106
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA Perfil epidemiológico de crianças e adolescentes portadores de neoplasias acompanhados no Hospital de Câncer de Mato Grosso SUELY SANTOS ARAÚJO Dissertação apresentada à Banca de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva para a obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Orientadora: Prof. Dra. Olga Akiko Takano Cuiabá - MT 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA

Perfil epidemiológico de crianças e adolescentes

portadores de neoplasias acompanhados no Hospital

de Câncer de Mato Grosso

SUELY SANTOS ARAÚJO

Dissertação apresentada à Banca de

Mestrado do Programa de Pós-Graduação

em Saúde Coletiva para a obtenção do título

de Mestre em Saúde Coletiva.

Orientadora: Prof. Dra. Olga Akiko Takano

Cuiabá - MT

2014

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

Perfil epidemiológico de crianças e adolescentes

portadores de neoplasias acompanhados no Hospital

de Câncer de Mato Grosso

SUELY SANTOS ARAÚJO

Dissertação apresentada à Banca de

Mestrado do Programa de Pós-Graduação

em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde

Coletiva da Universidade Federal de Mato

Grosso para a obtenção do título de Mestre

em Saúde Coletiva.

Orientadora: Prof. Dra. Olga Akiko Takano

Cuiabá - MT

2014

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

FICHA CATALOGRÁFICA

A663p Araújo, Suely Santos.

Perfil epidemiológico de crianças e adolescentes portadores de neoplasias acompanhados no Hospital de Câncer de Mato Grosso / Suely Santos Araújo. –

2014.

104 f. : il.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Olga Akiko Takano.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Saúde Coletiva, Pós-Graduação em Saúde Coletiva, 2014.

Bibliografia: 89-97.

Inclui anexos.

1. Neoplasias malignas – Hospital de Câncer – Mato Grosso. Câncer pediátrico. 3. Câncer infanto-juvenil – Epidemiologia. 4. Crianças – Neoplasias.

5. Adolescentes - Neoplasias. 6. Oncologia – Saúde Pública I. Título.

CDU – 614.4:616.006.6-053.2

Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Söhn – CRB-1/931

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

Avenida Fernando Corrêa da Costa, 2367 - Boa Esperança - Cep: 78060900 -CUIABÁ/MT Tel : (65) 3615-8884 - Email : [email protected]

FOLHA DE APROVAÇÃO

TÍTULO : "Perfil Epidemiológico de Crianças e Adolescentes Portadores de

Neoplasias Acompanhados no Hospital de Câncer de Mato Grosso"

AUTORA: Mestranda SUELY SANTOS ARAÚJO

Dissertação defendida e aprovada em 23 / 09 / 2014

Composição da Banca Examinadora:

Presidente Banca / Orientadora: Doutora OLGA AKIKO TAKANO

Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Examinador Interno: Doutor JOÃO HENRIQUE GÜRTLER SCATENA

Instituição: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Examinador Externo: Doutora KARINA DE CÁSSIA BRAGA RIBEIRO

Instituição: SANTA CASA DE SÃO PAULO

CUIABÁ, 23 / 09 / 2014

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

Aos meus grandes amores

Papai Manoel, para sempre em meu coração, Mamãe Delice;

Sandra; Sydnei;

Sylvinho; E minhas alegrias Anna Elisa, Nycholas, Alice, Benjamin e Cecília.

“Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor

da tua benignidade e da tua verdade” (Salmos 115:1, Bíblia Sagrada).

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

AGRADECIMENTOS

Agradeço antes de tudo ao meu Deus pelos planos que Ele tem traçado em minha vida,

pelo privilégio que tenho de ser instrumento em Suas mãos, e por todas as pessoas que

colocou no meu caminho. Pessoas, o que poderemos levar para a eternidade, de quem

recebi amor, a quem pude abrir meu coração, trocar experiências, crescer, provar

através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo.

Agradeço ao Papai, que na sua simplicidade me proporcionou toda a base de minha

formação, meu lar, irmãos, família, levou-me à casa de Deus em meus primeiros

passos. Saí de casa para a faculdade totalmente suprida por ele..., muito obrigada por

sua vida dedicada a nós!!!! Que saudades!!!!

Agradeço à mamãe que na sua sabedoria e firmeza nos deu limites, exemplo, conforto

nas horas difíceis, simplesmente ficou em silêncio muitas vezes (orando). Não há como

dar um passo sem imaginar “o que a senhora acharia disso???” Este mestrado também

é de vocês dois....

Amados Sandra, Syd e Sylvinho, posso dizer com toda certeza que “de nada tenho

falta”, porque vocês sempre estão por perto. Não preciso pedir, vocês simplesmente

são “minhas mãos” e “meus braços”, onde não posso alcançar. E o apoio para que eu

continue em pé. Queridos Eddie, Lize e Chris, obrigada pela paciência de dividirem

seus amados comigo, e muito mais por alegrarem minha vida e vibrarem com minha

trajetória. Muitíssimo obrigada por partilhar com vocês dos mais lindos presentes que

recebi em toda minha vida!!!

Agradeço à querida família, Tia Dinalva minha segunda mãe, tios e primos, que

partilham de nossas lutas e vibram com nossas vitórias e alegrias. Que graça teriam os

dias sem vocês??? Filhotinha, vó e vô, tia Lourdes, começamos esta caminhada juntos,

que saudades!!!

Amigos, meus irmãos, meus pastores, obrigada pelo incentivo, pelo socorro na

resolução das dificuldades, obrigada por suas orações na construção deste Serviço!!!

Querida Professora Olga, obrigada por me abrir os olhos para este projeto, pelo

encorajamento, orientação, e só quem foi seu orientando sabe quantas vezes você

literalmente “pega em nossas mãos” para desenhar nossa dissertação. Você ministra

mais que epidemiologia, é um exemplo de dedicação, de ética, para com os colegas e

os seus pacientes. Olga, dedico a você a mais profunda gratidão por ter confiado a mim

estes dois anos de sua jornada de educadora!!!

Finalmente chegou o dia! Dia de registrar meu agradecimento ao ”trio” que construiu

a Pediatria do Hospital de Câncer desde o seu início, primeiramente Delma e Joseany,

e logo depois Erluce. Meninas, vocês literalmente “mantiveram a casa em pé”,

enquanto os olhos de nós, médicos, podiam voltar-se somente aos pequenos que

chegavam até nós.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

A cada profissional da enfermagem, farmácia, recepção, brinquedoteca, a todos vocês

que prestam o cuidado multidisciplinar aos nossos pequenos pacientes, obrigada por

seu carinho a eles e a mim.

Queridos amigos Gislene, Sileyde, Tio Éder, Meryele, Deise, Josilene, Ana Paula,

Regina, Rafael, todos vocês, não deixaram as crianças sem cuidado um plantão sequer,

e este cuidado estendido a mim nestes 13 anos de Hospital de Câncer. E agora George

e Valeska, os próximos anos são nossos!

À Diretoria do Hospital de Câncer, agradeço a confiança a nós depositada todos esses

anos. Especialmente ao Dr. Laudemi, que pela firmeza e exemplo tem sido rocha na

história do Hospital de Câncer.

Agradeço a cada amigo no Hospital pelo entusiasmo de compartilharmos juntos a

nossa missão de melhor atender às crianças.

Aos Amigos e Direção do Hemocentro, muito obrigada pelo carinho e encorajamento

nesta tarefa. Muito obrigada pela compreensão de minha ausência e acima de tudo pela

alegria de fazer parte da “melhor repartição da SES”!

Aos voluntários no trabalho junto às crianças, amigos que ganhamos ao longo desta

trajetória, ao pessoal do Instituto Ronald, muito obrigada!!! Obrigada também pela

confiança que têm depositado em nosso trabalho e por andarem conosco lado a lado

na luta contra o câncer em nossas crianças. Esta história também é de vocês!

Prezado Professor Arturo, obrigada por sua paciência e dedicação nesta tão difícil

tarefa para nós que são as análises estatísticas. O Senhor simplesmente diz: é fácil!

Fácil é para nós, seus alunos, admirá-lo por sua competência e simplicidade!

Aos queridos Professores do ISC, como foi bom conhecê-los!!! Renovei meus sonhos!

Muito obrigada pelo tempo dedicado a nós, pela competência e desprendimento em

nos mostrar o melhor caminho! Que Deus ainda me conceda muitas oportunidades

para que eu possa colocar em prática tantos ensinamentos! Neste ponto os mais jovens

levam vantagem: terão muito mais tempo para aplicar suas lições!!! Aos Professores

dos Seminários, da Qualificação, Pré-Banca, que “pacientemente” se debruçam sobre

nossas linhas nos mostrando o correto ou melhor modo de descrever nossos

experimentos, muito obrigada!!!

Obrigada Hailton e Jurema por seu apoio, por facilitarem nosso difícil caminho tantas

vezes.

Queridos Colegas, que alegria compartilhar os exercícios de epidemiologia, de

estatística, as difíceis interpretações de textos!!! Compartilhar o sonho e as

dificuldades de construir nossa dissertação. Que alegria conhecer pessoas novas para

mim, maravilhosas em sua trajetória de vida! Querida Keyla, que bom te conhecer!

Compartilhar estes momentos tão preciosos com você!

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

Agradeço de maneira muito especial a todos os pais, e crianças, e adolescentes, que

confiaram a nós o cuidado de suas vidas nos momentos em que nossas histórias se

cruzaram... hoje já sou “avó”!!! Muitos que encerraram seu tratamento já são pais e

mães!!! Mas Oncologia também tem resultados que para nós são de perda ... como

costumo pensar em relação a taxas de sobrevida, em nossa vida não existe 20 ou 80%

de perdas, será sempre 100% de ganho, ou 100% de perda. Com toda reverência, sou

grata pelo privilégio de “cuidar” de todos durante este tempo em que estivemos

próximos. Agradeço também pelo amor e paciência que dedicaram a mim, nos

momentos em que não pude alcançar todas as necessidades de vocês. Vocês fazem

parte fundamental da minha história!!! Vocês não são parte de uma estatística, mas

pessoas com quem Deus me faz caminhar juntos.

Não há como não considerar o término deste grande projeto, o mestrado, no ano em

que completo meu “cinquentenário”, uma grande realização “de vida”. Aos colegas

mestres mais jovens, pode parecer que demorei muito para chegar aqui. Mas na

verdade não estamos analisando um banco de dados com informações secundárias,

esta é a análise de um banco que foi “construído” ao longo de 13 anos no Hospital de

Câncer. Construção cercada de amizade e companheirismo de colegas médicos e

outros profissionais da saúde, cercada de confiança e orientação de “antigos”

professores de minha graduação na UFMT. Em 2014 completamos 20 anos de

Oncologia Pediátrica em Mato Grosso!!! Foi um “banco” tecido por muitas mãos!!!

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

Araújo SS. Perfil epidemiológico de crianças e adolescentes portadores de neoplasias

acompanhados no Hospital de Câncer de Mato Grosso [dissertação de mestrado].

Cuiabá: Instituto de Saúde Coletiva da UFMT; 2014.

Resumo

Introdução: O câncer pediátrico corresponde a cerca de 3% de todos os tumores

malignos, e no mundo são diagnosticados mais de 160.000 casos novos por ano. No

Brasil em 2014, estima-se que ocorrerão cerca de 11.840 casos novos de câncer em

crianças e adolescentes até 19 anos de idade. Objetivo: Descrever o perfil

epidemiológico de casos de neoplasias malignas de crianças e adolescentes

acompanhados no Hospital de Câncer de Mato Grosso. Método: Estudo de coorte

retrospectiva de casos com diagnóstico de câncer, no período de 2002 a 2012,

utilizando informações dos prontuários médicos da instituição. Resultados: Foram

analisados 658 casos de neoplasias malignas, a maioria estava sem tratamento

oncológico prévio (73,70%), os sinais e sintomas mais frequentes foram febre, dor e

palidez, 43,44% tinha história familiar de câncer. Houve predomínio do sexo

masculino, mais evidente nos adolescentes (59,14%). A média de idade das crianças

na primeira consulta foi de 4,82 anos e dos adolescentes foi de 14,38 anos. A raça/cor

negra predominou no grupo de adolescentes, e branca nas crianças. A escolaridade

predominante materna e paterna foi de ensino fundamental incompleto e a maioria das

famílias dos casos tinham renda familiar per capita mensal abaixo da linha de pobreza

brasileira. Considerando 0-19 anos, os grupos diagnósticos mais frequentes foram

leucemias (36,32%), linfomas e neoplasias reticuloendoteliais (16,87%) e tumores do

sistema nervoso central e miscelânia de neoplasias intracranianas e intraespinhais

(11,40%), similar distribuição ocorreu em crianças, mas nos adolescentes, o terceiro

grupo diagnóstico mais frequente foi de tumores ósseos. Na raça/cor branca, os grupos

diagnósticos mais frequentes foram leucemias, linfomas e sarcomas de partes moles e

na raça/cor negra foram leucemias, linfomas e neoplasias reticuloendoteliais e tumores

do sistema nervoso central e sarcomas de partes moles. Os grupos de diagnóstico mais

frequentes em ambos os sexos foram leucemias, linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais e tumores do sistema nervoso central e sarcomas de partes moles.

A maioria (64.33%) dos casos foi procedente de três regiões de saúde de Mato Grosso:

Baixada Cuiabana, Rondonópolis e Sinop. A mediana do intervalo de tempo entre os

primeiros sintomas e a primeira consulta foi de 48,50 dias, entre os primeiros sintomas

e o diagnóstico foi de 43,0 dias, entre a data dos primeiros sintomas e o início do

tratamento foi de 51 dias. Excluídos os casos de neoplasia maligna com diagnóstico

prévio ou que estavam em tratamento oncológico prévio, a mediana do intervalo de

tempo entre a primeira consulta e diagnóstico foi de 5,00 dias e entre a data do

diagnóstico e o início do tratamento foi de 5,00 dias. A maioria (80,59%) dos casos

analisados não apresentou recidiva durante o período de seguimento. No final do

período estudado, a maioria (56,62%) dos casos de neoplasias malignas encontravam-

se vivos sem câncer e 34,70% foram a óbito com câncer. Conclusões: As

características sociodemográficas e distribuição dos grupos diagnósticos mais

frequentes foram similares ao padrão da literatura brasileira e mundial. A maioria tinha

renda familiar per capita mensal abaixo da linha de pobreza o que mostra o relevante

papel social do Hospital de Câncer de Mato Grosso para a população atendida.

Descritores: neoplasias; epidemiologia; criança; adolescente

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

Araújo SS. Epidemiological profile of children and adolescents with cancer followed

at the Cancer Hospital of Mato Grosso [dissertation]. Cuiabá: Public Health Institute,

UFMT; 2014.

Abstract

Introduction: The pediatric cancer represents about 3% of all malignant tumors

diagnosed worldwide, and over 160,000 cases per year. In 2014, it is estimated that

will occur in Brazil about 11,840 new cases of cancer in children and adolescents

below 19 years of age. Objective: To describe the epidemiology of malignancies

in children and adolescents followed in Cancer Hospital of Mato Grosso. Method:

This is a retrospective cohort of patients diagnosed with cancer in the period 2002-

2012, using information from the medical records of the institution. Results: 658

cases of malignancies were analyzed, most were without previous cancer treatment

(73.70%), the most common signs and symptoms were fever, pain and pallor,

43.44% had a family history of cancer. Most occurred in males, most evident in

adolescents (59.14%). The mean age of the children at the first consult was 4.82

years and for the adolescents was 14.38 years. The black race predominated in the

adolescents, and white color predominated in the children group. The majority of

maternal and paternal education was uncompleted basic school and most families

had per capita monthly family income below the Brazilian poverty line. Whereas

0-19 years, the most frequent diagnostic groups were leukemias (36.32%),

lymphomas and reticuloendothelial neoplasms (16.87%) and tumors of the central

nervous system and miscellaneous intracranial and intraspinal neoplasms

(11.40%), similar distribution occurred in children but in adolescents, the third

group was more frequent diagnosis of bone tumors. In the white race, the most

frequent diagnostic groups were leukemias, lymphomas and soft tissue sarcomas

and in the black race were leukemias, lymphomas and reticuloendothelial

neoplasms and tumors of the central nervous system and soft tissue sarcomas. The

most frequent diagnosis groups in both sexes were leukemias, lymphomas, and

cancers and tumors of the reticuloendothelial and central nervous system and soft

tissue sarcomas. The majority (64.33%) of cases was coming from three health

regions of Mato Grosso: Baixada Cuiabana, Rondonópolis and Sinop. The median

of time interval between the first symptoms and the first consultation was 48.50

days, between the first symptoms and diagnosis was 43.0 days, between the date of

first symptoms and beginning of treatment was 51 days. Excluding the cases of

malignancy with a diagnosis or who received previous oncological treatment, the

median of time interval between the first consultation and diagnosis was 5.0 days

and between the date of diagnosis and start of treatment was 5.0 days. The majority

(80.59%) of the cases analyzed showed no recurrence during the follow-up period.

At the end of the study period, the majority (56.62%) cases of malignancies were

alive without cancer and 34.70% died with cancer. Conclusions: The

sociodemographic characteristics and distribution of the most frequent diagnost ic

groups were similar to the pattern of Brazilian and world literature. Most had

family monthly per capita income below the poverty line which shows the

important social role of the Cancer Hospital of Mato Grosso to the attended

population.

Descriptors: cancer; epidemiology; child; adolescent.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

ÍNDICE

Resumo

Abstract

Lista de Siglas

Lista de Tabelas

Lista de Figuras

1 INTRODUÇÃO 17

1.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 18

1.1.1 Epidemiologia do câncer infanto-juvenil 18

1.1.2 Epidemiologia do câncer infanto-juvenil em Mato Grosso 22

1.1.3 Classificação do câncer infanto-juvenil 23

1.1.4 Registros Brasileiros de Câncer 26

1.1.5 Política Nacional em Cancerologia Pediátrica 28

1.1.6 Sobrevida do Câncer Infanto-Juvenil 29

1.2 JUSTIFICATIVA 33

2 OBJETIVOS 35

2.1 OBJETIVO GERAL 35

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 35

3 MÉTODOS 36

3.1 DESENHO DO ESTUDO 36

3.2 LOCAL DO ESTUDO 36

3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO 37

3.4 COLETA DE DADOS 38

3.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO 38

3.5.1 Variáveis demográficas 38

3.5.2 Variáveis socioeconômicas 38

3.5.3 Dados relacionados à neoplasia 39

3.5.4 Dados sobre o tratamento e seguimento 40

3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA 40

3.7 ASPECTOS ÉTICOS 41

4 RESULTADOS 42

5 DISCUSSÃO 62

7 CONCLUSÕES 86

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 89

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

APÊNDICES 98

Apêndice 1 - Instrumento de coleta de dados de crianças e adolescentes

portadores de neoplasias atendidos no Hospital de Câncer do Estado de Mato

Grosso, 2002-2012.

98

Apêndice 2 - Distribuição das neoplasias malignas segundo grupos de

diagnóstico e regiões de saúde de procedência em Mato Grosso (n=614).

Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

100

Apêndice 3 - Distribuição dos casos de neoplasias malignas segundo as

faixas etárias. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

101

Apêndice 4 - Distribuição dos casos de neoplasias malignas segundo os

grupos etários. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012. 102

ANEXOS 103

Anexo 1 - Termo de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Júlio Müller/UFMT

103

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

LISTA DE SIGLAS

AMCC Associação Matogrossense de Combate ao Câncer

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CIB Comissão Intergestores Bipartite

CID 10 Classificação Estatística Internacional de Doenças - 10ª Revisão

CONSINCA Conselho Consultivo do Instituto Nacional do Câncer

DASIS Departamento de Análise da Situação de Saúde

DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

DECIT Departamento de Ciência e Tecnologia

DRAC Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

GM Gabinete do Ministro

HEG Hospital Erasto Gaertner

IARC International Agency for Research on Cancer

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INCA Instituto Nacional de Câncer

LLA Leucemia Linfóide Aguda

LMA Leucemia Mielóide Aguda

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-americana de Saúde

PDR Plano Diretor de Regionalização

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNAO Política Nacional de Atenção Oncológica

RCBP Registro de Câncer de Base Populacional

RHC Registro Hospitalar de Câncer

SAS Secretaria de Atenção à Saúde

SCNES Sistema do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

SEER Surveillance, epidemiology, and end results

SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

SISRHC Sistema de Registro Hospitalar de Câncer

SOBOPE Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica

SNC Sistema Nervoso Central

SUS Sistema Único de Saúde

SVS Secretaria de Vigilância em Saúde

UICC Union for Internacional Cancer Control, Unión Internacional

Contra el Cáncer

UTI Unidade de Terapia Intensiva

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuição dos casos (n=658) segundo o local de diagnóstico e

tratamento oncológico prévio. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso,

2002-2012.

43

Tabela 2 - Sinais e sintomas frequentes relatados pelos portadores de

neoplasias malignas. Hospital de Câncer, 2002-2012.

43

Tabela 3 - Histórico familiar de câncer (n=541) de casos de neoplasias

malignas. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

44

Tabela 4 - Distribuição dos casos de neoplasias malignas segundo o sexo e

grupo etário. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

44

Tabela 5 - Estatística descritiva dos casos de neoplasias malignas segundo a

idade na primeira consulta. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso,

2002-2012.

45

Tabela 6 - Distribuição dos casos de neoplasias malignas segundo raça/cor.

Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

46

Tabela 7 - Estatística descritiva da renda familiar dos casos de neoplasias

malignas. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

46

Tabela 8 - Distribuição de escolaridade dos pais dos casos de neoplasias

malignas. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

47

Tabela 9 - Distribuição dos casos de neoplasias malignas segundo o grupo

de diagnóstico e grupo etário (idade em anos na primeira consulta). Hospital

de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

48

Tabela 10 - Distribuição dos grupos de diagnóstico de neoplasias malignas

em crianças segundo a faixa etária da idade na primeira consulta. Hospital de

Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

49

Tabela 11 - Distribuição dos grupos de diagnóstico de neoplasias malignas

em adolescentes segundo a faixa etária da idade na primeira consulta.

Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

50

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

Tabela 12 - Distribuição dos casos de neoplasia maligna segundo grupos de

diagnóstico e raça/cor (n=627). Hospital de Câncer do Estado de Mato

Grosso, 2002-2012.

51

Tabela 13 - Distribuição dos casos de neoplasia maligna segundo grupos de

diagnóstico e sexo (n=657). Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso,

2002-2012.

52

Tabela 14 - Distribuição da região de saúde de procedência de 614 casos de

neoplasias malignas atendidos no Hospital de Câncer do Estado de Mato

Grosso, 2002-2012.

53

Tabela 15 - Distribuição de 44 pacientes procedentes de outros estados,

portadores de neoplasias malignas atendidos no Hospital de Câncer do Estado

de Mato Grosso, 2002-2012.

54

Tabela 16 - Distribuição das neoplasias malignas segundo grupos de

diagnóstico em três regiões de saúde de procedência em Mato Grosso.

Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

55

Tabela 17 - Distribuição de classificação das leucemias (n=237), em crianças

e adolescentes atendidos no Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso,

2002-2012.

56

Tabela 18 - Distribuição das leucemias linfóides agudas segundo

classificação de risco e grupo etário (idade em anos na primeira consulta).

Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

56

Tabela 19 - Classificação dos tumores do sistema nervoso central (n=64) em

crianças e adolescentes atendidos no Hospital de Câncer do Estado de Mato

Grosso, 2002-2012.

57

Tabela 20 - Distribuição dos casos de tumores sólidos segundo o grupo de

diagnóstico e a extensão clínica, de pacientes de 0 a 19 anos atendidos no

Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

58

Tabela 21 - Estatística descritiva de intervalo de tempo entre datas-chave de

casos de neoplasias malignas. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso,

2002-2012.

59

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

Tabela 22 – Distribuição de modalidades terapêuticas em casos de neoplasias

malignas (n=658), de pacientes de 0 a 19 anos atendidos no Hospital de

Câncer, 2002-2012.

60

Tabela 23 - Distribuição de local de tratamento de casos de neoplasias

malignas (n=658), de pacientes de 0 a 19 anos atendidos no Hospital de

Câncer, 2002-2012.

60

Tabela 24 - Distribuição de recidiva de casos de neoplasias malignas

(n=647), de pacientes de 0 a 19 anos atendidos no Hospital de Câncer, 2002-

2012.

