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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
GRUPO PET EDUCAÇÃO
ESTUDO DA SITUAÇÃO PROFISSIONAL DOS PEDAGOGOS FORMADOS PELA
UFMT NOS ANOS 2002 E 2003
Autores:1GRUPO PET EDUCAÇÃO
RESUMO
O estudo da “Situação profissional dos pedagogos formados pela UFMT nos anos 2002 e
2003”, foi realizado com estudantes egressos do Curso de Pedagogia em Cuiabá, com o
objetivo de recolher informações da sua situação profissional.
O propósito de realizar um estudo mais sistemático acerca dos egressos ancorase na
percepção de que a estrutura do Curso deva ser repensada, sem perder de vista a
missão institucional da Universidade e as especificidades de cada área do conhecimento.
Portanto, o estudo pretende contribuir para dar voz aqueles que não estão na
Universidade, mas que são a sua imagem na sociedade.
APRESENTAÇÃO
A preocupação em saber por onde andam os alunos formados nos cursos de
graduação se manifesta há muitos anos e por diferentes segmentos da comunidade
universitária.
Embora muitos concordem com a necessidade de acompanhar o percurso dos
estudantes após a conclusão dos Cursos, a realidade mostra que pouco se sabe do
“destino” que lhes foi reservado.
A nossa Universidade (e, certamente, muitas outras) concebe o vínculo com os
estudantes de graduação como um período de passagem, isso é, um parênteses que se
abre com a aprovação nos exames vestibulares e se fecha com o ato solene da
formatura. A vida estudantil pregressa e os desdobramentos posteriores não constam das
preocupações institucionais.
Esse modo sincrônico e excludente de conceber a missão institucional da
Universidade e a sua relação com os estudantes, tem origens históricas e expressa o
lugar desde onde ela se percebe e se mantém.
Segundo SILVA (2000), a Universidade brasileira se constituiu a partir da soma de
várias influências (especialmente inglesa, alemã, americana e francesa) e na sua relação
com a sociedade priorizou os interesses gerais das elites dominantes (sejam elas rurais
ou urbanas).
A história da UFMT e a consolidação do seu perfil institucional refletem esses
modelos que, em sua expressão quotidiana, ora se complementam, ora se contradizem.
A influência inglesa pode ser percebida na ênfase dada às atividades de ensino (tidas
como reprodução do conhecimento) e à difusão do saber universal. A percepção de uma
comunidade de pesquisadores, nos moldes alemães, é encontrada na UFMT em
diferentes pesquisas voltadas para áreas estratégicas ou para nichos de interesse
regional. A concepção americana, tida como um núcleo de progresso e de prestação de
serviços é expressa pela procura da adequação dos cursos às necessidades do mercado
e da aproximação deste com o meio acadêmico, de forma a disponibilizar mãodeobra
adequada à sua manutenção e expansão. Finalmente, a influência francesa, preconizada
pela articulação da Universidade com os objetivos do Estado. Sob essa percepção a
UFMT tem como missão relevante a formação de profissionais (bacharéis e licenciados)
aptos a atender as demandas advindas dos serviços públicos oferecidos pelo Estado. i
Em todos os modelos tipológicos pontuados acima, seria importante conhecer a
situação profissional dos estudantes egressos, especialmente para avaliar o grau de
consecução dos objetivos institucionais e os de cada Curso. No entanto, essa tarefa de
acompanhamento não tem sido desenvolvida de forma sistemática pela instituição e pelas
unidades específicas. Tal desatenção dificulta a percepção dos resultados do nosso
trabalho e enseja a tomada de decisões inadequadas num horizonte de longo prazo.
Frente a esse contexto, o Grupo PET Educação priorizou para o ano de 2005 a
realização da pesquisa “Estudo da situação profissional dos pedagogos formados pela
UFMT nos anos 2002 e 2003” como um primeiro passo no sentido de conhecer, analisar
e documentar o seu percurso pósformatura.
O presente estudo articulouse amplamente com um trabalho realizado no ano de
2004, que procurou identificar o perfil tipológico dos estudantes de Pedagogia da UFMT
em Cuiabá, no respectivo ano.
Para conseguir uma maior homogeneidade nos dados, o público alvo da pesquisa
se restringiu aos alunos formados do período matutino anos de 2002 e 2003ii, isso é,
apenas a estudantes da demanda social com até dois anos de conclusão do Curso.
A meta da pesquisa era a de entrevistar todos os pedagogos, porém a amostra
possível alcançou 78,3%, o que foi considerado satisfatório para os objetivos do estudo.
