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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA MATEUS GERALDO SIMÕES USO DA MACHO-ESTERILIDADE NA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE MILHO HÍBRIDO VIÇOSA MINAS GERAIS 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA MATEUS GERALDO …...intuito de facilitar o manejo e elevar a produtividade. Práticas como a utilização de fertilizantes e corretivos de solo, plantio

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

MATEUS GERALDO SIMÕES

USO DA MACHO-ESTERILIDADE NA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE

MILHO HÍBRIDO

VIÇOSA – MINAS GERAIS

2017

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MATEUS GERALDO SIMÕES

USO DA MACHO-ESTERILIDADE NA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE

MILHO HÍBRIDO

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

Universidade Federal de Viçosa como parte das

exigências para a obtenção do título de

Engenheiro Agrônomo.

Modalidade: Revisão de Literatura.

Orientador: Rodrigo Oliveira de Lima

Coorientador: Denise Cunha dos Santos Dias

VIÇOSA – MINAS GERAIS

2017

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MATEUS GERALDO SIMÕES

USO DA MACHO-ESTERILIDADE NA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE

MILHO HÍBRIDO

Trabalho de conclusão de curso apresentado à

Universidade Federal de Viçosa como parte das

exigências para a obtenção do título de

Engenheiro Agrônomo. Modalidade: Revisão

de Literatura.

APROVADO: 05 de Junho de 2017

Prof. Rodrigo Oliveira de Lima

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“E, tudo o que pedirdes em oração, crendo, o recebereis. ”

Mateus 21:22

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pelo dom da vida e proteção.

À Nossa Senhora Aparecida, por interceder por mim junto a seu Filho amado.

Aos meus pais, como exemplos de seres humanos, apoiando, incentivando e orando

pelos meus sonhos.

À minha irmã, pelo incentivo.

À minha namorada, pelo encorajamento, paciência, amor e companheirismo.

Aos meus parentes e familiares, pelo encorajamento.

Aos amigos pelos exemplos, apoio, momentos de descontração, conselhos e

companheirismo.

À Universidade Federal de Viçosa, pela oportunidade, ensinamentos, conhecimentos

compartilhados e suporte.

Ao meu coordenador Rodrigo Oliveira de Lima, pelos ensinamentos, pela atenção e pelo

apoio constante.

À minha coorientadora Denise Cunha dos Santos Dias, pela atenção e apoio constante.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse trabalho.

MEU ETERNO AGRADECIMENTO!

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RESUMO

A produção de sementes híbridas de milho é trabalhosa e onerosa. A necessidade de

garantir o cruzamento entre as linhagens e a pureza das sementes exige a realização do

despendoamento de extensos campos de produção. Contudo, a adoção dessa técnica enfrenta

diversos desafios, tais como a escassez de mão de obra qualificada, eficiência e qualidade do

trabalho realizado, danificação das plantas e custo elevado. Portanto, a implantação de uma

técnica que substitua o despendoamento e solucione alguns desses obstáculos favorecerá a

produção de sementes híbridas de milho. Dessa forma, a técnica da macho-esterilidade é uma

opção que comprovadamente é eficiente para substituir o despendoamento, visto que a planta é

incapaz de produzir pólen viável, sem afetar o desenvolvimento dos órgãos florais femininos e

as estruturas vegetativas não apresentarem qualquer anomalia. Essa característica é obtida

através de genes recessivos que impedem o desenvolvimento ou viabilidade do pólen.

Atualmente, existem dois sistemas de macho-esterilidade descritos para a cultura do milho, a

macho-esterilidade de origem citoplasmática e a nuclear. Esses sistemas diferem de acordo com

os genes de esterilidade e os genes restauradores da fertilidade. A macho-esterilidade

citoplasmática é o sistema mais difundido e estudado, e foi muito utilizada na segunda metade

do século XX. Todavia, apresenta alguns fatores a serem superados para ser adotado

plenamente nos sistemas de produção, tais como a susceptibilidade das plantas a doenças e

instabilidade da esterilidade diante de determinados fatores ambientais. Em contrapartida, ao

longo dos últimos anos uma nova técnica denominada SPT (Seed Production Technology) têm

sido estudada e aprimorada, visando auxiliar no processo de multiplicação e manutenção de

linhagens com macho-esterilidade nuclear através da transgenia. Desta forma, a técnica da

macho-esterilidade se mostra muito próspera, viável e sustentável nos sistemas de produção de

sementes híbridas de milho. Contudo, é necessária a busca por novos genes de indução e

restauração e o entendimento da interação desses genes em diferentes genótipos e ambientes.

Palavras-chave: Zea mays L.; melhoramento genético; despendoamento;

helmintosporiose.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APROSOJA Associação do Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso

CIMMYT International Maize and Wheat Improvement Center

CMS Macho-Esterilidade Citoplasmática

CNA Confederação da Agricultura e Pecuária

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

GMS Macho-Esterilidade Nuclear

GoT Grow Out

IAC Instituto Agronômico de Campinas

SPT Seed Production Technology

TUS Taxa de Utilização de Sementes

UFV Universidade Federal de Viçosa

USDA United States Department of Agriculture

VPA Variedade de Polinização Aberta

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. A – Pendão estéril sem anteras. B – Pendão parcialmente restaurado com variável

número de anteras soltas. C – Pendão fértil com anteras em todos os ramos ..........................16

Figura 2. Etapas de produção de sementes híbridas utilizando macho-esterilidade

citoplasmática ...........................................................................................................................23

Figura 3. Etapas de produção de sementes híbridas de milho utilizando o processo SPT ….25

Figura 4. Multiplicação da linhagem mantenedora SPT ..........................................................25

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10

2. DESENVOLVIMENTO ................................................................................................... 12

2.1. IMPORTÂNCIA ........................................................................................................ 12

