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Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde Coletiva Curso de Graduação em Saúde Coletiva Violência contra mulheres no Brasil: caracterização e fatores sociodemográficos Rayanne Duarte de Oliveira Projeto de trabalho de curso apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso III do Curso de Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito para aprovação na disciplina. Orientadora: Prof. Dra. Ana Paula Muraro. Cuiabá 2018

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Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Saúde Coletiva

Curso de Graduação em Saúde Coletiva

Violência contra mulheres no Brasil: caracterização e

fatores sociodemográficos

Rayanne Duarte de Oliveira

Projeto de trabalho de curso apresentado à

disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso III

do Curso de Graduação em Saúde Coletiva do

Instituto de Saúde Coletiva da Universidade

Federal de Mato Grosso, como requisito para

aprovação na disciplina.

Orientadora: Prof. Dra. Ana Paula Muraro.

Cuiabá

2018

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Violência contra mulheres no Brasil: caracterização e

fatores sociodemográficos

Rayanne Duarte de Oliveira

Projeto de trabalho de curso apresentado a

disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso III

do Curso de Graduação em Saúde Coletiva do

Instituto de Saúde Coletiva da Universidade

Federal de Mato Grosso, como requisito para

aprovação na disciplina.

Orientadora: Prof. Dra. Ana Paula Muraro.

Cuiabá

2018

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha querida mãe Lusiane

Duarte, mulher acolhedora e forte, que sempre

esteve presente em minha trajetória acadêmica me

apoiando nos estudos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, o criador, por ter me concedido força e ânimo para conseguir concluir o

trabalho de curso e alcançar o tão sonhado diploma, meu muito obrigado.

Agradeço minha mãe e padastro pelas palavras de apoio e incentivo nas horas difíceis. Ao

meu pai, que mesmo distante, acreditou ser possível a realização deste sonho, meu muito

obrigado.

Aos meus dois irmãos, primos, primas, tias, tios e avós sempre dispostos a escutar e acolher

meus anseios, o meu muito obrigado.

Agradeço aos meus amigos Silvia, Claúdio, Rosilaine, Poliani, José e tantos outros que

contribuíram diretamente ou indiretamente com palavras de ânimo, ajudando no caminhar

rumo à conclusão do curso, o meu muito obrigado.

Agradeço a todos os meus mestres professores, especialmente a Profa. Dra. Ana Paula Muraro

pela paciência e persistência nas orientações, o meu muito obrigado.

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EPÍGRAFE

O sucesso nasce do querer, da determinação e

persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não

atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no

mínimo fará coisas admiráveis.

José de Alencar

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RESUMO

Oliveira RD. Violência contra mulheres no Brasil: caracterização e fatores sociodemográficos

associados. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Saúde Coletiva) – Instituto

de Saúde Coletiva, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2018.

Introdução: A violência contra a mulher atinge, no Brasil, todas as classes e segmentos

sociais, porém, há diferença quanto aos fatores sociodemográficos. Objetivo: Analisar a

violência sofrida por mulheres no Brasil e sua associação com fatores sociodemográficos.

Métodos: Estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), estudo de

base domiciliar de representatividade nacional, realizada em 2013. Foi avaliado o relato dos

entrevistados quanto à violência sofrida por pessoa desconhecida e conhecida nos últimos 12

meses, a frequência, tipo de violência (física, sexual, psicológica ou outras), quem cometeu a

agressão e onde ocorreu a violência. As variáveis sociodemográficas avaliadas neste estudo

foram: sexo (masculino/ feminino); idade categorizada em faixa etária (18-24, 25-39, 40-59,

50-59, 60 ou mais anos); nível de escolaridade (sem instrução/fundamental incompleto;

fundamental completo/ médio incompleto; médio completo/superior incompleto; superior

completo); raça/cor da pele (branca, preta, parda, amarela e indígena); e estado civil (casado

(a); solteiro (a); separado(a)/divorciado(a);viúvo(a). Resultados: Foram avaliados 60.202

brasileiros com 18 anos ou mais de idade, sendo 52,9% do sexo feminino (n= 34.282).

Quando avaliado a prevalência de violência cometida por pessoa desconhecida verificou-se

maior prevalência entre os homens(3,7,%; IC 95%: 3,3-4,1) já quando avaliado a violência

por pessoa conhecida, o quadro se inverte, sendo maior a prevalência entre as mulheres(3,1%;

IC 95%: 2,9-3,5).Quanto à prevalência de violência por pessoa conhecida entre as mulheres

segundo características sociodemográficas,observou-se maior prevalência entre aquelas de cor

da pele preta (3,1%; IC 95%: 2,4-4,1), seguido da cor parda (2,9%; IC 95%: 2,7-3,3), quando

comparadas às de cor branca (2,1%; IC 95%: 1,8-2,4), e entre as solteiras (3,4%; IC 95%:3,1-

3,8). As maiores prevalências foram observadas para mulheres da Região Norte (3,2%; IC

95%: 2,7-3,8), Nordeste (3,0%; IC 95%: 2,7-3,4) e Sul (3,0%; IC 95%: 2,4-3,6), quando

comparadas às da Região Sudeste (2,0%; IC 95%: 1,7-2,3). Não foram observadas diferenças

significativas quanto a escolaridade. Conclusão: A elevada prevalência de violência sofrida

por mulheres brasileiras, cometida por pessoa conhecida, ressalta a existência de violência de

gênero que parece estar disseminada em todos os níveis de escolaridade e mais relevante entre

mulheres de cor da pele preta ou parda e das regiões Norte, Nordeste e Sul.

Palavras-chave: Violência, Violência contra a mulher, Violência doméstica, Inquéritos

epidemiológicos, Epidemiologia descritiva.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Descrição da amostra, de acordo com características

sociodemográficas. Pesquisa Nacional de Saúde (n=60.202) Brasil,

2013.......................................................................................................................... 24

Tabela 2-Descrição da amostra, de acordo com informações sobre violência

sofrida nos últimos 12 meses, por pessoa desconhecida. Pesquisa Nacional de

Saúde (n=60.202), Brasil, 2013............................................................................... 25

Tabela 3-Características da violência sofrida nos últimos 12 meses por pessoa

conhecida, segundo sexo. Pesquisa Nacional de Saúde (n=60.202), Brasil, 2013. 26

Figura 1 - Distribuição do tipo de violência cometida por pessoa conhecida entre

mulheres brasileiras, 2013........................................................................................ 27

Tabela 4 - Violência sofrida por pessoa conhecida de acordo com características

sociodemográficas entre mulheres*. Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil,

2013......................................................................................................................... 28

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LISTA DE SIGLAS

CNS - Conselho Nacional de Saúde

CID - Código Internacional de Doenças

CONEP - Comissão Nacional de Ética em Pesquisa

DCNT - Doenças Crônicas Não Transmissíveis

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MS - Ministério da Saúde

IC - Intervalo de Confiança

OMS - Organização Mundial da Saúde

PHQ-9-Patient Health Questionnaire-9

PNS - Pesquisa Nacional de Saúde

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

RP - Razão de Prevalência

SPSS - Statistical Package for Social Sciences

UPA - Unidades Primárias de Amostragem

TME- Taxa de Mortalidade Específica

VPI – Violência Parceiro Íntimo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 8

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................................. 11

