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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE MEDICINA WLISSES RAMON OLIVEIRA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA COMPARADA À BIÓPSIA POR AGULHA FINA PARA ESTIMATIVA DA SOBRECARGA HEPÁTICA DE FERRO EM JOVENS PORTADORES DE ANEMIA FALCIFORME ARACAJU -SE 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE MEDICINA

WLISSES RAMON OLIVEIRA

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA COMPARADA À BIÓPSIA POR

AGULHA FINA PARA ESTIMATIVA DA SOBRECARGA HEPÁTICA

DE FERRO EM JOVENS PORTADORES DE ANEMIA FALCIFORME

ARACAJU -SE

2013

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WLISSES RAMON OLIVEIRA

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA COMPARADA À BIÓPSIA POR

AGULHA FINA PARA ESTIMATIVA DE SOBRECARGA HEPÁTICA

DE FERRO EM JOVENS PORTADORES DE ANEMIA FALCIFORME

Monografia apresentada à Universidade

Federal de Sergipe como requisito parcial à

conclusão do curso de Medicina do Centro de

Ciências Biológicas e da Saúde.

Orientadora: Profª Dra. Rosana Cipolotti

ARACAJU -SE

2013

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FICHA CATALOGRÁFICA

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WLISSES RAMON OLIVEIRA

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA COMPARADA À BIÓPSIA POR

AGULHA FINA PARA ESTIMATIVA DE SOBRECARGA HEPÁTICA

DE FERRO EM JOVENS PORTADORES DE ANEMIA FALCIFORME

Monografia apresentada à Universidade

Federal de Sergipe como requisito parcial à

conclusão do curso de Medicina do Centro de

Ciências Biológicas e da Saúde.

Aprovada em ____/____/______

_____________________________________________________

Orientadora: Profª Dra. Rosana Cipolotti

Universidade Federal de Sergipe

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________

Universidade Federal de Sergipe

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Universidade Federal de Sergipe

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Universidade Federal de Sergipe

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Aos meus pais e meus irmãos pela vida

inteira juntos, sempre perto nos

momentos de maior dificuldade. A quem

dedico todas as minhas conquistas.

À minha orientadora, Rosana Cipolotti,

pessoa especial e muito importante nesta

jornada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me iluminar e nunca me faltar quando mais precisei. Obrigado

pela oportunidade e pela possibilidade de realizar meus sonhos. O senhor me dá a força e

“somente” por isso consigo alcançar meus objetivos.

Aos meus pais, Ruy e Fátima, pelo apoio e pelos puxões de orelha necessários e que

sem os mesmos eu não teria conseguido. Minhas conquistas não teriam o mesmo valor sem

vocês ao meu lado. Muito obrigado por tudo. Aos meus irmãos, Marcel e Flávia, por se

fazerem presentes quando mais precisei e pela companhia de uma vida toda. A minha irmã e

ao meu cunhado Luciano, em especial, pela força e compreensão durante o período em que

escrevi este trabalho.

Aos meus amigos de turma e de internato Diego (Dji), Bruno, Eric e Guilherme pelos

aprendizados, momentos de descontração e pela ótima convivência que fizeram do nosso

estágio um período inesquecível. Amigos para vida toda.

Ao meu professor e mestre Thiago Ferrão pelos ensinamentos, pela paciência, e por

me ajudar a ter certeza do caminho que quero seguir. Você tem uma porcentagem importante

na minha escolha. Considero-me, com muito orgulho, seu aprendiz.

À minha orientadora e maior exemplo de profissional médica, Rosana Cipolotti.

Agradeço pelas oportunidades, pela disponibilidade e por ser sempre muito solícita. Pelos

ensinamentos e pelos exemplos. Sou um felizardo por poder dizer que sou médico e fui aluno

da professora, Dra. e amiga Rosana Cipolotti. Por isso, dedico-lhe este trabalho de conclusão

de curso. Muito Obrigado.

Aos imponentes colaboradores deste trabalho Dr. Alex Vianey e Dr. Hugo Brito.

À Lenhinha e Elma pela boa amizade e ajuda quando precisei.

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LISTA DE ABREVIATURAS

AF- Anemia Falciforme

AVE - Acidente Vascular Encefálico

BMS - Susceptometria Biomagnética

CHCM - Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média

DF- Doença Falciforme

ERRO - Espécies Reativas de Oxigênio

Hb - Hemoglobina

HbF- Hemoglobina Fetal

HbC - Hemoglobina C

HbD - Hemoglobina D

HbS - Hemoglobina S

PNTN - Programa Nacional de Triagem Neonatal

RIS - Razão de Intensidade de Sinal

RM - Ressonância Magnética

SQUID - Superconducting Quantum Interference Device

STA - Síndrome Torácica Aguda

TGO - Transaminase Glutâmica Oxalacética

TGP - Transaminase Glutâmica Pirúvica

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SUMÁRIO

I- REVISÃO DE LITERATURA ..................................... ......Erro! Indicador não definido.9

1 DEFINIÇÃO.................................................................................................................. ........09

2 EPIDEMIOLOGIA................................................................................................................11

3 FISIOPATOLOGIA...............................................................................................................12

4 TERAPIA TRANSFUSIONAL............................................................................................ 15

5 SOBRECARGA HEPÁTICA DE FERRO........................................................................... 15

6 MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DE SOBRECARGA DE FERRO................................ 17

6.1 FERRITINA.....................................................................................................................17

6.2 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA.....................................................................................18

6.3 BIÓPSIA HEPÁTICA ................................................................................................. 20

7 REFERÊNCIAS.....................................................................................................................22

II - NORMAS PARA PUBLICAÇÃO..................................................................................27

III - ARTIGO ORIGINAL.....................................................................................................32

INTRODUÇÃO........................................................................................................................35

METODO..................................................................................................................................36

RESULTADOS.........................................................................................................................37

DISCUSSÃO.................................................................................................................... ........39

CONCLUSÃO..........................................................................................................................40

REFERÊNCIAS.................................................................................................................. ......40

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I REVISÃO DE LITERATURA

1 DEFINIÇÃO

A Anemia Falciforme (AF) faz parte do grupo de doenças do sangue denominadas

hemoglobinopatias, sendo classificada como estrutural, quando há uma alteração na sequência

de aminoácidos de uma cadeia de globina, o que modifica as propriedades fisiológicas da

hemoglobina mutante e leva a típicas anormalidades clínicas (FAUCI, 2009).

Ocorre por uma mutação no 6º códon do gene da cadeia β da hemoglobina A, em que

uma única base nitrogenada adenina (CAG) é trocada por timina (CTG), sendo produzido o

aminoácido valina ao invés do ácido glutâmico (ZAGO, 2004; GLADWIN, 2008; INATI,

2008). Com isso, há a transformação da hemoglobina A (HbA) em hemoglobina S (HbS). A

anemia falciforme ocorre quando há homozigose da HbS, ou seja, o indivíduo recebe dos

pais, com AF ou traço falciforme (presença de apenas um alelo mutado), o par de genes

mutados (MOREIRA, 2007; KIEGLIMAN, 2009)

Já a Doença Falciforme (DF) engloba não só os indivíduos que apresentam AF, mas

também os que apresentam, além da mutação falciforme em um dos genes da cadeia β

globina, mutação de outro tipo na outra cadeia, como as hemoglobinas HbC, HbD, Hb β-

talassêmica. A porcentegem de HbS na AF é em torno de 90% do total, enquanto que na DF se

aproxima dos 50% (KIEGLIMAN, 2009).

A grande diferença entre as hemoglobinas A e S está nas propriedades físico-

químicas das mesmas em um meio concentrado e após desoxigenação da molécula. A HbS se

agrega em grandes polímeros quando desoxigenada in vitro sob condições bastante

semelhantes às fisiológicas, tornando-se relativamente insolúveis. Vários outros fatores, além

da desoxigenação, influenciam na polimerização da HbS como o pH, concentração de HbS,

concentração de hemoglobinas normais, temperatura e pressão (ZAGO, 2004).

A polimerização da HbS é o evento principal na patogenia da AF, o que resulta na

alteração da forma da hemácia (falcização) e diminuição da sua deformabilidade (ZAGO,

2004).

É como consequência a esse fenômeno que ocorre todo o quadro clínico da doença,

visto que com a forma de foice e com perda de flexibilidade haverá maior dificuldade para a

célula atravessar os pequenos capilares sanguíneos, levando a vaso-oclusão e lesão tecidual.

