94
i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES Identificação e caracterização molecular do vírus dengue em indivíduos sintomáticos atendidos na rede pública de saúde de Goiânia Goiás, durante o período epidêmico 2012-2013 Goiânia 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

i

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA

RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO

VANESSA NEIVA GUIMARÃES

Identificação e caracterização molecular do vírus dengue em

indivíduos sintomáticos atendidos na rede pública de saúde de

Goiânia – Goiás, durante o período epidêmico 2012-2013

Goiânia

2014

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

ii

TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS TESES

E

DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG

Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás

(UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data.

1. Identificação do material bibliográfico: [ X ] Dissertação [ ] Tese

2. Identificação da Tese ou Dissertação

Autor (a): Vanessa Neiva Guimarães

E-mail: [email protected]

Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [ ]Sim [ X ] Não

Vínculo empregatício do autor Secretaria de Saúde do Estado de Goiás

Agência de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás Sigla: FAPEG

País: Brasil UF: Goiás CNPJ:

Título: Identificação e caracterização molecular do vírus dengue em indivíduos sintomáticos atendidos na

Rede pública de saúde de Goiânia – Goiás, durante o período epidêmico 2012-2013.

Palavras-chave: Dengue, caracterização molecular, Goiás

Título em outra língua: Identification and molecular characterization of dengue vírus in symptomatic

individuals seen in public basic health care of Goiânia – Goiás during the epidemic period 2012-2013.

Palavras-chave em outra língua: Dengue, molecular characterization, Goiás

Área de concentração: Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro

Data defesa: (dd/mm/aaaa) 18/07/2014

Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro

Orientador (a): Fabiola Souza Fiaccadori

E-mail: [email protected]

Co-orientador (a):* ------

E-mail: -----

*Necessita do CPF quando não constar no SisPG 3. Informações de acesso ao documento:

Concorda com a liberação total do documento [ X ] SIM [ ] NÃO1

Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF ou DOC da tese ou dissertação.

O sistema da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações garante aos autores, que os arquivos contendo eletronicamente as teses e ou dissertações, antes de sua disponibilização, receberão procedimentos de segurança, criptografia (para não permitir cópia e extração de

conteúdo, permitindo apenas impressão fraca) usando o padrão do Acrobat.

_______________________________________ Data: ____ / ____ / ______

Assinatura do (a) autor (a)

1 Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste

prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão

disponibilizados durante o período de embargo.

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

iii

VANESSA NEIVA GUIMARÃES

Identificação e caracterização molecular do vírus dengue em

indivíduos sintomáticos atendidos na rede pública de saúde de

Goiânia – Goiás, durante o período epidêmico 2012-2013

Dissertação de Mestrado apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Biologia das

Relações Parasito-Hospedeiro da

Universidade Federal de Goiás para

obtenção do Título de Mestre

Orientador: Profa Dra Fabíola Souza

Fiaccadori

Goiânia

2014

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

iv

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP)

GPT/BC/UFG

G963i

Guimarães, Vanessa Neiva.

Identificação e caracterização molecular do vírus dengue

em indivíduos sintomáticos atendidos na rede pública de

saúde de Goiânia – Goiás, durante o período epidêmico 2012-

2013 [manuscrito] / Vanessa Neiva Guimarães. - 2014.

92 f. : il.

Orientadora: Profª. Drª. Fabiola Souza Fiaccadori;

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás,

Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, 2014.

Bibliografia.

Inclui lista de figuras, tabelas, quadros, gráficos e

símbolos, siglas e abreviaturas. Apêndices.

1. Dengue – Saúde pública – Goiás 2. Dengue –

Epidemiologia – Goiás 3. Dengue – Vigilância

epidemiológica – Goiás I. Título.

CDU: 578.42(817.3)

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

v

I

Programa de Pós-Graduação em Biologia das Relações Parasito-Hospedeiro da

Universidade Federal de Goiás

BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Aluno (a): Vanessa Neiva Guimarães

Orientador (a): Profa Dra Fabíola Souza Fiaccadori

Membros:

1. Profa Dra Menira Borges de Lima Dias e Souza

2. Profa Dra Divina das Dores de Paula Cardoso

3. Profa Dra Fabíola Souza Fiaccadori

Data: 18/07/2014

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

vi

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Profa. Dra. Fabiola Souza Fiaccadori, pela oportunidade

de aprendizado, pelo carinho e tempo dedicados a mim.

À minha mãe, por todo o amor incondicional e apoio, em todos os momentos

que precisei.

À minha tia, por acreditar no meu potencial e me apoiar sempre.

Ao meu noivo, pela doação constante de amor, dedicação e cumplicidade, e

por toda a paciência dedicada a mim.

Aos companheiros do Laboratório de Virologia Humana, pela ótima

convivência, pelos ensinamentos e trocas de experiências. Agradecimento especial ao

Marielton e à Keili, por toda a ajuda recebida, vocês foram essenciais para a conclusão

do projeto.

Aos funcionários dos Laboratórios de Análises Clínicas do CAIS Campinas,

CAIS Chácara do Governados, CAIS Cândida de Moraes, de fundamental importância

para a realização desse trabalho.

À minha banca de qualificação, Profa Dra Menira Borges de Lima Dias e

Souza, Profa Dra Márcia Alves Dias de Matos e Profa Dra Heloisa Helena Garcia da Silva,

por todas as contribuições para o benefício do trabalho.

À Profa Dra Megmar Aparecida dos Santos Carneiro, por sua disponilidade

em ajudar sempre que foi necessário.

A Deus, por me presentear com pessoas maravilhosas durante todo meu

trajeto e por me permitir a oportunidade da vida.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

i

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1. Histórico ............................................................................................................. 1

1.2. Características gerais do vírus dengue ............................................................... 3

1.2.1. Classificação e estrutura ............................................................................. 3

1.2.2. Organização proteica .................................................................................. 5

1.2.3. Variabilidade genômica e antigênica .......................................................... 7

1.3. Vetor, Ciclo Biológico e Transmissão ............................................................... 9

1.4. Replicação viral ............................................................................................... 10

1.5. Patogênese da infecção .................................................................................... 11

1.6. Sintomatologia e conduta clínica ..................................................................... 14

1.7. Diagnóstico laboratorial ................................................................................... 17

1.8. Epidemiologia .................................................................................................. 20

1.9. Prevenção e controle ........................................................................................ 22

2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 26

3. OBJETIVOS............................................................................................................ 27

3.1. Objetivo Geral .................................................................................................. 27

3.2. Objetivos Específicos ...................................................................................... 27

4. METODOLOGIA ................................................................................................... 28

4.1. Delineamento do Estudo e População ............................................................. 28

4.2. Aspectos Éticos ................................................................................................ 28

4.2.1. Critérios de Inclusão ................................................................................. 28

4.2.2. Critérios de Exclusão ................................................................................ 29

4.3. Coleta de Dados e Amostras ............................................................................ 29

4.4. Metodologia ..................................................................................................... 30

4.4.1. Diagnóstico sorológico ............................................................................. 30

4.4.2. Detecção viral e Sorotipagem Molecular ................................................. 30

4.4.3. Genotipagem viral .................................................................................... 32

4.4.3.1. Sequenciamento genômico ................................................................ 33

4.4.4. Análise dos Dados .................................................................................... 34

5. RESULTADOS ....................................................................................................... 36

5.1. Características da população em estudo .......................................................... 36

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

ii

5.2. Infecção pelo DENV ........................................................................................ 38

5.3. Sorotipagem e genotipagem ............................................................................. 42

6. DISCUSSÃO ........................................................................................................... 46

7. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 53

REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 54

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Representação esquemática da partícula viral do DENV ................................. 4

Figura 2. Estrutura genômica do vírus dengue ................................................................. 5

Figura 3. Esquema ilustrativo da metodologia utilizada ................................................ 35

Figura 4. Análise filogenética Maximun Likelihood das sequências correspondentes à

junção E/NS1 isoladas de DENV1 em Goiânia de 2012-2013 pelo método de Jukes-

Cantor. ............................................................................................................................ 44

Figura 5. Análise filogenética Maximun Likelihood das sequências correspondentes à

junção E/NS1 isoladas de DENV4 em Goiânia de 2012-2013 pelo método de Jukes-

Cantor. ............................................................................................................................ 45

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

iv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características sociodemográficas da população estudada (N=278) .............. 37

Tabela 2. Características clínicas da população (N=278) .............................................. 38

Tabela 3. Distribuição dos marcadores para infecção por DENV em relação aos dias de

sintomas. ......................................................................................................................... 39

Tabela 4. Infecção por DENV em relação às características da população (N=278). .... 40

Tabela 5. Positividade para os marcadores de infecção em relação aos dias de sintomas

(N=278). ......................................................................................................................... 42

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

v

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Novos critérios utilizados pelo Brasil para classificação dos casos de dengue

........................................................................................................................................ 15

Quadro 2. Iniciadores utilizados para amplificação e tipagem dos vírus dengue (Lanciotti

et al. 1992). ..................................................................................................................... 31

Quadro 3. Iniciadores usados para amplificação da região E/NS1 (Domingo et al. 2011).

........................................................................................................................................ 32

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

vi

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Distribuição dos casos de infecção pelo DENV em relação ao período de coleta

(N=278) .......................................................................................................................... 41

Gráfico 2. Distribuição dos casos de infecção pelo DENV em relação à informação das

fichas epidemiológicas do SINAN (N=278). ................................................................. 41

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

vii

SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

ADE – antibody dependent enhancement

Ae. - Aedes

CAIS – Centro de Atendimento Integral à Saúde

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

DC – dengue clássicas

DCC – dengue com complicações

DENV – vírus dengue

DENV1 – vírus dengue sorotipo 1

DENV2 – vírus dengue sorotipo 2

DENV3 – vírus dengue sorotipo 3

DENV4 – vírus dengue sorotipo 4

DENV5 – vírus dengue sorotipo 5

DEPC - dietilpirocarbonato

dsRNA – RNA fita dupla

DTT - ditiotreitol

EIE – ensaio imuno enzimático

ELISA – Enzyme-Linked Immunosorbent Assay

EUA – Estados Unidos da América

Fc - porção efetora do anticorpo

FHD – febre hemorrágica do dengue

HP - haplótipo

IFN – intérferon

IgG – imunoglobulina G

IgM – imunoglobulina M

IL – interleucina

IPTSP – Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública

Kb – quilobase

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

viii

kDa – quilo Dalton

MAC-ELISA - IgM antibody capture ELISA

µg - micrograma

µL - microlitro

nm – nanômetro

OMS – Organização Mundial de Saúde

ON – óxido nítrico

ORF – open reading frame

PAF – fator de ativaçào plaquetária

pb – pares de base

PAHO – Pan American Health Organization

PCR – reação em cadeia pela polimerase

pH – potencial de hidrogênio

RE – retículo endoplasmático

RER – retículo endoplasmático rugoso

RIDL® - (Release of Insects Carrying a Dominant Letal

RNA – ácido ribonucleico

RpRd – RNA polimerase RNA dependente

RT – transcriptase reversa

RT-PCR – reação em cadeia pela polimerase pós-transcrição reversa

SCD – síndrome do choque do dengue

SIM – Sistema de Informação sobre Mortalidade

SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificações no Ministério da Saúde

ssRNA – single-stranded RNA

SUVISA - Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado de Goiás

T.A. – temperatura ambiente

TBE – Tris/Borato/EDTA

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TIE - Técnica do Inseto Estéril RIDL® (Release of Insects Carrying a Dominant Letal

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

ix

TNF – fator de necrose tumoral

UFG – Universidade Federal de Goiás

UTR – untranslated region

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

x

RESUMO

A dengue é um dos maiores desafios para a saúde pública no Brasil e no

mundo. O vírus dengue (DENV) é um arbovírus da família Flaviviridae, gênero

Flavivírus, classificado em quatro sorotipos antigenicamente distintos DENV1-4. Desde

a introdução do DENV1 em Goiás, o cenário da dengue consistiu de epidemias sucessivas

de dengue com alternância da predominância entre os sorotipos. Um dos fatores que têm

sido associados à patogênese desta infecção, é a ocorrência de uma resposta imune

sorotipo cruzada em infecções secundárias. Assim, a identificação dos sorotipos

circulantes, bem como a caracterização das variantes genômicas, têm sido consideradas

importantes na vigilância da doença, uma vez que a introdução de novas variantes pode

constituir um fator de risco para a gravidade da doença. Nesse contexto, o presente estudo

objetivou investigar a ocorrência de infecção pelo DENV em indivíduos atendidos em

unidades de saúde no município de Goiânia, Goiás no período epidêmico de 2012-2013,

utilizando métodos sorológicos e moleculares, para determinação do índice de

positividade e identificação dos sorotipos/genótipos do vírus circulantes. Para isso, foram

coletadas 278 amostras de indivíduos suspeitos de infecção pelo DENV, as quais foram

submetidas à pesquisa dos marcadores sorológicos NS1, IgM e IgG utilizando kit

comercial, bem como a detecção do RNA viral e identificação do sorotipo através de RT-

PCR para a região C-prM. A positividade para a infecção foi de 43,9%, com índices de

30,5%, 13,6% e 20,5%, para os marcadores NS1, IgM e RNA, respectivamente. Das 57

amostras RNA positivas, 31,5% eram DENV-1 e 68,5% DENV-4, as quais foram

submetidas ao seqüenciamento de nucleotídeos da região da junção E/NS1 para a

caracterização do genótipo viral. As análises filogenéticas classificaram as amostras

DENV1 como genótipo V, sendo observada a diferenciação em dois clados, podendo

refletir a ocorrência de variantes genéticas com diferenças na história evolutiva. Para as

amostras DENV4, classificadas como genótipo II, foi observada uma proximidade

filogenética entre os isolados deste estudo e outros isolados do país e América Latina.

Estes resultados demonstram a eficácia da combinação de metodologias no diagnóstico

desta infecção. Ainda, a avaliação molecular mostra-se fundamental para estabelecer uma

base de dados completa a ser utilizada para estudos de vigilância, colaborando com

investigações da dinâmica do vírus e o padrão esperado para as epidemias futuras.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

i

ABSTRACT

Dengue is a major challenge to public health in Brazil and worldwide. Dengue

virus (DENV) is an arbovirus of the family Flaviviridae, genus Flavivirus, classified into

four antigenically distinct serotypes DENV1-4. Since the introduction of DENV1 in

Goiás, the current situation consisted of successive epidemics of dengue fever with

change among prevalence serotypes. One of the factors that have been associated with

the pathogenesis of this infection is the occurrence of a cross-serotype immune response

in secondary infections. Thus, the identification of circulating serotypes and also the

characterization of the genomic variants have been considered important on disease

surveillance, since the introduction of new variants can be a risk factor for severe dengue.

In this context, the present study aimed to investigate the occurrence of DENV infection

in individuals treated at health centers in Goiânia, Goiás in the epidemic period 2012-

2013, using serological and molecular methods for determining the rate of positivity and

identification of serotypes/genotypes in the circulating virus. For this, 278 samples from

suspected individuals of DENV infection, which were submitted to the research of

serological markers NS1, IgM and IgG using a commercial kit, as well as viral RNA

detection and serotype identification by RT-PCR for region C-prM. The positivity for

infection was 43.9%, with rates of 30.5%, 13.6% and 20.5% for NS1, IgM and RNA,

respectively. Considering the RNA-positive samples, 31.5% were DENV1 and 68,5%

were DENV4, which were subjected to nucleotide sequencing of the E/NS1 junction to

characterize the viral genotype. Phylogenetic analysis classified the DENV1 samples as

genotype V, that differentiated into two clades, which may reflect the occurrence of

genetic variants with differences in evolutionary history. For DENV4 samples, classified

as genotype II, was observed a phylogenetic proximity between the strains analyzed and

others strains of the country and Latin America. These results demonstrate the

effectiveness of the combination methods in the diagnosis of DENV infection. Still, the

molecular evaluation has proven crucial to establish a complete data base to be used for

surveillance studies, collaborating with investigations of the dynamics of the virus and

the expected profile for future epidemics.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

1

1. INTRODUÇÃO

1.1. Histórico

Registros antigos datados de 265 d.C., na China, relatam eventos compatíveis

com quadros clínicos de infecção pelo vírus dengue (DENV). A doença foi chamada de

“veneno da água”, pois sua transmissão foi associada à presença de insetos voadores

relacionados à água (Nobuchi 1979 apud Gubler 1998).

Surtos compatíveis com infecção pelo vírus dengue ocorreram nas Antilhas

Francesas e no Panamá, no século XVII. O mesmo sucedeu no século seguinte, com

relatos de epidemias de dengue em algumas regiões da Ásia, África e da América do

Norte, entre 1779 e 1780. Esses acontecimentos, quase simultâneos nos três continentes,

já se apresentariam como um indicativo de que o vírus e seu vetor teriam uma ampla

distribuição nos trópicos há mais de 200 anos (Gubler 1998, Petersen & Marfin 2005).

Em 1907, dois oficiais médicos das Forças Armadas Americanas foram

enviados às Filipinas para pesquisarem as causas dessa patologia. Suas conclusões foram

que a doença – infecciosa, porém não contagiosa - era causada por um elemento não

filtrável, ficando assim indicado pela primeira vez que o agente etiológico da dengue era

um vírus (Ashburn & Craig 1907). Em 1931, Simmons et al. descreveram a relação entre

a transmissão do vírus dengue e a presença do mosquito Aedes albopictus (Skuse 1894),

encontrando similaridade com o ciclo do vírus amarílico (Simmons et al. 1931 apud

Henchal & Putnak 1990).

Na década de 1940, o vírus dengue foi isolado de pacientes infectados, a partir

das descobertas iniciais feitas por Kimura (1943) e Hotta (1944), seguidos por estudos de

Sabin e Schlesinger (1952). A primeira cepa foi denominada Havaí, e com a descoberta

da segunda cepa (Nova Guiné) pôde-se observar que as mesmas possuíam algumas

características antigênicas diferentes, passando a ser consideradas sorotipos de um

mesmo vírus. Em 1956 novos sorotipos foram isolados durante uma epidemia de dengue

no Sudeste Asiático, passando o complexo dengue a ser formado por quatro sorotipos

virais, denominados DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4 (Henchal & Putnak 1990).

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

2

Embora a transmissão do vírus dengue tenha sido inicialmente relacionada ao

Ae. albopictus, foi com o Aedes aegypti (Linnaeus 1762), atualmente o principal vetor do

DENV, que o mesmo se propagou com eficiência. A expansão territorial do Ae. aegypti

iniciou-se com o tráfico de escravos originários da África, entre os séculos XV e XIX,

expansão essa limitada às regiões tropicais (Soper 1967). Antes da II Guerra Mundial, as

regiões afetadas apresentavam epidemias esporádicas, entretanto, a guerra proporcionou

uma situação favorável para o aumento das regiões afetadas pelo vetor, bem como pelo

agente. Durante esse período bélico, a dengue afetava todos os grupos envolvidos na

guerra e assim, centenas de soldados foram infectados (Gubler 1997 apud Gubler 2011).

A epidemiologia global e a dinâmica da transmissão da doença se

modificaram drasticamente no Sudeste da Ásia. A alteração na ecologia, causada pela

guerra, favoreceu a expansão geográfica do mosquito, aumentou a densidade vetorial, e

o movimento acelerado das tropas espalhou o vírus entre as populações. Ao final da

guerra, vários países asiáticos se tornaram hiperendêmicos, ou seja, apresentavam em seu

território a cocirculação de diferentes sorotipos virais (Sabin 1952 apud Gubler 2011,

Gubler 1997 apud Gubler 2011).

Na década de 1950, os surtos da doença se tornaram mais graves e frequentes,

sendo suas versões hemorrágicas e suas complicações reconhecidas pela primeira vez nos

países do Sudeste Asiático (Cohen & Halstead 1966). Esses países começaram a expandir

sua economia e a ter um crescimento urbano considerável, embora não planejado, o que

propiciou condições ideais para que o vírus dengue e seu vetor Ae. aegypti se instalassem

com sucesso nas áreas urbanas (Gubler 2012). Assim, a forma hemorrágica foi

identificada durante as epidemias de dengue ocorridas nas Filipinas (1953-1954),

Tailândia e Bangkok (1958), seguidas, na década de 1960, por epidemias em Singapura,

Malásia e Vietnam e, em 1970, na Indonésia e Myanmar (Cohen & Halstead 1966,

Hammon 1973 apud Gubler 2011).

Nas Américas, as epidemias de dengue foram raras entre os anos de 1950 e

1970. Nesse período houve controle efetivo do vetor pelo programa de erradicação da

Febre Amarela, financiado pela Pan American Health Organization (PAHO) (Gubler

1998, Guzman & Kouri 2003). A partir de 1970 as epidemias de dengue se expandiram

regionalmente e globalmente, aumentando suas frequências e magnitudes. O vírus dengue

se tornou hiperendêmico na maioria das grandes cidades dos trópicos (Gubler 2012). O

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

3

programa do controle do vetor no continente americano encerrou-se em 1970, permitindo

a reintrodução do mosquito nos países tropicais do continente juntamente com a

reintrodução dos quatro sorotipos virais do DENV (Petersen & Marfin 2005).

A partir de então, a distribuição territorial do vetor aumentou

consideravelmente e, desta forma, o vírus se tornou endêmico em vários países ocidentais,

levando-os a epidemias por múltiplos sorotipos virais (Ross 2010). Os principais fatores

que contribuíram para esse aumento exacerbado foram: o crescimento da população

mundial, a urbanização não planejada e não controlada, a ausência de um programa de

controle do vetor em regiões endêmicas, o crescimento de viagens aéreas proporcionando

um intercâmbio de patógenos entre os diversos centros populacionais no mundo,

alterações climáticas, mudanças no comportamento do vetor e a ausência políticas de

saúde pública organizadas (Gubler 1998, Guzman & Kouri 2003, Gubler 2011).

1.2. Características gerais do vírus dengue

1.2.1. Classificação e estrutura

A família Flaviviridae é formada por uma diversidade de vírus capazes de

infectar humanos e outras espécies animais. Esta família compreende os gêneros

Flavivirus, Pegivirus, Pestivirus e Hepacivirus, sendo o gênero Flavivirus o que

apresenta maior número de espécies (ICTV 2013). O vírus dengue pertence ao gênero

Flavivirus, o qual é composto por mais de 53 espécies, que podem ser transmitidas aos

humanos através de vetores artrópodes, e apresentam ampla distribuição global

(Lindenbach et al. 2007, Domingo et al. 2011, ICTV 2013). Os vírus deste gênero estão

associados a uma diversidade de doenças, como quadros febris brandos, febres

hemorrágicas e encefalites. Seus principais representantes são os vírus dengue, vírus da

febre amarela, vírus do Nilo Ocidental e o vírus da encefalite japonesa (Lindenbach et al.

2007). Dentre estes, o DENV é o representante que mais se destaca em número de casos

de doenças e de mortalidade (Mukhopadhyay et al. 2005).

O DENV está classificado em quatro sorotipos geneticamente relacionados,

mas antigenicamente distintos, denominados DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4. Esses

sorotipos são bem caracterizados e possuem cerca de 65% de homologia de seu genoma,

sendo cada um considerado uma espécie distinta (Murphy et al. 1995 apud Kuno et al.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

4

1998, Guzman et al. 2010a). Através análises moleculares, grupos distintos, que se

diferenciavam em até 6% de seu genoma, foram identificados dentro de cada sorotipo, e

um novo nível de classificação foi proposto, agora definidos como genótipos (Rico-Hesse

1990).

Há ainda a proposição de um novo sorotipo viral proveniente de um surto

ocorrido na Tailândia em 2007. Após sequenciamento genômico completo de uma

amostra isolada de um paciente com quadro grave de dengue, inicialmente suspeito de

infecção pelo DENV4, verificou-se a existência de diferenças significativas, levando à

proposição de um novo sorotipo denominado DENV5. Pouco ainda é conhecido sobre o

novo sorotipo, entretanto, análises preliminares demonstraram maior proximidade ao

sorotipo DENV4 (Normile 2013, Mamani 2014).