Porquanto, os dados aqui apresentados dizem respeito a uma amostra de 47
pessoas (44 mulheres e 3 homens) de um universo total de 60 pedagogos
formados no período.
i Sobre o assunto, conf. especialmente SILVA, p. 2531.ii Naquela ocasião, os estudantes do período vespertino já eram professores das redes municipais e estadualde ensino de Cuiabá, Várzea Grande e Santo Antônio do Leverger.
OBJETIVOS DA PESQUISA
Objetivo Geral
Tevese por objetivo geral conhecer a situação profissional dos pedagogos
formados no Curso de Pedagogia matutino da UFMT nos anos de 2002 e 2003
identificando as mudanças ocorridas no seu percurso, bem como o grau de satisfação
com a formação obtida.
Os objetivos específicos foram:
a) Subsidiar as instâncias do Instituto de Educação (coordenação,
colegiados, GTs) com informações quantitativas e qualitativas acerca
dos profissionais formados nos últimos anos;
b) Identificar e avaliar o nível de empregabilidade dos pedagogos formados
pela UFMT em Cuiabá;
c) Verificar a procura por cursos de formação continuada (aperfeiçoamento,
especialização, mestrado, etc.);
d) Realizar um estudo comparativo da renda pessoal e familiar dos
entrevistados anterior e posterior à conclusão do curso.
METODOLOGIA
Os trabalhos foram organizados em três etapas e atenderam aos seguintes
procedimentos metodológicos:
Etapa I
a) Fundamentação e debates acerca da missão institucional da
Universidade num contexto da flexibilização das fronteiras disciplinares,
políticas e mercadológicas e do impacto dessas mudanças no contexto
regional e nacional;
b) Definição do universo a ser pesquisado, composto pelos estudantes
formados no Curso de Pedagogia matutino na sede da UFMT (Cuiabá)
nos anos de 2002 e 2003, totalizando 60 pessoas;
c) Elaboração dos instrumentos de coleta de dados, compostos por um
questionário com 13 questões impressas e por um roteiro de entrevista
semiestruturada.
d) Préteste dos instrumentos e realização dos ajustes que se mostraram
necessários.
Etapa II
a) Levantamento junto a Coordenação do Curso de Pedagogia dos nomes,
endereços e telefones dos pedagogos a serem entrevistados;
b) Complementação das informações junto a Coordenação de Administração
Escolar CAE para os casos não contemplados nos registros do Curso;
c) Distribuição proporcional dos pesquisados para cada subgrupo de
pesquisadores;
d) Contatos telefônicos e agendamento das entrevistas;
e) Preenchimento dos questionários com as informações obtidas dos
entrevistados (via telefônica);
f) Visita às residências ou aos locais indicados pelos entrevistados nos casos
de impossibilidade de realizar a entrevista por telefone;
g) Busca de informações complementares com terceiros (vizinhos,
conhecidos, escolas) nos casos de impossibilidade de marcar ou de concluir
as entrevistas pessoalmente.
Etapa III
a) Leitura e tabulação dos dados;
b) Checagem de consistência;
c) Elaboração de gráficos e tabelas;
d) Análise quantitativa e qualitativa dos resultados;
e) Realização de seminário “intrapet” para a discussão dos resultados;
f) Elaboração e impressão do relatório final;
g) Apresentação do relatório à Coordenação de Curso, ao Colegiado e ao GT de
reformulação do Curso de Pedagogia.
RESULTADOS ALCANÇADOS
Para facilitar a análise, os dados estão organizados na ordem seqüencial adotada
nas entrevistas e destacam as questões formuladas, os gráficos gerados, as respectivas
tabelas e alguns comentários que julgamos relevantes para cada questão.
1) Você está desenvolvendo atividade remunerada atualmente?
81%
19%
SimNão
1) Você está desenvolvendo atividade remunerada atualmente?Ano Sim Não Total
2002 20 (83,3%) 4 (16,7%) 24 (100%)2003 18 (78,3%) 5 (21,7%) 23 (100%)Total 38 (80,8%) 9 (19,2%) 47 (100%)
A tabela indica que de um total de 24 pedagogos formados no ano de 2002, vinte
exercem uma ou mais atividades remuneradas, o que representa 83,3% do total dos
entrevistados. Esse indicador está em linha com a situação de empregabilidade verificada
quando esses estudantes cursavam o último ano de Pedagogia. Após a formatura, houve
um incremento de emprego de apenas 1,5%, o que representa um único emprego novo.
