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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Exatas e da Natureza Departamento de Química Fundamental Programa de Pós-graduação em Química Dissertação de Mestrado Filmes e beads à base de quitosana: incorporação de compostos luminescentes e estudos de interações hospedeiro-hóspede. Fernanda Santos Carvalho dos Anjos Recife – PE Brasil Junho, 2005

Universidade Federal de Pernambuco - repositorio.ufpe.br · Espectroscopia de emissão .....35 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....36 . Fernanda S. C. dos Anjos_____ ... por RMN 1H, a

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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Exatas e da Natureza

Departamento de Química Fundamental

Programa de Pós-graduação em Química

Dissertação de Mestrado

Filmes e beads à base de quitosana: incorporação de compostos

luminescentes e estudos de interações hospedeiro-hóspede.

Fernanda Santos Carvalho dos Anjos

Recife – PE Brasil

Junho, 2005

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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Exatas e da Natureza

Departamento de Química Fundamental

Programa de Pós-graduação em Química

Filmes e beads à base de quitosana: incorporação de compostos

luminescentes e estudos de interações hospedeiro-hóspede.

Fernanda Santos Carvalho dos Anjos*

Orientador: André Galembeck.

*Bolsista CAPES.

Recife – PE

Junho/2005.

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-graduação em

Química da UFPE como parte

dos requisitos necessários para a

obtenção do título de Mestre em

Química.

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Fernanda S. C. dos Anjos______________________________________________________

"O rio atinge seus objetivos, porque aprendeu a contornar obstáculos".

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Fernanda S. C. dos Anjos______________________________________________________

Aos meus pais, Fernando e Iracema, e à minha irmã Débora

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Fernanda S. C. dos Anjos______________________________________________________

Agradecimentos

Primeiramente a DEUS por está sempre presente em minha vida,

Aos meus pais, Fernando e Iracema, que sempre me deram todo apoio e carinho

necessários para a conclusão deste curso.

A minha irmã Débora que desde o ano passado está morando e estudando comigo

aqui em Recife, por todo carinho e apoio nesses 23 anos de convivência.

Ao Professor André Galembeck pela orientação e exigências para o término da

dissertação.

Aos meus amigos do Laboratório CHICO, Sidicleia, Claudilene, Viviane, Carlos,

Rodrigo, Luiz, Edwin, Fred, Júlio, Ingrid, Marcos e Márcia por todos os momentos passados

juntos nesse laboratório.

Aos meus amigos, Ana Paula, Mônica, Rogério, Paulinha, Rosanne, Aderivaldo,

Juliana Manso, Wagner Eduardo, Beate, Wagner Faustino.

Aos professores Reinaldo, Eunice e Marina pelo incentivo, pelas horas de

conversa todas as vezes que voltava a Aracaju e pela amizade.

Aos professores do DQF e a Central Analítica do Departamento de Química

Fundamental.

Aos Funcionários do DQF, especialmente Patrícia e Maurílio.

A CAPES pela bolsa concedida.

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Fernanda S. C. dos Anjos______________________________________________________

ÍNDICE

RESUMO ............................................................................................................................................................. 14

ABSTRACT ......................................................................................................................................................... 16

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 18

1.1. QUITOSANA ................................................................................................................................................ 18 1.2. ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS DA QUITOSANA .............................................................................................. 19

1.2.1. Grau de desacetilação da quitina/quitosana ..................................................................................... 19 1.2.2. Massa molar média da quitosana ...................................................................................................... 21

1.3 FORMAS DE PROCESSAMENTO...................................................................................................................... 21 1.3.1. FILMES DE QUITOSANA ............................................................................................................................ 24 1.3.2. BEADS DE QUITOSANA.............................................................................................................................. 25

1.4. Aplicações da quitina e quitosana ........................................................................................................ 26

2. OBJETIVOS .................................................................................................................................................... 29

3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................................................................ 30

3.1. PURIFICAÇÃO DAS QUITOSANAS ................................................................................................................. 30 3.1.1. Quitosanas ......................................................................................................................................... 30 3.1.2. Purificação da quitosana ................................................................................................................... 30

3.2. FILMES E BEADS DE QUITOSANA .................................................................................................................. 30 3.2.1. Preparação dos filmes de quitosana .................................................................................................. 30 3.2.2. Preparação dos beads de quitosana .................................................................................................. 31

3.3. INCORPORAÇÃO DOS LUMINÓFOROS. .......................................................................................................... 31 3.3.1. Preparação dos filmes e beads de quitosana com os luminóforos..................................................... 31

3.4.ESTUDO CINÉTICO. ...................................................................................................................................... 32 3.4.1. Preparação do tampão fosfato salino (PBS)...................................................................................... 32

3.5. TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO ................................................................................................................ 32 3.5.1. Espectroscopia vibracional na região do Infravermelho................................................................... 32 3.5.2. Ressonância Magnética Nuclear........................................................................................................ 32 3.5.3. Titulação Potenciométrica................................................................................................................. 33 3.5.4. Análise Elementar.............................................................................................................................. 33 3.5.5. Viscosidade ........................................................................................................................................ 33 3.5.6. Microscopia eletrônica de varredura ................................................................................................ 34 3.5.7. Espectroscopia de absorção eletrônica no UV-Vis............................................................................ 34 3.5.8. Análise termogravimétrica - TGA...................................................................................................... 34 3.5.9. Calorimetria Exploratória Diferencial - DSC ................................................................................... 34 3.5.10. Difração de raios-X ......................................................................................................................... 35 3.5.11. Espectroscopia de emissão .............................................................................................................. 35

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................................................... 36

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4.1. CARACTERIZAÇÃO DA QUITOSANA ............................................................................................................. 36 4.1.1. Quitosanas ......................................................................................................................................... 36 4.1.2. Espectroscopia na região do infravermelho ...................................................................................... 37 4.1.3. Análise elementar............................................................................................................................... 39 4.1.4. Titulação Potenciométrica................................................................................................................. 40 4.1.5. Ressonância magnética nuclear......................................................................................................... 44 4.1.5.1. Ressonância magnética nuclear 1H ................................................................................................ 44 4.1.5.2. Ressonância magnética nuclear 13C ............................................................................................... 48 4.1.6. Comparação dos valores dos graus de desacetilação ....................................................................... 50 4.1.7. Viscosidade ........................................................................................................................................ 51

4.2. FILMES E BEADS DE QUITOSANA .................................................................................................................. 54 4.3. ANÁLISE TÉRMICA E DIFRAÇÃO DE RAIOS-X............................................................................................... 57 4.4. MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA............................................................................................... 61 4.5. INCORPORAÇÃO DE LUMINÓFOROS EM FILMES E BEADS DE QUITOSANA. ..................................................... 63

4.5.1. Harmana ............................................................................................................................................ 64 4.5.2. Rodamina B........................................................................................................................................ 69 4.5.3. Fluoresceína ...................................................................................................................................... 75

4.6. ESTUDO CINÉTICO....................................................................................................................................... 79

5. CONCLUSÕES ............................................................................................................................................... 84

6. PERSPECTIVAS............................................................................................................................................. 85

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................... 86

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 01: Dados das quitosanas fornecidos pelos fabricantes: Primex (A) e Aldrich (B) e (C).

..................................................................................................................................................36

Tabela 02: Atribuição das bandas do infravermelho das quitosanas estudadas. ......................38

Tabela 03: Percentuais de carbono, nitrogênio, hidrogênio, a relação carbono/nitrogênio e o

grau de desacetilação das três amostras de quitosana...............................................................39

Tabela 04: A faixa de pH utilizada para calcular os termos X e Y do gráfico da Figura 17 e os

coeficientes de correlação das retas obtidas da relação de X e Y.............................................42

Tabela 05: Volumes de equivalência e graus de desacetilação obtidos das titulações

potenciométricas das quitosanas...............................................................................................43

Tabela 06: Integração dos picos dos espectros de RMN 1H das quitosanas estudadas para o

cálculo do grau de desacetilação. .............................................................................................46

Tabela 07: Deslocamentos químicos em RMN 1H das quitosanas estudadas. ........................46

Tabela 08: Valores dos graus de desacetilação em porcentagem das quitosanas determinados

por RMN 1H, a partir de duas equações distintas. ...................................................................47

Tabela 09: Deslocamentos químicos no RMN 13C das quitosanas estudadas. .......................49

Tabela 10: Valores dos graus de desacetilação (%) das quitosanas determinados por RMN 1H,

titulação potenciométrica e análise elementar. .........................................................................50

Tabela 11: Valores referentes ao tempo de escoamento em segundos do solvente e das

soluções de quitosana em várias concentrações e a 25ºC.........................................................51

Tabela 12: Valores das constantes de Huggins, viscosidades reduzidas, viscosidades

intrínsecas e as massas molares médias das quitosanas. ..........................................................53

Tabela 13: Índice de cristalinidade das quitosanas e filme. .....................................................60

Tabela 14: Parâmetros termodinâmicos para a dimerização e trimerização da forma catiônica

da rodamina B em etanol a 20ºC.81 .........................................................................................72

Tabela 15: Interpretação dos mecanismos de liberação difusional de matrizes poliméricas. ..82

Tabela 16: Valores obtidos através dos gráficos da equação proposta por Higuchi. ...............83

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Tabela 17: Valores obtidos através dos gráficos da equação proposta por Koorsmeyer–Peppas.

..................................................................................................................................................83

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 01: Esquema da reação de N-desacetilação da quitina..................................................18

Figura 02: Alguns métodos para a preparação de microesferas de quitosana. .........................22

Figura 03: Processamento da quitosana para a preparação de beads, filmes, microesferas e

nanopartículas...........................................................................................................................23

Figura 04: Fluxograma da preparação dos filmes de quitosana. ..............................................31

Figura 05: Fluxograma da preparação dos beads de quitosana/trifosfato. ...............................31

Figura 06: Espectros no infravermelho das quitosanas A, B e C. A seta azul indica o

estiramento do grupo amida (C-N) da quitina e a seta vermelha o estiramento do grupo amina

(C-N) da quitosana. ..................................................................................................................37

Figura 07: Gráficos da função de Y versus X para a determinação dos valores de Ve para o

cálculo do grau de desacetilação para as quitosanas A, B e C. ................................................41

Figura 08: Interações intramoleculares e intermoleculares em/entre as cadeias de quitosana. 44

Figura 09: Espectro de RMN 1H das quitosanas estudadas (A, B, C)......................................45

Figura 10: Espectro de RMN 13C-MAS das quitosanas estudadas (B, C)................................48

Figura 11: Gráficos da viscosidade reduzida em função da concentração para a determinação

da viscosidade intrínseca. .........................................................................................................52

Figura 12: Filmes de quitosana incorporados com fluoresceína (esquerda), harmana (centro) e

rodamina B (direita). (A) Iluminação natural; (B) Com excitação, λ = 365 nm. .....................55

Figura 13: Beads de quitosana com harmana: (A) Iluminação natural; (B) Com excitação, λ =

365 nm. .....................................................................................................................................55

Figura 14: Representação esquemática da formação dos beads...............................................56

Figura 15: Espectros de IR: (A) Quitosana e (B) Beads de quitosana. ....................................57

Figura 16: Análise termogravimétrica. (A) Quitosana, (B) Filme e (C) Beads........................58

Figura 17: DSC. (A) Quitosana; (B) Filme e (C) Beads. .........................................................58

Figura 18: Difratogramas de raios-X: (A) Quitosana B; (B) Quitosana B purificada e (C)

Filme de quitosana....................................................................................................................59

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Figura 19: Micrografia dos filmes de quitosana: (A) Filme de quitosana sem exposição à

amônia (15.000x), (B) Filme de quitosana exposto à amônia (15.000x). ................................61

Figura 20: Micrografia das superfícies de fratura dos filmes de quitosana: (A) Filme de

quitosana sem exposição à amônia (10.000x), (B) Filme de quitosana exposto à amônia

(10.000x). .................................................................................................................................61

Figura 21: Micrografia: (A) Bead de quitosana (80x); (B) Superfície do bead de quitosana

(200x). ......................................................................................................................................62

Figura 22: Micrografia do bead de quitosana com rodamina B (60x). ....................................62

Figura 23: Micrografia da superfície de fratura do bead de quitosana com rodamina B em

magnitude de (A) 60x e (B) 10.000x........................................................................................62

Figura 24: Mecanismo de interconversão entre as formas da harmana dependentes do pH3...64

Figura 25: Esquema do equilíbrio entre as formas catiônicas (C), neutras (N) e zwiteriônica

(Z) da harmana. ........................................................................................................................65

Figura 26: Espectros de absorção: (A) Solução aquosa de harmana (pH = 6,39); (B) Solução

de ácido acético com harmana (pH = 2); (C) Solução de quitosana com harmana; (D) Filme de

quitosana com harmana; (E) Filme de quitosana com harmana exposto à amônia..................66

Figura 27: Equilíbrio químico entre as espécies catiônica e neutra da harmana......................67

Figura 28: Espectros de emissão: (A) Solução aquosa de harmana; (B) Filme de quitosana

com harmana; (C) Filme de quitosana com harmana exposto à amônia, λexc = 387,0nm........68

Figura 29: As três formas da rodamina B. (a) Catiônica (b) Zwiteriônica (c) Lactona............69

Figura 30: Representação esquemática dos dímeros formados pela rodamina B.....................70

Figura 31: Representação esquemática dos níveis de energias da rodamina B em forma de

dímero (D) e de monômero (M). ..............................................................................................71

Figura 32: Espectro de absorção da rodamina B. (1) Monômero e (2) Dímero em solução de

NaClO4 a 4,6mol.L-1 em pH 10-11...........................................................................................72

Figura 33: Espectros de absorção. (A) Solução aquosa de rodamina B (1,51 x 10-5mol.L-1);

(B) Solução de ácido acético com rodamina B; (C) Solução de quitosana com rodamina B;

(D) Filme de quitosana com rodamina; (E) Filme de quitosana com rodamina B exposto a

amônia. .....................................................................................................................................73

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Figura 34: Espectros de emissão. (A) Solução de aquosa de rodamina B; (B) Solução de ácido

acético com rodamina B, pH 2; (C) Solução de quitosana com rodamina B; (D) Filme de

quitosana com rodamina B; (E) Filme de quitosana com rodamina B exposto à amônia, λexc =

520,0nm. ...................................................................................................................................74

Figura 35: Mecanismo de interconversão entre as formas da fluoresceína no estado

fundamental. .............................................................................................................................75

Figura 36: Espectros de absorção: (A) Solução aquosa de fluoresceína (5,0 x 10-4 mol.L-1); (B)

Solução de ácido acético com fluoresceína; (C) Solução de quitosana com fluoresceína; (D)

Filme de quitosana com fluoresceína; (E) Filme de quitosana com fluoresceína exposto à

amônia. .....................................................................................................................................76

Figura 37: Espectro de emissão: (A) Solução aquosa de fluoresceína; (B) Solução de ácido

acético com fluoresceína; (C) Solução de quitosana com fluoresceína; (D) Filme de quitosana

com fluoresceína; (E) Filme de quitosana com fluoresceína exposto à amônia, λexc = 460,0nm.

..................................................................................................................................................77

Figura 38: Gráficos referentes à liberação da rodamina dos beads em: (△) água (■) solução

de PBS. .....................................................................................................................................80

Figura 39: Gráficos referentes à liberação da rodamina dos filmes em: (△) água (■) solução

de PBS ......................................................................................................................................80

Figura 40: Gráfico referente à equação cinética proposta por Higuchi da liberação da

rodamina B dos beads de quitosana em (△) água (■) solução de PBS. ..................................81

Figura 41: Gráfico referente à equação cinética proposta por Higuchi da liberação da

rodamina B do filme de quitosana (△) água (■) solução de PBS. ..........................................81

Figura 42: Gráfico referente à cinética proposta por Koorsmeyer–Peppas da liberação da

rodamina b de beads (△) água (■) solução de PBS.................................................................82

Figura 43: Gráfico referente à cinética proposta por Koorsmeyer–Peppas da liberação da

rodamina b de filme (△) água (■) solução de PBS. ................................................................83

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Resumo

A quitosana é um polissacarídeo obtido, geralmente, a partir da hidrólise da

quitina, em meio alcalino, por meio de reação de desacetilação em temperaturas elevadas sob

condições heterogêneas. As propriedades da quitosana e, conseqüentemente, suas aplicações

dependem do seu grau de desacetilação e da sua massa molar média. Assim a primeira parte

deste trabalho consistiu na caracterização de três quitosanas utilizadas nesse trabalho, por

espectroscopia no infravermelho, RMN 1H, RMN 13C e medidas viscosimétricas. O grau de

desacetilação das quitosanas ficou entre 68% e 78% e a massa molar entre 2,75 x 105 e 3,34 x

105 g.mol-1.