A partícula do vírus dengue possui cerca de 40-60 nanômetros (nm) de

diâmetro e morfologia esférica. O vírus é envelopado, apresentando uma bicamada

lipídica à qual estão incorporadas a glicoproteína E, a proteína M e pequenos resíduos da

proteína prM. O envelope circunda o nucleocapsídeo, por sua vez constituído pelo

capsídeo proteico de simetria icosaédrica, formado por múltiplas cópias da proteína C e

uma única molécula linear de RNA (ssRNA) com polaridade positiva (Figura 1) (Russell

et al. 1980 apud Lindenbach & Rice 2003, Chambers et al. 1990).

Figura 1. Representação esquemática da partícula viral do DENV

Fonte: ViralZone 2011 - Modificado

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

5

O genoma viral, com cerca de 11 kilobases (Kb), apresenta uma única região

de leitura aberta (ORF – Open Reading Frame), que é flanqueada pelas regiões 5’e 3’ não

codificantes (5´UTR/3´UTR – Untranslated Region) participantes na regulação da

tradução e replicação do genoma. A ORF codifica uma poliproteína de 3386 a 3434

aminoácidos, a qual sofre clivagens sucessivas e origina as proteínas estruturais e não

estruturais (Chambers et al. 1990, Lindenbach & Rice 2003). Partindo da extremidade

amino-terminal do RNA inicia-se a codificação das proteínas estruturais: proteína do

capsídeo (C), proteína premembrana e membrana (prM/M) e a proteína do envelope (E);

e em seguida, as não estruturais (NS1/NS2A/NS2B/NS3/NS4A/NS4B/NS5), que atuam

em diversas etapas do processo de replicação viral (Figura 2) (Mackow et al. 1987, Mandl

et al. 1988, Mukhopadhyay et al. 2005, Lindenbach et al. 2007, Domingo et al. 2011).

1.2.2. Organização proteica

Constituinte do capsídeo viral, a proteína C possui aproximadamente 11kDa.

Suas extremidades possuem resíduos carregados (hidrofílica) enquanto a parte interna é

hidrofóbica. O domínio hidrofóbico é clivado na proteína C madura, que se compacta em

dímeros. Estes dímeros se associam para a formação final do nucleocapsídeo, sendo

proposto que esta ocorra a partir de uma interação entre os dímeros e o RNA viral, com

possível envolvimento da proteína prM (Ma et al. 2004, Kiermayir et al. 2004,

Lindenbach et al. 2007).

A proteína M (glicoproteína de membrana) possui como precursora a prM, de

tamanho aproximado de 26kDa. Esta é translocada para o retículo endoplasmático por

associação ao domínio hidrofóbico da proteína C. Sua principal função é de proteção à

proteína E durante a via secretora da patícula viral. É nesta via que a prM é clivada em pr

Figura 2. Estrutura genômica do vírus dengue

Fonte: Guzman et al. 2010

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

6

e M através de enzimas residentes no Complexo de Golgi. Assim, a fração pr é secretada

enquanto a fração M participará do vírus maduro (Murray et al. 1993, Stocks & Logibs

1998, Lindenbach & Rice 2003).

A glicoproteína do envelope viral, proteína E, constitui a maior proteína do

DENV possuindo 53kDa. Apresenta-se na forma de espículas projetadas da camada

lipídica do envelope viral, com cerca de 180 cópias, sendo responsável por mediar a

ligação da partícula viral aos receptores da célula hospedeira, pela fusão do envelope viral

à membrana da vesícula endocítica e também participa da montagem do vírus. É o

principal determinante antigênico da partícula viral e sua secreção é dependente da

coexpressão do complexo prM (Zhao et al. 1986, Konishi & Mason 1993, Heinz &

Allison 2001).

As proteínas não estruturais desenvolvem importante papel nas etapas do

ciclo de replicação viral. Neste contexto, a glicoproteína NS1 (46kDa) se concentra nas

regiões de replicação do RNA viral junto ao dsRNA ou aos complexos de replicação.

Aparenta ter um papel importante, embora não completamente elucidado, como cofator

na replicação do material genético. Também pode estar presente na superfície celular e

ser secretada pela célula infectada (Mackow et al. 1987, Lindenbach & Rice 1999,

Lindenbach et al. 2007).

Durante a fase inicial da infecção, tanto a forma solúvel da NS1 quanto a sua

forma anexada à membrana celular geram uma resposta imune humoral significativa no

hospedeiro e assim, os anticorpos produzidos podem levar à lise da célula infectada

mediada por ação do sistema complemento e participar na patogênese da infecção

(Schlesinger et al. 1993, Chang et al. 2002, Lindenbach & Rice 2003). Além do caráter

imunogênico, a porção secretada da NS1 constitui um importante marcador da infecção

pelo DENV, tanto em infecções primárias quanto em infecções secundárias, tendo seus

picos nos primeiros dias após o início dos sintomas da doença, podendo chegar até os

níveis de 50g/mL de soro (Young et al. 2000, Lindenbach & Rice 2003, Vazques et al.

2010).

A proteína NS2A (22kDa) é hidrofóbica e possui mais de um função: se

associa ao complexo de replicação do material genético; é importante para a montagem

da partícula viral e atua como antagonista do interferons e através da inibição da

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

7

sinalização gerada pelos mesmos (Mackenzie et al. 1998, Kümmere & Rice 2002, Leung

et al. 2008). A proteína NS2B, com 14kDa, é uma proteína associada à membrana,

formando um dímero com a NS3 e agindo como um cofator para a serina protease NS2B-

NS3 (Falgout et al. 1991).

Caracterizada como uma proteína multifuncional, a proteína NS3 (70kDa)

desenvolve funções no processamento da poliproteína, clivando-a, bem como na

replicação do RNA viral (função de RNA nucleosídeo trifosfatase, helicase e RNA

trifosfatase). Esta proteína parece estar associada à atividade apoptótica gerada em células

de mamíferos, aparentemente pela ativação da caspase 8 (Mackow et al. 1987, Wengler

& Wengler 1993, Lindenbach et al. 2007).

As proteínas NS4A (16kDa) e NS4B (27kDa) são hidrofóbicas e capazes de

bloquear a sinalização gerada pelo interferon tipo I. Ademais, NS4A se associa à proteína

NS1 e parece estar intimamente relacionada à replicação do genoma viral e NS4B

aparenta ser uma proteína de membrana politópica (Mackenzie et al. 1998, Lindenbach

& Rice 1999, Muñoz-Jordan et al. 2003).

Definida como a maior das proteínas não estruturais, a proteína NS5

(103kDa) é altamente conservada e com função de metiltransferase e RNA polimerase

RNA dependente (RpRd). Sua atividade como polimerase justifica a presença desta

proteína em sítios de replicação do RNA viral. É capaz de induzir a transcrição e secreção

de IL-8, auxiliando na propagação viral no hospedeiro através do recrutamento de células

inflamatórias para o sítio de infecção (Ackermann & Padmanabhan 2001, Medin et al.

2005).

1.2.3. Variabilidade genômica e antigênica

Como já mencionado, o vírus dengue possui quatro sorotipos bem

caracterizados que possuem cerca de 65% de homologia de seu genoma e se diferem

antigenicamente, sendo cada um considerado uma espécie distinta (Murphy et al. 1995

apud Kuno et al. 1998, Guzman et al. 2010a).

Estudos genéticos possibilitaram verificar a homologia entre os quatro

sorotipos virais, assim como demonstraram haver diferenças entre isolados de um mesmo

sorotipo. Análises evolutivas permitiram a caracterização mais precisa desses isolados,

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

8

que passaram então a ser classificados como genótipos (Rico-Hesse 1990, Holmes &

Twiddy 2003).

De acordo com Rico-Hesse (1990), os genótipos são grupos do DENV que

diferem em até 6% na sequência genômica na região da junção E/NS1, e que podem ser

agrupados de acordo com áreas epidemiológicas. Essa região demonstra uma taxa de

mutação uniforme, sem que a região hipervariável consiga alterar os epítopos

imunogênicos, sendo considerada uma região que apresenta elementos suficientes para a

caracterização dos genótipos (Rico-Hesse 1990).

Alguns autores utilizam o sequenciamento do gene E completo para realizar

estudos relacionados com a filogenia do vírus, como datação de amostras e evolução

molecular, podendo também ser utilizado para genotipagem dos sorotipos. A

genotipagem realizada através do gene E é compatível com a genotipagem encontrada

utilizando-se a junção E/NS1 (Klunhthong et al. 2004, Souza et al. 2011, Costa et al.

2012).

DENV1 possui cinco genótipos relatados: I (Sudeste Asiático, China e Leste

da África), II (Tailândia), III (Malásia), IV (Pacífico Sul) e V (América e África) (Rico-

Hesse 1990, Weaver & Vasilakis 2009, Mendez et al. 2010).

DENV2 possui seis genótipos relatados: I (subdivido entre genótipo 1 da Ásia

e genótipo 2 da Ásia), II (Cosmopolita), III (América), IV (Sudeste da Ásia e América) e

V (Silvestre) (Rico-Hesse et al. 1997, Twiddy et al. 2002, Weaver & Vasilakis 2009).

DENV3 possui quatro genótipos relatados: I (Indonésia, Malásia e Filipinas),

II (Tailândia, Vietnã e Bangladesh), III (Sri Lanka. India, África e Samoa), IV (Porto

Rico, América Central, América Latina) (Weaver & Vasilakis 2009).

DENV4 possui quatro genótipos relatados: I (Tailândia, Filipinas, Sri Lanka

e Japão), II (Indonésia, Malásia, Taiti, Caribe e América), III (Amostras da Tailândia que

diferem de outros isolados), e silvestre (Malásia) (Lanciotti et al. 1997, Klungthong et al.

2004, Weaver & Vasilakis 2009).

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

9

1.3. Vetor, Ciclo Biológico e Transmissão

O DENV é o princial patógeno humano transmitido por vetores artrópodes,

transmissão essa associada à picada de fêmeas dos mosquitos pertencentes ao gênero

Aedes, subgênero Stegomya, tais como o Ae. aegypti, Ae. albopictus, Ae. polynesiensis ou

Ae. scutellaris, cada uma destas com ecologia, comportamento e distribuição geográfica

particulares (Gubler 1998, Bente & Rico-Hesse 2006).

O Ae. aegypti, originário da África, é a principal espécie vetor do vírus nas

Américas, mantendo o ciclo urbano da transmissão homem-vetor-homem. Esta espécie

se estabeleceu nas regiões tropicais e subtropicais e é a única altamente adaptada ao

ambiente doméstico, apresentando acentuada antropofilia (Cristophers 1960, Scott et al.

2000, San Martín et al. 2010).

Os espécimes de Aedes aegypti são pequenos, de cor escura, rajado de branco

nas patas e corpo, muito bem adaptado ao ambiente doméstico e faz sua ovoposição

preferencialmente em depósitos artificiais que acumulem água, localizados ao redor de

casas como vasos de plantas, reservatórios de água, materiais plásticos descartados

incorretamente, pneus, entre outros (Cristophers 1960, Bentley & Day 1989, Gubler &

Meltzer 1999 apud Chua 2005). Os ovos são depositados próximo à superfície da água e,

após embrionados, podem permanecer viáveis por vários meses em baixa umidade (Trpis

1972, Silva & Silva 1999, Russell et al. 2001). Os mosquitos adultos preferem permanecer

no interior das casas, agem de forma discreta e as fêmeas se alimentam de sangue durante

o período diurno (Gubler 1998).

A fêmea do mosquito possui um comportamento melindroso durante a

alimentação, podendo interromper o repasto sanguíneo facilmente, gerando dessa forma

uma necessidade de picar várias pessoas até que tenha se alimentado o suficiente. Este

comportamento, caso a fêmea esteja infectada pelo DENV, aumenta o número de

humanos sob o risco de infecção pelo vírus e faz dessa espécie um vetor eficiente (Platt

et al. 1997, Scott et al. 1997 apud Gubler 1998).

Assim, a transmissão do DENV se faz pela picada de mosquitos fêmeas do

gênero Aedes, compreendendo duas fases: uma extrínseca, no hospedeiro invertebrado, e

outra intrínseca, no hospedeiro vertebrado. Quando um indivíduo é picado por um

mosquito infectado, após um período de incubação intrínseca que dura de três a 14 dias,

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

10

inicia-se uma fase febril com sintomas inespecíficos. Durante a fase febril, o hospedeiro

apresenta viremia periférica podendo, ao ser picado por outro mosquito do gênero Aedes,

transmitir o vírus para o mesmo (Gubler et al. 1981). As partículas virais infectam as

células do trato intestinal do inseto e, após o período de incubação extrínseca, que varia

de oito a 12 dias, se acumulam nas glândulas salivares do mesmo, tornando-o apto a

transmitir o vírus a outros hospedeiros susceptíveis (Watts et al. 1987, Gubler 1998).

O Ae. Albopictus é considerado o vetor secundário da doença e está em atual

expansão territorial nas regiões de clima temperado (Morens & Fauci 2008).

Originalmente demonstra hábitos silvestres, dificilmente entrando nas casas e não

apresentando uma antropofilia tão acentuada quanto o Ae. aegypti, e, embora esteja

presente nas Américas, ainda não foi associado à transmissão de dengue no Brasil

(Teixeira et al. 1999, Tauil 2001). Entretanto, estudos vêm demonstrando o poder de

adaptação do Ae. albopictus ao ambiente urbano e sua possível potencialidade como vetor

de arboviroses no Brasil (Martins et al. 2006, Silva et al. 2006, Martins et al. 2010).

1.4. Replicação viral

Após a entrada do vírus em um hospedeiro humano, ocorre a interação deste

com a célula alvo, monócitos, macrófagos ou células dendríticas (hospedeira), por meio

da adsorção da glicorproteína E aos receptores da superfície celular, induzindo a

endocitose da partícula viral. Dentro do endossomo, o baixo pH endossomal induz uma

trimerização irreversível da proteína E, levando à fusão das membranas viral e celular,

resultando na liberação do nucleocapsídeo viral no citoplasma, onde ocorre o

desnudamento do genoma viral (Mukhopadhyay et al. 2005; Ross 2010).

No retículo endoplasmático rugoso (RER) o RNA viral é traduzido

codificando a poliproteína viral a qual é processada por proteases virais e celulares

originando as proteínas estruturais e não estruturais maduras. Para a replicação do genoma

viral, um complexo protéico constituído pela proteína NS5 (RpRd), as proteínas NS

acessórias e ainda fatores celulares, associam-se ao RNA viral. O primeiro passo envolve

a síntese de uma molécula de polaridade negativa de RNA que servirá então como molde

para a síntese de cópias do RNA viral polaridade positiva que constituirão a progênie

viral, processo descrito como semiconservado e assimétrico (Lindenbach et al. 2007).

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

11

A montagem das novas partículas do vírus ocorre na superfície do retículo

endoplasmático (RE), desta forma as proteínas estruturais e as cópias do RNA serão

sintetizadas no lúmen do RE. As partículas imaturas do vírus são transportadas pela via

de secreção do complexo de Golgi e, durante este transporte, as partículas imaturas sofrem

clivagens do complexo prM por proteases da células hospedeira, resultando em partículas

virais maturas e infecciosas, que serão liberadas através do processo de exocitose.

Durante esse processo o núcleo capsídeo viral irá adquirir uma parte da membrana celular

do hospedeiro, formando assim o envelope viral (Lindenbach & Rice 2003,

Mukhopadhyay et al. 2005, Lindenbach et al. 2007, Ross 2010).

1.5. Patogênese da infecção

Após a picada de um mosquito infectado por DENV, os vírus presentes na

saliva do inseto são inoculados no hospedeiro e então podem ser isolados de monócitos

circulantes ou células dendríticas imaturas presentes no tecido epitelial, considerados os

principais alvos para a replicação viral (Marovich et al. 2001). Estas células migram para

os linfonodos locais ou regionais, onde apresentarão os antígenos virais para as células T,

dando início às respostas imunes celular e humoral. Há evidências ainda de vasta

replicação viral em células do parênquima hepático e em macrófagos presentes em

linfonodos, fígado e baço, assim como em monócitos circulantes do sangue periférico

(Hall et al. 1991, Taweechaisupspong et al. 1996, Marovich et al. 2001, Jessie et al. 2004).

A ativação de células alvo pelo vírus induz à liberação de citocinas e

mediadores químicos, entretanto o perfil destes componentes durante infecções por

DENV ainda não está claro e permanece como objeto de estudo. De uma forma geral, a

resposta inicial do sistema imune às infecções virais é mediada pelos interferons (INF):

os INF tipo 1, INF e INFque atuam no controle da replicação viral, enquanto o INF

modula a produção de mediadores inflamatórios e partículas antivirais. Estudos vêm

demonstrando que os IFN tipo I possuem uma pequena ação protetora estabilizando a

barreira endotelial, enquanto o IFN apresenta um efeito contrário sendo responsável por

aumentar a permeabilidade do endotélio causando, assim, extravasamento plasmático,

que por sua vez é fundamental para a gravidade da doença (Kurane & Ennis 1994, Dewi

et al. 2004, Espada-Murao & Morita 2011). Células dendríticas infectadas pelo DENV

produzem IFN e TNF(fator de necrose tumoral), sendo que a produção de TNF é

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

12

maior em indivíduos que desenvolvem dengue com perfil hemorragico (Ho et al. 2001).

O TNF estimula as células do endotélio vascular e monócitos a libertar fator de ativação

plaquetária (PAF) e óxido nítrico (ON), o que contribui para o aumento da permeabilidade

vascular e extravasamento do plasma. Este feito é em parte reprimido pela produção de

IFN, entretanto a queda dos níveis de INFdurante o curso da infecção permite que as

células endoteliais se tornem sensíveis aos efeitos do TNF (Liu et al. 2009). Outras

citocinas, como IL-4 (interleucina), IL-6 e IL-8 parecem estar aumentadas nos casos de

dengue com quadros hemorrágicos se comparadas aos níveis encontrados em pacientes

com dengue sem complicações. A IL-4 ainda parece se associar ao TFNcriando um

efeito sinérgico no sentido de aumentar a permeabilidade do tecido endotelial (Beynon et

al. 1993).

A suscetibilidade ao DENV é universal e a infecção natural por qualquer um

dos quatro sorotipos do vírus produz imunidade duradoura contra um mesmo sorotipo

específico (homóloga) e uma imunidade cruzada (heterotípica) protetora por um curto

período, aproximadamente de três a seis meses (Sabin 1952). A imunidade heterotípica

de curta duração ocorre devido a anticorpos contra a proteína E, que declinam com o

tempo e permitem que o indivíduo se torne suscetível aos sorotipos DENV pelos quais

não foi infectado (Whitehorn & Simmons 2011). Assim, a resposta imunológica à

infecção por dengue pode ser primária ou secundária. Na resposta primária a produção de

anticorpos IgM anti-DENV inicia-se entre o segundo e quarto dia após o início dos

sintomas e atinge seu pico plasmático em média com 15 dias, enquanto os anticorpos da

classe IgG começam a ser detectados no soro do paciente com cerca de 15 dias do início

da doença. Em infecções secundárias os níveis de IgM permanecem presentes por um

período de menor duração e os níveis de IgG podem aumentar precocemente atingindo

níveis mais elevado que na primo-infecção (Koraka et al. 2001).

Ao longo dos anos, esforços no sentido de elucidar os fatores que teriam papel

no desenvolvimento de casos graves de infecções por dengue têm sido conduzidos. Neste

cenário algumas teorias foram descritas visando definir a patogenia dos casos graves das

infecções pelo DENV. A primeira refere-se à infecção sequencial por outro sorotipo, na

qual a infecção por um sorotipo do DENV gera uma memória imunológica heterotípica e

temporária contra os outros sorotipos virais, essa memória imunológica é não

neutralizante e pode permitir que a entrada do vírus nos macrófagos e monócitos seja

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

13

facilitada. Essa hipótese, inicialmente postulada por Halstead (1970), é chamada de

fenômeno da facilitação da penetração viral em macrófagos mediada por anticorpos

(antibody dependent enhancement - ADE) e sugere que a gravidade da doença esteja

relacionada à presença de anticorpos heterotípicos contra o DENV, já que o risco de

desenvolver o quadro hemorrágico da dengue aumenta em infecção secundária pelo

DENV e em crianças de até um ano de idade que possuem anticorpos contra o vírus

dengue adquiridos verticalmente de suas mães (Halstead 1970, Kliks et al. 1988. Ng et

al. 2014). Estudo de Gibbons et al. (2007) demonstra, entretanto, que o risco de

desenvolver formas hemorrágicas da doença não permanece em infecções terciárias, ou

até mesmo quaternárias, por DENV.

Segundo a teoria ADE, a partícula viral se associa aos anticorpos

preexistentes e heterotípicos gerando uma sinalização, através dos receptores Fc (porção

efetora do anticorpo), para a sua fagocitose por células mononucleares e, paradoxalmente,

amplificam a infecção. Esse mecanismo aumenta o número de antígenos presentes nas

células infectadas, podendo levar à ativação de linfócitos T de memória específicos para

o sorotipo DENV da infecção anterior, capazes de gerar uma resposta imune cruzada

(Kurane et al. 1991). O mecanismo ainda cria uma cascata de autoamplificação que pode

levar à liberação acentuada de citocinas e mediadores químicos aptos a causar o

extravasamento de plasma, como IFN TNFe IL-2 (Kliks et al. 1989, Green et al. 1999,

Voughn 2000). Estudo de Burke-Gaffney & Keenan (1993) demonstrou in vitro que o

IFN e o TNF podem aumentar a permeabilidade de células endoteliais, sendo o mesmo

efeito observado com altos níveis de IL-2, esses mediadores químicos podem ser um dos

fatores responsáveis pelos episódios hemorrágicos nos casos de dengue grave (Halstead

1989, Kurane et al.1991, Burke-Gaffney & Keenan 1993).

A teoria ADE isolada não é capaz de esclarecer todos os fatores associados à

manifestação das formas hemorrágicas e severas, visto que indivíduos com infecção

primária também podem evoluir para quadros clínicos graves e apenas uma parte da

população infectada pelo vírus dengue uma segunda vez desenvolvem quadros graves da

doença (Scott et al. 1976, Watts et al. 1999). Assim, outro fator fortemente associado aos

casos graves é a virulência do isolado em questão. Epidemias em que ocorrem grande

número de casos graves da doença costumam estar associadas a variantes específicas do

DENV, como, por exemplo, o genótipo Ásia/América do DENV2, que apresenta uma

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

14

adaptação melhor ao vetor que o genótipo americano do DENV2, e que foi responsável

por uma grande epidemia de casos hemorrágicos de dengue em Cuba (Rico-Hesse et al.

1997). As características virais possíveis de estarem associadas com a virulência da cepa

são: habilidade de infectar um número maior de células, capacidade de gerar uma

progênie maior, capacidade de causar reações inflamatórias mais graves e evasão da

resposta imune do hospedeiro. Essas características são variáveis entre os diversos

genótipos existentes de DENV (McBride & Bielefeldt-Ohmann 2000, Vasilakis &

Weaver 2008).

Fatores intrínsecos do hospedeiro (idade, gênero, estado nutricional, doenças

crônicas) também são variáveis que devem ser consideradas no complexo mecanismo de

evolução para quadros graves de infecções por dengue. A idade aparece como um fator

preocupante, quanto mais jovem o paciente maior a possibilidade de desenvolver quadro

clínico hemorrágico e agravos, sendo as crianças entre um a quatro anos de idade um

grupo de alto risco (Gamble et al. 2000). O gênero feminino também demonstra ser mais

passível a desenvolver casos graves de dengue, hipoteticamente devido a fatores

fisiológicos (endotélio mais suscetível à permeabilidade vascular) ou imunológicos

(resposta imune aparentemente mais forte que a apresentada por homens) (Halsted 1997,

Anders et al. 2011). Entretanto mais estudos são necessários para compreensão da

verdadeira correlação destes fatores. A presença de comorbidades nos indivíduos

infectados também se mostra como um fator de risco, embora ainda não completamente

estabelecida a sua real associação (Whitehorn & Simmons 2011).

