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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA E ZOOLOGIA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA Rodrigo Costa Araújo CHUVA DE SEMENTES EM RESTINGA: UMA ABORDAGEM EM NUCLEAÇÃO Dissertação submetida ao Programa de Pós Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título de Mestre em Ecologia. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Tânia Tarabini Castellani Florianópolis 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ECOLOGIA E ZOOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA

Rodrigo Costa Araújo

CHUVA DE SEMENTES EM RESTINGA:

UMA ABORDAGEM EM NUCLEAÇÃO

Dissertação submetida ao Programa de

Pós Graduação em Ecologia da

Universidade Federal de Santa

Catarina para a obtenção do título de

Mestre em Ecologia.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Tânia Tarabini

Castellani

Florianópolis

2011

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Rodrigo Costa Araújo

CHUVA DE SEMENTES EM RESTINGA: UMA ABORDAGEM

EM NUCLEAÇÃO

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de

“Mestre” e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós

Graduação em Ecologia.

Florianópolis, 31 de Outubro de 2011.

________________________

Prof. Dr. Mauricio Mello Petrucio

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________

Profa. Dra. Tânia Tarabini Castellani,

Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________

Profa. Dra. Márcia Cristina Mendes Marques,

Universidade Federal do Paraná

________________________

Prof. Dr. Cláudio Augusto Mondin,

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

________________________

Prof. Dr. Eduardo Soriano-Sierra,

Universidade Federal de Santa Catarina

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Dedico esta dissertação à memória de

minha saudosa avó, Eunice Costa, por

seus exemplos de fibra e de bravura.

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AGRADECIMENTOS

A gratidão é o sentimento supremo. Nela está contida a

humildade, o aprendizado e o reconhecimento da partilha com o sujeito

alvo de agradecimento. No entanto, não me sinto nobre ao dedicar este

espaço a todos que, cada qual ao seu modo, são importantes para mim.

Sinto que marcar neste papel é o mínimo que posso fazer, por tudo que

aprendi, vivi, compartilhei e que me permitiu chegar.

Agradeço a meus pais, Telmo Araújo e Themis Costa, a meus

irmãos Bruno e Lucas Araújo, a meus avós Eunice e Telmo Costa, aos

dindos, Flávio e Sandra Fuchs e aos primos Felipe e Paulo. Agradeço

aos primos Luis, Débora, Luana e Carolina Dêntice. Agradeço à Alice

Prompt e à Helena Schneider. Agradeço à minha orientadora Tânia

Castellani, ao Benedito Lopes e à Karla Scherer. Agradeço ao Cláudio

Mondin, à Márcia Marques e ao Eduardo Soriano por avaliarem e

contribuírem com este trabalho. Agradeço aos amigos que fiz no

Laboratório de Ecologia Vegetal, Cristiana Barbosa, Polliana Zocche,

Romualdo Begnini, Erika Tsuda, Elise Galitzki e Tatiane Beduschi.

Agradeço aos amigos que ajudaram em campo, Alexandre Xavier,

Gustavo Schmidt e especialmente a João Vicente dos Santos e a Laura

Dacol. Sou grato ao Programa de Pós Graduação em Ecologia da UFSC,

funcionários, pósdoutorandos e professores, especialmente a Nivaldo

Peroni, a Selvino Neckel e Malva Hernandez. Agradeço aos amigos que

fiz no ‘poseco’, Diego Barneche, Mauricio Cantor, Eduardo Cereto,

Gustavo Schmidt, Guilherme Longo, Renata Calixto, Natalia Gerzson,

Kátia Capel, Giorgia Alves, Laura Cavechia, Dannieli Herbst, Sofia

Zank, Daniel Dinslaken, Mariana Paz, Mariana Bender, Áurea da Silva,

Vanessa Kuhnen, Fábio Lobato, Luís Soares, Matheus Moreira, Cintia

Martins, Fernando Mayer, Gabriela Corso, Felix Rosumek, Anaide

Aued, Anderson Batista, Letícia Teive, André Rovai, Eduardo Tadashi,

Rubana Palhares, Itamê Baptista, Adriana Saccol, Mônica Hessel.

Agradeço aos amigos Bruno Borges, Eduardo Meurer, Gabriel

Queiroga, Diogo Sastre, Lucas Fraccaro e Michelle Campani,

Guilherme Reitz e Tatiane Pagnussatt, Rodrigo Bergamin e Adriana

Schuler, Felipe Ennes, Juliana Porto, Carolina Heinz, Mariana Gutierres,

Eduardo Bombardelli, Bruno e Jonas Brum, Tiago Corrêa, Bruno

Reppold, Pedro Arzivenco, André Coelho, Vinícius e Renata Masseti,

Roberto Fonseca e família, Luísa Barros, Vanessa Pereira. Agradeço aos

amigos Kenny Mine, Fernando Bombardelli, João Doria, André

Regolin, Renan Yamashita, Jesus Leoneti, Jéssika Mascena, Jonathas

Modanezi, Flavia Martins, Raphael Custódio Ribeiro, Cássio Neto,

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Fabrício Mil Homens, Renato Rolim, Erica Saito, Larissa Juk, Daiane

Rosa, Renato Araújo, Cecília Daloto, André Martins, Ana Paula

Almeida, Caroline Oswald, Gabriela Panitz, Vanessa Bencomo,

Vinicius Cerqueira, Maiara Hayata, Alexandre Bertamoni e família,

Caio Ambrósio, Renata Turbay, Mel Marques, Edson Faria Jr., João

Vicente dos Santos, Alexandre Xavier, Alexandre Siqueira, Gabriela

Orofino, Muriel Magalhães, Andressa Ocker, Patrícia e Letícia

Machado, Gabriela Gomes, Maisa Souza, Fabiano Leoneti, Carol Melo,

Lauren Petenon, Mariana Beretta, Sandro Cordeiro e família,

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“A sociedade de consumo é, no fundo, uma

religião fanática, um fundamentalismo pior do que do Bin Laden. Está arrasando o

planeta."

José Lutzenberger

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RESUMO

A chuva de sementes foi avaliada sob arbustos isolados e núcleos

arbustivos em meio à vegetação herbácea e sob matinha de cordão

arenoso, em ambiente de restinga. Os objetivos deste trabalho foram

avaliar a riqueza e a abundância de propágulos presentes na chuva de

sementes nestes sítios, o potencial de nucleação de arbustos isolados em

meio à vegetação herbácea e descrever a estrutura da vegetação

amostrada. Para isso, foram posicionados coletores de sementes sob (1)

arbustos isolados de Guapira opposita, (2) núcleos arbustivos e (3)

matinha de restinga, durante onze meses, no Parque Municipal das

Dunas da Lagoa da Conceição – Florianópolis, SC. Em cada coletor,

foram tomados descritores estruturais da vegetação e identificados os

indivíduos. Duas abordagens foram utilizadas: (1) considerando a chuva

de sementes total e (2) considerando apenas os propágulos de espécies

zoocóricas de origem alóctone (na perspectiva de cada unidade

amostral). Quanto à chuva de sementes total, a riqueza foi mais alta nos

núcleos arbustivos em relação à sítios sob G. opposita e similar em

relação às matinhas. Já a abundância de propágulos foi similar entre os

três tratamentos. Este padrão é resultado de maiores valores de riqueza e

a abundância de propágulos anemocóricos observados nas formações

arbustivas em relação às matinhas. Além disso, estes descritores não

apresentaram diferenças quando analisados somente os propágulos

zoocóricos. Verificou-se que a riqueza e abundância foram semelhantes

entre as três configurações, quando avaliada a chuva de sementes

zoocóricas de origem alóctone. A presença destes propágulos nos três

tratamentos sugere que haja intercâmbio de sementes nas configurações

vegetacionais, via fauna potencialmente dispersora. Contudo, parece

haver uma tendência de maior intercâmbio entre arbustos isolados de G. opposita e núcleos arbustivos e entre os coletores em matinha. Guapira

opposita mostrou-se importante na concentração de propágulos de

outras espécies sob sua copa e pode facilitar a colonização de espécies

lenhosas e herbáceas em campo de dunas. Estes arbustos e núcleos

arbustivos recebem sementes zoocóricas de outras espécies depositadas

por frugívoros e são capazes de capturar, também, propágulos

anemocóricos. Com isso, influenciam o destino de dispersão das

sementes na paisagem e podem ser importantes focos na sucessão da

vegetação.

Palavras-chave: Guapira opposita, mosaico vegetacional, dispersão de

sementes, sucessão, zoocoria.

