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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO AVALIAÇÃO DA QUALIDADE E CARACTERIZAÇÃO DOS INSUMOS ISONIAZIDA E RIFAMPICINA UTILIZADOS NA PREPARAÇÃO DE CÁPSULAS DOSE FIXA COMBINADA Aline Coutinho Cavalcanti Recife 2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ......Às amigas Aíla, Flávia e Zênia, pelo apoio antes, durante esse trabalho, e tenho certeza de que sempre! A Jaffe, Marcones e Thayse,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE E CARACTERIZAÇÃO DOS INSUMOS

ISONIAZIDA E RIFAMPICINA UTILIZADOS NA PREPARAÇÃO DE

CÁPSULAS DOSE FIXA COMBINADA

Aline Coutinho Cavalcanti

Recife

2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE E CARACTERIZAÇÃO DOS INSUMOS

ISONIAZIDA E RIFAMPICINA UTILIZADOS NA PREPARAÇÃO DE

CÁPSULAS DOSE FIXA COMBINADA

Aline Coutinho Cavalcanti

Recife

2009

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação

em Ciências Farmacêuticas do Centro de Ciências da

Saúde da Universidade Federal de Pernambuco como

requisito para obtenção do grau de Mestre em Ciências

Farmacêuticas na Área de Concentração: Produção e

Controle de Qualidade de Medicamentos

Orientadora: Profª Drª Miracy Muniz de Albuquerque

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Cavalcanti, Aline Coutinho

Avaliação da qualidade e caracterização dos insumos isoniazida e rifampicina utilizados na preparação de cápsulas dose fixa combinada / Aline Coutinho Cavalcanti. – Recife : O Autor, 2009. 119 folhas : Il.; tab.; fig.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de

Pernambuco. CCS. Ciências Farmacêuticas, 2009.

Inclui bibliografia e anexo

1. Tuberculose. 2. Isoniazida 3. Rifampicina. 4.Produto de Degradação. 5. Controle de Qualidade. I.Título.

615.011 CDU (2.ed.) UFPE 615.1 CDD (22.ed.) CCS2009-114

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE E CARACTERIZAÇÃO DOS INSUMOS

ISONIAZIDA E RIFAMPICINA UTILIZADOS NA PREPARAÇÃO DE

CÁPSULAS DOSE FIXA COMBINADA

Banca Examinadora:

Membro Externo Titular: Prof Dr Eduardo José Alécio de Oliveira-CEFET/PE

Membros Internos Titulares: Profª Drª Miracy Muniz de Albuquerque - UFPE

Profª Drª Beate Saegesser Santos - UFPE

Membros Suplentes: Prof Dr Davi Pereira de Santana – UFPE

Prof Dr Fábio Santos – UFPB

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

REITOR

Prof Amaro Henrique Pessoa Lins

VICE-REITOR

Prof Gilson Edmar Gonçalves e Silva

PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Prof Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Prof José Thadeu Pinheiro

VICE-DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Prof Márcio Antônio de Andrade Coelho Gueiros

CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Prof Dalci José Brondani

VICE-CHEFE DO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Prof Antônio Rodolfo de Faria

COORDENADORIA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Prof Dr Pedro José Rolim Neto

VICE-COORDENADOR DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Profª Drª Beate Saegesser Santos

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Dedico este trabalho aos meus pais, Tarcísia

e Arnaldo, como retribuição ao amor, à

confiança e aos esforços dispensados para

que eu sempre pudesse crescer pessoal e

intelectualmente.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, Pai do Céu e exemplo de Amor, pelo dom da vida e pelos ensinamentos que me

fazem sempre uma pessoa melhor.

Aos meus pais, Tarcísia e Arnaldo, pelo exemplo de pessoas, pais, irmãos, amigos e

profissionais que são, inspirando meu viver.

Aos meus irmãos, Liane e Barreto, pelo amor, apoio e compreensão, sempre.

Ao meu amor, Fábio, pelo companheirismo de sempre e pelo incentivo ainda maior nessa

jornada em Recife. Amo você...

À Profª Miracy, pela acolhida e confiança durante a realização desse trabalho.

Às amigas Aíla, Flávia e Zênia, pelo apoio antes, durante esse trabalho, e tenho certeza de que

sempre!

A Jaffe, Marcones e Thayse, pelo auxílio com as análises e disposição, na amizade e no

trabalho.

Às amigas Suênia e Jacque, pelo companheirismo e apoio, desde os tempos de estágio e

seleção do Mestrado.

Às amigas desde a infância: Camillinha, Celle, Laurinha, Kelly, Gê e Flavinha, pela amizade,

pelas risadas, pela companhia e pela força!

Aos amigos e colegas do LAFEPE: Amanda, Ângela, Ana, Bruno, Diógenes, Kátia, Déborah,

Elcy, Jovita, Júnior, Marcos André, Marcão, Márcia, Narayanna, Paulo, Rose, Selma e Sílvia.

Aos amigos e colegas Farmacêuticos: Profª Drª Fátima Vanderlei de Souza, Profª Drª Danielly

Albuquerque da Costa e Prof Dr Davi Antas e Silva, grandes responsáveis pela minha

inserção no mundo científico durante a iniciação científica no LTF/UFPB.

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Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da UFPE, pela oportunidade e

contribuição à minha formação durante essa etapa de pós-graduação.

Ao Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco (LAFEPE), pela estrutura disponível

para realização desse projeto de pesquisa.

Ao CETENE, pela realização das análises de microscopia eletrônica de varredura.

Ao ITEP, pela realização das análises de difração de raios X.

Ao LTF, nas pessoas de Wellington Navarro e da Profª Msc. Silvana Jales, pela realização das

análises de infravermelho.

Ao Laboratório de Controle de Qualidade de Produtos Farmacêuticos (LCQPF/UFPB), nas

pessoas do Prof Dr Fábio Santos e da Farmacêutica Msc. Elisana Afonso de Moura, pela

realização dos ensaios de análise térmica e suporte técnico.

Aos amigos do EJC da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (João Pessoa-PB), pelas palavras

durante nossa caminhada e pelo apoio e compreensão no meu momento de partida e pausa

como serva de Cristo no EJC.

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“A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode ter tido origem

segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode. Isto fica sendo a minha

última e mais elevada descoberta”.

Isaac Newton

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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................................................................... 18

2. Objetivos........................................................................................................................ 20

2.1. Objetivo geral.......................................................................................................... 20

2.2. Objetivos específicos.............................................................................................. 20

3. Resumo dos capítulos.................................................................................................... 21

4. Capítulo I

Revisão: Novas formas farmacêuticas como alternativa para o tratamento da

tuberculose visando a diminuição de casos de multi-droga resistência........................

24

5. Capítulo II

Desenvolvimento e validação de método para ensaio indicativo de estabilidade por

cromatografia líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina

em meio ácido...............................................................................................................

34

6. Capítulo III

Estudo de degradação ácida de rifampicina isolada, combinada à isoniazida e na

forma farmacêutica cápsula em dose fixa combinada através de método indicativo

de estabilidade em meio ácido por cromatografia líquida de alta

eficiência.......................................................................................................................

54

7. Capítulo IV

Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de

medicamentos anti-tuberculose.....................................................................................

75

8. Capítulo V

Avaliação preliminar de ensaio de dissolução em meio ácido de cápsulas em dose

fixa combinada contendo rifampicina...........................................................................

94

9. Conclusão....................................................................................................................... 103

10. Perspectivas................................................................................................................. 106

11. Referências................................................................................................................... 108

12. Anexo I......................................................................................................................... 111

13. Anexo II........................................................................................................................ 114

14. Anexo III...................................................................................................................... 118

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LISTA DE ABREVIATURAS

3-FR: 3-formil rifamicina

ACN: acetonitrila

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CIM: concentração inibitória mínima

CLAE: Cromatografia líquida de alta eficiência

CV: coeficiente de variação

DFC: dose fixa combinada

DOT: tratamento sob observação direta

DSC: calorimetria diferencial exploratória

FDA: Food and Drug Administration

HCl: ácido clorídrico

HID:hidrazona

ICH: International Conference on Harmonisation of Technical Requirements for Registration

of Pharmaceuticals for Human Use

IFA: insumo farmacêutico ativo

ISO: isoniazida

IUATLD: União Internacional Contra Tuberculose e Doenças Pulmonares

IV: infravermelho

LD: limite de detecção

LQ: limite de quantificação

MEIE: método para ensaio indicativo de estabilidade

OMS: Organização Mundial de Saúde

pH: potencial hidrogeniônico

RE: resolução especial

RIFA:rifampicina

rpm: rotações por minuto

TB: tuberculose

TG: termogravimetria

TGI: trato gastrintestinal

USP: United States Pharmacopeia

XDR-TB: tuberculose extrema-multi-droga resistente

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LISTA DE SÍMBOLOS

µg: micrograma

kg: quilograma

kV: quilovolt

mA: miliampére

mg: miligrama

mL: mililitros

mm: milímetros

N: normal

nm: nanômetros

ºC: graus Celsius

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LISTA DE FIGURAS

Capítulo I

Figura 1: Estrutura Molecular da Isoniazida................................................................ 26

Figura 2: Estrutura Molecular da Rifampicina............................................................. 27

Capítulo II

Figura 1: Cromatograma da solução tampão através do MEIE validado..................... 46

Figura 2: Cromatograma de amostra de rifampicina em meio ácido........................... 46

Figura 3: Cromatograma de amostra de isoniazida + rifampicina em meio ácido....... 47

Capítulo III

Figura 1: Reação de decomposição da Rifampicina na presença de Isoniazida.......... 58

Figura 2: Gráfico do estudo de degradação de amostras de rifampicina isoladas,

combinadas à isoniazida e na forma de cápsulas DFC: análise no momento da

preparação da solução em meio ácido (tempo zero)....................................................

64

Figura 3: Gráfico do estudo de degradação de amostras de rifampicina isoladas,

combinadas à isoniazida e na forma de cápsulas DFC: análise após 24 horas em

meio ácido....................................................................................................................

65

Capítulo IV

Figura 1: Gráfico de distribuição granulométrica dos IFAs R1, R2 e R3.................... 83

Figura 2: Imagens através de MEV de R1................................................................... 84

Figura 3: Imagens através de MEV de R2................................................................... 85

Figura 4: Imagens através de MEV de R3................................................................... 85

Figura 5: Curvas de DSC para diferentes lotes de rifampicina.................................... 86

Figura 6: Curvas de DSC dos padrões de polimorfos de rifampicina.......................... 87

Figura 7: Gráfico do estudo de degradação ácida – tempo zero.................................. 89

Figura 8: Gáfico do estudo de degradação ácida – tempo 24 horas............................. 89

Figura 9: Resultados da dissolução dos IFAs através de método cromatográfico e

espectrofotométrico......................................................................................................

90

Capítulo V

Figura 1: Teor de rifampicina encontrado na performance de dissolução de cápsulas

DFC lotes 1 e 2 em HCl 0,1 N através de quantificação por CLAE e por

espectrofotometria........................................................................................................

99

Figura 2: Teor de rifampicina encontrado na performance de dissolução de cápsulas

DFC lotes 1 e 2 em LSS 0,5% através de quantificação por CLAE............................

99

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LISTA DE TABELAS

Capítulo II

Tabela 1: Condições cromatográficas do MEIE de rifampicina e isoniazida em

meio ácido...................................................................................................................

41

Tabela 2: Performance do MEIE de rifampicina e isoniazida em meio ácido............ 44

Tabela 3: Condições cromatográficas dos métodos avaliados.................................... 45

Tabela 4: Resultado da linearidade obtida a partir de três curvas autênticas de

soluções de isoniazida e rifampicina, nas condições validadas do MEIE de

rifampicina e isoniazida em meio ácido......................................................................

47

Tabela 5: Resultados da robustez avaliada do MEIE de rifampicina e isoniazida em

meio ácido...................................................................................................................

48

Tabela 6: Resultado de repetitividade do MEIE de rifampicina e isoniazida em

meio ácido...................................................................................................................

48

Tabela 7: Resultado de precisão intermediária entre dias e entre analistas do MEIE

de rifampicina e isoniazida em meio ácido.................................................................

49

Tabela 8: Exatidão do MEIE de rifampicina e isoniazida em meio ácido.................. 49

Capítulo III

Tabela 1: Condições cromatográficas do MEIE de rifampicina e isoniazida em

meio ácido...................................................................................................................

62

Tabela 2: Teor de rifampicina obtido a partir das amostras sob condições do

planejamento I.............................................................................................................

65

Tabela 3: Efeitos calculados para o planejamento I e seus erros padrão (%).............. 66

Tabela 4: Teor de rifampicina obtido a partir das amostras sob condições do

planejamento II............................................................................................................

67

Tabela 5: Efeitos calculados para o planejamento II e seus erros padrão (%)............ 67

Tabela 6: Teor de rifampicina obtido a partir das amostras sob condições do

planejamento III..........................................................................................................

68

Tabela 7: Efeitos calculados para o planejamento III e seus erros padrão (%)........... 69

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Capítulo IV

Tabela 1: Fabricantes de rifampicina.......................................................................... 79

Tabela 2: Resultados da verificação de pH e densidade aparente e compactada........ 82

Tabela 3: Resultados obtidos quanto ao ponto de fusão das amostras analisadas....... 86

Tabela 4: Sinais de maior intensidade (I) obtidos para os difratogramas dos padrões

de polimorfos 8,18

e das amostras.................................................................................

88

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RESUMO

A tuberculose faz parte do grupo de doenças negligenciadas, e é uma das doenças

infecciosas que mais mortes têm causado em todo o mundo, havendo aproximadamente um

terço da população global, o equivalente a dois bilhões de pessoas, infectada pelo M.

tuberculosis. Formulações em dose fixa combinada (DFC) envolvem a combinação de duas

ou mais drogas numa só formulação, sob fixas proporções e assumem importância como

estratégia potencial para o tratamento da tuberculose, embora ao longo dos anos tenham sido

detectados problemas em sua qualidade, como a falha na biodisponibilidade de rifampicina,

instabilidade nas formulações, desenvolvimento de resistência e efeitos tóxico-alérgicos, a

isoniazida e rifampicina, as duas principais drogas de primeira linha desse tratamento, podem

ser encontradas em DFC. O controle de qualidade é uma ferramenta importante para as

indústrias farmacêuticas afirmarem a qualidade do medicamento produzido, de modo a

garantir a segurança e eficácia do mesmo. É também essencial a monitoração da qualidade

dos insumos utilizados nas preparações farmacêuticas, sobretudo dos princípios ativos. Os

estudos de estabilidade transcendem a etapa inicial de controle de qualidade e são planejados

para garantir o uso pretendido do medicamento durante sua vida útil. Este estudo é uma

parceria entre o Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos e o

Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco e apresenta o desenvolvimento e

validação de método indicativo de estabilidade por cromatografia líquida de alta eficiência

para fármacos e produtos farmacêuticos em dose fixa combinada de isoniazida e rifampicina,

além de estudo de avaliação de degradação em meio ácido dos insumos e de cápsulas de

isoniazida + rifampicina (200 + 300 mg) e avaliação de diversos fabricantes de rifampicina,

fármaco mais crítico dessa associação, buscando-se sua caracterização.

Palavras-chave: tuberculose, rifampicina, isoniazida; controle de qualidade; estabilidade;

estudo de degradação.

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ABSTRACT

Tuberculosis is part of a group of neglected diseases, and is one of the diseases that

have caused more deaths in the world, with approximately one third of the global population,

the equivalent of two billion people, infected by M. tuberculosis. Fixed dose combination

formulations (FDC) involve the combination of two or more drugs in one formulation, a fixed

proportions and assume importance as a potential strategy for the treatment of tuberculosis,

although over the years have found problems with its quality, as failure on the bioavailability

of rifampicin, instability in the formulation, development of resistance and toxic-allergic

effects, the isoniazid and rifampicin, the two main first-line drug treatment, may be found in

FDC. Quality control is an important tool for the pharmaceutical industry to show the quality

of the produced product, to ensure its safety and efficacy. It is also essential to monitoring the

quality of inputs used in pharmaceutical preparations, especially the active ingredients.

Studies of stability transcend initial stage of quality control and are designed to ensure the

intended use of the product during its life. This study is a partnership between the Center for

Quality Control of Medicines and Related and The Pharmaceutical Laboratory of the State of

Pernambuco and presents the development and validation of stability indicating method by

high performance liquid chromatography to drugs and pharmaceutical products in fixed dose

combination of isoniazid and rifampicin, and study of assessment of degradation in acid

medium of drugs and capsules of rifampicin + isoniazid (200 + 300 mg) and evaluation of

various manufacturers of rifampicin, drug most critical in this association, is looking for its

characterization.

Keywords: tuberculosis, rifampicin, isoniazid, quality control, stability, degradation´s study.

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1. INTRODUÇÃO

Historicamente, a tuberculose (TB) faz parte do grupo de doenças negligenciadas,

doenças nas quais as indústrias farmacêuticas têm relutado em investir devido à percepção de

baixo potencial comercial, fato que explica a lacuna de 30 anos sem a introdução de nenhuma

nova droga para tratamento da tuberculose 1.

Aproximadamente um terço da população global, o equivalente a dois bilhões de

pessoas, é infectada pelo M. tuberculosis 2,3

. A tuberculose é uma das doenças infecciosas que

mais mortes têm causado em todo o mundo, havendo, anualmente, mais de dois milhões de

óbitos e oito milhões de novos casos 4,5

.

A maior conscientização em relação ao problema das doenças negligenciadas foi

devido ao trabalho de organizações como os Médicos sem Fronteiras e o DNDi (Drugs for

Neglected Diseases Initiative), que desenvolveram parcerias com entidades filantrópicas 6.

Talvez haja interesse nas indústrias privadas em prol do desenvolvimento de novos fármacos

anti-TB devido à filantropia, visando ainda assim o interesse médico e humanitário 1.

Apesar de indicadores positivos, a endemia segue como grande problema da saúde

pública pela sua capacidade de atingir com maior intensidade as populações marginalizadas 7.

O controle de qualidade é uma ferramenta importante para a garantia de que a

indústria zela pela eficácia de suas formulações. Esse controle é feito principalmente com

base em indicações oficiais, como as Farmacopéias, e também através de métodos

desenvolvidos e validados. É essencial a monitoração da qualidade dos insumos utilizados nas

preparações farmacêuticas, sobretudo dos princípios ativos, que determina a utilização

terapêutica do medicamento e se relaciona diretamente à formulação, ou seja, se a qualidade

da substância ativa não for comprovada e ainda houver possibilidade de incompatibilidade

com sua formulação, não se pode garantir a estabilidade do medicamento.

A completa caracterização física e sua implicação biofarmacêutica são essenciais para

se determinar sua influência na biodisponibilidde das drogas, assim como determinar uma

forma farmacêutica mais robusta sendo importante que os fabricantes verifiquem as

diferenças físicas e o grau de pureza do fármaco, decorrente do processo de síntese do

mesmo9.

Transcendendo o controle de qualidade, tem-se o estudo de estabilidade como

essencial para garantia da qualidade do medicamento durante sua vida útil, o que corrobora a

importância do desenvolvimento de métodos para ensaios indicativos de estabilidade (MEIE),

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visto que as metodologias atuais, em sua maioria, não prevêem a ocorrência de produtos de

degradação. Os métodos de cromatografia líquida de alta eficiência são preferíveis para a

elaboração de MEIE devido à possibilidade de separação de múltiplos componentes, sua

maior precisão e sensibilidade em relação às pequenas quantidades de produtos de

degradação10

.