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No início, esse processo é reversível, havendo despolimerização após a reoxigenação da

molécula (ZAGO, 2004; FAUCI, 2009). No entanto, com a repetição desse processo, os

eritrócitos passam a apresentar lesões na membrana que causam desidratação celular e

impedem a retomada da sua forma normal, mantendo-as falcizadas mesmo após a

reoxigenação (BUNN, 1997).

A deformidade permanente somada à rigidez assumida pelo eritrócito justificam a

diminuição da sua meia-vida que gira em torno de 16 a 20 dias, quando comparadas aos 120

dias de uma hemácia normal (ANVISA, 2008; NAOUM, 2004). Além disso, contribuem

significativamente para a ocorrência da hemólise por destruição eritrocitária no baço dos

pacientes (ZAGO, 2004).

Porém, as principais manifestações clínicas do paciente com AF não advêm da

anemia e sim da isquemia tecidual, dor aguda e lesão gradual dos órgãos-alvo, decorrentes das

crises vaso-oclusivas (FAUCI, 2009). Sabe-se hoje que a AF é uma doença inflamatória, que

estimula um aumento na ativação endotelial e culmina com sua disfunção devido a atuação de

espécies reativas de oxigênio e nitrogênio que estão com suas produções aumentadas,

facilitando a adesão celular e consequentemente às crises vaso-oclusivas (KAUL, 2006; CHO,

2010; RUSANOVA, 2010).

Os pacientes portadores de AF evoluem praticamente assintomáticos mesmo com a

anemia persistente, mantendo uma hemoglobina basal em torno de 8g/dl. Isso acontece devido

a uma perda gradual de afinidade da HbS pelo oxigênio, o que “facilita” a disponibilização de

quantidade adequada de oxigênio aos tecidos pela hemoglobina não mutante (ZAGO, 2004).

O quadro clínico é heterogêneo e depende de fatores genéticos e adquiridos

(WEATHERALL, 2000). Os fatores adquiridos são a condição sócioeconômica, variações na

qualidade de alimentação, prevenção de infecção e assistência médica (ZAGO, 2007).

Segundo estudo de Félix et al. (2010), a influência de fatores raciais, culturais e

sócioeconômicos se faz presente, de maneira significativa, nos pacientes com anemia

falciforme.

Fazem parte dos fatores genéticos, dentre outros, as variações dos níveis de

hemoglobina fetal (HbF) e a coexiestência de outras hemoglobinopatias. A HbF é produzida

por genes da cadeia de globina gama e está presente em um número restrito de eritrócitos,

determinado geneticamente e denominados células F. Nos pacientes com AF, tais células têm

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distribuição de hemoglobina F e S de 20% e 80%, respectivamente. As demais contêm apenas

HbS (FIGUEIREDO, 2007). Vários agentes indutores da síntese de HbF, como hidroxiuréia,

eritropoentina e butirato foram estudados e utilizados no tratamento da AF (STEINBERG,

2001; STUART, 2004), já que o aumento no nível da HbF está associado à diminuição da

morbimortalidade da doença (STEINBERG, 2003).

O diagnóstico laboratorial da anemia falciforme é feito pela comprovação da

hemoglobinopatia através da eletroforese de hemoglobinas. Deve ser realizado em todos os

recém-nascidos, através de testes neonatais (“testes do pezinho”) utilizados também para a

detecção de outras doenças como fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito e fibrose cística

(ZAGO, 2004).

2 EPIDEMIOLOGIA

A anemia falciforme é uma das doenças genéticas mais comuns no Brasil

(CANÇADO, 2007a) e no mundo (CEHMOB, 2005). Acomete em maior número os

indivíduos afrodescendentes (GUIMARÃES, 2009). É particularmente frequente em regiões

onde a malária é endêmica, por conta de uma vantagem de sobrevida seletiva devido ao não

desenvolvimento do parasita em eritrócitos falcizados por encontrar um ambiente menos

favorável (SWITZER, 2006).

São 330000 nascidos vivos por ano com hemoglobinopatias no mundo, sendo que

dessas, 273900 possuem doença falciforme (MODELL, 2008). Dentre as hemoglobinopatias

estruturais, a AF é a mais comum. Ocorre em heterozigose em 8% dos norte-americanos

negros e em 0,25% em homozigose (SWITZER, 2006). É a doença genética mais identificada

através do programa de triagem de recém-nascidos dos EUA, ocorrendo em 1 a cada 2.647

nascidos vivos (ALONSO, 2004)

Foi introduzida no Brasil através da imigração forçada de escravos africanos que

portavam a mutação, entre 1550 e 1850. Com a abolição, os escravos migraram,

principalmente do Nordeste e de Minas Gerais para todo o país, tendo a dispersão da doença

sido favorecida através da miscigenação, com o traço falcêmico e a doença acometendo

brancos e não-brancos (RUIZ, 2007; CEHMOB, 2005; ZAGO, 2004).

É a doença hereditária monogênica mais comum no Brasil (BARBOSA, 2010;

OLIVEIRA, 2000). São aproximadamente dois milhões de portadores do gene mutante, sendo

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que desses, em torno de oito mil são portadores da anemia falciforme, com uma incidência de

700 a 1000 novos casos diagnosticados por ano (YANAGUIZAWA, 2008).

A estimativa do Ministério da Saúde, através do Programa Nacional de Triagem

Neonatal (PNTN), é de que nascem cerca de 3.500 crianças por ano com doença falciforme e

200.000 com o traço falcêmico (ANVISA, 2008) A prevalência é maior nos estados do Norte

e Nordeste. A prevalência de pacientes heterozigotos nessas regiões é de 4% a 10%,

respectivamente, enquanto que na região Sul é de 2% a 3%. (CANÇADO, 2007a). A

sobrevida é baixa, havendo letalidade em torno de 80% após a terceira década de vida

(LOUREIRO, 2008). Nas crianças, é aproximadamente 25%, sendo que as principais causas

são infecciosas por germes encapsulados e por crise hemolítica aguda por sequestro esplênico

(DINIZ, 2009).

Em Sergipe, na sua capital, o traço falciforme foi detectado em 4,5% dos nascidos

vivos no ano de 2007 (FERREIRA, 2009).

3 FISIOPATOLOGIA

Por uma mutação pontual no 6º códon do gene da cadeia β globina, ocorre uma troca

entre dois aminoácidos, ácido glutâmico pela valina, e, com isso, produção de hemoglobina S

(HbS), que, quando em homozigose, manifesta-se como anemia falciforme (BONINI-

DOMINGOS, 2006)

Após a desoxigenação, os eritrócitos que contém a HbS entram em processo de

falcização devido à organização em feixes poliméricos da hemoglobina mutante, dando a

célula uma forma alongada e rígida, conhecida por hemácia em foice (GALIZA, 2003;

ZAGO, 2007).

Tal polimerização da hemácia, evento fundamental envolvido na patogenia da

anemia falciforme, é a responsável pela modificação da forma (falcização) e diminuição da

deformabilidade da célula (ZAGO, 2004). É facilitada pela incapacidade da célula de manter

sua hidratação e influenciada pela concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM)

(FIGUEIREDO, 2007; ZAGO, 2007). Como consequência, ocorre a vaso-oclusão, principal

responsável pela grande parte dos sinais e sintomas presentes no quadro clínico dos

portadores da doença, como as crises álgicas, sequestro esplênico, priapismo, úlcera de

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membros inferiores, síndrome torácica aguda (STA), necrose asséptica da cabeça do fêmur,

acidente vascular encefálico (AVE), dentre outros (GALIZA, 2003).

Após vários episódios de polimerização e despolimerização, o eritrócito pode perder

a capacidade de retornar a sua forma discóide bicôncava normal, passando a assumir

irreversivelmente a forma de foice, mesmo após a reoxigenação da molécula de hemoglobina

mutada (HbS) (FELIX, 2010). Passa também a apresentar aumento na sua viscosidade e a

expressar em sua membrana moléculas de adesão celular, o que precipita as crises oclusivas

devido à maior aderência destas ao endotélio vascular (FAUCI, 2009). Ainda como

consequência a essa maior expressão de moléculas de adesão, há importante ativação

inflamatória, coagulação, hipóxia e isquemia, com lesão tecidual, além de diminuição do

tempo de vida da célula sanguínea (ZAGO, 2004; CANÇADO, 2007b).