2.1 VIOLÊNCIA CONTRA MULHER ............................................................................... 11

2.2 VIOLÊNCIA CONTRA MULHER E FATORES SOCIOECONÔMICOS .................. 13

4 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 15

4.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 15

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 15

5 MÉTODOS ............................................................................................................................ 16

5.1 DESENHO E POPULAÇÃO DO ESTUDO .................................................................. 16

5.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ............................................................. 17

5.3 DESCRIÇÃO DE VARIÁVEIS ..................................................................................... 17

5.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................................. 18

5.5 ASPECTOS ÉTICOS ..................................................................................................... 18

6 RESULTADOS ..................................................................................................................... 19

7 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 34

8 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 35

ANEXOS .................................................................................................................................. 40

ANEXO I – QUESTIONÁRIO ............................................................................................ 40

ANEXO II – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA (CONEP) ..................................... 47

ANEXO III – TERMO DE CONSENTIMENTO – INFORMANTE DOMICILIAR ......... 47

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1 INTRODUÇÃO

A violência, entendendo de forma mais global ou estrutural, é um fenômeno sócio

histórico e acompanha a experiência de toda humanidade (MINAYO, 2005). Para a

Organização Mundial da Saúde (OMS) a violência é conceituada como sendo o uso da força

física ou poder em ameaça, contra si próprio, outra pessoa ou comunidade, resultando em

sofrimento, dano psicológico ou morte (WHO, 1996).

Segundo Minayo (2009), causas externas (violências e acidentes) revezam-se entre

segundo e terceiro lugar no ranking de mortalidade geral no Brasil e primeira causa de morte

na faixa etária dos 5 a 49 anos. Neste grupo de causas, destaca-se a violência contra a mulher,

o que mostra a magnitude desse evento na saúde da população, com expressivo impacto na

saúde e vida das mulheres e da sociedade.

É reconhecido na literatura que a violência contra a mulher não é um fato novo, pelo

contrário, é tão antigo quanto a humanidade. O que tem sido verificado como recente é a

maior preocupação em relação à superação dessa violência como “condição necessária para a

construção de nossa humanidade” (WAISELFISZ, 2015). Em 48 pesquisas realizadas com

populações de todo mundo, HEISE et al. (1994) verificaram que quando questionadas sobre já

terem sofrido pelo menos um episódio de violência física durante a vida, entre 10% e 69% das

mulheres afirmaram que sim.Os autores justificam essa ampla variação devido a maioria das

mulheres participantes da pesquisa não considerar a violência física de forma isolada, mas sim

uma agressão contínua, de comportamento abusivo.No Brasil, de acordo com dados do Mapa

da Violência 2015, entre 1980 e 2013, o feminicídio apresentou crescimento ao longo do

tempo, sendo estimado que morreram um total de 106.093 mulheres, sendo que a taxa de

mulheres vítimas de violência passou de 2,3 por 100 mil habitantes em 1980 para 4,8 por 100

mil em 2013, o que representa um aumento de 111,1% (WAISELFISZ, 2015).

MORAIS (2009) explica que a violência contra a mulher atinge, no Brasil, todas as

classes e segmentos sociais, porém, há diferença de classe social e de raça, sujeitando as

mulheres à situação como fome, tortura, humilhação e mutilação. Também é observado no

país, diferenças regionais, com maior prevalência de violência por parceiro íntimo nas regiões

Norte e Nordeste (REICHENHEIM et al., 2011; MASCARENHAS et al., 2017). Em pesquisa

realizada na comunidade do Dendê-Fortaleza/Ceará, (Vieira et al ., 2008) verificaram que

condições desfavoráveis de habitação e entorno familiar foram fatores relacionados à

violência contra a mulher na comunidade avaliada.

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SILVA e OLIVEIRA (2016) afirmam que no Brasil após a criação da Lei 11.340/2006

conhecida como Lei Maria da Penha, a violência contra mulher ganha maior evidência,

passando o Estado Brasileiro a resolver as situações de violência contra mulher de forma mais

eficaz e a problemática definida como crime específico.

Deve-se considerar as graves consequências da violência doméstica para a vida das

mulheres, impactando em sua saúde física e emocional, sendo necessário o conhecimento

sobre o perfil das mulheres vítimas da violência, a fim de contribuir para o planejamento de

intervenções diante do assunto. As altas taxas e a tendência crescente deste tipo de violência

me motivou para a realização deste trabalho de conclusão do Curso de Graduação em Saúde

Coletiva nessa temática, tendo em vista que o fenômeno é considerado um problema de saúde

pública(REICHENHEIM et al., 2011) e, desta forma, de interesse da saúde coletiva.

Kind et al. (2013) explicam que os dados de violência contra mulher no Brasil na

área da saúde atualmente são registrados no SINAN (Sistema de Informação sobre Agravos

de Notificação)através da ficha de notificação para violência doméstica, sexual ou outras

violências.Em um estudo no Distrito Federal,Brasil,no período de 2009 a 2012 com o objetivo

de descrever características epidemiológicas dos casos de violência contra mulher registrados

no SINAN, (Silva e Oliveira,2016) identificaram que de 2009 a 2012 no Distrito Federal

foram notificados um total de 1.924 casos suspeitos ou confirmados de violência contra

mulher,em 31 distritos residenciais,ocorrendo o crescimento no número de notificação em

todo período.

A violência contra mulher é considerada invisível, pela sua característica de ocorrência

no domicílio, perpetrados em grande parte pelos familiares e conhecidos. Pelas características

citadas, grande parte das ocorrências não gera atendimentos em serviços de saúde e registro

nos sistemas de informação da saúde, polícia e justiça, tendo como conseqüência a

subnotificação da violência contra a mulher. (GARCIA, 2016). O número crescente de

vítimas de violência contra a mulher no Brasil revela um quadro grave de saúde pública,

indicando também que muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas, tendo em vista que

até chegar a ser vítima de uma violência fatal, essa mulher pode ser vítima de uma série de

outras violências de gênero, como a violência psicológica, patrimonial, física ou sexual, em

um movimento de agravamento crescente, que muitas vezes, antecede o desfecho fatal.

A Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2013, constitui-se como uma rica fonte

de informação para o conhecimento sobre as características de saúde da população brasileira,

tendo em vista sua abrangência. A pesquisa avaliou informações de freqüência da violência,

quais os agressores, quais os tipos de violência as mulheres sofrem, variáveis não encontradas

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no estudo de (MASCARENHAS, 2017). Considerando a violência contra mulher resultante

de uma violação de direitos humanos e desigualdades sociais, essa pesquisa busca avaliar as

características sociodemográficas das mulheres brasileiras vítimas de violência.

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2REVISÃO DA LITERATURA

2.1 VIOLÊNCIA CONTRA MULHER

A violência é definida pela OMS como sendo o uso da força física ou poder em

ameaça, contra si próprio, outra pessoa ou comunidade, resultando em sofrimento, dano

psicológico ou morte (WHO, 1996).

A OMS desenvolveu tipologias para a violência, sendo elas: violência auto-infligida

(dividida em duas subcategorias: comportamento suicida e agressão auto infligida), violência

interpessoal e violência coletiva (DAHLBERG e KRUG, 2007). A literatura emprega

também, a terminologia violência doméstica, consistindo em violência da família e do

parceiro (SCHRAIBER et al., 2005; OLIVEIRA, 2007). Esse tipo de violência, segundo a

OMS é a violência praticada por parceiro íntimo e caracterizada como qualquer violência que

a mulher sofra pelo parceiro ou ex-parceiro (OMS, 2005).