Na turma de 2003 houve um aumento significativo no número de pessoas
empregadas, passando de 65,4% por ocasião do terceiro ano do curso, para 78,3% após
um ano da formatura. Se considerarmos que 34,7% desses pedagogos estão
empregados há dois anos e 17,3% há um ano, constatamos que 17,3% conseguiram
emprego antes de concluir o curso e o restante, 17,4%, após a sua formatura.
2) Você está atuando na área de sua formação?
66%
34%SimNão
2) Você está atuando na área de sua formação?Ano Sim Não Total
2002 14 (58,3%) 10 (41,7%) 24 (100%)2003 17 (74%) 6 (26,0%) 23 (100%)Total 31 (66%) 16 (34,0 %) 47 (100%)
Os números indicam uma grande ocorrência de pedagogos que não atuam na sua
área de formação. Nas contagens dos entrevistados, apenas 66% declaram atuar na
área. Na turma formada em 2002 esse percentual cai para 41,7%, o que indica uma
progressão inversa à esperada: quanto maior tempo de formado, menor a atuação na
área de formação.
Essa hipótese parece não explicar a situação em pauta. Outros fatores externos
podem estar afetando o resultado, como, por exemplo, o perfil específico da turma de
2002 e as oportunidades do mercado de trabalho, especialmente em anos eleitorais.
3) Há quanto tempo trabalha na área de sua formação?Font
e Até 1 ano1 a 2anos
Mais de 2anos Nunca Total
2002 2 (8,3%) 1(4,2%) 13 (54,1%) 8 (33,3%) 24 (100,0%)2003 8 (34,8%) 4 (17,4%). 7 (30,4%) 4 (17,4). 23 (100,0%)
Total10
(21,0%) 5 (11,0%) 20 (43,0%)12
(26,0%) 47 (100,0%)
As informações obtidas nesta questão podem apontar algumas explicações mais
consistentes para a anterior.
Na turma de 2002, treze pessoas (54,2%) já exerciam atividades remuneradas
antes da conclusão do Curso e, apenas, três foram admitidas na área após a sua
conclusão.
Para a turma de 2003 essa situação se inverte. Das dezenove pessoas que
declararam trabalhar em educação, oito (34,8%) iniciaram após a formatura.
4) Você tem outras atividades remuneradas?
AnoSim,regularmente
Sim, àsvezes Não Total
2002 7 (29,1%) 3 (12,5%) 14 (58,4%) 24 (100%)2003 0 3 (12,5%) 20 (87,5%) 23 (100%)Total 7 ( 16,2%) 6 (12,8%) 34 (72%) 47 (100%)
Os números gerais indicam que 13 pessoas (27,6%) de um total de 47 exercem
regularmente ou esporadicamente outras atividades remuneradas não vinculadas a sua
formação. No ano de 2002 esse número é muito mais expressivo e atinge 58,3% do total
dos pedagogos daquela turma. Se considerarmos as informações das tabelas 1 e 2,
4) Você exerce outra atividade remunerada fora da área?
15%13%
72%
Sim, regularmenteSim, às vezesNão
3) Há quanto tempo trabalha na área de sua formação?
21%
11%
42%
26% Até 1 ano1 a 2 anosMais de 2 anosNunca
teremos que das vinte pessoas que exercem atividades remuneradas, quatorze o fazem
em sua área de formação e destas, seis acumulam uma dupla função (na área e fora
dela). Se verificarmos os dados de 2003, apenas três pessoas se encontram nessa
situação, o que poderia indicar um movimento no sentido de quanto maior o tempo de
formado, maior o envolvimento com atividades remuneradas.
5) Trabalha em rede pública ou privada?
47%
21%
13%
19% PúblicaPrivadaAmbasNenhuma
5) Trabalha em rede pública ou privada?Ano Pública Privada Ambas Nenhuma Total
2002 11 (45,8%) 3 (12,5%) 3 (12,5%) 7 (29,01%) 24 (100,0%)2003 11 (48,0%) 7 (30,4%) 3 (13,0%) 2 (80,6%) 23 (100,0%)Total 22 (47,0%) 10 (21,2%) 6 (12,7%) 9 (19,01%) 47 (100,0%)
A ocorrência de pedagogos atuando na rede pública é predominante nos dados
acima.
Dentro do universo pesquisado, vinte e seis pessoas (59,7%) disseram trabalhar
nas redes públicas e privada de ensino. As redes públicas, municipal e estadual,
empregam vinte e dois pedagogos, o que representa 46,5% dos entrevistados.
