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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE VETERINÁRIA COLEGIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO AVALIAÇÃO DO ESTRESSE PÓS-OPERATÓRIO EM CADELAS MANTIDAS EM AMBIENTE HOSPITALAR SUBMETIDAS A OVARIOHISTERECTOMIA ELETIVA NATHÁLIA GONÇALVES DE SANTANA Belo Horizonte – MG 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE VETERINÁRIA

COLEGIADO DE PÓS-GRADUAÇÃO

AVALIAÇÃO DO ESTRESSE PÓS-OPERATÓRIO EM CADELAS MANTIDAS EM AMBIENTE HOSPITALAR SUBMETIDAS A

OVARIOHISTERECTOMIA ELETIVA

NATHÁLIA GONÇALVES DE SANTANA

Belo Horizonte – MG 2016

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NATHÁLIA GONÇALVES DE SANTANA

AVALIAÇÃO DO ESTRESSE PÓS-OPERATÓRIO EM CADELAS MANTIDAS EM AMBIENTE HOSPITALAR SUBMETIDAS A

OVARIOHISTERECTOMIA ELETIVA

Dissertação apresentada à Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciência Animal.

Área: Medicina e Cirurgia Veterinárias

Orientadora: Profª. Christina Malm

Co-orientadora: Profª. Suzane Lilian Beier.

Belo Horizonte – MG 2016

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Santana, Nathália Gonçalves de, 1983- S232a Avaliação do estresse pós-operatório em cadelas mantidas em ambiente hospitalar submetidas a ovariohisterectomia eletiva / Nathália Gonçalves de Santana. – 2016. 78 p. : il.

Orientadora: Christina Malm Co-orientadora: Suzane Lilian Beier Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Veterinária Inclui bibliografia 1. Cão – Cirurgia – Teses. 2. Ovários – Cirurgia – Teses. 3. Histerectomia – Teses. 4. Cão – Efeito do stress – Teses. 5. Dor em animais – Teses. I. Malm, Christina. II. Beier, Suzane Lilian. III. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Veterinária. IV. Título.

CDD – 636.708 97

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AGRADECIMENTOS

No fim desta etapa tão importante na minha formação acadêmica, agradeço primeiramente à minha orientadora Profª Christina Malm, por me ensinar muito além dos temas relacionados à cirurgia. Obrigada pela oportunidade, pela orientação criteriosa, e por me ensinar que é possível realizar ciência de qualidade com amor. Aos residentes, funcionários e professores do Hospital Veterinário da UFMG, agradeço pelo auxílio e pela paciência. À minha co-orientadora Profª Suzane, pela contribuição valiosa na área de anestesiologia e controle de dor. À mestranda Tábata Megda e à aluna de iniciação científica Thaíssa Castro, companheiras de dias e noites de avaliações seriadas, minha eterna gratidão. Este trabalho não seria possível sem vocês. À residente de patologia clínica Ayla Watanabe, obrigada pela grande contribuição e auxílio na execução das análises hematológicas. Ao meu irmão de pós-graduação, Leonardo Mamão, muito obrigada. A caminhada teria sido imensamente mais árdua sem sua ajuda, sua amizade e sua torcida! Aos meus pais, Moacyr e Ivani, por serem o esteio, o apoio e o amor incondicional sempre. Ao meu irmão Moacyr Jr. pela torcida. Vocês fazem parte de mais essa conquista em minha trajetória profissional! Ao meu marido, parceiro e amor, Mário Rennó, por caminhar novamente ao meu lado durante cada passo desta trajetória! Aos meus amigos, pela parceria de anos, pela compreensão nas ausências, e pela torcida de sempre! Aos amigos do trabalho por entenderem o afastamento e incentivarem meu crescimento, em especial a Wesley e Mariana, minha eterna gratidão. O apoio de vocês foi fundamental! Aos meus pacientes, em especial aos animais que estiveram conosco neste estudo, agradeço pela contribuição e por serem a razão de todo o empenho e aprendizado. À Patela, por ser o melhor cão que alguém pode ter.

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

ACTH – Hormônio adrenocorticotrófico bpm – Batimentos por minuto CRH – Corticotrofin release hormone (hormônio liberador de corticotrofina) DNND – Desvio nuclear dos neutrófilos para direita DS – Escala descritiva simples EDTA – Ácido etilenodiamino tetra-acético EGM - Escala de dor da Universidade de Glasgow modificada FC - Frequência cardíaca (FC) FR – Frequência respiratória Ht – Hematócrito KW - Kruskall-Wallis (KW). mpm – Movimentos por minuto ºC – Graus Celsius OVH - Ovariohisterectomia p – Nível de significância PAS - Pressão arterial sistólica S – Small-diameter fibers (fibras nociceptivas A-delta e C) SNC – Sistema nervoso central SNK - Student-Newman-Keuls SNS – Sistema nervoso autônomo simpático TC - Temperatura corporal VAS – Visual analog scale (escala visual analógica)

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SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................................ 8 LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................................................. 8 LISTA DE QUADROS ............................................................................................................................. 9 LISTA DE TABELAS ............................................................................................................................... 9 RESUMO .................................................................................................................................................. 11 ABSTRACT .............................................................................................................................................. 11 1.INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 12 2.OBJETIVOS ......................................................................................................................................... 13 3.REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................................ 13 3.1.Bem-estar animal ................................................................................................................................. 13 3.2.Estresse: mecanismos e consequências ................................................................................................ 16 3.3.O acesso à dor e ao estresse em animais .............................................................................................. 19 3.3.1.Indicadores séricos ............................................................................................................................ 20 3.3.2. Parâmetros fisiológicos .................................................................................................................... 21 3.3.3.Sistemas de avaliação por escore ...................................................................................................... 21 4.MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................................. 26 4.1.Seleção dos animais ............................................................................................................................. 26 4.2.Triagem ................................................................................................................................................ 26 4.3.Admissão e preparo dos animais .......................................................................................................... 26 4.4.Anestesia .............................................................................................................................................. 26 4.5.Ovariohisterectomia ............................................................................................................................. 27 4.6. Pós-operatório ..................................................................................................................................... 27 4.7.Avaliação de dor e estresse .................................................................................................................. 28 4.7.1.Parâmetros fisiológicos ..................................................................................................................... 29 4.7.2.Dosagem de cortisol sérico e glicemia .............................................................................................. 29 4.7.3.Avaliação comportamental, de dor, estresse e sedação ..................................................................... 29 4.7.4.Avaliação hematológica .................................................................................................................... 31 4.7.5.Avaliação da ferida cirúrgica: ........................................................................................................... 31 5.ANÁLISE ESTATISTICA .................................................................................................................... 32 6.RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................................... 32 6.1. Escalas de avaliação de estresse, dor e sedação ................................................................................... 33 6.1.1. Escala visual analógica (VAS) e descritiva simples (DS) de dor ...................................................... 33 6.1.2. Escalas visual analógica (VAS) e descritiva simples (DS) de sedação ............................................. 35 6.1.3.Escala de Glasgow modificada (EGM) .............................................................................................. 38 6.2.Avaliação dos parâmetros fisiológicos .................................................................................................. 40 6.2.1. Frequência cardíaca (FC) ................................................................................................................. 40 6.2.2. Frequência respiratória (FR) ............................................................................................................ 42 6.2.3. Temperatura corporal (TC) ............................................................................................................... 43 6.2.4. Pressão arterial sistólica (PAS) ......................................................................................................... 45 6.3. Avaliação de indicadores objetivos séricos .......................................................................................... 46 6.3.1. Cortisol ............................................................................................................................................. 46 6.3.2. Glicemia ............................................................................................................................................ 48 6.4. Avaliação hematológica ....................................................................................................................... 50 6.4.1.Hematócrito (Ht) ................................................................................................................................ 50 6.4.2. Leucograma ...................................................................................................................................... 52 6.4.2.1. Neutrófilos ..................................................................................................................................... 54 6.4.2.2. Eosinófilos ..................................................................................................................................... 56 6.4.2.3. Linfócitos ....................................................................................................................................... 57 6.4.2.4. Monócitos ...................................................................................................................................... 58 6.4.2.5. Plaquetas ........................................................................................................................................ 60 7. CONCLUSÕES ..................................................................................................................................... 61 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 62 9.ANEXOS ................................................................................................................................................ 67

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Três critérios de bem-estar animal ....................................................................... 14 Figura 2 Escala visual analógica (VAS) baseada em uma linha reta de 100mm de

comprimento ........................................................................................................ 22 Figura 3 Organograma de execução deste estudo .............................................................. 29

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Representação gráfica contendo as medianas para a escala VAS de dor nos

tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) ....................................... 34 Gráfico 2 Representação gráfica contendo as medianas para a escala DS de dor nos tempos

avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) ...................................... .............. 35 Gráfico 3 Gráfico 3: Representação gráfica contendo as medianas para a escala VAS de

sedação nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) ..................

36 Gráfico 4 Representação gráfica contendo as medianas para a escala DS de sedação nos

tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) ...................................... 37 Gráfico 5 Representação gráfica contendo as medianas para a escala de Glasgow

modificada (EGM) nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) .

39 Gráfico 6 Representação gráfica contendo as médias para a frequência cardíaca (FC) (bpm),

nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) ................................ 41 Gráfico 7 Representação gráfica contendo as médias para a frequência respiratória (FR)

(mpm), nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) ................... 43 Gráfico 8 Representação gráfica contendo as médias para a temperatura corporal (TC) (ºC),

nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) ................................ 44 Gráfico 9 Representação gráfica contendo as médias para a pressão arterial sistólica (PAS)

(mmHg), nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) ................ 46 Gráfico 10 Representação gráfica contendo as médias para o cortisol sérico nos tempos

avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) ...................................................

47 Gráfico 11 Representação gráfica contendo as médias para a glicemia nos tempos avaliados,

para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) .................................................................... 49 Gráfico 12 Representação gráfica contendo as médias para o hematócrito (Ht) nos tempos

avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) ................................................... 51 Gráfico 13 Representação gráfica contendo as médias para os leucócitos totais nos tempos

avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) ................................................... 52 Gráfico 14 Representação gráfica contendo as médias de neutrófilos nos tempos avaliados,

para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) ....................................................................

55 Gráfico 15 Representação gráfica contendo as médias de eosinófilos nos tempos avaliados,

para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) .................................................................... 57 Gráfico 16 Representação gráfica contendo as médias de linfócitos nos tempos avaliados,

para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) .................................................................... 58 Gráfico 17 Representação gráfica contendo as médias de monócitos nos tempos avaliados,

para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) ....................................................................

59 Gráfico 18 Representação gráfica contendo as médias de plaquetas nos tempos avaliados,

para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) .................................................................... 61

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Exemplo de escala descritiva simples, baseada em descrições de estado doloroso .............................................................................................................. 21

Quadro 2 Escala de Glasgow modificada por Murrel et al. (2008), que utiliza parâmetros comportamentais (interativos ou não) no acesso da dor em animais ................................................................................................................ 23

Quadro 3 Escala de avaliação de dor e estresse pós-operatório, com escore de zero a 26 .. 24 Quadro 4 Escala de avaliação de dor para cães da Universidade do Colorado, com

escores de zero a quatro ...................................................................................... 25 Quadro 5 Valores de referência e variáveis avaliadas do hemograma na espécie canina ... 31

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 “Cinco Liberdades”, publicadas em 1965 e revisadas pelo FAWC ..................... 15 Tabela 2 Atividades e/ou condições que levam a efeitos positivos e negativos ao bem-

estar de um animal .............................................................................................. 16 Tabela 3 Intensidade da dor esperada para determinados procedimentos cirúrgicos ......... 18 Tabela 4 Lista de comportamentos associados ao estresse e à dor na espécie canina ........ 20 Tabela 5 Valores das medianas e seus respectivos desvios padrão de escores obtidos

na escala visual analógica (VAS) de dor nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) .......................................................... 33

Tabela 6 Valores das medianas e seus respectivos desvios padrão de escores obtidos na escala descritiva simples (DS) de dor nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) ..........................................................

34

Tabela 7 Valores das medianas e seus respectivos desvios padrão de escores obtidos na escala visual analógica (VAS) de sedação nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) ......................................... 36

Tabela 8 Valores das medianas e seus respectivos desvios padrão de escores obtidos na escala descritiva simples (DS) de sedação nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) .........................................

37

Tabela 9 Valores das medianas e seus respectivos desvios padrão de escores obtidos na escala de Glasgow modificada (EGM) nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) ..........................................................

38 Tabela 10 Valores médios e seus respectivos desvios padrão de frequência cardíaca nos

diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) ........

40 Tabela 11 Valores médios e seus respectivos desvios padrão de frequência respiratória

nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) ................................................................................................................. 42

Tabela 12 Valores médios e seus respectivos desvios padrão de temperatura corporal nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) .................................................................................................................

43

Tabela 13 Valores médios e seus respectivos desvios padrão de pressão arterial sistólica nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) .................................................................................................................

45

Tabela 14 Valores médios e seus respectivos desvios padrão de cortisol sérico nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) ....... 46

Tabela 15 Valores médios e seus respectivos desvios padrão de glicemia nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) ....................... 49

Tabela 16 Valores médios e seus respectivos desvios padrão de hematócrito (Ht) nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) .......

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Tabela 17 Valores médios e seus respectivos desvios padrão de leucócitos totais nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) ....... 52

Tabela 18 Número e porcentagem de cadelas que apresentaram alterações nos parâmetros do leucograma nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle, n=8) ..................................................................................................... 53

Tabela 19 Número e porcentagem de cadelas submetidas que apresentaram alterações nos parâmetros do leucograma nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 2 (OVH, n=7) .....................................................................................................

53 Tabela 20 Valores médios e seus respectivos desvios padrão de neutrófilos nos

diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) .......

54 Tabela 21 Valores médios e seus respectivos desvios padrão de eosinófilos nos

diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) ....... 56 Tabela 22 Valores médios e seus respectivos desvios padrão de linfócitos nos diferentes

tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) .......................

58 Tabela 23 Valores médios e seus respectivos desvios padrão de monócitos nos

diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) .......

59 Tabela 24 Valores médios e seus respectivos desvios padrão de plaquetas nos diferentes

tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH) ....................... 60

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RESUMO

A realização de procedimentos cirúrgicos em animais de companhia geralmente está associada a algum grau de estresse e dor. A hospitalização destes animais, muitas vezes necessária para sua plena recuperação, é um dos fatores desencadeadores de estresse. O presente estudo teve como objetivo avaliar o grau de estresse e dor de cadelas submetidas à ovariohisterectomia (OVH) eletiva durante o período de hospitalização e investigar a influência da hospitalização no estresse desses animais. Para tanto, foram utilizadas quinze cadelas, de diferentes raças e idades, distribuídas em 2 grupos, sendo oito animais submetidos a condições de hospitalização sem cirurgia, pertencentes ao grupo controle e sete animais submetidos a ovariohisterectomia (OVH) eletiva e iguais condições de hospitalização. As pacientes foram avaliadas através de indicadores fisiológicos, comportamentais, hematológicos, mensuração de cortisol e glicemia. A partir deste estudo foi possível concluir que a hospitalização dos animais foi mais relevante no estabelecimento do estresse do que o procedimento cirúrgico (OVH) e a dor associada.

Palavras-chave: Cão, estresse, hospitalização, ovariohisterectomia, dor

ABSTRACT

Surgical procedures in animals is usually associated with some level of stress and pain. Hospitalization, often necessary for their full recovery, is one of the triggers of stress. This study aimed to evaluate the level of stress and pain of bitches submitted to ovariohysterectomy (OVH) during hospitalization and investigate the influence of hospitalization on the stress of these animals. Therefore, fifteen dogs of different races and ages were divided into two groups: eight animals under hospitalization conditions without surgery in the control group and seven animals subjected to ovariohysterectomy (OVH) and equal hospitalization conditions. Patients were evaluated by physiological, behavioral and hematological indicators, measurement of cortisol and glucose levels. From this study, it was concluded that the hospitalization of the animals was more relevant in the stress establishment than the surgical procedure (OVH) and the associated pain. Key-words: Dog, stress, hospitalization, ovariohysterectomy, pain

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1. INTRODUÇÃO

A realização de procedimentos cirúrgicos em animais de companhia geralmente está associada a algum grau de estresse e dor, mesmo com o emprego de analgesia adequada no pós-operatório. Sua minimização é um objetivo comum de cirurgiões veterinários (Michelsen et al., 2012). Além disso, a hospitalização destes animais, muitas vezes necessária para sua plena recuperação, é outro fator desencadeador de estresse devido ao confinamento, isolamento social, falta de previsibilidade dos eventos e ausência de um cuidador familiar ao animal, entre outros (Väisänen et al., 2005; Hekman et al., 2012). A relação de um indivíduo com o seu ambiente pode comprometer seu bem-estar. O bem-estar animal é uma ciência multidisciplinar relativamente recente e mostra-se relevante em vários aspectos na medicina veterinária, incluindo pesquisa, ensino e produção de alimentos de origem animal (Fraser, 1989; Paul et al., 2005; Fraser, 2008; Yeates e Main, 2008; Telles, 2010; Spinka, 2012; Koknaroglu e Akunal, 2013; Whitham e Wielebnowski, 2013). Várias são as condições que prejudicam o bem-estar de um animal, entre elas: medo, frustração, estímulo insuficiente ou excesso de estimulação (Broom, 1991). Procedimentos cirúrgicos, assim como o ambiente hospitalar, muitas vezes promovem fatores e condições que podem comprometer o bem-estar do animal sob hospitalização.

