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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Vanessa Miranda AVALIAÇÃO DA FENOLOGIA E MATURAÇÃO DE VARIEDADES DE VIDEIRA POTENCIAIS PARA OS VALES DA UVA GOETHE Florianópolis 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO … · de campo e peripécias sem fim. À panelinha, pela amizade, por serem os melhores. A todos os grandes professores do curso de

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Vanessa Miranda

AVALIAÇÃO DA FENOLOGIA E MATURAÇÃO DE VARIEDADES DE

VIDEIRA POTENCIAIS PARA OS VALES DA UVA GOETHE

Florianópolis

2017

Vanessa Miranda

AVALIAÇÃO DA FENOLOGIA E MATURAÇÃO DE VARIEDADES DE

VIDEIRA POTENCIAIS PARA OS VALES DA UVA GOETHE

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Graduação em

Ciências Biológicas da Universidade

Federal de Santa Catarina, como requisito

para a obtenção do grau de Bacharel em

Ciências Biológicas.

Orientador

Prof. Dr. Aparecido Lima da Silva

Coorientador

Me. Tiago Camponogara Tomazetti

Florianópolis

2017

Vanessa Miranda

AVALIAÇÃO DA FENOLOGIA E MATURAÇÃO DE VARIEDADES DE

VIDEIRA POTENCIAIS PARA OS VALES DA UVA GOETHE

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do Grau de

Bacharel em Ciências Biológicas e aprovado em sua forma final pelo Curso de Ciências

Biológicas.

Florianópolis, 4 de julho de 2017.

Prof. Dr. Carlos Roberto Zanetti

Coordenador do Curso de Ciências Biológicas

Banca Examinadora:

Me. Tiago Camponogara Tomazetti

Presidente

Prof. Dr. José Afonso Voltolini

Membro Titular

Dr. Marcelo Borghezan

Membro Titular

Este trabalho é dedicado às minhas avós,

Eulália e Dalmira (in memoriam), que me

ensinaram o amanho da terra em seus jardins.

AGRADECIMENTOS

À minha família, por permitir que eu chegasse até esse momento.

Ao professor Aparecido Lima da Silva, por aceitar me orientar e por sempre dizer “tudo

vai dar certo” mesmo nas horas de dificuldade. Por todas as conversas, ensinamentos e

pela amizade sincera.

Ao meu coorientador Tiago Camponogara Tomazetti, que esteve ao meu lado em todas

as partes desse trabalho, ensinando e ajudando. Pelas viagens até Urussanga e todo o

serviço de campo. Pela paciência durante os experimentos no laboratório e redação de

trabalhos.

À Márcia Denise Rossarolla, por ter me aconselhado em alguns momentos de desânimo

e pelo auxílio durante os experimentos.

À Angela Costa, por ter sido de extrema ajuda no último dia de análises.

A todos do NEUVIN que de alguma forma me auxiliaram durante esse trabalho, pelas

risadas, viagens e aprendizados.

À Estação Experimental da Epagri de Urussanga, em especial ao técnico Olívio que foi

fundamental na realização dessa pesquisa.

Ao meu parceiro Matheus Henrique Stofela Sarolli, por ter estado ao meu lado durante

todo este percurso. Pelo acalento nos momentos difíceis. Pelas risadas sem fim. Pela

companhia, pelas conversas, pelas aventuras e pelo amor.

Aos meus colegas do curso de Ciências Biológicas, pela parceria nos seminários, saídas

de campo e peripécias sem fim. À panelinha, pela amizade, por serem os melhores.

A todos os grandes professores do curso de Ciências Biológicas, por todo o conhecimento

passado com paciência e maestria.

Obrigada.

“Il y a plus de philosophie dans une

bouteille de vin que dans tous les livres. ”

(Louis Pasteur)

RESUMO

A vitivinicultura nos “Vales da Uva Goethe” se inicia com a imigração italiana no

final do século XIX. A região, nessa época, produzia vinhos para consumo local e que

seriam também levados para grandes cidades brasileiras. Atualmente a viticultura avança

na região, mesmo com o gargalo do míldio, doença responsável por prejuízos

significativos na produção vitícola do Brasil e do mundo. Visando coibir essas perdas,

alguns programas de melhoramento genético da videira buscam gerar genótipos com

resistência ao míldio, oídio e outras doenças. Para a consolidação de novas variedades

resistentes, estudos devem ser realizados para observar sua adaptação em diferentes

regiões e climas. Neste contexto, o objetivo com este trabalho foi avaliar aspectos

produtivos e fenológicos de 11 genótipos de videira resistentes ao míldio e oídio na região

de Urussanga, SC, durante o ciclo 2016/2017. O estudo foi efetuado na Estação

Experimental da Epagri de Urussanga (altitude 49 m). Durante todo o ciclo foi realizado

o monitoramento das variáveis climáticas de temperatura do ar, radiação solar global,

precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar. Foram calculados os índices

bioclimáticos de Winkler e Huglin, além do requerimento térmico. O número de nós por

sarmento foi contado quinzenalmente, gerando o plastocrono para 5 genótipos

selecionados. Os estágios de brotação, floração, véraison e maturação foram

determinados durante o ciclo semanalmente. Durante a maturação das uvas foi observada

a evolução dos sólidos solúveis totais, pH, acidez total titulável, antocianinas e polifenóis

totais. A região de Urussanga foi classificada como “Região V” pelo Índice de Winkler e

“Região muito quente” pelo Índice de Huglin. O genótipo GF-6 apresentou brotação mais

precoce e ciclo mais longo, totalizando 121 dias e acumulando 1190 °C dia. “Helios”

apresentou o ciclo mais curto, totalizando 106 dias e acumulando 1080,7 °C dia. A

variedade Baron apresentou o maior requerimento térmico, acumulando 1198,9 °C dia.

Os valores de plastocrono ficaram entre 39,5 °C dia nó-1 para ‘Regent’ e 73,5 °C dia nó-1

para ‘Bronner’. O número total de folhas por planta variou entre 115 folhas para ‘Regent'

e 230,6 folhas para o genótipo GF-6. Fatores climáticos apresentaram forte influência

sobre a maturação das uvas, reduzindo a concentração de sólidos solúveis totais e

compostos fenólicos. Considerando estes resultados, a região apresenta potencial para a

produção de vinhos jovens, que não exijam grande período de envelhecimento.

Palavras-chave: viticultura, resistência a patógenos, adaptação de variedades, fenologia,

plastocrono, maturação.

ABSTRACT

The viticulture in the “Vales da Uva Goethe” begins with the Italian immigration

by the end of the 19th century. This region, at the time, produced wine for local

consumption and also for big Brazilian cities. Nowadays the viticulture spreads

throughout the region, even with the harm brought by downy mildew, a disease

responsible for a significant damage inflicted upon the winegrowing in Brazil and across

the globe. In order to cover these losses, some grapevine genetic improvement programs

objective the generation of genotypes resistant to downy and powdery mildew as well as

other diseases. For the consolidation of new resistant varieties, studies must be conducted

to observe their adaptive capability in different regions and climates. In this context, the

goal of this work was to evaluate the productive and phenological aspects of 11 grapevine

genotypes resistant to downy and powdery mildew in the city of Urussanga, SC, on the

2016/2017 cycle. The research took place at Epagri’s Experimental Station in Urussanga

(49 mamsl). During the whole cycle, there was a monitoring of climatic variables, such

as air temperature, global solar radiation, rainfall and relative humidity. Winkler’s and

Huglin’s bioclimatic indexes were calculated, in addition to the thermal requirement. The

number of nodes per cane was counted once every two weeks providing the plastochron

index for 5 selected genotypes. The bud break, flowering, véraison and harvest stages

were determined during the vegetative cycle on a weekly basis. During the maturation,

the evolution of the total soluble solids, pH, titratable acidity, total anthocyanins and

polyphenols were observed. The Urussanga was classified as "Region V" by Winkler's

index and "Very warm region" by Huglin's index. The GF-6 genotype had the earliest bud

break and the longest cycle, totaling 121 days and accumulating 1190 °C day. "Helios"

showed the shortest cycle, with a total of 106 days and accumulating 1080,7 °C day. The

Baron variety showed the highest thermal requirement, accumulating 1198,9 °C day. The

plastochron index were between 39,5 °C day per node for ‘Regent’ and 73,5 °C day per

node for ‘Bronner’. The total number of leaves per plant varied between 115 leaves for

‘Regent' and 230,6 leaves for the GF-6 genotype. Climatic factors had a strong influence

on the maturation of the grapes, reducing the concentration of total soluble solids and

phenolic compounds. Considering these results, the region presentes good potential for

the production of young wines, wich does not require aging time.

Keywords: viticulture, resistance to pathogens, varieties adaptation, phenology,

plastochron index, maturation.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Localização de Urussanga no estado de Santa Catarina .................................. 4

Figura 2. Genealogia da variedade Bronner .................................................................... 6

Figura 3. Genealogia da variedade Baron ....................................................................... 7

Figura 4. Genealogia da variedade Regent ...................................................................... 8

Figura 5. Genealogia da variedade Calandro ................................................................... 8

Figura 6. Genealogia da variedade Helios ....................................................................... 9

Figura 7. Genealogia da variedade Prior ........................................................................ 10

Figura 8. Genealogia da variedade Felicia ..................................................................... 10

Figura 9. Genealogia da variedade Aromera .................................................................. 11

Figura 10. Cachos das variedades Baron (A), Calandro (B), Prior (C), Regent (D),

Aromera (E), Bronner (F), Felicia (G) e Helios (H) ....................................................... 12

Figura 11. Diagrama mostrando o aumento de volume do fruto a partir da antese ....... 15

Figura 12. Estágio de ponta verde (A), inflorescências surgindo junto às folhas (B), queda

da caliptra (C), floração plena (D), crescimento dos frutos (E), véraison (F) e maturação

(G) .................................................................................................................................. 16

Figura 13. Somatório da precipitação pluviométrica mensal (mm) e médias mensais da

umidade relativa do ar (%), na região de Urussanga – SC, ciclo 2016/2017 .................. 24

Figura 14. Valores médios por hora da radiação solar global (W m-2) durante o período

de maturação dos genótipos no município de Urussanga-SC, Brasil, ciclo 2016/2017

........................................................................................................................... 25