A rede privada responde por 31,9% dos pedagogos empregados no âmbito dessa
amostra e tem maior concentração na turma de 2002 com 41,7% dos empregos.
Outro aspecto a ser destacado é que 19,1% dos entrevistados declararam não
atuar em nenhuma rede de ensino.
6) Qual sua carga horária semanal de trabalho?
AnoSem
atividadeAté 20horassemanais
Até 30horas
semanais
Até 40horas
semanais
Mais de 40horas
semanaisTotal
2002 4 (16,6%) 3 (12,5%) 4 (16,6%) 10 (47,6%) 3 (12,6%) 24 (100,0%)2003 2 (8,7%) 6 (26,1%) 7 (30,4%) 6 (26,01%) 2 (8,7%) 23 (100,0%)Total 6 (13,0%) 9 (19,0%) 11 (23,0%) 16 (34,0%) 5 (11,0%) 47 (100,0%)
Os dados acima revelam que, dentre os pedagogos que declararam
trabalhar, a carga horária média é de 31,5 horas semanais.
A faixa que apresenta maior concentração de horas trabalhadas é a de 40 horas
semanais, correspondendo a 39% dos pedagogos empregados. Se analisado ano a ano,
a turma de 2002 concentra maior número de pedagogos com carga horária de 30 e 40
horas semanais, correspondendo a 70% dos empregados. Já na turma de 2003 a maior
concentração encontrase na faixa de 20 e 30 horas semanais, com 61,9% dos
empregados. No geral dos que estão empregados, 12,2% dos pedagogos declararam
trabalhar mais de 40 horas semanais, o que confirma uma tendência já conhecida no
âmbito dos trabalhadores da educação.
6) Qual sua carga horária de trabalho semanal?
13%
19%
23%34%
11%
Sem atividade
Até 20 horassemanais
Até 30 horassemanais
Até 40 horassemanais
Mais de 40 horassemanais
7) Qual é o seu grau de satisfação profissional?
21%
56%
23%InsatisfeitoSatisfação médiaBem satisfeito
7) Qual é o seu grau de satisfação profissional?Ano Insatisfeito Satisfação média Bem satisfeito Total
2002 6 (25,0%) 11 (46,0%) 7 (29,0%) 24 (100,0%)2003 4 (17,4%) 15 (65,2%) 4 (17,4%) 23 (100,0%)Total 10 (21,3%) 26 (55,3%) 11 (23,4%) 47 (100,0%)
A pesquisa indicou que a maioria dos pedagogos (55,3%) está medianamente
satisfeito com a sua profissão.
O desvio padrão entre os que se declararam não satisfeitos e os bem satisfeitos
indica uma leve tendência de 2,1% a mais dos que responderam estar bem satisfeitos.
A maior incidência de não satisfeitos está na turma de 2002, com 25% dos
declarantes, o mesmo ocorrendo com os bem satisfeitos, com 29,1%.
Se considerarmos os estudos da Universidade de Melbourne na Austrália que
indicam que o trabalho docente é uma das atividades com menor índice de satisfação
profissional, podemos sugerir que os pedagogos em foco declaram um grau de satisfação
superior à média da categoria.
8) Você participa ou participou de algum processo de formação continuada?
AnoSim,recentemente
Sim, faz algumtempo Não Total
2002 5 (20,8%) 0 (0,0%) 19 (79,2%) 24 (100,0%)2003 9 (39,1%) 4 (17,4%) 10 (43,5%) 23 (100,0%)Total 14 (29,8%) 4 (8,5%) 29 (61,7%) 47 (100,0%)
A procura por formação continuada não apareceu como uma iniciativa de
interesse geral dos pedagogos entrevistados.
A maioria dos entrevistados (61,7%) disse não ter participado de nenhum
processo de formação após a conclusão do Curso. Esse percentual é ainda mais
expressivo se considerarmos a turma de 2002 cuja ocorrência chega aos 79,2%, o que
indica que apenas cinco pessoas dessa turma participaram de algum curso ou de outras
atividades de formação.
Esse indicador reflete o caráter conclusivo dos cursos de graduação e a falta de
programas de formação continuada implementados pelas agências empregadoras.
8) Você participa ou participou de algum processo de formação
continuada?
30%
9%61%
Sim, recentemente
Sim, faz algumtempoNão
9) Usa recursos tecnológicos na sua prática profissional?
