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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS Os marcadores da enunciaçao: sua realj_ zaçao no discurso escolar Dissertaçao submetida a Universidade Federal de Santa Catarina pkara a obtenção do Grau de Mestre em Letras, opçao Lingüística ANTONINA COELHO PINTO JUNHO/1980.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA PROGRAMA … · Os quatro tipos duplos..... 23 2.1.2. As categorias verbais..... 28 2.2. Os Índices de enunciaçao (BENVENISTE l) ... cidade

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS

Os marcadores da enunciaçao: sua realj_

zaçao no discurso escolar

Dissertaçao submetida a Universidade Federal de Santa Catarina

pkara a obtenção do Grau de Mestre em Letras, opçao Lingüística

ANTONINA COELHO PINTO

JUNHO/1980.

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Esta dissertaçao foi julgada adequada para a obten­

ção do grau de Mestre em Letras - Especialidade L i ngtü f st i ca, e

áprovada em sua forma final pelo Programa de Pos-Qraduaçao•

l Vlo Xl\'UX>iÃÍcA 3 >-->.AÍocrv ÍL-0 Prof^. MARIA MARTA FURLANETTO

Coordenadora do Curso

Or ientadoras:

Banca Examinadora;

AJJ\Prof^. MARIA MARTA FURLANETTO

Rrof g. TERESI NHA O E W I NG/MI CHELS

Prof^. MARIA MARTA PUBLAHETTO

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A ESCOLASTICA COELHO PINTO

( i n memor i am)

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AGRADECIMENTOS

A Fundação Universidade Federal de Mato Grosso, através de

sua Coordenaçao de Pos-Graduaçao, pela oportunidade de real_|_

zaçao do curso.

Ao Governo do Estado de Mato Grosso, pela autorizaçao para

freqüentar o curso.

Ao Programa de Pos-Graduaçao em Letras da Universidade Fede

ral de Santa Catarina, sua coordenaçao do Curso de LingGÍstj_

ca, meus professores.

À Chefe do Departamento de Letras da FUFMT, pela decisiva co

Iaboraçao.

Às professoras Teresinha Oenning Michels e Maria Marta Furl^

netto, pelo continuo incentivo, eficiente orientaçao e grande

amizade.

A todos aqueles que, de alguma forma, deram sua parcela de cola

boraçao, para concretizaçao deste trabalho.

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R E S U M O

Partindo da observaçao de que as pesquisas sobre o

ensino da LÍngua Portuguesa, estao geralmente, voltadas para o

aspecto da correção gramatical, procurou-se, neste trabalho, f£

calizar, através de uma das modernas técnicas de analise do dis-

curso, os aspectos relativos a comunicaçao no meio escolar, ob­

jetivando verificar se o discurso do aluno estaria respondendo'

as funções primordiais da linguagem: comunicaçao e expressão.

0 trabalho foi desenvolvido segundo a teoria da enuti

ciaçao, e consta de duas partes: uma teor i ca e outra prat i c a .

Na parte teor i ca, encontra-se um capitulo sobre as

diferentes noçoes de deixis; um capitulo sobre os embreadores -c •

de Jakobson, os indices de enunciaçao de Benveniste e os concej_

tos de base da enunciaçao.

*

Na parte prati ca, encontra-se um levantamento de mar.

cas enunciativas no discurso de alunos de |S grau, nive1 5 a 8,

e a freqCiencia dessas marcas.

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R É S U M É

A partir de l'observation que les recherches sur

l'enseignement de la Langue Portugaise sont, en general, tour­

nées vers l'aspect de la correction grammaticale, on a cherche

dans le present travail a mettre en evidence, a l'aide d'une

des techniques modernes d'analyse du discours, les aspects re

Iat i fs a la commun i cati on en milieu scoI a i re et de ver i fi e r de

cette maniéré, si le discours des eleves repond aux fonctions

primordiales du langage que sont la communication et I 'express_j_

on.

Ce travail a ete developpe selon la theorie de I'-

enonciation et comprend deux parties: l'une theor i que et l'au -

tre prati que.

Dans la partie theorique, en trouvera un chapitre sur

les différentes notions de deixis, um chapitre sur les embrayeir^

de Jakobson, les indices d'enonci ati on de Benveniste et les cori

cepts de base de I'enonciation.

Dans la partie pratique, on trouvera un releve de' . . . BP '

marques enonciatives dans le discours des eleves du I degre,

du niveau 5 a 8, et la frequence de ces marques.

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SJMBOLOS USADOS NO TRABALHO

( M) Mensagem

(C) Codigo

(M/M) A mensagem remete a mensagem

(C/C) 0 codigo remete ao codigo

(M/C) A mensagem remete ao codigo

(C/M) 0 codigo remete a mensagem

(a) Enunciaçao

(e) Enunciado

(C) 0 processo em si

(T) Qualquer protagonista do processo

(C^) Processo de enunciado

(C^) Processo de enuncjaçao

(T^) Protagonista do processo de enunciado

(T^) Protagonista do processo de enunciaçao

( * ) Sinal de vocábulo inexistente em nosso lexico

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PÁGINAS

INTRODUÇÃO .................. ....... .......... ............ . 10

PARTE I : FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO GERAL

1.1. As diferentes noçoes de deixis.......... 14

NOTAS DO CAPÍTULO I ......................................... 21

CAPÍTULO 2 - OS ELEMENTOS TEÓRICOS DA ENUNCIAÇÃO

2.1. Os embreadores de Jakobson

2.1.1. Os quatro tipos duplos........... 23

2.1.2. As categorias verbais.......... . 28

2.2. Os Índices de enunciaçao (BENVENISTE l)

2.2.1. A pessoa no verbo................ 35

2.2.2. Dois niveis de enunciaçao: histo­

ria e discurso.......... .......... 38

2.2.3. A natureza dos pronomes.......... 40

2 .2 .4 . A intersubjetiVidade da linguagem 44

2 .2 .5 . Os enunciados performativos...... 47

2 .3 . Os Índices de enunciaçao (BENVENISTE II)

2 .3 .1 . As categorias de pessoa e de tempo 51

2.3.2. 0 aparelho formal da enunciaçao.. 54

2 .4 . Outros conceitos de base da enunciaçao.. 59

2.5. Para uma tipologia dos discursos........ 64

S U M A R I O

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2.6. Comentário crítico (Capítulo I e 2 ) ..... 69

NOTAS DO CAPÍTULO 2.......................................... 79

PARTE ii - APLICAÇÃO DA TEORIA

CAPÍTULO 3 - 0 DISCURSO DO ALUNO DE |e GRAU DE CU!ABÂ,nX

VEL 5 a 8

3.1. Reflexões Pedagógicas................... 84

3.2. 0 corpus lingOistico................ . 88

3.2.1. Constituição da amostra...... 88

3.2.2. Hipóteses de trabalho............ 88

3.2.3. Variaveis........................ 88

3.2.4* Invariantes............... 89

3-2.5. Instrumento de coleta de dados... 89

3.3. Analise do corpus

3.3.1. Critérios de analise............. 90

3.3.2. Analise dos resultados........... 92

3.3.3. Conclusão.......... 98

3.4» 0 fraco índice de marcas enunciativas e

suas possíveis causas................... 100

3.4.1 . Para uma I i beraçao da paIavra.... 108

NOTAS DO CAPÍTULO 3 .............. .......................... 110

CONCLUSÃO............................................... ..... 113

BIBLIOGRAFIA INSTRUMENTAL............... ................... 117

BIBLIOGRAFIA GERAL................ ........................ 120

ANEXOS (Redações)

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Observando que as pesquisas sobre a redaçao de no^

sos alunos estao, gera I mente, mais voltadas para o aspecto da

correção gramatical, surgiu a ideia de que poderíamos proceder

a um estudo com vistas ao aspecto da comunicaçao e expressão,

ainda mais incentivados que estavamos pela própria Lei 5.692

de 1 1 .0 8 .7 1 , que da enfase a esse aspecto muito importante,mas

um tanto descuidado por parte de nosso professorado.

Verificar, dessa forma, como os nossos alunos se ex­

pressam, se o ensino/aprendizagem da lingua materna favorece ou

freia as funçoes primordiais da linguagem, se o ensino de 1

grau estaria contribuindo para que o aluno desenvolva sua cap^

cidade de comunicaçao e expressão, eis os aspectos que nos sur_

giram como decorrencia de nossa proposta inicial.

Baseados nesses questionamentos, pensamos em abordar

a problematica do discurso de nossos alunos, procurando, na teo

ria lingOistica geral, o embasamento teorico que melhor contri­

bui sse para nos fornecer diretrizes seguras e capazes de obser­

var seu desempenho lingüistico.

Assim sendo, buscamos na lingüistica aplicada ao eji

sino uma metodologia que fosse capaz de observar as produçoes

e o processo de produçoes lingüisticas de nossos alunos, ou se­

ja, um metodo de analise do discurso.

De posse desses dados, estabelecemos nosso objetivo,

que seria realizar, subsidiados pelos elementos teoricos da

enunciaçao, um levantamento de presença de marcas enunciativas

no discurso de nossos alunos de I- grau, niveI 5 ^ 8 , e verifi­

car com que freqüencia essas marcas nele estao presentes.

Dividimos nosso trabalho em duas partes; uma teor i ca

e outra prat i c a . A parte teórica contem dois capitulos e a par-

te pratica um capitulo.

A primeira parte tem por objetivo real izar, na medi­

INTRODUÇÃO

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da do possivel, um levantamento sistemático da literatura e-xis-

tente sobre a enunciaçao, e apresentar de uma maneira sucinta

como os lingüistas expoem suas teorias.

A segunda parte consta da aplicaçao desses elementos

t e o r i C O S .

No primeiro capítulo, realizamos um apanhado sobre

as diferentes noçoes de deixis, para finalmente optarmos por

uma deixis vista de um ângulo estritamente Iinguistico,ou seja,

como indicadora de subjetividade, noçao totalmente assimilada a

questão da enunciaçao do sujeito do discurso.

No segundo capitulo, abordamos os embreadores de

Jakobson, os índices de enunciação de Benveniste, e encerramos' ■ • f .

o capitulo com um comentário critico.

No terceiro capitulo, realizamos algumas reflexões

sobre a situaçao atual do ensino da Comunicaçao e Expressão em

nossas escolas; em seguida descrevemos um corpus lingüistico ,

seguido da analise desse corpus e suas conclusoes. Por ultimo,f •

tentamos i nterpretar, empiricamente, as possiveis causas do fra^

co indice de marcas enunciativas, para depois voltarmos nossa

atençao a problemática da liberaçao da palavra, em cujo item o

professor encontrara algumas sugestões para provável aplicaçao

e m s u a s a u l a s .

A bibliografia instrumental, que se encontra no fi­

nal deste trabalho, tem por objetivo fornecer aos professores

da materia Comunicaçao e Expressão e/ou Comunicaçao em Lingua

Portuguesa, subsidios que possam coloca-los a par do que se tem

de novo e utiI no campo da lingüística geral, notadamente, no

campo da analise do discurso, e dessa forma direciona-1 os a uma

abordagem cientifica de sua materia e posteriores aplicações.

Seu objetivo terminal, conseqüentemente, e a melhoria do proce^

so ensino - aprendizagem.

Nosso trabalho nao tem a pretensão de ser profundo

ou exaustivo, antes de tudo limita-se tao-somente a questionar

o problema e a conscientizar o professorado de que o fenômeno

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existe. Pesquisas mais exaustivas poderão ser realizadas po«te-

ri ormente.

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PARTE I

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO GERAL

I . I , As diferentes noçoes de deixis

Antes de nos aprofundarmos no estudo da deixis, na

sua acepção que neste trabalho chamaremos de "lingüistica", a-

chamos necessário esclarecer os varios pontos de vista que gi­

ram em torno desse termo.

Mattoso Camara assim se refere com reiaçao a deixis:

"Faculdade que tem a linguagem de de signar mostrando, em vez de conceitu ar. A designaçao dei ti ca, ou mostr^ tiva, figura assim ao lado da desigfSi ^naçao simbol ica ou conceptual em qualquer sistema lingttistico. Pode^ mos dizer que o SIGNO IingOistico apresenta-se em dois tipos: o SIMBO^ LO, em que o conjunto sonico repr£ senta ou simboliza e o SINAL, em que o conjunto sonico indica ou mostra.

^ r0 pronome e Justamente o vocábulo

A

que se refere aos seres por deixis em vez de o fazer por simbolizaçao como os nomes. Essa deixis se baseia no esquema lingOistico das tres pessoas gramaticais que norteia o discurso : a que fala, a que ouve e todos os mais seres situados fora do eixo f£ lante - ouvinte", (l)

'( o \Herculano de Carvalho distingue quatro especies

de significaçao gramatical: a significaçao categoria! ou clas­

sificadora, a relacional ou re1 acÍonadora, a atualizadora e a

significaçao deitica ou mostrativa. A significaçao deitica ou

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mostrativa (a deixis, gr. pode ser real i zada por de1:er-

minadas formas lingüisticas. Estas formas eqüivalem a um gesto,

podendo tambem acompanha-lo e escIarecê-I o . Mostram tambem um

(3)objeto que pertence ao contexto real (extraverbaI) ou que ja

foi ou vai ser imediatamente mencionado no contexto verbal„ E-

xercem significação dêitica os pronomes demonstrativos, os pe^

soais e possessivos e os advérbios de lugar e de tempo, e ainda

o artigo definido, os pronomes indefinidos, tais como: o tal, o

outro, o mesmo, e ainda os pronomes relativos e o advérbio de

modo "assim". Pela significaçao dei ti ca sucede que o objeto re­

al assim mostrado e imediatamente introduzido no discurso, nao

havendo necessidade de ser previamente denominado e portanto

classificado como pertencente a uma das classes ou especies de• ^ • a

objetos que constituem as categorias de significaçao categorial

do primeiro grau.

Herculano de Carvalho ^ a f i r m a que ha tres modali­

dades de deixis segundo Karl BÜhIer: a mostraçao "ad ocuI os" ,

tambem denominada material ou instrumental, a mostraçao anafori

ca e a mostraçao em fantasma. Karl BühIer engloba essas tres mo

dal idades em uma so categoria com o nome de deixis egocentrica

e acrescenta uma quarta que recebe o nome de deixis topomnesti-

ca.

Quando o emissor torna presente pela imaginaçao ouA fw

mesmo aponta algum objeto ausente da-se a mostraçao em fantasma.

Ao lingüista interessa, em particular, a deixis "ad oculos" e a

deixis anaforica, ao passo que ao psicologo e ao estudioso da

criaçao poetica interessa a mostraçao em fantasma.

Encontra-se com uma certa freqüencia a mostraçao ana

forica no estilo refletido ^ e em particular no texto escrito.

0 decodificador podera encontrar a partir de uma releitura, a

palavra, nome do objeto, a que o mostrativo se refere. E, no en A A

tanto, conveniente acentuar que a anafora tambem podera ser en­

contrada no discurso oral e no estilo coloquial.

Ocorre a mostraçao "ad oculos" quando o categorema

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(morfema) mostrativo aponta, opcionalmente acompanhando o gesto,

para um oBjeto que nao tenha sido identificado previamente como

fazendo parte de uma dada classe, isto e que tenha sido inclui-tSÍ ^

do na extensão do conceito designado por um dado nome. Tambem

pode ocorrer a mostraçao "ad oculos" quando o objeto apontado

foi anteriormente ou logo em seguida sujeito a uma identific£

çao de uma maneira explicita, ou seja por meio de paIavras("Eis

aqui dois lapis. Este deve ser teu"; "Esta caneta e de prata) ,

ou não explícita, ou seja, ele e um elemento conhecido do con^

texto extraverbal e seus interIocutores (emissor e receptor) s^

bem tratar-se desse objeto: "Este e de cristal" (eu e tu sabe­

mos ser um copo) .

A existencia de um termo ou ponto de referencia, que

seja evidente e que nao apresente ambigüidade para o receptor e

fator indispensável para que a deixis funcione. Esse termo ou

baliza referencial e a pessoa do proprio sujeito que fala, no

momento em que fala e em que, apontando ou chamando a atençao

para si proprio, se designa como EU. Egocêntrica e a mostraçao

que assim procede.

Ha ainda um tipo de deixis que nao seria egocêntrica

e que nem apontaria com o dedo, mas "nomearia" usando como po_n

to de referencia o corpo humano do emissor, ou alguns pontos f^✓ r

mi li ares na paisagem, no terreno, na area geografica em que vi­

ve a comunidade. É a deixis topomnestica e para exemp1 ifica-I a

poderiamos citar a palavra "pe" (parte do corpo humano do emis­

sor) que valeria por "aqui".

rs, /S .A mostraçao ou deixis, cuja origem esta no proprio

ato de fala, e que surge do conjunto de relações provenientes do

proprio ato de comunicaçao e cujo conjunto de relações constitui

a situaçao do discurso, surge primariamente como a genese da c^

tegoria gramatical da pessoa, independente do fato de que esta

pessoa possa manifestar-se num categorema (o pronome pessoal)ou

em um morfema preso na variaçao flexionai do verbo, ou mesmo de

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ambos os modos simultaneamente. Partindo de tais principios Hej

culano de Carvalho (1974, P- 666) mostra a estruturaçao do cam

po mostrativo dentro do qual decorre a comunicaçao e fazemos

questão de transcreve-1 o na integra pelo simples fato de ser, a

nosso ver, o ponto culminante de toda a sua doutrina sobre a

significaçao deitica. Eis, na integra, a passagem;

"Desta maneira, na reiaçao dialectj_ ca reversível dos sujeitos do diseur, so surgem o 'eu' e o 'tu' e, logo em seguida, oposto aos dois termos furi damentais, o terceiro termo 'ele' Partindo pois do 'eu' e sobre ele a^ sentando o 'aqui' e o 'agora', fica constituído o campo mostrativo den­tro do qual decorre a comunicaçao en tre os dois sujeitos, que alternada­mente funcionam como emissor e receg^ tor, orientados, na sua capacidade de referencia aos objetos externos (mas tambem internos), por essas tres balizas de pessoa, lugar e tempo".

Exercem funçao deitica material ou "ad oculos"os pro

nomes pessoais e os pronomes possessivos da I - e 2- pessoa, os

advérbios de lugar ('ai' pode algumas vezes constituir uma exce

çao), os advérbios de tempo, o adverbio de modo 'assim' e o pro

nome indefinido 'o outro'. Sao deiticos anaforicos os pronomes✓

que servem de complemento, ou sejam, os pronomes pessoais obli-

^quos, o pronome reflexivo, este sendo tipicamente anaforico, h^

ja vista que indica que a açao praticada pelo sujeito sobre eie

reverte anteriormente expresso no mesmo sintagma.Tambem sao an^

foricos os artigos definidos, o pronome relativo, o pronome in­

definido 'o outro' e o adverbio de modo 'assim'. 0 pronome pes^

soai da terceira pessoa com funçao de sujeito, e os demonstratj_

tivos ora exercem significaçao deitica, ora exercem significa­

çao anafor i c a .

Todorov diz que a deixis e o termo que se usa

nas gramaticas class'cas para os problemas que dizem respeito a

enunciaçao, acrescentando, entretanto, que evita usar este ter­

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mo (deixis) pelo fato de o mesmo remeter a dois tipos de fenome

nos sendo que as formas deiticas se subdividem em dois grupos.

Segundo Benveniste, apud Todorov (1970, p. 10), uns pertenòem a

sintaxe da lingua, outros sao caracteristicos daquilo que cham^

remos as "instancias do discurso, isto e, os atos discretos e

cada vez unicos pelos quais a ifngua e atualizada em fala por

um locutor". A partir de esses elementos pode-se estabelecer a

diferença entre a deixis i ndi ci a I da deixis anafor i ca ou, con­

forme os termos usados por Morris e Benveniste, os signos pr*a^

maticos dos signos sintáticos. 0 exame da deixis anaforica per,

tence ao campo da retórica, antes que a ciência da enunciaçao.

I . r .0 carater dual dos aspectos lingOisticos da,enuncia-

çao foram descritos, em primeiro lugar, pelo semiotico Charles(7) . .Sanders Pe i rce apesar de essa categoria ja figurar nas gr';

maticas gregas e latinas. Os aspectos Iingüisticos da enunci£

çao sao símbolos, isto e, signos convencionais porque pertencem

ao codigo da língua, por exemplo, a palavra 'eu' e uma palavra

do Iexico português, e sao indices ou indicadores porque contem

um elemento da situaçao da enunciaçao, ou seja, o símbolo 'eu'

designa aquela pessoa que fala em um dado momento e em um detej^

minado lugar. Nao nos esqueçamos de que, de acordo com as ideias

contidas no trabalho de Peirce (1972, p. 133), os indicadores

estao, psicologicamente, em relaçao de cont i gü i dade com a realj_/V /w

dade exterior e nao em relaçao de similaridade ou de operaçoes ( 8^

i nteIectua i s ,

(9) . . . ' .KarI BühIer numa perspectiva mais psicologica ,

realizou um estudo sobre o campo mostrativo da linguagem e os

demonstrativos. Para BühIer os modos de indicar sao varios e

distingue no seu estudo tres modalidades de deixis: a deixis

"ad oculos" cuja indicação esta voltada para os objetos ou se-

res presentes, a deixis anafor i ca, que assinala o ausente ja CjO

nhecido ou aquilo que ainda se vai conhecer, e a deixis em fan

tasma ou de fantas i a . referencia deitica a um campo da record^

çao ou da fantasia.

Michel Lahud e de parecer que uma semantica e ^

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pec i f i camente lingtiistica deve desvincular-se do estudo da re-fe

rencia, uma entidade semiologica "a double face". Em decorren-

cia disso, chega-se a conclusão de que nao e possivel tentar

uma aproximaçao entre a definição dos deiticos de Jakobson (em­

brayeurs) e Benveniste (indicateurs de subjectivité) daqu^

la cuja elaboraçao parte de um esquema semiotico ternario onde

e de capital importância a relaçao do signo com o mundo das coj_

sas. Lahud (1976, p. 46) dira que:

"De fato, na perspectiva que denomi­naremos " I i ng(5 i sti ca", os deiticos nao se apresentam como uma especie particular de ihdicadores referenci- ais - aqueles que indicam uma rela- çao entre o objeto e o enunciado que contem o indicador - mas, antes,como indicadores de subjetividade, para usarmos a expressão oportuna de Ben^ beniste, isto e, termos relacionandoO e n u n c i a d o d e i “t i c o com o p r o p r i o s uÍS»jeito da enunciaçao, indicando assimr»/ /wa "posição" deste em relaçao ao seu proprio discurso".

Neste sentido a noçao de deixis esta relacionada a

questão da enunciaçao e do sujeito (do discurso), portanto to-

talmente separada da noçao de uma deixis integrada a problematj_

ca da referencia.

Michel Lahud (1976, p. 44) mostra que os deiticos nij

ma perspectiva " Iogica" apresentam-se como uma categoria espe­

cial de expressões referenciais definidas cujas significações

nao fornecem uma "descrição" propriamente dita do objeto denot£

do, mas apenas uma indicaçao precisa. Portanto, a significaçao'

dos deiticos torna possivel a identificaçao referencial nao atra

ves de uma propriedade intrinseca do individual referido, mas/w /s/ ^

da posição do objeto em relaçao ao proprio signo, ao locutor e

as demais coordenadas do singular ato de discurso no qual o dej_

tico e utilizado. No mesmo trabalho afirma que a significaçao

dos deiticos varia de acordo com a situaçao. Vejamos o que diz:

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"A significaçao dos deiticos, embora perfeitamente dete rm i nada e constan­te , e tal que uma mudança de situa­çao implica necessariamente uma mu­dança de denotaçao - esta sendo a c^ racterizaçao mais concisa desses si2_ nos quando considerados a partir de tal perspectiva Iogico-semantica: e perspecti va que podemos agora mos­trar ser a de Peirce, ao designar os pronomes possessivos, relativos e de monstrat i vos como símbolos - indices'' (12).

