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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR NÚCLEO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - NUCSA DEPARTAMENTO DE ECONOMIA – DECON CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS ALAN NEGRI FEITOSA ANÁLISE DO POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PISCICULTURA EM RONDÔNIA: UMA ABORDAGEM ESTRATÉGICA PARA O DESENVOLVIMENTO 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIR NÚCLEO DE …¡lise-do... · 2016-09-15 · ... UMA ABORDAGEM ESTRATÉGICA PARA O DESENVOLVIMENTO ... MPA Ministério da Pesca e Aquicultura

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA - UNIRNÚCLEO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - NUCSA

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA – DECONCURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ALAN NEGRI FEITOSA

ANÁLISE DO POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PISCICULTURA EM RONDÔNIA: UMA ABORDAGEM

ESTRATÉGICA PARA O DESENVOLVIMENTO

1

Porto Velho2016

ALAN NEGRI FEITOSA

ANÁLISE DO POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PISCICULTURA EM RONDÔNIA: UMA ABORDAGEM

ESTRATÉGICA PARA O DESENVOLVIMENTO

Artigo Científico defendido e publicado no Centro de Estudos Interdisciplinar em Desenvolvimento Sustentável da Amazônia –CEDSA e submetido ao curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Rondônia como requisito para obtenção do grau de bacharelado.

Orientador: Prof. Me. Otacílio Moreira de Carvalho.

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Porto Velho2016

ALAN NEGRI FEITOSA

ANÁLISE DO POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PISCICULTURA EM RONDÔNIA: UMA ABORDAGEM ESTRATÉGICA

PARA O DESENVOLVIMENTO

Artigo Científico defendido e publicado no Centro de Estudos Interdisciplinar em Desenvolvimento Sustentável da Amazônia - CEDSA - e submetido ao curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Rondônia como requisito para obtenção do grau de bacharelado.

Data da aprovação:

A Banca Examinadora atribuir a nota de _____________ao acadêmico Alan Negri Feitosa.

Banca Examinadora

________________________________________________Prof. Me. Otacílio Moreira de Carvalho

Orientador

________________________________________________Prof. Dr. Membro

________________________________________________Prof. Me.Membro

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Porto Velho2016

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APL Arranjo Produtivo Local

BASA Banco da Amazônia

EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de

Rondônia

FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e

Agricultura

ha Hectare

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

km Quilômetro

MPA Ministério da Pesca e Aquicultura

PDA Plano de Desenvolvimento da Aquicultura

PIB Produto Interno Bruto

SEAGRI Secretaria de Agricultura do Estado de Rondônia

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEDAM Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental

SEPLAN Secretaria de Planejamento do Estado de Rondônia

SINDIRAÇÕES Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal

t Tonelada

4

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Evolução da produção de pescado continental no Brasil 30

Gráfico 2: Produção de pescado proveniente da aquicultura continental entre 2008 e

2011 30

Gráfico 3: Divisão por região da produção (t) de pescado continental em 2010 31

Gráfico 4: Evolução da produção de ração destinada à aquicultura (mil/t) 35

Gráfico 5: Evolução da produção da piscicultura em Rondônia 42

5

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Produção aquícola brasileira 2008 - 2011 28

Tabela 2: Ranking mundial da produção de pescado em 2010 28

Tabela 3: Produção (t) de pescado oriunda do cultivo, período 2005-2009 29

Tabela 4: Produção, exportação e consumo mundial de carnes em 2009 29

Tabela 5: Principais espécies de peixes produzidas no Brasil em (t) nos anos de 2007

e 2009 33

Tabela 6: Produção de pescado (t) da aquicultura continental brasileira por espécie

entre 2008 e 2011 33

Tabela 7: Produção de pescado por município em Rondônia38

Tabela 8: Consumo per capita de carnes no Brasil e no mundo kg/hab. ano 45

6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Descrição das etapas de produção da cadeia produtiva da piscicultura de

forma geral 14

Figura 2: Matriz SWOT 20

Figura 3: Forças competitivas22

Figura 4: Produção da aquicultura e distribuição das principais espécies 31

Figura 5: Mapa político do Estado de Rondônia evidenciando os três grandes polos

produtores de pescado40

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Fases e etapas do planejamento estratégico 17

Quadro 2: Comparação entre pensamento estratégico e planejamento estratégico 17

Quadro 3: Elementos da gestão estratégica 18

Quadro 4: Composição das barreiras de entrada 22

Quadro 5: Principais formas de criação de peixe 32

Quadro 6: Tipos de tanques e suas características 35

Quadro 7: Insumos 37

7

ANÁLISE DO POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO DA CADEIA PRODUTIVA DA PISCICULTURA EM RONDÔNIA: UMA ABORDAGEM

ESTRATÉGICA PARA O DESENVOLVIMENTO

Alan Negri Feitosa

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ResumoO objetivo deste trabalho é analisar o posicionamento estratégico a ser seguido pela Cadeia Produtiva da Piscicultura em Rondônia, a partir da análise das forças e fraquezas, ameaças e oportunidades presentes na cadeia estadual. A pesquisa é relevante por se tratar de uma atividade que está em pleno crescimento no estado. No contexto do referencial teórico foram utilizados os autores sobre cadeia produtiva, planejamento e gestão estratégica, além de uma breve introdução acerca das forças competitivas de Porter. Metodologicamente, houve para a elaboração deste trabalho, levantamentos bibliográficos e pesquisas junto à EMATER E SEDAM com intuito de descobrir a atual situação da cadeia produtiva do pescado no estado. As conclusões quanto à análise SWOT são embasadas com informações obtidas nas entrevistas. Os dados no cenário mundial são da FAO, no cenário nacional do MPA e regionalmente advém da EMATER, SEDAM e do próprio MPA. Por fim, observa-se o rápido crescimento da piscicultura dentro do estado, e a evolução dos gargalos produtivos, pois antes o estrangulamento estava nos insumos, mais especificamente a produção de alevinos e ração. Atualmente, observa-se a carência de frigoríficos e, a falta destes leva a boa parte da produção ser vendida in natura, deixando de agregar valor ao produto.

Palavras-chave: Análise SWOT; Cadeia produtiva; Piscicultura; Rondônia.

1 INTRODUÇÃO

A aquicultura pode ser caracterizada como a produção em escala industrial ou

9

não de peixes ou outras espécies aquáticas, em que envolva certo espaço controlável

(OLIVEIRA, 2009). Por conseguinte, a piscicultura é uma das atividades da

aquicultura, na qual se produz peixes, cuja atividade responde por 49,5 % da produção

aquícola na sua totalidade (SIDÔNIO, et al. 2012).

Segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA, 2015), os negócios

envolvendo a aquicultura são capazes de movimentar cerca de US$ 600 bilhões por

ano, isso equivale a aproximadamente 158 milhões de toneladas, o que coloca os

negócios com pescado em um patamar sete vezes maior que os de carne bovina e nove

vezes maior que os de carne de frango, em escala mundial. Deste valor, 51, 1% é

proveniente da piscicultura. Daí a importância da piscicultura tanto para a economia

quanto para a sociedade.

A produção mundial de pescado, no ano de 2012, foi de 152 milhões de t, dos

quais 136 milhões foram destinadas ao consumo humano (FAO, 2012). A FAO

(Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) estima que até o

ano de 2030 a aquicultura será responsável por 60% da produção mundial de pescado,

e neste cenário a piscicultura será protagonista, pois, a pesca extrativa mostra sinais de

desgaste; e é preciso levar em conta o respeito devido à reprodução das espécies, o

período de defeso, como é chamado, é fundamental para a perpetuação das espécies

(FAO, 2012).

O governo federal, por meio do MPA, mostra-se disposto a aprimorar e

expandir a produção aquícola brasileira, ao lançar O Plano de Desenvolvimento da

Aquicultura 2015-2020, no qual injetará R$ 500 milhões, por meio de programas

sociais como, por exemplo, o Programa de Desenvolvimento da Aquicultura em

Águas da União, que investirá cerca de R$ 125 milhões até 2020. A aplicação de R$

500 milhões por parte do MPA pode gerar acréscimo de 1,5 milhão de toneladas na

produção aquícola, por conseguinte corresponderá a mais de R$ 8 bilhões, um retorno

cerca de dezesseis vezes o valor investido (MPA, 2015).

No âmbito regional, a piscicultura em Rondônia destoa, ambientalmente, das

demais atividades do agronegócio, por tratar-se da utilização de terras consideradas

improdutivas ou mesmo reutilizadas, na busca de evitar o desmatamento.

Diferentemente de outras atividades, como a soja, que vem adentrando cada vez mais

na Amazônia.

Quanto às potencialidades da piscicultura brasileira e, especificamente a

10

rondoniense, é necessário identificar quais segmentos produtivos da cadeia estão

apresentando “estrangulamentos” no processo técnico, produtivo e comercial,

buscando propor mudanças para melhorar o desempenho desses segmentos e da

cadeia produtiva como um todo. Isto é possível com análises em cada ponto da cadeia

produtiva, esta se refere à segmentação que percorre os diversos insumos até a

comercialização, último elo da cadeia.

Este trabalho utilizou a matriz SWOT com o escopo de identificar o

posicionamento estratégico da Cadeia Produtiva da Piscicultura em Rondônia a partir

da análise das forças e fraquezas, ameaças e oportunidades presentes na cadeia

produtiva e, para tal análise foi utilizado o arcabouço teórico de Porter inerente às

forças competitivas.

O uso da análise SWOT se deu por consistir numa ferramenta de fácil

assimilação e eficaz muito utilizada na gestão estratégica das organizações. Além

desta introdução, esta pesquisa se desdobra em um referencial teórico que contribui

para a metodologia da pesquisa e embasa os resultados e discussões, e os resultados

da pesquisa fundamentam a conclusão.

11

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Cadeia Produtiva

Sucintamente, cadeia produtiva é uma ordem de etapas consecutivas, nas quais

os insumos são adquiridos, introduzidos no processo produtivo, transformados em

bens finais, comercializados e consumidos, caracterizando em um processo técnico,

produtivo e comercial.

Para Severino e Eid (2007) cadeia produtiva é uma sucessão de operações de

transformação que podem se dissociar, capazes de serem divididas e ligadas entre si

por um acorrentamento técnico. Na visão dos autores, também é possível caracterizar

como: um apanhado de relações, comerciais e financeiras, nas quais são capazes de

estabelecer entre todos os estágios de transformação, certo fluxo de troca, de montante

à jusante, entre fornecedores e clientes. Ou seja, tais relações existem desde a

aquisição de matéria-prima até a venda propriamente dita.

Para Batalha (1997), uma cadeia de produção agroindustrial pode ser

segmentada, de montante a jusante, em uma tríade de grandes segmentos. Esta

segmentação auxilia na análise da cadeia produtiva, porém, em muitos casos práticos,

os limites desta divisão não são facilmente identificáveis. Ademais, esta divisão pode

variar bastante segundo a espécie de produto e o objetivo da análise. A tríade

segmentária proposta é:

• Comercialização: está relacionado ao fim da cadeia produtiva, empresas

como supermercados e mercearias, por exemplo.

• Industrialização: inerente aos responsáveis pela transformação dos insumos

em produtos que serão disponibilizados ao consumidor final seja este uma

família ou outra indústria transformadora.

• Produção de matérias-primas: ligado aos fornecedores de matérias-primas,

este grupo é fundamental para que outras empresas avancem em suas

produções.

As cadeias produtivas são resultados da ascendente divisão do trabalho e maior

interdependência entre os agentes econômicos. Por um lado, elas são criadas pelo

processo de desintegração vertical e aprimoramento técnico e social. As pressões

12

competitivas por maior integração e alinhamento entre as atividades, no decorrer das

cadeias, aumenta a articulação entre os agentes envolvidos (PROCHNICK e

HAGUENAUER, 2000).