Este estudo é uma parceria entre o Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos

e Correlatos e o Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco e visa, portanto, avaliar

a qualidade dos princípios ativos isoniazida e rifampicina, de modo a identificar sua forma

mais estável, caracterizá-la, objetivando garantir a qualidade da forma farmacêutica.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar a qualidade dos princípios-ativos isoniazida e rifampicina segundo os

parâmetros de qualidade oficiais e as especificações do ICH, partindo-se de diferentes

fabricantes dos insumos.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterização física e química das amostras a partir de diferentes fabricantes;

Qualificação de fornecedores;

Avaliação da compatibilidade entre os princípios-ativos;

Avaliação da estabilidade de formas farmacêuticas obtidas partindo-se das amostras

de isoniazida e rifampicina mais estáveis;

Determinar a performance de isoniazida e rifampicina em formas farmacêuticas

sólidas.

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RESUMO DOS CAPÍTULOS

Capítulo I: Revisão: Novas formas farmacêuticas como alternativa para o tratamento da

tuberculose visando a diminuição de casos de multi-droga resistência

A tuberculose é uma doença negligenciada causada pelo M. tuberculosis. São

estimados dois milhões de óbitos e oito milhões de novos casos por ano, sendo 490.000 casos

multi-droga resistentes. Fármacos anti-TB na forma de dose fixa combinada apresentam

problemas relacionados à biodisponibilidade da rifampicina, que se relaciona com os casos de

resistência. O investimento em tecnologia a fim de obter novas formas farmacêuticas tem se

mostrado alternativa promissora para diminuir os casos de resistência e contribuir com a

prevenção, controle e cura.

Capítulo II: Desenvolvimento e validação de método para ensaio indicativo de

estabilidade por cromatografia líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida +

rifampicina em meio ácido

A tuberculose é uma doença negligenciada, sendo uma das enfermidades infecciosas

que mais têm causado mortes em todo mundo. A isoniazida e a rifampicina são as drogas de

primeira linha mais eficazes em seu tratamento, podendo ser encontradas na forma dose fixa

combinada (DFC), cujo controle de qualidade ocorre rotineiramente através de três diferentes

técnicas (colorimétrica, microbiológica e cromatográfica). Reações de decomposição são

esperadas entre a isoniazida e a rifampicina, sendo imprescindível aos laboratórios analíticos

modernos, métodos analíticos para ensaios indicadores de estabilidade, que, envolvendo a

monitoração de produtos de degradação, asseguram o estudo de estabilidade do medicamento.

Este estudo descreve o desenvolvimento e validação, segundo RE 899/2003 (ANVISA) de

método para ensaio indicativo de estabilidade para amostras de isoniazida combinadas à

rifampicina em condições ácidas, através de CLAE, visando a monitoração dos principais

produtos de degradação ácida: 3-formil rifamicina e hidrazona, visto que na literatura não se

encontrou método específico e com satisfatória resolução para esse tipo de análise.

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Capítulo III: Estudo de degradação ácida de rifampicina isolada, combinada à

isoniazida e na forma farmacêutica cápsula em dose fixa combinada através de método

indicativo de estabilidade em meio ácido por cromatografia líquida de alta eficiência.

A estimativa anual de óbitos decorrentes da tuberculose é de mais de dois milhões.

Seu tratamento ocorre de maneira eficaz através de drogas de primeira linha, como isoniazida

e rifampicina, que podem ser encontradas na forma dose-fixa combinada (DFC), cuja

aplicabilidade tem sido incentivada, mesmo havendo relatos de problemas relacionados à

estabilidade das formulações, bem como à insatisfatória biodisponibilidade da rifampicina. A

rifampicina sofre degradação em meio ácido originando 3-formil rifamicina, sendo essa taxa

de degradação acentuada na presença de isoniazida com a formação da hidrazona.

Conhecendo essa reação de decomposição, pode-se traçar um estudo de degradação ácida para

monitoramento da qualidade de insumos e de formas farmacêuticas em DFC, bem como

avaliar a influência de fatores como o processo de fabricação de cápsulas e o tempo de

fabricação na ocorrência de produtos de degradação, traçando-se perfil de degradação para

esses ativos, isolados e combinados, de modo a servir como parâmetro de qualidade e

principalmente avaliação de sua estabilidade.

Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação

de medicamentos anti-tuberculose

A rifampicina é utilizada no tratamento de primeira linha da tuberculose, na forma

isolada e em dose fixa combinada. A existência de polimorfos e sua influência nas

características do fármaco, bem como a influência dessas diferentes formas no produto

farmacêutico corroboram a importância de não apenas ser realizado o controle de qualidade

dos insumos farmacêuticos ativos (IFA), mas a necessidade de sua caracterização através de

técnicas como infravermelho, análise térmica, análise de tamanho de partículas, além de

outras formas de caracterização química, como a taxa de dissolução e a taxa de degradação

em meio ácido, de modo a monitorar a forma polimórfica e a qualidade do insumo.

Capítulo V: Avaliação preliminar de ensaio de dissolução em meio ácido de cápsulas em

dose fixa combinada contendo rifampicina.

A rifampicina é utilizada no tratamento de primeira linha da tuberculose, na forma

isolada e em dose fixa combinada. Em meio ácido, ocorre sua degradação, que é acelerada na

presença da isoniazida. Sendo ácido clorídrico o meio de dissolução indicado pela USP, é

observada essa degradação já prevista, mas sendo a quantificação através de método

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23

espectrofotométrico, não há uma estimativa dessa taxa de degradação, sendo superestimada a

quantificação da rifampicina dissolvida, além de haver um re-trabalho para quantificação da

isoniazida em dose fixa combinada, através de método cromatográfico (CLAE). Este trabalho

visa avaliar a taxa de degradação da rifampicina na presença de isoniazida em cápsulas dose

fixa combinada e propor um novo meio de dissolução como forma de agilizar a rotina do

controle de qualidade e evitar a degradação da rifampicina.

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4. CAPÍTULO I

REVISÃO: NOVAS FORMAS FARMACÊUTICAS COMO ALTERNATIVA PARA O

TRATAMENTO DA TUBERCULOSE VISANDO A DIMINUIÇÃO DE CASOS DE

MULTI-DROGA RESISTÊNCIA

Artigo aceito pelo Latin American Journal of Pharmacy

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Capítulo I: Revisão: Novas formas farmacêuticas como alternativa para o tratamento da tuberculose visando a

diminuição de casos de multi-droga resistência 25

REVISÃO: NOVAS FORMAS FARMACÊUTICAS COMO ALTERNATIVA

PARA O TRATAMENTO DA TUBERCULOSE VISANDO A DIMINUIÇÃO DE

CASOS DE MULTI-DROGA RESISTÊNCIA

REVIEW: NEW PHARMACEUTICAL FORMS AS ALTERNATIVE FOR THE

TREATMENT OF TUBERCULOSIS TO REDUCE CASES OF MULTI-DRUG

RESISTANCE

Aline C CAVALCANTI*; Miracy M ALBUQUERQUE;

Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos - Departamento de Ciências

Farmacêuticas, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. Arthur de Sá, s/n, Cidade

Universitária, 50740–521 Recife – PE, Brasil.

Flávia P M de MEDEIROS; Zênia M M LAVRA; Aíla K M SANTANA

Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco, Largo de Dois Irmãos, 1117, 52171-010

Recife – PE, Brasil

*Endereço de e-mail do autor correspondente: [email protected]

RESUMO: A tuberculose é uma doença negligenciada causada pelo M. tuberculosis. São

estimados dois milhões de óbitos e oito milhões de novos casos por ano, sendo 490.000 casos

multi-droga resistentes. Fármacos anti-TB na forma de dose fixa combinada apresentam

problemas relacionados à biodisponibilidade da rifampicina, que se relaciona com os casos de

resistência. O investimento em tecnologia a fim de obter novas formas farmacêuticas tem se

mostrado alternativa promissora para diminuir os casos de resistência e contribuir com a

prevenção, controle e cura.

Palavras-chave: tuberculose, multi-droga resistência, novas formas farmacêuticas, prevenção

e controle.

SUMMARY: Tuberculosis is a neglected disease caused by M. tuberculosis. Two million

deaths and eight million new cases per year are estimated, with 490,000 cases multi-drug

resistant. Anti-TB drugs as fixed-dose combination have problems inherent to the

bioavailability of rifampicin, which is related to the cases of resistance. The investment in

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Capítulo I: Revisão: Novas formas farmacêuticas como alternativa para o tratamento da tuberculose visando a

diminuição de casos de multi-droga resistência 26

technology to achieve new pharmaceutical forms has shown promising alternative to reduce

the cases of resistance and contribute to the prevention, control and cure.

Key words: tuberculosis, multi-drug resistance, new pharmaceutical forms, prevention and

control.

INTRODUÇÃO

Historicamente, a tuberculose faz parte do grupo de doenças negligenciadas, nas quais

as companhias farmacêuticas têm relutado em investir devido à percepção de baixo potencial

comercial, fato que explica a lacuna de 30 anos sem a introdução de nenhuma nova droga para

seu tratamento 1.

O M. tuberculosis, microorganismo álcool-ácido resistente2, é o causador da

tuberculose, cujos sintomas típicos são fraqueza, febre, perda de peso, insuficiência

respiratória, suor noturno, dor no peito e tosse 3.

Aproximadamente um terço da população global, cerca de dois bilhões de pessoas, está

infectada pelo M. tuberculosis 4,5

, sendo a tuberculose uma das doenças infecciosas que mais

mortes têm causado em todo o mundo, havendo, anualmente, mais de dois milhões de óbitos e

oito milhões de novos casos 3,6

.

Essa doença apresenta um sério impacto no Brasil, sexto país no mundo em incidência

de tuberculose, estimando-se anualmente 129.000 novos casos 6.

PRINCIPAIS FÁRMACOS UTILIZADOS NO TRATAMENTO ATUAL DA

TUBERCULOSE

A isoniazida, ou hidrazina do ácido nicotínico (Figura 1), foi sintetizada em 1912 a

partir do etil-isonicotinato e hidrazina e seus efeitos no tratamento da tuberculose foram

comprovados em 1945 6, sendo o mais antigo fármaco sintético efetivo contra a doença

6,8.

Figura 1: Estrutura Molecular da Isoniazida

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Capítulo I: Revisão: Novas formas farmacêuticas como alternativa para o tratamento da tuberculose visando a

diminuição de casos de multi-droga resistência 27

Sugere-se que seu mecanismo de ação decorra da inibição de biossíntese de ácidos

micólicos que compõem a parede celular, tornando a bactéria susceptível aos fatores do

meio6,7,8

.

A rifampicina (Figura 2) é um composto semi-sintético produzido a partir da

rifampicina B, que é obtida comercialmente pela fermentação a partir do Streptomyces

mediterranei (ATCC 13685)8,9

.

Figura 2: Estrutura Molecular da Rifampicina

O mecanismo de ação deve-se à ligação à subunidade β da RNA-polimerase, codificada

pelo gene rpoB, inibindo a transcrição genética6,7,8

.

Há ainda os fármacos de segunda linha: aminoglicosídeos (amicacina, canamicina),

polipeptídeos (capreomicina), fluoroquinolonas (moxifloxacina, levofloxacina, gatifoxacina),

tioamidas (etionamida, protionamida), cicloserina e ácido aminosalicílico 10

.

O tratamento de segunda linha, com custo mais elevado, por períodos mais longos e

com maior toxidade 11

, decorre da multi-droga resistência, explicada pela resistência aos dois

mais efetivos fármacos desse tratamento: isoniazida e rifampicina. Há ainda casos de extrema

droga-resistência (XDR-TB), que resultam de tratamentos não efetivos com drogas de

primeira e segunda linha 1, requerendo tratamentos individualizados onde se utilizam agentes

aos quais o microorganismo isolado da infecção revela-se suscetível, atingindo-se regime com

mínimo de quatro a cinco efetivas medicações 10

.

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Capítulo I: Revisão: Novas formas farmacêuticas como alternativa para o tratamento da tuberculose visando a

diminuição de casos de multi-droga resistência 28

RESISTÊNCIA A FÁRMACOS ANTI-TUBERCULOSE

A tuberculose tem retornado na forma multi-droga resistente, já alcançando proporções

epidêmicas 7. A presença de linhagens multi-droga resistentes reflete a deficiência no controle

da tuberculose, o que dificulta o tratamento e prevenção6,12

.

Atualmente, a estimativa é de 490.000 novos casos multi-droga resistente no mundo 3.

Em 2004, a OMS estimou que dentre os pacientes virgens de tratamento, a prevalência de

resistência foi entre 5 e 30%, representando 2,7% de todos os novos casos, sendo 181.000

destes em pacientes previamente tratados, verificando-se a ocorrência de recidivas 13

.

Estudos traçaram o perfil de sensibilidade de alguns fármacos utilizados no tratamento

da tuberculose: os 182 doentes (100%) apresentaram resistência à rifampicina e isoniazida,

enquanto 151 (83%) mostraram-se resistentes à estreptomicina e 86 (47%) ao etambutol 14

.

Dificilmente a resistência à rifampicina ocorre de forma isolada, constituindo-se um marcador

para os casos multi-droga resistentes 6.

É urgente a detecção da resistência na fase inicial, possível através de melhor uso da

tecnologia existente para teste de sensibilidade a drogas ou através da adoção de testes rápidos

para detecção de resistência 13

.

FORMULAÇÕES EM DOSE FIXA COMBINADA (DFC) COMO FATOR

IMPORTANTE PARA A TUBERCULOSE MULTI-DROGA RESISTENTE

Dose fixa combinada (DFC) é a associação de duas ou mais drogas de primeira linha

numa só formulação, sob fixas proporções, e assume importância como estratégia potencial

para o tratamento da tuberculose devido ao menor custo do tratamento, menor risco de erros

de medicação, simplificação e efetiva implementação do tratamento sob observação direta

(DOT) 15,16,17

.

Esforços têm sido feitos para promover DFC na terapia, porém, ao longo dos anos,

foram detectados problemas na sua qualidade, como a falha na biodisponibilidade de

rifampicina, instabilidade das formulações 36

, desenvolvimento de resistência e efeitos tóxico-

alérgicos 17

.

Alguns estudos consideram como principal problema na terapia com DFC da

tuberculose a pobre biodisponibilidade oral da rifampicina 18,19,20

. Essa perda na

biodisponibilidade é atribuída à reação de degradação da rifampicina com a isoniazida em

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Capítulo I: Revisão: Novas formas farmacêuticas como alternativa para o tratamento da tuberculose visando a

diminuição de casos de multi-droga resistência 29

condições de estômago vazio, verificando-se grande perda de rifampicina antes da sua

absorção 4,21,22

.

Poucos estudos descrevem a evidência de absorção satisfatória de rifampicina a partir de

DFC comercializadas. Há também estudos que relatam o uso de DFC de rifampicina e

isoniazida com sucesso no mundo por muitos anos e, geralmente, a biodisponibilidade de

ambas as drogas têm sido excelentes 15

.

A generalização do problema de biodisponibilidade é difícil, pois estudos compararam a

biodisponiblidade de várias DFC contendo isoniazida e rifampicina com a de formulações

isoladas de rifampicina, e também foi verificado que algumas DFC não apresentaram

diminuição de biodisponibilidade, enquanto algumas formulações isoladas de rifampicina

apresentaram 23

. Mesmo assim, muitos estudos demonstram mais problemas de

biodisponibilidade de rifampicina em DFC do que em formulações isoladas 24

.

Estudos de biodisponibilidade avaliaram protocolos envolvendo a administração de

cápsulas de isoniazida + rifampicina (300 + 450 mg) e cápsulas de rifampicina (450 mg) e os

resultados indicaram uma redução de 18% na biodisponibilidade de rifampicina a partir de

DFC em relação à rifampicina administrada na forma isolada 24

. Outros estudos de

biodisponibilidade através de monitoração de níveis sanguíneos após única dose de

rifampicina indicam variações de 2 a 20 µg/mL 26

.

A OMS e a União Internacional Contra Tuberculose e Doenças Pulmonares (IUATLD)

recomendam o uso de DFC nas formulações tuberculostáticas, desde que a biodisponibilidade

da rifampicina seja comprovada 5,15,27

, sendo estabelecido um protocolo para testes de

bioequivalência de rifampicina em DFC25,28

.

É de fundamental importância melhorar a biodisponibilidade de rifampicina em DFC,

contribuindo com a diminuição de casos de multi-droga resistência 29

.

NOVAS FORMAS FARMACÊUTICAS

A definição do mecanismo de reação de degradação da rifampicina na presença de

isoniazida ajuda na sugestão de resoluções dos problemas de biodisponibilidade com DFC 20.

Uma opção seria a segregação da liberação dos fármacos em diferentes partes do trato

gastrintestinal (TGI) 18,21

.

Estudos de solubilidade da rifampicina e da isoniazida concluíram que tais fármacos se

caracterizam por diferentes locais de absorção no trato gastrintestinal e, sabendo o pH

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Capítulo I: Revisão: Novas formas farmacêuticas como alternativa para o tratamento da tuberculose visando a

diminuição de casos de multi-droga resistência 30

fisiológico humano do trato gastrintestinal em jejum (estômago: 1,5 – 2,0; duodeno: 4,9 – 6,4;

jejuno: 4,4 – 6,4; íleo: 6,5 – 7,4), infere-se que a rifampicina é melhor absorvida no estômago

e a isoniazida, no intestino 7,18

.

Várias propostas para o desenvolvimento de novas formulações visam reduzir a

degradação da rifampicina: microencapsulação gastrorresistente; modificação do pH

estomacal com administração de anti-ácidos; comprimidos com revestimento entérico;

especificação de polimorfos e tamanho de partículas; processo de fabricação sem mudanças

no estado cristalino; e sistemas de liberação controlados de drogas 29,17

.

Novas formas farmacêuticas com liberação controlada buscam otimizar o tratamento e

contribuir com a adesão do paciente 7: micropartículas de hidrogel alginato, desenvolvidas

para liberação oral de anti-tuberculostáticos contendo isoniazida, rifampicina e pirazinamida,

sozinhas ou em DFC 30

; isoniazida e rifampicina em forma coloidal para liberação oral 31

;

sistemas de liberação controlada na forma de cápsulas de isoniazida e rifampicina em DFC 31

;

na forma de aerossóis 7.

Foram desenvolvidos comprimidos de 150 mg de rifampicina através de granulação

seca; e cápsulas duras de isoniazida 150 número 4 com revestimento entérico. A nova forma

farmacêutica engloba dois desses comprimidos de rifampicina somados a uma cápsula de

isoniazida, acondicionados numa cápsula dura tamanho 00 19

.

Um estudo descreveu o desenvolvimento de uma DFC de liberação controlada de

isoniazida e rifampicina (300 + 450 mg). Foi utilizado sistema matricial com obtenção da

forma farmacêutica inicialmente via granulação úmida, posteriormente alterada para

compressão direta, devido à sensibilidade dos fármacos à umidade 17

.

A inadequada biodisponibilidade de rifampicina pode resultar em sub-doses, que

contribuem para resistência bacteriana 5,7

. Como indicações mais promissoras, estudos

sugerem novas formas farmacêuticas em DFC de modo a minimizar a degradação da

rifampicina em meio ácido, bem como modular sua liberação, sendo a isoniazida liberada no

intestino 19

.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sendo uma doença negligenciada, a tuberculose não é alvo de grandes investimentos em

pesquisa e desenvolvimento farmacêutico 33

, sendo o custo estimado para a descoberta e o

desenvolvimento de uma nova droga para tuberculose entre 115 e 240 milhões de dólares 11

.

