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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO GABRIELA RODRIGUES BARBOSA Astrovírus humanos clássicos em amostras fecais de crianças atendidas em um hospital de Goiânia, Goiás Goiânia 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA

RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO

GABRIELA RODRIGUES BARBOSA

Astrovírus humanos clássicos em amostras fecais de crianças

atendidas em um hospital de Goiânia, Goiás

Goiânia

2019

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GABRIELA RODRIGUES BARBOSA

Astrovírus humanos clássicos em amostras fecais de crianças

atendidas em um hospital de Goiânia, Goiás

Dissertação de Mestrado apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Biologia

da Relação Parasito-Hospedeiro da

Universidade Federal de Goiás para

obtenção do Título de Mestre.

Orientadora: Dra Menira Borges Lima

Dias e Souza

Goiânia

2019

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através doPrograma de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.

CDU 578

Barbosa, Gabriela Rodrigues Astrovírus humanos clássicos em amostras fecais de criançasatendidas em um hospital de Goiânia, Goiás [manuscrito] / GabrielaRodrigues Barbosa. - 2019. 56 f.: il.

Orientador: Profa. Dra. Menira Borges Lima Dias e Souza. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Institutode Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP), Programa de PósGraduação em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro, Goiânia, 2019. Bibliografia. Anexos.

1. Astrovírus humanos clássicos. 2. PCR em tempo real. 3.Ggastroenterite. 4. Assintomáticos. 5. Crianças. I. Souza, MeniraBorges Lima Dias e, orient. II. Título.

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Programa de Pós-Graduação em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro da

Universidade Federal de Goiás

BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Aluno (a): Gabriela Rodrigues Barbosa

Orientador (a): Menira Borges Lima Dias e Souza

Membros:

1. Profª. Drª. Menira Borges Lima Dias e Souza

2. Profª. Drª. Fabíola Souza Fiaccadori

3. Profª. Drª. Carmen Baur

Data: 23/04/2019

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AGRADECIMENTOS

Eu busco ser uma pessoa grata em todos os momentos da minha vida. Acredito

que nada acontece em vão e as pessoas não entram na vida das outras por acaso. Tudo

faz parte de um plano maior, com o objetivo de nos ensinar e transformar a cada etapa.

O arquiteto deste plano maior é Deus, a quem eu amo e agradeço pelo meu

respirar, todos os dias. Sem Ele, eu nada sou. Como Ele me ama demais, me deu um pai

e uma mãe que me apoiam incondicionalmente, mesmo que as minhas ideias não sejam

as melhores. Eles confiam em mim bem mais do que eu mesma. Deus me deu também

duas irmãs e um sobrinho, o Davi, que arranca de mim os melhores sorrisos. À essa

família incrível, meu muito obrigada!!

Eu não estaria defendendo minha dissertação se não fosse um conjunto de

pessoas, que foram responsáveis por me ensinar, incentivar, insistir e confiar em mim.

A principal delas, a minha professora e orientadora Dra Menira Souza. Eu apareci do

“nada” no laboratório e fui adotada. Eu quero dizer que você me inspira! Obrigada pela

oportunidade e pelo carinho. A sua dedicação ao que faz se reflete em mim.

Precisaria de muitas páginas para agradecer a Nathânia, que além de me ensinar

a “colocar a mão na massa”, tornou-se uma amiga. Muito obrigada por cada mania que

você colocou em mim, por me fazer pensar fora da caixa e por “cortar o nosso cordão

umbilical” de maneira muito oportuna.

Agradeço a Dra Fernanda Franco, por me socorrer sempre que precisei, mesmo

quando eu nem sabia muito bem o que eu estava perguntando. Quanta paciência! Muito

obrigada mesmo!! Aprendi muito com você!!

Às professoras Fabiola Fiaccadori e Marcelle Figueira por serem tão humanas e

tão atenciosas, sempre solícitas a sanar minhas dúvidas. Obrigada por contribuírem para

este trabalho.

Aos meus colegas e amigos que conheci no laboratório LABVICC e convivi ao

longo destes dois anos: Deborah, Pedro, Amanda, Brunno, Izabela, Juliana, Lucélia,

Thaís, Paulo, João Paulo, e Géssika. Muito obrigada por me aguentarem, pelas risadas e

por compartilharem momentos tão bons comigo.

Aos meus amigos pessoais Isaú Noronha por me fazer sentir a melhor pessoa do

mundo quando eu estou mal; Jônatas por se preocupar tanto comigo; Timothy Wagoner,

que mesmo de longe se faz presente; Verônica Zulian; por compartilhar insanidades,

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Carlos Henrique por toda atenção e carinho e Henrique Ramos, por me trazer à

realidade e me ouvir incansavelmente. Muito obrigada a cada um de vocês.

Ao professor André Kipnis, do Laboratório de Bacteriologia Molecular, pela ajuda

no desenvolvimento deste trabalho.

Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro

(PPGBRPH) pela oportunidade.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

bolsa concedida.

À todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste

trabalho: meu muito obrigada!

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ vi

LISTA DE QUADROS .............................................................................................. vi

LISTA DE TABELAS................................................................................................ vi

LISTA DE ANEXOS ................................................................................................. vi

LISTA DE SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS ......................................... vii

RESUMO ................................................................................................................... ix

ABSTRACT ................................................................................................................ x

1. INTRODUÇÃO – REVISÃO DA LITERATURA ............................................. 1

1.1. BREVE HISTÓRICO .......................................................................................... 1

1.2. PROPRIEDADES GERAIS ................................................................................ 2

1.2.1. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS, GENÔMICAS E

PROTEICAS ........................................................................................................... 2

1.2.2. CLASSIFICAÇÃO .................................................................................... 4

1.3. ASPECTOS DO CICLO REPLICATIVO DOS ASTROVÍRUS ...................... 6

1.4. PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ............................................. 8

1.5. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ................................................................ 10

1.6. EPIDEMIOLOGIA............................................................................................ 11

1.7. TRATAMENTO, PREVENÇÃO E CONTROLE ........................................... 15

2. JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 17

3. OBJETIVOS GERAIS....................................................................................... 18

3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 18

4. METODOLOGIA .............................................................................................. 19

4.1. LOCAL DE ESTUDO ....................................................................................... 19

4.2. DELINEAMENTO E POPULAÇÃO DE ESTUDO ........................................ 19

4.3. COLETA E PREPARO DAS AMOSTRAS FECAIS ...................................... 20

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4.4. DETECÇÃO E DETERMINAÇÃO DA CARGA VIRAL DE HASTV .......... 21

4.4.1. PLASMÍDEO PARA REALIZAÇÃO DO ENSAIO DE RT-qPCR

TAQMAN ............................................................................................................... 21

4.5. CURVA PADRÃO PARA O ENSAIO DE RT-qPCR PARA HASTV ............ 22

4.6. DETERMINAÇÃO DA CARGA VIRAL DE HASTV NAS AMOSTRAS

CLÍNICAS POR RT-qPCR ...................................................................................... 24

4.7. SEQUENCIAMENTO GENÔMICO E ANÁLISE FILOGENÉTICA DAS

AMOSTRAS POSITIVAS PARA HASTV .............................................................. 24

4.8. ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................ 25

5. RESULTADOS .................................................................................................. 26

6. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 31

7. CONCLUSÃO .................................................................................................... 36

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 37

9. ANEXOS ............................................................................................................ 50

Anexo 1 – Parecer do Comitê de Ética ................................................................. 50

Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ...................... 54

Anexo 3 – Ficha de Investigação Clínica .............................................................. 58

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vi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: (A) Micrografia eletrônica da partícula de astrovírus (AstV). (B)

Representação esquemática da partícula viral ..................................................................3

Figura 2: Representação do genoma de HAstV.................................................................4

Figura 3 : Classificação proposta pelo Astrovírus Study Group. ..................................... 5

Figura 4 : Ciclo replicativo dos HAstV esquematizado. ................................................. 8

Figura 5 : Delineamento do estudo. .................................................................................20

Figura 6: Padronização da curva padrão para Taqman RT-qPCR ........................................23

Figura 7: Análise filogenética da sequência parcial do capsídeo de HAstV.........................28

Figura 8: Análise filogenética das linhagens de HAstV-1.....................................................29

Figura 9: Análise filogenética das linhagens de HAstV-4.....................................................30

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Estudos sobre a pesquisa de astrovírus humanos em diferentes países do

mundo............................................................................................................................. .14

Quadro 2: Iniciadores utilizados para a amplificação do inserto do plasmídeo tendo

como região alvo a RLA2....................................................................................................21

Quadro 3: Iniciadores utilizados para o protocolo de RT-qPCR.....................................23

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características da população de estudo...........................................................26

Tabela 2: Análise univariada das características gerais das crianças em relação a

positividade global para astrovírus humanos...................................................................27

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1: Parecer do Comitê de Ética..............................................................................49

Anexo 2: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)...................................53

Anexo 3: Ficha de investigação clínica...........................................................................57

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vii

LISTA DE SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

μL Microlitro

μM Micromolar

χ2 Qui-quadrado

AsT astrovírus

Ct Cycle Threshold

CaCo2 células de adenocarcinoma humano

CDC Centers for Disease Control and Prevention

cDNA complementary DNA

CG cópias genômicas

dNTP Desoxirribonucleotídeo Trifosfato

DO Densidade óptica

dTTP Desoxirribonucleotídeo Timina Trifosfato

ELISA Enzyme Linked Immunosorbent Assay

EIA Ensaio Imunoenzimático

FAM corante reporter 6-carboxifluoresceína

GEA gastroenterite aguda

HAstV astrovírus humanos clássicos

HEK Human Embryonic Kidney 293 cells

HIV vírus da imunodeficência humana

HMI Hospital Materno Infantil

HMO Human-mink-ovine

ICTV International Committee on Taxonomy of Viruses

IEM imunomicroscopia eletrônica

IPTG Isopropil β-D-1-tiogalactopiranosideo

IPTSP Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública

Kb Quilobases

KCl cloreto de potássio

kD Quilodaltons

LB Meio de cultura Luria Bertani

MLB Melbourne

ME Microscopia eletrônica

mg Miligramas

MgCl2 cloreto de magnésio

mL Mililitro

mM Milimolar

ng nanograma

nm Nanômetro

NoV norovírus

NS non-structural

Nt nucleotídeo

pb Pares de bases

PBS Tampão Fosfato Salino

PCR Polymerase chain reaction

R coeficiente de correlação

RdRp RNA-dependent RNA polymerase

RE Retículo endoplasmático

RLA região de leitura aberta

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viii

RT-PCR reação em cadeia pela polimerase pós-transcrição reversa

RT-qPCR reação em cadeia pela polimerase pós-transcrição reversa em tempo real

sgRNA RNA subgenômico

TBE Tampão Tris/Borato/EDTA

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UFG Universidade Federal de Goiás

UV Luz Ultravioleta

UTR Untranslated Region

VA Virginia

VLP virus - like particle

VPg viral protein genome-linked

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ix

RESUMO

Os astrovírus humanos clássicos são classificados na família Astroviridae, gênero

Mamastrovirus, sendo ainda classificados em oito genótipos (HAstV 1-8). Estes vírus

são considerados importantes agentes da gastroenterite aguda (GEA) não bacteriana,

podendo infectar indivíduos de todas as faixas etárias, sendo predominante em crianças

de até cinco anos de idade. Os objetivos deste estudo foram avaliar a ocorrência e

estimar a carga viral de astrovírus humanos clássicos e realizar a caracterização

molecular das amostras positivas à partir de amostras de fezes, obtidas de crianças de

até seis anos com sintomas de gastrenterite aguda (vômito e/ou diarreia, com ou sem

dores abdominais, com ou sem febre). Para tal foi utilizada reação em cadeia pela

polimerase pós-transcrição reversa em tempo real (RT-qPCR), com curva padrão de

plasmídeo recombinante e sondas e iniciadores específicos para a região RLA2 do

genoma de HAstV, seguida de sequenciamento genômico e análise filogenética das

amostras positivas. Foram obtidas amostras fecais de 250 crianças atendidas em um

hospital de referência ao atendimento pediátrico em Goiânia, no período de maio de

2014 a abril de 2015. Foi observado um índice de positividade global de 3,2% (8/250)

para HAstV nas fezes, sendo que destas crianças positivas, 50% (4/8) apresentavam

sintomas de GEA. A carga viral variou de 2,8x 105 CG/mL a 1,6x1011 CG/mL, com

média de 2,39x1010. Foi realizada a caracterização molecular das amostras positivas, das

quais quatro foram sequenciadas, sendo classificadas duas HAstV-1, linhagem 1-a e

duas HAstV-4, linhagem 4-c. A maior detecção ocorreu no mês de maio (5/8), não

sendo observado padrão de circulação definido em relação às estações seca e chuvosa.