1.6. Sintomatologia e conduta clínica

Até o ano 2013, o Brasil seguiu uma classificação proposta em 1997 pela

Organização Mundial de Saúde (OMS), na qual os quadros sintomáticos de infecções pelo

DENV eram classificados como dengue clássica (DC) e febre hemorrágica do dengue

(FDH), sendo esta última possível de se agravar e evoluir para a síndrome do choque do

dengue (SCD). Adicionalmente, o Ministério da Saúde inclui uma quarta classificação,

dengue com complicações (DCC), para os casos que não se enquadravam nos critérios da

OMS para FHD e para os quais a classificação para DC era insatisfatória (WHO 1997,

Brasil 2009).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

15

Entretanto, em 2009 a OMS propôs um novo esquema de classificação, com

o objetivo de torná-la mais simples e prática, tornando-se mais favorável no que se refere

à gestão dos casos e para a vigilância da doença. A nova proposta classifica os casos de

dengue em: dengue, dengue com sinais de alarme e dengue grave. A partir de 2014 o

Brasil adotou esta nova classificação para os casos de dengue, seguindo os critérios

apresentados no Quadro 1 (WHO 2009, Brasil 2014).

Quadro 1. Novos critérios utilizados pelo Brasil para classificação dos casos de dengue

Dengue

Indivíduos que vivam ou tenham viajados nos últimos 14 dias

para áreas com transmissão ou presença do Ae. aegypti,

apresentando febre entre 2 e 7 dias e que possuam dois ou mais

dos seguintes sintomas: náusea, vômito, enxantema, mialgia,

artralgia, cefaleia, dor retroorbital, petéquias ou prova do laço

positiva e leucopenia

Dengue com sinais

de alarme

Casos de dengue que, no período de defervescência da febre,

apresentem um ou mais dos sinais de alarme: dor abdominal

intensa e contínua ou dor a palpação de abdome, vômitos

persistentes, acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural ou

pericárdico), sangramento de mucosas, letargia ou irritabilidade,

hipotensão postural, hepatomegalia maior do que 2cm, aumento

progressivo do hematócrito.

Dengue grave

Casos de dengue que apresentem uma ou mais das seguintes

condições: choque, devido ao extravasamento grave de plasmo

evidenciado por taquicardia, extremidades frias e tempo de

enchimento capilar igual ou maior a três segundos, pulso débil

ou indetectável, pressão diferencial convergente < 20mm Hg,

hipotensão arterial em fase tardia, acumulação de líquidos com

insuficiência respiratória; sangramento grave, segundo a

avaliação médica (exemplos: hematêmese, melena, metrorragia

volumosa); comprometimento grave de órgãos, exemplo: dano

hepático importante (enzimas transaminases hepáticas > 1000),

alteração de consciência, miocardite.

O quadro clínico apresentado na infecção pelos diferentes sorotipos do

DENV é de amplo espectro e evolução variável, podendo cursar desde formas

assintomáticas, febre indiferenciada e autolimitada, até formas graves com apresentação

de quadros hemorrágicos com possibilidade de evolução para choque e óbito, sendo difícil

delimitar a transição de um quadro clássico para um quadro grave (WHO 2009).

A dengue, em sua forma sem complicações, constitui uma doença

autolimitada e geralmente com evolução espontânea para a cura. A fase aguda da doença

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

16

varia de três a sete dias, porém a fase convalescente pode ser acompanhada de grande

debilidade física e se prolongar por semanas (Gubler 1998). Pode se apresentar com início

abrupto, sendo a febre alta (acima de 38,5o C) a manifestação mais frequentemente

descrita, acompanhada de cefaleia, prostração, mialgia, artralgia, dor retrorbital, fotofobia

e linfadenopatia, com erupções cutâneas pruriginosas afetando cerca de 50% dos

pacientes (Hayes & Gubler 1992, Gould & Solomon 2008). Outros sintomas relatados

são dores ósseas, vômitos e náuseas, podendo haver anorexia, alteração de paladar e leve

dor de garganta. Frequentemente há uma fraqueza e apatia prolongada (Gubler 1998) e

pode haver prurido intenso seguido de descamação da palma das mãos e sola dos pés.

Achados laboratoriais compatíveis com dengue clássica são neutropenia e linfocitose com

presença de linfócitos atípicos, dosagem de enzimas do fígado aumentadas e frequente

trombocitopenia (Dietz et al. 1996, Simmons et al. 2012).

Alguns pacientes com dengue podem desenvolver sintomas mais graves que

devem ser avaliados cuidadosamente pelo clínico para que as providências de manejo do

paciente sejam feitas em tempo hábil. Após o período febril é necessário observar se o

paciente apresenta sinais de insuficiência circulatória ou manifestações hemorrágicas.

Nestes casos o hemograma frequentemente apresenta trombocitopenia (contagem de

plaquetas menor que 100.000/mm³) e hemoconcentração (Kalaynarooj 1999). A

fragilidade capilar é evidenciada pela prova do laço positiva e outras manifestações

hemorrágicas podem estar presentes, tais como petéquias, equimose, púrpura,

sangramento de mucosa ou do trato gastrointestinal e outros (Gubler 1998). O

extravasamento de plasma causa aumento do hematócrito, efusão e edema,

principalmente no tórax e abdome. O tempo da doença varia de sete a 10 dias, havendo a

necessidade de se fazer a reidratação do paciente a fim de obter um bom prognóstico

(Gould & Solomon 2008, Ross 2010, Simmons et al. 2012).

Casos graves de dengue ocorrem principalmente devido ao extravasamento

de fluidos intravascular, podendo levar ao choque hipovolêmico e possível óbito. O

paciente apresenta, junto aos sintomas de alarme, sintomas de falência circulatória:

pulsação rápida e fraca, hipotensão, extremidades frias, pele úmida e pegajosa e redução

do nível de consciência (Kalayanarooj 1999). É de rápida evolução e pode levar ao óbito

em oito a 24 horas ou à recuperação rápida, após terapia apropriada. Para evitar o choque

é necessária completa atenção à reposição do fluído intravenoso e a mudanças abruptas

na clínica apresentada pelo paciente (WHO 1997, Morens & Fauci 2008). Outras

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

17

manifestações graves e menos comuns vêm sendo descritas em vários países endêmicos

para o vírus, como insuficiência hepática, disfunção cardiorrespiratória, hemorragia

digestiva volumosa, miocardites, alterações neurológicas, convulsões e perda de

consciência (Solomon et al. 2000, Jackson et al. 2008, Guzman et al. 2009, Brasil 2009,

Araujo et al. 2012).

1.7. Diagnóstico laboratorial

Infecções pelo DENV se apresentam com sintomatologia variada, e muitas

vezes não específicas, sendo o diagnóstico clínico impreciso, levando assim à necessidade

de métodos laboratoriais específicos para o diagnóstico de dengue (WHO 2009). O

diagnóstico laboratorial envolve métodos de detecção diretos e indiretos, com

sensibilidade variável e associada ao período da infecção. Assim, o isolamento viral ou a

detecção do genoma ou de antígenos do vírus são métodos aplicados logo no início dos

sintomas, sendo posteriormente substituídos por testes que identificam a presença de

anticorpos específicos no soro (Guzman & Kouri 1996, WHO 2009, Peeling et al. 2010).

De acordo com a literatura, na maioria dos casos entre quatro a cinco dias

após o início dos sintomas é possível a detecção do vírus na corrente sanguínea ou em

tecidos do indivíduo infectado. Nessa fase aguda da infecção, é possível utilizar técnicas

que permitam a identificação do vírus, material genético ou antígenos virais. Assim, o

isolamento viral e a reação em cadeia pela polimerase pós-transcrição reversa (RT-PCR

– reverse transcriptase – polimerase chain reaction) são métodos indicados (WHO

2009).

O isolamento viral é realizado a partir de amostras de soro ou de autópsia.

Diferentes técnicas são descritas como: inoculação em cérebros de ratos recém-nascidos,

cultura em células de mamíferos, inoculação intratorácica em mosquito adulto e

inoculação em células de mosquito (Henchal & Putnak 1990), esta última é a mais

utilizada. A principal linhagem celular é a C6/36 do Ae. albopictus, por possibilitar maior

sensibilidade, rapidez em relação às outras linhagens (Igarashi 1978, Gubler et al. 1984,

Yamada 2002, Shu & Huang 2004). Após o cultivo celular, a identificação do sorotipo

viral é realizada pela técnica de imunofluorescência indireta, aplicando-se anticorpos

monoclonais específicos para cada sorotipo (Gubler et al. 1984). O isolamento viral pode

levar até 15 dias para seu resultado final e há a necessidade de pessoal técnico

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

18

especializado para realização do exame, esses são fatores limitantes para seu uso na rotina

de laboratórios menores (Lanciotti et al. 1992). Estudos de vigilância, entretanto, são

baseados em cultivo viral, permitindo a identificação dos sorotipos circulantes em

diferentes regiões (Brasil 2009).

Os testes moleculares se apresentam como ferramenta importante no

diagnóstico das infecções virais, contribuindo também em estudos de epidemiologia

molecular, patogenia e vacinas (WHO 2009). Para o DENV, a RT-PCR é uma alternativa

que permite a detecção rápida do vírus, com maior sensibilidade que a cultura viral,

possibilitando ainda a identificação do sorotipo e o diagnóstico de coinfecções por

sorotipos distintos (Lanciotti et al. 1992). Ademais, a técnica de PCR em tempo real se

apresenta como uma alternativa com maior sensibilidade de detecção além de permitir a

determinação da carga viral, dado este que tem sido avaliado em uma possível associação

entre elevada carga viral com maior risco de formas graves (Vaughn et al. 2000, Kong et

al. 2006, Dos Santos et al. 2008, Waggoner et al. 2013).

Para a investigação de infecção pelo DENV, o protocolo proposto por

Lanciotti et al. (1992), baseado na região da junção C-prM, permite a detecção do DENV

simultaneamente com a diferenciação e identificação do sorotipo infectante , desde então,

vem sendo amplamente utilizado. Adicionalmente, técnicas de sequenciamento genômico

permitem investigar variantes genéticas do vírus, assim como inferir sobre datação de

amostras, distribuição filogeográfica e filonegia evolutiva. Neste contexto, outras regiões

do genoma viral ganharam importância, como a junção E/NS1 e o gene codificante da

proteína E (Zhang et al. 2005, Souza et al. 2011, Shin et al. 2013)

A detecção da proteína NS1 durante os três primeiros dias de sintomas

também se mostra como uma opção para o diagnóstico precoce do agente viral¸ sendo

importante que a coleta da amostra ocorra no período correto da infecção. Essa detecção

pode ser realizada por ensaios imunoenzimáticos (EIE) ou imunocromatografia (na forma

de teste rápido), ambos demonstrando boa especificidade e sensibilidade (Hang et al.

2009, Guzman et al. 2010b, Bisordi et al. 2011). Entretanto, esses testes, assim como os

outros, possuem limitações. Baixa viremia pode resultar em baixos níveis de NS1 na

corrente sanguínea, gerando a possibilidade de um resultado falso negativo. O mesmo

pode acontecer em pacientes com infecções secundárias, nos quais os baixos níveis

plasmáticos da NS1 estariam associados ao aumento rápido da produção de anticorpos

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

19

anti-DENV IgG, que sequestram as proteínas NS1 através de imunocomplexos formados

(Hang et al. 2009, Tricou et al. 2009). Atualmente existem no mercado testes rápidos

combinados, baseados em imunocromatografia, que possibilitam a detecção simultânea

do antígeno NS1 e dos anticorpos IgM e IgG. Esses testes vêm apresentando sensibilidade

acima de 80%, além de permitirem a detecção simultânea dos três marcadores, o que

aumenta a precisão do diagnóstico (Blacksell et al. 2011, Andries et al. 2012).

Após o quinto dia do início dos sintomas a possibilidade de detectar o vírus

no sangue diminui em função do surgimento de resposta imune efetiva (Koraka et al.

2003, De La Cruz Hernandez et al. 2013). Neste momento, os testes sorológicos para

identificação de anticorpos específicos tornam-se mais indicados. Têm sido os mais

utilizados, principalmente em períodos de epidemia, uma vez que são de fácil

reprodutibilidade, são de custo mais acessível, o tempo de realização é curto e possuem

especificidade e sensibilidade razoáveis. A limitação destes ensaios inclui a

especificidade dos antígenos e a reatividade cruzada entre flavivírus circulantes (Rigau-

Pérez et al. 1998, Guzman et al. 2010a).

Dentre os testes sorológicos mais utilizados, estão o ELISA (Enzyme-Linked

Immunosorbent Assay) para IgM e IgG e o MAC-ELISA (IgM antibody capture ELISA)

para detecção dos anticorpos IgM. Estes testes possuem uma especificidade menor,

portanto é necessário avaliar seu uso em regiões possíveis de ocorrer reações cruzadas

com outros vírus (WHO 2009). A técnica de MAC-ELISA apresenta boa sensibilidade na

detecção de anticorpos IgM contra dengue em amostras de pacientes cinco dias após o

início dos sintomas. Há diversos kits comerciais disponíveis no mercado e vários grupos

de estudos desenvolveram sua própria técnica em laboratório (in house) (PAHO 1994,

Guzman et al. 2010a). Os testes de ELISA para anti-dengue IgM e IgG também se

apresentam amplamente disponíveis. A fração de IgM pode ser detectada a partir do

quinto dia após os sintomas, entretanto seus níveis séricos são menores em infecções

secundárias pelo dengue (Blacksell et al. 2006, Hunsperger et al. 2009). Altos níveis de

IgG no soro são observados após duas semanas do início dos sintomas, assim sua dosagem

em soros pareados é usada como teste confirmatório para infecção recente pelo vírus

dengue (Guzman & Kouri 2004, Guzman et al. 2010a).

Em infecções secundárias por outro sorotipo DENV o título de IgG aumenta,

mesmo na fase aguda de infecção, podendo permanecer por até 10 meses (WHO 2009),

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

20

sendo este fato importante e utilizado em métodos de dosagem de anticorpos para inferir

se a infecção é primária ou secundária. O teste de avidez de IgG para dengue também

permite avaliar se a infecção é primária ou secundária, obtendo-se uma baixa avidez de

IgG durante infecções primárias (Souza et al. 2004).

Uma limitação considerável dos testes baseados na detecção de anticorpos é

a não diferenciação entre os sorotipos virais do dengue, bem como a possibilidade de

haver reações cruzadas com outros flavivírus (Blacksell et al. 2006). Assim, uma forma

de aumentar a sensibilidade do diagnóstico de dengue aguda utilizando testes sorológicos

é o uso combinado das técnicas de detecção de NS1 e de detecção de anticorpos anti-

DENV IgM/IgG (Fry et al. 2011).

Exames hematológicos não compõem os testes diagnósticos específicos para

dengue, mas são usados de forma complementar durante o acompanhamento da doença.

Pacientes com dengue clássica podem apresentar contagens plaquetárias abaixo de

100.000/L, entretanto esta é uma característica constante em pacientes com FHD

(Kalayanarooj 1999). A prova do laço é utilizada para avaliar a fragilidade capilar, o que

pode ser indício da propensão ao desenvolvimento de manifestações hemorrágicas

(Gubler 1998). A hemoconcentração, avaliada a partir do aumento de 20% ou mais no

valor do hematócrito, é um sinal de perda do volume intravascular devido ao aumento da

permeabilidade vascular e extravasamento plasmático. A alteração destes parâmetros

auxilia na avaliação pelo clínico da necessidade de reposição de fluídos ao paciente,

contribuindo para um bom prognóstico e tratamento (WHO 2009).

1.8. Epidemiologia

A dengue está presente em mais de cem países distribuídos pela Ásia,

Américas, Oriente Médio e África, com o número de casos aumentando em todo o mundo

(WHO 2009). Estima-se que 4 bilhões de pessoas vivam em áreas endêmicas para o vírus

dengue (Beatty et al. 2010, Bhatt et al. 2013), e que tenham ocorrido, em 2010, 390

milhões de infecções das quais 96 milhões de indivíduos desenvolveram a doença.

Atualmente, dentre as doenças que afetam humanos e que são transmitidas por vetores,

dengue é a de maior relevância e sua prevalência está aumentando nas regiões tropicais e

subtropicais (San Martín et al. 2010, Gubler 2011, Bhatt et al. 2013).

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

21

Dentre a população mundial sob o risco de contrair o DENV, cerca de 1,3

bilhões de pessoas vivem em dez países do sudeste asiático que são considerados

endêmicos. Nessa região o número de casos graves vem aumentando nos últimos anos,

principalmente na Tailândia, Myanmar e Indonésia (SEARO 2011), enquanto que no

Pacífico Ocidental os países mais afetados são Camboja, Malásia, Vietnam, Filipinas e

Polinésia Francesa (Ooi & Gubler 2009, WHO 2009).

Na África 34 países são considerados endêmicos para o DENV, com a

cocirculação dos quatro sorotipos virais, sendo DENV2 o sorotipo relatado com maior

frequência (Amarasinghe et al. 2011). Na América, o aumento do número de casos de

dengue vem crescendo desde 1970, com casos relatados na maioria dos países do

continente, sendo o Brasil o responsável por mais de 70% dos casos totais e a Venezuela,

35% dos casos de dengue grave com complicações hemorrágicas (San Martín et al. 2010).

Estudo realizado por San Martín et al. (2010) mostrou que, na América, o

número de casos de dengue aumentou mais de 300% (1980-2007), aumentando também

o percentual de casos de dengue grave. Uma periodicidade de surtos foi observada de três

a cinco anos, havendo a circulação de todos os quatro sorotipos virais no continente

americano, mas sem a presença do DENV4 no Cone Sul. Ao longo do período do estudo

(1980 a 2007) a predominância dos sorotipos virais sofreu alteração, de DENV1 e

DENV2 durante a década de 1990 para DENV2 e DENV3 no período de 2000-2007

(Bennett et al. 2010, San Martín et al. 2010).

A entrada do DENV1 no continente americano se deu pelas Ilhas do Caribe,

sendo o primeiro relato de 1977 na Jamaica (Mendez et al. 2010). A Bolívia apresentou

seu primeiro caso de reemergência de dengue em 1987, seguida pelo Paraguai e Equador

em 1988 e Peru em 1990, todos associados ao DENV1. Posteriormente, novos sorotipos

foram introduzidos, sendo descrita a circulação dos quatro sorotipos virais (Halsey et al.

2012).

No Brasil, as primeiras descrições de quadros clínicos compatíveis com

infecção por dengue datam de 1916 em São Paulo e 1923 no Rio de Janeiro (Meira 1916

apud Rocco 2012, Pedro 1923). O vírus reemergiu no norte do país em 1981 com uma

epidemia em Boa Vista – RO causada pelo DENV1 e DENV4 (Osanai et al. 1983). Em

1986 o sorotipo 1 foi isolado em Nova Iguaçu – RJ e logo se espalhou por várias cidades

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

22

do estado (Schatzmayr et al. 1986). Em 1990 o DENV2 foi isolado no mesmo estado e

uma nova epidemia da doença se instalou na região, gerando vários episódios de dengue

grave associados à cocirculação de dois sorotipos virais (Nogueira et al. 1993). O DENV3

foi reintroduzido no continente americano em 1994 e chegou ao Brasil em 2000, sendo o

sorotipo responsável pela epidemia de 2001 e 2002 no Rio de Janeiro. Na ocasião, um

grande número de casos graves da doença foi notificado, com um saldo final de 91 mortes

(Nogueira et al. 2001, Nogueira et al. 2005).

Desde então os três sorotipos circularam pelo país aumentando anualmente

sua expansão. A partir de 2001 todos os estados brasileiros reportaram casos de dengue,

sendo que as regiões sudeste e nordeste foram as mais afetadas, enquanto a região sul é a

que possui menos casos relatados (Brasil 2012, Brasil 2013).

O sorotipo 4 permaneceu ausente no país desde seu isolamento em 1981 até

2008, quando três casos de infecção por DENV4 foram isolados em Manaus – Amazônia

(Figueiredo et al. 2008). Em 2010 novos casos de infecção por este sorotipo foram

identificados no norte do Brasil (Temporão et al. 2011) e no 1º trimestre de 2012 o

DENV4 já era o responsável por mais de 50% dos casos de dengue no Brasil (Brasil

2012).

Na cidade de Goiânia um estudo baseado nos casos de dengue entre 1993 e

2003 mostrou que até 1999 apenas o sorotipo 1 circulava na região, sendo os sorotipos 2

e 3 isolados em 2002. Em 1998, mesmo havendo apenas um sorotipo presente na cidade,

houve o primeiro relado de dengue grave apresentando complicações hemorrágicas (Feres

et al. 2006). Não existem estudos recentes em Goiás que avaliem o perfil das amostras

virais circulantes e seu efeito na população, apenas relatos da Vigilância Epidemiológica

Estadual e Municipal, o qual demonstram, de 2012 para 2013, o aumento do número de

casos de dengue em 401% e de óbitos em 25% (Goiás 2013)

1.9. Prevenção e controle

Em 1940 iniciou-se uma grande campanha no continente americano para

erradicação do Ae. aegypti, a fim de controlar a transmissão da febre amarela. Entretanto

essa campanha perdeu força a partir de 1970, o que resultou na reinfestação do mosquito

nas áreas erradicadas e possibilitou a expansão do mesmo para outras áreas não afetadas

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

23

anteriormente, facilitando assim a disseminação do DENV (Guzman & Kouri 2003,

WHO 2010).

A atual estratégia de controle da doença, adotada pela PAHO, consiste no

controle do Ae. aegypti pelo uso de compostos químicos (organofosforados,

gradativamente sendo substituídos por piretróides) e a remoção de possíveis locais usados

pelo mosquito como habitat. O controle da dengue se mostra como um desafio, sendo

necessário o comprometimento da população e das autoridades em saúde pública para

erradicar o vetor e melhorar a condição sanitária da população (FUNASA 2002, Brasil

2009, PAHO 2009, Tapia-Conyer et al. 2012).

No Brasil, o manejo do controle da dengue é realizado através de ações

sinérgicas entre os setores de vigilância epidemiológica e entomológica e os setores de

atenção básica à saúde. Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Controle de

Endemias são os responsáveis por realizar visitas rotineiras aos domicílios a fim de

conscientizar a população sobre a eliminação de possíveis criadouros do mosquito e, caso

necessário, utilizar compostos para o controle químico ou biológico de recipientes

propícios ao desenvolvimento larval. Adicionalmente, o Ministério da Saúde lança

campanhas nacionais de conscientização da população sobre os riscos e o controle da

dengue (Brasil 2009).

Entretanto, o uso de compostos químicos nas regiões infestadas pelos

mosquitos Aedes não demonstra eficácia suficiente, uma vez que o alvo (mosquito adulto)

tem preferência pelo ambiente interno das casas, local não atingido pelos inseticidas

(Gubler 2011). Ademais, a resistência adquirida a esses compostos leva à falha desses

programas de controle do vetor e prediz a ocorrência de epidemias pelo vírus dengue (Luz

et al. 2011). Diante disto, ressalta-se a importância da utilização de novos métodos para

o controle da doença, como por exemplo o controle biológico do vetor, juntamente com

a manutenção do controle dos possíveis criadouros peridomiciliares para o mosquito

(Jansen & Beebe 2010).