61

Tabela 25 - Distribuição da evolução dos casos de neoplasias malignas em

dezembro de 2012, de pacientes de 0 a 19 anos atendidos no Hospital de

Câncer, 2002-2012.

61

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição do número de casos (n=658) de neoplasias malignas

matriculados segundo o ano. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso,

2002-2012.

42

Figura 2 - Distribuição dos casos de neoplasias malignas segundo a idade na

primeira consulta e grupo etário. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso,

2002-2012.

45

Figura 3 - Distribuição da renda familiar per capita mensal dos casos de

neoplasias malignas (n=479). Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso,

2002-2012.

47

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

17

1 INTRODUÇÃO

O câncer é a principal causa de morte por doença nos países economicamente

desenvolvidos e a segunda principal causa de morte em países em desenvolvimento.

Segundo AHMEDIN et al. (2011) sua incidência está aumentando nos países

economicamente em desenvolvimento, como resultado de progressivo envelhecimento

da população bem como a adoção de estilos de vida associados ao câncer.

Segundo STILLER (2004), o câncer é muito raro em crianças em qualquer

lugar do mundo. Na população abaixo de 15 anos de idade, em países industrializados,

corresponde a cerca de 0,5% de todos os tipos de câncer. Estudo colaborativo

internacional descreveu incidências totais de câncer de 45,9 a 182,7 por milhão na

população de 0-14 anos (PARKIN et al., 1998a).

O câncer é a segunda causa de morte em crianças em países desenvolvidos

(KAATSCH, 2010). As últimas décadas têm visto acentuado aumento na

probabilidade de cura devido em parte a melhores procedimentos de diagnóstico e

introdução e melhoria contínua de múltiplas estratégias de tratamento. SCHEURER et

al. (2011) referem que o câncer foi a primeira causa de morte por doença em crianças

de 1 a 14 anos de idade nos Estados Unidos em 2006, segundo dados do National

Center for Health Statistics.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) e União Internacional

Contra o Câncer (UICC), apesar do avanço nos meios de diagnóstico e tratamento para

o câncer na população em geral (OMS e UICC, 2005), esse avanço não é uniforme

para toda população. Segundo KAATSCH (2010), diferenças nas taxas de

sobrevivência entre os países estão, em grande medida, relacionados com diferenças

em estruturas de saúde.

No Brasil, os óbitos por câncer figuraram entre as dez principais causas de

morte na população entre 0 e 19 anos de idade, no período de 2002 a 2011. Existem

diferenças nas taxas de mortalidade entre diferentes regiões do Brasil, o que indica que

fatores associados necessitam ser analisados (BRASIL, 2014a).

Foi observada maior diminuição na mortalidade por leucemia nos pacientes de

0 a 19 anos nos estados brasileiros mais desenvolvidos quando comparados com os

estados menos desenvolvidos, provavelmente por melhores condições de atenção à

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

18

saúde nessas localidades (RIBEIRO et al., 2007). Estes dados demonstram a

importância de estudo nas diferentes regiões do país.

1.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1.1 Epidemiologia do câncer infanto-juvenil

Apesar do conhecimento crescente acerca da prevenção e do tratamento do

câncer, a cada ano aumenta o número de portadores de neoplasia. Mantida a tendência

estabelecida em 2005, em 2020 haverá 16 milhões de pessoas com câncer. Destes, dois

terços viverão em países em desenvolvimento ou em países de industrialização recente

(OMS e UICC, 2005).

OMS e UICC (2005), com base em prevalência de 5 anos (1998-2002),

estimam 6,7 milhões de mortes por câncer, 10,9 milhões de novos casos e 24,6 milhões

de pessoas vivendo com câncer. Em estatísticas mais recentes, estimou-se que no ano

de 2008 ocorreriam cerca de 12 milhões de casos novos de câncer e 7 milhões de

óbitos, principalmente em países de médio e baixo desenvolvimento.

Espera-se um aumento de casos de câncer em todo mundo chegando a 22

milhões nas próximas décadas. Das mortes por câncer no mundo, 70% dos casos

anuais ocorrem em regiões da África, Ásia, América Central e América do Sul, e 30%

das neoplasias poderiam ser prevenidas com um modo de vida mais saudável (OMS,

2014).

Segundo estimativas do IARC, a incidência de câncer em ambos os sexos, em

crianças até 14 anos, em 2012, foi de 88 por milhão para todo o mundo, 165 por milhão

para os Estados Unidos da América, 139 por milhão na Europa, 141 por milhão no

Reino Unido, e 124 por milhão no Brasil (GLOBOCAN, 2012).

Nos Estados Unidos, segundo RIES et al. (1999), ocorreu aumento na taxa de

incidência de algumas formas de câncer infantil desde meados dos anos 1970 até 1990,

mantendo-se estável de 1990 a 1995. A incidência anual foi de aproximadamente 150

casos de câncer por milhão em menores de 20 anos e ocorreu importante diminuição

nas taxas de mortalidade até 1995. Informações para o estudo foram baseadas no

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

19

programa SEER (Surveillance, Epidemiology and End Results), do Nacional Cancer

Institute (NCI). Deste programa fazem parte cinco estados e cinco áreas

metropolitanas, com cobertura de cerca de 14% da população americana.

Em 2010 foi publicado um estudo ecológico que examinou as diferenças

socioeconômicas em relação às taxas de incidência de câncer na população entre 0 e

19 anos de idade nos Estados Unidos, entre 2000 e 2005. Os dados coletados

mostraram que municípios mais pobres tiveram maior taxa de incidência ajustada por

idade do que municípios menos pobres, para todos os tipos de câncer. Os dados

estratificados por raça mostraram que esta associação foi observada entre brancos, e

não em negros. Para leucemia, municípios pobres tiveram maiores taxas de incidência

que municípios ricos, para os brancos, e taxas mais baixas para os negros. Segundo o

autor, o estudo demonstrou variações na incidência do câncer na infância segundo

perspectivas socioeconômicas que merecem investigação (PAN et al., 2010).

KAATSCH (2010) descreveu análise de dados dos projetos europeus ACCIS

(Automated Childhood Cancer Information System) e EUROCARE. ACCIS é um

projeto que consiste na fusão de dados de crianças (0-14 anos) e adolescentes (15-19

anos) a partir de registros de câncer de base populacional. Conta com a colaboração

de 78 registros de câncer de base populacional, de 30 países europeus. O projeto

EUROCARE, iniciado no final de 1980, realiza análise detalhada e comparação de

taxas de sobrevida de pacientes com câncer de todas as idades, dados procedentes de

83 registros de câncer de base populacional de 23 países participantes. Segundo o

autor, as taxas de incidência variaram de 130 por milhão nas Ilhas Britânicas a 160

casos por milhão nos países escandinavos. Mais alta incidência foi encontrada na

Finlândia: 173,2 por milhão. As taxas de incidência mostraram aumento de médias

anuais de 1,1% para o período 1978-1997 (de 0,6% para leucemias para 1,8% para os

sarcomas de partes moles). Desde meados do século passado tem ocorrido aumento

nas taxas de incidência. A probabilidade de sobrevida aumentou consideravelmente ao

longo das últimas décadas.

Foi estimada para o Brasil, para os anos de 2014 e 2015, a ocorrência de

aproximadamente 576.000 casos novos de câncer por ano. Excluindo-se os casos de

câncer de pele não melanoma, a estimativa é de 394.450 casos novos (BRASIL,

2014b). Em 2010 a incidência foi de 375.240 casos novos de câncer para todas as

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

20

idades, com exceção de tumores de pele não melanoma. O percentual mediano dos

tumores pediátricos observados nos Registros de Câncer de Base Populacional

(RCBP) brasileiros encontra-se próximo de 3,0%. Portanto, estima-se que ocorram

cerca de 11.840 casos novos de câncer em crianças e adolescentes até 19 anos de idade

em 2014, contra 9.386 casos novos de câncer nessa população em 2010 (BRASIL,

2011a, 2014b). Segundo o Ministério da Saúde, as regiões Sudeste e Nordeste

apresentarão os maiores números de casos novos nesta faixa etária, 5.600 e 2.790,

respectivamente, seguidas pelas regiões Sul (1.350 casos novos), Centro-Oeste (1.280

casos novos) e Norte (820 casos novos) (BRASIL, 2014b).

Dados do Ministério da Saúde mostraram que no Brasil tem ocorrido uma

diminuição significativa do número de óbitos em crianças e adolescentes por doenças

infecciosas e parasitárias, dos aparelhos circulatório e respiratório e afecções

originadas no período neonatal. Por outro lado, ganharam importância as mortes por

neoplasia e por causas externas (BRASIL, 2011b).

Apesar de pouco significativo quando comparado ao câncer em adulto, no

Brasil, o câncer é a primeira causa de morte por doença entre crianças acima de cinco

anos e adolescentes (BRASIL, 2011a). As neoplasias ocuparam a segunda posição

(7%) de óbitos entre crianças e adolescentes (de 1 a 19 anos) em 2011 (BRASIL,

2014b) e, segundo dados do Datasus, a neoplasia é a primeira causa de morte por

doença, perdendo somente para causas externas (Brasil, 2014c).

RIBEIRO et al. (2007) mostraram que houve redução estatisticamente

significativa nas taxas de mortalidade no Brasil, entre 1980 a 2002, em crianças e

adolescentes portadores de leucemia. Em um estudo ecológico que utilizou como

unidade de análise as 352 regionais de saúde do Brasil em 2008, estes autores

observaram ainda maior diminuição na mortalidade nos estados mais desenvolvidos,

o que pode refletir melhor cuidado à saúde. Foram analisados dados de mapeamento

de óbitos e modalidade de tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), considerando

mapas das taxas de mortalidade por câncer e indicadores de assistência (internações,

quimioterapia e radioterapia).

GRABOIS et al. (2011) mostraram menor volume de tratamento entre as

pessoas que residem nas regiões mais carentes do Brasil, sugerindo treinamento de

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

21

pediatras para maior suspeita clínica e definições de fluxos rápidos de

encaminhamento da assistência básica para níveis mais complexos de tratamento.

SILVA (2012) observou no Brasil uma tendência de declínio não constante das

taxas de mortalidade de 1981 a 2008. Para as faixas etárias <1 ano e de 1 a 4 anos foi

observada tendência decrescente e constante da mortalidade por câncer durante todo o

período. Maiores magnitudes das taxas foram observadas para o sexo masculino. As

regiões brasileiras que apresentaram taxas de mortalidade mais elevadas foram as

regiões sul e sudeste. Este estudo mostrou ainda aumento da magnitude das taxas

padronizadas de mortalidade nas regiões nordeste e norte. Na região centro-oeste

observou-se declínio significativo das taxas de mortalidade por câncer. Variação das

taxas de mortalidade por neoplasias hematológicas entre as capitais brasileiras também

foram observadas, sugerindo diferenças no acesso ao diagnóstico e tratamento dessas

doenças.

Em relação aos fatores ambientais que podem estar associados à incidência de

câncer, estudo caso-controle de base hospitalar encontrou associação positiva entre

pesticidas durante a gestação e leucemia em menores de 2 anos (FERREIRA et al.,

2013).

Em um trabalho de meta-análise, KLIMENTOPOULOU et al. (2012)

estudaram publicações científicas até 2011, sem restrição de idioma, e não

encontraram suporte à hipótese de relação entre tabagismo materno durante a gravidez

com o desenvolvimento de algum subtipo principal de leucemia. Por outro lado,

recente estudo caso-controle multicêntrico de base hospitalar realizado por autores

brasileiros descreveu associação positiva entre tabagismo materno e leucemia em

crianças até dois anos de idade, filhos de mulheres que relataram uma intensa

exposição ao tabaco durante a gravidez e amamentação (FERREIRA et al., 2012).

A sobrevida livre de eventos em 5 anos para crianças com câncer é de 75% a

79% em países de alta renda, porém 80% das crianças do mundo vivem em países de

média e baixa renda, onde acorrem a pobreza, falta de infraestrutura de saúde pública

e alta taxa de mortalidade em crianças com idade inferior a 5 anos (HOWARD et al.,

2008).

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

22

1.1.2 Epidemiologia do câncer infanto-juvenil em Mato Grosso

Segundo CURVO (2012), em Mato Grosso, registrou-se entre 2000 e 2005 o

número de 702 pacientes com câncer (377 do sexo masculino e 325 do feminino) com

idade entre 0 e 19 anos. Essa prevalência equivale a 3,26% do total de casos de câncer

registrados no período no estado. Os pacientes menores de 15 anos representaram

2,31% do total dos casos e aqueles entre 15 e 19 anos representaram 0,94% do total.

Observou-se maior incidência no sexo masculino até o ano de 2003 e no ano de 2004

ocorreu inversão na prevalência segundo o sexo, que se manteve em 2005.

No referido estudo foram detectados, entre crianças: 35,27% de leucemias,

15,43% de linfomas e 14,3% de tumores do sistema nervoso central (SNC) e

miscelâneas de neoplasias intracranianas e intraespinhais. Entre adolescentes,

ocorreram: 23,65% de carcinomas e outras neoplasias malignas epiteliais, 18,72% de

leucemias, 14,29% de linfomas e 13,79% de tumores ósseos malignos. O grupo de

linfomas e neoplasias retículo-endoteliais corresponde ao segundo mais incidente no

período (15,10%), sendo a maioria linfoma não-Hodgkin, no sexo masculino e em

menores de 15 anos. O terceiro grupo mais incidente foi de tumores de sistema nervoso

central e miscelânia de neoplasias intracranianas e intraespinhais (12,39%). Destes, os

tumores mais comuns foram neoplasias intracranianas e intraespinhais não

especificadas, astrocitomas e tumores neuroectodérmicos primitivos

Em relação à procedência, o RCBP em Mato Grosso informa que dos pacientes

menores de 20 anos portadores de câncer, no período de 2000-2005, 42,74% eram

procedentes da conurbação urbana da Grande Cuiabá (Cuiabá e Várzea Grande)

enquanto 57,26% eram dos municípios do interior do estado.

No estado de Mato Grosso, a mortalidade proporcional por câncer em crianças

e adolescentes com idade entre 0 e 19 anos passou de 2,83% dos óbitos registrados em

2002 para 3,43% em 2012 (menor proporção 2,66% em 2009 e maior proporção de

3,92% em 2004). Nesse período, as leucemias representaram a principal causa de todos

os óbitos por câncer em menores de 20 anos (35,82%); os tumores do SNC foram a

segunda causa de óbitos (18,3%); os linfomas não-Hodgkin foram a terceira causa

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

23

(6,7%) dos óbitos e os tumores ósseos foram a quarta causa (6,32%) dos óbitos

(BRASIL, 2014a).

BELO et al. (2012) demonstraram elevado e crescente uso de agrotóxicos em

Mato Grosso, em relação ao restante do país. Foi identificada presença de resíduos de

diferentes agrotóxicos na água da chuva nas áreas estudadas. A exposição ambiental

foi detectada por análise de indicadores biológicos de exposição a agrotóxicos junto a

trabalhadores e moradores de áreas próximas às zonas de plantio.

CURVO et al. (2013) encontraram associação estatisticamente significante

entre uso agrícola de agrotóxicos nos municípios do estado de Mato Grosso e

morbimortalidade por câncer em menores de 20 anos.

1.1.3 Classificação do câncer infanto-juvenil

Os tumores na faixa etária pediátrica, quanto à sua classificação, devem ser

divididos com base na morfologia e não com base no sítio primário do órgão afetado,

como é feito em adultos (STELIAROVA-FOUCHER et al. 2005).

O câncer infanto-juvenil apresenta fundamentais diferenças em relação ao dos

adultos no que diz respeito aos locais primários, a diferentes origens histológicas (em

adultos a maioria tem origem em tecidos epiteliais) e diferentes comportamentos

clínicos (leucemias pré-B em crianças, por exemplo, respondem bem à terapia,

diferente da mesma doença em adultos) (DENNY e SAKAMOTO, 2011). Segundo os

autores, tendem a apresentar menores períodos de latência. Na origem da maioria dos

tumores, efeitos externos parecem ter menos importância. Crianças estão em processo

de crescimento fisiológico a nível celular, em intensa função de divisão e

diferenciação. Neste meio fisiológico existe potencial risco para transformação

neoplásica, principalmente em população de células vulneráveis ou não presentes em

um adulto maduro.

A classificação internacional de câncer utilizada atualmente pelos registros

populacionais é a proposta por STELIAROVA-FOUCHER et al. (2005). Segundo essa

classificação as neoplasias estão divididas em 12 grupos:

I. Leucemias, doença mieloproliferativa e doenças mielodisplásicas;

II. Linfomas e neoplasias reticuloendoteliais;

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

24

III. SNC e miscelânia de neoplasias intracranianas e intraespinhais;

IV. Neuroblastoma e outros tumores de células nervosas periféricas;

V. Retinoblastoma;

VI. Tumores renais;

VII. Tumores hepáticos;

VIII. Tumores ósseos malignos;

IX. Tecidos moles e outros sarcomas extra-ósseos;

X. Tumores de células germinativas, tumores trofoblásticos e neoplasias gonadais;

XI. Outros neoplasmas malignos epiteliais e outros melanomas malignos;

XII. Outros neoplasias malignas e não especificadas.

Segundo STELIAROVA-FOUCHER et al. (2005), as classificações destes

tumores ganham mais detalhamento por conta dos avanços continuamente observados

nas técnicas laboratoriais, que se baseiam na biologia molecular, na imunologia e na

genética. A incorporação de novos conhecimentos e tecnologia disponíveis levou a

novas subclassificações, particularmente para leucemias e linfomas.

Segundo a classificação internacional de tumores – TNM, a divisão dos casos

de câncer em grupos, de acordo com os chamados estádios, surgiu da observação de

que taxas de sobrevida eram maiores para os casos nos quais a doença era localizada

do que para aqueles nos quais exista extensão da doença para além do órgão de origem.

Os grupos eram anteriormente referidos como casos iniciais e casos avançados,

indicando progressão regular com o passar do tempo. Sabe-se contudo que o estádio

da doença, na ocasião do diagnóstico, pode ser tanto um reflexo da taxa de crescimento

e extensão do tumor, como também do tipo de tumor e da relação tumor-hospedeiro.

O estadiamento é frequentemente necessário para o propósito de análise de grupos de

pacientes. Segundo a União Internacional Contra o Câncer (UICC) o registro de

informações com relação à extensão da doença para cada localização anatômica pode

ajudar o médico no planejamento do tratamento, dar alguma indicação do prognóstico,

ajudar na avaliação dos resultados de tratamento, facilitar a troca de informações entre

os centros de tratamento e contribuir para a pesquisa contínua sobre o câncer humano

(BRASIL, 2004).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

25

Mundialmente, a leucemia é o tipo de câncer mais frequente na população

pediátrica, correspondendo de 25% a 35% de todos os tipos. Segundo STILLER

(2004), entre populações brancas da Europa, Américas e Oceania, cerca de um terço

de todos os tipos de câncer na infância são leucemias, com taxas de 35 a 50 por milhão.

Incidência pouco mais baixa, geralmente abaixo de 30 por milhão no sul da Ásia e

Oriente Médio, e entre crianças negras nos Estados Unidos e África sub-saariana.

Dentre as leucemias, a LLA é a de maior ocorrência em crianças de 0 a 14 anos. Nos

Estados Unidos, segundo RIES (1999), as leucemias representaram 31% de todos os

tipos de câncer em menores de 15 anos de idade, no programa SEER de 1975 a 1995.

Segundo PEREIRA (2010), a Leucemia Linfóide Aguda (LLA) é a neoplasia

mais frequente que ocorre neste grupo etário, sendo alcançados níveis de sobrevida

superiores a 80% e em subgrupos especiais de melhor prognóstico pode atingir

resultados de sobrevida de 90%. Na década de 1940 foi identificada a primeira droga

que, embora de efeito transitório, foi capaz de mudar o curso da doença e até produzir

remissões completas. De tratamento paliativo na época, a LLA tornou-se a primeira

neoplasia disseminada a ser curada com o tratamento quimioterápico sistêmico. A fase

mais produtiva de investigação, nos países desenvolvidos, com importante aumento da

sobrevida e depois a formulação do conceito de cura, ocorreu na década de 1970. No

Brasil o acesso aos protocolos internacionais demorou a ser implantado, pois algumas

drogas eram de difícil aquisição e importação. Os novos protocolos terapêuticos eram

primariamente desenvolvidos nos Estados Unidos e, somente em 1980 surgiu o

primeiro grupo cooperativo para tratamento da LLA no Brasil (PEREIRA, 2010).

Os linfomas correspondem ao terceiro tipo de câncer pediátrico mais comum

em países desenvolvidos (RIES et al., 1999), destes o mais incidente é o linfoma não-

Hodgkin. Já nos países em desenvolvimento correspondem ao segundo lugar, ficando

atrás apenas das leucemias (BRASIL, 2014b).

Os tumores do SNC representam ao redor de 16% das neoplasias malignas na

infância, correspondem ao tumor sólido mais frequente nesta faixa etária (RIES et

al.,1999). Representam de 8% a 15% das neoplasias pediátricas (BRASIL, 2014b). O

fato de, no Brasil, os tumores de SNC ocuparem o terceiro lugar na incidência, depois

das leucemias e dos linfomas, demonstra a necessidade de mais estudos que possam

explicar este quadro e sugere a existência de subdiagnóstico nos casos de tumores do

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

26

SNC, já que nos países desenvolvidos este grupo de neoplasias é o segundo mais

frequente (BRASIL, 2009).

1.1.4 Registros Brasileiros de Câncer

Considerando a importância do impacto global do câncer no mundo (é

responsável por mais de 12% de todas as causas de óbito no mundo, mais de 7 milhões

de pessoas morrem da doença anualmente), existe a necessidade de grande

investimento no desenvolvimento de ações para melhoria do controle do câncer em

todos os níveis, segundo o Departamento de Ciências e Tecnologia do Sistema Único

de Saúde (BRASIL, 2007b). Estas ações incluem promoção de saúde, detecção

precoce, assistência aos pacientes, vigilância do câncer e dos seus fatores de risco,

formação de recursos humanos, comunicação e mobilização social, pesquisa e, no caso

do Brasil, gestão do SUS.

Com o objetivo de se estabelecer política pública para o setor foi realizada

discussão no Conselho Consultivo do Instituto Nacional do Câncer (CONSINCA) com

representantes de várias Sociedades Científicas e Associações relacionadas à área, e

em dezembro de 2005 foi publicada a Portaria no 2.439 que instituiu a Política

Nacional de Atenção Oncológica (PNAO). Tal Portaria contempla promoção,

prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos a serem

implantados em todo país. São destacados a vigilância em saúde e um sistema de

informação que possa oferecer ao gestor subsídios para tomada de decisão no processo

de planejamento e avaliação das ações de controle do câncer (BRASIL, 2005a).

Segundo padronização internacional, os registros de câncer podem ser

classificados em Registros Hospitalares de Câncer (RHC) e Registros de Câncer de

Base Populacional. Os registros de câncer de base populacional e hospitalares fazem

parte de um sistema de vigilância estruturado que fornece informações sobre a

magnitude e impacto do câncer, bem como dados sobre a efetividade da atenção à

saúde.

Os RHC referem-se a todos os casos tratados e acompanhados em uma

instituição de assistência hospitalar. Fornecem informações tanto para a administração

do hospital quanto para pesquisadores interessados em dados acerca dos resultados do

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

27

tratamento nos diferentes grupos e de fatores de risco ou fatores prognósticos. Tais

registros reúnem informações para a avaliação da qualidade da assistência prestada em

hospitais, isoladamente ou em conjunto (TEIXEIRA et al., 2002). Segundo YOUNG

et al. (1991), eles também contribuem para a atenção ao paciente individualmente, uma

vez que asseguram o seguimento destes pacientes.

Os RCBP reúnem informações que permitem descrever e monitorar o perfil da

incidência do câncer em uma população geograficamente definida (BRASIL, 2007b).

Coletam dados que se referem a todos os casos de câncer verificados na população de

uma área geográfica definida, tendo como principal objetivo produzir indicadores

como a incidência, prevalência e a sobrevida para aquela área de abrangência

(TEIXEIRA et al., 2002).

É fundamental que os recursos e esforços sejam direcionados no sentido de

orientar as estratégias de prevenção e controle de câncer. O estabelecimento destas

medidas pressupõe informações de qualidade sobre a distribuição de incidência e

mortalidade, possibilitando assim melhor compreensão sobre a doença e seus

determinantes, formulação de hipóteses causais e avaliação de avanços tecnológicos

aplicados à prevenção e tratamento (BRASIL, 2010).