Figura 15. Duração (dias) de cada estágio fenológico para cada genótipo, na região de

Urussanga, SC, ciclo 2016/2017 ............................................................................ 29

Figura 16. Requerimento térmico (°C dia) através do Método 3.3 para cada genótipo, em

cada estágio fenológico, na região de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017 ...................... 29

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Temperaturas médias, mínimas e máximas do ar (°C), amplitude térmica média

(°C), precipitação (mm) e umidade relativa do ar (%) de cada variedade (B – Brotação, F

– Floração, V – Véraison, M – Maturação), em cada estágio fenológico, na região de

Urussanga, SC, ciclo 2016/2017 ............................................................................ 23

Tabela 2. Requerimento térmico (°C dia) através do Índice de Winkler para cada

variedade, em cada estágio fenológico, na região de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017 .. 26

Tabela 3. Requerimento térmico (°C dia) através do Índice de Huglin para cada genótipo,

em cada estágio fenológico, na região de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017 ................. 27

Tabela 4. Data de ocorrências dos estágios fenológicos dos genótipos estudados na região

de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017 ........................................................................ 28

Tabela 5. Requerimento térmico (°C dia) através do Método 3.3 para cada genótipo, em

cada estágio fenológico, na região de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017 ...................... 28

Tabela 6. Plastocrono (°C dia nó-1), coeficiente de determinação (R2), número de

sarmentos por planta e número de nós por sarmento dos genótipos selecionados, região

de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017......................................................................... 30

Tabela 7. Valores de SST, pH e ATT de cada genótipo, durante o período de maturação,

na região de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017 .......................................................... 32

Tabela 8. Valores de PT de cada genótipo e AMT das variedades tintas, durante o período

de maturação, na região de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017 ..................................... 38

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

= Absortividade Molar

°Brix = Grau Brix

AT = Absorbância Total

ATT = Acidez Total Titulável

CIRAM = Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de

Santa Catarina

DF = Fator de Diluição

Epagri = Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina

h = Hora

HCl = Ácido Clorídrico

km = Quilômetro

m = Metro

M = Molar

meq = Miliequivalente

mL = Mililitro

mm = Milímetro

N = Normal

NaOH = Hidróxido de Sódio

nm = Nanômetro

O = Oeste

ºC = Grau Celsius

PM = Peso Molecular

PT = Polifenóis Totais

r = Coeficiente de Correlação

R² = Coeficiente de Determinação

S = Sul

SC = Santa Catarina

SST = Sólidos Solúveis Totais

STd = Soma Térmica Diárias

Tb = Temperatura de Base Inferior

TB = Temperatura de Base Superior

Tmax = Temperatura Máxima

Tmean = Tméd = Temperatura Média

Tmin = Temperatura Mínima

Tot = Temperatura Ótima

UFSC = Universidade Federal de Santa Catarina

W = Watt Σ = Somatório

SUMÁRIO

1. Introdução ................................................................................................................ 1

2. Objetivos .................................................................................................................. 3

2.1. Objetivo Geral ......................................................................................................... 3

2.2. Objetivos Específicos .............................................................................................. 3

3. Revisão Bibliográfica .............................................................................................. 4

3.1. Características geográficas e histórico vitivinícola da região de Urussanga ........... 4

3.2. Variedades de videiras resistentes ........................................................................... 5

3.2.1. Variedade Bronner .............................................................................................. 5

3.2.2. Variedade Baron ................................................................................................. 6

3.2.3. Variedade Regent ............................................................................................... 7

3.2.4. Variedade Calandro ............................................................................................ 8

3.2.5. Variedade Helios ................................................................................................ 9

3.2.6. Variedade Prior ................................................................................................... 9

3.2.7. Variedade Felicia .............................................................................................. 10

3.2.8. Variedade Aromera ........................................................................................... 11

3.3. Caracterização fenológica ...................................................................................... 12

3.3.1. Índices Bioclimáticos e Requerimento Térmico ............................................... 16

4. Material e Métodos ................................................................................................ 19

5. Resultados e Discussão .......................................................................................... 22

5.1. Variáveis Climáticas .............................................................................................. 22

5.1.1. Temperatura do Ar e Amplitude Térmica ......................................................... 22

5.1.2. Precipitação Pluviométrica e Umidade Relativa .............................................. 24

5.1.3. Radiação Solar .................................................................................................. 24

5.2. Índices Bioclimáticos ............................................................................................ 25

5.3. Caracterização Fenológica e Requerimento Térmico ............................................ 27

5.3.1. Plastocrono ....................................................................................................... 30

5.4. Avaliação da Maturação ....................................................................................... 30

5.4.1. Sólidos Solúveis Totais ................................................................................... 30

5.4.2. pH .................................................................................................................... 31

5.4.3. Acidez Total Titulável ..................................................................................... 31

5.4.4. Antocianinas Monoméricas Totais .................................................................. 32

5.4.5. Polifenóis Totais .............................................................................................. 32

6. Conclusões ................................................................................................................ 34

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 35

ANEXOS ........................................................................................................... 41

1

1. Introdução

A videira é uma planta trepadeira com gavinhas, caule lenhoso e porte arbustivo.

Suas folhas são alternas, pecioladas, cordiformes, com cinco lóbulos sinuados dentados,

glabras na parte superior e tomentosas na parte inferior. As flores são pequenas e de cor

branco esverdeado, dispostas em racimos (POMMER, 2003). O cacho é composto por

uma parte lenhosa e pelas bagas. O formato, cor e consistência das bagas variam de acordo

com a cultivar (AMARANTE, 2015).

O gênero Vitis, ao qual pertence a videira, está inserido na família Vitaceae, que

possui 910 espécies dispostas em 14 gêneros (CHRISTENHUSZ; BYNG, 2016).

Majoritariamente composta por trepadeiras, a família Vitaceae apresenta distribuição

cosmopolita, tendo como principais centros de diversidade as Américas, a África e o

sudeste asiático (STEVENS, 2017).

A uva é considerada um dos frutos de domesticação mais antiga que se tem

conhecimento, devido ao registro de muitas civilizações (SOUSA, 1996), tendo surgido

no início do período Terciário, provavelmente na Groenlândia (ALVARENGA et al.,

1998). A videira foi inicialmente cultivada há cerca de 11.000 anos, na área conhecida

como Crescente Fértil do Mediterrâneo Oriental, onde hoje se localizam os países do

Líbano, Síria, Turquia, Irã, Jordânia, Iraque e Israel (RAVEN; EVERT; EICHHORN,

2014).

Com o início das Grandes Navegações, a viticultura que antes se concentrava na

Europa se espalhou para os demais continentes. No Brasil, as primeiras plantas foram

introduzidas no Sudeste por Martim Afonso de Souza, em 1532. Porém, o cultivo só

obteve sucesso quando os jesuítas a levaram para o sul, onde as características climáticas

eram mais adequadas para o desenvolvimento da videira (DALL'AGNOL, 2007).

O estado de Santa Catarina produziu 34.116 toneladas de uvas em 2016

(CARVALHO et al., 2016). Em extensão de área colhida, é classificado em 4º lugar entre

os estados brasileiros, com 4.700 hectares colhidos em 2016 (EPAGRI, 2016).

A vitivinicultura no sul catarinense, principalmente na região de Urussanga, se

confunde com a história da imigração italiana no final do século XIX. Colonizada a partir

de 1877, a região produzia vinhos para consumo local e que seriam também levados para

grandes cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e São Paulo (VALES DA UVA

GOETHE, 2013).

2

O avanço da viticultura na região, enfrenta como importante gargalo as condições

de exposição ao oomiceto Plasmopara viticola, responsável por prejuízos significativos

na vitivinicultura do sul do Brasil, bem como nas demais áreas vitícolas do mundo

(CZERMAINSKI; SÔNEGO, 2004). Este patógeno pode causar perdas de até 100% da

produção se as condições climáticas estiverem favoráveis ao seu desenvolvimento:

temperatura entre 20 e 25 ºC e a umidade relativa do ar elevada, que pode ocasionar a

presença de água livre na superfície dos tecidos vegetais.

Além de afetar toda a parte vegetativa da videira, o P. viticola também age sobre

as inflorescências e frutos. Os primeiros sintomas são o aparecimento de manchas

amareladas e translúcidas (manchas de óleo) na face adaxial das folhas, podendo ocorrer

esporulação de cor branca na face inferior, seguida de necrose do tecido foliar e possível

desfolha precoce da planta (NAVES et al., 2005).

Outra doença que traz grandes problemas para a vitivinicultura é o oídio, causado

pelo fungo Uncinula necator. Ao contrário do míldio, o oídio requer umidade relativa do

ar baixa para o seu perfeito desenvolvimento; entretanto, é necessária temperatura

elevada, entre 20 e 27 ºC. O fungo ataca todos os órgãos da videira, exibindo manchas

difusas e esporulação branca característica. As folhas infectadas apresentam queda na

taxa fotossintética e frequentemente sofrem senescência prematura seguida de abscisão.

Outros sintomas da doença incluem flores e frutos secos que caem e/ou rachaduras nas

bagas (NAVES et al., 2005; JONES et al., 2014).

O míldio e o oídio, como outras doenças e pragas, foram levados da América do

Norte para a Europa durante o século XIX. Desde então, há um grande esforço na criação

de variedades resistentes a essas doenças. Espécies fontes de resistência têm sido

extensamente investigadas para utilização em programas de melhoramento, visando

introduzir, via retrocruzamentos, genes de resistência a estas doenças em variedades

europeias (Vitis vinifera); os exemplares mais promissores para esse objetivo são as

videiras nativas americanas e asiáticas (STAUDT; KASSEMEYER, 1995).

Além do controle de patógenos, para uma boa produtividade é fundamental que

sejam feitos estudos sobre o comportamento da cultura em relação aos fatores ambientais,

sendo este estudo chamado de fenologia. O conhecimento da fenologia de uma planta

possibilita a redução de tratamentos fitossanitários, melhoria na qualidade dos frutos e

economia de insumos (MURAKAMI et al., 2002).

As análises fenológicas, na vitivinicultura, buscam caracterizar a duração das

diferentes fases de desenvolvimento da planta e sua relação com o clima. Este

3

conhecimento desempenha um papel importante pois, por meio dele, é possível

interpretar o potencial climático de uma região e demonstrar o efeito das variações

estacionais sobre o genótipo (TERRA; PIRES; NOGUEIRA, 1998).

