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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO ISABELLE DA SILVA FERREIRA CONDIÇÕES HIGIÊNICOSSANITÁRIAS NA COMERCIALIZAÇÃO DE CARNE BOVINA EM MERCADOS PÚBLICOS NAS CIDADES DE LIMOEIRO E VITÓRIA DE SANTO ANTÃO - PE Vitória de Santo Antão 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · 2019. 10. 26. · TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Bacharelado ... Salmos 28:7 . RESUMO ... Com o presente

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

    CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA

    CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO

    ISABELLE DA SILVA FERREIRA

    CONDIÇÕES HIGIÊNICOSSANITÁRIAS NA COMERCIALIZAÇÃO DE CARNE

    BOVINA EM MERCADOS PÚBLICOS NAS CIDADES DE LIMOEIRO E VITÓRIA

    DE SANTO ANTÃO - PE

    Vitória de Santo Antão

    2018

  • ISABELLE DA SILVA FERREIRA

    CONDIÇÕES HIGIÊNICOSSANITÁRIAS NA COMERCIALIZAÇÃO DE CARNE

    BOVINA EM MERCADOS PÚBLICOS NAS CIDADES DE LIMOEIRO E VITÓRIA

    DE SANTO ANTÃO - PE

    Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Graduação em Nutrição do Centro Acadêmico de Vitória da Universidade Federal de Pernambuco em cumprimento a requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição, sob orientação da Professora Dra. Erilane de Castro Lima Machado.

    Vitória de Santo Antão

    2018

  • Catalogação na fonte Sistema de Bibliotecas da UFPE – Biblioteca Setorial do CAV.

    Bibliotecária Fernanda Bernardo Ferreira, CRB4-2165

    F383c Ferreira, Isabelle da Silva.

    Condições higiênicossanitárias na comercialização de carne bovina em mercados públicos nas cidades de Limoeiro e Vitória de Santo Antão- PE./ Isabelle da Silva Ferreira. - Vitória de Santo Antão, 2018.

    58 folhas.; tab. Orientadora: Erilane de Castro Lima Machado.

    TCC (Graduação) – Universidade Federal de Pernambuco, CAV, Bacharelado em Nutrição, 2018.

    1. Condições Sanitárias. 2. Carne Bovina. 3. Saneamento de Mercados. 4. Comércio varejista. I. Machado, Erilane de Castro Lima (Orientadora). II. Título.

    664. 929 CDD (23.ed.) BIBCAV/UFPE-118/2018

  • Folha de aprovação

    Nome do aluno (a): Isabelle da Silva Ferreira

    Título: Condições higiênicossanitárias na comercialização de carne bovina em

    mercados públicos nas cidades de Limoeiro e Vitória de Santo Antão - PE

    Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

    Colegiado do Curso de Graduação em Nutrição do

    Centro Acadêmico de Vitória da Universidade

    Federal de Pernambuco em cumprimento a

    requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel

    em Nutrição

    Data: 19/07/2018

    Nota:

    Banca Examinadora:

    ____________________________________

    Profª. Drª.Christine Lamenha Luna Finkler ( Membro interno)

    Universidade Federal de Pernambuco

    ____________________________________

    Profª. Drª. Silvana Gonçalves Brito de Arruda ( Membro interno)

    Universidade Federal de Pernambuco

    ____________________________________

    Nutricionista Dayse de Melo Santos (Membro externo)

  • Aos meus avós maternos e paternos, meus pais, irmãos e a todos os amigos

    que estiveram comigo ao longo desses anos.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeço em primeiro lugar a Deus, por me possibilitar chegar até aqui e por

    todas as bênçãos alcançadas ao longo de minha vida.

    Aos meus pais, Sr. Ramiro e Dona Severina por não medirem esforços para

    me ajudar e dar conforto nos momentos mais difíceis, além de sempre lutarem para

    oferecer o melhor para mim e meus irmãos.

    A minha querida irmã Daniele e meu irmão José, a meus amigos de infância

    Teresinha, Lucas, Bárbara e Caio, e ao meu grande amigo e namorado Leonardo,

    pelo apoio.

    Agradeço também a duas amigas que conheci durante a graduação, Andreza

    e Renata, pois estar ao lado delas tornou os últimos quatro anos ainda mais

    especiais.

    A minha orientadora, Professora Dra. Erilane Machado, por toda ajuda para

    elaboração deste trabalho.

    Aos participantes desta pesquisa e a todos aqueles que colaboraram direta ou

    indiretamente para sua realização.

    Por fim, agradeço a todos os Mestres do Núcleo de Nutrição do Centro

    Acadêmico de Vitória, que contribuíram para minha formação profissional.

  • O Senhor é a minha força e o meu escudo;

    Nele o meu coração confia, e dele recebo ajuda.

    Meu coração exulta de alegria,

    e com o meu cântico lhe darei graças.

    Salmos 28:7

  • RESUMO

    Os mercados são um dos principais meios de comércio de carne bovina e embora

    existam normas relacionadas às Boas Práticas de Fabricação e requisitos sobre

    condições higiênicossanitárias para estabelecimentos produtores e

    industrializadores de alimentos ainda não existe legislação específica para esse tipo

    de comércio, exceto por raras leis municipais. Com o presente estudo, objetivou-se

    verificar as condições higiênicossanitárias na comercialização de carne bovina em

    mercados públicos localizados nos municípios de Limoeiro e Vitória de Santo Antão,

    Pernambuco, Brasil. Para realização da pesquisa foi adaptado um checklist com

    base em resoluções vigentes dos Ministérios da Agricultura e Saúde, de forma a

    verificar conformidades em relação à área física, equipamentos, utensílios e móveis,

    instalação hidráulica, instalações sanitárias e vestiários para os manipuladores,

    transporte e armazenamento, produtos para venda, manipuladores, coletores de

    resíduos, sistema de esgoto e documentos. Os resultados obtidos apontaram que

    100% (14) das unidades comerciais participantes foram classificadas no grupo 3,

    com grau de conformidade nas categorias avaliadas variando de 19,14% a 29,78% e

    de 25,53% a 46,8% nos municípios de Limoeiro - PE e Vitória de Santo Antão - PE,

    respectivamente. O sistema de esgoto foi a única categoria cujos requisitos estavam

    em conformidade em todas as unidades em ambos os municípios. Identificou-se

    ainda o atendimento as exigências por todas as unidades nas instalações hidráulicas

    apenas em Vitória de Santo Antão. Enquanto no município de Limoeiro as

    instalações hidráulicas e sanitárias foram as categorias em que todas as unidades

    não atenderam a nenhuma das exigências. As segundas maiores frequências de

    não conformidade em ambos os municípios foram verificadas para área física e

    manipuladores. Concluiu-se que os mercados públicos apresentam um grau elevado

    de não conformidade, considerando que as unidades avaliadas não atingiram um

    percentual de conformidade satisfatório, o que agrava as condições de trabalho dos

    manipuladores sem a devida capacitação para manipulação de alimentos. Isto põe

    em risco a qualidade sanitária das carnes comercializadas e a saúde do consumidor.

    Palavras-Chave: Carne bovina. Comercialização. Condições sanitárias. Mercados

    públicos.

  • ABSTRACT

    Markets are one of the main means of trade in beef and although there are standards

    related to Good Manufacturing Practices and requirements on hygienic and sanitary

    conditions for food producing and processing establishments there is still no specific

    legislation for this type of trade except for rare municipal laws. The objective of this

    study was to verify hygienic and sanitary conditions in the commercialization of beef

    in public markets located in the municipalities of Limoeiro and Vitória de Santo Antão,

    Pernambuco, Brazil. To carry out the research, a checklist was adapted based on the

    current resolutions of the Ministries of Agriculture and Health, in order to verify

    compliance with the physical area, equipment, utensils and furniture, hydraulic

    installation, sanitary facilities and changing rooms for manipulators, transportation

    and storage, products for sale, manipulators, waste collectors, sewage system and

    documents. The results showed that 100% (14) of the participating commercial units

    were classified in group 3, with a degree of conformity in the evaluated categories

    ranging from 19.14% to 29.78% and from 25.53% to 46.8% in the municipalities of

    Limoeiro - PE and Vitória de Santo Antão - PE, respectively. The sewage system

    was the only category whose requirements were in compliance in all units in both

    municipalities. It was also identified the compliance with the requirements for all the

    units in the hydraulic facilities only in Vitória de Santo Antão. While in the municipality

    of Limoeiro the hydraulic and sanitary facilities were the categories in which all the

    units did not meet any of the requirements. The second highest frequencies of

    nonconformity in both municipalities were verified for physical area and manipulators.