A destruição prematura dos eritrócitos ocorre no baço, devido a mudança de forma

da célula e da sua menor flexibilidade. Enquanto a hemácia normal tem tempo de vida

plasmático em torno de 120 dias, a célula falcizada vive menos de 20% desse tempo. Esse

fenômeno, também conhecido como sequestro esplênico, é o responsável pela anemia

hemolítica que acompanha o paciente com anemia falciforme (NAOUM, 2004; FAUCI,

2009). No pulmão, por exemplo, essa hemólise causa hipertensão, por conta do aumento do

tônus vascular (PLATT, 2008).

Atualmente, novos estudos têm demonstrado que a AF é uma doença com um

componente inflamatório importante. Ocorre um desequilíbrio entre a produção de fatores

antioxidantes e espécies reativas de oxigênio (ERO), devido a maior desoxigenação da HbS

(1,7 vezes maior) quando comparada a hemácias normais (NUR, KONCIC, 2011). As ERO,

em excesso, levam a efeitos prejudiciais, como a peroxidação da membrana das células, o que

resulta em uma maior ativação endotelial e facilita, ainda mais, a adesão celular (KAUL,

BARREIROS, 2006; CHO, RUSANOVA, 2010). Além disso, há diminuição na produção de

óxido nítrico, com consequente vasoconstricção, o que contribui ainda mais para a vaso-

oclusão (FIGUEIREDO, 2007; ZAGO, 2007)

Henneberg et al (2013) demonstraram em estudo recente que o uso de agentes

antioxidantes flavonóides, em associação com a hidroxiuréia, agente indutor da síntese de

HbF, possui efeito benéfico no curso clínico da doença.

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As manifestações clínicas da AF são variadas. Muitos fenótipos num mesmo

paciente são possíveis com apenas uma mutação genética pontual (ZAGO, 2007). Essas

manifestações levam a um comprometimento físico, social e psicológico, causando uma

importante alteração na qualidade de vida dos portadores da doença (CEHMOB, 2005;

LOBO, 2003), sobretudo em pacientes adultos, quando comparados aos adolescentes, como

demonstram Vilela et al, em estudo realizado em Alagoas, Brasil (VILELA, 2012).

As crises vaso-oclusivas intermitentes causam diversas manifestações em diversos

sítios diferentes. A dactilite, ou síndrome mão-pé, geralmente é a primeira manifestação da

doença, ocorrendo em 50% das crianças até os dois anos de idade, cursando com um edema

simétrico ou não das mãos e/ou pés. Quando há isquemia na musculatura, ocorrem crises

álgicas agudas e intensas em qualquer parte do corpo e por período variável, hipertermia,

taquicardia e ansiedade. Os múltiplos infartos sofridos pelo baço durante a evolução da

doença trazem como consequência a autoesplenectomia, em torno dos 18 a 36 meses de idade.

Exacerbação da anemia hemolítica acontece através das crises de sequestro esplênico, comuns

no portador de AF. Necrose de papila e insuficiência renal também podem ocorrer. Aumento

da susceptibilidade à osteomielite por salmonella está presente devido à isquemia óssea, que

pode inclusive resultar em necrose asséptica do fêmur ou úmero (KLIEGMAN, 2009;

FAUCI, 2009).

AVE, geralmente hemorrágico, é comum em crianças com AF, e menos comum no

adulto. Pacientes do sexo masculino apresentam crises dolorosas penianas, o priapismo, sendo

a impotência sexual permanente uma sequela frequente. Febre, dor torácica súbita, dispnéia,

tosse e dessaturação arterial de oxigênio são sintomas e sinal, respectivamente, do quadro

conhecido como síndrome torácica aguda, que se acredita ser reflexo da falcização dos

eritrócitos dentro da vasculatura pulmonar (FAUCI, 2009).

O tratamento da AF é feito através do controle das crises agudas, com internação

hospitalar de acordo com o estado do paciente, hidratação vigorosa, analgesia importante com

a estratificação do fármaco a depender da intensidade da dor, uso de antibióticos para quadros

infecciosos e transfusão sanguínea para crises mais severas como a STA e quadros extremos

de crises álgicas. É também indicada a vacinação como profilaxia contra Haemophilus

influenzae e pneumococos, já que esses pacientes apresentam deficiência imunológica contra

estes microrganismos (FAUCI, 2009).

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O uso da hidroxiuréia, estimulante da síntese de HbF, pode ser uma alternativa para

os pacentes que tiverem repetição de STA ou que sofrerem com mais de três crises

decorrentes de vasoclusão no período de um ano. A hidroxiuréia demonstrou ser uma

medicação que melhora a qualidade de vida do paciente com AF, diminuindo o número de

crises vasoclusivas, de hospitalização e a duração das internações, além de reduzir as taxas de

mortalidade quando comparadas as de pacientes que não fazem uso (FAUCI, 2009; PLATT,

1994).

A esplenectomia e transfusão crônica de hemácias podem ser indicadas em pacientes

que apresentem repetidamente episódios agudos e intensos de sequestro esplênico, priapismo,

AVE e STA (FAUCI, 2009; BRUNIERA, 2007).

4 TERAPIA TRANSFUSIONAL

A transfusão sanguínea no paciente com AF pode ser feita como terapia de resgate

(THURET, 2012) e, em determinadas situações, pode servir como terapia crônica, por reduzir

a viscosidade sanguínea e melhorar a sintomatologia. Dentre as indicações de transfusão

crônica estão o acidente vascular encefálico recorrente, a Síndrome Torácica Aguda, a

presença de insuficiência de múltiplos órgãos e o priapismo recorrente (ZAGO, 2004). O

regime crônico de transfusão previne novas exacerbações, oferecendo uma melhor qualidade

de vida (WAYNE, 2000). Tem aumentado nos últimos anos o número de pacientes

pediátricos que recebem esta terapia cronicamente como prevenção primária de acedente

vascular cerebral. Estima-se que cerca de 15% das crianças com AF em países desenvolvidos

recebam transfusão crõnica de hemácias com essa finalidade (ADAM, 2005; LEE, 2006).

Já a terapia transfusional simples ou de resgate tem como indicações a presença de

hemoglobina abaixo de 5g/dl associada a sinais e sintomas de anemia, angina ou insuficiência

cardíaca, insuficiência renal, hemorragia aguda, priaprismo agudo, úlcera maleolar, gravidez

complicada, sequestro esplênico ou hepático e preparo cirúrgico (ZAGO, 2004).

5 SOBRECARGA HEPÁTICA DE FERRO

O ferro (Fe) é um elemento essencial e está presente em todas as células do corpo

humano. Fisiologicamente, 10% do ferro da dieta diária é absorvido e a mesma quantidade é

eliminada através das perdas pela superfície mucosa do trato digestivo, de modo que se

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estabeleça um equilíbrio homeostático. A concentração corporal fisiológica deste elemento é

de cerca de 40mg/kg na mulher e 50mg/kg no homem (BRITTENHAM, 1993;

PIETRANGELO 2004; ALUSTIZA, 2007).

Participa tanto do metabolismo energético corporal, quanto do transporte de oxigênio

para todas as células. Sua ação se baseia na propriedade de captação e doação rápida de

elétrons, o que o faz participar de importantes reações desempenhadas por moléculas que

transportam oxigênio, como a hemoglobina, alternando-se nas formas férrica (Fe3+) e ferrosa

(Fe2+). Porém, essa mesma propriedade que o faz funcional, pode levar a danos teciduais

quando o Fe está em excesso, já que facilita a formação de radicais livres (OH-), a partir do

peróxido de hidrogênio (H2O2), que peroxidam lipídios de membrana, proteínas e DNA

(ANDREWS, 2000; RAGHUPATHY, 2010). Cerca de 80% do ferro corporal está ligado à

hemoglobina nas hemácias, mioglobina no músculo e a enzimas que contém ferro. No plasma,

o Fe encontra-se ligado a transferrina, proteína com função transportadora, e nos órgãos de

depósito, como o baço e principalmente o fígado, encontra-se incorporado à ferritina, proteína

de armazenamento que em condições normais está no citoplasma das células de Kuppfer do

tecido hepático, no baço e em ossos (SIEGELMAN, 1996; GOSSUIN 2004; CARNEIRO,

2005; SIRLIN, 2010).

