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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INDICADORES ECONÔMICO-
FINANCEIROS, BASEADOS NA CONTABILIDADE REGULATÓRIA E NAS
NORMAS CONTÁBEIS INTERNACIONAIS DAS EMPRESAS DE DISTRIBUIÇÃO
DE ENERGIA DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO.
ESDRAS DOS SANTOS CARVALHO
RECIFE
2013
ESDRAS DOS SANTOS CARVALHO
UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INDICADORES ECONÔMICO-
FINANCEIROS, BASEADOS NA CONTABILIDADE REGULATÓRIA E NAS
NORMAS CONTÁBEIS INTERNACIONAIS DAS EMPRESAS DE DISTRIBUIÇÃO
DE ENERGIA DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO.
Dissertação apresentada ao Departamento de
Ciências Contábeis e Atuariais do Centro de
Ciências Sociais Aplicadas da Universidade
Federal de Pernambuco, como requisito final
para a obtenção do título de Mestre em
Ciências Contábeis.
Orientador: Prof.° Ph.D. Cláudio de Araújo Wanderley
Coorientador: Prof.° Dr. Jeronymo José Libonati
RECIFE
2013
Catalogação na Fonte
Bibliotecária Ângela de Fátima Correia Simões, CRB4-773
C331u Carvalho, Esdras dos Santos Um estudo comparativo entre indicadores econômico-financeiros,
baseados na contabilidade regulatória e nas normas contábeis internacionais
das empresas de distribuição de energia do setor elétrico brasileiro / Esdras
dos Santos Carvalho. - Recife : O Autor, 2013.
110 folhas : il. 30 cm.
Orientador: Prof. Ph.D. Cláudio de Araújo Wanderley e co-orientador
Prof. Dr. Jeronymo José Libonati.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCSA.
Ciências Contábeis, 2013.
Inclui bibliografia.
1. Contabilidade. 2. Indicadores econômicos. 3. Sociedades por ações
– Brasil - contabilidade. 4. Setor elétrico – empresas - contabilidade.
I. Wanderley, Cláudio de Araújo (Orientador). II. Libonati,
Jeronymo José (Co-orientador). III. Título.
657 CDD (22.ed.) UFPE (CSA 2013 – 041)
Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais
Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis
Mestrado em Ciências Contábeis
Coordenação
UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INDICADORES ECONÔMICO-
FINANCEIROS, BASEADOS NA CONTABILIDADE REGULATÓRIA E NAS
NORMAS CONTÁBEIS INTERNACIONAIS DAS EMPRESAS DE DISTRIBUIÇÃO
DE ENERGIA DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO.
ESDRAS DOS SANTOS CARVALHO
Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências
Contábeis da universidade Federal de Pernambuco e aprovada em 27 de fevereiro de
2013.
Banca examinadora:
Orientador/Presidente: Prof.° Ph.D. Cláudio de Araújo Wanderley
Examinador Interno: Umbelina Cravo Teixeira Lagióia Torres (Drª)
Examinador Externo: Aldo Leonardo Cunha Callado (Dr.) - UFPB
Dedico este trabalho, com todo meu carinho e amor, às
pessoas mais importantes da minha vida: minha
querida mãe, meus queridos filhos e minha querida
esposa.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter-me possibilitado vencer esta árdua caminhada.
Agradeço a minha querida mãe, Rosemilda, por ter-me ajudado, às vezes, de maneira
inocente e pelo apoio nos momentos mais difíceis. Peço-lhe desculpas pela falta de atenção
em momentos impróprios, pois estava focado neste trabalho. Também, desejo ressaltar, que
sou muito orgulhoso por tê-la como minha mãe.
Agradeço ao meu irmão Eduardo, pelo apoio e estímulo neste processo de
aprendizagem.
Agradeço aos meus filhos, Daniel e Alice, pela motivação estimulada em mim. A Dan,
agradeço pelo excelente filho que és: carinhoso, feliz, cativante, amoroso, brincalhão... E
peço-te muitas desculpas pela falta de atenção e ausência em alguns momentos. Papai te ama
muito. A Alice, que se encontra na barriga da mamãe, durante a escrita desta dissertação até a
defesa, agradeço pela tua chegada iminente e saibas que és aguardada com muito amor pelos
teus pais. Meus queridos filhos, saibam que eu os amo muito.
Agradeço a minha querida esposa, Durce, por tudo que fizeste por mim no período
deste trabalho. Você foi uma excelente amiga, companheira, cúmplice, e principalmente, uma
peça importante neste processo, uma vez que me deste apoio, amor e estímulo. Também,
peço-lhe desculpas pela ausência, falta de paciência e atenção neste período. Obrigado.
Aos amigos pessoais, não irei citar nomes, mas agradeço pelo estímulo e apoio nesta
fase importante de minha vida.
Aos colegas do Mestrado, agradeço pelo apoio e pela ajuda neste processo de
aprendizagem. Fiz boas amizades.
Ao corpo docente do mestrado em Ciências Contábeis, agradeço pelos ensinamentos
transmitidos. Em especial, agradeço aos professores Cláudio Wanderley, Jeronymo Libonati e
Umbelina Lagioia. A Cláudio, pela amizade, orientação precisa, paciência e estímulo. A
Jeronymo pela amizade, orientação, compreensão e disponibilidade e à Umbelina pela
amizade, gentileza, disponibilidade e ajuda na consecução desta pesquisa. Meus eternos
agradecimentos.
Ao professor Alessandro Henrique, pelas importantes contribuições, disponibilidade e
auxílio na concretização deste trabalho.
Agradeço ao professor Aldo Callado, pelas contribuições para esta pesquisa, como
participante da defesa de qualificação do projeto e como membro da banca examinadora.
Ao Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades
Federais (REUNI), pelo financiamento dos meus estudos durante um ano do mestrado.
À Universidade Federal de Pernambuco e à secretaria do programa de mestrado em
Ciências Contábeis pela estrutura disponibilizada. Na secretaria, em especial, a Luciano, pela
disponibilidade, ajuda e orientação nos procedimentos internos da instituição.
Por fim, a todos os alunos da graduação, alunos da pós-graduação, técnicos
administrativos, entre outros, que, direta ou indiretamente, me ajudaram neste processo.
“O coração do homem pode fazer planos, mas a
resposta certa dos lábios vem do Senhor.”
(PROVÉRBIOS 16:1)
RESUMO
O setor elétrico brasileiro vem passando por algumas mudanças normativas e regulatórias que
estão ocorrendo, especialmente, nas práticas contábeis e de gestão. Os principais fatores que
impactaram o sistema contábil das empresas foram a convergência às normas internacionais
de contabilidade (International Financial Reporting Standards - IFRS), que deve abranger as
companhias de capital aberto, e a implementação da contabilidade regulatória para o setor.
Este estudo teve por objetivo comparar as divergências entre contabilidade regulatória e
International Financial Reporting Standards – IFRS, nos indicadores econômico-financeiros,
calculados com base nas demonstrações contábeis publicadas em 2009, 2010 e 2011 das
empresas distribuidoras de energia elétrica no Brasil. Foram selecionadas 22 empresas
associadas à Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE) que
publicaram demonstrações contábeis regulatórias e societárias nesse período. Foram
identificadas diferenças significativas nas comparações dos grupos de contas patrimoniais e
de resultados baseados nas contabilidades regulatória e societária. Não foram encontradas
diferenças significativas para alguns indicadores econômico-financeiros (Endividamento,
Imobilização do Patrimônio Líquido, Imobilização dos Recursos não Correntes, Liquidez
Corrente e Margem Líquida). Conclui-se que essas variações podem causar assimetria da
informação e isso deve ser levado em conta pelos usuários internos e/ou externos no momento
da decisão por determinado investimento.
Palavras-chave: Contabilidade Regulatória. Contabilidade Societária. Indicadores
econômico-financeiros.
ABSTRACT
The Brazilian electric sector has been going through some changes and regulatory norms that
are occurring especially in accounting practices and management. The main factors affecting
the accounting system of the company were the convergence to international accounting
standards (International Financial Reporting Standards - IFRS) which should cover public
companies, and the implementation of regulatory accounting for the sector. This study aimed
to compare the differences between regulatory accounting and International Financial
Reporting Standards - IFRS in financial indicators calculated based on published financial
statements in 2009, 2010 and 2011 of the electricity distribution companies in Brazil. It was
selected 22 companies associated with the Brazilian Association of Electricity Distributors
(ABRADEE) that published financial statements and regulatory interests in this period.
Significant differences were found when comparing the groups balance sheet and results
based on regulatory and corporate accounts. No significant differences were found for some
financial indicators (Debt, Imobilization of Equity, Fixed Assets Non Current Resources,
Liquidity and Net Margin). We conclude that these variations can cause asymmetry of
information and this should be taken into account by users internal and / or external to the
decision.
Keywords: Regulatory Accounting. Corporate Accounting. Economic and financial
indicators.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Pronunciamentos Técnicos correlacionados às Normas Internacionais de
Contabilidade ............................................................................................................................ 31
Quadro 2- Interpretações Técnicas correlacionadas às Normas Internacionais de Contabilidade
.................................................................................................................................................. 32
Quadro 3- Normas societárias conflitantes com as práticas regulatórias ................................. 33
Quadro 4 - Representação das características divergentes do tratamento contábil baseado nas
contabilidades regulatória versus societária. ............................................................................ 34
Quadro 5 - Representação dos pontos de atenção e premissas específicas estabelecidas pelo
Manual de Orientação dos Trabalhos de Auditoria das Demonstrações Financeiras
Regulatórias .............................................................................................................................. 35
Quadro 6 - Resumo do Grupo e Indicadores econômico-financeiros utilizados na revisão da
literatura .................................................................................................................................... 54
Quadro 7 - Compilação dos estudos realizados sob Contabilidade Regulatória ...................... 55
Quadro 8 - Empresas de distribuição de energia elétrica da amostra ....................................... 61
Quadro 9 - Empresas de distribuição de energia elétrica não incluídas na amostra ................. 62
Quadro 10 - Grupos de contas contábeis selecionados para verificar as diferenças nas
Contabilidades Regulatória e Societária ................................................................................... 63
Quadro 11 - Grupo e Indicadores econômico-financeiros selecionados para verificar as
diferenças nas Contabilidades Regulatórias e Societárias ........................................................ 64
Quadro 12 - Resumo das diferenças das médias das contabilidades nos grupos de contas
contábeis do Balanço Patrimonial ............................................................................................ 80
Quadro 13 - Resumo das diferenças das médias das contabilidades nos grupos de contas
contábeis da Demonstração do Resultado ................................................................................ 87
Quadro 14 - Resumo das diferenças das médias das contabilidades nos indicadores
econômico-financeiros............................................................................................................ 100
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo
Total no período (em milhares de reais) ................................................................................... 68
Tabela 2 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo
Circulante no período (em milhares de reais) ........................................................................... 69
Tabela 3 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo
Não Circulante no período (em milhares de reais) ................................................................... 71
Tabela 4 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis
Investimentos no período (em milhares de reais) ..................................................................... 72
Tabela 5 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis
Imobilizado no período (em milhares de reais) ........................................................................ 73
Tabela 6 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis
Intangível no período (em milhares de reais) ........................................................................... 74
Tabela 7 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis
Passivo Total no período (em milhares de reais) ...................................................................... 75
Tabela 8 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis
Passivo Circulante no período (em milhares de reais) ............................................................. 77
Tabela 9 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis
Passivo Não Circulante no período (em milhares de reais) ...................................................... 78
Tabela 10 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis
Patrimônio Líquido no período (em milhares de reais) ............................................................ 79
Tabela 11 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis
Receita Operacional Líquida no período (em milhares de reais) ............................................. 82
Tabela 12 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis
Resultado antes dos Custos Gerenciáveis no período (em milhares de reais) .......................... 83
Tabela 13 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis
Resultado da Atividade da Concessão no período (em milhares de reais) ............................... 84
Tabela 14 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis Lucro
antes do Imposto de Renda e Contribuição Social no período - LAIRCS no período (em
milhares de reais) ...................................................................................................................... 86
Tabela 15 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis
Lucro Líquido no período (em milhares de reais) .................................................................... 87
Tabela 16 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Endividamento no
período ...................................................................................................................................... 89
Tabela 17 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Composição do
Endividamento no período ....................................................................................................... 91
Tabela 18 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Imobilização do
Patrimônio Líquido no período................................................................................................. 92
Tabela 19 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Imobilização dos
Recursos Não Correntes no período ......................................................................................... 93
Tabela 20 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Liquidez Corrente no
período ...................................................................................................................................... 94
Tabela 21 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Giro do Ativo das no
período ...................................................................................................................................... 95
Tabela 22 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Margem Líquida no
período ...................................................................................................................................... 96
Tabela 23 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Rentabilidade do
Ativo no período ....................................................................................................................... 97
Tabela 24 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Rentabilidade do
Patrimônio Líquido no período................................................................................................. 98
Tabela 25 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador EBITDA no período
(Milhares de reais) .................................................................................................................. 100
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAA American Accouting Association
ABRADEE Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica
AC Ativo Circulante
ANA Agência Nacional de Águas
ANC Ativo Não Circulante
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
AT Ativo Total
BACEN Banco Central do Brasil
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica
CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
CE Composição do Endividamento
CFC Conselho Federal de Contabilidade
CGCE Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica
CNAEE Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica
CNPE Conselho Nacional de Política Energética
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis
CT Capitais de Terceiros
CVM Comissão de Valores Mobiliários
DNAEE Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica
EBITDA Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization
ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras S/A
ELP Exigível a Longo Prazo
END Endividamento
EPE Empresa de Pesquisa Energética
FASB Financial Accouting Standards Board
GA Giro do Ativo
IAS International Accounting Standard
IASB International Accounting Standards Board
IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil
ICPC Interpretação do Comitê de Pronunciamentos Técnicos
IFRIC Internacional Financial Reporting Interpretations Comitee
IFRS International Financial Reporting Standards
IPL Imobilização do Patrimônio Líquido
IRC Imobilização dos Recursos não Correntes
LAJIDA Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortizações
LG Liquidez Corrente
LL Lucro Líquido
MAE Mercado Atacadista de Energia
MCPSE Manual de Controle Patrimonial do Setor Elétrico
MCSE Manual de Contabilidade do Setor Elétrico
MCSPEE Manual de Contabilidade do Serviço Público de Energia Elétrica
ML Margem Líquida
MME Ministério de Minas e Energia
ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PASW Predictive Analytics Software
PC Passivo Circulante
PCT Participação de Capitais de Terceiros
PL Patrimônio Líquido
RA Rentabilidade do Ativo
RFB Receita Federal do Brasil
ROA Return on Assets
ROE Return on Equity
RPL Rentabilidade do Patrimônio Líquido
RT Reposicionamento Tarifário
SDE/MJ Secretaria de Direito Econômico vinculada ao Ministério da Justiça
SEAE Secretaria de Acompanhamento Econômico
SEFAZ Secretaria da Fazendo do Estado
SFAC Statement of Financial Accounting Concepts
SNRH Secretaria Nacional de Recursos Hídricos
SPSS Statistical Package for Social Sciences
SUSEP Superintendência de Seguros Privados
VL Venda Líquida
VNR Valor Novo de Reposição
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Médias do grupo de contas Ativo Total no período ............................................... 67
Gráfico 2 - Médias do grupo de contas Ativo Circulante no período....................................... 69
Gráfico 3 - Médias do grupo de contas Ativo Não Circulante no período ............................... 70
Gráfico 4 - Médias do grupo de contas Investimentos no período ........................................... 71
Gráfico 5 - Médias do grupo de contas Imobilizado no período .............................................. 72
Gráfico 6 - Médias do grupo de contas Intangível no período ................................................. 74
Gráfico 7 - Médias do grupo de contas Passivo Total no período ............................................ 75
Gráfico 8 - Médias do grupo de contas Passivo Circulante no período ................................... 76
Gráfico 9 - Médias do grupo de contas Passivo Não Circulante no período ............................ 78
Gráfico 10 - Médias do grupo de contas Patrimônio Líquido no período ................................ 79
Gráfico 11 - Médias do grupo de contas Receita Operacional Líquida no período ................. 82
Gráfico 12 - Médias do grupo de contas Resultado antes dos Custos Gerenciais no período .. 83
Gráfico 13 - Médias do grupo de contas Resultado da Atividade de Concessão no período ... 84
Gráfico 14 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis
Lucro antes do Imposto de Renda e Contribuição Social no período - LAIRCS (em milhares
de reais)..................................................................................................................................... 85
Gráfico 15 - Médias do indicador de Lucro Líquido no período ............................................. 86
Gráfico 16 - Médias do indicador de Endividamento no período ............................................ 89
Gráfico 17 - Médias do indicador de Composição do Endividamento no período .................. 90
Gráfico 18 - Médias do indicador de Imobilização do Patrimônio Líquido no período .......... 91
Gráfico 19 - Médias do indicador de Imobilização dos Recursos Não Correntes no período . 92
Gráfico 20 - Médias do indicador de Liquidez Corrente no período........................................ 94
Gráfico 21 - Médias do indicador de Giro do Ativo no período .............................................. 95
Gráfico 22 - Médias do indicador de Margem Líquida no período .......................................... 96
Gráfico 23 - Médias do indicador de Rentabilidade do Ativo no período ............................... 97
Gráfico 24 - Médias do indicador de Rentabilidade do Patrimônio Líquido no período ......... 98
Gráfico 25 - Médias do indicador EBITDA no período ........................................................... 99
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Mapa do Brasil .......................................................................................................... 58
Figura 2 - Concessionárias de energia elétrica das regiões Norte, Nordeste ........................... 58
Figura 3 - Concessionárias de energia elétrica das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul ........ 59
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 17 1.1 Caracterização do Problema ....................................................................................... 18 1.2 Objetivos .................................................................................................................... 20
1.2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 20 1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 20
1.3 Justificativa ................................................................................................................. 20 1.4 Delimitação do Estudo ............................................................................................... 23 1.5 Estrutura do Trabalho ................................................................................................. 23
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 25 2.1 Regulação e Revisão Tarifária no Setor de Energia Elétrica no Brasil ...................... 25
2.1.1 Regulamentação no Setor Elétrico Brasileiro ........................................................ 25
2.1.2 Revisão Tarifária no Setor Elétrico Brasileiro....................................................... 26 2.2 Contabilidade Regulatória no Setor Elétrico .............................................................. 28 2.3 Normas Internacionais de Contabilidade, no Brasil ................................................... 30 2.4 Contabilidades Regulatória versus Societária ............................................................ 32
2.5 Núcleo Fundamental da Teoria Contábil .................................................................... 37 2.6 Análise das Demonstrações Contábeis ....................................................................... 44
2.6.1 Características Qualitativas das Demonstrações Contábeis .................................. 45 2.6.1.1 Compreensibilidade ................................................................................. 46 2.6.1.2 Relevância ................................................................................................ 46
2.6.1.3 Confiabilidade .......................................................................................... 47 2.6.1.4 Comparabilidade ...................................................................................... 47
2.6.2 Indicadores da Estrutura de Capital ....................................................................... 48 2.6.3 Indicador de Liquidez ............................................................................................ 51 2.6.4 Indicadores de Rentabilidade ................................................................................. 51
2.7 Pesquisas realizadas sobre Contabilidade Regulatória ............................................... 55
3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 57 3.1 Objeto de Estudo ........................................................................................................ 57
3.2 Delineamento da pesquisa .......................................................................................... 60 3.3 População e Amostra .................................................................................................. 61 3.4 Coleta de dados .......................................................................................................... 62 3.5 Análise dos dados ....................................................................................................... 64
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................................. 67 4.1 Grupos de Contas Contábeis do Balanço Patrimonial................................................ 67 4.2 Grupos de Contas Contábeis da Demonstração do Resultado ................................... 81 4.3 Indicadores Econômico-Financeiros .......................................................................... 88
CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 103 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 105
17
1 INTRODUÇÃO
A regulamentação do setor elétrico brasileiro tem início, historicamente, com a
promulgação do Código de Águas, em 1934, e, posteriormente, com a criação do Conselho
Nacional de Águas e Energia Elétrica – CNAEE, em 1939. Inúmeros códigos de
regulamentação e órgãos reguladores foram criados sucessivamente. Um momento importante
nesse histórico foi a Lei das Concessões, na década de 90, que definiu regras gerais para
Comercialização da Energia Elétrica. Desde então, esse processo de “comercialização” vem
sofrendo transformações nos aspectos regulamentares, tributários e contábeis.
A Lei nº 9.427, de 26 de Dezembro de 1996, instituiu a ANEEL e descreveu as
suas atribuições, por exemplo: a de regular o serviço público de distribuição de energia
elétrica e efetuar as revisões tarifárias periódicas das concessionárias distribuidoras. Esse
agente regulador estabelece metodologia e critérios gerais para definição da base de
remuneração das concessionárias de distribuição de energia elétrica. As empresas
(concessionários) são remuneradas com base no Ativo Imobilizado (Ativo Remunerado).
O setor elétrico brasileiro vem passando por algumas mudanças normativas e
regulatórias que estão ocorrendo, especialmente, nas práticas contábeis e de gestão. Os
principais fatores que impactaram o sistema contábil das empresas foram a convergência às
normas internacionais de contabilidade (International Financial Reporting Standards - IFRS),
que devem abranger as companhias de capital aberto, e a implementação da contabilidade
regulatória para o setor.
As IFRS representam um conjunto de normas contábeis preparado sob a
coordenação do IASB (International Accounting Standards Board) e aceito oficialmente por
mais de 100 países, incluído o Brasil. Elas padronizam e direcionam a forma como as
empresas de capital aberto europeias devem preparar e divulgar suas demonstrações
financeiras (FIPECAFI; ERNEST & YOUNG, 2010).
A Contabilidade Regulatória do Setor Elétrico foi instituída pela ANEEL
(Agência Nacional de Energia Elétrica), através da Resolução Normativa n° 396, de 23 de
fevereiro de 2010, para estabelecer práticas e orientações contábeis que estão definidas no
Manual de Contabilidade do Setor Elétrico.
O sistema de geração de informações contábeis das companhias desse setor deve
obedecer às orientações da contabilidade regulatória instituída, principalmente nos aspectos
18
relativos à regulamentação tarifária, aos registros contábeis e à elaboração das demonstrações
contábeis em conformidade com as IFRS.
No processo de revisões tarifárias as quais ocorrem, geralmente, a cada quatro
anos, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL fiscaliza e regulamenta os
procedimentos contábeis a serem exercidos pelo Setor Elétrico Brasileiro. Políticas contábeis
são diferenciadas dentro desse setor. Na contabilidade societária, a avaliação do Ativo
Imobilizado é realizada por seu custo de aquisição (Pronunciamento Técnico CPC 27 –
correlação às Normas Internacionais de Contabilidade – IAS 16). Contrapondo, a
Contabilidade Regulatória avalia os ativos pelo seu custo de reposição a novo (Valor Novo de
Reposição - VNR), conforme orienta o Manual de Controle Patrimonial do Setor Elétrico –
MCPSE (Resolução Normativa nº 367/2009). Obedecendo às orientações desse Manual e do
Manual de Contabilidade do Setor Elétrico – MCSE (Resolução ANEEL nº 444/2001), os
ativos passaram a valorar pelo Valor Novo de Reposição e a ANEEL passou a estabelecer
tarifas aos concessionários baseadas nesse valor.
Com a promulgação das Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09 e o processo de
convergência às normas internacionais de contabilidade, observou-se que, na contabilidade
societária, foi extinta a figura da reavaliação de ativos e que a depreciação continua a ser
baseada pelo custo de aquisição. Por outro lado na contabilidade regulatória, ainda existe a
reavaliação de ativos, a depreciação (avaliada pelo Valor Novo de Reposição) e a figura dos
ativos e passivos regulatórios. A Contabilidade Societária, de acordo com as Normas
Internacionais e os Pronunciamentos Técnicos CPC, não reconhece os ativos e passivos
regulatórios, por não atenderem à definição de ativos e/ou passivos, conforme estrutura
conceitual - Pronunciamento Conceitual Básico (R1).
Essas diferenças são evidenciadas nas demonstrações contábeis (Balanço
Patrimonial e Demonstração do Resultado). Mudanças nas práticas contábeis podem
ocasionar alterações significativas nos indicadores econômico-financeiros das empresas de
energia elétrica, quando baseadas em normas distintas.
1.1 Caracterização do Problema
No ambiente normativo e legal da contabilidade do setor elétrico brasileiro,
algumas ações foram efetuadas para o melhoramento das informações geradas nesses sistemas
de contabilidade do setor. Alterações realizadas na Lei n° 6.404/76 (Lei das Sociedades
Anônimas) instituíram novas redações: as Leis n° 11.638/07 e n° 11.941/09 que tratam sobre
19
procedimentos em contabilidade. Em 2005, surgiu o Comitê de Pronunciamentos Contábeis –
CPC, órgão que emite Pronunciamentos Técnicos, dá orientação sobre práticas contábeis e
interpreta as IFRS. Em 2010, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, através da
Resolução Normativa n° 396, criou a Contabilidade Regulatória para esse setor.