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ABSTRACT

Seed rain was collected and analyzed under isolated bushes and under

bushy clumps on herbaceous matrix and under a small fragment of

arboreal vegetation on a sand stream, in a restinga environment. The

objectives of this research were to evaluate richness and abundance of

propagules on those sites, the nucleation potential of isolated bushes on

predominantly herbaceous vegetation and describe the vegetation

structure. Seed collectors were established under (1) isolated Guapira

opposita bushes, (2) bushy clumps and (3) arboreal vegetation, during

11 months, at Parque Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição –

Florianópolis, SC. On each collector, data on vegetation structure were

collected and the woody vegetation was identified. Two approaches

were used: (1) considering the total of propagules collected on each

collector and (2) considering only allochthonous zoochoric propagules

(on the perspective of each collector). Total seed rain was higher under

bushy clumps than under single G. opposita and similar to sites under

arboreal vegetation and bushy clumps and under isolated individuals.

There were no differences in abundance at all sites. This pattern was due

to higher values in richness and abundance at bushy than arboreal sites.

Besides, those descriptors didn’t showed differences when analyzed

only zoochoric propagules. No differences were found to those

descriptors also when evaluated the seed rain of zoochoric

allochthonous propagules. The presence of zoochoric allochthonous

propagules suggest that dispersal between those sites is occurring thru

mobile frugivores. Nonethless, is suggested that there is a higher

interchange between isolated G. opposita individual and bushy clumps

and between sites under arboreal vegetation. Guapira opposita exhibited

a high concentration of other species propagules under its crowns and

consequently can facilitate the colonization of woody vegetation in sand

dune. Those isolated bushes and clumps concentrate zoochoric seed

dispersed by frugivores and are capable to retain anemochoric seeds

also. They influence the seed dispersal fate and can be important foci of

recruitment and facilitate the succession on sand dunes in restinga environments.

Key-words: Guapira opposita, vegetational mosaic, seed dispersal, succession,

zoochory.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. A - Ilha de Santa Catarina. O círculo vermelho indica a porção leste da

ilha, onde está localizada a Praia da Joaquina e o Parque Municipal das Dunas

da Lagoa da Conceição. B - Restinga da Praia da Joaquina: a linha vermelha

representa a delimitação aproximada do PMDLC, a linha preta delimita o

campo de dunas e a linha amarela delimita a área onde está distribuída a

vegetação avaliada .............................................................................................28

Figura 2. Aspecto geral da área de estudo no Parque Municipal das Dunas da

Lagoa da Conceição, Florianópolis, SC. Em primeiro plano observa-se a

cobertura vegetal herbácea, manchas de vegetação arbustiva e pequenos corpos

d'água. Em segundo plano, as matinhas de restinga sobre cordões arenosos. ....28

Figura 3. A - Guapira opposita em meio à vegetação herbáceo-subarbustiva no

PMDLC. B - Detalhe dos frutos. .......................................................................29

Figura 4. Núcleo arbustivo no campo de dunas do Parque Municipal das Dunas

da Lagoa da Conceição, Florianópolis, SC. .......................................................30

Figura 5. Matinha de restinga sobre cordão arenoso na periferia do campo de

dunas, no Parque Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição. ......................31

Figura 6. Caracterização da vegetação nas três configurações avaliadas. São

apresentados os valores absolutos, médios e desvio padrão para riqueza e

abundância e para os demais parâmetros apresentamos o valor médio e o desvio

padrão entre parênteses. DAB = diâmetro à altura da base; DAP = diâmetro à

altura do peito (1,3m acima do solo).................. Erro! Indicador não definido.

Figura 7. Riqueza e abundância de sementes geral e em cada formação avaliada,

no Parque Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição. .. Erro! Indicador não

definido.

Figura 8. Número médio de táxons por 0,09m² nas três situações amostradas

(n=11), gerada através de ANOVA e teste de Tukey. Letras não compartilhadas

sobre as barras indicam diferença significativa. ................................................40

Figura 9. Riqueza de espécies anemocóricos por 0,09m², registradas na chuva de

sementes sob as copas de Guapira opposita (n=11), núcleos arbustivos (n=11) e

em matinha (n=11) no Parque Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição,

gerada através de ANOVA e teste de Tukey. Letras não compartilhadas sobre as

barras indicam diferença significativa. ..............................................................41

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Figura 10. Abundância de propágulos anemocóricos por 0,09m², registrada na

chuva de sementes sob as copas de Guapira opposita (n=11), núcleos arbustivos

(n=11) e em matinha (n=11) no Parque Municipal das Dunas da Lagoa da

Conceição, gerada através de ANOVA e teste de Tukey. Letras não

compartilhadas sobre as barras indicam diferença significativa. ....................... 41

Figura 11. PCoA - os pontos indicam a posição das unidades amostrais (G -

Guapira opposita, N - núcleos arbustivos e A - matinha de restinga) de acordo

com os autovalores, calculados utilizando uma matriz de distância de Bray-

Curtis com os dados originais de abundância de espécies transformados por

logaritmo base 10. ............................................................................................. 42

Figura 12. PCoA - os pontos indicam a posição das unidades amostrais (G -

Guapira opposita, N - núcleos arbustivos e A - matinha de restinga) de acordo

com os autovalores, calculados utilizando uma matriz de distância de Bray-

Curtis com os dados originais de abundância de espécies zoocóricas de origem

alóctone, transformados por logaritmo base 10. ................................................ 44

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Descrição da riqueza e abundância de sementes nos três tratamentos:

N = abundância total de sementes, S = riqueza total de espécies, Nz =

abundância de sementes zoocóricas, Sz = riqueza de espécies zoocóricas, Na =

abundância de sementes anemocóricas, Sa = riqueza de espécies anemocóricas,

n = número de coletores com 0,09 m2. ..............................................................36

Tabela 2. Resultados da análise de SIMPER para a chuva de sementes total,

mostrando a contribuição individual, a contribuição acumulada e a abundância

média de cada espécie, em cada tratamento. ......................................................42

Tabela 3. Resultados da análise de SIMPER para a chuva de sementes de

espécies zoocóricas alóctones, mostrando a contribuição individual, a

contribuição acumulada e a abundância média de cada espécie, em cada

tratamento, em todas as comparações possíveis. ...............................................45

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................ 23 2 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................ 27 2.1 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................. 27

2.2 ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO .................................................. 31

2.3 CARACTERIZAÇÃO DA ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO ............ 34

2.4 CHUVA DE SEMENTES ..................................................................... 35

2.5 ANÁLISE ESTATÍSTICAS .................................................................. 36

3 RESULTADOS ............................................................................. 27

3.1 ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO .................................................. 27

3.2 CHUVA DE SEMENTES ..................................................................... 27

3.3 CONTRIBUIÇÃO DA CHUVA DE SEMENTES ZOOCÓRICAS

DE ORIGEM ALÓCTONE .................................................................... 47

4 DISCUSSÃO ................................................................................. 51 2 CONCLUSÕES ............................................................................ 55 REFERÊNCIAS .............................................................................. 52

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1 INTRODUÇÃO

As restingas são formadas por um mosaico de comunidades

vegetais e ocupam as planícies arenosas de origem Quaternária, situadas

entre o mar e a Mata Atlântica stricto sensu (Araújo e Lacerda 1987,

Rizzini 1979, Scarano 2002). De maneira geral e mais amplamente

aceita, o termo “restinga” tem sido usado para designar a vegetação que

inclui todas as comunidades de plantas vasculares do litoral arenoso do

Brasil e que ocorre ao longo de aproximadamente 5.000 Km da costa

brasileira (cerca de 80% - Suguio e Tessler 1984), estendendo-se do

Pará ao Rio Grande do Sul (Araújo e Lacerda 1987, Falkenberg 1999).

No sul do Brasil, as restingas situam-se em terrenos formados

principalmente por dunas e suaves depressões que evoluíram simultânea

e paralelamente com a chegada das espécies vegetais colonizadoras,

após a última regressão marinha (Falkenberg 1999). Estas restingas

compreendem fitofisionomias herbácea/subarbustiva, arbustiva e

arbórea, podendo ocorrer em mosaico e/ou apresentar zonação no

sentido do oceano para o continente (Waechter 1985, Falkenberg 1999).

As condições ambientais são adversas nos ecossistemas de

restinga. A vegetação está sujeita a diversos fatores limitantes para seu

estabelecimento e desenvolvimento, tais como soterramento pela areia,

influência direta dos ventos e da salinidade, baixa disponibilidade de

água devido à alta permeabilidade do substrato, altas temperaturas e

luminosidade (Bresolin 1979, Waechter 1985, Hesp 1991, Scarano

2002, Rambo 2005). Além disso, o substrato arenoso apresenta baixo

conteúdo nutricional e a principal via de entrada de nutrientes é

atmosférica, tanto através das chuvas quanto pelo depósito de partículas

de origem marinha (Hay e Lacerda 1984) e da decomposição da

serrapilheira (Scarano 2002).