    It was concluded that the public markets have a high degree of non-compliance,

    considering that the units evaluated did not reach a satisfactory compliance

    percentage, which aggravates the working conditions of the manipulators without

    proper qualification for food handling. This endangers the health status of the meat

    marketed and the health of the consumer.

    Keywords: Beef. Marketing. Sanitary conditions. Public markets.

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela1 – Número de itens abordados por categoria do checklist usado para avaliar

    as unidades comerciais de Limoeiro - PE e Vitória de Santo Antão - PE que

    comercializam carnes bovinas em mercados públicos..............................................27

    Tabela 2 – Percentual de não conformidade por categoria nas unidades comerciais

    de Limoeiro - PE ........................................................................................................29

    Tabela 3 – Classificação das unidades comerciais de Limoeiro - PE de acordo com o

    percentual de itens adequados..................................................................................30

    Tabela 4 – Percentual de não conformidade por categoria nas unidades comerciais

    de Vitória de Santo Antão - PE...................................................................................31

    Tabela 5 – Classificação das unidades comerciais de Vitória de Santo Antão - PE de

    acordo com o percentual de itens adequados...........................................................32

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    ABIEC Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne

    ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

    BPF Boas Práticas de Fabricação

    DIPOA Departamento de Inspeção de Origem Animal

    DVA Doenças Veiculadas por Alimentos

    EPI Equipamentos de Proteção Individual

    GMP Good Manufactures Pratices

    MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

    OMS Organização Mundial de Saúde

    SIF Serviço de Inspeção Federal

    TEC Toneladas Equivalente Carcaça

  • SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 11

    2 OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 14

    3 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................................. 15

    4 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................................ 16

    4.1 Aspectos nutricionais e de qualidade da carne bovina ...................................................... 16

    4.2 Produção e consumo de carne bovina no Brasil ................................................................ 18

    4.3 Boas Práticas de Fabricação ................................................................................................. 19

    4.4 Perigos alimentares e Doenças veiculadas por alimentos ................................................ 20

    4.5 Legislações ............................................................................................................................... 23

    5 MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................................. 25

    5.1 Tipo de pesquisa / Área de Estudo / Amostra ..................................................................... 25

    5.2 Aspectos éticos: ....................................................................................................................... 25

    5.3 Instrumentos ............................................................................................................................. 26

    6 RESULTADOS ................................................................................................................................ 29

    7 DISCUSSÃO .................................................................................................................................... 34

    8 CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 39

    REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 40

    APÊNDICE A – Checklist.............................................................................................................. 46

    APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre Esclarecido ................................................. 53

    ANEXO A – Parecer consubstanciado do CEP ........................................................................ 56

  • 11

    1 INTRODUÇÃO

    A carne bovina é uma importante fonte de proteína animal na dieta do ser

    humano, sendo considerada um alimento nobre por apresentar nutrientes

    fundamentais na regulação de processos fisiológicos (SILVA et al., 2011 apud

    SILVESTRE et al., 2014). Dentre os aspectos nutricionais da carne, pode ser citado

    seu rico teor de proteína com alto valor biológico, presença de ácidos graxos

    essenciais, todas as vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), vitaminas do complexo B

    presentes em grande quantidade e minerais essenciais como ferro, potássio, sódio,

    magnésio e zinco (OLIVEIRA et al., 2013).

    Por possuir elevada atividade de água, composição rica em nutrientes e pH

    favorável, a carne bovina pode vir a ser um excelente meio de cultura para o

    crescimento de microrganismos com potencialidade de provocar efeitos nocivos à

    saúde (MATOS et al., 2012). Várias condições podem propiciar a proliferação de

    microrganismos na carne como a falha no controle da higiene durante o abate do

    animal, a inadequação de tempo e temperatura de estocagem nos pontos de venda

    e varejo, falhas na higienização dos equipamentos e o excesso de manipulação

    (MARQUES, 2009 apud GOMES et al., 2016).

    Quando contaminada a carne bovina pode veicular doenças, representando

    ameaça à saúde da população que a consumir. Segundo o Ministério da Saúde

    (BRASIL, 2017b), uma Doença veiculada por alimentos (DVA) é uma síndrome

    geralmente constituída de anorexia, náuseas, vômitos, e/ou diarreia, acompanhada

    ou não de febre, relacionada à ingestão de alimentos ou água contaminados. A DVA

    pode dar origem a surtos, caracterizados por um episódio onde duas ou mais

    pessoas apresentem sintomas semelhantes após ingerir alimentos ou água

    contaminados do mesmo local no mesmo período (SANTOS et al., 2017c).

    As ocorrências de DVA têm aumentado de forma significativa ao nível

    mundial, sendo considerada um problema de saúde pública (SANTOS et al., 2017c).

    Segundo dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2017b), foram registrados no

    Brasil 543 surtos de doenças veiculadas por alimentos em 2016, 19,3% a menos

    que em 2015 onde foram registrados 673 casos.

  • 12

    Com relação aos alimentos incriminados nos surtos de DVA, 57,1% foram

    ignorados e 9,3% inconclusivos, o que demonstra uma dificuldade em identificar qual

    alimento causou o surto. Na estatística supracitada, a carne bovina aparece em

    2,1% dos casos, sendo os alimentos mistos os que apresentam maior envolvimento

    nos casos (8,6%) (BRASIL, 2017b).

    Existem diversas normatizações no Brasil a respeito da qualidade

    higienicossanitária dos alimentos. Dentre as legislações relacionadas às Boas

    Práticas de Fabricação (BPF) está a Portaria SVS/MS nº 1.428/1993, que dispõe

    sobre diretrizes gerais para o estabelecimento de Boas Práticas de Produção e

    Prestação de Serviços na área de alimentos; a Portaria SVS/MS nº 326/1997 que

    estabelece requisitos gerais sobre as condições higiênico-sanitárias e de Boas

    Práticas de Fabricação para estabelecimentos produtores/industrializadores de

    alimentos e a Resolução RDC nº 275/2002 complementar à portaria anterior, que

    introduz o controle contínuo das Boas Práticas de Fabricação e os Procedimentos

    Operacionais Padronizados bem como harmonização das ações de inspeção

    sanitária por meio de instrumento genérico de verificação das BPF (BRASIL, 1993,

    1997, 2002).

    Segundo Andrade (2014) entre os principais atuantes na distribuição da carne

    no setor de varejo estão os hipermercados, os grandes e pequenos mercados, as

    casas de carne e os açougues havendo um fortalecimento dos hiper e

    supermercados nesse tipo de comércio. Apesar de não existir legislação específica

    para comercialização de carnes em mercados essa prática pode ser guiada pela

    RDC nº 275/2002 e pela RDC nº 216/2004 da Agência Nacional de Vigilância

    Sanitária (ANVISA) (BRASIL, 2002, 2004).

    Estudos realizados por Costa et al. (2013), Rodrigues et al. (2017) e Velho et

    al., (2015), em minimercados de Recife - PE, estabelecimentos comercializadores de

    carne em Bom Jesus - PI e supermercados e mercados públicos de Mossoró - RN,

    respectivamente, demonstraram que grande parte dos estabelecimentos

    participantes apresentavam percentual de conformidade em desacordo com o

    preconizado com as legislações em vigor.

    Diante do exposto, faz-se necessário o desenvolvimento de mais pesquisas

    que busquem demonstrar a real situação das condições de comercialização da

  • 13

    carne bovina em mercados púbicos, a fim de que haja uma fiscalização mais

    rigorosa, bem como elaboração e implementação de leis direcionadas a essa

    prática.

  • 14

    2 OBJETIVOS

    2.1 Geral

    Avaliar as condições higiênicossanitárias na comercialização da carne bovina

    em mercados públicos nas cidades de Limoeiro e Vitória de Santo Antão - PE.