As análises de difração de raios-X mostraram que os índices de cristalinidade de

todas as quitosanas purificadas foram maiores do que as quitosanas não purificadas devido à

reorganização das cadeias durante o processo de aquecimento. Na segunda parte do trabalho,

foram preparados filmes e beads de quitosana. Os filmes foram obtidos a partir de soluções de

quitosana, que foram depositados em uma superfície plana de poliestireno para a evaporação

do solvente. Após secagem os filmes formados foram removidos por destacamento.

Os beads foram obtidos a partir do gotejamento de soluções de quitosana em

solução de trifosfato de sódio. Estes são imediatamente formados, resultando de interações de

caráter eletrostático entre o policátion de quitosana e o ânion trifosfato, P3O105-, conservando a

forma e tamanho da gota. Os filmes e beads foram caracterizados por difração de raios-X e

microscopia eletrônica de varredura. O índice de cristalinidade dos filmes diminuiu em

relação à quitosana indicando uma baixa organização das cadeias na formação dos mesmos.

Em seguida, foram incorporados compostos orgânicos luminescentes (harmana,

fluoresceína e rodamina B) nos filmes e beads à base de quitosana e, então, caracterizados por

espectroscopia de absorção na região do UV-visível e espectroscopia de emissão. Todos os

espectros de absorção e emissão dos luminóforos mudaram com a incorporação aos filmes de

quitosana. Os espectros de absorção mostraram um deslocamento do equilíbrio das espécies

neutras e catiônicas da harmana para sua forma neutra com a formação dos filmes, indicando

que o filme de quitosana tem caráter básico, o que foi confirmado pelo espectro de emissão.

Nos filmes com fluoresceína foi observado que houve um deslocamento das bandas de

absorção, indicando a formação de espécies dianiônicas, o que sugere a sua adsorção à

quitosana. Já no filme com rodamina B foi observado um aumento na concentração de

dímeros após a formação dos filmes.

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15

A cinética de liberação da rodamina B dos filmes e beads em PBS e água foi

também estudada. A rodamina liberada foi medida por espectroscopia. Foram utilizados dois

modelos: Higuchi e Koorsmeyer–Peppas. Observou-se que a liberação a partir de filmes e

beads em água ocorre por difusão Fickiana e que somente a liberação a partir de beads em

PBS ocorre por difusão não-Fickiana.

Em todas as amostras estudadas, exceto a liberação do corante dos beads de

quitosana em PBS, foi observado a difusão Fickiana.

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16

Abstract

Chitosan is a polysaccharide which is usually synthesized by deacetylation of

chitin, in alkaline medium. The properties of chitosan and its applications are strongly

dependent upon its deacetylation degree and average molar mass. Thus, in the first part of this

work, three different chitosans were characterized by chemical analysis, infra-red

spectroscopy and 1H and 13C nuclear magnetic resonance in solution and in solid state.

Viscosity measurements from chitosan solutions were performed in order to calculate the

average molar mass which ranged between 2.75 x 105 g.mol-1 and 3.34 x 105 g.mol-1. The

deacetylation degree was determined by potentiometric titration, calculated from chemical

analysis results and by 1H NMR measurements. The values ranged from 68% to 78%, which

are all below those specified by the suppliers.

Purified chitosans analyzed by X-ray diffraction showed higher crystallinity

indexes than the as-received samples. This was ascribed due to reorganization of the polymer

chains during the heating step.

In the second part, chitosan films and beads were prepared. The films were

obtained from acidic chitosan solutions which were placed in plain polystyrene surfaces; self-

standing films result from solvent evaporation. In order to prepare the beads, the chitosan

solutions were dropped into an aqueous sodium triphosphate solution. Spheric beads are

immediately formed, which have the size of the added drops (around 1.0 mm). The films and

beads have been characterized by X-ray diffraction and scanning electronic microscopy. The

crystallinity index of the films decreased in relation to the purified chitosan.

Luminescent organic compounds (harmane, fluorescein and rhodamine B) were

incorporated within the films and beads. The samples were characterized by absorption and

emission spectroscopies. The absorption and emission spectra of the luminescent organic

compounds changed after entrapment within the chitosan matrixes. Harmane absorption

spectrum showed a dislocation on the equilibrium of neutral and cationic species towards the

neutral form; this was confirmed by the emission spectrum and ascribed to the chitosan

alkaline character. Films with fluorescein showed a displacement of absorption bands to

higher wavelength, indicating the formation of dianionic species. In the film with rhodamine

B an increase in the concentration of dimeric species were clearly detected.

The release of rhodamine B from chitosan films and beads was study too, by

absorption spectroscopy. Two theorical models were tested in order to fit the experimental

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17

data: Higuchi e Koorsmeyer–Peppas. Release films and beads in water happened by Fickian

diffusion and only release beads in PBS happened by non-Fickian diffusion.

In all samples studied, except dye release from chitosan beads in PBS, Fickian

diffusion was observed.

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1. Introdução

1.1. Quitosana

A quitosana é um polissacarídeo obtido, geralmente, a partir da hidrólise da

quitina, em meio alcalino, por meio de reação de desacetilação em temperaturas elevadas sob

condições heterogêneas1,2 (Figura 01). A desacetilação também pode ocorrer utilizando

enzimas específicas, como a quitinase ou pela ação de microorganismos. Como esta reação de

desacetilação é incompleta, forma-se um copolímero constituído pela repetição de unidades

de 2-acetamida-2-dioxi-D-glicopiranose e 2-amino-2-dioxi-D-glicopiranose associadas a

ligações glicosídicas β-(1→ 4). A quitosana é normalmente denominada de poli-β-(1→ 4)-D-

glucosamina ou N-glucosamina e assemelha-se quimicamente ao biopolímero original quitina

tendo no carbono 2 uma amina primária (-NH2)3. A razão entre as duas unidades

monoméricas depende, dentre outras, das condições empregadas na preparação. O produto

totalmente desacetilado é raramente obtido, pois este pode sofrer despolimerização de sua

cadeia4, devido ao tempo de reação necessário para completa desacetilação.

Figura 01: Esquema da reação de N-desacetilação da quitina.

A quitina é um polissacarídeo natural abundante obtido de carapaças e

exoesqueletos de crustáceos e caranguejos; é um dos materiais orgânicos mais abundantes da

natureza, perdendo apenas para a celulose; já a quitosana não é tão abundante na natureza,

ocorrendo muito dispersamente em alguns microorganismos5.

A quitina foi isolada pela primeira vez em 1811 por Braconnot, quando trabalhava

com fungos. Braconnot concluiu em seu trabalho que os mesmos continham uma nova

substância que era completamente distinta da encontrada na madeira6. Em 1823, Odier isolou

O

CH2

HH

H

OH

NH2

H

OH

H

O

CH2

HH

H

OH

NH2

HH

OH

O

n

OCH2

HH

H

OH

NH

H

OH

HO

CH2

HH

H

OH

NH

HH

OH

O

OO

n

NaOH

Desacetilação

Quitina Quitosana

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19

uma substância contida nas carapaças de insetos, a qual chamou de quitina. Odier e Childre

relataram que isolaram a quitina com vários tratamentos com soluções de hidróxido de

potássio concentrado. Isso os levou a um equívoco, pois na realidade eles isolaram a

quitosana. Esta foi descrita pela primeira vez em 1859 por Rouget, e o seu nome foi proposto

em 1894 por Hoppe-Seyler, pelo fato de que a quitosana possui a mesma quantidade de

nitrogênio da quitina3. A quitosana só foi produzida industrialmente pela primeira vez em

1971, no Japão.

1.2. Aspectos físico-químicos da quitosana

A quitosana é uma base fraca, insolúvel em água e em solventes orgânicos, mas

solúvel em solução aquosa de ácidos orgânicos como acético, fórmico, cítrico, além de ácidos

inorgânicos como ácido clorídrico diluído (pH < 6,5), os quais protonam o grupo amino (-

NH2) resultando em soluções viscosas7,8,9. O grupo amino presente na quitosana possui um

pKa entre 6,2 a 7,0, comportando-se por isso como um polieletrólito quando dissolvida em

soluções ácidas, o que causa o surgimento de interações repulsivas eletrostáticas entre os

grupos amino ionizados ao longo da cadeia10.

A quitosana, por ser um polieletrólito, tem afinidade por ânions mono e

polivalentes como fosfatos, polifosfato, trifosfato, sulfatos entre outros. Outra característica

relevante à sua estrutura é a facilidade com que pode ser quimicamente modificada. A adição

de certos grupos funcionais à quitosana, tipicamente por reações de substituição nucleofílica,

com a formação de bases de Schiff e diazotação, podem lhe conferir outras propriedades.

As propriedades da quitosana e, conseqüentemente, suas aplicações dependem de

seu grau de desacetilação e da sua massa molar média tornando-se imprescindível à

determinação dos mesmos.

1.2.1. Grau de desacetilação da quitina/quitosana

O grau de desacetilação é considerado um dos principais parâmetros na

caracterização da quitina e da quitosana. Ele é definido como sendo o número de grupos

amina em relação ao número total de grupamentos amina e amida da cadeia polimérica.

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20

Vários métodos já foram propostos para a sua determinação tais como:

espectroscopia no infravermelho, no ultravioleta, RMN 1H, RMN 13C, análise elementar e

titulações potenciométrica e condutimétrica. Entretanto, existe certa discrepância entre os

valores encontrados pelas diferentes técnicas, por isso até hoje ainda busca-se um método

mais adequado para sua determinação3.

A determinação do grau de desacetilação por RMN 1H utiliza uma pequena

quantidade de amostra e não há a necessidade de sua purificação, contanto que os picos de

impurezas não tenham o mesmo deslocamento químico dos picos relevantes da quitosana11.

Outra técnica bastante utilizada e descrita na literatura para a determinação do

grau de desacetilação é a titulação potenciométrica, proposta por Brossignac12, em 1968.

Consiste em um dos métodos mais simples, e já vêm sendo utilizado nas indústrias há vários

anos, por causa do baixo custo dos seus reagentes e equipamentos. A quitosana é dissolvida

em uma solução de ácido clorídrico de concentração conhecida e titulada

potenciometricamente com uma solução de hidróxido de sódio, considerando a titulação do

excesso de ácido, ou seja, uma titulação de ácido forte com base forte.

Segundo Wei Zhong e colaboradores13 resultados mais precisos são obtidos

extrapolando o valor do volume de equivalência (Ve) dos dados obtidos dentro da faixa de pH

em que a quitosana não precipita, ou seja, pH < 6,0.

A análise elementar também é utilizada para a determinação do grau de

desacetilação (GD%), através da seguinte fórmula proposta por Kasaai, Arul e Chalet em

200014:

(1)

Onde C/N é a razão de carbono/nitrogênio. Esta razão varia de 5,145 em

quitosanas completamente desacetiladas a 6,861 em quitinas inteiramente acetiladas.

Este método só apresenta resultados precisos para a quitosana que não tem

resíduos de proteínas, caso contrário, é necessário à purificação da mesma9.

( ) 100145,5816,6145,51% ×⎟

⎞⎜⎝

⎛−−

−=NCGD

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1.2.2. Massa molar média da quitosana

As determinações da massa molar média de polímeros podem ser realizadas por

cromatografia de permeação em gel (GPC), utilizando o poliestireno monodisperso como

padrão, ou por medidas de viscosidade.

A cromatografia de permeação em gel também chamada de cromatografia de

exclusão de tamanho é o método mais utilizado para a determinação da distribuição da massa

molar de polímeros15. Uma coluna cromatográfica separa as frações cujas massas molares

apresentam pequena variação, mas no caso da quitosana tem sido discutido o efeito da

natureza química dos padrões de calibração sobre a determinação de massa molar por GPC.

Alguns artigos mostram que os melhores resultados são obtidos através de padrões de

calibração da própria quitosana16. Entretanto, a maior dificuldade surge da inexistência de

amostras comerciais desses padrões. Assim, para a determinação da massa molar média das

quitosanas utilizadas neste estudo realizaram-se medidas de viscosidades.

A viscosidade de soluções poliméricas é a medida do volume hidrodinâmico

(tamanho ou extensão no espaço) do polímero em solução. A viscosidade de soluções

poliméricas diluídas é consideravelmente maior que a do solvente puro, ou de soluções

diluídas de pequenas moléculas, isso se deve à grande diferença de tamanho entre as

moléculas do polímero e a do solvente. A viscosidade aumenta à medida que as dimensões

das moléculas poliméricas em solução aumentam. Assim, a viscosidade polimérica é o

resultado da comparação entre o tempo de escoamento do solvente em um capilar e o tempo

de escoamento da solução polimérica a determinada concentração e temperatura.

1.3 Formas de processamento

A quitosana torna-se um interessante material devido a sua biodegradabilidade,

biocompatibilidade, sua alta densidade de carga e sua baixa toxicidade. A quitosana pode

formar beads, filmes, géis, microesferas e nanopartículas para aplicação em diversas áreas.

Nunthanid e colaboradores prepararam filmes de quitosana variando o grau de

desacetilação e a massa molar, caracterizando as suas propriedades físico-químicas. Eles

observaram que o grau de desacetilação e a massa molar afetam as propriedades dos filmes.

Pelos difratogramas de raios-X medidos e pelos termogramas de DSC observaram que todos

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os filmes são amorfos e passam a parcialmente cristalinos com o tratamento térmico em

temperaturas menores que 280 – 300ºC17.

Podemos também formar microesferas com a quitosana, as quais são partículas

esféricas ocas. Já uma microcápsula é definida como uma partícula esférica com tamanho

variando entre 10µm a 600µm, contendo uma substância no caroço18. Contudo, os termos

microcápsula e microesfera são freqüentemente utilizados como sinônimos.

Existem várias rotas de preparação de microesferas e reportadas na literatura, tais

como gelatinização ionotrópica, inversão de fase, emulsificação simples e evaporação do

solvente, entre outros. Alguns métodos utilizados na preparação são mostrados na Figura 02.

Na gelatinização ionotrópica os contra-íons usados podem ser divididos em três

categorias: (1) baixa massa molar como pirofosfatos, trifosfatos, tetrafosfato, octafosfatos; (2)

hidrofóbicos como alginato e; (3) alta massa molar. As microesferas são formadas pelo

gotejamento da solução de quitosana sobre uma solução de um ânion com agitação magnética

vigorosa19,20,21.

Figura 02: Alguns métodos para a preparação de microesferas de quitosana.

Na gelatinização ionotrópica e emulsão, à fase dispersa, que consiste de uma

solução aquosa de quitosana é adicionada a uma fase continua não aquosa para formar uma

emulsão óleo/água. Então se adiciona uma solução de hidróxido de sódio em diferentes

intervalos ocorrendo a gelatinização ionotrópica. As microesferas formadas são filtradas,

lavadas e secas22.

Microesferas de quitosana

Interações com anions Evaporação do solvente Reticulação

Gelatinização ionotrópica

Inversão de fase Co-acervação Glutaraldeído Formaldeído

Gelatinização ionotrópica e emulsificação

Gelificação ionotrópica e emulsificação modificada

Precipitação

Precipitação por reticulação

Complexo co-acervação

Emulsificação simples

Emulsificação múltipla

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Shu e Zhu estudaram a possibilidade do uso de três tipos de ânions (trifosfatos,

citrato e sulfato) para interações com a quitosana. Eles observaram que há interações entre o

ânion e a quitosana em certas regiões de pH e que fora dessa região não há formação de

microesferas. Entretanto mesmo na faixa de pH apropriada somente microesferas irregulares

são formadas com a técnica de gelatinização ionotrópica e emulsão23.

A formação de beads de quitosana também é estudada para a liberação de

fármacos. Beads contendo piroxicam, que é uma droga utilizada como antiinflamatória e

analgésica, foram preparados por Bodmeier e colaboradores. A droga foi dispersa um uma

solução de quitosana em ácido acético. Essa dispersão foi gotejada dentro da solução de

trifosfato sobre agitação e o pH ajustado em 5,0 24.