As empresas do setor elétrico brasileiro são obrigadas, pelo arcabouço legal e
normativo, a obedecerem às práticas contábeis adotadas nas contabilidades Societária,
Regulatória e Tributária. A Societária é orientada pelas normas internacionais de
contabilidade; a Regulatória obedece aos regulamentos criados pela ANEEL; e a Tributária
obedece aos atos proferidos pelos órgãos competentes (Receita Federal do Brasil – RFB,
Secretaria da Fazendo do Estado – SEFAZ, entre outros). A divulgação das informações
geradas pelas práticas contábeis é amplamente facilitada pela atual tecnologia da informação e
auxilia a tomada de decisão pelos usuários internos e externos das companhias.
Apesar de as contabilidades regulatória e societária atenderem a distintos usuários,
é possível que as distribuidoras do setor de energia elétrica apresentem indicadores
econômico-financeiros favoráveis segundo a contabilidade regulatória, mas não apresente a
mesma performance, se os indicadores forem calculados com base nas demonstrações
contábeis preparadas pela contabilidade societária ou o inverso.
Nesse sentido, pesquisas precisam avançar, a fim de investigar de que maneira as
diferenças entre contabilidades podem impactar os indicadores econômico-financeiros das
empresas.
Esta pesquisa compara as diferenças entre as contabilidades regulatória e
societária nos indicadores econômico-financeiros, calculados com base nas demonstrações
contábeis publicadas nos anos de 2009, 2010 e 2011, das empresas distribuidoras do setor
elétrico brasileiro; calcula esses indicadores considerando as demonstrações contábeis no
período escolhido e verifica as diferenças estatísticas encontradas, caso existam.
Assim, foi formulada a seguinte questão-problema: Quais indicadores podem
refletir diferenças significativas entre os indicadores econômico-financeiros baseados
nas International Financial Reporting Standards e na Contabilidade Regulatória das
empresas de distribuição de energia do setor elétrico brasileiro?
20
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Identificar possíveis divergências entre contabilidade regulatória e
International Financial Reporting Standards - IFRS, nos indicadores econômico-financeiros
calculados com base nas demonstrações contábeis publicadas em 2009, 2010 e 2011 das
empresas distribuidoras de energia elétrica no Brasil.
1.2.2 Objetivos Específicos
Calcular indicadores econômico-financeiros das empresas distribuidoras de energia
elétrica no Brasil, com base nas demonstrações contábeis publicadas e elaboradas
conforme as normas regulatória e societária no triênio estudado;
Comparar esses indicadores, considerando as demonstrações contábeis dos três exercícios
sociais, elaboradas com base nas contabilidades Regulatória e Societária;
Verificar se existem diferenças estatisticamente significativas, nesses indicadores;
Analisar as diferenças encontradas nesses indicadores.
1.3 Justificativa
A relevância deste trabalho justifica-se pelos seguintes fatos: a) o setor elétrico
tem profunda importância para o desenvolvimento do país, pois o consumo de energia é um
dos principais indicadores do desenvolvimento econômico e do nível de qualidade de vida de
qualquer sociedade (ANEEL, 2008); b) existe, atualmente, no país, um sistema de
contabilidade regulatória específico para o setor, e ainda uma contabilidade societária baseada
em normas internacionais de contabilidade também direcionada para a área, as quais estão
sendo implementadas no Brasil; c) entre as duas contabilidades são observadas divergências
na conciliação de alguns grupos de contas contábeis e entre indicadores econômico-
financeiros.
21
Embora esse assunto mereça consideração especial, observa-se que o estágio atual
de pesquisa, nessa área, é bastante incipiente, o que atribuiu originalidade ao trabalho,
aumentando sua relevância. Porém algumas pesquisas realizadas sobre esta temática podem
ser citadas:
Suzart et al. (2012) realizaram uma pesquisa na qual buscaram identificar se havia
diferenças significativas e qual a intensidade delas nos retornos, ROE (Return on Equity) e
ROA (Return on Assets), das concessionárias brasileiras do setor elétrico. Foram analisados
os números contábeis societários e regulatórios de 62 empresas que adotaram a IFRIC 12 e
publicaram balanços regulatórios relativos aos anos de 2009 e 2010 e, também, os retornos de
vinte dessas empresas, no período de 2000 a 2010. Diferentemente desse estudo, este trabalho
busca contribuir analisando, de forma específica, empresas de distribuição do setor elétrico
brasileiro e um maior número de indicadores econômico-financeiros.
Pesquisa realizada por Wanderley et al. (2011) visou analisar a evolução da
contabilidade regulatória, no contexto da regulamentação do setor elétrico brasileiro. Os
autores chegaram ao seguinte resultado: a contabilidade regulatória desempenhou diferentes
papéis na sua implementação, dentro do ambiente regulatório do setor elétrico brasileiro.
Os autores Weißenberger e Angelkort, em estudo realizado em 2011, afirmam que
os padrões de contabilidade financeira em IFRS ou US GAAP são mais adequados para
tomada de decisão e que a integração de sistemas de contabilidade é, provavelmente, um
procedimento mais fácil e bem sucedido.
Pesquisa, estritamente qualitativa, realizada por Brugni, Rodrigues e Cruz (2011),
no setor de energia elétrica, avaliou se o processo de harmonização contábil, norma
internacional Internacional Financial Reporting Interpretations Comitee (IFRIC) 12
correspondente à Interpretação do Comitê de Pronunciamentos Técnicos (ICPC) 01 no Brasil,
pode influenciar na formação das tarifas do setor elétrico. Nesse estudo, foi feito um
comparativo entre a norma internacional IFRIC 12 e a contabilidade regulatória –
características dos normativos internacionais que podem influenciar na formação de tarifas
cobradas dos consumidores finais de energia elétrica no Brasil. Os autores afirmam que a
mudança referente à reclassificação do Ativo Imobilizado, à nova rubrica de receitas de
construção e à extinção dos ativos regulatórios geradas pela IFRIC 12 é uma das mais
exigentes normas que podem gerar imbróglios para os especialistas da área. Visto que, até o
presente momento, não existe solução consensual, divulgada pelos órgãos competentes sobre
22
muitas das distorções entre contabilidade regulatória e a societária, esse conflito poderá ter
impacto na tomada de decisão.
Klann, Beuren e Hein (2009, p. 171) desenvolveram uma pesquisa que objetivou
analisar o impacto das diferenças entre as normas contábeis brasileiras e americanas nos
indicadores de desempenho de empresas brasileiras de governança corporativa. Alguns dos
resultados foram que o usuário da informação contábil (analista) precisa considerar as
diferenças individuais em cada indicador de desempenho, pois as variações positivas e
negativas, constatadas em todos os indicadores, podem distorcer a análise se houver
compensação entre ambas.
Em 2008, Rehbein et al. desenvolveram um estudo na área de transporte
intermunicipal de passageiros da Região Metropolitana de Porto Alegre, o qual identificou a
contabilidade regulatória como um instrumento de qualificação no trabalho de gestão dos
reguladores desse serviço público.
Callao, Jarne e Laínez (2007) realizaram uma pesquisa do impacto da adoção do
IFRS, na Espanha, sobre os indicadores econômico-financeiros das empresas naquele país. O
estudo teve dois objetivos: determinar se as demonstrações financeiras das empresas
espanholas são comparáveis, quando algumas aplicam IFRS e outras continuam a utilizar as
normas espanholas, e determinar o efeito da adoção do IFRS sobre a relevância dos relatórios
financeiros na Espanha. Dentre os resultados obtidos, os autores identificaram que não houve
melhoria na relevância das informações financeiras para os usuários da informação
(operadores do mercado local de ações).
Os autores Stolowy e Ding (2003) desenvolveram uma pesquisa com as 100
maiores empresas francesas entre 1985 e 2000. Abordaram a flexibilidade regulatória e o
oportunismo da gestão no ambiente de normas internacionais de contabilidade. Os resultados
mostraram que, no processo de harmonização das normas contábeis, a escolha voluntária das
normas, feita por empresas francesas, indica certo grau de oportunismo pela gestão que
observa constantemente o seu custo-benefício.
Além dessas pesquisas, algumas com objetivos similares verificaram o impacto
das Normas Internacionais de Contabilidade (de acordo com as utilizadas em cada país) em
indicadores econômico-financeiros e/ou nas informações obtidas pelos usuários da
informação contábil (PERRAMON; AMAT, 2006; CORDEIRO; SILVA; COUTO, 2007;
MIRANDA, 2008; MORAIS; CURTO, 2009; SANTOS; CALIXTO, 2010;
TSALAVOUTAS; EVANS, 2010; STENT; BRADBURY; HOOKS, 2010; SHELTON;
OWENS-JACKSON; ROBINSON, 2011; BRAGA et al, 2011; BARTH et al, 2012).
23
1.4 Delimitação do Estudo
Dentre as atividades desenvolvidas no setor de energia elétrica (geração,
transmissão, distribuição e comercialização), foram selecionadas as empresas de distribuição
que são associadas à Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica –
ABRADEE. A escolha da atividade de distribuição foi baseada na maior concentração de
empresas do setor de energia elétrica nessa atividade, em relação às demais, e também por
obterem-se resultados da pesquisa mais homogêneos.
O objeto de estudo são os indicadores econômico-financeiros elaborados com
base na contabilidade regulatória e suas diferenças, ocorridas nos grupos de contas das
demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultados), quando
comparada com a contabilidade societária das distribuidoras do setor de energia elétrica
brasileiro, no período de três anos (2009, 2010 e 2011).
1.5 Estrutura do Trabalho
Esta dissertação está estruturada em quatro capítulos: introdução, referencial
teórico, metodologia e análise dos resultados, seguidos da conclusão.
O primeiro capítulo aborda aspectos introdutórios, com destaque à definição do
problema da pesquisa, dos objetivos geral e específicos, da justificativa do estudo, da
delimitação do estudo e da estrutura do trabalho.
O segundo capítulo apresenta o referencial teórico, que pretende sustentar a
análise da pesquisa. Inicia-se com uma abordagem sobre o setor elétrico do Brasil. Na
sequência, faz-se uma incursão teórica sobre regulação e revisão tarifária no setor de energia
elétrica no Brasil. Após isso, insere-se a contabilidade regulatória e as normas internacionais
de contabilidade no ambiente regulatório. Faz-se uma comparação entre as contabilidades
regulatória e societária, com a qual se busca apresentar as principais diferenças. A partir das
divergências percebidas, faz-se uma pesquisa teórica no núcleo fundamental da teoria
contábil, proporcionando uma discussão sobre os conceitos de ativos, passivos, receitas e
despesas. Por último apresentam-se características qualitativas e os indicadores econômico-
financeiros (Estrutura de Capital, Liquidez, Rentabilidade e outro indicador), utilizados na
análise das demonstrações contábeis.
24
O terceiro capítulo apresenta a metodologia. Primeiramente, aborda-se o
delineamento da pesquisa. Depois, a população e a amostra. Em seguida, descreve-se a forma
de coleta e análise dos dados. Por fim, apresentam-se as hipóteses testadas.
No quarto capítulo, faz-se a descrição e análise dos dados da pesquisa. Inicia-se
apresentando o perfil das distribuidoras do setor de energia elétrica. Em seguida, faz-se uma
comparação entre os grupos de contas contábeis do Balanço Patrimonial. Na sequência,
comparam-se as contas contábeis das Demonstrações do Resultado. Por último, apuram-se as
diferenças nos indicadores econômico-financeiros, extraídos das demonstrações contábeis das
duas contabilidades.
Após esse capítulo, apresenta-se a conclusão, apoiada no referencial teórico e nas
análises apresentadas anteriormente, além das limitações desta pesquisa e sugestões para
futuros prolongamentos deste estudo.
Por fim, são apresentadas as referências que foram utilizadas para o
desenvolvimento da pesquisa.
25
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Regulação e Revisão Tarifária no Setor de Energia Elétrica no Brasil
2.1.1 Regulamentação no Setor Elétrico Brasileiro
O setor elétrico brasileiro está inserido em um cenário normatizado e regulado.
Esse setor, no seu contexto atual, está em fase de desenvolvimento, impulsionado por avanços
tecnológicos e mudanças legais e normativas.
O setor elétrico, assim como a economia brasileira, vem sofrendo transformações.
Com a globalização dos mercados, o processo de abertura econômica implantado no
Brasil na última década e as transformações ocorridas no setor elétrico de diversos
países, dentre eles a Inglaterra e os Estados Unidos da América, há um novo cenário
econômico nacional (VANZELLA, 2003, p.50).
Entre os séculos XX e XXI, mais precisamente a partir da década de 90, o setor
elétrico passou por dois momentos importantes. O Primeiro envolveu a privatização das
companhias operadoras e a promulgação da Lei n° 9.427, de 26 de dezembro de 1996, que
instituiu a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e determinou que a exploração dos
potenciais hidráulicos fosse concedida por meio de concorrência ou leilão, em que o maior
valor oferecido pelo uso do bem público determinaria o vencedor. O segundo momento
ocorreu no ano de 2004, com o a introdução do novo modelo do Setor Elétrico, que tem como
objetivos principais: garantir a segurança no suprimento; promover a inserção social e
promover a modicidade tarifária (ANEEL, 2008).
Segundo Ganim (2009), após a criação da ANEEL, autarquia sob regime especial
no novo ambiente institucional, foram constituídas novas entidades direcionadas ao setor
elétrico brasileiro: o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e o Mercado Atacadista
de Energia (MAE) - sucedido pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE),
esta criada através da edição da Lei n° 10.848/04 e aqueles criados pela Lei nº 9.648/98. A
ANEEL sucedeu o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE), uma
autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). A Lei n° 9.427, de 26 de
dezembro de 1996, define as competências da ANEEL:
Art. 2o A Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL tem por finalidade regular
e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia
elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do governo federal.
26
De acordo com Gastaldo (2009), logo em seguida à criação da ANEEL, as
medidas para o melhoramento da estrutura legal do setor elétrico foram tomadas pelos entes
da federação que detinham a responsabilidade. Algumas medidas criadas dentro do arcabouço
legal foram:
a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei n° 9.433, de 8 de
janeiro de 1997. Essa Lei criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
o Mercado Atacadista de Energia (MAE) e o Operador Nacional dos
Sistema(ONS), criados pela Lei 9.648, de 27 de maio de 1998;
o Decreto n° 2.335, de 6 de outubro de 1997, que aprovou a estrutura
Regimental da ANEEL;
a Resolução ANEEL nº 456, de 29 de novembro de 2000, que estabeleceu, de
forma atualizada e consolidada, as condições gerais de fornecimento de energia elétrica;
a Resolução ANEEL nº 94, de 30 de março de 1998, que definiu os limites de
concentração, nas atividades de distribuição e geração.
Ainda segundo Gastaldo (2009), a estrutura normativa surgiu entre os anos de
1999 e 2000, oferecendo condições necessárias para que geradores e distribuidores pudessem
celebrar contratos de longo prazo, com o objetivo de garantir:
expansão do parque gerador e a modicidade das tarifas;
a nova regulamentação do livre acesso aos sistemas de transmissão e
distribuição para os agentes de geração e os consumidores livres;
novos padrões de qualidade de serviços para as distribuidoras;
limites à concentração econômica;
regras de funcionamento do Mercado Atacadista de Energia (MAE).
Em 2001, o governo brasileiro criou a Câmara de Gestão da Crise de Energia
Elétrica (CGCE), com o propósito de implantar medidas emergenciais para compatibilizar a
demanda com a oferta de energia elétrica e, assim, evitar interrupções intempestivas no
suprimento de energia elétrica. Em 2007, foi criado o Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), com previsão de investimentos no setor elétrico para o triênio 2007-
2010, visando evitar a ocorrência de “apagões” (GASTALDO, 2009).
2.1.2 Revisão Tarifária no Setor Elétrico Brasileiro
As tarifas de energia elétrica no Brasil, historicamente, eram estabelecidas pelo
governo brasileiro, por meio de um conjunto de leis e normas. Esse arcabouço legal era
27
extremamente complexo e envolvia uma série de subsídios e compensações entre companhias,
para que houvesse a equalização do preço da tarifa, em todos os estados brasileiros
(ALVAREZ, 2007). Em 1993, as companhias distribuidoras de energia elétrica foram
autorizadas, pela Lei nº 8.631, a calcular e cobrar diferentes tarifas de acordo com as suas
estruturas de custos, mas sujeitas à aprovação pelo DNAEE (Departamento Nacional de
Águas e Energia Elétrica). Como consequência, essa lei acabou com o retorno do
investimento, garantido para empresas distribuidoras, bem com a tarifa equalizada entre
diferentes empresas (ALVAREZ, 2007; ARAUJO, 2006). Essa lei ajustava a tarifa da energia
elétrica conforme os custos reais de cada companhia distribuidora (metodologia cost-plus).
A Lei 8.987/95 estabeleceu o novo regime de concessão de serviços públicos,
introduzindo a regulação por incentivo (price cap regulation). Na regulação por incentivo, o
governo, em conjunto com empresas de utilidade pública, estabelece a tarifa que empresas são
autorizadas a cobrar dos seus consumidores. A tarifa é ajustada periodicamente, de acordo
com a inflação do período, evolução tecnológica e outras mudanças no ambiente externo
(LIMA, 2002). De acordo com Kang, Weisman e Mingyuan (2000), a regulação por
incentivo é conhecida, na literatura inglesa, como RPI-X regulation, em que RPI representa o
índice de inflação do período e X é um fator (índice) que reflete o ganho futuro de
produtividade das empresas e específica o índice no qual a tarifa da companhia regulada deve
cair em termos reais, durante o período de um ano. Os autores Valera e Redolfi (2007)
esclarecem que, na regulação por incentivo, uma vez que a tarifa é estabelecida para o período
de revisão tarifária (no Brasil esse período é de quatro ou cinco anos), a empresa é livre para
gerenciar seus custos e, dessa forma, existe incentivo para que as empresas sejam mais
eficientes, visto que ganhos de produtividades se converterão em benefícios para empresa
durante o período de revisão tarifária. Esse ganho de produtividade também pode ser
repassado para o consumidor, no próximo período de revisão. No final do período de revisão
tarifária, o fator X é recalculado pelo governo e o processo se reinicia, com um novo fator de
produtividade.
O processo de revisão tarifária ocorre a cada quatro ou cinco anos dependendo do
contrato de concessão de cada empresa distribuidora. O primeiro ciclo de revisão tarifária, no
Brasil (2003-2006), foi normatizado pela resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL), número 493/2002, enquanto o segundo ciclo (2007-2010) foi normatizado pela
resolução da ANEEL, número 234/2006. O terceiro ciclo (2011-2014) de revisão tarifária está
sendo normatizado pela resolução da ANEEL, número 471/2011, que estabelece os
procedimentos a serem adotados, a título provisório, nos processos de revisão tarifária de
28
concessionárias e permissionárias, até a publicação das correspondentes metodologias
aplicáveis.
O processo de revisão tarifária periódica possui dois estágios: (a)
Reposicionamento Tarifário (RT), o qual estabelece o nível eficiente dos custos operacionais
e o retorno justo do capital investido; e (b) determinação do fator X (ROCHA; CAMACHO;
BRAGANÇA, 2007). A ANEEL adota o modelo contábil tradicional clássico, para
determinar a receita das empresas distribuidoras, a fim de que seja mantido o equilíbrio
econômico-financeiro da concessão. Para se calcular a receita regulatória das empresas
distribuidoras, a ANEEL divide os custos das companhias distribuidoras em dois grupos:
Parcela A (custos não controláveis) e Parcela B (custos controláveis) (ALVAREZ, 2007).
A regulação por incentivo (price cap regulation) introduzida no Brasil foi um
importante mecanismo para moldar os sistemas gerenciais das empresas distribuidoras de
energia elétrica (TOZZINI, 2008; WANDERLEY et al, 2011). O processo de revisão tarifária
é o principal evento para uma empresa distribuidora, pois a receita da companhia, para um
período de quatro a cinco anos, é determinado nesse momento. Como as empresas de
distribuição de energia elétrica operam em um ambiente de monopólio privado (não precisam
disputar a participação no mercado), o lucro da empresa distribuidora é também determinado
no momento da revisão tarifária (ALEXANDER; IRWIN, 1996; KANG; WEISMAN;
MINGYUAN, 2000).
O regulador define o ambiente econômico que uma empresa distribuidora de
energia elétrica vai operar, pois ele impõe a tarifa elétrica máxima e os níveis padrões de
qualidade que a empresa deve seguir. Dessa forma, o regulador diminui a autonomia decisória
das empresas que operam nesse setor. O ambiente a que uma empresa regulada está sujeita é
muito mais complexo do que o de uma empresa privada comum (THOMAS, 2006; ZHANG;
THOMAS, 2009). Divergências de interesses entre os objetivos do regulador e os dos
acionistas da empresa geram conflitos no gerenciamento da companhia. Esses conflitos são
mais evidentes durante o processo de revisão tarifária, devido a sua importância e sua
visibilidade perante os membros da sociedade (GILL-DE-ALBORNOZ; ILLUECA, 2005).
2.2 Contabilidade Regulatória no Setor Elétrico
A ANEEL tem competência para fiscalizar, mediar e regulamentar. Sua missão é
proporcionar condições favoráveis para que o mercado de energia elétrica se desenvolva com
equilíbrio, entre os agentes, e em benefício da sociedade.
29
Com o intuito de equalizar o conflito de interesses entre os agentes, surgiu a
Contabilidade Regulatória. No uso de suas atribuições, através da Resolução Normativa n°
396, de 23 de fevereiro de 2010, instituiu a Contabilidade Regulatória e aprovou alterações no
Manual de Contabilidade do Setor Elétrico, instrumento anteriormente estabelecido na
Resolução ANEEL nº 444, de 26 de outubro de 2001. Essa norma, em seu artigo 1°, criou a
contabilidade regulatória e propôs o objetivo do Manual de Contabilidade do Setor Elétrico:
Art. 1° Instituir a contabilidade regulatória, passando o Manual de Contabilidade do
Setor Elétrico – MCSE a ter por finalidade estabelecer as práticas e orientações
contábeis necessárias às concessionárias e permissionárias de serviço público de
transmissão e de distribuição de energia elétrica para registro contábil de suas
respectivas operações e elaboração de demonstrações contábeis, de forma a atender
as necessidades regulatórias.
Segundo Brugni, Rodrigues e Cruz (2011), com relação à criação da contabilidade
regulatória, entre as características que fundamentam o seu surgimento, destaca-se a
impossibilidade de registro dos chamados ativos e passivos regulatórios por parte das
concessionárias.
Os ativos e passivos regulatórios, no ambiente da contabilidade regulatória, são
assim definidos:
Estas duas rubricas objetivam registrar a variação, positiva (ativo) ou negativa
(passivo) dos custos não gerenciáveis (conhecida como Parcela A da estrutura
tarifária) com relação ao último reajuste tarifário anual até que se proceda ao
mecanismo de reajuste tarifário e assim as empresas possam baixar suas contas,
confrontando com os aumentos ou diminuições ajustadas pelas tarifas (BRUGNI;
RODRIGUES; CRUZ, 2011, p.10).
A Resolução Normativa n° 396/2010 relata as necessidades que levaram ao
surgimento da Contabilidade Regulatória no Brasil, indicando a) um conjunto de informações
da situação econômico-financeira das concessionárias e permissionárias de serviço público de
transmissão e de distribuição de energia elétrica e b) informações contábeis referentes à
composição dos ativos vinculados à concessão, permissão e autorização de energia elétrica.
No tocante às informações da situação econômico-financeira, a norma relata a
seguinte necessidade:
De divulgar à sociedade um conjunto de informações que representem
adequadamente a situação econômico-financeira das concessionárias e
permissionárias de serviço público de transmissão e de distribuição de energia
elétrica em consonância com o arcabouço legal regulatório tarifário, em um modelo
que permita a apresentação da realização dos componentes tarifários e da efetiva
remuneração com obediência ao Pressuposto Básico da Competência,
especificamente relacionado ao processo de confrontação das despesas com as
receitas entre os períodos contábeis.
30
Referente às informações contábeis sobre a composição dos ativos vinculados,
essa norma expressa a seguinte necessidade:
De manutenção das informações contábeis referentes à composição dos ativos
vinculados à concessão, permissão e autorização de energia elétrica, sujeitos à
reversão, para fins de atendimento às atividades de fiscalização e prestações de
informações dos investimentos no setor elétrico, face às eminentes alterações
propostas com vistas à convergência das práticas contábeis brasileira às normas
internacionais de contabilidade, aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade
– CFC.
Essa Resolução Normativa, no artigo primeiro e parágrafos um e dois, trata sobre
a aplicação dos Pronunciamentos Técnicos ou Interpretação Técnica de Correlação às Normas
Internacionais de Contabilidade, emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC,
na contabilidade regulatória. Essas normas contábeis terão que ser aprovadas pela ANEEL,
antes de aplicá-las na contabilidade regulatória, pois dependem de prévia aprovação pelo
órgão regulador.