Retornando ao estudo de Lahud (1976, p.48) sobre as

diferentes noçoes de deixis, vamos encontrar a noçao semantica

de natureza "psicoIogica" que pode ser compreendida como sendo

aquela cuja "significaçao" pode ser identificada a associação

dos signos com os objetos diante dos quais o aprendizado semân­

tico deve ser feito. Por isso quando Jespersen, apud Lahud, de

fine os "shifters" como uma classe de palavras muito problematj_

ca para as crianças porque seus significados variam segundo a

situaçao-, „reconhecemos que essa definição tem razao de ser pojn

que e resultado dessa perspectiva psicologica. Assim sendo, uma

noçao semantica de natureza "psicologica" deve remeter, de acoj^

do com as ideias de Lahud, a:

"Palavras que ao mesmo tempo que as aplicam a coisas do real, funcionam como uma especie de "anti-nomes pro­prios psicoIogicos", sua "variabili­dade semantica" correspondendo, na verdade, ao seu carater refratario a propri a deixis, mas aqui no sentj_ do de "ostensao" (13).

Russe I , apud Lahud (1976, p. 53) afirma que os de i t j_

cos (particuI ares egocentricos) "dependem da reiaçao do usuário

da palavra com o objeto que a palavra concerne", ou em outra

formulaçao, "indicam sua propr i a reiaçao causai de produção, se

gundo o esquema psicologico estimulo/resposta". Ora, partindo

desse principio, nada mais obvio em afirmar que a definição ru^

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se liana dos dei ticos tambem e psicologica. Lahud (1976, p. 54)

tenta dar uma explicaçao mais pormenorizada:

"■'0 objeto que a palavra concerne' da definição de Russe I nada mais e do que o estimulo ao qual o I ucutor -m a quina reage, enunciando um dei tico adequado,conforme sua propria "posi- çao" em relaçao a esse estimu I o,isto e, segundo a relaçao causai entre ele mesmo e aquilo de que fala. E por isso que o dei tico assim concebj_ da remete necessariamente a uma expe^ riencia (perceptive), da qual ele "depende", efetivamente, mas de quel neo podemos dizer que e "significede" por ele; o deitico, ne v e r d e d e - epe^ . nes indicè a egocentricidade daquilo que esta sendo dito; indica que e uma releçeo ceusel quel quer entre o estimulo e o ego que este ne bese de^ te enunciado - resposta de ego. Coti sequentemente, o que distingue Eu - agora, por exemplo, de um nome pro­prio "neo fez perte dequilo que e enunciedo por ume frase contendo 'Eu- agora-, mes e somente uma- expres­são da releçeo causai entre aquilor /Vque e enunciedo e sue enunciaçao".

Em resumo; examinemos veries definições de deixis e

percebemos que as diferentes realidedes que ela encobre neo sao

totalmente conciliáveis. É que e noçao de deixis sofre e deter-

mineçeo do conjunto de questões e problemes nos que is esta inse

rida. E uma noçao semantica e a semantica interessa a logicos,

filosofos, psicologos, lingüistas, e cada qual visa ao seu pori

to de vista perticuler. Neste trabalho, estamos interessados ,

parti CU Iermente, no seu sentido estritamente lingüistico, isto

e, ume noçeo de deixis totelmente essimi leda a questão de enun

c i açao e do suje i to do discurso.

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NOTAS DO CAPÍTULO^ I....... J

(1) Mattoso Camara Jr., J. - Dicionário de LingCistica e Gra-

mat i c a . Petropolis, Vozes, 1977, p. 90.

(2) Carvalho, Jose G. Herculano de - Teoria da Linguagem. To

mo I. Coimbra, Atlantida, 1973, p. 203.

(3) Herculano de Carvalho (1973, p. 366) chama contexto extr£

verbal ou contexto real ao conjunto de todos os objetos,

circunstancias e acontecimentos extra-Iingüisticos ( m£

teriais ou i materia is, rea is, ou imaginados) que, medi^

ta ou imediatamente, determinam a produção da mensagem

e a que esta, explícita ou implicitamente, se refere

ou faz supor.

(4) Carvalho, Jose G. Herculano de - Teoria da Linguagem. To

mo II. Coimbra, Atlântida, 1974, p. 666.

(5) Herculano de Carvalho nao explicita o que vem a ser esti

I o refIeti do, entretanto, captamos o seu sentido como

correspondente a estiIo formal.

(6) Todorov, Tzvetan - Problemas da Enunciaçao. Langages 17-

Paris, Didier - Larousse, 1970, p. 10. Traduçao de M£

ria Marta Furlanetto.

(7) Pe irce. Charles Sanders - Semiótica e filosofia. Sao Pau­

lo, Cultrix, 1972, p. 115.

(8) A caracterizaçao dos deiticos na perspectiva de Peirce m^

ni festa perfeitamente um ponto de vista logico - seman-

tico, noçao que veremos posteriormente nesta sèçao.

(9) BCShler, KarI - Teoria dei lenguaje. Madrid, Revista de

Occidente, 1967, p. 137.

(10) Lahud, Michel - "Egocentric Partic u Iars": os deiticos na

concepção de Russel. In: Revista Latinoamericano de Fi­

losofia, Vol. I, n^ I, marzo, 1976, p. 4 6.

(11) Como nosso trabalho esta voltado para uma dimensao lin-

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gtüistica da deixis, um estudo detalhado sobre os dei-ticos

de Jakobson e Benveniste encontra-se no Capítulo 2 des^

ta dissertação. Fica, assim, justificada a nao inclusão

destes dois autores, nesta seçao.

(12) Op. cit., p. 44.

(13) Op. cit., p . 48 .

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CAPÍTULO 2 - OS ELEMENTOS TEÓRICOS DA ENUNCIAÇÃO

2.1. Os embreadores de Jakobson ^ ^

2.1.1. Os quatro tipos duplos.

Segundo Jakobson (1963, p. 178):

"Todo codigo lingüistico contem uma classe especial de unidades gramati­cais que se pode chamar de embread£ res: a significaçao geral de um em­breador nao pode definir-se fora de uma referencia obrigatoria a mensa­gem" .

Antes de aprofundarmos a noçao de embreador, veremos

como Jakobson introduz seus pressupostos teoricos. Partindo de

rapidas consideraçoes acerca da teoria da comunicaçao,distingue

quatro tipos de relações entre a mensagem (enunciado) e o codi­

go (língua) ate chegar a classe dos embreadores.

Ele afi rma:

"Uma mensagem transmitida por umemissor deve ser devidamente perceb_i_ da pe I o receptor. Toda mensagem deve ser codificada pelo emissor e decodJ_ ficada pelo receptor. Quanto mais o receptor capta o codigo empregado pelo emissor, maior sera a quantida­de de informaçao conseguida. A mens^ gem (M) e seu codigo subjacente (C) sao veiculos de comunicaçao lingtíis- tica, mas os dois funcionam de manej_ ra dupla; ambos tanto podem ser sem pre tratados, como objetos de uti I j_ zaçao (significantes), quanto como objetos de referencia ( refe rentes) . Assim sendo, a mensagem pode referir se ao codigo ou a outra mensagem, do mesmo modo que, por outro lado, o si nificado geral da unidade do codigo' implicara uma referencia (retorno)ao codigo ou mensagem" (1963, p. 176)'.

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Em decorrencia do acima exposto, Jakobson distingue

quatro tipos duplos de relações entre a mensagem (enunciado) e

o codigo ( Ifngua): (l) dois tipos de circuIaridade - a mensagem

remete a mensagem (M/M) e o codigo remete ao codigo (C/C); (2)

dois tipos de superposição ( over I app i ng) - a mensagem remete ao

codigo (m /c ), e o codigo remete a mensagem (C/M).

Jakobson explicita esses quatro tipos duplos:

I - A mensagem remete a mensagem (M/M).

Um discurso citado, ou simp1esmente citaçao, e

um enunciado com enunciaçao reproduzida. E um discur^

so no interior de uma mensagem e, ao mesmo tempo, um

discurso acerca do discurso, uma mensagem acerca da

mensagem, segundo Voloshinov, (apud Jakobson,p .I77).

Existe uma multiplicidade de possibilidades de cit^

çao, o discurso direto e indireto e diversas formasr A

de "estilo indireto livre". Ha Iinguas que empregam

uma forma morfologica especial para .indicar o diseur,

so citado. Dessa maneira, em tun i ca todas as declar^a

çoes feitas de ouvido sao marcadas por um "posfixo

de citaçao" /-an i / acrescentando ao predicado. A tj_

tu I o de i lustraçao, podemos dar o seguinte exemplo:

"Luis disse-me que Antonio chegou", que constitui umars>

forma de citaçao.

2 - 0 codigo remete ao codigo (C/C).

Os nomes proprios ocupam um lugar particular no

codigo lingüistico: a significaçao geral de um nome^ rs, _ yV ^

proprio nao pode definir-se sem referencia ao codigo.

No codigo do português, "Antonio" significa uma pe^

soa chamada "Antonio". A circu1 aridade na determina-

çao do sentido do nome propr i o e patente: o nome si 2

ni fica todo aquele a que se tenha atribuido este no­

me. Jakobson (1963, p. 177) nos fornece este exemplo:

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"0 apelativo caoz i nho designa um filhote de ,cao, vj_

ra-lata aplica-se a um cao de raça misturada... mas

F i do so designa um cao cujo nome e Fido". Alem do

mais, o significado geral de palavras como caoz i nho,

sabujo, perdi gue i ro, poderia indicar-se por meio de

perífrases tais como: fi Ihote de cao, cao de caça

grossa, ou por meio de abstraçao como '''perd i gue i rez,

enquanto que a significaçao geral de F i do nao compor.(2)

taria nenhuma propriedade especial de '“fididade

3 - A mensagem remete ao codigo (M/C).

Tem por objeto a definição de uma palavra numa

mensagem, isto e, o recurso ao codigo (ao dicionarioj

Toda interpretaçao explicativa de palavras e oraçoes

sejam i ntra 1 i ngtü í st i cas (perifrases, sinonimos) ou

interiingOisticas (traduçao) e uma mensagem que rem£ ( 3

te ao codigo . Quando dizemosí "a moringa que­

brou", a palavra "moringa" se refere a um objeto ex

tra1 ingttístico. Mas, se dissermos que "moringa e uma’ -í ^ ■

bilha de barro para conter e refrescar a agua" a pa

lavra mor i nga esta referindo-se a si mesma. Tal feno/

meno e chamado em 1ogica "o modo autonimo do discur­

so". Esta transposiçao desempenha uma funçao vital

- • ^ (4)na aquisição e uso da Iinguagem

4 - 0 codigo remete a mensagem (C/M).

E aqui que se encontra a classe dos embreadores.

Todo codigo lingüístico contem uma classe especial de

unidades gramaticais chamadas embreadores ,e como

já vimos anteriormente a significaçao geral de um em

breador (eu, meu, agora) nao pode ser definida fora

de uma referencia a mensagem. Na realidade, a unica

coisa que distingue os embreadores de todos -os ou-

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tros constituintes do codigo lingüistico, e o fato de

que se remetem obrigatoriamente a mensagem, afirma

Jakobson (lÇ63, p. 179).

Burks (apud Jakobson, p. 178) examinou a natureza se

mi ótica dos embreadores em seu estudo sobre a cl ass i fi caçao fej_

ta por Peirce dos signos em símbolos, indices e ícones. Para

Peirce, (apud Jakobson, p. 179), um simbolo, por exemplo, a p£

lavra verme 1ho, associa-se ao objeto representado por meio de

uma regra convencional, enquanto que um indice, por exemplo, o

ato de mostrar alguma coisa com o dedo, esta numa reIaçao exi^

tencial com o objeto que representa. Os embreadores combinam as

duas funções, isto e, a funçao simbólica e a indiciai, e per^

tencem, portanto, a classe de simbolos indices. Como exemplo,

Burks cita o pronome pessoal. "Eu" significa a pessoa que diz

"eu". Assim, de um lado, o signo "eu" nao pode representar seu

objeto sem estar associado ao mesmo "por meio de uma regra coii

vencional"; em outros codigos o mesmo significado se atribui a

seqüências diferentes como "eu", "I", "ego", "ja", "ich", etc.:

por conseguinte, "eu" e um símbolo. Por outro lado, o signo"eu"

nao pode representar seu objeto sem "estar em relaçao existencj_

a 1" com este objeto: a palavra "eu", designando o falante, esta

existencia I mente relacionada com a enunciaçao, e portanto fun -

ciona como índice.

Prosseguindo, Jakobson afirma que cada embreador po^

sui uma significaçao geral propria, noçao que vai de encontro a

freqüente ideia de que o carater particular do pronome pessoal e

de outros embreadores residia na ausência de uma signifiçaçao ge

ral unica e constante. Dessa forma, HusserI, (apud Jakobson, p.

179) afirma: "a palavra eu designa, conforme os casos, pessoas

diferentes, e assume por isso mesmo uma significaçao sempre no

va". Por causa de esta suposta multiplicidade de significados

contextuais, os embreadores, por oposição aos simbolos, foram

tratados como simples indices. Para mostrar que o embreador po£

sui uma significaçao gerai propria, Jakobson cita o pronome

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pessoal eu que designa o emissor e o receptor da mensagem a

qual pertence.

Para Bertrand Russel (apud Jakobson, p. 179), "os em

breadores, ou, em sua terminologia, os "particuI ares egocentri-

cos", se definem pelo fato de que nunca se apl icam a mais de um

objeto de cada vez". Isto, entretanto, e comum a todos os ter­

mos s i ncategoremat i cos diz Jakobson. Por exemplo, a conjuiifst f*-’ ^ ,

çao mas expressa sempre tao-somente uma relaçao adversativa eii

tre dois conceitos que se enunciam, e nao a ideia generica de

opos1çao.

Os símbolos - índices, prossegue Jakobson, e em par^

ticular os pronomes pessoa i s, que a tradiçao humboldtiana con^

cebe como pertencendo ao estrato mais elementar e mais primiti-fSf A ^

vo da linguagem, sao, pelo contrario, uma categoria complexa oji

de codigo e mensagem se recobrem, se superpõem. Por isso os pro

nomes constituem uma das ultimas aquisições da linguagem infan­

til e o que primeiro se perde na afasia.

ex*Em seguida, chama a atençao para o fato de que se

ate os lingüistas tem tido dificuldades para definir a signifi­

caçao geral do termo "eu" ou "tu" que significa a mesma funçao

intermitente de diferentes sujeitos, esta clarissimo que a crj_

ança que aprendeu a identificar-se com seu proprio nome nao se

acostumara facilmente a termos tao al ienaveis como os pronomes

pessoais: pode hesitar a falar de si mesma na primeira pessoa

quando seus interIocutores a chamam "tu". Jakobson (19^3, p.

I80) ilustra com o seguinte exemplo: "a criança tratara de mono

poíizar o pronome da primeira pessoa: "Nao te chames "eu". Sor rsf /■

"eu" sou "eu", e "tu" so es "tu", Entao, empregara, indiscrimi­

nadamente "eu" ou "tu" para o emissor e para o receptor, de mo

do que este pronome significara quem quer que seja que partici-

pe do dialogo em questão. Ou, finalmente, substituirá a criança,

com tanto rigor, "eu" por seu proprio nome qüe, estando dispo^

to a chamar a qualquer pessoa, ao seu redor, por seu nome, re

sistir-sé-a a pronunciar o seu proprio: o nome tem para seu pe

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queno portador so um significado de vocativo, em oposição a fun^

çao nominativa do "eu".

0 seguinte exemplo mostra como esses tipos podem co^

xistir num enunciado: "Antonio me disse que "tijuco" significa

"lama". Neste breve enunciado estao inclufdos os quatro tipos

de estruturas duplas: o discurso indireto (M/M), uma mensagem

autônima (M/C), um nome proprio (C/C), e os embreadores,isto e,

o pronome da primeira pessoa e o tempo perfeito, que assinala

um acontecimento anterior a transmissão da mensagem.

Concluindo, Jakobson diz que na linguagem e seu uso,

as estruturas duplas desempenham uma funçao basica. Em particu^

lar, a classificaçao das categorias gramaticais, as verbais e^

pecialmente, requer uma discriminação sistemática dos embreado­

res.

2.1.2. As categorias verbais

Para classificar as categorias verbais, devem obsej^

var-se duas distinções basicas, segundo Jakobson: (l) a enunci£

çao em si (^), e seu objeto, a matéria enunciada (^); (2) o ato

ou o processo em si (C) e qualquer um de seus protagonistas (T),

seja "agente" ou "paciente". Em conseqüencia, impoe-se distin­

guir quatro elementos: um evento narrado ou processo de enuncj_e â

ado (C ), um ato de discurso ou processo da enunciaçao (C ), um

protagonista do processo do enunciado (T^) e um protagonista do

processo de enunciaçao (T ), emissor ou receptor.

Todo verbo se refere a um processo do enunciado, diz

Jakobson (1963, p. I8|):

"As categorias verbais podem subdivj^ dir-se em duas classes conforme os protagonistas do processo estejam ou nao implicados. As categorias que im plicam os protagonistas podem carac­terizar seja os protagonistas em si (T*), seja sua reiaçao ao processo do enunciado (T C ). As categorias que fazem abstraçao dos protagonis­

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tas caracterizam seja o processo do enunciado em si (C ), seja sua rela- çao a um outro processo enunciado - (C C ). Para as categorias que so caracterizam um termo do enunciado o processo em si (C ) ou seus prot^ gonistas (T ) - empregara a expre^ sao de des i gnadores, enquanto que as categorias que caracterizam tal ter. mo (C ou T ) referindo-o a um outro termo do enuncia do (C C ou T C ) serao chamados conectores".

Os designadores indicam seja a qualidade, seja a

quanti dade do termo do enunciado e podem ser-chamados respecti­

vamente quaI i fi cadores e quant i f i cadores.

Os designadores, bem como os conectores, podem cara£

terizar o processo do enunciado e/ou seus protagonistas com ou

sem referencia ao processo da enunciaçao (..C ou a seus prota­

gonistas (../T ). As categorias que implicam esta referencia se

rao chamadas embreadores; as que nao a implicam receberão o nof

me de "nao-embreadores".

Todas as categorias verbais genericas podem ser defj_

nidas, a partir dessas dicotomias de base.

Jakobson (1963, p. I82) explicita essas categorias:

A - 0 genero e o numero; simbolizados pela formula

. (T^).

Estas categorias caracterizam os protagonistas do

processo do enunciado sem referencia ao processo de enunciaçao,

sendo que o genero qualifica e o numero quantifica os protago

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n i stas.

B - A pessoa; simbolizada pela formula ( /T^).

E a categoria que caracteriza o relacionamento dos

protagonistas do processo do enunciado com referencia aos prot£

gonistas do processo de enunciaçao. Jakobson (1963, p. 182) diz

que a primeira pessoa assinala a identidade de um dos protago -

nistas do processo do enunciado com o agente do processo

da enunciaçao, e a segunda pessoa, sua identidade com o pacien­

te atual ou potencial do processo da enunciaçao. Como exemplo ,

o enunciado; eu te amo.

C - 0 estatuto e o aspecto: simbolizados pela form^

Ia (C® ).

Estas categorias caracterizam o processo do enuncia­

do em si mesmo sem implicar seus protagonistas e sem fazer refe

rencia ao processo da enunciaçao. A qualidade Iogica do proces­

so e definida pelo estatuto (na terminologia de Whorf).Jakobson

( 19 6 3, p. 18 2) extrai exemplos do g i Iyak, onde os estatutos

afirmativo, supositivo, negativo, interrogativo e interrogativo

negativo sao expressos por formas verbais especiais. Extrai,

tambem, exemplos do ingles, onde o estatuto assertivo emprega

combinaçoes com o auxiliar "do" que, em certas condiçoes, sao

facultativas para asserções afirmativas, mas obrigatorias para

as asserções negativas ou 1nterrogativas.

D - 0 tempo: simbolizado pela formula (C^ /C^).

A

E a categoria que caracteriza o relacionamento do

processo do enunciado com referencia ao processo da enunciaçao.

0 preterito, por exemplo, nos mostra que o processo do enuncia­

do e anterior ao processo da enunciaçao, e o futuro, que o pro­

cesso do enunciado e posterior ao processo da enunciaçao. A fr^

se voce partira mostra que o processo do enunciado e posterior

ao processo da enunciaçao.

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A e 6 'E - A voz ; simbolizada pela formula (T /C ) .

El a caracteriza a relaçao que I iga o processo do

enunciado a seus protagonistas sem estabelecer referencia ao

processo da enunciaçao ou ao falante.

F - 0 modo; simbolizado pela formula ( /T ).

Ele caracteriza a relaçao entre o processo do enuncj_

ado e seus protagonistas com referencia aos protagonistas do

processo da enunciaçao.

Por exemplo; ele estudaria com muito entusiasmo, se

tivesse oportunidade. Nesta frase, segundo a formulação de Vino

gradov (apud Jakobson, p. l83), o futuro do preterito reflete a

concepção que o falante e_u tem sobre o carater da relaçao entre

a açao estudar e seu ator ele. 0 falante encontra-se subentendj_

do na frase subjacente; eu digo que.

G - A ordem; simbolizada pela formula (C C ).

A ordem (tactema) caracteriza o processo do enunci^

do com relaçao a um outro processo do enunciado, mas sem refe^

rencia ao processo da enunciaçao. Para exemplificar, Jakobson

( 19 6 3, p. 183) cita o g iIyak que distingue tres tipos de ordens

independentes; um exige, o outro admite, e o terceiro exclui

uma ordem dependente, e a ordem dependente expressa relações dj_

ferentes com o verbo independente como, por exemplo, simultané^

mente, anterioridade, etc.

H - 0 testemunha I ; simbol izado pela formula (C^C^^/C^)

Jakobson (1963, p. l83) chama testemunha 1 (em ingles

evidential) a categoria verbal que da conta de tres processos ;

o processo do enunciado (C^), o processo da enunciaçao (C^) e

um processo de enunciaçao - enunciado" ( ) , isto e, a fonte

de informaçao acerca do processo do enunciado.

0 falante reI ata um processo sobre a base da narra--

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çao feita por outrem (prova do boato), sobre a base de um sonho

(prova da revelaçao), de uma conjetura (prova da suposição) ou

de sua propria experiencia anterior (prova da memória). 0 se­

guinte exemplo: "conforme informaçoes obtidas no Jornal "Estre­

la Polar", o Presidente da Republica chegaria brevemente a esta

cidade", bem ilustra esta categoria.

Em resumo: as categorias que implicam uma referencia

ao processo da enunciaçao sao chamadas embreadores. Sao elas:

- a pessoa ( /T )

- o tempo ( /C^)

- o modo (T C /T )

- o testemunhal (C^C^^/C^); e as categorias que nao

impi icam uma referencia ao processo da enunciaçao sao os nao-em

breadores. Sao elas:

- o genero e o numero (T^)

- o estatuto e o aspecto (C )

- a voz (T^/C^)

- a ordem (C^/C )

Jakobson (I9Ó3, p. I84) apresenta o seguinte esquema

global sobre as categorias verbais, mostrando como elas se i ntejr

re I ac i onam:

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T IMPL ICADO T NÃO-IMPLICADO

DESIGNADOR CONECTOR DESIGNADOR CONECTOR

QUALIFICADOR:

QUANTI F ICADOR:

GÊNERO

NÚMERO

VOZ

ESTATUTO

ASPECTO

ORDEM

EMBREADOR:

EMBREADOR:

PESSOA11 MODO

TEMPO

TESTEMUNHAI

Numa tentativa de c I ass i fi caçao das categorias vej2

bais, em funçao da oposição embreadores / nao-embreadores,

kobson resume o modelo acima em um esquema mais simples:

T IMPLICADO T NÃO-IMPL ICADO

DESIGNADOR CONECTOR DESIGNADOR CONECTOR

NÃO-EMBREADOR: t" T® o'" C^ c"c"

EMBREADOR: c^/c^ C^C^^/C^

Simplificando mais ainda com o objetivo de torna-lo

mais pratico, teremos:

T IMPLICADO T NAO-IMPLICADO

DESIGNADOR CONECTOR DESIGNADOR CONECTOR

NÃO-EMBREADOR: GÊNERO ENÚMERO

EMBREADOR: PESSOA

VOZ

MODO

ASPECTO E ESTATUTO

TEMPO

ORDEM

TESTEMUNHAL

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Vimos, pois, entao, que todo codigo I i ng(5 fst i co cojn

tem uma classe de unidades gramaticais que se chama embreadores.