Com a transfusão crônica de hemácias, há um aumento da oferta corporal de ferro, o

que pode levar à sobrecarga sistêmica, quando a ferritina não é mais capaz de sequestrar o Fe

em excesso e a transferrina passa a estar saturada, o que faz com que o mesmo circule em sua

forma livre. Assim, pode haver acúmulo nos tecidos corporais como o próprio fígado,

miocárdio e glândulas endócrinas, interferindo nas suas funções. Esse ferro excessivo no

interior das células, produzindo radicais livres e causando danos cada vez maiores nas

membranas e proteínas celulares, podem, a depender do grau de sobrecarga, levar a fibrose

progressiva e insuficiência orgânica (LI, 2004; ZAGO, 2004; BRITTENHAM 2003;

ANDREWS 1999; SIRLIN, 2010; RAGHUPATHY, 2010).

Esse excesso de ferro não é eliminado do corpo humano, já que este não possui

mecanismos fisiológicos compensatórios que aumentem a eliminação deste

(RAGHUPATHY, 2010).

O sistema retículo-endotelial é o que preferencialmente acumula ferro nos paciente

submetidos a transfusões sanguíneas cronicamente. Fígado, baço, medula óssea e nódulos

linfáticos fazem parte desse sistema “sequestrador” de ferro, mantendo um acúmulo seguro

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até que sua capacidade armazenadora seja saturada. Após esta saturação, o excesso é

acumulado nos hepatócitos, parênquima pancreático, miocárdio e glândulas endócrinas

(SIEGELMAN, 1996).

O fígado é o primeiro e principal órgão afetado pela sobrecarga de ferro, havendo

registro de desenvolvimento de hepatite, fibrose hepática e cirrose. A avaliação do nível de

lesão hepática pode ser feita através da análise das transaminases (TGO e TGP), estando estas

aumentadas. O acometimento cardíaco também é comum em pacientes cronicamente

transfundidos e que não fazem quelação de ferro, podendo desenvolver miocardiopatias,

arritmias, insuficiência cardíaca e levar inclusive ao óbito (THURET, 2012; HOU 2012;

CANÇADO, 2007b).

Devido a esta toxicidade que o ferro em excesso causa em múltiplos órgãos,

principalmente no fígado e no tecido cardíaco, com acentuada morbidade e letalidade

comprovada pela literatura, é de fundamental importância que seja feito o diagnóstico da

sobrecarga, a fim de que o tratamento com quelantes de ferro, como a desferrioxamina, seja

iniciado para evitar tais complicações (CANÇADO, 2007b; HERSHKO, 1998).

6 MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DE SOBRECARGA DE FERRO

São três os principais métodos de estimativa de sobrecarga de ferro hepática, a

dosagem da ferritina sérica, a biópsia hepática e a ressonância magnética (RM). A ferritina é

o método menos fidedigno, já que em determinadas circunstâncias, como em estados

inflamatórios crônicos, pode estar aumentada mesmo não havendo sobrecarga, o que pode

ocorrer com certa frequência em pacientes portadores de AF. O segundo método é o

considerado padrão-ouro para tal estimativa. No entanto, é invasivo, desconfortável para o

paciente e pode trazer complicações. A RM é um método não-invasivo e de boa acurácia,

porém ainda tem custo elevado, o que talvez ainda dificulte a sua padronização como método

de escolha. (ANGELUCCI, 2000; CANÇADO, 2007a)

6.1 FERRITINA

A ferritina sérica, método indireto de dosagem de ferro hepático, é o mais barato,

mais disponível e mais facilmente reprodutível dentre os três (KOHGO, 2008), mas assim

como a transferrina, proteína transportadora do ferro, é um marcador que possui baixa

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especificidade (ALLEN, 2008). Apesar de ser um método falho (baixa especificidade e

sensibilidade) é ainda utilizado de maneira seriada para acompanhamento de pacientes com

AF submetidos à terapia crônica transfusional. Processos inflamatórios crônicos e as próprias

crises de agudização que acometem pacientes falcêmicos podem interferir nos resultados

dessa estimativa (GOMORI, 1991; HARMATZ, 2000; KARAM, 2008; MAZZA, 1995).

Observou-se que pacientes com AF que têm dosagem de ferritina acima de 1500

ng/ml apresentam maior número de crises agudas de vasoclusão, além de maior taxa de

mortalidade (BALLAS, 2001).

6.2 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

Não-invasiva e praticamente isenta de complicações, a RM, apesar de ter seus

princípios demonstrados há mais de 25 anos (STARK, 1983), só recentemente vem sendo

utilizado na prática clínica com esta finalidade.

A RM é comprovadamente um método útil para estimativa da SHF, podendo

inclusive substituir a biópsia hepática, principalmente em pacientes que possuam

contraindicação absoluta a esta última, devendo ser realizada quando disponível. Tem sido

descrito como um excelente método não só para a avaliação de sobrecarga hepática, mas

também de outros órgãos como o coração e glândulas endócrinas (ALÚSTIZA, 2004;

JENSEN, 2004; SCHEIN, 2008; SPARACIA, 2000, VOSKARIDOU, 2004). Bourbon-Filho

et al. demonstrou, em estudo comparativo entre ferritina sérica e RM, que há correlação

estatisticamente significante entre os dois métodos na estimativa da sobrecarga hepática de

ferro, havendo diminuição do sinal a medida que os valores de ferritina aumentam,

principalmente para valores acima de 1000ng/ml (BOURBON-FILHO, 2011).

Apesar disso, é um método ainda caro, sendo este um dos prováveis entraves para a

sua consolidação, estando ainda em processo de validação e padronização (CANÇADO,

2007b; OOI, 2004).

A quantificação da concentração de ferro nos tecidos é feita indiretamente pela RM

ao detectar o efeito paramagnético produzido pelo ferro armazenado sobre os prótons da

molécula de água. Esse efeito é avaliado pelo cálculo dos tempos de relaxamento T1 e T2.

Ambos os tempos T1 e T2 dos prótons de água são encurtados na presença de partículas

paramagnéticas (JENSEN, 2004). Algumas das técnicas desenvolvidas, na tentativa de

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estimar o grau de sobrecarga férrica tecidual, foram a susceptometria biomagnética (BMS), a

relaxometria e a razão de intensidade de sinal (RIS), sem a administração de meio de

contraste. A BMS limita-se a avaliação de fígado e baço, enquanto que as demais técnicas

podem avaliar o ferro em qualquer órgão (CARNEIRO, 2004).

A medida da BMS é feita com a aplicação de um campo magnético alternado e

homogêneo da ordem de 100 μT na região hepática, com a mensuração simultânea da

magnetização dos tecidos. Os tecidos biológicos e a água são diamagnéticos (fracamente

repelidos por ímã natural), enquanto o ferro depositado é paramagnético (fracamente atraído

por ímã natural). Materiais ferromagnéticos (níquel, cobalto) são fortemente atraídos por

ímãs, mas não existem naturalmente no corpo humano. A amplitude da magnetização no

tecido hepático com sobrecarga de ferro é da ordem de 500 vezes maior que a magnetização

no tecido com concentração normal, e a intensidade destas magnetizações é da ordem de 107

vezes menor que a intensidade do campo aplicado. Portanto, sua medida só é possível com

uso de detectores magnéticos ultrassensíveis denominados SQUID (Superconducting

Quantum Interference Device). Apesar de ser o método mais preciso e de maior acurácia, é

muito caro e disponível em poucas instituições no mundo, geralmente para fins de pesquisa

(CARNEIRO, 2004; JENSEN, 2004; RAGHUPATHY, 2010).

A relaxometria cria mapas coloridos indicativos da presença de ferro baseados na

constante R2 (o inverso de T2, ou 1/T2), superpostos às imagens anatômicas convencionais

(CARNEIRO, 2006). Entretanto, apresenta restrições no cálculo de grandes concentrações de

ferro e, comparada com RIS, possui menor correlação com o conteúdo de ferro hepático

determinado por biópsia (GANDON, 1994; JENSEN, 2004).

RIS é a técnica que tem sido mais utilizada na maioria dos centros; é obtida pela divisão

do T2* médio do fígado pelo T2* médio de um tecido de referência, geralmente a musculatura

paravertebral, permitindo a estimativa da concentração hepática de ferro através de fórmula

específica. O T2* médio é calculado a partir de duas a três medidas de intensidade de sinal em

pequenas regiões do fígado e do músculo selecionadas pelo radiologista. É um método mais

simples, mais disponível que a BMS e sem as limitações da relaxometria, e tem-se mostrado uma

ferramenta promissora, com resultados satisfatórios na literatura (ALÚSTIZA, 2004;

BONKOVSKY, 1999; JENSEN, 2004; OOI, 2004).