Publicação do Ministério da Saúde em 2014 registra a existência no Brasil de

23 RCBP, alimentados por uma rede de 282 RHC, além de laboratórios de patologia,

clínicas especializadas em oncologia e hematologia, e outras instituições (BRASIL,

2014b).

O RCBP de Cuiabá tem como área de cobertura os municípios de Cuiabá e

Várzea Grande. Foi criado em 1999 e foi iniciada a coleta de dados no ano seguinte.

A coordenação desse registro fica a cargo da Superintendência de Vigilância em Saúde

(SUVISA), na Secretaria Estadual de saúde de Mato Grosso (BRASIL, 2008b).

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA) e a Sociedade Brasileira de

Oncologia Pediátrica (SOBOPE), em 2008, em primeiro relatório de abrangência

nacional sobre tumores na infância e adolescência, houve variação nas taxas de

incidência de tumores para cada região do país. Neste estudo foram considerados 20

RCBP com informações consolidadas para um ano, o que permitiu o cálculo de taxas

de incidência por câncer na população de 0 a 19 anos de alguns municípios brasileiros

(BRASIL, 2008b).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

28

Segundo esse trabalho, em Cuiabá, de 2000 a 2003, foram registrados 185

novos casos de câncer. A incidência foi maior entre meninos, com razão de 1,85:1 e

os três tipos de câncer mais comuns foram: leucemias (39%), linfomas e neoplasias

reticulo-endoteliais (14%) e tumores do SNC e miscelânea de neoplasias

intracranianas e intraespinhais (11%). Essas frequências foram similares às brasileiras

(BRASIL, 2008b).

A análise dos índices de qualidade dos dados acima apontou que, para essa base

de tumores infanto-juvenis, o RCBP de Cuiabá não atingiu os parâmetros de qualidade

onde se espera que a porcentagem de casos com diagnóstico confirmado por exame

histopatológico esteja acima de 75% e o diagnóstico realizado somente por declaração

de óbito seja de no máximo 20% (BRASIL, 2008b). O mesmo ocorreu com o RCBP

de Belém e Palmas. Assim, recomendou-se cautela na interpretação e comparação

dessas informações.

No Estado de Mato Grosso, a estimativa para 2014 é de 8.170 casos novos de

câncer entre homens e mulheres (BRASIL, 2014b). Portanto, considerando que 3%

deste número sejam de tumores pediátricos, estima-se uma incidência de 245 casos

novos na faixa etária de 0 a 19 anos para o ano de 2014.

1.1.5 Política Nacional em Cancerologia Pediátrica

O atendimento nas unidades públicas de saúde em Oncologia Pediátrica no

Brasil é regulamentado pelas Portarias do Ministério da Saúde. A Portaria GM/MS nº

2.439 (Brasil, 2005a) instituiu a Política Nacional de Atenção Oncológica. No mesmo

ano foi instituída a regulamentação da assistência de alta complexidade na Rede de

Atenção Oncológica (Brasil, 2005b). Em 2006 foi formalizado o Grupo Técnico de

Assessoramento para o planejamento, avaliação e aprovação da rede de atenção

oncológica dos estados (Brasil, 2006).

A Portaria nº 361 (Brasil, 2007a) incluiu as habilitações em Oncologia na

Tabela de Habilitações de Serviços Especializados do Sistema do Cadastro Nacional

de Estabelecimentos de Saúde –SCNES.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

29

Em 11 de março de 2008 foi instituída a Portaria no 146 SAS/MS que criou

códigos e estabeleceu habilitações de hospitais na alta complexidade em oncologia,

onde estava relacionado o Hospital de Câncer de Mato Grosso (Brasil, 2008a).

As ações de saúde em Cancerologia Pediátrica são minuciosamente

regulamentadas pelo Ministério da Saúde, inseridas em uma rede de responsabilidades

desde o próprio Ministério como órgão regulamentador, o Instituto Nacional do Câncer

(INCA) como órgão consultor, Secretarias de Estado da Saúde e respectivas

Comissões Intergestores Bipartites e Redes Estaduais de Atenção Oncológica no

âmbito do Grupo Técnico de Assessoramento para controle e avaliação dos serviços.

1.1.6 Sobrevida do Câncer Infanto-Juvenil

Estudos globais de câncer infantil fornecem pistas para etiologia do câncer,

facilitam a prevenção e diagnóstico precoce, identificam diferenças biológicas,

melhoram as taxas de sobrevivência em países de baixa renda, facilitando as iniciativas

de melhoria da qualidade, e melhoram os resultados em países de alta renda, através

de estudos de biologia do tumor e ensaios clínicos de colaboração. As taxas de

incidência de câncer diferem entre os vários grupos étnicos dentro de um único país e

entre os vários países com composições étnicas semelhantes. Tais diferenças podem

ser o resultado de uma predisposição genética, exposição precoce ou tardia a doenças

infecciosas, e fatores ambientais. A incidência de leucemia infantil é menor em países

de baixa renda que em países mais prósperos. Registro de leucemia infantil requer o

reconhecimento dos sintomas, o rápido acesso à assistência médica primária e terciária

(unidade de câncer pediátrico), um diagnóstico correto, e uma infraestrutura de

gerenciamento de dados. Em países de baixa renda, onde esses serviços são escassos,

algumas crianças com leucemia podem morrer antes do diagnóstico (HOWARD et

al., 2008).

Segundo TEIXEIRA et al. (2002), a sobrevida expressa a probabilidade de que

um paciente esteja vivo após um período determinado (por exemplo após 1, 3, 5 ou

mais anos do diagnóstico). Em câncer, a análise de sobrevida reflete as atividades de

controle da patologia, incluindo rastreamento, organização e qualidade dos serviços de

saúde, bem como da história natural da doença (BLACK et al., 1998).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

30

As taxas de sobrevida calculadas com base nos registros de base populacional

(casos incidentes na população) são distintas das taxas calculadas de uma série de

pacientes hospitalares ou de um ensaio clínico. Pacientes em ensaios clínicos ou em

séries hospitalares são submetidos a numerosos critérios de seleção, que podem ser

reconhecidos ou não, e raramente representam a diversidade presente em toda uma

população (STILLER, 1994). De modo geral, dados de séries hospitalares apresentam

melhores resultados de sobrevida em relação a dados populacionais. A sobrevida

calculada a partir da base populacional geralmente não permite a avaliação de variáveis

clínicas como o estadiamento dos tumores e o tratamento, que são dados importantes

para estudos clínicos (TEIXEIRA et al., 2002).

O estadiamento da doença ao diagnóstico é geralmente o principal fator

determinante da sobrevida dos pacientes. Entende-se por estadiamento o estágio

clínico da neoplasia: se é um tumor localizado (delimitado ao órgão de origem), se

compromete tecidos ou órgãos vizinhos, ou ainda se ocorrem metástases à distância,

geralmente através da circulação sanguínea. Tal fato decorre de que certos tratamentos

são disponíveis apenas para estágios iniciais da doença e porque os tratamentos

disponíveis são mais eficazes antes que metástases tenham se desenvolvido. Porém,

dados de estadiamento nem sempre são disponíveis, especialmente quando são

analisados dados de registro de base populacional. Ainda, podem ser utilizadas várias

classificações, o que pode comprometer a comparação entre diferentes grupos

(YOUNG, 1991).

A qualidade dos dados utilizados é um fator determinante na validade das

comparações de probabilidade de sobrevida (TEIXEIRA et al., 2002). Para esses

autores, a sobrevida é influenciada pela disponibilidade de serviços de saúde de várias

maneiras: pelo acesso aos serviços, pela existência de programas de rastreamento

(screening), pela disponibilidade de meios diagnósticos e de tratamento. Tais fatores

interferem na história natural da doença, resultando em variações da sobrevida, que

pode aumentar ou diminuir de acordo com a eficácia destas intervenções.

Avanços em técnicas de diagnóstico e disponibilidade de meios diagnósticos

podem afetar as estimativas de sobrevida, pois o mesmo câncer pode ser diagnosticado

como metastático em um hospital e localizado em outro, dependendo do equipamento

diagnóstico disponível para identificar metástases não observadas clinicamente. Este

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

31

fenômeno, tratado como “fenômeno de migração entre estágios” (stage-migration

phenomenon) (FEINSTEIN et al., 1985), ocorre de maneira que casos submetidos à

análise de sobrevida “migram” de um estágio localizado para o estágio avançado,

graças aos meios diagnósticos mais potentes. O fenômeno pode ocorrer também em

relação às variações temporais, uma vez que a incorporação de avanços tecnológicos

pode se dar rapidamente no decorrer dos anos (TEIXEIRA et al., 2002).

Segundo dados do programa Surveillance, Epidemiology, and End Results

(SEER) do National Cancer Institute (NCI) dos Estados Unidos da América (EUA) a

taxa de sobrevida de 5 anos para crianças de 0-14 anos, melhorou muito, de 28% na

década de 60 para cerca de 80% no início dos anos 2000 (SCHEURER et al., 2011).

Pacientes entre 15 e 19 anos têm taxa de sobrevida em 5 anos semelhante a de

crianças menores, para a maioria dos tipos de câncer, incluindo tumores cerebrais,

linfoma não Hodgkin, osteossarcoma, doença de Hodgkin, Sarcoma de Ewing,

Leucemia Mielóide Aguda (LMA) e tumores de células germinativas. Taxas de

sobrevida para pacientes de 15 a 19 anos portadores de LLA e rabdomiossarcoma são

menores em relação às de crianças mais jovens. Isto pode ser explicado em parte pela

alta proporção de casos com biologia desfavorável na faixa etária de 15 a 19 anos.

Observam-se taxas de sobrevida próximas ou acima de 90% para os tipos mais comuns

de câncer entre pacientes de 15 a 19 anos de idade, quais sejam: doença de Hodgkin,

tumores de células germinativas, câncer de tireóide e melanoma (SCHEURER et al.,

2011).

Como resultado do aumento de sobrevida, tem ocorrido diminuição das taxas

de mortalidade por câncer entre crianças desde 1950. Nos Estados Unidos, em 1969, a

taxa de mortalidade para todos os tipos de câncer era próxima a 65 por milhão, em

contraste com menos de 30 por milhão em 2004. Houve declínio na mortalidade por

leucemia de 1960 (30 a 35 por milhão) para 2004 (menos que 7 por milhão). Em

relação ao linfoma não Hodgkin houve diminuição de mortalidade entre 1960 (6 a 7

por milhão) e 1994 (menos de 2 por milhão). Em relação aos tumores renais,

primariamente tumor de Wilms, houve diminuição na taxa de mortalidade de 4 por

milhão em 1989 para menos de 1 por milhão em 2004. Para doença de Hodgkin, a taxa

de mortalidade diminuiu de aproximadamente 3 por milhão em 1950 e 1960 para

aproximadamente 0,4 por milhão em meados de 1990. E a taxa de mortalidade por

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

32

tumores cerebrais diminuiu de aproximadamente 10 por milhão em 1970 para

aproximadamente 7 por milhão em 1997, permanecendo praticamente constante desde

então (SCHEURER et al., 2011).

Segundo dados do National Center of Health Statistics de 2006,

aproximadamente um terço das mortes relacionadas ao câncer de 0-19 anos têm sido

por leucemias, com estimativa de 50% a 60% por LLA, 30% a 40% por LMA e

aproximadamente 5% por leucemia mielóide crônica; os tumores cerebrais foram a

segunda causa de morte, correspondendo a 24% e outras causas foram neuroblastoma,

tumores ósseos, sarcomas de partes moles e linfoma não Hodgkin (SCHEURER et al.,

2011).

O aumento da taxa de sobrevida e de cura das neoplasias é decorrente

principalmente do diagnóstico precoce e avanço na descoberta de novas drogas. Em

2000, estimou-se que 1,1 em 1000 adultos jovens era sobrevivente de câncer, enquanto

que para 2010 a estimativa foi de 4 em 1000. Considerando que o câncer infanto-

juvenil se apresenta de forma bem diferente daquele que acomete os adultos quanto à

etiologia, histologia, evolução e resposta ao tratamento, o diagnóstico precoce é

fundamental. O tratamento, que é a principal estratégia contra o câncer em pacientes

pediátricos, deve ser realizado por equipe multiprofissional em instituições

especializadas, garantindo maior sobrevida com o mínimo de efeitos colaterais

(BRASIL, 2008b).

Nos últimos anos tem-se verificado um aumento na sobrevida de crianças

acometidas por câncer tratadas com quimioterapia e ou radioterapia (LOPES e

BIANCHI, 2000). Apesar dos grandes avanços tecnológicos e científicos na

abordagem do câncer infantil, em países em desenvolvimento a probabilidade de

sobrevida a essa doença é ainda muito baixa: 37,5% em Bangalore, Índia; 37% na

Namíbia, África e 48% no Município de Goiânia, Brasil (BRAGA et al., 2002).

Segundo esses autores, apesar de, em muitos países, ter-se verificado aumento na

incidência das neoplasias em menores de 15 anos e o prognóstico para vários tumores

infantis ainda estar aquém do desejado, sabe-se que a sobrevida das crianças com

câncer é maior hoje do que outrora. Particularmente, para alguns tipos histológicos, o

aumento da sobrevida fez-se de forma mais marcante. Acreditam que a sobrevida de

cinco anos à LLA ter passado de 37% para 75% foi um dos maiores contribuintes para

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

33

o declínio da mortalidade por câncer em crianças na Inglaterra no período entre 1971

e 1985 (BRAGA et al., 2002).

As taxas de sobrevida observadas em países em desenvolvimento são menores

que as de países desenvolvidos. Segundo relatório do INCA (BRASIL, 2010), nos

EUA e Europa, a sobrevida média cumulativa em cinco anos é em torno de 77%.

Diversos fatores podem interferir na probabilidade de sobrevida do câncer pediátrico.

Um dos principais fatores é o atraso no diagnóstico. A demora na procura de cuidados

médicos pode ser consequência da precariedade dos serviços de saúde, da falta de

percepção da possibilidade de cura tanto do leigo como da classe médica e até mesmo

de barreiras religiosas. As taxas de sobrevida são um dos indicadores mais importantes

para o conhecimento do cuidado adequado à criança com câncer.

Em 2009 foi criado no Brasil o projeto “Diagnóstico Precoce do Câncer na

Criança e no Adolescente”, pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Instituto

Nacional do Câncer (INCA) e o Instituto Ronald McDonald (BRASIL 2009), cujo

objetivo é o enfrentamento do problema do câncer na criança e no adolescente no país.

O diagnóstico precoce pode ser decorrente de uma identificação clínica propiciada pela

maior atenção dada a estes sintomas pelo médico e mesmo pelo paciente, ou a um

diagnóstico pré-clínico feito com programas de rastreamento ou mesmo com a

descoberta ocasional no curso de uma avaliação clínica com outras finalidades. A

antecipação diagnóstica pode ou não significar um aumento real da sobrevida,

dependendo dos recursos terapêuticos disponíveis e de seus melhores resultados nos

tumores em estágios iniciais (TEIXEIRA et al., 2002).

1.2 JUSTIFICATIVA

Justifica-se a realização desta pesquisa tanto pela magnitude do problema

quanto pela inexistência de um estudo desta natureza no estado, além do interesse da

autora em conhecer os dados epidemiológicos de crianças e adolescentes

acompanhados no Hospital de Câncer. Dada a importância do volume e tipo de

serviços prestados pelo Hospital de Câncer de Mato Grosso, considera-se que os dados

oriundos desse serviço sejam relevantes para a análise do perfil de crianças e

adolescentes portadores de neoplasias malignas no estado.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

34

Os dados consolidados desta pesquisa poderão contribuir para o

dimensionamento do problema da população referenciada do estado para o Hospital

de Câncer com suspeita de neoplasia e subsidiar ações de políticas públicas de saúde

dirigidas para crianças e adolescentes portadores de neoplasias em Mato Grosso.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

35

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL – Descrever o perfil epidemiológico de casos de neoplasias

malignas de crianças e adolescentes acompanhados no Hospital de Câncer de

Mato Grosso no período de 2002 a 2012.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

2.2.1 Relacionar os sinais e sintomas relatados na primeira consulta dos casos de

neoplasias malignas e histórico familiar de câncer.

2.2.2 Caracterizar os casos de neoplasias malignas segundo variáveis demográficas

e socioeconômicas.

2.2.3 Caracterizar a distribuição dos casos de neoplasias malignas segundo grupos

de diagnóstico.

2.2.4 Avaliar a distribuição dos grupos de diagnóstico de neoplasias malignas

segundo os grupos etários, raça/cor, sexo, região de saúde e estadiamento.

2.2.5 Determinar o tempo gasto a partir dos primeiros sintomas até a data: da

primeira consulta, do diagnóstico e de início do tratamento oncológico; e entre

a data do diagnóstico e de início do tratamento, dos portadores de neoplasias

malignas.

2.2.6 Caracterizar a terapêutica oncológica recebida e evolução dos casos de

neoplasia maligna.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

36

3 MÉTODO

3.1 DESENHO DO ESTUDO

Estudo de coorte retrospectiva de casos de neoplasias malignas de crianças e

adolescentes acompanhados no Hospital de Câncer de Mato Grosso no período de

2002 a 2012, a partir de informações contidas nos prontuários médicos da Instituição,

utilizando um instrumento de coleta padronizado.

3.2 LOCAL DO ESTUDO

O estudo foi realizado no Hospital de Câncer de Mato Grosso, referência em

atendimento em Oncologia Pediátrica no Estado, com sede na capital, Cuiabá. Segundo

o Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES) trata-se de Instituição

beneficente, sem fins lucrativos, em funcionamento desde 4 de fevereiro de 1999,

atende principalmente pacientes procedentes do SUS.

Segundo o relatório de Gestão da Central de Regulação Oncológica da

Secretaria Municipal de Cuiabá em agosto de 2012, o Hospital de Câncer de Mato

Grosso realizou no período 2010-2011: 52% dos procedimentos de radioterapia, tendo

sido um dos dois hospitais credenciados na rede SUS no estado para radioterapia; 23%

de quimioterapia em adulto, tendo sido um dos três hospitais credenciados na rede

SUS no estado para quimioterapia em adultos; 71% de quimioterapia em crianças e

adolescentes, tendo sido um dos dois hospitais credenciados na rede SUS no estado

para quimioterapia em crianças e adolescentes.

Segundo esse relatório, em 2011, a internação hospitalar em oncologia clínica

geral (adulto e pediátrica) foi realizada por 7 hospitais com sede em Cuiabá, e o

Hospital de Câncer realizou 60% desse procedimentos.

Em 2014, de 115 leitos disponíveis, 79 são leitos cadastrados para o SUS,

divididos entre enfermarias de clínica médica, clínica cirúrgica, clínica pediátrica e

UTI para adultos (> 15 anos). A clínica pediátrica conta com 25 leitos, 15 cadastrados

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

37

para o SUS e possui equipe multidisciplinar específica para o setor desde setembro de

2001.

Além da receita proveniente do atendimento aos pacientes do SUS e convênios

de prestação de saúde, sua manutenção conta, em grande parcela, com doações da

sociedade e empresas através de leilões beneficentes, campanhas de arrecadação de

donativos e outras campanhas de arrecadação junto à comunidade.

3.3 POPULAÇÃO DO ESTUDO

Foram incluídos no estudo todos os casos de crianças e adolescentes de ambos

os sexos, com idade entre 0 e 19 anos, atendidos no Hospital de Câncer de Mato Grosso

com diagnóstico de neoplasia maligna, matriculados no Hospital no período definido.

Utilizando-se a definição da OMS, foram considerados adolescentes aqueles que

possuíam idade entre 10 a 19 anos na data da primeira consulta (WHO, 1986).

Foram excluídos do estudo os casos de neoplasia maligna com diagnóstico

inconclusivo e casos de prontuários abertos com finalidade administrativa.

Utilizou-se como caso de câncer: resultado de exame histopatológico ou de

imunofenotipagem (para as leucemias) classificados de acordo com a Classificação

Internacional de Câncer na Infância (STELIAROVA-FOUCHER et al., 2005), ou

exame de imagem (para as neoplasias do sistema nervoso central), ou pelo quadro

clínico ou evolução compatível de sinais de neoplasia maligna (BRASIL, 2010).

Considerou-se a data do diagnóstico para efeito de cálculo de tempo, a data do

laudo do histopatológico ou a data da cirurgia ou a data do exame de imagem quando

estes confirmavam a presença de neoplasia. Foram considerados quatro datas: data dos

primeiros sintomas, data da primeira consulta, data do diagnóstico e data do início do

tratamento.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

38

3.4 COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados a partir de revisão de prontuários dos pacientes

atendidos no Hospital de Câncer de Mato Grosso utilizando um instrumento de coleta

de dados padronizado (Apêndice 1). A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora

principal, com finalidade de homogeneidade na sua aplicação.

3.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO

3.5.1 Variáveis demográficas

Sexo: masculino, feminino;

Idade na primeira consulta, categorizada por faixa etária em anos (<1; 1-4; 5-9; 10-

14; 15-19);

Raça/cor (IBGE, 2014): branca, preta, amarela, parda, indígena ou ignorado.

Definiu-se como raça/cor negra os indivíduos declarados como pretos e pardos;

Procedência: estado/município de residência. Os municípios foram agrupados de

acordo com as regiões de saúde do estado.

3.5.2 Variáveis socioeconômicas

Renda familiar em salário-mínimo, utilizando-se como referência o valor vigente

na data da primeira consulta.

Renda familiar mensal per capita em salário-mínimo.

Escolaridade: Ensino fundamental (completo, incompleto); ensino médio

(completo, incompleto); ensino superior (completo, incompleto); analfabeto, não se

aplica, ignorado.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

39

3.5.3 Dados relacionados à neoplasia

Fluxograma do intervalo de tempo em dias:

entre o início dos sintomas e a primeira consulta;

entre o início dos sintomas e o diagnóstico;

entre o início dos sintomas e o início do tratamento;

entre a data da primeira consulta e o diagnóstico

entre diagnóstico e o início de tratamento;

Para o cálculo do tempo dos dois últimos itens acima foram excluídos os

pacientes que realizaram ou estavam em tratamento oncológico prévio na data da

primeira consulta.

Para os casos de segunda neoplasia de pacientes que já estavam em

acompanhamento no Hospital de Câncer por alguma neoplasia benigna ou maligna,

para efeitos de cálculos de tempo, a primeira consulta considerada foi a data

imediatamente subsequente ao sintoma relacionado à segunda neoplasia maligna.

Local de diagnóstico de câncer: Hospital de Câncer de Mato Grosso, outro hospital

em Mato Grosso, outro estado;

Principais sinais e sintomas que motivaram a consulta médica;

Tipo histológico segundo a classificação Internacional de Câncer na Infância –

CICI-3 (STELIAROVA-FOUCHER et al., 2005). Neoplasias malignas foram

classificadas de acordo com CID - O, 3ª edição, como de comportamento maligno,

especificado como /3, com exceção de tumores intracranianos e intraespinhais não

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

40

malignos que são incluídos na CICI-3 como miscelânea de neoplasias

intracranianas e intraespinhais (OMS, 2005b).

Estadiamento e classificação: para tumores sólidos e linfomas: localizado (estádio

I e II) e não localizado (estádio III e IV) (BRASIL, 2004); para retinoblastoma:

classificação de retinoblastoma segundo Reese-Ellsworth e Grabowski (HURWITZ

et al., 2011), localizado (intraocular) e avançado (extraocular); para leucemias

linfóides agudas: baixo e alto risco (SMITH et al., 1996); classificação dos tumores

do SNC segundo “2007 WHO Grading of Tumors of the Central Nervous System”

(LOUIS et al., 2007).

Distribuição do tipo de neoplasia segundo o sexo, grupo etário (crianças e

adolescentes), raça/cor e procedência.

3.5.4 Dados sobre o tratamento e seguimento

Tipo de tratamento: nenhum, cirurgia, radioterapia, quimioterapia, transplante de

medula óssea, outros ou ignorado;

Local de tratamento: Hospital de Câncer de Mato Grosso, outro hospital em Mato

Grosso, outro estado;

Situação atual do paciente: vivo sem câncer, vivo com câncer, vivo sem

especificação, óbito sem câncer, óbito com câncer, óbito sem especificação,

ignorado.

3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foram feitos cálculos de médias, medianas e desvio padrão, valor máximo e

mínimo e os resultados foram apresentados em frequências absolutas e relativas,

figuras e tabelas.