O processo de caracterização fenológica é especialmente necessário em

variedades introduzidas. Se forem utilizados índices bioclimáticos analisados

externamente ao local de plantio e produção, os resultados gerados podem não

corresponder às expectativas do produtor (MANDELLI, 1984).

2. Objetivos

2.1. Objetivo Geral

Avaliar aspectos fenológicos de genótipos de videira resistentes ao míldio e oídio,

cultivados na Estação Experimental da Epagri, no município de Urussanga, SC.

2.2.Objetivos Específicos

• Acompanhar as variáveis climáticas durante a safra 2016/2017 na Estação

Experimental de Urussanga;

• Acompanhar a fenologia e o requerimento térmico de 11 genótipos resistentes ao

míldio e oídio;

• Caracterizar o plastocrono de 5 desses genótipos;

• Avaliar as curvas de maturação tecnológica e fenólica.

4

3. Revisão Bibliográfica

3.1. Características geográficas e histórico vitivinícola da região de Urussanga

O município de Urussanga localiza-se na região Sul do estado de Santa Catarina,

na latitude 28° 31' 04'' S, longitude 49° 19' 15'' O e altitude de 49 m (Figura 1). Segundo

a metodologia de Köppen, o clima do município é classificado como Cfa - subtropical

úmido, sem estação seca e com verão quente. A temperatura média anual é de 19,2 ºC, a

precipitação média anual é de 1.540 mm e a umidade relativa do ar média é de 81,5%.

O solo da região apresenta frações de podzólico vermelho-amarelo álico e

cambissolo álico, com textura média à argilosa, podendo ser cascalhenta ou pedregosa

(POTTER, 2004).

Figura 1. Localização de Urussanga no estado de Santa Catarina.

Fonte: Raphael Lorenzeto de Abreu.

Santa Catarina tem a vitivinicultura presente em três regiões principais, divididas

de acordo com suas características e tradição de produção: região Tradicional, região

Nova e região Super Nova. A região Super Nova, ou de altitude, compreende as cidades

produtoras do planalto serrano. A região Nova é composta pelos municípios de Nova

5

Trento e Rodeio, além de cidades da região Oeste. Por fim, a região Tradicional abrange

duas áreas distintas dentro do estado: o Vale do Rio do Peixe e a região Carbonífera, no

Sul, composta pelos municípios de Urussanga, Pedras Grandes, Braço do Norte, Nova

Veneza e Morro da Fumaça (ROSIER, 2005). O nome “Carbonífera” se deve a extração

de carvão mineral, que é a principal atividade econômica da região há décadas.

O Núcleo Colonial de Urussanga foi fundado em 26 de maio de 1878 pelo

engenheiro Joaquim Vieira Ferreira, data em que ocorreu a chegada dos primeiros

colonizadores, em sua maioria oriundos da Comune de Longarone, província de Belluno,

na região de Vêneto, norte da Itália (BALDIN, 1999).

A região Carbonífera possui colonização predominantemente italiana. Os

imigrantes, tendo uma cultura intimamente relacionada ao vinho e a videira, trouxeram

consigo mudas de Vitis vinifera para cultivo na nova terra. O vinho produzido apresentava

baixa qualidade, pois a videira europeia não se adaptava às características climáticas

locais. A solução para manter a bebida na dieta tradicional foi o plantio de variedades

americanas, em sua maioria pertencentes à espécie V. labrusca, bem como variedades

híbridas, obtidas no cruzamento entre videiras europeias e americanas, que melhor

resistiam às doenças e pragas facilitadas pelo clima quente e úmido da região

(MARZANO, 1985).

Dessas novas variedades introduzidas, a ‘Goethe', uma variedade híbrida

americana, se tornou a uva típica da região: apresentou boa adaptação às características

climáticas e ao solo, além de produzir um vinho que agradava a população. Em 2011, o

vinho de Goethe da região de Urussanga recebeu o registro IP, tornando-se a primeira

Indicação Geográfica do estado de Santa Catarina, consolidando a identidade dos “Vales

da Uva Goethe” (PROGOETHE, 2012).

3.2. Variedades de Videira Resistentes

3.2.1. Variedade Bronner

A uva ‘Bronner’ é uma variedade branca híbrida (Figura 10), desenvolvida em

1975 por Norbert Becker, no Instituto Nacional de Viticultura em Freiburg, Alemanha.

No cruzamento foram utilizadas a variedade Merzling e o genótipo GM 6494 (JKI, 2017).

A variedade recebeu esse nome em homenagem ao farmacêutico e pioneiro

viticultor alemão, Johann Philipp Bronner (1792-1864) (WEIN-PLUS, 2016), e apresenta

6

boa resistência ao míldio e ao Botrytis, além de alta resistência ao oídio, exigindo menor

número de tratamentos com fungicidas em condições normais de produção. Essa

resistência se deve a presença de videiras selvagens americanas e asiáticas em sua

genealogia (Figura 2), como Vitis rupestris, V. lincecumii, e V. amurensis

(BEURSKENS; CRONE; HOUBEN, 2014).

A variedade ainda não é amplamente conhecida na vitivinicultura mundial por ser

consideravelmente nova, porém, é cultivada em vinhedos na Alemanha, Holanda e Itália.

Seu vinho apresenta forte acidez e aroma frutado, lembrando os vinhos de ‘Pinot Blanc’

e ‘Pinot Gris’ (SIBBUS, 2011).

A videira ‘Bronner’ foi utilizada como parental nos cruzamentos que deram

origem às variedades ‘Baron’, ‘Cabernet Carbon’ e ‘Souvignier Gris’ (todas ‘Cabernet

Sauvignon’ x ‘Bronner’) e ‘Divico’ (‘Gamaret’ x ‘Bronner’) (JKI, 2017).

Figura 2. Genealogia da variedade Bronner.

Fonte: Vanessa Miranda, adaptado de JKI (2017).

3.2.2. Variedade Baron

A uva ‘Baron’ é uma variedade tinta híbrida (Figura 10), criada em 1983 por

Norbert Becker, no Instituto Nacional de Viticultura em Freiburg, Alemanha. O

cruzamento teve como parentais as variedades Cabernet Sauvignon e Bronner (JKI,

2017).

A variedade apresenta alta resistência ao míldio e boa resistência ao oídio, devido

a sua genealogia híbrida advinda da parental ‘Bronner’ (Figura 3). O vinho de ‘Baron’

apresenta coloração tinta intensa, com alta concentração de compostos fenólicos, aroma

frutado e de especiarias (WINE PLANT, 2016).

7

Figura 3. Genealogia da variedade Baron.

Fonte: Vanessa Miranda, adaptado de JKI (2017).

3.2.3. Variedade Regent

A uva ‘Regent’ é uma variedade tinta (Figura 10), sendo um híbrido complexo

desenvolvido em 1967 por Gerhardt Alleweldt, no Instituto Julius-Kühn, Alemanha. No

cruzamento foram utilizadas as variedades Diana e Chambourcin (JKI, 2017). A

variedade foi nomeada como ‘Regent’ em alusão ao diamante “Le Régent”, um diamante

azulado de 140,64 quilates encontrado na Índia em 1698, atualmente parte do Tesouro

Real da França (PRITCHARD, 2016).

Existem amplas áreas de cultivo na Europa, principalmente na Alemanha (sendo

a 12ª variedade mais cultivada), Suíça, Polônia, Reino Unido e Bélgica, além do norte

dos Estados Unidos. O vinho de ‘Regent’ apresenta alta qualidade, sendo um vinho

encorpado de cor tinta intensa e acidez moderada, taninos presentes e aromas de cereja,

groselha e cassis (ROBINSON; HARDING; VOUILLAMOZ, 2012).

A videira ‘Regent’ apresenta brotação precoce e adaptação às regiões de frio

intenso, possui média resistência ao Botrytis e alta resistência ao oídio e ao míldio,

podendo reduzir em até 80% os tratamentos com fungicidas. Considerada como a uva

tinta de maior resistência à patógenos, a ‘Regent’ possui genealogia (Figura 4) com

múltiplos cruzamentos com videiras selvagens americanas, como Vitis rupestris, V.

riparia, V. lincecumii, V. aestivalis, V. cinerea, V. berlandieri e V. labrusca (EIBACH;

TÖPFER, 2003).

Esta variedade foi utilizada como parental nos cruzamentos que originaram

‘Calandro’ (‘Domina’ x ‘Regent’), ‘Julius’ (‘Regent’ x ‘Kozma 20-3’) e ‘Reberger’

(‘Regent’ x ‘Blaufraenkisch’) (JKI, 2017).

8

Figura 4. Genealogia da variedade Regent.

Fonte: Vanessa Miranda, adaptado de JKI (2017).

3.2.4. Variedade Calandro

A uva ‘Calandro’ é uma variedade tinta híbrida (Figura 10), desenvolvida em

1984 por Rudolf Eibach e Reinhard Töpfer, no Instituto Julius-Kühn, Alemanha. O

cruzamento que originou ‘Calandro’ utilizou as variedades Domina e Regent como

parentais (JKI, 2017).

A variedade é altamente resistente ao míldio, ao oídio e ao Botrytys; sua

resistência se deve a forte genealogia americana da parental ‘Regent’ (Figura 5). Apesar

de não ser amplamente conhecida, a ‘Calandro’ é cultivada em vinhedos experimentais

na Alemanha desde 2005. O vinho produzido é encorpado e tânico, com aromas

defumados e de frutas vermelhas, além de bom potencial de guarda (ROBINSON;

HARDING; VOUILLAMOZ, 2012).

Figura 5. Genealogia da variedade Calandro.

Fonte: Vanessa Miranda, adaptado de JKI (2017).

9

3.2.5. Variedade Helios

A uva ‘Helios’ é uma variedade branca híbrida (Figura 10), criada em 1973 por

Norbert Becker, no Instituto Nacional de Viticultura em Freiburg, Alemanha. As videiras

parentais utilizadas no cruzamento foram ‘Merzling’ e ‘FR 986-60’ (JKI, 2017). A

variedade foi nomeada ‘Helios’ em alusão ao titã grego “Helius”, a personificação do Sol.