    2.2 Específicos

    Adaptar checklist para avaliação de mercados públicos quanto às condições

    higiênicossanitárias na comercialização de carnes bovinas.

    Verificar as conformidades em mercados públicos nos municípios de Limoeiro

    e Vitória de Santo Antão - PE na comercialização de carne bovina.

  • 15

    3 JUSTIFICATIVA

    A segurança alimentar é um assunto bastante abordado nos dias atuais, isso

    por que frequentemente a mídia noticia casos relacionados a ameaças à inocuidade

    de alimentos (RODRIGUES et al., 2017). Diante de elevados casos de surtos de

    Doenças veiculadas por alimentos (DVA), faz-se imprescindível a existência de

    normas que regulamentem práticas higiênicossanitárias adequadas para garantia do

    fornecimento de alimentos cada vez mais seguros à população.

    No Brasil já existem normas relacionadas às Boas Práticas de Fabricação

    (BPF) e requisitos sobre condições higiênicossanitárias para estabelecimentos

    produtores e industrializadores de alimentos, e na manipulação de alimentos em

    unidades de alimentação, contudo, ainda não existe uma norma especifica para a

    comercialização de carnes em mercados públicos.

    A carne é considerada um alimento altamente perecível devido a sua

    composição, sendo importante que haja uma correta manipulação e

    acondicionamento a fim de preserva-la para evitar a ocorrência de surtos por DVA

    (LUZ et al., 2017). Segundo Rodrigues et al. (2017), o número de casos por DVA é

    mais elevado em cidades interioranas, o que pode ser explicado pelo fato da

    fiscalização nessas cidades ser mais negligenciada. Acrescenta-se a isto o grau de

    conhecimento dos comerciantes sobre manipulação adequada de alimentos e os

    riscos envolvidos.

    Dessa forma, é importante que sejam levantados dados visando discussões a

    respeito das condições higiênicossanitárias de carnes comercializadas em mercados

    públicos e a devida divulgação do conhecimento gerado, seja no meio acadêmico

    como além das fronteiras da universidade, buscando contribuir de forma positiva

    com a diminuição de surtos de Doenças veiculadas por alimentos.

  • 16

    4 REVISÃO DA LITERATURA

    4.1 Aspectos nutricionais e de qualidade da carne bovina

    A carne bovina é considerada um alimento de alto valor nutricional e está

    entre as principais fontes de proteína, por ter em seus componentes uma maior

    proporção de fibras musculares, fornecendo aminoácidos importantes envolvidos em

    praticamente todas as funções fisiológicas do organismo (COSTA et al., 2002;

    MARTINELLI, 2011).

    Além das proteínas, a gordura, as vitaminas e os minerais estão entre os

    principais constituintes de interesse nutricional da carne (BURIN et al., 2016). Em

    geral, a carne bovina magra é constituída por aproximadamente 75% de água, 22%

    de proteína, 1% de gordura, 1% de minerais e menos de 1% de carboidratos (LEME,

    2015). Essa composição química pode ser variável, especialmente no que diz

    respeito aos lipídeos, onde a natureza e a quantidade armazenada no músculo

    dependem das condições de alimentação, digestão, absorção intestinal,

    metabolismo hepático e sistema de transporte dos mesmos (MARTINELLI, 2011).

    Os lipídeos presentes na carne encontram-se armazenados de três formas:

    extracelulares e intermusculares, que podem ser observados na superfície da carne

    e intramusculares que fazem parte do tecido que constitui os músculos na forma de

    fibras (SANTOS, 2015). A gordura intramuscular é constituída basicamente por 20

    ácidos graxos, com 16 a 18 átomos de carbono de diferentes graus de saturação,

    onde 45% são ácidos graxos saturados, 50% monoinsaturados, 5% de cadeia ímpar

    e ácidos graxos poli-insaturados em pequenas quantidades (PINHO et al., 2011).

    Os carboidratos são escassos no organismo animal, as carnes apresentam

    principalmente glicogênio e também dispõem de açúcares livres, especialmente

    glicose e frutose independentes de maltose e ribose (OLIVEIRA et al., 2013).

    Com relação aos micronutrientes, há presença de todas as vitaminas

    lipossolúveis (A, D, E e K), hidrossolúveis do complexo B (tiamina, riboflavina,

    nicotinamida, piridoxina, ácido pantotênico, ácido fólico, niacina, cobalamina e

    biotina), e vitamina C em menor quantidade (SILVA, 2013). Dentre as vitaminas, as

    que se apresentam em maior teor são as do complexo B, com destaque para a B12

  • 17

    (cobalamina), encontrada somente em produtos de origem animal, que atuam nas

    funções neurológicas e são essenciais ao crescimento e maturação do corpo

    (OLIVEIRA et al., 2013; MENEZES, 2010). O ferro e o zinco destacam-se entre os

    minerais presentes na carne (CAMARGO et al., 2008). Cerca de 50% do teor de

    ferro existente está na forma heme, cuja biodisponibilidade varia de 15% a 35%

    (LEME, 2015). Este é um mineral essencial para o transporte de oxigênio, síntese de

    DNA e metabolismo energético, e sua deficiência acarreta consequências para todo

    o organismo tendo como manifestação mais relevante a anemia (GROTTO, 2008). O

    zinco se faz importante para o crescimento e a falta deste mineral afeta mais de 60

    enzimas do corpo, prejudicando os processos metabólicos (SARCINELLI et al.,

    2007).

    A definição de qualidade da carne é um exercício complexo, pois seu conceito

    é multifacetado, onde, em um primeiro ponto de vista a qualidade pode ser

    considerada como produto da mente do consumidor, sendo associada diretamente

    ao consumo, já em outro extremo considera-se que a qualidade é objetivamente

    definida, tendo apenas os atributos cientificamente mensuráveis considerados

    atributos de qualidade (LIMA JÚNIOR et al., 2011). Logo, a qualidade da carne pode

    ser avaliada tanto por características físicas, químicas e microbiológicas, quanto por

    atributos que satisfazem a necessidade do consumidor (SARCINELLI et al., 2007).

    O consumidor costuma avaliar a qualidade da carne a partir da cor do

    músculo e gordura de cobertura, em seguida por aspectos que envolvem o

    processamento como perda de líquidos no descongelamento e cocção, e por fim as

    características de palatabilidade, suculência e maciez (COSTA et al., 2002). A cor

    que prevalece sobre a carne é a vermelho brilhante, decorrente da predominância

    da oximioglobina, sendo considerada ideal pela maioria dos consumidores, que a

    associam ao frescor (SOARES et al., 2017). A palatabilidade é mensurada pela

    maciez, que é determinada por outros fatores intrínsecos ao animal, como idade,

    sexo, tipo de alimentação e quantidade de deposição de gorduras (MESQUITA,

    2014). A maciez, um dos parâmetros mais relevantes para o consumidor, é definida

    através da proporção do tecido conectivo existente no músculo e influenciada pelo

    rigor mortis, devido a processos bioquímicos e enzimáticos decorrentes no tecido

    muscular no período post mortem (SARCINELLI et AL., 2007). A suculência está

    ligada a liberação de líquidos pela carne nos primeiros movimentos mastigatórios e é

  • 18

    mantida pelo teor de gordura presente na carne que estimula a salivação e lubrifica

    o bolo mastigatório (OLIVEIRA et al., 2013).

    Outro aspecto relacionado à qualidade da carne é o pH. Este apresenta papel

    decisivo na qualidade exibida, já que influencia características às quais os

    consumidores dão bastante ênfase como cor, textura e suculência (ARANTES,

    2014). Na carne de bovinos recentemente abatidos o pH varia entre 6,5 e 6,8

    podendo atingir até 7,2 e cai rapidamente, até alcançar um valor final de 5,6 a 5,8

    após 48 horas do abate, sendo capaz de aumentar lentamente devido a autólise e

    desenvolvimento bacteriano (RODRIGUES, 2016). Caso haja uma deficiência de

    glicogênio e o pH permaneça acima de 6,2 após 24 horas tem-se indício de uma

    carne tipo DFD (dark, firm and dry, que significa escura, consistente e não

    exsudativa), sendo este um problema causado pelo estresse crônico antes do abate

    que esgota os níveis de glicogênio (ALVES et al., 2005). Outro problema que ocorre,

    devido ao estresse sofrido pelo animal momentos antes do abate, é a diminuição

    drástica do pH da carne em velocidade bastante significativa, promovendo o

    desenvolvimento da carne tipo PSE (pale, soft and exudative que significa pálida,

    mole e exsudativa), sendo está pouco observada em bovinos (PELICANO & PRATA,

    2007 apud SILVA, 2017).