Os dados obtidos neste estudo vêm a contribuir para o melhor entendimento da

epidemiologia molecular destes agentes na população infantil da região.

Palavras-chave: Astrovírus humanos clássicos; RT-PCR em tempo real; gastroenterite;

crianças assintomáticas

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x

ABSTRACT

Classical human astroviruses are classified into the family Astroviridae, genus

Mamastrovirus, and are further classified into eight serotypes / genotypes (HAstV 1-8).

These viruses are considered important agents of non-bacterial acute gastroenteritis

(GEA), and can infect individuals of all age groups, being predominant in children up to

five years of age. The objectives of this study were to evaluate the occurrence and

estimate the viral load of classical human astrovirus, and to perform molecular

characterization of positive samples from faecal samples obtained from children up to

six years of age with symptoms of acute gastroenteritis (vomiting and / or diarrhea, with

or without abdominal pain, with or without fever). For this real-time reverse

transcription polymerase chain reaction (RT-qPCR)with standard recombinant plasmid

curve and specific probes and primers specific for RLA2 genomic region were used,

followed by genomic sequencing and phylogenetic analysis of the positive samples.

Fecal samples were obtained from 250 children attended at a referral hospital in Goiânia

from May 2014 to April 2015. A global positivity index of 3.2% (8/250) was observed

for HAstV in the feces, and of these positive children, 50% (4/8) presented symptoms of

GEA. The viral load ranged from 2.8x105 CG / mL to 1.6x1011 CG / mL, with an

average of 2.39x1010. The molecular characterization of the positive samples was

performed, of which four were sequenced, two as HAstV-1, 1-a lineage and two as

HAstV-4, 4-c lineage. The highest detection occurred in the month of May (5/8), and no

defined circulation pattern was observed in relation to dry and rainy seasons. The data

obtained in this study contributes to a better understanding of the molecular

epidemiology of these agents in the children of the region.

Keywords: Classical human astroviruses; Real time PCR; gastroenteritis; asymptomatic

children

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1

1. INTRODUÇÃO – REVISÃO DA LITERATURA

1.1. BREVE HISTÓRICO

Em 1975, Appleton e Higgins reportaram a presença de partículas virais, pequenas e

esféricas de 28 a 30 nm de diâmetro, visualizadas por microscopia eletrônica (ME) a partir de

amostras fecais de crianças acometidas por um surto de gastroenterite aguda (GEA) em uma

maternidade no sul da Inglaterra (Appleton & Higgins 1975). Madeley e Cosgrove, no mesmo

ano, analisaram, por ME amostras de fezes de crianças com quadro de GEA admitidas em um

hospital em Glaslow, na Escócia, e visualizaram partículas virais semelhantes às descritas por

Appleton e Higgins. As partículas, que tinham cinco ou seis projeções em suas extremidades,

semelhantes a uma estrela, foram então denominadas de Astrovírus (astron, estrela em Grego)

(Madeley & Cosgrove 1975).

Lee e Kurtz, em 1981, realizaram o cultivo e isolamento de astrovírus (AstV) em

células de rim de embrião humano (HEK) na presença de tripsina, a partir de amostras fecais

obtidas de um voluntário previamente infectado (Lee & Kurtz 1981). Em 1984, utilizando

técnicas de imunofluorescência direta e microscopia eletrônica, foram identificados cinco

sorotipos de astrovírus humanos (HAstV1-5) (Lee & Kurtz 1984). Estes estudos contribuíram

também para o desenvolvimento de um ensaio imunoenzimático para detecção de antígeno

viral, permitindo o diagnóstico laboratorial de HAstV e confirmando sua importância médica

(Herrmann et al. 1990).

Outros dois sorotipos de astrovírus (HAstV 6 e 7) foram identificados na região de

Oxford, na Inglaterra, em fezes de crianças que apresentavam diarreia, nos anos de 1989 e

1991, respectivamente (Lee & Kurtz 1994). A partir do desenvolvimento das técnicas

moleculares, algumas amostras de astrovírus conhecidamente positivas foram cultivadas em

células CaCO2 (células de adenocarcinoma humano), submetidas à reação em cadeia da

polimerase pós transcrição reversa (RT-PCR) e posteriormente à análise filogenética, o que

resultou na identificação de um novo sorotipo (HAstV-8) (Belliot et al. 1997).

Até o ano de 2008, acreditava-se que as infecções por astrovírus humanos (HAstV)

eram decorrentes de infecções por apenas oito sorotipos/genótipos já identificados, os quais

são conhecidos como astrovírus humanos clássicos (Finkbeiner et al. 2008a). Por meio de

análise metagenômica, foram identificados dois novos grupos de astrovírus capazes de

infectar várias espécies de animais, inclusive humanos, sendo estes denominados astrovírus

não clássicos. O primeiro astrovírus não clássico foi isolado a partir de uma amostra de fezes

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2

de uma criança que apresentava diarreia, em Melbourne, na Austrália, sendo denominado

HAstV-MLB 1. Outras duas estirpes de MLB (HAstV-MLB-2 e MLB-3) foram identificadas

em fezes de crianças na Índia (Finkbeiner et al. 2008b).

Em 2009, um segundo grupo de astrovírus não clássicos foi descrito em amostras de

crianças com diarreia em Virginia (VA), sendo assim denominados HAstV-VA (Finkbeiner et

al. 2009c). Outras estirpes de HAstV-VA ou HMO como também são chamados (HMO do

inglês, human mink ovine-like ) foram identificadas e compreendem VA-1/HMO-C, VA-

2/HMO-A VA-3/HMO-B descritas na Nigéria, Paquistão, Índia, Estados Unidos, China e

Egito (Kapoor et al. 2009). Em 2013, o AstV-V4 foi descrito no Nepal a partir de duas

amostras de fezes de crianças com diarreia (Jiang et al. 2013) e em 2015, na Gambia, o AstV-

V5 foi estabelecido como variante de astrovírus não clássicos (Meyer et al. 2015).

1.2. PROPRIEDADES GERAIS

1.2.1. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS, GENÔMICAS E

PROTEICAS

Os AstV são vírus esféricos, não envelopados e diâmetro de 28 a 30 nm. A partícula

viral é constituída por um capsídeo icosaédrico que apresenta de cinco a seis pontas que se

assemelham a uma estrela (Figura 1) (Madeley & Cosgrove 1975), composto por proteínas

estruturais que variam de 70 a 90 kd (Arias & Dubois 2017).

O genoma viral é composto por uma fita simples de RNA (fsRNA) de polaridade

positiva, com extensão de aproximadamente 7000 nucleotídeos, excluindo a cauda

poliadenilada na extremidade 3’. O genoma viral é constituído por duas regiões não

traduzidas (UTR, do inglês Untranslated Region), nas extremidades 5’ e 3’, flanqueando três

regiões de leitura aberta (RLA) que apresentam comprimentos diferentes, dependendo da

variante de AstV isolada ( Figura 2) (Willcocks 1993).

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As RLAs1a e 1b estão localizadas na extremidade 5’ e codificam proteínas não

estruturais (nsPs, do inglês Nonstructural Proteins). A RLA1a codifica nsP1a, que é

processada a serina protease e proteína ligada ao genoma (VPg), enquanto RLA1b, codifica

nsP1ab uma RNA-polimerase RNA-dependente (RdRp), as quais estão relacionadas com a

transcrição e a replicação viral (Lewis et al. 1994; Guix et al. 2005).

Comparando o genoma dos astrovírus com outros vírus RNA de polaridade positiva,

por meio de análise filogenética, identificou-se a presença de uma região codificante para a

proteína ligada ao genoma (VPg, do inglês Virus-protein genome linked). Apesar da síntese de

VPgs em AstV não serem totalmente elucidadas, a remoção da VPg por tratamento

proteolítico do RNA viral inibe a infecciosidade do vírus, sugerindo que a VPg atue no

recrutamento de fatores iniciadores de tradução, como nos calicivírus (Fuentes et al. 2012).

A maior variabilidade do genoma dos astrovírus é encontrada na RLA2, a qual

codifica poliproteínas estruturais, que são expressas a partir de um RNA subgenômico

(RNAsg). A RLA2 está localizada na extremidade 3’ e codifica a proteína precursora do

capsídeo VP90, que possui um domínio N-terminal altamente conservado e um domínio C-

terminal hipervariável (Toh et al. 2016).

A VP90 sofre clivagem por caspases, gerando a proteína VP70, essencial para a

liberação das partículas virais das células. Na presença de tripsina, VP70 produz três produtos

finais: VP34, que forma o core do capsídeo e contém o domínio conservado; VP25 e VP27,

que contêm o domínio variável, os quais formam a partícula viral infecciosa, mediam a

A

B

Figura 1 (A) Micrografia eletrônica da partícula de astrovírus (AstV) (Guimarães

2007). (B) Representação esquemática da partícula viral (Dryden et al. 2012), com

adaptações.

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4

ligação do vírus com os receptores da superfície celular e possuem epítopos que são

reconhecidos por anticorpos neutralizantes (Bass & Qiu 2000; Wang et al. 2001). Estudos

realizados com anticorpos monoclonais concluíram que anticorpos reconhecem as proteínas

VP25 e VP27, neutralizando a infectividade das partículas virais, provavelmente bloqueando

a ligação destas com as células do hospedeiro (Bass & Upadhyayula 1997; Arias & Dubois

2017).

1.2.2. CLASSIFICAÇÃO

A família Astroviridae, que hoje pertence ao recém-criado reino Riboviria, foi

estabelecida pelo ICTV (do inglês, International Committee for Taxonomy of Viruses ),

composta apenas pelo gênero Astrovirus, com base na morfologia do vírus e na espécie do

hospedeiro infectado (ICTV 2018; Murphy et al. 1995). Sendo assim, dois gêneros

Mamastrovirus (MAstV) e Avastrovirus (AAstV) foram estabelecidos, de acordo com a

espécie do hospedeiro infectado, sendo estas mamíferos e aves, respectivamente (Griffin et al.

2004). A classificação atual do ICTV reconhece 19 espécies de MastV e 3 espécies de AastV.

Os astrovírus clássicos (1-8) pertencem a Mamastrovirus 1 e compartilham de 63% a 84% de

similaridade na sequência de aminoácidos de RLA 2 (Vu et al. 2017).

Figura 2 Representação do genoma de HAstV (Mendez & Arias 2013), com

modificações.

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5

Apesar de terem sido isolados primeiramente em amostras fecais de humanos, os AstV

têm sido identificados em fezes de uma grande variedade de outros mamíferos como gatos

(feline astrovírus - FeAstV) (Hoshino et al. 1981), cães ( canine astrovírus - CaAstV) (Castro

et al. 2013), porcos (porcine astrovírus - PAstV) (Bridjer 1980), ovelhas ( ovine astrovírus -

OAstV) (Jonassen et al. 2003), morcegos (bat astrovírus - BAstV) (Chu et al. 2008), animais

aquáticos, (Chu et al. 2012) e aves (Donato & Vijaykrishna 2017).

Com a caracterização molecular de sequências de nucleotídeos, notou-se que alguns

AstV que infectavam diferentes espécies de animais apresentavam maior semelhança genética

entre si do que isolados de uma mesma espécie. Os astrovírus não-clássicos (MLB e VA), por

exemplo, são geneticamente muito divergentes dos astrovírus clássicos e suas estirpes são

mais próximas às de outros animais como ovelhas e visons do que de humanos (Kapoor et al.

2009).

Sendo assim, os AstV foram ainda classificados em genogrupo I e o genogrupo II.

