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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL RODRIGO RESENDE DE SÁ INFLUÊNCIA DA REALCALINIZAÇÃO POR MEIO DA ABSORÇÃO/DIFUSÃO DE SOLUÇÕES ALCALINAS NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO CONCRETO, NA ADERÊNCIA DE TINTAS E VERNIZES E NA REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA. Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Goiânia 2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL

CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

RODRIGO RESENDE DE SÁ

INFLUÊNCIA DA REALCALINIZAÇÃO POR MEIO DA ABSORÇÃO/DIFUSÃO

DE SOLUÇÕES ALCALINAS NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO

CONCRETO, NA ADERÊNCIA DE TINTAS E VERNIZES E NA

REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA.

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado em Engenharia Civil da

Universidade Federal de Goiás para

a obtenção do título de Mestre em

Engenharia Civil.

Goiânia

2006

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL

CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL

RODRIGO RESENDE DE SÁ

INFLUÊNCIA DA REALCALINIZAÇÃO POR MEIO DA ABSORÇÃO/DIFUSÃO

DE SOLUÇÕES ALCALINAS NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO

CONCRETO, NA ADERÊNCIA DE TINTAS E VERNIZES E NA

REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA.

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado em Engenharia Civil da

Universidade Federal de Goiás para a

obtenção do título de Mestre em

Engenharia Civil.

Área de Concentração:

Estruturas e Materiais de Construção

Orientador:

Prof. Dr. Enio José Pazini Figueiredo

Goiânia

2006

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À minha Família, com amor,

carinho e gratidão.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pelo privilégio de ter tido a oportunidade de

desenvolver um trabalho tão interessante e que sem dúvida me deu muito prazer, além de

ter podido aumentar o meu universo de conhecimento sobre o concreto.

Aos meus pais Dauro e Helena e à minha querida irmã Letícia que me deram

amor, carinho e apoio nos momentos mais difíceis desta empreitada, sempre me

incentivando e nunca me deixando desanimar. Pai, mãe, Letícia, essa vitória também é de

vocês.

À minha namorada, amiga, companheira e confidente Ana Carolina pelo amor

e principalmente pela paciência nesta importante fase da minha vida. Gatinha, esse

importante passo é nosso.

Ao professor, orientador e amigo Enio José Pazini Figueiredo agradeço pela

orientação, apoio, dedicação e, sobretudo, paciência ao longo desses meses de trabalho e

convivência. Obrigado também pelos valiosos ensinamentos adquiridos, seja durante suas

aulas, seja durante uma simples conversa informal.

Ao amigo e também professor André Geyer pelo convívio e pelos conselhos ao

longo do curso. Muito mais que um docente, um exemplo e uma referência na minha vida

profissional.

Ao professor Edgar Bacarji que com certeza foi um dos meus maiores

incentivadores a fazer o curso de mestrado no CMEC-UFG.

De uma forma geral, não poderia deixar de agradecer a todos os professores do

Curso de Mestrado em Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás (CMEC-UFG),

pelos valiosos ensinamentos transmitidos.

Aos “meninos” do Laboratório de Materiais de Construção da Universidade

Federal de Goiás, em especial ao laboratorista Agnaldo pela ajuda e apoio na realização de

meus ensaios.

Ao colega e professor Osvaldo Valinote pela amizade e pelos conselhos

sempre pertinentes e adequados.

Ao meu grande amigo, companheiro e irmão LUCIUS pelo prazer de sua

convivência. Ele que é a pessoa mais íntegra e transparente que conheço, sempre alegre

positivo e confiante.

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Ao amigo e parceiro Alberto, a quem admiro e torço muito pelo seu sucesso e

felicidade. Aos colegas de mestrado Christian e Karla pelas dúvidas e descobertas

compartilhadas nesses meses de mestrado e também ao amigo nordestino de Natal,

Raphael, sempre muito prestativo, interessado e companheiro.

À Indústria de Cimento Tocantins – Votorantin pela doação de parte dos

materiais empregados nesta pesquisa, em especial ao Sr. José Eduardo Martinho Júnior,

Coordenador de Produção – Cimentos e Argamassas.

À IMPERCIA, em nome do Sr. Richelieu Costa Miranda, pela atenção e

gentileza na doação de parte dos produtos utilizados na pesquisa.

À FURNAS Centrais Elétricas pela realização de parte dos ensaios desta

dissertação.

À UFG pela bolsa a mim concedida.

A todos que de forma direta ou indireta fizeram parte deste trabalho e que por

ventura tenha esquecido de mencionar, o meu mais sincero agradecimento.

RODRIGO RESENDE DE SÁ

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................... 8 LISTA DE TABELAS....................................................................................................... 11 RESUMO............................................................................................................................ 13 ABSTRACT ....................................................................................................................... 14 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 15

1.1. JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA.................................................. 15 1.2. OBJETIVOS............................................................................................................. 16

1.2.1. Gerais ................................................................................................................ 16 1.2.2. Específicos ........................................................................................................ 16

1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ....................................................................... 17 2. PASSIVAÇÃO E CORROSÃO DAS ARMADURAS ............................................... 19

2.1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 19 2.2. PASSIVAÇÃO DAS ARMADURAS ..................................................................... 22 2.3. CORROSÃO DAS ARMADURAS......................................................................... 26

2.3.1. Mecanismo de corrosão das armaduras do concreto ................................... 27 2.3.2. Mecanismos de transporte de substâncias para o interior do concreto...... 31

2.3.2.1. Absorção capilar ......................................................................................... 33 2.3.2.2. Difusão iônica............................................................................................. 33 2.3.2.3. Permeabilidade ........................................................................................... 34 2.3.2.4. Migração iônica .......................................................................................... 35

2.3.3. Vida útil das estruturas de concreto .............................................................. 36 2.4. AVALIAÇÃO DA CORROSÃO DE ARMADURAS EM ESTRUTURAS DE CONCRETO.................................................................................................................... 38 2.5. AVALIAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DA CORROSÃO.............. 41

2.5.1. Potencial de eletrodo ou de corrosão ............................................................. 41 2.5.2. Resistência de polarização .............................................................................. 42 2.5.3. Resistividade elétrica....................................................................................... 44

3. CARBONATAÇÃO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO .................................... 47 3.1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 47 3.2. MECANISMO DE OCORRÊNCIA E CONSEQÜÊNCIAS DA CARBONATAÇÃO........................................................................................................ 49 3.3. FATORES DETERMINANTES DA VELOCIDADE E PROFUNDIDADE DE CARBONATAÇÃO........................................................................................................ 53

3.3.1. Concentração de CO2 ...................................................................................... 53 3.3.2. Umidade relativa do ambiente ....................................................................... 55 3.3.3 - Temperatura ................................................................................................... 57 3.3.4 - Pressão............................................................................................................. 57 3.3.5 – Tipo de cimento.............................................................................................. 57 3.3.6 – Relação água/cimento.................................................................................... 60 3.3.7 – Qualidade do concreto .................................................................................. 61 3.3.8 – Fissuras ........................................................................................................... 61

3.4. ESTIMATIVA DA PROFUNDIDADE DE CARBONATAÇÃO DO CONCRETO......................................................................................................................................... 63 3.5. DETERMINAÇÃO DA PROFUNDIDADE DE CARBONATAÇÃO................... 65

3.5.1. Aspersão de indicadores químicos ................................................................. 66 3.5.2. Outras técnicas de avaliação da carbonatação ............................................. 68

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3.6. INTERAÇÃO DO CO2 COM OS ÍONS CLORETO .............................................. 69 4. REALCALINIZAÇÃO DO CONCRETO CARBONATADO ................................. 71

4.1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 71 4.2. MECANISMOS DE REALCALINIZAÇÃO .......................................................... 74

4.2.1. Realcalinização passiva ................................................................................... 74 4.2.2. Realcalinização Eletroquímica ....................................................................... 75

4.2.2.1. Possíveis efeitos colaterais com o uso da realcalinização eletroquímica ... 79 4.2.2.2. Avaliação da eficiência da técnica de realcalinização eletroquímica......... 84 4.2.2.3. Durabilidade da realcalinização eletroquímica........................................... 85

4.2.3. Realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas........................ 86 4.2.3.1. Possíveis efeitos colaterais com o uso da realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas.................................................................... 89

5. METODOLOGIA EXPERIMENTAL........................................................................ 92 5.1. VARIÁVEIS............................................................................................................. 92

5.1.1. Variáveis independentes ................................................................................. 92 5.1.2. Variáveis dependentes..................................................................................... 93

5.2. DEFINIÇÃO DAS SOLUÇÕES ALCALINAS EMPREGADAS .......................... 93 5.3. EQUIPAMENTOS EMPREGADOS NA PESQUISA ............................................ 94

5.3.1. Câmara de Carbonatação ............................................................................... 94 5.3.2. Equipamentos para a determinação da frente de carbonatação e realcalinização............................................................................................................ 95 5.3.3. Medidor de resistividade (WENNER) ........................................................... 96 5.3.4. Medidor de densidade de corrente de corrosão, potencial de corrosão e resistência ôhmica (GECOR 6) ................................................................................ 98

5.3.4.1. Velocidade de corrosão (icorr) ................................................................... 98 5.3.4.2. Potencial de corrosão (Ecorr) ..................................................................... 99 5.3.4.3. Resistência ôhmica (Rohm)........................................................................ 99

5.3.5. Prensa hidráulica........................................................................................... 100 5.4. DEFINIÇÃO DA METODOLOGIA DE ENSAIO ............................................... 100

5.4.1. Caracterização dos materiais empregados na pesquisa ............................. 100 5.4.2. Definição dos corpos-de-prova e traços ....................................................... 101 5.4.3. Ensaios realizados.......................................................................................... 105

5.4.3.1. Avaliação da eficiência das soluções alcalinas na realcalinização do concreto e na repassivação da armadura................................................................ 105 5.4.3.2. Avaliação da influência das soluções alcalinas sobre a resistência à compressão ............................................................................................................ 108 5.4.3.3. Ensaio de aderência de tintas e vernizes sobre o substrato realcalinizado110

6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................... 111 6.1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 111 6.2. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO ................................................................... 111

6.2.1. Caracterização do cimento ........................................................................... 111 6.2.2. Caracterização do agregado graúdo ............................................................ 113 6.2.3. Caracterização do agregado miúdo ............................................................. 113 6.2.4. Água ................................................................................................................ 114 6.2.5. Concreto Moldado ......................................................................................... 114

6.3. AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DAS SOLUÇÕES ALCALINAS NA REPASSIVAÇÃO DAS ARMADURAS ..................................................................... 115

6.3.1. Passivação da armadura ............................................................................... 120 6.3.2. Despassivação da armadura ......................................................................... 121

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6.3.3. Realcalinização e repassivação da armadura dos corpos-de-prova.......... 121 6.4. AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DAS SOLUÇÕES ALCALINAS SOBRE A RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO CONCRETO................................................. 125

6.4.1. Carbonatação acelerada................................................................................ 125 6.4.2. Realcalinização .............................................................................................. 126 6.4.3. Resistência à compressão .............................................................................. 128

6.5. AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA REALCALINIZAÇÃO NA ADERÊNCIA DE TINTAS E VERNIZES........................................................................................... 132

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 140 7.1. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS .................................................... 142

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 143 ANEXO A – Projeto de Norma 02:115.29-008 ............................................................. 154 ANEXO B – Dados Técnicos das Tintas e Verniz Utilizados ...................................... 162

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Distribuição relativa à incidência das manifestações patológicas em estruturas de concreto armado (HELENE & FIGUEIREDO, 2003). .................................................. 21 Figura 2.2 – Diagrama de Pourbaix modificado para o sistema ferro/água a 25°C (FIGUEIREDO, 1994). ....................................................................................................... 24 Figura 2.3 – Célula ou pilha de corrosão galvânica formada a partir de dois metais de eletronegatividade distintas. ................................................................................................ 27 Figura 2.4 – Pilha ou célula de corrosão eletroquímica no concreto armado (PORRERO, 1975, apud HELENE, 1986). .............................................................................................. 28 Figura 2.5 – Modelo de vida útil proposto por TUUTTI (1982)......................................... 29 Figura 2.6 – Rede de poros da pasta de cimento (MOPT, 1991, apud FIGUEIREDO, 1994).................................................................................................................................... 31 Figura 2.7 – Distribuição do tamanho dos poros na pasta de cimento endurecida (ROSTAM, 1993)................................................................................................................ 32 Figura 2.8 – Diferentes desempenhos de uma estrutura com o tempo em função de diferentes fenômenos patológicos (SOUZA & RIPPER, 1998).......................................... 37 Figura 2.9 – Esquema básico do método de determinação do potencial de corrosão da armadura. ............................................................................................................................. 41 Figura 2.10 – Representação gráfica da resistência de polarização a partir dos valores de E e I (WOLYNEC & ESCALANTE, 1980). .......................................................................... 43 Figura 2.11 – Esquema da medida da resistividade através do método dos quatro eletrodos (FIGUEIREDO, 1999). ....................................................................................................... 46 Figura 3.1 – Avanço do processo de carbonatação (CEB/BI 152, 1984)............................ 50 Figura 3.2 – Influência da umidade do ambiente no grau de carbonatação (VERBECK, 1950, apud CÁNOVAS, 1988)............................................................................................ 55 Figura 3.3 – Representação esquemática da carbonatação parcial do concreto, com poros totalmente secos (BAKKER, 1988). ................................................................................... 56 Figura 3.4 – Representação esquemática da carbonatação parcial do concreto saturado com água (BAKKER, 1988). ...................................................................................................... 56 Figura 3.5 – Representação esquemática da carbonatação parcial do concreto com poros parcialmente preenchidos com água (BAKKER, 1988)...................................................... 56 Figura 3.6 – Influência do tipo de cimento e sua quantidade por m³ de concreto sobre a profundidade de carbonatação (HO & LEWIS, 1987). ....................................................... 58 Figura 3.7 – Profundidade de carbonatação medida em cinco pontos diferentes dos corpos-de-prova (AZEVEDO, 2001). ............................................................................................. 59 Figura 3.8 – Coeficiente de carbonatação médios, para cada relação água/aglomerante e adição utilizada, para concretos que passaram por cura úmida (CASTRO, 2003). ............ 60 Figura 3.9 – Representação esquemática da carbonatação no interior de uma fissura (CEB/BI 152, 1984)............................................................................................................. 62 Figura 3.10 – Representação esquemática da evolução da carbonatação com o tempo (HELENE, 1993). ................................................................................................................ 64 Figura 3.11 – Registro da profundidade carbonatada (CPC 18/RILEM, 1988, apud FIGUEIREDO, 2005).......................................................................................................... 66 Figura 3.12 – Medida da profundidade de carbonatação de uma estrutura de concreto parcialmente carbonatada. ................................................................................................... 67 Figura 3.13 – Modelo esquemático da corrosão generalizada e por “pites” (ICCET, 1989).............................................................................................................................................. 69

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Figura 4.1 – Fluxograma proposto por LICHTENSTEIN (1985) para resolução de problemas patológicos. ........................................................................................................ 72 Figura 4.2 - Princípio da realcalinização passiva (MATILLA & PENTTI, 1996).............. 75 Figura 4.3 – Princípio da Realcalinização Eletroquímica (BALDWIN & KING, 2003).... 76 Figura 4.4 – Evolução do processo de realcalinização eletroquímica (REHABCON, 2000).............................................................................................................................................. 78 Figura 4.5 – Desenho esquemático do ataque alcalino sobre sílicas bem cristalizadas (a) e mal cristalizadas (b) (FERRARIS, 1995, apud LOPES, 2004). .......................................... 80 Figura 4.6 – Esquema da realcalinização por absorção/difusão (ARAÚJO, 2004). ........... 86 Figura 4.7 – Avanço da frente de realcalinização em corpos-de-prova carbonatados (ARAÚJO, 2004)................................................................................................................. 87 Figura 4.8 – Comparativo da resistência à compressão dos corpos-de-prova de referência, carbonatados e realcalinizados (ARAÚJO, 2004)............................................................... 88 Figura 4.9 – Comparativo da resistência à compressão dos corpos-de-prova de referência, carbonatados e realcalinizados (TEIXEIRA, 2002). ........................................................... 89 Figura 5.1 – Esquema da câmara de carbonatação utilizada (a). Câmara de carbonatação do LMC-UFG (b). .................................................................................................................... 95 Figura 5.2 – Materiais empregados para a determinação da profundidade de carbonatação e realcalinização (marreta, talhadeira e solução de fenolftaleína e timolftaleína). ................ 96 Figura 5.3 – Equipamento empregado para medir a resistividade superficial do concreto (Método de WENNER) ....................................................................................................... 97 Figura 5.4 – Aparelho GECOR 6 para medidas eletroquímicas ligadas à corrosão da armadura do concreto .......................................................................................................... 98 Figura 5.5 – Prensa hidráulica do LMC-UFG. .................................................................. 100 Figura 5.6 – Corpos-de-prova cilíndricos (5 x 10 cm) para a realização dos ensaios de resistência à compressão.................................................................................................... 101 Figura 5.7 – Detalhe dos corpos-de-prova prismáticos. .................................................... 102 Figura 5.8 – Corpos-de-prova prismáticos moldados para ensaios de carbonatação acelerada e repassivação da armadura por realcalinização................................................ 103 Figura 5.9 – Placas de substrato padrão utilizadas nos ensaios de aderência.................... 103 Figuras 5.10 – Tintas utilizadas nos ensaios de aderência. ............................................... 104 Figura 5.11 – Verniz utilizado nos ensaios de aderência. ................................................. 104 Figuras 5.12 – Medidas eletroquímicas por meio do GECOR 6. ...................................... 106 Figura 5.13 – Medidas de resistividade pelo método de WENNER. ................................ 106 Figura 5.14 – Visão geral do ensaio de avaliação da eficiência das soluções alcalinas na realcalinização do concreto e na repassivação da armadura.............................................. 107 Figura 5.15 – Verificação da estabilização de massa dos corpos-de-prova. ..................... 108 Figura 6.1 – Valores de resistividade obtidos por meio do WENNER: Corpos-de-prova realcalinizados pela solução 1 (a); pela solução 2 (b); pela solução 3 (c)......................... 116 Figura 6.2 – Valores de densidade de corrente de corrosão obtidos pelo GECOR 6: Corpos-de-prova realcalinizados pela solução 1 (a); pela solução 2 (b); pela solução 3 (c).......... 117 Figura 6.3 – Valores de Potencial de Corrosão obtidos pelo GECOR 6: Corpos-de-prova realcalinizados pela solução 1 (a); pela solução 2 (b); pela solução 3 (c)......................... 118 Figura 6.4 – Valores de Resistência Ôhmica obtidos pelo GECOR 6: Corpos-de-prova realcalinizados pela solução 1 (a); pela solução 2 (b); pela solução 3 (c)......................... 119 Figura 6.5 – Medidas das profundidades de realcalinização com indicador químico de timolftaleína (no corpo-de-prova) e fenolftaleína (na amostra fraturada): Corpos-de-prova realcalinizados pela solução 1 (a); Corpos-de-prova realcalinizados pela solução 2 (b) e Corpos-de-prova realcalinizados pela solução 3 (c).......................................................... 122

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Figura 6.6 –Comprovação da profundidade de carbonatação acelerada. .......................... 125 Figura 6.7 – Medida intermediária da profundidade de carbonatação do corpo-de-prova 5 x 10 cm. ................................................................................................................................ 126 Figura 6.8 – Avanço da frente de realcalinização nos corpos-de-prova carbonatados...... 127 Figura 6.9 – Realcalinização parcial dos corpos-de-prova observada através da utilização do indicador de timolftaleína............................................................................................. 128 Figura 6.10 – Comparativo da resistência à compressão dos corpos-de-prova de referência, carbonatados e realcalinizados. ......................................................................................... 129 Figura 6.11 – Grupos formados pelo Método de Duncan para o ensaio de resistência à compressão com corpos-de-prova de referência, carbonatados e realcalinizados............. 131 Figura 6.12 – Placas de concreto pintadas com as tintas e os vernizes utilizados nos ensaios de aderência. ...................................................................................................................... 133 Figura 6.13 – Materiais empregados para a realização do ensaio de aderência. ............... 134 Figura 6.14 – Placa de concreto pintada com o verniz, com os cortes paralelos já executados (grades), pronta para a realização do ensaio de aderência. ............................. 135 Figura 6.15 – Detalhe dos cortes paralelos (grades), antes da realização do ensaio de aderência............................................................................................................................ 135 Figura 6.16 – Destacamento total da pintura protetora das placas realcalinizadas quando utilizada a tinta T 2 (a) e o verniz (b). ............................................................................... 139

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Reações de equilíbrio do sistema ferro/água, relativas ao Diagrama de Pourbaix (JÚNIOR, 2001)................................................................................................... 25 Tabela 2.2 – Valores da condutividade iônica de diversos íons à diluição infinita e à 25°C (BANFILL, 1994)................................................................................................................ 35 Tabela 3.1 – Classificação da agressividade do ambiente sobre as armaduras (HELENE, 1995).................................................................................................................................... 54 Tabela 3.2 – Abertura máxima das fissuras em estruturas de concreto armado e protendido em função da classe de agressividade ambiental (ABNT-NBR 6118:2003)....................... 62 Tabela 3.3 – Classificação dos concretos com base no coeficiente de carbonatação, KCO2 (HELENE, 1993). ................................................................................................................ 65 Tabela 3.4 – Mudanças de cor e intervalos de pH dos principais indicadores usados para a observação visual da área carbonatada (BASSET et al, apud KAZMIERCZAK, 1995).... 68 Tabela 4.1 – Resultados da análise de variância da resistência à compressão dos corpos de prova de referência, carbonatados e realcalinizados (ARAÚJO, 2004). ............................. 90 Tabela 5.1 – Tipo, concentração e pH das soluções utilizadas na realcalinização dos corpos-de-prova de argamassa. ........................................................................................... 93 Tabela 5.2 - Tipo, concentração e pH das soluções utilizadas na realcalinização dos corpos-de-prova de concreto. .......................................................................................................... 94 Tabela 5.3 – Critérios de avaliação da resistividade (CEB Bulletin n° 192) ...................... 97 Tabela 5.4 – Tabela para avaliar os resultados de velocidade de corrosão (CYTED, 1997)............................................................................................................................................. 99 Tabela 5.5 – Critérios para avaliação da probabilidade de corrosão em função do Potencial de corrosão, segundo a ASTM C-876:1991. ....................................................................... 99 Tabela 5.6 –Composição dos produtos utilizados nos ensaios de aderência..................... 104 Tabela 5.7 – Formatos, dimensões e traços dos corpos-de-prova de cada ensaio............. 105 Tabela 5.8 – Número de corpos-de-prova utilizados para o ensaio de realcalinização/repassivação da armadura, soluções alcalinas empregadas e nomenclatura adotada............................................................................................................................... 108 Tabela 5.9 – Definição do número de corpos-de-prova para o ensaio de resistência à compressão. ....................................................................................................................... 109 Tabela 5.10 – Nomenclatura dos corpos-de-prova para cada sistema de ensaio de aderência............................................................................................................................ 110 Tabela 6.1 – Análise das propriedades físicas do cimento utilizado. ................................ 112 Tabela 6.2 – Análise das propriedades químicas do cimento utilizado............................. 112 Tabela 6.3 – Caracterização do agregado graúdo empregado nos ensaios........................ 113 Tabela 6.4 - Caracterização do agregado miúdo empregado nos ensaios. ........................ 114 Tabela 6.5 – Resistência à compressão aos 28 dias do concreto utilizado nos ensaios..... 114 Tabela 6.6 – Resultados das medidas de profundidade de realcalinização dos corpos-de-prova cilíndricos de argamassa.......................................................................................... 127 Tabela 6.7 – Resultados da análise de variância da resistência à compressão dos corpos-de-prova de referência, carbonatados e realcalinizados. ........................................................ 130 Tabela 6.8 – Resultados da análise de variância da resistência à compressão dos corpos-de-prova carbonatados e realcalinizados. ............................................................................... 131 Tabela 6.9 – Resultados da profundidade de carbonatação das placas pré-moldadas de substrato padrão................................................................................................................. 132

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Tabela 6.10 – Resultados da profundidade de realcalinização nas placas pré-moldadas de substrato padrão................................................................................................................. 133 Tabela 6.11 – Resultados de aderência obtidas nas placas de referência para cada um dos produtos utilizados............................................................................................................. 136 Tabela 6.12 – Resultados de aderência obtidas nas placas carbonatadas para cada um dos produtos utilizados............................................................................................................. 137 Tabela 6.13 – Resultados de aderência obtidas nas placas realcalinizadas para cada um dos produtos utilizados............................................................................................................. 138

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RESUMO

O concreto armado é um dos materiais mais utilizados na construção civil. Sua difusão pelo mundo está relacionada à excelente resistência à água, à facilidade com que elementos estruturais de concreto podem ser executados, numa grande variedade de formas e tamanhos, à estabilidade dimensional, ao baixo custo em relação a outros materiais e, principalmente, devido à excelente interação entre o concreto e a armadura, aumentando a resistência à tração do conjunto. Como principais agentes agressivos do concreto armado e, consequentemente, possíveis iniciadores do processo de corrosão, destacam-se a carbonatação e os íons cloreto, sendo a carbonatação o fenômeno que ocorre com maior freqüência.

O processo de carbonatação consiste, principalmente, na reação entre o hidróxido de cálcio e o dióxido de carbono (CO2), na presença de umidade, gerando como sub-produto de menor solubilidade, o carbonato de cálcio, o qual promove a redução do pH do concreto e leva à destruição da camada passivadora que envolve e protege a armadura. Técnicas visando a criação de barreiras contra a carbonatação, como o uso de pinturas anti-carbonatação, não são eficazes para estruturas onde a frente de carbonatação já atingiu a armadura. Neste caso, tradicionalmente, adota-se a técnica de reparo que remove toda a camada carbonatada e restabelece o pH da estrutura de concreto, por meio do uso de uma argamassa, concreto ou graute de base cimento.

A pesquisa teve como objetivo principal o estudo e desenvolvimento da técnica de realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas no concreto carbonatado, fazendo com que este readquira sua condição alcalina e restabeleça a camada passivadora que envolve e protege a armadura. Foram empregadas três diferentes soluções alcalinas, sendo uma com carbonato de sódio, outra com hidróxido de potássio e uma terceira, misturando estas duas com o hidróxido de sódio, aplicadas em corpos-de-prova prismáticos de concreto carbonatado, sem o uso de corrente elétrica. Simultaneamente aos ensaios principais de realcalinização, foram realizados ensaios complementares de resistência à compressão e de aderência de tintas e vernizes em substratos realcalinizados. Os resultados obtidos na pesquisa demonstraram que a realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas foi bastante eficiente no restabelecimento do pH elevado do concreto, mas não na restauração da camada passivante da armadura, influiu de forma significativa no aumento da resistência à compressão em relação ao concreto de referência e prejudicou a aderência de tintas e vernizes aos substratos de concreto realcalinizado. Palavras Chaves: concreto; carbonatação; corrosão; realcalinização; absorção/difusão; repassivação

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ABSTRACT

One of the most commonly used material in the world is the reinforced concrete. Its dissemination by the world is related to the excellent resistance to the water, to the facility that structural elements of concrete can be executed, in a large variety of shapes and sizes, to the dimensional stability, to the low cost in relation to other materials and, mainly, due to the excellent interaction between the concrete and the reinforcement, increasing the traction strength of the group. As the main aggressive agents of the reinforced concrete and, consequently, possible initiators of the corrosion process, stand out the carbonation and the chloride ions, being the carbonation the phenomenon that occurs more frequently.

The carbonation process consists, mainly, in the reaction between the calcium hydroxide and the carbon dioxide, in the humidity presence, generating as by-product of low solubility, the calcium carbonate, which promotes the reduction of the pH of the concrete and leads to the destruction of the passivation layer that involves and protects the reinforcement. Techniques aiming the creation of barriers against the carbonation, such as anti-carbonation coating, are not effective for structures where the carbonation front has already reached the reinforcement. In this case, the procedure often adopted is the repair technique, which includes the entire removal of the carbonated layer and the reestablishment of the pH of the concrete structure, through the use of a mortar, concrete or grout of cement base.

The research had as main objective the study and development of the realkalisation technique by the absorption and diffusion of alkaline solutions in the carbonated concrete, that reacquires its alkaline condition and reestablish the passivation layer that involves and protects the reinforcement. Three different alkaline solutions had been used, being one with sodium carbonate, other with potassium hydroxide and a third, mixing these two with the sodium hydroxide, applied in prismatic carbonated concrete specimens, without using an electrical current. Besides the main realkalisation testing, some additional essays such as compressive strength and coating adherence on realkalised substrates, were performed.

The results obtained in the research showed that the realkalisation by the absorption and diffusion of alkaline solutions was very efficient in the reestablishment of the high pH of the concrete, but not in the restoration of the passivation layer of the reinforcement, influenced in a significant way on the increase of the compressive strength in relation to the reference concrete and harmed the coating adherence on realkalised concrete substrates. Key Words: concrete; carbonation; corrosion; realkalisation; absorption and diffusion; repassivation.

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1. INTRODUÇÃO

1.1. JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA

O concreto armado é um dos materiais mais utilizados na construção civil. Sua

difusão e disseminação pelo mundo está relacionada à excelente resistência à água, à

facilidade com que elementos estruturais de concreto podem ser executados, numa grande

variedade de formas e tamanhos, à estabilidade dimensional, ao baixo custo em relação a

outros materiais e, principalmente, devido à excelente interação entre o concreto e a

armadura, aumentando a resistência à tração e compressão do conjunto.

Com o passar do tempo um número cada vez maior de manifestações

patológicas vêm ocorrendo no concreto, e a tradicional idéia de que se trata de um material

altamente resistente e durável vem sendo modificada. Neste contexto, nos dias atuais, a

consciência em relação ao processo de deterioração das estruturas de concreto vem sendo

um tema muito discutido, levando engenheiros e pesquisadores a estudarem a falta de

durabilidade em muitas construções.

Dentre as manifestações patológicas mais importantes que afetam o bom

comportamento e funcionamento das estruturas de concreto, destaca-se a corrosão das

armaduras como a de maior gravidade e ocorrência. A corrosão das armaduras corresponde

a um processo eletroquímico, que conduz à formação de óxidos e hidróxidos de ferro com

volume muito superior ao volume do metal de origem, gerando tensões internas no

concreto que levam ao aparecimento de efeitos degenerativos como manchas superficiais

causadas pelos produtos de corrosão, fissuras, destacamento do cobrimento, perda da

aderência entre o concreto e a armadura, além da redução de seção da armadura com

freqüente seccionamento de estribos que podem levar a um comprometimento da

segurança da edificação.