2.2. MACHO-ESTERILIDADE ....................................................................................... 14

2.2.1. MACHO-ESTERILIDADE CITOPLASMÁTICA (CMS) ................................ 15

2.2.1.1. CMS – T ............................................................................................................. 17

2.2.1.2. CMS – S ............................................................................................................. 18

2.2.1.3. CMS – C ............................................................................................................. 19

2.2.2. MACHO-ESTERILIDADE NUCLEAR (GMS) ................................................... 20

2.2.3. PRODUÇÃO DE SEMENTES HÍBRIDAS .......................................................... 20

2.2.3.1. OBTENÇÃO DAS LINHAGENS MACHO-ESTÉRIL E MANTENEDORA . 21

2.2.3.2. SISTEMA CMS DE PRODUÇÃO .................................................................... 23

2.2.3.3. SISTEMA GMS DE PRODUÇÃO .................................................................... 23

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 26

4. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 27

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1. INTRODUÇÃO

Originário do continente americano, mais especificamente do México, o milho (Zea

mays L.) foi cultivado e consumido primeiramente pelos povos Maias, Astecas e Incas. No

Brasil, os povos indígenas também faziam uso do cereal em suas dietas. Entretanto, após a

descoberta da América e das grandes navegações do século XVII, a cultura do milho se

expandiu para outras regiões do mundo (APROSOJA, 2012). Atualmente, o grão é cultivado e

consumido em todos os continentes e é o cereal produzido em maior volume no mundo (CNA,

2016).

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2017), na

safra 2015/2016, o Brasil foi o terceiro maior produtor mundial de milho, e ficou atrás apenas

dos Estados Unidos e China. Quando se refere ao consumo do cereal, o país se encontra na

quarta posição. Boaretto (2009) destaca que no ano de 2050 a população mundial será de nove

bilhões de pessoas, 20% maior que a atual. Esse aumento populacional requererá um

crescimento na produção de alimentos, principalmente de milho, utilizado como base alimentar

de muitos povos e matéria-prima industrial e energética (GARCIA et al., 2006). Para suprir

essa demanda existem alternativas como expandir as áreas cultivadas e aumentar a

produtividade das lavouras.

A expansão de novas áreas é limitada por fatores como limites físicos, agroecológicos,

sociais e econômicos (MIRANDA, 2016). Diante disso, o investimento no incremento da

produtividade das áreas é um caminho a ser seguido para atingir o sucesso dos cultivos

agrícolas. Ao longo dos anos diversas práticas e tecnologias foram inseridas na agricultura com

intuito de facilitar o manejo e elevar a produtividade. Práticas como a utilização de fertilizantes

e corretivos de solo, plantio direto, uso de defensivos agrícolas e sementes melhoradas são

alguns dos exemplos que contribuíram para o aumento da produtividade dos cereais nos últimos

anos (VIEIRA FILHO; CAMPOS; FERREIRA, 2005).

Entre todos os fatores citados acima, o melhoramento genético com finalidade de

obtenção de sementes híbridas de milho foi uma das principais técnicas inseridas no sistema de

produção que contribuíram para o aumento da produtividade. Assim, o milho híbrido foi

introduzido no mercado em meados da década de 1930, substituindo gradativamente as

variedades de polinização aberta que existiam na época (BARBOSA, 2015). Nesta época, o uso

de milho híbrido nos Estados Unidos era de 75% da área total cultivada e alcançou 95% na

década de 1960, devido a sua elevada produtividade (BUENO; MENDES; CARVALHO,

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2006). No Brasil, o primeiro programa de melhoramento para obtenção de milho híbrido teve

início no Instituto Agronômico de Campinas, em 1932. A partir desse programa, o pesquisador

Carlos Arnaldo Krug e colaboradores produziram no mesmo ano de inauguração, o primeiro

híbrido duplo brasileiro (SANTOS, 2009), entretanto apenas em 1937, os professores da

Universidade Federal de Viçosa (UFV), Diogo Alves de Melo e Antônio Secundino de São José

sintetizaram e lançaram o primeiro híbrido de milho comercial no Brasil por meio do

cruzamento dos cultivares de polinização aberta Cateto e Amarelão (PROGRAMA MILHO

UFV), o que causou grande impacto econômico na época.

Atualmente, quase toda a produção comercial de milho é oriunda de sementes híbridas.

Entretanto, para a obtenção dessas sementes é necessário que ocorra a polinização cruzada entre

dois parentais distintos, uma linhagem masculina, fornecedora de pólen, e outra, fornecedora

de óvulos. Diante disso, é necessário controlar o fluxo de pólen no campo de produção de

sementes como forma de garantir a polinização cruzada (MAGALHÃES, 2011) e evitar a

autopolinização das linhagens femininas (CIGAN, 2014). Para garantir a fecundação cruzada

entre os dois genitores que constituirão o híbrido, é necessário assegurar que as linhagens

fêmeas não produzirão pólen. Isso pode ser obtido de duas formas: despendoamento manual

ou mecanizado, que é oneroso e trabalhoso em extensos campos de produção de sementes, ou

através do sistema de macho-esterilidade genética, que é uma alternativa mais eficiente e de

maior retorno financeiro. Os materiais machos-estéreis não produzem grãos de pólens viáveis

e o uso dessas linhagens fêmeas, elimina-se a necessidade de realizar o despendoamento das

mesmas. Essa técnica vem auxiliar estrategicamente as unidades de produção de sementes com

redução dos custos e aumento na qualidade das sementes colhidas (BIUDES, 2012; CHEN et

al., 2016).

Ao longo das últimas décadas, entretanto, a utilização da macho-esterilidade não está

difundida nos campos de produção de sementes híbridas de milho. A ocorrência desse fato

deve-se a instabilidade dos genes inseridos nos genótipos superiores diante variações climáticas

e susceptibilidade a doenças (MARSHALL et al., 1974).

