71
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE EMPREENDIMENTOS FINANCIADOS PELO SISTEMA “MINHA CASA, MINHA VIDA” - FAIXA 2 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS AZEVEDO LOBO Santa Maria, RS, Brasil 2016

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE EMPREENDIMENTOS FINANCIADOS PELO

SISTEMA “MINHA CASA, MINHA VIDA” - FAIXA 2

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

DOUGLAS AZEVEDO LOBO

Santa Maria, RS, Brasil

2016

Page 2: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE

VIABILIDADE DE EMPREENDIMENTOS FINANCIADOS PELO

SISTEMA “MINHA CASA, MINHA VIDA” - FAIXA 2

por

Douglas Azevedo Lobo

Trabalho apresentado ao curso de Engenharia Civil, área de concentração em Construção Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), como requisito

parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Dr. Rogerio Cattelan Antocheves de Lima

Santa Maria, RS, Brasil

2016

Page 3: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

Estudo dos fatores determinantes na análise de viabilidade de empreendimento financiados pelo sistema “Minha Casa, Minha Vida” - Faixa 2

Elaborado por Douglas Azevedo Lobo

como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil

COMISSÃO EXAMINADORA:

_____________________________________

Prof. Dr. Rogerio Cattelan Antocheves de Lima

(Presidente/Orientador)

_____________________________________

Prof. Dr. Joaquim Cezar Pizzutti dos Santos

(Examinador)

_____________________________________

Prof. Dr. Gihad Mohamad

(Examinador)

Santa Maria, RS, Brasil

2016

Page 4: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

Quer você acredite que consiga fazer uma coisa ou não, você está certo.

Henry Ford

Page 5: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha mãe, Rosangela Azevedo, por me incentivar nos momentos

de pouca crença, acalmar-me nos momentos de preocupação e além de tudo, pela

vida, criação, educação e princípios que me transmite até hoje.

Agradeço aos meus familiares, em especial à minha tia, Rosemari Azevedo,

por acreditar no meu potencial e auxiliar em minha formação e nos momentos difíceis.

Agradeço à minha namorada, Sabrina Trevisan De Nardi, companheira que

sempre me motivou, apoiou e tranquilizou quando necessário.

Minha gratidão a meus amigos e colegas pelos grandes momentos e

experiências vividas, bem como os amparos que jamais esquecerei.

Agradeço ao meu orientador, professor Rogerio Cattelan Antocheves de Lima,

por ter me acolhido e assistido neste período de finalização da graduação. Além disso,

sou grato ao meu supervisor do Estágio Supervisionado, Guilherme Trevisan dos

Santos pelas instruções e diretrizes de apoio.

Aos professores Deividi da Silva Pereira, Joaquim Cezar Pizzutti dos Santos e

Talles Augusto Araujo pelos ensinamentos e orientações repassadas.

Minha grande gratidão à Universidade Federal de Santa Maria por oportunizar

desenvolvimento pessoal, profissional e contato com novos amigos e colegas.

Por fim, gostaria de agradecer a todos que de alguma forma me auxiliaram na

realização deste trabalho.

Page 6: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

RESUMO

ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE EMPREENDIMENTOS FINANCIADOS PELO

SISTEMA “MINHA CASA, MINHA VIDA” - FAIXA 2

AUTOR: DOUGLAS AZEVEDO LOBO ORIENTADOR: Prof. Dr. Rogerio Cattelan Antocheves de Lima

Santa Maria, julho de 2016

Este estudo trata dos fatores considerados na análise de viabilidade de empreendimentos financiados pelo MCMV voltados para famílias com renda mensal entre R$ 2.350,01 e R$ 3.600,00. O trabalho dedica-se a explanar sobre a viabilidade de empreendimentos imobiliários e a sistematização do programa MCMV, enfatizando a relação do avanço físico da construção, a velocidade de vendas e a avaliação de crédito disponível para o êxito de um empreendimento. Serão abordadas variáveis técnicas e econômicas, bem como características do público alvo do estudo, a Faixa 2 do programa. Através de bibliografias, legislações, informações obtidas junto à CEF e experiências de empresas que atuam neste nicho de mercado, é apresentada a sistemática do financiamento, suas faixas, demandas e apresentados recursos de verificação da qualidade do investimento, pela perspectiva do empreendedor, e adversidades do programa. Avaliações minuciosas precisam ser realizadas, pois embora por um lado haja um mercado carente por moradias de preço baixo e que conta com incentivos governamentais, do outro está o obstáculo de adaptar custos, localização dos terrenos e especificações técnicas aos preços estabelecidos pelo órgão operador do sistema. Assim, após o estudo, concluiu-se o quanto o empreendimento é sensível a alterações de cenário e é dependente de planejamentos precisos e significativa velocidade de vendas no início de seu ciclo para seu sucesso. Palavras-chave: Análise de viabilidade. Programa “Minha Casa, Minha Vida”. Empreendimentos imobiliários.

Page 7: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

ABSTRACT

STUDY OF THE DETERMINING FACTORS IN THE FEASIBILITY ANALYSIS OF ENTERPRISES FINANCED BY THE

SYSTEM “MINHA CASA MINHA VIDA” - ZONE 2

AUTHOR: DOUGLAS AZEVEDO LOBO ADVISOR: Prof. Dr. Rogerio Cattelan Antocheves de Lima

Santa Maria, 06 2016

This study addresses the factors considered in the feasibility analysis of enterprises funded by the MCMV orientated for families with monthly income between R$ 2.350,01 and R$ 3.600,00. This work dedicates itself in clarifying about the viability of some real estate enterprises and the systematization of the MCMV, emphasizing the link between the physical progress of the construction, the sales rate and the credit available for the success of this enterprise. It will be broached technical and economical variables, as well as characteristics of the study's target audience, the Zone 2 of the program. Through bibliographies, laws, information obtained from CEF and previous experiences from companies that operate in this market niche, it is presented the financing's systematic, its zone and demands, and it is presented analysis resources of the quality of such investment, through the entrepreneur’s perspective, and program's adversities. Thorough assessment must be done, because although there is a needy (and sustained by government) market in therms of low price houses, in the other hand there are obstacles like adapt costs, location of the building sites, technical specifications related to the prices established by the system operator organ. Therefore, after study, it was conclued how sensitive the enterprise is to scenario changes and also how dependent on accurate planning and number of sales on the beginning of its cycle to your success. Keywords: Feasibility analysis. Program “Minha Casa, Minha Vida”. Real estate enterprises.

Page 8: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Fluxograma do ciclo do empreendimento e a relevância da viabilidade...................................................................................................................21

Figura 2 – Fluxo operacional para às construtoras no MCMV...................................44

Figura 3 – Componentes indispensáveis para o êxito de empreendimentos no MCMV......................................................................................63

Page 9: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Faixas de renda das famílias atendidas na primeira fase do MCMV......................................................................................................40

Tabela 2 – Faixas de renda das famílias atendidas na segunda fase do MCMV......................................................................................................40

Tabela 3 – Faixas de renda e respectivas taxas de juros na segunda fase do MCMV..................................................................................................41

Tabela 4 – Faixas de renda das famílias atendidas na terceira fase do MCMV…...................................................................................................41

Tabela 5 – Faixas de renda e respectivas taxas de juros na terceira fase do MCMV..................................................................................................41

Tabela 6 – Limites de valor de venda Faixas 1,5; 2 e 3 da terceira fase do MCMV.......................................................................................................42

Page 10: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Especificações mínimas da unidade.........................................................39

Quadro 2 – Análise de risco da empresa no programa MCMV....................................46

Page 11: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

BDI Benefícios e Despesas Indiretas

BID Banco Internacional de Desenvolvimento

BNH Banco Nacional de Habitação

CEF Caixa Econômica Federal

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CSLL Contribuição Sobre Lucro Líquido

CUB Custo Unitário Básico

DIPJ Demonstrativo de Informações Econômico-Financeiras de Pessoa Jurídica

DRE Demonstração do Resultado do Exercício

ETE Estação de Tratamento de Esgoto

FGHAB Fundo Garantidor da Habitação Popular

FGTS Fundo Garantidor do Tempo de Serviço

FGV Fundação Getúlio Vargas

FJP Fundação João Pinheiro

IGP-M Índice Geral de Preços do Mercado

INCC Índice Nacional da Construção Civil

IRPJ Imposto de Renda Sobre Pessoa Jurídica

ISS Imposto Sobre Serviço

IVV Índice de Velocidade de Vendas

MCMV Minha Casa, Minha Vida

NBR Norma Brasileira Revisada

OGU Orçamento Geral da União

PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

PBQP-H Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat

PIS Programa de Integração Social

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

RAE Relatório de Acompanhamento da Obra

ROI Rentabilidade dos Investimentos

S/A Sociedade Anônima

SiAC Sistema de Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras

SINAPI Sistema Nacional de Pesquisa e Índices da Construção Civil

TIR Taxa Interna de Retorno

TMA Taxa Mínima de Atratividade

VGV Valor Geral de Vendas sobre unidade ofertadas

VPL Valor Presente Líquido

Page 12: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................... 14

1.1 OBJETIVOS................................................................................... 15

1.1.1 Objetivo geral................................................................................ 15

1.1.2 Objetivos específicos................................................................... 16

1.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................... 16

1.3 MÉTODO DO ESTUDO.................................................................. 18

1.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO............................................................ 18

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO....................................................... 19

2 ESTUDO DE VIABILIDADE DE EMPREENDIEMENTOS IMOBILIÁRIOS.............................................................................. 20

2.1 RELEVÂNCIA E PROPÓSITO....................................................... 20

2.2 COMO É REALIZADO................................................................... 22

2.2.1 Receitas......................................................................................... 23

2.2.1.1 VGV do empreendimento............................................................... 23

2.2.1.2 Juros sobre prestações.................................................................. 23

2.2.2 Custos e despesas....................................................................... 24

2.2.2.1 Custo do terreno............................................................................ 24

2.2.2.2 Custo dos projetos......................................................................... 25

2.2.2.3 Custo do estudo de viabilidade...................................................... 25

2.2.2.4 Custo da construção...................................................................... 25

2.2.2.5 Custos com infraestrutura.............................................................. 26

2.2.2.6 Despesas comerciais..................................................................... 26

2.2.2.7 Despesas jurídicas, impostos e taxas............................................ 27

2.2.2.8 Despesas administrativas............................................................... 28

2.2.3 Indicadores de viabilidade........................................................... 28

2.2.3.1 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)........................... 28

2.2.3.2 Mês de investimento máximo......................................................... 28

2.2.3.3 Taxa de retorno ou taxa mínima de atratividade (TMA)................... 29

2.2.3.4 Valor presente líquido (VPL)........................................................... 29

2.2.3.5 Taxa interna de retorno (TIR).......................................................... 29

2.2.3.6 Período de payback........................................................................ 30

2.2.3.7 Rentabilidade dos investimentos (ROI).......................................... 30

2.2.3.8 Riscos............................................................................................. 30

2.2.3.9 Simulações..................................................................................... 31

2.2.3.10 Índice de velocidade de vendas (IVV)............................................. 31

2.2.3.11 Prazos e tempos............................................................................. 32

2.2.4 Variáveis qualitativas................................................................... 32

2.2.4.1 Estudo vocacional do terreno......................................................... 32

2.2.4.2 Pesquisa mercadológica e perfil socioeconômico da população....................................................................................... 32

2.2.4.3 Projeto de arquitetura..................................................................... 33

3 O PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA................................ 34

Page 13: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

3.1 O DÉFICIT HABITACIONAL NO BRASIL E O MCMV............................................................................................ 34

3.2 MINHA CASA, MINHA VIDA.......................................................... 35

3.2.1 O órgão operador e seu papel...................................................... 37

3.2.2 Especificações técnicas mínimas das unidades habitacionais................................................................................ 39

3.2.3 Faixas e demandas....................................................................... 40

3.2.4 O FGTS e o programa................................................................... 43

3.2.5 Sistemática do financiamento da Faixa 2................................... 43

3.2.5.1 Requisitos para contratação da obra.............................................. 45

3.2.5.2 Análise de risco da empresa e do empreendimento........................ 46

3.2.5.3 Análise de engenharia.................................................................... 47

3.2.5.4 Análise jurídica............................................................................... 48

3.2.5.5 Custo das unidades........................................................................ 48

3.2.5.6 Acompanhamento e medições....................................................... 49

4 METODOLOGIA............................................................................ 50

4.1 GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO....................................... 50

4.1.1 Projeto e planejamento................................................................ 51

4.1.2 Terreno.......................................................................................... 52

4.1.3 Infraestrutura................................................................................ 53

4.1.4 Edificações................................................................................... 54

4.2 VENDAS......................................................................................... 56

4.2.1 Custos atrelados às vendas........................................................ 57

4.2.2 Estratégias de vendas.................................................................. 57

4.2.3 Velocidade de vendas.................................................................. 58

4.3 AVALIAÇÃO DE CRÉDITO............................................................ 59

4.3.1 Prazo e custo da construção...................................................... 59

4.3.2 Entradas monetárias.................................................................... 60

4.3.3 Parcela de financiamento............................................................ 61

5 RELAÇÃO DOS COMPONENTES PARA A QUALIDADE DO INVESTIMENTO...................................................................... 63

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................... 66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................. 68

Page 14: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

14

1 INTRODUÇÃO

O déficit habitacional, atrelado ao aumento demográfico, carência de moradias

e substituição daquelas em condições insalubres, é uma adversidade presente no

Brasil desde os primórdios de sua história, que com o passar do tempo, transformou-

se em um grave problema nacional. De acordo com a Fundação João Pinheiro (FJP),

em parceria com o Ministério das Cidades, Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BID) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em seu último

relatório (2012), o país possuía um déficit de 5,43 milhões de moradias.

Ainda que tenham sido criados programas públicos para minimização desta

problemática, com diferentes graus de resultado, nenhum deles solucionaram os

obstáculos dos geradores do déficit habitacional do país.

Conforme Almeida (2010),

Em razão da baixa capacidade de pagamento das famílias mais carentes, a

iniciativa privada apresentava pouco interesse em investir neste nicho de

mercado com as formas disponíveis de financiamento até 2009. Desse modo,

havia um descompasso entre o perfil do comprador e os valores praticados

no mercado. Em função disso, necessitava-se incentivos governamentais aos

interessados em adquirir um imóvel para viabilizar o custo e margem de

lucratividade dos empreendedores.

Em vista disso, em março de 2009 foi lançado o programa “Minha Casa, Minha

Vida” (MCMV). Esta seria mais uma tentativa do Governo Federal na busca da

redução dos problemas habitacionais do Brasil. Entretanto, o MCMV, que oferece

condições atrativas para o financiamento de moradias nas áreas urbanas para famílias

de baixa renda, é diferente de outros programas e linhas de ação promovidas pelo

Governo. Enquanto que outros programas já realizados na história do país possuíam

objetivos bem definidos e isolados, o MCMV apresenta uma reunião de programas

com objetivos econômicos, sociais e de reestruturação do setor.

