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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL Mirela Schramm Tonetto AVALIAÇÃO DA GESTÃO DA QUALIDADE EM OBRAS PREDIAIS: UM ESTUDO DE CASO Santa Maria, RS 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Mirela Schramm Tonetto

AVALIAÇÃO DA GESTÃO DA QUALIDADE EM OBRAS PREDIAIS:

UM ESTUDO DE CASO

Santa Maria, RS

2016

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Mirela Schramm Tonetto

AVALIAÇÃO DA GESTÃO DA QUALIDADE EM OBRAS PREDIAIS: UM ESTUDO

DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Engenharia Civil, da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM, RS) como

requisito parcial para obtenção do título de

Engenheiro Civil.

Orientador: Profª. Drª. Bernardete Trindade

Santa Maria, RS

2016

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Mirela SchrammTonetto

AVALIAÇÃO DA GESTÃO DA QUALIDADE EM OBRAS PREDIAIS: UM ESTUDO

DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Engenharia Civil, da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM, RS) como

requisito parcial para obtenção do título de

Engenheiro Civil.

Aprovado em 12 de julho de 2016:

....................................................................................... Bernardete Trindade, Prof.ª Drª. (UFSM)

(Presidente/Orientador)

....................................................................................... Marcos Alberto Oss Vaghetti, Prof. Dr. (UFSM)

....................................................................................... Joaquim César Pizzutti dos Santos, Prof. Dr. (UFSM)

Santa Maria, RS

2016

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AGRADECIMENTOS

Recebem meu sincero agradecimento:

A professora Bernardete Trindade pela orientação, disponibilidade e correções feitas a

este trabalho.

Os meus pais, Ieda e Flavio, pelo amor e dedicação e por serem os principais

responsáveis pela minha formação. Bem como minha irmã, Letícia, pelo carinho e amizade.

O meu namorado, Leander, pelo amor, ajuda, apoio e especialmente por ser meu

grande incentivador na realização das diversas etapas da elaboração deste trabalho.

Os engenheiros e arquitetos Mailson Silva, Marcos Tortelli, Rafael Bellei e Luize

Bertoldo pela experiência e conhecimentos compartilhados, assim como pelo tempo dedicado

ao desenvolvimento deste trabalho.

Os meus colegas de graduação, especialmente os da turma de 2010 que se tornaram

grandes amigos e a Fernanda pelo companheirismo na reta final da faculdade.

A Universidade Federal de Santa Maria pelo ensino de qualidade e conhecimento

transmitido através de seus professores.

Enfim, agradeço a Deus pela vida e por todas as pessoas, sinais e circunstâncias que

coloca diariamente em meu caminho.

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RESUMO

AVALIAÇÃO DA GESTÃO DA QUALIDADE EM OBRAS PREDIAIS: UM ESTUDO

DE CASO

AUTOR: Mirela Schramm Tonetto

ORIENTADOR: Bernardete Trindade

Este trabalho tem por objetivos identificar ações tomadas por uma empresa de construção

civil para a busca da qualidade nos processos de construção de uma determinada obra

residencial. Alinhado a este objetivo, busca-se também apontar dificuldades na

implementação e manutenção da qualidade e propor ações de melhoria na execução de obras.

Para fundamentar este trabalho teoricamente, foram abordados os temas referentes à evolução

histórica da qualidade, definições, parâmetros e práticas para a gestão da qualidade. Como

método de trabalho foi realizado um estudo de caso em uma obra predial onde foram

identificados os procedimentos no controle e melhoria da qualidade a partir de entrevistas

com a equipe de engenharia e observação participante. Os resultados obtidos mostram que,

apesar de ser uma obra bem organizada, com projetos e planejamento adequado, e definição

de responsáveis por cada atividade, foram identificados processos não documentados e

retrabalho nas atividades da mesma. Observou-se também que há falhas no controle de

recebimento e armazenamento de materiais, e na inspeção dos serviços, bem como, falta uma

retroalimentação do sistema na qualificação de fornecedores de materiais e serviços, e

agilidade no processo de compras. Dificuldades como estas mostram que a empresa necessita

padronizar e documentar os principais procedimentos da obra formando um sistema de

controle da qualidade. Desta forma será possível reduzir retrabalho e desperdícios e promover

estabilidade e previsibilidade para a gestão da obra.

Palavras Chave: Qualidade, Obras Prediais, Gestão

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ABSTRACT

EVALUATION OF QUALITY MANAGEMENT IN BUILDINGS: A CASE STUDY

AUTHOR: Mirela Schramm Tonetto

ADVISOR: Bernardete Trindade

This study aims to identify actions taken by a construction company to obtain quality in the

processes of residential building construction. In line with this objective, this work seeks also

point out difficulties in the implementation and maintenance of quality and proposes actions

to improve the execution of works. To support this work theoretically, the issues discussed

were the historical development of quality, and definitions, parameters and practices for

quality management. The method was a case study conducted in a building construction.

Procedures to control and improve quality were identified based on interviews with the

engineering team and by participant observation. The results show that, despite being a well-

organized building work which defines the responsible member of the team for each activity

and has proper design and planning, there are processes undocumented and rework in the

activities of the building construction. It was also observed that there are flaws in the control

of receiving and storing materials, and in the inspection of services, in addition, there is a lack

of a system feedback in the qualification of suppliers of materials and services, and a lack of

agility in the purchasing process. Difficulties such these show that the company needs

standardize and document the main procedures of the work forming a quality control system.

This way, the company can reduce rework and waste and promote stability and predictability

for the management of the work.

Keywords: Quality, Building Works, Management

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 7

1.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 8

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................... 8

1.3 JUSTIFICATIVA AO ESTUDO DO TEMA ................................................................... 8

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................................... 9

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 10

2.1 QUALIDADE: EVOLUÇÃO HISTÓRICA, DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS 10

2.2 GESTÃO DA QUALIDADE: CONCEITOS E PRÁTICAS ......................................... 12

2.3 A QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................................................. 15

2.4 PARÂMETROS DE QUALIDADE ............................................................................... 18

2.4.1 Qualidade na aquisição de materiais .................................................................... 19

2.4.2 Qualidade no gerenciamento de obras ................................................................. 23

3 ESTUDO DE CASO – OBRA PREDIAL RESIDENCIAL ............................................. 27

3.1 METODOLOGIA ........................................................................................................... 27

3.1.1 Características da pesquisa ................................................................................... 27

3.1.2 Instrumento de pesquisa e coleta de dados .......................................................... 27

3.1.3 Definição dos sujeitos entrevistados ..................................................................... 28

3.1.4 Análise de dados ..................................................................................................... 29

3.2 RESULTADOS DA PESQUISA .................................................................................... 29

3.2.1 Características da obra .......................................................................................... 29

3.2.2 Análise da qualidade .............................................................................................. 31

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 43

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 49

ANEXO A ................................................................................................................................ 53

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1 INTRODUÇÃO

No mundo de negócios cada vez mais dinâmico de hoje, mais e mais empresas estão

encontrando-se presas numa situação em que seus recursos materiais existentes não são mais

suficientes para manter suas vantagens competitivas. Há uma necessidade cada vez maior de

elas explorarem suas competências e capacidades específicas para gerarem diferenciais e

conquistarem clientes. As empresas de construções prediais não fogem a essa regra, muitas

construtoras estão investindo em diferenciais competitivos com o enxugamento de

desperdícios e a redução de gastos e custos operacionais.

A fim de atender as necessidades e exigências do mercado imobiliário, as empresas da

construção civil vêm buscando um padrão de melhoria contínua de seus processos e um

produto final com qualidade cada vez mais alta. As construtoras estão tornando-se conscientes

do papel e importância da qualidade, buscando um sistema de gestão que possa atender aos

aspectos financeiros da empresa, às exigências dos clientes e às certificações.

Do ponto de vista econômico, pode-se dizer que hoje há um conceito de lucro

diferente do de alguns anos atrás. Antigamente as empresas decidiam quanto seria o seu lucro,

de forma que o preço final era o custo da produção somado a este lucro. Atualmente o lucro

passa a ser a diferença entre o preço do mercado e o custo. Desta forma, o lucro é

proporcional à capacidade da empresa de reduzir seus custos e aumentar a produção, o que se

torna mais viável com uma política de qualidade atuante.

Outra questão que faz com que as empresas da construção civil busquem a gestão da

qualidade é o aumento das exigências do cliente. Preocupados com o resultado final, o cliente

atual requer bons materiais, projetos bem resolvidos e obras que atendam o prazo e que sejam

executadas com qualidade.

Ressalta-se também que muitas construtoras vêm buscando certificações de qualidade

baseadas na ISO 9001 e no Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na Construção

Habitacional – PBQPH. Grande parte desta busca é devido a exigência da certificação pela

Caixa Econômica Federal para financiamento das obras. Sendo assim, as empresas com

certificação tendem a se tornar mais organizadas financeiramente, mais bem vistas pelos

clientes e tem mais fácil acesso aos financiamentos bancários.

Dentro deste tema de pesquisa, Bobroff (1991, apud PICCHI, 1997) aponta dois

grandes aspectos em que as empresas da construção civil focam suas ações:

1) Organizacional: busca transformar toda a estrutura da empresa com um projeto

completo. Consiste na Política de Qualidade Total.

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2) Técnico: age na obra. É orientado para processos de gerenciamento e

procedimentos de controle.

Diante disso, ressalta-se que este trabalho está direcionado ao tema da gestão da

qualidade nas construções prediais no aspecto técnico, ou seja, nas etapas que se referem à

obra. Assim, não será discutido o aspecto organizacional e a Política da Qualidade Total para

a empresa em si, mas a qualidade durante a construção dos empreendimentos. Em especial,

serão abordados os temas referentes a aquisição de materiais e escolha de fornecedores e, em

seguida, a qualidade no gerenciamento e execução de obras.

1.1 OBJETIVO GERAL

Analisar os procedimentos de controle e de melhoria da qualidade nos processos de

aquisição de materiais e de gerenciamento de obras em construções prediais.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar ações e práticas tomadas pela empresa em estudo para a busca da

melhoria contínua de suas atividades e processos em uma determinada obra;

b) Verificar situações dificultadoras ou adversas na implementação e manutenção

da qualidade na obra;

c) Propor ações para manutenção e melhoria na execução de obras para aumento

da qualidade dos processos de construção.

1.3 JUSTIFICATIVA AO ESTUDO DO TEMA

A função da qualidade dentro da gestão de obras está relacionada à necessidade de um

programa de melhorias para obter vantagem sobre a concorrência. O mercado demanda maior

qualificação das empresas de forma a garantir aos clientes o recebimento de um produto de

qualidade.

A escolha deste tema se justifica ao passo que muitas dificuldades ainda são

encontradas na implementação e manutenção do sistema de gestão da qualidade nas obras. O

planejamento e o controle da obra não recebem a atenção necessária, treinamentos e

indicadores são omitidos, a documentação é preenchida apenas para formalização e as

mudanças desejadas são lentas. De acordo com Formosoet al.(1999), as deficiências no

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planejamento e controle estão entre as principais causas da baixa produtividade do setor da

construção civil, das suas elevadas perdas e da baixa qualidade de seus produtos.