Diante disso, o objetivo desse trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica sobre a

utilização de macho-esterilidade na produção de sementes híbridas de milho.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1. IMPORTÂNCIA

O milho é o cereal mais produzido do mundo, sendo cultivado em todos os continentes.

Desde que foi domesticado há 8.000 anos atrás até sua difusão por inúmeras regiões do mundo,

o milho mostrou adaptação a distintas condições climáticas e latitudes (BIUDES, 2012). Desta

maneira, o cereal se tornou base alimentar de muitos povos, além de matéria-prima para

inúmeros outros setores.

De acordo com USDA (2017), a produtividade média mundial de milho, na safra

2015/2016, foi de 5,41 toneladas por hectare. Todavia, é visível a discrepância entre países

líderes de produtividade em comparação aos que se situam no outro extremo da lista, nítido

reflexo das formas de cultivo realizadas e nível de desenvolvimento do país. De acordo com

USDA (2017), a produção e produtividade norte-americana de milho, na safra 2016 bateu

recordes, com produtividade média de 11 toneladas por hectare. O estado de Iowa produziu na

referida safra aproximadamente 70 milhões de toneladas de milho, com produtividade média

de 12,5 toneladas por hectare, superando a produção brasileira que foi de 66,5 milhões de

toneladas e produtividade média de 4,1 toneladas por hectare na mesma safra (CONAB, 2017).

Essa discrepância na produtividade média pode ser atribuída ao desenvolvimento de técnicas

de cultivo mais apropriadas, adoção de modernos maquinários e sistemas de adubação e

proteção de cultivos que propiciem incrementos na produtividade. Da mesma forma, o

investimento em genótipos superiores que respondam a utilização de insumos é de extrema

importância na obtenção de produtividades superiores.

Os programas de melhoramento genético do milho buscam selecionar genótipos

superiores para incrementar a produtividade e sanidade das sementes comerciais, como forma

de garantir ótimo desempenho no campo. Essas sementes comerciais podem ser classificadas

como variedades de polinização aberta ou híbridos. Uma variedade de polinização aberta (VPA)

de milho é um conjunto de indivíduos selecionados que se intercruzam (CIMMYT, 2007). Ela

é um material geneticamente estável e que, por esta razão, com os devidos cuidados em sua

multiplicação, pode ser reutilizada por várias safras sem nenhuma perda de seu potencial

produtivo (NUNES, 2016). Essas sementes são de menor custo e de grande utilidade em regiões

onde, devido às condições socioeconômicas e de baixa tecnologia, a utilização de híbridos de

milho torna-se inviável, como por exemplo no continente africano.

Sementes de híbridos são materiais que geram plantas com alto vigor e produtividade,

no entanto, para produzir bem necessitam de ótimas condições de crescimento, com quantidades

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corretas de fertilizantes e água, além do manejo de pragas e doenças (PIONEER SEMENTES,

2014). No mercado existem três tipos de sementes híbridas de milho, classificadas como

simples, duplos ou triplos. Os híbridos simples são o resultado do cruzamento de duas linhagens

puras e indicados para sistemas de produção que utilizam alta tecnologia, pois possuem o maior

potencial produtivo. São também os mais caros. O híbrido triplo é o cruzamento entre uma

linhagem pura e um híbrido simples e é indicado para agricultores que utilizam média a alta

tecnologia, enquanto o híbrido duplo é o resultado do cruzamento entre dois híbridos simples,

sendo indicado também para média tecnologia (CRUZ; PEREIRA FILHO, 2009).

Segundo Peske (2016), a taxa de utilização de sementes (TUS) de milho no Brasil é de,

aproximadamente, 90%, que reflete o reconhecimento dos benefícios do uso de híbridos, cuja

genética não se mantém de geração após geração. Assim, produtor necessita adquirir sementes

para cada novo cultivo. De acordo com EMBRAPA (2016), na safra 2016/2017, de todos os

315 cultivares ofertados 67,61% foram híbridos simples, 6,03% híbridos duplos, 16,82%

híbridos triplos, 3,17% híbridos simples modificados e 0,63% híbridos triplos modificados. As

variedades representaram 5,07% do mercado de sementes de milho.

O mercado de produção comercial de sementes híbridas de milho é trabalhoso e exige

tecnologia. As sementes híbridas são obtidas através de polinização cruzada entre duas

linhagens parentais geneticamente distintas, em que uma linhagem selecionada como a doadora

de pólen (linhagem paterna) e a outra como receptora (linhagem materna) na qual a semente irá

se desenvolver. As linhagens parentais masculinas e femininas são plantadas alternadamente,

em linhas adjacentes, em campos isolados para permitir a livre polinização das linhagens

fêmeas pelas doadoras de pólen (WU et al., 2016).

A necessidade de impedir a autopolinização das linhagens femininas e promover a

polinização cruzada promoveu a adoção de alguns métodos para o controle do fluxo de pólen

nos campos produção de sementes. O método mais empregado pelas empresas é o

despendoamento, o qual consiste na remoção da estrutura floral masculina das plantas

selecionadas como genitoras femininas, através do uso de cortadores ou puxadores manuais ou

mecânicos, assegurando que essas linhas apenas receberão pólen oriundo das linhas masculinas

(WU et al., 2016). A técnica do despendoamento possui algumas características positivas e

outras negativas. A retirada apenas do pendão, por exemplo, pode favorecer a planta, visto que

a estrutura atua como um forte dreno e sua remoção diminui a concorrência por fotoassimilados

(DIAS, 2015). Entretanto, a substituição do despendoamento por outra técnica mais eficiente é

necessária. Fatores como o aumento no tamanho das lavouras, período curto para operação

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(MENEZES, 1994), escassez de mão de obra qualificada (KOMATUDA et al., 2006) e danos

causados as plantas, oriundos da remoção de algumas folhas são alguns exemplos de entraves

enfrentados. Todavia, visando sanar essa necessidade, a técnica denominada macho-

esterilidade vem sendo estudada e aprimorada para substituir o despendoamento.