Estes fatores podem ser limitantes ao estabelecimento de diversas

espécies (e. g. Santos et al. 2000, Castellani e Santos 2005) e, por isso,

as restingas apresentam menor diversidade em relação à Mata Atlântica

stricto sensu (Scarano 2002). No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo,

60% das espécies da restinga são compartilhadas com a Mata Atlântica

(Araujo 2000, Scarano 2002). Logo, apenas parte das espécies (60%)

migrou das florestas de encostas e topos de morro e conseguiu se

estabelecer nas restingas, áreas geologicamente mais recentes (Scarano

2002).

Os vegetais capazes de colonizar estes ambientes, o fazem não só

através de adaptações morfofisiológicas (Bresolin 1979, Araujo e

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Lacerda 1987), mas também através das interações positivas (Scarano

2002). Em ambientes influenciados por condições adversas, como as

restingas, frequentemente observamos a vegetação distribuída em moitas

(Scarano 2002, Tirado e Pugnaire 2005, Maestre et al. 2009) - este

padrão de distribuição é a evidência mais aparente de interações

positivas (Silvertown e Wilson 1994, Tirado e Pugnaire 2005).

Estas interações planta-planta são consideradas mutualismos, pois

há benefício para ao menos um dos indivíduos sem causar prejuízo a

ambos (Bruno et al. 2003), sendo esta relação denominada de facilitação

(Callaway 1995). Neste contexto, certas espécies promovem o aumento

da diversidade local da vegetação (Callaway 1995, Scarano 2002) e o

aumento no tamanho das manchas de espécies persistentes (Yarranton e

Morrison 1974), sendo chamadas de plantas-berçário (nurse-plant

syndrome ; Franco e Nobel 1989).

A planta-berçário pode interferir diretamente sobre o fitness de

outros indivíduos, amenizando as condições físicas do ambiente para

espécies mais exigentes (Callaway 1995). A interferência pode ser

também indireta, através de mecanismos de proteção contra herbívoros,

aumento da visitação de polinizadores, aumento na visitação de

dispersores de sementes e consequentemente aumento na concentração

de propágulos dispersos zoocoricamente e aumento dos efeitos de

micorrizas e microrganismos do solo (Bruno et al. 2003).

Este mecanismo de sucessão, através de espécies focais, foi

denominado de nucleação por Yarranton e Morrison (1974). Estes

autores investigaram a sucessão primária da vegetação em dunas no

Canadá, comparando a composição e hábito das espécies estabelecidas

naquele mosaico: (1) manchas em estágio inicial de sucessão em uma

matriz herbácea – indivíduos de Juniperus virginiana isolados; (2)

manchas em estágio intermediário de sucessão - moitas compostas por J. virginiana, espécies intermediárias e climácicas e (3) estágio clímax

(oak-pine forest). Com isso, Yarranton e Morrison (1974) demonstraram

que J. virginiana - espécie lenhosa pioneira dispersa por aves e

mamíferos de médio porte (Leslie 2004) - propicia a formação de moitas

de espécies lenhosas multiespecíficas, facilitando a sucessão ao receber

propágulos depositados por dispersores de sementes sob suas copas e

propiciar o recrutamento destes indivíduos (Yarranton e Morrison

1974).

Este padrão também foi sugerido para a sucessão secundária da

vegetação em campos de cultivo abandonados. Na Costa Rica, por

exemplo, Slocum (2001) observou maior chuva de sementes e

recrutamento de espécies lenhosas sob a copa de indivíduos solitários de

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Ficus sp. e Cecropia sp. em relação à áreas sem a presença destas

espécies. Assim, ao interferirem positivamente sobre o sucesso de

colonização, estas espécies afetam a estrutura florística, a distribuição

espacial e temporal da vegetação (Julliot 1997).

O processo de nucleação em restingas também foi constatado

para Clusia hilariana: através de alterações nas condições ambientais e

na atração de organismos dispersores de sementes esta espécie facilita a

colonização de outras espécies sob sua copa, em restinga no Rio de

Janeiro (Zaluar e Scarano 2000, Dias e Scarano 2007). Esta espécie é

responsável pela estruturação de uma das comunidades predominantes: a

formação aberta de Clusia (Scarano 2002, Pimentel et al. 2007).

Na restinga do Parque Municipal das Dunas da Lagoa da

Conceição (Florianópolis), Beduschi e Castellani (2008) sugeriram que

a bromélia Vrisea friburgensis pode facilitar a colonização de Clusia criuva em vegetação herbáceo-subarbustiva. Além disso, estas autoras

encontraram associação espacial entre juvenis de C. criuva e arbustos de

Guapira opposita já estabelecidos.

Contudo, os mecanismos pelos quais o processo de facilitação se

dá em restingas ainda não são claros. Dias e Scarano (2007), por

exemplo, sugerem que a facilitação por C. hilariana se dê através de

alterações locais nas condições abióticas e da atração da fauna

dispersora de sementes.

No entanto, são escassos os estudos focados na dispersão

zoocórica de sementes em ecossistemas de restinga, apesar da alta

proporção de espécies vegetais que produzem frutos carnosos: em

Maracaípe (PE), por exemplo, estas espécies representam 94,5% do total

, (Almeida Jr. et al. 2009) e, na Ilha do Mel (PR), representam 56% do

total e 71% em fisionomia arbórea (Marques e Oliveira 2008). Nestes

ambientes, a fauna de dispersores é predominantemente composta por

aves onívoras (Castiglioni et al. 1995, Argel-de-Oliveira 1999, Scherer

et al. 2007, Gomes et al. 2008) e formigas (Passos e Oliveira 2002,

2004, Teixeira 2007). Há também relatos esparsos para a dispersão de

Erythroxylum ovalifolium (Erythroxylaceae) por Tropidurus torquatus

(Sauria - Tropiduridae) e Hyla truncata (Anura - Hylidae) (Fialho 1990,

Fialho e Furtado 1993) e de Eugenia umbelliflora (Myrtaceae) por

Cerdocyon thous (Carnivora - Canidae) (Cortês et al. 2009).

Tendo em vista a generalidade de hábito da avifauna

potencialmente dispersora (Argel-de-Oliveira 1999, Gomes et al. 2008),

a alta proporção de espécies que produzem frutos carnosos (Marques e

Oliveira 2008, Almeida Jr. et al. 2009), a distribuição da vegetação em

moitas e as evidências de sucessão via nucleação em restingas

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encontradas por Dias e Scarano (2007) e Beduschi e Castellani (2008), a

dispersão zoocórica de sementes e a nucleação podem estar amplamente

relacionados nestes ambientes. Através de alterações microclimáticas e

acumulo de sementes (Callaway 1992, Guevara et al. 1992, Zaluar e

Scarano 2000), espécies lenhosas isoladas em meio a vegetação

herbácea, assim como núcleos de vegetação (clumps, moitas) compostos

por espécies lenhosas, podem favorecer o estabelecimento de outras

espécies, como inicialmente observado por Yarranton e Morrison

(1974).

Portanto, estudos que avaliem a chuva de sementes - entendida

como a totalidade de sementes dispersas para um determinado local

durante certo período de tempo (Hardesty e Parker 2002, Melo et al.

2006) - podem auxiliar o entendimento dos processos de estruturação

(Nathan e Muller-Landau 2000) e sucessão da vegetação via nucleação.

No mosaico vegetacional das restingas no sul do Brasil,

encontramos (1) arbustos zoocóricos isolados e (2) núcleos de vegetação

arbustiva dispersos em meio à vegetação herbácea, assim como (3)

manchas contínuas de vegetação arbórea (Falkenberg 1999), ora

designadas matinhas. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a

chuva de sementes nestas três diferentes fisionomias, investigando a

riqueza, a abundância, as síndromes de dispersão e o potencial de

nucleação de arbustos isolados e núcleos arbustivos em áreas abertas.