A formação de géis a base de quitosana pode ser obtida pelas interações com

contra íons de massa molar baixa tais como sulfatos, polifosfatos. Os géis são altamente

hidrofílicos, podendo absorver grande quantidade de água e aumentar drasticamente seu

volume. As propriedades físico-químicas não dependem somente da estrutura molecular e da

estrutura do gel, mas também da quantidade de água no gel18,25.

A Figura 03 mostra um esquema das várias maneiras de processamento da

quitosana; essa versatilidade permite que ela seja aplicada em diversas áreas da ciência como

veremos no próximo item.

Figura 03: Processamento da quitosana para a preparação de beads, filmes, microesferas e

nanopartículas.

1

1 0,7 a 2,0mm0,7 a 2,0mm

10 a 60010 a 600µµmm

10 a 100nm10 a 100nm

0,7 a 2,0mm0,7 a 2,0mm

10 a 60010 a 600µµmm

10 a 100nm10 a 100nm

0,7 a 2,0mm0,7 a 2,0mm

10 a 60010 a 600µµmm

10 a 100nm10 a 100nm

0,7 a 2,0mm0,7 a 2,0mm

10 a 60010 a 600µµmm

10 a 100nm10 a 100nm

0,7 a 2,0mm0,7 a 2,0mm

10 a 60010 a 600µµmm

10 a 100nm10 a 100nm

http://dalwoo.com/chitosan/beads.htl

7

Rolim, A., Dissertação – Pós graduação em Ciência de Materiais. Este trabalho.

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24

Como este trabalho envolve a preparação de filmes e beads de quitosana, esses

materiais estão mais bem descritos nos próximos itens.

1.3.1. Filmes de quitosana

Os filmes de quitosana têm sido, normalmente, obtidos do seguinte modo: o

polímero é dissolvido em meio apropriado e vertido sobre uma superfície plana. Após a

evaporação do solvente o filme formado é removido por destacamento26. Como a quitosana

em meio ácido apresenta cargas positivas, devido à protonação dos grupos amino (NH3+), um

substrato com alta densidade de sítios negativos imersos nessa solução se comportará como

um suporte adequado à atração e subseqüente formação de um filme homogêneo. Filmes

automontados de quitosana têm sido recentemente avaliados como superfícies ativas em

membranas suportadas para interação com agroquímicos em água, como revestimento de

eletrodos para desenvolvimento de sensores em meio aquoso27 e como superfície para testes

de avaliação de biocompatibilidade in vivo28.

Na quitosana há a predominância dos grupos amino caracterizados por ligações

covalentes (N-H), onde a eletronegatividade das ligações gera sítios de alta polaridade

tornando assim favorável o rearranjo de moléculas e água em torno desses sítios. Essa

característica estrutural, associada aos grupos acetamido, que também são polares e estão

presentes na cadeia polimérica, caracterizam um material com alto grau de afinidade e

retenção de água29.

Kunisawa e colaboradores utilizaram a quitosana como matriz para a preparação

do agregado H do corante tiocarbocianina (KP2). Eles observaram que as moléculas se

apresentam na forma monomérica em solução aquosa, mas a maioria das moléculas do

corante forma o agregado H na presença da quitosana, como foi evidenciado por uma nítida

banda H no espectro de absorção. A formação preferencial do agregado H é acentuada pela

obtenção do filme de quitosana. O controle dos estados de agregação pelas mudanças dos

tipos de matriz polimérica poderia ser relevante para futuras aplicações de corantes orgânicos

para a óptica e materiais optoeletrônicos30.

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25

1.3.2. Beads de quitosana

A quitosana pode, também, ser processada na forma de partículas esféricas

macroscópicas maciças ou não, relativamente grandes com diâmetros variando de 700 a

2000µm dependendo do método. Existem diversos métodos para a produção de partículas

poliméricas tais como: emulsificação, emulsificação livre de emulsificante, dispersão,

precipitação, polimerização por exclusão, gelatinização e emulsificação, coagulação a baixas

temperaturas e polimerização em suspensão.

A polimerização em suspensão, também conhecida como polimerização por

pérolas ou contas, pela forma como os beads são obtidos, é uma polimerização heterogênea

com a formação de duas fases de composição variada em um sistema de água em óleo ou óleo

em água. O monômero e o iniciador são insolúveis no meio dispersante, em geral, a água. A

polimerização se passa em partículas em suspensão no solvente, com um tamanho médio

entre 5 a 1000µm31. A agitação do sistema é um fator muito importante nesta técnica, pois,

dependendo da velocidade de agitação empregada, o tamanho da partícula varia.

Além do monômero, iniciador e solvente, também são adicionados ao meio

reacional surfactantes, para melhor estabilização dos beads, evitando a coalizão das partículas

e, conseqüentemente, a precipitação do polímero, sem a formação dos beads. A precipitação

do polímero também pode ser evitada pela adição ao meio reacional de um polímero

hidrossolúvel de elevado peso molecular, que aumente a viscosidade do meio. Esse método

foi primeiro desenvolvido por Hoffman e Delbruch em 190932.

Poncelet e colaboradores estudaram os parâmetros que influenciam a produção e o

tamanho dos beads de quitosana/alginato pelo método de gelificação e emulsificação interna.

Eles verificaram que o método permite a produção de beads em temperatura ambiente, pH

neutro e utilizando reagentes não tóxicos33.

Shu e Zhu prepararam beads de quitosana e gelatina pelo método de coagulação a

baixas temperaturas (4ºC) e então ligaram os beads a ânions como trifosfato, citrato e sulfato

para a liberação controlada de drogas. Por microscopia eletrônica de varredura eles

observaram que esses beads tinham geralmente uma forma esférica, a morfologia da

superfície lisa e uma estrutura interna maciça. A análise da secção transversal indicou que o

processo de reticulação do sulfato e citrato com a quitosana foram muito mais rápidos que

com o trifosfato, devido à pequena massa molar do sulfato e citrato, mas os beads com

trifosfato possuem uma melhor resistência mecânica e a força para quebra os beads é

aproximadamente dez vezes maior que os beads com citrato ou sulfatos. Observaram também

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26

que os beads de quitosana e trifosfato são geralmente imunes ao pH do meio. Os beads de

quitosana, trifosfato e citrato ou sulfato tinham boa distribuição de partículas34.

Beads poliméricos tem uma larga aplicação em separação por cromatografia,

como resina de troca iônica e como suporte para imobilização de enzimas, tais aplicações

freqüentemente requerem uma grande área superficial, e a formação de poros na estrutura do

bead.

1.4. Aplicações da quitina e quitosana

Nas últimas três décadas têm sido estudadas várias aplicações para a quitosana.

Por se tratar de um polímero natural, biodegradável, tem sido proposta como material

potencialmente atraente para diversos usos, principalmente na engenharia, na biotecnologia e

na medicina. As indicações mais comuns são as utilizações como adsorvente na remoção de

uma grande variedade de substratos, como íons metálicos4, espécies iônicas aromáticas,

corantes azo sulfonados9,35, ácidos inorgânicos e orgânicos de efluentes, como elemento

básico para a confecção de matrizes para carreadores de medicamentos em forma de nano e

microesferas, nanocápsulas, em cosméticos e como pele artificial26.

Choong e colaboradores36 estudaram a adsorção e dessorção íons de mercúrio II

sobre beads de quitosana aminados. Os íons mercúrio apresentaram boa afinidade pelos

beads. O processo de adsorção é um processo exotérmico, e a adsorção está completa após

100 minutos em 150rpm. Os íons mercúrio absorvidos em bead de quitosana foram

dessorvidos com 95% de eficiência pelo EDTA e a capacidade de adsorção dos beads

reciclados chega a 90% de eficiência no quinto ciclo.

Vários estudos sobre quitina e quitosana foram realizados nos últimos anos (Wang

et al.37; Chao et al.38; Chiou et al.39; Chiou e Li40,41; Juang et al.42,43,44; Vachoud et al.45; Wu et

al.46,47,48; Annadurai et al.49; Annadurai e Krishnan50). Esses estudos demonstraram que

bioadsorventes a base de quitosana são materiais eficientes na adsorção e tem grande

afinidade por muitas classes de corantes. Eles também são materiais versáteis e essa

versatilidade permite sua utilização em diversas formas, como beads, filmes, géis e fibras.

A quitosana também pode ser utilizada na preservação de frutas e legumes frescos

através da formação de um invólucro protetor. Segundo estudo realizado no Canadá, a

quitosana é considerada um conservante ideal de frutas frescas em virtude da sua capacidade

de formar filmes e das suas propriedades bioquímicas, principalmente por suas características

antifúngicas.

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27

A quitosana forma um filme semipermeável sobre o fruto protegendo-o contra

agressões externas e modificando a atmosfera interna do tecido, de modo a retardar o

amadurecimento. No estudo realizado com tomates no Canadá, concluiu-se que o uso de

quitosana, na forma de filme protetor, retardou o amadurecimento e reduziu a deterioração

dos tomates estendendo o tempo de estocagem desses frutos51.

Já na medicina, a utilização de polímeros biodegradáveis para sistemas de

liberação controlada de drogas tem sido extensivamente estudada, incluindo substâncias

sintéticas e naturais.

A quitosana tem sido extensivamente como biomaterial, devido às propriedades

anticoagulante52, ação anti-fungos e antibacteriana53. As microesferas de quitosana são usadas

para a liberação controlada de muitos fármacos como antibióticos, agentes anti-hipertensivos

e anticâncer54, melhorando a biodisponibilidade das substâncias degradáveis, tais como

proteínas, peptídeos e vacinas. As microesferas têm sido estudadas para a liberação parenteral

e oral das drogas21,55.

In vivo, os filmes de quitosana apresentam permeabilidade e inchaço que são

dependentes do pH e da concentração do agente reticulador. Esses dados demonstraram que

os filmes de polissacarídeos são bons candidatos a revestimento funcional em tecnologias

farmacêuticas. Alguns estudos conduziram para o preparo de tabletes com ação prolongada

usando diclofenaco de sódio e quitosana por condensação direta56 e granulação úmida57.

Sabnis e colaboradores58 notaram que o grau de desacetilação da quitosana afeta

significativamente a liberação de drogas em pH 1,2 e 6,8. Yomota e colaboradores59 notaram

que os tabletes condensados diretamente contendo teofílina, aginato de sódio e quitosana

produziram um pH independente. Esse pH independente foi atribuído à presença do aginato

de sódio. Quitosana foi também utilizada no processo de spray seco para a produção de

partículas para o controle na liberação de drogas60. Estudos in vitro mostraram que uma

consideração importante é o grau de desacetilação ótimo da quitosana como ele afeta a

liberação dessas matrizes. O grupo de Muranishi utilizou cápsulas de quitosana na liberação

de insulina61 para a região do cólon usando ratos como modelo. As cápsulas se mostraram

estáveis no estômago e no intestino; entretanto, elas eram degradadas por microorganismos do

cólon. Esses resultados sugeriram que a liberação da drogas especificamente no cólon poderia

ser através do uso de cápsulas de quitosana.

Muzzarelli e colaboradores62 fizeram microesferas de quitosana para a liberação

controlada de ampicilina. Eles verificaram que o tempo de liberação da droga era de 30 a 120

minutos dependendo do tipo de quitosana utilizada e que a desnaturação térmica das

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28

microesferas não modificava a velocidade de liberação. Os resultados microbiológicos

apresentaram que a ampicilina dentro das microesferas de quitosana é capaz de manter ou até

melhorar a atividade antibacteriana da droga.

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29

2. OBJETIVOS

Este trabalho envolve, inicialmente a preparação de filmes auto-suportados e

beads (ou pérolas) à base de quitosana e a incorporação de moléculas orgânicas

luminescentes, visando à investigação de interações hospedeiro-hóspede nesses sistemas.

Os objetivos específicos deste trabalho podem ser divididos na seguinte estrutura

de tópicos:

Caracterizar as quitosanas que serão utilizadas neste trabalho.

Preparar filmes e beads de quitosana.

Incorporação de rodamina B, fluoresceína e harmana nos filmes e beads de

quitosana.

Estudar as propriedades espectroscópicas desses compostos incorporados à

matrizes.

Estudar a cinética de liberação da rodamina B dos filmes e beads de quitosana.

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30

3. Procedimento experimental

A apresentação da parte experimental será dividida em 4 tópicos: (i) purificação e

caracterização das quitosanas; (ii) preparação dos filmes e beads de quitosana; (iii)

incorporação da harmana, fluoresceína e rodamina B nos beads e filmes, e; (iv) cinética de

liberação dos corantes.

3.1. Purificação das quitosanas

3.1.1. Quitosanas

As quitosanas utilizadas nesse trabalho foram: (A) Primex, comercialmente

vendida pelo nome de Chitoclear (em pó), (B) Alta massa molar, da Aldrich (em escamas) e

(C) practical grade da Aldrich (em escamas).

3.1.2. Purificação da quitosana

Foram dissolvidos 5,0 gramas de quitosana em 200mL de solução de ácido

acético a 2% (m/v), sendo o material filtrado a vácuo. Foi então adicionado 150mL de uma

solução de hidróxido de sódio 1,0mol/L para a precipitação da quitosana. O precipitado foi

lavado com água destilada até que o pH do filtrado estivesse igual ao da água destilada (pH

6,0). Depois o material foi lavado com acetona e, após várias lavagens, o produto final foi

seco em uma estufa a vácuo a 60ºC durante uma noite. Antes da purificação a quitosana A

tem aspecto de pó e as outras duas de escamas; após a purificação, todas as quitosanas

apresentaram aspecto granular com partículas de formatos irregulares e coloração levemente

amarelada.

3.2. Filmes e beads de quitosana

3.2.1. Preparação dos filmes de quitosana

Os filmes foram preparados a partir de soluções de quitosana a 1% (m/v) em ácido

acético. A solução de quitosana foi então dispersa em um filme de polietileno. O filme foi

formado pelo método de evaporação do solvente a temperatura ambiente, após 24 horas. Este

foi exposto a vapores de amônia em uma caixa fechada por 72 horas para regenerar o grupo

NH2 da quitosana, tornando o filme insolúvel. A Figura 04 mostra um fluxograma da

preparação dos filmes.

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31

Figura 04: Fluxograma da preparação dos filmes de quitosana.

3.2.2. Preparação dos beads de quitosana

Os beads foram preparados pelo gotejamento de 4mL de uma solução de

quitosana a 3% através de uma bomba peristáltica em 10mL de uma solução de trifosfato de

sódio a 10% (m/v) (Merck) sob agitação magnética durante 5 minutos. Os beads formados

foram, então, lavados com água deionizada e secos em estufa a 60ºC. A Figura 05 mostra um

fluxograma da preparação dos beads.

Figura 05: Fluxograma da preparação dos beads de quitosana/trifosfato.

3.3. Incorporação dos luminóforos.

3.3.1. Preparação dos filmes e beads de quitosana com os luminóforos.

Foram preparadas as soluções de quitosana em ácido acético com rodamina B

(1,51 x 10-5mol.L-1) harmana (6,86 x 10-4mol.L-1), e fluoresceína (1,21 x 10-4mol.L-1). Foram

Solução de ácidoSolução de ácidoacético 3% (v/v)acético 3% (v/v) QuitosanaQuitosana

AgitaçãoAgitação

Solução deSolução deQuitosana 1% (m/v)Quitosana 1% (m/v)

FilmeFilme

FilmeFilmeneutralizadoneutralizado

EvaporaçãoEvaporação

Vapores de amônia por 72 horasVapores de amônia por 72 horas

CompostoCompostoorgânicoorgânico

Solução de ácidoSolução de ácidoacético 3% (v/v)acético 3% (v/v) QuitosanaQuitosana

AgitaçãoAgitação

Solução deSolução deQuitosana 1% (m/v)Quitosana 1% (m/v)

FilmeFilme

FilmeFilmeneutralizadoneutralizado

EvaporaçãoEvaporação

Vapores de amônia por 72 horasVapores de amônia por 72 horas

Solução de ácidoSolução de ácidoacético 3% (v/v)acético 3% (v/v) QuitosanaQuitosana

AgitaçãoAgitação

Solução deSolução deQuitosana 1% (m/v)Quitosana 1% (m/v)

FilmeFilme

FilmeFilmeneutralizadoneutralizado

EvaporaçãoEvaporação

Vapores de amônia por 72 horasVapores de amônia por 72 horas

CompostoCompostoorgânicoorgânico

CompostoCompostoorgânicoorgânico

CompostoCompostoorgânicoorgânico

Composto orgânicoComposto orgânico

Solução de ácidoSolução de ácidoacético 1% (m/v)acético 1% (m/v) QuitosanaQuitosana

AgitaçãoAgitação

Solução deSolução dequitosana 3% (m/v)quitosana 3% (m/v)

Solução deSolução deTrifosfato 10 % (m/v)Trifosfato 10 % (m/v)

FormaçãoFormaçãodos beadsdos beads

Gotejamento e agitaçãoGotejamento e agitação

Composto orgânicoComposto orgânicoComposto orgânicoComposto orgânico

Solução de ácidoSolução de ácidoacético 1% (m/v)acético 1% (m/v) QuitosanaQuitosana

AgitaçãoAgitação

Solução deSolução dequitosana 3% (m/v)quitosana 3% (m/v)

Solução deSolução deTrifosfato 10 % (m/v)Trifosfato 10 % (m/v)

FormaçãoFormaçãodos beadsdos beads

Gotejamento e agitaçãoGotejamento e agitação

Solução de ácidoSolução de ácidoacético 1% (m/v)acético 1% (m/v) QuitosanaQuitosana

AgitaçãoAgitação

Solução deSolução dequitosana 3% (m/v)quitosana 3% (m/v)

Solução deSolução deTrifosfato 10 % (m/v)Trifosfato 10 % (m/v)

FormaçãoFormaçãodos beadsdos beads

Gotejamento e agitaçãoGotejamento e agitação

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32

obtidos os filmes pelo método de evaporação do solvente a temperatura ambiente, em um

filme de polietileno. Os filmes secos foram expostos a vapores de amônia durante 72 horas

para regenerar a forma de amino livre da quitosana. Os beads foram obtidos a partir de

soluções de quitosana já contendo os luminóforos, utilizando-se um procedimento análogo ao

descrito no item 3.2.2.