Castro et al (1999) afirmam que a agricultura, como um todo, compreende

componentes nos quais são interligados por processos que resultam em oferta de

produtos aos seus consumidores finais, por meio da transformação de insumos pelos

seus compostos. Este conjunto de processos e instituições ligadas, por objetivos

comuns, constitui um sistema que engloba outros sistemas menores. O sistema macro

é o chamado negócio agrícola, agronegócio ou agribusiness.

Agribusiness é a somatória das operações de fabricação e distribuição de

suprimentos agrícolas, de suas operações de produção, do armazenamento,

processamento e distribuição de seus produtos e itens produzidos a partir destes,

findando por ser parte de uma grande rede de agentes econômicos (BATALHA,

1997).

Sidônio et al (2012) explicita que o agronegócio é fundamental para a

economia brasileira. Empurrado pelo crescimento da produção nos últimos anos, o

PIB do agronegócio, no ano de 2010, atingiu R$ 821 bi, ou 22% de toda a riqueza

produzida no Brasil. O aumento acumulado foi de mais de 30% na última década.

Esta notabilidade só foi possível devido ao desenvolvimento tecnológico e à

disponibilidade de terras produtivas para a agricultura e pecuária.

O agronegócio é formado por cadeias produtivas, e estas possuem entre seus

componentes os sistemas produtivos que operam em diferentes sistemas naturais.

Castro et al (1999) adiciona ao contexto várias instituições de apoio, que

atuam à frente da disponibilização de crédito, pesquisa, assistência técnica, entre

outras. Sem tais instituições seria dificultoso aumentar a produção ou até começar a

produzir, principalmente para o pequeno produtor, pois, este não dispõe, quase

sempre, de recursos tanto para investir quanto para pagar técnicos especializados. Tais

instituições são fundamentais para o desenvolvimento das atividades voltadas ao

agronegócio no Brasil. Resumidamente, no estado de Rondônia, as principais

instituições que auxiliam o piscicultor são: EMATER – assistência técnica; SEBRAE

– consultoria e assessoria; SEPLAN – desenvolvimento, BASA – disponibilização de

linhas de crédito; SEDAM – regularização ambiental de empreendimentos; SEAGRI

– desenvolvimento de programas.

13

A cadeia produtiva não pode ser menosprezada dado que o mundo é

globalizado. No caso específico da piscicultura, que está em pleno desenvolvimento

em todo o mundo e, especialmente no Brasil, a visão do agronegócio tem de ser

levada em consideração e profundamente estudada (VIEIRA, 2009). Até porque o

agronegócio é responsável por boa parcela do PIB brasileiro, 22% no ano de 2010,

como dito anteriormente.

Valenti (2002) acredita que a cadeia produtiva da aquicultura, e

especificamente da piscicultura, deve ser entendida como um processo macro, que

envolve todo o conjunto de elementos micros nos quais se inter-relacionam formando

uma rede multíplice. Esta envolve elementos de distintas áreas técnicas. Os principais

elementos da pré-produção são: o suporte técnico, infraestrutura e a conjuntura

econômica e legal. O cerne da produção envolve os ritos biológicos e zootécnicos que

compreendem a reprodução, por exemplo, a larvicultura e a produção das espécies. A

pós-produção envolve a agregação de valor ao produto, embalagem, conservação,

distribuição e venda até atingir o consumidor final como apresentado na figura 1.

Figura 1: Descrição das etapas de produção da cadeia produtiva da piscicultura de forma geral

Fonte: Valenti, 2002, p. 118.

Para a sua produção, o piscicultor necessita de insumos, tais como: alevinos,

ração específica, produtos químicos e orgânicos e equipamentos, como por exemplo,

redes e aeradores. Também é imprescindível que exista demanda para sua produção,

além de assistência técnica e financiamentos. Se por um lado, a piscicultura vem se

desenvolvendo economicamente, por outro, o crescimento faz com que a atividade

venha a se ajustar nas leis de mercado, em que a lei da oferta e a demanda determinam

14

o preço dos produtos, a minimização dos custos passa a ter significativa importância.

O amadorismo perde rapidamente o espaço para o profissionalismo (PROCHMANN e

MICHELS, 2003).

Uma visão de montante à jusante do processo produtivo na cadeia produtiva é

crucial para que, de forma sistêmica, setores específicos consigam identificar seus

fatores especiais de sucesso e estabelecimento de estratégias que permitam ampliar o

desempenho competitivo e expandir o mercado (MATTOS, 2007).

Utilizar o conceito de cadeia de produção como instrumento de formulação e

análise de políticas públicas e privadas objetiva, fundamentalmente, identificar os elos

de uma cadeia de produção que apresentam fraquezas e propor ações de melhorias por

meio de uma política adequada. Por meio desta visão, Batalha (1997) entende que o

sucesso de uma cadeia de produção agroalimentar é consequência do desenvolvimento

harmonioso de seus agentes.

Castro et al (1998) consideram as cadeias produtivas como fundamentais

componentes ao desenvolvimento econômico setorial e, principalmente, regional. O

desenvolvimento econômico de determinado lugar é inerente ao desempenho de várias

cadeias produtivas presentes na região de influência. Variáveis de desenvolvimento

social, como nível de emprego, saúde, habitação e educação são frequentemente

associadas ao desempenho de determinadas cadeias produtivas.

O local onde está localizada a aglomeração é o ponto com maior importância

da cadeia produtiva na busca da intensificação da atividade econômica, todavia, o

crescimento decorre do desempenho individual por lucros (PROCHNIK e

HAGUENAUER, 2000). De uma ponta a outra da cadeia de produção, além de

cooperação, geralmente existe perspectivas de crescimento, concorrência,

disponibilidade de insumos e preços competitivos.

As peculiaridades empregadas nos elos da cadeia precisam ser compreendidas

por todos aqueles que a formam. É imprescindível entender quais os processos

tecnológicos utilizados, o jeito que cada elo se desenvolve, a interação de cada etapa,

quais os gargalos que interferem diretamente na produtividade, por fim, tais fatores

podem ser mais relevantes do que o produto final, posto que a finalização do mesmo

passará a depender dessas informações. Neste sentido, é fundamental a especialização

técnica dos atores nas várias fases do processo de produção.

A análise de uma cadeia produtiva permite que sejam expostas e

15

compreendidas falhas ou oportunidades de ordem interna e externa. Tal análise

mostra-se importante para identificar os elos fracos da cadeia produtiva.

Ao analisar cadeias produtivas, importância deve ser dada ao consumidor

final, pois é a partir deste que são formuladas as estratégias e decisões futuras de

forma a tentar atender suas necessidades e gostos. Há certa lógica implícita na

abordagem de cadeias produtivas que responsabiliza o consumidor final por mudanças

no sistema produtivo. Entretanto, estas transformações somente são sustentáveis

quando reconhecidas pelo consumidor como portadoras de alguma diferenciação em

relação à situação de equilíbrio anterior (BATALHA, 1997). O autor coloca em foco o

consumidor final como detentor da “suprema” capacidade de transformação do

negócio porque é para atendê-lo que a empresa produz da mais diversificada forma

possível.

Considerar a perspectiva da cadeia produtiva mostra-se, no nível mais

estratégico da atividade de produção, fundamental por três razoes: ajuda a empresa a

compreender como pode competir efetivamente, a identificar ligações entre nós,

especialmente significativas na rede e a focalizar em uma perspectiva de longo prazo

na rede (SLACK, 1997).

2.2 Do pensamento estratégico à gestão estratégica

De acordo com Sun Tzu (1999, p. 69) “Aquele que conhece o inimigo e

conhece a si mesmo não ficará em perigo diante de centenas de batalhas. Aquele que

não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo às vezes perde. Aquele que não

conhece o inimigo nem a si mesmo invariavelmente perde todas as batalhas”.

Sun Tzu formulou suas estratégias antes da era cristã, mas seus pensamentos

estratégicos influenciam até os dias atuais. É possível extrair de seus ensinamentos

que: para entrar e continuar fazendo parte de uma cadeia muito dependente de seus

elos antecessores e sucessores, o empresário, ou mesmo um grupo familiar, que faz

parte da cadeia produtiva da piscicultura, deve conhecer-se e ao mesmo tempo os seus

concorrentes.

O empresário precisa analisar a situação atual da cadeia na qual seu

empreendimento encontra inserido, buscando estimar a sua prospecção. Saber o

momento de investir, ou mesmo no que investir é crucial à sobrevivência do negócio.

16

Da mesma forma, o governo, principal agente envolvido, necessita conhecer quando e

onde deve atuar com o propósito de fomentar a atividade econômica.

Para Shumpeter (1947) a estratégia deve ser levada como algo que trará novas

combinações que objetivarão o uso de chances novas e distintas no futuro.

A estratégia pode ser entendida como um padrão ou plano no qual integra as

principais metas, políticas e sequências de ações de uma organização. Uma estratégia

bem esclarecida ajuda a ordenar de forma correta e alocar os recursos de uma

organização para uma postura única e viável, com base em suas competências e

deficiências internas (MINTZBERG e QUINN, 1998).

Sob os ensinamentos de Prahalad (1995), em uma organização é primordial

abandonar o paradigma da adequação e substituí-lo pela intenção estratégica, que

consiste em colocar organizações no centro da formulação da estratégia, tendo como

objetivo a transformação das regras do jogo com a criação de novos espaços

concorrenciais.

O planejamento estratégico emerge entre as décadas de 1960 e 1970, com o

intuito de auxiliar as decisões estratégicas e formalizá-las. A palavra planejamento

vem do latim planun que quer dizer superfície plana, e entrou na língua inglesa no

século XVII significando as formas, como mapas ou plantas, que eram desenhadas em

superfícies planas (MINTZBERG, 2004).

Quadro 1: Fases e etapas do planejamento estratégicoFase Descrição da Etapa

ConcepçãoEstratégica

Intenção estratégia; Missão; Visão; Princípios e valores.

Gestão do ConhecimentoEstratégico

Diagnóstico estratégico externo; Diagnóstico estratégico interno; Construção de Cenários.

Formulação EstratégicaAvaliação da política de negócios; Análise de modelos de cooperação e de concorrência; Definição de objetivos; Formulação das estratégias.

ImplementaçãoEstratégica

Desempenho organizacional; Governança corporativa e Liderança estratégica; Empreendedorismo.

Avaliação Estratégica Auditoria de resultados.Fonte: Chiavenato e Sapiro, 2003, p. 45.

O planejamento estratégico não pode ser confundido com o pensamento

estratégico. O pensamento estratégico destaca-se por ser intuitivo, inovador, criativo e

incentivador de todos os níveis da organização, ao passo que o planejamento

estratégico envolve, estabelece e formaliza os sistemas e procedimentos focados nas

tomadas de decisão (MINTZBERG, 1994).

17

Antes de ser um plano, a estratégia é um conjunto de visões integradas da

atuação da empresa, resultante do pensamento estratégico dos seus membros

(FREIRE, 2004). Portanto, o planejamento é o pensamento posto em prática.

Conforme o quadro 2 é possível perceber que o planejamento destaca-se por ser

metódico, discutido e que aponta responsabilidade.

Quadro 2: Comparação entre pensamento estratégico e planejamento estratégicoPensamento Estratégico Planejamento Estratégico

Essência Síntese AnáliseFonte Criatividade MétodoAutoria Qualquer membro da empresa Responsável pelo planejamento e gestão de topoTiming Em qualquer altura Em reuniões de planejamentoResultado Visão integrada, pouco clara e incompleta. Plano formal, explícito e completo.

Fonte: Freire, 2004, p. 35.