Na prática, o sistema de gestão da qualidade é importante para uma empresa da

construção civil na gestão de obras, pois este busca a padronização, controla os serviços

executados, evita retrabalhos que gerariam custos desnecessários, combate desperdício de

materiais e tempo, e por fim promove a satisfação do cliente e, consequentemente, a imagem

da empresa. O estudo de procedimentos de qualidade adotados em empresas de obras prediais

vem ao encontro da necessidade de melhorias nesse setor. Averiguar elementos e aspectos

inerentes à qualidade, bem como ações tomadas por empresas desse ramo para obter melhor

qualidade em seu produto final, podem contribuir para o enriquecimento do corpo teórico

desse assunto e do campo prático para as empresas construtoras.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho estrutura-se em cinco capítulos a fim de trazer todas as informações

necessárias de maneira apropriada. O primeiro capítulo constitui a introdução e contém uma

breve introdução ao tema, justificativa, objetivos e a estrutura deste trabalho. O segundo

capítulo compreende uma revisão bibliográfica sobre todos os assuntos no âmbito da

qualidade, tendo como foco sua evolução histórica, definições e características, conceitos e

práticas para a gestão da qualidade, a qualidade na construção civil e os parâmetros de

qualidade adotados no presente trabalho para realização de um estudo de caso. No terceiro

capítulo é explicado o estudo de caso, este apresenta primeiramente o método da pesquisa

formado basicamente por entrevistas e observação in loco, em seguida, engloba os resultados

desse trabalho, expondo primeiramente onde o estudo foi realizado (um estudo de caso em

uma obra de uma incorporadora que não possui certificações de qualidade), e os demais

resultados da pesquisa. No quarto capítulo, são apresentadas as considerações finais sobre a

pesquisa realizada. No quinto e último capítulo, finaliza-se o trabalho com a conclusão.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 QUALIDADE: EVOLUÇÃO HISTÓRICA, DEFINIÇÕES E CARACTERÍSTICAS

A qualidade é um conceito subjetivo diretamente relacionado à percepção do cliente

final sobre o que ele espera sobre determinado produto ou serviço. No entendimento de

Deming (1993) a qualidade é tudo aquilo que melhora o produto do ponto de vista do cliente.

Nesse sentido, Juran (1992) também menciona que aos olhos dos clientes, quanto melhores as

características do produto, mais alta a sua qualidade, ao passo que, quanto menos defeitos,

melhor a qualidade.

Essas definições de autores clássicos remetem a uma época onde qualidade era focada

na inspeção do produto final em um sistema de produção artesanal. Picchi (1993) explica que,

nesse sistema, o mesmo indivíduo realizava todas as etapas do processo de produção e havia

uma relação direta entre a qualidade do que ele produzia e o mercado consumidor. A

compreensão de qualidade naquela época se alinha à definição de Crosby (1986), que afirma

que a conformidade do produto às suas especificações, sem ocorrência de defeito, é o que gera

a qualidade. Por meio da inspeção dos produtos acabados, os operários procuravam garantir

qualidade em seus produtos a fim de obterem boa reputação entre seus clientes (CARVALHO

e PALADINI, 2005).

No entanto, com a Revolução Industrial e o aumento da produção, houve a

necessidade de uma mudança na abordagem da qualidade. Foi introduzido o conceito de

controle da qualidade, em que a inspeção e o monitoramento dela passam a ser realizados nas

diferentes etapas do processo produtivo por meio de amostragem de algumas peças. Esse

período foi considerado a era do controle estatístico (GARVIN, 2002). A ênfase passa a ser na

detecção de defeitos para a melhoria continua ao longo do processo produtivo. O produto

agora é também inspecionado durante o processo de fabricação, e este passa a ser controlado e

aperfeiçoado. Surgem técnicas de amostragem e gráficos de controle do processo eficientes

para essa atividade de controle (OLIVEIRA, 2006).

Feigenbaum (1994) explica, nesse sentido, que a qualidade é a correção dos problemas

e defeitos, bem como de suas causas ao longo de toda a produção, envolvendo fatores como

os projetos, engenharia, produção e manutenção, que exercem influência sobre a satisfação do

usuário. As questões de atendimento às expectativas e à satisfação do cliente não perdem

valor, mas o entendimento da qualidade passa a envolver mais pessoas e áreas de uma

empresa.

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Mais recentemente, o aperfeiçoamento das atividades, a concorrência entre as

empresas e o próprio aumento do nível de exigência dos consumidores, faz com que as

empresas caminhem a era que se chamou de garantia da qualidade. Para Garvin (2002), esta,

apesar de manter o objetivo e as características supracitadas das eras anteriores, envolve mais

quatro elementos distintos e inerentes ao gerenciamento da qualidade. São eles:

(1) a quantificação dos custos da qualidade: divisão destes em evitáveis e inevitáveis;

(2) o controle total da qualidade: participação de todos no controle para obtenção da

qualidade;

(3) a engenharia da confiabilidade: alcance de um desempenho aceitável do produto ao longo

do tempo, reduzindo seus defeitos e gerando confiabilidade; e

(4) zero defeito: padrão concebido e a ser perseguido por todos por meio de treinamentos e

aperfeiçoamentos do pessoal.

Esses elementos acabam por requerer um maior comprometimento e envolvimento de

esforços dos funcionários e da equipe gerencial das atividades que envolvem a fabricação ou

construção do produto.

Garvin (2002) ainda introduz uma quarta era que ele denomina de ‘gestão estratégica

da qualidade’. Nesta, a qualidade passa a ser concebida de forma mais ampla, mais sensível à

concorrência e às necessidades do cliente, se constituindo em um elemento básico na busca

por liderança no mercado (PALADINI, 2008).

Em geral, essa evolução do conceito de qualidade, para Koskela (1992) mudou de uma

correção do produto, quando o foco era na orientação de inspeção, para o processo de

obtenção da qualidade como um todo, como foco na melhoria contínua e gestão dos

processos. Isso obrigou as empresas a terem uma atitude mais ativa, a fim de garantir a

qualidade desejada pelo cliente final.

Juntamente com a evolução do conceito de qualidade, aumentou a percepção de sua

importância para as empresas, principalmente na situação de um mercado cada vez mais

competitivo. Nesse sentido, Garvin (2002) delineia algumas características inerentes à

qualidade. São elas:

Desempenho: esta dimensão se refere às características operacionais básicas num

produto, porém esses atributos muitas vezes refletem preferências pessoais, assim

torna-se difícil a análise;

Característica: engloba os adereços dos produtos e suas características secundárias que

suplementam o funcionamento do produto final;

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Confiabilidade: direciona a probabilidade de mau funcionamento de um produto ou de

ele falhar;

Conformidade: estabelece o grau em que o projeto e as características operacionais de

um produto estão de acordo com padrões pré-estabelecidos;

Durabilidade: diz respeito à vida útil do produto, ou seja, o tempo de uso

proporcionado por ele até ele se deteriorar fisicamente;

Atendimento: Se refere à rapidez, cortesia e facilidade de reparo no atendimento a um

cliente;

Estética: considera a aparência de um produto, o que se sente com ele, qual o seu som,

sabor ou cheiro;

Qualidade percebida: varia com a percepção individual de cada consumidor, e está

relacionada com a expectativa pessoal sobre determinado produto.

Com essa nova concepção de qualidade, toda a empresa passa a ser responsável pela

diminuição de custos e correção de defeitos. O alcance da qualidade de um produto passa a

ser estendido para todas as atividades e áreas de uma empresa. Percebeu-se também que, além

de questões técnicas, questões gerenciais também estão envolvidas na questão da qualidade, e

isso que conduziu à formalização da gestão da qualidade, que será discutida no próximo

tópico.

2.2 GESTÃO DA QUALIDADE: CONCEITOS E PRÁTICAS

A gestão da qualidade passou a ser concebida a partir da necessidade de um

acompanhamento das atividades envolvidas no dia a dia de uma empresa. Porém, Cierco et al.

(2006) descreve que a qualidade não se restringe apenas ao controle das atividades, à

qualidade intrínseca de bens e serviços, ao uso de ferramentas e métodos de gestão, ou a

assistência técnica adequada. Ela passou a necessitar de modelo de gerenciamento que busca a

eficiência e a eficácia organizacionais, por meio da gestão da qualidade. Figueiredo(2006)

complementa que as técnicas de gestão e o conceito de qualidade estenderam-se ao conjunto

da organização.

Na concepção de Carpinetti, Miguel e Gerolamo (2009), a gestão da qualidade tem

como objetivo básico de melhorar a eficiência do negócio, reduzindo os desperdícios e os

custos da não qualidade. Sua aplicabilidade ganha importância a partir do momento em que

ela envolve ações gerenciais aplicadas em qualquer tipo de organização para racionalizar os

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recursos disponíveis, como tempo, custos, materiais, e a própria qualidade, da melhor maneira

possível.

Para Mañas (2004), o gerenciamento com qualidade é feito pelo controle da qualidade

com técnicas atualizadas, padronizadas e inovadoras com ênfase na gestão. Deve haver para

tanto flexibilidade, agilidade, aptidão à mudança e a busca do novo, tanto pela resolução de

problemas, quanto pela criatividade e o risco de sair na frente. Miguel (2005) corrobora

destacando que a gestão da qualidade consiste no conjunto de atividades coordenadas para

dirigir e controlar uma organização com relação à qualidade, englobando o planejamento, o

controle, a garantia e a melhoria da qualidade.

Essas definições sobre a gestão da qualidade refletem a importância de se conseguir os

padrões de qualidade para uma organização, seja com implantação de programas e

ferramentas de qualidade, seja com ações voltadas para combater as perdas dos processos

produtivos. A adoção de práticas de gestão tornou-se essencial para a maioria das

organizações para obter vantagem competitiva.

Algumas ferramentas e técnicas de aperfeiçoamento e melhoria da qualidade também

foram introduzidas ou voltaram a receber maior importância nas organizações. Dentre elas

pode-se citar o 5S, a lista de verificação, o benchmarking e análise de valor.

O 5S é uma ferramenta utilizada basicamente para melhorar a organização do local de

trabalho. Especificamente, segundo Peterson et al. (1998),cada ‘S’ significa:

SEIRI – Senso de Utilização: separar o útil do inútil, eliminando o desnecessário;

SEITON – Senso de Arrumação: identificar e arrumar tudo, para que qualquer pessoa

possa localizar facilmente;

SEISO – Senso de Limpeza: manter um ambiente sempre limpo, eliminando as causas

da sujeira e aprendendo a não sujar.

SEIKETSU – Senso de Saúde e Higiene: manter um ambiente de trabalho sempre

favorável a saúde e higiene;

SHITSUKE – Senso de Auto Disciplina: fazer dessas atitudes, ou seja, da metodologia,

um hábito, transformando os 5s's num modo de vida.

