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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INDICADORES ECONÔMICO- FINANCEIROS, BASEADOS NA CONTABILIDADE REGULATÓRIA E NAS NORMAS CONTÁBEIS INTERNACIONAIS DAS EMPRESAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO. ESDRAS DOS SANTOS CARVALHO RECIFE 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INDICADORES ECONÔMICO-

FINANCEIROS, BASEADOS NA CONTABILIDADE REGULATÓRIA E NAS

NORMAS CONTÁBEIS INTERNACIONAIS DAS EMPRESAS DE DISTRIBUIÇÃO

DE ENERGIA DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO.

ESDRAS DOS SANTOS CARVALHO

RECIFE

2013

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ESDRAS DOS SANTOS CARVALHO

UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INDICADORES ECONÔMICO-

FINANCEIROS, BASEADOS NA CONTABILIDADE REGULATÓRIA E NAS

NORMAS CONTÁBEIS INTERNACIONAIS DAS EMPRESAS DE DISTRIBUIÇÃO

DE ENERGIA DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO.

Dissertação apresentada ao Departamento de

Ciências Contábeis e Atuariais do Centro de

Ciências Sociais Aplicadas da Universidade

Federal de Pernambuco, como requisito final

para a obtenção do título de Mestre em

Ciências Contábeis.

Orientador: Prof.° Ph.D. Cláudio de Araújo Wanderley

Coorientador: Prof.° Dr. Jeronymo José Libonati

RECIFE

2013

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Catalogação na Fonte

Bibliotecária Ângela de Fátima Correia Simões, CRB4-773

C331u Carvalho, Esdras dos Santos Um estudo comparativo entre indicadores econômico-financeiros,

baseados na contabilidade regulatória e nas normas contábeis internacionais

das empresas de distribuição de energia do setor elétrico brasileiro / Esdras

dos Santos Carvalho. - Recife : O Autor, 2013.

110 folhas : il. 30 cm.

Orientador: Prof. Ph.D. Cláudio de Araújo Wanderley e co-orientador

Prof. Dr. Jeronymo José Libonati.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCSA.

Ciências Contábeis, 2013.

Inclui bibliografia.

1. Contabilidade. 2. Indicadores econômicos. 3. Sociedades por ações

– Brasil - contabilidade. 4. Setor elétrico – empresas - contabilidade.

I. Wanderley, Cláudio de Araújo (Orientador). II. Libonati,

Jeronymo José (Co-orientador). III. Título.

657 CDD (22.ed.) UFPE (CSA 2013 – 041)

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Centro de Ciências Sociais Aplicadas

Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais

Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis

Mestrado em Ciências Contábeis

Coordenação

UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INDICADORES ECONÔMICO-

FINANCEIROS, BASEADOS NA CONTABILIDADE REGULATÓRIA E NAS

NORMAS CONTÁBEIS INTERNACIONAIS DAS EMPRESAS DE DISTRIBUIÇÃO

DE ENERGIA DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO.

ESDRAS DOS SANTOS CARVALHO

Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências

Contábeis da universidade Federal de Pernambuco e aprovada em 27 de fevereiro de

2013.

Banca examinadora:

Orientador/Presidente: Prof.° Ph.D. Cláudio de Araújo Wanderley

Examinador Interno: Umbelina Cravo Teixeira Lagióia Torres (Drª)

Examinador Externo: Aldo Leonardo Cunha Callado (Dr.) - UFPB

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Dedico este trabalho, com todo meu carinho e amor, às

pessoas mais importantes da minha vida: minha

querida mãe, meus queridos filhos e minha querida

esposa.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter-me possibilitado vencer esta árdua caminhada.

Agradeço a minha querida mãe, Rosemilda, por ter-me ajudado, às vezes, de maneira

inocente e pelo apoio nos momentos mais difíceis. Peço-lhe desculpas pela falta de atenção

em momentos impróprios, pois estava focado neste trabalho. Também, desejo ressaltar, que

sou muito orgulhoso por tê-la como minha mãe.

Agradeço ao meu irmão Eduardo, pelo apoio e estímulo neste processo de

aprendizagem.

Agradeço aos meus filhos, Daniel e Alice, pela motivação estimulada em mim. A Dan,

agradeço pelo excelente filho que és: carinhoso, feliz, cativante, amoroso, brincalhão... E

peço-te muitas desculpas pela falta de atenção e ausência em alguns momentos. Papai te ama

muito. A Alice, que se encontra na barriga da mamãe, durante a escrita desta dissertação até a

defesa, agradeço pela tua chegada iminente e saibas que és aguardada com muito amor pelos

teus pais. Meus queridos filhos, saibam que eu os amo muito.

Agradeço a minha querida esposa, Durce, por tudo que fizeste por mim no período

deste trabalho. Você foi uma excelente amiga, companheira, cúmplice, e principalmente, uma

peça importante neste processo, uma vez que me deste apoio, amor e estímulo. Também,

peço-lhe desculpas pela ausência, falta de paciência e atenção neste período. Obrigado.

Aos amigos pessoais, não irei citar nomes, mas agradeço pelo estímulo e apoio nesta

fase importante de minha vida.

Aos colegas do Mestrado, agradeço pelo apoio e pela ajuda neste processo de

aprendizagem. Fiz boas amizades.

Ao corpo docente do mestrado em Ciências Contábeis, agradeço pelos ensinamentos

transmitidos. Em especial, agradeço aos professores Cláudio Wanderley, Jeronymo Libonati e

Umbelina Lagioia. A Cláudio, pela amizade, orientação precisa, paciência e estímulo. A

Jeronymo pela amizade, orientação, compreensão e disponibilidade e à Umbelina pela

amizade, gentileza, disponibilidade e ajuda na consecução desta pesquisa. Meus eternos

agradecimentos.

Ao professor Alessandro Henrique, pelas importantes contribuições, disponibilidade e

auxílio na concretização deste trabalho.

Agradeço ao professor Aldo Callado, pelas contribuições para esta pesquisa, como

participante da defesa de qualificação do projeto e como membro da banca examinadora.

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Ao Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades

Federais (REUNI), pelo financiamento dos meus estudos durante um ano do mestrado.

À Universidade Federal de Pernambuco e à secretaria do programa de mestrado em

Ciências Contábeis pela estrutura disponibilizada. Na secretaria, em especial, a Luciano, pela

disponibilidade, ajuda e orientação nos procedimentos internos da instituição.

Por fim, a todos os alunos da graduação, alunos da pós-graduação, técnicos

administrativos, entre outros, que, direta ou indiretamente, me ajudaram neste processo.

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“O coração do homem pode fazer planos, mas a

resposta certa dos lábios vem do Senhor.”

(PROVÉRBIOS 16:1)

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RESUMO

O setor elétrico brasileiro vem passando por algumas mudanças normativas e regulatórias que

estão ocorrendo, especialmente, nas práticas contábeis e de gestão. Os principais fatores que

impactaram o sistema contábil das empresas foram a convergência às normas internacionais

de contabilidade (International Financial Reporting Standards - IFRS), que deve abranger as

companhias de capital aberto, e a implementação da contabilidade regulatória para o setor.

Este estudo teve por objetivo comparar as divergências entre contabilidade regulatória e

International Financial Reporting Standards – IFRS, nos indicadores econômico-financeiros,

calculados com base nas demonstrações contábeis publicadas em 2009, 2010 e 2011 das

empresas distribuidoras de energia elétrica no Brasil. Foram selecionadas 22 empresas

associadas à Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE) que

publicaram demonstrações contábeis regulatórias e societárias nesse período. Foram

identificadas diferenças significativas nas comparações dos grupos de contas patrimoniais e

de resultados baseados nas contabilidades regulatória e societária. Não foram encontradas

diferenças significativas para alguns indicadores econômico-financeiros (Endividamento,

Imobilização do Patrimônio Líquido, Imobilização dos Recursos não Correntes, Liquidez

Corrente e Margem Líquida). Conclui-se que essas variações podem causar assimetria da

informação e isso deve ser levado em conta pelos usuários internos e/ou externos no momento

da decisão por determinado investimento.

Palavras-chave: Contabilidade Regulatória. Contabilidade Societária. Indicadores

econômico-financeiros.

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ABSTRACT

The Brazilian electric sector has been going through some changes and regulatory norms that

are occurring especially in accounting practices and management. The main factors affecting

the accounting system of the company were the convergence to international accounting

standards (International Financial Reporting Standards - IFRS) which should cover public

companies, and the implementation of regulatory accounting for the sector. This study aimed

to compare the differences between regulatory accounting and International Financial

Reporting Standards - IFRS in financial indicators calculated based on published financial

statements in 2009, 2010 and 2011 of the electricity distribution companies in Brazil. It was

selected 22 companies associated with the Brazilian Association of Electricity Distributors

(ABRADEE) that published financial statements and regulatory interests in this period.

Significant differences were found when comparing the groups balance sheet and results

based on regulatory and corporate accounts. No significant differences were found for some

financial indicators (Debt, Imobilization of Equity, Fixed Assets Non Current Resources,

Liquidity and Net Margin). We conclude that these variations can cause asymmetry of

information and this should be taken into account by users internal and / or external to the

decision.

Keywords: Regulatory Accounting. Corporate Accounting. Economic and financial

indicators.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Pronunciamentos Técnicos correlacionados às Normas Internacionais de

Contabilidade ............................................................................................................................ 31

Quadro 2- Interpretações Técnicas correlacionadas às Normas Internacionais de Contabilidade

.................................................................................................................................................. 32

Quadro 3- Normas societárias conflitantes com as práticas regulatórias ................................. 33

Quadro 4 - Representação das características divergentes do tratamento contábil baseado nas

contabilidades regulatória versus societária. ............................................................................ 34

Quadro 5 - Representação dos pontos de atenção e premissas específicas estabelecidas pelo

Manual de Orientação dos Trabalhos de Auditoria das Demonstrações Financeiras

Regulatórias .............................................................................................................................. 35

Quadro 6 - Resumo do Grupo e Indicadores econômico-financeiros utilizados na revisão da

literatura .................................................................................................................................... 54

Quadro 7 - Compilação dos estudos realizados sob Contabilidade Regulatória ...................... 55

Quadro 8 - Empresas de distribuição de energia elétrica da amostra ....................................... 61

Quadro 9 - Empresas de distribuição de energia elétrica não incluídas na amostra ................. 62

Quadro 10 - Grupos de contas contábeis selecionados para verificar as diferenças nas

Contabilidades Regulatória e Societária ................................................................................... 63

Quadro 11 - Grupo e Indicadores econômico-financeiros selecionados para verificar as

diferenças nas Contabilidades Regulatórias e Societárias ........................................................ 64

Quadro 12 - Resumo das diferenças das médias das contabilidades nos grupos de contas

contábeis do Balanço Patrimonial ............................................................................................ 80

Quadro 13 - Resumo das diferenças das médias das contabilidades nos grupos de contas

contábeis da Demonstração do Resultado ................................................................................ 87

Quadro 14 - Resumo das diferenças das médias das contabilidades nos indicadores

econômico-financeiros............................................................................................................ 100

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo

Total no período (em milhares de reais) ................................................................................... 68

Tabela 2 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo

Circulante no período (em milhares de reais) ........................................................................... 69

Tabela 3 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo

Não Circulante no período (em milhares de reais) ................................................................... 71

Tabela 4 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis

Investimentos no período (em milhares de reais) ..................................................................... 72

Tabela 5 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis

Imobilizado no período (em milhares de reais) ........................................................................ 73

Tabela 6 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis

Intangível no período (em milhares de reais) ........................................................................... 74

Tabela 7 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis

Passivo Total no período (em milhares de reais) ...................................................................... 75

Tabela 8 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis

Passivo Circulante no período (em milhares de reais) ............................................................. 77

Tabela 9 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis

Passivo Não Circulante no período (em milhares de reais) ...................................................... 78

Tabela 10 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis

Patrimônio Líquido no período (em milhares de reais) ............................................................ 79

Tabela 11 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis

Receita Operacional Líquida no período (em milhares de reais) ............................................. 82

Tabela 12 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis

Resultado antes dos Custos Gerenciáveis no período (em milhares de reais) .......................... 83

Tabela 13 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis

Resultado da Atividade da Concessão no período (em milhares de reais) ............................... 84

Tabela 14 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis Lucro

antes do Imposto de Renda e Contribuição Social no período - LAIRCS no período (em

milhares de reais) ...................................................................................................................... 86

Tabela 15 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis

Lucro Líquido no período (em milhares de reais) .................................................................... 87

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Tabela 16 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Endividamento no

período ...................................................................................................................................... 89

Tabela 17 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Composição do

Endividamento no período ....................................................................................................... 91

Tabela 18 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Imobilização do

Patrimônio Líquido no período................................................................................................. 92

Tabela 19 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Imobilização dos

Recursos Não Correntes no período ......................................................................................... 93

Tabela 20 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Liquidez Corrente no

período ...................................................................................................................................... 94

Tabela 21 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Giro do Ativo das no

período ...................................................................................................................................... 95

Tabela 22 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Margem Líquida no

período ...................................................................................................................................... 96

Tabela 23 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Rentabilidade do

Ativo no período ....................................................................................................................... 97

Tabela 24 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Rentabilidade do

Patrimônio Líquido no período................................................................................................. 98

Tabela 25 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador EBITDA no período

(Milhares de reais) .................................................................................................................. 100

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAA American Accouting Association

ABRADEE Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica

AC Ativo Circulante

ANA Agência Nacional de Águas

ANC Ativo Não Circulante

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

AT Ativo Total

BACEN Banco Central do Brasil

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica

CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CE Composição do Endividamento

CFC Conselho Federal de Contabilidade

CGCE Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica

CNAEE Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica

CNPE Conselho Nacional de Política Energética

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CT Capitais de Terceiros

CVM Comissão de Valores Mobiliários

DNAEE Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

EBITDA Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization

ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras S/A

ELP Exigível a Longo Prazo

END Endividamento

EPE Empresa de Pesquisa Energética

FASB Financial Accouting Standards Board

GA Giro do Ativo

IAS International Accounting Standard

IASB International Accounting Standards Board

IBRACON Instituto dos Auditores Independentes do Brasil

ICPC Interpretação do Comitê de Pronunciamentos Técnicos

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IFRIC Internacional Financial Reporting Interpretations Comitee

IFRS International Financial Reporting Standards

IPL Imobilização do Patrimônio Líquido

IRC Imobilização dos Recursos não Correntes

LAJIDA Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortizações

LG Liquidez Corrente

LL Lucro Líquido

MAE Mercado Atacadista de Energia

MCPSE Manual de Controle Patrimonial do Setor Elétrico

MCSE Manual de Contabilidade do Setor Elétrico

MCSPEE Manual de Contabilidade do Serviço Público de Energia Elétrica

ML Margem Líquida

MME Ministério de Minas e Energia

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico

PAC Programa de Aceleração do Crescimento

PASW Predictive Analytics Software

PC Passivo Circulante

PCT Participação de Capitais de Terceiros

PL Patrimônio Líquido

RA Rentabilidade do Ativo

RFB Receita Federal do Brasil

ROA Return on Assets

ROE Return on Equity

RPL Rentabilidade do Patrimônio Líquido

RT Reposicionamento Tarifário

SDE/MJ Secretaria de Direito Econômico vinculada ao Ministério da Justiça

SEAE Secretaria de Acompanhamento Econômico

SEFAZ Secretaria da Fazendo do Estado

SFAC Statement of Financial Accounting Concepts

SNRH Secretaria Nacional de Recursos Hídricos

SPSS Statistical Package for Social Sciences

SUSEP Superintendência de Seguros Privados

VL Venda Líquida

VNR Valor Novo de Reposição

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Médias do grupo de contas Ativo Total no período ............................................... 67

Gráfico 2 - Médias do grupo de contas Ativo Circulante no período....................................... 69

Gráfico 3 - Médias do grupo de contas Ativo Não Circulante no período ............................... 70

Gráfico 4 - Médias do grupo de contas Investimentos no período ........................................... 71

Gráfico 5 - Médias do grupo de contas Imobilizado no período .............................................. 72

Gráfico 6 - Médias do grupo de contas Intangível no período ................................................. 74

Gráfico 7 - Médias do grupo de contas Passivo Total no período ............................................ 75

Gráfico 8 - Médias do grupo de contas Passivo Circulante no período ................................... 76

Gráfico 9 - Médias do grupo de contas Passivo Não Circulante no período ............................ 78

Gráfico 10 - Médias do grupo de contas Patrimônio Líquido no período ................................ 79

Gráfico 11 - Médias do grupo de contas Receita Operacional Líquida no período ................. 82

Gráfico 12 - Médias do grupo de contas Resultado antes dos Custos Gerenciais no período .. 83

Gráfico 13 - Médias do grupo de contas Resultado da Atividade de Concessão no período ... 84

Gráfico 14 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis

Lucro antes do Imposto de Renda e Contribuição Social no período - LAIRCS (em milhares

de reais)..................................................................................................................................... 85

Gráfico 15 - Médias do indicador de Lucro Líquido no período ............................................. 86

Gráfico 16 - Médias do indicador de Endividamento no período ............................................ 89

Gráfico 17 - Médias do indicador de Composição do Endividamento no período .................. 90

Gráfico 18 - Médias do indicador de Imobilização do Patrimônio Líquido no período .......... 91

Gráfico 19 - Médias do indicador de Imobilização dos Recursos Não Correntes no período . 92

Gráfico 20 - Médias do indicador de Liquidez Corrente no período........................................ 94

Gráfico 21 - Médias do indicador de Giro do Ativo no período .............................................. 95

Gráfico 22 - Médias do indicador de Margem Líquida no período .......................................... 96

Gráfico 23 - Médias do indicador de Rentabilidade do Ativo no período ............................... 97

Gráfico 24 - Médias do indicador de Rentabilidade do Patrimônio Líquido no período ......... 98

Gráfico 25 - Médias do indicador EBITDA no período ........................................................... 99

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Mapa do Brasil .......................................................................................................... 58

Figura 2 - Concessionárias de energia elétrica das regiões Norte, Nordeste ........................... 58

Figura 3 - Concessionárias de energia elétrica das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul ........ 59

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 17 1.1 Caracterização do Problema ....................................................................................... 18 1.2 Objetivos .................................................................................................................... 20

1.2.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 20 1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 20

1.3 Justificativa ................................................................................................................. 20 1.4 Delimitação do Estudo ............................................................................................... 23 1.5 Estrutura do Trabalho ................................................................................................. 23

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 25 2.1 Regulação e Revisão Tarifária no Setor de Energia Elétrica no Brasil ...................... 25

2.1.1 Regulamentação no Setor Elétrico Brasileiro ........................................................ 25

2.1.2 Revisão Tarifária no Setor Elétrico Brasileiro....................................................... 26 2.2 Contabilidade Regulatória no Setor Elétrico .............................................................. 28 2.3 Normas Internacionais de Contabilidade, no Brasil ................................................... 30 2.4 Contabilidades Regulatória versus Societária ............................................................ 32

2.5 Núcleo Fundamental da Teoria Contábil .................................................................... 37 2.6 Análise das Demonstrações Contábeis ....................................................................... 44

2.6.1 Características Qualitativas das Demonstrações Contábeis .................................. 45 2.6.1.1 Compreensibilidade ................................................................................. 46 2.6.1.2 Relevância ................................................................................................ 46

2.6.1.3 Confiabilidade .......................................................................................... 47 2.6.1.4 Comparabilidade ...................................................................................... 47

2.6.2 Indicadores da Estrutura de Capital ....................................................................... 48 2.6.3 Indicador de Liquidez ............................................................................................ 51 2.6.4 Indicadores de Rentabilidade ................................................................................. 51

2.7 Pesquisas realizadas sobre Contabilidade Regulatória ............................................... 55

3 METODOLOGIA ......................................................................................................... 57 3.1 Objeto de Estudo ........................................................................................................ 57

3.2 Delineamento da pesquisa .......................................................................................... 60 3.3 População e Amostra .................................................................................................. 61 3.4 Coleta de dados .......................................................................................................... 62 3.5 Análise dos dados ....................................................................................................... 64

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS .................................................................................. 67 4.1 Grupos de Contas Contábeis do Balanço Patrimonial................................................ 67 4.2 Grupos de Contas Contábeis da Demonstração do Resultado ................................... 81 4.3 Indicadores Econômico-Financeiros .......................................................................... 88

CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 103 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 105

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1 INTRODUÇÃO

A regulamentação do setor elétrico brasileiro tem início, historicamente, com a

promulgação do Código de Águas, em 1934, e, posteriormente, com a criação do Conselho

Nacional de Águas e Energia Elétrica – CNAEE, em 1939. Inúmeros códigos de

regulamentação e órgãos reguladores foram criados sucessivamente. Um momento importante

nesse histórico foi a Lei das Concessões, na década de 90, que definiu regras gerais para

Comercialização da Energia Elétrica. Desde então, esse processo de “comercialização” vem

sofrendo transformações nos aspectos regulamentares, tributários e contábeis.

A Lei nº 9.427, de 26 de Dezembro de 1996, instituiu a ANEEL e descreveu as

suas atribuições, por exemplo: a de regular o serviço público de distribuição de energia

elétrica e efetuar as revisões tarifárias periódicas das concessionárias distribuidoras. Esse

agente regulador estabelece metodologia e critérios gerais para definição da base de

remuneração das concessionárias de distribuição de energia elétrica. As empresas

(concessionários) são remuneradas com base no Ativo Imobilizado (Ativo Remunerado).

O setor elétrico brasileiro vem passando por algumas mudanças normativas e

regulatórias que estão ocorrendo, especialmente, nas práticas contábeis e de gestão. Os

principais fatores que impactaram o sistema contábil das empresas foram a convergência às

normas internacionais de contabilidade (International Financial Reporting Standards - IFRS),

que devem abranger as companhias de capital aberto, e a implementação da contabilidade

regulatória para o setor.

As IFRS representam um conjunto de normas contábeis preparado sob a

coordenação do IASB (International Accounting Standards Board) e aceito oficialmente por

mais de 100 países, incluído o Brasil. Elas padronizam e direcionam a forma como as

empresas de capital aberto europeias devem preparar e divulgar suas demonstrações

financeiras (FIPECAFI; ERNEST & YOUNG, 2010).

A Contabilidade Regulatória do Setor Elétrico foi instituída pela ANEEL

(Agência Nacional de Energia Elétrica), através da Resolução Normativa n° 396, de 23 de

fevereiro de 2010, para estabelecer práticas e orientações contábeis que estão definidas no

Manual de Contabilidade do Setor Elétrico.

O sistema de geração de informações contábeis das companhias desse setor deve

obedecer às orientações da contabilidade regulatória instituída, principalmente nos aspectos

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relativos à regulamentação tarifária, aos registros contábeis e à elaboração das demonstrações

contábeis em conformidade com as IFRS.

No processo de revisões tarifárias as quais ocorrem, geralmente, a cada quatro

anos, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL fiscaliza e regulamenta os

procedimentos contábeis a serem exercidos pelo Setor Elétrico Brasileiro. Políticas contábeis

são diferenciadas dentro desse setor. Na contabilidade societária, a avaliação do Ativo

Imobilizado é realizada por seu custo de aquisição (Pronunciamento Técnico CPC 27 –

correlação às Normas Internacionais de Contabilidade – IAS 16). Contrapondo, a

Contabilidade Regulatória avalia os ativos pelo seu custo de reposição a novo (Valor Novo de

Reposição - VNR), conforme orienta o Manual de Controle Patrimonial do Setor Elétrico –

MCPSE (Resolução Normativa nº 367/2009). Obedecendo às orientações desse Manual e do

Manual de Contabilidade do Setor Elétrico – MCSE (Resolução ANEEL nº 444/2001), os

ativos passaram a valorar pelo Valor Novo de Reposição e a ANEEL passou a estabelecer

tarifas aos concessionários baseadas nesse valor.

Com a promulgação das Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09 e o processo de

convergência às normas internacionais de contabilidade, observou-se que, na contabilidade

societária, foi extinta a figura da reavaliação de ativos e que a depreciação continua a ser

baseada pelo custo de aquisição. Por outro lado na contabilidade regulatória, ainda existe a

reavaliação de ativos, a depreciação (avaliada pelo Valor Novo de Reposição) e a figura dos

ativos e passivos regulatórios. A Contabilidade Societária, de acordo com as Normas

Internacionais e os Pronunciamentos Técnicos CPC, não reconhece os ativos e passivos

regulatórios, por não atenderem à definição de ativos e/ou passivos, conforme estrutura

conceitual - Pronunciamento Conceitual Básico (R1).

Essas diferenças são evidenciadas nas demonstrações contábeis (Balanço

Patrimonial e Demonstração do Resultado). Mudanças nas práticas contábeis podem

ocasionar alterações significativas nos indicadores econômico-financeiros das empresas de

energia elétrica, quando baseadas em normas distintas.

1.1 Caracterização do Problema

No ambiente normativo e legal da contabilidade do setor elétrico brasileiro,

algumas ações foram efetuadas para o melhoramento das informações geradas nesses sistemas

de contabilidade do setor. Alterações realizadas na Lei n° 6.404/76 (Lei das Sociedades

Anônimas) instituíram novas redações: as Leis n° 11.638/07 e n° 11.941/09 que tratam sobre

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procedimentos em contabilidade. Em 2005, surgiu o Comitê de Pronunciamentos Contábeis –

CPC, órgão que emite Pronunciamentos Técnicos, dá orientação sobre práticas contábeis e

interpreta as IFRS. Em 2010, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, através da

Resolução Normativa n° 396, criou a Contabilidade Regulatória para esse setor.

