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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA XIV CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA MOYSÉS MARTINS TOSTA STORTI AS DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NOS NÚCLEOS DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA - NASF FLORIANÓPOLIS (SC) 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA …spb.ufsc.br/files/2012/09/Moysés-Martins-Tosta-Storti.-NASF.pdf · multiprofissionais (MERCADANTE et al, 2002; PAIM, 2011). Atualmente,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA

XIV CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA

MOYSÉS MARTINS TOSTA STORTI

AS DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NOS NÚCLEOS DE

APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA - NASF

FLORIANÓPOLIS (SC)

2012

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MOYSÉS MARTINS TOSTA STORTI

AS DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NOS NÚCLEOS DE

APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA - NASF

Monografia apresentada ao XIV Curso de

Especialização em Saúde Pública da Universidade

Federal de Santa Catarina, como requisito parcial

para obtenção do título de Especialista em Saúde

Pública.

Orientador: Prof .Dr. Rodrigo Otávio Moretti-Pires.

FLORIANÓPOLIS (SC)

2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA

XII CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA

AS DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE NOS NÚCLEOS DE

APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA - NASF

MOYSÉS MARTINS TOSTA STORTI

Essa monografia foi analisada pelos professores e julgada e aprovada para obtenção do grau de

Especialista em Saúde Pública no Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de

Santa Catarina

Florianópolis, 19 de abril de 2012.

Profª Dra. Jane Maria de Souza Philippi

Coordenadora do Curso

Prof. Dr. Rodrigo Otávio Moretti-Pires

Orientador do trabalho

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RESUMO

O campo da saúde pública foi marcado na segunda metade do século XX no Brasil pela

mobilização em torno da Reforma Sanitária e a consolidação de um novo conceito de saúde

reorientando a assistência com foco na Atenção Primária em Saúde e alguns de seus princípios

como a integralidade. Dentro desse modelo, a Estratégia de Saúde da Família surge como

orientadora deste nível de atenção, assumindo suas diretrizes como porta de entrada, coordenação

do cuidado, continuidade e vínculo no cuidado e participação social. Dentro dessas propostas,

surgem os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) para aumentar o escopo das ações das

Equipes de Saúde da Família por meio do trabalho em equipe multidisciplinar e novas estratégias de

gestão do trabalho em saúde. Para garantir o desenvolvimento deste novo modelo de atenção, a

Educação Permanente em Saúde tem sido prioridade na Estratégia de Saúde da Família. O objetivo

do trabalho é compreender as diretrizes para a Educação Permanente em Saúde em documentos

nacionais relativos aos NASF, a saber: Política Nacional de Atenção Básica (BRASIL, 2011) e

Cadernos de Atenção Básica: Diretrizes dos NASF (BRASIL, 2010). Trata-se de uma pesquisa

qualitativa que utiliza a Análise Documental como técnica de coleta de dados e o Pensamento da

Hermenêutica Dialética para a análise dos dados. Os resultados apontam as diretrizes de atuação

nos processos de trabalho em saúde das equipes de saúde da família tanto na atenção às

necessidades de saúde da população e do território quanto na gestão das equipes. Propõe-se a

transformação destes processos a partir da análise coletiva realizada por meio de tecnologias de

gestão como o Apoio Matricial em espaços de reuniões e atendimentos compartilhados,

principalmente. Estas propostas tem se configurado como críticas ao modelo ainda hegemônico do

trabalho em saúde, enfrentando resistências do corporativismo profissional e da fragmentação dos

processos de trabalho. Conclui-se que a Educação Permanente em Saúde tem orientado a construção

de novas práticas mais centradas nas necessidades dos usuários e dificuldades vivenciadas pelas

equipes na busca por garantir a integralidade no cuidado.

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1. INTRODUÇÃO

A Saúde Pública no Brasil desenvolveu-se, no século XX, como força política que

movimentou diversos espaços sociais vinculando-se, entre outros, ao campo de produção do

conhecimento científico e, claro, à produção da atenção à saúde da população. No decorrer deste

processo histórico, em que parte deste movimento – reconhecido como Reforma Sanitária – associa-

se à luta pela redemocratização nos fins da década de 1970 (PAIM et al, 2011), experiências que

foram sendo gestadas, inovações tecnológicas que foram compartilhadas e embates políticos

fizeram construir um Sistema Único de Saúde (SUS) que não é acabado; longe disso, edifica-se a

cada novo passo de gestores, trabalhadores de saúde, usuários e sociedade nessa que é uma das

maiores políticas sociais do mundo. Neste contexto, compreender como se dá o avanço do

conhecimento e de práticas cotidianas que aprimorem o trabalho na saúde é uma das formas de

contribuir para que se consolide a saúde como um direito no país (BRASIL, 1988).

A organização do SUS esteve diretamente relacionada ao grande evento defendido e

protagonizado pela Reforma Sanitária Brasileira que é a VIII Conferência Nacional de Saúde em

1986. Antes mesmo da determinação da participação social como princípio constitucional, a VIII

Conferência reuniu os principais atores da Reforma e da sociedade e garantiu que as discussões e

experiências mobilizadas até ali pudessem propiciar mudanças legais no ano de 1988. Entre estas

discussões, um conceito fundamental se estabeleceria enquanto princípio que viria pautar a

mudança assistencial nos serviços de saúde necessária. Ribeiro (2008) busca compreender como o

conceito de integralidade esteve presente desde o Movimento pela Reforma Sanitária, sendo uma de

suas conquistas a reorientação constitucional da atenção à saúde para um “atendimento integral,

com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais” (BRASIL,

1988). Considerando o contexto de saúde hospitalar de alto custo e baixa resolubilidade, limitante

do acesso, fragmentado e especializado, de base estado-unidense Flexneriano daquela época no

país, a autora identifica, em sua pesquisa, a integralidade apresentando-se como resposta a esse

modelo, garantindo que o sistema integrasse diferentes propostas de atuação necessárias, tanto as de

alta quando as de baixa complexidade, envolvendo todos os tipos de cuidado, “contrapondo

dicotomias históricas” (RIBEIRO, 2008, p.38). Entre as origens encontradas para este conceito,

configuram-se experiências internacionais de Sistemas Nacionais de Saúde e a própria Declaração

de Alma-Ata resultante da I Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde

(RIBEIRO, 2008).