Essa ferramenta, de acordo com Paladini (2010), é simples de ser compreendida e

permite a facilidade de obtenção de resultados práticos, visíveis e valiosos, o que a torna uma

importante estratégia de Gestão da Qualidade. Ele argumenta também que o 5S é um processo

prático útil para começar um programa de grande porte para a produção da qualidade nas

organizações.

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A lista de verificação é uma enumeração de itens pré-estabelecidos que serão

marcados a partir do momento que forem checados, realizados ou avaliados. Ela é usada para

a certificação de que os passos ou itens pré-estabelecidos foram cumpridos ou para avaliar em

que nível eles estão (ANDRADE, 1999).

Outra estratégia utilizada para a gestão da qualidade consiste na análise do mercado,

buscando pontos fortes nos concorrentes com objetivo de implementá-los. Conhecido com

benchmarking, Paladini (2010) explica que ele pode ser definido como um processo de

comparação com empresas consideradas ‘as melhores em sua classe’, a fim de buscar a

melhoria de suas práticas, determinando como essas empresas alcançaram estes níveis de

operação e utilizando essas informações para aumentar seu próprio desempenho. A

ferramenta Benchmarking, segundo Carpinetti (2010), corresponde à análise comparativa feita

por empresas sobre indicadores e práticas de seus concorrentes ou, até mesmo, a negócios

completamente diferentes e, inclusive, entre setores da mesma empresa.

Por fim, dentre as técnicas salientadas, está a analise de valor. Essa ferramenta

consiste, basicamente, em identificar e estabelecer o valor às funções e atividades de

determinado produto, analisá-las, para em seguida propor uma forma alternativa de

desempenhá-las a um custo menor que o da maneira conhecida (CIERCO, 2006).

Estas ferramentas são apenas algumas alternativas para melhorar e gerenciar a

qualidade na fabricação ou construção de um produto. Novas concepções surgiram a partir

disso como o sistema de qualidade total. A preocupação com a gestão da qualidade leva as

organizações a estruturarem sistemas de gestão da qualidade. Esses sistemas se caracterizam

por uma maior organização das práticas de gestão de qualidade. Em suma, eles são um

conjunto de atividades e ações integradas, incluindo a coordenação entre as partes

responsáveis por elas, visando atingir os objetivos e finalidades da empresa (Paladiniet al.,

2005).

A aplicabilidade da gestão de qualidade e de sistemas de gestão na construção civil é

variada como mostram os trabalhos de Schlatter (2012), Luz (2011), Dorneles (2006), Januzzi

(2010) e Mello (2005). Diante disso, no tópico a seguir enfoca-se questões relativas à

qualidade na construção civil e dificuldades que empresas desse setor enfrentam para a

implementação de atividades de melhoria da qualidade.

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2.3 A QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

A qualidade quando trabalhada em obras da construção civil, principalmente em

construções prediais, envolve alguns elementos e fatores que a diferenciam de outras

empresas em geral. São aspectos que tornam a gestão da qualidade ainda mais desafiadora, ao

passo que ela passa a ter importância fundamental no controle de custos, dos desperdícios e

do retrabalho dentro das empresas e na própria qualidade. Januzzi (2010) menciona que a área

da construção civil é integrada por uma série de atividades complexas, que são ligadas entre si

e com processos que possuem grau variado de originalidade, resultando em uma vasta

diversificação de produtos vinculados a diferentes tipos de demanda.

Nesse contexto, Melo (2005) destaca em seu estudo algumas características do setor

de construção civil que são peculiares. São elas:

“1. O objeto de construção, via de regra, é um produto individual e o local de

produção (canteiro de obras) varia de acordo com a localização e tipo de edificação.

2. Grande parte dos projetos de construção civil é relativamente de curta duração.

Isto leva a um pensamento de curto prazo no planejamento da execução da obra.

3. Num canteiro de obras, várias equipes de trabalho se sucedem no decorrer do

processo da construção. Isto torna a coordenação especialmente complexa,

particularmente quando várias equipes precisam atuar no mesmo espaço de trabalho.

4. Na indústria de construção civil, os terceirizados fazem parte do processo de

produção no próprio local de realização do produto (a edificação). Além disso,

diferentes terceirizados entram em cena no mesmo ambiente de trabalho. Isto torna a

coordenação e otimização dos processos de trabalho especialmente difíceis.”

(MELO, pg. 38)

Outra questão a ser ressaltada são os vários agentes intervenientes envolvidos na

cadeia produtiva da área da construção civil. Souza (2004) apresenta em seu livro uma figura

que representa de forma simples os níveis e os envolvidos no ciclo da qualidade na área da

construção civil. A Figura 1 apresenta esse ciclo.

O fato a ressaltar desse ciclo de qualidade apresentado é que os envolvidos em cada

uma de suas etapas requerem diferentes níveis e aspectos de qualidade, e agentes que

trabalham em qualquer dessas etapas do ciclo incorporam diferentes níveis de qualidade e

afetam a qualidade do produto final (SOUZA, 2004 b). Koskela (1992) também ressalta que

um dos principais problemas de qualidade do produto no setor da construção é a variabilidade

do produto final e a consideração insuficiente das necessidades do cliente.

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Figura 1 - Ciclo da qualidade e seus envolvidos no setor de construção civil

Fonte: adaptado de Souza (2004).

Na construção civil, Souza (2004, a) aponta características próprias que dificultam a

aplicação direta de procedimentos e ferramentas do sistema e gestão de qualidade como:

a) A construção é uma indústria de caráter nômade;

b) Cria produtos únicos e não em série;

c) Utiliza mão de obra pouco qualificada;

d) Aplica-se a produção centralizada e não em cadeia;

e) As responsabilidades são dispersas e pouco definidas.

Além disso, Reis e Melhado (1998) argumentam que existe um grande despreparo e

falta de aptidão para mudanças no subsetor edificações, algo que é requerido por essas

organizações ao passo que a gestão da qualidade implicará em mudanças no ambiente físico,

nos padrões de comportamento e na lógica interna de funcionamento da empresa. Para

Marroszekyet al. (2002), o retrabalho nos processos da construção civil também é um grande

problema.

Outro agravante é que muitas empresas de construção predial terceirizam parte dos

serviços de execução. O que acontece com isso é que o empreiteiro preocupa-se com a

produtividade de suas atividades em detrimento da qualidade dos serviços e desperdícios

gerados (MELHADO, 1998). Para ele, o não comprometimento da mão de obra terceirizada

com os procedimentos e práticas adotadas pela construtora impacta na qualidade do produto

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final, além de haver a dificuldade de integração entre as equipes responsáveis por serviços que

apresentam relações de dependência.

Em geral, essas dificuldades e aspectos que impactam na efetivação da qualidade em

construtoras acabam repercutindo no prazo de entrega prometido por estas empresas. Em

virtude disso, Grigonis (2010) afirma que as construtoras acabam fazendo cobranças aos

envolvidos sobre prazo de entrega e custos no acabamento das obras, deixando a qualidade do

serviço a ser prestado e do produto final em si em segundo plano.

Em virtude disso que a gestão da qualidade exerce papel essencial. A elaboração

inicial de plano de qualidade da obra, por exemplo, esclarece os detalhes específicos de

organização da obra e da qualidade requerida, envolvendo o controle de projetos, a qualidade

dos materiais, execução da obra e manutenção, e os procedimentos que serão usados

(SOUZA, 1997).

Para Figueiredo (2006), os principais benefícios de um sistema de gerenciamento da

qualidade em obras são:

a) Sistema de controle de processos que fornece estabilidade e previsibilidade permitindo

ações de melhoria;

b) Padronização dos procedimentos;

c) Redução do retrabalho e desperdício de materiais;

d) Gestão da documentação;

e) Definição das responsabilidades dos profissionais e melhoria do fluxo de informações.

Aplica-se na construção civil um conhecido método de gestão em quatro passos: o

ciclo PDCA. Esta é uma ferramenta muito pertinente na implementação da gestão da

qualidade na obra e que deve atuar em cada serviço. O PDCA consiste em Plan (planejar),

Do (fazer), Check (checar), Act (agir). A Figura 2 apresenta este ciclo.

A Gestão da Qualidade em uma empresa da construção civil pode envolver diversos

setores, desde o administrativo, jurídico, projetos, orçamento, planejamento e execução, de

forma que haja padronização e documentação em todas as etapas. Neste trabalho será

abordada a gestão da qualidade na execução e gestão de obras, ou seja, no controle de

materiais, controle de serviços e controle de mão de obra. Estes aspectos são utilizados como

parâmetros para o delineamento da pesquisa e são mais bem explicados no tópico seguinte.

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Figura 2 - Ciclo da qualidade e seus envolvidos no setor de construção civil

Fonte: Souza e Abiko (1997).

2.4 PARÂMETROS DE QUALIDADE

Para haver o gerenciamento da qualidade, são necessários alguns critérios de

avaliação. Nesse intuito, Souza e Abiko (1997) desenvolveram uma forma para o

desenvolvimento e implementação de sistemas de gestão da qualidade direcionada,

principalmente para empresas construtoras de pequeno e médio porte. Nesse método, eles

desenvolveram uma estrutura modular de implementação da gestão da qualidade que indica

alguns passos e critérios para conduzir o sistema de gestão da qualidade em toda a empresa.

As etapas vão desde a organização do escritório, documentos, elaboração de projetos até o

pós-obra. O conjunto dessas etapas forma o Sistema de Gestão da Qualidade.

Para o desenvolvimento desse trabalho serão tomados como base alguns desses

módulos, que permitem a avaliação, específica, das principais atividades de uma obra predial

e do seu produto final. Ou seja, neste trabalho avalia-se a qualidade aplicada a um

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empreendimento, e não a estrutura da empresa em si. Basicamente, dois módulos serão

tomados para análise, são eles:

a) Qualidade na aquisição, que envolve todos os materiais que são utilizados como

insumos da construção. Essa função envolve diversos setores da empresa construtora

como o setor de projetos, o de compras e o de recebimento nas obras em si. Esse

trabalho de aquisição deve ainda permitir a integração desses setores para maximizar

a qualidade dos materiais adquiridos. Para tanto, Souza e Abiko (1997) indicam os

seguintes elementos de avaliação:

-Especificação de materiais;

-Controle da qualidade de recebimento;

-Operacionalização em obra;

-Qualificação de fornecedores.

b) Qualidade no gerenciamento, que está mais direcionada aos processos e

procedimentos técnicos e administrativos executados pela empresa para a gestão da

qualidade na obra. Nesse módulo, Souza e Abiko (1997) direcionam três elementos

de análise.

-Qualidade na execução dos serviços;

-Aplicação em obra;

-Qualificação de fornecedores de serviços.

Estes dois módulos gerais são mais bem detalhados nos tópicos a seguir, pois são a

base para a condução da pesquisa empírica realizada neste trabalho.

2.4.1 Qualidade na aquisição de materiais

Uma vez feita a especificações de materiais de um empreendimento, a aquisição dos

mesmos é um passo muito importante e que influencia na qualidade final do produto. A

qualidade do material comprado irá refletir a qualidade do resultado, ou seja, a qualidade do

empreendimento.