Cada genogrupo inclui os astrovírus que infectam diferentes espécies hospedeiras, e pode ser

subdividido de acordo com a sequência genômica e análise filogenética da região completa do

capsídeo (ICTV 2018). Os HAstV clássicos (genótipo 1-8), por exemplo, pertencem ao

genogrupo I, enquanto os não-clássicos pertecem ao genogrupo II (Figura 3) (Schultz-Cherry

2013).

Figura 3: Classificação proposta pelo Astrovírus Study Group, 9th Report ICTV,

2012. Fonte: https://talk.ictvonline.org/ictv-reports/ictv_9th_report, com adaptações.

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6

Dentro da classificação em genótipo, a caraterização molecular permite ainda a divisão

em diferentes linhagens, a partir de 93% a 95% de identidade nucleotídica da RLA2. Sendo

assim, HAstV-1, possui seis linhagens (1a a 1f), HAstV-2 (2a a 2d), HAstV-3 (3a e 3b),

HAstV-4 (4a a 4c), HAstV-5 (5a a 5c), e HAstV-6 (6a e 6b) (Donato & Vijaykrishna 2017;

Vu et al. 2017).

1.3. ASPECTOS DO CICLO REPLICATIVO DOS ASTROVÍRUS

As interações iniciais do HAstV e o seu receptor putativo nas células do hospedeiro

não são totalmente estabelecidas (Arias & Dubois 2017). Acredita-se que pela suscetibilidade

a diferentes linhagens celulares dependendo do genótipo, os HAstV tenham mais de um

receptor, podendo estes serem comuns a todos os HAstV (Schultz-Cherry 2013).

Pouco se sabe sobre o mecanismo utilizado pelos HAstV para entrar na célula do

hospedeiro. Estudos realizados com linhagem celular permissiva aos HAstV, de células de

adenocarcinoma de cólon humano (CaCo-2), confirmaram observações feitas anteriormente

com células HEK, que indicavam que HAstV utilizam de uma cascata de sinalização que

desencadeia a endocitose mediada pela clatrina como mecanismo de entrada nas células. O

mesmo estudo concluiu que drogas que inibem a endocitose mediada pela clatrina podem

diminuir a infectividade do HAstV. Além disso, a liberação do vírus no interior da célula

depende da acidificação dos endossomos, para que assim, ocorra a permeabilização da

membrana e o conseguinte desnudamento, o qual se estima que ocorra em aproximadamente

130 minutos após a adsorção das partículas virais às células alvo (Mendez et al. 2014).

Foi demonstrado um aumento da permeabilidade da membrana de células CaCo-2 em

culturas monocamada quando tratadas com partículas virais infectantes e também com o vírus

inativado ou partículas virus-like purificadas (VLPs), indicando que a indução da

permeabilidade por AstVs depende apenas da ligação de partículas virais às células (Moser et

al. 2007).

A interação dos astrovírus com as células do hospedeiro resulta na ativação da cascata

de sinalização de ERK1/2 (do inglês, extracellular signal-regulated kinase), que é necessária

para que a infecção seja estabelecida. Apesar de o mecanismo de ativação da sinalização não

ser elucidado, a inibição de ERK1/2 bloqueia a síntese de proteínas virais e do RNA viral

(Moser & Schultz-Cherry 2008).

A proteína VPg tem papel importante na infectividade dos AstV após o desnudamento.

A remoção da VPg após tratamento proteolítico do RNA viral interrompe o ciclo replicativo

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do vírus, indicando que esta proteína atua no recrutamento celular de fatores iniciais na

tradução, semelhante ao que acontece com os calicivírus (Fuentes et al. 2012). Duas proteínas

não estruturais são traduzidas a partir do RNA genômico ligado à VPg: nsP1a e nsP1ab,

posteriormente clivadas por serinas proteases virais e celulares, produzindo assim, proteínas

não estruturais individuais, dentre elas proteases e a RNA polimerase viral. A tradução da

RdRp ocorre por meio de um mecanismo de frameshifting ribossomal na região de

sobreposição das RLAs1a e 1b (Bosch et al. 2014).

A síntese do RNA dos astrovírus não é amplamente esclarecida. A partir da estrutura e

da organização do genoma, pode-se inferir que estes utilizam estratégias similares às dos

alphavirus para replicar e transcrever o seu genoma (Fuentes et al. 2011). Sendo assim,

acredita-se que um RNAg seja utilizado como molde para a produção de um RNA de

comprimento completo (full-lenght) de polaridade negativa e que este sirva de molde para a

síntese de ambos RNA genômico e outro subgenômico de polaridade positiva (Kiang &

Matsui 2002; Murillo et al. 2015).

As proteínas estruturais dos HAstV, codificadas pela RLA2, são sintetizadas a partir

do RNA subgenômico como um precursor da poliproteína VP90, por um mecanismo que

provavelmente envolve a extremidade 5’ de VPg (Arias & Dubois 2017). O modelo aceito

atualmente para explicar a morfogênese dos HAstV sugere que a VP90 atue na montagem de

vírions imaturos associados a membranas intracelulares e que várias caspases clivem a VP90

assim que elas são dissociadas das membranas, resultando no capsídeo viral, composto pela

VP70 (Dryden et al. 2012; Bosch et al. 2014). Várias caspases são ativadas em células

infectadas por HAstV, mas ainda não é totalmente elucidado quais delas participam da

clivagem de VP90. Um estudo com células CaCo2 infectadas por HAstV demonstrou que as

Casp 3, Casp 4 e Casp 9 estão envolvidas na clivagem de VP90 em células infectadas

(Banos-Lara & Méndez 2010; Schultz-Cherry 2013). O processamento de VP90 em VP70 é

necessário para que o vírus saia da célula e a liberação de partículas de VP70 ocorre sem que

haja lise celular (Banos-Lara & Méndez 2010; Bosch et al. 2014).

As partículas virais contendo VP70 sofrem então ação da tripsina, presente no lúmen

intestinal (Méndez et al. 2004; Schultz-Cherry 2013). A infectividade por HAstV é aumentada

pela tripsina durante a infecção in vitro. Na presença de tripsina, ocorre a clivagem da

proteína VP70 do capsídeo em três produtos finais VP34, VP 25, VP27, bem como mudanças

conformacionais na estrutura da partícula viral (Figura 4). Apesar de estabelecidos os

produtos desta clivagem, o mecanismo pelo qual ela aumenta a infectividade dos HAstV

ainda é desconhecido (Bass & Qiu 2000; Arias & Dubois 2017).

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1.4. PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Os astrovírus clássicos são importantes agentes etiológicos de GEA não bacteriana em

crianças em todo o mundo, sendo mais frequente em crianças de até dois anos de idade, com

casos reportados também entre idosos, imunocomprometidos e adultos saudáveis (Bosch et al.

2014).

Os HAstV são transmitidos principalmente pela via fecal-oral pelo consumo de água

ou alimentos contaminados, contato com fômites e ainda por contato pessoa-pessoa, muitas

vezes relacionadas a surtos de HAstV em locais semi fechados e com aglomeração de pessoas

como creches, hospitais, enfermarias, escolas, dependências militares, navios (Vu et al. 2017).

Figura 4: Ciclo replicativo dos HAstV esquematizado. Após ligação com os receptores

celulares, forma-se endossoma dependente da via da clatrina. Duas proteínas não

estruturais (nsP1a e nsP1ab) são traduzidas a partir de VPg. RNA subgenômicos são

produzidos e usados para a expressão da proteína do capsídeo (VP90), que sofre ação das

caspases e resulta em VP70, ainda uma partícula imatura. A liberação de VP70 ocorre

sem lise celular, (Mendez & Arias 2013) com adaptações.

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Nos casos sintomáticos, o principal sintoma é diarreia aquosa, normalmente com

duração de dois a três dias, seguida de vômito, que podem ser acompanhadas ou não de febre,

anorexia e dor abdominal (Mendez & Arias 2013). No entanto, muitos casos de infecção por

HAstV em crianças e adultos saudáveis tendem a ser assintomáticos. A excreção de HAstV

por indivíduos assintomáticos, amplia a sua transmissibilidade (Maldonado et al. 1998; Vu et

al. 2017).

Estudos realizados com adultos voluntários e surtos de GEA em hospitais infantis

estimam que o período de incubação seja de três a quatro dias, em média, e que o maior

número de partículas virais seja excretado no sexto dia após a infecção, sendo proporcional à

duração da doença. Um período menor de incubação, de 24 a 36 horas, foi relatado durante

um surto de GEA em uma escola infantil no Japão (Konno et al. 1982; Lee et al. 2013).

Dados sobre a associação entre genótipos de HAstV e carga viral, bem como a

severidade da doença, são escassos. Em um estudo onde a carga viral dos genótipos 1, 2, 3 e 4

e 8 foi avaliada, a excreção variou de 3,4 x 108 a 1,0 x 1013 por grama de fezes, sendo que o

genótipo 3 apresentou os maiores títulos virais, bem como levou à diarreia crônica (Caballero

et al. 2003).

Os casos de coinfecção de HAstV com rotavírus e calicivírus dificultam a avaliação

dos sintomas clínicos. De modo geral, a diarreia causada por HAstV é mais branda do que a

causada por norovírus, e, normalmente, evolui para cura espontânea (Lee et al. 2013). Os

vômitos também se mostram menos frequentes em infecções por astrovírus do que as que os

rotavírus e calicivírus estão envolvidos (Vu et al. 2017).

Apesar dos HAstV serem conhecidos como um dos principais agentes causadores de

GEA em crianças, o conhecimento sobre a patogênese é limitado, principalmente pela

ausência de um modelo animal para estudo ideal (Bosch et al. 2014).Existe apenas um caso

reportado na literatura descrevendo aspectos histopatológicos do intestino delgado a partir de

biópsias obtidas de uma criança que apresentava diarreia persistente por HAstV após

transplante de medula óssea. Este caso demonstrou que a infecção por astrovírus se manteve

limitada ao intestino delgado. Os principais achados desse caso foram mudança

conformacional das vilosidades, superfície irregular das células epiteliais e aumento na

densidade celular por inflamação da lâmina própria (Sebire et al. 2004; Schultz-Cherry 2013).

O mecanismo pelo qual os HAstV causam a diarreia não é totalmente elucidado.

Acredita-se que o aumento na permeabilidade da barreira intestinal resulte no aumento da

secreção de fluidos no lúmen intestinal, provavelmente pela interação de proteínas do

capsídeo e a superfície das células do hospedeiro. Aparentemente, este processo ocorre

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independente da replicação, sugerindo que as proteínas do capsídeo atuem como enterotoxina

(Moser et al. 2007). A perda de fluidos e eletrólitos que acompanha as infecções ocorre

provavelmente como resultado da inibição da função usual de absorção do intestino e ativação

de processos secretórios (Bosch et al. 2014).

1.5. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O diagnóstico laboratorial da infecção por astrovírus pode ser feito a partir da detecção

de partículas ou do genoma viral em amostras clínicas, como fezes e swabs retais (Bosch et al.

2014). Os primeiros estudos envolvendo astrovírus utilizavam como método de detecção a

microscopia eletrônica (Apleton & Higgins 1975) e a imunoeletromicroscopia eletrônica

(IEM) que utiliza soros hiperimunes ou anticorpos específicos, facilitando a identificação do

vírus em casos de baixa carga viral, pois aumenta a sensibilidade do teste (Noel & Cubitt

1994; Murillo et al. 2015).

Os ensaios imunoenzimáticos (EIA) foram posteriormente desenvolvidos para a

detecção e também tipagem dos HAstV. Em 1990, foi desenvolvido um EIA com anticorpos

monoclonais, específicos para o domínio conservado da proteína do capsídeo dos HAstV 1-8

(resíduos de aminoácidos de 71 a 260) que capturam o antígeno viral e antissoro policlonal

para detecção do anticorpo. Essa metodologia, comparada às anteriores (EM e IEM)

apresentou maior sensibillidade e especificidade (Herrmann et al. 1990; Mendez & Arias

2013)

O desenvolvimento de técnicas de diagnóstico molecular possibilitou a prática de

ensaios com sensibilidade e especificidade muito superior para amostras de fezes. Ao passo

que informações sobre as sequências genômicas do HAstV tornavam-se disponíveis, mais

técnicas de detecção molecular utilizando iniciadores e sondas foram desenvolvidas (Pérot et

al. 2017).