Por se tratar de um processo em camada, no caso uma cadeia produtiva, surge

nos seus elos relativa dificuldade na gestão, pois, os segmentos do negócio devem

estar em consonância até o último elo da cadeira. Evoluindo o planejamento

organizacional, e trazendo-o para o loco produtivo, torna-se fundamental o uso da

gestão estratégica como ferramenta da administração do negócio. A gestão estratégica

é o processo sistemático, planejado, gerenciado, executado e acompanhado sob a

liderança da alta administração da instituição, envolvendo e comprometendo todos os

gerentes e responsáveis e colaboradores da organização (COSTA, 2003). Desta visão,

para este trabalho, é possível extrair que os elos da cadeia produtiva devem estar

alinhados e entendidos desde o início até o final, desde a produção de insumos até a

comercialização final do pescado.

Outro conceito dado à gestão estratégica gira em torno do desafio mais

importante e abrangente que enfrenta qualquer organização pública ou privada: de que

maneira estabelecer as bases para o êxito de amanhã e ao mesmo tempo competir para

vencer nos mercados de hoje? (FAHEL, 1999). Isso significa criar planos tanto para o

curto quanto para o longo prazo.

A gestão estratégica aflorou na década de 1980, com o escopo de finalizar um

dos principais problemas apresentados pelo planejamento estratégico: a implantação;

assim, a gestão estratégica alia o planejamento estratégico com a tomada de decisão

operacional em todos os níveis.

A gestão estratégica possui elementos, e os principais são: missão; visão de

18

negócios; diagnóstico estratégico externo; diagnóstico estratégico interno; fatores

críticos de sucesso; definição dos objetivos; análise dos públicos de interesse;

formalização do plano e auditoria de desempenho e resultados.

Quadro 3: Elementos da gestão estratégica

MissãoÉ o elemento que traduz as responsabilidades e pretensões da organização junto ao ambiente e define o negócio.

Visão de negóciosMostra uma imagem da organização no momento da realização de seus propósitos no futuro. Trata-se não de predizer o futuro, mas de assegurá-lo no presente.

Diagnóstico estratégico externo

Procura antecipar oportunidades e ameaças para a concretização da visão, da missão e dos objetivos empresariais.

Diagnóstico estratégico interno

Corresponde ao diagnóstico da situação da organização diante das dinâmicas ambientais, relacionando- a às suas forças e fraquezas e criando as condições para a formulação de estratégias que representam o melhor ajustamento da organização no ambiente em que atua.

Fatores críticos de sucesso:

Matriz (SWOT)

Esse recurso metodológico é uma etapa do processo inserida entre o diagnóstico e a formulação das estratégias. Ele procura evidenciar questões realmente críticas para a organização, emergindo dos problemas apontados na análise realizada com a aplicação do modelo SWOT, de cuja solução dependerá a consecução da missão.

Definição dos objetivosA organização persegue simultaneamente diferentes objetivos em uma hierarquia de importância, de prioridades ou de urgência.

Análise dos públicos de interesse

(STAKEHOLDER)

Um stakeholder consiste em uma pessoa, um grupo de pessoas ou uma organização que pode influenciar ou ser influenciado pela organização, como consumidores, usuários, empregados, proprietários, dirigentes, governo, instituições financeiras, opinião pública ou acionistas.

Formalização do plano

Um plano estratégico é um plano para a ação, mas não basta somente a formulação das estratégias dessa ação. É necessário implementá-las por meio de programas e projetos específicos. Requer um grande esforço de pessoal e emprego de modelos analíticos para a avaliação, a alocação e o controle de recursos.

Auditoria de Desempenhos e resultados

(Reavaliação estratégica) Trata-se de rever o que foi implementado para decidir os novos rumos do processo, mantendo as estratégias implantadas com sucesso e revendo as más estratégias.

Fonte: Pereira, 2009, p. 11.

Segundo Kaplan e Norton (2001) é impossível executar a estratégia sem antes

compreendê-la, e não há como compreendê-la sem descrevê-la. A gestão estratégica

surge para corrigir uma falha no planejamento estratégico, a implantação. Portanto, é

esperado que crie-se fases de análises e controles.

Para Ansoff e McDonnell (1993), o negócio de uma organização reflete os elos

comuns que dão coerência a um caráter especial à empresa e, ao mesmo tempo, criam

uma fronteira em torno de suas ambições de expansão e diversificação.

Por tratar a empresa como um todo, o planejamento estratégico, perante seu

ambiente, deve ser analisado quando se objetiva estudar as estratégias lançadas,

porque tem como escopo a geração de vantagens competitivas para a organização.

19

2.3 Análise SWOT

O termo SWOT é uma combinação das primeiras letras das palavras, em

inglês, Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e

Ameaças (Threats). A Análise SWOT é uma ferramenta utilizada para fazer a análise

de um cenário proporcionando a base para o planejamento estratégico e o

gerenciamento de uma empresa, por exemplo. Devido a sua simplicidade, pode ser

utilizada para qualquer tipo de análise de cenário.

Esta análise de cenário é realizada em uma grade do tipo linhas e colunas e

divide o ambiente em duas classes: ambiente interno (forças e fraquezas) e ambiente

externo (oportunidades e ameaças). As forças e as fraquezas são determinadas pela

posição atual da empresa no mercado e se relacionam, quase sempre, a fatores

internos - pessoas, modelo de gestão, etc. Já as oportunidades e ameaças são as

antecipações do futuro e estão relacionadas a fatores externos (novos concorrentes,

mudanças econômicas, etc.).

O ambiente interno pode ser controlado pela direção da empresa ou de uma

cadeia produtiva. Nesse ambiente, quando existe um ponto forte, ele deve ser

incentivado ao máximo e quando for percebido um ponto fraco, a empresa deve agir

para controlá-lo ou, pelo menos, minimizar os seus efeitos. Já o ambiente externo está

totalmente fora do controle da empresa. Nesse caso, a empresa deve conhecê-lo e

monitorá-lo com frequência, de forma a aproveitar as oportunidades e evitar as

ameaças. Evitar as ameaças externas nem sempre é possível, porém, pode-se fazer um

planejamento de contingência para enfrentá-las, diminuindo seus efeitos.

Caso haja maior incidência de ameaças e pontos fracos, frente às

oportunidades e pontos fortes, o posicionamento estratégico recomendado é de

sobrevivência, sendo que a empresa ou o setor (cadeia produtiva) deve reduzir custos,

“desinvestir” ou até se desfazer do negocio e, na análise da cadeia produtiva, muitos

agentes tenderão sair do mercado nessa conjuntura.

Caso seja constatada a conjugação de maior incidência de pontos fracos e

oportunidades, o posicionamento estratégico aconselhável é buscar rapidamente o

crescimento para solidificar o posicionamento da empresa no setor ou do setor como

um todo.

Quando se tem maior incidência de pontos fortes aliados a oportunidades,

20

tem-se, provavelmente uma posição, mesmo que potencial, de liderança de mercado,

necessitando a empresa desenvolvê-la.

Por fim, um cruzamento de ameaças e pontos fortes indica uma possível

estagnação do negócio onde a empresa tem uma posição de liderança e aponta para a

necessidade de manutenção de sua posição.

A análise SWOT é uma ferramenta útil para o diagnóstico atual e a formulação

das estratégias a serem executadas.

Figura 2: Matriz SWOTPonto

s

fracos

Ponto

s

fortes

Ajuda Atrapalhas

fracos

Ponto

Desenvolvimento Manutenção

Ponto

s

fortesInterna

Forças (S)• de Mercado• de Produção• Financeiro• de Capacidades• de Estabilidade

• Diversificação

Fraquezas (W)• Estabilidade• Nicho

• Especialização

Crescimento Sobrevivência

Externa

Oportunidades (O)• Inovação• Internacionalização• Parceria

• Expansão

Ameaças (T)• Redução de custos• Desinvestimento

• Liquidação do negócio

Fonte: Montana e Charnov, 2005.

A análise SWOT pode servir para se avaliar uma empresa, um projeto, uma

parte do projeto, um produto, uma equipe, etc. Para cada um destes itens, pode-se

fazer perguntas similares a:

• Pontos Fortes:

O que a empresa/equipe/pessoa faz bem?

Que recursos especiais se possui e se pode aproveitar?

O que outros (empresas/equipes/pessoas) acham que a empresa faz bem?

• Pontos Fracos:

No que se pode melhorar?

Onde se tem menos recursos que os outros?

O que os outros acham que são suas fraquezas?

• Ameaças:

Que ameaças (leis, regulamentos, concorrentes) podem ser prejudiciais?

O que seu concorrente anda fazendo?

• Oportunidades:

21

Quais são as oportunidades externas que pode-se identificar?

Que tendências e "modas" é possível aproveitar em seu favor?

2.4 Forças Competitivas

As forças competitivas são basicamente: entrada de concorrentes; ameaça de

substituição; poder de negociação dos compradores; poder de negociação dos

fornecedores e rivalidade entre os atuais concorrentes. Esse conjunto determina a

força da concorrência da organização e até mesmo o seu lucro.

Porter (1986) conceitua entrada como sendo a aquisição de uma empresa já

existente em uma indústria com a finalidade de construir uma posição no mercado.

Essa aquisição traz consigo nova capacidade, a vontade de ganhar fatia no mercado e

recursos substanciais. Só que essa entrada em uma indústria vai depender das

barreiras de entrada que existem junto com a reação que o novo concorrente vai

esperar dos concorrentes que já existem.

Figura 3: Forças competitivas

Fonte: Porter (1986), p. 23.

Lecionam Day e Reibstein (1997) que barreiras de entrada compõem-se de:

22

economias de escala; diferenciação do produto; necessidade de capital; custo de

mudança; acesso aos canais de distribuição; desvantagens de custo independentes de

escala e política governamental.

Quadro 4: Composição das barreiras de entrada

Economias de Escala Refere-se às baixas nos custos unitários de um produto, à medida que o volume absoluto por período aumenta;

Diferenciação do Produto

Isso significa que as empresas estáveis têm a sua marca reconhecida e desenvolvem um sentimento de lealdade para com seus clientes, tudo isso devido ao esforço que já foi feito anteriormente como: publicidade, serviço ao consumidor e diferença dos produtos;

Necessidades de CapitalA barreira de entrada é criada quando se vê a necessidade de investir recursos financeiros de modo a competir, ainda mais se o capital solicitado é para atividades arriscadas e irrecuperáveis como publicidade inicial ou para P&D.

Custos de MudançaA barreira de entrada é criada quando os custos estão frente a frente com o comprador quando este muda de um fornecedor de produto para outro.

Acesso aos Canais de Distribuição

A criação de barreira de entrada dar-se pela necessidade da empresa entrante assegurar a distribuição para seu produto. Ela deverá persuadir os canais de distribuição a aceitarem seu produto por meio de descontos de preço, verbas para campanhas de publicidade em cooperação.

Desvantagens de Custo Independentes de Escala

As empresas entrantes potenciais terão dificuldades de se igualar as empresas já estabelecidas devido a estas terem vantagens de custos.

Política GovernamentalO governo tem o poder de limitar ou até impedir que uma empresa entre em outra através de controles como licenças de funcionamento e limites ao acesso a matérias primas.

Fonte: Elaboração própria.

O produto resultante das forças pode determinar situações estruturais que vão

desde os cenários: concorrência alta e lucro potencial baixo, até concorrência baixa e

lucro potencial alto (PRAHALAD, 1995). Quem mais ganha com essas disputas

concorrenciais é o consumidor, que disporá de produtos melhores e com preços

relativamente menores.

A ameaça de produtos substitutos pode ser entendida como produtos de outras

indústrias que satisfazem à mesma necessidade ou desempenham a mesma função que

os produtos da indústria (PORTER, 1986).