A videira ‘Helios’ apresenta boa resistência ao míldio, ao oídio e ao Botrytys. A

parental ‘Merzling’ possui cruzamentos com videiras americanas em sua genealogia

(Figura 6), como as espécies Vitis rupestris, V. riparia, V. lincecumii e V. berlandieri

(STRIEM, 2010).

Figura 6. Genealogia da variedade Helios.

Fonte: Vanessa Miranda, adaptado de JKI (2017).

3.2.6. Variedade Prior

A uva ‘Prior’ é uma variedade tinta híbrida complexa (Figura 10), criada em 1987

por Norbert Becker, no Instituto Nacional de Viticultura em Freiburg, Alemanha. No

cruzamento foram utilizados os genótipos FR 4-61 e FR 236-75R. Destes, o FR 236-75R

apresenta os mesmos parentais de ‘Bronner’ (‘Merzling’ X ‘GM 6494’) (JKI, 2017).

A variedade foi nomeada ‘Prior’, do latim “primeira, antiga”, sugerindo uma

qualidade superior da uva e aludindo à sua relativamente precoce maturação. A ‘Prior’ é

cultivada em áreas limitadas na Suíça, Itália e Alemanha (ROBINSON; HARDING;

VOUILLAMOZ, 2012). O vinho de ‘Prior’ é rico em taninos e compostos fenólicos,

apresentando coloração vermelha intensa com aromas leves e frutados, lembrando os

vinhos de ‘Pinot Noir’ (PRITCHARD, 2016).

Apresenta alta resistência ao míldio, porém é suscetível ao Botrytis e ao oídio,

sendo necessária a aplicação de tratamentos fungicidas para uma boa produção. A

10

resistência ao míldio da ‘Prior’ se deve à sua complexa genealogia (Figura 7),

envolvendo cruzamentos naturais e deliberados entre 70 parentais distintos, incluindo

espécies selvagens americanas e asiáticas, como Vitis rupestris, V. riparia, V. lincecumii,

V. aestivalis, V. cinerea, V. berlandieri, V. amurensis e V. labrusca (ROBINSON;

HARDING; VOUILLAMOZ, 2012).

Figura 7. Genealogia da variedade Prior.

Fonte: Vanessa Miranda, adaptado de JKI (2017).

3.2.7. Variedade Felicia

A ‘Felicia’ é uma variedade branca híbrida (Figura 10), criada em 1984 por

Rudolf Eibach e Reinhard Töpfer, no Instituto Julius-Kühn, Alemanha. As parentais

utilizadas no cruzamento são as variedades Sirius e Vidal Blanc (JKI, 2017).

Esta variedade apresenta alta resistência ao oídio e média resistência ao míldio,

pois compartilha parte de sua genealogia (Figura 8) com as variedades Prior e Helios,

onde estão presentes videiras americanas e asiáticas. O vinho de ‘Felicia’ apresenta

aromas florais e acidez equilibrada, lembrando os vinhos de uvas moscatel

(PRITCHARD, 2016).

Figura 8. Genealogia da variedade Felicia.

Fonte: Vanessa Miranda, adaptado de JKI (2017).

11

3.2.8. Variedade Aromera

A ‘Aromera’ é uma variedade branca híbrida (Figura 10), criada pela InnoVitis,

na Itália. As parentais utilizadas no cruzamento são as variedades Muscat Ottonel e Eger

2 (JKI, 2017).

‘Aromera’ apresenta alta resistência ao míldio e ao Botrytis e média resistência ao

oídio, sendo necessário o uso de tratamentos fungicidas. Uma das parentais dessa

variedade, ‘Eger 2’, apresenta na sua genealogia (Figura 9) as espécies americanas Vitis

rupestris, V. lincecumii, V. berlandieri e V. labrusca (STRIEM, 2010). O vinho de

‘Aromera’ é aromático, traz frutas cítricas e rosas no paladar, lembrando os vinhos

moscatel (INNOVITIS, 2013).

Figura 9. Genealogia da variedade Aromera.

Fonte: Vanessa Miranda, adaptado de JKI (2017).

12

Figura 10. Cachos das variedades Baron (A), Calandro (B), Prior (C), Regent (D),

Aromera (E), Bronner (F), Felicia (G) e Helios (H).

Fonte: Gyula Gyukli (A), Doris Schneider/JKI (B, D, G), Ursula Brühl/JKI (C) InnoVitis (E),

Wolfgang Renner (F), Vanessa Miranda (H).

3.3. Caracterização Fenológica

A fenologia é a área que analisa os eventos anuais e periódicos dos seres vivos e

sua relação com as variações do clima. No caso dos vegetais, as etapas geralmente

observadas são o desenvolvimento de folhas, a floração e a frutificação (BLOESCH;

VIRET, 2008).

Na viticultura existem três principais sistemas de estágios fenológicos que são

referência para a videira, são eles o sistema ‘Baggiolini’ (subdividido em 16 estágios, de

A a P), o sistema ‘Eichhorn e Lorenz’ (subdividido em 22 estágios, de 01 a 47) e o sistema

‘BBCH’ (subdividido em 31 estágios, de 00 a 97) (BAILLOD; BAGGIOLINI, 1993).

A fenologia desempenha papel fundamental na introdução de novas variedades,

desvendando como o clima local e as variações sazonais vão interagir com a planta,

13

possibilitando determinar a adaptação da variedade à região de cultivo, além de planejar

atividades de manejo e estimar a data da colheita. Considerando que a fenologia é

dependente do genótipo e das condições geográficas da região produtora, faz-se

necessário uma nova análise fenológica a cada diferente variedade em novo local de

cultivo (JONES; DAVIS, 2000; NAGATA et al., 2000).

O ciclo vegetativo da videira ocorre anualmente e compreende o intervalo de

tempo entre o início da brotação e a queda das folhas. Entre os ciclos, durante o inverno,

a videira atravessa um período de dormência no qual ocorre uma drástica redução das

atividades metabólicas. Esse período de frio é fundamental para que a brotação ocorra de

forma homogênea no vinhedo, pois a intensidade e o tempo de exposição da videira às

baixas temperaturas determina sua capacidade de brotação (VIANA, 2009).

O mecanismo de indução da dormência, apesar de não estar completamente

conhecido, é diretamente relacionado com o aumento da concentração de ácido abscísico

na planta. Durante o inverno, a videira sofre um estresse hídrico, pois a água se torna

menos disponível em áreas de pouca chuva ou congelamento. Sob estas condições, o

tecido vegetal produz muito ácido abscísico, que estimula o fechamento dos estômatos,

evitando a perda de água (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2014; ASSIS; LIMA FILHO;

LIMA, 2004).

Normalmente, existe um equilíbrio entre as concentrações de citocininas, auxinas,

etileno e ácido abscísico, que regulam o metabolismo da planta, porém, em situações de

estresse, o desbalanço desses hormônios pode gerar um estágio de dormência

(KERBAUY, 2012). Nesse estágio, a umidade da gema cai de 80% para 50%, visando

preservar os tecidos vegetais contra um possível congelamento; com os estômatos

fechados, a respiração celular se torna extremamente baixa, não há sinais de mitose nos

tecidos e o crescimento dos ramos é inibido (JACKSON, 2008).

Chegando ao fim do período de estresse hídrico, as citocininas e auxinas voltam a

ser produzidas em maior quantidade e passam a estimular a divisão celular, o crescimento

das gemas e a expansão foliar, levando a quebra da dormência (TAIZ; ZEIGER, 2013).

A brotação começa quando as gemas intumescem e abrem suas escamas,

chegando ao estágio de ponta verde (Figura 12). Após o aparecimento de folhas

rudimentares, o caule herbáceo se expande e as folhas jovens se desenvolvem

rapidamente. As inflorescências surgem junto às folhas (Figura 12) e com o passar do

tempo os botões florais se individualizam, abandonando a estrutura aglomerada inicial

(BLOESCH; VIRET, 2008).

14

O fenômeno da brotação parece estar associado com o aumento da concentração

de peróxido de hidrogênio e o consequente estresse oxidativo gerado pelos baixos níveis

de catalase. A brotação inicia com a mobilização de reservas que foram acumuladas nos

ramos e raízes durante o período de dormência. Essa translocação de nutrientes é

estimulada pelo aumento da temperatura do ambiente e pela maior incidência de luz solar

sobre a planta. As reservas são utilizadas até que os novos tecidos sejam capazes de se

sustentar através da fotossíntese (JACKSON, 2008).

O início da floração é marcado pela queda da caliptra ou antese (Figura 12),

momento em que os estames da flor são expostos. Na plena floração (Figura 12), 50%

das flores já perderam a sua caliptra. A velocidade de crescimento das gemas fica reduzida

a partir da floração, pois há uma competição pelos nutrientes nas diferentes partes em

desenvolvimento na planta (BLOESCH; VIRET, 2008; GIOVANNI, 1999). Após a

fecundação, as peças florais caem e começa o crescimento dos frutos, um processo

dividido em três estágios, como proposto por Coombe (1992) (Figura 11).

No estágio I, as paredes do ovário se desenvolvem formando o pericarpo do fruto.

As bagas crescem progressivamente (Figura 12), no início aumentado o número de

células e depois através da expansão celular, por meio do acúmulo de solutos. Ao término

desse estágio, as sementes atingem seu tamanho final (KENNEDY, MATTHEWS,

WATERHOUSE, 2000).

No primeiro estágio, a clorofila é o pigmento principal e a auxina é o hormônio

em maior concentração. A atividade metabólica dentro da baga é intensa: a taxa de

respiração celular é alta e uma série de ácidos, principalmente ácido tartárico e málico, se

acumulam nos tecidos do fruto (RIBÉREAU-GAYON et al., 2006). Este é um estágio

sensível do desenvolvimento, pois nele se formam a maior parte dos minerais,

aminoácidos e compostos aromáticos presentes na uva, trazendo consequências diretas

para a qualidade do mosto e do vinho produzido posteriormente (CONDE et al., 2007).

No estágio II, os embriões já estão formados e as sementes podem ser

consideradas maduras. O segundo estágio é caracterizado como uma fase de latência: há

queda na concentração de clorofila e auxinas, as atividades metabólicas são reduzidas e a

baga praticamente não aumenta seu peso. Ao fim do estágio II, os ácidos acumulados

começam a ser transformados em açúcares, dando início a maturação (CONDE et al.,

2007; MALINOVSKI, 2013).