As empresas do setor elétrico brasileiro são obrigadas, pelo arcabouço legal e

normativo, a obedecerem às práticas contábeis adotadas nas contabilidades Societária,

Regulatória e Tributária. A Societária é orientada pelas normas internacionais de

contabilidade; a Regulatória obedece aos regulamentos criados pela ANEEL; e a Tributária

obedece aos atos proferidos pelos órgãos competentes (Receita Federal do Brasil – RFB,

Secretaria da Fazendo do Estado – SEFAZ, entre outros). A divulgação das informações

geradas pelas práticas contábeis é amplamente facilitada pela atual tecnologia da informação e

auxilia a tomada de decisão pelos usuários internos e externos das companhias.

Apesar de as contabilidades regulatória e societária atenderem a distintos usuários,

é possível que as distribuidoras do setor de energia elétrica apresentem indicadores

econômico-financeiros favoráveis segundo a contabilidade regulatória, mas não apresente a

mesma performance, se os indicadores forem calculados com base nas demonstrações

contábeis preparadas pela contabilidade societária ou o inverso.

Nesse sentido, pesquisas precisam avançar, a fim de investigar de que maneira as

diferenças entre contabilidades podem impactar os indicadores econômico-financeiros das

empresas.

Esta pesquisa compara as diferenças entre as contabilidades regulatória e

societária nos indicadores econômico-financeiros, calculados com base nas demonstrações

contábeis publicadas nos anos de 2009, 2010 e 2011, das empresas distribuidoras do setor

elétrico brasileiro; calcula esses indicadores considerando as demonstrações contábeis no

período escolhido e verifica as diferenças estatísticas encontradas, caso existam.

Assim, foi formulada a seguinte questão-problema: Quais indicadores podem

refletir diferenças significativas entre os indicadores econômico-financeiros baseados

nas International Financial Reporting Standards e na Contabilidade Regulatória das

empresas de distribuição de energia do setor elétrico brasileiro?

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1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Identificar possíveis divergências entre contabilidade regulatória e

International Financial Reporting Standards - IFRS, nos indicadores econômico-financeiros

calculados com base nas demonstrações contábeis publicadas em 2009, 2010 e 2011 das

empresas distribuidoras de energia elétrica no Brasil.

1.2.2 Objetivos Específicos

Calcular indicadores econômico-financeiros das empresas distribuidoras de energia

elétrica no Brasil, com base nas demonstrações contábeis publicadas e elaboradas

conforme as normas regulatória e societária no triênio estudado;

Comparar esses indicadores, considerando as demonstrações contábeis dos três exercícios

sociais, elaboradas com base nas contabilidades Regulatória e Societária;

Verificar se existem diferenças estatisticamente significativas, nesses indicadores;

Analisar as diferenças encontradas nesses indicadores.

1.3 Justificativa

A relevância deste trabalho justifica-se pelos seguintes fatos: a) o setor elétrico

tem profunda importância para o desenvolvimento do país, pois o consumo de energia é um

dos principais indicadores do desenvolvimento econômico e do nível de qualidade de vida de

qualquer sociedade (ANEEL, 2008); b) existe, atualmente, no país, um sistema de

contabilidade regulatória específico para o setor, e ainda uma contabilidade societária baseada

em normas internacionais de contabilidade também direcionada para a área, as quais estão

sendo implementadas no Brasil; c) entre as duas contabilidades são observadas divergências

na conciliação de alguns grupos de contas contábeis e entre indicadores econômico-

financeiros.

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Embora esse assunto mereça consideração especial, observa-se que o estágio atual

de pesquisa, nessa área, é bastante incipiente, o que atribuiu originalidade ao trabalho,

aumentando sua relevância. Porém algumas pesquisas realizadas sobre esta temática podem

ser citadas:

Suzart et al. (2012) realizaram uma pesquisa na qual buscaram identificar se havia

diferenças significativas e qual a intensidade delas nos retornos, ROE (Return on Equity) e

ROA (Return on Assets), das concessionárias brasileiras do setor elétrico. Foram analisados

os números contábeis societários e regulatórios de 62 empresas que adotaram a IFRIC 12 e

publicaram balanços regulatórios relativos aos anos de 2009 e 2010 e, também, os retornos de

vinte dessas empresas, no período de 2000 a 2010. Diferentemente desse estudo, este trabalho

busca contribuir analisando, de forma específica, empresas de distribuição do setor elétrico

brasileiro e um maior número de indicadores econômico-financeiros.

Pesquisa realizada por Wanderley et al. (2011) visou analisar a evolução da

contabilidade regulatória, no contexto da regulamentação do setor elétrico brasileiro. Os

autores chegaram ao seguinte resultado: a contabilidade regulatória desempenhou diferentes

papéis na sua implementação, dentro do ambiente regulatório do setor elétrico brasileiro.

Os autores Weißenberger e Angelkort, em estudo realizado em 2011, afirmam que

os padrões de contabilidade financeira em IFRS ou US GAAP são mais adequados para

tomada de decisão e que a integração de sistemas de contabilidade é, provavelmente, um

procedimento mais fácil e bem sucedido.

Pesquisa, estritamente qualitativa, realizada por Brugni, Rodrigues e Cruz (2011),

no setor de energia elétrica, avaliou se o processo de harmonização contábil, norma

internacional Internacional Financial Reporting Interpretations Comitee (IFRIC) 12

correspondente à Interpretação do Comitê de Pronunciamentos Técnicos (ICPC) 01 no Brasil,

pode influenciar na formação das tarifas do setor elétrico. Nesse estudo, foi feito um

comparativo entre a norma internacional IFRIC 12 e a contabilidade regulatória –

características dos normativos internacionais que podem influenciar na formação de tarifas

cobradas dos consumidores finais de energia elétrica no Brasil. Os autores afirmam que a

mudança referente à reclassificação do Ativo Imobilizado, à nova rubrica de receitas de

construção e à extinção dos ativos regulatórios geradas pela IFRIC 12 é uma das mais

exigentes normas que podem gerar imbróglios para os especialistas da área. Visto que, até o

presente momento, não existe solução consensual, divulgada pelos órgãos competentes sobre

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muitas das distorções entre contabilidade regulatória e a societária, esse conflito poderá ter

impacto na tomada de decisão.

Klann, Beuren e Hein (2009, p. 171) desenvolveram uma pesquisa que objetivou

analisar o impacto das diferenças entre as normas contábeis brasileiras e americanas nos

indicadores de desempenho de empresas brasileiras de governança corporativa. Alguns dos

resultados foram que o usuário da informação contábil (analista) precisa considerar as

diferenças individuais em cada indicador de desempenho, pois as variações positivas e

negativas, constatadas em todos os indicadores, podem distorcer a análise se houver

compensação entre ambas.

Em 2008, Rehbein et al. desenvolveram um estudo na área de transporte

intermunicipal de passageiros da Região Metropolitana de Porto Alegre, o qual identificou a

contabilidade regulatória como um instrumento de qualificação no trabalho de gestão dos

reguladores desse serviço público.

Callao, Jarne e Laínez (2007) realizaram uma pesquisa do impacto da adoção do

IFRS, na Espanha, sobre os indicadores econômico-financeiros das empresas naquele país. O

estudo teve dois objetivos: determinar se as demonstrações financeiras das empresas

espanholas são comparáveis, quando algumas aplicam IFRS e outras continuam a utilizar as

normas espanholas, e determinar o efeito da adoção do IFRS sobre a relevância dos relatórios

financeiros na Espanha. Dentre os resultados obtidos, os autores identificaram que não houve

melhoria na relevância das informações financeiras para os usuários da informação

(operadores do mercado local de ações).

Os autores Stolowy e Ding (2003) desenvolveram uma pesquisa com as 100

maiores empresas francesas entre 1985 e 2000. Abordaram a flexibilidade regulatória e o

oportunismo da gestão no ambiente de normas internacionais de contabilidade. Os resultados

mostraram que, no processo de harmonização das normas contábeis, a escolha voluntária das

normas, feita por empresas francesas, indica certo grau de oportunismo pela gestão que

observa constantemente o seu custo-benefício.

Além dessas pesquisas, algumas com objetivos similares verificaram o impacto

das Normas Internacionais de Contabilidade (de acordo com as utilizadas em cada país) em

indicadores econômico-financeiros e/ou nas informações obtidas pelos usuários da

informação contábil (PERRAMON; AMAT, 2006; CORDEIRO; SILVA; COUTO, 2007;

MIRANDA, 2008; MORAIS; CURTO, 2009; SANTOS; CALIXTO, 2010;

TSALAVOUTAS; EVANS, 2010; STENT; BRADBURY; HOOKS, 2010; SHELTON;

OWENS-JACKSON; ROBINSON, 2011; BRAGA et al, 2011; BARTH et al, 2012).

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1.4 Delimitação do Estudo

Dentre as atividades desenvolvidas no setor de energia elétrica (geração,

transmissão, distribuição e comercialização), foram selecionadas as empresas de distribuição

que são associadas à Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica –

ABRADEE. A escolha da atividade de distribuição foi baseada na maior concentração de

empresas do setor de energia elétrica nessa atividade, em relação às demais, e também por

obterem-se resultados da pesquisa mais homogêneos.

O objeto de estudo são os indicadores econômico-financeiros elaborados com

base na contabilidade regulatória e suas diferenças, ocorridas nos grupos de contas das

demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultados), quando

comparada com a contabilidade societária das distribuidoras do setor de energia elétrica

brasileiro, no período de três anos (2009, 2010 e 2011).

1.5 Estrutura do Trabalho

Esta dissertação está estruturada em quatro capítulos: introdução, referencial

teórico, metodologia e análise dos resultados, seguidos da conclusão.

O primeiro capítulo aborda aspectos introdutórios, com destaque à definição do

problema da pesquisa, dos objetivos geral e específicos, da justificativa do estudo, da

delimitação do estudo e da estrutura do trabalho.

O segundo capítulo apresenta o referencial teórico, que pretende sustentar a

análise da pesquisa. Inicia-se com uma abordagem sobre o setor elétrico do Brasil. Na

sequência, faz-se uma incursão teórica sobre regulação e revisão tarifária no setor de energia

elétrica no Brasil. Após isso, insere-se a contabilidade regulatória e as normas internacionais

de contabilidade no ambiente regulatório. Faz-se uma comparação entre as contabilidades

regulatória e societária, com a qual se busca apresentar as principais diferenças. A partir das

divergências percebidas, faz-se uma pesquisa teórica no núcleo fundamental da teoria

contábil, proporcionando uma discussão sobre os conceitos de ativos, passivos, receitas e

despesas. Por último apresentam-se características qualitativas e os indicadores econômico-

financeiros (Estrutura de Capital, Liquidez, Rentabilidade e outro indicador), utilizados na

análise das demonstrações contábeis.

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O terceiro capítulo apresenta a metodologia. Primeiramente, aborda-se o

delineamento da pesquisa. Depois, a população e a amostra. Em seguida, descreve-se a forma

de coleta e análise dos dados. Por fim, apresentam-se as hipóteses testadas.

No quarto capítulo, faz-se a descrição e análise dos dados da pesquisa. Inicia-se

apresentando o perfil das distribuidoras do setor de energia elétrica. Em seguida, faz-se uma

comparação entre os grupos de contas contábeis do Balanço Patrimonial. Na sequência,

comparam-se as contas contábeis das Demonstrações do Resultado. Por último, apuram-se as

diferenças nos indicadores econômico-financeiros, extraídos das demonstrações contábeis das

duas contabilidades.

Após esse capítulo, apresenta-se a conclusão, apoiada no referencial teórico e nas

análises apresentadas anteriormente, além das limitações desta pesquisa e sugestões para

futuros prolongamentos deste estudo.

Por fim, são apresentadas as referências que foram utilizadas para o

desenvolvimento da pesquisa.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Regulação e Revisão Tarifária no Setor de Energia Elétrica no Brasil

2.1.1 Regulamentação no Setor Elétrico Brasileiro

O setor elétrico brasileiro está inserido em um cenário normatizado e regulado.

Esse setor, no seu contexto atual, está em fase de desenvolvimento, impulsionado por avanços

tecnológicos e mudanças legais e normativas.

O setor elétrico, assim como a economia brasileira, vem sofrendo transformações.

Com a globalização dos mercados, o processo de abertura econômica implantado no

Brasil na última década e as transformações ocorridas no setor elétrico de diversos

países, dentre eles a Inglaterra e os Estados Unidos da América, há um novo cenário

econômico nacional (VANZELLA, 2003, p.50).

Entre os séculos XX e XXI, mais precisamente a partir da década de 90, o setor

elétrico passou por dois momentos importantes. O Primeiro envolveu a privatização das

companhias operadoras e a promulgação da Lei n° 9.427, de 26 de dezembro de 1996, que

instituiu a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e determinou que a exploração dos

potenciais hidráulicos fosse concedida por meio de concorrência ou leilão, em que o maior

valor oferecido pelo uso do bem público determinaria o vencedor. O segundo momento

ocorreu no ano de 2004, com o a introdução do novo modelo do Setor Elétrico, que tem como

objetivos principais: garantir a segurança no suprimento; promover a inserção social e

promover a modicidade tarifária (ANEEL, 2008).

Segundo Ganim (2009), após a criação da ANEEL, autarquia sob regime especial

no novo ambiente institucional, foram constituídas novas entidades direcionadas ao setor

elétrico brasileiro: o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e o Mercado Atacadista

de Energia (MAE) - sucedido pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE),

esta criada através da edição da Lei n° 10.848/04 e aqueles criados pela Lei nº 9.648/98. A

ANEEL sucedeu o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE), uma

autarquia vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). A Lei n° 9.427, de 26 de

dezembro de 1996, define as competências da ANEEL:

Art. 2o A Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL tem por finalidade regular

e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia

elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do governo federal.

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De acordo com Gastaldo (2009), logo em seguida à criação da ANEEL, as

medidas para o melhoramento da estrutura legal do setor elétrico foram tomadas pelos entes

da federação que detinham a responsabilidade. Algumas medidas criadas dentro do arcabouço

legal foram:

a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei n° 9.433, de 8 de

janeiro de 1997. Essa Lei criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

o Mercado Atacadista de Energia (MAE) e o Operador Nacional dos

Sistema(ONS), criados pela Lei 9.648, de 27 de maio de 1998;

o Decreto n° 2.335, de 6 de outubro de 1997, que aprovou a estrutura

Regimental da ANEEL;

a Resolução ANEEL nº 456, de 29 de novembro de 2000, que estabeleceu, de

forma atualizada e consolidada, as condições gerais de fornecimento de energia elétrica;

a Resolução ANEEL nº 94, de 30 de março de 1998, que definiu os limites de

concentração, nas atividades de distribuição e geração.

Ainda segundo Gastaldo (2009), a estrutura normativa surgiu entre os anos de

1999 e 2000, oferecendo condições necessárias para que geradores e distribuidores pudessem

celebrar contratos de longo prazo, com o objetivo de garantir:

expansão do parque gerador e a modicidade das tarifas;

a nova regulamentação do livre acesso aos sistemas de transmissão e

distribuição para os agentes de geração e os consumidores livres;

novos padrões de qualidade de serviços para as distribuidoras;

limites à concentração econômica;

regras de funcionamento do Mercado Atacadista de Energia (MAE).

Em 2001, o governo brasileiro criou a Câmara de Gestão da Crise de Energia

Elétrica (CGCE), com o propósito de implantar medidas emergenciais para compatibilizar a

demanda com a oferta de energia elétrica e, assim, evitar interrupções intempestivas no

suprimento de energia elétrica. Em 2007, foi criado o Programa de Aceleração do

Crescimento (PAC), com previsão de investimentos no setor elétrico para o triênio 2007-

2010, visando evitar a ocorrência de “apagões” (GASTALDO, 2009).

2.1.2 Revisão Tarifária no Setor Elétrico Brasileiro

As tarifas de energia elétrica no Brasil, historicamente, eram estabelecidas pelo

governo brasileiro, por meio de um conjunto de leis e normas. Esse arcabouço legal era

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extremamente complexo e envolvia uma série de subsídios e compensações entre companhias,

para que houvesse a equalização do preço da tarifa, em todos os estados brasileiros

(ALVAREZ, 2007). Em 1993, as companhias distribuidoras de energia elétrica foram

autorizadas, pela Lei nº 8.631, a calcular e cobrar diferentes tarifas de acordo com as suas

estruturas de custos, mas sujeitas à aprovação pelo DNAEE (Departamento Nacional de

Águas e Energia Elétrica). Como consequência, essa lei acabou com o retorno do

investimento, garantido para empresas distribuidoras, bem com a tarifa equalizada entre

diferentes empresas (ALVAREZ, 2007; ARAUJO, 2006). Essa lei ajustava a tarifa da energia

elétrica conforme os custos reais de cada companhia distribuidora (metodologia cost-plus).

A Lei 8.987/95 estabeleceu o novo regime de concessão de serviços públicos,

introduzindo a regulação por incentivo (price cap regulation). Na regulação por incentivo, o

governo, em conjunto com empresas de utilidade pública, estabelece a tarifa que empresas são

autorizadas a cobrar dos seus consumidores. A tarifa é ajustada periodicamente, de acordo

com a inflação do período, evolução tecnológica e outras mudanças no ambiente externo

(LIMA, 2002). De acordo com Kang, Weisman e Mingyuan (2000), a regulação por

incentivo é conhecida, na literatura inglesa, como RPI-X regulation, em que RPI representa o

índice de inflação do período e X é um fator (índice) que reflete o ganho futuro de

produtividade das empresas e específica o índice no qual a tarifa da companhia regulada deve

cair em termos reais, durante o período de um ano. Os autores Valera e Redolfi (2007)

esclarecem que, na regulação por incentivo, uma vez que a tarifa é estabelecida para o período

de revisão tarifária (no Brasil esse período é de quatro ou cinco anos), a empresa é livre para

gerenciar seus custos e, dessa forma, existe incentivo para que as empresas sejam mais

eficientes, visto que ganhos de produtividades se converterão em benefícios para empresa

durante o período de revisão tarifária. Esse ganho de produtividade também pode ser

repassado para o consumidor, no próximo período de revisão. No final do período de revisão

tarifária, o fator X é recalculado pelo governo e o processo se reinicia, com um novo fator de

produtividade.

O processo de revisão tarifária ocorre a cada quatro ou cinco anos dependendo do

contrato de concessão de cada empresa distribuidora. O primeiro ciclo de revisão tarifária, no

Brasil (2003-2006), foi normatizado pela resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica

(ANEEL), número 493/2002, enquanto o segundo ciclo (2007-2010) foi normatizado pela

resolução da ANEEL, número 234/2006. O terceiro ciclo (2011-2014) de revisão tarifária está

sendo normatizado pela resolução da ANEEL, número 471/2011, que estabelece os

procedimentos a serem adotados, a título provisório, nos processos de revisão tarifária de

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concessionárias e permissionárias, até a publicação das correspondentes metodologias

aplicáveis.

O processo de revisão tarifária periódica possui dois estágios: (a)

Reposicionamento Tarifário (RT), o qual estabelece o nível eficiente dos custos operacionais

e o retorno justo do capital investido; e (b) determinação do fator X (ROCHA; CAMACHO;

BRAGANÇA, 2007). A ANEEL adota o modelo contábil tradicional clássico, para

determinar a receita das empresas distribuidoras, a fim de que seja mantido o equilíbrio

econômico-financeiro da concessão. Para se calcular a receita regulatória das empresas

distribuidoras, a ANEEL divide os custos das companhias distribuidoras em dois grupos:

Parcela A (custos não controláveis) e Parcela B (custos controláveis) (ALVAREZ, 2007).

A regulação por incentivo (price cap regulation) introduzida no Brasil foi um

importante mecanismo para moldar os sistemas gerenciais das empresas distribuidoras de

energia elétrica (TOZZINI, 2008; WANDERLEY et al, 2011). O processo de revisão tarifária

é o principal evento para uma empresa distribuidora, pois a receita da companhia, para um

período de quatro a cinco anos, é determinado nesse momento. Como as empresas de

distribuição de energia elétrica operam em um ambiente de monopólio privado (não precisam

disputar a participação no mercado), o lucro da empresa distribuidora é também determinado

no momento da revisão tarifária (ALEXANDER; IRWIN, 1996; KANG; WEISMAN;

MINGYUAN, 2000).

O regulador define o ambiente econômico que uma empresa distribuidora de

energia elétrica vai operar, pois ele impõe a tarifa elétrica máxima e os níveis padrões de

qualidade que a empresa deve seguir. Dessa forma, o regulador diminui a autonomia decisória

das empresas que operam nesse setor. O ambiente a que uma empresa regulada está sujeita é

muito mais complexo do que o de uma empresa privada comum (THOMAS, 2006; ZHANG;

THOMAS, 2009). Divergências de interesses entre os objetivos do regulador e os dos

acionistas da empresa geram conflitos no gerenciamento da companhia. Esses conflitos são

mais evidentes durante o processo de revisão tarifária, devido a sua importância e sua

visibilidade perante os membros da sociedade (GILL-DE-ALBORNOZ; ILLUECA, 2005).

2.2 Contabilidade Regulatória no Setor Elétrico

A ANEEL tem competência para fiscalizar, mediar e regulamentar. Sua missão é

proporcionar condições favoráveis para que o mercado de energia elétrica se desenvolva com

equilíbrio, entre os agentes, e em benefício da sociedade.

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Com o intuito de equalizar o conflito de interesses entre os agentes, surgiu a

Contabilidade Regulatória. No uso de suas atribuições, através da Resolução Normativa n°

396, de 23 de fevereiro de 2010, instituiu a Contabilidade Regulatória e aprovou alterações no

Manual de Contabilidade do Setor Elétrico, instrumento anteriormente estabelecido na

Resolução ANEEL nº 444, de 26 de outubro de 2001. Essa norma, em seu artigo 1°, criou a

contabilidade regulatória e propôs o objetivo do Manual de Contabilidade do Setor Elétrico:

Art. 1° Instituir a contabilidade regulatória, passando o Manual de Contabilidade do

Setor Elétrico – MCSE a ter por finalidade estabelecer as práticas e orientações

contábeis necessárias às concessionárias e permissionárias de serviço público de

transmissão e de distribuição de energia elétrica para registro contábil de suas

respectivas operações e elaboração de demonstrações contábeis, de forma a atender

as necessidades regulatórias.

Segundo Brugni, Rodrigues e Cruz (2011), com relação à criação da contabilidade

regulatória, entre as características que fundamentam o seu surgimento, destaca-se a

impossibilidade de registro dos chamados ativos e passivos regulatórios por parte das

concessionárias.

Os ativos e passivos regulatórios, no ambiente da contabilidade regulatória, são

assim definidos:

Estas duas rubricas objetivam registrar a variação, positiva (ativo) ou negativa

(passivo) dos custos não gerenciáveis (conhecida como Parcela A da estrutura

tarifária) com relação ao último reajuste tarifário anual até que se proceda ao

mecanismo de reajuste tarifário e assim as empresas possam baixar suas contas,

confrontando com os aumentos ou diminuições ajustadas pelas tarifas (BRUGNI;

RODRIGUES; CRUZ, 2011, p.10).

A Resolução Normativa n° 396/2010 relata as necessidades que levaram ao

surgimento da Contabilidade Regulatória no Brasil, indicando a) um conjunto de informações

da situação econômico-financeira das concessionárias e permissionárias de serviço público de

transmissão e de distribuição de energia elétrica e b) informações contábeis referentes à

composição dos ativos vinculados à concessão, permissão e autorização de energia elétrica.

No tocante às informações da situação econômico-financeira, a norma relata a

seguinte necessidade:

De divulgar à sociedade um conjunto de informações que representem

adequadamente a situação econômico-financeira das concessionárias e

permissionárias de serviço público de transmissão e de distribuição de energia

elétrica em consonância com o arcabouço legal regulatório tarifário, em um modelo

que permita a apresentação da realização dos componentes tarifários e da efetiva

remuneração com obediência ao Pressuposto Básico da Competência,

especificamente relacionado ao processo de confrontação das despesas com as

receitas entre os períodos contábeis.

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30

Referente às informações contábeis sobre a composição dos ativos vinculados,

essa norma expressa a seguinte necessidade:

De manutenção das informações contábeis referentes à composição dos ativos

vinculados à concessão, permissão e autorização de energia elétrica, sujeitos à

reversão, para fins de atendimento às atividades de fiscalização e prestações de

informações dos investimentos no setor elétrico, face às eminentes alterações

propostas com vistas à convergência das práticas contábeis brasileira às normas

internacionais de contabilidade, aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade

– CFC.

Essa Resolução Normativa, no artigo primeiro e parágrafos um e dois, trata sobre

a aplicação dos Pronunciamentos Técnicos ou Interpretação Técnica de Correlação às Normas

Internacionais de Contabilidade, emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC,

na contabilidade regulatória. Essas normas contábeis terão que ser aprovadas pela ANEEL,

antes de aplicá-las na contabilidade regulatória, pois dependem de prévia aprovação pelo

órgão regulador.