3.4.Estudo cinético.

Os filmes e beads de quitosana contendo rodamina B foram colocados em contato

com 10mL de PBS (tampão de fosfato salino) e água destilada, e em intervalos de tempo

foram retiradas alíquotas para medição espectroscópica, em um espectrômetro de absorção na

região do visível no comprimento de onda máximo da solução de rodamina B de 555nm, a

quantidade de rodamina b liberada.

3.4.1. Preparação do tampão fosfato salino (PBS)

O PBS foi preparado da dissolução em água de 0,34g de fosfato de potássio

monobásico (KH2PO4), 1,21g de fosfato de potássio di-básico (K2HPO4) e 8,00g de cloreto de

sódio em um balão volumétrico de 1L. A solução final deve ter o pH = 2.

3.5. Técnicas de caracterização

3.5.1. Espectroscopia vibracional na região do Infravermelho

Os espectros no infravermelho foram obtidos em um espectrofotômetro com

transformada de Fourier da Bruker modelo IF66, na região entre 4000cm-1 e 400cm-1. Foram

obtidos os espectros do pó da quitosana utilizando pastilhas de KBr como suporte, e dos

filmes de quitosana com e sem luminóforos. As medidas foram realizadas na Central

Analítica do Departamento de Química Fundamental da UFPE.

3.5.2. Ressonância Magnética Nuclear

Os espectros RMN 1H foram obtidos utilizando um equipamento da Varian Unity

Plus em 300MHz. Os experimentos foram realizados a 50ºC, tempo de relaxação de 6

segundos, pulso de 90º, 64 aquisições, sendo o sinal da água parcialmente eliminado com uma

seqüência de pulsos de pré-saturação do sinal da água. As soluções de quitosana foram

preparadas pela dissolução de 5mg de quitosana em uma solução de 0,98mL de D2O e 0,02

mL de DCl com agitação rigorosa por meia hora para os espectros de RMN 1H.

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33

Os espectros RMN 13C – MAS no estado sólido foram obtidos utilizando o

equipamento da Varian Unity Plus em 75,4MHz, tempo de relaxação de 4 segundos, pulso de

90º, a temperatura ambiente, e 256 repetições. Os experimentos foram realizados com

aproximadamente 150mg de quitosana no estado sólido. Todas as medidas foram realizadas

na Central Analítica do Departamento de Química Fundamental da UFPE.

3.5.3. Titulação Potenciométrica

A titulação potenciométrica foi realizada de acordo com o procedimento descrito

na literatura em Jiang et al13. A quitosana purificada (0,20 – 0,23g) foi dissolvida em 25mL de

uma solução de ácido clorídrico padronizada (0,1036mol/L) e 100,0mL de água destilada. A

solução de quitosana deve ter força iônica igual a 0,1, para isso foi calculada a massa de

cloreto de potássio (KCl) necessária a ser adicionada à essa solução, de acordo com a

expressão abaixo:

(2)

Onde i é a espécie iônica ou molecular, C é a concentração dessa espécie em

mol/L e Z é a carga dessa espécie.

A solução de quitosana foi titulada com solução de hidróxido de sódio

padronizada (0,0996mol.L-1) até pH 6,0.

3.5.4. Análise Elementar

A análise elementar, para determinação dos teores de C, N e H das quitosanas

purificadas foi obtida no equipamento Analisador elementar modelo EA 1110 da Carlo Erba

Instruments, na Central Analítica do Departamento de Química Fundamental da UFPE.

3.5.5. Viscosidade

As medidas de viscosidade foram realizadas utilizando um capilar de vidro tipo

Cannon-Fenske (dinterno= 1,01mm) termostatizado a (25± 0,01)ºC, em um viscosímetro AVS-

350 da Schott-Geräte. Para a determinação da viscosidade intrínseca, [η], foram preparadas

soluções de quitosana (utilizando tampão de ácido acético como solvente) com concentrações

variando de 9,0 x 10-4 a 3,0 x 10-3g.mL-1. Os tempos de escoamento foram determinados em

segundos. As amostras foram feitas em quatro replicatas e a média das medidas foi calculada.

( )2

21

iiZCF ∑=

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34

3.5.6. Microscopia eletrônica de varredura

As morfologias das superfícies dos filmes e beads foram observadas em um

microscópico eletrônico de varredura (Modelo Jeol JSM-5900), no modo SEI (imagem de

elétrons secundários), utilizando uma potência do feixe de 5kV a 15kV e uma abertura do

feixe de 20 a 25nm, a depender da amostra que estava sendo analisada. As amostras foram

fixadas, em stubs de alumínio, com um adesivo de carbono de dupla face, e então, recobertas

com uma fina camada de ouro com espessura de ~20nm, depositada por sputtering, sob vácuo

de ~10-5torr. Foram feitas as análises de superfície e fratura dos filmes e beads. As análises

foram realizadas no Laboratório de Microscopia do Departamento de Física da UFPE.

3.5.7. Espectroscopia de absorção eletrônica no UV-Vis

Os espectros de absorção eletrônica no UV-Vis da rodamina B, fluoresceína e

harmana foram obtidos em solução aquosa, de ácido acético, em solução de quitosana e nos

filmes que foram expostos e não expostos à amônia, em um espectrofotômetro Perkim Elmer

modelo Lambda 6 operando com lâmpada de tungstênio e deutério na região de 190 a 900nm.

As medidas foram realizadas na Central Analítica do Departamento de Química Fundamental

da UFPE.

3.5.8. Análise termogravimétrica - TGA

A análise térmica foi realizada para verificar as perdas de massa com o aumento

da temperatura. Esta técnica é utilizada para caracterizar a estabilidade térmica de materiais.

Podem ser observadas transições da amostra que envolve perdas de massa como absorção,

dessorção, sublimação e decomposição, mas nem todas as transições da amostra ocorrem com

perda de massa, como a fusão, cristalização e transição vítrea.

As medidas foram realizadas no laboratório de materiais vítreos e

nanodispositivos fotônicos do Departamento de Química Fundamental da UFPE, em um

termoanalisador da Shimadzu, modelo 50WS. As curvas foram obtidas, para as quitosanas e

seus filmes com uma massa entre 5 e 8mg, dentro da faixa de 30 a 800º C, com uma taxa de

aquecimento de 10ºC.min-1, sob fluxo de nitrogênio de 50mL.min-1.

3.5.9. Calorimetria Exploratória Diferencial - DSC

Os experimentos de Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) foram realizados

para identificar os eventos endotérmicos e exotérmicos que ocorrem durante o aquecimento

da amostra, ocorrendo ou não perda de massa. As medidas foram realizadas no laboratório de

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35

materiais vítreos e nanodispositivos fotônicos do Departamento de Química Fundamental da

UFPE, em um DSC da Shimadzu, modelo DSC-50WS. As curvas foram obtidas dentro da

faixa de 30 a 350º C para as quitosanas e seus filmes com massa variando de 5 a 8mg e uma

taxa de aquecimento de 10º C.min-1, sob fluxo de nitrogênio de 50mL.min-1.

3.5.10. Difração de raios-X

Os difratogramas de raios-X de todas as três quitosanas com e sem purificação e

nos filmes de quitosana foram realizados no Laboratório de Raios-X do Departamento de

Física da UFPE. As medidas foram obtidas usando um aparelho de difração de raios-X

modelo SIEMENS D5000, radiação de Cu-Kα sendo λ = 1,542Aº, em uma faixa de varredura

entre 4º e 50º com taxa de 0,02º.min-1.

3.5.11. Espectroscopia de emissão

Os espectros de emissão e excitação foram obtidos no Laboratório de

Espectroscopia de Terras Raras I, do Departamento de Química Fundamental, da UFPE. As

medidas dos espectros de emissão foram obtidas a temperatura ambiente em um

Multifrequency Phase Fluorometer K2. A excitação foi feita utilizando uma lâmpada de

Xenônio (300W), com fenda de 0,5mm e excitação em 387,0nm para a harmana, 520nm para

a rodamina B e 460nm para a fluoresceína. As medidas foram realizadas com as soluções

aquosas, soluções ácidas e soluções de quitosana com os luminóforos e com os filmes de

quitosana expostos e não expostos a vapores de amônia.

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36

4. Resultados e Discussão

A apresentação dos resultados foi dividida em 5 tópicos que serão discutidas na

seguinte ordem: (i) caracterização das quitosanas; (ii) preparação de filmes e beads a base de

quitosana; (iii) incorporação de luminóforos orgânicos nos filmes e beads preparados; (iv)

suas caracterizações espectroscópicas e; (v) estudos da cinética de liberação da rodamina B

em filmes e beads de quitosana.

4.1. Caracterização da quitosana

4.1.1. Quitosanas

As quitosanas utilizadas nesse trabalho foram: (A) Primex da Chitoclear (em pó),

(B) Alta massa molar da Aldrich (em escamas) e (C) practical grade da Aldrich (em

escamas). A Tabela 01 mostra os dados das quitosanas fornecidos pelos fabricantes.

Tabela 01: Dados das quitosanas fornecidos pelos fabricantes: Primex (A) e Aldrich (B) e (C).

Quitosanas Viscosidade* GD% Massa Molar Média

A 224cps ~96 - B 800-2000cps >75 Alta C >200cps >85 -

*Solução de quitosana 1% em ácido acético 1%.

Diversas técnicas foram utilizadas na caracterização das quitosanas utilizadas

nesse trabalho. A caracterização estrutural foi realizada por espectroscopia vibracional na

região do infravermelho, RMN 1H, RMN 13C. O grau de desacetilação foi determinado

utilizando 3 técnicas: análise elementar, titulação potenciométrica, e RMN 1H. As massas

molares foram determinadas através de medidas de viscosidade.

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37

4.1.2. Espectroscopia na região do infravermelho

A espectroscopia na região do infravermelho permite observar e classificar

algumas bandas relativas a vibrações características dos grupos funcionais presentes na

estrutura do polímero. Esta técnica pode ser utilizada para a determinação do grau de

desacetilação, a vantagem desse método é que não depende da solubilidade da amostra63.

A Figura 06 mostra os espectros de infravermelho das três quitosanas. A Tabela

02 mostra as bandas observadas no infravermelho e suas atribuições tentativas.

Figura 06: Espectros no infravermelho das quitosanas A, B e C. A seta azul indica o

estiramento do grupo amida (C-N) da quitina e a seta vermelha o estiramento do grupo amina

(C-N) da quitosana.

4000 3000 2000 1000

δ NH

ν C=O(A)

Número de onda (cm-1)

Abso

rbân

cia

(u.a

.)

ν CN - amida

ν CNamina

(B)

(C)

Representação da estrutura da quitosana

parcialmente desacetilada.

O

NH

OO

HOH2C

O

C O

H3C

HO

NH2

O

HOH2C

OH

n

1700 1500 1300 1100 900 700 500

Número de ondas (cm-1)

Abso

rbân

cia

(A)

(B)

(C)

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38

Tabela 02: Atribuição das bandas do infravermelho das quitosanas estudadas.

A B C Nº. de onda

(cm-1) Intensidade Nº. de onda (cm-1) Intensidade Nº. de onda

(cm-1) Intensidade

Atribuições tentativas

897 f 897 f 895 f 1027 m 1030 m 1032 m νC-O 1076 F 1076 F 1093 m 1383 m 1382 m 1385 m (amina) νC-N 1381 F 1382 m 1381 m δC-H 1420 F 1427 m 1419 f (amida)νC-N 1595 m 1594 m 1595 m (amida II) δNH 1655 f 1640 F 1650 f (amida I) νC=O 2877 m 2921 m 2884 m νC-H 3447 F 3479 F 3446 F νO-H f – fraca; m – média; F – Forte.

Todas as quitosanas apresentaram um pico largo entre 3483cm-1 e 3305cm-1, na

região da deformação axial do OH, a qual aparece sobreposta à banda de deformação axial do

NH, indicando a formação de ligação de hidrogênio intermolecular17. Além disso, segundo

Focher, a desacetilação e os processos de regeneração, causam perturbação no retículo

cristalino inicial da quitina, induzindo as quitosanas a um reordenamento das ligações de

hidrogênio. Isso pode ser observado pelas bandas largas centradas em 3347cm-1, 3379cm-1 e

3446cm-1 [(OH (3). . . O´(5))] para as quitosanas A, B e C respectivamente, e pelo

deslocamento das bandas para freqüências mais altas indicando um aumento na ordem

estrutural.64 Os espectros das quitosanas A e B apresentam um ombro em torno de 700cm-1

(708cm-1 para A e 698cm-1 para B) indicando a participação de grupos OH na formação de

ligações de hidrogênio intramolecular.

A banda em torno de 1425cm-1 está associada à deformação angular do CH2,

devido ao rearranjo das ligações de hidrogênio para orientações favoráveis aos grupos OH

primários, pelo menos nas regiões amorfas dos polissacarídeos65,66.

A N-desacetilação está associada com um progressivo enfraquecimento da banda

de deformação axial do grupo C=O característico da quitina (amida I). Em polímeros o

desdobramento dessa banda no infravermelho está geralmente associado a interações entre

cadeias caso existam domínios cristalinos. Além disso, o modo vibracional referente à

deformação angular da ligação N-H (amida II), aparece em 1594cm-1 para a quitosana B e

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39

1595cm-1 para as quitosanas A e C. As deformações axiais de C-N das aminas e amidas

aparecem em aproximadamente 1380cm-1 e 1425cm-1, respectivamente. A relação entre estas

duas bandas pode nos dizer qualitativamente que a quitosana A é a mais desacetilada, pois a

banda referente ao estiramento C-N da amina (quitosana) é mais intensa que a banda referente

ao estiramento C-N da amida (quitina).

4.1.3. Análise elementar

A análise elementar é uma ferramenta que pode ser utilizada para a determinação

do grau de desacetilação da quitosana. Apesar de ser um método preciso, deve ser usado com

muita cautela em virtude dos diferentes teores de hidratação, que variam de acordo com as

condições de armazenamento e tratamento prévio da amostra. As amostras foram purificadas

anteriormente, para a eliminação das impurezas. A equação 3 foi proposta por Kassai67.

(3)

Onde C/N é a razão de carbono/nitrogênio. Esta razão varia de 5,145 em

quitosanas completamente desacetiladas (monômero da quitosana) a 6,861 em quitinas

inteiramente acetiladas (monômero da quitina)57.

A Tabela 03 mostra os percentuais de carbono, nitrogênio, hidrogênio, a relação

carbono/nitrogênio e o grau de desacetilação encontrados nas três amostras de quitosana

analisadas. Colocando os valores do grau de desacetilação em ordem crescente de percentual

temos que C < B < A, confirmando o infravermelho onde se observa uma pequena diminuição

na banda referente à amina I, nessa mesma ordem, indicando um maior grau de desacetilação

da quitosana A.