A significaçao de um embreador nao pode ser definida

fora de uma referencia a mensagem.

A ausência de uma significaçao geral e o fato de que

nunca se aplicam a mais de um objeto de cada vez nao podem ser

tomados como critérios para definir os embreadores porque:

a) - Cada embreador,para Jakobson, possui uma signi-

ficaçao geral própria. Eju designa sempre o emi^

sor e sempre o receptor da mensagem a qual

pertence.

b) - os termos sincategorematicos tambem servem para

marcar, vez por vez, uma reiaçao particular ejn

tre dois conceitos ou duas proposiçoes.

Portanto, o critério essencial para definir a signi-

ficaçao de um embreador, sera o envio obrigatorio ao discurso, e

nisso reside a di ferença- entre ele e os termos s i ncategoremat i-

cos, ou em sentido mais generico, entre os embreadores e todos

os outros constituintes do codigo I i ngtü íst i co .

A pessoa, o tempo, o modo e o testemunhai sao, em­

breadores porque pertencem as categorias verbais que implicam

uma referencia ao processo de enunciaçao.

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-■J 3

2.2. Os indices de enunciaçao (BE N VE NISTE I)

Mo presen-fce item, apresentaremos as principais i dej_

as contidas em cinco artigos de Benveniste reunidos sob o t i t

lo gérai de "0 homem na lingua" Trata-se de cinco ensaios

que, realizados a partir de estudos minuciosos de fenomenos das

I inguas naturais, e numa perspectiva estrutural, fornecem i ndj_

caçoes seguras para a compreensão do processo da comunicaçao.

2.2.1 . A pessoa no verbo

No primeiro ensaio (Gap. |8, p. 247), intitulado "Es

trutura das relações de pessoa no verbo" ele afirma que o verbo

juntamente com o pronome, constitui a unica classe de palavras

sujeita a categoria de pessoa, mas que o pronome apresenta ca-

racteristicas especificamente suas e relações tao diferentes

que exigiria um estudo independente. As formas de conjugaçao

classificam-se segundo a sua referencia a pessoa em todas as

Iinguas que possuem um verbo.

Chega a conelusao geral de que em toda lingua, dota

da de um verbo, as distinções de pessoa sao marcadas de uma m^

neira ou de outra nas formas verbais, e que a categoria de pe^

soa pertence realmente as noçoes fundamentais e necessarias doA

verbo. Mas a originalidade de cada sistema verbal devera rece^

ber um estudo em particular.

Para Benveniste so se pode constituir uma teoria I iri

gíüistica da pessoa verbal com base nas oposiçoes que diferen­

ciam as pessoas; e ficara inteiramente voltada a estrutura de^

sas oposiçoes. A seguir anaIisa o conteúdo das pessoas verbaisí

"Nas duas primeiras pessoas, ha ao mesmo tempo uma pessoa implicada e um discurso sobre essa pessoa. Ejjdesigna aquele que fala e implica ao mesmo tempo um enunciado sobre o eu; dizendo eu , nao posso deixar de

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falar de mim. Na segunda pessoa, e necessar i ame nte designado por e_u e nao pode ser pensado fora de uma sj_ tuaçao proposta a partir do e_u; e, ao mesmo tempo, e_u enuncia algo como um predicado de tu. Da terceira pes soa, porem, um predicado e bem enur^ ciado somente fora do eu/tu; essay ~ ' r-iforma e assim exceptuada da reIaçao pela qual ejj e se espec i f i cam . Da i, ser questionável a legitimidade de^ sa forma como pessoa" (8).

Benveniste questiona a legitimidade da terceira pe^

soa porque se ela comporta realmente uma indicaçao de enunciado

sobre alguem ou alguma coisa, esta indicaçao nao se refere a

uma pessoa específica, porque falta aqui o elemento variavel e

propriamente pessoa I destas denominaçoes. Conclui, afirmando,

que a terceira pessoa nao e uma pessoa; e inclusive a forma

verbal que tem por funçao exprimir a nao-pessoa.

A seguir, mostra como se apresenta a situaçao parti-

cu I ar da terceira pessoa no verbo de dez linguas, e chega a cori

clusao de que as duas primeiras nao estao no mesmo plano que a

terceira, sendo que esta nao e tratada como uma verdadeira pe^

soa e que o verbo dessas 1inguas nao apresenta uma simetria nas

tres pessoas. Para exemplificar nomeamos o semi tico, o turco, e

as-I ínguas amerindias. No semitico, a terceira singular do pe£

feito nao possui desinencia, e no turco, de uma maneira geral,a

terceira singular tem a marca zero, enquanto que nas 1 inguas

amerindias, onde o verbo funciona com desinencias ou prefixos

pessoais, geralmente falta a marca da terceira pessoa.

Prosseguindo, Benveniste aponta duas caracteristicas

das pessoas eiJ e á un i ci dade e a i nve rt i b i I i dade . 0 eu que

enuncia, o ao qual e]j se dirige sao cada vez unicos, ao pa^

so que eIe pode ser uma infinidade de sujeitos - ou nenhum. Pa

ra exemplificar, Benveniste cita o "je est un autre" de Rimbaud,

que fornece a expressão típica daquilo que e propriamente a

"alienaçao" mental, em que o ejJ e despossuido de sua identidade• • *** f • • • •

constitutiva. 0 eu e o tu sao invertiveis, consistindo nisso a

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sua segunda caracter i st i ca : o que ejj define como se pensa e

pode inverter-se em e eu se torna um Em outros termos:

o ejj (codificador) e o ( decod i f i cador) se invertem no procès

so da comunicaçao, ou seja: o (decodificador) se transforma

em ejj ( cod i fi cador) e o ejJ (codificador) se transforma em t}J

( decodi fi cador) . Entre o ejj e o e a terceira pessoa e 1 e ne­

nhuma relaçao semelhante e possivel, uma vez que eIe em si nao

designa especificamente nada nem ninguém. Devemos, enfim, tomar

plenamente consciência dessa particu1 aridade da terceira pessoa

de ser a unica pela qual uma co i sa e predicada verbalmente.

E Benveniste prossegue: tudo o que fica fora do par

eu/tu, ou seja, da pessoa estrita, recebe como predicado uma

forma verbal da terceira pessoa e nao pode receber nenhuma ou­

tra .

Benveniste conclui seu estudo dizendo que as expre^

soes da pessoa verbal sao, no seu conjunto, agrupadas por duas

correlaçoes constantes: a correlaçao de personalidade, que opoe

as pessoas eu/tu a nao-pessoa ele, e a correlaçao de subjetivi­

dade interior a precedente e oponto eu a t u .

Benveniste analisa as duas correlaçoes nos seguintes

termos: a oposição eu/tu possui a marca de pessoa enquanto a

terceira pessoa (ele) e-deladestituida. Representar, sob a re

Iaçao da propria forma, um invariante nao-pessoal, seria a ca­

racterística e funçao constantes da terceira pessoa.

A diferença que ocorre entre eij e reside, em prj_

me i ro lugar, no fato de ser ejj i nter i or ao enunciado e exter i or

a sendo que essa exterioridade nao suprime a realidade hum£

na do dialogo. Como exemplo'^ Benveniste cita a segunda pessoa

em russo, como na locução "gavori^ s nim - on ne slusaet" ( f a.

Ia-se com ele^ele nao ouve)que e uma forma que presume ou susci-^ rs*

ta uma pessoa ficticia e institui dessa forma uma relaçao vi vj_

da entre eij e essa quase-pessoa, no caso Em segundo lugar,^ o * y

eu e sempre transcendente com relaçao a Quando alguem procij

ra estabelecer uma relaçao viva com um ser, encontra ou coloca

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• • necessariamente um que e fora da pessoa, a unica pessoa ima-

ginavel, diz Benveniste. Portanto, i nte r i or i dade e transcenden-

cj_a, qualidades inerentes ao ejj, invertem-se em Definir-se-

a, entao, o como a pessoa nao-subjetiva, perante a pessoa

subjetiva que et[ representa; e o par eu/tu opor-se-a em conjun­

to a forma de nao-pessoa, isto e, a terceira pessoa (ele).

2.2.2. Dois niveis de enunciaçao: historia e discur­

so .

No capitulo 19 (p. 260), denominado "As relações do

tempo no verbo francês", Benveniste distingue, a partir de um

estudo do tempo dos verbos franceses, dois planos de enunciaçao:A f»* A ,

h i stor i a e ■ d i seu r so. A enunciaçao histórica e "o modo de enuncj_

• " • (9)açao que exclui toda forma lingOistica "autob i ograf i ca" , eji

quanto que a enunciaçao discursiva e "toda enunciaçao que supo­

nha um locutor e um ouvinte e, no primeiro, a intenção de infljj

enciar, de algum modo, o outro" .

A /w ANa narrativa historica^o historiador nao dira jamais

est r ^

eu nem nem aqu i nem agora, porque nao tomara jamais o apare­

lho formal do discurso que consiste, em primeiro lugar, na reI^

çao de pessoa eu/tu, diz Benveniste. Dessa forma, na narrativa

histórica estritamente desenvolvida, so se verificarao formas -

de "terceira pessoa".

Para Benveniste a narrativa discursiva seria a diver.

sidade dos discursos orais, e da mesma forma a massa dos escri­

tos: correspondencias, memórias, teatro, obras didaticas, enfim

todos os generos nos quais alguem se dirige a alguem, se enuncia

como locutor e organiza aquilo que diz na categoria da pessoa.

Benveniste diz que a distinção entre narrativa h i sto^

rica e narrativa discursiva nao coincide, de forma alguma, com

a distinção entre língua escrita e língua falada, pois a enuncj_

açao histórica e hoje reservada a língua escrita, e o discurso

pode ser tanto escrito como falado. Na pratica, passa-se de um

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para o outro instantaneamente, pois e proprio da I i nguagem pej^

mitir essas passagens instantaneas.

0 discurso emprega I ivremente todas as formas pesso-

ais do verbo, sendo que a reiaçao de pessoa esta sempre presen-

te, explicita ou implicitamente, ao passo que na historia o nar

rador nao intervem: ha ausência de pessoa, em conseqüência au

sencia de enunciaçao.

Os dois planos de enunciaçao se dei imitam em traços

positivos e negativos (Benveniste, 1976, p. 270) ou seja, o cam

po de expressão temporal, em francês, podera ser definido nos

seguintes termos: no que chama de enunciaçao histórica empregam

se em formas de terceira pessoa: o aoristo (passe simple), o im

perfeito, o mais-que-perfeito e o prospectivo (um tempo perifr^s

tico substituto de futuro, por exemplo, "ele vai estudar" por

"ele estudara"). 0 presente e excluido, tendo como exceção o

presente intemporal (a terra gira em torno do sol); assim como

o perfeito (passe compose) e o futuro (simples e composto). 0

tempo fundamental da historia e o aoristo (passe simple); o teni

po do acontecimento fora da pessoa de um narrador,

0 sistema temporal do discurso distingue-se clarameji

te do sistema temporal da historia: na enunciaçao de discurso,

empregam-se todos os tempos em todas as formas pessoais do ve£

bo, com exclusão do aoristo: simples e composto. Os tempos fun-

damentais do discurso sao: o presente, futuro e perfeito (passe

compose).

Os tempos verbais que originaram essas duas formas

de enunciaçao pertencem, como ja vimos, ao campo: da expressão

temporal do francês. Procedendo a uma adaptaçao do sistema tem

poraI francês para a lingua portuguesa, teremos:

a) na enunciaçao histórica, usam-se, o preterito per^

feito simples, o imperfeito, o mais-que-perfeito

e o prospectivo, em forma de terceira pessoa, com

exclusão do presente (exceto o presente intempo-

raI), do preterito perfeito composto, e do futuro

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simples e composto.

b) na enunciaçao discursiva; todos os tempos em to­

das as formas pessoais do verbo, sendo o presente,

o futuro e perfeito, as formas fundamentais .

Nota-se que, em português, a enunciaçao discursiva/s*

nao apresenta as exclusoes anteriormente mencionadas no frances.

1sto e facil de se explicar: no frances, o aoristo simples (pa^

se simple para Benveniste) so podera ser usado na historia (no

discurso, emprega-se o passe compose) ao passo que, em portu -

gues, o preterito perfeito simples, seu correspondente, podera

ser usado tanto na historia quanto no discurso. Nao mencionamos

o aoristo composto (passe anterieur) porque nao possui equiva­

lente em português.

2.2.3. A natureza dos pronomes.

No capitulo 20 (1976, p. 277) Benveniste faz um estij

do sobre a natureza dos pronomes e mostra que eles nao constitij

em uma classe unitaria, mas especies diferentes segundo o modo

de linguagem do quai sao signos: Diz Benveniste (1976, p. 277):

—-"Uns pertencem a S i ntaxe da lingua, outros sao caracteristicos daquilo a que chamaremos as "instancias do di^ curso", isto e, os atos discretos e cada vez unicos pelos quais a lingua e atualizada em palavra por um locu­tor" .

Benveniste faz uma analise profunda do pronome pesso

al eu/tu porque a noçao de pessoa e propria deste par. Ele diz

que a diferença do pronome eju e um nome referente a uma noçao

lexical reside nao so nas diferenças formais próprias de cada

sistema lingüistico, mas tambem se prende ao proprio processo

da enunciaçao I i ng(i i st i c a . 0 enunciado que contem ejj pertence a

esse niveI ou tipo de linguagem a que Charles Morris chama pra£

matico, e que inclui, com os signos, aqueles que os empregam.

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Cada instancia de emprego de um nome refere-se a uma

noçao constante e objetiva, apta a permanecer virtual ou a atu^

1 izar-se num objeto singular, e que permanece sempre idêntica na

representaçao que desperta, ao passo que as instancias de empre

go de ejj nao constituem uma classe de referencia:

"(...) Nao ha objeto definivel como eu ao qual se possa remeter identic^ mente essas instancias. Cada eu tem a sua referencia propria e correspori de cada vez a um ser unico, proposto como tal" (Benveniste, 1976, p. 278).

A realidade a qual se refere ejj ou consiste uni­

camente numa realidade de discurso (1976, p. 278);

"Eu significa a pessoa que enuncia a presente instância de discurso que contem e_u. (...)- A forma eu so tem existencia lingOistica no ato de pa lavras que a profere. Ha, pois, ne^ se processo uma dupla instancia con­jugada: instancia de eu como refere]! te, e instancia de discurso contendo eu, como referido. (...) o i ndj_vi duo que enuncia a presente i nstan^ cia de discurso que contem a instan^ cia lingOistica eu. Conseqüentemente, introduzindo-se a situaçao de "alocu çao", obtem-se uma definição simetrj_ ca para como o indivíduo a Iocut^do na presente instancia de discurso contendo a instancia lingOistica tu".

É /v . ^a partir desta referencia constante e necessaria a

instancia de discurso que se expl ica a uni ao de uma serie de/ • • f 9 ^

"indicadores" a eu/tu. Estes indicadores ou indices de ostensao

pertencem a classes diferentes: pronomes, advérbios e ainda lo

cuçoes adverbiais. Temos, assim, os demonstrativos (este), os

advérbios (aqui, agora) na medida em que se organizam corre I at_i_

vaménte com os indicadores de pessoa.

fst AEsses signos "vazios", nao referenciais, so tem exi^

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tencia na "instancia de discurso". Eles nao remetem a nenhuma

real idade, nem tampouco a posiçoes objetivas no espaço ou no

tempo, mas a enunciaçao, tornando-se dessa forma signos pIenos.

Plenos, na medida em que o locutor os assumir em cada instancia

do seu discurso.

Qual seria o papel desses signos vazios na linguagem?

Benveniste (1976, p. 280) afirma;

"0 seu papel consiste em fornecer o instrumento de uma conversão, a que se pode chamar a conversão da Iingua gem em discurso. (0 grifo e nosso) . E identificando-se como pessoa unica pronunciando eu que cada um dos 1 ociJ tores se propoe alternadamente como su.je i to" .

Mas, se cada pessoa possuísse um indicador propriop£

ra dizer ejj, haveria tantas linguas quanto fosse o numero de

pessoas e daf, a dificuldade de comunicaçao. A linguagem criou,

por isso, um signo movei, unico: eij, que podera ser assumido por

todo falante, com a condição de que ele, cada vez, so remete a

instancia do seu proprio discurso:

"Esse signo, esta pois, ligado ao exe rc i c i o da linguagem e declara o locutor como tal. E essa propriedade que fundamenta o discurso individual, em que cada locutor assume por sua conta a linguagem i nte i ra" (1976, p. 281) .

Existe uma diferença profunda entre a I inguagem como

sistema de signos e a linguagem assumida como exercício pelo i

divíduo mas tornamo-nos insensíveis a essa diferença por força

do habito:

"Quando o individuo se apropria dela, a linguagem se torna em instancias de discurso, caracterizadas por esse

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sistema de referencias internas cuja chave e eu, e que define o individuo

o ,

pela construção ling(5istica particu­lar de que ele se serve quando se enuncia como locutor" (1976, p.28l).

Dentro dessa perspectiva, os indicadores ejj e so

tem existencia na medida em que sao atualizados na instancia de

discurso, em que marcam para cada uma das suas próprias instaji

cias o processo de apropriaçao pelo locutor.

Alem dos indicadores de pessoa (eu/tu),^ dos indica­

dores de ostensao (este/aqui, etc.) e os indicadores de tempo

(agora/hoje/ontem, etc.) que so se atual izam na instância de

discurso, Benveniste assinala todas as variações do paradigma

verba I: aspecto, tempo, genero, pessoa, porque as formas ver -

bais tambem sao solidarias da instancia individual de discurso

pelo fato de serem sempre e necessariamente atua Iizadas pelo ato

de discurso e em dependencia desse ato.

A seguir Benveniste (1976, p. 282) questiona; "se a

linguagem em exercício se produz por necessidade em instancias

discretas, essa necessidade a destinara tambem a so consistir^ ÍN »

de instancias pessoais?" Sabemos empiricamente que nao, diz Beri

veniste, pois ha enunciado de discurso que escapam a condição

de pessoa e remetem a uma situaçao objet Í va. E o domínio daÍS*

'terceira pessoa", sendo que esta representa o membro nao marca­

do da correlaçao de pessoa.

Benveniste (1976, p. 282) expI i c i t a :

"A nao-pessoa e o unico modo de enujn ciaçao possivel para as instancias - de discurso que nao devem remeter a elas mesmas, mas que predicam o pro^ cesso de nao importa quem ou nao i m- porta o que, exceto a própria instan ■*" " 1 ■ II fc I ■ ^cia, podendo sempre esse nao importa quem ou nao importa o que sen munido de uma referericia objetiva".

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Cita, como exemplo, os pronomes pessoais de terceira

pessoa denominados por ele "substitutos abre v i at i vos / os nossos

anaforicos, acrescentando que essa funçao de "representaçao"si r\

tatica podera tambem ser exercida por elementos de outras cias­

ses, por exemplo, certos verbos, no caso do português, os v e r ­

bos ser e fazer por exercerem, com mais freqCiencia, esta funçao

viçaria. Assim sendo, nao ha um denominador comum entre a futi

çao desses "substitutos abreviativos" e a funçao dos " indicado-

res de pessoa".

Concluindo o capitulo, Benveniste reafirma a nítida

distinção entre a I íngua como sistema de signos e o sistema das

suas combinaçoes, e entre a I ingua como atividade manifestada

nas instancias de discurso caracterizadas como tais por indices

proprios.

2 .2 .4 » A intersubjetividade na linguagem

Neste artigo, Benveniste (1976, p. 284) toma como

ponto de partida a problematica da descrição da linguagem como

um instrumento, pois encara-la dessa forma, e por em oposição

o homem e a natureza, e dissociar do homem a propriedade da I i n

guagem.

A Iinguagem esta na natureza do homem que nao a f^

br i cou:

"Nao atingimos nunca o homem separa- do da Iinguagem e nao o vemos nunca inventando-a, Nao atingimos jamais o homem reduzido a si mesmo e procuran do conceber a existencia do outro, E um homem falando que encontramos no mundo, um homem falando com outro ho mem, e a I inguagem ensina a propria definição do homem" (1976, p. 285).

Benveniste prossegue:

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"É na linguagem e pela linguagem queo homem se constitui como suje i to; porque so a linguagem fundamenta na real idade, na sua real idade que e a do ser, o conceito do ego" (ll).

Essa subjetividade diz respeito a capacidade do 1 octJ

tor para se propor como suje i t o . A subjetividade e determinada

pelo status I ingOistico da pessoa.

!Um elemento apontado por Benveniste como sendo es -

sencial para que haja consciência de si mesmo e a intersubjeti-

vi dade:

"Eu nao emprego eu a nao ser dirigin

do-me a alguem, que sera na minha<%* /N/ y

alocu(^ao um Essa condição de di^logo e que e constitutiva da pessoa, pois implica em reciprocidade - q u e eu me torne na a locução daqueleque por sua vez se designa por eu". (1976, p. 286).

Benveniste da um valor inestimável a subjetividade da

I i nguagem quando afirma que o e_u e o nao se devem tomar como

figuras, mas como formas I ingOisticas que indicam a pessoa. Ele

afirma que entre os signos de uma lingua, de qua I quer tipo, epo

ca ou região que ela seja, nao faltam jamais os "pronomes pes-y r r r-j

soais". E inconcebível uma língua sem expressão da pessoa.

Esses pronomes nao remetem nem a um conceito nem a

um i nd i vi duo. Para dar um exemplo cita o pronome eu e chama a

atençao para seu carater estritamente particular de realizaçao'

na instancia do discurso, isto e, os atos discretos e cada vez

únicos pelos quais a lingua e atualizada em fala por um locutor:

"0 ejj se refere ao ato do discurso individual no qual e pronunciado, e lhe designa o locutor. E um termo que

(N/ «N#

nao pode ser identificado a nao ser dentro de (...) uma instancia de dis curso, e que so tem referencia atual.

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•V yA real idade a qual ele remete e a reaI i dade do d i scurso" (12).

A I inguagem esta de tal forma organizada que permite

a cada locutor apropriar-se da lingua toda, designando-se como

eu .

A seguir aponta os elementos que permitem a revela -

çao da subjetividade na linguagem. Diz Benveniste (1976, p.288);

"Os pronomes pessoais sao o primeiro ponto de apoio para essa revelação da subjetividade na linguagem. Des­ses pronomes dependem, por sua vez, outras classes de pronomes, que par­ticipam do mesmo status. Sao os i ndj_ cadores da dei xis, demonstrativos, advérbios, adjetivos, que organizam

rs/ ^

as relaçòes espaciais e têmporais em torno do suje i to -tomado -como ponto de referencia; "isto, aqui, agora"- e as suas numerosas correlações "is­so, ontem, no ano passado, amanha", etc. Tem em comum o traço de se defi nirem somente com relaçao a instan- cia de discurso na qual sao produzi­dos, isto e, sob a dependencia do eu que ai se enuncia".