Segundo Bicalho (2009), o processo de aquisição pode ser controlado a partir de um:

Processo de avaliação dos fornecedores;

Processo de informação para a aquisição;

Processo de verificação dos materiais adquiridos.

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A Figura 3 esquematiza o processo de aquisição e na sequência do texto são discutidos

os seus procedimentos.

Figura 3 – Qualidade na aquisição

Fonte: Souza e Abiko (1997).

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2.4.1.1 Especificação de materiais

Os materiais devem ter especificações claras e definidas, essas devem ser feitas com

base nos projetos e na comunicação fornecedor-comprador a fim de tornar o processo o

melhor possível. Devem-se comparar fornecedores em fatores como preço, prazo,

conformidade com a norma, etc. (SOUZA E ABIKO, 1997).

A ABNT regulamenta pelas normas do tipo Especificações Brasileiras – EB muitos

dos materiais de construção. Essas especificações devem ser usadas pela construtora, que

pode treinar equipes para colocar em prática as especificações ou a construtora pode ainda

criar suas próprias normas. As especificações de uma construtora devem ser práticas para que

sejam aplicadas na fase de projeto, na fase de compra dos materiais (como pedido de compra)

e na fase de controle e recebimento em obra (SOUZA E ABIKO, 1997).

2.4.1.2 Controle da qualidade de recebimento

Quando entregue na obra, o material deve ser conferido. Esta conferência caracteriza o

controle de recebimento e deve gerar registros da qualidade do material entregue. Os registros

devem avaliar o prazo de entrega e também a qualidade do material recebido (SOUZA E

ABIKO, 1997).

Para fazer o controle é preciso estabelecer as características essenciais a serem

verificadas. Tais características devem ser de simples avaliação para que o trabalho seja

realmente feito e traga benefícios para a obra. É importante que seja feita a verificação com o

pedido de compra realizado anteriormente. Para certos materiais, o controle da qualidade pode

ser feito por um laboratório especializado, como, por exemplo, o concreto (SOUZA E

ABIKO, 1997).

O controle da qualidade no recebimento pode trazer muitas vantagens. O documento

gerado pode ajudar nas próximas especificações de materiais e atualizar o cadastro de

fornecedores da empresa. Com fornecedores mais preparados, há redução de custos por baixa

qualidade de materiais e maior alcance as expectativas dos clientes. Assim há uma

retroalimentação do sistema e um consequente aperfeiçoamento (SOUZA E ABIKO, 1997).

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2.4.1.3 Operacionalização em obra

Quanto a operacionalização da qualidade em obra, é preciso documentar as

informações sobre o controle de recebimento e manter as mesmas disponíveis sempre que

preciso. Como exemplo, pode ser usada o EIM, formulário de Especificação e Inspeção de

Materiais que deve ser feito para cada material com as especificações internas da empresa.

Souza e Mekbekian (1996) trazem modelos de EIM para os vinte principais materiais da

construção além de aprofundarem a metodologia de controle de recebimento dos materiais e

de qualificação de fornecedores. Além do EIM, também podem ser usados documentos como

o FVM – Ficha de Verificação de Materiais, que é um documento em branco para ser

preenchido durante o recebimento de um material.

Outro ponto importante quando se trata da operacionalização em obra é a organização

do canteiro. Segundo Melo (2010), o planejamento do canteiro tem como objetivo melhorar o

aproveitamento do espaço físico disponível possibilitando que homens e máquinas trabalhem

com segurança e eficiência, uma vez que, com organização, há uma minimização das

movimentações de materiais, componentes e mão de obra.

Costa e Rosa (1999) complementam o assunto trazendo a metodologia 5S, discutida

anteriormente, para o canteiro de obras. O programa 5S, adaptado as características da

construção civil, ajuda a difundir os conceitos de qualidade e os procedimentos para

implantação da ISO 9000 de forma simples. Utilizando esta metodologia é possível reduzir

desperdícios, tornar o canteiro limpo e organizado e melhorar o desempenho da equipe de

obra, o que reflete na produção e qualidade do trabalho, diminuindo as chances de erros nos

processos.

2.4.1.4 Qualificação de fornecedores

Também é útil para o controle da qualidade na obra desenvolver uma Planilha de

Qualificação de Fornecedores. A planilha contém informações dos lotes de materiais que

chegam na obra e pode ser utilizada em diferentes obras da empresa a fim de obter

informações sobre a qualidade dos fornecedores. Informações essas que retroalimentam o

setor de suprimentos e contribuem positivamente com a empresa (SOUZA E ABIKO, 1997).

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2.4.2 Qualidade no gerenciamento de obras

Uma vez escolhidos os materiais e fornecedores com critérios de qualidade, a próxima

etapa tratada neste trabalho será a qualidade no gerenciamento e execução de obras, dividida

em três pontos fundamentais discutidos a seguir.

2.4.2.1 Qualidade da execução dos serviços

A qualidade total de uma obra é o resultado da soma da qualidade de cada serviço

executado. Suzuki (2000) explica que, na fase de execução, gira-se o ciclo PDCA. Desta

forma, em cada serviço, para se obter qualidade, é preciso padronizar e planejar sua execução,

treinar a mão de obra envolvida, fazer de acordo com o que foi planejado, checar o que foi

realizado e enfim tomar ações corretivas quando necessário.

É necessário nesta etapa o uso dos projetos para produção. O projeto pode englobar

não somente o detalhamento construtivo (produto), mas também aspectos relativos ao

planejamento da produção como procedimentos da execução com passo a passo das

atividades, condições de início de serviço, frentes de trabalho e diretrizes para controle da

qualidade (MELHADO, 2005).

Documentar procedimentos executivos de cada serviço permite treinamento da mão de

obra e melhora a qualidade do produto final. Na tabela 1 seguem exemplos de controles em

diferentes etapas da obra (IPT, 2002; Apud Santos,2003).

As inspeções de qualidade podem ser realizadas por meio de listas de verificação

adaptadas para cada obra. Na prática, a empresa pode dispor de checklists padronizados e

informatizados, que só precisem ser levemente adaptados para utilização em cada obra

específica (SOUZA E ABIKO, 1997).

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Tabela 1- Exemplo de controles para edifícios habitacionais.

Fonte: IPT,2002; Apud Santos,2003.

2.4.2.2 Aplicação em obra

A execução e a inspeção de cada tarefa da obra também devem ser documentadas de

forma simples e de fácil utilização para haver gestão da qualidade. Algumas ferramentas já

difundidas na construção civil são PES - Procedimento de Execução de Serviços, PIS -

Procedimento de Inspeção de Serviços e FVS - Ficha de Verificação de Serviços. Essas

ferramentas servem respectivamente para padronizar a execução dos serviços detalhando suas

etapas, especificar quais características devem ser analisadas na hora da inspeção e quais os

critérios de avaliação e, por último, documentar as verificações realizadas.

De acordo com Souza e Abiko (1997), os PIES e os PIS devem ser elaborados para

cada serviço priorizado inicialmente e fazem parte do acervo técnico da empresa. A FVS

também deve ser elaborada para cada serviço e dispõe de campos em branco que devem ser

preenchidos na obra, no decorrer do processo de execução de cada serviço. É o registro da

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qualidade obtida nos serviços, necessário à retroalimentação do sistema e à composição do

"databook” da obra. Na Figura 4 tem-se um exemplo de FVS.

Figura 4– Exemplo de Ficha de Verificação de Serviço

Fonte: SETIN, 2008; Apud EUGENIO, 2008.

2.4.2.3 Qualificação de fornecedores de serviços

Para atender as expectativas dos clientes em relação ao produto final com prazos

determinados e alta qualidade, as empresas da construção civil trabalham com uma mão de

obra cada vez mais qualificada. Picchi (1993) explica que a qualidade na construção de

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edifícios não decorre somente da gestão da qualidade em empresas construtoras, mas também

dos demais participantes, entre eles os subcontratantes e empreiteiros. Os serviços comprados

por uma empresa da construção civil fazem parte de seu produto e consequentemente afetam

diretamente sua qualidade.

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3 ESTUDO DE CASO – OBRA PREDIAL RESIDENCIAL

Neste item, são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para a

realização do estudo aqui apresentado. Primeiramente, são apresentadas as características da

pesquisa e o método utilizado neste trabalho. Em seguida, é apresentado o instrumento

utilizado para coleta de dados e como esta foi realizada. Após, são explicitados os sujeitos da

pesquisa. Por fim, são colocados os procedimentos de análise dos dados adotados para o

desenvolvimento do trabalho.

3.1 METODOLOGIA

3.1.1 Características da pesquisa

Considerando os objetivos deste trabalho, julgou-se adequado conduzir este trabalho

através de um estudo de caso. Segundo Yin (2009), os estudos de caso não buscam a

generalização dos resultados, mas sim a compreensão e interpretação mais profunda de fatos e

fenômenos, utilizando mais de um procedimento de coleta de dados.

Este trabalho se caracteriza também por ser um estudo de caráter qualitativo, por tentar

compreender determinado fenômeno com base em relatos (SAMPIERI, COLLADO e

LUCIO, 2006). Em pesquisas com essa abordagem, o processo é dinâmico e proporciona uma

melhor visão e compreensão do contexto do problema (GODOY, 1995). Além disso, as

pesquisas de caráter qualitativo permitem alcançar uma compreensão das razões e motivações

ocultas ao problema (SAMPIERI, COLLADO e LUCIO, 2006).

3.1.2 Instrumento de pesquisa e coleta de dados

Como procedimentos de coleta de dados, foram utilizadas basicamente duas técnicas:

a observação participante a entrevistas semi-estruturadas. Esta última será realizada com os

principais responsáveis pelo controle da qualidade na obra do caso estudado. A entrevista

semi-estruturada, em si, possibilita investigar um tema com mais detalhes por possuir uma

estrutura flexível composta por questões abertas sobre o tema a ser explorado, o que permite

ao entrevistador repetir ou esclarecer perguntas e significados para garantir que ele está sendo

compreendido (LAKATOS E MARCONI, 2001). Destaca-se também que, segundo Triviños

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(1987), as entrevistas oferecem as alternativas possíveis para que o entrevistado alcance a

liberdade e a espontaneidade necessárias para enriquecer a investigação. Por essa razão

acredita-se que as entrevistas sejam uma forma conveniente para obter dados para essa

pesquisa.

O roteiro de entrevistas foi definido com base em dois itens do boletim técnico de

Souza e Abiko (1997). Especificamente, investigaram-se as questões de qualidade na

aquisição e qualidade no gerenciamento da obra.

Quanto à observação participante, Alvarez (1991) menciona que se trata de uma

técnica de pesquisa e coleta de dados que permite informar ou mostrar o que ocorre de fato

em uma situação real. Esta técnica geralmente é utilizada para complementar os dados obtidos

com a entrevista semi-estruturada, e é nesse sentido que ela será utilizada nesse trabalho.