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Capítulo I: Revisão: Novas formas farmacêuticas como alternativa para o tratamento da tuberculose visando a

diminuição de casos de multi-droga resistência 31

Há planejamento de novos agentes anti-tuberculose com base na elucidação do

mecanismo de resistência 34

e também são estudadas modificações nas moléculas da

isoniazida e da pirazinamida, dentre as quais destaca-se a obtenção de moléculas como: as de

núcleo quinolínico/fluorquinolonas; aminoálcoois obtidos a partir do D-manitol; e

oxazolidinonas (análogos da linezolida) 35

.

Apesar de indicadores positivos, a endemia segue como grande problema da saúde

pública pela sua capacidade de atingir com maior intensidade as populações marginalizadas36

.

Conhecendo a relação entre os problemas de biodisponibilidade da rifampicina e os

casos de multi-droga resistência de tuberculose, uma vertente capaz de contribuir com maior

sucesso de cura e menos casos de resistência bacteriana seria o investimento em

desenvolvimento tecnológico a fim de serem obtidas novas formas farmacêuticas, baseando-

se na caracterização dos ativos.

Com formas farmacêuticas cujos locais de absorção da isoniazida e da rifampicina

fossem favorecidos, poder-se-ia isentar a apresentação do efeito de degradação da isoniazida

na rifampicina, além de possibilitar um melhor ajuste na dose administrada, garantindo a

biodisponibilidade e corroborando com a adesão do paciente ao tratamento, além de

proporcionar diminuição de incidência de casos multi-resistentes decorrentes da

administração de sub-doses.

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5. CAPÍTULO II

DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE MÉTODO PARA ENSAIO INDICATIVO

DE ESTABILIDADE POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA

PARA AMOSTRAS DE ISONIAZIDA + RIFAMPICINA EM MEIO ÁCIDO

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Capítulo II: Desenvolvimento e validação de método para ensaio indicativo de estabilidade por cromatografia

líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido 35

DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE MÉTODO PARA ENSAIO INDICATIVO

DE ESTABILIDADE POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA

PARA AMOSTRAS DE ISONIAZIDA + RIFAMPICINA EM MEIO ÁCIDO

Aline C CAVALCANTI*; Miracy M ALBUQUERQUE;

Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos - Departamento de Ciências Farmacêuticas,

Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. Arthur de Sá, s/n, Cidade Universitária, 50740–521 Recife – PE,

Brasil.

Flávia P M de MEDEIROS; Zênia M M LAVRA; Aíla K M SANTANA

Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco, Largo de Dois Irmãos, 1117, 52171-010 Recife – PE,

Brasil

Endereço de e-mail do autor correspondente*: [email protected]

RESUMO: A tuberculose é uma doença negligenciada, sendo uma das enfermidades

infecciosas que mais têm causado mortes em todo mundo. A isoniazida e a rifampicina são as

drogas de primeira linha mais eficazes em seu tratamento, podendo ser encontradas na forma

dose-fixa combinada (DFC), cujo controle de qualidade ocorre rotineiramente através de três

diferentes técnicas (colorimétrica, microbiológica e cromatográfica). Reações de

decomposição são esperadas entre a isoniazida e a rifampicina, sendo imprescindível aos

laboratórios analíticos modernos, métodos analíticos para ensaios indicadores de estabilidade,

que, envolvendo a monitoração de produtos de degradação, asseguram o estudo de

estabilidade do medicamento. Este estudo descreve o desenvolvimento e validação, segundo

RE 899/2003 (ANVISA) de método para ensaio indicativo de estabilidade para amostras de

isoniazida combinadas à rifampicina em condições ácidas, através de CLAE, visando a

monitoração dos principais produtos de degradação ácida: 3-formil rifamicina e hidrazona,

visto que na literatura não se encontrou método específico e com satisfatória resolução para

esse tipo de análise.

Palavras-chave: isoniazida, rifampicina, dose fixa combinada, método para ensaio indicativo

de estabilidade, CLAE, degradação ácida, validação.

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Capítulo II: Desenvolvimento e validação de método para ensaio indicativo de estabilidade por cromatografia

líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido 36

ABSTRACT: Tuberculosis is a neglected disease, one of the most infectious diseases that

have caused deaths worldwide. Isoniazid and rifampicin are most effective first line drugs in

their treatment, can be found as fixed-dose combination (DFC), whose quality control is

routinely using three different techniques (colorimetry, chromatography and microbiological).

Reactions of decomposition are expected between isoniazid and rifampicin, and analytical

methods to assay indicating stability are essential to modern analytical laboratories, involving

monitoring of degradation products, essential to stability studies the product. This study

describes the development and validation, according RE 899/2003 (ANVISA), for the assay

method indicating stability for samples of isoniazid combined with rifampicin in acidic

conditions, to monitor the main products of acid degradation: 3-formyl rifamycin and

hydrazone, since the literature is not found specific and well-resolved method for such

analysis.

Keywords: isoniazid, rifampicin, fixed dose combination, assay method indicating stability,

HPLC, acid degradation, validation.

1. INTRODUÇÃO

A tuberculose, historicamente, faz parte do grupo de doenças negligenciadas1, que

afetam primordialmente populações de países em desenvolvimento, frequentemente atreladas

às condições de pobreza. Tais países englobam 80% da população mundial, mas respondem

por apenas 20% das vendas mundiais de medicamentos2.

É uma das doenças infecciosas que mais mortes têm causado em todo o mundo,

ocasionando anualmente mais de dois milhões de óbitos e oito milhões de novos casos3,4

. No

final do século XIX e início do XX, a metade dos indivíduos acometidos evoluía ao óbito5.

Causada pelo Mycobacterium tuberculosis, essa doença apresenta um sério impacto no

Brasil, com estimativa anual de 129.000 novos casos3. A cada segundo alguém é infectado

por tuberculose no mundo. Dados atuais de morbidade mostram que a tuberculose é a causa

prevalente de mortes por infecção, sendo responsável por uma dentre sete mortes de adultos

no mundo6.

Há algumas classes de drogas utilizadas no tratamento da tuberculose. As drogas de

primeira linha são os principais bactericidas e combinam alta eficácia com toxicidade relativa:

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líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido 37

isoniazida, rifampicina, estreptomicina, etambutol, pirazinamida e fluoroquinolonas. As de

segunda linha são principalmente bacteriostáticas, com menor eficácia e usualmente maior

toxicidade: ácido para-amino salicílico, etionamida e cicloserina7.

A isoniazida ou hidrazina do ácido nicotínico é o mais antigo fármaco sintético efetivo

contra a tuberculose. Em 1952 foi reconhecida como potente agente contra o M. tuberculosis,

sendo determinada a CIM (concentração mínima inibitória) entre 0,02 e 0,05 µg/mL,

considerada muito baixa, o que contribui para sua eficácia3,8

.

A rifampicina é um antibiótico com molécula complexa, do tipo macrocíclico,

originado através de semi-síntese a partir da rifampicina B, obtida comercialmente pela

fermentação a partir do Streptomyces mediterranei (ATCC 13685) 8,9

. Seu efeito anti-

tuberculose data de 1965 e sua CIM está entre 0,1 e 0,2 µg/mL, o que resulta em atividade

bactericida rápida3, tendo sido introduzido na clínica dos primeiros anos da década de 70

8.

Métodos para ensaios indicativos de estabilidade (MEIE) foram desenvolvidos para

um grande número de fármacos a partir de 1960, e são aplicados à análise de amostras em

estabilidade na indústria farmacêutica, sendo utilizados na avaliação individual dos produtos

de degradação. Seu objetivo é acompanhar/detectar mudanças na identidade, pureza e

potência do produto10

.

De acordo com um Guia FDA/USA, de 1998, método indicativo de estabilidade é

definido como método analítico quantitativo validado, que possa detectar mudanças no

decorrer do tempo nas propriedades químicas, física ou microbiológica da substância/droga

ou produto da droga, e que seja específico, de modo que os ativos, os produtos de degradação

e outros componentes de interesse possam ser precisamente mensurados, sem interferência10

.

Esses métodos podem ser específicos, que avaliam a droga na presença de produtos de

degradação, excipientes e ativos; ou seletivos, que estão aptos a mensurar a droga e todos os

produtos de degradação na presença de excipientes e aditivos, devendo ser quali e quantitativo

para todos os componentes 10,11

.

Três diferentes técnicas (colorimétrica, microbiológica e cromatográfica) são

rotineiramente aplicadas na análise de rifampicina e formulações contendo a droga sozinha ou

em dose fixa combinada com isoniazida, pirazinamida e/ou etambutol12

.

Reações de decomposição são esperadas com rifampicina (RIFA) em meio ácido,

sendo hidrolizada a 3-formil-rifamicina (3-FR). Na presença da isoniazida (ISO), a 3-FR

reage com ela para formar isonicotinil-hidrazona (HID), através de uma rápida reação de

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líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido 38

segunda ordem. A HID, devido a sua instabilidade em condições ácidas, regenera seus

precursores através de reação de pseudo 1ª ordem, resultando na reposição da ISO, mas

eventual perda de RIFA. Como a reação de 2ª ordem é mais rápida, favorece a formação da

HID, e como resultado, a decomposição da RIFA a 3-FR é impulsionada, sendo, pois,

observada a degradação da RIFA 13,14,15,16

.

A técnica colorimétrica é apresentada pela Farmacopéia Britânica e estudos

preliminares mostraram que a hidrazona, principal produto de degradação em formulações

dose fixa combinada (DFC) contendo isoniazida e rifampicina, possui espectro de absorção

molecular similar ao da rifampicina, indicando a possibilidade de superestimação da

rifampicina na presença da hidrazona, nas análises colorimétricas, realizadas geralmente a 475

nm12

.

Técnicas cromatográficas oficiais não sinalizam especificidade para os produtos de

degradação, não havendo registro de sua utilização como ensaios indicativos de estabilidade16

.

Vários estudos dedicados às condições de stress e determinação de métodos de ensaios

indicativos de estabilidade seguem o Guia Q1A (R2) do ICH, que apesar de se direcionar a

novas drogas, é importante estendê-lo a drogas anti-tuberculose de primeira linha devido ao

aumento de exigências da regulação internacional em relação à geração de dados de acordo

com o ICH, sobretudo para drogas genéricas18

. Essa proposta pode ser estendida ainda a

combinações de drogas, buscando-se exata e precisa quantificação das múltiplas drogas, seus

produtos de degradação e os produtos de interação19

. A estabilidade é considerada um dos

mais importantes requerimentos da qualidade do produto farmacêutico20

. Laboratórios

analíticos modernos necessitam de métodos analíticos indicadores de estabilidade20,21,22,23

, que

devem envolver a monitoração de produtos de degradação, assegurando o estudo de

estabilidade do medicamento.

O presente estudo descreve o desenvolvimento e validação, segundo RE 899/2003

(ANVISA)24

de método para ensaio indicativo de estabilidade para amostras de isoniazida

combinadas à rifampicina em condições ácidas, visando a monitoração dos principais

produtos de degradação ácida: 3-formil rifamicina e hidrazona, visto que na literatura não se

encontrou método específico e com resolução satisfatória para esse tipo de análise.

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2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Padrões de trabalho

Rifampicina (Calyx® - lote 20070802; teor 102,50%) e Isoniazida (Calyx

® - lote

20080102; teor 100,05%)

2.2. Reagentes

Fosfato de sódio dibásico (Carlo Herba®) fosfato de potássio monobásico (Nuclear

®);

ácido cítrico (Merck®

); ácido orto-fosfórico (Merck®); acetonitrila (JTBaker

®); ácido

clorídrico (Merck®); água ultra-pura (Milli-q-Plus/Millipore Corporation

®).

2.3. Equipamentos

- Cromatógrafo líquido de alta eficiência (CLAE) Merck–Lachrom Elite® equipado com

detector (L - 2400 UV); forno da coluna (L – 2300); amostrador automático (L – 2200);

bomba (L - 2130 )

- Colunas cromatográficas: Chromolith® (C18 - 150 x 4,6), Purospher Star

® (C18 250 x 4,0

mm – 5 µm) e ), Purospher Star® (C18 75 x4,0 mm – 3 µm).

- Aparelho de ultrassom (Ultrasonic Cleaner Unique®)

- Balança analítica (Shimadzu®

AW 220)

2.4. Preparação das amostras

Soluções-padrão

Preparada de modo a obter concentração de 0,5000 mg/mL de rifampicina e 0,3330

mg/mL de isoniazida em certa quantidade de acetonitrila (ACN) para solubilizar a

rifampicina, seguida de solução tampão pH 6,8. As soluções foram filtradas em unidades

filtrantes de 0,45 µm e analisadas por CLAE.

Soluções em meio ácido

Isoniazida + rifampicina: Preparada de modo a obter concentração de 0,5000 mg/mL

de rifampicina e 0,3330 mg/mL de isoniazida em certa quantidade de acetonitrila para

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líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido 40

solubilizar a rifampicina, seguida de HCl 0,01M. As soluções foram filtradas em unidades

filtrantes de 0,45 µm e analisadas por CLAE.

Rifampicina: Preparada de modo a obter concentração de 0,5000 mg/mL de

rifampicina em certa quantidade de acetonitrila para solubilizá-la, seguida de HCl 0,01M. As

soluções foram filtradas em unidades filtrantes de 0,45 µm e analisadas por CLAE.

Curva controle

Uma solução estoque foi preparada com concentração conhecida de isoniazida e

rifampicina de respectivamente 0,6660 e 1,0000 mg/mL. Diluições em solução tampão fosfato

pH 6,8 foram efetuadas para geração da curva controle até a obtenção de concentrações

mínima, média e máxima, correspondentes a 0,2664; 0,3330; e 0,3996 mg/mL de isoniazida e

0,4000; 0,5000; e 0,6000 mg/mL de rifampicina, respectivamente.

2.5. Desenvolvimento do método analítico

Após levantamento bibliográfico acerca dos sistemas cromatográficos utilizados para

análise de rifampicina e seus produtos de degradação, bem como da isoniazida, foram

identificados dois artigos científicos, desenvolvidos por LIU e colaboradores25

(Método I) e

por MOHAN e colaboradores, sendo este uma modificação de método proposto pela USP26

(Método III). Além disso, foi avaliado o método proposto pela USP 30 para teor de cápsulas

de isoniazida + rifampicina (Método II), no qual foram feitas alterações (Método V), de modo

a desenvolver e otimizar um ensaio indicativo de estabilidade para análise de amostras de

isoniazida + rifampicina em meio ácido (Método IV).

2.6. Validação do método analítico

2.6.1. Sistema cromatográfico

As condições cromatográficas utilizadas no sistema cromatográfico estão expostas na

tabela 1.

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líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido 41

Tabela 1: Condições cromatográficas do MEIE de rifampicina e isoniazida em meio ácido

Parâmetro Especificação

Fase estacionária C18 250 X 4,0 (5µm) - Purospher®

Fase móvel Gradiente entre soluções A (tampão fosfato 0,01M pH

6,8: ACN 96:4) e B (tampão fosfato 0,01M pH 6,8:

ACN 55:45).

Programação do gradiente Tempo (min) Sol A (%) Sol B (%)

0-5 100 0

5-6 1000 0100

6-45 0 100

Fluxo 0,5 mL/min

Comprimento de onda 238 nm

Volume de injeção 20 µL

2.6.2. Parâmetros avaliados na validação

O método indicativo de estabilidade em meio ácido de isoniazida e rifampicina foi

validado seguindo os parâmetros de especificidade, linearidade, intervalo, limites de detecção

e quantificação de cada princípio ativo, robustez, precisão e exatidão, segundo Resolução RE

n° 899/2003 (ANVISA).

Baseando-se nos produtos de degradação da rifampicina, inclusive na presença de

isoniazida, relatados na literatura, a especificidade do método foi demonstrada para os

fármacos isoniazida, rifampicina e também para os principais produtos de degradação:

hidrazona e 3-formil rifamicina, cujo surgimento é provocado pelo método de preparação de

amostras destinadas especificadamente à validação do parâmetro de especificidade do método

analítico indicativo de estabilidade. A especificidade do método foi verificada através da

separação dos picos dos fármacos e produtos de degradação principais, além da verificação de

ausência de picos em amostra de solução tampão utilizada no ensaio.

A linearidade foi avaliada tomando-se como ponto médio as concentrações de

isoniazida e rifampicina equivalentes a, respectivamente, 0,3330 e 0,5000 mg/mL,

respeitando-se a proporção de 2:3 existente entre esses fármacos nas formas farmacêuticas em

dose-fixa combinadas atuais. O intervalo avaliado no parâmetro da linearidade abrangeu entre

80 e 180% dessa concentração média, equivalendo aos mínimo e máximo de 0,2664 e 0,5994

mg/mL (isoniazida) e 0,4000 e 0,9000 mg/mL (rifampicina).

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No parâmetro robustez, foram avaliadas alterações na temperatura de 25ºC (24 e

26ºC), no tempo de sonicação das amostras (5 e 10 minutos) e no fluxo de fase móvel (0,49;

0,50; e 0,51 mL/min).

Os limites de detecção (LD) e quantificação (LQ) foram inferidos de acordo com

equações indicadas pela RE 899/2003 (ANVISA): LD = DP x 3/IC e LQ = DP x 10/IC; onde

DP é o desvio padrão dos coeficientes lineares obtido com as três curvas de linearidade e IC é

a média dos coeficientes angulares das respectivas curvas.

A precisão foi determinada em dois níveis: a repetitividade (precisão intra-corrida),

onde foram avaliadas seis determinações a 100% da concentração-teste (0,5000 mg/mL de

rifampicina e 0,3330 mg/mL de isoniazida) dentre as quais o coeficiente de variação não

deveria ultrapassar 5,0% (RE 899/2003); e a precisão intermediária (inter-corrida) avaliou

amostras com oito replicatas, preparadas por dois analistas, em dois diferentes dias, também

na concentração 100% do teste, dentre os quais não deve haver diferença estatística

significativa, estabelecido o nível de confiança de 95%.

A exatidão foi avaliada através de 3 réplicas de concentrações, baixa, média e alta, em

relação ao intervalo de linearidade. Foram avaliadas soluções nas seguintes concentrações de

isoniazida e rifampicina, respectivamente: 0,2664; 0,3330; e 0,3996 mg/mL de isoniazida e

0,4000; 0,5000; e 0,6000 mg/mL de rifampicina, correspondentes a 80, 100 e 120% da

concentração teste. A exatidão (Ex) se expressa pela relação entre a concentração média

determinada experimentalmente (CME) e a concentração teórica correspondente (CT), através

da fórmula: Ex = (CME / CT) x 100.

3. RESULTADOS

3.1. Desenvolvimento do método

Após levantamento bibliográfico acerca de desenvolvimento de métodos analíticos

indicativos de estabilidade, além de métodos utilizados para detecção de rifampicina e

isoniazida, bem como seus produtos de degradação, outros testes foram realizados de modo a

desenvolver uma metodologia ideal para a quantificação concomitante de isoniazida,

rifampicina e seus produtos de degradação (Tabela 2).

Inicialmente, buscou-se reproduzir a metodologia analítica utilizada para determinação

de rifampicina e suas substâncias relacionadas25

, o método I através do qual foram obtidos

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líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido 43

cromatogramas com resolução não satisfatória, sendo todos os picos detectados antes de 7

minutos, não facilitando sua separação e especificidade.