A expressão de temporal idade tambem esta incluída no

dominio da subjetividade, e segundo Benveniste o tempo pode ser

expresso em varias línguas, somente os meios de exprimi-lo e

que sao diferentes. Contudo, a I inha de participaçao do tempo e

sempre uma referencia ao "presente". A marca temporal do presen

te so pode ser interior ao discurso, e o presente e definido co

mo "o tempo do verbo que exprime o tempo em que se esta", que

nao e senao "o tempo em que se fala". E o momento eternamente -

presente no dizer de Benveniste, embora nao se refira jamais

aos mesmos acontecimentos de uma cronologia objet i va.

Assim sendo, a I i nguagem e a possibilidade da sub.je-

t i vi dade, enquanto que o d i scurso e o elemento responsável pela

sua manifestaçao: -

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"A linguagem e (...) a poss i b i l-i dade da subjetiyidade, pelo fato de con tar sempre as formas I ingOisticas apropriadas a sua expressão; e o di^ curso provoca a emergencia da subje­tividade, pelo fato de consistir de instancias discretas. A linguagem de algum modo propõe formas "vazias" das quais cada locutor em exercício de discurso se apropria e as qaais refere a sua "pessoa", definindo-se ao mesmo tempo a si mesmo como ejj ea um parceiro como tu.A instancia de

. ' discurso e assim constitutiva de todas as coordenadas que defi nem o su-jeito (...)" (1976, p. 289).

É importante ressaltar que a categoria de pessoa re

suIta da instalaçao da subjetividade na linguagem.

2.2.5. Os enunciados performativos.

Neste capitulo, Benveniste chama a atençao, pela ana

I ise de particuI aridades de certos tipos de enunciados, vistos rw isi ^

através de mutuas relações de expressão de conteúdo, para uma

certa ca racte r i st i ca da I i nguagem; a capacidade que ela tem, eri

quanto linguagem mesma, de fundar a realidade ou, mais precis£

mente, uma efetivaçao do real.

Neste caso esta o enunciado performativo, amplamente

estudado por Austin, que e o enunciado que tem sua funçao pro­

pria, servindo para efetuar uma açao. Quando digo eu prometo,rst A

estou efetuando uma açao, isto e, o proprio ato de fazer a pro

messa.

Quais os critérios para reconhecimento desse enunci£

- ( 1 3 )do? Austin, (apud Benveniste, 1976, p. 297) duvida da exi^

tencia de critérios certos. 0 que ha, segundo Austin, sao "fo£

mas normais". Essas formas normais seriam:

- um verbo na primeira pessoa do singular do presen­

te do indicativo, na voz ativa;

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enunciados na voz passiva e na segunda ou na ter­

ceira pessoa do presente do indicativo. Mas, con

testa que essas formas normais sejam necessarias :

"(...) Nao e absolutamente necessa - rio que um enunciado, para ser pe_r formativo, seja expresso numa dessas formas ditas normais (...). Ve-se claramente que dizer feche a porta e performativo, e tanto o cumprimento' de um ato quanto dizer ordeno - Ihe que a feche. Mesmo a palavra cao, so zinha, pode por vezes (...) agir co­mo performatrva explicita e forma I : efetua-se por essa palavrinha o me^ mo ato que pelos enunciados avi so-os de que o cao vai ataca-los ou os se nhores estranhos sao avisados de que existe aqui um cao bravo. Para tor­nar performativo o nosso enunciado , e isso sem equivoco, podemos usar,em vez da formula explicita, uma quantj_ dade de expedientes mais primitivos como a entonaçao, por exemplo, e o gesto. Alem do mais e sobretudo, o proprio contexto no qual sao pronun­ciadas as palavras pode tornar bas­tante certa a maneira pela qual se deve toma-las, como descrição, por exemplo, ou como aviso..." (apudBeji veniste, 1976, p. 297).

A diferença entre um enunciado performativo e um

enunciado constativo reside no fato do primeiro veicular um ato

e o segundo uma i nformaçao. Assim, ejj juro significa um ato deí>j

compromisso, e e I e j ura uma informaçao, uma descrição do mesmoj

plano de e I e come , e I e bebe .

Benveniste (1976, p. 300) propoe uma primeira defin_i_

çao para os performativos e assim se expressa;

"Os enunciados performati vos sao enuni ciados nos quais um verbo declarati­vo - jussivo ( 14) na prim e ira pessoa do presente se constroi com um di c- tum. Assim, ordeno que a populaçao

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se.ja mobi I i zada em que o d i ctum e re presentado por a populaçao seja mobj_ lizada. Trata-se, realmente, de um d i ctum, uma vez que a enunciaçao ex­pressa e indispensável para que o texto tenha qualidade de performati- vo" .

Mas ha uma outra modalidade de enunciados performat_i.

vos: a construção do verbo com um complemento direto e um termo

predicativo, como por exemplo, a frase:,eu declaro Cristo ino -

cente.

Um enunciado performative nao tem realidade a nao

ser quando autentificado como ato;

"Fora das circunstancias que o tor­nam performativo, esse enunciado nao e mais nada. Qualquer um pode gritar em praça publica; decreto a mobiIiza çao gera I . Nao podendo ser ato por falta da autoridade requerida, uma afirmaçao dessas nao e mais que paI a vra; reduz-se a um clamor iname, crj_ ancice ou demencia. Um enunciado per

íst fst ^

formativo que nao e ato nao existe. So tem existencia como ato de autor_i_ dade. Ora; os atos de autoridade sao, em primeiro Iugar e sempre, enuncia­ções proferidas por aqueles a quem pertence o direito de enuncia-los. Essa condição de validade, re1ativa a pessoa enunciadora e a circunstan­cia da enunciaçao, deve supor-se pre enchida sempre que se trate do per­format i vo" (15)*

Um outro traço caracteristico do enunciado performa-

tivo e o de ser su i -refe renc i a I , isto e, uma propriedade de re

ferir-se a uma realidade que ele proprio constitui, pelo fato

de ser efetivamente enunciado em condiçoes que o tornam ato. 0

significado do performativo e idêntico ao referente.

Em resumo; sao os seguintes os traços caracteristi-

cos do enunciado performativo:

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e um enunciado no qual um verbo declarativo - jus^

vo na primeira pessoa do presente se constroi com

um d i ctum;

e um enunciado sui -referenci al , ele se refere a

uma realidade que ele proprio constitui. 0 seu sig^

nificado e idêntico ao referente.

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2.3. Os indices de enunciaçao (Benveniste II)

Esta parte sintetiza as i de i as de Benveniste cori

tidas em dois artigos do seu Iivro Problèmes de Linguistique Ge

nerale II, intitulados: A linguagem e a experiencia humana ^^( I 8)

e 0 aparelho formai da enunciaçao

2.3.1. As categorias de pessoa e de tempo

Benveniste (1966, p p . 3-13) em seu artigo intitulado

"A linguagem e a experiencia humana" se volta para as categor_j_

as IingOisticas onde o papel do individuo e fundamental na in-

terpretaçao dos acontec i mentos. Cita, como exemplo, as categorj_

as de pessoa e de tempo, porque considera essas duas categorias

como fundamentais do discurso.

0 pronome e apenas uma forma vazia que recebe sua

realidade e sua substancia unicamente no discurso. Para exemplj_

ficar Benveniste cita o pronome pessoal eiJ, forma uni ca nas gr^

maticas, que se torna, desde que empregado por um locutor, uma

denominaçao especifica em um tempo dado. Fora do discurso, ei£

nao e senao uma forma vazia.

. . » r' I0 pronome pessoal., nao constitui a unica forma revel^

dora da experiencia subjetiva. Os deiticos tambem partilham des

sa natureza;

"Mostrando os objetos, os demonstra­tivos ordenam o espaço a partir de um ponto central, que e EGO, segundo categorias variaveis: o objeto esta perto ou longe de mim ou de ti, ele esta assim orientado (diante de ou atras de mim, no a I to ou embaixo, vj_ sivel ou invisivel, conhecido ou de^ conhecido, etc. 0 sistema das coorde nadas espaciais se presta assim para localizar qualquer objeto em quaI quer campo, uma vez que aquele que o orde^ na se designou ele mesmo como centro e referencia" (Benveniste, 1966, p.

4).

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0 tempo e ma is difTcil de analisar;

"Das formas I ingüisticas reveladoras da experiencia subjetiva, nenhuma e tao rica como aquelas que exprimem0 tempo, nenhuma e,tambem tao difi - ci I de explorar, tanto sao tenazes '

as ide ias recebidas, as ilusões do "bom senso", as armadilhas do psico-1 og i smo" (Benveniste, 1966, p. 5)-

Partindo da premissa que o tempo e um universal I i ri' . f t

gOistico, afirma que a expressão do tempo e compatível com- to­

dos os tipos de estruturas 1 i nglü i st i cas, sendo que somente os

meios de expressa-lo e que diferem em cada sistema I i ngCi i st i ç o .

Ao lado do tempo fi s i co, que e um contínuo uniforme,

infinito, linear, e que admite varias segmentações, e de seu

correlato o tempo psicologico, que cada ser humano mede em de-

correncia de suas emoçoes, existe o tempo cronico, que e o tem

po dos acontecimentos, que engloba tambem nossa propria vida eri

quanto seqOencia de acontecimentos. É o tempo do ca lendário.

0 terceiro nível do tempo e o tempo lingüístico cuja

caracteristica singular e a de estar ligado ao exercício da fa­

la, e de ele definir-se e ordenar-se como funçao do discurso.

da vez que o falante emprega a forma gramatical de presente, ou

seu equivalente, ele situa o acontecimento como contemporâneo da

instancia do discurso, ou seja, o momento em que se fala. Por -

tanto, o presente e o momento do discurso coincidem, advindo de^

ta coincidência um antes (passado) e um apos (futuro), sendo o

presente o eixo referencial (a partir do presente).

"0 presente I i ngtii sti co e o fundamenIN# ^

to das oposiçoes temporais da lingua. Este presente que se desloca com o progresso do discurso, continuando presente, constitui a I i nha de divj_ sao entre dois outros momentos que ele gera e que sao igualmente ineretn tes ao exercicio da fala: o momento onde o acontecimento nao e mais con-

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temporaneo do discurso, saiu do pre sente e deve ser evocado por lembrari ça memorial, e o momento onde o acori teci mento nao e ainda presente, vai tornar-se presente e surge em pros­pecção" (Benveniste, 1966, p. 9).

,Dado que a temporal idade se insere no processo de co

muni caçao, Benveniste descreve a maneira pe i a qual isso ocorre.)^

0 tempo lingüístico se atualiza na instancia de discurso, e o

ato de fa I a e i nd i v i dua I . Sendo i nd i v i dua 1 a têmpora I i dade I i jn

güística deveria ser uma experiencia eminentemente subjetiva

Mas, diz Benveniste (1966, p. II), o raciocinio tem falha;

"Alguma coisa de singular, de muito simples e de infinitamente importan­te se produz e realiza o que parecia logicamente impossivel; a temporali­dade que e minha quando ordena meu discurso e imediatamente aceita como sua pelo meu' i nter ( ocutor . Meu hoje se converte em seu hoje, embora ele nao o tenha instaurado ele mesmo em seu discurso, e meu ontem em seu on­tem . Reciprocamente, quando ele fa-l ar em resposta, eu converterei, uma voz tornando receptor, sua têmpora lj_ dade na mi nha".

Portanto, a temporalidade lingüistica tambem e um

ato i nterpessoaI , um fator de intersubjetividade .

0 estudo das categorias de pessoa e de tempo vem de^f

tacar o papel extremamente importante que o indivíduo exerce naA# fst

interpretaçao dos acontecimentos: em reiaçao a sua pessoa, ao

seu lugar, ao seu tempo.

Em resumo: o pronome pessoal e apenas uma forma va-

zia, nao referencial, que nao pode ser ligada nem a um ob jeto

nem a um conce i t o . Recebe sua real idade e sua substancia uni ca-

mente no discurso. Quando o ejj e enunciado, torna-se sempre um

ato novo, mesmo que repetido milhares de vezes, uma vez que ele

realiza cada vez a inserção do falante num momento novo do tem-

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po e numa textura diferente de circunstancias e de discurso.

r ^ •Outros indicadores tambem participam da experiencia

subjetiva da linguagem. Os deiticos, por exemplo. Eles ordenam

0 espaço a partir de um ponto central: o E G O .

Nenhuma i ingua ignora o tempo, mesmo as que nao pos

suem verbo. 0 tempo constitui um universal lingüistico. A ex­

pressão do tempo e compativel com todos os tipos de estruturas

1 i ng(5 i st i cas. Ao lado do tempo fisico e de seu correlato o tem

po psicologico, temos o tempo cron i co e o tempo I ingüistico.

2.3.2. 0 aparelho formal da enunciaçao.

ABenveniste, neste artigo, insiste em fazer uma niti-

~ f da separaçao entre o emprego das formas e o emprego da I i ngua de

nossas descrições lingdisticas porque considera dois usos bem

distintos e mostra essa diferença:

"As condiçoes de emprego das formas nao sao, em nossa opinião, idênticas as condiçoes de emprego da Iingua. Sao na realidade mundos diferentes,e pode ser util insistir sobre esta diferença, que implica uma outra ma­neira de ver as mesmas coisas, uma outra maneira de descreve-Ias e dei nterpreta-I as".

Portanto, uma coisa e o emprego das formas e coisa

completamente diferente e o emprego da lingua.

É a enunciaçao que coloca a Iingua em funcionamento,

por um ato individual de utilização, mas nao se deve confundir

enunciaçao com fala (parole). A enunciaçao e o proprio ato de

produzir um enunciado. Este ato e o fato do locutor que mobili­

za a Iingua por sua conta. A fala e o resultado concreto feito

pelo usuário da lingua.

Diversos sao os aspectos sob os quais podera ser es

tudada a enunciaçao, mas Benvenista examina somente tres, sendo

o terceiro o objetivo primordial deste seu artigo. Sao eles:

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- a realizaçao vocal da Iingua, fenomeno diretamente

ligado a fonética;

- a semantizaçao da Iingua que conduz a teoria do

slgno e a analise da significancia;

- a definição da enunciaçao no quadro formal de sua

realizaçao a partir de uma manifestaçao individual

que eI a atua1 i za .

A enunciaçao supoe a conversão individual da Ifngua

em d i scurso. 0 falante e o parametro da enunciaçao:

"Antes da enunciaçao, a lingua e ape^ nas a possibilidade da lingua. Apos a enunciaçao, a 1 ingua e efetuada nij ma instancia de discurso, que emana de um locutor, forma sonora que atiji ge um ouvinte e que suscita uma ou­tra enunciaçao em resposta" ( 19 7 4, - pp. 81-82) .

A enunciaçao enquanto realizaçao individual pode ser

definida como um processo de apropr i açao. 0 falante se apropria

do aparelho formal da Iingua e enuncia sua posição de Iocutor -

por meio de indices especificos de um lado, e por meio de proce

dimentos acessorios, de outro.

Toda enunciaçao e, explícita ou implicitamente, uma

a 1ocuçao, porque a partir do momento em que alguem se declara

falante, assumindo a I ingua, implanta o outro em face dele,quaj_

quer que seja o grau de presença que atribua a este outro. As-IN* • IN#

sim sendo, a acentuaçao da reIaçao discursiva ao parceiro, nao

importando que este seja real ou imaginado, individual ou cole­

tivo, constitui uma característica da enunciaçao. Toda enuncia-<N» A íS#

çao postulara, dessa forma, um a Iocutor i o . E a sua condição de

intersubjetividade .

0 ato individual de apropriaçao da lingua introduz

aquele que fala na sua fala (parole). Para isso, o falante uti-C . . ^ ^

Iiza um jogo de formas especificas cuja funçao e coloca-lo em

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/w y i-N*

reiaçao constante e necessaria com sua enunciaçao;

"0 ato individual de apropriaçao da Iingua introduz aquele que fala na sua fala (parole). Este e um dado constitutivo da enunciaçao. A preseji ça do locutor em sua enunciaçao faz com que cada instancia de discurso constitua um centro de referencia i terno. Esta situaçao vai se manifes­tar por um jogo de formas especifi - cas cuja funçao e colocar o locutor em reiaçao constante e necessaria com sua enunciaçao" (Benveniste, 1974,P- 82) .

Estas formas especificas sao:

I . Os índices de pessoa; o termo eu significa o i ndj_

viduo que enuncia, e o termo o individuo a

quem e dirigido o enunciado.

2. Os índ ices de ostensao; este, aqu i, agora, etc,c i

tados como exemplos, que envolvem um gesto ássin^

I ando o objeto ao mesmo tempo que e pronunciada a

instancia do termo.

3. 0 paradigma inteiro das formas temporais: estas

formas se determinam em reIaçao ao EGO, centro da

enunciaçao. Os tempos verbais, cuja forma fundamen^

tal, o presente, coincide com o momento da enuncj_

açao, tambem pertencem a este aparelho. 0 presen­

te formal tem por objetivo somente explicitar o

presente inerente a enunciaçao, que se renova com

cada produção de discurso, e a partir deste pre­

sente contínuo, coextensivo a nossa presença pr£

pria, se imprime na consciência o sentimento de

uma continuidade que chamamos tempo.

4. A interroqaçao: um tipo de enunciaçao, cujo obje­

tivo e provocar uma resposta. Todas as formas 1^

xicais e sintaticas da interrogaçao, particulas.

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pronomes, seqOencia, entonaçao, etc., estao rei^

cíonados a este aspecto da enunciaçao.

5. A i nti maçao; ordens, apelos, concebidos em catego

rias como o imperativo, vocativo, que implica uma

re I açao viva e imediata do enunciador ao outro nu

ma referencia necessaria ao tempo da enunciaçao.

6. A asserção; forma de enunciaçao, que tem por obje

tivo comunicar uma certeza, sendo a manifestaçao

mais comum da presença do locutor na enunciaçao .

Em português, os instrumentos especificos que a

exprimem sao as partículas s i m é nao, substitutos

de uma proposição, que assertam positiva ou nega-

tivãmente uma frase

7. Os moda I izadores: especies de modalidades que ad­

vem de verbos; modo optativo, modo subjuntivo, ou

da f raseo I og i a ; talvez gem duvida, provavej_

mente, que indicam i ncerteza, possibilidade, i nde^

c i sao, etc . ,.

Deste estudo, chegamos, em linhas gerais, a estas

conclusoes:

- o emprego das formas e o emprego da I i ngua- das- nos^rv • • •

sas descrições lingüísticas constituem dois aspectos nitidamen^

te di sti ntos;

fst ^ ^ r- a enunciaçao e a unica responsável por certas cias

ses de signos que ela promove literalmente a existencia. Estes

signos nao tem emprego no uso cognitivo da I ingua. Eles sao dj_

ferentes daquelas entidades que tem na Iingua seu status pleno

e permanente. Sao engendrados de novo cada vez que uma enuncia­

çao e proferida, e cada vez eles designam de modo novo. 0 ejj, o

i sto, o amanha da descrição gramatical, por exemplo, sao apenas

03 nomes méta I i ng(5 i st i cos de ejj, i sto, amanha produz i dos na

enunc i açao;

- a enunciaçao conduz a semantizaçao da Iingua e tam

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bem fornece as condiçoes necessaries as grandes funções sintati

cas;

f . '- o t r a ç o m a i s c a r a c t e r i s t i c o da e n u n c i a ç a o e a a c e n

/V. ^tuaçao da reIaçao discursiva ao parceiro, seja este real ou im^

ginado, individual ou coietivo. É a sua condição de intersubje-

t i vi dade .

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2.4- Outros conceitos de base da enunciaçao

Este item sintetiza as principais noçoes sobre os

quatro conceitos de base da enunciaçao: distância, modalizaçao,

tensão, transparencia ou opacidade extra idas de: Dubois (21);

Duro-Courdesses (22); Robin (23) e Tutescu (24)-

Enunciado e enunciaçao sao dois aspectos essenciais

da I inguagem, intimamente Iigados um ao outrò.

Segundo o Dicionário de Lingüistica (1978, p. 218):

"Enunc í açao e o ato indivi dua l .de uti .f ~~~I izaçao da I ingua, enquanto enunc i a- do e o resultado desse ato, e o ato de criação do f a I ante"‘{ 25) •

0 sujeito de enunciaçao e o falante, considerado co­

mo o ego, local de produção de um enunciado.

( 2 6)Na Revista Langages 17 , cujo numero esta intei-

( 27)ramente dedicado aos problemas da enunciaçao, Todorov tam

bem define a enunciaçao como o ato individual de utilização da

I ingua, tendo o enunciado como resultado deste ato, e fixa o

sentido de alguns termos a ela relacionados. Sao eles:

Alocuçao - enunciaçao de um discurso dirigido a aj_y

guem;

locutor - aquele que enuncia;

alocutor - aquele a quem se dirige o discurso;

interlocutor - um dos participantes de uma alocuçao,

seja locutor ou alocutor.

A enunciaçao aparece como um ato de Iinguagem que en

volve: um falante, um ouvinte, dados referenciais espaço-tempo-

ra i s e elementos gramaticais e semânticos. A referencia faz paj^

te integrante da enunciaçao.

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A enunciaçao abarca tres aspectos, segundo Dubois

( 1969, p. 100).

- surgimento do sujeito no enunciado;

- relaçao entre o locutor e o interlocutor, pelo tex

to;

- atitude do sujeito em relaçao ao seu enunciado.

É ainda Dubois (1969, P* I00) que ressalta a impor -

tancia da noçao de ambigüidade para que se possa fixar as dife

renças entre enunciado e enunciaçao:

"Para o transformaciona I ismo ela (a ambigüidade) e a lei mesma de um te?< to; ela e inerente a existencia de diversas descrições estruturais de base. Nao e o produto possivel de' isotopias que relevam seja do f a I ajn te produzindo a mensagem, seja do I e j_ tor, que a gera de novo; ela e a cojn seqüencia necessaria da diferenças!^ tematica entre a enunciaçao(produção de frases) e o enunciado,produto que sofreu transformaçoes implicando como modelo de enunciado um conjunto de o# Nmodificaçoes cujos fatores escapam a analise do lingüista enquanto sozi­nho".

A teoria da enunciaçao e constituida pela depreensao

sucessiva de diferentes classes de embreadores definidos a pa£

tir dos grandes eixos de referencia que sao ejJ, aqu i e agora,

permitindo ao falante de enunciar-se e de enunciar através de-

les. Numa perspectiva mais nova, levando em consideração contrJ_ /S» r , IN/

buiçoes da gramatica transformaciona I, a enunciaçao torna-se um

ato dinâmico, contínuo, que da conta da criatividade do falante,

0 qual, a todo instante modela seu proprio enunciado.

Esta noçao de criatividade corresponde ao segundo tj_

po de criatividade de Chomsky. Para Chomsky (apud Ruwet, 1975,

p.46) ha dois tipos de criatividade: a que modifica as regras,e

a que e governada pelas regras. 0 primeiro tipo de criatividade,

1 oca I i zado na pe rformance (fala), consi ste ne sses mu 11 i pI os de^

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vios individuais dos quais alguns acabam, ao se acumularem, por

modificar o sistema; um exemplo e fornecido pelas mudanças por

analogia. 0 segundo tipo de criatividade depende da competenc i a

(da I íngua) e prende-se ao poder recursivo das regras que cons-(2 8)

tituem o sistema

A enunciaçao pode ser estudada a partir de quatro

conceitos: d i stanc i a , moda I i zaçao, tensão, transparenc i a ou opa

c i dade.

A d i stânc i a apresenta a enunciaçao como uma distan -

cia relativa entre o locutor e seu enunciado. 0 falante pode

assumir totalmente seu enunciado e a distancia tende para zero.

Ha, entao, uma identificação entre o e_u sujeito do enunciado e

o ejj sujeito da enunciaçao. 0 aparecimento do pronome ejj, nota­

damente, pode ser uma maneira de reduzir a distância. 0 uso da

terceira pessoa ou a ausência de referencias ao falante aumen­

tam a d i stanc ia . 0 d i scurso d idat i co e , por excelencia, um dis­

curso no qual o falante aprofunda a distancia entre si e seu

enunciado.