As organizações de mulheres do mundo todo vêm chamando a atenção para a

violência contra as mulheres, especificamente a violência de gênero. Pelas lutas destas

organizações é que a violência contra as mulheres se tornou de interesse internacional.

Inicialmente vista como questão de direitos humanos, agora cada dia mais é encarada como

um importante problema de saúde pública (KRUG et al.,2002).

Muito o que se sabe sobre violência não fatal contra a mulher no mundo é apresentado

pelos estudos e pesquisas, estima-se que a prevalência de violência sofrida pela mulher ao

menos uma vez na vida variou de 10% no Paraguai e nas Filipinas para 22,1% nos Estados

Unidos, 29,0% no Canadá e 34,4% no Egito (KRUG et al.,2002).

A OMS estimou que o Brasil, com uma taxa de 4,8 homicídios por 100 mil mulheres,

ocupa a 5°posição no grupo de 83 países, evidenciando que os índices brasileiros ultrapassam

os encontrados na maior parte dos países do mundo. Apenas El Salvador, Colômbia e

Guatemala (países latinos- americanos) e Federação Russa apresentam taxas maiores que as

do Brasil. As taxas do Brasil são muito maiores referentes a alguns países de alta renda: 48

vezes mais homicídios femininos que o Reino Unido, 24 vezes mais homicídios femininos

que Irlanda e Dinamarca, 16 vezes mais homicídios femininos que Japão e Escócia

(WAISELFISZ, 2015).

Um indicador importante de homicídios é local onde ocorre a agressão. Ao contrário

do que ocorre na violência entre os homens, em que a maior parte ocorre nas ruas, elevada

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proporção da violência contra as mulheres acontece no domicílio (27,1%), indicando a alta

domesticidade dos homicídios de mulheres (WAISELFISZ, 2015).

Segundo BRASIL (2016) em 2006 ano de vigência da Lei Maria da Penha a taxa de

homicídios de mulheres no Brasil era de 4,2 homicídios por 100 mil mulheres, no ano de 2015

pós Lei houve a redução da taxa destes homicídios, queda observada tanto para mulheres

brancas, quanto para mulheres pretas e pardas.

Em 2006, no Brasil, como resultado de Convenções Internacionais, foi criada e

sancionada a Lei 11.340 (Lei Maria da Penha) com o objetivo de incrementar maior rigor às

punições dos crimes praticados com violência contra a mulher. A introdução do texto

aprovado constitui uma boa síntese da Lei:

Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a

mulher, nos termos do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção

sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as

Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e

Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos

Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o

Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal;

e dá outras providências (BRASIL, Lei 11.340 de 2006).

Mais recente, em 2015, foi sancionada a Lei 13.104, conhecida como Lei do

Feminicídio (BRASIL, Lei 13.104 de 2015) tornando os homicídios praticados contra as

mulheres crime hediondo envolvendo violência doméstica e familiar, menosprezo ou

discriminação à condição de ser mulher.

A partir dos registros de óbito do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM),

GARCIA et al. (2015) estimaram que 13.071 feminicídios ocorreram no Brasil entre 2009 e

2011, o que equivale a uma taxa bruta de mortalidade anual de 4,48 óbitos por 100.000

mulheres. Os autores observaram ainda que, após a aplicação de fatores de correção

considerando a proporção de eventos cuja a intenção é indeterminada, essa taxa aumentou

para 5,82 óbitos por 100.000 mulheres (GARCIA et al. 2015).

A violência é resultado de complexa interação de fatores individuais, sociais, culturais

de relacionamento e ambientais. Compreender como esses fatores estão relacionados à

violência é dar um passo importante na abordagem de saúde pública (DAHLBERG e KRUG,

2007).

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2.2 VIOLÊNCIA CONTRA MULHER E FATORES SOCIODEMOGRÁFICOS E

SOCIOECONÔMICOS

O Brasil é marcado por expressiva desigualdade de gênero. Em 2010 as mulheres

perfaziam 51% da população brasileira, porém, grande parte possuía baixa escolaridade e

baixa renda (BRASIL, 2013). Nas últimas décadas, apesar do nível de escolaridade das

mulheres ter ultrapassado à dos homens, a média de renda das mulheres economicamente

ativas é inferior à dos homens (ALVES e CORREA, 2009). Na política, apesar de já ter

havido uma mulher como presidente da república, a representação é ainda muito desigual,

tendo em vista que, também em 2010, do total de candidatos eleitos, as mulheres ocuparam

apenas 12% do total dos cargos e no Congresso Nacional, as mulheres ocupavam menos de

10% das vagas (BRASIL, 2013). Essa situação contribuiu para que o Brasil estivesse

colocado, em 2013, na 62ª posição no ranking de igualdade de gênero, segundo o relatório do

Fórum Econômico Mundial (WEF, 2015).

Uma situação socioeconômica elevada parece oferecer certa proteção contra o risco de

violência física contra mulher, perpetrada por parceiro íntimo, mas há exceções (SCHULLER

et al,1996). Estudos realizados em diferentes cenários mostraram que a violência física entre

parceiros tem estado presente em todos os grupos socioeconômicos, porém, mulheres que

vivem em situação de pobreza são muito mais vulneráveis (HOFFMAN et al., 1994;

LORRAIN, 1994; RODGERS,1994; NELSON e ZIMMERMAN, 1996; BYRNE et al.,1999,

ELLSBERG et al., 1999; MORENO, 1999; ROSALES et al.,1999).

Apesar dessa constatação da distribuição da violência segundo nível socioeconômico,

não está esclarecido quais os determinantes dessa desigualdade se são devido somente à baixa

renda ou a fatores que acompanham a pobreza, como superpopulação ou falta de apoio

institucional (DAHLBERG e KRUG, 2002). Segundo DAHLBERG e KRUG (2002), ainda

na maioria das sociedades, pessoas de baixa renda geralmente são as que são menos atendidas

pelos diversos serviços de proteção e assistência do Estado.

O Atlas da violência de 2017 mostrou que a taxa de mortalidade de mulheres negras

aumentou entre 2005 e 2015, crescendo também a proporção de mulheres negras entre o total

de mulheres vítimas de mortes por agressão, passando de 54,8% em 2005 para 65,3% em

2015. Assim, evidencia-se que a combinação entre desigualdade de gênero e racismo é

extremamente perversa e configura variável fundamental para compreendermos a violência

contra a mulher no país (CERQUEIRA et al., 2017). Cabe destacar ainda que as maiores taxas

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de mortalidade entre mulheres negras foram verificadas no Espírito Santo (9,2), Goiás (8,7),

Mato Grosso (8,4) e Rondônia (8,2). Apenas sete Unidades da Federação mostraram redução

na taxa de mortalidade de mulheres negras por homicídio entre 2005 e 2015, sendo eles: São

Paulo (-41,3%); Rio de Janeiro (-32,7%); Pernambuco (-25,8%); Paraná (-23,9%); Amapá (-

20%); Roraima (-16,6%); e Mato Grosso do Sul (-4,6%).

De acordo com Brasil (2013) as regiões Norte e Nordeste apresentaram maiores taxas

de mortalidade específica (TME) tanto para homens como para mulheres, a região Centro

Oeste apresenta a maior TME de homicídios ao sexo feminino, comparado a outras regiões do

Brasil, correspondendo a 5,7 mortes por 100 mil mulheres.