2.3 Normas Internacionais de Contabilidade, no Brasil

A Lei n° 11.638/07 representou o marco legal para a Harmonização das Normas

Internacionais no Brasil. Essa Lei estabelece que as normas contábeis devem ser elaboradas

em consonância com os padrões internacionais de contabilidade, adotados nos principais

mercados de valores mobiliários. Essa imposição afeta diretamente os pronunciamentos

emitidos pelas entidades que normatizam, regulam e utilizam-se da contabilidade no país.

Entre os órgãos reguladores estão a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o

Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), o Instituto dos Auditores Independentes do

Brasil (IBRACON), a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), o Banco Central do

Brasil (BACEN), entre outros.

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis, periodicamente, emite normas

contábeis para atender aos padrões internacionais de contabilidade. Diversos temas já foram

abordados pelas normas, conforme quadro a seguir:

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Quadro 1- Pronunciamentos Técnicos correlacionados às Normas Internacionais de Contabilidade

Pronunciamento Técnico Norma

Pronunciamento Conceitual Básico (R1) - Estrutura Conceitual para Elaboração e

Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro

The Conceptual

Framework for Financial

Reporting

CPC 01 (R1) - Redução ao Valor Recuperável de Ativos IAS 36

CPC 02 (R2) - Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de

demonstrações contábeis

IAS 21

CPC 03 (R2) - Demonstração dos Fluxos de Caixa IAS 7

CPC 04 (R1) - Ativo Intangível IAS 38

CPC 05 (R1) - Divulgação sobre Partes Relacionadas IAS 24

CPC 06 (R1) - Operações de Arrendamento Mercantil IAS 17

CPC 07 (R1) - Subvenção e Assistência Governamentais IAS 20

CPC 08 (R1) - Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e Valores

Mobiliários

IAS 32, itens IN6, IN14,

11, 33, 34, 35, 37, 38 e

IAS 39, itens 9, 43, 47

CPC 09 - Demonstração do Valor Adicionado -

CPC 10 (R1) - Pagamento Baseado em Ações IFRS 2

CPC 11 - Contratos de Seguro IFRS 4

CPC 12 - Ajuste a Valor Presente -

CPC 13 - Adoção Inicial da Lei nº. 11.638/07 e da Medida Provisória nº. 449/08 -

CPC 14 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação IAS 39 e IAS 32

CPC 15 (R1) - Combinação de Negócios IFRS 3

CPC 16 (R1) - Estoques IAS 2

CPC 17 (R1) - Contratos de Construção IAS 11

CPC 18 (R2) - Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento

Controlado em Conjunto

IAS 28

CPC 19 (R2) - Negócios em Conjunto IFRS 11

CPC 20 (R1) - Custos de Empréstimos IAS 23

CPC 21 (R1) - Demonstração Intermediária IAS 34

CPC 22 - Informações por Segmento IFRS 8

CPC 23 - Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro IAS 8

CPC 24 - Evento Subsequente IAS 10

CPC 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes IAS 37

CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis IAS 1

CPC 27 - Ativo Imobilizado IAS 16

CPC 28 - Propriedade para Investimento IAS 40

CPC 29 - Ativo Biológico e Produto Agrícola IAS 41

CPC 30 (R1) - Receitas IAS 18

CPC 31 - Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada IFRS 5

CPC 32 - Tributos sobre o Lucro IAS 12

CPC 33 (R1) - Benefícios a Empregados IAS 19

CPC 35 (R2) - Demonstrações Separadas IAS 27

CPC 36 (R3) - Demonstrações Consolidadas IFRS 10

CPC 37 (R1) - Adoção Inicial das Normas Internacionais de Contabilidade IFRS 1

CPC 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração IAS 39

CPC 39 - Instrumentos Financeiros: Apresentação IAS 32

CPC 40 (R1) - Instrumentos Financeiros: Evidenciação IFRS 7

CPC 41 - Resultado por Ação IAS 33

CPC 43 (R1) - Adoção Inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPC 15 a 41 IFRS 1

CPC 45 - Divulgação de Participações em Outras Entidades IFRS 12

CPC 46 - Mensuração do Valor Justo IFRS 13

CPC PME (R1) - Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas The International

Financial Reporting

Standard for Small and

Medium-sized Entities

(IFRS for SMEs)

Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis, 2012.

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32

Após a emissão dos Pronunciamentos Técnicos surgem algumas Interpretações

Técnicas quando a norma apresenta dificuldade na compreensão e/ou aplicação. No quadro, a

seguir, estão relacionadas às Interpretações e suas respectivas Normas Internacionais.

Quadro 2- Interpretações Técnicas correlacionadas às Normas Internacionais de Contabilidade

Interpretação Técnica Norma

ICPC 01 (R1) - Contratos de Concessão IFRIC 12

ICPC 02 - Contrato de Construção do Setor Imobiliário IFRIC 15

ICPC 03 - Aspectos Complementares das Operações de Arrendamento Mercantil IFRIC 4, SIC 15 e SIC

27

ICPC 04 - Alcance do Pronunciamento Técnico CPC 10 - Pagamento Baseado em

Ações

IFRIC 8

ICPC 05 - Pronunciamento Técnico CPC 10 - Pagamento Baseado em Ações -

Transações de Ações do Grupo e em Tesouraria

IFRIC 11

ICPC 06 - Hedge de Investimento Líquido em Operação no Exterior IFRIC 16

ICPC 07 - Distribuição de Lucros in Natura IFRIC 17

ICPC 08 (R1) - Contabilização da Proposta de Pagamento de Dividendos -

ICPC 09 (R1) - Demonstrações Contábeis Individuais, Demonstrações Separadas,

Demonstrações Consolidadas e Aplicação do Método de Equivalência Patrimonial

-

ICPC 10 - Interpretação sobre a Aplicação Inicial ao Ativo Imobilizado e à

Propriedade para Investimento dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 27, 28, 37 e 43

-

ICPC 11 - Recebimento em Transferência de Ativos de Clientes IFRIC 18

ICPC 12 - Mudanças em Passivos por Desativação, Restauração e Outros Passivos

Similares

IFRIC 1

ICPC 13 - Direitos a Participações Decorrentes de Fundos de Desativação,

Restauração e Reabilitação Ambiental

IFRIC 5

ICPC 14 - Cotas de Cooperados em Entidades Cooperativas e Instrumentos Similares IFRIC 2

ICPC 15 - Passivo Decorrente de Participação em um Mercado Específico -

Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos

IFRIC 6

ICPC 16 - Extinção de Passivos Financeiros com Instrumentos Patrimoniais IFRIC 19

ICPC 17 - Contratos de Concessão: Evidenciação SIC 29

Fonte: Comitê de Pronunciamentos Contábeis, 2012.

Através da aplicação dessas normas contábeis, varias informações (econômicas e

financeiras) são geradas pelas contabilidades societária, regulatória, entre outras.

2.4 Contabilidades Regulatória versus Societária

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou a instrução n° 457, de 13 de

junho de 2007, que determina adoção e aplicação dos novos padrões internacionais de

contabilidade. A ANEEL, como órgão regulador, não reconheceu algumas das novas práticas

contábeis estabelecidas nas seguintes normas: IFRIC 12 – Service Concession Arrangements,

referente à contabilização nas concessões de serviço público (correlacionada à interpretação

técnica brasileira ICPC 01 – Contratos de Concessão) e não reconhecimento dos ativos e

passivos regulatórios, por não se enquadrarem ao The Conceptual Framework for Financial

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Reporting do IASB (correlacionada à interpretação técnica brasileira CPC 00 (R1) – Estrutura

Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro).

As demonstrações financeiras regulatórias estão sendo elaboradas e evidenciadas, de

acordo com o Manual de Contabilidade do Setor Elétrico brasileiro (orientado pela ANEEL) e

com as práticas contábeis adotadas no Brasil (Lei das Sociedades por ações, normas e

pronunciamentos técnicos, que estão em conformidade com as Normas Internacionais de

Contabilidade), com exceção das normas societárias (CPC 00; ICPC 01 e CPC 17), que são

conflitantes com as práticas contábeis regulatórias, como apresentadas no quadro 3.

Quadro 3- Normas societárias conflitantes com as práticas regulatórias

CPC 00 - Estrutura Conceitual para

Elaboração e Apresentação das

Demonstrações Financeiras

Esse pronunciamento, dentre outros conceitos, estabelece as bases

para reconhecimento de ativos, passivos, receitas e despesas e não

reconhecem, nas demonstrações financeiras, os valores estimados de

ativos e passivos regulatórios (diferença entre os custos incluídos na

tarifa de energia elétrica e os efetivamente incorridos pela

Companhia), por não atenderem à definição de ativos e/ou passivos.

Dessa forma, os direitos ou compensações de ativos e passivos

regulatórios somente são refletidos nas demonstrações financeiras, no

momento do consumo de energia elétrica por parte dos

consumidores.

ICPC 01 – Contratos de Concessões

(IFRIC 12)

Esse pronunciamento estabelece diretrizes gerais para o

reconhecimento e mensuração das obrigações e direitos relacionados

em contratos de concessão. É aplicável para situações em que o poder

concedente controle ou regulamente quais serviços o concessionário

deve prestar com a infraestrutura, a quem os serviços devem ser

prestados e por qual preço, e controle qualquer participação residual

significativa na infraestrutura, ao final do prazo da concessão.

Atendidas essas definições, a infraestrutura das concessionárias de

distribuição é segregada e movimentada desde a data de sua

construção, cumprindo as determinações existentes nos CPCs e

IFRSs, de modo que seja registrado nas demonstrações financeiras:

(i) um ativo intangível, correspondendo ao direito de explorar a

concessão mediante cobrança aos usuários dos serviços públicos, e

(ii) um ativo financeiro, correspondendo ao direito contratual

incondicional de recebimento de caixa (indenização), mediante

reversão dos ativos ao término da concessão. O valor do ativo

financeiro da concessão é determinado pelo seu valor justo, apurado

através da base de remuneração dos ativos, estabelecida pelo órgão

regulador. O ativo financeiro enquadra-se na categoria de disponível

para venda e é atualizado e amortizado anualmente, de acordo com a

atualização de seu valor justo, tendo como contrapartida a conta de

Resultados Abrangentes no Patrimônio Líquido. O montante

remanescente é registrado no ativo intangível e corresponde ao

direito de cobrar aos consumidores os serviços de distribuição de

energia elétrica, sendo sua amortização realizada de acordo com o

padrão de consumo, que reflita o benefício econômico esperado até o

término da concessão.

CPC 17 – Contratos de Construção

A prestação de serviços de construção da infraestrutura é registrada

de acordo com esse pronunciamento, tendo como contrapartida um

ativo financeiro correspondendo aos valores passíveis de

indenização, e os montantes residuais classificados como ativo

intangível, os quais serão amortizados pelo prazo da concessão. Isso

é feito de acordo com o padrão econômico que contraponha a receita

cobrada pelo consumo de energia elétrica, em função (i) do modelo

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tarifário que não prevê margem de lucro para a atividade de

construção da infraestrutura, (ii) da forma como as controladas

gerenciam as construções através do alto grau de terceirização, e (iii)

de não existir qualquer previsão de ganhos em construções nos

planos de negócio da Companhia.

Fonte: Adaptado do Relatório Contábil-Financeiro da Companhia Energética de Pernambuco, 2011.

Nesse ambiente de Normas Internacionais de Contabilidade, surge a contabilidade

regulatória, em conformidade com o Manual de Contabilidade do Setor Elétrico (MCSE),

para atender a práticas e disposições regulatórias que a ANEEL não reconhece perante as

normas internacionais.

O quadro a seguir, destaca as divergências do tratamento contábil (contabilização)

entre o Manual de Contabilidade do Setor Elétrico (MCSE) e as Normas de Contabilidade

(IFRIC 12/ICPC01).

Quadro 4 - Representação das características divergentes do tratamento contábil baseado nas

contabilidades regulatória versus societária.

Características Contabilidade Regulatória Contabilidade Societária

Conta de ativo imobilizado em

curso (utilizada para registrar

gastos em curso com construção,

ampliação e/ou melhoria)

Mantido pelo MCSE, para fins

de regulação.

Para fins societários, foi criada uma

conta retificadora para

transferência desses saldos para a

conta “custos de construção”,

conforme IFRIC 12, e para a conta

de ativo financeiro e intangível.

Conta de ativo imobilizado em

serviço (utilizada para registrar

gastos findos com construção,

ampliação e/ou melhoria)

Mantido pelo MCSE, para fins

de Regulação

Para fins societários, essa conta foi

extinta, com a transferência de seus

saldos para as contas de ativo

financeiro e intangível.

Conta de Receita de construção

Não existe no Manual do Setor

Elétrico nem irá figurar nos

demonstrativos elaborados com

base nele.

Criada apenas para fins societários,

registrando os valores justos das

construções.

Conta de Receita financeira

Não existe no Manual do Setor

Elétrico nem irá figurar nos

demonstrativos elaborados com

base nele.

Criada na contabilidade societária,

para a atualização do ativo

financeiro indenizável, ou seja, o

valor residual do ativo financeiro,

representante do valor da

indenização a receber do

concedente.

Conta de Outros créditos

Não existe no Manual do Setor

Elétrico nem figura nos balanços

societários.

Conta do ativo circulante como

contrapartida do fluxo de caixa

recebido pela indenização do saldo

residual do ativo financeiro.

Fonte: Adaptado de Brugni, Rodrigues e Cruz, 2011.

A ANEEL, através do Manual de Orientação dos Trabalhos de Auditoria das

Demonstrações Financeiras Regulatórias, estabelece alguns pontos de atenção e premissas

específicas sobre Ativos e Passivos Regulatórios, Obrigações Vinculadas ao Serviço Público

(Obrigações Especiais), Ativo Imobilizado e Gastos Operacionais Regulatórios. O quadro a

seguir apresenta esses aspectos.

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Quadro 5 - Representação dos pontos de atenção e premissas específicas estabelecidas pelo Manual de

Orientação dos Trabalhos de Auditoria das Demonstrações Financeiras Regulatórias

Ativos e Passivos

Regulatórios

Considerando que, na convergência às normas internacionais (IFRS), não houve

correspondência no tratamento dos ativos e passivos regulatórios, eles

permaneceram registrados apenas nas demonstrações contábeis regulatórias. Da

mesma forma que já vinha sendo feito na auditoria societária, também na

auditoria regulatória, esse ponto deverá ser objeto de verificação.

Obrigações Especiais

A partir do 2º ciclo de revisão tarifária, as quotas de reintegração acumulada das

obrigações vinculadas devem ter, como contrapartida, a despesa de depreciação,

para que o efeito no resultado seja anulado, uma vez que esse valor não é mais

considerado na tarifa. Considerando a especificidade desse subgrupo contábil, não

apresentado nas demonstrações contábeis societárias, a Superintendência de

Fiscalização Econômica e Financeira (SFF) entende que esse item deve ser

integrado ao escopo da auditoria. Deve certificar que não esteja havendo baixa do

saldo das obrigações vinculadas à concessão, sem autorização da ANEEL. Esse

subgrupo deve sofrer apenas amortização.

Ativo Imobilizado

Com a adoção da ICPC 01 – Contratos de Concessão na contabilidade societária,

o ativo imobilizado foi bifurcado em ativo intangível e financeiro. Para fim

regulatório, deverá ser adotada a estrutura vigente no Manual de Contabilidade do

Setor Elétrico, ou seja, como ativo imobilizado. As premissas específicas para o

ativo imobilizado regulatório são:

- garantir que o ativo imobilizado não seja afetado pela ICPC – 01;

- que os ativos estejam registrados contabilmente pelo valor do Laudo de

Avaliação.

Para o registro contábil da reavaliação regulatória, deverá ser utilizado o valor

homologado na Revisão Tarifária do 2º Ciclo da concessionária, como referência.

O registro será pela diferença entre o valor contábil a custo histórico, na data base

de 31/12/2010, e o valor do laudo de avaliação homologado pela ANEEL. Os

efeitos dessa reavaliação regulatória compulsória deverão ser refletidos no

exercício de 2011, independentemente de a empresa ter implementado o controle

patrimonial nos moldes da Resolução nº 367/09.

O novo valor contabilizado será atualizado somente na ocasião da revisão

tarifária, conforme a data da revisão de cada empresa.

Para as empresas que não estão sujeitas à revisão tarifária, os valores

considerados serão os custos históricos.

Gastos Operacionais

Regulatórios

Para definição dos custos operacionais regulatórios, na metodologia de revisão

tarifária do 3º ciclo, foram considerados, nas simulações, os dados contábeis

obtidos do Balancete Mensal Padronizado e do Relatório de Informações

Trimestrais. Dentre os dados, estão os gastos com pessoal, administradores,

material, serviços de terceiros, arrendamentos e aluguéis, seguros, tributos e

outros. Ressalta-se a importância na qualidade da informação contábil, visto que é

insumo para as análises da Superintendência de Regulação Econômica da ANEEL

na formação tarifária.

As rubricas acima deverão ser objeto de análise do auditor, que avaliará se o

comportamento dos gastos está em conformidade com as práticas contábeis

aceitas. Caso esse ponto já esteja previsto no escopo da auditoria societária,

deverá ser excluído para não haver retrabalho.

Fonte: Adaptado do Manual de Orientação dos Trabalhos de Auditoria das Demonstrações Financeiras

Regulatórias.

A partir das premissas específicas descritas, no Quadro 5, sobre Ativos e Passivos

regulatórios e Ativos Imobilizado, inferem-se algumas características desses itens, para o

diferente reconhecimento no tratamento contábil sobre a perspectiva da contabilidade

regulatória.

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O Manual de Contabilidade do Setor Elétrico estabelece as seguintes

características para reconhecimento dos Ativos e Passivos Regulatórios: (i) os Ativos

Regulatórios (conta de natureza devedora) estão inseridos no grupo de conta despesas pagas

antecipadamente, na qual se insere como subconta a conta de Compensação de Variação de

Custos da “Parcela A”, na qual serão contabilizados somente os pagamentos antecipados cuja

apropriação final seja o resultado do exercício; (ii) os Passivos Regulatórios (conta de

natureza credora) estão inseridos no grupo de contas credores diversos (contabiliza as

variações negativas de passivos regulatórios ocorridas em períodos intercalares às datas de

reajuste e/ou revisão tarifária), na qual se insere como subconta a Conta de Compensação de

Variação de Custos da “Parcela A”, na qual serão contabilizados os valores devidos pela

concessionária, para serem descontados no reajuste ou revisão tarifária.

A Comissão de Valores Mobiliários publicou o Ofício-Circular CVM/SNC/SEP

nº 001/2011, em 24 de fevereiro de 2011, que aborda o reconhecimento dos ativos e passivos

regulatórios e decidiu o seguinte:

O reconhecimento tem sido debatido pelo IASB desde 2005, culminando na emissão

em julho de 2009 do Exposure Draft ED/2009/8 – Rate-Regulated

Activities. Encerrado o período de audiência pública, o IASB iniciou discussões

sobre o projeto nas reuniões de fevereiro, junho e setembro de 2010, culminando na

constatação da falta de consenso relacionada à definição se o registro dos ativos e

passivos regulatórios estaria de acordo com a estrutura conceitual das IFRS. Assim

sendo, temos que o arcabouço normativo do IASB, e consequentemente do CPC,

não contém norma específica sobre o tema, o que nos remete à observância dos itens

10, 11 e 12 da deliberação CVM 592/09, que aprovou o CPC 23 - políticas

contábeis, mudança de estimativa e retificação de erro.

O Ativo Imobilizado compõe a base remuneratória das concessionárias de

distribuição de energia elétrica, a ser considerada a partir do ciclo de revisão tarifária

periódica estabelecida pela ANEEL. A Resolução Normativa, emitida pela Agência

Reguladora, estabelece os conceitos gerais, as metodologias aplicáveis e os procedimentos,

para realização do ciclo de Revisão Tarifária, conforme pode ser observado na Resolução

Normativa nº 493/2002 (primeiro ciclo de revisão tarifária – 2003-2006); na Resolução

Normativa nº 234/2006 (segundo ciclo de revisão tarifária – 2007-2010) e na Resolução

Normativa nº 471/2011 (terceiro ciclo de revisão tarifária – 2011-2014).

Segundo essas normas, para valoração do conjunto de ativos imobilizados em

serviço, é utilizada a metodologia do custo de reposição, considerando o valor novo do ativo,

como base para determinação do seu valor de mercado em uso (entende-se como Valor Novo

de Reposição o valor de um bem novo, idêntico ou similar ao avaliado, obtido a partir dos

preços médios praticados pela concessionária). São considerados os seguintes grupos de

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contas de ativos da concessionária: intangíveis; terrenos; reservatórios, barragens e adutoras;

edificações, obras civis e benfeitorias; máquinas e equipamentos; veículos; e móveis e

utensílios.

De acordo com Brugni, Rodrigues e Cruz (2011), baseado na IFRIC 12, o modelo

bifurcado exige contabilização distinta, para cada tipo de direito a receber. A representação

das situações geradoras de ativos reconhecidos pelas concessionárias é descrito em três

mecanismos de pagamento: (i) concedente paga um valor fixo ao concessionário (Ativo

Financeiro); (ii) concedente - ou usuários normais - paga um valor que varia em função da

utilização da infraestrutura (Ativo Intangível) e (iii) concedente - ou usuários - paga um valor

variável, em função da demanda da infraestrutura, e também um valor fixo, estabelecido em

contrato (Ativo Financeiro e Intangível).

Segundo esses autores (2011, p.11), outra divergência de regras refere-se ao

reconhecimento de receitas:

Com a aprovação da ICPC 01 pela CVM, as distribuidoras de energia elétrica com

ações negociadas na Bolsa de Valores e reguladas pela ANEEL terão de reconhecer

dois tipos de receita. Isso acontece pela exigência normativa de reconhecer o tipo de

receita de acordo com os respectivos direitos das concessionárias de receber fluxo de

caixa. A partir da adoção da ICPC 01, as distribuidoras de energia terão que

reconhecer uma receita operacional decorrente de um direito de receber caixa dos

consumidores (ativo intangível referente à estimativa de fluxo de caixa recebível de

clientes durante o período contratual) e uma receita de construção (não reconhecida

anteriormente – ativo financeiro e/ou intangível, dependendo do risco), referente ao

direito de receber caixa por parte do poder concedente e/ou por parte dos

consumidores.

2.5 Núcleo Fundamental da Teoria Contábil

O Núcleo Fundamental da Teoria Contábil representa a base doutrinária (estrutura

conceitual) que dá sustentação às ciências contábeis. Alguns conceitos que fazem parte da

estrutura conceitual ainda são motivo de discussão na literatura, dependendo do ambiente

normativo em que estejam inseridos. Por exemplo, tomando por base a Contabilidade

Regulatória, os grupos de contas Ativos e Passivos não se enquadram nos conceitos

estabelecidos pela Contabilidade Societária (CPC 00 – Estrutura Conceitual Básica).

Para Ribeiro Filho et al.(2009), um dos pilares para estudos e pesquisas em

Contabilidade e disseminação doutrinária são os princípios orientadores das bases avaliatórias

dos ativos e passivos, definidores do resultado econômico: custo original como base de valor;

realização da receita e confrontação da despesa.

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Iudícibus (2010) estrutura o Núcleo Fundamental da Teoria Contábil da seguinte

maneira: Ativo e sua mensuração; Passivo e sua mensuração; Receitas, Despesas, Perdas e

Ganhos; Patrimônio Líquido; Imobilizado Tangível, Depreciação; Estoque e Ativo Intangível

e outros itens.

Para esse autor (2010, p.121), o estudo do ativo e suas discussões são importantes

para as ciências contábeis, pois:

A sua definição e mensuração está ligada à multiplicidade de relacionamentos

contábeis que envolvem receitas e despesas. É critico o entendimento da verdadeira

natureza do ativo, em suas características gerais, a fim de que possamos entender

bem as subclassificações que aparecem em vários tipos de padronização, em vários

países (...) Ativo é ativo, independentemente de pertencer, por uma ou por outra

classificação, a este ou àquele grupo.

Baseado nesse autor, o conceito de ativo é utilizado para conceituar outros

elementos (passivos, receitas, despesas). Também se infere que, independente da norma

utilizada (regulatória e/ou societária), na essência, “Ativo é ativo”.

Hendriksen e Van Breda (2010, p.281) definem ativos como sendo

“essencialmente reservas de benefícios futuros”. Também apresentam a definição de ativos,

regulamentada pelo FASB (Financial Accouting Standards Board), na norma SFAC 6

(Statement of Financial Accounting Concepts n°6), como sendo: “Benefícios econômicos

futuros prováveis, obtidos ou controlados por uma entidade em consequência de transações ou

eventos passados”.

Kam (1990) enfatiza a definição do FASB sobre o conceito de Ativo e suas

características essenciais: prováveis benefícios econômicos futuros; obtidos e controlados por

uma entidade em particular e resultado de transações ou eventos passados. Basta apenas a

ausência de uma dessas características para impossibilitar o reconhecimento da existência de

um ativo. Para esse autor, a ideia expressa é que um ativo é algo que existe agora, e tem

capacidade de prestar serviços ou benefícios no presente ou no futuro.

Goulart (2002) afirma que, para o FASB, a característica essencial dos ativos é

incorporar um benefício futuro provável e, na sua ausência, não se pode reconhecer a

existência do ativo em termos contábeis.