O estresse fisiológico não é danoso ao organismo, sendo este um mecanismo adaptativo que prepara o indivíduo para responder a estímulos do ambiente. Porém, o estresse intenso e crônico passa a ser prejudicial para a saúde do animal, diminuindo sua capacidade reprodutiva,

causando imunossupressão e consequente aumento na predisposição a doenças (Kitchen et al., 1987; Broom, 1991; Möstl e Palme, 2002). Vários hormônios (hormônio adrenocorticotrófico, glicocorticoides, catecolaminas, prolactina, entre outros) estão envolvidos na condição de estresse, e as glândulas adrenais exercem um importante papel neste mecanismo, estando envolvidas nos eixos hipotalâmico-hipofisário-adrenocortical e simpato-adreno-medular (Möstl e Palme, 2002). Métodos de avaliação dos níveis de estresse em pacientes caninos incluem a mensuração de elementos destes eixos, sendo o cortisol, o mais avaliado (Broom, 1991; Möstl e Palme, 2002; Zanella et al., 2009; Hekman et al., 2012). Outro indicador metabólico do estresse é a glicose sérica. O trauma cirúrgico tende a aumentar as concentrações séricas de glicose após o procedimento (Freeman et al., 2010). Marcadores sistêmicos, como a interleucina-6 (IL-6) e a proteína C reativa, podem ser utilizados como indicadores de estresse. A IL-6 é uma citocina e a proteína C reativa é uma proteína de fase aguda, sendo ambas estimuladas pelo trauma cirúrgico e efetivas na mensuração da extensão deste trauma (Freeman et al., 2010; Michelsen et al.; 2012). Sabe-se também que sinais comportamentais podem ser utilizados para avaliar a ausência ou presença de estresse em um indivíduo (Väisänen et al., 2005). Dentre eles podemos citar a vocalização, alterações nos padrões de alimentação, locomoção, posturas corporais atípicas, mudanças no comportamento interativo e não interativo e as expressões faciais (Beerda et al., 1997; Hellyer e Gaynor, 1998). O conhecimento e a determinação dos comportamentos normais peculiares à espécie a ser estudada é de suma importância para apontar,

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posteriormente, quais comportamentos são ou não anormais (Mench e Mason, 1997). Parâmetros fisiológicos como temperatura corporal, frequências cardíaca e respiratória e pressão arterial também são relatados na literatura como indicadores de estresse e dor em cães (Hellyer e Gaynor, 1998; Väisänen et al., 2005; Hellyer et al., 2007; Zanella et al., 2009; Freeman et al., 2010). Mudanças fisiológicas e comportamentais demonstram que a dor também está relacionada à consciência do desconforto, doença ou sofrimento em seus diversos graus, e está diretamente relacionada a questões emocionais, como medo e ansiedade. Estes conceitos, no entanto, são sempre subjetivos e se confundem frequentemente, tornando um desafio distinguir a resposta de um animal entre dor e estresse (Masticid et al., 2010). Conhecer os sinais comportamentais e clínicos do estresse e da dor é relevante na prática clínica-cirúrgica veterinária. A partir do momento em que os profissionais estão aptos a reconhecê-los, estarão mais preparados para promover o alívio da dor e do estresse nas mais diferentes situações. Muitas vezes, os médicos veterinários assim como sua equipe, falham no reconhecimento destes sinais (Hellyer e Gaynor, 1998; Hekman et al., 2012). Este estudo busca investigar o estresse em cadelas submetidas a uma intervenção cirúrgica eletiva, sendo neste caso a ovariohisterectomia. Além disso, busca estabelecer uma comparação entre um grupo controle (submetido à hospitalização sem intervenção cirúrgica associada) e um grupo submetido à cirurgia. Esse tema reforça a importância do bem-estar animal nos ambientes hospitalares veterinários. É relevante que a equipe responsável pela condução do tratamento de um animal em ambiente hospitalar

esteja apta a reconhecer alterações comportamentais sugestivas de estresse, dor ou angustia, bem como preparada para evitá-las ou contorná-las, buscando a qualidade de vida do paciente.

2.OBJETIVOS:

Avaliar o grau de estresse e

dor de cadelas submetidas à ovariohisterectomia (OVH) eletiva, utilizando indicadores fisiológicos, comportamentais, hematológicos, mensuração de cortisol e glicemia durante o período de hospitalização.

Comparar o grau de estresse entre cadelas submetidas à OVH eletiva sob analgesia e cadelas do grupo controle submetidas apenas à hospitalização sem intervenção cirúrgica associada.

Investigar a influência da dor no estresse dos animais sob hospitalização, através de indicadores fisiológicos, comportamentais, hematológicos, mensuração de cortisol e glicemia.

3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1.Bem-estar animal O bem-estar animal é uma ciência relativamente recente, além de multidisciplinar. Sua compreensão envolve bom conhecimento acerca de fatores correlacionados como dor, angústia, estresse, prazer, sofrimento, cognição, dentre vários outros que interferem diretamente na qualidade de vida dos animais e, consequentemente, na sua saúde. Esta ciência é relevante em vários aspectos

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na medicina veterinária, incluindo pesquisa, ensino e produção de alimentos de origem animal (Fraser, 1989; Paul et al., 2005; Fraser, 2008; Yeates e Main, 2008; Telles, 2010; Spinka, 2012; Koknaroglu e Akunal, 2013; Whitham e Wielebnowski, 2013). É considerada inclusive uma opção de carreira para médicos veterinários com várias áreas de atuação e opções de especialização e qualificação em centros de ensino na Europa, Estados Unidos e Nova Zelândia (Knight, 2014). O bem-estar animal é um conceito complexo, que pode ser interpretado como resultado da intersecção de três pontos principais (figura 1): saúde e comportamento básicos; estados afetivos e modo de vida

compatível com o natural para a espécie (Fraser, 2008). Porém, a busca pelo bem-estar em um destes pontos isoladamente não garante um bom nível de bem-estar. A literatura médica veterinária utilizava termos como “sentimento” e “emoção”, baseada na psicologia humana, numa tentativa de referenciar o estado psicológico de um animal. Estes termos passaram a ser considerados incompletos, e Fraser (2008) sugeriu o termo “estado afetivo” como substituição aos anteriores, que não abordavam estados relacionados como por exemplo a fome e a sede. Spinka (2012) define a experiência afetiva como parte constituinte de qualquer emoção, sendo esta o centro do conceito de bem-estar animal.

Figura 1: Três critérios de bem-estar animal. Adaptado de Fraser (2008). A preocupação com o bem-estar animal e as primeiras grandes discussões acerca do tema surgiram com a publicação do livro Animal Machine, de Ruth Harrison, no ano de 1964. Harrison foi a primeira grande crítica dos sistemas de confinamento animal para produção de carne, com foco em galinhas e bezerros.

Segundo ela, as condições de criação destes animais eram tão cruéis que levavam os mesmos a uma vida de sofrimento e morbidade (Duncan, 2005, Fraser, 2008; Weerd, 2008; Telles, 2010). Animal Machine trouxe um alerta para a população e ao governo britânico a respeito da produção animal e suas

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condições, até então desconhecidas pela maioria das pessoas. A reação da população ao livro Animal Machine foi tão intensa que levou o governo britânico a formar um comitê de investigação dessas práticas (The Brambell Committe), com Harrison como um dos membros. Este comitê publicou, em 1965, as diretrizes éticas e biológicas básicas na criação de animais (Gonyou 1994; Telles, 2010). Uma das primeiras grandes conclusões do Comitê de Brambell se relacionava ao confinamento e falta de movimentação dos animais. A partir dessa preocupação, surgiu o conceito das “cinco liberdades”, que declarava que os animais deveriam ter espaço suficiente para levantar-se, deitar-se, virar-se, esticar o corpo e interagir com outros indivíduos da mesma espécie (Gonyou 1994; Telles, 2010). Já em 1979, o

governo britânico formou o Conselho do Bem-Estar de Animais de Fazendas (Farm Animal Welfare Council – FAWC) que passou a assumir as funções do Comitê de Brambell na fiscalização das condições dos animais nas fazendas e durante seu transporte e abate. Uma das principais realizações deste Conselho foi a revisão dos conceitos das “Cinco Liberdades”, evidenciadas na tabela 1 (Gonyou, 1994; Weerd, 2008; Telles, 2010). Após a publicação do livro, Harrison expandiu seu trabalho na área de bem-estar animal, se tornando uma grande influência em várias associações de proteção animal, comitês e associações não governamentais (Weerd, 2008). A consequente importância dada ao tema levou à publicação, em 1978, da “Declaração Universal dos Direitos dos Animais”, que foi reorganizada em 1989 e divulgada ao público em 1990 (Koknaroglu e Akunal, 2013).

Tabela 1: “Cinco Liberdades”, publicadas em 1965 e revisadas pelo FAWC:

Liberdade Definição

1

2

3

4

5

Livre de sede, fome e desnutrição com livre acesso à água fresca e a uma dieta que o promova a saúde e vigor. Livre de desconforto, fornecendo um ambiente adequado, incluindo abrigo e uma confortável área de descanso. Livre de dor, lesões e prevenção de doenças e rápido diagnóstico e tratamento. Livre para expressar um comportamento normal, fornecendo espaço suficiente, instalações adequadas e companhia de animais da mesma espécie. Livre de medo e angústia, assegurando condições que evitam o sofrimento mental.

Fonte: Adaptado de Gonyou (1994). Fraser (1989) caracterizou o bem-estar animal segundo fatores primários definitivos: “ (1) uso ético do animal; (2) padrões de criação e produção que satisfaçam um nível de bem-estar animal atingível; (3) controle do sofrimento buscando o bem-estar do animal; (4) fornecimento de cuidados veterinários; (5) manejo ecológico”. Esses fatores advêm do

fato de que o bem-estar animal está diretamente ligado a questões éticas, de criação e saúde, em várias esferas da sociedade. Grande parte da preocupação relacionada ao tema do bem-estar animal esteve centrada em conceitos negativos como medo, aflição, dor, injúria e doença. Apesar da política do

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bem-estar animal com base na ausência de aspectos negativos ter corroborado com considerável progresso no domínio humano sobre os animais, a literatura recente abre uma discussão mais ampla sobre a

necessidade de não apenas prover as necessidades vitais aos mesmos e evitar a ocorrência de fatores negativos, e sim fornecer condições positivas de prazer e felicidade (Yeates e Main, 2008) (tabela 2).

Tabela 2: Atividades e/ou condições que levam a efeitos positivos e negativos ao bem-estar de um animal

Efeito positivo Efeito negativo possivelmente correlacionado*

A – “Prazeres” Comer Brincar Prazer tátil Exercício Sexo Dormir Conforto térmico B – “Envolvimento” Outros animais Família Humanos Objetos: Curiosidade/interesse Objetos: Variedade/novidade Confiança; otimismo C – “Realização” Conquistas (ex. reprodução; aprendizado) Espaço, oportunidade

Fome; alimentação excessiva

Tédio Dor tátil

Frustração locomotora Frustração sexual

Fadiga Frio; calor

Solidão; ansiedade de separação Falta de treinamento; necessidades comportamentais

Manejo inadequado; perturbação Apatia

Monotonia Medo; ansiedade

Frustração; apatia

Espaço insuficiente

* Os conceitos negativos são baseados em opostos conceituais. Adaptado de Yeates e Mains, (2008).

3.2.Estresse: mecanismos e consequências

Indicadores fisiológicos relacionados aos sentimentos correspondem àqueles comumente utilizados no estudo do estresse, que é uma condição que desafia a homeostase do organismo, assim como sua capacidade de sobreviver e/ou reproduzir. É possível correlacionar o estresse à uma gama de respostas que ocorrem em situações aversivas, que provocam estados afetivos negativos (Paul et al., 2005). Em outras palavras, quando há falta de bem-estar, ocorre o estresse (Koknaroglu e Akunal, 2013). Sabe-se que quando o corpo enfrenta situações estressantes, o eixo hipófise-

hipotálamo sofre estímulo, o que faz com que o hipotálamo libere o hormônio liberador de corticotrofina (corticotrofin release hormone, CRH). O CRH atinge a hipófise pelo sistema porta hipotalâmico-hipofisário e estimula a liberação do hormônio adrenocorticotrófico (adrenocorticotropic hormone, ACTH). Sob a influência deste, principalmente no córtex da glândula adrenal, a liberação de cortisol aumenta. No entanto, de forma menos intensa, o ACTH também atua na medula adrenal levando à liberação de epinefrina. O aumento nos níveis circulantes de catecolaminas, como a epinefrina, que possuem efeitos semelhantes em alguns aspectos aos do cortisol, leva ao aumento da temperatura corporal e frequência

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respiratória (Telles, 2010; Koknaroglu e Akunal, 2013; Horta et al., 2015). Reflexos segmentares e suprasegmentares, associados ao aumento das catecolaminas circulantes ativam o sistema nervoso autônomo simpático (SNS) e seus efeitos imediatos são vasoconstrição e aumento da frequência cardíaca, que levam ao aumento da pressão arterial e da função miocárdica (Vincent e Michell, 1995; Borell et al., 2007; Hellyer et al., 2007; Bergamasco et al., 2010; Horta et al., 2015). O aumento nos níveis de cortisol sérico leva também ao aumento da gliconeogênese. Além disso, a elevação do cortisol associada ao aumento nas catecolaminas circulantes promovem o aumento da resistência à insulina. Essas alterações metabólicas culminam num estado hipermetabólico e na hiperglicemia (Hellyer et al, 2007; Horta et al., 2015). O estresse altera também o comportamento dos cães submetidos a estímulos negativos, e uma variedade de respostas comportamentais já foi documentada nessa espécie. Dentre elas, podemos citar: vocalização, postura arqueada ou se manter abaixado, lambedura constante do focinho, entre outras. Porém essas alterações perdem validade à medida que o estresse se torna crônico, devido à adaptação do animal (Beerda et al., 1997). O estresse, como mecanismo fisiológico, não é danoso ao organismo, e está associado a situações naturais como o cortejo, cópula e caça. Porém o estresse crônico e intenso pode causar danos à condição física, associados ao aumento nas concentrações séricas de glicocorticoides e à consequente imunossupressão, além de queda na capacidade reprodutiva (Möstl e Palme, 2002). Existem poucas informações sobre o tempo de permanência dos efeitos no organismo após um estímulo estressante. Como trata-se

de um sistema de resposta complexo, estima-se que estímulos diferentes possam ativar partes diferentes do eixo de resposta ao estresse. Fatores que estimulem a porção do eixo relacionada ao sistema nervoso simpático tendem a ter efeitos mais curtos no organismo e causarem menos danos à saúde do animal. Já os estímulos que afetem o eixo hipófise-hipotálamo propriamente dito, especialmente se por longo período ou sem intervalo para recuperação, leva a efeitos mais deletérios e duradouros para o indivíduo (Beerda, 1997; Dreschel, 2010). O estresse cirúrgico, especificamente, é caracterizado como resultado das respostas endócrinas, metabólicas e inflamatórias à injúria cirúrgica, que leva a uma série de alterações fisiológicas. A dor é um componente muito importante relacionado diretamente com essas alterações e pode ser definida como uma experiência (percepção) desagradável do ponto de vista sensorial e emocional associada a danos teciduais (Hellyer et al., 2007; Michelsen et al., 2012). A dor pode ser amplamente dividida em três classes: a dor nociceptiva, que representa a sensação associada com a detecção de estímulo nociceptivo com potencial dano tecidual (de caráter protetor); a dor inflamatória, que é associada ao dano tecidual e a consequente infiltração de células inflamatórias (que pode promover o reparo tecidual promovendo hipersensibilidade durante o processo cicatricial) e a dor patológica, que representa um estado de doença, causado por injúria ao sistema nervoso (neuropática) ou pelo funcionamento inadequado do SNC (disfuncional) (Woolf, 2010). O sinal nociceptivo é transmitido pelo sítio cirúrgico por pequenas fibras aferentes mielinizadas (A-delta) e amielinizadas (C). Está descrito também o envolvimento destas fibras com o início das respostas endócrina e metabólica relacionadas ao procedimento. Apesar da definição do estímulo neural

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como principal mecanismo do estresse cirúrgico, vários fatores humorais também contribuem com o mesmo, especialmente considerando procedimentos com maior dano tecidual ou presença de infecção instalada. Dentre eles podemos citar como os mais importantes as interleucinas e o fator de necrose tumoral (Wildsmith, 1989). Essas fibras mielinizadas (A) e não mielinizadas (C) estão distribuídas no organismo em estruturas como periósteo, pele, subcutâneo, peritônio, pleura, osso subcondral, cápsulas articulares, vasos sanguíneos, músculos, tendões, fáscia e vísceras, com concentração extremamente variável conforme a espécie e localização anatômica (Lamont et al., 2000). O estímulo nociceptivo desencadeia a ativação de centros medulares reaponsáveis pela regulação da circulação e ventilação, e induz respostas que incluem hiperventilação, aumento do tônus simpático e liberação de

catecolaminas. Além disso, ocorre estímulo para liberação de cortisol, ACTH, entre outros hormônios. Essas respostas são características do estresse (Hellyer et al., 2007). A intensidade da dor pós-operatória pode ser estimada antes do procedimento, e classificada como discreta, moderada ou intensa, a depender da extensão do trauma tecidual (tabela 3). Esta estimativa é um ponto de partida para a definição de condutas analgésicas efetivas em cada caso (Hellyer e Gaynor, 1998). Essas classificações referem-se apenas à dor patológica. A partir de uma perspectiva temporal, pode-se classificar a dor quanto a sua duração em aguda e crônica. A dor aguda se desenvolve imediatamente após um trauma tecidual ou inflamação. É o caso da dor desencadeada no pós-operatório (Lamont et al., 2000; Horta, 2013).