Um fator de risco para violência doméstica é o uso abusivo de substância psicoativas e

a ingestão de álcool, na maioria das sociedades, culturas e grupos econômicos (BLAY

,2003). Ser jovem, separada/divorciada e fazer uso de drogas fazem parte de características

individuais consideradas pela OMS como fatores de risco para violência por Parceiro Íntimo,

apresentadas em um modelo ecológico para estudo desta violência (KRUG et al.,2002).

DAHLBERG e KRUG (2007) afirmam que a violência é multifacetada, explicada pelo

relatório de um modelo ecológico, explorando a relação entre fatores individuais e

contextuais, considerando a violência resultado de múltiplos níveis de influência (indivíduo,

relações, comunidade e sociedade influenciando no comportamento do agressor ou vítima.

Segundo SAMPAIO e AQUINO (2013) é importante mostrar a situação

socioeconômica das mulheres vítimas de violência doméstica. Em sua pesquisa sobre perfil

das mulheres vítimas de violência doméstica de uma cidade do interior da Zona da Mata

Mineira. BARROS (2016) em sua análise da associação de violência doméstica em mulheres

assistidas no Centro de Atenção à mulher IMIP/Recife/Pernambuco verificou associação da

violência doméstica contra a mulher às variáveis idade, escolaridade e estado civil.

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4OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Caracterizar a violência sofrida por mulheres no Brasil e sua associação com fatores

sociodemográficos.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Caracterizar a população segundo variáveis sociodemográficas e socioeconômicas

• Descrever a violência sofrida por mulheres brasileiras;

• Analisar a prevalência de violência entre as mulheres segundo fatores

sociodemográficos.

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5MÉTODOS

5.1DESENHO E POPULAÇÃO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo transversal com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS),

estudo de base domiciliar de representatividade nacional, realizada em 2013 pelo Ministério

da Saúde (MS) em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e

Fundação Oswaldo Cruz. Os dados foram acessados no site do IBGE, de livre acesso a todos

os cidadãos.

A população pesquisada correspondeu aos moradores com 18 anos ou mais de idade,

de domicílios do Brasil, exceto os localizados nos setores censitários especiais (quartéis, bases

militares, alojamentos, acampamentos, embarcações, penitenciárias, colônias penais,

presídios, cadeias, asilos, orfanatos, conventos e hospitais).

O tamanho da amostra estimado foi de 81.357 domicílios, e as informações foram

coletadas em 64.348 deles, sendo entrevistados 60.202 adultos. Considerando-se os

domicílios fechados, a proporção de perda foi de 20,8%, e a proporção de não resposta, de

8,1%. Detalhamento sobre o desenho da estratégica metodológica da PNS e do processo de

amostragem estão disponíveis nas publicações de SOUZA JÚNIOR et al. (2015) e

DAMACENA et al. (2015).

A amostra da PNS utilizou como base a amostra mestra da Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílios (PNAD), estratégia que assegurou a representatividade nacional do

estudo devido seu amplo alcance geográfico, sendo estratificada em três estágios,

contemplando tanto as áreas urbanas como as rurais. No primeiro estágio, houve estratificação

das unidades primárias de amostragem (UPA), constituídas pelos setores ou conjunto de

setores censitários; o segundo estágio constituiu-se dos domicílios, e os moradores com idade

igual ou superior a 18 anos de idade corresponderam às unidades de terceiro estágio. A

seleção da sub amostra de UPA foi feita por amostragem aleatória simples (SZWARCWALD

et al., 2014).

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17

5.2 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

O questionário da PNS foi subdividido em três partes: o domiciliar, o de todos os

moradores do domicílio e o individual. Os indivíduos sorteados no domicílio foram avaliados

por entrevistadores treinados. Os questionários domiciliar e de todos os moradores do

domicílio foram respondidos por um residente do domicílio que sabia informar sobre a

situação socioeconômica e de saúde de todos os moradores (SZWARCWALD et al., 2014).

Do instrumento utilizado na pesquisa foram analisados os dados dos módulos do

questionário individual do morador selecionado. As variáveis de exposição encontram se no

modulo C, abordadas características gerais dos moradores, o módulo C encontra se no Anexo

I. Para avaliação das variáveis desfecho desse estudo, no questionário individual sobre

módulos Acidentes e Violências (módulo O) são abordadas questões sobre acidentes e

violências nos últimos 12 meses. O conteúdo do questionário da PNS 2013, do Módulo O

encontra-se no Anexo I.

5.3 DESCRIÇÃO DE VARIÁVEIS

As variáveis sociodemográficas avaliadas neste estudo foram: sexo (masculino/

feminino); idade categorizada em faixa etária (18-24, 25-39, 40-59, 50-59, 60 ou mais anos);

nível de escolaridade (sem instrução/fundamental incompleto; fundamental completo/ médio

incompleto; médio completo/superior incompleto; superior completo); raça/cor da pele

(branca, preta, parda e outros); estado civil (casado (a), solteiro (a), separado

(a)/divorciado(a), viúvo (a); e macrorregião de residência (Centro-Oeste, Sul, Sudeste, Norte,

Nordeste).

Quanto a violência, primeiramente questionou-se os entrevistados quanto a violência

sofrida por pessoa desconhecida, por meio da pergunta “Nos últimos 12 meses, o (a) sr(a)

sofreu alguma violência ou agressão de pessoa desconhecida (como bandido, policial,

assaltante etc.)?”; avaliando o tipo de violência (física, sexual, psicológica ou outras), quem

cometeu (Bandido, ladrão ou assaltante; agente legal público; outro) e onde ocorreu a

violência (residência, trabalho, escola/faculdade ou similar, bar ou similar, via pública,

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banco/Caixa eletrônico/Lotérica ou outro). Quanto ao tipo de violência, questionou-se sobre a

violência mais grave sofrida, ou seja, o respondente teria que escolher apenas uma opção de

resposta.

Especificamente quanto à violência praticada por pessoa conhecida, questionou-se

“Nos últimos 12 meses, com que frequência sofreu alguma violência de pessoa conhecida?”,

(1 vez,de 2 a 6 vezes,7 a menos de 12 vezes,pelo menos uma vez por mês,pelo menos uma

vez na semana ou quase diariamente)sendo investigado o tipo de violência sofrida (física,

sexual, psicológica ou outras) e também onde ocorreu a violência (residência, trabalho,

escola/faculdade ou similar, bar ou similar, via pública, banco/Caixa eletrônico/Lotérica ou

outro). Quanto a este tipo de violência, foi avaliado também quem cometeu a violência, por

meio das respostas a questão “Nesta ocorrência, a violência foi cometida por:

cônjuge/companheiro/namorado, ex-conjuge, pai/mãe, padrasto/madrasta, filho(a), irmão,

outro parente, amigo/colega, patrão/chefe ou outro?

5.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foram estimadas as prevalências e intervalos de confiança de 95% (IC95%) dos

fatores sociodemográficos entre as mulheres que sofreram violência. As análises foram

realizadas utilizando o SPSS, versão 17, considerando o efeito do plano amostral, as taxas de

não resposta e os pesos de pós-estratificação.