A escolha da RT-PCR confere uma maior especificidade na detecção dos AstV pois

utiliza pares de iniciadores específicos para determinadas regiões alvo do genoma viral e

permite adequação nas condições enzimáticas e de temperatura dos ensaios (Schultz-Cherry

2013). Um estudo foi realizado com amostras testadas em paralelo comparando a

sensibilidade das técnicas de EIA e RT-PCR, reportando maior positividade dos testes

realizados por RT-PCR (Mitchell et al. 1995).

A RT-PCR convencional ainda é amplamente utilizada em laboratórios de pesquisa

para detecção e sequenciamento genômico viral (Pérot et al. 2017). Encontram-se descritos

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diferentes iniciadores utilizados para a detecção dos oito genótipo/genótipos dos HAstV. Os

pares de iniciadores Mon244 / Mon 245 e Mon269 / Mon270 são os mais utilizados e têm

como alvo a região conservada da RLA2 na extremidade 5’ (Noel et al. 1995). Iniciadores

específicos para detectarem HAstV-MLB e HAstV-VA/HMO também já foram descritos

(Finkbeiner et al. 2009a, 2009b) .

O aprimoramento da PCR com técnicas de quantificação em tempo real (RT-qPCR)

permite resultados mais rápidos, com maior sensibilidade, reprodutibilidade e redução do

risco de contaminação no diagnóstico dos HAstV (Le Cann et al. 2004). O uso de RT-qPCR é

uma alternativa que pode ser utilizada na opção multiplex, permitindo a detecção simultânea

dos HAstV e outros vírus como norovírus, sapovírus, rotavírus, adenovírus e/ou bocavírus

(van Maarseveen et al. 2010; Liu et al. 2012). A opção multiplex permite ainda a detecção de

alvos não virais, como bactérias, protozoários e helmintos, uma vez que estes também podem

ser agentes etiológicos de GEA (Liu et al. 2013).

Análises metagenômicas têm revelado a existência de novos astrovírus em amostras de

pacientes com doenças que não haviam sido previamente associadas com estes vírus. Com

isso, é possível identificar astrovírus emergentes, bem como outros patógenos (Quan et al.

2010).

Ainda que os HAstV sejam fastidiosos para replicação in vitro e que os HAstV não

clássicos nunca tenham sido propagados em linhagem celulares, a combinação de técnicas

moleculares com ensaios de infectividade podem contribuir em termos de saúde pública

tratando-se de amostras do meio ambiente e alimentos. O uso de células CaCo-2 com pré

tratamento do inóculo viral com tripsina ainda é o padrão ouro para a identificação dos

HAstV, seja em amostras clínicas ou ambientais (Willcocks et al. 1994; Brinker et al. 2000).

1.6. EPIDEMIOLOGIA

Desde que foram reportados pela primeira vez em 1975 em amostras fecais de

crianças, os astrovírus humanos têm sido reconhecidos como um dos principais agentes

etiológicos de gastroenterite viral pediátrica com distribuição mundial (Jeong & Jeong 2012;

Vu et al. 2017). Os HAstV acometem principalmente a população pediátrica, apesar de casos

em idosos, imunocomprometidos e adultos saudáveis também serem reportados (Bosch et al.

2014). As crianças com até cinco anos, mais frequentemente as com até dois anos, são as mais

atingidas (Medina et al. 2000; Guix et al. 2002; Siqueira et al. 2017a).

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Diversos surtos de GEA por HAstV, afetando principalmente crianças, têm sido

relatados em diferentes partes do mundo e com menor frequência, surtos afetando adultos e

idosos também são descritos. A decorrência dos surtos está relacionada principalmente a

aglomerações e locais fechados, visto que tais fatores podem contribuir para disseminação do

vírus (Vu et al. 2017). Os HAstV estão associados como a causa de 2% a 9% dos casos de

diarreia não-bacteriana em crianças em todo o mundo (De Benedictis et al. 2011), podendo

apresentar índices mais altos, dependendo da região, sendo 61% o maior índice de detecção

reportado na literatura (Maldonado et al. 1998). Os HAstV são distribuídos por todo o mundo,

com a maior incidência observada nos países em desenvolvimento (Bosch et al. 2014).

No Brasil, os índice de positividade para HAstV variam em média de 3% a 5% em

crianças com ou sem sintomas gastroentéricos (Xavier et al. 2015). Índice de positividade

mais elevado (28,2%) já foi reportado Brasil (Resque et al. 2007). Em um estudo

observacional realizado com amostras fecais de crianças menores de cinco anos de diferentes

regiões brasileiras, no período, foi observado índices de positividade média de 7,1%, com

variações entre as regiões: 3,9% no Nordeste, 7,9% na região Sul e 9,2% no Sudeste (Xavier

et al. 2015). Em um estudo epidemiológico realizado utilizando amostras fecais de crianças

apresentando diarreia em cidades da região norte do Brasil, obteve positividade média para

HAstV de 3,9%, sendo o maior índice de positividade (5,7%) detectado entre crianças de 6 a

12 meses de idade (Siqueira et al. 2017a).

Com relação à epidemiologia molecular dos HAstV, todos os oito genótipos (HAstV

1-8) foram descritos em diferentes estudos realizados em diversas partes do mundo (Palombo

& Bishop 1996; Naficy et al. 2000; Guix et al. 2002; Xavier et al. 2015). De modo geral,

HAstV-1 é o genótipo mais detectado mundialmente (Jeong & Jeong 2012; Vu et al. 2017),

mas há exceções, como em um estudo realizado no México, onde o HAstV-2 foi reportado

como o mais frequente (Guerrero et al. 1998).

A frequência dos genótipos varia bastante na população, principalmente pela

existência de oscilação temporal de circulação e variações geográficas. Acredita-se que o

espaço geográfico e fatores climáticos sejam fatores contribuintes para que as infecções por

HAstV ocorram. No entanto, o padrão de sazonalidade das infecções por HAstV ainda não

está totalmente elucidado (Jeong & Jeong 2012). Estudos relatam que as infecções ocorram

principalmente durante o inverno em regiões que apresentam clima temperado e em períodos

chuvosos em climas tropicais (Walter & Mitchell 2003).

Outro fator importante seria a ausência de uma imunidade heteróloga de longa

duração, uma vez que crianças de um mesmo local podem sofrer infecções subsequentes por

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outros genótipos. Em um estudo foi observado que as infecções por HAstV-1 e 3 eram mais

frequentes em crianças com menos de dois anos, enquanto as infecções por HAstV-4 foram

observadas em crianças maiores de quatro anos, reforçando a ausência de proteção cruzada

entre os genótipos (Guix et al. 2002). Estudos realizados no Brasil, demonstraram um padrão

similar de circulação em relação ao restante do mundo, sendo o HAstV-1 o genótipo

predominante e em, menor frequência, HAstV-2 a HAstV-5 e HAstV-8 (Xavier et al. 2015).

Estudo realizado com amostras fecais de crianças selecionadas de três localidades

diferentes da região Centro-Oeste do Brasil (Goiânia, Distrito Federal e Campo Grande),

foram testadas para HAstV por RT-PCR. As amostras positivas foram genotipadas, sendo

então detectados todos os oito genótipos de HAstV. Este estudo demonstrou HAstV-1 como o

mais prevalente na região, presente em 42.8% de todas as amostras positivas (Silva et al.

2009). Em Goiânia, estudo realizado com crianças apresentando sintomas gastroentéricos

também reportou o genótipo HAstV-1 como o mais frequente (Cardoso et al, 2002).

No quadro 1, estão apresentadas algumas características de estudos realizados em

população pediátrica apresentando sintomas de GEA, em diversas partes do mundo. Nota-se

uma variabilidade na escolha dos iniciadores utilizados, número amostral, frequência e

genótipos encontrados, possivelmente decorrente do tipo de delineamento do estudo,

localização geográfica e período de tempo, ressaltando que tais variáveis podem interferir

com os índices de positividade encontrados.

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Quadro 1: Estudos sobre a pesquisa de astrovírus humanos em diferentes países do mundo

Autor, ano País N°

amostral

Faixa

etária

Amostra

clínica

Metodologia Iniciadores

Utilizados

Índice

Global de

detecção

Genótipos

encontrados

(Dai et al.

2010)

China 526 15 dias

a 72

anos

Fezes RT-qPCR e

Nested PCR

MON244/245 e

MON269/270

8,75% HAstV-1 e HAstV-

3

(Malasao et

al, 2012)

Tailândia 1022 até 5

anos

Fezes RT-PCR PreCAP1/82b 1,4% HAstV-1 ; HAstV-2

; HAstV-3 e

HAstV-5;

(Wang et al.

2013)

China 723 até 5

anos

Fezes RT-PCR MON269/270 e

SF0073/SF0076

4,4% HAstV-1; HAstV

MLB1 e 2;

HMOAstV-A

(Yoneda et al.

2017)

Japão 948 até 15

anos

Fezes RT-PCR AC230/AC1 4,2% HAstV-1, HAstV-4,

HAstV-6 e HAstV-

8

(Ouédraogo et

al. 2016)

Burkina

Faso

263 até 5

anos

Fezes RT-qPCR AV1TRa/

AV2TRa

4,9% HAstV-1, HAstV-2,

HAstV-5 e HAstV-

8

(Guix et al.

2002)

Espanha 2347 até 15

anos

Fezes RT-PCR A1/A2 4,9% HAstV-1, HAstV-2,

HAstV-3 , HAstV-4

e HAstV-8

(Espul et al.

2004)

Argentina 1070 até 3

anos

Fezes RT-PCR e EIA MON269/270 3,7% HAstV1-5

(Palombo &

Bishop 1996)

Austrália 378 até 5

anos

Fezes RT-PCR MON269.270 4,2% HAstV-1 e HAstV-

4

(Schulz et al.

2000)

Alemanha 235 até 6

anos

Fezes RT-PCR MON340/248 1,5% HAstV-1 e HAstV-

5

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1.7. TRATAMENTO, PREVENÇÃO E CONTROLE

A gastroenterite associada aos HAstV é geralmente branda e autolimitada. Alguns

casos podem resultar em desidratação, tanto em crianças quanto em adultos, e a administração

oral ou intravenosa de fluidos pode ser necessária (Mendez & Arias 2013).

A prevenção da infecção de HAstV depende principalmente do controle da

transmissão do vírus por meio de ações de saneamento básico, higiene pessoal,

principalmente em locais onde há aglomeração de pessoas como hospitais, creches, escolas,

asilos, além do monitoramento de indivíduos que manipulam alimentos, uma vez que os

HAstV podem ser excretados pelas fezes antes do surgimento de sintomas (Matsui et al.

2001; Walter & Mitchell 2003).

A desinfecção de fômites potencialmente contaminados também é altamente

recomendada. A utilização de álcool provou ser útil para desinfecção de fômites e das mãos

Ações efetivas de isolamento de crianças que apresentem quadros diarreicos, assim como de

pacientes imunocomprometidos, também são de extrema importância para a prevenção de

infecções nosocomiais (Vu et al. 2017).

Embora existam vários métodos para a detecção e quantificação de HAstV, não existe

uma rotina de rastreamento de HAstV em água e alimentos. Os HAstV clássicos parecem ter

uma sobrevida prolongada em água potável e acredita-se que a desinfecção com 1 mg / mL de

cloro por média de duas horas seja necessária para uma inativação bem sucedida (Abad et al.

1997). A persistência ambiental difere entre as variantes, os genótipos 6 e 7, por exemplo, têm

maior resistência à desinfecção com cloro do que os genótipos 1 a 5 e 8 (Vu et al. 2017).

Alguns casos podem resultar em desidratação, tanto em crianças quanto em adultos, e

a administração oral ou intravenosa de fluidos pode tornar-se necessária (Mendez & Arias

2013). O tratamento intravenoso com imunoglobulina para pacientes imunocomprometidos

com diarreia persistente foi proposto, mas a eficácia deste ainda não foi estabelecida (Bosch et

al. 2014).