Os dados foram digitados e armazenados em uma planilha do Microsoft® Excel

2007 e analisados com pacote estatístico Statistical Package for the Social Sciences

(SPSS) versão 15.0.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

41

3.7 ASPECTOS ÉTICOS

A presente pesquisa utilizou informações contidas nos prontuários, sem

contato direto com o sujeito, prescindindo, portanto, do Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido. Na análise dos dados, foram utilizados e serão publicados somente

dados consolidados, o que preservará o anonimato da população em estudo.

Esta pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Júlio Müller, Parecer número 146.500, em 14 de novembro de 2012

(Anexo 1).

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

42

4 RESULTADOS

Foram analisados 666 prontuários de pacientes atendidos pelo serviço de

Pediatria do Hospital de Câncer de Mato Grosso incluindo os casos com diagnóstico

prévio e ou tratamento oncológico prévio, e casos de segunda neoplasia maligna.

Onze casos foram excluídos pelos seguintes motivos: seis pacientes com

diagnóstico de neoplasia maligna com prontuários abertos para prestação de conta

administrativa e cinco por indefinição no diagnóstico.

Após inclusão dos casos de segunda neoplasia maligna, a amostra final deste

estudo ficou constituída de 658 casos de neoplasias malignas.

No período do estudo, 2002-2012, foram matriculados para atendimento, em

média 59,82 casos/ano de neoplasias malignas, observando-se uma oscilação no

período (Figura 1).

Figura 1 - Distribuição do número de casos (n=658) de neoplasias malignas

matriculados segundo o ano. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-

2012.

Dos 658 casos analisados, 49,09% foram diagnosticados no próprio Hospital

de Câncer e 26,30% tinha diagnóstico e tratamento oncológico prévio (Tabela 1).

78

66

71

51

39

60

69

5349

54

68

30

40

50

60

70

80

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Núm

ero

de

caso

s re

gis

trad

os

ano

média=59,82

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

43

Tabela 1 - Distribuição dos casos (n=658) segundo o local de diagnóstico e tratamento

oncológico prévio. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Variável n %

Local de diagnóstico Hospital de Câncer 323 49,09

Outro hospital (MT) 272 41,34

Outro estado 63 9,57

Tratamento oncológico prévio Sim 173 26,30

Não 485 73,70

Foram relatados 1.539 diferentes sinais e sintomas que levaram os responsáveis

pelos pacientes a procurarem atendimento médico. Os quatro principais sinais e

sintomas foram: febre, dor (diversas localizações foram agrupadas), palidez (em

alguns relatos queixava-se de “anemia”, o que foi agrupado com o sinal de palidez),

alteração no abdome (massa palpável, distensão abdominal) (Tabela 2).

Tabela 2 - Sinais e sintomas frequentes relatados pelos portadores de neoplasias

malignas. Hospital de Câncer, 2002-2012.

Sinais e Sintomas n %

Febre 506 32,88

Dor de diversas localizações 235 15,27

Anemia/palidez 206 13,40

Alteração em abdome 122 7,93

Nódulo, tumor local, caroço 97 6,30

Cefaléia 65 4,22

Adinamia/fraqueza/cansaço/prostração 53 3,44

Dor abdominal 45 2,92

Massa 36 2,34

Alteração ocular/visual 28 1,82

Edema/inchaço 16 1,04

Sangramento 13 0,85

Diarréia 11 0,71

Falta de ar 11 0,71

Emagrecimento 11 0,71

Infecção de vias aéreas/urinária 11 0,71

Dor de garganta/disfagia 10 0,65

Outros diferentes sintomas** 63 4,10

Total 1.539 100

** Outros sintomas: tosse, perda de apetite, convulsão/desmaio, sonolência, fratura (coluna, joelho,

antebraço), desequilíbrio, pelos genitais, dor/edema articular, dor em membros, dificuldade de

deambular, aftas na boca, dificuldade para abrir a boca.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

44

Encontrou-se história familiar positiva de câncer em 43,44% nos portadores

de neoplasia maligna (Tabela 3).

Tabela 3 - Histórico familiar de câncer (n=541) de casos de neoplasias malignas.

Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

História familiar de neoplasia

n %

Sim 235 43,44

Não 306 56,56

Total 541 100

Obs.: Excluídos 117 casos sem informação.

Em relação à distribuição por sexo, encontrou-se predomínio de casos no sexo

masculino em todos os grupos, sendo mais evidente no grupo de adolescentes

(59,14%). Foi excluída desta análise, uma criança de 11 meses portadora de genitália

ambígua ao nascimento, cariótipo com sexo indeterminado, que apresentou tumor de

Wilms detectado em exame de ultrassonografia de rotina no primeiro ano de vida

(Tabela 4).

Tabela 4 – Distribuição dos casos de neoplasias malignas segundo o sexo e grupo

etário. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

SEXO

GRUPO ETÁRIO

0-19 anos Crianças Adolescentes

n % n % n %

Masculino 354 53,88 202 50,50 152 59,14

Feminino 305 46,12 198 49,50 105 40,86

Total 657 100 400 100 257 100,0

Obs.: Excluído 1 caso com sexo indeterminado de 11 meses de idade na primeira consulta.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

45

A distribuição dos pacientes segundo a idade na primeira consulta apresentou

média de 8,55 anos em todo grupo, 4,82 anos no grupo de crianças e 14,38 anos no

grupo de adolescentes (Tabela 5, Figura 2).

Tabela 5 - Estatística descritiva dos casos de neoplasias malignas segundo a idade na

primeira consulta. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Estatística

descritiva

Idade na primeira

consulta (anos)

(N=658)

Crianças

< 10 anos

(n=401)

Adolescentes

10-19 anos

(n=257)

Média 8,55 4,82 14,38

Mediana 7,65 4,34 14,55

Desvio

padrão 5,29 2,52 2,47

Mínimo 0,27 0,27 10,07

Máximo 19,46 9,99 19,46

Figura 2 - Distribuição dos casos de neoplasias malignas segundo a idade na primeira

consulta e grupo etário. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

0-19 anos <10 anos 10-19 anos0

5

10

15

20

Grupo etário

Ida

de n

a p

rim

eir

a c

on

sult

a (

an

os)

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

46

A maioria das neoplasias ocorreu em pacientes da raça/cor negra considerando

o grupo todo de 0-19 anos (51,50%) e no grupo de adolescentes (59,20%), enquanto

que no grupo de crianças houve o predomínio da raça/cor branca (52,48%) (Tabela 6).

Tabela 6 - Distribuição dos casos de neoplasias malignas segundo raça/cor. Hospital

de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Raça/Cor

Neoplasias malignas por grupos etários

0-19 anos Crianças Adolescentes

n % n % n %

Branca 301 47,55 201 52,48 100 40,00

Negra 326 51,50 178 46,48 148 59,20

Amarela 1 0,16 - - 1 0,40

Indígena 5 0,79 4 1,04 1 0,40

Total 633 100 383 100 250 100

Ignorado 25 - 18 - 7 -

Na tabela 7, a análise da renda familiar em salário mínimo mostrou que a

mediana (1,46 salário mínimo) estava bem abaixo da média (2,24 salário mínimo)

encontrada.

Tabela 7 - Estatística descritiva da renda familiar dos casos de neoplasias malignas.

Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Estatística

Descritiva

Renda em

salário mínimo

n=480

Número de

pessoas/família

n=538

Renda familiar

per capita

n=479

Média 2,24 4,33 0,56

Mediana 1,46 4,00 0,36

Mínimo 0,16 2 0,03

Máximo 16,67 16 4,39

Desvio padrão 2,24 1,40 0,61

Obs.: Excluídos os casos sem informação.

Na figura 3 observa-se que a maioria possuía distribuição da renda familiar per

capita mensal abaixo de 0,5 salário mínimo.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

47

Figura 3 - Distribuição da renda familiar per capita mensal dos casos de neoplasias

malignas (n=479). Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

No grupo de neoplasias malignas, a maior frequência de ensino fundamental

incompleto prevaleceu tanto entre as mães quanto entre os pais (Tabela 8).

Tabela 8 - Distribuição de escolaridade dos pais dos casos de neoplasias malignas.

Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Escolaridade materna paterna

n % n %

Ensino fundamental incompleto 294 59,39 303 65,30

Ensino fundamental completo 45 9,09 49 10,56

Ensino médio incompleto 23 4,65 18 3,88

Ensino médio completo 93 18,79 58 12,50

Superior incompleto 9 1,81 8 1,72

Superior completo 23 4,65 18 3,88

Pós-Graduação 4 0,81 1 0,22

Analfabeto 4 0,81 9 1,94

Total 495 100 464 100 Obs.: Excluídos dados sem informação da escolaridade materna (n=163) e paterna (n=194).

Considerando-se o grupo de 0-19 anos, mais da metade dos casos pertenciam

a três grupos de diagnósticos: leucemias, linfomas e neoplasias reticuloendoteliais e

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

5

0 100 200 300 400 500 600 700

Renda familiar

per capita

(salário

mínimo)

Casos de neoplasias malignas

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

48

tumores do sistema nervoso central, sequência que se repete entre crianças. No grupo

de adolescentes, os três grupos de diagnósticos mais frequentes foram leucemias,

linfomas e neoplasias reticuloendoteliais e tumores ósseos (Tabela 9).

Tabela 9 - Distribuição dos casos de neoplasias malignas segundo o grupo de

diagnóstico e grupo etário (idade em anos na primeira consulta). Hospital de Câncer

do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Grupo de diagnóstico de neoplasias

malignas

0-19 anos Criança Adolescente

n % n % n %

I. Leucemias 239 36,32 160 39,90 79 30,74

II. Linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais 111 16,87 54 13,47 57 22,18

III. Tumor do sistema nervoso central 75 11,40 51 12,72 24 9,34

IV. Tumores do sistema nervoso

simpático 25 3,80 25 6,24 - -

V. Retinoblastoma 10 1,52 10 2,49 - -

VI. Tumores renais 45 6,84 43 10,72 2 0,78

VII. Tumores hepáticos 2 0,30 2 0,50 - 0,00

VIII. Tumores ósseos 41 6,23 5 1,25 36 14,00

IX. Sarcomas de partes moles 60 9,12 28 6,98 32 12,45

X. Neoplasias de células germinativas,

trofoblásticas e outras gonadais 25 3,80 11 2,74 14 5,45

XI. Carcinomas e outras neoplasias

malignas epiteliais 25 3,80 12 2,99 13 5,06

Total 658 100 401 100 257 100

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

49

Entre as crianças, em menores de 1 ano na primeira consulta, os grupos de

diagnóstico mais frequentes foram tumores renais, leucemias e tumores do sistema

nervoso simpático. Na faixa etária entre 1 e 4 anos na primeira consulta os grupos de

diagnóstico mais frequentes foram leucemias, tumores renais, linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais e tumores ósseos malignos. Na faixa etária entre 5 e 9 anos na

primeira consulta os grupos de diagnóstico mais frequentes foram leucemias, linfomas

e neoplasias reticuloendoteliais e tumores do sistema nervoso central (Tabela 10).

Tabela 10 – Distribuição dos grupos de diagnóstico de neoplasias malignas em

crianças segundo a faixa etária da idade na primeira consulta. Hospital de Câncer do

Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Grupo de diagnóstico de

neoplasia maligna

<1 ano 1-4 anos 5-9 anos

n % n % n %

I. Leucemias 5 26,32 84 40,00 71 41,28

II. Linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais - - 24 11,43 30 17,44

III. Tumores do sistema

nervoso central 1 5,26 24 11,43 26 15,12

IV. Tumores do sistema

nervoso simpático 3 15,79 16 7,62 6 3,49

V. Retinoblastoma - - 5 2,38 5 2,91

VI. Tumores renais 6 31,58 26 12,38 11 6,40

VII. Tumores hepáticos - - 1 0,48 1 0,58

VIII. Tumores ósseos

malignos - - 2 0,95 3 1,74

IX. Sarcomas de partes

moles 2 10,53 14 6,67 12 6,98

X. Neoplasias de células

germinativas,

trofoblásticas e outras

gonadais

2 10,53 6 2,86 3 1,74

XI. Carcinomas e outras

neoplasias malignas

epiteliais

- - 8 3,81 4 2,33

Total 19 100 210 100 172 100

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

50

Entre os adolescentes, os grupos de diagnóstico mais frequentes na faixa etária

entre 10 e 14 anos na primeira consulta foram leucemias, linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais e tumores ósseos malignos. Os grupos de diagnóstico mais

frequentes na faixa etária entre 15 e 19 anos na primeira consulta foram leucemias,

linfomas e neoplasias reticuloendoteliais, tumores ósseos malignos e sarcomas de

partes moles (Tabela 11).

Tabela 11 – Distribuição dos grupos de diagnóstico de neoplasias malignas em

adolescentes segundo a faixa etária da idade na primeira consulta. Hospital de Câncer

do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Grupo de diagnóstico de neoplasia

maligna

10-14 anos 15-19 anos

n % n %

I. Leucemias 52 35,14 27 24,8

II. Linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais 34 22,97 23 21,1

III. Tumores do sistema nervoso central 15 10,14 9 8,3

IV. Tumores do sistema nervoso

simpático - - - -

V. Retinoblastoma - - - -

VI. Tumores renais 2 1,35 - -

VII. Tumores hepáticos - - - -

VIII. Tumores ósseos malignos 19 12,84 17 15,6

IX. Sarcomas de partes moles 15 10,14 17 15,6

X. Neoplasias de células germinativas,

trofoblásticas e outras gonadais 5 3,38 9 8,3

XI. Carcinomas e outras neoplasias

malignas epiteliais 6 4,05 7 6,4

Total 148 100 109 100

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

51

Quanto à distribuição por raça/cor, os grupos de diagnóstico mais frequentes

na raça/cor branca foram leucemias, linfomas e neoplasias reticuloendoteliais e

sarcomas de partes moles. Os grupos de diagnóstico mais frequentes na raça/cor negra

foram leucemias, linfomas e neoplasias reticuloendoteliais, tumores do sistema

nervoso central e sarcomas de partes moles (Tabela 12).

Tabela 12 - Distribuição dos casos de neoplasia maligna segundo grupos de

diagnóstico e raça/cor (n=627). Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-

2012.

Obs: Foram excluídos 25 casos sem informação, 5 indígenas e 1 amarela.

Grupos de diagnóstico Brancos Negros

n % n %

I. Leucemias 129 42,86 100 30,67

II. Linfomas e neoplasias reticuloendoteliais 52 17,28 51 15,64

III. Tumores do sistema nervoso central 23 7,64 50 15,34

IV. Tumores do sistema nervoso simpático 15 4,98 10 3,07

V. Retinoblastoma 4 1,33 6 1,84

VI. Tumores renais 19 6,31 22 6,75

VII. Tumores hepáticos 1 0,33 1 0,31

VIII. Tumores ósseos malignos 13 4,32 27 8,28

IX. Sarcomas de partes moles 28 9,30 28 8,59

X. Neoplasias de células germinativas,

trofoblásticas e outras gonadais 9 2,99 16 4,91

XI. Carcinomas e outras neoplasias malignas

epiteliais 8 2,66 15 4,60

Total 301 100 326 100

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

52

Quanto à distribuição por sexo, os grupos de diagnóstico mais frequentes no

sexo masculino foram leucemias, linfomas e neoplasias reticuloendoteliais e tumores

do sistema nervoso central e sarcomas de partes moles. Também os grupos de

diagnóstico mais frequentes no sexo feminino foram leucemias, linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais e tumores do sistema nervoso central e sarcomas de partes moles

(Tabela 13).

Tabela 13 - Distribuição dos casos de neoplasia maligna segundo grupos de

diagnóstico e sexo (n=657). Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Obs.: Excluído um caso de sexo indeterminado com tumor renal.

Grupos de diagnóstico

Sexo

Masculino

Sexo

Feminino

n % n %

I. Leucemias 130 36,72 109 35,97

II. Linfomas e neoplasias reticuloendoteliais 72 20,34 39 12,87

III. Tumores do sistema nervoso central 36 10,17 39 12,87

IV. Tumores do sistema nervoso simpático 14 3,96 11 3,63

V. Retinoblastoma 7 1,98 3 1,00

VI. Tumores renais 22 6,21 22 7,26

VII. Tumores hepáticos 1 0,28 1 0,33

VIII. Tumores ósseos malignos 19 5,37 22 7,26

IX. Sarcomas de partes moles 36 10,17 24 7,92

X. Neoplasias de células germinativas,

trofoblásticas e outras gonadais 7 1,98 18 5,94

XI. Carcinomas e outras neoplasias malignas

epiteliais 10 2,82 15 4,95

Total 354 100 303 100

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

53

A maioria dos casos de neoplasias malignas (64,33%) foi procedente de três

regiões de saúde do estado de Mato Grosso: Baixada Cuiabana, Rondonópolis e Sinop

(Tabela 14).

Tabela 14 - Distribuição da região de saúde de procedência de 614 casos de neoplasias

malignas atendidos no Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Região de Saúde de Procedência de Mato Grosso n %

Baixada Cuiabana 227 36,97

Rondonópolis 92 14,98

Sinop 76 12,38

Cáceres 41 6,68

Tangará da Serra 40 6,52

Juína 26 4,23

Pontes e Lacerda 22 3,58

Colíder 21 3,42

Peixoto de Azevedo 18 2,93

Alta Floresta 16 2,61

Diamantino 15 2,44

Barra do Garças 9 1,47

Juara 5 0,81

Água Boa 3 0,49

Porto Alegre do Norte 3 0,49

Total 614 100

Obs.: Excluídos 44/658 casos de neoplasias malignas procedentes de outros estados.

O Hospital de Câncer acompanhou 44/658 pacientes (6,68%) procedentes de

outros estados: Acre, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rondônia

e Tocantins (Tabela 15).

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

54

Tabela 15 - Distribuição de 44 pacientes procedentes de outros estados, portadores de

neoplasias malignas atendidos no Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-

2012.

Casos procedentes de outros estados n %

Rondônia 32 72,73

Pará 6 13,64

Mato Grosso do Sul 2 4,55

Goiás 1 2,27

Maranhão 1 2,27

Paraná 1 2,27

Tocantins 1 2,27

Total 44 100

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

55

As leucemias e os linfomas e neoplasias reticuloendoteliais ocorreram em

primeiro e segundo lugar, respectivamente, nas três regiões de saúde com o maior

número de casos de neoplasias malignas. A neoplasia maligna que ocupou o terceiro

lugar na Baixada Cuiabana foram as leucemias, em Rondonópolis foram os tumores

renais e sarcoma de partes moles, e em Sinop foram sarcoma de partes moles (Tabela

16).

Tabela 16 - Distribuição das neoplasias malignas segundo grupos de diagnóstico em

três regiões de saúde de procedência em Mato Grosso. Hospital de Câncer do Estado

de Mato Grosso, 2002-2012.

Grupo Diagnóstico

Baixada

Cuiabana Rondonópolis Sinop

n % n % n %

I. Leucemias 80 35,24 32 34,78 31 40,79

II. Linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais 40 17,62 20 21,74 11 14,47

III. Tumores do sistema nervoso

central 31 13,66 8 8,7 6 7,89

IV. Tumores do sistema nervoso

simpático 7 3,08 2 2,17 6 7,89

V. Retinoblastoma 5 2,20 - - - -

VI. Tumores renais 11 4,85 9 9,78 4 5,26

VII. Tumores hepáticos 1 0,44 - - - -

VIII. Tumores ósseos malignos 15 6,61 5 5,44 3 3,95

IX. Sarcomas de partes moles 18 7,93 9 9,78 10 13,16

X. Neoplasias de células

germinativas, trofoblásticas e

outras gonadais

11 4,85 2 2,17 3 3,96

XI. Carcinomas e outras neoplasias

malignas epiteliais 8 3,52 5 5,44 2 2,63

Total 227 100 92 100 76 100

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

56

Em relação às leucemias, houve predomínio da forma linfóide aguda (86,50%)

no grupo todo (0-19 anos). Das 32 leucemias não linfóides, 22 eram crianças e 10

adolescentes (Tabela 17).

Tabela 17 - Distribuição de classificação das leucemias (n=237) em crianças e

adolescentes atendidos no Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Leucemias (n=235) n %

Leucemias Linfóides Agudas 205 86,50

Leucemias não Linfóides 32 13,50

Total 237 100

Obs.: Excluídos 2 casos sem informação da classificação.

Houve predomínio de LLA de baixo risco entre as crianças (Tabela 17). Foram

excluídas dessa tabela 3 casos de LLA que iniciaram acompanhamento no Hospital de

Câncer quando adolescentes, pois tiveram diagnóstico e tratamento inicial anterior,

aos 2 anos, 4 anos e 7 anos de idade (Tabela 18).

Tabela 18 - Distribuição das leucemias linfóides agudas segundo classificação de risco

e grupo etário (idade em anos na primeira consulta). Hospital de Câncer do Estado de

Mato Grosso, 2002-2012.

Classificação de

LLA

Grupos etários

0-19 anos Crianças Adolescentes

n % n % n %

Baixo risco 71 35,15 71 52,21 - -

Alto risco 131 64,85 65 47,79 66 100

Total 202 100 136 100 66 100

Obs.: Excluídos 3 casos que iniciaram acompanhamento na adolescência mas com diagnóstico e

tratamento prévio de LLA antes de 10 anos de idade.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

57

Dos 64 tumores em que foi possível a classificação histopatológica, segundo OMS

2007, os principais tipos histológicos foram meduloblastoma (n=17; 26,56%),

astrocitoma pilocítico (n=14; 21,87%), astrocitoma (n=5; 7,81%) (Tabela 19).

Tabela 19 – Classificação dos tumores do sistema nervoso central (n=64) em crianças

e adolescentes atendidos no Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Tipo Histológico Graduação segundo WHO, 2007 (LOUIS et al., 2007)

I II III IV Total

Tumor astrocítico

Astrocitoma 4 1 - - 5

Astrocitoma anaplásico - - 1 - 1

Astrocitoma difuso - 1 - - 1

Astrocitoma fibrilar 1 1 - - 2

Astrocitoma pilocítico 14 - - - 14

Astrocitoma pilomixóide - 2 - - 2

Glioblastoma - - - 2 2

Xantoastrocitoma Pleomórfico - 1 - - 1

Tumor da região selar

Craniofaringeoma 2 - - - 2

Tumores ependimais

Ependimoma - 4 - - 4

Ependimoma anaplásico - - 2 - 2

Ependimoma mixopapilar 1 - - - 1

Tumores neuronais e neuronais-gliais

Ganglioglioma - 1 - - 1

Neurocitoma 1 - - - 1

Tumores meníngeos

Hemangioblastoma - 1 - - 1

Tumores embrionários

Meduloblastoma - - - 17 17

Meduloepitelioma - - - 1 1

- - - - -

Tumores oligoastrocíticos

Oligoastrocitoma - - 1 - 1

Oligodendroglioma - 3 - - 3

Tumores pineais

Pineoblastoma - - - 1 1

Obs.: Excluído 1 tumor embrionário que não realizou imunohistoquímica e 11 tumores de tronco cerebral

inoperáveis que não realizaram biópsia.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

58

A grande maioria dos tumores sólidos, 8 de 9 grupos de diagnóstico, apresentou

a extensão clínica da doença na forma não localizada (Tabela 20).

Tabela 20 - Distribuição dos casos de tumores sólidos segundo o grupo de diagnóstico

e a extensão clínica, de pacientes de 0 a 19 anos atendidos no Hospital de Câncer do

Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Grupo de diagnóstico de neoplasia maligna

Extensão clínica da doença

Total localizado não localizado

n % n %

II. Linfomas e tumores reticuloendoteliais

(3 ignorados) 39 36,11 69 63,89 108

IV. Tumores do Sistema Nervoso simpático

(1 ignorado) 2 8,33 22 91,67 24

V. Retinoblastoma

(2 ignorados) 2 25,00 6 75,00 8

VI. Tumores renais

(2 ignorados) 19 44,19 24 55,81 43

VII. Tumores hepáticos 1 50,00 1 50,00 2

VIII. Tumores ósseos

(18 ignorados) 6 26,09 17 73,91 23

IX. Sarcomas de partes moles

(6 ignorados) 12 22,22 42 77,78 54

X. Tumor de células germinativas

(2 ignorados) 10 43,48 13 56,52 23

XI. Carcinomas

(2 ignorados) 10 43,48 13 56,52 23

Total 101 207 308

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

59

A estatística descritiva dos intervalos de tempo em dias, entre as datas

analisadas encontram listadas na tabela 21.