O Pronunciamento Conceitual Básico - CPC 00 (R1), que tem correlação com as

Normas Internacionais de Contabilidade emitidas pelo IASB (International Accounting

Standards Board), definiu ativo como: “um recurso controlado pela entidade como resultado

de eventos passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos para a

entidade”.

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Tanto o FASB quanto o IASB estabelecem que, para se reconhecer um ativo, deve

haver, como característica essencial, entre outras: a incorporação de um benefício futuro

provável, pois, para essas organizações internacionais, a não existência dessa propriedade

altera a conceituação de ativo.

Segundo Hendriksen e Van Breda (2010, p.285), um ativo possui três

características essenciais conforme apresenta a organização internacional (FASB):

1. Incorpora um benefício futuro provável que envolve a capacidade, isoladamente

ou em combinação com outros ativos, de contribuir direta e indiretamente para a

geração de entradas líquidas de caixas futuros.

2. Uma dada entidade pode conseguir o benefício e controlar o acesso de outras

entidades a esse benefício.

3. A transação ou evento, originando o direito da entidade ao benefício, ou seu

controle sobre o mesmo, já terá ocorrido.

O Pronunciamento Conceitual Básico - CPC 00 (R1) apresenta duas

características para o reconhecimento de um item como sendo Ativo: primeiro, se for

provável que algum benefício econômico futuro associado ao item flua para a entidade ou flua

da entidade, e finalmente, se o item tiver custo ou valor que possa ser mensurado com

confiabilidade.

Para Iudícibus (2010, p.138), “é extremamente relevante conceituar bem o ativo,

em suas características básicas, para evitarmos problemas futuros com a apreciação desse ou

daquele elemento específico do ativo, desse ou daquele grupo.” Muitos dos problemas ou

divergências encontradas na prática contábil decorrem da aceitação, sem discussão, das

classificações normativas. Outro problema seria o não reconhecimento, na contabilidade

societária dos Ativos e Passivos regulatórios, estabelecidos pela contabilidade regulatória, no

setor de energia elétrica. Também as normas orientadoras das contabilidades têm os

reconhecimentos diferentes de alguns grupos e subgrupos de contas (Ativo Financeiro da

Concessão, Ativo Regulatório, Imobilizado e Intangível).

Através dessas definições, infere-se que os conceitos de Ativo estão alicerçados

em três pilares: recursos controlados pela entidade, transações ou eventos passados e

benefícios econômicos futuros.

Os autores Hendriksen e Van Breda (2010, p.285-286) explicam esses conceitos

da seguinte maneira: no pilar controle, “os direitos devem pertencer a algum indivíduo ou

alguma empresa”; na segunda característica sobre transações ou eventos passados, afirmam

que: “os benefícios econômicos devem resultar de transações ou eventos passados. Ativos não

devem incluir benefícios que poderão surgir no futuro, mas não existem no presente

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momento, ou não estão sob o controle da entidade no presente”. No último aspecto, afirmam

que, para um benefício futuro provável, “deve haver algum direito específico a benefícios

futuros ou potencial do serviço. Direitos e serviços que tenham expirado não podem ser

incluídos”.

De acordo com Kam (1990), o recurso econômico é obtido ou controlado pela

entidade. Um ativo é um recurso econômico. A natureza de um recurso econômico é capaz de

fornecer benefícios econômicos futuros. Os ativos de uma entidade resultam de transações ou

eventos passados. A qualificação é um tanto confusa porque o termo “evento” pode ser

interpretado de diferentes maneiras. Para esse autor, a noção de serviços ou benefícios

econômicos futuros expressa uma ideia de que um ativo é algo que existe agora, e tem a

capacidade de prestar serviços ou benefícios no presente e no futuro.

Conceituar Ativo é o primeiro passo no processo de identificação de um ativo, no

mundo real, e, eventualmente, registrá-lo nas demonstrações contábeis. Alguns dos critérios

utilizados para o reconhecimento de um ativo são a sua definição e a mensuração.

Para Hendriksen e Van Breda (2010, p.303), mensurar “é atribuir uma quantidade

numérica a uma característica ou a um atributo de algum objeto, como um ativo, ou de uma

atividade, como a de produção”. Esses autores afirmam o seguinte sobre os objetivos da

mensuração:

A escolha de medidas de ativos deve ser orientada pelos objetivos de divulgação

financeira decorrentes da estrutura da contabilidade, do desejo de ser capaz de

interpretar demonstrações financeiras em termos econômicos ou de seu valor para

usuários.

Em seu trabalho de 2010, Iudícibus (2010, p.126) considera o conceito de valor

apresentado pela American Accouting Association (AAA), como um ideal que tem bases

práticas limitadas para a mensuração. O conceito apresentado por esse autor, a partir da AAA,

define que “a medida de valor de um ativo é a soma dos preços futuros de mercado dos fluxos

de serviços a serem obtidos, descontados pela possibilidade de ocorrência e pelo fator juros, a

seus valores atuais”.

Além dos autores supracitados, teóricos e pesquisadores apresentam conceitos de

ativos e passivos que permeiam o pensamento de sua época. Abordam as definições,

conforme a sua linha de pesquisa ou pensamento. Baseiam-se em normas de contabilidade ou

discussões teóricas.

Para atender às necessidades de sua época, Hendriksen e Van Breda (2010)

destacam alguns dos autores (PATON, 1924; SPROUSE; MOONITZ, 1962; MEIGS;

JOHNSON, 1962; MOST, 1986) que apresentaram os conceitos de ativos e passivos, de

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maneira a colaborar com o propósito de beneficiar a compreensão dos usuários da informação

e o correto reconhecimento deles.

De modo inverso às definições supracitadas, as definições de passivo buscam

apresentar os sacrifícios futuros provenientes de benefícios econômicos.

Segundo Hendriksen e Van Breda (2010, p.281), o conceito de passivos implica

“essencialmente direitos contra benefícios”. Esses autores definiram passivos à luz da norma

SFAC 6, emitida pelo FASB, como sendo:

Sacrifícios futuros prováveis de benefícios econômicos decorrentes de obrigações

presentes de uma dada entidade, quanto à transferência de ativos ou prestação de

serviços a outras entidades no futuro, em consequência de transações ou eventos

passados.

Para Kam (1990, p.111), tanto essa definição de passivos como a de ativos não

focalizam na “coisa”, no mundo real que existe agora, mas em eventos futuros que ainda não

aconteceram. Ele afirma que a definição de passivos deveria ser reformulada para:

Passivos são obrigações de uma entidade em particular que compele à entidade

transferir ativos ou prestar serviços para outras entidades no futuro, e são o resultado

de transações ou eventos passados.

Já o Pronunciamento Conceitual Básico - CPC 00 (R1), que tem correlação com

as Normas Internacionais de Contabilidade, emitidas pelo IASB, conceitua passivos como:

“uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liquidação se espera

que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos”.

O entendimento de passivos não se restringe apenas aos aspectos normativos,

decorrentes do ambiente normativo, mas se amplia para o meio teórico e científico. Um dos

mais antigos conceitos de passivo foi apresentado por Canning (1929). Esse autor apresentou

a sua definição de passivo como sendo um serviço, com valor monetário, em que um titular de

ativos é obrigado a prestar serviço a um grupo de pessoas.

Segundo Hendriksen e Van Breda (2010, p.284), a importância dessa definição

reside no fato de permitir interpretações semânticas. “Uma pessoa razoável poderia decidir se

um item é um ativo ou um passivo, examinando a sua natureza econômica e legal”.

Iudícibus (2010, p.143) trata o Passivo como sinônimo de Exigibilidade. Explica

que as exigibilidades deveriam referir-se a fatos já ocorridos, transações ou eventos,

normalmente a serem pagas em um momento específico futuro de tempo, podendo-se

reconhecer certas exigibilidades, em situações que não podem deixar de ser contempladas.

Kam (1990, p.106) enfatiza a primazia da essência sobre a forma nos conceitos de

ativos e passivos:

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Conceitos legais são usados na contabilidade apenas como parâmetros. O objetivo

da contabilidade não seria alcançado focalizando na precisão de conceitos legais mas

sim, concentrando na substância econômica das operações e dos eventos que afetam

o desempenho e a condição financeira da empresa.

A partir dos conceitos de passivos, inferem-se as principais características na

construção desse conceito: obrigação presente, transações ou eventos ocorridos e geração de

benefícios econômicos.

Segundo Kam (1990), o objeto do mundo real é a obrigação, que é presente. O

acréscimo da qualificação de que uma obrigação deve ser o resultado de uma transação ou

evento passado é para assegurar que apenas passivos presentes sejam registrados e não os

futuros. A definição de passivos é redundante. Futuros sacrifícios de benefícios econômicos

são o mesmo que a transferência de ativos ou a prestação de serviços para outras entidades no

futuro.

Para Hendriksen e Van Breda (2010, p.287), obrigação presente é a primeira das

três características essenciais e é, na verdade, uma combinação complexa de várias condições

distintas: um passivo seja uma obrigação presente; a obrigação seja entre entidades e haja um

momento ou evento no qual a obrigação será cumprida. Transações e outros eventos são

características essenciais de passivo. Um evento caracteriza-se como um acontecimento de

alguma consequência para uma entidade, já transação é uma espécie de evento, a saber, um

evento externo, envolvendo uma transferência de algo de valor – benefício econômico futuro

– entre duas entidades ou mais.

Após entender o conceito de passivos, o usuário poderá delinear a mensuração de

passivos em demonstrativos contábeis.

Segundo Hendriksen e Van Breda (2010, p.409), “os passivos são reconhecidos

quando satisfazem a sua definição, são mensuráveis, relevantes e precisos. Em geral, são

medidos pelo valor presente das saídas de caixa futuros esperados.”.

Já para Iudícibus (2010, p. 145), as exigibilidades monetárias, passivos, “o valor

do balanço deveria ser determinado pelo valor presente dos montantes a serem pagos no

futuro.”.

Outro aspecto relevante que tem impacto na situação econômica e financeira de

uma empresa refere-se à compreensão correta dos conceitos de receitas e despesas, entre

outros (ganhos e perdas), pois é fundamental o entendimento correto das definições desses

elementos já que eles afetam diretamente os resultados das empresas.

O Pronunciamento Conceitual Básico - CPC 00 (R1) definiu receitas e despesas

como:

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As receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob

a forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de passivos,

que resultam em aumentos do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados

com a contribuição dos detentores dos instrumentos patrimoniais. Já as despesas são

decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da

saída de recursos ou da redução de ativos ou assunção de passivos, que resultam em

decréscimo do patrimônio líquido, e que não estejam relacionados com distribuições

aos detentores dos instrumentos patrimoniais.

Segundo Hendriksen e Van Breda (2010, p.223), “as receitas podem ser definidas,

em termos gerais, como produto gerado por uma empresa (...) Despesas são custos assumidos

para gerar receitas.”.

A conceituação correta é relevante para o reconhecimento adequado dos

procedimentos contábeis, utilizados nas receitas e despesas. Nesse sentido, de acordo com

citação realizada por Kam (1990, p.237), o FASB propôs o seguinte:

Receitas são entradas ou outros aumentos de bens de uma instituição, ou liquidações

de suas obrigações (ou combinações de ambos) durante um período proveniente de

entrega ou produção de mercadorias, prestação de serviços, ou outras atividades que

constituem as operações centrais ou principais vigentes da instituição.

Esse autor (1990, p. 264) definiu receita como: “um evento que tem a ver com

um aumento no valor total dos bens e, ocasionalmente, numa diminuição no valor de

obrigações dos proprietários, devido às atividades com fins lucrativos da firma.”.

Segundo Kam (1990, p. 294), as despesas são: “um evento monetário que tem a

ver com decréscimo nos ativos líquidos da firma. O decréscimo no valor pertence

eventualmente ao fluxo de caixa.”.

Para esse autor, a definição do FASB especifica os mesmos eventos físicos

(entrega ou produção de bens) como os que definem as receitas. Embora receitas e despesas

ocorram conforme a empresa empreende as atividades que vão gerar renda, é preferível

correlacionar receitas com os eventos reais de produção e venda, e correlacionar despesas

com o uso de bens e serviços no sustento a esses eventos, antes dos eventos propriamente

ditos.

De acordo com Iudícibus (2010, p.149),

entende-se por receita a entrada de elementos para o ativo, sob a forma de dinheiro

ou direitos a receber, correspondentes, normalmente, à venda de mercadorias, de

produtos ou à prestação de serviços. Uma receita também pode derivar de juros

sobre depósitos bancários ou títulos e de outros ganhos eventuais.

Essa definição aborda, de maneira abrangente, uma vez que não se limita apenas à

parte operacional, incluindo os ganhos eventuais e não operacional.

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A despesa é conceituada, por Iudícibus (2010, p. 153), a partir do fato de que ela

“representa a utilização ou consumo de bens e serviços no processo de produzir receitas.”

Esse conceito caracteriza-se basicamente como: a despesa é a contrapartida da receita.

Diversos autores e normas de contabilidade procuram apresentar conceitos dos

Ativos, Passivos, Receitas e Despesas. Buscam trazer uma harmonia na compreensão dos

usuários da informação. Esses conceitos quando não interpretados corretamente impactam na

situação econômica e financeira da empresa.

2.6 Análise das Demonstrações Contábeis

A análise das demonstrações contábeis (demonstrações financeiras) é conhecida,

na literatura, como análise de balanços. O exame das demonstrações contábeis consiste na

avaliação da situação econômico-financeira da entidade. Essa análise é estruturada, conforme

informações obtidas pelas demonstrações contábeis, fornecidas pelas entidades.

Segundo Assaf Neto (2010, p.35), as informações contábeis contribuem para a

análise de balanços, importante indicador da posição econômico-financeira da empresa,

quando afirma que

A análise de balanços visa relatar, com base nas informações contábeis fornecidas

pelas empresas, a posição econômico-financeira atual, as causas que determinam a

evolução apresentada e as tendências futuras. Em outras palavras, pela análise de

balanços extraem-se informações sobre a posição passada, presente e futura

(projetada) de uma empresa.

Braga et al. (2011, p.113) explicam que, para verificar a situação econômica e

financeira temporal de uma entidade, é necessário proceder da seguinte maneira:

Através da análise econômico-financeira das demonstrações contábil-financeiras,

que se utiliza, de maneira geral, para este fim, de uma série de índices calculados a

partir de relações entre contas ou grupos de contas das demonstrações contábeis.

De acordo com Matarazzo (2010, p.3):

A análise de balanços objetiva extrair informações das demonstrações financeiras

para a tomada de decisão; as demonstrações financeiras fornecem uma série de

dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A análise de balanços

transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto melhores

as informações produzidas.

De acordo com Schrickel (1997), a análise de balanços é o propulsor da análise

econômico-financeira de uma empresa. Considera o método mais abrangente e eficiente para

se ter um panorama da situação de uma empresa.

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Weston e Brigham (2000) comentam que, para observar a situação econômico-

financeira e o desempenho de uma empresa, utiliza-se a análise das demonstrações contábeis

e isso permite comparar o desempenho de empresas do mesmo setor. Essa comparação ajuda

na identificação de deficiências e na tomada de medidas que melhorem o desempenho.

Segundo Klann, Beuren e Hein (2009), a análise das demonstrações contábeis

consiste no processo de avaliação da condição econômica e financeira das entidades. Essa

condição é avaliada através de indicadores econômico-financeiros que demonstram o

comportamento e as tendências futuras da empresa (KOTHARI; BARONE, 2006; WOOD;

SANGSTER, 2007).

As demonstrações contábeis são documentos de análise e interpretação dos

indicadores econômico-financeiros. Alguns indicadores como: estrutura de capital, liquidez

corrente e rentabilidade são usados e definidos na literatura por autores renomados, como

Kothari e Barone (2006), Wood e Sangster (2007), Matarazzo (2010) e Assaf Neto (2010).

Esses indicadores, por terem relevância comprovada por esses autores, acabam sendo

importantes objetos de atenção, nas análises das demonstrações contábeis de empresas, em

vários setores da economia e, também, no setor elétrico.

2.6.1 Características Qualitativas das Demonstrações Contábeis

A qualidade das demonstrações contábeis é fundamental para a compreensão da

informação pelos usuários, no momento de analisar a situação econômico-financeira da

entidade.

Hendriksen e Van Breda (2010) definem as características qualitativas como

sendo as propriedades da informação que são necessárias para torná-la útil. Esses autores

tratam a relevância e a confiabilidade como as principais qualidades específicas a decisões.

A relevância e a confiabilidade estão associadas à comparabilidade. A relevância está

sempre relacionada a uma decisão, e a confiabilidade, também, é característica especifica a

decisões.

Ribeiro Filho et al.(2009) definem as características qualitativas como sendo os

atributos que tornam as demonstrações contábeis úteis para os usuários e caracterizam as

quatro principais: compreensibilidade, relevância, confiabilidade e comparabilidade,

características definidas nos subitens subsequentes.

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2.6.1.1 Compreensibilidade

Segundo Ribeiro Filho et al.(2009), compreensibilidade é uma qualidade

essencial para as informações contábeis, pois propõe que elas sejam compreendidas pelos

usuários (investidores, órgãos reguladores, gestores entre outros).

Também corroborando essa definição, Kothari e Barone (2006) afirmam que

uma qualidade fundamental da informação, obtida nas demonstrações contábeis, é que ela

seja compreensível pelos usuários. Para alcançar essa finalidade, os usuários devem possuir

razoável conhecimento sobre negócios e atividades econômicas e financeiras.

Para Wood e Sangster (2007), a informação é compreensível, se a sua

importância pode ser percebida pelos usuários que têm um conhecimento razoável sobre

negócios, atividades econômicas e contabilidade.

2.6.1.2 Relevância

Hendriksen e Van Breda (2010, p.315) conceituam a relevância como “a

capacidade da informação de fazer alguma diferença em uma decisão, ajudando os usuários a

fazer predições a respeito dos resultados de eventos passados, presentes e futuros.”

Conforme esses autores, os objetivos pragmáticos se concentram na utilidade e relevância da

contabilidade.

De acordo com Ribeiro Filho et al.(2009, p.40), “a relevância da informação

contábil está diretamente associada ao conceito de utilidade para tomada de decisão.” As

informações são relevantes nas decisões econômicas (quando essas decisões podem

influenciar os usuários), nos auxílios das situações de avaliação das demonstrações contábeis

(passadas e presentes) e na promoção de retificação para o futuro.

Kam (1990) conceitua a relevância como sendo a capacidade da informação

“fazer uma diferença”, na tomada de uma decisão pelo usuário. Para ser relevante, uma

informação deve ser relacionada a uma dada decisão.

Segundo Kothari e Barone (2006), as informações, para serem úteis, devem ser

relevantes para as necessidades de tomada de decisão. A informação tem a qualidade da

relevância, quando influencia as decisões dos usuários, ajudando-o a avaliar os

acontecimentos passados, presentes ou futuros, como também confirmando ou corrigindo

suas avaliações passadas.

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Para Wood e Sangster (2007), a informação é relevante se ela tem a capacidade

de influenciar as decisões econômico-financeiras.

2.6.1.3 Confiabilidade

Hendriksen e Van Breda (2010) afirmam que, em várias situações, a relevância

e a confiabilidade andam de “mãos” dadas. Mas, a depender da situação, parecem ser

conflitantes: pode se ter uma delas, mas não ambas.

Ao tratar sobre confiabilidade na Contabilidade, Ribeiro Filho et al.(2009)

afirmam que: “confiabilidade é requisito fundamental, para qualquer circunstância de

divulgação informacional”. Esses autores descrevem alguns atributos para promover a

confiabilidade das informações contábeis: representação adequada da informação; primazia

da essência sobre a forma; neutralidade; prudência e integridade.

Segundo Kam (1990), confiabilidade é definida como a qualidade que dá

convicção de que a informação está razoavelmente livre de erro e de inclinação, e representa

o que de fato pretende representar.

Para Kothari e Barone (2006) e Wood e Sangster (2007), a informação, para ser

útil, deve ser confiável. A informação tem a qualidade de confiabilidade quando está livre de

erros materiais e pode ser utilizada para representar fidedignamente o que ela pretende

representar ou pode razoavelmente esperar que representem.

2.6.1.4 Comparabilidade

Ribeiro Filho et al.(2009, p.41) afirmam que “comparabilidade está associada à

ideia de uniformidade e consistência de procedimentos, por parte de quem prepara as

informações contábeis”.

Esses autores comentam que os critérios de mensuração e avaliação de ativos e

passivos de uma entidade devem ser evidenciados de maneira clara, pois isso irá permitir que

os usuários dessas informações realizem estudos e análises comparativas, ao longo do tempo

e, também, possam inferir sobre o futuro da entidade, propiciando decisões seguras e úteis.

Hendriksen e Van Breda (2010) definem comparabilidade como sendo a

qualidade da informação que permite aos usuários identificar semelhanças e diferenças entre

dois conjuntos de fenômenos econômicos: uniformidade e consistência. A comparação da

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aplicação das normas entre duas contabilidades (regulatória e societária) envolve

comparações entre esses fenômenos, baseados em demonstrações financeiras.

Para Glauttier e Underdow (1994), a informação, contida nas demonstrações

financeiras publicadas, é de suma importância, especialmente para usuários externos, tais

como acionistas e investidores, pois, sem tais informações, eles teriam que tomar decisões

sobre os seus investimentos, em um grau de incerteza considerável.

Para Kothari e Barone (2006), os usuários devem ser capazes de comparar as

demonstrações financeiras de uma empresa ao longo do tempo, a fim de identificar

tendências da sua posição econômico-financeira e do seu desempenho.

Segundo Wood e Sangster (2007), a comparabilidade entre informações permite

aos usuários discernir e avaliar semelhanças e diferenças entre a natureza e os efeitos das

transações e outros eventos, ao longo do tempo.

Para comparar diferentes empresas, podem ser utilizadas informações de diversas

naturezas. A utilização de indicadores econômico-financeiros favorece a comparabilidade,

por serem instrumentos que refletem aspectos econômico-financeiros e de produtividade do

negócio.

Para o setor elétrico, especificamente, alguns indicadores econômico-financeiros,

tradicionalmente utilizados na literatura sobre análise de demonstrações contábeis, são

propostos pelo Manual de Elaboração do Relatório Anual de Responsabilidade

Socioambiental das Empresas de Energia Elétrica (anteriormente denominado Relatório

Anual de Responsabilidade Empresarial), em conformidade com as orientações constantes

do Manual de Contabilidade do Setor Elétrico. Esse Manual relaciona indicadores e seus

grupos que têm a função de refletir aspectos econômico-financeiros. Seguem alguns

indicadores e seus grupos, sugeridos por esse Manual: Estrutura de Capital, Liquidez

Corrente, Rentabilidade.

Dentre os autores que tratam sobre análise das demonstrações contábeis,

selecionaram-se Kothari e Barone (2006), Wood e Sangster (2007), Assaf Neto (2010) e

Matarazzo (2010), por serem pesquisadores internacionais e nacionais que têm obtido

destaque, na literatura relacionada a esse tema.

2.6.2 Indicadores da Estrutura de Capital

A estrutura de capitais de uma empresa envolve a composição de duas fontes de

financiamento: os fundos aplicados em ativos circulantes e não circulantes e os ganhos de

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capital. O primeiro é proveniente dos proprietários da empresa ou de terceiros e o segundo

decorrem da valorização da empresa (SILVA, 2005).

Segundo Wood e Sangster (2007), há vários indicadores (endividamento,

composição do endividamento, imobilização do patrimônio líquido, entre outros) que podem

ser utilizados, para avaliar a forma como uma empresa financia suas atividades. A depender

da estratégia e/ou nível de operação para a tomada de decisão, os indicadores desse grupo

demonstram a relação das aplicações (ativo não circulante) e origens dos recursos (capitais

próprios e de terceiros).

Para os indicadores da Estrutura de Capital, no tocante ao risco, a interpretação é:

quanto maior, pior ou quanto menor, melhor.

Endividamento

Esse indicador apresenta quanto a empresa obteve de obrigações (empréstimos)

para cada $ 1 de recursos próprios.

A relação das variáveis Capitais de Terceiros sobre Patrimônio Líquido representa

a variação (em percentagem) entre quanto a empresa obteve de Capitais de Terceiros em

relação ao Capital Próprio. Esse indicador é denominado Endividamento (END) ou

Participação de Capitais de Terceiros (PCT) e calculado pela equação:

em que CT são os Capitais de Terceiros e PL é o Patrimônio Líquido. O objetivo é mostrar de

quanto foi a diferença (em percentagem) da relação nesse indicador.

Composição do Endividamento

Esse indicador mostra quanto a empresa obteve de obrigações (empréstimos) de

curto prazo sobre as obrigações totais.

A relação das variáveis Passivo Circulante sobre Capitais de Terceiros representa a

variação (em percentagem) entre quanto a empresa obteve de Capitais de Terceiros, no curto

prazo, em relação às obrigações totais. Esse indicador é denominado Composição do

Endividamento (CE) e é calculado pela equação:

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em que PC é o Passivo Circulante e CT são os Capitais de Terceiros. O objetivo é mostrar de

quanto foi a diferença (em percentagem) da relação nesse indicador.

Imobilização do Patrimônio Líquido

Esse indicador mostra quanto do Patrimônio Líquido da empresa está aplicado no

Ativo Não Circulante.