Algumas medidas de proteção individual, com diferentes níveis de eficácia,

podem auxiliar evitando o contato do vetor com humanos. O uso de telas nas portas e

janelas das casas tende a evitar que o mosquito entre nos domicílios, podendo seu uso ser

associado à aplicação de substâncias repelentes de insetos no material de confecção das

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

24

telas. O uso de repelentes corporais contra insetos, à base de compostos naturais ou

sintéticos, se mostra como mais uma opção para evitar a picada das fêmeas do Aedes

(Stefani et al. 2009, Eisein et al. 2009, Andrade & Cabrini 2010, PPAV 2011, Shapiro

2012).

O uso de técnicas para a supressão e substituição da população de Ae. aegypti

pode constituir uma forma específica de combate ao mosquito, como a Técnica do Inseto

Estéril (TIE) e a tecnologia RIDL® (Release of Insects Carrying a Dominant Letal)

(Jansen & Beebe 2010).

A TIE, que consiste na liberação no ambiente de uma grande população de

insetos machos estéreis pelo uso de radiação, apresentou bons resultados no controle de

pragas agrícolas. A eficiência desta tecnologia está intimamente relacionada à adequada

separação dos mosquitos de acordo com o gênero. Um estudo realizado na Índia

conseguiu que apenas 0,2% de fêmeas fossem liberadas junto aos machos estéreis.

Embora o baixo percentual, este refletia um número significativo no total de insetos

liberados no ambiente, o que inviabilizou o uso da TIE. Dessa forma, para que o uso da

TIE se torne viável no controle do Ae. aegypti, é necessário um aperfeiçoamento do

método para evitar a soltura de fêmeas no ambiente (Ansari et al. 1977, Robinson 2002,

Alphey et al. 2010).

A tecnologia RIDL® utiliza mosquitos machos homozigotos geneticamente

modificados para um gene letal ligado ao sexo feminino. Assim, ao serem liberados no

meio ambiente, o contato com as fêmeas favorecerá a produção de apenas mosquitos

machos, o que acarretará em uma diminuição progressiva do potencial reprodutivo da

espécie em controle. O controle da produção de apenas mosquitos machos é realizado

diferentemente da TIE, de uma forma mais segura evitando, assim, a liberação de fêmeas

indesejáveis no meio ambiente (Thomas et al. 2000, Alphey et al. 2013). Essa técnica

sofreu adaptações para seu uso em mosquitos, e se mostra como uma opção viável para

testes em campo (Phuc et al. 2007).

Outra opção em desenvolvimento é o uso de cepas da bactéria Wolbachia

como inibidoras da infecção pelo DENV nos mosquitos Ae. aegypti. Esta bactéria

constitui uma relação endossimbiótica com mais de 60% da população mundial de insetos

e sua presença parece encurtar a vida adulta do Ae. aegypti. Estudos demonstram que em

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

25

mosquitos infectados por Wolbachia (cepa wMelPop-CLA) o vírus dengue não consegue

estabelecer uma infecção produtiva, havendo diminuição da replicação e do

desenvolvimento do vírus no vetor, demonstrando ter potencial para o controle biológico

da transmissão do DENV (Moreira et al. 2009, Turley et al. 2009).

Em relação à imunidade dos indivíduos contra a dengue, esforços vêm sendo

desenvolvidos na tentativa de criar uma vacina contra os quatro sorotipos virais. É

necessária uma pesquisa bem delineada e cuidadosa para evitar que a vacina seja restrita

às características de apenas uma população (Tapia-Conyer et al. 2012). O princípio

utilizado é a criação de anticorpos neutralizantes contra os quatro sorotipos virais

simultaneamente, entretanto um dos principais problemas encontrados é a resposta

imunológica desigual gerada pelos quatro sorotipos virais (Thomas & Endy 2011).

Atualmente a vacina em estágio mais avançado é da empresa Sanofi Pasteur.

Sua vacina (CYD-TDV) é tetravalente, recombinante, possui o vírus atenuado e usa como

base a cepa viral 17D da vacina contra febre amarela. Atualmente o ensaio clínico se

encontra na fase III, conduzido em países da América Latina e Ásia. Os resultados do

ensaio clínico fase IIb demonstraram eficácia vacinal contra 3 dos 4 sorotipos virais do

DENV, demonstrando que são necessários mais estudos para uma vacina que induza a

uma resposta imune eficaz contra todos os sorotipos do DENV, evitando assim um

reposta vacinal que possa induzir a ADE (Sabchareon et al. 2012, Barnighousen et al.

2013).

É importante ressaltar que um controle eficaz do vetor em uma população,

pode refletir na diminuição da transmissão da infecção, levando também à diminuição da

imunidade rebanho na mesma. Na ausência de uma vacina eficaz, a ocorrência de

epidemias futuras estará então relacionada à perda da imunidade na população, e não à

falha no controle do vetor (Jansen & Beebe 2010). Devido a isso, a melhor forma de

combate à dengue é a junção do controle do vetor com a produção de uma vacina

eficiente, evitando assim, de uma forma geral, que o vírus encontre alguma forma de se

propagar.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

26

2. JUSTIFICATIVA

Conforme referido, a patogênese da infecção pelo DENV não é bem

compreendida, entretanto, a gravidade da doença tem sido associada à resposta imune

sorotipo cruzada bem como à virulência do isolado viral. Assim, a identificação dos

sorotipos do vírus circulantes é importante na vigilância da doença, uma vez que a

introdução de uma nova variante em áreas afetadas por sorotipos preexistentes pode

constituir um fator de risco para a dengue grave.

A caracterização das variantes genômicas dos sorotipos do dengue através da

utilização de técnicas moleculares abriu novas perspectivas aos estudos epidemiológicos,

por determinar a evolução molecular e a origem geográfica dos vírus, e ainda poder inferir

a respeito da virulência viral em relação à gravidade da doença e seu impacto sobre a

população (Deubel et al. 1993, Lanciotti et al. 1997, Messer et al. 2003, Nogueira et al.

2000, Rico-Hesse 1990, 1997). Assim, estudos filogenéticos têm indicado a associação

entre o genótipo específico e a gravidade da doença (Aquino et al. 2006, Messer et al.

2003). Não obstante, a análise genética é uma importante ferramenta para o

monitoramento da transmissão e eventual introdução de novos genótipos em uma área

endêmica. A definição de variações genéticas das amostras virais, e sua distribuição

global, podem levar a um mapeamento e acompanhamento da circulação viral (Lanciotti

et al. 1994, Leitmeyer et al. 1999)

Em Goiás, desde a introdução do vírus dengue, em 1994, houve a circulação

viral de todos os sorotipos do DENV (Maciel et al. 2008). Entretanto, estudos moleculares

na região datam do período epidêmico de 2003 (Feres et al. 2006), quando o sorotipo

predominante era o DENV3 e não havia sido ainda introduzido do DENV4 na região.

Identifica-se, dessa forma, a inexistência de estudos moleculares direcionados para a

avaliação de variantes genéticas circulantes na região. Neste cenário, este tipo de

investigação adiciona mais um parâmetro a ser avaliado na vigilância laboratorial da

dengue, assumindo papel de relevância, visto que a entrada de novos genótipos na região

poderia acarretar mudança nos perfis epidêmicos apresentados até o momento, em

consequência, contribuindo para o entendimento da epidemiologia da infecção e para o

seu controle.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

27

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Investigar a ocorrência da infecção pelo vírus dengue em indivíduos

atendidos em unidades de saúde no município de Goiânia, Goiás no

período epidêmico de Outubro/2012 a Maio/2013.

3.2. Objetivos Específicos

Determinar o índice de positividade da infecção pelo DENV na

população em estudo;

Avaliar a associação entre infecção pelo DENV e as características da

população estudada;

Relacionar a positividade dos marcadores investigados ao período da

infecção;

Identificar os sorotipos e genótipos de DENV circulantes em Goiânia,

no período do estudo.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

28

4. METODOLOGIA

4.1. Delineamento do Estudo e População

Este é um estudo observacional, analítico, de corte transversal, realizado em

três unidades de atendimento básico à saúde da rede pública de saúde da cidade de

Goiânia, sendo todas Centro de Atendimento Integral à Saúde (CAIS) no período

epidêmico 2012-2013. A escolha das unidades foi feita com base no levantamento da

distribuição dos casos da epidemia de dengue do período 2011/2012 realizado pela

Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado de Goiás (SUVISA). Para escolha,

foram selecionadas as unidades com maior número de notificações de casos suspeitos de

dengue, sendo elas: CAIS Campinas, CAIS Cândida de Morais e CAIS Chácara do

Governador.

A população do estudo consistiu de indivíduos que procuraram atendimento

nas unidades de saúde, por apresentarem suspeita clínica de infecção pelo vírus dengue.

Foram inclusos nesta pesquisa indivíduos com relato de sintomas por um período máximo

de sete dias e que, após esclarecimento de sua participação no estudo, procederam

autorização mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE - Anexo 1) pelo próprio paciente ou seu responsável direto. Os dados referentes

às características sóciodemográficas, aspectos clínicos e fatores de risco foram coletados

mediante entrevista (questionário padrão – Anexo 2), face a face, realizada pelo

pesquisador.

4.2. Aspectos Éticos

O presente estudo foi submetido à avaliação e aprovado pelo Comitê de Ética

em Pesquisa (CEP) do Hospital Materno Infantil, com o número de protocolo

No.17/2012, bem como pelo Setor de Ensino e Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde

de Goiânia, a qual autorizou a realização do estudo nas referidas unidades de saúde.

4.2.1. Critérios de Inclusão

Indivíduos de ambos os sexos, em todas as faixas etárias, apresentando

suspeita clínica de dengue entre o primeiro e sétimo dia de sintomas, dos quais tenha sido

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

29

obtida a assinatura do TCLE, o preenchimento do questionário, bem como a coleta da

amostra sanguínea.

4.2.2. Critérios de Exclusão

Indivíduos apresentando suspeita clínica de dengue com mais de sete dias de

início dos sintomas ou aqueles que não tenham assinado o TCLE autorizando o estudo ou

mesmo a coleta do espécime clínico, por quaisquer motivos.

4.3. Coleta de Dados e Amostras

No período de outubro de 2012 a maio de 2013, foram realizadas visitas

periódicas às três unidades de saúde selecionadas. Cada unidade recebeu, em média, uma

visita semanal, sempre realizada no período matutino, o qual foi escolhido por apresentar

maior quantidade de atendimento laboratorial aos pacientes. Durante este período, todos

os pacientes com suspeita de dengue e que fossem encaminhados para exame laboratorial

eram abordados pela pesquisadora, recebiam informações a respeito do estudo, sendo

então convidados a participar do mesmo. Após aceite e assinatura do TCLE, procedia-se

a entrevista para preenchimento do questionário padrão, relativo a informações

sóciodemográficas, aspectos clínicos e fatores de risco. Em seguida, profissionais da

própria equipe da unidade realizavam a coleta da amostra sanguínea, sendo coletados 10

mL de sangue por de punção venosa, utilizando-se seringa e agulha descartáveis.

As amostras coletadas eram conservadas em tubos de ensaio identificados,

acondicionados em caixa de isopor e transportados ao Laboratório de Virologia Humana

do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás

(IPTSP/UFG), em um período máximo de duas horas, onde eram imediatamente

processadas. Após centrifugação e separação dos soros, estes eram aliquotados e

armazenados a –70ºC, até a realização dos ensaios laboratoriais.

Adicionalmente, eram avaliadas as fichas de investigação de dengue, quando

disponíveis, do Sistema de Informação de Agravos de Notificações no Ministério da

Saúde (SINAN), para obter dados relativos à evolução e à classificação dos casos

incluídos no estudo.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

30

4.4. Metodologia

4.4.1. Diagnóstico sorológico

Todas as amostras de soro coletadas foram submetidas a um imunoensaio

qualitativo para a detecção simultânea do antígeno NS1 e dos anticorpos específicos para

DENV IgM e IgG. Para isso utilizou-se o ensaio imunocromatográfico Dengue Duo Test

(Bioeasy), seguindo as instruções do fabricante.

4.4.2. Detecção viral e Sorotipagem Molecular

Todas as amostras de soro coletadas foram submetidas à investigação da

presença de RNA-DENV, e identificação do sorotipo viral, utilizando-se iniciadores

descritos por Lanciotti et al. (1992) (Quadro 2) e protocolo adaptado.

Extração do ssRNA viral – O ssRNA viral foi extraído a partir de 150µL de

amostra de soro diluido em 150L de água com inibidor de RNAse dietilpirocarbonato

(DEPC), utilizando-se reagente Trizol (Invitrogen/Life Technologies - EUA), seguindo

as instruções do fabricante com modificações. Brevemente, aos 300L de soro diluído

em água DEPC, foram adicionados 900L de reagente trizol, seguidos por

homogeneização breve em agitador de tubos (vórtex) e incubação a temperatura ambiente

(T.A.) por 5 minutos, seguindo de adição de 240L de clorofórmio gelado. A mistura foi

homogeneizada rapidamente, incubada a T.A. por 10 minutos e centrifugada a 12000g

por 15 minutos a 4oC. Aproximadamente, 600L da fase superior aquosa foram

transferidos para um novo microtubo, ao qual se adicionou 600L de álcool isopropílico

gelado, deixando incubar a T.A. por 10 minutos. Após nova centrifugação (12000g, 10

minutos, 4oC) e descarte do sobrenadante, adicionou-se 1mL de etanol 75% gelado,

seguindo agitação e centrifugação a 7500g por 5 minutos, 4oC. O sobrenadante foi

descartado e o pellet secado a T.A. por 15 minutos. O produto da extração foi ressuspenso

em 20L de água com DEPC e incubado a 56oC por 10 minutos, para então ser estocado

a -20oC.

Reação em cadeia pela polimerase pós transcrição reversa (RT-PCR) – a

reação foi realizada em etapa única em um volume final de 25µL utilizando 3µL do RNA

extraído adicionado à mistura de reação contendo 12,5µL de GoTaq Colorless Master

Mix (Promega/EUA), 8,3µL de água Nuclease Free (Promega/EUA), 2mM de ditiotreitol

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

31

(DTT), 0,12mM de cada iniciador (D1 e D2) (Quadro 2), 0,16U/µL de inibidor de RNase

(Invitrogen/EUA), 0,8U/µL de enzima transcriptase reversa (RT – Invitrogen/EUA). A

reação foi processada em termociclador (Swiftmaxi Thermal Cycler/ESCO) a 42ºC por

40 minutos, seguido por 5 min a 95 ºC e posterior amplificação em 35 ciclos: 94ºC/35s,

57oC/45s, 72oC/2min e extensão final à 72oC/7min.

Semi-Nested PCR – para sorotipagem do vírus dengue, 2,5µL do produto

obtido na primeira amplificação diluído 1:80 foi submetido à reação de semi-Nested PCR.

A reação foi realizada nas mesmas condições da primeira amplificação, exceto pela não

adição de DTT, do iniciador D2, do inibidor de RNAse assim como da trasncriptase

reversa, sendo utilizados os iniciadores tipo específicos, TS1, TS2, TS3 e TS4, para

DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4, respectivamente (Quadro 1). A reação foi

processada em termociclador (Swiftmaxi Thermal Cycler/ESCO) a 94ºC por 1 minuto e

posterior amplificação em 30 ciclos de: 94ºC/35s, 56oC/45s, 72oC/2min e extensão final

à 72oC/7min.

Quadro 2. Iniciadores utilizados para amplificação e tipagem dos vírus dengue (Lanciotti et al.

1992).

Iniciador Sequência

Posição

genômica

(nt)

Tamanho

esperado do

fragmento*

D1 5’-TCAATATGCTGAAACGCGGAGAAACCG-3’ 134-161

511

D2 5’-TTGCACCAACAGTCAATGTCTTCAGGTTC-3’ 616-644

TS1 5’-CGTCTCAGTGATCCGGGGG-3’ 568-586 482

TS2 5’-CGCCACAAGGGCCATGAACAG-3’ 232-252 119

TS3 5’-TAACATCATCATGAGACAGAGC-3’ 400-421 290

TS4 5’-CTCTGTTGTCTTAAACAAGAGA-3’ 506-527 392

*Em pares de base (pb)

Eletroforese em gel de agarose – Os produtos de amplificação (10 μL), bem

como o padrão de peso molecular 100bp DNA ladder (InvitrogenTM/Life Technologies

- EUA) foram misturados a 1μL do tampão de corante da amostra (Azul de bromofenol;

Xilenocianol; Glicerol) e aplicados em gel de agarose (InvitrogenTM/Life Technologies

- EUA) a 1,5% contendo 0,5mg/mL de brometo de etídeo e submetido a eletroforese

durante 60 minutos a 100 volts em tampão TBE 0,5X (Tris/Borato/EDTA).

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

32

Posteriormente, o gel foi examinado em transluminador (Universal Hood II/BioRad) com

luz ultravioleta para a visualização dos fragmentos de tamanho esperado (Quadro 2).

4.4.3. Genotipagem viral

As amostras positivas obtidas nas reações de detecção e sorotipagem viral

foram submetidas a um novo protocolo de RT-PCR para amplificação da região E/NS1 e

posterior sequenciamento nucleotídico e análise filogenética para caracterização

genotípica da amostra. Para a reação de amplificação da região E/NS1 foi utilizado o

protocolo descrito por Domingo et al. (2011) com modificações. Os pares de iniciadores

foram selecionados após resultados obtidos pela sorotipagem (Quadro 3).

Quadro 3. Iniciadores usados para amplificação da região E/NS1 (Domingo et al. 2011).

Iniciador Sequência Posição

genômica

Tamanho

esperado do

produto

amplificado*

PCR

S1871DEN1 5’-TGGCTGAGACCCARCATGGNAC-3’ 1869-1890 776

RT-PCR

AS2622DEN1 5’-CAATTCATTTGATATTTGYTTCCAC -3’ 2620-2644 RT-PCR

S1871DEN4 5’-TGGCAGAAACACARCAYGGNAC-3’ 1873-1894 776

RT-PCR

AS2622DEN4 5’-TAGCTCGTTGGTTATTTGYTTCCAC-3’ 2624-2648 RT-PCR

DEN1STR 5’-GGAAAATGTTYGAAGCAACYGCCC -3’ 2130-2153 444

Nested

DEN1ASTR 5’-TCCTCCCATGCCTTCCCRATGG-3’ 2553-2574 Nested

DEN4STR 5’-ATYGGCAAGATGTTTGAGTCC -3’ 2130-2150 459

Nested

DEN4ASTR 5’-CACAGACCCCRTCTTTGTGGGC-3’ 2568-2589 Nested

*Em pares de base (pb)

RT-PCR – a reação foi realizada em etapa única em um volume final de 25µL

utilizando 3µL do RNA extraído adicionado a mistura de reação contendo 12,5µL de

GoTaq Colorless (Promega/EUA), 8,0µL de água Nuclease Free (Promega/EUA), 2mM

de DTT, 0,32mM de cada iniciador (cada par de iniciador utilizado especificamente para

seu sorotipo) (Quadro 3), 0,16U/µL de inibidor de RNase (Invitrogen/EUA), 0,8U/µL de

enzima RT (Invitrogen/EUA). A reação foi processada em termociclador (Swiftmaxi

Thermal Cycler/ESCO) a 42ºC por 45 minutos, seguido por 10 minutos a 94ºC e posterior

amplificação em 40 ciclos: 94ºC/30s, 55oC/1min, 72oC/40s e extensão final à

72oC/10min.

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

33

Nested PCR – 1µL do produto obtido na primeira amplificação foi submetido

à reação de Nested PCR. Esta foi realizada nas mesmas condições da primeira

amplificação, exceto pela não adição de DTT, do inibidor de RNAse e da enzima RT,

sendo também utilizados novo par de iniciadores internos tipo específicos para DENV1

ou DENV4 (Quadro 3). A reação foi processada em termociclador (Swiftmaxi Thermal

Cycler/ESCO) a 94ºC por 2 minutos e posterior amplificação em 40 ciclos: 94ºC/30s,

57oC/2min, 72oC/40s e extensão final à 72oC/10min.

Eletroforese em gel de agarose – Os produtos de amplificação foram

visualizados seguindo o mesmo protocolo utilizado na reação de detecção do genoma

viral.

4.4.3.1. Sequenciamento genômico

Purificação do produto de PCR – Os produtos finais obtidos na reação de

amplificação da região E/NS1 (444pb para DENV1 e 459pb para DENV4) foram

purificados por precipitação com isopropanol 65%, lavados com etanol 70% e

ressuspensos com 20μL de água Milli-Q/DEPC.

O produto de purificação foi visualizado em gel de agarose 1,5%, seguindo-

se quantificação do DNA, realizada por estimativa, comparando-se visualmente com

produtos de concentração de DNA previamente conhecidos, sendo considerado

satisfatório para o procedimento de seqüenciamento, produto com no mínimo 50ng de

DNA/L de reação.

Reação de sequenciamento - A reação de seqüenciamento genômico foi

realizada diretamente, a partir do produto de purificação, em ambas as direções, utilizando

o sequenciador automático ABI PRISM 3100 (Applied Biosystems/USA), segundo

procedimento descrito por Sanger et al. (1977). A reação foi realizada utilizando o Kit

comercian BigDye Terminator v.3.1 Cycle Sequencing (Applied Biosystems/USA) e os

iniciadores da reação Nested PCR de Domingo et al. (2011).

Análise das sequências – Os eletroferogramas gerados pelo processo de

sequenciamento automático foram triados para determinação da qualidade, bem como

para a montagem de uma sequência consenso (contig), utilizando o programa PHPH

(http://asparagin.cenargen.embrapa.br/phph/) (Togawa et al. 2006). A identidade dos

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

34

contigs foi confirmada por alinhamento simples local com sequências depositadas no

GenBank utilizando o algoritmo BLAST (www.ncbi.nlm.nih.gov) (Altschul et al. 1990).

As sequências de nucleotídeos, referentes à região da junção E/NS1 (2013-2589), foram

editadas pelo Jalview (Waterhouse et al. 2009) e, em seguida, alinhadas utilizando o

programa Clustal X v 2.0 (Larkin et al. 2007) para a verificação da identidade entre as

amostras.

Análise filogenética – Para a determinação dos genótipos, foram selecionadas

sequências protótipos bem como isolados, do Brasil e do mundo, a partir do banco de

dados GenBank (www.ncbi.nlm.nih.gov) e do Dengue vírus genotyping database

(www.gen-info.osaka-u.ac.jp/~uhmin/genotyping/index.html). As sequências foram

avaliadas pelo programa jModelTest-2.0 (Darriba et al. 012) para selecionar o modelo de

substituição nucleotídica adequado. Os contigs, juntamente com as sequências

provenientes dos bancos de dados, foram alinhados utilizando o programa Clustal X 2.0.

A análise filogenética foi realizada peloo programa MEGA v.6 (Tamura et al. 2013),

utilizando o algoritmo Maximum Likelihood (ML) e baseado na matriz de pares de

distância estimada Jukes-Cantor (1969).

4.4.4. Análise dos Dados

Foi elaborado um arquivo eletrônico contendo os dados provenientes do

questionário padrão, da ficha epidemiológica do SINAN e dos testes sorológicos e

moleculares. Este arquivo foi utilizado para entrada das informações no programa SPSS

15.1, no qual foi realizado a análise de dados para distribuição de frequências, e posterior

análise estatística dos resultados utilizando o teste de qui-quadrado (2), com intervalo de

confiança de 95% e valor de p<0,05 como valor limite para significância estatística.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

35

Figura 3. Esquema ilustrativo da metodologia utilizada

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

36

5. RESULTADOS

5.1. Características da população em estudo

No período de Outubro/2012 a Maio/2013 foram coletadas 278 amostras

sanguíneas de igual número de pacientes, todos apresentando suspeita clínica de infecção

por DENV (Tabela 1). A população de estudo foi constituída por número equivalente de

indivíduos de ambos os sexos, sendo a maioria na faixa etária de 20 a 40 anos (56,5%).