O uso de flavonoides e sua atividade antiviral in vitro foi descrita, porém o mecanismo

pelo qual esses compostos atuam para impedir a replicação dos AstV ainda não foi totalmente

elucidado (Superti et al. 1990; Vu et al. 2017). Alguns autores relatam que o uso de

probióticos pode interferir no ciclo replicativo de vírus gastroentéricos, podendo ser usados

como medida de prevenção e/ou tratamento das infecções intestinais (Mendez & Arias 2013;

Bosch et al. 2014). Até o momento, nenhuma vacina foi desenvolvida para a prevenção da

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infecção por HAstV, seja pela falta de interesse comercial ou pela dificuldade de produção de

uma vacina que seja eficiente para todos os genótipos de HAstV (Bogdanoff et al. 2018).

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2. JUSTIFICATIVA

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a gastroenterite aguda (GEA) é a

segunda causa mais comum de morte entre crianças menores de cinco anos de idade,

resultando em aproximadamente 520.000 mortes anuais. Estima-se que anualmente ocorra 1,7

bilhão de casos relacionados com GEA em crianças com até cinco anos, sendo que a maioria

destes casos ocorre em países em desenvolvimento (WHO 2018).

Dentre os principais agentes etiológicos virais da GEA destacam-se os calicivírus,

rotavírus, astrovírus e adenovírus (Ouyang et al. 2012). As infecções por HAstV acometem

pessoas em todas as idades, mas estão predominantemente relacionadas a surtos de GEA em

crianças de até cinco anos e, principalmente, menores de dois anos (Vu et al. 2017).

A positividade para HAstV em amostras de fezes em indivíduos assintomáticos já foi

reportada (Meyer et al. 2015; Ouédraogo et al. 2016). No entanto, a maioria dos estudos que

detectam HAstV utilizam amostras provenientes de pacientes apresentando diarreia

(Maldonado et al. 1998; Zhang et al. 2006; Osborne et al. 2015). Sendo assim, poucos estudos

avaliam os índices de positividade para HAstV entre grupos com e sem sintomas de GEA em

uma mesma população de estudo, mais raros ainda são os estudos que têm utilizado técnicas

mais sensíveis como RT-PCR em tempo real, tanto para a pesquisa quanto determinação da

carga viral nas amostras fecais.

O Laboratório de Virologia Humana e Cultura Celular (LABIVICC) do IPTSP realiza

o monitoramento de vírus entéricos desde a década de 1980. A avaliação mais recente sobre a

ocorrência de HAstV realizados em amostras coletadas de crianças em Goiânia ocorreu em

2009 (Silva et al. 2009). Deste modo, é importante se avaliar possíveis mudanças no perfil de

circulação desses agentes. Deve-se ressaltar que alguns estudos têm relatado um aumento na

frequência de outros vírus gastroentéricos após a implementação da vacina contra rotavírus no

ano de 2006 (Sandra et al. 2015; Hassan et al. 2018). No entanto, ainda não existem dados

suficientes que afirmem que a frequência de HAstV tenha aumentado após a vacina, o que

ressalta, mais uma vez, a necessidade da continuidade do monitoramento deste vírus em nossa

região.

Dessa forma, estudos que sejam conduzidos a fim de se entender o perfil da

epidemiologia molecular dos HAstV, que relacionem a carga viral com características virais

(genótipo) e sintomatologia, são importantes, uma vez que estes fatores variam de acordo com

as características específicas da população estudada (Bosch et al, 2017).

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3. OBJETIVOS GERAIS

Avaliar a ocorrência e caracterizar molecularmente astrovírus humanos clássicos

(HAstV) em crianças, de até seis anos, apresentando ou não sintomatologia de GEA aguda

atendidas no hospital Materno Infantil em Goiânia, no período de maio de 2014 a abril de

2015.

3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

o Determinar a positividade de HAstV e quantificar a carga viral (CG/mL) das amostras

fecais positivas por PCR em tempo real;

o Determinar os genótipos e linhagens de HAstV nas amostras positivas para HAstV;

o Correlacionar a positividade, carga viral e genótipo dos HAstV com a idade e a

presença ou não de sintomas nas amostras das crianças participantes do estudo.

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4. METODOLOGIA

4.1. LOCAL DE ESTUDO

O Hospital Estadual Materno Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (HMI) é um hospital

de referência em casos de média e alta complexidade nas áreas de saúde, situado na cidade de

Goiânia, no estado de Goiás. O HMI oferece atendimento de urgência, emergência e

ambulatorial aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), destacando-se em

especialidades como pediatria, ginecologia e obstetrícia. É um hospital que prioriza a política

de humanização com enfoque na saúde da mulher e da criança.

4.2. DELINEAMENTO E POPULAÇÃO DE ESTUDO

Este é um estudo observacional, de corte transversal para a pesquisa de HAstV em

amostras de fezes proveniente de crianças de até seis anos de idade, no período de maio de

2014 a abril de 2015. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa do Hospital das

Clínicas da Universidade Federal de Goiás (CAAE19948113.6.0000.5078) (Anexo 1).

A população de estudo foi constituída por dois grupos, considerando a presença ou não

de sintomas de GEA, como indicado na Figura 5. Para a composição dos grupos de

investigação, foi realizada uma avaliação dos prontuários/fichas das crianças atendidas por

membros da equipe de pesquisa. Foram considerados como critérios de inclusão no grupo

sintomáticos crianças que apresentavam os sintomas gastroentéricos (diarreia e/ou vômito,

acompanhados ou não de dores abdominais e/ou febre). O grupo assintomático foi composto

por crianças foram atendidos na unidade de saúde e não apresentavam nenhum dos sintomas

gastroentéricos citados.

Após a seleção dos casos elegíveis, procedeu-se com o esclarecimento a respeito dos

objetivos da pesquisa e metodologia de coleta de amostra aos responsáveis. A partir do

consentimento destes, foi obtida a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE, Anexo 2), sendo assim realizada uma entrevista para preenchimento do questionário

contendo dados clínicos e epidemiológicos (Anexo 3) e a coleta de amostras de fezes.

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Figura 5: Delineamento do estudo.

4.3. COLETA E PREPARO DAS AMOSTRAS FECAIS

As amostras de fezes foram coletadas em frascos coletores estéreis e armazenadas a

4°C até serem transportadas para o LABVICC do Instituto de Patologia Tropical e Saúde

Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG), onde foram imediatamente

processadas em cabines com fluxo laminar e luz ultravioleta (UV) para a obtenção de uma

suspensão fecal a 20% em tampão fosfato salina, pH 7,4 (PBS - cloreto de sódio, cloreto de

potássio, fosfato de sódio dibásico, fosfato monobásico de potássio). As suspensões foram

clarificadas por centrifugação a 2.000 x g por sete minutos, e o sobrenadante recolhido e

estocado em alíquotas a -20 °C e -80°C, até a realização dos ensaios laboratoriais.

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4.4. PADRONIZAÇÃO DA REAÇÃO DE RT- qPCR HASTV

4.4.1. PLASMÍDEO PARA REALIZAÇÃO DO ENSAIO DE RT-qPCR

TAQMAN

Para a obtenção do inserto a ser clonado em plasmídeo para a construção da curva

padrão da reação em cadeia pela polimerase pós-transcrição reversa em tempo real (RT-

qPCR), uma amostra conhecida e caracterizada como HAstV-1 foi amplificada por PCR

convencional (Noel et al. 1995) utilizando iniciadores desenhados utilizando o software

CodonCode Alignment, descritos na quadro 2.

Para a reação de ligação foi utilizado o kit pGEM – T Easy Vector System I (Promega

corporation, Madison, Wisconsin, USA). Foi realizada a transformação com o utilizando uma

colônia isolada de Escherichia coli (linhagem XL1-Blue), cedida gentilmente pelo laboratório

de bacteriologia molecular do IPTSP/UFG.

Após a clonagem, as bactérias foram propagadas em meio Luria-Bertani (LB) sólido

contendo ampicilina na concentração final de 100 μg/mL. As colônias isoladas foram

posteriormente cultivadas em meio (LB) líquido, ao qual foi adicionado ampicilina na

concentração final de 100 μg/mL. Um volume de 2 mL de bactérias em meio LB foi utilizado

para a extração do DNA plasmidial pelo protocolo de lise alcalina, com posterior

armazenamento a – 20 °C.

Nome

Sequência dos iniciadores (5’-3’)

Posição

genômica

AV_insert1

(senso) CTH RTH AAY CAR GG 6482 - 6496

AV_insert3

(Antisenso) GCW YCT GAT TAA ATC A 6762 - 6777

Quadro 2: Iniciadores utilizados para a amplificação do inserto do plasmídeo tendo

como região alvo a RLA2.

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4.5. CURVA PADRÃO PARA O ENSAIO DE RT-qPCR PARA HASTV

A curva padrão da RT-qPCR foi construída a partir do plasmídeo extraído e

purificado. O DNA plasmidial purificado foi quantificado por espectofotometria utilizando o

aparelho NanoDrop 2000 (Thermo Fisher Scientific). Após quantificação, foi realizado o

cálculo para a equivalência de concentração em gramas para número estimado de moléculas

de DNA. Para o cálculo do número de moléculas de DNA foi utilizada a seguinte fórmula:

Após o cálculo, foram realizadas diluições seriadas na base 10 (1010 a 100) e testadas

no aparelho Rotor-Gene® Q 5plex HRM System (Qiagen®), juntamente com amostras

controles. A RT-qPCR foi realizada utilizando iniciadores e sonda específicos, descritos por

Le Cann, ( 2004) com modificações (Quadro 3 ) e submetidos à RT-qPCR juntamente com

os controles positivos e negativos.

As diluições foram expressas em cópias genômicas por mililitro (CG/mL). A

validação da curva foi obtida pelo coeficiente de correlação (R > 0.99), slope −3,270; Ct=

0,0357, R2 = 0,998 e o limite de detecção considerado foi ≤ 37 ciclos (Figura 6). Foram feitas

alíquotas de cada diluição em microtubos de 200 μL e congeladas a – 80 °C.

Nome Sequência dos iniciadores e sonda (5’-3’)

utilizados no RT-qPCR

Localização

AV1

(senso)

GAG TAG GAH CGA GGG TAC 6692 - 6709

AV2

(antisenso)

GCW TCT GAT TAA ATC AAT TTT AA 6755 - 6777

Sonda AVS aFam-CTT TTC TGT CTC TGT TTA GAT KAT

TTT AAT CAM C-Tamrab

6719 - 6752

Quadro 3: Iniciadores e sonda utilizados para o protocolo de RT-qPCR (Le Cann et

al. 2004), com modificações. a – FAM - corante repórter 6-carboxifluoresceína. b –

Tamra -fluorecent quencher.

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Figura 6: Padronização da curva padrão para Taqman RT-qPCR para

detecção de HAstV. Os pontos em azul representam as diferentes diluições

do plasmídeo contendo o inserto de HAstV e o ponto em vermelho

representa a amostra controle positiva para HAstV.

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4.6. DETERMINAÇÃO DA CARGA VIRAL DE HASTV NAS AMOSTRAS

CLÍNICAS POR RT-qPCR

Para a detecção e determinação da carga de HAstV, as amostras do estudo foram

extraídas pelo kit comercial QIAamp Viral RNA Mini Kit (Qiagen - Hilden, Alemanha),

seguindo instruções do fabricante. Foi utilizado o kit AgPath-ID™ One-Step RT-PCR

(Thermo Fisher Scientific) para a reação de RT-qPCR.

A reação foi feita a partir de mix contendo Tampão Path-ID™ One-Step RT-PCR (2X)

(Applied Biosystems – Carlsbad, CA, USA), Multiplex Enzyme Mix (10X) e 0,3 μM de cada

iniciador (Quadro 3) e 0,15 μM de sonda. O aparelho utilizado foi o Rotor-Gene® Q 5plex

HRM System (Qiagen®). A reação foi padronizada seguindo o seguinte protocolo de

ciclagem:

Foram consideradas amostras positivas aquelas que apresentaram Cycle Threshold

(Ct) ≤37 ciclos.

