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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO BRUNNO CÂMARA LOPES COSTA Pesquisa de bocavírus humano em pacientes submetidos a transplante alogênico de células progenitoras hematopoiéticas Goiânia 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DA

RELAÇÃO PARASITO-HOSPEDEIRO

BRUNNO CÂMARA LOPES COSTA

Pesquisa de bocavírus humano em pacientes submetidos a

transplante alogênico de células progenitoras hematopoiéticas

Goiânia

2018

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i

BRUNNO CÂMARA LOPES COSTA

Pesquisa de bocavírus humano em pacientes submetidos a

transplante alogênico de células progenitoras hematopoiéticas

Dissertação de Mestrado apresentado ao

Programa de Pós-Graduação em Biologia da

Relação Parasito-Hospedeiro da Universidade

Federal de Goiás para obtenção do Título de

Mestre.

Orientadora: Menira Borges de Lima Dias e

Souza

Goiânia

2018

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“Aquele que não luta para ter o futuro

que quer, deve aceitar o futuro que vier.”

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v

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me possibilitar a conclusão de mais esta

etapa da minha vida, por me dar saúde e sabedoria em todos os momentos difíceis.

Aos meus pais, Leane Câmara e Lucinei Lopes, por todo o amor, carinho e apoio

em tudo que faço, e também aos meus irmãos, Tiago, Isabella e João Augusto.

À minha esposa, Me. Carolina Nobre, por todo amor e pelos momentos

maravilhosos que vivemos juntos, e todo apoio e compreensão durante toda a realização

desse trabalho.

À minha orientadora, Profª. Drª Menira Souza, por ter me acolhido como seu

orientando e me conduzido para que eu pudesse me tornar ainda melhor. Sem sua ajuda,

conhecimento, amizade e compreensão a realização deste trabalho não seria possível.

À minha banca de qualificação, Profª. Drª. Fabíola Souza Fiaccadori, Profª. Drª.

Keila Correia de Alcântara e Dr. Hugo Delleon da Silva, por todas as contribuições e

sugestões para o aprimoramento do trabalho.

Aos meus companheiros que fazem ou fizeram parte do Laboratório de

Virologia Humana, Nathânia, Thaís, Raíssa, Thairiny, Terezinha, Tâmera, Amanda,

Déborah, Gabriela, Izabela, João Paulo Gomes, João Paulo, Lucélia, Paulo Henrique e

Pedro, pela amizade, companheirismo e experiências compartilhadas.

Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro

(PPGBRPH), pela oportunidade.

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vi

SUMÁRIO

TABELAS, FIGURAS, QUADROS, APÊNDICES E ANEXOS ............................. vii

SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS............................................................. viii

RESUMO ......................................................................................................................... x

ABSTRACT ................................................................................................................... xi

1. INTRODUÇÃO / REVISÃO DA LITERATURA ................................................ 12

1.1. Histórico ................................................................................................................ 12

1.2. Propriedades Gerais dos HBoVs ........................................................................... 14

1.2.1. Taxonomia e classificação .................................................................................. 14

1.2.2. Estrutura, organização genômica e proteínas ..................................................... 14

1.2.3. Replicação ........................................................................................................... 17

1.2.4. Patogenia dos HBoVs e manifestações clínicas ................................................. 19

1.3. Diagnóstico Laboratorial ....................................................................................... 21

1.4. Epidemiologia ....................................................................................................... 23

1.5. HBoVs em Pacientes Imunocomprometidos ........................................................ 24

2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 27

3. OBJETIVOS ............................................................................................................. 28

3.1. Objetivo Geral ....................................................................................................... 28

3.2. Objetivos Específicos ............................................................................................ 28

4. MÉTODOS ............................................................................................................... 29

4.1. Local e População de Estudo ................................................................................ 29

4.2. Delineamento do Estudo ....................................................................................... 30

4.3. Preparo das Amostras Clínicas e Extração do DNA Viral .................................... 31

4.4. Pesquisa de HBoV por qPCR e Determinação da Carga Viral ............................. 32

4.4.1. PCR para obtenção do fragmento utilizado para a construção do plasmídeo

recombinante ............................................................................................................................ 32

4.4.2. Reação de ligação ....................................................................................................... 33

4.4.3. Preparação de células bacterianas competentes para transformação..................... 33

4.4.4. Transformação de E. coli por eletroporação ............................................................ 34

4.4.5. Extração de DNA plasmidial em pequena escala (mini-prep) ............................... 34

4.4.6. Digestão do plasmídeo com endonuclease EcoRI para verificação da presença do

inserto ...................................................................................................................................... 35

4.4.7. Padronização da curva padrão da qPCR TaqMan® para HBoV ........................... 35

4.4.8. Determinação da carga viral por qPCR TaqMan® para HBoV ............................ 37

4.5. Sequenciamento Genômico e Análise Filogenética das Amostras Positivas para

HBoV .............................................................................................................................. 37

4.6. Análises Estatística dos Dados Obtidos ................................................................ 39

5. RESULTADOS ........................................................................................................ 40

6. DISCUSSÃO ............................................................................................................. 46

7. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 50

REFERÊNCIAS............................................................................................................ 51

APÊNDICES ................................................................................................................. 62

ANEXOS........................................................................................................................ 65

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vii

TABELAS, FIGURAS, QUADROS, APÊNDICES E ANEXOS

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Pico de carga viral nas amostras dos pacientes positivos para HBoV ........... 42

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estrutura dos HBoVs ..................................................................................... 15

Figura 2. Representação esquemática do genoma do gênero Bocaparvovirus. ............ 15

Figura 3. Representação esquemática do modelo de replicação rolling hairpin utilizado

pelos parvovírus. ............................................................................................................. 17

Figura 4. Representação esquemática do modelo de replicação rolling circle proposto

para os HBoVs ................................................................................................................ 18

Figura 5. Representação esquemática da Unidade de Transplante de Medula Óssea do

HAJ/ACCGO .................................................................................................................. 29

Figura 6. Gel de agarose do produto de PCR da amostra positiva para HBoV utilizada

na clonagem dos plasmídeos .......................................................................................... 33

Figura 7. Gel de agarose do produto da digestão do plasmídeo com a enzima EcoRI

para verificar a presença de plasmídeos com inserto ..................................................... 35

Figura 8. Curva padrão da qPCR TaqMan® para HBoV .............................................. 36

Figura 9. Frequência das desordens hematológicas apresentadas pelos pacientes ........ 40

Figura 10. Distribuição das cargas de HBoV nas amostras de fezes e soro .................. 41

Figura 11. Comparação das cargas virais antes e após o TACPH................................. 42

Figura 12. Dinâmica da detecção de HBoV em relação ao tempo após o TACPH e à

carga viral nas amostras fecais e séricas ......................................................................... 44

Figura 13. Análise filogenética da sequência parcial da região genômica VP1/VP2 de

HBoV em amostras fecais de pacientes submetidos ao TACPH .................................... 45

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Protocolos terapêuticos de condicionamento utilizados nos pacientes ........ 30

Quadro 2. Iniciadores e sondas utilizados na qPCR TaqMan® para HBoV. ................ 37

Quadro 3. Iniciadores utilizados no sequenciamento genômico. .................................. 38

LISTA DE APÊNDICES E ANEXOS

Apêndice 1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. ......................................... 62

Apêndice 2. Ficha de investigação clínica de doença diarreica. .................................... 64

Anexo 1. Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UFG...........................................65

Anexo 2. Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa do HAJ/ACCGO. .......................... 69

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SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

ACCGO Associação de Combate ao Câncer em Goiás

AM Aplasia medular

BPV Parvovírus bovino

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CnMV Vírus minuto canino

Ct Threshold cycle

DECH Doença do enxerto contra o hospedeiro

DPT Dias após o transplante

EBV Vírus Epstein-Barr

FAM 6-carboxifluoresceína

HAJ Hospital Araújo Jorge

HBoV Bocavírus humano

HIV Vírus da imunodeficiência humana

HPN Hemoglobinúria paroxística noturna

HSV Vírus herpes simplex

Ig Imunoglobulina

IPTSP Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública

LabVICC Laboratório de Virologia e Cultivo Celular

LLA Leucemia linfoide aguda

LMA Leucemia mieloide aguda

LMC Leucemia mieloide crônica

LNH Linfoma Não-Hodgkin

MFP Mielofibrose primária

mRNA Ácido ribonucleico mensageiro

NCBID National Center for Biotechnology Information Database

NP Nuclear phosphoprotein (fosfoproteína nuclear)

NS Non-structural protein (proteína não estrutural)

nt Nucleotídeos

ORF Open reading frame (região de leitura aberta)

Ori Origem de replicação

pb Pares de bases

PBS Phosphate buffered saline (tampão salina fosfato)

PCR Polymerase chain reaction (Reação em cadeia pela polimerase)

qPCR PCR em tempo real quantitativa

RT-qPCR PCR em tempo real quantitativa após transcrição reversa

SDS Sodium dodecyl sulfate (Dodecil sulfato de sódio)

SIDA Síndrome da imunodeficiência adquirida

SMD Síndrome mielodisplásica

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SOB Super Optimal Broth

SOC Super Optimal Broth with Catabolite repression

ssDNA Ácido desoxirribonucleico de fita simples linear

TACPH Transplante alogênico de células progenitoras hematopoiéticas

TAMRA Tetrametilrodamina

TBE TRIS/Borato/EDTA

TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido

TCPH Transplante de células progenitoras hematopoiéticas

TRIS Hidroxi-Metil-Aminocetano

VLP Virus like particle (partícula semelhante a vírus)

VP Viral protein (proteína do capsídeo viral)

VZV Vírus da varicela zoster

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RESUMO

Os Bocavírus humanos (HBoVs) pertencem à família Parvoviridae e têm sido

associados a sintomas respiratórios e gastroentéricos. As infecções virais são uma

importante causa de morbimortalidade em pacientes imunocomprometidos, como os

pacientes submetidos a transplante alogênico de células progenitoras hematopoiéticas

(TACPH). Dados sobre a ocorrência de HBoV nesses pacientes ainda são escassos. Os

objetivos deste estudo foram avaliar a frequência e a carga de HBoVs em amostras

clínicas (fezes e soro) de pacientes submetidos a TACPH e avaliar as características

gerais e sintomas apresentados, e caracterizar as amostras positivas. Foram incluídos no

estudo 21 pacientes consecutivos, dos quais foram coletadas 105 amostras fecais e 145

amostras de soro, em um centro de transplante de medula óssea em Goiânia, Goiás,

durante o período de outubro de 2012 a outubro de 2014. As amostras foram testadas

por qPCR TaqMan®, com sonda e iniciadores específicos para todos os genótipos de

HBoVs (HBoV-1 a -4), e a carga viral nas amostras foi determinada pela construção de

uma curva padrão de diluições seriadas de um plasmídeo recombinante, contendo como

inserto a região NP1. Os resultados mostraram que 53,4% (11/21) dos pacientes eram

do sexo masculino, com idade entre quatro e 61 anos de idade (mediana 35 anos). A

neoplasia hematológica mais observada foi a leucemia mieloide (aguda e crônica),

totalizando 57,1% (12/21) dos casos. Os HBoVs foram detectados em 42,9% (9/21) dos

pacientes, sendo que em 77,7% (7/9) desses houve positividade em ambas amostras de

soro e fezes. A carga de HBoV nas amostras fecais foi significativamente maior do que

nas amostras séricas, sendo observado dois padrões principais de excreção nas fezes, um

intermitente e outro contínuo. Dos nove pacientes, seis (66,6%) tiveram a primeira

amostra positiva antes de serem submetidos ao transplante, sendo observado aumento

nas cargas de HBoV pós-TACPH em comparação às cargas pré-TACPH e, na maioria

dos casos, os picos da carga viral foram detectados durante os 100 primeiros dias após o

TACPH. Considerando os sintomas apresentados pelos pacientes, 66,6% (6/9) desses

apresentavam diarreia no mesmo período da detecção de HBoV nas amostras fecais,

porém não houve significância estatística entre a positividade e os sintomas

gastroentéricos. Três amostras fecais foram caracterizadas como sendo o genótipo

HBoV-1, com mais de 99% de identidade nucleotídica entre elas. Os dados

apresentados mostram uma alta ocorrência e elevada carga de HBoVs nos pacientes

submetidos ao TACPH, além de detecção inicial nas fezes com posterior positividade

no soro. Esses resultados sugerem que as fezes poderiam ser a amostra clínica de

escolha para o monitoramento desses pacientes, tanto antes quanto após o transplante.