    4.2 Produção e consumo de carne bovina no Brasil

    Grande parte do Brasil possui clima e topografia favoráveis à produção de

    carne bovina (SANTOS, 2017b). Historicamente a pecuária de corte brasileira se

    desenvolveu pela expansão da fronteira agrícola incorporando novas áreas não

    cultiváveis ao seu sistema de produção, no entanto, ao fim do século passado

    iniciou-se uma mudança de postura e direcionamento de esforços para elevar a

    eficiência do processo produtivo sem aumentar a expansão das áreas com esse tipo

    de criação (RODRIGUES, 2011).

    A produção nacional de carne bovina vem crescendo em taxas maiores que

    no passado, sendo a expansão e consolidação explicadas pela difusão da avançada

    tecnologia nas áreas de genética, nutrição, manejo e sanidade, o que transformou a

    pecuária nacional numa atividade desenvolvida (ZEN et al., 2008).

  • 19

    Com a expansão de novas tecnologias que visam ao aumento da

    produtividade, os chamados confinamentos ou semi-confinamentos, que são

    sistemas intensivos de produção, cresceram em algumas regiões (ZEN et al., 2008).

    O confinamento bovino é um método de criação em currais, onde é ofertada uma

    alimentação balanceada tendo em vista maior ganho de peso em curto espaço de

    tempo (OLIVEIRA et al., 2017). Está prática agrícola é mais adotada nos estados

    desenvolvidos, devido ao alto valor da terra, enquanto que os estados menos

    desenvolvidos utilizam mais as técnicas de pastejo em grandes áreas (SANTOS,

    2017b). O uso exclusivo de pastagens na produção pecuária tem propensão a limitar

    a expressão do potencial genético do rebanho, podendo resultar em baixa

    produtividade de peso vivo por hectare, o que exige um longo tempo de pastejo para

    um acabamento adequado da carcaça (RODRIGUES, 2011).

    O consumo de carne bovina é um hábito consolidado no Brasil, onde o

    principal mercado desta indústria é interno, podendo este ser dividido em dois

    grupos: um formado por consumidores de baixa renda, preocupados com a

    quantidade a ser consumida e o preço, e o outro formado por consumidores de alto

    poder aquisitivo, preocupados com a qualidade do produto (ZEN et al., 2008).

    Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne

    (ABIEC), em 2016 o rebanho bovino brasileiro de 219 milhões de cabeças produziu

    9,14 milhões de toneladas equivalente carcaça (TEC), com um abate de 36,9

    milhões de cabeças. Das 9,14 milhões de toneladas produzidas, cerca de 20%

    foram exportadas e 80% abasteceram o mercado interno, o que garantiu um

    consumo de cerca de 36 quilos de carne bovina por habitante (ABIEC, 2017).

    4.3 Boas Práticas de Fabricação

    Dentre as ferramentas mais utilizadas na gestão de qualidade por empresas

    do agronegócio está as Boas Práticas de Fabricação (BPF) (BALBINOT, 2014).

    Conhecida internacionalmente como Good Manufactures Pratices (GMP), as BPF

    são um conjunto de princípios, regras e procedimentos que regem o correto

    manuseio de alimentos e abrangem desde a matéria-prima até o produto final

    (COSTA et al., 2012). São requisitos importantes para garantir a segurança e

  • 20

    qualidade dos alimentos, com reflexos na saúde do consumidor (MEDEIROS et al.,

    2015). Estão entre os sistemas mais reconhecidos e de boa resposta para obtenção

    de um alimento seguro e conferem educação e qualificação nos aspectos de

    higiene, desinfecção e disciplina operacional (VERONEZI; CAVEIÃO, 2015).

    Os aspectos abrangidos nas BPF vão desde normas de construção

    específicas, a fim de prevenir entrada de pragas e facilitar a manutenção de higiene

    das instalações, até os cuidados no cadastramento de fornecedores de matéria-

    prima, em seu recebimento, estocagem, manuseio, elaboração e distribuição de

    produtos (OLIVEIRA, 2014). O treinamento em BPF é de grande importância para

    todos os manipuladores de alimentos, onde estes devem ser orientados e treinados

    sobre os cuidados na aquisição, acondicionamento, manipulação, conservação e

    exposição à venda dos alimentos, além da estrutura física do local de manipulação,

    a fim de que a qualidade sanitária do alimento não esteja em risco pelos perigos

    alimentares (BOAVENTURA et al., 2017). As BPF se aplicam a toda pessoa física ou

    jurídica que possua ao menos um estabelecimento ou indústria, onde sejam

    realizadas atividades como produção, industrialização e manipulação,

    fracionamento, armazenamento ou transporte de produtos (OLIVEIRA, 2014).

    A adoção das tecnologias de BPF em produção e processamento de carne é

    recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 1985, tendo como

    objetivo aumentar o controle sanitário com eliminação ou diminuição de perigos

    microbiológicos, químicos e parasitários (PINTO, 2008 apud RODRIGUES, 2016).

    4.4 Perigos alimentares e Doenças veiculadas por alimentos

    Os perigos alimentares podem ser compreendidos por contaminações ou

    agentes de natureza física, química ou microbiológica que são capazes de tornar um

    alimento não seguro para consumo (SANTOS et al., 2010). Os perigos físicos

    geralmente são provenientes de sistemas de colheita mecanizada, práticas

    incorretas de higiene dos manipuladores ou falhas na conservação das

    infraestruturas, equipamentos e outros materiais em contato com os gêneros

    alimentícios (AMARAL; OLIVEIRA, 2013).

  • 21

    Como perigos físicos, podem ser citados: pregos, pedaços de plásticos,

    fragmentos de ossos, pedaços de vidro, pedras, fragmentos de utensílios utilizados

    na preparação do alimento, fragmentos de embalagens, entre outros (SOUZA, 2006

    apud SANTOS et al., 2010).

    Dentre os perigos biológicos destacam-se bactérias, fungos, vírus, toxinas

    microbianas e parasitas patogênicos, enquanto os perigos químicos referem-se a

    pesticidas, herbicidas, antibióticos, promotores de crescimento, aditivos alimentares

    tóxicos, tintas, material de limpeza, etc. (ORMENSE et al., 2009). Entre os perigos

    alimentares, os biológicos são a principal causa de contaminação dos alimentos e os

    manipuladores constituem a origem do problema (SANTOS et al., 2010).

    A Doença Veiculada por Alimentos (DVA) é definida pelo Ministério da Saúde

    como uma síndrome geralmente constituída de anorexia, náuseas, vômitos e/ou

    diarreia, acompanhada ou não de febre, relacionada à ingestão de alimentos ou

    água contaminada (BRASIL, 2017). Em grande parte dos casos de DVA a duração

    dos sintomas pode variar de poucas horas até mais de cinco dias, a depender do

    estado físico do indivíduo, tipo de microrganismo ou toxina ingerida e suas

    quantidades no alimento (OLIVEIRA et al., 2010).

    A DVA pode dar origem a surtos, e é identificada quando duas ou mais

    pessoas apresentam, em determinado intervalo de tempo, sinais e sintomas

    semelhantes após ingestão de um mesmo alimento (MARINHO et al., 2015). O

    número de casos de doenças relacionadas ao consumo de alimentos contaminados

    cresce anualmente, no entanto a maioria não é notificada, visto que muitos

    organismos patogênicos presentes nos alimentos manifestam sintomatologia

    branda, fazendo com que o indivíduo afetado não busque auxílio médico (MARCHI

    et al., 2011 apud HANGUI et al., 2015).