Partiu-se para avaliação da metodologia oficial sugerida pela USP para análise de

cápsulas de isoniazida + rifampicina17

aplicada ao controle das matérias-primas e seus

produtos de degradação ácida, método II, que apresentou necessidade de melhor resolução

entre os picos dos produtos de degradação hidrazona e 3-formil rifamicina.

Em seguida, reproduziu-se metodologia analítica decorrente de avaliação de

metodologia proposta pela USP para análise de DFC-TB e sua habilidade para detecção dos

produtos de degradação26

, método III. Essa metodologia propõe alterações na metodologia

oficial para cápsulas de isoniazida + rifampicina com objetivo de obtenção de cromatogramas

com melhor resolução, tendo como resultado uma melhor, mas ainda insuficiente, separação

dos picos, além de baixo tempo de detecção da isoniazida, sendo necessário otimizar a

metodologia, alterando-se, pois, o fluxo de fase móvel, passando de 1,0 a 0,5 mL/min

(método IV).

Como resultado, o tempo de retenção da isoniazida foi retardado e uma satisfatória

separação dos picos foi alcançada, obtendo-se satisfatória performance (Tabela 3), sendo estas

as condições cromatográficas eleitas para o método indicativo de estabilidade, já que

contempla a detecção dos principais produtos de degradação da rifampicina e da interação

entre isoniazida e rifampicina, em meio ácido.

Devido ao aumento no tempo de corrida, buscou-se alternativa para tornar a análise

mais célere, sugerindo-se o uso de uma fase estacionária com menor comprimento, e ainda

menor tamanho de partícula, o que otimizaria a resolução dos sinais.

Como coluna-teste, foi utilizada uma Purospher Star® C18 75 x 4 mm (3µm) e a

metodologia foi adaptada segundo o comprimento da coluna no tocante à programação do

gradiente (método V). O resultado dessa modificação no comprimento da fase estacionária foi

o menor tempo de análise, mas não foi conseguida uma resolução satisfatória, o que levou à

exclusão dessa proposta.

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rifampicina em meio ácido 44

Tabela 2: Condições cromatográficas dos métodos avaliados

Parâmetro Método I Método II Método III Método IV Método V

Fase

estacionária

RP 18e (100 x

4,5 mm) -

monolítica

C18 (250 X 4,0 mm) – 5 µm C18 (250 X 4,0 mm) – 5 µm C18 (250 X 4,0 mm) – 5 µm C18 (75 X 4 mm) – 3 µm

Fase móvel MeOH:ACN:

KHPO4 0,075

M: ácido cítrico

1,0M

28:30:38:04

solução A = tampão fosfato

0,01M pH 6,8: ACN (96:04) e

solução B = tampão fosfato

0,01M pH 6,8: ACN (45:55)

solução A = tampão fosfato

0,01M pH 6,8: ACN (96:04) e

solução B = tampão fosfato

0,01M pH 6,8:ACN (55:45)

solução A = tampão fosfato

0,01M pH 6,8: ACN (96:04) e

solução B = tampão fosfato

0,01M pH 6,8 : ACN (55:45)

solução A = tampão fosfato

0,01M pH 6,8: ACN (96:04) e

solução B = tampão fosfato

0,01M pH 6,8 : ACN (55:45)

Modo de

eluição

Isocrática Gradiente:

Tempo

(min)

Sol A

(%)

Sol B

(%)

0-5 100 0

5-6 1000 0100

6-15 0 100

Gradiente:

Tempo

(min)

Sol A

(%)

Sol B

(%)

0-5 100 0

5-6 1000 0100

6-30 0 100

Gradiente:

Tempo

(min)

Sol A

(%)

Sol B

(%)

0-5 100 0

5-6 1000 0100

6-45 0 100

Gradiente:

Tempo

(min)

Sol A

(%)

Sol B

(%)

0-5 100 0

5-7 1000 0100

7-24 0 100

24-26 0100 1000

26-30 100 0

Fluxo

2 mL/min 1,5 mL/min 1,0 mL/min 0,5 mL/min 0,5 mL/min

Volume de

injeção

10 µL 20 µL 20 µL 20 µL 20 µL

Comprimento

de onda

254 nm 238 nm 238 nm 238 nm 238 nm

Observações Picos muito

próximos e

áreas não

reprodutíveis

Picos muito próximos Baixo tempo de retenção para

isoniazida

Boa resolução entre os picos Não se observou separação dos

picos

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cromatografia líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido 45

Tabela 3: Performance do MEIE de rifampicina e isoniazida em meio ácido

Composto Área TR TRR Pratos

teóricos

k´ Resolução Assimetria

RIFAMPICINA 170844294 21,647 1 7577 4,4117 22,67 1,6223

3-FR 401801 28,170 1,30 15251 6,04250 6,84098 1,2192

RQ 3326978 35,010 1,62 15987 7,75 6,77 1,1613

ISONIAZIDA 73989029 3,997 0,19 2587 0,00083 - 1,4583

HIDRAZONA 34490347 17,430 0,81 8783 3,3575 20,1258 1,0415

RIFAMPICINA 145632310 21,597 1,00 8220 4,3992 4,91 1,4871

3-FR - - - - - - -

RQ 2456352 34,943 1,62 16011 7,7359 12,9739 1,1116

3.2. Validação do método analítico indicativo de estabilidade

Os resultados obtidos da avaliação dos parâmetros foram tratados

estatisticamente por Análise de Variância (ANOVA) one-way e teste t de Student, com

nível de significância de 95%.

A especificidade do método foi demonstrada através de alguns cromatogramas:

o obtido a partir da análise de apenas solução tampão, sendo considerado o branco dessa

análise (Figura 1); que demonstra eficiente separação dos fármacos isoniazida e

rifampicina (Figura 2); e ainda que demonstra a separação dos principais produtos de

degradação ácida: hidrazona e 3-formil rifamicina (Figura 3).

A linearidade de um método demonstra que os resultados obtidos são

diretamente proporcionais à concentração dos fármacos nas amostras, dentro de um

intervalo especificado. As áreas obtidas no intervalo de variação analisado

demonstraram que não há falta de ajuste no modelo proposto, visto que os resíduos não

apresentaram anormalidade na sua distribuição. Os coeficientes de regressão linear

obtidos para isoniazida e rifampicina, respectivamente, sugerem que 98,87 e 99,99 % da

variação total em torno das médias são explicadas pela regressão, confirmando-se a

linearidade do método para o intervalo de concentração proposto (Tabela 4).

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cromatografia líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido 46

Minutes

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44

mA

U

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

1500

1600

mA

U

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

1500

1600UV12-05-2009 tp-2

Name

Area

Retention Time

Figura 1: Cromatograma da solução tampão através do MEIE validado

Minutes

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44

mA

U

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

mA

U

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

1

12

89

90

5,8

77

1

70

84

42

94

21

,64

7 4

01

80

01

28

,17

0

3

32

69

78

35

,01

0

1

36

12

60

40

,85

7

UV12-05-2009 R HCl

Name

Area

Retention Time

Figura 2: Cromatograma de amostra de rifampicina em meio ácido obtido através do MEIE

validado (RIFA: rifampicina; 3-FR: 3-formil-rifamicina; RQ:rifampicina-quinona).

RIFA

3-FR RQ

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Capítulo II: Desenvolvimento e validação de método para ensaio indicativo de estabilidade por

cromatografia líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido 47

Minutes

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44

mA

U

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

1500

1600

mA

U

-100

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1100

1200

1300

1400

1500

1600

7

39

89

02

9

3,9

97

1

09

31

05

5,8

50

3

44

90

34

7

17

,43

0

1

45

63

23

10

21

,59

7

2

45

63

52

34

,94

3

UV12-05-2009 I e R HCl

Name

Area

Retention Time

Figura 3: Cromatograma de amostra de isoniazida + rifampicina em meio ácido obtido através

do MEIE validado (ISO: isoniazida; HID: hidrazona; RIFA: rifampicina; RQ:rifampicina-

quinona).

Os limites de detecção e de quantificação foram, respectivamente, 0,0111 e

0,0169 mg/mL para isoniazida e 0,0128 e 0,0194 mg/mL para rifampicina (Tabela 4).

Tabela 4: Resultado da linearidade obtida a partir de três curvas autênticas de soluções

de isoniazida e rifampicina, nas condições validadas do MEIE de rifampicina e

isoniazida em meio ácido

Isoniazida Rifampicina

Coeficiente linear (±DP) 13442366,28± 8464762,595 4646161,496± 5387457,847

R2 98,97% 99,99%

Intervalo 0,2664 – 0,5994 mg/mL 0,4000 – 0,9000 mg/mL

LD 0,0111 mg/mL 0,0128 mg/mL

LQ 0,0169 mg/mL 0,0194 mg/mL

Fcalculado (linearidade) 475,2563 8618,0763

Ftabelado (linearidade) 4,6672 4,6672

Fcalculado (ajuste) 2,0626 0,0582

Ftabelado (ajuste) 3,7083 3,7083

RIFA

RQ

HID

ISO

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Capítulo II: Desenvolvimento e validação de método para ensaio indicativo de estabilidade por

cromatografia líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido 48

A robustez do método foi confirmada através de análise estatística, com 95% de

confiança, verificada através de resultados de amostras em quadruplicata com

coeficientes de variação menores ou iguais a 5,0% (Tabela 5).

Tabela 5: Resultados da robustez avaliada do MEIE de rifampicina e isoniazida em

meio ácido

Fármaco Isoniazida Rifampicina

Temperatura do forno Temperatura do forno

24 ºC 25 ºC 26 ºC 24 ºC 25 ºC 26 ºC

Média (mg/mL) 0,3409 0,3409 0,3410 0,5083 0,5077 0,5043

CV (%) 0,81 0,51 0,52 0,81 0,89 0,75

F calculado 0,0020 0,8001

F tabelado 4,2565

Fármaco Isoniazida Rifampicina

Tempo de sonicação Tempo de sonicação

5 minutos 10 minutos 5 minutos 10 minutos

Média (mg/mL) 0,3409 0,3406 0,5077 0,5111

CV (%) 0,51 0,53 0,89 0,79

t calculado 0,2199 0,9672

t tabelado 2.4469

Verificou-se que a variação de fluxo não era estatisticamente insignificante,

sendo, pois, recomendado o uso do fluxo de 0,5 mL/min para garantia da eficiência do

método. O método mostrou-se preciso nos dois níveis avaliados (Tabelas 6 e 7). A

exatidão do método foi comprovada pela taxa de recuperação próxima a 100% obtida

para as amostras analisadas de isoniazida e rifampicina, para as três concentrações de

soluções (Tabela 8).

Tabela 6: Resultado de repetitividade do MEIE de rifampicina e isoniazida em meio

ácido

Concentração

(mg/mL)

1 2 3 4 5 6 Média

(mg/mL)

CV (%)

Isoniazida 0,3322 0,3348 0,3330 0,3372 0,3341 0,3391 0,3368 0,74

Rifampicina 0,5033 0,5044 0,4963 0,4964 0,4938 0,4957 0,4953 0,27

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Capítulo II: Desenvolvimento e validação de método para ensaio indicativo de estabilidade por

cromatografia líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido 49

Tabela 7: Resultado de precisão intermediária entre dias e entre analistas do MEIE de

rifampicina e isoniazida em meio ácido

Isoniazida Rifampicina

Analista 1 Analista 2 Analista 1 Analista 2

Dia 1 Dia 2 Dia 1 Dia 2 Dia 1 Dia 2 Dia 1 Dia 2

Média(mg/mL) 0,3365 0,3363 0,3373 0,3392 0,5025 0,5015 0,5017 0,5082

CV (%) 1,0755 1,6001 1,0731 1,6651 0,9755 0,9412 1,2489 1,929

t calculado entre

analistas

0,4585

1,0550

0,4585

1,0550

0,3068

1,7411

0,3068

1,7411

t calculado entre

dias

0,0855

0,7943

0,4199

1,5924

t tabelado 2,1788

Tabela 8: Exatidão do MEIE de rifampicina e isoniazida em meio ácido

ISONIAZIDA

Concentração

teórica (mg/mL)

Concentração prática

(mg/mL)

Média CV (%) Recuperação (%)

0,2664 0,26875 0,26944 0,26635 0,26818 0,6042 100,67

0,3330 0,33710 0,33677 0,33633 0,33673 0,1154 101,12

0,3996 0,40629 0,40560 0,40334 0,40508 0,3793 101,37

RIFAMPICINA

Concentração

teórica (mg/mL)

Concentração prática

(mg/mL)

Média CV (%) Recuperação (%)

0,4000 0,39482 0,40449 0,39356 0,39822 1,3640 99,56

0,5000 0,49907 0,51010 0,50221 0,50379 1,1285 100,76

0,6000 0,60511 0,61030 0,59952 0,60498 0,8910 100,83

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Capítulo II: Desenvolvimento e validação de método para ensaio indicativo de estabilidade por

cromatografia líquida de alta eficiência para amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido 50

4. CONCLUSÃO

O estudo de estabilidade é essencial para garantia da qualidade do medicamento

durante sua vida útil, o que corrobora a importância do desenvolvimento de ensaios

indicativos de estabilidade, visto que as metodologias atuais, em sua maioria, não

prevêem a ocorrência de produtos de degradação.

Os métodos de cromatografia líquida de alta eficiência são preferíveis para a

elaboração de MEIE devido à possibilidade de separação de múltiplos componentes, sua

maior precisão e sensibilidade em relação às pequenas quantidades de produtos de

degradação10

.

Sendo a rifampicina e a isoniazida drogas de primeira linha para o tratamento da

tuberculose e prevendo a interação entre elas em meio ácido, é imprescindível

acompanhar sua estabilidade de modo a prever essa ocorrência e monitorar a qualidade

do medicamento, seguramente o mais eficaz na terapêutica atual.

O presente trabalho garante à rotina de estudos de estabilidade uma metodologia

específica, precisa e robusta para análise das drogas isoniazida e rifampicina, bem como

o acompanhamento da estabilidade de suas formas farmacêuticas em dose fixa

combinada.

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6. CAPÍTULO III

ESTUDO DE DEGRADAÇÃO ÁCIDA DE RIFAMPICINA ISOLADA, COMBINADA

À ISONIAZIDA E NA FORMA FARMACÊUTICA CÁPSULA EM DOSE FIXA

COMBINADA ATRAVÉS DE MÉTODO INDICATIVO DE ESTABILIDADE EM

MEIO ÁCIDO POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA

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Capítulo III: Estudo de degradação ácida de rifampicina isolada, combinada à isoniazida e na forma farmacêutica cápsula em

dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 55

ESTUDO DE DEGRADAÇÃO ÁCIDA DE RIFAMPICINA ISOLADA, COMBINADA

À ISONIAZIDA E NA FORMA FARMACÊUTICA CÁPSULA EM DOSE FIXA

COMBINADA ATRAVÉS DE MÉTODO INDICATIVO DE ESTABILIDADE EM

MEIO ÁCIDO POR CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE ALTA EFICIÊNCIA

Aline C CAVALCANTI*; Miracy M ALBUQUERQUE;

Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos - Departamento de Ciências Farmacêuticas,

Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. Arthur de Sá, s/n, Cidade Universitária, 50740–521 Recife – PE,

Brasil.

Flávia P M de MEDEIROS; Zênia M M LAVRA; Aíla K M SANTANA

Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco, Largo de Dois Irmãos, 1117, 52171-010 Recife – PE,

Brasil

Endereço de e-mail do autor correspondente*: [email protected]

RESUMO: A estimativa anual de óbitos decorrentes da tuberculose é de mais de dois milhões.

Seu tratamento ocorre de maneira eficaz através de drogas de primeira linha, como isoniazida

e rifampicina, que podem ser encontradas na forma dose-fixa combinada (DFC), cuja

aplicabilidade tem sido incentivada, mesmo havendo relatos de problemas relacionados à

estabilidade das formulações, bem como à insatisfatória biodisponibilidade da rifampicina. A

rifampicina sofre degradação em meio ácido originando 3-formil rifamicina, sendo essa taxa

de degradação acentuada na presença de isoniazida com a formação da hidrazona.

Conhecendo essa reação de decomposição, pode-se traçar um estudo de degradação ácida para

monitoramento da qualidade de insumos e de formas farmacêuticas em DFC, bem como

avaliar a influência de fatores como o processo de fabricação de cápsulas e o tempo de

fabricação na ocorrência de produtos de degradação, traçando-se perfil de degradação para

esses ativos, isolados e combinados, de modo a servir como parâmetro de qualidade e

principalmente avaliação de sua estabilidade.

Palavras-chave: rifampicina; isoniazida; degradação ácida; controle de qualidade;

estabilidade

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Capítulo III: Estudo de degradação ácida de rifampicina isolada, combinada à isoniazida e na forma farmacêutica cápsula em

dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 56

ABSTRACT: The annual estimate of deaths resulting from tuberculosis is more than two

million. Treatment occurs effectively through first-line drugs such as isoniazid and rifampicin,

which can be found as fixed-dose combination (DFC), whose applicability has been

encouraged, even with reports of problems related to stability of the formulations and to the

poor bioavailability of rifampicin. Rifampicin suffer degradation in acid medium giving 3-

formyl rifamycin, and the degradation rate markedly in the presence of isoniazid with the

formation of the hydrazone. Knowing that reaction of decomposition, will can trace a study of

acid degradation for monitoring the quality of materials and dosage forms in DFC, as well as

to evaluate the influence of factors such as the manufacturing process for obtaining capsules

and time of the occurrence of products degradation, making it the degradation profile for these

assets, alone and combined in order to serve as a measure of quality and especially evaluation

of its stability.

Keywords: rifampicin, isoniazid; acid degradation, quality control, stability

1. INTRODUÇÃO

A tuberculose, conhecida como “praga branca”1, é uma das doenças infecciosas que

mais mortes têm causado em todo o mundo, estimando-se anualmente mais de dois milhões

de óbitos e oito milhões de novos casos2,3

. No final do século XIX e início do XX, a metade

dos indivíduos acometidos pela doença morria4 e atualmente a taxa de mortalidade está em

torno de 50 a 80%, nos casos sem tratamento; 30% quando há tratamento; e apenas 5% no

tratamento assistido (DOT)5.

A quimioterapia efetiva contra a tuberculose pode ser conseguida com regimes de

combinações de drogas administradas sozinhas, associadas a outras e ainda na forma de

formulações dose-fixa combinadas (DFC)6. DFC de fármacos anti-tuberculose possuem

muitas vantagens em relação às formulações isoladas, e esforços têm sido feitos para

promovê-las na terapia. Apesar disso, ao longo dos anos foram detectados problemas em sua

qualidade, como a falha na biodisponibilidade de rifampicina, instabilidade nas formulações7,

desenvolvimento de resistência e efeitos tóxico-alérgicos8. Muitos estudos reportam essa

biodisponibilidade insatisfatória, havendo perda de 30%, além de problemas de estabilidade7.

É interessante observar porque DFC com boa dissolução mostram baixa

biodisponibilidade, e vice-versa. Formulações com boa dissolução são mais rapidamente

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Capítulo III: Estudo de degradação ácida de rifampicina isolada, combinada à isoniazida e na forma farmacêutica cápsula em

dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 57

solubilizadas no estômago e mostram índice de decomposição significativo; as com má

dissolução mostram menor decomposição e se solubilizam em meio gástrico de forma mais

lenta, relacionando-se a uma menor decomposição e podendo assim demonstrar melhor

biodisponibilidade.