A maioria dos casos de neoplasias malignas teve tempo entre data do

diagnóstico e início do tratamento menor que 60 dias.

Tabela 21 - Estatística descritiva de intervalo de tempo entre datas-chave de casos de

neoplasias malignas. Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Primeiros

sintomas

e primeira

consulta

Primeiros

sintomas

e diagnóstico

Primeiros

sintomas

e início de

tratamento

Diagnóstico

e início de

tratamento

Primeira

consulta

e diagnóstico*

Diagnóstico

e início de

tratamento*

Número 620 614 591 616 357 471

Ignorados 38 44 67 42 - -

Média 190,43 111,92 130,56 11,21 12,20 10,88

Mediana 48,50 43,00 51,00 4,00 5,00 5,00

Mínimo 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

Máximo 3.658 3.211 3.239 722 361 194

Desvio

padrão 439,71 243,27 250,95

33,68 28,35 17,27

Obs: *Excluídos destes cálculos os casos que chegaram ao hospital com diagnóstico prévio ou que

realizaram tratamento oncológico prévio à primeira consulta.

A principal modalidade terapêutica recebida pelos casos de neoplasia maligna

foi de quimioterapia isolada ou combinada (59,76%). O transplante de medula óssea

(TMO) foi realizado em cinco (0,51%) dos pacientes (Tabela 22). O Hospital de

Câncer encaminhou quatro dos cinco pacientes para TMO, para centros de referência

fora do estado, e um caso foi de paciente que realizou todo tratamento oncológico em

outro estado, fazia acompanhamento clínico no Hospital de Câncer.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

60

Tabela 22 - Distribuição de modalidades terapêuticas em casos de neoplasias malignas

(n=658), de pacientes de 0 a 19 anos atendidos no Hospital de Câncer, 2002-2012.

Tipo de tratamento Frequência cumulativa

n %

Só QT (n=336) + QT combinada com outro tratamento (n=246) 582 59,76

Só cirurgia (n=46) + cirurgia combinada com outros tratamentos

(n=168) 214 21,97

Só RT (n=2) + RT combinada (n=150) 152 15,61

TMO + combinada com outros tratamentos 5 0,51

Outros tratamentos combinados 5 0,51

1,64 Sem indicação de intervenção terapêutica 16

Total 974 100

QT= quimioterapia; RT=radioterapia; TMO= Transplante de Medula Óssea.

Obs.: Excluídos 8 casos sem informação.

Observou-se que 82,14% (n=538) dos pacientes realizaram alguma modalidade

terapêutica oncológica no Hospital de Câncer, 55,42% (n=363) realizaram tratamento

exclusivamente no Hospital de Câncer. Realizaram tratamento oncológico em outros

hospitais e foram encaminhados para seguimento no Hospital de Câncer 14,65%

(n=96) dos casos (Tabela 23).

Tabela 23 - Distribuição de local de tratamento de casos de neoplasias malignas

(n=658), de pacientes de 0 a 19 anos atendidos no Hospital de Câncer, 2002-2012.

Local do tratamento oncológico Frequência cumulativa

n %

Hospital de Câncer exclusivo (n=363) + outro hospital/MT

(n=109) + outro estado (n=66) 538 82,14

Hospital de Câncer + outro hospital/MT + outro estado 8 1,22

Só em outro hospital/MT

(Faz acompanhamento clínico no Hospital de Câncer) 48 7,33

Outro estado (n=45) + outro estado e outro hospital/MT (n=3)

(Faz acompanhamento clínico no Hospital de Câncer) 48 7,33

Sem indicação de intervenção terapêutica 13 1,98

Total 655 100

Obs.: Foram excluídos 3 casos sem informação.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

61

A maioria (80,53%) dos casos analisados não apresentou recidiva durante o

período de seguimento. Embora não descritos em Tabela, 72 casos apresentaram

progressão da doença (Tabela 24).

Tabela 24 - Distribuição de recidiva de casos de neoplasias malignas (n=647), de

pacientes de 0 a 19 anos atendidos no Hospital de Câncer, 2002-2012.

Recidiva n %

Sim 126 19,47

Não 521 80,53

Total 647 100

Obs.: Foram excluídos 11 casos por perda de seguimento.

No final do período estudado, na maioria (56,62%) dos casos de neoplasias

malignas, os pacientes encontravam-se vivos sem câncer e 34,70% tinham ido ao óbito

com câncer (Tabela 25).

Tabela 25 - Distribuição da evolução dos casos de neoplasias malignas em dezembro

de 2012, de pacientes de 0 a 19 anos atendidos no Hospital de Câncer, 2002-2012.

Evolução n %

Vivo sem câncer 359 56,62

Vivo com câncer 28 4,42

Vivo sem especificação 1 0,16

Óbito com câncer 220 34,70

Óbito sem câncer 20 3,15

Óbito sem especificação 6 0,95

Total 634 100

Obs.: Foram excluídos 24 casos sem informação, por perda de seguimento.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

62

5 DISCUSSÃO

O tema câncer, na faixa etária de crianças e adolescentes, é de extrema

relevância, já que neoplasias representam uma das dez principais causas de morte no

Brasil e regiões na população entre 0 e 19 anos de idade (BRASIL 2014a).

No período estudado, foram analisados 658 casos de neoplasias malignas

ocorridas em crianças e adolescentes matriculados no Hospital de Câncer de Mato

Grosso, com uma média aproximada de 60 casos por ano. Em 2002, observou-se

registro de 78 casos no Hospital de Câncer, provavelmente por migração de pacientes

de outro hospital privado da capital, que também possuía atendimento em oncologia

pediátrica. Devido à sua condição de hospital filantrópico, com maior número de leitos

disponíveis para pacientes do SUS, houve a possibilidade de atendimento a maior

número de pacientes em uma mesma instituição. Em 2001, a pesquisadora principal

deste estudo, iniciou atendimento no Hospital de Câncer de Mato Grosso e, observou

que crianças e adolescentes portadores de câncer eram internados para tratamento

antineoplásico em diversos hospitais não especializados para o tratamento de Câncer

em Cuiabá, capital do estado, e Várzea Grande, cidade vizinha.

Na experiência da pesquisadora, antes da organização do serviço

multidisciplinar de pediatria no Hospital de Câncer, ocorriam internações de crianças

e adolescentes com câncer em até sete diferentes hospitais em Cuiabá e Várzea Grande,

pois realizou avaliação de pedidos de parecer nesses locais no mesmo dia.

Entre 2005 e 2006 ocorreu queda de 23,5% no registro de casos no Hospital de

Câncer (de 51 para 39 casos), provavelmente por aumento na oferta do número de

leitos em oncologia pediátrica na rede SUS na capital nesse período. De 2007 a 2012

o número de registro de casos permaneceu com média próxima a 60 casos por ano

(59,82 casos registrados por ano). Embora o Hospital de Câncer seja referência para o

tratamento de neoplasias no estado, como ele não possui UTI Pediátrica desde a sua

fundação, pacientes do próprio hospital são encaminhados para tratamento intensivo,

quando necessário, em UTIs de outros hospitais. Pacientes portadores de neoplasia

maligna internados em outros hospitais também são acompanhados pela equipe do

Hospital de Câncer com orientação da pesquisadora principal, quando solicitada.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

63

Neste estudo, dos 658 casos analisados, aproximadamente a metade foi

diagnosticada no próprio Hospital e 73,7% não tinha tratamento prévio. Cerca de um

quarto dos casos tinha diagnóstico e tratamento oncológico prévios, mostrando a

importância da prestação de serviço à população atendida. Além disso, observou-se

que cerca de 10% dos casos eram provenientes de outros estados, dado que necessita

de mais estudos para compreensão do motivo pelo qual esses casos não foram

atendidos em seu próprio estado, o que encarece custos ao estado que prestou esse

atendimento.

O Hospital Erasto Gaertner (HEG) atendeu 1.256 casos de neoplasias malignas

em menores de 19 anos de idade entre 2000 e 2004. Destes, 68,7% foram admitidos

ao hospital sem ter realizado tratamento, 29,5% vieram com diagnóstico e com

tratamento e 1,7% chegaram sem diagnóstico mas com algum tipo de tratamento

(LIGA PARANAENSE DE COMBATE AO CÂNCER, 2004).

No Hospital Amaral Carvalho, referência em tratamento de câncer em Jaú,

interior do estado de São Paulo, segundo dados do RHC, entre 1996 e 1999, foram

admitidos 235 pacientes com idade inferior a 19 anos. Dos casos relatados, 26%

chegaram ao hospital sem diagnóstico e sem tratamento prévios, 37% chegaram ao

hospital com diagnóstico e sem tratamento, e 37% chegaram ao hospital com

diagnóstico e com tratamento prévio. Ainda no mesmo hospital, entre 2000 e 2004,

foram admitidos 459 pacientes com idade inferior a 19 anos. Dos casos relatados,

47,9% chegaram ao hospital sem diagnóstico e sem tratamento prévios, 20% chegaram

ao hospital com diagnóstico e sem tratamento, e 31,2% chegaram ao hospital com

diagnóstico e com tratamento prévio (SEGALLA et al, 2005).

No Hospital de Câncer de Mato Grosso, 73,70% dos casos em estudo (n=485)

chegaram ao hospital sem qualquer modalidade de tratamento oncológico prévio,

frequência próxima mas pouco maior que a apresentada pelo HEG (68,7%) e ao

Hospital Amaral Carvalho no período de 2000 a 2004 (67,9%). Também foi

semelhante a frequência de casos com tratamento prévio: 26,3% no Hospital de Câncer

de Mato Grosso, 29,5% no HEG e 31,2% no Hospital Amaral Carvalho de 2000 a

2004. Isto mostra que existe mobilidade entre pacientes portadores de neoplasias com

encaminhamento para outros hospitais de referência. Pacientes iniciam o tratamento

oncológico em uma instituição e continuam seu tratamento ou seguimento em outro

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

64

local, o que ocorreu em cerca de um quarto das crianças e adolescentes atendidos nas

três instituições (LIGA PARANAENSE DE COMBATE AO CÂNCER, 2004),

(SEGALLA et al, 2005).

No Hospital de Câncer, no presente estudo, as principais queixas relatadas

pelos responsáveis que os levaram a procurar atendimento médico foram semelhantes

a sinais e sintomas relatados na literatura consultada. De 30 diferentes sinais e sintomas

relatados, febre, dor de qualquer tipo ou localização e palidez, agrupados,

corresponderam a 59,5% das queixas.

Segundo KILBURN et al. (2011), a apresentação da queixa da criança enferma

ao médico ou profissional assistente deve ser levada em consideração de maneira

relevante dentro de sua faixa etária, pois existem importantes diferenças de diagnóstico

diferencial de acordo com cada idade. Normalmente os médicos não consideram a

possibilidade de diagnóstico de câncer. Embora a incidência de câncer seja baixa na

faixa etária pediátrica, deve existir alto grau de suspeição por parte dos profissionais

de saúde. Os sinais e sintomas mais comuns relatados pelo autor foram febre,

linfadenopatia, dor, sangramentos, e sintomas decorrentes de massa torácica

intracraniana e abdominal. Semelhante aos casos relatados no Hospital de Câncer,

febre também foi o sintoma mais frequente, dor em 2º lugar no Hospital de Câncer,

no estudo relatado aparece em 3º lugar, e anemia ou palidez não são relatados no

estudo, porém referem citopenias. KILBURN et al. (2011) relatam em 2º lugar

linfadenopatia, o que no presente trabalho descreveu-se em alguns casos como

“nódulo, ou tumor local”. Os autores referem que cerca de 10% dos casos de febre de

origem obscura são decorrentes de doenças malignas. Estudos relatam dor como um

dos sintomas em mais da metade dos casos de câncer em adultos jovens. Ainda

anormalidades mais comuns encontradas no sangue periférico são citopenias,

leucocitose e plaquetopenia.

BORGES et al. (2009) realizaram estudo descritivo analítico com análise de 71

prontuários de crianças e adolescentes do sexo feminino em um serviço de clínicas

pediátricas em Jundiaí, de 1995 a 2006. A população de estudo abrange Jundiaí e

região, com quase um milhão de habitantes. A estimativa de câncer pediátrico para

pacientes do sexo feminino em 2006 variou de 10 a 39 casos, tendo como base a taxa

de 1% a 4% do total de neoplasias. Relataram sinais e sintomas clínicos que motivaram

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

65

pacientes do sexo feminino, e encontraram os três principais correspondendo a dor

óssea (23,95%, n=17), anemia (22,5%, n=16), e febre (16,9%, n=12). Juntos

corresponderam a 63,3% dos sintomas. Semelhante ao relatado no Hospital de Câncer,

febre, dor e anemia foram os sintomas mais frequentes, e os três juntos correspondem

a 61,25% dos sintomas. Porém quanto à ordem de frequência, febre aparece em 1º

lugar, seguido dor de diversas localizações e depois anemia. O número de casos de

BORGES et al. (2009) corresponde a cerca de 10% do Hospital de Câncer, e sua

população é de adolescentes do sexo feminino; os tumores mais frequentes também

foram leucemias, linfomas e tumores do sistema nervoso central. Outros sintomas

descritos neste trabalho foram “manchas roxas/hemorragias”, adenomegalias,

artrite/artralgia, dor abdominal, perda de peso, aumento de volume abdominal,

cefaleia, náuseas e vômitos.

Foi encontrada no estudo história familiar positiva de câncer em 43,44% nos

portadores de neoplasia maligna. Segundo STILLER (2004), o câncer na infância é

raro em todo o mundo, e a incidência anual em crianças de 0 a 14 anos é geralmente

entre 70 e 160 por milhão. Variações são vistas nas populações para determinados

tipos de tumor, e algumas das maiores variações são geográfica e são atribuíveis a

fatores ambientais. É provável que variações em relação a fatores étnicos sejam

marcadores de predisposição genética. Várias síndromes genéticas são associadas a

um risco aumentado de câncer infantil, e o aumento de risco de câncer entre parentes

de primeiro grau pode ser explicado por conhecidas síndromes hereditárias.

PLON e MALKIN (2011) referem que é pequena a proporção de câncer na

infância que tem componente hereditário. A alteração genética pode ter sido passada

à criança por um dos pais ou pode ter ocorrido uma nova mutação em uma célula

germinativa antes da fertilização. Portanto, a criança pode ter predisposição hereditária

ao câncer apesar de história familiar negativa. Existem tipos de tumores com 40% a

80% de componente hereditário, porém correspondem à minoria dos tumores na

infância. Os tipos de câncer pediátricos mais comuns possuem as menores frações

hereditárias.

No atual estudo, não foi aprofundado o histórico de câncer na família, mas

quase a metade dos casos tinha história familiar positiva, o que aponta a necessidade

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

66

de mais estudos para verificar que tipos de neoplasias apresentavam história familiar

positiva e se estão associados a algum fator de risco.

Em relação ao sexo, a distribuição da população estudada foi semelhante à

literatura, com predomínio do sexo masculino (53,67%) em relação ao feminino

(46,18%), numa razão de sexo de 1,2.

PARKIN et al. (1988a) descreveram o predomínio de incidência do sexo

masculino sobre o feminino na maioria dos registros de cerca de 50 países participantes

do estudo. PARKIN et al. (1998a) descrevem o predomínio de incidência do sexo

masculino sobre o feminino na maioria dos registros de 60 países participantes do

estudo. Ambos os estudos são referentes a populações de 0 a 14 anos, para todos os

grupos de diagnósticos agrupados.

Segundo RIES et al. (1999), no programa americano SEER, a incidência de

câncer para todos os grupos de diagnóstico combinados foi maior para o sexo

masculino que para o sexo feminino em 21 anos de análise (1975 a 1995). LI et al.

(2008), nos Estados Unidos, de 2001 a 2003, observaram que a taxa de incidência para

o sexo masculino foi significativamente maior que a incidência para o sexo feminino

(174,28 por milhão e 157,14 por milhão respectivamente). SCHEURER et al. (2011)

descrevem dados do mesmo programa, de 1992 a 2006, com razão de incidência de

1,1 entre o sexo masculino e feminino. O programa SEER, segundo LI et al. (2008)

teve abrangência de mais de mais de 90% da população americana, identificando

diagnóstico de câncer em pessoas de 0 e 19 anos.

STELIAROVA-FOUCHER et al. (2004) descreveram maior incidência para o

sexo masculino em relação ao feminino em todas as faixas etárias, de 0 a 19 anos de

idade. Dados do projeto ACCIS, referente a 63 RCBP na Europa, no período de 1970

a 1999. KAATSCH (2010) descreveu dados do Registro Alemão de Câncer na

Infância, acerca da população de 0 a 14 anos, de 1998 a 2007: razão de 1,2 entre as

incidências do sexo masculino e feminino.

WIANGNON et al. (2011) analisou dados de crianças de 0 a 15 anos de 18

centros de tratamento na Tailândia durante 2003 a 2005. Na maioria dos grupos de

diagnóstico, sem distinção entre faixas etárias, houve predomínio do sexo masculino.

BRASIL (2008b) apresenta dados de 20 RCBP brasileiros, incluindo Cuiabá e

Várzea Grande, em diferentes períodos (de 1991 a 2004), acerca da população de 0 a

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

67

19 anos. Na maioria dos registros houve predomínio de incidência para o sexo

masculino, exceto em Fortaleza (1,05 (0,95:1).

BRAGA et al. (2002) descreveram estudo realizado com o RCBP de Goiânia,

de 1989 a 1996, juntamente com outros 24 RCBP do mundo. Neste estudo, diferente

da grande maioria de trabalhos descritos, descreve maior incidência no sexo feminino

(126,0 por milhão) em relação ao sexo masculino (119,0 por milhão), na população

menor de 15 anos.

SILVA et al. (2002) descreveram a análise de um registro hospitalar de câncer

brasileiro em período de 5 anos (1994 a 1998), em estudo observacional, descritivo,

longitudinal em 371 crianças e adolescentes até 14 anos. A casuística analisada foi de

55,8% crianças do sexo masculino e 44.2% do sexo feminino.

No Hospital Amaral Carvalho, em dados do Registro Hospitalar de Câncer

(RHC) de 1996 a 1999 de 2000 a 2004, para os casos analíticos, houve o predomínio

do sexo masculino, semelhante ao Hospital de Câncer de Mato Grosso (SEGALLA et

al, 2005).

No HEG, em dados do RHC de 1990 a 2002, para os casos analíticos, dos 880

pacientes pediátricos, considerados menores de 15 anos, houve predomínio do sexo

masculino (60%) e também para os 377 adolescentes, considerados de 15 a 19 anos,

53,8% eram do sexo masculino, semelhante ao observado no Hospital de Câncer de

Mato Grosso tanto em crianças como nos adolescentes (LIGA PARANAENSE DE

COMBATE AO CÂNCER, 2004).

Em Cuiabá e Várzea Grande, de 0 a 18 anos, de 2000 a 2003, a taxa de

incidência para todos os tipos de neoplasias malignas foi de 185.04 por milhão para o

sexo masculino e 153,10 por milhão para o sexo feminino (BRASIL, 2008b). Esta

publicação descreveu, ainda, que no Brasil, para o sexo masculino, a maior taxa média

de incidência de leucemias ajustada por idade foi observada em Cuiabá, com 90,6

casos por milhão, enquanto que a menor taxa foi observada em Salvador (1998-2002),

com 25,5 por milhão. Como descrito, a frequência de casos de câncer por sexo

encontrada no Hospital de Câncer no período estudado corresponde a dados de

incidência por sexo na maioria dos estudos de RCBP no mundo.

A frequência de neoplasias na faixa etária de 0 a 9 anos foi maior que na faixa

etária de 10 a 19 anos (1,5:1). A maior frequência em crianças ocorreu em quase todos

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

68

os tipos de neoplasias, exceto tumores ósseos malignos e neoplasias de células

germinativas, trofoblásticas e outras gonadais que predominaram nos adolescentes de

14-19 anos.

Segundo RIES et al. (1999), em relação ao programa americano SEER, a

incidência de câncer para todos os grupos de diagnóstico combinados foi maior no

grupo de 15 a 19 anos de idade no período de 1975 a 1995. SCHEURER et al. (2011)

descreveram dados também do programa SEER, de 1992 a 2006, com predomínio de

incidência da câncer no grupo de 15 a 19 anos sobre o grupo de menores de 15 anos.

LI et al. (2008), referente ao mesmo programa, relataram diferença significativamente

menor na incidência de crianças (considerados menores de 14 anos) em relação aos

adolescentes (de 15 a 19 anos), no período de 2001 a 2003. Estes dados referem-se a

registros de câncer de base populacional, com predomínio de casos entre adolescentes,

diferente do relatado no Hospital de Câncer

STELIAROVA-FOUCHER et al. (2004) descreveram maior incidência de

câncer na faixa etária de 0 a 14 anos, em população de 0 a 19 anos. Os dados são

referentes ao projeto ACCIS, de 1970 a 1999. PRITCHARD-JONES et al. (2006),

também em relação ao projeto ACCIS, de 1988 a 1997, descreveram maior incidência

em adolescentes (15-19 anos) em relação às crianças.

CAMARGO et al. (2010) relataram que crianças de 1 a 4 anos tiveram as mais

altas taxas de incidência de câncer em população de menores de 19 anos, em estudo

de 14 RCBP brasileiros, em períodos variáveis (de 1991 a 2004). Esta população

correspondeu a 15% de crianças e adolescentes no Brasil, no período.

O RHC do Hospital Erasto Gaertner registrou 1256 casos de câncer admitidos

no período de Janeiro de 1990 a Dezembro de 2002. Destes, 632 foram casos de

tumores em pacientes menores de 10 anos, e 624 casos de tumores em pacientes de 10

a 19 anos, representando praticamente metade dos casos em cada faixa etária (LIGA

PARANAENSE DE COMBATE AO CÂNCER, 2004). No Hospital de Câncer de

Mato Grosso houve predomínio de casos na população de menores de 10 anos de idade

(60,7%).

Em relação à idade, no Hospital de Câncer, a média de idade no grupo de

crianças (0 a 9 anos) foi de 4,82 anos, e a média de idade no grupo de adolescentes (10

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

69

a 19 anos) foi de 14,38 anos. Em ambos os grupos, média e mediana são bastante

próximos.

O Registro Hospitalar de Câncer do Hospital Amaral Carvalho descreve a

distribuição dos casos como bimodal, com a primeira moda aos 3 anos e idade e a

segunda após os 12 anos, para os anos de 1996 a 1999; e no segundo per[iodo estudado,

de 2000 a 2004, a primeira moda aos 2 anos e a segunda aos 14 anos de idade

(SEGALLA et al, 2005).

WIANGNON et al. (2011) descreveram média de incidência de câncer de 6,5

anos, e mediana de 5 anos (dados de crianças de 0 a 15 anos de 18 centros de tratamento

na Tailândia durante 2003 a 2005). O pico de incidência foi entre 1 e 4 anos de idade.

Quanto à raça/cor, no Hospital de Câncer, negros apresentaram maior

frequência que brancos (49,25% negros e 46,10% brancos).

RIES et al. (1999) descrevem maior incidência de câncer em brancos que em

negros para todos os grupos de diagnóstico combinados, de 1975 a 1995, no programa

americano SEER. SCHEURER et al. (2011) relatou que, segundo dados do mesmo

programa, de 1992 a 2006, para crianças e adolescentes a incidência de câncer entre

brancos foi 40% maior em crianças brancas que em crianças negras. LI et al. (2008)

relataram que pacientes de cor branca tiveram mais alta taxa de incidência entre todos

os tipos de câncer na população americana de 0 a 19 anos de 2002-2003, também no

programa SEER.

SILVA et al. (2002) relataram 98,7% de crianças de cor branca e 1,3% de

raça/cor negra em análise de um RHC de 1994 a 1998. O local de estudo é o estado de

Santa Catarina, região sul do Brasil, onde a população é predominantemente de origem

européia, o que explica a quase totalidade da raça/cor branca. Diferente da distribuição

da população na região centro-oeste.