Palavras-chave: Bocavírus humano; Transplante alogênico de células progenitoras

hematopoiéticas; Pacientes imunocomprometidos.

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ABSTRACT

Human Bocavirus (HBoVs) are classified in the Parvoviridae family and are associated

with respiratory and gastrointestinal symptoms. Viral infections are an important cause

of morbimortality in immunocompromised patients such as allogeneic hematopoietic

stem cell transplantation (allo-HSCT) recipients. The aim of the present study was to

evaluate the positivity rate and loads of HBoVs in clinical samples (feces and sera) of

patients who were subjected to allo-HSCT at a reference center for bone marrow

transplantation in Goiânia, Goiás. A total of 105 fecal samples and 145 sera samples

were collected from 21 consecutive patients, during October 2012 to October 2014.

Samples were screened by qPCR TaqMan assay, with specific probe and primers

targeting all HBoVs genotypes (HBoV-1 to -4), and viral loads were determined using

serial dilutions of a recombinant plasmid, targeting the NP1 gene. The results showed

that 53.4% (11/21) of the patients were male, aged between four and 61 years-old (mean

35 years). The most observed hematologic malignancy was myeloid leukemia (acute or

chronic), accounting for 57.1% (12/21) of the cases. The HBoVs were detected in

42.9% (9/21) of the patients and 77.7% (7/9) were positive in both fecal and serum

samples. The viral load in fecal samples were higher than in the sera samples and a

prolonged fecal shedding were observed, with two patterns: one intermittent and

another continuous. Of all HBoV positive patients, six (66.6%) had the first positive

sample before the transplantation, and a rise of the viral loads after the allo-HSCT

occurred when comparing to the loads before the allo-HSCT. Furthermore, on most

cases the highest viral loads were detected during the first 100 days after the allo-HSCT.

Considering the symptoms presented by the patients, 66.6% (6/9) had diarrhea at the

same period of the viral genome detection in feces, but no statistical significance was

observed. Three fecal samples were characterized as being HBoV-1, with more than

99% of nucleotide identity among them. The present data shows a high occurrence and

loads of HBoVs in allo-HSCT recipients, with first positivity in fecal samples and later

viral detection in sera. These results suggest that fecal samples could be the sample of

choice in HBoV monitoring of these patients both before and after the transplant.

Keywords: Human bocavirus; Allogeneic hematopoietic stem cell transplantation;

Immunocompromised patients.

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1. INTRODUÇÃO / REVISÃO DA LITERATURA

1.1. Histórico

As infecções virais do trato respiratório e do trato gastrointestinal (TGI)

destacam-se dentre as doenças humanas mais comuns com importância clínica e

epidemiológica, acometendo principalmente crianças. Essas infecções são ainda

associadas a elevados índices de morbimortalidade em grupos de risco como menores

de cinco anos de idade, pacientes imunocomprometidos e idosos (Dennehy 2011, Berry

et al. 2015). Dentre os agentes associados às infecções gastroentéricas, destacam-se os

vírus, tais como os rotavírus, calicivírus, adenovírus humanos (HAdV), astrovírus e

bocavírus humanos (HBoV), dentre outros (Sidoti et al. 2015). As infecções do trato

respiratório são causadas principalmente por bactérias e vírus. Dentre os agentes virais

estão os rinovírus, enterovírus, HAdV, vírus parainfluenza, vírus influenza, coronavírus,

vírus respiratório sincicial e bocavírus humanos (Berry et al. 2015).

Em 2005, Allander e colaboradores utilizaram a metagenômica para pesquisar a

presença de novos vírus humanos em amostras de aspirados nasofaríngeos provenientes

de pacientes com infecção do trato respiratório inferior. Após análises de

bioinformática, sequências de nucleotídeos inéditas, similares a de parvovírus, foram

encontradas. Tais sequências apresentaram semelhanças com os genomas dos vírus

minuto canino (CnMV) e parvovírus bovino (BPV), dois membros da família

Parvoviridae, subfamília Parvovirinae e gênero Bocaparvovirus. Sendo assim, o vírus

recém descoberto foi denominado bocavírus humano (Allander et al. 2005).

Em 2009, um outro bocavírus humano foi descoberto por dois grupos

independentes de pesquisadores utilizando sequenciamento pelo método de Sanger para

triagem de amostras fecais de pacientes com gastroenterite aguda e paralisia flácida

aguda (Arthur et al. 2009, Kapoor et al. 2009).

O estudo de Kapoor et al. (2009) revelou que o genoma dessa nova variante

possuía organização genômica análoga à do HBoV-1. As proteínas não estruturais (NS1

e NP1) e estruturais (VP1/VP2), codificadas pelo novo genótipo, denominado bocavírus

humano 2 (HBoV-2), apresentaram 78% de similaridade com a proteína NS1, 67% com

a NP1 e 80% com as proteínas VP1/VP2 do HBoV-1, respectivamente. Arthur et al.

(2009) também reportaram a descoberta desse mesmo genótipo de bocavírus humano, e

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o alinhamento das sequências nucleotídicas do genoma dos HBoV-1 e HBoV-2 revelou

similaridade maior que 99,7%.

Adicionalmente, enquanto analisavam a frequência de HBoV-2 em crianças com

gastroenterite aguda, Arthur e colaboradores descobriram um terceiro genótipo de

bocavírus humano, sendo esse designado bocavírus humano 3 (HBoV-3). A análise

genômica evidenciou homologia de 91% e 83% com o HBoV-1 nas regiões codificantes

para as proteínas NS1 e NP1, respectivamente. No entanto, o HBoV-3 possuiu maior

similaridade (90%) com o HBoV-2 na região codificante para as proteínas VP1/VP2.

Foi ainda observada uma divergência de 18% entre o genoma de HBoV-3 e o genoma

dos genótipos HBoV-1 e HBoV-2 (Arthur et al. 2009).

Kapoor et al. (2010) utilizaram pares de iniciadores específicos para a região

parcial VP1/VP2 do genoma dos bocavírus humanos descritos até aquele momento

(panbocavírus) e analisaram amostras fecais provenientes da Nigéria, Tunísia, Estados

Unidos e Nepal. Foi detectada a presença dos três genótipos, além de mais um novo

genótipo, denominado bocavírus humano 4 (HBoV-4), que apresentou em média 22,3%

de divergência do HBoV-1 na região codificante para a proteína VP1, 12,3% do HBoV-

2 e 11,9% do HBoV-3.

No Brasil, o HBoV foi detectado pela primeira vez em 2007 por PCR

convencional, tendo como alvo o gene NS1, a partir de amostras fecais de crianças que

apresentavam quadro de diarreia aguda. Foram analisadas 705 amostras e o DNA viral

foi detectado em 2,0% dessas (Albuquerque et al. 2007).

Inicialmente, os HBoVs foram associados a infecções do trato respiratório. A

detecção de HBoVs em amostras fecais (Vicente et al. 2007), evidenciou-se a excreção

viral nas fezes, o que sugeria que os HBoVs poderiam ser também patógenos entéricos.

Atualmente, o HBoV-1 tem sido considerado a principal variante relacionada com

doenças respiratórias, e os genótipos HBoV-2, HBoV-3 e HBoV-4 têm sido associados

à presença nas fezes de pessoas com ou sem sintomas gastroentéricos (Qiu et al. 2017).

Porém, mais estudos são necessários para confirmar essa associação dos HBoVs com as

manifestações clínicas em diferentes grupos populacionais, como crianças, idosos e

imunocomprometidos.

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1.2. Propriedades Gerais dos HBoVs

1.2.1. Taxonomia e classificação

Os bocavírus humanos são classificados na família Parvoviridae, que é

subdividida em duas subfamílias. A subfamília Densovirinae, que inclui vírus que

infectam artrópodes, é composta pelos gêneros Ambidensovirus, Brevidensovirus,

Hepandensovirus, Iteradensovirus e Penstyldensovirus. A subfamília Parvovirinae,

definida pela habilidade de seus membros infectarem hospedeiros vertebrados, é

composta pelos gêneros Amdoparvovirus, Aveparvovirus, Bocaparvovirus,

Copiparvovirus, Dependoparvovirus, Eritroparvovirus, Protoparvovirus e

Tetraparvovirus. O gênero Bocaparvovirus, anteriormente denominado Bocavirus,

atualmente é formado por 12 espécies, sendo que os genótipos HBoV-1 e HBoV-3

pertencem à espécie Bocaparvovirus primata 1, e os genótipos HBoV-2 e HBoV-4

estão incluídos na espécie Bocaparvovirus primata 2 (King et al. 2012, Babkin et al.

2015, Wang et al. 2016, ICTV 2017).

1.2.2. Estrutura, organização genômica e proteínas

Assim como outros membros da subfamília Parvovirinae, as partículas de HBoV

não apresentam envelope e têm diâmetro de aproximadamente 25 nanômetros (Figura

1). O capsídeo tem simetria icosaédrica e é composto por 12 capsômeros pentaméricos,

resultante da combinação de 60 cópias de cada uma das proteínas do capsídeo viral

(viral protein – VPs) (Chow & Esper 2009, Gurda et al. 2010).

O genoma do HBoV consiste de uma molécula de ácido desoxirribonucleico de

fita simples linear (ssDNA), sendo que a maioria (95%) das moléculas encapsidadas

apresenta polaridade negativa. Possui aproximadamente 5300 pares de bases (pb) e

contém três regiões de leitura aberta (open reading frames, ORFs) (Allander et al.

2005). O genoma dos parvovírus é flanqueado por pequenas sequências palindrômicas,

não codificantes, que formam estruturas secundárias semelhantes a “grampos” (do

inglês, hairpin) (Cotmore & Tattersall 2014).

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Figura 1. Estrutura dos HBoVs. (A) Micrografia eletrônica das partículas de HBoV. A barra representa

100 nm. Adaptado de Santos et al. (2010). (B) Representação esquemática da partícula de HBoV.

Adaptado de Zou et al. (2016).

Os HBoVs são vírus heteroteloméricos, significando que as suas sequências

terminais, direita e esquerda, são diferentes. Na extremidade esquerda do genoma de

polaridade negativa, os HBoVs possuem uma sequência palindrômica imperfeita,

composta por 140 nucleotídeos (nt); na direita, uma sequência palindrômica perfeita de

200 nt (Figura 2) (Huang et al. 2012).

A expressão gênica dos membros do gênero Bocaparvovirus apresenta algumas

características que os distinguem de outros parvovírus. Eles utilizam um único

promotor, P5 nos HBoVs, para a transcrição de um pré-RNA mensageiro (pré-mRNA),

que, após poliadenilação e splicing alternativo, dá origem a vários mRNA maduros que

irão ser codificados em proteínas estruturais e não estruturais (NS). Além disso,

possuem em seu genoma uma ORF adicional localizada entre as regiões que codificam

para proteínas estruturais e não estruturais (Chen et al. 2010).