Portanto, assumem-se as seguintes hipóteses: (1) arbustos

zoocóricos que colonizam áreas abertas são capazes de concentrar

propágulos de outras espécies sob suas copas e, portanto, podem ser

importantes na sucessão da vegetação via nucleação; (2) da mesma

forma, núcleos arbustivos recebem propágulos de outras espécies

oriundas de manchas vizinhas, em maior abundância e riqueza em

relação à arbustos isolados, pois apresentam estrutura tridimensional

mais desenvolvida e maior oferta de frutos à fauna; (3) as matinhas

representam a principal área fonte de propágulos para os núcleos

arbustivos e arbustos isolados na matriz; (4) a composição, a abundância

e a riqueza de propágulos sob arbustos isolados, núcleos arbustivos e

matinhas devem refletir a complexidade e riqueza da vegetação já

estabelecida e, portanto, núcleos arbustivos devem apresentar maior

riqueza e abundância de propágulos em relação aos arbustos isolados e

menor riqueza e abundância em relação às matinhas.Início da parte

textual do trabalho.

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27

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi conduzido no Parque Municipal das Dunas da Lagoa

da Conceição (PMDLC), Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. O Parque

está situado na porção leste da Ilha de Santa Catarina (Figura 1) e foi

criado em 1988 através do Decreto Municipal 231 com o objetivo de

proteger aproximadamente 500ha de restinga. A vegetação do PMDLC é

composta basicamente por três fitofisionomias: herbáceo-subarbustiva,

arbustiva e arbórea (Güttler 2006). Juntamente com a restinga da Praia

do Moçambique, forma o maior complexo de dunas móveis e semifixas

da Ilha de Santa Catarina, em uma extensa planície costeira (Bresolin

1979).

A maior parte da área do PMDLC é dominada por uma matriz

herbáceo-subarbustiva (Güttler 2006) onde são características as

famílias Asteraceae, Poaceae e Cyperaceae (Bresolin 1979); há também

porções de areia nua e pequenos lagos. Esta fisionomia é comumente

chamada de campo de dunas (Figura 2). Em meio a esta vegetação,

ocorrem arbustos isolados e núcleos arbustivos (Güttler 2006), onde as

espécies mais frequentes são Guapira opposita, Clusia criuva, Myrcia palustris, Dodonaea viscosa, Alchornea triplinervia, Ocotea pulchella e

Myrsine spp. Estas espécies não são exclusivas das formações arbustivas

e podem também estar presentes nas matinhas, localizadas na periferia

do campo de dunas (Figura 2). Já as matinhas apresentam espécies que

não ocorrem ou são encontradas em baixa frequencia em campo de

dunas (Falkenberg 1999).

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28

Figura 1. A - Ilha de Santa Catarina. O círculo vermelho indica a onde está

localizado o Parque Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição. B – Detalhe

da área de estudo: a linha vermelha representa a delimitação aproximada do

PMDLC, a linha preta delimita o campo de dunas e a linha amarela delimita a

área onde está distribuída a vegetação avaliada. Fonte: Google Earth 2009.

Figura 2. Aspecto geral da área de estudo no Parque Municipal das Dunas da

Lagoa da Conceição, Florianópolis, SC. Em primeiro plano observa-se a

cobertura vegetal herbácea, manchas de vegetação arbustiva e pequenos corpos

d'água. Em segundo plano, as matinhas de restinga sobre cordões arenosos.

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29

2.2 ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO

Arbustos isolados

Para avaliar o potencial de nucleação de arbustos zoocóricos,

foram utilizados onze indivíduos de Guapira opposita (Figura 3A).

Foram escolhidos indivíduos isolados, com altura entre 1,5m e 2,5m e

sem a presença de outro arbusto da mesma espécie ou núcleo arbustivo

em um raio de 5m. Estes indivíduos são “ilhas” de vegetação arbustiva

em meio à matriz herbáceo-arbustiva e, devido à sua distribuição

heterogênea no PMDLC, a área do campo de dunas foi percorrida em

sua totalidade para a identificação dos indivíduos enquadrados nos

critérios acima mencionados e que estivessem afastados de trilhas

utilizadas pela população local. Dentre as espécies nesta condição, G.

opposita é a mais abundante na área de estudo, sendo comum em outras

restingas da Ilha de Santa Catarina (Bresolin 1979) e em geral compõe

os núcleos arbustivos (Reitz 1970). Seus frutos (Figura 3B) são muito

procurados por pássaros, que são seus dispersores primários (Passos e

Oliveira 2004, Scherer et al. 2007) e também por formigas (Passos e

Oliveira 2004). Ainda, como comentado acima, Beduschi e Castellani

(2008) encontraram associação espacial entre juvenis de Clusia criuva e

indivíduos arbustivos de Guapira opposita nas dunas no PMDLC. Estas

observações, aliadas àquelas feitas também por Reitz (1970) e Bresolin

(1979), sugerem que G. opposita pode ter um papel importante como

nucleadora, via atração de dispersores de sementes, na sucessão da

vegetação.

Figura 3. A - Guapira opposita em meio à vegetação herbáceo-subarbustiva no

PMDLC. B - Detalhe dos frutos.

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30

Núcleos arbustivos

Onze núcleos arbustivos foram escolhidos para o estudo. Estes

são agrupamentos multiespecíficos compostos por pelo menos dois

indivíduos com sobreposição de copa, altura ≥ 1,5m e distantes de

outros núcleos em um raio de 5m. Todos os núcleos escolhidos

continham pelo um indivíduo de G. opposita e tiveram todos os

indivíduos com altura ≥1,5m inventariados. Assim como os arbustos

isolados, os núcleos arbustivos (Figura 4) estão dispersos em meio à

vegetação herbáceo-subarbustiva no campo de dunas do PMDLC, o qual

foi percorrido em sua totalidade para a escolha das manchas conforme

os critérios acima e que estivessem distantes de trilhas utilizadas pela

população local. Estes agrupamentos são compostos predominantemente

por Guapira opposita, Clusia criuva, Dodonaea viscosa, Ocotea

puchella, Myrcia palustris e Alchornea triplinervia. Espécies

escandentes como Smilax campestris, por exemplo, não foram incluídas

no levantamento.

Figura 4. Núcleo arbustivo no campo de dunas do Parque Municipal das Dunas

da Lagoa da Conceição, Florianópolis, SC.

Matinha de restinga

Estas manchas estão separadas da vegetação herbáceo-

subarbustiva por uma faixa de areia em geral nua, localizadas no topo de

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dunas estabilizadas com 3,7m de altura em média (Figura 5), na

periferia do campo de dunas. A matinha amostrada possui 5.024m² de

área, aproximadamente, e foi escolhida devido à sua acessibilidade,

representatividade estrutural, isolamento em relação à áreas de uso

frequente pela população e da linha de praia. Foram instalados 10

coletores de sementes, distantes 10m entre si em um transecto linear,

estabelecido no centro da mancha acompanhando o sentido de maior

comprimento. Dada a impossibilidade de alinhar 11 coletores em um

único transecto na porção central devido ao tamanho da matinha, um

coletor foi instalado no centro da matinha, distante 15m do ponto central

do transecto. As matinhas de restinga são compostas por espécies

compartilhadas com as manchas arbustivas, e espécies pouco frequentes

ou ausentes no campo de dunas do PMDLC, como Ouratea salicifolia,

Maytenus cassineformis, Matayba guianensis, Pera glabrata,

Campomanesia littoralis, Eugenia catharinae e Psidium cattleyanum.

Esta fisionomia representa a estrutura mais desenvolvida e apresenta

maior riqueza de espécies na vegetação de restinga (Bresolin 1979,

Falkenberg 1999).

Figura 5. Matinha de restinga sobre cordão arenoso na periferia do campo

de dunas, no Parque Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição.

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32

2.3 CARACTERIZAÇÃO DA ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO

Foram coletadas variáveis estruturais da vegetação para

caracterização dos pontos amostrais. Em arbustos isolados de G. opposita, foram mensuradas a altura, a circunferência do tronco à altura

da base (a 15 cm do solo; CAB), a área de cobertura (AC = raio 1 x raio

2 x pi) - através da amostragem da linha de maior comprimento e sua

perpendicular - e a altura da elevação do solo na base do tronco em

relação ao ponto mais baixo num raio de 5m. Nos núcleos arbustivos,

foram inventariados todos os arbustos (altura ≥ 1,5m), tomando suas

medidas de CAB e de altura, além das variáveis acima mencionadas,

sendo a área de cobertura referente ao núcleo como um todo. Na

matinha, foi avaliada sua cobertura e, dos quatro indivíduos (com altura

não inferior a 1,5m) mais próximos aos coletores, foram tomadas a

altura, a circunferência à altura do peito (1,3m de altura do solo - CAP).

A área de cobertura da matinha foi tomada utilizando o Software Google

Earth (2009).