2.3 Normas Internacionais de Contabilidade, no Brasil
A Lei n° 11.638/07 representou o marco legal para a Harmonização das Normas
Internacionais no Brasil. Essa Lei estabelece que as normas contábeis devem ser elaboradas
em consonância com os padrões internacionais de contabilidade, adotados nos principais
mercados de valores mobiliários. Essa imposição afeta diretamente os pronunciamentos
emitidos pelas entidades que normatizam, regulam e utilizam-se da contabilidade no país.
Entre os órgãos reguladores estão a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), o Instituto dos Auditores Independentes do
Brasil (IBRACON), a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), o Banco Central do
Brasil (BACEN), entre outros.
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, periodicamente, emite normas
contábeis para atender aos padrões internacionais de contabilidade. Diversos temas já foram
abordados pelas normas, conforme quadro a seguir:
31
Quadro 1- Pronunciamentos Técnicos correlacionados às Normas Internacionais de Contabilidade
Pronunciamento Técnico Norma
Pronunciamento Conceitual Básico (R1) - Estrutura Conceitual para Elaboração e
Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro
The Conceptual
Framework for Financial
Reporting
CPC 01 (R1) - Redução ao Valor Recuperável de Ativos IAS 36
CPC 02 (R2) - Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de
demonstrações contábeis
IAS 21
CPC 03 (R2) - Demonstração dos Fluxos de Caixa IAS 7
CPC 04 (R1) - Ativo Intangível IAS 38
CPC 05 (R1) - Divulgação sobre Partes Relacionadas IAS 24
CPC 06 (R1) - Operações de Arrendamento Mercantil IAS 17
CPC 07 (R1) - Subvenção e Assistência Governamentais IAS 20
CPC 08 (R1) - Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores
Mobiliários
IAS 32, itens IN6, IN14,
11, 33, 34, 35, 37, 38 e
IAS 39, itens 9, 43, 47
CPC 09 - Demonstração do Valor Adicionado -
CPC 10 (R1) - Pagamento Baseado em Ações IFRS 2
CPC 11 - Contratos de Seguro IFRS 4
CPC 12 - Ajuste a Valor Presente -
CPC 13 - Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Medida Provisória nº. 449/08 -
CPC 14 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação IAS 39 e IAS 32
CPC 15 (R1) - Combinação de Negócios IFRS 3
CPC 16 (R1) - Estoques IAS 2
CPC 17 (R1) - Contratos de Construção IAS 11
CPC 18 (R2) - Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento
Controlado em Conjunto
IAS 28
CPC 19 (R2) - Negócios em Conjunto IFRS 11
CPC 20 (R1) - Custos de Empréstimos IAS 23
CPC 21 (R1) - Demonstração Intermediária IAS 34
CPC 22 - Informações por Segmento IFRS 8
CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro IAS 8
CPC 24 - Evento Subsequente IAS 10
CPC 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes IAS 37
CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis IAS 1
CPC 27 - Ativo Imobilizado IAS 16
CPC 28 - Propriedade para Investimento IAS 40
CPC 29 - Ativo Biológico e Produto Agrícola IAS 41
CPC 30 (R1) - Receitas IAS 18
CPC 31 - Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada IFRS 5
CPC 32 - Tributos sobre o Lucro IAS 12
CPC 33 (R1) - Benefícios a Empregados IAS 19
CPC 35 (R2) - Demonstrações Separadas IAS 27
CPC 36 (R3) - Demonstrações Consolidadas IFRS 10
CPC 37 (R1) - Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade IFRS 1
CPC 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração IAS 39
CPC 39 - Instrumentos Financeiros: Apresentação IAS 32
CPC 40 (R1) - Instrumentos Financeiros: Evidenciação IFRS 7
CPC 41 - Resultado por Ação IAS 33
CPC 43 (R1) - Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPC 15 a 41 IFRS 1
CPC 45 - Divulgação de Participações em Outras Entidades IFRS 12
CPC 46 - Mensuração do Valor Justo IFRS 13
CPC PME (R1) - Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas The International
Financial Reporting
Standard for Small and
Medium-sized Entities
(IFRS for SMEs)
Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis, 2012.
32
Após a emissão dos Pronunciamentos Técnicos surgem algumas Interpretações
Técnicas quando a norma apresenta dificuldade na compreensão e/ou aplicação. No quadro, a
seguir, estão relacionadas às Interpretações e suas respectivas Normas Internacionais.
Quadro 2- Interpretações Técnicas correlacionadas às Normas Internacionais de Contabilidade
Interpretação Técnica Norma
ICPC 01 (R1) - Contratos de Concessão IFRIC 12
ICPC 02 - Contrato de Construção do Setor Imobiliário IFRIC 15
ICPC 03 - Aspectos Complementares das Operações de Arrendamento Mercantil IFRIC 4, SIC 15 e SIC
27
ICPC 04 - Alcance do Pronunciamento Técnico CPC 10 - Pagamento Baseado em
Ações
IFRIC 8
ICPC 05 - Pronunciamento Técnico CPC 10 - Pagamento Baseado em Ações -
Transações de Ações do Grupo e em Tesouraria
IFRIC 11
ICPC 06 - Hedge de Investimento Líquido em Operação no Exterior IFRIC 16
ICPC 07 - Distribuição de Lucros in Natura IFRIC 17
ICPC 08 (R1) - Contabilização da Proposta de Pagamento de Dividendos -
ICPC 09 (R1) - Demonstrações Contábeis Individuais, Demonstrações Separadas,
Demonstrações Consolidadas e Aplicação do Método de Equivalência Patrimonial
-
ICPC 10 - Interpretação sobre a Aplicação Inicial ao Ativo Imobilizado e à
Propriedade para Investimento dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 27, 28, 37 e 43
-
ICPC 11 - Recebimento em Transferência de Ativos de Clientes IFRIC 18
ICPC 12 - Mudanças em Passivos por Desativação, Restauração e Outros Passivos
Similares
IFRIC 1
ICPC 13 - Direitos a Participações Decorrentes de Fundos de Desativação,
Restauração e Reabilitação Ambiental
IFRIC 5
ICPC 14 - Cotas de Cooperados em Entidades Cooperativas e Instrumentos Similares IFRIC 2
ICPC 15 - Passivo Decorrente de Participação em um Mercado Específico -
Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos
IFRIC 6
ICPC 16 - Extinção de Passivos Financeiros com Instrumentos Patrimoniais IFRIC 19
ICPC 17 - Contratos de Concessão: Evidenciação SIC 29
Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis, 2012.
Através da aplicação dessas normas contábeis, varias informações (econômicas e
financeiras) são geradas pelas contabilidades societária, regulatória, entre outras.
2.4 Contabilidades Regulatória versus Societária
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou a instrução n° 457, de 13 de
junho de 2007, que determina adoção e aplicação dos novos padrões internacionais de
contabilidade. A ANEEL, como órgão regulador, não reconheceu algumas das novas práticas
contábeis estabelecidas nas seguintes normas: IFRIC 12 – Service Concession Arrangements,
referente à contabilização nas concessões de serviço público (correlacionada à interpretação
técnica brasileira ICPC 01 – Contratos de Concessão) e não reconhecimento dos ativos e
passivos regulatórios, por não se enquadrarem ao The Conceptual Framework for Financial
33
Reporting do IASB (correlacionada à interpretação técnica brasileira CPC 00 (R1) – Estrutura
Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro).
As demonstrações financeiras regulatórias estão sendo elaboradas e evidenciadas, de
acordo com o Manual de Contabilidade do Setor Elétrico brasileiro (orientado pela ANEEL) e
com as práticas contábeis adotadas no Brasil (Lei das Sociedades por ações, normas e
pronunciamentos técnicos, que estão em conformidade com as Normas Internacionais de
Contabilidade), com exceção das normas societárias (CPC 00; ICPC 01 e CPC 17), que são
conflitantes com as práticas contábeis regulatórias, como apresentadas no quadro 3.
Quadro 3- Normas societárias conflitantes com as práticas regulatórias
CPC 00 - Estrutura Conceitual para
Elaboração e Apresentação das
Demonstrações Financeiras
Esse pronunciamento, dentre outros conceitos, estabelece as bases
para reconhecimento de ativos, passivos, receitas e despesas e não
reconhecem, nas demonstrações financeiras, os valores estimados de
ativos e passivos regulatórios (diferença entre os custos incluídos na
tarifa de energia elétrica e os efetivamente incorridos pela
Companhia), por não atenderem à definição de ativos e/ou passivos.
Dessa forma, os direitos ou compensações de ativos e passivos
regulatórios somente são refletidos nas demonstrações financeiras, no
momento do consumo de energia elétrica por parte dos
consumidores.
ICPC 01 – Contratos de Concessões
(IFRIC 12)
Esse pronunciamento estabelece diretrizes gerais para o
reconhecimento e mensuração das obrigações e direitos relacionados
em contratos de concessão. É aplicável para situações em que o poder
concedente controle ou regulamente quais serviços o concessionário
deve prestar com a infraestrutura, a quem os serviços devem ser
prestados e por qual preço, e controle qualquer participação residual
significativa na infraestrutura, ao final do prazo da concessão.
Atendidas essas definições, a infraestrutura das concessionárias de
distribuição é segregada e movimentada desde a data de sua
construção, cumprindo as determinações existentes nos CPCs e
IFRSs, de modo que seja registrado nas demonstrações financeiras:
(i) um ativo intangível, correspondendo ao direito de explorar a
concessão mediante cobrança aos usuários dos serviços públicos, e
(ii) um ativo financeiro, correspondendo ao direito contratual
incondicional de recebimento de caixa (indenização), mediante
reversão dos ativos ao término da concessão. O valor do ativo
financeiro da concessão é determinado pelo seu valor justo, apurado
através da base de remuneração dos ativos, estabelecida pelo órgão
regulador. O ativo financeiro enquadra-se na categoria de disponível
para venda e é atualizado e amortizado anualmente, de acordo com a
atualização de seu valor justo, tendo como contrapartida a conta de
Resultados Abrangentes no Patrimônio Líquido. O montante
remanescente é registrado no ativo intangível e corresponde ao
direito de cobrar aos consumidores os serviços de distribuição de
energia elétrica, sendo sua amortização realizada de acordo com o
padrão de consumo, que reflita o benefício econômico esperado até o
término da concessão.
CPC 17 – Contratos de Construção
A prestação de serviços de construção da infraestrutura é registrada
de acordo com esse pronunciamento, tendo como contrapartida um
ativo financeiro correspondendo aos valores passíveis de
indenização, e os montantes residuais classificados como ativo
intangível, os quais serão amortizados pelo prazo da concessão. Isso
é feito de acordo com o padrão econômico que contraponha a receita
cobrada pelo consumo de energia elétrica, em função (i) do modelo
34
tarifário que não prevê margem de lucro para a atividade de
construção da infraestrutura, (ii) da forma como as controladas
gerenciam as construções através do alto grau de terceirização, e (iii)
de não existir qualquer previsão de ganhos em construções nos
planos de negócio da Companhia.
Fonte: Adaptado do Relatório Contábil-Financeiro da Companhia Energética de Pernambuco, 2011.
Nesse ambiente de Normas Internacionais de Contabilidade, surge a contabilidade
regulatória, em conformidade com o Manual de Contabilidade do Setor Elétrico (MCSE),
para atender a práticas e disposições regulatórias que a ANEEL não reconhece perante as
normas internacionais.
O quadro a seguir, destaca as divergências do tratamento contábil (contabilização)
entre o Manual de Contabilidade do Setor Elétrico (MCSE) e as Normas de Contabilidade
(IFRIC 12/ICPC01).
Quadro 4 - Representação das características divergentes do tratamento contábil baseado nas
contabilidades regulatória versus societária.
Características Contabilidade Regulatória Contabilidade Societária
Conta de ativo imobilizado em
curso (utilizada para registrar
gastos em curso com construção,
ampliação e/ou melhoria)
Mantido pelo MCSE, para fins
de regulação.
Para fins societários, foi criada uma
conta retificadora para
transferência desses saldos para a
conta “custos de construção”,
conforme IFRIC 12, e para a conta
de ativo financeiro e intangível.
Conta de ativo imobilizado em
serviço (utilizada para registrar
gastos findos com construção,
ampliação e/ou melhoria)
Mantido pelo MCSE, para fins
de Regulação
Para fins societários, essa conta foi
extinta, com a transferência de seus
saldos para as contas de ativo
financeiro e intangível.
Conta de Receita de construção
Não existe no Manual do Setor
Elétrico nem irá figurar nos
demonstrativos elaborados com
base nele.
Criada apenas para fins societários,
registrando os valores justos das
construções.
Conta de Receita financeira
Não existe no Manual do Setor
Elétrico nem irá figurar nos
demonstrativos elaborados com
base nele.
Criada na contabilidade societária,
para a atualização do ativo
financeiro indenizável, ou seja, o
valor residual do ativo financeiro,
representante do valor da
indenização a receber do
concedente.
Conta de Outros créditos
Não existe no Manual do Setor
Elétrico nem figura nos balanços
societários.
Conta do ativo circulante como
contrapartida do fluxo de caixa
recebido pela indenização do saldo
residual do ativo financeiro.
Fonte: Adaptado de Brugni, Rodrigues e Cruz, 2011.
A ANEEL, através do Manual de Orientação dos Trabalhos de Auditoria das
Demonstrações Financeiras Regulatórias, estabelece alguns pontos de atenção e premissas
específicas sobre Ativos e Passivos Regulatórios, Obrigações Vinculadas ao Serviço Público
(Obrigações Especiais), Ativo Imobilizado e Gastos Operacionais Regulatórios. O quadro a
seguir apresenta esses aspectos.
35
Quadro 5 - Representação dos pontos de atenção e premissas específicas estabelecidas pelo Manual de
Orientação dos Trabalhos de Auditoria das Demonstrações Financeiras Regulatórias
Ativos e Passivos
Regulatórios
Considerando que, na convergência às normas internacionais (IFRS), não houve
correspondência no tratamento dos ativos e passivos regulatórios, eles
permaneceram registrados apenas nas demonstrações contábeis regulatórias. Da
mesma forma que já vinha sendo feito na auditoria societária, também na
auditoria regulatória, esse ponto deverá ser objeto de verificação.
Obrigações Especiais
A partir do 2º ciclo de revisão tarifária, as quotas de reintegração acumulada das
obrigações vinculadas devem ter, como contrapartida, a despesa de depreciação,
para que o efeito no resultado seja anulado, uma vez que esse valor não é mais
considerado na tarifa. Considerando a especificidade desse subgrupo contábil, não
apresentado nas demonstrações contábeis societárias, a Superintendência de
Fiscalização Econômica e Financeira (SFF) entende que esse item deve ser
integrado ao escopo da auditoria. Deve certificar que não esteja havendo baixa do
saldo das obrigações vinculadas à concessão, sem autorização da ANEEL. Esse
subgrupo deve sofrer apenas amortização.
Ativo Imobilizado
Com a adoção da ICPC 01 – Contratos de Concessão na contabilidade societária,
o ativo imobilizado foi bifurcado em ativo intangível e financeiro. Para fim
regulatório, deverá ser adotada a estrutura vigente no Manual de Contabilidade do
Setor Elétrico, ou seja, como ativo imobilizado. As premissas específicas para o
ativo imobilizado regulatório são:
- garantir que o ativo imobilizado não seja afetado pela ICPC – 01;
- que os ativos estejam registrados contabilmente pelo valor do Laudo de
Avaliação.
Para o registro contábil da reavaliação regulatória, deverá ser utilizado o valor
homologado na Revisão Tarifária do 2º Ciclo da concessionária, como referência.
O registro será pela diferença entre o valor contábil a custo histórico, na data base
de 31/12/2010, e o valor do laudo de avaliação homologado pela ANEEL. Os
efeitos dessa reavaliação regulatória compulsória deverão ser refletidos no
exercício de 2011, independentemente de a empresa ter implementado o controle
patrimonial nos moldes da Resolução nº 367/09.
O novo valor contabilizado será atualizado somente na ocasião da revisão
tarifária, conforme a data da revisão de cada empresa.
Para as empresas que não estão sujeitas à revisão tarifária, os valores
considerados serão os custos históricos.
Gastos Operacionais
Regulatórios
Para definição dos custos operacionais regulatórios, na metodologia de revisão
tarifária do 3º ciclo, foram considerados, nas simulações, os dados contábeis
obtidos do Balancete Mensal Padronizado e do Relatório de Informações
Trimestrais. Dentre os dados, estão os gastos com pessoal, administradores,
material, serviços de terceiros, arrendamentos e aluguéis, seguros, tributos e
outros. Ressalta-se a importância na qualidade da informação contábil, visto que é
insumo para as análises da Superintendência de Regulação Econômica da ANEEL
na formação tarifária.
As rubricas acima deverão ser objeto de análise do auditor, que avaliará se o
comportamento dos gastos está em conformidade com as práticas contábeis
aceitas. Caso esse ponto já esteja previsto no escopo da auditoria societária,
deverá ser excluído para não haver retrabalho.
Fonte: Adaptado do Manual de Orientação dos Trabalhos de Auditoria das Demonstrações Financeiras
Regulatórias.
A partir das premissas específicas descritas, no Quadro 5, sobre Ativos e Passivos
regulatórios e Ativos Imobilizado, inferem-se algumas características desses itens, para o
diferente reconhecimento no tratamento contábil sobre a perspectiva da contabilidade
regulatória.
36
O Manual de Contabilidade do Setor Elétrico estabelece as seguintes
características para reconhecimento dos Ativos e Passivos Regulatórios: (i) os Ativos
Regulatórios (conta de natureza devedora) estão inseridos no grupo de conta despesas pagas
antecipadamente, na qual se insere como subconta a conta de Compensação de Variação de
Custos da “Parcela A”, na qual serão contabilizados somente os pagamentos antecipados cuja
apropriação final seja o resultado do exercício; (ii) os Passivos Regulatórios (conta de
natureza credora) estão inseridos no grupo de contas credores diversos (contabiliza as
variações negativas de passivos regulatórios ocorridas em períodos intercalares às datas de
reajuste e/ou revisão tarifária), na qual se insere como subconta a Conta de Compensação de
Variação de Custos da “Parcela A”, na qual serão contabilizados os valores devidos pela
concessionária, para serem descontados no reajuste ou revisão tarifária.
A Comissão de Valores Mobiliários publicou o Ofício-Circular CVM/SNC/SEP
nº 001/2011, em 24 de fevereiro de 2011, que aborda o reconhecimento dos ativos e passivos
regulatórios e decidiu o seguinte:
O reconhecimento tem sido debatido pelo IASB desde 2005, culminando na emissão
em julho de 2009 do Exposure Draft ED/2009/8 – Rate-Regulated
Activities. Encerrado o período de audiência pública, o IASB iniciou discussões
sobre o projeto nas reuniões de fevereiro, junho e setembro de 2010, culminando na
constatação da falta de consenso relacionada à definição se o registro dos ativos e
passivos regulatórios estaria de acordo com a estrutura conceitual das IFRS. Assim
sendo, temos que o arcabouço normativo do IASB, e consequentemente do CPC,
não contém norma específica sobre o tema, o que nos remete à observância dos itens
10, 11 e 12 da deliberação CVM 592/09, que aprovou o CPC 23 - políticas
contábeis, mudança de estimativa e retificação de erro.
O Ativo Imobilizado compõe a base remuneratória das concessionárias de
distribuição de energia elétrica, a ser considerada a partir do ciclo de revisão tarifária
periódica estabelecida pela ANEEL. A Resolução Normativa, emitida pela Agência
Reguladora, estabelece os conceitos gerais, as metodologias aplicáveis e os procedimentos,
para realização do ciclo de Revisão Tarifária, conforme pode ser observado na Resolução
Normativa nº 493/2002 (primeiro ciclo de revisão tarifária – 2003-2006); na Resolução
Normativa nº 234/2006 (segundo ciclo de revisão tarifária – 2007-2010) e na Resolução
Normativa nº 471/2011 (terceiro ciclo de revisão tarifária – 2011-2014).
Segundo essas normas, para valoração do conjunto de ativos imobilizados em
serviço, é utilizada a metodologia do custo de reposição, considerando o valor novo do ativo,
como base para determinação do seu valor de mercado em uso (entende-se como Valor Novo
de Reposição o valor de um bem novo, idêntico ou similar ao avaliado, obtido a partir dos
preços médios praticados pela concessionária). São considerados os seguintes grupos de
37
contas de ativos da concessionária: intangíveis; terrenos; reservatórios, barragens e adutoras;
edificações, obras civis e benfeitorias; máquinas e equipamentos; veículos; e móveis e
utensílios.
De acordo com Brugni, Rodrigues e Cruz (2011), baseado na IFRIC 12, o modelo
bifurcado exige contabilização distinta, para cada tipo de direito a receber. A representação
das situações geradoras de ativos reconhecidos pelas concessionárias é descrito em três
mecanismos de pagamento: (i) concedente paga um valor fixo ao concessionário (Ativo
Financeiro); (ii) concedente - ou usuários normais - paga um valor que varia em função da
utilização da infraestrutura (Ativo Intangível) e (iii) concedente - ou usuários - paga um valor
variável, em função da demanda da infraestrutura, e também um valor fixo, estabelecido em
contrato (Ativo Financeiro e Intangível).
Segundo esses autores (2011, p.11), outra divergência de regras refere-se ao
reconhecimento de receitas:
Com a aprovação da ICPC 01 pela CVM, as distribuidoras de energia elétrica com
ações negociadas na Bolsa de Valores e reguladas pela ANEEL terão de reconhecer
dois tipos de receita. Isso acontece pela exigência normativa de reconhecer o tipo de
receita de acordo com os respectivos direitos das concessionárias de receber fluxo de
caixa. A partir da adoção da ICPC 01, as distribuidoras de energia terão que
reconhecer uma receita operacional decorrente de um direito de receber caixa dos
consumidores (ativo intangível referente à estimativa de fluxo de caixa recebível de
clientes durante o período contratual) e uma receita de construção (não reconhecida
anteriormente – ativo financeiro e/ou intangível, dependendo do risco), referente ao
direito de receber caixa por parte do poder concedente e/ou por parte dos
consumidores.
2.5 Núcleo Fundamental da Teoria Contábil
O Núcleo Fundamental da Teoria Contábil representa a base doutrinária (estrutura
conceitual) que dá sustentação às ciências contábeis. Alguns conceitos que fazem parte da
estrutura conceitual ainda são motivo de discussão na literatura, dependendo do ambiente
normativo em que estejam inseridos. Por exemplo, tomando por base a Contabilidade
Regulatória, os grupos de contas Ativos e Passivos não se enquadram nos conceitos
estabelecidos pela Contabilidade Societária (CPC 00 – Estrutura Conceitual Básica).
Para Ribeiro Filho et al.(2009), um dos pilares para estudos e pesquisas em
Contabilidade e disseminação doutrinária são os princípios orientadores das bases avaliatórias
dos ativos e passivos, definidores do resultado econômico: custo original como base de valor;
realização da receita e confrontação da despesa.
38
Iudícibus (2010) estrutura o Núcleo Fundamental da Teoria Contábil da seguinte
maneira: Ativo e sua mensuração; Passivo e sua mensuração; Receitas, Despesas, Perdas e
Ganhos; Patrimônio Líquido; Imobilizado Tangível, Depreciação; Estoque e Ativo Intangível
e outros itens.
Para esse autor (2010, p.121), o estudo do ativo e suas discussões são importantes
para as ciências contábeis, pois:
A sua definição e mensuração está ligada à multiplicidade de relacionamentos
contábeis que envolvem receitas e despesas. É critico o entendimento da verdadeira
natureza do ativo, em suas características gerais, a fim de que possamos entender
bem as subclassificações que aparecem em vários tipos de padronização, em vários
países (...) Ativo é ativo, independentemente de pertencer, por uma ou por outra
classificação, a este ou àquele grupo.
Baseado nesse autor, o conceito de ativo é utilizado para conceituar outros
elementos (passivos, receitas, despesas). Também se infere que, independente da norma
utilizada (regulatória e/ou societária), na essência, “Ativo é ativo”.
Hendriksen e Van Breda (2010, p.281) definem ativos como sendo
“essencialmente reservas de benefícios futuros”. Também apresentam a definição de ativos,
regulamentada pelo FASB (Financial Accouting Standards Board), na norma SFAC 6
(Statement of Financial Accounting Concepts n°6), como sendo: “Benefícios econômicos
futuros prováveis, obtidos ou controlados por uma entidade em consequência de transações ou
eventos passados”.
Kam (1990) enfatiza a definição do FASB sobre o conceito de Ativo e suas
características essenciais: prováveis benefícios econômicos futuros; obtidos e controlados por
uma entidade em particular e resultado de transações ou eventos passados. Basta apenas a
ausência de uma dessas características para impossibilitar o reconhecimento da existência de
um ativo. Para esse autor, a ideia expressa é que um ativo é algo que existe agora, e tem
capacidade de prestar serviços ou benefícios no presente ou no futuro.
Goulart (2002) afirma que, para o FASB, a característica essencial dos ativos é
incorporar um benefício futuro provável e, na sua ausência, não se pode reconhecer a
existência do ativo em termos contábeis.
O Pronunciamento Conceitual Básico - CPC 00 (R1), que tem correlação com as
Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo IASB (International Accounting
Standards Board), definiu ativo como: “um recurso controlado pela entidade como resultado
de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a
entidade”.