Figura 2. Representação esquemática do genoma (polaridade negativa) do gênero Bocaparvovirus. NS1,

proteína não estrutural 1. NP1, fosfoproteína nuclear 1. VP, proteína do capsídeo viral. Adaptado de

Cotmore & Tattersall (2014) e Qiu et al. (2017).

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16

Nos HBoVs, a primeira ORF, localizada na extremidade 3’ (esquerda), codifica

para as proteínas NS1, NS1-70, NS2, NS3 e NS4. A segunda ORF codifica para uma

pequena fosfoproteína nuclear, NP1. A terceira ORF, na extremidade 5’ (direita),

codifica as proteínas estruturais do capsídeo viral, VP1 e VP2, produzidas a partir do

mesmo transcrito (Shen et al. 2015).

Com relação às proteína virais, assim como nos demais parvovírus, a NS1 do

HBoV possui aproximadamente 100 quilodaltons (kDa), sendo esta uma proteína com

múltiplos domínios que dá início à replicação do genoma por meio do reconhecimento e

ligação à origem de replicação (Ori) do DNA viral e que também possui atividade de

endonuclease. A proteína NS1-70, isoforma da NS1, tem 70 kDa (Chen et al. 2010,

Tewary et al. 2013). Tanto a NS1 quando a NS1-70 são antagonistas de Fator Nuclear

kappa B (NF-kB), um fator de transcrição importante para a defesa antiviral por meio da

ativação de diversos processos fisiológicos. Essas proteínas bloqueiam a ativação de

NF-kB em resposta ao Fator de Necrose Tumoral α (TNF-α) produzido durante a

infecção viral, tendo um potencial papel na evasão do HBoV da resposta imune inata

(Liu et al. 2016).

Adicionalmente, o HBoV expressa pequenas proteínas NS auxiliares, NS2, NS3

e NS4, com peso molecular de 66, 69 e 34 kDa, respectivamente. Mas, apesar de

possuírem domínios funcionais homólogos aos da proteína NS1, em culturas de células

embrionárias renais humanas não são essenciais à replicação viral. Contudo, a NS2 foi

considerada importante para a replicação viral durante a infecção de células polarizadas

do epitélio respiratório humano, possuindo domínios funcionais para ligação à Ori, de

endonuclease e de transativação (Shen et al. 2015).

A proteína NP1, exclusiva do gênero Bocaparvovírus, com 25 kDa, bloqueia a

produção de interferon, induz a parada do ciclo celular e a apoptose celular em células

HeLa (Broccolo et al. 2015). Após sua produção, a NP1 é importada para o núcleo

celular por meio de importinas α/β1 celulares, sendo importante na expressão das

proteínas do capsídeo do HBoV, tendo ainda função essencial para uma eficiente

replicação do DNA viral (Li et al. 2013, Zou et al. 2016).

As proteínas VP1 e VP2, de aproximadamente 74 e 64 kDa, respectivamente,

formam o capsídeo icosaédrico do HBoV. Elas ligam-se aos receptores celulares e, após

a entrada na célula hospedeira, se deslocam para o núcleo juntamente com o genoma

viral. As proteínas VP1 e VP2 possuem a mesma sequência de aminoácidos na região

C-terminal, porém a região N-terminal da VP1 possui um peptídeo adicional com

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atividade enzimática de fosfolipase A2 (PLA2), localizado na região única da VP1

(VP1u), cuja função é a hidrólise de fosfolipídeos, evento crítico para a saída do vírus

do endossomo e transferência para o núcleo celular para iniciar a replicação do genoma

viral. Ao contrário de outros parvovírus, a proteína VP2 dos HBoVs desencadeia uma

resposta imune humoral superior àquela induzida por VP1u, sendo importante para a

produção de anticorpos neutralizantes (Qu et al. 2008, Deng et al. 2014).

1.2.3. Modelos de replicação propostos para os parvovírus

A replicação dos HBoVs ainda não está totalmente elucidada, existindo dois

modelos propostos: o mecanismo de rolling hairpin (Huang et al. 2012) e o de rolling

circle (Lusebrink et al. 2011). Na replicação pelo mecanismo de rolling hairpin, há

formação de uma dupla fita do genoma viral que serve como molde para a expressão de

NS1, importante em todas as etapas seguintes da replicação. Após, há formação de uma

longa cadeia de DNA contendo múltiplas cópias do DNA genômico ligadas em

sequência (concatâmeros intermediários). Esses concatâmeros são ligados por junções

cabeça-cabeça ou cauda-cauda, uma característica importante deste tipo de replicação.

Posteriormente, os concatâmeros são clivados na etapa de empacotamento do genoma

viral (Figura 3) (Cotmore & Tattersall 2014).

Figura 3. Representação esquemática do modelo de replicação rolling hairpin utilizado pelos parvovírus.

Em cinza escuro está representado o genoma viral original, em cinza claro os novos genomas e em preto o

DNA recém sintetizado. A esfera cinza representa a proteína viral NS1. A extremidade 3’ está

representada pela seta. As letras E e D representam as sequências terminais palindrômicas esquerda e

direita, respectivamente. As letras em minúsculo indicam as sequências complementares invertidas do

genoma original. Adaptado de Martin et al. (2011) e Cotmore & Tattersall (2014).

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Estudos que tentaram detectar as junções cabeça-cabeça e cauda-cauda nos

HBoVs, que confirmaria o modelo de rolling hairpin, não obtiveram sucesso, e a

presença de concatâmeros intermediários ainda não foi evidenciada para esses vírus

(Babkin et al. 2015).

Além disso, novos dados apontam que durante a infecção os HBoVs persistem

nas células do hospedeiro por meio da formação de um genoma circular fechado

extracromossômico (epissoma). Esses epissomas já foram detectados em células

infectadas pelos quatro genótipos de HBoVs (Kapoor et al. 2011, Lusebrink et al. 2011,

Zhao et al. 2012, Babkin et al. 2015).

Em conjunto, essas evidências levaram à hipótese de que os HBoVs possam

replicar seu genoma pelo mecanismo de rolling circle. Nesse tipo de replicação, as

novas fitas de DNA polaridade negativa são originadas a partir de uma fita polaridade

positiva, circularizada por um mecanismo ainda não totalmente elucidado, gerando

longos concatâmeros lineares ligados por sequências de junção cabeça-cauda (Figura 4).

Fortalecendo tal hipótese, foram detectadas em todos os genótipos de HBoVs

sequências de junção cabeça-cauda, formas replicativas intermediárias encontradas

quando o DNA viral está na forma circular (Guido et al. 2016).

Figura 4. Representação esquemática do modelo de replicação rolling circle proposto para os HBoVs. As

novas fitas de DNA polaridade negativa são originadas a partir de uma fita polaridade positiva,

circularizada por um mecanismo ainda não elucidado, gerando longos concatâmeros lineares ligados por

sequências de junção cabeça-cauda; nt: nucleotídeos. Adaptado de Schildgen et al. (2012).

Como o modelo de replicação citado não está ainda estabelecido para os

parvovírus, tem-se questionado se os HBoVs possuem um mecanismo que difere dos

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outros parvovírus, e se estes epissomas são produtos formados durante a replicação pelo

mecanismo de rolling hairpin ou se são formas de persistência para a manutenção do

genoma viral nos tecidos (Schildgen et al. 2012, Babkin et al. 2015).

Até o momento, sabe-se que a sequência terminal direita do genoma do HBoV é

importante para a sua replicação. Nessa região, encontra-se a Ori, formada por uma

sequência de 46 nt, que contém elementos de ligação para a NS1 (NS1 binding elements

- NSBEs), compostos por repetições de quatro nt, sendo reconhecidos pelo domínio de

ligação à Ori da proteína NS1. Além disso, está localizado na Ori um sítio de clivagem,

cerca de sete a 17 nt a frente dos NSBEs, que é clivado pela atividade de endonuclease

da NS1 (Shen et al. 2016).

Diferentemente dos demais parvovírus, a replicação do DNA do HBoV-1 não

depende da célula estar na fase S do ciclo celular, uma vez que o vírus infecta e replica-

se em células diferenciadas do epitélio respiratório humano que não estão em divisão.

Sendo assim, acredita-se que os HBoVs utilizem o maquinário de dano e reparo do

DNA da célula infectada, recrutando enzima DNA polimerase para os centros de

replicação do genoma viral (Deng et al. 2017).

1.2.4. Patogenia dos bocavírus humanos e manifestações clínicas

Até o momento, o conhecimento sobre a patogenia dos HBoVs é limitado. Um

possível modelo de patogenia seria análogo ao do CnMV. Esse vírus penetra no

hospedeiro pelas vias respiratórias, atinge a circulação sanguínea e após entra no trato

gastrointestinal, ou pode alcançá-lo diretamente pela ingestão de água e alimentos

contaminados com o mesmo. O vírus pode ser excretado pelo trato respiratório ou pelas

fezes (Schildgen 2013). Os HBoVs já foram detectados em amostras respiratórias, fezes,

soro, saliva, líquido cefalorraquidiano, urina, tonsila e intestino, o que sugere

disseminação viral pelo organismo (Lin et al. 2007, Kantola et al. 2008, Lu et al. 2008,

Martin et al. 2009, Kapoor et al. 2011, Mitui et al. 2012, Mori et al. 2013).

Para tentar elucidar a patogenia dos HBoVs, estudos com culturas de células têm

sido utilizados. Após a inoculação de HBoV-1 em células de adenocarcinoma coloretal

humano (Caco-2), detectou-se o genoma viral na monocamada de células, porém sem

alterações na morfologia e sobrevida das células infectadas. O HBoV-1 também foi

detectado no sobrenadante dos meios de cultura, sendo observado um aumento nas

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concentrações do DNA viral nas primeiras 48 horas, mostrando um ciclo de

desenvolvimento rápido com excreção de viral (Ghietto et al. 2017).

Em cultura de células de epitélio respiratório humano, a infecção pelo HBoV-1

parece romper a barreira epitelial, causando perda dos cílios no lado apical, hipertrofia

celular e danificando as junções de oclusão. A espessura do epitélio das culturas

infectadas diminuiu gradativamente, indicando que a infecção pelo HBoV-1 possa

destruir as células do epitélio respiratório humano (Dijkman et al. 2009, Huang et al.

2012, Deng et al. 2013).

Em lavados broncoalveolares de pacientes infectados com HBoV-1, foi

demonstrado que há aumento da expressão de citocinas como a quimiocina CC 17

(CCL-17), fator de crescimento epidérmico (EGF), fator de crescimento do endotélio

vascular (VEGF), TNF-α e TNF-β, sugerindo que o dano causado na via respiratória

pela infecção possa ser proveniente da indução da expressão de citocinas pelo HBoV-1

(Khalfaoui et al. 2016). Em células epiteliais brônquicas humanas, o HBoV-1 é capaz de

induzir a autofagia e a apoptose, e também inibir a proliferação celular, regulando a

expressão de proteínas como caspase 3, Bcl-2 (linfoma de células B), p53 e Akt

(proteína quinase B) (Deng et al. 2017).

Estudos mostram que o DNA dos HBoVs pode ser detectado no sangue

(viremia) concomitantemente com sua detecção em amostras do trato respiratório na

presença de sintomas respiratórios, indicando uma possível infecção ativa ou recente

(Don et al. 2011). Do mesmo modo, o genoma dos HBoVs já foi detectado

simultaneamente em amostras fecais e séricas de pacientes com sintomas

gastroentéricos e/ou respiratórios (Paloniemi et al. 2014). Sendo assim, a viremia tem

sido considerada um marcador de infecção recente para HBoV (Soderlund-Venermo et

al. 2009). Além disso, o genoma de HBoV foi detectado em níveis baixos (mediana de

7,68 × 10² cópias/mL) em amostras séricas de indivíduos adultos saudáveis, o que pode

indicar uma possível viremia prolongada após uma infecção assintomática (Bonvicini et

al. 2011).