3.1.3 Definição dos sujeitos entrevistados

Os entrevistados para a obtenção de parte dos dados dessa pesquisa, foram:

Entrevistado 1: Engenheira de planejamento. É responsável por cronogramas,

planejamento semanal e mensal, relatórios de andamento da obra.

Entrevistado 2: Assistente de engenharia. É responsável pelas solicitações e

recebimento de materiais, e verificação de serviços executados no térreo, subsolos e

parte externa do empreendimento incluindo, portanto, toda a área multiuso do

condomínio.

Entrevistado 3: Assistente de engenharia. É responsável pelas solicitações e

recebimento de materiais, e verificação de serviços executados em uma das duas torres

do empreendimento.

Além destas três entrevistas, os parâmetros desta pesquisa foram discutidos com o

coordenador da obra em estudo, este é o responsável pela obra e encarregado pelas medições

e contratações. Estas discussões geraram grandes contribuições para o desenvolvimento deste

trabalho.

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3.1.4 Análise de dados

Como referido anteriormente, o presente estudo visa obter respostas ao objetivo

principal de analisar os procedimentos de controle e de melhoria da qualidade nos processos

de aquisição de materiais e de gerenciamento de obras em construções prediais. Nesse

sentido, descreveu-se, primeiramente, as principais características da obra pesquisada e da

empresa responsável por sua execução para situar o leitor.

O segundo passo da análise dos dados foi realizado com as informações obtidas com

as entrevistas realizadas com os sujeitos entrevistados. Nessa etapa foi realizada a análise de

conteúdo que “é um dos procedimentos clássicos para analisar o material textual, não

importando qual a origem desse material” (FLICK, 2009, p. 291). Chizzotti (2006) afirma que

a análise de conteúdo tem como objetivo compreender o sentido das comunicações, como em

entrevistas, para explicitar seu conteúdo manifesto e suas significações. O objetivo básico é

compreender como é realizado o controle e a busca de qualidade na obra investigada.

Paralelamente com as entrevistas realizadas, foram também analisadas informações e

situações adicionais verificadas no local de trabalho da obra em questão sobre a qualidade

como forma de complementar os dados obtidos com as entrevistas e obter melhores respostas.

3.2 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa empírica

realizada. Este capítulo está organizado basicamente em duas seções. A primeira, mais breve,

consiste na exposição do caso estudado. Na segunda seção, apresentam-se os resultados em si,

explorando os dados obtidos pela análise da pesquisa empírica.

3.2.1 Características da obra

O caso de estudo deste trabalho ocorreu em uma obra predial de uma incorporadora da

região da serra gaúcha. A incorporadora tem foco em empreendimentos verticais comerciais

ou multifamiliares de alto padrão e transmite o conceito de ser uma “grife de imóveis” para o

mercado imobiliário de corretores, investidores e clientes. Apesar de ser uma empresa

relativamente nova, com sete anos de existência, é muito bem conceituada na região em que

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atua. Porém, ressalta-se que a empresa em questão não apresenta nenhuma certificação de

qualidade atualmente.

Um diferencial dessa incorporadora é trabalhar com a personalização dos

apartamentos. Assim, são permitidas alterações de alvenaria interna, pontos elétricos, pontos

hidráulicos, calefação e ar condicionado, forro de gesso, revestimentos cerâmicos, pisos, cores

da pintura, louças e banheiras, portas e fechaduras de acordo com as preferências de cada

cliente. A personalização dos apartamentos apesar de ser um ponto forte para atrair clientes,

também é um dos grandes desafios do planejamento e gestão de obras dos empreendimentos,

pois uma vez que cada apartamento é único, não se tem um padrão para facilitar o andamento

das obras o que prejudica o controle da qualidade.

Para este estudo, escolheu-se a obra de um residencial multifamiliar composto de duas

torres de 19 pavimentos, além de dois subsolos de garagem e área de lazer completa com

elevadores privativos, guarita blindada, playground, fitness, SPA, quadra de tênis, espaço

mulher, pista de caminhada, sala de jogos, pub, lounge gourmet, piscina externa com deck

molhado, espaço gourmet externo com forno de pizza e churrasqueira, estacionamento para

visitantes, dois salões de festas e piscina térmica coberta com raia e infantil. No total, o

empreendimento possui 70 apartamentos, sendo cinco deles com 375m² de área privativa e

seis vagas de garagem e o restante dos apartamentos com 187,5 m² e três vagas de garagem.

Cada apartamento contém inicialmente três suítes, sala de estar/jantar com cozinha

integrada, sacada social, hall social com elevador privativo, lavabo social e lavanderia com

sacada auxiliar, rouparia e banheiro de serviço, sendo possível haver alterações no projeto

arquitetônico e projetos auxiliares conforme descrito anteriormente devido à personalização

dos apartamentos. Em cada torre, há dois apartamentos por andar, havendo a possibilidade de

integração formando um apartamento único por andar.

A obra é financiada por um banco que realiza medições de serviços executados

mensalmente conforme cronograma físico-financeiro pré-estabelecido. A obra é dependente

da análise feita durante essa medição, e por isso, muitas vezes acaba colocando a qualidade

em segundo plano para cumprir prazos e orçamentos.

Na obra trabalham o arquiteto coordenador da obra, uma engenheira de planejamento,

uma técnica de segurança, dois assistentes de engenharia e uma estagiária compondo a equipe

da incorporadora. No escritório da empresa, dentro do setor de engenharia, ainda trabalham

orçamentistas, arquitetos, engenheiros e administrativos na parte de compras de materiais

auxiliando as obras. Além destes funcionários da incorporadora, todo o restante da mão de

obra que trabalha na construção e realização dos empreendimentos é terceirizada. Atualmente

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na obra em estudo, trabalham cerca de 10 equipes e 120 funcionários. Para alinhar a mão de

obra, são realizadas reuniões de PPC (Porcentagem do Planejamento Concluído) e reuniões

internas da equipe de engenharia.

A empresa utiliza o software SIENGE, um Enterprise Resource Planning - ERP que

significa Planejamento de Recurso Corporativo. Esse é um sistema de informação que integra

todos os dados e processos de uma organização em um único sistema e foi desenvolvido

especialmente para a indústria da construção civil.

3.2.2 Análise da qualidade

Nesta seção são apresentados os resultados da pesquisa empírica realizada no caso

apresentado anteriormente. Para melhor exibição destes, a seção foi dividida em duas

categorias principais de análise conforme os parâmetros de qualidade apresentados no

referencial teórico. Através das entrevistas realizadas com a equipe de obra e da observação

participante, foi possível a identificação de um retrato da situação atual da obra em relação a

qualidade de seus processos. Sua análise permitiu detectar as falhas e oportunidades de

melhoria visando transportar a empresa para uma condição melhor da que se encontra.

3.2.2.1 Qualidade na aquisição dos materiais

Esta subseção envolve as questões referentes à qualidade na aquisição dos materiais. A

qualidade na aquisição se refere não somente à qualidade do material em si, mas de todo o

processo que envolve, desde a escolha dos materiais e fornecedores até a utilização dos

materiais em obra. Mais especificamente foram analisados os seguintes aspectos:

especificações de materiais, compras, qualificação dos fornecedores, controle da qualidade de

recebimento, estoque e operacionalização em obra. Estes são explorados na sequência do

texto.

A especificação de materiais é o primeiro processo a ser realizado quando se trata de

aquisição de materiais na obra. Antes de selecionar fornecedores é preciso saber o que se quer

comprar. Esta informação quase sempre vem de projeto. No caso da obra em estudo, os

projetos são todos elaborados por empresas terceirizadas, então a obra não tem grandes

preocupações com escolha de materiais.

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Uma situação diferente ocorre com alguns materiais de acabamento. Estes podem ser

escolhidos durante obra. Neste caso, a equipe de engenharia discute o assunto, leva em

consideração as experiências anteriores e realiza testes. Exemplos desta escolha em obra

foram observados, por exemplo, em teste de cores para os apartamentos e teste de cerâmica

para revestir um dos salões de festas do empreendimento.

Após ser feita a especificação de materiais, o processo seguinte é o processo de

compras, abrangendo a seleção de fornecedores de materiais e a aquisição. No aspecto

referente a escolha de fornecedores e avaliação destes, os entrevistados responderam o

seguinte:

O principal fator de escolha para fornecedores de materiais é o preço. Fazemos

cotação de preço para um mesmo produto com pelo menos três fornecedores.

Quanto a avaliação de fornecedores, não há um processo definido, só é levada em

consideração a opinião dos engenheiros e arquitetos da empresa que trabalham na

obra baseada nas suas experiências anteriores por perguntas informais feitas pelo

setor de compras e orçamento. (Entrevistado 1)

Existe, mas não tem sido usado. Consta em dar uma nota (1) RUIM, (2) BOM e (3)

MUITO BOM para o material quando recebido em obra em três critérios: entrega de

acordo com prazo de entrega, qualidade do material, e preço do material. Quando

um fornecedor recebe muita nota (1) é preciso ser feito uma reunião de alinhamento

para que se encontre a causa dos problemas ou a troca de fornecedor. (Entrevistado

2)

Com base nessas respostas, percebe-se que um dos entrevistados menciona um sistema

de avaliação de fornecedores que seria de grande vantagem para a empresa caso fosse

utilizado. Uma vez que a incorporadora só trabalha com empreendimentos de alto padrão e

tem prazos bem definidos, a escolha de fornecedores de materiais apenas pelo preço não é

justificável. A análise da qualidade do material e dos prazos de entrega do fornecedor é

também fundamental.

Juntamente com a seleção dos fornecedores, os entrevistados foram questionados

quanto ao processo de compras, buscando verificar como este era feito e se seguia

especificações bem definidas. Os entrevistados responderam sobre os procedimentos de

compra:

É através do Sienge. É feita uma solicitação de compra pela obra, esta passa por

autorização do coordenador, após autorizada, o setor de compras faz a ordem de

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compra com autorização da gerência. Enfim, o setor de compras marca com

fornecedor a data de entrega. (Entrevistado 1)

É feita uma adequação em cima do planejamento. A equipe de engenharia da obra

verifica quais os materiais necessários para execução das próximas etapas com pelo

menos três meses de antecedência para compras de maior porte até insumos

semanais. A estimativa é feita pelo primeiro pavimento executado em obra e pelo

rendimento do fabricante. (Entrevistado 2)

Primeiro é feito um quantitativo de material a ser comprado a partir de informações

de projeto, fornecedor e dos próprios funcionários da mão de obra que irão executar

o serviço com tal material. Em seguida é feita uma solicitação pelo Sienge. Os

materiais mais comuns da obra já têm fornecedores definidos pelo setor de compras

da empresa, outros materiais, algumas vezes, é a nossa equipe da obra que cota com

diferentes fornecedores e já manda para o setor de compras o pedido com cotação

feita para que este só realize a compra. (Entrevistado 3)

Com base nas entrevistas, verifica-se que existe um processo definido de aquisição de

materiais, exceto por não se ter bem definido o responsável pela cotação de preços de novos

materiais. O fato a ressaltar é que, na prática, verificou-se que a compra nem sempre é bem

planejada pela equipe de obra. Em alguns casos, apenas quando falta o material é que se faz a

solicitação de compra. Como o processo envolve uma aprovação do coordenador, uma ordem

de compra feita pelo setor de compras, uma autorização da gerência da empresa e ainda o

prazo de entrega do fornecedor, ele acaba sendo lento e muitas vezes a obra é prejudicada

pelo tempo de espera entre a solicitação do material e a entrega do material na obra.