39
Tanto o FASB quanto o IASB estabelecem que, para se reconhecer um ativo, deve
haver, como característica essencial, entre outras: a incorporação de um benefício futuro
provável, pois, para essas organizações internacionais, a não existência dessa propriedade
altera a conceituação de ativo.
Segundo Hendriksen e Van Breda (2010, p.285), um ativo possui três
características essenciais conforme apresenta a organização internacional (FASB):
1. Incorpora um benefício futuro provável que envolve a capacidade, isoladamente
ou em combinação com outros ativos, de contribuir direta e indiretamente para a
geração de entradas líquidas de caixas futuros.
2. Uma dada entidade pode conseguir o benefício e controlar o acesso de outras
entidades a esse benefício.
3. A transação ou evento, originando o direito da entidade ao benefício, ou seu
controle sobre o mesmo, já terá ocorrido.
O Pronunciamento Conceitual Básico - CPC 00 (R1) apresenta duas
características para o reconhecimento de um item como sendo Ativo: primeiro, se for
provável que algum benefício econômico futuro associado ao item flua para a entidade ou flua
da entidade, e finalmente, se o item tiver custo ou valor que possa ser mensurado com
confiabilidade.
Para Iudícibus (2010, p.138), “é extremamente relevante conceituar bem o ativo,
em suas características básicas, para evitarmos problemas futuros com a apreciação desse ou
daquele elemento específico do ativo, desse ou daquele grupo.” Muitos dos problemas ou
divergências encontradas na prática contábil decorrem da aceitação, sem discussão, das
classificações normativas. Outro problema seria o não reconhecimento, na contabilidade
societária dos Ativos e Passivos regulatórios, estabelecidos pela contabilidade regulatória, no
setor de energia elétrica. Também as normas orientadoras das contabilidades têm os
reconhecimentos diferentes de alguns grupos e subgrupos de contas (Ativo Financeiro da
Concessão, Ativo Regulatório, Imobilizado e Intangível).
Através dessas definições, infere-se que os conceitos de Ativo estão alicerçados
em três pilares: recursos controlados pela entidade, transações ou eventos passados e
benefícios econômicos futuros.
Os autores Hendriksen e Van Breda (2010, p.285-286) explicam esses conceitos
da seguinte maneira: no pilar controle, “os direitos devem pertencer a algum indivíduo ou
alguma empresa”; na segunda característica sobre transações ou eventos passados, afirmam
que: “os benefícios econômicos devem resultar de transações ou eventos passados. Ativos não
devem incluir benefícios que poderão surgir no futuro, mas não existem no presente
40
momento, ou não estão sob o controle da entidade no presente”. No último aspecto, afirmam
que, para um benefício futuro provável, “deve haver algum direito específico a benefícios
futuros ou potencial do serviço. Direitos e serviços que tenham expirado não podem ser
incluídos”.
De acordo com Kam (1990), o recurso econômico é obtido ou controlado pela
entidade. Um ativo é um recurso econômico. A natureza de um recurso econômico é capaz de
fornecer benefícios econômicos futuros. Os ativos de uma entidade resultam de transações ou
eventos passados. A qualificação é um tanto confusa porque o termo “evento” pode ser
interpretado de diferentes maneiras. Para esse autor, a noção de serviços ou benefícios
econômicos futuros expressa uma ideia de que um ativo é algo que existe agora, e tem a
capacidade de prestar serviços ou benefícios no presente e no futuro.
Conceituar Ativo é o primeiro passo no processo de identificação de um ativo, no
mundo real, e, eventualmente, registrá-lo nas demonstrações contábeis. Alguns dos critérios
utilizados para o reconhecimento de um ativo são a sua definição e a mensuração.
Para Hendriksen e Van Breda (2010, p.303), mensurar “é atribuir uma quantidade
numérica a uma característica ou a um atributo de algum objeto, como um ativo, ou de uma
atividade, como a de produção”. Esses autores afirmam o seguinte sobre os objetivos da
mensuração:
A escolha de medidas de ativos deve ser orientada pelos objetivos de divulgação
financeira decorrentes da estrutura da contabilidade, do desejo de ser capaz de
interpretar demonstrações financeiras em termos econômicos ou de seu valor para
usuários.
Em seu trabalho de 2010, Iudícibus (2010, p.126) considera o conceito de valor
apresentado pela American Accouting Association (AAA), como um ideal que tem bases
práticas limitadas para a mensuração. O conceito apresentado por esse autor, a partir da AAA,
define que “a medida de valor de um ativo é a soma dos preços futuros de mercado dos fluxos
de serviços a serem obtidos, descontados pela possibilidade de ocorrência e pelo fator juros, a
seus valores atuais”.
Além dos autores supracitados, teóricos e pesquisadores apresentam conceitos de
ativos e passivos que permeiam o pensamento de sua época. Abordam as definições,
conforme a sua linha de pesquisa ou pensamento. Baseiam-se em normas de contabilidade ou
discussões teóricas.
Para atender às necessidades de sua época, Hendriksen e Van Breda (2010)
destacam alguns dos autores (PATON, 1924; SPROUSE; MOONITZ, 1962; MEIGS;
JOHNSON, 1962; MOST, 1986) que apresentaram os conceitos de ativos e passivos, de
41
maneira a colaborar com o propósito de beneficiar a compreensão dos usuários da informação
e o correto reconhecimento deles.
De modo inverso às definições supracitadas, as definições de passivo buscam
apresentar os sacrifícios futuros provenientes de benefícios econômicos.
Segundo Hendriksen e Van Breda (2010, p.281), o conceito de passivos implica
“essencialmente direitos contra benefícios”. Esses autores definiram passivos à luz da norma
SFAC 6, emitida pelo FASB, como sendo:
Sacrifícios futuros prováveis de benefícios econômicos decorrentes de obrigações
presentes de uma dada entidade, quanto à transferência de ativos ou prestação de
serviços a outras entidades no futuro, em consequência de transações ou eventos
passados.
Para Kam (1990, p.111), tanto essa definição de passivos como a de ativos não
focalizam na “coisa”, no mundo real que existe agora, mas em eventos futuros que ainda não
aconteceram. Ele afirma que a definição de passivos deveria ser reformulada para:
Passivos são obrigações de uma entidade em particular que compele à entidade
transferir ativos ou prestar serviços para outras entidades no futuro, e são o resultado
de transações ou eventos passados.
Já o Pronunciamento Conceitual Básico - CPC 00 (R1), que tem correlação com
as Normas Internacionais de Contabilidade, emitidas pelo IASB, conceitua passivos como:
“uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera
que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos”.
O entendimento de passivos não se restringe apenas aos aspectos normativos,
decorrentes do ambiente normativo, mas se amplia para o meio teórico e científico. Um dos
mais antigos conceitos de passivo foi apresentado por Canning (1929). Esse autor apresentou
a sua definição de passivo como sendo um serviço, com valor monetário, em que um titular de
ativos é obrigado a prestar serviço a um grupo de pessoas.
Segundo Hendriksen e Van Breda (2010, p.284), a importância dessa definição
reside no fato de permitir interpretações semânticas. “Uma pessoa razoável poderia decidir se
um item é um ativo ou um passivo, examinando a sua natureza econômica e legal”.
Iudícibus (2010, p.143) trata o Passivo como sinônimo de Exigibilidade. Explica
que as exigibilidades deveriam referir-se a fatos já ocorridos, transações ou eventos,
normalmente a serem pagas em um momento específico futuro de tempo, podendo-se
reconhecer certas exigibilidades, em situações que não podem deixar de ser contempladas.
Kam (1990, p.106) enfatiza a primazia da essência sobre a forma nos conceitos de
ativos e passivos:
42
Conceitos legais são usados na contabilidade apenas como parâmetros. O objetivo
da contabilidade não seria alcançado focalizando na precisão de conceitos legais mas
sim, concentrando na substância econômica das operações e dos eventos que afetam
o desempenho e a condição financeira da empresa.
A partir dos conceitos de passivos, inferem-se as principais características na
construção desse conceito: obrigação presente, transações ou eventos ocorridos e geração de
benefícios econômicos.
Segundo Kam (1990), o objeto do mundo real é a obrigação, que é presente. O
acréscimo da qualificação de que uma obrigação deve ser o resultado de uma transação ou
evento passado é para assegurar que apenas passivos presentes sejam registrados e não os
futuros. A definição de passivos é redundante. Futuros sacrifícios de benefícios econômicos
são o mesmo que a transferência de ativos ou a prestação de serviços para outras entidades no
futuro.
Para Hendriksen e Van Breda (2010, p.287), obrigação presente é a primeira das
três características essenciais e é, na verdade, uma combinação complexa de várias condições
distintas: um passivo seja uma obrigação presente; a obrigação seja entre entidades e haja um
momento ou evento no qual a obrigação será cumprida. Transações e outros eventos são
características essenciais de passivo. Um evento caracteriza-se como um acontecimento de
alguma consequência para uma entidade, já transação é uma espécie de evento, a saber, um
evento externo, envolvendo uma transferência de algo de valor – benefício econômico futuro
– entre duas entidades ou mais.
Após entender o conceito de passivos, o usuário poderá delinear a mensuração de
passivos em demonstrativos contábeis.
Segundo Hendriksen e Van Breda (2010, p.409), “os passivos são reconhecidos
quando satisfazem a sua definição, são mensuráveis, relevantes e precisos. Em geral, são
medidos pelo valor presente das saídas de caixa futuros esperados.”.
Já para Iudícibus (2010, p. 145), as exigibilidades monetárias, passivos, “o valor
do balanço deveria ser determinado pelo valor presente dos montantes a serem pagos no
futuro.”.
Outro aspecto relevante que tem impacto na situação econômica e financeira de
uma empresa refere-se à compreensão correta dos conceitos de receitas e despesas, entre
outros (ganhos e perdas), pois é fundamental o entendimento correto das definições desses
elementos já que eles afetam diretamente os resultados das empresas.
O Pronunciamento Conceitual Básico - CPC 00 (R1) definiu receitas e despesas
como:
43
As receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob
a forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de passivos,
que resultam em aumentos do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados
com a contribuição dos detentores dos instrumentos patrimoniais. Já as despesas são
decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da
saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de passivos, que resultam em
decréscimo do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com distribuições
aos detentores dos instrumentos patrimoniais.
Segundo Hendriksen e Van Breda (2010, p.223), “as receitas podem ser definidas,
em termos gerais, como produto gerado por uma empresa (...) Despesas são custos assumidos
para gerar receitas.”.
A conceituação correta é relevante para o reconhecimento adequado dos
procedimentos contábeis, utilizados nas receitas e despesas. Nesse sentido, de acordo com
citação realizada por Kam (1990, p.237), o FASB propôs o seguinte:
Receitas são entradas ou outros aumentos de bens de uma instituição, ou liquidações
de suas obrigações (ou combinações de ambos) durante um período proveniente de
entrega ou produção de mercadorias, prestação de serviços, ou outras atividades que
constituem as operações centrais ou principais vigentes da instituição.
Esse autor (1990, p. 264) definiu receita como: “um evento que tem a ver com
um aumento no valor total dos bens e, ocasionalmente, numa diminuição no valor de
obrigações dos proprietários, devido às atividades com fins lucrativos da firma.”.
Segundo Kam (1990, p. 294), as despesas são: “um evento monetário que tem a
ver com decréscimo nos ativos líquidos da firma. O decréscimo no valor pertence
eventualmente ao fluxo de caixa.”.
Para esse autor, a definição do FASB especifica os mesmos eventos físicos
(entrega ou produção de bens) como os que definem as receitas. Embora receitas e despesas
ocorram conforme a empresa empreende as atividades que vão gerar renda, é preferível
correlacionar receitas com os eventos reais de produção e venda, e correlacionar despesas
com o uso de bens e serviços no sustento a esses eventos, antes dos eventos propriamente
ditos.
De acordo com Iudícibus (2010, p.149),
entende-se por receita a entrada de elementos para o ativo, sob a forma de dinheiro
ou direitos a receber, correspondentes, normalmente, à venda de mercadorias, de
produtos ou à prestação de serviços. Uma receita também pode derivar de juros
sobre depósitos bancários ou títulos e de outros ganhos eventuais.
Essa definição aborda, de maneira abrangente, uma vez que não se limita apenas à
parte operacional, incluindo os ganhos eventuais e não operacional.
44
A despesa é conceituada, por Iudícibus (2010, p. 153), a partir do fato de que ela
“representa a utilização ou consumo de bens e serviços no processo de produzir receitas.”
Esse conceito caracteriza-se basicamente como: a despesa é a contrapartida da receita.
Diversos autores e normas de contabilidade procuram apresentar conceitos dos
Ativos, Passivos, Receitas e Despesas. Buscam trazer uma harmonia na compreensão dos
usuários da informação. Esses conceitos quando não interpretados corretamente impactam na
situação econômica e financeira da empresa.
2.6 Análise das Demonstrações Contábeis
A análise das demonstrações contábeis (demonstrações financeiras) é conhecida,
na literatura, como análise de balanços. O exame das demonstrações contábeis consiste na
avaliação da situação econômico-financeira da entidade. Essa análise é estruturada, conforme
informações obtidas pelas demonstrações contábeis, fornecidas pelas entidades.
Segundo Assaf Neto (2010, p.35), as informações contábeis contribuem para a
análise de balanços, importante indicador da posição econômico-financeira da empresa,
quando afirma que
A análise de balanços visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas
pelas empresas, a posição econômico-financeira atual, as causas que determinam a
evolução apresentada e as tendências futuras. Em outras palavras, pela análise de
balanços extraem-se informações sobre a posição passada, presente e futura
(projetada) de uma empresa.
Braga et al. (2011, p.113) explicam que, para verificar a situação econômica e
financeira temporal de uma entidade, é necessário proceder da seguinte maneira:
Através da análise econômico-financeira das demonstrações contábil-financeiras,
que se utiliza, de maneira geral, para este fim, de uma série de índices calculados a
partir de relações entre contas ou grupos de contas das demonstrações contábeis.
De acordo com Matarazzo (2010, p.3):
A análise de balanços objetiva extrair informações das demonstrações financeiras
para a tomada de decisão; as demonstrações financeiras fornecem uma série de
dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A análise de balanços
transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores
as informações produzidas.
De acordo com Schrickel (1997), a análise de balanços é o propulsor da análise
econômico-financeira de uma empresa. Considera o método mais abrangente e eficiente para
se ter um panorama da situação de uma empresa.
45
Weston e Brigham (2000) comentam que, para observar a situação econômico-
financeira e o desempenho de uma empresa, utiliza-se a análise das demonstrações contábeis
e isso permite comparar o desempenho de empresas do mesmo setor. Essa comparação ajuda
na identificação de deficiências e na tomada de medidas que melhorem o desempenho.
Segundo Klann, Beuren e Hein (2009), a análise das demonstrações contábeis
consiste no processo de avaliação da condição econômica e financeira das entidades. Essa
condição é avaliada através de indicadores econômico-financeiros que demonstram o
comportamento e as tendências futuras da empresa (KOTHARI; BARONE, 2006; WOOD;
SANGSTER, 2007).
As demonstrações contábeis são documentos de análise e interpretação dos
indicadores econômico-financeiros. Alguns indicadores como: estrutura de capital, liquidez
corrente e rentabilidade são usados e definidos na literatura por autores renomados, como
Kothari e Barone (2006), Wood e Sangster (2007), Matarazzo (2010) e Assaf Neto (2010).
Esses indicadores, por terem relevância comprovada por esses autores, acabam sendo
importantes objetos de atenção, nas análises das demonstrações contábeis de empresas, em
vários setores da economia e, também, no setor elétrico.
2.6.1 Características Qualitativas das Demonstrações Contábeis
A qualidade das demonstrações contábeis é fundamental para a compreensão da
informação pelos usuários, no momento de analisar a situação econômico-financeira da
entidade.
Hendriksen e Van Breda (2010) definem as características qualitativas como
sendo as propriedades da informação que são necessárias para torná-la útil. Esses autores
tratam a relevância e a confiabilidade como as principais qualidades específicas a decisões.
A relevância e a confiabilidade estão associadas à comparabilidade. A relevância está
sempre relacionada a uma decisão, e a confiabilidade, também, é característica especifica a
decisões.
Ribeiro Filho et al.(2009) definem as características qualitativas como sendo os
atributos que tornam as demonstrações contábeis úteis para os usuários e caracterizam as
quatro principais: compreensibilidade, relevância, confiabilidade e comparabilidade,
características definidas nos subitens subsequentes.
46
2.6.1.1 Compreensibilidade
Segundo Ribeiro Filho et al.(2009), compreensibilidade é uma qualidade
essencial para as informações contábeis, pois propõe que elas sejam compreendidas pelos
usuários (investidores, órgãos reguladores, gestores entre outros).
Também corroborando essa definição, Kothari e Barone (2006) afirmam que
uma qualidade fundamental da informação, obtida nas demonstrações contábeis, é que ela
seja compreensível pelos usuários. Para alcançar essa finalidade, os usuários devem possuir
razoável conhecimento sobre negócios e atividades econômicas e financeiras.
Para Wood e Sangster (2007), a informação é compreensível, se a sua
importância pode ser percebida pelos usuários que têm um conhecimento razoável sobre
negócios, atividades econômicas e contabilidade.
2.6.1.2 Relevância
Hendriksen e Van Breda (2010, p.315) conceituam a relevância como “a
capacidade da informação de fazer alguma diferença em uma decisão, ajudando os usuários a
fazer predições a respeito dos resultados de eventos passados, presentes e futuros.”
Conforme esses autores, os objetivos pragmáticos se concentram na utilidade e relevância da
contabilidade.
De acordo com Ribeiro Filho et al.(2009, p.40), “a relevância da informação
contábil está diretamente associada ao conceito de utilidade para tomada de decisão.” As
informações são relevantes nas decisões econômicas (quando essas decisões podem
influenciar os usuários), nos auxílios das situações de avaliação das demonstrações contábeis
(passadas e presentes) e na promoção de retificação para o futuro.
Kam (1990) conceitua a relevância como sendo a capacidade da informação
“fazer uma diferença”, na tomada de uma decisão pelo usuário. Para ser relevante, uma
informação deve ser relacionada a uma dada decisão.
Segundo Kothari e Barone (2006), as informações, para serem úteis, devem ser
relevantes para as necessidades de tomada de decisão. A informação tem a qualidade da
relevância, quando influencia as decisões dos usuários, ajudando-o a avaliar os
acontecimentos passados, presentes ou futuros, como também confirmando ou corrigindo
suas avaliações passadas.
47
Para Wood e Sangster (2007), a informação é relevante se ela tem a capacidade
de influenciar as decisões econômico-financeiras.
2.6.1.3 Confiabilidade
Hendriksen e Van Breda (2010) afirmam que, em várias situações, a relevância
e a confiabilidade andam de “mãos” dadas. Mas, a depender da situação, parecem ser
conflitantes: pode se ter uma delas, mas não ambas.
Ao tratar sobre confiabilidade na Contabilidade, Ribeiro Filho et al.(2009)
afirmam que: “confiabilidade é requisito fundamental, para qualquer circunstância de
divulgação informacional”. Esses autores descrevem alguns atributos para promover a
confiabilidade das informações contábeis: representação adequada da informação; primazia
da essência sobre a forma; neutralidade; prudência e integridade.
Segundo Kam (1990), confiabilidade é definida como a qualidade que dá
convicção de que a informação está razoavelmente livre de erro e de inclinação, e representa
o que de fato pretende representar.
Para Kothari e Barone (2006) e Wood e Sangster (2007), a informação, para ser
útil, deve ser confiável. A informação tem a qualidade de confiabilidade quando está livre de
erros materiais e pode ser utilizada para representar fidedignamente o que ela pretende
representar ou pode razoavelmente esperar que representem.
2.6.1.4 Comparabilidade
Ribeiro Filho et al.(2009, p.41) afirmam que “comparabilidade está associada à
ideia de uniformidade e consistência de procedimentos, por parte de quem prepara as
informações contábeis”.
Esses autores comentam que os critérios de mensuração e avaliação de ativos e
passivos de uma entidade devem ser evidenciados de maneira clara, pois isso irá permitir que
os usuários dessas informações realizem estudos e análises comparativas, ao longo do tempo
e, também, possam inferir sobre o futuro da entidade, propiciando decisões seguras e úteis.
Hendriksen e Van Breda (2010) definem comparabilidade como sendo a
qualidade da informação que permite aos usuários identificar semelhanças e diferenças entre
dois conjuntos de fenômenos econômicos: uniformidade e consistência. A comparação da
48
aplicação das normas entre duas contabilidades (regulatória e societária) envolve
comparações entre esses fenômenos, baseados em demonstrações financeiras.
Para Glauttier e Underdow (1994), a informação, contida nas demonstrações
financeiras publicadas, é de suma importância, especialmente para usuários externos, tais
como acionistas e investidores, pois, sem tais informações, eles teriam que tomar decisões
sobre os seus investimentos, em um grau de incerteza considerável.
Para Kothari e Barone (2006), os usuários devem ser capazes de comparar as
demonstrações financeiras de uma empresa ao longo do tempo, a fim de identificar
tendências da sua posição econômico-financeira e do seu desempenho.
Segundo Wood e Sangster (2007), a comparabilidade entre informações permite
aos usuários discernir e avaliar semelhanças e diferenças entre a natureza e os efeitos das
transações e outros eventos, ao longo do tempo.
Para comparar diferentes empresas, podem ser utilizadas informações de diversas
naturezas. A utilização de indicadores econômico-financeiros favorece a comparabilidade,
por serem instrumentos que refletem aspectos econômico-financeiros e de produtividade do
negócio.
Para o setor elétrico, especificamente, alguns indicadores econômico-financeiros,
tradicionalmente utilizados na literatura sobre análise de demonstrações contábeis, são
propostos pelo Manual de Elaboração do Relatório Anual de Responsabilidade
Socioambiental das Empresas de Energia Elétrica (anteriormente denominado Relatório
Anual de Responsabilidade Empresarial), em conformidade com as orientações constantes
do Manual de Contabilidade do Setor Elétrico. Esse Manual relaciona indicadores e seus
grupos que têm a função de refletir aspectos econômico-financeiros. Seguem alguns
indicadores e seus grupos, sugeridos por esse Manual: Estrutura de Capital, Liquidez
Corrente, Rentabilidade.
Dentre os autores que tratam sobre análise das demonstrações contábeis,
selecionaram-se Kothari e Barone (2006), Wood e Sangster (2007), Assaf Neto (2010) e
Matarazzo (2010), por serem pesquisadores internacionais e nacionais que têm obtido
destaque, na literatura relacionada a esse tema.
2.6.2 Indicadores da Estrutura de Capital
A estrutura de capitais de uma empresa envolve a composição de duas fontes de
financiamento: os fundos aplicados em ativos circulantes e não circulantes e os ganhos de
49
capital. O primeiro é proveniente dos proprietários da empresa ou de terceiros e o segundo
decorrem da valorização da empresa (SILVA, 2005).
Segundo Wood e Sangster (2007), há vários indicadores (endividamento,
composição do endividamento, imobilização do patrimônio líquido, entre outros) que podem
ser utilizados, para avaliar a forma como uma empresa financia suas atividades. A depender
da estratégia e/ou nível de operação para a tomada de decisão, os indicadores desse grupo
demonstram a relação das aplicações (ativo não circulante) e origens dos recursos (capitais
próprios e de terceiros).
Para os indicadores da Estrutura de Capital, no tocante ao risco, a interpretação é:
quanto maior, pior ou quanto menor, melhor.
Endividamento
Esse indicador apresenta quanto a empresa obteve de obrigações (empréstimos)
para cada $ 1 de recursos próprios.
A relação das variáveis Capitais de Terceiros sobre Patrimônio Líquido representa
a variação (em percentagem) entre quanto a empresa obteve de Capitais de Terceiros em
relação ao Capital Próprio. Esse indicador é denominado Endividamento (END) ou
Participação de Capitais de Terceiros (PCT) e calculado pela equação:
em que CT são os Capitais de Terceiros e PL é o Patrimônio Líquido. O objetivo é mostrar de
quanto foi a diferença (em percentagem) da relação nesse indicador.
Composição do Endividamento
Esse indicador mostra quanto a empresa obteve de obrigações (empréstimos) de
curto prazo sobre as obrigações totais.
A relação das variáveis Passivo Circulante sobre Capitais de Terceiros representa a
variação (em percentagem) entre quanto a empresa obteve de Capitais de Terceiros, no curto
prazo, em relação às obrigações totais. Esse indicador é denominado Composição do
Endividamento (CE) e é calculado pela equação:
50
em que PC é o Passivo Circulante e CT são os Capitais de Terceiros. O objetivo é mostrar de
quanto foi a diferença (em percentagem) da relação nesse indicador.
Imobilização do Patrimônio Líquido
Esse indicador mostra quanto do Patrimônio Líquido da empresa está aplicado no
Ativo Não Circulante.