A Declaração de Alma-Ata expressa a preocupação mundial com a promoção de saúde de

todos os povos do mundo, reconhecendo o combate à desigualdade existente entre os países e a

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responsabilidade do governo nesta tarefa tendo como chave os cuidados primários de saúde (WHO,

2012, 1978). Segundo a Declaração, os cuidados primários em saúde são:

“cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e tecnologias práticas, cientificamente bem

fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal de indivíduos e famílias da

comunidade, mediante sua plena participação e a um custo que a comunidade e o país possam manter

em cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e automedicação. Fazem parte

integrante tanto do sistema de saúde do país, do qual constituem a função central e o foco principal,

quanto do desenvolvimento social e econômico global da comunidade. Representam o primeiro nível

e contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, pelo qual os

cuidados de saúde são levados o mais proximamente possível aos lugares onde pessoas vivem e

trabalham, e constituem o primeiro elemento de um continuado processo de assistência à saúde.”

(WHO, 2012, 1978, p. 1). Destaca-se a proximidade desta definição com os princípios e diretrizes estabelecidos para o

SUS e para o modelo de atenção primária de saúde que será oficializado nos anos seguintes à sua

instituição como política pública culminando, atualmente, na seguinte definição da Atenção Básica:

“um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a

proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de

danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na

situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das

coletividades.” (BRASIL, 2011, p. 48)

Historicamente, os anos 90 marcarão os primeiros passos deste modelo em um contexto cujo

rumo das políticas sociais toma-se contrário ao projeto de cunho socialista incutido no projeto

defendido pelo Movimento Sanitário (PAIM, 2011) configurando uma conjuntura específica para o

seguimento da implantação destas ações nas diferentes regiões do país. A defesa da saúde como

direito e dever do Estado, especialmente nas questões de financiamento e gestão pública, encontrou

um contexto de reformas neoliberais influenciadas pelos organismos financeiros mundiais, que

desafiaram esta proposta reformista.

Em relação às políticas de Atenção Primária de Saúde, o Programa de Saúde da Família

(atualmente Estratégia de Saúde da Família – ESF) tem sido a principal estratégia governamental

para a sua expansão e qualificação (BRASIL, 2011) e para a reorientação do modelo assistencial

SUS (MERCADANTE et al, 2002; PAIM, 2011, BRASIL, 2010). Este programa recebeu o impulso

necessário à sua efetivação a partir do proposto na Norma Operacional Básica 01, de 1996

(NOB/96), que avançou na descentralização e financiamento; e, ainda, em 2001, quando a Norma

Operacional de Assistência à Saúde (NOAS/01) avança na qualificação da assistência e

resolutividade na Atenção Primária por meio de estratégias de gestão, como o planejamento em

saúde e a regionalização (MERCADANTE et al, 2002). Com a publicação do Pacto Pela Vida, em

2006, a ESF garantiu-se como reorientação da Atenção Primária, ou Atenção Básica como

difundiu-se no Brasil, reafirmando sua importância estratégica na substituição do antigo modelo,

assumindo o centro da assistência em saúde, reduzindo o papel ocupado pelos hospitais, juntando

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serviços médicos com atividades de promoção e prevenção realizadas por equipes

multiprofissionais (MERCADANTE et al, 2002; PAIM, 2011).

Atualmente, a principal regulação de Estratégia se dá pela Política Nacional de Atenção

Básica (PNAB) determinando diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, da

Estratégia de Saúde da Família e do Programa de Agentes Comunitários de Saúde. Esta política

determina como fundamento para as ações: o território adscrito, o acesso universal e contínuo –

caracterizado como a porta de entrada preferencial da rede de atenção -, a relação de vínculo e

responsabilização entre as equipes e a população adscrita, estímulo à participação do usuário e a

coordenação da integralidade. Neste último ponto, a PNAB destaca a integralidade enquanto vários

aspectos ressaltando, entre eles, o trabalho multiprofissional:

“integração de ações programáticas e demanda espontânea; articulação das ações de promoção à

saúde, prevenção de agravos, vigilância à saúde, tratamento e reabilitação e manejo das diversas

tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins e à ampliação da autonomia dos usuários e

coletividades; trabalhando de forma multiprofissional, interdisciplinar e em equipe; realizando a

gestão do cuidado integral do usuário e coordenando-o no conjunto da rede de atenção. (BRASIL,

2011, p. 48).

Sobre isso, a PNAB reafirma como item necessário, entre as especificidades da Estratégia de

Saúde da Família, a existência de equipe multiprofissional composta, no mínimo, pelos

profissionais:

médico generalista ou especialista em saúde da família ou médico de família e comunidade,

enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar ou técnico de enfermagem e

agentes comunitários de saúde; podendo acrescentar a esta composição, como parte da equipe

multiprofissional, os profissionais de saúde bucal: cirurgião dentista generalista ou especialista em

saúde da família, auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal. (BRASIL, 2011, p. 51)

Também, nesta direção, a PNAB trata dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF),

criados na Portaria GM no 154, de 24 de janeiro de 2008 com o objetivo de apoiar a inserção da

Estratégia de Saúde da Família na rede de atenção à saúde e ampliar a abrangência, a resolutividade,

a territorialização, a regionalização e ampliação das ações da Atenção Básica (BRASIL, 2010). Os

NASF atuam compartilhando e apoiando as práticas em saúde nos territórios sob responsabilidade

das equipes de SF (BRASIL, 2010).

Os NASF são constituídos por equipes compostas por profissionais de diferentes áreas do

conhecimento atuando no apoio matricial às equipes de saúde da família ou equipes para

populações específicas a eles vinculadas. Este vínculo é estabelecido de acordo com a classificação

proposta para o NASF que leva em condição a carga horária total dos profissionais: para uma

equipe de NASF I – cuja carga horária mínima total é de 200 horas semanais – é condicionado o

número de 8 a 15 equipes com exceção de municípios com menos de 100.000 habitantes da

Amazônia Legal ou Pantanal Sul-Matogrossense, cujo vínculo passa a ser com 4 a 9 equipes;

8

enquanto que, para uma equipe de NASF 2 – cuja carga horária máxima total é de 120 horas. A

composição das equipes deve respeitar os padrões epidemiológicos e necessidades das equipes e da

população, podendo compreender os seguintes profissionais:

Médico Acupunturista; Assistente Social; Profissional/Professor de Educação Física; Farmacêutico;

Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/Obstetra; Médico Homeopata; Nutricionista;

Médico Pediatra; Psicólogo; Médico Psiquiatra; Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Médico

Internista (clinica médica), Médico do Trabalho, Médico Veterinário, profissional com formação em

arte e educação (arte educador) e profissional de saúde sanitarista. (BRASIL, 2011, p. 52)

A proposta do NASF, então, envolve a compreensão de que o atendimento integral só é

possível com as mudanças que o trabalho em equipe introduz nas práticas de saúde. Como ressalta a

Política, não é só incorporação destes conhecimentos, mas a articulação e compartilhamento de

ações em um trabalho interdisciplinar para um cuidado centrado no usuário (BRASIL, 2011). Tal

proposta alcança as fronteiras, portanto, da formação profissional em saúde que é realizada em nível

técnico e médio no sistema educacional brasileiro e as possibilidades de Educação Permanente para

a formação adequada no e para o trabalho e realidade do SUS.