Com relação à excreção de HBoV, foi demonstrado um padrão intermitente e

prolongado, tanto no trato respiratório quando no TGI (Blessing et al. 2009, Schenk et

al. 2011). Em todos, o HBoV-1 foi o genótipo encontrado. Além disso, a detecção viral

recorrente foi documentada, com várias amostras positivas intercaladas com pelo menos

uma amostra negativa. Sugere-se ainda que a detecção viral prolongada possa ser

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consequência de infecções repetidas ao invés de um único período de excreção

prolongado (Martin et al. 2010, Kapusinszky et al. 2012, Wagner et al. 2016).

As principais síndromes clínicas associadas à infecção por HBoV-1 em crianças

são pneumonia, bronquiolite, resfriado, asma e otite média, cujos sintomas mais

presentes são febre, tosse, rinite, rinorreia e diarreia (Broccolo et al. 2015, Lee et al.

2016, Qiu et al. 2017). Existe ainda, associação entre infecções respiratórias agudas e a

detecção de HBoV-1 como único patógeno presente, juntamente com altas cargas virais

(104 - 108 cópias/mL) em amostras respiratórias e a detecção de imunoglobulina M

(IgM) anti-HBoV. Alguns estudos mostraram uma relação desses achados com maior

gravidade ou duração dos sintomas, enquanto outros não observaram essas diferenças

(Wang et al. 2010, Deng et al. 2012, Nascimento-Carvalho et al. 2012, Zhou et al. 2014,

Ghietto et al. 2015).

Os genótipos HBoV-2, -3 e -4 têm sido associados a quadros de gastroenterite

(Kantola et al. 2010, Santos et al. 2010, Paloniemi et al. 2014). A gastroenterite é

definida como um processo inflamatório no trato gastrointestinal, cujo sintomas incluem

náuseas, vômitos, dor abdominal e diarreia (Graves 2013). Porém, além desses

genótipos, o HBoV-1 também tem sido detectado nas fezes, sugerindo excreção viral

após a replicação inicial no trato respiratório (Zhao et al. 2016).

1.3. Diagnóstico Laboratorial

Atualmente, o diagnóstico dos HBoVs é baseado na pesquisa de regiões parciais

do seu genoma, por métodos moleculares como a PCR, principalmente em amostras de

soro, fezes, nasofaringe e urina, e também na detecção de anticorpos específicos IgM e

IgG por imunoensaios (imunocromatografia e ensaios imunoenzimáticos) (Zaghloul

2011, Jartti et al. 2013, Broccolo et al. 2015).

As técnicas moleculares utilizam iniciadores específicos que têm como alvo

diferentes genes dos HBoVs como NP1, NS1, VP1 e VP2. Dentre esses, NS1 e NP1 são,

preferencialmente, utilizados na detecção dos HBoVs, pois possuem uma sequência

mais conservada entre os genótipos de HBoV. Já o gene que codifica para as proteínas

VP1 e VP2 é o gene de escolha para a caracterização molecular, devido à sua maior

variabilidade dentre os HBoVs (Chieochansin et al. 2007, Lee et al. 2016, Moreno et al.

2016).

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Mais recentemente, ensaios utilizando a metodologia de PCR em tempo real

quantitativa (qPCR) foram desenvolvidos a fim de detectar os quatro genótipos de

HBoV (Lu et al. 2006, Neske et al. 2007, Kantola et al. 2010, Xu et al. 2011). Esses

testes são sensíveis, específicos e confiáveis para a amplificação do DNA dos HBoVs,

possibilitando também a determinação da carga viral, quando utilizada curva padrão

específica (Neske et al. 2007).

Além disso, foi desenvolvida uma PCR em tempo real pós-transcrição reversa

(RT-qPCR) para a conversão de um RNA mensageiro (mRNA) funcional, específico do

HBoV-1, em DNA complementar e posterior amplificação (Christensen et al. 2013).

Sugere-se que a detecção do mRNA do HBoV-1 seria mais precisa para o diagnóstico

de infecção aguda do trato respiratório do que a detecção do genoma viral, visto que o

DNA do HBoV-1 pode persistir por meses após a resolução da infecção (Martin et al.

2010, Schlaberg et al. 2017).

Ensaios de PCR para detecção de regiões parciais de genomas de mais de um

tipo de vírus, ou mesmo visando a genotipagem de um vírus (Multiplex PCR)

representam a abordagem diagnóstica laboratorial mais atual e complementa a evolução

do diagnóstico das viroses respiratórias (Mahony 2008). Nesse aspecto, alguns sistemas

de multiplex PCR para viroses respiratórias disponíveis comercialmente já incluem a

pesquisa de regiões do genoma que codificam para as proteínas NP1 ou NS1 do HBoV-

1 (Balada-Llasat et al. 2011, Babady et al. 2012, Broccolo et al. 2015, Barratt et al.

2017).

Além da detecção do DNA e mRNA por PCR, é possível identificar anticorpos

específicos IgM e IgG anti-HBoV, por métodos in house, em amostras séricas usando

metodologias como western blot, imunofluorescência e ensaio imunoenzimático,

utilizando virus like particles (VLPs) das proteínas do capsídeo VP1 e VP2, produzidos

em sistemas de expressão de leveduras ou bactérias como antígenos (Endo et al. 2007,

Tamosiunas et al. 2016). Sendo assim, além da viremia detectada por métodos

moleculares, os marcadores sorológicos utilizados para o diagnóstico da infecção aguda

dos HBoVs são a presença de IgM e/ou IgG anti-HBoV, o aumento de pelo menos

quatro vezes nos títulos de IgG anti-HBoV em amostras de soro pareadas e também a

baixa avidez de IgG anti-HBoV no soro de pacientes imunocompetentes (Hedman et al.

2010, Qiu et al. 2017).

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1.4. Epidemiologia

Em amostras respiratórias, os HBoVs apresentam uma frequência de detecção

que varia entre 0,8 e 24,5%. O HBoV-1 tem sido o genótipo predominantemente

encontrado, sobretudo em amostras clínicas de crianças (Silva et al. 2010, Wang et al.

2010). Apesar disso, todos os quatro genótipos de HBoV já foram detectados em

amostras respiratórias de pacientes com infecção do trato respiratório (Koseki et al.

2012), sendo o HBoV-2 mais frequentemente detectado (Han et al. 2009, Song et al.

2010).

No Brasil, a frequência global de detecção molecular de HBoV varia entre 0,76 e

23% em amostras respiratórias, sendo a região Sudeste a que apresenta o maior número

de estudos com HBoV nesse tipo de amostra. Porém, o vírus já foi detectado em todas

as regiões brasileiras (Silva et al. 2010, Pilger et al. 2011, Sousa 2016, Nascimento-

Carvalho et al. 2018, Silva et al. 2018).

Na região Centro-Oeste do Brasil, poucos estudos avaliaram a presença de

HBoV em amostras respiratórias, cuja positividade variou entre 5,3 e 12,3%. Nesses

estudos, o HBoV foi detectado em amostras do trato respiratório de crianças menores de

seis anos de idade com a presença de sintomas respiratórios e/ou gastroentéricos. Os

genótipos detectados até o momento foram o HBoV-1 e HBoV-3 (Oliveira 2016, Sousa

2016).

Em amostras fecais, a frequência de positividade para HBoV varia entre 0,3 e

42%, por métodos moleculares (Campos et al. 2016, Tymentsev et al. 2016). A

prevalência de HBoV foi de 6,9% em crianças menores de cinco anos com

gastroenterite aguda (De et al. 2017).

Em fezes de pacientes com gastroenterite, o HBoV-2 é o mais frequentemente

detectado (Jin et al. 2011, Zhao et al. 2016). Em seguida, o HBoV-1 é a variante mais

encontrada nas amostras fecais (La Rosa et al. 2016, Zhao et al. 2016). O terceiro

genótipo mais detectado nesse espécime clínico é o HBoV-3 (Paloniemi et al. 2014,

Zhao et al. 2016), sendo que o genótipo HBoV-4 é raramente detectado (Ong et al.

2016, Qiu et al. 2017). Ademais, observa-se uma elevada frequência de co-detecção de

HBoV com outros vírus gastroentéricos, variando de 20 a 81% em amostras fecais,

sendo que o agente viral mais frequentemente detectado em conjunto com o HBoV é o

rotavírus, seguido de norovírus (NoV) (Ong et al. 2016).

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No Brasil, a frequência global de detecção molecular de HBoV varia entre 2,0 e

42% em amostras fecais (Albuquerque et al. 2007, Sampaio 2014, Campos et al. 2016).

Até o momento, a positividade para HBoV foi descrita nas regiões Sudeste, Centro-

Oeste e Nordeste, sendo que todos os genótipos virais já foram detectados nesse tipo de

amostra (Santos et al. 2010, Campos et al. 2016, Sousa 2016).

No Centro-Oeste brasileiro, a detecção de HBoV nas amostras fecais de crianças

hospitalizadas, assintomáticas ou com sintomas gastroentéricos e/ou respiratórios,

variou entre 5,8 e 9,0% (Sousa et al. 2012, Sousa 2016). Recentemente, o genótipo

HBoV-4 foi identificado pela primeira vez no Brasil, em nosso laboratório, em amostra

fecal de uma criança hospitalizada, proveniente da região Centro-Oeste, com tumor na

região submandibular, sem sintomas de gastroenterite aguda ou infecção do trato

respiratório (Sousa et al. 2017).

1.5. Bocavírus Humanos em Pacientes Imunocomprometidos

Em indivíduos imunocomprometidos, há uma deficiência em componentes da

imunidade, seja ela inata ou adaptativa. Essa situação pode ser desencadeada por

imunodeficiências primárias e secundárias, sendo que essa última pode ocorrer devido a

uma doença específica ou ser relacionada ao tratamento de neoplasias, doenças

autoimunes, transplante de órgãos sólidos ou de células progenitoras hematopoiéticas

(Dropulic & Lederman 2016). O transplante de células progenitoras hematopoéticas

(TCPH) é uma terapia utilizada para o tratamento de doenças hematológicas e

autoimunes, sendo que o TCPH autólogo é utilizado para melhorar o prognóstico de

neoplasias e doenças autoimunes e o transplante alogênico de células progenitoras

hematopoéticas (TACPH) pode ser indicado para curar ou melhorar o prognóstico de

doenças como linfomas, leucemias, hemoglobinopatias, aplasia de medula óssea,

neoplasias mieloproliferativas dentre outras (Tomblyn et al. 2009).

Após o TACPH, durante o período de reconstituição dos sistemas hematológico

e imune, o paciente passa por um período de pancitopenia intensa, podendo durar de

dias a semanas, o que aumenta o risco de infecções oportunistas que podem resultar em

complicações clínicas e um pior prognóstico (Yen et al. 2004, Tomblyn et al. 2009).

Sendo assim, esses pacientes devem ser monitorados para o aparecimento de

manifestações clínicas de uma doença infecciosa durante todo o período de

imunocomprometimento (Bittencourt 2002). Os candidatos ao TACPH devem ser

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testados para a presença de agentes infecciosos antes do transplante, dentre esses estão

os vírus como o citomegalovírus humano (HCMV), vírus Epstein-Barr (EBV), vírus

herpes simplex (HSV), vírus da varicela-zoster (VZV), vírus da influenza, dentre outros.

Porém, até o momento não há recomendações para a triagem pré e pós TACPH de

outros vírus, como os HBoVs, nesses pacientes (Tomblyn et al. 2009).