5.5 ASPECTOS ÉTICOS

A PNS foi submetida à aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para

Seres Humanos (CONEP), órgão vinculado ao Conselho Nacional de Saúde (CNS) do

Ministério da Saúde, sob o parecer nº 328.159 de 26 de junho de 2013 (ANEXO II). Todos os

indivíduos participantes foram convidados e aceitaram participar da pesquisa mediante

assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO III)

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19

6 RESULTADOS

6.1 MANUSCRITO

Violência contra mulheres no Brasil: caracterização e fatores sociodemográficos.

RESUMO

Introdução: Violência um fenômeno sócio histórico que acompanha a experiência de toda a

humanidade, a violência contra a mulher não é um fato novo, o que tem sido verificado como

recente é a maior preocupação em relação à superação dessa violência. Objetivo: Analisar a

violência sofrida por mulheres no Brasil e sua associação com fatores sociodemográficos.

Métodos: Estudo transversal em que serão utilizados dados da Pesquisa Nacional de Saúde

(PNS), estudo de base domiciliar de representatividade nacional, realizada em 2013. Foi

avaliado o relato dos entrevistados quanto à violência sofrida por pessoa desconhecida e

conhecida nos últimos 12 meses, além da frequência, tipo de violência (física, sexual,

psicológica ou outras), quem cometeu a agressão e onde ocorreu a violência. As variáveis

sociodemográficas avaliadas neste estudo foram: sexo; faixa etária; nível de escolaridade;

raça/cor da pele; estado civil e região geográfica de residência. Resultados: Foram avaliados

60.202 brasileiros com 18 anos ou mais de idade, sendo 52,9% do sexo feminino (n= 34.282).

Apesar de a prevalência de violência por pessoa desconhecida ser menor entre as mulheres

quando comparadas aos homens, quando avaliado a violência por pessoa conhecida, o quadro

se inverte (1,8; IC95%:1,6-2,1 entre os homens e 3,1; IC 95%:2,9-3,5 entre as mulheres).Ao

avaliar a violência cometida por pessoa conhecida, observou-se maior prevalência entre

aquelas de cor da pele preta e parda, quando comparadas às de cor branca, e entre as solteiras.

As maiores prevalências foram observadas para mulheres da Região Norte, Nordeste e Sul,

quando comparadas às da Região Sudeste. Não foram observadas diferenças significativas

quanto à faixa etária e escolaridade. Conclusão: A violência cometida por pessoa conhecida é

mais prevalente entre mulheres, não havendo diferença segundo nível de escolaridade. Porém,

a distribuição segundo fatores sociodemográficos contribuiu para o conhecimento do perfil

das mulheres que estão mais susceptíveis a violência no Brasil.

Palavras-chave: Violência, Violência contra a mulher, Violência doméstica, Inquéritos

epidemiológicos, Epidemiologia descritiva.

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INTRODUÇÃO

A violência contra a mulher não é um fato novo, pelo contrário, o que tem sido

verificado como recente é a maior preocupação em relação à superação dessa violência

(WAISELFISZ, 2015). As organizações de mulheres do mundo todo vêm chamando a

atenção para a violência de gênero que tem sido encarada como um importante problema de

saúde pública (KRUG et al.,2002). A Organização Mundial de Saúde estimou que o Brasil,

com uma taxa de 4,8 homicídios por 100 mil mulheres, ocupa a quinta posição no grupo de 83

países avaliados com dados semelhantes, evidenciando que os índices brasileiros ultrapassam

os encontrados na maior parte dos países do mundo (OMS, 2002).

BARROS (2016), em sua análise da associação de violência doméstica em mulheres

assistidas no Centro de Atenção à mulher de Recife-PE, verificou maior prevalência de

violência doméstica entre as mulheres de menor faixa etária, menor escolaridade e solteiras.

Fatores estes observados também em outros estudos como de risco para esse tipo de violência

(KRUG et al.,2002; MASCARENHAS et al., 2017)

DAHLBERG e KRUG (2007) Explicam que a violência é resultado de complexa

interação de fatores individuais, sociais, culturais de relacionamento e ambientais.

Compreender como esses fatores estão relacionados à violência é dar um passo importante na

abordagem de saúde pública para evitar a violência. Mais recentemente, MASCARENHAS

et al. (2017), ao analisar os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS)realizada em 2013,

verificaram que a violência por pessoa conhecida foi maior na população adulta jovem de 18

a 29 anos e entre os residentes das Regiões Norte e Nordeste do Brasil. Apesar de os autores

terem observado também que a prevalência foi maior entre as mulheres, quando comparadas

aos homens, não se avaliou a distribuição desse agravo quanto os fatores sociodemográficos

segundo sexo, sendo destacado pelos autores a necessidade de mais estudos sobre o tema.

Considerando a violência contra a mulher um importante problema de saúde pública de

elevada magnitude no país, este estudo tem como objetivo analisar a violência sofrida por

mulheres brasileiras e sua associação com fatores sociodemográficos.

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MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal em que foram utilizados dados da Pesquisa Nacional de

Saúde (PNS), estudo de base domiciliar de representatividade nacional, realizada em 2013

pelo Ministério da Saúde (MS) em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) e Fundação Oswaldo Cruz. Os dados foram acessados no site do IBGE, de

livre acesso a todos os cidadãos.

A população pesquisada correspondeu aos moradores com 18 anos ou mais de idade,

de domicílios do Brasil, exceto os localizados nos setores censitários especiais (quartéis, bases

militares, alojamentos, acampamentos, embarcações, penitenciárias, colônias penais,

presídios, cadeias, asilos, orfanatos, conventos e hospitais).O tamanho da amostra estimado

foi de 81.357 domicílios, e as informações foram coletadas em 64.348 deles, sendo

entrevistados 60.202 adultos. Considerando-se os domicílios fechados, a proporção de perda

foi de 20,8%, e a proporção de não resposta, de 8,1% SOUZA JÚNIOR et al. (2015) e

DAMACENA et al. (2015).

A amostra da PNS utilizou como base a amostra mestra da Pesquisa Nacional por

Amostra de Domicílios (PNAD), estratégia que assegurou a representatividade nacional do

estudo devido seu amplo alcance geográfico, sendo estratificada em três estágios,

contemplando tanto as áreas urbanas como as rurais. No primeiro estágio, houve estratificação

das unidades primárias de amostragem (UPA), constituídas pelos setores ou conjunto de

setores censitários; o segundo estágio constituiu-se dos domicílios, e os moradores com idade

igual ou superior a 18 anos de idade corresponderam às unidades de terceiro estágio; A

seleção da sub amostra de UPA foi feita por amostragem aleatória simples (SZWARCWALD

et al., 2014).

A pesquisa de campo da PNS ocorreu entre agosto e dezembro de 2013 e informações

mais detalhadas sobre a estratégica metodológica da PNS, do processo de amostragem e a

coleta de dados da PNS encontram-se descritas em publicação específica de SZWARCWALD

et al. (2014), DAMACENA et al. (2015) e de SOUZA JÚNIOR et al. (2015).