Tabela 3: Intensidade da dor esperada para determinados procedimentos cirúrgicos

Intensidade da dor Procedimento clínico ou cirúrgico

Dor insuportável Dor moderada a intensa Dor moderada Dor leve a moderada

Pós-cirúrgico em casos de intensa lesão tecidual ou inflamação Reparo de fraturas múltiplas na presença de lesões extensas em tecidos

moles, manipulação excessiva no trans-cirúrgico ou contato de implantes ortopédicos em tecido neural

Fraturas patológicas; tumores ósseos Cirurgias articulares, reparo de fraturas Amputação Toracotomia Laparotomia Reparo de hérnias traumáticas na presença de extensa injúria tecidual Ablação total de conduto auditivo

Procedimentos ortopédicos minimamente invasivos (aplicação de

fixadores externos, caudectomia) Reparo de hérnias inguinal ou diafragmática Remoção de massas (dependendo de sua localização e tamanho, a

intensidade da dor esperada pode ser maior) Ovariohisterectomia (animais idosos, obesos, maior manipulação

tecidual) Orquiectomia (em alguns casos) Enucleação Ovariohisterectomia (animais jovens) Orquiectomia (em alguns casos)

Adaptado de Mathews (2000)

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Independentemente da estimativa inicial em relação à dor atribuída a um procedimento cirúrgico, é necessária a adoção de técnicas de investigação constante sobre o nível de dor pós-operatória e consequente avaliação da necessidade de alteração de fármacos e doses em relação à analgesia preconizada no plano terapêutico inicial (Hellyer e Gaynor, 1998). 3.3. O acesso à dor e ao estresse em animais A dor é uma experiência complexa e subjetiva com componentes multidimensionais, envolvendo elementos sensoriais e afetivos (emocionais), e por isso, em algumas populações que não conseguem expressá-la verbalmente, seu acesso se torna desafiador. Essas populações incluem humanos neonatos, adultos não verbais e animais (Johnston e Stevens, 1990; Hellyer et al., 2007). A dor em crianças, segundo a literatura, já foi subestimada, e consequentemente negligenciada por médicos, que prescreviam menores doses de opioides e com menor frequência se comparados a adultos. Essa submedicação ocorreu muitas vezes pelo receio dos efeitos colaterais, como depressão respiratória e colapso cardiovascular. Também se relata um desconhecimento maior com relação à dor e suas manifestações em neonatos e crianças muito jovens quando comparados com crianças mais velhas e adultos (Johnston e Stevens, 1990). Essas evidências levaram a uma preocupação em melhorar o acesso à dor nesses pacientes não verbais, a fim de melhorar os protocolos e manejo da dor nos mesmos (Lloyd-Thomas, 1990). A mesma preocupação é descrita na medicina veterinária, através de diferentes técnicas e protocolos de acesso e manejo da dor. A maioria dos estudos em medicina veterinária foca o acesso à dor aguda pós-operatória.

Considerando que a expressão ou manifestação de dor em animais é diferente de humanos, existe maior margem de erro quando humanos acessam a dor em um animal. Se as pessoas realizarem um julgamento inadequado da dor em um animal poderão causar um grande malefício no que se refere aos resultados pós-operatórios. Já é amplamente descrito na literatura o efeito deletério da dor e do estresse nos resultados esperados em procedimentos cirúrgicos e nas condições inerentes como a cicatrização tecidual (Hellyer et al., 2007). Cremeans-Smith et al. (2011) relataram em humanos, piores resultados após cirurgias de prótese total de joelho quando associadas a maiores graus de estresse e dor pós-operatórios. Este estudo discute ainda o impacto do processo psicológico na recuperação pós-operatória de pacientes humanos. Alves e Okamoto (1989) analisaram a influência do estresse sobre o reparo alveolar em ratos após procedimento de extração dentária. Concluíram que o estresse retarda o reparo de feridas de extração dentária, sendo este retardo agravado se o estresse é aplicado no pós-operatório. A interferência nos resultados, associadas a questões éticas relacionadas ao bem-estar animal, reforça a importância do acesso adequado e controle da dor e do estresse em ambientes hospitalares veterinários. Pelo fato de cientistas definirem de forma diferente a presença de dor, angústia e sofrimento, estes se tornam de difícil acesso na medicina veterinária (Loew, 1987). A dor e o estresse desencadeiam a mesma cascata de eventos, denominada por “resposta ao estresse”, e também as mesmas alterações comportamentais (tabela 4). Por isso sua avaliação e acesso são muito semelhantes em ambas as situações (Hellyer et al., 2007). A dor nada mais é do que uma das diversas formas de estímulo estressante ao organismo do animal.

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Tabela 4: Lista de comportamentos associados ao estresse e à dor na espécie canina Alterações comportamentais relacionadas à dor Alterações comportamentais relacionadas ao

estresse Indiferença com relação ao ambiente Inquietação Cabeça pendente Orelhas baixas Olhar distante/aparência letárgica Vocalização, grunhidos Decúbito por tempo prolongado Recusa a se alimentar ou beber água Postura arqueada Arfar

Vocalização, grunhidos Inquietação Postura arqueada Lamber focinho Cauda baixa, entre as pernas Orelhas baixas Arfar

Adaptado de Beerda et al. (1997); Hansen (1997); Heckman et al. (2012). Desta forma, para acessar a dor e o estresse pós-operatórios, a medicina veterinária conta com algumas ferramentas já descritas em literatura. Dentre elas, podemos citar os indicadores séricos, parâmetros fisiológicos, e sistemas de avaliação por escore. 3.3.1.Indicadores séricos Na rotina clínica veterinária, ambos os estímulos (dolorosos e/ou estressantes) podem alterar a taxa de liberação de hormônios hipofisários que regulam diretamente as funções relacionadas ao bem-estar do animal (Malm et al., 2005b, Hellyer et al., 2007). A estimulação das glândulas adrenais pelo hormônio adrenocorticotrópico (ACTH), independente da ocorrência da percepção dolorosa, resulta em liberação de corticosteróides e catecolaminas que podem ser dosados no soro e plasma. Porém, o cortisol não se trata de um indicador útil para avaliação da dor isoladamente em cães, e é pouco confiável em gatos (Hellyer et al., 2007), exatamente pela interferência de fatores subjetivos como medo, angústia e ansiedade. A literatura define o cortisol como um parâmetro consistente para avaliação da resposta neuroendócrina ao estresse cirúrgico em cães, e este tem sido o parâmetro objetivo mais utilizado para acesso à dor e estresse em cães após cirurgias (Malm et al., 2005b, Zanella et al.,

2009; Freeman et al., 2010; Hekman et al., 2012; Michelsen et al., 2012; Horta, 2013). O aumento nos níveis de cortisol sérico resulta em aumento na gliconeogênese e, associado ao aumento nas catecolaminas circulantes promove aumento da resistência à insulina. Essas alterações culminam com a hiperglicemia. Apesar da glicemia ser considerada um indicador sérico de dor e de resposta ao estresse, os resultados encontrados na literatura acerca da sua avaliação são inconsistentes (Hellyer et al., 2007; Selmi et al., 2009; Maticid et al., 2010, Horta, 2013). A resposta fisiológica ao estresse mediada pelo cortisol acarreta em alterações marcantes nos leucócitos, com determinação do “leucograma de estresse” caracterizado por neutrofilia, linfopenia, eosinopenia e monocitose. Os corticosteróides podem provocar aumento dos neutrófilos e desvio nuclear para a direita, que caracteriza a hipersegmentação devido ao aumento da permanência dessas células na circulação. Pode ocorrer também lise intravascular de eosinófilos e linfócitos, sendo esta a causa da eosinopenia e linfopenia descritas. A ocorrência de monocitose no cão é variável e encontra-se associada ao aumento da permanência dos monócitos na circulação (Silva et al., 2008, Stockham e Scott, 2011).

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3.3.2.Parâmetros fisiológicos

Frequência cardíaca, respiratória, pressão sanguínea, diâmetro pupilar já foram avaliados como indicadores de dor e consequente resposta ao estresse. Não foram encontradas correlações consistentes entre estes parâmetros e escalas de avaliação de dor, o que é esperado considerando-se que sofrem influência de diversas outras variáveis. Novamente, existe o problema relativo à diferenciação efetiva entre dor e resposta ao estresse causada por medo, ansiedade ou outros fatores inerentes a um bem-estar pobre (Hellyer et al., 2007; Masticid et al., 2010).

3.3.3.Sistemas de avaliação por escore Sistemas de avaliação baseados em escores foram criados para avaliar a dor e o estresse de animais. Pelo fato de animais não conseguirem verbalizar a dor, qualquer

escala possui algum grau de subjetividade, podendo ser subestimada ou superestimada pelo homem. É importante que a escala seja validada, e que a avaliação seja realizada por avaliador experiente (Hellyer et al., 2007; Horta, 2013). Consideradas as escalas mais básicas de avaliação de dor, as escalas descritivas simples fornecem quatro ou cinco descrições de estado doloroso, como, ausência de dor, dor discreta, moderada, intensa e insuportável, a partir das quais o observador deve escolher. Além dessas, as escalas numéricas também oferecem opções entre a ausência de dor e dor intensa numa escala numérica de 0 a 5. Apesar de sua utilização simplificada, elas limitam a avaliação da dor a uma avaliação descontínua, desconsiderando estados intermediários e limitando a detecção de mudanças pequenas nos estados dolorosos dos animais (Hellyer et al., 2007).

1 – Ausência de dor ( ) 2 – Dor discreta ( ) 3 – Dor moderada ( ) 4 – Dor intensa ( )

Quadro 1: Exemplo de escala descritiva simples, baseada em descrições de estado doloroso. A escala visual analógica (visual analog scale, VAS) é amplamente utilizada em Medicina Veterinária pela sua característica descontínua, que tem como objetivo melhorar o acesso a diferentes graus de dor. Esta ferramenta consiste numa linha com 100 mm de comprimento (figura 2) que descreve a intensidade dolorosa do paciente de acordo com o ponto marcado na escala e posteriormente medido com uma régua

numérica, sendo que as duas extremidades representam a ausência de dor ou a pior dor possível (zero e 100 mm, respectivamente) (Hellyer et al., 2007; Selmi et al., 2009; Masticid et al., 2010; Horta, 2013). Esta escala pode ser utilizada também para a avaliação de outros parâmetros, por exemplo, o grau de sedação de um animal (Hellyer et al., 2007; Campagnol, 2011).

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Figura 2: Escala visual analógica (VAS) baseada em uma linha reta de 100mm de comprimento. Adaptado de Hellyer et al. (2007). Uma das escalas de dor mais validadas e confiáveis para o acesso da dor aguda pós-operatória em cães é a Escala Composta de dor de Glasgow. Foi desenvolvida a partir de uma lista de comportamentos associados à presença de dor nestes animais, tendo sido validada por Morton et al. (2005) e modificada, posteriormente, por Murrell et al. (2008) para uma versão mais curta e de execução mais rápida conhecida por escala da Glasgow modificada (EGM) (quadro 2). Esta escala engloba somente parâmetros comportamentais, e a soma total de pontos varia de 0 a 10, onde 0 representa “ausência total de dor” e 10 “dor máxima possível”. Malm et al. (2005a) desenvolveram uma escala de avaliação de dor (quadro 3) baseada em parâmetros fisiológicos e comportamentais que, embora ainda não tenha sido validada, foi utilizada em animais submetidos à ovariohisterectomia pelas abordagens aberta e laparoscópica, com evidências de diferenças entre os dois grupos e, posteriormente, utilizada na avaliação de cadelas submetidas a duas técnicas de mastectomia (regional e radical), também com diferenças significativas entre grupos (Horta et al., 2015). A escala para avaliação de dor aguda desenvolvida na Universidade do Colorado é

conveniente e de aplicação rápida e fácil. No quadro 4 está demonstrada a escala para aplicação em cães, sendo disponível também uma análoga para aplicação em felinos. Apesar de suas particularidades positivas, essas escalas também não possuem validação até o momento (Hellyer et al., 2006). Muitos estudos vêm tentando correlacionar a resposta ao estresse (eixo hipófise-hipotálamo-adrenal) com o comportamento de cães, porém essas pesquisas em animais hospitalizados ainda são pouco numerosas. Väisänen et al. (2005) realizaram um estudo avaliando o comportamento e a frequência cardíaca como indicadores de estresse em animais hospitalizados no período pré-operatório tendo observando alterações de comportamento em praticamente todos os animais avaliados. Hekman et al. (2012) realizaram estudo associando os níveis de cortisol salivar às respostas comportamentais em cães saudáveis hospitalizados para cirurgias eletivas. Este estudo demonstrou baixa correlação entre os níveis de cortisol e os comportamentos típicos de estresse na espécie, trazendo esses resultados para uma discussão sobre as dificuldades em padronizar estudos dessa natureza devido às características individuais dos pacientes.

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Quadro 2. Escala de Glasgow modificada por Murrel et al. (2008), que utiliza parâmetros comportamentais (interativos ou não) no acesso da dor em animais.

Determinadas alterações no comportamento de animais de companhia que podem sugerir dor ou morbidade e provavelmente representam a maior causa de buscas por atendimento veterinário, o que torna muito importante uma adequada determinação e avaliação do nível de estresse, dor e bem-estar do paciente. Parâmetros comportamentais são considerados úteis na identificação do estresse, porém ainda requerem investigação para que sejam

definidos os tipos de comportamento esperados em cada situação. Estudos que avaliaram a associação entre parâmetros objetivos (como pressão arterial, frequências cardíaca e respiratória, e glicemia por exemplo) e comportamentais apresentam resultados inconsistentes, muitas vezes apresentando baixa ou ausente correlação entre eles (Hansen, 1997; Beerda et al., 1998; Masticid et al., 2010; Hekman et al., 2012).

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Quadro 3. Escala de avaliação de dor e estresse pós-operatório, com escore de zero a 26. Adaptado de Malm et al. (2005a).

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Quadro 4: Escala de avaliação de dor para cães da Universidade do Colorado, com escores de zero a quatro. Adaptado de Hellyer et al. (2006) e traduzido por Horta (2013).

Mudanças fisiológicas e comportamentais são subjetivas e demonstram que a dor também se refere à consciência do desconforto agudo ou crônico em graus variados de trauma e/ou sofrimento vivenciado pelo animal. O medo e a ansiedade propriamente ditos tem o potencial de causar resposta ao estresse (secreção de cortisol e catecolaminas) mais intensa do que o estímulo doloroso primário (Hellyer et al., 2007; Masticid et al., 2010).

A dor está relacionada a vários graus de medo, ansiedade e pânico, o que leva ao desafio de se realizar a adequada distinção entre dor e estresse. Além disso, a inabilidade dos pacientes veterinários em verbalizar os sintomas da dor torna seu acesso complexo e desafiador para a equipe médica veterinária, e faltam métodos padrão para avaliação fidedigna da mesma (Hansen, 1997; Selmi et al., 2009; Masticid et al., 2010).

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4. MATERIAL E MÉTODOS Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA/UFMG) pelo protocolo 66/2015 em 30/03/2015 (anexo 1). Foi solicitado adendo durante a realização do estudo, com a finalidade de inclusão de grupo controle, o qual foi aprovado em 18/08/2015 (anexo 2). 4.1.Seleção dos animais Participaram desse estudo quinze cadelas, de diferentes raças e idades, com pesos entre 7,3 e 19,8 quilos, distribuídas em 2 grupos, sendo oito animais hígidos submetidos a condições de hospitalização sem cirurgia pertencentes ao grupo controle (grupo 1) e sete animais submetidos a ovariohisterectomia (OVH) eletiva e iguais condições de hospitalização (grupo 2).

Foram adotados como critérios de exclusão processos patológicos diversos e comportamento agressivo, totalizando três cadelas excluídas devido à constatação de piometra no exame ultrassonográfico e outra devido a alterações hematológicas e posterior diagnóstico de babesiose em esfregaço sanguíneo.

Todas as cadelas eram provenientes de abrigos e encaminhadas para OVH eletiva com finalidade de controle populacional. O programa de controle populacional ao qual as cadelas estavam inseridas é parte da rotina clínica do Hospital Veterinário da UFMG. Todos os animais tinham como tutores protetores independentes que resgatam animais de rua. As cadelas não possuíam idade conhecida. Dessa forma, a idade foi estimada de acordo com a avaliação da arcada dentária e as cadelas foram classificadas como adultas jovens. Os tutores dos animais assinaram o “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” (anexo 3) atestando ciência dos termos do

estudo e autorizando a participação dos animais. 4.2. Triagem Todos os animais foram submetidos a exame clínico completo e ultrassonografia abdominal. Somente participaram deste estudo cadelas cujo exame ultrassonográfico descartou alterações relacionadas a tamanho, volume, ecogenicidade e conteúdo intraluminal uterino. As cadelas encaminhadas para OVH foram previamente submetidas a exames de risco cirúrgico, que consistiram de hemograma, uréia, creatinina e glicemia.

4.3.Admissão e preparo dos animais Todos os animais foram internados 24 horas antes do início das análises, propiciando um período de adaptação ao ambiente hospitalar, o que foi definido como importante para minimizar o estresse e padronizar a avaliação relacionada à hospitalização (Hellyer et al., 2007). No momento da internação, as cadelas foram submetidas a exame ultrassonográfico e posteriormente encaminhadas para os canis onde permaneceram internadas durante o período do estudo de 48 horas. Todas foram submetidas a 12 horas de jejum alimentar e 4 horas de jejum hídrico previamente à administração da medicação pré-anestésica, a fim de evitar êmese. 4.4. Anestesia Todos os animais de ambos os grupos foram submetidos à medicação pré-anestésica com cloridrato de metadona1 (0,5 mg/kg/IM). Em seguida, foi puncionado acesso venoso na veia cefálica e realizada tricotomia abdominal ventral padrão para realização de ovariohisterectomia (OVH). Em seguida, os animais do grupo 2 (submetidos a OVH) foram submetidos a indução anestésica com

                                                            1 Mytedon®, Cristália, São Paulo, São Paulo, Brasil.

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propofol 1%2 (5 mg/kg/IV) e fentanil3 (5 mg/kg/IV). Após a intubação orotraqueal, a anestesia foi mantida com isofluorano4 em aparelho de anestesia inalatória com vaporizador termo compensado para o referido agente anestésico5 em sistema circular semifechado 1,5 v%. Durante o procedimento anestésico, os animais tiveram frequência cardíaca e respiratória, temperatura corporal, pressão arterial não invasiva e oximetria de pulso monitorados a cada 5 minutos. Os animais foram mantidos a uma temperatura corporal entre 35.5 e 39.2ºC com o auxílio de colchão térmico, pressão arterial média entre 70 e 100 mmHg, frequência cardíaca de 80 a 120 bpm e frequência respiratória entre 8 e 12 mpm. Foram realizadas, durante a anestesia, alterações da velocidade de infusão de fluidoterapia e na concentração do anestésico inalatório, quando necessários, para manter o animal com os parâmetros fisiológicos citados anteriormente. 4.5. Ovariohisterectomia A antissepsia do campo cirúrgico foi realizada de acordo com os princípios descritos por Fossum et al. (2008). Os animais do grupo 2 foram submetidos à técnica de ovariohisterectomia descrita, que tem como referência Stone (2007) e consistiu em incisão abdominal retro-umbilical, na linha média ventral e exposição dos cornos uterinos. Uma pinça hemostática foi aplicada ao ligamento próprio do ovário, sendo utilizada no afastamento do ovário. Foi constituída uma janela no mesovário, caudalmente aos vasos ovarianos. O pedículo ovariano foi triplamente pinçado com pinças

                                                            2 Fresofol 1%®, Fresenius Kabi Brasil Ltda, Campinas, São Paulo, Brasil. 3 Fentanest®, Cristália, São Paulo, São Paulo, Brasil. 4 Isothane® 100 ml, Baxter Hospitalar Ltda., Santo Amaro, São Paulo, Brasil. 5 Aparelho Conquest 3000 com Vaporizador calibrado para isoflurano. HB Hospitalar, São Paulo, São Paulo, Brasil.

hemostáticas, e o pedículo seccionado entre a pinça mais próxima do ovário e a pinça média. A ligadura foi realizada abaixo da pinça mais distal ao ovário com fio catgute6 cromado 1 e a pinça foi removida após o reposicionamento do pedículo na cavidade abdominal. O corpo do útero foi ligado com fio categute6 cromado 1 cranialmente à cérvix e uma pinça hemostática foi aplicada acima da ligadura. O corpo uterino foi seccionado entre a ligadura e a pinça, e o pedículo uterino reposicionado no abdômen. Procedeu-se à celiorrafia com fio poliglecaprone7 2-0, em padrão de sutura Reverdin; redução do espaço morto com mesmo fio em padrão de sutura simples contínuo e dermorrafia com fio nailon8 3-0 em padrão contínuo intra-dérmico (Stone, 2007). O tempo cirúrgico foi definido a partir da incisão cutânea até o término da dermorrafia. 4.6. Pós-operatório Os animais foram mantidos hospitalizados no Hospital Veterinário da UFMG, em canis individuais, com dimensões 1,0 m x 0,9 m x 0,83 m durante 48 horas, quando receberam alta hospitalar. Durante a internação, os animais receberam alimentação comercial seca para cães duas vezes ao dia e água ad libitum. Com a finalidade de mimetizar todas as condições de estresse inerentes à hospitalização, tanto os animais do grupo controle não submetido à cirurgia (grupo 1) quanto os animais do grupo submetido à OVH (grupo 2) tiveram acesso venoso (cateter intravenoso e extensor de equipo),

                                                            6 Catgut Cromado. Ethicon Inc., São José dos Campos, São Paulo, Brasil. 7 Caprofyl®, Ethicon Inc., São José dos Campos, São Paulo, Brasil. 8 Nylon®, Ethicon Inc., São José dos Campos, São Paulo, Brasil.  