A relação das variáveis Ativo Não Circulante sobre Patrimônio Líquido representa
a variação (em percentagem) entre quanto a empresa obteve de Ativo Não Circulante em
relação ao Patrimônio Líquido. Esse indicador é denominado Imobilização do Patrimônio
Líquido (IPL) e é calculado pela equação:
em que ANC é o Ativo Não Circulante e PL é o Patrimônio Líquido. O objetivo é mostrar
quanto a empresa aplicou no Ativo Não Circulante para cada $ 100 de Patrimônio Líquido.
Imobilização dos Recursos não Correntes
Esse indicador mostra quanto dos Recursos não Correntes foi destinado ao Ativo
Não Circulante.
A relação das variáveis Ativo Não Circulante sobre Patrimônio Líquido, mais
Exigível a Longo Prazo, representa a variação (em percentagem) entre quanto a empresa
obteve de Ativo Não Circulante em relação aos Recursos não Correntes (Patrimônio Líquido e
Exigível a Longo Prazo). Esse indicador é denominado Imobilização dos Recursos não
Correntes (IRC) e é calculado pela equação:
em que ANC é o Ativo Não Circulante, PL é o Patrimônio Líquido e ELP é o Exigível a
Longo Prazo . O objetivo é mostrar quanto do Patrimônio Líquido mais o Exigível a Longo
Prazo foi destinado ao Ativo Não Circulante.
51
2.6.3 Indicador de Liquidez
Os indicadores que compõem esse grupo evidenciam a base da situação financeira
da empresa, frente a seus diversos compromissos financeiros, a curto e/ou longo prazo
(ASSAF NETO, 2010; MATARAZZO, 2010).
Liquidez Corrente
Esse indicador mostra quanto há de Ativo Circulante para cada $1 de dívida a
curto prazo. Indica quanto a empresa possui de bens e direitos realizáveis, no curto prazo, em
relação às suas dívidas, nesse período.
A relação das variáveis Ativo Circulante sobre Passivo Circulante representa a
proporção entre quanto a empresa obteve de Ativo Circulante em relação ao Passivo
Circulante. Esse indicador é denominado Liquidez Corrente (LC) e calculado pela equação:
em que: AC é o Ativo Circulante e PC é o Passivo Circulante. O objetivo é mostrar quanto a
empresa aplicou no Ativo Circulante para cada $1, no Passivo Circulante.
2.6.4 Indicadores de Rentabilidade
Os indicadores de rentabilidade tratam sobre a rentabilidade dos capitais
investidos. Eles são usados, entre outras coisas, para medir o desempenho da gestão, para
identificar se uma empresa pode ser uma oportunidade de investimento válido, e para
determinar o desempenho de uma empresa em relação a seus concorrentes (WOOD;
SANGSTER, 2007).
Para Assaf Neto (2010, p.39), os indicadores de rentabilidade auxiliam na análise
dos rendimentos, gerados pelos investimentos. Ele define a análise de rentabilidade e
lucratividade, como “uma avaliação econômica do desempenho da empresa, dimensionando o
retorno sobre os investimentos realizados e a lucratividade apresentada pelas vendas”.
A interpretação para os indicadores desse grupo é: quanto maior, melhor.
52
Giro do Ativo
Esse indicador relaciona as Vendas Líquidas (Receitas Operacionais) com seu
Ativo Total.
A relação das variáveis Vendas Líquidas sobre Ativo Total demonstra o volume de
Vendas Líquidas em relação ao Ativo Total. Esse indicador é denominado Giro do Ativo (GA)
e é calculado pela equação:
em que VL é a Venda Líquida e AT é o Ativo Total. O objetivo é mostrar quanto a empresa
vendeu para cada $1 de investimento total.
Margem Líquida
Esse indicador estabelece a relação entre Lucro Líquido e as vendas do período.
A relação das variáveis Lucro Líquido sobre Vendas Líquidas representa a
variação (em percentagem) entre quanto a empresa obteve de Lucro Líquido em relação às
Vendas Líquidas. Esse indicador é denominado Margem Líquida (ML) e calculado pela
equação:
em que LL é o Lucro Líquido e VL é a Venda Líquida . O objetivo é mostrar quanto a empresa
possui de Lucro para cada $100 vendidos.
Rentabilidade do Ativo
Esse indicador mostra a lucratividade (Lucro Líquido) que a empresa propicia em
relação aos investimentos totais (Ativo Total).
A relação das variáveis Lucro Líquido sobre o Ativo Total representa a variação
(em percentagem) entre quanto a empresa obteve de Lucro Líquido em relação ao Ativo Total.
Esse indicador é denominado Rentabilidade do Ativo (RA) e calculado pela equação:
em que LL é o Lucro Líquido e AT é a Ativo Total. O objetivo é mostrar quanto a empresa
possui de Lucro para cada $100 de investimento total.
53
Rentabilidade do Patrimônio Líquido
Esse indicador evidencia o Lucro Líquido (lucratividade) que a empresa propicia
em relação ao Patrimônio Liquido.
A relação das variáveis Lucro Líquido sobre o Patrimônio Líquido Médio
representa a variação (em percentagem) entre quanto a empresa obteve de Lucro Líquido em
relação aos Recursos próprios médios. Esse indicador é denominado Rentabilidade do
Patrimônio Líquido (RPL) e é calculado pela equação:
em que LL é o Lucro Líquido e PL Médio é o Patrimônio Líquido Médio. O objetivo é
mostrar quanto a empresa possui de Lucro para cada $100 de capital próprio investido, média
no período.
EBITDA (Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization)
A sigla EBITDA, quando traduzida para o português, será LAJIDA (Lucro antes
dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortizações). Esse indicador financeiro é bastante
utilizado pelos usuários das demonstrações financeiras, pois é um instrumento importante na
medição da real capacidade financeira e na avaliação da geração de caixa de uma entidade.
No Brasil, os usuários, no setor de energia elétrica, utilizam esse indicador há pouco tempo.
Segundo Iudícibus (2010, p. 246), o EBITDA “vem sendo analisado desde a
década de 70, nos EUA, e, mais recentemente no Brasil, principalmente após a redução da
inflação e aquecimento do mercado financeiro.”.
Para esse autor (2010, p.247), o EBITDA é definido como: “uma medida
essencialmente operacional, desconsidera os efeitos dos resultados financeiros, assim
revelando o potencial da empresa para a geração de caixa operacional.”.
Silva (2005, p. 221) conceitua esse indicador como: “uma medida de performance
operacional, que considera as receitas operacionais, exceto as depreciações e amortizações”.
Já Assaf Neto (2010, p.196-197) considera-o como um indicador financeiro
globalizado. Conceitua que “o EBITDA equivale ao conceito de fluxo de caixa operacional da
empresa, apurado antes do cálculo do imposto de renda (...) revela, em essência, a genuína
capacidade operacional de geração de caixa de uma empresa.”.
54
O EBTIDA é, atualmente, um indicador utilizado como ponto de referência, entre
os usuários, para medir o fluxo de caixa financeiro e a capacidade de cumprir com as
obrigações de uma empresa (KOTHARI; BARONE, 2006).
No quadro a seguir, compilam-se o grupo e os indicadores econômico-financeiros
utilizados nesta pesquisa.
Quadro 6 - Resumo do Grupo e Indicadores econômico-financeiros utilizados na revisão da literatura
Grupo/Indicadores
econômico-financeiros
Fórmula Indica
ESTRUTURA DE CAPITAL
Endividamento
Percentagem de uso de recursos de
terceiros, em relação aos recursos
próprios.
Composição do
Endividamento
Percentagem de obrigações a curto
prazo, em relação às obrigações totais.
Imobilização do Patrimônio
Líquido
Percentagem dos recursos próprios,
comprometida com Ativo Não
Circulante.
Imobilização dos Recursos
Não Correntes
Percentagem dos recursos não
correntes (Patrimônio Líquido e
Exigível a Longo Prazo), destinada ao
Ativo Não Circulante.
LIQUIDEZ
Liquidez Corrente
Relação do disponível mais realizáveis
a curto prazo, com a dívida de curto
prazo.
RENTABILIDADE
Giro do Ativo
Quanto a empresa vendeu no período,
para cada $1 de investimento total.
Margem Líquida
Quanto a empresa obtém de lucro, para
cada 100 vendidos.
Rentabilidade do Ativo
Quanto a empresa obtém de lucro, para
cada $100 de investimento total.
Rentabilidade do Patrimônio
Líquido
Quanto a empresa obtém de lucro, para
cada $100 de capital próprio investido,
em média, no exercício.
EBITDA
Receitas operacionais líquidas,
menos os custos e as despesas
operacionais, exceto as
depreciações e amortizações.
A capacidade financeira de uma
empresa, bem como a capacidade da
empresa gerar caixa e cobrir o seu
serviço da dívida.
Legendas: AC – Ativo Circulante; ANC – Ativo Não Circulante; AT - Ativo Total; CT – Capitais de
Terceiros; EBITDA – Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortizações; ELP – Exigível a
Longo Prazo; LL – Lucro Líquido; PC – Passivo Circulante; PL – Patrimônio Líquido; VL – Vendas
Líquidas.
Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2010); Matarazzo (2010); Silva (2005); Kothari e Barone (2006); Wood e
Sangster (2007).
55
2.7 Pesquisas realizadas sobre Contabilidade Regulatória
No quadro a seguir, relacionam-se pesquisas/estudos focados na contabilidade
regulatória ou em indicadores econômicos e/ou financeiros nessa contabilidade. O objetivo e
os resultados selecionados apresentam aspectos interessantes para a presente pesquisa.
Quadro 7 - Compilação dos estudos realizados sob Contabilidade Regulatória
Autor (es) Objetivo Resultados
REHBEIN;ENGELMANN;
GONÇALVES (2008)
Evidenciar a aplicabilidade dos
indicadores padrões, nos
serviços públicos concedidos,
exemplificado através da
aplicação na área de transporte
intermunicipal de passageiros,
da Região Metropolitana de
Porto Alegre.
Os resultados qualificados como
situação favorável, podem apenas sê-lo,
se considerados setorialmente, pois
pode haver situações em que
indicadores apresentem situações
favoráveis, mas apenas se comparadas
com empresas do setor que estejam em
situação pior que a empresa em estudo.
FERREIRA (2009)
Analisar a contabilidade
regulatória, como instrumento
de regulação econômica do
setor de distribuição de energia
elétrica brasileiro, e demonstrar
a sua potencialidade na
identificação do equilíbrio
econômico-financeiro dos
contratos de concessão.
O modelo elaborado de acordo com as
normas internacionais de contabilidade
proporciona melhor identificação do
equilíbrio econômico e financeiro
estabelecido nos contratos de
concessão.
A conclusão está embasada nas
simulações realizadas, por meio dos
balanços patrimoniais, fluxos de caixa e
comparação dos indicadores de
rentabilidade.
REHBEIN; BARROS (2010)
Propor a Padronização de
Indicadores Econômico-
Financeiros para as empresas
prestadoras de serviços de
Saneamento Básico.
Com o final da pesquisa, pode-se
observar que os indicadores padrões das
regiões e os indicadores de diversas
concessionárias poderão servir de base
às Agências Reguladoras, bem como
aos Municípios, que atuam como Poder
Concedente, e demais agentes
interessados, para acompanhar o
desempenho das empresas de
Saneamento Básico, monitorando a sua
contabilidade.
PEREIRA (2011)
Evidenciar implicações das
novas práticas contábeis no
processo regulatório da revisão
de tarifas dos serviços públicos,
na regulação do setor de
saneamento em Pernambuco.
Os normativos regulatórios vigentes,
para o caso estudado, não discorreram
sobre a adequação às novas práticas
contábeis. Dessa forma, apesar de não
necessariamente representar uma
barreira às alterações societárias, a falta
de regulação ou a não adequação
poderiam trazer assimetria ou pouca
clareza às informações contábeis para
fins regulatórios, além de possíveis
impactos nos valores estabelecidos para
a revisão de tarifas cobradas à
sociedade.
Demonstram que o modelo de tarifação
sofre alterações em função das normas
IFRIC 12 e ICPC 01, o que torna uma
tarefa difícil e complexa a aplicação
efetiva dessas normas contábeis, no
56
BRUGNI; RODRIGUES;
CRUZ (2011)
Investigar se as características
contábeis da IFRIC12 e
ICPC01 influenciam, de forma
significativa, a formação de
tarifas do setor de energia
elétrica no Brasil.
ambiente regulado pela Agência
Nacional de Energia Elétrica. A
pesquisa também revela que a principal
característica que fundamenta a criação
da contabilidade regulatória, promovida
pela ANEEL, é a impossibilidade de
contabilização, pelas normas
internacionais, dos chamados ativos e
passivos regulatórios, sugerindo que o
setor de energia elétrica do Brasil seja
um dos que terão suas demonstrações
financeiras mais afetadas pela
convergência das normas contábeis para
o padrão internacional.
MELO et al. (2012)
Investigar o efeito do não
reconhecimento da inflação nas
empresas de distribuição do
setor de energia elétrica, não só
no ativo imobilizado, como
também no patrimônio líquido,
no resultado do exercício e no
ROE (Return on Equity).
As demonstrações contábeis das
empresas de distribuição de energia
elétrica, expressas sem correção
monetária, exibiram valores
incompletos e distorcidos, e apontam
um dos prováveis motivos pelo qual os
valores históricos dos ativos
imobilizados não eram considerados
para determinar as tarifas.
SUZART et al. (2012)
Busca identificar se havia
diferenças significativas e qual
a intensidade delas nos
retornos, ROE e ROA, das
concessionárias brasileiras do
setor elétrico.
Os resultados realizados indicaram que:
(i) em média, o lucro regulatório foi
inferior ao societário; (ii) em média, o
patrimônio líquido e o ativo total,
societário e regulatório, foram
estatisticamente iguais; e, (iii) as
normas societárias alteraram os retornos
com maior intensidade.
Essas pesquisas/estudos foram realizadas com objetivo de evidenciar a aplicação
de indicadores econômico-financeiros ou de comparação normativa, em ambiente de
utilização de contabilidades regulatória e/ou societária. A importância desses trabalhos deve-
se ao fato de tê-los como a estrutura matricial, comparando com eles os resultados e os
objetivos desta pesquisa.
57
3 METODOLOGIA
Neste capítulo, abordam-se o método e os procedimentos da pesquisa.
Inicialmente, apresenta-se o objeto de estudo, logo em seguida o delineamento da
pesquisa. Na sequência, define-se a população e a amostra, a forma de coleta e a análise
dos dados, bem como as hipóteses testadas.
3.1 Objeto de Estudo
O objeto de estudo desta pesquisa é o setor elétrico brasileiro, organizado
por alguns sistemas, entidades e órgãos que o normatizam, fiscalizam e regulamentam.
A estrutura organizacional, descrita pela ANEEL em 2012, é dividida em segmentos:
geração, transmissão, distribuição e comercialização. A estrutura institucional é
alicerçada em quatro pilares: Políticas, Regulação e Fiscalização, Mercado e Agentes
Institucionais.
As empresas concessionárias ou permissionárias participam dos processos
de geração (produção de energia elétrica a partir de outras fontes, por exemplo, usinas
hidroelétricas) e distribuição (entrega ao usuário final) de energia elétrica.
O processo de transmissão situa-se entre a geração e a distribuição;
representa o transporte de grandes quantidades de energia elétrica por longas distâncias.
No Brasil, ele é feito utilizando-se uma rede de linhas de transmissão e subestações,
denominada Rede Básica, que pode ser utilizada por qualquer agente do setor elétrico,
que produza ou consuma energia. A operação e administração da Rede Básica é
atribuição do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS.
De acordo com os dados da ANEEL, divulgados em 2013, no relatório de
informações gerenciais, o mercado de energia elétrica (mercado cativo), de janeiro a
dezembro de 2012, obteve receita de fornecimento de energia elétrica em valores
absolutos de R$ 93.489.159.474,62 (crescimento de 8,3% em relação ao mesmo período
do ano anterior); o consumo de energia elétrica (Mwh), em valores absolutos, foi de
319.467.610 (crescimento de 3,1%) e o número de unidades consumidoras foi de
72.028.737 (crescimento de 3,7%). Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (2013),
a relação entre consumo de energia e o Produto Interno Bruto (PIB), do período de 2002
a 2012, excluindo os anos de 2009 e 2010 por terem sido impactados diretamente pela
58
crise financeira que eclodiu em 2008, apresentou tendência de diminuição, na variação
do consumo de energia em relação à taxa do crescimento anual do PIB.
A distribuição de energia elétrica no Brasil, segundo dados da ANEEL
(2013), é feita por empresas concessionárias em todo o território nacional. Os mapas a
seguir (Figuras 2 e 3) apresentam essas empresas por regiões:
Figura 1- Mapa do Brasil
Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica, 2013.
Figura 2 - Concessionárias de energia elétrica das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste
Região Norte
AmE
Boa Vista
CELPA
CELTINS
CERON
CERR
ELETROACRE
Região Nordeste
CEAL
CELPE
CEMAR
CEPISA
COELBA
COELCE
COSERN
EBO
EPB
ESSE
SULGIPE
59
Região Centro-Oeste
CEB-DIS
CELG-D
CEMAT
CHESP
ENERSUL
Fonte: Adaptado da Agência Nacional de Energia Elétrica, 2013.
Figura 3 - Concessionárias de energia elétrica das regiões Sudeste e Sul
Região Sudeste
AMPLA
BANDEIRANTE
CAIUÁ-D
CEMIG-D
CNEE
CPFL Jaguari
CPFL Leste Paulista
CPFL Mococa
CPFL Santa Cruz
CPFL Sul Paulista
CPFL- Piratininga
CPFL-Paulista
DMED
EDEVP
EEB
ELEKTRO
ELETROPAULO
ELFSM
EMG
ENF
ESCELSA
LIGHT
Região Sul
AES-SUL
CEEE-D
CELESC-DIS
CFLO
COCEL
COOPERALIANÇA
COPEL-DIS
DEMEI
EFLJC
EFLUL
ELETROCAR
HIDROPAN
IENERGIA
MUXENERGIA
RGE
UHENPAL
Fonte: Adaptado da Agencia Nacional de Energia Elétrica, 2013.
60
3.2 Delineamento da pesquisa
Este estudo está classificado, quanto ao objetivo, como pesquisa descritiva.
Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007) esse tipo de pesquisa:
Observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem
manipulá-los. Procura descobrir, com a maior precisão possível, a frequência
com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua
natureza e suas características.
De acordo com Richardson (2010, p. 326), o objetivo da pesquisa descritiva
é “descrever sistematicamente um fenômeno ou área de interesse. Dita descrição deve
ser detalhada e objetiva.”
Nesse sentido, esta pesquisa procura comparar as divergências entre as
contabilidades regulatória e societária nos indicadores econômico-financeiros,
calculados com base nas demonstrações contábeis, publicadas no triênio (2009 a 2011),
das distribuidoras de energia elétrica no Brasil.
Também, pode esta pesquisa ser classificada na tipologia como empírico-
analítica.
Quanto à forma de abordagem, esta pesquisa caracteriza-se como
quantitativa, concordante com o fato de que as pesquisas quantitativas, de acordo com
Martins e Theóphilo (2009, p.107), são “aquelas em que os dados e as evidências
coletados podem ser quantificados, mensurados. Os dados são filtrados, organizados e
tabulados, enfim, preparados para serem submetidos a técnicas e/ou testes estatísticos.”
Em relação ao procedimento para coleta dos dados, esta pesquisa
caracteriza-se como documental, visto que, de acordo com Martins e Theóphilo (2009,
p.55), a pesquisa documental é característica dos estudos que utilizam documentos
como fonte de dados, informações e evidências.
A presente pesquisa é de corte transversal (seccional). O período analisado
compreende as demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração de
Resultado), baseadas nas contabilidades regulatória e societária de 2009 a 2011. A
seleção desse período foi em atendimento ao despacho ANEEL nº 4.097, de 30 de
dezembro de 2010, que determina os procedimentos na conciliação entre as
demonstrações contábeis (regulatória e societária) e o início da obrigatoriedade das
divulgações das demonstrações contábeis regulatórias de 2011.
61
3.3 População e Amostra
O universo da pesquisa compreende 41 concessionárias, estatais e privadas,
associadas à Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE).
Essa associação reúne as concessionárias atuantes em todas as regiões do Brasil que são
responsáveis pelo fornecimento de energia elétrica a 98% dos consumidores brasileiros
(ABRADEE, 2012).
O critério de inclusão foi a publicação das demonstrações contábeis
regulatórias ou demonstração financeira padronizada, nos três exercícios (2009, 2010 e
2011), que apresentem a conciliação entre a contabilidade regulatória e societária. O
critério de exclusão foi a não publicação das demonstrações contábeis ou conciliação
regulatória, conforme estabelece a Resolução Normativa nº 396, de 23 de fevereiro de
2010, em alguns dos três anos. No Quadro 8, apresentam-se as 22 empresas utilizadas
para amostra:
Quadro 8 - Empresas de distribuição de energia elétrica da amostra
Empresa Sigla
Aes Sul Distribuidora Gaúcha de Energia S.A. AESSUL
Bandeirante Energia S.A. EDP BANDEIRANTE
Companhia Energética de Brasília CEB
Companhia Estadual de Energia Elétrica CEEE
Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. CELESC
Companhia Energética de Pernambuco CELPE
Companhia Energética de Minas Gerais CEMIG
Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia COELBA
Companhia Paranaense de Energia COPEL
Companhia Energética do Rio Grande do Norte COSERN
Companhia Paulista de Força e Luz CPFL
Companhia Paulista de Energia Elétrica CPFL LESTE
DME Distribuição S.A. DMED
Elektro Eletricidade e Serviços S.A. ELEKTRO
Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A. AES ELETROPAULO
Energisa Paraíba - Distribuidora de Energia S.A. ENERGISA PB
Energisa Sergipe - Distribuidora de Energia S.A. ENERGISA SE
Espírito Santo Centrais Elétricas S.A. EDP ESCELSA
Companhia Piratininga de Força e Luz PIRATININGA
Rio Grande Energia S.A. RGE
Empresa Luz e Força Sana Maria S.A. SANTA MARIA
Companhia Sul Sergipana de Eletricidade SULGIPE
Pelo critério de exclusão adotado, deixaram de ser incluídas 19
distribuidoras de energia elétrica, indicadas no Quadro 9, a seguir apresentado.
62
Quadro 9 - Empresas de distribuição de energia elétrica não incluídas na amostra
Empresa Sigla
Ampla Energia e Serviços S.A. AMPLA
Empresa Elétrica Bragantina BRAGANTINA
Companhia Energética de Goiás CELG
Centrais Elétricas do Pará S.A. CELPA
Companhia de Energia Elétrica do Estado do Tocantins CELTINS
Companhia Energética do Maranhão CEMAR
Centrais Elétricas Matogrossenses S.A. CEMAT
Companhia Força e Luz do Oeste CFLO
Companhia Energética do Ceará COELCE
Eletrobras Distribuição Acre S.A. ELETROBRAS AC
Eletrobras Distribuição Alagoas S.A. ELETROBRAS AL
Eletrobras Amazonas Energia S.A. ELETROBRAS AM
Eletrobras Distribuição Piauí S.A. ELETROBRAS PI
Eletrobras Distribuição Rondônia S.A. ELETROBRAS RO
Eletrobras Distribuição Roraima S.A. ELETROBRAS RR
Empresa Energética do Mato Grosso do Sul S.A. ENERSUL
Iguaçu Distribuidora de Energia Elétrica LTDA. IGUAÇU
Light Serviços de Eletricidade S.A. LIGHT
Companhia Nacional de Energia Elétrica NACIONAL
3.4 Coleta de dados
Antes de iniciar a coleta de dados, foi realizada uma padronização das
demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado), das
contabilidades regulatórias e societárias. Foi necessária essa padronização, para se
obterem os grupos de contas (patrimoniais e de resultados), comuns nas normas
regulatórias e societárias, e para constituir a base de cálculo dos indicadores econômico-
financeiros, de acordo com os efeitos nas mudanças ocorridas nas práticas contábeis,
adotadas pelos órgãos reguladores das contabilidades. Algumas distribuidoras do setor
elétrico publicaram a estrutura das demonstrações contábeis diferentemente de outras.
A coleta de dados foi realizada através da análise documental. As
informações foram obtidas a partir das demonstrações contábeis de 2009, 2010 e 2011,
publicadas na web site das empresas associadas à Associação Brasileira de
Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE), até setembro de 2012. Quando não
encontradas na web site das empresas associadas, pesquisou–se em site de busca
(google). Foi analisado o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do
período.