2.2. MACHO-ESTERILIDADE

A macho-esterilidade é a incapacidade de uma planta em produzir pólen viável, sem

afetar o desenvolvimento dos órgãos florais femininos e as estruturas vegetativas não

apresentarem qualquer anomalia (Figura 1) (SCHNABLE; WISE, 1998). Essa característica

possui múltiplas origens podendo ser resultado de condições adversas de crescimento, por

doenças, ou por mutações (BUDAR, 2001). Plantas macho-estéreis possuem pólens não viáveis

que são formados através de uma cadeia de processos vitais durante a microsporogênese ou

gametogênese. Esses processos estão sobre o controle genético de muitos locos, no qual a

mutação de qualquer loco pode resultar na formação de grãos de pólen não viável ou

micrósporos e, consequentemente, macho-esterilidade (SINGH et al., 2002). Desta maneira,

esse sistema permite a eliminação da emasculação da linhagem feminina nos campos de

produção de sementes híbridas (SCHNABLE; WISE, 1998).

O primeiro registro de macho-esterilidade ocorreu em 1763, quando Koelreuter

observou o aborto de anteras em alguns híbridos específicos (BIUDES, 2012). Segundo Kaul

(1988), a manifestação de plantas macho-estéreis já ocorre em mais de 300 espécies vegetais,

tais como milho, soja, feijão, arroz, trigo, couve-flor, abóbora, espinafre, entre outras. O

primeiro registro de materiais macho-estéreis em milho ocorreu por Eyster (1921).

Ao longo das últimas décadas, o interesse por conhecimento e domínio da técnica da

macho-esterilidade aumentou pelos programas de melhoramento genético com intuito de

desenvolver cultivares híbridos com maior eficiência e menor custo. Alguns fatores como a

crescente demanda por milho e a expansão do uso de sementes híbridas pelos agricultores foram

decisivos para a inserção da técnica. Atualmente, inúmeros tipos de macho-esterilidade foram

descritos. Entretanto, os programas de melhoramento genético de milho fazem uso apenas de

condicionamento de fatores citoplasmáticos e nucleares. A macho-esterilidade citoplasmática,

a qual é associada a sigla CMS (Cytoplasmic Male Sterility) afeta alguns dos estádios da

microsporogênese, enquanto a macho esterilidade nuclear, a qual é associada a sigla GMS

(Genic Male Sterility) afeta a gametogênese masculina (COLOMBO; GALMARINI, 2017). Os

processos de microsporogênese e gametogênese estão sobre o controle genético de muitos

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locos, no qual a mutação de algum loco pode resultar em formação de grãos de pólen ou

micrósporos não funcionais e, consequentemente, macho-esterilidade (SINGH et al., 2002).

Os indivíduos machos-estéreis apresentam inúmeras interações com o ambiente em que

estão localizados. Variáveis climáticas como a temperatura do ar e disponibilidade de água,

duas a três semanas antes da antese (MARSHALL et al., 1974), estão correlacionados

positivamente ou negativamente com a reversão parcial da esterilidade, independente dos genes

citoplasmáticos e nucleares. Assim, a macho-esterilidade tem interação com fatores ambientais

e genéticos (WEIDER et al., 2009). A relação entre essas variáveis envolvidas e a macho

esterilidade ainda são pouco esclarecidas

Figura 1. A – Pendão estéril sem anteras. B – Pendão parcialmente restaurado com variável

número de anteras soltas. C – Pendão fértil com anteras em todos os ramos. Fonte:

BÜCKMANN et al., 2014

2.2.1. MACHO-ESTERILIDADE CITOPLASMÁTICA (CMS)

A macho-esterilidade citoplasmática é a principal forma de obtenção de indivíduos

macho-estéreis para a cultura do milho. Esse sistema representa um dos poucos exemplos bem

caracterizados de variabilidade herdada transmitida através do citoplasma (DEWEY et al.,

1987). São envolvidos genes mitocondriais, herdados maternalmente, e restauradores da

fertilidade de natureza nuclear, que exibem herança mendeliana e, assim, constitui-se um

sistema binário (BELICUAS; GUIMARÃES, 2009). A incapacidade de estabelecer uma

harmonia genômica entre a organela (mitocôndria) e o genoma nuclear resulta na CMS (FUJII;

TORIYAMA, 2008; TOUZET; MEYER, 2014).

A CMS tem sido descrita em mais de 140 espécies vegetais (LEVINGS III, 1990;

COLOMBO; GALMARINI, 2017), entre as quais inclui milho, sorgo, arroz, petúnia, girassol,

feijão, beterraba e cenoura (SCHNABLE; WISE, 1998). Em milho, o primeiro relato de CMS

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foi realizado por Rogers (1944). Entretanto, a CMS não é efetiva para todos os germoplasmas

de milho. A eficácia depende da presença ou ausência de genes de restauração da fertilidade

(rf), responsáveis pela inibição da expressão dos genes de macho-esterilidade, os quais são

específicas para um dado citoplasma e se o germoplasma será utilizado como parental

masculino ou parental feminino. Isso restringe as combinações gênicas disponíveis para o uso

na produção de sementes híbridas de milho (WU et al., 2016).

A CMS pode decorrer como um mecanismo espontâneo da espécie (HANSON;

BENTOLILA, 2004), no qual ocorrem mutações no genoma mitocondrial (mtDNA) como

resultado de recombinações intra e/ou intermolecular envolvendo sequências curtas repetidas

de DNA (LEVINGS III, 1990). Outra fonte de desenvolvimento da CMS é por meios

experimentais como mutações induzidas, mutação ampla/interespecífica, fusão protoplasmática

e engenharia genética (YAMAGISHI; BHAT, 2014; WANG et al., 2013; SINGH et al., 2015).