A Educação Permanente em Saúde é um desafio necessário dadas as exigências cada vez

mais complexas que se fazem no trabalho em saúde, para além da demanda por transmissão ou

atualização de conhecimentos, mas para a consolidação de práticas voltadas à resolutividade dos

problemas de saúde das populações locais (CECCIM, 2005). Autores apontam a Educação

Permanente ligada a estratégias de mudança institucional por meio da promoção de espaços de

reflexão diretamente relacionados à prática e ao cotidiano das equipes nos processos sociais e de

trabalho em saúde (CECCIM, 2005; DAVINI, 2009). A aprendizagem abrange, portanto, o

contexto, na medida em que uma intervenção educativa deliberada propõe a revisão de práticas

concretas no contexto das instituições, envolvendo todo o grupo, e não somente profissionais

específicos (DAVINI, 2009). Neste sentido, os NASF se apresentam como potencialidade para a

efetivação de práticas de Educação Permanente em Saúde, tendo em vista seus objetivos e

compromissos com a troca de saberes e a mudança nos processos das equipes de Saúde da Família.

A proposta da Educação Permanente em Saúde no contexto do SUS tem correspondido a um

movimento que, de maneira paralela, vem articulando proposições internacionais, especialmente

nos trabalhos da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil, e nacionais, como aponta

Ceccim (2005), em volta de mudanças das práticas educativas na saúde relativas à atenção à saúde,

à formação dos profissionais de saúde e a modelos de gestão desencadeadas pela criação do SUS.

Dessa forma, é um tema que se faz presente em contínua construção na medida em que o próprio

Sistema de Saúde vai se constituindo tanto em níveis mais globais quanto nos níveis regional e

local.

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As Políticas Públicas de Saúde no Brasil tem se definido em um amplo processo de atuação

não somente do meio acadêmico e administrativo, mas também do protagonismo político em

espaços de participação social e de negociação setorial. É responsabilidade de todas as esferas de

governo o desenvolvimento de mecanismos técnicos e organizacionais que assegurem a

reorientação do modelo de atenção e de gestão. Compete ao Ministério da Saúde a formulação de

diretrizes e a disponibilização de instrumentos técnicos e pedagógicos que facilitem a educação

permanente de gestores e profissionais da Atenção Básica pactuadas nos espaços específicos

(BRASIL, 2011), o que vem acontecendo, entre outros, por meio da publicação de documentos

técnicos e legais.

O objetivo geral deste trabalho é compreender as diretrizes para a Educação Permanente em

Saúde em documentos nacionais técnicos e legais relativos à organização e funcionamento dos

Núcleos de Atenção à Saúde da Família na Atenção Básica, considerando o contexto e o projeto

histórico de transformação que as Políticas de Saúde têm empreendido a partir da consolidação do

Sistema Único de Saúde. Para tanto, busca-se identificar os documentos técnicos e legais que

orientam os NASF, analisar as proposições relativas às diretrizes e ações de Educação Permanente

em Saúde nestes documentos e discutir contrapondo o marco-teórico relativo ao NASF reconhecido

nestes documentos especialmente em seus fundamentos políticos e pedagógicos.

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2. METODOLOGIA

Este trabalho configura-se como pesquisa do tipo qualitativa. Este tipo de pesquisa busca

compreender os processos que dão origem ao fenômeno que se investiga (MORETTI-PIRES,

2011). Segundo Moretti-Pires (2011, p.3), na pesquisa qualitativa “as teorias são muitas vezes „o

fundamento‟ dos dados e as técnicas de coleta de dados são utilizadas para auxiliar na interpretação

e entendimento das interações sociais e dos fenômenos”, tendo como principal ferramenta a

interpretação social do tema investigado.

A técnica de coleta de dados utilizada foi a Análise Documental. Foram selecionados

documentos oficiais do governo brasileiro que tem relação direta com a organização e o

funcionamento dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Compreende-se que, pelo fato de fazerem

parte das Políticas Públicas de Saúde e, especialmente, da Atenção Básica, há uma gama de

documentos que orientam genericamente a atuação dos NASF. Entretanto, optou-se por analisar

apenas aqueles que, especificamente, nomeiam seus princípios e diretrizes considerando, também,

que se trata de uma criação normativa recente.

A análise dos dados seguiu o pensamento hermenêutico-dialético, tomando especial

referência à sua abordagem na pesquisa em saúde coletiva conforme Moretti-Pires (2011). Esta

abordagem parte da combinação entre a Hermenêutica e a Dialética a partir do diálogo entre os

filósofos Gadamer e Habermas, no século XX. Em geral, a primeira realiza a compreensão, o

entendimento dos textos, dos fatos históricos e da cotidianidade, enquanto a segunda, superando

suas limitações, propõe a dissensão, a mudança, a análise dos macroprocessos e a atitude crítica;

“enquanto a hermenêutica busca as bases do consenso, da compreensão na tradição e linguagem, o

método dialético introduz na concepção da realidade o princípio do conflito e da contradição como

algo permanente e que se explica na transformação” (MINAYO, 2003, p.101).

A autora resume os procedimentos da prática interpretativa da hermenêutica em: busca por

semelhanças e diferenças entre o contexto do autor e o contexto do investigado; exploração da

cotidianidade do autor que o texto e a linguagem permitem; suposição de que há o

compartilhamento entre os mundos do texto e do investigador; entendimento dos textos “neles

mesmos”; e, apoio à reflexão sobre o processo histórico (MINAYO, 2003). A dialética contribuiria

a este pensamento ampliando a compreensão para a totalidade do processo histórico-social além do

cotidiano; buscando na comunicação e na linguagem as relações sociais que a fundamentam, de

dominação e resistência; e, na articulação entre a objetividade e subjetividade na formação do

homem, fruto necessariamente das relações sociais (MINAYO, 2003).