Os consumidores possuem enorme poder de barganha. Eles competem com a

indústria forçando a diminuição dos preços, a busca por qualidade, excelência nos

serviços e, também, deixam os concorrentes em disputa por melhores vendagens.

Um bom grupo comprador é poderoso se as seguintes circunstâncias forem

verdadeiras: o comprador deve estar concentrado ou adquirir grandes volumes em

relação às vendas do vendedor; os produtos que ele adquire na indústria representam

uma fração significativa de seus próprios custos ou compras; os produtos que o

23

comprador adquire da indústria são padronizados ou não diferenciados; enfrenta

poucos custos de mudança; consegue lucros baixos; compradores que são uma ameaça

concreta de integração para trás; o produto da indústria não é importante para a

qualidade dos produtos ou serviços do comprador e o comprador tem total informação

(CHIAVENATO e SAPIRO, 2004). Integração para trás é quando a empresa, por

exemplo, adquire o controle das matérias-primas que necessita para fabricar um

determinado produto.

Ações estratégicas para diminuir o poder de barganha dos compradores seriam,

principalmente, dispersas vendas, criar diferenciação, criar custos de mudança e a

ameaça de integração para frente ou realizá-la parcialmente (MAXIMINIANO, 2004).

Integração para frente é quando a empresa comanda as atividades de distribuição

daquilo que é produzido.

Sobre o poder de negociação dos fornecedores, Porter (1986) entende que os

participantes de uma indústria podem sofrer ameaças de elevação de preços ou

redução da qualidade dos bens e serviços fornecidos por meio dos fornecedores.

Fornecedores com poder de barganha podem sugar a rentabilidade de uma indústria

incapaz de poder repassar os aumentos dos custos em seus próprios preços. Nesse

caso o lucro dos vendedores diminui, dependendo da situação pode levar ao

fechamento do negócio.

2.5 Desenvolvimento Regional e Sustentabilidade

Nos dias atuais é possível afirmar que o aumento da oferta de pescado em

nível global se dará a partir da expansão da aquicultura, e regionalmente da

piscicultura, devido a maior parte da captura marinha e de água doce já ter

ultrapassado os limites sustentáveis. Tal entendimento torna-se importante na medida

em que a criação de organismos aquáticos em ambiente controlável sustentará a

demanda por pescado futuramente, e a mesma se destaca no setor de produção

primária como uma das atividades que mais crescem.

O crescimento da piscicultura, no entanto, não pode estar simplesmente

direcionado para o aumento da produção, é preciso que haja responsabilidade social e

respeito ao meio ambiente. Parente e Zapata (1998) entendem “crescimento”

econômico como um aumento das atividades de produção de bens e serviços,

24

enquanto que o conceito de “desenvolvimento” contém a ideia do crescimento

econômico, porém, adiciona necessariamente, mudanças estruturais e contempla a

população em todos os seus aspectos. Desse modo, a noção de desenvolvimento tem

em seu bojo uma infinidade de componentes econômicos, sociais, políticos,

ambientais, culturais e institucionais, que devem necessariamente ser levados em

consideração.

O pensamento teórico regional ressalta a perspectiva da “territorialização” do

desenvolvimento, a especificidade dos espaços locais na definição das condições do

desenvolvimento e aponta para os problemas inerentes às opções globalizadoras

(ROTTA e REIS, 2007). Os espaços locais podem desenvolver certas condições

econômicas, sociais, políticas, culturais e ambientais capazes de interagir ativamente

com as dinâmicas globais de desenvolvimento.

Compreender o desenvolvimento como um rito social localizado, capaz de

conjugar crescimento econômico e melhoria do nível de vida da população, e o

caminho regionalista é levar em consideração que as políticas sociais são de suma

importância para auxiliar na criação das condições para o crescimento econômico e,

também, para efetivar mecanismos que possibilitem aumentar, a qualidade de vida da

população.

Costa (2010) é categórico ao explicar que o desenvolvimento de certo local

com a formação de um APL e, a concentração de produtores especializados instiga o

desdobramento da cadeia produtiva a montante, principalmente pelo surgimento de

fornecedores de matérias-primas, máquinas e equipamentos, peças de reposição e

assistência técnica, além de serviços especializados. Este mesmo fator, por outro lado,

estimula o desenvolvimento da cadeia produtiva, a jusante, por meio da atração de

empresas especialistas nos elos finais e do surgimento de agentes comerciais que

transportam os produtos para mercados diferentes. Além disto, a concentração de uma

mesma atividade no espaço permite que seja formado um grupo de mão-de-obra

especializada e concentrado.

APLs é um sistema no qual existem conjuntos de atores econômicos, políticos

e sociais, situados num mesmo território, desenvolvendo atividades econômicas

correlatas e com elos expressivos de produção, interação, cooperação e aprendizagem.

Os APLs estão contidos no conceito de SPILs, estes geralmente incluem empresas

produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de equipamentos e outros insumos,

25

prestadoras de serviços, comerciantes, clientes, cooperativas, associações e demais

organizações voltadas à formação e treinamento de recursos humanos, informação,

pesquisa, desenvolvimento, engenharia, promoção e financiamento (CASSIOLATO e

LASTRES, 2005).

Os Arranjos Produtivos Locais tem como principais pontos fortes os seguintes:

• Agrega valor ao local;

• Diminui o fluxo de camponeses para a cidade;

• Projetos estratégicos alternativos de desenvolvimento econômico regional,

com base nos recursos naturais, respeitando-se a sustentabilidade;

• Reflexos no PIB local;

• Descentralização econômica;

• Troca de conhecimentos atinentes à atividade.

Cândido (2002) coloca o Estado como encorajador na formulação de uma

estrutura econômica que saiba explorar os aspectos sistemáticos das organizações

produtivas modernas e principalmente, criar meios que facilite a criação de redes

formais ou informais de pesquisa. As redes interorganizacionais necessitam está no

cerne de políticas de desenvolvimento direcionadas na busca da competição

embasadas na procura e prática da inovação.

Quanto ao desenvolvimento regional, a atividade piscícola assume papel

preponderante no rito de desenvolvimento econômico, em especial, para regiões em

desenvolvimento, pois, auxiliam na alimentação e no combate à pobreza,

representando fonte de alimentos, contratação de mão-de-obra e melhoria de renda

para as populações regionais, até porque na Amazônia a extração de peixes, desde os

mais remotos tempos teve um papel de suma importância socioeconômica,

especialmente para as comunidades ribeirinhas (LOPES et al, 2010).

A produção aquícola moderna está alicerçada em três pilares: a produção

lucrativa, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento social. Os três pilares

são fundamentais e não é possível dissociá-los, partindo do pressuposto que a

atividade visa o longo prazo (VALENTI 2000). Por sua vez, Thia-Eng (1997), afirma

que a sustentabilidade de um sistema produtivo aquícola é dependente do efeito

combinado de dois fatores:

• Intrínsecos: é inerente a qualidade da água, técnicas de produção, localização,

26

características das espécies;

• Extrínsecos: relaciona-se com as políticas públicas, acidentes naturais,

mudanças climáticas, poluição, mercado e legislação.

Sachs (1993) relaciona as seguintes dimensões de sustentabilidade:

• Ambiental: refere-se à capacidade de suporte dos ecossistemas associados de

absorver ou se recuperar das agressões diretas ou indiretas da ação humana;

• Social: objetiva estabelecer melhoria da qualidade de vida e reduzir os níveis

de exclusão social por meio de políticas de justiça redistributiva;

• Econômica: contabiliza os ativos ambientais nacionais e a valoração

econômica dos recursos naturais que são utilizados como insumo na produção.

Ao estabelecer projetos de desenvolvimento é relevante que os governos

utilizem os fatores sociais, econômicos e ambientais, em conjunto.

27

3 METODOLOGIA

O corpo básico deste trabalho está de acordo com o modelo do Centro de

Estudos Interdisciplinar em Desenvolvimento Sustentável da Amazônia – CEDSA, no

qual é composto por: introdução, referencial teórico, metodologia, resultados e

discussões e conclusão.

A metodologia usada neste trabalho foi levantar bibliograficamente pensadores

para compor o referencial teórico com intuito de embasar os resultados e discussões.

A importância da aquicultura globalmente e, nacionalmente da piscicultura é

evidenciado por dados da FAO, MPA, e no âmbito regional, especificamente da

SEDAM e EMATER. O objetivo deste trabalho é descobrir, na ordem interna, os

pontos fracos e fortes e, na externa, as oportunidades e ameaças da Cadeia Produtiva

do pescado no estado de Rondônia. O resultado das quatro forças é uma ferramenta

administrativa denominada análise SWOT, na qual demonstra de forma simples,

porém, eficaz os pontos de “estrangulamento” da cadeia produtiva. Para concluir tal

análise foi necessário entrevistar técnicos do setor de piscicultura da EMATER – RO

e SEDAM – RO com intuito de descobrir fatores que “emperram” a cadeia produtiva,

evitando assim o crescimento da atividade e, o objetivo macro, no qual é exportar para

grandes consumidores da proteína piscícola.

No ponto no qual refere-se à dinâmica concorrencial foram utilizadas ideias e

resultados das dissertações de mestrado de Oliveira (2009) e Xavier (2013), pois são

trabalhos elogiáveis nos quais foram abordados temas inerentes à cadeia produtiva.

Esta parte está inserida apenas com intuito nocional para que os leitores tenham

apenas uma ideia do nível concorrencial do peixe em Rondônia.

4 ATIVIDADE AQUÍCOLA BRASILEIRA: PRODUÇÃO

Por ocupar uma área de 8.515.797.599 km², o Brasil, é o quinto maior país do

mundo, possuindo 1,7% do território do globo terrestre. É detentor de 7.367 km de

costa oceânica, 3,5 milhões de km² de Zona Econômica Exclusiva e possui 5.563

municípios, localizados em 26 estados, mais o Distrito Federal. É donatário de

características regionais bastante específicas no campo social, econômico e

geográfico. Por tudo isto, há um grande mercado consumidor, em potencial, para

28

produtos oriundos da piscicultura (OSTRENSKY et al., 2008). Segundo o IBGE

(2015), a população brasileira é de 204.750.649 de habitantes e produto interno bruto

de 2.526.343 milhões de US$.

A criação de peixes, no Brasil, foi inserida pelos holandeses, no nordeste

brasileiro, quando ocupavam tal região, ainda no século XVIII. No entanto, foi a partir

da década de 1930 que a atividade iniciou seu desenvolvimento, ainda no nordeste,

em açudes com o propósito de atender às necessidades coletivas da população, mas

que da mesma forma ajudava na criação de peixes (FARIA et al., 2013).

No ano de 2011, a produção aquícola brasileira foi de 628.704,3 t (MPA,

2011). Em 2010, conforme o MPA (2010), a produção foi de 479.399 t, representando

um incremento de 15,3% em relação à produção de 2009. Comparando-se a produção

de 2011 com o montante produzido em 2008 (365.366 t), fica evidente o crescimento

do setor no país, com um incremento de 72% na produção entre 2008 e 2011.

Entre 2008 e 2011, a produção aquícola continental, este grupo é inerente à

produção em água doce, ganhou mais espaço em relação à marinha, chegando a

representar 86,6% de toda produção proveniente da aquicultura em 2011.

Tabela 1: Produção aquícola brasileira 2008 - 20112008 2009 2010 % 2011

t % T % t % t %

TOTAL 365.366,4 415.649,4 479.398,6 628.704,3Continental 282.008,1 77,2 337.352,2 81,2 394.340,0 83,2 544.490,0 86,6

Marinha 83.358,3 22,8 78.296,4 18,8 85.058,6 18,8 84.214,3 13,4Fonte: MPA, 2010 e 2011.