A relação das variáveis Ativo Não Circulante sobre Patrimônio Líquido representa

a variação (em percentagem) entre quanto a empresa obteve de Ativo Não Circulante em

relação ao Patrimônio Líquido. Esse indicador é denominado Imobilização do Patrimônio

Líquido (IPL) e é calculado pela equação:

em que ANC é o Ativo Não Circulante e PL é o Patrimônio Líquido. O objetivo é mostrar

quanto a empresa aplicou no Ativo Não Circulante para cada $ 100 de Patrimônio Líquido.

Imobilização dos Recursos não Correntes

Esse indicador mostra quanto dos Recursos não Correntes foi destinado ao Ativo

Não Circulante.

A relação das variáveis Ativo Não Circulante sobre Patrimônio Líquido, mais

Exigível a Longo Prazo, representa a variação (em percentagem) entre quanto a empresa

obteve de Ativo Não Circulante em relação aos Recursos não Correntes (Patrimônio Líquido e

Exigível a Longo Prazo). Esse indicador é denominado Imobilização dos Recursos não

Correntes (IRC) e é calculado pela equação:

em que ANC é o Ativo Não Circulante, PL é o Patrimônio Líquido e ELP é o Exigível a

Longo Prazo . O objetivo é mostrar quanto do Patrimônio Líquido mais o Exigível a Longo

Prazo foi destinado ao Ativo Não Circulante.

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2.6.3 Indicador de Liquidez

Os indicadores que compõem esse grupo evidenciam a base da situação financeira

da empresa, frente a seus diversos compromissos financeiros, a curto e/ou longo prazo

(ASSAF NETO, 2010; MATARAZZO, 2010).

Liquidez Corrente

Esse indicador mostra quanto há de Ativo Circulante para cada $1 de dívida a

curto prazo. Indica quanto a empresa possui de bens e direitos realizáveis, no curto prazo, em

relação às suas dívidas, nesse período.

A relação das variáveis Ativo Circulante sobre Passivo Circulante representa a

proporção entre quanto a empresa obteve de Ativo Circulante em relação ao Passivo

Circulante. Esse indicador é denominado Liquidez Corrente (LC) e calculado pela equação:

em que: AC é o Ativo Circulante e PC é o Passivo Circulante. O objetivo é mostrar quanto a

empresa aplicou no Ativo Circulante para cada $1, no Passivo Circulante.

2.6.4 Indicadores de Rentabilidade

Os indicadores de rentabilidade tratam sobre a rentabilidade dos capitais

investidos. Eles são usados, entre outras coisas, para medir o desempenho da gestão, para

identificar se uma empresa pode ser uma oportunidade de investimento válido, e para

determinar o desempenho de uma empresa em relação a seus concorrentes (WOOD;

SANGSTER, 2007).

Para Assaf Neto (2010, p.39), os indicadores de rentabilidade auxiliam na análise

dos rendimentos, gerados pelos investimentos. Ele define a análise de rentabilidade e

lucratividade, como “uma avaliação econômica do desempenho da empresa, dimensionando o

retorno sobre os investimentos realizados e a lucratividade apresentada pelas vendas”.

A interpretação para os indicadores desse grupo é: quanto maior, melhor.

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52

Giro do Ativo

Esse indicador relaciona as Vendas Líquidas (Receitas Operacionais) com seu

Ativo Total.

A relação das variáveis Vendas Líquidas sobre Ativo Total demonstra o volume de

Vendas Líquidas em relação ao Ativo Total. Esse indicador é denominado Giro do Ativo (GA)

e é calculado pela equação:

em que VL é a Venda Líquida e AT é o Ativo Total. O objetivo é mostrar quanto a empresa

vendeu para cada $1 de investimento total.

Margem Líquida

Esse indicador estabelece a relação entre Lucro Líquido e as vendas do período.

A relação das variáveis Lucro Líquido sobre Vendas Líquidas representa a

variação (em percentagem) entre quanto a empresa obteve de Lucro Líquido em relação às

Vendas Líquidas. Esse indicador é denominado Margem Líquida (ML) e calculado pela

equação:

em que LL é o Lucro Líquido e VL é a Venda Líquida . O objetivo é mostrar quanto a empresa

possui de Lucro para cada $100 vendidos.

Rentabilidade do Ativo

Esse indicador mostra a lucratividade (Lucro Líquido) que a empresa propicia em

relação aos investimentos totais (Ativo Total).

A relação das variáveis Lucro Líquido sobre o Ativo Total representa a variação

(em percentagem) entre quanto a empresa obteve de Lucro Líquido em relação ao Ativo Total.

Esse indicador é denominado Rentabilidade do Ativo (RA) e calculado pela equação:

em que LL é o Lucro Líquido e AT é a Ativo Total. O objetivo é mostrar quanto a empresa

possui de Lucro para cada $100 de investimento total.

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Rentabilidade do Patrimônio Líquido

Esse indicador evidencia o Lucro Líquido (lucratividade) que a empresa propicia

em relação ao Patrimônio Liquido.

A relação das variáveis Lucro Líquido sobre o Patrimônio Líquido Médio

representa a variação (em percentagem) entre quanto a empresa obteve de Lucro Líquido em

relação aos Recursos próprios médios. Esse indicador é denominado Rentabilidade do

Patrimônio Líquido (RPL) e é calculado pela equação:

em que LL é o Lucro Líquido e PL Médio é o Patrimônio Líquido Médio. O objetivo é

mostrar quanto a empresa possui de Lucro para cada $100 de capital próprio investido, média

no período.

EBITDA (Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization)

A sigla EBITDA, quando traduzida para o português, será LAJIDA (Lucro antes

dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortizações). Esse indicador financeiro é bastante

utilizado pelos usuários das demonstrações financeiras, pois é um instrumento importante na

medição da real capacidade financeira e na avaliação da geração de caixa de uma entidade.

No Brasil, os usuários, no setor de energia elétrica, utilizam esse indicador há pouco tempo.

Segundo Iudícibus (2010, p. 246), o EBITDA “vem sendo analisado desde a

década de 70, nos EUA, e, mais recentemente no Brasil, principalmente após a redução da

inflação e aquecimento do mercado financeiro.”.

Para esse autor (2010, p.247), o EBITDA é definido como: “uma medida

essencialmente operacional, desconsidera os efeitos dos resultados financeiros, assim

revelando o potencial da empresa para a geração de caixa operacional.”.

Silva (2005, p. 221) conceitua esse indicador como: “uma medida de performance

operacional, que considera as receitas operacionais, exceto as depreciações e amortizações”.

Já Assaf Neto (2010, p.196-197) considera-o como um indicador financeiro

globalizado. Conceitua que “o EBITDA equivale ao conceito de fluxo de caixa operacional da

empresa, apurado antes do cálculo do imposto de renda (...) revela, em essência, a genuína

capacidade operacional de geração de caixa de uma empresa.”.

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54

O EBTIDA é, atualmente, um indicador utilizado como ponto de referência, entre

os usuários, para medir o fluxo de caixa financeiro e a capacidade de cumprir com as

obrigações de uma empresa (KOTHARI; BARONE, 2006).

No quadro a seguir, compilam-se o grupo e os indicadores econômico-financeiros

utilizados nesta pesquisa.

Quadro 6 - Resumo do Grupo e Indicadores econômico-financeiros utilizados na revisão da literatura

Grupo/Indicadores

econômico-financeiros

Fórmula Indica

ESTRUTURA DE CAPITAL

Endividamento

Percentagem de uso de recursos de

terceiros, em relação aos recursos

próprios.

Composição do

Endividamento

Percentagem de obrigações a curto

prazo, em relação às obrigações totais.

Imobilização do Patrimônio

Líquido

Percentagem dos recursos próprios,

comprometida com Ativo Não

Circulante.

Imobilização dos Recursos

Não Correntes

Percentagem dos recursos não

correntes (Patrimônio Líquido e

Exigível a Longo Prazo), destinada ao

Ativo Não Circulante.

LIQUIDEZ

Liquidez Corrente

Relação do disponível mais realizáveis

a curto prazo, com a dívida de curto

prazo.

RENTABILIDADE

Giro do Ativo

Quanto a empresa vendeu no período,

para cada $1 de investimento total.

Margem Líquida

Quanto a empresa obtém de lucro, para

cada 100 vendidos.

Rentabilidade do Ativo

Quanto a empresa obtém de lucro, para

cada $100 de investimento total.

Rentabilidade do Patrimônio

Líquido

Quanto a empresa obtém de lucro, para

cada $100 de capital próprio investido,

em média, no exercício.

EBITDA

Receitas operacionais líquidas,

menos os custos e as despesas

operacionais, exceto as

depreciações e amortizações.

A capacidade financeira de uma

empresa, bem como a capacidade da

empresa gerar caixa e cobrir o seu

serviço da dívida.

Legendas: AC – Ativo Circulante; ANC – Ativo Não Circulante; AT - Ativo Total; CT – Capitais de

Terceiros; EBITDA – Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortizações; ELP – Exigível a

Longo Prazo; LL – Lucro Líquido; PC – Passivo Circulante; PL – Patrimônio Líquido; VL – Vendas

Líquidas.

Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2010); Matarazzo (2010); Silva (2005); Kothari e Barone (2006); Wood e

Sangster (2007).

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2.7 Pesquisas realizadas sobre Contabilidade Regulatória

No quadro a seguir, relacionam-se pesquisas/estudos focados na contabilidade

regulatória ou em indicadores econômicos e/ou financeiros nessa contabilidade. O objetivo e

os resultados selecionados apresentam aspectos interessantes para a presente pesquisa.

Quadro 7 - Compilação dos estudos realizados sob Contabilidade Regulatória

Autor (es) Objetivo Resultados

REHBEIN;ENGELMANN;

GONÇALVES (2008)

Evidenciar a aplicabilidade dos

indicadores padrões, nos

serviços públicos concedidos,

exemplificado através da

aplicação na área de transporte

intermunicipal de passageiros,

da Região Metropolitana de

Porto Alegre.

Os resultados qualificados como

situação favorável, podem apenas sê-lo,

se considerados setorialmente, pois

pode haver situações em que

indicadores apresentem situações

favoráveis, mas apenas se comparadas

com empresas do setor que estejam em

situação pior que a empresa em estudo.

FERREIRA (2009)

Analisar a contabilidade

regulatória, como instrumento

de regulação econômica do

setor de distribuição de energia

elétrica brasileiro, e demonstrar

a sua potencialidade na

identificação do equilíbrio

econômico-financeiro dos

contratos de concessão.

O modelo elaborado de acordo com as

normas internacionais de contabilidade

proporciona melhor identificação do

equilíbrio econômico e financeiro

estabelecido nos contratos de

concessão.

A conclusão está embasada nas

simulações realizadas, por meio dos

balanços patrimoniais, fluxos de caixa e

comparação dos indicadores de

rentabilidade.

REHBEIN; BARROS (2010)

Propor a Padronização de

Indicadores Econômico-

Financeiros para as empresas

prestadoras de serviços de

Saneamento Básico.

Com o final da pesquisa, pode-se

observar que os indicadores padrões das

regiões e os indicadores de diversas

concessionárias poderão servir de base

às Agências Reguladoras, bem como

aos Municípios, que atuam como Poder

Concedente, e demais agentes

interessados, para acompanhar o

desempenho das empresas de

Saneamento Básico, monitorando a sua

contabilidade.

PEREIRA (2011)

Evidenciar implicações das

novas práticas contábeis no

processo regulatório da revisão

de tarifas dos serviços públicos,

na regulação do setor de

saneamento em Pernambuco.

Os normativos regulatórios vigentes,

para o caso estudado, não discorreram

sobre a adequação às novas práticas

contábeis. Dessa forma, apesar de não

necessariamente representar uma

barreira às alterações societárias, a falta

de regulação ou a não adequação

poderiam trazer assimetria ou pouca

clareza às informações contábeis para

fins regulatórios, além de possíveis

impactos nos valores estabelecidos para

a revisão de tarifas cobradas à

sociedade.

Demonstram que o modelo de tarifação

sofre alterações em função das normas

IFRIC 12 e ICPC 01, o que torna uma

tarefa difícil e complexa a aplicação

efetiva dessas normas contábeis, no

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BRUGNI; RODRIGUES;

CRUZ (2011)

Investigar se as características

contábeis da IFRIC12 e

ICPC01 influenciam, de forma

significativa, a formação de

tarifas do setor de energia

elétrica no Brasil.

ambiente regulado pela Agência

Nacional de Energia Elétrica. A

pesquisa também revela que a principal

característica que fundamenta a criação

da contabilidade regulatória, promovida

pela ANEEL, é a impossibilidade de

contabilização, pelas normas

internacionais, dos chamados ativos e

passivos regulatórios, sugerindo que o

setor de energia elétrica do Brasil seja

um dos que terão suas demonstrações

financeiras mais afetadas pela

convergência das normas contábeis para

o padrão internacional.

MELO et al. (2012)

Investigar o efeito do não

reconhecimento da inflação nas

empresas de distribuição do

setor de energia elétrica, não só

no ativo imobilizado, como

também no patrimônio líquido,

no resultado do exercício e no

ROE (Return on Equity).

As demonstrações contábeis das

empresas de distribuição de energia

elétrica, expressas sem correção

monetária, exibiram valores

incompletos e distorcidos, e apontam

um dos prováveis motivos pelo qual os

valores históricos dos ativos

imobilizados não eram considerados

para determinar as tarifas.

SUZART et al. (2012)

Busca identificar se havia

diferenças significativas e qual

a intensidade delas nos

retornos, ROE e ROA, das

concessionárias brasileiras do

setor elétrico.

Os resultados realizados indicaram que:

(i) em média, o lucro regulatório foi

inferior ao societário; (ii) em média, o

patrimônio líquido e o ativo total,

societário e regulatório, foram

estatisticamente iguais; e, (iii) as

normas societárias alteraram os retornos

com maior intensidade.

Essas pesquisas/estudos foram realizadas com objetivo de evidenciar a aplicação

de indicadores econômico-financeiros ou de comparação normativa, em ambiente de

utilização de contabilidades regulatória e/ou societária. A importância desses trabalhos deve-

se ao fato de tê-los como a estrutura matricial, comparando com eles os resultados e os

objetivos desta pesquisa.

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3 METODOLOGIA

Neste capítulo, abordam-se o método e os procedimentos da pesquisa.

Inicialmente, apresenta-se o objeto de estudo, logo em seguida o delineamento da

pesquisa. Na sequência, define-se a população e a amostra, a forma de coleta e a análise

dos dados, bem como as hipóteses testadas.

3.1 Objeto de Estudo

O objeto de estudo desta pesquisa é o setor elétrico brasileiro, organizado

por alguns sistemas, entidades e órgãos que o normatizam, fiscalizam e regulamentam.

A estrutura organizacional, descrita pela ANEEL em 2012, é dividida em segmentos:

geração, transmissão, distribuição e comercialização. A estrutura institucional é

alicerçada em quatro pilares: Políticas, Regulação e Fiscalização, Mercado e Agentes

Institucionais.

As empresas concessionárias ou permissionárias participam dos processos

de geração (produção de energia elétrica a partir de outras fontes, por exemplo, usinas

hidroelétricas) e distribuição (entrega ao usuário final) de energia elétrica.

O processo de transmissão situa-se entre a geração e a distribuição;

representa o transporte de grandes quantidades de energia elétrica por longas distâncias.

No Brasil, ele é feito utilizando-se uma rede de linhas de transmissão e subestações,

denominada Rede Básica, que pode ser utilizada por qualquer agente do setor elétrico,

que produza ou consuma energia. A operação e administração da Rede Básica é

atribuição do Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS.

De acordo com os dados da ANEEL, divulgados em 2013, no relatório de

informações gerenciais, o mercado de energia elétrica (mercado cativo), de janeiro a

dezembro de 2012, obteve receita de fornecimento de energia elétrica em valores

absolutos de R$ 93.489.159.474,62 (crescimento de 8,3% em relação ao mesmo período

do ano anterior); o consumo de energia elétrica (Mwh), em valores absolutos, foi de

319.467.610 (crescimento de 3,1%) e o número de unidades consumidoras foi de

72.028.737 (crescimento de 3,7%). Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (2013),

a relação entre consumo de energia e o Produto Interno Bruto (PIB), do período de 2002

a 2012, excluindo os anos de 2009 e 2010 por terem sido impactados diretamente pela

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crise financeira que eclodiu em 2008, apresentou tendência de diminuição, na variação

do consumo de energia em relação à taxa do crescimento anual do PIB.

A distribuição de energia elétrica no Brasil, segundo dados da ANEEL

(2013), é feita por empresas concessionárias em todo o território nacional. Os mapas a

seguir (Figuras 2 e 3) apresentam essas empresas por regiões:

Figura 1- Mapa do Brasil

Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica, 2013.

Figura 2 - Concessionárias de energia elétrica das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Região Norte

AmE

Boa Vista

CELPA

CELTINS

CERON

CERR

ELETROACRE

Região Nordeste

CEAL

CELPE

CEMAR

CEPISA

COELBA

COELCE

COSERN

EBO

EPB

ESSE

SULGIPE

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Região Centro-Oeste

CEB-DIS

CELG-D

CEMAT

CHESP

ENERSUL

Fonte: Adaptado da Agência Nacional de Energia Elétrica, 2013.

Figura 3 - Concessionárias de energia elétrica das regiões Sudeste e Sul

Região Sudeste

AMPLA

BANDEIRANTE

CAIUÁ-D

CEMIG-D

CNEE

CPFL Jaguari

CPFL Leste Paulista

CPFL Mococa

CPFL Santa Cruz

CPFL Sul Paulista

CPFL- Piratininga

CPFL-Paulista

DMED

EDEVP

EEB

ELEKTRO

ELETROPAULO

ELFSM

EMG

ENF

ESCELSA

LIGHT

Região Sul

AES-SUL

CEEE-D

CELESC-DIS

CFLO

COCEL

COOPERALIANÇA

COPEL-DIS

DEMEI

EFLJC

EFLUL

ELETROCAR

HIDROPAN

IENERGIA

MUXENERGIA

RGE

UHENPAL

Fonte: Adaptado da Agencia Nacional de Energia Elétrica, 2013.

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60

3.2 Delineamento da pesquisa

Este estudo está classificado, quanto ao objetivo, como pesquisa descritiva.

Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007) esse tipo de pesquisa:

Observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem

manipulá-los. Procura descobrir, com a maior precisão possível, a frequência

com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua

natureza e suas características.

De acordo com Richardson (2010, p. 326), o objetivo da pesquisa descritiva

é “descrever sistematicamente um fenômeno ou área de interesse. Dita descrição deve

ser detalhada e objetiva.”

Nesse sentido, esta pesquisa procura comparar as divergências entre as

contabilidades regulatória e societária nos indicadores econômico-financeiros,

calculados com base nas demonstrações contábeis, publicadas no triênio (2009 a 2011),

das distribuidoras de energia elétrica no Brasil.

Também, pode esta pesquisa ser classificada na tipologia como empírico-

analítica.

Quanto à forma de abordagem, esta pesquisa caracteriza-se como

quantitativa, concordante com o fato de que as pesquisas quantitativas, de acordo com

Martins e Theóphilo (2009, p.107), são “aquelas em que os dados e as evidências

coletados podem ser quantificados, mensurados. Os dados são filtrados, organizados e

tabulados, enfim, preparados para serem submetidos a técnicas e/ou testes estatísticos.”

Em relação ao procedimento para coleta dos dados, esta pesquisa

caracteriza-se como documental, visto que, de acordo com Martins e Theóphilo (2009,

p.55), a pesquisa documental é característica dos estudos que utilizam documentos

como fonte de dados, informações e evidências.

A presente pesquisa é de corte transversal (seccional). O período analisado

compreende as demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração de

Resultado), baseadas nas contabilidades regulatória e societária de 2009 a 2011. A

seleção desse período foi em atendimento ao despacho ANEEL nº 4.097, de 30 de

dezembro de 2010, que determina os procedimentos na conciliação entre as

demonstrações contábeis (regulatória e societária) e o início da obrigatoriedade das

divulgações das demonstrações contábeis regulatórias de 2011.

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3.3 População e Amostra

O universo da pesquisa compreende 41 concessionárias, estatais e privadas,

associadas à Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE).

Essa associação reúne as concessionárias atuantes em todas as regiões do Brasil que são

responsáveis pelo fornecimento de energia elétrica a 98% dos consumidores brasileiros

(ABRADEE, 2012).

O critério de inclusão foi a publicação das demonstrações contábeis

regulatórias ou demonstração financeira padronizada, nos três exercícios (2009, 2010 e

2011), que apresentem a conciliação entre a contabilidade regulatória e societária. O

critério de exclusão foi a não publicação das demonstrações contábeis ou conciliação

regulatória, conforme estabelece a Resolução Normativa nº 396, de 23 de fevereiro de

2010, em alguns dos três anos. No Quadro 8, apresentam-se as 22 empresas utilizadas

para amostra:

Quadro 8 - Empresas de distribuição de energia elétrica da amostra

Empresa Sigla

Aes Sul Distribuidora Gaúcha de Energia S.A. AESSUL

Bandeirante Energia S.A. EDP BANDEIRANTE

Companhia Energética de Brasília CEB

Companhia Estadual de Energia Elétrica CEEE

Centrais Elétricas de Santa Catarina S.A. CELESC

Companhia Energética de Pernambuco CELPE

Companhia Energética de Minas Gerais CEMIG

Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia COELBA

Companhia Paranaense de Energia COPEL

Companhia Energética do Rio Grande do Norte COSERN

Companhia Paulista de Força e Luz CPFL

Companhia Paulista de Energia Elétrica CPFL LESTE

DME Distribuição S.A. DMED

Elektro Eletricidade e Serviços S.A. ELEKTRO

Eletropaulo Metropolitana Eletricidade de São Paulo S.A. AES ELETROPAULO

Energisa Paraíba - Distribuidora de Energia S.A. ENERGISA PB

Energisa Sergipe - Distribuidora de Energia S.A. ENERGISA SE

Espírito Santo Centrais Elétricas S.A. EDP ESCELSA

Companhia Piratininga de Força e Luz PIRATININGA

Rio Grande Energia S.A. RGE

Empresa Luz e Força Sana Maria S.A. SANTA MARIA

Companhia Sul Sergipana de Eletricidade SULGIPE

Pelo critério de exclusão adotado, deixaram de ser incluídas 19

distribuidoras de energia elétrica, indicadas no Quadro 9, a seguir apresentado.

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Quadro 9 - Empresas de distribuição de energia elétrica não incluídas na amostra

Empresa Sigla

Ampla Energia e Serviços S.A. AMPLA

Empresa Elétrica Bragantina BRAGANTINA

Companhia Energética de Goiás CELG

Centrais Elétricas do Pará S.A. CELPA

Companhia de Energia Elétrica do Estado do Tocantins CELTINS

Companhia Energética do Maranhão CEMAR

Centrais Elétricas Matogrossenses S.A. CEMAT

Companhia Força e Luz do Oeste CFLO

Companhia Energética do Ceará COELCE

Eletrobras Distribuição Acre S.A. ELETROBRAS AC

Eletrobras Distribuição Alagoas S.A. ELETROBRAS AL

Eletrobras Amazonas Energia S.A. ELETROBRAS AM

Eletrobras Distribuição Piauí S.A. ELETROBRAS PI

Eletrobras Distribuição Rondônia S.A. ELETROBRAS RO

Eletrobras Distribuição Roraima S.A. ELETROBRAS RR

Empresa Energética do Mato Grosso do Sul S.A. ENERSUL

Iguaçu Distribuidora de Energia Elétrica LTDA. IGUAÇU

Light Serviços de Eletricidade S.A. LIGHT

Companhia Nacional de Energia Elétrica NACIONAL

3.4 Coleta de dados

Antes de iniciar a coleta de dados, foi realizada uma padronização das

demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado), das

contabilidades regulatórias e societárias. Foi necessária essa padronização, para se

obterem os grupos de contas (patrimoniais e de resultados), comuns nas normas

regulatórias e societárias, e para constituir a base de cálculo dos indicadores econômico-

financeiros, de acordo com os efeitos nas mudanças ocorridas nas práticas contábeis,

adotadas pelos órgãos reguladores das contabilidades. Algumas distribuidoras do setor

elétrico publicaram a estrutura das demonstrações contábeis diferentemente de outras.

A coleta de dados foi realizada através da análise documental. As

informações foram obtidas a partir das demonstrações contábeis de 2009, 2010 e 2011,

publicadas na web site das empresas associadas à Associação Brasileira de

Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE), até setembro de 2012. Quando não

encontradas na web site das empresas associadas, pesquisou–se em site de busca

(google). Foi analisado o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do

período.