53%17%
30% Sim, regularmenteSim, às vezesNão
9) Usa recursos tecnológicos na sua prática profissional?
AnoSim,
regularmente Sim, às vezes Não Total2002 12 (50,0%) 2 (8,0%) 10 (42,0%) 24 (100,0%)2003 13 (56,5%) 6 (26,1%) 4 (17,4%) 23 (100,0%)Total 25 (53,0%) 8 (17,0%) 14 (30,0%) 47 (100,0%)
Um aspecto relevante dos dados acima diz respeito ao aumento da utilização de
recursos tecnológicos por parte dos pedagogos formados no ano de 2003 se comparados
aos do ano anterior. (69,5% contra 58,3% no ano de 2002).
Entre os fatores apontados pelos entrevistados, destacouse a introdução da
disciplina Informática na Educação no currículo do Curso, o que teria incentivado e
qualificado para a utilização de tais recursos no trabalho profissional.
Em números gerais, 33 pessoas (70,2%) disseram utilizar em sala de aula
recursos tecnológicos regularmente ou ocasionalmente.
10) Você considera que a sua formação acadêmica atende às necessidadesdo mercado?
Ano Sim, regularmente Sim, em parte Não Total2002 3 (12,0%) 16 (67,0%) 5 (21,0%) 24 (100,0%)2003 3 (13,0%) 15 (65,0%) 5 (22,0%) 23 (100,0%)Total 6 (12,7%) 31 (66,0%) 10 (21,3%) 47 (100,0%)
Os dados obtidos revelam que 66% dos pedagogos consideram que sua formação
acadêmica obtida atende, em parte, as necessidades do mercado.
Dos entrevistados, 21,3% julgam que a formação não atende ao mercado e 12,7%
afirmam que a sua formação está adequada às exigências da profissão.
Se remetida aos objetivos do Curso, esses dados são preocupantes uma vez que
indicam uma grande defasagem entre o proposto e o efetivamente realizado.
10) Você considera que a sua formação acadêmica atende as necessidades do
mercado?
13%
66%
21%Sim, regularmenteSim, em parteNão
11) É filiado a algum sindicato?
28%
72%
SimNão
11) É filiado a algum sindicato?Ano Sim Não Total
2002 8 (33,0%) 16 (67,0%) 24 (100,0%)2003 5 (21,7%) 18 (78,3%) 23 (100,0%)Total 13 (28,0%) 34 (72%) 47 (100,0%)
Os resultados mostram que apenas uma pequena parcela dos pedagogos
pesquisados (13 pessoas ou 28% dos entrevistados) encontrase filiada ao(s) sindicato(s)
da categoria e que 72% não formalizaram sua vinculação sindical. O percentual de
filiados aos sindicatos (28%) é bastante inferior ao dos pedagogos que já atuam no
mercado de trabalho, que é de 66%.
Os depoimentos colhidos apontam diversas justificativas para a não filiação
sindical, dentre elas, o desestímulo dos pedagogos, a falta de campanhas de filiação e o
distanciamento dos sindicatos. A falta de formação política durante o Curso também foi
apontada como uma das justificativas para a não agregação.
12) Qual é a sua renda pessoal?
15%15%
17%26%
27%
SemrendimentosAté 2 saláriosmínimosAté 3 saláriosmínimosAté 4 saláriosmínimosMais de 4salários mínimos
12) Qual é a sua renda pessoal?
AnoSem
rendimentoAté 2
saláriosmínimos
Até 3saláriosmínimos
Até 4saláriosmínimos
Mais de 4saláriosmínimos
Total
2002 4 (17,0%) 2 (8,0%) 3 (12,5%) 6 (25,0%) 9 (37,5%) 24 (100,0%)
2003 3 (13,0%) 5 (22,0%) 5 (22,0%) 6 (26,0%) 4 (17,0%) 23 (100,0%)Total 7 (15,0%) 7 (15,0%) 8 (17,0%) 12 (25,0%) 13 (28,6%) 47 (100,0%)
A renda média dos pedagogos é de 3,77 salários mínimos por pessoa, o que
correspondia por ocasião da pesquisa a aproximadamente R$1.132,00. (Salário mínimo
equivalente a R$ 300,00)
Se considerado que a carga horária média dos pedagogos empregados é de 31,5
horas semanais, chegaremos a um salário médio de R$ 718,00 para uma carga horária
de 20 horas semanais e de aproximadamente R$ 1437,00 para 40 horas semanais.