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roupa cirúrgica e colar elizabethano mantidos durante as 48 horas de avaliação. Os animais do grupo 1 (controle) não receberam a medicação referente à antibioticoterapia e analgesia, devido à ausência de procedimento cirúrgico. Os animais do grupo 2 (submetido a OVH) receberam duas doses de cefalotina sódica9 (30mg/kg/via iv), sendo uma no pré-operatório imediato e outra, duas horas após. A analgesia no pós-operatório consistiu de bloqueio local da ferida cirúrgica com bupivacaína sem vasoconstritor10 (3mg/kg), cloridrato de tramadol11 (5mg/kg/via sc) e escopolamida + dipirona solução injetável12 (dose calculada pela dipirona, de 25mg/kg/via iv) de 8 em 8 horas, durante as 48 horas de hospitalização. Os animais do grupo 1 (controle), após liberação das avaliações deste estudo, foram submetidos às cirurgias de ovariohisterectomia por razões de controle populacional, no programa de castração ao qual estavam inseridas. Posteriormente, foram liberadas. A ferida cirúrgica dos animais do grupo 2 (OVH) foi inspecionada diariamente para verificação de normalidade ou qualquer possível intercorrência. Após liberação das avaliações deste estudo, receberam alta hospitalar. Houve remoção dos pontos cutâneos dez dias após a intervenção cirúrgica.

                                                            9 Cefalotina Sódica, Antibióticos do Brasil, Cosmópolis, São Paulo, Brasil. 10 Neocaína®, Cristália, São Paulo, São Paulo, Brasil 11 Cloridrato de Tramadol, União Química Farmacêutica Nacional S/A, Jabaquara, São Paulo, Brasil. 12 Buscofin®, União Química Farmacêutica Nacional S/A, Jabaquara, São Paulo, Brasil.  

4.7.Avaliação de dor e estresse

Foram realizadas avaliações comportamentais, de parâmetros fisiológicos e coleta de amostras de sangue para hemograma, mensuração de cortisol e glicemia, com a finalidade de estimar o grau de estresse e dor. Bem como a sedação dos animais, em sete tempos (figura 3):

T0 – imediatamente antes da cirurgia (grupo 2) e horário equivalente (grupo 1); T4 – 4 horas após a sedação (grupo 1) e 4 horas após o procedimento cirúrgico (grupo 2) (período de hospitalização); T8 – 8 horas após a sedação (grupo 1) e 8 horas após o procedimento cirúrgico (grupo 2) (período de hospitalização); T12 – 12 horas após a sedação (grupo 1) e 12 horas após o procedimento cirúrgico (grupo 2) (período de hospitalização); T24 – 24 horas após a sedação (grupo 1) e 24 horas após o procedimento cirúrgico (grupo 2) (período de hospitalização); T36 – 36 horas após a sedação (grupo 1) e 36 horas após o procedimento cirúrgico (grupo 2) (período de hospitalização); T48 – 48 horas após a sedação (grupo 1) e 48 horas após o procedimento cirúrgico (grupo 2) (período de hospitalização);

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Figura 3: Organograma de execução deste estudo. Escala da Glasgow modificada (EGM); escala visual analógica (VAS); escala descritiva simples (DS).

A primeira avaliação (T0) ocorreu invariavelmente no período da manhã, entre sete e nove horas, em ambos os grupos.

4.7.1.Parâmetros fisiológicos Os animais foram submetidos à avaliação dos seguintes parâmetros fisiológicos: frequência cardíaca (FC), respiratória (FR), temperatura corporal (TC) e pressão arterial sistólica (PAS). Todos os parâmetros foram avaliados nos sete tempos de avaliação, considerando os intervalos de referência de 60-160bpm, 18-

36mpm e 37,5-39,2°C, respectivamente (Feitosa, 2008). A pressão arterial sistólica não invasiva foi aferida em membro pélvico, utilizando aparelho de pressão do tipo doppler vascular veterinário13, e manguito com largura de 40% da circunferência do membro do animal, e o mesmo em decúbito lateral contrário ao membro utilizado na aferição. Foi considerado o intervalo de referência de 80-120mmHg (Brown e Renick, 2002).

                                                            13 Doppler Vascular Veterinário Parks, Park Medical Eletronic, Modelo 812.

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4.7.2. Dosagem de cortisol sérico e glicemia Amostras de sangue foram obtidas por venopunção de jugular, em todos os tempos, para dosagem de cortisol sérico. Imediatamente após a coleta, as amostras foram centrifugadas e o soro acondicionado em ependorf com capacidade para 0,5mL, em duplicata. As amostras de soro foram congeladas a -20ºC até o momento da análise. Ao fim da etapa de coletas, as amostras foram enviadas para o Laborátório de Hormônios PROVET para análise pela técnica de radioimunoensaio. Foram considerados os intervalos de referência para a espécie canina de 1,80 a 4,00μg/dL (Jericó, 2015). Amostras de sangue foram coletadas para análise da glicemia através da coleta também por venopunção jugular, e acondicionamento do sangue total em tubos com fluoreto de sódio (NaF). Imediatamente após a coleta, as amostras foram centrifugadas para separação do soro, e a glicemia mensurada em aparelho Cobas Mira14. Foram feitas duas mensurações por amostra, e considerado o valor médio obtido. Foram considerados os intervalos de referência para a espécie canina de 70-110 mg/dL (Nelson et al., 2004). 4.7.3.Avaliação comportamental, de dor, estresse e sedação Foram utilizadas neste estudo, cinco escalas, sendo três para avaliação de dor, e duas para avaliação de sedação. Para avaliar a dor das cadelas no período de pós-operatório, foi utilizada a Escala de dor da Universidade de Glasgow (EGM) validada por Morton et al. (2005), modificada, posteriormente, por Murrell et al. (2008) e traduzida por Campagnol

                                                            14 Analisador de química Cobas Mira plus, Roche, São Paulo, São Paulo, Brasil.   

(2011). As avaliações comportamentais foram baseadas em postura, vocalização, atenção à ferida cirúrgica, mobilidade, resposta à manipulação da ferida cirúrgica, comportamento e análise geral do conforto do animal (quadro 2). Segundo esta escala, que consiste apenas de parâmetros comportamentais (interativos ou não), a soma total de pontos varia de 0 a 10, onde 0 representa “ausência total de dor” e 10 “dor máxima possível. Apesar de se tratar de uma escala de categorização de dor, a EGM engloba parâmetros comportamentais relacionados diretamente à manifestação de estresse, como vocalização, locomoção, posturas corporais atípicas, mudanças no comportamento interativo e expressões faciais (Hellyer e Gaynor, 1998). Além da EGM, foram utilizadas as escalas descritiva simples (DS) e visual analógica (VAS) para avaliação da dor nas cadelas (quadro 1 e figura 2, respectivamente). O nível de sedação dos animais também foi avaliado através das escalas descritiva simples (DS) e visual analógica (VAS) (análogas às apresentadas no quadro 1 e figura 2, respectivamente). A escala VAS consiste em uma linha de 10 cm, onde a marcação da extrema esquerda (0) indica animal alerta ou sem dor e a da extrema direita (10), o mais alto grau de sedação ou dor possível, ou inconsciência. A escala DS fornece quatro descrições de estado doloroso ou de sedação para escolha do observador. Por não haver intenção de provar a repetibilidade desses resultados, as avaliações foram realizadas por um único avaliador experiente, conforme descrito em cães por Selmi et al. (2009), Maticic et al. (2010), Moll et al. (2011), Kim et al. (2011) e Horta et al. (2015).

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4.7.4. Avaliação hematológica Amostras de sangue, obtidas por venopunção jugular em todos os tempos, foram armazenadas sob refrigeração por até quatro horas em tubos estéreis contendo EDTA, para posterior realização do hemograma no Laboratório de Análises Clínicas da Escola de Veterinária da UFMG

em Analisador Hematológico Veterinário Abacus15. A contagem diferencial de leucócitos e análise morfológica das células foi realizada sob microscopia óptica, utilizando esfregaços sanguíneos corados em Panótico16. Os valores de referência seguem o proposto por Messick (2010), conforme explicitado no quadro 5.

Quadro 5: Valores de referência e variáveis avaliadas do hemograma na espécie canina.

Adaptado de Messick (2010).

4.7.5. Avaliação da ferida cirúrgica

As feridas cirúrgicas dos animais do grupo 2 foram avaliadas e fotografadas em dois momentos: pós-operatório imediato e em

T48 (48 horas de pós-operatório), quando foram classificadas com relação a ocorrência de complicações (edema, hematoma, seroma, infecção, deiscência).

15 16

                                                            15 Analisador Hematológico Veterinário Abacus, Diatron, São Paulo, Brasil. 16 Panótico Rápido LB®, Laborclin, Pinhais, Paraná, Brasil.  

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5. ANÁLISE ESTATISTICA Neste estudo foi utilizado um delineamento inteiramente casualizado, com parcelas subdivididas, no qual a ausência ou realização de procedimento cirúrgico constituíram as parcelas, sendo grupo controle hospitalizado (grupo 1) e grupo OVH hospitalizado (grupo 2). Os tempos de avaliação representaram as subparcelas e cada animal, uma unidade experimental ou repetição. Foram consideradas significativas as diferenças com p<0,05. As alterações fisiológicas, hematológicas e comportamentais foram caracterizadas e submetidas à análise descritiva. Previamente à aplicação dos testes de comparação, os dados paramétricos foram testados quanto à normalidade (teste de Kolmogorov-Smirnov) e homocedasticidade. O acesso ao estresse e à dor nos pacientes incluiu indicadores objetivos (paramétricos) e subjetivos (não paramétricos). As respostas que atenderam aos critérios de normalidade e homocedasticidade (glicemia, frequência cardíaca, temperatura corporal, pressão arterial sistólica, leucócitos totais, neutrófilos, linfócitos, hemácias, hematócrito, VCM, CHCM e RDWc) foram submetidas à análise de variância e analisadas pelo teste de Student-Newman-Keuls (SNK). As respostas paramétricas que apresentaram distribuição normal de probabilidades e homogênea de variância após transformação logarítmica (log+1) (cortisol, frequência respiratória, eosinófilos, monócitos e plaquetas) foram submetidas à análise de variância e analisadas pelo teste de SNK. As respostas não paramétricas (neutrófilos hipersegmentados, escalas VAS de dor e sedação, escalas descritivas simples de dor e sedação e escala de Glasgow modificada)

foram analisadas pelo teste de kruskall-wallis (KW).

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO As 15 cadelas que participaram do estudo não tinham raça definida e o peso variou de 7,3 a 19,8 kg (11,6±3,2kg). Todas foram provenientes de abrigos e encaminhadas para OVH eletiva com finalidade de controle populacional. Após avaliação clínica, realização de exames pertinentes e exclusão de alterações clínicas compatíveis com doença sistêmica, as cirurgias foram realizadas. O programa de controle populacional ao qual as cadelas estavam inseridas é parte da rotina clínica do Hospital Veterinário da UFMG. Todos os animais tinham como tutores protetores independentes que resgatam animais de rua. As cadelas não possuíam idade conhecida. Dessa forma, a idade foi estimada de acordo com a avaliação da arcada dentária e as cadelas foram classificadas como adultas jovens. Foram excluídas deste estudo três cadelas devido à constatação de piometra no exame ultrassonográfico e outra devido a alterações hematológicas e posterior diagnóstico de babesiose em esfregaço sanguíneo. Considerando todas as cirurgias realizadas neste estudo (n=7), referentes aos animais do grupo 2, o tempo cirúrgico variou de 15 a 25 minutos (20,8±3,4). Selmi et al. (2009) relataram o tempo médio variando de 28,5 a 30,3 minutos, nos 3 diferentes grupos avaliados, para a realização de OVH. Malm et al. (2004) relataram tempo cirúrgico médio de 21,13 minutos para realização de OVH pela técnica aberta. Destaca-se que, eventualmente, houve perda de parcelas em algumas avaliações, justificando assim, um diferente número de tempos avaliados para algumas variáveis, em alguns animais do estudo. No caso da

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variável frequência respiratória, a perda de algumas parcelas ocorreu devido à constatação de animais em estado ofegante ou cheirando o ambiente, o que impossibilitou a contagem precisa de movimentos respiratórios em determinados tempos. No caso da variável plaquetas, foram desconsideradas as avaliações nas quais se observaram agregados plaquetários, devido ao caráter impreciso da contagem nestes casos (Stockham e Scott, 2011).

6.1. Escalas de avaliação de estresse, dor e

sedação

6.1.1. Escala visual analógica (VAS) e

descritiva simples (DS) de dor

Os valores de medianas e desvios padrão para os escores da escala visual analógica (VAS) de dor estão apresentados na tabela 5 e gráfico 1.

Tabela 5: Valores das medianas e seus respectivos desvios padrão de escores obtidos na escala visual analógica (VAS) de dor nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH).

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle)

8 0 AB a

0 A a

0 A a

0 A a

0 A a

0 A a

0 A a

G2 (OVH)

7 0 AB a

3,8 ±0,95 D b

3±1,5 CD b

1,9±1,78 CD b

0,9±1,1 CD b

0,6±0,35 CD b

0,2±0,15 BC b

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de Kruskall-Wallis.

Na comparação entre os grupos, houve diferença estatística nos tempos T4 a T48, com médias mais altas no grupo 2 (OVH) para estes tempos. No grupo 1 (controle), ao longo dos tempos avaliados, não houve diferença estatística. No grupo 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, houve diferença em T4 em relação a T0 (pré-cirúrgico) e T48. Em T4 as médias eram as mais altas. Os resultados são compatíveis com o esperado, sendo que todos os animais do grupo 1 (não operado) apresentaram escore

de dor zero em todos os tempos avaliados (gráfico 1). No grupo 2 (OVH), as maiores médias foram observadas no pós-operatório imediato (T4) devido ao estímulo nociceptivo cirúrgico (gráfico 1). O declínio nas médias e valores individuais nos tempos subsequentes (T8 a T48) (tabela 5) sugere diminuição da sensibilização central e da reação inflamatória, com menor influência nas respostas neuroendócrinas e metabólicas (Fox et al., 1998). Os valores de medianas e desvios padrão para os escores da escala descritiva simples (DS) estão evidenciados na tabela 6 e no gráfico 2.

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Gráfico 1: Representação gráfica contendo as medianas para a escala VAS de dor nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). Tabela 6: Valores das medianas e seus respectivos desvios padrão de escores obtidos na escala descritiva simples (DS) de dor nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH)

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle)

8 1 A a

1 A a

1 A a

1 A a

1 A a

1 A a

1 A a

G2 (OVH) 7 1 A a

3±0,49 B b

2±0,38 B b

2±0,38 B b

2±0 B b

1±0,49 A a

1±0,38 A a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de Kruskall-Wallis. Na comparação entre os grupos, houve diferença estatística nos tempos T4 a T24, com médias mais altas no grupo 2 (OVH) para estes tempos (gráfico 2). No grupo 1 (controle), ao longo dos tempos avaliados, não houve diferença estatística. No grupo 2 (OVH), ao longo dos tempos, houve diferença em T4, T8, T12 e com

relação a T0 (pré-cirúrgico), T36 e T48 (tabela 21). Os resultados são compatíveis com o esperado, com o grupo 1 (não operado) apresentando escore de dor 1 (ausência de dor) em todos os tempos avaliados, para todos os animais.