Moretti-Pires (2011) propõe uma matriz interpretativa crítico-reflexiva para tratamento de

dados em pesquisa em saúde coletiva apoiada no pensamento da hermenêutica-dialética: a) etapa

11

hermenêutica, de legitimação, interpretação e saturação dos dados, respectivamente; b) etapa

dialética, de questionamentos emergentes e aplicação da dialética na busca de contradições

histórico-sociais no fenômeno; e, por fim, c) etapa hermenêutica-dialética, de síntese e superação,

fundindo o produto das etapas anteriores com vistas à transformação social no contexto investigado.

Moretti-Pires (2011), então, reafirma a importância de se preservar o caráter crítico social da

pesquisa qualitativa mantendo o trabalho científico como ferramenta de mudanças na sociedade.

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3. RESULTADOS

Identificou-se como documentos oficiais de orientação e normatização dos Núcleos de

Apoio à Saúde da Família: a Política Nacional da Atenção Básica, em sua segunda edição publicada

no ano de 2011; e, a publicação do Ministério da Saúde “Cadernos de Atenção Básica: Diretrizes

dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família”, documento técnico referido na legislação: “A

organização do trabalho do NASF deve seguir as normas publicadas pelo Ministério da Saúde

destacando os Cadernos de Atenção Básica/Primária que tratam do tema” (BRASIL, 2011, p. 52).

Tais normas devem descrever, segundo o documento, as diretrizes, os processos de trabalho, as

principais ferramentas e as ações de todos os profissionais junto às equipes vinculadas.

Segundo a PNAB, as diretrizes nacionais são de responsabilidade do Ministério da Saúde e

fóruns tripatite, compartilhando com as Secretarias Estaduais e o Distrito Federal a disponibilização

de instrumentos pedagógicos relacionados à gestão, formação e educação permanente dos gestores e

profissionais, apoiando a articulação entre instituições e entre os níveis do sistema. (BRASIL,

2011). Às Secretarias Municipais e o Distrito Federal, cabe desenvolver tais ações e a articulação

institucional, especialmente na Educação Permanente das equipes da Atenção Básica e da Saúde da

Família. Esta articulação é enfatizada na medida em que as iniciativas de Educação Permanente

estão ligadas às realidades locais dos serviços de saúde. “A referência é mais de apoio, cooperação,

qualificação e oferta de diversas iniciativas para diferentes contextos que a tentativa de regular,

formatar e simplificar a diversidade de iniciativas” (BRASIL, 2011, p. 49). Deste modo, indica-se

que cada equipe, dentre elas os NASF, demande, proponha e desenvolva ações de educação

permanente “tentando combinar necessidades e possibilidades singulares com ofertas e processos

mais gerais de uma política proposta para todas as equipes e para todo o município” (BRASIL,

2011, p. 49).

Estas competências seguem, de um lado, o modo como as políticas públicas comumente são

construídas com base na articulação e atuação que concentre as decisões em nível nacional; mas,

por outro, sugere uma mudança, assim como nas demais políticas em saúde, para a incorporação

cada vez maior da realidade local e o reconhecimento das necessidades vivenciadas no serviço

como forma de criar diretrizes diretamente relacionadas às transformações das práticas concretas de

atenção à saúde. Os NASF, então, podem dispor de maior autonomia junto às equipes de Saúde da

Família na criação de estratégias de Educação Permanente que possam produzir inovações

específicas à realidade em que se encontram, mas que possibilite generalizações em função do

campo e diretrizes em comum na área da Saúde.

A Educação Permanente em Saúde dos profissionais e da população é apontada como uma

das diretrizes relativas à Atenção Primária em Saúde e ao NASF, especificamente, assim como:

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organização territorial, educação popular; interdisciplinaridade, participação social,

intersetorialidade; humanização e promoção da saúde e, principalmente, a integralidade. Cabe

resgatar os sentidos da integralidade no documento, identificando-a como:

“(a) a abordagem integral do indivíduo levando em consideração seu contexto social, familiar e

cultural e com garantia de cuidado longitudinal; (b) as práticas de saúde organizadas a partir da

integração das ações de promoção, prevenção, reabilitação e cura; além de (c) a organização do

sistema de saúde de forma a garantir o acesso às redes de atenção, conforme as necessidades de sua

população (...) ampliação do horizonte de intervenção sobre problemas” (BRASIL, 2010, p. 16).

A diretriz da Educação Permanente em Saúde está relacionada com o objetivo, além de

transformar as práticas profissionais, de qualificar e reorganizar os processos de trabalho das

equipes de Saúde da Família. Ela dialoga com as outras como a organização territorial, pois deve

ser desenvolvida a partir da compreensão das necessidades do território e população sob

responsabilidade das equipes; também, liga-se à importância da participação social nos processos de

Educação Permanente direcionando temas e avaliando necessidades; alia-se ao paradigma da

promoção da saúde para a intervenção mais efetiva e integral; e, ainda, busca a troca de

experiências e a criatividade nos espaços coletivos, como previsto nas proposições da humanização

e interdisciplinaridade.

Considerando que o processo de trabalho envolve múltiplas dimensões organizacionais,

técnicas, sociais e humanas, o documento relaciona o conceito de aprendizagem significativa como

fundamental para essa estratégia de mudança: “As necessidades do serviço e das equipes que nele

atuam exigem trabalhar com a aprendizagem significativa, envolvendo os fatores cognitivos,

relacionais e de atitudes, visando qualificar e (re)organizar os processos de trabalho.” (BRASIL,

2010, p. 19). Aprofundando o conceito de aprendizagem significativa, reconhecemos a construção

do conhecimento com base nas experiências concretas do aprendiz, ou seja, quando uma

aprendizagem faz sentido para quem aprende (BRASIL, 2005). Essa concepção pedagógica induz a

Educação Permanente em Saúde à construção do conhecimento a partir da atuação do profissional e

aos arranjos cotidianos entre os diversos atores que produzem saúde. A Educação Permanente em

Saúde “acontece no cotidiano das pessoas e das organizações. Ela é feita a partir dos problemas

enfrentados na realidade e leva em consideração os conhecimentos e as experiências que as pessoas

já têm.” (BRASIL, 2005, p. 12). Este conceito indica, então, para que a transformação nas práticas

profissionais e na gestão da atenção à saúde no SUS exige novos modos de ensinar e aprender,

buscando um conhecimento mais significativo e menos acumulativo (BRASIL, 2005).