2.4 CHUVA DE SEMENTES

A chuva de sementes foi considerada, neste trabalho, como o total

de propágulos (frutos e sementes) oriundos da queda natural, da

dispersão anemocórica e zoocórica, capturados sob as copas das

vegetações avaliadas. Para capturar os propágulos, foram utilizados

coletores de sementes confeccionados com uma moldura quadrada de

madeira (30 x 30cm ; 0,09m²) preenchida com um tecido de malha <

1mm (“volta ao mundo”) e posicionados a 0,5m de altura do solo sob as

copas de arbustos de Guapira opposita isolados, em posição central nos

núcleos arbustivos – ambos em campo de dunas – e no sub-bosque de

uma matinha de restinga por onze meses.

Os coletores foram georeferenciados na sua instalação e

posteriormente localizados no campo com auxílio de GPS (Garmin),

tendo seu conteúdo recolhido mensalmente ao longo de 11 meses de

coleta (Fevereiro de 2010 a Janeiro de 2011). O conteúdo de cada

coletor era acondicionado em sacolas plásticas individuais levadas ao

laboratório para triagem. A triagem consistiu em separar os propágulos

das demais partes como folhas e galhos, com o auxílio de duas peneiras

de diferentes malhas e posteriormente com auxílio de microscópio

estereoscópico.

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33

Os propágulos foram inicialmente classificados em

morfoespécies, com base em suas características morfológicas como

tamanho, cor, forma e estrutura, sendo acondicionadas em tubos

plásticos identificados. Frutos inteiros e sementes foram contados

individualmente, independentemente da quantidade de sementes

contidas nos frutos. A classificação do material foi feita posteriormente,

até o menor nível taxonômico possível, utilizando a literatura disponível

(Lorenzi 2002a, 2002b, 2009) e coletas de material in vivo na área para

referência e comparação. As espécies não identificadas, permaneceram

categorizadas como morfoespécies numeradas.

Através da identificação e da análise visual da morfologia, os

propágulos foram classificados quanto ao modo de dispersão em

zoocóricos ou anemocóricos. Os propágulos de tamanho reduzido que

não apresentaram estruturas adaptadas à dispersão pela fauna, como

pericarpo carnoso em frutos e/ou presença de arilo em sementes, foram

classificadas como anemocóricos.

Duas abordagens foram utilizadas: (1) analisando a riqueza e a

abundância absoluta de propágulos em cada tratamento, avaliando

também a contribuição das sementes zoocóricas e anemocóricas neste

cenário e (2) analisando somente a contribuição de sementes de espécies

zoocóricas e de origem alóctone. Considerou-se como alóctones, as

sementes de espécies que não estão presentes como adultas em cada

ponto amostral. Ou seja, além das sementes anemocóricas, em coletores

sob G. opposita foram desconsiderados seus propágulos, em cada núcleo

arbustivo foram desconsiderados os propágulos de todas das espécies

presentes (com altura ≥ 1,5m) e, em matinhas, desconsideramos os

propágulos das espécies dos 4 indivíduos mais próximos ao coletor.

Através desta abordagem, avaliou-se a contribuição da fauna para a

dispersão de sementes, pois exclui-se a contribuição dos propágulos

oriundos da queda natural nos sítios amostrados e os propágulos

anemocóricos.

2.5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Para comparar riqueza e abundância médias da chuva de

sementes entre os tratamentos (Guapira opposita, núcleos arbustivos e

matinha) foram realizadas análises de variância (one-way ANOVA)

seguidas pelo teste de Tukey. Os dados foram transformados utilizando

logaritmo base 10 para alcançar as premissas de normalidade (avaliada

através do teste de Shapiro-Wilk) e homocedasticidade (avaliada através

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34

do teste de Levenne), ambos para α=0,05. Quando a premissa de

normalidade não foi observada, porém a homocedasticidade dos dados

foi comprovada, as análises foram conduzidas, utilizando o software

Statistica 7 (Stat Soft 2004).

Foram realizadas também análises de coordenadas principais

(PCoA) (Gower 1966) baseadas em uma matriz de distância de Bray-

Curtis. Estas análises foram realizadas para verificar a existência de

gradiente na chuva de sementes (Gower 1966), através da ordenação

baseada na similaridade entre as unidades amostrais em um plano

cartesiano, utilizando os dados originais transformados com o uso de

logaritmo base 10.

Para um maior detalhamento da chuva de sementes, foi realizada

a análise de SIMPER (Clarke 1993). Esta análise mostra o quanto a

chuva de sementes é semelhante nas diferentes situações e quais

espécies são responsáveis por esse padrão. A dissimilaridade entre os

tratamentos é computada usando a composição e abundância das

espécies (mostrada em percentagem de dissimilaridade), enquanto que a

contribuição de cada táxon nesta análise é computada individualmente

(mostrada como percentagem de contribuição relativa). Para as análises

multivariadas (PCoA e SIMPER), foram utilizados os softwares

estatísticos MVSP (Kovach 2005) e PAST (Hammer et al. 2001).

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35

3 RESULTADOS

3.1 ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO

Guapira opposita Os indivíduos avaliados apresentaram altura média de 1,79m

(±0,34) e área de cobertura média de 2,16m² (±1,38). Estes arbustos se

encontram em pequenas elevações, com altura média de 0,67m (±0,57)

(Figura 6).

Núcleos arbustivos

Foram amostrados 100 indivíduos, distribuídos em 15 espécies. A

riqueza média nestas manchas foi de 4 espécies e a abundância média, 9

indivíduos por núcleo. A altura média dos arbustos foi de 2,02m (±0,56)

e a área de cobertura média foi 14m² (±7,24). Estas manchas estão

localizadas, em sua maioria (73%), em áreas baixas na borda de

pequenos corpos d’água, mas também foram encontradas em elevações

de 1,5m (em média a 0,67±0,57). As espécies com maior freqüência nos

núcleos foram: além de Guapira opposita (100%), Clusia criuva (82%),

Ocotea pulchella (54%), Myrcia palustris (36%), Dodonaea viscosa

(36%) e Alchornea triplinervea (36%).

Matinha de restinga Foram amostrados 77 indivíduos, onde foram encontradas 26

espécies. Nos pontos amostrais, a altura média da vegetação foi de 5,3

(±2,05) e a área de cobertura foi de 6.400m². A elevação média dos

pontos amostrais foi de 2,81m (± 1,66). As espécies com maior

freqüência foram Ouratea salicifolia (60%), Ocotea pulchella (25%),

Matayba guianensis (20%), Guapira opposita (20%), Eugenia

catharinae (20%) e Clusia criuva (20%).

3.2 CHUVA DE SEMENTES

Foram analisados e categorizados 8.058 propágulos,

representados por 55 táxons (Tabela 1). A maior parte dos táxons (n=41;

75%) e propágulos (n=5.188; 64%) foram zoocóricos e, os demais

táxons (n=14; 25%) e propágulos (n=2.870; 36%), anemocóricos

(Figura 7).

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36

Tabela 1. Descrição da riqueza e abundância de sementes nos três tratamentos:

N = abundância total de sementes, S = riqueza total de espécies, Nz =

abundância de sementes zoocóricas, Sz = riqueza de espécies zoocóricas, Na =

abundância de sementes anemocóricas, Sa = riqueza de espécies anemocóricas,

n = número de coletores com 0,09 m2.

Vegetação N S Nz Sz Na Sa

Guapira opposita

(n=11)

3119

(39%)

31

(56%)

2352

(75%)

17

(55%)

767

(25%)

14

(45%)

Núcleo arbustivo

(n=11)

3849

(48%)

35

(64%)

1804

(47%)

22

(63%)

2045

(53%)

13

(37%)

Matinha de

restinga

(n=11)

1090

(13%)

36

(65%)

1032

(95%)

29

(80%)

58

(5%)

7

(20%)

Total 8058 55 5188

(64%)

41

(75%)

2870

(36%)

14

(25%)

Foi alto o número de táxons compartilhados entre os três

tratamentos na chuva de sementes total (n=14). Gaylussacia brasiliensis

(Ericaceae) – produz frutos carnosos – foi a espécie com maior

abundância de propágulos registrada (n=3196; 40%), ocorrendo em

todas as configurações avaliadas, porém em maior abundância sob as

copas de Guapira opposita (n=2042).

Sob os arbustos isolados de G. opposita, coletou-se 39% do total

de propágulos, distribuídos em 31 táxons, sendo 5 exclusivos a estes

sítios, 9 compartilhados com núcleos arbustivos e 3 com matinha de

restinga. Quanto à estratégia de dispersão, 55% dos táxons e 75% dos

propágulos que ocorreram sob os arbustos isolados, são zoocóricos.