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Os grupos de contas contábeis selecionados para análise foram os,

possivelmente, afetados pelas divergências encontradas nas normas regulatórias e

societárias, diagnosticados na revisão da literatura, nas mudanças especificas

(reconhecimento e classificação) e representatividade na análise de desempenho das

distribuidoras do setor elétrico. Seguem os grupos de contas selecionados:

Quadro 10 - Grupos de contas contábeis selecionados para verificar as diferenças nas

Contabilidades Regulatória e Societária

Grupos de Contas Contábeis (Milhares de reais)

Ativo Total Receita Operacional Líquida

Ativo Circulante Resultado antes dos Custos Gerenciáveis

Ativo Não Circulante Resultado da Atividade da Concessão

Investimentos Lucro Líquido

Imobilizado

Intangível

Passivo Total

Passivo Circulante

Passivo Não Circulante

Patrimônio Líquido

Para o presente estudo, a seleção dos indicadores econômico-financeiros foi

baseada no referencial teórico sobre análise das demonstrações contábeis e no conjunto

de indicadores, proposto no Manual de Relatório Anual de Responsabilidade

Socioambiental das Empresas de Energia Elétrica (anteriormente denominado Relatório

Anual de Responsabilidade Empresarial), em conformidade com as orientações

constantes do Manual de Contabilidade do Serviço Público de Energia Elétrica –

MCSPEE, instituído pela Resolução ANEEL nº 444, de 26 de outubro de 2001, e

alterações posteriores.

No item 3.3 desse Manual, que trata da dimensão econômico-financeira das

empresas, são sugeridos indicadores econômico-financeiros que devem constar nos

relatórios de Divulgação de Informações Contábeis, Econômico-Financeiras e Sociais.

Com a função de refletir aspectos econômico-financeiros e de produtividade

do negócio e o desempenho operacional da empresa no período, os relatórios devem

abranger indicadores de liquidez, rentabilidade e endividamento, tais como: margem

bruta, margem líquida, capacidade de geração de caixa operacional (EBITDA OU

LAJIDA), estrutura de capital, liquidez corrente e taxa de inadimplência. Ressalte-se

que, entre os indicadores sugeridos, foram utilizados aqueles que apresentaram

facilidade de acesso aos dados, a partir das demonstrações contábeis (Balanço

Patrimonial e Demonstração do Resultado) das contabilidades regulatória e societária,

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publicadas pelas distribuidoras do setor elétrico. Seguem os indicadores selecionados e

as respectivas fórmulas, aplicadas para a obtenção do percentual desejado.

Quadro 11 - Grupo e Indicadores econômico-financeiros selecionados para verificar as diferenças

nas Contabilidades Regulatórias e Societárias

Grupo/Indicadores econômico-financeiros Fórmula

ESTRUTURA DE CAPITAL

Endividamento

Composição do Endividamento

Imobilização do Patrimônio Líquido

Imobilização dos Recursos Não Correntes

LIQUIDEZ

Liquidez Corrente

RENTABILIDADE

Giro do Ativo

Margem Líquida

Rentabilidade do Ativo

Rentabilidade do Patrimônio Líquido

EBITDA ($ Mil) Lucro antes dos Juros, Impostos,

Depreciação e Amortizações

3.5 Análise dos dados

Nesta seção, apresenta-se a análise dos dados. Essa análise surge após a

coleta e tabulação dos dados. Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007, p.67) afirmam, na

análise dos dados

Todas as informações reunidas nos passos anteriores devem ser comparadas

entre si e analisadas. A análise a partir da classificação ordenada dos dados,

do confronto dos resultados das tabelas e das provas estatísticas, quando

empregadas, procura verificar a comprovação ou não das hipóteses de estudo.

Os dados desta pesquisa foram analisados após a elaboração dos indicadores

econômico-financeiros das distribuidoras do setor elétrico no período definido.

Utilizou-se uma abordagem quantitativa, através do pacote estatístico Statistical

Package for Social Sciences (SPSS), renomeado para Predictive Analytics Software

(PASW), entre os anos de 2009 e 2010.

Após a coleta dos dados, através desse programa de análises estatísticas,

realizou-se a análise do corpus coletado. Inicialmente, foi verificada se as variáveis

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65

(indicadores) quantitativas possuíam distribuição normal, por meio do teste de aderência

para normalidade, Kolmogorov-Smirnov (K-S). Para esse teste, utilizou-se um nível de

significância de 0,05. A partir dos resultados obtidos, observou-se anormalidade na

distribuição dos dados, após isso, determinou-se aplicação do teste para amostras

emparelhadas (teste não paramétrico de Wilcoxon).

Siegel e Castellan Jr. (2006) apresentam as diferenças entre testes

estatísticos paramétricos e não paramétricos:

Um teste estatístico paramétrico especifica certas condições sobre a

distribuição das respostas na população da qual a amostra da pesquisa foi

retirada. (...) Um teste estatístico não paramétrico é baseado em um modelo

que especifica somente condições muito gerais e nenhuma a respeito da

forma específica da distribuição da qual a amostra foi extraída.

O teste de postos com sinal de Wilcoxon, conhecido como teste de

Wilcoxon, é definido por Field (2009, p. 658) como “um teste não paramétrico que

procura por diferenças entre duas amostras relacionadas. Ele é o não paramétrico

equivalente ao teste t relacionado.”

Para Siegel e Castellan Jr. (2006, p. 109), esse teste não paramétrico “dá

mais peso a um par que mostra uma diferença grande entre as duas condições do que a

um par que mostra uma diferença pequena.”.

A utilização do teste de Wilcoxon, nesta pesquisa, irá estabelecer se duas

condições (indicadores utilizados na contabilidade regulatória versus societária) são

significativamente diferentes. Por meio desse teste, busca-se atingir parte dos objetivos

específicos e aceitar ou rejeitar as hipóteses estabelecidas neste estudo.

A ideia deste trabalho é baseada no surgimento da contabilidade regulatória

no ambiente de Normas Internacionais de Contabilidade, para atender práticas e

disposições regulatórias que a ANEEL não reconhece. Algumas das novas práticas

contábeis, adotadas segundo as Normas Internacionais de Contabilidade e que não são

reconhecidas pela ANEEL, são aquelas referentes aos Contratos de Concessões – ICPC

01(IFRIC 12) e à Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação das

Demonstrações Financeiras (CPC 00 (R1)). O Manual de Contabilidade do Setor

Elétrico, que estabeleceu a contabilidade regulatória para o setor, apresenta algumas

divergências no tratamento contábil, quando comparado com as Normas Internacionais,

especialmente a ICPC 01(ver seção 2.4).

Considerando essas divergências, a problemática da pesquisa e o objetivo,

cinco hipóteses foram levantadas:

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66

H1: Os grupos de contas contábeis do Balanço Patrimonial possuem comportamento

diferente nas contabilidades regulatória e societária.

H2: Os grupos de contas contábeis da Demonstração de Resultado possuem

comportamento diferente nas contabilidades regulatória e societária.

H3: Os indicadores da estrutura de capital possuem comportamento diferente nas

contabilidades regulatória e societária.

H4: O indicador da Liquidez Corrente possui comportamento diferente nas

contabilidades regulatória e societária.

H5: Os indicadores de rentabilidade possuem comportamento diferente nas

contabilidades regulatória e societária.

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67

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo, são apresentados e analisados os resultados obtidos pelos

grupos de contas contábeis das demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e

Demonstração de Resultado) e indicadores econômico-financeiros, elaborados conforme

as contabilidades Regulatória e Societária, com o objetivo de responder à questão de

pesquisa.

4.1 Grupos de Contas Contábeis do Balanço Patrimonial

Os Gráficos 1 a 10 representam os resultados das análises dos grupos de

contas contábeis do Balanço Patrimonial: Ativo Total, Ativo Circulante, Ativo Não

Circulante, Investimentos, Imobilizado, Intangível, Passivo Total, Passivo Circulante,

Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido. As Tabelas 1 a 10 expressam as

comparações das médias e dos desvios-padrão das contas acima citadas apresentando a

significância das diferenças encontradas, calculada a partir de teste estatístico de

Wilcoxon (significativo: p-valor < 0,05).

O Gráfico 1 representa a Média do grupo de contas Ativo Total e o ano de

avaliação das contabilidades. Através desse, verifica-se que o comportamento dos

valores (em milhares de reais) das Médias deste grupo de contas nos três anos foi maior

quando da aplicação da contabilidade regulatória (R$ 3.107,07; R$ 3.362,50 e R$

3.759,18, respectivamente) em comparação com a societária (R$ 2.970,84; R$ 3.224,59

e R$ 3.467,98, respectivamente).

Gráfico 1 - Médias do grupo de contas Ativo Total no período

3.107,07 3.362,50

3.759,18

2.970,84 3.224,59 3.467,98

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

2009 2010 2011

AT

IVO

TO

TA

L

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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68

A Tabela 1 apresenta a comparação do agrupamento no período das Médias

e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo Total.

Tabela 1 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo Total

no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

ATIVO TOTAL

Média

Regulatória 3.409.583

<0,001

(Sig.)

Societária 3.221.141

Variação (%) - 6%

Desvio-Padrão

Regulatória 3.052.279

Societária 2.871.681

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

Observa-se que o teste de Wilcoxon evidenciou significância (p-valor <

0,001) nas diferenças das médias, indicando que o comportamento do grupo de contas

Ativo Total, nas contabilidades regulatória e societária, é diferente. Essa diferença

determinou uma variação, nesse grupo de contas, de - 6% na Média entre as

contabilidades.

Conforme revisão na literatura (seção 2.4), os recursos são reconhecidos

como Ativos, nas demonstrações financeiras, somente quando são mensuráveis,

relevantes e precisos. A diferença do Ativo Total Regulatório e Societário é decorrente

da aplicação das seguintes normas: Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação

de Relatório Contábil-Financeiro - CPC 00 (R1) e Interpretação Técnica ICPC 01 (R1)

– Contratos de Concessão.

Essa diferença, estatisticamente encontrada, mostra que as normas

orientadoras das contabilidades têm o reconhecimento diferente de alguns grupos e

subgrupos de contas (Ativo financeiro da concessão, Ativo Regulatório, Imobilizado e

Intangível). Na essência, o conceito de Ativo é o mesmo, porém, para alguns grupos

e/ou subgrupos de contas, o reconhecimento é diferente, a depender da norma contábil a

ser utilizada.

A depender da contabilidade (norma) utilizada, o grupo de contas ativo total

será geralmente afetado, aumentando ou diminuindo seus valores e/ou variações,

quando comparado.

No que diz respeito à comparação entre normas de contabilidades, o

presente estudo mostra que, utilizando-se diferentes normas, pode-se obter distintos

resultados de análises para a mesma empresa.

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69

Esse resultado confirma a tese de Pereira (2011), cujo estudo concluiu que a

conciliação entre as bases regulatória e societária evidenciou divergências na avaliação

dos ativos.

O Gráfico 2 apresenta as Médias do grupo de contas Ativo Circulante no

triênio. Nesse período, os valores das Médias desse grupo (em milhares de reais) foram

maiores, se aplicada a contabilidade regulatória (R$ 963,36; R$ 967,25 e R$ 1.076,78,

respectivamente contra os valores R$ 824,12; R$ 889,58 e R$ 987,79, respectivamente,

encontrados pela contabilidade societária).

Gráfico 2 - Médias do grupo de contas Ativo Circulante no período

A Tabela 2 apresenta a comparação do agrupamento, no período, das

Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo Circulante.

Tabela 2 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo

Circulante no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

ATIVO

CIRCULANTE

Média

Regulatória 1.002.460

<0,001

(Sig.)

Societária 900.496

Variação (%) - 10%

Desvio-Padrão

Regulatória 964.241

Societária 847.750

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

Quanto ao Ativo Circulante, verifica-se que, em média, ele é maior na

contabilidade regulatória, em relação à societária (R$ 1.002.460 e R$ 900.496,

respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-valor <

0,001). A variação da Média, desse grupo de contas, foi de – 10%.

Essa diferença no comportamento, nesse grupo de contas, se deve ao fato

do reconhecimento dos Ativos Regulatórios pela contabilidade regulatória e do Ativo

963,36 967,25 1.076,78

824,12 889,58 987,79 0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

2009 2010 2011

AT

IVO

CIR

CU

LA

NT

E

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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70

financeiro de concessão pela societária. Enquanto este é reconhecido apenas pelas IFRS,

aquele o é apenas pelas normas de contabilidade regulatória no setor elétrico.

De acordo com os conceitos apresentados no referencial teórico (seções 2.4

e 2.5), não existe nenhum benefício futuro para a contabilidade regulatória, mas sim,

ativos e passivos regulatórios, a serem registrados para recomposição do equilíbrio

econômico e financeiro do contrato de concessão.

A compreensão do comportamento desse grupo de contas é essencial para o

entendimento das operações das empresas distribuidoras de energia elétrica. É através

desse entendimento que se obtém o conhecimento da qualidade dos lucros e fluxo de

caixa (fonte e direção).

O Gráfico 3 expõe as Médias do grupo de contas Ativo Não Circulante no

período. Na contabilidade regulatória, os valores das Médias (em milhares de reais) em

cada ano são R$ 2.143,71; R$ 2.395,25 e R$ 2.682,41 e, na societária, R$ 2.146,72; R$

2.335,01 e R$ 2.480,20, respectivamente. Observa-se que a diferença das Médias, desse

grupo de contas, com a aplicação da contabilidade regulatório em comparação com a

societária, é pequena, sendo ligeiramente maior na regulatória.

Gráfico 3 - Médias do grupo de contas Ativo Não Circulante no período

A Tabela 3 traz a comparação do agrupamento no período das Médias e dos

Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo Não Circulante.

2.143,71 2.395,25

2.682,41

2.146,72 2.335,01 2.480,20

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

2009 2010 2011 AT

IVO

O C

IRC

UL

AN

TE

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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Tabela 3 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Ativo Não

Circulante no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

ATIVO

NÃO CIRCULANTE

Média

Regulatória 2.407.123

0,004

(Sig.)

Societária 2.320.644

Variação (%) - 4%

Desvio-Padrão

Regulatória 2.130.245

Societária 2.058.717

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05 as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

Em relação ao grupo de contas Ativo Não Circulante, verifica-se que, em

média, ele é maior na contabilidade regulatória do que na societária (R$ 2.407.123 e R$

2.320.644, respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-

valor < 0,004). A variação da Média desse grupo de contas foi de –4%.

No que se refere a essas diferenças estatísticas, encontradas nesse grupo de

contas, aplica-se o mesmo entendimento mencionado nos grupos supracitados. Apenas

com uma ressalva: nesse grupo de contas, os Ativos têm os direitos realizáveis após o

término do exercício seguinte. Esse grupo de contas tem, em sua composição, os

seguintes grupos: Ativo Realizável a Longo Prazo; Investimentos; Imobilizado e

Intangível.

O Gráfico 4 exibe as Médias do grupo de contas Investimentos no período.

Quando aplicada a contabilidade regulatória, estas Médias foram menores em relação às

da contabilidade societária, embora com uma diferença pequena. Os valores (em

milhares de reais) das Médias desse grupo foram respectivamente: societária (R$ 24,23;

R$ 4,51 e R$ 4,15) e regulatória (R$ 19,99; R$ 4,03 e R$ 3,81).

Gráfico 4 - Médias do grupo de contas Investimentos no período

A Tabela 4, a seguir apresentada, traz a comparação do agrupamento no

período das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Investimentos.

19,99 4,51 4,15

24,23

4,03 3,81 0

10

20

30

40

50

60

2009 2010 2011

INV

ES

TIM

EN

TO

S

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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Tabela 4 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis

Investimentos no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

INVESTIMENTOS

Média

Regulatória 9.996

0,317

(Não Sig.)

Societária 11.255

Variação (%) 13%

Desvio-Padrão

Regulatória 39.206

Societária 44.691

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

No tocante ao grupo de contas Investimentos, observa-se que o valor da

Média, na contabilidade regulatória, é menor do que na contabilidade societária (R$

9.996 e R$ 11.255, respectivamente), porém o p-valor do teste de Wilcoxon não foi

significativo (p-valor = 0,317), indicando que a distribuição do valor do grupo de contas

Investimentos é similar, mesmo usando normas distintas. A variação da Média desse

grupo de contas foi de 13%.

Esse grupo de contas, independentemente da contabilidade utilizada, não

sofrerá efeitos das contabilidades (normas), pois as práticas contábeis regulatórias no

Brasil não são conflitantes com as societárias, conforme estabelecem as suas normas.

No Gráfico 5, são expressas as Médias do grupo de contas Imobilizado no

período,verificando-se que o comportamento dos valores (em milhares de reais) das

Médias, desse grupo de contas, nos três anos, foi expressivamente maior na aplicação da

contabilidade regulatória (R$ 1.375,32; R$ 1.597,68 e R$ 1.877,11, respectivamente),

em comparação com a societária (R$ 14,36; R$ 8,93 e R$ 8,28, respectivamente).

Gráfico 5 - Médias do grupo de contas Imobilizado no período

A Tabela 5 apresenta a comparação do agrupamento, no período, das

Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Imobilizado.

1.375,32

1.597,68

1.877,11

14,36 8,93 8,28

0 200 400 600 800

1000 1200 1400 1600 1800 2000

2009 2010 2011

IMO

BIL

IZA

DO

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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73

Tabela 5 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Imobilizado

no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

IMOBILIZADO

Média

Regulatória 1.616.704

<0,001

(Sig.)

Societária 10.523

Variação (%) - 99%

Desvio-Padrão

Regulatória 1.614.267

Societária 23.116

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

No grupo de contas Imobilizado, verifica-se que, em média, ele é maior na

contabilidade regulatória em relação à contabilidade societária (R$ 1.616.704 e R$

10.523, respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-

valor < 0,001). A variação da Média e do Desvio-Padrão, desse grupo de contas, foi

respectivamente de – 99% e – 99%.

A diferença do Ativo Imobilizado Societário e Regulatório é decorrente da

aplicação da Interpretação Técnica ICPC 01 (R1) – Contratos de Concessão. Conforme

revisão na literatura (seção 2.4), essa Interpretação estabelece os princípios gerais sobre

o reconhecimento e a mensuração das obrigações e os respectivos direitos dos contratos

de concessão. Segundo a ANEEL, essa interpretação é conflitante com as práticas

regulatórias.

Corroborando com esses achados, a pesquisa realizada por Suzart et

al.(2012) apresenta a principal diferença, na visão da ANEEL, entre os modelos

adotados pelas contabilidades societária e pela regulatória, como sendo a que diz

respeito à manutenção da infraestrutura concedida como ativo imobilizado.

Nesse grupo de contas contábeis, a contabilidade regulatória compôs o ativo

imobilizado com os seguintes grupos: ativo em serviço, ativo em curso, reintegração

acumulada e obrigações especiais. O Ativo em serviço é um elemento importante para o

cálculo da tarifa praticada pelo setor elétrico. Por isso o agente regulador (ANEEL) tem

uma atenção especial para as normas e os atributos que afetam esse grupo de contas.

As alterações encontradas para o grupo de contas Imobilizado podem ser

justificadas pelos resultados encontrados por Ferreira (2009), segundo o qual são

criados dois valores para o ativo imobilizado em serviço: um ajustado para o processo

de revisão tarifária (contabilidade regulatória) e outro para o controle contábil

(contabilidade societária). Dessa maneira, constituem-se dois ativos que diferem: ativo

imobilizado em serviço regulatório e ativo imobilizado do balanço societário.

O Gráfico 6 demonstra as Médias do grupo de contas Intangível nos três

anos. Quando aplicada a contabilidade regulatória, observa-se que essas Médias são

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74

menores, quando comparadas com a aplicação da contabilidade societária. Os valores

(em milhares de reais) foram respectivamente: pela contabilidade regulatória (R$

132,45; R$ 117,81 e R$ 116,01) e societária (R$ 1.161,91; R$ 1.207,80 e R$ 1.254,23).

Percebe-se que as Médias da regulatória são menores que a societária, com diferenças

expressivas.

Gráfico 6 - Médias do grupo de contas Intangível no período

A Tabela 6 apresenta a comparação do agrupamento, no período, das

Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Intangível.

Tabela 6 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Intangível

no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

INTANGÍVEL

Média

Regulatória 121.923

<0,001

(Sig.)

Societária 1.207.978

Variação (%) 891%

Desvio-Padrão

Regulatória 143.908

Societária 1.296.510

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

No grupo de contas Intangível, verifica-se que o valor da Média na

contabilidade regulatória é expressivamente menor do que na societária (R$ 121.923 e

R$ 1.207.978, respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon foi significativo (p-

valor <0,001). A variação da Média desse grupo de contas foi de 891%.

A diferença entre as contabilidades regulatória e societária do grupo de

contas Intangível é decorrente, também, da norma societária, que trata dos Contratos de

Concessão.

Baseando-se na revisão da literatura, a significância dessa diferença e o não

reconhecimento dessa norma societária pela contabilidade regulatória, deve-se ao fato

132,45 117,81 116,01

1.161,91 1.207,80 1.254,23

0 200 400 600 800

1000 1200 1400 1600 1800 2000

2009 2010 2011

INT

AN

GÍV

EL

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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75

de a contabilidade regulatória não considerar que a infraestrutura das concessionárias de

distribuição seja segregada e movimentada, desde a data de sua construção, cumprindo

as determinações existentes nas normas societárias.

As alterações encontradas nesse grupo de contas estão em consonância com

os resultados do estudo de Pereira (2011), cujos resultados obtidos demonstram que a

aplicação da norma societária que trata sobre Ativo Intangível pode indicar um aumento

dos custos dos serviços, devido à inclusão das despesas de amortização, e do

reconhecimento dos valores do intangível, para fins de remuneração do investimento da

empresa.

O Gráfico 7 representa a Média do grupo de contas do Passivo Total

conforme o ano de avaliação. Através desse gráfico, verifica-se que o comportamento

dos valores (em milhares de reais) das Médias, desse grupo de contas, nos três anos, foi

maior na aplicação da contabilidade regulatória (R$ 2.081,92; R$ 2.201,22 e R$

2.523,80, respectivamente) do que na da societária (R$ 1.927,83; R$ 2.110,46 e R$

2.304,74, respectivamente).

Gráfico 7 - Médias do grupo de contas Passivo Total no período

A Tabela 7 apresenta a comparação do agrupamento no período das Médias

e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Passivo Total.

Tabela 7 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Passivo

Total no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

PASSIVO TOTAL

Média

Regulatória 2.247.982

<0,001

(Sig.)

Societária 2.114.345

Variação (%) - 6%

Desvio-Padrão

Regulatória 2.177.889

Societária 2.027.323

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

2.018,92 2.201,22 2.523,80

1.927,83 2.110,46 2.304,74

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

2009 2010 2011

PA

SS

IVO

TO

TA

L

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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76

Em relação ao grupo de contas Passivo Total, verifica-se que, em média,

ele é maior na contabilidade regulatória do que na societária (R$ 2.247.982 e R$

2.114.345, respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-

valor < 0,001). A variação da Média deste grupo de contas foi de – 6%.

Observa-se, nessa diferença estatística, que as normas orientadoras das

contabilidades têm o reconhecimento diferente de alguns subgrupos de contas. A

diferença do Passivo Total Regulatório e Societário é decorrente da aplicação da seguinte

norma: Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-

Financeiro - CPC 00 (R1).

As distribuidoras de energia elétrica possuem alguns passivos (Passivos

Regulatórios: Descontos TUSD e Irrigação, Sobrecontratação, Subvenção baixa renda –

ganhos, Neutralidade dos encargos setoriais, encargos incidentes sobre reavaliação de

elementos do Ativo, entre outros passivos) reconhecidos para fins regulatórios, que não

estão registrados nas demonstrações financeiras societárias, por não atenderem à definição

de passivo previsto na estrutura conceitual.

Para que um passivo apareça em uma demonstração de posição financeira, é

necessário que seja reconhecido e mensurado. O reconhecimento obedece às regras usuais

das normas societárias. A partir da revisão da literatura, essas regras dizem que uma

obrigação deve ser reconhecida como passivo, quando satisfaz quatro critérios gerais:

corresponde à definição de passivo, é mensurável, é relevante e é precisa.

O Gráfico 8 exibe as Médias do grupo de contas Passivo Circulante no

período. Os valores (em milhares de reais) das Médias, desse grupo de contas, nos três

anos, foram maiores através da aplicação da contabilidade regulatória (R$ 959,17; R$

916,23 e R$ 1.037,08, respectivamente) em relação à societária (R$ 866,64; R$ 839,90

e R$ 887,11, respectivamente).

Gráfico 8 - Médias do grupo de contas Passivo Circulante no período

959,17 916,23 1.037,08

866,64 839,90 887,11 0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

2009 2010 2011

PA

SS

IVO

CIR

CU

LA

NT

E

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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77

A Tabela 8 apresenta a comparação do agrupamento, no período, das

Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Passivo Circulante.

Tabela 8 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Passivo

Circulante no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

PASSIVO

CIRCULANTE

Média

Regulatória 970.828

<0,001

(Sig.)

Societária 864.550

Variação (%) - 11%

Desvio-Padrão

Regulatória 919.517

Societária 776.784

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

No grupo de contas Passivo Circulante, o valor da Média, na contabilidade

regulatória, é maior do que na contabilidade societária (R$ 970.828 e R$ 864.550,

respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon foi significativo (p-valor <0,001). A

variação da Média desse grupo de contas foi de -11%.

Essa diferença, estatisticamente observada nesse grupo de contas, deve-se,

além da aplicação da norma, ao reconhecimento dos Passivos regulatórios e aos ajustes

dos tributos e contribuições sociais. Conforme revisão da literatura, os Passivos

regulatórios referem-se aos valores exigíveis em decorrência do contrato de concessão.

Esse contrato tem como objetivo, dentre outros, assegurar o equilíbrio econômico-

financeiro da concessão e apresentar a realização dos componentes tarifários e da

efetiva remuneração, com obediência aos princípios de contabilidade.