4.7. SEQUENCIAMENTO GENÔMICO E ANÁLISE FILOGENÉTICA DAS

AMOSTRAS POSITIVAS PARA HASTV

A reação de sequenciamento do fragmento parcial (RLA2 do capsídeo) do genoma

dos HAstV foi realizada utilizando-se BigDye Terminator versão 3.01 Cycle Sequencing Kit

(Applied Biosystems, Foster City, CA, USA), com os iniciadores Mon244/Mon245 e

Mon269/Mon270 (Noel et al. 1995).

Para cada reação de sequenciamento, empregou-se 3 μL do DNA purificado

(isopropanol a 65%) e uma mistura contendo 3μL de água MilliQ, 2 μL de tampão 5X, 1 μL

de iniciadores (2 pmol) e 1μL de Big Dye (composto por didesoxinucleotídeos trifosfatos

(ddNTPs) com marcadores fluorescentes e Taq DNA polimerase). Posteriormente, as

amostras foram levadas ao termociclador utilizando a ciclagem: 25 ciclos de 95°C por 20

segundos, 58°C por 15 segundos e 60°C por 60 segundos.

RT 48° C 10 minutos

95° C 10 minutos

40

ciclos

95° C 20

segundos

60° C 60

segundos

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Em seguida, as amostras foram precipitadas utilizando isopropanol a 65% para a

retirada dos ddNTPs não incorporados. Após centrifugação, a placa foi colocada em

termociclador para completa secagem (2 minutos a 95°C).

Adicionou-se 10 μL de formamida Hi Di (Applied Biosystems) às amostras, e a placa

foi colocada em termociclador durante 5 minutos a 95°C para desnaturação da fita de DNA.

Após isso, as amostras foram colocadas em gelo por dois minutos, e a placa foi levada para o

sequenciador automático ABI 3130 (Applied Biosystems, Foster City, CA, USA), sendo

posteriormente realizada a leitura dos eletroferogramas.

Para análise das sequências obtidas montou-se uma sequência consenso das fitas senso

e antisenso utilizando a interface phred/phrap por meio do site

http://asparagin.cenargen.embrapa.br/phph/ da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária). Foi realizado o alinhamento das sequências consenso de cada amostra com a

utilização do programa Clustal X, juntamente com sequências protótipos de cada genótipo de

HAstV-1 disponíveis no GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/). Para edição do

alinhamento utilizou-se o programa BioEdit, que também foi utilizado para análise de matriz

de identidade entre as amostras.

A árvore filogenética foi construída utilizando-se o programa MEGA (Molecular

Evolutionary Genetics Analysis) versão 7.0. As análises foram realizadas pelo método

Neighbor-Joining, modelo de substituição de nucleotídeos Kimura 2 parâmetros e sendo

consideradas 1500 replicatas e valores boostraps acima de 70%.

4.8. ANÁLISE ESTATÍSTICA

A partir dos resultados moleculares e dados obtidos das fichas epidemiológicas dos

pacientes foi realizada a análise estatística, utilizando o programa GraphPad Prism versão 8.0,

utilizando o teste de qui-quadrado (χ2) ou teste de Fischer, quando necessário.

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5. RESULTADOS

Neste estudo, foram incluídas 250 crianças, das quais foi obtida uma amostra de fezes

de cada, no período de maio de 2014 a abril de 2015. Os pacientes eram predominantemente

do sexo masculino, 55,6% (139/250), com idade variando de 0 a 70 meses, com média de 13

meses. Considerando os sintomas de GEA, 56,8% (142/250) das crianças foram incluídas no

grupo sem sintomas e 43,2% (108/250) no grupo com sintomas (Tabela 1).

Tabela 1 – Características da população de estudo (N= 250)

Características N %

Sexo

Feminino 111 44,4%

Masculino 139 55,6%

Idade (meses)

0 - 12 meses 159 63,6%

13 - 24 meses 45 18%

25 - 36 meses 19 7,6%

>36 meses 27 10,8%

Sintomas GEA

Sim 108 43,2%

Não 142 56,8%

Todas as 250 amostras fecais foram testadas por RT-qPCR TaqMan, sendo encontrado

índice de positividade de 3,2% (8/250). A carga viral estimada nas amostras fecais variou de

2,8 x 105 CG/mL a 1,6 x 1011 CG/mL, com média de 2,39 x 1010.

Das crianças que apresentavam sintomas, 3,7% (4/108) foram positivas para HAstV, e

das assintomáticas 2,8% (4/142). Todos os pacientes sintomáticos positivos para HAstV

apresentaram diarreia e destes 75% (3/4) apresentaram diarreia e vômito. Não foi observada

nenhuma significância estatística entre positividade para HAstV e a presença de sintomas.

Quando analisados os sintomas de GEA, diarreia e vômito, diarreia sem vômito e vômito sem

diarreia, também não houve diferença significativa, no entanto, a maioria dos casos positivos

(75%) eram crianças que apresentavam diarreia e vômito.

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Quando analisada a positividade para HAstV em relação à idade, observou-se uma

maior positividade na faixa etária de 25 a 36 meses (p<0,0001). Para as outras faixas etárias,

não foi observada significância estatística. Todas as amostras positivas foram provenientes de

crianças com até 33 meses de idade, ou seja, menores de três anos.

Características Positivas/Total % p

Sexo

Feminino 3/111 2,7%

Masculino 5/139 3,6% 0,7

Idade (meses)

0 - 12 2/159 1,2%

13-24 2/45 4,4% 0,6

25-36 4/19 21% <0,0001

>36 0/27

Presença de sintomas

Sim 4/108 3,7% 0,7

Não 4/142 2,8%

Sintomas GEA

Diarreia sem vômito 1/37 2,7% >0,9

Diarreia e vômito 3/61 4,9% 0,6

Vômito sem diarreia 0/10

Período

Seco 5/112 4,5% 0,3

Chuvoso 3/138 2,2%

Considerando a circulação de HAstV, durante o período de um ano (maio/2014 a

abril/2015), apesar de não ser observada nenhuma significância estatística entre a positividade

para HAstV e os períodos seco e chuvoso, nota-se maior frequência no período seco,

principalmente no mês de maio, quando foi detectada 62,5% (5/8) de positividade para

HAstV.

Das oito amostras positivas para HAstV por RT-qPCR, foi possível a detecção do

genoma viral em seis amostras por RT-PCR convencional. Primeiramente utilizando os pares

Tabela 2 - Análise univariada das características gerais das crianças em relação à

positividade para astrovírus humanos.

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de iniciadores Mon269/Mon270, obteve-se apenas duas amostras positivas. Quando utilizados

pares Mon244/Mon245, seis amostras foram positivas. Os iniciadores Mon244/Mon245

mostraram-se mais abrangentes do que Mon269 e Mon270. Porém, após o processo de

purificação, foi possível obter produtos com concentração adequada e de boa qualidade de

quatro amostras. Os produtos das quatro amostras foram submetidos ao sequenciamento

genômico para determinação dos genótipos de HAstV. Quando se realiza a associação entre

carga viral e genótipo observa-se que as quatro maiores cargas detectadas eram das quatro

amostras sequenciadas. A carga viral destas amostras variou de 1,1 x 108 a 1,63 x 1011.

Para a realização da análise filogenética, foram utilizadas sequências protótipos de

cada genótipo de HAstV-1 a 8 obtidas no GenBank (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/). Após

construção da árvore filogenética, duas amostras foram caracterizadas como HAstV-1 e duas

como HAstV-4. Estas sequências foram depositadas no GenBank (números de acesso:

MK608708-MK608711).

Figura 7 - Análise filogenética da sequência parcial (413 pb) do capsídeo de HAstV

detectados em amostras de fezes provenientes de crianças com ou sem sintomas de

GEA. As amostras protótipo estão representadas pelo número de acesso no GenBank.

As amostras encontradas neste estudo estão representadas por ♦ (MK608708-

MK608711). A amostra NC011400.1 (MLB1) foi utilizada como outgroup.

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Foi ainda realizada análise para identificação das linhagens em cada um dos genótipos

encontrados (HAstV-1 e HAstV-4).

A análise filogenética das linhagens de HAstV-1 demonstrou que as amostras

identificadas neste estudo pertencem à linhagem 1-a. Quando realizada análise de identidade

de matriz, observou-se 100% de identidade entre as amostras identificadas neste estudo e 98%

entre as sequências selecionadas da mesma linhagem, sendo estas protótipos do Brasil,

também classificadas como HAstV-1-a (Xavier et al. 2015).

Figura 8 - Análise filogenética das linhagens de HAstV-1 da sequência parcial (413 pb)

do capsídeo. As amostras encontradas neste estudo estão representadas por ♦

(MK608710 e MK608711).

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A análise filogenética das linhagens de HAstV-4 demonstrou que as amostras

identificadas neste trabalho pertencem à linhagem 4-c. Quando realizada análise de identidade

de matriz, observou-se 100% de identidade entre as amostras identificadas neste estudo e 96%

entre as sequências protótipos de referência, também classificadas como linhagem HAstV-4-

c.

Figura 9 - Análise filogenética das linhagens de HAstV-4 da sequência

parcial de RLA2 (413 pb) do capsídeo. As amostras encontradas neste

estudo estão representadas por ♦ (MK608708 e MK608709).

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6. DISCUSSÃO

Desde que foram descobertos em 1975, os astrovírus humanos são reconhecidos como

importantes agentes etiológicos de gastroenterite aguda com distribuição mundial (Vu et al.

2017). Os HAstV podem acometer indivíduos de todas as idades, mas estão relacionados,

principalmente, a GEA em crianças menores de cinco anos de idade (Guix et al. 2002; Espul

et al. 2004; Xavier et al. 2015). Estima-se que os HAstV sejam responsáveis por 2 a 9% dos

episódios de gastroenterite não bacteriana aguda em crianças em diferentes partes do mundo

(Bosch et al. 2014).

No presente estudo foi realizada a pesquisa de HAstV em amostras provenientes de

crianças de 0 a 70 meses, com média de 13 meses, a maioria do sexo masculino (55,6%), com

e sem sintomas de GEA atendidas em um hospital de referência pediátrica em Goiânia, Goiás,

durante o período de um ano (maio de 2014 a abril de 2015). Foi realizada a pesquisa de

HAstV, estimada a carga viral e a determinação de genótipos nas amostras positivas por RT-

PCR em tempo real.

Neste estudo, o índice de positividade encontrado foi de 3,2% (8/250), por RT-qPCR.

Como referido, os HAstV têm distribuição mundial, sendo mais frequentes em países em

desenvolvimento. Em estudos que utilizam RT-PCR convencional, a média da frequência

mundial de HAstV é 5% em casos esporádicos (Vu et al. 2017). A positividade para HAstV

pode variar dependendo da população analisada e a sensibilidade da metodologia de escolha

para a pesquisa viral. Dados da literatura ressaltam como vantagens da metodologia de

escolha deste estudo (RT-qPCR), a maior sensibilidade e a capacidade de estimar a carga viral

(Pérot et al. 2017).

Nos Estados Unidos, um estudo utilizando RT-qPCR, para a pesquisa de HAstV em

amostras provenientes de crianças com GEA, com até cinco anos de idade observou

positividade de 4,9% (Chhabra et al. 2013), assim como em Burkina Faso, na África, que

também obteve positividade de 4,9% em população semelhante (Ouédraogo et al. 2016).

Outro estudo conduzido na Moldova e Ucrânia em pacientes atendidos em hospitais detectou

HAstV em 1,4% das amostras analisadas por RT-qPCR apresentou (Chhabra et al. 2014). De

modo geral, estes estudos apresentaram positividade próxima à média mundial, bem como ao

índice detectado no presente trabalho.

Apesar de ter sido utilizada metodologia considerada mais sensível, a positividade

para HAstV encontrada neste trabalho foi semelhante a de outros estudos em população

pediátrica, que utilizaram como metodologia a RT-PCR convencional, como na Espanha,

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China e Estados Unidos, que apresentaram positividade de 4,9%, 4,4% e 3,5%,

respectivamente (Guix et al. 2002; Wang et al. 2013; Osborne et al. 2015).

Um estudo realizado na região norte do Brasil, com amostras de crianças com GEA,

atendidas em hospital, utilizando RT-PCR, encontrou um índice de positividade de 3,9%

(Siqueira et al. 2017b). Outro estudo conduzido no Brasil, com delineamento semelhante, com

amostras dos anos 2005 a 2011, apresentou positividade geral de 7,1% e, quando analisadas

por regiões, os índices encontrados foram de 3.9% no nordeste, 7,9% no sul e 9,2% no

sudeste (Xavier et al. 2015).

