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i UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA MORFOFISIOLOGIA DO DOSSEL E DESEMPENHO DE OVINOS EM CAPIM-TIFTON 85 ANA PATRÍCIA ALMEIDA BEZERRA FORTALEZA - CE Março de 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ ... - repositorio.ufc.br · Em março de 2007, iniciou o curso de Doutorado em Zootecnia, área de concentração em Forragicultura e Pastagens, no

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i

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

MORFOFISIOLOGIA DO DOSSEL E DESEMPENHO DE OVINOS EM CAPIM-TIFTON 85

ANA PATRÍCIA ALMEIDA BEZERRA

FORTALEZA - CE

Março de 2011

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

MORFOFISIOLOGIA DO DOSSEL E DESEMPENHO DE OVINOS EM CAPIM-TIFTON 85

ANA PATRÍCIA ALMEIDA BEZERRA

Engenheira Agrônoma

FORTALEZA - CE

Março de 2011

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Ciências e Tecnologia B469 Bezerra, Ana Patrícia Almeida.

Morfofisilogia do dossel e desempenho de ovinos em capim-tifton 85. /Ana Patrícia Almeida Bezerra. – 2011.

173 f. : il., color. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias,

Departamento de Zootecnia, Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, Fortaleza, 2011. Área de Concentração: Forragicultura e Pastagens. Orientação: Prof. Dr. Magno José Duarte Cândido. Coorientação: Dr. Tadeu Vinhas Voltolini. 1. Morfogênese. 2. Pastagens. I. Título.

CDD 636.08

ii

ANA PATRÍCIA ALMEIDA BEZERRA

MORFOFISIOLOGIA DO DOSSEL E DESEMPENHO DE OVINOS EM CAPIM-TIFTON 85

Tese submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Zootecnia, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutora em Zootecnia.

Área de Concentração: Forragicultura e Pastagens

Orientação

Prof. D. Sc. Magno José Duarte Cândido

Coorientação

D. Sc. Tadeu Vinhas Voltolini

FORTALEZA - CE

Março de 2011

iii

ANA PATRÍCIA ALMEIDA BEZERRA

MORFOFISIOLOGIA DO DOSSEL E DESEMPENHO DE OVINOS EM CAPIM-TIFTON 85

Tese defendida e aprovada pela comissão examinadora em 14 de março de 2011.

Comissão Examinadora:

___________________________________________

Prof. D.Sc. Magno José Duarte Cândido (Orientador)

Universidade Federal do Ceará Departamento de Zootecnia-DZ/UFC

___________________________________________

D.Sc. Tadeu Vinhas Voltolini (Coorientador)

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semiárido (CPATSA)

___________________________________________

Profª. D.Sc. Maria Socorro de Souza Carneiro (Membro)

Universidade Federal do Ceará Departamento de Zootecnia-DZ/UFC

___________________________________________

Profª. D.Sc. Maria Fernanda Soares Queiroz (Membro)

Universidade Federal da Paraíba Departamento de Agropecuária-DAP/UFPB

___________________________________________

Prof. D.Sc. Claudio Mistura (Membro)

Universidade Estadual da Bahia Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais-DTCS/UNEB

iv

DADOS CURRICULARES DA AUTORA

Ana Patrícia Almeida Bezerra, filha de Maria Zenir de Almeida Bezerra e

Francisco Airton Bezerra, nasceu em 29 de junho de 1975, em Quixadá - Ceará.

Em janeiro de 2000, recebeu o título de Engenheira Agrônoma pela

Universidade Federal da Paraíba - UFPB.

Em março de 2004, recebeu o título de Mestre em Agronomia, pelo

Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal do Ceará - UFC.

De 2005 e 2006 trabalhou como professora nos Cursos de Agronomia e

Veterinária na Universidade Estadual do Maranhão – UEMA e nos Cursos de Zootecnia

e Farmácia na Faculdade de Imperatriz – FACIMP.

Em março de 2007, iniciou o curso de Doutorado em Zootecnia, área de

concentração em Forragicultura e Pastagens, no Departamento de Zootecnia da

Universidade Federal do Ceará - UFC.

Realizou o experimento de campo na Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária - Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semiárido (CPATSA).

Em agosto de 2010, foi aprovada no concurso público para professor adjunto no

Curso de Agroecologia, na área de produção animal na Universidade Federal da Paraíba

- UFPB.

v

DEDICO

Aos meus pais Maria Zenir de Almeida Bezerra (in memoriam) e Francisco Airton Bezerra

Ao meu esposo e amor Leonardo Augusto Fonseca Pascoal

A minha irmã Antônia Silvana Carla Almeida Bezerra

Que sempre estiveram comigo em todas as conquistas, que me apoiaram nos momentos

difíceis, que me ajudaram a perseverar em meus anseios e a vencer a distância e

saudade...

OFEREÇO

A Maria Zenir de Almeida Bezerra (in memoriam), em reconhecimento de uma vida

integra e repleta de sabedoria, que me serve de exemplo e orgulho, através de suas

palavras: “o único legado e o mais importante, que os pais são capazes de deixar aos

filhos é o estudo”.

vi

“Os teus caminhos posso não entender Senhor, mas sei que tudo é visando o meu

crescer, se lutas e tribulações eu tenho que passar te peço forças para continuar.”

(Jó)

vii

AGRADECIMENTOS

À Deus, acima de tudo.

À Universidade Federal de Ceará – UFC e ao Departamento de Zootecnia, pela

oportunidade de realização do curso.

À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico -

FUNCAP, pela concessão da bolsa.

À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Centro de Pesquisa

Agropecuária do Trópico Semiárido (CPATSA), pelo o desenvolvimento do

experimento de tese.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão de

Pernambuco (IF Sertão-PE) pela viabilização do abate dos animais.

Ao professor Magno José Duarte Cândido, pela orientação, pelos ensinamentos e

por ter acreditado na realização desse trabalho.

Ao pesquisador Tadeu Vinhas Voltolini por viabilizar a execução do projeto na

Embrapa Semiárido, por todo empenho, coorientação, confiança, amizade e por ter me

engajado na carreira científica.

À professora Maria Socorro de Souza Carneiro pela amizade e ensinamentos,

durante o curso.

À pesquisadora Salete Alves de Moraes pela amizade e valiosos comentários

para a elaboração desse trabalho.

À professora Maria Fernanda pela amizade e correções dos capítulos.

Ao professor Claudio Mistura, pela participação na Banca Examinadora e

valiosa contribuição.

Ao meu esposo, Leonardo, pela ajuda com a análise estatística.

À coordenação do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, nas pessoas do

Coordenador Arlindo de Alencar Araripe e da Secretária Francisca.

À todos os professores que contribuíram para minha formação profissional.

Aos Funcionários da Embrapa Semiárido, especialmente os senhores: José e

Telito, pela convivência e auxílio nos trabalhos de campo.

viii

Aos Funcionários do Laboratório de Nutrição Animal da Embrapa: Benedito e

Alcides, pela atenção dedicada a mim, sempre que busquei ajuda e o café da manhã (ô,

riqueza!).

Aos amigos, Kaio Victor, Ernandes, Fabrícia e Rafael, pela amizade, sem essas

pessoas esse experimento jamais sairia do papel.

Aos estagiários: Iranildo (Bolinha), Elida, Samires, Elane, Isabelle, Camila,

Getúlio, Moara e Daniel (Osama), inestimável contribuição para a realização desse

experimento.

A galera do “Bode Assado”: Greicy, Genilson, Rafael e Kaio, nossa única fonte

de energia nos finais de semana.

Aos colegas de orientação: Patrícia Lima, Marieta, Suely, Roberto, Cutrim,

Gregório e Liandro, nunca serão esquecidos.

Aos novos amigos, Marcílio Costa, Marquinhos, Luiz Neto, Labib, Marieta,

Igor, Carol, Guilherme, Rildson, Gilson, Mirlânda, Katiane, Paty e Liandro. E a todos

os colegas de Pós-Graduação pela convivência.

Em fim a todos que contribuíram para a realização deste trabalho,

OBRIGADA!

ix

SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS ...................................................................................... xii

LISTA DE FIGURAS ....................................................................................... xv

RESUMO GERAL ............................................................................................ xvii

ABSTRACT ....................................................................................................... xix

Considerações Iniciais ...................................................................................... 2

Capítulo 1. Referencial Teórico ....................................................................... 5

1. As pastagens no Brasil e o gênero Cynodon sp .............................................. 5

2. A dinâmica de produção de forragem ............................................................. 6

2.1. Características morfogênicas ....................................................................... 7

2.2. Características estruturais ............................................................................ 9

3. Estratégias de manejo: período de descanso e resíduo pós-pastejo ................ 12

4. Ambiente de pastoril: planta–animal .............................................................. 15

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 16

Capítulo 2. Crescimento e componentes da biomassa inicial do dossel do

capim-tifton 85 ..................................................................................................

23

RESUMO ............................................................................................................ 23

ABSTRACT ....................................................................................................... 24

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 25

MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 26

RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 29

CONCLUSÕES .................................................................................................. 37

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 38

Capítulo 3. Características morfogênicas do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo ............................

42

RESUMO ............................................................................................................ 42

ABSTRACT ....................................................................................................... 43

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 44

x

MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 45

RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 49

CONCLUSÕES .................................................................................................. 58

REFERÊNCIAS .................................................................................................

58

Capítulo 4. Componentes da biomassa e características estruturais do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo .........................................................................................................

62

RESUMO ............................................................................................................ 62

ABSTRACT ....................................................................................................... 63

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 64

MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 65

RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 69

CONCLUSÕES .................................................................................................. 81

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 81

Capítulo 5. Composição química e digestibilidade in vitro da matéria seca de lâminas foliares e colmos do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo ..........................................

86 RESUMO ............................................................................................................ 86

ABSTRACT ....................................................................................................... 87

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 88

MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 89

RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 92

CONCLUSÕES .................................................................................................. 103

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 103

Capítulo 6. Comportamento e desempenho de ovinos terminados em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo .........................................................................................................

108

RESUMO ............................................................................................................ 108

ABSTRACT ....................................................................................................... 109

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 110

xi

MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 111

RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 116

CONCLUSÕES .................................................................................................. 129

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 130

Capítulo 7. Características da carcaça, componentes não carcaça e composição centesimal do músculo Longíssimus dorsi de ovinos terminados em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo ..................................................................................

134 RESUMO ............................................................................................................ 134

ABSTRACT ....................................................................................................... 135

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 136

MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 137

RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 142

CONCLUSÕES .................................................................................................. 149

REFERÊNCIAS ................................................................................................. 150

Considerações Finais e Implicações ................................................................ 153

xii

LISTA DE TABELAS

Capítulo 2

Páginas

Tabela 1. Dados climáticos observados durante o período experimental ............... 26

Capítulo 3

Tabela 1. Dados climáticos observados durante o período experimental ............... 45

Tabela 2. Características químicas do solo da área experimental em duas

profundidades .......................................................................................... 46

Tabela 3. Características morfogênicas, taxa de produção e acúmulo de forragem

em pastagem de capim-tifton 85 manejado sob três períodos de

descanso e dois resíduos pós-pastejo ....................................................... 51

Tabela 4. Efeito dos ciclos de pastejo sobre as características morfogênicas em

pastagem de capim-tifton 85 sob três períodos de descanso e dois

resíduos pós-pastejo ................................................................................ 55

Tabela 5. Efeito dos ciclos de pastejo sobre as características morfogênicas em

pastagem de capim-tifton 85 sob três períodos de descanso e dois

resíduos pós-pastejo ................................................................................ 56

Tabela 6. Efeito dos ciclos de pastejo sobre as características morfogênicas em

pastagem de capim-tifton 85 sob três períodos de descanso e dois

resíduos pós-pastejo ................................................................................ 57

Capítulo 4

Tabela 1. Dados climáticos observados durante o período experimental ............... 65

Tabela 2. Características químicas do solo da área experimental em duas

profundidades .......................................................................................... 66

Tabela 3. Componentes da biomassa e características estruturais do capim-tifton

85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo 70

Tabela 4. Efeito dos ciclos de pastejo sobre os componentes da biomassa e as

características estruturais em pastagem de capim-tifton 85 sob três

períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo ..................................

74

xiii

Tabela 5. Componentes da biomassa e características estruturais do capim-tifton

85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo 78

Tabela 6. Efeito dos ciclos de pastejo sobre os componentes da biomassa e as

características estruturais em pastagem de capim-tifton 85 sob três

períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo ..................................

80

Capítulo 5

Tabela 1. Dados climáticos observados durante o período experimental ............... 89

Tabela 2. Características químicas do solo da área experimental em duas

profundidades .......................................................................................... 90

Tabela 3. Composição química e digestibilidade in vitro da matéria seca da

lâmina foliar do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de

descanso e dois resíduos pós-pastejo ....................................................... 93

Tabela 4. Efeito dos ciclos de pastejo sobre a composição química e

digestibilidade in vitro da matéria seca da fração lâmina foliar do

capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois

resíduo pós-pastejo ................................................................................ 97

Tabela 5. Composição química e digestibilidade in vitro da matéria seca da

fração colmo do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de

descanso e dois resíduos pós-pastejo ....................................................... 99

Tabela 6. Efeito dos ciclos de pastejo sobre a composição química e

digestibilidade in vitro da fração colmo do capim-tifton 85 manejado

sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo ...................... 101

Tabela 7. Efeito dos ciclos de pastejo sobre a composição química e

digestibilidade in vitro da fração colmo do capim-tifton 85 manejado

sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo ...................... 102

Capítulo 6

Tabela 1. Dados climáticos observados durante o período experimental ............... 112

Tabela 2. Características químicas do solo da área experimental em duas

profundidades .......................................................................................... 114

xiv

Tabela 3. Atividades contínuas e pontuais de ovinos em capim-tifton 85

manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo .....

120

Tabela 4. Taxa de bocado, número diário de bocados e massa do bocado de

ovinos em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e

dois resíduos pós-pastejo ........................................................................ 121

Tabela 5. Atividades contínuas e pontuais nas 24 horas do 1º e 4º dia de pastejo

de ovinos em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e

dois resíduos pós-pastejo ..................................................................... 121

Tabela 6. Taxa de bocado, número diário de bocados e massa do bocado nas 24

horas do 1º e 4º dia de pastejo de ovinos em capim-tifton 85 manejado

sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo ...................... 124

Tabela 7. Composição químico-bromatologica e DIVMS das amostras obtidas

através da simulação de pastejo no 1º e 4º dia de ocupação do capim-

tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-

pastejo........................................................................................................ 127

Tabela 8. Desempenho produtivo e consumo de matéria seca de ovinos em

capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos

pós-pastejo ............................................................................................... 128

Tabela 9. Taxa de lotação de ovinos em capim-tifton 85 manejado sob três

períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo .................................. 129

Tabela 10. Consumo de matéria seca de ovinos no 1º e 4º dia de ocupação do

capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois

resíduos pós-pastejo ............................................................................... 131

Capítulo 7

Tabela 1. Características da carcaça, espessura de gordura e área de olho de lombo

de ovinos em pastagem de capim-tifton 85 manejado sob três períodos

de descanso e dois resíduos pós-pastejo ....................................................

144

Tabela 2. Pesos (kg) dos não componentes da carcaça de ovinos em capim-tifton

85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo.... 146

Tabela 3. Pesos (kg) dos cortes comerciais de ovinos em capim-tifton 85 manejado

sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo ........................

147

xv

Tabela 4. Composição centesimal do músculo longíssimus dorsi de ovinos em

capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos

pós-pastejo ................................................................................................. 149

LISTA DE FIGURAS

Capítulo 2

Páginas

Figura 1. Analisador LAI 2000 da LI COR Biocienses ........................................... 27

Figura 2. Evolução do índice de área foliar (IAF) e interceptação da radiação

fotosinteticamente ativa (RFA) em dossel de capim-tifton 85(Cynodon

sp), em diferentes idades de rebrotação .................................................. 30

Figura 3. Componentes da biomassa inicial (g/m²): Massa seca de forragem total

(MSFT), massa seca de forragem verde (MSFV), massa seca de lâmina

verde (MSLV), massa seca de colmo verde (MSCV) e massa seca de

forragem morta (MSFM) em dossel de capim-tifton 85 (Cynodon sp),

em diferentes idades de rebrotação ......................................................... 31

Figura 4. Taxa de crescimento relativo (TCR) em dossel de capim-tifton 85

(Cynodon sp), em diferentes idades de rebrotação................................. 32

Figura 5. Taxa de assimilação liquida (TAL) em dossel de capim-tifton 85

(Cynodon sp), em diferentes idades de rebrotação.................................. 33

Figura 6. Razão de área foliar (RAF) em dossel de capim-tifton 85 (Cynodon

sp), durante a avaliação de crescimento, em diferentes idades de

rebrotação................................................................................................. 34

Figura 7. Taxa de acúmulo de forragem (TAF) em dossel de capim-tifton 85

(Cynodon sp), em diferentes idades de rebrotação................................... 35

Figura 8. Densidade populacional de perfilhos (perfilhos/m2) em em dossel de

capim-tifton 85 (Cynodon sp), em diferentes idades de rebrotação......... 36

Figura 9. Número de folhas vivas/perfilh em em dossel de capim-tifton 85

(Cynodon sp), em diferentes idades de rebrotação...................................

37

xvi

Capítulo 4

Figura 1. Condição de pré-pastejo no pasto manejado sob PD de 8,5 fol/perf ....... 67

Figura 2. 2º dia de pastejo ....................................................................................... 67

Figura 3. 3º dia de pastejo ....................................................................................... 67

Figura 4. Condição residual de 10 cm .................................................................... 67

Capítulo 6

Figura 1. Animais no 1º dia de pastejo ................................................................... 113

Figura 2. Animais no 4º dia de pastejo ................................................................... 113

Figura 3. Preparo da balança no centro de manejo ................................................ 114

Figura 4. Pesagem dos animais .............................................................................. 114

Figura 5. Preparo dos animais para coleta de fezes ................................................ 115

Figura 6. Animal com bolsa coletora de fezes e arreio .......................................... 115

Capítulo 7

Figura 1. Carcaça de ovinos acondicionadas em sacos plásticos ........................... 139

Figura 2. Carcaças de ovinos na câmara fria a 5ºC ................................................ 139

Figura 3. Meia carcaça foi dividida em seis cortes comerciais: pescoço, serrote,

costilhar, paleta, lombo e pernil .............................................................. 140

Figura 4. Corte longitudinal da carcaça ................................................................. 141

Figura 5. Traçado da área de olho de lombo em película transparente .................. 141

Figura 6. Medição da espessura de gordura, com o paquímetro digital ................. 141

Figura 7. Longíssimus dorsi ................................................................................... 141

xvii

RESUMO GERAL

MORFOFISIOLOGIA DO DOSSEL E DESEMPENHO DE OVINOS EM

CAPIM-TIFTON 85

Objetivou-se avaliar as características morfofisiológicas do dossel e o

desempenho de ovinos em capim-tifton 85. Os três períodos de descanso utilizados

foram 4,5, 6,5 e 8,5 novas folhas formadas após a saída dos animais. A condição

residual preconizada para a saída dos animais foi de uma altura de 5 e 10 cm. O

delineamento experimental foi inteiramente casualização em arranjo fatorial 3x2 com

quatro repetições (piquetes), os dados foram analisados inicialmente o efeito dos

períodos de descanso e dos resíduos pós-pastejo, em seguida, o efeito dos ciclos

sucessivos de pastejo. Utilizou-se o método de pastejo sob lotação intermitente, com

lotação variável. Foram utilizados 30 ovinos de prova e um número variável de animais

de reguladores, da raça Santa Inês, com peso corporal de 20 kg e, em grupos de cinco,

distribuídos por sorteio em seis tratamentos. Na avaliação de crescimento inicial, o

aumento da massa seca de colmo verde pode estar relacionado com o aumento do índice

de área foliar ao longo da avaliação e ter sido o responsável na redução da massa seca

de lâmina verde. Foram observadas reduções nos valores de taxa de crescimento

relativo, assimilação liquida e razão de área foliar com o avanço da idade de rebrotação.

A taxa de acúmulo de forragem aumento ao longo da avaliação. Foram verificadas

reduções na densidade populacional de perfilhos e no número de folhas vivas. As

características morfogênicas foram afetadas pelos períodos de descanso (PDs) e os

resíduos pós-pastejo (RPPs) e efeito dos ciclos de pastejo. Os PDs superiores ao

necessário para formação de 6,5 fol/perf tornam todas as características morfogênicas

estudadas indesejáveis do ponto de vista forrageiro. Os componentes da biomassa no

pré e pós-pastejo, foram afetados pela interação PD x RPP e pelos ciclos de pastejo. O

prolongamento do PD comprometeu a estrutura do dossel. O uso do capim-tifton 85 não

deve exceder ao PD de 6,5 fol/perf para evitar perdas de forragem por senescência,

sendo possível utilizar uma altura residual de 5 cm sem comprometer a perenidade da

pastagem. O teor de proteína bruta (PB) das duas frações foi reduzido com o aumento

do PD. Os coeficientes de DIVMS da fração lâmina foliar, encontram-se adequados.

Observou-se que a variação dos valores de DIVMS da fração colmo dos pastos

xviii

manejados sob os três PDs e os dois RPPs foi de pequena magnitude. Os ciclos de

pastejo afetaram a composição química e a DIVMS das duas frações. Os pastos

manejados sob PD de 8,5 fol/perf e resíduo de 10 cm proporcionaram maior tempo de

pastejo e ruminação. O 4º dia de pastejo proporcionou maior tempo em pastejo e

ruminação. O consumo de sal e água foi bastante reduzido. A maior taxa de bocados foi

verificada nos pastos sob PD de 4,5 fol/perf. O 4º dia de pastejo proporcionou aumento

da taxa e número de bocados e redução da massa do bocado. Os PDs correspondentes a

4,5 e 6,5 fol/perf apresentaram melhores desempenho animal. A maior capacidade de

suporte, em unidades animal, observada para os pastos manejados sob PD de 8,5

fol/perf. O maior consumo de matéria seca foi verificado 1º dia de pastejo. As

estratégias de manejo afetaram as características da carcaça. O PD de 8,5 fol/perf foi

responsável pelo maior peso da pele. O RPP mais elevado proporcionou maior

rendimento biológico. Os cortes não foram afetados pelas estratégias de manejo. Os

teores de umidade e extrato etéreo foram influenciados pelo PD.

Termos para indexação: estrutura do pasto, morfogênese, valor nutritivo, carcaça.

xix

ABSTRACT

MORPHOPHYSIOLOGY OF FORAGE AND SHEEP PERFORMANCE ON

TIFTON 85 GRASS

The aim of the study was to evaluate morphophysiological characteristics of forage and

sheep performance on Tifton 85 Bermudagrass. Three periods of rest were used with

4.5, 6.5 and 8.5 new leaves per tiller after stocking. The residual condition to delimited

the end of stocking was forage height of 5 and 10 cm. It was used a completely

randomized design arranged in a 3x2 fatorial scheme, with four replicates and two post-

grazing periods (5 and 10 cm). Data of effect of periods of rest (PR) and post-grazing

(PG) periods were initially analyzed and then the effect of continually grazing cycles. It

was used the intermittent stocking grazing method, with variable stocking. A total of 30

Santa Ines sheep and variable number of regulating animals, with 20 kg of body weight,

were distributed in groups of 5 animals among 6 treatments. At evaluation of initial

growth, an increase of green culm dry matter maybe related to the increase of leaves

area index throughout the evaluation and being responsible to reduce the green blade

dry matter. Reductions in the values of relative growth rate, net assimilation and leaves

area ratio with increasing the age of regrowth were observed. The rate of forage

accumulation increased throughout the evaluation. Reductions were observed in tiller

density and number of green leaves. The morphogenetic characteristics were affected by

periods of rest (PR) and post-grazing residue (PG) and the effect of grazing cycles.

Unnecessary higher PR to formation 6.5 leaves/tiller became morphogenical

characteristics undesirable. The components of biomass in pre and post-grazing were

affected by the interaction between PR x PG and the grazing season. The extension of

the PR affect the forage structure. The use of Tifton 85 Bermudagrass should not exceed

the PR of 6,5 leaves/tiller to avoid loss of forage due to senescence, using a residual

height of 5 cm without compromising the sustainability of the pasture. The crude

protein (CP) of both fractions was reduced with increasing PR. The coefficients of

DIVMS of leaves fraction were adequate. It was observed that the variation of DIVMS

of culm fraction of pastures grazed under three PR and two PR had low

magnitude. Grazing cycles affected the chemical composition and DIVMS of two

fractions. The pastures grazed under PR of 8,5 leaves/tiller and residue of 10 cm

provided higher grazing time and ruminating. The 4th day of grazing provided more

xx

time of grazing and ruminating. The salt and water intakes were reduced. The highest

bite rate was found in pastures under PD of 4,5 leaves/tiller. The 4th day of grazing

provided an increase int the rate and number of bites and reduction at mass bite. PR

corresponding to 4.5 and 6.5 leaves/tiller provided better performance. The higher

support capacity, in animal units, was observed to pastures grazed under PD of 8.5

leaves/tiller. The higher dry matter intake was recorded at the 1st day of grazing. The

management strategies affect carcass characteristics. The PD of 8.5 leaves/tiller was

responsible for the greater weight of skin. The PR showed higher biological yield. The

cuts were not affected by management strategies. The levels of humidity and lipids were

affected by PR.

Index terms: forage structure, morphogenesis, nutritional value, carcass

1

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

____________________________________________________________

2

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A pecuária é uma das principais atividades econômicas do Brasil e se baseia

quase exclusivamente no uso de pastagens nativas ou cultivadas como suprimento

alimentar dos animais domésticos, principalmente, os ruminantes. Dentre os métodos de

utilização das culturas forrageiras, o pastejo é o mais econômico, uma vez que a colheita

da forragem é feita pelo próprio animal, reduzindo os custos com mão-de-obra. Com

base nisso, conclui-se que a planta forrageira é um componente chave do sistema de

produção de ruminantes a pasto no Brasil.