Essa explicação é plausível para o problema de biodisponibilidade de rifampicina em

DFC, mas gera algumas questões: qual o mecanismo exato do aumento da decomposição da

rifampicina pela isoniazida? Outros fármacos também provocam a diminuição da

rifampicina? Qual é a extensão da decomposição de rifampicina a partir de DFC e o quanto

isso influencia a dose administrada? Como solucionar esse problema?9.

Estudos responderam os três primeiros questionamentos. Em relação à reação de

decomposição, constatou-se que a rifampicina em meio ácido é hidrolizada a 3-formil-

rifamicina, que reage com a isoniazida para formar isonicotinil-hidrazona, através de uma

rápida reação de segunda ordem. A hidrazona, devido a sua instabilidade em condições

ácidas, regenera seus precursores através de reação de pseudo 1ª ordem, resultando na

reposição da isoniazida, mas eventual perda de rifampicina. Como a reação de 2ª ordem é

mais rápida, favorece a formação da hidrazona, e como resultado, a decomposição da

rifampicina a 3-formil-rifamicina é impulsionada, sendo, pois, observada a degradação da

rifampicina5,7,9,10

. Essa reação (Figura 1) pode ser acelerada na presença de pirazinamida e de

etambutol, drogas usualmente utilizadas em DFC contra tuberculose, através de algum outro

mecanismo7,11,12

.

A cinética de degradação da rifampicina equivale a 12% e na presença de isoniazida

essa taxa de degradação aumenta para 21%10

, havendo literatura que relaciona uma taxa de

degradação da rifampicina de aproximadamente 33%, durante o tempo de permanência no

estômago12

. A degradação da rifampicina na presença de isoniazida foi investigada em

diferentes pH. Em torno de pH 1,5 a diminuição da concentração de rifampicina pode chegar

a 22,6%, confirmando o conceito da queda na biodisponibilidade da rifampicina e atribuindo-

o à decomposição da mesma na presença de isoniazida. Em pH próximo a 1,0, há menor taxa

de decomposição da rifampicina na presença de isoniazida (11%), devido à maior solubilidade

da rifampicina nesse pH12

.

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Capítulo III: Estudo de degradação ácida de rifampicina isolada, combinada à isoniazida e na forma farmacêutica cápsula em

dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 58

Figura 1: Reação de decomposição da Rifampicina na presença de Isoniazida9

Em pH alcalino (7,5 a 9,0), a rifampicina sofre degradação oxidativa, em presença de

oxigênio, à temperatura ambiente, formando a rifampicina-quinona. O pH de máxima

estabilidade está próximo da neutralidade10,12,13

.

Variações na decomposição da rifampicina in situ baseadas nas condições estomacais

e patológicas podem ser relacionadas diretamente à variável biodisponibilidade de rifampicina

em DFC9.

Algumas questões foram levantadas pela OMS e pelo IUATLD em novembro de

1998, em Bangkok após se afirmar que não se sabe qual a dosagem de rifampicina realmente

requerida. Será correto assumir a dose de 600 mg para maiores de 55 kg? Sabe-se que um

fabricante licenciado para DFC contendo 3 drogas baseia-se no aumento da dose em 20%

devido a seus voluntários apresentarem absorção de rifampicina reduzida em 18% 9. É

esperada a decomposição de 20 a 50% de rifampicina quando administrada em estômago

Rifampicina

3-formil

rifamicina

Isoniazida

Isonicotinil-

hidrazona

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Capítulo III: Estudo de degradação ácida de rifampicina isolada, combinada à isoniazida e na forma farmacêutica cápsula em

dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 59

vazio, significando a diminuição da dose do intervalo de 10 a 12 mg/kg para o intervalo de 5 a

6 mg/kg. Long e colaboradores, em 1979, indicaram que a diminuição da dose de rifampicina

de 9 mg/kg resulta em perda de eficácia terapêutica.

A demonstração da menor dose efetiva poderia auxiliar no cálculo da margem

terapêutica ou razão da dose usual, determinada pela toxicidade ou pelo máximo efeito ou

pela menor dose para o efeito bactericida15

. É relatado que aproximadamente 80 a 100 mg de

rifampicina deve ser liberada oralmente para atingir a concentração mínima efetiva e

proporcionar o efeito terapêutico. Então, uma liberação inicial de 20-30% de rifampicina a

partir de liberação controlada seria suficiente para as exigências biofarmacêuticas8.

Há vários estudos dedicados às condições de stress e determinação de métodos de

ensaios indicativos de estabilidade, de acordo com o Guia Q1A (R2) do ICH16

, que apesar de

se direcionar a novas drogas, permite-se estendê-lo a drogas anti-tuberculose de primeira linha

devido ao aumento de exigências da regulação internacional em relação à geração de dados de

acordo com o ICH, sobretudo para drogas genéricas11

.

Tanto neste guia quanto em quaisquer instrumentos de regulação oficial não há

detalhes para estudos de degradação, o que dificulta sua prática, pois não são especificadas,

por exemplo, até quais condições extremas deve-se ir quando outras previamente testadas não

geram degradação suficiente e quais tipos de reagentes são necessários para criar condições

particulares de stress17

.

Vários estudos relatam a utilização de diversas condições para estudos de degradação

ácida: refluxo em HCl 2 M, sob aquecimento a 100 oC, durante 14 horas e geração de

precipitado a ser caracterizado quimicamente18

; amostras em HCl 1,0 M, a 100 oC, durante 5

minutos19

; refluxo à temperatura ambiente com HCl 0,1 M, durante 24 horas20

; amostras em

HCl 0,1 M, a 80 oC, durante 60 minutos

21; soluções a 1 mg/mL em HCl 0,1 M; 1,0 M e 5,0 M,

a 80 oC, durante, respectivamente, 72, 12 e 12 horas

22; amostras na concentração de 1 mg/mL

em HCl 0,1 M e 10 mg/mL em HCl 1,0 M, ambas a 80 oC, durante 8 dias

23; amostras em HCl

0,1N, a 85 oC durante 72 horas

24; amostras a 0,4 mg/mL em HCl em refluxo durante seis

horas, depois neutralizada e diluída com água25

; amostras a 2 mg/mL em HCl 0,1M, a 80 oC,

até degradação suficiente de 20% da quantidade inicial26

.

Há estudos, porém, que revelaram que a força do HCl a 0,1 M é a mais utilizada,

sendo que poucos estudos utilizaram ácido sulfúrico e outros apenas afirmaram a condição

como ácida, sem determinar o agente utilizado. Ainda sobre a degradação ácida, uma ampla

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Capítulo III: Estudo de degradação ácida de rifampicina isolada, combinada à isoniazida e na forma farmacêutica cápsula em

dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 60

faixa de temperatura foi utilizada, de 40 a 110 oC, variando-se também o período de

exposição, de poucos minutos até 2 meses, o que gerou uma gama de diferentes resultados nos

quais é citada a degradação de 35% de ácido retinóico em refluxo em HCl 0,1M por 5

minutos, enquanto também há relato de não decomposição de substâncias sob refluxo em HCl

0,1M após uma semana17

.

Estudos de stress devem estabelecer características de estabilidade da molécula assim

como a via de degradação (reação), levando à identificação dos produtos de degradação e

dando suporte adequado aos procedimentos analíticos propostos22

. O ideal é desenvolver um

ensaio indicativo de estabilidade, específico para as degradações previstas. Para o

desenvolvimento desse tipo de estudo são necessárias informações anteriores sobre produtos

de degradação, além de pesquisa de métodos analíticos para doseamento dos fármacos22

.

Estudos de degradação forçada podem facilitar o desenvolvimento farmacêutico nas áreas de

desenvolvimento, produção e embalagem28

.

Em particular, o estudo sobre o nível de stress adequado ainda não é específico. Um

stress demasiado pode gerar perfis de degradação que não são representativos nas condições

de armazenagem, e talvez não relevantes ao desenvolvimento do método. Então, as condições

de stress devem ser realistas, e não excessivas. O protocolo do estudo de degradação de uma

nova droga deve resultar de amostras com degradação em torno de 10%, ou que tenham sido

expostas a condições de energia que superem as da estabilidade acelerada28

.

Conhecendo a possibilidade de incompatibilidade da isoniazida com a rifampicina em

meio ácido, esse estudo busca caracterizar o perfil de degradação da rifampicina, isolada,

combinada à isoniazida e ainda na forma de cápsulas DFC (200 mg de isoniazida + 300 mg de

rifampicina) em meio ácido a fim de aplicar a avaliação de tal perfil como parâmetro para

avaliação da qualidade.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Insumos farmacêuticos

A rifampicina utilizada foi do fabricante Luche Nanjiecum Pharm, lote 15698 e teor de

99,2%. A isoniazida utilizada foi fabricada por Zhejiang Juangbei Pharmaceutical Co. LTD,

lote 15584 e teor de 99,42%.

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dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 61

Cápsulas

Foram avaliadas cápsulas de isoniazida + rifampicina 200 + 300 mg manipuladas com

os insumos avaliados, em seu tempo zero (Cáps tzero), com teor de 101,33% de isoniazida e

100,12% de rifampicina; e após 12 meses de fabricação (Cáps t12m), com teor de 97,40% de

isoniazida e 94,01% de rifampicina.

Reagentes

Fosfato de sódio dibásico(Carlo Herba®); ácido orto-fosfórico (Merck

®); acetonitrila

(ACN) (JTBaker®

); ácido clorídrico (Merck®

); água ultra-pura (Milli-q-Plus/Millipore

Corporation®).

Equipamentos

- Cromatógrafo líquido de alta eficiência (CLAE) Merck® – Lachrom Elite

® equipado com

detector (L - 2400 UV); forno da coluna (L – 2300); amostrador automático (L – 2200);

bomba (L - 2130 ) Coluna cromatográfica: Purospher Star® (C18 250 x 4,0 mm – 5 µm)

- Aparelho de ultrassom (Ultrasonic Cleaner Unique®)

- Balança analítica (Shimadzu®)

Preparação do padrão misto

Preparado de modo a obter concentração de 0,5000 mg/mL de rifampicina e 0,3330

mg/mL de isoniazida em certa quantidade de acetonitrila para solubilizar a rifampicina,

seguida de solução tampão pH 6,8. As soluções foram filtradas em unidades filtrantes de 0,45

µm e analisadas por CLAE.

Preparação das soluções em meio ácido

Rifampicina: Preparadas de modo a obter concentração de 0,5000 mg/mL de

rifampicina em certa quantidade de acetonitrila para solubilizá-la, seguida de HCl 0,01M,

sendo a última diluição em solução tampão fosfato 0,01M pH 6,8. As soluções foram filtradas

em unidades filtrantes de 0,45 µm e analisadas por CLAE.

Isoniazida + rifampicina: Preparadas de modo a obter concentração de 0,5000 mg/mL

de rifampicina e 0,3330 mg/mL de isoniazida em certa quantidade de acetonitrila para

solubilizar a rifampicina, seguida de HCl 0,01M, sendo a última diluição em solução tampão

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Capítulo III: Estudo de degradação ácida de rifampicina isolada, combinada à isoniazida e na forma farmacêutica cápsula em

dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 62

fosfato 0,01M pH 6,8. As soluções foram filtradas em unidades filtrantes de 0,45 µm e

analisadas por CLAE.

Cápsulas de isoniazida + rifampicina (200 + 300 mg): Pesou-se o conteúdo de 20

cápsulas a partir do qual foi pesada a quantidade de pó necessária para a obtenção de solução

com concentração de 0,5000 mg/mL de rifampicina e 0,3330 mg/mL de isoniazida em certa

quantidade de acetonitrila para solubilização, seguida de HCl 0,01M, sendo a última diluição

em solução tampão fosfato 0,01M pH 6,8. As soluções foram filtradas em unidades filtrantes

de 0,45 µm e analisadas por CLAE.

Condições cromatográficas

O método cromatográfico 32

apresenta especificações segundo a tabela 1.

Tabela 1: Condições cromatográficas do MEIE de rifampicina e isoniazida em meio ácido

Parâmetro Especificação

Fase estacionária C18 250 X 4,0 (5µm) Purospher®

Fase móvel Gradiente entre soluções A (tampão fosfato 0,01M pH

6,8: ACN 96:4) e B (tampão fosfato 0,01M pH 6,8:

ACN 55:45).

Programação do gradiente Tempo (min) Sol A (%) Sol B (%)

0-5 100 0

5-6 1000 0100

6-45 0 100

Fluxo 0,5 mL/min

Comprimento de onda 238 nm

Volume de injeção 20 µL

Estudo de degradação ácida

O estudo foi planejado de modo a comparar os produtos de degradação ácida da

rifampicina isolada, combinada à isoniazida, e na forma de cápsulas DFC, em triplicata,

analisadas no momento da preparação das soluções em meio ácido (tempo zero) e em seguida

armazenadas em condições ambientes de temperatura e umidade para avaliação após 24 horas

em meio ácido. Os produtos de degradação foram quantificados em relação à percentagem do

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Capítulo III: Estudo de degradação ácida de rifampicina isolada, combinada à isoniazida e na forma farmacêutica cápsula em

dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 63

ativo ao qual se relaciona, comparando-se a área das amostras com a área de um padrão desse

mesmo insumo preparado no tempo zero 11,12,29,30

.

Esse método de percentagem de áreas é menos sensível e pode não detectar os

componentes em minoria, mas é justificado pela dificuldade de aquisição de padrões externos

de produtos de degradação, mesmo sendo sua utilização altamente sensível e também muito

mais complexa31

.

Planejamento fatorial

Planejamentos fatoriais avaliando-se dois níveis para cada um dos dois parâmetros em

questão foram traçados.

O planejamento I visou avaliar a influência da isoniazida no teor de amostras de

rifampicina em meio ácido, bem como a influência do tempo dessas amostras na condição

ácida.

O planejamento II visou avaliar se o conjunto excipientes + processo necessários à

fabricação de cápsulas DFC de isoniazida + rifampicina influenciam no teor de amostras de

rifampicina em meio ácido, bem como avaliar o tempo dessas amostras nessa condição ácida.

O planejamento III visou avaliar se o tempo transcorrido a partir da manipulação de

cápsulas DFC influencia no teor de rifampicina após degradação ácida, bem como avaliar o

tempo dessas amostras em condição ácida.

3. RESULTADOS

Estudo de degradação ácida

Através do estudo de degradação ácida da rifampicina isolada, verificou-se a

ocorrência de apenas um produto de degradação, identificado como 3-formil rifamicina (3-

FR) de acordo com dados da literatura que sugerem essa molécula como o principal produto

de degradação desse insumo em meio ácido5,7,9,10

.

Já na presença de isoniazida, foi verificada a ocorrência majoritária de um produto de

degradação identificado como hidrazona (HID), através de dados disponíveis na literatura,

que o sugere como principal produto de degradação da interação isoniazida + rifampicina em

meio ácido, havendo ainda pequena porcentagem de 3-FR, que segundo a reação de

degradação prevista pela literatura é lentamente reposta através de reação de primeira ordem

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dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 64

após formação da hidrazona 5,7,9,10

. Ainda foi verificada nas amostras de cápsulas, apenas no

tempo zero em meio ácido, a presença de rifampicina-quinona (RQ), identificada através de

eluição de padrão dessa substância, de modo a se estabelecer seu tempo de retenção relativo à

rifampicina. A ocorrência dessa degradação apenas nas amostras de cápsulas, e no tempo

zero, pôde ser atribuída ao fato de que ela também se degrada em meio ácido, contribuindo

para a formação de 3-FR ou HID.

A interpretação das figuras 2 e 3 nos levou a observar a formação de 3-FR de forma

mais expressiva nas amostras de rifampicina isoladas, bem como a formação da HID como

principal degradação da rifampicina na presença de isoniazida. Com o tempo em meio ácido o

teor de rifampicina diminuiu, aumentando-se a taxa de degradação, em todas as amostras

analisadas.

Figura 2: Gráfico do estudo de degradação de amostras de rifampicina isoladas, combinadas à

isoniazida e na forma de cápsulas DFC: análise no momento da preparação da solução em meio ácido

(tempo zero).

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Capítulo III: Estudo de degradação ácida de rifampicina isolada, combinada à isoniazida e na forma farmacêutica cápsula em

dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 65

Figura 3: Gráfico do estudo de degradação de amostras de rifampicina isoladas, combinadas à

isoniazida e na forma de cápsulas DFC: análise após 24 horas em meio ácido.

Planejamento fatorial

Planejamento I (22): avaliação da presença de isoniazida em amostras de rifampicina em

meio ácido e do tempo das amostras em meio ácido no teor de rifampicina

As variáveis analisadas foram: a presença de isoniazida (1), nos níveis ausência (–) e

presença (+); e o tempo em meio ácido, nos níveis tempo zero (-) e após 24 h (+) (Tabela 2).

Tabela 2: Teor de rifampicina obtido a partir das amostras sob condições do planejamento I

Amostras 1 2 1 x 2 Teor de

rifampicina (%)

Variância Replicatas Graus de

liberdade

Rifampicina no tempo

zero em meio ácido

-

-

+

84,86

1,146289

3

2

Isoniazida + rifampicina

no tempo zero em meio

ácido

+

-

-

53,38

3,018022

3

2

Rifampicina após 24 h em

meio ácido

- + - 66,88 1,663356 3 2

Isoniazida + rifampicina

após 24 h em meio ácido.

+

+

+

13,63

0,775467

3

2

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Capítulo III: Estudo de degradação ácida de rifampicina isolada, combinada à isoniazida e na forma farmacêutica cápsula em

dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 66

Através da análise dos efeitos individuais, tem-se que, na presença de isoniazida, o

teor de rifampicina diminuiu em torno de 41,70% em média. Ao analisar o efeito do tempo da

amostra em meio ácido, tem-se que o teor de rifampicina diminuiu em média 29,54% após 24

h, sendo ambos os efeitos significativos estatisticamente, com 95% de confiança, por

apresentarem-se superior, em módulo, ao intervalo de confiança encontrado na análise dos

dados do planejamento fatorial I. A interação desses efeitos mostra-se também significativa,

fazendo diminuir em média 10,22% do teor de rifampicina na presença de isoniazida e após

24 h em meio ácido (Tabela 3). Com base nesses resultados conclui-se que a presença de

isoniazida proporciona uma taxa de degradação de rifampicina bem superior à encontrada em

amostras de rifampicina isolada, corroborando a teoria de que a combinação desses ativos em

meio ácido proporciona uma perda significante de rifampicina. Tratando-se do tempo de

amostras em meio ácido, tem-se a significância do tempo na taxa de degradação, o que nos

leva à conclusão de que avaliar o teor de rifampicina no momento da preparação e após 24 h

em meio ácido já é suficiente para o estudo de degradação, não sendo necessário prolongar o

tempo de análise.

Tabela 3: Efeitos calculados para o planejamento I e seus erros padrão (%)

Média global 54,3525 ±0,370898

Intervalo de confiança 1,710581

Efeitos principais

1 -41,70 ± 0,741796

2 -29,54 ± 0,741796

Efeitos de Interação

1 x 2 -10,22 ± 0,741796

Planejamento II (22): avaliação da influência do conjunto excipientes + processo, envolvidos

na fabricação de cápsulas DFC de isoniazida + rifampicina, e do tempo das amostras em

meio ácido no teor de rifampicina através da avaliação de amostras de mistura desses ativos

e amostras de cápsulas DFC no tempo zero e após 24 h em meio ácido.