Além de G. brasiliensis, cabe destacar a ocorrência de propágulos de

outras espécies zoocóricas alóctones à estes sítios, como Ocotea pulchella (Lauraceae; n=60), Davilla rugosa (Dilleniaceae; n=17),

Clusia criuva (Clusiaceae; n=13), Ilex dumosa (Aquifoliaceae; n=8),

Alchornea triplinervia (Euphorbiaceae; n=5) e Myrcia rostrata

(Myrtaceae; n=1), além dos propágulos de Smilax campestris

(Smilacaceae; n=51) e da própria espécie (n=113). Ocorreram, também,

espécies anemocóricas como Androtrichum trigynum (Cyperaceae;

n=349), Imperata brasiliensis (Poaceae; n=79) e Vriesea friburgensis

(Bromeliaceae; n=37).

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39

Em núcleos arbustivos, coletou-se 48% do total de propágulos,

ocorrendo 35 táxons, sendo 5 exclusivos e 7 compartilhados com

matinha. Nestes sítios, 63% destes táxons foram classificados como

zoocóricos. Quanto à abundância, a proporção entre as síndromes foi

similar: 47% zoocóricos e 53% anemocóricos. A espécie que apresentou

maior abundância de propágulos nestes sítios foi anemocórica:

Androtrichum trigynum (n=1229); seguida por Gaylussacia brasiliensis

(n=1134), Vriesea friburgensis (n=587), Ocotea pulchella (n=327,

Myrcia palustris (Myrtaceae; n=115), Guapira opposita (n=83), Smilax

campestris (n=41), Myrsine spp. (Myrsinaceae; n=7) e Alchornea

triplinervia (n=3). No entanto, destaca-se o registro de propágulos de

duas espécies alóctones aos núcleos arbustivos avaliados: Clusia criuva

(n=21) e Pera glabrata (Peraceae; n=2). Os propágulos de C. criuva

foram considerados alóctones pois mesmo sendo registrada nos núcleos

(altura ≥ 1,5m), estes indivíduos não foram observados frutificando.

Na matinha de restinga coletou-se apenas 13% do total de

propágulos, representados por 36 táxons, sendo 12 exclusivos. Esta

formação apresenta proporcionalmente alta riqueza (80%) e abundância

(95%) de propágulos zoocóricos. A espécie que apresentou maior

abundância de propágulos nestes sítios foi Clusia criuva (n=220), em

grande parte devido à presença de indivíduos adultos reprodutivos.

Propágulos de outras espécies foram registrados pela mesma razão,

como Ocotea pulchella (n=109), Guapira opposita (n=73), Myrsine spp.

(n=28), Myrcia palustris (n=19), Alchornea triplinervia (n=17), Ouratea salicifolia (Ochnaceae; n=10), Myrcia rostrata (Myrtaceae; n=4) e Ilex

theezans (Aquifoliaceae; n=4). No entanto, é possível que parte destes

propágulos tenha sido registrada também devido à contribuição da

dispersão pela fauna. Além disso, destacamos a presença de G.

brasiliensis (n=20), espécie que ocorre com maior frequência em

vegetação herbáceo-subarbustiva.

Considerando a chuva de sementes total, os resultados da análise

de variância (one-way ANOVA) mostraram que há diferença entre os

tratamentos quanto à riqueza (F=3,45; p=0,044), enquanto que a

abundância (F=2,67; p=0,085) de propágulos foi similar entre as

configurações vegetais avaliadas.

O teste post-hoc de Tukey mostrou que a riqueza de propágulos é

mais alta em núcleos arbustivos do que em G. opposita (Q=1,027;

p=0,041; Figura 8) e similar à riqueza na matinha (Q=1,02; p=0,17). A

riqueza encontrada em G. opposita foi similar à matinha (Q=0,85;

p=0,75).

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Média

Média±ErroPadrão

Média±DesvioPadrão

G. opposita Núcleos arbustivos Matinha

Vegetação

0.6

0.7

0.8

0.9

1.0

1.1

1.2

Riq

ueza (

log10)

aab

b

Figura 6. Número médio de táxons por 0,09m² nas três situações amostradas

(n=11), gerada através de ANOVA e teste de Tukey. Letras não compartilhadas

sobre as barras indicam diferença significativa.

Considerando somente os propágulos zoocóricos da chuva de

sementes total, não foram detectadas diferenças para riqueza (F=2,57;

p=0,09) e abundância (F=0,47; p=0,62) entre os sítios avaliados.

No entanto, quando avaliadas riqueza (F=24,43 ; p<0,001) e

abundância (F=15,41 ; p<0,001) somente dos propágulos anemocóricos,

os sítios arbustivos apresentaram maior riqueza (G. opposita - Q=0,42,

p<0,001; núcleo arbustivo – Q=0,59, p<0,001; Figura 9) e abundância

(G. opposita - Q=1,40, p=0,001; núcleos – Q=1,76, p<0,001; Figura 10)

do que os sítios na matinha.

A análise de Coordenadas Principais (PcoA) mostra que existe

um gradiente marcado entre os coletores em vegetação arbustiva e os

coletores em matinha (Figura 11), mostrando que há maior similaridade

entre as sítios localizadas no campo de dunas.

E com a análise de SIMPER observa-se novamente maior

dissimilaridade entre sítios arbustivos e matinha; quando comparados os

sítios arbustivos entre si, há menor dissimilaridade, ainda que tenha sido

alta (Tabela 6).

É possível observar, portanto, que há diferenças com relação à

composição e abundância das espécies presentes na chuva de sementes

sob as copas de G. opposita e núcleos arbustivos, apesar da análise de

PcoA os ordenar proximamente. Ainda, a maior riqueza de espécies

anemocóricas nos sítios arbustivos os torna mais similares, já que na

matinha a riqueza de propágulos desta natureza foi baixa.

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41

Média

Média±ErroPadrão

Média±Desv ioPadrão

G. opposita Núcleos arbustivos Matinha

Vegetação

-0.2

-0.1

0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8R

iqueza (

log10)

a

a

b

Figura 7. Riqueza de espécies anemocóricas por 0,09m², registradas na chuva de

sementes sob as copas de Guapira opposita (n=11), núcleos arbustivos (n=11) e

em matinha (n=11) no Parque Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição,

gerada através de ANOVA e teste de Tukey. Letras não compartilhadas sobre as

barras indicam diferença significativa.

Média

Média±ErroPadrão

Média±DesvioPadrão

G. opposita Núcleos arbustivos Matinha

Vegetação

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

2.0

2.2

2.4

2.6

Ab

un

ncia

(lo

g1

0)

a

a

b

Figura 8. Abundância de propágulos anemocóricos por 0,09m², registrada na

chuva de sementes sob as copas de Guapira opposita (n=11), núcleos arbustivos

(n=11) e em matinha (n=11) no Parque Municipal das Dunas da Lagoa da

Conceição, gerada através de ANOVA e teste de Tukey. Letras não

compartilhadas sobre as barras indicam diferença significativa.

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42

Figura 9. PCoA - os pontos indicam a posição das unidades amostrais (G -

Guapira opposita, N - núcleos arbustivos e A - matinha de restinga) de acordo

com os autovalores, calculados utilizando uma matriz de distância de Bray-

Curtis com os dados originais de abundância de espécies transformados por

logaritmo base 10.

Tabela 2. Resultados da análise de SIMPER para a chuva de sementes total,

mostrando a contribuição individual, a contribuição acumulada e a abundância

média de cada espécie, em cada tratamento.

Espécie Contribuição

(%)

Contribuição

acumulada

(%)

Abundância

média em

núcleos

Abundância

média em

G. opposita

Abundância

média em

matinha

Gaylussacea

brasiliensis 26,98 30,11 103 186 1,82

Androtrichum

trigynum 13,46 45,13 112 31,7 0,45

Ocotea pulchella 5,71 50,84 29,7 5,45 9,91

Clusia criuva 5,23 64,07 1,55 1,18 20

Vriesea

friburgensis 4,81 68,88 53,4 3,36 0,27

Guapira opposita 4,67 73,56 7,55 10,3 6,64

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43

3.3 CONTRIBUIÇÃO DA CHUVA DE SEMENTES ZOOCÓRICAS

DE ORIGEM ALÓCTONE

Dentre as 8.058 sementes capturadas, 4.250 (53%) são zoocóricas

de origem alóctone aos sítios de coleta e estão distribuídas em 41

táxons. Dentre estes, 5 táxons ocorreram em todos os tratamentos; a

espécie mais abundantemente transportada pela fauna para todos os

sítios foi Gaylussacea brasiliensis (n=3.045), representando 72% do

total de sementes nesta condição.