Em relação à renda, observou-se no grupo estudado que tanto a média quanto

a mediana dos pacientes portadores de neoplasias malignas atendidos no Hospital de

Câncer encontram-se abaixo da linha de pobreza. Em relação à renda familiar, por

definição, linha de pobreza foi estabelecida no Brasil em ½ salário-mínimo de renda

familiar per capita considerando o rendimento nominal mensal domiciliar. Deste

modo, qualquer pessoa residente em domicílios com rendimento menor ou igual a esse

valor é considerada de baixa renda (NUNES et al., 2001). Tal característica social tem

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

70

reflexo nas condições de nutrição, condições sanitárias da habitação, maior risco de

adoecimento por patologias infecto-parasitárias, menor acesso ao atendimento básico

de saúde e por conseguinte maior morbidade nesta população.

O Hospital de Câncer de Mato Grosso também atendeu no período do estudo

famílias com renda per capita próximas de até 4,5 salários mínimos e cerca de 5% de

mães e pais possuíam grau de escolaridade superior completo e pós-graduação. A

instituição possui equipe multidisciplinar em oncologia pediátrica desde 2002 e suas

instalações são adequadas para atendimento de pacientes em faixas etárias de crianças

e adolescentes. O Hospital atende predominantemente pacientes procedentes do SUS,

e recebe apoio de organizações não governamentais bem como de extensa rede de

voluntariado local, devido à sua característica de filantropia. Deste modo, famílias com

maior condição sócio econômica são atraídas para atendimento no Hospital, devido à

experiência adquirida no atendimento a esta população pelos seus profissionais no

atendimento a pacientes pediátricos e adolescentes.

SMITH et al. (2006), em estudo caso-controle, de crianças entre 0 e 14 anos no

Reino Unido, com novo diagnóstico de câncer entre 1991 e 1996, observaram que na

população estudada, a situação socioeconômica não foi um fator determinante da

incidência de LLA em crianças. Não foram observadas diferenças nas medidas de

privação entre casos e controles no momento do diagnóstico, seja para todos os tipos

de câncer combinados seja para a LLA. Não foram observadas diferenças entre casos

e controles acerca da classe social baseado em ocupação no pai no momento do

nascimento.

PAN et al. (2010) realizaram estudo com dados do programa SEER, que incluiu

17 RCBP em 11 estados americanos, três regiões metropolitanas e uma rural,

representando 26,2% da população americana. Para leucemias, observaram que

municípios pobres tiveram maior taxa de incidência que municípios em ascensão em

relação à população branca, mas menores taxas para negros. Em municípios que foram

definidos como média e grande pobreza as taxas de incidência ajustadas por idade

foram menores que em municípios de baixa pobreza para tumores de sistema nervoso

central, neuroblastoma, tumores renais e outras neoplasmas malignas epiteliais e

melanomas malignos. Na estratificação por raça/cor, essas associações foram

observadas entre brancos, mas não negros.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

71

Em uma revisão sistemática, em dez línguas, foram analisados 37 estudos que

relacionaram sobrevida com subgrupos socioeconômicos em 2012 (GUPTA et al.,

2014). A maioria das associações foram estatisticamente significativas entre baixa

situação socioeconômica e pior sobrevida.

RIBEIRO et al. (2007) relataram maior diminuição na mortalidade por

leucemias em estados brasileiros que tinham melhores condições socioeconômicas. O

presente estudo não tem como objetivo avaliar mortalidade, mas mostra que existem

importantes fatores econômicos desfavoráveis na população estudada.

Segundo KELLIE e HOWARD (2008), 80% das crianças vivem em países de

baixa e média renda, 200.000 crianças têm diagnóstico de câncer a cada ano e têm

acesso limitado ao tratamento curativo. Os autores sugerem que parcerias

internacionais podem contribuir positivamente para o tratamento de patologias

potencialmente curáveis e tais esforços complementares à saúde pública devem ser

incentivados.

Quanto à escolaridade dos pais, as porcentagens de graus superior incompleto,

superior completo e pós-graduação foram maiores para as mães (somadas

correspondem a 7,27%) em comparação com os mesmos graus para os pais

(porcentagens somadas correspondem a 5,82%). Enquanto que a porcentagem de

analfabetismo entre os pais (1,94%) foi maior em comparação com o analfabetismo

entre as mães (0,81%), e a porcentagem de informações ignoradas foi semelhante entre

mães e pais (24,47% para escolaridade materna e 29,13% para escolaridade paterna).

Na Noruega, foi estimada mortalidade por todas as causas durante os primeiros

10 anos após o diagnóstico de câncer para 6280 crianças norueguesas menores de 20

anos com diagnóstico durante 1974 e 2007, utilizando dados de cinco registros

nacionais. A mortalidade foi reduzida em cerca de 15% nas crianças com mães e

crianças altamente educados sem irmãos. Estes efeitos foram mais pronunciados para

os tipos de câncer previstos com tratamentos mais longos e intensos, que pudessem

levar a problemas de saúde crônicos. Neste estudo a renda não afetou a sobrevida da

população estudada. Os autores concluíram que limitações de tempo e recompensas

não econômicas aos pais por sua educação parece ter impacto na sobrevida do câncer

infantil (SYSE et al., 2012).

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

72

Estudos posteriores poderão ser realizados para análise do seguimento dos

pacientes atendidos, a partir dos dados observados em relação ao perfil econômico e

escolaridade dos pais,

Os três principais tipos de câncer encontrados no Hospital de Câncer foram as

leucemias (36,32%), seguidos dos linfomas e neoplasias reticuloendoteliais (16,87%)

e tumores do sistema nervoso central (11,40%). Juntos representam 64,62% dos casos.

Embora o Hospital de Câncer não seja referência para neurocirurgia no estado,

crianças e adolescentes com diagnóstico deste tipo de tumores são encaminhados para

seguimento clínico após realização do tratamento cirúrgico.

A maioria dos grupos de diagnóstico nas três regiões de saúde de maior

ocorrência foram: na Baixada Cuiabana, 66,52% de todas as neoplasias foram

leucemias, linfomas e neoplasias reticuloendoteliais e tumores do SNC; na região de

saúde de Rondonópolis, 76,08% de todas as neoplasias foram leucemias, linfomas,

tumores renais e sarcomas de partes moles; e na região de Sinop, 68,42% de todas as

neoplasias forma leucemias, linfomas e sarcomas de partes moles

Sobre tradicionais estudos de RCBP de abrangência mundial: PARKIN et al.

(1988b) relataram dados de RCBP de mais de 50 países dos cinco continentes, com

pacientes entre 0 e 14 anos de idade. Cada registro deveria possuir pelo menos 200

casos. Neste trabalho, do Brasil, participaram os RCBP de São Paulo (crianças

menores de 1 ano e de 1 a 4 anos, de 1969 a 1978), Recife (crianças de 5 a 9 anos,

1967-1977) e Fortaleza (crianças de 10 a 14 anos, de 1978 a 1980): a maior incidência

foram as leucemias nestes grupos etários (MIRRA et al., 1988; CARVALHO, 1988;

SILVA, 1988). Em seu segundo trabalho, PARKIN e KRAMÁROVÁ (1998)

descreveram dados de 60 diferentes países. Deste segundo volume participaram os

RCBP de Goiânia de 1989 a 1994, e de Belém de 1987 a 1991 – nestes relatos as

leucemias foram a primeira incidência para todas as idades, em segundo lugar os

linfomas para o sexo masculino e em terceiro lugar os tumores de sistema nervoso

central (CURADO et al., 1998; MADEIRA NETO et al., 1998).

Segundo RIES et al. (1999), no programa SEER, os grupos de diagnósticos

mais incidentes foram as leucemias, seguidas dos tumores do sistema nervoso central

e linfomas, na população de 0 a 19 anos de idade no período de 1975 a 1995.

SCHEURER et al. (2011) descreveram o predomínio de incidência de leucemias,

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

73

seguidas dos linfomas e depois dos tumores de sistema nervoso central, na população

de 0 a 19 anos, dados também do programa SEER, de 1992 a 2006. LI et al. (2008)

descrevem também dados do programa SEER, de 2001 a 2003, onde as leucemias

foram o tipo mais comum de câncer (26,25%), sendo que a LLA foi o tipo mais comum

(72,53% para o sexo feminino e 69,73% para o sexo masculino, entre as leucemias).

Os tumores do sistema nervoso central foram o segundo grupo mais comum (17,57%),

e os linfomas o terceiro grupo mais comum (14,57%). Juntos corresponderam a quase

60% dos tipos de neoplasias encontradas.

STELIAROVA-FOUCHER et al. (2004) descreveram maior incidência de

leucemias, seguidas de linfomas e tumores do sistema nervoso central na população

de 0 a 19 anos – dados referentes ao projeto ACCIS, de 1970 a 1999. PRITCHARD-

JONES et al. (2006), também em relação ao projeto ACCIS, de 1988 a 1997,

descreveram maior incidência de leucemias, seguidas de tumores do sistema nervoso

central e linfomas. KAATSCH (2010) descreveu maior incidência de leucemias,

seguidas de tumores do sistema nervoso central e linfomas no Registro Alemão de

Câncer na Infância, na população de 0 a 14 anos, de 1998 a 2007.

WIANGNON et al. (2011) descreveram maior incidência de leucemias,

seguidas de linfomas e tumores do sistema nervoso central (dados de crianças de 0 a

15 anos em 18 centros de tratamento na Tailândia durante 2003 a 2005).

CAMARGO et al. (2010) relataram maior incidência de leucemias, seguidas

de linfomas e tumores do sistema nervoso central em estudo de 14 RCBP brasileiros,

em menores de 19 anos de idade, em períodos variáveis (de 1991 a 2004)

REIS et al. (2007) realizaram estudo com dados de 17 RCBP brasileiros, em

período de 2001 a 2001, referente a 17 capitais, em menores de 19 anos de idade.

Observaram que a leucemia destacou-se como neoplasia mais comum variando entre

15% em Belo Horizonte e 50% em Palmas.

CURVO et al. (2013) relataram, em Mato Grosso, entre menores de 15 anos, a

incidência de 35,27% de leucemias, 15,43% de linfomas e 14,03% de tumores do SNC

e neoplasias intracranianas e intraespinhais.

No presente estudo, as leucemias corresponderam à neoplasia mais frequente

em todas as faixas etárias, exceto em menores de 1 ano. Neste grupo os tumores mais

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

74

frequentes foram os renais, em segundo lugar as leucemias e em terceiro os tumores

do sistema nervoso simpático.

Chama a atenção a ausência de retinoblastoma no grupo de menores de 1 ano,

uma das neoplasias mais frequentes nesta faixa etária na grande maioria dos estudos

internacionais. 10 casos de retinoblastoma foram atendidos com idade superior a 1 ano,

4 destes com diagnóstico acima de 5 anos de idade, diagnóstico tardio para esta

patologia na população estudada. Segundo HURWITZ et al. (2011), cerca de 80% dos

casos de retinoblastoma são diagnosticados antes dos 3 ou 4 anos de idade (mediana

de idade ao diagnóstico de 2 anos). Conforme os autores, diagnóstico com idade ao

redor de 6 anos é raro.

Nos maiores de 1 ano, linfomas e neoplasias reticuloendoteliais

corresponderam à segunda neoplasia mais frequente em todas as faixas etárias exceto

no grupo de 1 a 4 anos onde o segundo tipo mais frequente foi o de tumores renais e

em terceiro os linfomas. Os tumores de sistema nervoso central foram os terceiros mais

frequentes nas faixas etárias de 5 a 9 e de 15 a 19 anos. No grupo de 10 a 14 anos, o

terceiro tipo mais frequente foi o de tumores ósseos malignos.

Segundo RIES et al. (1999), em relação ao programa americano SEER, as

maiores incidências em menores de 1 ano foram de neuroblastoma, retinoblastoma e

tumor de Wilms. De 15 a 19 anos as maiores incidências foram de tumores de células

germinativas, sarcomas de partes moles e tumores ósseos (1986 a 1994). LI et al.

(2008), também referente ao programa SEER, de 2001 a 2003, relataram

significativamente maior incidência em adolescentes (de 15 a 19 anos) de linfomas,

tumores ósseos malignos, sarcomas de partes moles, tumores de células germinativas

e neoplasias epiteliais. Enquanto que em crianças (0 a 14 anos) foi significativamente

maior a incidência de leucemias, tumores do SNC, neuroblastomas, retinoblastomas,

tumores renais e tumores hepáticos.

KAATSCH (2010) descreveu grande variação de incidência de grupos e

diagnóstico entre as faixas etárias. Nos lactentes os neuroblastomas correspondem a

cerca de um terço das neoplasias, e neuroblastomas, retinoblastomas e nefroblastomas

combinados correspondem a cerca de metade nas neoplasias nesta faixa etária. No

grupo de 1 a 4 anos predominam as leucemias, no grupo de 5 a 9 anos e 10 a 14 anos

as leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas representam mais de três

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

75

quartos das neoplasias (Registro Alemão de Câncer na Infância, população de 0 a 14

anos, de 1998 a 2007). Na população de 15 a 19 anos as leucemias e tumores do SNC

foram menos frequentes que nos grupos mais jovens, enquanto que carcinomas e

tumores de células germinativas são mais frequentes nos adolescentes que no grupo de

10 a 14 anos de idade (projeto ACCIS, de 1988 a 1997).

Em um estudo em centro de referência de câncer pediátrico no sudeste do

Brasil, PRESTI et al. (2012) descrevem dados de 2362 pacientes entre 10 e 19 anos

com diagnóstico de câncer no período de 2000 e 2006. A idade média foi de 13,8 anos

e a maioria foi do sexo masculino. Os tipos de tumores mais frequentes foram tumores

do sistema nervoso central, osteossarcoma, linfomas e leucemias.

SILVA et al. (2002) observaram que a neoplasia maligna primária mais

frequente foi a leucemia (36,6%), seguida pelos tumores de sistema nervoso central

(21%) e pelos linfomas e neoplasias reticuloendoteliais (12,9%). Somados

representaram 70,5% dos casos registrados (estudo baseado em um RHC, de 1994 a

1998, na região sul do Brasil).

O Hospital Erasto Gaertner descreve em seu Registro Hospitalar de Câncer que

as neoplasias mais frequentes foram as Leucemias (21,3%), os Linfomas (17,3%) e os

tumores do Sistema Nervoso Central (15,5% ) para os casos pediátricos, até 14 anos

de idade, e para os casos em adolescentes, de 15 a 19 anos de idade, as neoplasias

mais frequentes foram os Linfomas (21,2% ), os Tumores Ósseos (18,8%) e

Carcinomas e Neoplasias Malignas Epiteliais (14,1% ) (LIGA PARANAENSE DE

COMBATE AO CÂNCER, 2004). No Hospital de Câncer, entre os adolescentes, os

Linfomas e Tumores ósseos aparecem em segundo e terceiro lugar respectivamente,

enquanto as leucemias ainda aparecem em primeiro lugar.

O Hospital Amaral Carvalho descreve em seu Registro Hospitalar de Câncer,

para menores de 19 anos de idade, que as neoplasias mais frequentes foram em

primeiro lugar as Leucemias, em segundo lugar os Linfomas e em terceiro lugar os

tumores do Sistema Nervoso Central para os casos pediátricos tanto no período de

1996 a 1999 como no período de 2000 a 2004 (SEGALLA et al, 2005). Tal frequência

é semelhante à distribuição no Hospital de Câncer na mesma faixa etária.

No Hospital de Câncer, no presente estudo, os grupos de diagnósticos mais

frequentes na faixa etária entre 10 e 19 anos, na primeira consulta, foram leucemias,

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

76

linfomas e neoplasias reticuloendoteliais, tumores ósseos malignos e sarcomas de

partes moles, diferente de outros estudos de registros hospitalares para esta faixa etária.

Chama a atenção o menor número de tumores do sistema nervoso central e tumores

ósseos malignos. Durante todo o período analisado, devido à distribuição de

assistência da rede SUS no estado, o Hospital de Câncer não faz parte da referência

para neurocirurgia tanto em crianças e adolescentes como adultos, bem como não faz

parte da referência para cirurgias ortopédicas, tanto em patologias malignas como

benignas. Em relação aos tumores do sistema nervoso central, pacientes são

encaminhados após a cirurgia diagnóstica ou terapêutica para acompanhamento

clínico, ou para complementação de tratamento com quimioterapia e ou radioterapia.

Quanto aos tumores ósseos malignos, cirurgias conservadoras com implante de endo-

próteses, importante modalidade terapêutica nesta patologia, não podem ser realizadas

no Hospital devido à distribuição da rede credenciada. Também, na experiência do

serviço de pediatria do Hospital de Câncer neste período, não existe disponível em

todo estado o exame complementar de “dosagem sérica de Methotrexate”, importante

droga utilizada no tratamento neoadjuvante e adjuvante do osteossarcoma. Deste

modo, pacientes portadores destes tumores são encaminhados para tratamento em

outros estados da federação via Secretaria Estadual de Saúde e deixam de realizar

tratamento próximo a seus domicílios.

No Hospital de Câncer, no presente estudo, os casos de leucemias, linfomas e

tumores do sistema nervoso simpático predominaram na raça/cor branca. Enquanto

que os casos de tumores do SNC, retinoblastoma, tumores renais, tumores ósseos,

tumores de células germinativas e carcinomas predominaram na raça/cor negra. Houve

distribuição equitativa nos tumores hepáticos e sarcomas de partes moles quanto a

raça/cor.

No programa SEER de 1992 a 2006, na população de 0 a 19 anos, segundo

SCHEURER et al. (2011), em brancos houve predomínio de leucemias, linfomas,

tumores do SNC, neuroblastoma, hepatoblastoma, tumores ósseos malignos, tumores

de células germinativas e carcinomas. Enquanto que em negros houve predomínio de

Retinoblastoma, tumor de Wilms e sarcomas de partes moles.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

77

No presente estudo, predominaram no sexo masculino quanto no sexo feminino

os casos de leucemias, linfomas, tumores do sistema nervoso central e sarcomas de

partes moles.

No programa SEER de 1992 a 2006, na população de 0 a 19 anos, segundo

SCHEURER et al. (2011), no sexo masculino houve predomínio de leucemias,

linfomas (exceto linfoma de Hodgkin no grupo de 15 a 19 anos), tumores do SNC,

neuroblastoma, retinoblastoma no grupo de menores de 15 anos, tumores hepáticos,

tumores ósseos malignos, sarcomas de partes moles e tumores de células germinativas

no grupo de 15 a 19 anos. Enquanto que no sexo feminino houve predomínio de

retinoblastoma no grupo de 15 a 19 anos, tumor de Wilms e tumores de células

germinativas no grupo de menores de 15 anos e carcinomas.

Quanto à procedência dos pacientes portadores de neoplasias malignas, houve

registro de populações de 121 dos 141 municípios do estado (85,81%), mostrando

portanto a representatividade do público de todo estado. As três principais regionais

de saúde foram Baixada Cuiabana (36.97%), Rondonópolis (14,98%) e Sinop

(12,38%). A maioria dos casos de neoplasias malignas (64,33%) foi procedente destas

três regiões de saúde, sendo considerados apenas os casos de procedência do estado de

Mato Grosso. Observou-se, ainda que o Hospital de Câncer realizou diagnóstico e

tratamento de casos procedentes de outros estados (n=44, 6,68%), destes a grande

maioria procedente de Rondônia, além de Pará, Mato Grosso Sul, Goiás, Maranhão,

Paraná e Tocantins. Há necessidade de estudos para avaliar os motivos, pois acarreta

gastos públicos para o gestor do estado de Mato Grosso.

No Hospital Erasto Gaertner, quanto a procedência, dados de seu Registro

Hospitalar de Câncer, para o total de pacientes até 19 anos de idade, 51,3% dos

pacientes foram provenientes do interior do Estado do Paraná, 29,1% da grande

Curitiba e 18,7% dos pacientes vieram de outros Estados (LIGA PARANAENSE DE

COMBATE AO CÂNCER, 2004). Semelhante a este Hospital, correspondente à

grande Curitiba, próximo a 30% dos casos de neoplasias malignas até 19 anos de idade

são procedentes da região de saúde da Baixada Cuiabana , e próximo a 50% dos casos

do interior do estado. Porém o Hospital Erasto Gaertner atendeu 3 vezes mais pacientes

procedentes de outros estados da federação (18,7%).

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

78

No Hospital de Câncer, no presente estudo, leucemias e linfomas foram os

grupos de diagnóstico mais frequentes nas três principais regiões de saúde de

procedência (Baixada Cuiabana, Rondonópolis e Sinop). Tumores do SNC foram o

terceiro grupo mais frequente procedente da Baixada Cuiabana, tumores renais e

sarcomas de partes moles foram o terceiro grupo mais frequente procedente da região

de Rondonópolis, e sarcomas de partes moles o terceiro grupo mais frequente

procedente da região de Sinop.

Um estudo caso-controle brasileiro de base hospitalar, com mães de crianças

com leucemia em 13 estados brasileiros entre 1999 e 2007, investigou a exposição a

pesticidas 3 meses antes da gestação e durante a gravidez e amamentação. Foi

observada associação do uso de pesticidas já durante a gravidez para LLA e LMA em

crianças de 0 a 11 meses de idade, e com LLA crianças de 12 a 23 meses de idade. O

relato de exposição materna à permetrina estimou maiores riscos para crianças de 0 a

11 meses de idade. Exposição materna a pesticidas, relacionada a atividades agrícolas,

conferiui risco maior para todos os tipos de leucemia, mas maior para LMA do que

LLA (FERREIRA et al., 2013).

MUZI et al. (2012) demonstraram risco estatisticamente significativo entre

neoplasias intracranianas e agricultores, em um estudo caso-controle, entre 239

pacientes portadores de tumores cerebrais com idade entre 30 e 65 anos na região

metropolitana do Rio de Janeiro.

BELO et al. (2012) desenvolveram um estudo exploratório descritivo realizado

entre 2008 e 2009 com objetivo de discutir riscos associados ao uso de agrotóxicos na

produção de soja no estado de Mato Grosso. Os autores demonstraram elevado e

crescente uso de agrotóxicos, particularmente o herbicida glifosato. Bem como a

presença de resíduos de diferentes agrotóxicos na análise da água de chuva, o que

amplia o risco para toda a população circunvizinha, além do ambiente de trabalho.

CURVO et al. (2013) observaram que a média de uso de agrotóxicos nos

municípios de Mato Grosso apresentou associação estatisticamente significante tanto

para morbidade por câncer em menores de 20 anos como para mortalidade por câncer

nesta faixa etária, de 2001 a 2005. Mostraram aumento da utilização de agrotóxicos

em Mato Grosso, em litros, no período de 2000 a 2005. Neste estudo descrevem os

municípios que mais utilizaram agrotóxicos de 2001 a 2005, que coincidem com

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

79

municípios das principais regionais de procedência dos pacientes pediátricos atendidos

no Hospital de Câncer. Os autores descrevem o consumo médio de agrotóxicos em

104 municípios do estado de 2000 a 2006: os cinco maiores foram Campo Novo dos

Parecis, Primavera do Leste, Sorriso, Campo Verde e Lucas do Rio Verde. Estes

municípios, exceto Campo Novo dos Parecis, fazem parte de duas das três principais

regiões de saúde de procedência dos com casos pediátricos atendidos no Hospital de

Câncer no período de estudo, a saber, Sinop e Rondonópolis.

As regiões de saúde de Sinop e Rondonópolis são responsáveis por mais de um

quarto (27,36% - n=168) dos casos de neoplasias malignas atendidos no período do

estudo. Retirando os casos da regional de saúde Baixada Cuiabana, considerada área

de maior concentração urbana, as regionais Sinop e Rondonópolis são responsáveis

por 43,41% dos casos de neoplasias malignas em crianças e adolescentes atendidos no

Hospital de Câncer de 2002 a 2012.

No período do presente estudo, o RCPB estava disponível de 2001 a 2007 para

a capital (registro que inclui Cuiabá e Várzea Grande), e 2001 a 2005 para o interior

do estado. A população de menores de 20 anos atendida no Hospital de Câncer

representou cerca de 45,9% dos casos do RCBP de Cuiabá e interior no período de

2002 a 2005, e representou cerca de 38,16% dos casos registrados em Cuiabá de 2002

a 2007.

Novos estudos são necessários para avaliar a importância dos fatores

ambientais em Mato Grosso relacionados ao câncer na população infanto-juvenil

atendida pelo Hospital de Câncer de Mato Grosso.

Quanto à classificação das leucemias, observou-se predomínio das leucemias

linfóides (86,50%) em relação às não linfóides (12,66%), o que segue o padrão da

literatura consultada (PARKIN et al., 1998a; BRAGA et al., 2002; LI et al., 2008).