A Educação Permanente se configura a principal estratégia de desenvolvimento dos

profissionais em diferentes espaços do SUS, entre eles a formação profissional. Outras estratégias

pedagógicas estão presentes na atenção à saúde, especialmente as práticas de Educação em Saúde e

de Educação Continuada. Ceccim (2005) aborda diferentes sentidos à Educação Permanente em

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Saúde demonstrando que não são poucas as possibilidades que se abrem quando esta estratégia é

proposta como fundamental para as políticas de saúde. Em relação aos NASF, é destacada a

abordagem relacionada à transformação de práticas no cotidiano do trabalho em saúde, tanto na

atenção quando na gestão, por meio da atuação técnico-pedagógica que se propõe a estas equipes.

Segundo as diretrizes da PNAB, é importante sintonizar e mediar ofertas de educação permanente

pré-formatadas (cursos, por exemplo) com o momento e contexto das equipes, para que façam mais

sentido e tenham, por isso, maior valor de uso e efetividade. (BRASIL, 2011, p.).

A Educação Permanente das equipes de Saúde da Família tem se tornado prioridade para o

Ministério da Saúde na formulação das diretrizes para a Atenção Básica. A Política Nacional de

Atenção Básica aponta para o papel fundamental da Educação Permanente na reorientação do

modelo assistencial, valorizando a qualificação das práticas de cuidado, gestão e participação

popular nesse processo:

“Nesse sentido, a educação permanente, além da sua evidente dimensão pedagógica, deve ser

encarada também como uma importante "estratégia de gestão", com grande potencial provocador de

mudanças no cotidiano dos serviços, em sua micropolítica, bastante próximo dos efeitos concretos das

práticas de saúde na vida dos usuários, e como um processo que se dá „no trabalho, pelo trabalho e

para o trabalho‟.” (BRASIL, 2011, p. 49).

A proposta de aproximar, então, a gestão da atenção à saúde, visa promover mudanças de

maneira conjunta e organizacional, compreendendo a complexidade do processo de produção de

saúde. A proposta da Estratégia de Saúde da Família deixa clara:

“a necessidade de transformação permanente do funcionamento dos serviços e do processo de trabalho

das equipes exigindo de seus atores (trabalhadores, gestores e usuários) maior capacidade de análise,

intervenção e autonomia para o estabelecimento de práticas transformadoras, a gestão das mudanças e

o estreitamento dos elos entre concepção e execução do trabalho.” (BRASIL, 2011, p. 49)

As Diretrizes apontam três pressupostos da proposta dos NASF: a) contribuição de

conhecimento complementar e necessário às equipes de Saúde da Família de acordo com a demanda

de sua população e território; b) gestão das equipes com espaços de negociação do processo de

trabalho, corresponsabilização e troca de experiências entre os profissionais; c) coordenação do

cuidado dentro da rede de serviços. A Educação Permanente segue tal como uma decorrência destes

pressupostos, servindo como estratégia para que estes pressupostos consigam fundamentar todas as

ações dos NASF.

A Política indica algumas possibilidades de ações que tenham por objetivo contemplar a

Educação Permanente em Saúde para as equipes de Saúde da Família nesta perspectiva:

A vinculação dos processos de educação permanente a estratégia de apoio institucional pode

potencializar enormemente o desenvolvimento de competências de gestão e de cuidado na Atenção

Básica, na medida em que aumenta as alternativas para o enfrentamento das dificuldades vivenciadas

pelos trabalhadores em seu cotidiano. Nessa mesma linha é importante diversificar este repertório de

ações incorporando dispositivos de apoio e cooperação horizontal, tais como trocas de experiências e

discussão de situações entre trabalhadores, comunidades de práticas, grupos de estudos, momentos de

apoio matricial, visitas e estudos sistemáticos de experiências inovadoras, etc. (BRASIL, 2010, p. 49).

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As Diretrizes, neste sentido, apontam o destaque do NASF nesse caminho, estabelecendo

orientações quanto aos processos de trabalho e instrumentos que auxiliam o NASF na dimensão

técnico-pedagógica de atuação junto às equipes de Saúde da Família e, também, orientações

segundo áreas estratégicas que enfatizam o conhecimento e ações previstas para colocar em prática

o apoio matricial.

O Apoio Matricial é visto como tecnologia de gestão inovadora no trabalho em saúde,

ligando-se diretamente aos pressupostos do NASF, especialmente no que se refere à gestão das

equipes. Segundo as Diretrizes, “o conceito de apoio matricial é sinérgico à proposta de Educação

Permanente”. Estes dois conceitos convergem nas políticas públicas, fazendo parte da construção

deste novo modelo de atenção à saúde caracterizado, principalmente, pelo trabalho em equipe e por

ser voltado às necessidades da população e à solução dos problemas imediatos identificados nos

processos de trabalho:

“A proposta da educação permanente parte de um desafio central: a formação e o desenvolvimento

devem ocorrer de modo descentralizado, ascendente e transdisciplinar, ou seja, em todos os locais,

envolvendo vários saberes. O resultado esperado é a democratização dos espaços de trabalho, o

desenvolvimento da capacidade de aprender e de ensinar de todos os atores envolvidos, a busca de

soluções criativas para os problemas encontrados, o desenvolvimento do trabalho em equipe matricial,

a melhoria permanente da qualidade do cuidado à saúde e a humanização do atendimento” (BRASIL,

2005, p. 14).