15

Figura 11. Diagrama mostrando o aumento de volume do fruto a partir da antese.

Fonte: Vanessa Miranda, adaptado de Coombe (1992).

Iniciado pelo véraison (Figura 12), o estágio III compreende a maturação da baga.

A entrada no terceiro estágio pode ser percebida visualmente pela mudança de coloração

na epiderme dos frutos. Há alta concentração de ácido abscísico, que inibe o processo

mitótico e sinaliza a baga como órgão senil. O crescimento dos ramos praticamente cessa,

pois, os esforços energéticos da planta são direcionados para os frutos (MOTA et al.,

2006).

A baga aproximadamente dobra seu tamanho entre o véraison e a colheita. As

substâncias produzidas no primeiro estágio, como ácidos, taninos e compostos aromáticos

reduzem sua concentração, pois são diluídas no açúcar e água que agora fazem parte da

baga (KENNEDY, 2002).

A principal característica do período de maturação é o acúmulo de açúcares, etapa

fundamental para originar polifenóis, antocianinas e aromas, além do álcool

posteriormente produzido na fermentação. Os açúcares podem ser procedentes de raízes,

troncos, sarmentos e folhas, migrando para o fruto durante o amadurecimento, mas

também podem ser produzidos dentro da baga através da transformação do ácido málico

em glicose (MOTA et al., 2006).

16

Progressivamente a acidez diminui, o pH aumenta e pigmentos se acumulam na

casca, dando a cor final da variedade. O terceiro estágio de crescimento muda

drasticamente as características dos frutos: antes pequenas, rígidas, ácidas e com pouco

açúcar, ao fim da maturação (Figura 12) as uvas se tornam grandes, tenras, doces e menos

ácidas, com maior intensidade de sabor e coloração (CONDE et al., 2007).

Figura 12. Estágio de ponta verde (A), inflorescências surgindo junto às folhas (B),

queda da caliptra (C), floração plena (D), crescimento dos frutos (E), véraison (F) e

maturação (G).

Fonte: Dane Cellars (A), Vanessa Miranda (B, D, E, F), Pancrat (C), Ursula Brühl/JKI (G).

3.3.1. Índices Bioclimáticos e Requerimento Térmico

O período de tempo que a videira demora para completar cada fase fenológica

durante seu ciclo pode ser relacionado com variáveis climáticas, principalmente a

temperatura (TONIETTO; CARBONNEAU, 2004). O requerimento térmico ou soma

térmica quantifica essa passagem do tempo e é expresso em °C dia.

17

Índices bioclimáticos são utilizados na viticultura para classificar regiões de

cultivo de acordo com suas temperaturas e, frequentemente, seu uso é extrapolado na

caracterização do requerimento térmico de variedades de videira. Os principais índices

utilizados com esses fins são o Índice de Winkler e o Índice de Huglin.

O Índice de Winkler (WINKLER et al., 1974) considera em sua equação as

temperaturas mínimas (Tmin) e máximas (Tmax), além da temperatura de base (10 °C). O

somatório é referente aos dias entre os meses de outubro e abril no hemisfério sul (HALL;

JONES, 2010):

Esse método classifica as regiões de cultivo em sete categorias:

• Região muito fria: < 850 °C dia

• Região I: 850 – 1389 °C dia

• Região II: 1389 – 1667 °C dia

• Região III: 1667 – 1944 °C dia

• Região IV: 1944 – 2222 °C dia

• Região V: 2222 – 2700 °C dia

• Região muito quente: >2700 °C dia

O Índice de Huglin (HUGLIN, 1978) considera em sua equação as temperaturas

médias (Tmean) e máximas (Tmax), além da temperatura de base (10 °C) e do coeficiente K

(varia de acordo com a latitude do local, corrigindo a equação conforme o comprimento

do dia). O somatório é referente aos dias entre os meses de outubro e março no hemisfério

sul (HALL; JONES, 2010):

Esse método classifica as regiões de cultivo em oito categorias:

• Região extremamente fria: <1200 °C dia

• Região muito fria: 1200 – 1500 °C dia

• Região fria: 1500 – 1800 °C dia

• Região temperada: 1800 – 2100 °C dia

18

• Região temperada quente: 2100 – 2400 °C dia

• Região quente: 2400 – 2700 °C dia

• Região muito quente: 2700 – 3000 °C dia

• Região extremamente quente: >3000 °C dia

Tanto o Índice de Winkler quanto o de Huglin apresentam uma série de limitações

no cálculo de requerimento térmico de variedades de videira. A temperatura de base

normalmente utilizada é de 10 °C, porém algumas variedades de videira apresentam

temperaturas tão baixas quanto 5,1 °C para quebrar a dormência e iniciar a brotação

(NENDEL, 2009).

A temperatura tem um papel fundamental no desenvolvimento da videira, atuando

diretamente sobre a quebra de dormência, crescimento vegetativo, floração e

desenvolvimento dos frutos. A temperatura influencia o processo de maturação da uva,

gerando variações na concentração de açúcares, ácidos e compostos fenólicos

(COOMBE, 1987).

Segundo Jackson (2008), o aumento da temperatura (até um limite variável)

favorece a maioria dos processos bioquímicos que ocorrem na planta, acelerando o seu

desenvolvimento. Durante a fase de maturação, para que as bagas atinjam níveis

satisfatórios de açúcares e ácido málico, Jackson (2008) propõe uma faixa de temperatura

ótima entre 20 e 25 °C.

A principal limitação desses índices bioclimáticos é a ausência de uma

temperatura de base superior. Apesar de terem uma temperatura de base inferior, abaixo

da qual presumivelmente não ocorre desenvolvimento vegetativo, ela não é suficiente

para demonstrar o real acúmulo térmico da videira, já que temperaturas acima de 32 °C

diminuem a capacidade fotossintética e a qualidade da fertilização (JACKSON, 2008).

Considerando estas limitações, Tomazetti et al. (2015) propuseram um método de

soma térmica (Método 3.3), que apresenta em sua equação as temperaturas mínimas

(Tmín), médias (Tméd) e máximas (Tmáx), além da temperatura de base inferior (Tb=10 °C),

temperatura ótima (Tot=25 °C) e temperatura de base superior (TB=35 °C). O método de

cálculo da soma térmica diária (STd) é descrito da seguinte forma:

• STd = [(Tmáx - Tb)0,5] ×1 dia, quando Tméd<Tot e Tmín<Tb;

• STd = (0) ×1 dia, quando Tmáx<Tb;

• STd = (Tméd - Tb) ×1 dia, quando Tméd<Tot e Tmín>Tb;

19

• STd = {(Tot - Tb).[(TB - Tméd)/(TB - Tot)]} ×1 dia, quando Tméd>Tot e Tmáx<TB;

• STd = {(TB - Tot)×[(TB - Tméd)/(TB - Tot)]} ×1 dia, quando Tméd>Tot e Tmáx>TB,

se Tmáx>TB, então Tmáx=TB.

Em climas quentes como o do sul catarinense e de outras regiões do Brasil,

métodos que considerem as três temperaturas cardinais apresentam maior precisão no

requerimento térmico. Principalmente no período entre véraison e maturação, onde as

temperaturas são mais elevadas e a planta incorre em maior estresse pelo calor

(TOMAZETTI et al, 2015).

O requerimento térmico pode ser utilizado também para quantificar o plastocrono,

que é o período de tempo necessário para o aparecimento de um novo nó no caule da

planta (no caso da videira, um novo nó no sarmento) e tem como unidade °C dia nó-1. O

número de nós é utilizado como parâmetro de desenvolvimento vegetativo em diferentes

espécies de plantas, pois está relacionado com o surgimento de folhas e inflorescências.

Logo, a taxa de aparecimento de nós nos sarmentos da videira é um componente

importante em modelos matemáticos de simulação do crescimento (BAKER; REDDY,

2001; STRECK et al., 2008).

4. Material e Métodos

O experimento foi realizado na Unidade de Pesquisa da Estação Experimental da

Epagri (Anexo A), no município de Urussanga, SC, a 28º 32’ 00,73” S e 49º 18’ 58,20”

O, em altitude de 49 m.

Foram avaliados 11 genótipos de videira resistentes ao míldio e ao oídio, sendo

eles: Aromera, Baron, Bronner, Calandro, Felicia, GF-6, GF-24, GF-15, Helios, Prior e

Regent; enxertados sobre ‘Paulsen 1103’, conduzidos em sistema de espaldeira, contendo

50 plantas por genótipo, espaçamento de 3 m entre filas e 1 m entre plantas. Foi realizada

poda curta no dia 6 de setembro de 2016, deixando 2-3 gemas por esporão. Quando a

poda foi executada, muitas plantas já haviam iniciado o período de brotação, estando entre

os estágios A e F de BAILLOD e BAGGIOLINI (1993), dependendo da variedade. As

avaliações iniciaram em setembro de 2016, a partir da poda de frutificação e se

estenderam até a colheita, em janeiro de 2017.

20

Durante o período do experimento, foram utilizados tratamentos fitossanitários

somente para antracnose e o manejo de plantas daninhas foi realizado através de

herbicidas (linha) e roçada (entrelinha).

Para observação das variáveis climáticas da região foram coletados os dados da

Estação Meteorológica Automática Telemétrica da Epagri/CIRAM/UFSC de Urussanga.

Os parâmetros climáticos observados foram: temperatura máxima, média e mínima do ar,

umidade relativa do ar, precipitação e radiação solar global.

O acompanhamento semanal da fenologia foi realizado por um técnico da Epagri

de Urussanga, incluso ao acompanhamento quinzenal dos pesquisadores. Nas visitas,

foram observados os estágios fenológicos que as plantas se encontravam nas respectivas

datas. Os estágios fenológicos foram adaptados de BAILLOD e BAGGIOLINI (1993) da

seguinte forma: brotação (quando mais de 50% das gemas atingiram o estágio de

emergência das folhas), floração (quando mais de 50% das flores estavam abertas),

véraison (quando as bagas iniciaram a mudança de coloração) e maturação (quando todas

as bagas mudaram a coloração e/ou estavam tenras ao toque). Os estágios foram

demarcados quando mais de 75% dos indivíduos de cada variedade avaliada se

encontravam dentro da descrição.