Na distancia minima o eij do enunciado e o e^ da enujn

ciaçao se recobrem, por exemplo: eu redijo este capítulo (aqui,

agora). Ha, no caso, implicação total do sujeito no enunciado ,

e, em conseq(5enc i a , os índices de enunciaçao sao aí muito nume­

rosos: presença do eu , tempo do discurso, aspecto dos verbos

(maioria de nao-acabados), advérbios atualizando o discurso no

tempo e no espaço.

. A AA distancia tambem podera ser maxima. Neste caso, o

falante considera seu enunciado como parte de um mundo distinto

dele mesmo. Podemos citar como exemplo, o discurso didático, aA A /W -

maxima, os provérbios. Identifica, entao, o eju da enunc i açao com

outros e]j no tempo e no espaço e esta i dent i f i caçao pode ser pa^

cial ou total . 0 ejj real desaparece para identificar-se a todos

os eju no tempo e no espaço, isto e, o ejj tende a tornar o "ele

formal", enunciando verdades universais.

Situada ao lado do emissor, a moda I i zaçao e a marca

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que o falan-fce nao cessa de dar a seu enunciado, isto e, a marca

de adesao que o sujeito da ao seu discurso.

Sao modal izadores:

- os advérbios de opinião (talvez, sem duv i da, e v i den

temente, naturalmente, etc.);

- as transformaçoes modal izadores como a enfase, a✓

interrogaçao, a negaçao, o passivo facultativo;

- os advérbios temporais; (jamais, nunca);

- a utiIizaçao de diferentes níveis de língua (fami-

liar, popular, literaria);

- a oposição rea I i zado/nao-rea I i zado das formas ver_

ba i s;

- os performativos e as modal idades: querer, poder ,

de ve r.

0 conceito de tensão parte das relações que se esta­belecem entre o falante e seu interIocutor, isto e, a situaçao

de dialogo, sendo o texto o elemento de mediaçao do desejo de

comunicação.

A comunicaçao e, de inicio, desejo de comunicar e e£

ta vontade e traduzida pela imagem do desejo e da tensão. Neste

caso, o discurso nao e senao uma tentativa de apreensão do ojj

tro ou do mundo.

A marca da tensão se faz por unidades discretas do

discurso. A tensão e marcada pelos sistemas temporal e aspectu­

al/ o jogo do artigo, dos determinantes, dos pronomes pessoais

e sobretudo pela oposição dos verbos do tipo ser e estar, de um

lado, e querer, poder, de ve r, fazer, do outro.

Os verbos ser e estar marcam um "estado", um estado

"acabado", uma ausência de tensão; enquanto que os verbos que-

rer, pode r, de ve r, faze r marcam uma tensão mais ou menos grande

do sujeito da enunciaçao em face de seu interIocutor.

0 conceito de transparenc i a ou de opacidade situa-se

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do lado do receptor e visaaapresentar a enunciaçao como a rela­

çao entre o falante e seu discurso.

Ha uma escala gradual que vai da transparencia maxi­

ma a opacidade total.

Na transparenc r a maxima ha o apagamento total do sjJ

jeito da enunciaçao; neste caso, o aiocutor assume por completo

o enunciado. 0 e I e substitui o eju. Na "maxima", por exemplo, o

leitor adere fortemente ao texto, criando uma i dent i f i caçao enA

tre o receptor e o sujeito da enunciaçao. 0 i ivro escoI ar, e,

tambem, o exemplo ti pico da transparencia, sendo que cada pro-

fessor ou cada aluno torna-se o sujeito da enunciaçao.

A opacidade maxima aparece na poesia 1 frica. 0 enuii

ciado e modalizado de maneira especifica, original e o sujeito

de enunciaçao esta, entao, segundo Dubois (19^9, p. I06) "a dis

posição de cada leitor, transformado tambem num sujeito de enuii/W O'

ciaçao, para assumir um enunciado cujas modalizaçoes lhes esc^

pam" .

Esses dois conceitos representam uma abertura sobre

a ambigGidade da mensagem, sendo que a transparenc i a correspon^

de ao minimo de ambig'iiidade e a opacidade ao max i mo •

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2.5- Para uma tipologia dos discursos

Todorov ( 1 9 7 0, p. 4) aponta tres direções que, de

acordo com seu ponto de vista, parecem ser prometedoras no estu^

do da enunciaçao:

- o estudo da força iIocucionaria

- o aspecto indiciai da Iinguagem

- e o estudo da coloraçao que a enunciaçao da aos dj_

ferentes enunciados.

Aust i n e o pioneiro no estudo da "força ilucuciona -

ria" da linguagem. Para exemplificar o que vem a.ser um ato i I o

cuc i onar i O Todorov (1970, p. 5) cita a frase: Eu v i re i amanha.

Quando se diz Eu v i re i amanha produzimos;

- uma seqOencia fonica ou grafica

- uma unidade de sentido

- um ato iIocucionario; afirmar, prometer, advertir

ou seja:

rEu

afi rmo

prometo

advi rto

que virei amanha

Vi r amanha

que virei amanha

Todorov ( 19 70, p. 5) chama atenção para o fato de nao

se confundir o sentido de uma proposição com sua força ilocucio

naria, pois a mesma proposição, no caso, Eu virei amanha pode

ter forças iIocucionarias diferentes; afirmaçao, promessa, ad-

vertenc i a .

Quanto ao aspecto indiciai da linguagem Todorov(I970,

p. 7) diz que no estudo da linguagem duas grandes perspectivas

sao possiveis; "a língua como repertorio de signos e sistema de

suas combinaçoes", de um lado, "a Iingua como atividade manife^

tada nas instâncias de discurso", de outro. Para assumir esta

dupla funçao, a I 1ngua dispõe de uma classe de elementos cujo

papel e tornar possivel a passagem de um ao outro, dito de ou-

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■fcra maneira, "fornecer o instrumento de uma conversão, que se

pode chamar a conversão da I inguagem em discurso". Ha, pois,que

distinguir na lingua entre seus elementos s i mbo I i cos (ou denomJ_

nativos, ou referenciais) e seus elementos indiciais (ou pragma

ticos, ou subjetivos)".

As categorias que estao integradas no aspecto indicj_

al da linguagem sao quatro:

os interIocutores: pronomes pessoais e possessivos -

organizados em torno do e u ;

o tempo e o Iugar estruturados em torno do tempo da

enunciaçao (agora) e do lugar da enunciaçao (aqu i) : pronomes de

monstrativos, advérbios relativos, desinencias verbais;

as modaI i dades: reiaçao do interlocutor com seu enuni

ciado: talvez, sem duvida, etc...

Por ultimo, ou a terceira direção apontada por Todo-

rov, temos o estudo da enunciaçao reIacionado com a analise do

di scurso.

Encontramos, sempre, no interior de um enunciado, de

uma maneira ou de outra, a presença de marcas enunciativas, e

as diferentes formas desta presença, assim como os graus de sua

intensidade, poss it>i tam const i tu i r uma tipologia dos discur­

sos. A partir daf, poderemos ter, entre outros tipos, um discur_

so psicana I ítico (Freud, Irigaray), um discurso implícito, de

situaçao (conversaçao), um discurso explicito, autonomo (texto

cientifico), uma historia ou um discurso (Benveniste) e t c ^ .

Esta tipologia, ou seja, os traços fundamentais que

podem ser definidos no interior da oposição enunciado/enuncia -

çao de um enunciado dado, pode ser examinada a partir dos qua-

tro conceitos de base da enunciaçao, cujas noçoes apresentamos'

no item 2 . 4 deste capitulo.

Examinaremos, aqui, as caracteristicas de tres tipos

de discurso: di dati c o , pedagog i co e poI i t i c o ,

Segundo Duro-Courdesses (1975, P- 151), no d i scurso

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d i da~fc i CO ■ o locutor identifica-se as asserções do interlocutor -

dando-lhes um valor de verdade incontestada. É um discurso si­

tuado fora do ejj, aqu i , agora, e o e I e impessoal , por toda____ a

parte e sempre.

ti vas :

0 discurso d i dat i co apresenta poucas marcas enuncia-

- o eu desaparece

- a d i s t anc ia e maxima

- ha presença de um grande numero de "acabados" (fo£

mas em ~fcer e have r)

- a tensão e fraca; ausência de pronomes, de perfor-

mativos, de injuntivos, ausência total ou parcial

de atual izaçao espacial ou temporal, ausência de

advérbios, de referentes.

- ausênci a de modalidades: d e v e r , p o d e r , q u e r e r .

- ausência total ou parcial de modal izaçao, ou entao

transformaçoesmoda I izadoras que, finalmente, oca­

sionam uma perda de informaçao referencial: passj_

vas, interrogativas, etc.

- ausência de negações e de interrogaçoes que supoem<s» ,

uma re I açao dialética entre o eij da e n u n c i a ç a o e o

interlocutor.

Um discurso assim caracterizado podera ser encontra-

do rio livro escolar, no discurso teorico que apresenta uma dojj

tr i n a .

0 discurso pedagogico apresenta tres caracteristicas

essénc i a i s :

- poder ser d i dati co porque afirma, transmite o co­

nheci mento.

- medé a distancia d®s performances dos alunos e o

modelo proposto; ao tentar reduzir esta distancia

torna-se performat i vo: aconselha, ordena, impoe,sjJ

gere, deseja. Sera, entao, marcado por: imperati -

vos, modalidades (poder, dever, querer), factiti -

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vos: (e necessário, e preciso fazer), os futuros ,

os condicionais "ordena, deseja, queria,., que...".

“ ® poI em i co, porque da conta de um certo tipo re 1 £

çoes entre X e Y, entre o mestre X e o aluno Y, re

Iaçao de pai a filho, de docente a discente. 0 di^

curso marca, entao, esta relaçao, esta distancia

por conotaçoes polemicas que exprimem: censura, re

jeiçao, indignação marcando o afastamento entre o

interlocutor e o modelo proposto, imposto.

Pode ser polemico quando responde a contradiçoes ouy* A r t** A

a adversarios a um nivei teorico ou de informação, e o caso das

instruções pedagógicas, por exemplo. 0 carater polemico acusa

uma tensão entre falante e ouvinte pelo jogo dos pronomes, eij

ou e 1e oposto a vos ou a pelas negativas, interrogaçoes.

0 discurso poli tico apresenta estas marcas;

- pode ser di dat i co: quando ensina uma doutrina, an£

lisa uma situaçao;

- e sempre polemico;

- e performat i vo é i njunt i vo: quando chama a açao ,

lança palavras de ordem, enuncia os objetivos a se

rem perseguidos;

- procura =a tensão max i ma para estabe I ecer a comun i-

caçao, forçar a adesao onde os "nao-acabados", o

jogo dos pronomes, distancia minima, as modaliza -

çoes sao muito importantes. 0 e_u enunciativo encori

tra-se ao centro desta tensão,

Duro-Courdesses (1975, P- 152) conclui seu estudo dj_

zendo que todas as caracteristicas estudadas nestes tres tipos

de discurso nao sao senao dados relativamente esquematizados ,

que permitirão, talvez, ao professor de analisar mais facilmen­

te o conjunto dos discursos escolares.

Apontaremos, para finalizar, as caracter i st i cas basj_

cas destes tres tipos de discurso:

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0 discurso di dati co e um discurso situado fora do e u ,

aqu i, agora, e o ele i mpessoaI. por toda a parte e sempre.

0 discurso pedagog i co pode ser, ao mesmo tempo:

- di dati co: quando o locutor se identifica a uma doij

trina pedagógica, cultural, estetica ou cientifica,

- performat i vo: quando chama a açao,

- poI em i co: quando responde a varios tipos de inter-

Iocutores,

0 discurso poI Tti co:

- e, ou pode ser, di dati c o ,

- e sempre polemico,

- e performativo e i n.junti vo,

“ procur-a a tensão maxima.

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2.6. Comentário Crftico

Neste comentário critico, examinaremos alguns pontos

significativos constantes da materia apresentada no Capitulo I

e no Capitulo 2 deste trabalho.

Como tivemos oportunidade de observar, no Capitulo I,

o estudo de algumas def i n i çoes dos deiticos mostrou-nos, portari

to, nao um sentido comum a todas, mas real idades bem diversas,

cada qual I igada a uma problematica "semantica" particular, cojn

forme o tratamento seja feito por um logico, filosofo, psicolo-

go ou I i ngtí i sta .

Os elementos deiticos da linguagem apresentam-se re

vestidos de nomes variados; sh i fte rs (Jespersen), embrayeurs

(Jakobson), i ndi cateurs'de subjectivite (Benveniste), i ndex i ca 1

symboIs (Peirce), egocentric particulars (Russel) e, a primeira

v i sta, parece haver uma un i voc i dade conce i tua 1 , sendo que someri

te a nomenclatura varia. Isto realmente pode acontecer se par­

tirmos de uma observaçao superficial dos fatos. Mas, por outro

lado, se observarmos, cuidadosamente, que a noçao de dei xis pa£

te de natureza semantica diversa, isto e, a semantica interes -

sando a logicos, psicologos, filosofos e Tingüistas, isso por

si so jé seria suficiente para constatarmos que aos varios ter.

mos de deixis corresponde uma noçao diferente.

Como poderia haver uma univocidade conceituai se o

mesmo conceito, ora e examinado por um psicologo, ora por um liri

gOista, ora por um filosofo? Ninguém, por certo, pode contestar

que possa haver uma co-ocorrencia nas ciências, mas se todos os

ramos de conhecimento apresentassem, em todos os momentos, uma

co-ocorrencia profunda, em que nao houvesse em determinado mo­

mento uma descontinuidade, isto e, um corte, qual seria a razao

de ser das mesmas?

Por isso estamos plenamente de acordo com Lahud(l976,

p. 43), quando separa as noçoes que englobam as diversas termi­

nologias da dei xis. E foi a luz dessas coordenadas que tambem

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propusemos dar um direcionamento ao nosso trabalho, cujo objetj_

vo e o estudo da deixis no que se refere ao seu sentido estrit^

mente IingCistico. Para concretizar tais objetivos buscamos su^

sidios nos trabalhos de Jakobson e Benveniste.

Jakobson e Benveniste efetuaram um estudo sobre os

deiticos. Jakobson assim define os deiticos:

. . ."Todo codigo 1 ingüistico contem uma classe especial de unidades gramatj_ cais, que se podem chamar^embreado - res: a significaçao geral de um em- breador naó pode ser definida fora de uma referencia a mensagem".

Para Benveniste, os pronomes, em particular e_u e tu,

advérbios, tempos verbais, verbos de fala, performativos sao

termos vazios, destitui dos de referencias que so se atualizam na

instancia de discurso, isto e, em cada instancia da mensagem.

Sao os indicadores de subjetividade na linguagem.

Vimos, entao, que, na terminologia de Jakobson, os

deiticos sao chamados embreadores e na de Benveniste i nd i cado-

res de subjetividade ou eI ementos indiciais. Tanto os embreado­

res de Jakobson, quanto os elementos indiciais de Benveniste sao

elementos que so recebem uma significaçao no ato da-enunciaçao,. f . . . . ' .

ou seja no exerci cio da 1 i nguagem, e nisto consiste o unico crj_

terio valido para diferencia-1 os de outras unidades gramaticais A rv

do codigo lingüistico. Conclusão: o traço comum entre os embre^

dores e os elementos indiciais seria o ato de atual izarem-se so

mente na instancia de discurso. Entretanto, ha uma diferença de

perspectiva nos autores. Benveniste afirma que os deiticos nao

possuem uma significaçao geral e constante: "cada e_u "tem a sua

referencia propria e corresponde cada vez a um ser unico, pro­

posto como tal" ( 1 9 7 6, p. 2 7 8). Jakob son, por outro lado, consj_

dera que os embreadores possuem essa significaçao geral própria:

"eu designa sempre o remetente e sempre o destinatario da

mensagem de que sao componentes" (1963, p. 179)-

Para HusserI (apud Jakobson, 1963, p. 179) o pronome

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eu nao possui uma significaçao geral propria: "a palavra eji de

signa conforme os casos pessoas diferentes, e assume, por isso

mesmo, uma significaçao sempre nova". Nesta perspectiva Husserl

aproxima-se de Benveniste.

No seu artigo intitulado "A natureza dps Pronomes" -

Benveniste (1976, p. 277) estabelece no interior da categoria

de pessoa a dupla correlaçao: a correlaçao de pe rsona i i dade e a

correlação de sub.jet i v i dade. Na correlaçao de pe rsonaI i dade as

pessoas eu e tu opoem a nao-pessoa ele, e na correlaçao de sub-

jet i vi dade eu a isto e, a primeira pessoa opoe a segunda.

Tutescu (1975, p. 184) considera a tese de Benvenis­

te sobre o estatuto dos pronomes pessoais da primeira e, segunda

pessoas muito justa, mas discorda sobre o estatuto da terceira

pessoa ele, que para Benveniste e uma nao-pessoa.

Tutescu ( 1 9 7 5, p. 184) argumenta da seguinte maneira:

"É verdade que Benveniste chama a ta;' ceira pessoa de nao-pessoa porque ela pode recobrir uma infinidade de sujeitos, ou nenhum. Abordagens guij_ laumianas tem estabelecido que a te£ ce i ra pessoa, sem duvida, muito dife^ rente das outras, deve tomar seu lu­gar no sistema interpessoal enquanto pessoa.. No. sistema de G. Guiliaume , (eu, me, mim) e (tu, te, ti) sao pes soas inter1ocutivas que testemunham a presença dos actantes no ato de alocuçao, enquanto que o pronome da terceira pessoa (ele, ela, lhe) re­presenta a pessoa delocutada, a at[ sencia deste actante no ato de a I ocij çao".

Tutescu ( 1 9 7 5, p. 184) completa seu argumento citan-

do Andre Joiy. Este demonstra que a terceira pessoa e uma marca/S# tst ‘

de exclusão da narração alocutiva, portanto uma ausência no ato

de alocuçao. Os pronomes ele, e 1 a e todo marcador nominal e ve£

ba I da terceira pessoa serao, dessa forma, pessoas nao-interlo-

cutivas.

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Achamos que tanto Tutescu quanto Benveniste apresen­

tam seus argumentos com bastante coerencia. 0 que pesa,no caso,

e o ponto de vista que se coloca o I ingüIsta. Parece

que Tutescu encara o fato de um angulo mais pragmat i co, ao pâ^

so que Benveniste se coloca numa .visao mais estrutura I porque a

terceira pessoa esta isolada no sistema de pessoas, ficando,po£

tanto, marginalizada.

Varios conceitos emitidos por Benveniste (1976, pp.

2 4 7-3 1 5 ) no decorrer de seu ensaio sobre a subjetividade da li

guagem fornecem diretrizes muito sólidas para o entendimento do

processo da comunicaçao. Esta passagem serve para ilustrar a

nossa op i n i ao:

"A linguagem so e possível porque c£ da locutor se apresenta como suje i to, remetendo a ele mesmo como e_u no seu discurso. Por isso, ejj propoe outra pessoa, aquela que, sendo embora ex­terior a "mim", torna-se o meu eco ao qua í digo e que me diz Apolaridade das pessoas e na lingua­gem a condição fundamental, cujo pro^ cesso de comunicaçao, de que parti- mos, e apenas uma conseqdenc i a totaJ_ mente pragmatica. Polaridade, alias, muito singular em si mesma, e que apresenta um tipo de oposição do qual nao se encontra o equiva 1 ente em lugar nenhum,, fora da linguagem. Es­sa polaridade nao significa igualda­de nem simetria: ego tem sempre uma/W /Nposição de transcendencia quanto a t u ; apesar disso, nenhum dos dois termos se concebe sem o outro; sao comp 1ementares, mas segundo uma opo­sição " interior/exterior", e ao me^ mo tempo sao reversíveis. Procure-se um paralelo para isso; nao se encon- trara nenhum. Unica e a condição do homem na I i nguagem".

Do ensaio de Benveniste sobre as categorias de pes­

soa e de tempo ( 1966, pp. 3-13) achamos importante ressaltar a

categoria de tempo. Partindo da premissa de que o tempo e um

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universal I i ngCi i st i co, Benveniste afirma que a expressão de tern

po e compativel com todos os tipos de estruturas I i ngd i stas, sen^

do que somente os meios de expressa-!os e que diferem em cada

sistema lingüístico. Entretanto, para Benjamin Lee Worf, que es

tudou a lingua dos indios hop i s, o d Í a !eto hop i , cada 1 i ngua tem

a sua maneira de estruturar a sua realidade e o conceito de tem

po, por exemplo, como e concebido pela ideologia europeia, ne-r>» . ^

cessariamente, nao faz parte de todo sistema lingüístico. Por

exemplo, na 1 íngua hop i nao ha tempos, isto e, nao ha formas

verbais para expressar o tempo. Nao se djspoe de uma palavra p^

ra expressar o passado, o presente ou o futuro. Sao, pois, duas

questões controvertidas que vem ao encontro de uma problematical

existem os universais 1 i ngü i st i cos? Seguindo as pegadas de Beri

veniste diremos que sim, mas se a nossa tendencia e aceitar a

hipótese de Sapir-Worf a nossa resposta sera nao. Somente

o avanço dos estudos Iingüisticos podera responder a essas que^

toes tao controvertI das.

Benveniste foi o primeiro lingüista que se ocupou da

enunciaçao. Como vimos em 0 Aparelho formal da enunciaçao (1974/

p. 8 2) ele define a enunciaçao como o processo de apropr i açao -

da I Ingua. Este ato individual de apropriaçao da lingua intro­

duz aquele que fala na sua fala;

"0 locutor se apropria do aparelho formal da lingua e anuncia sua posi- çao de locutor por indices especifi­cos, de uma parte, e por meio de pro cedimentos acessorios, de outro".

Ha, ainda, a ressaltar, nesse mesmo artigo, que a

enunciaçao, no plano semântico, leva a duas direções muito im-

portantes:

- a semantizaçao da lingua, direção que conduzira a

teoria do signo e a analise da significancia;

- a abordagem que consistiria em definir o quadro foj2

mal da enunciaçao, seus traços de expressão a par­

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tir da manifestaçao individual que ela atualiza.

A enunciaçao esta caracterizada pelo contínuo, en-f

quanto o enunciado repousa sobre o discreto. Mas, o cont i nuo

foi substitui do ao d i screto, para que a enunciaçao reencontras-

se um Iugar fundamental no estudo lingüistico:

"Nesse caso a I inguagem nao e mais um simples fenomeno de comun i caçao; mas um fato de expressão; como tal, as anal ises se inserem numa teoria que se baseia na competencia do fa- lante, onde os enunciados serao obje^ tos da experiencia humana e objetos de comunicaçao, e a constituição do enunciado sera a constituição de um objeto cujo sujeito assume mais ou menos o conteúdo, colocando-se dian­te do objeto" (J. Dubois, Langages -13, 1969, p. 100).

Quanto ao termo discurso, julgamos ser necessar i o de_i_y . . f

xar bem claro o seu sentido, pois e um termo muito ambíguo, que

pode recobrir os conceitos de f a I. a , enunc i ado, texto . Para cori

cretizar tal objet i vo, faz-se necessari© retomar algumas definj_

çoes, assim como efetuar uma pequena digressão. Encontramos no

Dicionário de Lingüistica (1978, p. 192) estes conceitos para o

termo "discurso:

✓ r«"Discurso e a linguagem posta em açao, a I ingua assumida pelo falante".

"0 di scurso e uma unidade igual ou superior a frase; e constituTdo por uma seqüencia que forma uma mensagem com um começo, um meio e um fim".