    Segundo a ONU (2015), 10% da população global adoece todos os anos por

    consumir alimentos contaminados, sendo este problema causado pelo consumo de

    carne crua ou mal passada, ovos, vegetais ou produtos derivados do leite

    contaminados por norovírus, Salmonella e E. coli. O risco de DVA é maior em

    países de baixa e média renda, pelo fato das comidas serem preparadas utilizando-

    se água contaminada, com pouca higiene e condições inadequadas de produção e

  • 22

    armazenamento, além de baixo nível de educação e ausência de leis suficientes

    para garantir a segurança alimentar (ONU, 2015).

    No Brasil, quase metade dos surtos alimentares ocorrem na região Sudeste,

    compreendendo 43,8% dos casos notificados, tal dado pode estar relacionado ao

    fato da região contar com um maior nível de notificação e registro (SOUZA, 2017).

    Entre os alimentos incriminados nos surtos de DVA, a carne bovina aparece em

    2,1% dos casos, sendo os alimentos mistos os maiores envolvidos com 8,6% dos

    casos (BRASIL, 2017).

    O consumo de carnes contaminadas é tido como um veículo importante de

    aquisição de doenças, onde as consequências à saúde humana são variáveis e

    dependem de sua natureza, estágio de tratamento, idade do indivíduo,

    susceptibilidade individual, patogenicidade do agente e número de microrganismos

    ingeridos (NASCIMENTO et al., 2014). As bactérias patogênicas mais comuns à

    carne bovina são Escherichia coli, Clostridium perfringens, Staphylococcus aureus e

    Salmonella spp. (MARCHI, 2012 apud RODRIGUES, 2016).

    A principal via de transmissão da Escherichia coli é através do consumo de

    alimentos contaminados, direta ou indiretamente, por fezes bovinas, sendo o bovino

    considerado reservatório natural da EHEC (Escherichia coli entero-hemorrágica),

    uma das classes de E. coli considerada patogênica, motivo pelo qual alimentos de

    origem animal, em especial a carne bovina, parecem ser o principal veículo desse

    patógeno (KASNOWSKI, 2004).

    Clostridium perfringens é uma bactéria anaeróbica e formadora de esporos,

    representante mais característica do grupo dos sulfito-redutores, estando presente

    em fezes (FERREIRA, 2014). Provoca doenças tanto por produzir toxinas, quanto

    por invadir tecidos e tem como porta de entrada lesões na pele, inalação e ingestão

    de alimentos contaminados (POTY et al., 2018).

    Staphylococcus aureus é responsável por diversas doenças, desde uma

    simples infecção como espinhas, até infecções graves como a meningite, e quando

    presente em alimentos, em condições favoráveis à sua multiplicação, pode em

    poucas horas atingir números elevados (FERREIRA, 2014). É uma bactéria

    frequentemente encontrada na pele e nas fossas nasais de pessoas saudáveis, e se

    identificada em alimentos é um provável indício de manipulação sem as devidas

  • 23

    condições higiênicas, pois pode ser disseminada pelos manipuladores através de

    tosses e espirros sobre os alimentos (SANTOS et al., 2007; FARTH; LIMA, 2018).

    As doenças causadas por Salmonella spp. podem ser divididas em três

    grupos: a febre tifoide, que ocorre de forma aguda e gravidade variável, causada por

    S. typhi, transmitida por água e alimentos contaminados; a febre paratifoide,

    causada por S. paratyphi A e C, semelhante à febre tifoide, porém com sintomas

    mais brandos; e a salmonelose, forma clínica mais comum, causada por sorovares

    não tifoides e ubíquos, onde sintomas como febre, cefaleia, calafrios, dor abdominal,

    diarreia, náuseas e vômito aparecem de 12 a 36 horas após o consumo de

    alimentos contaminados (LOPES, 2011).

    4.5 Legislações

    Entre as legislações relacionadas às Boas Práticas de Fabricação (BPF), a

    Portaria SVS/MS nº 1.428/1993 tem por objetivo estabelecer orientações

    necessárias que permitam a execução de atividades de inspeção sanitária, de

    maneira a avaliar as Boas Práticas para obtenção de padrões de identidade e

    qualidade de produtos e serviços na área de alimentos visando a proteção da saúde

    da população (BRASIL, 1993). A Portaria SVS/MS nº 326/1997, diante da

    necessidade do constante aperfeiçoamento das ações de controle sanitário na área

    de alimentos e da importância de compatibilizar a legislação nacional com base nos

    instrumentos harmonizados no Mercosul, estabelece requisitos essenciais de

    higiene e de boas práticas de fabricação para alimentos produzidos para o consumo

    humano (BRASIL, 1997). Complementar a esta Portaria, a Resolução RDC nº

    257/2002 institui Procedimentos Operacionais Padronizados que contribuem para

    garantia de condições higiênicossanitárias necessárias ao

    processamento/industrialização de alimentos (BRASIL, 2002).

    Ainda em relação às BPF, a Resolução RDC nº 216/2004 diz respeito a

    regulamentos técnicos de Boas Práticas para serviços de alimentação, aplicável a

    serviços de alimentação que realizam atividades de manipulação, preparação,

    fracionamento, armazenamento, distribuição, transporte, exposição à venda e

    entrega de alimentos preparados (BRASIL, 2004).

  • 24

    A Portaria SDA nº 145/1998 incrementa o Programa de Distribuição de

    Carnes Bovina e Bubalina ao comércio varejista, onde estas devem ser previamente

    embaladas e identificadas, sendo obrigatória a desossa ou fracionamento dos cortes

    secundários do traseiro e do dianteiro, destinados a estabelecimentos de distribuição

    e varejo (BRASIL, 1998).

    Considerando a necessidade de instituir medidas que normatizem a

    industrialização de produtos de origem animal, a fim de garantir condições de

    igualdade entre os produtores e assegurar transparência nos processos de

    produção, processamento e comercialização, a Instrução Normativa SDA nº 83/2003

    dispõe do regulamento técnico de Identidade e Qualidade de Carne Moída de

    Bovino, com objetivo de fixar identidade e características mínimas de qualidade a

    este produto cárneo (BRASIL, 2003).

    O Decreto nº 9013/2017 desfruta do Regulamento de Inspeção Industrial e

    Sanitária de Produtos de Origem Animal, onde a inspeção e fiscalização dos

    estabelecimentos que realizam comércio interestadual ou internacional são de

    competência do Departamento de Inspeção de Origem Animal (DIPOA) e do Serviço

    de Inspeção Federal (SIF) (BRASIL, 2017). Casas atacadistas que recebem e

    armazenam produtos de origem animal são de responsabilidade do Ministério da

    Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e os estabelecimentos que realizam

    comércio municipal e intermunicipal são regidos por este decreto quando os

    estados, Distrito Federal e municípios não dispõem de legislação própria (BRASIL,

    2017).

  • 25

    5 MATERIAL E MÉTODOS

    5.1 Tipo de pesquisa / Área de Estudo / Amostra

    A pesquisa é de caráter transversal e abrangeu as seguintes etapas:

    mapeamento e seleção dos mercados públicos para posterior aplicação do checklist

    (APÊNDICE A). A área onde a pesquisa foi aplicada envolve os municípios de

    Limoeiro, localizado a 77km da capital de Pernambuco, com Latitude 07º 52' 29" S,

    Longitude 35º 27’ 01’’ W, Altitude de 138 metros, área de 277,5km², população

    municipal em 2017 estimada em 56.140 habitantes e Vitória de Santo Antão,

    localizado a 55km da capital de Pernambuco, com Latitude 08º 07’ 05’’ S, Longitude

    35º 17’ 29’’ W, altitude de 156 metros, área de 345,7km² e população municipal em

    2017 estimada em 137.578 habitantes (IBGE, 2017).

    Para realizar a pesquisa foram escolhidas unidades comerciais dos mercados

    públicos que comercializavam carne bovina e que os responsáveis permitiram a

    aplicação do checklist (APÊNDICE A). As unidades comerciais que aceitaram

    participar da pesquisa estão identificadas por números visando garantir a

    privacidade dos participantes e estabelecimentos. Ao todo participaram da pesquisa

    14 unidades comerciais, sendo 7 do mercado público de Limoeiro e 7 do mercado

    público de Vitória de Santo Antão. Os estabelecimentos foram visitados no mês de

    junho de 2018.