As variáveis analisadas foram: presença de excipientes + processo de fabricação de

cápsulas (1), nos níveis ausência (equivalente à mistura dos ativos) (–) e presença (+); e o

tempo em meio ácido, nos níveis tempo zero (-) e após 24 h (+) (Tabela 4).

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dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 67

Tabela 4: Teor de rifampicina obtido a partir das amostras sob condições do planejamento II

Amostras 1 2 1 x 2 Teor de

rifampicina (%)

Variância Replicatas Graus de

liberdade

Mistura dos ativos no

tempo zero em meio ácido

-

-

+

53,38

3,018022

3

2

Cápsulas DFC no tempo

zero em meio ácido

+

-

-

58,29

17,16187

3

2

Mistura dos ativos no

tempo 24 h em meio ácido

-

+

-

13,63

0,775467

3

2

Cápsulas DFC no tempo

24 h em meio ácido

+

+

+

15,47

0,8186

3

2

Através da análise dos efeitos individuais, verificou-se que o efeito do conjunto

excipientes + processo de fabricação mostra-se significativo, ou seja, a mistura de insumos

mostra um menor teor de rifampicina comparada a amostras preparadas a partir de cápsulas

DFC. Esse efeito mostrou-se significativo, relacionando-se a influência positiva do conjunto

processo + excipientes, pois proporcionam menor influência na diminuição do teor de

rifampicina, sendo possível inferir que na forma de cápsulas DFC a rifampicina mostra menor

taxa de degradação quando comparada à degradação verificada na mistura desses ativos

(Tabela 5). O efeito do tempo das amostras em meio ácido mostrou-se também significativo,

sendo verificada uma diminuição média no teor de rifampicina de 41,29%, corroborando o já

verificado no planejamento I, que o tempo de análise em meio ácido até 24 h já seria

significativo para um estudo de degradação, não havendo necessidade de, nessas condições

em que o estudo foi realizado, se prolongar o tempo em meio ácido.

Tabela 5: Efeitos calculados para o planejamento II e seus erros padrão (%)

Média global 35,19 ± 0,6735

Intervalo de confiança 3,1063

Efeitos principais

1 3,38 ± 1,3470

2 -41,29 ± 1,3470

Efeitos de Interação

1 x 2 -1,54 ± 1,3470

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Planejamento III (22): avaliação tempo de fabricação de cápsulas DFC de isoniazida +

rifampicina e do tempo das amostras em meio ácido no teor de rifampicina através da

avaliação de amostras de cápsulas recém fabricadas e após 12 meses de sua fabricação,

considerando o tempo zero e após 24 h em meio ácido.

As variáveis analisadas foram: tempo transcorrido da fabricação das cápsulas (1), nos

níveis recém-manipuladas (–) e após 12 meses de fabricação (+); e o tempo em meio ácido,

nos níveis tempo zero (-) e após 24 h (+) (Tabela 6).

Tabela 6: Teor de rifampicina obtido a partir das amostras sob condições do planejamento III

Amostras 1 2 1 x 2 Teor de

rifampicina (%)

Variância Replicatas Graus de

liberdade

Cápsulas DFC recém

manipuladas no tempo

zero em meio ácido

-

-

+

58,29

17,16187

3

2

Cápsulas DFC após 12

meses de fabricação no

tempo zero em meio ácido

+

-

-

55,05

24,58029

3

2

Cápsulas DFC recém

manipuladas no tempo

24h em meio ácido

-

+

-

15,47

0,8186

3

2

Cápsulas DFC após 12

meses de fabricação no

tempo 24h em meio ácido

+

+

+

15,36

0,684422

3

2

Através da análise dos resultados obtidos a partir do planejamento III (Tabela 7),

verificou-se que dentre os efeitos avaliados, apenas o tempo em meio ácido mostrou-se

significativo, o que contribui para a já constatada condição suficiente de tempo de 24 h em

meio ácido para estudos de degradação ácida realizados nessas mesmas condições. O efeito

do tempo de fabricação das cápsulas não se mostrou significativo, o que representa uma

verificação de teor de rifampicina e consequentemente uma taxa de degradação da mesma não

diferente estatisticamente, com 95% de confiança, não havendo, pois, nessas condições de

análise, uma representatividade do tempo de fabricação das cápsulas, bem como sua interação

com o tempo em meio ácido, no teor de rifampicina.

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dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 69

Tabela 7: Efeitos calculados para o planejamento III e seus erros padrão (%)

Média global 36,05 ± 0,9491

Intervalo de confiança 4,3776

Efeitos principais

1 -1,67± 1,8984

2 -41,26 ± 1,8984

Efeitos de Interação

1 x 2 1,56 ± 1,8984

4. CONCLUSÃO

A presença de isoniazida é um fator estatisticamente significativo, com nível de

confiança de 95%, na taxa de degradação de rifampicina, sendo constatado através desse

estudo um aumento de 41,70% na degradação verificada em amostras na presença de

isoniazida quando comparadas a amostras de rifampicina isoladas, o que é corroborado pela

literatura, que descreve uma taxa de degradação de rifampicina de até 21% em formulações

DFC, comparada à taxa de 12% de degradação da rifampicina isolada10

, sendo então a taxa de

degradação de amostras combinadas cerca de 42,85 % superior à taxa verificada em amostras

de rifampicina isoladas.

Outra observação importante foi a menor influência na diminuição no teor de

rifampicna, apesar da constatação de que também há degradação, mesmo que em menor

proporção, nas amostras de rifampicina na forma de cápsulas em DFC, nas condições de

análise. Foi ainda interessante a constatação de que, para as amostras analisadas sob essas

condições, o tempo de fabricação das cápsulas não exerce influência significativa na taxa de

degradação em meio ácido para esse insumo analisado, considerando seu fabricante e seu lote.

Esses resultados contribuem para a efetividade da utilização do método para ensaio

indicativo de estabilidade em período de análise de amostras em meio ácido igual a zero e

após 24 h, além de demonstrar a ocorrência dos respectivos produtos de degradação das

amostras avaliadas.

A aplicabilidade desse método para ensaio indicativo de estabilidade é considerada

importante e eficiente para a monitoração de rifampicina na forma de insumo e também na

forma de cápsulas DFC, pois através dele foi possível a monitoração do teor dos produtos de

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Capítulo III: Estudo de degradação ácida de rifampicina isolada, combinada à isoniazida e na forma farmacêutica cápsula em

dose fixa combinada através de método indicativo de estabilidade em meio ácido por CLAE 70

degradação e da consequente diminuição no teor de rifampicina no estudo de degradação em

meio ácido, sendo possível transpor esse método para avaliação de estudos de degradação em

outras condições (básica, oxidativa, térmica e fotolítica), bem como aplicá-lo a estudos de

estabilidade em condições padronizadas de armazenamento, visando detectar a ocorrência de

quaisquer produtos de degradação.

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7. CAPÍTULO IV

CARACTERIZAÇÃO DA RIFAMPICINA, FÁRMACO CRÍTICO NO PROCESSO

DE FABRICAÇÃO DE MEDICAMENTOS ANTI-TUBERCULOSE

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 76

CARACTERIZAÇÃO DA RIFAMPICINA, FÁRMACO CRÍTICO NO PROCESSO

DE FABRICAÇÃO DE MEDICAMENTOS ANTI-TUBERCULOSE

Aline C CAVALCANTI*; Miracy M ALBUQUERQUE;

Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos - Departamento de Ciências Farmacêuticas,

Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. Arthur de Sá, s/n, Cidade Universitária, 50740–521 Recife – PE,

Brasil.

Flávia P M de MEDEIROS; Zênia M M LAVRA; Aíla K M SANTANA

Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco, Largo de Dois Irmãos, 1117, 52171-010 Recife – PE,

Brasil

Endereço de e-mail do autor correspondente*: [email protected]

RESUMO: A rifampicina é utilizada no tratamento de primeira linha da tuberculose, na

forma isolada e em dose fixa combinada. A existência de polimorfos e sua influência nas

características do fármaco, bem como a influência dessas diferentes formas no produto

farmacêutico corroboram a importância de não apenas ser realizado o controle de qualidade

dos insumos farmacêuticos ativos (IFA), mas a necessidade de sua caracterização através de

técnicas como infravermelho, análise térmica, análise de tamanho de partículas, além de

outras formas de caracterização química, como a taxa de dissolução e a taxa de degradação

em meio ácido, de modo a monitorar a forma polimórfica e a qualidade do insumo.

Palavras-chave: rifampicina; caracterização; polimorfismo; controle de qualidade.

ABSTRACT: Rifampicin is used in the first-line treatment of tuberculosis, isolated and as

fixed dose combination. The existence of polymorphism and its influence on the

characteristics of the drug, as well as the influence of different forms in the pharmaceutical

product supports the importance of not only being carried out quality control of

pharmaceutical raw assets (IFA), but the need for their characterization by techniques such as

infrared, thermal analysis, analysis of size of particles and other forms of the chemical

characterization, such dissolution rate and the rate of degradation in acid medium in order to

monitor the polymorphic form and quality of input.

Keywords: rifampicin; characterization, polymorphism, quality control.

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 77

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de uma formulação de sucesso depende das propriedades físico-

químicas e tecnológicas do ingrediente farmacêutico ativo (IFA), que têm impacto direto nos

processos de fabricação, na estabilidade e na biodisponibilidade do produto final da droga1. O

objetivo da caracterização do fármaco é encontrar uma forma com as melhores características

para o delineamento de uma formulação farmacêutica 2,3

.

Polimorfismo foi definido como a habilidade de qualquer composto em se apresentar

em mais de uma espécie cristalina distinta 2. Cada polimorfo dispõe de únicas propriedades

físico-químicas como solubilidade, ponto de fusão, higroscopicidade, dureza,

compressibilidade, densidade, propriedades ópticas e elétricas, além da pressão de vapor 1.

Sendo assim, a mudança de uma forma cristalina pode gerar alterações na forma farmacêutica

no que diz respeito à estabilidade físico-química, densidade, dissolução e

biodisponibilidade1,3

.

A forma estável é preferível, pois é menos provável que apresente transições de fase,

no entanto a forma meta-estável é às vezes escolhida devido à melhor solubilidade e

consequente biodisponibilidade 2.

A rifampicina foi desenvolvida no Dow-Lepetit Research Laboratories (Itália) como

parte de extensivo programa de modificação química das rifamicinas, metabólitos naturais da

Nocardia mediterranei 4.

É um composto semi-sintético produzido a partir da rifampicina B, que é obtida

comercialmente pela fermentação a partir do Streptomyces mediterranei (ATCC 13685) 5,6

.

Da rifampicina B é produzida a rifampicina SV, muito mais potente que o precursor. Vários

análogos da rifampicina SV foram preparados, e a rifampicina apresentou melhor atividade

antibacteriana, refletindo um sucesso terapêutico de 95% 5. Seu efeito anti-tuberculose data de

1965 e foi introduzido na clínica dos primeiros anos da década de 70. Em combinação com a

isoniazida é um dos fármacos mais utilizados no tratamento da tuberculose devido aos altos

índices de eficácia 6.

É uma molécula complexa, com diferentes conformações de acordo com as interações

entre os grupos funcionais, gerando diferentes estruturas cristalinas, que se deve a interações

moleculares tais como pontes de hidrogênio, mudanças conformacionais e estados de

ionização, que ocasionam reordenamento molecular, e podem exercer grande influência na

biodisponibilidade 7,8

.

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 78

Estudos realizados anteriormente já buscaram a caracterização da rifampicina 8,9

,

salientando seu caráter crítico quanto à participação em dose fixa combinada (FDC) de

medicamentos anti-tuberculose. A rifampicina é o único componente hidrofóbico de

formulações FDC, pertencente à classe II do sistema de classificação biofarmacêutica 7,8,10

,

sendo este um grande empecilho para seu uso nesse tipo de formulações, já que indica que

apenas os fatores que afetam a dissolução in vivo alteram a biodisponibilidade11

, podendo o

problema da solubilidade ser modulado pelos excipientes utilizados na formulação.

Em 1977, PELIZZA12

demonstrou, utilizando técnicas de infravermelho próximo,

raios X, DSC e TG, que a rifampicina possui três polimorfos: forma I, II e amorfa 7,8

. A

estrutura amorfa diminui a velocidade de dissolução devido às partículas do amorfo serem

muito finas e se agregarem através de forças eletrostáticas 7. A forma II é preferível por

apresentar maior solubilidade, contribuindo com as formulações 8, enquanto a forma I ainda

mostra necessidade investigativa no que diz respeito a sua diferente performance de

dissolução 13

. A dissolução do pó de rifampicina ocorre em função do tamanho das partículas,

e as amostras que apresentarem tamanho em torno de 100 µm mostram pobre dissolução 8.

A existência de rifampicina em diferentes formas cristalinas e a mudança de uma à

outra forma durante o processamento são possíveis causas da variável biodisponibilidade a

partir de FDC. Não há dados que sugiram que diferentes polimorfos da rifampicina mostrem

diferente biodisponibilidade, mas tal consideração talvez seja baseada na premissa geral de

que polimorfos diferentes demonstram biodisponibilidade diferentes13

.

Nas últimas décadas, grandes passos têm sido dados para o entendimento do controle

das formas sólidas do IFA em geral. A monitoração do seu estado sólido deve ser continuada

durante a transposição de escala e fabricação, de modo a detectar qualquer alteração no

polimorfo o mais cedo possível 2.

Os testes farmacopéicos atualmente exigidos não são suficientes para apontar

diferenças sutis como a ocorrência de polimorfismo entre os IFAs, daí a importância de se

tentar caracterizá-los dispondo-se das mais variadas técnicas 3, como análise térmica, tamanho

de partículas, difração de raios X, dentre outras, buscando um conhecimento de suas

características na forma sólida e assim uma padronização do IFA para a formulação

desenvolvida.

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Essa caracterização permitirá avaliar o impacto de diferentes IFAs utilizados na

fabricação de formas farmacêuticas, a fim de melhorar a liberação do fármaco in vitro, e

conseqüentemente in vivo.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Materiais

O padrão de trabalho utilizado foi do fabricante Calyx, lote 071202, com teor de

102,5%. Os IFAs foram cedidos por diversos fabricantes, codificados como 1, 2 e 3 cujos

lotes foram identificados na tabela 1.

Tabela 1: Fabricantes de rifampicina

Rifampicina Fabricante Lote

R1 Luche Nanjiecum Pharmaceutical Group Pharmacy Co. LTD 15698

R2 Calyx Chemical and Pharmaceutical Limited 071202

R3 Sandoz Pharmaceutical Co. 0709184

Os equipamentos utilizados foram pHmetro (Tecnal®); balança analítica (Shimadzu

®/

modelo AW 220); aparelho de repartição granulométrica (Bertel/Tipo magnético); tap density

(Varian®); fusiômetro (Barntead/Electrothermal

®); calorímetro de varredura exploratória

(Shimadzu®/Modelo DSC-50); difratômetro Rigaku

®, modelo Ultima; espectrofotômetro

infravermelho FT-IR (Shimadzu®

); cromatógrafo líquido de alta eficiência Merck®

Lachrom Elite® equipado com detector (L - 2400 UV); forno da coluna (L – 2300);

amostrador automático (L – 2200); bomba (L - 2130 ) e coluna cromatográfica Purospher

Star® (C18 250 x 4,0 mm – 5 µm); e dissolutor (Nova Ética); Microscópio eletrônico de

varredura FEI Quanta 200F®.

Métodos

Descrição

Realizada através de visualização a olho nu para verificação do aspecto e da cor.

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Verificação de pH

Monitorado a partir de suspensões do fármaco rifampicina em água na proporção 1 em

100, em triplicata.

Densidade aparente e compactada

Foi realizada segundo metodologia publicada na USP 30 (2007)14

, em triplicata, onde

cerca de 40 gramas da amostra foi acondicionada na proveta, sendo submetida a 10 quedas

para acomodação do pó e verificação da densidade aparente. Em seguida foram aplicadas 490

quedas e então registrado o volume da proveta ocupado pela amostra em pó. Mais 750 quedas

foram aplicadas, somando-se 1250 quedas, sendo o volume novamente registrado.

Consecutivamente foram aplicadas mais 500 quedas, até que a diferença do volume registrado

em relação ao imediatamente anterior fosse menor do que 2%. Com o volume final registrado,

pôde-se calcular a densidade compactada dividindo-se a massa inicialmente pesada por tal

volume registrado ao final do teste.

Repartição granulométrica

Foi realizada segundo a metodologia prevista na Farmacopéia Brasileira, 4ª edição

(1988)15

, em triplicata. Uma porção de 50 g de do pó foi pesada em balança analítica e

posicionada no tamis de maior malha de um aparelho de repartição granulométrica, que

consiste num agitador que produz movimentos horizontais e verticais empregando-se tamises

padronizados superpostos, partindo-se de uma malha de 600 µm até 75 µm. O teste foi

realizado por 20 minutos, no nível 7,5 de vibração do aparelho e as porções de pó retidas em

cada tamis foram pesadas e foi traçado um perfil de distribuição de tamanho das partículas.

Microscopia eletrônica de varredura

As amostras foram espalhadas sobre fita adesiva dupla face de carbono, própria para

microscopia eletrônica, sem metalização. As condições de operação envolveram voltagem de

aceleração de 20 kV, baixo vácuo (0.5 torr), emissor tipo FEG e aquisição de imagem através

de elétrons secundários (SEI).

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Ponto de fusão

Foi avaliado através de duas técnicas: método capilar, com utilização do fusiômetro; e

através da observação do pico de fusão nas curvas de calorimetria diferencial exploratória

(DSC), obtidas sob atmosfera de nitrogênio com fluxo de 50 mL.min-1

, com razão de

aquecimento de 10 oC.min

-1 até a temperatura de 300

oC. As amostras foram acondicionadas

em cadinho de alumínio com uma massa em torno de 2,0 mg e a calibração do DSC foi

realizada via ponto de fusão com padrão Índio (156,6 ºC ± 0,3) e Zinco (419,6 ºC ± 0,3). O

fluxo de calor e entalpia foram calibrados via ponto de fusão do Índio (28,59 J/g ± 0,3).

Difração de raios-X

Os espectros de difração de raios X foram obtidos com corrente de 20 mA, sob tensão

de 40 kV e utilizando radiação K-alfa do cobre. As amostras foram colocadas em lâminas de

vidro escavadas e analisadas sem tratamento prévio. A difração de raios X foi realizada

percorrendo a região entre 2θ = 2º e 2θ = 60º.

Infravermelho

Os ensaios foram realizados segundo metodologia proposta na USP 30 (2007)14

, em

pastilhas de KBr, na faixa entre 4000 e 400 cm-1

.

Degradação ácida

A ocorrência dos produtos de degradação em meio ácido foi monitorada, em triplicata,

através do método para ensaio indicativo de estabilidade 16

, com o objetivo de estimar o teor

dos produtos de degradação nas condições impostas pelo teste.