Fica claro, portanto, a orientação para que a aprendizagem ocorra entre as equipes e no

processo de trabalho, não no desenvolvimento isolado ou em espaços paralelos de formação. O

Apoio Matricial é uma das tecnologias propostas para a realização desses processos. O Apoio Matricial

representa o suporte às equipes que tem relação direta e cotidiana com os usuários, denominadas

equipes de referência. As equipes de Saúde da família, ao atuar na lógica da Atenção Primária são

responsáveis por determinada população e território e, com a entrada do NASF, essa responsabilidade

passa a ser compartilhada, ou seja, sua atuação ocorre em equipe e por meio dos processos de trabalho

compartilhados. O suporte realizado pelo Apoio Matricial possui duas dimensões: assistencial,

relacionada à ação clínica; e técnico-pedagógico, mais próximo à Educação Permanente. (BRASIL,

2010). Como exemplo, as Diretrizes trazem:

podemos lembrar o fato de que não é possível a nenhum trabalhador em saúde esquivar-se de lidar em

alguma medida com os afetos nas relações terapêuticas, por mais que se trate de um tema específico

de psicólogos e psiquiatras. Cabe, portanto, aos profissionais da área psi, quando percebem

dificuldades de uma equipe nesse campo, exercitar a dimensão técnico-pedagógica a partir das

discussões de casos e temas, de forma a compartilhar seu conhecimento específico com a equipe de

SF, para que possa lidar com esse saber e fazer dele conhecimento de todos. (BRASIL, 2010, p.12).

Esses conhecimentos, portanto, vão se modificando na medida da necessidade das equipes e

da realidade dos problemas enfrentados. É imprescindível que as equipes compartilhem suas ações e

passem por espaços de análise sobre elas para que a aprendizagem ocorra de maneira significativa e

16

traga possibilidades de mudança. Assim, o NASF tem como diretriz promover a análise coletiva dos

processos de trabalho para as transformações necessárias:

“Outro pressuposto importante da educação permanente é o planejamento/programação educativa

ascendente, em que, a partir da análise coletiva dos processos de trabalho, identificam-se os nós

críticos (de natureza diversa) a serem enfrentados na atenção e/ou na gestão, possibilitando a

construção de estratégias contextualizadas que promovam o diálogo entre as políticas gerais e a

singularidade dos lugares e das pessoas, estimulando experiências inovadoras na gestão do cuidado e

dos serviços de saúde” (BRASIL, 2011, p. 49).

As Diretrizes orientam o NASF na atuação técnico-pedagógica de maneira integrada com os

processos de trabalho das equipes de Saúde da Família, favorecendo os processos de Educação

Permanente em Saúde tanto na gestão das equipes quanto na atenção à saúde. Segundo a PNAB, “o

processo de trabalho das equipes de Saúde da Família é o elemento-chave para a busca permanente

de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os integrantes da equipe e destes

com a comunidade” (BRASIL, 2011, p. 49). Este documento determina que a Educação Permanente

deve embasar-se

num processo pedagógico que contemple desde a aquisição/atualização de conhecimentos e

habilidades até o aprendizado que parte dos problemas e desafios enfrentados no processo de trabalho,

envolvendo práticas que possam ser definidas por múltiplos fatores (conhecimento, valores, relações

de poder, planejamento e organização do trabalho, etc.) e que considerem elementos que façam

sentido para os atores envolvidos (aprendizagem significativa). (BRASIL, 2011, p. 49).

Os processos de trabalho do NASF devem seguir a integração com as equipes de Saúde da

Família, de maneira a garantir o apoio necessário.

“Assim, a organização dos processos de trabalho dos Nasf, tendo sempre como foco o território sob

sua responsabilidade, deve ser estruturada priorizando o atendimento compartilhado e interdisciplinar,

com troca de saberes, capacitação e responsabilidades mútuas, gerando experiência para todos os

profissionais envolvidos, mediante amplas metodologias, tais como estudo e discussão de casos e

situações, projetos terapêuticos, orientações e atendimento conjunto etc.” (BRASIL, 2010, p. 7).

Os NASF devem priorizar no seu processo de trabalho espaços de: a) atendimento

compartilhado e de intervenção interdisciplinar com base no cuidado oferecido pelas equipes; b)

intervenções específicas diretamente com o usuário pactuadas com as equipes; e, c) intervenções no

território articuladas com as equipes de saúde da família e outros atores sociais e comunitários.

Estes espaços são potencialidades para a Educação Permanente na medida em que permitem ver as

estratégias organizacionais utilizadas no cuidado em saúde que estimulam análise coletiva e

evidenciam as necessidades mais sentidas pelas equipes para aprendizagem e, também, evidenciam

as necessidades mais sentidas pelas equipes para aprendizagem.

De acordo com as demandas mais observadas e o perfil epidemiológico atual, algumas áreas

estratégicas foram incluídas nas Diretrizes como forma de orientação para atuação profissional nos

NASF. São elas: Saúde da Criança e Adolescente; Saúde da Mulher; Saúde Mental; Serviço Social;

Assistência Farmacêutica; Atividade Física/Práticas Corporais; Práticas Integrativas e

17

Complementares; Reabilitação/Saúde Integral da Pessoa Idosa; e, Alimentação e Nutrição. Esta

orientação abrange diretrizes e ações compartilhadas com as equipes de Saúde da Família, dentro da

lógica do trabalho do NASF, apontando também para empoderamento das equipes no seu trabalho.

Por isso, são temas e ações que devem fundamentar as práticas de Educação Permanente nos NASF.

As Diretrizes (BRASIL, 2010) apontam que a Educação Permanente deve ser “o dispositivo

fundamental para a organização das ações de saúde mental na Atenção Primária (p. 37) (...), o

principal impulsionador na mudança das práticas em saúde e na construção de ações mais inclusivas

para populações mais vulneráveis, como é o caso das pessoas com transtornos mentais” (p. 44).

Também, apontam que é fundamental para a qualificação da Assistência Farmacêutica na Atenção

Primária à Saúde.