Na região Centro-Oeste, um estudo que buscou avaliar a circulação de HAstV nas

cidades de Brasília e Goiânia, utilizando RT-PCR, relatou positividade de 3,7% (Santos et

al. 2007). Ainda na região Centro-Oeste, dados da cidade de Campo Grande, MS, revelam

positividade de 3,1% em amostras testadas por RT-PCR (Andreasi et al. 2008). Em Goiânia,

um estudo com crianças de até dois anos de idade apresentando sintomas de GEA detectou

HAstV em 2,8% das amostras coletadas entre os anos de 1998 e 2000 (Cardoso et al. 2002).

Com isso, percebe-se que apesar de metodologias de detecção distintas, dos períodos

diferentes e variações no número amostral dos estudos, a positividade para HAstV encontrada

neste trabalho foi semelhante a de outros estudos conduzidos na região.

O principal sintoma associado à infecção por HAstV é a diarreia, seguida de vômito.

Neste estudo, 100% (4/4) das crianças positivas e sintomáticas apresentavam diarreia e 75%

(3/4) apresentavam diarreia e vômito em associação. Diferente das infecções por norovírus e

rotavírus, nas infecções por HAstV a presença de vômito é menos prevalente (Walter &

Mitchell 2003). Em um estudo realizado no Brasil, com RT-PCR convencional como método

de detecção, em população pediátrica com GEA, resultado idêntico foi observado, com 75%

das amostras positivas associadas à presença de vômito (Siqueira et al. 2017b).

As infecções por HAstV são geralmente associadas à presença de sintomas

gastroentéricos, no entanto, existem relatos de positividade para HAstV em amostras fecais de

crianças assintomáticas (Santos et al. 2007; Bosch et al. 2014; Osborne et al. 2015;

Ouédraogo et al. 2016). Neste estudo foi analisada a positividade para HAstV em ambos os

grupos sintomáticos e assintomáticos, os quais, analisados separadamente, representam 3,7%

e 2,8% de positividade respectivamente. Um estudo conduzido no Quênia e em Gambia

encontrou índices de positividade semelhantes entre os dois grupos: 2,7% no grupo

sintomático e 2,4% no assintomático, em amostras de crianças menores de cinco anos (Meyer

et al. 2015). O fato dos HAstV serem detectados em pacientes assintomáticos pode estar

associado a fatores do indivíduo, da excreção viral prolongada ou mesmo de uma persistência

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do vírus no trato gastrointestinal (Vu et al. 2017). No presente estudo não foi possível avaliar

a excreção prolongada visto que foi obtida somente uma amostra fecal de cada criança

participante.

Após a implementação da vacina contra rotavírus em 2006, alguns estudos sugerem a

possibilidade de um aumento da frequência de outros vírus gastroentéricos (Sandra et al.

2015; Hassan et al. 2018). No entanto, neste trabalho não foi detectada maior positividade

para HAstV do que em estudos que utilizaram amostras de diferentes períodos anteriores ao

ano de 2006 (Cardoso et al. 2002; Gabbay et al. 2005; Santos et al. 2007; Silva et al. 2009). É

importante ressaltar que a presente pesquisa faz parte de um projeto maior que objetivou a

pesquisa de vários vírus gastroentéricos na mesma população, sendo detectados elevados

índices de positividade para norovírus (Dábilla et al. 2016) e sapovírus (Silva et al. 2018),

bem como um declínio na positividade para rotavírus (Almeida et al. 2015).

A carga viral das amostras positivas variou de 2,8 x 105 CG/mL a 1,6 x 1011 CG/mL,

com média de 2,39 x 1010. As amostras provenientes de crianças assintomáticas apresentaram

carga viral significativa, variando de 3,16 x 106 a 1,6 x 1011 CG/mL, com média de 5,4 x 1010

CG/mL, e as sintomáticas variaram de 2,8 x 105 a 1,6 x 1010 CG/mL, com média de 5,5 x 109

CG/mL. Quando analisado se havia relação entre carga viral com sintomas apresentados, não

foi observada significância estatística.

A compreensão da relação da carga viral em pacientes assintomáticos torna-se ainda

mais difícil em razão da ausência destes dados, pois os poucos estudos que relatam carga viral

referem-se a pacientes com quadro de GEA. Um estudo realizado utilizando RT-qPCR,

apenas com amostras de crianças com GEA, obteve carga viral variando de 7,6 x 101 a 3,6 x

1014 CG por 0,1g de fezes (Zhang et al. 2006). Caballero e colaboradores, utilizando RT-PCR,

estimaram a carga viral de HAstV em amostras fecais de crianças que estavam com quadro de

diarreia, a qual variou de 3.4 x 108 a 1 x 1013 cópias genômicas por gramas de fezes

(Caballero et al. 2003). Outro estudo conduzido com crianças de até cinco anos com GEA,

utilizando rRT-LAMP PCR, obteve carga viral variando de 103 a 108 cópias de RNA (Wei et

al. 2013).

Crianças de 25 a 36 meses de idade foram as que mais apresentaram positividade para

HAstV, sendo este dado significativo (p=0,001). A variação da idade das crianças positivas

foi de 2 a 33 meses, ou seja, crianças menores de três anos. Em um estudo conduzido com

indivíduos de 0 a 15 anos de idade, utilizando RT-PCR, o maior número de casos de infecção

por HAstV foi entre crianças de 2 a 3 anos, sendo que do total, 80% dos casos positivos eram

menores de três anos (Guix et al. 2002). Entretanto, em estudo conduzido em amostras de

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crianças com GEA em Goiânia, observou-se maior positividade para HAstV em crianças

menores de 36 meses (Cardoso et al. 2002).

Dados disponíveis na literatura reportam maior positividade para HAstV em épocas

chuvosas (Cruz et al. 1992; Maldonado et al. 1998; Schultz-Cherry 2013). A cidade de

Goiânia é caracterizada por um clima tropical, com duas estações bem definidas: verão

(chuvoso) que compreende os meses de outubro a abril, e inverno (seco), no período de maio

a setembro (INMET 2015). Apesar de não haver diferença significativa entre a positividade

para HAstV e os períodos seco e chuvoso nos dados do presente estudo, nota-se maior

frequência de casos positivos no período seco, principalmente no mês de maio, onde ocorreu

62,5% (5/8) dos casos positivos.

Dados de trabalhos realizados em Goiânia e Brasília mostram maior positividade

durante os meses de setembro a março, período que coincide com maior humidade relativa do

ar (Santos et al. 2007). Outro estudo conduzido em Goiânia, mostrou maior positividade foi

encontrada no período de outubro a dezembro (Cardoso et al. 2002). Em contrapartida, em um

estudo realizado em São Luiz, no Maranhão, os casos positivos foram detectados durante

vários meses do ano, não sendo observado um padrão entre as estações, assim como em

Campo Grande onde também não houve diferença no padrão de circulação nas diferentes

estações (Gabbay et al. 2005; Andreasi et al. 2008).

As amostras positivas foram submetidas ao sequenciamento genômico, sendo

utilizados dois pares de iniciadores: Mon269/Mon270 onde se obteve apenas duas amostras

positivas e Mon244/Mon245 com o qual seis amostras foram positivas. Sendo assim, os

iniciadores Mon244/Mon245 mostraram-se mais sensíveis do que Mon269/Mon270,

considerados universais, para as amostras deste estudo, discordando de dados da literatura

(Noel et al. 1995), reforçando a maior sensibilidade da metodologia de RT-qPCR e

especificidade dos iniciadores e sondas utilizados.

Por meio de análise filogenética, das quatro amostras sequenciadas, duas foram

caracterizadas como HAstV-1, que é o genótipo mais frequente no Brasil e no mundo

(Gabbay et al. 2005; Silva et al. 2009; Bosch et al. 2014; Siqueira et al. 2017b; Vu et al.

2017). Foi realizada ainda uma análise de linhagens pertencentes à este genótipo, sendo duas

amostras sequenciadas identificadas como pertencentes à linhagem 1-a. Foi observado 98%

de identidade nucleotídica com os outros protótipos 1-a brasileiros do estado do Rio de

Janeiro e Rio Grande do Sul, provenientes de um estudo conduzido em amostras, coletadas

em 2005, de crianças menores de cinco anos com GEA. Foi realizada ainda uma análise de

matriz de identidade entre as amostras sequenciadas deste trabalho com protótipos de estudos

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anteriores conduzidos em Goiânia e Brasília (número de acesso: DQ139828, DQ139846 e

DQ139832) e observada identidade nucleotídica que variou de 78% a 96% com as amostras

sequenciadas neste estudo. Apesar de pertencerem à mesma região, as amostras de Goiânia e

Brasília foram coletadas entre os anos 1996 e 2001, por isso nota-se maior identidade das

amostras deste estudo com as coletadas em 2005, ainda que pertencente a estados de outras

regiões brasileiras. Alguns estudos brasileiros também caracterizaram amostras HAstV-1

como pertencentes à linhagem 1-a (Gabbay et al. 2007; Morillo et al. 2018).

Ainda que o genótipo HAstV-1 seja o principal em distribuição global, neste estudo o

genótipo HAstV-4 foi encontrado em mesma proporção, semelhante ao estudo anterior

conduzido no Brasil, com amostras provenientes de vários estados, no qual também quatro

amostras foram sequenciadas e caracterizadas como HAstV-1 e HAstV-4. As amostras eram

provenientes dos anos de 2010 a 2012, o que nos permite inferir que estes genótipos circulam

no país já à algum tempo (Morillo et al. 2018). No referido estudo, a análise de linhagens

também caracterizou as amostras como pertencentes à linhagem 4-c.

Os dados obtidos neste estudo contribuem para continuidade da vigilância

epidemiológica de HAstV, juntamente aos estudos anteriores conduzidos em Goiânia com

crianças menores de cinco anos, visto que o último estudo foi realizado há quase uma década

(Silva et al. 2009). Além disso, o trabalho traz dados sobre a epidemiologia molecular dos

HAstV e carga viral das amostras positivas, o que poderá contribuir com outros estudos que

busquem relacionar tais informação com sintomas e/ou características moleculares desses

agentes.

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7. CONCLUSÃO

o Este foi o primeiro estudo realizado na região Centro-Oeste a utilizar RT-qPCR para a

pesquisa de HAstV. A carga viral média das amostras positivas foi de 2,39 x1010 CG/mL,

sendo observadas cargas consideráveis tanto para as amostras de crianças sintomáticas,

quanto assintomáticas;

o Foi observada frequência para HAstV (3,2%) em amostras de crianças de até seis anos

de idade com ou sem sintomas de GEA atendidas em hospital de Goiânia, GO;

o As amostras positivas foram caracterizadas como genótipo HAstV-1 e HAstV-4,

sendo ainda identificadas as 1-a e 4-c. Sendo a primeira descrição de linhagem 1-a em

amostras de Goiânia.

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9. ANEXOS

Anexo 1 – Parecer do Comitê de Ética

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Anexo 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Termo de consentimento livre e esclarecido

Título do projeto de pesquisa: Detecção de Bocavírus Humano (HBoV) em crianças com

infecção respiratória e/ou gastroenterite: estudo caso-controle.

Pesquisador responsável: Teresinha Teixeira de Sousa

Orientadora: Profa. Divina das Dores de Paula Cardoso.

Nome do sujeito de Pesquisa:...........................................................................................

Você autoriza a criança a participar de uma pesquisa, em que ela, seu filho (a) ou a

criança pela qual você é responsável está sendo convidado (a) como voluntário (a) a fazer

parte deste estudo que tem como título: ¨Detecção de Bocavírus Humano (HBoV) em

crianças com infecção respiratória e/ou gastroenterite: estudo caso-controle¨.