Dentre os países com maior produção de pescado, o Brasil, aparece em 23º

lugar na pesca e 17º na aqüicultura, conforme descrito na Tabela 2. Quando

consideração o imenso potencial que o Brasil possui, e de forma sustentável, sua

posição é baixa, quando comparado aos demais países (BRASIL, 2012).

Tabela 2: Ranking mundial da produção de pescado em 2010AQUICULTURA PESCA

País Mil ton/ano País Mil ton/ano1º China 47.829 1º China 15.6662º Indonésia 6.227 2º Indonésia 5.3843º Índia 4.653 3º Índia 4.6944º Vietnã 2.706 4º EUA 4.3875º Filipinas 2.545 5º Peru 4.26517º Brasil 480 23º Brasil 785

TOTAL MUNDIAL 79.943 TOTAL MUNDIAL 89.503

29

Fonte: Brasil, 2012.

Levando em consideração apenas a piscicultura, ou seja, não considera a pesca

extrativa, o Brasil sobe para a 12º posição.

Tabela 3: Produção (t) de pescado oriunda do cultivo, período 2005-2009País 2005 2006 2007 2008 2009

1º China 16.371 17.444 18.199 19.117 20.3712º Índia 2.272 2.991 2.963 3.732 3.6623º Vietnã 961 1.157 1.530 1.903 1.9634º Indonésia 912 946 1.055 1.272 1.3875º Bangladesh 799 807 859 915 9616º Noruega 657 709 839 846 960

12º Brasil 179 190 210 281 33727.975 29.920 31.580 34.285 36.118

Fonte: Sidônio et al. (2012) apud dados da FAO (2010).

A demanda mundial por pescados está crescendo de forma acentuada em

decorrência do crescimento populacional e da procura, cada vez mais frequente, por

alimentos saudáveis.

No território brasileiro, os tipos de carne mais consumidos são as de frango e

boi, entretanto, mundialmente os pescados e a carne suína são as proteínas mais

produzidas e consumidas, conforme a Tabela 4.

Tabela 4: Produção, exportação e consumo mundial de carnes em 2009Produção (mil/ton) Exportação (mil/ton) Consumo (mil/ton)

Pescados 145.100 32.348 116.690Suínos 100.399 12.066 100.268Aves 72.293 10.733 71.860

Bovinos 57.027 9.607 56.116Caprinos e ovinos 13.236 1.007 13.139

Fonte: SIDÔNIO et al., 2012.

Segundo a FAO (2012), o mundo, em 2010, produziu cerca de 148,3 milhões

de t de pescado, nesta estatística inclui-se a pesca marinha e continental do tipo

cultivo ou extração, sendo que 128 milhões de t foi destinado para consumo humano.

Devido o crescimento populacional, a FAO infere que serão necessários 100 milhões

de t a mais para manter a mesma quantidade que é consumida atualmente, para o ano

de 2030, este aumento deverá ser satisfeito pela aquicultura, em especial a

piscicultura, o que privilegiará o Brasil no mercado internacional (XAVIER, 2013).

No Gráfico 1, é nítido o crescimento da atividade aquícola continental em

30

território brasileiro, embora tenha estabilizado entre os anos de 2002 e 2006. Todavia,

a atividade cresceu 515% entre 1998 e 2011.

Gráfico 1: Evolução da produção de pescado continental no Brasil

Fonte: MPA, 2010 e 2011.

A produção aquícola brasileira, de origem continental, aumentou de forma

significativa no triênio 2008-2010, resultado de um incremento de aproximadamente

40% durante este período. Já na comparação com o ano de 2011 esse incremento

chega a 89%. O crescimento acelerado da produção desta modalidade pode estar

atrelado ao desenvolvimento do setor, que por sua vez, se deu pela ampliação de

políticas públicas que facilitaram o acesso aos programas governamentais.

Gráfico 2: Produção de pescado proveniente da aquicultura continental entre 2008 e 2011

Fonte: MPA, 2010 e 2011.

Em 2010 e 2011 a região Sul assinalou a maior produção de pescado do país

com respectivamente 133.425,1 e 153.674,5 t. No ano de 2010, a produção foi

dividida na seguinte proporção: Nordeste (78.578,5t), Sudeste (70.915,2t), Centro-

Oeste (69.840,1t) e Norte (41.481,1t), conforme o Gráfico 3.

Gráfico 3: Divisão por região da produção (t) de pescado continental em 2010

Fonte: MPA, 2010.

Ainda em 2010, a região o Sul (carpas e tilápia) e Nordeste demonstraram sua

supremacia, ao responderem juntas por 61% da produção aquícola brasileira. As

regiões Sudeste (Tilápia) e Centro-Oeste (Pintado e híbridos) participaram com 30%,

e a Norte (Tambaqui) com 9%, conforme a figura 4. No Nordeste a produção é

concentrada na espécie Tilápia e no camarão marinho. Há uma produção expressiva

de peixes redondos apenas no Maranhão, Piauí, Sergipe e Bahia.

Figura 4: Produção da aquicultura e distribuição das principais espécies

31

Fonte: MPA, 2010. Imagem retirada da revista Panorama da Aquicultura, 2012, p. 16.

No que diz respeito às formas de cultivo, existem diferenças nos sistemas de

produção, possuindo cada tipo de sistema suas próprias características, dividem-se nas

modalidades intensiva, semi-intensiva e extensiva. O que os distingue é

principalmente a densidade, a produtividade, ração, e o manejo. À proporção que o

nível de intervenção do homem no controle dos parâmetros de produção aumenta,

consequentemente, o sistema torna-se mais intensivo (SEBRAE, 2011).

Ao escolher o sistema no qual produzirá, o piscicultor, determinará sua

produtividade e, assim como os investimentos. Quanto mais intensivo é o sistema

mais recursos financeiros deverão ser investidos, pois, como já exposto os parâmetros

de produção aumenta conforme a intensidade. Na mesma lógica serão os lucros

oriundos do investimento na piscicultura (XAVIER, 2013).

Conforme Prochmann e Michels (2003) as principais formas de criação de

peixe são:

Quadro 5: Principais formas de criação de peixeSISTEMA CARACTERÍSTICAS

32

Criação intensiva

• Altas densidades de peixes estocados;• Utilização de rações balanceadas na alimentação e controle da qualidade e quantidade de

água;• As intervenções por parte dos piscicultores são constantes;• Estima-se que, através da criação intensiva, a produtividade em tanques-solo chegue a

atingir entre 6.000 a 10.000 Kg/ha ao ano;• Em tanques-rede a produtividade média é de 50 quilos para cada metro cúbico instalado,

dependendo da espécie;

Criação semi-

intensiva

• Densidade de peixes estocados menor do que a intensiva• Geralmente com média intervenção nos tanques e grande importância da utilização do

alimento natural existente na água,• Utilização de alimentos suplementares aos peixes, como grãos de milho, de soja e de

mandioca.• A produção estimada para criação semi-intensiva é entre 3.000 a 7.000 kg/ha ao ano em

tanques-solo.

Criação extensiva

• Prática utilizada em pequenos lagos, açudes e represas;• Pouca interferência humana na reprodução dos peixes e na qualidade da água; • É praticada geralmente por pequenas unidades agropecuárias exclusivamente para

consumo próprio, devido à baixa produtividade obtida.Fonte: PROCHMANN e MICHELS (2003)

Conforme Woynarovich (1993), no território brasileiro, por motivos de poucos

conhecimentos profundos sobre a natureza das espécies piscícolas, somente algumas

espécies podem ser cultivadas. Para o cultivo é necessário possuir conhecimentos

básicos, tais como: ração, crescimento e confinamento. Se o produtor não possuir os

elencados conhecimentos, a produção ficará comprometida.

Woynarovich (1993), ainda explica que para haver produção de forma

intensiva a espécie de peixe precisa, necessariamente, conter as elencadas

características:

• O consumidor precisa aceitar bem o produto e o preço precisa ser viável

economicamente;

• A espécie precisa ter crescimento acelerado;

• Em sua dieta, a espécie precisa aceitar alimentos produzidos no viveiro;

• Ser capaz de viver pacificamente com outras espécies;

• Não deve ser muito sensível. Para cultivo são melhores os peixes que são

bastantes rústicos e resistentes, no qual podem viver em água com baixo

conteúdo de oxigênio;

• Possam ser propagados naturalmente em águas fechadas, especialmente em

viveiros construídos para esta finalidade. Ou possam ser propagados

artificialmente em grande escala.

33

Tais características são facilmente encontradas nos peixes rústicos, como o

Tambaqui e seus híbridos, por exemplo.

A piscicultura continental brasileira está condensada nas tilápias, nas quais são

produzidas principalmente no Nordeste, Sul e Sudeste; carpas na região Sul e Sudeste;

e os peixes redondos, como o tambaqui, que é produzido em destaque na região Norte

e o Tambacu no Mato Grosso. O Pacu pertencente ao grupo dos redondos é criado,

primordialmente, em Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul (OSTRENSKY et al.,

2008).

Tabela 5: Principais espécies de peixes produzidas no Brasil em (t) nos anos de 2007 e 2009Espécies

Nome comum Nome científico 2007 2009Tilápia Oreochromis niloticus 95.091 132.957Carpa Cyprinus carpio 36.631 60.695

Tambaqui Colossoma macropomum 30.598 46.454

Tambacu Colossoma macropomum ou

Piaractus mesopotamicus10.854 18.492

Pacu Piaractus mesopotamicus 12.397 18.171Fonte: MPA, 2010.

Apesar da piscicultura continental se concentrar em poucas espécies, os dados

obtidos do boletim estatístico do MPA (2010) demonstram uma maior variedade de

espécies sendo cultivadas no Brasil, como demonstra a tabela 6:

Tabela 6: Produção de pescado (t) da aquicultura continental brasileira por espécie entre 2008 e 2011

Espécie Produção (t)Nome comum Nome científico 2008 2009 2010 2011

Bagre Clarias gariepinus 2.912,5 3.484,1 4.073,0 7.048,1Carpa Cyprinus carpio 67.624,2 80.895,5 94.579,0 38.079,1

Cascudo Liposarcus pardalis 26,5 31,77 37,1 58,0Curimatã Prochilodus sp. 3.736,5 4.469,9 5.226,0 7.143,1

Jundiá Rhandia quelen 911,0 1.090,0 1.274,3 1.747,3

Matrinxã Brycon sp. 2.131,8 2.550,5 2.981,9 5.702,1Pacu Piaractus mesopotamicus 15.190,0 18.171,0 21.245,1 21.689,3Piau Leporinus sp. 5.227,0 6.252,0 7.227,6 4.309,3

Pirarucu Arapaima gigas 7,4 8,9 10,4 1.137,1Pirapitinga Piaractus brachypomus 560,2 670,2 783,6 9.858,7Piraputanga Brycon microleps 976,3 1.168,0 1.365,6 265,0

Pintado Pseudoplatystoma fasciatum 1.777,8 2.126,7 2.486,5 8.824,3Tambacu Piaractus mesopotamicus 15.459,0 18.492,8 21.621,4 49.818,0Tambaqui Colossooma macropomum 38.833,0 46.454,1 54.313,1 111.084,1

Tambatinga Paractus brachypomus 3.514,6 4.204,3 4.915,6 14.326,4Tilápia Oreochomis niloticus 111.145,3 132.958,3 155.450,8 253.824,1Traíra Oplias malabaricus 190,4 227,7 266,3 926,5Truta Oncorhynchus mykis 3.662,6 4.381,4 5.122,7 3.277,2

Outros 8.122,0 9.715,9 11.359,6 5.372,234

TOTAL 282.008,1 337.353,0 394.340,0 544.490,0Fonte: MPA, 2010 e 2011.