63
Os grupos de contas contábeis selecionados para análise foram os,
possivelmente, afetados pelas divergências encontradas nas normas regulatórias e
societárias, diagnosticados na revisão da literatura, nas mudanças especificas
(reconhecimento e classificação) e representatividade na análise de desempenho das
distribuidoras do setor elétrico. Seguem os grupos de contas selecionados:
Quadro 10 - Grupos de contas contábeis selecionados para verificar as diferenças nas
Contabilidades Regulatória e Societária
Grupos de Contas Contábeis (Milhares de reais)
Ativo Total Receita Operacional Líquida
Ativo Circulante Resultado antes dos Custos Gerenciáveis
Ativo Não Circulante Resultado da Atividade da Concessão
Investimentos Lucro Líquido
Imobilizado
Intangível
Passivo Total
Passivo Circulante
Passivo Não Circulante
Patrimônio Líquido
Para o presente estudo, a seleção dos indicadores econômico-financeiros foi
baseada no referencial teórico sobre análise das demonstrações contábeis e no conjunto
de indicadores, proposto no Manual de Relatório Anual de Responsabilidade
Socioambiental das Empresas de Energia Elétrica (anteriormente denominado Relatório
Anual de Responsabilidade Empresarial), em conformidade com as orientações
constantes do Manual de Contabilidade do Serviço Público de Energia Elétrica –
MCSPEE, instituído pela Resolução ANEEL nº 444, de 26 de outubro de 2001, e
alterações posteriores.
No item 3.3 desse Manual, que trata da dimensão econômico-financeira das
empresas, são sugeridos indicadores econômico-financeiros que devem constar nos
relatórios de Divulgação de Informações Contábeis, Econômico-Financeiras e Sociais.
Com a função de refletir aspectos econômico-financeiros e de produtividade
do negócio e o desempenho operacional da empresa no período, os relatórios devem
abranger indicadores de liquidez, rentabilidade e endividamento, tais como: margem
bruta, margem líquida, capacidade de geração de caixa operacional (EBITDA OU
LAJIDA), estrutura de capital, liquidez corrente e taxa de inadimplência. Ressalte-se
que, entre os indicadores sugeridos, foram utilizados aqueles que apresentaram
facilidade de acesso aos dados, a partir das demonstrações contábeis (Balanço
Patrimonial e Demonstração do Resultado) das contabilidades regulatória e societária,
64
publicadas pelas distribuidoras do setor elétrico. Seguem os indicadores selecionados e
as respectivas fórmulas, aplicadas para a obtenção do percentual desejado.
Quadro 11 - Grupo e Indicadores econômico-financeiros selecionados para verificar as diferenças
nas Contabilidades Regulatórias e Societárias
Grupo/Indicadores econômico-financeiros Fórmula
ESTRUTURA DE CAPITAL
Endividamento
Composição do Endividamento
Imobilização do Patrimônio Líquido
Imobilização dos Recursos Não Correntes
LIQUIDEZ
Liquidez Corrente
RENTABILIDADE
Giro do Ativo
Margem Líquida
Rentabilidade do Ativo
Rentabilidade do Patrimônio Líquido
EBITDA ($ Mil) Lucro antes dos Juros, Impostos,
Depreciação e Amortizações
3.5 Análise dos dados
Nesta seção, apresenta-se a análise dos dados. Essa análise surge após a
coleta e tabulação dos dados. Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007, p.67) afirmam, na
análise dos dados
Todas as informações reunidas nos passos anteriores devem ser comparadas
entre si e analisadas. A análise a partir da classificação ordenada dos dados,
do confronto dos resultados das tabelas e das provas estatísticas, quando
empregadas, procura verificar a comprovação ou não das hipóteses de estudo.
Os dados desta pesquisa foram analisados após a elaboração dos indicadores
econômico-financeiros das distribuidoras do setor elétrico no período definido.
Utilizou-se uma abordagem quantitativa, através do pacote estatístico Statistical
Package for Social Sciences (SPSS), renomeado para Predictive Analytics Software
(PASW), entre os anos de 2009 e 2010.
Após a coleta dos dados, através desse programa de análises estatísticas,
realizou-se a análise do corpus coletado. Inicialmente, foi verificada se as variáveis
65
(indicadores) quantitativas possuíam distribuição normal, por meio do teste de aderência
para normalidade, Kolmogorov-Smirnov (K-S). Para esse teste, utilizou-se um nível de
significância de 0,05. A partir dos resultados obtidos, observou-se anormalidade na
distribuição dos dados, após isso, determinou-se aplicação do teste para amostras
emparelhadas (teste não paramétrico de Wilcoxon).
Siegel e Castellan Jr. (2006) apresentam as diferenças entre testes
estatísticos paramétricos e não paramétricos:
Um teste estatístico paramétrico especifica certas condições sobre a
distribuição das respostas na população da qual a amostra da pesquisa foi
retirada. (...) Um teste estatístico não paramétrico é baseado em um modelo
que especifica somente condições muito gerais e nenhuma a respeito da
forma específica da distribuição da qual a amostra foi extraída.
O teste de postos com sinal de Wilcoxon, conhecido como teste de
Wilcoxon, é definido por Field (2009, p. 658) como “um teste não paramétrico que
procura por diferenças entre duas amostras relacionadas. Ele é o não paramétrico
equivalente ao teste t relacionado.”
Para Siegel e Castellan Jr. (2006, p. 109), esse teste não paramétrico “dá
mais peso a um par que mostra uma diferença grande entre as duas condições do que a
um par que mostra uma diferença pequena.”.
A utilização do teste de Wilcoxon, nesta pesquisa, irá estabelecer se duas
condições (indicadores utilizados na contabilidade regulatória versus societária) são
significativamente diferentes. Por meio desse teste, busca-se atingir parte dos objetivos
específicos e aceitar ou rejeitar as hipóteses estabelecidas neste estudo.
A ideia deste trabalho é baseada no surgimento da contabilidade regulatória
no ambiente de Normas Internacionais de Contabilidade, para atender práticas e
disposições regulatórias que a ANEEL não reconhece. Algumas das novas práticas
contábeis, adotadas segundo as Normas Internacionais de Contabilidade e que não são
reconhecidas pela ANEEL, são aquelas referentes aos Contratos de Concessões – ICPC
01(IFRIC 12) e à Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação das
Demonstrações Financeiras (CPC 00 (R1)). O Manual de Contabilidade do Setor
Elétrico, que estabeleceu a contabilidade regulatória para o setor, apresenta algumas
divergências no tratamento contábil, quando comparado com as Normas Internacionais,
especialmente a ICPC 01(ver seção 2.4).
Considerando essas divergências, a problemática da pesquisa e o objetivo,
cinco hipóteses foram levantadas:
66
H1: Os grupos de contas contábeis do Balanço Patrimonial possuem comportamento
diferente nas contabilidades regulatória e societária.
H2: Os grupos de contas contábeis da Demonstração de Resultado possuem
comportamento diferente nas contabilidades regulatória e societária.
H3: Os indicadores da estrutura de capital possuem comportamento diferente nas
contabilidades regulatória e societária.
H4: O indicador da Liquidez Corrente possui comportamento diferente nas
contabilidades regulatória e societária.
H5: Os indicadores de rentabilidade possuem comportamento diferente nas
contabilidades regulatória e societária.
67
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo, são apresentados e analisados os resultados obtidos pelos
grupos de contas contábeis das demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e
Demonstração de Resultado) e indicadores econômico-financeiros, elaborados conforme
as contabilidades Regulatória e Societária, com o objetivo de responder à questão de
pesquisa.
4.1 Grupos de Contas Contábeis do Balanço Patrimonial
Os Gráficos 1 a 10 representam os resultados das análises dos grupos de
contas contábeis do Balanço Patrimonial: Ativo Total, Ativo Circulante, Ativo Não
Circulante, Investimentos, Imobilizado, Intangível, Passivo Total, Passivo Circulante,
Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido. As Tabelas 1 a 10 expressam as
comparações das médias e dos desvios-padrão das contas acima citadas apresentando a
significância das diferenças encontradas, calculada a partir de teste estatístico de
Wilcoxon (significativo: p-valor < 0,05).
O Gráfico 1 representa a Média do grupo de contas Ativo Total e o ano de
avaliação das contabilidades. Através desse, verifica-se que o comportamento dos
valores (em milhares de reais) das Médias deste grupo de contas nos três anos foi maior
quando da aplicação da contabilidade regulatória (R$ 3.107,07; R$ 3.362,50 e R$
3.759,18, respectivamente) em comparação com a societária (R$ 2.970,84; R$ 3.224,59
e R$ 3.467,98, respectivamente).
Gráfico 1 - Médias do grupo de contas Ativo Total no período
3.107,07 3.362,50
3.759,18
2.970,84 3.224,59 3.467,98
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
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Regulatória Societária
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A Tabela 1 apresenta a comparação do agrupamento no período das Médias
e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo Total.
Tabela 1 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo Total
no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
ATIVO TOTAL
Média
Regulatória 3.409.583
<0,001
(Sig.)
Societária 3.221.141
Variação (%) - 6%
Desvio-Padrão
Regulatória 3.052.279
Societária 2.871.681
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
Observa-se que o teste de Wilcoxon evidenciou significância (p-valor <
0,001) nas diferenças das médias, indicando que o comportamento do grupo de contas
Ativo Total, nas contabilidades regulatória e societária, é diferente. Essa diferença
determinou uma variação, nesse grupo de contas, de - 6% na Média entre as
contabilidades.
Conforme revisão na literatura (seção 2.4), os recursos são reconhecidos
como Ativos, nas demonstrações financeiras, somente quando são mensuráveis,
relevantes e precisos. A diferença do Ativo Total Regulatório e Societário é decorrente
da aplicação das seguintes normas: Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação
de Relatório Contábil-Financeiro - CPC 00 (R1) e Interpretação Técnica ICPC 01 (R1)
– Contratos de Concessão.
Essa diferença, estatisticamente encontrada, mostra que as normas
orientadoras das contabilidades têm o reconhecimento diferente de alguns grupos e
subgrupos de contas (Ativo financeiro da concessão, Ativo Regulatório, Imobilizado e
Intangível). Na essência, o conceito de Ativo é o mesmo, porém, para alguns grupos
e/ou subgrupos de contas, o reconhecimento é diferente, a depender da norma contábil a
ser utilizada.
A depender da contabilidade (norma) utilizada, o grupo de contas ativo total
será geralmente afetado, aumentando ou diminuindo seus valores e/ou variações,
quando comparado.
No que diz respeito à comparação entre normas de contabilidades, o
presente estudo mostra que, utilizando-se diferentes normas, pode-se obter distintos
resultados de análises para a mesma empresa.
69
Esse resultado confirma a tese de Pereira (2011), cujo estudo concluiu que a
conciliação entre as bases regulatória e societária evidenciou divergências na avaliação
dos ativos.
O Gráfico 2 apresenta as Médias do grupo de contas Ativo Circulante no
triênio. Nesse período, os valores das Médias desse grupo (em milhares de reais) foram
maiores, se aplicada a contabilidade regulatória (R$ 963,36; R$ 967,25 e R$ 1.076,78,
respectivamente contra os valores R$ 824,12; R$ 889,58 e R$ 987,79, respectivamente,
encontrados pela contabilidade societária).
Gráfico 2 - Médias do grupo de contas Ativo Circulante no período
A Tabela 2 apresenta a comparação do agrupamento, no período, das
Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo Circulante.
Tabela 2 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo
Circulante no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
ATIVO
CIRCULANTE
Média
Regulatória 1.002.460
<0,001
(Sig.)
Societária 900.496
Variação (%) - 10%
Desvio-Padrão
Regulatória 964.241
Societária 847.750
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
Quanto ao Ativo Circulante, verifica-se que, em média, ele é maior na
contabilidade regulatória, em relação à societária (R$ 1.002.460 e R$ 900.496,
respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-valor <
0,001). A variação da Média, desse grupo de contas, foi de – 10%.
Essa diferença no comportamento, nesse grupo de contas, se deve ao fato
do reconhecimento dos Ativos Regulatórios pela contabilidade regulatória e do Ativo
963,36 967,25 1.076,78
824,12 889,58 987,79 0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
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Regulatória Societária
70
financeiro de concessão pela societária. Enquanto este é reconhecido apenas pelas IFRS,
aquele o é apenas pelas normas de contabilidade regulatória no setor elétrico.
De acordo com os conceitos apresentados no referencial teórico (seções 2.4
e 2.5), não existe nenhum benefício futuro para a contabilidade regulatória, mas sim,
ativos e passivos regulatórios, a serem registrados para recomposição do equilíbrio
econômico e financeiro do contrato de concessão.
A compreensão do comportamento desse grupo de contas é essencial para o
entendimento das operações das empresas distribuidoras de energia elétrica. É através
desse entendimento que se obtém o conhecimento da qualidade dos lucros e fluxo de
caixa (fonte e direção).
O Gráfico 3 expõe as Médias do grupo de contas Ativo Não Circulante no
período. Na contabilidade regulatória, os valores das Médias (em milhares de reais) em
cada ano são R$ 2.143,71; R$ 2.395,25 e R$ 2.682,41 e, na societária, R$ 2.146,72; R$
2.335,01 e R$ 2.480,20, respectivamente. Observa-se que a diferença das Médias, desse
grupo de contas, com a aplicação da contabilidade regulatório em comparação com a
societária, é pequena, sendo ligeiramente maior na regulatória.
Gráfico 3 - Médias do grupo de contas Ativo Não Circulante no período
A Tabela 3 traz a comparação do agrupamento no período das Médias e dos
Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo Não Circulante.
2.143,71 2.395,25
2.682,41
2.146,72 2.335,01 2.480,20
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
2009 2010 2011 AT
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O C
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ANO
Regulatória Societária
71
Tabela 3 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo Não
Circulante no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
ATIVO
NÃO CIRCULANTE
Média
Regulatória 2.407.123
0,004
(Sig.)
Societária 2.320.644
Variação (%) - 4%
Desvio-Padrão
Regulatória 2.130.245
Societária 2.058.717
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05 as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
Em relação ao grupo de contas Ativo Não Circulante, verifica-se que, em
média, ele é maior na contabilidade regulatória do que na societária (R$ 2.407.123 e R$
2.320.644, respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-
valor < 0,004). A variação da Média desse grupo de contas foi de –4%.
No que se refere a essas diferenças estatísticas, encontradas nesse grupo de
contas, aplica-se o mesmo entendimento mencionado nos grupos supracitados. Apenas
com uma ressalva: nesse grupo de contas, os Ativos têm os direitos realizáveis após o
término do exercício seguinte. Esse grupo de contas tem, em sua composição, os
seguintes grupos: Ativo Realizável a Longo Prazo; Investimentos; Imobilizado e
Intangível.
O Gráfico 4 exibe as Médias do grupo de contas Investimentos no período.
Quando aplicada a contabilidade regulatória, estas Médias foram menores em relação às
da contabilidade societária, embora com uma diferença pequena. Os valores (em
milhares de reais) das Médias desse grupo foram respectivamente: societária (R$ 24,23;
R$ 4,51 e R$ 4,15) e regulatória (R$ 19,99; R$ 4,03 e R$ 3,81).
Gráfico 4 - Médias do grupo de contas Investimentos no período
A Tabela 4, a seguir apresentada, traz a comparação do agrupamento no
período das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Investimentos.
19,99 4,51 4,15
24,23
4,03 3,81 0
10
20
30
40
50
60
2009 2010 2011
INV
ES
TIM
EN
TO
S
Mil
ha
res
de
rea
is
ANO
Regulatória Societária
72
Tabela 4 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis
Investimentos no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
INVESTIMENTOS
Média
Regulatória 9.996
0,317
(Não Sig.)
Societária 11.255
Variação (%) 13%
Desvio-Padrão
Regulatória 39.206
Societária 44.691
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
No tocante ao grupo de contas Investimentos, observa-se que o valor da
Média, na contabilidade regulatória, é menor do que na contabilidade societária (R$
9.996 e R$ 11.255, respectivamente), porém o p-valor do teste de Wilcoxon não foi
significativo (p-valor = 0,317), indicando que a distribuição do valor do grupo de contas
Investimentos é similar, mesmo usando normas distintas. A variação da Média desse
grupo de contas foi de 13%.
Esse grupo de contas, independentemente da contabilidade utilizada, não
sofrerá efeitos das contabilidades (normas), pois as práticas contábeis regulatórias no
Brasil não são conflitantes com as societárias, conforme estabelecem as suas normas.
No Gráfico 5, são expressas as Médias do grupo de contas Imobilizado no
período,verificando-se que o comportamento dos valores (em milhares de reais) das
Médias, desse grupo de contas, nos três anos, foi expressivamente maior na aplicação da
contabilidade regulatória (R$ 1.375,32; R$ 1.597,68 e R$ 1.877,11, respectivamente),
em comparação com a societária (R$ 14,36; R$ 8,93 e R$ 8,28, respectivamente).
Gráfico 5 - Médias do grupo de contas Imobilizado no período
A Tabela 5 apresenta a comparação do agrupamento, no período, das
Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Imobilizado.
1.375,32
1.597,68
1.877,11
14,36 8,93 8,28
0 200 400 600 800
1000 1200 1400 1600 1800 2000
2009 2010 2011
IMO
BIL
IZA
DO
Mil
ha
res
de
rea
is
ANO
Regulatória Societária
73
Tabela 5 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Imobilizado
no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
IMOBILIZADO
Média
Regulatória 1.616.704
<0,001
(Sig.)
Societária 10.523
Variação (%) - 99%
Desvio-Padrão
Regulatória 1.614.267
Societária 23.116
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
No grupo de contas Imobilizado, verifica-se que, em média, ele é maior na
contabilidade regulatória em relação à contabilidade societária (R$ 1.616.704 e R$
10.523, respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-
valor < 0,001). A variação da Média e do Desvio-Padrão, desse grupo de contas, foi
respectivamente de – 99% e – 99%.
A diferença do Ativo Imobilizado Societário e Regulatório é decorrente da
aplicação da Interpretação Técnica ICPC 01 (R1) – Contratos de Concessão. Conforme
revisão na literatura (seção 2.4), essa Interpretação estabelece os princípios gerais sobre
o reconhecimento e a mensuração das obrigações e os respectivos direitos dos contratos
de concessão. Segundo a ANEEL, essa interpretação é conflitante com as práticas
regulatórias.
Corroborando com esses achados, a pesquisa realizada por Suzart et
al.(2012) apresenta a principal diferença, na visão da ANEEL, entre os modelos
adotados pelas contabilidades societária e pela regulatória, como sendo a que diz
respeito à manutenção da infraestrutura concedida como ativo imobilizado.
Nesse grupo de contas contábeis, a contabilidade regulatória compôs o ativo
imobilizado com os seguintes grupos: ativo em serviço, ativo em curso, reintegração
acumulada e obrigações especiais. O Ativo em serviço é um elemento importante para o
cálculo da tarifa praticada pelo setor elétrico. Por isso o agente regulador (ANEEL) tem
uma atenção especial para as normas e os atributos que afetam esse grupo de contas.
As alterações encontradas para o grupo de contas Imobilizado podem ser
justificadas pelos resultados encontrados por Ferreira (2009), segundo o qual são
criados dois valores para o ativo imobilizado em serviço: um ajustado para o processo
de revisão tarifária (contabilidade regulatória) e outro para o controle contábil
(contabilidade societária). Dessa maneira, constituem-se dois ativos que diferem: ativo
imobilizado em serviço regulatório e ativo imobilizado do balanço societário.
O Gráfico 6 demonstra as Médias do grupo de contas Intangível nos três
anos. Quando aplicada a contabilidade regulatória, observa-se que essas Médias são
74
menores, quando comparadas com a aplicação da contabilidade societária. Os valores
(em milhares de reais) foram respectivamente: pela contabilidade regulatória (R$
132,45; R$ 117,81 e R$ 116,01) e societária (R$ 1.161,91; R$ 1.207,80 e R$ 1.254,23).
Percebe-se que as Médias da regulatória são menores que a societária, com diferenças
expressivas.
Gráfico 6 - Médias do grupo de contas Intangível no período
A Tabela 6 apresenta a comparação do agrupamento, no período, das
Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Intangível.
Tabela 6 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Intangível
no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
INTANGÍVEL
Média
Regulatória 121.923
<0,001
(Sig.)
Societária 1.207.978
Variação (%) 891%
Desvio-Padrão
Regulatória 143.908
Societária 1.296.510
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
No grupo de contas Intangível, verifica-se que o valor da Média na
contabilidade regulatória é expressivamente menor do que na societária (R$ 121.923 e
R$ 1.207.978, respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon foi significativo (p-
valor <0,001). A variação da Média desse grupo de contas foi de 891%.
A diferença entre as contabilidades regulatória e societária do grupo de
contas Intangível é decorrente, também, da norma societária, que trata dos Contratos de
Concessão.
Baseando-se na revisão da literatura, a significância dessa diferença e o não
reconhecimento dessa norma societária pela contabilidade regulatória, deve-se ao fato
132,45 117,81 116,01
1.161,91 1.207,80 1.254,23
0 200 400 600 800
1000 1200 1400 1600 1800 2000
2009 2010 2011
INT
AN
GÍV
EL
Mil
ha
res
de
rea
is
ANO
Regulatória Societária
75
de a contabilidade regulatória não considerar que a infraestrutura das concessionárias de
distribuição seja segregada e movimentada, desde a data de sua construção, cumprindo
as determinações existentes nas normas societárias.
As alterações encontradas nesse grupo de contas estão em consonância com
os resultados do estudo de Pereira (2011), cujos resultados obtidos demonstram que a
aplicação da norma societária que trata sobre Ativo Intangível pode indicar um aumento
dos custos dos serviços, devido à inclusão das despesas de amortização, e do
reconhecimento dos valores do intangível, para fins de remuneração do investimento da
empresa.
O Gráfico 7 representa a Média do grupo de contas do Passivo Total
conforme o ano de avaliação. Através desse gráfico, verifica-se que o comportamento
dos valores (em milhares de reais) das Médias, desse grupo de contas, nos três anos, foi
maior na aplicação da contabilidade regulatória (R$ 2.081,92; R$ 2.201,22 e R$
2.523,80, respectivamente) do que na da societária (R$ 1.927,83; R$ 2.110,46 e R$
2.304,74, respectivamente).
Gráfico 7 - Médias do grupo de contas Passivo Total no período
A Tabela 7 apresenta a comparação do agrupamento no período das Médias
e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Passivo Total.
Tabela 7 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Passivo
Total no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
PASSIVO TOTAL
Média
Regulatória 2.247.982
<0,001
(Sig.)
Societária 2.114.345
Variação (%) - 6%
Desvio-Padrão
Regulatória 2.177.889
Societária 2.027.323
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
2.018,92 2.201,22 2.523,80
1.927,83 2.110,46 2.304,74
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
2009 2010 2011
PA
SS
IVO
TO
TA
L
Mil
ha
res
de
rea
is
ANO
Regulatória Societária
76
Em relação ao grupo de contas Passivo Total, verifica-se que, em média,
ele é maior na contabilidade regulatória do que na societária (R$ 2.247.982 e R$
2.114.345, respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-
valor < 0,001). A variação da Média deste grupo de contas foi de – 6%.
Observa-se, nessa diferença estatística, que as normas orientadoras das
contabilidades têm o reconhecimento diferente de alguns subgrupos de contas. A
diferença do Passivo Total Regulatório e Societário é decorrente da aplicação da seguinte
norma: Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-
Financeiro - CPC 00 (R1).
As distribuidoras de energia elétrica possuem alguns passivos (Passivos
Regulatórios: Descontos TUSD e Irrigação, Sobrecontratação, Subvenção baixa renda –
ganhos, Neutralidade dos encargos setoriais, encargos incidentes sobre reavaliação de
elementos do Ativo, entre outros passivos) reconhecidos para fins regulatórios, que não
estão registrados nas demonstrações financeiras societárias, por não atenderem à definição
de passivo previsto na estrutura conceitual.
Para que um passivo apareça em uma demonstração de posição financeira, é
necessário que seja reconhecido e mensurado. O reconhecimento obedece às regras usuais
das normas societárias. A partir da revisão da literatura, essas regras dizem que uma
obrigação deve ser reconhecida como passivo, quando satisfaz quatro critérios gerais:
corresponde à definição de passivo, é mensurável, é relevante e é precisa.
O Gráfico 8 exibe as Médias do grupo de contas Passivo Circulante no
período. Os valores (em milhares de reais) das Médias, desse grupo de contas, nos três
anos, foram maiores através da aplicação da contabilidade regulatória (R$ 959,17; R$
916,23 e R$ 1.037,08, respectivamente) em relação à societária (R$ 866,64; R$ 839,90
e R$ 887,11, respectivamente).
Gráfico 8 - Médias do grupo de contas Passivo Circulante no período
959,17 916,23 1.037,08
866,64 839,90 887,11 0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
2009 2010 2011
PA
SS
IVO
CIR
CU
LA
NT
E
Mil
ha
res
de
rea
is
ANO
Regulatória Societária
77
A Tabela 8 apresenta a comparação do agrupamento, no período, das
Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Passivo Circulante.
Tabela 8 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Passivo
Circulante no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
PASSIVO
CIRCULANTE
Média
Regulatória 970.828
<0,001
(Sig.)
Societária 864.550
Variação (%) - 11%
Desvio-Padrão
Regulatória 919.517
Societária 776.784
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
No grupo de contas Passivo Circulante, o valor da Média, na contabilidade
regulatória, é maior do que na contabilidade societária (R$ 970.828 e R$ 864.550,
respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon foi significativo (p-valor <0,001). A
variação da Média desse grupo de contas foi de -11%.