Alguns estudos já reportaram a presença dos HBoVs em pacientes

imunocomprometidos. Num estudo de Arnold et al. (2006), o HBoV-1 foi detectado em

amostras respiratórias de dois pacientes pediátricos, que tinham sido submetidos a

transplante de órgãos sólidos. Kupfer et al. (2006) descreveram o caso de um paciente

adulto com Linfoma Não-Hodgkin (LNH) de células T angioimunoblástico que evoluiu

para aplasia de medula óssea. Na pesquisa do agente etiológico, em uma amostra de

lavado broncoalveolar, detectou-se a presença isolada de HBoV-1.

Schenk et al. (2007) relataram o caso de uma criança com disceratose congênita,

que, após o TACPH, desenvolveu pneumonia. Foram detectadas altas cargas de DNA

de HBoV-1 em aspirados de nasofaringe, amostras de fezes e de sangue da criança. No

estudo de Smuts & Hardie (2006), o HBoV-1 foi detectado em amostras respiratórias de

oito pacientes pediátricos infectados com o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Já

no estudo de Rahiala et al. (2013), em que foram analisadas amostras de soro de 53

pacientes pediátricos com diversas doenças hematológicas, coletadas após o TACPH,

não foi encontrada positividade para o genoma dos HBoVs.

Koskenvuo et al. (2008) reportaram três casos de crianças com leucemia linfoide

aguda (LLA), apresentando sintomas gastroentéricos e respiratórios, positivos para

HBoV-1 em swab nasal, com uma positividade de detecção de 5,6%. Em outro estudo,

foi descrito o caso de um paciente idoso, imunocomprometido, acometido com um

estágio avançado de síndrome mielodisplásica, apresentando síndrome respiratória

aguda grave e pneumonia. O mesmo genótipo HBoV-1 foi detectado no lavado

broncoalveolar, na crista ilíaca e num tumor retal (Krakau et al. 2015). Em um estudo

prospectivo, foi pesquisado por um período de até 30 meses a presença de HBoV em

amostras respiratórias de 88 pacientes adultos submetidos ao TACPH que

desenvolveram sintomas respiratórios. Por meio de um ensaio multiplex PCR comercial,

a presença do genoma viral foi detectada em 8,0% dos pacientes, porém somente

amostras do trato respiratório foram testadas e somente quando havia a presença de

sintomas (Pinana et al. 2018).

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No Brasil, os HBoVs já foram detectados por métodos moleculares em amostras

do trato respiratório de pacientes submetidos a transplante de pulmão, de fígado e de

medula óssea (Costa et al. 2009, Caccia et al. 2012) e em amostras fecais de pacientes

com algum tipo de imunodeficiência apresentando sintomas de gastroenterite aguda

(Santos et al. 2010, Portes et al. 2017).

Diante do exposto, observa-se vários estudos avaliando a ocorrência dos HBoVs

em pacientes imunocomprometidos, porém poucos realizaram a detecção desse agente

viral naqueles submetidos ao TACPH. Além disso, até o momento apenas um estudo

realizou o acompanhamento de pacientes submetidos ao TACPH para a pesquisa de

HBoV, somente em amostras respiratórias.

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2. JUSTIFICATIVA

Os pacientes que realizam o TACPH são submetidos a regimes intensos de

quimioterapia e, até que haja completa instalação do enxerto, ficam imunossuprimidos,

o que resulta em um risco aumentado de infecções virais, bacterianas e fúngicas

(Tomblyn et al. 2009, Chatzidimitriou et al. 2010).

Em estudos recentes realizados no Laboratório de Virologia e Cultivo Celular do

Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás

(LabVICC/IPTSP/UFG), tem sido observado um número elevado de casos de infecção

ativa por HCMV em pacientes submetidos ao TACPH (Borges 2016), de infecção

prolongada por calicivírus (Lemes 2013) e de cargas virais elevadas de HAdV (Santos

2015). A pesquisa de todos esses vírus não faz parte da rotina de triagem de agentes

infecciosos nesses pacientes no Brasil.

Desde a sua descoberta, os HBoVs têm sido associados, em todo o mundo, com

infecções do trato respiratório e também do trato gastrointestinal, principalmente em

crianças (Zhao et al. 2014, Berry et al. 2015). Porém, ainda são poucos os estudos

realizados com esses agentes em pacientes imunocomprometidos, em especial os que

foram submetidos ao TACPH.

Estudos em pacientes imunocomprometidos que relacionam a infecção por

HBoV com carga viral, viremia e também sintomas gastroentéricos são escassos na

literatura. Ademais, em nenhum dos estudos já realizados fez-se o seguimento desses

pacientes, com a pesquisa de HBoV em amostras seriadas do mesmo paciente.

Como a pesquisa, quantificação e monitoramento dos HBoVs não faz parte do

monitoramento rotineiro dos pacientes submetidos ao TACPH, espera-se ainda que os

dados obtidos possam auxiliar no melhor conhecimento da relevância desses agentes

nesse contexto.

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28

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Pesquisar a ocorrência de HBoVs em pacientes submetidos ao transplante

alogênico de células progenitoras hematopoiéticas em um centro de referência em

transplantes de medula óssea de Goiás, no período de 2012 a 2014.

3.2. Objetivos Específicos

Investigar a ocorrência de HBoV em amostras clínicas (fezes e soro) de

pacientes submetidos ao TACPH, antes e após o transplante;

Avaliar a carga de HBoV nas amostras clínicas positivas;

Verificar a positividade de HBoV considerando as características clínicas dos

pacientes;

Proceder à caracterização molecular das amostras positivas para HBoV.

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4. MÉTODOS

4.1. População de Estudo e Local

A população de estudo foi composta por pacientes submetidos ao TACPH na

Unidade de Transplante de Medula Óssea do Hospital Araújo Jorge/Associação de

Combate ao Câncer em Goiás (HAJ/ACCGO), primeiro estabelecimento de saúde,

credenciado pelo Ministério da Saúde, a oferecer o TACPH no Centro-Oeste brasileiro

pelo do Sistema Único de Saúde (SUS). Em média, na instituição, são realizados

anualmente 22 transplantes de medula óssea do tipo alogênico e 35 do tipo autólogo.

Para a assistência aos pacientes submetidos ao TACPH, a unidade possui um

leito em cada um dos quatro quartos (n.º 217-220; Figura 5). Cada um desses é

equipado com filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air) e possui um banheiro

individual, medidas que garantem a filtragem do ar e previnem a contaminação do

ambiente e pacientes.

Figura 5. Representação esquemática da Unidade de Transplante de Medula Óssea do

HAJ/ACCGO. Adaptado de Lemes (2013).

Para o contato com os transplantados são necessárias a higienização das mãos

em uma antessala (Figura 5) e a utilização de capote estéril, assim como o uso de

máscara descartável. Os pacientes alimentam-se nos próprios quartos em que estão

internados, bem como consomem água mineral fornecida pelo serviço, sendo proibida a

entrada de alimentos e bebidas obtidos externamente ao hospital.

Os protocolos terapêuticos de condicionamento utilizados nesses pacientes antes

do TACPH estão descritos no Quadro 1. Para a profilaxia da doença do enxerto contra o

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hospedeiro (DECH), utilizou-se ciclosporina (15 mg/kg/dia), iniciada dois dias pré-

TACPH, e metotrexato (3 mg/kg/dia) nos dias um, três, seis e 11 pós-TACPH.

Ainda, a partir do período de condicionamento e após o TACPH, todos os

pacientes foram submetidos às profilaxias antibacteriana com sulfametoxazol +

trimetopima (400 mg + 80 mg) a cada 12 horas, antifúngica com fluconazol (200 mg) a

cada 12 horas, antiviral com aciclovir (10 mg/kg) a cada oito horas e antiparasitária com

albendazol (400 mg) a cada 24 horas.

Quadro 1. Protocolos terapêuticos de condicionamento utilizados nos pacientes antes do

TACPH.

Neoplasia Protocolo terapêutico

Leucemia mieloide crônica

Leucemia mieloide aguda

Síndrome mielodisplásica

Bussulfano: 16 mg/kg (1 mg/kg a cada 6 h) do dia -7 ao dia -4

Ciclofosfamida: 60 mg/kg (2x por dia)

Mesna (dose integral de ciclofosfamida) no dia -3 e -2

ou

Bussulfano: 16 mg/kg (1 mg/kg a cada 6 h)

Fludarabina: 40 mg/m² (a cada 24 h) do dia -5 ao -2;

Leucemia linfoide aguda

O mesmo para leucemia mieloide crônica

ou

Irradiação corporal total (200 cGy) do dia -6 ao -4

Ciclofosfamida: 60 mg/kg (2x por dia)

Mesna (dose integral de ciclofosfamida) no dia -3 e -2

Aplasia medular

Ciclofosfamida: 60 mg/kg (2x por dia)

Mesna (dose integral de ciclofosfamida) do dia -5 ao -2

ou

Bussulfano: 16 mg/kg (1 mg/kg por via oral a cada 6 h)

Fludarabina: 40 mg/m² (a cada 24 h) no dia -5 ao -2

4.2. Delineamento do Estudo

Trata-se de um estudo observacional longitudinal retrospectivo para a pesquisa

de HBoVs em amostras fecais e séricas de pacientes que seriam submetidos ao TACPH,

devido ao regime imunossupressor utilizado para evitar a DECH e também ao maior

tempo de reconstituição do sistema imunológico após o procedimento, condições que

aumentam o risco de complicações infecciosas. Foram excluídos os pacientes que

seriam submetidos ao transplante autólogo. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética

em Pesquisa da UFG (CAAE: 67782917.3.0000.5083) e do Hospital Araújo Jorge

(CAAE: 04048712.0.0000.0031).

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Para a pesquisa de HBoVs, foram coletadas amostras de fezes e de sangue dos

pacientes que aceitaram participar da pesquisa, por meio do preenchimento e assinatura

do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). A coleta teve início em outubro

de 2012 e foi finalizada em outubro de 2014.

O protocolo proposto para a coleta dos pacientes foi o seguinte:

Antes do TACPH: coleta de uma amostra de sangue e uma de fezes;

Até três meses após o TACPH: coleta semanal, ou com maior frequência

dependendo da ocorrência de gastroenterite nos pacientes (além de coleta

de ambas as amostras sempre que houvesse suspeita clínica de infecção

viral ou de DECH);

De três a seis meses após o TACPH: coleta quinzenal;

De seis a doze meses após o TACPH: coleta mensal.

Para se obter as informações sobre os sinais e sintomas dos pacientes durante o

período da pesquisa, foram analisadas as fichas de investigação preenchidas pelos

profissionais de saúde responsáveis da unidade, assim como foi realizada revisão de

prontuário com o objetivo de complementar os dados clínicos e laboratoriais sobre os

pacientes.

4.3. Preparo das Amostras Clínicas e Extração do DNA Viral

As amostras biológicas obtidas foram encaminhadas ao LabVICC/IPTSP/UFG

para serem processadas e armazenadas de maneira adequada. Primeiramente, foi feita

uma suspensão de cada amostra de fezes a 20% em tampão salina fosfato (PBS), pH

7,4. Os sobrenadantes foram aliquotados e armazenados à temperatura de -20°C e de -

80°C até o uso. As amostras de sangue total foram centrifugadas a 1500 xg durante 10

minutos (min) para obtenção do soro, que posteriormente foi aliquotado em três tubos,

sendo dois armazenados a -80°C e um a -20°C, até o momento de uso.

Para a extração do DNA viral foram utilizados kits comerciais, a partir de

aproximadamente 100 µg de fezes in natura (QIAamp Stool Mini Kit, QIAGEN), e de

200 µL de soro (QIAamp MinElute Spin Kit, QIAGEN), de acordo com as instruções

fornecidas pelo fabricante.