É notório que a ação dos agentes agressivos, entre eles os íons cloreto (Cl-) e o

dióxido de carbono (CO2), sobre as estruturas de concreto armado reduzem a sua vida útil,

fazendo com que seja necessário realizar intervenções no sentido de evitar acidentes,

corrigir imperfeições e manter a sua funcionalidade.

Várias são as técnicas utilizadas para restabelecer as condições iniciais

oferecidas pelo concreto. Algumas destas técnicas disponíveis são o reparo localizado, o

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reparo generalizado, a proteção catódica, a extração eletroquímica dos íons cloreto, a

realcalinização, além do emprego de inibidores de corrosão.

Alguns procedimentos baseados em princípios eletroquímicos foram

desenvolvidos e aplicados com êxito para reparar estruturas de concreto. Para as estruturas

que sofrem carbonatação e ataque por íons cloreto, a realcalinização eletroquímica e a

extração eletroquímica do íon cloreto, respectivamente, têm se mostrado bastante

eficientes, evitando assim os altos custos de reparos de construções e estruturas.

Dessa forma, a dissertação em questão visa o estudo e o desenvolvimento de

uma técnica adicional de realcalinização e repassivação do concreto por absorção/difusão

de soluções alcalinas e suas implicações na resistência à compressão do concreto e na

aderência de tintas e vernizes ao concreto realcalinizado. A técnica de realcalinização por

absorção/difusão de solução alcalina foi desenvolvida sem a indução de campo elétrico

entre a armadura e a superfície do concreto, procurando-se evitar os eventuais efeitos

danosos que a corrente aplicada na armadura possa provocar no concreto.

1.2. OBJETIVOS

1.2.1. Gerais

Este trabalho tem como objetivo geral o estudo e o desenvolvimento da técnica

de realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas do concreto carbonatado,

fazendo com que este readquira sua condição alcalina e restabeleça a camada passivadora

que envolve e protege a armadura contra a corrosão.

1.2.2. Específicos

A técnica de realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas,

empregada nesta pesquisa, utilizou soluções alcalinas de carbonato de sódio (Na2CO3), de

hidróxido de potássio (KOH) e uma mistura destas duas soluções com o hidróxido de sódio

(NaOH), sem o emprego de correntes elétricas. As concentrações de cada solução foram

definidas de maneira a não ocorrer o acúmulo de cristais do sal ou das bases na superfície

do concreto.

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Como objetivos específicos, a dissertação priorizou o estudo da realcalinização

de concretos de relação água/cimento 0,7 e da repassivação da armadura no interior do

concreto realcalinizado por meio da absorção/difusão de soluções alcalinas. Neste estudo,

avaliou-se o tempo gasto para a realcalinização do concreto e se discutiu a repassivação

das armaduras imersas em concreto realcalinizado, utilizando-se as distintas soluções

alcalinas, bem como, qual das soluções apresentaria o melhor desempenho quanto à

velocidade de realcalinização e repassivação. Concomitantemente, também se estudou a

influência da realcalinização na aderência de tintas e vernizes aplicados sobre substratos de

concreto realcalinizados, já que é recomendável, após uma prática de reparo, seja

destrutiva ou não destrutiva, a aplicação de uma pintura protetora com o intuito de se

proteger e evitar que ocorra um novo ingresso de agente agressivo. Finalmente, foi

verificada a influência da realcalinização na resistência à compressão do concreto, de

modo a obter explicações sobre o comportamento mecânico do concreto após a utilização

das substâncias alcalinas.

1.3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação está estruturada em sete capítulos que visam apresentar,

desenvolver e aprofundar o estudo da realcalinização e repassivação do concreto

realcalinizado por absorção/difusão de soluções alcalinas, bem como fornecer subsídios

para o futuro emprego da técnica em estruturas reais.

O Capítulo 2 desta dissertação tem como objetivo contribuir para um melhor

entendimento da corrosão das armaduras no concreto, apresentando os mecanismos e

princípios que regem este fenômeno, desde a formação da película de passivação até o

início dos processos eletroquímicos de corrosão. Apresentam-se, também, os principais

procedimentos de avaliação do processo corrosivo.

O Capítulo 3 apresenta uma revisão sobre a carbonatação, discutindo os

mecanismos envolvidos nas reações do dióxido de carbono com os compostos alcalinos

hidratados do cimento, os fatores intervenientes neste processo, bem como a estimativa e

determinação da profundidade da frente carbonatação.

A realcalinização, tanto eletroquímica, quanto por absorção/difusão de

soluções alcalinas é apresentada no Capítulo 4. Neste capítulo, a maior parte das

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observações foi feita sobre a realcalinização eletroquímica, onde a maior parte dos estudos

se concentra. Apesar disso, o capítulo forneceu as principais considerações sobre os

estudos já realizados sobre a realcalinização por absorção/difusão de solução alcalina.

O Capítulo 5 expõe o desenvolvimento, o planejamento e a descrição de todas

as etapas da metodologia experimental. São apresentados os métodos utilizados na

realização do trabalho experimental, bem como a sistemática adotada para a moldagem,

cura, rompimento e realização dos ensaios nos corpos-de-prova.

O Capítulo 6 apresenta os resultados obtidos durante a pesquisa, com as suas

respectivas análises e considerações. A apresentação dos resultados seguiu a seqüência do

Capítulo 5.

No Capítulo 7 tem-se uma síntese dos resultados obtidos e as considerações

finais relacionadas aos objetivos da dissertação, assim como as sugestões para futuras

pesquisas.

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2. PASSIVAÇÃO E CORROSÃO DAS ARMADURAS

2.1. INTRODUÇÃO

O concreto armado é um material de construção de ampla e diversificada

utilização, sendo sua durabilidade um fator importante na avaliação de um projeto. As

estruturas de concreto são projetadas e executadas para manter condições mínimas de

segurança, estabilidade e funcionamento durante o tempo de vida útil, sem custos

adicionais não previstos de manutenção e de reparo. Dessa forma, um concreto de boa

qualidade, transportado, lançado, adensado e curado corretamente é fundamental para se

evitar problemas futuros de resistência mecânica, de corrosão das armaduras e de

durabilidade nas edificações.

Várias são as vezes em que o profissional de engenharia civil se vê diante de

um problema de corrosão de armaduras nas estruturas de concreto armado e protendido.

Devido a complexidade do processo, em muitas situações, não é fácil nem rápido justificar

o porquê de uma estrutura corroída quando tantas outras, em tudo semelhantes e similares,

não apresentam problemas (HELENE, 1993).

A corrosão do aço do concreto é um fenômeno que deve ser cuidadosamente

analisado, pois provoca não somente a sua deterioração, mas também pode afetar a

estabilidade e a durabilidade das estruturas. A armadura não é suscetível de sofrer

corrosão, a não ser que ocorra a contaminação e deterioração do concreto. Os constituintes

do concreto inibem bem a corrosão da armadura e se opõem à entrada de agentes

agressivos. Daí se poder afirmar que quanto mais o concreto se mantiver inalterado, mais

protegida estará a armadura. Na maioria dos casos, a armadura permanece por um longo

tempo resistindo aos agentes corrosivos, podendo esse tempo ser praticamente indefinido.

Todavia, ocorrem alguns casos no qual a corrosão é bastante rápida e progressiva.

A armadura encontra-se no interior do concreto em um meio altamente alcalino

(pH superior a 12,5). Esta alcalinidade provém da fase líquida constituinte dos poros do

concreto, o qual, nas primeiras idades é basicamente uma solução saturada de hidróxido de

cálcio – Ca(OH)2 (portlandita), sendo esta oriunda das reações de hidratação do cimento.

Em idades avançadas o concreto continua, via de regra, propiciando um meio alcalino,

sendo que sua fase líquida, neste caso, é uma solução composta principalmente por

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hidróxido de cálcio (Ca(OH)2), hidróxido de sódio (NaOH) e hidróxido de potássio (KOH)

originários dos álcalis do cimento (MIRANDA et al., 1990).

Segundo Gentil (1996), a corrosão da armadura e a deterioração do concreto

podem estar associadas a fatores mecânicos, físicos, biológicos ou químicos, entre os quais

podem ser citados como exemplos:

• Mecânicos: vibrações e erosão;

• Físicos: variações de temperatura;

• Biológicos: bactérias;

• Químicos: produtos químicos como ácidos e sais.

Entre os fatores mecânicos, as vibrações podem ocasionar fissuras no concreto,

possibilitando o contato da armadura com o meio corrosivo. Líquidos em movimento,

principalmente contendo partículas em suspensão, podem ocasionar a erosão do concreto,

com o seu conseqüente desgaste. Se esses líquidos contiverem substâncias químicas

agressivas ao concreto, tem-se uma ação combinada, ou seja, erosão-corrosão, que é

evidentemente mais prejudicial e rápida do que as ações isoladas. A erosão é mais

acentuada quando o fluido em movimento contém partículas em suspensão na forma de

sólidos, que funcionam como abrasivos, ou mesmo na forma de vapor como no caso da

cavitação. A cavitação é observada quando bolhas de vapor d’água arrastadas pela água em

movimento entram em regiões de pressão mais elevadas, sofrendo implosão e transmitindo

uma grande onda de choque para os materiais presentes. Essa formação de bolhas de vapor

e a subseqüente implosão são responsáveis por grandes danos no concreto, como no caso

de vertedouros de barragens (GENTIL, 1996; FIGUEIREDO & O’ REILLY, 2003).

Os fatores físicos, como variações de temperatura, podem ocasionar gradientes

térmicos com reflexos na integridade das estruturas. Variações de temperatura entre os

diferentes componentes do concreto (pasta de cimento, agregados e armadura), com

características térmicas diferentes, podem ocasionar microfissuras no concreto que

possibilitam a penetração de agentes agressivos. Os fatores biológicos, como a presença de

microorganismos, podem criar meios corrosivos para o concreto e a armadura, como

aqueles criados pelas bactérias oxidantes de enxofre ou de sulfetos, que aceleram a

oxidação dessas substâncias, transformando-as em ácido sulfúrico. Os fatores químicos

estão relacionados com a presença de substâncias químicas nos diferentes ambientes,

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normalmente, água, solo e atmosfera. Entre as substâncias químicas mais agressivas

destacam-se os ácidos, tais como o sulfúrico e o clorídrico. Os fatores químicos podem agir

na pasta de cimento, no agregado e na armadura de aço-carbono (GENTIL, 2006).

De acordo com a Figura 2.1, a corrosão das armaduras encontra-se entre as

manifestações patológicas de maior incidência, juntamente com as manchas superficiais, as

fissuras e os ninhos de concretagem. Excetuando-se esta última manifestação, as demais

podem ocorrer devido aos produtos de corrosão formados durante a oxidação da armadura.

A degradação química, as flechas excessivas, os ninhos de concretagem e as fissuras, se

não tratados, podem levar à corrosão das armaduras.

Ninhos de concretagem20%

Manchas superficiais22%

Degradação química7%

Corrosão das armaduras

20%

Fissuras ativas ou passivas

21%

Flechas excessivas10%

Figura 2.1 – Distribuição relativa à incidência das manifestações patológicas em

estruturas de concreto armado (HELENE & FIGUEIREDO, 2003).

Toda corrosão metálica à temperatura ambiente e em meio aquoso é de

natureza eletroquímica, ou seja, pressupõe a existência de uma reação de óxido-redução e a

circulação de íons em um eletrólito. Essa corrosão eletroquímica, no caso das armaduras de

concreto, conduz à formação de óxidos e hidróxidos de ferro, com volume muito superior

ao volume do metal de origem, de cor predominantemente amarronzada com constituição

gelatinosa e porosa denominada ferrugem (HELENE, 1993).

A princípio, as armaduras inseridas no concreto encontram-se protegidas e

passivadas contra a corrosão. Esta proteção é garantida pelo concreto de cobrimento que

funciona como uma barreira física contra o ingresso de agentes externos e, principalmente,

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por uma proteção química em virtude da elevada alcalinidade da solução aquosa presente

nos poros do concreto.

A perda ou ruptura dessa proteção (despassivação da armadura), ainda que

localizada, pode desencadear um processo de deterioração, na maioria das vezes,

progressivo e auto-acelerante. Essa perda se dá principalmente pelo fenômeno da

carbonatação e da contaminação por cloretos no concreto de cobrimento da armadura.

2.2. PASSIVAÇÃO DAS ARMADURAS

O concreto é um dos materiais de construção mais utilizados na engenharia

civil. A sua correta aplicação, aliada ao emprego de matérias-primas de boa qualidade

através de um procedimento de dosagem racional e criterioso, pode fazer deste compósito

um material extremamente durável. Entretanto, como o processo de fabricação, em muitos

casos é sem controle, surgem inúmeros problemas construtivos, estruturais e de

durabilidade que vão desde pequenas fissuras e ninhos de concretagem até à total

exposição da armadura do concreto.

A estrutura do concreto está dividida em macro e microestrutura, onde na

primeira divisão estão os elementos que podem ser vistos a olho nu, por possuírem

dimensões acima de 1/5 de milímetro (200 µm). Na segunda divisão estão as estruturas que

somente podem ser visualizadas com o uso de microscópios, como por exemplo, o

microscópio eletrônico de transmissão ou de varredura. Embora o concreto seja um

material estrutural aparentemente bifásico e simples, na realidade ele é uma estrutura

altamente heterogênea e complexa (MEHTA & MONTEIRO, 1994).

A pasta de cimento hidratada possui uma alta alcalinidade em função da

presença de grandes concentrações de íons Na+, K+ e OH- que são os responsáveis pela

manutenção do pH numa faixa de 12,5 a 13,5 (LONGUET et al, 1973). Neste ambiente

alcalino ocorre a formação de uma película fina, transparente, submicroscópica e protetora

que envolve a superfície da armadura, denominada de película ou camada de passivação.

Este fenômeno, segundo Uhlig (1978), apud Helene (1993) pode ser entendido como a

resistência à corrosão proporcionada por uma película fina de um filme de óxidos estável e

aderente formado na superfície do metal. Este filme seria formado a partir de uma reação

eletroquímica intensa e de curta duração que confere proteção ao metal através de um

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processo de corrosão benéfico. O assunto tem sido tema de pesquisas e tem despertado a

curiosidade do meio técnico há mais de 150 anos, quando em 1836, o pesquisador alemão

Schonbein empregou pela primeira vez a palavra passivação. Entretanto, o que se pode

observar das inúmeras pesquisas relacionadas com este tema é que, embora o fenômeno da

passivação seja estudado desde o século XIX, ainda não se sabe a sua composição de

forma precisa.

A teoria de formação do filme de passivação mais aceita é a proposta por Sato

(1978), apud Helene (1993), na qual esta película seria um filme transparente, fino,

submicroscópico, aderente e estável composto de duas camadas de óxidos. Uma interna

onde predomina o Fe3O4 e outra externa de γ-Fe2O3. Segundo Kruger (1989), apud Helene

(1993) esse filme pode ser formado por moléculas arranjadas de forma bi ou tridimensional

(2 ou 3 camadas de moléculas), ou seja, praticamente moléculas individuais adsorvidas na

superfície do aço, com espessura total da ordem de 1 a 5x10-3 µm. O mesmo autor declara,

ainda, que o filme é transparente, de difícil determinação e que ainda não há consenso

sobre a estrutura do mesmo, se efetivamente cristalina ou parcialmente amorfa. Esses

filmes são altamente polarizados anodicamente, o que protege o metal da corrosão

eletroquímica.

No estado de passivação a corrosão não é exatamente nula. Rosenberg et al.

(1989) destacam que a taxa de corrosão passiva do aço no concreto é equivalente à

dissolução ou oxidação de cerca de 0,1 µm/ano da superfície do aço, o que é considerada

desprezível em termos de vida útil para as estruturas de concreto. Pode-se, portanto,

afirmar sem receios que, enquanto a armadura estiver passivada, não haverá corrosão,

posto que a película impede o acesso de umidade e oxigênio à superfície do aço, bem como

dificulta a dissolução do ferro.

Um instrumento interessante para o entendimento do processo de corrosão da

armadura do concreto é o Diagrama de Pourbaix (Figura 2.2). Pourbaix construiu um atlas

de equilíbrio eletroquímico para a maioria dos metais e suas ligas, indicando, entre outras

coisas, as condições em que esses filmes passivantes podem ser formados. Pourbaix

demonstrou através de um diagrama de potencial de corrosão (expresso em mV) versus pH

do sistema ferro/água a 25°C, que para a ordem de grandeza do pH no concreto

(aproximadamente 12,5) e para uma faixa usual de potencial de corrosão, também no

concreto, da ordem de +100 mV a -400 mV em relação ao eletrodo padrão de hidrogênio,

as reações de eletrodo verificadas são de passivação. O Diagrama de Pourbaix do sistema

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ferro/água é muito utilizado para explicar sob que condições se encontra a armadura no

interior do concreto.

Figura 2.2 – Diagrama de Pourbaix modificado para o sistema ferro/água a 25°C

(FIGUEIREDO, 1994).

As duas retas tracejadas “a” e “b” de inclinação -0,0591 V/pH, apresentadas no

diagrama da Figura 2.2, delimitam a região de equilíbrio termodinâmico da água, os quais

são apresentados pelas seguintes reações:

2H+ + 2e- ⇔ H2 ou 2H2O + 2e- ⇔ H2 + 2OH- (reta a)

2H2O ⇔ 4e- + O2 + 4H+ ou 4OH- ⇔ 4e- + O2 + 2H2O (reta b)

Abaixo da reta “a”, a água apresenta a tendência de se decompor por redução

segundo as reações:

2H+ + 2e- → H2 (meio neutro ou ácido desaerado).

ou

2H2O + 2e- → H2 + 2OH- (meio neutro ou básico desaerado).

1

23

4 5

7

6

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Acima da reta “b”, a água apresenta a tendência de se decompor por oxidação

segundo as reações:

2H2O → 4e- + O2 + 4H+ (meio ácido aerado).

ou

4OH- → 4e- + O2 + 2H2O (meio básico aerado).

As linhas cheias representam o equilíbrio entre as espécies do metal ferro. A

Tabela 2.1 indica a reação de equilíbrio de cada uma dessas linhas.

Tabela 2.1 – Reações de equilíbrio do sistema ferro/água, relativas ao Diagrama de

Pourbaix (JÚNIOR, 2001).

Linha 1 Fe2O3 + 6H+ + 2e- ⇔ 2Fe2+ + 3H2O

Linha 2 3Fe2O3 + 2H+ 2e- ⇔ 2Fe3O4 H2O

Linha 3 Fe3O4 + 8H+ + 2e- ⇔3Fe2+ + 4H2O

Linha 4 Fe2+ +2e- ⇔Fe

Linha 5 Fe3O4 + 8H+ + 8e- ⇔3 Fe + 4H2O

Linha 6 3Fe3O4 + 2H2O + 2e- ⇔ 3HFeO-2 + H+

Linha 7 3HFeO-2 + 3H+ +2e- ⇔ Fe 2H2O

O deslocamento das condições de equilíbrio fará com que as reações

apresentem a tendência de acontecerem em um determinado sentido. Por exemplo, imagine

que se tenha condições de pH e potencial que façam com que o equilíbrio se situe sobre a

linha 1. Desde que não ocorram mudanças das condições do sistema, esse equilíbrio tende

a permanecer indefinidamente. No entanto, se houver uma diminuição do pH e o potencial

for mantido fixo, haverá a tendência de formação do íon Fe2+ de acordo com a seguinte

reação:

Fe2O3 + 6H+ + 2e- → 2Fe2+ + 3H2O

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Por outro lado, se ocorrer uma elevação do pH e o potencial não se alterar,

ocorrerá a tendência para a formação do óxido Fe2O3, com a reação de equilíbrio sendo

deslocada para o sentido da oxidação:

Fe2O3 + 6H+ + 2e- ← 2Fe2+ + 3H2O

No Diagrama de Pourbaix observa-se também a presença de três regiões bem

distintas. A primeira região seria uma zona de imunidade do metal, correspondendo à faixa

de potencial de corrosão inferior a -600 mV. Nestas condições, o aço não sofre corrosão,

independente da natureza do meio (ácida, neutra ou alcalina) em que ele se encontra.

Manter a armadura nestas condições corresponde ao que se denomina de proteção catódica.

A segunda região corresponde à passivação do aço, representando as condições em que são

formadas as películas passivantes de proteção. Finalmente, a terceira região representa as

situações onde pode ocorrer a corrosão do aço.

2.3. CORROSÃO DAS ARMADURAS

De uma maneira geral, o termo corrosão, segundo Gentil (1996), pode ser

definido como a deterioração de um material, geralmente metálico, por ação química ou

eletroquímica do meio ambiente aliada ou não a esforços mecânicos. A deterioração

causada pela interação físico-química entre o material e o seu meio operacional representa

alterações prejudiciais indesejáveis sofridas pelo material, tais como desgaste, variações

químicas ou modificações estruturais, tornando-o inadequado para o uso. Sendo a corrosão,

em geral, um processo espontâneo, está constantemente transformando os materiais

metálicos de modo que a durabilidade e desempenho dos mesmos deixam de satisfazer aos

fins a que se destinam.

Os problemas de corrosão são freqüentes e ocorrem nas mais variadas

atividades, como por exemplo, nas indústrias química, petrolífera, petroquímica, naval,

papel e celulose, alimentícia, de construção civil, automobilística, nos meios de transporte

aéreo, ferroviário, metroviário, marítimo, rodoviário e nos meios de comunicação, como

sistemas de telecomunicações, na odontologia (restaurações metálicas, aparelhos de

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prótese), na medicina (ortopedia), em obras de arte como monumentos e esculturas, dentre

outras atividades (GENTIL, 1996).

2.3.1. Mecanismo de corrosão das armaduras do concreto

O mecanismo de corrosão das armaduras no concreto é de natureza

eletroquímica, assim como as reações de corrosão dos metais em presença de água ou

ambiente úmido, com umidade relativa (UR) superior a 60%. A corrosão eletroquímica se

dá pela dissolução do aço comum num meio aquoso, no qual os átomos do aço se

dissolvem como íons. O modelo mais simples e didático de corrosão eletroquímica é a

chamada célula ou pilha de corrosão galvânica, formada a partir de dois metais de

eletronegatividade distintas, imersos em uma solução aquosa e conectados eletricamente

conforme mostra a Figura 2.3.

Figura 2.3 – Célula ou pilha de corrosão galvânica formada a partir de dois metais de

eletronegatividade distintas.

A partir da Figura 2.3, observam-se duas regiões distintas, cada uma

caracterizada por uma reação diferente. No ânodo tem-se a reação de oxidação,

caracterizada pela corrosão do aço (Reação anódica) e no cátodo ocorre a reação de

Cátodo Ânodo

Reação de Oxidação

Reação de Redução

Voltímetro (mV)

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redução do oxigênio ou do hidrogênio, que ocorre dependendo do meio em que se encontra

o metal (Reação catódica).

Fé → Fé++ + 2e- (Reação anódica)

H2O + 1/2 O2 + 2e- → 2OH- (Reação catódica)

A corrosão da armadura no concreto, considerada por vários pesquisadores

como a maior causa da deterioração das estruturas de concreto, é um caso típico de

corrosão eletroquímica, onde a armadura faz o papel de um eletrodo misto, na qual

ocorrem reações anódicas e catódicas, enquanto que a solução contida nos poros do

concreto funciona como eletrólito (FIGUEIREDO et al, 1993). A corrosão eletroquímica

das armaduras de concreto pode ser representada, genericamente, conforme mostra a

Figura 2.4.

Figura 2.4 – Pilha ou célula de corrosão eletroquímica no concreto armado

(PORRERO, 1975, apud HELENE, 1986).

Como qualquer outra célula de corrosão, a pilha ou célula de corrosão

eletroquímica no concreto armado é formada por um ânodo, um cátodo, um condutor

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elétrico e um eletrólito. Diferenças de potencial de eletrodo entre regiões circunvizinhas,

geradas pela carbonatação ou íons cloreto dão origem ao aparecimento de corrente elétrica

entre zonas anódicas e zonas catódicas. Dependendo da magnitude dessa corrente, do

acesso de oxigênio e da resistividade do eletrólito, poderá haver ou não corrosão

significativa. Não há corrosão significativa em concretos secos, por insuficiência de

eletrólito, nem em concretos totalmente saturados, pois neste caso não haverá suficiente

acesso de oxigênio.

Durante a corrosão eletroquímica ocorre uma reação de oxidação, outra de

redução e a circulação de íons através do eletrólito. Na região anódica, onde acontece a

oxidação, os elétrons liberados migram através do metal até a região de caráter catódico,

onde reagem com alguma substância presente no eletrólito de forma a produzir uma reação

de redução. Em meios ácidos, os íons hidrogênio são reduzidos e em meios alcalinos e

neutros a redução do oxigênio dissolvido na água é a reação mais freqüente

(FIGUEIREDO, 1994).

A fim de expor todo o mecanismo da corrosão do aço no concreto, Tuutti

(1982) subdivide o processo corrosivo em duas fases: iniciação e propagação. A iniciação

corresponde ao período de tempo que vai desde a execução da estrutura até a ação do

agente agressivo em atravessar o concreto de cobrimento, alcançar a armadura e

despassivá-la. A propagação, por sua vez, consiste no desenvolvimento da corrosão até que

se alcance um grau inaceitável do processo. A Figura 2.5 representa o modelo proposto por

Tuutti (1982), onde é possível observar as duas fases expostas anteriormente.

Figura 2.5 – Modelo de vida útil proposto por Tuutti (1982).

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Segundo Helene (1986), para que a corrosão das armaduras no interior do

concreto se desenvolva (propagação) são necessárias as seguintes condições:

• Presença de um eletrólito de baixa resistividade – Corresponde à

fase líquida presente nos poros do concreto. Basicamente é uma solução

saturada de Ca(OH)2, embora contenha também NaOH e KOH, além de

íons agressivos originários do meio externo. O eletrólito é essencial na

corrosão eletroquímica uma vez que, em todo processo corrosivo, há o

movimento de elétrons na armadura, da região anódica para a região

catódica, sendo o circuito eletroquímico fechado pelo movimento

iônico no eletrólito (concreto que envolve a armadura).

• Diferença de potencial (ddp) – A ddp é essencial ao processo porque

dela depende a formação da pilha eletroquímica. O ânodo e o cátodo se

estabelecem a partir de uma ddp entre duas regiões adjacentes ao longo

da armadura, que propicia o movimento eletrônico entre elas. A

referida ddp pode ter origem a partir de várias causas, entre as quais

destacam-se: a diferença de umidade, aeração e concentração salina,

tensão do concreto e/ou do aço, impurezas do metal e heterogeneidades

presentes no concreto pela carbonatação ou pela presença de íons. Na

maioria das vezes formam-se micropilhas de corrosão. Com o tempo

verifica-se o aumento dessas heterogeneidades e a intensificação das

diferenças de potencial de eletrodo entre regiões vizinhas, tendendo a

alterar o processo para macropilhas.

• Presença de oxigênio – Segundo Helene (1993) é necessário que haja

oxigênio para a formação da ferrugem (produto de corrosão), segundo a

reação:

2Fe + O2 + 2H2O → 2Fe(OH)2 (ferrugem)

Na realidade as reações são mais complexas e o produto da corrosão,

denominado ferrugem, nem sempre é o 2Fe(OH)2, mas sim uma gama

de óxidos e hidróxidos de ferro resultantes das reações de oxidação e

redução.

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• Presença de agentes agressivos – Contribuem sensivelmente para

promover o processo de corrosão, uma vez que provocam a

despassivação da armadura. Os agentes agressivos podem ser: íons

sulfeto (S2-), íons cloreto (Cl-), o dióxido de carbono (CO2), os nitritos

(NO3-), o gás sulfídrico (H2S), o cátion amônio (NH4+), os óxidos de

enxofre (SO2 e SO3), etc.

2.3.2. Mecanismos de transporte de substâncias para o interior do concreto

O transporte de substâncias líquidas ou gasosas para o interior do concreto é

decisivamente influenciado pela estrutura porosa da pasta de cimento endurecida e pelo

grau de saturação dos poros (GUIMARÃES, 2000). Neste sentido, a interconexão dos

poros que determina a porosidade aberta e a distribuição do tamanho dos poros,

constituem-se fatores de suma importância. A porosidade aberta possibilita o transporte das

substâncias e caracteriza a permeabilidade da pasta. Por sua vez, o tamanho dos poros

interfere na velocidade de transporte.

Independente do tamanho, nem todos os poros permitem da mesma forma a

penetração dos agentes agressivos ao interior do concreto. A Figura 2.6 faz a distinção

entre poros abertos, fechados e superficiais sem continuidade (MOPT, 1991, apud

FIGUEIREDO, 1994).

Figura 2.6 – Rede de poros da pasta de cimento (MOPT, 1991, apud FIGUEIREDO,

1994).

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Neville (1997) define porosidade como sendo a medida da proporção do

volume total do concreto ocupado pelos poros, geralmente expresso em porcentagem. Se a

porosidade for grande e os poros estiverem interligados, estes vão contribuir para a

movimentação dos fluidos no interior do concreto, caracterizando um concreto bastante

permeável. Por outro lado, se os poros forem descontínuos, este concreto está classificado

apenas como de alta porosidade, porém de baixa permeabilidade.

O tamanho dos poros na pasta de cimento varia segundo diversas ordens de

grandeza e eles podem ser classificados em poros de ar aprisionado (decorrentes do

processo de adensamento do concreto), poros de ar incorporado (obtidos quando do

emprego de aditivos incorporadores de ar), poros capilares (oriundos da saída de água livre

do concreto) e poros de gel (devido à água de gel), tendo os três primeiros tipos maior

relevância para a durabilidade. A Figura 2.7 ilustra a distribuição dos tamanhos dos poros

na pasta de cimento endurecida.

Figura 2.7 – Distribuição do tamanho dos poros na pasta de cimento endurecida

(ROSTAM, 1993).

A seguir serão apresentados os principais mecanismos de penetração e

transporte dos agentes agressivos para o interior das estruturas, que tem influência

significativa sobre a durabilidade do concreto armado.