De modo prático, os programas já utilizados visavam beneficiar apenas uma

faixa de renda e grupo de famílias, enquanto isso, o MCMV apresenta uma estrutura

que atende famílias de zero a dez salários mínimos. O sistema é dividido em Faixas,

o qual consegue atender tanto o grupo de elevada carência e inserido no atendimento

Page 15: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

15

de Interesse Social, como também possibilita oportunidades para grupos que podem

ser beneficiados pelas linhas de crédito ofertadas pelo mercado.

Para este procedimento, o Governo Federal escolheu como agente executor a

Caixa Econômica Federal (CEF), instituição pública inserida na história do Brasil com

relações com o Governo no âmbito de promoção de políticas sociais junto às classes

menos favorecidas da sociedade. Por sua vez, este é o órgão que faz o intermédio

entre o cliente cidadão e construtora executora, administra os recursos

disponibilizados, define e implementa os procedimentos operacionais, realiza

prestação de contas e firma contratos.

Em razão do programa possuir forma direcionada para um país bastante amplo

e com características distintas, existem diferenças regionais para preços de terrenos,

custos de construção e formas de compor a renda das famílias. Diferenças que variam

de cidade para cidade, localidades e realidades.

Além disso, o programa possui regras e regulamentos rígidos que limitam os

custos e incentivos. Desta forma, para inserção neste nicho de mercado o

empreendedor precisa conhecer os detalhes do sistema, riscos e variáveis financeiras

que assumirá. Segundo Almeida (2010), atender a esta porção da população carrega

o desafio de encaixar o valor do produto à capacidade de pagamento – mesmo com

subsídio do governo – do mutuário e dos parâmetros para execução do projeto que

são pré-determinados pela CEF.

Assim, se de um lado o empreendedor visa investir num mercado carente por

moradias de baixo preço e que conta com incentivos governamentais, do outro está o

obstáculo de adaptar custos, localização dos terrenos e especificações técnicas aos

preços estabelecidos pelo órgão operador do sistema.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Este trabalho visa o aprofundamento na sistemática e visão sistêmica do

gerenciamento de um empreendimento, considerando sua viabilidade,

acompanhamento e alternativas de solução. Busca-se uma perspectiva semelhante a

de uma empresa atuante no mercado atual com um financiamento e nicho de mercado

Page 16: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

16

atrativo, porém desafiador, que é o acompanhado pelo “Minha Casa, Minha Vida”

Faixa 2.

1.1.2 Objetivos específicos

Verificar a ligação do andamento das obras com a viabilidade dos

empreendimentos;

Analisar a importância e consequências da velocidade de vendas dos

elementos habitacionais ao longo da execução do empreendimento;

Avaliar se existe vínculo entre a disponibilidade de crédito antes e durante a

execução;

Estabelecer uma relação entre a evolução física das obras, vendas dos

elementos habitacionais e avaliação do crédito disponível.

1.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Muitas mudanças aconteceram no setor imobiliário desde seus primórdios. Nos

últimos anos, o mercado imobiliário não só passou de grandes margens de

lucratividade para margens estreitas, como também houve o aumento de riscos de

investimento segundo Christovam (2000).

Para Nogueira (2012), com a diminuição da euforia e estabilização do mercado

imobiliário, necessita-se maior cautela na decisão de investimentos em novos

empreendimentos e estudos criteriosos para tal realização.

Ainda segundo a Revista Construção Mercado (2015a), nos últimos anos, o

mercado imobiliário tem pedido cautela nos negócios, em especial para pequenas e

médias construtoras e incorporadoras, que necessitam de projetos mais assertivos

em virtude de margens de lucratividade menores.

Neste contexto, Rocha (2009) defende que um estudo de viabilidade evita

saldos negativos e permite que novos empreendimentos tragam rentabilidade aos

investidores ao longo da execução do projeto, a fim de ocorrer um fluxo de caixa

positivo em todos os momentos do empreendimento.

Conforme a NBR 14653-4 - ABNT (2002), estudo de viabilidade é fixado como

a avaliação realizada para diagnosticar o êxito de um empreendimento com o auxílio

de guias de viabilidade.

Page 17: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

17

Além disso, no entendimento de Rocha Lima Jr. (1993a), a qualidade do

investimento é resultado do bom gerenciamento da aplicação dos fundos necessários

para a produção, gestão e comercialização do empreendimento.

A análise de viabilidade de empreendimentos financiados pelo programa

“Minha Casa, Minha Vida” (MCMV), operado pela Caixa Econômica Federal (CEF),

apresenta algumas peculiaridades em razão do programa possuir regulamentos,

regras rígidas e limitações de custos previamente definidos para os executores das

unidades habitacionais.

No momento atual, segundo o Ministério das Cidades (2016), o programa está

em sua terceira etapa e apresenta as seguintes Faixas e seus valores de renda:

Famílias com renda de até R$ 1.800 – Faixa 1;

Famílias com renda de R$ 1.800,01 a R$ 2.350 – Faixa 1,5;

Famílias com renda de R$ 2.350,01 a R$ 3.600 – Faixa 2;

Famílias com renda de R$ 3.600,01 a R$ 6.500 – Faixa 3.

Ainda inclusive, de acordo com o Ministério das Cidades (2016), o valor limite

do imóvel de cada Faixa varia de Cidade para Cidade e de Estado para Estado da

Federação, em função das diferenças regionais nos preços dos terrenos, composição

de renda do mutuário e despesas de construção. Sendo seus valores máximos:

Faixa 1 – Imóveis de até R$ 96 mil;

Faixa 1,5 – Imóveis de até R$ 135 mil;

Faixa 2 – Imóveis de até R$ 225 mil;

Faixa 3 – Imóveis de até R$ 225 mil.

Conforme a Revista Construção Mercado (2015f), as Faixas 2 e 3 tem origem

do financiamento, predominante, nos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de

Serviço (FGTS) e do Fundo Garantidor da Habitação Popular (FGHAB), enquanto que

a Faixa 1 é financiada, predominantemente, pelo Orçamento Geral da União (OGU).

A Faixa 2, com valor de renda de R$ 2.350,01 a R$ 3.600,00, alvo deste

trabalho, segundo a Revista Construção Mercado (2016a), tem sido o carro-chefe dos

Page 18: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

18

financiamentos da CEF. Ademais, aponta também que o setor focará, no ano

presente, na habitação social com imóveis de até R$ 225 mil.

1.3 MÉTODO DO ESTUDO

A metodologia deste trabalho consiste na pesquisa bibliográfica sobre

gerenciamento e análise de viabilidade de empreendimentos imobiliários, bem como

normas, artigos técnicos, dissertações, monografias, livros, sites, revistas técnicas e

informações obtidas junto à CEF com enfoque em empreendimentos financiados pelo

programa MCMV - Faixa 2, operado pela CEF.

Paralelamente a isso, com ferramentas de análise de viabilidade, buscou-se

estudar o produto para o segmento da Faixa 2 do MCMV sob a visão do

empreendedor. São discutidos alguns dados de mercado, o perfil socioeconômico da

população desta faixa, seu potencial de compra e incentivos do governo para esta

Faixa.

Além disso, são expostos os padrões de um empreendimento que atende à

Faixa 2 determinados pelo programa, associando-se ao fluxo de receitas e despesas,

valores determinados para as habitações, sua velocidade de venda, controle do

andamento das obras e avaliação de crédito disponível ao longo do ciclo do

empreendimento.

1.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

O presente trabalho não conta com um estudo de caso real em razão da

indisponibilidade de tempo, uma vez que grande parte dos empreendimentos

inseridos no programa “Minha Casa, Minha Vida” tem duração de execução em torno

de 24 meses. Esta duração não considera ainda a fase de concepção do projeto e

análises prévias.

Aproveita-se para estimular um futuro trabalho de acompanhamento real e

integral desta sistemática.

Page 19: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

19

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em seis capítulos:

O Capítulo 1 apresenta a introdução, importância do tema, objetivos,

justificativa do estudo, metodologia e limitações do estudo.

O Capítulo 2 traz os referenciais teóricos, discorrendo sobre a análise de

viabilidade de empreendimentos imobiliários.

O Capítulo 3 apresenta as referências teóricas, dissertando sobre o programa

Minha Casa, Minha Vida.

O Capítulo 4 descreve a metodologia utilizada na análise dos fatores atuantes

no sucesso do empreendimento com enfoque no andamento das obras, velocidade

de vendas das unidades habitacionais e verificação de crédito disponível.

O Capítulo 5 expõe a relação do gerenciamento da evolução físico-financeira

da obra, velocidade de vendas e avaliação de crédito disponível e seus impactos no

êxito do empreendimento.

O Capítulo 6 trata das conclusões do estudo e sugestões propostas para

investigações futuras.

Page 20: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

20

2 ESTUDO DE VIABILIDADE DE EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS

Segundo a NBR 14653-4 - ABNT (2002), estudo de viabilidade é definido como

a avaliação realizada para diagnosticar o sucesso de um empreendimento com o

auxílio de guias de viabilidade.

Já para Rocha (2009), um estudo de viabilidade permite que novos

empreendimentos tragam lucratividade aos investidores e evita saldos negativos ao

longo da execução do projeto, de modo que haja um fluxo de caixa positivo em todos

os momentos do empreendimento.

De forma semelhante, González e Formoso (2001) determinam a análise de

viabilidade como o estudo prévio de atuação do projeto de investimento de uma

construção.

Conforme Limmer (1997), o estudo de viabilidade técnico-econômica é a fase

de análise da exequibilidade dos aportes tecnológicos, bem como a avaliação custo-

benefício e retorno a ser obtido no resultado do projeto.

Por fim, para Goldman (2015),

O estudo de viabilidade técnica, econômica e financeira é um indicador

essencial para a tomada de decisão de investimentos em novos

empreendimentos imobiliários. Onde tal estudo contempla a projeção de

receitas e despesas monetárias em função de variáveis monetárias, e de

guias de resultados, geralmente apresentadas na forma de fluxo de caixa de

receitas e despesas ao longo do ciclo do empreendimento.

2.1 RELEVÂNCIA E PROPÓSITO

Segundo Goldman (2004), o estudo de viabilidade econômica do

empreendimento talvez seja a fase mais importante do processo, pois é realizado para

que os incorporadores tenham a dimensão mais aproximada das despesas, riscos e

margem de lucratividade do empreendimento.

Ademais, Goldman (2004) diz que tratando o sistema como um fluxograma, no

estudo de novos empreendimentos, primeiro devemos realizar a sua viabilidade

técnico-econômica, onde o prosseguimento das etapas dependerá da resposta da

viabilidade.

Page 21: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

21

Figura 1 – Fluxograma do ciclo do empreendimento e a relevância da viabilidade

Fonte: Goldman (2004).

De acordo com Goldman e Amorim (2006), os estudos de viabilidade do setor

imobiliário objetiva apontar os fatores mais relevantes na análise do empreendimento,

para a tomada de decisões, com uma margem conveniente de certeza, considerando

as evoluções mercadológicas.

De forma semelhante, segundo a Revista Construção Mercado (2015a), o

estudo de viabilidade permite medir o retorno de um projeto a partir do desempenho

econômico do empreendimento através da realização da avaliação com base no

mercado e no produto ideal para atendê-lo.

Gonçalves (2006) defende que um dos propósitos do estudo de viabilidade é a

de modificar a qualquer momento a estratégia do investimento, visando perseguir, ao

menos, as taxas de atratividade do custo de capital do incorporador.

Page 22: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

22

Para Keeling (2014), o estudo de viabilidade avaliará a exequibilidade, as

formas de atingir objetivos, as opções de estratégia e benefícios, e apresentará uma

estimativa aproximada de custos além de informar a natureza e extensão de quaisquer

ameaças ao sucesso do projeto.

Além disso, Keeling (2014) diz que o estudo de viabilidade de projetos é um

dos fatores de maior importância para o êxito de um investimento. Entretanto,

geralmente é um procedimento negligenciado ou conduzido de maneira inadequada.

Nesse contexto, para Woiler e Mathias (1996), constitui-se num processo lógico

a empresa despender tempo e recursos no estudo de viabilidade na mesma proporção

do risco que o projeto traz. Assim, para risco elevado, com possível rentabilidade nula

ou prejuízos, maiores recursos devem ser gastos na análise de viabilidade.

2.2 COMO É REALIZADO

De acordo com Rocha (2009), os estudos de viabilidade são realizados por

ocasião de novos empreendimentos imobiliários e sua complexidade se deve ao

envolvimento de inúmeras variáveis envolvidas no ciclo do empreendimento.

Para Goldman (2004), as principais variáveis para a viabilidade do

empreendimento são:

Receitas:

- Valor geral de vendas sobre unidades ofertadas (VGV);

- Juros sobre prestações.

Custos e despesas:

- Custo do terreno;

- Custo dos projetos;

- Custo do estudo de viabilidade;

- Custo da construção (incluindo infraestrutura e equipamentos);

- Despesas comerciais (lançamento, corretagem);

- Despesas jurídicas, impostos e taxas;

- Despesas administrativas.

Page 23: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

23

Indicadores de viabilidade;

Variáveis qualitativas:

- Estudo vocacional do terreno;

- Pesquisa mercadológica;

- Perfil socioeconômico da população;

- Projeto de arquitetura.

2.2.1 Receitas

De acordo com a NBR 14653-4 - ABNT (2002), receita bruta é a receita

proveniente de vendas e serviços, enquanto que a receita líquida é a receita bruta

deduzida das parcelas relativas a devoluções, inadimplementos, impostos e

contribuições incidentes.

2.2.1.1 VGV do empreendimento

De acordo com Shimbo (2009), o VGV é um importante parâmetro do

desempenho operacional das empresas do setor imobiliário. Este equivale ao total de

unidades multiplicado pelo seu preço médio de venda estimado.

Nesse contexto, Rocha (2009) acrescenta que o sucesso ou fracasso do VGV

depende da maneira de como o produto será aceito pelo mercado consumidor e

situação concorrencial da região, onde estas devem ser, cuidadosamente,

examinadas.

2.2.1.2 Juros sobre prestações

Conforme Goldman (2015), trata-se de receitas geradas pelas vendas das

unidades, com base nos juros aplicados sobre as prestações. As taxas são

estipuladas em contrato, com a aplicação de juros nas parcelas não quitadas à vista,

para remunerar o dinheiro financiado ao comprador.

Page 24: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

24

De acordo com o Portal VGV (2016),

O Índice Nacional da Construção Civil (INCC) ou o Custo Unitário Básico

(CUB) são utilizados para corrigir as prestações de imóveis na planta ou em

construção até sua entrega. Estes atualizam o valor do bem para recuperar

os efeitos da inflação sobre o preço dos materiais e os salários pagos aos

trabalhadores da construção civil.