    5.2 Aspectos éticos:

    Anteriormente à aplicação do checklist (APÊNDICE A), foi esclarecida para

    cada responsável pelo estabelecimento, de forma individual e em local reservado, a

    importância da pesquisa, a forma como seria realizada, o tempo de duração e o

    sigilo, para que o indivíduo se sentisse confortável em participar. Neste momento

    também foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE B)

    para assinatura, e foram sanadas possíveis dúvidas. Devido à realização desta

    etapa, o projeto foi encaminhado para o comitê de Ética em Pesquisa da

    Universidade Federal de Pernambuco para ser avaliado com base na Resolução

    CNS 510/2016 e 466/2012. Após avaliação, o projeto foi aprovado e registrado com

    o número de CAAE: 87938618.8.0000.5208 (ANEXO A).

  • 26

    5.3 Instrumentos

    Para realização desta pesquisa foi utilizado um checklist (APÊNDICE A)

    baseado na Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002 do Ministério da

    Agricultura (MAPA) e na Resolução nº 216, de 15 de setembro de 2004 da Agência

    Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), sendo este adaptado para

    comercialização de carne bovina em mercados públicos. No checklist (APÊNDICE A)

    são avaliados aspectos referentes à área física, equipamentos, utensílios e móveis,

    instalação hidráulica, instalações sanitárias e vestiários para os manipuladores,

    transporte e armazenamento, produtos para venda, manipuladores, coletores de

    resíduos, sistema de esgoto e documentos.

    A estrutura do checklist (APÊNDICE A) é composta pelas seguintes

    categorias e itens:

    Área física: pisos, tetos, paredes, divisórias, janelas, instalação elétrica,

    luminárias, iluminação, ventilação, climatização, lavatórios adequados e

    sistema de drenagem.

    Equipamentos, móveis e utensílios: conservação e funcionamento de

    equipamentos e utensílios, presença de termômetro em estado adequado de

    funcionamento, manutenção adequada e periódica de equipamentos,

    equipamentos de refrigeração, móveis, bancadas, gôndolas e mesas em

    condições de uso e higiene adequados.

    Instalação hidráulica: instalações abastecidas com água corrente.

    Instalações sanitárias e vestiários para os manipuladores: instalações

    sanitárias isoladas, condições de vasos sanitários, mictórios e lavatórios,

    presença de produtos destinados à higiene pessoal, lixeiras e coleta de lixo,

    presença de avisos com procedimentos de lavagem de mãos, pisos, paredes,

    iluminação e ventilação adequados e portas com fechamento automático.

    Transporte e Armazenamento: armazenamento e transporte adequado.

    Produtos para venda: forma de exposição das carnes à venda, áreas de

    manuseio da carne, descarte de carnes inadequadas para comercialização e

    aspectos de qualidade da carne.

    Manipuladores: uso de EPI’s, sem adornos, unhas curtas, limpas e sem

    esmalte, mãos sem cortes ou lesões abertas, não utilização de maquiagem,

    piercing e barba feita e higienização correta das mãos.

  • 27

    Coletores de resíduo: coletores de resíduos no interior do estabelecimento

    e higienização constante de coletores.

    Sistema de esgoto: fossa e/ou sumidouro/fossa filtro.

    Documentos: alvará sanitário de fornecedores, curso de manipulação de

    alimentos para manipuladores, atestados de saúde dos manipuladores,

    cumprimento de Manual de Boas Práticas específico para o comércio, posse

    ou cumprimento de procedimentos operacionais padronizados, produtos de

    higienização de equipamentos, utensílios e anti-sépticos regularizados pelo

    Ministério da Saúde e habite-se sanitário.

    O número de itens abordados por categoria do checklist está disposto na Tabela

    1.

    Tabela1 – Número de itens abordados por categoria do checklist usado para avaliar

    as unidades comerciais de Limoeiro - PE e Vitória de Santo Antão - PE que

    comercializam carnes bovinas em mercados públicos

    Categorias Nº de itens

    Área física 13

    Equipamentos, utensílios e móveis 6

    Instalação hidráulica 1

    Instalações sanitárias e vestiários para manipuladores

    8

    Transporte e armazenamento 2

    Produtos para venda 4

    Manipuladores 3

    Coletores de resíduos 2

    Sistema de esgoto 1

    Documentos 7

    Fonte: FERREIRA, I. S., 2018.

    Após a coleta de dados através do checklist (APÊNDICE A), cada unidade

    comercial foi classificada em um grupo, sendo este grupo enumerado em GRUPO 1,

    GRUPO 2 ou GRUPO 3, de acordo com o percentual de itens em conformidade

  • 28

    atendidos no checklist, conforme a RDC nº 275/2002 (BRASIL, 2002). Onde o

    GRUPO 1 corresponde ao grupo de unidades comerciais que atingiram 76 a 100%

    de itens em conformidade, sendo de alta adequação, o GRUPO 2 atingiu 51 a 75%

    com média adequação e o GRUPO 3 de 0 a 50% dos itens com baixa adequação.

    Todos os resultados foram tabulados e armazenados em um banco de dados

    para serem posteriormente processados pelo software Microsoft Office Excel 2010.

    O percentual de itens em conformidade foi obtido com base em todos os quesitos

    das categorias que estavam adequados, enquanto o percentual de não

    conformidade foi calculado com base no total de quesitos por categoria, sendo que

    cada categoria obteve um percentual proveniente do seu número de quesitos em

    desacordo com o preconizado pelas legislações.

  • 29

    6 RESULTADOS

    Os percentuais de não conformidade, por categoria do checklist, das unidades

    comerciais pertencentes ao mercado público de Limoeiro estão apresentados na

    Tabela 2.

    Tabela 2 – Percentual de não conformidade por categoria nas unidades comerciais

    de Limoeiro - PE

    Categorias Unidades comerciais e grau de não conformidade (%)

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    Área física

    92,31%

    92,31%

    92,31%

    92,31%

    92,31%

    92,31%

    92,31%

    Equipamentos, utensílios e

    móveis

    83,34%

    100%

    66,67%

    66,67%

    66,67%

    83,34%

    50%

    Instalação hidráulica

    100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

    Instalações sanitárias e

    vestiários para manipuladores

    100%

    100%

    100%

    100%

    100%

    100%

    100%

    Transporte e armazenamento

    50% 50% 50% 50% 50% 50% 50%

    Produtos para venda

    75% 50% 50% 75% 50% 50% 50%

    Manipuladores 100% 100% 100% 100% 100% 100% 66,67%

    Coletores de resíduos

    100% 100% 50% 100% 100% 50% 50%

    Sistema de esgoto

    0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

    Documentos 42,86% 42,86% 42,86% 42,86% 42,86% 42,86% 42,86%

    Fonte: FERREIRA, I. S., 2018.

    Em relação à área física foi observado que todas as 7 (100%) unidades

    comerciais obtiveram o mesmo percentual de não conformidade (92,31%), também

  • 30

    apresentaram percentual igual nas categorias de instalação hidráulica (100%),

    instalações sanitárias e vestiários para manipuladores (100%), transporte e

    armazenamento (50%), sistema de esgoto (0%) e documentos (42,86%). Quanto

    aos equipamentos, utensílios e móveis os resultados variaram entre 100%, 66,67%

    e 50% de não conformidade.

    Nenhuma unidade comercial estava em total conformidade no que diz

    respeito aos produtos para venda, sendo 5 (71,42%) unidades com um percentual

    de 50% de não conformidade e as demais (28,57%) atingiram 75% de não

    conformidade. Em relação à categoria de manipuladores, 6 (85, 71%) unidades não

    atenderam a nenhum requisito, obtendo 100% de não conformidade. Referente aos

    coletores de resíduos, 4 (57,14%) unidades não estavam adequadas a nenhum

    requisito da categoria, obtendo também 100% de não conformidade.

    Como disposto na Tabela 3, todas as 7 (100%) unidades comerciais avaliadas

    no mercado público de Limoeiro foram classificadas no Grupo 3 (0 a 50% de

    conformidade), de acordo com o percentual de itens em conformidade atendidos no

    checklist conforme RDC 275 (BRASIL, 2002). Os maiores percentuais de

    conformidade foram identificados nas categorias de sistema de esgoto (100%),

    documentos (57,14%) e de transporte e armazenamento (50%).