O Gráfico 9 demonstra as Médias do grupo de contas Passivo Não

Circulante, no período. Em 2009, a Média foi menor, quando aplicada a contabilidade

regulatória em relação à societária. Nos anos seguintes, 2010 e 2011, os valores foram

maiores na contabilidade regulatória. Os valores (em milhares de reais) das Médias

desse grupo foram respectivamente: societária (R$ 1.059,75; R$ 1.284,99 e R$

1.486,72) e regulatória (R$ 1.061,19; R$ 1.270,56 e R$ 1.417,64). Percebe-se que,

apesar das Médias da regulatória serem maiores que a societária em dois anos, as

diferenças são pequenas nos três anos.

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78

Gráfico 9 - Médias do grupo de contas Passivo Não Circulante no período

A Tabela 9 apresenta a comparação do agrupamento no período das Médias

e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Passivo Não Circulante.

Tabela 9 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Passivo Não

Circulante no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

PASSIVO

NÃO

CIRCULANTE

Média

Regulatória 1.277.154

0,002

(Sig.)

Societária 1.249.795

Variação (%) - 2%

Desvio-Padrão

Regulatória 1.300.518

Societária 1.306.524

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

No grupo de contas Passivo Não Circulante, observa-se que o valor da

Média, na contabilidade regulatória, é maior do que na contabilidade societária (R$

1.277.154 e R$ 1.249.795, respectivamente), e o teste de Wilcoxon com p-valor =

0,002, indica uma diferença significativa. A variação da Média desse grupo de contas

foi de -2%.

Nessa diferença estatisticamente observada, aplica-se a mesma justificativa

apresentada para o grupo de contas Passivo Circulante.

O Gráfico 10 representa as Médias do grupo de contas Patrimônio Líquido

no período. Verifica-se que o comportamento dos valores (em milhares de reais) das

Médias desse grupo de contas, nos três anos, foi maior na aplicação da contabilidade

regulatória (Regulatória: R$ 1.088,14; R$ 1.161,27 e R$ 1.235,38, respectivamente;

Societária: R$ 1.067,83; R$ 1.114,13 e R$ 1.163,24, respectivamente). A diferença foi

pequena.

1.059,75

1.284,99 1.486,72 1.061,19

1.270,56 1.417,64

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

2009 2010 2011

PA

SS

IVO

O C

IRC

UL

AN

TE

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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79

Gráfico 10 - Médias do grupo de contas Patrimônio Líquido no período

A Tabela 10 apresenta a comparação do agrupamento no período das

Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Patrimônio Líquido.

Tabela 10 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis

Patrimônio Líquido no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

PATRIMÔNIO

LÍQUIDO

Média

Regulatória 1.161.601

0,080

(Não Sig.)

Societária 1.115.070

Variação (%) - 4%

Desvio-Padrão

Regulatória 1.005.715

Societária 1.022.454

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

Quanto ao grupo de contas Patrimônio Líquido, verifica-se que, em média,

ele é maior na contabilidade regulatória (Regulatória e Societária: R$ 1.161.601 e R$

1.115.070, respectivamente). O teste de comparação de distribuição não foi significativo

(p-valor < 0,080) indicando que não há diferenças significativas no comportamento

desse grupo de contas, utilizando-se a contabilidade regulatória ou societária. A

variação da Média desse grupo de contas foi de – 4%.

Apesar de não haver diferenças estatísticas, esse grupo de contas sofre

efeitos na conciliação entre as contabilidades (regulatória e societária) dos ativos e

passivos regulatórios, ajuste de provisão de contingências e tributários.

Corroborando esse resultado, o estudo de Suzart et al. (2012) revelou que,

em média, o Patrimônio Líquido regulatório e o societário são estatisticamente iguais.

Compilaram-se, no quadro a seguir, as diferenças das médias das

contabilidades regulatória e societária nos grupos de contas contábeis do Balanço

Patrimonial, que provocaram ou não mudanças significativas.

1.088,14 1.161,27 1.235,38

1.067,83 1.114,13 1.163,24

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

2009 2010 2011

PA

TR

IMÔ

NIO

LÍQ

UID

O

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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80

Quadro 12 - Resumo das diferenças das médias das contabilidades nos grupos de contas contábeis

do Balanço Patrimonial

Grupos de contas Diferenças das Médias (%)

Regulatória/Societária p-valor¹

ATIVO TOTAL - 6% <0,001

(Sig.)

ATIVO CIRCULANTE - 10% <0,001

(Sig.)

ATIVO NÃO CIRCULANTE - 4% 0,004

(Sig.)

INVESTIMENTOS 13% 0,317

(Não Sig.)

IMOBILIZADO - 99% <0,001

(Sig.)

INTANGÍVEL 891% <0,001

(Sig.)

PASSIVO TOTAL - 6% <0,001

(Sig.)

PASSIVO CIRCULANTE - 11% <0,001

(Sig.)

PASSIVO NÃO CIRCULANTE - 2% 0,002

(Sig.)

PATRIMÔNIO LÍQUIDO - 4% 0,080

(Não Sig.)

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as médias da contabilidade regulatória diferem

das médias da contabilidade societária).

Na revisão da literatura (seção 2.4), foram encontradas algumas

divergências, nas características do tratamento contábil dos grupos de contas contábeis

patrimoniais e de resultados, utilizando-se as contabilidades regulatória e societária.

Essas diferenças são confirmadas estatisticamente por esta pesquisa.

O Quadro 12 demonstra a existência de diferenças das médias entre as

contabilidades regulatórias e societárias, em todos os grupos de contas contábeis do

Balanço Patrimonial das distribuidoras, no período de 2009 a 2011, de maneira

significativa, com exceção dos grupos Investimentos e Patrimônio Líquido. No

primeiro grupo, as práticas contábeis regulatórias não são conflitantes com as

societárias, pois o tratamento contábil utilizado é o mesmo em ambas as contabilidades.

No segundo grupo, apesar de serem significativamente indiferentes, ocorrem alguns

efeitos, nesse grupo de contas, das práticas contábeis regulatórias, por exemplo: no

subgrupo lucro (prejuízo) acumulado que compõe esse grupo, o lucro acumulado

regulatório reconhece efeitos dos ajustes entre contabilidades regulatória e societária

(contrato de concessão), dos tributos e da depreciação (reavaliação regulatória

compulsória), porém essa diferença não foi constatada nesta pesquisa.

Nos grupos de contas que apresentaram diferenças estatisticamente

significativas, as práticas contábeis regulatórias são conflitantes com as societárias. Nos

grupos dos Ativos e Passivos (Total, Circulante e Não Circulante), essa diferença deve-

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81

se ao fato do reconhecimento dos Ativos e Passivos Regulatórios, pela contabilidade

regulatória. São os ativos e passivos relacionados aos custos não gerenciais (Parcela A)

das distribuidoras. As principais características desses grupos são valores tarifários não

gerenciais a compensar da Parcela A – CVA, Energia Elétrica excedente

(sobrecontratação), Subvenção a baixa renda (ganhos), Neutralidade dos encargos

sociais e outros componentes financeiros.

As diferenças significativas, nos grupos de contas Imobilizado e Intangíveis,

utilizando as duas contabilidades, foram as que obtiveram as maiores distorções nas

diferenças das médias: -99% e 891%, respectivamente. Isso implica que os valores das

médias das contas do imobilizado, na contabilidade regulatória, são menores em relação

à contabilidade societária. No caso dos grupos de contas dos intangíveis, ocorreu o

inverso. Essas divergências devem-se ao fato de os contratos de concessão, na

contabilidade societária, terem o ativo imobilizado como bifurcado: em ativo intangível

e financeiro. Já na contabilidade regulatória, é apenas reconhecido como ativo

imobilizado. Esse ativo compõe a base de remuneração das concessionárias de

distribuição de energia elétrica.

Dessa maneira, infere-se que a hipótese alternativa um (H1) foi aceita (ver

seção 3.5) pela maioria dos grupos de contas contábeis do balanço patrimonial, exceto o

grupo de contas Investimentos e Patrimônio Líquido.

Essas informações podem auxiliar na decisão de alguns usuários da

informação contábil, entre eles, a do poder concedente, no momento da renovação do

contrato de concessão e, também, na revisão tarifaria do setor elétrico brasileiro. Além

disso, podem influenciar na composição dos indicadores econômico-financeiros desse

setor.

4.2 Grupos de Contas Contábeis da Demonstração do Resultado

Os Gráficos 11 a 15 representam os resultados das análises dos grupos de

contas contábeis da Demonstração do Resultado: Receita Operacional Líquida,

Resultado Antes dos Custos Gerenciáveis, Resultado da Atividade da Concessão, Lucro

Antes do Imposto de Renda e Contribuição Social (LAIRCS) e Lucro Líquido. As

Tabelas 11 a 15 expressam as comparações das médias e dos desvios-padrão das contas

e a significância das diferenças encontradas, calculada a partir de teste estatístico de

Wilcoxon.

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82

O Gráfico 11 demonstra as Médias do grupo de contas Receita

Operacional Líquida, nos três anos. Essas Médias foram menores, quando aplicada a

contabilidade regulatória em comparação com a societária. Os valores (em milhares de

reais) das Médias desse grupo foram, respectivamente, na regulatória R$ 2.210,50; R$

2.383,83; R$ 2.449,33 e na societária R$ 2.424,59; R$ 2.655,53 e R$ 2.827,07.

Percebe-se que, apesar das Médias da regulatória serem menores que as da societária, as

diferenças não foram expressivas.

Gráfico 11 - Médias do grupo de contas Receita Operacional Líquida no período

A Tabela 11 apresenta a comparação do agrupamento no período das

Médias e dos Desvios-Padrão, do grupo de contas contábeis Receita Operacional

Líquida.

Tabela 11 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Receita

Operacional Líquida no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

RECEITA

OPERACIONAL

LÍQUIDA

Média

Regulatória 2.347.886

<0,001

(Sig.)

Societária 2.635.733

Variação (%) 12%

Desvio-Padrão

Regulatória 2.166.198

Societária 2.459.887

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

No grupo de contas Receita Operacional Líquida, verifica-se que o valor da

Média, na contabilidade regulatória, é menor do que na contabilidade societária (R$

2.347.886 e R$ 2.635.733, respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon foi

significativo (p-valor <0,001). A variação da Média desse grupo de contas foi de 12%.

A diferença estatisticamente comprovada deve-se ao fato do não reconhecimento

pela contabilidade regulatória da receita de construção (refere-se ao direito de receber os

2.210,50 2.383,83 2.449,33

2.424,59 2.655,53 2.827,07

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

2009 2010 2011

RE

CE

ITA

OP

ER

AC

ION

AL

LÍQ

UID

A

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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83

recursos investidos na permissão, via tarifa ou indenização ao término do contrato de

concessão). Essa receita é reconhecida apenas na contabilidade societária.

Ao encontro dessa comprovação estatística encontra-se a pesquisa de Pereira

(2011), que evidenciou divergências na avaliação de receitas, no momento da

conciliação entre a base regulatória e societária.

O Gráfico 12 apresenta as Médias do grupo de contas Resultado antes dos

Custos Gerenciáveis no triênio. Nesse período, os valores das Médias desse grupo de

contas (em milhares de reais) foram menores se aplicada a contabilidade regulatória

(Regulatória: R$ 847,10; R$ 920,74 e R$ 996,50, respectivamente; Societária: R$

1.103,39; R$ 1.149,90 e R$ 1.254,12, respectivamente).

Gráfico 12 - Médias do grupo de contas Resultado antes dos Custos Gerenciais no período

A Tabela 12 apresenta a comparação do agrupamento no período das

Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Resultado antes dos

Custos Gerenciáveis.

Tabela 12 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Resultado

antes dos Custos Gerenciáveis no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

RESULTADO

ANTES DOS

CUSTOS

GERENCIÁVEIS

Média

Regulatória 921.445

<0,001

(Sig.)

Societária 1.169.137

Variação (%) 27%

Desvio-Padrão

Regulatória 867.218

Societária 1.166.599

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

No grupo de contas Resultado antes dos Custos Gerenciáveis, verifica-se

que o valor da Média, na contabilidade regulatória, é menor do que na contabilidade

societária (R$ 921.445 e R$ 1.169.137, respectivamente). O p-valor do teste de

847,10 920,74 996,50

1.103,39 1.149,90 1.254,12

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

2009 2010 2011

RE

SU

LT

AD

O A

NT

ES

DO

S

CU

ST

OS

GE

RE

NC

IÁV

EIS

Mil

ha

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is

ANO

Regulatória Societária

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Wilcoxon foi significativo (p-valor <0,001), indicando diferença relevante. A variação

da Média desse grupo de contas foi respectivamente de 27%.

A variação, no comportamento desse grupo de contas, foi ocasionada pelos

custos não gerenciáveis (Parcela A), reconhecidos por ambas as contabilidades. Estão

inclusos nesses custos a energia comprada para revenda, encargos do uso do sistema de

transmissão/distribuição, entre outros custos vinculados ao processo de distribuição de

energia elétrica.

No Gráfico 13, estão demonstradas as Médias do grupo de contas

Resultado da Atividade da Concessão no período. Observa-se que os valores (em

milhares de reais) das Médias desse grupo de contas, nos três anos, foram menores na

aplicação da contabilidade regulatória (R$ 370,81; R$ 369,73 e R$ 359,81,

respectivamente) em relação à societária (R$ 469,84; R$ 409,72 e R$ 439,98,

respectivamente).

Gráfico 13 - Médias do grupo de contas Resultado da Atividade de Concessão no período

A Tabela 13 apresenta a comparação do agrupamento no período das Médias e

dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Resultado da Atividade da

Concessão.

Tabela 13 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis Resultado

da Atividade da Concessão no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

RESULTADO DA

ATIVIDADE DA

CONCESSÃO

Média

Regulatória 366.783

<0,001

(Sig.)

Societária 439.847

Variação (%) 20%

Desvio-Padrão

Regulatória 412.054

Societária 471.417

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

370,81 369,73 359,81

469,84 409,72 439,98

0

100

200

300

400

500

600

2009 2010 2011

RE

SU

LT

AD

O D

A A

TIV

IDA

DE

DA

CO

NC

ES

O

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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85

Observa-se que o teste de Wilcoxon foi significativo (p-valor < 0,001) nesse

caso, indicando que o comportamento do grupo de contas Resultado da Atividade de

Concessão, nas contabilidades regulatória e societária, é diferente. A diferença entre as

Médias variou em 20%.

A diferença significativa encontrada nesse grupo de contas foi devido à

influência dos custos não gerenciáveis e custos gerenciáveis, reconhecidos pelas

contabilidades. O primeiro já fora apresentado no grupo de contas anterior. O segundo

refere–se ao custo de construção, depreciação, amortização, despesas de atividades não

vinculadas, entre outros.

O Gráfico 14 apresenta as Médias do grupo de contas Lucro antes do

Imposto de Renda e Contribuição Social (LAIRCS), no triênio. Nesse período, os

valores das Médias desse grupo de contas (em milhares de reais) foram menores na

aplicação da contabilidade regulatória (R$ 366,14; R$ 323,05 e R$ 286,60,

respectivamente) do que na da societária (R$ 476,91; R$ 397,94 e R$ 412,19,

respectivamente).

Gráfico 14 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta

contábeis Lucro antes do Imposto de Renda e Contribuição Social no período -

LAIRCS (em milhares de reais)

A Tabela 14 apresenta a comparação do agrupamento, no período, das Médias e

dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Lucro antes do Imposto de Renda e

Contribuição Social.

366,14 323,05

286,60

476,91

397,94 412,19

0

100

200

300

400

500

600

2009 2010 2011

LA

IRC

S

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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86

Tabela 14 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de conta contábeis Lucro antes

do Imposto de Renda e Contribuição Social no período - LAIRCS no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

LAIRCS

Média

Regulatória 325.264

<0,001

(Sig.)

Societária 429.014

Variação (%) 32%

Desvio-Padrão

Regulatória 440.169

Societária 507.230

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

Em relação ao grupo de contas LAIRCS, verifica-se que, em média, ele é

maior na contabilidade regulatória do que na societária (R$ 325.264 e R$ 429.014,

respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-valor <

0,001). A variação da Média desse grupo de contas foi de 32%.

Essa significância é demonstrada pela influência do desencadeamento dos

grupos de contas de resultados supracitados e do efeito do resultado extraconcessão

(receita financeira, despesa financeira, resultado de equivalência patrimonial e resultado

não operacional).

O Gráfico 15 apresenta as Médias do grupo de contas Lucro Líquido no

triênio. Nesse período, os valores das Médias desse grupo de contas (em milhares de

reais) foram menores na aplicação da contabilidade regulatória (R$ 303,80; R$ 255,79 e

R$ 222,32, respectivamente) do que na da societária (R$ 375,50; R$ 296,38 e R$

300,71, respectivamente).

Gráfico 15 - Médias do indicador de Lucro Líquido no período

A Tabela 15 apresenta a comparação do agrupamento no período das

Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Lucro Líquido.

303,80 255,79

222,32

375,50

296,38 300,71

0

100

200

300

400

500

600

2009 2010 2011

LU

CR

O

LÍQ

UID

O

Mil

ha

res

de

rea

is

ANO

Regulatória Societária

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87

Tabela 15 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do grupo de contas contábeis Lucro

Líquido no período (em milhares de reais)

Grupo de

Contas Contábeis p-valor¹

LUCRO

LÍQUIDO

Média

Regulatória 260.638

<0,001

(Sig.)

Societária 324.199

Variação (%) 24%

Desvio-Padrão

Regulatória 346.181

Societária 382.197

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

Em relação ao grupo de contas Lucro Líquido, verifica-se que, em média,

ele é menor na contabilidade regulatória do que na societária (R$ 260.638 e R$ 324.199,

respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-valor <

0,001), demonstrando diferença significativa. A variação da Média desse grupo de

contas foi de 24%.

A distribuição apresenta diferença significativa devido à influência da

necessidade dos ajustes entre as contabilidades os quais são demonstrados pelas

variações do imposto de renda e da contribuição social.

Com relação ao fato de essas diferenças estarem concentradas no Lucro

Líquido, confirma-se o analisado no estudo de Suzart et al. (2012). Esses autores

observaram que, em média, o lucro líquido regulatório foi inferior ao societário.

Resumiram-se, no quadro a seguir, as diferenças das médias das

contabilidades regulatória e societária, nos grupos de contas contábeis Demonstração do

Resultado, que provocaram ou não mudanças significativas.

Quadro 13 - Resumo das diferenças das médias das contabilidades nos grupos de contas contábeis

da Demonstração do Resultado

Grupos de contas Diferenças das Médias (%)

Regulatória/Societária p-valor¹

RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 12% <0,001

(Sig.)

RESULTADO ANTES DOS CUSTOS

GERENCIÁVEIS 27%

<0,001

(Sig.)

RESULTADO DA ATIVIDADE DA

CONCESSÃO 20%

<0,001

(Sig.)

LAIRCS 32% <0,001

(Sig.)

LUCRO LÍQUIDO 24% <0,001

(Sig.)

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as médias da contabilidade regulatória diferem das

médias da contabilidade societária).

Conforme revisão da literatura (seção 2.4), foram obtidas algumas

divergências nas características do tratamento contábil dos grupos de contas contábeis

da demonstração do resultado, utilizando as contabilidades regulatória e societária.

Essas diferenças são confirmadas estatisticamente por esta pesquisa.

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88

Observando o Quadro 13, percebe-se que todos os grupos de contas da

demonstração do resultado, utilizados nesta pesquisa, sofreram grandes alterações nas

diferenças das médias entre as contabilidades. Isso implica que os valores das médias

das contas contábeis, na contabilidade regulatória, são maiores em relação aos das

médias obtidas na contabilidade societária, em todos os grupos.

No grupo de contas Receita Operacional Líquida, as diferenças das médias

(12%) devem-se, principalmente, ao tratamento contábil da receita de construção

(referente ao direito de receber caixa pelo poder concedente e/ou pelos consumidores),

pois, na contabilidade regulatória, não se reconhece essa receita.

No grupo de contas Resultado antes dos Custos Gerenciáveis, as diferenças

das médias (27%) devem-se ao não reconhecimento, na contabilidade regulatória, do

custo de construção (custos não gerenciáveis – Parcela A).

No grupo de contas Resultado da Atividade da Concessão, as diferenças das

médias (20%) devem-se ao reconhecimento da depreciação e da amortização. Ambas

estão vinculadas aos grupos de contas dos Ativos Imobilizado e Intangíveis,

respectivamente.

No grupo de contas LAIRCS, as diferenças nas médias (32%) das

contabilidades devem-se pelo não reconhecimento da receita financeira, por parte da

contabilidade regulatória. Essa receita foi reconhecida pela societária, para apresentar o

valor residual do ativo financeiro (valor da indenização, a receber do concedente).

No grupo de contas Lucro Líquido, as diferenças das médias (24%), nas

contabilidades, foram provenientes das variações do imposto de renda e da contribuição

social.

Assim sendo, infere-se que a hipótese alternativa dois (H2) foi aceita (ver

seção 3.5), por todos os grupos de contas contábeis da Demonstração do Resultado.

Essas informações comprovadas estatisticamente, nesta pesquisa, podem

contribuir para uma avaliação periódica, pelos usuários internos e/ou externos, dos

resultados das distribuidoras do setor elétrico brasileiro.

4.3 Indicadores Econômico-Financeiros

Nesta seção, serão analisados os resultados referentes aos indicadores da

Estrutura de Capital, da Liquidez Corrente e de Rentabilidade.

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89

Indicadores da Estrutura de Capital

Os Gráficos 16 a 19 apresentam os resultados dos seguintes indicadores de

Estrutura de Capital: Endividamento, Composição do Endividamento, Imobilização do

Patrimônio Líquido e Imobilização dos Recursos Não Correntes. As Tabelas 16 a 19

mostram as médias e desvios-padrão desses indicadores e a significância das diferenças.

O Gráfico 16 representa a Média do indicador de Endividamento,

conforme o ano de avaliação. Através desse, verifica-se que a Média desse indicador,

em 2009, foi maior na aplicação da contabilidade regulatória do que na societária. Esse

comportamento foi alterado, nos anos de 2010 e 2011, em que a Média do indicador

Endividamento se apresentou menor na contabilidade regulatória do que na societária.

Gráfico 16 - Médias do indicador de Endividamento no período

A Tabela 16 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da

estatística descritiva do indicador Endividamento, calculada com base nas

demonstrações contábeis (regulatória e societária).

Tabela 16 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Endividamento no período

Indicador p-valor¹

ENDIVIDAMENTO

Média

Regulatória 1,93

0,311

(Não

Sig.)

Societária 1,99

Variação (%) 3%

Desvio-Padrão

Regulatória 1,30

Societária 1,35

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

Quanto ao indicador Endividamento, verifica-se que, em média, ele é

menor, na contabilidade regulatória, em relação à contabilidade societária (1,93 e 1,99,

respectivamente). O teste de comparação de distribuição não foi significativo (p-valor <

2,07

1,82 1,91 1,93

1,96 2,06

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

2009 2010 2011

EN

DIV

IDA

ME

NT

O

ANO

Regulatória Societária

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90

0,311), indicando que não há diferenças relevantes, no comportamento desse indicador,

na aplicação da contabilidade regulatória em relação à contabilidade societária. A

variação da Média desse indicador foi de 3%.

Os dados, obtidos na comparação entre as contabilidades, permitem inferir

uma tendência de queda no valor desse indicador, representando uma melhora nos

resultados sob a contabilidade regulatória, pois diminui a participação de capital de

terceiros em relação ao capital próprio investido.

Estatisticamente não há divergências. Isso significa que, para esse indicador,

não há diferenças na utilização das contabilidades. Portanto, conforme a literatura, as

duas grandes fontes de recursos da empresa (Capitais Próprios e Capitais de Terceiros)

relacionam-se de maneira semelhante entre as contabilidades. Por exemplo: o indicador

de endividamento da distribuidora CELPE teve uma média de 1,40, na contabilidade

regulatória, e 1,47, na societária.

No Gráfico 17, são apresentadas as Médias do indicador de Composição do

Endividamento no período. Essas Médias foram maiores, quando se aplicou a

contabilidade regulatória, comparando-se à aplicação da societária, nos três anos. Nos

seus respectivos anos, as Médias foram as seguintes nas contabilidades: regulatória

(0,50; 0,45 e 0,43) e societária (0,48; 0,44 e 0,41). Percebe-se que as diferenças são

pequenas nos três anos.

Gráfico 17 - Médias do indicador de Composição do Endividamento no período

A Tabela 17 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da

estatística descritiva do indicador Composição do Endividamento, calculado com base

nas demonstrações contábeis (regulatória e societária).

0,50 0,45 0,43

0,48 0,44

0,41

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

2009 2010 2011

CO

MP

OS

IÇÃ

O D

O

EN

DIV

IDA

ME

NT

O

ANO

Regulatória Societária

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91

Tabela 17 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Composição do

Endividamento no período

Indicador p-valor¹

COMPOSIÇÃO DO

ENDIVIDAMENTO

Média

Regulatória 0,46

<0,001

(Sig.)

Societária 0,44

Variação (%) - 4%

Desvio-Padrão

Regulatória 0,136

Societária 0,148

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

No indicador Composição do Endividamento, verifica-se que a Média

desse indicador, na contabilidade regulatória, é maior do que na contabilidade societária

(0,46 e 0,44, respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon foi significativo (p-valor

<0,001). A variação da Média desse indicador foi de - 4%.