Os sistemas de produção no Nordeste não diferem muito dos demais sistemas de

produção no restante do país, que baseiam-se principalmente em pastagens. As

pastagens constituem a base do sistema produtivo sustentável e econômico de ovinos,

desde que manejada racionalmente, considerando os aspectos da escolha das plantas

forrageiras, incremento da fertilidade do solo, ajuste da pressão de pastejo e controle

parasitário, alcançando boas produções por animal e por área, aumentando a

rentabilidade do empreendimento.

A produção de forragem é um processo contínuo, regulado por variáveis do

ambiente e por características da pastagem. À medida que tecidos foliares crescem nas

plantas, esses estão sujeitos ao envelhecimento e à senescência, responsáveis pela

redução no acúmulo de massa seca e pelas perdas quantitativas e qualitativas da

forragem produzida. Portanto o sucesso na produção de forragem em pastagens depende

não só da disponibilidade de água, mas de um conjunto de fatores, como a compreensão

dos mecanismos morfofisiológicos e de sua interação com o ambiente, ponto

fundamental para suportar tanto o crescimento quanto a manutenção da capacidade

produtiva do pasto.

Os estudos de fluxo de biomassa vêm se constituindo em importante ferramenta

para avaliação da dinâmica de folhas e perfilhos em comunidades de plantas forrageiras.

Nesses termos, os pastos podem ser considerados como sistemas dinâmicos, onde

alterações na morfogênese determinam modificações na estrutura do dossel, resultando

em alterações no índice de área foliar (IAF) e, conseqüentemente, na eficiência de

intercepção e de utilização da luz. Por sua vez, a eficiência de utilização desses fatores

abióticos determinará a quantidade e a qualidade da forragem produzida redundando,

3

em última análise, no desempenho individual do animal, na capacidade de suporte da

pastagem e na produtividade do ecossistema pastoril.

O conhecimento das relações ambiente-planta-animal torna-se de suma

importância, uma vez que, conhecidas as variáveis determinantes da otimização do uso

da pastagem, se possa criar ambientes através do manejo que não venham a limitar o

animal no emprego de suas estratégias de pastejo e também não prejudiquem a

sustentabilidade da pastagem. As estratégias de manejo para as plantas forrageiras

tropicais têm sido aplicados com bastante sucesso na região Sudeste do Brasil, contudo,

para o Semiárido brasileiro, apesar de relevantes, são escassas essas informações, que

podem se constituir em importantes indicativos ao manejo das pastagens.

Considerando a importância dos estudos sobre o manejo de pastagens e das

inter-relações solo-planta-animal, esta pesquisa foi conduzida com o objetivo de avaliar

as respostas da pastagem e do rebanho ovino ao manejo do capim-tifton 85 sob efeito

dos três períodos de descanso 4,5; 6,5 e 8,5 (número de folhas/perfilho) e dois resíduos

pós-pastejo 5 e 10 cm, nas condições do Nordeste do Brasil.

4

CAPÍTULO 1

____________________________________________________________

Referencial teórico

5

1. As pastagens no Brasil e o gênero Cynodon

As pastagens totalizam aproximadamente ¼ da superfície terrestre

(MARCELINO et al., 2006). No Brasil a área de pastagens é de 25 %, o que representa

mais de 172 milhões de hectares (ANUALPEC, 2008), realçando a grande contribuição

desse recurso como base alimentar da produção pecuária nacional. A produção de

ruminantes baseada em pastagens e a forma mais econômica de se obter produtos de

alto valor biológico a baixo custo, uma vez que o próprio animal se encarrega de

selecionar e colher o próprio alimento. As pastagens assumem dois aspectos

fundamentais, o primeiro é que viabilizam a competitividade brasileira, e a segunda, é o

fato de possibilitarem o atendimento da grande demanda mundial por alimento

produzido de forma natural, com respeito ao ambiente e aos animais (EUCLIDES,

2005).

Nas duas últimas décadas, foram introduzidas no Brasil, gramíneas tropicais

melhoradas e adaptadas, bastante produtivas quando utilizadas práticas de manejo

adequadas. Dentre as forrageiras utilizadas no estabelecimento de pastagens no Brasil,

destacam-se as do gênero Cynodon. As gramíneas deste gênero são capazes de produzir

grandes quantidades de matéria seca e elevada relação lâmina foliar/colmo, resultando

em um adequado valor nutritivo. Essas forrageiras são bastante flexíveis quanto à forma

de utilização nos sistemas produtivos, pois se adaptam à colheita mecânica, bem como

ao pastejo; podem ser utilizadas para a produção de feno ou silagem; em condições de

pastejo, podem ser manejadas em lotação contínua ou em lotação intermitente.

Os capins do gênero Cynodon dividem-se em dois grupos: as “gramas” ou

“bermudas” e as “estrelas”. São pertencentes ao grupo das “bermudas” os capins

Swannee, Costal Bermuda, Florarkik, Coastcross e Tifton e pertencem ao grupo das

“estrelas” os capins Ona, Florico, Florona e Estrelas. As plantas do primeiro grupo

apresentam rizomas e estolões, enquanto as do segundo grupo possuem apenas estolões

(GARCIA et al., 2004). De modo geral, são forrageiras, exigentes em fertilidade do solo

e com grande potencial de produção. Atualmente, as cultivares mais comumente

utilizadas no Brasil como recurso forrageiro são: Estrela roxa, Florico, Florona,

Florakirk, Tifton 68, Tifton 78, Coastcross e Tifton 85 (PEDREIRA & TONATO,

2006).

6

O Tifton 85, uma das espécies do gênero Cynodon, possui boas características de

produção e elevada capacidade de crescimento, apresentando grande potencial de uso

como forrageira nas condições subtropicais e tropicais. Seu dossel atinge até um 1 m de

altura e é resistente a cortes freqüentes. A matéria seca produzida, em boas condições de

manejo e adubação, é de boa qualidade, permitindo bom desempenho animal na

produção de leite e carne (MATOS et al., 2008). Essa planta destacou-se nos Estados

Unidos e posteriormente no Brasil por sua alta produção de matéria seca e teor de

proteína bruta elevado (14 t/ha/ano e 15,2%) respectivamente, em experimentos de

corte, Alvim et al. (1997). Fagundes (1999) ressaltou as altas taxas de acúmulo de

forragem e Carnevalli et al. (2001), o valor nutritivo, digestibilidade, desempenho

animal e a capacidade de suporte dessa forrageira.

2. A dinâmica de produção de forragem

A utilização de variáveis arbitrárias tais como taxa de lotação, pressão de pastejo

e duração do período de descanso não podem ser consideradas como determinantes

primários da produção de forragem ou do desempenho animal, uma vez que seus efeitos

são mediados por características estruturais do dossel, que determinam a condição e

estrutura do pasto (HODGSON, 1985). Essas variáveis tornam-se, então, parte de uma

estratégia de ação, cujo objetivo é a manutenção do pasto em condições de estrutura do

dossel tidas como ideais para determinado sistema de produção (HODGSON & Da

SILVA, 2002).

Avanços significativos na busca do entendimento da dinâmica do ecossistema de

pastagem só foram possíveis quando foi reconhecido que o uso de plantas forrageiras

em pastagens deveria ser considerado dentro de um contexto sistêmico, no qual a

adoção de técnicas e estratégias de manejo em pontos isolados do sistema dificilmente

resultaria em mudanças significativas na eficiência global final do processo produtivo.

Para tanto segundo Nabinger e Pontes (2001), tornaram-se relevantes os estudos de

dinâmica da produção primária das forrageiras, realizados por meio de avaliações das

características morfogênicas e estruturais das mesmas. A maximização da eficiência de

produção e colheita, por meio das avaliações morfogênicas e estruturais, permite gerar

informações, que levam ao desenvolvimento de estratégias de manejo baseadas nas

7

condições do pasto com metas de manejo definidas em termos de altura do dossel

(HODGSON, 1990) ou massa de forragem (MATTHEWS et al., 1999).

2.1. Características morfogênicas

A produtividade de uma gramínea decorre da contínua emissão de folhas e

perfilhos, processo importante após o corte ou pastejo para restaurar a área foliar da

planta e permitir a perenidade do pasto. O entendimento de características morfogênicas

permite ao técnico uma visualização da curva de produção, acúmulo de forragem e uma

estimativa da qualidade do pasto (GOMIDE, 1997a), e uma possibilidade de

recomendação de práticas de manejo diferenciadas (GOMIDE, 1998).

Segundo Lemaire e Chapman (1996), a morfogênese pode ser definida como a

dinâmica de geração e expansão da forma da planta no espaço. Embora seja

geneticamente programada essa dinâmica pode ser fortemente influenciada por

variáveis ambientais tais como temperatura, disponibilidade hídrica e de nutrientes. Esta

pode descrita por três características principais como: taxa de aparecimento de folhas

(TApF), taxa de alongamento de folhas (TAlF) e duração de vida da folha (DVF). Em

algumas espécies de plantas tropicais, particularmente aquelas de crescimento ereto,

existe um outro componente importante do crescimento que interfere significativamente

na estrutura do pasto e nos equilíbrios dos processos de competição por luz, a taxa de

alongamento de colmos (SBRISSIA & Da SILVA, 2001; CÂNDIDO (2003).

A Taxa de aparecimento de folhas (TApF) é a característica de maior destaque,

devido à sua influência direta sobre cada um dos componentes estruturais do pasto

(LEMAIRE & CHAPMAN, 1996). Essa variável, por ser central dentro do programa

morfogênico das gramíneas, é a última a ser penalizada pela planta quando de um

estresse (CHAPMAN & LEMAIRE, 1993). Esta característica é expressa como o

número médio de folhas surgidas em um perfilho por unidade de tempo (ANSLOW,

1966), sendo o seu inverso o filocrono. Oliveira et al. (2000) estudando a morfogênese

de capim-tifton 85 (Cynodon sp.) em diferentes idades de rebrotação, concluíram que

ocorre redução na taxa de aparecimento de folhas individuais entre as idades de 14 e 70

dias, correspondente a variações no filocrono de 1,6 e 4,1 dias/folha.

8

De acordo com Skinner e Nelson (1994) o aumento do filocrono (dias/folha)

com a idade na fase vegetativa ocorre em razão do aumento do tempo necessário para a

folha percorrer a distância entre o meristema apical e a extremidade do pseudocolmo

formado pelas bainhas das folhas mais velhas, enquanto na fase reprodutiva ocorre o

oposto deste fenômeno. Valores de filocronos para o capim-tifton 85, foram relatados

por Pinto et al. (2001) correspondendo a 3,0 a 5,0 dias/folha, sendo menores daqueles

relatados por Carnevalli e Da Silva (1999), que variaram de 3,0 a 5,8 dias/folha. Há uma

relação direta da TApF com a densidade populacional de perfilhos, o que determina o

potencial de perfilhamento de dado genótipo, pois cada folha formada traz na sua axila

uma gema, representando potencialmente o surgimento de um novo perfilho.

A TApF é ainda, passível de ser utilizada no processo de seleção de cultivares,

tornando-o mais preciso no que se refere à descrição da adaptação da planta ao meio

ambiente e ao potencial de perfilhamento, fatores que estão ligados de forma direta à

estabilidade das plantas na área, permitindo informações a respeito da persistência e/ ou

adaptação da planta forrageira ao corte ou ao pastejo.

Das características morfogênicas, a taxa de alongamento de folhas (TAlF)

apresenta a maior correlação com a produção, no caso das gramíneas do tipo C3 durante

toda sua fase vegetativa (HORST et al., 1978) e durante parte desta fase, no caso das

gramíneas do tipo C4 (CÂNDIDO, 2003). A TAlF se correlaciona positivamente com a

massa de forragem dos pastos (HORST et al., 1978) e com o crescimento por perfilho

(NELSON et al., 1977), no entanto, negativamente com o número de perfilhos por

planta (JONES et al., 1979). A TAlF é uma das características mais importantes no

desenvolvimento de plantas forrageiras; entretanto, maiores taxas não significam,

necessariamente, maior acúmulo de biomassa, pois, nesse caso, a planta pode estar

comprometendo o surgimento de novas folhas, com aumentos na taxa de senescência e,

ou, incrementando o tamanho das lâminas foliares, porém diminuindo o número dessas

(FARIA, 2009).

A outra característica morfogênica de grande importância é a taxa de senescência

foliar (TSF) ou o seu inverso, duração de vida da folha (TVF), em razão do menor valor

forrageiro dos tecidos senescentes e por representar perda de forragem produzida.

Segundo Lemaire (1997) a duração de vida das folhas representa o período durante o

qual há acúmulo de folhas no perfilho sem que haja detecção de qualquer perda por

9

senescência. O conhecimento da duração de vida das folhas é fundamental no manejo da

pastagem, pois, de um lado indica o teto potencial de rendimento da espécie (máxima

quantidade de material vivo por área) e, por outro lado, é um indicador fundamental

para a determinação da intensidade de pastejo com lotação contínua ou da freqüência do

pastejo em lotação rotacionada que permita manter índices de área foliar próximos da

maior eficiência de intercepção e máximas taxas de crescimento.

Em plantas tropicais e subtropicais cespitosas, o alongamento das hastes assume

grande importância relativa como característica morfogênica e determina as

características estruturais como relação lâmina foliar/colmo (SBRISSIA & DA SILVA,

2001). O sombreamento mútuo reduz a relação vermelho/vermelho extremo (V/Ve) da

luz, transmitida ao longo do dossel, sendo percebida pelo aparato de fitocromos (TAIZ

& ZEIGER, 2004), desencadeando processos de mudanças na estrutura do dossel por

meio de alongamento das colmos (bainhas e colmos). Esse alongamento do colmo é fato

de grande relevância na produção animal nos trópicos, por ser característica marcante

em forrageiras de clima tropical, tanto que Sbrissia e Da Silva (2001) e Cândido (2003)

propuseram a inclusão dessa característica ao esquema de Chapman e Lemaire (1993).

Cândido (2005a), avaliando o capim-mombaça sob estratégias de pastejo rotativo,

observaram um aumento crescente na proporção de colmos, ocasionando uma acentuada

redução na relação lâmina foliar/colmo na forragem acumulada, com o prolongamento

do período de descanso.

2.2. Características estruturais

A estrutura do dossel forrageiro é definida por um conjunto de características

genéticas da espécie, denominadas morfogênicas, que são condicionadas por fatores de

ambiente como luz, temperatura, umidade e outros (LEMAIRE & CHAPMAN, 1996).

A combinação das características morfogênicas determina as três principais

características estruturais do dossel forrageiro: comprimento final da folha (CFF);

Densidade populacional de perfilhos (DPP); Número de folhas vivas por perfilhos

(NFV) e relação lâmina foliar/colmo.

Os fatores determinantes do tamanho final da folha (TFF) são TApF e TAlF,

uma vez que, para dado genótipo, o período de alongamento da folha é uma fração

10

constante no intervalo do aparecimento de folhas sucessivas (DALE, 1982). O

comprimento da folha como foi relatado a pouco é determinado pela relação taxa de

alongamento/taxa de aparecimento de folhas. A taxa de aparecimento de folhas é

inversamente correlacionada com o tamanho final da folha (NABINGER & PONTES,

2001).

Dessa forma, variações na TAlF e TApF por meio de práticas de manejo

(intensidade de pastejo, freqüência de desfolhação, fertilização) ou flutuações climáticas

podem ocasionar variações no comprimento da folha. Enquanto a TAlF está diretamente

correlacionada com o comprimento da folha, folhas de menor tamanho são associadas a

valores elevados de TApF (NABINGER & PONTES, 2001). Outros fatores que

apresentam influência no tamanho da folha são o comprimento da bainha – que é

determinado pela altura de corte ou pastejo –, o nível de inserção da folha e o tipo de

perfilho. Logo, o comprimento da lâmina foliar é uma característica vegetal plástica

responsiva à intensidade de desfolhação, considerada por Lemaire e Chapman (1996)

como um mecanismo de escape capaz de conferir à planta graus variáveis de tolerância

ao pastejo. Assim, sua mensuração e análise podem auxiliar a identificação das

diferentes respostas morfofisiológicas desencadeadas pelas plantas em resposta à forma

como os fatores abióticos interagem entre si.

A densidade populacional de perfilhos em comunidades de plantas forrageiras é

função do equilíbrio entre as taxas de aparecimento e morte de perfilhos (LEMAIRE &

CHAPMAN, 1996). Em outras palavras, o número de perfilhos vivos por planta, ou por

unidade de área, é determinado pela relação entre a periodicidade de aparecimento de

novos perfilhos e a longevidade dos mesmos. O perfilhamento é influenciado ainda por

vários fatores relacionados ao ambiente e ao manejo adotado. Assim é que nutrição

mineral, manejo de cortes ou pastejo e fatores de ambiente, como luz, temperatura,

fotoperíodo e disponibilidade hídrica terão grande efeito sobre o perfilhamento da

planta (OLIVEIRA, 1999). A melhor estrutura no dossel para se otimizar a

produtividade e a qualidade da forragem é aquela que mantém o equilíbrio entre

perfilhos reprodutivos e vegetativos. Os perfilhos reprodutivos garantem taxa

fotossintética elevada e perfilhos mais pesados enquanto os perfilhos vegetativos

propiciam rápida recuperação após o corte e elevada qualidade do material pastejado,

que seria composto principalmente de folhas (CORSI, 1994).

11

Os perfilhos originados das gemas axilares (perfilhos aéreos) não alongam as

colmos tão rapidamente como os perfilhos que se originam das gemas situadas na coroa

das touceiras (perfilhos basais). Difante et al. (2008), avaliando a dinâmica do

perfilhamento do capim-marandu submetido a duas alturas (15 e 30 cm) e três intervalos

de corte (aparecimento de três, quatro e cinco folhas por perfilho), verificaram que a

produção de perfilhos aéreos representou proporção elevada da população total de

perfilhos (34 a 56%). Entretanto, esses perfilhos são pequenos e de vida curta, surgindo

em época do ano não favorável ao crescimento e, apesar de sua alta participação na

população, pouco contribuem para a produção de forragem.

O número de folhas vivas por perfilho (NFV) é geneticamente determinado,

sofrendo pouca influência dos fatores externos. Nabinger e Pontes (2001) afirmaram

que o número de folhas vivas por perfilho é uma constante genotípica bastante estável

na ausência de deficiências hídricas ou nutricionais. Binnie e Chestnutt (1994) não

observaram variação no número de folhas vivas em relvados de azevém e azevém/trevo

ou mesmo entre as diferentes alturas avaliadas. Lemaire e Chapman (1996) citaram que

longevidade das folhas, determina a produção teto de um pasto, mais que o número de

folhas vivas por perfilho. Pinto (2000) mencionou um número de folhas vivas/perfilho

para o Tifton 85 de 5,4, valor inferior ao encontrado por Oliveira (1999) que foi de 9,5.

A relação lâmina foliar/colmo está diretamente relacionada com a qualidade da

forragem e apresenta grande relevância, uma vez que é responsável por expressar a

quantidade de matéria seca das lâminas foliares em relação à quantidade de matéria seca

das colmos. Da sua diminuição, depreende-se que, do total da matéria seca de forragem

produzida, houve crescimento percentual da participação da massa seca de colmo verde

na massa de forragem total. Com isso, há diminuição de qualidade na massa de

forragem ofertada ao animal.

Para as gramíneas C4, essa relação toma maior importância, visto que o processo

de alongamento das colmos verifica-se ainda na fase vegetativa. Após o dossel atingir o

IAF crítico, há desencadeamento do processo de alongamento de colmo em pastagens

formadas por gramíneas C4, como discutido anteriormente. Desse processo, resulta o

estreitamento da relação lâmina foliar/haste. Chapman e Lemaire (1993) relataram que a

manutenção do pasto com altura e IAF elevados ocasionam diminuição da relação

lâmina foliar/haste, fato esse que influencia na capacidade fotossintética do dossel

12

quando na rebrotação, podendo elevar, mas comprometendo a taxa de ingestão por parte

dos animais em pastejo. Cândido (2003) enfatizou que a relação lâmina foliar/colmo é a

principal característica ligada à estrutura do pasto no referente ao desempenho animal

para gramíneas do tipo C4. Neste mesmo estudo, verificou-se redução na relação lâmina

foliar/colmo em pastos de capim-mombaça, com o prolongamento do período de

descanso.

3. Estratégias de manejo: período de descanso e resíduo pós-pastejo

O homem exerce maior controle do ambiente pastoril, a partir do controle da

densidade e, ou, tempo de permanência na área, do tamanho, das espécies e das

categorias de animais utilizadas. Fundamentalmente, isto significa manejar o grau de

desfolhação das plantas forrageiras. O conhecimento da reação da comunidade de

plantas à desfolhação é básico para se conceber uma estratégia de manejo que propicie a

maximização da produtividade de forragem com elevado valor nutritivo e que permita o

ajuste de seu crescimento às necessidades dos animais sem comprometer a perenidade

da pastagem (RODRIGUES & RODRIGUES, 1987). Informações nesse sentido só

podem ser geradas se características estruturais do dossel forrageiro forem controladas

com o objetivo de se manter um balanço entre altos valores de eficiência de utilização e

de desempenho animal.

O rendimento forrageiro após corte ou pastejo é proporcional à área foliar

existente, intensificando-se à medida que aumenta a intercepção da radiação luminosa

em decorrência do crescimento do IAF do dossel. Imediatamente após a saída dos

animais do piquete, o IAF do dossel é baixo, apresentando predominância de folhas

velhas; contudo, após os primeiros dias do período de descanso verifica-se nele maior

proporção de folhas emergentes e, subseqüentemente, de folhas recém expandidas.

Consequentemente, a taxa de fotossíntese bruta do dossel cresce curvilinearmente

durante o período de descanso, refletindo o crescimento do IAF (KING et al, 1984;

PARSONS et al, 1988) e o avanço da idade de suas folhas. O rendimento forrageiro se

aproxima do máximo quando o dossel intercepta 95% da radiação incidente, momento

em que seu IAF se aproxima de seu valor máximo. Entretanto, este critério não é de

aplicação prática no dia a dia do manejo da pastagem.

13

A correta definição do período de descanso contribui para o sucesso desse

sistema de manejo. Períodos de descanso de adequada duração propiciam à restauração

da área foliar, a intercepção da luz, a produção de forragem, a restauração das reservas

orgânicas, mas períodos de descanso muito longos comprometem o valor nutritivo da

forragem, a estrutura do dossel forrageiro, assim como o consumo de forragem e o

rendimento animal na pastagem. A literatura relata diversos experimentos sobre

critérios pertinentes à definição do período de descanso, como restauração das reservas

orgânicas (FULKERSON & DONAGHY, 2001), área foliar (BROUGHAM, 1956),

intercepção da radiação luminosa (KORTE et al.,1982; PARSONS et al., 1983), taxa

média de acúmulo de massa de forragem (ROBSON,1973; PARSONS & PENNING,

1988) e, número constante de folhas vivas por perfilho (GRANT et al.,1988;

FULKERSON & DONAGHY, 2001). Este último critério, fundamentado na

morfogênese da forrageira, visa prevenir as perdas de biomassa por senescência e morte

de folhas e perfilhos, de modo a otimizar a eficiência de utilização da forragem

produzida.

O número de folhas vivas por perfilho, constante a partir do momento em que a

taxa de senescência foliar iguala a taxa de aparecimento, constitui critério objetivo e

prático para definição da duração do período de descanso, ou seja, o momento da

introdução dos animais no piquete (FULKERSON & SLACK, 1995; GRANT et al,

1988). Para uma pastagem com um filocrono de 10 dias, os animais voltariam ao

piquete, quando o número de folhas/perfilho fosse de 3,5, o corresponderia a 35 dias. A

partir deste ponto o prolongamento deste período de descanso, resultaria em perdas por

senescência, redução da relação lâmina foliar/colmo e do valor nutritivo.

Um ferramenta de manejo que pode ser adotada é a altura, que devido a

facilidade da medição de altura do dossel faz com que esta seja potencial no manejo do

pastejo e de fácil aplicação no campo. Embora a altura do dossel não possa ser tomada

como variável determinante dos processos de crescimento e utilização da forragem em

pastagens tropicais, a facilidade de sua medição, conforme inúmeros trabalhos já

relatados (CAVALCANTE, 2001; GOMIDE et al., 2003; CÂNDIDO, 2003), sugere

que uma vez determinada a estratégia de manejo, com base nos parâmetros

ecofisiológicos, como a interceptação da luz, índices morfogênicos e características

estruturais, possa ser adotada uma altura prática de manejo na entrada e outra na saída

14

dos animais do piquete. A altura do resíduo pós-pastejo é um dos fatores condicionantes

das taxas de rebrotação de pastagens de gramíneas forrageiras tropicais (GOMIDE et

al., 1979). De acordo com Brâncio et al. (2003) o resíduo após pastejo pode estar

associado à camada de folhas ou, ainda, à barreira formada por material morto e às

bainhas das folhas na parte basal da planta

Carvalho et al. (2005) verificaram que as duas alturas de resíduo pós-pastejo de

100 ou 50 cm, não influenciaram as variáveis morfogênicas e produtivas do capim-

elefante. A altura de resíduo influencia com maior intensidade a produção de folhas, o

comprimento internodal e o número de nós por perfilho do capim-elefante que o

intervalo de desfolhação (BUTT et al.,1993). Contudo, estudos mais recentes

desenvolvidos em pastagens de gramíneas forrageiras tropicais de crescimento

cespitoso, avaliados sob pastejo, têm revelado pouca influência da altura do resíduo

sobre as variáveis morfogenéticas e estruturais da pastagem (BARBOSA et al., 2002;

GARCEZ NETO et al., 2002; CASAGRANDE et al., 2003; LAMBERTUCCI et al.,

2003).