Não é necessário apenas conhecer as características da espécie na qual será

produzida, ter o conhecimento da preferência alimentar é primordial no

desenvolvimento de estudos alimentares e no preparo de rações e manejo da

alimentação e no planejamento de policultivos. Em Rondônia, por exemplo, fabricam-

se rações com composição da soja, pois sua principal espécie produzida, o Tambaqui,

aceita bem a composição.

Em sistemas intensivos, os produtores utilizam rações, nas quais são alimentos

industrializados, estes produtos podem representar até 70% dos custos de produção. A

utilização de rações e a lógica manipulação nutricional definirão o impacto e, sua

consequente severidade ao meio ambiente, em proporção direta (CYRINO et al.,

2010).

Não obstante, defende Kubitza et al (2012) que a indústria de ração está sendo

muito importante para o crescimento da aquicultura no Brasil. Além de produzir uma

vasta gama de produtos, diversas empresas prestam auxilio técnico aos produtores,

preenchendo a lacuna deixada pelos órgãos de assistência técnica e extensão na

maioria dos estados.

Conforme as estatísticas do Sindirações (2013), a procura por rações para

peixes, no Brasil, no ano de 2012, foi de 575 mil t, o setor cresceu 15% entre 2011 e

2012. No primeiro trimestre de 2013 foi consumido mais de 200 mil t de rações para

peixes e camarões no Brasil, o que permite prever que a produção girou em torno de

740 mil t, em 2013, ou seja, correspondendo a 14% de crescimento. A seguir a

evolução da produção industrial de ração destinada à aquicultura.

Gráfico 4: Evolução da produção de ração destinada à aquicultura (mil/t)

35

Fonte: SINDIRAÇÕES (2013).

Para produzir peixes em cativeiro é preciso a instalação de um tipo de tanque,

cujo escopo é obter o controle da produção. Conforme Prochmann e Michels (2003),

para cada tipo de tanque são necessárias técnicas diferentes de manejo, sendo que em

ambos é necessário controlar o pH, a temperatura e a oxigenação da água. Existem

dois tipos de tanque: solo e rede e suas características estão discriminadas na Quadro

6.

Quadro 6: Tipos de tanques e suas característicasEstrutura Características

TanquesSolo

• Reservatórios escavados, possuindo sistemas de abastecimento de água e drenagem;• As paredes dos tanques devem ser compactadas para evitar a infiltração excessiva de

água;• Os peixes são colocados em densidades muito superiores às encontradas na natureza e

por isso podem ser instáveis e devem ser adequadamente manejados para propiciar uma boa produção de peixes;

• Pode haver a necessidade de efetuar a correção do solo (calagem) e o uso de fertilizantes químicos, inorgânico e orgânico para o incremento da produção;

Tanques rede

• A utilização desta instalação está restrita a regiões que possuem lagos e represas;• É um equipamento flutuante, que permite confinar os peixes, na quantidade adequada e

onde serão alimentados até atingirem o peso ideal para a comercialização;• Consta de uma estrutura onde são fixadas gaiolas construídas em telas de polietileno e

tubos de policloreto de vinila (PVC). Fonte: PROCHMANN e MICHAELS, 2003.

36

37

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 Piscicultura em Rondônia

O desenvolvimento da piscicultura no estado de Rondônia teve início por na

década de 1980, apresentando crescimento rápido e desordenado, embora tenha

encontrado fatores que favoreceram seu crescimento e continuidade como os recursos

hídricos, clima e solo (SOUZA

FILHO et al, 2007).

Em um relatório da SUFRAMA (2003), que apontavam as potencialidades

piscícolas na Amazônia Ocidental, a produção por espelho d’água era em média de

4,0t/ha/ano. A área de produção era de aproximadamente 600 ha e a estimativa era da

existência de 800 piscicultores. Dados oficiais da SEDAM, em 2012, foram

registrados 2.141 processos de licenciamento, que somam um total 6.990 ha de lâmina

d’água, com uma produção esperada de 41,9 mil t de peixes (CARVALHO FILHO,

2012).

Segundo a SEDAM (2014), Rondônia destaca-se como o maior produtor de

peixes em águas não salgadas do país, cultivando 10.805 ha de lâmina de água doce

para uma produção estimada em 64.833 t de pescados por ano. Com uma área

equivalente ao território da Romênia e, quase cinco vezes maior que o da Croácia, o

estado possui 3.250 propriedades licenciadas, sendo que 80% correspondem à

produção de Tambaqui, Pirarucu, Jatuarana e Pintado.

De acordo com Carvalho Filho (2012) em Rondônia os piscicultores estão

concentrados em cinco macrorregiões:

• A região de Porto Velho, que envolve municípios próximos da capital;

• A região de Ariquemes, a que mais produz no estado, e que envolve nove

municípios;

• A região central abrangendo os municípios de Ji-paraná, Mirante da Serra,

Ouro Preto e Vale do Paraíso;

• Ao sul do estado, a região de Pimenta Bueno abrangendo 14 municípios, e;

• A região do Cone sul que envolve os municípios de Vilhena, Cabixi e

Colorado.

38

5.2 Caracterização da Cadeia Produtiva da Piscicultura em Rondônia

As características da cadeia produtiva da piscicultura no estado de Rondônia se

assemelha a descrição de Valenti (2002) para a produção é necessário o suporte

técnico, ou seja, a tecnologia empregada para engorda. Alem disso é necessário ter

infraestrutura para produzir, incluindo os insumos principais, assim como a

conjuntura econômica e legal que envolve a legislação ambiental e fatores

econômicos favoráveis para a comercialização. Dentro desta cadeia existem os

elementos pós-produção que consiste no processamento, distribuição e

comercialização até o consumidor final.

Os insumos podem ser encontrados na sua totalidade, desde a produção de

alevinos até a produção de ração (XAVIER, 2013). Este cenário é completamente

diferente do levantado pela SUFRAMA (2003), no qual colocava a produção de ração

e alevinos como os “gargalos” da piscicultura no estado. Na pesquisa feita junto a

EMATER – RO, atualmente, Rondônia conta com 14 laboratórios que atuam na

produção de alevinos; no que se refere à ração rondoniense esta é a base

principalmente de soja, e é capaz de sustentar a demanda interna. No entanto, a ração

destinada a peixes carnívoros é importada de outros estados da federação.

A produção do pescado é praticada em viveiros escavados, semi-escavados e

do tipo barragem aproveitando o potencial hídrico do estado. Esta produção de

pescado requer suporte técnico, ou seja, pré-conhecimento das técnicas de cultivo de

peixes em cativeiro. Este conhecimento engloba controle na qualidade de água,

manejo nutricional, biologia da espécie a ser cultivada e tecnologia da produção de

sementes, entre outras (XAVIER, 2013).

A fase pós-produção é o atual “gargalo” rondoniense, fator no qual poderá

impedir o crescimento da cultura dentro do estado. O problema perpassa pela

existência de apenas dois frigoríficos para beneficiar todo o pescado produzido,

porém, não consegue tal feito, finda que o pescado, em sua grande parte é vendido in

natura, sem beneficiamento, geralmente estocado em gelo.

A distribuição ou comercialização é realizada pelos próprios produtores que

vendem direto ao consumidor, supermercados, restaurantes ou para atravessadores. A

produção do estado é direcionada para o mercado de Manaus, capital do Estado do

39

Amazonas, que absorve parte significativa do pescado produzido em Rondônia

(XAVIER, 2013).

5.3 Insumos

Embora no segmento insumos, existam muitos do gênero, serão descritos

apenas os principais: alevinos, ração, calcário e adubo.

Quadro 7: Insumos

Alevinos No estado existem 14 laboratórios espalhados por todo estado que atuam na produção de alevinos, e são capazes de absorver toda a demanda pelas “sementes”.

Ração

Vieira (2009) considera que o primeiro item da cadeia produtiva é formado pelas fábricas produtoras e fornecedores de insumos e pelos prestadores de serviços. A indústria de rações destaca–se como um dos principais componentes do elo. É uma área estratégica na cadeia produtiva da aquicultura, uma vez que a ração apresenta 60% ou mais dos custos totais de produção; Em Rondônia existem três fornecedores de ração: A Ração Big Sal em Ji-Paraná, a Ração Nutrizon em Rolim de Moura, e a Ração Multifós em Vilhena;

Calcário

Calcário: Este insumo é utilizado, na área estudada assim como em outras regiões do país, na correção do pH da água. A aplicação do material calcário vai neutralizar a acidez do solo ou da água. Esse é um processo muito importante de correção do solo de um viveiro. A aplicação de calcário é feita para: a) permitir ou melhorar a sobrevivência dos peixes cultivados; b) permitir a reprodução ou crescimento dos peixes; c) dar condições para que os demais procedimentos de manejo possam ter sucesso, principalmente, a fertilização dos viveiros (OSTRENSKY e BOERGER, 1998). Em Rondônia a fonte deste insumo encontra-se no Estado do Mato Grosso. Em média são utilizadas 05 (cinco) toneladas de calcário por hectare de espelho d’água na piscicultura praticada no estado (XAVIER, 2013).

Adubo

É utilizado como o objetivo de fornecer nutrientes para a produção de fitoplâncton nos viveiros que é o principal fornecedor de oxigênio no ambiente aquático através na fotossíntese realizada por estes organismos. Normalmente é utilizado adubos químicos como o sulfato de amônia, uréia, superfosfato triplo ou simples. No estado este insumo é encontrado em casas agropecuárias.

Fonte: Elaboração própria.

5.4 Produção

Em 2012, segundo a EMATER (2012), a produção de pescado em Rondônia

foi de 28.546,00 t, o número total de produtores no estado de Rondônia à época era

de 3.758 com média de 5300 kg de pescado por ha de área produtiva.

Na tabela 7 é possível identificar principais municípios produtores, levando

em consideração municípios que produziram acima de 1000 t, são eles: Ariquemes,

Mirante da Serra, Cacaulândia, Urupá, Machadinho D’Oeste, Ji-Paraná, Monte Negro

e Jarú.

Tabela 7: Produção de pescado por município em Rondônia

40

Município Área (ha) Nº de ProdutoresProdução Obtida

em (t)Rendimento

(kg/ha)Porto Velho 61,00 51 305,00 5.000,00Alto Paraíso 12,00 50 61,00 5.100,00Ariquemes 800,00 210 4.800,00 6.000,00Buritís 140,00 140 728,00 5.200,00Cacaulândia 500,00 300 2.750,00 5.500,00Campo Novo de Rondônia 12,00 25 64,00 5.300,00Candeias do Jamarí 50,00 35 250,00 5.000,00Cujubim 40,00 50 228,00 5.700,00Governador Jorge Teixeira 10,00 30 54,00 5.400,00Guajará-Mirim 8,00 12 44,00 5.500,00Itapuã do Oeste 18,00 13 95,00 5.300,00Jarú 180,00 65 1.044,00 5.800,00Machadinho D'Oeste 280,00 200 1.442,00 5.150,00Monte Negro 210,00 70 1.134,00 5.400,00Nova Mamoré 30,00 60 175,00 5.700,00Rio Crespo 100,00 25 520,00 5.200,00Theobroma 35,00 33 175,00 5.000,00Vale do Anarí 65,00 40 338,00 5.200,00Ji-Paraná 200,00 100 1.140,00 5.700,00Alvorada D'Oeste 90,00 65 486,00 5.400,00Costa Marques - - - -Mirante da Serra 700,00 600 4.200,00 6.000,00Nova União 35,00 55 182,00 5.200,00Ouro Preto do Oeste 130,00 150 650,00 5.000,00Presidente Médici 70,00 90 357,00 5.100,00São Francisco do Guaporé 43,00 86 245,00 5.700,00São Miguel do Guaporé 30,00 30 62,00 5.400,00Seringueiras 25,00 30 130,00 5.200,00Teixeirópolis 35,00 25 175,00 5.000,00Urupá 284,00 183 1.505,00 5.300,00Vale do Paraíso 80,00 40 416,00 5.200,00Cacoal 22,00 25 128,00 5.800,00Alta Floresta D'Oeste 150,00 80 795,00 5.300,00Alto Alegre dos Parecís 12,00 8 61,00 5.100,00Castanheiras 10,00 10 50,00 5.000,00Espigão D'Oeste 80,00 50 456,00 5.700,00Ministro Andreazza 25,00 100 140,00 5.600,00Nova Brasilândia D'Oeste 35,00 30 189,00 5.400,00Novo Horizonte do Oeste 40,00 40 210,00 5.250,00Parecís 20,00 30 109,00 5.450,00Pimenta Bueno 95,00 240 537,00 5.650,00Primavera de Rondônia 80,00 16 480,00 6.000,00Rolim de Moura 77,00 69 447,00 5.800,00Santa Luzia D'Oeste 25,00 40 141,00 5.650,00São Felipe D'Oeste 30,00 45 163,00 5.420,00Vilhena 12,00 18 68,00 5.670,00Cabixí 20,00 20 107,00 5.340,00Cerejeiras 11,00 17 60,00 5.440,00Chupinguaia 10,00 4 54,00 5.350,00Colorado do Oeste 95,00 40 537,00 5.650,00Corumbiara 10,00 10 54,00 5.380,00Pimenteiras do Oeste 1,00 3 5,00 5.000,00

Total 5.133,00 3.758 28.546,00 5.300,00Fonte: EMATER, 2012.