"Na sua acepçao Iingüistica moderna,o termo di scurso designa todo enuncj_ ado superior a frase, considerado do ponto de vista das regras de encade£ mento das seqOencias de frases. A perspectiva da analise do discurso -IS# ,opoe-se, entao, a qualquer otica que tende a tratar a frase como a unida­de Iingüistica terminal".

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Assim sendo, no primeiro caso, discurso e sinonimode

fa I a , no segundo, de enunc i ado, e no terceiro de texto.

Dando prosseguimento, veremos como Benveniste coloca

0 problema do discurso. Ele usa o termo de duas maneiras: como

todo enunciado igual ou superior a frase, dominio onde a lingua

entra como instrumento de comunicaçao; e em oposição ao termo

h i stor i a .

Para Benveniste o domínio da lingua como s i stema de

signos termina quando começa o domínio da frase. A frase e o

começo de um outro universo: o do d i scurso, em que a I ingua e

tomada como instrumento de comunicaçao:

"Concluímos que se deixa com a frase o dominío da língua como sistema de signos e se entra num outro universQ o da I íngua como instrumento de comij nicaçao, cuja expressão e o discurso. Eis a I - verdade i ramente do i s uni versos diferentes, embora abarquem a mesma real idade, e possibi I item duas I ini gCisticas diferentes, embora os seus caminhos se cruzem a todo instante. Ha de um lado a I íngua, conjunto de signos formais, destacados pelos pr£ cedimentos rigorosos, escaIonados por classes, combinados em estruturas e em sistemas; de outro, a manifesta - çao da -I i-ngua na comunicaçao viva. A frase pertence bem ao discurso. E por ai mesmo que se pode defini-la: a frase e a unidade do discurso"(30).

Benveniste (1976, p. 267) usa tambem o termo di scur­

so em oposição ao termo h i stor i a , sendo o d i scurso somente re­

servado para toda enunciaçao que suponha um locutor e um ouvin­

te e, no primeiro, a intenção de influenciar, de algum modo, o

outro. A narrativa histórica, hoje reservada a língua escrita ,

representa o grau zero da enunciaçao, pois exclui toda forma

1 i ngtü i st i ca "autob i ograf i ca" . Ela caracteriza a narrativa dos

acontecimentos passados. No entanto, vejamos o que diz Duboís

et alii no Dicionário de LingCistica (1978, p. 193) quando refe

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ria-se a oposição historia/discurso:

"A analise do discurso moderna, sem~ ryjdesprezar essa oposição, nao poderia considerar a ausência do sujeito da enunciaçao como supressora dos pro­cessos discursivos: outros tipos deAdiscursos, al ias, p. ex., o discurso pedagogico - tambem sao marcados pe­lo apagamento do sujeito da enuncia­çao (ex.: A agua ferve a 100-)".

Chegamos, entao, a conclusão de que, modernamente,se

emprega o termo d i scurso em uma concepção mais genera I i zada, i _s

to e, podendo ser apl icado a qualquer tipo de enunciaçao, en­

quanto, Benveniste (1976, p. 267), na sua segunda acepçao, re^

tringe seu uso somente a narrativa que apresente marcas enunci^

tivas. Para citar um exemplo: o discurso didático, com as carac

terísticas apontadas por Duro-Courdesses, neste traba1ho,jamais

seria rotulado de d i scurso por Benveniste porque e destitui do -

ou quase destitui do de tais marcas. Mas o nosso exemplo requer

um esclarecimento. Por quê? Pelo motivo de Benveniste haver ch^

mado justamente as obras d i dati cas de discurso. À primeira vis­

ta, parece paradoxal que Benveniste (1976, p. 267) tenha inclu^

do as obras didaticas no rol do que ele denominou di scurso es-

cr i t o ; correspondencias, memórias, teatro, etc... Ele realmente

as incluiu, mas nao expl icou o que vem a ser uma obra d i dat i c a .

Seguramente, nao corresponde a um livro escolar, ou mesmo a um

discurso teorico ou coisa parecida, pois, se assim o fosse cer-(31)

tamente ele teria sido incoerente

Vimos, no decorrer deste estudo, que Benveniste dis­

tingue, a partir de um estudo do tempo dos verbos franceses ,

dois planos de enunciaçao; h i stor i a e di scurso. Harold Weinrich ( 32) ' '

( 1968, p. 66) tambem estabelece a partir do sistema tempo

ral das I ínguas romani cas e germânicas, cujo ponto de partida e

o frances e o espanhol, duas situações comunicativas diferentes:

mundo comentado e mundo narrado. Para Weinrich mundo e o possí-A fS! ^ ^

vel conteúdo de uma comun i caçao 1 i ng(5 i st i ca . Ele divide o sist^

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ma temporal das línguas estudadas em dois grupos: GRUPO TEtlPO -

RAL I e GRUPO TEMPORAL II. Ao grupo temporal I do francês per­

tencem os tempos: perfeito composto, futuro, futuro anterior,ft[

turo proximo, passado recente, presente. Ao grupo temporal II

os tempos: mais-que-perfeito, condicional, condicional passado,

futuro proximo, passado recente, imperfeito e perfeito simples.

Os tempos do GRUPO I sao chamados tempos do mundo comentado e

os do GRUPO 1I tempos do mundo narrado. 0 dialogo, o memorando

do político, a conferencia científica, o ensaio filosofico, etc,

sao situações comunicativas do mundo comentado. A novela, e to-íS> ,

do tipo de narraçao oral ou escrita, com exceção das partes di^

logadas Intercaladas, sao situações comunicativas do mundo nar­

rado . No mundo comentado ha uma certa atitude tensa, enquanto -

que no mundo narrado uma atitude reIaxada . Portanto, tensão e

reIaxamento sao dois elementos que se encontram em oposição ne^

sas duas situações comunicativas.

A partir dai, podemos concluir, em linhas gerais,que

o estudo de Benveniste ( I976, p . 260) e de Weinrich (1968, p.

66) seguem a mesma direção, porem uma interpretaçao diferente ,

se fossemos proceder a um confronto mais minucioso dos dados

disponíveis em ambos os estudos, 0 proprio Weinrich (1968, p.

57) e quem afirma:

"Os pontos comuns que apresentam a interpretaçao de Benveniste e nosso trabalho repousam em uma mesma dire­ção mais que na analise ou interpre­tação efetivas. 0 autor abrange em seu trabalho todos os tempos, mas m^ logra seu fe1 iz ponto de partida ao delinear prematuramente a dívisoria estrutural. Para poder conservar o passe simple (e este e no fundo o unico que o interessa em todo o tra­balho) como pleno tempo, limita todo o grupo temporal H i stor i a do francês atual a lingua escrita (enquanto que o grupo D i scurso abrange a I ingua f^ 1ada alem de algumas parcelas da es­crita). Logo a seguir, e sob estas circunstancias, declara o passe si m

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pie tempo fundamental do grupo H i sto r i a" .

Prosseguindo, diz:

"Uma restrição posterior deste grupo e ainda mais radical: ao grupo H i sto r i a so pertence a terceira pessoa. Esta limitaçao pode somente ser com preendida se notarmos que Benveniste, no fundo, quer e explicar o passe s i mpIe do francês juntamente com seu desaparecimento da lingua falada.0 passe s i mpIe conserva-se melhor na terceira pessoa que nas outras. Beji veniste argumenta da seguinte manej_ ra: uma. forma como Je f i s nao perteji ce como passe si mpIe ao grupo tempo­ral D i scurso nem como primeira pes­soa ao grupo Historia. Como esta forrw r /w 'ma nao e, entao, nem carne nem pesc^ do (com perdão pela expressão taoV yfamiliar), e eliminada da lingua e substitui da pelo passe compose j'ai fait. No capitulo X veremos com deta" ' ' ' est y ”*“lhe que je fi s nao e substituído pr^ cipitadamente por j'ai fa i t . No mo­mento basta o fato de que, segundo todas as aparências, pode explicar- -se melhor o destino de uma forma temporal em razao de todo o sistema dos tempos do que todo o sistema dos tempos em razao de uma so forma".

Ao concluir este comentário, queremos subi i nhar a Í ni

portancia dos conceitos propostos nos itens anteriores, princi­

palmente aqueles apresentados por Benveniste e Jakobson, espe­

rando que sejam subsídios valiosos para a analise que pretende­

mos efetuar na segunda parte deste trabalho.

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NOTAS DO CAPITULO 2

(1) Este item e a síntese de "Les embrayeurs, les categories

verbales et le verbe russe", In: Jakobson, Roman-Essai s

de Linguistique Générale. Paris, Minuit, 1963, Chapitre

IX, p , 176-196,

f\f A(2) ‘''‘Perd i gue i rez e fi di dade nao fazem parte de nosso lexi-

co, mas, tivemos necessidade de cria-los, para mostrar

que o vocabulo perdigueiro pode apresentar qualidade de

abstraçao, ao passo que o nome proprio Fido nao pode

apresentar esta caracteri sti ca, a menos que sejamos sur^

preendidos com um neologismo do tipo ‘Pedrice, ''''Cari ice,

uma possíve1 general izaçao de uma qualidade muito mar -

cante encontrada em Pedro ou em Carlos.

(3) Jakobson, no seu livro LingClistica e Comunicaçao, Cultrix,

I974f p. 6 4, distingue três formas de traduçao, ou tres

maneiras de interpretar um signo verbal;

"1. A traduçao intral ingual ou reformuIaçao (rewording)

consiste na interpretaçao dos signos I ingüisticos -

por meio de outros signos da mesma lingua.

2. A traduçao interlingual ou traduçao propriamente dj_

ta consiste na interpretaçao dos signos lingüisti -

cos por meio de uma outra Iingua,

3. A traduçao intersemiotica ou transmutaçao consistem f »

na interpretaçao dos signos Iingüisticos por meio

de sistemas de signos nao-Iingüisticos"

(4) A l inguagem comum freqüentemente emprega elementos do di^

curso teorico, mas isso apresenta um saldo positivo. A^

sim sendo, podemos citar a funçao meta I ingüística que

desempenha uma funçao positiva na aqui siçao e emprego de

uma língua. Para exemplificar transcreveremos um peque­

no dialogo entre mae e filha, que presenciamos num trem

de Curitiba a Paranagua;

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8o

Fi I ha - "Mamae, por que o trem parou?/S» A tSf

Mae - Porque e uma estaçao.A

Filha - Que e uma estaçao?

Mae - É um lugar onde param os trens, navios, etc.".

Uma criança nao poderia apreender a propria língua sem

a contribuição dessas explicações meta 1 ingüisticas.A 1 em

disso essas explicações contribuem para que possamos

delimitar o sentido dos neologismos.

(5) 0 te rmo embreador corresponde ao termo ingles sh i fter.Jes

persen define assim o shifter; "uma classe de palavras

(...) cujos sentidos variam com a situaçao (...) exem­

plo papai, mamae, etc. (...).

(6) "Assim sao. chamadas na gramatica e na I og i ca medievais a-

queI as partes do discurso como conjunçoes, preposiçoes

ou advérbios etc., que nao tem significaçao de per si

mas a adquirem em contacto com as outras partes". Di­

cionário de Filosofia, Abbagnano, Nicola. Sao Paulo,Me^

tre Jou, 1970, p. 8 6 9.

(7) BENVENISTE, Émile. 0 homem na lingua. In; Problemas '*de

I ingüistica Geral . Sao Paulo, Companhia Editora Nacio-

nal, 1976, pp. 247-315.

(8) Op. cit., p . 250.

(9) Op. cit., p . 262.

(10) Op. cit., p . 267.

(11) Op. cit., p . 286.

(12) Op. cit., p .»

288.

(13) Para uma analise aprofundada da tipologia dos enunciados

e condiçoes de sucesso dos performativos, veja-se Aus­

tin, J.L. Quand dire, c'est faire . Paris, Éditions du

Seuil, 1970 •

(14) 1 . Ve rbo declr

arativo e 0 que exprime 0 enunciado puro e

simples de uma asserçao, corno d i ze r, contar, decl arar.

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8l

anunciar, af i rmar, etc. (Dicionário de L i ng(î íst i-ca, Dl£

bois et alii, 1978, p. 166).

r- .2. As formas verbais ou as construçoes que tem por fim ex

primir a ordem constituem o .jussi vo (ou injuntivo: o

imperativo e um jussivo, mas o subjuntivo tambem, em

certos casos (que eie saia !) . Enfim, o jussivo pode r£

duzir-se a uma pa1 avra-frase (Silencio!). (Dicionário

de Lingüistica, Dubois et alii, 1978, p. 356).

( 1 5) Op. cit., p. 3 0 2.

( 16) BENVENISTE, Emile. Problèmes de Linguistique Generale II.

Par i s, Ga 1 I i mard, 1974, P- 67-88. Traduçao de Maria Mar^

ta Furlanetto.

( 1 7) 0 artigo foi extrai do do I ivro Problèmes du Langage, de

varios autores, da Collection Diogene, Gallimard, 1966,

p. 3-13, e traduzido por Maria Marta Furlanetto.

( 18) BENVENISTE, Emile. " L'appareil formel de Renonciation".

In: Problèmes de Linguistique generale II. Paris, Gai lj_

mard, 1974, p. 79-88. Traduçao de Maria Marta Furlanet­

to .

( 19) Segundo Benveniste (1974, p. 85) a negaçao como operaçao

Iogica e independente da enunciaçao. No frances ela temy y .

a sua forma propria, que e n e ...pas. Na enunciaçao ap^

rece sob a forma de non.

(20) Em frances peut-etre, por isso fala-se em termos de fra -

seoIog i a .

(2 1 ) DUBOIS, Jean. Enunciado e Enunciaçao. In: Langages nS I3,

Paris, Didier-Larousse, 1969, p. 100. Traduçao resumida

por Maria iMarta Furlanetto para uso em classe. Florian^

po1 i s, 19 7 6.

(22) DURO-COURDESSES, Lucile. "Le discours et son analyse". In:

Manuel de Linguistique appliquée. Tome 3. Paris, Dela-

grave, 1 9 7 5, p. M 5-1 57 .

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8 2

(23) ROBIN, Regine. Historia e L i ng(ü i st i ca . Sao Paulo, Cultrix,

1977, p. 24.

(24) TUTESCU, Mariana. Precis de sémantique française. Paris,

KIincksieck, 1975, p- 178.

(25) DUBOIS, Jean et alii. Dicionário de L i ngCi i st i ca . Sao Pau­

lo, Cultrix, 19 7 8, p. 2 1 8 .

(26) TODOROV, Tzvetan (org.). enonc i ati o n . Langages, 17, Pa­

ris, Didier-Larousse, 1970, Traduzida por Maria Marta

Furlanetto, F I orianopo1 is, 1978.

( 2 7 ) TODOROV, Tzvetan. "ProbIemes.de 1 ' e"nonc i at i on" .. In; Langa.„.

ges, I7 . Paris, Didier-Larousse, 1970, pp.3-1 I . Tradu­

çao de Maria Marta Furlanetto, F 1 orianopo1 is, 1978.

(28) RUWET, Nicolas. Introdução a Gramatica Gerativa. Sao Pau­

lo. Perspectiva, 1975, p. 46.

(29) "Recortamos a natureza de conformidade com as diretrizes

del ineadas pela nossa 1ingua materna. As categorias e

os tipos que isofamos do mundo dos fenomenos, nao os eri

tramos la porque eles sejam evidentes por si mesmos; pe

lo contrario, o mundo apresenta-se-nos como um fluxo c^

leidoscopico de impressões, que deve ser organizado pe­

las nossas mentes, e isto, em grande medida, pelos si^

temas 1 ingüisticos que as nossas mentes contem. Dissec^

mos a natureza, organizamo-I a em conceitos aos quais

atribuTmos significações de um modo definido, principa|_

mente porque somos as partes contratantes de uma convejn

çao, em cujos termos devemos organiza-la assim, de uma

convenção que e rigorosa para a nossa comunidade 1 i ngtijs

ti ca e esta codificada nos modelos da nossa 1 íngua".(Ben

jamin Lee Whorf. A Relatividade Lingüistica. In; J.P.B.

Allen and S. Pit Corder (eds.) - Reading for Appl ied

Linguistics. London, Oxford University Press, 1973).Tr£

ducao de Ana Antonia de Assis.

(30) Benveniste, 19/6, p. 139.

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(31) A par de tanta ambigüidade, achamos conveniente esclare -

cer, na segunda parte deste trabalho, o termo discurso

será tomado, ora, em um sentido mais amplo, como um tex

to qualquer, por exemplo, um texto cientifico, um texto

didático, ora, em um sentido mais restrito, como o pro

posto por Benveniste, na sua segunda acepçao, ou seja,

di scurso em oposição a h istoria.

(32) WEINRICH, Harold. Estructura y Funcion de I os Tiempos en

el Lenquaje. Madrid, Editorial Gredos, S.A., 1968.

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PARTE II : Aplicação da Teoria.

Capitulo 3 - 0 discurso do aluno de I- Grau de Cuia-

ba, n i ve 1 5 a 8 ,

3.1. Reflexões Pedagógicas

Com o surgimento da Lei 5-692 d e 'II de agosto de

1971, que fixa as diretrizes e bases para o ensino de 1 e 2-

graus, o professor defrontou-se com um novo conceito de ensino

de Lingua Portuguesa. Ensina-la dando especial relevo ao estudo,

da lingua nacional como instrumento de comunicaçao e como ex

pressão da cultura brasileira e o que prece i tua o seu artigo 4-,

paragrafo 2-, do Capitulo I, reforçado pelo artigo 3- da Reso

Iuçao n5 8, de 1 de dezembro de 1971, anexo ao parecer 853/71

oriundo do Conselho Federal de Educaçao.

Ada Natal Rodrigues (l) nos fala a respeito:

"0 ensino da lingua portuguesa,antes da reforma, 1 imitava-se quase sempre a admitir a norma como uni ca forma de expressão. Como as regras que con^ tituem a norma sao tiradas geralmen­te da lingua escrita, da lingua Iite

. . . . raria, havia uma verdadeira inversaodo processo: nao se partia do concre^ to - fala - mas do abstrato - norma-, prejudicando a espontaneidade e ate o relacionamento aluno ~ professor , ja que, para se expressar, o aluno teria que faze-lo, falando ou escre_ vendo "corretamente", segundo os p^ droes estabelecidos pela norma, mas a partir de um fato concreto - a fa

rDe perfeito cultuador da gramatica tradicional, manij

seada como um fim em si mesma, de simples expositor do codigo

da I íngua, o professor agora teria a tarefa de buscar seu uso^ ^ f '

efetivo, isto e, ensina-la através de exercícios da lingua. No­

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85

vo encargo, nova maneira de encarar a I ingua, novas preoc-up£

çoes.

Ninguém contesta que a crise da I inguagem consti­

tui fenômeno contemporâneo e universal . Na verdade, ela retrata

a crise do pensamento conceituai na sociedade atual, onde ima­

gens e figuras, na sua prevalencia visual, tentam substituir as

palavras e o exercicio do pensamento humano. No caso brasilei­

ro, entretanto, e mais grave porque esse fénomeno universal nos

alcança num estagio mais atrasado.

Por outro lado, tambem estamos cientes de que, por

ora, grande parte do professorado nao esta em condiçoes de ope-

rar no ensino marcantes transformaçoes, seja pela qual idade de

formação que recebeu durante sua preparação profissional, seja

pela falta de uma leitura continua que aprofunde seus conheci -

mentos, seja pela falta de motivação em assumir um magistérior , ys. ,

consciente, seja> tambem, pelas transformaçoes socio-economicas

por que passa nossa sociedade.

Entretanto, apesar dessas crises, quais seriam os

subsidios oferecidos ao professor a fim de que o mesmo possa dar

cabo de sua tarefa de orientar o aluno para os caminhos da co­

municaçao e expressão ?

Muitas propostas curriculares foram apresentadas, sein

do todas muito boas, bem intencionadas, mas todas sem a preocu-

paçao de fornecer, em anexo, um manual que desse ao professor

breves noçoes das modernas teorias lingüisticas e a sua utilid^

de no planejamento de um curso. Estaria, por ventura, o profes­

sor capacitado para entender itens como: exercícios estruturais,

elementos do processo de comunicaçao, variedade de usos lingüis^

ticos, etc., se o mesmo nao possui noçoes de lingüistica estru-

tural, de teoria da comunicaçao e de socio 1 ingüistica ?

Voltando as nossas reflexões, queremos lembrar tam­

bem que a problematica da comunicaçao e expressão podera ser me

lhor situada e compreendida a partir do estudo das funções da

linguagem, uma vez que o processo de comunicaçao evidencia atgu

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mas dessas funções. Para nao estender muito nosso trabalho, li­

mitaremos a expor, resumidamente, as principais ideias contidas

nos ensinamentos de Martinet, Böhler e Jakobson sobre as ditas

funçoes.

Para Martinet (2) a funçao essencial do instrumento

que é a ifngua reside na comunicaçao. Mas, a lingua comporta oa

tras funçoes: suporte ao pensamento, expressão e esteti c a .

Böhler (3) distingue tres funçoes: express i va, cen -

trada no emissor, ape I at i va, centrada no receptor, e represe nta

t i va, centrada na terceira pessoa.

Jakobson (4) , partindo dos elementos constitutivos

do processo da comunicaçao, assinala estas funçoes: a emoti va

(emissor), a conat i va ( receptor) , a f at i ca (canal) a meta I i n

gQ isti ca (codigo), a poeti ca (mensagem) e a referenc i a I (contex

to ou referente) .

Todas essas funçoes sao muito importantes para a co

municaçao.. No ato lingôistico nunca se manifesta apenas uma de^

sas funçoes. Na real idade, todas se fazem presentes e somenteys. • A

a predominância de uma delas e que caracteriza o tipo de I ingu£

gem (informativa, apelativa ou expressiva). É o fenomeno da com

presença.

0 que estranhamos no discurso escolar e a predom i nan

cia, em determinados casos, da funçao referencial ou represent^

tiva, em se tratando do ensino de Lingua Portuguesa, no ensino

de I- grau, onde a funçao comunicativa e expressiva deveriam e^

tar colocadas em primeiro plano.

Se o ensino da lingua, nesse niveI, deveria levar o

aluno a se expressar e a se comunicar, sera que a escola, real­

mente, estaria direcionando-o a concretizaçao desse objetivo ?

Estaria o professor mais preocupado em ditar normas de lingua

culta ao aluno do que deixa-lo expressar ‘i’ A fala do aluno se-

ria uma h i stor i a ou um d i scurso ? Outras funçoes da linguagem

estariam sobrepondo-se a funçao de comunicaçao e expressão?

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Intrigados com essas questões, foi que nos propuse^

mos fazer um levantamento entre nossos alunos de 12 grau, nível

5 a 8, a fim de captarmos com que freqüencia as marcas enuncia­

tivas aparecem em seu discurso escrito.

De posse desses dados, anal isados a luz da teoria dorv <S>

discurso, tentaremos chegar a uma conclusão sobre a posição em

que se coloca o aluno em face de seu enunciado, interpretando -

os graças aos conceitos de distancia, de tensão, de transparên­

cia ou opacidade, para depois buscar, a luz da soei o 1 i ngO i st i ca,

a explicação para essa posição.

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3.2. 0 corpus lingüístico.

3.2.1. Constituição da amostra.

A amostra foi retirada de uma populaçao de 7.646 aljj

nos de 1- grau, da cidade de Cuiaba, niyeI de 5- a 8- Serie. É

constituída de 120 alunos, sendo 30 de cada nível.

Os alunos que fizeram parte da pesquisa sao conside­

rados socialmente iguais pela semelhança do padrao socio-econo-

mico, ou seja, pertencem, na sua total idade, a classe media.

Os referídos a 1 unos sao de tres estabelecimentos da

rede estadual de ensino, situados em bairros da classe media.

Os estabelecimentos selecionados sao;

- Colégio Jose de Mesquita (Bairro da Cidade Alta);

- Escola de I- grau Santos Dumont (ex-Escola Poliva­

lente) ( Ba i rro Varzea Ana Poupi.no).