A altura do resíduo pós-pastejo exerce um importante efeito sobre a qualidade da

pastagem. Forbes e Coleman (1993) afirmaram que o resíduo determina mudanças na

estrutura da pastagem, isto é, na participação dos componentes: lâmina foliar, colmo e

material morto e, como conseqüência altera a qualidade da forragem disponível para o

pastejo animal. Bianchini (1998) comparou o efeito de quatro alturas de manejo em

pastagem de coast cross no desempenho com ovinos. Alturas da forragem remanescente

após o pastejo foram: T1= 4 a 7 cm, T2= 10 a 13 cm, T3= 16 a 19 cm e T4= 22 a 25 cm.

A produção animal por área foi de 460, 436, 254 e 264 kg PV/ha, para T1, T2, T3 e T4,

respectivamente. As duas maiores alturas de manejo mostrou redução no teor de

proteína bruta e digestibilidade in vitro da matéria seca, bem como, menor ganho de

peso vivo por área, comparando com as menores alturas. No entanto, o autor não

correlacionou a densidade de forragem com a disponibilidade de forragem (relação

lâmina foliar/haste).

15

4. Ambiente de pastoril: planta–animal

A produção animal obtida em pastagens é o resultado do processo fotossintético

das plantas, que utilizam a energia solar para formação de biomassa que deverá ser

consumida pelo pastejo e convertida em produto animal. A desfolhação, por meio do

pastejo, necessita ser controlada, pois se de um lado as plantas crescem utilizando

energia solar, água e nutrientes fornecidos pelo solo, de outro lado o animal influencia o

seu crescimento pelo pastejo seletivo, além do pisoteio e das dejeções.

O animal exerce influência sobre a produção de forragem, principalmente devido

à remoção de material fotossinteticamente ativo e por alterar a interceptação luminosa

do dossel forrageiro, uma vez que pelo pastejo ocorre a desfolhação que condiciona as

respostas fisiológicas e morfológicas por parte da planta, as quais resultam em alteração

de sua forma e função, ou seja, a estrutura do dossel forrageiro (SBRISSIA & Da

SILVA, 2001). E ao mesmo tempo a estrutura do dossel forrageiro é fundamental tanto

para desempenho animal como de plantas (MAXWELL & TREACHER, 1987). A

definição de estratégias de manejo do pastejo devem ser baseadas no controle e

manipulação de características específicas do pasto num estado de equilíbrio dinâmico

(HODGSON, 1985).

A estrutura do dossel é determinante do valor nutritivo da forragem ofertada e

consumida pelos animais. A qualidade de uma planta forrageira é definida como sendo

sua capacidade em gerar desempenho animal, compreendendo, portanto sua composição

química, digestibilidade, consumo voluntário e interação de fatores hereditários e do

ambiente (MOTT, 1970; MOORE, 1994). Em ecossistemas de pastoris o valor nutritivo

da forragem está consistentemente associado à maturidade da planta forrageira. Quando

períodos de descanso muito prolongados são utilizados, ocorrem tanto modificações nas

proporções dos componentes da planta (incremento na proporção de colmos e material

morto e redução na proporção de lâminas foliares) quanto modificações (redução) na

digestibilidade desses componentes (TERRY & TILLEY, 1964).

A relação lâmina foliar/colmo também tem influência no consumo devido à

preferência dos animais pelas lâminas foliares (FORBES & HODGSON, 1985), que

apresentam maior facilidade de apreensão e maior valor nutritivo. Ainda que o animal

possa compensar o menor valor nutritivo do pasto pela sua seletividade (CHACON &

16

STOBBS, 1976), ou aumento no tempo de pastejo (CHACON & STOBBS, 1976), o

consumo será afetado pela redução na taxa de bocado (FORBES & HODGSON, 1985).

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22

CAPÍTULO 2

____________________________________________________________

Crescimento e componentes da biomassa inicial do dossel do capim-tifton 85

23

Crescimento e componentes da biomassa inicial do dossel do capim-tifton 85

RESUMO: A avaliação de crescimento foi conduzida numa área de 0,82 ha, após o

corte de uniformização. Avaliaram-se os índices de crescimento, componentes da

biomassa inicial e as características estruturais do capim-tifton 85 (Cynodon sp) em sete

idades de rebrotação (0; 5; 10; 15; 20; 25 e 30 dias). Os dados foram ajustados às

equações que melhor estimassem as variáveis avaliadas, e apresentados de modo

descritivo, através de curvas em função da idade de rebrotação da gramínea. Os gráficos

foram plotados através do programa computacional Excel. O índice de área foliar (IAF)

e a interceptação da radiação fotossinteticamente ativa aumentaram com o avanço da

idade de rebrotação. A massa seca de forragem total (MSFT) elevou-se ao longo da

idade de rebrotação, fato também observado para a massa seca de forragem verde

(MSFV). O aumento da massa seca de forragem morta (MSFM), ao longo da avaliação

de rebrotação não foi suficiente para comprometer o aumento da (MSFV). O aumento

da massa seca de colmo verde (MSCV) pode estar relacionado com o aumento do IAF

ao longo da avaliação e ter sido o responsável na redução da massa seca de lâmina verde

(MSLV). Foram observadas reduções nos valores de taxa de crescimento relativo

(TCR), assimilação liquida (TAL) e razão de área foliar (RAF) com o avanço da idade

de rebrotação. A taxa de acúmulo de forragem (TAF) aumento ao longo da avaliação.

Foram verificadas reduções na densidade populacional de perfilhos e no número de

folhas vivas ao longo do período de avaliação.

Termos para indexação: índice de área foliar, interceptação da radiação

fotossinteticamente ativa, índices de crescimento, rebrotação

24

Growth and components of the initial biomass of the canopy of tifton 85 grass

ABSTRACT: The growth evaluation was lead in an area of 0,82 ha, after the

uniformização cut. The indices of growth, the structural components of the initial

biomass and characteristics of tifton 85 grass (Cynodon sp) in seven ages of regrowth

had been evaluated (0; 5; 10; 15; 20; 25 and 30 days). The data had been adjusted to the

equations that better esteem the 0 variable evaluated, and presented in descriptive way,

through curves in function of the age of regrowth of the grassy one. The graphs had

been located through the computational program Excel. The leaf area index (IAF) and

the interception of the fotossinteticamente active radiation had increased with the

advance of the age of regrowth. The dry mass of total fodder plant (MSFT) was raised

throughout the age of regrowth, fact also observed for the dry mass of green fodder

plant (MSFV). The increase of the dry mass of fodder plant deceased (MSFM),

throughout the regrowth evaluation was not enough to compromise the increase of

(MSFV). The increase of green the dry mass of stem (MSCV) can be related with the

increase of the IAF throughout the evaluation and to have been the responsible one in

the reduction of the dry mass of green blade (MSLV). Reductions in the values of rate

of relative growth had been observed (TCR), net assimilation rate (TAL) and leaf area

ratio (RAF) with the advance of the age of regrowth. The rate of accumulation forage

(TAF) increase throughout the evaluation. Reductions in the population density of tiller

and the number of alive leaves alive had been verified throughout the period of

evaluation.

Index-terms: leaf area index, interception of the fotossinteticamente active radiation,

growth indexes, regrowth

25

INTRODUÇÃO

O crescimento das plantas segue uma curva sigmóide, com uma fase inicial

lenta, seguida de uma de rápido crescimento ou fase logarítmica, e, posteriormente,

outra em que o crescimento é lento ou ausente. Finalmente, a curva toma a direção

decrescente, coincidindo com a senescência das plantas. O fundamento da análise de

crescimento é a medida seqüencial da acumulação de matéria orgânica e sua

determinação é realizada por meio da avaliação do acúmulo de massa seca da planta e

do crescimento da área de folhas (SANTOS JR. et al., 2004). Permite obter informações

dos efeitos do ambiente sobre as diferenças entre espécies (ANDRADE et al., 2004),

avaliando o crescimento final da planta como um todo e a contribuição dos diferentes

órgãos no crescimento total. A partir dos dados de crescimento pode-se inferir atividade

fisiológica, isto é, estimar-se, de forma bastante precisa, as causas de variações de

crescimento entre plantas geneticamente diferentes ou entre plantas crescendo em

ambientes diferentes.

A avaliação do crescimento constitui uma parte da fisiologia vegetal em que se

faz uso de fórmulas e modelos matemáticos para avaliar índices de crescimento das

plantas, sendo muitos deles relacionados com a atividade fotossintética (BENINCASA,

2004). Como o crescimento é avaliado por meio de variações de tamanho de algum

aspecto da planta, geralmente morfológico, em função do acúmulo de material

resultante da fotossíntese líquida, esta passa a ser o aspecto fisiológico de maior

importância para a avaliação de crescimento.

Segundo Radford (1967), as principais características de crescimento são as

seguintes: taxa de crescimento da cultura; taxa de crescimento relativo; taxa

assimilatória líquida; razão de área foliar, que se decompõe em área foliar específica e

razão de peso foliar; índice de área foliar e duração da área foliar.

A pesquisa foi realizada com o objetivo de avaliar o crescimento, as

características do crescimento e os componentes da biomassa inicial do capim-tifton 85

(Cynodon sp), nas condições do Semiárido Nordestino, em diferentes idades de rebrotação (0;

5; 10; 15; 20; 25 e 30 dias).

26

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida no Setor de Produção de Ovinos do Campo

Experimental de Bebedouro, pertencente à Embrapa Semiárido, localizado no

Município de Petrolina-Pernambuco. O período de avaliação teve início em agosto e se

estendeu até de setembro do ano de 2008. O clima da região é classificado como quente

e seco, sendo caracterizada por duas estações bem definidas, uma chuvosa, de janeiro a

maio, e outra seca, de junho a dezembro. Os dados sobre as condições de temperaturas

máxima e mínima do ar e precipitação pluvial durante o período de avaliação foram

obtidos da Estação Agrometeorologia de Bebedouro, Petrolina-Pernambuco e são

apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Dados climáticos observados durante o período experimental

Mês Precipitação (mm) Temperatura (ºC)

Máxima Mínima Média

agosto 1,2 31,5 19,5 24,9 setembro 0,0 34,4 20,7 26,7 Dados obtidos da Estação Agrometeorologia do Campo Experimental de Bebedouro, Embrapa Semiárido, Petrolina-Pernambuco.

A avaliação de crescimento foi conduzida na área de 0,82 ha, em pastagem

cultivada de capim-tifton 85 (Cynodon sp), no crescimento em rebrotação após o corte

de uniformização de 5 cm, sem influência de nenhuma estratégia de manejo. Foram

sorteados três pontos para cada data de avaliação, a intervalos de cinco dias. Portanto,

foram demarcados 21 pontos {[(30 dias de crescimento 5 dias de intervalo)+1] x 3

pontos por data de avaliação}.

As avaliações foram realizadas nas seguintes idades de rebrotação após o corte

de uniformização (0; 5; 10; 15; 20; 25 e 30 dias). Em cada uma destas datas, foram

realizadas as seguintes avaliações:

a) Leitura da intercepção de radiação fotossinteticamente ativa (RFA) e do

índice de área foliar, utilizando-se o Analisador LAI 2000 da LI-COR Bioscienses

(Figura 1), posicionado o analisador no topo do dossel e ao nível do solo;

27

Figura 1. Analisador LAI 2000 da LI-COR Biocienses.

b) Coleta da massa de forragem em cada um dos pontos, utilizando-se uma

moldura em formato quadrado de 0,25 m², padronizando-se o corte a 5 cm do solo. Tais

amostras foram levadas ao laboratório, sendo então separado o material vivo do material

morto e em seguida as lâminas foliares dos colmos do material vivo, os quais foram

secos em estufa de ventilação forçada a 55º C e pesados, para a quantificação dos

componentes da biomassa: massas secas de forragem total (MSFT), de forragem verde

(MSFV), de forragem morta (MSFM), de lâmina foliar verde (MSLV), de colmo verde

(MSCV), além das relações material vivo/material morto e relação lâmina foliar/haste.

c) Determinação dos índices de crescimento, tomando-se os dados de MSFV e

área foliar (AF), onde foram ajustados modelos polinomiais de segundo grau em função

da idade do dossel, ao tempo das amostragens. Em seguida, a partir da derivada

primeira do modelo quadrático da MSFV em função da idade, foram estimados os

valores instantâneos para a taxa de crescimento relativo (TCR) e taxa de assimilação

líquida (TAL), conforme Radford (1967), pelas fórmulas:

TCR = (1/W) x (dW/dt)

TAL = (1/AF) x (dW/dt)

onde,

W = valor instantâneo da massa seca de forragem verde estimado a partir da respectiva

equação quadrática (g/m2);

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AF = valor instantâneo da área foliar estimado a partir da respectiva equação quadrática

(m2fol/m2);

dW/dt = equação derivada primeira da respectiva equação quadrática da massa seca de

forragem verde em função do tempo de rebrotação (g/m2 x dia).

O valor instantâneo da razão de área foliar (RAF) foi obtido pelo quociente entre

os valores estimados de AF e MSFV para cada idade. De posse das estimativas de TCR,

TAL e RAF, foram elaborados gráficos ligando-se os pontos obtidos para cada

estimativa.

d) Acompanhamento da morfogênese do capim-tifton 85, registrando-se o

aparecimento, comprimento de segmentos verde e/ou senescente de lâminas foliares,

conforme Davies (1993) e o de alongamento das hastes, a fim de se estimar as

respectivas taxas. Em cada um dos pontos anteriormente marcados, foram escolhidos ao

acaso 5 perfilhos, identificados com anéis coloridos de fio telefônico, aos quais foram

atadas fitas coloridas da mesma cor para facilitar a localização. Nos referidos perfilhos,

registrou-se a cada cinco dias o comprimento total e também da porção verde de todas

as lâminas foliares que não estivessem completamente mortas a partir da lígula da

própria folha - quando já expandida, ou da lígula da folha mais recentemente expandida

- em se tratando de folha emergente. O comprimento da porção senescente foi obtido

pela diferença entre o comprimento total da lâmina foliar e da sua porção ainda verde.

Estimou-se, ainda, o alongamento dos colmos, como a diferença de altura da lígula mais

distante da base do colmo por ocasião da primeira e última leitura, durante o período de

descanso.

Para expressar o crescimento linear em crescimento ponderal, estimou-se o

respectivo fator de conversão. Foram coletados aleatoriamente trinta perfilhos em cada

repetição, os quais foram levados ao laboratório e separados em colmo, lâmina de folha

expandida e lâmina de folha emergente. Cada uma dessas frações teve o comprimento

de seus componentes registrado, sendo então submetidas à secagem em estufa de

ventilação forçada a 55ºC, durante 72 horas e pesadas, obtendo-se um índice de peso

por unidade de comprimento para lâmina foliar emergente (α1), um índice de peso por

unidade de comprimento para lâmina foliar adulta (α2) e um índice de peso por unidade

de comprimento para colmos (β). Assim, foi possível estimar a taxa de acúmulo de

forragem (TAF) durante o período de descanso, a partir das taxas de alongamento

29

(TAlF) e senescência (TSF) de lâmina foliar, da taxa de alongamento das hastes (TAlH)

e da densidade de perfilhos (DPP), conforme a equação:

TAF = {[(TAlF x α1) - (TSF x α2)] + (TAlH x β)} x DPP

onde,

TAF = taxa de acúmulo de forragem durante o período de rebrotação (kg MS/ha);

TAlF = taxa de alongamento de lâmina foliar (cm/dia x perfilho);

α1 = índice de peso por unidade de comprimento para lâmina foliar emergente (g/cm);

TSF = taxa de senescência de lâmina foliar (cm/dia x perfilho);

α2 = índice de peso por unidade de comprimento para lâmina foliar adulta (g/cm);

TAlH = taxa de alongamento da haste (cm/dia x perfilho);

β = índice de peso por unidade de comprimento para colmo (g/cm);

DPP = densidade populacional de perfilhos no período de rebrotação (perfilhos/ha).

e) Algumas medidas estruturais do pasto também foram tomadas a cada idade de

rebrotação, tais como: densidade populacional de perfilhos, contando-se o número de

perfilhos vivos presentes na moldura de 0,5 x 0,5 m, antes de ser realizado o corte da

biomassa.

Os dados foram ajustados às equações que melhor estimassem as variáveis

avaliadas, e apresentados de modo descritivo, através de curvas de em função da idade

de rebrotação da gramínea. Os gráficos foram plotados através do programa

computacional Excel.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pode-se observar uma relação entre o índice de área foliar (IAF) e a

interceptação da radiação fotossinteticamente ativa (IRFA), uma vez que, à medida IAF

do dossel eleva-se (Figura 2), há uma tendência deste interceptar mais luz em

decorrência da quantidade de folhas com intensa atividade fotossintética, permitindo,

portanto, crescimento da IRFA, em função do aumento do IAF.

30

Figura 2. Evolução do índice de área foliar (IAF) e interceptação da radiação fotosinteticamente

ativa (RFA) em dossel de capim-tifton 85(Cynodon sp), em diferentes idades de rebrotação.

A massa seca de forragem total (MSFT) elevou-se ao longo da idade de

rebrotação, fato também observado para a massa seca de forragem verde (MSFV). A

MSFT apresentou o padrão de ascendência com o aumento da interceptação da RFA,

provalvemente devido a contribuição da produção de colmos, que se acumulou com o

prolongamento do período de avaliação. A MSFV apresentou o aumento durante o

período de avaliação, este fato implica em dizer que a massa seca de forragem morta

(MSFM), apesar de aumentar ao longo do período de avaliação, não foi suficiente para

comprometer o aumento da MSFV.

Foi verificado altos valores de massa seca de colmo verde (MSCV), que pode

estar relacionado com os valores IAF. Cândido et al. (2005b) relataram que o

alongamento do colmo apartir de um IAF critico, resulta num incremento de massa de

colmo e redução da massa de lâmina verde, pelo processo de senescência e em seguida a

redução da relação lâmina foliar/haste. O desenvolvimento do colmo favorece ao

incremento da MSFT, apesar de responder em incrementos na produção de forragem,

aumento na MSCV reflete em efeitos negativos na qualidade da forragem produzida e

no seu aproveitamento pelos animais em pastejo. (SILVA et al., 2007), devido à

redução do consumo voluntário de matéria seca pelo animal (CÂNDIDO et al., 2006),

31

uma vez que este alongamento é acompanhado de uma lignificação acentuada, que

resulta na queda do valor nutritivo da forragem e repletirá negativamente sobre o

desempenho animal (FARIA, 2009).

Figura 3. Componentes da biomassa inicial (g/m²): Massa seca de forragem total (MSFT),

massa seca de forragem verde (MSFV), massa seca de lâmina verde (MSLV), massa seca de colmo verde (MSCV) e massa seca de forragem morta (MSFM) em dossel de capim-tifton 85 (Cynodon sp), em diferentes idades de rebrotação.

Os valores dos índices de crescimento, taxa de crescimento relativo (TCR), taxa

de assimilação liquida (TAL) e razão de área foliar (RAF), durante o período de

avaliação, encontram-se nas Figuras 4, 5 e 6. Observa-se em todos eles a natureza

decrescente, semelhante à encontrada para capim-tifton 85, cultivado em parcelas

(OLIVEIRA et al., 2000).

A TCR reduziu com o avanço da idade de rebrotação (Figura 4). Sabe-se que a

TCR apresenta valores mais altos nos primeiros dias de rebrotação, reduzindo

posteriormente. Valores obtidos no presente estudo encontram-se dentro do esperado,

uma vez que, de acordo com Beadle (1993), os valores de TCR para a maioria das

espécies de plantas C4, encontram-se entre o intervalo de 0,02 a 0,5 g/g x dia. Oliveira et

al. (2000) observaram variação exponencial, com valores de TCR de 0,12 a 0,026 g/g x

dia, dos 14 aos 70 dias, apresentando queda mais acentuada até a idade de 35 dias. Em

trabalhos conduzidos por Gomide (1996), com cinco cultivares do gênero Cynodon,

32

registrou-se valores de TCR de 0,084 g/g x dia (21 a 28 dias de crescimento) e 0,026 g/g

x dia (28 a 35 dias de crescimento). O avanço na idade das folhas e a instalação do seu

sombreamento mútuo resulta no comprometimento da fotossíntese liquida do dossel e

acúmulo de biomassa ao longo da rebrotação também contribui para o padrão de

resposta redutiva na TCR, uma vez que a TCR = (1/W) x (dW/dt), assim como da

diminuição nos valores de TAL e RAF, visto que a TCR resulta do produto destes dois

índices de crescimento, sendo o primeiro, um componente fisiológico e o segundo, um

componente morfológico (ALEXANDRINO et al., 2005).

Figura 4. Taxa de crescimento relativo (TCR) em dossel de capim-tifton 85 (Cynodon sp), em diferentes idades de rebrotação.

No início da rebrota, a área foliar da planta é constituída de folhas jovens, com

alta capacidade fotossintética. À medida que a planta se desenvolve, cai a eficiência

fotossintética das folhas e crescem as perdas respiratórias da planta, comprometendo a

TAL. Da mesma maneira que a TCR, a TAL também se reduziu ao longo da idade de

rebrotação. Essa queda nos valores de TAL, com o avanço do desenvolvimento da

gramínea, possivelmente ocorre devido ao aumento da idade média das folhas, aliado ao

autosombreamento das folhas inferiores da planta, reduzindo, assim, a sua eficiência

fotossintética (Figura 5). Durante o período de avaliação verificou-se valor superior para

33

TAL na fase inicial de rebrotação de 14,8 g/m² fol x dia. Além disso, com o avanço da

maturidade da planta, ocorre maior aporte de assimilados para o desenvolvimento do

colmo e de outras partes, aumentando ainda mais as perdas respiratórias da planta, o que

leva à redução da TAL (OLIVEIRA et al., 2000). Segundo Gomide e Gomide (1999), a

redução na TAL ao longo do período de avaliação se deve à competição por luz, ao

avanço na idade média da área foliar da planta e ao incremento das demandas

respiratórias.

Figura 5. Taxa de assimilação liquida (TAL) em dossel de capim-tifton 85 (Cynodon sp), em

diferentes idades de rebrotação.

Normalmente a RAF é reduzida com o aumento da idade de rebrotação. Segundo

Benincasa (1988), a RAF representa a unidade de área foliar que está sendo usada pela

planta para produzir uma unidade de peso de matéria seca. Assim, durante o estádio de

crescimento vegetativo, há maior aporte de assimilados para a produção de folhas, a fim

de aumentar a captura da luz incidente e promover rápido crescimento. Nesse período,

observam-se, então, valores altos de razão de área foliar, devido ao crescente aumento

relativo no aparelho assimilatório. O alto valor de RAF pode ser verificado o inicio do

34

período de avaliação (Figura 6). Além disso, as folhas mais jovens apresentam maior

eficiência fotossintética, evidenciada pelos altos valores de TAL, na fase inicial da

rebrota. De acordo com Andrade et al. (2005) a redução na RAF durante o período de

avaliação reflete maior alocação de assimilados para o desenvolvimento de colmo,

raízes e partes reprodutivas, em detrimento da produção de folhas, durante a fase linear

de crescimento.

Figura 6. Razão de área foliar (RAF) em dossel de capim-tifton 85 (Cynodon sp), durante a

avaliação de crescimento, em diferentes idades de rebrotação.

A dinâmica de acúmulo de forragem foi descrita por Hodgson (1990) para

espécies de clima temperado e, de maneira geral, apresenta uma fase inicial de

crescimento lento, seguida de acúmulo acelerado e, finalmente, uma fase na qual as

taxas de acúmulo tendem a zero e o dossel se aproxima da máxima produção líquida,

que é mantida a partir de então e pode ser reduzida em casos de intervalos muito longos

entre desfolhações sucessivas. No caso de algumas espécies forrageiras tropicais,

especialmente as de crescimento ereto, não se pode deixar de inserir nos componentes

do crescimento o alongamento de colmos, que freqüentemente ocorre ainda na fase

vegetativa e interfere significativamente na estrutura do dossel e nos equilíbrios dos

processos de competição por luz (SILVA & SBRISSIA, 2001) afetando o acúmulo de

35

forragem. A taxa de acúmulo de forragem durante o período de avaliação revelou um

comportamento crescente (Figura 7) caracterizado pelo incremento de massa seca de

lâmina verde (MSLV) e a partir de um aponto a massa seca de colmo verde começam a

acumular de maneira significativa.

Figura 7. Taxa de acúmulo de forragem (TAF) em dossel de capim-tifton 85 (Cynodon sp), em

diferentes idades de rebrotação.

Na fase inicial da rebrotação pode-se observar um aumento no número de

perfilhos (Figura 8). A densidade populacional de perfilhos é favorecida por fatores por

como nutrientes, umidade do solo e a intensidade de radiação solar que alcança o nível

do solo, fato condicionado pelo IAF. Ao longo do período de avaliação provavelmente

pode ter começado haver limitação de disponibilidade e de qualidade de luz no interior

do dossel, reduzindo o perfilhamento. O IAF é de extrema importância, uma vez que, os

valores crescentes de IAF, são basicamente em função do aumento do tamanho dos

perfilhos, e este aumento do tamanho é compensado pela redução do número de

perfilhos, pois valores de IAF baixos caracterizam-se por um pasto com perfilhos

pequenos e muito numerosos, enquanto em valores de IAF altos ocorrem a presença de

36

perfilhos grandes e pouco numerosos. Este comportamento pode ter sido responsável

pela redução do número de perfilhos. Se o período de rebrotação se estender muito

além, a mortalidade de perfilhos aumenta, podendo vir a comprometer a capacidade de

recuperação da área foliar e a habilidade competitiva da planta.