Ainda segundo o Portal VGV (2016), o indexador que corrige os valores das

prestações das unidades residenciais após o término da construção é o Índice Geral

de Preços do Mercado (IGP-M). Onde este índice é utilizado somente para os

financiamentos direto com a construtora.

2.2.2 Custos e despesas

Segundo Vasconcellos (2009), custos são gastos associados a um bem ou

serviço utilizado na produção de produtos, enquanto que despesas não possuem

vínculo com a produção e estão associadas à manutenção de atividades operacionais.

Além disso, Limmer (1997) divide os custos em diretos, gastos diretamente

apropriados ao produto, e indiretos, somatório de todos os gastos com elementos

coadjuvantes necessários à elaboração do produto ou gastos que precisam de rateio

para a alocação a um determinado fim.

2.2.2.1 Custo do terreno

Goldman (2015 apud RIBEIRO, 1997) apresenta que a terra urbana somente

adquire um preço porque o seu uso permite, aos agentes econômicos, a geração de

ganhos extraordinários nos investimentos que realizam na cidade.

Conforme a Norma para avaliação de imóveis urbanos IBAPE/SP (2011), o

terreno, na formação de seu valor, é caracterizado de acordo com sua localização,

dimensões, forma, topografia e consistência do solo. Além disso, valorizam-se sua

infraestrutura urbana disponível, sua utilização atual e vocação de aproveitamento.

Page 25: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

25

2.2.2.2 Custo dos projetos

De acordo com Limmer (1997), o projeto arquitetônico precisa ser bem

planejado com as especificações técnicas, de acabamentos e equipamentos, em

função do padrão existente na região, da atratividade para apreciação e na

capacidade de compra dos clientes.

Goldman (2004) diz que o cálculo deste item pode ser obtido através da

multiplicação da área total da construção pelo custo por metro quadrado dos projetos.

2.2.2.3 Custo do estudo de viabilidade

Segundo Keeling (2014), o estudo de viabilidade é um investimento em

conhecimento. Ele é de importância de capital e, para ter valor, deve ser realizado por

pessoas capazes, experientes e qualificadas internas à empresa ou por uma equipe

especializada contratada.

De acordo com a Revista Construção Mercado (2015a), normalmente, nas

grandes companhias, o estudo de viabilidade para empreendimentos residenciais é

feito internamente. Já nas pequenas e médias construtoras, geralmente, há a

contratação de empresas especializadas.

2.2.2.4 Custo da construção

Segundo Goldman (2015), o custo da construção é, com excepcionalidade, o

maior custo representativo atrelado ao total de despesas dos negócios imobiliários

residenciais. Desta forma, possui extrema relevância na viabilidade e tomada de

decisão do investimento.

Além disso, Goldman (2015) salienta que suas estimativas de custos e seus

graus de erros e incertezas requerem precisão, pois estas são proporcionais à

qualidade dos projetos, definições técnicas, especificações de acabamento e das

informações em que estas estimativas são desenvolvidas.

De acordo com a Revista Construção Mercado (2014),

Ser assertivo na previsão de custos nas etapas iniciais do desenvolvimento

imobiliário requer dos envolvidos, não só técnicas e instrumentos apurados,

Page 26: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

26

como também informações consistentes, sensibilidade e conhecimento para

interpretar os dados disponíveis. Ademais, desvios significativos entre o

orçado e o consolidado podem comprometer, e muito, a lucratividade do

negócio, sobretudo em períodos de alta competitividade e margens enxutas.

Em razão da impossibilidade de eliminar incertezas, busca-se sua redução

com orçamentos consistentes e práticas de gestão de custos eficazes.

Goldman e Amorim (2007) defendem que a margem de erro aceitável é aquela

passível de acontecer, em razão da inconsistência de informações e

imprevisibilidades, com variação de mais ou menos 20%.

Goldman e Amorim (2007) ainda afirmam que a margem de erro desejável é

aquela esperada pelos incorporadores, para viabilizar seus empreendimentos,

considerando o risco, com variação de mais ou menos 10%.

2.2.2.5 Custos com infraestrutura

Conforme Cunha Filho e Souza (2015), o custo da construção de obras de

infraestrutura é considerado separado dos demais custos da obra para melhor

identificação e controle. A execução pode ser terceirizada parcialmente ou totalmente

e sua estimativa permite que o custo seja repassado aos compradores das unidades.

2.2.2.6 Despesas comerciais

Segundo Limmer (1997), os custos comerciais são os incorridos na

comercialização dos produtos da empresa de engenharia como promoção e

propagandas comerciais, comissões de corretores, material de consumo de escritório,

elaboração de propostas e estudos comerciais técnicos, etc.

De acordo com Goldman (2015),

As despesas com promoção, propaganda e estande de vendas formam uma

variável cujos fatores de entrada de dados são características regionais,

grandeza do empreendimento, receitas do negócio, aspectos do mercado

imobiliário e negociações contratuais entre os agentes incorporadores e os

consultores de publicidade e promoção. Em um mercado diversificado,

competitivo e dinâmico, a propaganda e a divulgação são pontos

representativos para a formatação e para a viabilidade do negócio imobiliário.

Page 27: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

27

Em conformidade com a Revista Construção Mercado (2015b), em virtude da

redução da velocidade de vendas de unidades residenciais em várias cidades

brasileiras, as empresas estão apostando em amplos investimentos em publicidade e

oferta de descontos chamativos.

Já na corretagem imobiliária, segundo Goldman (2015), o profissional funciona

como intermédio entre duas ou mais pessoas para a efetivação de determinado

negócio imobiliário, onde por este serviço, recebe uma remuneração correspondente

a uma comissão ou corretagem previamente estipulada.

Conforme a Revista Construção Mercado (2015c), diante do cenário de altos

estoques e redução dos lançamentos, algumas empresas decidiram aumentar a

qualificação de equipes próprias de corretores, podendo oferecer ao cliente mais de

uma opção do portfólio próprio.

2.2.2.7 Despesas jurídicas, impostos e taxas

Segundo Limmer (1997), os custos tributários são os decorrentes de

disposições legais e incorporação, compreendendo tributos, impostos, taxas,

emolumentos e tarifas. Estas são variáveis representativas que variam segundo

características locais e dimensão do projeto.

De acordo com Goldman (2015), a consultoria jurídica está inserida no ciclo do

empreendimento na criação da empresa, compra do terreno, contrato de construção

e da convenção de condomínio e demais questões relacionadas ao negócio

imobiliário. Seus valores variam conforme as dimensões e dificuldades da operação.

Além disso, segundo a Revista Construção Mercado (2015c), o volume de

provisões feito pelas incorporadoras para processos judiciais cíveis está elevado e

indica diminuição apenas a longo prazo. Onde sua maioria são para arcar com

processos por atrasos nas entregas e falta de conformidade com o que foi vendido.

Dias (2010), apresenta os impostos e taxas incidentes sobre as notas fiscais

de serviço de engenharia de pessoas jurídicas, a saber:

Imposto Sobre Serviço (ISS), que é um imposto municipal devido no local de

prestação de serviços;

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), que é o

imposto federal devido sobre a Receita Operacional;

Page 28: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

28

Programa Integração Social (PIS), que também é um imposto federal devido

sobre a Receita Operacional;

Imposto de Renda Sobre Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Sobre Lucro

Líquido (CSLL).

2.2.2.8 Despesas administrativas

Segundo Limmer (1997), os custos administrativos são os relacionados às

atividades de administração da empresa como salários do setor diretor, técnico e

administrativo, amortização do aluguel do imóvel sede da empresa, despesas de

mantimento e manutenção do escritório, etc.

2.2.3 Indicadores de viabilidade

De acordo com Goldman (2015), os indicadores de estudos de viabilidade são

aqueles que avaliam se o empreendimento possibilita aos incorporadores auferirem a

realização de suas expectativas e as vantagens desejadas, com base nas variáveis

constantes do empreendimento. São alguns:

2.3.3.1 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

Segundo a FGV (2014a), a DRE é uma demonstração que evidencia o

resultado econômico da empresa. Esta é o relatório que declara de forma ordenada,

o resumo de receitas e despesas incorridas em determinado período, obtendo no final

o resultado líquido (lucro ou prejuízo).

2.2.3.2 Mês de investimento máximo

De acordo com Goldman (2015), o mês de investimento máximo é o mês onde

ocorre a maior exposição do empreendimento com o maior valor monetário de

recursos próprios aportados pelos incorporadores para realizar um empreendimento

imobiliário.

Page 29: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

29

2.2.3.3 Taxa de retorno ou taxa mínima de atratividade (TMA)

De acordo com González e Formoso (2001), a TMA é uma taxa politicamente

definida pelo gestor em função da política de investimento da empresa. Tal taxa

representa a “rentabilidade mínima exigida pelo investidor”, ou seja, sua motivação

para investir.

Segundo Christovam (2000) a taxa de retorno, também conhecida como Custo

de Oportunidade, é obtida no mercado, através da taxa média de rentabilidade das

aplicações financeiras como títulos ou outras aplicações de menor risco.

2.2.3.4 Valor presente líquido (VPL)

Segundo Abreu Filho (2012), o valor presente líquido é a diferença entre o valor

presente e o investimento necessário.

𝑉𝑃𝐿 = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 − 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑜

Onde, segundo Brealey e Myers (1998), o cálculo do valor presente é obtido

pela atualização dos recebimentos futuros esperados à taxa de retorno oferecida, por

alternativa de investimentos comparáveis.

Segundo Nogueira (2012), para valores positivos do VPL, tem-se que as

entradas proporcionadas pelo investimento superam as saídas de caixa, de forma que

o mesmo deve ser executado. Completa ainda que, quanto maior o VPL do

investimento, maior sua atratividade.

2.2.3.5 Taxa interna de retorno (TIR)

De acordo com Christovam (2000), a TIR é a taxa de juros que iguala o valor

presente dos investimentos ao valor presente dos retornos, permitindo avaliar o

comportamento do empreendimento em qualquer período de tempo.

Ademais, Christovam (2000) afirma que o projeto deve ser aceito, com

pequenas restrições de uso, se a TIR for superior à TMA e rejeitado se a TIR for

menor. Onde esta regra vale para investimentos, caso avaliada em projetos de

financiamento, aplicar o inverso.

Page 30: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

30

2.2.3.6 Período de payback

Segundo Assaf Neto (2012), o payback é uma importante variável na tomada

de decisão, sendo a determinação do tempo necessário para que o investimento seja

recuperado por meio dos benefícios incrementais líquidos de caixa promovidos pela

aplicação.

Além disso, Assaf Neto (2012) afirma que quanto maior o prazo de

recuperação, maior o risco da decisão. Ademais, para a aceitação do investimento, o

período de payback deve ser comparado com o padrão limite estipulado pela

empresa.

De acordo com Abreu Filho (2012), há o payback descontado e o payback

simples, onde é considerado o valor do dinheiro no tempo, ou seja, a TMA em seu

cálculo, ou não respectivamente.

2.2.3.7 Rentabilidade dos investimentos (ROI)

Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV) (2014a), este índice apresenta

quanto a empresa está obtendo de retorno em relação aos investimentos totais (ativo

total), independentes de sua procedência, seja ela dos proprietários (capital próprio),

das operações da empresa ou de terceiros (capital de terceiros).

2.2.3.8 Riscos

Conforme Abreu Filho (2012), em finanças, há risco quando todas as

ocorrências possíveis de uma variável encontram-se sujeitas a uma distribuição de

probabilidades conhecida, ou seja, quando existe variabilidade no retorno esperado

de determinado ativo.

Keeling (2014) defende que é necessário a identificação, averiguação e

classificação de possíveis ameaças ou riscos para o sucesso final, além de uma

avaliação de níveis de risco e consequências com uma consideração dos métodos de

limitação ou eliminação de riscos.

Segundo Christovam (2000), empreendimentos imobiliários a realizar estão

sujeitos a ocorrência de fatores não monitoráveis, enquadrados na variável risco, que

Page 31: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

31

são os riscos do negócio. Acrescenta ainda que o risco é determinante na formação

do lucro, quanto maior o risco, maior a expectativa de lucro.

De acordo com a NBR 14653-4 (2002), a análise de risco tem a finalidade de

dimensionar o risco do empreendimento, em função de “variáveis-chave” sobre as

quais é recomendada maior atenção, na fundamentação.

2.2.3.9 Simulações

Segundo Woiler e Mathias (1996), simulação é entendido como um conjunto de

componentes mutáveis que se inter-relacionam formando um corpo único, a fim de

tentar retratar a realidade, sem sua complexidade e reduzida a proporções

manejáveis.

Woiler e Mathias (1996) ainda acrescentam que o procedimento é baseado,

geralmente, em influências externas (mercado) e influências internas (empresa) e

permite o cálculo de diferentes combinações que, probabilisticamente, podem ocorrer

e afetar o sistema, traduzidos nos riscos da implementação do projeto.

2.2.3.10 Índice de velocidade de vendas (IVV)

Segundo Rocha Lima Junior (1993b), a velocidade de vendas é uma das

variáveis de maior impacto nos indicadores, cujo comportamento dependerá,

especialmente, do planejamento competente do produto.

Goldman (2015) enfatiza que

Esta variável é muito importante na avaliação do resultado do

empreendimento, pois os valores das receitas em função das vendas, ao

longo do tempo, serão lançadas no fluxo de caixa, que aliado a avaliação dos

demais indicadores, subsidiarão a tomada de decisão. Além disso, as

estratégias de marketing e propaganda, o prazo de carência entre o início das

vendas e o início da construção, as necessidades de aportes ao longo do

tempo e a necessidade de obtenção de financiamento são condições

essenciais de decisão que consideram a velocidade de vendas.

Page 32: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

32

2.2.3.11 Prazos e tempos

Para Goldman (2015), os prazos exercem consideráveis mudanças na análise

de viabilidade e trazem interferências no ciclo do empreendimento como no

planejamento do negócio, no lançamento para comercialização, na estratégia das

condições para a venda e nos prazos de financiamento.

Limmer (1997) defende que é fundamental o conhecimento da variação dos

custos fixos e variáveis em função do tempo e computá-la no orçamento. Onde torna-

se importante avaliar as vantagens de cada relação tempo-custo no ciclo do projeto.

2.2.4 Variáveis qualitativas

Conforme Goldman (2015), as variáveis qualitativas são variáveis não

monetárias que, devido à sua relevância, merecem aprofundamento, pois interferem

nos estudos de viabilidade pelo poder de influenciar nas variáveis monetárias e na

qualidade do empreendimento.