Alguns objetivos específicos são apontados, nas Diretrizes, para que se criem estratégias de

Educação Permanente que visem: formação para as linhas de cuidado, instituir a utilização racional de

medicamentos pela população e a Assistência Farmacêutica no processo de trabalho das equipes de

Saúde da Família e contribuir no planejamento, monitoramento, avaliação e orientação sobre a

prática da fitoterapia/plantas medicinais e da homeopatia (Assistência Farmacêutica); fomentar a

implementação, o conhecimento das diretrizes e protocolos clínicos reconhecidos das Práticas

Integrativas e Complementares e o desenvolvimento de habilidades para orientar os usuários sobre

os procedimentos necessários para acessar os medicamentos e realizar a vigilância do uso dos

medicamentos nos territórios (Práticas Integrativas e Complementares); qualificar e instrumentalizar

a equipe local para aprimorar a atenção nutricional, a abordagem das ações de promoção da saúde, de

alimentação saudável, de prevenção de agravos e doenças relacionadas à alimentação e nutrição e

de segurança alimentar e nutricional, a orientação da organização dos trabalhos das equipes de SF

para aplicação dos protocolos de prevenção e cuidado das doenças, distúrbios e agravos

relacionados à alimentação e nutrição, a identificação de características domiciliares e familiares

que orientem a detecção precoce de dificuldades que possam afetar o estado nutricional e de

segurança alimentar e nutricional da família, a detecção precoce de fatores que possam afetar a segu-

rança alimentar e nutricional da comunidade e as diretrizes de encaminhamento das pessoas em

situação de vulnerabilidade nutricional e abordar temas como Direito Humano à Alimentação

Adequada e Segurança Alimentar e Nutricional e outros (Alimentação e Nutrição); fortalecer o

vínculo e a sensibilização dos profissionais na abordagem familiar (Serviço Social), contribuir às

ações de puericultura (Saúde da Criança e Adolescente); e, contribuir para um tratamento adequado

dos principais agravos ginecológicos, estabelecendo metas de descentralização da atenção e

identificar, diagnosticar, tratar e acompanhar corretamente as mulheres e treinamentos técnicos na

atenção à Saúde da Mulher (Saúde da Mulher). Estes temas se aproximam das áreas estratégicas de

18

atuação nas políticas de saúde, que representam as principais necessidades identificadas pelo perfil

e indicadores epidemiológicos observados no contexto brasileiro.

Algumas metodologias são mencionadas para as estratégias de Educação Permanente,

especialmente sob a forma participativa e de troca de conhecimentos: reuniões interdisciplinares

periódicas onde podem ser incluídos materiais didáticos e temas demandados pelas equipes e

atendimento compartilhado por meio de consultas conjuntas nas unidades, nos domicílios e outros

espaços da comunidade que proporcione a avaliação de risco e o manejo dos casos com a

elaboração de projetos terapêuticos.

Dessa forma, evidencia-se que, as diretrizes para a Educação Permanente, têm foco na

equipe e na população, abordando a aprendizagem significativa no trabalho em equipe relacionado a

conhecimentos interdisciplinares e à gestão das equipes na medida em que se atente para as

necessidades da população e do território acompanhado.

19

4. DISCUSSÃO

O trabalho em saúde incorporou durante o século XX as práticas de gestão da Administração

Científica, elaborada por Taylor, que enfatizam a fragmentação e especialização do processo de

trabalho. Segundo Campos e Cunha (2011), o SUS enfrenta problemas tanto de ordem estrutural

quanto organizacionais e gerenciais, enfatizando entre os segundos: a fragmentação da atenção e

responsabilização clínica insuficiente e inadequada; valorização social/organizacional diferenciada

de saberes profissionais e de serviços complementares entre si; e, mecanismos de contrato e

regulação da rede assistencial, quando existentes, não valorizam o território e a corresponsabilidade

dos serviços. De maneira geral, os autores apresentam desafios epistemológicos e gerenciais que

mantém tais problemas. Existe

“um modo hegemônico de organizar o trabalho e os processos de decisão nas organizações, que

contribui para que os profissionais de saúde reduzam seu objeto de trabalho (e, portanto, sua

responsabilidade clínica) a procedimentos, doenças ou partes do corpo (em vez de se

responsabilizarem por pessoas de forma global)” (CAMPOS e CUNHA, 2011, p. 963).

Esta hegemonia é histórica e socialmente construída principalmente na aproximação entre o

modelo científico legitimado na nossa época e o sistema econômico de produção capitalista,

resultando em um contexto específico de normatização e relações de poder no trabalho em saúde. O

fenômeno conhecido como medicalização da sociedade é consequência desta hegemonia.

(CAPOZOLO, 2005) A inter-relação entre a ciência e o sistema econômico, uma característica da

modernidade, legitima a medicina científica enquanto produção de modos de cuidado em saúde

baseados no consumo; no caso, de serviços, procedimentos, medicamentos (CAPOZOLO, 2005).

Esta inter-relação manifesta-se em relações de poder por meio da normatização do que é objeto de

intervenção restrito a uma classe (intervenção-cura sobre a doença), a classe que oferta esses

serviços, procedimentos e medicamentos, subjugando a atuação em saúde ao poder biomédico.

Deste modo, fenômenos complexos são tomados pela compreensão e intervenção de um modo

particular e hegemônico de se produzir saúde.

Para Campos e Cunha, “A despeito da óbvia relação de complementaridade que diferentes serviços, especialidades,

disciplinas e corporações profissionais guardam entre si, existe um imaginário de mútua exclusão e

competitividade. Estabelece-se um tipo de relação com o saber que busca constantemente a definição

e afirmação de fronteiras rígidas. (...) Principalmente da Atenção Primária para outros serviços de

saúde. É, portanto, uma cultura organizacional com baixa capacidade para lidar com a incerteza, com

a interdisciplinaridade inerente aos problemas complexos da área de saúde e que produz uma baixa

vocação para o aprendizado fora do núcleo disciplinar. (CAMPOS e CUNHA, 2011, p. 963).

Noronha e Lima-Filho (2011) apontam um conhecimento limitado do trabalho em equipe

reconhecendo que a multiprofissionalidade e a interdisciplinaridade nas equipes de Saúde da

Família ainda não são percebidas nos trabalhos entre as equipes, mas aparecem nas relações mais

próximas no cotidiano de trabalho intra-equipe. Os autores apontam também a importância do papel

dos gestores na análise dos processos de trabalho, estimulando um trabalho mais participativo e

20

uma supervisão centrada em práticas político-pedagógicas e não apenas gerenciais (NORONHA e

LIMA FILHO, 2011). Estas afirmações demonstram convergência com a Educação Permanente

proposta aos NASF, coincidindo com o seu papel na gestão das equipes.

Deste modo, as estratégias que orientam para a transformação do cuidado em saúde por

meio da integração das diferentes disciplinas e centrado no usuário configuram-se no campo da

contra-hegemonia. As Diretrizes apontam para a exigência de novas formas de atuação na

assistência em saúde, exigindo atuações que se expandem à formação inicial dos profissionais de

saúde nos ensinos superior e técnico; à relação destas políticas com as demais no âmbito dos

gestores dos sistemas e dos outros setores no caminho da intersetorialidade; e, aos novos desafios

que são encontrados na análise e intervenção sobre a saúde reconhecendo os processos dinâmicos

constituintes do movimento histórico da realidade.