Outro aspecto analisado nesta subseção foi o controle da qualidade no recebimento dos

materiais em obra. Os entrevistados foram questionados sobre como é realizado este processo

na obra. Os trechos a seguir apresentam a realidade da obra:

No canteiro, a equipe de engenharia deveria conferir o material a ser entregue com a

ordem de compra e a nota fiscal, também conferir se o material está em boas

condições e então descarregar. Os principais materiais verificados são os de

acabamento, como, por exemplo, a cerâmica. Esta verificação das condições do

material é importante para não haver confusão posterior ao descobrir que o material

tem um defeito, de modo a não saber se foi o ceramista ou a limpeza que danificou o

produto por exemplo. (Entrevistado 1)

Pelo correto, deveríamos ter todas as ordens de compra na hora do recebimento e a

nota fiscal do material a ser entregue deveria conter todos os itens do pedido, e

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teríamos que conferir tudo para receber (notas, pedido e material a ser entregue).

Porém, muitas vezes o fornecedor não dispõe de todos os itens em um primeiro

momento, então acaba fornecendo só o que tem em estoque e depois vai

completando os pedidos com outras entregas. Quando ocorre um erro, é porque a

equipe de engenharia da obra não conferiu tudo. (Entrevistado 3)

Considerando a fala dos entrevistados, pode-se constatar que a empresa tem um

procedimento bem definido, porém, algumas vezes o procedimento não é realizado pela

equipe responsável. Além disso, pela observação in loco, pode-se verificar que este

procedimento definido pela empresa não é sempre realizado por excesso de confiança nos

fornecedores de produtos, e pela demanda de tempo necessária para que este seja realizado.

Ressalta-se que a obra está em fase de conclusão e a equipe, além de ser pequena, encontra-se

pressionada a entregar a obra no prazo. Este seria um motivo para a não realização deste

procedimento corretamente.

Ainda referente ao recebimento de materiais, investigou-se se a empresa realiza

ensaios dos materiais recebidos. Segundo os entrevistados:

O controle do concreto é feito pela concreteira, esta nos manda o resultado por

email, nós só conferimos. Para outros materiais, não é feito. (Entrevistado 2)

Fizemos recentemente o teste das ancoragens na cobertura para uso de balancins.

Concreto e argamassa como pegamos sempre com o mesmo fornecedor, não é

cultura da empresa fazer ensaios. (Entrevistado 3)

A partir da fala dos entrevistados, constatou-se que a empresa confia nos dados da

concreteira e não realiza outros ensaios para este material. Estes resultados corroboram o que

Souza e Abiko (1997) explicam: com o tempo, existe a tendência de haver um fortalecimento

nas relações fornecedor-construtora, pois a empresa passa a ter especificações mais bem

definidas de materiais e também passa a conhecer melhor seus fornecedores, de forma a

identificar no mercado aqueles que estão mais bem preparados. Isso reflete em acordos mais

fluidos em relação a prazos de entrega, preços e garantia de qualidade, diminuindo a

necessidade de inspeções mais detalhadas para controle de recebimento.

Posteriormente, foi verificada a questão da operacionalização dos materiais em obra.

Para transporte dos materiais durante a obra, os entrevistados relataram que, verticalmente,

foram usadas gruas, elevadores cremalheira e, na fase final, os elevadores de serviço do

empreendimento. Para transporte horizontal, a obra utiliza empilhadeira, paleteira e transporte

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manual com carrinho de mão. Verificou-se que cada equipe é responsável pelo transporte de

seus materiais do local onde estão estocados até o local de uso dos mesmos, bem como pelo

transporte do lixo gerado no local de trabalho até as caçambas de entulho.

Foi verificado por meio de observação in loco que frequentemente há conflitos quando

mais de uma equipe de fornecedores precisa utilizar o elevador. Como, por exemplo, uma

equipe querendo subir placas de gesso ao passo que outra equipe precisa levar as portas

internas dos apartamentos. Além disso, verificou-se que os funcionários facilmente se

confundem e levam materiais dos apartamentos personalizados como azulejos, pisos, louças e

portas que deveriam ser utilizados em um determinado apartamento para o apartamento

errado.

Quanto ao armazenamento de diferentes materiais em obra, um dos entrevistados

relatou como era a obra na fase da superestrutura:

Durante a superestrutura, havia um canteiro pra cada prédio, onde era definido o

local de cada material. Os blocos de alvenaria ficavam próximos ao elevador

cremalheira, de forma que pudessem ser transportados tanto pela grua quanto pelo

elevador. Ainda era definido o local da madeira, e também da ferragem. A ferragem

era estocada nas laterais, em divisa com os terrenos baldios ao lado do nosso terreno

para evitar acidentes no transporte. Alguns outros materiais eram guardados no

subsolo para não ficarem expostos ao tempo. (Entrevistado 2)

Nesta fase da obra, pelo relato, os materiais se encontravam organizados. Outro

entrevistado descreveu o armazenamento de materiais menores, geralmente usados na fase de

acabamento como ralos, pastilhas, tampas de tomadas, etc:

Cada equipe de mão de obra teu seu próprio depósito com cadeado, quando chega

um material, a equipe de engenharia confere e entrega para a mão de obra que irá

utilizá-lo, assim os próprios empreiteiros ficam responsáveis por cuidar do material.

Desta forma, nós não temos um grande almoxarifado. (Entrevistado 3)

Por observação participante, percebeu-se que mesmo cada equipe tendo um espaço,

muitos materiais são deixados na guarita do vigilante da obra, isso mostra falta de organização

com o armazenamento de materiais. Outro fato a ser ressaltado é que durante a obra alguns

materiais foram estocados de maneira incorreta como, por exemplo, pastilhas de mármore que

ficaram expostas a chuva e acabaram mudando de tonalidade e pisos cimentícios que devido à

má estocagem acabaram quebrando.

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3.2.2.2 Qualidade no gerenciamento de obras

Esta segunda subseção da análise da qualidade traz os resultados referentes ao

gerenciamento de obras. Desta forma, foram analisados os temas de qualidade na execução

dos serviços, englobando os processos de planejamento, acompanhamento de custos,

gerenciamento de obras, e a própria execução e inspeção dos serviços. Em seguida foi

analisada a qualificação de fornecedores de serviço e a aplicação em obra.

A qualidade na execução dos serviços na obra é proporcional ao quão bem os

engenheiros conseguem girar o ciclo PDCA (Planejar, Fazer, Checar, Agir) em cada um deles.

Ou seja, a qualidade na execução depende da qualidade no planejamento, na realização das

tarefas (envolvendo a execução dos serviços, o treinamento da mão de obra envolvida e a

produção de acordo com um padrão), na conferência dos serviços executados e na capacidade

de atuar corretivamente. Iniciando pelo processo de planejamento, os entrevistados relataram

o seguinte:

Existe o setor de planejamento dentro da própria empresa que elabora o

planejamento inicial a partir da estrutura de orçamento da obra. Com um EAP

(Estrutura Analítica de Projetos), é feito o detalhamento do cronograma no

Microsoft Project com auxílio do engenheiro da obra e do coordenador da empresa,

que depois é validado pela direção da empresa, junto com cronograma físico

financeiro e curva de desembolso. Mensalmente são feitas medições na obra para

comparar executado e planejado, se a obra não estiver de acordo com o

planejamento, são feitos planos de ação para recuperar os atrasos. O cumprimento de

prazos pode vir a prejudicar a qualidade, pois quando a obra tem financiamento de

banco, as vistorias do banco atrapalham bastante, nesta obra precisamos antecipar

serviços como colocação de cerâmica no piso antes do forro de gesso, o que fez com

que a equipe do gesso danificasse muitas peças de cerâmica com cavaletes e

ferramentas durante a execução do seu serviço. Já as medições do setor de

planejamento da própria empresa não atrapalham, pois são internas, então é feita

uma ponderação para que os prazos não influenciem negativamente a qualidade.

(Entrevistado 1)

É feito um cronograma geral da obra antes do início da execução. Este cronograma

sofre atualizações quase que mensalmente conforme o atraso ou adiantamento na

execução da obra. Além disso, é feito um planejamento semanal que é discutido

todas as quartas-feiras no mesmo horário com os líderes de cada equipe da mão de

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obra. A reunião é chamada de PPC (Porcentagem de Planejamento Concluído) e

avalia o rendimento dos fornecedores de serviço durante a semana que passou.

Ainda existe um planejamento mensal conforme um cronograma físico-financeiro

do banco que financia a obra. Os serviços pedidos no PPC deveriam ser feitos com

base no cronograma mensal do banco, para que não houvesse conflito nas medições

mensais, porém é difícil de encaixar sempre todos os serviços. (Entrevistado 3)

Pelas respostas dos entrevistados, assim como pela observação participante, percebe-

se que o planejamento é fundamental para a qualidade na execução da obra. O planejamento

semanal faz com que a equipe de engenharia pare para pensar quais os serviços críticos a

serem realizados a cada semana e quais os serviços que deveriam ter sido feitos e não foram.

Durante as reuniões de PPC, os empreiteiros têm a oportunidade de expor as

dificuldades na realização das tarefas, não apenas para a equipe de engenharia, mas para as

outras equipes fornecedoras de serviço. É comum, durante a elaboração do planejamento

semanal ou durante a reunião de PPC, a equipe de engenharia prever tarefas predecessoras

que não haviam sido identificadas ou conflitos entre tarefas de diferentes equipes que

poderiam ocorrer durante determinada semana caso cada serviço não fosse organizado.

Porém, uma falha verificada é que o PPC só julga se a tarefa foi executada, mas não se ela foi

executada com qualidade.

Outro ponto negativo analisado no planejamento é o descompasso deste com o

cronograma físico financeiro do banco que financia a obra. Como foi relatado, houve casos

durante a obra onde o planejamento da empresa precisou sofrer alteração na ordem das tarefas

para cumprir a medição realizada pelo fiscal do banco.

Dentro do planejamento, a equipe de engenharia precisa fazer o controle de custos da

obra. Sobre este tópico os entrevistados relataram o seguinte:

Com o cronograma vinculado ao orçamento e a curva de desembolso, mensalmente

é feito um estudo do que foi gasto. O engenheiro da obra tem a missão de manter os

custos da obra dentro do limite pré estabelecido, até porque o setor financeiro não

permite que o valor seja excedido, se passar o financeiro não paga o fornecedor. A

compra de materiais é feita a partir do orçamento inicial, assim os preços devem ser

coerentes. Cabe ao engenheiro da obra fazer o meio campo entre o orçamento e o

fornecedor baixando custos. (Entrevistado 1)

Fazemos uma comparação “previsto x realizado” e a partir de uma planilha de gastos

do mês e da verba liberada pelo banco sabemos qual nosso saldo positivo ou

negativo. (Entrevistado 2)

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Pelas respostas, o processo de controle de custos está parcialmente definido.