Tabela 03: Percentuais de carbono, nitrogênio, hidrogênio, a relação carbono/nitrogênio e o

grau de desacetilação das três amostras de quitosana.

Quitosanas C % N % H % C/N GD%

A 38,309 6,964 7,194 5,501 78,7 B 38,822 6,970 7,265 5,570 74,6 C 38,947 6,977 7,285 5,582 73,8

( ) 100145,5816,6145,51% ×⎟

⎞⎜⎝

⎛−−

−=NCGD

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40

4.1.4. Titulação Potenciométrica

A titulação da quitosana para a determinação do grau de desacetilação é um

método indireto bastante utilizado nas industriais por ser uma técnica de baixo custo.

A quitosana foi dissolvida em uma solução de ácido clorídrico padronizada

(0,1036mol.L-1) e titulada potenciometricamente com uma solução de hidróxido de sódio

padronizado (0,0996 mol.L-1). Considera-se a titulação do excesso de ácido, ou seja, uma

titulação indireta de ácido forte com base forte. A quitosana dissolvida em solução de HCl

torna-se um polieletrólito devido a protonação dos grupos amino. A reação de equilíbrio

descrita no estado de ionização é:

(4)

A constante de dissociação da quitosana é definida como:

(5)

Partindo dessas equações, das equações de balanço de carga e da concentração de

quitosana durante a titulação, Ingman e Still (1966) propuseram uma função linear para a

determinação do grau de desacetilação da quitosana. A função é mostrada a seguir13:

(6)

Onde:

Ve - volume no ponto de equivalência;

V0 - o volume da solução de quitosana;

V - o volume da base forte adicionada;

CB - a concentração da base forte (mol.L-1);

C1 - a concentração da solução de ácido clorídrico (mol.L-1);

V1 - o volume da solução de ácido clorídrico adicionado para dissolução da

quitosana (mL);

Kw - o produto iônico da água;

Ka - constante de dissociação da quitosana;

pH - em cada ponto da titulação potenciométrica;

[H+] - a concentração em mol.L-1 de H+ no decorrer da titulação e

[ ] [ ]( ) ( )[ ] a

BpH

B

WpH

Be

B

KHV

CVV

CVVK

CVCVOHH

CVVV

⎩⎨⎧

⎭⎬⎫

−+

−×

++

×+=+

++ +−−

−+ 02

0110

1010

[ ][ ][ ]+

+

−−

=3

2

NHRHNHRKa

R- NH2 H+ R-NH3+

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41

[OH-] - a concentração em mol.L-1 de OH- no decorrer da titulação.

Esta equação pode ser representada por uma equação da reta sendo:

(7)

e

(8)

A partir dessas equações foram traçados os gráficos Y em função de X, que são

mostrados na Figura 07.

Figura 07: Gráficos da função de Y versus X para a determinação dos valores de Ve para o

cálculo do grau de desacetilação para as quitosanas A, B e C.

A Tabela 04 mostra as faixas de pH obtidas durante as titulações das quitosanas,

que foram utilizadas para o cálculo dos termos X e Y e os coeficientes de correlação das retas

traçadas.

[ ] [ ]( )−+ ++

+= OHHC

VVVYB

0

( )[ ]⎭⎬

⎫−

+−

×+

+⎩⎨⎧

×= +−− H

VC

VVC

VVKC

VCXB

pHB

WpH

B

02

011

1010

-1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 90000,014

0,015

0,016

0,017

0,018

0,019

0,020

0,021

(A)

Y

-1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 90000,014

0,015

0,016

0,017

0,018

0,019

0,020

0,021

(C)

-1000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 90000,014

0,015

0,016

0,017

0,018

0,019

0,020

0,021

(B)

X

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42

Tabela 04: A faixa de pH utilizada para calcular os termos X e Y do gráfico da Figura 17 e os

coeficientes de correlação das retas obtidas da relação de X e Y.

Quitosanas Faixa de pH R2

A 3,41 a 5,99 0,97 B 3,41 a 5,99 0,97 C 3,14 a 5,99 0,98

O coeficiente linear dessas retas fornece os valores de Ve, isto é o volume de ácido

clorídrico em excesso, que foi utilizado para o cálculo do grau de desacetilação a partir da

seguinte expressão68:

(9)

(10)

Onde W é a massa em gramas da quitosana utilizada na titulação.

A quitosana normalmente precipita em solução com pH superior a 6,0. A

precipitação reduz a concentração de quitosana em solução, o que resulta em um erro

considerável na função linear. Além disso, a precipitação pode recobrir a superfície do

eletrodo, perdendo assim a precisão das medidas. Por essa razão a titulação é finalizada antes

do início da precipitação da quitosana, ou seja, antes que o valor do pH ultrapasse 6,0.

Os volumes de equivalência obtidos da extrapolação dos gráficos da Figura 07

estão na Tabela 05 assim como o grau de desacetilação calculados a partir das equações 09 e

10.

( )100011 eBVCVCd −

=

100

204161

(%) ×

⎟⎟⎟⎟

⎜⎜⎜⎜

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ +

−=

ddWdGD

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43

Tabela 05: Volumes de equivalência e graus de desacetilação obtidos das titulações

potenciométricas das quitosanas.

Quitosanas Ve (mL) W (g) d/10-4 GD% 17,86 0,2020 8,11 A 16,62 0,2220 9,35 71,29±2,04

17,71 0,2083 8,26 17,62 0,2165 8,35 B 17,64 0,2086 8,33

68,71±0,87

17,11 0,2014 8,86 15,69 0,2236 10,30 C 16,05 0,2108 9,91

77,84±3,11

Os valores dos graus de desacetilação das quitosanas A e B foram menores que os

obtidos a partir das análises elementares e para a quitosana C este valor apresentou-se acima

do valor obtido pela análise elementar.

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44

4.1.5. Ressonância magnética nuclear

4.1.5.1. Ressonância magnética nuclear 1H

A ressonância magnética nuclear de 1H é muito utilizada para a determinação do

grau de desacetilação da quitosana por ser uma técnica que permite a quantificação de altos

graus de desacetilação. A preparação da amostra é simples, pois são necessários somente

alguns miligramas e não há necessidade de preparação de uma curva analítica.

Nesta técnica a amostra de quitosana é dissolvida em solução de ácido clorídrico

deuterado resultando em uma solução viscosa, fazendo-se necessário que a medida seja

realizada a 70ºC para impedir interações intermoleculares e intramoleculares (Figura 08), que

modificam a integração dos picos influenciando o valor do grau de desacetilação. Assim

também é necessário que as medidas sejam realizadas rapidamente, de modo a minimizar

problemas causados pela hidrólise da quitosana, ou seja, a quebra das ligações glicosídicas

que formam o biopolímero, como já descrito na literatura. Entretanto, neste trabalho as

medidas foram realizadas a 50º C, já que o equipamento de RMN do departamento não

aquece até 70ºC.

Figura 08: Interações intramoleculares e intermoleculares em/entre as cadeias de quitosana.

A Figura 09 mostra os espectros de RMN 1H para as três quitosanas.

O

NH2

O

HOH2C

OO

Hn

O

NH2

OO

HOH2C

O

O

H2N

OHO

CH2OH

HO H

n

n

Interações intramoleculares

Interações intermoleculares

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45

Figura 09: Espectro de RMN 1H das quitosanas estudadas (A, B, C).

B

C

Hac H2

H3,4,5 H6,6’

HDO

H1

A

OH4

OD

OD

H1

H2

NDH3

OD

C

H5

OD

C

H6

H6'

Hac

OH3C

Monômero da quitina

D ⇒ Deutério

Carbono anomérico (C1)

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46

A Tabela 06 mostra as integrações dos picos necessárias para os cálculos do grau

de desacetilação das quitosanas.

Tabela 06: Integração dos picos dos espectros de RMN 1H das quitosanas estudadas para o

cálculo do grau de desacetilação.

Integração dos picos Hidrogênios A B C

Hac 3,00 3,00 3,00 H2 3,51 2,90 3,83

Σ H2,3,4,5,6,6’ 15,32 13,41 17,23

A Tabela 07 apresenta os deslocamentos químicos observados para cada

hidrogênio da quitosana no espectro de RMN 1H.

Tabela 07: Deslocamentos químicos em RMN 1H das quitosanas estudadas.

Deslocamento químico (δ ppm) Hidrogênios A B C Referência 56

Hac 2,20 2,23 2,29 2,36

H1 5,03 5,05 5,11 4,95; 4,97

H2 3,34 3,38 3,43 3,28; 3,26; 3,24

H3 4,06 - 3,99 3,99

H4 4,05 - 4,00 3,97

H5 4,04 3,93 - 3,95

H6 3,93 - 4,15 3,84

H6’ 3,90 4,10 4,14 3,81

O grau de desacetilação foi calculado pela equação 11 proposta por Hirai e

colaboradores69, que utiliza os sinais dos prótons H2, H3, H4, H5, H6, H6’ (H2-6) de ambos os

monômeros e o pico referente aos núcleos do hidrogênio do grupo acetoamino (Hac).

(11)

( ) 10061

311% 62 ×⎟⎟

⎞⎜⎜⎝

⎛⎟⎠⎞

⎜⎝⎛−= −HHGD ac

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47

E pela equação 12 proposta por Signimi e Campana-Filho70, que utiliza a área do

pico na região de 2,0 ppm atribuído aos núcleos de hidrogênio do grupo acetoamino (Hac) e a

área do pico em 3,4 ppm referente ao núcleo de hidrogênio na posição 2 do anel do

glicosamino (H2).

(12)

A equação 12 só leva em conta os picos do grupo acetoamino (Hac) e dos

hidrogênios do carbono na posição 2 do anel do glicosamino (H2). A escolha desses dois picos

se deve ao fato de que as áreas relativas aos núcleos dos grupos metila presentes no grupo

acetamido e ao núcleo na posição 2 do anel de glicosamino, estão relativamente livres das

influências do pico de HOD (δ ≈ 4,8 ppm).

Os valores dos graus de desacetilação variaram bastante utilizando as equações 11

e 12, como mostrado na Tabela 08.

Tabela 08: Valores dos graus de desacetilação em porcentagem das quitosanas determinados

por RMN 1H, a partir de duas equações distintas.

Quitosanas Hirai Signimi

A 60,83 71,54

B 55,27 65,52

C 65,17 73,89

Nos valores obtidos através do RMN observa-se uma variação de até 10% nos

valores do GD quando se altera a equação do cálculo do grau de desacetilação. A proximidade

dos picos referentes aos hidrogênios H3, H4, H5, H6 e H6’ ao pico da água, que foi suprimido,

pode ter interferido na sua integração, desta forma modificando o resultado do grau de

desacetilação calculado a partir da equação 11, já que esta equação considera a integração

desses picos. Já a equação 12 só considera a integração dos hidrogênios H2 e Hac que tem um

deslocamento químico mais distante que o pico HDO sofrendo, portanto, menos influência

desse pico. Assim, a equação 12 é mais adequada para o cálculo do grau de desacetilação, já

que essa equação considera os picos mais deslocados em relação ao pico da água.

1003

1% 2 ×⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛−=

HHGD

ac

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48

4.1.5.2. Ressonância magnética nuclear 13C

A Figura 10 mostra os espectros de RMN 13C no estado sólido para duas das

quitosanas estudadas (quitosanas B e C). O espectro da quitosana A é semelhante com os das

quitosanas apresentadas.

Figura 10: Espectro de RMN 13C-MAS das quitosanas estudadas (B, C).

B

C

CH3

C3, C5

C2, C6 C1 C4

O

NH

OO

HOH2C

O

C O

H3C

HO

NH2

O

HOH2C

OH

n

6

542

3 1

ppm

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49

A análise de RMN 13C no estado sólido é uma técnica muito sensível a mudanças

na ordem local da estrutura. Assim podemos observar no espectro, que todos os sinais são

largos, por causa da presença de ambos os monômeros, desacetilado e acetilado, que impede o

empacotamento das macromoléculas71. A Tabela 09 mostra os valores dos deslocamentos

químicos para os carbonos de 1 a 6 e o CH3 do monômero da quitina.

Tabela 09: Deslocamentos químicos no RMN 13C das quitosanas estudadas.

Deslocamento químico (δ ppm) Carbonos A B C

CH3 22,30 22,63 22,50

C1 105,47 105,74 106,18/112,73

C4 82,50 83,09 82,67/85,74

C3/C5 75,08 75,31 75,65

C6/C2 57,32 57,69 57,65

Por esta técnica é fundamental a observação do comportamento de dois picos, um

em torno de 175ppm referente a carbono da carbonila (C=O) e outro em torno de 22,00ppm

relacionado ao carbono da metila (CH3), que correspondem à parte acetilada do biopolímero.

Entretanto, observando a Figura 10, temos que o pico do carbono da carbonila não aparece em

nenhuma das três quitosanas; provavelmente, não pôde ser distinguido do ruído, por isso não

foi possível a estimativa do grau de desacetilação por esta técnica. Já o pico relacionado à

metila ligada a este carbono aparece em torno de 22,00ppm, mas com baixa intensidade, o que

pode indicar um grau de desacetilação elevado.

O deslocamento químico dos carbonos C1 e C4 são altamente sensíveis a algumas

mudanças conformacionais nas ligações glicosídicas65,71. A diferença entre o deslocamento

químico das quitosanas estudadas nos C1 e C4 é muito pequena. Isso sugere que são pequenas

as diferenças na conformação das ligações glicosídicas nessas amostras.

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50

4.1.6. Comparação dos valores dos graus de desacetilação

Na Tabela 10 são apresentados os valores obtidos para os graus de desacetilação

das quitosanas por RMN 1H, titulação potenciométrica e análise elementar.

Tabela 10: Valores dos graus de desacetilação (%) das quitosanas determinados por RMN 1H,

titulação potenciométrica e análise elementar.

Quitosanas RMN 1H Titulação potenciométrica

Análise elementar

Valor especificado

pelo fabricante A 71,54 71,29±2,04 78,7 ~96 B 65,52 68,71±0,87 74,6 >75 C 73,89 77,84±3,11 73,8 >85

Todos os valores foram discordantes dos valores apresentados pelo fabricante.

Os graus de desacetilação calculados a partir da análise elementar foram

relativamente mais altos do que os valores obtidos nas outras duas técnicas, exceto para a

quitosana C, onde os valores foram concordantes nas três técnicas utilizadas. As técnicas de

RMN 1H e titulação potenciométrica foram as que tiveram valores mais concordantes entre si

para todas as quitosanas. A análise por RMN 1H é a melhor técnica para essa determinação,

pois os picos são referentes aos hidrogênios específicos da cadeia polimérica.

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51

4.1.7. Viscosidade

Medidas de viscosidade, embora seja um método não absoluto, podem ser

utilizadas para estimar/determinar a massa molar média de polímeros. As medidas são feitas

com base no tempo de escoamento, em segundos, do solvente e das soluções poliméricas

diluídas, em um capilar tipo Cannon-Fenske, utilizando-se um viscosímetro.

As medidas de viscosidade foram realizadas com soluções de quitosana de

concentrações na faixa de 0,90 x 10-3 a 3,00 x 10-3g.mL-1 (0,09% a 0,30%). Os resultados dos

tempos de escoamento do solvente e das soluções de quitosana são apresentados na Tabela 11.

Tabela 11: Valores referentes ao tempo de escoamento em segundos do solvente e das

soluções de quitosana em várias concentrações e a 25ºC.

Tempo de escoamento (s) Conc. /10-3 (g.mL-1) Solvente* A B C

20,43 60,97 115,04 158,11 20,43 61,04 115,71 158,64 20,43 61,06 115,96 158,93 0,90

20,43 61,08 116,06 159,17 20,43 100,92 116,43 176,68 20,43 101,87 116,69 176,78 20,43 101,51 116,83 177,34 1,00

20,43 101,51 116,91 177,75 20,43 183,96 277,38 406,34 20,43 184,55 277,84 407,16 20,43 185,00 279,02 408,08 2,00

20,43 185,39 279,22 408,60 20,43 123,10 192,66 528,38 20,43 123,30 192,64 527,97 20,43 123,37 192,60 529,77 2,50

20,43 123,56 192,33 528,46 20,43 230,97 414,46 754,64 20,43 230,77 409,97 758,91 20,43 230,98 411,16 757,67 3,00

20,43 231,05 412,15 757,57 *Solvente: tampão de ácido acético/acetato.