    Tabela 3 – Classificação das unidades comerciais de Limoeiro - PE de acordo com o

    percentual de itens adequados

    Unidades comerciais Grau de conformidade (%)

    Classificação

    1

    19,14%

    Grupo 3

    2

    19,14%

    Grupo 3

    3

    25,53%

    Grupo 3

    4

    21,27%

    Grupo 3

    5

    23,40%

    Grupo 3

    6

    23,40%

    Grupo 3

    7

    29,78%

    Grupo 3

    Fonte: FERREIRA, I. S., 2018.

  • 31

    Conforme apresentado na Tabela 4, onde estão dispostos os resultados

    referentes às não conformidades das unidades comerciais avaliadas no mercado

    público de Vitória de Santo Antão, 7 (100%) unidades apresentaram 0% de não

    conformidade em duas categorias do checklist, tratando-se da instalação hidráulica e

    sistema de esgoto. Também nas categorias de transporte e armazenamento e

    coletores de resíduo, as 7 (100%) unidades comerciais apresentaram percentual

    igual (50%) de não conformidade. Na área física os percentuais variaram entre

    100%, 91,67% e 75% de não conformidade.

    Quanto aos equipamentos, utensílios e móveis, 5 (71,42%) unidades

    apresentaram 83,34% de não conformidade e o menor percentual apresentado foi

    de 16,67% por uma (14,28%) unidade comercial. Em relação à categoria de

    instalações sanitárias e vestiários para manipuladores, todas as unidades

    apresentaram o mesmo percentual de não conformidade, que foi de 62,50%. No que

    diz respeito aos produtos para venda, 2 (28,57%) unidades apresentaram 100% de

    não conformidade nos requisitos da categoria. Em relação aos manipuladores, 4

    (57,14%) unidades não atenderam a nenhum requisito, atingindo também 100% de

    não conformidade. Quanto à categoria de documentos, o percentual prevalente foi

    de 42,86% de não conformidade.

    Tabela 4 – Percentual de não conformidade por categoria nas unidades comerciais

    de Vitória de Santo Antão - PE

    Categorias Unidades comerciais e grau de não conformidade (%)

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    Área física

    100%

    75%

    100%

    91,67%

    91,67%

    100%

    100%

    Equipamentos, utensílios e

    móveis

    83,34%

    16,67%

    83,34%

    83,34%

    83,34%

    50%

    83,34%

    Instalação hidráulica

    0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

    continua

  • 32

    Conclusão

    Categorias

    Unidades comerciais e grau de não conformidade (%)

    1 2 3 4 5 6 7

    Instalações sanitárias e

    vestiários para manipuladores

    62,50%

    62,50%

    62,50%

    62,50%

    62,50%

    62,50%

    62,50%

    Transporte e armazenamento

    50% 50% 50% 50% 50% 50% 50%

    Produtos para venda

    75% 50% 50% 50% 100% 50% 100%

    Manipuladores 100% 66,67% 100% 100% 100% 66,67% 66,67%

    Coletores de resíduos

    50% 50% 50% 50% 50% 50% 50%

    Sistema de esgoto

    0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%

    Documentos 42,86% 42,86% 57,15% 42,86% 42,86% 42,86% 42,86%

    Fonte: FERREIRA, I. S., 2018.

    Assim como as unidades comerciais do mercado público de Limoeiro, todas

    as 7 (100%) unidades de Vitória de Santo Antão foram classificadas no Grupo 3 (0 a

    50% de conformidade) de acordo com o percentual de itens em conformidade, como

    mostra a Tabela 5. As categorias com maior percentual de conformidade foram as

    de instalação hidráulica (100%), sistema de esgoto (100%), documentos (57,14%),

    transporte e armazenamento (50%) e coletores de resíduo (50%).

    Tabela 5 – Classificação das unidades comerciais de Vitória de Santo Antão - PE de

    acordo com o percentual de itens adequados

    Unidades comerciais Grau de conformidade (%)

    Classificação

    1

    25,53%

    Grupo 3

    2

    46,80%

    Grupo 3

    continua

  • 33

    Conclusão

    Unidades comerciais Grau de conformidade (%)

    Classificação

    3

    25,53%

    Grupo 3

    4

    31,91%

    Grupo 3

    5

    27,65%

    Grupo 3

    6

    36,17%

    Grupo 3

    7

    27,65%

    Grupo 3

    Fonte: FERREIRA, I. S., 2018.

  • 34

    7 DISCUSSÃO

    Com base nos dados coletados durante as visitas realizadas nos mercados

    públicos, foi possível verificar que todas as unidades comerciais possuíam

    irregularidades semelhantes em diversas categorias do checklist.

    Com relação à área física, a RDC nº 216/2004 preconiza que instalações

    físicas como piso, parede e teto devem apresentar-se íntegros, conservados, com

    revestimento liso, impermeável e lavável. Ambos os mercados públicos

    apresentaram condições inadequadas referente a esses itens. As unidades

    comerciais do mercado público de Limoeiro alcançaram o mesmo percentual de não

    conformidade nesta categoria, pois além de não possuírem divisão adequada entre

    si e as carnes serem comercializadas em barracas de madeira posicionadas lado a

    lado, as paredes do local encontravam-se em mal estado de conservação, com

    rachaduras e descascamento, o piso era de cimento e o teto era de tonalidade

    escura, sem acabamento liso.

    No mercado público de Vitória de Santo Antão as unidades comerciais eram

    separadas umas das outras por paredes e as carnes eram comercializadas em

    balcões de cimento revestidos por azulejos de tonalidade clara, contudo, em grande

    parte das unidades comerciais estes azulejos não estavam íntegros. O mesmo

    ocorria nas paredes, onde parte era revestida com azulejos em sua maioria

    trincados e a tintura estava descascando. O teto também estava em desacordo com

    a RDC nº216/2004 e assim como o do mercado público de Limoeiro, possuía

    tonalidade escura e mal estado de conservação.

    Ainda na categoria de área física, ambos os mercados públicos não possuíam

    janelas, apenas elementos vazados com ausência de telas de proteção. Situação

    semelhante foi encontrada por Santos et al. (2017a), em sua pesquisa realizada no

    mercado público do município de Salgueiro - PE, onde não foi observada a presença

    de janelas, o que prejudicava a sensação térmica do ambiente, visto que os

    elementos vazados presentes no local possuíam desenho que interferia a entrada

    livre do ar.

    Tanto no mercado público de Limoeiro quanto no de Vitória de Santo Antão

    verificou-se que as luminárias não possuíam nenhum sistema de proteção contra

    quedas acidentais e/ou explosões. O mesmo foi observado por Santos et al. (2017a)

    no mercado público do município de Salgueiro - PE.

  • 35

    As instalações elétricas de grande parte das unidades comerciais nas duas

    cidades não estavam embutidas ou protegidas por tubulação isolante, diferindo do

    resultado encontrado por SOBRAL et al. (2013), que observou presença de

    instalações elétricas embutidas e revestidas por tubulações no mercado público de

    Russas - CE, o que reduzia o risco de acidentes.

    Em nenhuma unidade comercial avaliada havia presença de lavatórios para

    mãos exclusivos para manipuladores e presença de avisos com procedimentos para

    lavagem de mãos, além disso, grande parte dos manipuladores não lavavam as

    mãos com frequência. Ainda, muitos recebiam dinheiro e logo após continuavam a

    manipular as carnes, sem realizar a correta higienização. Embora seja um

    procedimento simples e constantemente esquecido, a lavagem de mãos faz-se

    necessária para evitar a contaminação de alimentos (PONATH et al., 2016).

    Quanto aos equipamentos, utensílios e móveis, grande parte das unidades

    comerciais alcançou um alto percentual de não conformidade, visto que os

    equipamentos e utensílios utilizados por alguns comerciantes estavam em mal

    estado de conservação, a exemplo, balanças com presença de ferrugem e bandejas

    amassadas e mal higienizadas. O contato de alimentos com utensílios, superfícies e

    equipamentos insuficientemente limpos, bem como sua manipulação incorreta e o

    descuido em relação às normas higiênicas contribuem para a contaminação por

    microrganismos patogênicos que podem se multiplicar em números suficientes a

    ponto de causar enfermidades ao consumidor (PINHEIRO et al., 2010).