Em relação a macho-esterilidade genética (GMS), o desenvolvimento por engenharia genética

para obtenção de linhagens CMS é mais difícil devido a obstáculos de transformar os genes

alvos diretamente nos genomas mitocondriais ou citoplasmáticos (WANG et al., 2013).

Os sistemas de restauração também podem ser utilizados para classificar os citoplasmas

do milho. De acordo com Schnable e Wise (1998), esses sistemas são classificados como

esporofítico, quando agem antes da meiose ou em tecidos esporofíticos ou gametofíticos,

quando agem depois da meiose em micrósporos e grãos de pólen. Essas diferenças levam a

várias diferentes transmissões paternas. Uma planta diploide que carrega um citoplasma macho-

estéril e é heterozigota para um gene restaurador (Rf/rf) produzirá duas classes de grãos de

pólen: aqueles que carregam o restaurador e aqueles que não carregam. No caso de um

restaurador esporofítico, ambos as classes genotípicas dos gametas serão funcionais. Em

contraste, no caso de uma planta heterozigota para um restaurador gametofítico, apenas aqueles

gametas que carregam o restaurador serão funcionais. Entre os sistemas existentes, o sistema

restaurador gametofítico é o mais propenso a reversão da fertilidade (KRAMPS; MCCARTY;

CHASE, 1996)

A diversidade no sistema de restauração estende-se ao número de genes restauradores

que são necessários. Em alguns sistemas, a completa restauração requer a ação de vários genes,

muitos dos quais têm pouco efeito (SCHNABLE; WISE, 1998). Por outro lado, em alguns

sistemas poucos genes têm grandes efeitos. Assim, genes modificadores adicionais são às vezes

requeridos para completar a restauração da fertilidade (POEHLMAN; SLEPER, 1995 apud

BIUDES, 2012).

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Em milho, existem três sistemas distintos de macho-esterilidade citoplasmática,

identificados e classificados de acordo com suas respostas a específicos genes restauradores da

fertilidade (Rf) do pólen: Texas ou T, USDA ou S e Charrua ou C (MALIGA et al, 2015).

Vinculados a esses três grupos principais, atualmente são reconhecidos mais de 40 subtipos de

CMS em milho (BIUDES, 2012).

2.2.1.1. CMS – T

O primeiro sistema de macho-esterilidade citoplasmático descoberto em milho foi o T,

detectado em 1944, no estado do Texas – EUA, na variedade Golden June (Rogers, 1952). Esse

tipo de sistema é caracterizado pela falha da protrusão da antera e pelo abortamento dos grãos

de pólen (LEVINGS III, 1990). Além disso, possuem grande número de células binucleadas

(ROY; SARKAR, 1991 apud BELICUAS; GUIMARÃES, 2009).

A CMS – T em milho é atribuída à presença do único gene mitocondrial chamado de T-

urf13. A supressão completa dele e a restauração da fertilidade requer a ação de dois genes

nucleares, rf1 e rf2 (DUVICK, 1965), localizados nos cromossomos 3 e 9, respectivamente

(BIUDES, 2012). Além desses, os genes rf8 e rf* são capazes de restaurar a fertilidade

parcialmente nesse tipo de citoplasma (WISE et al., 1999). Os genes rf1, rf8 e rf* se

caracterizam pela redução dos níveis de expressão do gene T-urf13 (DILL et al., 1997; WISE

et al., 1996). Entretanto, rf2 é um gene regulatório do gene rf1, de expressão constitutiva (CUI

et al., 1996), que tem sido amplamente estudado. O gene rf2 codifica um aldeído desidrogenase

(LIU et al., 2001) que, em plantas citoplasma T, tem a função de restauração da fertilidade e,

em plantas de citoplasma normal, está envolvida no desenvolvimento das anteras (SOFI et al.,

2007).

A descoberta desse sistema foi importante para geneticistas e melhoristas, pois

eliminou-se o custo do processo de emasculação manual ou mecanizada utilizada na produção

de sementes híbridas de milho. Dessa forma, sua implementação nos campos de produção de

sementes dos Estados Unidos e Brasil entre as décadas de 1950 e 70 foi muito significativa. As

características como o fornecimento de uma fonte estável de CMS para a produção de sementes

(LEVINGS III, 1990) e a obtenção fácil dos restauradores desse tipo de citoplasma foram

importantes para o sucesso do CMS -T.

No início da década de 1970, nos Estados Unidos e, no ano seguinte, no Brasil, uma

epidemia de helmintosporiose (Helminthosporium maydis race T) atingiu os materiais que

carregavam CMS-T, que naquele momento constituía mais de 85% da área de produção de

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sementes de milho nos Estados Unidos, e, praticamente, extinguiu a sua utilização nos campos

de produção de sementes (DEWEY; KORTH, 1994). Esse fungo produz a patotoxina BmT que

é hospedeiro-específico para esse sistema de macho esterilidade, mas não para outros

citoplasmas de milho e outras espécies de plantas (LEVINGS III, 1990). Diante do ocorrido, a

produção e utilização em larga escala de sementes híbridas de CMS-T foi interrompida e,

passou-se, a empregar o citoplasma normal ou os tipos C e S (BELICUAS; GUIMARÃES,

2009). Além disso, deixou-se um alerta de perigo referente à vulnerabilidade por uniformidade,

neste caso não genética, mas citoplasmática (BORÉM, 1999).

2.2.1.2. CMS – S

A CMS - S foi descrita pela primeira vez por Jenkins, funcionário do USDA, na

linhagem Teopode de milho (GRACEN et al., 1979). Atualmente, esse sistema é o maior grupo

entre os três tipos, além de possuir amplas fontes de citoplasmas (VANČETOVIĆ et al., 2010).

Entretanto, esse sistema é também o tipo mais instável de fertilidade e exibe macho-esterilidade

incompleta em linhas estéreis sobre específicos antecedentes genéticos (GABAY-

LAUGHNAN, et al. 1995; WEIDER, et al. 2009). Devido a esses aspectos negativos, o seu uso

na produção comercial de sementes híbridas de milho não foi bem-sucedida (SU et al., 2016).