Dissolução

O ensaio de dissolução de fármacos foi realizado através do método de dissolução

particulada 17

, onde o fármaco na forma de pó (300 mg), sem que houvesse controle da área

superficial, foi submetido às condições de dissolução da metodologia proposta para a

dissolução de cápsulas de rifampicina na forma de dose fixa combinada à isoniazida pela USP

30 (2007)14

. A amostra foi acondicionada em cuba de dissolução contendo 900 mL de ácido

clorídrico 0,1N, permanecendo sob rotação de 100 rpm, durante 45 minutos, em

quadruplicata. Alíquotas de 20 mL foram filtradas, sendo uma porção de 5 mL diluída para

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 82

balão volumétrico de 50 mL, ao qual foi adicionado 10 mL de tampão fosfato e diluído com

água. O padrão sugerido pela farmacopéia americana constitui-se de solução de rifampicina a

0,33 mg/mL em HCl 0,1N, submetida às condições de dissolução e posteriormente diluída até

obtenção de solução 0,033 mg/mL. Como forma de avaliar a efetividade desse meio de

dissolução, considerando a ocorrência de degradação de rifampicina em meio ácido, as

mesmas amostras obtidas a partir do ensaio foram analisadas através de método para ensaio

indicativo de estabilidade (MEIE)16

em meio ácido, sendo comparadas com padrões com

mesma concentração final, preparados em acetonitrila e solução tampão.

3. RESULTADOS

Descrição

Todas as amostras analisadas apresentaram-se como pó vermelho-castanho, conforme

característica da rifampicina.

Verificação de pH e densidade aparente e compactada

Todos os IFAs analisados encontraram-se de acordo com a faixa de pH especificada

pela literatura. A densidade aparente e compactada são parâmetros físicos cuja faixa ideal de

especificação não é encontrada oficialmente e deve ser determinada a partir de várias medidas

em IFAs de diversos fabricantes, sendo portanto de caráter informativo nesse estudo de

caracterização (Tabela 2).

Tabela 2: Resultados da verificação de pH e densidade aparente e compactada

Rifampicina Especificação R1 R2 R3

pH 4,5 – 6,5 5,05 5,02 5,15

Densidade

aparente (g/mL)

Informativa

0,6780

0,5263

0,5486

Densidade

compactada (g/mL)

Informativa

0,8163

0,8333

0,8173

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 83

Repartição granulométrica

Através da análise da figura 1 foi possível visualizar a distribuição granulométrica dos

IFAs analisados. A amostra R1 apresentou maior variabilidade no tamanho das partículas,

com grande percentagem de partículas maiores ou iguais a 75 µm e também grande

percentagem de partículas menores, retidas no coletor, enquanto R2 apresentou a menor

variabilidade. A análise do tamanho de partículas mais significativo ocorreu através da

observação da maior percentagem em massa cuja malha correspondente foi tomada como

padrão para determinação de partículas maiores ou iguais a ela. A amostra R1 apresentou

23,68% das partículas retidas na malha de 75 µm, havendo 87,52% do total de partículas com

dimensões maiores ou iguais a 75 µm. A amostra R2 apresentou 49,06% das partículas retidas

na malha de 250 µm, sendo um total de 54,27% das partículas maiores ou iguais a 250 µm. A

amostra R3 apresentou 37,37% das partículas retidas na malha de 150 µm, sendo um total de

70,42% das partículas maiores ou iguais a 150 µm. Como observação final, tem-se que a

amostra R1 apresenta maior de variabilidade no tamanho das partículas.

Figura 1: Gráfico de distribuição granulométrica dos IFAs R1, R2 e R3.

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 84

Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As imagens obtidas a partir de elétrons secundários tiveram aumento de 100, 250, 400

e 2000 vezes. As figuras 2, 3 e 4 mostram imagens referentes a, respectivamente, R1, R2 e

R3.

A amostra R1 mostrou-se na forma de cristais, com variação de partículas entre 1 e

300 µm, com forma mais regular. A amostra R2 mostrou-se também na forma de cristais, com

superfície mais irregular, com partículas entre 500 nm e 200 µm. A amostra R3 mostrou-se na

forma de cristais cujas partículas estavam entre as dimensões de 500 nm e 100 µm,

apresentando uma menor faixa de variação de tamanho. Dentre as amostras analisadas, tem-se

a constatação de que todas se apresentam na forma de cristais, sendo R3 a que apresentou a

menor faixa de variação de tamanho de partículas.

Figura 2: Imagens através de MEV de R1

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 85

Figura 3: Imagens através de MEV de R2

Figura 4: Imagens através de MEV de R3

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 86

Ponto de fusão

Os respectivos pontos de fusão obtidos através do método capilar encontravam-se

inseridos no intervalo encontrado entre onset e endset da curva de DSC (Tabela 3). Na figura

5, pôde-se visualizar as curvas de DSC obtidas para os IFAS.

Tabela 3: Resultados obtidos quanto ao ponto de fusão das amostras analisadas

Ponto de fusão R1 R2 R3

Fusiômetro (°C) 193,5 189,7 194,1

DSC (onset) (°C) 180,80 173,72 175,98

DSC (pico) (°C) 188,39 182,27 183,20

DSC (endset) (°C) 197,03 192,68 192,91

Energia (J/g) -17,34 -22,12 -18,92

Figura 5: Curvas de DSC para diferentes lotes de rifampicina

R1

R2

R3

Pico II-B

Pico II-A

Pico II-C

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 87

Comparando-se os termogramas obtidos a partir dos IFAs com os dos padrões dos

diferentes polimorfos8, obtidos através da mesma metodologia (Figura 6), tem-se que os

eventos após 100°C equivalem aos observados no padrão do polimorfo II: um evento

endotérmico um pouco anterior a 200 °C (Pico II-A), atribuído à fusão da forma polimórfica

II, seguida de evento exotérmico de recristalização (Pico II-B), atribuído à conversão da

forma II à I 8. Tudo indica que o calor liberado no processo de recristalização para formação

do polimorfo I tenha sido empregado para dar início ao processo de decomposição térmica do

material, visto que o exoterma indicativo para esse processo apresenta pico após 250 °C (Pico

II-C), sendo que em menor intensidade do que o exoterma verificado para o padrão do

polimorfo I.

Figura 6: Curvas de DSC dos padrões de polimorfos de rifampicina 8

Segundo os resultados da análise térmica através de DSC, todas as amostras analisadas

correspondem ao polimorfo II.

Raios X

Os difratogramas (ANEXO I) obtidos tiveram destacados na tabela 4 seus sinais de

maior intensidade, com as respectivas distâncias interplanares:

Exotérmico Pico I-A

Pico II-B

Pico II-A Pico II-C

Pico Am-A Pico Am-B

Polimorfo I

Polimorfo II

Amorfo

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 88

Tabela 4: Sinais de maior intensidade obtidos para os difratogramas dos padrões de

polimorfos 8,18

e das amostras:

Polimorfo I Polimorfo II R1 R2 R3

I d (A) I d (A) I d (A) I d (A) I d (A)

90.00 10,066 97,60 7,869

8,06

8,09

8,06

100,00 6,125 79,70 5,576 5,69 5,74 5,72

78,90 4,150 100,00 4,434 4,49 4,49 4,49

Legenda: d (A) = desvio; I = intensidade

A análise cristalográfica detectou a presença de inúmeros picos ao longo do

difratograma, o que indica que as amostras apresentam estrutura essencialmente cristalina 3,

apesar do padrão de amorfização indicado pela linha de base não tão linear. Os sinais de

maior intensidade e seus respectivos desvios verificados em todas as amostras analisadas são

compatíveis aos apresentados pelo polimorfo II, sugerindo que todas as amostras possuem

essa forma polimórfica.

Espectrofotometria na região do infravermelho (IV)

Segundo dados da literatura 8,18

, o polimorfo I apresenta como característica uma

banda de absorção bem definida em torno de 1700 (atribuído ao grupamento acetil da

molécula), enquanto o polimorfo II apresenta dois sinais nessa mesma região, pouco

definidos, ou até na forma de uma banda larga única. Comparando-se os espectros obtidos a

partir das amostras analisadas (ANEXO II) com os obtidos a partir dos padrões de polimorfos

(ANEXO III), verifica-se a presença de uma banda larga nessa região ao invés de sinal

definido, o que indica que os IFAs analisados apresentam o polimorfo II.

Degradação ácida

Considerando o teor inicial dos IFAs analisados (R1=97,32%; R2=99,58%;

R3=100,2%), através das figuras 7 e 8 pôde-se verificar que todos apresentaram diminuição

de teor de rifampicina em meio ácido, sendo verificada entre o tempo zero e 24 horas em

meio ácido uma diminuição de, respectivamente, 17,98%; 14,32%; e 4,09%, sendo a R3

aquela com menor diminuição de teor de rifampicina, podendo-se sugerir uma melhor

estabilidade desse IFA frente aos outros analisados, sendo R1 o IFA com maior tendência à

degradação ácida.

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 89

Figura 7: Gráfico do estudo de degradação ácida – tempo zero

Figura 8: Gáfico do estudo de degradação ácida – tempo 24 horas

Dissolução

Através de método para ensaio indicativo de estabilidade (MEIE) em meio ácido foi

possível a quantificação de rifampicina após o teste de dissolução, verificando-se um teor

significativamente baixo, em contradição aos valores encontrados segundo o método

farmacopéico, todos acima da especificação atribuída à dissolução de cápsulas, maior do que

75% em 45 minutos14

, sob essas condições (Figura 9). As amostras quantificadas através do

método espectrofotométrico e calculadas a partir de um padrão preparado originalmente, sem

ser submetido à cuba de dissolução, demonstraram valores inferiores aos verificados a partir

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 90

do método farmacopéico e maiores do que os encontrados através da quantificação

cromatográfica. Isso nos remete ao fato de que, através da análise espectrofotométrica, os

produtos de degradação não são separados, e sim somados, em nível de absorvância, à

rifampicina. Quando o padrão é submetido às condições de dissolução, também é degradado,

e sua proporção em relação às amostras é mais compatível, justificando-se um teor de

dissolução de acordo com as especificações.

Figura 9: Resultados da dissolução dos IFAs através de método cromatográfico e espectrofotométrico

Através desse resultado, viu-se que, pela quantificação cromatográfica, o IFA R1 é o

mais susceptível ao efeito ácido do meio de dissolução, e em relação à quantificação

espectrofotométrica os valores de taxa de dissolução foram semelhantes para todos os IFAs,

independente do cálculo através dos diferentes padrões, levando-nos a inferir o caráter não

discriminativo do ensaio de dissolução efetuado nesse meio, já que não diferencia o

comportamento dos diversos IFAs, e sim mascara a taxa de dissolução devido a não detecção

dos produtos de degradação gerados em meio ácido.

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 91

4. CONCLUSÃO

Os diversos IFAs foram analisados através de técnicas que permitem sua

caracterização. Foi possível a identificação da forma polimórfica como sendo a II para todos

os IFAs analisados, que se demonstraram diferentes quanto à taxa de dissolução e de

degradação ácida, sendo o IFA R1 o menos estável, com menor taxa de dissolução e maior

faixa de variação de tamanho de partículas. O IFA R3 apresentou-se como o mais estável,

devido a sua menor taxa de degradação em relação à diminuição do teor de rifampicina.. A

monitoração da forma polimórfica é essencial para a manutenção das características do

fármaco desejadas para a utilização em forma farmacêutica compatível, sendo também

importante a avaliação realizada no presente trabalho quanto à degradação em meio ácido,

pois pode orientar sobre as características do IFA em seu tempo zero, seja em forma

farmacêutica ou não, contribuindo para estimar seu comportamento em relação à estabilidade.

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 92

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Capítulo IV: Caracterização da rifampicina, fármaco crítico no processo de fabricação de medicamentos anti-tuberculose 93

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14. UNITED STATES PHARMACOPEIA, 30ª ed. Rockville, United States

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15. FARMACOPEIA BRASILEIRA, IV ed. São Paulo. Atheneu, 1988.

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amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido. Dissertação de Mestrado em

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17. ROSA, T. C. C. Dissolução intrínseca de hidroclorotiazida de diferentes

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de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2005.

18. ALVES, 2007 – DISSERTAÇÃO: ALVES, RICARDO. Estudo termoanalítico e de

compatibilidade fármaco-excipiente de rifampicina e alguns medicamentos utilizados

na terapêutica da tuberculose. Universidade de São Paulo. Faculdade de Ciências

Farmacêuticas. Programa de pós-graduação em fármaco e medicamentos. São Paulo,

2007 (Orientador: Dr Jivaldo do Rosário Matos).

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8. CAPÍTULO V

AVALIAÇÃO PRELIMINAR DE ENSAIO DE DISSOLUÇÃO EM MEIO ÁCIDO DE

CÁPSULAS EM DOSE FIXA COMBINADA CONTENDO RIFAMPICINA

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Capítulo V: Avaliação preliminar de ensaio de dissolução em meio ácido de cápsulas em dose fixa combinada contendo

rifampicina 95

AVALIAÇÃO PRELIMINAR DE ENSAIO DE DISSOLUÇÃO EM MEIO ÁCIDO DE

CÁPSULAS EM DOSE FIXA COMBINADA CONTENDO RIFAMPICINA

Aline C CAVALCANTI*; Miracy M ALBUQUERQUE;

Núcleo de Controle de Qualidade de Medicamentos e Correlatos - Departamento de Ciências Farmacêuticas,

Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. Arthur de Sá, s/n, Cidade Universitária, 50740–521 Recife – PE,

Brasil.

Flávia P M de MEDEIROS; Zênia M M LAVRA; Aíla K M SANTANA

Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco, Largo de Dois Irmãos, 1117, 52171-010 Recife – PE,

Brasil

Endereço de e-mail do autor correspondente*: [email protected]

RESUMO: A rifampicina é utilizada no tratamento de primeira linha da tuberculose, na

forma isolada e em dose fixa combinada. Em meio ácido, ocorre sua degradação, que é

acelerada na presença da isoniazida. Sendo ácido clorídrico o meio de dissolução indicado

pela USP, é observada essa degradação já prevista, mas sendo a quantificação através de

método espectrofotométrico, não há uma estimativa dessa taxa de degradação, sendo

superestimada a quantificação da rifampicina dissolvida, além de haver um re-trabalho para

quantificação da isoniazida em dose fixa combinada, através de método cromatográfico

(CLAE). Este trabalho visa avaliar a taxa de degradação da rifampicina na presença de

isoniazida em cápsulas dose fixa combinada e propor um novo meio de dissolução como

forma de agilizar a rotina do controle de qualidade e evitar a degradação da rifampicina.

Palavras-chave: rifampicina; dissolução; degradação; controle de qualidade.

ABSTRACT: Rifampicin is used in the first-line treatment of tuberculosis, as isolated and

fixed dose combination. In acidic environment, its degradation occurs, which is accelerated in

the presence of isoniazid. As the means of acid dissolution indicated by the USP, this

degradation is observed already planned, but with the quantification by spectrophotometric

method, there is an estimate of the rate of degradation, and overestimated the amount of

rifampicin dissolved, and there is a re - work for quantification of isoniazid at fixed dose

combination, by high performance liquid chromatography. This study aims to assess the rate

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Capítulo V: Avaliação preliminar de ensaio de dissolução em meio ácido de cápsulas em dose fixa combinada contendo

rifampicina 96

of degradation of rifampicin in the presence of isoniazid in fixed dose combination capsules

and propose a new means of dissolution as a way to streamline the routine control of quality

and prevent degradation of rifampicina.

Keywords: rifampicin; dissolution, degradation, quality control

1. INTRODUÇÃO

Dissolução pode ser definida como o processo onde o fármaco é liberado de sua forma

farmacêutica e se torna disponível para ser absorvido pelo organismo. O ensaio de dissolução

é um teste físico de natureza destrutiva, no qual o fármaco passa para a forma solúvel a partir

de sua forma farmacêutica intacta ou de seus fragmentos e partículas formados durante o

teste1.

A taxa de dissolução de um fármaco a partir do estado sólido é definida como a

quantidade de fármaco que passa para a solução, por unidade de tempo, sob interface

líquido/sólido, temperatura, agitação e composição do solvente apropriado. Os termos

solubilização e taxa de dissolução podem ser usados com o mesmo significado, embora a

maioria dos autores prefira o último 2.

Inúmeras são as variáveis que podem afetar os resultados de um ensaio de dissolução:

a solubilidade do fármaco, o tamanho da partícula, o estado cristalino, a forma farmacêutica,

os excipientes, a tecnologia de fabricação, o grau de agitação, a temperatura, o pH do meio de

dissolução, bem como sua temperatura, tensão superficial, viscosidade, presença de bolhas e

de tensoativo 1.

O controle da dissolução sempre tem sido um aspecto importante para assegurar a

qualidade e é um requerimento farmacopéico para formas sólidas, onde a absorção do

fármaco é necessária para o efeito terapêutico 3.

A rifampicina é hidrolisada em meio ácido ao insolúvel 3-formil rifamicina 4 e a

isoniazida acelera a degradação de rifampicina em meio ácido, formando-se a hidrazona 4,5,6

numa taxa de 20%, sendo constatada sua formação também durante o estudo de dissolução no

meio recomendado pela USP 7, ácido clorídrico 0,1M (900 mL), após 45 minutos, sob

agitação de 100 rpm 8.

Alguns estudos sugerem testes de dissolução como prerrogativas para os estudos de

biodisponibilidade, mas é interessante observar que FDC com boa dissolução de rifampicina

mostram baixa biodisponibilidade da mesma, e vice-versa. Formulações com boa dissolução

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Capítulo V: Avaliação preliminar de ensaio de dissolução em meio ácido de cápsulas em dose fixa combinada contendo

rifampicina 97

são mais rapidamente solubilizadas no estômago e mostram decomposição significante; as

com má dissolução mostram menor decomposição, pois se tornam solubilizadas em meio

gástrico de forma mais lenta, relacionando-se a uma menor decomposição e podendo assim

demonstrar melhor biodisponibilidade 6.

O desenvolvimento de metodologias para avaliação, in vitro e in vivo, emerge como

árvore de decisão para rápida e contínua monitoração da qualidade de medicamentos anti-TB,

particularmente recomendadas para avaliação da qualidade de FDC sugeridas pela OMS e

Médicos sem Fronteiras para os programas de erradicação da TB 9,10

.

A dissolução trata-se, pois, de uma ferramenta qualitativa que pode oferecer

informações valiosas acerca da disponibilidade biológica de um medicamento, bem como a

consistência lote-a-lote 11

.

A decomposição no estômago acontece entre a dissolução da droga e sua absorção,

sendo um forte fator que contribui para a falência do tratamento e a emergente resistência 6.

Estudos preliminares mostraram que a hidrazona, principal produto de degradação em

FDC contendo isoniazida e rifampicina, possui espectro colorimétrico similar ao da

rifampicina, indicando a possibilidade de superestimação da rifampicina na presença da

hidrazona, nas análises colorimétricas, realizadas geralmente a 475 nm. Esse estudo visa

avaliar as condições do ensaio de dissolução através da análise da performance de dissolução

de dois lotes de cápsulas dose fixa combinada de isoniazida + rifampicina (200 + 300 mg)

segundo o teste de dissolução da USP 7, sendo quantificadas através de espectrofotometria a

475 nm e também através de análise cromatográfica líquida de alta eficiência, além de avaliar

essa performance de dissolução em um novo meio de dissolução.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Materiais

O padrão de trabalho utilizado foi do fabricante Calyx, lote 071202, com teor de

102,5% e as cápsulas dose fixa combinadas de isoniazida + rifampicina (200 + 300)

analisadas correspondem aos lotes codificados como 1 e 2, sendo o um analisado após sua

manipulação e o 2 após 12 meses de fabricação.