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52

A razão do tempo de escoamento da solução do polímero pelo tempo de

escoamento do solvente é chamada de viscosidade relativa. A média dos tempos de

escoamento foi calculada e, então, aplicada na seguinte equação para o cálculo da viscosidade

específica15:

(13)

Onde t0 é o tempo de escoamento do solvente e t é o tempo de escoamento das

soluções de quitosana, onde e ambas as viscosidades são adimensionais.

A viscosidade reduzida é a viscosidade específica dividida pela concentração em

g.mL-1 e tem como dimensão o inverso da concentração.

(14)

A medida de viscosidade intrínseca é obtida pela extrapolação do gráfico de

viscosidade reduzida versus concentração à diluição infinita, com base na equação de

Huggins72 mostrada abaixo:

(15)

Com os valores de viscosidade reduzida e das concentrações foram traçados os

gráficos (Figura 11) para obter as viscosidades intrínsecas.

Figura 11: Gráficos da viscosidade reduzida em função da concentração para a determinação

da viscosidade intrínseca.

300

400

500

600

700

800

900

1000 A

B

0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

C

Visc

osid

ade

Red

uzid

a (m

L/g)

Concentração/10-3 (g.mL-1)

⎟⎠⎞

⎜⎝⎛ −

=ttt

esp0η

Cesp

red

ηη =

[ ] [ ] CK Hred2ηηη +=

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53

As retas obtidas apresentaram bons coeficientes de correlação (r > 0,97); sendo

possível determinar os valores das constantes de Huggins (KH) que foram relativamente

pequenos (Tabela 13), indicando que as soluções obtidas para a dissolução das amostras de

quitosana purificadas foram de boa qualidade.

A viscosidade intrínseca está relacionada com a massa molar média através da

equação de Mark-Houving (equação 16). Os valores das constantes K e a são dependentes do

solvente e do polímero. Neste trabalho foram utilizados os valores propostos por Rinaudo, de

0,076 e 0,76 para K e a, respectivamente73.

(16)

A Tabela 12 mostra as viscosidades reduzidas obtidas a partir dos tempos de

escoamento das soluções de quitosana e do solvente pela concentração das soluções de

quitosana.

Tabela 12: Valores das constantes de Huggins, viscosidades reduzidas, viscosidades

intrínsecas e as massas molares médias das quitosanas.

Quitosanas Concentração /10-3 (g.mL-1)

Viscosidade reduzida (mL.g-1)

Viscosidade intrínseca [η]

(mL.g-1) KH

Massa molar média

/105 (g.mol-1)3,00 303,85 2,50 335,80 2,00 444,70 1,00 798,62

A

0,90 739,15

982,67 0,25 2,75

3,00 316,80 2,50 362,56 2,00 463,30 1,00 824,96

B

0,90 914,90

1124,39 0,23 3,07

3,00 324,34 2,50 384,54 2,00 474,94 1,00 884,67

C

0,90 968,09

1200,27 0,22 3,34

[ ]a

MK ⎟⎠⎞

⎜⎝⎛=

_

υη

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54

A massa molar média da quitina está entre 1,03 x 106 a 2,5 x 106 g mol-1, mas a

reação de desacetilação reduz esse valor para 1,0 x 105 a 5,0 x 105 g mol-1 para a quitosana.

Os valores da massa molar média das quitosanas (Tabela 12) estão de acordo com

dados da literatura9, onde as massas molares das quitosanas normalmente estão na faixa de 1,0

x 105 a 5,0 x 105 g.mol-1. Em todas as quitosanas os fabricantes não especificam o valor da

massa molar média, somente na quitosana B é indicado no rótulo que se trata de um produto

com alta massa molar. No entanto a quitosana C é a que apresentou a maior massa molar em

relação às outras quitosanas.

4.2. Filmes e beads de quitosana

Os filmes de quitosana resultantes do processo de secagem e destacamento são

bastante estáveis e transparentes, com poucas falhas aparentes e ausentes de macroporos. Os

filmes são amarelados e solúveis em água ou em meio ácido; quando expostos aos vapores de

amônia ou colocados em uma solução básica tornam-se insolúveis em água e quando secos

ficam com uma aparência de um filme plástico amarelado. Os filmes contendo os luminóforos

quando colocados em contato com uma solução de hidróxido de sódio4, para torná-los

insolúveis, ocorria à liberação dos luminóforos, por essa razão eles foram expostos a vapores

de amônia por 72 horas para a neutralização dos filmes, sem a expulsão dos luminóforos e os

tornando insolúveis em água.

Os filmes de quitosana contendo rodamina B e fluoresceína apresentaram

coloração rósea e alaranjada respectivamente, típicas de suas soluções, já o filme com

harmana apresenta-se incolor. Todos os filmes apresentaram luminescência, na região do

laranja para a rodamina B, na região do verde para a fluoresceína e na região do azul para a

harmana, quando irradiados com luz ultravioleta ou no visível no caso da rodamina B. A

Figura 12 mostra os filmes de quitosana com os luminóforos incorporados sob luz natural e

radiação UV.

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55

Figura 12: Filmes de quitosana incorporados com fluoresceína (esquerda), harmana (centro) e

rodamina B (direita). (A) Iluminação natural; (B) Com excitação, λ = 365 nm.

Os beads são esféricos, com diâmetro de aproximadamente de um milímetro, e

aparência amarelada (Figura 13). Os beads com a rodamina B, fluoresceína e harmana

apresentaram coloração rósea, alaranjada e amarela, respectivamente.

Figura 13: Beads de quitosana com harmana: (A) Iluminação natural; (B) Com excitação, λ =

365 nm.

Os polissacarídeos policatiônicos, como a quitosana, formam beads com

poliânions. A interação iônica entre os grupos aminos carregados positivamente e o contra-íon

(trifosfato) carregado negativamente foram utilizados na preparação dos beads. O trifosfato

pode formar ligações intermoleculares com a quitosana, que são responsáveis pela formação

dos beads.

A B

A B

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56

Figura 14: Representação esquemática da formação dos beads.

O tamanho do beads e suas propriedades dependem do tamanho da gota e da

concentração da solução de quitosana. Beads mais resistentes e maciços são obtidos a partir

de gotejamento da solução de quitosana com concentração superior a 3% (ácido acético a 1%

(m/v)) sobre a solução de trifosfato de sódio a 10% (m/v), sob agitação constante.

Quando a gota de quitosana entra em contato com a solução de trifosfato ocorre à

difusão dos íons fosfatos para o interior da gota. A difusão é mais rápida nesse sentido por

causa da diferença de viscosidade entre as duas soluções. Como a solução de quitosana é

muito mais viscosa, por causa de sua alta massa molar e conseqüente entrelaçamento das

cadeias do polímero, a gota não se dissolve na solução de trifosfato. Quando os íons de

trifosfato ligam as cadeias de quitosana por interações eletrostáticas entre os grupos PO3- do

trifosfato e os grupos NH3+ da quitosana, formando assim os beads.

Em soluções de quitosana com concentrações entre 1% e 2% (solução de ácido

acético 3%) e solução de trifosfato a 1% ocorre à formação de cápsulas moles que, quando

secas, perdem a solução de quitosana que se encontrava no caroço. Ou seja, é formada uma

membrana, que recobre o caroço formado ela solução de quitosana. Essas cápsulas não foram

utilizadas porque liberavam o luminóforos rapidamente.

O

NH3

HOO

HOH2C

O

NH3

HOO

HOH2C

O

O

NH3

HOO

HOH2C

O

NH3

HOO

HOH2C

O

PO

O

O

O

PO

O

O

O

PO O

ηQui = 50,80 cps

ηágua = 0,890 cps

O

NH3

HOO

HOH2C

O

NH3

HOO

HOH2C

O

O

NH3

HOO

HOH2C

O

NH3

HOO

HOH2C

O

PO

O

O

O

PO

O

O

O

PO O

O

NH3

HOO

HOH2C

O

NH3

HOO

HOH2C

O

O

NH3

HOO

HOH2C

O

NH3

HOO

HOH2C

O

PO

O

O

O

PO

O

O

O

PO O

O

NH3

HOO

HOH2C

O

NH3

HOO

HOH2C

O

O

NH3

HOO

HOH2C

O

NH3

HOO

HOH2C

O

PO

O

O

O

PO

O

O

O

PO O

ηQui = 50,80 cps

ηágua = 0,890 cps

ηágua = 0,890 cps

ηQui = 50,80 cps

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57

A Figura 15 apresenta os espectros de infravermelho para a quitosana e para os

beads de quitosana. No caso dos beads o pico em torno de 1550cm-1 associado à deformação

angular do grupo NH3+ é essencial, pois esse grupo forma ligação iônica com o grupo P–O- do

trifosfato.74 A presença do grupo P=O indicado pela banda na freqüência de 1158cm-1 e a

deformação axial do grupo P=O em 1215cm-1 que aparece no espectro dos beads confirmam

que existe a interação (–NH3+ …… -O – P), como ilustrado na Figura 14.

Figura 15: Espectros de IR: (A) Quitosana e (B) Beads de quitosana.

4.3. Análise térmica e difração de raios-X

Os polissacarídeos, geralmente, têm forte afinidade por água e, no estado sólido,

essas macromoléculas têm uma estrutura desordenada que é facilmente hidratada. A Figura 16

mostra as curvas de TGA da quitosana A, do filme de quitosana e dos beads sob atmosfera de

N2, na faixa de temperatura de 25 a 800º C.

As análises termogravimétricas (TGA) das quitosanas apresentaram uma primeira

perda de massa em torno de 100ºC referente à desidratação da mesma e uma segunda perda de

massa que começa em 220ºC, que é referente ao início da termodecomposição. Todas as

quitosanas apresentaram comportamento análogo ao da quitosana mostrada. Após 700ºC toda

a quitosana foi decomposta, deixando uma massa residual de aproximadamente de 2%. Os

termogramas de todos os filmes com e sem os luminóforos apresentaram comportamento

semelhante, sendo que a termodecomposição apresentou duas etapas uma com início em

220ºC e outra iniciando em torno de 600ºC, deixando uma massa residual de

aproximadamente 6%. Os filmes com ou sem luminóforo apresentaram o mesmo

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

(A)

Tran

smitâ

ncia

Número de onda (cm-1)

νP=O

νNH

3+

(B)

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58

comportamento, por causa do baixo teor desses luminóforos nos filmes, que deve ser inferior

a 1%.

Figura 16: Análise termogravimétrica. (A) Quitosana, (B) Filme e (C) Beads.

Os beads apresentaram a perda de massa relacionada com sua termodecomposição

que se iniciou em torno de 180º C e terminou em 342º C deixando uma massa residual de

59%. Os beads têm maior resistência térmica que os filmes de quitosana, devido às ligações

entre o trifosfato e a quitosana.

Figura 17: DSC. (A) Quitosana; (B) Filme e (C) Beads.

(B)

Flux

o de

cal

or m

W

(C)

0 50 100 150 200 250 300 350

exo

(A)

Temperatura (ºC)

0 100 200 300 400 500 600 700 8000

20

40

60

80

100

(C)

(B)

(A)

Perd

a de

mas

sa (%

)

Temperatura (ºC)

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59

Na curva do DSC da quitosana e dos filmes (Figura 17) observam-se dois picos, o

primeiro evento térmico registrado para todas as quitosanas e nos filmes foi um pico largo

endotérmico entre 46ºC a 146ºC, correspondente à perda de água de hidratação, e o segundo

evento térmico registrado foi um pico exotérmico, que é relacionado à decomposição. O DSC

dos beads observa-se três picos endotérmicos, o primeiro referente à desidratação e os outros

dois picos indicam que a decomposição da quitosana e do trifosfato ocorre em duas etapas.

As amostras de quitosana foram também analisadas por difração de raios-X, a

Figura 18 mostra os difratogramas da quitosana com/sem purificação e do filme. Os

difratogramas dos filmes antes e após exposição a vapores de amônia são semelhantes.

Figura 18: Difratogramas de raios-X: (A) Quitosana B; (B) Quitosana B purificada e (C)

Filme de quitosana.

Os índices de cristalinidade, ou graus de ordenamento, de polímeros podem ser

determinados a partir de análises de difração de raios-X e metodologias específicas que têm

sido desenvolvidas para serem aplicadas à celulose75, quitina e quitosana76,77. Neste trabalho à

determinação dos índices de cristalinidade de quitosana foram calculados através da expressão

abaixo65:

(17)

Onde: ICR é o índice de cristalinidade e IC e IA são as intensidades de difrações

relativas às regiões cristalinas (2θ≈20º) e amorfas (2θ≈13º), respectivamente64.

A Tabela 13 mostra todos os índices de cristalinidade calculados para todas as

quitosanas e filmes. Os índices de cristalinidade de todas as quitosanas purificadas foram

(B)

Inte

nsid

ade

(C)

0 10 20 30 40 502θ (graus)

(A)

100×⎟⎠⎞⎜

⎝⎛ −=

C

ACCR I

III

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60

maiores do que as quitosanas não purificadas, fato atribuído à reorganização das cadeias de

quitosana e ao processo de aquecimento utilizado na purificação da quitosana.

Os índices de cristalinidade dos filmes diminuíram em relação as quitosanas

originais indicando uma baixa organização das cadeias com a formação dos filmes, o que é

consistente com o fato de que os mesmos são obtidos por evaporação das soluções.

Tabela 13: Índice de cristalinidade das quitosanas e filme.

Amostra IC IA ICR (%) Quitosana A 301,56 125,00 58,55 Quitosana A purificada 340,19 118,70 65,11 Quitosana B 347,07 87,66 74,74 Quitosana B purificada 222,23 62,39 71,92 Quitosana C 85,96 286,65 70,01 Quitosana C purificada 45,63 205,15 77,76 Filme 83,31 40,90 50,90 Filme exposto a vapores de amônia 78,82 38,09 51,67

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61

4.4. Microscopia eletrônica de varredura

As micrografias dos filmes de quitosana apresentaram diferenças entre os filmes

expostos e os que não foram expostos a vapores de amônia. Observou-se através da Figura 19

que os filmes que não foram expostos a vapores de amônia apresentam uma superfície mais

rugosa e irregular.

Figura 19: Micrografia dos filmes de quitosana: (A) Filme de quitosana sem exposição à

amônia (15.000x), (B) Filme de quitosana exposto à amônia (15.000x).

Após o filme ser exposto à amônia, sua superfície ficou menos rugosa, o que pode

ter sido causado pela neutralização dos grupos aminos diminuindo assim, a repulsão entre as

cadeias, deixando o filme mais denso.

As observações das superfícies de fratura dos filmes realizadas a temperatura

ambiente não apresentaram diferenças entre os filmes expostos e os não expostos a vapores de

amônia. Os filmes obtidos tiveram espessura em torno de 10µm (Figura 20), em ambos os

casos observam-se estrutura fibrosa.

Figura 20: Micrografia das superfícies de fratura dos filmes de quitosana: (A) Filme de

quitosana sem exposição à amônia (10.000x), (B) Filme de quitosana exposto à amônia

(10.000x).

BA

A B

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62

Os beads de quitosana/trifosfato apresentam uma superfície rugosa e bastante

irregular, contendo rachaduras, conforme ilustrado na Figura 21. Após a incorporação dos

compostos orgânicos, a superfície dos beads não apresentou diferença significativa em

relação às amostras sem convidados, conforme a Figura 22.

Figura 21: Micrografia: (A) Bead de quitosana (80x); (B) Superfície do bead de quitosana

(200x).

Figura 22: Micrografia do bead de quitosana com rodamina B (60x).

A Figura 23 mostra a superfície de fratura do bead. A superfície de fratura do

bead apresenta rachaduras e áreas lisas semelhante à superfície dos filmes.

Figura 23: Micrografia da superfície de fratura do bead de quitosana com rodamina B em

magnitude de (A) 60x e (B) 10.000x.

A B

B

A B

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63

4.5. Incorporação de luminóforos em filmes e beads de quitosana.

A caracterização espectroscópica da incorporação dos luminóforos foi realizada

com o objetivo de compreender as interações existentes entre as matrizes hospedeiras (filmes

de quitosana e beads de quitosana/trifosfato) e as moléculas convidadas (harmana, rodamina

B e fluoresceína). Foram realizadas medidas de absorção na faixa do UV-VIS e medidas de

emissão. Comparam-se as propriedades luminescentes das soluções dos luminóforos em meio

ácido (solução de ácido acético) em solução de quitosana e em meio aquoso e dos filmes

quitosana/luminóforo expostos e não expostos a vapores de amônia por 72 horas.