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2.3.2.1. Absorção capilar

A absorção capilar é um dos mecanismos de transporte que mais afeta a

durabilidade das edificações, especialmente aquelas expostas à chuva, sujeitas a ciclos de

umedecimento e secagem. A água por si só pode ser uma substância agressiva se ela

penetra em uma região de uma estrutura de concreto armado, cujas armaduras já estão

despassivadas pela ação da carbonatação ou de cloretos, provocando a redução da

resistividade do concreto. Por isso, além da quantidade de água absorvida, é importante

considerar a profundidade de penetração da água devido à absorção e à velocidade com

que esse fenômeno ocorre (NEPOMUCENO, 2005).

A absorção ou sucção capilar pode ser definida como o transporte do líquido

motivado por tensões capilares, ocorrendo imediatamente após o seu contato com o

substrato. A absorção capilar, portanto, depende da porosidade aberta, isto é, dos poros

capilares interconectados entre si, permitindo o transporte das substâncias líquidas

contaminadas para o interior do concreto. Depende também do diâmetro dos poros e

apresenta forças de sucção capilar tão mais intensas quanto menores forem os diâmetros

dos capilares. Esta estrutura de poros caracteriza o concreto como um material hidrófilo,

ou seja, um material ávido por água. Sendo assim, pode-se afirmar que as características

hidrófilas do concreto e sua condição de umidade (que em menor teor favorece uma maior

absorção) são aspectos de decisiva influência na capacidade absorvente do concreto. A

absorção depende também de características intrínsecas do líquido como a sua viscosidade

e tensão superficial. Líquidos de alta viscosidade apresentam grande dificuldade de

penetração nos poros do concreto. Por sua vez uma elevada tensão superficial no interior

dos poros significa uma maior profundidade ou ascensão capilar, embora a absorção total

deva ser menor porque o aumento da tensão superficial dificulta sobremaneira a

“molhabilidade” do líquido no substrato e sua posterior penetração para o interior do

concreto.

2.3.2.2. Difusão

A difusão é um mecanismo de transporte de fluidos no concreto, que busca o

equilíbrio das concentrações diferentes. Entre as principais substâncias gasosas que podem

comprometer a durabilidade do concreto destaca-se o CO2, que provoca a carbonatação dos

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elementos alcalinos do concreto, o oxigênio, que é responsável pela reação catódica na

corrosão de armaduras e vários processos de biodegradação, e o vapor d’água, que também

é responsável pelo desenvolvimento da corrosão de armaduras, especialmente pela redução

da resistividade e por vários outros processos de degradação (NEPOMUCENO, 2005).

A difusão acontece devido a gradientes de concentração, seja entre o meio

externo e o interior do concreto, seja dentro do próprio concreto em busca do equilíbrio

iônico. Trata-se do mecanismo de transporte predominante dos cloretos (Cl-) e do dióxido

de carbono (CO2) dentro do concreto, caso é claro haja uma certa interconexão dos

capilares e a presença de um eletrólito de baixa resistividade, sem o qual a difusão iônica

não ocorre.

É de se esperar que quanto mais compacto for o concreto, menor será a difusão,

em virtude, justamente, da diminuição da porosidade e da conexão entre os poros capilares.

2.3.2.3. Permeabilidade

A permeabilidade é um dos principais parâmetros de qualidade do concreto e

representa a facilidade (ou dificuldade) com que certo fluido transpõe dado volume de

concreto sob pressão. Como ela está relacionada com a interconexão dos poros capilares,

constitui-se em um fator de fundamental importância para que haja o transporte via

penetração de fluidos, como a já mencionada absorção capilar.

É importante ressaltar que a permeabilidade a líquidos sob pressão será tanto

mais acentuada quanto maior for o diâmetro dos poros capilares, além obviamente da

comunicação entre eles. Isto, na prática, é obtido por meio de relações água/cimento

relativamente altas. Por sua vez, à medida que se diminui a relação água/cimento, vai se

obtendo estruturas cada vez mais compactas, com poros capilares mais “estreitos”. Isto,

apesar de favorecer uma maior absorção capilar, no sentido de ascensão capilar e não de

volume absorvido, em virtude da redução no diâmetro dos capilares, é desejável que

aconteça porque diminui de fato a absorção total (volume total absorvido) e a

permeabilidade. A justificativa deste fato é que com uma estrutura de pasta mais compacta,

a despeito do favorecimento no acréscimo das pressões capilares, haverá sempre uma

queda significativa na porosidade capilar e na intercomunicação ou comunicação entre os

poros.

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De acordo com Neville (1997), os poros importantes para a permeabilidade são

aqueles com diâmetro de, pelo menos, 120 nm ou 160 nm, devendo estes, ainda, ser

contínuos. Os poros dos agregados não contribuem para o aumento da permeabilidade do

concreto, pois estão envolvidos pela pasta de cimento e não apresentam continuidade. Os

poros formados pelas bolhas de ar incorporado por meio de aditivo, também não

contribuem para o aumento da permeabilidade do concreto.

A permeabilidade do concreto aos gases não é um mecanismo de transporte

muito comum em estruturas reais, mas, por meio do ensaio de permeabilidade, tem-se

procurado caracterizar a sua porosidade e correlacioná-la a outros mecanismos de

transporte, como a difusão de oxigênio, difusão de CO2 e se estabelecerem parâmetros de

durabilidade (NEPOMUCENO, 2005).

2.3.2.4. Migração iônica

A migração iônica ocorre devido a um diferencial elétrico. Neste caso, diante

da formação de um campo elétrico, os íons no eletrólito tendem a se deslocar para a região

de polaridade contrária (ARAÚJO, 2004).

No tratamento eletroquímico todos os íons carregados negativamente irão

migrar para o ânodo externo e os carregados positivamente se deslocarão para o cátodo, ou

seja, para a armadura (BANFILL, 1994).

Na Tabela 2.2 é possível observar a condutividade iônica dos principais íons

estudados, segundo Banfill (1994). Porem o autor afirma que essa condutividade pode

mudar sensivelmente com o aumento da concentração das soluções.

Tabela 2.2 – Valores da condutividade iônica de diversos íons à diluição infinita e à

25°C (BANFILL, 1994).

Íons H+ Na+ K+ Ca2+ OH- Cl- 1/2 SO42- 1/2 CO3

2- HCO3-

Condutividade iônica (ohm-1.cm-2. 349 50,1 73,5 59,5 198 75,2 79,8 69,3 44,5

eq-1 ou 10-4.ohm-1.m-2.eq-1) 1° 8° 5° 7° 2° 4° 3° 6° 9°

A maior aplicação deste princípio ocorre no ensaio acelerado para determinar a

permeabilidade do concreto ao íon cloreto, em que se utiliza uma diferença de potencial

para forçar a sua movimentação.

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2.3.3. Vida útil das estruturas de concreto

Uma estrutura de concreto deve ser projetada, construída e operada de tal

forma que, sob condições ambientais esperadas, ela mantenha sua segurança,

funcionalidade e aparência aceitável durante um período de tempo, implícito ou explícito,

sem a necessidade de elevados custos de manutenção e reparo (CEB, 1990). A partir de tal

definição, entende-se que a durabilidade de uma estrutura é função de certos parâmetros

básicos, tais como das características construtivas, que são traduzidas pelas diversas etapas

da execução de uma estrutura (planejamento/projeto, especificação e fabricação de

materiais, execução correta e estabelecimento de procedimentos de manutenção

específicos), da agressividade ambiental em que a estrutura estará inserida, dos critérios de

desempenho desejados para a construção, os quais dependem da sua finalidade e do tempo,

ou seja, da vida útil requerida para uma estrutura em particular (ANDRADE, 2005;

MESEGUER, 1991).

Por vida útil de um material entende-se o período durante o qual as suas

propriedades permanecem acima dos limites mínimos especificados. O conhecimento da

vida útil e da curva de deterioração de cada material ou estrutura são fatores de

fundamental importância para a confecção de orçamentos reais para a obra, assim como de

programas de manutenção adequados e realistas (SOUZA & RIPPER, 1998).

Os tempos modernos ditaram a certeza de que o concreto, como material de

construção, é instável ao longo do tempo, alterando suas propriedades físicas e químicas

em função das características de seus componentes e das respostas destes às condicionantes

do meio ambiente. Às conseqüências destes processos de alteração que venham a

comprometer o desempenho de uma estrutura, ou material, costuma-se chamar de

deterioração. Os elementos agressivos, em si, são denominados agentes de deterioração.

Cada material ou componente reage de uma forma particular aos agentes de deterioração a

que é submetido, sendo que a forma de deterioração e sua velocidade dependem da

natureza do material e das condições de exposição aos agentes agressivos (SOUZA &

RIPPER, 1998).

A Figura 2.8 representa, esquematicamente, três diferentes histórias de

desempenhos estruturais, ao longo das respectivas vidas úteis, em função da ocorrência de

fenômenos patológicos diversos.

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Figura 2.8 – Diferentes desempenhos de uma estrutura com o tempo em função de

diferentes fenômenos patológicos (SOUZA & RIPPER, 1998).

No primeiro caso, representado pela curva traço-duplo ponto, está ilustrado o

fenômeno natural de desgaste de uma estrutura, material ou componente construtivo.

Quando há intervenção, a estrutura se recupera, ficando, novamente a linha de desempenho

acima do mínimo exigido para sua utilização. No segundo caso, representado por uma

linha cheia, trata-se de uma estrutura sujeita, em um dado momento, a um problema súbito,

como um acidente, por exemplo, que necessita de imediata intervenção corretiva para que

volte a comportar-se satisfatoriamente. No terceiro caso representado pela linha traço-

monoponto, tem-se uma estrutura com erros originais, de projeto, de materiais ou de

execução, ou ainda uma estrutura que tenha necessitado alterar seus propósitos funcionais,

situações em que se caracteriza a necessidade de reforço.

Em termos de durabilidade, é a quantidade de água no concreto e a sua relação

com a quantidade de material cimentício que irá reger características como densidade,

compacidade, porosidade, permeabilidade, capilaridade, fissuração do concreto, além de

sua resistência mecânica, que em resumo, são os indicadores de qualidade do material.

A questão da vida útil das estruturas de concreto é, portanto, um assunto

complexo e que merece ser tratado com bastante cuidado. É preciso aplicar todo

conhecimento disponível a respeito do tema, no sentido de tornar possível uma avaliação

coerente do comportamento das obras e dos custos envolvidos por um determinado período

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de tempo, evitando, assim, gastos e intervenções desnecessários. Todavia no caso das

estruturas que já se encontram em processo de deterioração, é necessário tanto calcular o

seu tempo de vida sem risco de colapso, como decidir o momento adequado para se iniciar

os procedimentos de reparo, recuperação ou reforço (TINÔCO, 2001).

2.4. AVALIAÇÃO DA CORROSÃO DE ARMADURAS EM ESTRUTURAS DE

CONCRETO

Ao se verificar que uma estrutura de concreto armado ou protendido está

danificada isto é que apresenta problemas patológicos, torna-se necessário efetuar uma

vistoria detalhada e cuidadosamente planejada para que se possa determinar as reais

condições da estrutura, de forma a avaliar as anomalias existentes, suas causas,

providências a serem tomadas e os métodos a serem adotados para a reabilitação (SOUZA

& RIPPER, 1998).

De uma maneira geral, a avaliação completa de uma estrutura de concreto deve

considerar aspectos tanto de durabilidade quanto de resistência e estabilidade. Os aspectos

de durabilidade envolvem investigações sobre as condições da armadura, sobre as

condições de carbonatação do concreto, sobre a presença de agentes agressivos, tais como

cloretos e sulfatos no concreto, sobre a eventual presença de agregados reativos, etc. A

avaliação da resistência e estabilidade das estruturas de concreto emprega técnicas como o

ultra-som, a esclerometria, a extração de testemunhos de concreto, além da realização de

provas de carga na estrutura.

Sob a ótica específica da corrosão de armaduras, fazem parte de uma avaliação

sistemática do problema uma inspeção preliminar e, posteriormente, uma inspeção

detalhada. A primeira é constituída de um exame visual para caracterizar todos os

sintomas, assim como de uma série de pequenos ensaios que permitam analisar o problema

e preparar um plano mais detalhado para desenvolver uma inspeção pormenorizada.

Intrinsecamente relacionadas ao fenômeno da corrosão do aço no concreto, no que diz

respeito à sua identificação (em natureza e extensão) e sua quantificação, destacam-se,

entre outras, as técnicas visuais, dimensionais, gravimétricas e eletroquímicas.

A avaliação preliminar dá uma primeira indicação do problema de corrosão da

armadura, devendo ser realizada de forma cuidadosa e detalhada, buscando observar as

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regiões com deterioração aparente e zonas onde há possibilidade de serem encontradas

anomalias. Nesta etapa é comum a realização de alguns procedimentos, tais como:

• Registro com croquis e fotografias das manifestações patológicas mais

importantes como a presença de manchas de produtos de corrosão, a

coloração desses produtos, aspectos morfológicos da corrosão (se a

corrosão é generalizada ou localizada), presença de fissuras (geometria,

abertura e localização em relação ao elemento estrutural), destacamento

do concreto de cobrimento e flechas;

• Classificação da agressividade ambiental ao qual a estrutura encontra-

se inserida;

• Percussão da superfície do concreto com martelo metálico,

identificando regiões com som “cavo”, indicativo de falhas de

concretagem e falta de aderência entre a armadura e o concreto devido

ao elevado grau de corrosão em concretos de elevada relação

água/cimento;

• Identificação de regiões de interesse para medir profundidade de

carbonatação e de alcance dos íons cloretos;

• Identificação de regiões de interesse para realizar ensaios de

caracterização das propriedades mecânicas do concreto;

• Identificação de regiões de interesse para a realização de ensaios

específicos relacionados com o fenômeno da corrosão (detecção

eletromagnética da posição da armadura, espessura de cobrimento,

diâmetro da armadura, resistividade do concreto, potencial de corrosão

e densidade de corrente de corrosão).

A avaliação propriamente dita da corrosão de armaduras (inspeção detalhada)

deve preferencialmente ser realizada mediante o emprego de técnicas eletroquímicas, haja

vista ser o fenômeno da corrosão um evento também desta natureza. Outro fator

extremamente importante e que merece destaque é o fato de se tratar de um método não

destrutivo de avaliação da corrosão, permitindo ao engenheiro e ao pesquisador avaliar a

cinética e a termodinâmica do processo corrosivo sem a destruição de parte da estrutura

analisada. As técnicas eletroquímicas podem ser utilizadas na avaliação, no controle e na

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investigação da corrosão da armadura, independente do tipo de ataque corrosivo. Desta

forma, consegue-se analisar qualitativa e quantitativamente o processo destrutivo,

podendo-se de maneira precisa e eficiente determinar se uma dada estrutura necessita ou

não sofrer intervenção. Nesta avaliação também é fundamental a realização de alguns

procedimentos, tais como:

• Fazer detecção eletromagnética da posição das armaduras, evitando o

corte das mesmas durante a operação de extração de testemunhos de

concreto ou facilitando a ruptura do elemento exatamente na posição da

armadura para posterior contato elétrico, necessário para a realização

dos ensaios eletroquímicos;

• Romper o concreto, em região sã, até atingir a armadura, realizando

medidas de profundidade de carbonatação, espessura de cobrimento e

diâmetro da armadura;

• Retirar amostras de concreto para obter perfil de cloretos e

profundidade de alcance dos íons cloreto;

• Romper o concreto em regiões onde a corrosão da armadura encontra-

se em avançado processo de corrosão, deixando a armadura livre do

concreto; limpar a armadura e medir o diâmetro residual da mesma,

objetivando verificar a perda de seção do aço e a eventual necessidade

de reposição da armadura na operação de reabilitação do elemento

estrutural;

• Extrair amostras cilíndricas do concreto para caracterização das

propriedades mecânicas do concreto;

• Realizar medidas de resistividade do concreto;

• Realizar medidas de potencial e densidade de corrente de corrosão.

Os métodos gravimétricos são utilizados apenas em laboratório e tem o

objetivo de se obter dados suficientes e confiáveis para um diagnóstico correto e preciso.

Tal método visa basicamente a quantificação do processo corrosivo pela determinação da

perda de massa da armadura após o processo de corrosão. Trata-se de uma técnica bastante

confiável de se determinar a velocidade de corrosão, porém que apresenta a inconveniência

de destruir parte da estrutura para a obtenção da medida.

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41

2.5. AVALIAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DA CORROSÃO

Os métodos eletroquímicos são os mais recomendados quando se necessita

avaliar o fenômeno corrosivo. Tais técnicas são as mais indicadas por sua sensibilidade,

rapidez e caráter não destrutivo. Muitas delas podem ser utilizadas “in situ”, fornecendo

informações tanto sobre o estado superficial da armadura (estado passivo ou ativo de

corrosão), quanto sobre a intensidade ou velocidade de corrosão. Neste sentido, as técnicas

de potenciais de corrosão e de resistência de polarização são as mais adequadas para

avaliar quadros corrosivos em estruturas de concreto, devido à importância das

informações obtidas e a praticidade envolvida em suas aplicações. Por se tratar de um

parâmetro controlador do processo eletroquímico, destaca-se também, a resistividade do

concreto como outra técnica de grande importância (ICCET, 1989; FIGUEIREDO, 1994;

BUNGEY & MILLARD, 1996).

2.5.1. Potencial de eletrodo ou de corrosão

O potencial de corrosão, ou potencial de eletrodo, ou mesmo potencial

eletroquímico é um método de ensaio padrão normalizado pela ASTM C 876 (1991). A

técnica consiste em se determinar a diferença de potencial (ddp) entre duas semicélulas: a

semicélula aço/concreto ou eletrólito e a semicélula estável de cobre/sulfato de cobre, que

é o eletrodo de referência. Um voltímetro de alta impedância é conectado entre a armadura

e o eletrodo de referência colocado em contato com a superfície de concreto (Figura 2.9).

O resultado obtido é conhecido por potencial eletroquímico ou potencial de corrosão da

armadura de concreto.

Figura 2.9 – Esquema básico do método de determinação do potencial de corrosão da

armadura.

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Os equipamentos básicos para a medida dos potenciais eletroquímicos

consistem basicamente em um voltímetro de alta impedância, com resolução em milivolts,

um eletrodo de referência (os mais utilizados são os de calomelano saturado – ECS e o de

cobre/sulfato de cobre – ESC), uma esponja de alta condutividade, destinada a melhorar a

condutividade elétrica entre o eletrodo de referência e a superfície do concreto, além de

fios elétricos para realizar as devidas conexões. As ligações são extremamente simples,

apenas cuidando-se para que o pólo negativo do voltímetro seja conectado ao eletrodo de

referência e o pólo positivo a um ponto da armadura do concreto.

Com os valores obtidos de potencial de corrosão têm-se informações

qualitativas sobre o estado superficial da armadura, indicando se a mesma apresenta-se em

estado passivo ou ativo de corrosão. Com isso consegue-se realizar um mapeamento dos

potenciais eletroquímicos da estrutura e, dessa forma, descobrir as regiões com tendência

ou não de sofrer corrosão. A partir desses resultados, é possível o monitoramento desses

potenciais com o tempo, permitindo saber o momento no qual o aço perde a sua camada de

passivação.

Os potenciais eletroquímicos são parâmetros termodinâmicos que dependem de

inúmeras variáveis como umidade, tipo de cimento, resistividade, qualidade do concreto,

espessura do cobrimento, temperatura, frente de carbonatação, presença de cloretos, entre

outras. Seus valores numéricos indicam o balanço entre as reações anódicas e catódicas,

não fornecendo, entretanto, informações quantitativas sobre a velocidade ou intensidade de

corrosão da armadura. Os valores de potencial podem ser associados à probabilidade de

corrosão e, as faixas de potenciais associadas às suas respectivas probabilidades de

corrosão podem ser observadas na Tabela 5.5 da Metodologia Experimental.

Vale ressaltar que tais valores não devem ser tomados como absolutos, sendo

apenas aceitáveis como referência. Na realidade, essas faixas de potenciais foram

determinadas empiricamente após estudos de corrosão em tabuleiros de pontes sujeitas à

ação de cloretos, oriundas de casos norte-americanos, no início da década de setenta

(HELENE, 1993).

2.5.2. Resistência de polarização

A resistência de polarização pode ser entendida como a inércia que o sistema

possui em desenvolver um processo eletroquímico de corrosão, frente a uma polarização

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imposta. Pode ser obtida a partir de uma diferença de potencial aplicada à armadura,

exercendo uma polarização ao redor do potencial de corrosão original. Aplicada a

diferença de potencial externa, ∆E, a variação de corrente, ∆I, pode ser medida por um

procedimento potenciostático ou potenciodinâmico. Aplicando-se uma corrente externa,

∆I, também é possível registrar a variação de potencial, ∆E, através de um procedimento

galvanostático. A resistência de polarização, Rp, é então obtida por IERp

∆∆

= , conforme

Figura 2.10.

Figura 2.10 – Representação gráfica da resistência de polarização a partir dos valores

de E e I (WOLYNEC & ESCALANTE, 1980).

Admite-se que a curva de polarização para pequenas sobretensões ao redor do

potencial original de equilíbrio obedece uma variação linear. Essa pequena sobretensão

pode ser da ordem de ±10 a 20 mV, ou seja, valores de sobretensão anódica de +10 mV ou

catódica de -10mV são usualmente empregados. Devem ser evitados valores muito

elevados para não comprometer a hipótese básica de linearidade da curva de polarização

(ANDRADE et al., 1986). A resistência de polarização pode então ser correlacionada à

taxa de corrosão pela equação proposta por Stern & Geary (1957) que no fim da década de

50 correlacionaram estudos teóricos com resultados de experimentos práticos realizados

por outros pesquisadores, encontrando que a corrente de corrosão pode ser obtida por:

pca

ca

pcorr R

BR

I =××

××=

)(3,21

ββββ

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onde:

Icorr = corrente de corrosão em µA;

B = constante de Stern e Geary, sendo função das características do sistema metal/meio e

que dificilmente abandona o intervalo entre 13 e 52 mV.

Rp = Resistência de polarização;

βa e βc = constantes de Tafel, anódica e catódica respectivamente.

A metodologia tem sido amplamente empregada pela Drª. Carmen Andrade

(Espanha), Dr. C. Page (Reino Unido), Dr. Pedro Castro (México), Dr. Enio Pazini

Figueiredo, Dr. Antônio Nepomuceno e Dr. Paulo Helene (Brasil). A Drª. Carmen Andrade

e colaboradores, juntamente com a empresa GEOCISA desenvolveram um instrumento

denominado GECOR, atualmente comercializado pela James Instruments, para realizar

medidas de velocidade ou taxa instantânea de corrosão em obras, uma vez que até

recentemente a literatura registrava somente aplicações em laboratório e em condições

especiais, com corpos de prova de configuração limitada.

Ao se dividir a intensidade de corrosão, Icorr, pela área efetiva de estudo “S”,

obtém-se a densidade de corrosão, icorr.

SRBi

pcorr ×

=

Desta forma, pode-se obter a velocidade ou taxa instantânea de corrosão a cada

momento de um determinado ensaio, valores esses que representam a cinética da corrosão

da armadura. A Tabela 5.4 da Metodologia Experimental apresenta um critério de

avaliação da importância da corrosão em função da velocidade do processo.

2.5.3. Resistividade elétrica

A importância de se estudar a resistividade do concreto reside no fato de que

esta propriedade, juntamente com o acesso de oxigênio às barras metálicas, constituem os

dois elementos principais controladores da propagação da corrosão da armadura. Dessa

forma, a velocidade de corrosão do aço no concreto é, em muito, dependente da

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resistividade elétrica ou, por outro lado, da condutividade iônica do eletrólito (fase líquida

do concreto).

Para a determinação da resistividade elétrica do concreto existem basicamente

duas metodologias a serem utilizadas. A primeira corresponde ao método dos “quatro

pontos” ou dos quatro eletrodos, também conhecido como método de Wenner (Figura

2.11). Trata-se de uma técnica normalizada pela ASTM G 57 (ASTM, 2001), que

originariamente foi empregada para medir resistividade de solos. Atualmente, existem

equipamentos comerciais adaptados para a aplicação em concreto como, por exemplo, o

modelo MK II da CNS Eletrinics Ltda, tendo como principais vantagens a facilidade de

utilização, a possibilidade de empregá-los “in loco”, diretamente nas estruturas de

concreto, além de ser uma técnica não destrutiva. O segundo método é o normalizado pela

ABNT - NBR 9204:1985 que emprega três eletrodos. Nesta pesquisa foi utilizado apenas o

método de Wenner por sua aplicabilidade e praticidade.

De acordo com a configuração da Figura 2.11, uma corrente elétrica é aplicada

entre os eletrodos externos e a diferença de potencial gerada entre os eletrodos internos

propicia a medida da resistividade através da seguinte equação:

IVa ⋅⋅⋅= πρ 2 , onde:

ρ = resistividade elétrica do concreto (ohm.cm);

a = espaçamento entre os eletrodos (cm);

V = voltagem (volts);

I = corrente (ampere).

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Figura 2.11 – Esquema da medida da resistividade através do método dos quatro

eletrodos (FIGUEIREDO, 1999).

A resistividade é um dos fatores controladores do processo eletroquímico e

pode ser considerada uma técnica semiquantitativa para avaliação da corrosão. As

velocidades ou taxas de corrosão serão máximas em concretos com altos teores de umidade

(os que representam baixa resistividade), porém sem saturação dos poros para não

dificultar o acesso de oxigênio até a armadura. A Tabela 5.3 da Metodologia Experimental

apresenta critérios para a avaliação dos resultados obtidos de resistividade, levando-se em

consideração o risco de corrosão da armadura.

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3. CARBONATAÇÃO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO

3.1. INTRODUÇÃO

A tradicional concepção do concreto armado como um material de grande

durabilidade e resistência tem sido invariavelmente questionada devido ao surgimento de

um número cada vez maior de manifestações patológicas, destacando-se a corrosão das

armaduras de concreto como a de maior gravidade (KURTIS & MEHTA, 1997, apud

CUNHA & HELENE, 2001). As constantes mudanças atmosféricas, ressaltando-se o

elevado grau de poluição ambiental e os inúmeros agentes químicos lançados na atmosfera

ao longo dos últimos anos, levaram engenheiros e pesquisadores a constatarem um número

cada vez maior de problemas nas estruturas de concreto. Sendo assim, o estudo sistemático

destes problemas a partir de suas manifestações características permite um conhecimento

mais aprofundado de suas causas, facilitando os trabalhos de reparo e manutenção das

estruturas, minimizando a sua incidência.

As armaduras das estruturas de concreto normalmente encontram-se protegidas

da corrosão em decorrência da alta alcalinidade do material, que possui um pH da ordem

de 12 a 13. Esta elevada alcalinidade favorece a formação de um filme de óxidos

submicroscópico passivante, compacto, resistente e aderente sobre a superfície da

armadura. Esta camada protege indefinidamente a armadura da corrosão, enquanto o

concreto siga apresentando boa qualidade, ou seja, sem fissuras e com suas características

físicas e mecânicas inalteradas devido a ação de agentes agressivos. Para o caso das

armaduras de concreto, a carbonatação e os íons cloreto são os principais agentes

iniciadores da corrosão.

A carbonatação é um fenômeno que fatalmente acaba ocorrendo com o

concreto à medida que o tempo passa. A compreensão desse processo químico se faz

necessária à medida que a durabilidade passa a ser considerada, já que ela pode acarretar a

modificação da estrutura da pasta de cimento, alterando a resistência, provocando

pequenas retrações e, principalmente, reduzindo o pH do concreto (RILEM, 1988, apud

FIGUEIREDO & HELENE, 1994).

A carbonatação provoca uma alteração na alcalinidade do concreto,

promovendo uma redução generalizada do pH para valores menores que 10,5, deixando a

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armadura susceptível à corrosão em virtude da quebra da estabilidade química do filme de

óxidos passivante (HELENE, 1981; PAGE, 1988; PARROT, 1990).

O principal dano decorrente do fenômeno da carbonatação não está diretamente

associado ao concreto e sim à armadura, conforme é explicado nos itens seguintes. Desta

forma, é imprescindível que este fenômeno não seja analisado sem estar associado ao

cobrimento da armadura. Nestes casos, o efeito da carbonatação é benéfico dado o

aumento da resistência, da dureza superficial e da impermeabilidade do concreto.

Haque & Kawamura (1992), apud Cunha & Helene (2001) descrevem em seus

estudos, que a principal causa da corrosão das armaduras em concretos é a perda da

eficiência do concreto de cobrimento, que deve promover a proteção necessária ao aço

contra a ação de agentes agressivos que possam vir a desencadear a sua despassivação.

Um bom cobrimento das armaduras, com um concreto de alta compacidade,

sem ninhos de concretagem, vazios ou excessos de exsudação e com um teor de argamassa

adequado e homogêneo, garante, por impermeabilidade, a proteção do aço contra o ataque

de agentes agressivos que possam vir a desencadear o processo de corrosão.

O cobrimento da armadura funciona como uma barreira física, interpondo-se

entre o meio corrosivo e a armadura, principalmente em se tratando de um concreto bem

dosado, pouco permeável, compacto e com uma espessura adequada. Além disso, é

responsável também por uma proteção química, conferida pela alta alcalinidade da solução

aquosa presente nos poros do concreto, que proporcionam um meio adequado às reações de

passivação. A durabilidade, portanto, no que se refere à corrosão da armadura, depende da

espessura, uniformidade e estanqueidade que o concreto de cobrimento deve proporcionar

ao longo do tempo às referidas armaduras e a apreciável reserva alcalina do concreto

responsável pela passivação das mesmas.

Utilizando-se concretos bem dosados, lançados e compactados, com baixas

relações água/cimento, que permitam a execução de estruturas pouco porosas e mais

compactas, além de cobrimentos adequados, a armadura provavelmente possuirá vários

anos de proteção.

No que diz respeito ao diagnóstico do fenômeno da corrosão do aço no

concreto, destaca-se, entre as técnicas de avaliação, a metodologia de medida da frente de

carbonatação do concreto por meio do emprego de indicadores químicos de pH (Item

3.5.1) que, em contato com a solução alcalina dos poros do concreto, rica em hidróxido de

cálcio, adquirem colorações típicas a partir de um determinado pH da solução. As

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substâncias mais utilizadas são a fenolftaleína e a timolftaleína que permitem conhecer a

mudança do pH entre 8,3 e 10 e entre 9,3 e 10,5, respectivamente (BASSET et al., 1981).

O emprego de indicadores químicos apresenta como principal desvantagem o caráter

destrutivo do ensaio para a verificação da profundidade de carbonatação.

Outras formas de avaliar a carbonatação do concreto são apresentadas no Item

3.5.2.