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4.4. Pesquisa de HBoV por qPCR e Determinação da Carga Viral

4.4.1. PCR para obtenção do fragmento utilizado para a construção do plasmídeo

recombinante

Para a amplificação da região parcial do genoma do HBoV a ser utilizado como

inserto para construção do plasmídeo recombinante usado na curva padrão da qPCR, foi

selecionada uma amostra positiva para HBoV-1 previamente sequenciada, proveniente

de um estudo anterior realizado pelo LabVICC/IPTSP/UFG (Andreasi et al. 2008). A

região alvo do genoma selecionada foi a NP1. As sequências dos iniciadores

desenhados para a reação de PCR foram as seguintes: NP1F (5’-

GWGACGAMGATGAGCTCAG-3’) e NP1R (5’-

CCGTTWTCAAGWGGATTAAATG-3’), senso e antisenso respectivamente.

A reação foi realizada nas seguintes condições: 1 μL de DNA em mistura de

reação contendo 12,5 μL GoTaq® Colorless Master Mix 1X (Promega – Madison,

Wisconsin, EUA), 0,5 μL (20 μM) de cada iniciador (NP1F e NP1R) e água ultrapura

(GoTaq®) para completar o volume final de 25 μL de reação. As condições para a

ciclagem foram realizadas de acordo com Kapoor et al. (2010).

Após a amplificação, 10 µL do produto da PCR, juntamente com 3 µL de

tampão de amostra (azul de bromefenol 0,25%, xilenocianol 0,25%, glicerol 30%)

foram aplicados em gel de agarose (Invitrogen – Foster City, EUA) a 1,5%, contendo

brometo de etídio a 0,1% e submetido a eletroforese a 115 volts por aproximadamente

30 min em tampão TBE (TRIS/Borato/EDTA) 0,5X. Em seguida, a visualização do gel

foi realizada em transiluminador com luz ultravioleta para observação do fragmento de

tamanho esperado (738 pb) (Figura 6).

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Figura 6. Gel de agarose a 1,5% corado com brometo de etídio a 0,1% após corrida

eletroforética do produto de PCR da amostra positiva para HBoV utilizada na clonagem

dos plasmídeos. Poço A: amostra positiva; poço M: marcador de tamanho molecular

(100 pb, Jena Bioscience).

4.4.2. Reação de ligação

Para esta etapa, o produto da PCR foi purificado por isopropanol a 65% e etanol

a 70% de acordo com Green & Sambrook (2012) e depois quantificado. A reação foi

realizada com o Kit PROMEGA pGEM – T Easy Vector System I (Promega corporation,

Madison, Wisconsin, EUA), sendo misturados 1 μL do plasmídeo (50 ng/μL), 5 μL do

produto purificado da PCR, 10 μL da solução tampão e 2 μL da enzima T4 DNA ligase,

completando o volume com água ultrapura estéril para 20 μL. A mistura foi

homogeneizada seguindo incubação por 2 horas em temperatura ambiente e

posteriormente a 4°C por 24 horas.

4.4.3. Preparação de células bacterianas competentes para transformação

Foi feito o pré-inóculo de uma colônia isolada de Escherichia coli (linhagem

XL10-Gold), cedido gentilmente pelo Laboratório de Bacteriologia Molecular do

IPTSP/UFG, em 5 mL de meio SOB (Extrato de levedura, cloreto de sódio, triptona,

cloreto de potássio). As células foram cultivadas por 16 horas sob agitação de 250 rpm a

37°C. Após este período, 1 mL deste pré-inóculo foi transferido para cinco erlenmeyers

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diferentes contendo 200 mL de meio SOB. O inóculo foi incubado sob agitação de 250

rpm a 37°C até atingir uma densidade óptica a 600 nm de 0,6 a 0,7. As células foram

coletadas por centrifugação a 5000xg por 10 min a 4°C até que todo o sobrenadante

fosse descartado (um tubo de 50 mL para cada erlenmeyer), e ressuspensas em glicerol

(Sigma®, Saint Louis, Missouri, EUA) 10% (v/v) gelado. As células competentes foram

armazenadas em alíquotas de 50 μL em microtubos novos e estéreis e mantidas a -80°C

até o uso (Green & Sambrook 2012).

4.4.4. Transformação de E. coli por eletroporação

As bactérias competentes (50 μL) foram transformadas por eletroporação (5,0

kV, 25 μF, 200 Ω) sendo adicionadas à mistura 4 μL do sistema de ligação (inserto +

plasmídeo) e incubadas no gelo por 10 min. Após o choque em eletroporador

MicroPulser™ (Bio-rad) a cubeta foi retirada do suporte, e foram adicionados 950 μL

de meio SOC (extrato de levedura, triptona, cloreto de sódio, cloreto de potássio, cloreto

de magnésio, sulfato de magnésio e glicose). Após homogeneização, a solução foi

retirada da cubeta com a pipeta, passando-a para um tubo de ensaio com tampa

rosqueada, o qual foi incubado a 37ºC por 1 hora e 30 min sob agitação de 200 rpm. Em

seguida, as células foram transferidas para placas contendo meio LB (Luria Bertani –

triptona, extrato de levedura e cloreto de sódio) ágar com ampicilina (Inlab, São Paulo,

Brasil) (100 µg/mL), isopropil-tio-β-galactosídeo (IPTG) (Ludwig Biotec, Rio Grande

do Sul, Brasil) (1 nM) e X-gal (Ludwig Biotec, Rio Grande do Sul, Brasil) (20 ng/mL).

4.4.5. Extração de DNA plasmidial em pequena escala (mini-prep)

Da placa semeada, dez colônias brancas foram selecionadas e inoculadas cada

uma em 3 mL de meio LB e ampicilina (100 µg/mL). Esse pré-inóculo foi incubado por

aproximadamente 16 horas a 37ºC sob agitação de 150 rpm. Após, a extração do DNA

plasmidial foi realizada de acordo com Green & Sambrook (2012), com as seguintes

modificações: foram utilizados 210 μL de Solução de lise alcalina I juntamente com 1

µL de RNAse A (10 mg/mL) (Ludwig Biotec, Alvorada, Rio Grande do Sul, Brasil),

280 μL de Solução de lise alcalina II e 280 μL de Solução de lise alcalina III. O

sedimento foi ressuspendido em 30 μL de água ultrapura e permaneceu por 10 min a

4ºC e, após esse período, foi armazenado a -20ºC.

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4.4.6. Digestão do plasmídeo com endonuclease EcoRI para verificação da

presença do inserto

A digestão de DNA com a enzima de restrição EcoRI (Invitrogen, CA, EUA) foi

realizada de acordo com as instruções fornecidas pelo fabricante. O material foi

estocado a -20ºC. Após, 10 µL do produto da digestão, assim como o marcador de

tamanho molecular (100 pb, Jena Bioscience), foram misturados a 3 µL de tampão de

amostra e aplicados em gel de agarose (Invitrogen – Foster City, EUA) a 1,0%,

contendo brometo de etídio a 0,1% e submetido a eletroforese a 115 volts por

aproximadamente 30 min em tampão TBE 0,5X. Em seguida, a visualização do gel foi

realizada em transiluminador com luz ultravioleta para observação do inserto de

tamanho esperado (738 pb) (Figura 7).

Figura 7. Gel de agarose a 1,0% após corrida eletroforética do produto da digestão do

plasmídeo com a enzima EcoRI para verificar a presença de plasmídeos com inserto.

Poço A: digestão positiva mostrando a presença do inserto no plasmídeo. Poço B:

digestão negativa mostrando ausência de ligação do inserto no plasmídeo. M: marcador

de tamanho molecular (100 pb, Jena Bioscience).

4.4.7. Padronização da curva padrão da qPCR TaqMan® para HBoV

A curva padrão da qPCR foi obtida a partir do plasmídeo extraído purificado. O

DNA plasmidial foi quantificado utilizando o aparelho NanoDrop 2000 (Thermo Fisher

Scientific). Após, foi calculada a equivalência de concentração em gramas para número

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estimado de moléculas de DNA, sendo que o tamanho total do plasmídeo com o inserto

é de 3753 pb. Utilizou-se a seguinte fórmula:

[((Xg / μL DNA) / (tamanho do plasmídeo com inserto x 660))] x 6.022x1023 = Y moléculas/μl

Após o cálculo, foram feitas diluições seriadas (108 a 100) que posteriormente

foram analisadas no aparelho de PCR em tempo real Rotor-Gene Q, modelo 5-Plex

HRM (QIAGEN, Hilden, Alemanha) (Figura 8). A qPCR para HBoV foi realizada de

acordo com Deng et al. (2012). Os resultados foram expressos em cópias genômicas por

mililitro (cópias/mL) para as amostras de soro e cópias genômicas por grama (cópias/g)

para as de fezes.

Figura 8. Curva padrão da qPCR TaqMan® para HBoV. A: Curvas de amplificação das diluições

seriadas em escala linear; a curva na cor preta representa o controle positivo. B: Gráfico da concentração

de DNA pelo Ct; pontos em azul representam as diluições seriadas; ponto em vermelho (seta) representa

o controle positivo.

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A validação da curva foi obtida por meio do coeficiente de correlação (R > 0,99)

e o limite de detecção foi estabelecido como threshold cycle (Ct) < 40. Depois, 10 µL

de cada diluição foram aliquotados em microtubos de 200 µL e congelados a -80ºC,

sendo armazenadas até o momento de seu uso. Após a padronização da curva padrão,

amostras fecais positivas para os genótipos HBoV-1, HBoV-2, HBoV-3 e HBoV-4,

obtidas e sequenciadas em estudos anteriores (Sousa et al. 2012, Sousa 2016, Sousa et

al. 2017), realizados no LabVICC/IPTSP/UFG, foram testadas a fim de validar a reação.

4.4.8. Determinação da carga viral por qPCR TaqMan® para HBoV

As amostras de fezes e soro foram testadas separadamente por qPCR TaqMan®.

Para verificação da presença de inibidores foi utilizado o kit TaqMan® Exogenous

Internal Positive Control (VIC™ probe) (Applied Biosystems, Massachusetts, EUA). A

reação de qPCR foi conduzida de acordo com o descrito por Deng et al. (2012). As

sequências da sonda e dos iniciadores estão descritas no Quadro 2.

Quadro 2. Iniciadores e sondas utilizados na qPCR TaqMan® para HBoV.

Nome Sequência (5' - 3') Localização*

Iniciadores Boca-forward GGAAGAGACACTGGCAGACAA 2480-2500

Boca-reverse GGGTGTTCCTGATGATATGAGC 2558-2579

Sonda Boca probe FAM-CTGCGGCTCCTGCTCCTGTGAT-TAMRA 2504-2525

*Localização referente ao isolado HBoV-1 307AR09 (ID: KJ634207.1). Fluoróforo: FAM (6-

carboxifluoresceína); Quencher: TAMRA (tetrametilrodamina) (Deng et al. 2012).

4.5. Sequenciamento Genômico e Análise Filogenética das Amostras Positivas

para HBoV

Para a determinação da sequência das amostras positivas para HBoV foi

realizada a reação de PCR, seguida de Nested-PCR tendo como alvo a região genômica

VP1/VP2 (Quadro 3), conforme descrito por Kapoor et al. (2010), com modificações. A

reação de PCR foi realizada nas seguintes condições: 2,5 μL de DNA acrescidos em

mistura contendo 12,5 μL de GoTaq® Colorless Master Mix 1X (Promega – Madison,

Wisconsin, EUA), 0,3 μL (20 μM) de cada iniciador (AK-VP-F1 e AK-VP-R1) (Quadro

3) e água ultrapura (GoTaq®) para completar o volume final de 25 μL de reação. A

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reação de Nested-PCR foi realizada nas seguintes condições: 1 μL do produto da PCR

acrescido em mistura contendo 12,5 μL de GoTaq® Colorless Master Mix 1X (Promega

– Madison, Wisconsin, EUA), 0,3 μL (20 μM) de cada iniciador (AK-VP-F2 e AK-VP-

R2) e água ultrapura (GoTaq®) para completar o volume final de 25 μL de reação.