Nos registros hospitalares dos hospitais Amaral Carvalho, períodos de 1996 a

1999 e 2000 a 2004 (SEGALLA et al, 2005), e Erasto Gaertner de 1990 a 2002,

também ocorreu predomínio das leucemias linfóides (LIGA PARANAENSE DE

COMBATE AO CÂNCER, 2004).

PRESTI et al. (2012) descrevem análise de 139 casos de tumores do sistema

nervoso central em adolescentes (10 a 19 anos) em um centro de referência no Brasil.

Os subtipos mais frequentes foram astrocitomas, meduloblastomas, craniofaringeomas

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

80

e tumores de células germinativas. Frequência esta semelhante à do Hospital de

Câncer, onde predominaram também os meduloblastomas, porém em segundo lugar

os astrocitomas.

No Hospital Amaral Carvalho, para a população de menores de 19 anos de

idade nos períodos de 1996 a 1999 e 2000 a 2004, os tumores do sistema nervoso

central mais frequentes foram astrocitomas e tumores neuroectodérmicos primitivos,

que incluem os meduloblastomas (SEGALLA et al, 2005), dados semelhantes aos do

Hospital de Câncer.

No presente estudo detectou-se maior frequência extensão clínica não

localizada na maioria dos linfomas e tumores sólidos. Nos tumores do sistema nervoso

simpático, tumores ósseos malignos e sarcomas de partes moles ocorreram mais de

70% dos casos em extensão clínica não localizada (estádios III e IV). Cabe ressaltar a

estratégia que pode ser aplicada nos programas de diagnóstico precoce. Usualmente

estes programas são desenvolvidos para treinamento de profissionais de saúde ou

destinados à informação de pais (culturalmente ainda são as mães que mais participam

de programas de saúde ou buscam informações na área de saúde). Adolescentes

tendem a buscar independência inclusive no cuidado com o próprio corpo e não

informam alterações corporais discretas até que estas levem a maior incômodo.

Programas devem ser voltados também a esta faixa etária (adolescentes) através dos

meios de comunicação, treinamento em escolas, entre outros, a fim de orientá-los

diretamente acerca de sinais e sintomas de neoplasias e necessidade de buscar

diagnóstico precoce para aumento das taxas de cura.

A LIGA PARANAENSE DE COMBATE AO CÂNCER (2004) descreve, no

período de 1990 a 1999, para a população pediátrica (idade até 14 anos), a frequência

de 53,84% de casos com estádio III e IV, e para a população de adolescentes (de 15 a

19 anos) a frequência de 49,43% de casos com estádio III e IV. Estes dados

demonstram frequência menor de casos avançados nesta população em relação aos

casos atendios pelo Hospital de Câncer.

SILVA et al. (2002) descreveram 44,3% de doença localizada e 55,7% de

doença não localizada - estudo de base hospitalar com 371 crianças até 14 anos, de

1994 a 1998 na região sul do Brasil. Em relação aos tipos histológicos, percentuais

mais elevados de doença não localizada foram encontrados nos tumores do sistema

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

81

nervoso simpático, sarcomas de partes moles, tumores renais, linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais. Ocorreu a maioria de doença não localizada, porém menos

frequente que no Hospital de Câncer de Mato Grosso, no período estudado.

O diagnóstico precoce das neoplasias na infância e adolescência é um dos

fatores principais para melhoria nas taxas de cura dos pacientes pediátricos. No país

existem programas incentivados por órgãos governamentais a fim de profissionais da

área de saúde possam reconhecer mais precocemente casos suspeitos de neoplasias e

que estes sejam encaminhados em menor tempo possível aos serviços de referência

para tratamento específico (BRASIL 2009).

A comparação dos casos atendidos pelo Hospital de Câncer de Mato Grosso

com esses dois registros hospitalares de câncer, em menores de 19 anos de idade,

mostra que foi maior a ocorrência de casos avançados no presente estudo, indicando a

necessidade de maior divulgação de sinais e sintomas do câncer nesta faixa etária para

diagnóstico precoce dos casos de neoplasias.

No presente estudo, encontrou-se mediana de 48,5 dias no cálculo de tempo

entre data dos primeiros sintomas e data da primeira consulta no Hospital de Câncer.

Todos os pacientes, com e sem tratamento prévio, foram incluídos na análise sem

distinção. Da mesma maneira no cálculo de tempos entre data dos primeiros sintomas

e data do diagnóstico, e data dos primeiros sintomas e data do início do tratamento

foram encontradas medianas de 43 dias e 51 dias respectivamente. Para os cálculos da

data da primeira consulta e data do diagnóstico e data do diagnóstico e início de

tratamento foram excluídos os casos de pacientes que realizaram tratamento prévio ou

tinham recebido diagnóstico prévio à primeira consulta no Hospital de Câncer. Deste

modo foram encontradas médias de 12,2 dias (mediana de cinco dias), e 10,88 dias

(mediana de cinco dias) respectivamente. Os valores de médias do intervalo de tempo

(dias) entre o diagnóstico e início de tratamento foram baixos, indicando que os locais

onde foram feitos os diagnósticos atenderam à recomendação do Ministério da Saúde

de início do tratamento oncológico no Sistema Único de Saúde em até 60 dias após o

diagnóstico da neoplasia (BRASIL, 2014d).

DANG-TAN et al. (2008) avaliaram a trajetória terapêutica de 2896 pacientes

com diagnóstico de câncer de zero a 19 anos no Canadá. O tempo de demora para o

diagnóstico foi considerado o intervalo dos primeiros sintomas até a data do

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

82

diagnóstico de câncer. E foram considerados os seguintes fatores: atraso do paciente

(entre os primeiros sintomas até a procura do atendimento médico), atraso para

referência (até o encaminhamento para o médico especialista), atraso do oncologista

(até a efetivação do diagnóstico) e atraso para o tratamento (até o início do tratamento).

Os maiores atrasos ao diagnóstico foram decorrentes de fatores relacionados aos

pacientes e aos serviços de referência. A média total de demora para o tratamento foi

de 34 dias. Foram observadas diferenças entre faixas etárias, tipos de câncer e regiões

geográficas. Houve significativa tendência de diminuição do atraso ao diagnóstico e

tratamento de 1995 a 2000, o que o autor julga ser decorrente de maior acesso aos

pacientes a informações fazendo-os mais vigilantes aos sinais de câncer.

POLLOCK et al. (1991) descreveram o intervalo entre o início dos sintomas e

o diagnóstico de 2.665 crianças com linfoma ou um tumor sólido que participaram de

protocolos terapêuticos em oncologia pediátrica de 1982 até 1988. O tempo médio de

atraso foi de 21 dias para neuroblastoma a 72 dias para sarcoma de Ewing. Diferenças

significativas no tempo de atraso foram encontradas entre os diferentes tipos de

neoplasias, mesmo após ajuste para idade, sexo e raça. A idade foi significativamente

associada com o tempo de atraso para todos os diagnósticos, exceto para Doença de

Hodgkin.

DANG-TAN et al. (2008) referem dificuldades na realização deste tipo de

estudo, por sua natureza retrospectiva que dificulta a confiabilidade e precisão das

informações.

No Brasil, importante programa voltado a diagnóstico precoce do câncer

pediátrico foi concebido em 2005 e foi iniciado estudo piloto em 2007, patrocinado

por Instituição não governamental, com apoio do Ministério da Saúde, INCA e

Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) (BRASIL 2009). Seu

objetivo é o treinamento de equipes de saúde da família na atenção básica o que muito

poderá contribuir para melhorar os encaminhamentos de crianças e adolescentes para

serviços especializados.

Os sinais e sintomas listados neste estudo são queixas bastante comuns na

clínica pediátrica, o que indica que profissionais da área de saúde tanto médicos quanto

participantes de equipe multidisciplinar na área de atenção básica devem estar atentos

para a suspeita clínica de câncer na infância e adolescência. Programas sistemáticos de

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

83

detecção precoce são uma importante contribuição para o sucesso do tratamento

(KAATSCH, 2010).

Os dados do presente estudo indicam a necessidade de maior suspeição de

neoplasias na rede básica de saúde e encaminhamento mais precoce a um centro

especializado a fim de promover maior índice de cura do câncer na população atendida

pelo Hospital.

No Hospital de Câncer de Mato Grosso, 51,06% foram submetidos

exclusivamente ao tratamento com quimioterapia, 0,30% exclusivamente radioterapia

e 6,99% submetidos exclusivamente a cirurgia.

Quanto à modalidade terapêutica realizada, no HEG, dos 1256 casos em

menores de 19 anos, 36,90% foram submetidos exclusivamente ao tratamento com

quimioterapia, 7,70% com radioterapia e 7,60% submetidos exclusivamente a cirurgia.

Quanto à terapia combinada, ocorreu em 42,70% dos casos (LIGA PARANAENSE

DE COMBATE AO CÂNCER, 2004).

Comparando os dados do presente estudo com o HEG, casos que receberam

quimioterapia exclusiva tiveram frequência maior que a do HEG, casos que receberam

radioterapia exclusiva tiveram frequência bem menor que a do HEG, enquanto que

casos submetidos exclusivamente a cirurgia tiveram frequência próxima à do HEG.

Alguns casos foram encaminhados de outras instituições de saúde para

complementação terapêutica, seguimento pós tratamento, ou ainda para tratamento

após recidiva. Como o Hospital de Câncer é instituição de apenas 15 anos de

funcionamento, novos estudos serão necessários para avaliar o seu papel nas taxas de

cura da população pediátrica no estado.

SILVA et al. (2002), em estudo de base hospitalar, avaliaram que, das crianças

com doença localizada, 83,7% encontravam-se vivas ao final do estudo, enquanto que

daquelas com doença não localizada 44,3% estavam vivas. Ao final do período deste

estudo em 2012, 55,41% estavam vivos sem câncer e 4,35% vivos com câncer,

considerando os portadores de neoplasias malignas em geral sem distinção de

estadiamento.

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

84

Na casuística do Hospital de Câncer, 75,53% dos pacientes atendidos não

haviam recebido tratamento oncológico prévio antes de sua primeira consulta no

Hospital. Cerca de 25% dos casos acompanhados haviam sido submetidos

anteriormente a cirurgia terapêutica, quimioterapia ou radioterapia. Existe intensa

migração de pacientes entre os diferentes serviços da rede de assistência,

frequentemente em busca de procedimentos cirúrgicos de maior complexidade,

agilidade na realização de exames complementares, ou necessidade de leitos em

terapia intensiva em outros locais, disponíveis pelo SUS. Dos 125 pacientes que

apresentaram recidiva de doença, 42 pacientes (33,6%) haviam recebido tratamento

oncológico prévio à admissão no Hospital de Câncer. Deste modo a população

atendida é bastante heterogênea em relação ao perfil de tratamento estabelecido aos

pacientes.

Segundo GRABOIS et al. (2013), consiste em medida fundamental a garantia

de acesso a centros especializados por mecanismos de referência e suporte social, em

especial a pacientes que residem longe dos Centros de Alta Complexidade em

Oncologia (CACONS), possibilitando diagnóstico preciso, tratamento adequado e

melhoria das taxas de sobrevida. O que é possível através de planejamento da

distribuição dos serviços de saúde de acordo com a necessidade da população usuária.

Segundo KELLIE e HOWARD (2008), 80% das crianças vivem em países de

baixa e média renda, 200.000 crianças têm diagnóstico de câncer a cada ano e têm

acesso limitado ao tratamento curativo. Os autores sugerem que parcerias

internacionais podem contribuir positivamente para o tratamento de patologias

potencialmente curáveis e tais esforços complementares à saúde pública devem ser

incentivados.

Como fator limitante deste estudo, pode ser considerada a coleta de dados por

informação secundária (preenchimento de ficha a partir do prontuário médico), uma

vez que as anotações nos prontuários médicos foram realizadas anteriormente por

diferentes observadores, sem uma padronização orientada para pesquisa em saúde.

Familiares de pacientes mais antigos quando contatados, principalmente pacientes que

foram a óbito, tinham dificuldade de relembrar datas e fatos. Com relação à

classificação de faixas etárias na literatura, existe diferença na distribuição entre

diversas padronizações. Segundo a OMS, adolescência é caracterizada de 10 a 19 anos

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

85

de idade. Segundo o estatuto da criança e adolescente no Brasil, até 12 anos de idade

são considerados crianças e de 12 a 18 anos de idade são adolescentes. Deste modo há

diversidade entre estudos na literatura para realização de comparações.

Ainda como fator limitante foram observadas a ocorrência de informações

ignoradas em mais de 20% de algumas variáveis, como renda familiar e escolaridade

dos pais, o que pode comprometer a análise realizada desses dados socioeconômicos,

indicando a necessidade de mostrar a importância de melhorar o preenchimento desses

dados pela equipe envolvida no atendimento dessa população.

Os achados desta pesquisa mostram a necessidade de realizar um programa de

educação continuada entre os profissionais de saúde da rede básica e divulgação dos

principais sinais e sintomas de alerta para neoplasia em crianças e adolescentes.

Há necessidade de promover palestras de sinais de alerta de câncer em crianças

e adolescentes nas escolas para diminuir o intervalo entre os primeiros sinais e

sintomas e a primeira consulta com o especialista. O reconhecimento desses sinais e

sintomas leva à suspeição precoce e, consequentemente a busca dos familiares e/ou

responsáveis da criança ou adolescente pelo diagnóstico e tratamento precoce,

fundamental para o sucesso da terapia oncológica.

É necessário também instituir o acesso mais rápido dos casos suspeitos com

neoplasia maligna aos exames diagnósticos de modo que o intervalo entre a primeira

consulta e diagnóstico também seja encurtado e, consequentemente a instituição da

terapêutica seja o mais precoce possível.

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

86

6 CONCLUSÕES

Os dados analisados de 658 casos de neoplasias malignas em crianças e

adolescentes acompanhados pelo Hospital de Câncer de 2002 a 2012, permitem

concluir que:

Foram acompanhados em média, 59,82 casos de neoplasias malignas por ano;

Cerca de ¾ dos casos foram diagnosticados pelo Hospital de Câncer e estavam

sem tratamento oncológico prévio (75,70%); cerca de ¼ dos casos em

acompanhamento no período estudado tinham diagnóstico e tratamento

oncológico prévio.

Os sinais e sintomas mais frequentes que levaram os responsáveis a procura de

atendimento médico foram: febre, dor, palidez.

Em 43,44% dos casos havia relato de histórico familiar de câncer.

A maioria dos casos ocorreu no sexo masculino, sendo mais evidente no grupo de

adolescentes (59,14%).

A média de idade das crianças na primeira consulta foi de 4,82 anos e dos

adolescentes de 14,38 anos.

A raça/cor negra prevaleceu para o grupo todo 0-19 anos (51,50%) e em

adolescentes (59,20%), nas crianças houve predomínio da raça/cor branca

(52,48%).

A maioria da população atendida era de baixa renda, com renda familiar per

capita mensal abaixo da linha de pobreza brasileira.

Quanto à escolaridade, prevaleceu o ensino fundamental incompleto, entre mães

(59,39%) e pais (65,30%).

No grupo de 0-19 anos, os grupos diagnósticos mais frequentes seguem o padrão

da literatura mundial: leucemias (36,32%), linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais (16,87%) e tumores do sistema nervoso central e miscelânia de

neoplasias intracranianas e intraespinhais (11,40%). Distribuição similar ocorreu

em crianças, mas nos adolescentes, o terceiro tipo mais frequente mudou para

tumores ósseos.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

87

Em menores de 1 ano foram mais frequentes os tumores renais, em segundo lugar

as leucemias e terceiro lugar os tumores do sistema nervoso simpático.

Leucemias, tumores renais, linfomas e tumores do SNC predominaram no grupo

de 1 a 4 anos; leucemias, linfomas e tumores do SNC predominaram no grupo de

5 a 9 anos.

Leucemias, linfomas, e tumores ósseos predominaram no grupo de 10 a 14 anos;

leucemias, linfomas, tumores ósseos e sarcomas de partes moles predominaram

no grupo de 15 a 19 anos.

Leucemias, linfomas e sarcomas de partes moles predominaram em brancos;

leucemias, linfomas, tumores do SNC, e sarcomas de partes moles predominaram

em negros.

Tanto no sexo masculino quanto no sexo feminino predominaram os casos de

leucemias, linfomas, tumores do sistema nervoso central e sarcomas de partes

moles.

A maioria (64,33%) dos casos foi procedente de três regiões de saúde do estado

de Mato Grosso: Baixada Cuiabana, Rondonópolis e Sinop.

Ao diagnóstico, a maioria das leucemias eram linfóides agudas e de alto risco; a

maioria dos linfomas e neoplasias reticuloendoteliais e tumores sólidos eram de

estádio avançado; a maioria dos tumores do sistema nervoso central foram

meduloblastoma, astrocitoma pilocítico e astrocitoma.

Em relação ao intervalo de tempo dos pacientes acompanhados:

Os valores de médias do intervalo de tempo (dias) entre os primeiros sintomas e

primeira consulta, entre os primeiros sintomas e diagnóstico, foram em torno de

seis meses, tempo alto, que implica no atraso para o início do tratamento e pior

prognóstico.

Os valores de médias do intervalo de tempo (dias) entre o diagnóstico e início de

tratamento foram baixos, indicando que os locais onde foram feitos os

diagnósticos, atenderam ao recomendado de até 60 dias para o início do

tratamento no Sistema Único de Saúde (Portaria 1.220/GM/MS, de 3 de junho de

2014).

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

88

Em relação à terapêutica oncológica recebida:

A maioria (80,59%) dos casos analisados não apresentou recidiva durante o

período de seguimento.

No final do período estudado, a maioria (56,62%) dos casos de neoplasias

malignas encontrava-se viva e sem câncer e 34,70% foram a óbito com câncer.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

89

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ahmedin JDVM, Freddie B, Melissa M, Jacques F, Elizabeth W, David F. Global

Cancer Statistics. CA Cancer J Clin. 2011;61:69-90.

Belo MSSP, Pignati W, Dores EFGC, Moreira JC, Peres F. Uso de agrotóxicos na

produção de soja do estado de Mato Grosso: um estudo preliminar de riscos

ocupacionais e ambientais. Rev Bras Saúde Ocup. 2012;37(125):78-88.

Black RJ, Sankaranarayanan R, Parkin DM. Interpretation of population-based cancer

survival data. In: Sankaranarayanan R, Black RJ, Parkin DM. ed. Cancer Survival in

Developing Countries. IARC Scientific Publications 145. Lyon: International Agency

for Research on Cancer; 1998. p.13-17.

Borges JBR, Logetto S, Giatti MJL, Camargo ACM, Pereira ACP, Miazaki AP, et al.

Caracterização das pacientes, na infância e adolescência, portadoras de câncer no

município de Jundiaí e região. Revista Brasileira de Cancerologia. 2009;55(4):337-43.

Braga PM, Latorre MRDO, Curado P. Câncer na infância: análise comparativa da

incidência, mortalidade e sobrevida em Goiânia (Brasil) e outros países. Cad Saúde

Pública. 2002;18(1):33-44.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Instituto Nacional de

Câncer. TNM: classificação de tumores malignos / traduzido por Ana Lúcia Amaral

Eisenberg. 6.ed. Rio de Janeiro: INCA; 2004. 254p.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.439, de 8 de dezembro de 2005. Institui a

Política Nacional de Atenção Oncológica: promoção, prevenção, diagnóstico,

tratamento, reabilitação e cuidados paliativos, a ser implantada em todas as unidades

federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão. Diário Oficial União.

9 dez 2005a;Seção 1:80-1.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 741 de 19 de dezembro de 2005. Definir as

Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia, os Centros de

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

90

Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) e os Centros de

Referência de Alta Complexidade em Oncologia e suas aptidões e qualidades. Diário

Oficial União. 23 dez 2005b;Seção 1:113-24.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 31, de 27 de janeiro de 2006. Compor o Grupo

Técnico de Assessoramento para o Planejamento, Avaliação e Aprovação da Rede de

Atenção Oncológica dos Estados. Diário Oficial União. 30 jan 2006;Seção 1:88.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 361 de 25 de junho de 2007. Incluir, na Tabela

de Habilitações de Serviços Especializados do Sistema do Cadastro Nacional de

Estabelecimentos de Saúde - SCNES, as habilitações. Diário Oficial União. 27 jun

2007a; Seção 1:127.

Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Ciência e Tecnologia, Secretaria de

Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos. Integração de informações dos registros

de câncer brasileiros. Rev Saúde Pública. 2007b;41(5):865-8.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 146 de 11 de março de 2008. Incluir, na Tabela

de Habilitações de Serviços Especializados do Sistema do Cadastro Nacional de

Estabelecimentos de Saúde - SCNES, os códigos de habilitações. Diário Oficial União.

12 mar 2008a;Seção 1:76.

Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer, Sociedade Brasileira de

Oncologia Pediátrica. Câncer na criança e no adolescente no Brasil: dados dos

registros de base populacional e de mortalidade. Rio de Janeiro: INCA; 2008b.

Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer, Instituto Ronald

MCDonald. Diagnóstico precoce do câncer na criança e no adolescente. Rio de

Janeiro: INCA; 2009.

Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Registros hospitalares de

câncer: planejamento e gestão. 2.ed. Rio de Janeiro: INCA; 2010.

Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da

Silva. Estimativa 2012: Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2011a.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

91

Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer, Instituto Ronald

MCDonald. Diagnóstico precoce do câncer na criança e no adolescente. 2.ed. rev.

ampl. Rio de Janeiro: INCA; 2011b.

Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS. [acesso em 1 maio

2014a]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sim/

cnv/obt10mt.def.

Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da

Silva. Estimativa 2014: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2014b.

124p.

Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Informática do SUS. [acesso em 1 set

2014c]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/

obt10uf.def.

Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 1.220 de 3 de junho de 2014. Dispõe sobre a

aplicação da Lei nº 12.732, de 22 de novembro de 2012, que versa a respeito do

primeiro tratamento do paciente com neoplasia maligna comprovada, no âmbito do

Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial União. 04 jun 2014d;Seção 1:91.

Camargo B, Santos MO, Rebelo MS, Reis RS, Ferman S, Noronha CP, et al. Cancer

incidence among children and adolescents in Brazil: first report of 14 population-based

cancer registries. Int J Cancer. 2010;126,715-20.

Carvalho MRC. Cancer registry of Pernambuco (Recife), 1967-1979. In: Parkin DM,

Stiller CA, Draper GJ, Bieber CA, Terracini B, Young JL. International incidence of

childhood cancer. Lyon: International Agency for Research on Cancer; 1988. p.110

Curado MP, Fraga SGS, Athayde M, Bandeira CM, Sousa EC. Goiânia cancer registry,

1987-1991. In: Parkin DM, Kramárová E, Draper GJ, Masuyer E, Michaelis J, Neglia

J, et al. International incidence of childhood cancer. Lyon: International Agency for

Research on Cancer; 1998. v.II, p.63-6.

Curado MP, Edwards B, Shin HR, Storm H, Ferlay J, Heanue M, et al. eds. Cancer

incidence in five continents, vol. IX. Lyon: International Agency for Research on

Cancer; 2007. The narratives and the maps; p.114.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

92

Curvo HRM. Indicadores de saúde ambiental relacionados ao uso agrícola de

agrotóxicos e câncer no Estado de Mato Grosso [dissertação de mestrado]. Cuiabá:

Instituto de Saúde Coletiva da UFMT; 2012.

Curvo HRM, Pignati WA, Pignatti MG. Morbimortalidade por câncer infanto-juvenil

associada ao uso agrícola de agrotóxicos no Estado de Mato Grosso, Brasil. Cad Saude

Colet. 2013;21(1):10-7.

Dang-Tan T, Trottier H, Mery LS, Morrison HI, Barr RD, Greenberg ML, et al. Delays

in diagnosis and treatment among children and adolescents with cancer in Canada.

Pediatr Blood Cancer. 2008;51(4):468-74.

Denny C, Sakamoto K. Biology of childhood cancer. In: Pizzo PA, Poplack DG.

Principles and practice of pediatric oncology. Philadelphia: Wolters

Kluwer/Lippincott Willians & Wilkins; 2011.p.78-96.

Feinstein AR, Sosin DM, Wells CK. The Will Rogers phenomenon: stage migration

and new diagnostic techniques as a source of misleading statistics for survival in

cancer. New Engl J Med. 1985;312:1604-8.