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Gráfico 2: Representação gráfica contendo as medianas para a escala DS de dor nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). No grupo 2 (OVH), as maiores médias foram observadas no pós-operatório imediato (T4- 4 horas após cirurgia) devido ao estímulo nociceptivo cirúrgico. O declínio nas médias e valores individuais nos tempos subsequentes (T8 a T48) (gráfico 2) sugere diminuição da sensibilização central e da reação inflamatória, com menor influência nas respostas neuroendócrinas e metabólicas (Fox et al.,1998). Observa-se escore 1 (ausência de dor) a partir de T36. Selmi et al. (2009) realizaram estudo comparando diferentes protocolos analgésicos em cadelas após OVH utilizando a escala VAS de dor. Observou resultados semelhantes em todos os protocolos, e forte correlação entre a escala VAS de dor e a escala de dor da Universidade de Melbourne. O presente estudo observou resultados semelhantes entre as escalas VAS e DS para dor nos animais avaliados (gráficos 1 e 2). Holton et al. (1998) discutiram a tendência dos autores em utilizar as escalas VAS, DS e escala numérica

separadamente. Em seu trabalho, observaram variabilidade significativa entre observadores em todas as escalas avaliadas, e relataram a relevância da utilização das três escalas conjuntamente, como forma de minimizar a influência de cada escala separadamente na avaliação da dor. Masticid et al. (2010) também utilizaram a escala VAS na avaliação da dor nos animais de seu estudo, considerando-a um método válido, confiável e muito sensível na avaliação da dor nos animais. No presente estudo, foram utilizadas 3 escalas de dor (VAS, DS e EGM) com a mesma finalidade de aumentar a fidedignidade das análises através de sua associação.

6.1.2. Escalas visual analógica (VAS) e descritiva simples (DS) de sedação

Os valores de medianas e desvios padrão para os escores da escala visual analógica (VAS) de sedação estão evidenciados na tabela 7 e no gráfico 3.

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Tabela 7: Valores das medianas e seus respectivos desvios padrão de escores obtidos na escala visual analógica (VAS) de sedação nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH)

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle)

8 0 AB a

1,6±1,14 C a

0±0,19

AB a 0

A a 0

A a 0

A a 0

A a

G2 (OVH) 7 0 A a

1,3±0,55 C a

0,6±0,42 BC a

0±0,49 AB a

0 A a

0 A a

0 A a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de Kruskall-Wallis. Na comparação entre grupos, não houve diferença estatística significativa. No grupo 1 (controle), ao longo dos tempos avaliados, houve diferença de T4 com relação a todos os outros tempos avaliados. No grupo 2 (OVH), ao longo dos tempos, houve diferença de T4 com relação aos demais tempos, exceto T8. Observou-se

também diferença de T8 em relação a T0 (pré-cirúrgico), T24, T36 e T48 (tabela 7). Os resultados são compatíveis com o esperado, com o grupo 1 (controle) apresentando efeito sedativo evidenciado em T4, 4 horas após a administração da metadona já que esse fármaco é um agonista opioide com efeito sedativo (Górniak, 2006; Lamont e Mathews, 2007).

Gráfico 3: Representação gráfica contendo as medianas para a escala VAS de sedação nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). No grupo 2 (OVH), como também esperado, foi observado efeito sedativo residual nos tempos T4 e T8 após o protocolo anestésico (gráfico 3). Observa-se maior duração do efeito sedativo em comparação com o grupo 1 (controle) devido à associação de

fármacos, pois neste grupo, além da metadona, os animais receberam indução anestésica com propofol e fentanil e manutenção de plano anestésico com isofluorano em sistema circular semifechado. A interação de fármacos é

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considerada benéfica no protocolo anestésico de animais devido a potencialização do efeito das drogas em alguns casos, levando à diminuição na dose necessária para a manutenção do plano anestésico (Branson, 2007).

Os valores de medianas e desvios padrão para os escores da escala descritiva simples (DS) de sedação estão evidenciados na tabela 8 e no gráfico 4.

Tabela 8: Valores das medianas e seus respectivos desvios padrão de escores obtidos na escala descritiva simples (DS) de sedação nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH).

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle) 8 1 A a

2±0,35 B a

1±0,46 A a

1 A a

1 A a

1 A a

1 A a

G2 (OVH) 7 1 A a

2±0,38 B a

2±0,53 AB a

1 A a

1 A a

1 A a

1 A a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de Kruskall-Wallis.

Na comparação entre grupos, não houve diferença estatística significativa. No grupo 1 (controle), ao longo dos tempos avaliados, houve diferença de T4 (4 horas após sedação) com relação aos demais tempos avaliados (tabela 8). No grupo 2 (OVH), ao longo dos tempos, houve diferença de T4 com relação a T0, T12, T24, T36 e T48 (tabela 8).

Os resultados são compatíveis com o esperado, com os grupos 1 (controle) e 2 (OVH) apresentando efeito sedativo evidenciado em T4, 4 horas após a administração da metadona sendo este um agonista opioide com efeito sedativo (Górniak, 2006; Lamont e Mathews, 2007), da mesma forma em que foi observado na avaliação da escala VAS para sedação. No grupo 2 (OVH), observa-se efeito sedativo também em T8, porém com menor intensidade nas duas escalas (gráficos 3 e 4).

Gráfico 4: Representação gráfica contendo as medianas para a escala DS de sedação nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH).

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No grupo 2 (OVH), como esperado, foi observado efeito sedativo residual após o protocolo anestésico. Observa-se maior duração do efeito sedativo em comparação com o grupo 1 (controle) em T8 (8 horas após sedação), com médias maiores para o grupo operado, devido à associação de fármacos como previamente citado, pois neste grupo, além da metadona, os animais receberam indução anestésica com propofol e fentanil e manutenção de plano anestésico com isofluorano em sistema circular semifechado, conforme previamente citado. Reid e Nolan (1991) utilizaram as escalas DS e VAS para avaliação de dor e sedação, e consideraram a escala VAS satisfatória e a mais sensível dentre elas. Holton et al. (1998) enfatizaram a utilização de mais de uma escala simultaneamente de forma a obter resultados mais confiáveis, o que foi realizado no presente estudo.

6.1.3. Escala de Glasgow modificada

(EGM)

Tanto o estresse quanto experiências dolorosas podem levar a alterações no comportamento geral do animal, como postura corporal, nível de atividade, frequência de locomoção, entre outros (Malm et al., 2005a; Väisänen et al., 2005). A escala de Glasgow modificada, dentre as 5 escalas utilizadas neste estudo, é a única que leva em conta fatores comportamentais no acesso a dor. Os valores de medianas e desvios padrão para os escores da escala de Glasgow modificada (EGM) estão evidenciados na tabela 9 e no gráfico 5.

Tabela 9: Valores das medianas e seus respectivos desvios padrão de escores obtidos na escala de Glasgow modificada (EGM) nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH).

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48 G1

(Controle) 8 5,4± 2,3

DE a 3,9± 0,9

DE a 2,9± 1,8 BCDE a

3,6± 1,4 CDE a

2,1± 1,7 BCD a

2,2± 1,5 BCDE a

1,8± 2,2 BCD a

G2 (OVH)

7 3,2± 1,8 BCDE a

5,2± 1,0 E a

1,8± 2,2 BCD a

1,5± 1,9 ABC a

0,1± 2,0 AB a

0,9± 0,5 A b

0,1± 0,3 A b

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de Kruskall-Wallis. Na comparação entre os grupos, houve diferença estatística nos tempos T36 e T48, com médias mais baixas no grupo 2 (OVH) para estes tempos (tabela 9). No grupo 1 (controle), ao longo dos tempos avaliados, não houve diferença estatística (tabela 9). No grupo 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, houve diferença em T4 com relação aos tempos T8, T12, T24, T36 e T48. Em T4 as médias foram as mais altas. Os tempos T36 e T48 apresentaram diferença estatística com relação a T0 (pré-

cirúrgico), T4 e T8 (tabela 22). T36 e T48 apresentaram diferença com relação a T0 (pré-cirúrgico), T4 e T8 (tabela 9). A literatura determina a necessidade de resgate anestésico quando os valores na escala de Glasgow modificada ultrapassam 3,5 (Murrel et al., 2008; Campagnol, 2011). No presente estudo, em uma análise descritiva geral, em alguns tempos as médias estavam acima deste valor. No grupo 1 (controle), as médias na EGM estavam acima de 3,5 nos tempos T0 (pré-cirúrgico), T4 e T12 (tabela 9). Apesar de se

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tratar de uma escala para avaliação de dor, alguns critérios e parâmetros utilizados estão diretamente correlacionados ao estresse (comportamentos relacionados à dor e ao estresse, tabela 4; EGM, quadro 2). Desta forma, estando as cadelas do grupo 1 livres de dor por ausência de procedimento cirúrgico associado, pode-se explicar a presença de médias na EGM acima de 3,5 pelo estresse.

No grupo 2 (OVH), as médias estavam acima de 3,5 apenas em T4, sendo esta a maior média para a EGM neste estudo (tabela 9). As médias altas observadas neste tempo podem estar relacionadas ao estresse, associado ao estimulo doloroso da intervenção cirúrgica, considerando que a EGM avalia parâmetros e critérios relacionados diretamente à dor também (Murrel et al., 2008; Campagnol, 2011).

Gráfico 5: Representação gráfica contendo as medianas para a escala de Glasgow modificada (EGM) nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). No grupo 1 (controle), em uma análise individual, todos os tempos apresentaram animais com EGM acima de 3,5 a saber: seis animais (75%) no T0 (pré-cirúrgico), sete animais (87,5%) no T4, quatro animais (50%) nos tempos T8 e T12, dois animais (25%) nos tempos T24 e T36 e apenas um animal (12,5%) no T48. Observa-se uma tendência de decréscimo no número de animais com escores altos com o passar do tempo, o que sugere uma adaptação por parte do animal ao ambiente, tratadores e avaliadores. Henessy et al. (1997), em estudo avaliando estresse em animais de abrigo, observaram quedas nos indicadores de estresse avaliados com o passar dos dias,

o observaram que a interação com pessoas levava a uma menor manifestação de estresse, o que foi estimado por cortisol plasmático.

No grupo 2 (OVH), em uma análise individual, houve animais com escore acima de 3,5 em vários tempos avaliados a saber: três animais (42,8%) no T0 (pré-cirúrgico), seis animais (85,7%) no T4, três animais (42,8%) em T8 e dois animais (28,5%) em T12 e T24.

Apesar do estímulo doloroso presente no grupo 2 (OVH), observa-se porcentagens menores de animais com EGM acima de 3,5 em quase todos os tempos neste grupo,

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demonstrando a marcante influência do estresse na avaliação através da escala citada. A diferença observada entre os dois grupos nos tempos T36 e T48, com médias menores no grupo operado, possivelmente ocorreu devido ao efeito sedativo e de depressão do SNC pelo tramadol, análogo sintético da codeína, utilizado no protocolo analgésico das cadelas do grupo 2 (OVH), devido a seu efeito opioide predominante em animais (Górniak, 2006). Kim et al (2012) utilizaram a EGM para avaliar diferentes protocolos anestésicos em cães. Em seus resultados, todos os cães apresentaram escore zero na avaliação pré-operatória. Neste estudo, os animais também eram provenientes de abrigos, porém foram submetidos a um período de adaptação de 5 dias no hospital veterinário, antes do início das avaliações. Sugere-se que a observação de escores altos no T0 (pré-cirúrgico), no presente trabalho, ocorreu devido ao

recebimento das cadelas no Hospital Veterinário apenas 24 horas antes do início das avaliações, estando os animais ainda sob efeito de estresse. Essa condição de estresse observada esteve provavelmente relacionada à hospitalização, mudança de ambiente, presença de pessoas estranhas e falta de previsibilidade dos acontecimentos. A escala de Glasgow modificada, no presente estudo, não pôde ser considerada um bom indicador de dor nas cadelas avaliadas, tendo em vista que cadelas não submetidas a estímulo doloroso apresentaram valores iguais ou superiores às operadas em diversos tempos de avaliação. 6.2.Avaliação dos parâmetros fisiológicos

6.2.1. Frequência cardíaca (FC) Os valores médios obtidos para as frequências cardíacas nos diferentes grupos e tempos de avaliação (T0-T48), estão representados na tabela 10 e no gráfico 6.

Tabela 10: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de frequência cardíaca nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH)

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle)

8 152±27 A a

92±20 C a

120±19 BC a

124±25 ABC a

134±24 AB a

120±24 ABC a

130±32 AB a

G2 (OVH)

7 131±32 A a

102±14 C a

112±26 BC a

107±26 ABC a

126±22 AB a

119±22 ABC a

138±25 AB a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de SNK. Valores de referência de frequência cardíaca para a espécie canina: 60-160bpm (Fonte: Feitosa, 2008) Na comparação entre os grupos, não houve diferença significativa. Nos grupos 1 (controle) e 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, houve diferença da frequência cardíaca no T0 (antes da sedação/cirurgia) com relação a T4 e T8. Também houve diferença em T4 com relação a T24 e T48. Os tempos de pós-

operatório iniciais (T4 e T8) apresentaram as menores médias de frequência cardíaca. Tanto no grupo 1 quanto no grupo 2, em uma análise descritiva geral, as médias dos valores das frequências cardíacas permaneceram dentro dos valores normais para a espécie canina em todos os tempos avaliados (tabela 10).

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Gráfico 6: Representação gráfica contendo as médias para a frequência cardíaca (FC) (bpm), nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). Apesar disso, nas avaliações individuais, foram observados animais com aumento de frequência cardíaca nos dois grupos. No grupo 1 (controle), dois animais (25%) apresentaram taquicardia em T0 (antes da sedação) e um animal (12,5%) em T48. No grupo 2 (OVH), apenas um animal apresentou taquicardia, em T0 (pré-operatório). Não foi observada bradicardia em nenhum animal, em nenhum dos tempos avaliados. As médias de frequência cardíaca mais baixas em T4 e T8 podem ser explicadas pelo efeito sedativo da metadona, sendo este um agonista opioide que pode causar queda na frequência cardíaca por estimulação vagal (Górniak, 2006; Lamont e Mathews, 2007). As variações observadas a partir de T12 podem ser atribuídas a razões diversas, considerando-se que a frequência cardíaca pode ser alterada por uma série de fatores, incluindo nível de atividade, características individuais de temperamento e respiração (Väisänen et al., 2005; Borell et al., 2007)

além de agentes estressantes (Beerda et al., 1998; Maros et al., 2008). Maros et al. (2008), em estudo de correlação entre variação de frequência cardíaca e comportamento em cães domiciliados, encontraram valores médios mínimos de 80±16 bpm, e máximos de 133±21 bpm. Por se tratar de cães domiciliados, na presença de tutor conhecido, e não estando submetidos às condições estressantes relacionadas à hospitalização como os animais do presente estudo que eram resgatados das ruas. Pode-se sugerir a presença de valores maiores neste estudo (92±20 a 152±27) devido ao estresse vivenciado pelos animais. Em estudo avaliando parâmetros fisiológicos após OVH em cadelas, sugeriu-se que os opioides administrados provocaram queda na frequência cardíaca pelo efeito sedativo ou farmacológico direto do fármaco no seu controle autonômico e não devido ao controle da dor. Essa constatação foi feita comparando grupos operados e não operados sob analgesia. Ambos apresentaram queda na frequência cardíaca, o que indica que o

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efeito analgésico não é responsável por este efeito (Hansen et al., 1997). Estes achados corroboram com os resultados deste estudo, pois os animais operados, mesmo apresentando dor discreta em alguns momentos de avaliação no pós-operatório (especialmente 4 e 8 horas após a cirurgia), não apresentaram diferença estatística nos valores da frequência cardíaca com relação aos não operados (com ausência total de

dor), observando-se queda da FC nos dois grupos.

6.2.2. Frequência respiratória (FR)

Os valores médios obtidos para as frequências respiratórias nos diferentes grupos e tempos de avaliação (T0-T48) estão representados na tabela 11 e no gráfico 7.

Tabela 11: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de frequência respiratória nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH)

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle)

8 26±4Aa 33±6Aa 35±13Aa 31±7Aa 32±10Aa 27±7Aa 23±2Aa

G2 (OVH)

7 31±8Aa 32±16Aa 26±9A a 27±15Aa 23±7Aa 25±7Aa 33±18Aa

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de SNK. Valores de referência de frequência respiratória para a espécie canina: 18-36mpm (Fonte: Feitosa, 2008) Na comparação entre os grupos, não houve diferença significativa. Nos grupos 1 (controle) e 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, não houve diferença significativa. Tanto no grupo 1 quanto no grupo 2, em uma análise descritiva geral, as médias dos valores das frequências respiratórias se apresentaram dentro dos valores de referência para a espécie canina em todos os tempos avaliados (tabela 11). Contudo, na avaliação individual, alguns animais apresentaram taquipnéia. No grupo 1 (controle), dois animais (25%) apresentavam aumento da frequência respiratória em T4, um animal (12,5%) em T8 e um animal em T12. Em T24, dois animais (25%) também apresentaram taquipnéia.

No grupo 2 (OVH), o aumento na frequência respiratória ocorreu em dois animais (28,6%) no T4, em um animal (14%) no T12 e um animal (14%) no T48. Não houve bradpnéia registrada em nenhum tempo avaliado. Hansen et al. (1997), em estudo avaliando cadelas após OVH e grupos controle, também relataram ausência de diferença estatística entre todos os grupos, incluindo cadelas operadas e não operadas, com ou sem analgesia. A presença aleatória de animais com taquipnéia pode ser relacionada a vários fatores como temperatura ambiente, estresse e atividade física. O aumento nos níveis circulantes de catecolaminas, como a epinefrina, em animais estressados ou com dor, leva ao aumento da temperatura corporal e consequente aumento da frequência respiratória (Telles, 2010; Koknaroglu e Akunal, 2013).

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Gráfico 7: Representação gráfica contendo as médias para a frequência respiratória (FR) (mpm), nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). Sugere-se que não exista correlação entre o efeito sedativo da metadona e a observação pontual de taquipnéia em alguns animais em T4 e T8, pois em cães observa-se maior susceptibilidade à depressão do sistema nervoso central, diferentemente de outras espécies como felinos, equinos, suínos e ovinos que apresentam hiperexcitabilitade e disforia mais comumente, que poderiam levar à taquipnéia. Porém, deve-se considerar que animais de diferentes temperamentos e condições físicas

respondem a opioides de forma diferenciada, não se excluindo a possibilidade de hiperexcitação nas cadelas com taquipnéia em T4 e T8 (Górniak, 2006; Lamont e Mathews, 2007).

6.2.3. Temperatura corporal (TC)

Os valores médios obtidos para a temperatura corporal em cada avaliação (T0-T48), nos dois grupos, estão representados na tabela 12 e no gráfico 8.

Tabela 12: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de temperatura corporal nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH).