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Capítulo V: Avaliação preliminar de ensaio de dissolução em meio ácido de cápsulas em dose fixa combinada contendo

rifampicina 98

Foram utilizados como equipamentos: balança analítica (Shimadzu);

espectrofotômetro (Varian/ Cary 50); cromatógrafo líquido de alta eficiência Merck –

Lachrom Elite® equipado com detector (L - 2400 UV); forno da coluna (L – 2300);

amostrador automático (L – 2200); bomba (L - 2130 ) e coluna cromatográfica: Purospher

Star® (C18 250 x 4,0 mm – 5 µm); e dissolutor (Nova Ética).

Métodos

Ensaio de dissolução

Realizado através do acondicionamento de cápsulas (n=4) em cubas de dissolução

com 900 mL de ácido clorídrico 0,1M presas com auxílio de fio metálico e sob ação do

aparato pá, a 100 rpm e sob temperatura de 35 °C. Após 45 minutos as amostras foram

coletadas, filtradas e diluídas até uma concentração de 0,3000 mg/mL de rifampicina e 0,2000

mg/mL de isoniazida com tampão fosfato 0,01M pH 6,8 para leitura através de CLAE e

diluídas também até 0,0333 mg/mL de rifampicina e 0,0222 mg/mL de isoniazida para leitura

através de espectrofotômetro. Foram preparados padrões mistos nessas mesmas concentrações

em tampão fosfato 0,01 M pH 6,8, para leitura em HPLC e em água para leitura em

espectrofotômetro.

O segundo meio de dissolução testado foi uma solução de 0,5% de lauril sulfato de

sódio (LSS) em água, sugerido devido ao seu caráter ligeiramente básico, onde não se espera

a degradação da rifampicina na presença da isoniazida, e ainda por ser um surfactante,

auxiliando na dissolução da rifampicina. Suas amostras foram analisadas através de método

para ensaio indicativo de estabilidade (MEIE), por CLAE 12

.

3. RESULTADOS

Como é possível observar na figura 1, ambos os lotes apresentaram um teor de

rifampicina verificado através da espectrofotometria de absorção molecular bem superior em

relação àqueles encontrados através da CLAE, que por utilizar um método para ensaio

indicativo de estabilidade, pôde constatar a presença dos principais produtos de degradação

ácida da rifampicina em meio ácido, sobretudo na presença de isoniazida. O meio de

dissolução especificado pela USP 307 para cápsulas de rifampicina em DFC à isoniazida tem

sido reportado como não ideal, devido à decomposição da rifampicina durante o tempo do

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Capítulo V: Avaliação preliminar de ensaio de dissolução em meio ácido de cápsulas em dose fixa combinada contendo

rifampicina 99

teste de dissolução. Esse estudo demonstrou que, conforme dados da literatura, a rifampicina

é superestimada através da análise espectrofotométrica 8.

Figura 1: Teor de rifampicina encontrado na performance de dissolução de cápsulas DFC lotes

1 e 2 em HCl 0,1M através de quantificação por CLAE e por espectrofotometria

Comprovando-se essa incompatibilidade dos fármacos em soluções ácidas, buscou-se

avaliar uma proposta de meio de dissolução, a solução de LSS 0,5% em água. Conforme

mostra a figura 2, verificou-se que ambos os lotes analisados apresentaram ótima taxa de

dissolução, não sendo verificada diminuição do teor dissolvido de rifampicina devido à

ausência de sua degradação no meio testado.

Figura 2: Teor de rifampicina encontrado na performance de dissolução de cápsulas DFC lotes

1 e 2 em LSS 0,5% através de quantificação por CLAE.

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Capítulo V: Avaliação preliminar de ensaio de dissolução em meio ácido de cápsulas em dose fixa combinada contendo

rifampicina 100

4. CONCLUSÃO

O ensaio de dissolução é uma importante ferramenta para o monitoramento do

controle de qualidade das formas farmacêuticas sólidas e também relevante na busca de

conhecimento sobre o comportamento in vitro do medicamento em questão, buscando-se sua

correlação com o comportamento in vivo. Conhecendo a degradação da rifampicina em meio

ácido, estimulada ainda mais pela presença da isoniazida, o meio proposto por compêndio

oficial (HCl 0,1M) não é satisfatório para a monitoração da qualidade de cápsulas DFC de

rifampicina + isoniazida devido à grande taxa de degradação comprovada através da análise

por CLAE. Tratando-se da análise espectrofotométrica, tem-se a incoerência de

superestimação da rifampicina devido à absorvância na mesma região do espectro dos

produtos de degradação, e ainda a necessidade de quantificação à parte da isoniazida, através

de CLAE.

Aceitando-se a proposta de um meio de dissolução onde não haja degradação da

rifampicina, seu teor dissolvido poderá ser determinado, assim como de forma concomitante o

da isoniazida, através de CLAE, satisfazendo a necessidade de monitoração da qualidade lote

a lote. É imprescindível salientar a importância da avaliação da dissolução da rifampicina em

meio ácido, já que é a este ambiente ao qual estará sujeita in vivo, mas para o cumprimento da

etapa de controle de qualidade é satisfatória a avaliação no meio de dissolução proposto (LSS

0,5%), sendo possível a posterior correlação da taxa de dissolução observada no ensaio nessas

novas condições com o comportamento in vivo dos fármacos.

5. REFERÊNCIAS

1. MARCOLONGO, R. Dissolução de medicamentos: fundamentos, aplicações, aspectos

regulatórios e perspectivas farmacêuticas. Dissertação para obtenção do grau de

Mestre, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

2. BANAKAR, U. V. Pharmaceutical dissolution testing. New York, Marcel Dekker Inc,

1992. 437p.

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Capítulo V: Avaliação preliminar de ensaio de dissolução em meio ácido de cápsulas em dose fixa combinada contendo

rifampicina 101

3. FUENTES, I.;RUBIO, K.; HERNANDÉZ, L. P.; PORTILLA, M.; AGUILAR, A. E.

Estudios de perfiles de dissolución, calorimetría diferencial de barrido y tamaño de

partícula como elementos para determinar La calidad de matérias primas. Revista

Mexicana de Ciências Farmacêuticas, volumen 37, n 04, octubre/deciembre, 2006

4. TOIT, L. C. du; PILLAY, V.; DANCKWERTS, M. P. Tuberculosis chemotherapic:

current drug delivery approaches. Respiratory Research, 7: 118, 2006.

5. GHOEL, M. C.; SARVAIYA, K. G. A novel solid dosage form of rifampicin and

isoniazid with improved functionality. AAPS Pharm Sci Tech. Article 68, 8 (3), 2007

6. SINGH, S.; MARIAPPAN, T. T.; SANKAR, R.; SARDA, N.; SINGH, B. A critical

review of the probable reasons for the poor/variable bioavailability of rifampicin from

anti-tubercular fixed-dose combination (FDC) products, and likely solutions to the

problem. International Journal of Pharmaceutics, 228: 5 -17, 2001.

7. UNITED STATES PHARMACOPEIA, 30ª ed. Rockville, United States

Pharmacopeial Convention, 2005

8. MARIAPPAN, T. T.; JINDAL, K. C.; SINGH, S. Overstimation of rifampicin during

colorimetric analysis of anti-tuberculosis products containing isoniazid due to

formation of isonicotinyl-hydrazone. Journal of Pharmaceutical and Biomedical

Analysis, 36: 905-908, 2004.

9. ASHOKRAJ, Y. AGRAWAL, S.; PANCHAGNULA, R. A decision tree for quality

assurance and control of rifampicina- containing oral dosage forms for global

distribution for tuberculosis treatment. Indian Journal of Pharmaceutical Sciences, n 1,

vol 70, jan-fev, 2008.

10. PANCHANGNULA, R. AGRAWAL, S. Biopharmaceutic and pharmacokinetic

aspects of variable bioavailability of rifampicin. International Journal of

Pharmaceutics 271: 1 – 4, 2004.

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Capítulo V: Avaliação preliminar de ensaio de dissolução em meio ácido de cápsulas em dose fixa combinada contendo

rifampicina 102

11. GENNARO, A. R – REMINGTON: A Ciência e a Prática da Farmácia . 20 ed Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

12. CAVALCANTI, A. C. Capítulo II: Desenvolvimento e validação de método para

ensaio indicativo de estabilidade por cromatografia líquida de alta eficiência para

amostras de isoniazida + rifampicina em meio ácido. Dissertação de Mestrado em

Ciências Farmacêuticas. Universidade Federal de Pernambuco, 2009.

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8. CONCLUSÃO

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CAVALCANTI, A. C. Avaliação da qualidade e caracterização dos insumos isoniazida e rifampicina utilizados

na preparação de cápsulas dose fixa combinada 104

8. CONCLUSÃO

A tuberculose, por ser uma doença negligenciada, não desperta o interesse das grandes

indústrias privadas no que diz respeito ao investimento em novas moléculas para o seu

tratamento, tão pouco em novas formas farmacêuticas, alternativa viável de transformar

tecnologicamente as drogas atualmente disponíveis em medicamentos mais seguros e

eficazes.

A rifampicina, principal droga para o tratamento da tuberculose, é geralmente

administrada na forma de dose fixa combinada, principalmente à isoniazida. Devido à

interação que ocorre entre esses insumos farmacêuticos ativos (IFA), a eficácia das atuais

formas farmacêuticas disponíveis é questionada, sobretudo em virtude da variabilidade

existente na rota de síntese, originando IFAs com características variadas. Sendo a forma de

cápsulas em dose fixa combinada a indicada atualmente pela Organização Mundial de Saúde,

é imprescindível seu controle de qualidade e sua caracterização por meio de variadas técnicas

a fim de se conhecer o IFA com o qual se trabalha e avaliar sua compatibilidade à forma

farmacêutica.

O presente trabalho, originado a partir de parceria entre o LAFEPE e o

NCQMC/UFPE, permitiu o desenvolvimento e validação de método para ensaio indicativo de

estabilidade por cromatografia líquida de alta eficiência a fim de se avaliar a qualidade e o

acompanhamento da estabilidade de formas farmacêuticas envolvendo rifampicina, pois

permite o acompanhamento de seus principais produtos de degradação. Ainda foi avaliada a

performance do estudo de degradação em meio ácido tanto do insumo rifampicina isolado,

quanto combinado à isoniazida e ainda na forma de cápsulas em dose fixa combinada, de

modo a constatar a forte influência da isoniazida, que aumenta a taxa de degradação de

rifampicina em meio ácido, bem como a significância de uma menor taxa de degradação de

rifampicina quando na forma de cápsulas, comparada à degradação dos ativos combinados,

sem a influência dos excipientes e do processo de obtenção tecnológica da forma

farmacêutica.

A caracterização da rifampicina, realizada através de técnicas como análise térmica,

microscopia eletrônica de varredura e análise de tamanho de partículas, permitiu a constatação

de sua forma polimórfica e avaliação de suas características frente a vários fabricantes, passo

importante para o processo de qualificação de fornecedores, que visa fixar características

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na preparação de cápsulas dose fixa combinada 105

desejáveis ao IFA adquirido de modo a assegurar sua aplicabilidade e compatibilidade com a

tecnologia de obtenção da forma farmacêutica, originando um medicamento reprodutível lote

a lote, cuja qualidade será assegurada.

Comprovando-se a incompatibilidade da rifampicina com a isoniazida, mas sabendo

de sua indicação atual como principal medicamento para o tratamento da tuberculose, buscou-

se através de estudos preliminares a indicação de um meio de dissolução para aplicabilidade

na rotina de controle de qualidade que não proporcionasse degradação da rifampicina e assim

assegurasse uma quantificação da mesma isenta de superestimação, como a verificada através

de método de dissolução oficial.

A importância desse estudo transcende os laboratórios de controle de qualidade e

aponta para a necessidade de desenvolvimento de estudos tanto relacionados a novas formas

farmacêuticas, como vinculados à importância do controle de qualidade dos medicamentos

disponíveis atualmente para o tratamento da tuberculose, doença considerada por alguns como

sendo re-emergente, mas, por muitos, considerada como sempre presente, apesar do ainda

pouco investimento em seu diagnóstico, tratamento e prevenção.

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9. PERSPECTIVAS

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CAVALCANTI, A. C. Avaliação da qualidade e caracterização dos insumos isoniazida e rifampicina utilizados

na preparação de cápsulas dose fixa combinada 107

9. PERSPECTIVAS

Como perspectivas de continuidade desse trabalho propõe-se estudos de degradação

em meio básico, oxidativo, neutro, e estudos de degradação térmica e fotolítica, de modo a

avaliar a performance degradativa da rifampicina, isolada e combinada à isoniazida, visando a

verificação de algum outro produto de degradação além dos principais observados na de

degradação em meio ácido.

A complementação do estudo de caracterização é sugerida através de análise térmica

por termogravimetria, granulometria a laser, e outras técnicas que possam corroborar os

resultados obtidos de modo a fundamentar o processo de qualificação de fornecedores de

rifampicina.

Propõe-se ainda a avaliação de outros meios de dissolução e velocidades de agitação

para posterior validação de ensaio de dissolução para controle de qualidade lote a lote.

Atualmente a OMS indica também a utilização da rifampicina em dose fixa combinada

à isoniazida, pirazinamida e etambutol, então fica ainda sugerido o estudo de compatibilidade

entre esses quatro fármacos.

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10. REFERÊNCIAS

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CAVALCANTI, A. C. Avaliação da qualidade e caracterização dos insumos isoniazida e rifampicina utilizados

na preparação de cápsulas dose fixa combinada. 109

10. REFERÊNCIAS

1. HARPER, C. Tuberculosis, a neglected opportunity? Nature Medicine, vol 13, nº3,

2007.

2. AGRAWAL, S.; KAUR, K. J.; SINGH, I.; BHADE, S. R.; KAUL, C. L.;

PANCHAGNULA, R. Assessment of bioequivalence of rifampicin , isoniazid and

pyrazinamide in a four drug fixed dose combination with separate formulations at the

same dose levels. International Journal of Pharmaceutics, 233: 169-177, 2002.

3. ALLANSON, S. L.; COTTON, M. M.; TETTEY, J. N. A.; BOYTER, A. C.

Determination of rifampicin in human plasma and blood spots by high performance

liquid chromatography with U. V. detection: a potential method for therapeutic drug

monitoring. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis, 44: 963-969, 2007.

4. ROSSETTI, M. L. R.; VALIM, A. R. de M.; SILVA, M. S. N.; RODRIGUES, V. S.

Tuberculose resistente: revisão molecular. Rev Saúde Pública, 36(4): 525-532, 2002.

5. KESHAVJEE, S.; GELMANOVA, I. Y.; FARMER, P. E.; MISHUSTIN, S. P.;

STRELIS, A. K.; ANDREEV, Y. G.; PASECHNIKOV, A. D.; ATWOOD, S.;

MUKHRJEE, J. S.; RICH, M. L.; FURIN, J. J.; NARDELL, E. A.; KIM, J. Y.; SHIN,

S. S. Treatment of extensively drug-resistant tuberculosis in Tomsk, Russia: a

retrospective cohort study. The Lancet, publicado on line em 25/08/2008.

6. BASTOS, V. D. Laboratórios farmacêuticos oficiais e doenças negligenciadas:

perspectivas de política pública. Revista do BNDES, v 13, nº 25, p. 269 – 296, 2006.

7. SANTOS, J. Resposta Brasileira ao controle da tuberculose. Rev Saúde Pública

2007;41(Supl. 1):89-94

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CAVALCANTI, A. C. Avaliação da qualidade e caracterização dos insumos isoniazida e rifampicina utilizados

na preparação de cápsulas dose fixa combinada. 110

8. AGRAWAL, S.; SINGH, I.; KAUR, K. J.; BHADE, S.; KAUL, C. L.;

PANCHAGNILA, R. Bioequivalence trials of rifampicin containing formulations:

extrinsic and intrinsic factors in the absorption of rifampicin . Pharmacological

research, 50: 317-327, 2004.

9. AULTON, M. E.; Delineamento de Formas Farmacêuticas, 2ª edição, Artmed Editora:

Porto Alegre, 2005.

10. BAKSHI, M.; SINGH, S. Development of validated stability-indicating assay methods

– critical review. Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis, 28, 1011-1040,

2002.

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12. ANEXO I

DIFRATOGRAMAS OBTIDOS A PARTIR DOS IFAs RIFAMPICINA

R1, R2 E R3

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CAVALCANTI, A. C. Avaliação da qualidade e caracterização dos insumos isoniazida e rifampicina utilizados

na preparação de cápsulas dose fixa combinada. 112

0 10 20 30 40 50 60

0

2000

4000

6000

8000

10000

9,7

1

6,2

8

2,2

8

2,5

32,9

8

3,2

53

,42

3,7

03,8

64,2

1

6,6

09,1

1 7,0

8

4,9

85,2

7

11

,53

12

,91

18,4

7

8,0

6

5,6

9

4,4

9

AM 1367

REF. AM 15698

inte

nsid

ade

(cps)

2 (graus

ANEXO 1.1. Difratograma obtido a partir de R1

0 10 20 30 40 50 60

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2,7

7

7,6

2

3,4

9

4,2

1

6,2

8

3,0

0

2,3

32,2

43,4

2

3,8

8

4,3

5

3,7

2

6,6

7

11,5

69,0

79,7

3

4,6

4

4,1

2

4,9

85,2

77,1

1 4,4

9

5,7

4

8,0

9

12,9

918,4

7

AM 1366

REF. AM RI0712/02

inte

nsid

ad

e (

cp

s)

2 (graus)

ANEXO 1.2. Difratograma obtido a partir de R2

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CAVALCANTI, A. C. Avaliação da qualidade e caracterização dos insumos isoniazida e rifampicina utilizados

na preparação de cápsulas dose fixa combinada. 113

0 10 20 30 40 50 60

0

1000

2000

3000

4000

5000

2,9

2

2,0

0

2,1

9

2,4

8

AM 1363

REF. AM RBO7O9184

2,3

3

2,7

8

2,9

8

3,2

4

3,4

73,4

2

3,7

23,8

64,1

14,1

94,3

54,6

44,7

14,9

85,2

7

7,0

87,6

9

6,1

96,3

26,6

5

9,3

09,7

111,4

812,9

918,3

9

4,4

9

5,7

28,0

6

inte

nsid

ade (

cps)

2 (graus)

ANEXO 1.3. Difratograma obtido a partir de R3

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13. ANEXO II

ESPECTROS DE INFRAVERMELHO OBTIDOS A PARTIR DOS IFAs

R1, R2 E R3

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CAVALCANTI, A. C. Avaliação da qualidade e caracterização dos insumos isoniazida e rifampicina utilizados na preparação de cápsulas dose fixa combinada.

115

ANEXO 2.1.Espectro de infravermelho obtido a partir de R1

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CAVALCANTI, A. C. Avaliação da qualidade e caracterização dos insumos isoniazida e rifampicina utilizados na preparação de cápsulas dose fixa combinada.

116

ANEXO 2.2. Espectro de infravermelho obtido a partir de R2

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CAVALCANTI, A. C. Avaliação da qualidade e caracterização dos insumos isoniazida e rifampicina utilizados na preparação de cápsulas dose fixa combinada.

117

ANEXO 2.3. Espectro de infravermelho obtido a partir de R3

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14. ANEXO III

ESPECTROS DE INFRAVERMELHOS OBTIDOS A PARTIR DOS

PADRÕES DE POLIMORFOS DE RIFAMPICINA

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CAVALCANTI, A. C. Avaliação da qualidade e caracterização dos insumos isoniazida e rifampicina utilizados

na preparação de cápsulas dose fixa combinada. 119

ANEXO 3.Espectro de infravermelho obtido a partir Dos padrões de polimorfos da rifampicina

(AGRAWAL, 2004).