Um outro aspecto evidenciado pelos dados é que 15% dos pedagogos
entrevistados declaram não possuir rendimentos, o que é considerado um índice elevado
para a categoria.
13) Sua família depende de sua renda pessoal?
15%
40%
45% TotalmenteEm partesNão depende
13) Sua família depende de sua renda pessoal?
Ano Totalmente Em parteNãodepende Total
2002 5 (21,0%) 9 (37,0%) 10 (42,0%) 24 (100,0%)2003 2 (9,0%) 10 (43,0%) 11 (48,0%) 23 (100,0%)Total 7 (15,0%) 19 (40,0%) 21 (45,0%) 47 (100,0%)
A relevância destes dados está no fato que apenas 15% dos entrevistados
disseramse responsáveis integralmente pelo sustento da família e que 45% dos
pedagogos não dependem da sua renda para sobreviver.
Esse índice pode indicar, dentre outros aspectos, o status de uma profissão de
caráter apenas complementar em relação à renda familiar. Esse argumento ganha força
se considerarmos também a presença de apenas três homens em todo o universo
pesquisado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados aqui obtidos não podem ser considerados como uma amostra
conclusiva, nem tampouco espelham a totalidade do universo de pedagogos formados
pela UFMT. No entanto, alguns resultados mostraramse reveladores, quer por indicar o
movimento tendencial da categoria, quer por evidenciar as expectativas e idealizações
dos sujeitos pesquisados.
Destacaremos a seguir alguns dos aspectos relevantes que poderão ser
considerados quando dos debates acerca do novo perfil do Curso:
1. O primeiro aspecto é de caráter operacional e trata da dificuldade encontrada para
localizar as pessoas e agendar as entrevistas. Os dados cadastrais existentes na
Coordenação de Administração escolar – CAE não puderam ser acessados devido
à greve dos servidores que se estendeu por três meses. Os registros existentes na
Coordenação do Curso mostraramse defasados ou insuficientes para o objetivo
simples de localizar e conversar com as pessoas. Tal situação não deve ser
entendida como uma limitação exclusiva do setor, mas como a ratificação da
ausência de acompanhamento dos estudantes egressos por parte da instituição. O
nosso último compromisso com os pedagogos parece ser de fato com a cerimônia
de formatura...
2. O perfil predominante dos pedagogos é o de assalariados. Seguindo os ideários
das universidades francesas, a prioridade do Curso parece ser ainda a de formar
quadros para os serviços públicos ou, na sua falta, para a iniciativa privada que
supre a demanda não atendida pelo estado. Não identificamos nenhum pedagogo
que tenha se consolidado como empresário da área ou que mantenha uma
atividade comercial não assalariada. A segunda maior concentração de ocorrências
é a dos desempregados. Apenas três pessoas declararam obter rendimentos de
outras fontes (bolsa de estudo, aluguel e pensão).
3. A renda média dos pedagogos está em linha com outras atividades similares do
mercado. A remuneração média de R$ 718,00 para uma carga horária de 20 horas
semanais e de R$ 1437,00 para 40 horas semanais não destoa do salário inicial de
outras profissões. No entanto, a remuneração média paga pelas escolas
particulares é em torno de 15% inferior aquela paga pelo estado e pelas prefeituras
(no caso de pessoas com vínculo temporário).
4. Constatouse um distanciamento preocupante entre o pedagogo e as instituições
formadoras, empregadoras e sindicais. A formação continuada é precária e o
vínculo com os sindicatos da categoria permanece o mesmo verificado no ano 2002,
quando esses profissionais eram estudantes do terceiro e quarto anos do Curso de
Pedagogia (28%). O aspecto político da profissionalidade ainda é pouco percebido e
vivenciado pelos entrevistados.
5. Foram constatadas quatro situações em que os pedagogos mantiveram algum tipo
de vínculo com a UFMT:
a) estudantes de um curso de especialização (duas pessoas);
b) estudantes de mestrado (quatro pessoas);
c) professores substitutos (três pessoas);
d) servidora efetiva (uma pessoa).
Ainda que o tipo de vínculo mantido seja predominantemente de caráter temporário,
não impede que caracterize a UFMT como uma das principais agências
contratantes (ou viabilizadoras de renda) dos pedagogos formados. Dentre as
pessoas que permaneceram de alguma forma vinculadas à UFMT destacaramse
as que participaram de algum grupo ou programa de formação complementar ao
curso de graduação, como PIBIC, PET e NEPRE.
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1 GRUPO PET EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO, Email:[email protected]; Telefone: (0**65) 36158432.