3.2. MECANISMO DE OCORRÊNCIA E CONSEQÜÊNCIAS DA CARBONATAÇÃO

A carbonatação é um fenômeno físico-químico decorrente da reação entre o

dióxido de carbono (CO2) e os compostos alcalinos hidratados do cimento, entre eles

principalmente o hidróxido de cálcio que se encontra em maior quantidade, o hidróxido de

sódio e o hidróxido de potássio, na presença de umidade, gerando carbonatos como sub-

produtos de baixa solubilidade.

O processo ocorre por difusão do CO2 (existente na atmosfera) na fase aquosa

dos poros do concreto e pela posterior reação química do CO2 dissolvido com o hidróxido

de cálcio Ca(OH)2 e outros constituintes sólidos carbonatáveis do concreto, tais como o

NaOH e o KOH, encontrados em menor quantidades no cimento.

A Figura 3.1 mostra uma representação esquemática resumida do processo de

carbonatação, segundo o CEB/BI 152 (1984).

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Figura 3.1 – Avanço do processo de carbonatação (CEB/BI 152, 1984).

Segundo Forrester (1976), apud Cunha & Helene (2001), para que a reação de

carbonatação se produza naturalmente é necessário que o anidrido carbônico (CO2) seja

solubilizado conforme apresentado na Equação 3.1.

−+−+ +⇔+⇔⇔+ 2

333222 2 COHHCOHCOHOHCO (3.1)

As equações simplificadas dos compostos básicos carbonatáveis do concreto

são:

(a). reação de carbonatação para os álcalis do cimento mais solúveis; hidróxido de potássio

(KOH) e hidróxido de sódio (NaOH), encontrados em menor quantidade na pasta de

cimento:

1ª Reação: −+ +⇒+ 322 HCOHOHCO (3.2)

2ª Reação: OHCOKHCOHOHKKOH 2323 2222 +⇒+++→ −+−+ (3.3)

1ª Reação: −+ +⇒+ 322 HCOHOHCO (3.4)

2ª Reação: OHCONaHCOHOHNaNaOH 2323 2222 +⇒+++→ −+−+ (3.5)

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(b). Reação de carbonatação para o hidróxido de cálcio Ca(OH)2

1ª Reação: −+ +⇒+ 322 HCOHOHCO (3.6)

2ª Reação: ( ) OHCaCOHCOHOHCaOHCa 2332

2 22 +⇒+++→ −+−+ (3.7)

Já a reação simplificada pode ser descrita da seguinte forma:

OHCaCOOHCaCO 2322 )( +⇒+ (3.8)

Papadakis et al. (1991) mostram ainda que a carbonatação dos silicatos C3S e

C2S não hidratados na pasta de cimento endurecida pode ocorrer, de acordo com as

Equações 3.9 e 3.10.

322222 3.3.3 CaCOOHSiOOHCOSiOCaO +→++ νν (3.9)

322222 2.2.2 CaCOOHSiOOHCOSiOCaO +→++ νν (3.10)

A conversão do hidróxido de sódio em carbonato de sódio ocorre conforme

mostra a Equação 3.11. O NaOH consumido na reação com o gás carbônico (Equação

3.11) é liberado novamente após reagir com o hidróxido de cálcio (Equação 3.12), com o

C3S hidratado (Equação 3.13) e com o aluminato de cálcio hidratado (Equação 3.14),

podendo reagir novamente com o CO2, permitindo a seqüência do processo

(GUIMARÃES, 2000, apud FIGUEIREDO, 2005)

OHCONaNaOHCO OH2322

22 +⎯⎯ →⎯+ (3.11)

NaOHCaCOOHCaCONa OH 2)( 32322 +↓⎯⎯ →⎯+ (3.12)

OHNaOHSiOCaCOOHSiOCaOCONa OH2232232 66633.2.33 2 ++↓+↓⎯⎯ →⎯+ (3.13)

OHNaOHOHAlCaCOOHOAlCaOCONa OH23323232 42)(28..3 2 +++↓⎯⎯ →⎯+ (3.14)

Felizmente a velocidade com que esta reação ocorre é lenta e tende a diminuir

a sua intensidade com o tempo. Isto ocorre porque o carbonato de cálcio irá reduzir a

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porosidade e a permeabilidade do concreto, colmatando os seus poros superficiais e

dificultando cada vez mais a entrada de CO2 para o interior do concreto.

Os principais efeitos da carbonatação, decorrentes da precipitação do carbonato

de cálcio são a redução do pH, redução da permeabilidade, um aumento da resistência

superficial e um incremento na resistividade elétrica, como efeito da neutralização da

solução nos poros do concreto e da saída da água do concreto na forma de subproduto da

carbonatação. Com a continuação do processo de carbonatação, percebe-se que a presença

do dióxido de carbono dissolvido continua reagindo com a estrutura de concreto. Com a

continuidade do processo, tendo a solução dos poros sido neutralizada, uma serie de

compostos do concreto começa a ser desestabilizada, produzindo, em muitos casos,

estágios amorfos de CaCO3, CaSO4, Al(OH)3, SiO2 e H2O (GUIMARÃES, 2000).

Outros gases ácidos, tais como o SO2 e o H2S, também levam à diminuição do

pH do concreto e, consequentemente, à despassivação da armadura.

A profundidade ou espessura de carbonatação inicia-se pela superfície da

estrutura e avança progressivamente para o interior do concreto, formando a chamada

“frente de carbonatação”, que na verdade separa duas regiões de pH bem distintas, uma

com pH próximo a 13 e outra com pH próximo a 8. Geralmente esta profundidade de

carbonatação é expressa em milímetros ou em centímetros e na maioria das vezes trata-se

de um valor médio, nem sempre muito uniforme em concretos contendo agregados graúdos

com dimensão máxima característica acima de 19 mm.

A carbonatação do concreto também influi de forma decisiva e marcante na

corrosão das armaduras por ataque de cloretos. Quando o concreto começa a carbonatar,

parte dos cloretos combinados quimicamente ao aluminato tricálcio (C3A), formando o

cloroaluminato de cálcio ou sal de Friedel, passam à condição de livres, podendo atingir o

limite crítico de rompimento da camada passiva. Segundo Bakker (1988), essa combinação

entre carbonatação e cloretos é normalmente a causa dos problemas mais severos de

corrosão. Os efeitos dessa combinação levam a uma aceleração da velocidade de corrosão

quando comparada com a ocorrência dos dois ataques observados de forma independente.

Os problemas gerados pela corrosão das armaduras por carbonatação

manifestam-se sob a forma de manchas superficiais causadas pelos produtos de corrosão,

fissuração e posterior lascamento do cobrimento, em virtude dos produtos finais de

corrosão possuírem um volume maior que o aço original, redução significativa da seção

resistente das armaduras, com freqüente seccionamento dos estribos, redução e eventual

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53

perda de aderência das armaduras principiais com o concreto, reduzindo de forma

comprometedora a segurança estrutural da peça em questão.

3.3. FATORES DETERMINANTES DA VELOCIDADE E PROFUNDIDADE DE

CARBONATAÇÃO

A velocidade e a profundidade de carbonatação dependem de fatores

relacionados com o meio ambiente e com as características finais do concreto endurecido.

Os principais fatores que irão influenciar a carbonatação são a qualidade do

concreto e as condições que ele será submetido. Espera-se que um concreto de boa

qualidade, com baixa porosidade e permeabilidade dificultará a difusão dos gases, e um

cobrimento adequado não permitirá que a frente de carbonatação atinja a armadura.

Ao se mencionar um “concreto de boa qualidade” admite-se que as condições

de transporte, lançamento, adensamento e cura do concreto serão adequadas, bem como o

uso de uma relação água/cimento baixa. O fck do concreto, função da relação a/c, também

interferirá neste processo de carbonatação, que será tanto maior quanto menor for o valor

da resistência característica.

3.3.1. Concentração de CO2

Segundo Kazmierczak (1995), a velocidade de carbonatação aumenta quando o

ambiente possui uma maior concentração de CO2, principalmente para concretos de

elevadas relações água/cimento, em virtude de esta característica influenciar de forma

decisiva na porosidade e compacidade da matriz de pasta de cimento endurecida.

A concentração de CO2 na atmosfera varia de um ambiente para outro,

oscilando de 0,03% em meios rurais a 1,2% para zonas industriais (HELENE, 1986). A

Tabela 3.1 mostra a correlação entre a agressividade do meio e a concentração de gás

carbônico no ambiente.

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Tabela 3.1 – Classificação da agressividade do ambiente sobre as armaduras

(HELENE, 1995).

CLASSIFICAÇÃO DA AGRESSIVIDADE DO AMBIENTE SOBRE AS ARMADURAS

Classe de agressividade Agressividade Macro-Clima Concentração de CO2

I Fraca Atmosfera Rural ≤ 0,3%

II Média Urbana ≤ 0,3%

III Forte Marinha ou Industrial ≥ 0,3%

IV Muito Forte Pólos Industriais > 0,3%

A concentração de CO2 adquire uma importância significativa quando

analisada em meios laboratoriais através da carbonatação acelerada. Em laboratórios a

concentração utilizada de gás carbônico é bem superior à encontrada em qualquer ambiente

vivido pelo homem, sendo desta forma um tema bastante polêmico e controverso.

Kazmierczak (1995) realizou um estudo comparativo entre a carbonatação acelerada e a

ocorrida naturalmente ao ar livre, sob uma umidade relativa controlada entre 70 e 80%

durante 18 meses. A comparação foi realizada utilizando-se dois ensaios: a aspersão de

indicadores químicos e o acompanhamento do ganho de massa. O estudo demonstrou que

há uma ótima correlação entre os ensaios acelerados e ao ar livre, sob umidade constante.

Papadakis et al. (1992), apud Teixeira (2002), também não constataram

alterações significativas no mecanismo físico-químico da carbonatação acelerada, sendo

possível correlacionar os resultados do ensaio acelerado e natural. Mehta & Monteiro

(1994), contudo, advertem quanto à possibilidade de alterações na microestrutura da pasta

carbonatada. Segundo esses pesquisadores, o CO2 em excesso poderia levar a formação do

bicarbonato de cálcio (solúvel) além do carbonato de cálcio (insolúvel). As Equações 3.15

e 3.16 ilustram as reações que podem ocorrer quando o concreto é submetido a elevadas

concentrações de dióxido de carbono (MEHTA & MONTEIRO, 1994).

OHCaCOCOHOHCa 23322 2)( +⇒+ (3.15)

23223 )(HCOCaOHCOCaCO ⇒++ (3.16)

A geração de compostos solúveis permitiria a migração do carbonato de cálcio

pelos poros da pasta de cimento, prejudicando a durabilidade do concreto, já que se

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55

aumentaria a porosidade e permeabilidade do mesmo em virtude da solubilidade em água

do sal formado.

3.3.2. Umidade relativa do ambiente

A umidade contida nos poros do concreto exerce grande influência nas reações

de carbonatação. Segundo a maioria dos autores pesquisados, os valores ideais da umidade

relativa do ambiente para que a velocidade de carbonatação seja máxima variam entre 50 e

70% (Figura 3.2). Para teores acima do mencionado, os poros do concreto encontrar-se-

iam saturados e o CO2 encontraria dificuldades para se difundir no interior do concreto

(Figura 3.4). A difusão do dióxido de carbono na fase líquida é aproximadamente 104

vezes mais lenta que na fase gasosa, mas a presença de água é fundamental para a reação

(BAKKER, 1988). Já em regiões secas não existiria umidade suficiente para a dissolução

do CO2 e, conseqüente, para a formação do ácido carbônico, que é quem realmente reage

com o hidróxido de cálcio (Figura 3.3). Neste caso a carbonatação não ocorreria por falta

de água. Finalmente, se os poros estiverem apenas parcialmente preenchidos com água, a

frente de carbonatação avança até profundidades onde os poros do concreto apresentam

condições desfavoráveis (Figura 3.5).

Figura 3.2 – Influência da umidade do ambiente no grau de carbonatação

(VERBECK, 1950, apud CÁNOVAS, 1988).

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Figura 3.3 – Representação esquemática da carbonatação parcial do concreto, com

poros totalmente secos (BAKKER, 1988).

Figura 3.4 – Representação esquemática da carbonatação parcial do concreto

saturado com água (BAKKER, 1988).

Figura 3.5 – Representação esquemática da carbonatação parcial do concreto com

poros parcialmente preenchidos com água (BAKKER, 1988).

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3.3.3 - Temperatura

A influência da temperatura na velocidade de penetração da frente de

carbonatação não é muito significativa para os valores usuais encontrados em nossa região.

Kazmierczak (1995) citou resultados que não apresentavam mudanças significativas para

variações de temperatura entre 20 e 45°C, quando mantidas as demais condições de

exposição. Contudo a variação de temperatura não deve ser ignorada, já que exerce

influência significativa no fenômeno da corrosão das armaduras.

3.3.4 - Pressão

A pressão assim como a temperatura exerce pouca influência na velocidade de

penetração da frente de carbonatação para os valores comumente encontrados

(KAZMIERCZAK, 1995). A pressão não possui variações significativas nos casos reais

estudados. Os ensaios acelerados normalmente empregam variações de concentração de

CO2 e não variações de pressão.

3.3.5 – Tipo de cimento

A reserva alcalina é um dos principais fatores relacionados ao avanço da frente

de carbonatação. A quantidade de compostos alcalinos disponível para reagir com o CO2

depende do tipo de cimento empregado para a execução do concreto.

A bibliografia é praticamente unânime em afirmar que as adições minerais,

quando em igualdade de condições com o cimento puro, apresentam desempenho inferior

no que diz respeito à carbonatação, já que reduzem significativamente a reserva alcalina do

concreto.

Estudos sobre a influência da escória no fenômeno da carbonatação

demonstram o comprometimento das estruturas quanto ao ataque de gás carbônico, quando

a adição mineral é incorporada à mistura por substituição. Os resultados demonstram uma

significativa diminuição da reserva alcalina, que apesar do refinamento dos poros

promovido, resulta numa maior profundidade de carbonatação. Além disso, quanto mais

fina a escória, maior também será a frente de carbonatação, uma vez que a finura

representa um fator extremamente positivo na reatividade da mesma, reagindo mais

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intensamente com o hidróxido de cálcio disponível e reduzindo, ainda mais a reserva de

compostos alcalinos no concreto.

Diversos autores explicam pelo conceito da reserva alcalina o aparente

paradoxo dos cimentos com adição possibilitarem uma maior velocidade de carbonatação,

uma vez que os cimentos pozolânicos refinam os poros do concreto, diminuindo sua

permeabilidade à medida que as reações pozolânicas se produzem. O fato é que as reações

pozolânicas consomem os álcalis livres resultantes da hidratação do clinquer, diminuindo

os teores de álcalis da pasta. Havendo menores teores de álcalis, a velocidade de

penetração da frente de carbonatação, devido às reações com o CO2 dissolvido na fase

aquosa dos capilares, será maior (KAZMIERCZAK, 1995).

A Figura 3.6 mostra que a adição de cinza volante ao concreto de cimento

portland fez com que aumentasse a carbonatação, o mesmo ocorrendo quando a quantidade

de cimento, ou cimento mais cinza volante, por metro cúbico, foi aumentada (HO &

LEWIS, 1987).

Figura 3.6 – Influência do tipo de cimento e sua quantidade por m³ de concreto sobre

a profundidade de carbonatação (HO & LEWIS, 1987).

Azevedo (2001) nos ensaios de carbonatação realizados em sua pesquisa com

corpos-de-prova de concreto sem adição, chamado de referência, e com adição mineral

observou dois aspectos diferentes. Primeiramente para o ensaio realizado em pontos

diferentes dos corpos-de-prova e, adotando-se a média dos valores encontrados, o concreto

com cinza de casca de arroz foi o que apresentou uma maior profundidade de

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carbonatação, seguido pelo concreto de escória de aciaria LD e pela sílica ativa. Observou-

se também que pela média dos valores de profundidade de carbonatação, o concreto de

referência apresentou-se em melhores condições quando comparados aos concretos com

adições minerais, o que demonstra que os concretos com adições minerais apresentam

desempenhos inferiores ao concreto convencional, no que se refere à carbonatação. O outro

aspecto, foi que, adotando-se o ponto máximo da profundidade de carbonatação, o

concreto com sílica ativa apresentou melhores resultados que o concreto convencional,

ficando os outros concretos estudados na mesma situação anterior. A Figura 3.7 ilustra

esses dois aspectos observados pela pesquisadora.

Figura 3.7 – Profundidade de carbonatação medida em cinco pontos diferentes dos

corpos-de-prova (AZEVEDO, 2001).

Castro (2003) também realizou um estudo comparando o concreto sem adições,

chamado de referência (R), com o concreto com adição de escória de alto forno (E), sílica

ativa (S), cinza volante (V), cinza da casca de arroz (A) e metacaulinita (M), adições estas

utilizadas em substituição à quantidade de cimento empregada no concreto de referência.

Segundo o pesquisador a adição de sílica ativa e metacaulinita propiciaram os maiores

ganhos de desempenho ao concreto, demonstrando que as alterações micro-estruturais

proporcionadas por essas adições foram mais eficientes que as prováveis reduções da

reserva alcalina na proteção da frente de carbonatação. A Figura 3.8 ilustra esta afirmação.

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Figura 3.8 – Coeficiente de carbonatação médios, para cada relação

água/aglomerante e adição utilizada, para concretos que passaram por cura úmida

(CASTRO, 2003).

3.3.6 – Relação água/cimento

Segundo Mehta & Monteiro (1994), a relação água/cimento e o grau de

hidratação determinam a porosidade capilar total, que diminui com o decréscimo da

relação a/c ou o aumento do grau de hidratação. Com o aumento do grau de hidratação,

embora haja um aumento considerável no volume de poros, devido aos espaços

interlamelares do C-S-H formado, a permeabilidade é acentuadamente reduzida, pois os

espaços originalmente ocupados pela água vão sendo progressivamente preenchidos pelos

produtos da hidratação.

Portanto, o cimento com maior grau de hidratação possui uma menor

porosidade e permeabilidade, fazendo com que a estrutura esteja menos suscetível ao

ataque de agentes agressivos, não permitindo a sua entrada e, conseqüentemente, a sua

propagação no interior do concreto.

A água adicionada é indiretamente responsável pela permeabilidade da pasta

endurecida de cimento porque o seu teor determina primeiramente o espaço total e

posteriormente o espaço vazio, quando a água for consumida pelas reações de hidratação

do cimento ou evaporação para o meio ambiente.

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Em geral, quando a relação a/c é alta e o grau de hidratação é baixo, a pasta de

cimento terá alta porosidade capilar, contendo um número relativamente elevado de poros

grandes e bem conectados (maior permeabilidade). À medida que a hidratação prossegue, a

maioria dos poros será reduzida a um tamanho pequeno perdendo também as suas

interconexões. Logo, quanto mais água se adicionar (maior relação água /cimento), maior

será o número de vazios e maior será a porosidade da pasta, fazendo com que a mesma

tenha uma menor durabilidade e seja mais suscetível ao ataque de agentes agressivos.

3.3.7 – Qualidade do concreto

A qualidade do concreto está intimamente relacionada à sua durabilidade,

independente do ensaio realizado. A escolha adequada dos materiais a serem utilizados,

uma dosagem racional e bem executada, um transporte e lançamento adequados, além de

um adensamento e cura bem feitos são fundamentais para a obtenção de concretos

resistentes ao ingresso de agentes agressivos.

O controle de qualidade dessas operações evita a execução de estruturas com

concretos pouco resistentes, porosos, permeáveis, ou mesmo a formação de fissuras e

ninhos de concretagens que permitam a entrada e propagação de agentes nocivos,

favorecendo o fenômeno da carbonatação.

Neste contexto de durabilidade das estruturas, a qualidade do cobrimento da

armadura também é extremamente importante. Trata-se de uma barreira física contra o

avanço de substâncias deletérias. Dessa forma, concretagens bem executadas e espessuras

de cobrimentos respeitados são requisitos básicos para a obtenção de edificações com uma

longa vida útil.

3.3.8 – Fissuras

As fissuras geram caminhos preferências para o ingresso e proliferação de

agentes agressivos na estrutura. Através das fissuras o CO2 pode penetrar mais

rapidamente no interior do concreto, atingir a armadura, despassivá-la e, desta forma,

desencadear o processo de corrosão.

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A Figura 3.9 apresenta esquematicamente o processo de penetração e difusão

do CO2 através de uma fissura e a reação de carbonatação do concreto na região

carbonatada.

Figura 3.9 – Representação esquemática da carbonatação no interior de uma fissura

(CEB/BI 152, 1984).

Dependendo da dimensão da abertura da fissura, da quantidade de íons OH- e

do fluxo de água do interior da fissura até a superfície, o processo de carbonatação pode

ser responsável pelo fenômeno de autocicatrização da fissura devido acúmulo de

carbonatos na superfície da fissura.

A Tabela 3.2, oriunda da ABNT-NBR 6118:2003, mostra as aberturas

máximas das fissuras, objetivando o aumento da durabilidade das estruturas de concreto

armado e protendido.

Tabela 3.2 – Abertura máxima das fissuras em estruturas de concreto armado e

protendido em função da classe de agressividade ambiental (ABNT-NBR 6118:2003).

Tipo de concreto Classe de agressividade Exigências relativas à estrutural ambiental (CAA) fissuração

Concreto simples CAA I a CAA IV Não há CAA I 0,4 mm

CAA II e CAA III 0,3 mm Concreto armado CAA IV 0,2 mm

Concreto protendido CAA I a CAA IV 0,2 mm

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63

3.4. ESTIMATIVA DA PROFUNDIDADE DE CARBONATAÇÃO DO CONCRETO

A penetração do gás carbônico no concreto dá-se preponderantemente por um

mecanismo de difusão. Os mecanismos de absorção capilar e migração de íons não se

aplicam ao caso. Dificilmente haverá casos de gradientes significativos de pressão que

justifiquem a ocorrência de mecanismos de transporte do tipo permeabilidade. Portanto, na

maioria dos casos trata-se de gradientes de concentração de CO2. Em poros saturados de

água a difusão será desprezível e em poros excessivamente secos faltará água para que a

reação de carbonatação ocorra (HELENE, 1993).

Devido ao elevado número de fatores que influenciam a carbonatação, seria

difícil e complexo utilizar uma fórmula que levasse em consideração todos os elementos

involucrados (FIGUEIREDO et al, 1993). O modelo matemático clássico (Equação 3.17)

que tem sido adotado para representar e prever a evolução da difusão do CO2 e,

consequentemente, da profundidade de carbonatação com o tempo é:

tKe COCO ×=22

(3.17)

Onde:

• eCO2 é a espessura ou profundidade carbonatada, expressa em milímetro;

• KCO2 é uma constante do meio e das características do concreto;

• t é o tempo, geralmente expresso em anos.

Para interiores de edificações ou locais protegidos, nos quais as condições

ambientais permanecem praticamente constantes, esse modelo tem representado bem a

realidade. No entanto, para ambientes exteriores a profundidade de carbonatação

efetivamente encontrada tem sido inferior ao previsto pelo modelo da Equação 3.17,

conforme Figura 3.10.

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Figura 3.10 – Representação esquemática da evolução da carbonatação com o tempo

(HELENE, 1993).

Essa distinção do fenômeno para ambientes internos e externos foi proposta

por Schiessl com base em investigações experimentais nas quais observou que os concretos

umedecem muito mais rapidamente que secam por perda de água evaporada em períodos

de seca. O resultado disso é que os concretos no exterior, submetidos a ciclos de molhagem

e secagem, permanecem mais tempo úmidos, condição na qual há uma significativa

redução da difusão do gás carbônico, reduzindo a velocidade de carbonatação (HELENE,

1993).

Helene (1993) apresenta um critério preliminar de classificação dos concretos

em função do coeficiente de carbonatação KCO2. Os coeficientes de carbonatação

apresentados na Tabela 3.3 aplicam-se a concretos de Cimento Portland Comum,

submetidos a cura adequada durante período igual ou superior a 5 dias e, a partir daí,

mantidos em ambiente de umidade relativa entre 60 e 80% com temperaturas de 20 a 30°C

e concentração normal de gás carbônico no ar (0,03%).

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Tabela 3.3 – Classificação dos concretos com base no coeficiente de carbonatação,

KCO2 (HELENE, 1993).

Classificação do Coeficiente de Resistência Característica Profundidade Carbonatada

provável Carbonatação do Concreto à compressão eco2 em mm

Concreto mm x ano1/2 em MPa em 15 anos em 50 anos

Durável ≤ 3 > 35 11 20 Normal 3 a 6 20 a 35 22 40

Deficiente ≥ 6 < 20 33 60

3.5. DETERMINAÇÃO DA PROFUNDIDADE DE CARBONATAÇÃO

A determinação da profundidade de carbonatação é muito importante, pois

permite verificar se a região carbonatada já ultrapassou o cobrimento, atingindo a

armadura e provocando efeitos danosos ao bom funcionamento do aço no interior do

concreto. A principal técnica utilizada neste caso é a observação visual da área

carbonatada, por meio da aspersão de indicadores químicos de pH sobre a região recém

fraturada. Recomenda-se nesse caso, que durante o registro dos valores de profundidade de

carbonatação, os valores mínimos e máximos sejam levados em consideração (Figura

3.11), embora o valor máximo seja o que mais se relacione com a corrosão da armadura.

Além dos indicadores químicos, a avaliação da carbonatação pode ser feita pela

difração de raios-X, análise térmica diferencial (ensaios qualitativos), variação de massa,

termogravimetria (análise quantitativa) e observação microscópica, na qual pode-se revelar

a existência ou não de cristais de carbonato de cálcio (CaCO3).

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Figura 3.11 – Registro da profundidade carbonatada (CPC 18/RILEM, 1988, apud

FIGUEIREDO, 2005).

3.5.1. Aspersão de indicadores químicos

A carbonatação é um fenômeno cada vez mais corriqueiro nas estruturas de

concreto armado. Dependendo da velocidade com que o processo se desenvolve pode ser

extremamente prejudicial à edificação, podendo levar à corrosão das armaduras e,

dependendo da gravidade dos danos causados, ao colapso da estrutura. Neste contexto,

torna-se extremamente importante a determinação da profundidade de carbonatação.

Dentre as metodologias mais utilizadas para verificação e determinação desta

profundidade de carbonatação, a aspersão de indicadores químicos sobre a região recém

fraturada é o procedimento mais utilizado por ser relativamente simples e barato. A

fenolftaleína é o indicador mais empregado, mas a área carbonatada também pode ser

verificada com o uso da timolftaleína e do amarelo de alizarina R.

A fenolftaleína é o indicador mais utilizado sobretudo pela facilidade com que

pode ser encontrada no mercado. Sua coloração é incolor até um pH em torno de 8,5 (pH

de viragem), começando a alterar gradativamente a cor para o vermelho carmim, quando o

pH passa de 8,5, dirigindo-se a 10,0.

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A técnica utilizada para a verificação da profundidade de carbonatação é muito

simples e consiste em fraturar uma parte da estrutura ou corpo-de-prova a ser analisado e,

rapidamente, aspergir a solução contendo o indicador. A partir da coloração encontrada na

peça, mede-se com o auxílio de um paquímetro a espessura carbonatada (Figura 3.11).

Kazmierczak (1995) alerta para alguns cuidados que devem ser tomados no processo de

execução do ensaio, visto que a superfície não pode ser serrada, molhada ou apresentar

excesso de poeira, pois estes fatores falseiam os resultados obtidos. A precisão da medida

depende dos equipamentos utilizados para medição, bem como da uniformidade do

concreto. A Figura 3.12 ilustra o processo de medição da profundidade de carbonatação.

Figura 3.12 – Medida da profundidade de carbonatação de uma estrutura de

concreto parcialmente carbonatada.

A Tabela 3.4 apresenta as características dos principais indicadores químicos,

tais como os pHs de viragem e a quantidade necessária de cada substância para a produção

da solução.

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Tabela 3.4 – Mudanças de cor e intervalos de pH dos principais indicadores usados

para a observação visual da área carbonatada (BASSET et al, apud

KAZMIERCZAK, 1995).

Intervalo de mudança de cor Indicador

Intervalo de pH Mudança de cor Solução

Dissolver 1 g do reagente

em 50 cm³ de etanol e diluir Fenolftaleína 8,5 - 10,0 Incolor/Vermelho carmim

com água até 100 cm³.

Dissolver 0,4 g do reagente em

600 cm³ de etanol e diluir em Timolftaleína 9,3 - 10,5 Incolor/Azul

água até 1000 cm³

Dissolver 0,5 g do indicador

em 1 L de etanol Amarelo de Alizarina R 10,1 - 12,0 Amarelo/Vermelho

alaranjado a 80%.

3.5.2. Outras técnicas de avaliação da carbonatação

O processo de carbonatação promove a formação de compostos de estrutura

mais densa do que os compostos originais, acarretando o aumento da massa da estrutura ou

do corpo-de-prova, bem como a liberação de moléculas de água. A técnica gravimétrica

que mede o aumento de massa durante o ensaio acelerado de carbonatação, não apresenta

aplicação prática, em virtude da impossibilidade de se “pesar” uma estrutura. Em ensaios

de carbonatação acelerado de corpos-de-prova de pequena dimensão, o procedimento é

extremamente eficaz, além de se tratar de um ensaio não destrutivo, que mantém a

integridade da peça analisada.

O método da microscopia consiste na simples observação de seções extraídas

do objeto de estudo, utilizando-se para isso um microscópio ótico de lâminas. A maioria

das substâncias carbonatadas apresenta uma coloração escura quando observadas sobre o

feixe de luz. Seu uso permite uma clara visualização da interface entre as regiões

carbonatada e não carbonatada (KAZMIERCZAK, 1995).

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Além das técnicas acima citadas, destaca-se também a difração de raios-X, a

análise térmica diferencial e a termogravimetria como procedimentos adotados para a

determinação da profundidade de carbonatação.

3.6. INTERAÇÃO DO CO2 COM OS ÍONS CLORETO

Os íons cloreto (Cl-) juntamente com o dióxido de carbono são os principais

agentes responsáveis pela corrosão das armaduras. Diferentemente do CO2, os cloretos,

mesmo em ambientes de elevada alcalinidade destroem a película passivadora que protege

o aço no interior do concreto, desencadeando o processo de corrosão. Essa destruição da

película passivadora ocorre de forma pontual, provocando a chamada corrosão por “pite”,

diferente da corrosão generalizada provocada pelo gás carbônico (Figura 3.13).