- Escola de 12 grau Senador Azeredo (Bairro do Por -

to) .

3.2.2. Hipóteses de trabalho.

Este estudo visa a constatar duas hipóteses gerais;

1-) - 0 discurso escrito do aluno de l grau de Cui^

ba, nive1 5 a 8, apresenta, em geral, fraco indice de marcas

enunciativas em quantidade e/ou qualidade.

2-) - Quanto mais avançado o nive1 de escolaridade do

aluno, mais elevado sera o indice de presença de marcas enuncia^

tivas, em seu discurso, em quantidade e/ou qualidade.

Quant i dade refere-se ao numero de marcas enunciati -

vas.

QuaI i dade refere-se aos diferentes tipos de marcas

enunc i at i vas•

3.2.3. V a r i a ve i

As variave is em estudo sao:

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a) variavel dependente: discurso escrito;

b) variavel i n de pende nte : se r i e .

As variaveis intervenientes podem ser: personalidade,

estado emocional, inteIigeneia, tipo de instrumento de coleta

de dados, sexo, idade, status socio-economico, etc.

3.2.4. Invariantes.

Os invariantes sao:

a) invariante de modalidade: discurso escrito

b) invariante do tema: carnaval

c) invariante de medida: uma pagina escrita (30 I J_

nhas)

d) invariante de duraçao: 45 minutos (duraçao de uma

au I a)

e) invariante do contexto situacional:

mesmo lugar: uma sala de aula.

mesma epoca: o mesmo dia, a mesma hora.

3.2.5. Instrumento de coleta de dados.

0 corpus 1 ingüístico foi obtido através de uma red^

çao, cujo tema versava sobre o CARNAVAL.

Foram distribuidas aos alunos durante uma aula de

Português, copias do tema: Fevereiro: Carnaval... e pedido que

escolhessem um assunto sobre o carnaval (desfile, matine, bata^

lha, etc) e escrevessem sobre o mesmo.

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3.3. Analise do corpus

3.3.1. Cr i ter i os de ana I i se .

A partir dos elementos teoricos desenvolvidos na prj_

me i ra parte deste trabalho e baseados, principalmente, nas cori

cepçoes de Benveniste sobre "0 aparelho formal da enunciaçao" e

na dos embreadores de Jakobson, estabelecemos uma 1 ista de oito

critérios de analise das marcas enunciativas.

Oscriteriossao:

1 - os indicadores de pessoa; eu e t u .

2 - os indices de ostensao; este, aqui, agora.

3 - a forma temporal axial do discurso; o presente.

4 - a asserçao; expressas pelas pa rt i cuI as s i m e nao

substitutas de uma proposição.

5 - a interrogaçao: formas lexicais e sintaticas.

6 - a intimaçao; ordem, apelos concebidos ém catego­

rias como o. imperativo, vocativo.

7 - os moda 1 izadores:

- modo optativo

- modo subjunti vo

Aos advérbios de opinião; talvez, sem duvida, pro

vavelmente, etc,

as transformaçoes moda 1 izadoras;

- a enfase

- a pass i va

- a i nterrogaçao

- a negação

- os apresentadores: eis aqui, ca esta

- os performativos

b - as i nterdependenc i as de n i ve i s .

Nao encontramos um texto que estabelecesse critérios

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de avaliaçao de quantidade de marcas enunciativas manifestadas.

Para avaliaçao da ocorrência de marcas enunciativas,

por série, foi estabelecido o seguinte critério de classifica -

çao:

QUADRO DE AVALIAÇAO POR SERIE

MARCAS ÍNDICES

0 a 299 fraco

300 a 499 sat i sfator i o

500 a 600 forte

0 limite superior resulta do produto de 20 por 30 ,

sendo 20 o numero de marcas considerado satisfatorio, em termos

dos objetivos propostos, numa redaçao de uma pagina (30 linhas),

e 30 o total de redaçao por serie. Para as quatro series, os lj_

mites de cada índice e multiplicado por quatro, resultando o

quadro de aval iaçao seguinte:

QUADRO DE AVALIAÇAO DO TOTAL

MARCAS ÍNDICES

0 a 1 1 96 fraco

1200 a 1996 sat i sfator i o

2000 a 2400 forte

Para avaliaçao da ocorrência de cada ti po de marca ,

por se r i e , foi estabelecido o seguinte critério da classifica -

çao:

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QUADRO DE AVALIAÇÃO POR TIPO DE MARCA E SÉRIE

MARCAS ÍNDICES

0 a

50 a

100 a

49

99

50

fraco

sat i sfator i o

forte

0 limite superior resulta do produto de 5 por 30,sen^

do 5 o numero de cada tipo de marca considerado satisfatório nt[

ma redaçao de uma pag i na. (30 linhas), e 30 o total de redaçao

por serie, Para as quatro series, os 1 imites de cada indice e

multiplicado por quatro, resultando o quadro de avaliaçao se­

guinte:

QUADRO DE AVALIAÇÃO DO TOTAL POR TIPO DE MARCA E SÉRIE

MARCAS ÍNDICES

0 a 196 f raco

197 a 396 sat i sfator i o

400 a 600 forte

3.3.2. Analise dos resultados.

Com a tabulaçao das marcas enunciativas presentes nas

redações, e a partir da fundamentaçao teórica desenvolvida na

primeira parte deste estudo, passamos a anal ise e interpretaçao

dos resultados.

As 120 redações examinadas das quatro series apre­

sentaram um total de 489 marcas enunciativas, distribui das de

acordo com o quadro I :

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93

QUADRO

SÉRIES MARCAS

5 = 1 26

1 6â 1 20

7^ 125

!

118

T O T A L 489

Esse resultado, segundo o quadro de avaliaçao do to

ta I , constitui um indice fraco dè marcas e nunc i at i vas, e , portan^

to,confirma a validade da primeira hipótese formulada, de que o

discurso do aluno de Cuiaba apresenta, em geraI, fraco indice

de marcas, em quantidade e/ou qualidade,

Com relaçao ao aspecto qualitativo, os dados revelia

ram que nao houve mu Itiformidade de marcas. Uma conclusão viá­

vel e de que o aluno nao explorou as varias possibilidades que

a enunciaçao lhe oferece.

0 bloco de marcas constante, em toda serie, por or­

dem de incidência, com exceção dos advérbios de opinião que

ocorreram somente na 8- serie, foi o segui nte: (5) ,

- os indicadores de pessoa

- a forma temporal axial: o presente

- os indices de ostensao (este, aqui, agora)A» ^

- as interdependencies de níveis

- a intimaçao (vocativo, imperativo)

- os advérbios de opinião

- o modo optativo.

No quadro I, verifica-se tambem que a segunda h i pote_

se de que quanto mais a\'ançado o n i ve 1 de escolaridade do aluno,

mais elevado sera o indice de marcas em seu discurso, em quantj_

dade, nao se constatou.

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Observa-se decrescimo de marcas da 5- para a 6- se­

rie, acréscimo da 6^ para 7-, e novamente decrescimo da 7- para

8- ser i e .

Marcas

Essa situaçao e mostrada graficamente:

Quanto ao aspecto quaI i tat i vo, os resultados eviden­

ciaram que nao houve diversificaçao considerável de marcas den-

tro de uma mesma serie, e nem de uma serie para outra,r ^

Anal isando a amostra por se r i e e por t i po de marca,

a frequencia de ocorrência da marca e^ e mostrada no quadro 2:

QUADRO 2

S É R 1 E , N 2 R E P E T I Ç Ã O

1

1 5 ^ 8 6

6 i 6 2

7 § 8 6

1 8 § i 7 0

T 0 T A L

i3 0 4

Esse total, corresponde a um indice satisfatorio des

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sa manca. Indica que a d i stanc i a ^ colocada pelo aluno

entre ele proprio e seu enunciado nao e muito grande.

Verifica-se, ainda, que a frequencia de ocorrência -

da marca eju varia de uma série para outra, conforme mostra o

grafico:

Ma rcas

Essa situaçao de decrescimo e acréscimo de marcas de

uma serie para outra, contraria a segunda hipótese de que quajn

to mais avançado for o niveI de escolaridade do aluno, mais ele

vado sera o índice de presença de marcas enunciativas em seu

discurso, em quantidade e/ou qualidade.

Outra caracteristica que se pode observar e se o di^

curso do aluno apresenta-se moda I i zado, isto e, se o falante

deixou sua marca no seu enunciado através de unidades discre - (8 )

tas.

(9Os indices de ostensao - nao foram numerosos nas

redações. Sua distribuição por serie e mostrada no quadro 3:

QUADRO 3

SÉRIES N2 REPETIÇÃO

10

7- 19

8^ 25

T O T A L 60

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Esse resultado mostra o indice fraco dessas marcas

enunciativas, comprovando a primeira hipótese. Nesta dis­

tribuição, houve aumento de marcas de uma serie para outra, dan^

do idéia de comprovaçao da segunda hipótese. Graficamente tem-

se :

Nao houve ocorrência de oerformati vos, assim como

nao foi apresentado caso de asserçao, expressa pelas particu -(I D

Ias s i m e nao substitutos de uma proposição.

As g i r i a s foram utilizadas muito pouco, fato que su£cs . '

preende, uma vez que seu emprego, nessa faixa etaria, e muito

c o m u m . A di stri bu i çao do numero de ocorrência de girias

por serie e mostrada no quadro 4-

QUADRO 4

SÉRIESN2 DE OCORRÊNClA |

DE G ÍRIAS

5§ 11

6 51

41

7 â 2

8§1i

2

T O T A L 9

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Esse total e inexpressivo, diante de uma amostra de

120 redações, nao havendo, portanto, interdependencia de níveis

0 grafico ilustra a situaçao:

N- ocorrenci a de g i ri as

A ocorrência do modo optat i vo

me mostra o quadro 5-

(13) foi rara, confor

QUADRO 5

SÉRIE N2 REPETIÇÃO

5^ 1

1 6§ 2 1

7§ -

8â -

T O T A L 3

( 1 4)Os advérbios de opinião, , elementos que modal i-

zam fortemente o enunciado, ocorreram somente 6 vezes, e ape_

nas n a 8 - serie.

A tensão, relaçao que se estabelece entre o falante

e o receptor da mensagem, se traduz pela vontade intensa de co

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muni cação que o falante deseja manter com o ouvinte. ^

0 índice elevado dos verbos: ter/haver e ser / estar,

verbos que postulam um estado acabado, marcaram uma ausência derw /s ^

tensão no discurso dos alunos. A freqüencia de ocorrência de_s

ses verbos nas redações e mostrada no quadro 6:

QUADRO 6

SÉ R 1 E N2 REPETIÇÃO

5^ 94

6ã 101

■ 7 - 101

8§ 102

T O T A L 398

Os verbos querer, poder, dever e fazer que indicam

um estado nao-acabado, uma tensão mais ou menos grande do sujej_

to da enunciaçao em face de seu inter1ocutor, nao ocorrerem nas

redações.

0 presente, forma temporal axia I do discurso, ocor­

reu 100 vezes nas redações dos alunos e esta, assim, distribuT-

do:

QUADRO 7

SÉRIE N2 REPETIÇÃO

31

6^ 37 1

7§ ' 18

8â ' 14 i

T O T A L

!

I CO

A interrogaçao, o vocativo, o imperativo, apresenta-

, • o • ( 1 7 )ram baixa trequencia.

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Os casos ocorridos estao d i str i bu i dos no quadro 8;

QUADRO 8

SÉ R 1 E N2 REPETIÇÃO

5§ '1 1 1 5

1 7 a1 1 " 11

1 1 1

T O T A L 7

3.3.3. Cone Iusao.

A partir dessas observaçoes das marcas enunciati vas,

podemos concluir que:

jS) - o discurso do aluno de Cuiaba apresenta uma/s. ,

baixa freqOencia de marcas enunciativas;

22) - nao ha diferença significativa entre uma serie

e outra em traços qualitativos;

3 2) - o numero de marcas enunciativas nao aumenta a

medida que eleva o n 1ve1 de escolaridade, com exceção de alguns

casos;

4-) ~ apresenta uma grande uniformidade de marcas, de_

nunciando a falta de criatividade em nossos alunos;

52) - e frequente o uso da terceira pessoa, com te^

dencia a ser um discurso constat í vo ou transparente ;

62) - e um discurso parcialmente nao - marcado com

forte tendencia a ser uma historia.

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3.4• 0 fraco indice de marcas enunciativas e suas. f

possiveIs causas,

AA grande constataçao, como mostram os dados, e de

que ha uma ausência quase total de marcas enunciativas, ficando,

dessa forma, confirmada a nossa hipótese inicial de que o dis

curso escrito do aluno de |2 grau, niveI 5 a 8, apresenta fraco

indice de marcas enunciativas, seja em quantidade ou qual idade,

Esse esvaziamento de marcas enunciativas leva conse­

qüentemente a um esvaziamento da comunicaçao. Biderman ( i8),num

artigo sobre os elementos expressivos do discurso, ou seja, um

dos elementos que integram o universo indefinido do lexico (19)

de uma 1ingua, assim se expressa:

"Nos discursos literários e sobretu­do poéticos, a liberdade criadora do artista e uma forte carga de emoti vj_dade permeiam a expressão lingtHisti-

fca de parti cuias e expressões que nao se enquadram dentro das classes de palavras tradicionalmente re1 acio nadas pelas gramaticas. Mas nao so nesse tipo de discurso. Tambem a I i guagem coloquial, instrumento de corw- ^ ***municaçao e expressão de todos, se manifesta prenhe de elementos lexi- C O S , inc 1 assi f icaveis segundo os mo delos Iogico-gramaticais. Tais ele­mentos sao carregados de significa- çao e emotividade, acrescentando ao enunciado dados informativos freqCie£ temente ligados a opinião, ou aos seri timentos do emissor da mensagem, enrs» ^tretanto, nao se integram na estrutu ra Iogico-sintatica da oraçao. Se fo rem eliminados, porem, a comunicaçao se esvazia, se empobrece de inform^ çoes relevantes, e o significado glo bal da sentença ou do discurso se aj_ tera".

Retomada nossa questão inicial, qual seria, no caso,

o motivo principal que levaria o aluno a agir dessa forma? Insr

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tnumento de coleta de dados ? Reiaçao familiar ? Grau soc i o-cuJ_

tural ? Opçao do aluno ? Discurso impessoal da escola ?

As variaveis que podem interferir no desempenho I i ri

güistico do aluno sao muitas. Entretanto, como nosso trabalho

nao teve por objetivo controlar todas essas variaveis intervenj_

entes, pois se restringiu tao-somente a uma tentativa de levari

tar problemas, buscamos empirica e ass i stema t i camente uma i ntej2 pretaçao possivel para o fraco indice de presença dessas marcas.

Como primeira causa possível, apontamos o instrumen­

to de coleta de dados, que, no nosso caso, foi uma redaçao. S£/s* ^ ✓ rw

bemos que a situaçao de dialogo e a situaçao enunciativa por ex

celencia. Entretanto, achamos mais coerente optar pelo discurso

escrito, justamente por ser o tipo de exercicio que se pede co

mumente em classe. Ora, nesse tipo de exercício, onde nao se re_

produz uma situaçao completa de comunicaçao, a criança devera -

possuir alto grau de criatividade para extrapolar sua impessoa­

lidade, e nisso, talvez, resida a causa do apagamento do sujei­

to em seu enunciado.

Outra causa que podera afetar o desempenho I ingOistj_

co do aluno e o seu relacionamento familiar. Se a familia for

orientada para a pessoa (pessoal), onde a comunicaçao da-se pre

cipuamente ao niveI da interaçao, e as posiçoes familiares sao

mais elasticas e menos coercitivas, conseqüentemente ela vai

produzir um sistema de comunicaçao forte ou aberto.

Marcuschi (20),em seu trabalho critico sobre a teo

ria dos codigos Iingüisticos de Bernstein, nos diz:

"Nas familias "pessoais" as »“onte_i_ ras sao mantidas abertas, e nas di^ cussoes as caracteristicas psiquicas prevalecem sobre o status ■ Numa famj_1 ia assim, em que as divisões for­mais entre os diferentes status nao sao tao rígidas, e evidente que seus membros disponham de uma maior area de a 1ternativas para escolha, enri­quecendo-se como tal o espaço para o jogo de papeis. Ali ocorrem as condj_ çoes que permitem o surgimento de uma comunicaçao verbal, e possibili­tam a criança a expressão de suas dj_ ferenças individuais diante do grupo. N'ao se trata de contatos ma i s cons-

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tantes, mas de contatos de tipo espe^ cial. Os pais sao, nestas familias, muito receptivos as caracteristicas das crianças e deixam-se influencj_ ar, o mesmo acontecendo por parte das crianças. Esta rec i proc i dade S e_ va a confiança mutua, faz surgirumrs/sistema de comunicaçao aberto, possi/w 'bi1ita a expansao da personalidade do individuo e garante-lhe a receptj_ vidade de sua mensagem".

Por outro lado, se a família for orientada para a po

siçao (posicionai) onde o sistema de papeis dificulta a comun_i_

caçao das diferenças individuais, conseqüentemente ela vai pro^

duzir um sistema de comunicaçao fraco ou fechado.

Diz Marcuschi (21):

"Em conseqOencia, a criança passa a reagir conforme as exigencies de sua posição famiIiar. Por causa deste fe chamento das alternativas da escolh^ a sensibilidade individual tem menos possibilidades de ser expressa de forma verbal, estabelecendo-se assim uma comunicaçao ao nive1 da posição ocupada dentro do grupo familiar".

Pesquisas recentes tem demonstrado, so para citar um

exemplo, que quanto mais harmonioso for o relacionamento afet_i_A f

vo da criança, melhor e o seu desempenho lingüistico. Se a crj_

ança possui um relacionamento mais familiar com seus pais, cer­

tamente tambem ela se colocara mais a vontade em seu enunciado

para exprimir sua experiencia.

0 aluno cuiabano, em geral, tem dificuldade para se

expressar. Uma das causas aparentes parece ser o relacionamento

familiar. Certos pais nao dialogam com seus filhos, havendo ate

certo distanciamento, em que a criança vem a ser uma nao-pessoa • . . . '

sociologica, para usar a terminologia do sociologo Erving Gof

man, citado por Perret (22).Ao lado dos pais indiferentes, dos

pais sem nenhum preparo, ha ainda a problematica dos pais muito

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ocupados que nao dispõem de tempo para seus filhos, seja pelo

excesso de trabalho, seja pelos compromissos sociais, ou ambos.

Filhos desses pais estao, quando pequenos, e obvio, aos cuida-

dos de babas sem o mini mo preparo, muitas vezes, para estimular

o desenvolvimento lingüistico dessas crianças.

Ao lado do relacionamento familiar, podemos, tambemr-j

apontar, como causas da dificuldade de expressão do cuiabano,

certos fatores, que, se foram caracteristicos de uma certa epo

ca, ainda se fazem sentir, principalmente, numa determinada faj_

xa etaria, ou seja, na que se situa acima de 30 anos, aproxima­

damente .

Esses fatores seriam: a situaçao geografica, a falta

de I e i turas," e o ba i xo n f ve I de escolaridade.

0 cuiabano, ate certa epoca, vivia plenamente sua

"solidao geografica", longe de tudo e de todos, e alem do mais,

privado dos modernos meios de comunicaçao de massa. Limitada,

pois, era sua cosmovisao, e conseqüentemente sua possibilidadetsf '

de expressão.

A orientaçao dada nos poucos colégios existentes nao

incentivava o aluno a realizar leituras complementares, sendo

que as leituras somente se limitavam aos livros didáticos. Redu^‘ rs/

zida, pois, era sua capacidade de expressão.

Quanto ao ultimo aspecto, ressaltamos que o baixo n^

vel de escolaridade apontado era resultante nao so do baixo po

der aquisitivo do cuiabano, mas tambem, e essencialmente, pela

própria escassez de instituições escolares de qualquer nível

Restrita, pois, era sua capacidade de expressão.

Entretanto, com a instalação de modernos meios de co

municaçao de massa, abertura e melhoria de estradas, elevaçao -

do nive1 de vida, e criação e instalação de varias escolas, as

causas apontadas foram sendo pau 1atinamente sanadas.

0 grau socio-cu1turaI tambem influencia no desempe -

nho lingüistico do aluno. As marcas enunciativas poderão estar

ou nao presentes, com maior ou menor intensidade, no seu discur

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so, conforme o niveI socio-cuIturaI em que vive o aluno.

Para Coppalle (23} o sistema das relações que se es­

tabelecem em classe e um modo particuI ar das relações sociais:

"Nossa hipótese de trabalho foi com efeito que o modo pelo qual se estru tura o dialogo entre o aluno e o me^ tre, o aluno e seus companheiros, o aluno e todos os membros do estabele^ cimento, depende essencialmente do modo pelo qual o individuo fez ou faz sua experiencia do mundo e da re a 1 i dade social, e pertence por conse^ guinte a um grupo socio-cu1tura1 que determina sua linguagem e sua manei­ra de viver as relações sociais".

Prosseguindo em suas observaçoes, ele tenta relacio­

nar as distâncias que o aluno toma com respeito ao seu enuncia­

do com seu grau socio-cuIturaI, mas, observaçoes tomadas como

conjeturas, uma vez que as hipóteses nao foram verificadas:

"Pode-se ir ate supor que a distan - cia ao enunciado e a situaçao tenha uma correspondencia efetiva com o gráu socio-cu1turaI do locutor? No momento nada permite nem afirmar nem nega-lo. 0 que se pode afirmar e que quanto mais o grau soeio-cu1turaI e elevado, mais o domínio da Iingua e adquirido e mais, por conseguinte, e faci 1 para o locutor tomar suas dis tancias com respeito ao enunciado e a situaçao. Se isto fosse verifica­do, poder-se-ia deduzir dai que a f^ mi li ar idade no comportamento soei o - lingOistico e inversamente proporcio^ na I ao grau socio-cuIturaI". (24)

Essa citaçao poderia ser explicada da seguinte forma;

a criança provinda de um meio social menos favorecido teria um

comportamento mais espontâneo, uma vez que e 1 a vive de uma ma-f» ^

neira mais concreta sua reIaçao com seus parceiros e sendo que

a representaçao da vida social de seu meio funciona segundo ca-

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tegorias pouco numerosas e pouco diversificadas. Isso conseqOeri

temente, refleteria em seu desempenho lingüistico, tornando - o

mais familiar em relaçao ao seu enunciado e a situaçao.

Prosseguindo em sua comparaçao ele afirma;

"Ao contrario, parece verossímil que✓a criança de um meio socio-cuIturaI mais favorecido domina melhor a sitij açao porque domina melhor sua I ingua, e se desprende dela da mesma maneira. Isso lhe permite optar por um compor^ tamento mais a vontade e mais inte - lectualizado e por um comportamento' verbal mais nuançado e mais rico.Mas se isso contribui para faze-lo tomar suas distancias, coloca-se por con­seguinte menos em causa pessoalmente em seu enunciado ou de uma maneira muito mais ficticia. Ela se exprimi­ra num modo mais desprendido e mais impessoal, com um nivel de generali­dade e de abstraçao mais elevado. 0 que conduz a utilizar ao mínimo as marcas formais da enunciaçao". (25)

Coppalle chama atençao para o fato de que nao deve­

mos emitir julgamentos de valor, entretanto, pode-se estimar quer' A ^

ha uma ligaçao entre o nive1 socio-cu1tura1 e o comportamento -/*«> ^

v/erbal e que as variações soc i o I i ngü i st i cas nos modos do uso da

palavra e de seu exercicio se reencontram nos fatores socio-cuJ_

tura i s .

Resta-nos, finalmente, saber se as variaveis opçao

do aluno e discurso impessoal da escola exercem uma certa infl^

encia no indice de marcas enunciativas.