Considerando o estado civil dos participantes, 45,7% eram solteiros. A

maioria dos indivíduos possuía de 10 a 12 de escolaridade (51,1%) e residia no município

de Goiânia (85,6%), sendo a média de renda familiar de 1,7 salários mínimo. Em relação

às unidades de saúde, o maior número de amostras coletadas foi proveniente dos CAIS

Campinas e Chácara do Governador, com 39,2% e 39,5%, respectivamente.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

37

Tabela 1. Características sociodemográficas da população estudada (N=278) CARACTERÍSTICAS N (%)

Sexo

Masculino

Feminino

139

139

50

50

Idade (Média ± dp: 33,9 ±14,5) ≤ 19 anos

20 – 40 anos

≥ 41 anos

42

157

79

15,1

56,5

28,4

Estado civil

Solteiro

Casado

Viúvo

Divorciado

127

126

5

20

45,7

45,3

1,8

7,2

Grau de instrução

<5 anos

6-9 anos

10-12 anos

>12 anos

21

60

142

55

7,6

21,6

51,1

19,8

Renda familiar

<1 salário mínimo

1-2 salários mínimo

>2 salários mínimo

Si

21

128

126

1

7,6

46,5

45,7

0,4

Município de Residência

Goiânia

Região Metropolitana

238

40

85,6

14,4

Unidade de Saúde

CAIS Campinas

CAIS Cândida de Moraes

CAIS Chácara do Governador

109

59

110

39,2

21,2

39,6

CAIS – Centro de Assistência Integral à Saúde; Si – Sem informação; dp – desvio padrão.

Em relação aos dados clínicos declarados pelo paciente no momento da

entrevista (Tabela 2), a maior parte dos casos se encontrava entre o 1º e 5º dias do início

de sintomas (78%). Os sintomas associados à febre e dores foram os mais frequentemente

observados, e sinais de sangramento foram relatados em apenas 6,1%, O histórico de

infecção anterior por DENV foi relatado por 33,9% dos indivíduos. Adicionalmente, a

investigação das fichas epidemiológicas do SINAN permitiu identificar que 30,3% dos

casos não foram notificados e, 28,1% dos casos notificados não tiveram a investigação

concluída. Dos 116 (41,6%) casos notificados e investigados, a maioria (36%) foi

classificada, clinico ou laboratorialmente, como dengue clássico.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

38

Tabela 2. Características clínicas da população (N=278) CARACTERÍSTICAS N %

Dias de sintomas

1º - 3º

4º - 5º

6º - 7º

105

112

61

37,7

40,3

22,0

Sintoma relatado

Artralgia

Calafrios

Cefaléia

Diarréia

Dor abdominal

Dor retrocular

Dor óssea

Febre

Mialgia

Náuseas

Sangramento

Vômito

224

235

242

90

140

201

178

260

245

160

17

79

80,5

84,5

87

32,4

50,3

72,3

64

93,5

88,1

57,5

6,1

28,4

Relado de infecção anterior por dengue

Sim

Não

Não sabe

94

183

1

33,9

65,8

0,3

Notificação SINAN

Sem notificação

Notificado - não investigado

Notificado

Descartado

Clássica – clínica

Clássica – laboratorial

DCC

84

78

15

72

27

2

30,3

28,1

5,5

26

10

0,1

Sinan – Sistema de Informação de Agravos e Notificações; DCC – Dengue com complicações.

5.2. Infecção pelo DENV

Para definição de diagnóstico laboratorial de infecção por DENV foram

considerados indivíduos com positividade, isolada ou não, dos seguintes marcadores:

NS1, IgM ou RNA viral. Assim, foi observado um índice de infecção pelo DENV na

população estudada de 43,9% (Tabela 3). Considerando individualmente os marcadores

pesquisados, NS1, IgM e RNA-viral, observou-se uma taxa de detecção de 30,5%

(85/278), 13,6% (38/278) e 20,5% (57/278), respectivamente. Adicionalmente, o

marcador IgG foi detectado em 16,2% (45/278) dos pacientes.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

39

Tabela 3. Distribuição dos marcadores para infecção por DENV em relação aos dias de

sintomas.

Pos. – Positivos.

Considerando o índice de infecção pelo DENV em relação aos dados da

população, não foi observada diferença estatisticamente significativa em relação ao sexo,

faixa etária, grau de instrução ou renda familiar (p>0,05). A análise para as unidades de

saúde, mostrou as unidades CAIS Campinas e CAIS Cândida de Moraes com o maior

índice de positividade em relação ao CAIS Chácara do Governador (p<0,05). Com

relação aos dias do início dos sintomas relatados, não foi observada diferença

estatisticamente significativa para a identificação da infecção por DENV (p>0,05)

(Tabela 4).

Dias de

sintomas

NS1 NS1/

RNA

NS1/

IgM

NS1/

RNA/IgM

RNA RNA/

IgM

IgM Pos./Total(%)

1-3 Dias 5 21 0 1 12 1 3 43/105 (40,9)

4-5 Dias 20 15 5 1 3 0 7 51/112 (45,5)

6-7 Dias

5 2 10 0 1 0 10 28/61 (45,9)

Total 30 38 15 2 16 1 20 122/278 (43,9)

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

40

Tabela 4. Infecção por DENV em relação às características da população (N=278).

O Gráfico 1 apresenta a distribuição dos casos de infecção pelo DENV

identificados durante o período do estudo, sendo possível observar um maior índice de

positividade entre os meses de janeiro a abril de 2013.

CARACTERÍSTICAS Positivos/Total (%) Valor de p

Sexo

Masculino

Feminino

61/139 (50)

61/139 (50)

1,0

Idade <20 anos

20 – 40 anos

> 40 anos

13/42 (30,9)

68/157 (43,3)

41/79 (51,9)

0,085

Grau de instrução

<5 anos

6-9 anos

10-12 anos

>12 anos

9/21 (42,8)

28/60 (46,6)

56/142 (39,4)

29/55 (52,7)

0,378

Renda familiar

<1 salário mínimo

1-2 salários mínimo

>2 salários mínimo

Si

9/21 (42,8)

46/128 (35,9)

66/126 (53,4)

1/3 (33,3)

0,071

Unidade de Saúde

CAIS Campinas

CAIS Cândida de Moraes

CAIS Chácara do Governador

55/109 (50,4)

30/59 (50,8)

37/110 (33,6)

0,020

Dias de sintomas

1-3 Dias

4-5 Dias

6-7 Dias

43/105 (39,4)

51/112 (45,5)

28/61 (45,9)

0,744

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

41

Gráfico 1. Distribuição dos casos de infecção pelo DENV em relação ao período de coleta

(N=278)

A partir das informações de notificação dos casos de dengue obtidas por meio

das fichas epidemiológicas do SINAN, observou-se que 30,9% dos casos não notificados

e 52,6% dos casos notificados sem investigação posterior, apresentaram-se com infecção

por DENV. Considerando os casos de notificação investigados, 20% dos casos

descartados e 51,5% dos casos classificados como dengue clássica foram identificados

como positivos para infecção. Dos dois casos classificados como dengue com

complicações, um foi positivo (Gráfico 2).

Gráfico 2. Distribuição dos casos de infecção pelo DENV em relação à informação das fichas

epidemiológicas do SINAN (N=278).

SN – Sem notificação; NNI – Notificado, não investigado; ND – Notificado e descartado; NCC

– Notificado, clássico clinico; NCL – Notificado, clássico laboratorial; NDCC – Notificado,

Dengue com complicações.

Análise considerando o índice de detecção dos marcadores NS1, IgM e RNA,

em relação aos dias de sintomas, demonstrou não haver diferença nos índices para o

marcador sorológico NS1 (p>0,05). Entretanto, para IgM e RNA viral, diferenças

0

21,418,2

50 51,2

42

47,6

0

0

10

20

30

40

50

60

out/12 nov/12 dez/12 jan/13 fev/13 mar/13 abr/13 mai/13

Po

rcen

tagem

de

po

siti

vo

s

84

78

15

72

27

2

26

41

3

34

17

1

30

,90

% 52

,60

%

20

%

47

,20

%

62

,90

%

50

%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

S N N N I N D N C C N C L N D C C

ME

RO

DE

PA

CIE

NT

ES

Total Positivos

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

42

estatisticamente significativas foram observadas. Para IgM, maiores índices de

positividade foram identificados em amostras coletadas de indivíduos que se encontravam

entre o sexto e sétimo dia de sintomas e para o RNA, entre o primeiro e terceiro dia

(p<0,05) (Tabela 5).

Tabela 5. Positividade para os marcadores de infecção em relação aos dias de sintomas

(N=278).

Pos. – Positivos; *Valor de p<0.000

5.3. Sorotipagem e genotipagem

Do total de amostras analisadas, o RNA viral foi detectado em 57, das quais,

18 (31,5%) foram identificadas como sorotipo DENV1 e 39 (68,5%) como DENV4.

Das amostras DENV1 positivas, 16 foram submetidas ao sequenciamento de

nucleotídeos por apresentarem produtos de amplificação com quantificação adequada,

sendo obtidos eletroferogramas de qualidade para todas. Após análises e montagem das

sequencias consenso, o alinhamento dos contigs obtidos permitiu a identificação de

sequências haplótipos (100% das bases idênticas), que foram denominadas HP01

(amostras 091, 093, 155 e 180) e HP02 (117, 187 e 268). Para as outras sequências, a

identidade nucleotídica variou de 96,1% a 99,7%. Análises comparativas com outras

amostras depositadas em banco de dados demonstrou identidade variando de 96% a 99%

com sequencias DENV1 provenientes do Brasil e da América Latina.

Análise filogenética permitiu a classificação destas sequências como genótipo

V (Figura 3), sendo observada a diferenciação em dois clados. Dez sequências, incluindo

as duas haplótipos, foram agrupadas em um mesmo clado e mostraram-se altamente

relacionadas entre si e com outras sequências brasileiras isoladas em 2010. Para a amostra

095, observou-se a formação de um clado individual com associação a outras amostras

brasileiras, bem como de outros países da América Latina.

Dias de

sintomas

NS1 IgM RNA

Pos./Total (%) p Pos./Total (%) p Pos./Total (%) P

1-3 Dia

4-5 Dia

6-7 Dia

Total

27/105 (25,7)

41/112 (36,6)

17/61 (27,8)

85/278 (30,5)

0,192

5/105 (4,7)

13/112 (11,6)

20/61 (32,8)

38/278 (13,6)

0,000*

35/105 (33,3)

19/112 (16,9)

3/61 (4,9)

57/278 (20,5)

0,000*

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

43

Para as amostras de DENV4, a quantificação de DNA mostrou valores

adequados para 37 amostras e, após reação de sequenciamento e análise de qualidade dos

eletroferogramas, foram obtidas 33 sequências consenso. Análises comparativas entre

estas sequências levaram à definição de seis haplótipos, que foram assim denominados:

HP03 (amostras 068 e 069); HP04 (82, 143, 222 e 231); HP05 (233 e 243); HP06 (47 e

49); HP07 (159 e 168) e HP08 (046, 049, 057, 060, 078, 109, 173, 195 e 261). Para o

restante das sequências, a identidade nucleotídica variou de 99,3% a 99,8%. Em relação

às sequências do banco de dados, identidades de 98% a 99% foram observadas, sendo

associadas a amostras brasileiras e da América Latina.

As sequências DENV4 deste estudo, após análise filogenética pelo método de

máxima verossimilhança, utilizando-se amostras representativas de todos os genótipos

deste sorotipo, foram classificadas como genótipo II (Figura 4). As sequências de Goiânia

foram agrupadas em um único clado, confirmando a forte identidade entre elas e com

outras sequências de origem brasileiras e da América Latinas, isoladas entre 2008 e 2013.

Observa-se ainda, que este clado apresenta menor homologia com isolados de DENV4

identificados em 1982.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

44

Figura 4. Análise filogenética Maximun Likelihood das sequências correspondentes à junção E/NS1 isoladas de DENV1 em Goiânia de 2012-2013 pelo

método de Jukes-Cantor.

19 amostras representativas dos cinco genótipos disponíveis no GenBank foram utilizadas para genotipar as amostrar em estudo (sinalizadas com círculo

preto), e uma sequência de DENV3 foi incluída como grupo externo para enraizamento da árvore. O valor de boodtrap foi de 1000 replicatas e se encontra

anotado nos nós principais da árvore. Todas os isolados em Goiânia se encontram classificadas como genótipo V.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

45

Figura 5. Análise filogenética Maximun Likelihood das sequências correspondentes à junção E/NS1 isoladas de DENV4 em Goiânia de 2012-2013 pelo

método de Jukes-Cantor.

14 amostras representativas dos quatro genótipos disponíveis no GenBank foram utilizadas para genotipar as amostrar em estudo (sinalizadas com círculo

preto), e uma sequência de DENV2 foi incluída como grupo externo para enraizamento da árvore. O valor de boodtrap foi de 1000 replicatas e se encontra

anotado nos nós principais da árvore. Todas os isolados em Goiânia se encontram classificadas como genótipo II.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

46

6. DISCUSSÃO

O cenário da dengue em Goiânia desde 2001 consistiu-se de epidemias

sucessivas, sendo observada uma alternância entre os anos, com número expressivo de

casos, seguidas de anos com um decréscimo na quantidade de casos. A partir de 2008

seguiram-se três anos de epidemias consecutivas com um número crescente de casos

associados à cocirculação de três sorotipos. Em 2011, embora com a introdução do

DENV4, o estado relatou uma redução no número de casos notificados de 61,7% em

relação a 2010, e este padrão permaneceu até o ano de 2012, com uma redução de 21,4%.

Entretanto, em 2013, o levantamento epidemiológico realizado pela Secretaria de

Vigilância em Saúde do Estado apresentou dados alarmantes, com um aumento de 401%

do número de casos notificados e de 25% no número de óbitos (Goiás 2013).

Com o objetivo de colaborar na compreensão da circulação do vírus dengue

na cidade de Goiânia, o presente estudo avaliou a ocorrência de infecção pelo DENV no

município, no período epidêmico 2012-2013, em uma população com suspeita clínica de

infecção pelo vírus dengue e, utilizando a combinação de métodos sorológicos e

moleculares, identificou um índice de positividade de 43,9%. No Brasil, índices de

positividade variando de 48,5% a 81% têm sido descritos (Cordeiro et al. 2007, Daumas

et al. 2013, Ferraz et al. 2013), embora existam algumas divergências em relação às

metodologias utilizadas e o contexto das populações avaliadas. Em Goiás, estudo

desenvolvido por Feres et al. (2006), com amostras do período epidêmico de 2003, relatou

índice semelhante (47,1%), utilizando os métodos de isolamento viral, RT-PCR e

detecção de IgM.

A PAHO relata que, de todos os casos notificados na América em 2013, 12%

tiveram confirmação laboratorial (PAHO 2014) e, avaliação dos dados do SinanNet

mostrou que, em 2012, 25% dos casos notificados em todo território nacional foram

confirmados laboratorialmente, enquanto que para o estado de Goiás a confirmação

ocorreu em 22% das notificações. Para 2013, os dados referentes à infecção pelo DENV,

até o presente momento, não foram disponibilizados pelo SINAN. Entretanto, estes

levantamentos epidemiológicos utilizam apenas os dados disponíveis na ficha

epidemiológica do SINAN, que pode apresentar falhas, já que a maior parte das

notificações baseia-se apenas nos critérios de avaliação clínica. Embora esta avaliação

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

47

seja essencial para os casos de dengue, ela não é o suficiente para distinguir uma infecção

por DENV de outra doença febril, sendo assim necessária a confirmação pelo diagnóstico

laboratorial.

Também, dentro do processo de acompanhamento destes casos, existem

fatores que dificultam a confirmação laboratorial da infecção, como a não solicitação do

teste pelo clínico e até mesmo o não retorno do paciente à unidade de saúde para a

realização da pesquisa de IgM/IgG, o que pode levar a uma subnotificação dos casos que

poderiam ser confirmados laboratorialmente.

Os sintomas mais relatados pelos pacientes do estudo foram dor e febre,

sintomas inespecíficos que podem estar associados a um amplo espectro de doenças

(WHO 2009). Essa inespecificidade de sintomas dificulta um diagnóstico preciso e,

conforme referido, pode levar à subnotificação de casos de DENV. A análise dos dados

registrados pelo SINAN neste estudo demonstra a ocorrência de subnotificação, uma vez

que 30,3% da população, inclusa no presente estudo, por apresentar suspeita clínica de

infecção pelo DENV, não foi notificada no sistema. Também se observa uma deficiência

no processo de acompanhamento dos casos notificados, dos quais 28,1% não tiveram a

investigação concluída. Esses fatos tornam-se mais relevantes, ao associá-los aos índices

de positividade identificados no presente estudo, onde, 30,9% e 52,6% dos casos não

notificados ou notificados e não investigados, respectivamente, apresentavam infecção

pelo DENV.

A falha do sistema de notificação de dengue não se restringe apenas à cidade

de Goiânia. Avaliação do sistema de notificação do SINAN realizada por Duarte e França

(2006), mostrou que em Belo Horizonte (MG), de 1996 a 2002, ocorreu uma

subnotificação de 37% dos casos de dengue, a qual foi associada à má capacitação dos

profissionais de saúde no que se refere à vigilância epidemiológica ativa, fato também

observado durante a coleta das amostras analisadas. Outro estudo, comparando os dados

do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do SINAN para óbitos por dengue,

encontrou uma concordância entre os dois sistemas de apenas 19,6% (Moraes & Duarte

2009). Esse baixo índice de concordância demonstra a grande perda de informações

relevantes para o sistema de saúde do Brasil.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

48

Entretanto, ressalta-se o importante papel destes sistemas de informação em

saúde que, apesar das dificuldades e necessidades de aperfeiçoamento, constituem fontes

de dados que apoiam o cálculo da maioria das estatísticas nacionais oficiais divulgadas

pelo Ministério da Saúde, as quais são fonte e suporte de pesquisas e processos de

investigação, fornecendo subsídios na elaboração de medidas de intervenção e prevenção

de agravos à saúde.

Neste estudo, observou-se uma diferença estatisticamente significativa do

índice de positividade da infecção pelo DENV em relação às unidades de saúde

pesquisadas, o que está de acordo com o padrão de distribuição das notificações de casos

de dengue na cidade de Goiânia no ano epidêmico 2013 (Goiânia 2013). Segundo este, o

CAIS Campinas (distrito sanitário Campinas-Centro) e o CAIS Cândida de Moraes

(distrito sanitário Noroeste) apresentaram maiores índices de positividade em relação ao

CAIS Chácara do Governador (distrito sanitário Leste). O mesmo ocorreu com a

distribuição da positividade de acordo com os meses de coleta das amostras. Observa-se

uma maior concentração de amostras positivas para DENV nos meses de janeiro a abril

de 2013, o que corresponde às semanas epidemiológicas com maior número de

notificação de casos de dengue neste ano (Goiânia 2013).

Análises considerando a infecção pelo DENV em relação às características

da população, como sexo, renda familiar e grau de instrução, não identificou diferenças

estatísticas significativas, o que está de acordo com os estudos de Cordeiro et al. (2007),

Ferraz et al. (2013), Alves et al. (2011) e Mishra et al. (2014). Embora não tenha sido

observada diferença significante entre positividade e idade, a maior parte dos casos

positivos se encontravam entre 20 e 40 anos de idade, que é a população frequentemente

relatada na literatura como a mais afetada pelo DENV (Cordeiro et al. 2007, Siqueira Jr

et al. 2008, Alves et al. 2011, Ferraz et al. 2013).

O marcador sorológico de infecção NS1 foi identificado em 30,5% das

amostras analisadas, sendo que em 24,5% dos casos de infecção por DENV, este foi o

único marcador detectado. Esses dados demonstram o benefício de se utilizar a pesquisa

de NS1 no diagnóstico desta infecção, perspectiva defendida por alguns autores,

principalmente por ser um método aplicável logo aos primeiros dias de sintomas da

doença, favorecendo um diagnóstico precoce (Singh et al. 2010, Bisordi el atl. 2011,

Kassim et al. 2011). A detecção do antígeno NS1 ocorre principalmente nos três primeiros

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

49

dias de sintomas (Hang et al. 2009), entretanto, no presente estudo, a detecção de NS1 foi

possível do 1º ao 7º dia de sintomas, com maior índice de positividade entre 4º e 5º dias

(36,6%), mas sem haver diferença estatística relevante. No entanto, não foram

encontrados estudos disponíveis com avaliação semelhante que permitam comparação,

visto que a maioria dos estudos epidemiológicos utilizam métodos de eficiência

amplamente reconhecida, como isolamento viral (padrão ouro), RT-PCR e detecção de

IgM (Ferez et al. 2006, Cordeiro at al. 2007, Bastos at al. 2012, Martins et al. 2014).

A pesquisa para presença do marcador IgM demonstou um índice de 13,6%,

que se mostra inferior ao relatado por Cordeiro et al. (2007), com 26,9% de positividade

em Recife (PE), e equivalente ao encontrado por Martinez-Vega at al. (2006), 14,8%

Santander-Colombia. A indicação para detecção de anticorpos contra DENV é a partir do

5º dia de sintomas quando a viremia do DENV tende a diminuir, devido ao aumento dos

anticorpos circulantes no soro (Koraka et al. 2003). As amostras do presente estudo se

encontravam, em sua maioria, entre o 1º e 5º dia de sintomas, o que pode justificar o

menor índice observado. Ademais, análise considerando a positividade para este

marcador, de acordo com o dia de início dos sintomas, encontrou diferença

estatisticamente significativa para o período entre o 6º e 7º dias de sintomas, corroborando

com o encontrado por Peeling et al. (2010). Ressalta-se também a detecção de IgM em

8,3% das amostras de indivíduos com até cinco dias de sintomas, o que demonstra a

possibilidade de detecção de IgM no período inicial da infecção por DENV (SEARO

2011).

A quantificação de anticorpos da classe IgG específicos para o DENV, é uma

ferramenta que pode ser utilizada para auxiliar na identificação de uma infecção

secundária pelo vírus. Neste caso, títulos elevados de IgG poderão estar presentes nos

primeiros dias de sintomas e assim, a partir do teste de avidez pode-se evidenciar a

infecção secundária (Guzman & Kouri 2004, Souza et al. 2004). O presente estudo

identificou este marcador em 16,2% da população. A ocorrência de infecção previa por

DENV foi relatada por 33,9% dos indivíduos entrevistados, dos quais, 5,0% apresentaram

positividade para o marcador IgG. Não obstante, nenhuma inferência a respeito de

infecção secundária nestes indivíduos pôde ser feita, uma vez que o teste realizado foi

apenas de caráter qualitativo.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

50

A positividade para a detecção do RNA viral foi de 20,5%, valor próximo ao

encontrado na mesma região de estudo por Feres et al. (2006), porém abaixo da faixa de

detecção de 31,4% a 53,4% apresentada por outros estudos realizados no Brasil (Cordeiro

et al. 2007, Bastos et al. 2012, Martins et al. 2014). Esse intervalo de detecção que chega

a 25%, pode ser influenciado por variações de percentuais da população com diferentes

dias de sintomas. Ao se comparar a detecção desse marcador com os dias de sintoma dos

indivíduos, observou-se considerável diferença estatística, sendo o maior índice de

detecção encontrado no período entre 1º-3º dias. Esse achado é compatível com o período

de viremia do DENV (Peeling et al. 2010) e com o resultado encontrado por Costa e

Façanha (2011), no qual 75% das amostras positivas para o RNA viral se encontravam

neste mesmo período.

A associação de três marcadores (NS1, IgM e RNA viral) para o diagnóstico

de infecção por dengue aumentou notadamente a sensibilidade de detecção, considerando

que a positividade total de 43,9% é maior do que as apresentadas isoladamente para cada

marcador. O uso de testes combinados vem sendo descrito por diversos autores como uma

boa alternativa para se aumentar a sensibilidade da detecção de infecção por DENV (Arya

et al. 2011, Bisordi et al. 2011, Andries et al. 2012, Aryati et al. 2013). Os testes rápidos,

em sua maioria utilizando o princípio da imunocromatografia para detecção de

marcadores de infecção por DENV, têm apresentado alta sensibilidade, acima de 80%, e

passam a ser indicados para o diagnóstico rápido, principalmente em locais que dispõem

de poucos recursos técnicos em função da praticidade na sua realização (Osorio et al.