Para esse estudo, foram analisados os dados do questionário individual da PNS, sobre

módulos Acidentes e Violências (módulo O) e das questões relativas as informações

sociodemográficas. Quanto a violência, primeiramente questionou-se os entrevistados quanto

a violência sofrida por pessoa desconhecida, por meio da pergunta “Nos últimos 12 meses,

o(a) sr(a)sofreu alguma violência ou agressão de pessoa desconhecida (como bandido,

policial, assaltante etc.)?”; avaliando a frequência e o tipo de violência (física, sexual,

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psicológica ou outras) e onde ocorreu a violência (residência, trabalho, escola/faculdade ou

similar, bar ou similar, via pública, banco/Caixa eletrônico/Lotérica ou

outro).Especificamente quanto à violência praticada por pessoa conhecida, questionou-se

“Nos últimos 12 meses, com que frequência sofreu alguma violência de pessoa conhecida?”,

sendo investigado o tipo de violência sofrida (física, sexual, psicológica ou outras) e também

onde ocorreu a violência (residência, trabalho, escola/faculdade ou similar, bar ou similar, via

pública, banco/Caixa eletrônico/Lotérica ou outro). Quanto a este tipo de violência, será

avaliado também quem cometeu a violência, por meio das respostas a questão “Nesta

ocorrência, a violência foi cometida por: cônjuge/companheiro/namorado, ex-cônjuge,

pai/mãe, padrasto/madrasta, filho(a), irmão, outro parente, amigo/colega, patrão/chefe ou

outro?As variáveis sociodemográficas avaliadas neste estudo foram: sexo (masculino/

feminino); idade categorizada em faixa etária (18-24, 25-39, 40-59, 50-59, 60 ou mais anos);

nível de escolaridade (sem instrução/fundamental incompleto; fundamental completo/ médio

incompleto; médio completo/superior incompleto; superior completo); raça/cor da pele

(branca, preta, parda e outros); estado civil (casado (a), solteiro (a), separado (a)/

divorciado(a), viúvo (a); e macrorregião de residência (Centro-Oeste, Sul, Sudeste, Norte,

Nordeste).

Foram estimadas as prevalências e intervalos de confiança de 95% (IC95%) dos

fatores sociodemográficos entre as mulheres que sofreram violência. As análises realizadas

utilizaram o SPSS, versão 17, considerando o efeito do plano amostral, as taxas de não

resposta e os pesos de pós-estratificação.

A PNS foi submetida à aprovação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para

Seres Humanos (CONEP), órgão vinculado ao Conselho Nacional de Saúde (CNS) do

Ministério da Saúde, sob o parecer nº 328.159 de 26 de junho de 2013. Todos os indivíduos

participantes foram convidados e aceitaram participar da pesquisa mediante assinatura de um

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

RESULTADOS

Foram avaliados 60.202 brasileiros com 18 anos ou mais de idade, sendo 52,9% do

sexo feminino (n= 34.282). Tanto entre os homens (46,8%), como entre as mulheres (48,1%)

referiu ser da cor branca e com escolaridade de até ensino fundamental incompleto (39,8% e

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38,1%, respectivamente). Entre homens 46,6% informaram ser casados, e 42,2% entre as

mulheres (Tabela 1).

O Brasil está entre os países mais violentos do mundo, com taxas de homicídio e

latrocínio alarmantes e crescentes, em sua maioria o instrumento utilizado em homicídios e

latrocínios no Brasil é a arma de fogo, aumentando a chance de até 20 vezes de homens na

faixa etária dos 20 a 29 anos morrerem por arma de fogo. Os homens parecem serem as

principais vítimas desse tipo de morte (MINAYO, 2009) que ocorre geralmente fora da

residência e por pessoa desconhecida, assim como observado nos resultados apresentados

nesse estudo, com maior prevalência de violência cometida por pessoa desconhecida entre os

homens, quando comparados com as mulheres. Entre os que afirmaram já ter sofrido esse tipo

de violência, mais da metade relatou que o agressor era assaltante, bandido ou ladrão,

semelhante ao verificado entre as mulheres.

Quando avaliado a prevalência de violência cometida por pessoa desconhecida (Tabela

2), verificou-se maior prevalência entre os homens, em que 3,7% afirmaram já ter sofrido

violência por pessoa desconhecida nos últimos 12 meses, enquanto essa prevalência foi 2,7%

entre as mulheres. Entre os homens o principal tipo de violência foi a física (52,5%), seguida

da psicológica (40,1%), sendo isso invertido entre as mulheres, com o principal sendo a

psicológica (55,1%), seguido da física (34,4%).4 Em ambos os sexos o local de ocorrência

mais relatado foi na via pública (57,6% entre os homens e 55,3% entre as mulheres) e o

principal agressor relatado foi bandido (55,7%), agente legal público(policial/agente da lei)

13% entre os homens e 69,5% entre as mulheres).

A prevalência de violência sofrida pelo sexo feminino por pessoa conhecida no Brasil

em 2013 foi de 3,1% (IC95% 2,9-3,5), sendo maior que a referida entre os homens (1,8%;

IC95% 1,6-2,1). Quanto ao tipo de violência, a violência psicológica foi mais frequente tanto

no sexo feminino (47,8%; IC95%: 43,0-52,7) quanto no sexo masculino (53,7%; IC95%:

46,6-60,6), com destaque da violência sexual no sexo feminino (0,5%; IC95%: 0,2-1,4)

Quanto à frequência de violência nos últimos doze meses, as mulheres sofrem de uma vez

(46,3%; IC95%: 41,4-51,3) de 2 a 6 vezes violência por pessoa conhecida (33,9%; IC95%:

29,5-38,5) Em ambos os sexos, a residência foi o principal local onde ocorreu a violência

(64,4% entre as mulheres e 46,4% entre os homens)em relação as mulheres destaque para o

local trabalho (9,1) e escola ou faculdade(2,6%) e quanto ao agressor, foi maior à proporção

que afirmou ser o cônjuge, companheiro ou namorado entre as mulheres (22,6, IC 95%: 18,8-

26,9) e outra pessoa conhecida (20,5%, IC95% 16,9-24,6), já entre os homens foi

amigo/colega (27,1%, IC95%: 21,5-33,6) (Tabela 3).

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A figura 1 mostra a prevalência dos tipos de violência cometida por pessoa conhecida

entre as mulheres brasileiras, segundo região geográfica do país. A Região Norte destacou-se

quanto à prevalência de violência física (1,81%) e sexual (0,8%), quando comparada às outras

regiões. E a Região Sul apresentou maior prevalência de violência psicológica (1,96%),

seguida da Norte (1,83%).

Quando avaliado a prevalência de violência cometida por pessoa conhecida entre as

mulheres, segundo características sociodemográficas, observou-se maior prevalência entre

aquelas de cor da pele preta (3,1%; IC 95%: 2,4-4,1), seguido da cor parda (2,9%; IC

95%:2,7-3,3), quando comparadas às de cor branca (2,1%; IC 95%:1,8-2,4), e entre as

solteiras (3,4%; IC 95%:3,1-3,8). As maiores prevalências foram observadas para mulheres da

Região Norte (3,2%; IC 95%: 2,7-3,8), Nordeste (3,0%; IC 95%: 2,7-3,4) e Sul (3,0%; IC

95%: 2,4-3,6), quando comparadas às da Região Sudeste (2,0%; IC 95%: 1,7-2,3). Não foram

observadas diferenças significativas quanto a escolaridade (Tabela 4).

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Tabela 1 – Descrição da amostra, de acordo com características sociodemográficas. Pesquisa

Nacional de Saúde (n=60.202), Brasil, 2013.