2.2.4.1 Estudo vocacional do terreno

Conforme a Revista Construção Mercado (2015a),

O estudo vocacional do terreno compreende análises de dados

sociodemográficos e econômicos, de acordo com as áreas de influência, a

fim de avaliar as características da demanda potencial. Além disso, nestas

mesmas áreas de influência são mapeados todos os concorrentes,

segmentados por tipologia, padrão, período de lançamento e outras

características. Por fim, ao produzir o cruzamento da demanda e da oferta,

busca-se identificar as lacunas de mercado com maior potencial de sucesso.

2.2.4.2 Pesquisa mercadológica e perfil socioeconômico da população

Segundo Christovam (2000), o lançamento do empreendimento deve ser

precedido de uma investigação de mercado, que possibilite aos envolvidos

formatarem o produto dentro de uma demanda de consumo e, preferencialmente, com

um público alvo definido.

Page 33: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

33

A Revista Construção Mercado (2015a) menciona os indicadores

mercadológicos e dados sociodemográficos e econômicos, variáveis qualitativas

relevantes no processo:

Indicadores mercadológicos: oferta; demanda, estoque; lançamentos;

velocidade de vendas; preço praticado.

Dados sociodemográficos e econômicos: crescimento e densidade

populacional; emprego e renda; economia; domicílios (crescimento, ocupação

e verticalização); capacidade de endividamento; déficit habitacional.

2.2.4.3 Projeto de arquitetura

A Revista Construção Mercado (2015a) afirma que após analisar as variáveis

qualitativas mencionadas, é determinado o produto com maior potencial de

comercialização e então o projeto é elaborado pelos arquitetos.

Goldman (2015) defende que

O projeto arquitetônico exerce papel fundamental na realização do

empreendimento, pois o desenvolvimento resultará nas características do

empreendimento, sendo utilizado para o estudo de viabilidade e na tomada

de decisão. Paralelamente a isso, suas características nesta fase devem

atender às regulamentações da legislação do código de obras municipais,

estaduais e federais, às pesquisas de opinião qualitativas e quantitativas

mercadológica, aos elementos espaciais das áreas privativas e comuns, das

áreas de lazer e às especificações de acabamento.

Page 34: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

34

3 O PROGRAMA MINHA CASA, MINHA VIDA

O programa “Minha Casa, Minha Vida” (MCMV), do Governo Federal, é a maior

iniciativa de acesso à casa própria para as famílias de baixa renda já criada no Brasil,

com o objetivo de minimização do déficit habitacional e fomento da movimentação

econômica do país de acordo o Ministério das Cidades (2016).

3.1 O DÉFICIT HABITACIONAL NO BRASIL E O MCMV

Para D’Amico (2011), o déficit habitacional é um problema presente no cenário

brasileiro desde os tempos do Império, com o surgimento das primeiras favelas aos

pés dos morros do Rio de Janeiro e que no decorrer do tempo se tornou numa grave

problemática no âmbito nacional.

Conforme a Fundação João Pinheiro (FJP), em parceria com o Ministério das

Cidades, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Programa das Nações

Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em seu último relatório (2012), o país

possuía um déficit de 5,43 milhões de moradias.

Acrescenta-se que, de acordo com levantamento da FGV (2014b), o Brasil terá

16,8 milhões de novas famílias até 2024 e o déficit habitacional demandará

investimento de R$ 760 bilhões para construção de habitações, em especial, de

interesse social.

Segundo Romagnoli (2012), de maneira geral, é unânime a afirmação de que

o Estado apresentava inaptidão de encarar de forma satisfatória o problema em razão

da incapacidade de atendimento da população de baixa renda, principal responsável

pelo déficit habitacional do país.

Segundo Almeida (2010),

Com os métodos de financiamento disponíveis até 2009, a iniciativa privada

apresentava pouco interesse em investir em habitações destinadas a famílias

de baixa renda em virtude da sua reduzida capacidade de pagamento. Deste

modo, o perfil do comprador se demonstrava em desacordo com a realidade

financeira do mercado. Em razão disso, necessitava-se incentivos

governamentais para compatibilizar o custo do terreno e construção à renda

dos interessados em adquirir um imóvel para viabilizar o empreendimento

pela iniciativa privada.

Page 35: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

35

Neste contexto, segundo D’Amico (2011), foi lançado, em março de 2009, o

programa “Minha Casa, Minha Vida” (MCMV). Esta seria mais uma tentativa do

Governo Federal na busca de solucionar o problema habitacional do Brasil e promover

o desenvolvimento econômico, uma vez que atingiria diversos setores nacionais.

3.2 MINHA CASA, MINHA VIDA

Segundo o Artigo 2º da Lei nº 11.977, 7 julho de 2009, “O PMCMV tem como

finalidade criar mecanismos de incentivo à produção e à aquisição de novas unidades

habitacionais pelas famílias com renda mensal de até 10 (dez) salários mínimos, que

residam em qualquer dos Municípios brasileiros.”

De acordo com Shimizu (2010), o programa Minha Casa, Minha Vida foi criado

pela Medida Provisória nº 459, de 25 de março de 2009, regulamentado pelo Decreto

nº 6.819, de 13 de abril de 2009 e transformado na Lei nº 11.977, de 7 de julho de

2009, com alterações posteriores.

Além disso, Shimizu (2010) entende que o programa incentiva a criação de

métodos de estímulo à produção e à aquisição de novas moradias às famílias de baixa

renda, gerando assim mais emprego e renda em razão de maiores investimentos na

construção civil, além de fortalecer a política de distribuição de renda e inclusão social.

Maricato (2009) acrescenta que o estímulo ao setor da construção civil cria

demandas “tanto para trás” (ferro, vidro, cerâmica, cimento, areia, etc) como “para

frente” (eletrodomésticos, mobiliários) gerando, em consequência, número elevado na

oferta de empregos.

Para Romagnoli (2012),

O programa MCMV apresenta um “mix” de programas, com objetivos

econômicos, sociais e de reestruturação do setor. Isso porque enquanto os

outros programas da história nacional focavam-se em objetivos bem definidos

e isolados, o MCMV mostra uma estrutura que prevê atender famílias de zero

a dez salários mínimos. Onde neste intervalo constam grupos vulneráveis e

inclusos no atendimento de Interesse Social, como também famílias que

podem ser beneficiadas pelas linhas de crédito ofertadas pelo mercado.

Page 36: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

36

D’Amico (2011) apresenta os principais pontos que o programa MCMV busca

resolver:

a) Os problemas de infraestrutura e saneamento básico das residências

existentes, em razão do combater o déficit por reposição de estoque, por meio

de concessão de subsídios às famílias;

b) Regularizar a problemática fundiária das moradias em terrenos invadidos ou

em áreas públicas pelo rebaixamento do valor de custos cartorários ou da

exigência de legalização de matrículas nos cartórios de registro de imóveis;

c) Aumentar a oferta de unidades habitacionais, facilitando o acesso aos recursos

por parte das construtoras, objetivando diminuir o déficit por incremento de

estoque;

d) Eliminar a “elitização” dos financiamentos imobiliários ao conceder subsídios

às classes sócias menos favorecidas;

e) Solucionar os aspectos técnicos da construção de novas moradias, ao

determinar padrões de construção, impor limites para a construção de unidades

habitacionais por empreendimento e exigir uma infraestrutura urbana mínima

para a aprovação dos projetos e liberação dos recursos.

Conforme o Portal do Planalto (2011), originalmente, a primeira etapa do

MCMV tinha a meta de financiar um milhão de moradias ao longo do território

brasileiro.

Ainda segundo o Portal do Planalto (2011), o objetivo para a segunda etapa do

MCMV era o de entregar dois milhões de unidades habitacionais no país.

Atualmente, a terceira etapa do programa habitacional tem a meta de

contratação de 1,2 milhão de unidades habitacionais até dezembro de 2018 em

conformidade com o Ministério das Cidades (2016).

Além disso, a Revista Construção Mercado (2016b) apresenta que esses

investimentos, até 2018, têm potencial de geração de um valor agregado de R$ 145,7

bilhões ao longo do ciclo. Onde que se o programa fosse extinto, não haveria a

geração de 2,8 milhões de empregos e R$ 37,4 bilhões em tributos diretos e indiretos.

Neste contexto, para tal programa, de acordo com D’Amico (2011), a gestão

operacional do sistema e seus recursos foi delegada à Caixa Econômica Federal

Page 37: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

37

(CEF) em razão da instituição ser dotada de uma série de características que a tornam

a única no país capaz de executar os compromissos propostos pelo programa.

3.2.1 O órgão operador e seu papel

Segundo a Lei nº 11.977, nos artigos 9º e 16, a Caixa é escolhida para a gestão

operacional dos recursos disponibilizados pela União, sendo que essa gestão

operacional global, de acordo com D’Amico (2011), reuni as seguintes características:

a) Atuar como instituição depositária e gestora dos recursos;

b) Definir e implementar os procedimentos operacionais necessários à aplicação

dos recursos baseados nas normas compostas pelo Conselho Gestor e pelo

Ministério das Cidades;

c) Controlar a utilização dos recursos financeiros dispostos na construção dos

empreendimentos;

d) Prestar contas e analisar a viabilidade das propostas selecionadas pelo

Ministério das Cidades;

e) Firmar contratos de repasse de recursos a estados, municípios e Distrito

Federal;

f) Disponibilizar informações ao Ministério das Cidades que possibilitem o

acompanhamento da execução do MCMV, de forma a avaliar o seu sucesso.

Além disso, D’Amico (2011) apresenta algumas das razões de a CEF ser a

gestora operacional do programa:

a) A Caixa é uma instituição presente na grande maioria dos municípios

brasileiros, assim as pode garantir acesso aos recursos às famílias em qualquer

lugar do país;

b) A instituição ser uma empresa cem por cento pública, formada por funcionários

concursados. Desta forma, é garantido maior controle dos recursos e tende a

coibir possíveis desvios;

c) Possui um histórico de parceria com o Governo Federal na promoção de

políticas sociais junto às classes sociais mais pobres da população;

Page 38: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

38

d) Conhecimento técnico que a empresa detém na concessão de empréstimos

habitacionais. Isso engloba a realização de visórias nas obras, pois a Caixa

conta com uma equipe própria de engenheiros, análises de risco de crédito de

clientes e construtoras e conhecimento de legislações envolvidas;

e) Possuir contato prévio com as classes mais pobres, em virtude de ser o agente

responsável pelo repasse dos recursos de diversos programas sociais de

transferência de renda (como o FGTS, o PIS/PASEP, seguro desemprego,

etc.).

Por fim, D’Amico (2011) afirma que estas e outras características são as

justificativas que tornam a CEF a única instituição do país capaz de executar os

compromissos propostos pelo programa.

3.2.2 Especificações técnicas mínimas das unidades habitacionais

Segundo o Ministério das Cidades (2016), os projetos devem atender às

especificações dos empreendimentos que são os padrões mínimos de desenho

urbano e infraestrutura, como: mobilidade e acessibilidade, diversidade funcional e

espaços livres.

Além disso, ainda conforme o Ministério das Cidades (2016), os projetos

também devem atender às especificações da unidade. Tais especificações

representam os padrões mínimos exigidos para a construção bem como o

atendimento à Norma de Desempenho (NBR – 15.575/13).

Page 39: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

39

Quadro 1 – Especificações mínimas da unidade

Fonte: Adaptação de Ministério das Cidades (2016).

Casas

Apartamentos

Pé direito mínimo de 2,50 m, admitindo-se 2,30 m no banheiro. Adotar pé-

direito maior quando o Código de Obras ou leis municipais assim

estabelecerem.

Pé direito mínimo

A unidade habitacional deverá ser projetada de forma a possibilitar a sua

futura ampliação sem prejuízo das condições de iluminação e ventilação

natural dos cômodos pré existentes.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

A área mínima deve ser a resultante das dimensões mínimas atendendo o

mobiliário mínimo definido nestas especificações mínimas, considerando-se

dois dormitórios, sala de estar/refeições, cozinha, banheiro e circulação, não

podendo ser inferior à 36,00 m², se área de serviço externa, ou 38,00 m², se a

área de serviço for interna.

A área mínima de apartamento deve ser a resultante das dimensões mínimas

atendendo o mobiliário mínimo definido anteriormente, considerando-se dois

dormitórios, sala de estar/refeições, cozinha, banheiro, área de serviço e

circulação, não podendo ser inferior à 41,00 m².

Área útil

(área interna

sem contar

áreas de

paredes

Em todos os cômodos

Ampliação - casas

Quantidade mínima de móveis: 1 cama (1,40 m x 1,90 m); 1 criado-mudo

(0,50 m x 0,50 m); e 1 guarda-roupa (1,60 m x 0,50 m). Circulação mínima

entre mobiliário e/ou paredes de 0,50 m.

Quantidade mínima de móveis: 2 camas (0,80 m x 1,90 m); 1 criado-mudo

(0,50 m x 0,50 m); e 1 guarda-roupa (1,50 m x 0,50 m). Circulação mínima

entre camas de 0,80 m. Demais circulações mínimo de 0,50 m.

Largura mínima da cozinha: 1,80 m. Quantidade mínima: pia (1,20 m x 0,50

m); fogão (0,55 m x 0,60 m); e geladeira (0,70 m x 0,70 m). Previsão de

armário sob pia e gabinete.

Largura mínima sala de estar/refeições: 2,40 m. Quantidade mínima de

móveis: sofás com número de assentos igual ao número de leitos; mesa para

4 pessoas; e estante/armário TV.

Largura mínima do banheiro: 1,50 m. Quantidade mínima: 1 lavatório sem

coluna, 1 vaso sanitário com caixa de descarga acoplada, 1 box com ponto

para chuveiro - (0,90 m x 0,95 m) com previsão para instalação de barras de

apoio e de banco articulado, desnível máx. 20 mm; Assegurar a área para

transferência ao vaso sanitário e ao box.

Dimensão mínima da área de serviço interna: 3 m². Quantidade mínima: 1

tanque (0,52 m x 0,53 m) e 1 máquina (0,60 m x 0,65 m). Garantia de acesso

frontal para tanque e áquina de lavar.

Espaço livre de obstáculos em frente às portas de no mínimo 1,20 m. Deve

ser possível inscrever, em todos os cômodos, o módulo de manobra sem

deslocamento para rotação de 180º definido pela NBR 9050 (1,20 m x 1,50

m), livre de obstáculos.

Dormitório casal

Dormitório duas pessoas

Cozinha

Sala de estar/refeições

Banheiro

Área de serviço

ESPECIFICAÇÕES DA UNIDADE - EDIFICAÇÕES

Aprovada pela Portaria Nº 146 de 26 de abril de 2016

ProjetoUnidade habitacional com sala / 1 dormitório para casal e 1 dormitório para

duas pessoas / cozinha / área de serviço / banheiro.

DIMENSÕES DOS CÔMODOS (Estas especificações não estabelecem área mínima de cômodos, deixando aos

projetistas a competência de formatar os ambientes da habitação segundo o mobiliário previsto, evitando

conflitos com legislações estaduais ou municipais que versam sobre dimensões mínimas dos ambientes, sendo

porém obrigatório o atendimento à NBR 15.575 no que couber).