Figura 3.13 – Modelo esquemático da corrosão generalizada e por “pites” (ICCET,

1989).

Sabe-se que os cloretos se apresentam em três formas no concreto. Ligado

quimicamente aos aluminatos (C3A e C4AF), formando o cloroaluminato de cálcio,

também chamado de sal de Friedel, adsorvidos à superfície dos poros do concreto e sob a

forma de íons livres. Esses íons livres são os que efetivamente causam preocupação, pois

podem despassivar a armadura, promovendo assim a corrosão do aço do concreto.

Considere-se um concreto que possua uma certa quantidade de cloretos

combinados e outra livre, embora inferior à necessária para despassivar a armadura.

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Quando esse concreto começa a carbonatar, parte dos cloretos combinados

(cloroaluminatos) se desestabilizam e passam à condição de livres em virtude do

decréscimo do pH do concreto. Desta forma a quantidade de íons livres pode atingir o

limite crítico de rompimento da camada passiva da armadura com uma quantidade de

cloretos totais mais baixa (TUUTTI, 1982). Como conseqüência tem-se o início do

processo de corrosão.

Segundo Bakker (1988), a combinação entre a carbonatação e os íons cloreto é

normalmente a causa dos problemas mais severos de corrosão das armaduras. Essa

interação leva a uma aceleração da velocidade de corrosão quando comparada com a

ocorrência dos dois ataques de forma independente.

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4. REALCALINIZAÇÃO DO CONCRETO CARBONATADO

4.1. INTRODUÇÃO

Em estruturas danificadas, as recuperações têm como objetivo a devolução do

seu estado original, seja do ponto de vista da capacidade portante, seja sob a ótica da

durabilidade.

Antes de qualquer intervenção sobre uma estrutura de concreto degradada, é

fundamental a elaboração de uma estratégia de atuação. Inicialmente deve-se diagnosticar

o caso para que em seguida sejam definidas as técnicas de reparo mais adequadas e

eficientes.

Por diagnóstico entende-se a identificação e descrição precisa do mecanismo,

das origens e das causas efetivamente responsáveis pelo problema patológico, a partir da

existência de uma ou mais manifestações patológicas numa dada estrutura de concreto. A

constatação de uma manifestação patológica tanto pode decorrer do aparecimento de um

sintoma externo evidente, como por exemplo, da existência de manchas de produtos de

corrosão, fissuras, lascamento, deflexões excessivas, quanto decorrer de uma inspeção ou

vistoria cuidadosa efetuada dentro de um programa rotineiro de manutenção, observação e

monitoramento da estrutura (HELENE, 1993).

O Item 2.4 descreve as etapas que constituem a conduta de avaliação da

estrutura, até obter-se o diagnóstico preciso do caso de corrosão da armadura.

A definição da conduta será então o passo seguinte e natural, no qual deve-se

explicitar a técnica de atuação mais adequada, apresentando o projeto detalhado de

reabilitação e intervenção, com especificação de materiais, sistemas e técnicas construtivas

adotadas.

Com o crescente número de intervenções nas estruturas de concreto armado

para restabelecer as características e comportamento inicialmente previsto nas etapas de

concepção, planejamento e projeto, devido à ausência de um diagnóstico correto e preciso

da manifestação patológica existente, tem-se observado um grande número de falhas nas

intervenções, principalmente quando se trata de corrosão das armaduras (HELENE, 1993).

A maioria das reabilitações realizadas apresenta elevados gastos e uma vida útil curta,

muitas vezes inferior a da estrutura original. Segundo Canovas (1988), isto ocorre devido à

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falta de conhecimento das técnicas existentes, dos materiais e suas características, bem

como da forma adequada de se realizar a reabilitação.

A Figura 4.1 apresenta um fluxograma proposto por Lichtenstein (1985), no

qual inicialmente é realizado o levantamento de subsídios para a identificação do

problema, seguido do diagnóstico da situação e da definição da conduta para a resolução

das manifestações patológicas encontradas nas edificações.

Figura 4.1 – Fluxograma proposto por LICHTENSTEIN (1985) para resolução de

problemas patológicos.

A intervenção em uma estrutura com problemas de corrosão das armaduras é

um fenômeno muito comum nos dias atuais. De uma maneira geral trata-se de uma

operação cara, delicada, que fica mais complexa com o passar do tempo e que requer um

conhecimento consistente e atualizado do assunto e de suas implicações estéticas,

estruturais e sociais.

As técnicas de prevenção e combate à corrosão se baseavam inicialmente na

criação de uma barreira que impedisse que a armadura ficasse exposta e tivesse um contato

com o meio. Já as técnicas de restabelecimento do pH, em virtude da diminuição da

basicidade do concreto, são técnicas bem mais recentes, sendo alvo de inúmeras pesquisas

em todo o meio científico.

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O fenômeno da carbonatação é um processo que fatalmente acaba acontecendo

em todas as estruturas de concreto expostas, sendo juntamente com os íons cloreto (Cl-), os

principais causadores da corrosão do aço no interior do concreto.

Como alternativas para se evitar que a frente de carbonatação ultrapasse o

cobrimento do concreto e atinja a armadura, pode-se utilizar como métodos preventivos,

tintas e vernizes com o intuito de se impermeabilizar e conferir maior estanqueidade à

superfície do concreto. Entretanto, em uma estrutura onde a frente de carbonatação já tenha

atingido a armadura tais técnicas seriam inadequadas. Para estes casos específicos é

necessário que se restabeleça o pH do concreto com a intenção de se reconstituir a camada

passivadora das armaduras.

O emprego da técnica de realcalinização consiste em restabelecer o estado

passivo do aço através da elevação do pH do concreto. Existem três alternativas

fundamentais para o restabelecimento do pH do meio que rodeia a armadura. A primeira

alternativa é a realcalinização passiva que consiste na simples aplicação de material

cimentício sobre o concreto carbonatado. A segunda é a realcalinização eletroquímica que

promove a restauração do pH do cobrimento com o uso de corrente elétrica e a terceira,

alvo de estudo da presente pesquisa, é a realcalinização do concreto carbonatado com a

utilização de substâncias alcalinas, que penetram no concreto por absorção e difusão.

Portanto, a formação e manutenção da película repassivadora de óxidos e hidróxidos de

ferro que envolve e protege a armadura depende dos íons alcalinos introduzidos no

concreto pelo processo de realcalinização. Segundo Mietz (1998) a realcalinização

eletroquímica é o método mais eficaz para a restauração dessa camada protetora.

A primeira tentativa de utilização da técnica de realcalinização baseou-se no

princípio da difusão. Foi empregada a realcalinização passiva, no qual uma camada externa

de argamassa alcalina era aplicada sobre o concreto carbonatado e, por diferença ou

gradiente de concentração (difusão), os íons alcalinos entravam no concreto. Entretanto, os

resultados práticos nem sempre eram bem sucedidos devido principalmente à lentidão do

processo de difusão (HAARDT & HILSDORF, 1992, apud MIETZ, 1998).

Atualmente, a maior parte dos estudos existentes sobre as formas de

restabelecer o pH do concreto está centrada na realcalinização eletroquímica. A técnica

consiste na aplicação de uma corrente contínua na armadura e na utilização de um metal

externo como ânodo de sacrifício. Como eletrólito geralmente é utilizado o carbonato de

sódio (Na2CO3), que uma vez no concreto mantém o pH em torno de 11, sendo este valor

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suficiente para a formação e manutenção da película protetora. Além do carbonato de sódio

também é utilizado como eletrólito o carbonato de potássio (K2CO3) e o hidróxido de lítio

(LiOH). Segundo Sergi et al. (1996), apud Mietz (1998) o hidróxido de lítio comparado

com o carbonato de sódio, possui o mesmo pH para a restauração da película de

passivação, porém com a vantagem de permanecer por mais tempo no interior da estrutura.

A técnica de realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas no

interior do concreto carbonatado, diferentemente da realcalinização eletroquímica não faz

uso de corrente elétrica. Neste caso os íons alcalinos penetram no concreto por diferença

ou gradiente de concentração, restabelecendo o pH da estrutura e permitindo à armadura

reconstituir a camada passivadora.

4.2. MECANISMOS DE REALCALINIZAÇÃO

Qualquer técnica de realcalinização emprega substâncias alcalinas que de

alguma forma serão introduzidas no concreto através dos seus poros. Os mecanismos

podem ser os mais diversos, desde a simples difusão até a utilização de campo elétrico. Os

processos a seguir descritos e discutidos podem ser aplicados antes da chegada da frente de

carbonatação à armadura, evitando, assim, sua despassivação, ou após a chegada da frente

de carbonatação à armadura, permitindo o restabelecimento da alcalinidade do concreto ao

redor do aço e a formação da camada passiva que envolve e protege a armadura da

corrosão.

4.2.1. Realcalinização passiva

A realcalinização passiva é uma técnica que consiste na aplicação de um

revestimento de base cimentícia sobre sua superfície do concreto carbonatado. Neste caso,

os íons alcalinos se deslocam para o interior do concreto, realcalinizando-o, até atingir a

armadura, pelo processo de difusão ou gradiente de concentração (MATTILA & PENTTI,

1996). Essa técnica está baseada na elevada mobilidade dos íons hidroxilas (OH-) que

conseguem se difundir de regiões de elevado pH para outras de menor pH, promovendo a

realcalinização até profundidade de 2 cm (ANDRADE et al., 1997). A velocidade do

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processo e a profundidade de realcalinização dependem da porosidade do concreto

analisado e do tempo de manutenção da umidade no revestimento de base cimentícia.

O objetivo deste método é permitir que o concreto carbonatado e de reduzida

basicidade adquira uma condição suficientemente alcalina para o restabelecimento e

manutenção da camada passivadora que protege a armadura. Apesar de ser um mecanismo

que independe do fluxo de corrente elétrica, essa técnica precedeu os estudos da

realcalinização eletroquímica. Sua aplicação está praticamente abandonada em virtude da

lentidão do processo de difusão.

O princípio esquematizado da realcalinização passiva do concreto carbonatado

está apresentado na Figura 4.2.

Figura 4.2 - Princípio da realcalinização passiva (MATILLA & PENTTI, 1996).

4.2.2. Realcalinização Eletroquímica

A realcalinização eletroquímica, diferentemente da realcalinização passiva,

envolve a aplicação de uma corrente elétrica entre um ânodo, que é colocado externamente

ao concreto, envolvido em um eletrólito rico em álcalis, e um cátodo que neste caso é a

armadura do concreto.

Quando o processo de reabilitação vai ser iniciado é importante que haja,

inicialmente, uma preparação do substrato de concreto, evitando-se assim que a existência

de fissuras e defeitos no concreto permitam a entrada de novos agentes agressivos e,

durante a recuperação da estrutura, resulte no surgimento de curtos-circuitos que possam

prejudicar a eficiência da técnica.

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A realcalinização eletroquímica consiste em colocar sobre o concreto uma

malha metálica, em geral de titânio ou aço inoxidável, imersa em um eletrólito. O eletrólito

geralmente é uma polpa de celulose, projetada sobre o concreto carbonatado, saturada com

uma solução alcalina, que será transportada para o interior do concreto durante o processo.

Com a utilização de uma fonte retificadora, aplica-se uma corrente elétrica ao sistema,

ligando a malha metálica ao pólo positivo da fonte e a armadura do concreto ao pólo

negativo. Neste sistema, enquanto a solução alcalina é transportada para o interior do

concreto, promovendo a realcalinização do mesmo, a malha é quem sofre o processo de

corrosão, ficando a armadura protegida de qualquer ação destrutiva. A corrente elétrica

introduzida na armadura e o campo elétrico produzido no concreto de cobrimento são

cessados quando a realcalinização atinge a profundidade desejada. Essa verificação é feita

com a aspersão de indicadores químicos na superfície das amostras retiradas do local

tratado. A Figura 4.3 ilustra o processo de realcalinização eletroquímica.

Figura 4.3 – Princípio da Realcalinização Eletroquímica (BALDWIN & KING, 2003).

A técnica de realcalinização eletroquímica foi fundamentada através do

mecanismo eletro-osmótico no interior dos poros do concreto. Segundo Eggers & Oliveira

(1997), nas paredes dos poros capilares existe uma camada dupla de moléculas de água

ligadas por forças elétricas. A camada mais interna é fortemente aderida às paredes dos

poros, enquanto a externa é ligada menos intensamente. Quando um campo elétrico é

Fonte

Eletrólito alcalino

Malha externa (ânodo)

Concreto

Armadura (cátodo)

Íons OH- formados

Direção do álcali

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gerado, parte da camada externa se move para um dos pólos, extraindo a água livre dos

poros.

Independente da diferença de potencial elétrico aplicado, o coeficiente de fluxo

eletro-osmótico é proporcional à espessura da camada dupla e decresce com o aumento da

concentração iônica da água no poro capilar. Como a concentração iônica da água contida

nos poros capilares do concreto carbonatado é baixa, o transporte eletro-osmótico é

considerado como um possível mecanismo para aumentar a sua alcalinidade (KENNEDY

et al., 1995).

Durante o procedimento, a solução alcalina é transportada para o interior da

estrutura por um fluxo eletro-osmótico, aumentando a alcalinidade do concreto e

propiciando um meio adequado para a repassivação da armadura. O período de tratamento

da estrutura carbonatada varia de 1 a 2 semanas e a corrente aplicada fica entre 0,8 e 2

A/m² (CYTED, 2003). A Figura 4.4 ilustra a evolução do processo de realcalinização

eletroquímica.

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Figura 4.4 – Evolução do processo de realcalinização eletroquímica (REHABCON,

2000).

O processo de realcalinização eletroquímica transforma a armadura do

concreto em um cátodo e a malha externa em um ânodo. Durante o processo, também

existe a constatação de outros fenômenos eletroquímicos, evidenciados pela formação de

hidroxila ao redor da armadura. Este fenômeno ocorre devido à passagem de corrente

elétrica na água que envolve os poros do concreto, o que é mostrado nas Equações 4.1 e

4.2 (TEIXEIRA, 2002).

Armadura Cátodo

Fonte

Concreto

Eletrólito Alcalino

Ânodo

Na2CO3 & NaHCO3

+-

+ -

+-

+ -

Na2CO3 & NaHCO3 Na2CO3 & NaHCO3

Na2CO3 & NaHCO3 Na2CO3 & NaHCO3

OH-

OH- OH-

OH-

Cobrimento Realcalinizado

+ -

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−+ ++→ eHOOH 2221

22 (4.1)

−− +→+ OHHeOH 222 22 (4.2)

Como eletrólito alcalino externo, o carbonato de sódio (Na2CO3) é a solução

mais utilizada, apesar do hidróxido de lítio (LiOH) estar apresentando resultados bastante

satisfatórios. Para a malha metálica, quanto mais nobre o metal, melhores são os

resultados, pois mais lentas serão as reações de oxidação e menos expansivos os produtos

de corrosão gerados. Além disso, antes de qualquer método eletroquímico de reabilitação,

é necessário realizar uma limpeza na superfície do concreto, bem como reparar a estrutura

caso esteja danificada, fissurada ou com ninhos de concretagem, para que não haja durante

o procedimento, fuga de corrente (curto-circuito). Antes de se realizar a realcalinização

eletroquímica deve-se conhecer a espessura do cobrimento, pois uma espessura uniforme

garantirá a homogeneidade do fluxo de corrente iônica durante o tratamento eletroquímico.

Terminado o processo é imprescindível que se realize uma pintura protetora para a

manutenção das condições de pH do concreto por mais tempo. Isso se dá em virtude da

continuidade das reações de carbonatação, uma vez que em todos os ambientes em maior

ou menor concentração, o CO2 continua existindo.

O processo de realcalinização eletroquímica é um método de reparo

desenvolvido há um pouco mais de uma década e que tem como principais vantagens a

restauração do ambiente de elevada alcalinidade do concreto, permitindo à armadura

reconstituir a camada de passivação formada por óxidos e hidróxidos de ferro. Além disso,

trata-se de um método não destrutivo de recuperação de estruturas, no qual não há a

necessidade de se escarificar mecanicamente a peça que está sendo reabilitada.

4.2.2.1. Possíveis efeitos colaterais com o uso da realcalinização eletroquímica

Dentre as técnicas de reparo disponíveis, a realcalinização eletroquímica é a

que menos produz efeitos colaterais na estrutura, uma vez que a duração da técnica e a

densidade de corrente aplicada são menores quando comparadas com a proteção catódica

(PC) e a extração eletroquímica de cloretos (EEC). Apesar disso, os efeitos colaterais são

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provocados pela densidade de corrente aplicada, embora, alguns efeitos a seguir

dissertados, também possam surgir com o uso da realcalinização por absorção/difusão de

soluções alcalinas.

a) Reação álcali-agregado (RAA)

A reação álcali-agregado consiste na reação química entre os álcalis do

cimento, os íons hidroxila e certos constituintes silicosos (sílica reativa) que podem estar

presentes nos agregados, formando produtos gelatinosos, geralmente acompanhados de

grande expansão de volume, que provocam no concreto fissuração e perda de resistência e

de durabilidade.

Para que a RAA ocorra com maior ou menor intensidade, ou mesmo não

ocorra, alguns aspectos devem ser levados em consideração:

• Presença suficientemente alta de álcalis no cimento. Quanto maior a

presença de álcalis, maior a concentração de metais alcalinos e íons

hidroxila, que irão reagir com o agregado reativo;

• Presença suficientemente alta de sílica reativa no agregado. A RAA tem

mais chances de ocorrer em agregados com estruturas cristalinas pobres

por existirem mais pontos expostos ao ataque dos íons hidroxila. Dessa

forma, os agregados com estruturas bem cristalizadas são menos

reativos (Figura 4.5);

Figura 4.5 – Desenho esquemático do ataque alcalino sobre sílicas bem cristalizadas

(a) e mal cristalizadas (b) (FERRARIS, 1995, apud LOPES, 2004).

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• Umidade suficientemente alta. Diversos trabalhos confirmam que a

presença da água é um requisito indispensável para a ocorrência da

RAA. Para que a reação se desencadeie a umidade relativa deve ser de

no mínimo 85%; e

• Elevada alcalinidade. Embora o pH exato necessário para a ocorrência

da RAA não seja conhecido, sabe-se que a reação só irá ocorrer em

valores de pH suficientemente altos.

O aumento na concentração de hidroxilas ao redor das armaduras tem efeitos

benéficos quanto à proteção contra a corrosão. Entretanto, caso o concreto contenha

agregados reativos, isto pode levar a reações danosas. Uma vez que a utilização da técnica

eletroquímica de realcalinização aumenta a alcalinidade do concreto, deve-se evitar tal

tratamento em concretos com agregados reativos. Como alternativa para a prevenção da

RAA pode-se utilizar como eletrólito, compostos à base de lítio, uma vez que seus

compostos formados (silicatos de lítio) são menos propensos à expansão.

Cabe salientar que estruturas com corrosão de armadura devido a carbonatação,

geralmente possuem mais de 10 anos. Se neste tempo a estrutura não apresentar sintomas

de RAA, ela também não apresentará RAA após a realcalinização (FIGUEIREDO, 2005).

b) Redução da aderência entre a armadura e o concreto

A aplicação de grandes densidades de correntes durante o emprego da técnica

de realcalinização eletroquímica leva à redução da aderência entre o concreto e a armadura.

Ihekwaba et al. (1996) constataram que estes efeitos são especialmente significativos no

processo de extração de cloretos. O desprendimento e acúmulo de gás hidrogênio ao redor

da armadura seria um dos principais responsáveis por essa redução percentual, devido à

geração de pressões na zona de transição entre o concreto e a armadura, ocasionadas

principalmente pela dificuldade do gás hidrogênio em escapar pela porosidade do concreto.

Page et al. (1994 e 1996), apud Mietz (1998) sugerem também que esta

redução da aderência se daria em virtude do enfraquecimento da matriz pasta de cimento

promovido principalmente pela modificação da estrutura do C-S-H. Essa modificação seria

fruto da entrada e acúmulo de íons sódio (Na+) e potássio (K+) no concreto. Apesar dessas

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suposições, não se conseguiu provar experimentalmente esta hipótese, após a ruptura de

corpos-de-prova realcalinizados.

Apesar dos estudos que comprovam a redução da aderência entre a armadura e

o concreto, vale salientar que esta diminuição é provocada principalmente por elevadas

densidades de corrente. No caso da realcalinização eletroquímica, aqui abordada, não são

se aplicam correntes tão altas, sendo, no máximo, em torno de 0,8 a 2 A/m².

c) Enfraquecimento da armadura pelas reações de pontes de hidrogênio

A técnica de realcalinização eletroquímica transforma a armadura do concreto

em um cátodo e a malha metálica externa em ânodo. No ânodo ocorre a oxidação e a

conseqüente corrosão da malha, enquanto no cátodo tem-se a eletrólise da água (Equações

4.1 e 4.2), acompanhada da formação e liberação de gás hidrogênio (H2). Este fenômeno de

formação de H2 pode ocasionar uma série de efeitos negativos na estrutura, como a

pressão exercida pelo gás no concreto, podendo provocar fissuras e, sobretudo, o

perigo da fragilização da armadura pelas reações do tipo pontes de hidrogênio.

Essa fragilização ocorre em virtude da penetração do gás hidrogênio na

estrutura cristalina da armadura, difundindo-se rapidamente, mesmo em

temperaturas relativamente baixas, devido ao seu pequeno raio atômico. Como

desvantagem tem-se uma redução significativa na capacidade de alongamento do

aço, ou seja, uma redução de suas propriedades plásticas.

O concreto protendido é particularmente mais sensível ao fenômeno da

fragilização da armadura pelas reações de pontes de hidrogênio, sendo nesses casos

desaconselhável o uso de técnicas eletroquímicas. No entanto, não se tem indícios

de efeitos negativos em armaduras convencionais quando as densidades de corrente

recomendadas são utilizadas.

d) Perda da aderência de revestimentos aplicados sobre o substrato realcalinizado

eletroquimicamente

Após o tratamento do concreto carbonatado com a utilização de qualquer

técnica de realcalinização é usual e indispensável o emprego de mecanismos que impeçam

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a “recarbonatação” ou acidificação da estrutura. Neste sentido é fundamental a utilização

de um revestimento de proteção, ou de uma pintura protetora com o intuito de se evitar, ou

pelo menos diminuir a reincidência de ingresso com conseqüente avanço do dióxido de

carbono para o interior do concreto.

Uma vez realizada essa proteção, o que se tem observado é o aparecimento de

problemas após dias ou semanas da aplicação do revestimento nas estruturas tratadas.

Dentre esses problemas destaca-se o empolamento, a fissuração e o destacamento dos

revestimentos de pintura, além da presença de eflorescência. Acredita-se que essas falhas

na pintura dos concretos realcalinizados ocorrem devido à fraca aderência da película de

tinta provocada pela elevada alcalinidade da superfície do concreto, pelo aumento da

pressão de vapor no interior do concreto e em virtude da presença de sal no interior da

estrutura que promove o acúmulo de água, devido a sua higroscopicidade (FOSROC, sd).

Uma possível solução para esses problemas seria identificar um outro

eletrólito, diferente do carbonato de sódio (Na2CO3), com a mesma capacidade de

repassivação da armadura, baixo custo e que evite a formação do sal na superfície do

concreto tratado. Como alternativas pode-se utilizar o carbonato de potássio (K2CO3), o

hidróxido de potássio (KOH) ou o hidróxido de lítio (LiOH), já que quando utilizados não

provocaram o aparecimento de eflorescência, mantendo a estrutura limpa. Outro recurso

seria a diminuição da concentração da solução de carbonato de sódio, com o intuito de se

evitar a formação de cristais do sal na superfície do concreto, prejudicando a aderência do

revestimento de proteção.

e) Alteração das propriedades físicas e mecânicas do concreto carbonatado

Pela análise da influência da realcalinização eletroquímica nas propriedades

mecânicas do concreto, Banfill (1997) observou um aumento significativo da resistência à

compressão, da resistência à flexão e do módulo de elasticidade dinâmico das amostras

carbonatadas e realcalinizadas em relação ao concreto de referência.

Outra característica do concreto influenciada pela realcalinização

eletroquímica, foi a diminuição do tamanho dos seus poros, que se tornaram menores e

menos interconectados em virtude da deposição de materiais (do eletrólito). Como

resultado desse fenômeno tem-se uma diminuição da absorção de água, da absorção capilar

e da absorção superficial do concreto (BANFILL, 1997).

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4.2.2.2. Avaliação da eficiência da técnica de realcalinização eletroquímica

Os procedimentos para a realcalinização ainda não possuem uma normalização

própria e específica, estabelecendo critérios de aplicação, funcionamento e finalização da

reabilitação da estrutura. O que ocorre de fato é o emprego da técnica, levando-se em

consideração a experiência e o conhecimento de pesquisadores sem, no entanto, obedecer a

requisitos normativos pré-estabelecidos.

Ao se recuperar uma peça carbonatada, cabe ao engenheiro escolher a técnica

mais adequada para cada situação, de forma que o resultado final da intervenção seja a

reabilitação da estrutura, restabelecendo seu pleno funcionamento.

Em se tratando da realcalinização, o procedimento mais empregado para a

avaliação de sua eficiência é a aspersão de indicadores químicos de pH para verificar a

alcalinidade do concreto realcalinizado. Neste caso utiliza-se a fenolftaleína ou a

timolftaleína. Por meio da identificação da coloração do concreto recém fraturado e

aspergido com indicador químico, determina-se a profundidade da frente de

realcalinização. No entanto, em ambos os casos, os indicadores químicos não constatam o

real valor do pH nos poros do concreto e não indicam a ocorrência da repassivação das

armaduras. Desta forma, outras maneiras para a verificação da eficácia do tratamento

tornam-se necessárias.

Outra alternativa seria a utilização de parâmetros eletroquímicos juntamente

com indicadores químicos para a verificação da realcalinização do concreto e da

repassivação das armaduras. Por meio de medidas de intensidade de corrosão e potencial

de corrosão não consegue-se, logo após terminado o tratamento da estrutura, verificar se o

aço encontra-se ou não em processo de formação da película de repassivação, devido a

polarização da armadura ocorrida pela aplicação de corrente.

Sergi et al. (1996), apud Mietz (1998) desenvolveram uma técnica com dois

estágios para verificar a eficácia do tratamento. O primeiro estágio consiste em analisar a

alcalinidade do concreto das amostras recém fraturadas pela utilização de indicadores de

pH, com valores entre 10 e 13. O segundo estágio consiste em submeter as armaduras a

uma polarização anódica pelo galvanostato para descobrir o grau de repassivação das

armaduras. Assim, os testes eletroquímicos mostraram-se bastante eficientes nos vários

estágios da realcalinização.

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Outro estudo que comprovou a eficácia da técnica pela polarização das

armaduras foi o de Mietz et al. (1994), apud Mietz (1998), no qual as amostras submetidas

ao tratamento de realcalinização eletroquímica (polarização de 500 mA/m²) aos 7 dias de

tratamento apresentaram valores de densidade de corrente próximos a zero, caracterizando

um comportamento passivo.

Odden (1994) avaliou a eficiência da técnica de realcalinização eletroquímica

durante os três primeiros anos, depois de finalizado o tratamento e verificou pelos mapas

de potencial e de medidas de intensidade de corrosão que as estruturas encontravam-se fora

da zona de probabilidade de corrosão em 100% das medidas realizadas.

A extensão da área tratada também deve ser levada em consideração para a

avaliação da eficácia da técnica de realcalinização. Como regra geral não é recomendada

que as zonas de tratamento tenham uma extensão maior que 100 m². Quanto maior a zona

tratada mais difícil é o controle do sistema e a comprovação da ausência de fugas de

corrente (curtos-circuitos) ocasionadas por eventuais fissuras ou falhas de concretagem na

estrutura (GONÇALVES et al., 2003).

4.2.2.3. Durabilidade da realcalinização eletroquímica

A durabilidade do tratamento pelo processo de realcalinização depende do

período em que o aço permanece repassivado. Assim, uma vez realcalinizado o concreto e

formada a nova película protetora de óxidos e hidróxidos de ferro sobre a armadura, a

estrutura estará protegida contra a corrosão por carbonatação, enquanto persistirem essas

condições.

Um aspecto que vem sendo verificado e analisado por pesquisadores e

estudiosos da técnica eletroquímica é que após alguns meses do término do tratamento vem

se observando um decréscimo no valor do pH encontrado imediatamente após a finalização

dos procedimentos de reparo. Segundo Kennedy et al. (1995), a redução do pH da estrutura

realcalinizada depois de um período é devido ao fato de a solução de carbonato de sódio

introduzida já ser um carbonato. Esta solução reage, posteriormente, com o dióxido de

carbono. Assim, o carbonato será convertido em bicarbonato de sódio (NaHCO3),

estabelecendo no concreto uma redução de pH. Mietz (1998) explica que essa diminuição

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na alcalinidade do concreto é normal, pois trata-se de uma reação de equilíbrio com as

áreas não carbonatadas.

Outro aspecto importante com relação à durabilidade do processo de

realcalinização é a necessidade de, uma vez finalizado o tratamento, aplicar-se sobre a

estrutura uma camada de revestimento de proteção para evitar que um novo processo de

redução do pH do concreto, com a conseqüente perda da camada passivadora da armadura,

aconteça. Além disso, independente do sistema de proteção empregado, este deve possuir

uma boa resistência aos substratos alcalinos devido à ocorrência da saponificação que é

extremamente prejudicial ao revestimento. Para finalizar, são recomendadas inspeções

periódicas na estrutura para avaliações da resistividade do concreto e potencial e

velocidade de corrosão, permitindo, dessa forma, acompanhar o comportamento da peça

após o término dos procedimentos de realcalinização.

4.2.3. Realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas

A realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas consiste na

difusão e absorção de soluções ricas em álcalis, que penetram no concreto carbonatado por

ação capilar e de forças hidráulicas, independente de campo elétrico e de fluxo de corrente

aplicados sobre a estrutura a ser reabilitada. A Figura 4.6 ilustra o processo.

Figura 4.6 – Esquema da realcalinização por absorção/difusão (ARAÚJO, 2004).

O primeiro estudo registrado no Brasil foi realizado por Teixeira (2002), que

mostrou que esta técnica é tão eficiente quanto a realcalinização eletroquímica, com a

vantagem de não exigir equipamentos sofisticados e o acompanhamento de profissionais

especializados. No entanto, a eficiência mencionada é mais evidente em ambiente

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laboratorial, com a utilização de corpos-de-prova de concreto e argamassa de dimensões

relativamente pequenas. Com relação a estruturas reais, a técnica ainda apresenta pouca

aplicabilidade prática, em virtude da dificuldade de se produzir o contato direto da solução

alcalina com a superfície do concreto. Dessa forma, tornam-se necessários maiores estudos

sobre a técnica no que se refere à sua aplicação em estruturas reais.