Homens Mulheres

N % IC 95% n % IC 95%

Idade (em anos)

18 - 24 4356 16,7 15,8-17,6 3467 15,3 14,5-16,0

25 – 39 11939 32,7 31,7-33,6 8828 31,0 30,2-31,8

40 – 59 11365 34,0 32,9-35,0 9070 34,5 33,6-35,4

60 ou mais 6622 16,7 15,9-17,5 4555 19,2 18,5-20,0

Raça/Cor

Branca 13880 46,8 45,7-47,9 10226 48,1 47,1-49,0

Preta 3106 9,2 8,6-9,8 2525 9,2 8,7-9,8

Parda 16716 42,8 41,8-43,9 12796 41,2 40,3-42,2

Outros* 578 1,2 1,0-1,4 372 1,5 1,3-1,7

Escolaridade

Sem Instrução e

fundamental incompleto

10834 39,8 38,8-40,9 13249 38,1 37,2-39,0

Fundamental completo e

médio incompleto

4062 16,5 15,7-17,4 5153 14,6 14,0-15,3

Médio completo e

superior incompleto

7916 32,2 31,2-33,3 11233 33,3 32,4-34,2

Superior completo 3108 11,4 10,7-12,1 4647 13,9 13,3-14,6

Estado Civil

Casado(a) 11020 46,6 45,5-47,7 12721 42,2 41,3-43,2

Solteiro(a) 12230 45,2 44,1-46,3 14796 40,1 39,2-41,1

Separado(a)/divorciado(a) 1780 5,5 5,0-6,0 2947 7,4 7,0-7,9

Viúvo(a) 890 2,7 2,4-3,1 3818 10,2 9,7-10,7

Região

Norte 5544 7,7 7,3-8,1 6992 7,2 6,9-7,5

Nordeste 7760 26,5 25,7-27,4 10545 26,7 25,9-27,5

Sudeste 6036 43,4 42,3-44,6 8258 44,1 43,2-45,1

Sul 3294 14,9 14,2-15,6 4254 14,7 14,1-15,3

Centro-Oeste 3286 7,5 7,1-7,8 4233 7,3 7,0-7,6

*Outros: amarela e indígena

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Tabela 2- Características da violência, de acordo com informações sobre violência sofrida nos

últimos 12 meses, por pessoa desconhecida. Pesquisa Nacional de Saúde (n=60.202), Brasil, 2013.

Homens Mulheres

% IC 95% % IC 95%

Violência sofrida por pessoa desconhecida

Sim 3,7 3,3-4,1 2,7 2,4-3,0

Não 96,3 95,9-96,7 97,3 97,0-97,6

Que tipo de violência

Física 52,5 47,1-57,8 34,4 29,0-40,2

Sexual 0,1 0,0-3,0 5,0 0,2-1,3

Psicológica 40,1 35,1-45,4 55,1 49,3-60,7

Outro 7,4 5,2-10,4 10,0 6,9-14,3

Onde sofreu a violência

Residência 13,1 9,8-17,4 14,1 11,1-17,8

Trabalho 18,1 14,3-22,6 18,7 14,1-24,4

Escola/Faculdade ou similar 0,8 0,3-1,8 3,1 1,3-7,0

Bar ou similar 3,8 2,4-5,9 2,6 1,3-5,4

Via pública 57,6 52,1-62,8 55,3 49,7-60,9

Banco/Caixa eletrônico/Lotérica 0,3 0,1-0,9 0,5 0,3-1,0

Outro 6,4 4,2-9,8 5,5 3,9-7,6

Quem cometeu a agressão

Bandido, ladrão ou assaltante 55,7 50,1-61,3 69,5 63,9-74,6

Agente legal público (policial/agente da lei) 13,0 10,0-16,8 1,9 1,2-3,0

Outro 31,2 25,7-37,3 28,6 23,6-34,3

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Tabela 3 – Características da violência sofrida nos últimos 12 meses por pessoa conhecida,

segundo sexo. Pesquisa Nacional de Saúde (n=60.202), Brasil, 2013.

Homens Mulheres

% (IC 95%) % (IC 95%)

Violência sofrida por pessoa conhecida 1,8 (1,6-2,1) 3,1 (2,9-3,5)

Que tipo de violência

Física 38,7 32,3-45,5 43,1 38,2-48,1

Sexual - - 0,5 0,2-1,4

Psicológica 53,7 46,6-60,6 47,8 43,0-52,7

Outro 7,6 4,8-12,0 8,6 6,1-12,0

Qual frequência nos últimos 12 meses

Uma vez 56,2 49,0-63,0 46,3 41,4-51,3

de 2 a 6 vezes 32,5 26,1-39,5 33,9 29,5-38,5

7 a menos de 12 vezes 3,1 1,7-5,5 4,5 3,2-6,3

Pelo menos uma vez por mês 3,7 1,6-8,4 3,4 2,3-4,9

Pelo menos uma vez por semana 2,5 1,4-4,7 4,5 2,9-6,8

Quase diariamente 2,1 1,0-4,2 7,5 5,5-10,2

Onde sofreu a violência

Residência 46,4 39,4-53,5 64,4 59,3-69,2

Trabalho 17,1 12,1-23,5 9,1 6,8-12,1

Escola/Faculdade ou similar 0,8 0,2-3,2 2,6 1,2-5,5

Bar ou similar 4,5 2,5-8,1 1,3 0,7-2,3

Via pública 25,3 19,5-32,2 17,9 13,9-22,8

Banco/Caixa eletrônico/Lotérica

Outro 5,9 3,6-9,6 4,6 2,9-7,4

Quem cometeu a agressão

Cônjuge, companheiro (a), namorado (a) 6,7 4,6-9,5 22,6 18,8-26,9

Ex-cônjuge/ex-companheiro(a)/ex-namorado(a) 8,3 4,7-14,3 12,5 9,3-16,7

Pai/Mãe ou Padrasto/Madrasta 7,2 3,8-13,4 3,6 2,5-5,1

Filho(a) 3,6 2,1-6,2 6,5 4,6-9,2

Irmão(ã) 9,4 6,6-13,1 9,4 7,0-12,4

Outro parente 12,4 8,7-17,3 10,9 8,4-14,2

Amigos/colegas 27,1 21,5-33,6 11,6 8,6-15,3

Patrão/chefe 4,5 2,1-9,2 2,4 1,1-4,9

Outra pessoa conhecida 21,0 15,2-28,1 20,5 16,9-24,6

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Figura 1- Distribuição do tipo de violência cometida por pessoa conhecida entre mulheres

brasileiras,segundo macrorregiões,Brasil, 2013.

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Tabela 4 – Violência sofrida por pessoa conhecida de acordo com características

sociodemográficas entre mulheres*. Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil, 2013.

Frequência

% (IC 95%)

Idade (em anos)

18 - 24 3,1 (2,6-3,7)

25 – 39 3,1 (2,7-3,6)

40 – 59 2,5 (2,2-2,9)

60 ou mais 1,1 (0,9-1,3)

Raça/Cor

Branca 2,1 1,8-2,4

Preta 3,1 2,4-4,1

Parda 2,9 2,7-3,3

Outros** 1,4 0,8-2,6

Escolaridade

Sem Instrução e fundamental incompleto 2,6 2,3-3,0

Fundamental completo e médio incompleto 2,8 2,4-3,3

Médio completo e superior incompleto 2,3 2,0-2,6

Superior completo 2,5 2,0-3,2

Estado Civil

Casado(a) 1,7 1,5-2,0

Solteiro(a) 3,4 3,1-3,8

Separado(a)/divorciado(a) 3,1 2,4-4,0

Viúvo(a) 1,9 1,4-2,6

Região

Norte 3,2 2,7-3,8

Nordeste 3,0 2,7-3,4

Sudeste 2,0 1,7-2,3

Sul 3,0 2,4-3,6

Centro-Oeste 2,6 2,1-3,1

*Não foram apresentadas as prevalências para sexo masculino, embora incluídos no total da

amostra; **Outros: amarela e indígena.