Coppalle (2 6) nos diz;

"0 que importa, por conseguinte, e tentar encontrar uma explicação para o apagamento do sujeito no tipo de enunciados constituindo o corpus. Porque nos sabemos bem que se o, su­jeito falante, por assim dizer, ja­

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I 06

mais se manifestou explicitamente em seu enunciado como sujeito da enuncj_ açao, seu " retraimento" nao e por is so mesmo uma manifestaçao negativa , sua ausência corresponde evidentemen^ te a uma certa atitude e a uma esco­lha diante da situaçao. É aí que se poderia fazer intervir os conceitos de distancia, de tensão, de adesao e de transparencia pelos quais e defe­rida a atitude do locutor com respej_ to a seu proprio enunciado".

Entretanto, chama a atenção para o fato de que ha to

madas de fala puramente impessoais como e freqüentemente o caso

nos exercícios escolares, e essa atitude de impessoalidade nao

tem significaçao propr i amente i nd i vi dua 1 , mas decorre do discur_~

so impessoal da escola.

D i z Coppalie (27):

"Ela diz respeito a um fenomeno so­ei o-cu 1 tura I mu i to geral; o conjunto dos modos de acesso ao saber segundo os quais funciona a instituição esco lar. A fala mantida (ou emprestada) em classe se alinha sobre o discurso institucional da Escola. E ai que re side o no da expl icaçao do apagamen­to em classe do sujeito em seu enun­ciado. (...) 0 dj scurso na Escola e um discurso i mpessoa 1 • ( . . . ) A relaçao ao saber que representa o fundamentoI . . . r->da instituição escolar nao e uma re_1açao sobre o plano das relações hu­manas, se bem que seja obrigada a passar pela re1açao do aluno ao mes

. *** tre. Pois a situaçao escolar e uma falsa situaçao de comunicaçao na qua I O dialogo nao pode, a maior parte do tempo, se estabelecer. A comunicaçao escolar nao leva em conta os impera- tiv-os da comunicaçao; a importancia' da presença fisica, a reciprocidade de papeis dos parceiros para citar apenas duas das principais exigenci- as relacionais da comunicaçao, a que se poderia acrescentar alias a prio­ridade do canal oral, prioridade cu-

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jas razoes profundas tocam a própria/Sfnatureza do fenomeno de comunicaçao' que a 1ingua constitui".

A tarefa que cabe à Escola e muito importante, por­

tanto, na medida em que ela ve o aluno como um indivíduo que

necessita desenvolver plenamente suas potencialidades e que pro

vem de um determinado meio socio-cu1 tura1 . Ela deve procurar

buscar todos os subsidios necessários ao cumprimento das reais

necessidades do aluno.

Voltando novamente as liçoes de Coppalle (28), em

seu excelente artigo sobre "uso da palavra" em classe:

"Um estudo aprofundado da situaçao de/N/comunicaçao deveria servir de opera- çao de reestruturação das relações - escolares que sao tanto mais inade - quadas quanto nao tomam em considera çao nem a rea 1 i dade v i va do i ndÍ v i duo nem a real idade sociologica de seu me i o . É por i sto que o d i scurso i ns- titucional da Escola sobre o saber que reflete uma certa cultura, uma certa mental idade nao constitui a via de acesso unico ao saber. Aplica do a todos sem arranjo, sem diferen- ciaçao, segundo a concepção de um mo de I o unico e universal, perfeito e acabado, intercâmbios puramente i nte_ lectuais e livrescos, os unicos auto rizados, o metodo de acesso a cultu­ra que a Escola preconiza pode se re velar mais nefasto que beneficente , por falta de consideraçao das reali­dade que a comunicaçao pressupõe".

De tudo que expusemos acima, inferimos que as varia­

veis que podem influenciar o comportamento v^erbal do aluno sao

muitas. Nao foi nosso proposito fazer um exame profundo ou e -

xaustivo dessas variaveis, mas sim, apenas, questionar o pro­

blema. Fica, entao, nossa proposta de ti^abalho a quem estiver

interessado em realizar analises mais exaustivas, esperando, en

tretanto,que sirva de ponto de partida e estimulo para futuras'

pesquisas e reflexões.

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i08

3.4*1 • Para uma liberaçao da palavra.

Resta-nos, entao, saber que direcionamento oferecer

ao nosso professorado para que o mesmo possa encaminhar nossos

alunos a uma madura e consciente "liberaçao da palavra".

Coppalle (29) entende por liberaçao da palavra duas

coisas: que ela seja realizável e que ela seja seguida de efej_

tos proveitosos.

Quanto ao prim e iro aspecto, mostra que a I ibera

çao da palavra nao se consegue apenas com boas intenções e medj_

ante qualquer receita. Para que a paIavra seja liberada ha ne­

cessidade de técnicas apropriadas, sendo que as técnicas da e-

nunc i açao apresentam-se como as mais eficazes. (O grifo e nos­

so) .

Faz-se necessário, tambem, o estabelecimento de uma

situaçao de dialogo, e esta situaçao deve ser sempre mantida ê,

alimentada. É nesse sentido que intervem a qualidade de re I £

çoes mutuas que se estabelecem entre o professor e os alunos.

Nao e coagindo o aluno a falar que se obtera bons resultados,

mas sim procurando estabelecer um clima de confiança entre eles.

Quando ao segundo aspecto, CoppaIle (30) chama a

atençao para o fato de que a liberaçao da palavra nao deve ser

tomada como um fim em si. A liberaçao da palavra requer um obje

tivo bem definido. Qual seria esse objetivo? Procurar obter a-

traves do exercício da fala o dominio dos meios de expressão

mais numerosos e variados que Coppalle designa sob o termo de

"registros de lingua", para indicar que um ato de fa I a e essen­

cialmente pessoal na medida em que exprime a experiencia indivj_

dual de cada ser humano, ao mesmo tempo que enriquece essa exp^

riencia. Portanto, so ha efeitos validos se ha proveito e se o

exercício da fala trouxe alguma coisa a alguem.

Por ultimo, queremos chamar a atençao para o compor­

tamento verbal do aluno visto de um ponto de vista estritamente

pedagogico. Voltemos as observaçoes de Coppalle constantes de

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09

seu ja aludido artigo:

"( . . .) Se se apreende o ato de enutn ciaçao ao n i ve t do enunciado, inver^ samente o enunciado deveria ser jul gado unicamente em funçao dos cr i te_ rios de funcionamento da I ingua. Tal maneira de agir modificaria profunda mente os hábitos de correção; A ques tao subjacente nao seria mais: "ele escreveu bem ou falou bem?" mas "seu enunciado respeita as regras da enuri ciaçao ?". Isto apresentaria entre outras vantagens aquela de uma maior objetividade na aprecia^ao e aquela, nao negI igeneiave I tambem, de supri­mir os pontos de comparaçao com os performances dos outros e de e I i mj_ nar o carater competitivo da produ^ çao dos enunciados, sejam escritos - ou ora is". (31)

Esperamos que esses subsidios possam contribuir deA I .

alguma forma nao so para que o nosso aluno se expresse com maisA f

espontaneidade, mas tambem para que use produtivamente sua I in~

gua .

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10

NOTAS DO CAPITULO 3

(1) Rodrigues, Ada Natal - Comunicaçao e Expressão. In; Revi^

ta Escola, Sao Paulo, n- 5, julho 72, p. 31.

(2) Martinet, Andre - Elementos de LingCiistíca Geral. Lisboa,

Sa da Costa, 1972, p. 6.

(3) Bühler, Karl - Teoria dei lenpuaje. Madrid, Revista de Oc

ci dente, 1967, p. 69,

(4) Jakobson, Roman - Lingüistica e Poética. In. L i ngO i st i ca

e Comun i caçao. Sao Paulo, Cultrix, 1974/ P- Il8.

(5) Consulte o item 2.3.2: 0 aparelho formal da enunciacao.

(6) Consulte o quadro de aval iaçao por tipo de marca e serie

e o quadro de aval iaçao do total por tipo de marca e se­

rie.

(7) Veja o item 2.4. intitulado "Os conceitos de base da enu^

ciaçao".

(8) Consulte o item 2.4. intitulado "Os conceitos de base da

enunc i açao".

(9) Consulte o item 2.3.2: 0 aparelho formal da enunciaçao.

( I o) Verifique quadro de aval iaçao por tipo de marca e serie e

quadro de aval iaçao do total por tipo de marca e serie.

(11) Veja o i tem 2.2.5: Os enunciados performativos e o i tem

2.3.2: 0 aparelho formal da enunciaçao.

(12) Veja o item 2.4: Os conceitos de base da enunciaçao.

(13) Consulte o item 2-3.2: 0 aparelho formal da enunciaçao.

( 14) Consulte o item 2.3.2: 0 aparelho formal da enunciaçao.

( 1 5) Veja o item 2.4: Os conceitos de base da enunciaçao.

(16) Consulte o item 2-4: Os conceitos de base da enunciaçao.

( 1 7) Veja o item 2.3.2: 0 aparelho forma I da enunciaçao.

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111

( I 8) Biderman, Maria Tereza Camargo - Teoria L ingttis t ica : I in-

göistica quantitativa e computacional. Rio de Janeiro, L_i_

vros Tecnicos e Cientificos, 1978, p. 242.

(19) Para Biderman (po.cit., p.252) alem dos denotadores expreß

si vos, pertencem ao universo indefinido do lexico: os dej_

ticos, outros pronomes, advérbios. Sao tambem chamados p^

lavras semi plenas e instrumentais.

(20) Marcuschi, Luis Antonio - Linguagem e Classes Sociais; i n

troduçao critica a teoria dos codigos I i ng(!i i st i cos de Ba

s i I Bernste i n . Porto Alegre, Movimento, 1975, p. 52.

(2 1 ) CF. Marcuschi, op. cit., p. 52.

(2 2) "Ora, se existe uma nao - pessoa lingüística a nao -* pes­

soa e tambem uma realidade social. Erving Gofman cita co­

mo exemplo o servidor, as pessoas muito jovens, muito ve_

lhas ou doentes. Este sociologo funda sua analise sobre o

comportamento geral de outrem em relaçao a essas pessoas

que sao freqüentemente tratadas como se nao esti vessem pre^

^sentes. A anaIise do comportamento lingüistico confirma a

analise socio Iogica". Perret, D. - "Les appe1 I atifs". In:

Langages, 17, Paris, Didier-Larousse, mars 1970, p. 114.

Traduçao de Maria Marta Furlanetto.

(2 3) CoppaI le, X et ai i i - "La prise de parole en classe, 1^

acte de parole et la situation de communication. In: Lan­

gue França i se, 32, Paris, Larousse, dec., 1976, p. 88.Tra^

duçao de Maria Marta Furlanetto.

(24) Cf. CoppaIle, o p . cit.. p. 93.

(25) Cf. Coppa Me, op. cit.. p- 94

(26) Cf. CoppaIle, o p . cit., p- 84

(27) Cf. Coppalie. o p . cit.. p. 85

(28) Cf. CoppaIle, o p . cit.. p- 86

(29) Cf. Coppa Me, o p . cit.. P ‘. 90

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1 2

(30) Cf. Coppalle, op. cit., p. 91

(31) Cf. Coppalle, op. cit., p. 91

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C O N C L U S Ã O

De nosso estudo teorico sobre a enunciaçao chegamos

as seguintes conclusoes:

A noçao de deÍxis sofre a determinaçao do conjunto

de questões e problemas nos quais esta inserida. É uma noçao se_

mantica e a semantica interessa a logiços, filosofos, páicolo -

gos, lingüistas, e cada qual visa ao seu ponto de vista partic^

lar.

0 critério essencial para definir a significaçao. de

um embreador sera a remissão obrigatoria ao discurso, e nisso

reside a diferença entre ele e os termos sincategorematicos,ou,

em sentido mais generico, entre os embreadores e todos os ou-

'tros constituintes do codigo 1 i ngíü i st i co .

A enunciaçao histórica e "o modo de enunciaçao que

exclui toda forma !ing(íistica "autob i ograf i ca", enquanto que a

enunciaçao discursiva e "toda enunciaçao que suponha um locutor

e um ouvinte e, no primeiro, a intenção de influenciar, de al­

gum modo, o outro".

r%i ■ ^Ha uma nitida distinção entre a lingua como s i ste-

ma de signos e o sistema de suas combinaçoes, e entre a lingua

como atividade manifestada nas instancias de discurso caracterj_

zadas como tais por i nd i cee> propr i os .

0 emprego das formas e o emprego da I i ngua das no_s

sas descrições I i ngO i st i cas constituem dois aspectos nitidameji

te d i st i ntos.

y A /■A enunc i açao e a uni ca responsável por certas clas­

ses dé signos que ela promove 1 iteralmente a existencia, Estes

signos nao tem emprego no uso cognitivo da 1 ingua. Eles sao di-y«v ^

ferentes daquelas entidades que tem na lingua seu status pleno

e permanente.

rw V -w ^A enunciaçao conduz a semantizaçao da lingua e tam

bem fornece as condiçoes necessarias as grandes funções sintati

cas .

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0 -traço mais ca racte r fst i co da enunciaçao e a acentu^

çao da relaçao discursiva ao parceiro, seja este real ou imagi­

nado, individual ou coletivo.

Quanto a parte prática de nosso trabalho, os result^

dos obtidos mostraram que e muito fraco o índice de marcas enujn

ci ativas no discurso do aluno, denunciando, dessa forma, a ne_

cessidade de se tomar algumas medidas, e de se levar a adoçao -

de novas atitudes» '

0 magistério devera ser valorizado, no sentido de

que os cargos sejam, preferencia I mente, preenchidos por pessoas

preparadas para exercer tal tarefa.

Para que se processem as mais variadas experiencias

de ensino, faz-se necessaria a criaçao de um Centro de Lingüis-,

ti ca ApI i cada.

Um maior numero de escolas para crianças em idade

pre-escolar deveria ser criado por parte do Governo.

0 professor devera possuir um embasamento teorico -

lingüístico que lhe proporcione os subsídios necessários para

uma vísao mais real da I íngua, notadamente, a da que ele ensina.

Para isso, devem ser programados cursos de reciclagem para pro­

fessores de LÍngua Portuguesa, de I- e 2^ graus, constando do rv • ^

cur r I cu I o , no çoes de íingCüisticageral, aplicada, sociolingGís-

tica, ps i CO I i ngü i st i ca, teoria da comunícaçao, teoria do discuj^

so, etc.

Os objetivos de ensino, os conteúdos programaticos e

as estrategías de ensino deverão ser redefinidos a partir das

contr i bu i çoes da soc i o I i ngtü i st i ca, da teoria da comunicação, da

ps í co I í ng(j í st í ca .

0 Iívro-texto devera ser aquele que preencha todas

as condiçoes necessaries ao uso efetivo da lingua, ou seja, pe_

Io exercício da lingua falada e escrita.

Nos critérios de aval i açao da redação devera ser iric

c 1 u i da a presença de marcas enunc i at i vas, pois, se se. apreende'

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o ato de enunciaçao no niveI do enunciado, inversamente o enun­

ciado deveria ser julgado unicamente em funçao dos critérios de

funcionamento da 1 ingua, isto e, se o enunciado respeita as re

gras da enunciaçao.

A redaçao devera ser elemento obrigatorio em exames

de termina I idade de curso de I2 e 2- graus, porque compete a

cola desse nive1 a atividade de ensinar redaçao, uma vez que a

organizaçao mental que estrutura o pensamento deve ser concomi-

tante a epoca em que a criança aprende a desenvolver as aptidões

e os mecanismos para aquisiçao das noçoes ministradas pelas di^

cipl i nas cur r i cu 1 ares.

Os exercícios estruturais deverão ser considerados -

como um me i o e nao como um fim. Eles deverão ser extrapolados -

para outras situações que possam levar o aluno a agir criati­

vamente .

A modalidade dominante praticada na escola e a I in-

gua escrita, em detrimento da língua falada que e a forma mais

natural de expressão. Visto desse angulo, o professor deve come^

çar seu programa de ensino pela Iingua falada, percorrendo, de^/ • A A

sa maneira, um caminho mais logico. A I i ngua escrita como um cjo

digo substitutivo deve vir posteri ormente.

É necessário que o professor esteja ciente, como reA

comenda CoppaIle, de que o ato de enunciaçao e um ato pessoal

0 aluno ocupa a posição de locutor pr i vi I eg i ado, exerce pessoaJ_

mente seu status de sujeito da enunciaçao, ou seja, do Iocutor

em primeira pessoa, o "Eu" do discurso, na medida em que usa da

palavra em classe.

Os pais dos alunos deverão ser conscientizados, atr^

ves das Associaçoes de Pais e Mestres, que lhes e reservada a

tarefa de proporcionar aos seus filhos um bom ponto de partida

na arte de expressar o pensamento. Quanto mais rica e variada -

for a experiencia de uma criança, tanto maior sera o seu vocabjj

lario e a sua aptidao para por em palavras o pensamento.

Os pais tambem deverão ser conscientizados de que

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para haver um melhor desempenho verbal de seus filhos, faz-se -

necessário que os membros da família estejam empenhados em tor­

nar suas relações afetivas cada vez mais sólidas e harmoniosas.

Para finalizar, gostaríamos de registrar a afirmaçao

de Gustave Guiliaume de que a utilização que fazemos da lingua­

gem e que e inteligente, nao a linguagem em si mesma. Portanto,

devemos estar empenhados em compreender as possibilidades 1 ateji

tes de nossa língua e em esgotar, inteligentemente, seu potencJ_

a 1 .

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A N E X O S ( R E D A Ç Õ E S )

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5^ S É R I E

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FavBreirta* Cairraval •••

Escolha m assunto sobre o C a m a u a i

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F^j^ereiro* Camaval «••

Escolha ura assu n to sobre o c a m a v íii (d ssi’iJ-a» b a ta lh a , e t c . )

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Feuereirtj* Carnaval i*'«

Escolha um a ssu n to sobre o carn ava l (d e s f i lS ^ m atin ê, b a ta lh a , e t c . )

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Escolha « assunto sot=t= o o a m , v = l ( d ^ U a , . ™ U . è . b . U l h a , e W . )

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reyereiro** Elamaval *«i»; .

Escolha inn assunto sobre o carnaval (dssfile, matine, batalha, ete»)

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jr®vareira* Carmaval *■••. .......

^ n carnaval (rissfile, matinê, batalha, etc.)Escolha Jum assunto sobre o camavaa. ^

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F o u e r e i r B . C a r n a u a l . . » .

E s c o l h a um a s s u n t o s o b r e o e a r n a v a l ( d e s f i l e , m a t i n s , b a t a l h a , e t c . )

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Escolha U» assunto s o b »

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F o u o ro i r « . Carnav/a l . . . ,

Esca lha ura assunto sabra o c a rn a va l ( d a s f i l e , ma t ino , b a t a l h a , e t c . )

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F a v / a r o i r » . C a r n a v a l . . . . ^ /( \

Escolh. um aS3unta sabr» . carnaval {defile, mating, batalhaydc.)

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Esco lha ura assUnto sobre □ c a rn a v a l ( d e s f i l o , m a t inê , b a t a l h a , e t c , )

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F o v a r o i r * . C a r n a v a l . » » » ^E s c a l h a ura a s s u n t o s a b r e o c a r n a v a l ( d e s f i l o , m a t i n e , b a t a l h a , e t c , )

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7^ S É R I E

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í ^ e - s e ^ i f ^ ( ^ \F a v e r e i r o . C a r n a v a l . . . .

Esco lha ura assunto stabra o c a rn a va l ( d e s f i l o , m a t ine , b a t a l h a , e t c . )

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r o u a r e i r o . C a r n a v a l . . . .

Escolha ura assunto sobra o c a rn a v a l ( d e s f i l e J^ j j t^ t ina , b a t a l h a , e tc . )

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O ^ Í ^ A Á Í X ^ o a O ^ ^ O J o iu.(K a j o x A _ a ‘ P C K .

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d i ■ w ‘ W \ a - k Jv í ". _ J - ^ A w o ,

r o u e r e i r s . C a r n a u a l . . . .Escolha ura assunto sabra a c a rn a va l ( d o s f i l a , m a t ina , b a t a l h a , e t c . )

C W u O o ,

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E^scolha utD assunta seb r« « ^s e o r e a c a rn a v a l ( d e a f i i «

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F e v o r e i r a . C a r n a u a l . . . ,

Esco lha ura assunto sobra a c a rn a va l ( d e s f i l e , ma t ino , b a t a l h a , e t c . )

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Q Í c l

Fo u o ro i r o . C a r n a v a l . . . .

Esco lha ura assunto sobra a c a rn a va l ( d e s f i l a , ma t ino , b a t a l h a , s t c . )

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F e v e r e i r o . C a r n a v a l . . . .

Esco lha ura ^ssunto sobre o c a rn a va l ( d e s f i l e , ma t inê , bata l h a , e t c . )

W O ï v u . ’ t l L ü O l i i a T O d A m o i A d b - l u A - m a Í . LI d o j d i . lôo-Tiô^. ’Oo^A<X (jwúdnã* t o .

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F s u e re i r o . C a r n a v a l . . . ,

Escolha ura assunto sobre o c a rn a v a l ( d e s f i l e , ma t inê , b a t a l h a , e t c . )

V^o.iiLéï. C u^ sc •\

Cj^iAé,3 if^T.

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'b e ‘o i c s A)oos- o e P ^ x v p ^ ' o ^ V qj^'î o c . <

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MS tUA/ma 7.^ro v /a re i ro . Ca rnaua l . . «•

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Escolho um assunto sobra o co rnaua l (dosfile, mat ino , batalho,e t c . )

PnAjwOJVKMjarwQ do^ \mcifi Crrynjyo

\ íIm xçwxcx &iVxijiA'n(3íY n W /o (W ^

jAfcCa 5y CiíÍb àü .cgx dwihõ icxAj-a o iAeiÔin 0 JÂ- J/pjoos.

9íw )( AxívydijvO X/ tLcx twy.- ) 0J\3# V!UAX> .

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85 s É R I E

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seRt'e:õK

JFevereiro. Carnaval ...

Escolha utn assunto sobre o carnaval (desfile, matinê, batalha, etc.)

De um título.

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Fevereiro, Carnaval

Escolha um assunto sobre o carnaval (desfile, matine, batáfea» etc.)

De um título.

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■ Escolha utn assunto sobre o carnaval (desfile, matine, batalha, etc»)

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* espaço reservado para comentário e nota do professor.

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Fevereiro, Carnaval ...

Escolha um assunto sobre o carnaval (desfile, matinê, batalha, etc.)

De um título.

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Fevereiro.,- Carnaval •

Escolha um assunto sobra o carnaval (desfile, matinê, batalha, etc.)

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* espaço reservado para comentário e nota do professor,

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Escolha um assunto sobro o carnaval (desfile, matinê, batalha, etc.)

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* espaço reservado para comentário e nota do professor,

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Fevereiro, Carnaval • ■

Escolha um assunto sobre o carnaval (desfile, matinê, batalha, etc,)

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Fevereiro, Carnaval

Escolha um assunto sobre o carnaval (desfile, matinê, batalha, etc,)

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Fevereiro, Carnaval ...

Escolha um assunto sobra o carnaval (desfile, matine, batalha, etc.)

Dê um título.

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os M A R C A D O R E S DA ENUNCIAÇÃO; SUA

R E A L I Z A Ç Ã O NO D I S C U R S O E S C O L A R

S I N O P S E

A partir da o b s e r v a ç a o de que as pesquisas

sobre o ensi no da L ingua Portuguesa, estao, geraj_

mente, voltadas para o a s p e c t o da correç ão grama-'

tical, procurou-se, neste trabalho, focal i z a r os

aspectos relativos a c o m u n i c a ç ã o e e x p r essão no

meio escolar, com f u n d a m e n t o s na teoria da enun -

r->c i a ç a o .

A NTONINA COELHO PINTO