentual cai
para 20,2%, mostrando que os homens estão “mais abertos” ao consumo. O fator idade
14
(Figura 6B) demonstra que a maior parte do público adepta a consumir ou provável consumo,
a essa forma de alimentação, está na faixa etária de 18 a 35 anos, representando 21,0% dos
entrevistados.
Figura 6. Consumo integral de insetos, em relação ao sexo (A) e faixa etária (B).
A aversão ao consumo de insetos em sua forma integral está ligada ao fato de serem
associadas a práticas de povos primitivos, a questões psicológicas e esteticamente são
considerados animais sujos e repulsivos (ROMEIRO, 2015). De acordo com Costa Neto
(2003), tal aversão é incentivada pela mídia, pois induzem a utilização de inseticidas, o que
ocasiona na perda de uma grande fonte de proteína, enquanto uma parcela da população
mundial sofre com a fome e a desnutrição.
Ao responderem a pergunta “Você consumiria alimentos (pães, biscoitos, etc.)
produzidos com farinha de inseto?” (Figura 7), foram avaliados os quesitos sexo e
escolaridade como parâmetros de influência. Diferente dos resultados da questão anterior, ao
avaliar a aceitabilidade dos consumidores separadamente, no quesito sexo (Figura 7A),
demonstra que 78,6% do sexo feminino e 55,9% do sexo masculino consumiriam alimentos
industrializados produzidos com farinha de inseto. No fator escolaridade (Figura 7B, C, D), os
parâmetros de influência foram o nível superior (completo ou incompleto) e a pós-graduação.
O consumo é maior para esse público, sendo que 44,0% dos entrevistados consumiriam e
apenas 26,9% são contrários a esses produtos.
15
Figura 7. Influência do sexo no consumo de produtos incorporados com farinha de inseto
(A); Influência do grau de escolaridade no consumo de produtos incorporados com farinha de
inseto: sim (B), não (C), talvez (D).
Segundo Hamermanmm (2016), a probabilidade de inserir insetos na alimentação
humana se dá de preferência ao utilizar os mesmos em formas de farinhas, quando comparado
à sua forma integral. Isto acontece devido à associação psicológica de repulsa pelo consumo
de insetos íntegros e também por acharem que estes possam vir a transmitir doenças. No
Brasil, a prática entomofágica é pouco difundida, a aversão ao seu consumo está relacionada
ao desconhecimento da população sobre a forma de criação destes insetos, pois eles devem ser
criados em ambientes controlados e assépticos.
As duas últimas questões, “Você tem o costume de ler os rótulos dos alimentos?”
(Figura 8A) e “Você sabia que alguns produtos já existentes no mercado, podem conter
farinha de inseto em sua composição?” (Figura 8B), foram avaliadas em conjunto, devido a
dependência das perguntas. Em ambos os casos foram avaliados o quesito sexo devido ao
parâmetro ser de maior relevância para o estudo. Pesquisa realizada pelo Datafolha (ACT,
2017), encomendada pela Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), organização em que
atua na área de promoção da saúde pública, mostrou que cerca de 48,0% dos brasileiros não
16
costumam ler as informações contidas nos rótulos, como ingredientes e tabela nutricional.
Análise de mercado, referente à leitura de rótulos alimentícios em Goiânia, realizada por
Silva, Pereira, Carmo & Souza (2019), mostrou que 39,0% dos participantes possuem o hábito
de ler e outros 37,0% às vezes. A maioria dos participantes, que possui esse hábito, é do sexo
feminino, visto que, durante as compras, 86,0% dos homens, em casais heterossexuais,
disseram que suas esposas decidem as compras do supermercado (INSTITUTO DATA
POPULAR, 2013).
Figura 8. Influência do sexo no hábito de ler rótulos (A) e conhecimento de produtos
existentes no mercado contendo farinha de inseto (B).
Os rótulos existentes em produtos alimentícios possuem uma alta relevância, pois os
mesmos são considerados como veículos de comunicação entre o produto e o consumidor, ao
trazer informações sobre o que será consumido (LOPES; LOS SANTOS; NUNES; et al.,
2016). Segundo Oliveira & Bocchini (2015), a leitura permite que o consumidor tenha acesso
independente da informação, o que auxiliará na hora de escolher os produtos que deseja
adquirir. Por conta disto, a ANVISA (BRASIL, 2017) estuda mudar os rótulos dos alimentos,
visando deixar as informações mais claras aos consumidores sobre ingredientes em excesso e
os efeitos que podem causar à saúde. Dentre as propostas iniciais está em discussão a
utilização de um sistema de semáforo com cores, que possa sinalizar se o ingrediente está em
excesso, e o uso de, em usar símbolos com advertência sobre algum ingrediente em excesso
que possa fazer mal à saúde.
Ao avaliar se os consumidores sabiam que os alimentos podem ter insetos em sua
composição e mais de 80,0% não saber, demonstra que a falta de conhecimento pode ser
devido à falta de mercado e regulamentação para estas opções alimentares no Brasil. A
17
indústria chinesa, por exemplo, investe na produção de novos produtos, como salgadinhos
feitos com bicho-da-seda. Os snacks chegaram no fim do ano passado aos supermercados e,
segundo os inventores, tornaram-se rapidamente um sucesso de vendas (CORREIO
BRAZILIENSE, 2019).
Dentre outra questão avaliada, durante a pesquisa, foi se o participante conheceria o
significado da palavra “entomofagia”. Entretanto, de acordo com a Associação Brasileira dos
Criadores de Insetos (ASBRACI), o termo utilizado em questão é considerado defasado, visto
que para o biólogo Casé Oliveira, um dos fundadores da ASBRACI, explica que
“entomofagia é uso de insetos comestíveis na alimentação animal, sejam em forma de
produtos processados com os insetos como ingredientes ou inteiros, vivos/desidratados. Para
alimentação humana o termo mais utilizado é antropoentomofagia ou Bug's Food” (PET,
2019). Assim, embora o termo utilizado não seja correto, foi utilizado durante a pesquisa para
conhecimento da população sobre o assunto, visto que o outro vocábulo é mais difícil para o
conhecimento dos entrevistados.
Dentre os 1430 entrevistados, apenas 10,8% tinham o conhecimento sobre o termo e
dentre os participantes que disseram ter o conhecimento, apenas um realmente não sabia o
significado. Dentre as definições mais citadas (Figura 9) foram: “comer insetos”, seguidas por
“consumo de insetos na dieta alimentar”, “consumo de insetos como fonte de proteína”,
“consumo de insetos como alternativa alimentar” e “consumo de insetos como uma prática
de alimentar”. Ao avaliar essas questões, observa-se que alguns participantes já veem o
consumo de insetos como uma alternativa, prática e dieta que é rica em proteína.
Figura 9. Nuvem de palavras mais citadas para a definição sobre o assunto.
18
5. CONCLUSÃO
O consumidor brasileiro apresenta grande aversão à inserção de insetos, na forma
integral, na alimentação, devido às barreiras culturais. Entretanto, uma alternativa que
contribuirá para sua aceitação é na forma de produtos à base de farinha de insetos.
19
6. REFERÊNCIAS
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