Essa diferença, estatisticamente observada nesse grupo de contas, deve-se,
além da aplicação da norma, ao reconhecimento dos Passivos regulatórios e aos ajustes
dos tributos e contribuições sociais. Conforme revisão da literatura, os Passivos
regulatórios referem-se aos valores exigíveis em decorrência do contrato de concessão.
Esse contrato tem como objetivo, dentre outros, assegurar o equilíbrio econômico-
financeiro da concessão e apresentar a realização dos componentes tarifários e da
efetiva remuneração, com obediência aos princípios de contabilidade.
O Gráfico 9 demonstra as Médias do grupo de contas Passivo Não
Circulante, no período. Em 2009, a Média foi menor, quando aplicada a contabilidade
regulatória em relação à societária. Nos anos seguintes, 2010 e 2011, os valores foram
maiores na contabilidade regulatória. Os valores (em milhares de reais) das Médias
desse grupo foram respectivamente: societária (R$ 1.059,75; R$ 1.284,99 e R$
1.486,72) e regulatória (R$ 1.061,19; R$ 1.270,56 e R$ 1.417,64). Percebe-se que,
apesar das Médias da regulatória serem maiores que a societária em dois anos, as
diferenças são pequenas nos três anos.
78
Gráfico 9 - Médias do grupo de contas Passivo Não Circulante no período
A Tabela 9 apresenta a comparação do agrupamento no período das Médias
e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Passivo Não Circulante.
Tabela 9 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Passivo Não
Circulante no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
PASSIVO
NÃO
CIRCULANTE
Média
Regulatória 1.277.154
0,002
(Sig.)
Societária 1.249.795
Variação (%) - 2%
Desvio-Padrão
Regulatória 1.300.518
Societária 1.306.524
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
No grupo de contas Passivo Não Circulante, observa-se que o valor da
Média, na contabilidade regulatória, é maior do que na contabilidade societária (R$
1.277.154 e R$ 1.249.795, respectivamente), e o teste de Wilcoxon com p-valor =
0,002, indica uma diferença significativa. A variação da Média desse grupo de contas
foi de -2%.
Nessa diferença estatisticamente observada, aplica-se a mesma justificativa
apresentada para o grupo de contas Passivo Circulante.
O Gráfico 10 representa as Médias do grupo de contas Patrimônio Líquido
no período. Verifica-se que o comportamento dos valores (em milhares de reais) das
Médias desse grupo de contas, nos três anos, foi maior na aplicação da contabilidade
regulatória (Regulatória: R$ 1.088,14; R$ 1.161,27 e R$ 1.235,38, respectivamente;
Societária: R$ 1.067,83; R$ 1.114,13 e R$ 1.163,24, respectivamente). A diferença foi
pequena.
1.059,75
1.284,99 1.486,72 1.061,19
1.270,56 1.417,64
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
2009 2010 2011
PA
SS
IVO
NÃ
O C
IRC
UL
AN
TE
Mil
ha
res
de
rea
is
ANO
Regulatória Societária
79
Gráfico 10 - Médias do grupo de contas Patrimônio Líquido no período
A Tabela 10 apresenta a comparação do agrupamento no período das
Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Patrimônio Líquido.
Tabela 10 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis
Patrimônio Líquido no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
PATRIMÔNIO
LÍQUIDO
Média
Regulatória 1.161.601
0,080
(Não Sig.)
Societária 1.115.070
Variação (%) - 4%
Desvio-Padrão
Regulatória 1.005.715
Societária 1.022.454
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
Quanto ao grupo de contas Patrimônio Líquido, verifica-se que, em média,
ele é maior na contabilidade regulatória (Regulatória e Societária: R$ 1.161.601 e R$
1.115.070, respectivamente). O teste de comparação de distribuição não foi significativo
(p-valor < 0,080) indicando que não há diferenças significativas no comportamento
desse grupo de contas, utilizando-se a contabilidade regulatória ou societária. A
variação da Média desse grupo de contas foi de – 4%.
Apesar de não haver diferenças estatísticas, esse grupo de contas sofre
efeitos na conciliação entre as contabilidades (regulatória e societária) dos ativos e
passivos regulatórios, ajuste de provisão de contingências e tributários.
Corroborando esse resultado, o estudo de Suzart et al. (2012) revelou que,
em média, o Patrimônio Líquido regulatório e o societário são estatisticamente iguais.
Compilaram-se, no quadro a seguir, as diferenças das médias das
contabilidades regulatória e societária nos grupos de contas contábeis do Balanço
Patrimonial, que provocaram ou não mudanças significativas.
1.088,14 1.161,27 1.235,38
1.067,83 1.114,13 1.163,24
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
2009 2010 2011
PA
TR
IMÔ
NIO
LÍQ
UID
O
Mil
ha
res
de
rea
is
ANO
Regulatória Societária
80
Quadro 12 - Resumo das diferenças das médias das contabilidades nos grupos de contas contábeis
do Balanço Patrimonial
Grupos de contas Diferenças das Médias (%)
Regulatória/Societária p-valor¹
ATIVO TOTAL - 6% <0,001
(Sig.)
ATIVO CIRCULANTE - 10% <0,001
(Sig.)
ATIVO NÃO CIRCULANTE - 4% 0,004
(Sig.)
INVESTIMENTOS 13% 0,317
(Não Sig.)
IMOBILIZADO - 99% <0,001
(Sig.)
INTANGÍVEL 891% <0,001
(Sig.)
PASSIVO TOTAL - 6% <0,001
(Sig.)
PASSIVO CIRCULANTE - 11% <0,001
(Sig.)
PASSIVO NÃO CIRCULANTE - 2% 0,002
(Sig.)
PATRIMÔNIO LÍQUIDO - 4% 0,080
(Não Sig.)
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as médias da contabilidade regulatória diferem
das médias da contabilidade societária).
Na revisão da literatura (seção 2.4), foram encontradas algumas
divergências, nas características do tratamento contábil dos grupos de contas contábeis
patrimoniais e de resultados, utilizando-se as contabilidades regulatória e societária.
Essas diferenças são confirmadas estatisticamente por esta pesquisa.
O Quadro 12 demonstra a existência de diferenças das médias entre as
contabilidades regulatórias e societárias, em todos os grupos de contas contábeis do
Balanço Patrimonial das distribuidoras, no período de 2009 a 2011, de maneira
significativa, com exceção dos grupos Investimentos e Patrimônio Líquido. No
primeiro grupo, as práticas contábeis regulatórias não são conflitantes com as
societárias, pois o tratamento contábil utilizado é o mesmo em ambas as contabilidades.
No segundo grupo, apesar de serem significativamente indiferentes, ocorrem alguns
efeitos, nesse grupo de contas, das práticas contábeis regulatórias, por exemplo: no
subgrupo lucro (prejuízo) acumulado que compõe esse grupo, o lucro acumulado
regulatório reconhece efeitos dos ajustes entre contabilidades regulatória e societária
(contrato de concessão), dos tributos e da depreciação (reavaliação regulatória
compulsória), porém essa diferença não foi constatada nesta pesquisa.
Nos grupos de contas que apresentaram diferenças estatisticamente
significativas, as práticas contábeis regulatórias são conflitantes com as societárias. Nos
grupos dos Ativos e Passivos (Total, Circulante e Não Circulante), essa diferença deve-
81
se ao fato do reconhecimento dos Ativos e Passivos Regulatórios, pela contabilidade
regulatória. São os ativos e passivos relacionados aos custos não gerenciais (Parcela A)
das distribuidoras. As principais características desses grupos são valores tarifários não
gerenciais a compensar da Parcela A – CVA, Energia Elétrica excedente
(sobrecontratação), Subvenção a baixa renda (ganhos), Neutralidade dos encargos
sociais e outros componentes financeiros.
As diferenças significativas, nos grupos de contas Imobilizado e Intangíveis,
utilizando as duas contabilidades, foram as que obtiveram as maiores distorções nas
diferenças das médias: -99% e 891%, respectivamente. Isso implica que os valores das
médias das contas do imobilizado, na contabilidade regulatória, são menores em relação
à contabilidade societária. No caso dos grupos de contas dos intangíveis, ocorreu o
inverso. Essas divergências devem-se ao fato de os contratos de concessão, na
contabilidade societária, terem o ativo imobilizado como bifurcado: em ativo intangível
e financeiro. Já na contabilidade regulatória, é apenas reconhecido como ativo
imobilizado. Esse ativo compõe a base de remuneração das concessionárias de
distribuição de energia elétrica.
Dessa maneira, infere-se que a hipótese alternativa um (H1) foi aceita (ver
seção 3.5) pela maioria dos grupos de contas contábeis do balanço patrimonial, exceto o
grupo de contas Investimentos e Patrimônio Líquido.
Essas informações podem auxiliar na decisão de alguns usuários da
informação contábil, entre eles, a do poder concedente, no momento da renovação do
contrato de concessão e, também, na revisão tarifaria do setor elétrico brasileiro. Além
disso, podem influenciar na composição dos indicadores econômico-financeiros desse
setor.
4.2 Grupos de Contas Contábeis da Demonstração do Resultado
Os Gráficos 11 a 15 representam os resultados das análises dos grupos de
contas contábeis da Demonstração do Resultado: Receita Operacional Líquida,
Resultado Antes dos Custos Gerenciáveis, Resultado da Atividade da Concessão, Lucro
Antes do Imposto de Renda e Contribuição Social (LAIRCS) e Lucro Líquido. As
Tabelas 11 a 15 expressam as comparações das médias e dos desvios-padrão das contas
e a significância das diferenças encontradas, calculada a partir de teste estatístico de
Wilcoxon.
82
O Gráfico 11 demonstra as Médias do grupo de contas Receita
Operacional Líquida, nos três anos. Essas Médias foram menores, quando aplicada a
contabilidade regulatória em comparação com a societária. Os valores (em milhares de
reais) das Médias desse grupo foram, respectivamente, na regulatória R$ 2.210,50; R$
2.383,83; R$ 2.449,33 e na societária R$ 2.424,59; R$ 2.655,53 e R$ 2.827,07.
Percebe-se que, apesar das Médias da regulatória serem menores que as da societária, as
diferenças não foram expressivas.
Gráfico 11 - Médias do grupo de contas Receita Operacional Líquida no período
A Tabela 11 apresenta a comparação do agrupamento no período das
Médias e dos Desvios-Padrão, do grupo de contas contábeis Receita Operacional
Líquida.
Tabela 11 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Receita
Operacional Líquida no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
RECEITA
OPERACIONAL
LÍQUIDA
Média
Regulatória 2.347.886
<0,001
(Sig.)
Societária 2.635.733
Variação (%) 12%
Desvio-Padrão
Regulatória 2.166.198
Societária 2.459.887
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
No grupo de contas Receita Operacional Líquida, verifica-se que o valor da
Média, na contabilidade regulatória, é menor do que na contabilidade societária (R$
2.347.886 e R$ 2.635.733, respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon foi
significativo (p-valor <0,001). A variação da Média desse grupo de contas foi de 12%.
A diferença estatisticamente comprovada deve-se ao fato do não reconhecimento
pela contabilidade regulatória da receita de construção (refere-se ao direito de receber os
2.210,50 2.383,83 2.449,33
2.424,59 2.655,53 2.827,07
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
2009 2010 2011
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UID
A
Mil
ha
res
de
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is
ANO
Regulatória Societária
83
recursos investidos na permissão, via tarifa ou indenização ao término do contrato de
concessão). Essa receita é reconhecida apenas na contabilidade societária.
Ao encontro dessa comprovação estatística encontra-se a pesquisa de Pereira
(2011), que evidenciou divergências na avaliação de receitas, no momento da
conciliação entre a base regulatória e societária.
O Gráfico 12 apresenta as Médias do grupo de contas Resultado antes dos
Custos Gerenciáveis no triênio. Nesse período, os valores das Médias desse grupo de
contas (em milhares de reais) foram menores se aplicada a contabilidade regulatória
(Regulatória: R$ 847,10; R$ 920,74 e R$ 996,50, respectivamente; Societária: R$
1.103,39; R$ 1.149,90 e R$ 1.254,12, respectivamente).
Gráfico 12 - Médias do grupo de contas Resultado antes dos Custos Gerenciais no período
A Tabela 12 apresenta a comparação do agrupamento no período das
Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Resultado antes dos
Custos Gerenciáveis.
Tabela 12 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Resultado
antes dos Custos Gerenciáveis no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
RESULTADO
ANTES DOS
CUSTOS
GERENCIÁVEIS
Média
Regulatória 921.445
<0,001
(Sig.)
Societária 1.169.137
Variação (%) 27%
Desvio-Padrão
Regulatória 867.218
Societária 1.166.599
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
No grupo de contas Resultado antes dos Custos Gerenciáveis, verifica-se
que o valor da Média, na contabilidade regulatória, é menor do que na contabilidade
societária (R$ 921.445 e R$ 1.169.137, respectivamente). O p-valor do teste de
847,10 920,74 996,50
1.103,39 1.149,90 1.254,12
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
2009 2010 2011
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ES
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ST
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GE
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EIS
Mil
ha
res
de
rea
is
ANO
Regulatória Societária
84
Wilcoxon foi significativo (p-valor <0,001), indicando diferença relevante. A variação
da Média desse grupo de contas foi respectivamente de 27%.
A variação, no comportamento desse grupo de contas, foi ocasionada pelos
custos não gerenciáveis (Parcela A), reconhecidos por ambas as contabilidades. Estão
inclusos nesses custos a energia comprada para revenda, encargos do uso do sistema de
transmissão/distribuição, entre outros custos vinculados ao processo de distribuição de
energia elétrica.
No Gráfico 13, estão demonstradas as Médias do grupo de contas
Resultado da Atividade da Concessão no período. Observa-se que os valores (em
milhares de reais) das Médias desse grupo de contas, nos três anos, foram menores na
aplicação da contabilidade regulatória (R$ 370,81; R$ 369,73 e R$ 359,81,
respectivamente) em relação à societária (R$ 469,84; R$ 409,72 e R$ 439,98,
respectivamente).
Gráfico 13 - Médias do grupo de contas Resultado da Atividade de Concessão no período
A Tabela 13 apresenta a comparação do agrupamento no período das Médias e
dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Resultado da Atividade da
Concessão.
Tabela 13 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis Resultado
da Atividade da Concessão no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
RESULTADO DA
ATIVIDADE DA
CONCESSÃO
Média
Regulatória 366.783
<0,001
(Sig.)
Societária 439.847
Variação (%) 20%
Desvio-Padrão
Regulatória 412.054
Societária 471.417
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
370,81 369,73 359,81
469,84 409,72 439,98
0
100
200
300
400
500
600
2009 2010 2011
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SÃ
O
Mil
ha
res
de
rea
is
ANO
Regulatória Societária
85
Observa-se que o teste de Wilcoxon foi significativo (p-valor < 0,001) nesse
caso, indicando que o comportamento do grupo de contas Resultado da Atividade de
Concessão, nas contabilidades regulatória e societária, é diferente. A diferença entre as
Médias variou em 20%.
A diferença significativa encontrada nesse grupo de contas foi devido à
influência dos custos não gerenciáveis e custos gerenciáveis, reconhecidos pelas
contabilidades. O primeiro já fora apresentado no grupo de contas anterior. O segundo
refere–se ao custo de construção, depreciação, amortização, despesas de atividades não
vinculadas, entre outros.
O Gráfico 14 apresenta as Médias do grupo de contas Lucro antes do
Imposto de Renda e Contribuição Social (LAIRCS), no triênio. Nesse período, os
valores das Médias desse grupo de contas (em milhares de reais) foram menores na
aplicação da contabilidade regulatória (R$ 366,14; R$ 323,05 e R$ 286,60,
respectivamente) do que na da societária (R$ 476,91; R$ 397,94 e R$ 412,19,
respectivamente).
Gráfico 14 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta
contábeis Lucro antes do Imposto de Renda e Contribuição Social no período -
LAIRCS (em milhares de reais)
A Tabela 14 apresenta a comparação do agrupamento, no período, das Médias e
dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Lucro antes do Imposto de Renda e
Contribuição Social.
366,14 323,05
286,60
476,91
397,94 412,19
0
100
200
300
400
500
600
2009 2010 2011
LA
IRC
S
Mil
ha
res
de
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Regulatória Societária
86
Tabela 14 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis Lucro antes
do Imposto de Renda e Contribuição Social no período - LAIRCS no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
LAIRCS
Média
Regulatória 325.264
<0,001
(Sig.)
Societária 429.014
Variação (%) 32%
Desvio-Padrão
Regulatória 440.169
Societária 507.230
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
Em relação ao grupo de contas LAIRCS, verifica-se que, em média, ele é
maior na contabilidade regulatória do que na societária (R$ 325.264 e R$ 429.014,
respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-valor <
0,001). A variação da Média desse grupo de contas foi de 32%.
Essa significância é demonstrada pela influência do desencadeamento dos
grupos de contas de resultados supracitados e do efeito do resultado extraconcessão
(receita financeira, despesa financeira, resultado de equivalência patrimonial e resultado
não operacional).
O Gráfico 15 apresenta as Médias do grupo de contas Lucro Líquido no
triênio. Nesse período, os valores das Médias desse grupo de contas (em milhares de
reais) foram menores na aplicação da contabilidade regulatória (R$ 303,80; R$ 255,79 e
R$ 222,32, respectivamente) do que na da societária (R$ 375,50; R$ 296,38 e R$
300,71, respectivamente).
Gráfico 15 - Médias do indicador de Lucro Líquido no período
A Tabela 15 apresenta a comparação do agrupamento no período das
Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Lucro Líquido.
303,80 255,79
222,32
375,50
296,38 300,71
0
100
200
300
400
500
600
2009 2010 2011
LU
CR
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LÍQ
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Mil
ha
res
de
rea
is
ANO
Regulatória Societária
87
Tabela 15 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Lucro
Líquido no período (em milhares de reais)
Grupo de
Contas Contábeis p-valor¹
LUCRO
LÍQUIDO
Média
Regulatória 260.638
<0,001
(Sig.)
Societária 324.199
Variação (%) 24%
Desvio-Padrão
Regulatória 346.181
Societária 382.197
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
Em relação ao grupo de contas Lucro Líquido, verifica-se que, em média,
ele é menor na contabilidade regulatória do que na societária (R$ 260.638 e R$ 324.199,
respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-valor <
0,001), demonstrando diferença significativa. A variação da Média desse grupo de
contas foi de 24%.
A distribuição apresenta diferença significativa devido à influência da
necessidade dos ajustes entre as contabilidades os quais são demonstrados pelas
variações do imposto de renda e da contribuição social.
Com relação ao fato de essas diferenças estarem concentradas no Lucro
Líquido, confirma-se o analisado no estudo de Suzart et al. (2012). Esses autores
observaram que, em média, o lucro líquido regulatório foi inferior ao societário.
Resumiram-se, no quadro a seguir, as diferenças das médias das
contabilidades regulatória e societária, nos grupos de contas contábeis Demonstração do
Resultado, que provocaram ou não mudanças significativas.
Quadro 13 - Resumo das diferenças das médias das contabilidades nos grupos de contas contábeis
da Demonstração do Resultado
Grupos de contas Diferenças das Médias (%)
Regulatória/Societária p-valor¹
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 12% <0,001
(Sig.)
RESULTADO ANTES DOS CUSTOS
GERENCIÁVEIS 27%
<0,001
(Sig.)
RESULTADO DA ATIVIDADE DA
CONCESSÃO 20%
<0,001
(Sig.)
LAIRCS 32% <0,001
(Sig.)
LUCRO LÍQUIDO 24% <0,001
(Sig.)
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as médias da contabilidade regulatória diferem das
médias da contabilidade societária).
Conforme revisão da literatura (seção 2.4), foram obtidas algumas
divergências nas características do tratamento contábil dos grupos de contas contábeis
da demonstração do resultado, utilizando as contabilidades regulatória e societária.
Essas diferenças são confirmadas estatisticamente por esta pesquisa.
88
Observando o Quadro 13, percebe-se que todos os grupos de contas da
demonstração do resultado, utilizados nesta pesquisa, sofreram grandes alterações nas
diferenças das médias entre as contabilidades. Isso implica que os valores das médias
das contas contábeis, na contabilidade regulatória, são maiores em relação aos das
médias obtidas na contabilidade societária, em todos os grupos.
No grupo de contas Receita Operacional Líquida, as diferenças das médias
(12%) devem-se, principalmente, ao tratamento contábil da receita de construção
(referente ao direito de receber caixa pelo poder concedente e/ou pelos consumidores),
pois, na contabilidade regulatória, não se reconhece essa receita.
No grupo de contas Resultado antes dos Custos Gerenciáveis, as diferenças
das médias (27%) devem-se ao não reconhecimento, na contabilidade regulatória, do
custo de construção (custos não gerenciáveis – Parcela A).
No grupo de contas Resultado da Atividade da Concessão, as diferenças das
médias (20%) devem-se ao reconhecimento da depreciação e da amortização. Ambas
estão vinculadas aos grupos de contas dos Ativos Imobilizado e Intangíveis,
respectivamente.
No grupo de contas LAIRCS, as diferenças nas médias (32%) das
contabilidades devem-se pelo não reconhecimento da receita financeira, por parte da
contabilidade regulatória. Essa receita foi reconhecida pela societária, para apresentar o
valor residual do ativo financeiro (valor da indenização, a receber do concedente).
No grupo de contas Lucro Líquido, as diferenças das médias (24%), nas
contabilidades, foram provenientes das variações do imposto de renda e da contribuição
social.
Assim sendo, infere-se que a hipótese alternativa dois (H2) foi aceita (ver
seção 3.5), por todos os grupos de contas contábeis da Demonstração do Resultado.
Essas informações comprovadas estatisticamente, nesta pesquisa, podem
contribuir para uma avaliação periódica, pelos usuários internos e/ou externos, dos
resultados das distribuidoras do setor elétrico brasileiro.
4.3 Indicadores Econômico-Financeiros
Nesta seção, serão analisados os resultados referentes aos indicadores da
Estrutura de Capital, da Liquidez Corrente e de Rentabilidade.
89
Indicadores da Estrutura de Capital
Os Gráficos 16 a 19 apresentam os resultados dos seguintes indicadores de
Estrutura de Capital: Endividamento, Composição do Endividamento, Imobilização do
Patrimônio Líquido e Imobilização dos Recursos Não Correntes. As Tabelas 16 a 19
mostram as médias e desvios-padrão desses indicadores e a significância das diferenças.
O Gráfico 16 representa a Média do indicador de Endividamento,
conforme o ano de avaliação. Através desse, verifica-se que a Média desse indicador,
em 2009, foi maior na aplicação da contabilidade regulatória do que na societária. Esse
comportamento foi alterado, nos anos de 2010 e 2011, em que a Média do indicador
Endividamento se apresentou menor na contabilidade regulatória do que na societária.
Gráfico 16 - Médias do indicador de Endividamento no período
A Tabela 16 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da
estatística descritiva do indicador Endividamento, calculada com base nas
demonstrações contábeis (regulatória e societária).
Tabela 16 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Endividamento no período
Indicador p-valor¹
ENDIVIDAMENTO
Média
Regulatória 1,93
0,311
(Não
Sig.)
Societária 1,99
Variação (%) 3%
Desvio-Padrão
Regulatória 1,30
Societária 1,35
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
Quanto ao indicador Endividamento, verifica-se que, em média, ele é
menor, na contabilidade regulatória, em relação à contabilidade societária (1,93 e 1,99,
respectivamente). O teste de comparação de distribuição não foi significativo (p-valor <
2,07
1,82 1,91 1,93
1,96 2,06
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
2009 2010 2011
EN
DIV
IDA
ME
NT
O
ANO
Regulatória Societária
90
0,311), indicando que não há diferenças relevantes, no comportamento desse indicador,
na aplicação da contabilidade regulatória em relação à contabilidade societária. A
variação da Média desse indicador foi de 3%.
Os dados, obtidos na comparação entre as contabilidades, permitem inferir
uma tendência de queda no valor desse indicador, representando uma melhora nos
resultados sob a contabilidade regulatória, pois diminui a participação de capital de
terceiros em relação ao capital próprio investido.
Estatisticamente não há divergências. Isso significa que, para esse indicador,
não há diferenças na utilização das contabilidades. Portanto, conforme a literatura, as
duas grandes fontes de recursos da empresa (Capitais Próprios e Capitais de Terceiros)
relacionam-se de maneira semelhante entre as contabilidades. Por exemplo: o indicador
de endividamento da distribuidora CELPE teve uma média de 1,40, na contabilidade
regulatória, e 1,47, na societária.
No Gráfico 17, são apresentadas as Médias do indicador de Composição do
Endividamento no período. Essas Médias foram maiores, quando se aplicou a
contabilidade regulatória, comparando-se à aplicação da societária, nos três anos. Nos
seus respectivos anos, as Médias foram as seguintes nas contabilidades: regulatória
(0,50; 0,45 e 0,43) e societária (0,48; 0,44 e 0,41). Percebe-se que as diferenças são
pequenas nos três anos.
Gráfico 17 - Médias do indicador de Composição do Endividamento no período
A Tabela 17 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da
estatística descritiva do indicador Composição do Endividamento, calculado com base
nas demonstrações contábeis (regulatória e societária).