)

Page 40: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

40

3.2.3 Faixas e demandas

De acordo com Rolnik (2010), originalmente, na primeira fase, o programa

MCMV era distribuído em três Faixas:

Famílias com renda de até três salários mínimos;

Famílias com renda de três a seis salários mínimos;

Famílias com renda de seis a dez salários mínimos.

Tabela 1 – Faixas de renda das famílias atendidas na primeira fase do MCMV

Faixas Valor da renda (R$)

Faixa 1 Até 1.395

Faixa 2 De 1.395,01 a 2.790

Faixa 3 De 2.790,01 a 4.650

Fonte: Adaptação de Ministério das Cidades (2016).

Conforme o Ministério das Cidades (2016), a segunda fase do programa MCMV

sofreu pequenas alterações de ampliação de valores em relação à primeira fase:

Tabela 2 – Faixas de renda das famílias atendidas na segunda fase do MCMV

Faixas Valor da renda (R$) Limite do valor do

imóvel (R$) Limite do subsídio

(R$)

Faixa 1 Até 1.600 76 mil 73 mil

Faixa 2 De 1.600,01 a 3.275 190 mil 25 mil

Faixa 3 De 3.275,01 a 5.000 190 mil -

Fonte: Adaptação de Ministério das Cidades (2016).

Onde o subsídio para financiamento, segundo o Ministério das Cidades (2016),

é o valor que o MCMV oferece para redução do valor da prestação de financiamento

da unidade habitacional do beneficiário. Cada interessado passará por uma análise

de crédito para conhecimento do valor do auxílio que terá direito.

Page 41: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

41

Tabela 3 – Faixas de renda e respectivas taxas de juros na segunda fase do MCMV

Faixas Renda (R$) Taxas anuais de juros

Faixa 1 Até 1.600 -

Faixa 2 De 1.600,01 até 2.455 5%

Faixa 2 De 2.455,01 até 3.275 6%

Faixa 3 De 3.275,01 até 5.000 7,16%

Fonte: Adaptação de Revista Construção Mercado (2015f).

Atualmente, segundo o Ministério das Cidades (2016), o programa está em sua

terceira etapa e apresenta algumas mudanças como a ampliação dos valores de

renda, limites do valor do imóvel, valor do subsídio e incremento de mais uma Faixa:

Tabela 4 – Faixas de renda das famílias atendidas na terceira fase do MCMV

Faixas Valor da renda (R$) Limite valor do

imóvel (R$) Limite do subsídio

(R$)

Faixa 1 Até 1.800 96 mil 86,4 mil

Faixa 1,5 De 1.800,01 a 2.350 135 mil 45 mil

Faixa 2 De 2.350,01 a 3.600 225 mil 27,5 mil

Faixa 3 De 3.600,01 a 6.500 225 mil -

Fonte: Adaptação de Ministério das Cidades (2016).

Tabela 5 – Faixas de renda e respectivas taxas de juros na terceira fase do MCMV

Faixas Renda (R$) Taxas anuais de juros

Faixa 1 Até 1.800 -

Faixa 1,5 De 1.800,01 até 2.350 5%

Faixa 2 De 2.350,01 até 2.700 6%

Faixa 2 De 2.700,01 até 3.600 7%

Faixa 3 De 3.600,01 até 6.500 8,16%

Fonte: Adaptação de Revista Construção Mercado (2015f).

Ainda de acordo com o Ministério das Cidades (2016), os limites do valor do

imóvel variam de Faixa para Faixa, Cidade para Cidade e de Estado para Estado da

Federação, em virtude das diferenças regionais nos preços dos terrenos, despesas

de construção e composição de renda do mutuário.

Page 42: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

42

Tabela 6 – Limites de valor de venda Faixas 1,5; 2 e 3 da terceira fase do MCMV

Fonte: Adaptação de Ministério das Cidades (2016).

De acordo com a Revista Construção Mercado (2015f), a Faixa 1 do programa

MCMV é financiada, majoritariamente, pelo Orçamento Geral da União (OGU),

enquanto que as Faixas 2 e 3 pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)

e do Fundo Garantidor da Habitação Popular (FGHAB).

A Faixa 2, com valor de renda de R$ 2.350,01 a R$ 3.600,00, alvo deste

trabalho, conforme a Revista Construção Mercado (2015e), mostra-se bastante

complexa, com alta barreira de entrada, margens baixas e que opera com um giro

elevado. Assim, esta Faixa apresenta atrativa baixa concorrência, entretanto

necessita grande eficiência operacional.

Além disso a Faixa 2, segundo a Revista Construção Mercado (2016a), tem

sido o carro-chefe dos financiamentos da CEF. Ademais, o setor focará, no ano

presente, na habitação social com imóveis de até R$ 225 mil.

DF, RJ e

SP

Sul, ES e

MG

Centro-Oeste,

exceto DF

Norte e

Nordeste

R$ 225 mil R$ 200 mil R$ 180 mil R$ 180 mil

R$ 135 mil R$ 125 mil R$ 120 mil R$ 120 mil

R$ 215 mil R$ 180 mil R$ 170 mil R$ 170 mil

R$ 125 mil R$ 120 mil R$ 115 mil R$ 115 mil

R$ 170 mil R$ 160 mil R$ 155 mil R$ 150 mil

R$ 115 mil R$ 110 mil R$ 105 mil R$ 100 mil

R$ 135 mil R$ 130 mil R$ 125 mil R$ 120 mil

R$ 100 mil R$ 95 mil R$ 90 mil R$ 85 mil

R$ 105 mil R$ 100 mil R$ 100 mil R$ 95 mil

R$ 80 mil R$ 75 mil R$ 75 mil R$ 70 mil

R$ 90 mil R$ 90 mil R$ 90 mil R$ 90 mil

R$ 70 mil R$ 70 mil R$ 70 mil R$ 70 mil

Localidades

Faixas 2 e 3

Faixa 1,5

Faixas 2 e 3

Demais municípios

Faixa 1,5

Faixas 2 e 3

Faixa 1,5

Faixa 1,5

Faixas 2 e 3

Faixa 1,5

Faixas 2 e 3

Faixa 1,5

Faixas 2 e 3

Metrópoles (segundo classificação do IBGE)

Demais capitais estaduais

Municípios das regiões metropolitanas das capitais com

população maior ou igual a 100 mil habitantes

Capitais regionais com população maior ou igual a 250 mil

hab.

Municípios com população igual ou maior que 250 mil

hab.

Municípios das regiões metropolitanas das capitais

estaduais com população menor que 100 mil hab.

Capitais regionais com população menor que 250 mil hab.

Municípios com população entre 50 mil e 250 mil hab.

Municípios com população entre 20 mil e 50 mil hab.

Page 43: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

43

3.2.4 O FGTS e o programa

Para Costa (2011), a criação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

(FGTS) atendeu a três propósitos principais:

a) Atuar como alternativa ao regime de estabilidade no emprego, instituído pela

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), garantindo ao trabalhador, demitido

sem justa causa, uma indenização pela duração do serviço prestado;

b) Isentar as empresas dos elevados custos representados pela estabilidade aos

dez anos de serviço;

c) Gerar fonte de recursos para o Banco Nacional de Habitação (BNH) no

financiamento da construção de moradias.

Segundo a Caixa Econômica Federal (2016), o Fundo de Garantia concede

descontos nos financiamentos para aquisição de imóveis. Tais descontos ampliam a

capacidade de pagamento do mutuário com redução do valor das parcelas e quitação

de parte do valor de compra. Quanto menor a renda, maior o desconto concedido.

Além disso, de acordo com a Caixa Econômica Federal (2016), o FGTS atua,

principalmente, nas Faixas 2 e 3 do MCMV, onde na operação de concessão de

desconto, o Fundo de Garantia entra com 82,5% e o OGU com 17,5%. Por meio da

Resolução nº 783/2015 do Conselho Curador do FGTS, foi autorizado o desconto do

Fundo também para a Faixa 1 do programa.

Ademais, em conformidade com a Caixa Econômica Federal (2016), desde

1998, a soma dos recursos para subsídios aportados pelo FGTS ultrapassa R$ 54

bilhões, onde destes, apenas para o MCMV, desde abril de 2009, o Fundo de Garantia

ofereceu descontos que ultrapassam R$ 37 bilhões.

3.2.5 Sistemática do financiamento da Faixa 2

Segundo a Cartilha completa do MCMV (2014),

As construtoras apresentam seus projetos às Superintendências Regionais

da CEF, e dependendo do grau de complexidade ou valor do

empreendimento, à Matriz da CEF, onde três segmentos serão prioridade na

análise:

Page 44: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

44

Análise de risco da empresa e do empreendimento;

Análise de engenharia;

Análise jurídica da empresa.

Após o término de análise e comprovação da comercialização mínima

exigida, é assinado o Controle de Financiamento à Produção. Durante a obra,

a CEF financia o mutuário pessoa física e o montante é abatido da dívida da

construtora. Onde os recursos são liberados conforme o programado, após

vistorias realizadas pela CEF. Sequencialmente, após a conclusão do

empreendimento, a construtora entrega as unidades aos mutuários.

Figura 2 – Fluxo operacional para as construtoras no MCMV

Fonte: Adaptação de Cartilha completa do MCMV (2014).

Page 45: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

45

3.2.5.1 Requisitos para contratação da obra

Conforme a Cartilha completa do MCMV (2014), são alguns requisitos para a

contratação:

Financiamento de até 100% do custo das obras a realizar, limitado a 85% do

custo total do empreendimento, com liberação antecipada de até 10% do custo

total de obra do valor do financiamento, limitado ao valor do terreno;

Necessária a comprovação da comercialização mínima de 30% de unidades

habitacionais ou de 20% de unidades financiadas pela CEF aos adquirentes

finais ou de 15% mediante análise de velocidade de vendas das unidades do

empreendimento;

Construtora com nível de qualificação no Sistema de Avaliação da

Conformidade de Serviços e Obras (SiAC) e no Programa Brasileiro da

Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H);

O empreendimento se localizar em área urbana;

Alvará ou projeto de arquitetura aprovado pelo município;

Licenças ambientais aplicáveis e declaração de viabilidade das

concessionárias de água, esgoto e energia elétrica;

Haver infraestrutura interna e externa ao empreendimento;

Possuir, no máximo, 500 unidades em regime de loteamento e 300 unidades

em regime de condomínio por módulo.

De acordo com Almeida (2010), dentre os projetos apresentados, a CEF

prioriza aqueles nos quais os Estados e municípios oferecem:

Maior contrapartida financeira;

Infraestrutura para o empreendimento;

Terreno (como doação);

Desoneração fiscal;

Menor valor de aquisição das unidades habitacionais;

Existência prévia de infraestrutura;

Page 46: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

46

Atendimento de regiões que recebam impacto de grandes empreendimentos

de infraestrutura, tais como: usinas hidrelétricas, portos, etc.;

Empreendimentos em regime de loteamento.

3.2.5.2 Análise de risco da empresa e do empreendimento

Para operar com a CEF, de acordo com a Cartilha completa do MCMV (2014),

as construtoras devem ter análise de risco válida. Esta se trata de uma avaliação de

suas condições econômico-financeiras e possui validade de um ano. Sendo que

poderão realizar tal processo, concomitantemente, ao trâmite do projeto, sem prejuízo

do prazo total, se não possuírem tal documento.

Quadro 2 – Análise de risco da empresa no programa MCMV

ITENS FATURAMENTO FISCAL ATÉ

R$ 15 MILHÕES FATURAMENTO FISCAL ACIMA

R$ 15 MILHÕES

Modelo de avaliação Modelo estatístico Análise fundamentalista ou

especialista

Validade da avaliação 12 meses 12 meses

Prazo de avaliação reduzida

10 dias 15 dias

Documentos necessários

Ficha de informação da empresa, sócios e dirigentes

Quadros de empreendimentos em carteira, de contratos de prestação de serviços, de disponibilidades, de dívida e ficha de informações complementares

Demonstrativo de Informações Econômico-Financeiras de Pessoa Jurídica (DIPJ) do último exercício encerrado

Quando não for S/A de capital aberto, apresentar o DIPJ

Fonte: Adaptação de Cartilha completa do MCMV (2014).

Segundo a Cartilha completa do MCMV (2014), na análise de risco do

empreendimento deve conter os seguintes documentos:

Balancete analítico;

Atualização dos quadros de empreendimentos em carteira, contratos de

prestação de serviços de disponibilidades e de dívidas;

Plano de vendas e forma de comercialização;

Page 47: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

47

Dados complementares referentes ao valor da infraestrutura externa com

custos não incidentes, quando necessário.

3.2.5.3 Análise de engenharia

Segundo a Cartilha completa do MCMV (2014),

A análise de engenharia consiste na verificação do enquadramento do projeto

nas regras do programa, a fim de garantir a efetividade da operação. Além

disso, auxilia na redução de ocorrência de problemas futuros, inconsistências

de planejamento, confere segurança à execução, evita contratação de

empreendimentos com preços inexequíveis e também elimina a prática de

sobrepreço.

Sequencialmente, a Cartilha completa do MCMV (2014) apresenta os seguintes

pontos da análise de engenharia:

Verificação das condições do projeto arquitetônico referente à funcionalidade e

segurança (acessibilidade, compartimentação, iluminação, ventilação);

Averiguação do valor de mercado das unidades habitacionais para

enquadramento no programa e garantia do financiamento, quando for o caso;

Verificação do orçamento da obra, com foco nas quantidades de serviços e

preços unitários, tendo como referência projetos básicos existentes e os índices

de custos do Sistema Nacional de Pesquisa e Índices da Construção Civil

(SINAPI);

Análise do cronograma físico-financeiro, atentando a sua viabilidade e a

coerência entre a execução da obra e o desembolso financeiro programado.

Por fim, a Cartilha completa do MCMV (2014) apresenta os documentos

necessários que devem constar na análise de engenharia:

Ficha-resumo e projeto arquitetônico;

Resumo da especificação mínima;

Planilha de orçamento e cronograma;

Page 48: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

48

Levantamento planialtimétrico e implantação;

Viabilidade de água, esgoto e energia;

Licença ambiental, quando necessário;

Quadro de áreas;

Taxa de análise;

Memorial descritivo;

Projetos complementares (instalações) e registro de incorporação são

necessários apenas para a contratação.

3.2.5.4 Análise jurídica

Segundo a Cartilha completa do MCMV (2014), a análise jurídica tem por fim:

Verificar a situação jurídica do imóvel/terreno, vendedor, construtora, seus

sócios e representantes;

Identificar possíveis riscos legais que impactem na operação;

Averiguar a regularidade do terreno do empreendimento, agregando segurança

à transação imobiliária;

Verificar a conformidade dos registros imobiliários existentes com vista a

assegurar a correta transferência da propriedade imobiliária;

Avaliar eventuais passivos com repercussão na propriedade imobiliária.