Figura 8. Densidade populacional de perfilhos (perfilhos/m2) em dossel de capim-tifton

85 (Cynodon sp), em diferentes idades de rebrotação.

Segundo Oliveira et al. (1998), o perfilho apresenta aumento crescente no

número de folhas vivas no início da rebrotação, atingindo o máximo, mas estabiliza-se

com menor número de folhas vivas/perfilho, graças à presença da senescência foliar.

O número total de folhas vivas (NFV) por perfilho expressa o potencial de

assimilação de carbono e de produção de forragem ao nível de perfilho. Essa variável

apresenta ainda grande importância na avaliação e manejo das plantas forrageiras, por

tratar-se do componente da biomassa com melhor atributo qualitativo, sendo a fração

mais selecionada pelos animais em pastejo e também pela sua aplicação como critério

de definição prático para a determinação do período de descanso numa área de pastejo

(GRANT et al., 1988; FULKERSON & DONAGHY, 2001). À medida que o dossel

37

aumenta sua capacidade de interceptação da RFA, este tende a produzir mais folhas,

aumentando o número de folhas vivas, sendo esta característica estrutural uma

ferramenta de manejo que pode ser utilizada para determinar a condição de entrada dos

animais no pasto (Figura 9). Segundo Gomide e Gomide (2000), durante o

desenvolvimento da forrageira, o NFV cresce enquanto não se instala o processo de

senescência e morte de folhas. O NFV obtido no presente estudo foi em média de 5,

apresentando semelhança para o número de folhas vivas/perfilho para o Tifton 85

relatado por Pinto (2000) de 5,4 e inferior para o valor encontrado por Oliveira (1999),

que foi de 9,5.

Figura 9. Número de folhas vivas/perfilho em dossel de capim-tifton 85 (Cynodon sp), em

diferentes idades de rebrotação.

CONCLUSÕES

O índice de área foliar e a interceptação da radiação fotossinteticamente ativa se

elevaram o avanço da idade de rebrotação.

Foi observado incremento da massa seca de forragem total e forragem verde

com o aumento da idade de rebrotação.

38

Os valores dos índices de crescimento TCR, TAL e RAF se reduziram com o

avanço da idade de rebrotação.

A densidade populacional de perfilhos e o número de folhas/perfilho se

reduziram com o avanço da idade de rebrotação.

REFERÊNCIAS

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41

CAPÍTULO 3

____________________________________________________________

Características morfogênicas do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

42

Características morfogênicas do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

RESUMO: Foram avaliadas as características morfogênicas e o acúmulo de forragem

do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

em diferentes ciclos de pastejo. Os tratamentos corresponderam a combinações de três

condições de pré-pastejo (número de folhas/perfilho: 4,5; 6,5 e 8,5) e duas condições

pós-pastejo (altura residual: 10 e 5 cm), distribuídos em um delineamento experimental

inteiramente casualizado em arranjo fatorial 3x2, com quatro repetições (piquetes). As

avaliações foram realizadas logo após o pastejo e em intervalos variados de acordo com

o período de descanso. Não foi verificado efeito do período de descanso (PD), resíduo

pós-pastejo (RPP), da interação PD x RPP e efeito dos ciclos (P 0,05), sobre a razão

entre a taxa de alongamento da folha 1 e 2 (TAlF1/TAlF2). O PD de 8,5 fol/perf

apresentou menor taxa de alongamento foliar (TAlF). O resíduo de 10 cm, apresentou

maior TAlF. As maiores taxas de alongamento das hastes (TAlH), foram observadas

para os pastos com PD de 6,5 e 8,5 fol/perf. Houve efeito da interação PD x RPP

(P 0,05) para taxa de senescência anterior (TSFa) e os pastos com 4,5 fol/perf, em

ambos os RPP, apresentaram valores inferiores para esta variável. Os maiores valores de

taxa de senescência posterior (TSFp) e senescência total (TST), são observados nos

pastos com PD de 8,5 fol/perf. As maiores taxas de aparecimento foliar (TApF) foram

observadas nos pastos com PD de 4,5 e 6,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm, que

resultaram em elevadas taxas de produção de forragem (TPF) e acúmulo de forragem

(TAF). Os ciclos de pastejo causaram efeito sobre as TAlF e TApF, apresentando

valores elevados, ao longo do período experimental. As TSFa e TST em função dos

ciclos, se elevaram nos pastos sob o PD 8,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm. A TSFp,

foi elevada ao longo dos ciclos de pastejo, para com PD de 4,5 e 8,5 fol/per e resíduo de

5 e 10 cm, respectivamente. As características morfogênicas foram afetadas pelos PDs,

RPPs e efeito dos ciclos de pastejo. Os PDs superiores ao necessário para formação de

6,5 fol/perf tornam todas as características morfogênicas estudadas indesejáveis do

ponto de vista forrageiro.

Termos para indexação: acúmulo de forragem, perfilho, taxa de aparecimento foliar

43

Morphogenic characteristics of the tifton 85 grass managed under three periods of

rest and two post-grazing residues

Abstract: The morphogenic characteristics and the accumulation of fodder plant of

tifton 85 grass managed under three periods of rest had been evaluated and two residues

after-pastejo in different cycles of pastejo. The treatments had corresponded the

combinations of three conditions of daily pay-pastejo (leaves number/tiller: 4,5; 6,5 and

8,5) and two conditions after-pastejo (residual height: 10 and 5 cm), distributed in an

experimental delineation entirely casualizado in factorial arrangement 3x2, with four

repetitions (plots). The evaluations had been carried through soon after pastejo and in

varied intervals in accordance with the period of rest. Effect of the period of rest was

not verified (PD), residue after-pastejo (RPP), of interaction PD x RPP and effect of the

cycles (P 0,05), on the reason the tax of allonge of leaves 1 and 2 enters

(TAlF1/TAlF2). The 8,5 PD of leaves/tiller presented minor tax of foliar allonge

(TAlF). The residue of 10 cm, presented TAlF greater. The biggest rates of allonge of

the connecting steam (TAlH), had been observed for the grass with 8,5 PD of 6,5 and

leaves/tiller. It had effect of interaction PD x RPP (P 0,05) for rate of previous

senescence (TSFa) and the grass with 4,5 leaves/tiller, in both the RPP, had presented

inferior values for this 0 variable. The biggest values of rate of posterior senescence

(TSFp) and total senescência (TST), are observed in the grass with 8,5 PD of

leaves/tiller. The biggest rates of foliar appearance (TApF) had been observed in the

grass with 6,5 PD of 4,5 and leaves/tiller and residues of 10 and 5 cm, that had resulted

in high taxes of production of fodder plant (TPF) and accumulation of fodder plant

(TAF). The cycles of pastejo had caused effect on the TAlF and TApF, having

presented raised values, throughout the experimental period. TSFa and TST in function

of the cycles, if had raised in the grass under 8,5 PD leaves/tiller and residues of 10 and

5 cm the TSFp, was raised throughout the cycles of pastejo, stops with PD of 4,5 and

8,5 leaves/tiller and residue of 5 and 10 cm, respectively. The morphogenic

characteristics had been affected by the PDs, RPPs and effect of the cycles of pastejo.

The PDs superior to the necessary one for formation of 6, 5 leaves/tiller becomes all the

undesirable studied morphogenic characteristics of the forrageiro point of view.

Index-terms: accumulation of forage, tiller, rates of foliar appearance

44

INTRODUÇÃO

A área de pastagens no território brasileiro corresponde a 22 %, o que representa

mais de 172 milhões de hectares (ANUALPEC, 2008), realçando a grande contribuição

desse recurso na exploração pecuária e na economia do país. A produção de ruminantes

baseada em pastagens é a forma mais econômica de se obter produtos de origem animal

de alto valor biológico.

A produção de forragem é um processo contínuo, regulado por variáveis do

ambiente e por características da pastagem. À medida que tecidos foliares crescem nas

plantas, esses estão sujeitos ao envelhecimento e à senescência, responsáveis pela

redução no acúmulo de massa seca e pelas perdas quantitativas e qualitativas da

forragem produzida. Avanços significativos na busca do entendimento da dinâmica do

ecossistema de pastagem só foram possíveis quando foi reconhecido que o uso de

plantas forrageiras em pastagens deveria ser considerado dentro de um contexto

sistêmico, no qual a adoção de técnicas e estratégias de manejo em pontos isolados do

sistema dificilmente resultaria em mudanças significativas na eficiência global final do

processo produtivo. Para tanto segundo Nabinger e Pontes (2001), tornaram-se

relevantes os estudos de dinâmica da produção primária das forrageiras, realizados por

meio de avaliações das características morfogênicas e estruturais das mesmas.

De acordo com Nascimento Júnior et al. (2002), a taxa de aparecimento, a taxa

de alongamento e a duração de vida das folhas são o referencial morfogênico que

permite integrar diferentes características estruturais do pasto, com a finalidade de

atingir os principais objetivos da produção animal em pastagens. As características

morfogênicas apresentam estreita correlação com o rendimento forrageiro (HORST et

al., 1978) e podem ser usadas como critério de seleção em trabalhos de melhoramento

genético e em estudos para avaliar efeitos dos fatores do meio sobre a produtividade das

gramíneas (GRANT & MARRIOT, 1994).

Segundo Pontes et al. (2003), diferentes alturas de manejo proporcionam

diferenças na estrutura da pastagem e, conseqüentemente, na morfogênese da planta,

uma vez que alteram a dinâmica do processo de desfolhação efetuado pelo animal.

Diante do exposto, esta pesquisa foi conduzida com o objetivo de avaliar o efeito

dos três períodos de descanso 4,5; 6,5 e 8,5 (folhas/perfilho) e dois resíduos pós-pastejo

45

5 e 10 cm, sobre a morfogênese do capim-tifton 85, nas condições do Semiárido

Nordestino.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida no Setor de Produção de Ovinos do Campo

Experimental de Bebedouro, pertencente à Embrapa Semiárido, localizado no

Município de Petrolina-Pernambuco. Durante o mês de outubro foi efetuada a divisão

da área em piquetes e ajuste da metodologia de trabalho. A coleta de dados ocorreu

entre os meses de novembro de 2008 a junho de 2009, totalizando nove meses.

O clima da região é classificado como quente e seco, sendo caracterizada por

duas estações bem definidas, uma chuvosa, de janeiro a maio, e outra seca, de junho a

dezembro. Os dados sobre as condições de temperaturas máxima e mínima do ar e

precipitação pluviométrica durante o período experimental foram obtidos da Estação

Agrometeorologia de Bebedouro, Petrolina-Pernambuco e são apresentados na Tabela

1.

Tabela 1. Dados climáticos observados durante o período experimental

Mês Precipitação (mm) Temperatura (ºC)

Máxima Mínima Média

outubro/2008 0,0 33,7 21,7 27,7 novembro/2008 0,0 34,8 23,2 28,7 dezembro/2008 54,6 33,7 22,6 27,1 janeiro/2009 45,7 34,3 23,0 27,5 fevereiro/2009 127,0 32,4 22,1 26,1 março/2009 152,9 33,0 22,2 26,3 abril/2009 223,6 31,1 22,3 25,5 maio/2009 85,4 28,8 21,2 24,2 Junho/2009 14,5 29,7 19,5 23,6 Dados obtidos da Estação Agrometeorologia de Bebedouro, Embrapa Semiárido, Petrolina/Pernambuco.

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Foram avaliados três períodos de descanso 4,5; 6,5 e 8,5 (número de

folhas/perfilho) e dois resíduos pós-pastejo 5 e 10 cm, em um delineamento

experimental inteiramente casualizado em arranjo fatorial 3x2 com quatro repetições

(piquetes). A área experimental constou de 0,82 ha de pastagem cultivada com capim-

tifton 85 irrigada por aspersão com canhões com a distribuição da água durante o dia.

Utilizou-se o método de pastejo sob lotação intermitente, com lotação variável,

mantendo-se animais prova nos piquetes e também animais reguladores para ajuste da

taxa de lotação, segundo a técnica da taxa de lotação variável. A pastagem foi

subdivida, com tela campestre, em 37 piquetes de 180 m2 cada, destes piquetes 24 foram

considerados amostrais. Foram utilizados 30 ovinos de prova e um número variável de

animais de equilíbrio, da raça Santa Inês, machos castrados, com peso corporal (PC)

médio inicial de ± 20 kg, os quais foram previamente identificados, vermifugados e, em

grupos de cinco, distribuídos por sorteio em seis tratamentos. Foram efetuadas

adubações de reposição com nitrogênio, em cada piquete, no momento da saída dos

animais, nas seguintes doses: 0,971; 1,110; 1,320; 1,475; 1,666 e 1,800 g, de acordo

com o período de descanso.

O solo da área experimental é classificado como Podzólico Amarelo Eutrófico

Latossólico (EMBRAPA, 1999), teve suas características químicas avaliadas (Tabela 2)

em outubro de 2008. A área foi adubada em função das necessidades da análise do solo.

A adubação com fósforo e potássio foi realizada a lanço e em cobertura, na forma de

superfosfato simples e cloreto de potássio, respectivamente, em 02 de novembro de

2008 em uma aplicação com 120 kg/ha de P2O5 e 100 kg/ ha de K2O. A adubação

nitrogenada (600 kg de N/ha) foi fracionada em aplicações, ao dos ciclos de pastejo,

após a saída dos animais dos piquetes, na forma de uréia, de acordo com os períodos de

descanso.

Tabela 2. Características químicas do solo da área experimental em duas profundidades

Profundidade MO pH:H2O P K Al Ca Mg H + Al CTC SB -----(cm)---- g/Kg-1 1: 2,5 mg/dm3 ----Cmolc dm-3---- %

0 – 5 24,14 6,18 41,51 0,21 0,05 2,45 0,94 1,83 5,48 66,41 5 - 20 7,10 6,09 22,67 0,14 0,05 1,33 0,59 1,16 3,25 63,51

Nos piquetes amostrais, foram marcadas duas hastes após a saída dos animais,

mudadas a cada novo ciclo de pastejo. Em cada uma das hastes, quatro perfilhos foram

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identificados aleatoriamente com anéis coloridos de fio telefônico e fitas coloridas da

mesma cor, atadas para facilitar sua localização. A escolha de perfilhos para marcação

foi feita procurando-se evitar plantas debilitadas ou injuriadas por qualquer razão. Nos

referidos perfilhos, registrou-se, depois de dois dias da saída dos animais e também a

cada quatro dias, o comprimento total das lâminas expandidas, das lâminas emergentes

e a altura do colmo. O comprimento das lâminas expandidas foi feito por meio da

medição da distância da sua lígula até o ápice da folha. O comprimento da lâmina

emergente foi obtido por meio da medição da distância do ápice dessa folha até a lígula

da folha expandida imediatamente anterior. Já o comprimento do colmo foi obtido pela

medição da distância da última lígula exposta até a base do perfilho. Fez-se a estimativa

do ângulo do perfilho em relação ao solo, com medição do comprimento do colmo no

sentido horizontal (do solo até a lígula mais alta, de modo que fosse seguida a

inclinação do perfilho) e vertical (do solo até a lígula mais alta na posição vertical). O

comprimento da porção senescente foi obtido pela diferença entre o comprimento total

da lâmina foliar e o comprimento de sua porção ainda verde.

Através das medidas dos comprimentos das lâminas foliares e do colmo, foram

estimados os seguintes índices: a) taxa de alongamento foliar (TAlF) (referente ao

alongamento médio diário das lâminas foliares de todo o perfilho durante o período de

descanso); b) taxa de alongamento da haste (TAlH) (referente ao alongamento médio

diário do colmo de todo o perfilho durante o período de descanso); c) razão entre as

taxas de alongamento de lâminas foliares da primeira e da segunda folha produzida no

início da rebrotação de cada perfilho (TAlF1/TAlF2); d) TSFa e a TSFp, que expressam,

respectivamente, a taxa de senescência de lâminas foliares formadas anteriormente ao

período de descanso em avaliação e a taxa de senescência de lâminas foliares formadas

o período de descanso em avaliação; e) TST, que corresponde à taxa de senescência

foliar total ao final de um determinado período de descanso e representa a soma das

TSFa e TSFp; f) taxa de aparecimento foliar (TApF), que mede a velocidade de

surgimento da folha, expressa, em dias.

Foram determinados os índices gravimétricos. Para tanto, ao final de cada

período de descanso, foram colhidos aproximadamente 30 perfilhos por piquete

amostral, levados ao laboratório e separados em colmos, lâminas foliares expandidas e

lâminas foliares emergentes. Cada uma dessas frações teve seu comprimento total

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registrado, para serem, então, submetidas à secagem em estufa de ventilação forçada a

65°C, durante 72 horas e pesadas, para a determinação posterior do índice de peso por

unidade de comprimento da lâmina foliar emergente (α1), da lâmina foliar expandida

(α2) e das hastes (β).

De posse das variáveis morfogênicas, foi possível estimar também a taxa de

acúmulo de forragem (TAF) e a taxa de produção de forragem (TPF) durante o período

de descanso, a partir das taxas de alongamento (TAlF) e senescência (TSF) de lâmina

foliar, da taxa de alongamento das hastes (TAlH), dos índices gravimétricos e da

densidade populacional de perfilhos (DPP), conforme as equações, adaptada de Davies

(1993):

TPF = {[(TAlF x α1)] + (TAlH x β)} x DPP

TAF = {[(TAlF x α1) - (TSF x α2)] + (TAlH x β)} x DPP

onde:

TPF = taxa de produção de forragem durante o período de descanso i (kg MS/ha x dia);

TAF = taxa de acúmulo de forragem durante o período de descanso i (kg MS/ha x dia);

TAlF = taxa de alongamento de lâmina foliar (cm/dia x perfilho);

α1 = índice de peso por unidade de comprimento para lâmina foliar emergente (g/cm);

TSF = taxa de senescência de lâmina foliar (cm/dia x perfilho);

α2 = índice de peso por unidade de comprimento para lâmina foliar adulta (g/cm);

TAlH = taxa de alongamento do colmo (cm/dia x perfilho);

β = índice de peso por unidade de comprimento para colmo (g/cm);

DPP = densidade populacional de perfilhos no início do período de descanso

(perfilhos/ha).

Os dados foram submetidos análise de variância e teste de comparação de

médias. Para comparar o efeito dos tratamentos, foi efetuada análise de variância do

efeito dos períodos de descanso e dos resíduos pós-pastejo, na média de todos os ciclos,

em arranjo fatorial completo, de modo que fosse desdobrada a interação quando

significativa ao nível de 5% de probabilidade. As médias foram comparadas por meio

do teste t de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Para avaliar o efeito dos ciclos

sucessivos de pastejo, foi efetuada análise de variância dos ciclos dentro de cada um dos

seis tratamentos. As médias dos ciclos foram comparadas por meio do teste t de Tukey,

ao nível de 5% de probabilidade. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas,

49

utilizou-se o procedimento GLM do programa estatístico SAS (SAS INSTITUTE,

2003).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não foi verificado efeito do nem PD (P 0,05), nem dos RPP (P 0,05) e nem

houve interação entre PD x RPP (P 0,05) para a razão entre a taxa de alongamento da

primeira e segunda folha (TAlF1/TAlF2) (Tabela 3), com médias de 0,74, 0,79 e 0,83 para

PD de 4,5; 6,5 e 8,5 fol/perf e 0,74 e 0,78 para RPP de 10 e 5 cm. Estes valores estão

adequados ao manejo, uma vez que valores próximos de 1, sugerem uma menor

mobilização de reservas orgânicas para rebrotação. Os valores encontrados neste estudo

estão próximos aos encontrados por Cutrim Junior et al. (2010) trabalhando com capim-

Tanzânia, sob três frequências de desfolhação e dois resíduos pós-pastejo. Não houve

efeito dos ciclos de pastejo, sobre a razão TAlF1/TAlF2 (Dados não apresentados).

Houve efeito do PD (P 0,05) e do RPP (P 0,05) sobre a taxa de alongamento

foliar (TAlF) (Tabela 3). Foram obtidos valores de 3,04; 2,23 e 1,79 cm/perf x dia para

o PD de 4,5; 6,5 e 8,5 fol/perf, respectivamente e 2,51 e 2,19 cm/perf x dia para o RPP

de 10 e 5 cm de altura residual. A TAlF reduziu com o aumento do PD, ou seja, com o

avanço da maturidade do capim, ocorreu maior competição por fotoassimilados, que são

mobilizados para o desenvolvimento de perfilhos aéreos e de estruturas reprodutivas

que surgem no meristema apical, o que provavelmente contribuiu para a redução na

TAlF. Em relação aos valores de TAlF para as alturas residuais, pode-se perceber que o

resíduo de 5 cm, apresentou menor TAlF, uma vez que, valores de TAlF baixos são

decorrentes de um pastejo mais intenso, promovendo um habito de crescimento mais

prostrado do capim, o que ocasiona um maior sombreamento e menor alongamento

foliar. Carnevalli (2003) e Barbosa et al. (2007) que verificaram maior TAlF quando

manejaram o pasto com alturas residuais mais elevadas. A TAlF variou (P 0,05) de

acordo com os ciclos de pastejo nos pastos com 4,5 fol/per com 10 e 5 cm de resíduo;

6,5 fol/perf com 5cm de resíduo e 8,5 fol/perf com 10 de resíduo (Tabelas 4, 5 e 6). Nos

últimos ciclos foi constatada redução no alongamento de folhas, indicando que as

condições ambientais, principalmente a precipitação, não foram ideais nesse período.

50

Houve efeito do PD (P 0,05) e do RPP (P 0,05) sobre a taxa de alongamento

das hastes (TAlH) (Tabela 3). Nos pastos com 6,5 e 8,5 fol/perf, foram maiores quando

comparadas à TAlC do pasto com 4,5 fol/perf, este comportamento resulta do fato de

que o pasto com 4,5 fol/perf, foi capaz de manter o alongamento da haste com menor

valor e que o processo de desencadeamento das colmos somente ocorreu no momento

da expansão da sexta lâmina produzida na rebrotação, que resultou num processo de

alongamento mais tardio. Oliveira et al. (2010) verificaram que o alongamento da haste

aumenta a produção de massa seca de forragem total, porem traz prejuízos para a

qualidade da forragem ofertada e, portanto, deve ser controlado. Outro fato observado

neste estudo é que o maior resíduo foi responsável pela maior TAlH, esta resposta pode

ser relacionada as alterações na estrutura do dossel promovidas por uma baixa

intensidade de pastejo, resultando no alongamento das hastes. A taxa de alongamento da

haste (TAlH) foi afetada pelo efeito dos ciclos de pastejo (P 0,05), sendo mais elevada

nos primeiros ciclos de pastejo e reduzindo ao longo das avaliações, para os pastos com

4,5 fol/perf e resíduo de 10 cm (Tabela 4), possivelmente a altura maior do resíduo,

tenha influenciado para esta condição. Contudo, os pastos com 4,5 fol/perf e 5 cm de

resíduo, 6,5 fol/perf e resíduo de 10 cm e 8,5 fol/perf com resíduo de 10 e 5 cm (Tabela

4, 5 e 6) apresentaram um comportamento diferente, onde a TAlH foi maior nos últimos

ciclos de pastejo. Este comportamento pode ser explicado pelo fato da planta modificar

sua estrutura com o objetivo de elevar o meristema apical e, desta maneira, evitar que

este seja decapitado pelo corte ou pastejo, evitando assim a morte do perfilho.

Ocorreu efeito da interação PD x RPP (P 0,05) sobre a taxa de senescência

foliar anterior (TSFa) (Tabela 3), no qual os pastos com 4,5 fol/perf, com resíduo de 10

e 5 cm, apresentaram menores valores. A TSFa pode ser usada como indicativo da

intensidade de pastejo adotada. Intensidades de pastejo alta tendem a diminuir a TSFa,

pois, com menor resíduo pós-pastejo, uma menor quantidade de folhas iniciará o

processo de senescência devido ao menor sombreamento que a forragem remanescente

promove, o que favorece a senescência. Contudo, não houve efeito do resíduo pós-

pastejo sobre a TSFa (P>0,05). De acordo com Cutrim Junior et al. (2010) frequências

de pastejo baixa promovem um aumento na TSFa de senescência, pois as primeiras

folhas produzidas durante o PD entram em senescência e serão rejeitadas pelo animal,

51

como parte da estimativa da TSFa do PD seguinte, o que ficou bem evidenciado nesse

estudo com valores maiores de TSFa (P<0,05) para os pastos sob PD de 8,5 fol/perf.