O objetivo deste método não destrutivo, assim como dos demais métodos de

realcalinização mencionados, é permitir que o concreto carbonatado readquira uma

condição suficientemente alcalina para o restabelecimento e manutenção da camada

passivadora de óxidos e hidróxidos de ferro sobre a superfície das armaduras. Como

grande atrativo, a realcalinização sem o emprego de corrente encontra vantagem na

redução dos custos e facilidade de aplicação.

A Figura 4.7 mostra o avanço da frente de realcalinização em corpos-de-prova

de argamassa de 5 x 10 cm com traço 1 : 3 : 0,5 estudados por Araújo (2004), empregando

três tipos de soluções alcalinas. Nesta figura é possível observar que a solução que obteve

o melhor desempenho em relação ao tempo de realcalinização foi a solução de hidróxido

de potássio (KOH), com 686 horas ou aproximadamente 28 dias.

Figura 4.7 – Avanço da frente de realcalinização em corpos-de-prova carbonatados

(ARAÚJO, 2004).

Com relação à resistência à compressão, estudos realizados por Araújo (2004)

não demonstram qualquer comprometimento do concreto após aplicação da técnica de

realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas, podendo perfeitamente ser

utilizada sem que haja o comprometimento das propriedades físicas e mecânicas da

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estrutura a ser reparada. A Figura 4.8 apresenta um comparativo da resistência à

compressão dos corpos-de-prova de referência, carbonatados e realcalinizados com

carbonato de sódio (Solução1), hidróxido de potássio (Solução 2) e uma solução tripla

contendo carbonato de sódio, hidróxido de sódio e hidróxido de potássio (Solução3).

Figura 4.8 – Comparativo da resistência à compressão dos corpos-de-prova de

referência, carbonatados e realcalinizados (ARAÚJO, 2004).

O processo de realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas é um

método de reparo novo, pouco estudado, mas que, assim como as demais técnicas de

realcalinização, visa a restauração de elevada alcalinidade do concreto e da camada

passivadora da armadura através de uma metodologia não destrutiva. Terminado o

processo é indispensável a realização de uma pintura protetora para a manutenção das

condições de pH do concreto por mais tempo, uma vez que a técnica não modifica as

características de porosidade e permeabilidade do concreto realcalinizado em comparação

ao concreto original.

Os procedimentos empregados para a avaliação da eficiência da técnica de

realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas no concreto carbonatado são os

mesmos adotados para a realcalinização eletroquímica. Inicialmente analisa-se a

alcalinidade do concreto das amostras recém fraturadas pela utilização de indicadores de

pH, com valores entre 10 e 13 e, posteriormente, submete-se a armadura do concreto a

ensaios eletroquímicos para descobrir o grau de repassivação das mesmas.

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Vale ressaltar, que ainda não existe na literatura resultados contundentes e

expressivos de pesquisas que comprovem a eficiência da técnica de realcalinização por

absorção/difusão de soluções alcalinas, no que tange à repassivação da armadura. Trata-se

de uma técnica nova, em início de estudos e, que tem a presente pesquisa como pioneira

neste tema.

4.2.3.1. Possíveis efeitos colaterais com o uso da realcalinização por absorção/difusão de

soluções alcalinas

Teixeira (2002), empregando a técnica de realcalinização por absorção/difusão

de solução alcalina, registrou uma perda de resistência à compressão dos corpos-de-prova

analisados. Para os corpos-de-prova de referência (não carbonatados e não realcalinizados)

foi obtida uma resistência média de 18,74 MPa e para os realcalinizados de 17,04 MPa.

(Figura 4.9). Segundo o autor esse decréscimo na resistência foi de aproximadamente 10%,

sendo causado, provavelmente, devido aos novos produtos formados no interior da

estrutura realcalinizada, que são menos resistentes do que os da formação original do

concreto. Em sua pesquisa foi utilizado o carbonato de sódio como solução alcalina.

Resistência à Compressão

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

Referência Carbonatado Realcalinizado

Res

istê

ncia

(MPa

)

Figura 4.9 – Comparativo da resistência à compressão dos corpos-de-prova de

referência, carbonatados e realcalinizados (TEIXEIRA, 2002).

Araújo (2004), no entanto, como é possível observar na Figura 4.8, verificou,

diferentemente de Teixeira (2002), um acréscimo na resistência à compressão, quando se

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comparam os resultados dos corpos-de-prova de referência com os realcalinizados. A

exceção se deu com a utilização da solução 2. Como soluções alcalinas, foram empregados

em sua pesquisa o carbonato de sódio (solução 1), o hidróxido de potássio (solução 2) e

uma mistura de três soluções alcalinas (solução 3).

Ao realizar uma análise estatística de variância (ANOVA) de seus resultados,

Araújo (2004) comprovou que essas diferenças de resistência, para cada um dos sistemas

analisados, não eram significativas entre si (Tabela 4.1).

Tabela 4.1 – Resultados da análise de variância da resistência à compressão dos

corpos de prova de referência, carbonatados e realcalinizados (ARAÚJO, 2004).

Vale salientar, que durante os ensaios de avaliação da influência da

realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas na resistência à compressão do

concreto, realizados por Araújo (2004), os corpos-de-prova de referência e carbonatados

não permaneceram curando pelo mesmo tempo que os corpos-de-prova realcalinizados.

Com isso, não se pode afirmar com precisão, se o ganho de resistência mecânica obtido

pelos corpos-de-prova realcalinizados em relação aos corpos-de-prova de referência e

carbonatados foi devido à cura diferenciada dos corpos-de-prova quando imersos em

solução alcalina ou devido à ação benéfica das substâncias alcalinas no interior do

concreto.

Dessa forma, cabe à presente dissertação esclarecer esta divergência entre

Teixeira (2002) e Araújo (2004) quanto à influência da realcalinização por

absorção/difusão de soluções alcalinas na resistência à compressão do concreto.

Com relação à possível perda de aderência de revestimentos aplicados sobre o

concreto realcalinizado por meio da absorção difusão de soluções alcalinas, Araújo (2004)

realizou estudos que tiveram a finalidade de verificar a influência da realcalinização sobre

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a aderência de argamassas industriais aplicadas em substratos realcalinizados. Neste caso,

os ensaios mostraram que a realcalinização do concreto não prejudicou tal aderência. Isso

se daria em função da semelhança entre o substrato realcalinizado e a camada de

argamassa industrial aplicada, que no caso, absorveria parte da alcalinidade e da umidade

do cobrimento de concreto, reduzindo os impactos negativos da realcalinização na

aderência de revestimentos. É objetivo da presente dissertação avaliar a aderência de tintas

e verniz aplicados em substratos realcalinizados por meio da absorção difusão de soluções

alcalinas.

Outro efeito colateral que também pode afetar o concreto realcalinizado por

meio da absorção/difusão de soluções alcalinas é a reação álcali-agregado (RAA). Em

virtude do aumento do pH do concreto obtido com a realcalinização e, consequentemente

do aumento da concentração de álcalis e de hidroxilas, caso o concreto contenha agregados

reativos, isto pode levar a reações extremamente danosas à estrutura.

A metodologia empregada para se avaliar a eficiência da técnica de

realcalinização por absorção/difusão segue os mesmos princípios utilizados na

realcalinização eletroquímica, ou seja, a utilização de parâmetros eletroquímicos

juntamente com indicadores químicos para a verificação da realcalinização do concreto e

da repassivação das armaduras.

Com relação à durabilidade da técnica, é indispensável após o termino dos

procedimentos de reabilitação da estrutura, aplicar-se sobre a mesma uma camada de

revestimento de proteção para evitar que um novo processo de redução do pH do concreto,

com a conseqüente perda da camada passivadora da armadura, aconteça.

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5. METODOLOGIA EXPERIMENTAL

A metodologia experimental da presente dissertação compõe-se de uma série

de ensaios resultantes da avaliação de metodologias empregadas por diversos

pesquisadores da área, buscando, assim, atender aos objetivos desta dissertação, além de

alicerçar o desenvolvimento das técnicas de realcalinização.

5.1. VARIÁVEIS

5.1.1. Variáveis independentes

São as variáveis, que uma vez definidas, serão mantidas fixas e inalteradas até

o fim do experimento. Nesta pesquisa, são variáveis independentes o tipo de cimento que,

em virtude de ser o mais utilizado na região, foi o Cimento Portland tipo II-Z, classe 32, o

tipo de agregado graúdo e miúdo, respectivamente de origem Micaxisto, tipo brita 1, e

areia natural média de leito de rio, a água potável fornecida pela companhia de distribuição

de água da região, a relação água/cimento (a/c) igual a 0,7, sem a utilização de aditivos,

representando um concreto poroso, bastante utilizado em construções da região, e que tem

demandado a realização de reparos, muitas vezes de forma prematura. No caso das

argamassas empregadas nos ensaios, a relação água/cimento foi de 0,5.

Outras variáveis independentes da pesquisa foram o teor de argamassa dos

concretos, definido em torno de 57%, o abatimento de tronco de cone de 7 ± 1 cm e a cura

em câmara úmida por sete dias para todos os corpos-de-prova confeccionados no

Laboratório de Materiais de Construção da Universidade Federal de Goiás (LMC-UFG).

Os materiais empregados para a confecção de todos os corpos-de-prova foram

minuciosamente caracterizados, procurando, desta forma, diminuir ao máximo a influência

de variáveis que pudessem afetar a análise dos resultados. Os agregados graúdo e miúdo

foram caracterizados pelos ensaios de composição granulométrica (ABNT-NBR

7217:1987), massa unitária (ABNT-NBR 7251:1982), massa específica do agregado

graúdo (ABNT-NBR 9937:1987) e massa específica pelo Frasco de Chapman para

agregado miúdo (ABNT-NBR 9776:1986), todos realizados no LMC-UFG.

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5.1.2. Variáveis dependentes

As variáveis dependentes ou intervenientes da pesquisa foram o tipo de solução

alcalina empregada, a profundidade de carbonatação e a profundidade de realcalinização

alcançada, a resistência à compressão dos corpos-de-prova de referência, carbonatados e

realcalinizados, a aderência de tintas e vernizes aplicados sobre substratos de concreto de

referência, carbonatados e realcalinizados, além dos parâmetros eletroquímicos de

corrosão, a velocidade de corrosão (icorr) e o potencial de corrosão (Ecorr), bem como a

resistência ôhmica (Rohm) e a resistividade do concreto.

5.2. DEFINIÇÃO DAS SOLUÇÕES ALCALINAS EMPREGADAS

A escolha das soluções alcalinas empregadas na pesquisa foi determinada

baseando-se nas dissertações de Teixeira (2002) e Araújo (2004), nas quais pretendia-se

determinar soluções que levassem a uma realcalinização rápida e sem o acúmulo de cristais

na superfície do concreto realcalinizado. Para isso os autores avaliaram o pH, a mobilidade

iônica e as concentrações mais indicadas para cada solução alcalina estudada.

As concentrações finais empregadas para cada tipo de solução alcalina, bem

como o pH de cada uma delas, tanto para os corpos-de-prova de argamassa como para os

de concreto são apresentados nas Tabelas 5.1 e 5.2.

Tabela 5.1 – Tipo, concentração e pH das soluções utilizadas na realcalinização dos

corpos-de-prova de argamassa.

- Na2CO3 NaOH KOH pH

Solução 1 10g/100mL - - 12

Solução 2 - - 15g/100mL 13

Solução 3 3g/100mL 1,5g/100mL 5g/100mL 13

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Tabela 5.2 - Tipo, concentração e pH das soluções utilizadas na realcalinização dos

corpos-de-prova de concreto.

- Na2CO3 NaOH KOH pH

Solução 1 3g/100mL - - 12

Solução 2 - - 15g/100mL 13

Solução 3 1g/100mL 1,5g/100mL 5g/100mL 13

O motivo da utilização de concentrações diferentes para os corpos-de-prova de

argamassa e de concreto foi o acúmulo de cristais na superfície do corpo de prova de

concreto, quando utilizadas as soluções 1 e 3. Isto verificado, uma nova concentração de

carbonato de sódio foi utilizada.

5.3. EQUIPAMENTOS EMPREGADOS NA PESQUISA

Antes do início dos procedimentos experimentais, foram realizados testes

preliminares utilizando-se todos os equipamentos necessários para a pesquisa. Ensaios de

aderência de tintas e vernizes sobre substratos de concreto (Projeto de Norma 02:115.29-

008 da ABNT), de potencial de corrosão (Ecorr), de densidade de corrente de corrosão

(icorr) e de resistência ôhmica (Rohm), utilizando-se o GECOR 6 (GEOCISA, 1993), de

resistividade superficial do concreto pelo método de WENNER (ASTM G 57:2001), de

carbonatação acelerada e de realcalinização, com o objetivo de aferir, calibrar e conhecer

os equipamentos utilizados para a realização dos ensaios.

5.3.1. Câmara de Carbonatação

O equipamento utilizado para os ensaios de carbonatação acelerada foi a

câmara de carbonatação do LMC-UFG (Figuras 5.1a e b). O equipamento consiste de uma

caixa de acrílico com tampa hermeticamente fechada contendo dois orifícios: um inferior

ligado ao balão de gás carbônico (CO2), passando por um manômetro, e outro superior que

permanece livre para a saída do ar e verificação de que a câmara está totalmente

preenchida com o referido gás.

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A averiguação do preenchimento total da câmara com gás carbônico é feita

pela colocação da mangueira de saída do ar da câmara em um recipiente contendo uma

solução alcalina com fenolftaleína. Devido à presença do indicador, esta solução torna-se

avermelhada. Como o gás carbônico é mais denso que o ar contido na câmara, sua entrada

pelo orifício inferior força a saída do ar pela passagem superior, até chegar o ponto de o

gás carbônico ter saturado a câmara e começar a ser expelido. Neste processo ele se

dissolve na água, formando ácido carbônico, reduzindo o pH da água do recipiente e

mudando a coloração da solução com indicador químico (fenolftaleína), de vermelho

carmim para incolor. Desta forma, ao mudar a coloração, existe a garantia de que a câmara

está repleta de gás carbônico.

O controle da umidade na câmara é feito através de uma solução de ácido

sulfúrico e água na proporção 1:1 depositada na parte inferior da câmara (ASTM E 104-

51:1971). Este controle é verificado através de um medidor de temperatura e umidade

mantido dentro da câmara, no qual se deve verificar valores estáveis de umidade de 60 ±

10%, antes e depois do início do processo de carbonatação.

(a) (b)

Figura 5.1 – Esquema da câmara de carbonatação utilizada (a). Câmara de

carbonatação do LMC-UFG (b).

5.3.2. Equipamentos para a determinação da frente de carbonatação e realcalinização

Para a determinação da frente de carbonatação, os corpos-de-prova tanto de

concreto quanto de argamassa foram periodicamente retirados da câmara de carbonatação,

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fraturados e posteriormente aspergida fenolftaleína sobre a região recém fraturada. Tal

indicador foi escolhido devido o seu intervalo de pH encontrar-se entre 8,5 e 10,0,

garantindo a baixa alcalinidade do substrato estudado. As fraturas foram feitas com

marreta e talhadeira ou ponteiro.

Para a verificação da profundidade de realcalinização, o mesmo procedimento

foi adotado, sendo a timolftaleína, o indicador utilizado para a verificação do avanço da

frente de realcalinização. A mudança do indicador deve-se ao fato de que o intervalo de

viragem (mudança de cor) da timolftaleína se dá em um pH superior ao da fenolftaleína,

permitindo garantir com mais precisão que os poros dos corpos-de-prova encontravam-se

bastante alcalinos (pH entre 9,3 e 10,5).

A Figura 5.2 mostra as ferramentas e materiais empregados para determinar as

medidas de profundidade de carbonatação e realcalinização.

Figura 5.2 – Materiais empregados para a determinação da profundidade de

carbonatação e realcalinização (marreta, talhadeira e solução de fenolftaleína e

timolftaleína).

5.3.3. Medidor de resistividade (WENNER)

A resistividade elétrica exerce papel importante na iniciação e propagação da

corrosão, controlando o fluxo de íons que se difundem através da solução aquosa presente

nos poros do concreto. O concreto seco possui uma alta resistividade, não permitindo a

mobilidade dos íons. Por outro lado, à medida que a umidade interna do concreto aumenta,

a resistividade vai diminuindo e o processo de corrosão pode desenvolver-se, já que a água

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é necessária para que ocorra a reação catódica de redução do oxigênio. O Método de

Wenner, ou dos Quatro Eletrodos, estabelece valores que indicam o risco de corrosão da

armadura devido a resistência que o eletrólito (cobrimento de concreto) impõe à

movimentação iônica, necessária para o fechamento da pilha de corrosão eletroquímica.

A Figura 5.3 mostra o equipamento utilizado para a realização dos ensaios de

resistividade do concreto (Modelo RM MKII da CNS Farnell).

Figura 5.3 – Equipamento empregado para medir a resistividade superficial do

concreto (Método de WENNER)

A Tabela 5.3 apresenta os critérios para a avaliação da resistividade do

concreto, levando-se em consideração o risco de corrosão da armadura.

Tabela 5.3 – Critérios de avaliação da resistividade (CEB Bulletin n° 192)

RESISTIVIDADE (ohm.cm)

RISCO DE CORROSÃO DA ARMADURA

< 5000 MUITO ALTO

5000 a 10000 ALTO

10000 a 20000 BAIXO / MODERADO

> 20000 BAIXO

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5.3.4. Medidor de densidade de corrente de corrosão, potencial de corrosão e

resistência ôhmica (GECOR 6)

O GECOR 6 (Figura 5.4) é um equipamento que mede os parâmetros

eletroquímicos ligados à corrosão da armadura no concreto, por meio da técnica de

resistência de polarização ou da polarização linear. É uma técnica não destrutiva que

trabalha aplicando uma pequena corrente na armadura e medindo as mudanças da célula de

potencial com o auxílio de um anel de guarda que delimita a área de estudo (GEOCISA,

1993).

Figura 5.4 – Aparelho GECOR 6 para medidas eletroquímicas ligadas à corrosão da

armadura do concreto

O GECOR 6 permite a realização de medidas, na área delimitada pelo anel de

guarda, de densidade de corrente de corrosão (icorr) em µA/cm2, de potencial de corrosão

(Ecorr) em mV e de resistência ôhmica (Rohm) em KΩ.

5.3.4.1. Velocidade de corrosão (icorr)

O GECOR 6 aplica uma pequena corrente na armadura a fim de quantificar a

resistência à polarização da armadura (Rp), conforme apresentado no Item 2.5.2. Dessa

forma, a densidade de corrente gerada pelas reações de oxidação e redução do metal, em

presença de umidade e oxigênio, chama-se icorr (µA/cm2) e permite determinar a

velocidade de corrosão da armadura.

A Tabela 5.4 apresenta o critério utilizado para avaliar os resultados de

velocidade de corrosão (icorr) obtidos nos ensaios desta dissertação.

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Tabela 5.4 – Tabela para avaliar os resultados de velocidade de corrosão (CYTED,

1997)

icorr (µA/cm2) VELOCIDADE DO PROCESSO

> 1 MUITO ELEVADA

0,5 a 1 ELEVADA

0,1 a 0,5 MODERADA

< 0,1 DESPRESÍVEL

5.3.4.2. Potencial de corrosão (Ecorr)

A utilização da medida do potencial de corrosão tem a vantagem de ser uma

técnica não destrutiva e de fácil aplicação, não sendo necessário o emprego de aparelhos

caros e sofisticados. Porém, apresenta a desvantagem de apenas fornecer uma idéia relativa

e aproximada do processo de corrosão instalado sobre a armadura, ou seja, do seu registro

não se obtém nenhum dado quantitativo da cinética da corrosão (FIGUEIREDO, 1999).

A medida do potencial de corrosão da armadura consiste no registro da

diferença de voltagem entre a armadura e um eletrodo de referência, que é colocado em

contato com a superfície do concreto. A ASTM C-876 (1991) apresenta uma correlação

entre intervalos de diferença de potencial, em relação a um eletrodo de referência de

Cu/CuSO4 e a probabilidade de ocorrência de corrosão (Tabela 5.5).

Tabela 5.5 – Critérios para avaliação da probabilidade de corrosão em função do

Potencial de corrosão, segundo a ASTM C-876:1991.

Ecorr (mv, Cu/SO4Cu) PROBABILIDADE DE CORROSÃO

> -200 < 5%

Entre –200 e –350 50%

< -350 > 95%

5.3.4.3. Resistência ôhmica (Rohm)

A resistência ôhmica ou resistência elétrica do concreto (KΩ) está relacionada

com a resistividade (ohm.cm), sendo influenciada pela umidade contida nos poros do

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100

concreto, servindo também de parâmetro para avaliar a velocidade de ocorrência da

corrosão da armadura. A resistência ôhmica quantifica a dificuldade que os íons têm de

percorrer um determinado meio.

5.3.5. Prensa hidráulica

Para a realização dos ensaios de resistência à compressão dos corpos-de-prova

de concreto e argamassa foi utilizada a prensa hidráulica do LMC-UFG (Figura 5.5).

Figura 5.5 – Prensa hidráulica do LMC-UFG.

5.4. DEFINIÇÃO DA METODOLOGIA DE ENSAIO

Para atingir os objetivos propostos na presente dissertação e chegar a

resultados conclusivos, utilizou-se uma metodologia baseada na confecção e ensaio de

corpos-de-prova que permitissem aplicar a técnica de realcalinização e avaliar a

repassivação de armaduras em concretos carbonatados por meio da absorção/difusão de

soluções alcalinas proposta nesta pesquisa.

5.4.1. Caracterização dos materiais empregados na pesquisa

Os materiais empregados para a confecção de todos os corpos-de-prova foram

devidamente caracterizados com o objetivo de se diminuir ao máximo as influências das

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101

variáveis na análise dos resultados. Os agregados miúdo e graúdo foram caracterizados

pelos ensaios de granulometria (ABNT-NBR 7217:1987), massa unitária (ABNT-NBR

7251:1982) e massa específica (ABNT-NBR 9937:1987 e ABNT-NBR 9776:1986, para

agregado graúdo e miúdo respectivamente) no LMC-UFG. Para o cimento foram

realizados ensaios físicos e químicos de acordo com a ABNT-NBR 11578:1991, no

Laboratório de FURNAS Centrais Elétricas S.A. Os corpos-de-prova de concreto também

foram caracterizados quanto à sua resistência à compressão aos 28 dias.

5.4.2. Definição dos corpos-de-prova e traços

A definição das dimensões e traços dos corpos-de-prova visou adequá-los aos

procedimentos de ensaio adotados e aos equipamentos disponíveis no LMC-UFG, além de

basear-se em estudos anteriores de Teixeira (2002) e Araújo (2004).

A forma dos corpos-de-prova utilizados depende do ensaio ao qual ele é

submetido. Para os ensaios de avaliação da influência da realcalinização na resistência à

compressão foram utilizados corpos-de-prova de argamassa, cilíndricos, de dimensão 5 x

10 cm (Figura 5.6) Os corpos de prova foram moldados de acordo com a ABNT-NBR

7215:1996 e desmoldados 24 horas depois, sendo em seguida levados para a câmara úmida

para cura por 7 dias.

Figura 5.6 – Corpos-de-prova cilíndricos (5 x 10 cm) para a realização dos ensaios de

resistência à compressão.

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102

O emprego de corpos-de-prova de argamassa justifica-se pelo fato de que o

cobrimento das armaduras possui características mais próximas de uma argamassa do que

de um concreto. Além disso, como constatado por Kazmierczak (1995), esta região acaba

sendo a principal zona afetada pelo fenômeno da carbonatação. Alves (1999), apud

Teixeira (2002) estabeleceu que a argamassa de cimento e areia poderia ser avaliada como

sendo equivalente ao concreto com a simples retirada do agregado graúdo do processo de

moldagem.

Para os ensaios de carbonatação acelerada e repassivação da armadura por

realcalinização foram utilizados corpos-de-prova prismáticos armados de dimensões 20 x

30 x 6 cm com uma armadura de aço CA 50-A de 10 mm de diâmetro colocada no centro

do corpo-de-prova com cobrimento de 2,5 cm (Figuras 5.7 e 5.8). Tais corpos-de-prova

foram moldados e adensados em mesa vibratória, conforme ABNT-NBR 5738:1984 e

desmoldados após 24 horas, sendo em seguida levados para a câmara úmida para cura por

7 dias.

Para a caracterização do concreto dos corpos-de-prova prismáticos quanto à

resistência à compressão foram moldados 3 corpos de prova cilíndricos de dimensões 10 x

20 cm. Os mesmos foram desformados 24 horas após a moldagem e em seguida

encaminhados para câmara úmida onde permaneceram curando por 7 dias. O rompimento

se deu aos 28 dias de acordo com a ABNT-NBR 5739:1980.

Figura 5.7 – Detalhe dos corpos-de-prova prismáticos.

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103

Figura 5.8 – Corpos-de-prova prismáticos moldados para ensaios de carbonatação

acelerada e repassivação da armadura por realcalinização.

Os ensaios de aderência de tintas e vernizes aplicados sobre substratos de

concreto foram realizados utilizando-se placas pré-moldadas de substrato padrão de

dimensões 25 x 50 x 2 cm cedidas pela Cimento Tocantins S.A. Tais placas foram

moldadas de acordo com a ABNT-NBR 14082:1998, no qual o concreto do substrato

padrão é executado com cimento Portland, num consumo mínimo de 400Kg/m³, areia e

pedrisco. O traço é de 1:2,58:1,26, com relação água cimento entre 0,45 e 0,50. A Figura

5.9 mostra as placas pré-moldadas de substrato padrão utilizadas nos ensaios.

Figura 5.9 – Placas de substrato padrão utilizadas nos ensaios de aderência.

As tintas e os vernizes analisados foram todos da marca INTERNATIONAL.

Neste ensaio desejava-se verificar se a realcalinização do substrato exerceria influência na

aderência das tintas e dos vernizes aplicados. Para os experimentos, não foi encontrada

uma normatização específica para analisar a aderência em substratos de concreto. Foi

verificado apenas um projeto de norma (Projeto 02:115.29-008), conseguido junto ao

Laboratório de Revestimentos do IPT.

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104

As Figuras 5.10 e 5.11 ilustram, respectivamente, as tintas e os vernizes,

utilizados nos ensaios de aderência e a Tabela 5.6 apresenta a composição (base) de cada

produto analisado.

Figuras 5.10 – Tintas utilizadas nos ensaios de aderência.

Figura 5.11 – Verniz utilizado nos ensaios de aderência.

Tabela 5.6 –Composição dos produtos utilizados nos ensaios de aderência.

Produto Especificação Composição Nomenclatura do

ensaio

Interthane 990 Tinta Poliuretano acrílico T 1

Interfine 979 Tinta Polisiloxano T 2

Perfection 709 Verniz Verniz Poliuretano V

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105

Quanto às dimensões e traços dos corpos-de-prova utilizados na pesquisa, os

mesmos podem ser verificados na Tabela 5.7. O número de corpos de prova foi definido de

acordo com experiências de outros autores, especificações de norma e critérios estatísticos.

Tabela 5.7 – Formatos, dimensões e traços dos corpos-de-prova de cada ensaio.

Material Corpo-de-prova ENSAIO TRAÇO

Argamassa Cilíndrico (5 x 10) cm Resistência à compressão 1 : 3 : 0,5

Resistência à compressão para Cilíndrico (10 x 20) cm caracterização

1 : 2,38 : 3,05 : 0,7

Prismático armado Medida eletroquímica de Ecorr, icorr,

(20 x 30 x 6) cm Rohm e resistividade 1 : 2,38 : 3,05 : 0,7

Prismáticos Tintas Pré-Moldada

Concreto

(25 x 50 x 2) cm

Aderência de Tintas e Vernizes

Vernizes Pré-Moldada

5.4.3. Ensaios realizados

5.4.3.1. Avaliação da eficiência das soluções alcalinas na realcalinização do concreto e na

repassivação da armadura.

Para a avaliação da eficiência das soluções alcalinas na realcalinização do

concreto e na repassivação da armadura em processo de corrosão devido à carbonatação

utilizaram-se corpos-de-prova prismáticos de concreto com uma armadura de aço CA 50-A

de 10 mm de diâmetro colocada no seu centro, com um cobrimento de 2,5 cm.

Após a moldagem e cura por 7 (sete) dias em câmara úmida, os corpos-de-

prova foram armazenados em uma sala de temperatura e umidade controlada, 25±5°C e

50±10%, respectivamente, permanecendo nestas condições até que fosse identificado a

passivação das armaduras por meio de medidas eletroquímicas realizadas diariamente com

o GECOR 6. Uma vez constatada a formação da película passivadora pelos critérios

estabelecidos pelas Tabelas 5.3, 5.4 e 5.5, iniciou-se o processo de carbonatação acelerada.

Os corpos-de-prova foram para a câmara de carbonatação acelerada até que a

frente de carbonatação ultrapassasse o cobrimento e atingisse a armadura, promovendo a

sua despassivação. Para a determinação da profundidade de carbonatação foi utilizada a

fenolftaleína como indicador químico de pH. Após a identificação da chegada da frente de

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106

carbonatação à armadura, os corpos-de-prova foram levados à câmara úmida a fim de dar

as condições necessárias para o desenvolvimento da corrosão e comprovação da

despassivação da armadura por meio de medidas eletroquímicas de potencial de corrosão

(Ecorr), velocidade de corrosão (icorr) e resistência ôhmica (Rohm), registrados com o

GECOR 6 (Figura 5.12), além da resistividade medida pelo método de WENNER (Figura

5.13).

Figuras 5.12 – Medidas eletroquímicas por meio do GECOR 6.

Figura 5.13 – Medidas de resistividade pelo método de WENNER.

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107

Uma vez confirmada a carbonatação dos corpos-de-prova, o próximo passo foi

a realcalinização dos mesmos, utilizando-se as substâncias alcalinas (Na2CO3, KOH e

solução tripa). A realcalinização foi realizada por meio de ciclos de molhagem e secagem,

sendo 2 dias imersos em solução alcalina e 5 dias secando em uma sala climatizada com

temperatura e umidade controladas de 25 ± 5°C e 50 ± 10%, respectivamente.