3.2.5.5 Custo das unidades

De acordo com a Cartilha completa do MCMV (2014), a projeção de custos das

habitações é elaborada com base nos seguintes parâmetros:

Custo da edificação e infraestrutura;

Equipamentos comunitários;

Terreno;

Benefícios e Despesas Indiretas (BDI) sobre o custo da construção;

Impostos;

Despesas de tabelionato e registro de imóveis;

Page 49: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

49

Trabalho técnico social;

Seguro risco de engenharia.

Segundo Almeida (2010), cabe ao empreendedor buscar compradores para as

unidades habitacionais. Assim, o empreendedor arcará com despesas de publicidade

e propaganda, recursos que não são resguardados pelo programa e,

consequentemente, elevam o risco do empreendimento.

3.2.5.6 Acompanhamento e medições

De acordo com a Cartilha completa do MCMV (2014), o acompanhamento da

obra é realizado pela CEF e a medição é agendada pela construtora/incorporadora

com o objetivo de aferir o cumprimento da etapa da obra, onde o mesmo será

apontado no Relatório de Acompanhamento da Obra (RAE).

Além disso, segundo a Caixa Econômica Federal (2016), o pagamento das

fases são realizados levando em consideração o cronograma físico-financeiro

programado e volume de vendas realizado até o momento da medição.

Page 50: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

50

4 METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste estudo consiste em levantamentos de dados

bibliográficos sobre viabilidade de empreendimentos imobiliários com enfoque em

empreendimentos financiados pelo programa “Minha Casa, Minha Vida” Faixa 2,

operado pela Caixa Econômica Federal, disponíveis em normas, livros, artigos,

dissertações, monografias, livros, sites e revistas técnicas.

Além disso, foram utilizados os dados disponíveis para desenvolvimento de

empreendimentos inseridos no MCMV, em conjunto com informações obtidas junto à

CEF, revistas técnicas e empresas que atuam neste setor de mercado para

reconhecimento da sistemática do financiamento para as Faixas presentes no

programa.

Para isso, buscou-se enfatizar os fatores de acompanhamento do andamento

da obra, velocidade de vendas, avaliação de crédito disponível e relação destes

elementos para o êxito do empreendimento.

4.1 GERENCIAMENTO DA CONSTRUÇÃO

A fase de construção traz consigo elevado risco associado aos recursos do

investimento, pois a margem de lucratividade é altamente suscetível a alterações do

custo da construção, principalmente, na Faixa 2 do MCMV, onde as margens são

bastante enxutas. Assim, o valor para realização do empreendimento pode ser

superior ao previsto e, consequentemente, o prazo de retorno do investimento poderá

se estender e haver aumento do risco de não conseguir parcelas de financiamento

adicionais, ou consegui-lo com taxas mais altas diante dos riscos apesentados.

O período de construção traz três principais riscos à construtora/incorporadora:

A interrupção do pagamento pela CEF, e nesta circunstância o empreendedor

pode suspender a execução da obra e encontrar uma solução junto à CEF para

pagamento da última sua medição;

O aumento do custo por falha de planejamento e orçamento. O empreendedor

deve contar com um orçamento preciso e bem elaborado, pois pequenas falhas

podem prejudicar, severamente, a rentabilidade do projeto. Além disso, o

Page 51: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

51

empreendedor deve estar atento ao aumento das quantidades orçadas, pois

neste caso, não há possibilidade de renegociação com a CEF;

O aumento do custo da produção (mão-de-obra e insumos), visto que o

contrato não prevê aumento, a princípio o empreendedor terá de absorver o

prejuízo. Mesmo o contrato não prevendo essa possibilidade, em situação de

alteração profunda no cenário econômico do país, acompanhada de devidas

justificativas, o empreendedor poderá se reunir junto à CEF e pleitear uma

correção no valor do contrato destinada a cobrir o aumento de custos de

produção e, consequentemente, o aumento dos preços.

Os itens que podem compor o valor do financiamento da CEF, aportados pelo

potencial de receitas do empreendimento, representado pelo Volume Geral de Vendas

(VGV), são:

Terreno;

Projetos;

Legalização do empreendimento (taxas, impostos e custos cartorários);

Material de construção;

Obras e serviços de edificação;

Obras e serviços de infraestrutura interna dos empreendimentos.

4.1.1 Projeto e planejamento

O projeto, para ser enquadrado nos parâmetros do MCMV, deve ser

desenvolvido por profissional habilitado, que buscará a melhor solução arquitetônica,

conforme a legislação vigente, especificações do programa, características regionais

e com vista em seu público-alvo para maiores vendas.

Para as aprovações dos custos dos projetos do programa, a CEF utiliza o

Sistema Nacional de Pesquisa e Índices da Construção Civil (SINAPI). As informações

deste sistema resultam do trabalho conjunto da CEF e do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), amparados por um convênio de cooperação técnica.

Dessa forma, a CEF dispõe de um banco de dados no qual os custos de construção

Page 52: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

52

já estão determinados por região. Portanto, cabe ao empreendedor assumir o desafio

de desenvolver o empreendimento com um custo pré-determinado, ou abaixo dele.

Salienta-se que um pressuposto para a contratação do programa é que o valor

contratado não será reajustado. Dessa forma, a construtora/incorporadora deverá

conhecer, altamente, o seu prazo de execução de obras, bem como seu cronograma

de desembolsos e recebimentos, pois pequenas variações do cenário atual e

projeções podem gerar perdas e prejuízos à rentabilidade do projeto.

4.1.2 Terreno

Os terrenos não necessitam apresentar características pré-determinadas como

o projeto das edificações, entretanto sua localização e qualidades se somam na

influência para a aprovação do empreendimento no programa. Terrenos que

requeiram menor investimento em infraestrutura terão prioridade de aprovação.

O custo do terreno apresenta variações em função da Cidade ou Estado no

qual o empreendimento será lançado. Tais oscilações acontecem até dentro da

mesma cidade em razão da localização privilegiada, proximidade a equipamentos de

infraestrutura, interesses do público em residir no local, transporte público, futuros

projetos para a área, etc.

Há dois requisitos principais para a escolha do terreno para empreendimentos

voltados para a Faixa 2:

O preço solicitado para a venda pelo proprietário deve ser igual ou inferior ao

valor da avaliação de mercado;

O valor de avaliação (ou venda) somado às despesas com construção e

infraestrutura deve atender aos valores máximos dos imóveis para tal Faixa,

considerando a região do país onde o empreendimento será lançado.

Como a CEF aceita pagar apenas, de forma limite, o valor da avaliação, poderá

haver situações em que o empreendedor fará a complementação do valor do terreno,

diretamente, ao proprietário, sem que este custo faça parte do projeto apresentado à

CEF.

Assim, a localização do terreno deve ser analisada, minuciosamente, a fim de

equacionar localização privilegiada, para êxito de vendas, e o custo do terreno, para

Page 53: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

53

o mesmo se enquadrar dentro dos valores especificados pela CEF. Temos que quanto

menor a despesa com o terreno, maiores serão as margens disponíveis para utilização

com infraestrutura e construção das edificações.

4.1.3 Infraestrutura

O contrato, realizado com a CEF, prevê o pagamento de infraestrutura

necessária para a instalação do empreendimento. Dentre os componentes que podem

ser financiados estão:

Rede elétrica e iluminação;

Ligação com adutoras;

Abastecimento de água;

Infraestrutura interna, se for necessário;

Terraplenagem;

Estação de tratamento de esgoto (ETE);

Urbanização externa (incluindo viário);

Pavimentação e drenagem;

E demais elementos classificáveis como infraestrutura necessária para a

realização do empreendimento.

Segundo Almeida (2010),

Se a infraestrutura externa não estiver concluída antes da aceitação pela

CEF, é admitida sua execução simultânea com o empreendimento, contanto

que compatível com o cronograma de obras e prazo de entrega deste. Caso

haja parceria com o poder público, os recursos para infraestrutura externa

deverão estar previstos no orçamento do poder público ou das companhias

concessionárias de fornecimento de energia elétrica e saneamento (água e

esgoto). E quando não houver parceria, o empreendedor deve depositar o

valor das obras de infraestrutura externa em conta aberta na CEF para

assegurar a sua execução conjunta.

Contanto que o custo da infraestrutura possa ser absorvido pelo projeto, no

programa é mais interessante à construtora/incorporadora inseri-lo no projeto e

Page 54: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

54

executar a obra, do que firmar parcerias com o poder público. Dessa forma, poderá

integrar a obra e receber por este trabalho. Em projetos com alto custo de aquisição

de terreno e de construção, necessita-se que o empreendedor busque junto ao poder

público a execução desta infraestrutura para viabilizar o projeto.

A CEF prioriza projetos que necessitem de menor investimento em

infraestrutura, ou que este custo seja absorvido pelas Prefeituras ou Governos

Estaduais.

A identificação de instalação de infraestrutura merece atenção, pois seu custo

será contabilizado no custo total do projeto, absorvendo recursos que poderiam estar

inseridos na compra de terreno mais adequado, melhores margens para edificações

ou ainda outras despesas. Assim, embora menos relevante que o custo das

edificações, deve-se buscar economia na infraestrutura, pois sua redução pode gerar

poupança significativa.

4.1.4 Edificações

O fator mais sensível do programa para a construtora/incorporadora é o custo

da construção, onde nele se encontram as despesas com compra de materiais,

contratação de mão-de-obra e locação de equipamentos. Dessa forma, a fim de

diminui-lo, cada uma busca o método construtivo mais econômico para sua realidade

para adequar-se ao programa.

A CEF exige o respeito às normas técnicas aplicáveis e ao zoneamento imposto

pela legislação local, entretanto não determina qual o método construtivo deve ser

utilizado.

A Faixa 2 do MCMV demanda técnicas de grande produtividade e que

diminuam o custo de construção, ou ao menos não o deixem aumentar, pois a

equação financeira não permite nem baixos aumentos deste custo. Uma vez que a

obra trata de unidades pequenas – em torno de 50 m² – e com muitas unidades, iguais

na maioria das vezes, o processo precisa assemelhar-se a uma indústria, assim o

construtor pode encontrar soluções para otimizar mão-de-obra, equipamentos de

apoio, fôrmas e outros insumos.

Pequenas distorções no custo da construção podem gerar perdas significativas

de rentabilidade, e até mesmo prejuízos, pois esta é a maior parcela do custo total do

empreendimento. A variação do custo da obra pode advir de diversos fatores como:

Page 55: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

55

Distorções no orçamento – como o orçamento não será renegociado pela CEF,

este deve ser bem elaborado. Pequenas distorções podem, em grande escala,

impactar, fortemente, a rentabilidade do empreendimento. Os desvios no

orçamento podem ocorrer por falha quanto ao valor e quanto à quantidade;

Situação econômico-financeira desfavorável – após ocorrer a contratação do

projeto com a CEF, podem ocorrer cenários negativos para a construção no

país e estas abalarem o setor, influenciando, diretamente, no seu custo de

obra. Embora não seja previsto reajuste no contrato com a CEF, a

construtora/incorporadora poderá pleitear a sua revisão quanto a esses

fatores, desde que, devidamente, justificados. Atualmente, na terceira fase do

MCMV, foram ampliados os valores dos imóveis e subsídios do programa, a

fim de reduzir a defasagem e acompanhar o cenário econômico. Mesmo assim,

possuir a possibilidade de alteração do valor contratado reduz o risco do

empreendedor em ter que assumir, de forma isolada, eventuais intensas

alterações do cenário econômico-financeiro.

Compra/contratação – no momento da aquisição/contratação, o valor pode

sofrer alterações em virtude da demanda pelo produto/serviço. Caso o valor

aumente em relação ao orçado, a construtora/incorporadora deverá assumir

sozinha este custo extra. Além disso, aquisições/contratações superiores às

necessárias também impactam o custo final. Desperdícios de materiais ou

contratações acima do necessário serão absorvidas pelo empreendedor,

reduzindo sua margem de rentabilidade.

Atraso no cronograma da obra – o pagamento realizado pela CEF é baseado

nas medições da obra e vendas. Assim, atrasos na obra provocarão, não só

pagamentos não orçados de locação de equipamentos e mão-de-obra que não

serão cobertos pela CEF, como também multas por atraso. Restando à

construtora/incorporadora absorver este custo, com redução da rentabilidade

ou até com prejuízo.

Entretanto, paralelo a cenários que podem ser prejudiciais e exceder orçamento

e prazos, o empreendimento pode trazer uma rentabilidade acima da planejada. Tal

situação ocorrerá, provavelmente, se os empreendedores, não só conhecerem bem

os detalhes do programa, o orçamento do seu empreendimento e sua capacidade de

produção, atrelando a isso técnicas que diminuam o custo e aumentem sua

Page 56: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

56

produtividade e competitividade, como também realizarem verificações e controle

constante do orçado com o executado.

4.2 VENDAS

Para a Faixa 2 do programa MCMV, o empreendedor precisa garantir a venda

de 30% das unidades para a CEF aceitar o projeto. Após a aprovação, caberá ao

desenvolvedor buscar novos compradores, como acontece em uma incorporação

convencional. Diferentemente do que ocorre na Faixa 1, que apresenta uma demanda

garantida, em virtude de toda produção ser repassada para a CEF e esta tendo a

tarefa de vender as unidades.

No período de lançamento do empreendimento, compreendido entre a fase de

aprovação do projeto pela CEF e início das obras pelo desenvolvedor, ou venda de

todas as unidades, o empreendedor arcará com as despesas de publicidade,

propaganda e marketing, pois estes não são aportados e previstos no orçamento

repassado à CEF, elevando o risco desta fase. O lançamento é utilizado para atingir,

de forma impactante, o público-alvo, com o fim de atingir o maior número de unidades

vendidas possível, no menor tempo possível, visando garantir o sucesso

mercadológico e, consequentemente, o prosseguimento do empreendimento.

Salienta-se o alto risco desta fase, em virtude dos recursos investidos se mostrarem,

praticamente, perdidos num eventual fracasso de vendas no período, pois estes não

serão pagos pela CEF.

Segundo Almeida (2010), legalmente, o empreendedor tem até 180 para

desistir da incorporação e rescindir os contratos de venda já firmados, restituindo os

valores pagos, sem necessidade de indenizar os compradores caso não atinja um

nível de sucesso que entende satisfatório para o avanço do projeto.

Entretanto, enfatiza-se que caso haja a desistência do projeto, há a

possibilidade de degradar a imagem sobre o imóvel e, principalmente, sobre a

empresa.

Na fase de lançamento, as empresas costumam postergar o início das obras,

respeitando o prazo de entrega estipulado, a fim de acumular o maior volume de

recursos financeiros no caixa do empreendimento. Visam assim, o adiamento do início

da obtenção de financiamento e possível execução total do empreendimento com

recursos advindos dos mutuários.