Esse tipo de citoplasma é um exemplo de um sistema CMS gametofítico (KAMPS et al.

1996). Os materiais CMS – S são caracterizados pela presença de pequenos plasmídeos de baixo

peso molecular denominados S1 (6379 pares de bases) e S2 (5453 pares de bases) (PAILLARD

et al., 1985). A esterilidade do pólen durante seu desenvolvimento está associada à região R do

genoma mitocondrial, local em que ocorre a expressão da quimera orf355-orf77 e contribui para

a esterilidade (WEN et al., 1999; MATERA et al., 2011).

A restauração da fertilidade de indivíduos CMS – S ocorre por meio do gene nuclear

dominante rf3, localizado no cromossomo 2 (LAUGHMAN; GABY-LAUGHMANM, 1983).

A ação do rf3 resulta na redução do tamanho dos transcritos do citoplasma S associados com a

orf355-orf 77 (BELICUAS; GUIMARÃES, 2009). Weider et al. (2009) caracterizou um

segundo gene restaurador da fertilidade de CMS-S, nomeado rf9, qual foi retratado como

altamente influenciável pelas condições ambientais. Quase 60 locos restauradores da fertilidade

de CMS – S já foram descritos além do rf3, sete deles mapeados no cromossomo 2 e os outros

nos cromossomos 1, 3, 6 e 8 (GABAY-LAUGHNAM et al., 2004). Grande parte desses locos

não é útil comercialmente, pois possuem características como a letalidade ou efeitos deletérios

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em homozigose e, portanto, são denominados restauradores de fertilidade letais (WEN et al.,

2003).

As frequentes reversões de fertilidade desse sistema podem ser consequência de

mutações nucleares ou de mudanças citoplasmáticas (GABAY-LAUGHNAM et al., 2004).

Além do mais, existem evidências de que elementos transponíveis podem estar relacionados à

recuperação da fertilidade, o que torna o processo mais instável (LAUGHMAN; GABY-

LAUGHMANM, 1983).

2.2.1.3. CMS – C

O primeiro relato de CMS – C foi realizado por Beckett (1971) na variedade brasileira

de milho nomeada Charrua. Esse sistema quando comparado com os outros dois citados acima

mostra-se mais estável que a observado pelo CMS – S (WEIDER et al., 2009) e não está

associado à nenhuma doença como o CMS - T. Dessa forma, atualmente o CMS – C tem sido

o sistema mais utilizado para geração de linhagens macho-estéreis em programas de

melhoramento de milho e desenvolvimento de híbridos (BELICUAS; GUIMARÃES, 2009).

Contudo, a utilização desse sistema em escala comercial não ocorre devido sua instabilidade

diante a variações climáticas

A mitocôndria do citoplasma CMS – C é caracterizada por apresentar um único peptídeo

de 17,5 kD no lugar de um peptídeo de membrana de 15,5 kD em citoplasma normal

(NEWTON, 1989 apud SOFI et al., 2007). Além disso, já foram detectadas mutações nos genes,

nomeados atp 6, atp 9 e cosII, resultantes do rearranjo entre o genoma mitocondrial e o do

cloroplasto (SOFI et al., 2007). Segundo Kheyr-Pour et al. (1981) e Newton (1983), a

capacidade de restaurar completamente a fertilidade de materiais CMS – C ocorre através do

gene dominante Rf4, localizado no cromossomo 8. Todavia, Tang et al. (2002) e Weider et al.

(2009) entre outros autores, apresentam evidências de que pelo menos dois ou três genes

nucleares rf seriam importantes na restauração de fertilidade. Segundo Josephson et al. (1978),

Kheyr-Pour et al. (1981) e Gabay-Laughnan et al. (2004), além do gene nuclear dominante rf4,

os genes rf5 e o rf6 estão envolvidos na restauração total ou parcial da fertilidade nesse tipo de

citoplasma. Inúmeros estudos têm sido apresentados sobre restauração da fertilidade e aborto

de pólen em milho, entretanto, esses mecanismos permanecem vagos e não alcançam um

consenso (CHEN et al., 2016). Como resultado, a falta de compreensão dos fatores de

restauração prejudica a sua utilização em escala comercial. (YONGMING, 2016).

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20

2.2.2. MACHO-ESTERILIDADE NUCLEAR (GMS)

A macho-esterilidade nuclear foi descrita pela primeira vez em milho por Eyster (1921).

Atualmente, mais de 175 espécies possuem genes nucleares descritos que afetam o

desenvolvimento do pólen (COLOMBO; GALMARINI, 2017). Entre elas pode-se destacar:

arroz, tomate, soja, ervilha e arabidopsis (SKIBBE; SCHNABLE, 2005). Desde sua descrição

em milho, mais de 40 locos associados à característica foram identificados (SKIBBE;

SCHNABLE, 2005).

A GMS ocorre quando a formação do pólen falha devido lesões em genes nucleares

codificados (SKIBBE; SCHNABLE, 2005). Essas lesões no gene afetam quase todos os

estádios de desenvolvimento da antera e varia de pré-meiose até o grão de pólen completamente

desenvolvido (ALBERTSEN, 1997; CHAUBAL et al., 2003). Em milho, um gene macho-

estéril (ms45) tem sido isolado (CIGAN et al., 2001). A característica de uma planta macho-

estéril é expressa apenas pela manutenção de uma condição homozigótica recessiva (ms/ms)

para o gene de fertilidade (PIONEER HI-BRED, 2009). Entretanto, o genótipo pode apresentar

restauração parcial ou total da fertilidade dos pólens, de acordo com as condições ambientais

(SINGH, 2002). De acordo com Skibbe e Schnable (2005), o mecanismo molecular pelo qual

esse gene atua não é conhecido.