Sob as copas de Guapira opposita, ocorreram 2.239 propágulos

(53%) distribuídos em 17 táxons. Gaylussacea brasiliensis representa

91% (n=2042) de todos os propágulos encontrados nestes sítios.

Destacam-se, também, Ocotea pulchella (n=60; 2%) e Smilax

campestris (n=51; 2%), além de Davilla rugosa (n=17; 0,7%), Clusia criuva (n=13; 0,5%) e Ilex dumosa (n=8; 0,3%).

Em núcleos arbustivos ocorreram 1.120 propágulos (26%)

distribuídos em 20 táxons. Dentre estes, novamente destaca-se a

abundância de G. brasiliensis (n=983) que sozinha representa 88% de

todos os propágulos zoocóricos alóctones coletados nestes sítios.

Destaca-se, também, a ocorrência de espécies frequentemente

observadas como adultas nos núcleos arbustivos, como Smilax campestris (n=41 ; 3%) e Ocotea pulchella (n=10 ; 0,9%), espécies

pouco frequentes como Myrsine spp. (n=5 ; 0,4%) e Eugenia catharinae

(n=5 ; 0,4%), além de espécies não observadas nestes sítios, como Pera glabrata (n=2 ; 0,1%) e Davilla rugosa (n=4 ; 0,3%). Este panorama

mostra que os núcleos mais abundantes em espécies em estágio

reprodutivo são fonte de propágulos para núcleos menos desenvolvidos,

onde estas espécies não estão estabelecidas e somente observa-se a

presença de seus propágulos.

Já em matinha de restinga, ocorreram 891 propágulos (21%) e 29

táxons. No entanto, devido à distribuição dos coletores em uma mancha

contínua de vegetação, é possível que este componente da chuva de

sementes esteja sendo superestimado. Isto é, parte destes propágulos

pode ser oriunda da queda natural de outros indivíduos próximos a cada

coletor, que não foram amostrados devido ao método empregado de

exclusão das espécies autóctones. Nestes sítios, ocorreram espécies

comuns na matinha, como Clusia criuva (n=220; 25%), Guapira opposita (n=73; 8%), Davilla rugosa (n=21; 2%), Myrcia palustris

(n=19; 2%) e Ouratea salicifolia (n=10, 1%), além de Gaylussacea

brasiliensis (n=20; 2%), que ocorre preferencialmente em campo de

dunas.

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As análises de variância mostraram que riqueza (F=2,57 ; p=0,09)

e abundância (F=0,47 ; p=0,62) são similares entre os tratamentos.

A análise de PCoA mostra, novamente, um gradiente marcado

entre os sítios arbustivos e o sítios em matinha (Figura 12), mostrando

que as diferenças quanto à composição não se restringem somente aos

propágulos anemocóricos.

Figura 10. PCoA - os pontos indicam a posição das unidades amostrais (G -

Guapira opposita, N - núcleos arbustivos e A - matinha de restinga) de acordo

com os autovalores, calculados utilizando uma matriz de distância de Bray-

Curtis com os dados originais de abundância de espécies zoocóricas de origem

alóctone, transformados por logaritmo base 10.

As formações arbustivas, portanto, apresentam maior tendência

de receber propágulos de outras formações arbustivas no campo de

dunas do que propágulos oriundos de matinhas. O mesmo aplica-se à

matinhas, que tendem a receber, preferencialmente, propágulos de

espécies já presentes nestas formações. A via de dispersão, vegetação

arbustiva-matinha, somente foi detectada através dos propágulos de G. brasiliensis, comum no campo de dunas, encontrados em coletores no

interior da matinha.

No entanto, observa-se um pequeno grupo na porção

intermediária do plano, onde aparecem amostras predominantemente de

sítios arbustivos e uma de matinha. Por isso, a dispersão de sementes de

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matinhas para campo de dunas é também uma via real. Além disso, a

presença de uma amostra de matinha neste grupo intermediário

corrobora a ocorrência da via contrária de dispersão (campo de dunas-

matinha), que já havia sido detectada através da presença de propágulos

de G. brasiliensis em matinha.

A análise de SIMPER mostrou que a maior dissimilaridade

ocorreu entre núcleos arbustivos e matinhas (96,6%) e entre G. opposita

e matinhas (95,8%). A dissimilaridade entre núcleos arbustivos e G. opposita foi de 73%. Estes resultados são similares aos encontrados para

a chuva de sementes total e similares ao padrão de ordenação

encontrado (Tabela 3).

Tabela 3. Resultados da análise de SIMPER para a chuva de sementes de

espécies zoocóricas alóctones, mostrando a contribuição individual (CI), a

contribuição acumulada (CA) e a abundância média (AbM) de cada espécie, em

cada tratamento, em todas as comparações possíveis.

Sítio/espécie CI

(%)

CA

(%)

AbM

núcleos

AbM

G. opposita

AbM

matinha

Núcleos e matinha

Gaylussacea

brasiliensis 34,29 35,48 89,4 - 1,82

Clusia criuva 14,01 49,29 0,09 - 20

Guapira opposita e

matinha

Gaylussacea

brasiliensis 38,03 39,7 - 186 1,82

Clusia criuva 13,35 53,05 - 1,18 20

Guapira opposita e

núcleos

Gaylussacea

brasiliensis 56,99 77,8 - 186 89,4

Guapira opposita,

núcleos e matinha

Gaylussacea

brasiliensis 43,1 48,68 89,4 186 1,82

Clusia criuva 9,44 58,12 0,09 1,18 20

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47

4 DISCUSSÃO

O cenário encontrado foi fortemente influenciado pelos

propágulos anemocóricos, que apresentaram maiores valores de riqueza

e abundância em arbustos isolados de Guapira opposita e núcleos

arbustivos do que na matinha. Além disso, devido à fauna dispersora, a

riqueza e a abundância de propágulos zoocóricos mostrou-se similar nos

três sítios.

Os arbustos de G. opposita e núcleos arbustivos estão dispersos

no campo de dunas do Parque Municipal das Dunas da Lagoa da

Conceição e imersos, portanto, em uma matriz herbáceo-subarbustiva

onde predominam espécies anemocóricas, como gramíneas e ciperáceas

(Guimarães 2006). Já as matinhas, estão localizadas em topo de dunas (a

3,75m acima do nível do solo do entorno, em média) e isoladas desta

matriz por uma faixa de areia nua. Ainda, as matas de restinga em geral

contém uma riqueza menor de espécies produtoras de sementes

anemocóricas (Talora e Morellato 2000, Marques e Oliveira 2005,

Scherer et al. 2005).

Mesmo que folhas, galhos e troncos, sejam capazes de reter as

sementes anemocóricas que se chocam contra estas estruturas (Bullock e

Moy 2004), a matinha não apresentou maior abundância e riqueza de

sementes anemocóricas apesar de apresentar maior cobertura de mancha

e maior abundância de indivíduos, em relação a núcleos e arbustos

isolados de G. opposita. Ou seja, a proximidade entre as configurações

arbustivas – G. opposita e núcleos – e as espécies anemocóricas no

campo de dunas, foi responsável por este padrão. A análise de SIMPER

reforça essa idéia, mostrando a influência de Androtrichum trigynum e

Vriesea friburgensis na dissimilaridade observada entre os núcleos

arbustivos e os demais tratamentos. Ambas são espécies que produzem

propágulos anemocóricos (Reitz 1983) e ocorrem preferencialmente no

campo de dunas do PMDLC (Guimarães 2006).

Através da análise de PCoA, percebe-se que a composição de

espécies é mais similar entre os tratamentos arbustivos e entre as

amostras em matinha. Além disso, observou-se alta quantidade de

espécies exclusivamente encontradas na chuva de sementes da matinha

(n=12), alta quantidade de espécies compartilhadas entre núcleos e sítios

sob G. opposita (n=9) e baixa quantidade de espécies compartilhadas

entre a matinha e Guapira opposita (n=3). Conclui-se, portanto, (1) que

os sítios sob G. opposita tendem a receber propágulos de espécies

zoocóricas que estão presentes em núcleos e de outros arbustos isolados,

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48

assim como (2) os núcleos tendem a receber propágulos de espécies

presentes em outros núcleos vizinhos e de arbustos isolados e que (3) a

matinha tende a concentrar propágulos de espécies ali presentes.

A avifauna potencialmente dispersora de sementes em restinga é

constituída de espécies generalistas quanto à dieta e hábitat (Argel-de-

Oliveira 1999, Scherer et al. 2007, Gomes et al. 2008, Castiglioni et al. 1995), ocorrem em diversas fisionomias vegetais do mosaico (Argel-de-

Oliveira 1999) e não necessitam de áreas contínuas como matinhas,

ocorrendo inclusive espécies de campo aberto (Naka e Rodrigues 2000).