2010, Blacksell et al. 2011, Lima et al. 2012, Valdez Sandoval et al. 2012).

Desde a introdução do vírus dengue em Goiás, com o sorotipo 1 em 1994

(Siqueira Jr. 2001) epidemias sucessivas em decorrência da introdução de novos sorotipos

foram descritas. Após a introdução do DENV3 em 2002, observou-se uma predominância

deste em relação aos sorotipos 1 e 2 e, a partir de 2008, embora a manutenção da

cocirculação dos três sorotipos, o predomínio foi de DENV1 (Goiânia 2013). Em 2010

ocorreu a reintrodução do DENV4 no país e, em novembro de 2011, houve o diagnóstico

do primeiro caso com isolamento viral para DENV4 em Goiânia, período em que o

sorotipo predominante permaneceu sendo o DENV1. Em 2013, foram isolados os

sorotipos DENV1 e DENV4 com predominância do DENV4 (60%) (Goiânia 2013). É de

conhecimento o fato de que um novo sorotipo introduzido substitua gradativamente os

sorotipos preexistentes, por encontrar uma população suscetível do ponto de vista

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

51

imunológico. Os resultados encontrados no presente estudo corroboram os relatados pela

Vigilância Epidemiológica Municipal, com o DENV4 representando 68,5% das amostras

positivas para o RNA viral.

Análises filogenéticas das amostras DENV1 identificaram a circulação

apenas do genótipo V, sendo este o único genótipo circulante em território americano

descrito na literatura, introduzido em 1977 através da Jamaica (PAHO 1979, Allicock et

al. 2012). Da mesma forma que amostras de outros estudos brasileiros (Santos et al. 2004,

Santos et al. 2011, Carneiro et al. 2012, Martins et al. 2014), os isolados de DENV1 se

diferenciaram em dois clados. O primeiro composto pela maioria dos isolados,

demonstrou uma forte associação com outras amostras brasileira isoladas em 2010. No

outro clado, a amostra DVGO095 mostrou a existência de proximidade filogenética com

amostras brasileiras coletadas em diferentes períodos, bem como com de outros países da

América Latina. A identificação de clados para um mesmo genótipo tem sido discutida

na literatura, podendo refletir variantes genéticas (linhagens) com diferenças na história

evolutiva (Santos et al. 2011). Entretanto, para inferências a este respeito, é necessária a

avaliação de outras regiões do genoma viral, como análises filogenéticas realizadas a

partir da sequência do gene E completo (Wang et al. 2002, Zhang et al. 2005, Chu et al.

2013).

A avaliação das sequências nucleotídicas das amostras de DENV4 mostrou

altos valores de homologia entre estas. A caracterização molecular permitiu a

classificação de todas como genótipo II, o qual foi identificado pela primeira vez em 1981

em Dominica (Henchal et al. 1986). O genótipo II circula na América e no Sudeste

Asiático há quase 30 anos (Villabona-Arenas & Zanotto 2011) e supõem-se ter sido

reintroduzido no Brasil através da Venezuela (Souza et al. 2011). A análise filogenética

confirma a identidade entre as amostras, que constituíram um mesmo clado, em

associação a outros isolados brasileiros e venezuelanos isolados a partir de 2008.

Adicionalmente, a análise filogenética, sugere a existência de uma distância evolutiva

entre estas amostras e isolados datados de 1982. Entretanto, para a datação de amostras,

são necessárias análises filogenéticas mais abrangentes, considerando entre outros

fatores, taxas de substituição por sítio/ano (Foster et al. 2003, Souza et al. 2011).

A combinação de testes utilizada contribuiu para o aumento da detecção da

infecção por DENV, demonstrando seu benefício, principalmente no que se refere ao

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

52

marcador NS1, ainda pouco utilizado para estudos desse tipo. A avaliação molecular

utilizada preencheu uma lacuna de dados da região, uma vez que o último estudo com

este perfil refere-se a amostras do ano de 2003, antes da reintrodução do DENV4 no

Brasil. A genotipagem das amostras adiciona mais um parâmetro a ser avaliado na

vigilância laboratorial, visto que a entrada de novos genótipos na região poderia gerar a

mudança dos perfis epidêmicos apresentados até o momento.

O acompanhamento das epidemias de dengue por meio da confirmação

laboratorial dos casos, juntamente com um sistema de notificação ativo e eficaz, é de

suma importância para estabelecer uma base de dados completa a ser utilizada para

estudos de vigilância, colaborando para estudos da dinâmica do vírus e o padrão esperado

para as epidemias futuras. Assim, contribuem para o desencadeamento de medidas de

intervenção e prevenção, possibilitando o uso de recursos humanos e logísticos de forma

eficaz para o diagnóstico e tratamento, bem como atividades de educação para a

comunidade, fundamentais para a redução da transmissão da doença.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

53

7. CONCLUSÕES

Foi identificada uma positividade de infecção por DENV em 43,9% na

população do estudo

Não foi observada associação entre infecção e as características da população

estudada.

A distribuição da positividade dos marcadores de infecção variou de acordo

com os dias de sintomas. Para o NS1, houve maior detecção entre os dias 4 e

5, enquanto IgM foi entre o 6º e 7º dias, e o RNA viral teve maior detecção

entre o 1º e 3º dias.

Foi identificada a cocirculação dos sorotipos DENV1 e DENV4,

classificados, respectivamente, como genótipo V e genótipo II.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

54

REFERÊNCIAS

Ackermann M, Padmanabhan R. De novo synthesis of RNA by the dengue virus RNA-

dependent RNA polymerase exhibits temperature dependence at the initiation but not

elongation phase. J Biol Chem, 276(43): 39926-29937, 2001.

Allicock OM, Lemey P, Tatem AJ, Pybus OG, Bennett SN, Mueller BA, Suchard MA,

Foster JE, Rambaut A, Carrington CV. Phylogeography and population dynamics of

dengue ciruses in the Americas. Mol Biol Evol, 29(6):1533-1543, 2012.

Alphey L, Benedict M, Bellini R, Clark GG, Dame DA, Service MW, Dobson SL. Sterile-

insect methods for control of mosquito-borne diseases: an analysis. Vector Borne

Zoonotic Dis, 10(3): 295-311, 2010.

Alphey L. McKemey A, Nimmo D, Neira Oviedo M, Lacroix R, Matzen K, Beech C.

Genetic control of Aedes mosquitoes. Pathog Glob Health, 107(4): 170-179, 2013.

Alves JA, Santos JR, de Mendonça EN, Abus AC, Nunes Mda S, Fakhouri R, Inagaki

AD, Marchioro M, Antoniolli AR. Epidemiological aspects of dengue in Aracaju,

State of Sergipe, Brazil. Rev Soc Bras Med Trop, 44(6):670-673, 2011.

Amarasinghe A, Kuristsk JN, Letson GW, Margolis HS. Dengue virus infection in Africa.

Emerg Infect Dis, 17(8): 1349-1354, 2011.

Anders KL, Nguyet NM, Chau NV, Hung NT, Thuy TT, Lien Ie B, Farrar J, Wills B,

Hien TT, Simmons CP. Epidemiological factors associated with dengue shock syndrome

and mortality in hospitalized dengue patients in Ho Chi Minh City, Vietnam. Am J Trop

Med Hyn, 84(1): 127-134, 2011.

Andrade CF, Cabrini I. Comparative studies on Aedes aegypti and Aedes albopictus adult

females trespassing commercial nets. J Am Mosq Control Assoc, 26(1):112-115, 2010.

Andries AC, Duong V, Ngan C, Ong S, Huy R, Sroin KK, Te V, Y B, Try PL, Buchy P.

Field evaluation and impact on clinical management of a rapid diagnostic kit that detects

dengue NS1, IgM and IgG. PLoS Negl Trop Dis, 6(12): e1993, 2012.

Annual Meeting of the Brazilian Society of Biochemistry and Molecular Biology (SBBq)

– Água de Lindoi – SP – Brazil. 2006.

Ansari MA, Singh KR, Brooks GD, Malhotra PR, Vaidyanathan V. The development of

procedures and techniques for mass reating of Aedes aegypti. Indian J Med Res, 65: 91-

99, 1977.

Aquino VH, Anatriello E, Gonçalves PF, Da Silva EV, Vasconcelos PFC, Vieira DS.

Molecular epidemiology of dengue type vírus 3 in Brazil and Paraguay, 2002-2004. Am

J Trop Hyg, 75:710-715, 2006.

Araujo F, Nogueira R, Araujo Mde S, Perdigão A, Cavalcanti L, Brilhante R, Rocha M,

Vilar DF, Holanda SS, Braga Dde M, Sidrim J. Dengue in patients with central nervous

system manifestations, Brazil. Emerg Infect Dis, 18(4): 677-679, 2012.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

55

Arya SC, Agarwal N, Parikh SC. Detection of dengue NS1 antigen, alongside Igm plus

IgG and concurrent platelet anumeration during an outbreak. Asian Pac J Trop Med, 4(8):

672, 2011.

Aryati A, Trimarsanto H, Yohan B, Wardhani P, Farhi S, Sasmono RT. Performance of

commercial dengue NS1 ELISA and molecular analysis of NS1 gene of dengue viruses

obtained during surveillance in Indonesia. BMC Infect Dis, 13:611, 2013.

Ashburn PM, Craig CF. Experimental investigations regarding the etiology of dengue

fever. J Infect Dis, 4: 440-475, 1907.

Barnighousen T, Bloom DE, Cafiero ET, O`Brien JC. Valuing the broader benefits of

dengue vaccination, with a preliminary application to Brazil. Semin Immunol, 25(2):104-

113, 2013.

Bastos Mde S, Figueiredo RM, Ramasawmy R, Itapirema E, Gimaque JB, Santos LO,

Figueiredo LT, Mourão MP. Simultaneous circulation of all four dengue serotypes in

Manaus, State of Amazonas, Brazil in 2011. Ver Soc Bras Med Trop, 45(3):393-394,

2012.

Beatty ME, Stone A, Fitzsimons DW, Hanna JN, Lam SK, Vong S, Guzman MG,

Mendez-Galvan JF, Healsted SB, Letson GW, Kuritsky J, Mahoney R, Margolis HS. Best

practices in dengue surveillance: a report from the Asia-Pacific and Americas Dengue

Prevention Boards. PLoS Negl Trop Dis, 4(11): e890, 2010.

Bennett SN, Drimmond AJ, Kapan DD, Suchard MA, Muñoz-Jordán JL, Pybus OG,

Holmes EC, Gubler DJ. Epidemic dynamics revealed in dengue evolution. Mol Biol Evol,

27(4):811-818, 2010.

Bente DA, Rico-Hesse R. Models of dengue vírus infection. Drug Discov Today Dis

Models, 3(1): 97-113, 2006.

Bentley MD, Day JF. Chemical ecology and behavioral aspects of mosquito oviposition.

Annu Rev Entomol, 34: 401-421, 1989.

Beynon HL, Haskard DO, Davies KA, Haroutunian R, Walport MJ. Combinations of low

concentrations of cytokines and acute agonists synergize in increasing the permeability

of endothelial monolayers. Clin Exp Immunol, 91: 314–319, 1993.

Bhatt S, Gething PW, Brady OJ, Messina JP, Farlow OW, Moyes CL, Drake JM,

Brownstein JS, Hoen AG, Sankoh O, Myers MF, George DB, Jaenisch T, Wint GR,

Simmons CP, Scott TW, Farrar JJ, Hay SI. The global distribution and burden of dengue.

Nature, 496(7446):504-507, 2013.

Bisordi I, Rocco IM, Suzuki A, Katz G, Silveira VR, Maeda AY, Souza RP, Bassi MG,

Del Tedesco EF, Freitas E, Bessa TA, Dengue-NS1 Group. Evaluation of dengue NS1

antigen detection for diagnosis in public health laboratories, São Paulo State, 2009. Rev

Inst Med Trop Sao Paulo, 53(6): 315-320, 2011.

Blacksell SD, Newton PN, Bell D, Kelley J, Mammen MP Jr, Vaughn DW, Wuthiekanun

V, Sungkakum A, Nisalak A, Day NP. The comparative accuracy of 8 commercial rapid

immunochromatographic assays for the diagnosis of acute dengue virus infection. Clin

Infect Dis, 42(8): 1127-1134, 2006.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

56

Blacksell SD, Jarman RG, Bailey MS, Tanganuchitcharnchai A, Jenjaroen K, Gibbons

RV, Paris DH, Premaratna R, de Silva HJ, Lalloo DG, Day NP. Evaluation of six

commercial point-of-care tests for diagnosis of acute dengue infections: the need for

combining NS1 antigen and IgM/IgG antibody detection to achieve acceptable levels of

accuracy. Clin Vaccine Immunol, 18(12): 2095-2101: 2011.

Brasil. Ministério da Saúde. Diretrizes nacionais para a prevenção e controle de epidemias

de dengue. 2009.

Brasil. Boletim 1/2012 - Dengue: situação epidemiológica. Disponível em:

http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/index.cfm?portal=pagina.visualizarTexto&c

odConteudo=6407&codModuloArea=783&chamada=boletim-1/2012-_-dengue:-

situacao-%20%20epidemiologica. Acessado em 23/08/2012.

Brasil. Boletim 1/2013 - Dengue: situação epidemiológica, semana 1-38. Disponível em:

http://portalsaude.saude.gov.br/. Acessado em 15/12/2013.

Brasil. Ministério da Saúde. Nova classificação de caso de dengue. Disponível em:

http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/. Acessado em 25/06/2014.

Burkey-Gaffney A, Keenan AK. Modulation of human endothelial cell permeability by

combinations of the cytokines interleukin-1 ahpha/beta, tumor necrosis factor-alpha and

interferon-gamma. Immunopharmacology, 25(1): 1-9, 1993.

Carneiro AR, Cruz AC, Vallinoto M, Melo Dde V, Ramos RT, Medeiros DB, Silva EV,

Vasconcelos PF. Molecular characterisation of dengue cirus type 1 reveals lineage

replacement during circulation in Brazilian territory. Mem Inst Oswaldo Cruz,

107(6):805-812, 2012.

Castro-Jorge LA, Machado PR, Fávero CA, Borges MC, Passos LM, de Oliveira RM,

Fonseca BA. Clinical evaluation of the NS1 antigen-capture ELISA for early diagnosis

of dengue virus infection in Brazil. J Med Virol, 82(8);1400-1405, 2010.

Chambers TJ, Hahn CS, Galler R, Rice CM. Flavivirus genome organization, expression

and replication. Annu Rev Microbiol, 44, 649-688, 1990.

Chang HH, Shyu HF, Wang YM, Sun DS, Tang SS, Huang YS. Facilitation of cell

adhesion by immobilized dengue viral nonstructural protein 1 (NS1): arginine-glycine-

aspartic acid structural mimicry within the dengue viral NS1 antigen. J Infect Dis,

186(6):743-751, 2002.

Christophers SR. Aedes aegypti (L.). The yellow fever mosquito - its life history,

bionomics and structure. Cambridge University Press, London, 1960.

Chu PY, Ke GM, Chen PC, Liu LT, Tsai YC, Tsai JJ. Spatiotemporal dynamics and

epistatic interaction sites in dengue vírus type 1: a comprehensive sequence-based

analysis. PLoS One, 8(9):e74165, 2013.

Chua KB, Chua IL, Chua IE, Chua KH. Differential environmental preferences of gravid

female Aedes mosquitoes in ovipositing their eggs. Southeast Asian J Trop Med Public

Health, 36(5): 1132-1138, 2005.

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

57

Cohen SN, Halstead SB. Shock associeated with dengue infection. I. Clinical anda

physiologic manifestations of dengue hemorrhagic fever in Thailand, 1964. J Pediat, 68

(3): 448-456, 1966.

Cordeiro MT, Silva AM, Brito CA, Nasciemtno EJ, Magalhães MC, Guimarães GF,

Lucena-Silve N, de Carvalho EM, Marques ET Jr. Chacterization of a dengue patient

cohort in Recide, Brazil. Am J Trop Med Hyg, 77(6):1128-1134, 2007.

Costa CA, Façanha GP. Sorotipos virais de dengue identificados em crianças de Manaus,

Estado do Amazonas, 2008. Rev Soc Bras Med Trop, 44(2): 249-251, 2011.

Costa RL, Voloch CM, Schrago CG. Comparative evolutionary epidemiology of dengue

cirus derotypes. Infect Genet Evol, 12(2):309-314, 2012.

Daumas RP, Passos SR, Oliveira RV, Nogueira RM, George I, Marzochi KB, Brasil P.

Clinical and laboratory features that discriminate dengue from other febrile illnesses: a

diagnostic accuracy study in Rio de Janeiro, Brazil. BMC Infect Dis, 13:77, 2013.

De La Cruz Hernandez SI, Flores-Aguilar H, Gonzalez-Mateos S, Lopez-Martinez I,

Ortiz-Navarrete V, Ludert JE, Del Angel RM. Viral load in patients infected with dengue

is modulated by the presence of aanti-dengue IgM antibodies. J Clin Virol, AINDA NÃO

IMPRESSO, 2013.

Deubel V, Nogueira RM, Drouet MT, Zeller H, Reynes JM, Ha DQ. Direct sequencing

of genomic cDNA fragments amplified by the polymerase chain reaction for molecular

epidemiology of dengue-2 viruses. Arch Virol, 129:197-210, 1993.

Dewi BE, Takasaki T, Kurane I. In vitro assessment of human endothelial cell

permeability: effects of inflammatory cytokines and dengue virus infection. J Virol

Methods. 121: 171–180, 2004.

Dietz V, Gubler DJ, Ortiz S, Kuno G, Casta-Velez A, Sather GE, Gomez I, Vergne E.

The 1986 dengue and dengue hemorrhagic fever epidemic in Perto Rico: epidemiologic

and clinical observations. P R Health Sci, 15(3): 201-210, 1996.

Domingo C, Patel P, Link S, Achazi K, NiedrigM. Molecular diagnosis of flaviviruses.

Furute Virol. 6(9): 1059-1074, 2011.

Dos Santos HW, Poloni TR, Souza KP, Muller VD, Tremeschin F, Nali LC, Fantinatti

LR, Amarilla AA, Castro HL, Nunes MR, Casseb SM, Vasconcelos PF, Badra DJ,

Figueiredo LT, Aquino VH. A simple one-step real-time RT-PCR for diagnosis of dengue

vírus infection. J Med Virol, 80(8): 1426:1433, 2008.

Eisen L, Beaty BJ, Morrison AC, Scott TW, Proactive Vector control strategies and

improved monitoring and evaluation practices for dengue prevention. J Med Entomol,

46(6):1245-1255, 2009.

Espada-Murao LA, Morita K. Dengue and soluble mediators of the innate imune system.

Trop Med Health, 39(4): 53062, 2011.

Falgout B, Pethel M, Zhang YM, Lai CJ. Both nonstructural proteins NS2B and NS3 are

required for the proteolytic processing of dengue virus nonstructural proteins. J Virol,

65(5): 2467-2475, 1991.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

58

Feres VC, Martelli CM, Turchi MD, Junior JB, Nogueira RM, Tocha BA, Silva LF, de

Jesus Silva MM, de Paula Cardoso Dda D. Laboratory surveillance of dengue vírus in

Central Brazil, 1994-2003. J Clin Virol, 37(3):179-183, 2006.

Ferraz FO, Bomfim MR, Totola AH, Ávila TV, Cisalpino D, Pessanha JE, da Glória de

Souza D, Teixeira Júnior AL, Nogueira ML, Bruna-Romero O, Texeira MM. Evaluation

of laboratory tests for dengue diagnosis in clinical specimens from consecutive patients

with suspected dengue in Belo Horizonte, Brazil. J Clin Virol, 58(1):41-46, 2013.

Figueiredo RM, Naveca FG, Bastos MS, Melo MN, Viana SS, Mourão MP, Costa CA,

Farias IP. Dengue vírus type 4, Manaus, Brazil. Emerg Infec Dis, 14(4):667-669, 2008.

Foster JE, Bennett SN, Vaughan H, Vorndam V, McMillan WO, Carrington CV.

Molecular evolution and phylogeny of dengue type 4 virus in the Caribbean. Virology,

306(1):126-134, 2003.

Fry SR, Meyer M, Semple MG, Simmons CP, Sekaran SD, Huang JX, McElnea C, Huang

CY, Valks A, Young PR, Cooper MA. The diagnostic sensitivity of dengue rapid test

assays is significantly enhanced by using a combined antigen and antibody testing

approach. PLoS Negl Trop Dis, 5(6): e1199, 2011.

FUNASA. Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD). Brasília: Fundação

Nacional de Saúde, 2002.

Gamble J, Bethell S, Day Np, Loc PP, Phu NH, Gartside IB, Farrar JF, White NJ. Age-

related changes in microvascular permeability: a significant factor in the susceptibility of

children to shock? Clin Sci (Lond), 98(2): 211-216, 2000.

Gibbons RV, Kalayanarooj S, Jarman RG, Nosalak A, Vaughn DW, Endy TP, Mammen

MP JR, Srikiatkhachorn A. Analysis of repeat hospital admissions for dengue to estimate

the frequency of third or fourth dengue infections resulting in admissions and dengue

hemorrhagic fever, and serotype sequences. Am J Trop Med Hyg, 77(5): 910-913, 2007.

Goiânia. Secretaria Municipal de Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Informa

técnico semanal dengue. Edição 225, 2013.

Goiás. Superintêndencia de Vigilância em Saúde. Gerência de Vigilância Epidemiológica

de Doenças Transmissíveis. Boletim semanal de dengue, semana epidemiológica 01 a 52.

2013.

Gould EA, Solomon T. Pathogenic flaviviruses. Lancet, 371: 500-509, 2008.

Green S, Vaoughn DW, Kalayanarooj S, Nimmannita A, Suntayakorn S, Nisalak A, Lew

R, Innis BL, Kurane I, Rothman AL, Ennis FA. Early immune activation in acute dengue

illness is related to development of plasma leakage and disease severity. J Infect Dis,

179(4): 755-762, 1999.

Gubler DJ, Suharyono W, Tan R, Abidin M, Sie A. Viraemia in patients with naturally

acquired dengue infection. Bull World Health Organ, 59(4): 623-630, 1981.

Gubler DJ, Kuno G, Sather GE, Velez M, Oliver A. Mosquito cell cultures and specific

monoclonal antibodies in surveillance for dengue viruses. Am J Trop Med Hyg, 33(1):

158-165, 1984.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

59

Gubler DJ. Dengue and dengue hemorrhagic fever: its history and resurgence as a global

public health problem. In: Gluber DJ, Kuno G, eds. Dengue and dengue hemorrhagic

fever. London: CAB International: 1-22, 1997.

Gubler DJ. Dengue and dengue hemorrhagic fever. Clin Microbiol Rev, 11(3): 480-496,

1998.

Gubler DJ, Meltzer M. Impact of dengue/dengue hemorrhagic fever on the developing

world. Adv Virus Res, 53: 35-70, 1999.

Gubler DJ. Dengue, urbanization and globalization: the unholu Trinity os the 21º century.

Trop Med Health. 39(4): 3-11, 2011.

Gubler DJ. The economic burden of dengue. Am J Trop Med Hyg, 86(5): 743-744, 2012.

Guzmán MG, Kourí G. Advances in dengue diagnosis. Clin Diagn Lab Immunol, 3(6):

621-627, 1996.

Guzman MG, Kouri G. Dengue and dengue hemorrhagic fever in the Americas: lessons

and challenges. J Clin Virol, 27: 1-13, 2003.

Guzman MG, Kouri G. Dengue disgnosis, advances and challenges. Int J Infect Dis, 8(2):

69-80, 2004.