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48 G1

(Controle) 8 38,3±0,5

A a 37,8±0,6

B a 38,1±0,7

A a 38,3±0,4

A a 38,4±0,4

A a 38,7±0,7

A a 38,6±0,5

A a

G2 (OVH) 7 38,5±0,3 A a

37,6±0,7 B a

38,1±0,3 A a

38±0,2 A a

38,3±0,2 A a

38,3±0,3 A a

38,2±0,3 A a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de SNK. Valores de referência de temperatura corporal para a espécie canina: 37,5-39,2ºC (Fonte: Feitosa, 2008)

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Na comparação entre os grupos, não houve diferença estatística. Nos grupos 1 e 2, ao longo dos tempos avaliados, houve diferença de T4 com relação aos demais tempos de avaliação, sendo as médias de T4 menores que as demais. Nos dois grupos, ao longo dos tempos, as médias mantiveram-se dentro da faixa de normalidade para a espécie. Contudo, na

avaliação individual, foram apresentadas alterações. Na avaliação individual do grupo 1 (controle), alguns animais apresentaram hipotermia: um animal (12,5%) em T0 (antes da sedação), dois animais (25%) em T4 e dois animais (25%) em T8. Observou-se também hipertermina no grupo 1: um animal (12,5%) em e um animal (12,5%) T48.

Gráfico 8: Representação gráfica contendo as médias para a temperatura corporal (TC) (ºC), nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). No grupo 2 (OVH), três animais (42,8%) apresentaram hipotermia em T4. Não houve registro de hipertermia neste grupo. As médias mais baixas de TC em T4 podem ser justificadas pelo protocolo de sedação e anestesia, interferindo na capacidade termorreguladora dos animais deste estudo, assim como os achados individuais de hipotermia em T4 e T8. Nestes tempos, os animais apresentavam sinais de sedação, como se observa nas tabelas 3 e 4 (médias nas escalas VAS e DS de sedação). O

sistema hipotalâmico termorregulador é afetado pela administração de opioides, sendo a hipotermia a resposta mais comumente observada. No grupo 1 (controle) esta queda se deu possivelmente devido ao efeito da metadona na termorregulação, e no grupo 2 (OVH), além da metadona, principalmente devido à vasodilatação periférica provocada pelo propofol e isoflurano (Branson, 2007).

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Os achados individuais referentes ao aumento na temperatura corporal, observados apenas no grupo 1 (controle) podem estar associados à resposta ao estresse, devido ao aumento nos níveis circulantes de catecolaminas (Telles, 2010; Horta, 2013; Koknaroglu e Akunal, 2013). Hansen et al. (1997) relataram queda nos valores de TC em cadelas após OVH apenas nos grupos em que os animais receberam opioides, não observando diferenças entre grupo operado e não operado, assim como

neste estudo. Horta et al. (2015) relataram queda na TC em cadelas após diferentes técnicas de mastectomia, com hipotermia mais significativa no grupo com maiores tempos anestésicos, sugerindo relação com o protocolo de sedação e anestesia. 6.2.4 Pressão arterial sistólica (PAS)

Os valores médios obtidos para a PAS nos diferentes tempos de avaliação (T0 – T48) estão representados na Tabela 13 e no gráfico 9.

Tabela 13: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de pressão arterial sistólica nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH)

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle)

8 140±29 A a

133±18 A a

150±24 A a

137±29 A a

142±39 A a

145±32 A a

158±24 A a

G2 (OVH) 7 165±19 A a

162±29 A a

164±34 A a

164±28 A a

141±30 A a

152±44 A a

160±28 A a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de SNK. Valores de referência de pressão arterial sistólica para a espécie canina: 80-120mmHg. (Fonte: Brown e Renick, 2002) Na comparação entre os grupos, não houve diferença estatística. Nos grupos 1 (controle) e 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, não houve diferença para a pressão arterial sistólica. Tanto no grupo 1 quanto no grupo 2, ao longo dos tempos, as médias se mantiveram acima da faixa considerada normal para a espécie canina (gráfico 9). Na avaliação individual foi observado predomínio de animais apresentando hipertensão, variando de acordo com os diferentes tempos de avaliação. No grupo 1 (controle), foi observado aumento da PAS em quatro animais (50%)

em, em seis animais (75%) nos tempos T0 (antes da sedação), T4, T8, T12 e T36, e em 7 animais (87,5%) em T48. No grupo 2, sete animais (100%) apresentaram hipertensão em T0 (pré-cirúrgico) e T12, seis animais (85,7%) em T4, T8 e T48, quatro animais (57,1%) em T24 e cinco animais (71,4%) em T36. Observou-se menor número de animais com hipertensão nos dois grupos em T24. Hansen et al. (1997) em estudo comparando cadelas submetidas a OVH e controle não operado, não observaram diferença entre grupos na pressão arterial diastólica, e relataram pequena diferença estatística na pressão arterial sistólica entre os grupos.

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Gráfico 9: Representação gráfica contendo as médias para a pressão arterial sistólica (PAS) (mmHg), nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). Valores mais elevados de PAS são esperados durante o pós-operatório em função da ativação do sistema nervoso simpático, indicando uma resposta nociceptiva (Helyer et al., 2007). A ausência de diferença estatística entre grupos demonstra que a dor no grupo operado estava bem controlada com o protocolo analgésico proposto. Logo, sugere-se que as médias elevadas de PAS se devem ao estresse da hospitalização. Vincent e Michell (1995) em estudo que avaliou a correlação entre comportamento relacionado a estresse e pressão arterial em cães, relataram relação estatística significativa entre o estresse e a resposta cardiovascular dos animais. Sugere-se que a associação entre estresse e pressão

arterial é consistente, porém deve-se considerar diferenças individuais de comportamento e atividade entre animais e outros fatores capazes de alterar a pressão arterial em cães.

6.3. Avaliação de indicadores objetivos

séricos

6.3.1. Cortisol

As concentrações médias de cortisol sérico (μg/dL) nos dois grupos e nos tempos avaliados (T0-T48), estão representadas na tabela 14 e no gráfico 10.

Tabela 14: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de cortisol sérico nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH).

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle) 8 9±4 A a 5±2 A a 6±3 A a 7±3 A a 8±2 A a 7±3 A a 8±7 A a

G2 (OVH) 7 5±3 A a 7±3 A a 5±2 A a 3±1 A a 4±1 A a 4±2 A a 4±2 A a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de SNK. Valores de referência de cortisol sérico para a espécie canina: 1,80 a 4,00μg/dL. Fonte: (Jericó, 2015).

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Gráfico 10: Representação gráfica contendo as médias para o cortisol sérico nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). Na comparação entre os grupos, não houve diferença estatística. Nos grupos 1 (controle) e 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, não houve diferença nos níveis séricos de cortisol. Apesar da ausência de diferença estatística entre grupos e tempos, as médias dos valores de cortisol sérico ultrapassaram os valores normais para a espécie canina em vários momentos avaliados. No grupo 1 (controle), observaram-se médias aumentadas para o cortisol em todos os tempos de avaliação (gráfico 10). No grupo 2 (OVH), as médias dos valores de cortisol sérico ultrapassaram os valores normais para a espécie canina em T0 (pré-

cirúrgico), T4 e T8. Apesar das médias terem se mantido dentro dos padrões de normalidade entre T12 e T48, observa-se que essas médias se encontram quase sempre no limite superior do intervalo de referência (tabela 14 e gráfico 10). Considerando-se que todos os animais em T0 (antes da sedação/cirurgia) não estavam sob efeito de nenhum medicamento e não haviam sido submetidos a nenhum estímulo doloroso, a presença de níveis séricos de cortisol elevados a partir deste tempo sugere presença da “resposta ao estresse” (Hellyer et al., 2007; Zanella et al., 2009; Freeman et al, 2010; Hekman et al., 2012; Michelsen et al., 2012) que, nesse momento (T0), não estava vinculada ao estímulo nociceptivo. Malm et al. (2005b) e Horta et al. (2015)

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realizaram avaliações de dor e estresse pós-operatório em cadelas submetidas, respectivamente, a OVH e mastectomia. Nos dois casos, não se observou cortisol sérico aumentado antes do procedimento cirúrgico, diferentemente dos resultados apresentados no presente estudo. O fato das cadelas do presente estudo serem provenientes de abrigos e resgatadas das ruas, provavelmente explica a tendência de cortisol mais elevado quando comparado a outros estudos, destacando-se que no trabalho de Malm et al. (2005) as cadelas foram submetidas a um período de adaptação ao ambiente por 15 dias e no estudo de Horta et al. (2015) as cadelas eram domiciliadas e provenientes de rotina clínica hospitalar. Henessy et al. (1997) em estudo com animais de abrigos, observaram que os mesmos apresentaram níveis de cortisol sérico significativamente mais altos do que animais domiciliados, sugerindo que a permanência em abrigos produz uma ativação prolongada do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Este fato pode ser explicado pelo caráter não previsível dos eventos nestes ambientes, e à consequente perda de controle do animal sobre os acontecimentos à sua volta, fator desencadeador de estresse em animais (Shiverdecker et al., 2013). Malm et al. (2005b) observaram elevação do cortisol apenas no intra-operatório e após o retorno anestésico em cadelas submetidas a OVH aberta e laparoscópica. Fox et al. (1998) verificaram elevação desse hormônio durante a OVH e durante a recuperação anestésica. As médias altas de cortisol em T4 e T8 (4 e 8 horas após a sedação/cirurgia) nos dois grupos deste estudo possivelmente corresponde à ação sedativa residual presente nestes momentos de avaliação.

A queda nas médias de cortisol no grupo 2 (OVH) a partir de T12 (12 horas após a cirurgia), pode ser justificada pela administração de tramadol, com finalidade de analgesia, durante todo o tempo de hospitalização para este grupo. Os opioides tendem a causar efeito sedativo devido à depressão do SNC, diminuindo, além da dor, a ansiedade nestes animais (Górniak, 2006; Lamont e Mathews, 2007). No presente estudo, os animais operados (grupo 2) estavam submetidos a protocolo analgésico com dois fármacos (tramadol e associação dipirona e escopolamida). Apesar disso, apresentaram dor leve em alguns momentos de avaliação no pós-operatório (gráficos 1 e 2). Mesmo com dor leve evidenciada em alguns momentos, não se observou diferença significativa no cortisol entre este grupo e o controle não operado (grupo 1). Desta forma, sugere-se que a hospitalização e seus fatores inerentes, como manipulação, presença de tratadores estranhos ao animal, confinamento, medo e ansiedade podem ser mais relevantes na resposta ao estresse do que a dor ou o procedimento cirúrgico. Masticid et al. (2010) realizaram um estudo comparando diferentes técnicas cirúrgicas em cães e também concluíram que os níveis de cortisol plasmático dependem mais da condição do paciente e circunstancias ambientais do que do grau de injúria cirúrgica ou duração da cirurgia.

6.3.2. Glicemia Os valores médios obtidos para a glicemia (mg/dL) em cada avaliação (T0-T48), nos dois grupos, estão representadas na tabela 15 e no gráfico 11.

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Tabela 15: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de glicemia nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH).

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48 G1

(Controle) 8 91±5

Ba 100±9,2

Aa 92±5 B a

88±10 B a

97±7 B a

97±7 B a

94±7 B a

G2 (OVH) 7 96±5 B a

118±11 A a

109±12 B a

101±11 B a

102±14 B a

102±8 B a

100±8 B a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de SNK. Valores de referência de glicemia para a espécie canina: 70-110 mg/Dl. (Fonte: (Nelson et al., 2004). Na comparação entre os grupos, não houve diferença estatística. Nos grupos 1 (controle) e 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, houve diferença apenas em T4 (4 horas após a sedação/cirurgia) com relação aos demais tempos, com médias maiores em T4.

No grupo 2 (OVH), a média dos valores de glicemia em T4 se apresentou acima dos valores de referência para a espécie, configurando estado hiperglicêmico. A hiperglicemia pode ser explicada pelo catabolismo estimulado pelo cortisol e resistência periférica à insulina conforme relatado por Cunningham et al. (2004).

Gráfico 11: Representação gráfica contendo as médias para a glicemia nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). No presente estudo, apesar da ausência de diferença estatística entre grupos, o declínio da glicemia nas avaliações subsequentes (T8-T48) após o pico em T1 para o grupo 2 (OVH) sugere diminuição da sensibilização central e da reação inflamatória, com menor

influência nas respostas neuroendócrinas e metabólicas, conforme observado por Fox et al. (1998). Apesar de ambos os grupos terem apresentado aumento da glicemia em T4, a

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presença de estado hiperglicêmico observado apenas na média dos animais do grupo 2 (OVH) foi possivelmente devido ao estímulo nociceptivo, intensificando os sinais de estresse nesses animais (gráfico 11).

Sabe-se que o aumento nos níveis de cortisol sérico leva também ao aumento da gliconeogênese que, associada ao aumento nas catecolaminas circulantes, promove o aumento da resistência à insulina, culminando na hiperglicemia (Hellyer et al, 2007; Horta et al., 2015). Contudo, no presente estudo, observou-se presença de médias aumentadas de cortisol sérico no grupo 1 (controle) em todos os tempos de avaliação, e no grupo 2 (OVH), em T0 (pré-cirúrgico), T4 e T8 (tabela 14 e gráfico 10). O estado hiperglicêmico, por sua vez, só foi observado nas médias de T4 no grupo 2, o que sugere maior relação da hiperglicemia com a dor do que com o estresse nesses animais (tabela 15 e gráfico 11). Dentre os amimais avaliados neste estudo (n=15, observou-se correlação não significativa (interpretada como fraca correlação) entre as variáveis cortisol e glicemia (correlação negativa com valor de 0,07 obtida através do teste de correlação de Pearson). Masticid et al. (2010) não relataram diferença estatística na glicemia de grupos submetidos a diferentes técnicas cirúrgicas para correção de ruptura de ligamento cruzado cranial em cães. A glicemia também não apresentou correlação com outros parâmetros avaliados, não tendo sido considerado um bom indicador de dor e estresse nestes animais. Horta (2013) observou estado hiperglicêmico em cadelas submetidas a mastectomia, nas duas técnicas avaliadas (parcial e radical), com médias

superiores na mastectomia radical. Atribuiu a presença do estado hiperglicêmico ao estímulo nociceptivo, intenso para as duas técnicas e superior na mastectomia radical. No presente estudo, observou-se estado hiperglicêmico apenas em T4 no grupo 2 (OVH), sugerindo relação com a dor no pós-operatório destes animais. 6.4. Avaliação hematológica As comparações estatísticas para hematócrito, hemoglobina e hemácias foram semelhantes, o que era esperado, devido à correlação fortemente positiva entre essas variáveis. 6.4.1.Hematócrito (Ht) Os valores médios obtidos para o hematócrito para os dois grupos, nos diferentes tempos de avaliação (T0- T48) estão representados na tabela 16 e no gráfico 12. Na comparação entre os grupos, não houve diferença estatística. Nos grupos 1 (controle) e 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, observou-se diferença entre os tempos testados: T0 (antes da sedação/cirurgia) apresentou diferença com relação aos tempos T36 e T48. Nos grupos 1 e 2, em uma análise descritiva geral, as médias dos valores dos hematócritos em todos os tempos de avaliação estavam dentro dos valores de referência para a espécie canina. No grupo 1 (controle), em uma avaliação individual, nenhum animal apresentou valores de Ht abaixo dos valores de referência nos tempos T0-T24, dois animais (25%) apresentaram queda de Ht em T36 e dois animais (25%) em T48.

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Tabela 16: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de hematócrito (Ht) nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH)

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle) 8 47±4Aa 46±5ABa 44±5ABa 43±4ABa 44±5ABa 41±5Ba 40±4B a

G2 (OVH) 7 45±5Aa 41±6ABa 38±6ABa 39±7ABa 39±5ABa 39±7Ba 40±4Ba

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de SNK. Valores de referência de temperatura corporal para a espécie canina: 37 – 55% (Messick, 2010)

Gráfico 12: Representação gráfica contendo as médias para o hematócrito (Ht) nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). No grupo 2 (OVH), nenhum animal apresentou valores de Ht abaixo dos valores de referência em T0 (pré-cirúrgico), um animal (14,2%) apresentou valores diminuídos em T4, dois animais em T8 (28,5%), três em T3 (42,8%), dois em T24 (28,5%), 3 em T36 (42,8%) e 2 em T48 (28,5%). A ocorrência aleatória de anemia discreta nos animais do grupo 1 (controle) possivelmente está associada às coletas seriadas de sangue para avaliação (Stockham e Scott, 2011). Desataca-se que, nesse trabalho, procedeu-se a seis coletas, sendo

12 mL por coleta, totalizando, cerca de 72mL de sangue. A ocorrência de anemia discreta em um maior número de animais e tempos observada no grupo 2 (OVH) possivelmente está associada à perda de sangue relacionada ao procedimento cirúrgico associada às coletas seriadas de sangue (Stockham e Scott, 2011). Horta (2013) descreveu alterações de hematócrito em cadelas submetidas à mastectomia parcial e radical, com valores menores nas cadelas submetidas a cirurgias mais agressivas, justificada pela maior lesão tecidual e perda de sangue.

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6.4.2. Leucograma Os valores de médias e desvios padrão para leucócitos totais estão evidenciados na tabela 17 e no gráfico 13. Na comparação entre os grupos, não houve diferença estatística.

Nos grupos 1 (controle) e 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, não houve diferença para leucócitos totais. Nos grupos 1 e 2, em uma análise descritiva geral, a média do número de leucócitos totais manteve-se dentro dos valores de referência em todos os momentos de avaliação (gráfico 13).

Tabela 17: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de leucócitos totais nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH).

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle)

8 12840±

4056 A a

14694±

4345 A a

14606±

4715 A a

14134±

4697 A a

14179±

5293 A a

13360±

3569 A a

12861±

3690 A a

G2 (OVH)

7 12206±

3790 A a

12417±

1900 A a

15657±

1645 A a

16829±

2273 A a

15486±

4039 A a

15329±

5479 A a

14113±

4757 A a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de SNK. Valores de referência dos Leucócitos totais para a espécie canina: 6000 – 17000 cel/μL (Messick, 2010).

Gráfico 13: Representação gráfica contendo as médias para os leucócitos totais nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH).

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A análise individual, contendo o número de animais que apresentaram alterações nos parâmetros do leucograma em cada tempo

de avaliação encontra-se disposta nas tabelas 18 (grupo 1) e 19 (grupo 2).