Os três luminóforos em estudo possuem cargas diferentes quando em solução

aquosa, por isso apresentam diferente comportamento quando em meio aquoso e/ou quando

incorporados nos filmes e beads de quitosana. Serão discutidos a partir deste ponto os dados

espectroscópicos de emissão e absorção, iniciando-se pela harmana, em seguida os dados da

rodamina B e por último os dados da fluoresceína.

Além disso, um estudo cinético da liberação da rodamina B das matrizes de

quitosana, filmes e beads, em diferentes meios, utilizando dois modelos cinéticos. Estes dados

são importantes como modelos na liberação controlada de fármacos.

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64

4.5.1. Harmana

A harmana é um alcalóide derivado de β-carbolinas formada pela condensação de

benzopirrol e piridina. Existe um particular interesse nas β-carbolinas por esses compostos

apresentarem comportamento ácido-base. Esse comportamento é causado pela diferença de

densidade de carga do estado fundamental e do estado excitado dos anéis pirrol e piridina.

Na Figura 24 são mostradas as três formas diferentes da harmana no estado

fundamental: catiônica, aniônica e neutra. No estado excitado, a harmana pode apresentar a

forma zwiteriônica.

Figura 24: Mecanismo de interconversão entre as formas da harmana dependentes do pH3.

Os anéis pirrólico e piridínico da harmana exibem propriedades luminescentes e a

transferência de próton entre estes sítios no estado excitado é muito rápida. A existência de

formas neutras e ionizadas é uma conseqüência da presença do nitrogênio pirrólico ácido, que

perde seu próton em meio alcalino. O nitrogênio piridínico comporta-se como uma base e é

facilmente protonado em meio neutro ou ácido. A partir da forma neutra no estado excitado se

NH

NH

CH3

NH

N

CH3

N

N

CH3

Neutro (N)pH 8 - 13

Monoânion (A)pH > 13

Monocation (C)pH 0 - 6

N

NH

CH3

Zwiteriônica (Z)

hνpH 10 a 14

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65

tem a formação da forma zwiteriônica e seu comportamento pode ser explicado devido à

rápida transferência de prótons no estado excitado envolvendo o hidrogênio pirrólico, cujo

caráter ácido é maior no estado excitado, e o nitrogênio piridínico básico. Quando o solvente

usado não é doador de prótons é possível observar a emissão correspondente à forma neutra.

Já em solventes doadores de prótons como, por exemplo, em solução aquosa (pH 7,2 – 7,9),

observa-se somente a banda correspondente à forma catiônica. Essa espécie é mais básica no

estado excitado do que no estado fundamental e a protonação do nitrogênio piridínico no

estado excitado é muito rápida comparada à desativação do estado excitado por emissão de

fluorescência. A existência de equilíbrios diferentes nos estados fundamentais e excitados

permite a transferência de próton entre as formas aniônicas, zwiteriônica, catiônica e neutra

quando essas espécies são irradiadas para medida e detecção da emissão de fluorescência78.

Na Figura 25 as letras N, C, Z são referentes às formas neutra, catiônica e

zwiteriônica respectivamente e o símbolo (*) sobrescrito a essas letras referem-se à espécie no

estado singleto excitado de mais baixa energia.

As interconversões de N* a C* ou Z* são irreversíveis na ausência de base forte.

Em solventes não polares, somente a espécie neutra (N*) é excitada. Entretanto, em solventes

próticos como metanol, as espécies zwiteriônica (Z*) e catiônica (C*) são formadas, como é

mostrado no esquema abaixo.

Figura 25: Esquema do equilíbrio entre as formas catiônicas (C), neutras (N) e zwiteriônica

(Z) da harmana.

Varela e Colaboradores79 estudaram a natureza e dinâmica do estado tripleto

excitado de menor energia de β-carbolinas por fosforescência e fluorescência, ambas a baixa

temperatura e a temperatura ambiente. Observou-se que em sua forma neutra, esses

compostos têm um longo tempo de vida. O cátion excitado e a forma zwiteriônica são

formados a partir da forma neutra e durante o tempo de vida do estado singleto de mais baixa

energia (π,π*).

C

C* N*

N

Z*

Z

hv hv

pH 10 a 14

pH 8 a 13

pH 0 a 6

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66

Dias e colaboradores estudaram o comportamento dos espectros de absorção e

emissão de quatro β-carbolinas diferentes em diversos solventes. Para detalhar a absorção, a

emissão e o tipo de tautomerismo no equilíbrio nos estados fundamental e primeiro singleto

excitado como função da natureza do solvente (apolar versus prótico). E observaram as

formas catiônicas e zwiteriônica no estado excitado são formadas a partir da forma neutra e

durante o tempo de vida do estado singleto excitado de menor energia da forma neutra80.

As β-carbolinas podem ser extraídas de mais de 26 famílias de plantas

encontradas na América do sul, tendo como foco principal a Bacia Amazônica. A maioria dos

derivados de β-carbolinas é de ocorrência natural e exibem propriedades farmacológicas e

biológicas de grande interesse de várias áreas de pesquisa, como alucinógeno, analgésico,

sedativo e agente antidepressivo81. Muita ênfase foi focalizada sobre as propriedades

espectroscópicas e fotofísica desses sistemas. Em grande parte isso está associado aos seus

efeitos fototóxicos a vários organismos.

Na Figura 26 são apresentados os espectros de absorção e emissão da harmana em

solução aquosa, ácida, de quitosana e nos filmes com e sem exposição à amônia.

Figura 26: Espectros de absorção. (A) Solução aquosa de harmana (pH = 6,39); (B) Solução

de ácido acético com harmana (pH = 2); (C) Solução de quitosana com harmana; (D) Filme de

quitosana com harmana; (E) Filme de quitosana com harmana exposto à amônia.

Os espectros de absorção das soluções aquosa, ácida e de quitosana apresentam

perfis semelhantes, observando-se duas transições em torno de 300nm e 365nm,

características da forma catiônica da harmana. Quando há a formação do filme, a banda em

300nm desloca-se para 290nm, enquanto a banda em 365nm desaparece, surgindo duas outras

bandas sobrepostas em torno de 351nm e 339nm atribuídas à forma neutra da harmana81.

(B)

(C)

ABS

(D)

(E)

280 300 320 340 360 380 400 420 440

(A)

Comprimento de onda (nm)

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67

Assim, as mudanças espectrais observadas com a formação do filme de quitosana

correspondem a um deslocamento de equilíbrio químico envolvendo as duas espécies

absorventes: a catiônica e a neutra (Figura 27). Como já discutido anteriormente, entre valores

de pH de 0 e 6 a harmana se encontra principalmente na forma catiônica, enquanto que em pH

de 8 a 13 é estabelecida a forma neutra da harmana; já no intervalo entre 6 e 7 as duas

espécies coexistem.

Figura 27: Equilíbrio químico entre as espécies catiônica e neutra da harmana.

Os resultados de espectroscopia de absorção mostram que, provavelmente, a

harmana é incorporada aos filmes de quitosana em sua forma neutra porque o equilíbrio foi

deslocado nesse sentido. A exposição à amônia não altera o equilíbrio presente nos filmes

entre as espécies catiônica e neutra.

No trabalho de Souza e colaboradores82, eles dispersaram a harmana em uma rede

polimérica de PAA-PVA e observaram que como a rede tem caráter ácido estabilizava a

forma catiônica da harmana; já no caso do filme de quitosana, como a quitosana tem um

caráter básico, por causa dos grupos NH2, estes grupos desprotonam a forma catiônica

estabilizando a forma neutra da harmana. Isso poderá se melhor visualizado através dos

espectros de emissão da harmana mostrados na Figura 28.

A tendência dos filmes de quitosana em estabilizar a forma neutra da harmana é

confirmada pelos resultados dos espectros de emissão. Os espectros da solução aquosa de

harmana e dos filmes são apresentados na Figura 28. Os espectros referentes à harmana em

solução de ácido acético e em solução de quitosana tiveram o mesmo comportamento da

harmana em solução aquosa.

NH

N+H

CH3

NH

N

CH3

NeutrapH 8 - 13Catiônica

pH 0 - 6

H+

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68

Figura 28: Espectros de emissão: (A) Solução aquosa de harmana; (B) Filme de quitosana

com harmana; (C) Filme de quitosana com harmana exposto à amônia, λexc = 387,0nm.

Os espectros foram obtidos a temperatura ambiente, excitando as amostras em

387nm onde somente a forma catiônica da harmana absorve como mostrado anteriormente.

Como pode ser observado, a emissão da solução aquosa exibiu duas bandas em torno de

420nm e 475nm referentes à forma catiônica e zwiteriônica, respectivamente81.

Considerando os espectros da harmana nos filmes de quitosana, verifica-se que a

intensidade da banda referente à forma catiônica diminuiu com a formação do filme e ocorre

aumento da intensidade relativa da banda referente à forma zwiteriônica em 500nm. Em

outras palavras, à medida que cresce o número de moléculas na forma neutra da harmana

aumenta também a intensidade da banda referente à forma zwiteriônica, que só é observada a

partir da forma neutra excitada.

Também se pôde observar que no filme exposto a vapores de amônia, a banda

referente à forma zwiteriônica (~500nm) é mais intensa que o filme não exposto, isso indica

que após a exposição o seu pH aumenta, aumentando também a concentração de moléculas na

forma neutra da harmana.

Assim, quando o filme é formado o equilíbrio é deslocado para a formação da

espécie neutra da harmana, os hidrogênios liberados nesse equilíbrio protonam os grupos NH2

da quitosana por serem mais básicos que os nitrogênios da harmana.

(C)(B)(A)

Inte

nsid

ade

(u.a

.)

400 450 500 550 600

λ de emissão (nm)

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69

4.5.2. Rodamina B

A rodamina B pertence ao grupo de corantes denominados corantes xantênicos. A

rodamina B existe em três formas diferentes (Figura 29); a forma catiônica, a zwiteriônica e a

forma lactônica. Muitas moléculas de corantes orgânicos desse grupo dissolvem em água

formando dímeros, quando acima de uma determinada concentração.

A rodamina B participa em reações ácido-base, por causa da presença de um

grupo carboxílico, cuja dissociação produz a forma zwiteriônica.

Figura 29: As três formas da rodamina B. (a) Catiônica (b) Zwiteriônica (c) Lactona.

Devido à sua alta estabilidade e o alto rendimento quântico de fluorescência, a

rodamina 6G é usada em lasers de corantes e como corantes fluorescentes em sistemas

biológicos83. A rodamina B forma duas formas iônicas, a zwiteriônica e catiônica, além da

forma lactônica. Além de mostrar uma alta sensibilidade ao solvente por causa do número de

conformações.

A rodamina B tem forte tendência a formar agregados em solução aquosa. A

dimerização da rodamina B em água foi observada por espectroscopia de absorção em

concentrações maiores que 10-5mol/L91.

ON

NEt

Et

Et

Et

COOH

ON

NEt

Et

Et

Et

COO

ON

NEt

Et

Et

Et

C

O

O

(a) catiônica - RBH+

(b) zwitteriônica - RB

(c) lactona

pH < 4

pH > 4

Solvente apróticos

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70

Quando duas moléculas de corante se agregam para formar um dímero, ocorre

uma redução drástica na fluorescência e o estado excitado do monômero se divide em dois

outros estados e como conseqüência o espectro de absorção aparecem duas bandas: a banda H

(banda de maior energia) e a banda J (banda de menor energia). A divisão é causada pela

interação dipolo-dipolo entre moléculas adjacentes do dímero. O resultado da divisão depende

da orientação das duas moléculas84.

A representação esquemática dos dímeros é mostrada na Figura 30. No dímero H

o plano de uma molécula está paralelo ao plano da outra molécula, formando o dímero que

também é chamado de dímero tipo sanduíche. Já no dímero J as duas moléculas formadoras

do dímero estão no mesmo plano.

Figura 30: Representação esquemática dos dímeros formados pela rodamina B85.

Esse efeito é explicado pela divisão do estado singleto excitado de menor energia

(M1) do monômero em dois estados singleto excitado (D1 e D2) do dímero. Se duas moléculas

de rodamina se associarem originando dímeros tipos sanduíche (dímero tipo H), a transição

radiativa do D1 para o estado fundamental D0 do dímero torna-se proibida, enquanto a

transição D0 → D2 torna-se mais forte e em seguida decai rapidamente do D2 para o nível não

emissor D1 impedindo a fluorescência do dímero H86 (Figura 31).

O N+

N

O

OH

Dímero H

Dímero J

Plano da molécula

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71

Figura 31: Representação esquemática dos níveis de energias da rodamina B em forma de

dímero (D) e de monômero (M).

No dímero tipo J a diferença entre os estados é ainda preservada, entretanto, por

causa da redução na simetria molecular as regras de seleção são relaxadas. Assim observa-se a

emissão da transição D1 → D0 do dímero. No espectro de absorção a primeira banda de

absorção do monômero da rodamina B é dividida em duas bandas de intensidade semelhantes

para o dímero87.

A formação de trímeros de rodamina B em etanol foi relatada por Arbeloa88

(1988) que estudou a agregação da rodamina B em solução etanólica através de espectros de

absorção e medidas osmométricas da pressão de vapor (vapour-pressure osmometry)

comparando-as com os obtidos em solução aquosa. Eles observaram que a dimerização da

forma catiônica da rodamina B em etanol gera uma ligeira mudança da entalpia, na

dimerização tem-se uma entalpia positiva, e no trímero foi observada uma entalpia negativa,

de acordo com a Tabela 14. A banda de absorção do trímero poderia ser mascarada ou sua

intensidade ser muito baixa, como já mostrado em outros trabalhos com rodamina 6G89 e

fluoresceína90.

DJ dímero J. DH dímero H. M0 monômero no estado fundamental. M1 monômero no estado excitado. IC perda não-radiativa.

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72

Tabela 14: Parâmetros termodinâmicos para a dimerização e trimerização da forma catiônica

da rodamina B em etanol a 20ºC.81

G0 (kJ.mol-1) H0 (kJ.mol-1) S0 (J.K-1.mol-1)

Dimerização -1,3 5,0 21,0

Trimerização -7,8 -7,0 3,0

A rodamina B e seus derivados têm uma larga aplicação em biologia e na

medicina tais como na identificação de células doentes, como agentes antitumor, em lasers, e

também na química analítica. Para a maioria desses processos, é considerado que os estados

excitados da rodamina e radicais livres têm um importante papel no mecanismo de emissão de

luz.

Recentemente Mchedlov-Petrosyan91 e colaboradores estudaram a agregação da

rodamina B em meio aquoso. Eles observaram que em soluções com concentração de 5,0 x

10-4 mol.L-1 de rodamina B existem as espécies zwiteriônica e catiônica, bem como a

formação de dímeros. A Figura 32 mostra o espectro de absorção do monômero e do dímero

da rodamina B, o monômero tem absorção em torno de 550nm e o dímero em ~520nm.

Figura 32: Espectro de absorção da rodamina B. (1) Monômero e (2) Dímero em solução de

NaClO4 a 4,6mol.L-1 em pH 10-11.

Em uma concentração intermediária (0,004 a 0,005mol/L) os dímeros prevalecem

em solução e o monômero não excede 25%. Em soluções concentradas existe a agregação de

pelo menos três moléculas do corante e uma concentração do monômero menor que 10%.

Na Figura 33 são apresentados os espectros de absorção da rodamina B em

solução aquosa, em solução de ácido acético e de quitosana e nos filmes de quitosana

expostos ou não a vapores de amônia. Os espectros de absorção da rodamina B são

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73

interessantes, devido à possibilidade de se identificar o equilíbrio dímero/monômero e a

geometria do dímero.

Figura 33: Espectros de absorção. (A) Solução aquosa de rodamina B (1,51 x 10-5mol.L-1);

(B) Solução de ácido acético com rodamina B; (C) Solução de quitosana com rodamina B;

(D) Filme de quitosana com rodamina; (E) Filme de quitosana com rodamina B exposto a

amônia.

Assim como no trabalho de Mchedlov-Petrosyan e colaboradores, todos os

espectros em solução apresentaram uma banda em 556nm, atribuída ao monômero e um

ombro em 520nnm referente à formação do dímero em todas as soluções. No trabalho de

Muto84 e Judith92 foi observado a formação em solução aquosa de dímero tipo H nessa região

(~520nm). Já a absorção do dímero J não é possível ser observada, pois seu comportamento é

similar ao do monômero em solução aquosa em torno de 555nm.