Tabela 3. Características morfogênicas, taxa de produção e acúmulo de forragem em pastagem de

capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Médias seguidas de mesmas letras, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

Resíduo Pós-Pastejo Período de Descanso

4,5 (fol/perf) 6,5 (fol/perf) 8,5 (fol/perf) Média Razão entre a taxa de alongamento - TAlF1/TAlF2 CV % = 9,35

10 cm 0,77 0,82 0,80 0,79 5 cm 0,72 0,77 0,87 0,78

Média 0,74 0,79 0,83 Taxa de alongamento foliar - TAlF (cm/perf x dia) CV % = 7,33

10 cm 3,21 2,48 1,86 2,51A 5 cm 2,88 1,99 1,72 2,19B

Média 3,04a 2,23b 1,79c Taxa de alongamento do colmo - TAlH (cm/perf x

dia) CV % = 8,01

10 cm 0,36 0,45 0,53 0,44A 5 cm 0,35 0,39 0,47 0,40B

Média 0,35c 0,42b 0,50a Taxa de senescência foliar anterior - TSFa(cm/perf

x dia) CV % = 9,42

10 cm 0,29Ac 0,54Ab 0,60Aa 0,47 5 cm 0,36Ab 0,45Ab 0,63Aa 0,48

Média 0,32 0,49 0,61 Taxa de senescência foliar posterior – TSFp

(cm/perf x dia) CV % = 13,58

10 cm 0,003 0,040 0,090 0,044B 5 cm 0,023 0,060 0,110 0,064A

Média 0,013c 0,050b 0,100a Taxa de senescência total - TST (cm/perf x dia) CV % = 8,86

10 cm 0,29Ac 0,58Ab 0,70Aa 0,52 5 cm 0,39Ac 0,51Ab 0,74Aa 0,53

Média 0,34 0,54 0,72 Taxa de aparecimento foliar – TApF (folha/dia) CV % = 8,95

10 cm 0,27 0,23 0,16 0,22A 5 cm 0,23 0,19 0,16 0,19B

Média 0,25a 0,21b 0,16c Taxa de produção de forragem – TPF (kg/ha x dia) CV % = 8,10

10 cm 226,71 237,76 214,70 226,39A 5 cm 214,87 224,70 187,06 208,87B

Média 220,79ab 231,23a 200,88b Taxa de acúmulo de forragem – TAF (kg/ha x dia) CV % = 8,85

10 cm 102,28 100,91 94,39 99,19 5 cm 108,74 114,41 87,21 103,45

Média 105,51a 107,66a 90,80b

52

A taxa de senescência foliar posterior (TSFp) apresentou efeito da PD x RPP

(P 0,05) e do RPP (P<0,05). Os valores verificados para os pastos sob PD de 4,5; 6,5 e

8,5 fol/perf foram de 0,01; 0,05 e 0,10 cm/perfilho x dia, respectivamente, e para os

RPP de 10 e 5 cm foram de 0,04 e 0,06 cm/perfilho x dia, respectivamente (Tabela 3).

Os maiores valores para esta variável são observados nos pastos com PD de 8,5 fol/perf,

resultando em grande perda de massa de forragem, diminuindo a eficiência de seu uso,

sendo prejudicial ao consumo e desempenho dos animais. Este resultado era esperado,

pois, a primeira folha formada na rebrotação só entra em senescência quando a quarta

folha está quase completamente expandida. Estes valores elevados para TSFp nos

pastos mantidos sob maior PD, também foram verificados por Cândido et al. (2006) em

capim-tânzania.

A TST foi afetada pela interação PD x RPP (P 0,05) (Tabela 3), apresentando

maiores valores para os pastos com 8,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm. Esse resultado

mostra uma elevação da TST prolongamento do PD, fato bem documentado (HUNT,

1965; CÂNDIDO et al., 2005), mas mostra um resultado inesperado em relação ao RPP,

uma vez que, o esperado seria de haver maior senescência nos pastos mantidos com

maior RPP (PARSONS et al., 1983; MAZZANTI et al., 1994). Provavelmente o maior

PD, ocorrido nos pastos manejados com menor RPP tenha proporcionado um dossel

com maior quantidade de folhas. Com isso, o maior sombreamento dessas na base do

perfilho acarreta uma maior perda de forragem por senescência. Com maior PD, a

planta deva ter ultrapassado seu ponto ótimo de uso, o que acarreta naturalmente uma

senescência das folhas basais. Isso demonstra a efetividade da adoção de PDs curtos em

minimizar as perdas de forragem por senescência (CUTRIM JUNIOR et al., 2010).

Quando se observa a TSFa e TSFT, em função dos ciclos, verifica-se que ambas

as taxas se elevaram nos pastos sob o PD 8,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm (Tabela

6), esta elevação pode ser atribuída a uma tendência do maior PD nos dois resíduos pós-

pastejo, proporcionando senescência das folhas que não foram pastejadas no ciclo

anterior, visto que a TSFa é afetada principalmente pela condição residual, e pode ser

também influenciada pela duração do período de descanso anterior ao último pastejo.

Para os pastos sob PD de 4,5 e 6,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm, as taxas se elevaram

do início ao meio do período experimental, com posterior queda ao final do mesmo,

essa redução podendo ser justificada pelo pastejo mais intenso, resultando em menor

53

tamanho residual das lâminas, que pode ter retardado o processo de senescência das

mesmas. Para a TSFp, observou-se efeito apenas para os pastos com PD de 4,5 fol/per e

resíduo de 5 cm e 8,5 fol/perf e resíduo de 10 cm, onde houve elevação desta taxa ao

final das avaliações dos ciclos de pastejo.

Os valores médios de taxa de aparecimento foliar (TApF) são verificados na

Tabela 3. Houve efeito do PD (P 0,05) e do RPP (P 0,05), para esta característica. Os

pastos com PD de 4,5 fol/perf e altura residual de 10 e 5 cm apresentaram as maiores

TApF, com valores de 0,27 e 0,23 folha/dia. O fato que pode ter elevado a TApF nos

pastos com PD de 4,5 fol/perf e resíduo de 10 e 5 cm pode ter sido o esgotamento maior

das reservas da planta, que atrasaram sua rebrotação, demandando maior tempo para a

completa expansão de cada folha. Observa-se ainda que o prolongamento do PD

promoveu redução da TApF, como foi observado para os pastos mantidos com 6,5 e 8,5

fol/perf, uma vez que esta redução é associada ao maior comprimento da bainha em

níveis de inserção cada vez mais altos, ou seja, a folha percorre um maior trajeto entre

seu ponto de conexão com o meristema e a extremidade do pseudocolmo formado pelas

bainhas das folhas mais velhas (ANDRADE et al., 2008). Oliveira et al. (2000)

estudando a morfogênese de capim-tifton 85 em diferentes idades de rebrotação,

concluíram que ocorre redução na TApF individuais entre as idades de 14 e 70 dias.

A taxa de produção da forragem (TPF) foi influenciada pelo PD (P 0,05) e do

RPP (P 0,05) (Tabela 3), esta variável é influenciada pela TApF, fato este que pode ter

sido responsável por maiores valores nos pastos que apresentaram maiores valores de

TApF, que pode ser observado nos pastos com 4,5 e 6,5 fol/perf. Paciullo et al. (2005)

verificaram TPF de 53,0 a 125,7 kg/ ha/dia de MS para o capim-coastcross. Não houve

efeito dos ciclos de pastejo, sobre a taxa de produção de forragem (TPF), para os pastos

com PD de 4,5 fol/perf e resíduo de 10 cm, 6,5 fol/perf e resíduo de 5 cm e 8,5 fol/perf

e resíduo de 10 cm (Dados não apresentados). A TPF foi reduzida ao longo dos ciclos

de pastejo para os pastos com PD de 6,5 fol/perf e resíduo de 10 e 8,5 fol/perf e resíduo

de 5 cm (Tabelas 5 e 6), no entanto observou-se elevação desta taxa para os pastos com

PD de 6,5 fol/perf e resíduo de 5 cm.

A taxa de acúmulo de forragem, determinada pela diferença entre os processos

de crescimento e senescência (HODGSON, 1990), é característica importante para o

manejo das pastagens, pois permite que o equilíbrio entre oferta e demanda de forragem

54

seja alcançado sem prejudicar o desempenho dos animais. A taxa de acúmulo de

forragem (TAF) foi influenciada apenas pelo PD (P<0,05). Os pastos sob PD de 4,5 e

6,5 fol/perf apresentaram os maiores valores de TAF (105, 51 e 107,66 kg MS/ha x dia)

respectivamente, decrescentes com o aumento do PD, de forma que chegaram a 90,08

kg MS/ha x dia para os pastos manejados sob PD de 8,5 fol/perf (Tabela 3). Tal fato

ocorreu em virtude da grande influência da TAlF sobre a TAF, em que essa se

apresentou superior para nos pastos manejados com menor PD, o que relata um

incremento apenas de lâmina foliar, haja vista que em menores interceptações ainda não

há alongamento do colmo. Na literatura são encontradas taxas de acúmulo de forragem

de espécies de Cynodon variando de 15,7 a 105,0 kg/ ha/dia de MS (CARNEVALLI &

SILVA, 1999; FAGUNDES et al., 1999; CARVALHO et al., 2001; PINTO et al.,

2001). A taxa de acúmulo de forragem (TAF) foi reduzida nos últimos ciclos de pastejo

para os pastos com PD de 4,5 e 6,5 fol/perf e resíduos de 5 cm, período que corresponde

a menor TAlF para estes pastos.

55

Tabela 4. Efeito dos ciclos de pastejo sobre as características morfogênicas em pastagem de capim-tifton 85 sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Ciclos de Pastejo

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média CV%

Período de descanso 4,5 e resíduo pós-pastejo 10 cm TAlF 3,80a 3,40ab 2,72bc 3,34ab 3,47ab 3,37ab 3,12abc 3,11abc 3,45ab 2,34c 3,21 10,54

TAlC 0,66a 0,53ab 0,60ab 0,50bc 0,59ab 0,59ab 0,46bc 0,47bc 0,39bc 0,48bc 0,52 11,38

TApF 0,28a 0,22b 0,29a 0,26ab 0,29a 0,28a 0,26ab 0,28a 0,28a 0,25ab 0,26 8,44

TSFa 0,23bc 0,52ab 0,31abc 0,31abc 0,27abc 0,55a 0,13c 0,14c 0,21bc 0,23abc 0,29 44,75

TST 0,26abc 0,52a 0,31abc 0,31abc 0,27abc 0,56a 0,14c 0,14c 0,21bc 0,23bc 0,32 44,49

Período de descanso 4,5 e resíduo pós-pastejo 5 cm

TAlF 3,20a 3,05a 2,79ab 2,97a 3,22a 2,98a 3,09a 2,52bc 2,10 - 2,88 6,5

TAlC 0,39bc 0,51abc 0,57ab 0,36bc 0,57ab 0,67a 0,50abc 0,31c 0,35bc - 0,47 20,84

TApF 0,24a 0,20ab 0,23a 0,23a 0,23a 0,23a 0,23a 0,23a 0,24a - 0,22 6,24

TSFa 0,32bc 0,25bc 0,70a 0,34bc 0,51ab 0,73a 0,15c 0,14c 0,13c - 0,36 38,40

TSFp 0,005c 0,014abc 0,009bc 0,034abc 0,013abc 0,013abc 0,030ab 0,042ab 0,047a - 0,023 61,90

TST 0,33dc 0,27dc 0,70ab 0,37bcd 0,53abc 0,77a 0,20dc 0,17d 0,14d - 0,38 37,46

TAF 114,05abc 119,62ab 136,29a 114,08abc 136,20a 115,06abc 66,60c 92,58abc 83,88bc - 108,70 19,15

Médias seguidas de mesmas letras, minúsculas na mesma linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

56

Tabela 5. Efeito dos ciclos de pastejo sobre as características morfogênicas em pastagem de capim-tifton 85 sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Ciclos de Pastejo

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média CV%

Período de descanso 6,5 e resíduo pós-pastejo 10 cm TAlC 0,38ab 0,54ab 0,55a 0,35b 0,35b 0,50ab 0,43ab 0,51ab - - 0,45 17,39

TSFa 0,71ab 0,35cd 0,62ab 0,47bc 0,69ab 0,85a 0,47bc 0,15d - - 0,53 23,56

TST 0,76ab 0,40cd 0,66ab 0,54bc 0,71ab 0,88a 0,52bc 0,23d - - 0,58 20,69

TPF 207,22b 224,73ab 231,56ab 207,15b 267,22ab 223,67 340,34a 191,71b - - 236,7 22,64

Período de descanso 6,5 e resíduo pós-pastejo 5 cm

TAlF 2,11a 2,03a 2,03a 2,41a 2,32a 1,53b 1,53b - - - 1,99 10,45

TApF 0,18ab 0,16b 0,17ab 0,21a 0,21a 0,21a 0,19ab - - - 0,19 8,79

TSFa 0,34ab 0,23b 0,61a 0,41ab 0,42ab 0,65a 0,46ab - - - 0,44 30,09

TST 0,39ab 0,30b 0,69a 0,47ab 0,47ab 0,71a 0,53ab - - - 0,57 28,58

TAF 131,96ab 156,97a 92,97b 130,47ab 107,63ab 78,14b 102,63ab - - - 114,39 20,94

TPF 214,39ab 211,28ab 210,73ab 176,76b 246,07ab 230,40ab 292,29a - - - 226,06 21,66

Médias seguidas de mesmas letras, minúsculas na mesma linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

57

Tabela 6. Efeito dos ciclos de pastejo sobre as características morfogênicas em pastagem de capim-tifton 85 sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Ciclos de Pastejo

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média CV%

Período de descanso 8,5 e resíduo pós-pastejo 10 cm TAlF 1,88ab 1,79ab 1,82ab 2,41a 1,82ab 1,47b - - - - 1,86 15,26

TApF 0,16abc 0,15bc 0,17ab 0,14c 0,18a 0,18a - - - - 0,16 6,77

TAlC 0,30c 0,30c 0,30c 0,37bc 0,40ab 0,46a - - - - 0,35 10,56

TSFa 0,43c 0,49bc 0,68b 0,52bc 0,57bc 0,93a - - - - 0,60 17,24

TSFp 0,09ab 0,12a 0,10ab 0,10ab 0,06b 0,08ab - - - - 0,09 25,54

TST 0,53c 0,61bc 0,79b 0,63bc 0,63bc 1,02a - - - - 0,70 13,35

Período de descanso 8,5 e resíduo pós-pastejo 5 cm

TAlC 0,25c 0,29bc 0,32abc 0,42ab 0,46a - - - - - 0,34 17,24

TApF 0,15bc 0,14c 0,16abc 0,17ab 0,18a - - - - - 0,16 8,65

TSFa 0,44c 0,61abc 0,83a 0,55bc 0,71ab - - - - - 0,62 18,49

TST 0,58b 0,74ab 0,94a 0,66b 0,78ab - - - - - 0,74 16,46

TPF 101,72c 220,47a 142,04bc 265,70a 205,42ab - - - - - 187,07 17,71

Médias seguidas de mesmas letras, minúsculas na mesma linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

58

CONCLUSÕES

As características morfogênicas do capim-tifton 85 são afetadas pelos períodos

de descanso, pelos resíduos pós-pastejo, e também pelos dos ciclos de pastejo.

A razão entre as taxas alongamento de lâminas foliares da primeira e da segunda

folha produzida na rebrotação de cada perfilho, foi a única característica morfogênica,

não influenciada pelos, períodos de descanso, resíduo pós-pastejo e ciclos de pastejo.

Períodos de descanso superiores ao necessário para formação de 6,5 fol/perf

tornam todas as características morfogênicas estudadas indesejáveis do ponto de vista

forrageiro.

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61

CAPÍTULO 4

____________________________________________________________

Componentes da biomassa e características estruturais do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

62

Componentes da biomassa e características estruturais do capim-tifton 85 sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

RESUMO: Avaliaram-se as características estruturais do capim-tifton 85 sob três

períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo em diferentes ciclos de pastejo. Os

tratamentos corresponderam a combinações de três condições de pré-pastejo, período de

descanso (PD) 4,5; 6,5 e 8,5 (folhas/perfilho) e duas condições de pós-pastejo, resíduo

pós-pastejo de 10 e 5 cm, distribuídos em um delineamento experimental inteiramente

casualizado em arranjo fatorial 3x2, com quatro repetições (piquetes). Estimaram-se as

produções de massa seca de forragem total (MSFT), forragem morta (MSFM), forragem

verde (MSFV), lâmina foliar verde (MSLV) e colmo verde (MSCV), a altura (ALT) e o

número de folhas/perfilho (F/P); as relações folha/colmo (F/C) e material vivo/morto

(MV/MM) no pré e pós-pastejo; a densidade populacional de perfilhos (DPP).

Observou-se, aumento na MSFT, com o prolongamento do período de descanso (PD). O

aumento da MSFV deveu-se a elevações da MSLV e MSCV, principalmente nos pastos

sob PD de 8,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm. A menor MSFM foi observada nos

pastos com PD de 4,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm. Os pastos sob maior PD

apresentaram menor relação MV/MM. Houve aumento na altura do dossel com o

decorrer dos ciclos de pastejo. A produção de colmos ocasionou a redução da relação

F/C. Os pastos com o maior PD apresentaram maior número de folhas/perfilho (F/P).

Houve redução no número de perfilhos/m² com o prolongamento do PD. Os

componentes da biomassa residual e a relação MV/MM apresentaram comportamento

semelhante ao da condição de pré-pastejo. A relação (F/Cres) do pasto sob o PD 8,5

fol/perf foi inferior aos demais. Os componentes da biomassa no pré e pós-pastejo,

foram afetados pela interação PD x RPP e pelos ciclos de pastejo. O prolongamento do

PD compromete a estrutura do dossel. O resíduo pós-pastejo afetou a massa seca de

forragem total e a altura no pré-pastejo e massa seca de lâmina verde e altura no pós-

pastejo. O uso do capim-tifton 85 não deve exceder ao período de descanso de 6,5

fol/perf para evitar perdas de forragem por senescência, sendo possível utilizar uma

altura residual de 5 cm sem comprometer a perenidade da pastagem.

Termos para indexação: altura, perfilhos, massa seca de lâmina foliar verde, Cynodon

sp, relação lâmina foliar/haste

63

Structural components of the biomass and characteristics of the tifton 85 grass

managed under three periods of rest and two post-grazing residues

ABSTRACT: The structural characteristics of capim-tifton 85 under three periods of

rest and two residues after-pastejo in different cycles of pastejo had been evaluated. The

treatments had corresponded the combinations of three conditions of daily pay-pastejo,

period of rest (PD) 4,5; 6,5 and 8,5 (leaves/ tiller) and two conditions of after-pastejo,

residue after-pastejo of 10 and 5 cm, distributed in an experimental delineation entirely

casualizado in factorial arrangement 3x2, with four repetitions (poles). Total herbage

dry mass (MSFT), death herbage dry mass (MSFM), green herbage dry mass (MSFV),

green leaves blade dry mass (MSLV), green stem dry mass (MSCV), canopy height

(ALT); number of live leaves per tiller (F/P), leaves/stem (F/C) and live/death material

(MV/MM) ratios, pre- and post-grazing, as well as the tiller populational density (DPP)

pre-grazing were determined. It was observed, increase in the MSFT, with the

prolongation of the period of rest (PD). The increase of the MSFV had it rises of the

MSLV and MSCV, mainly in the grass under 8,5 PD of leaves/ tiller and residues of 10

and 5 cm minor MSFM was observed in the grass with 4,5 PD of leaves/ tiller and

residues of 10 and 5 cm. The grass under bigger PD had presented minor relation

MV/MM. It had increase in the height of the canopy with elapsing of the cycles of

pastejo. The production of stem caused the reduction of relation F/C. The grass with the

biggest PD had presented greater leaves number/tiller (F/P). with the prolongation of the

PD had reduction in the number of tiller. The components of the residual biomass and

relation MV/MM had presented similar behavior to the one of the daily pay-pastejo

condition. The relation (F/Cres) of the grass under 8,5 PD leaves/ tiller was inferior to

excessively. The components of the biomass in the daily pay and after-pastejo, had been

affected by interaction PD x RPP and the cycles of pastejo. The prolongation of the PD

compromises the structure of the canopy. The residue after-pastejo affected the dry

mass of total fodder plant and the height in the daily pay-pastejo and dry mass of green

blade and height in the one after-pastejo. The use of capim-tifton 85 does not have to

exceed to the period of rest of 6,5 leaves/ tiller to prevent losses of fodder plant for

senescência, being possible to use a residual height of 5 cm without compromising the

perenidade of the pasture.

Index-terms: height, tiller, green leaves blade dry mass, Cynodon sp, leaves/stem ratio

64

INTRODUÇÃO

A estrutura do dossel forrageiro é definida como a distribuição e o arranjo das

partes da planta, ou a quantidade e organização de seus componentes, dentro de sua

comunidade, sobre o solo (LACA & LEMAIRE, 2000). Características como altura da

planta, relação lâmina foliar/haste, taxa de crescimento, dinâmica de perfilhamento,

remoção de meristemas apicais, expansão foliar, entre outras, apresentam uma relação

direta com a produtividade e a qualidade da forragem em oferta, além de subsidiarem a

adoção de práticas de manejo mais adequadas. As plantas forrageiras variam,

naturalmente, quanto à estrutura da vegetação, em função da arquitetura da planta, do

estádio de desenvolvimento, das condições edafoclimáticas e do manejo que lhes é

imposto.

Sob pastejo com lotação intermitente, a duração do intervalo de pastejos

sucessivos – período de descanso – é o que determina a recuperação do índice de área

foliar do dossel (IAF) e, conseqüentemente, maximiza a produção de forragem em cada

ciclo de pastejo (GRANT et al., 1988). O resíduo na pastagem exerce efeito importante

na qualidade da forragem, pois, segundo Forbes e Coleman (1993), a estrutura do pasto

é modificada com a participação de seus componentes folha, haste e material morto. De

acordo com Janusckiewicz et al. (2010) o sistema de pastejo que combina períodos de

descanso e alturas de resíduo pós-pastejo adequados torna-se imprescindível para que

ocorra rebrota mais efetiva da planta e, conseqüentemente, melhor expressão do seu

potencial genético. A desfolhação interfere diretamente na estrutura do pasto e no

acúmulo de matéria seca, bem como no valor nutritivo da forragem.

Nos últimos anos as plantas do gênero Cynodon despertaram grande interesse e

ganharam popularidade devido à sua facilidade de cultivo, alta produção de forragem

(20 a 25 t MS. ha/ano) e considerável valor nutritivo (11 a 13% de proteína bruta e 58 a

65% de digestibilidade) (PEDREIRA, 1996). Apresenta também alta taxa de

crescimento, resistência ao pastejo e elevada capacidade de suporte (LIMA & VILELA,

2005). Misley e Pate (1996) destacam ainda como vantagem o rápido estabelecimento,

ressaltando, porém, que a digestibilidade varia entre os cultivares. O cultivar Tifton 85

(Cynodon sp.) é o resultado do cruzamento do Tifton 68 com um acesso proveniente da

África do Sul. Apresenta colmos grandes, folhas finas de cor verde escura e rizomas

65

bem desenvolvidos. Fagundes et al. (1999) que ao avaliarem a produção de forragem de

capins do gênero Cynodon sp., incluindo o Tifton 85, observaram produções que

variaram de 3.740 a 8.110 kg de matéria seca ha-1 em quatro alturas de manejo (5, 10,

15 e 20 cm) e 30 dias de intervalos de cortes.

Considerando o que foi relatado acima, esta pesquisa foi conduzida com o

objetivo de avaliar os componentes da biomassa e as características estruturais do

capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso 4,5; 6,5 e 8,5 (folhas/perfilho) e

dois resíduos pós-pastejo 10 e 5 cm.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida no Setor de Produção de Ovinos do Campo

Experimental de Bebedouro, pertencente à Embrapa Semiárido, localizado no

Município de Petrolina-Pernambuco. Durante o mês de outubro foi efetuada a divisão

da área em piquetes e ajuste da metodologia de trabalho. A coleta de dados ocorreu

entre os meses de novembro de 2008 a junho de 2009, totalizando nove meses. O clima

da região é classificado como quente e seco, sendo caracterizada por duas estações bem

definidas, uma chuvosa, de janeiro a maio, e outra seca, de junho a dezembro. Os dados

sobre as condições de temperaturas máxima e mínima do ar e precipitação pluvial

durante o período experimental foram obtidos da Estação Agrometeorologia de

Bebedouro, Petrolina-Pernambuco e são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Dados climáticos observados durante o período experimental

Mês Precipitação (mm) Temperatura (ºC)

Máxima Mínima Média

outubro/2008 0,0 33,7 21,7 27,7 novembro/2008 0,0 34,8 23,2 28,7 dezembro/2008 54,6 33,7 22,6 27,1 janeiro/2009 45,7 34,3 23,0 27,5 fevereiro/2009 127,0 32,4 22,1 26,1 março/2009 152,9 33,0 22,2 26,3 abril/2009 223,6 31,1 22,3 25,5 maio/2009 85,4 28,8 21,2 24,2 Junho/2009 14,5 29,7 19,5 23,6 Dados obtidos da Estação Agrometeorologia de Bebedouro, Embrapa Semiárido, Petrolina-Pernambuco.

66

Foram avaliados três períodos de descanso 4,5; 6,5 e 8,5 (número de

folhas/perfilho) e dois resíduos pós-pastejo 5 e 10 cm, em um delineamento

experimental inteiramente casualizado em arranjo fatorial 3x2 com quatro repetições

(piquetes). A área experimental foi composta de 0,82 ha de pastagem cultivada com

capim-tifton 85 irrigada por aspersão com canhões com a distribuição da água durante o

dia. Utilizou-se o método de pastejo sob lotação intermitente, com lotação variável,

mantendo-se animais prova nos piquetes e também animais reguladores para ajuste da

taxa de lotação, segundo a técnica da taxa de lotação variável. A pastagem foi

subdivida, com tela campestre, em 37 piquetes de 180 m2 cada, destes piquetes 24 foram

considerados amostrais. Foram utilizados 30 ovinos de prova e um número variável de

animais de equilíbrio, da raça Santa Inês, machos castrados, com peso corporal inicial

(PC) em torno de ± 20 kg, os quais foram previamente identificados, vermifugados e,

em grupos de cinco, distribuídos por sorteio em seis tratamentos. Foram efetuadas

adubações de reposição com nitrogênio, em cada piquete, no momento da saída dos

animais, nas seguintes doses: 0,971; 1,110; 1,320; 1,475; 1,666 e 1,800 g, de acordo

com o período de descanso.

O solo da área experimental é classificado como Podzólico Amarelo Eutrófico

Latossólico (EMBRAPA, 1999), teve suas características químicas avaliadas (Tabela 2)

em outubro de 2008. A área foi adubada em função das necessidades da análise do solo.