Verificou-se por observação participante que muitas vezes o engenheiro responsável tem

dificuldade em manter os custos, pois o orçamento inicial já se apresenta defasado. Ou seja, o

orçamento é feito antes da obra ser iniciada, porém muitos dos materiais e serviços são

comprados ou contratados durante a obra quando o preço cobrado já não é mais o orçado.

Outro ponto discutido nas entrevistas foi o gerenciamento de obras. Verificou-se que

este não segue um processo bem definido conforme os relatos:

Não existe um processo de gerenciamento de obras bem definido, cada engenheiro

da empresa o faz de acordo com sua experiência. Ainda assim, temos alguns

procedimentos mais definidos como o de compras e há uma sequência de atividades

a serem seguidas conforme cronograma que influencia na qualidade. Algumas

sequências são obrigatórias, por exemplo, só pode-se executar alvenaria depois da

laje, mas outras precisam ser bem planejadas para não prejudicar a qualidade da

obra. Fazemos também o PPC semanal para o engenheiro pensar na obra toda

semana. Além disso, em um determinado nível da obra, cerca de 40% executada,

deve-se ter 70% dos serviços contratados. (Entrevistado 1)

Cada engenheiro da empresa tem seu modo de trabalho, não há um treinamento.

Hoje na obra foi feita uma divisão em que um assistente de engenharia cuida do

térreo, outro de uma torre e um estagiário da segunda torre. São feitas listas de

conferência de serviços, e os assistentes ou estagiários tentam resolver os problemas

da obra com uma boa autonomia, porém com auxílio do responsável quando preciso.

(Entrevistado 3)

Constata-se pelas respostas que o gerenciamento de obras poderia estar mais

organizado. Esta etapa se relaciona com a fase “do” do PDCA, ou seja, é fase de fazer os

serviços, o ideal seria documentar os procedimentos executivos de cada serviço para facilitar

o gerenciamento.

Na condução do gerenciamento da obra, um ponto positivo observado, tanto na

resposta do entrevistado 3 quanto pela observação participativa, é o fato de a equipe de

engenharia ter um dirigente para cada área da obra. Isto faz com que os problemas,

pendências e informações da obra estejam concentradas em um funcionário específico, ao

invés de ficarem dispersos pela equipe toda. Os assistentes de engenharia ou estagiários, por

mais que não sejam responsáveis por tomarem decisões para a solução dos problemas, são

responsáveis por tentar identificá-los e levá-los até o coordenador da obra ou até o líder de

cada equipe de empreiteiros para que estes possam então buscar a solução.

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Estes resultados corroboram para o que Souza e Abiko (1997) explicam:

Normalmente, as construtoras não costumam registrar formalmente o procedimento executivo

de cada serviço. Assim, o seu domínio tecnológico varia e limita-se em função da mão de

obra ou do empreiteiro utilizado em cada época e local. Portanto, é fundamental registrar

formalmente os procedimentos de execução de cada serviço de maneira a melhorar a

estabilidade da empresa em relação à qualidade das obras. Além disso, somente

procedimentos documentados permitirão o treinamento adequado do pessoal.

Em seguida, foram discutidos os processos definidos para execução e inspeção dos

serviços em obra. A inspeção pode gerar muito retrabalho se não for feito na hora certa. É

preciso checar os serviços e agir o quanto antes para que os erros não se repitam. Sobre os

processos de execução e inspeção de serviços, os entrevistados relataram o seguinte:

Sobre a execução, cada empreiteiro faz do seu jeito. Existem planilhas de

conferência, mas não é um processo. (Entrevistado 1)

Não há muitos processos definidos. Geralmente os fornecedores de serviços

executam como nós pedimos. (Entrevistado 2)

Cada estagiário ou cada engenheiro desenvolve suas próprias planilhas de

conferência como julgar melhor, ou seja, com os pontos essenciais a serem

conferidos. (Entrevistado 3)

Através das respostas é possível perceber que não existe um processo e nem critérios

de avaliação para a inspeção dos serviços em obra. Durante a observação participativa na obra

percebeu-se que este é um ponto crítico a melhorar para o desenvolvimento da qualidade.

Como a obra encontra-se em fase final, foram iniciadas vistorias para que os apartamentos

fossem entregues aos clientes. Nestas vistorias, por exemplo, feitas por uma arquiteta da

empresa que não participa ativamente da execução da obra, foram encontradas diversas falhas

nos azulejos. Tal falhas foram criadas durante o procedimento de limpeza dos azulejos pois

não foi passado à equipe as devidas instruções para executar o serviço, e como não houve um

processo de inspeção de azulejos logo após a limpeza, criou-se um grande problema no fim da

obra.

Enfim, dentro do gerenciamento de obras, analisou-se a qualidade do processo de

qualificação de fornecedores de serviços. A equipe de engenharia relatou:

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Uma forma de avaliarmos o desempenho dos nossos fornecedores de serviço é o

PPC (Porcentagem de Planejamento Concluído). Nele medimos o rendimento da

produção dos nossos fornecedores de serviços. Porém, não temos um processo para

medir nossa satisfação em relação ao resultado do serviço e sua qualidade final.

(Entrevistado 2)

Não há nenhum treinamento de fornecedores de serviço por parte da incorporadora.

Como a mão de obra é toda terceirizada, fica a cargo do empreiteiro o

desenvolvimento de seus funcionários. Como a equipe de engenharia da obra já tem

alguma experiência, esta acaba dando algumas dicas e instruções para os

fornecedores de serviço de forma informal. Os fornecedores sabem sobre o nível de

qualidade da obra pelo que nós falamos pra eles, sempre apontamos quando um

serviço não foi bem executado, ou fazemos um teste antes de começar um serviço

para que os fornecedores entendam como deve ser feito. (Entrevistado 3)

Nota-se pelas respostas que faltam procedimentos de qualificação de fornecedores de

serviço tanto na questão de treinamento quanto em avaliação. No que se refere à avaliação de

fornecedores de serviço, observou-se que o rendimento de cada equipe de mão de obra é feito

pelo PPC semanal. Neste procedimento é calculada a porcentagem de serviços executados em

relação aos previstos para uma determinada semana, porém a equipe de engenharia apenas

avalia se o serviço foi executado ou não, sem olhar detalhadamente para o resultado final, pois

faltam especificações tanto de critérios de conferência de serviços quanto de como executá-

los.

Além do PPC, demais procedimentos para qualificação de fornecedores como

avaliação ou treinamento é feita apenas verbalmente. Pela observação in loco, foi visto que,

muitas vezes, os novos fornecedores de serviço chegam à obra sem saber as expectativas da

incorporadora e não recebem nenhum treinamento, exceto orientações verbais informais de

como o serviço deve ser executado. Muitas vezes, é a partir de um erro que o fornecedor

entende como o serviço deve ser feito e isso prejudica o andamento da obra, pois acaba

gerando retrabalho nestes serviços que não foram executados adequadamente.

Sobre a aplicação em obra, foram analisadas questões de organização de canteiro e

manutenção de equipamentos. Quanto ao canteiro, já foram discutidos alguns aspectos sobre o

armazenamento de materiais anteriormente neste trabalho. Além da questão de estoque, os

entrevistados relataram o seguinte:

Na fase atual da obra não existem processos definidos para projeto, implantação e

administração do canteiro de obras. A organização do canteiro é definida pelo

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engenheiro durante a obra. Muitas vezes as ações tomadas não são bem pensadas e

perde-se tempo com transporte, o que não otimiza a obra. Ocasionalmente o material

é depositado em local onde logo será executada uma parte importante da obra.

(Entrevistado 1)

Havia um projeto de canteiro apenas no início da obra, quando o empreendimento se

desenvolvia na construção das torres e portanto havia bastante espaço livre no térreo.

No projeto mostrava os acessos, circulações, depósito de materiais, vestiários,

refeitório e sanitários. (Entrevistado 3)

Percebe-se que há certos transtornos na questão de gestão da qualidade do canteiro de

obras. Ao longo da participação na execução da obra, observou-se alguns casos em que

somente quando a transportadora chegava para entregar o material na obra é que se pensava

onde este poderia ser descarregado. As decisões acabavam nem sempre sendo as mais

práticas.

Ainda dentro do tema da aplicação em obra, foi abordado nas entrevistas a questão de

manutenção preventiva e aferimento de equipamentos. Em relação a essa questão, os trechos

dos relatos dos dois entrevistados a seguir mostram a situação da empresa.

Não temos a cultura de aferição de equipamentos de medição nem manutenção

preventiva de equipamentos de produção, exceto de grua e elevador cremalheira.

Não tempos muitos equipamentos próprios, os equipamentos são terceirizados,

quando estragam acabam impactando mais em prazo do que em qualidade.

(Entrevistado 1)

Os únicos equipamentos que fazíamos manutenção preventiva eram a grua e o

elevador cremalheira quando estavam na obra. Para os demais, o uso de

equipamentos adequados fica na responsabilidade dos fornecedores de serviço.

Nunca é feita auditoria. Confiamos na experiência e bom senso da mão de obra de

perceber se alguma ferramenta não está em boas condições. (Entrevistado 3)

Percebe-se que a empresa não faz aferição de seus equipamentos de medição assim

como de manutenção preventiva dos equipamentos de produção. Não foram notados grandes

impactos da falta deste processo na obra.

Para fechamento das entrevistas, questionou-se a equipe quais as principais

dificuldades para implementação da gestão da qualidade na obra e o que levaria a

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incorporadora a buscar uma certificação de qualidade. Os principais pontos levantados como

dificuldades foram:

Resistência da mão de obra; o fato de a equipe de engenharia não encontrar tempo

para a qualidade, principalmente para a conferência de serviços, o que demonstra

uma equipe muito pequena ou a falta de organização da mesma; e por fim faltam

processos bem definidos para que haja o controle e cobrança, só se pode controlar o

que se conhece bem, se não sabemos definir nosso processo, então não podemos

exigir que este tenha qualidade.” (Entrevistado 1)

Mão de obra, pela falta de adaptação a novos materiais ou tecnologias. E o fato de a

empresa ainda ser muito nova e ter crescido muito em pouco tempo, assim não

conseguimos desenvolver todos os processos para qualidade de uma forma bem

definida. (Entrevistado 2)

Prazo, principalmente pelas medições do banco que financia a obra, algumas vezes

acabamos executando os serviços na pressa e sem o devido cuidado com a

qualidade. Outro ponto é a personalização dos apartamentos, desde o recebimento de

material já é preciso fazer uma separação do que é para cada apartamento, depois

precisa haver uma logística de quando separar o material, quando subir, e organizar

o que precisa ser feito. Quando a obra tem um apartamento tipo, nós precisamos

explicar só uma vez, por exemplo, a paginação de pisos ou o projeto de gesso. Aqui

não, aqui em cada etapa é gerada uma discussão sobre o projeto para resolver algum

problema. Seguidamente há incompatibilização de projetos e precisamos fazer

adaptações para cada apartamento. (Entrevistado 3)

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta parte do trabalho busca-se analisar os procedimentos no controle e melhoria da

qualidade em obras prediais avaliados no estudo de caso, assim como apontar as limitações da

pesquisa e delinear recomendações para futuros trabalhos na mesma área.