A restauração da fertilidade e multiplicação das linhagens macho-estéreis ocorre através

do cruzamento com uma linhagem restauradora homozigota (Ms/Ms) e com uma linhagem

mantenedora heterozigota (Ms/ms), respectivamente. Contudo, as progênies oriundas do

cruzamento da linhagem macho-estéril com a linhagem mantenedora são 50% macho estéreis

e 50% macho férteis. Em virtude de não ser possível distinguir uma semente fértil de uma

estéril, a GMS não possui uma forma prática de multiplicação de suas linhagens macho-estéreis

(WILLIANS, 1995; PEREZ-PRAT; CAMPAGNE, 2002; WU et al., 2015). Portanto, não é

utilizada comercialmente.

2.2.3. PRODUÇÃO DE SEMENTES HÍBRIDAS

A produção comercial de sementes híbridas a partir da macho-esterilidade é

funcionalmente dividida em três estádios: obtenção e manutenção das linhagens femininas

macho-estéril e das linhagens mantenedoras, além da manutenção das linhagens restauradoras

da fertilidade.

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2.2.3.1. OBTENÇÃO DAS LINHAGENS MACHO-ESTÉRIL E

MANTENEDORA

Assim que selecionadas e caracterizadas as linhagens elites do programa de

melhoramento genético, o processo mais comumente utilizado para o desenvolvimento de uma

linhagem macho-estéril CMS é o da introgressão (CHASE, 2007; BIUDES, 2012). Através da

realização de aproximadamente cinco a seis retrocruzamentos entre a linhagem elite com uma

linhagem doadora do gene de macho-esterilidade obtêm-se uma linhagem isogênica a elite,

diferenciada apenas pela expressão de macho-esterilidade (KHAN et al., 2015). O

conhecimento da genética celular das linhagens elites selecionadas é de grande importância,

pois a presença de genes rf nesses materiais pode interferir na eficiência e estabilidade de

macho-esterilidade (CHASE, 2007). Diante disso, caso identificado os genes rf nas linhagens,

é necessária a realização da seleção contrária a estes genes, de maneira a remover os alelos

dominantes das linhagens introgredidas e também da linhagem isogênica macho-estéril

(BIUDES, 2012).

O desenvolvimento da linhagem restauradora da fertilidade é obtido através das

presenças dos alelos rf em homozigose dominante no núcleo. No entanto, o genoma

citoplasmático fértil ou infértil não interfere na fertilidade em função da presença dos genes

restauradores (BIUDES, 2012). Regularmente são encontradas misturas de linhagens

mantenedoras com linhagens macho-estéreis, tendo em vista que ambas são isogênicas do ponto

de vista nuclear e, nesse caso, não é possível a distinção dos materiais até o florescimento

(COLOMBO; GALMARINI, 1998; BELICUAS; GUIMARÃES, 2009). Todavia, marcadores

moleculares podem ser utilizados para analisar e diferenciar de forma mais rápida e precisa os

sistemas e os tipos de macho esterilidade presentes e, assim, suplementar o convencional teste

de grow-out (GoT) (BOHRA et al., 2016), no qual as plantas são cultivadas até atingirem a

maturidade e avalia-se as características fenotípicas que distinguem o híbrido (BELICUAS;

GUIMARÃES, 2009)

De acordo com Perez-Prat e Campagne (2002), o sistema de obtenção da GMS se baseia

na expressão específica de modificações em genes nucleares, através da expressão de uma

proteína capaz de interromper a função celular. Essa característica é obtida com a introdução

no genoma da linhagem superior selecionada de uma molécula de DNA recombinante que

codifica um produto genético que inibe a formação ou a função do pólen (CIGAN;

ALBERTSEN, 1998).

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Uma revolucionária metodologia para criação de uma linhagem mantenedora da GMS

é proposta pela Pioneer Hi-Bred (2009), como solução ao obstáculo de diferenciação dos

materiais na multiplicação das linhagens femininas macho-estéreis. Essa metodologia

fundamenta-se na multiplicação das linhagens macho-estéreis através do cruzamento com uma

linhagem mantenedora transgênica, e posterior diferenciação de progênies macho-estéreis de

progênies macho-férteis.

De acordo com Pioneer Hi-Bred (2009), o processo denominado SPT (Seed Production

Technology) baseia-se em um evento transgênico de milho DP-32138-1, conhecido como

mantenedor STP 321338. Esse mantenedor é utilizado como um polinizador e propagador das

sementes das linhagens parentais femininas não transgênicas em produção de sementes

híbridas. O mantenedor SPT 32138 é gerado por uma transformação mediada pela

Agrobacterium de uma linhagem de milho geneticamente macho-estéril (ms45/ms45) com um

plasmídeo designado PHP24597. Esse plasmídeo contém expressão de três genes essenciais

para o funcionamento do sistema SPT: Ms45, zm-aa1 e DsRed2(Alt1).

Os genes SPT inseridos foram integrados no genoma em um loco que segrega

independentemente do loco do gene de macho-esterilidade ms45 e de maneira conectada, de

forma que a expressão de um gene resulta na expressão dos demais. A linhagem SPT é

homozigota recessiva para o gene ms45 e hemizigoto para o gene recombinante Ms45, indicado

como Ms/- (PIONEER HI-BRED, 2009).

A presença de uma única cópia do gene Ms45 no genoma ms45/ms45 restaura a macho-

fertilidade e possibilita a produção de pólen na mantenedora SPT 32138 (Pioneer Hi-Bred,

2009). Por outro lado, o gene zm-aa1 visa codificar a proteína ZM-AA1 α-amilase, na qual a

expressão dessa proteína durante o desenvolvimento do pólen resulta em hidrólise e

esgotamento das reservas de amido, tornando o pólen infértil. Por último, o gene DsRed2(Alt1),

o qual atua como um marcador que codifica uma variante da proteína vermelho fluorescente

(DsRed2). A expressão da proteína DsRed2 em sementes transmite uma coloração vermelho-

rosada à camada de aleurona de sementes de milho, essa coloração permite a identificação

visual e eficiente separação automática de sementes mantenedoras SPT 32138 de sementes

amarelas que não são transgênicas para SPT (WU et.al., 2016).