Meu nome é Teresinha Teixeira de Sousa, sou a pesquisadora responsável e minha

área de atuação é de médica pneumologista, aluna de doutorado da UFG/IPTSP. A

participação da criança é importante, mas antes de decidir se você quer que ela faça parte da

pesquisa em que é preciso coletar fezes e secreção do nariz de crianças doentes (com

infecções respiratórias e com gastroenterite-diarreia) e também daquelas sem estas doenças

(que é o grupo controle, estudar a presença do vírus em quem não está doente), é preciso que

o senhor ou a senhora, entenda o motivo da pesquisa: o convite está sendo feito porque os

vírus respiratórios e entéricos são causas comuns de infecções respiratórias e de gastroenterite

em crianças.

Vários novos vírus estão sendo descobertos e pouco se conhece sobre seu impacto

(importância) em pacientes com essas doenças. Esta pesquisa pretende estudar as infecções

respiratórias e gastroenterite por vírus (bocavírus humano/HBoV) em crianças com idades

abaixo de 5 anos. Durante o período de um ano atendidas no Hospital Materno Infantil de

Goiânia/Goiás. A pesquisa será realizada em crianças com sintomas clínicos (casos) de

infecção respiratória e/ou gastroenterite e comparar o vírus também em pacientes sem estas

doenças (que é o grupo controle, onde estudamos o vírus também em quem está sadio, pois

em alguns casos a criança pode ser portadora do vírus, mas não manifestar a doença). Após o

atendimento do paciente pelos pediatras do hospital, um dos membros da equipe pedirá

autorização para os pais e/ou responsáveis pelas crianças e explicará em detalhes todos os

procedimentos para a pesquisa: haverá o preenchimento de um questionário e uma coleta de

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cada material (secreção nasal e fezes), em todas as crianças tanto as doentes como as sadias

que estão no hospital por outros motivos. Todos estes procedimentos serão feitos pela

pesquisadora responsável (Teresinha, médica) em sala ao lado do ambulatório no térreo e sala

procedimentos no segundo andar / enfermarias do Hospital Materno Infantil, onde será

garantida a privacidade da criança, por ocasião das consultas e/ou hospitalização, sem a

necessidade de comparecimento ou retorno ao Hospital por motivo relacionado à Pesquisa.

Os exames de fezes e secreção nasal não substituirão os exames regularmente colhidos

no Hospital como parte do seguimento médico dos pacientes. A participação de seu filho (a)

ou a criança pela qual você é responsável é importante, mas você e a criança podem recusar

participar da pesquisa a qualquer momento. Os procedimentos apresentam riscos baixos à

integridade física da criança, serão realizados pela pesquisadora (Teresinha) e consistem em:

Coleta de lavado nasal é feita através de uma pequena sonda com soro fisiológico, introduzida

nas narinas e aspirada (¨como uma lavagem do nariz com soro, só que aspirado o líquido de

volta¨), podendo ocorrer desconforto local e muito raramente pequeno sangramento nasal,

sem danos posteriormente para a criança. E a coleta de fezes é espontânea, durante a

evacuação, a qual será recolhida em um frasco específico, sem a utilização de medicação ou

instrumentos para tal. Não acarretando nenhum desconforto direto, podendo ser acompanhado

pelo responsável legal da criança. Além da coleta das amostras de secreções nasais e de fezes,

o responsável pela criança deverá responder um questionário para o registro das informações

pessoais da criança e a pesquisadora poderá, também, anotar dados dos prontuários. O

destino dessas amostras será para o Laboratório de Virologia Humano da UFG/IPTSP, onde

por exames moleculares os vírus respiratórios e entéricos serão detectados através de técnicas

laboratoriais sofisticadas chamadas de PCR em tempo real (material genético dos vírus, DNA

e RNA).

Informo, aos pais ou responsáveis pela criança, que as amostras (material biológico de

fezes e de secreções nasais) ficarão armazenadas (guardadas) no Instituto de Patologia e

Doenças Tropicais da UFG seguindo todas as normas do regulamento aprovado pelo

CEP/IPTSP a respeito de biorrepositório (segundo as normas da resolução do CNS 441 de

2011), e, caso eu tenha seu consentimento por escrito autorizando o uso para esta pesquisa e

no futuro para qualquer outra pesquisa, não será necessário preencher um novo termo de

consentimento livre e esclarecido (TCLE); sobre o bocavírus humano e também para os

outros vírus como o: rotavírus (A), calicivírus, adenovírus, astrovírus, enterovírus, aichivírus,

salivírus/klassevírus, vírus respiratório sincicial, vírus influenza A e B, vírus da parainfluenza,

adenovírus respiratório, rinovírus, metapneumovírus humano, coronavírus e os H1N1. Esta

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pesquisa estará sendo financiada com recurso do próprio laboratório e de convênios

regularmente firmados sem nenhum custo para o SUS, familiares ou planos de saúde. É

importante ressaltar, entretanto que a pesquisa está restrita aos procedimentos listados acima.

A participação no estudo NÃO IMPLICA na realização de outro exame e NÃO

INTERFERE nas decisões sobre os remédios necessários para o tratamento do problema atual

(o médico do hospital que atender seu filho (a) decidirão por procedimentos necessários,

como os medicamentos ou outros exames). Estes dados procedimentos e/ou seus resultados,

entretanto serão registrados para análise futura. Todos os pacientes serão convidados a

participar do estudo, e a qualquer momento podem também deixar de participar, se assim o

desejarem. Somente os pesquisadores e/ou equipe de pesquisa terão conhecimento de suas

identidades e do questionário. Os pesquisadores pretendem publicar os resultados obtidos pela

pesquisa, mas o nome e dados pessoais dos pacientes são TOTALMENTE CONFIDENCIAIS

(não haverá identificação dos participantes) os dados também poderão ser utilizados em

estudos futuros de outros vírus citados acima.

Em caso de recusa, você e seu filho (a) não serão penalizados (as) de forma alguma,

esta recusa em nada implicará na assistência que seu filho (a) receberá. Se aceitar participar e

depois retirar seu consentimento também, em nada será prejudicado. É importante destacar

que, como não há despesas decorrentes da participação na pesquisa por parte do sujeito da

pesquisa, neste caso, o responsável legal e a criança participante não haverá nenhum tipo de

pagamento ou gratificação financeira pela sua participação. Este estudo tem início no ano de

2013 e previsão de encerramento em 2014.

Autorizo o armazenamento e guarda de amostras de secreção nasal e de fezes,

formando um banco de dados/biorrepositório para investigações futuras, e que toda nova

pesquisa a ser feita com o material será submetida à aprovação do CEP da instituição e,

quando for o caso, da CONEP e com a dispensa de novo consentimento a cada pesquisa (Res.

CNS n° 347/2005-1.1, 1.2, 1.3, 1.4).

Após receber os esclarecimentos e as informações, no caso de aceitar fazer parte do

estudo, você deverá rubricar todas as páginas e assinar ao final deste documento e, que está

em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável A qualquer momento,

antes e durante a pesquisa, você poderá solicitar esclarecimentos e em caso de dúvidas sobre a

pesquisa, você poderá entrar em contato com a pesquisadora responsável, Teresinha Teixeira

de Sousa no telefone: (62) 81595675. Em caso de dúvidas sobre os seus direitos como

participante nesta pesquisa, você poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em

Pesquisa do Hospital Materno Infantil de Goiânia Telefone (62) 3201-3374.

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Local e Data: Goiânia, ......../......../..............

Nome e Assinatura do pesquisador ___________________________________________

Consentimento da participação da criança como sujeito da pesquisa pelo responsável

legal

Eu,_____________________________________________, RG_____________, CPF

____________________, endereço ________________________________, abaixo assinado

concordo que _____________________________________ cuja responsabilidade legal me é

conferida autorizo que a criança participe do estudo ¨Detecçaõ de Bocavírus Humano

(HBoV) em crianças com infecções respiratótias e/ou gastroenterite: estudo caso-

controle¨, como sujeito de pesquisa.

Fui devidamente informado e esclarecido pelo Pesquisador ________________ sobre

a pesquisa, os procedimentos envolvidos, assim com os possíveis riscos e benefícios

decorrentes da participação da criança pela qual sou responsável legal.

Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que

isto leve a qualquer penalidade ou interrupção do seu acompanhamento assistência/tratamento

e que todas as informações pessoais obtidas serão mantidas em sigilo. Recebi uma cópia deste

documento com todas as páginas rubricadas e assinadas por mim e pelo pesquisador

participante deste estudo. Autorizo a execução do trabalho de pesquisa e a divulgação dos

dados obtidos neste estudo sobre o bocavírus humano e, ainda, a formação de um banco de

dados e um biorrepositório das amostras (fezes e de secreções nasais) cujo regulamento foi

aprovado pelo CEP/IPTSP/UFG, seguindo as normas da resolução do CNS 441 de 2011. E

que as amostras obtidas poderão ser utilizadas em pesquisas futuras sem a necessidade do

preenchimento de um novo termo de consentimento (TCLE); para o bocavírus humano e para

outros vírus como o: rotavírus (A), calicivírus, adenovírus, astrovírus, enterovírus, aichi vírus,

salivírus/klassevírus, vírus respiratório sincicial, vírus influenza A e B, vírus da parainfluenza,

adenovírus respiratório, rinovírus, metapneumovírus humano, coronavírus e os H1N1.

Local e data: ____________________________________________________________

Nome e assinatura do sujeito ou responsável legal: ______________________________

Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e aceite do

sujeito em participar.

Testemunhas

Nome e assinatura: _______________________________________________________

Nome e assinatura: _______________________________________________________

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Anexo 3 – Ficha de Investigação Clínica

Ficha de investigação clínica

DATA: ........./........./.......... Registro geral (..................) Nº Amostra (..................)

Controle: 1.1 Fezes assintomático ( ) 1.2 Swab assintomático ( )

Caso: 2.1 Sintomas GEA ( ) 2.2 Sintomas respiratórios ( )

Amostra: 3.1 Fezes ( ) 3.2 Swab ( )

Dados epidemiológicos

NOME: ................................................................................................................................

COLETA: DATA (....../....../.......) HORA (....................)

UNIDADE COLETA: ( ) PS ( ) ENFERMARIA ADMISSÃO: ..............................

SEXO: ( ) MASC. ( ) FEM.

DATA DE NASCIMENTO: ........./......../........ IDADE: ..............................

Natural: ............................................. Procedência: .................................................

Endereço: ............................................................................................................................

Bairro:................................................ Cidade:........................................... UF:............

Telefone: ( )................................. Nome responsável: ....................................................

Profissão: Mãe ................................................ Pai..........................................................

Renda familiar (em salário mínimo): ..................................................................................

Habitação: ( ) própria ( ) alugada

Asfalto: sim( ) não( ) Água: ( )tratada ( )cisterna ( )poço Esgoto: sim( ) não ( )

RAÇA/COR: ( )branca, ( )morena, ( )negra, ( )indígena

ESCOLARIDADE: ( )pública, ( )creche, ( )particular

ASSISTÊNCIA MÉDICA: ( ) SUS, ( ) plano de saúde, ( )particular

ALIMENTAÇÃO: ( ) leite materno, ( ) leite materno e outro, ( ) outro

TIPO PARTO: ( ) normal, ( ) cesariana

Sintomatologia:

A. Respiratório:

Febre: sim( ) não( ), Tosse ( )sim ( )não, Dispnéia/Chiado ( )sim ( )não

SaO2:........................./ Rad TX:............................../ HMG: ...................................

Ausculta: ................................................./ Temperatura: ......................................

B. GASTROENTERITE:

Diarréia: sim( ) não( )/ Frequência: 1 a 2x ( ), >2x ( )

Aspecto: líquida( ), semi-liquida( ), pastosa( ), sangue( ), fétida( )

Febre: sim( ) não( )/ Vômitos: sim( ) não( )/ Dor abdominal: sim( ) não( )

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Antecedentes epidemiológicos:

Contato caso suspeito (Respiratório e/ou GEA): ( )domicílio, ( )creche, ( ) escola

Uso de medicação antes coleta: sim( ) não( ), qual? ........................................................

Vacinação completa: sim( ) não( )

Vacina contra gripe: sim( ) não( ) Última dose:.......................................................

Vacina rotavírus (VORH)( ), Rotarix ( ), Rotatec( ) – 1ªdose( ), 2ªdose ( )

Comprovação: sim( ), não( )

Diagnóstico clínico prontuário:............................................................................................

Outras patologias/cirurgias: ...............................................................................................