Page 57: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

57

4.2.1 Custos atrelados às vendas

Em um mercado diversificado, competitivo e dinâmico, a propaganda e a

divulgação dos empreendimentos são fatores fundamentais para o êxito das vendas

no início de seu ciclo e viabilidade do negócio imobiliário.

Além despesas com marketing e propaganda, devem-se ser previstos gastos

com o planejamento e coordenação de vendas de possíveis estandes, bem como sua

construção e percentual de vendas para corretagem. Onde todas estas despesas

devem ser compostas num percentual do preço final das unidades, pois estes custos

não estão previstos no orçamento repassado à CEF.

Diante disso, muitas construtoras e incorporadoras investem recursos em

diferentes maneiras de liquidação das unidades com movimentos comerciais, pois

mesmo estes recursos não sendo pagos pela CEF, futuramente, estas despesas

podem se tornar baratas, visto que promovem velocidade de vendas, reduzem

financiamentos pela geração de receita e diminuem estoques e despesas futuras.

4.2.2 Estratégias de vendas

Em virtude de competitividade, diversificação e margens estreitas da Faixa 2

do MCMV, tornam-se necessário boas e precisas estratégias de vendas, uma vez que

não há elevada margem para estes gastos e tais recursos precisam ser eficazes.

Para Garbi (2011), não há um modelo ideal único para vender

empreendimentos de habitação popular. Neles devem ser levados em conta a

localização e tipo do produto, a localização e formato do ponto de venda, volume de

investimento para a venda, equipe de vendas e público-alvo.

Nesse contexto, muitas construtoras e incorporados investem em equipes

próprias ou terceirizadas de pesquisa e inteligência de mercado e vendas. Sendo,

geralmente, próprias quando em empresas maiores e terceirizadas em empresas

menores.

A pesquisa de mercado inicia com o estudo vocacional do terreno, onde se

avalia se há enquadramento nos padrões do MCMV em questões de preço,

localização e existência de infraestrutura ou viabilidade de execução. Segundo a

Revista Construção Mercado (2015d), empreendimentos para baixa renda

Page 58: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

58

apresentam maior êxito se estes forem próximos à rede pública de transporte e

apresentarem boa estrutura de lazer.

Em seguida, a pesquisa determina indicadores mercadológicos como oferta,

demanda, estoque, lançamentos, velocidade de vendas e se os preços praticados na

região e estes fatores se enquadram na Faixa 2 do programa.

Caso positivo até o momento, levantam-se os dados sociodemográficos e

econômicos da região, como crescimento e densidade populacional, emprego e

renda, economia e capacidade de endividamento, a fim de avaliar o potencial de

absorção do empreendimento.

Após identificar o perfil do público enquadrado na Faixa de renda a ser

trabalhada, é elaborado o projeto arquitetônico nos parâmetros da CEF que atenda às

expectativas do consumidor.

Já para a venda destas unidades, a equipe de marketing e venda precisa avaliar

que tipos de experiências e exposições terão maior influência em cada etapa do

processo da compra. Esta compreensão auxiliará a empresa a alocar recursos para

comunicação mais eficaz, fator de grande relevância em empreendimentos de

habitação popular.

Nesse contexto, as fachadas e ambiente do ponto de venda desempenham

papel fundamental na tarefa de captar a atenção do cliente, pois o maior número de

decisões de compra ocorre ali. Este local, para melhores resultados, deve ter

arquitetura, cores e ambientações direcionadas para o padrão de média e baixa renda,

de forma a não inibir e também suavizar e entreter o cliente.

4.2.3 Velocidade de vendas

Um fator de grande importância na viabilidade econômica do empreendimento

são as condições de venda e de pagamento e a época da venda. Para isso são

realizados cenários de velocidades de vendas das unidades habitacionais do

empreendimento. Estas são simulações aplicadas ao fluxo de receitas, com o fim de

projetar as possibilidades de receitas com base na sensibilidade do analista.

São considerados, geralmente, o ambiente capaz de produzir os resultados

desejados e também os cenários mais prováveis. Onde buscam-se as projeções mais

refinadas, aquelas que conseguem atingir o maior grau de precisão de vendas no

Page 59: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

59

ciclo, e assim menores desembolsos ou necessidade de financiamentos ao longo do

andamento do empreendimento.

Durante o lançamento, o objetivo é atingir a venda total das unidades ou, ao

menos, alcançar o maior volume possível, no menor tempo e despesas possíveis.

Após o lançamento, no entanto, fatores externos podem alterar as condições que

favoreciam o empreendimento na sua etapa inicial. Podem haver lançamentos de

concorrentes próximos e com maior competitividade, tanto no aspecto custo, quanto

em outras vantagens para o comprador, ou até mesmo capacidade de endividamento

reduzida do público-alvo que prejudiquem o cenário de vendas.

Em cenários negativos de grande estoque, a empresa possui, geralmente, duas

alternativas: a primeira é a utilização de estratégias de descontos e/ou aumento das

despesas comerciais, a fim de acelerar as vendas, mas que prejudicam as margens

de lucratividade. A segunda estratégia é manter os estoques de maneira a manter as

margens, entretanto gera impactos no aspecto do giro do ativo. Assim, devem-se ser

analisadas, de forma meticulosa, a situação e possíveis soluções, a fim de obter as

menores despesas e maior lucratividade considerando os valores do dinheiro no

tempo.

4.3 AVALIAÇÃO DE CRÉDITO

Com interferência direta no estudo de viabilidade, a avaliação de crédito pode

ser decisiva na realização de um negócio. Esta é uma variável atrelada, diretamente,

às entradas monetárias, ao prazo e custo da construção, aos valores e velocidade de

vendas e seus parcelamentos, bem como aos juros durante e depois da construção.

Segundo a Revista Construção Mercado (2015e) a Faixa 2 do MCMV é

bastante complexa e apresenta alta barreira de entrada. É um mercado de margens

estreitas, com giro muito alto, onde o que impera nesse nicho de mercado é a

eficiência operacional. Sendo assim, este mercado requer bastante aptidão, estratégia

e controle de crédito.

4.3.1 Prazo e custo da construção

A Faixa 2 do MCMV necessita grande controle sobre o cronograma físico-

financeiro da construção, uma vez que neste setor está concentrada a maior parcela

Page 60: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

60

do custo total do empreendimento. Pequenas interferências nos prazos podem gerar

grandes custos e pôr em risco a lucratividade do empreendimento, visto que as

margens da Faixa 2 são reduzidas. O não cumprimento do prazo acarretará, não

somente despesas elevadas com mão de obra, possíveis locações de equipamentos,

possíveis retrabalhos, impostos, perda de prestígio da empresa e do empreendimento,

como também despesas com multas pelo atraso da obra.

Além disso, é necessário haver monitoramento constante do progresso, com

intenção de obter produtividade e qualidade que atendam ao projeto apresentado à

CEF. Produtividade está atrelada ao andamento mais próximo ou à frente do

cronograma previsto. Onde caso aliada à redução de custos, haverá maiores margens

de lucratividade e não será verificada multa por atraso. Enquanto que qualidade está

associada aos serviços serem bem executados. Isso visa a medição em sua totalidade

pela CEF e dessa maneira evitar retrabalhos e redução de receita pelos serviços.

4.3.2 Entradas monetárias

A liberação de parcelas referentes à obra é efetivada conforme o percentual da

medição mensal de construção realizada aprovada pelo setor de engenharia da CEF

e apontada no Relatório de Acompanhamento de Obra (RAE).

Os pagamentos referentes à medição da obra são impactados,

significativamente, pela elevada velocidade e volume de vendas no lançamento do

empreendimento, pois este valor é atrelado, entre outros fatores, na quantidade de

vendas das unidades habitacionais do empreendimento.

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑏𝑖𝑑𝑜 = % 𝑚𝑒𝑑𝑖çã𝑜 ∗ 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎𝑠 𝑣𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 𝑎𝑡é 𝑜 𝑚𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

Além disso, o valor do terreno também é recebido em função da venda das

unidades devido a fração do terreno que cada uma possui.

Dessa forma, muitas construtoras/incorporadoras investem recursos em

campanhas de marketing e propaganda, atreladas à postergação do início da obra,

para obter o maior número possível de unidades vendidas e, consequentemente,

maiores recebimentos futuros nas medições.

Page 61: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

61

4.3.3 Parcela de financiamento

Para a execução da obra, a construtora/incorporadora poderá contar com os

valores advindos das vendas e medições, recursos próprios e/ou parcelas de

financiamento.

Em cenários ideais, as empresas visam executar o empreendimento,

totalmente, com recursos oriundos das vendas das unidades e medições da obra. No

entanto, frequentemente, os valores recebidos pelas vendas e medições não cobrem

os gastos incorridos até o momento. Deste modo apresentam-se as opções: retirar

uma parcela de financiamento com atrativas taxas de juros do MCMV que a CEF

proporciona, aplicar recursos próprios ou acionar empréstimos em outros bancos,

onde as duas últimas opções apresentam taxas de juros superiores às do MCMV.

Sendo assim, majoritariamente, a opção acionada é a aceitação da parcela de

financiamento do programa possibilitada pela CEF.

A fim de não acionar essa parcela de financiamento, a

construtora/incorporadora necessita ser produtiva em sua obra e possuir grande

volume de venda no princípio do ciclo do empreendimento. Conforme já visto antes,

passado o período de lançamento, iniciada a obra, quando o estoque não é totalmente

vendido, a empresa possui duas alternativas para liquidar o estoque: a primeira é a

utilização de estratégias de descontos e/ou aumento das despesas comerciais com o

propósito de acelerar as vendas. Com isso são recebidas quantias maiores referentes

às medições, possibilitando o não acionamento da parcela de financiamento da CEF,

mas que prejudicará as margens de lucratividade do empreendimento. A segunda

estratégia é manter os estoques de forma a manter as margens, entretanto, o

acionamento da parcela de financiamento será inevitável e, mesmo com as taxas de

juros atrativas do programa, esta pode gerar grandes impactos no prosseguimento em

virtude dos elevados valores envolvidos.

Dessa forma, a avaliação das tomadas de decisão em relação ao crédito e

andamento do empreendimento, bem como seu cenário, é constante. Durante e após

o término, faz-se um paralelo entre o estudo de viabilidade realizado antes do início

do empreendimento e o que foi/está sendo realizado. Essa avaliação realizada

durante, gerará, posterior à análise dos dados, as tomadas de decisão, enquanto que

na visão após, é apresentado o desempenho e perspectiva para novos negócios.

Page 62: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

62

A tomada de decisão é baseada nos dados de despesas e receitas, previstas

e consolidadas, quantidade de exposição e riscos que o empreendimento está tendo,

assim como a análise dos indicadores de viabilidade mais adequados para o

empreendimento, considerando o valor do dinheiro no tempo.

Page 63: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

63

5 RELAÇÃO DOS COMPONENTES PARA A QUALIDADE DO INVESTIMENTO

Após o estudo, foi constatado que a rentabilidade de investimentos no MCMV

Faixa 2 é diretamente proporcional à boa gestão destes três itens: o gerenciamento e

controle sobre a construção, velocidade de vendas e a constante avaliação de crédito

disponível.

Figura 3 – Componentes indispensáveis para o êxito de empreendimentos no MCMV

Fonte: Autor.

Entretanto, estes itens não ocorrem no ciclo do empreendimento de maneira

isolada. Necessita-se uma visão holística sobre o cenário de mercado, custos

atrelados ao empreendimento, sua produção, durações e prazos, capacidade de

absorção do empreendimento pela sociedade, considerando preços e concorrentes,

e grande conhecimento do programa, pois estes itens acontecerão, simultaneamente,

no mesmo âmbito.

Como estes componentes estão, constantemente, atrelados, busca-se

equacioná-los e estudá-los durante a execução do empreendimento, a fim da melhor

tomada de decisão.

Elevada velocidade de vendas acarreta em maiores recebimentos pelas

medições da obra e menores, ou até mesmo isenção, de parcelas de financiamento

pela CEF. No entanto se isso não ocorrer, deve-se estudar a realização de esforços

Page 64: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

64

para liquidar o estoque, visando maiores receitas nos pagamentos. Com isso ter-se-á

menores taxas de retorno e maior payback, além de gastos com publicidade e

propaganda. Essa, geralmente, é uma difícil tomada de decisão na visão do

empreendedor.

Associado ao sistema, o gerenciamento da evolução física e despesas da

construção é um fator determinante para o programa, visto que este carrega o maior

custo da realização do empreendimento. Produtividade, velocidade de execução e

redução de custos são essenciais, bem como a diminuição de desperdícios e

aquisições desnecessárias para execução de unidades de até R$ 225 mil. No entanto,

enfatiza-se que elevada produtividade com baixo índice de vendas gerará alta saída

monetária sem aporte futuro e, consequentemente, provável acionamento de parcela

de financiamento. Assim, deve-se considerar os juros vigentes e seus valores,

novamente, associando à possibilidade de incentivar a velocidade de vendas.

Vinculado ao conjunto, a avaliação de crédito disponível é condição

fundamental para o êxito no programa, uma vez que esta analisará todas as tomadas

de decisão durante o ciclo do empreendimento. A observação constante dos gastos

incorridos se faz necessário para verificar, não só se estes estão em conformidade

com o estudo de viabilidade e orçamento, como também ajustar a curva de despesas

e perceber onde está a possível falha do sistema e assim corrigi-la. Goldman (2004)

defende que deve ser feito um paralelo entre a viabilidade financeira antes do início

do empreendimento e os custeios incorridos durante e após o término do ciclo do

investimento. González e Formoso (2001) enfatizam também que

A análise de viabilidade é um processo constante, onde o empreendedor não

pode limitar-se a verificar a viabilidade apenas antes de iniciar a construção,

mas deve reavaliar a lucratividade durante todo o processo, o que permitiria

o ajuste parcial, em razão de alguma distorção no cumprimento do planejado.

Além disso, a avaliação de crédito verifica a evolução da construção, analisa a

exposição financeira do empreendimento e da empresa, e assim decide sobre as

vantagens de redução de preços para alavancagem de vendas ou mantimento das

margens de lucratividade e acionamento da parcela de financiamento pela CEF.

Sendo assim, é preciso analisar cenários negativos, seus riscos, simulá-los e

prever soluções, no entanto, com bons projetos, localização e estratégias de vendas,

Page 65: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

65

ter-se-á elevadas entradas monetárias. Associado a isto, com bom orçamento,

método construtivo produtivo e adquirindo somente o necessário, pode-se reduzir as

despesas e finalizar o empreendimento em menor prazo e assim menores custos. Por

fim, atrelado a tudo isso, grande conhecimento do programa e suas regras, das taxas

de juros, análise de exposição e acompanhamento de saídas e entradas monetárias

podem garantir rentabilidade superior à esperada ao fim do ciclo do empreendimento.