Guzman MG, Vazquez S, Kouri G. Dengue: where are we today? Malays J Med Sci,

16(3): 4-11, 2009.

Guzman MG, Halstead SB, Artsob H, Buchy P, Farrar J, Gubler DJ, Hunsperger E,

Kroeger A, Margolis HS, Martinez E, Nathan MB, Pelegrino JL, Simmons C, Yoksan S,

Peeling RW. Dengue: a continuing global threat. Nat Ver Microbiol, 8(12): S7-S16,

2010a.

Guzman MG, Jaenisch T, Gaczkowski R, Hang VT, Sekaran SD, Kroeger A, Vasquez S,

Ruiz D, Martinez E, Mercado JC, Balsameda A, Harris E, Dimano E, Leano PS, Yoksan

S, Villegas E, Benduzu H, Villalobos I, Farrar J, Simmons CP. Multu-country evaluation

of the sensitivity and specificity of two commercially-available NS1 ELISA assays for

dengue diagnosis. PLoS Negl Trop Dis, 4(8): e811, 2010b.

Hall WC, Crowell TP, Watts DM, et al. Demonstration of yellow fever and dengue

antigens in formalin-fixed paraffin-embedded human liver by immunohistochemical

analysis. Am J Trop Med Hyg, 45: 408–17, 1991.

Halsey ES, Marks MA, Gotuzzo E, Fiestas V, Suarez L, Vargas J, Aguayo N, Madrid C,

Vimos C, Kochel TJ, Lagura-Torres VA. Correlation of serotype-specific dengue vírus

infection with clinical manifestations. Plos Negl Trop Dis, 6(5): e1638, 2012.

Halstead SB. Observations related to pathogensis of dengue hemorrhagic fever. VI.

Hypotheses and discussion. Yale J Biol Med, 42(5): 350-362, 1970.

Halstead SB. Antibody, macrophages, dengue virus infection, shock, and hemorrhage: a

pathogenetic cascade. Rev Infect Dis, 11(4): S830-S839, 1989.

Halstead SB. Epidemiology of dengue and dengue hemorrhagic fever . Gubler DJ , Kuno

G , eds. Dengue and Dengue Hemorrhagic Fever . Oxon, UK : CABI Publishing, 1997.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

60

Hammon WM. Dengue hemorrhagic fever – Do we know its cause? Am J Trop Med Hyg,

22: 82-91, 1973.

Hang VT, Nguyet NM, Trung DT, Tricou V, Yoksan S, Dung NM, Ngoc TV, Hien TT,

Farrar J, Wills B, Simmons CP. Diagnostic accuracy of NS1 ELISA and lateral flow rapid

tests for dengue sensitivity, specificity and relationship to viraemia and antibody

responses. PLoS Begl Trop Dis, 3(1): e360, 2009.

Hayes EB, Gubler DJ. Dengue and dengue hemorrharic fever. Pediatric Infect Dis, 11(4):

311-317, 1992.

Heinz FX, Allison SL. The machinery for flavivirus fusion with host cell membranes.

Curr Opin Microbiol, 4(4): 450-455, 2001.

Henchal EA, Repil PM, McCown JM, Brandt WE. Identification of an antigenic variant

of dengue-4 virus from the Caribbean. Am J Trop Med Hyg, 35(2): 393-400, 1986.

Henchal EA, Putnak JR. The dengue viruses. Clin Microbiol Rev, 3(4): 376-396, 1990.

Ho LJ, Wang JJ, Shaio MF, Kao CL, Chang DM, Han SW, Lai JH. Infection of human

dendritic cells by dengue virus causes cell maturation and cytokines production. J

Immunol, 166(3): 1499-1506, 2001.

Holmes EC, Twiddy SS. The origin, emergence and evolutionary genetics of dengue

virus. Infect Genet Evol, 3(1): 19-28, 2003.

Hunsperger EA, Yoksan S, Bucht P, Nguyen VC, Sekaran SD, Enria DA, Pelegrino JL,

Vazquez S, Artsob H, Drebot M, Gubler DJ, Halstead SB, Guzman MG, Margolis HS,

Nathanson CM, Rizzo Lic NR, Bessoff KE, Kliks K, Peeling RW. Evaluation of

commercially available anti-dengue virus immunoglobulin M tests. Emerg Infect Dis,

15(3): 436-440, 2009.

ICTV. Virus Taxonomy: 2013 Release. Disponível em: http://ictvonline.org/. Acessado

em 14/04/2014.

Igarashi A. Isolation of a Sengh’s Aedes albopictus cell clone sensitive to dengue and

chikungunya ciruses. J Gen Virol, 40(3): 531-544, 1978.

Jackson ST, Mullings A, Bennett F, Khan C, Gordon-Strachan G, Rhoden T. Dengue

infection in patients presenting with neurological manifestations in a dengue endemic

population. West Indian Med J, 57(4): 373-376, 2008.

Jansen CC, Beebe NW. The dengue vector Aedes aegypti: what comes next. Microbes

Infect, 12: 272-279, 2010.

Jessie K, Fong MY, Devis S, Lam SK, Wong KT, Localization of dengue virus in

naturally infected human tisses, by immunohistochemistry and in situ hybridization. J

Infect Dis, 189(8): 1411-1418, 2004.

Jukes TH, Cantor CR. Evolution of protein molecules. In Munro HN, Mammalian protein

metabolism, Academic Press, New York: 21-132, 1969.

Kalayanarooj S. Standardized clinical management: evidence of reduction of dengue

hemorrhagic fever case fatality rate in Thailand. Dengue Bull, 23: 10-17, 1999.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

61

Kassim FM, Izati MN, TgRogayah TA, Aoandi YM, Saat Z. Use of dengue NS1 antigen

for early diagnosis of dengue virus infection. Southeast Asian J Trop Med Public Health,

42(3):562-569, 2011.

Kiermayir S, Kofler RM, Mandl CW, Messner P, Heinz FX. Isolation of capsid protein

dimers from the tick-borne encephalitis favivirus and in vitro assembly of capsid-like

particles. J Virol, 78(15): 8078-8084, 2004.

Kliks SC, Nimmanitya S, Nisalak A, Burke DS. Evidence that maternal dengue antibodies

are important in the development of dengue hemorrhagic fever in infants. Am J Trop med

Hyg, 38(2): 411-419, 1988.

Kliks SC, Nisalak A, Brandt WE, Wahl L, Burke DS. Antibody-dependet enhancement

of dengue virus growth in human monocytes as a risck factor for dengue hemorrhagic

fever. Am J Trop med Hyg, 40(4): 444-451, 1989.

Klunhthong C, Zhang C, Mammen MP Jr, Ubol S, Homes EC. The molecular

epidemiology of dengue virus serotype 4 in Bangkok, Thailand. Virology, 329(1): 168-

179, 2004.

Kong YY, Thay CH, Tin TC, Devi S. Rapid detection, serotyping and quantitation of

dengue viruses by TaqMan real-time one-step RT-PCR. J Virol Methods, 138(1-2): 123-

130, 2006.

Konishi E, Mason PW. Proper maturation of the Japanese encephalitis virus envelope

glycoprotein requires cosynthesis qith the premembrane protein. J Virol, 67(3): 1672-

1675, 1993.

Koraka P, Suharti C, Setiati TE, Mairuhu AT, Van Gorp E, Hack CE, Juffrie M, Sutaryo

J, Van Der Meer GM, Groen J, Osterhaus AD. Kinetics of dengue virus-specific serum

immunoglobulin classes and subclasses correlate with clinical outcome of infection. J

Clin Microbiol, 39(12): 4332-4338, 2001.

Koraka P, Burghroorn-Maas CP, Falconar A, Setiati Tem Djamiatun K, Groen J,

Osterhaus AD. Detection of immune-complex-dissociated nonstructural-1 antigen in

patients with acute dengue cirus infections. J Clin Microbiol, 41(9): 4151-4159, 2003.

Kümmerer BM, Rice CM. Mutations in the yellow fever virus nonstructural protein

NS2A selectively block production of infectious particles. J Virol, 76(20): 4773-4784,

2002.

Kuno G, Chanf GJ, Tsuchiya KR, Karabatsos N, Cropp CB. Phylogeny of the genus

Flavivirus. J Virol, 72(1): 73-83, 1998.

Kurane I, Innis BL, Nimmannitya S, Nisalak A, Meager A, Janus J, Ennis FA. Activation

of T lymphocytes in denguevirus infections. High levels of soluble interleukin 2 receptor,

soluble CD4, soluble CD8, interleukin 2, and interferon-gamma in sera of children with

dengue. J Clin Invest, 88(5): 1473-1489, 1991.

Kurane I, Ennis FA. Cytokines in dengue virus infections: role of cytokines in the

pathogenesis of dengue hemorrhagic fever. Semin Immunol, 5: 443-448, 1994.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

62

Lanciotti RS, Calisher CH, Gubler DJ, Chang GJ, Vorndam AV. Rapid detection and

typing of dengue viruses from clinical samples by using reverse trancriptase-polymerase

chain reaction. J Clin Microbiol, 30(3): 545-551, 1992.

Lanciotti RS, Lewis JG, Gubler DJ, Trent DW. Molecular evolution and epidemiology of

dengue-3 viruses. J Gen Virol, 75: 65–75, 1994.

Lanciotti RS, Gubler DJ, Trent DW. Molecular evolution and phylogeny of dengue-4

viruses. J Gen Virol, 78(9): 2279-2284, 1997.

Larkin MA, Blackshields G, Brown NP, Chenna R, McGettigan PA, McWilliam H,

Valetin F, Wallace IM, Wilm A, Lopez R, Thompson JD, Gibson TJ, Higgins DG. Clustal

W and Clustal X version 2.0. Bioinformatics, 23: 2947-2948, 2007.

Leitmeyer KC, Vaughn DW, Watts DM, Salas R, Villalobos de Chacon I, Ramos C, Rico-

Hesse R. Dengue virus structural differences that correlate with pathogenesis. J Virol

73:4738–4747,1999.

Leung JY, Pijlman GP, Kondratieva N, Hyde J, Mackenzie JM, Khromykh AA. Role of

nonstructural protein NS2A in flavivirus assembly. J Virol, 82(10): 4731-4741, 2008.

Lima, JRC, Rouguayrol MZ, Monteiro Callado R, Florindo guedes MI, Pessoa C. Interpretation

of the presence of IgM and IgG antibodies in a rapid test for dengue: analysis

of dengue antibody prevalence in Fortaleza City in the 20th year of the epidemic. Rev Soc

Bras Med Trop, 45(2):163-167, 2012.

Lindenbach BD, Rice CM. Genetic interaction of flavivirus nonstructural proteins NS1

and NS4 as a determinant of replicase function. J Virol, 73(6): 4611-4621, 1999.

Lindenbach BD, Rice CM. Molecular biology of flaviviruses. Adv Virus Res, 59: 23-61,

2003.

Lindenbach BD, Thiel HJ, Rice CM. Flaviviridae: The viruses and their replication.

Fields Virology, 5: 1101-1152, 2007.

Linnaeus C. Hasselquist’s Reise nach Palestina: 470. 1762.

Liu P, Woda M, Ennis FA, Libraty DH. Dengue virus infection differentially regulates

endothelial barrier function over time through tyoe I interferon effects. J Infect Dis,

200(2): 191-201, 2009.

Luz PM, Vanni T, Medlock J, Paltiel AD,Galvani AP. Dengue vector control strategies

in an urban setting: an economic modeling assessment. Lancet, 377: 1673-1680, 2011.

Ma L, Jones CT, Groesch TD, Kuhn RJ, Post CB. Solutionsstructure of dengue virus

capsid protein reveals another fold. Proc Natl Acad Sci USA, 101(10): 3414-3419, 2004.

Maciel IJ, Siqueira Jr JB, Martelli CMT. Epidemiologia e desafios no controle do dengue.

Revista de Patologia Tropical, Goiânia, 37(2):111-130, 2008.

Mackenzie JM, Khromykk AA, Jones MK, Westaway EG. Subcellular localization and

some biochemical properties of the flavivirus Kunjin nonstructural proteins NS2A and

NS4A. Virology, 245(2): 203-215, 1998.

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

63

Mackow E, Makino Y, Zhao BT, Zhang YM, Markoff L, Buckler-White A, Guiler M,

Chanocock R, Lai CJ. The nucleotide sequence of dengue type 4 virus: analysis of gene

coding for nonstructural proteins. Virology, 159(2): 217-228, 1987.

Mamani E. New serotype 5 of dengue vírus: need to strengthen the molecular

surveillance in Peru. Rev Peru Med Exp Salud Publica, 31(1): 169-180, 2014.

Mandl CW, Heinz FX, Kunz C. Sequence of the structural proteins of tick-borne

encephalitis vírus (western subtype) and comparative analysis with other flaviviruses.

Virology, 166(1): 197-205, 1988.

Marovich M, Grouard-Vogel G, Louder M, Eller M, Sun W, Wu SJ, Putvatana R, Murphy

G, Tassaneetrithep B, Burgess T, Birx D, Hayes C, Schlesinger-Frankel S, Mascola J.

Human dendritic cells as targets of dengue virus infection. J Investig Dermatol Symp

Proc, 6(3): 219-224, 2001.

Martins VEP, Martins MG, Araújo JMP, Sulva LOR, Monteiro HAO, Castro FC,

VasconcelosPFC, Guedes MIF. Primeiro registro de Aedes (Stegomyia) albopictus no

Estado do Ceará, Brasil. Rev Saude Publ, 40(4): 737-739, 2006.

Martins VEP, Alencar CHM, Facó PEG, Dutra RF, Alves CR, Ponres RJS, Guedes MIF.

Distribuição espacial e características dos criadouros de Aedes albopictus e Aedes aegypti

em Fortaleza, Estado do Ceará. Rev Soc Bras Med Trop, 43(1): 73-77, 2010.

Martins Vdo C, Bastos Mde S, Ramasawmy R, Figueiredo RP, Gimaque JB, Braga WS,

Nogueira ML, Nozawa S, Naveca FG, Figeiredo LT, Mourao MP. Clinical and virological

descripive study in the 2011 outbreak of dengue in the amazonas, Brazil. PLoS One,

9(6):e100535, 2014.

Martínez-Veja RA, Díaz-Quijano FA, Villar-Centeno LA. Dificultad para el diagnóstico

clínico temprano del dengue em un área endémica y su impacto sobre el manejo médico

inicial. Rev Med Chile, 134(9):1153-1160, 2006.

McBride WJ, Bielefeldt-Ohmann H. Dengue viral infections; pathogenesis and

epidemiology. Microbes Infect, 2(9): 1041-1050, 2000.

Medin CL, Fitzgerald KA, Rothman AL. Dengue cirus nonstructural protein NS5 induces

interleukin-8 transcription and secretion. J Virol, 79(17): 11053-11061, 2005.

Meira R. “Urucubaca”, gripe ou dengue? Dengue. In: Clínica Médica. São Paulo: Gráfica

O Estado de S. Paulo; p. 273-85, 1916.

Mendez JA, Esmer-Ciro JA, Domingo C, Rey GJ, Sanchez JA, Tenorio A, Callego-

Gomez JC. Phylogenetic history demonstrates two diferente linages of dengue type 1

cirus in Colombia. Virol J, 7: 226, 2010.

Messer WB, Gubler DJ, Harris E, Sivananthan K, De Silva AM. Emergence and global

spread of a dengue sorotype 3, subtype III vírus. Emerg Infect Dis, 9:800-809, 2003.

Mishra G, Jain A, Prakash O, Prakash S, Kumar R, Garg RK, Pandey N, Singh M.

Molecular characterization of dengue ciruses circulating during 2009-2012 in Uttar

Pradesh, India. J Med Virol, 2014. Publicação Online: 02/06/2014.

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

64

Moraes GH, Duarte EC. Análise da concordância dos dados de mortalidade por dengue

em dois sistemas nacionais de informação em saúde, Brasil, 2000-2005. Cad Saude Publ,

25(11):2354-2364, 2009.

Moreira LA, Ormaetxe II, Jeffery JA, Lu G, Pyke AT, Hedges LM, Rocha BC, Mendelin

SH, Day A, Riegler M, Hugo LE, Johnson KN, Kay BH, McGraw EA, Hurk AF, Ryan

PA, O’Neil SL. A Wolbachia simbiont in Aedes aegypti limits infection with dengue,

chikungunya, and Plasmodium. Cell, 139: 1268-1278, 2009.

Morens DM, Fauci AD. Dengue and Hemorrhagic fever. A Potential Threat to Public

Health in the United States. JAMA, 299(2): 214-216, 2008.

Mukhopadhyay S, Kuhn RJ, Rossmann MG. A structural perspective of the Flaviviruses

life cycle. Nature Rev Microbiol, 3: 13-22, 2005.

Muñoz-Jordan JL, Sánchez-Burgos GG, Laurent-Rolle M, García Sastre A. Inhibition of

interferon signaling by dengue virus. Proc Natl Acad Sci USA, 100(24): 14333-14338,

2003.

Murphy FA, Fanquet CM, Bishop DHL, Ghabrial SA, Jarvis AW, Martelli GP, Mayo

MA, Summers MD. Virus Taxonomy: classification and nomenclature of virus. Spring-

Verlag New York, 1995.

Murray JM, Aaskov JG, Wright PJ. Processing of the dengue virus type 2 proteins prM

and C-prM. J Gen Virol, 74(2): 175-182, 1993.

Ng JK, Zhang SL, Tan HC, Yan B, Gomez JMM, Tan WY, Lam JH, Tan GK, Ooi EE,

Alonso S. First experimental in vivo model of enhanced dengue disease severity through

maternally acquired heterotypic dengue antibodies. PLoS Pathog, 10(4): e1004031, 2014.

Nobuchi, H. The Symptoms of a Dengue-like Illness Recorded in a Chinese Medical

Encyclopedia. Kanpo Rinsho, 26: 422-425, 1979.

Nogueira RMR, Miagostovich MP, Lampe E. Souza RW, Zagne SMO, Schatzmayr HG.

Dengue epidemic in the state of Rio de Janeiro, Brzail, 1990-1: co-circulation of dengue

1 and dengue 2 serotypes. Epidemiol Infect, 111; 163-170, 1993.

Nogueira RM, Miagostovich MP, Filippis AM, Pereira MA, Schatzmayr HG. Molecular

epidemiology of dengue viruses in Brazil. Cad Saúde Publica 16:205-211, 2000.

Nogueira RMR, Miagostovich MP, Filippis AMB, Pereira MAS, Schatzmayr HG.

Dengue vírus type 3 in Rio de Janeiro, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz, 97(7): 925-926,

2001.

Nogueira RMR, Schatzmayr HG, Filippis AMB, dos Santos, FB, Cunha RV, Coelho JO,

Souza LJ, Guimarães FR, de Araújo ESM, de Simone TS, Baran M, Teixeira Jr G,

Miagostocivh MP. Dengue vírus type 3, Brazil, 2002. Emerg Infect Dis, 11(9): 1376-

1381, 2005.

Normile D. Tropical Medicine. Surprising new dengue virus throws a spanner in disease

control efforts. Science, 342(6157): 415, 2013.

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

65

Ooi EE, Gubler DJ. Dengue in Southest Asia: epidemiological characteristics and

strategic challendes in disease prevention. Cad Saude Publica, 25(1): S5115-S5124,

2009.

Osanai CH, da Rosa APAT, Tang AT, do Amaral RS, Passos ADC, Tauil PL. Surto de

dengue em Boa Vista, Roraima. Nota Prévia. Rev Inst Med Trop São Paulo, 25(1): 53-

54, 1983.

Osorio L, Ramirez M, Bonelo A, Villar LA, Parra B. Comparasion of the diagnostic

accuracy of comercial NS1-based diagnostic tests for early dengue infection. Virol J,

7:361, 2010.

PAHO. Dengue in the Caribbean, 1977. In: Proceedings of a workshop held in Montego

Bay, Jamaica, 8-11 May, 1978. PAHO scientific publication 375, Washington(DC), 1979.

PAHO. Dengue and dengue hemorrhagic fever in the Americas: Guideline for prevention

and control. PAHO Scientific publication, No 548, 1994.

PAHO. Integrated management strategy for dengue prevention and control in the

Caribbean subregion. Bulletin de veille sanitaire, 8, 2009.

PAHO. Number of reported cases of dengue and severe dengue (SD) in the Americas, by

country: Figures for 2013. Disponível em: http://www.paho.org/hq/index.

php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=1221&Itemid=2481&lang

=en. Acessado em: 01/07/2014.

Pedro A. O dengue em Nictheroy. Brazil Médico, ano 23(volume1 número 13): 174-177,

1923.

Peeling RW, Artsob H, Pelegrino JL, Buchy P, Cardosa MJ, Devi S, Enria DA, Farrar J,

Gubler DJ, Guzman MG, Halstead SB, Hunsperger E, Kliks S, Margolis HS, Nathanson

CM, Nguyen VC, Rizzo N, Vasquez S, Yoksan S. Evaluation of diagnostics tests: dengue.

Nat Rev Microbiol, 8(12): S30-S38, 2010.

Petersen LR, Marfin AA. Shifting epidemiology of Flaviviridar. J Travel Med, 12: S3-

S11, 2005.

Phuc HK, Andreasen MH, Burton RS, Vass C, Epton MJ, Pape G, Fu G, Condon KC,

Scaife S, Donnelly CA, Coleman PG, White-Cooper H, Alphey L. Late-acting dominant

lethal genetic systems and mosquito control. BMC Biol, 20: 5-11, 2007.

Platt KB, Linthicum KJ, Myint KS, Innis BL, Lerdthusnee K, Vaughn DW. Impact of

dengue virus infection on feeding behavior of Aedes aegypti. Am J Trop Med Hyg, 57(2):

119-125, 1997.

PPAV Working Groups. Personal protection against biting insects and ticks. Parasite,

18(1):93-111, 2011.

Rico-Hesse R. Molecular evolution and distribuition of dengue viroses type 1 and 2 in

nature. Virology, 174(2): 479-493, 1990.

Rico-Hesse R, Harrison LM, Salas RA, Tovar D, Nisalak A, Ramos C, Boshell J, de Mesa

MT, Nogueira RM, da Rosa AT. Origins of dengue type 2 viruses associated with

increased pathogenicity in the Americas. Virology, 230(2): 244-251, 1997.

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

66

Rigau-Pérez JG, Clark GG, Gubler DJ, Reiter P, Sanders EJ, Vorndam AV. Dengue and

dengue haemorrhagic fever. Lancet, 352: 971-977, 1998.

Robinson AS. Genetic sexing strains in medfly, Ceratitis capitata, sterile insect technique

programmes. Genetica, 116(1): 5-13, 2002.

Rocco IM, Silveira VR, Maeda AY, Silva SJS, Spenassatto C, Bisordi I, Suzuki A. First

isolation of dengue 4 in the state of São Paulo, Brazil, 2011. Rev Inst Med Trop Sao Paulo,

54(1): 49-51, 2012.

Ross, TM. Dengue virus. Clin Lab Med, 30: 149-160, 2010.

Russell PK, Brandt WE, Dalrymple JM. Chemical and antigenic structure of flaviviruses.

In “The Togaviruses: Biology, Structure, Replication” (RW Schlesinger, ed) Academic

Press, New York. 503-529, 1980.

Russell BM, Kay BH, Shipton W. Survival of Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) eggs in

surgace and subterranean breeding sites during the northen Queensland dry season. J Med

Entmol, 38(3): 441-445, 2001.

San Martín JL, Brathwaite O, Zambrano B, Solórzano JO, Bouckenooghe A, Dayan GH,

Guzmán MG. The epidemiology of Dengue in the Americas over the last three decades:

a worrisome reality. Am J Trop Med Hyg, 82(1): 128-135, 2010.