Para análise dos procedimentos referentes ao controle de qualidade da obra, apontam-

se algumas ações e práticas tomadas pela empresa para busca da melhoria contínua da gestão

de obras. Pode-se verificar que a empresa tem como boas práticas a realização das seguintes

atividades ou procedimentos:

a) Possui todos os projetos necessários revisados e disponíveis na obra com fácil

acesso;

b) Utiliza software específico para indústria da construção civil para gerir seus

processos;

c) Só realiza compras com autorização do coordenador de obras e do gerente de

engenharia;

d) Faz cotação de preço com no mínimo três fornecedores antes de fechar uma

compra de materiais ou um contrato de serviço;

e) Tem documentado todas as solicitações de compras feitas pela obra, as ordens de

compras feitas pelo setor de compras do escritório e as notas fiscais das

mercadorias entregues;

f) Utiliza elevador cremalheira, grua e empilhadeira para transporte de materiais na

obra;

g) Desperta nos funcionários o senso de cuidado com o material entregue na obra;

h) Faz relatórios mensais do andamento da obra comparando tarefas planejadas com

as executadas;

i) Faz planos de ação para recuperar atrasos na obra;

j) Faz reuniões de planejamento semanais em dia e horário específico com a mão de

obra, o processo é chamado PPC (Porcentagem do Planejamento Concluído) onde

cada empreiteiro recebe uma “nota” pelo seu rendimento durante a semana anterior

a reunião;

k) Faz orçamento inicial detalhado da obra;

l) Faz acompanhamento de custos mensais, comparando custos previstos com os

gastos da obra;

m) Preocupa-se em contratar todos os serviços antecipadamente;

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n) Divide adequadamente o acompanhamento da execução das tarefas da obra entre a

equipe de engenharia, de forma que cada integrante tem total domínio sobre sua

função;

o) Faz conferência dos serviços executados, embora ainda com algumas falhas;

p) Faz reuniões semanais de alinhamento interno entre os integrantes da equipe de

engenharia;

q) Preocupa-se em, não somente, atender as expectativas do cliente, mas superá-las.

Em seguida optou-se por especificar as situações dificultadoras ou adversas na

implementação da qualidade e propor ações de melhoria considerando cada um dos

parâmetros de qualidade investigados neste estudo. Este detalhamento é descrito

resumidamente na sequência do texto.

Especificação de materiais: processo está bem definido, as especificações vem

de projeto. Quando necessário são feitos testes na obra antes da definição.

Dificuldades: não identificadas.

Melhoria proposta: sempre escolher os materiais com antecedência para não

atrasar a obra; fazer cadastro de materiais usados em cada obra para facilitar o

processo de compras.

Seleção de fornecedores: processo parcialmente definido, a seleção é feita

apenas por cotação de preço e indicações informais não documentadas dos

engenheiros da empresa.

Dificuldades: atrasos na entrega; materiais de qualidade inferior a necessária

para o padrão da obra; cotação por vezes é feita pela equipe da obra e não pela

equipe de compras.

Melhoria proposta: criar cadastro de fornecedores; utilizar um sistema de notas

para avaliação de fornecedores pelos critérios de preço, prazo e qualidade do

material; definir responsáveis pela cotação de preços.

Aquisição de materiais: tem processo definido, porém lento.

Dificuldades: materiais demoram a ser solicitados e depois demoram a ser

comprados.

Melhoria proposta: Gerar previsão de materiais a serem utilizados para os

próximos serviços de acordo com o planejamento e gerar solicitações de

compra com antecedência; fazer um mapeamento de processos mais minucioso

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dentro do setor de compras da empresa para identificar possíveis lacunas que

atrasam o processo.

Controle da qualidade e recebimento: tem processo definido, mas nem sempre

é realizado.

Dificuldade: falta de tempo para verificar.

Melhoria proposta: definir os principais materiais a serem verificados, e as

características a serem analisadas para facilitar o processo; usar fichas de

verificação de materiais para registrar o controle da qualidade de recebimento;

fazer controle da qualidade do concreto.

Armazenamento e transporte do material: tem processo parcialmente definido.

Dificuldade: disputa para o uso do elevador entre diferentes equipes e

transporte e estoque de materiais dos apartamentos personalizados. Algumas

vezes não se sabe onde foi guardado algum material.

Melhoria proposta: organizar transporte de materiais por dia da semana.

Organizar melhor os materiais para apartamentos personalizados e orientar a

equipe que os transporta de forma mais cautelosa.

Planejamento: processo parcialmente definido.

Dificuldade: vistorias do banco atrapalham o andamento da obra.

Melhoria proposta: adequar melhor o cronograma da obra com o cronograma

do banco e o PPC.

Acompanhamento de custos: parcialmente definido. Não foram passadas

muitas informações.

Dificuldade: orçamento defasado.

Melhoria proposta: estudar melhor o processo junto com o setor de orçamento

da empresa para descobrir eventuais falhas.

Gerenciamento de obras: não há um processo definido.

Dificuldades: muitas vezes as etapas da obra são mal planejadas ou mal feitas,

não é feita uma verificação eficiente dos serviços executados e as ações

corretivas são tomadas tardiamente.

Melhoria proposta: mapear detalhadamente o processo de gestão e adequá-lo

ao ciclo PDCA.

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Execução e inspeção dos serviços em obra: não tem processo definido, cada

mão de obra faz do seu jeito. São feitas planilhas de inspeção, mas sem

critérios bem definidos.

Dificuldade: padronizar procedimentos nos apartamentos personalizados por

serem muito diferentes e identificar principais critérios a serem inspecionados

nas vistorias.

Melhoria proposta: documentar procedimentos. Usar fichas de verificação de

serviço que devem ser preenchidas tanto pela equipe da incorporadora quanto

pelos líderes de cada equipe.

Qualificação de fornecedores de serviços: não há processo definido para medir

a qualidade dos serviços prestados e nem treinamentos. Apenas o PPC que

mede o rendimento do fornecedor durante a semana.

Dificuldade: aprende-se com os erros, muitas vezes é preciso uma primeira

experiência insatisfatória para então haver o real entendimento pelo

funcionário de como executar a tarefa.

Melhoria: treinamento a partir de procedimentos documentados; aderir ao PPC

a porcentagem de serviços executados com qualidade; fazer cadastro de

fornecedores de serviços para retroalimentar o sistema e melhorar a escolha nas

futuras contratações.

Canteiro de obras: bem definido apenas no início da obra quando havia

bastante espaço livre no térreo.

Dificuldade: fase final da obra onde há pouco espaço disponível para estoque;

quando há entrega de materiais e não foi pensado onde colocar os mesmos.

Melhoria: revisão do projeto de canteiro mais constante, especialmente na fase

final da obra.

Equipamentos: não há processo de controle de dispositivos de medição e

monitoramento dos equipamentos de produção.

Dificuldade: equipe não vê a necessidade de tal processo.

Melhoria: identificar ferramentas a serem calibradas; registrar o procedimento;

controlar e monitorar os equipamentos inclusive de terceiros.

Ainda destacam-se as principais dificuldades apontadas na pesquisa para a

implementação da qualidade na obra:

a) Resistência da mão de obra;

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b) Falta de tempo da equipe de engenharia;

c) Processos mal definidos;

d) Falta de controle e cobrança;

e) Crescimento acelerado da empresa;

f) Prazos apertados para entrega dos serviços nas obras, especialmente devido à medição

do banco que financia a obra;

g) Personalização dos apartamentos.

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5 CONCLUSÃO

Conclui-se que, reduzindo as dificuldades a partir de uma gerência dos processos e

colocando em prática as mudanças propostas, será possível padronizar e documentar os

principais procedimentos da obra formando um sistema de controle da qualidade. Desta

forma será possível reduzir retrabalho e desperdícios e promover estabilidade e

previsibilidade para a gestão da obra.

Como limitação deste trabalho destaca-se que a obra não foi acompanhada desde o seu

início, mas sim em um período de aproximadamente quatro meses, portanto não pode ser

feita uma análise da qualidade em todas as etapas. Ressalta-se, porém, que a obra encontra-

se em fase final durante o desenvolvimento desta pesquisa, sendo esta fase provavelmente

a mais crítica por estar próxima ao prazo de entrega. Além disso, a pesquisa limitou-se

apenas aos parâmetros da qualidade abordados no referencial teórico.

Enfim, recomenda-se para a incorporadora do caso de estudo a continuidade desta

pesquisa através de uma análise da qualidade nas demais áreas da empresa, ou seja, nos

processos que ocorrem dentro do escritório e não na obra, e também que se apliquem as

melhorias sugeridas nas próximas obras da incorporadora e se faça uma nova análise da

gestão da qualidade podendo esta ser comparada com a que foi realizada neste trabalho.

Como recomendação para futuros estudos nesta área propõe-se relacionar a gestão da

qualidade da obra com o planejamento e os prazos e relacionar a falta de controle da

qualidade com os custos da obra, podendo apresentar índices quantitativos de atraso e

retrabalho. Além disso, recomenda-se aprofundar estudos de como a gestão da qualidade

pode modificar cada uma das rotinas de trabalho da obra.

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ANEXO A

ROTEIRO DE PERGUNTAS

Qualidade na aquisição de materiais

1. Como é o processo para compra de materiais e equipamentos?

2. O processo de compras segue especificações claramente definidas?

3. Explique o processo de recebimento de material e equipamentos em obra.

4. Existe um processo de ensaios de materiais recebidos em obra? Por quê?

5. Quais os processos definidos para transporte de diferentes materiais em obra?

6. Quais os processos definidos para armazenamento de diferentes materiais em obra?

7. Existe um processo para qualificação de fornecedores de materiais e equipamentos?

Explique.

Qualidade no gerenciamento de obras

8. Como é feito o planejamento de obras?

9. Como é feito o acompanhamento de custos da obra?

10. Existe um processo definido para gerenciamento de obras? Explique.

11. Quais os processos definidos para execução e inspeção dos serviços em obra?

12. Existem processos definidos para projeto, implantação e administração do canteiro de

obras? Quais?

13. Existem processos para controle tecnológico dos materiais produzidos em obra? Por

quê?

14. É feita a manutenção preventiva e corretiva de equipamentos de produção e aferição

dos equipamentos de medição e ensaios? Como isto impacta na qualidade?

15. Explique o processo de qualificação de fornecedores de serviços. Quanto os

fornecedores de serviço sabem sobre o nível de qualidade a ser atingido?

Fechamento da entrevista

16. Quais as principais dificuldades encontradas para implementação da qualidade na

obra?