Para a quantificação do plastocrono, cinco plantas de cinco genótipos de maior

interesse foram marcadas. Estes genótipos foram escolhidos por conta de sua alta

resistência ao míldio e ao oídio (GF-6, GF-15, GF-24) e por seu maior reconhecimento

na vitivinicultura (Regent e Bronner). As plantas avaliadas foram sorteadas em

delineamento inteiramente casualizado. Nas visitas quinzenais, foram contabilizados os

nós pertencentes aos sarmentos separadamente.

A avaliação da maturação foi realizada em delineamento inteiramente casualizado

em fileiras marcadas aleatoriamente. Foram coletadas 50 bagas por variedade há cada

duas semanas, a partir do dia 12 de dezembro, quando três variedades já haviam iniciado

o véraison. O mosto extraído e as cascas das uvas foram utilizados para avaliação da

maturação tecnológica e da maturação fenólica.

As análises de maturação foram realizadas no Laboratório de Morfogênese e

Bioquímica Vegetal e no Laboratório de Fisiologia do Desenvolvimento e Genético

Vegetal, ambos localizados do Centro de Ciências Agrárias da UFSC.

Para avaliação da maturação tecnológica, foi acompanhada a evolução no teor de

sólidos solúveis totais, acidez total titulável e o pH do mosto, como proposto por

AMERINE e OUGH (1974):

21

• Sólidos solúveis totais: leitura direta do mosto através de um refratômetro digital de

bancada.

• Acidez total titulável: foi preparada uma solução com 10 mL de mosto para 70 mL

de água destilada; essa mistura foi colocada sob agitação e a titulação foi realizada

adicionando-se lentamente uma solução de NaOH [0,1 N] até ocorrer a virada do pH

da mistura.

• pH: leitura do mosto em pHmetro.

Para avaliação da maturação fenólica, foram analisados os valores de antocianinas

monoméricas totais e índice de polifenóis totais obtidos a partir do extrato metanólico das

cascas das uvas. Para isso, as cascas foram separadas da polpa, secas, pesadas e

adicionadas de metanol acidificado [HCl 1%] na proporção de 1:5; os extratos foram

mantidos no escuro a 4,0 ± 1º C por 24 h (LEES; FRANCIS, 1972).

Após esse período, os extratos foram filtrados com papel filtro sobre um funil de

vidro e transferidos para frascos âmbar, posteriormente vedados e mantidos em

temperatura de -18º C até a realização das análises (FERNANDES, 2014):

• Antocianinas monoméricas totais: foi utilizado o método do pH diferencial, onde o

extrato metanólico das uvas tintas foi diluído na proporção de 1:60 em tampão de

cloreto de potássio [0,025 M] de pH 1, e 1:60 em tampão de acetato de sódio [0,4 M]

de pH 4,5; as soluções foram mantidas em repouso por 15 minutos, ao abrigo da luz,

e então foi realizada a leitura da absorbância em cada tampão nos comprimentos de

onda de 520 e 700 nm em espectofotômetro. Os resultados foram baseados nas

seguintes equações, descritas por GIUSTI e WROLSTAD (2001):

AT = (A520 – A700)pH 1 – (A520 – A700)pH 4,5

Sendo AT = absorbância total, A520 = absorbância em 520 nm e A700 =

absorbância em 700 nm.

AMT (mg L-1) = (AT. PM.DF.1000)/( .1)

Sendo AMT= antocianinas monoméricas totais, AT = absorbância total, PM

= peso molecular da antocinanina majoritária (malvidina 3-glicosídeo, PM = 529),

DF = fator de diluição (60) e = absortividade molar da antocianina majoritária

(malvidina 3-glicosídeo, = 28000).

22

• Polifenóis totais: foi utilizado o método espectrofotométrico de Folin-Ciocalteu

como descrito por SINGLETON e ROSSI (1965), no qual em um tubo colocou-se

7,9 mL de água destilada, 0,1 mL do extrato metanólico diluído em água destilada

(proporção de 1:6 em uvas tintas e 1:3 em uvas brancas) e 0,5 mL do reagente de

Folin-Ciocalteu. Após 3 minutos adicionou-se 1,5 mL de carbonato de sódio 20% e

as soluções foram mantidas no escuro por 2 h. Foi feita uma curva de calibração a

partir de uma diluição seriada de ácido gálico. As leituras da absorbância de cada

amostra foram realizadas no comprimento de onda de 760 nm em espectofotômetro.

O valor de polifenóis totais foi obtido inserindo a absorbância de cada amostra na

equação da curva de calibração de ácido gálico (y = 0,1843x + 0,002).

5. Resultados e Discussão

5.1. Variáveis Climáticas

Os dados climáticos foram observados entre a brotação e a colheita, durante o

ciclo 2016/2017, compreendendo os meses de setembro a janeiro, no município de

Urussanga, sul catarinense.

5.1.1. Temperatura do Ar e Amplitude Térmica

Durante o período de maturação, as temperaturas médias em Urussanga variaram

entre 24,8 e 25,7 °C, já a amplitude térmica diária oscilou entre 10,5 e 11,2 °C (Tabela

1). As altas temperaturas aumentam a concentração de açúcares na baga e diminuem a

concentração de ácidos, dificultando também a produção de antocianinas nas cascas dos

frutos (COOMBE, 1987), contudo, o equilíbrio açúcares/ácidos pode ser mantido se o dia

quente for seguido por temperaturas baixas durante a noite, característica atestada pela

amplitude térmica do local. O acúmulo de compostos fenólicos é estimulado pela

amplitude térmica, desde que a mesma não ultrapasse os 15 °C (MORI; SUGAYA;

GEMMA, 2005).

23

Tabela 1. Temperaturas médias, mínimas e máximas do ar (°C), amplitude térmica média

(°C), precipitação (mm) e umidade relativa do ar (%) de cada variedade (B – Brotação, F

– Floração, V – Véraison, M – Maturação), em cada estágio fenológico, na região de

Urussanga, SC, ciclo 2016/2017.

Genótipo Estágio

Fenológico Temperatura

Média (°C) Temperatura Mínima (°C)

Temperatura Máxima (°C)

Amplitude Térmica (°C)

Precipitação (mm)

Umidade Relativa (%)

GF-6

B - F 18,9 11,4 27,0 15,7 2,8 63,6

F - V 19,9 14,5 26,5 12,0 350,6 72,4

V - M 24,8 20,4 31,5 11,2 113,8 74,0

B - M 20,7 15,3 27,4 12,1 467,2 72,3

GF-15

B - F 18,2 13,7 24,2 10,5 139,8 75,9

F - V 21,5 15,8 28,3 12,6 218,0 70,5

V - M 25,7 21,9 32,4 10,5 258,2 77,8

B - M 21,4 16,4 27,9 11,6 613,0 73,4

GF-24

B - F 18,2 13,7 24,2 10,5 139,8 75,9

F - V 21,5 15,8 28,3 12,5 218,0 70,5

V - M 25,7 21,9 32,4 10,5 258,2 77,8

B - M 21,4 16,4 27,9 11,5 613,0 73,4

Regent

B - F 16,6 11,8 22,7 10,9 49,0 74,8

F - V 21,3 15,8 28,0 12,1 301,0 72,1

V - M 25,0 20,7 31,7 11,0 222,6 75,2

B - M 21,4 16,4 27,9 11,5 613,0 73,4

Bronner

B - F 16,6 11,8 22,7 10,9 49,0 74,8

F - V 21,3 15,8 28,0 12,2 301,0 72,1

V - M 25,0 20,7 31,7 11,0 222,6 75,2

B - M 21,4 16,4 27,9 11,5 613,0 73,4

Felicia

B - F 16,7 11,3 23,1 11,8 49,6 73,1

F - V 21,3 15,9 28,0 12,1 305,8 72,0

V - M 24,8 20,6 31,4 10,8 110,0 74,4

B - M 20,8 15,6 27,4 11,8 464,4 72,7

Calandro

B - F 16,5 11,4 22,8 11,4 12,8 73,4

F - V 20,9 15,6 27,5 11,8 343,4 72,7

V - M 25,0 20,9 31,6 10,7 259,2 75,5

B - M 21,4 16,4 27,9 11,5 613,0 73,4

Aromera

B - F 18,2 13,7 24,2 10,5 139,8 75,9

F - V 21,5 15,8 28,3 12,5 218,0 70,5

V - M 25,7 21,9 32,4 10,5 258,2 77,8

B - M 21,4 16,4 27,9 11,5 613,0 73,4

Baron

B - F 16,7 11,3 23,1 11,8 49,6 73,1

F - V 21,3 15,9 28,0 12,1 305,8 72,0

V - M 25,0 20,9 31,6 10,7 259,2 75,5

B - M 21,1 16,0 27,7 11,7 613,6 73,1

Prior

B - F 16,6 10,9 23,3 12,3 13,4 71,7

F - V 20,9 15,6 27,5 11,9 343,4 72,7

V - M 25,0 20,9 31,6 10,7 259,2 75,5

B - M 21,1 16,0 27,7 11,7 613,6 73,1

Helios

B - F 16,5 11,4 22,8 11,4 12,8 73,4

F - V 20,9 15,6 27,5 11,9 343,4 72,7

V - M 24,8 20,6 31,4 10,8 110,0 74,4

B - M 21,1 16,0 27,6 11,6 463,8 73,0

24

5.1.2. Precipitação Pluviométrica e Umidade Relativa

Na Figura 13, encontram-se a precipitação pluviométrica e a umidade relativa do

ar durante os meses do ciclo 2016/2017.

Figura 13. Somatório da precipitação pluviométrica mensal (mm) e médias mensais da

umidade relativa do ar (%), na região de Urussanga – SC, ciclo 2016/2017.

Entre a brotação e a maturação, a precipitação acumulada em Urussanga foi de

616,4 mm e a umidade relativa média de 72,7%. Durante o período de amadurecimento

dos frutos, a precipitação acumulada foi de 263 mm e a umidade relativa média de 75,2%.

A precipitação em excesso durante o ciclo pode acarretar em prejuízos para a

floração, diminuindo a polinização pela dificuldade de queda da caliptra

(DOKOOZLIAN, 2000), e para a maturação, reduzindo a qualidade da uva através da

diluição de seus compostos ou da predisposição a doenças, como o míldio. A baixa

precipitação, por sua vez, favorece a concentração de açúcares e melhora a qualidade do

vinho (JACKSON, 2008).