    A instalação hidráulica do mercado público de Vitória de Santo Antão estava

    em conformidade com o checklist, diferente de Limoeiro que embora possuísse

    sistema ligado à rede pública, não estava abastecido com água corrente, o que

    acabava comprometendo a higiene correta do ambiente e dos manipuladores, que

    em muitos casos utilizavam água armazenada em garrafas de politereftalato de etila

    (PET). A água constitui uma excelente via de transmissão de agentes patogênicos

    para seres humanos, logo, qualquer água que entre em contato direto ou com as

    superfícies de contato com os alimentos deve ser de origem segura, qualidade

    sanitária adequada e abastecimento suficiente para as operações pretendidas

    (KAMIYAMA; OTENIO, 2013; PRATA et al., 2001 apud GONÇALVES, 2013).

    A RDC nº 216/2004 recomenda que instalações sanitárias não devem possuir

    comunicação direta com áreas de manipulação e devem ser mantidas organizadas,

    bem conservadas, supridas de produtos destinados à higiene pessoal e sistema

  • 36

    higiênico seguro para secagem das mãos. Em Limoeiro havia apenas uma

    instalação sanitária no mercado público, disponibilizada para uso comum de todos

    os funcionários, sendo que esta se encontrava em péssimo estado de conservação,

    próximo à área de comercialização e sem abastecimento com água corrente.

    As instalações sanitárias do mercado público de Vitória de Santo Antão

    também estavam próximas da área de comercialização e eram independentes para

    cada sexo, porém eram comuns a manipuladores e consumidores. Embora

    apresentassem um bom estado de conservação alguns itens estavam em desacordo

    com o preconizado, como ausência de sabonete líquido inodoro e/ou antisséptico,

    toalhas de papel não reciclado ou outro sistema higiênico seguro para secagem das

    mãos, lixeiras com tampas de acionamento não manual, presença de avisos com

    procedimentos para lavagem das mãos e portas com fechamento automático.

    Resultados semelhantes foram encontrados por OLIVEIRA et al. (2008), ao

    avaliarem dois mercados públicos na cidade do Recife - PE, onde verificaram que

    disponibilizavam instalações sanitárias coletivas aos comerciantes, porém nenhuma

    unidade atendia aos requisitos higiênicossanitários recomendados.

    Referente ao transporte e armazenamento, todas as unidades comerciais de

    ambos os mercados públicos apresentaram o mesmo percentual de não

    conformidade, pois as carnes eram transportadas do matadouro até os locais de

    venda de maneira adequada nas duas cidades, porém os comerciantes não faziam o

    armazenamento de forma correta, deixando-as expostas sem refrigeração em

    bandejas e ganchos e em alguns casos sobre panos de prato sujos durante todo o

    horário de funcionamento.

    Alguns relataram que as carnes que sobravam ao fim do expediente eram

    armazenadas em freezers para serem congeladas e vendidas posteriormente. As

    técnicas de armazenamento permitem que características nutricionais e sabor dos

    alimentos sejam preservados e inibem ou retardam o crescimento e atividade dos

    microrganismos, sendo o armazenamento em temperatura adequada fundamental

    para mantê-los por períodos prolongados (CHARAVARA, 2014; MURMANN et al.,

    2005).

    Quanto às condições das carnes para venda, em todas as unidades

    comerciais verificadas as carnes estavam expostas sem nenhuma proteção contra

    poeira, insetos e outras pragas urbanas, próximas a ambientes que exalavam mau

    cheiro e em alguns casos havia fumantes. Algumas unidades comerciais

  • 37

    apresentavam carnes escurecidas com tonalidade diferente da recomendada, que

    seria vermelho brilhante. Tal resultado assemelha-se ao observado por ALMEIDA et

    al. (2012) em seu estudo realizado nos estabelecimentos comercializadores de

    carne no mercado público do município de Pau dos Ferros - RN, onde as carnes

    eram mantidas em temperatura ambiente, susceptíveis a contaminação por poeira,

    pragas e outros agentes externos.

    O manipulador possui papel fundamental na segurança de alimentos, visto

    que diante de falhas o mesmo pode se tornar um transmissor viável de agentes

    patogênicos de doenças alimentares (MEDEIROS et al., 2015). Nos dois mercados

    públicos todas as unidades comerciais apresentaram mais da metade dos itens em

    desacordo na categoria de manipuladores. Nenhum manipulador utilizava uniformes

    e Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e muitos se apresentavam com

    adornos, unhas compridas ou barbas por fazer.

    Assim como no presente estudo, Lundgren et al. (2009) observou nas feiras

    livres e mercados públicos de João Pessoa - PB funcionários que falavam

    demasiadamente ou manipulavam dinheiro ao mesmo tempo em que manipulavam

    os alimentos, além de não utilizarem toucas.

    Nenhuma unidade comercial apresentou coletores de resíduo dotados de

    tampa e acionados sem contato manual, como é recomendado pela RDC

    nº216/2004, no entanto a grande maioria mantinha os coletores limpos e todos

    utilizavam os serviços de coleta do município em ambos os mercados.

    A presença de fossa ligada à rede pública foi o único item do checklist em

    total conformidade entre os mercados públicos. Quanto à última categoria que é a de

    documentos, é importante ressaltar que nenhum manipulador possuía curso de

    manipulação de alimentos nem cumpriam ou possuíam o Manual de Boas Práticas

    e/ou Procedimentos Operacionais Padronizados.

    É frequente a falta de consciência dos manipuladores a respeito do real

    perigo que a contaminação biológica representa e o não conhecimento das formas

    de evita-la contribui de maneira significativa para a contaminação de alimentos

    (ANDREOTII et al., 2003). Diante disso, torna-se grande a necessidade de capacitar

    os manipuladores de alimentos para que corretos hábitos de higiene sejam

    aplicados ao dia a dia no local de trabalho visando minimizar os riscos (MELLO et

    al., 2010; MEDEIROS et al., 2015).

  • 38

    Todas as unidades comerciais, tanto de Limoeiro quanto de Vitória de Santo

    Antão foram classificadas no grupo 3, onde o percentual de itens em conformidade

    vai de 0 a 50%. O mesmo resultado foi verificado nos estudos realizados por Gomes

    et al. (2016) e Silva et al. (2016) em mercados públicos de São Luís - MA e da

    microrregião de Cametá - PA respectivamente.

    Diante de tais resultados, evidencia-se a necessidade de que os locais se

    adequem ao que é requerido pelas legislações a fim de diminuir os riscos de

    contaminação da carne comercializada.

  • 39

    8 CONCLUSÕES

    O presente estudo tornou possível a análise e conhecimento acerca das

    condições higiênicossanitárias na comercialização de carne bovina nos mercados

    públicos dos municípios de Limoeiro - PE e Vitória de Santo Antão - PE.

    Através da aplicação do checklist baseado na RDC nº 275/2002 e RDC nº

    216/2004 chegou-se a conclusão de que os dois mercados apresentam um grau

    elevado de não conformidade, que repercute em prejuízo ao trabalho dos

    manipuladores, visto que não oferecem boas condições para a realização de

    operações de forma correta, como lavagem de mãos e higienização de

    equipamentos e utensílios. Outro ponto importante observado é a falta de

    capacitação dos manipuladores verificada em todas as unidades comerciais, pondo

    em risco a qualidade sanitária das carnes e a saúde dos consumidores que

    frequentam os locais.

    De maneira geral, os resultados obtidos nesse estudo demonstram uma

    necessidade de investimento por parte dos responsáveis pelos mercados públicos,

    uma vez que nenhuma unidade comercial conseguiu atingir um percentual de

    conformidades satisfatório.

    Além da melhoria na estrutura dos locais é preciso dar atenção aos

    comerciantes, buscando oferecer a estes capacitações periódicas a respeito das

    Boas Práticas de Fabricação a fim de minimizar os riscos de contaminação e

    agregar qualidade ao serviço prestado e às carnes comercializadas. A atuação mais

    rigorosa de órgãos fiscalizadores também é imprescindível para a garantia de

    segurança alimentar aos consumidores.

  • 40

    REFERÊNCIAS

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