Tabela 18 – Número e porcentagem de cadelas que apresentaram alterações nos parâmetros do leucograma nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle, n=8). T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48 Leucocitose 0 (0%) 3 (37,5%) 3 (37,5%) 2 (25%) 2 (25%) 1 (12,5%) 1 (12,5%)

Leucopenia 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Neutrofilia 2 (25%) 4 (50%) 4 (50%) 4 (50%) 3 (37,5%) 2 (25%) 1 (12,5%)

Neutropenia 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Eosinofilia 4 (50%) 2 (25%) 2 (25%) 2 (25%) 1 (12,5%) 1 (12,5%) 1 (12,5%)

Eosinopenia 1 (12,5%) 1 (12,5%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (12,5%) 0 (0%) 0 (0%)

Linfocitose 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (12,5%)

Linfopenia 2 (25%) 2 (25%) 1 (12,5%) 1 (12,5%) 2 (25%) 2 (25%) 0 (0%)

Monocitose 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 2 (25%) 1 (12,5%) 0 (0%)

Monocitopenia 1 (12,5%) 0 (0%) 2 (25%) 0 (0%) 2 (25%) 1 (12,5%) 0 (0%)

Hiperssegmentação

(DNND)

4 (50%) 5 (62,5%) 5 (62,5%) 6 (75%) 2 (25%) 3 (37,5%) 2 (25%)

DNND – Desvio nuclear dos neutrófilos para a direita.

Tabela 19: Número e porcentagem de cadelas submetidas que apresentaram alterações nos parâmetros do leucograma nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 2 (OVH, n=7) T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

Leucocitose 1 (14,2%) 0 (0%) 2 (28,5%) 3 (42,8%) 3 (42,8%) 3 (42,8%) 2 (28,5%)

Leucopenia 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Neutrofilia 0 (0%) 1 (14,2%) 3 (42,8%) 6 (85,7%) 5 (71,4%) 1 (14,2%) 1 (14,2%)

Neutropenia 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Eosinofilia 4 (57,1%) 2 (28,5%) 1 (14,2%) 2 (28,5%) 5 (71,4%) 6 (85,7%) 5 (71,4%)

Eosinopenia 0 (0%) 0 (0%) 1 (14,2%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Linfocitose 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%)

Linfopenia 0 (0%) 3 (42,8%) 3 (42,8%) 1 (14,2%) 2 (28,5%) 0 (0%) 0 (0%)

Monocitose 1 (14,2%) 1 (14,2%) 1 (14,2%) 1 (14,2%) 3 (42,8%) 1 (14,2%) 2 (28,5%)

Monocitopenia 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) 1 (14,2%) 0 (0%) 0 (0%)

Hiperssegmentação (DNND)

1 (14,2%) 2 (28,5%) 5 (71,4%) 4 (57,1%) 4 (57,1%) 2 (28,5%) 3 (42,8%)

DNND – Desvio nuclear dos neutrófilos para a direita.

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Assim como no presente estudo, Malm (2003) não observou médias aumentadas de leucócitos totais em cadelas submetidas à OVH por laparoscopia e técnica aberta. Horta (2013) observou leucocitose em cadelas submetidas à mastectomia radical no pós-operatório. A interpretação relativa aos leucócitos é realizada mediante a

interpretação da contagem diferencial de leucócitos, que será descrita a seguir.

6.4.2.1. Neutrófilos Os valores de médias e desvios padrão para neutrófilos estão evidenciados na tabela 20 e no gráfico 14.

Tabela 20: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de neutrófilos nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH)

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle)

8 9009±

3173 B a

11035±

3077 AB a

11224±

3643 A a

10930±

3876 A a

10924±

4965 AB a

10000±

3649 AB a

8944±

2783 B a

G2 (OVH)

7 7110±

2365 B a

9881±

2015 AB a

13165±

1598 A a

13477±

1696 A a

10159±

2756 AB a

8970±

2401 AB a

8510±

3189 B a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de SNK. Valores de referência dos Leucócitos totais para a espécie canina: 3000-11500cel/μ L (Messick, 2010). Na comparação entre os grupos, não houve diferença estatística. Nos grupos 1 (controle) e 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, houve diferença estatística entre T0 (antes da sedação/cirurgia) e os tempos T8 e T12, sendo as médias destes últimos mais alta (tabela 20). Nos grupos 1 (controle), em uma análise descritiva geral, a média do número de neutrófilos manteve-se dentro dos valores de referência em todos os momentos de avaliação (gráfico 14). No grupo 2 (OVH), em uma análise descritiva geral, a média do número de neutrófilos manteve-se dentro dos valores de referência em todos os tempos exceto em T8 e T12.

Neutrofilia, aumento nos níveis de cortisol sérico e hiperglicemia estão relacionadas, na literatura, à resposta ao estresse (Hellyer et al., 2007; Stockham e Scott, 2011). Apesar das médias aumentadas para o cortisol em todos os tempos de avaliação no grupo 1 (controle) (tabela 14), não observou-se neutrofilia (tabela 18) ou estado hiperglicêmico (tabela 15) nas médias deste grupo em nenhum tempo de avaliação. No grupo 2 (OVH), as médias dos valores de cortisol sérico ultrapassaram os valores normais para a espécie canina em T0 (pré-cirúrgico), T4 e T8 (tabela 14). Observou-se aumento de cortisol associado a um estado hiperglicêmico (tabela 15) em T4, e associado a neutrofilia (tabela 19) em T8.

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Gráfico 14: Representação gráfica contendo as médias de neutrófilos nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). A presença de animais nos dois grupos e em vários tempos de avaliação com aumento na quantidade de neutrófilos na análise individual (tabelas 18 e 19) possivelmente pode ser explicada pela neutrofilia por estresse, relacionada ao aumento nas concentrações séricas de cortisol e catecolaminas. As médias nos tempos T8 e T12 mais altas evidenciadas no grupo 2 (OVH), que ultrapassaram os valores de referências para a espécie, sugerem resposta ao estresse intensificada pelo estímulo nociceptivo cirúrgico. Além disso, pode-se considerar a influência da neutrofilia inflamatória no pós-cirúrgico. A neutrofilia inflamatória possui magnitude comum de 12000 a 30000 neutrófilos na espécie canina. (Stockham e Scott, 2011). O grupo 2 (OVH) com 7 animais e 7 tempos de avaliação, totalizou 49 tempos avaliados. Dentre esses, 17 tempos de avaliação apresentaram neutrofilia, e 14 destes (82%) apresentaram magnitude esperada para neutrofilia com causa inflamatória.

Horta (2013) descreveu alteração no leucograma, associada à leucocitose e neutrofilia, em estudo avaliando cadelas no pós-operatório de diferentes técnicas de mastectomia. Observou também a presença de neutrofilia com desvio à direita nos dois grupos avaliados, com porcentagem significativamente maior no grupo submetido ao procedimento com maior grau de lesão tecidual, possivelmente associado à maior estímulo nociceptivo. Malm (2003) relatou aumento no número de neutrófilos em cadelas submetidas a OVH pelas técnicas aberta e laparoscópica, no pós-operatório, assim como observado no presente estudo. A observação de neutrófilos hipersegmentados na circulação pode estar relacionada ao estresse e o consequente aumento no cortisol endógeno. A hipersegmentação indica a diminuição na migração dos neutrófilos para o tecido por meio de regulação inibitória de moléculas de adesão, o que caracteriza a neutrofilia com desvio nuclear dos neutrófilos à direita

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(Silva et al., 2008; Stockham e Scott, 2011), o que foi observado nos dois grupos do presente estudo em vários tempos. Na análise individual, não foi observado desvio nuclear de neutrófilos à esquerda em nenhum momento de avaliação para nenhum animal. Ao contrário do observado no presente estudo, Malm (2003) observou desvio à esquerda nos dois grupos de cadelas

avaliados, sendo estas submetidas a OVH pela técnica aberta ou laparoscópica. O desvio à esquerda foi observado no pós-operatório.

6.4.2.2. Eosinófilos

Os valores de médias e desvios padrão para eosinófilos estão evidenciados na tabela 21 e gráfico 15.

Tabela 21: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de eosinófilos nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH)

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle)

8 1342±1095AB a

688±747 AB a

609±498 B a

688±439 AB a

612±743 AB a

856±520

A a

706±492 AB a

G2 (OVH)

7 2015±1974AB a

757±531 AB a

522±448 B a

922±762 AB a

2240±1903 AB a

3140±2588 A a

2141±2106 AB a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de SNK. Valores de referência dos eosinófilos para a espécie canina: 100-1200 cel/μ L (Messick, 2010). Na comparação entre os grupos, não houve diferença estatística. Nos grupos 1 (controle) e 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, houve diferença entre os tempos T8 e T36, com médias inferiores no primeiro (tabela 21). No grupo 1 (controle), em uma análise descritiva geral, as médias do número de eosinófilos mantiveram-se acima dos valores de referência em T0 (antes da sedação). No grupo 2 (OVH), em uma análise descritiva geral, as médias do número de eosinófilos mantiveram-se acima dos valores de referência em T0, T24, T36 e T48. Em uma avaliação individual, foi observada eosinofilia nos dois grupos, em todos os tempos de avaliação. Observou-se maior frequência nos animais do grupo 2 (OVH) no pós-operatório, a partir de T24, como evidenciado nas tabelas 18 e 19.

A observação, em T0 (antes da sedação/cirurgia), de valores acima da referência para a espécie nos dois grupos, sem injúria inflamatória diagnosticada, leva às possibilidades de presença de verminose ou reações de hipersensibilização (Stockham e Scott, 2011), apesar da ausência de sinais clínicos sugestivos dessas duas condições. Considerando que se trata de animais provenientes de abrigo, que convivem com outros animais, não se exclui a possibilidade de contato prévio com alérgenos, endoparasitas e ectoparasitas. O fato de os animais deste estudo não terem recebido tratamento prévio contra endoparasitas e ectoparasitas pode ter causado interferência nestes resultados. O aumento de eosinófilos no grupo 2 (OVH) no pós-operatório (T24-T48) pode ser correlacionado à injúria inflamatória cirúrgica, pois a degranulação de mastócitos causada por inflamação pode levar a eosinofilia (Stockham e Scott, 2011).

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Gráfico 15: Representação gráfica contendo as médias de eosinófilos nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). A eosinopenia foi um achado raro e esporádico nos dois grupos (tabelas 18 e 19), e possui pouco significado diagnóstico (Stockham e Scott, 2011). Porém, a eosinopenia pode estar relacionada com a resposta ao estresse (Silva et al., 2008; Stockham e Scott, 2011). Malm (2003) não relatou eosinofilia nas médias das cadelas de seu estudo, submetidas a OVH pelas técnicas aberta e laparoscópica. Horta (2013) também não relatou eosinofilia significativa nas cadelas submetidas a diferentes técnicas de mastectomia em nenhum momento de avaliação, ao contrário dos resultados apresentados neste estudo. Quanto à eosinopenia, assim como no presente trabalho, também não foi observada no estudo de Horta (2013) em nenhum dos grupos de forma significativa, e sim em achados esporádicos individuais.

6.4.2.3. Linfócitos Os valores de médias e desvios padrão para linfócitos estão evidenciados na tabela 22 e gráfico 16.

Na comparação entre os grupos, não houve diferença estatística. Nos grupos 1 (controle) e 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, não houve diferença para os valores de linfócitos (tabela 22). Nos grupos 1 (controle) e 2 (OVH), em uma análise descritiva geral, as médias do número de linfócitos mantiveram-se dentro dos valores de referência para a espécie canina em todos os tempos avaliados (tabela 22).

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Tabela 22: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de linfócitos nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH)

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle)

8 1897±769 A a

1966±1006 A a

2233±899 A a

2030±981 A a

1802±1358 A a

1789±711 A a

2507±1295 A a

G2 (OVH)

7 2043±912 A a

1173±674 A a

1036±524 A a

1513±614 A a

1930±1065 A a

2426±1055 A a

2553±1038 A a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de SNK. Valores de referência dos linfócitos para a espécie canina: 1000-4800 cel/μL (Messick, 2010).

Gráfico 16: Representação gráfica contendo as médias de linfócitos nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). Em uma análise descritiva individual, observou-se linfopenia em vários tempos de avaliação nos dois grupos (tabelas 18 e 19). A linfopenia pode ocorrer na resposta ao estresse, devido a alteração na cinética dos linfócitos causada por glicocorticoides endógenos. Também é observada no caso de animais com dor associada à inflamação aguda, mas considera-se que seja originária do estresse produzido por ela, e não pela inflamação em si (Silva et al., 2008; Stockham e Scott, 2011).

A linfocitose foi um achado raro e sem relevância para o presente estudo, observada apenas em um tempo no grupo 1 (tabela 18). Malm (2013) observou pequeno aumento no número de linfócitos em cadelas no pós-operatório de OVH pelas técnicas aberta e laparoscópica, porém sem configurar linfocitose.

6.4.2.4. Monócitos

Os valores de médias e desvios padrão para monócitos estão evidenciados na tabela 23 e gráfico 17.

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Tabela 23: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de monócitos nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH).

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle) 8 578±344 A a

648±170 A a

116±448 A a

486±210 A a

819±612 A a

705±348 A a

705±336 A a

G2 (OVH) 7 945±862 A a

585±498 A a

882±536 A a

780±405 A a

1123±660 A a

643±606 A a

847±538 A a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de SNK. Valores de referência dos monócitos para a espécie canina: 150-1350 cel/μ L (Messick, 2010).

Na comparação entre os grupos, não houve diferença estatística. Nos grupos 1 (controle) e 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, não houve diferença para os valores de monócitos (tabela 23). No grupo 1 (controle), em uma análise descritiva geral, as médias do número de monócitos mantiveram-se dentro dos valores

de referência em todos os tempos, exceto em T8, quando se observou redução dessas células (gráfico 17). No grupo 2 (OVH), em uma análise descritiva geral, as médias do número de monócitos mantiveram-se dentro dos valores de referência para a espécie canina em todos os tempos avaliados (gráfico 17).

Gráfico 17: Representação gráfica contendo as médias de monócitos nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH).

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A monocitopenia observada nos animais do grupo 1 (controle) em T8, não pode ser considerada um achado relevante, pois animais saudáveis podem apresentar contagem baixa de monócitos na corrente sanguínea (Stockham e Scott, 2011).

Em uma análise descritiva individual, observou-se monocitose em dois tempos no grupo 1 (controle) e em todos os tempos de avaliação no grupo 2 (OVH) (tabelas 18 e 19).

O aumento de monócitos no sangue pode estar relacionado à resposta ao estresse, especialmente em cães e gatos, porém sua ocorrência é variável. Seu mecanismo normalmente está associado a um desvio dessas células do compartimento marginal para o circulante (Silva et al., 2008; Stockham e Scott, 2011).

A presença de monocitose observada mais frequentemente e em maior porcentagem no grupo 2 (OVH) possivelmente tem causa inflamatória, pela injúria cirúrgica causando estímulo na produção e liberação de monócitos por citocinas (Stockham e Scott, 2011). Horta (2013) descreveu aumento na porcentagem de cadelas com monocitose após mastectomia regional. Malm (2003) observou pequeno aumento no número de monócitos em cadelas submetidas a OVH, porém sem configurar monocitose.

6.4.2.5. Plaquetas

Os valores de médias e desvios padrão para plaquetas estão evidenciados na tabela 24 e no gráfico 18.

Tabela 24: Valores médios e seus respectivos desvios padrão de plaquetas nos diferentes tempos de avaliação, no grupo 1 (controle) e no grupo 2 (OVH).

N T0 T4 T8 T12 T24 T36 T48

G1 (Controle)

8 208±103 A a

256±96 A a

257±120 A a

218±75 A a

305±134 A a

249±142 A a

260±117 A a

G2 (OVH) 7 201±62 A a

199±49 A a

157±44 A a

218±67 A a

238±97 A a

214±47 A a

202±79 A a

Valores seguidos de letras maiúsculas distintas apresentam diferença significativa (p < 0,05) entre tempos de avaliação, assim como letras minúsculas distintas diferem entre os grupos, pelo teste de SNK. Valores de referência de plaquetas para a espécie canina: 200000-500000 cel/μ L (Messick, 2010). Na comparação entre os grupos, não houve diferença estatística. No grupo 1 (controle) e 2 (OVH), ao longo dos tempos avaliados, não houve diferença para os valores de plaquetas (tabela 24). No grupo 1 (controle), em uma análise descritiva geral, as médias do número de plaquetas mantiveram-se dentro dos valores

de referência para a espécie canina em todos os tempos avaliados (gráfico 18). No grupo 2 (OVH), em uma análise descritiva geral, as médias estiveram abaixo dos valores de referência em T4 e T8 (gráfico 18), possivelmente devido aos eventos de ativação das plaquetas, maior consumo e utilização dessas células, possivelmente provocados pela injúria tecidual cirúrgica (Stockham e Scott, 2011).

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Gráfico 18: Representação gráfica contendo as médias de plaquetas nos tempos avaliados, para os grupos 1 (controle) e 2 (OVH). Na análise descritiva individual do grupo 1 (controle), alguns animais apresentaram trombocitopenia: um animal (12,5%) em T0, um animal em T4 (12,5%), um animal em T36 (12,5%) e um animal em T48 (12,5%). O animal que apresentou trombocitopenia na avaliação inicial (T0) apresentava valores de plaquetas próximas ao limite inferior de referência, e apresentou valores normais a partir da avaliação subsequente. Na análise descritiva individual do grupo 2 (OVH), apresentaram trombocitopenia três animais (42,8%) em T4, dois animais (28,5%) em T8, dois em T12 (28,5%), dois em T24 (28,5%), três em T36 (42,8%) e dois em T48 (28,5%). Não foram observados animais com trombocitose em nenhum dos dois grupos e em nenhum tempo avaliado. A ocorrência de trombocitopenia nos dois grupos foi aleatória. A observação de maior porcentagem de animais com

trombocitopenia no grupo 2 (OVH) em alguns tempos ocorreu, possivelmente, devido ao consumo pela injuria cirúrgica (Stockham e Scott, 2011). Horta (2013) descreveu ocorrência aleatória tanto de trombocitopenia como de trombocitose em cadelas submetidas a mastectomia, porém observou uma maior porcentagem de cadelas com aumento dessas células.

7. CONCLUSÕES A escala de Glasgow modificada (EGM),

no presente estudo, não pôde ser considerada um bom indicador de dor para as cadelas avaliadas, tendo em vista que os animais não submetidos a estímulo doloroso apresentaram valores iguais ou superiores às operadas em diversos tempos de avaliação.