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6.3 BIÓPSIA HEPÁTICA

A análise química de fragmento obtido por biópsia é considerado método padrão-

ouro. No entanto, é invasiva e possui riscos inerentes ao procedimento como perfuração de

outros órgãos, infecção e hemorragias (GÜRKAN, 2005). Pode ser realizada de maneira

qualitativa, baseado na coloração do ferro pelo azul da Prússia (método de Perls),

permitindo avaliar grosseiramente o depósito de ferro tecidual. A graduação tem sido

amplamente realizada pelo método de Scheuer devido a sua simplicidade e facilidade de

aplicação; tendo um escore que varia de 0 a 4, sendo 0 considerado ausência, 1

considerado discreto e 2, 3 e 4 indicando aumento dos depósitos de ferro (DEUGNIER,

2007).

A análise quantitativa também pode ser realizada. É feita através da determinação

bioquímica da concentração hepática de ferro por colorimetria ou espectrofotometria de

absorção atômica. É um método que apresenta maiores especificidade e sensibil idade, mas

não está tão disponível devido ao custo elevado (CANÇADO, 2007a; HAMARTZ, 2000).

É esperado que a concentração hepática de ferro em indivíduos sem sobrecarga esteja

entre10µmol/g e 36µmol/g; com sobrecarga leve, até 150µmol/g, com sobrecarga

moderada entre 150µmol/g e 300µmol/g e com sobrecarga alta, acima de 300µmol/g

(DEUGNIER, 2007).

A biópsia hepática está indicada em pacientes portadores de AF com dosagem de

ferritina sérica acima de 1000 μg/L (ALÚSTIZA, 2004; BONKOVSKY, 1999), desde que

estejam estáveis sem crises agudas inerentes à sua afecção, e que não apresentem

coagulopatias. É prudente que o paciente seja internado no dia anterior ao procedimento e

que sejam realizados exames laboratoriais com hemograma e coagulograma para assegurar

a condição favorável para realização da biópsia. O procedimento é feito no centro

cirúrgico e sob anestesia. Os fragmentos retirados são conservados em solução de formol,

com posterior inclusão em parafina e análise histopatológica (HAMARTZ, 2000;

BONKOVSKY, 1999).

Há o risco ainda de comprometimento do resultado, seja por amostra insuficiente

ou por distribuição heterogênea de ferro no parênquima hepático, sobretudo em pacientes

com fibrose ou cirrose hepática (ANDERSON, 2001; BRITTENHAM, 2003;

ANGELUCCI, 2000).

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Devido aos riscos inerentes ao método padrão-ouro, BAF, às suas possíveis

complicações e ao incômodo que traz ao paciente, dificultando a avaliação seriada do mesmo,

é importante a realização de estudos que comprovem a acurácia de métodos não invasivos,

como a RM.

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II NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

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A Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, ISSN 1516 8484, publicação

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devidamente mantida. A sua reprodução mesmo que parcial como tradução para outro idioma

necessitará de autorização prévia do Editor.

A revista publica as sessões: Artigo Original, Especial, Revisão, Atualização, Relato de Caso,

Carta ao Editor, Imagem em Hematologia Clínica, Editorial, Comentário Científico e Qual a

Evidência, podendo a qualquer momento publicar outro tipo de informação de interesse da

comunidade hematológica. O manuscrito poderá ser submetido em Português ou Inglês, sendo

obrigatório o envio da versão em inglês, caso o artigo seja aprovado.

Preparação dos manuscritos

Informações gerais

Todos os manuscritos para serem avaliados obrigatoriamente deverão enviar a seguinte

documentação:

Conflito de interesses: devem ser mencionadas as situações que podem influenciar de

forma inadequada o desenvolvimento ou as conclusões do trabalho tais como a

participação societária nas empresas produtoras das drogas ou dos equipamentos

citados ou utilizados no trabalho, assim como em concorrentes da mesma. São também

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consideradas fontes de conflito os auxílios recebidos, as consultorias, as relações de

subordinação no trabalho, etc.

Aprovação do estudo por um Comitê de Ética em Pesquisa reconhecido pelo Comitê

Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP);

Artigo que trate de pesquisa clínica com seres humanos deve incluir na seção

Métodos, declaração de que os sujeitos do estudo assinaram o termo de consentimento

livre e informado. Os autores devem informar, também, que a pesquisa foi conduzida

de acordo com a Declaração de Helsinque revisada em 2008;

No caso de trabalhos envolvendo experimentação animal, os autores devem indicar na

seção Métodos que foram seguidas as normas contidas no CIOMS (Council for

International Organization of Medical Sciences) Ethical Code for Animal

Experimentation (WHO Chronicle 1985; 39(2):51-6) e os preceitos do Colégio

Brasileiro de Experimentação Animal - COBEA (www.cobea.org.br). Deverão

completar a “Declaração dos Direitos do Homem e Animal”.

Todos os ensaios controlados aleatórios (randomized controlled trials) e clínicos

(clinical trials) submetidos à publicação devem ter o registro em uma base de dados de

ensaios clínicos. Essa é uma orientação da Plataforma Internacional para Registros de

Ensaios Clínicos (ICTRP) da Organização Mundial da Saúde (OMS), e do

International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE). As instruções para o

registro estão disponíveis no endereço eletrônico do ICMJE

(http://www.icmje.org/clin_trialup.htm) e o registro pode ser feito na base de dados de

ensaios clínicos da National Library of Medicine, disponível em

http://clinicaltrials.gov/ct/gui.

Requisitos técnicos

1. Identificação do artigo: a) título do artigo, em português e em inglês, que deverá ser

conciso, porém informativo; b) nome completo de cada autor, sem abreviações, afiliação

institucional (nome completo da instituição que está afiliado); c) indicação do departamento e

nome oficial da Instituição ao qual o trabalho deve ser atribuído; d) nome, endereço, telefone

e e-mail do autor correspondente; e) fontes de auxilio à pesquisa.

2. Resumo e Abstract: resumo em português e abstract em inglês, de não mais que 250

palavras. Para os artigos originais, os mesmos devem ser estruturados, destacando o(s)

objetivo(s) do estudo, método(s), resultado(s) e a(s) conclusão (ões). Para as demais

categorias de artigos, o resumo não necessita ser estruturado, porém deve conter as

informações importantes para reconhecimento do valor do trabalho. Especificar cinco

descritores, em português e em inglês, que definam o assunto do trabalho. Os descritores

deverão ser baseados no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) publicado pela BIREME,

traduzidos do MeSH (Medical Subject Headings) da National Library of Medicine e

disponível no endereço eletrônico: http://decs.bvs.br. Ensaios Clínicos: ao final do resumo

indicar o número de registro onde o trabalho está cadastrado.

3. Texto: a) Artigo Original: devem conter: Introdução, Objetivo(s), Método(s),

Resultado(s), Discussão, Conclusão (ões) e Referências. O trabalho deverá ter no máximo

4.000 palavras (incluindo as referências), autores até seis, tabelas, ilustrações e fotos até sete e

conter até 30 referências; b) Artigo Especial: devem ter a mesma estrutura dos artigos

originais, porém poderão ser submetidos somente a convite ou inclusão nesta categoria após

análise do editor; c) Artigo de Revisão: revisões narrativas abordando tema de importância

para a área. Deverá ter até 5.000 palavras (incluindo as referências), tabelas, ilustrações e

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fotos até o número de sete e no máximo 60 referências; d) Artigo de Atualização: sobre um

tema, um método, um tratamento, etc., devendo conter um breve histórico do tema, seu estado

atual de conhecimento e as razões do trabalho, métodos de estudo (fontes de consulta,

critérios de seleção), hipóteses, linhas de estudo, etc. Critérios idênticos ao artigo de revisão;

e) Relato de Caso: deve conter: Introdução, com breve revisão da literatura, relato do caso, os

resultados importantes para o diagnóstico, evolução, discussão, conclusão e referências.

Deverá ter no máximo 1.800 palavras, tabelas, ilustrações e fotos até o número de duas,

autores até quatro com 10 referências; f) Carta ao Editor: máximo de 1000 palavras

(incluindo referências), com três autores, contendo no máximo duas ilustrações; g) Imagem

em Hematologia Clínica: máximo de 100 palavras, uma ou duas imagens no máximo, até

três autores e três citações em referências; h) Comentário Científico: esta contribuição só

será aceita por convite do Editor, que orientará a forma de envio do manuscrito.