A linhagem mantenedora SPT produz dois tipos de pólen: fértil, porém não contém a

inserção SPT e infértil, contendo a inserção SPT, na proporção 1:1. A garantia que os genes de

transgenia não são repassados as progênies é resultado da expressão do gene zm-aa1 (WU et.al.,

2016).

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2.2.3.2. SISTEMA CMS DE PRODUÇÃO

Após a avaliação e a constatação da eficiência e estabilidade de macho-esterilidade, a

linhagem é direcionada para a multiplicação de suas sementes e posteriores cruzamentos.

Conforme a figura 2, atualmente, o processo de multiplicação e manutenção de linhagens

macho-estéreis é realizado através do cruzamento com um a linhagem mantenedora isogênica,

diferindo apenas pela ausência do gene de macho-esterilidade. Em contrapartida, as linhagens

mantenedoras e restauradoras de fertilidade são mantidas e multiplicadas através da

autopolinização desses grupos de plantas (SINGH et al., 2002). O próximo passo no processo

produtivo é a implantação dos campos de produção de sementes híbridas F1. Através de blocos

de cruzamento entre a linhagem macho-estéril e a linhagem restauradora da fertilidade são

obtidas as sementes básicas para a produção comercial de milho. A relação entre o número de

fileiras de linhagens femininas macho-estéreis e a linhagem restauradora da fertilidade é

definida de acordo com a capacidade de fornecimento de pólen e polinização dos materiais

(MARTIN et al., 2007).

Figura 2. Etapas de produção de sementes híbridas com utilização de macho-esterilidade

citoplasmática. Fonte: Adaptado de Atokple, 2012.

2.2.3.3. SISTEMA GMS DE PRODUÇÃO

A primeira parte do processo consiste em multiplicar a linhagem mantenedora SPT

32138 (Figura 3). Ela é multiplicada em campos aberto de autopolinização e, assim, possibilita-

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se a transmissão da inserção SPT que é herdada maternalmente. As sementes geradas das

autopolinizações serão de dois tipos distintos, na proporção 1:1, as amarelas são sementes não

transgênicas para SPT e as vermelhas-rosadas que fluorescem cor vermelha brilhante sob

apropriada iluminação são transgênicas para SPT (Figura 4) (PIONEER HI-BRED, 2009).

A mistura de sementes vermelhas e amarelas oriundas da autopolinização do

mantenedor SPT 32138 são passadas duas vezes através de um classificador mecânico de cor e

possibilita a separação das sementes mantenedoras SPT 32138 das sementes amarelas. Desta

forma, as sementes puras do mantenedor SPT 32138 estão disponíveis para a propagação da

linhagem feminina macho-estéril não-transgênica e as sementes amarelas podem ser

descartadas (PIONEER HI-BRED, 2009). Posteriormente, a linhagem mantenedora isogênica

SPT é semeada para cruzamento com a linhagem feminina macho-estéril para multiplicação de

semente do parental. A relação de plantio 2:2, 4:4 ou 4:2 (linhagem feminina macho-estéril:

linhas mantenedoras isogênicas SPT 32138) é estabelecida de acordo com as características de

cada linhagem. Pólens férteis originários das plantas mantenedoras promovem a polinização

cruzada e fertilizaram as linhagens parentais femininas macho-estéreis. Por vez, as sementes

oriundas das linhagens femininas mantem seu estado de homozigose recessiva e pureza

genética, e possuem a cor amarela e não contém a inserção SPT 32138 (PIONEER HI-BRED,

2009).

Com objetivo de assegurar a pureza da linhagem macho-estéril e que nenhuma semente

da linhagem mantenedora SPT seja plantada em campos de sementes híbridas F1, cada lote de

sementes é passado duas vezes pelo classificador de cor e toda semente de linhagem

mantenedora é descartada. Essa é uma garantia de que as sementes híbridas F1 colhidas e

vendidas para os agricultores não são transgênicas para SPT e são completamente férteis

(PIONEER HI-BRED, 2009).

Realizado a segunda classificação das sementes, os materiais macho-estéreis estão

prontos para serem semeados alternadamente com um parental masculino. O parental

masculino detém o gene de restauração da fertilidade em homozigose dominante (Ms45/Ms45),

que é transmitido via pólen a linhagem materna. As sementes híbridas F1 geradas pelas

linhagens maternas desse cruzamento serão todas férteis e não possuem os genes de transgenia

SPT. As linhas paternas não são utilizadas como fornecedoras de sementes e são destruídas

antes da colheita.

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Figura 3. Etapas de produção de sementes de milho híbrido utilizando o processo SPT.

Adaptado de Pioneer Hi-Bred (2009).

Figura 4. Multiplicação da linhagem mantenedora SPT. Adaptado de Pioneer Hi-Bred (2009).

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A macho-esterilidade é uma solução que comprovadamente sana as necessidades do

mercado sementeiro, por uma técnica operacionalmente eficiente, economicamente viável e

ecologicamente correto. Contudo, é necessário a busca por compreensão do funcionamento e

atuação dos genes indutores de macho esterilidade citoplasmática e suas respostas em diferentes

genótipos e ambientes, assim como novas fontes de macho esterilidade mais estáveis e

resistentes a doenças. Da mesma forma, a utilização de macho-esterilidade nuclear juntamente

com processo SPT de obtenção de sementes híbridas de milho é próspero, porém outros genes

devem ser descobertos para aumentar a variabilidade dos materiais e reduzir a possibilidade de

perca de eficiência da tecnologia.

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4. REFERÊNCIAS

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