DISCUSSÃO

Foi observada nesse estudo a maior prevalência de violência sofrida por pessoa

conhecida entre as mulheres brasileiras, quando comparadas aos homens, principalmente

violência psicológica e física, cometida pelo cônjuge e praticada na residência das mulheres

avaliadas. Esses resultados vão ao encontro com os observados em estudos em outras

localidades do Brasil. Em uma comunidade de Recife/PE, um estudo foi feito com 245

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mulheres objetivando medir a prevalência e fatores associados à violência contramulher

cometidapor parceiros íntimos, o resultado apresentou prevalência elevada do tipo violência

psicológica (52,7%) seguida da física (46,1%) (BARROS et al.,2016).

Deve ser destacado o fato de que, entre as mulheres que relataram já ter sofrido

violência por pessoa conhecida, 33,9% terem sofrido de duas a seis vezes nos últimos 12

meses. Esses resultados são importantes uma vez que as repercussões da violência na saúde da

mulher ocorrem não somente de maneira imediata, mas em longo prazo. BONIFAZ e

NAKANO (2004), em estudo realizado em Lima-Peru, os autores observaram que a maioria

das mulheres entrevistadas que sofreu violência física ou psicológica, apresentaram desfechos

negativos relacionados à sua saúde física e emocional.

Quanto ao resultado encontrado no presente estudo em relação ao infrator da

violência, sendo mais frequentemente praticado pelo cônjuge ou ex-cônjuge da mulher,

REICHENHEIMM et al. (2011) afirmam que violência contra a mulher cometida por parceiro

íntimo no Brasil, assim como em outros países, tem relação com a dependência financeira da

mulher ou laços conjugais informais entre outros.Segundo DAHLBERG e KRUG (2007) o

modelo ecológico explica as múltiplas causas da violência e como operam os fatores de risco

na família,e em contextos de toda sociedade( social,cultural e econômico),mostrando como a

violência pode ser causada por diversos fatores e em diferentes etapas da vida.

Destaca-se a disparidade na prevalência de violência por pessoa conhecida sofrida por

mulheres segundo as regiões do Brasil, com elevada prevalência de violência sexual na

Região Norte e de violência física e psicológica nas regiões Norte e Sul. MASCARENHAS et

al. (2017), comparando as prevalências de violência por pessoa conhecida nas regiões do

Brasil em ambos os sexos, mostraram que as regiões Nordeste e Norte, apresentaram maiores

prevalências de violência por pessoa conhecida, em comparação a região Sudeste . Esse perfil

se manteve quando analisado apenas a violência cometida contra mulheres no presente estudo,

com destaque para a Região Sul, que neste estudo foi maior e não foi verificado no estudo de

Mascarenhas quando avaliados homens e mulheres juntos. Entretanto, quanto à faixa etária e

escolaridade, os autores verificaram que os mais jovens (18 a 29 anos) e menor escolaridade

apresentaram maiores prevalências desse tipo de violência, o que não foi verificado no

presente estudo entre as mulheres, já as faixas etárias de 18 a 59 anos mostraram prevalência

semelhantes e não houve diferença quanto ao nível de escolaridade.

REICHENHEIMM et. al 2011 afirma em seu estudo violências e lesões no

Brasil:efeitos,avanços alcançados e desafios futuros,a violência por pessoa conhecida ser mais

prevalente nas regiões Norte e Nordeste(regiões menos desenvolvidas) com prevalência de

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cultura patriarcal e desigualdade de gênero,em comparação a regiões desenvolvidas (Região

Sul e Sudeste).A região Nordeste no ano de 2013 apresentou uma taxa de homicídio de 6,90

mulheres por 100.000 mil habitantes, seguida das regiões Centro-Oeste e Norte.Pernambuco

ocupa a 5° posição das UF (Unidades Federativas) com uma taxa elevada de homicídios

(7,81/100.000)mulheres em relação a média nacional (BARROS et al., 2016).

Como esperado, foi maior a prevalência de violência relatado entre mulheres de cor da

pele parda, em comparação às brancas, o que condiz com as piores estimativas nacionais para

esses grupos. O Atlas da violência de 2017 mostrou que a taxa de mortalidade de mulheres

negras aumentou entre 2005 e 2015, crescendo também a proporção de mulheres negras entre

o total de mulheres vítimas de mortes por agressão, passando de 54,8% em 2005 para 65,3%

em 2015. Assim, evidencia-se que a combinação entre desigualdade de gênero e racismo é

extremamente perversa e configura variável fundamental para compreendermos a violência

contra a mulher no país (CERQUEIRA et al., 2017).

Esta pesquisa tem as limitações inerentes aos estudos descritivos e realizados no

domicílio, sendo possível a subestimação da prevalência estudada devido a dificuldade de

avaliação da violência, considerando a complexidade do tema. Os resultados apresentados

levantam a importância do aprofundamento do tema, incluindo a avaliação também de outros

fatores, como o contexto domiciliar e da região onde vive, uso de substâncias psicoativas e

condições de saúde mental.

Entre os pontos positivos temos a análise de representatividade nacional sobre a

violência cometida por pessoa conhecida e desconhecida, com ampliação e aprofundando a

temática com esses dados, conforme limitações apresentadas em estudo anterior com os dados

da PNS (MASCARENHAS et al., 2017).

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7 CONCLUSÃO

A prevalência de violência sofrida por mulheres, principalmente por pessoa conhecida,

pode ser considerada elevada e disseminada em todas as faixas de idade e escolaridade. No

Brasil, apesar de as regiões Norte, Nordeste e Sul terem apresentado as maiores prevalências,

deve-se considerar também que esse problema se manifesta em todas as regiões, não sendo

plausível a priorização de regiões com esse contexto.

Maiores prevalências observadas entre as mulheres de cor preta e parda, entre aquelas

que relataram ser solteiras, e residentes nas regiões Norte, Nordeste e Sul. Existem em nível

macro ações específicas de prevenção e combate a violência contra mulher como a Lei Maria

da Penha, o disk denúncia, política nacional de saúde da mulher, entre outras, ações

importantes para a promoção da saúde e o cumprimento das medidas de proteção a esta

população. Esta pesquisa ressalta a importância do conhecimento do perfil sociodemográfico

das mulheres que sofrem violência no Brasil e das características da violência cometida por

pessoa conhecida, contribuindo para a ampliação das ações voltadas a esse tipo de agravo,

disseminado em todas as regiões do país e em todos os estratos socioeconômicos, como

observado. O modelo ecológico explica a relação das variáveis individuais, sociais e culturais

para a violência, através dela da para se pensar ações micro em escolas,universidades,trabalho

e em outros espaços da sociedade,levando a reflexão aos indivíduos das multicausalidades da

violência para a minimização dos diversos tipos de violência contra a mulher e promoção da

saúde e do bem viver destas.

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ANEXOS

ANEXO I – QUESTIONÁRIO

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ANEXO II – APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA (CONEP)

ANEXO III – TERMO DE CONSENTIMENTO – INFORMANTE DOMICILIAR

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