Já nos filmes observou-se o deslocamento da banda do monômero para energia

maior, com a formação de uma banda assimétrica, podendo ser causado pelo aumento da

concentração do dímero. Assim essa banda é formada pela sobreposição de duas bandas:

dímero e do monômero.

A Figura 34 mostra os espectros de emissão da rodamina B em solução aquosa,

em solução de ácido acético e de quitosana e nos filmes de quitosana expostos ou não a

vapores de amônia.

(B)

(C)

450 500 550 600 650Comprimento de onda (nm)

(A)

(D)

(E)AB

S

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Figura 34: Espectros de emissão. (A) Solução de aquosa de rodamina B; (B) Solução de ácido

acético com rodamina B, pH 2; (C) Solução de quitosana com rodamina B; (D) Filme de

quitosana com rodamina B; (E) Filme de quitosana com rodamina B exposto à amônia, λexc =

520,0nm.

O espectro de emissão da rodamina B apresenta características de duas espécies

moleculares diferentes a catiônica e a zwiteriônica. Como podemos observar na Figura 34, a

emissão da rodamina em solução aquosa, em meio ácido e em solução de quitosana, possui

uma banda assimétrica resultado da emissão dos monômeros da rodamina B em suas formas

catiônicas e zwiteriônicas, que têm seus máximos de emissão em 580nm e 576nm.

O espectro de absorção do filme apresenta um deslocamento para o vermelho, isso

já foi observado por Splitler e Calvin93 para a adsorção de rodamina B em cristais de ZnO e

recentemente por Garoff et al.94 na adsorção de rodamina 6G sobre vidro. A adsorção da

rodamina sobre uma superfície causa deslocamento da banda de absorção e emissão tanto para

o vermelho quanto para o azul, dependendo da geometria do dímero formado na absorção. De

acordo com Kemnitz e colaboradores todas as espécies contribuem para o deslocamento para

o vermelho na fluorescência, mas somente uma parte delas contribui para o deslocamento

para o azul na absorção. A formação do filme de quitosana provoca a formação de dímeros

tipo 1 para θ > 55º que contribui no deslocamento para o vermelho na fluorescência e para o

azul na absorção.

560 580 600 620 640 660 680 700

(A)

In

tens

idad

e

λ de emissão (nm)

(B)

(D)

(C)

(E)

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75

4.5.3. Fluoresceína

A fluoresceína também pertence a um grupo de corantes denominados corantes

xantênicos de baixa massa molar. É um composto altamente fluorescente sintetizado pela

primeira vez por Von Baeyer em 187195, a partir da condensação dos derivados do petróleo,

anidrido ftálico e resorcinol em presença de ácido sulfúrico concentrado.

A fluoresceína, dependendo do pH da solução, tem três formas iônicas diferentes

(Figura 35), são elas: cátion, ânion e diânion e três formas neutras que são: quinóide, lactônica

e a zwiteriônica, mas somente as formas aniônicas e catiônicas são fluorescentes com

rendimento quânticos de 0,37 e 0,93 respectivamente. Entretanto, a excitação das espécies

neutras ou catiônicas tem sido relatada para produzir emissão do ânion com rendimentos

quânticos eficazes de 0,18 e 0,3196.

Figura 35: Mecanismo de interconversão entre as formas da fluoresceína no estado

fundamental.

Em trabalhos anteriores foram estudadas a formação de dímeros e trímeros da

fluoresceína e seus derivados; a formação de dímeros foi observada para concentrações

Formas neutras

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76

maiores que 10-5mol.L-1 e em concentração maiores que 1mol.L-1 para a formação de

trímeros90,97,98,99.

Em soluções aquosas acima de pH = 9,0 os grupos carboxílicos e fenóis da

fluoresceína são quase totalmente ionizados. Acidificando o meio da fluoresceína diânion

ocorre primeiro a protonação do grupo fenol (pKa ~ 6,4), formando a fluoresceína ânion e

logo depois os grupos carboxílicos são protonados (pKa < 5) para produzir a espécie neutra,

porém o meio ácido gera também a espécie catiônica100.

A propriedade fluorescente fez a fluoresceína útil em uma variedade de aplicações

industriais, científicas e médicas, tais como: marcadores para salva-vidas no mar, traçar fluxos

de água subterrâneos, na angiografia101, na terapia fotodinâmica do câncer e no diagnóstico de

tumores malignos102. É largamente utilizada como um composto fotossensível para reações

químicas e óptica não-linear103 (essa propriedade da fluoresceína foi observada em filmes

finos de ácido bórico), como contador quântico em lasers de corantes,104 e na conversão e

estocagem de energia solar105,106,107. Um outro uso é na marcação de proteínas em

microscopia de fluorescência108.

Na Figura 36 são apresentados os espectros de absorção da fluoresceína em

solução aquosa, em solução de ácido acético e de quitosana e nos filmes de quitosana

expostos ou não a vapores de amônia.

Figura 36: Espectros de absorção: (A) Solução aquosa de fluoresceína (5,0 x 10-4 mol.L-1); (B)

Solução de ácido acético com fluoresceína; (C) Solução de quitosana com fluoresceína; (D)

Filme de quitosana com fluoresceína; (E) Filme de quitosana com fluoresceína exposto à

amônia.

350 400 450 500 550 600

(A)

Comprimento de onda (nm)

(C)ABS

(B)

(E)

(D)

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Na concentração em que foram realizadas as análises, a formação de dímero pode

ser negligenciada90.

O espectro de absorção da fluoresceína, em solução aquosa, mostra um pico em

~490nm e um ombro em torno de 470nm, que são picos referentes ao seu monômero na forma

dianiônica109. Em meio ácido, observamos a absorção das espécies catiônica em 446nm; já as

espécies neutras e catiônicas são observadas em solução de quitosana em 446nm e 470nm,

respectivamente; em pH baixo não existe a espécie aniônica no estado fundamental. Como já

mostrado no trabalho de Sjöback e colaboradores96 onde observaram que a espécie dianiônica

tem o principal pico de absorção em 490nm com um ombro em torno de 475nm. O cátion tem

máximos em 437nm e mais dois picos em 297 e 250nm.

Quando há a formação do filme a banda de absorção desloca-se para 504nm,

(deslocamento para o vermelho), indicando que no filme há formação de espécies não

protonadas, como a espécie dianiônica, logo o equilíbrio é deslocado para a desprotonação da

fluoresceína e protonação da quitosana. Assim a fluoresceína, pode ter sido adsorvida na

quitosana.

A Figura 37 mostra os espectros de emissão da fluoresceína em solução aquosa,

em solução de ácido acético e de quitosana e nos filmes de quitosana expostos ou não a

vapores de amônia.

Figura 37: Espectro de emissão: (A) Solução aquosa de fluoresceína; (B) Solução de ácido

acético com fluoresceína; (C) Solução de quitosana com fluoresceína; (D) Filme de quitosana

com fluoresceína; (E) Filme de quitosana com fluoresceína exposto à amônia, λexc = 460,0nm.

(B)

480 500 520 540 560 580 600 620

(A)

(E)

(D)

Inte

nsid

ade

λ de emissão (nm)

(C)

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78

Em solução aquosa, como podemos observar no espectro de absorção, há a

formação da forma dianiônica, logo, a emissão observada nesse meio é referente a essa

espécie.

Em solução de ácido acético, como mostrado anteriormente, a forma catiônica

está presente no estado fundamental, e como essa espécie não fluoresce, para que seja

observada a emissão, ocorre a desprotonação no estado excitado da forma catiônica através da

transferência dos prótons para a molécula de água, observando-se então, a emissão da espécie

aniônica. O mesmo ocorre na solução de quitosana com fluoresceína, a emissão observada é

referente à espécie aniônica. Nos trabalhos de Sjöback e colaboradores109 eles observaram que

em pH baixo (em torno de 2,0) a espécie aniônica não estar presente no estado fundamental,

ela deve ser formada pela desprotonação das espécies catiônicas e neutras no estado excitado.

Quando há a formação do filme esta banda sofre um deslocamento para o

vermelho, o deslocamento do equilíbrio para a protonação da quitosana e desprotonação da

fluoresceína, formando a espécie dianiônica da fluoresceína, confirmando o espectro de

absorção.

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79

4.6. Estudo cinético

O estudo cinético da liberação da rodamina B foi realizado verificar a influência

da geometria da matriz na cinética de liberação desse corante. Diferentes modelos

matemáticos podem ser utilizados para descrever a cinética do processo de liberação

corante/matriz, neste trabalho foram utilizados dois modelos, o proposto por Higuchi e o de

Koorsmeyer-Peppas, já utilizados em outros estudos de liberação.

A quantidade liberada do corante foi determinada pela expressão a seguir:

(18)

Onde Q (mol.g-1) representa a quantidade liberada do corante em mols, por massa do

adsorvente, Ns é a quantidade do corante liberado em mol, em mol e m é a massa do sistema

de liberação.

Os dados de liberação foram avaliados por dois modelos teóricos que descrevem a

liberação do corante dos sistemas poliméricos de acordo com Higuchi e Koorsmeyer-Peppas.

Higuchi110,111 descreve a liberação como um processo da difusão baseado na lei de Fick de

acordo com a equação:

(19)

Onde Qt é a quantidade de corante liberada em um tempo t e kh é a constante de

dissolução de Higuchi. De acordo com esse modelo, caso a liberação do corante da matriz for

baseada no mecanismo de difusão, o gráfico de Qt versus a raiz quadrada do tempo será uma

reta.

As Figuras 38 e 39 mostram a quantidade liberada da rodamina B pelos beads e filmes

em função tempo. Verifica-se que a liberação aumenta progressivamente, à medida que o

tempo de reação aumenta. A quantidade máxima liberada estabiliza-se a partir de 100 minutos

para os beads e 10minutos para os filmes, assim a liberação, a partir dos filmes, acontece

muito mais rápido que nos beads, isso se deve provavelmente a forma dos beads esférica onde

a difusão acontece mais lentamente.

Nas tabelas 13 e 14 estão todos os dados do comportamento de liberação em função do

tempo.

21

tkQ ht =

mNQ s

t =

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80

Figura 38: Gráficos referentes à liberação da rodamina dos beads em: (△) água (■) solução

de PBS.

Figura 39: Gráficos referentes à liberação da rodamina dos filmes em: (△) água (■) solução

de PBS

Aplicando a equação baseada na lei de Fick que descreve o processo da difusão

foi traçado os gráficos da Figura 40 e 41, onde observou, no caso beads, uma melhor

linearidade da liberação da rodamina B em meio tamponado, logo a liberação da rodamina B

do beads provavelmente se dá por difusão o mesmo ocorre para os filmes tanto à liberação em

água como em PBS apresentaram uma boa linearidade.

0 20 40 60 80 100 120 140 160

liberação do beads em água

Tempo (min.)

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

liberação dos beads c/ PBS

Qt /1

0-7 (m

ol.g

-1)

0 5 10 15 20 25 30

Liberação em água

Tempo (min)0 5 10 15 20 25 30

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

10,0

11,0

Liberação em PBS

qt/1

0-6

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81

Figura 40: Gráfico referente à equação cinética proposta por Higuchi da liberação da

rodamina B dos beads de quitosana em (△) água (■) solução de PBS.

Figura 41: Gráfico referente à equação cinética proposta por Higuchi da liberação da

rodamina B do filme de quitosana (△) água (■) solução de PBS.

Já o modelo semi-empírico de Koorsmeyer–Peppas112,113 considera que o mecanismo

de liberação do corante freqüentemente deriva da lei de Fick e segue um comportamento

anômalo descrito pela seguinte equação:

(20)

Onde Qt é o corante liberado em um tempo t, Qe é a quantidade de corante liberado no

tempo infinito, k é a constante cinética e n é a exponencial de liberação, é um parâmetro que

depende do mecanismo de liberação e, então, é utilizado para caracterizá-lo. O valor de n está

relacionado à forma geométrica dos sistemas de liberação e determina o mecanismo de

liberação, que são mostrados na Tabela 15120.

n

e

t ktQQ

=

1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2

4,24,44,64,85,05,25,45,65,86,06,2

Qt /10

-6

t1/2

Qt/1

0-6

Liberação em PBS

1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2

9,8

10,0

10,2

10,4

10,6

10,8

11,0

Liberação em agua

2 4 6 8 10 12 14

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

beads água

Qt/1

0-7

t1/22 4 6 8 10 12 14

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

beads PBS

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82

Tabela 15: Interpretação dos mecanismos de liberação difusional de matrizes poliméricas.

Expoente de liberação (n) Mecanismo de transporte da droga

0,45 Difusão Fickiana.

0,45 < n < 0,89 Difusão não-Fickiana.

> 0,89 Transporte Caso-II.

Aplicando o logaritmo natural na equação 30, temos:

(21)

Utilizando este modelo foram traçados os gráficos das Figuras 42 e 43, para os beads e

filmes respectivamente. Onde se observou uma melhor linearidade.

Figura 42: Gráfico referente à cinética proposta por Koorsmeyer–Peppas da liberação da

rodamina b de beads (△) água (■) solução de PBS.

tnkQQ

e

t lnlnln +=⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

-3,0

-2,5

-2,0

-1,5

-1,0

-0,5

0,0

ln(Qt /Q

e )

beads PBS

lnt1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0

-0,8

-0,6

-0,4

-0,2

0,0

beads água

ln(Q

t/Qe)

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83

Figura 43: Gráfico referente à cinética proposta por Koorsmeyer–Peppas da liberação da

rodamina b de filme (△) água (■) solução de PBS.

Tabela 16: Valores obtidos através dos gráficos da equação proposta por Higuchi.

Filme Beads Água PBS Água PBS

kh/10-7 8,68 9,58 0,23 0,32 r 0,98 0,98 0,96 0,99

Tabela 17: Valores obtidos através dos gráficos da equação proposta por Koorsmeyer–Peppas.

Filme Beads Água PBS Água PBS

lnK 0,29 0,7 1,48 2,77 K 1,34 2,01 4,39 15,96 n 0,14 0,28 0,31 0,57 r 0,98 0,98 0,98 0,98

A partir da equação proposta por Koorsmeyer–Peppas foram obtidos os valores de

n e K, que são mostrados na Tabela 17. A análise dos dados experimentais, bem como, a

interpretação dos valores de n leva a um melhor entendimento do mecanismo de difusão.

Os valores de n para a liberação da rodamina B a partir de filmes e de beads em

água mostrou que a difusão é Fickiana e em PBS a difusão é não-Fickiana.

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0,0

lnt

Filme água

ln(Q

t/Qe)

-0,8

-0,7

-0,6

-0,5

-0,4

-0,3

-0,2

-0,1

0,0

ln(Qt /Q

e )

Filme PBS

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5. Conclusões

Neste trabalho foi apresentado:

A caracterização de três quitosanas comerciais diferentes, evidenciou que os valores

de grau de desacetilação foram bem próximos entre si, considerando as determinações

por RMN 1H, utilizando a equação 21, e por titulação potenciométrica. O grau de

desacetilação varia dependendo do fabricante, porém os valores especificados não

estão totalmente de acordo com as análises efetuadas.

As análises de difração de raios-X mostraram que os índices de cristalinidade de todas

as quitosanas purificadas foram maiores do que as quitosanas não purificadas devido à

reorganização das cadeias de quitosana e ao processo de aquecimento. O índice de

cristalinidade dos filmes diminuiu em relação à quitosana, indicando uma baixa

organização das cadeias com a formação dos filmes.

Todos os espectros de absorção e emissão dos luminóforos mudaram com a formação

dos filmes de quitosana. Os espectros de absorção mostraram que a harmana

incorporada no filme de quitosana desloca o equilíbrio das espécies neutras e

catiônicas para a forma neutra, indicando que o filme de quitosana tem caráter básico,

o que foi confirmado pelo espectro de emissão.

Nos filmes com fluoresceína foi observado um deslocamento das bandas de absorção

para comprimento de onda maior, indicando a formação de espécies dianiônicas,

sugerindo a sua adsorção a quitosana.

Já no filme com rodamina B foi observado um aumento na concentração de dímeros

após a formação dos filmes.

No estudo cinético os valores de n calculados pelo modelo de Koorsmeyer–Peppas

somente a difusão da rodamina B a partir de beads em PBS não ocorrem por difusão

Fickiana.

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85

6. Perspectivas

Realizar medida de tempo de vida dos luminóforos nos filmes de quitosana;

Incorporação dos três luminóforos ao mesmo tempo;

Estudar a cinética de liberação da harmana e fluoresceína dos beads e filmes.

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