4. Agradecimentos: devem ser dirigidas a colaboradores que mereçam reconhecimento, mas

que não justificam suas inclusões como autores, como apoio financeiro ou auxílio técnico,

recebidos na elaboração do trabalho.

5. Referências: em todas as categorias de artigos, as referências citadas devem ser numéricas

e inseridas segundo a ordem de entrada no texto. A apresentação deverá estar baseada no

formato proposto pelo International Committee of Medical Journal Editors "Uniform

Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals" atualizado em 2009,

conforme exemplos abaixo: os títulos de periódicos deverão ser abreviados de acordo com o

estilo apresentado pela List of Journals Indexed in Index Medicus da National Library of

Medicine (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez). Cite todos os autores, se houver até seis

e após o sexto acrescente a expressão et al.

Exemplos de referências:

Documentos impressos

Artigos de Periódicos: Padley DJ, Dietz AB, Gastineau DA. Sterility testing of hematopoietic

progenitor cell products: a single-institution series of culture-positive rates and successful

infusion of culture-positive products. Transfusion. 2007; 47(4):636-43.

Livros: Chalmers J. Clinician’s manual on blood pressure and stroke prevention. 3rd ed.

London: Science Press; 2002. 70 p.

Richardson MD, Warnock DW. Fungal Infection Diagnosis and Management. 2nd ed.

Oxford: Blackwell Science Ltd Editorial Offices; 1997.249 p.

Capitulos de livros: F. Reyes. Lymphocyte differentiation. In P Solal-Céligny, N Brousse, F

Reyes, C Gisselbrecht, B Coiffier. Non-Hodgkin`s Lymphomas. Paris: Éditions Frison-

Roche; 1993. p.19-29.

Anais: Souza AM, Vaz RS, Carvalho MB, Arai Y, Hamerschilak N. Prevalência de testes

sorológicos relacionados à hepatitis B e não-A, não-B em doadores de sangue. In: 19º

Congresso Brasileiro de Hematologia e Hemoterapia / 26º Congresso da Sociedade Brasileira

de Hematologia e Hemoterapia; 2003 Ago 6-9; São Paulo, 2003. Anais. p.103.

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30

Teses: Sandes AF. Caracterização imunofenotípica da diferenciação eritrocitária,

granulocítica e megacariótica em pacientes com síndromes mielodisplásicas [tese]. São Paulo:

Universidade Federal de São Paulo; 2009. 126p.

Documentos Eletrônicos

Artigos de Periódicos: Almeida ID, Coitinho AS, Juckowsky CA, Schmalfuss T, Balsan AM,

Röhsig LM. Controle de esterilidade de produtos de células progenitoras hematopoéticas do

sangue periférico. Rev Bras Hematol Hemoter [Internet] 2010 [citado 2010 Jun 10]; 32(1):

23-8. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbhh/v32n1/aop03010.pdf

Livros: Walker HK, Hall WD, Hurst JW, editors. Clinical methods. The history, physical, and

laboratory examinations. 3rd ed. [Internet]. Boston: Butterworths; 1990. [cited 2010 Jun 10].

Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/bookshelf/br.fcgi?book=cm

Ilustrações e fotos: Devem ter pelo menos 1000 dpi de resolução. Figuras coloridas devem

ser em CMYK e serão publicadas em cores somente se for essencial. Devem estar no formato

TIFF, JPG ou CDR. Não inserir as figuras dentro do texto. Enviar separadamente.

Tabelas e Quadros: Devem ser numeradas consecutivamente, com algarismos arábicos e

citadas no texto em ordem numérica. Se a tabela requerer símbolos especiais, deve ser

enviada como uma imagem em um arquivo TIFF ou JPG, em alta resolução.

Submissão

A submissão do manuscrito deve ser feita obrigatoriamente na forma eletrônica no site da

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, Journal of Hematology and Hemotherapy,

www.rbhh.org. No link de submissão www.sgponline.com.br/rbhh/sgp, existem informações

de auxílio e é imprescindível o preenchimento do documento de transferência de direitos

autorais para a Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (Journal of Hematology and

Hemotherapy).

O documento deve ser assinado por todos os autores e encaminhado a secretaria da revista

pelo e-mail [email protected]. Os autores também devem preencher e enviar

a declaração de conflito de interesse.

É de responsabilidade dos autores a obtenção de carta de permissão para a reprodução de

algum material incluso no trabalho, que porventura tenha sido publicado e ficará arquivado

eletronicamente.

O editor poderá publicar manuscritos que não estejam exatamente nas instruções após

avaliação criteriosa sempre voltada para o interesse e progresso da RBHH/JHH.

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Envio de correspondência:

Ao Editor Milton Artur Ruiz

Rua Catarina Nucci Parise, 760 - Jardim Vivendas 15090-470 São Jose do Rio Preto, SP,

Brasil

[email protected]

Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia

Rua Catarina Nucci Parise, 760, Jardim Vivendas São José do Rio Preto - SP, CEP

15090-470

Telefone: (17) 3226-7091

[email protected]

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III ARTIGO ORIGINAL

Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia

Trabalhos Originais

RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RM) COMPARADA À BIÓPSIA POR AGULHA

FINA (BAF) PARA ESTIMATIVA DE SOBRECARGA HEPÁTICA DE FERRO EM

JOVENS PORTADORES DE ANEMIA FALCIFORME

MAGNETIC RESONANCE IMAGING (MRI) COMPARED TO FINE NEEDLE BIOPSY

(BAF) FOR ESTIMATION OF HEPATIC IRON OVERLOAD IN YOUNG PATIENTS

WITH SICKLE CELL ANEMIA

Autores: Wlisses Ramon Oliveira¹, Thiago de Oliveira Ferrão², Alex Vianey Callado França³,

Hugo Leite de Farias Britto4, Rosana Cipolotti

5

Hospital Universitário, Universidade Federal de Sergipe (UFS)

1. Graduando em Medicina, UFS

2. Médico Radiologista, Mestre em Ciências da Saúde; professor-assitente do Departamento

de Medicina, UFS

3. Médico Hepatologista, Doutor em Medicina; professor livre-docente do Departamento de

Medicina, UFS

4. Médico Patologista, Doutor em Medicina; professor livre-docente do Departamento de

Medicina, UFS

5. Médica Hematologista Pediátrica, Doutora em Medicina; professora adjunta do

Departamento de Medicina, UFS.

Endereço para correspondência: [email protected]

Wlisses Ramon Oliveira

Rua José Alves das Neves, nº 37, bairro Luzia, CEP: 49045-380, Aracaju-SE

Telefone: (79) 9151-8025

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RESUMO

Objetivos: Comparar o resultado da estimativa de sobrecarga de ferro hepático através de

ressonância magnética (RM) com aquele obtido através exame anatomopatológico de

fragmento de tecido hepático em pacientes jovens portadores de anemia falciforme (AF).

Métodos: Foram estudados 25 indivíduos jovens portadores de AF, os quais foram

submetidos a dosagem por quimioluminescência de ferritina sérica (F), RM e biópsia por

agulha fina (BAF) do fígado. RM: foram realizadas cinco sequências gradiente-eco e uma

spin-eco. A intensidade de sinal foi obtida em cada sequência pelas médias das regiões de

interesse no fígado e musculatura paravertebral para obter a razão da intensidade de sinal

(RIS) fígado/músculo. A partir da RIS foi obtida a concentração hepática estimada de ferro

(CHEF) pela fórmula: e[5,808 – (0,877 × T2*) – (1,518 × PI)], onde T2* é a RIS na sequência

com tempo de eco (TE) de 14 ms e PI é a RIS da sequência com ponderação intermediária.

BAF: a avaliação da deposição de ferro hepática foi semiquantitativa, realizada de acordo

com os critérios estabelecidos por Scheuer e colaboradores, que estabelece categorias

crescentes de ferro depositado (0 a 4). As variáveis contínuas foram comparadas pelo teste

ANOVA. As correlações entre os resultados obtidos por cada método foram avaliadas pelo

coeficiente de correlação de Pearson (r). Resultados: Observou-se diferença estatisticamente

significativa entre os valores de CHEF e as categorias de intensidade de deposição de ferro

(p=0,004), bem como forte correlação positiva entre estas e os valores da CHEF (r=0,75).