Para se verificar a realcalinização do concreto carbonatado, os corpos-de-prova

foram fraturados e aspergida uma solução alcoólica de timolftaleína. Comprovada a

chegada da frente de realcalinização, passou-se a analisar a partir de então o

comportamento da barra de aço frente a este novo meio alcalino.

Por meio de medidas eletroquímicas de velocidade de corrosão e potencial de

corrosão além da resistência ôhmica e da resistividade buscou-se verificar se a

realcalinização obtida levaria as barras de aço para uma condição de repassivação. A

Figura 5.14 apresenta cada uma das etapas da metodologia de avaliação da eficiência das

soluções alcalinas na realcalinização do concreto e na repassivação da armadura, dando

uma visão geral do ensaio.

Figura 5.14 – Visão geral do ensaio de avaliação da eficiência das soluções alcalinas

na realcalinização do concreto e na repassivação da armadura.

A Tabela 5.8 apresenta o número de corpos-de-prova utilizados para o ensaio

de realcalinização/repassivação da armadura, as diferentes soluções alcalinas estudas, bem

como as respectivas nomenclaturas empregadas.

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108

Tabela 5.8 – Número de corpos-de-prova utilizados para o ensaio de

realcalinização/repassivação da armadura, soluções alcalinas empregadas e

nomenclatura adotada.

NÚMERO DE CORPOS-DE-PROVA SISTEMA NOMENCLATURA

a/c = 0,7

Solução 1 (Na2CO3) ME 1 e ME 2 2

Solução 2 (KOH) ME 3 e ME 4 2

Solução 3 (TRIPLA) ME 5 e ME 6 2

5.4.3.2. Avaliação da influência das soluções alcalinas sobre a resistência à compressão

Os ensaios de resistência à compressão foram realizados utilizando-se corpos-

de-prova cilíndricos de argamassa 5 x 10 cm com o objetivo de verificar o comportamento

mecânico do concreto antes da carbonatação, depois da carbonatação e depois da

realcalinização dos corpos-de-prova carbonatados.

Antes de se iniciar a carbonatação, os corpos-de-prova, após a cura,

permaneceram por um período de 31 dias em uma sala climatizada com temperatura (25 ±

5°C) e umidade (50 ± 10%) controladas até que a umidade dos corpos-de-prova entrasse

em equilíbrio com a umidade do ambiente da sala. O controle desta estabilização foi

realizado através de medidas sucessivas de massa (Figura 5.15).

Figura 5.15 – Verificação da estabilização de massa dos corpos-de-prova.

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109

Os corpos-de-prova destinados à carbonatação foram colocados na câmara de

carbonatação acelerada. As medidas dos avanços da carbonatação eram realizadas

semanalmente pela fratura dos corpos-de-prova e posterior aplicação de indicador químico

de fenolftaleína. Após a carbonatação, alguns corpos-de-prova foram realcalinizados com a

utilização de soluções alcalinas. Para a verificação do progresso da frente de

realcalinização utilizou-se indicador químico de timolftaleína, uma vez que permite

garantir uma maior basicidade dos poros do substrato.

Com relação aos corpos-de-prova de referência e carbonatados, os mesmos

ficaram imersos em água durante a realcalinização dos demais. Isto se deu para que todos

eles ficassem sujeitos às mesmas condições de cura (cura imersa) e, assim, verificar se o

ganho de resistência mecânica obtido após a realcalinização em relação aos corpos-de-

prova de referência e carbonatados da pesquisa de Araújo (2004) foi devido à cura dos

corpos-de-prova quando imersos em solução alcalina ou devido à ação benéfica das

substâncias alcalinas no interior do corpo-de-prova.

A Tabela 5.9 apresenta o número de corpo-de-prova moldados para a avaliação

da influência das soluções alcalinas sobre a resistência à compressão.

Tabela 5.9 – Definição do número de corpos-de-prova para o ensaio de resistência à

compressão.

NÚMERO DE CORPOS-DE-PROVA SISTEMA "Irmãos" (de controle) Ensaios de Resistência

Referência - 5 Carbonatação 5 5

Solução 1 (Na2CO3) 5 5 Solução 2 (KOH) 5 5 Realcalinização

Solução 3 (TRIPLA) 5 5

Após a determinação dos resultados de resistência à compressão foi realizada

uma análise para a eliminação dos valores espúrios através da análise estatística de T-

STUDENT.

Posteriormente foi realizada uma análise de variância (ANOVA), no qual os

valores de “F calculado” (Fcalc) foram comparados com os valores de “F tabelado” (Ftab)

para um nível de significância de 5%. O valor de Ftab é igual a Fα=0,05 (ν1, ν2) obtido na

distribuição de F (NANNI & RIBEIRO, 1987). Confirmada a significância entre os dados

realiza-se o agrupamento dos efeitos através do método de DUNCAN.

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110

Esta análise de variância (ANOVA e DUNCAN) foi feita por meio da

utilização do programa Statistica 6.0 da StatSoft ®.

5.4.3.3. Ensaio de aderência de tintas e vernizes sobre o substrato realcalinizado

Este ensaio tem como objetivo avaliar a influência da realcalinização na

aderência de tintas e vernizes aplicados sobre substratos realcalinizados. Foram realizados

também, ensaios em placas apenas carbonatadas e em placas de referência (placas não

carbonatadas e não realcalinizadas). Desta forma, pode-se comprovar se existe influência

da carbonatação e da realcalinização na aderência dos produtos utilizados. Para os ensaios

foram empregadas placas pré-moldadas de concreto e utilizado o projeto de norma

02:115.29-008 como normatização a ser seguida (ANEXO A).

A espessura média de carbonatação e realcalinização ficou em torno de 1 cm,

não necessitando de grandes profundidades, já que o objetivo deste estudo era o de avaliar

apenas o contato entre a superfície do substrato e o revestimento aplicado. Para a

realcalinização foi utilizada apenas a Solução 3 (Tripla), escolhida a partir dos resultados

obtidos nos ensaios anteriores.

Em cada placa foram realizadas quinze análises referentes a cada produto

aplicado. No total foram ensaiadas nove placas pré-moldadas e estudadas duas tintas e um

verniz. A Tabela 5.10 apresenta o número de resultados de aderência para cada sistema

estudado, bem como a nomenclatura utilizada no ensaio.

Tabela 5.10 – Nomenclatura dos corpos-de-prova para cada sistema de ensaio de

aderência.

NÚMERO DE RESULTADOS DE SISTEMA ADERÊNCIA POR TIPO DE SISTEMA

T1 15 T2 15 Referência V 15 T1 15 T2 15 Carbonatação V 15 T1 15 T2 15 Realcalinização V 15

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111

6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

6.1. INTRODUÇÃO

Este capítulo apresenta os resultados obtidos nos ensaios descritos no Capítulo

5 que trata da METODOLOGIA EXPERIMENTAL, bem como as análises destes

resultados com base na literatura exposta nos capítulos de revisão bibliográfica,

objetivando verificar a viabilidade da técnica de realcalinização do concreto carbonatado

por meio da absorção/difusão de soluções alcalinas.

Os resultados estão expostos na forma de tabelas, gráficos e figuras, seguidos

da análise correspondente, na mesma ordem adotada no capítulo anterior, a fim de facilitar

o entendimento da metodologia empregada em cada ensaio com os respectivos resultados

obtidos.

6.2. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

6.2.1. Caracterização do cimento

Com o auxílio do Laboratório de Furnas Centrais Elétricas foram realizados os

ensaios de caracterização do cimento utilizado na pesquisa. O cimento utilizado foi o CP II

Z-32 da Cimento Tocantins S.A. Nas Tabelas 6.1 e 6.2 observam-se as propriedades físicas

e químicas, respectivamente, do cimento, e os limites da ABNT-NBR 11578:1991.

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112

Tabela 6.1 – Análise das propriedades físicas do cimento utilizado.

Limites PROPRIEDADES FÍSICAS ANALISADAS Valores obtidos NBR 11578/91

Massa específica (g/cm³) 3,02 --- Resíduo na peneira 200 (%) 2,8 ≤ 12 Finura Resíduo na peneira 325 (%) 14,5 ---

Tempos de Início de Pega (h:min) 02:00 ≥ 1:00 Pega Fim de Pega (h:min) 04:00 ≤ 10:00

Água de Consistência - Pasta (%) 26,8 --- 3 dias 22,5 ≥ 10 7 dias 27,4 ≥ 20 28 dias 34,7 ≥ 32 e ≤ 49

Resistência à Compressão (MPa)

90 dias 35,7 --- Calor de Hidratação 3 dias 227,8 ---

(J/g) 7 dias 236,0 ---

Tabela 6.2 – Análise das propriedades químicas do cimento utilizado.

Limites PROPRIEDADES QUÍMICAS ANALISADAS Valores

obtidos NBR 11578/91

Perda ao fogo 4,72 ≤ 6,5

Resíduo insolúvel 12,01 ≤ 16,0

Trióxido de enxofre (SO3) 2,64 ≤ 4,0

Óxido de magnésio (MgO) 2,05 ≤ 6,5

Dióxido de silício (SiO2) 22,39 −

Óxido de ferro (Fe2O3) 3,28 −

Óxido de alumínio (Al2O3) 8,21 −

Óxido de cálcio (CaO) 43,81 −

Óxido de cálcio livre (CaO) 1,40 −

Óxido de sódio (Na2O) 0,25 −

Óxido de potássio (K2O) 0,78 − Álcalis Totais

Equiv. Alcalino 0,76 −

Óxido de sódio (Na2O) 0,10 −

Óxido de potássio (K2O) 0,61 − Álcalis Solúveis em Água

Equivalente alcalino em Na2O 0,50 −

Sulfato de cálcio (CaSO4) 4,49 −

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113

Os resultados obtidos demonstram que o cimento utilizado atendia as

exigências mínimas e máximas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT), na NBR 11578:1991.

6.2.2. Caracterização do agregado graúdo

O agregado graúdo (brita) foi caracterizado quanto à composição

granulométrica (ABNT-NBR 7217:1987), massa unitária (ABNT-NBR 7251:1982) e

massa específica (ABNT-NBR 9937:1987). Os resultados obtidos encontram-se na Tabela

6.3.

Tabela 6.3 – Caracterização do agregado graúdo empregado nos ensaios.

ABERTURA DAS PORCENTAGEM PORCENTAGEM CÁLCULO DO

MÓDULO PENEIRAS

(mm)

MASSAS RETIDAS (g) RETIDA

SIMPLES RETIDA

ACUMULADAS DE FINURA

152 (6") 0 0,00 0,00 0,00 127 (5") 0 0,00 0,00 --- 102 (4") 0 0,00 0,00 --- 76 (3") 0 0,00 0,00 0,00 50 (2") 0 0,00 0,00 ---

38 (1 1/2") 0 0,00 0,00 0,00 25 (1") 0 0,00 0,00 ---

19 (3/4") 278 2,78 2,78 2,78 12,7 (1/2") 7098 70,98 73,76 --- 9,5 (3/8") 2149 21,49 95,25 95,25

4,8 (4) 434 4,34 99,59 99,59 2,4 (8) 15 0,15 99,74 99,74 Prato 26 0,26 100 400 Totais 100 100 697,36

DIÂMETRO MÁXIMO 19,0 mm (3/4") MÓDULO DE FINURA 6,97 mm MASSA UNITÁRIA 1,43 Kg/dm³ MASSA ESPECÍFICA APARENTE 2,76 Kg/dm³

6.2.3. Caracterização do agregado miúdo

O agregado miúdo (areia) foi caracterizado quanto à composição

granulométrica (ABNT-NBR 7217:1987), massa unitária (ABNT-NBR 7251:1982) e

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114

massa específica pelo Frasco de Chapman (ABNT-NBR 9776:1986). Os resultados obtidos

encontram-se na Tabela 6.4.

Tabela 6.4 - Caracterização do agregado miúdo empregado nos ensaios.

ABERTURA DAS PORCENTAGEM PORCENTAGEM

PENEIRAS (mm) MASSAS RETIDAS (g)

RETIDA SIMPLES RETIDA ACUMULADAS

9,5 (3/8") 2 0,2 0,2 4,8 (4) 28 2,8 3 2,4 (8) 86 8,6 11,6 1,2 (16) 129 12,9 24,5 0,6 (30) 169 16,9 41,4 0,3 (50) 248 24,8 66,2

0,15 (100) 310 31 97,2 Prato 28 2,8 --- Totais 1000 100 244,1

DIÂMETRO MÁXIMO 4,8 mm MÓDULO DE FINURA 2,44 mm MASSA UNITÁRIA 1,52 Kg/dm³ MASSA ESPECÍFICA APARENTE 2,63 Kg/dm³

6.2.4. Água

A água utilizada para a confecção dos corpos-de-prova era proveniente da rede

pública de abastecimento da cidade de Goiânia/GO.

6.2.5. Concreto Moldado

Os resultados de resistência à compressão dos concretos utilizados nos ensaios

de avaliação da eficiência das soluções alcalinas na realcalinização do concreto e na

repassivação da armadura encontram-se na Tabela 6.5.

Tabela 6.5 – Resistência à compressão aos 28 dias do concreto utilizado nos ensaios.

Corpo-de-prova a/c 0,7 1 17,5 MPa 2 19,6 MPa 3 19,8 MPa

Média 19,0 MPa

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115

6.3. AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DAS SOLUÇÕES ALCALINAS NA

REPASSIVAÇÃO DAS ARMADURAS

Para a análise do comportamento da armadura no interior do concreto

realcalinizado foram realizadas medidas eletroquímicas de densidade de corrente de

corrosão (icorr), potencial de corrosão (Ecorr) e resistência ôhmica (Rohm), utilizando-se o

GECOR 6, e medidas de resistividade por meio do Método de Wenner ou dos Quatro

Eletrodos. Para cada um dos parâmetros analisados, foram elaborados gráficos com os

resultados obtidos desde o dia seguinte da moldagem até 1 mês antes da defesa (1078° dia).

Dessa forma pode-se acompanhar o comportamento das armaduras durante todo o

experimento, passando pela identificação da passivação inicial, pela despassivação devido

a carbonatação e pelo período de propagação da corrosão.

Os referidos gráficos estão expostos nas Figuras 6.1 a 6.4. Os seis corpos-de-

prova utilizados nas medidas eletroquímicas (ME) foram numerados de 1 a 6, podendo ser

observados na legenda das Figuras.

Os limites mostrados na legenda das Figuras dizem respeito aos riscos de

corrosão mostrados nas Tabelas 5.3 a 5.5 do Capítulo 5 desta dissertação.

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116

0,0

25,0

50,0

75,0

100,0

125,0

150,0

175,0

200,0

225,0

250,0

275,0

300,0

325,0

350,0

375,0

400,0

425,0

450,0

475,0

500,0

101 130 343 381 396 412 431 446 476 494 509 525 540 560 575 591 606 624 640 681 699 722 751 770 815 848 895 951 1035

Tempo (dias)

Res

istiv

idad

e (K

ohm

.cm

)

ME 1 ME 2 LIMITE 1 LIMITE 2 LIMITE 3

|------------------------------------------------PERÍODO DE REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA-------------------------------------------------------

Baixo risco de corrosão

Muito alto risco de corrosão

Alto risco de corrosão

Baixo/Moderado risco de corrosão

|----------REALCALINIZAÇÃO-----------

0,0

25,0

50,0

75,0

100,0

125,0

150,0

175,0

200,0

225,0

250,0

275,0

300,0

325,0

350,0

375,0

400,0

425,0

450,0

475,0

500,0

101 130 343 381 396 412 431 446 476 494 509 525 540 560 575 591 606 624 640 681 699 722 751 770 815 848 895 951 1035

Tempo (dias)

Res

istiv

idad

e (K

ohm

.cm

)

ME 3 ME 4 LIMITE 1 LIMITE 2 LIMITE 3

Baixo risco de corrosão

Muito alto risco de corrosão

Alto risco de corrosão

Baixo/Moderado risco de corrosão

|----------------------------------------------------------PERÍODO DE REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA---------------------------------------------|----------REALCALINIZAÇÃO-----------

0,0025,0050,0075,00

100,00125,00150,00175,00200,00225,00250,00275,00300,00325,00350,00375,00400,00425,00450,00475,00500,00

101 130 343 381 396 412 431 446 476 494 509 525 540 560 575 591 606 624 640 681 699 722 751 770 815 848 895 951 1035

Tempo (dias)

Res

istiv

idad

e (K

ohm

.cm

)

ME 5 ME 6 LIMITE 1 LIMITE 2 LIMITE 3

Baixo risco de corrosão

Muito alto risco de corrosão

Alto risco de corrosão

Baixo/Moderado risco de corrosão

|------------------------------------------------PERÍODO DE REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA---------------------------------------------------|

|----------REALCALINIZAÇÃO-----------

Figura 6.1 – Valores de resistividade obtidos por meio do WENNER: Corpos-de-

prova realcalinizados pela solução 1 (a); pela solução 2 (b); pela solução 3 (c).

(a)

(b)

(c)

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117

0,01

0,10

1,00

10,00

7 24 39 59 76 94 119 174 249 347 382 397 413 432 447 479 495 510 526 543 561 577 593 607 627 641 682 700 724 755 771 818 856 899 958 1042

Tempo (dias)

icor

r (uA

/cm

²)

ME 1 ME 2 LIMITE

|-------------------------------PERÍODO DE REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA------------------------------------|

Velocidade de corrosão desprezível ( < 0,1)

Velocidade de corrosão moderada ( 0,1 -0,5)

Velocidade de corrosão elevada ( 0,5 - 1,0)

Velocidade de corrosão muito elevada (> 1,0)

|-----REALCALINIZAÇÃO------|

0,01

0,10

1,00

10,00

7 24 39 59 76 94 119 174 249 347 382 397 413 432 447 479 495 510 526 543 561 577 593 607 627 641 682 700 724 755 771 818 856 899 958 1042

Tempo (dias)

icor

r (uA

/cm

²)

ME 3 ME 4 LIMITE

|---------------------------------PERÍODO DE REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA----------------------------------|

Velocidade de corrosão muito elevada (> 1,0)

Velocidade de corrosão elevada ( 0,5 - 1,0)

Velocidade de corrosão moderada ( 0,1 -0,5)

Velocidade de corrosão desprezível ( < 0,1)

|---REALCALINIZAÇÃO------|

0,01

0,10

1,00

10,00

7 24 39 59 76 94 119 174 249 347 382 397 413 432 447 479 495 510 526 543 561 577 593 607 627 641 682 700 724 755 771 818 856 899 958 1042

Tempo (dias)

icor

r (uA

/cm

²)

ME 5 ME 6 LIMITE

|------------------------------------PERÍODO DE REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA----------------------------------|

Velocidade de corrosão elevada ( 0,5 - 1,0)

Velocidade de corrosão moderada ( 0,1 -0,5)

Velocidade de corrosão desprezível ( < 0,1)

Velocidade de corrosão muito elevada (> 1,0)

|----REALCALINIZAÇÃO----|

Figura 6.2 – Valores de densidade de corrente de corrosão obtidos pelo GECOR 6:

Corpos-de-prova realcalinizados pela solução 1 (a); pela solução 2 (b); pela solução 3

(c).

(c)

(b)

(a)

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118

-1000,00-950,00-900,00-850,00-800,00-750,00-700,00-650,00-600,00-550,00-500,00-450,00-400,00-350,00-300,00-250,00-200,00-150,00-100,00

-50,000,00

7 24 39 59 76 94 119 174 249 347 382 397 413 432 447 479 495 510 526 543 561 577 593 607 627 641 682 700 724 755 771 818 856 899 958 1042

Tempo (dias)

Ecor

r (m

V)

ME 1 ME 2 LIMITE 1 LIMITE 2

Baixo risco de corrosão (< 5%)

Alto risco de corrosão (> 95%)

|------------------------------PERÍODO DE REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA---------------------------------|

Risco de corrosão intermediário (50%)

|-----REALCALINIZAÇÃO------|

-1000,00-950,00-900,00-850,00-800,00-750,00-700,00-650,00-600,00-550,00-500,00-450,00-400,00-350,00-300,00-250,00-200,00-150,00-100,00

-50,000,00

7 24 39 59 76 94 119 174 249 347 382 397 413 432 447 479 495 510 526 543 561 577 593 607 627 641 682 700 724 755 771 818 856 899 958 1042

Tempo (dias)

Ecor

r (m

V)

ME 3 ME 4 LIMITE 1 LIMITE 2

Baixo risco de corrosão (< 5%)

Alto risco de corrosão (> 95%)

|----------------------------PERÍODO DE REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA------------------------------------|

Risco de corrosão intermediário (50%)

|----REALCALINIZAÇÃO------|

-1000,00-950,00-900,00-850,00-800,00-750,00-700,00-650,00-600,00-550,00-500,00-450,00-400,00-350,00-300,00-250,00-200,00-150,00-100,00

-50,000,00

7 24 39 59 76 94 119 174 249 347 382 397 413 432 447 479 495 510 526 543 561 577 593 607 627 641 682 700 724 755 771 818 856 899 958 1042

Tempo (dias)

Ecor

r (m

V)

ME 5 ME 6 LIMITE 1 LIMITE 2

Baixo risco de corrosão (< 5%)

Alto risco de corrosão (> 95%)

|-----------------------------PERÍODO DE REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA-----------------------------------|

Risco de corrosão intermediário (50%)

|----REALCALINIZAÇÃO-------|

Figura 6.3 – Valores de Potencial de Corrosão obtidos pelo GECOR 6: Corpos-de-

prova realcalinizados pela solução 1 (a); pela solução 2 (b); pela solução 3 (c).

(c)

(b)

(a)

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119

0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,005,506,006,507,007,508,008,509,009,50

10,00

7 24 39 59 76 94 119 174 249 347 382 397 413 432 447 479 495 510 526 543 561 577 593 607 627 641 682 700 724 755 771 818 856 899 9581042

Tempo (dias)

Roh

m (K

ohm

)

ME 1 ME 2

|-----------------------------PERÍODO DE REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA------------------------------------||-----REALCALINIZAÇÃO------|

0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,005,506,006,507,007,508,008,509,009,50

10,00

7 24 39 59 76 94 119 174 249 347 382 397 413 432 447 479 495 510 526 543 561 577 593 607 627 641 682 700 724 755 771 818 856 899 9581042

Tempo (dias)

Roh

m (K

ohm

)

ME 3 ME 4

|-----------------------------PERÍODO DE REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA------------------------------------||-----REALCALINIZAÇÃO------|

0,000,501,001,502,002,503,003,504,004,505,005,506,006,507,007,508,008,509,009,50

10,00

7 24 39 59 76 94 119 174 249 347 382 397 413 432 447 479 495 510 526 543 561 577 593 607 627 641 682 700 724 755 771 818 856 899 9581042

Tempo (dias)

Roh

m (K

ohm

)

ME 5 ME 6

|----------------------------PERÍODO DE REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA-------------------------------------||-----REALCALINIZAÇÃO------|

Figura 6.4 – Valores de Resistência Ôhmica obtidos pelo GECOR 6: Corpos-de-prova

realcalinizados pela solução 1 (a); pela solução 2 (b); pela solução 3 (c).

(c)

(b)

(a)

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120

A partir dos gráficos da Figura 6.1 pode-se observar que os corpos-de-prova

realcalinizados com a solução 1 apresentaram resistividade maior que os corpos-de-prova

realcalinizados com a solução 3, que por sua vez apresentaram valores superiores àqueles

realcalinizados com a solução 2. No entanto, quando os corpos-de-prova são armazenados

na câmara úmida (743° dia de moldagem em diante), as resistividades baixam, localizando-

se na região de “muito alto risco de corrosão” (resistividade menor que 5 KΩ.cm).

Com relação aos valores de densidade de corrente de corrosão e potencial de

corrosão (Figuras 6.2 e 6.3), os corpos-de-prova realcalinizados com a solução 2 foram os

que apresentaram melhor comportamento, pois, nas mesmas condições, os corpos-de-prova

realcalinizados com as soluções 1 e 3 mostram elevados valores de densidade de corrente

de corrosão e valores bastante eletronegativos de potencial de corrosão. Entretanto, é

importante ressaltar que os critérios de potencial de corrosão da ASTM C 876:1991 são

para um eletrodo de cobre/sulfato de cobre e uma armadura embebida em concreto não

carbonatado (com ou sem Cl-) ou carbonatado, não sabendo-se quais seriam os critérios

para concreto carbonatado e realcalinizado.

Com respeito aos valores de resistência ôhmica (Figura 6.4), observa-se o

mesmo comportamento apresentado pela resistividade, ou seja, os corpos-de-prova

realcalinizados com a solução 1 apresentaram resistência ôhmica maior que os corpos-de-

prova realcalinizados com a solução 3 que por sua vez apresentaram valores superiores

àqueles realcalinizados com a solução 2. No entanto, quando os corpos-de-prova são

armazenados na câmara úmida, as resistências ôhmicas baixam, apresentando valores

próximos a zero.

6.3.1. Passivação da armadura

Ao se executar uma peça estrutural, a formação da película passivadora não

ocorre imediatamente após a concretagem. Neste caso, o filme de óxidos e hidróxidos de

ferro leva um certo período até que uma capa estável, transparente, delgada, fortemente

aderida, submicroscópica e protetora se forme ao redor da armadura, protegendo-a dos

agentes agressivos. Em relação ao concreto aqui estudado foram necessários 130 dias para

a constatação da formação da camada passivante. Essa identificação se deu a partir de

valores de potencial de corrosão e intensidade de corrente de corrosão maiores que -200

mV e menores que 0,1 µA/cm², respectivamente, obtidos pelo GECOR 6. Uma vez

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121

confirmada a formação da película passivadora iniciou-se o processo de carbonatação

acelerada.

6.3.2. Despassivação da armadura

Confirmada a passivação das armaduras através dos parâmetros eletroquímicos

de potencial e velocidade de corrosão, o próximo passo foi a carbonatação acelerada do

concreto dos corpos-de-prova. Para isso, utilizou-se a câmara de carbonatação acelerada do

Laboratório de Materiais de Construção (LMC) da Escola de Engenharia Civil da UFG, no

intuito de se apressar o avanço da frente de carbonatação até o aço. Depois de 119 dias

dentro da câmara de carbonatação (249 dias após a moldagem), os corpos-de-prova foram

conduzidos à câmara úmida a fim de dar as condições necessárias para a despassivação da

armadura, confirmada por meio de valores de potencial de corrosão bastante

eletronegativos (< -350 mV) e velocidade de corrente de corrosão muito elevada (> 1

µA/cm²).

Simultaneamente à leitura dos parâmetros eletroquímicos, foram realizados

ensaios de profundidade de carbonatação com aspersão de solução alcoólica de

fenolftaleína, no intuito de se comprovar a carbonatação de todo o concreto do cobrimento

da armadura.

6.3.3. Realcalinização e repassivação da armadura dos corpos-de-prova

Finalizada a etapa de carbonatação do concreto e confirmada a despassivação

das armaduras, teve início a realcalinização do concreto carbonatado pela absorção/difusão

de soluções alcalinas. Para a execução dos ensaios, os corpos-de-prova foram divididos de

acordo com a Tabela 5.8 para serem realcalinizados com cada uma das soluções estudadas.

Durante 108 dias de realcalinização foram realizados ciclos de molhagem (2

dias) e secagem (5 dias). Simultaneamente aos ciclos de molhagem e secagem, foram

efetuados também ensaios de profundidade de realcalinização com a aspersão de solução

alcoólica de timolftaleína (pH de viragem entre 9,3 e 10,5), com o objetivo de constatar o

avanço da frente de realcalinização. Depois do período indicado, os ciclos foram

interrompidos, já que ao se aspergir a timolftaleína sobre a superfície recém fraturada, a

mesma apresentava uma coloração azulada até a profundidade de 2,5 cm, que correspondia

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122

à espessura de cobrimento da armadura. A Figura 6.5 mostra a constatação da

realcalinização do concreto.

Figura 6.5 – Medidas das profundidades de realcalinização com indicador químico de

timolftaleína (no corpo-de-prova) e fenolftaleína (na amostra fraturada): Corpos-de-

prova realcalinizados pela solução 1 (a); Corpos-de-prova realcalinizados pela

solução 2 (b) e Corpos-de-prova realcalinizados pela solução 3 (c).

Uma vez finalizados os procedimentos de realcalinização foi efetuada também

uma análise do pH do concreto próximo à armadura pelo Laboratório de Química de

FURNAS Centrais Elétricas. O objetivo do ensaio era verificar de forma mais precisa a

real alcalinidade do ambiente que circundava o aço. Os valores de pH obtidos mostraram-

se extremamente elevados, com resultados superiores a 12,5 para todos os corpos-de-

prova, indicando que o concreto realcalinizado encontrava-se bastante alcalino,

assemelhando-se a um concreto recém moldado.

Após 595 dias da realização da realcalinização por absorção/difusão, ainda não

se obteve resultados que comprovem a repassivação da armadura, apesar da realcalinização

do concreto ter ocorrido com sucesso. A partir da análise dos gráficos das Figuras 6.2 e 6.3

pode-se constatar que todas as armaduras dos corpos-de-prova analisados ainda não

apresentaram parâmetros eletroquímicos que comprovem a sua repassivação, apesar do pH

do concreto apresentar-se altamente alcalino. Analisando-se os parâmetros eletroquímicos,

pode-se observar que para todos os exemplares estudados, os resultados encontram-se fora

da região de comprovação da passividade da armadura, ou seja, valores de potencial de

corrosão menos eletronegativos que -200 mV e de intensidade de corrente de corrosão

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123

inferiores a 0,1 µA/cm², controlados por valores de resistividade na região de

baixo/moderado risco de corrosão (< 10 KΩ.cm).

Comparando-se as soluções empregadas nos ensaios, observa-se que em

nenhuma delas houve uma real tendência de repassivação da armadura. No caso da solução

de carbonato de sódio (solução 1) e da solução tripla (solução 3) os parâmetros

eletroquímicos de potencial de corrosão e intensidade de corrente de corrosão encontram-

se respectivamente nas faixas de probabilidade de corrosão maior que 95% (E < -350 mV)

e velocidade de corrosão muito elevada (icorr > 1 µA/cm²). Com respeito à solução de

hidróxido de potássio (solução 2), apesar de também não apresentar um indício claro de

repassivação até o momento, foi a solução que apresentou o melhor desempenho, com

valores de potencial de corrosão situado na zona de probabilidade de corrosão maior que

95 %, porém com valores de velocidade de corrosão próximos a 0,1 µA/cm², plotados na

região de moderada velocidade do processo corrosivo do metal.