A partir dos dados obtidos, é possível perceber uma tendência de aumento

no valor desse indicador, quando comparado com os resultados sob IFRS, refletindo

uma piora nos resultados sob a contabilidade regulatória, uma vez que representam um

aumento no percentual de dívida de curto prazo, em relação à dívida total das

distribuidoras de energia elétrica. Por exemplo: o indicador Composição do

Endividamento da distribuidora AES Eletropaulo teve uma média de 0,41, na

contabilidade regulatória, e 0,35, na societária.

O Gráfico 18 apresenta as Médias do grupo de contas Imobilização do

Patrimônio Líquido no triênio. Nesse período, os valores das Médias desse grupo

foram menores na aplicação da contabilidade regulatória (2,07; 1,99 e 2,07,

respectivamente) do que na da societária (2,11; 2,12 e 2,17, respectivamente).

Gráfico 18 - Médias do indicador de Imobilização do Patrimônio Líquido no período

A Tabela 18 apresenta a comparação do agrupamento no período da

estatística descritiva do indicador Imobilização do Patrimônio Líquido, calculado

com base nas demonstrações contábeis (regulatória e societária).

2,07 1,99 2,07

2,11 2,12 2,17

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

2009 2010 2011

IMO

BIL

IZA

ÇÃ

O D

O

PA

TR

IMÔ

NIO

LÍQ

UID

O

ANO

Regulatória Societária

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92

Tabela 18 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Imobilização do

Patrimônio Líquido no período

Indicador p-valor¹

IMOBILIZAÇÃO

DO PATRIMÔNIO

LÍQUIDO

Média

Regulatória 2,04

0,461

(Não Sig.)

Societária 2,13

Variação (%) 4%

Desvio-Padrão

Regulatória 0,86

Societária 0,97

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

Quanto ao indicador Imobilização do Patrimônio Líquido, verifica-se que,

na média, ele é menor na contabilidade regulatória em relação à societária (2,04 e 2,13,

respectivamente). O teste de comparação de distribuição não foi significativo (p-valor <

0,461), indicando que o comportamento desse indicador, na contabilidade regulatória,

não é diferente da societária. A variação da Média desse grupo de contas foi de 4%.

Através dos resultados, é possível perceber uma tendência de queda no valor

desse indicador, na comparação entre as contabilidades, refletindo uma melhora nos

resultados da regulatória, já que diminui o percentual de capital próprio investido nos

ativos imobilizados e intangíveis das empresas distribuidoras do setor elétrico. Por

exemplo, esse indicador, na distribuidora ENERGISA SE, teve uma média de 2,20, na

contabilidade regulatória, e 2,22, na societária.

O Gráfico 19 exibe as Médias do indicador Imobilização dos Recursos não

Correntes no período. Através do gráfico, verifica-se que a Média desse indicador, na

contabilidade regulatória (1,00 e 0,97, respectivamente) foi menor que na societária

(1,03 e 0,98, respectivamente), nos anos de 2009 e 2010. Tal situação foi invertida no

ano de 2011, no qual o indicador, na contabilidade regulatória, apresentou-se maior

(0,96).

Gráfico 19 - Médias do indicador de Imobilização dos Recursos Não Correntes no período

1,00 0,97

0,96 1,03 0,98

0,95

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

2009 2010 2011

IMO

BIL

IZA

ÇÃ

O D

OS

RE

CU

RS

OS

O C

OR

RE

NT

ES

ANO

Regulatória Societária

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93

A Tabela 19 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da

estatística descritiva do indicador Imobilização dos Recursos não Correntes,

calculado com base nas demonstrações contábeis (regulatória e societária).

Tabela 19 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Imobilização dos Recursos

Não Correntes no período

Indicador p-

valor¹

IMOBILIZAÇÃO

DOS RECURSOS

NÃO CORRENTES

Média

Regulatória 0,98

0,607

(Não

Sig.)

Societária 0,99

Variação (%) 1%

Desvio-Padrão

Regulatória 0,150

Societária 0,161

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

No indicador Imobilização dos Recursos não Correntes, verifica-se que a

Média é menor, na contabilidade regulatória, em relação à societária (0,98 e 0,99,

respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon não foi significativo (p-valor =

0,607), indicando que o comportamento desse indicador não é diferente nesses dois

tipos de contabilidade avaliada. A variação da Média desse indicador foi de 1%.

Os dados obtidos permitem inferir que houve uma leve tendência de

melhora nos resultados. Indica uma maior participação dos ativos não circulantes em

relação ao passivo exigível a longo prazo e ao patrimônio líquido. Observa-se,

estatisticamente, que não há variações significativas e isso indica relevância na

comparabilidade das informações pelos usuários, corroborando com o indicador

anterior. Por exemplo, esse indicador, na distribuidora Santa Maria, teve uma média de

0,90, na contabilidade regulatória, e 0,91, na societária.

Indicador da Liquidez Corrente

No Gráfico 20, são mostradas as Médias do indicador Liquidez Corrente

no período. Quando aplicada a contabilidade regulatória, essas Médias foram menores

em relação às da societária, nos três anos. Foram as seguintes nas contabilidades: na

regulatória, 1,26; 1,23 e 1,20; e na societária, 1,33; 1,29 e 1,30.

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94

Gráfico 20 - Médias do indicador de Liquidez Corrente no período

A Tabela 20 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da

estatística descritiva do indicador Liquidez Corrente, calculado com base nas

demonstrações contábeis (regulatória e societária).

Tabela 20 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Liquidez Corrente no

período

Indicador p

-valor¹

LIQUIDEZ

CORRENTE

Média

Regulatória 1,23

0,699

(Não

Sig.)

Societária 1,30

Variação (%) 6%

Desvio-Padrão

Regulatória 0,71

Societária 1,03

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

No tocante ao indicador Liquidez Corrente, observa-se que o valor da

Média na contabilidade regulatória é menor do que na contabilidade societária (1,23 e

1,30, respectivamente), porém, o p-valor do teste de Wilcoxon não foi significativo (p-

valor = 0,699) indicando que a distribuição do valor desse indicador é similar nas duas

contabilidades. A variação da Média desse grupo de contas foi 6%.

Os dados apontam que, quando utilizada a contabilidade regulatória, os

resultados indicam, para o curto prazo, uma menor participação dos ativos em relação

aos passivos. Nas variações significativas, há uma relevância na comparabilidade das

informações pelos usuários. Por exemplo, esse indicador, na distribuidora CELPE, teve

uma média de 1,22, na contabilidade regulatória, e 1,30, na societária.

1,26 1,23 1,20

1,33 1,29 1,30

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

2009 2010 2011

LIQ

UID

EZ

CO

RR

EN

TE

ANO

Regulatória Societária

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95

Indicadores de Rentabilidade

O Gráfico 21 expõe as Médias do indicador de Giro do Ativo no período.

Através dele, verifica-se que a Média desse indicador, na contabilidade regulatória

(0,68; 0,68 e 0,63, respectivamente), foi menor do que na contabilidade societária (0,76;

0,79 e 0,79, respectivamente).

Gráfico 21 - Médias do indicador de Giro do Ativo no período

A Tabela 21 apresenta a comparação do agrupamento no período da

estatística descritiva do indicador Giro do Ativo, calculado com base nas

demonstrações contábeis (regulatória e societária).

Tabela 21 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Giro do Ativo das no

período

Indicador p-valor¹

GIRO DO ATIVO

Média

Regulatória 0,66

<0,001

(Sig)

Societária 0,78

Variação (%) 17%

Desvio-Padrão

Regulatória 0,17

Societária 0,20

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

Quanto ao indicador Giro do Ativo, verifica-se que, em média, ele foi

menor, na contabilidade regulatória, do que na societária (0,66 e 0,78, respectivamente).

O teste de comparação de distribuição foi relevante (p-valor < 0,001), indicando que há

diferenças significativas no comportamento desse indicador, na aplicação da

contabilidade regulatória em relação à contabilidade societária. A variação da Média

desse indicador foi de 17%.

0,68 0,68 0,63

0,76 0,79 0,79

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

2009 2010 2011

GIR

O D

O A

TIV

O

ANO

Regulatória Societária

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96

Os dados apresentam para uma tendência de piora nos resultados, quando

calculado sob a contabilidade regulatória, já que a redução verificada no período indica

uma queda nas vendas, em relação ao investimento total nas empresas distribuidoras.

Por exemplo: esse indicador, na distribuidora CEB, teve uma média 0,62, na

contabilidade regulatória, e 0,84, na societária.

O Gráfico 22 exibe as Médias do indicador de Margem Líquida no

período. Através dele, verifica-se que a Média desse indicador, nos anos de 2009 e

2010, foi igual nas contabilidades (0,17 e 0,10, respectivamente). No ano de 2011, a

média na contabilidade regulatória foi ligeiramente menor (0,08) que na societária

(0,09).

Gráfico 22 - Médias do indicador de Margem Líquida no período

A Tabela 22 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da

estatística descritiva do indicador Margem Líquida, calculado com base nas

demonstrações contábeis (regulatória e societária).

Tabela 22 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Margem Líquida no

período

Indicador p-valor¹

MARGEM

LÍQUIDA

Média

Regulatória 0,117

0,412

(Não Sig.)

Societária 0,122

Variação (%) 4%

Desvio-Padrão

Regulatória 0,132

Societária 0,117

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

No indicador Margem Líquida, verifica-se que a Média é menor, na

contabilidade regulatória, em relação à contabilidade societária (0,117 e 0,122,

respectivamente), mas não de modo significativo, conforme comprova o p-valor do teste

de Wilcoxon: p-valor = 0,412. A variação da Média desse indicador foi de 4%.

0,17

0,10 0,08

0,17

0,10 0,09

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

2009 2010 2011

MA

RG

EM

LÍQ

UID

A

ANO

Regulatória Societária

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97

Observa-se, para esse indicador, uma similaridade na tendência entre as

médias do período, quando calculadas pelas contabilidades. Indica uma igualdade na

média do lucro, em relação ao que foi vendido pelas empresas distribuidoras. Por

exemplo: esse indicador, na distribuidora PIRATININGA, teve uma média 0,11, na

contabilidade regulatória, e 0,12, na societária.

No Gráfico 23, são demonstradas as Médias do indicador de Rentabilidade

do Ativo no período. Verifica-se que o comportamento das Médias desse indicador, nos

três anos, foi menor, na aplicação da contabilidade regulatória (0,10; 0,07 e 0,05,

respectivamente), do que da societária (0,12; 0,08 e 0,08, respectivamente).

Gráfico 23 - Médias do indicador de Rentabilidade do Ativo no período

A Tabela 23 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da

estatística descritiva do indicador Rentabilidade do Ativo, calculado com base nas

demonstrações contábeis (regulatória e societária).

Tabela 23 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Rentabilidade do Ativo no

período

Indicador p-valor¹

RENTABILIDADE

DO ATIVO

Média

Regulatória 0,076

<0,001

(Sig.)

Societária 0,095

Variação (%) 24%

Desvio-Padrão

Regulatória 0,066

Societária 0,068

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

Quanto ao indicador Rentabilidade do Ativo, verifica-se que, em média,

ele é menor, na contabilidade regulatória, em relação à societária (0,076 e 0,095,

respectivamente). O teste de comparação de distribuição foi significativo (p-valor

<0,001) indicando que o comportamento desse indicador na contabilidade regulatória é

diferente da contabilidade societária. A variação da Média desse indicador foi de 24%.

0,10 0,07

0,05

0,12 0,08 0,08

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

2009 2010 2011 RE

NT

AB

ILID

AD

E D

O A

TIV

O

ANO

Regulatória Societária

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98

Para esse indicador, infere-se uma tendência de piora nos resultados, quando

calculada a média sob a contabilidade regulatória. Indica queda no lucro, em relação ao

investimento total nas empresas distribuidoras. Por exemplo: esse indicador, na

distribuidora CEMIG, teve uma média 0,05, na contabilidade regulatória, e 0,09, na

societária.

Discordando dessa significância encontrada, a pesquisa realizada por Suzart

et al. (2012), em seus resultados, observa que as normas regulatórias alteraram os

retornos (Rentabilidade do Ativo e Rentabilidade do Patrimônio Líquido), com menor

intensidade.

O Gráfico 24 apresenta as Médias do indicador Rentabilidade do

Patrimônio Líquido no período. Através dele, verifica-se que a Média desse indicador,

na contabilidade regulatória (0,30; 0,22 e 0,16, respectivamente), foi menor do que na

contabilidade societária (0,36; 0,26 e 0,24, respectivamente).

Gráfico 24 - Médias do indicador de Rentabilidade do Patrimônio Líquido no período

A Tabela 24 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da

estatística descritiva do indicador Rentabilidade do Patrimônio Líquido, calculado

com base nas demonstrações contábeis (regulatória e societária).

Tabela 24 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador Rentabilidade do

Patrimônio Líquido no período

Indicador p-valor¹

RENTABILIDADE

DO PATRIMÔNIO

LÍQUIDO

Média

Regulatória 0,23

<0,001

(Sig.)

Societária 0,28

Variação (%) 26%

Desvio-Padrão

Regulatória 0,21

Societária 0,25

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

0,30

0,22

0,16

0,36

0,26 0,24

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

2009 2010 2011

RE

NT

AB

ILID

AD

E D

O

PA

TR

IMÔ

NIO

LÍQ

UID

O

ANO

Regulatória Societária

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99

No indicador Rentabilidade do Patrimônio Líquido, verifica-se que a

Média é menor, na contabilidade regulatória, do que na societária (0,23 e 0,28,

respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon foi significativo (p-valor <0,001),

indicando que o comportamento desse indicador é diferente nesses dois tipos de

contabilidade avaliada. A variação da Média desse indicador foi de 26%.

Por meio dos dados obtidos por esse indicador, observa-se uma tendência de

queda nas médias calculadas, o que reflete uma piora nos resultados, sob a contabilidade

regulatória. A menor relação (entre o lucro líquido e o patrimônio liquido) representa

uma menor capacidade de remunerar o capital próprio, a partir da rentabilidade da

operação das distribuidoras do setor elétrico. Por exemplo: esse indicador na

distribuidora ENERGISA PB, teve uma média 0,22, na contabilidade regulatória, e

0,25, na societária.

O Gráfico 25 apresenta as Médias do Indicador EBITDA no triênio. Nesse

período, os valores das Médias desse grupo de contas (em milhares de reais) foram

menores, na aplicação da contabilidade regulatória (R$ 366,14; R$ 323,05 e R$ 286,60,

respectivamente) do que na da societária (R$ 476,91; R$ 397,94 e R$ 412,19,

respectivamente).

Gráfico 25 - Médias do indicador EBITDA no período

A Tabela 25 apresenta a comparação do agrupamento, no período, da

estatística descritiva do indicador EBITDA, calculado com base nas demonstrações

contábeis (regulatória e societária).

366,14 323,05

286,60

476,91

397,94 412,19

0

100

200

300

400

500

600

2009 2010 2011

EB

ITD

A

Milh

are

s d

e r

eais

ANO

Regulatória Societária

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Tabela 25 - Comparação das Médias e dos Desvios-Padrão do indicador EBITDA no período

(Milhares de reais)

Indicador p-valor¹

EBITDA

Média

Regulatória 325.264

<0,001

(Sig.)

Societária 429.014

Variação (%) 32%

Desvio-Padrão

Regulatória 440.169

Societária 507.230

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as Médias da contabilidade regulatória diferem das

Médias da contabilidade societária).

No indicador EBITDA, observa-se que o valor da Média, na contabilidade

regulatória, é menor do que na contabilidade societária (R$ 325.264 e R$ 429.014,

respectivamente). O p-valor do teste de Wilcoxon foi significativo (p-valor <0,001),

indicando que a distribuição do valor desse grupo de contas é diferente, nas duas

contabilidades. A variação da Média desse indicador foi de 32%.

Os resultados refletem uma diminuição do lucro quando utilizada a

contabilidade regulatória. A variação nesse indicador deve-se ao tratamento dado aos

investimentos realizados na permissão pelas contabilidades. Esse indicador sofre os

efeitos do registro das despesas com depreciação (Regulatória) e amortizações

(Societária). Infere-se uma tendência de queda, nas médias desse indicador,

representando quanto o lucro gerou de caixa para as diversas finalidades das empresas

distribuidoras. Por exemplo: esse indicador, na distribuidora AESSUL, teve uma média

R$ 339.332, na contabilidade regulatória, e R$ 408.435, na societária.

Resumiram-se, no quadro a seguir, as diferenças das médias das

contabilidades regulatória e societária, dos indicadores econômico-financeiros, que

provocaram ou não mudanças significativas.

Quadro 14 - Resumo das diferenças das médias das contabilidades nos indicadores econômico-

financeiros

Indicadores Diferenças das Médias (%)

Regulatória/Societária p-valor¹

ESTRUTURA DE CAPITAL

ENDIVIDAMENTO 3% 0,311

(Não Sig.)

COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO - 4% <0,001

(Sig.)

IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO

LÍQUIDO 4%

0,461

(Não Sig.)

IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO

CORRENTES 1%

0,607

(Não Sig.)

LIQUIDEZ

LÍQUIDEZ CORRENTE 6% 0,699

(Não Sig.)

RENTABILIDADE

GIRO DO ATIVO 17% <0,001

(Sig.)

MARGEM LÍQUIDA 4% 0,412

(Não Sig.)

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101

RENTABILIDADE DO ATIVO 24% <0,001

(Sig.)

RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO

LÍQUIDO 26%

<0,001

(Sig.)

EBITDA 32% <0,001

(Sig.)

¹p-valor do teste de Wilcoxon (se p-valor <0,05, as médias da contabilidade regulatória diferem das

médias da contabilidade societária).

Através do Quadro 14, percebe-se que existem diferenças significativas, em

metade dos dez indicadores econômico-financeiros utilizados nesta pesquisa.

Entre os indicadores econômico-financeiros que compõem a estrutura de

capital, as diferenças das Médias não foram estatisticamente significativas, para os

indicadores de Endividamento, Imobilização do Patrimônio Líquido e Imobilização dos

Recursos não Correntes, pois não foram afetados pelo aumento ou diminuição do grupo

de contas contábeis Patrimônio Líquido, quando utilizada a contabilidade regulatória.

Para o indicador Composição do Endividamento, existiram diferenças significativas das

médias, originadas pelas alterações, no grupo de contas contábeis Passivo Circulante

das distribuidoras, devido à existência do Passivo Regulatório. Dessa maneira, a

hipótese alternativa três (H3) foi rejeitada (ver seção 3.5) na maioria dos indicadores de

estrutura de capital, exceto o indicador Composição do Endividamento. Essa

comprovação pode contribuir para a decisão de alguns usuários das informações

contábil (Investidores, Administradores, Fornecedores entre outros) de acordo com a

sua necessidade. Esses usuários podem verificar o comprometimento dos recursos

próprios e de terceiros por dois parâmetros contábeis (regulatório e societário).

Verificam aumento ou diminuição do custo de capital das distribuidoras de energia

elétrica, propiciando investimentos mais aceitáveis, para gerar riquezas aos seus

proprietários (Acionista e/ou Governo).

Para o indicador Liquidez Corrente, não houve diferenças das médias

estatisticamente comprovadas, entre as contabilidades regulatória e societária. Assim

sendo, a hipótese alternativa quatro (H4) foi rejeitada. Então, para os usuários internos

e/ou externos, esse indicador não sofre alterações nas decisões, baseados nas duas

contabilidades.

Nos cinco indicadores de rentabilidade Giro do Ativo, Margem Líquida,

Rentabilidade do Ativo, Rentabilidade do Patrimônio Líquido e EBITDA, a maioria

obteve diferenças estatisticamente comprovadas, com exceção do indicador de Margem

Líquida. As diferenças das médias dos quatro indicadores de rentabilidade tiveram

variações significativas (17%, 24%, 26% e 32%, respectivamente). Em quatro

indicadores, a hipótese alternativa cinco (H5) foi aceita, pois se percebe que o

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comportamento desses indicadores nas contabilidades (regulatória e societária) é

diferente. Isso representa que, utilizando a contabilidade regulatória como referência, se

têm médias do indicador menores em relação à contabilidade societária. A partir desses

indicadores, os usuários da informação contábil, conforme a necessidade de cada um,

podem avaliar a rentabilidade das distribuidoras de energia elétrica sob alguns aspectos:

vendas ou lucro sobre o investimento, o lucro em relação ao capital próprio e a

capacidade das distribuidoras de gerar caixa para cobrir o seu serviço da dívida,

baseados em duas contabilidades. Também, podem embasar decisões sobre política

financeira, grau de cobertura financeira, avaliação das distribuidoras, pagamento de

bônus a empregados, entre outras.

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103

CONCLUSÃO

Este estudo teve por objetivo comparar as divergências entre contabilidade

regulatória e International Financial Reporting Standards - IFRS nos indicadores

econômico-financeiros, calculados com base nas demonstrações contábeis, publicadas

em 2009, 2010 e 2011, das empresas distribuidoras de energia elétrica no Brasil. Para

atender a esse objetivo, foi elaborada a seguinte questão de pesquisa: Quais

indicadores podem refletir diferenças significativas entre os indicadores

econômico-financeiros baseados nas International Financial Reporting Standards e

na Contabilidade Regulatória das empresas de distribuição de energia do setor

elétrico brasileiro?

Para responder a essa indagação, foram selecionados e calculados dez

indicadores econômico-financeiros sugeridos pelo Manual de Contabilidade do Setor

Elétrico brasileiro e na literatura que trata sobre o tema. Os indicadores foram

comparados e analisados, com base nas demonstrações contábeis publicadas, e

elaboradas conforme as normas regulatória e societária, nos anos de 2009, 2010 e 2011.

As duas hipóteses (H1 e H2), referentes aos grupos de contas contábeis da

Demonstração de Resultado (Receita Operacional Líquida; Resultados: antes dos custos

gerenciais e da atividade da concessão; LAIRCS e Lucro Líquido) e Balanço

Patrimonial (Ativos: Total, Circulante, Não Circulante; Investimentos; Imobilizado;

Intangível; Passivos: Total, Circulante, Não Circulante e Patrimônio Líquido), que

compõem os indicadores econômico-financeiros, foram aceitas para todos os grupos de

contas das duas demonstrações contábeis, com exceção para grupo de contas

Investimentos e Patrimônio Líquido do Balanço Patrimonial que não confirmam,

estatisticamente, as diferenças nesses grupos, utilizando-se as duas contabilidades.

As hipóteses (H3; H4 e H5), levantadas a partir da problemática de pesquisa,

foram aceitas para cinco indicadores econômico-financeiros das distribuidoras de

energia elétrica (Composição do Endividamento, Giro do Ativo, Rentabilidade do

Ativo, Rentabilidade do Patrimônio Líquido e EBTIDA). Esses resultados confirmam a

pergunta de pesquisa: existem diferenças significativas entre indicadores econômico-

financeiros, baseados nas contabilidades societária e regulatória. Em contrapartida,

essas hipóteses foram rejeitadas pelos indicadores (Endividamento, Imobilização do

Patrimônio Líquido, Imobilização dos Recursos não Correntes, Liquidez Corrente e

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104

Margem Líquida), discordando da pergunta de pesquisa: não existem diferenças

significativas nesses indicadores, quando utilizadas as contabilidades.

As normas societárias, que são conflitantes com as regulatórias, e que

influenciaram as alterações, nos indicadores econômico-financeiros e nos grupos de

contas contábeis, foram: CPC 00 - Estrutura Conceitual para Elaboração e Apresentação

das Demonstrações Financeiras; ICPC 01 – Contratos de Concessões (IFRIC 12) e CPC

17 – Contratos de Construção.

Essas informações podem auxiliar na decisão de alguns usuários da

informação contábil, entre eles, a do poder concedente, no momento da renovação do

contrato de concessão e, também, na revisão tarifária do setor elétrico brasileiro. Além

disso, podem influenciar na composição dos indicadores econômico-financeiros desse

setor. Os resultados obtidos podem contribuir para uma avaliação periódica, pelos

usuários internos e/ou externos, dos resultados das distribuidoras do setor elétrico

brasileiro.

Ademais, foi possível perceber que as práticas contábeis regulatórias em

relação às societárias ocasionaram tendência de elevação ou redução em alguns

indicadores econômico-financeiros utilizados nesta pesquisa. Essas variações podem

auxiliar aos usuários da informação contábil no momento da decisão.

O presente estudo apresenta como limitações: (i) utilização de apenas alguns

indicadores econômico-financeiros e (ii) o tamanho da amostra utilizada na pesquisa,

que correspondeu a 54% das concessionárias de distribuição de energia, listadas pela

Associação de Distribuidores de Energia Elétrica. Isso foi decorrente do fato de algumas

empresas do setor não divulgarem suas demonstrações contábeis do ano de 2011 até o

mês da coleta de dados da presente pesquisa.

Para pesquisa futuras, como foi analisado apenas um tipo de atividade do

setor elétrico, faz-se necessário verificar e/ou comparar com outro tipo de atividade

(geração, transmissão e comercialização). Sugere-se, ainda, comparar os indicadores

econômico-financeiros de empresas de energia elétrica de outros países e construir

indicadores, relacionando as contabilidades regulatória e societária.

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