Conclusão: RM demonstrou ser um método correlacionável aos resultados obtidos por biópsia

hepática por BAF na determinação semiquantitativa de sobrecarga de ferro hepático, podendo

ser uma alternativa eficiente e segura para portadores de AF.

Descritores: anemia falciforme, ressonância magnética, biópsia hepática, ferro.

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ABSTRACT

Objectives: To compare the results of the estimation of hepatic iron overload using magnetic

resonance imaging (MRI) with that obtained by pathological examination of a fragment of

liver tissue in young patients with sickle cell anemia (SCA). Methods: We studied 25 young

subjects with SCA, which were assayed in serum ferritin by chemiluminescence (F), MRI and

needle biopsy (BAF) of the liver. RM: There were five gradient-echo sequences and a spin-

echo. Signal intensity was obtained in each sequence by means of regions of interest in liver

and paravertebral muscles to obtain the ratio of intensity of signal (RIS) liver/muscle. The

RIS was obtained from the estimated hepatic iron concentration (CHEF) by the formula: e

[5.808 - (0.877 × T2 *) - (1,518 × PI)], where T2 * is the RIS in sequence with echo time

(TE) of 14 ms and PI is the RIS sequence with intermediate weighting. BAF: assessment of

hepatic iron deposition was semiquantitative, performed according to the criteria established

by Scheuer and employees, establishing categories increasing iron deposited (0-4).

Continuous variables were compared using ANOVA. The correlations between the results

obtained by each method were evaluated by Pearson correlation coefficient (r). Results:

There was a statistically significant difference between the values of CHEF and intensity

categories iron deposition (p = 0.004), as well as a strong positive correlation between these

values and the CHEF (r = 0.75). Conclusion: MRI has proven to be a method correlated to

the results obtained by liver biopsy by BAF in semi-quantitative determination of hepatic iron

overload, may be an effective and safe for patients with AF. Descriptors: sickle cell anemia,

MRI, liver biopsy, iron.

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RESSONÂNCIA MAGNÉTICA (RM) COMPARADA À BIÓPSIA POR AGULHA

FINA (BAF) PARA ESTIMATIVA DE SOBRECARGA HEPÁTICA DE FERRO EM

JOVENS PORTADORES DE ANEMIA FALCIFORME

MAGNETIC RESONANCE IMAGING (MRI) COMPARED TO FINE NEEDLE BIOPSY

(BAF) FOR ESTIMATION OF HEPATIC IRON OVERLOAD IN YOUNG PATIENTS

WITH SICKLE CELL ANEMIA

INTRODUÇÃO

Anemias hemolíticas, entre as quais a Anemia Falciforme (AF), podem cursar com

hemossiderose secundária, seja pelo acúmulo do ferro liberado das células lisadas, ou em

conseqüência de repetidas transfusões de hemácias. O acúmulo de ferro em vísceras

parenquimatosas pode acarretar, em longo prazo, comprometimento funcional, assim como

pode indicar hemossiderose de outros órgãos, como coração, pulmões e glândulas endócrinas.

O fígado é o primeiro e principal órgão afetado, podendo ser acometido ao ponto de sofrer

fibrose e desenvolver um quadro de cirrose. Dessa forma, o diagnóstico e tratamento

adequados são fundamentais, especialmente para pacientes dependentes de transfusão crônica

de hemácias1-4

.

Nas complicações agudas da AF, transfusões de hemácias (TH) são frequentemente

utilizadas, pois as opções terapêuticas para esses pacientes são limitadas 5,6

. Cerca de 20% a

30% dos pacientes com doença falciforme são submetidos à TH crônica7. Esses pacientes

apresentam melhora do curso da doença, reduzindo o número de internações, crises

vasooclusivas e síndrome torácica aguda. Todavia, esse regime de TH tem como

consequência o desenvolvimento de sobrecarga de ferro após a administração de 10 a 20

unidades de concentrados de hemácias7. O número de crianças com AF que recebe por longo

prazo TH crônica tem aumentado, principalmente em razão da sua utilização na prevenção

primária de acidente vascular cerebral, o que abrange aproximadamente 15% da população

pediátrica 8,9

.

Classicamente, a avaliação de ferro hepático é realizada por biópsia por agulha fina

(BAF). Esse procedimento acarreta complicações em 0,5% dos casos10

, além de inviabilizar a

realização de exames seriados em intervalos relativamente curtos11

. Além disso, é um

procedimento invasivo com risco significativo de sangramento para pacientes com

comprometimento da hemostasia1-4

. Há também o risco de perfuração de outros órgãos

abdominais, infecções e extravasamento de bile 12,13

. O desconforto e os riscos ocasionados

por esse procedimento impulsionaram recentemente pesquisas sobre métodos não invasivos

para avaliar a sobrecarga hepática de ferro, como a ressonância magnética (RM)14

.

A avaliação da sobrecarga de ferro por RM é baseada nas propriedades

paramagnéticas do ferro 15,16

. Com a sobrecarga, a intensidade do sinal do fígado à RM

diminui, sendo possível então detectar depósito17

. Além disso, a técnica é considerada

reprodutível 18,19

.

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Assim, o presente estudo objetivou comparar os resultados obtidos pela RM em

relação ao padrão-ouro, a análise histopatológica de fragmento hepático obtido por BAF para

avaliação de sobrecarga hepática de ferro em pacientes jovens portadores de AF, bem como

descrever sua frequência e intensidade.

MÉTODO

Foi realizado um estudo transversal envolvendo pacientes acompanhados em serviço

universitário de referência na região nordeste do Brasil. Foram incluídos pacientes portadores

de AF (padrão SS) comprovada por eletroforese de hemoglobina que fazem acompanhamento

regular, com idade igual ou superior a cinco anos e até 25 anos, admitidos sequencialmente.

Foram considerados elegíveis pacientes com nível sérico de ferritina superior que 1000

ng/mL.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos

da instituição do estudo (protocolo CAE 0013.0.107.000-09), e os consentimentos dos

pacientes ou pais/responsáveis foram expressos pela assinatura do Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE).

Os pacientes foram então submetidos a RM do abdome superior e biópsia do fígado

para obtenção de material para análise da concentração de ferro tecidual. As RM precederam

as biópsias, com intervalo máximo de um mês entre ambas, para reduzir a possibilidade de

haver TH nesse período. Caso houvesse, o paciente seria excluído do estudo.

A técnica para realização da RM consistiu de cinco sequências gradiente eco (GRE)

nas ponderações T1, intermediária e T2*, adquiridas em apneia, com 20 cortes cada, e uma

sequência turbo spin eco (TSE) trigger ponderada em T2, sincronizada com os movimentos

respiratórios, com 35 cortes. As imagens foram obtidas no plano axial.

Todas as imagens foram interpretadas por dois avaliadores independentemente, ambos

radiologistas experientes. Os casos discordantes foram arbitrados por um terceiro radiologista.

As imagens foram avaliadas através de um recurso do equipamento denominado ROI (region

of interest), definido pelo operador, utilizado para medida da intensidade de sinal dos tecidos.

Os ROI, com área mínima de 1cm², foram posicionados em três regiões do lobo hepático

direito (onde as biópsias são comumente realizadas) e em duas regiões da musculatura

paravertebral, uma à direita e outra a esquerda, numa mesma imagem, distantes das bases

pulmonares, de vasos hepáticos e de áreas heterogêneas, de modo a evitar artefatos. Foram

obtidas a média aritmética das três medidas hepáticas e a média das duas medidas musculares

e calculada a razão entre as médias, denominada razão de intensidade de sinal (RIS). Cada

observador fez separadamente sua medida de RIS, e em seguida foi obtida a média aritmética

das duas medidas. A RIS foi utilizada, ao invés da intensidade de sinal isolada do tecido

hepático, porque a RIS considera a queda usual da intensidade de sinal que ocorre

normalmente à medida que o tempo de eco se prolonga, e pela necessidade de um tecido de

referência, a musculatura paravertebral, que usualmente não sofre deposição de ferro.

A partir da RIS pode ser obtida a concentração hepática estimada de ferro (CHEF),

através da fórmula: CHEF = e[5,808 – (0,877 x T2*) – (1,518 x PI)], onde T2* é a RIS obtida

na sequência com tempo de eco (TE) de 14ms e PI é a RIS da sequência com ponderação

intermediária. Estudo anterior17

indica que essa fórmula mostra excelente correlação entre

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RIS e concentração hepática de ferro medida em tecido hepático obtido por BAF (r = 0,937).