Quadro 3. Iniciadores utilizados na PCR e Nested-PCR para o sequenciamento genômico.

Nome Sequência (5' - 3') Sentido

Tamanho

do produto

amplificado

PCR AK-VP-F1 CGCCGTGGCTCCTGCTCT Senso

604 pb AK-VP-R1 TGTTCGCCATCACAAAAGATGTG Anti-senso

Nested-

PCR

AK-VP-F2 GGCTCCTGCTCTAGGAAATAAAGAG Senso 576 pb

AK-VP-R2 CCTGCTGTTAGGTCGTTGTTGTATGT Anti-senso

(Kapoor et al. 2010)

As condições para a ciclagem da PCR foram as seguintes: 10 ciclos a 95ºC por

35 segundos, 58ºC por 1 min e 72ºC por 1 min, com decréscimo de 0,5ºC na

temperatura de hibridização a cada ciclo; 30 ciclos a 95ºC por 30 segundos, 54ºC por 45

segundos e 72ºC por 45 segundos; e uma extensão final a 72ºC por 10 min. Condições

similares foram usadas para a Nested-PCR, exceto que a temperatura inicial de

hibridização foi 60ºC e 58ºC no primeiro e segundo grupo de ciclos da PCR,

respectivamente.

Os produtos resultantes da Nested-PCR foram purificados utilizando-se

isopropanol a 65% e etanol a 70% de acordo com Green & Sambrook (2012). Em

seguida, as amostras foram submetidas ao sequenciamento genômico, utilizando os

mesmos iniciadores da reação, nas seguintes condições: 3 µL ou 5 µL do produto

purificado (dependendo da quantidade do produto), acrescidos em mistura contendo 3

µL de Big Dye Terminator Cycle Sequencing (Applied Biosystems, Foster City, CA,

EUA), 1 µL (2 μM) dos iniciadores AK-VP-F2 ou AK-VP-R2 em poços separados da

placa e água ultrapura estéril para completar o volume final de 10 μL de reação.

As condições para a ciclagem foram as seguintes: 95ºC por 10 segundos; 25

ciclos a 95ºC por 20 segundos, 58ºC por 15 segundos e 60ºC por 60 segundos.

Posteriormente, o DNA das amostras foram precipitados com isopropanol a 65%,

seguido de lavagem com etanol a 60% e desnaturação das fitas. Para realizar o

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sequenciamento genômico pelo método de Sanger (Sanger et al. 1977) foi utilizado

sequenciador automático (DNA ABI PRISM 3130, Applied Biosystems).

As sequências obtidas neste estudo foram alinhadas e comparadas com

sequências de referência depositadas no National Center for Biotechnology Information

Database (NCBID) (www.ncbi.nlm.nih.gov/genebank/index.html), utilizando-se o

software Clustal X2. A construção da árvore filogenética será feita utilizando-se o

software Mega 7.0 pelo método de neighbor-joining (Tamura et al. 2011), sendo

consideradas 1000 replicatas e valores de boostraps acima de 80%.

4.6. Análises Estatística dos Dados Obtidos

Para a análise estatística dos dados preliminares, foi utilizado o programa SPSS

versão 23 (IBM®). As diferenças entre as variáveis nominais foram avaliadas por meio

do Teste exato de Fisher. Variáveis ordinais e contínuas independentes foram avaliadas

pelo teste de Mann-Whitney U e as dependentes pelo teste de Wilcoxon. O nível de

significância considerado foi de 5% (p < 0,05).

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5. RESULTADOS

Entre outubro de 2012 e outubro de 2014, todos os pacientes submetidos ao

TACPH na unidade de Transplante de Medula Óssea do HAJ/ACCGO aceitaram

participar do estudo, totalizando 21 indivíduos consecutivos. Desses, 52,4% (11/21)

eram do sexo masculino com a idade variando entre quatro e 61 anos (mediana de 35

anos), sendo que dois pacientes eram pediátricos (4 e 9 anos de idade).

Em 52,4% (11/21) dos casos, a fonte de células progenitoras hematopoiéticas

(CPH) foi a medula óssea, e em 47,6% (10/21) foi o sangue periférico. A mediana da

contagem de linfócitos foi de 480/µL (992.332/µL) e 280/µL (02.178/µL) antes e

após o TACPH, respectivamente. Dentre as desordens hematológicas apresentadas pelos

pacientes, as leucemias de linhagem mieloide, crônica e aguda, corresponderam a

57,1% (12/21) dos casos (Figura 9).

Figura 9. Frequência das desordens hematológicas apresentadas pelos pacientes (n = 21). AM: aplasia

medular; HPN: hemoglobinúria paroxística noturna; LMC: leucemia mieloide crônica; LMA: leucemia

mieloide aguda; LLA: leucemia linfoide aguda; MFP: mielofibrose primária; SMD: síndrome

mielodisplásica.

Apesar do protocolo de coleta proposto, não foi possível aplicá-lo a todos os

pacientes, principalmente devido aos óbitos ocorridos no decorrer do estudo (n = 10).

Sendo assim, a mediana de acompanhamento dos pacientes para a pesquisa viral foi de

104 dias, variando de quatro a 586 dias.

Foram coletadas 145 amostras de soro e 105 amostras de fezes, totalizando 250

amostras obtidas dos 21 pacientes. Porém, não foi possível a obtenção das amostras de

fezes de dois pacientes. Em média, para cada paciente foram coletadas cinco amostras

de fezes (variando de zero a 12 amostras) e sete amostras de soro (variando de uma a 18

19%

38,1%

14,3%

4,8%

9,5%

9,5%

4,8%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45%

LMC

LMA

LLA

MFP

AM

SMD

HPN

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amostras). Ainda, antes da realização do TACPH foram coletadas amostras de fezes e

soro de 19 participantes.

Em relação à frequência de detecção, 42,9% (9/21) dos pacientes foram

positivos para HBoV por qPCR TaqMan® em pelo menos uma das amostras (fezes ou

soro) coletadas no decorrer do seu acompanhamento no estudo, sendo que em sete

pacientes a detecção de HBoV ocorreu em ambas amostras de fezes e soro. Além disso,

a maioria (6/9) dos pacientes teve a primeira amostra positiva antes da infusão das CPH,

ainda durante o período de condicionamento.

Em relação à carga viral, a mediana nas fezes foi de 3,78 x 107 cópias/g

(variando de 8,16 x 106 a 3,86 x 108 cópias/g) e no soro foi de 3,56 x 105 cópias/mL

(variando de 4,60 x 104 a 1,99 x 106 cópias/mL), sendo que a carga de HBoV nas fezes

foi significativamente maior do que no soro (p = <0,0001) (Figura 10).

Figura 10. Distribuição (mediana e variação) das cargas de HBoV nas amostras de

fezes (n = 15) e soro (n = 13). Cada círculo e triângulo representa uma amostra

positiva nas fezes e no soro, respectivamente.

Em todos os pacientes positivos para HBoV, acompanhados por mais de cem

dias, o pico da carga viral nas fezes ocorreu dentro dos 100 primeiros dias após o

TACPH, com uma mediana de 27 dias (448 dias) entre o transplante e o pico da carga

viral. Já no soro de dois pacientes, o pico ocorreu após os 100 primeiros dias da

realização do procedimento, sendo encontrada uma mediana de 78,5 dias (18459 dias)

(Tabela 1).

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Tabela 1. Pico de carga viral nas amostras clínicas dos pacientes positivos para HBoV

ID Acompanhamento

(dias)

Pico da carga viral

nas fezes (cópias/g)

Dia do

pico

Pico da carga viral

no soro (cópias/mL)

Dia do

pico

P002 >100 1,94E+08 +37 1,99E+06 +108

P004 >100 8,96E+07 +19 9,47E+05 +459

P005 ≤100 4,82E+07 +8 4,68E+05 +19

P006 >100 3,69E+07 +8 3,10E+05 +43

P007 >100 2,60E+08 +15

P008 >100 4,91E+07 +35 1,89E+05 +58

P010 >100 3,86E+08 +48 1,17E+06 +99

P015 ≤100 5,16E+07 +5 1,64E+05 +11

P017 >100 3,56E+05 +18

Ademais, ao se comparar a carga viral antes da realização do procedimento com

a carga viral da primeira amostra positiva após o TACPH, tanto nas amostras de soro

quanto nas de fezes, foi observado um aumento estatisticamente significativo (p = 0,03)

(Figura 11).

Figura 11. Comparação das cargas virais antes e após o TACPH. Cada linha

representa um paciente cuja positividade para HBoV ocorreu antes e após o

transplante (n = 6).

Nas fezes, houve detecção de HBoV com uma mediana de tempo 26 dias,

variando de cinco a 121 dias. Nessas amostras, foram observados dois padrões

principais de excreção: um intermitente, com pelo menos uma amostra negativa entre

duas positivas; e outro contínuo, com pelo menos duas amostras positivas consecutivas.

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Desse modo, em 37,5% (3/8) dos pacientes a excreção de HBoV foi intermitente

(P002, P004 e P008) e em 37,5% (3/8) a excreção foi contínua (P005, P007 e P015).

Além disso, o paciente P004 apresentou recorrência de positividade nas fezes, sendo o

HBoV novamente detectado após quatro amostras sucessivamente negativas, passados

cem dias da realização do TACPH. De modo contrário, no paciente P006 não houve

recorrência de excreção de HBoV nas cinco amostras de fezes testadas subsequentes à

amostra positiva após cerca de quatro meses de acompanhamento.

Em relação à viremia, 88,9% (8/9) dos pacientes apresentaram pelo menos uma

amostra sérica positiva no decorrer do estudo. A mediana de tempo para a primeira

detecção de HBoV no soro foi de 50,5 dias, variando de -8 a 206 dias. Ainda, em 25%

(2/8) dos pacientes a viremia ocorreu no período de condicionamento, em 37,5% (3/8)

ocorreu dentro dos cem primeiros dias após o TACPH e em 37,5% (3/8) ocorreu após

esse período. Em 75% (6/8) dos indivíduos, a positividade para HBoV no soro foi

observada somente após a detecção viral nas amostras fecais. A dinâmica da detecção

de HBoV nas amostras fecais e séricas em cada um dos pacientes está representada na

Figura 12.

As manifestações clínicas gastrointestinais mais frequentes apresentadas pelos

pacientes do estudo foram mucosite, vômito, constipação intestinal, dor abdominal e,

principalmente, diarreia. Dentre os pacientes positivos para HBoV, seis apresentavam

diarreia no mesmo período da detecção do genoma viral nas amostras fecais. A

frequência de diarreia foi maior entre os pacientes positivos para HBoV (54,5%),

quando comparada à frequência em pacientes negativos para HBoV, porém não houve

diferença estatística entre a presença ou ausência de diarreia com a positividade para

HBoV (p = 0,38). Além disso, dois pacientes (P004 e P007) apresentaram sintomas

respiratórios durante o período do estudo, como coriza, tosse, sinusite, obstrução nasal e

quadro pneumônico, porém, em nenhum dos casos a detecção de HBoV nas amostras

clínicas foi concomitante com tais manifestações clínicas.

Como complicação pós-TACPH, 52,4% (11/21) dos pacientes apresentaram

DECH durante o período de acompanhamento pelo estudo, sendo que o acometimento

cutâneo e intestinal foram os mais frequentes, variando de grau moderado a grave.