5.1.3. Radiação Solar

O maior valor médio horário de radiação global registrado no período de

maturação foi de 784,9 W.m-2 (Figura 14). A quantidade de radiação varia de acordo

74,0

153,4

52,4

257,8

293,6

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

0,0

50,0

100,0

150,0

200,0

250,0

300,0

Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro

Um

idad

e R

elat

iva

(%)

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

Precipitação Umidade

25

com a latitude, longitude, altitude, umidade do ar e nebulosidade do local, além do horário

e mês da análise (PANDOLFO, 2010).

Figura 14. Valores médios por hora da radiação solar global (W m-2) durante o período

de maturação dos genótipos no município de Urussanga-SC, Brasil, ciclo 2016/2017.

O resultado encontrado pode ser explicado pela proximidade entre Urussanga e o

oceano (aproximadamente 33 km em linha reta), já que grandes corpos d’água geram

maior quantidade de vapor, formando nuvens. A nebulosidade gera menores valores de

radiação global, pois a mesma é refletida. Em baixas altitudes, como na região (49 m), a

radiação também precisa atravessar uma maior coluna de ar para chegar a superfície

terrestre, reduzindo sua intensidade (AYOADE, 1996).

5.2. Índices Bioclimáticos

Considerando o Índice de Winkler, a região de Urussanga teve um somatório de

2651,8 °C dia entre os meses de outubro de 2016 e abril de 2017. Dessa forma, Urussanga

é classificada como “Região V” pelo Índice de Winkler. Jones et al. (2010) colocam que

em áreas classificadas como Região V são tipicamente produzidas apenas uvas e vinhos

de mesa, devido às altas temperaturas. Porém, Pirie (2007) destaca que as ilhas gregas, a

região de Jerez na Espanha, e as ilhas de Sardenha e Sicília na Itália se classificam

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

00:00 02:00 04:00 06:00 08:00 10:00 12:00 14:00 16:00 18:00 20:00 22:00

Rad

iação

Glo

bal (W

m-2)

26

também como Região V e são produtoras de uvas finas, à exemplo da ‘Primitivo’ e ‘Nero

D’Avola’.

Durante o período de brotação à maturação (setembro a janeiro), as variedades

cultivadas durante o experimento acumularam entre 1167,3 °C dia (Helios) e 1336 °C dia

(Baron), como observado na Tabela 2.

Tabela 2. Requerimento térmico (°C dia) através do Índice de Winkler para cada

variedade, em cada estágio fenológico, na região de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017.

Índice de Winkler

Genótipo B - F F - V V - M B - M

GF-6 75,4 894,6 329,1 1299,1

GF-15 245,5 701,8 345,3 1292,6

GF-24 245,5 700,5 345,8 1291,8

Regent 141,1 718,1 437,5 1296,7

Bronner 141,1 718,1 437,5 1296,7

Felicia 187,8 737,7 303,7 1229,2

Calandro 94,4 779,0 412,1 1285,5

Aromera 245,5 700,5 345,8 1291,8

Baron 187,8 736,1 412,1 1336,0

Prior 141,1 776,0 406,2 1323,3

Helios 94,4 776,0 296,9 1167,3

Para o Índice de Huglin, a região de Urussanga teve um somatório de 2843,6 °C

dia entre os meses de outubro de 2016 e março de 2017. Dessa forma, Urussanga é

classificada como “Região muito quente” pelo Índice de Huglin. Regiões com essa

classificação excedem o requerimento térmico necessário para o amadurecimento da

maioria das variedades, podendo gerar estresse na planta pelas altas temperaturas. No

entanto, regiões muito quentes podem ser indicadas para produção de alguns vinhos

fortificados, como ocorre em Jerez, na Espanha (TONIETTO; CARBONNEAU, 2004).

Durante o período de brotação à maturação (setembro a janeiro), as variedades

cultivadas durante o experimento acumularam entre 1473,1 (Helios) e 1676,4 °C dia

(Baron), como observado na Tabela 3.

27

Tabela 3. Requerimento térmico (°C dia) através do Índice de Huglin para cada

genótipo, em cada estágio fenológico, na região de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017.

Índice de Huglin

Genótipo B - F F - V V - M B - M

GF-6 113,3 1152,7 388,3 1654,3

GF-15 326,4 884,3 407,3 1618,0

GF-24 326,4 884,3 407,3 1618,0

Regent 197,2 895,1 516,8 1609,0

Bronner 197,2 895,1 516,8 1609,0

Felicia 268,9 927,2 351,8 1547,9

Calandro 140,4 980,9 480,3 1601,6

Aromera 326,4 884,3 407,3 1618,0

Baron 268,9 927,2 480,3 1676,4

Prior 212,2 980,9 480,3 1673,3

Helios 140,4 980,9 351,8 1473,1

5.3. Caracterização Fenológica e Requerimento Térmico

Na Tabela 4 encontram-se as datas de início dos estágios fenológicos observados

em cada variedade durante o ciclo 2016/2017. O genótipo mais precoce foi o GF-6, tendo

iniciado sua brotação alguns dias antes da poda, em 6 de setembro. A maioria das

variedades analisadas iniciaram a brotação duas semanas após a poda. A precocidade da

variedade GF-6 continuou durante a floração, iniciando já uma semana após a brotação e

três semanas antes de todas as outras variedades. O período do véraison apresentou uma

diferença máxima de uma semana entre as variedades.

O genótipo de ciclo mais longo foi o GF-6, totalizando 121 dias e acumulando

1190 °C dia de requerimento térmico (Tabela 5), seguido pelas variedades Baron e Prior,

ambas com 120 dias. A variedade com ciclo mais curto foi a “Helios”, totalizando 106

dias e acumulando 1080,7 °C dia.

A variedade Baron, apesar de não ter o ciclo mais longo, apresentou o maior

requerimento térmico, acumulando 1198,9 °C dia entre a brotação e a maturação. As

demais variedades apresentaram ciclo de 113 dias (Figura 15).

O período entre brotação e floração mais curto foi do GF-6, com 9 dias de duração

e 75,1 °C dia acumulados (Figura 16), e o mais longo da variedade Aromera e dos

genótipos GF-24 e GF-15 com 30 dias de duração e 228,7 °C dia acumulados. O período

entre floração e véraison mais curto foi da variedade Aromera e dos genótipos GF-24 e

GF-15, com 61 dias de duração e 669,3 °C dia acumulados e o mais longo do GF-6, com

90 dias de duração e 850,5 °C dia acumulados. O período entre véraison e maturação

28

mais curto foi das variedades Felicia e Helios, com 20 dias de duração e 243,4 °C dia

acumulados e o mais longo das variedades Bronner e Regent, com 29 dias de duração e

344 °C dia acumulados.

A data de brotação do genótipo GF-6 é muito próxima da observada

historicamente para a variedade Goethe na mesma região, 8 de setembro. A floração de

‘Goethe’ também está dentro do mesmo período observado para os genótipos do

experimento, ocorrendo próxima ao dia 12 de outubro. Já a colheita, geralmente ocorre

mais tardiamente, próxima ao dia 17 de janeiro (DELLA BRUNA; ARCARI; PETRY,

2016).

Tabela 4. Data de ocorrências dos estágios fenológicos dos genótipos estudados na

região de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017.

Genótipo Início da

Brotação

Início da

Floração

Início do

Véraison Maturação

GF-6 06/set 14/set 12/dez 02/jan

GF-15 21/set 20/out 19/dez 09/jan

GF-24 21/set 20/out 19/dez 09/jan

Regent 21/set 11/out 12/dez 09/jan

Bronner 21/set 11/out 12/dez 09/jan

Felicia 14/set 11/out 14/dez 02/jan

Calandro 21/set 05/out 14/dez 09/jan

Aromera 21/set 20/out 19/dez 09/jan

Baron 14/set 11/out 14/dez 09/jan

Prior 14/set 05/out 14/dez 09/jan

Helios 21/set 05/out 14/dez 02/jan

Tabela 5. Requerimento térmico (°C dia) através do Método 3.3 para cada genótipo, em

cada estágio fenológico, na região de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017.

Genótipo B - F F - V V - M B - M

GF-6 75,1 850,5 264,4 1190,0

GF-15 228,7 669,3 265,4 1163,4

GF-24 228,7 669,3 265,4 1163,4

Regent 128,7 692,2 344,0 1165,0

Bronner 128,7 692,2 344,0 1165,0

Felicia 165,9 709,9 243,4 1119,3

Calandro 87,4 749,8 323,1 1160,3

Aromera 228,7 669,3 265,4 1163,4

Baron 165,9 709,9 323,1 1198,9

Prior 124,6 749,8 323,1 1197,5

Helios 87,4 749,8 243,4 1080,7

29

Figura 15. Duração (dias) de cada estágio fenológico para cada genótipo, na região de

Urussanga, SC, ciclo 2016/2017.

Figura 16. Requerimento térmico (°C dia) através do Método 3.3 para cada genótipo,

em cada estágio fenológico, na região de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017.

9

30

30

21

21

28

15

30

28

22

15

90

61

61

63

63

65

71

61

65

71

71

22

22

22

29

29

20

27

22

27

27

20

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120

GF-6

GF-15

GF-24

Regent

Bronner

Felicia

Calandro

Aromera

Baron

Prior

Helios

Dias após a brotação

B - F F - V V - M

75,1

228,7

228,7

128,7

128,7

165,9

87,4

228,7

165,9

124,6

87,4

850,5

669,3

669,3

692,2

692,2

709,9

749,8

669,3

709,9

749,8

749,8

264,4

265,4

265,4

344,0

344,0

243,4

323,1

265,4

323,1

323,1

243,4

0 200 400 600 800 1000 1200

GF-6

GF-15

GF-24

Regent

Bronner

Felicia

Calandro

Aromera

Baron

Prior

Helios

Requerimento Térmico (°C dia)

B - F F - V V - M

30

5.3.1. Plastocrono

Os valores de plastocrono observados (Tabela 6) ficaram entre 39,5 °C dia nó-1

(Regent) e 73,5 °C dia nó-1 (Bronner). Dessa forma, a variedade Regent precisa de 34 °C

dia nó-¹ a menos para produzir um nó, quando comparada com a variedade Bronner,

estando ambas expostas a mesma temperatura e outras condições climáticas.