Xavier (2013) aponta que é evidente a existência de três grandes polos 41

produtores em Rondônia: a região de Ariquemes, juntamente com os municípios de

Rio Crespo e Cacaulândia com a maior produção, um segundo polo sendo a região de

Mirante da Serra e Urupá e o terceiro polo na região de Pimenta Bueno. Observa-se

também que a atividade está concentrada em duas bacias hidrográficas a Bacia do rio

Jamari compreendendo o polo da região de Ariquemes nas sub-bacias do Alto rio

Jamari e do Baixo rio Jamari e a Bacia do rio Machado compreendendo o polo de

Urupá na sub-bacia do rio Urupá e o polo de Pimenta Bueno na sub-bacia do Rio

Comemoração

Figura 5: Mapa político do Estado de Rondônia evidenciando os três grandes polos produtores de pescado

Fonte: XAVIER, 2013, p. 69.

Em relação ao número de produtores, o segundo polo - região de Mirante da

Serra e Urupá - possui 24,64% do total de produtores contra somente 8,37% do

primeiro polo, o que evidencia uma prática da atividade de piscicultura diferenciada.

Na região de Urupá e Mirante da Serra a piscicultura praticada é do tipo familiar,

enquanto na região de Ariquemes é realizada uma atividade denominada industrial

(XAVIER, 2013). Atualmente, Ariquemes concentra os maiores empreendimentos. A

região sozinha produz 32.841 t em 5.234 ha de lâmina de água. São 679

empreendimentos licenciados pela SEDAM.

Quanto a produção familiar Ostrensky et al (2008) argumenta que a

aquicultura familiar como uma forma de produção onde predomina a interação entre a

gestão e o trabalho, onde se utiliza mais a mão-de-obra familiar que a contratada,

42

apresentando grande capacidade de absorver mão-de-obra e de gerar renda, mas não

de gerar empregos. Enquanto a aquicultura industrial pressupõe a associação a

regimes mais intensivos de produção e, concomitantemente, a existência de uma

cadeia produtiva bem estruturada quanto à oferta de insumos básicos, difusão de

tecnologia, capacitação de recursos humanos, assistência técnica, créditos bancários,

incentivos governamentais, processamento da produção, marketing e comercialização

dos produtos cultivados.

Os resultados apresentados confirmam a descrição de Rosa (2011) sobre o

Arranjo Produtivo Local da Piscicultura que envolve nove municípios, a saber: Alto

Paraíso, Ariquemes, Buritis, Cacaulândia, Campo Novo de Rondônia, Cujubim,

Machadinho do Oeste, Monte Negro e Rio Crespo, é a maior produtora de peixes da

espécie Tambaqui do estado de Rondônia. Existe a concentração setorial do

empreendimento no espaço territorial – são aproximadamente duzentos produtores

comerciais de peixe na região. Existem casas de produtos agropecuários com serviços

ao produtor, distribuidores de ração direto ao produtor, casas de comercialização do

pescado – cooperação entre os atores participantes do arranjo em busca de maior

competitividade.

Para Xavier (2013), boa parte da piscicultura do estado, cerca de 83,62 %

possuem empreendimentos de 1 a 5 ha, o que os classificam como empreendimentos

de pequeno porte de acordo com a resolução CONAMA 413 de 2009. Tais dados não

se modificaram em 2016, sendo que em Ariquemes estão concentrados os maiores

produtores que possuem áreas alagadas de até 200 ha e com suas propriedades

completamente mecanizadas. É possível associar o sucesso da piscicultura em

Ariquemes às sobras de outra atividade que impulsiona a economia do município: a

produção de cassiterita. Os piscicultores, principalmente no início, utilizavam os

tanques deixados pela atividade além das próprias máquinas.

Kubitza (2010) apresenta pontos positivos quanto ao aumento de

empreendimentos de menor porte. Segundo o autor apesar de no momento ser

presenciando a formação de grandes conglomerados industriais no setor de produção

animal, com grandes grupos incorporando empreendimentos de menor porte em todo

o planeta, há um entendimento de que, com o aumento nos custos de combustíveis e

transportes, no futuro haverá uma tendência de regionalização da atuação dos

empreendimentos de produção de alimentos e insumos.

43

A Bióloga Marli Lustosa Nogueira, Gerente de Pesca e Aquicultura da

SEDAM, responsável pelo licenciamento da atividade no estado, explica que

Rondônia tem hoje aproximadamente 14 mil ha de áreas alagadas em tanques de

produção de peixe. A Bióloga ressalta que os dados apontavam uma estimativa de 85

mil t em 2015, produzidas em Rondônia, no entanto, ainda há de se considerar a

existência de produção pesqueira em 16 municípios que se encontram

descentralizados da gestão ambiental desde 2012 (SEDAM, 2016).

Na pesquisa junto à EMATER/RO, em contraste a estimativa da SEDAM

(2016), foi exposto que a produção foi de 80 mil t em 2015, e conta com 3.862

propriedades produtoras e cerca de 80% da produção é de Tambaqui. É importante

ratificar que a totalidade da produção (80 mil t) é realizada em propriedades

licenciadas de acordo com a lei.

Segundo a SEDAM (2016), o planejamento do governo do estado para o ano

de 2016, é gerar a movimentação de 500 milhões de reais relativos à safra de pescado,

com a produção de 81.000 t. O setor pesqueiro de Rondônia se reinventa em

metodologias e estratégias para colocar 250 mil t de pescado no mercado até o final de

2018. Indagado a respeito de tal perspectiva de crescimento (250 mil t), Elisafá Salles

– técnico da EMATER – RO - explicou que na atual conjuntura da cadeia produtiva

não é possível, pois, não teria como escoar essa produção, no entanto, se houver o

crescimento do número de plantas frigoríficas é possível, uma vez que poderia

exportar para mais localidades e agregar valor à produção.

Segundo o MPA, a produção de pescado em Rondônia em 2008, 2009, 2010 e

2011 foi respectivamente de: 6.836,5 t, 8.178,1 t, 9490,6 t, 12.098,9. Conforme o

gráfico a seguir, é possível evidenciar o crescimento da piscicultura em Rondônia.

Gráfico 5: Evolução da produção da piscicultura em Rondônia

Fonte: MPA (2008-2011) e SEDAM (2012-2016).

5.5 Industrialização do Pescado

Junto à EMATER-RO, foi identificado que a industrialização do pescado no

estado de Rondônia é insuficiente para exportação, pois existem somente dois

frigoríficos de médio porte: Zaltana em Ariquemes e Santa Clara em Vilhena, e um

44

que atende apenas a demanda local: Amazon Peixes em Pimenta Bueno. Os dois

grandes possuem selo de inspeção federal (SIF). Tal constatação é semelhante à feita

por Xavier (2013) em sua dissertação, na qual identificou-se a incapacidade de

industrializar e, consequentemente agregar valor à produção.

Em 2013, assim como atualmente, existiam apenas os dois frigoríficos de

grande porte localizados em Ariquemes e Vilhena. No entanto, há a perspectiva da

implantação de uma grande planta em Porto Velho e uma média em Rolim de Moura.

5.6 Distribuição e comercialização do pescado

Este ponto é o final da cadeia produtiva do pescado, e apontado pelo técnico,

Elisafá Salles, como sendo o local específico que “emperra” o crescimento ainda

maior da produção piscícola rondoniense. A distribuição do pescado no estado de

Rondônia é deficiente, devido à carência de frigoríficos e entrepostos na região. O

pescado após a despesca nos tanques de piscicultura é abatido por choque térmico em

caixas contendo água e gelo. Rondônia exporta sua produção para 20 estados

brasileiros, sendo que em torno de 50% da produção é vendida in natura para o estado

do Amazonas.

A logística de despesca para retirada do pescado, o abate, transporte e

armazenamento realizados na etapa de distribuição do pescado estão concentrados nos

atravessadores que possuem materiais e equipamentos específicos para estas

operações.

O transporte dentro do estado de Rondônia é realizado por via terrestre por

caminhões que seguem até a capital, de onde parte em barcos ou balsas pela hidrovia

do rio Madeira até a cidade e Manaus. Recentemente, houve a venda de 8 t para o

Pará, mais especificamente Marajó, resultado de incentivos à produção e propaganda

do governo estadual como a organização de feiras, como a Rondônia Rural Show, que

possui como escopo a troca de informações e melhoramento de cadeias produtivas.

5.7 Análise SWOT da cadeia produtiva da piscicultura em Rondônia

Nesta seção serão expostos os pontos fortes e fracos, tanto no que diz respeito

ao ambiente interno quanto ao externo com intuito de descobrir qual o

45

posicionamento estratégico a ser adotado para a cadeia piscícola rondoniense.

5.7.1 Ambiente Interno

Fraquezas:

• O preço da ração, pois é responsável por cerca de 60% dos custos de

produção;

• Carência de frigoríficos, este é o principal “gargalo” na Cadeia

Produtiva do Pescado rondoniense, pois os frigoríficos existentes não

dão conta da demanda interna por beneficiamento e, cerca de 55% da

produção segue in natura para Manaus em barcos.

• Falta de entrepostos para o pescado, pelo fato de ser uma carne com

alta concentração proteica torna-se altamente perecível.

Forças:

• Abundância de água;

• Oferta de alevinos e rações (insumos) que conseguem abastecer a

demanda interna;

• Predominância de grupos familiares atuantes na produção;

• Produção em ascensão com absorção do mercado;

• Suporte técnico aos piscicultores através da SEDAM e EMATER;

5.7.2 Ambiente Externo

Oportunidades:

• • • • Instalação de um grande frigorífico em Porto Velho capaz de beneficiar

boa parte da produção;

• • • • Investimento relativo ao Programa de Desenvolvimento da Aquicultura

2015 – 2020;

• • • • Estimativa da FAO de crescimento da aquicultura até 2030;

Ameaças:

46

• • • • Alteração da legislação ambiental com intuito preservacionista;

• • • • Possíveis cortes em investimentos por parte do governo federal.

5.7.3 Resultado análise SWOT

A análise SWOT aponta para o desenvolvimento e crescimento, pois em ambos,

tanto os pontos fortes quanto os fracos estão “ligados” às oportunidades. Não é

possível dizer que se apenas o desenvolvimento ou o crescimento, analisados

separadamente, seria capaz de sanar os “gargalos” da cadeia produtiva da piscicultura

no estado. Há, portanto, a necessidade de desenvolver a cadeia e aumentar a produção.