Ao se analisar a realcalinização eletroquímica verifica-se que o valor do pH ao

redor da armadura eleva-se, principalmente, devido aos íons hidroxilas gerados no cátodo

(armadura), por meio da eletrolise da água, enquanto a solução alcalina que penetra pelos

poros do concreto é responsável por prevenir futuros decréscimos de pH para níveis

preocupantes de iniciação do processo de corrosão, por meio da reação entre o carbonato

de sódio (solução mais utilizada na realcalinização eletroquímica) e o dióxido de carbono,

formando o bicarbonato de sódio (YEIH & CHANG, 2005). Fazendo-se uma comparação

com o método empregado na pesquisa em questão, observa-se que na realcalinização por

absorção/difusão de soluções alcalinas, o aumento da basicidade do concreto se dá de fora

para dentro, tardando um certo tempo até que a solução atinja a armadura e promova o

aumento do pH nessa região. Período este, que varia de acordo com a mobilidade iônica da

solução empregada no processo. Já na realcalinização eletroquímica, o aumento do pH do

concreto se dá, sobretudo, de dentro para fora através de uma geração intensa de íons

hidroxila ao redor da armadura. Entretanto, na realcalinização eletroquímica, observa-se,

em um curto espaço de tempo, além de um significativo aumento da alcalinidade ao redor

da armadura, a formação da película passivadora que envolve e protege o aço da corrosão

(CASTELLOTE et al., 2003; MIETZ, 1998; ODDEN, 1994; YEIH & CHANG, 2005),

diferentemente da realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas que até o

595° dia após a realcalinização, ainda não desenvolveu essa mesma camada protetora.

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124

Através do monitoramento dos parâmetros eletroquímicos em corpos-de-prova

armados, desde sua concretagem, sabe-se que a passivação das armaduras é identificada

após cerca de três a quatro meses. Neste processo de formação do filme passivador não há

a utilização de nenhum artifício eletroquímico para que ocorra a proteção do aço no

interior do concreto. No caso, o que existe é a exposição rápida da armadura a um

ambiente extremamente alcalino, desde o início da moldagem, constituído, sobretudo, por

hidróxidos de cálcio em contato permanente e de forma muito intensa e direta com a

armadura, gerando um ambiente propício para a constituição de uma película delgada,

estável, transparente, fortemente aderida, submicroscópica e protetora de óxidos de

hidróxidos de ferro ao redor do aço.

Tendo em vista os resultados dos parâmetros eletroquímicos apresentados na

presente pesquisa e, fazendo-se uma comparação com a realcalinização eletroquímica,

procedimento mais empregado na recuperação de estruturas carbonatadas, a velocidade e a

intensidade do processo de elevação do pH do concreto próximo à armadura seriam

fundamentais para uma nova formação da camada passivadora do aço. Essa proteção,

entendida como a resistência à corrosão proporcionada por uma película fina, aderente e

estável de óxidos e hidróxidos de ferro seria formada segundo Uhlig (1978), apud Helene

(1993), a partir de uma reação eletroquímica “intensa” e de “curta duração”, evidentemente

em um ambiente de “elevada” alcalinidade do concreto. Dessa forma, o elevado tempo

necessário para chegada da frente de realcalinização até a armadura, bem como a menor

intensidade na qual são gerados os íons alcalinos nas proximidades do aço em relação à

realcalinização eletroquímica e aos concretos recém executados, seriam os principais

motivos de até o momento não se ter a formação da película repassivadora da armadura,

utilizando-se a metodologia proposta nesta dissertação, apesar das armaduras

realcalinizadas com a solução 2 mostrarem uma tendência de repassivação.

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125

6.4. AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DAS SOLUÇÕES ALCALINAS SOBRE A

RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO CONCRETO

6.4.1. Carbonatação acelerada

O avanço da frente de carbonatação foi verificado por meio do uso de martelo e

ponteiro para a ruptura do corpo-de-prova, de fenolftaleína, como indicador químico de pH

e, de um paquímetro para medir com precisão de milímetros a profundidade de concreto

carbonatado. O resultado mostrado na Figura 6.6 indica que o corpo-de-prova utilizado

como parâmetro para os demais em estudo, encontrava-se totalmente carbonatados depois

de 6 semanas de exposição à carbonatação acelerada.

0

5

10

15

20

25

0 1 2 3 4 5 6

Semanas

Prof

undi

dade

de

Car

bona

taçã

o (m

m)

Figura 6.6 –Comprovação da profundidade de carbonatação acelerada.

A Figura 6.7 mostra um momento intermediário de medição da profundidade

de carbonatação, utilizando o paquímetro.

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126

Figura 6.7 – Medida intermediária da profundidade de carbonatação do corpo-de-

prova 5 x 10 cm.

6.4.2. Realcalinização

A medida da frente de realcalinização foi realizada seguindo-se exatamente a

mesma metodologia apresentada para a verificação da frente de carbonatação,

substituindo-se apenas o indicador químico fenolftaleína pela timolftaleína, devido ao

intervalo de pH de viragem de cor ser mais elevado, entre 9,3 e 10,5, proporcionando,

assim, uma maior segurança e eficiência nas avaliações do pH no interior do concreto após

a realcalinização.

A Figura 6.8 mostra o avanço da frente de realcalinização nos corpos-de-prova

imersos em cada uma das três soluções estudadas. É possível observar que a solução 2 foi a

que apresentou o melhor desempenho em relação ao tempo de realcalinização com 34 dias,

seguida da solução 3 com 59 dias e da solução 1 com 73 dias. Na Tabela 6.6 é possível ver

todos os valores medidos durante a realcalinização com as três soluções estudadas.

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127

0,000

0,500

1,000

1,500

2,000

2,500

0 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42 45 48 51 54 57 60 63 66 69 72 75

Tempo (dias)

Prof

undi

dade

de

real

calin

izaç

ão

(cm

)

Solução 1 (Na2CO3) Solução 2 (KOH) Solução 3 (Tripla)

Figura 6.8 – Avanço da frente de realcalinização nos corpos-de-prova carbonatados

Tabela 6.6 – Resultados das medidas de profundidade de realcalinização dos corpos-

de-prova cilíndricos de argamassa.

Profundidade de Realcalinização (cm) Dias Solução 1 (Na2CO3) Solução 2 (KOH) Solução 3 (TRIPLA)

0 0,00 0,00 0,00 1 0,30 0,60 0,30 2 0,40 0,70 0,60 3 0,50 0,80 0,70 6 0,70 1,10 0,90 9 0,80 1,30 1,10

14 1,10 1,60 1,20 20 1,30 1,90 1,50 28 1,60 2,20 1,80 34 1,70 2,50 2,00 41 1,90 2,50 2,10 49 2,10 2,50 2,30 56 2,20 2,50 2,40 59 2,25 2,50 2,50 62 2,30 2,50 2,50 69 2,40 2,50 2,50 73 2,50 2,50 2,50

A realcalinização dos corpos-de-prova empregados por Teixeira (2002) e

Araújo (2004) se deu de forma mais rápida que os utilizados na presente pesquisa.

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128

Comparado aos resultados obtidos pelo primeiro pesquisador, a diferença foi de

aproximadamente quatro vezes e meia mais lenta. O principal motivo seria a concentração

utilizada de carbonato de sódio 20g/100ml de água, duas vezes superior à empregada no

estudo em questão. No caso de Araújo (2004), utilizou-se a mesma concentração da

presente dissertação para cada uma das soluções adotadas. Porém, houve uma diferença no

tempo de realcalinização dos corpos-de-prova de argamassa. Com relação à solução 1

houve uma diferença de aproximadamente 15 % e com relação à solução 2 e 3 de

aproximadamente 19 %. O principal motivo dessa diferença seria a resistência dos corpos-

de-prova em cada uma das pesquisas. Embora o traço fosse o mesmo, houve uma diferença

significativa nos valores de resistência à compressão em cada um dos sistemas estudados.

Essa diferença provavelmente Dessa forma, como as resistências mecânicas no presente

estudo foram superiores às de Araújo (2004), justifica-se a menor velocidade do avanço da

frente de realcalinização.

A Figura 6.9 ilustra uma medida intermediária do avanço da frente de

realcalinização em um dos corpos-de-prova utilizados no ensaio.

Figura 6.9 – Realcalinização parcial dos corpos-de-prova observada através da

utilização do indicador de timolftaleína.

6.4.3. Resistência à compressão

Banfill (1997), através de seus estudos, verificou um crescimento significativo

na resistência à compressão do concreto devido aos processos de realcalinização.

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129

Teixeira (2002), no entanto, polemiza esta questão, apresentando resultados de

corpos-de-prova realcalinizados por absorção/difusão com resistência à compressão cerca

de 9% inferior aos corpos-de-prova de referência. A explicação se daria em virtude da

formação de novos compostos ou devido à desestabilização micro-estrutural no interior do

concreto realcalinizado.

Araújo (2004), em concordância com os resultados apresentados por Banfill

(1997), também encontrou um acréscimo na resistência à compressão, quando se

comparam os resultados de corpos-de-prova de referência e realcalinizados. A exceção se

deu no caso de a solução alcalina empregada ser o hidróxido de potássio. Com relação aos

corpos-de-prova por ela estudados, a diferença entre as resistências foi de 7,5%

comparando-se os de referência e os realcalinizados com carbonato de sódio, de 4,6% entre

os corpos-de-prova de referência e os realcalinizados com solução tripla (carbonato de

sódio, hidróxido de potássio e hidróxido de sódio) e -2,2% entre os de referência e os

realcalinizados com a solução de hidróxido de potássio. Porém, ao se efetuar a análise de

variância (ANOVA) comprovou-se que essas diferenças não eram significativas entre si,

ou seja, a realcalinização não influiu na resistência à compressão quando comparou-se

corpos-de-prova referência e realcalinizados com as soluções estudadas.

Neste trabalho, como se pode observar na Figura 6.10, os resultados de

resistência à compressão dos corpos-de-prova analisados foram ao encontro dos resultados

dos ensaios realizados por Banfill (1997), ou seja, a resistência à compressão do concreto

realcalinizado cresceu significativamente quando comparado ao referência.

0,05,0

10,015,020,025,030,035,040,045,050,055,0

Referência Carbonatados Solução 1(Na2CO3)

Solução 2 (KOH)

Solução 3(TRIPLA)

Res

istê

ncia

(MPa

)

Figura 6.10 – Comparativo da resistência à compressão dos corpos-de-prova de

referência, carbonatados e realcalinizados.

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130

A partir dos resultados encontrados nos ensaios de resistência à compressão

observou-se que os corpos-de-prova carbonatados foram os que apresentaram maiores

resistências mecânicas. Tal resultado apresentou-se dentro do esperado já que com a

carbonatação do concreto tem-se um aumento de sua impermeabilidade e também de sua

dureza e resistência superficial. Em seguida vieram os corpos-de-prova realcalinizados, no

qual os tratados com a solução 2 apresentaram os maiores valores, seguidos,

respectivamente, daqueles onde foram utilizadas as soluções 1 e 3. Por último vieram os

corpos-de-prova de referência com resistências aproximadamente 23% inferiores aos

carbonatados e 20% inferiores aos realcalinizados. Com o resultado da análise estatística

de variância (ANOVA), apresentada na Tabela 6.7, comprovou-se que essas diferenças são

significativas entre si, formando dois grupos estatisticamente diferentes. De um lado os

corpos-de-prova de referência e de outro os corpos-de-prova carbonatados e

realcalinizados.

Tabela 6.7 – Resultados da análise de variância da resistência à compressão dos

corpos-de-prova de referência, carbonatados e realcalinizados.

Efeito SQ GL MQ Fcal Ftab Resultado

Modelo 305,92 4 76,48 18,58 2,87 Significativo

Erro 82,34 20 4,12 - -

Total 388,26 24 80,6 - -

Onde: SQ é a soma dos quadrados; GL é o grau de liberdade; MQ é a média dos quadrados;

F é o parâmetro de Fisher para o teste de significância dos efeitos.

Determinada a significância entre os resultados obtidos, realizou-se a

comparação múltipla das medidas pelo método de DUNCAN. O objetivo desta análise é

agrupar as medidas que não diferem significativamente entre si. Para este ensaio de

resistência à compressão, foram formados dois grupos de amostras estatisticamente

diferentes, conforme ilustra a Figura 6.11.

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131

Figura 6.11 – Grupos formados pelo Método de Duncan para o ensaio de resistência à

compressão com corpos-de-prova de referência, carbonatados e realcalinizados.

Ao se comparar os resultados apenas das amostras carbonatadas e

realcalinizadas, a análise de variância mostra que os resultados obtidos não são

significativos entre si, pois Fcal < Ftab. (Tabela 6.8), confirmando a existência de dois

grupos estatisticamente diferentes; de um lado os corpos-de-prova de referência e de outro

os carbonatados e realcalinizados.

Tabela 6.8 – Resultados da análise de variância da resistência à compressão dos

corpos-de-prova carbonatados e realcalinizados.

Efeito SQ GL MQ Fcal Ftab Resultado

Modelo 14,03 3 4,68 0,947 3,24 Não significativo

Erro 79,04 16 4,94 - - -

Total 93,07 19 9,62 - - -

Onde: SQ é a soma dos quadrados; GL é o grau de liberdade; MQ é a média dos quadrados;

F é o parâmetro de Fisher para o teste de significância dos efeitos.

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132

6.5. AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA REALCALINIZAÇÃO NA ADERÊNCIA DE

TINTAS E VERNIZES

Como é sabido, após a recuperação de uma estrutura, independente da

metodologia empregada, se faz necessária a proteção do concreto para que não ocorra,

futuramente, uma nova ação do ambiente sobre a estrutura de concreto. Esta proteção pode

ser feita utilizando-se um revestimento com argamassa sobre a referida estrutura ou caso se

deseje uma solução mais rápida, usando uma pintura protetora.

Araújo (2004) fez estudos sobre a resistência de aderência de argamassas

colantes industrializadas sobre substratos realcalinizados, visando o uso de placas

cerâmicas sobre o concreto realcalinizado. Neste trabalho, pretende-se estudar outra forma

de proteção do concreto realcalinizado, ou seja a utilização de tintas e vernizes como

revestimento do concreto.

Inicialmente, as placas de substrato padrão, obtidas junto à Cimento Tocantins

S.A., foram colocadas na câmara de carbonatação acelerada até que a frente de

carbonatação atingisse uma profundidade media de 1 cm, já que o objetivo deste ensaio era

avaliar os efeitos da realcalinização na superfície do concreto sobre a aderência de tintas e

vernizes ao substrato realcalinizado.

A carbonatação das placas levou 35 dias para atingir a profundidade desejada,

tendo sido constatada através da aspersão de fenolftaleína na superfície recém fraturada da

placa. A Tabela 6.9 apresenta os valores da profundidade de carbonatação obtidos ao longo

dos ensaios.

Tabela 6.9 – Resultados da profundidade de carbonatação das placas pré-moldadas

de substrato padrão.

Semanas Umidade Relativa no interior da Câmara de

Carbonatação (%) Temperatura (°C) Profundidade de carbonatação (cm)

1 68 23,5 0,35 2 71 22,2 0,50 3 73 25,1 0,60 4 69 24,7 0,80 5 70 23,8 1,00

A realcalinização das placas foi realizada apenas com uma das soluções

estudadas, a solução tripla, já que esta foi a mesma solução empregada por Araújo (2004)

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133

em seus estudos, apresentando um valor intermediário, quanto à sua influência sobre a

resistência à compressão e à velocidade de realcalinização do concreto.

Para realcalinizar a mesma profundidade carbonatada foram necessários 21

dias, sendo a comprovação do avanço da frente de realcalinização realizada com a

utilização da timolftaleína, em virtude do seu maior pH de viragem em relação à

fenolftaleína. A Tabela 6.10 mostra os valores do avanço da profundidade de

realcalinização no concreto.

Tabela 6.10 – Resultados da profundidade de realcalinização nas placas pré-

moldadas de substrato padrão.

Semanas Profundidade de realcalinização (cm) 1 0,50 2 0,80 3 1,00

Uma vez concluída a realcalinização das placas, o próximo passo foi pintá-las

com as respectivas tintas e vernizes (Tabela 5.6 da Metodologia Experimental), para em

seguida proceder a análise de verificação da influência da realcalinização e,

consequentemente, também da carbonatação na aderência da película ou camada protetora

aplicada sobre o substrato de concreto. A Figura 6.12 ilustra as placas de substrato padrão

pintadas com cada um dos produtos utilizados. Da esquerda para a direita, respectivamente

a Tinta 1, o Verniz e a Tinta 2.

Figura 6.12 – Placas de concreto pintadas com as tintas e os vernizes utilizados nos

ensaios de aderência.

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134

O ensaio, como já mencionado, seguiu os procedimentos e as recomendações

do projeto de norma 02:115.29-008 da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), constituindo-se em uma metodologia bastante simples.

Inicialmente as placas foram preparadas (lixadas, escovadas e retiradas as

impurezas e o material pulverulento da superfície tratada) e aplicado o sistema de pintura

conforme recomendação do fabricante (número de demãos, diluição e tempo de secagem),

deixando o material secar em ambiente com troca de ar por pelo menos 7 dias (Figura

6.12). Após este período, foi determinada a área em cada placa onde seriam realizados os

cortes com auxílio de um estilete. O próximo passo foi a realização dos cortes, que

dependiam da espessura da película de tinta ou verniz aplicado. Executados os cortes com

as dimensões pré-determinadas no projeto de norma, aderiu-se uma fita adesiva própria

para o ensaio de aderência (Fita filamentosa Scotch 880) sobre a região cortada e, com o

auxílio de um instrumento (lápis com ponta de borracha por exemplo) friccionou-se a fita,

firmando-a bem sobre o substrato cortado, arrancando-a após 2 minutos da fixação, em um

único golpe rápido, contínuo e o mais próximo possível de 180°. Em seguida, classificou-

se os resultados de acordo com a porcentagem da área removida, conforme tabelas anexas

ao projeto de norma. A Figura 6.13 ilustra os materiais utilizados para a realização do

ensaio.

Figura 6.13 – Materiais empregados para a realização do ensaio de aderência.

Para o ensaio, todos os produtos (tintas e verniz) enquadraram-se dentro do

Método B do procedimento experimental (adesão por corte em grades). Seguindo-se esta

metodologia foram realizados 6 cortes paralelos na horizontal e na vertical com distância

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135

de 2 mm entre cada corte. Este número de cortes foi definido em função da espessura da

película protetora que se encontrava entre 50 e 125 µm. Em cada placa repetiu-se este

procedimento 15 vezes, totalizando 15 leituras de aderência, conforme Tabela 5.10 da

Metodologia Experimental. As Figuras 6.14 e 6.15 ilustram o procedimento anteriormente

descrito em uma das placas utilizadas no ensaio. Os dados técnicos de cada tinta e verniz

empregado no ensaio encontram-se no Anexo B da dissertação.

Figura 6.14 – Placa de concreto pintada com o verniz, com os cortes paralelos já

executados (grades), pronta para a realização do ensaio de aderência.

Figura 6.15 – Detalhe dos cortes paralelos (grades), antes da realização do ensaio de

aderência.

Os resultados de aderência encontram-se nas Tabelas 6.11 a 6.13 e estão de

acordo com projeto de norma 02:115.29-008, variando de acordo com a porcentagem da

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136

área de pintura removida, ou seja, de acordo com o destacamento das grades executadas

nas placas de concreto.

Tabela 6.11 – Resultados de aderência obtidos nas placas de referência para cada um

dos produtos utilizados.

PLACAS DE REFERÊNCIA INTERTHANE 990 - T1 N° de resultados

5 B (0 % - nenhuma) 0 4 B (menos de 5 %) 5 3 B (5 - 15 %) 8 2 B (15 - 35 %) 1 1 B (35 - 65 %) 1

Classificação Área

Removida de pintura (%)

0 B (mais que 65%) 0 INTERFINE 979 - T2 N° de resultados

5 B (0 % - nenhuma) 0 4 B (menos de 5 %) 0 3 B (5 - 15 %) 0 2 B (15 - 35 %) 4 1 B (35 - 65 %) 10

Classificação Área

Removida de pintura (%)

0 B (mais que 65%) 1 PERFECTION 909 VERNIZ - V N° de resultados

5 B (0 % - nenhuma) 5 4 B (menos de 5 %) 9 3 B (5 - 15 %) 1 2 B (15 - 35 %) 0 1 B (35 - 65 %) 0

Classificação Área

Removida de pintura (%)

0 B (mais que 65%) 0

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137

Tabela 6.12 – Resultados de aderência obtidos nas placas carbonatadas para cada um

dos produtos utilizados.

PLACAS CARBONATADAS INTERTHANE 990 - T1 N° de resultados

5 B (0 % - nenhuma) 4 4 B (menos de 5 %) 11 3 B (5 - 15 %) 0 2 B (15 - 35 %) 0 1 B (35 - 65 %) 0

Classificação Área

Removida (%)

0 B (mais que 65%) 0 INTERFINE 979 - T2 N° de resultados

5 B (0 % - nenhuma) 0 4 B (menos de 5 %) 0 3 B (5 - 15 %) 0 2 B (15 - 35 %) 11 1 B (35 - 65 %) 4

Classificação Área

Removida (%)

0 B (mais que 65%) 0 PERFECTION 909 VERNIZ - V N° de resultados

5 B (0 % - nenhuma) 4 4 B (menos de 5 %) 11 3 B (5 - 15 %) 0 2 B (15 - 35 %) 0 1 B (35 - 65 %) 0

Classificação Área

Removida (%)

0 B (mais que 65%) 0

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138

Tabela 6.13 – Resultados de aderência obtidos nas placas realcalinizadas para cada

um dos produtos utilizados.

PLACAS REALCALINIZADAS INTERTHANE 990 - T1 N° de resultados

5 B (0 % - nenhuma) 0 4 B (menos de 5 %) 2 3 B (5 - 15 %) 3 2 B (15 - 35 %) 4 1 B (35 - 65 %) 4

Classificação Área

Removida (%)

0 B (mais que 65%) 2 INTERFINE 979 - T2 N° de resultados

5 B (0 % - nenhuma) 0 4 B (menos de 5 %) 0 3 B (5 - 15 %) 0 2 B (15 - 35 %) 0 1 B (35 - 65 %) 0

Classificação Área

Removida (%)

0 B (mais que 65%) 15 PERFECTION 909 VERNIZ - V N° de resultados

5 B (0 % - nenhuma) 0 4 B (menos de 5 %) 0 3 B (5 - 15 %) 0 2 B (15 - 35 %) 0 1 B (35 - 65 %) 0

Classificação Área

Removida (%)

0 B (mais que 65%) 15

De acordo com a Tabela 6.11, em relação às placas de referência, ou seja,

placas que não sofreram nenhum tipo de tratamento (carbonatação e/ou realcalinização),

pode-se verificar que o verniz foi o que apresentou o melhor desempenho, resultando na

menor quantidade de área de pintura removida após o ensaio, seguido da tinta T1 e por

último da tinta T2. Com respeito às placas apenas carbonatadas (Tabela 6.12), o verniz e a

tinta T1 foram os que apresentaram os melhores resultados, com todos os valores situados

na faixa inferior a 5% de remoção da pintura. A tinta T2 ficou com o pior desempenho. Em

relação às placas carbonatadas e posteriormente realcalinizadas (Tabela 6.13) a tinta T1 foi

a de melhor aderência seguida pelo verniz e pela tinta T2 com igual performance.

Ao se analisar os diferentes tipos de placas de concreto (referência,

carbonatada e carbonatada e posteriormente realcalinizada), pôde-se observar que as

carbonatadas foram as que apresentaram os melhores resultados de aderência, seguido das

placas de referência e por último das que sofreram realcalinização. A partir das Tabelas

6.12 a 6.14 verifica-se que para todos os produtos utilizados (tintas e verniz), os mesmos

obtiveram melhor aderência nas placas apenas carbonatadas. Já as placas realcalinizadas,

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139

apresentaram os piores resultados de aderência, chegando nos casos da utilização da tinta

T2 e do verniz a apresentar 100% de destacamento da pintura protetora, como pode ser

observado na Figura 6.16.

(a) (b)

Figura 6.16 – Destacamento total da pintura protetora das placas realcalinizadas

quando utilizada a tinta T 2 (a) e o verniz (b).

Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que a realcalinização das

placas de concreto carbonatadas prejudicou consideravelmente a aderência das tintas e do

verniz utilizado nos ensaios, indo ao encontro dos estudos realizados pela FOSROC (sd),

que dizem que a realcalinização do concreto reduz a aderência da pintura ao substrato

realcalinizado. Neste sentido, deve-se recomendar uma limpeza com água sob pressão das

estruturas de concreto realcalinizadas, que forem pintadas após o tratamento, a fim de

remover as partículas superficiais oriundas das soluções empregadas na realcalinização,

que prejudicam a aderência das tintas e verniz, conforme observado no presente estudo.

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140

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do estudo da influência da realcalinização por absorção/difusão de

soluções alcalinas na resistência à compressão do concreto, na aderência de tintas e

vernizes e na repassivação da armadura, pode-se chegar às conclusões a seguir.

• As soluções alcalinas mostraram-se eficientes na realcalinização do

concreto. Entretanto, ao se analisar o tempo necessário para

realcalinizar 2,5 cm do concreto carbonatado, ficou evidenciado a

diferença entre os desempenhos de cada solução. A solução 2

(hidróxido de potássio) foi a mais rápida, promovendo a elevação da

alcalinidade dos corpos-de-prova em, aproximadamente 5 semanas,

seguida da solução 3 (tripla) em 8 semanas e pela solução 1 (carbonato

de sódio) em 10 semanas.

• Ao se analisar a influência da realcalinização na resistência à

compressão do concreto, observou-se que os corpos-de-prova somente

carbonatados foram os que apresentaram maiores resistências

mecânicas. Tal resultado apresentou-se dentro do esperado já que com a

carbonatação do concreto tem-se um aumento de sua impermeabilidade

e também de sua dureza e resistência superficial. Em seguida vieram os

corpos-de-prova realcalinizados, no qual os tratados com a solução 2

apresentaram os maiores valores, seguidos, respectivamente, daqueles

nos quais foram utilizadas as soluções 1 e 3. Por ultimo vieram os

corpos-de-prova de referência com resistências aproximadamente 23%

inferiores aos carbonatados e 20% inferiores aos realcalinizados.

• A realcalinização por absorção/difusão, diferentemente dos estudos

realizados por Araújo (2004), apresentou uma influência

estatisticamente significativa na propriedade de resistência à

compressão do concreto, formando dois grupos de resultados. De um

lado os corpos de prova de referência e de outro os corpos-de-prova

carbonatados e realcalinizados.

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141

• A técnica de realcalinização por absorção/difusão conseguiu

realcalinizar todo o concreto carbonatado, efeito comprovado com a

utilização do indicador químico de timolftaleína e pela verificação do

pH do concreto próximo à armadura que foi de aproximadamente 12,5

para todas as soluções estudadas.

• Após 595 dias do término da realcalinização, ainda não se obteve

resultados que comprovem a repassivação da armadura dos corpos-de-

prova, apesar da realcalinização do concreto ter ocorrido com sucesso.

• Com relação aos parâmetros eletroquímicos de densidade de corrente

de corrosão e potencial de corrosão, os corpos-de-prova realcalinizados

com a solução 2 foram os que apresentaram melhor comportamento,

pois nas mesmas condições, os corpos-de-prova realcalinizados com as

soluções 1 e 3 mostram elevados valores de densidade de corrente de

corrosão e valores bastante eletronegativos de potencial de corrosão.

• Embora a técnica de realcalinização por absorção/difusão ainda não

tenha, até o momento da defesa da dissertação, apresentado resultados

satisfatórios quanto à repassivação da armadura, o procedimento pode

perfeitamente ser utilizado como uma alternativa preventiva para se

evitar o avanço da frente de carbonatação em estruturas de concreto,

cujas armaduras ainda não foram despassivadas.

• Com relação à influência da realcalinização por absorção/difusão de

soluções alcalinas na aderência de tintas e vernizes, analisando-se os

diferentes tipos de placas de concreto (referência, carbonatada e

carbonatada e posteriormente realcalinizada), pode-se observar que as

carbonatadas foram as que apresentaram os melhores resultados de

aderência, seguido das placas de referência e por último das que

sofreram realcalinização. Dessa forma, os ensaios mostraram que a

realcalinização prejudicou em muito os resultados de aderência,

chegando, em alguns casos, a apresentar 100% de destacamento da

pintura protetora.

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142

Apesar dos avanços obtidos nesta dissertação em relação à técnica de

realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas, ainda existem aspectos que

necessitam ser melhor estudados e desenvolvidos, no intuito de tornar esta metodologia

mais eficiente na reabilitação de estruturas carbonatadas e prática quando utilizada em

casos reais.

7.1. SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

Com o objetivo de viabilizar a aplicabilidade prática da técnica de

realcalinização por absorção/difusão de soluções alcalinas, segue abaixo algumas sugestões

para a realização de trabalhos futuros dentro desta linha de pesquisa.

• Seguir medindo os parâmetros eletroquímicos de densidade de corrente

de corrosão e potencial de corrosão, além da resistividade e da

resistência ôhmica dos corpos-de-prova realcalinizados com a solução

2, a fim de confirmar a tendência de repassivação apresentada pelas

suas armaduras.

• Estudo da concentração ideal das soluções alcalinas a serem utilizadas

na realcalinização.

• Estudo de mecanismos de aplicação das soluções alcalinas que

possibilitem o seu emprego em estruturas reais.

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154

INFLUÊNCIA DA REALCALINIZAÇÃO POR MEIO DA ABSORÇÃO/DIFUSÃO

DE SOLUÇÕES ALCALINAS NA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO

CONCRETO, NA ADERÊNCIA DE TINTAS E VERNIZES E NA

REPASSIVAÇÃO DA ARMADURA.

RODRIGO RESENDE DE SÁ

Dissertação de mestrado defendida e aprovada em 04 de agosto de 2006, pela banca

examinadora constituída pelos professores:

_____________________________________________

Enio José Pazini Figueiredo, Dr. (UFG)

(ORIENTADOR)

_____________________________________________

Edgar Bacarji, Dr. (UFG)

(EXAMINADOR INTERNO)

_____________________________________________

João Henrique da Silva Rêgo, Dr. (UFG - DCR)

(EXAMINADOR INTERNO)

_____________________________________________

Antônio Alberto Nepomuceno, Dr. (UnB)

(EXAMINADOR EXTERNO)

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