As espécies apontadas como potenciais dispersores de sementes em

ecossistema de restinga, como Celeus flavescens, Dacnis cayana,

Elaenia flavogaster, Euphonia violacea, Mimus saturninus, Pitangus

sulphuratus, Ramphocelus bresilius, Thraupis sayaca, Turdus

amaurochalinus, Turdus rufiventris, Tyrannus savana, Tyrannus melancholicus, Zonotrichia capensis e Tachyphonus coronatus

(Castiglioni et al. 1995, Argel-de-Oliveira 1999, Scherer et al. 2007,

Gomes et al. 2008), ocorrem nas restingas de Florianópolis e no

PMDLC (Naka e Rodrigues 2002, obs. pessoal). Essas características da

avifauna podem ter influenciado a similaridade na riqueza e abundância

de propágulos (totais e alóctones) e na composição entre os sítios

arbustivos e entre os sítios em matinha. Sugere-se, ainda, que há um

grupo de aves menos generalista no PMDLC e que esteja mais restrito à

matinha, devido à diferença na composição encontrada entre fisionomia

arbustiva e arbórea.

Portanto, diferentemente do encontrado por Argel-de-Oliveira

(1999), a principal área-fonte de propágulos zoocóricos para as manchas

arbustivas no campo de dunas não são as matinhas localizadas em

cordões arenosos no seu entorno e sim as configurações arbustivas

circunvizinhas. No entanto, apesar aparentemente de pouco frequentes,

estes eventos de intercâmbio entre matinhas e formações arbustivas em

área aberta de fato ocorrem. Registrou-se sementes de espécies não

encontradas como adultos nos sítios arbustivos e que foram encontradas

tanto em propágulo como adulto em matinhas: Pera glabrata (em

núcleos arbustivos) e Myrcia rostrata (sob G. opposita). Além disso,

foram encontrados indivíduos de Clusia criuva reprodutivos somente na

matinha, enquanto que seus propágulos foram registrados na chuva de

sementes nas configurações arbustivas.

As manchas arbustivas podem representar stepping stones no

deslocamento da avifauna potencialmente dispersora em campo de

dunas no PMDLC, considerando que moitas arbustivas são utilizadas

como local de empoleiramento e/ou fonte de alimento para fauna - aves

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e morcegos - em restinga (Liebig et al. 2001, Dias et al. 2005, Dias e

Scarano 2007) e que já registrou-se maior atividade de aves frugívoras

em manchas arbustivas em área aberta (Argel-de-Oliveira 1999). A

distribuição das abundâncias de propágulos de G. brasiliensis parece

refletir da utilização pela fauna dos diferentes tipos vegetacionais

avaliados, reforçando essa argumento. Os frutos desta espécies são de

tamanho acessível a muitas das espécies consumidoras de frutos com

registro para as restingas da ilha de Santa Catarina (Naka e Rodrigues

2002) e seus propágulos foram os mais abundantemente registrados

durante o período de coleta.

Além disso, efeitos positivos sobre a remoção de frutos foram

associados à presença em maior densidade de espécies lenhosas no

entorno de manchas em ecossistemas onde a vegetação se distribui de

maneira heterogênea (Sargent 1990, Carlo 2005, Carlo e Morales 2008).

Evidências encontradas em campos de cultivo abandonados, onde

espécies lenhosas em meio à vegetação herbácea são consideradas

espécies-chave (Slocum e Horvitz 2000, Slocum 2001, Manning et al.

2006), também dão suporte à esta abordagem. A distribuição das

manchas arbustivas no PMDLC, portanto, pode também ter influenciado

a similaridade em riqueza e abundância de sementes zoocóricas, além da

oferta de frutos carnosos.

Devido somente à queda natural de frutos zoocóricos, era

esperado que a abundância fosse mais alta onde há mais indivíduos

produtores de propágulos desta natureza – núcleos e matinha. Apesar de

representarem apenas um indivíduo arbustivo isolado, a abundância e a

riqueza de propágulos capturados sob as copas de G. opposita foi similar

à que ocorreu em núcleos arbustivos e na matinha – tanto para o total,

quanto para os alóctones. Fica evidente, portanto, a atuação da fauna

dispersora de sementes.

Guapira opposita produz frutos carnosos, procurados e dispersos

primariamente por aves em restinga (Passos e Oliveira 2004, Scherer et

al. 2007), inclusive sendo observado aumento da velocidade e do

sucesso de germinação de suas sementes quando ingeridas por

Ramphocelus bresilius (Castiglioni et al. 1995). É possível, portanto,

que estes organismos estejam utilizando de maneira similar arbustos

isolados e manchas arbustivas no campo de dunas do PMDLC, gerando

os padrões observados de riqueza e abundância de sementes zoocóricas

de origem alóctone. Dois fatores podem ter contribuído neste resultado:

a oferta de frutos carnosos pelos arbustos e a distribuição da vegetação

no campo de dunas.

Os resultados encontrados evidenciam o potencial de nucleação

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por Guapira opposita na condição ora avaliada. Isto é, arbustos isolados

de G. opposita em meio à vegetação herbácea-subarbustiva no PMDLC,

concentram sementes zoocóricas de espécies presentes em outras

manchas arbustivas e arbóreas do entorno como, por exemplo, Clusia

criuva, Alchornea triplinervia, Gaylussacea brasiliensis, Ilex dumosa e

Ocotea pulchella.

É possível que estes indivíduos estejam também facilitando a

colonização sob suas copas. Beduschi e Castellani (2008) verificaram

associação espacial entre Clusia criuva e G. opposita no PMDLC. Estas

autoras sugerem que Clusia criuva esteja sendo dispersa das matinhas

localizadas em dunas adjacentes (fisionomia onde foi a espécie mais

importante na diferenciação das manchas arbóreas, no presente estudo)

e, recentemente, se estabelecendo em campo de dunas no PMDLC:

fisionomia onde sua abundância de sementes foi baixa nos sítios

arbustivos avaliados e onde aparenta ser uma espécie pouco frequente

(Guimarães 2006). Este processo provavelmente se deve à avifauna,

dispersores primários de C. criuva em restinga (Passos e Oliveira 2002,

Dias e Scarano 2007). A presença de sementes de C. criuva sob as copas

de G. opposita aliada aos resultados encontrados por Beduschi e

Castellani (2008), sugerem que a colonização de C. criuva em campo de

dunas esteja sendo facilitada por G. opposita. Este padrão de formação de moitas mediada por espécies vegetais

focais e pela fauna, já foi descrito para C. hilariana em restinga (Dias e

Scarano 2007), para Juniperus virginiana em sistema de dunas no

Canadá (Yarranton e Morrison 1974), em dunas nos Estados Unidos da

América (Franks 2003), para Cecropia spp. e Ficus sp. em campos de

cultivo abandonados (Slocum 2001) e até mesmo em desertos

(Silvertown e Wilson 1994).

Para a fase inicial de recrutamento de novos indivíduos na

comunidade (dispersão), os resultados encontrados suportam a idéia

lançada por Yarranton Morrison (1974) - e confirmada para restingas

por Zaluar e Scarano (2000) - que mostram a importância da sucessão da

vegetação via nucleação. Este processo é atribuído a (1) espécies

lenhosas produtoras de frutos zoocóricos que ocorrem isoladamente e

em núcleos arbustivos em meio à vegetação herbácea e (2) à fauna

frugívora que deposita sementes de outras espécies nestes sítios, no

Parque Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição.

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5 CONCLUSÕES

A chuva de sementes difere quanto à síndrome de dispersão

anemocórica, apresentando maior riqueza e abundância nos sítios sob

Guapira opposita e núcleos arbustivos em campo de dunas do que em

matinhas em cordões arenosos.

A composição da chuva de sementes é mais semelhante entre os

sítios sob Guapira opposita e núcleos arbustivos e entre os sítios em

matinha, devido tanto à influência de espécies anemocóricas quanto

zoocóricas.

Não foram encontradas evidências suficientes de que a matinha

seja a principal área-fonte de propágulos zoocóricos encontrados nas

manchas arbustivas. Há evidências de que as fontes de propágulos

zoocóricos encontrados sob G. opposita sejam os núcleos arbustivos.

Guapira opposita é uma espécie importante na dinâmica da

vegetação no campo de dunas do PMDLC, pois concentra propágulos

zoocóricos de outras espécies. Esta espécie pode estar atuando, portanto,

como facilitadora da sucessão no PMDLC.

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