A adubação com fósforo e potássio foi realizada a lanço e em cobertura, na forma de

superfosfato simples e cloreto de potássio, respectivamente, em 02 de novembro de

2008 em uma aplicação com 120 kg/ha de P2O5 e 100 kg/ ha de K2O. A adubação

nitrogenada (600 kg de N/ha) foi fracionada em aplicações, ao dos ciclos de pastejo,

após a saída dos animais dos piquetes, na forma de uréia, de acordo com os períodos de

descanso.

Tabela 2. Características químicas do solo da área experimental em duas profundidades

Profundidade MO pH:H2O P K Al Ca Mg H + Al CTC SB -----(cm)---- g/Kg-1 1: 2,5 mg/dm3 ----Cmolc dm-3---- %

0 – 5 24,14 6,18 41,51 0,21 0,05 2,45 0,94 1,83 5,48 66,41 5 - 20 7,10 6,09 22,67 0,14 0,05 1,33 0,59 1,16 3,25 63,51

67

Ao final de cada período de descanso - anteriormente à entrada dos animais, e

também imediatamente após o período de pastejo, foram feitas as seguintes avaliações

nos piquetes pertinentes, correspondendo nas condições de pré e pós-pastejo (Figuras 1;

2; 3 e 4).

Figuras 1; 2; 3 e 4. (1) Condição de pré-pastejo no pasto manejado sob PD de 8,5 fol/perf; (2)

2º dia de pastejo; (3) 3º dia de pastejo e (4) condição residual de 10 cm.

a) A altura do dossel em pré e pós-pastejo foi determinada com o auxílio de uma

bengala (cano PVC de ½) graduada em centímetros, medindo-se a planta desde o nível

do solo até a curvatura da última folha completamente expandida. Foram tomadas 30

medidas de altura por piquete para o pré e pós-pastejo.

b) Quantificação dos componentes da biomassa, por meio da colheita da massa

de forragem a 5 cm do solo em cada um dos pontos, usando molduras de 0,5 x 0,5 m.

As amostras foram levadas ao laboratório, sendo então separados o material vivo do

material morto e em seguida as lâminas foliares dos colmos do material vivo, os quais

foram secos em estufa de ventilação forçada a 55º C e pesados, para a quantificação dos

componentes da biomassa: massas secas de forragem total (MSFT), de forragem verde

(MSFV), de forragem morta (MSFM), de lâmina foliar verde (MSLV), de colmo verde

(MSCV), além das relações material vivo/material morto e relação lâmina foliar/haste.

1 2

3 4

68

Além das medidas anteriores, foi avaliado em cada um dos piquetes, apenas no

pré-pastejo o número de novas folhas por perfilho (F/P), essa avaliação foi realizada

pela contagem de todas as folhas produzidas na rebrotação, atribuindo o valor 0,5

àquelas folhas cuja lígula ainda não estivesse exposta; após cinco dias do pastejo a

densidade populacional de perfilhos (DPP), foi avaliada pela contagem do número de

perfilhos vivos presentes na moldura de 0,5 x 0,5 m, antes de ser feito o corte da

biomassa.

Os dados foram analisados por meio de análise de variância e teste de

comparação de médias. Para comparar o efeito dos tratamentos, foi efetuada análise de

variância do efeito dos períodos de descanso e dos resíduos pós-pastejo, na média de

todos os ciclos, no fatorial completo, de modo que fosse desdobrada a interação quando

significativa ao nível de 5% de probabilidade. As médias foram comparadas por meio

do teste Tukey de, ao nível de 5% de probabilidade. Para avaliar o efeito dos ciclos

sucessivos de pastejo, foi efetuada análise de variância dos ciclos dentro de cada um dos

seis tratamentos. As médias dos ciclos foram comparadas por meio do teste de Tukey,

ao nível de 5% de probabilidade. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas,

utilizou-se o procedimento GLM do programa estatístico SAS (SAS INSTITUTE,

2003).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Componentes da biomassa e características estruturais no pré-pastejo

A massa seca de forragem total (MSFT) foi influenciada pelo PD (P 0,05) e o

RPP (P 0,05), com valores de 3685,89; 5014,11 e 6403,17 kg/ha para o PD de 4,5; 6,5

e 8,5 fol/perf, respectivamente e 4785,49 e 5283,29 kg/ha para o RPP de 10 e 5 cm

(Tabela 3). Estes valores de MSFT encontram-se próximos aos relatados por Souza et

al. (2010) para a mesma espécie deste estudo. Fagundes et al. (1999) observaram

produções que variaram de 3.740 a 8.110 kg de matéria seca/ha em quatro alturas de

manejo (5, 10, 15 e 20 cm) e 30 dias de intervalos de cortes. Observa-se, uma

ascendência na MSFT, com o aumento do PD, provavelmente devido o aumento na

69

produção de colmos (GOMIDE et al., 2007) relataram aumento da biomassa forrageira

com o prolongamento do PD, assim como o observado neste estudo. De acordo com

Barbosa et al. (2007) a elevação da MSFT nos pastos sob PD mais longos não implica

em maior produtividade, uma vez que foram obtidos à custas de longos PD, reduzindo,

portanto, o número de ciclos de pastejo, promovendo alterações na estrutura do dossel

em função do elevado alongamento dos colmos e a quantidade de material morto.

Barbosa et al. (2007) avaliaram as características estruturais do capim-tanzânia

submetido a diferentes combinações de intensidades e freqüências de pastejo e

concluíram que em relação aos resíduos, o maior acúmulo de forragem foi registrado

nos tratamentos de 25 cm de resíduo, em relação àqueles de 50 cm. Comportamento

similar para o acúmulo de forragem foi observado no presente estudo. Não houve efeito

dos ciclos de pastejo (P 0,05) sobre a MSFT (Dados não apresentados).

Houve efeito da interação PD x RPP (P 0,05) sobre a massa seca de forragem

(MSFV) (Tabela 3). Sendo menor para os pastos manejados sob PD de 4,5 fol/perf e

ambos os resíduos e maior para os pastos manejados sob PD de 8,5 fol/perf e resíduo de

5 cm. Isso ocorreu devido a menor produção de forragem verde e um menor incremento

de colmos na MSFV para os pastos com PD de 4,5 fol/perf, ocorrendo o inverso para os

pastos com PD de 6,5 e 8,5 fol/perf. Comportamento semelhante foi observado por

Cândido et al. (2006) manejando o capim-tânzania com diferentes PDs. Os valores de

MSFV estão acima dos preconizados por Minson (1990) onde valores de 2000 kg/ha

MSFV são adequados para que não ocorra redução na ingestão, em decorrência da

diminuição do tamanho do bocado e aumento do tempo de pastejo. O efeito dos ciclos

de pastejo (P 0,05) sobre a MSFV foi observado, apenas para os pastos com PD de 6,5

fol/perf e resíduo de 5 cm (Tabela 4), apresentando valores homogêneos ao longo do

período experimental a partir do segundo ciclo de pastejo.

70

Tabela 3. Componentes da biomassa e características estruturais no pré-pastejo do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Resíduo Pós-Pastejo Período de Descanso

4,5 (fol/perf) 6,5 (fol/perf) 8,5 (fol/perf) Média Massa seca de forragem total – MSFT (kg/ha) CV = 4,31

10 cm 3455 4859 6040 4785B 5 cm 3916 5168 6765 5283A

Média 3685c 5014b 6403a Massa seca de forragem verde – MSFV (kg/ha) CV = 5,43

10 cm 2930Ca 3562Bb 3714Ab 3402 5 cm 3085Ca 3825Ba 4438Aa 3783

Média 3007 3693 4076 Massa seca de forragem morta – MSFM (kg/ha) CV = 5,67

10 cm 525Cb 1297Bb 2285Aa 1369 5 cm 830Ca 1343Ba 2326Aa 1499

Média 677 1320 2305 Massa seca de lâmina foliar verde – MSLV (kg/ha) CV = 5,40

10 cm 1822Bb 2032Bb 2538Aa 2131 5 cm 1856Ba 2229Aa 2383Ab 2156

Média 1839 2130 2461 Massa seca de colmo verde – MSCV (kg/ha) CV = 8,20

10 cm 898Ca 1023Bb 1932Aa 1284 5 cm 856Cb 1441Ba 2582Aa 1626

Média 877 1232 2257 Relação material vivo/morto – MV/MM (kg/ha) CV = 6,33

10 cm 5,73Aa 2,77Ba 1,73Ca 3,41 5 cm 3,81Ab 2,96Ba 1,92Ca 2,89

Média 4,77 2,86 1,82 Altura (cm) CV = 5,26

10 cm 34,48 35,45 34,59 34,84A 5 cm 33,68 33,78 31,93 33,13B

Média 34,08 34,61 33,26 Relação lâmina foliar/colmo – F/C CV = 6,69

10 cm 2,39Aa 1,69Bb 0,72Cb 1,60 5 cm 2,65Aa 2,55Aa 1,01Ba 2,07

Média 2,52 2,12 0,86 Número de folhas vivas/perfilho - NFV CV = 1,88

10 cm 5,56Ca 6,06Bb 8,29Aa 6,63 5 cm 4,98Cb 6,42Ba 8,37Aa 6,59

Média 5,27 6,24 8,33 Densidade populacional de perfilhos – DPP

(perfilhos/m²) CV = 2,63

10 cm 2420Aa 2189Ab 1710Bb 2106 5 cm 2282Ab 2413Aa 1902Ba 2199

Média 2351 2301 1806 Médias seguidas de mesmas letras, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

71

A massa seca de forragem morta (MSFM) foi influenciada pela interação PD x

RPP (P 0,05) (Tabela 3), onde a menor MSFM foi observada nos pastos com PD de 4,5

fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm (Tabela 3). O comportamento verificado para a MSFM

era esperado uma vez que, pastos submetidos a PDs mais curtos, apresentam menores

perdas por senescência. O efeito dos ciclos de pastejo sobre a MSFM foi verificado para

os pastos sob PD 4,5 fol/perf e resíduo de 10 cm (Tabela 4), pode-se observar uma

pequena oscilação entre os ciclos, porém com a maior MSFM é produzida no oitavo

ciclo de pastejo. As flutuações na proporção de material morto no dossel ao longo do

período experimental acompanharam as flutuações em massa de forragem seca de

forragem total, fato esse bastante sugestivo e indicativo da contribuição desse

componente para os elevados valores de massa de forragem seca de forragem total

encontrados.

A massa seca de lâmina verde (MSLV) foi afetada pela interação PD x RPP

(P 0,05), apresentando maiores médias para os pastos submetidos a PD de 8,5 fol/perf e

resíduos de 10 e 5 cm (Tabela 3). Embora isso possa sugerir maior qualidade dos pastos

manejados sob PDs mais longos, o aumento na massa seca de colmo verde (MSCV)

nestes pastos sugere dificuldades para o animal em pastejo, pois essa maior massa de

folhas possivelmente se localiza num horizonte de pastejo menos acessível, uma vez

que os pastos com PDs mais longos atingiram uma maior elevação dos colmos.

Cândido et al. (2005b) ao avaliarem o capim-mombaça também observaram aumento da

MSLV com o aumento do PD. Foi verificada aumento da MSLV ao longo dos ciclos de

pastejo (P 0,05), para os pastos com PD de 6,5 fol/perf e resíduo de 5 cm (Tabela 4).

Foi verificado efeito da interação PD x RPP (P 0,05) sobre a massa seca de

colmo verde (MSCV), apresentando um aumento com o prolongamento do PD (Tabela

3), resposta esperada uma vez que o aumento do PD resulta na elevação dos colmos,

que por sua vez é responsável pela redução da qualidade da forragem. De acordo com

Faria (2009) o alongamento de colmo é acompanhado de uma lignificação acentuada,

devido à necessidade de sustentação do órgão; havendo, nesse caso, queda do valor

nutritivo da forragem disponível, o que refletirá negativamente sobre o desempenho

animal. Além da restrição no consumo pelo animal devido a redução no valor nutritivo

da forragem, o alongamento do colmo também promove restrição física à ingestão de

forragem, pois o comportamento ingestivo dos animais é sensível a variações na

72

estrutura do dossel forrageiro (PALHANO et al., 2007). A MSCV foi afetada pelos

ciclos de pastejo (P 0,05) para os pastos com PD de 4,5 e 6,5 fol/perf, ambos com

resíduo de 5 cm, no entanto o PD com 4,5 fol/perf, apresentou a MSCV no primeiro

ciclo de pastejo, tornado-se posteriormente constante nos demais ciclos. Para o pasto

submetido ao PD com 6,5 fol/perf, foi observado maior MSCV (Tabela 4). Ao contrário

do observado no presente estudo, Fagundes et al. (1999) verificaram aumento na

porcentagem de colmos para os cultivares de Cynodon sp à medida que avançou o

período experimental.

Houve efeito da interação PD x RPP (P 0,05) sobre a relação entre o material

vivo/morto (MV/MM), onde os pastos com PD de 8,5 fol/perf e resíduo de 10 e 5 cm,

apresentaram os menores valores para esta relação (Tabela 3). Esse comportamento é

atribuído à maior elevação na MSFM nos pastos com PD de 8,5 fol/perf e resíduo de 10

e 5 cm, ocasionando diminuição na MV/MM, especialmente nos PDs mais longos, onde

o processo de senescência se intensifica e nos maiores resíduos pós-pastejo, devido ao

menor uso da forragem produzida. Os ciclos de pastejo influenciaram a relação

MV/MM (P 0,05) para os pastos submetidos ao PD de 6,5 fol/perf e resíduo de 5 cm

(Tabela 4). Este comportamento é decorrente do acúmulo de material morto, fração

rejeitada pelos animais em pastejo, ao longo dos ciclos sucessivos de pastejo, onde o

processo de senescência foi menos intenso a partir do segundo ciclo de pastejo,

resultando num maior eficiência de utilização de forragem nestes pastos. Isso denota

maior efeito da MSFV na relação MV/MM, que comportou- se de maneira similar.

A altura pré-pastejo do dossel foi afetada pelo RPP (P 0,05). Os pastos com

RPP de 10 cm apresentaram maior altura pré-pastejo do dossel (Tabela 3). A altura do

dossel também foi afetada pelos ciclos de pastejo (P 0,05) para os pastos com PD de

4,5 e 8,5 fol/perf, em ambas as alturas e também nos pastos com 6,5 fol/perf resíduo de

5 cm (Tabela 4). Com o decorrer dos ciclos de pastejo foi observado aumento na altura

do dossel com o decorrer dos ciclos de pastejo. O alongamento do colmo ao longo dos

ciclos de pastejo refletiu em aumento da altura dos pastos nos ciclos subseqüentes, em

decorrência da rejeição desse componente pelos animais em pastejo. De acordo

Casagrande et al. (2010) quando ocorre aumento na proporção de colmos na parte

superior do dossel, dificilmente a altura do pasto reduz, visto que esses colmos se

73

tornam um impedimento físico ao pastejo, pela dificuldade em que os animais

encontram para consumi-los.

Foi observado efeito da interação PD x RPP (P 0,05) sobre a relação lâmina

foliar/colmo (F/C). Para os pastos sob PD de 8,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm foram

estimados valores inferiores a 1, o que pode acarretar comprometimento da qualidade da

forragem (Tabela 3). Possivelmente a mudança no hábito de crescimento da planta

tenha elevado a produção das colmos, onde o aumento dessa produção em detrimento a

de MSLV, ocasionou na redução da relação F/C. Os valores para relação F/C no

presente estudo, foram superiores aos relatados por Oliveira et al. (2000) ao observarem

redução da relação F/C, com o avanço da idade da planta, com valores de 1,39 e 0,45

aos 14 e 70 dias de idade, respectivamente. O progressivo alongamento dos colmos,

resulta na redução da relação F/C (P<0,05) com a sucessão dos ciclos de pastejo (Tabela

4) para os pastos com PD de 4,5 e 6,5 fol/perf e resíduos de 5 cm. O controle do

alongamento dos colmos é um grande desafio a ser solucionado pelo manejo.

74

Tabela 4. Efeito dos ciclos de pastejo sobre os componentes da biomassa e as características estruturais em pastagem de capim-tifton 85 sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Ciclos de Pastejo

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média CV%

Período de descanso 4,5 e resíduo de 10 cm MSFM (kg/ha) 399b 548ab 500ab 486ab 586ab 544ab 464ab 643a 580ab 503ab 525 19,15 Altura (cm) 19,86c 29,50b 31,40ab 34,82ab 35,85ab 36,22ab 36,22ab 39,29a 40,55a 40,52a 34,42 11,04 F/P 4,50ef 4,25f 4,87def 4,75def 5,25de 5,50cd 8,75a 6,37bc 6,60b 4,87def 5,57 6,61 DPP (perf/m²) 1396c 1764ab 1532bc 1928a 1788ab 1700ab 1636bc 1940a 1784ab 1640bc 1711 6,45

Período de descanso 4,5 e resíduo de 5 cm MSCV (kg/ha) 1129a 841ab 851ab 781b 900ab 807b 736b 849ab 811b - 856 14,31 Altura (cm) 19,87d 27,97cd 30,85bc 32,75abc 35,45abc 35,45abc 41,27a 38,00abc 41,07ab - 33,63 12,91 F/P 4,50b 4,50b 5,00b 4,87b 4,75b 4,75b 4,75b 4,75b 6,62a - 4,94 8,89 F/C 2,84ab 2,64ab 2,48ab 2,78ab 2,34b 2,85ab 3,37a 2,39b 2,18b - 2,65 14,82 DPP 1760bc 1984ab 1668c 1800bc 1968ab 1920abc 1932ab 2084a 2004ab - 1902 5,68

Período de descanso 6,5 e resíduo de 10 cm F/P 6,25a 6,12ab 6,37a 6,62a 6,37a 6,50a 5,12b 5,12b - - 6,05 7.43 DPP (perf/m²) 2296ab 2156bc 1968c 2296ab 2208abc 2452a 1976c 2160bc - - 2189 4,80

Período de descanso 6,5 e resíduo de 5 cm MSFV (kg/ha) 3317c 3961abc 4189ab 3576abc 3935abc 3491bc 4245a - - - 3816 8,34 MSLV (kg/ha) 1826b 2330ab 2536a 2328ab 2472a 2349ab 2840a - - - 2383 10,98 MSCV (kg/ha) 1490abc 1630ab 1652a 1247bc 1523abc 1141c 1405abc - - - 1441 12,12 MV/MM 2,27b 3,36ab 3,33ab 2,54ab 3,10ab 2,56ab 3,53a - - - 2,84 17,54 Altura (cm) 28,50c 28,55c 31,30bc 34,10abc 37,00ab 37,00ab 40,70a - - - 33,87 16,59 F/C 2,06ab 2,09a 1,54abc 1,87ab 1,65abc 1,22c 1,43bc - - - 1,69 9,19

Período de descanso 8,5 e resíduo de 10 cm Altura (cm) 23,14b 27,02b 34,57a 40,12a 41,35a 41,35a - - - - 34,59 9,18 DPP (perf/m²) 2132b 2936a 2344b 2372b 2372b 2368b - - - - 2420 7,97

Período de descanso 8,5 e resíduo de 5 cm Altura (cm) 21,60b 24,22b 36,15a 37,77a 39,92a - - - - - 31,93 11,66 DPP (perf/m²) 1816d 2744a 2284bc 2524ab 2044cd - - - - - 2282 8,78

Médias seguidas de mesmas letras, minúsculas na mesma linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

75

O número de folhas vivas por perfilho (F/P) foi afetado pela interação PD x RPP

(P 0,05) (Tabela 3). Obteve-se um valor médio de 5,27; 6,24 e 8,33 folhas/perfilho para

os pastos manejados sob PD de 4,5; 6,5 e 8,5 fol/perf, respectivamente. Á medida que

ocorre o prolongamento do PD, este tende a produzir mais folhas, sendo tal

característica estrutural uma ferramenta de manejo que pode ser adotada para o controle

da entrada dos animais no pasto, essa maior produção de folhas, no entanto, não implica

em melhor qualidade do pasto, pois no PD prolongado ocorre o aumento dos colmos,

que contribui para a redução da qualidade do pasto, além, do fato de que as folhas

produzidas podem estar menos acessível ao animal em pastejo. A maior produção de

folhas nos pastos manejados com menor RPP pode ser atribuída a interferência da luz,

que atingiu o dossel aumentando a eficiência de uso da radiação, pois. Houve efeito dos

ciclos de pastejo (P 0,05), para os pastos com PD de 4,5 fol/perf com resíduos de 10 e 5

cm e 6,5 fol/perf com resíduo de 10 cm (Tabela 4).

A densidade populacional de perfilhos (DPP) foi afetada pela interação PD x

RPP (P 0,05) (Tabela 3). Houve uma redução no número de perfilhos/m² com o

prolongamento do PD. Nos pastos manejados com PD de 8,5 fol/perf e resíduo de 10

cm, foi verificado menor número de perfilhos, quando comparado aos demais pastos.

Simon e Lemaire (1987) afirmaram que com o aumento do período de descanso da

pastagem, ocorre à diminuição da DPP, pois com o aumento do Índice de área foliar,

aumenta o sombreamento mútuo, que inibe a brotação das gemas, devido à menor

qualidade de luz transmitida no interior do dossel, o que pode explicar as diferenças

ocorridas entre os períodos de descanso no presente estudo. Em PDs curtos, observa-se

perfilhos numerosos e pequenos, enquanto em pastos com PD longos são encontrados

pefilhos grandes e em menor quantidade (CARVALHO et al., 2000; SBRISSIA et al.,

2003). À media que o PD se prolonga e os pastos são manejados a uma altura residual

mais elevada, estes tendem a perfilhar menos. Alguns estudos mostraram a existência de

relação inversa entre a altura do pasto e a densidade populacional de perfilhos

(BIRCHAM & HODGSON, 1983; CARVALHO et al., 2000, 2001). Tal relação deve

se a um mecanismo de compensação tamanho/densidade populacional de perfilhos,

existente em comunidades de plantas, em que os pastos mantidos baixos apresentam

maior população de perfilhos menores em relação aos pastos mantidos altos

(MATTHEW et al., 1995). Houve efeito dos ciclos de pastejo (P 0,05) para quase todos

76

os tratamentos com exceção do pasto com PD de 6,5 fol/perf e resíduo de 5 cm (Dados

não apresentados), no entanto para os demais pastos observou-se uma oscilação da DPP

ao longo do período experimental (Tabela 4).

Componentes da biomassa e características estruturais no pós-pastejo

A massa seca de forragem total residual (MSFTres) foi afetada pela interação

PD x RPP (P 0,05) (Tabela 5). A maior MSFTres foi verificada para os pastos

manejados sob PD de 8,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm. Provavelmente o

prolongamento do PD, tenha favorecido aos maiores acúmulos de MSFMres e

MSCVres observados nestes pastos, uma vez que o componente com maior participação

na MSFTres foi o colmo, seguido do material morto e das lâminas foliares. De acordo

com Azar (2007) ideal é manter uma oferta de forragem de 4000 kg de MS/ha e resíduo

pós-pastejo de 2000 kg de MS/ha para garantir vigor de rebrota da pastagem após a

desfolha, portanto, o resíduo pós-pastejo obtido nesta pesquisa encontra-se dentro do

recomendado, pelo autor supracitado. Foi verificado efeito dos ciclos de pastejo sobre a

MSFTres (P 0,05) (Tabela 6), para os pastos com PD de 4,5; 6,5 e 8,5 fol/perf e

resíduos de 5; 10 e 5 cm, respectivamente. As maiores MSFTres foram observadas no

terceiro ciclo de pastejo para os pastos com PD 4,5 e 8,5 fol/perf e resíduo de 5 cm e no

sexto ciclo de pastejo para os pastos com 6,5 fol/perf e resíduo de 10 cm (Tabela 6).

A massa seca de forragem verde residual (MSFVres) foi influenciada do PD

(P 0,05) (Tabela 5). Os pastos com PD de 8,5 fol/perf apresentaram maiores MSFVres,

possivelmente devido ao maior acúmulo de colmo observado para estes pastos durante o

período experimental. Houve efeito dos ciclos de pastejo sobre a MSFVres (P 0,05)

(Tabela 6) para os pastos sob PD de 4,5; 6,5 e 8,5 fol/perf e resíduos de 5, 10 e 5,

respectivamente. A MSFVres para estes pastos foi bastante variável ao longo do

período experimental.

A massa seca de forragem morta residual (MSFMres) foi afetada apenas pela

interação PD x RPP (P 0,05) (Tabela 5). A maior MSFMres foi verificada nos pastos

sob PD de 8,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm e a menor 4,5 fol/perf e ambos os

resíduos. Este comportamento esperado, uma vez que o prolongamento do PD favorece

ao acúmulo de material morto, o que reflete em perda de forragem, que deixa de ser

77

consumida. A predominância de material morto no resíduo de um pasto pode indicar

grande seletividade por parte dos animais e um baixo índice de utilização da forragem

(CARNEVALLI & SILVA, 1999). Os ciclos de pastejo afetaram a MSFMres (P 0,05)

(Tabela 6) para os pastos sob PD de 6,5 e 8,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm,

respectivamente. Percebe-se uma redução da MSFMres ao longo dos ciclos de pastejo

nos pastos manejados sob PD de 8,5 fol/perf, representado uma condição favorável, o

que mostra uma eficiência no manejo destes pastos. Nos demais PD e RPP a MSFMres

permaneceu constante ao longo dos ciclos de pastejo.