Ferreira JD, Couto AC, Pombo-de-Oliveira MS, Koifman S, Brazilian Collaborative

Study Group of Infant Acute Leukemia. Pregnancy maternal tobacco smoking, and

early age leukemia in Brazil. Front Oncol. 2012;2:1-9.

Ferreira JD, Couto AC, Pombo-de-Oliveira MS, Koifman S, Brazilian Collaborative

Study Group of Infant Acute Leukemia. In utero pesticide exposure and leukemia in

brazilian children <2 years of age. Environ Health Perspect. 2013;121(2):269-75.

Globocan. estimated cancer incidence, mortality and prevalence worldwide in 2012

[homepage na internet]. [acesso em 31 de jul 2014]. Disponível

em http://globocan.iarc.fr/Pages/age-specific_table_sel.aspx.

Grabois MF, Oliveira EXG, Carvalho MS. Childhood cancer and pediatric oncologic

care in Brazil: access and equity. Cad Saúde Pública. 2011;27(9):1711-20.

Grabois MF, Oliveira EXG, Carvalho MS. Assistência ao câncer entre crianças e

adolescentes: mapeamento dos fluxos origem-destino no Brasil. Rev Saúde Pública.

2013;47(2):368-78.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

93

Gupta S, Wilejto M, Pole JD, Guttmann A, Sung L. Low socioeconomic status is

associated with worse survival in children with cancer: a systematic review. PLoS

ONE. 2014; 9(2):e89482.

Howard SC, Metzger ML, Wilimas JA, Quintana Y, Pui CH, Robison RC, et al.

Childhood cancer epidemiology in low-income countries. Cancer. 2008;112(3):461-

72.

Hurwitz RL, Shields CL, Schields JA, Chévez-Barros P, Gombos D, Hurwitz MY, et

al. Retinoblastoma. In: Pizzo PA, Poplack DG. Principles and practice of pediatric

oncology. Philadelphia: Wolters Kluwer/Lippincott Willians & Wilkins; 2011.p 809-

37.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Conceitos. 2014 [acesso em 16

jun 2014]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/

condicaodevida/indicadoresminimos/conceitos.shtm.

Kaatsch P. Epidemiology of childhood cancer. Cancer Treat Rev. 2010;36:277–85.

Kellie SJ, Howard SC. Global child health priorities: what role for paediatric

oncologists. Eur J Cancer. 2008;44(16):2388-96.

Kilburn LB, Siegel SE, Steuber CP. Clinical Assessment and differential diagnosis of

the child with suspected cancer. In: Pizzo PA, Poplack DG. Principles and practice of

pediatric oncology. Philadelphia: Wolters Kluwer/Lippincott Willians & Wilkins;

2011.p.123-4.

Klimentopoulou A, Antonopoulos CN, Papadopoulou C, Kanavidis P, Tourvas AD,

Polychronopolou S, et al. Maternal smoking during pregnancy and risk for childhood

leukemia: a nationwide case-control study in Greece and meta-analysis. Pediatr Blood

Cancer. 2012;58:344-51.

Liga paranaense de combate ao câncer. Câncer na Infância e na Adolescência.

Curitiba; 2004.

Li J, Thompson TD, Miller JW, Pollack LA, Stewart SL. Cancer incidence among

children and adolescents in the United States, 2001-2003. Pediatrics.

2008;121(6):1470-7.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

94

Lopes LF, Bianchi A. Os efeitos tardios do tratamento do câncer infantil. In: Camargo

B, Lopes LF. Pediatria Oncológica: noções fundamentais para o pediatra. São Paulo:

Lemar; 2000. p.281-91.

Louis DN, H Ohgaki, Wiestler OD, Cavenee WK, Burger PC, Jouvet A et al. The 2007

WHO classification of tumours of the central nervous system. Acta Neuropathol.

2007;114:97–109.

Madeira Neto A, Cruz CAV, Mùssio MNC, Melo WF. Belém cancer registry, 1987-

1991. In: Parkin DM, Kramárová E, Draper GJ, Masuyer E, Michaelis J, Neglia J, et

al. International incidence of childhood cancer. Lyon: International Agency for

Research on Cancer; 1998. v.II, p.63-6.

Mirra AP, Freitas JPA, Marigo C, Laurenti R, Pastorelo EF, Souza JMP, et al. Cancer

registry of São Paulo, 1969-1978. In: Parkin DM, Stiller CA, Draper GJ, Bieber CA,

Terracini B, Young JL. International incidence of childhood cancer. Lyon:

International Agency for Research on Cancer; 1988. p. 110-11.

Muzi CD, Koifman S, Monteiro GTR. Ocupação e neoplasias intracranianas: um

estudo caso-controle na região metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saude

Colet. 2012;20(4):506-14.

Nunes A, Santos JRS, Barata RB, Vianna SN. Medindo as desigualdades em saúde no

Brasil: uma proposta de monitoramento. Brasília: Organização Pan-Americana da

Saúde, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. 2001. Comportamento dos

indicadores; p.150.

OMS - Organización Mundial de la Salud, UICC - Unión Internacional Contra el

Cáncer. Ginebra: Acción mundial contra el cáncer. [atualizado em 2005a; acesso em

1 maio 2014]. Disponível em: htpp://www.who.int/cancer/media/

AccionMundialCancerfull.pdf.

OMS – Organização Mundial de Saúde. CID - O – Classificação Internacional de

Doenças para Oncologia. Percy C, Van Holten V, Munir C. Eds. Tradução Fundação

Oncocentro de São Paulo. São Paulo: EDUSP: Fundação Oncocentro de São Paulo;

2005b.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

95

OMS - Organización Mundial de la Salud [homepage na internet]. Ginebra; [atualizado

em fev. 2014; acesso em 1 maio 2014]. Disponível em: http://www.who.int/

mediacentre/factsheets/fs297/es

Pan IJ, Daniels JL, Zhu K. Poverty and childhood cancer incidence in the United

States. Cancer Causes Control. 2010;21(7):1139-45.

Parkin DM, Stiller CA, Draper GJ, Bieber CA, Terracini B, Young JL. Age-

standardized and cumulative rates. In: International incidence of childhood cancer.

Lyon: International Agency for Research on Cancer; 1988a. p.340-74.

Parkin DM. Materials and methods of the study. In: Parkin DM, Stiller CA, Draper

GJ, Bieber CA, Terracini B, Young JL. International incidence of childhood cancer.

Lyon: International Agency for Research on Cancer; 1988b. p.17-22.

Parkin DM, Kramárová E, Draper GJ, Masuyer E, Michaelis J, Neglia J, et al., editores.

International incidence of childhood cancer. IARC scientific publications No. 144.

Lyon: International Agency for Research on Cancer; 1998a. v.II.

Parkin DM, Kramárová E. Materials and methods. In: International incidence of

childhood cancer. Lyon: International Agency for Research on Cancer; 1998b. v.II,

p.9-14.

Pereira WV. Aspectos epidemiológicos, biotipologia e evolução do tratamento da

leucemia linfocítica aguda na infância e adolescência no Rio Grande do Sul [tese de

doutorado]. São Paulo: Faculdade de Medicina da USP; 2010.

Plon SE, Malkin D. Childhood cancer and heredity. In: Pizzo PA, Poplack DG.

Principles and practice of pediatric oncology. Philadelphia: Wolters

Kluwer/Lippincott Willians & Wilkins; 2011. p.17.

Pollock BH, Krischer J, Vietti TJ. Interval between symptom onset and diagnosis of

pediatric solid tumors. J Pediatr. 1991;119(5):725-32.

Presti PF, Macedo CRD, Caran EM, Rodrigues AHD, Petrilli AS. Estudo

epidemiológico de câncer na adolescência em centro de referência. Rev Paul Pediatr.

2012;30(2):210-6.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

96

Pritchard-Jones K, Kaatsch P, Steliarova-Foucher E, Stiller CA, Coebergh JWW.

Cancer in children and adolescents in Europe: developments over 20 years and future

challenges. Eur J Cancer. 2006;42:2183-90.

Reis RJ, Santos MO, Thuler LCS. Incidência de tumores pediátricos no Brasil. Revista

Brasileira de Cancerologia. 2007;53(1):5-15.

Ribeiro KB, Lopes LF, Camargo B. Trends in childhood leukemia mortality in Brazil

and correlation with social inequalities. Cancer. 2007;110(8):1823-31.

Ries LAG, Smith MA, Gurney JG, Linet M, Tamra T, Young JL, Bunin GR (eds).

Cancer Incidence and Survival among Children and Adolescents: United States SEER

Program 1975-1995. National Cancer Institute, SEER Program. 1999 NIH Pub. No.

99-4649. Bethesda, MD,

Segalla JGM, Machado PEA, Capra RMM, Veneziano DB, Araújo CL. Relatório

Epidemiológico do Registro Hospitalar de Câncer do Hospital Amaral Carvalho, Jaú

– SP, 1996-1999 e 2000-2004.Jaú; 2005.

Scheurer ME, Bondy ML, Gurney JG. Epidemiology of childhood cancer. In: Pizzo

PA, Poplack DG. Principles and practice of pediatric oncology. Philadelphia: Wolters

Kluwer/Lippincott Willians & Wilkins; 2011.p.2-16.

Smith M, Arthur D, Camitta B, Carroll AJ, Crist W, Gaynon P. Uniform approach to

risk classification and treatment assignment for children with acute lymphoblastic

leukemia. J. Clin. Oncol. 1996;14(1):18-24.

Smith A, Roman E, Simpson J, Ansell P, Fear NT, Eden T. Childhood leukaemia and

socioeconomic status: fact or artefact? A report from the United Kingdom childhood

cancer study (UKCCS). Int J Epidemiol. 2006;35:1504-13.

Silva GCS. Cancer registry of Ceara (Fortaleza), 1978-1980. In: Parkin DM, Stiller

CA, Draper GJ, Bieber CA, Terracini B, Young JL. International incidence of

childhood cancer. Lyon: International Agency for Research on Cancer; 1988. p. 109-

10.

Silva DB, Pires MMS, Nassar SM. Câncer pediátrico: análise de um registro

hospitalar. J Pediatr (Rio J). 2002;78(5):409-14.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

97

Silva DS. Câncer da infância e da adolescência: tendência de mortalidade em menores

de 20 anos no Brasil [dissertação de mestrado]. Rio de Janeiro: Escola Nacional de

Saúde Pública Sergio Arouca; 2012.

Steliarova-Foucher E, Stiller C, Kaatsch P, Berrino F, Coebergh JW, Lacour B, et al.

Geographical patterns and time trends of cancer incidence and survival among children

and adolescents in Europe since the 1970s (the ACCIS project): an epidemiological

study. Lancet. 2004;364:2097-05.

Steliarova-Foucher E, Stiller C, Lacour B, Kaatsch P. International classification of

childhood cancer, third edition. Cancer. 2005;103(7):1457-67.

Stiller CA. Centralised treatment, entry to trials and survival. Br J Cancer.

1994;70:352-62.

Stiller CA. Epidemiology and genetics of childhood cancer. Oncogene. 2004;3:6429-

44.

Syse A, Lyngstad TH, Kravdal O. Is mortality after childhood cancer dependent on

social or economic resources of parents? A population-based study. Int J Cancer.

2012;130(8):1870-8.

Teixeira MTB, Faerstein E, Latorre MR. Técnicas de análise de sobrevida. Cad Saúde

Pública. 2002;18(3):579-94.

WHO - World Health Organization. Young people´s health - a challenge for society.

Report. Geneva; 1986. (WHO-Technical Report Series, 731).

Wiangnon S, Veerakul G, Nuchprayoon I, Seksarn P, Hongeng S, Krutvecho T, et al.

Childhood cancer incidence and survival 2003-2005, Thailand: study from the Thai

Pediatric Oncology Group. Asian Pac J Cancer Prev. 2011;12:2215-20.

Young JL. The hospital-based cancer registry. In: Jensen OM, Parkin DM, Maclennan

R, Muir CS, Skeet RG, eds. Cancer registration: principles and methods. Lyon:

International Agency for Research on Cancer; 1991. p.177-84.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

98

APÊNDICES

Apêndice 1 – Instrumento de coleta de dados de crianças e adolescentes portadores de

neoplasias atendidos no Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE

1. Ficha número _ _ _

2. Prontuário _ _ _ _ _

3. Nome completo _____________________________________

4. Endereço __________________________________________

5. Telefone ( _ _ ) _ _ _ _ - _ _ _ _, _______________________

6. Sexo _ (1=masculino, 2=feminino, 3=indeterminado)

7. Raça/cor _ (1=branca, 2=preta, 3=amarela, 4=parda, 5=indígena, 9=ignorado)

8. DN _ _ / _ _ / _ _ _ _

9. Local de nascimento (município) __________________

10. Estado de nascimento_ _

11. Procedência (município) ________________

12. Estado de procedência_ _

DADOS SOCIOECONÔMICOS

13. História familiar de câncer _ (1=sim, 2=não, 9=ignorado)

14. Renda familiar _ _ _ _ (reais)

15. Números de pessoas / família _ _

16. Escolaridade materna _

17. Escolaridade paterna _

18. Escolaridade paciente _

1=1º grau/Ensino fundamental incompleto;

2=1º grau/Ensino fundamental completo;

3=2º grau/Ensino médio incompleto;

4=2º grau/Ensino médio completo;

5=superior incompleto;

6=superior completo;

7=analfabeto;

8=não aplica;

9=ignorado

10=pós-graduação

DADOS RELACIONADOS À NEOPLASIA

19. Data do primeiro atendimento no HC-MT _ _ / _ _ / _ _ _ _

20. Data do diagnóstico _ _ / _ _ / _ _ _ _

21. Local do Diagnóstico 1=HC-MT, 2=outro Hospital -MT, 3=outro Estado

22. Data dos primeiros sintomas _ _ / _ _ / _ _ _ _

23. Data do início de tratamento _ _ / _ _ / _ _ _ _

24. Sinais e sintomas que motivaram a procura de atendimento médico __________________

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

99

25. Grupo de diagnóstico _ (1=Leucemia, 2=Linfomas e Neoplasias retículo-endoteliais, 3=Tumores de

sistema nervoso central e miscelânia de neoplasias intracranianas e intraespinhais, 4=Tumores do

sistema nervoso simpático, 5=Retinoblastoma, 6=Tumores renais, 7=Tumores hepáticos,

8=Tumores ósseos malignos, 9=Sarcomas de partes moles, 10=Neoplasias de células germinativas,

trofoblásticas e outras gonadais, 11=Carcinomas e outras neoplasias malignas epiteliais, 12=Outros

tumores malignos

26. Estadio de evolução da neoplasia _ (1=I; 2=II; 3=III; 4=IV)

27. Classificação LLA _ (1=baixo risco; 2=alto risco)

28. Classificação Tumor SNC _

29. Tratamento prévio _ (1=sim, 2=não, 9=ignorado)

30. Tipo de tratamento _ _ _ _ _ (1=nenhum, 2=cirurgia, 3=radioterapia, 4=quimioterapia,

5=hormonioterapia, 6=transplante de medula óssea, 7=outros, 9=ignorado)

31. Local de Tratamento _ (1=Hospital de Câncer de Mato Grosso, 2=outro Hospital em Mato Grosso,

3=outro Estado-TFD-tratamento fora de domicílio, 9=ignorado)

Tempo médio de seguimento dos pacientes _ _ _ (meses)

32. Ocorrência de recidiva _ (1=sim, 2=não, 9=ignorado)

33. Situação _ (1=vivo sem câncer, 2=vivo com câncer, 3=vivo sem especificação, 4=óbito sem câncer,

5=óbito com câncer, 6=óbito sem especificação, 9=ignorado)

34. Data da última consulta _ _ / _ _ / _ _ _ _

35. Data da Alta _ _ / _ _ / _ _ _

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

100

Apêndice 2 - Distribuição das neoplasias malignas segundo grupos de diagnóstico e regiões de saúde de procedência em Mato Grosso (n=614).

Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

Obs. ¥Grupo diagnóstico: I=Leucemias; II=Linfomas e neoplasias reticuloendoteliais; III=Tumores do SNC; IV=Tumores do sistema nervoso simpático; V=Retinoblastoma; VI=Tumores renais; VII=Tumores hepáticos; VIII=Tumores ósseos malignos; IX=Sarcomas de partes moles; X=Neoplasias de células germinativas, trofoblásticas e outras gonadais; XI=Carcinomas e outras neoplasias

malignas epitelias*** 44/658 casos de neoplasias malignas procedentes de outros estados.

Grupo Diagnóstico

Região de Saúde

Água Boa

Alta Floresta

Baixada Cuiabana

Barra do

Garças Cáceres Colíder Diamantino Juara Juina

Peixoto de

Azevedo

Pontes e

Lacerda

Porto Alegre

do Norte

Rondonópolis Sinop Tangará

da Serra

I n - 6 80 3 13 6 4 2 10 12 3 1 32 31 14 % - 37,50 35,24 33,33 31,71 28,57 26,67 40,00 38,46 66,67 1,38 33,33 34,78 40,79 35,00

II n - 4 40 1 9 6 2 1 3 2 4 1 20 11 4 % - 25,00 17,62 11,11 21,95 28,57 13,33 20,00 11,54 11,11 3,70 33,33 21,74 14,47 10,00

III n 1 1 31 - 6 1 1 2 2 1 5 - 8 6 5 % 33,33 6,25 13,66 - 14,63 4,76 6,67 40,00 7,69 5,56 7,14 - 8,7 7,89 12,50

IV n - 1 7 - 1 1 2 - 1 - - - 2 6 4 % - 6,25 3,08 - 2,44 4,76 13,33 - 3,85 - - - 2,17 7,89 10,00

V n - 1 5 - - - - - 1 - - - - - 3 % - 6,25 2,20 - - - - - 3,85 - - - - - 7,50

VI n - - 11 2 5 1 2 - 2 - 2 - 9 4 4 % - - 4,85 22,22 12,20 4,76 13,33 - 7,69 - 4,76 - 9,78 5,26 10,00

VII n - - 1 1 - - - - - - - - - - - % - - 0,44 11,11 - - - - - - - - - - -

VIII n 1 2 15 - 2 - 1 - 1 - 3 - 5 3 2 % 33,33 12,50 6,61 - 4,88 - 6,67 - 3,85 - 8,57 - 5,43 3,95 5,00

IX n - - 18 1 ,3 4 3 - 5 - 3 - 9 10 3 % - - 7,93 11,11 7,32 19,05 20,00 - 19,23 - 5,08 - 9,78 13,16 7,50

X n - - 11 1 1 2 - - 1 1 1 1 2 3 - % - - 4,85 11,11 2,44 9,52 - - 3,85 5,56 4,17 33,33 2,17 3,95 -

XI n 1 1 8 - 1 - - - - 2 1 - 5 2 1 % 33,33 6,25 3,52 - 2,44 - - - - 11,11 4,55 - 5,43 2,63 2,50

Total 3 16 227 9 41 21 15 5 26 18 22 3 92 76 40

10

0

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

101

Apêndice 3 - Distribuição dos casos de neoplasias malignas segundo as faixas etárias.

Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

I. Leucemias26,32%

II. Linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais0,00%

III. Tumores do sistema nervoso

central5,26%

IV. Tumores do sistema nervoso

simpático15,79%

V. Retinoblastoma

0,00%

VI. Tumores renais

31,58%

VII. Tumores hepáticos

0,00%

VIII. Tumores ósseos malignos

0,00%

IX. Sarcomas de partes moles

10,53%

X. Neoplasias de células

germinativas, trofoblásticas e outras gonadais

10,53%

XI. Carcinomas e outras neoplasias

malignas epiteliais0,00%

< 1 ano

I. Leucemias40,00%

II. Linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais11,43%

III. Tumores do sistema nervoso

central11,43%

IV. Tumores do sistema nervoso

simpático7,62%

V. Retinoblastoma2,38%

VI. Tumores renais12,38%

VII. Tumores hepáticos0,48%

VIII. Tumores ósseos malignos0,95%

IX. Sarcomas de partes moles

6,67%

X. Neoplasias de células germinativas, trofoblásticas e outras gonadais

2,86% X. Carcinomas e outras neoplasias malignas epiteliais

3,81%

1-4 anos

I. Leucemias41,28%

II. Linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais17,44%

III. Tumores do sistema nervoso central

15,12%

IV. Tumores do sistema nervoso

simpático3,49%

V. Retinoblastoma2,91%

VI. Tumores renais6,40%

VII. Tumores hepáticos0,58%

VIII. Tumores ósseos malignos1,74%

IX. Sarcomas de partes moles6,98%

X. Neoplasias de células germinativas, trofoblásticas e

outras gonadais1,74%

XI. Carcinomas e outras neoplasias malignas epiteliais

2,33%

5-9 anos

I. Leucemias35,14%

II. Linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais22,97%

III. Tumores do sistema nervoso central10,14%

IV. Tumores do sistema nervoso simpático

0,00%

V. Retinoblastoma0,00%

VI. Tumores renais1,35%

VII. Tumores hepáticos0,00%

VIII. Tumores ósseos malignos

12,84%

IX. Sarcomas de partes moles10,14%

X. Neoplasias de células germinativas, trofoblásticas e outras gonadais

3,38%

XI. Carcinomas e outras neoplasias malignas epiteliais

4,05%

10-14 anos

I. Leucemias24,77%

II. Linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais…

III. Tumores do sistema nervoso central

8,26%

IV. Tumores do sistema nervoso

simpático…

V. Retinoblastoma0,00%

VI. Tumores renais0,00%

VII. Tumores hepáticos0,00%

VIII. Tumores ósseos malignos…

IX. Sarcomas de partes moles

15,60%

X. Neoplasias de células germinativas, trofoblásticas e

outras gonadais8,26%

XI. Carcinomas e outras neoplasias malignas epiteliais

6,42%

15-19 anos

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

102

Apêndice 4 - Distribuição dos casos de neoplasias malignas segundo os grupos etários.

Hospital de Câncer do Estado de Mato Grosso, 2002-2012.

I. Leucemias38,62%

II. Linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais16,03%

III. Tumores do sistema nervoso central…

IV. Tumores do sistema nervoso

simpático…

V. Retinoblastoma1,82%

VI. Tumores renais8,20%

VII. Tumores hepáticos0,36%

VIII. Tumores ósseos malignos…

IX. Sarcomas de partes moles…

X. Neoplasias de células germinativas, trofoblásticas e outras

gonadais2,91%

XI. Carcinomas e outras neoplasias malignas epiteliais

3,28%

até 14 anos

I. Leucemias24,77%

II. Linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais21,10%

III. Tumores do sistema nervoso central8,26%

IV. Tumores do sistema nervoso simpático

0,00%

V. Retinoblastoma0,00%

VI. Tumores renais0,00%

VII. Tumores hepáticos0,00%

VIII. Tumores ósseos malignos

15,60%

IX. Sarcomas de partes moles

15,60%

X. Neoplasias de células germinativas, trofoblásticas e

outras gonadais8,26%

XI. Carcinomas e outras neoplasias malignas epiteliais

6,42%

15-19 anos

I. Leucemias39,90%

II. Linfomas e neoplasias reticuloendoteliais

13,47%III. Tumores do sistema nervoso central

12,72%

IV. Tumores do sistema nervoso simpático

6,23%

V. Retinoblastoma2,49%

VI. Tumores renais10,72%

VII. Tumores hepáticos0,50%

VIII. Tumores ósseos malignos1,25%

IX. Sarcomas de partes moles6,98%

X. Neoplasias de células germinativas, trofoblásticas e outras gonadais

2,74%

XI. Carcinomas e outras neoplasias malignas epiteliais

2,99%

< 10 anos

I. Leucemias30,74%

II. Linfomas e neoplasias

reticuloendoteliais22,18%

III. Tumores do sistema nervoso central

9,34%

IV. Tumores do sistema nervoso simpático0,00%

V. Retinoblastoma0,00%

VI. Tumores renais0,78%

VII. Tumores hepáticos0,00%

VIII. Tumores ósseos malignos14,01%

IX. Sarcomas de partes moles12,45%

X. Neoplasias de células germinativas, trofoblásticas e outras gonadais

5,45%

XI. Carcinomas e outras neoplasias malignas epiteliais

5,06%

10-19 anos

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

103

ANEXOS

Anexo 1 – Termo de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital

Universitário Júlio Müller/UFMT.

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO …ri.ufmt.br/bitstream/1/478/1/DISS_2014_Suely Santos...através delas o amor de “quem não vejo”, mas, crendo, eu amo. Agradeço ao Papai,

104