Desse total, 54,5% (6/11) dos pacientes foram positivos para HBoV, sendo que três

pacientes apresentavam DECH grau II (moderado), um apresentava grau III (grave) e

dois apresentavam grau IV (com risco de vida).

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Figura 12. Dinâmica da detecção de HBoV em relação ao tempo após o TACPH e à carga viral nas amostras fecais e séricas (n = 9).

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Durante o estudo, 47,6% (10/21) dos pacientes foram a óbito, sendo que em 30%

(3/10) desses houve detecção de HBoV nas amostras clínicas e a última amostra

positiva foi em média seis meses antes do óbito.

Das 28 amostras positivas para HBoV por qPCR, em 12 houve amplificação do

genoma viral por Nested-PCR. Porém, após o processo de purificação, foi possível obter

produtos com concentração adequada e de boa qualidade de três amostras fecais obtidas

de três pacientes (P002, P007 e P015). Os produtos das três amostras foram submetidas

ao sequenciamento genômico para a análise dos genótipos de HBoV. As três sequências

parciais, do gene VP1/VP2, foram alinhadas com nove sequências de referência,

incluindo genótipos representativos das quatro variantes de HBoV. Todas sequências

submetidas foram agrupadas com amostras HBoV-1 (Figura 13). Além disso, houve

elevada identidade nucleotídica (≥ 99%) entre as três sequências detectadas neste

estudo.

Figura 13. Análise filogenética da sequência parcial da região genômica VP1/VP2 de

HBoV em amostras fecais de pacientes submetidos ao TACPH. As amostras de referência

estão representadas pelo número de acesso no GenBank. As amostras utilizadas neste

estudo estão representadas pelo símbolo .

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6. DISCUSSÃO

Este é o primeiro estudo prospectivo a pesquisar e quantificar o HBoV em

amostras fecais e séricas de pacientes submetidos ao TACPH, tanto antes quanto após o

transplante. Os indivíduos positivos para HBoV neste estudo eram majoritariamente

adultos, com exceção de um paciente pediátrico. As neoplasias hematológicas

apresentadas pelos pacientes do presente estudo acometem principalmente a população

adulta, sendo que o TACPH é uma das terapias utilizadas para a melhora do prognóstico

ou cura da doença (Tomblyn et al. 2009), o que explicaria a idade mediana encontrada

neste estudo.

Alguns estudos têm descrito a detecção de HBoVs em pacientes

imunocomprometidos, principalmente aqueles com sintomas respiratórios, com uma

positividade variando entre 0,9 e 16,7% (Kupfer et al. 2006, Schenk et al. 2007, Costa et

al. 2009, Caccia et al. 2012). Em amostras do trato respiratório de pacientes

transplantados, a presença de HBoV foi detectada por qPCR específica para as regiões

NS1 e NP1, sendo que a positividade para esse vírus nos pacientes submetidos ao

transplante de medula óssea foi maior (16,7%) do que naqueles submetidos ao

transplante de pulmão (3,6%) e de fígado (10%) (Costa et al. 2009).

No presente estudo, foi observada uma elevada positividade (42,9%) para HBoV

nos pacientes submetidos ao TACPH. Em pacientes pediátricos imunocomprometidos,

com gastroenterite, a pesquisa de HBoV foi realizada por Nested-PCR e qPCR com

pares de iniciadores específicos para regiões genômicas VP1/VP2 e NS1,

respectivamente. A frequência de HBoV nas amostras de fezes foi de 14% (Portes et al.

2017).

Alguns fatores poderiam explicar a elevada frequência de HBoV encontrada

neste estudo como o acompanhamento prolongado e a disponibilidade de várias

amostras de fezes e soro de cada paciente, coletadas independentemente da presença de

sintomas, o que aumenta as chances de detecção do genoma viral; a utilização da qPCR,

uma técnica mais sensível quando comparada à PCR convencional, com primers e

sonda específicos para todos os genótipos de HBoV; o imunocomprometimento

provocado pelo tratamento, desde o período de condicionamento, passando pelo período

de pancitopenia, até o tratamento para a prevenção da DECH, o que aumenta ainda mais

a susceptibilidade às infecções por patógenos como bactérias, vírus e fungos (Wingard

et al. 2010).

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Neste estudo, a carga viral nas fezes foi significativamente maior do que a carga

viral sérica. Dados da literatura revelam que a carga de HBoV nas fezes tem uma

mediana variando de 104 a 1010 cópias genômicas (Xu et al. 2011, Proenca-Modena et

al. 2013), sendo que as cargas mais elevadas foram detectadas em crianças

imunocomprometidas com gastroenterite (Portes et al. 2017). Em amostras séricas, a

carga de HBoV tem sido encontrada em menor concentração, variando entre 100 e 106

cópias genômicas (Endo et al. 2007, Kantola et al. 2010), o que poderia ser explicado

pelo tropismo, pelo menos por determinados genótipos de HBoV, pelo TGI e que

também o comprometimento do sistema imune possa favorecer a viremia e a maior

excreção de HBoV nas fezes, porém mais estudos são necessários para se confirmar

essas hipóteses.

No presente estudo foi observado que, em todos os pacientes, a maior excreção

viral nas fezes ocorreu dentro dos 100 primeiros dias após o transplante e que o pico da

carga viral ocorreu mais precocemente nesse tipo de amostra, quando comparado ao

pico das amostras séricas. Nos 100 primeiros dias após o TACPH, os pacientes possuem

risco aumentado de serem acometidos por infecções oportunistas, principalmente pelos

vírus da família Herpesviridae, por vírus respiratórios e vírus entéricos. Além disso,

nesse período, a profilaxia imunossupressora e o tratamento da DECH são importantes

fatores de risco para o aparecimento dessas infecções virais (Dropulic & Lederman

2016). Ainda, o aumento das cargas virais após o TACPH quando comparadas com as

cargas pré-TACPH, tanto no soro quanto nas fezes, pode sugerir que o organismo fica

mais susceptível à replicação e disseminação viral, devido ao dano mucocutâneo e

diminuição da imunidade causados pelo condicionamento mieloablativo.

A persistência do genoma de HBoV no organismo e a sua detecção em amostras

clínicas por períodos prolongados têm sido descritas em alguns estudos (Martin et al.

2010, Wagner et al. 2016), o que pode ser explicado pela formação de epissomas,

estruturas já encontradas para os quatro genótipos de HBoV, levando à possibilidade de

latência viral com posterior reativação da replicação, como já descrito para a família

Parvoviridae (Kapoor et al. 2011, Lusebrink et al. 2011, Zhao et al. 2012, Babkin et al.

2015). Além disso, há a possibilidade de transmissão nosocomial enquanto o paciente

está internado na unidade de transplante ou de que o mesmo paciente possa ter sido

reinfectado ou infectado por genótipos diferentes no decorrer do estudo.

Os HBoVs podem se disseminar pela via sanguínea, visto que seu genoma é

detectado em amostras séricas (Qiu et al. 2017). Comumente, a viremia por HBoV é

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mais curta, durando cerca de duas semanas (Meriluoto et al. 2012, Kantola et al. 2015).

Porém, em pacientes imunocomprometidos a viremia pode ser mais prolongada,

podendo durar por pelo menos quatro semanas (Tozer et al. 2009). Na maioria dos

pacientes deste estudo, a viremia foi verificada após a detecção viral nas amostras

fecais, indicando que possivelmente o vírus replica-se primeiramente no TGI para

depois atingir a circulação sanguínea. Porém, não podemos excluir a possibilidade do

envolvimento do trato respiratório na patogenia do vírus.

Além da associação com quadros respiratórios, os HBoVs também são

considerados vírus entéricos (genótipos HBoV-2, -3 e -4) e diversos estudos relatam a

presença do seu genoma em amostras de fezes de pacientes com gastroenterite (Santos

et al. 2010, Kapoor & Dhole 2016, De et al. 2017). Os principais sintomas relacionados

à excreção de HBoV nas fezes são náusea, vômito e diarreia (Kapoor & Dhole 2016,

Lasure & Gopalkrishna 2017). As infecções virais são uma das causas mais comuns de

diarreia na população em geral. Depois do TACPH, os pacientes ficam ainda mais

propensos à diarreia de causa viral devido à imunossupressão, sendo a DECH um fator

de risco para tais infecções (Lin & Liu 2013). Ademais, em estudos anteriores

realizados em amostras clínicas obtidas dos mesmos pacientes do presente estudo foi

observada elevada positividade para norovírus e adenovírus, tanto no soro quanto nas

fezes, sendo o principal sintoma a diarreia (Lemes et al. 2014, Santos et al. 2017). No

presente estudo também foi observada importante frequência de gastroenterite, porém

essa manifestação clínica detectada nesses pacientes pode ter causas múltiplas, como a

quimioterapia utilizada durante o condicionamento, o desenvolvimento da DECH que

acomete o TGI e a presença de outros agentes virais.

Após sequenciamento genômico e análise filogenética foi possível observar que

em três amostras fecais, cada uma oriunda de um paciente distinto, houve detecção do

genótipo HBoV-1. Essas amostras apresentaram elevada identidade nucleotídica com

sequências obtidas de amostras fecais de pacientes pediátricos brasileiros, HIV

soropositivos, sendo que das amostras positivas 50% foram caracterizadas como HBoV-

1 (Portes et al. 2017). Apesar dessa variante viral estar associada a infecções

respiratórias, sua detecção em amostras fecais é comum (Jartti et al. 2012). Porém,

ainda não há estudos comprovando se sua presença nas fezes é decorrente de uma

replicação no TGI ou se corresponde apenas à excreção viral após a infecção

respiratória. Devido a limitações na obtenção das sequências genômicas das amostras

positivas, não foi possível estabelecer uma associação entre os genótipos de HBoV com

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a detecção nas amostras fecais e séricas e com as manifestações clínicas, nem verificar

se a detecção prolongada foi devido a transmissão nosocomial, reinfecção ou infecção

por genótipos diferentes.

No Brasil, até então, nenhum estudo de acompanhamento em pacientes

submetidos ao TACPH foi realizado para a detecção de HBoV, principalmente em

amostras fecais e séricas. Desse modo, é de extrema importância a avaliação da

frequência e monitoramento dos HBoVs nesses pacientes, para que os dados obtidos

possam auxiliar na profilaxia de possíveis complicações clínicas causadas por esses

agentes virais.

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7. CONCLUSÕES

A positividade para HBoVs foi elevada em pacientes acompanhados e submetidos ao

transplante alogênico de células progenitoras hematopoiéticas em um centro de

referência em transplantes de medula óssea do Brasil;

A carga de HBoV nas amostras fecais foi significativamente maior do que nas

amostras séricas. Além disso, houve um aumento nas cargas de HBoV pós-TACPH

em comparação às cargas pré-TACPH e as maiores concentrações virais foram

detectadas durante os 100 primeiros dias após o TACPH;

Nas fezes, os HBoVs apresentaram excreção prolongada, com dois padrões

principais: intermitente e contínuo. Ainda, na maioria dos casos, a viremia ocorreu

mais tardiamente do que a excreção de HBoV nas fezes;

Não houve significância estatística entre a presença de sintomas gastroentéricos e a

positividade para HBoV, visto que múltiplos fatores poderiam ter contribuído para a

ocorrência desses sintomas;

Todas as amostras sequenciadas foram caracterizadas como genótipo HBoV-1, sendo

observada elevada identidade nucleotídica entre elas.

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APÊNDICES

Apêndice 1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

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Apêndice 2. Ficha de investigação clínica de doença diarreica.

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ANEXOS

Anexo 1. Parecer consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa da UFG.

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Anexo 2. Parecer consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa do HAJ/ACCGO.

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