5.7.4 Forças competitivas

O nível de competição dentro da cadeia produtiva piscícola, depende da

capacidade dos agentes, como as instituições com objetivo de dar apoio à atividade,

entre outros da cadeia produtiva, de construírem um projeto de produção,

industrialização, distribuição e comercialização que utilize as peculiaridades

oferecidas pelo meio no qual está contida o ambiente produtivo. A sobrevivência,

sustentabilidade e concorrência da atividade são inerentes às interações entre

produção, formação, pesquisa e financiamento da atividade (OLIVEIRA, 2008).

Em sua dissertação de Mestrado, Oliveira (2008) expôs os indicadores de

Forças Competitivas no município de Pimenta Bueno, nos quais serão usados

analogicamente neste trabalho, porque para concluir com veemência a atual situação

geral seria necessário aplicar uma pesquisa exploratória de montante à jusante em toda

a cadeia. Este não é objeto deste trabalho, logo será exposto apenas de forma

nocional.

• Entrada de concorrentes: os que almejam entrar no “negócio piscícola” são

denominados produtores não-integrados. Nestes sobrecai a falta de

conhecimento elevado necessário para ingressar na atividade. O processo de

não-integrados para integrados pode levar à uma nova capacidade de

produção, além do produtor desejar ganhar parcela do mercado,

consequentemente o preço poderá ser reduzido, que levará a cair a

47

rentabilidade (PORTER, 1991). Como em Rondônia existem apenas dois

frigoríficos de grande porte, como já exposto, estes compram em escala, ou

seja, uma grande quantidade com intuído de baixar o preço, isso leva a criar

barreiras de entrada à novas plantas frigoríficas, devido à integração vertical

existente.

• Ameaça de substituição: este ponto é muito importante devido o Brasil está na

contramão do consumo de pescado, pois enquanto o mundo consome mais

pescado e menos aves e bovinos, no Brasil os papéis se invertem, conforme a

Tabela 8.

Tabela 8: Consumo per capita de carnes no Brasil e no mundo kg/hab. anoBRASIL MUNDO (Incluindo a China)

Pescado 6,8 15,6Bovinos 37,1 7,8

Suínos 12,6 14,1

Aves 31,2 7,4Fonte: SEAP, 2004.

Portanto, ao menos no Brasil, os principais substitutos para a carne de peixe

são a de aves e bovina. Entretanto, como é sabido, a carne de peixe é mais saudável

que ambas, a tendência é que essa diferença decresça com o passar do tempo. A

grande questão é como mudar tal cenário, seja por propaganda, preço ou mesmo

disponibilidade de produtos beneficiados. Talvez o fato de não existir mais plantas

frigoríficas no estado seja o fato da “vocação” para carne bovina, por exemplo.

• Poder de negociação dos compradores: estes são constituídos de grandes

grupos comercializadores que têm como características barganhar preços, além

de ter uma enorme capacidade de influenciar a decisão dos consumidores, os

quais são, em última instância, os responsáveis pelas alterações na demanda.

Isto ocorre através de reduções de preços ou promoções em pontos de vendas.

Como em Rondônia grande parte da produção segue in natura para Manaus,

por exemplo, o que sobra da produção segue para frigoríficos e para os

supermercados ou mesmo são vendidos em feiras. A barganha do grupo de

compradores além de influenciar no preço, leva à melhoria do serviço ou

produto. Para Porter (1989), os compradores ou clientes competem com a

indústria ao barganhar por menores preços, por melhor qualidade ou mais

serviços em relação aos produtos que estão adquirindo, e assim influenciar nos

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resultados econômicos ou na rentabilidade da indústria.

• Poder de negociação dos fornecedores: no que se refere à indústria frigorífica

seus maiores desafios está na relação de mercado e na busca da manutenção da

sua estrutura industrial no que se refere a oxigênio, óleo diesel e folha de

pagamento, sendo que o principal “gargalo” está em garantir um bom preço de

venda de seus produtos para que sejam superiores aos seus custos de produção.

No que concerne aos fornecedores de insumos a principal dificuldade da

produção está na ração, que encarece a produção.

• Rivalidade (Concorrência): para estes, Oliveira (2008) não identificou

concorrência entre os produtores integrados, já que eles destinam quase toda sua

produção para a indústria frigorífica e/ou a destinam a capital do Amazonas. Já

para os não-integrados, existe concorrência, considerando que estes não destinam

sua produção para a indústria e sim para o mercado consumidor. Para os

frigoríficos, a concorrência é mínima, pois há apenas dois de grande porte, a

concorrência estaria entre a indústria e os produtores não-integrados. Mas devido

à estratégia de diferenciação de produtos que a indústria adota, bem como seu

poder de escala, ela acaba por gerar lealdade de parcela dos seus consumidores,

principalmente supermercados, o que gera um isolamento contra a concorrência.

5.8 Desenvolvimento Regional e Sustentabilidade

Ao final da década de 1970 emergiu no contexto global a ideia de privilegiar

as peculiaridades de cada local, seria uma nova concepção espacial capaz de levar ao

desenvolvimento e, não mais visar apenas o crescimento econômico.

Dentre inúmeras teorias de desenvolvimento regional, a que se refere à

localização, por ser simples e de fácil assimilação é aplicável ao contexto da

piscicultura no estado de Rondônia, visto que a SUFRAMA no ano de 2003,

identificou as potenciais regiões para a piscicultura dentro do estado e, todas estavam

à beira da BR-364. Johann Heinrich Von Thunen, ainda no século XIX, elaborou um

estudo que pretendia explicar o padrão de localização e as especializações sub-

regionais agrárias da Alemanha através de um modelo que adotou, como pressuposto,

uma região agrícola homogênea e isótropa com um nucleamento urbano em regime

concorrencial. Na sua tese o fenômeno decorria da combinação da produtividade

49

física da terra, da distância dos produtores em relação ao mercado e dos custos de

transporte. Estes acabavam por determinar os “Anéis de Von Thunen”, patenteando

uma forma de especialização agrícola otimizadora em círculos concêntricos em torno

do campo gravitacional da área urbana, minimizando o custo total de produzir e

transportar, expressando, desta forma, leis naturais na evolução das estruturas

econômicas (COSTA, 2010).

Rondônia participa do PIB nacional com 0,6% e apresenta um PIB estadual

com: agropecuária: 15,3%, indústria: 30,6% e prestação de serviços: 54,1%. A

economia de Rondônia é caracterizada pela atividade extrativista, na retirada,

principalmente, de madeira e borracha. No ramo industrial, Rondônia caminha de

acordo com as atividades agrícolas e minerais, e reponde por 40% da produção de

cassiterita nacional, onde as indústrias localizam-se próximo à fonte de matérias-

primas (Portal Brasil, 2009).

Com o escopo de gerar emprego e renda por meio da inclusão social,

Cassiolato e Szapiro (2002) entendem que a criação de APLs possibilita que regiões

contidas em países emergentes aumentem sua competitividade através das inovações

com características próprias do local.

Na Amazônia Ocidental (Amapá, Amazonas, Acre e Rondônia) há vários

APLs de grande potencial, como por exemplos: apicultura, leite, madeira-móveis,

artesanato, extratos de frutas regionais, piscicultura, entre outros. Porém, o

desalinhamento em relação aos atores locais, deficiências no sistema de transporte e

infra-estruturas, pedem maior capacidade de organização das diretrizes voltadas para

as produções locais.

No que se refere à sustentabilidade da produção, todos os produtores que

foram responsáveis pelas 80 mil t de pescado produzidas em 2015, segundo a

EMATER-RO, são licenciados e estão totalmente dentro da supervisão técnica do

órgão e, para conseguir a licença para produzir é necessário uma série de exigências

dos órgão ambientais. Até o momento o ambiente consegue absolver os impactos

diretos ou indiretos causados pela atividade e ao mesmo tempo é uma forma de gerar

renda direta ou indiretamente. Visto que a produção, em sua maioria, é composta por

produtores familiares com lâminas de 1 a 5 ha, a produção de peixes é uma saída para

o sustento familiar e redução do êxodo rural.

50

51

6 CONCLUSÃO

Este trabalho objetivou analisar a situação atual a Cadeia Produtiva da

Piscicultura no estado de Rondônia, por meio de uma ferramenta de análise

estratégica denominada análise SWOT. Foi constatado que há certo

“estrangulamento” no fim da cadeia piscícola rondoniense. O estado encontra-se no

“meio termo” da situação, ou seja, produz o suficiente para a demanda interna

conseguindo até vender para estados vizinhos, porém, ainda não produz o suficiente

para exportar para grandes países consumidores, por exemplo.

A cadeia evoluiu muito desde 2003 até atualmente, o “gargalo” da produção

mudou de lugar, saiu do início para o fim do cenário produtivo. A comparação com

2003 é bastante frequente neste trabalho devido o levantamento da SUFRAMA a

respeito das potencialidades na Amazônia Ocidental.

A projeção de 250 mil t do estado é improvável, visto que o estado ainda não é

capaz de ir tão além. Foi apontado que em média os frigoríficos compram o pescado

por R$ 4,50 e o vendem após o beneficiamento por, em média R$ 12,00, além de usar

o resto pós-corte para a fabricação de ração. O aumento no número de plantas

frigoríficas é a solução para o que parece ser o objetivo final do governo do estado:

exportar para outros países.

Na análise SWOT não há evidências de fatores que impedirão o crescimento

da piscicultura no longo prazo, faltando, principalmente ao governo estadual, criar

meios de exportar pescado beneficiando e atrair investimentos para novas plantas

frigoríficas. Além disso, ao analisar os ambientes interno e externo foi constatado que

o posicionamento estratégico, quanto à cadeia da piscicultura, deve ser de

desenvolvimento da cadeia e crescimento da produção. O planejamento estratégico

torna-se fundamental, pois é de cunho político e, a questão de como atrair

investimentos e fazer acordos comerciais necessita estar na pauta governista.

O fato de grande parte dos produtores serem grupos familiares, com área

alagada de 1 a 5 ha, distribui renda e atenua a pobreza dentro do estado, pois, as

família destinam parte do que produz para seu próprio sustento. A melhor solução

para estes é unir-se com outros produtores, a criação de Arranjos Produtivos Locais é,

aparentemente, uma solução acertada para o desenvolvimento produtivo e expansão

da piscicultura no estado. Como exposto anteriormente, o maior produtor de peixes do

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estado em t é Ariquemes, no qual os produtores possuem alta tecnologia destinada à

produção, mas isso apenas foi possível graças a investimentos no melhoramento da

cadeia produtiva.

Rondônia possui cinco grandes regiões produtoras, dois deles são do tipo

Arranjo Produtivo Local: Ariquemes e Pimenta Bueno. Levar os demais ao mesmo

patamar tecnológico e desenvolvimentista pode ser uma das soluções para o

crescimento da produção. Todavia a solução para o atual estrangulamento final da

cadeia produtiva é criar novas plantas frigoríficas e novos destinos para a produção.

A concorrência identificada existe em grande parte apenas nas feiras, uma vez

que os principais produtores ofertam sua produção para os frigoríficos. No que se

refere à sustentabilidade, a piscicultura, por ser bastante monitorada por órgãos

governamentais com SEDAM e EMATER, apresenta-se como atividade potencial, a

cerca do desenvolvimento sustentável no estado de Rondônia.

Conclui-se que a piscicultura possui grandes vistas de desenvolvimento e

crescimento, desde que hajam políticas públicas de investimento e estratégias voltadas

para o beneficiamento do pescado e exportação para grandes mercados consumidores.

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