Nas estratégias de Educação em Saúde, a literatura apresenta indícios de que vários campos

ainda resistem às transformações necessárias. Moretti-Pires (2009) abordou a formação de

profissionais para a Estratégia de Saúde da Família, identificando o predomínio do modelo

biomédico na graduação em Medicina, Enfermagem e Odontologia, que não prepara para o trabalho

interdisciplinar e reforça valores e hierarquias profissionais corporativos. Também, Noronha e Filho

(2011) apresentaram as conseqüências negativas da formação profissional, tanto na graduação

quanto na educação continuada, desvinculada do contexto dos serviços públicos de atenção à saúde.

Em relação aos NASF, Andrade et al, (2011) apresenta a carência da Educação Permanente e o

trabalho isolado e fragmentado como uma fragilidade na implementação dos NASF em municípios

do sul do Brasil, enquanto que o trabalho em equipe foi observado como uma potencialidade.

Onocko-Campos et al (2012), apresentam as potencialidades do Apoio Matricial e outras estratégias

inovadoras de gestão, especialmente, na assistência em saúde mental e na promoção de saúde. Os

autores concluem pela necessidade de mecanismos de fixação de profissionais na Atenção Básica

nas grandes cidades.

A alta rotatividade dos profissionais de saúde tem sido observada na atenção básica (PAIM

et al, 2011). Para além do próprio cuidado em saúde e efetividade dos princípios da Atenção

Primária em Saúde, as estratégias de Educação Permanente, então, tornam-se progressivamente

ineficazes à medida que investimentos são feitos sem garantia do vínculo do profissional com o

trabalho e com a população. Essa questão esbarra em alguns dos principais desafios do sistema de

saúde brasileiro segundo Paim et al (2011): o subfinaciamento e as contraditórias interações entre os

setores público e privado. Sousa e Merchan-Hamann (2009) seguem no mesmo sentido

considerando as especificidades da Estratégia de Saúde da Família no tocante à sua insuficiente

participação no financiamento em saúde.

21

Outros desafios surgem com as recentes transformações na realidade brasileira no que se

refere às características demográficas e epidemiológicas. Surgem novos padrões epidemiológicos

(sobrepeso e obesidade, doenças crônico-degenerativas, aparelho circulatório, neoplasias e causas

externas) que condicionam a passagem para um modelo exigente de promoção intersetorial da

saúde e integração dos serviços de saúde (PAIM et al, 2011). Os temas e áreas estratégicas

apresentados pelas Diretrizes para propostas de Educação Permanente têm sido direcionados para a

nova realidade, abrindo espaços também para a necessária pactuação e planejamento das ações do

NASF voltadas às prioridades da população.

Considerando os compromissos com as necessidades imediatas e o acesso da população aos

serviços de saúde, a Atenção Primária, então, urge transformações. Tesser et al (2011) apresenta as

possibilidades oportunizadas pela Educação Permanente referente à análise da realidade social por

parte das equipes de Saúde da Família no território.

“a educação permanente e sua assunção pelos gestores locais constituem-se em instrumento

privilegiado de ampliação da qualidade da análise da realidade e da construção de ações de promoção

da saúde e de cuidado, um contexto de democratização da gestão e das relações de trabalho. Ela

poderá contribuir para a melhor compreensão da promoção da saúde e a superação da visão

hierárquica e autoritária dos processos de educação e de trabalho, promovendo um pouco de

“empowerment” comunitário nos profissionais e, assim, facilitar o nascimento da compreensão (e

ação) do que seja isso em relação aos usuários” (TESSER et al, 2011).

Segundo Paim et al (2011), o contexto de luta pra transformação da Saúde Pública no Brasil,

apoiava-se na concepção de que saúde não é uma questão da ordem exclusivamente biológica,

dando forças para que a atenção à saúde, como questão social, fosse abordada no espaço público.

Deste modo, configura-se como diretriz da estratégia de Educação Permanente em Saúde realizada

pelos NASF a atuação na transformação das práticas de saúde e gestão com base na ampliação do

conhecimento e da gestão das equipes, promovendo novos modos de produção de saúde com base

no empoderamento da equipe e atenção integral às necessidades de saúde da população e dos

territórios.

22

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A publicação de políticas e diretrizes técnicas no SUS tem demonstrado um direcionamento

para a construção de uma atenção à saúde em conformidade com os princípios transformadores na

proposta do SUS, entre eles, a integralidade. Os NASF, como apoiadores da inserção e atuação das

equipes de Saúde da Família.

A Educação Permanente em Saúde aponta para a atuação do NASF na criação de inovações

tecnológicas e troca de experiências a partir do cotidiano; na atuação e responsabilidade

compartilhadas com as eSF; na atuação técnico-pedagógica e assistencial; na criação e manutenção

de espaços de análise coletiva transformando práticas de cuidado e processos de trabalho em saúde;

além de diretrizes específicas em áreas de prioridade na AB.

A Saúde Pública vem caminhando na direção de um campo de conhecimentos e práticas

complexo, aproximando-se cada vez mais da diversidade de produção criativa neste campo,

ampliando as possibilidades de entendimentos e intervenções. A Atenção Primária em Saúde

configura-se como um subcampo de vanguarda e responsável por induzir muitas dessas inovações,

tensionando para a transformação. O investimento na APS tem sido observado tanto em nível

nacional quanto internacional. Desafios, também, se apresentam em todos níveis, desde o

macrossocial até os mais locais e relacionais. Deste modo, atender as transformações necessárias

para realizar as propostas do SUS deve articular estes níveis, formulando políticas que possibilitem

práticas cotidianas cada vez mais inovadoras e críticas. São necessários novos estudos que

continuem analisando e avaliando as proposições e, principalmente, como estão se dando as práticas

de Educação Permanente em Saúde nas diversas Políticas indutoras dos novos modelos de atenção à

saúde.

Para Ribeiro (2008) “a integralidade não é só prenhe dos sentidos, ela carrega consigo os

sonhos, os desejos abandonados por escolhas, negociações e conjunturas que se fizeram presentes.

Ela é carregada pelos ideais do movimento sanitário”. Urge, então, defender e potencializar estes

sonhos e ideias na Saúde Pública, promovendo a produção de novas práticas e modos de vida na

saúde.

23

6. REFERÊNCIAS

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