Foi verificado efeito do PD e do RPP (P 0,05) sobre a massa seca de lâmina

verde residual (MSLVres). Os pastos sob PD de 4,5 fol/perf e resíduo de 10 e 5 cm,

apresentaram menores MSLVres. A MSLVres é fundamental na rebrotação do pasto,

pois a área remanescente após o pastejo é diretamente proporcional à taxa de

fotossíntese líquida do pasto (GOMIDE et al., 2002). A maior quantidade de lâminas

remanescentes favorece a menor mobilização das reservas orgânicas, permitindo um

crescimento mais rápido da planta. Houve efeito dos ciclos de pastejo (P 0,05) sobre a

MSLVres (Tabela 6) para os pastos com PD de 4,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm e

8,5 fol/perf e resíduo de 5 cm. MSLVres permaneceu praticamente constante ao longo

do ciclos de pastejo.

A massa seca de colmo verde residual (MSCVres) foi afetada apenas pelo PD

(P 0,05) sendo mais elevada para os pastos sob PD de 8,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5

cm (Tabela 5), fato este que contribuiu para o aumento da MSFTres e MSFVres para

estes pastos. Cândido et al. (2005b) verificou aumento na MSCVres com o

prolongamento do PD para o capim-mombaça. Houve efeito dos ciclos de pastejo

(P 0,05) sobre a MSCVres nos pastos sob PD de 4,5 fol/perf e resíduo de 5 cm; 6,5

fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm e 8,5 fol/perf e resíduo de 5 cm (Tabela 6).

A relação material vivo/morto residual (MV/MMres) sofreu efeito da interação

PD x RPP (P 0,05). A maior relação foi verificada para os pastos sob PD de 4,5 fol/perf

e resíduo de 10 cm. Esse comportamento é atribuído à menor MSFM residual no pasto

sob o PD 4,5 fol/perf, ocasionando aumento na MV/MMres.

78

Tabela 5. Componentes da biomassa e características estruturais do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Médias seguidas de mesmas letras, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de

Tukey (P>0,05).

Resíduo Pós-Pastejo Período de Descanso

4,5 (fol/perf) 6,5 (fol/perf) 8,5 (fol/perf) Média Massa seca de forragem total resídual (kg/ha) CV = 5,07

10 cm 1331,86Ca 2139,18Bb 3325,83Aa 2265,62 5 cm 1330,86Cb 2409,19Ba 3715,12Aa 2485,06

Média 1331,36 2279,16 3520,48 Massa seca de forragem verde resídual (kg/ha) CV = 7,71

10 cm 932,76 1368,57 1945,81 1014,71 5 cm 844,35 1419,89 1927,77 1397,34

Média 888,56c 1394,23b 1936,79a Massa seca de forragem morta resídual (kg/ha) CV = 5,82

10 cm 399,10Ca 770,61Bb 1380,02Ab 1087,72 5 cm 486,50Ca 989,29Ba 1787,34Aa 849,91

Média 442,81 879,96 1583,68 Massa seca de lâmina verde resídual (kg/ha) CV = 9,02

10 cm 347,45 556,96 794,08 566,17A 5 cm 307,59 541,73 716,11 521,82B

Média 327,52c 549,35b 755,10a Massa seca de colmo verde resídual (kg/ha) CV = 8,01

10 cm 585,30 811,60 1151,73 849,55 5 cm 536,76 878,15 1211,66 875,53

Média 561,04c 844,88b 1181,70a Relação material vivo/morto resídual (kg/ha) CV = 14,60

10 cm 3,25Aa 1,85Bb 1,53Ca 2,21 5 cm 1,86Ab 1,56Ba 1,12Cb 1,51

Média 2,55 1,70 1,33 Altura resídual (cm) CV = 2,42

10 cm 10,45 10,54 10,20 10,40A 5 cm 5,42 5,55 5,25 5,41B

Média 7,93ab 8,04a 7,73b Relação lâmina foliar/colmo residual CV = 6,13

10 cm 0,61Bb 0,69Ab 0,70Ab 0,67 5 cm 2,78Aa 0,62Bb 0,58Bb 1,33

Média 1,70 0,65 0,64

79

Houve efeito (P 0,05) do PD e RPP sobre a altura residual (alturares), com

valores de 7,93; 8,04 e 7,73 cm para os pastos sob PD de 4,5; 6,5 e 8,5 fol/perf

respectivamente (Tabela 5). As alturas do dossel no pós-pastejo foram inferiores às

relatadas por Voltolini et al. (2009) que verificaram alturares de 11,86 cm, para o

mesmo capim, deste estudo. Em relação ao RPP, os pastos com maiores resíduos em

decorrência da maior quantidade de material remanescente, apresentaram maior altura

resídual. A alturares elevou-se até o sétimo ciclo de pastejo para os pastos sob PD de

4,5 fol/perf e 10 cm de resíduo, havendo posteriormente uma leve redução.

Comportamento semelhante foi verificado para os pastos sob PD de 6,5 fol/perf e

resíduo de 10 cm.

A relação lâmina foliar/colmo residual (F/Cres) do pasto sob o PD 8,5 fol/perf

foi inferior (P<0,05) aos demais. A redução da relação F/Cres foi devido à maior

presença de colmos no pasto sob o PD 8,5 fol/perf em relação aos demais (Tabela 5).

Esse mesmo comportamento foi verificado por Gomide (2001) e Cândido (2003),

estudando capim-mombaça (P. maximum) sob três períodos de descanso, onde o maior

acúmulo de colmo foi verificado no maior período de descanso, processo esse inerente

às espécies de gramíneas C4, ainda mais quando submetidas à baixa freqüência de

desfolhação. Houve efeito dos ciclos de pastejo (P<0,05) para os pastos sob PD de 4,5

fol/perf e resíduo de 10 cm (Tabela 6), pode-se observar maiores relações no primeiro e

segundo ciclos de pastejo.

80

Tabela 6. Efeito dos ciclos de pastejo sobre os componentes da biomassa e as características estruturais em pastagem de capim-tifton 85 sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Ciclos de Pastejo

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média CV%

Período de descanso 4,5 e resíduo de 10 cm MSLV (kg/ha) 321ab 452a 208b 306ab 375ab 442a 297ab 393ab 383ab 292ab 347 23,09 Altura (cm) 9,52b 9,97ab 10,52ab 10,75ab 10,22ab 10,37ab 11,12a 10,75ab 10,95ab 10,37ab 10,45 5,41 F/C 0,62ab 0,98a 0,34b 0,46b 0,56b 0,67ab 0,60ab 0,65ab 0,74ab 0,48b 0,61 28,44

Período de descanso 4,5 e resíduo de 5 cm MSFT (kg/ha) 1330ab 1205b 1934a 1267b 1218b 1332ab 1075b 1065b 1548ab - 1330 20,54 MSFV (kg/ha) 858ab 842b 1226a 877ab 768b 805b 689b 644b 886ab - 844 18,61 MSLV (kg/ha) 274b 323ab 446a 336ab 275b 314ab 248b 222b 326ab - 307 22,28 MSCV (kg/ha) 584ab 518b 780a 541ab 493b 491b 440b 421b 559ab - 536 20,41

Período de descanso 6,5 e resíduo de 10 cm MSFT (kg/ha) 2016ab 2024ab 1880b 2136ab 2214ab 2501a 2050ab 2288ab - - 2139 10,27 MSFV (kg/ha) 1329ab 1286ab 1081b 1466ab 1408ab 1557a 1428ab 1390ab - - 1368 14,29 MSFM (kg/ha) 687ab 738ab 798ab 670ab 806ab 944a 621b 897ab - - 770 16,93 MSCV (kg/ha) 823ab 713ab 634b 832ab 841ab 888ab 923a 826ab - - 810 14,48 Altura (cm) 9,80b 9,86ab 10,42ab 10,77ab 11,05a 10,87ab 10,95ab 10,60ab - - 10,54 4,91

Período de descanso 6,5 e resíduo de 5 cm MSFV (kg/ha) 1129b 1611ab 1539ab 1381ab 1720a 1311ab 1245ab - - - 1419 17,03 MSCV (kg/ha) 699b 973ab 1011ab 833ab 1047a 819ab 762ab - - - 878 16,05

Período de descanso 8,5 e resíduo de 5 cm MSFT (kg/ha) 3671ab 3351b 4217a 3887ab 3446ab - - - - - 3715 10,30 MSFV (kg/ha) 1734bc 1577c 2070ab 2286a 1970abc - - - - - 1927 9,82 MSFM (kg/ha) 1937ab 1774ab 2147a 1601ab 1476b - - - - - 1787 15,03 MSLV (kg/ha) 612bc 548c 787ab 880a 751ab - - - - - 716 12,92 MSCV (kg/ha) 1121b 1029b 1283ab 1405a 1218ab - - - - - 1211 10,15 MV/MM(kg/ha) 0,89c 0,89c 0,97bc 1,48a 1,38ab - - - - - 1,12 19,68

Médias seguidas de mesmas letras, minúsculas na mesma linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

81

CONCLUÇÕES

Os componentes da biomassa no pré e pós-pastejo, são afetados, tanto pela

interação entre os períodos de descanso e resíduos pós-pastejo e pelos ciclos de pastejo.

O prolongamento do período de descanso compromete a estrutura do dossel.

O resíduo pós-pastejo afetou a massa seca de forragem total e a altura no pré-

pastejo e massa seca de lâmina verde e altura no pós-pastejo.

O uso do capim-tifton 85 não deve exceder ao período de descanso de 6,5

fol/perf para evitar perdas de forragem por senescência, sendo possível utilizar uma

altura residual de 5 cm sem comprometer a perenidade da pastagem.

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85

CAPÍTULO 5

____________________________________________________________

Composição químico-bromatológica e digestilibidade in vitro da matéria seca de lâminas foliares e colmos do capim-tifton 85 manejado

sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

86

Composição químico-bromatológica e digestilibidade in vitro da matéria seca de lâminas foliares e colmos do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de

descanso e dois resíduos pós-pastejo

RESUMO: Foram avaliadas a composição química e a digestibilidade in vitro da

matéria seca de lâminas foliares e colmos do capim-tifton 85 sob três períodos de

descanso e dois resíduos pós-pastejo em diferentes ciclos de pastejo. Os tratamentos

corresponderam a combinações de três condições de pré-pastejo 4,5; 6,5 e 8,5 (número

de folhas/perfilho) e duas condições de pós-pastejo 10 e 5 cm, distribuídos em um

delineamento experimental inteiramente casualizado em arranjo fatorial 3x2, com

quatro repetições (piquetes). O aumento do período de descanso do capim-tifton 85

determinou acréscimos nos teores de matéria seca, extrato etéreo, fibra insolúvel em

detergente neutro, fibra insolúvel em detergente ácido e hemicelulose da fração lâmina

foliar. A interação afetou apenas a matéria mineral da fração lâmina foliar. O aumento

no período de descanso apesar de produzir acréscimos nos teores de matéria de seca,

fibra insolúvel em detergente neutro e fibra insolúvel em detergente ácido do capim-

tifton 85, não reduziu a digestibilidade in vitro da matéria seca na fração lâmina foliar.

Na altura residual de 10 cm foi verificada aumento nas concentrações de fibra insolúvel

em detergente neutro, fibra insolúvel em detergente ácido e lignina na fração lâmina

foliar. O teor de proteína bruta das duas frações foi reduzido com o aumento do período

de descanso.

Termos para indexação: componentes estruturais, maturidade da planta, valor

nutritivo.

87

Bromatologic-chemical composition and digestilibidade in vitro of the dry matter of leaf blades and stems of the tifton 85 grass managed under three periods of rest

and two post-grazing residues

Index-terms: The chemical composition and the digestibilidade had been evaluated in

vitro of the dry matter of leaf blades and stems of the tifton 85 grass managed under

three periods of rest and two post-grazing residues in different cycles of pastejo. The

treatments had corresponded the combinations of three conditions of daily pay-pastejo

4,5; 6,5 and 8,5 (leaf number/tiller) and two conditions of after-pastejo 10 and 5 cm,

distributed in an experimental delineation entirely casualizado in factorial arrangement

3x2, with four repetitions. The increase of the period of rest of tifton 85 grass

determined additions in texts of dry matter, etéreo extract, insoluble neutral detergent

fiber, insoluble acid detergent fiber and hemicelulose of the fraction foliar blade. The

interaction affected only the mineral substance of the fraction foliar blade. The increase

in the period of rest although to produce additions in texts of drought substance,

insoluble fiber in neutral detergent and insoluble fiber in acid detergent of tifton 85

grass, in did not reduce the digestibilidade in vitro of the dry matter in the fraction leaf

blade. In the residual height of 10 cm increase in the insoluble fiber concentrations was

verified in neutral detergent, insoluble in acid detergent and lignin fiber in the fraction

leaf blade. The crude protein text of the two fractions was reduced with the increase of

the period of rest.

Index-terms: structural components, maturity of the forage, nutritive value.

88

INTRODUÇÃO

O valor nutritivo de uma forragem é caracterizado pela sua composição química,

digestibilidade e natureza dos produtos digestíveis, enquanto a qualidade da forragem

envolve uma avaliação integrada de seu valor nutritivo e do nível de consumo de

matéria seca pelo animal (CROWDER & CHHEDA, 1982). Assim, seu baixo valor

nutritivo é determinado pelo reduzido teor de proteína bruta e mineral, pelo alto

conteúdo de fibra e pela baixa digestibilidade (EUCLIDES, 1995).

O valor nutritivo das plantas é afetado por fatores fisiológicos, morfológicos,

ambientais e por diferenças entre espécies, sendo que, no caso das plantas forrageiras, o

declínio do valor nutritivo associado ao aumento da idade, normalmente é explicado

como o resultado da maturidade da planta. Isto ocorre porque, com o envelhecimento

do pasto e conseqüente diminuição da taxa de alongação e aparecimento de folhas, o

conteúdo da parede celular nas plantas aumenta, indicando desenvolvimento de tecidos

estruturais em folhas e colmos (WILSON, 1994).

De acordo com Reis et al. (2005) a medida que a idade fisiológica da planta

avança, aumentam as porcentagens de celulose, hemicelulose e lignina, reduzindo a

proporção dos nutrientes potencialmente digestíveis (carboidratos solúveis, proteínas,

minerais e vitaminas), produzindo uma queda acentuada na digestibilidade.

Em um pasto, a presença de material verde indica tecido novo, de maior valor

nutritivo, significando do ponto de vista fisiológico o vigor de rebrota, e o potencial

para a realização de fotossíntese. O material seco indica partes mortas ou senescentes,

representando a porção com menor valor nutritivo e baixa aceitabilidade. A relação

entre material vivo/material morto, além de ser influenciada pelo manejo da pastagem, é

decorrente do potencial genético das plantas e do grau em que as condições ambientais

favorecem o crescimento. O resíduo de forragem na pastagem exerce efeito importante

na qualidade da forragem, pois, segundo Forbes e Coleman (1993), a estrutura do pasto

é modificada com a participação de seus componentes folha, colmo e material morto.

Nos últimos anos as plantas do gênero Cynodon despertaram grande interesse e

ganharam popularidade devido à sua facilidade de cultivo, alta produção de forragem

(20 a 25 t MS/ ha/ano) e bom valor nutritivo (11 a 13% de proteína bruta e 58 a 65% de

digestibilidade) (PEDREIRA, 1996).

89

Considerando o que foi relatado acima, esta pesquisa foi conduzida com o

objetivo de avaliar a composição químico-bromatologica e a digestibilidade in vitro da

matéria seca do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso 4,5; 6,5 e 8,5

(número de folhas/perfilho) e dois resíduos pós-pastejo 10 e 5 cm, na condição de pré-

pastejo.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida no Setor de Produção de Ovinos do Campo

Experimental de Bebedouro, pertencente à Embrapa Semiárido, localizado no

Município de Petrolina-Pernambuco. Durante o mês de outubro foi efetuada a divisão

da área em piquetes e ajuste da metodologia de trabalho. A coleta de dados ocorreu

entre os meses de novembro de 2008 a junho de 2009, totalizando nove meses.

O clima da região é classificado como quente e seco, sendo caracterizada por

duas estações bem definidas, uma chuvosa, de janeiro a maio, e outra seca, de junho a

dezembro. Os dados sobre as condições de temperaturas máxima e mínima do ar e

precipitação pluviométrica durante o período experimental foram obtidos da Estação

Agrometeorologia de Bebedouro, Petrolina-Pernambuco e são apresentados na Tabela

1.

Tabela 1. Dados climáticos observados durante o período experimental

Mês Precipitação (mm) Temperatura (ºC)

Máxima Mínima Média

outubro/2008 0,0 33,7 21,7 27,7 novembro/2008 0,0 34,8 23,2 28,7 dezembro/2008 54,6 33,7 22,6 27,1 janeiro/2009 45,7 34,3 23,0 27,5 fevereiro/2009 127,0 32,4 22,1 26,1 março/2009 152,9 33,0 22,2 26,3 abril/2009 223,6 31,1 22,3 25,5 maio/2009 85,4 28,8 21,2 24,2 Junho/2009 14,5 29,7 19,5 23,6 Dados obtidos da Estação Agrometeorologia de Bebedouro, Embrapa Semiárido, Petrolina-Pernambuco.

90

Foram avaliados três períodos de descanso 4,5; 6,5 e 8,5 (número de

folhas/perfilho) e dois resíduos pós-pastejo 5 e 10 cm, em um delineamento

experimental inteiramente casualizado em arranjo fatorial 3x2 com quatro repetições

(piquetes). A área experimental foi composta de 0,82 ha de pastagem cultivada com

capim-tifton 85 irrigada por aspersão com canhões com a distribuição da água durante o

dia. Utilizou-se o método de pastejo sob lotação intermitente, com lotação variável,

mantendo-se animais prova nos piquetes e também animais reguladores para ajuste da

taxa de lotação, segundo a técnica da taxa de lotação variável. A pastagem foi

subdivida, com tela campestre, em 37 piquetes de 180 m2 cada, destes piquetes 24 foram

considerados amostrais. Foram utilizados 30 ovinos de prova e um número variável de

animais de equilíbrio, da raça Santa Inês, machos castrados, com peso corporal inicial

(PC) em torno de 20 kg, os quais foram previamente identificados, vermifugados e, em

grupos de cinco, distribuídos por sorteio em seis tratamentos. Foram efetuadas

adubações de reposição com nitrogênio, em cada piquete, no momento da saída dos

animais, nas seguintes doses: 0,971; 1,110; 1,320; 1,475; 1,666 e 1,800 g, de acordo

com o período de descanso.

O solo da área experimental é classificado como Podzólico Amarelo Eutrófico

Latossólico (EMBRAPA, 1999), teve suas características químicas avaliadas (Tabela 2)

em outubro de 2008. A área foi adubada em função das necessidades da análise do solo.

A adubação com fósforo e potássio foi realizada a lanço e em cobertura, na forma de

superfosfato simples e cloreto de potássio, respectivamente, em 02 de novembro de

2008 em uma aplicação com 120 kg/ha de P2O5 e 100 kg/ ha de K2O. A adubação

nitrogenada (600 kg de N/ha) foi fracionada em aplicações, ao dos ciclos de pastejo,

após a saída dos animais dos piquetes, na forma de uréia, de acordo com os períodos de

descanso.

Tabela 2. Características químicas do solo da área experimental em duas profundidades

Profundidade MO pH:H2O P K Al Ca Mg H +

Al CTC SB

-----(cm)---- g/Kg-

1 1: 2,5 mg/dm3 ----Cmolc dm-3---- %

0 – 5 24,14 6,18 41,51 0,21 0,05 2,45 0,94 1,83 5,48 66,41 5 - 20 7,10 6,09 22,67 0,14 0,05 1,33 0,59 1,16 3,25 63,51

91

Foram analisadas as amostras das frações folha e colmo, obtidas na avaliação da

estrutura do dossel no pré-pastejo. A composição químico-bromatológica das amostras

das frações folha e colmo foram determinadas no Laboratório de Nutrição Animal,

pertencente a Embrapa Semiárido, no Município de Petrolina-Pernanbuco. Após a

secagem das amostras em estufa de ventilação forçada a 55° C por 72 horas, as mesmas

foram trituradas em moinho de facas tipo “Thomas Wiley”, utilizando-se peneira com

malha de 1,0 mm e acondicionadas em sacos fechados. Foram determinados os teores

de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN), fibra insolúvel em detergente ácido

(FDA), lignina (LIG), proteína bruta (PB), segundo metodologias descritas em Silva e

Queiroz (2002). O estrato etéreo foi determinado por meio do extrator de gordura,

modelo ANKOM® XT – 10. A Lignina foi analisada com a adição de ácido sulfúrico

72% no resíduo insolúvel da determinação da FDA. Os teores de Hemicelulose foram

obtidos pela diferença entre os teores de FDN e FDA. Para a determinação da

digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), foi utilizado o fermentador artificial

Daisy II® (ANKOM - Technology Corporation).

Os dados foram analisados por meio de análise de variância e teste de

comparação de médias. Para comparar o efeito dos tratamentos, foi efetuada análise de

variância do efeito dos períodos de descanso e dos resíduos pós-pastejo, na média de

todos os ciclos, no fatorial completo. Para avaliar o efeito dos ciclos sucessivos de

pastejo, foi efetuada análise de variância dos ciclos dentro de cada um dos seis

tratamentos. As médias dos ciclos foram comparadas por meio do teste de Tukey, ao

nível de 5% de probabilidade. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas,

utilizou-se o procedimento GLM do programa estatístico SAS (SAS INSTITUTE,

2003).

92

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Composição química e digestibilidade in vitro da matéria seca da fração lâmina foliar

A matéria seca da lâmina foliar (MS) foi afetada apenas pelos PDs (P 0,05),

com valores de 24,49; 26,17 e 26,75 kg/ha para os pastos manejados sob PD de 4,5; 6,5

e 8,5 fol/perf, respectivamente (Tabela 3). Os pastos sob PD de 4,5 fol/perf e resíduos

de 10 e 5 cm, apresentaram menor teor de MS, que é justificado pelo fato da planta

quando nova apresentar altos teores de água, e, quanto mais próximo da maturidade esse

teor é reduzido e ocorrendo um aumento nos teores de MS. De acordo com Drudi e

Favoreto (1987) à medida que se prolonga o intervalo de pastejo, o teor de MS de

forragem tende a aumentar. Comportamento semelhante foi observado por Oliveira et

al. (2000) avaliando o valor nutritivo do capim-tifton 85 em diferentes idades de

rebrota, com valores semelhantes aos encontrados nesta pesquisa, para a fração lâmina

foliar. O efeito dos ciclos de pastejo (P 0,05) sobre o teor de matéria seca foi

observado para os pastos sob PD de 4,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm; 6,5 e 8,5

fol/perf e resíduo de 10 cm (Tabela 4) onde os maiores teores de matéria seca,

corresponderam aos meses de maior precipitação.

Houve efeito da interação PD x RPP (P 0,05) para a matéria mineral (MM) da

lâmina foliar (Tabela 3). Os pastos manejados sob com PD de 6,5 fol/perf e resíduo de

10 e 5 cm, apresentaram maior teor de MM, quando comparado aos demais pastos. O

efeito dos ciclos de pastejo (P 0,05) sobre o teor de matéria mineral foi observado para

os pastos sob PD de 4,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm; 6,5 e 8,5 fol/perf e resíduo de

10 cm (Tabela 4) no qual, para este componente, foi verificado valores variáveis ao

longo do período experimental.

93

Tabela 3. Composição química e digestibilidade in vitro da matéria seca da lâmina foliar do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Médias seguidas de letras maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey.

Os valores de proteína bruta (PB) foram reduzidos com o aumento no período de

descanso PD (P 0,05) (Tabela 3). Os menores teores foram observados nos pastos

Resíduo Pós-Pastejo Período de Descanso

4,5 (fol/perf)

6,5 (fol/perf)

8,5 (fol/perf)

Média

Matéria seca (%) CV = 4,69 10 cm 23,90 25,62 27,37 25,63 5 cm 25,08 26,72 26,13 25,98

Média 24,49b 26,17a 26,75a Matéria mineral (% MS) CV = 5,43

10 cm 6,90Ba 7,19Ab 8,07Aa 7,39 5 cm 7,33Ba 8,02Aa 6,95Bb 7,43

Média 7,12 7,60 7,51 Proteína bruta (%MS) CV = 4,37

10 cm 13,85 14,63 12,09 13,52 5 cm 13,57 14,02 11,75 13,11

Média 13,71a 14,33a 11,92b Extrato etéreo (% MS) CV = 5,65

10 cm 2,65 2,60 3,00 2,75 5 cm 2,61 2,70 3,01 2,83

Média 2,63b 2,68b 3,05a Fibra insolúvel em detergente neutro (% MS) CV = 1,26

10 cm 66,31 70,80 73,78 70,28A 5 cm 64,53 69,22 73,21 68,99B

Média 65,42c 70,01b 73,48a Fibra insolúvel em detergente ácido (% MS) CV = 3,97

10 cm 27,49 29,68 31,45 29,54A 5 cm 25,71 28,48 31,39 28,53B

Média 26,60c 29,08b 31,42a Hemicelulose (% MS) CV = 2,31

10 cm 37,69 39,88 42,20 39,92 5 cm 37,83 41,71 42,26 40,60

Média 37,76c 40,79b 42,23a Lignina (% MS) CV = 10,02

10 cm 2,18 2,06 2,42 2,22A 5 cm 1,97 2,00 2,10 2,02B

Média 2,07 2,03 2,26 Digestibilidade in vitro da matéria seca (% MS) CV = 4,01

10 cm 71,86 69,24 70,64 70,58 5 cm 69,98 71,37 68,44 69,91

Média 70,92 70,30 69,54

94

manejados sob PD de 8,5 fol/perf (11,92 %) os quais diferiram dos (13,71 e 14,33 %)

encontrados nas frações de lâmina foliar dos pastos sob PD de 4,5 e 6,5 fol/perf, sendo

que entre estes dois últimos não se evidenciaram (P 0,05) diferenças. Os teores

observados para PB nos pastos com menor PD, onde a forragem foi colhida em estágio

vegetativo inicial, provavelmente, devem-se às elevadas percentagens de folhas e baixas

porcetagens de colmos, além da conseqüente elevada relação lâmina foliar/haste.