A CHEF assim calculada foi comparada com a avaliação histológica do material obtido por

BAF.

Existe indicação formal17

para realização de biópsia hepática em pacientes com níveis

séricos de ferritina persistentemente superiores a 1000 ng/mL. Em função disso, os pacientes

foram submetidos a BAF de fígado, tendo como base os protocolos descritos por Bonkovsky

(1999)20

e Alústiza (2004)17

. Cada paciente era internado na véspera do procedimento,

avaliado clinicamente e submetido a testes de coagulação sanguínea. Plaquetometria superior

a 50.000/dL de sangue e international normalized ratio (INR) do tempo de protrombina

inferior a 1,7 foram requisitos mínimos para realização da biópsia.

Os fragmentos obtidos foram fixados em solução de formaldeído a 10% e enviados

para estudo anatomopatológico no serviço de Patologia da instituição do estudo. A avaliação

histológica semiquantitativa da deposição de ferro hepático foi realizada de acordo com os

critérios estabelecidos por Scheuer e colaboradores21

a qual foi realizada por dois patologistas

independentes, seguida de avaliação da concordância interobservador pelo teste Kappa (κ). Os

resultados histopatológicos foram posteriormente agrupados em duas categorias: A

(sobrecarga inexistente ou mínima), que abrange as classes Scheuer 0 (sem sobrecarga) e 1

(sobrecarga leve) e B (sobrecarga moderada a muito intensa), que abrange as categorias

Scheuer 2 (sobrecarga moderada, 3 (sobrecarga intensa) ou 4 (sobrecarga muito intensa).

As correlações entre CHEF e classificação de Scheuer foram avaliadas pelo

coeficiente de correlação de Pearson (r), com intervalo de confiança de 95%. Para avaliar a

acurácia da RM como teste diagnóstico frente a um padrão-ouro foi traçada a curva ROC,

com a determinação do melhor ponto de corte, sensibilidade, especificidade e valor preditivo

positivo e negativo.

RESULTADOS

Dentre os 276 pacientes acompanhados no ambulatório e submetidos à dosagem sérica

de ferritina, 34 tiveram valores superiores a 1000 ng/dL. Estudo anterior comparando ferritina

e CHEF obtida por RM verificou que a ferritina sérica acima de 1000 ng/dL tem correlação

regular (r=0,5) com as categorias de Scheuer correspondentes a sobrecarga hepática de

ferro22

.

A partir dos 34 pacientes elegíveis, três tiveram de ser excluídos do estudo: um por

idade menor que cinco anos, pelo risco adicional na realização da BAF, e dois por

intercorrência clínica. Dos 31 restantes, seis foram excluídos por não terem a biópsia realizada

durante o período de estudo. Os 25 pacientes restantes foram submetidos à RM de abdome

superior e à BAF hepática. Destes, dois pacientes (8%) foram classificados na categoria zero

de Scheuer e apresentaram CHEF com valores entre 27,0 e 35,2µmol/g; quatro (16%) foram

classificados como Scheuer 1 e apresentaram CHEF de 19,1 a 88,1µmol/g; cinco (20%),

como Scheuer 2 e CHEF de 34,5 a 126,1µmol/g; seis (24%), como Scheuer 3 e CHEF de 20,2

a 261,1 µmol/g; e oito (32%), como Scheuer 4 e CHEF de 75,4 a 286,4 µmol/g. A

comparação do valor médio de CHEF entre as categorias de Scheuer mostrou diferença

estatisticamente significante (p=0,0007).

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Após agrupar as categorias de Scheuer em dois grupos (A e B), obteve-se que seis

pacientes (24%) foram classificados no grupo A e apresentaram CHEF que variou de 19,0 a

88,1µmol/g (mediana: 39,9µmol/g), e 19 (76%) foram classificados no grupo B, com CHEF

que variou de 20,2 a 286,4µmol/g (mediana: 147,5 µmol/g). A diferença entre as médias de

CHEF nos dois grupos foi estatisticamente significativa (p=0,004), havendo forte correlação

entre os métodos (r = 0,75; figura 1).

Figura 1 – Correlação entre classificação de Sheuer e CHEF.

Como observado na curva ROC (Figura 2), o melhor ponto de corte foi CHEF de

74,1µmol/g, com sensibilidade e especificidade, respectivamente de 0,84 e 0,83, valores

preditivo positivo e negativo, respectivamente de 94,1% e 62,5% e acurácia de 84,0%.

Figura 2 – Curva ROC determinando o ponto de corte para CHEF na correlação com as categorias de Sheuer

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DISCUSSÃO

Este estudo se propõe comparar os resultados obtidos através de um método não

invasivo, a RM, em relação ao procedimento padrão-ouro, a análise histopatológica de

fragmento hepático obtido por BAF, na identificação e quantificação da sobrecarga hepática

de ferro em pacientes jovens portadores de AF.

Bourbon-Filho e colaboradores observaram correlação regular (r=0,5) e

estatisticamente significativa entre a CHEF por RM e valores de ferritina acima de 1000 µg/L

em pacientes portadores de AF e que são submetidos à transfusão regular de hemácia22

. A RM

pode ser considerada adequada para aferição indireta da sobrecarga de ferro por ser não

invasiva e por permitir uma visão anatômica da deposição de ferro nos órgãos. Permite ainda

estimar o risco de desenvolvimento de doenças orgânicas decorrentes da sobrecarga de

ferro23

, além de ser adequada para pacientes que possuam contraindicação absoluta para

serem submetidos à BAF. Além de avaliar a sobrecarga hepática, tem sido utilizada na

avalição da sobrecarga de ferro em outros órgãos como o coração e tecidos endócrinos17, 24, 25,

26. Além de oferecer menos riscos que a BAF, é mais específica que a dosagem de ferritina

sérica (92% vs. 21%) em pacientes com níveis de ferro cinco vezes maior que o normal27

.

Nossos resultados foram semelhantes aos de Voskaridou e colaboradores que, em

2004 na Grécia, demonstraram, através de estudo comparativo entre RM, e biópsia hepática

em 29 pacientes portadores de beta-talassemina ou doença falciforme que receberam

transfusão de hemácias, haver correlação entre os métodos, com significância estatística (p <

0,0003 e 0,00001, respectivamente), utilizando a técnica de relaxação T228

. Gandon e

colaboradores, no mesmo ano, em estudo também comparativo entre os métodos, com uma

casuística de 176 pacientes com sobrecarga de ferro, obtiveram como resultado uma forte

correlação, sugerindo que a RM poderia substituir a biópsia hepática na avaliação da

sobrecarga hepática de ferro de indivíduos com beta-talassemia29

.

Este estudo observou que, para o ponto de corte CHEF de 74,1µmol/g, a RM possui

boas sensibilidade e especificidade, assim como Henninger et al. (2012) em estudo com 25

pacientes com suspeita de sobrecarga hepática de ferro por critérios clínicos ou por dosagem

de ferritina aumentada (> 300mg/L em pacientes do sexo masculino e > 200mg/L em

pacientes do sexo feminino) submetidos à biópsia hepática e RM, com comprovação de

sobrecarga hepática de ferro em 9 deles, corrobora com os resultados do atual estudo ao

demonstrar forte correlação entre os métodos, utilizando o cálculo de relaxação T2*

combinado ao T1, com precisão diagnóstica de 88%, sensibilidade de 84% e especificidade de

100%30

.

No entanto, deve-se levar em conta que o custo desse exame ainda é alto quando

comparado a outros métodos, e ainda maior quando se considera que são necessárias

avaliações seriadas durante o seguimento dos pacientes com sobrecarga hepática de ferro,

particularmente quando submetidos à terapia quelante, sendo esta uma das razões que

dificultam sua indicação mais disseminada 7,13

.

O presente estudo apresenta, como limitações, seu delineamento transversal, além do

tamanho da amostra, reduzido em relação à faixa etária, a qual, apesar de restrita a pacientes

jovens, é relativamente ampla.

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CONCLUSÃO

Sobrecarga hepática de ferro foi um achado frequente nos indivíduos jovens

portadores de AF estudados. RM mostrou-se um método adequado para estimar a sobrecarga

hepática de ferro nos pacientes com AF com nível de ferritina sérica superior a 1000 ng/mL,

tendo os valores de CHEF a partir de 74,1µmol/g demonstrado boa correlação com os

resultados obtidos por BAF.

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