Sabchareon A, Wallace D, Sirivichayakul C, Limkittikul K, Chanthanvanich P,

Suvannadabba S, Jiwarivavej V, Dulvachai W, Pengsaa K, Wartel TA, Moureau A,

Saville M, Bouckenooghe A, Viviani S, Tornjeporth NG, Lang J. Protective efficacy of

the recombinant, live-attenuated, CYD tetravalent dengue vaccine in Thai schoolchildren:

a randomized, controlled phase 2b trial. Lancet, 380:1559-1567, 2012.

Sabin AB. The dengue group of viruses and its family relationships. Bacteriol Rev, 14(3):

225-232, 1950.

Sabin AB. Research on dengue during World War II. Am J Trop Med Hyg,1: 30-50, 1952.

Sanger F, Nicklen S, Coulson AR. DNA sequencing with chain-terminating inhibitors.

Proc Natl Acad Sci USA, 74(12): 5463-5467, 1977.

Santos CL, Sallum MA, Foster PG, Rocco IM. Molecular analysis of the dengue virus

type 1 and 2 in Brazil based on sequences of the genomic envelope-nonstructural protein

1 junction region. Rev Inst Med Trop Sao Paulo, 46(3): 145-152, 2004.

Santos FB, Nogueira FB, Castro MG, Nunes PC, Filippis AM, Faria NR, Simões JB,

Sampaio SA, Santos CR, Nogueira RM. First report of multiple lineages of dengue

viroses type 1 in Rio de Janeiro, Brazil. Virol J, 8:387, 2011.

Schatzmayr HG, Nogueira RMR, da Rosa APAT. Na outbreak of dengue vírus at Rio de

Janeiro – 1986. Mem Inst Oswaldo Cruz, 81(2): 245-246, 1986.

Schlesinger JJ, Foltzer M, Chapman S. The Fc portion of antibody to yellow fever virus

NS1 is a determinant of protection against YF encephalitis in mice. Virology, 192(1)?

132-141, 1993.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

67

Scott RM, Nimmannitya S, Bancroft WH, Mansuwan P. Shock syndrome in primary

dengue infections. Am J Trop Med Hyg, 25(6): 866-874, 1976.

Scott TW, Naksathit A, Day JF, Kittayapong P, Edman JD. A fitness advantage for Aedes

aegypti and the viruses in transmits when females feed only on human blood. Am J Trop

Med Hyg, 57(2): 235-239, 1997.

Scott TW, Amerasinghe PH, Morrison AC, Lorenz LH, Clark GG, Strickman D,

Kittayapong P, Edman JD. Longitudinal studies of Aedes aegypti (Diptera: Culicidae) in

Thailand and Pueto Rico: Blood Feeding Frequency. J Med Entomol, 37(1): 89-101,

2000.

SEARO. Comprehensive guideline for prevention and control of dengue and dengue

haemorrhagic fever. Revised and expanded edition. WHO Regional Office for South-East

Asia, 2011.

Shapiro R. Prevention of vector transmitted diseases with clove oil insect repellent. J

Pediatr Nurs, 27(4):346-349, 2012.

Shin D, Richards SL, Alto BW, Bettinardi DJ, Smartt CT. Genome sequence analysis of

dengue virus 1 isolated in Key West, Florida. PLoS One, 8(9):e74582, 2013.

Shu PY, Huang JH. Current advances in dengue diagnosis. Clin Diagn Lab Immunol,

11(4): 642-650, 2004.

Silva HHG, Silva IG. Influência do período de quiescência dos ovos sobre o ciclo de vida

de Aedes aegypti (Linnaeus, 1762) (Diptera, Culicidae) em condições de laboratório. Rev

Soc Bras Med Trop, 32: 349-355, 1999.

Silva VC, Scherer PO, Falcão SS, Alencar J, Cunha SP, Rodrigues IM, Pinheiro NL.

Diversidade de criadouros e tipos de imóveis frequentados por Aedes albopictus e Aedes

aegupti. Rev Saude Pulb, 40(6): 1106-1111, 2006.

Simmons JS, St John JH, Reynolds FHK. Experimental studies of dengue. Monograph of

the Phillipines Bureau of Science nº 29. Philipp J Sci, 44: 1-247, 1931.

Simmons CP, Farrar JJ, Nguyen vV, Wills B. Dengue. N Engl J Med, 366(12):1423-1432,

2012.

SinanNet – Dengue. Dinsponível em: http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/tabnet/dh?

sinannet/dengue/bases/denguebrnet.de. Acessado em: 26/06/2014.

Singh MP, Majumdar M, Singh G, Goyal K, Preet K, Sarwal A, Mishra B, Ratho RK.

NS1 antigen as an early diagnostic marker in dengue: report from India. Diagn Microbiol

Infect Dis, 68(1):50-54, 2010.

Siqueira Júnior JB. Vigilância do dengue: Aplicação de diagramas de Controle e Análise

especial no município de Goiânia-Goiás. Dissertação de Mestrado. Instituto de Patologia

Tropical e Saúde Pública. Universidade Federal de Goiás: Goiânia, Goiás, Brasil, 2001.

Siqueira Jr JB, Maciel IJ, Barcellos C, Souza WV, Carvalho MS, Nascimento NE,

Oliveira RM, Morais Neto O, Martelli CM. Spatial point analysis based on dengue

surveys at household level in central Brazil. BMC Public Health, 8:361, 2008.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

68

Skuse FAA. The banded mosquito of Bengal. Indian Mus Notes, 30:20-20, 1894.

Solomon T, Dung NM, Vaughn DW, Kneen R, Thao LT, Raengsakulrach B, Loan HT,

Day NP, Farrar J, Myint KS, Warrell MJ, James WS, Nisalak A, White NJ. Neurological

manifestations of dengue infection. Lancet, 355(9209): 1053-1059, 2000.

Soper FL. Dynamics of Aedes aegypti distribution and density. Seasonal fluctuations in

the Americas. Bull World Helth Orgn, 36(4): 536-538, 1967.

Souza VA, Fernandes S, Araujo ES, Tateno AF, Oliveira OM, Oliveira RR, Pannuti CS.

Use of an immunoglobulin G avidity test to discriminate between primary and secondary

dengue infection. J Clin Microbiol, 42(4): 1782-1784, 2004.

Souza RP, Rocco Im, Maeda Ay, Sprenassatto C, Bisordi I, Suzuki A, Silveira VR, Silva

SJ, Azevedo RM, Tolentino FM, Assis JC, Bassi MG, Dambrós BP, Tumioto GLm

Gregianini TS, Souza LT, Timenetsky Mdo C, Santos CL. Dengue virus type 4

pgylogenetics in Brazil 2011: looking beyond the veil. PloS Negl Trop Dis, 5(12):e1439,

2011.

Stefani GP, Pastorino AC, Castro APBM, Fomin ABF, Jacob CMA. Repelentes de

insetos: recomendações para uso em crianças. Rev Paul Pediatr, 27(1): 81-89, 2009.

Stocks CE, Logibs M. Signal peptidase cleavage at the favivirus C-prM junction:

dependence on the viral NS2B-3 protease for efficient processing requires determinants

in C, the signal peptide, and prM. J Virol, 72(3): 2141-2149, 1998.

Tamura K, Stecher G, Peterson D, Filipski A, Kumar S. MEGA6: Molecular Evolutionary

Genetics Analysis Version 6.0. Mol Bio Evol, 30(12): 2725–2729, 2013.

Tapia-Conyer R, Betancourt-Cravioto M, Méndez-Galván J. Dengue: na escalting public

health problem in Latin America. Paediatr Int Child Health, 32(S1): 14-17, 2012.

Tauil PL. Urbanização e ecologia do dengue. Cad Saúde Pública, 17: S99-S102, 2001.

Taweechaisupspong S, Sriurairatana S, Angsubhakorn S, Yoksan S, Khin M, Sahaphong

S, Bhamarapravati N. Langerhans cell density and serological changes following

intradermal immunisation of mice with dengue 2 virus. J Med Microbiol, 45: 138-145,

1996.

Teixeira MG, Barreto ML, Guerra Z. Epidemiologia e medidas de prevenção do Dengue.

Inf Epidemiol Sus, 8: 5-33, 1999.

Temporão GT, Penna GO, Carmo EH, Coelho GE, Azevedo RSS, Nunes MRT,

Vasconcelos PFC. Dengue vírus serotype 4, Roraima state, Brazil. Emerg Infect Dis,

17(5): 938-940, 2011.

Thomas DD, Donnelly CA, Wood RJ, Alphey LS. Insect population control using a

dominant, repressible, lethal genetic system. Science, 283(5462): 2474-2476, 2000.

Thomas SJ, Endy TP. Vaccines for the prevention of dengue: development update. Hum

Vaccin, 7(6): 674-684, 2011.

Togawa RC, Brigido MM, Santos CMR, Júnior MT. The use of the PHPH tool gene

sequences that are candidate to the biotic and abiotic stress in Musa acumitana. XXXV

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

69

Tricou V, Minh NN, Farrar J, Tran HT, Simmons CP. Kinetics of viremia and NS1

antigenemia are shaped by immune status and virus serotype in adults with dengue. PLoS

Nebl Trop Dis, 5(9): e1309, 2011.

Trpis M. Dry season survival of Aedes argypti eggs in various breeding sites in the Dar

es Salaam aream Tanzania. Bull World Health Organ, 47(3): 433-437, 1972.

Turley AP, Moreira LA, O’Neill SL, McGraw EA. Walbachia infection reduces blood-

feeding success in the dengue fever mosquito, Aedes aegypti. PLoS Negl Trop Dis, 3(9):

e516, 2009.

Twiddy SS, Farrar JJ, Vinh Chau N, Wills B, Gould EA, Gritsun T, Lloyd G, Holmes EC.

Phylogenetic relationships and differential selection pressures among genotypes of

dengue-2 virus. Virology, 298(1): 63-72, 2002.

Valdez Sandoval JJ, Ruiz Amores D, Vázquez Ramudo CS, Calzada Gutiérrez N,

Guzmán Tirado CM. Evaluation of the SD Dengue Duo diagnosis system for detection

of NS1 protein and IgM and IgG dengue antibodies. Ver Cubana Med Trop, 64(1):27-34,

2012.

Vasilakis N, Weaver SC. The history and evolution of human dengue emergence. Adv

Virus Res, 71: 1-76, 2008.

Vaughn DW, Green S, Kalayanarooj S, Innis BL, Nimmannitya S, Suntayakom S, Endy

TP, Raengsakulrach B, Rothman AL, Ennis FA, Nisalak A. Dengue viremis titer,

antibody response parttern, and virus serotype correlate with disease severity. J Infect

Dis, 181(1): 2-9, 2000.

Vazques S, Ruiz D, Barrero R, Ramirez E, Caldaza N, Peña BR, Reyes S, Guzmán MG.

Kinetics of dengue vírus NS1 protein in sengue 4-confirmed adult patients. Diagn

Microbiol Infect Dis, 68(1): 46-49, 2010.

Villabona-Arenas CJ, Zanotto PM. Evolutionary history of Dengue vírus type 4: insights

into genotype phylodynamics. Infect Genet Evol, 11(5):878-885, 2011.

ViralZone. – Disponível em: http://viralzone.expasy.org/all_by_species/24.html.

Acessado em: 10/08/2013.

Waggoner JJ, Abeynayake J, Sahoo MK, Gresh L, Tellez Y, Gonzalez K, Ballesteros G,

Guo FP, Balsameda A, Karunaratne K, Harris E, Pinsky BA. Comparison of the FDA-

approved CDC DENV-1-4 real-time reverse transcription-PCR with a laboratory-

developed assay for dengue virus detection and serotyping. J Clin Microbiol, 51(10):

3418-3420, 2013.

Wang WK, Lin SR, Lee CM, King CC, Chang SC. Dengue type 3 virus in plasma is a

population of closely related genomes: quasispecies. J Virol, 76(9): 4662-4665, 2002.

Waterhouse AM, Procter JB, Martin DMA, Clamp M, Barton GJ. Jalview Version 2 – a

multiple sequence alignment editor and analysis workbench. Bioinformatics, 25(9): 1189-

1191, 2009.

Watts DM, Burke DS, Harrison BA, Whitmire RE, Nisalak A. Effect of temperature on

the vector efficiency of Aedes aegypti for dengue 2 virus. Am J Trop Med Hyg, 36(1):

143-152, 1987.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

70

Watts Dm, Porter KR, Putvatana P, Vasquez B, Calampa C, Hayes CG, Halstead SB.

Failure of secondary infection with American genotype dengue 2 to cause dengue

haemorrhagic fever. Lancet, 354(9188): 1431-1434, 1999.

Weaver SC, Vasilakis N. Molecular evolution of dengue viroses: contribuitions of

phylogenetics to understanding the history and epidemiology of the preeminet arboviral

disease. Infect Genet and evol, 9: 523-540, 2009.

Wengler G, Wengler G. The NS3 nonstructural proteins of flaviviruses contains an RNA

triphosphatase activity. Virology, 197(1): 265-273, 1993.

Whitehorn J, Simmons CP. The pathogenesis of dengue. Vaccine, 29(42): 7221-7228,

2011.

WHO. Dengue haemorrhagic fever: diagnosis, tratment and control. Geneva, 1997.

WHO. Dengue: Guidelines for treatment, prevention and control. Geneva, 2009.

WHO. Working to overcome the gloral impact of neglected tropical diseases. First WHO

report on neglected tropical diseases. Geneva, 2010.

Yamada K, Takasaki T, Nawa M, Kurane I. Virus isolation as onde of the diagnostic

methods for dengue virus infection. J Clin Virol, 24(3): 203-209, 2002.

Young PR, Hilditch PA, Bletchly C, Halloran W. An antigen capture enzyme-linked

immunosorbent assay reveals high levels of the dengue virus protein NS1 in the sera of

infected patients. J Clin Microbiol, 38(3): 1053-1057, 2000.

Zhang C, Mammen MP Jr, Chinnawirotpisan P, Klungthong C, Rodpradit P,

Monkongdee P, Nimmannitya S, Kalayanarooj S, Holmes Ec. Clade replacements in

dengue cirus serotypes 1 and 3 are associated with changing serotype prevalence. J Virol,

79(24): 15123-15130, 2005.

Zhao B, Mackow E. Buckler-White A, Markoff L, Chanock RM, Lai CJ, Makino Y.

Cloning full-length denue type 4 viral DNA sequences: Analysis of genes coding for

structural proteins. Virology, 155(1): 77-88, 1986.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

71

ANEXOS

ANEXO 1 - Parecer do Comitê de Ética

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

72

ANEXO 2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA, IMUNOLOGIA, PARASITOLOGIA E PATOLOGIA Setor de Microbiologia - Laboratório de Virologia

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – V2

Prezado(a) Paciente,

Você está sendo convidado(a) a participar, como voluntário, em uma pesquisa. Este

documento irá lhe fornecer informações importantes sobre o estudo. Por favor, leia as instruções abaixo

atentamente. Após o esclarecimento sobre essas informações, no caso de aceitar fazer parte do estudo,

assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador

responsável. Em caso de dúvida, esclareça-as junto à equipe, para decidir se participa ou não do estudo. Em

caso de recusa você não será penalizado de forma alguma.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

Título do Projeto: Identificação e caracterização molecular do vírus dengue em Goiânia – Goiás.

Pesquisador Responsável: Fabíola Souza Fiaccadori - Telefone para contato: 62 – 3209-6122

Pesquisadores Participantes: Divina das Dôres de Paula Cardoso; Vanessa Neiva Guimarães -

Telefone para contato: 62 – 3209-6122

Dúvidas e esclarecimentos – Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/HMI): 62 – 3201-3374

Descrição da Pesquisa/Justificativa:

Atualmente, a dengue é um dos maiores desafios para a saúde pública no Brasil e no mundo. São

conhecidos quatro sorotipos distintos do vírus dengue (DENV1-4). Análises genéticas

demonstram extensiva variação viral, o que permitiu a identificação de variantes do vírus. A forma

clínica da dengue apresenta variações extremas, desde casos assintomáticos até casos graves como

febre hemorrágica do dengue (FHD) e síndrome do choque por dengue (SCD). Também se tem

demonstrado que determinadas variantes virais seriam mais agressivas estando associadas com

epidemias de FHD. A caracterização dessas variantes através da utilização de técnicas moleculares

abriu novas perspectivas aos estudos epidemiológicos por determinar a evolução e origem dos

vírus, e ainda poder revelar informações a respeito da agressividade viral em relação à gravidade

da doença e seu impacto sobre a população. Neste sentido, o presente estudo objetiva identificar

os sorotipos e suas variantes circulantes na cidade de Goiânia, Goiás no período de um ano, bem

como avaliar possíveis associações destas ao quadro clínico das infecções pelo vírus dengue.

Objetivo Geral:

Identificar aspectos clínicos, laboratoriais e virológicos associados a infecção pelo vírus dengue em

indivíduos atendidos em unidades de saúde no município de Goiânia, Goiás.

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

73

Objetivos Específicos:

- Determinar a prevalência da infecção pelo vírus dengue na população da cidade de Goiânia no

período do estudo;

- Caracterizar os achados clínicos associados a dengue na população de estudo;

- Identificar as complicações de dengue e determinar a temporalidade do agravamento da dengue;

- Detectar os sorotipos de DENV circulantes em Goiânia, no período do estudo;

- Identificar os genótipos de DENV nas amostras isoladas e proceder a caracterização de variantes

genéticas;

- Relacionar os genótipos detectados no estudo, bem como suas variantes, aos achados clínicos.

Informações Gerais/Esclarecimentos (Resolução CNS 196/96):

a) Participar deste estudo será uma decisão voluntária e você pode se recusar a participar ou retirar o

seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem que seja necessária qualquer explicação.

Pedimos apenas que seja feito um comunicado da desistência, a qual não acarretará penalidade

alguma, muito menos prejuízos;

b) Antes e durante todo o curso da pesquisa, todos os pesquisadores participantes estarão disponíveis

para esclarecer dúvidas e fornecer as informações que se fizerem necessárias em relação a qualquer

ponto referente à pesquisa;

c) Se o paciente(a) concordar em participar, incialmente ele responderá a um questionário sobre dados

pessoais, clínicos e fatores de risco, conduzido pelo pesquisador responsável na mesma unidade de

saúde na qual você procurou atendimento e logo após serão coletados, por profissionais devidamente

treinados, de 5ml a 10ml de sangue através de punção venosa. As informações clínicas e laboratoriais

relacionadas à sua pessoa serão confidencialmente mantidas em sigilo o tempo todo. Nem seu nome

ou mesmo as iniciais irão constar em qualquer registro desta pesquisa. Sua identidade será, então,

mantida no mais absoluto sigilo;

d) Este estudo oferece baixos riscos para o(a) paciente. Durante a coleta de sangue poderá haver alguma

dor de curta duração devido à punção na pele. O sangue será colhido por técnicos treinados

utilizando seringas e agulhas descartáveis, conferindo segurança e minimizando o desconforto ao(a)

paciente. Complicações de coleta de sangue rotineira são raras e geralmente de pequeno porte. Se

houver pequena perda de sangue no local da punção poderá haver um leve desconforto (equimose)

que desaparecerá em poucos dias;

e) O espécime clínico ficará sob nossa guarda e responsabilidade durante a execução desta pesquisa e

para realização de estudos futuros para a pesquisa de outros vírus, desde que aprovados pelo Comitê

de Ética em Pesquisa;

f) Com os resultados desta pesquisa, os futuros pacientes e até mesmo você poderão se beneficiar,

indiretamente, com as novas informações que possivelmente serão obtidas a respeito do vírus

dengue. Estas informações poderão ser de extrema importância e utilidade para futuros processos de

prevenção (vacinação) e até de tratamento;

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

74

g) Durante todo o período da pesquisa, toda a equipe de pesquisadores estará disponível, de forma a

acompanhar os participantes da pesquisa, bem como seus responsáveis, e prestar assistência em caso

de necessidades pertinentes à pesquisa em questão;

h) O seu compromisso com o estudo será apenas de preencher o questionário no dia da coleta de sangue,

dessa forma, sua participação não acarretará nenhum gasto ou despesas, não sendo necessário o

ressarcimento de despesas decorrentes da participação na pesquisa;

i) Em caso de eventuais danos decorrentes da pesquisa, estes serão avaliados por equipe responsável,

a qual procederá as medidas de indenização que se fizerem necessárias.

_________________________________

Fabíola Souza Fiaccadori

Pesquisador Responsável

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO

Eu, ____________________________________________________, RG/CPF

_________________________, abaixo assinado, responsável por

____________________________________________________, autorizo sua participação no estudo

“Identificação e caracterização molecular do vírus dengue em Goiânia – Goiás.”, como sujeito,

autorizando a realização dos procedimentos e a publicação dos resultados obtidos. Fui devidamente

informado(a) e esclarecido(a) sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os

possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu

consentimento a qualquer momento, sem que isto leve à qualquer penalidade.

Goiânia-GO, ________ de __________________ de 20___

Assinatura do responsável: ______________________________________________________

Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):

Nome:______________________________________________Assinatura:________________________

Nome:______________________________________________Assinatura:________________________

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

75

ANEXO 3 - Questionário

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA, IMUNOLOGIA, PARASITOLOGIA E PATOLOGIA

Setor de Microbiologia - Laboratório de Virologia

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DO VÍRUS DENGUE EM GOIÂNIA –

GOIÁS.

QUESTIONÁRIO – IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

Data Coleta:

Registro Virologia:

Nome Paciente: Nº prontuário:

Naturalidade:

Gênero:

Data de nascimento: Idade:

Unidade: Data do 1º atendimento:

Data dos primeiros sintomas: Data de internação:

Estado Civil:

Solteiro ( ) Casado/Amigado ( ) Viúvo ( ) Separado/Divorciado ( ) Si ( )

Viúvo

Separado

Si

Grau de instrução:

5 anos ( ) 6-9 anos ( ) 10-12 anos ( ) > 12 anos ( ) Si ( )

6-9 anos

10-12 anos

12 anos

Si

Renda Familiar:

1 salário mínimo ( ) 1-2 salários mínimos ( ) > 2 salários mínimos ( ) Si ( )

1-2 salários

2 salários

Si

Profissão:

Endereço:

Cidade/Estado: Telefone:

Origem: ( ) UBS ( ) secundário ( ) terciário ( ) outros:

QUESTIONÁRIO – DADOS CLÍNICOS

Manifestações Clínicas: (1-Sim, 2-Não, 9-Ignorado)

Rash cutâneo Dor de cabeça Fraqueza

Artralgia Dor abdominal Anorexia

Dor de garganta Dor retrocular Dor óssea

Mialgia Calafrios Náuseas

Vômitos Tosse Diarreia

Febre Prova do laço Ascite

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

76

Derrame pleural Hepatomegalia Mal Estar

Sangramento: (1-Sim, 2-Não, 9-Ignorado)

Metro/menorragia Equimose Hematúria

Epistaxe Hemoptise Petéquia

TGI Conjuntiva

Antecedentes: (1-Sim 2-Não, 9-Ignorado)

Usou AAS Usou Diclofenaco Outro AINH

Hipertenso Diabético DPOC

Colagenose Dengue prévia Tabagismo

Etilismo Outro: Usou Dipirona

Usou Paracetamol

Internação: (1-Sim 2-Não, 9-Ignorado)

Até 12h 12 a 24h 24 a 36h

36 a 48h 48 a 72h >72h

Óbito: (1-Sim 2-Não, 9-Ignorado)

( ) Obs:

Informações adicionais:

Responsável pelo preenchimento das informações:

Nome:_______________________________________________________________

Assinatura: ___________________________________ Data:_____/_____/_____

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA … · i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO VANESSA NEIVA GUIMARÃES

77

EXAMES:

DATA

Eritrócitos

Hb

Htc

Leucócitos

Bastões

Neutrófilos

Linfócitos

Monócitos

Eosinófilos

Basófilos

Linf.Atípicos

Plaquetas

AST

ALT

BI

BD

FA

γGT

Albumina

Globulina

Outras observações: -

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________