Page 66: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

66

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O déficit habitacional é um problema nacional que vigora por décadas. O

Governo Federal em parceria com os órgãos estaduais e municipais obtiveram

diferentes graus de resultado na tentativa de redução desse índice ao longo da história

do país. Entretanto, nenhum deles atingiu elevado nível de satisfação na diminuição

do déficit habitacional, principalmente, perante a população de baixa renda.

Paralelo a esse contexto, a iniciativa privada identificava um nicho de mercado

atrativo, em razão da grande demanda que era apresentada. Todavia, os programas

de incentivo à aquisição de imóveis atendiam, em geral, apenas pessoas com renda

superior a dez salários mínimos, enquanto que a população de baixa renda não era

capaz de pagar ou financiar esses imóveis. Dessa forma, as empresas não se

interessavam em desenvolver produtos para esta parcela da população, em virtude

do baixo retorno do investimento e riscos iguais, ou superiores, a uma incorporação

para classe média.

Assim, em março de 2009, foi lançado o MCMV. Este programa diferenciava-

se de outros já realizados em função de sua estruturação. Enquanto que os outros

sistemas atendiam apenas a uma porção da população, o MCMV, disponibilizando à

população com renda de zero a dez salários mínimos a aquisição de moradias, busca

não apenas reduzir o déficit habitacional, mas também reestruturar o setor econômico

e social do país. Dentro do programa há a separação por renda das famílias, em que

cada Faixa apresenta seus subsídios, taxas de juros e preços máximos dos imóveis

para maior incentivo.

A Faixa 2, para famílias com renda de R$ 2.350,01 a R$ 3.600,00, apresenta

às construtoras/incorporadoras o diferencial de possuir baixa concorrência e subsídios

que equacionam a capacidade de pagamento da população e o preço que elas

consideram atrativo para o investimento. No entanto, esta Faixa conta com margens

enxutas e exige não só grande produtividade, entendimento e controle do orçamento

e seu desenvolvimento, como também conhecimento profundo de todas as fases do

programa e aspectos críticos que possam influenciar sua remuneração.

Portanto, enquanto que o empreendedor objetiva investir nesse mercado

carente de habitações de baixo preço e que possui incentivos governamentais, impera

a dificuldade de adaptação de custos de terreno, da construção e atendimento das

especificações técnicas aos preços máximos estipulados pela CEF.

Page 67: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

67

Constatou-se três componentes principais de análise para a viabilidade de

empreendimentos inseridos na Faixa 2 do programa. O primeiro conta com o custo da

construção, cujo valor compreende à maior porção do custo total do empreendimento,

e o custo do terreno, o qual é o custo mais flutuante, pois depende do mercado da

região onde se pretende desenvolver o projeto. A evolução da construção necessita

ser produtiva e assertiva em suas despesas, enquanto que a definição do terreno deve

considerar localização de atratividade e custo que se enquadre no orçamento total. O

empreendedor precisa partir do VGV do projeto e buscar adequar o custo do terreno,

infraestrutura e edificações na sua composição.

O segundo compreende o contexto de vendas do empreendimento. Nele são

considerados a velocidade de vendas e suas estratégias, bem como seus gastos

atrelados à publicidade, propaganda e campanhas para liquidação do estoque.

O terceiro é a avaliação de crédito. É o exame contínuo das vantagens de

decisões durante o ciclo do empreendimento. Consideram-se os gastos incorridos em

todo o projeto, a exposição financeira da empresa, a necessidade de alavancagem de

vendas e acionamento das parcelas de financiamento. Analisa o valor do dinheiro no

tempo e as melhores tomadas de decisão, a fim da maior rentabilidade possível no

término do empreendimento.

Percebe-se que estes itens não ocorrem de forma isolada no ciclo do

empreendimento. Todos acontecem simultaneamente. Assim, torna-se necessário o

gerenciamento constante de todo financiamento e evolução do empreendimento, pois

este é bastante sensível a mudanças de cenário e distorções no orçamento, em

virtude do valor de pagamento pré-fixado em contrato e margens estreitas da Faixa 2.

Por fim, recomenda-se a continuidade deste estudo, acompanhando de forma

real e integral o ciclo de um empreendimento inserido no MCMV, analisando seu

comportamento e características.

Page 68: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU FILHO, J. C. F. de, et al. Finanças Corporativas e Valor. 11ª Ed. Rio de Janeiro: FGV, 2012. ALMEIDA, M. de. Estruturação de empreendimentos baseados no programa “Minha Casa, Minha Vida”, voltados para famílias com renda mensal entre 1 e 3 salários mínimos. 2010. Monografia (Especialização em Real Estate – Economia Setorial e Mercados – MBA) – Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2010. ASSAF NETO, A. Finanças Corporativas e Valor. 6ª Ed. São Paulo: Atlas, 2012. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-4: Avaliação de bens – Parte 4: Empreendimentos. Rio de Janeiro, 2002. 4p. BRASIL. Ministério das Cidades. Minha Casa Minha Vida. Brasília, 2016. Disponível em: <http://www.minhacasaminhavida.gov.br/>. Acesso em: 27 abr 2016. BRASIL. Portal do Planalto. Minha Casa Minha Vida supera meta e contrata mais de 1 milhão de moradias. Brasília, 2011. Disponível em: <http://blog.planalto.gov.br/minha-casa-minha-vida-supera-meta-e-contrata-mais-de-1-milhao-de-moradias/>. Acesso em: 11 mai 2016. BRASIL. Presidência da República. Lei Ordinária nº 11.977, de 7 de julho de 2009. Dispõe sobre o Programa Minha Casa Minha Vida e dá outras providências. Diário Oficial da União. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11977.htm>. Acesso em: 27 abr 2016. BREALEY, R. A.; MYERS S. C. Princípios de Finanças Empresariais. Lisboa: Editora McGraw-Hill, 1998. CARTILHA COMPLETA MINHA CASA, MINHA VIDA. Brasília: Caixa Econômica Federal. 2014. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/MarcosFSilva1/cartilha-completa-minha-casa-minha-vida>. Acesso em: 15 mai 2016. CHRISTOVAM, A. Estudo da Viabilidade Econômica de Empreendimentos Imobiliários. 2000. Monografia (Especialização em Administração – Capacitação Gerencial) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2000. COSTA, J. C. Desenvolvimento econômico brasileiro contemporâneo e a Caixa: o papel do FGTS. In: COSTA, J. C. et al. O desenvolvimento econômico brasileiro e a Caixa: trabalhos premiados. Rio de Janeiro: Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento: Caixa Econômica Federal, 2011. p. 9-32.

Page 69: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

69

CUNHA FILHO, C. S da; SOUZA, A. R. L. de. Análise dos Custos Envolvidos na Construção de Unidades Habitacionais Vinculadas ao Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV): Estudo de um Empreendimento Imobiliário na Região Metropolitana da Capital do Estado do Rio Grande do Sul. Pensar Contábil, Rio de Janeiro, v. XVII, n. 62, p. 34-44, jan/abr, 2015. D’AMICO, F. O programa Minha Casa Minha Vida e a Caixa Econômica Federal. In: COSTA, J. C. et al. O desenvolvimento econômico brasileiro e a Caixa: trabalhos premiados. Rio de Janeiro: Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento: Caixa Econômica Federal, 2011. p. 33-55. DIAS, P. R. V. Novo conceito de BDI – Obras e serviços de consultoria. ed. IBEC. Ed. 3, 2010. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV). Gestão contábil financeira. Apostila de MBA Empresarial – Gestão empresarial. Porto Alegre, RS. 2014a. p. 55. FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV). Revista Construção Mercado – Negócios de Incorporação e Construção. São Paulo, SP. Nº 160, ano 67, nov. 2014b. p. 11. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO (FJP). Déficit habitacional no Brasil. Belo Horizonte, MG. 2012. Disponível em: <http://www.fjp.mg.gov.br/index.php/docman/cei/559-deficit-habitacional-2011-2012/file>. Acesso em: 3 mai 2016. GARBI, J. B. As estratégias de vendas para empreendimentos imobiliários destinados para baixa renda, com foco nos pontos de vendas – O caso da construtora tenda. 2011. Monografia (Especialização em Real Estate – Economia Setorial e Mercados – MBA) – Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2011. GOLDMAN, P.; AMORIM, S. L. Estimativa orçamentária da construção: técnica paramétrica para utilização nos estudos de viabilidade de empreendimentos residenciais. Artigo apresentado no VII Seminário Internacional LARES – POLI-USP. Sã Paulo, 2007. GOLDMAN, P.; AMORIM, S. L. Indicadores e variáveis nos estudos de viabilidade econômica e financeira – Identificação e relevância para os empreendedores da habitação. Artigo apresentado no VI Seminário Internacional LARES – POLI-USP. São Paulo, 2006. GOLDMAN, P. Introdução ao planejamento e controle de custos na construção civil brasileira. São Paulo. ed. PINI, 2004. GOLDMAN, P. Viabilidade de empreendimentos imobiliários – Modelagem técnica, orçamento e riscos de incorporação. ed. PINI, 2015. GONÇALVES, M. P. Engenharia imobiliária aplicada aos estudos de viabilidade. Treinamento/especialização. 2006.

Page 70: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

70

GONZÁLEZ, M. A. S.; FORMOSO, C. T. Análise de viabilidade econômica financeira de construções residenciais. In: Encontro Nacional da ANPUR, IX, 2001, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro[s/n], 2001. p. 1548-1553. INSTITUTO BRASILEIRO DE AVALIAÇÕES E PERÍCIAS DE ENGENHARIA DE SÃO PAULO (IBAPE). Norma para avaliação de imóveis urbanos IBAPE/SP, 2011. KEELING, R.; BRANCO, R. H. F. Gestão de projetos – Uma abordagem global. ed. Saraiva: Ed. 3, 2014. LIMMER, C. V. Planejamento, Orçamentação e Controle de Projetos e Obras. Rio de Janeiro. ed. LTC, 1997. MARICATO, Ermínia. O “Minha Casa” é um avanço, mas segregação urbana fica intocada. Carta Maior, 2009. Disponível em: <http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/O-Minha-Casa-e-um-avanco-mas-segregacao-urbana-fica-intocada/4/15160>. Acesso em: 3 mai 2016. NOGUEIRA, L. L. O estudo de viabilidade econômica em projetos de incorporações imobiliárias: uma abordagem simplificada para o modelo de construção a preço de custo. Techoje – Uma revista de opinião: revista eletrônica do Instituto de Educação Tecnológica - IETEC, 2012. Disponível em: <http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/1511>. Acesso em 26 abr. 2016. REVISTA CONSTRUÇÃO MERCADO – Negócios de incorporação e construção. São Paulo, SP. Nº 160, ano 67, nov. 2014. p. 40-45. REVISTA CONSTRUÇÃO MERCADO – Negócios de incorporação e construção. São Paulo, SP. Nº 162, ano 68, jan. 2015a. p. 18-21. REVISTA CONSTRUÇÃO MERCADO – Negócios de incorporação e construção. São Paulo, SP. Nº 166, ano 68, mai. 2015b. p. 39-46. REVISTA CONSTRUÇÃO MERCADO – Negócios de incorporação e construção. São Paulo, SP. Nº 167, ano 68, jun. 2015c. p. 36-39 e 58-60. REVISTA CONSTRUÇÃO MERCADO – Negócios de incorporação e construção. São Paulo, SP. Nº 168, ano 68, jul. 2015d. p. 38. REVISTA CONSTRUÇÃO MERCADO – Negócios de incorporação e construção. São Paulo, SP. Nº 172, ano 68, nov. 2015e. p. 12-16. REVISTA CONSTRUÇÃO MERCADO – Negócios de incorporação e construção. São Paulo, SP. Nº 173, ano 68, dez. 2015f. p. 16-18. REVISTA CONSTRUÇÃO MERCADO – Negócios de incorporação e construção. São Paulo, SP. Nº 174, ano 69, jan. 2016a. p. 10-14.

Page 71: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOUGLAS …coral.ufsm.br/engcivil/images/PDF/1_2016/TCC_DOUGLAS AZEVEDO LOBO.pdf · ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES NA ANÁLISE DE VIABILIDADE DE

71

REVISTA CONSTRUÇÃO MERCADO – Negócios de incorporação e construção. São Paulo, SP. Nº 178, ano 69, mai. 2016b. p. 16-17.

ROCHA LIMA JR., J. Análise de Investimentos: Princípios e Técnicas para Empreendimentos do Setor da Construção Civil. Boletim Técnico da USP. Departamento de Engenharia de Construção Civil. São Paulo, 1993a.

ROCHA LIMA JR., J. Planejamento do Produto no Mercado Habitacional. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP. Departamento de Engenharia de Construção Civil. São Paulo, 1993b.

ROCHA, N. F. C. Análise de sensibilidade dos estudos de viabilidade na construção de empreendimentos – Aplicação prática na vertente económica/financeira. 2009. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil – Especialização em construções) – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, 2009.

ROLNIK, R. et al. Como produzir moradia bem localizada com os recursos do programa Minha Casa Minha Vida? Implementando os instrumentos do estado da cidade. 2010. p. 22-45. Disponível em: <https://www.mprs.mp.br/areas/urbanistico/arquivos/manuais_orientacao/pmcmv.pd>. Acesso em 26 abr 2016.

ROMAGNOLI, A. J. O programa “Minha Casa, Minha Vida”: continuidades, inovações e retrocessos. In: Temas de Administração Pública. Edição Especial, 2012. Disponível em: <http://seer.fclar.unesp.br/temasadm/article/view/6181>. Acesso em: 2 mai 2016.

SHIMBO, L. Z. Financeirização, Padronização e Expansão: Os Empreendimentos Residenciais “Econômicos” de Empresas Construtoras configurando cidades. Artigo apresentado no XIII Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional. Florianópolis, SC, 2009.

SHIMIZU, J. Y. Projeção de impactos econômicos do Programa Minha Casa, Minha Vida: Uma abordagem de equilíbrio geral computável. 2010. Dissertação (Mestrado em Economia) – Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG, 2010. Site do Minha Casa, Minha Vida. Brasília: Caixa Econômica Federal. 2016. Disponível em: <http://www.caixa.gov.br/voce/habitacao/minha-casa-minha-vida/Paginas/default.aspx>. Acesso em: 27 abr 2016. Site do Portal VGV – Tudo sobre marketing imobiliário. 2016. Disponível em: <http://www.portalvgv.com.br/site/saiba-como-e-feita-a-correcao-das-parcelas-do-financiamento-imobiliario/>. Acesso em: 20 mai 2016. VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. E. Fundamentos de Economia. ed. Saraiva. Ed. 3, 2009. WOILER, S.; MATHIAS, W. F. Projetos: Planejamento, Elaboração e Análise. São Paulo. ed. Atlas, 1996.