Considerando a presença de uma folha a cada nó do sarmento, o número total de folhas

por planta variou entre 115 (Regent) e 230,6 folhas (GF-6).

As regressões lineares das equações do plastocrono apresentaram uma alta relação

(R2≥0,88) entre o número de nós por sarmento e o requerimento térmico. A linearidade

demonstrada entre esses dois fatores sugere que a temperatura é a principal condição que

atua sobre o aparecimento de nós no caule da planta (ZEIST et al., 2017).

Tabela 6. Plastocrono (°C dia nó-1), coeficiente de determinação (R2), número de

sarmentos por planta e número de nós por sarmento dos genótipos selecionados, região

de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017.

Genótipo Plastocrono

(°C dia/nó-¹) R²

Número de

sarmentos por planta

Número de nós

por sarmento Número de folhas

por planta

GF-24 63,6 0,88 15,9 14,5 230,6

GF-15 58,1 0,96 10,9 15,6 170,0

GF-6 62,5 0,93 19,5 13,2 257,4

Regent 39,5 0,99 7,1 16,2 115,0

Bronner 73,5 0,88 11,3 12,1 136,7

Média 59,4 0,92 12,9 14,3 181,9

CV (%) 21,02 - 37,33 11,80 33,35

5.4. Avaliação da Maturação

5.4.1. Sólidos Solúveis Totais

Na Tabela 7 é observada a evolução nos níveis de sólidos solúveis totais (SST)

das variedades, durante o ciclo 2016/2017. O genótipo GF-24 não apresentou mosto

suficiente para a realização das análises na primeira coleta (12/12/16). As variedades

Felicia e Aromera e o genótipo GF-15 não foram analisadas após a colheita.

31

Os níveis de SST aumentaram de forma gradual, porém com queda na coleta do

dia 6 de janeiro, provavelmente devido a intensa precipitação pluviométrica ocorrida

nesta data e consequente diluição dos componentes presentes na baga. Os SST variaram

entre 15,0 °Brix (GF-6) e 17,6 °Brix (GF-24) nas análises pós-colheita.

Para a elaboração da maioria dos vinhos finos de qualidade é recomendado que os

SST se encontrem acima de 18 °Brix (JACKSON, 2008). Dessa forma, é possível afirmar

que nenhuma variedade foi colhida com SST na faixa ideal para elaboração de vinhos

finos. Apesar disso, historicamente na região dos Vales da Uva Goethe, a variedade

Goethe é colhida com SST em torno de 14,5 °Brix (DELLA BRUNA; ARCARI; PETRY,

2016).

5.4.2. pH

Na Tabela 7, é possível observar a evolução dos valores de pH em cada variedade,

durante o ciclo 2016/2017. Os valores subiram de forma gradual, porém também houve

queda na coleta do dia 6 de janeiro, provavelmente influenciado pelo mesmo fator

supracitado. O pH variou entre 3,3 (Helios) e 3,49 (GF-24).

Para produção de vinhos finos, é recomendável o pH do mosto entre 3,3 e 3,8

(INSTITUT RHODANIEN, 1998); portanto as uvas apresentaram valores ótimos de pH

quando colhidas.

5.4.3. Acidez Total Titulável

Na Tabela 7, pode ser observada a evolução dos valores de acidez total titulável

(ATT) em cada variedade, durante o ciclo 2016/2017. Não foi feita análise de ATT após

a colheita. A maioria das variedades apresentou uma diminuição dos valores ao longo do

ciclo. A ATT variou entre 87,1 meq L-1 (Baron) e 486,1 meq L-1 (GF-24) na última

análise.

Os valores desejáveis de ATT para produção de vinhos finos ficam entre 90 e 120

meq L-1, quando este valor é ultrapassado, pode ser necessário o uso de fermentação

malolática ou ajuste da acidez do mosto antes do processo de vinificação (MILLER, 2009;

ALLEBRANDT, 2012).

32

Tabela 7. Valores de SST, pH e ATT de cada genótipo, durante o período de

maturação, na região de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017.

Genótipo SST (°Brix) pH

ATT (meq L-¹)

12/12 29/12 06/01 12/01 12/12 29/12 06/01 12/01 12/12 29/12 06/01

GF-6 8,3 14,3 12,7 15 2,25 3,59 3,42 3,38 214,6 119,3 126,9

GF-15 3,7 6,5 6,7 - 2,21 3,15 3,33 - 265,3 317,1 362,4

GF-24 - 10,1 5,9 17,6 - 3,25 3,13 3,49 - 366,9 486,1

Regent 10,8 13,5 13,2 15,8 2,55 3,65 3,66 3,45 152,3 120,6 114,0

Bronner 8,5 13,5 14 15,6 2,34 3,35 3,49 3,28 250,4 160,2 127,6

Felicia 9,9 12,4 10,5 - 2,53 3,42 3,45 - 145,3 132,8 112,9

Calandro 7,4 11,7 11,8 16,2 2,31 3,58 3,17 3,37 221,8 110,1 162,8

Aromera 3,8 4,1 11,6 - 2,28 2,67 3,16 - 288,3 386,7 183,0

Baron 11,3 16,4 13,9 15,1 2,38 3,45 3,75 3,43 185,4 85,5 87,1

Prior 11,6 16,2 13,3 17,5 2,22 3,42 3,34 3,31 179,6 185,2 133,0

Helios 10,9 10,8 12,7 15,6 2,44 2,88 3,66 3,3 109,0 108,0 127,0

5.4.4. Antocianinas Monoméricas Totais

Na Tabela 8, observamos a evolução dos valores de antocianinas monoméricas

totais (AMT) em cada uma das variedades tintas, durante o ciclo 2016/2017. Não foi feita

análise de AMT após a colheita. As variedades apresentaram aumento gradual da

concentração de antocianinas ao longo do tempo, como esperado durante a maturação,

porém, houve queda na coleta do dia 6 de janeiro, provavelmente devido aos motivos

supracitados. As AMT variaram entre 643,9 mg L-1 (Baron) e 1191,4 mg L-1 (Prior) na

última análise.

5.4.5. Polifenóis Totais

Na Tabela 8, observamos a evolução dos valores de polifenóis totais (PT) em

cada variedade, durante o ciclo 2016/2017. Não foi realizada análise dos PT após a

colheita. As variedades apresentaram (em sua maioria) diminuição da concentração de

polifenóis ao longo do tempo. Os PT variaram entre 180,7 mg L-¹ (Aromera) e 953,9 mg

L-¹ (Regent) na última análise.

É esperado que as uvas acumulem maior quantidade de polifenóis ao longo da

maturação, porém esse fator é altamente dependente de condições climáticas (COOMBE,

33

1987); as altas temperaturas e umidade características do verão do sul catarinense podem

reduzir a produção de antocianinas e polifenóis.

BEM et al. (2016) encontraram concentrações muito maiores de polifenóis totais

para as variedades Regent e Bronner, 4084 e 425,9 mg L-1, respectivamente. O

experimento foi realizado durante o ciclo 2015/2016 em São Joaquim, região conhecida

por apresentar maturação fenólica completa das uvas (FALCÃO et al., 2008; MIELE;

RIZZON; ZANUS, 2010). Além disso, BEM et al. (2016) obtiveram maturação

tecnológica considerada ótima para essas mesmas variedades: ‘Regent’ foi colhida com

20,6 °Brix e pH 3,49, enquando ‘Bronner’ obteve 19 °Brix na colheita e pH 2,96.

Tabela 8. Valores de PT de cada genótipo e AMT das variedades tintas, durante o

período de maturação, na região de Urussanga, SC, ciclo 2016/2017.

Genótipo PT (mg L-¹ eq. Ác. Gálico) AMT (mg L-¹ malvidina 3-

glicosídeo)

12/12 29/12 06/01 12/12 29/12 06/01

GF-6 548,6 350,0 306,0 - - -

GF-15 491,6 491,6 338,6 - - -

GF-24 792,7 472,1 478,6 - - -

Regent 1276,2 1419,4 953,9 662,0 1424,9 1045,2

Bronner 724,4 402,1 262,1 - - -

Felicia 651,1 380,9 444,4 - - -

Calandro 1263,2 1598,5 690,2 69,1 969,2 1130,2

Aromera 490,0 397,2 180,7 - - -

Baron 673,9 713,0 804,1 974,9 993,0 643,9

Prior 1113,4 1071,1 752,0 266,4 862,6 1191,4

Helios 791,1 475,3 280,0 - - -

34

6. Conclusões

As variáveis climáticas da região de Urussanga demonstraram alta disponibilidade

térmica para o desenvolvimento fenológico dos genótipos estudados, podendo gerar um

ciclo com menor tempo de duração quando comparado com as áreas de origem das

variedades (Alemanha e Itália).

Fatores como a temperatura do ar, amplitude térmica e precipitação pluviométrica

apresentaram forte influência sobre a maturação das uvas, reduzindo a concentração de

sólidos solúveis totais e compostos fenólicos. Considerando estes resultados, a região

apresenta potencial para a produção de vinhos jovens, que não exijam grande período de

envelhecimento.

Para os índices bioclimáticos, a região de Urussanga foi classificada no ciclo

2016/2017 como ‘Região V’ para o Índice de Winkler e ‘Região muito quente’ para o

Índice de Huglin.

O genótipo com brotação mais precoce e ciclo mais longo foi o GF-6, totalizando

121 dias e acumulando 1190 °C dia de requerimento térmico. A variedade com ciclo mais

curto foi a “Helios”, totalizando 106 dias e acumulando 1080,7 °C dia. A variedade

Baron, apresentou o maior requerimento térmico, acumulando 1198,9 °C dia entre a

brotação e a maturação. As demais variedades apresentaram ciclo de 113 dias

Os valores de plastocrono observados ficaram entre 39,5 °C dia nó-1 para ‘Regent’

e 73,5 °C dia nó-1 para ‘Bronner’. Considerando a presença de uma folha a cada nó do

sarmento, o número total de folhas por planta variou entre 115 para ‘Regent’ e 230,6

folhas para ‘GF-6’.

Os genótipos não apresentaram maturação tecnológica e fenólica dentro da faixa

considerada ideal para a produção de vinhos finos de qualidade.

35

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ANEXOS

Anexo A. Localização do vinhedo experimental (destacado em amarelo) na Estação

Experimental da Epagri de Urussanga, SC.

Fonte: Google Earth