Pode-se considerar a influência do

estresse como um fator importante na obtenção dos resultados de avaliações realizadas através da EGM.

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As escalas VAS e DS para dor e sedação mostraram-se eficazes e confiáveis para avaliação de dor e sedação nas cadelas deste estudo, com resultados semelhantes entre elas para as duas variáveis.

Parâmetros fisiológicos não foram

considerados sensíveis na avaliação da dor ou estresse dos animais deste estudo.

Parâmetros hematológicos apresentaram

alterações mais evidentes devido à injúria cirúrgica do que ao estresse e dor nas cadelas deste estudo.

O cortisol foi um bom indicador de

estresse nos animais deste estudo, sofrendo maior influência do estresse da hospitalização do que do estímulo doloroso referente à cirurgia, considerando o protocolo analgésico utilizado.

A glicemia foi um bom indicador de dor

e um indicador pouco sensível com relação ao estresse nos animais avaliados.

O estresse foi semelhante nos dois grupos

(controle e OVH), indicando que a hospitalização dos animais foi mais relevante no estabelecimento do estresse do que o procedimento cirúrgico (OVH) e a dor associada.

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WILDSMITH, J. A. W. Surgical Stress: The role of pain and analgesia. British Journal of Anaesthesia, v. 63, p. 189-195, 1989.

WOOLF, J. C. What is this thing called pain? The Journal of Clinical Investigation, v. 120, n. 11, p. 3742-3744, 2010.

YEATES, J.W.; MAIN, D.C.J. Assessment of positive welfare: A review. The Veterinary Journal, v.175, p. 293–300, 2008.

ZANELLA, R.; THOMAZI, G.; JUNIOR, N. G.; SPAGNOLO, J. D.; GUIMARÃES, L. D.; BRUN, M. V. Cortisol plasmático como indicador de estresse em colopexias laparoscópicas com implante de tela de polipropileno em cães. Acta Scientiae Veterinariae, v. 37, n.3, p. 231-237, 2009.

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9. ANEXOS

Anexo 1: Certificado de aprovação CEUA

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Anexo 2: Adendo ao certificado de aprovação CEUA

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Anexo 3: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Você, ___________________________________________, é convidado (a), como tutor (a) ou responsável pelo (a) paciente _________________, da espécie canina, raça _____________, fêmea, com __________ anos de idade, a incluir o animal referido na pesquisa intitulada “AVALIAÇÃO DO ESTRESSE PÓS-OPERATÓRIO EM CADELAS MANTIDAS EM AMBIENTE HOSPITALAR SUBMETIDAS A OVARIOHISTERECTOMIA ELETIVA”. A JUSTIFICATIVA, OS OBJETIVOS E OS PROCEDIMENTOS: O motivo que nos leva a realizar estudo consiste na avaliação do grau de estresse a que são submetidos animais sob hospitalização, no período pós-operatório. Neste caso, serão avaliadas cadelas submetidas a ovariohisterectomia eletiva. O método pelo qual serão obtidos os dados será a coleta de sangue seriada para avaliação de cortisol (indicador hormonal do grau de estresse do animal), hemograma completo e glicemia, a mensuração de parâmetros fisiológicos e comportamentais destes animais. Estes dados serão obtidos no ato da coleta de amostras de sangue para exames de risco cirúrgico, no pré-operatório imediato, e 4, 8, 12, 24, 36 e 48 horas após o procedimento cirúrgico. No caso dos animais pertencentes ao grupo controle, as avaliações serão realizadas nos mesmos tempos, antes da realização da ovariohisterectomia. A cirurgia apenas será realizada após a conclusão da obtenção dos dados do estudo. DESCONFORTOS, RISCOS E BENEFÍCIOS: Existe desconforto mínimo para o paciente, que será submetido a punção da veia jugular para coleta de sangue, que se justifica pela necessidade de monitoração dos exames para obtenção dos resultados buscados nesta pesquisa. Existem riscos inerentes ao procedimento cirúrgico de ovariohisterectomia, sendo estes a perda de sangue no transcirúrgico e/ou pós-cirúrgico, complicações anestésicas, infecção e/ou deiscência de ferida cirúrgica no pós-operatório e óbito. Estes riscos são minimizados pela realização prévia dos exames de risco cirúrgico e pela experiência da equipe, assim como pela monitoração e cuidados adequados. Além disso, são complicações pouco frequentes na rotina deste Hospital, exatamente devido aos cuidados citados. MÉTODOS ALTERNATIVOS EXISTENTES: Caso você não concorde com os termos desta pesquisa, o tratamento convencional será oferecido normalmente. FORMA DE ACOMPANHAMENTO E ASSISTÊNCIA: Caso sejam observadas alterações no exame clínico ou nos exames de risco cirúrgico, o tutor será informado e orientado e o animal

Universidade Federal de Minas Gerais Comitê de Ética no Uso de Animais - CEUA

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encaminhado para tratamento adequado no Hospital Veterinário. Quaisquer intercorrências no transcirúrgico e/ou pós-operatório serão avaliadas e tratadas por equipe qualificada neste Hospital. GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE SIGILO: Você será esclarecido (a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar, inclusive sobre a metodologia. Você é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é voluntaria e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de benefícios. O(s) pesquisador(es) ira(ão) tratar sua identidade e do seu animal de estimação, com padrões profissionais de sigilo. Os resultados dos exames clínicos e laboratoriais serão enviados para você e permanecerão confidenciais. Seu nome ou o material que indique sua participação não será liberado sem sua permissão. Você e seu animal de estimação não serão identificados em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Uma cópia deste consentimento informado será arquivada no Hospital Veterinário da UFMG e a outra será fornecida a você. CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO POR EVENTUAIS DANOS: A participação no estudo não acarretara nenhum custo adicional, exceto aquele necessário para o tratamento do paciente e não será disponível nenhuma compensação financeira adicional. Não estão previstos nenhuma forma de compensação ou indenização, caso o paciente ou proprietário sofra algum dano decorrente desta pesquisa. DELARACAO DO TUTOR OU RESPONSAVEL PELO PACIENTE: Eu, ___________________________________________, fui informado (a) dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada e esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações se assim o desejar. A professora orientadora Christina Malm certificou-me de que todos os dados desta pesquisa serão confidenciais. Também sei que caso existam gastos adicionais, estes serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa. Em caso de dúvidas, poderei chamar a mestranda Nathália Gonçalves de Santana ou a professora orientadora Christina Malm pelo telefone (31) 3409-2276 ou 3409-2235 ou o Comitê de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal de Minas Gerais, situado à Av. Antonio Carlos Magalhães, 6627, Pampulha, Belo Horizonte, MG. Declaro que concordo em participar deste estudo. Recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer minhas dúvidas. Nome Assinatura do Participante Data Nome Assinatura do Pesquisador Data Nome Assinatura da Testemunha Data

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Anexo 4: Dados individuais relativos aos indicadores objetivos séricos e parâmetros fisiológicos dos animais do grupo 1 (controle) (n=8)

ANIMAL TEMPO GLICEMIA CORTISOL FC FR TR PAS

1 T0 90,5 1,24 190 28 37,7 120

1 T1 99,95 4,07 60 40 36,9 114

1 T2 92,9 3,61 140 24 36,9 120

1 T3 87,7 3,91 88 40 37,6 90

1 T4 86,8 6,45 100 24 37,8 110

1 T5 90,75 6,21 80 28 37,7 100

1 T6 88,55 2,56 80 24 38,1 130

2 T0 85,7 5,41 140 28 38,2 140

2 T1 102,45 6,01 80 40 37 130

2 T2 88,65 5,78 140 37,3 150

2 T3 82,45 2,28 160 37,8 130

2 T4 91,45 5,37 160 24 38,1 120

2 T5 102,15 2,99 160 38,5 130

2 T6 91,5 3,48 160 38,2 130

3 T0 90,6 9,36 140 32 37,4 100

3 T1 97,95 2,11 120 32 38,3 140

3 T2 91,6 2,87 120 28 38 130

3 T3 98,5 8,89 120 32 38,3 140

3 T4 103,45 6,81 100 28 37,9 140

3 T5 106,05 6,35 124 36 38,6 140

3 T6 100,8 2,59 140 24 38,9 140

4 T0 94,1 11,62 160 38,6 140

4 T1 94,95 7,66 112 37,9 160

4 T2 87,7 10,21 100 36 38,4 180

4 T3 75,75 9,23 160 38,7 160

4 T4 98 7,85 144 28 38,6 110

4 T5 99,3 11,05 140 38,5 130

4 T6 101,3 9,81 120 38,6 200

5 T0 91,85 11,32 160 24 38,8 130

5 T1 87,35 3,88 80 38,3 140

5 T2 96,4 5,2 120 38,9 120

5 T3 99,85 5,77 120 36 38,8 110

5 T4 100 7,88 140 48 38,9 110

5 T5 97,2 3,87 120 39,2 120

5 T6 93,3 1,82 140 39 160

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6 T0 86,65 12,47 180 24 39 160

6 T1 93,75 3,14 100 32 38,3 100

6 T2 88,6 11,85 100 60 38,5 160

6 T3 76,1 11,88 120 28 38,5 130

6 T4 93,5 8,63 140 44 38,6 180

6 T5 103,55 8,05 120 40,1 180

6 T6 89,2 21,56 180 39,4 180

7 T0 101,5 13,95 140 20 38,4 130

7 T1 117,7 6,4 80 24 38 140

7 T2 102,2 3,11 140 28 38,7 160

7 T3 97,3 9,54 120 20 38,3 160

7 T4 108,4 10,94 160 24 38,3 220

7 T5 88,7 7,82 96 20 38,5 160

7 T6 106,2 11,85 120 20 38,3 170

8 T0 87 9,19 104 24 38,4 200

8 T1 107,2 3,75 104 28 37,9 140

8 T2 88,8 8,11 100 32 38,2 180

8 T3 88,85 6,9 104 32 38,7 180

8 T4 94,9 10,02 124 36 38,7 150

8 T5 87,7 9,97 120 24 38,1 200

8 T6 85 8,6 100 24 38,4 160

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Anexo 5: Dados individuais relativos aos indicadores objetivos séricos e parâmetros fisiológicos dos animais do grupo 2 (OVH) (n=7)

ANIMAL TEMPO GLICEMIA CORTISOL FC FR TR PAS

1 T0 97,4 6,95 140 38,8 190

1 T1 128 5,86 80 37,5 160

1 T2 96 5,16 80 32 38,5 110

1 T3 98,2 4,03 100 24 38,1 150

1 T4 85,3 2,83 100 28 38,7 160

1 T5 96,3 1,99 124 28 38,3 140

1 T6 104,6 3,05 160 38,7 160

2 T0 105 4,38 120 38,5 180

2 T1 118,1 6,17 104 24 37,3 200

2 T2 113,5 2,44 128 20 38,4 200

2 T3 97,2 2,26 92 20 38,4 180

2 T4 106 3,19 140 20 38,3 110

2 T5 102 2,11 120 16 37,9 96

2 T6 100,7 3,09 100 28 37,7 140

3 T0 93,4 2,87 120 38,6 160

3 T1 103,3 4,55 100 56 37,7 120

3 T2 104 2,72 100 36 38,2 180

3 T3 93,4 2,66 100 60 38,1 150

3 T4 96,9 3,08 120 38,3 140

3 T5 95,2 2,65 152 30 38,2 220

3 T6 104,3 1,86 160 64 38,4 140

4 T0 97 3,51 120 36 38,2 160

4 T1 113,7 3,58 100 40 36,7 160

4 T2 116,1 6,91 104 16 37,9 160

4 T3 122,3 5,91 100 24 37,8 140

4 T4 122 5,36 160 32 38,3 140

4 T5 117,35 3,45 100 36 38,1 170

4 T6 112,9 8,72 140 38,4 200

5 T0 97,9 9,87 200 36 38,2 160

5 T1 136,05 12,54 120 20 37,9 140

5 T2 120,4 4,89 160 20 37,7 200

5 T3 101,8 3,68 160 28 37,8 220

5 T4 87,35 3,24 140 20 38,3 200

5 T5 100,5 8,9 100 20 38,5 160

5 T6 86,75 4,26 160 28 38,3 180

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6 T0 87,4 8,01 100 32 38,9 130

6 T1 107 9,78 116 39 200

6 T2 93,05 5,86 112 36 38,4 170

6 T3 86,8 2,58 80 12 38,1 140

6 T4 98,5 6,19 100 12 38,2 120

6 T5 97,8 3,39 96 24 38,8 100

6 T6 95,85 2,61 108 20 38,1 120

7 T0 94,3 2,57 120 20 38,2 180

7 T1 118,6 7,16 92 20 37,4 160

7 T2 122,2 4,21 100 20 37,8 130

7 T3 104,9 2,91 120 24 37,8 170

7 T4 114,9 3,22 120 24 38,2 120

7 T5 103,9 3,53 140 20 38,1 180

7 T6 98,3 4,88 140 24 38,1 180

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Anexo 6: Dados individuais relativos às escalas VAS de dor e sedação, DS de dor e sedação, e escala de Glasgow modificada (EGM) dos animais do grupo 1 (controle) (n=8)

ANIMAL TEMPO VAS DOR

VAS SEDAÇÃO

DS DOR

DS SEDAÇÃO EGM

1 T0 0 0 1 1 4,3

1 T1 0 4,1 1 2 3,74

1 T2 0 0,4 1 2 2

1 T3 0 0 1 1 4,05

1 T4 0 0 1 1 0,95

1 T5 0 0 1 1 2,3

1 T6 0 0 1 1 5,49

2 T0 0 0 1 1 0,08

2 T1 0 2,1 1 2 3,6

2 T2 0 0,4 1 2 0,95

2 T3 0 0 1 1 1,25

2 T4 0 0 1 1 0,89

2 T5 0 0 1 1 2,06

2 T6 0 0 1 1 0,08

3 T0 0 0 1 1 5,87

3 T1 0 1,9 1 1 4,04

3 T2 0 0,3 1 1 3,86

3 T3 0 0 1 1 3,17

3 T4 0 0 1 1 3,42

3 T5 0 0 1 1 2,3

3 T6 0 0 1 1 1,25

4 T0 0 0 1 1 2,08

4 T1 0 1,4 1 2 3

4 T2 0 0 1 1 1,25

4 T3 0 0 1 1 3

4 T4 0 0 1 1 1,83

4 T5 0 0 1 1 1,83

4 T6 0 0 1 1 1,83

5 T0 0 0 1 1 4,86

5 T1 0 1,7 1 2 5,13

5 T2 0 0 1 1 1,25

5 T3 0 0 1 1 2,08

5 T4 0 0 1 1 1,83

5 T5 0 0 1 1 1,83

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5 T6 0 0 1 1 1,83

6 T0 0 0 1 1 6,53

6 T1 0 0,9 1 2 3,56

6 T2 0 0 1 1 4,3

6 T3 0 0 1 1 4,3

6 T4 0 0 1 1 2,45

6 T5 0 0 1 1 1,83

6 T6 0 0 1 1 1,83

7 T0 0 0 1 1 6,51

7 T1 0 0,6 1 2 4,8

7 T2 0 0 1 1 5,06

7 T3 0 0 1 1 4,67

7 T4 0 0 1 1 4,67

7 T5 0 0 1 1 4,67

7 T6 0 0 1 1 5,06

8 T0 0 0 1 1 5,87

8 T1 0 0,6 1 2 5,87

8 T2 0 0 1 1 5,48

8 T3 0 0 1 1 5,48

8 T4 0 0 1 1 5,87

8 T5 0 0 1 1 5,87

8 T6 0 0 1 1 5,87

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Anexo 7: Dados individuais relativos às escalas VAS de dor e sedação, DS de dor e sedação, e escala de Glasgow modificada (EGM) dos animais do grupo 2 (OVH) (n=7)

ANIMAL TEMPO VAS DOR

VAS SEDAÇÃO

DS DOR

DS SEDAÇÃO EGM

1 T0 0 0 1 1 1,83

1 T1 4,3 0,5 3 1 5,6

1 T2 0,6 0 2 1 0,08

1 T3 0,3 0 2 1 0,08

1 T4 0,3 0 2 1 0,08

1 T5 0,3 0 1 1 0,08

1 T6 0,2 0 1 1 0,08

2 T0 0 0 1 1 3,17

2 T1 4,7 2,2 3 2 5,94

2 T2 1,9 1,3 2 2 1,74

2 T3 1,2 1,1 2 1 0,08

2 T4 0,9 0 2 1 0,08

2 T5 0,6 0 1 1 0,08

2 T6 0,2 0 1 1 0,08

3 T0 0 0 1 1 3,09

3 T1 3,6 1 3 2 4,96

3 T2 2,3 0,3 2 1 1,7

3 T3 1,4 0 2 1 0,91

3 T4 0,6 0 2 1 0,08

3 T5 0 0 1 1 0,91

3 T6 0 0 1 1 0,08

4 T0 0 0 1 1 0,08

4 T1 4,6 1,3 3 2 2,89

4 T2 5,3 0,9 3 2 1,2

4 T3 5,8 0 3 1 1,46

4 T4 2,7 0 2 1 0,89

4 T5 0,7 0 2 1 0,91

4 T6 0,2 0 2 1 0,08

5 T0 0 0 1 1 5,06

5 T1 3,8 1,7 3 2 5,8

5 T2 3,9 0,7 2 1 5,8

5 T3 3 0 2 1 4,99

5 T4 3,1 0 2 1 4,8

5 T5 1,1 0 1 1 0,95

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5 T6 0,5 0 1 1 0,95

6 T0 0 0 1 1 5,06

6 T1 2 1,2 2 2 5,13

6 T2 3 0,5 2 2 4,92

6 T3 1,9 0 2 1 4,04

6 T4 1,8 0 2 1 4,04

6 T5 0,6 0 2 1 1,21

6 T6 0,3 0 1 1 0,08

7 T0 0 0 1 1 4,37

7 T1 3,1 1,7 2 2 5,15

7 T2 3,1 0,6 2 2 4,8

7 T3 1,9 0,9 2 1 2,87

7 T4 0,7 0 2 1 0,08

7 T5 0,4 0 1 1 0,08

7 T6 0,2 0 1 1 0,08