0,50 0,45 0,43
0,48 0,44
0,41
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
2009 2010 2011
CO
MP
OS
IÇÃ
O D
O
EN
DIV
IDA
ME
NT
O
ANO
Regulatória Societária
91
Tabela 17 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Composição do
Endividamento no período
Indicador p-valor¹
COMPOSIÇÃO DO
ENDIVIDAMENTO
Média
Regulatória 0,46
<0,001
(Sig.)
Societária 0,44
Variação (%) - 4%
Desvio-Padrão
Regulatória 0,136
Societária 0,148
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
No indicador Composição do Endividamento, verifica-se que a Média
desse indicador, na contabilidade regulatória, é maior do que na contabilidade societária
(0,46 e 0,44, respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon foi significativo (p-valor
<0,001). A variação da Média desse indicador foi de - 4%.
A partir dos dados obtidos, é possível perceber uma tendência de aumento
no valor desse indicador, quando comparado com os resultados sob IFRS, refletindo
uma piora nos resultados sob a contabilidade regulatória, uma vez que representam um
aumento no percentual de dívida de curto prazo, em relação à dívida total das
distribuidoras de energia elétrica. Por exemplo: o indicador Composição do
Endividamento da distribuidora AES Eletropaulo teve uma média de 0,41, na
contabilidade regulatória, e 0,35, na societária.
O Gráfico 18 apresenta as Médias do grupo de contas Imobilização do
Patrimônio Líquido no triênio. Nesse período, os valores das Médias desse grupo
foram menores na aplicação da contabilidade regulatória (2,07; 1,99 e 2,07,
respectivamente) do que na da societária (2,11; 2,12 e 2,17, respectivamente).
Gráfico 18 - Médias do indicador de Imobilização do Patrimônio Líquido no período
A Tabela 18 apresenta a comparação do agrupamento no período da
estatística descritiva do indicador Imobilização do Patrimônio Líquido, calculado
com base nas demonstrações contábeis (regulatória e societária).
2,07 1,99 2,07
2,11 2,12 2,17
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
2009 2010 2011
IMO
BIL
IZA
ÇÃ
O D
O
PA
TR
IMÔ
NIO
LÍQ
UID
O
ANO
Regulatória Societária
92
Tabela 18 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Imobilização do
Patrimônio Líquido no período
Indicador p-valor¹
IMOBILIZAÇÃO
DO PATRIMÔNIO
LÍQUIDO
Média
Regulatória 2,04
0,461
(Não Sig.)
Societária 2,13
Variação (%) 4%
Desvio-Padrão
Regulatória 0,86
Societária 0,97
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
Quanto ao indicador Imobilização do Patrimônio Líquido, verifica-se que,
na média, ele é menor na contabilidade regulatória em relação à societária (2,04 e 2,13,
respectivamente). O teste de comparação de distribuição não foi significativo (p-valor <
0,461), indicando que o comportamento desse indicador, na contabilidade regulatória,
não é diferente da societária. A variação da Média desse grupo de contas foi de 4%.
Através dos resultados, é possível perceber uma tendência de queda no valor
desse indicador, na comparação entre as contabilidades, refletindo uma melhora nos
resultados da regulatória, já que diminui o percentual de capital próprio investido nos
ativos imobilizados e intangíveis das empresas distribuidoras do setor elétrico. Por
exemplo, esse indicador, na distribuidora ENERGISA SE, teve uma média de 2,20, na
contabilidade regulatória, e 2,22, na societária.
O Gráfico 19 exibe as Médias do indicador Imobilização dos Recursos não
Correntes no período. Através do gráfico, verifica-se que a Média desse indicador, na
contabilidade regulatória (1,00 e 0,97, respectivamente) foi menor que na societária
(1,03 e 0,98, respectivamente), nos anos de 2009 e 2010. Tal situação foi invertida no
ano de 2011, no qual o indicador, na contabilidade regulatória, apresentou-se maior
(0,96).
Gráfico 19 - Médias do indicador de Imobilização dos Recursos Não Correntes no período
1,00 0,97
0,96 1,03 0,98
0,95
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
2009 2010 2011
IMO
BIL
IZA
ÇÃ
O D
OS
RE
CU
RS
OS
NÃ
O C
OR
RE
NT
ES
ANO
Regulatória Societária
93
A Tabela 19 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da
estatística descritiva do indicador Imobilização dos Recursos não Correntes,
calculado com base nas demonstrações contábeis (regulatória e societária).
Tabela 19 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Imobilização dos Recursos
Não Correntes no período
Indicador p-
valor¹
IMOBILIZAÇÃO
DOS RECURSOS
NÃO CORRENTES
Média
Regulatória 0,98
0,607
(Não
Sig.)
Societária 0,99
Variação (%) 1%
Desvio-Padrão
Regulatória 0,150
Societária 0,161
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
No indicador Imobilização dos Recursos não Correntes, verifica-se que a
Média é menor, na contabilidade regulatória, em relação à societária (0,98 e 0,99,
respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon não foi significativo (p-valor =
0,607), indicando que o comportamento desse indicador não é diferente nesses dois
tipos de contabilidade avaliada. A variação da Média desse indicador foi de 1%.
Os dados obtidos permitem inferir que houve uma leve tendência de
melhora nos resultados. Indica uma maior participação dos ativos não circulantes em
relação ao passivo exigível a longo prazo e ao patrimônio líquido. Observa-se,
estatisticamente, que não há variações significativas e isso indica relevância na
comparabilidade das informações pelos usuários, corroborando com o indicador
anterior. Por exemplo, esse indicador, na distribuidora Santa Maria, teve uma média de
0,90, na contabilidade regulatória, e 0,91, na societária.
Indicador da Liquidez Corrente
No Gráfico 20, são mostradas as Médias do indicador Liquidez Corrente
no período. Quando aplicada a contabilidade regulatória, essas Médias foram menores
em relação às da societária, nos três anos. Foram as seguintes nas contabilidades: na
regulatória, 1,26; 1,23 e 1,20; e na societária, 1,33; 1,29 e 1,30.
94
Gráfico 20 - Médias do indicador de Liquidez Corrente no período
A Tabela 20 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da
estatística descritiva do indicador Liquidez Corrente, calculado com base nas
demonstrações contábeis (regulatória e societária).
Tabela 20 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Liquidez Corrente no
período
Indicador p
-valor¹
LIQUIDEZ
CORRENTE
Média
Regulatória 1,23
0,699
(Não
Sig.)
Societária 1,30
Variação (%) 6%
Desvio-Padrão
Regulatória 0,71
Societária 1,03
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
No tocante ao indicador Liquidez Corrente, observa-se que o valor da
Média na contabilidade regulatória é menor do que na contabilidade societária (1,23 e
1,30, respectivamente), porém, o p-valor do teste de Wilcoxon não foi significativo (p-
valor = 0,699) indicando que a distribuição do valor desse indicador é similar nas duas
contabilidades. A variação da Média desse grupo de contas foi 6%.
Os dados apontam que, quando utilizada a contabilidade regulatória, os
resultados indicam, para o curto prazo, uma menor participação dos ativos em relação
aos passivos. Nas variações significativas, há uma relevância na comparabilidade das
informações pelos usuários. Por exemplo, esse indicador, na distribuidora CELPE, teve
uma média de 1,22, na contabilidade regulatória, e 1,30, na societária.
1,26 1,23 1,20
1,33 1,29 1,30
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
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Indicadores de Rentabilidade
O Gráfico 21 expõe as Médias do indicador de Giro do Ativo no período.
Através dele, verifica-se que a Média desse indicador, na contabilidade regulatória
(0,68; 0,68 e 0,63, respectivamente), foi menor do que na contabilidade societária (0,76;
0,79 e 0,79, respectivamente).
Gráfico 21 - Médias do indicador de Giro do Ativo no período
A Tabela 21 apresenta a comparação do agrupamento no período da
estatística descritiva do indicador Giro do Ativo, calculado com base nas
demonstrações contábeis (regulatória e societária).
Tabela 21 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Giro do Ativo das no
período
Indicador p-valor¹
GIRO DO ATIVO
Média
Regulatória 0,66
<0,001
(Sig)
Societária 0,78
Variação (%) 17%
Desvio-Padrão
Regulatória 0,17
Societária 0,20
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
Quanto ao indicador Giro do Ativo, verifica-se que, em média, ele foi
menor, na contabilidade regulatória, do que na societária (0,66 e 0,78, respectivamente).
O teste de comparação de distribuição foi relevante (p-valor < 0,001), indicando que há
diferenças significativas no comportamento desse indicador, na aplicação da
contabilidade regulatória em relação à contabilidade societária. A variação da Média
desse indicador foi de 17%.
0,68 0,68 0,63
0,76 0,79 0,79
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
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Os dados apresentam para uma tendência de piora nos resultados, quando
calculado sob a contabilidade regulatória, já que a redução verificada no período indica
uma queda nas vendas, em relação ao investimento total nas empresas distribuidoras.
Por exemplo: esse indicador, na distribuidora CEB, teve uma média 0,62, na
contabilidade regulatória, e 0,84, na societária.
O Gráfico 22 exibe as Médias do indicador de Margem Líquida no
período. Através dele, verifica-se que a Média desse indicador, nos anos de 2009 e
2010, foi igual nas contabilidades (0,17 e 0,10, respectivamente). No ano de 2011, a
média na contabilidade regulatória foi ligeiramente menor (0,08) que na societária
(0,09).
Gráfico 22 - Médias do indicador de Margem Líquida no período
A Tabela 22 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da
estatística descritiva do indicador Margem Líquida, calculado com base nas
demonstrações contábeis (regulatória e societária).
Tabela 22 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Margem Líquida no
período
Indicador p-valor¹
MARGEM
LÍQUIDA
Média
Regulatória 0,117
0,412
(Não Sig.)
Societária 0,122
Variação (%) 4%
Desvio-Padrão
Regulatória 0,132
Societária 0,117
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
No indicador Margem Líquida, verifica-se que a Média é menor, na
contabilidade regulatória, em relação à contabilidade societária (0,117 e 0,122,
respectivamente), mas não de modo significativo, conforme comprova o p-valor do teste
de Wilcoxon: p-valor = 0,412. A variação da Média desse indicador foi de 4%.
0,17
0,10 0,08
0,17
0,10 0,09
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
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Observa-se, para esse indicador, uma similaridade na tendência entre as
médias do período, quando calculadas pelas contabilidades. Indica uma igualdade na
média do lucro, em relação ao que foi vendido pelas empresas distribuidoras. Por
exemplo: esse indicador, na distribuidora PIRATININGA, teve uma média 0,11, na
contabilidade regulatória, e 0,12, na societária.
No Gráfico 23, são demonstradas as Médias do indicador de Rentabilidade
do Ativo no período. Verifica-se que o comportamento das Médias desse indicador, nos
três anos, foi menor, na aplicação da contabilidade regulatória (0,10; 0,07 e 0,05,
respectivamente), do que da societária (0,12; 0,08 e 0,08, respectivamente).
Gráfico 23 - Médias do indicador de Rentabilidade do Ativo no período
A Tabela 23 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da
estatística descritiva do indicador Rentabilidade do Ativo, calculado com base nas
demonstrações contábeis (regulatória e societária).
Tabela 23 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Rentabilidade do Ativo no
período
Indicador p-valor¹
RENTABILIDADE
DO ATIVO
Média
Regulatória 0,076
<0,001
(Sig.)
Societária 0,095
Variação (%) 24%
Desvio-Padrão
Regulatória 0,066
Societária 0,068
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
Quanto ao indicador Rentabilidade do Ativo, verifica-se que, em média,
ele é menor, na contabilidade regulatória, em relação à societária (0,076 e 0,095,
respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-valor
<0,001) indicando que o comportamento desse indicador na contabilidade regulatória é
diferente da contabilidade societária. A variação da Média desse indicador foi de 24%.
0,10 0,07
0,05
0,12 0,08 0,08
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
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Para esse indicador, infere-se uma tendência de piora nos resultados, quando
calculada a média sob a contabilidade regulatória. Indica queda no lucro, em relação ao
investimento total nas empresas distribuidoras. Por exemplo: esse indicador, na
distribuidora CEMIG, teve uma média 0,05, na contabilidade regulatória, e 0,09, na
societária.
Discordando dessa significância encontrada, a pesquisa realizada por Suzart
et al. (2012), em seus resultados, observa que as normas regulatórias alteraram os
retornos (Rentabilidade do Ativo e Rentabilidade do Patrimônio Líquido), com menor
intensidade.
O Gráfico 24 apresenta as Médias do indicador Rentabilidade do
Patrimônio Líquido no período. Através dele, verifica-se que a Média desse indicador,
na contabilidade regulatória (0,30; 0,22 e 0,16, respectivamente), foi menor do que na
contabilidade societária (0,36; 0,26 e 0,24, respectivamente).
Gráfico 24 - Médias do indicador de Rentabilidade do Patrimônio Líquido no período
A Tabela 24 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da
estatística descritiva do indicador Rentabilidade do Patrimônio Líquido, calculado
com base nas demonstrações contábeis (regulatória e societária).
Tabela 24 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Rentabilidade do
Patrimônio Líquido no período
Indicador p-valor¹
RENTABILIDADE
DO PATRIMÔNIO
LÍQUIDO
Média
Regulatória 0,23
<0,001
(Sig.)
Societária 0,28
Variação (%) 26%
Desvio-Padrão
Regulatória 0,21
Societária 0,25
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
0,30
0,22
0,16
0,36
0,26 0,24
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
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No indicador Rentabilidade do Patrimônio Líquido, verifica-se que a
Média é menor, na contabilidade regulatória, do que na societária (0,23 e 0,28,
respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon foi significativo (p-valor <0,001),
indicando que o comportamento desse indicador é diferente nesses dois tipos de
contabilidade avaliada. A variação da Média desse indicador foi de 26%.
Por meio dos dados obtidos por esse indicador, observa-se uma tendência de
queda nas médias calculadas, o que reflete uma piora nos resultados, sob a contabilidade
regulatória. A menor relação (entre o lucro líquido e o patrimônio liquido) representa
uma menor capacidade de remunerar o capital próprio, a partir da rentabilidade da
operação das distribuidoras do setor elétrico. Por exemplo: esse indicador na
distribuidora ENERGISA PB, teve uma média 0,22, na contabilidade regulatória, e
0,25, na societária.
O Gráfico 25 apresenta as Médias do Indicador EBITDA no triênio. Nesse
período, os valores das Médias desse grupo de contas (em milhares de reais) foram
menores, na aplicação da contabilidade regulatória (R$ 366,14; R$ 323,05 e R$ 286,60,
respectivamente) do que na da societária (R$ 476,91; R$ 397,94 e R$ 412,19,
respectivamente).
Gráfico 25 - Médias do indicador EBITDA no período
A Tabela 25 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da
estatística descritiva do indicador EBITDA, calculado com base nas demonstrações
contábeis (regulatória e societária).
366,14 323,05
286,60
476,91
397,94 412,19
0
100
200
300
400
500
600
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Tabela 25 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador EBITDA no período
(Milhares de reais)
Indicador p-valor¹
EBITDA
Média
Regulatória 325.264
<0,001
(Sig.)
Societária 429.014
Variação (%) 32%
Desvio-Padrão
Regulatória 440.169
Societária 507.230
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das
Médias da contabilidade societária).
No indicador EBITDA, observa-se que o valor da Média, na contabilidade
regulatória, é menor do que na contabilidade societária (R$ 325.264 e R$ 429.014,
respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon foi significativo (p-valor <0,001),
indicando que a distribuição do valor desse grupo de contas é diferente, nas duas
contabilidades. A variação da Média desse indicador foi de 32%.
Os resultados refletem uma diminuição do lucro quando utilizada a
contabilidade regulatória. A variação nesse indicador deve-se ao tratamento dado aos
investimentos realizados na permissão pelas contabilidades. Esse indicador sofre os
efeitos do registro das despesas com depreciação (Regulatória) e amortizações
(Societária). Infere-se uma tendência de queda, nas médias desse indicador,
representando quanto o lucro gerou de caixa para as diversas finalidades das empresas
distribuidoras. Por exemplo: esse indicador, na distribuidora AESSUL, teve uma média
R$ 339.332, na contabilidade regulatória, e R$ 408.435, na societária.
Resumiram-se, no quadro a seguir, as diferenças das médias das
contabilidades regulatória e societária, dos indicadores econômico-financeiros, que
provocaram ou não mudanças significativas.
Quadro 14 - Resumo das diferenças das médias das contabilidades nos indicadores econômico-
financeiros
Indicadores Diferenças das Médias (%)
Regulatória/Societária p-valor¹
ESTRUTURA DE CAPITAL
ENDIVIDAMENTO 3% 0,311
(Não Sig.)
COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO - 4% <0,001
(Sig.)
IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO
LÍQUIDO 4%
0,461
(Não Sig.)
IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO
CORRENTES 1%
0,607
(Não Sig.)
LIQUIDEZ
LÍQUIDEZ CORRENTE 6% 0,699
(Não Sig.)
RENTABILIDADE
GIRO DO ATIVO 17% <0,001
(Sig.)
MARGEM LÍQUIDA 4% 0,412
(Não Sig.)
101
RENTABILIDADE DO ATIVO 24% <0,001
(Sig.)
RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO
LÍQUIDO 26%
<0,001
(Sig.)
EBITDA 32% <0,001
(Sig.)
¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as médias da contabilidade regulatória diferem das
médias da contabilidade societária).
Através do Quadro 14, percebe-se que existem diferenças significativas, em
metade dos dez indicadores econômico-financeiros utilizados nesta pesquisa.
Entre os indicadores econômico-financeiros que compõem a estrutura de
capital, as diferenças das Médias não foram estatisticamente significativas, para os
indicadores de Endividamento, Imobilização do Patrimônio Líquido e Imobilização dos
Recursos não Correntes, pois não foram afetados pelo aumento ou diminuição do grupo
de contas contábeis Patrimônio Líquido, quando utilizada a contabilidade regulatória.
Para o indicador Composição do Endividamento, existiram diferenças significativas das
médias, originadas pelas alterações, no grupo de contas contábeis Passivo Circulante
das distribuidoras, devido à existência do Passivo Regulatório. Dessa maneira, a
hipótese alternativa três (H3) foi rejeitada (ver seção 3.5) na maioria dos indicadores de
estrutura de capital, exceto o indicador Composição do Endividamento. Essa
comprovação pode contribuir para a decisão de alguns usuários das informações
contábil (Investidores, Administradores, Fornecedores entre outros) de acordo com a
sua necessidade. Esses usuários podem verificar o comprometimento dos recursos
próprios e de terceiros por dois parâmetros contábeis (regulatório e societário).
Verificam aumento ou diminuição do custo de capital das distribuidoras de energia
elétrica, propiciando investimentos mais aceitáveis, para gerar riquezas aos seus
proprietários (Acionista e/ou Governo).
Para o indicador Liquidez Corrente, não houve diferenças das médias
estatisticamente comprovadas, entre as contabilidades regulatória e societária. Assim
sendo, a hipótese alternativa quatro (H4) foi rejeitada. Então, para os usuários internos
e/ou externos, esse indicador não sofre alterações nas decisões, baseados nas duas
contabilidades.
Nos cinco indicadores de rentabilidade Giro do Ativo, Margem Líquida,
Rentabilidade do Ativo, Rentabilidade do Patrimônio Líquido e EBITDA, a maioria
obteve diferenças estatisticamente comprovadas, com exceção do indicador de Margem
Líquida. As diferenças das médias dos quatro indicadores de rentabilidade tiveram
variações significativas (17%, 24%, 26% e 32%, respectivamente). Em quatro
indicadores, a hipótese alternativa cinco (H5) foi aceita, pois se percebe que o
102
comportamento desses indicadores nas contabilidades (regulatória e societária) é
diferente. Isso representa que, utilizando a contabilidade regulatória como referência, se
têm médias do indicador menores em relação à contabilidade societária. A partir desses
indicadores, os usuários da informação contábil, conforme a necessidade de cada um,
podem avaliar a rentabilidade das distribuidoras de energia elétrica sob alguns aspectos:
vendas ou lucro sobre o investimento, o lucro em relação ao capital próprio e a
capacidade das distribuidoras de gerar caixa para cobrir o seu serviço da dívida,
baseados em duas contabilidades. Também, podem embasar decisões sobre política
financeira, grau de cobertura financeira, avaliação das distribuidoras, pagamento de
bônus a empregados, entre outras.
103
CONCLUSÃO
Este estudo teve por objetivo comparar as divergências entre contabilidade
regulatória e International Financial Reporting Standards - IFRS nos indicadores
econômico-financeiros, calculados com base nas demonstrações contábeis, publicadas
em 2009, 2010 e 2011, das empresas distribuidoras de energia elétrica no Brasil. Para
atender a esse objetivo, foi elaborada a seguinte questão de pesquisa: Quais
indicadores podem refletir diferenças significativas entre os indicadores
econômico-financeiros baseados nas International Financial Reporting Standards e
na Contabilidade Regulatória das empresas de distribuição de energia do setor
elétrico brasileiro?
Para responder a essa indagação, foram selecionados e calculados dez
indicadores econômico-financeiros sugeridos pelo Manual de Contabilidade do Setor
Elétrico brasileiro e na literatura que trata sobre o tema. Os indicadores foram
comparados e analisados, com base nas demonstrações contábeis publicadas, e
elaboradas conforme as normas regulatória e societária, nos anos de 2009, 2010 e 2011.
As duas hipóteses (H1 e H2), referentes aos grupos de contas contábeis da
Demonstração de Resultado (Receita Operacional Líquida; Resultados: antes dos custos
gerenciais e da atividade da concessão; LAIRCS e Lucro Líquido) e Balanço
Patrimonial (Ativos: Total, Circulante, Não Circulante; Investimentos; Imobilizado;
Intangível; Passivos: Total, Circulante, Não Circulante e Patrimônio Líquido), que
compõem os indicadores econômico-financeiros, foram aceitas para todos os grupos de
contas das duas demonstrações contábeis, com exceção para grupo de contas
Investimentos e Patrimônio Líquido do Balanço Patrimonial que não confirmam,
estatisticamente, as diferenças nesses grupos, utilizando-se as duas contabilidades.
As hipóteses (H3; H4 e H5), levantadas a partir da problemática de pesquisa,
foram aceitas para cinco indicadores econômico-financeiros das distribuidoras de
energia elétrica (Composição do Endividamento, Giro do Ativo, Rentabilidade do
Ativo, Rentabilidade do Patrimônio Líquido e EBTIDA). Esses resultados confirmam a
pergunta de pesquisa: existem diferenças significativas entre indicadores econômico-
financeiros, baseados nas contabilidades societária e regulatória. Em contrapartida,
essas hipóteses foram rejeitadas pelos indicadores (Endividamento, Imobilização do
Patrimônio Líquido, Imobilização dos Recursos não Correntes, Liquidez Corrente e
104
Margem Líquida), discordando da pergunta de pesquisa: não existem diferenças
significativas nesses indicadores, quando utilizadas as contabilidades.
As normas societárias, que são conflitantes com as regulatórias, e que
influenciaram as alterações, nos indicadores econômico-financeiros e nos grupos de
contas contábeis, foram: CPC 00 - Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação
das Demonstrações Financeiras; ICPC 01 – Contratos de Concessões (IFRIC 12) e CPC
17 – Contratos de Construção.
Essas informações podem auxiliar na decisão de alguns usuários da
informação contábil, entre eles, a do poder concedente, no momento da renovação do
contrato de concessão e, também, na revisão tarifária do setor elétrico brasileiro. Além
disso, podem influenciar na composição dos indicadores econômico-financeiros desse
setor. Os resultados obtidos podem contribuir para uma avaliação periódica, pelos
usuários internos e/ou externos, dos resultados das distribuidoras do setor elétrico
brasileiro.
Ademais, foi possível perceber que as práticas contábeis regulatórias em
relação às societárias ocasionaram tendência de elevação ou redução em alguns
indicadores econômico-financeiros utilizados nesta pesquisa. Essas variações podem
auxiliar aos usuários da informação contábil no momento da decisão.
O presente estudo apresenta como limitações: (i) utilização de apenas alguns
indicadores econômico-financeiros e (ii) o tamanho da amostra utilizada na pesquisa,
que correspondeu a 54% das concessionárias de distribuição de energia, listadas pela
Associação de Distribuidores de Energia Elétrica. Isso foi decorrente do fato de algumas
empresas do setor não divulgarem suas demonstrações contábeis do ano de 2011 até o
mês da coleta de dados da presente pesquisa.
Para pesquisa futuras, como foi analisado apenas um tipo de atividade do
setor elétrico, faz-se necessário verificar e/ou comparar com outro tipo de atividade
(geração, transmissão e comercialização). Sugere-se, ainda, comparar os indicadores
econômico-financeiros de empresas de energia elétrica de outros países e construir
indicadores, relacionando as contabilidades regulatória e societária.
105
REFERÊNCIAS
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Setor Elétrico (MCSE). Disponível em:
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Contabilidade do Setor Elétrico, instituído pela Resolução ANEEL nº 444, de 26 de
outubro de 2001. Fevereiro de 2010. Disponível em:
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