Segundo El-Memari Neto et al. (2002) as folhas são notadamente mais digestíveis e

nutricionalmente mais ricas. Castro et al. (2004) trabalhando com Brachiaria brizantha

cv. Marandu com idade de corte de 28, 56, 84 e 112 dias, verificaram que os valores de

PB diminuíram com o aumento da idade de corte. O teor de PB aumentou ao longo dos

ciclos de pastejo (P 0,05) para os pastos sob PD de 4,5; 6,5 e 8,5 fol/per e resíduo de 10

cm (Tabela 4), este aumento provavelmente foi devido ao manejo da adubação em

associação a maior precipitação pluvial ocorrida ao longo do período experimental.

O extrato etéreo da lâmina foliar teve efeito do PD (P 0,05) para lâmina foliar

(Tabela 3). Os pastos sob PD de 8,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm, apresentaram

maiores teores de extrato etéreo. Gonçalves (2006) avaliando o efeito de três períodos de

descanso (1,5; 2,5 e 3,5 fol/perf) para capim-tanzânia, verificou teores de extrato etéreo

na ordem de 2,6; 2,5 e 2,8. O teor de extrato etéreo reduziu-se ao longo dos ciclos de

pastejo para os pastos sob PD de 4,5 fol/perf e resíduo de 5 cm e 6,5 e 8,5 fol/perf e

resíduo de 10 cm, onde se observa uma elevação até a metade do período experimental

(Tabela 4).

Balsalobre et al. (2001) relatam que as maiores mudanças que ocorrem na

composição das plantas forrageiras são aquelas decorrentes de sua maturidade. A

maioria das espécies forrageiras sofre declínio no seu valor nutritivo com o aumento da

idade, resultando da menor relação lâmina foliar/colmo combinada com a crescente

lignificação da parede celular.

Foi verificado efeito do PD e RPP (P 0,05) para a fibra insolúvel em detergente

neutro (FDN) da fração laminar foliar (Tabela 3). Os pastos sob PD 8,5 fol/perf e

resíduo de 5 e 10 cm, apresentaram maiores teores. O aumento no percentual de FDN

com o avanço na idade de corte indica redução na proporção do capim passível de ser

digerido pelo animal. Esse fato pode ser atribuído, provavelmente, ao espessamento e

lignificação da parede celular vegetal com o avanço da idade da planta, conforme

95

determinado por Bhering (2006). A maioria dos trabalhos com capim do gênero

Cynodon tem mostrado aumento no teor de FDN com a maturidade da planta

(HERRERA & HERNANDEZ, 1988; PALHANO, 1990; GOMIDE, 1996; RIBEIRO et

al., 1998a; CASTRO et al., 1998). Maiores teores de FDN foram também observados

por Carnevalli et al. (1999) quando pastagens de Tifton-85 foram manejadas à maiores

alturas. Observou-se maior concentração de FDN nos pastos manejados com resíduo

mais alto, provavelmente devido a maior quantidade de parede celular existente nas

lâminas foliares que não foram colhidas pelos animais em pastejo. Houve efeito dos

ciclos de pastejo sobre o teor de fibra insolúvel em detergente neutro (P 0,05).

Observou-se menor concentração de FDN nos últimos ciclos de pastejo (Tabela 4), para

os pastos sob PD de 4,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm e 6,5 fol/perf e resíduo de 10

cm, talvez o período de maior precipitação pluvial, tenha promovido redução nos

componentes fibrosos da parede celular e, conseqüentemente, redução no teor de fibra

insolúvel em detergente neutro.

Foi verificado efeito do PD e RPP (P 0,05) para a fibra insolúvel em detergente

ácido (FDA) da fração laminar foliar (Tabela 3). Os pastos sob PD 8,5 fol/perf e resíduo

de 5 cm, apresentaram maiores teores. As maiores mudanças que ocorrem na

composição química das plantas forrageiras são aquelas que acompanham a maturação.

À medida que a planta envelhece, a proporção dos componentes digestíveis tende a

diminuir e a fibra, aumentar. As variações observadas nas frações folha dos PD 4,5 e 8,5

fol/perf estão associadas ao avanço no estádio de maturação das plantas, que passaram a

ter seus tecidos mais lignificados, reduzindo assim a sua qualidade e facilidade de

fragmentação e digestão. Em relação à altura do resíduo, podemos observar que os

pastos mantidos a um resíduo de 5 cm, resultaram a menores teores de fibra insolúvel

em detergente neutro, quando comparado aos pastos com altura residual de 10 cm. Silva

et al. (1994) relataram que pastos manejados com baixas pressões de pastejo

apresentavam teores de FDA de lâminas foliares significativamente superiores àquelas

manejadas com média e alta pressão de pastejo. Foi verificado efeito dos ciclos de

pastejo (P 0,05) para os pastos sob PD de 6,5 e 8,5 fol/perf e resíduo de 10 cm (Tabela

4), com comportamento semelhante à fibra insolúvel em detergente neutro,

provavelmente devido a precipitação pluvial.

96

O teor de hemicelulose para a lâmina foliar foi afetado apenas pelo PD (P 0,05)

para os pastos sob PD de 8,5 fol/perf que apresentaram maiores valores (Tabela 3),

resultado do maior avanço ocorrido na maturação dos tecidos da planta, em comparação

aos teores encontrados nos pastos submetidos ao menor PD, resultado semelhante foi

encontrado por Velásquez et al. (2010) ao avaliarem a composição químico-

bromatológica de forrageiras tropicais em diferentes idades de corte, incluindo capim-

tifton 85, relataram resultados semelhantes aos observados neste experimento. Os ciclos

de pastejo afetaram o teor de hemicelulose (P 0,05), nos pastos com PD de 4,5 fol/perf

e resíduos de 10 e 5 cm (Tabela 4), que foi mais elevado apenas no sexto ciclo de

pastejo.

Foi verificado efeito do RPP (P 0,05) para o teor de lignina da Lâmina foliar

(Tabela 3). Os maiores teores de lignina foram observados para os pastos com maior

RPP. Janusckiewicz et al. (2010) também verificaram maior teor de lignina em função

do maior resíduo pós-pastejo. Mesmo que não tenha sido verificado diferença

significativa entre os PDs nos quais os pastos foram submetidos, o teor de lignina é

bastante relacionado com o grau de maturidade da planta, pois, com o avanço da idade,

aumenta o grau de lignificação dos tecidos. Os teores de lignina encontram-se bem

abaixo dos relatados por Oliveira et al. (2000) que obtiveram teores que variaram de

4,10 a 9,23, aos 14 e 70 dias de rebrota, para o Tifton 85. Foi verificado efeito dos ciclos

de pastejo (P 0,05) apenas para os pastos sob PD de 4,5 e 5 cm de resíduo, onde pode-

se observar uma redução do teor de lignina ao longo do período experimental (Tabela

4).

Também não foi verificado efeito dos PD, RPP e da interação (P 0,05) para o

coeficiente de digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) (Tabela 3). No entanto

pode-se inferir que a faixa de PD de máxima digestibilidade in vitro correu nos PDs de

4,5 e 6,5 fol/perf. Os valores de digestibilidade in vitro encontrados nesta pesquisa,

estão próximos aos encontrados por Oliveira et al. (2000). Do ponto de vista de nutrição

animal, os coeficientes de DIVMS encontram-se adequados, pois, de acordo com

Hamilton et al. (1970) valores acima de 65% para a DIVMS são indicativos de

adequado valor nutritivo, permitindo bom consumo de energia digestível pelo animal.

Não houve efeito dos ciclos de pastejo (P 0,05) (Dados não apresentados).

97

Tabela 4. Efeito dos ciclos de pastejo sobre a composição química e digestibilidade in vitro da matéria seca da fração lâmina foliar do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduo pós-pastejo

Ciclos de Pastejo

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média CV%

4,5 fol/perf e resíduo de 10 cm Matéria seca 19,67d 21,83cd 21,34cd 20,50d 23,82bc 25,34ab 26,43ab 26,22ab 26,56ab 27,30a 23,90 5,18 M. mineral 7,91a 6,28bc 7,69ab 5,60c 5,35c 6,43abc 7,45ab 7,45ab 7,39ab 7,45ab 6,9 9,30

Proteína bruta 12,54f 12,76ef 14,59b 14,04bc 14,10bc 13,98bc 13,64cd 13,88bcd 13,19de 16,10a 1388 2,33 FDN 63,98b 63,65b 64,10b 64,80b 63,36b 72,24a 63,03b 63,03b 63,30b 63,30b 64,42 1,64

Hemicelulose 36,93b 37,96b 37,59b 39,35b 37,64b 47,50a 25,90c 38,24b 37,47b 38,28b 37,68 7,46 4,5fol/perf e resíduo de 5 cm

Matéria seca 20,54d 23,44bcd 21,99d 23,03cd 27,69a 27,44a 26,41abc 26,66ab 28,56a - 25,08 5,89 M. mineral 7,20abc 8,29ab 7,88abc 5,91c 6,16bc 6,40bc 7,71abc 7,71abc 8,76a - 6,47 13,38

Extrato etéreo 2,48bc 2,85ab 2,82ab 3,49a 2,29bc 2,60b 2,69b 1,78c 2,53b - 2,61 11,34 FDN 72,36a 66,46b 66,30bc 66,30bc 66,30bc 65,70bc 65,83bc 64,92bc 62,83bc - 66,31 2,36

Hemicelulose 39,31b 38,16b 39,59b 36,20b 39,02b 46,19a 26,70c 40,09ab 35,24b - 37,83 7,03 Lignina 2,77a 2,73a 2,76a 1,98ab 1,86ab 2,12ab 1,53b 2,00ab 1,87ab - 2,18 18,89

6,5fol/perf e resíduo de 10 cm Matéria seca 23,09cd 23,98bc 21,91d 22,72d 28,44a 30,60a 27,54ab 26,98ab - - 25,65 6,99 M. mineral 8,34a 6,06b 6,06b 7,29ab 7,29ab 7,67a 7,39ab 7,45ab - - 7,19 9,32

Proteína bruta 11,37b 15,84a 13,29b 12,73b 13,02b 16,89a 16,93a 16,97a - - 14,63 6,34 Extrato etéreo 2,54ab 2,64ab 2,49ab 3,15a 3,19a 2,66ab 1,91b 2,25b - - 2,60 12,86

FDN 72,29ab 73,09a 71,91ab 71,91ab 70,46bc 68,50c 66,01d 59,57e - - 69,21 1,42 FDA 30,18a 26,69a 27,42a 29,86a 28,92a 32,44a 28,36a 23,98b - - 28,48 10,52

8,5fol/perf e resíduo de 5 cm Matéria seca 23,74c 23,02c 27,35bc 21,97c 32,89a 35,26a - - - - 27,37 9,38 M. mineral 8,50ab 9,68a 9,68a 6,36c 6,36c 7,83bc - - - - 8,06 9,69

Proteína bruta 10,12c 11,42bc 11,91bc 11,80bc 13,93a 13,37ab - - - - 12,09 7,56 Extrato etéreo 3,45a 3,64a 3,20ab 2,83bc 2,49c 2,36c - - - - 2,99 7,84

FDA 34,31a 33,72a 32,50ab 30,29ab 30,25ab 27,28b - - - - 31,39 8,14 Médias seguidas de mesmas letras, minúsculas na mesma linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

98

Composição química e digestibilidade in vitro da matéria seca da fração colmo

Não foi observado efeito dos PDs e dos RPPs na composição da matéria seca

(MS) da fração colmo, sendo afetada pela interação PD x RPP (P 0,05), para os pastos

sob PD de 8,5 fol/perf e resíduo de 10 cm (Tabela 5). O efeito dos ciclos de pastejo

(P 0,05) sobre o teor de MS foi observado para os pastos sob PD de 4,5 fol/perf e

resíduos de 10 e 5 cm; 6,5 e 8,5 fol/perf e resíduo de 10 cm e 8,5 fol/perf e resíduos de

10 e 5 cm (Tabelas 5 e 6).

Houve efeito da interação PD x RPP (P 0,05) para a matéria mineral (MM) (Tabela

5), os pastos com PD de 8,5 fol/perf e resíduo de 10 cm, apresentaram maior teor de

matéria mineral quando comparado aos demais pastos. O efeito dos ciclos de pastejo

(P 0,05) sobre o teor de MM foi observado para os pastos sob PD de 6,5 fol/perf e

resíduo de 10 cm e 8,5 fol/perf e resíduo de 10 cm (Tabelas 6).

Os teores de PB observados dos colmos foram bastante inferiores aos

observados na fração lâmina folia, estando de acordo com a literatura (SANTOS, 1997;

BRÂNCIO et al., 1997, DIOGO, et al., 1995). Foi verificado efeito do PD (P 0,05) para

o teor de proteína bruta (PB) (Tabela 5). Os menores teores nos pastos sob PD de 8,5

fol/perf (5,85%) os quais diferiram dos (7,17 e 6,13 %) encontrados nos colmos dos

pastos sob PD de 4,5 e 6,5 fol/perf, sendo que entre estes dois últimos não se

evidenciaram (P 0,05) diferenças. A redução nos teores de PB com o avanço da

maturidade das plantas provavelmente deve-se ao efeito de diluição destes na matéria

seca produzida (GOMIDE, 1996). O teor de proteína bruta aumentou ao longo dos

ciclos de pastejo (P 0,05) para os pastos sob PD de 4,5 fol/per e resíduo de 10 e 5 cm e

8,5 fol/perf e 5 cm de resíduo (Tabelas 5 e 6). O aumento no teor de PB ao longo dos

ciclos de pastejo, provavelmente, foi devido ao manejo da adubação nitrogenada

(BALSALOBRE et al., 2003).

O extrato etéreo (EE) não foi afetado pelo PD, RPP e da interação PD x RPP (P 0,05)

(Tabela 5). O teor de extrato etéreo se reduziu ao longo dos ciclos de pastejo para os

pastos sob PD de 4,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm e 6,5 fol/perf e resíduo de 10 cm e

8,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm (Tabela 6).

99

Tabela 5. Composição química e digestibilidade in vitro da matéria seca da fração colmo do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Médias seguidas de letras maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey.

Resíduo Pós-Pastejo Período de Descanso

4,5 (fol/perf)

6,5 (fol/perf)

8,5 (fol/perf)

Média

Matéria seca (%) CV = 4,69 10 cm 20,70Ba 18,26Cb 23,69Aa 20,89 5 cm 19,76BA 22,88Aa 18,71Cb 20,45

Média 20,23 20,57 21,20 Matéria mineral (% MS) CV = 5,43

10 cm 7,64Ba 7,26Ba 8,33Aa 7,74 5 cm 6,97Ba 7,63BA 7,63Aa 7,41

Média 7,31 7,45 7,98 Proteína bruta (%MS) CV = 4,37

10 cm 6,65 6,04 5,70 6,13 5 cm 7,68 6,23 5,99 6,64

Média 7,17a 6,13ab 5,85b Extrato etéreo (% MS) CV = 5,65

10 cm 2,34 2,34 2,44 2,37 5 cm 2,37 2,23 2,35 2,32

Média 2,35 2,29 2,39 Fibra insolúvel em detergente neutro (% MS) CV = 1,26

10 cm 76,06 79,67 81,34 79,02 5 cm 75,95 77,51 76,51 76,65

Média 76,01b 78,59a 78,93a Fibra insolúvel em detergente ácido (% MS) CV = 3,97

10 cm 35,92 39,78 41,28 38,99 5 cm 34,71 38,24 39,69 37,54

Média 35,31b 39,01a 40,48a Hemicelulose (% MS) CV = 2,31

10 cm 39,23 40,66 39,29 39,72 5 cm 39,59 38,34 38,85 39,92

Média 39,07 39,41 39,50 Lignina (% MS) CV = 10,02

10 cm 3,84 3,74 3,93 3,94 5 cm 3,67 4,04 4,12 3,84

Média 3,75 3,89 4,03 Digestibilidade in vitro da matéria seca (% MS) CV = 2,92

10 cm 61,96 63,56 60,96 62,16 5 cm 62,61 61,95 62,51 62,36

Média 62,29 62,75 61,73

100

O avanço no PD da fração colmo resultou em aumentos (P<0,05) dos teores de

FDN e FDA (Tabela 4). Este comportamento pode ser atribuído à intensa deposição de

lignina na parede celular. Enquanto os teores de hemicelulose não aumentaram com o

aumento do PD (P 0,05) (Tabela 4). Os teores de lignina da fração colmo mesmo não

tendo sido afetados pelos PD, RPP e da interação PD x RPP (P 0,05) se elevaram (Tabela

5). Mais altos teores de lignina em segmentos de colmo foram observados nos colmos

dos pastos com maior PD de 6,5 e 8,5 fol/perf.

Os teores de FDA e FDN da fração colmo apresentaram aumento ao longo dos

ciclos de pastejo (P<0,05). nos pastos manejados com PDs de 4,5; 6,5 e 8,5 fol/perf e

resíduos de 10 e 5 cm. Isto ocorreu devido ao envelhecimento do pasto e conseqüente

diminuição da taxa de alongação e aparecimento de folhas, com aumento no conteúdo

da parede celular nas plantas aumenta, indicando desenvolvimento de tecidos estruturais

em colmos (WILSON, 1994).

A digestibilidade da fração colmo não foi afetada pelos PD, RPP e da interação

PD x RPP (P 0,05) (Tabela 5). Observou-se que a variação dos valores de DIVMS dos

pastos manejados sob os três PDs e os dois RPPs foi de pequena magnitude. Esperava-

se mais intensa redução na digestibilidade com o desenvolvimento do colmo,

principalmente nos pastos sob maior PD, uma vez que, a idade mais avançada do colmo

apresentou maiores concentrações dos componentes estruturais (FDN, FDA e lignina) e

menores teores de PB. Foi verificado efeito dos ciclos de pastejo (P 0,05) sobre a

DIVMS apenas nos pastos manejados sob PD de 6,5 fol/perf e resíduo pós-pastejo de 10

cm, onde podemos observar aumento do coeficiente de DIVMS a partir do segundo

ciclo de pastejo, que corresponde a redução dos componentes estruturais FDN e FDA, o

que resultou na melhoria deste coeficiente.

101

Tabela 6. Efeito dos ciclos de pastejo sobre a composição química e digestibilidade in vitro da fração colmo do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduo pós-pastejo

Ciclos de Pastejo

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média CV%

4,5 fol/perf e resíduo de 10 cm Matéria seca 16,17b 18,44b 19,23b 19,96b 22,01b 15,99b 20,94b 16,61b 32,00a 16,28b 19,76 14,94

Proteína bruta 5,66ab 7,13ab 8,24a 5,76ab 5,04b 5,43ab 5,44ab 4,51b 5,08b 4,76b 5,20 22,94 Extrato etéreo 1,36d 1,64dc 2,23bc 2,52b 2,21bc 2,71ab 3,26a 2,35b 2,58ab 2,49b 2,00 12,50

FDN 71,27c 74,52bc 77,07b 74,89bc 75,83b 76,37b 74,08bc 77,47b 81,39a 76,63b 75,95 2,12 FDA 29,57c 32,86bc 33,00bc 35,58ab 32,81bc 35,52ab 36,40ab 37,74a 36,40ab 37,20a 34,70 4,97

Hemicelulose 38,45bcd 35,86d 36,25dc 39,30bcd 40,70abc 39,94abc 38,47bcd 41,66ab 41,19ab 44,07a 39,58 4,69 4,5 fol/perf e resíduo de 5 cm

Matéria seca 13,54b 16,31ab 14,61ab 15,49ab 18,91ab 17,39ab 22,58a 21,42ab 19,34ab - 17,73 29,94 Proteína bruta 5,61ab 5,73ab 6,69a 5,86ab 4,57ab 4,67ab 4,50ab 4,35ab 3,63b - 5,06 30,93 Extrato etéreo 1,81b 2,11ab 2,58ab 2,36ab 2,44ab 2,74a 2,66a 2,15ab 1,97ab - 2,31 22,84

FDA 33,65b 37,72ab 36,94ab 39,70ab 41,50a 36,29ab 41,29a 36,15ab 42,45a - 38,41 11,92 Hemicelulose 39,99ab 37,57bc 41,98a 35,79c 37,67bc 37,05bc 38,32abc 38,90abc 36,88bc - 38,23 6,83

6,5fol/perf e resíduo de 10 cm M. mineral 7,76ab 8,39a 8,39a 5,80b 8,50a 7,85ab 7,85ab 6,54ab - - 7,63 12,14

Proteína bruta 4,99b 6,28ab 8,31a 8,43a 5,32b 4,85b 4,60b 5,58b - - 6,04 19,18 Extrato etéreo 1,69bc 1,62c 2,42abc 2,51ab 2,23abc 3,04a 2,90a 2,34abc - - 2,34 15,23

FDN 73,17d 74,67cd 76,90cd 77,47bc 81,00ab 81,72a 78,44abc 76,67cd - - 77,50 2,10 FDA 41,76ab 35,62cd 33,88d 42,19a 37,57abc 38,51abc 39,47abc 36,92bcd - - 38,24 5,52

DIVMS 57,57b 57,34b 62,02ab 62,58ab 66,96ab 65,45ab 64,72ab 71,81a - - 63,55 6,70 Médias seguidas de mesmas letras, minúsculas na mesma linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

102

Tabela 7. Efeito dos ciclos de pastejo sobre a composição química e digestibilidade in vitro da fração colmo do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduo pós-pastejo

Ciclos de Pastejo

Variáveis 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Média CV%

8,5 fol/perf e resíduo pós-pastejo de 10 cm Matéria seca 20,18ab 25,20a 21,08ab 20,77ab 11,66c 13,bc - - - - 18,71 18,96 M. mineral 8,04ab 8,38a 8,38a 7,40ab 7,30ab 6,29b - - - - 7,63 11,93

Proteína bruta 4,64b 7,99a 8,14a 8,13a 6,06ab 4,95b - - - - 6,65 14,39 Extrato etéreo 1,83b 1,92b 2,66ab 2,62ab 2,91a 2,68ab - - - - 2,43 16,83

FDN 81,16ab 81,35ab 80,51b 81,72ab 80,34b 82,98a - - - - 81,34 1,33

FDA 39,01b 41,58ab 41,29ab 41,55ab 41,69ab 42,55a - - - - 41,27 3,26

Hemicelulose 42,15a 39,77a 39,22a 40,17a 39,83a 34,60b - - - - 39,29 3,51

8,5 fol/perf e resíduo pós-pastejo de 5 cm Matéria seca 25,44b 20,68c 30,49a 20,89c 20,97c - - - - - 23,69 6,76

Extrato etéreo 1,88b 2,12ab 2,80a 2,29ab 2,67a - - - - - 2,35 14,26 FDN 72,90b 76m41b 76,06b 74,85b 82,33a - - - - - 76,51 2,58

Hemicelulose 35,14b 38,49ab 41,25ab 36,09ab 43,29a - - - - - 38,85 8,81 Lignina 3,05b 3,93ab 4,01ab 4,86a 4,37ab - - - - - 4,04 18,18

Médias seguidas de mesmas letras, minúsculas na mesma linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

103

CONCLUSSÔES

O aumento no período de descanso apesar de produzir acréscimos nos teores de

matéria de seca, fibra insolúvel em detergente neutro e fibra insolúvel em detergente

ácido do capim-tifton 85, não reduziu a digestibilidade in vitro da matéria seca na fração

lâmina foliar.

Na altura residual de 10 cm foi verificada aumento nas concentrações de fibra

insolúvel em detergente neutro, fibra insolúvel em detergente ácido e lignina na fração

lâmina foliar.

O teor de proteína bruta das duas frações foi reduzido com o aumento do período

de descanso.

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107

CAPÍTULO 6

____________________________________________________________

Comportamento e desempenho de ovinos terminados em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

108

Comportamento e desempenho de ovinos terminados em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

RESUMO: Este experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar a resposta de

ovinos ao pastejo em capim-tifton 85. Foram utilizados 30 ovinos prova e número

variável de animais reguladores, com peso corporal (PC) de 20 kg, os quais foram

distribuídos em um delineamento experimental inteiramente casualizado em arranjo

fatorial 3x2, sendo três períodos de descanso (PD): 4,5; 6,5 e 8,5 (nº de folhas/perfilho)

e dois resíduos pós-pastejo (RPP): 5 e 10 cm. Para determinação da composição

químico-bromatológica e da digestiblidade in vitro da matéria seca foi realizada

simulação de pastejo no 1º e 4º dia de ocupação. Os PDs e os RPPs influenciaram o

tempo de pastejo dos animais. Os pastos manejados sob PD de 8,5 fol/perf e resíduo de

10 cm proporcionaram maior tempo de pastejo e ruminação aos animais comparados

aos demais pastos. O 4º dia de pastejo proporcionou maior tempo em pastejo e

ruminação. O consumo de sal e água foi bastante reduzido. As médias de taxa de

bocados verificadas nos pastos sob PD de 4,5 fol/perf demonstram que a mais baixa

biomassa obrigou os animais a aumentarem o número de bocados como forma de

otimizar o consumo de forragem. O 4º dia de pastejo proporcionou aumento da taxa e

número de bocados e redução da massa do bocado. Os PDs correspondentes a 4,5 e 6,5

fol/perf proporcionaram melhores desempenho animal. A maior capacidade de suporte,

em unidade animal, foi observada para os pastos manejados sob PD de 8,5 fol/perf.

Termos para indexação: consumo, pastejo, ruminação, valor nutritivo

109

Behavior and performance of sheep finished in tifton 85 grass managed under

three periods of rest and two post-grazing residues

ABSTRACT: This experiment was lead with the objective to evaluate the reply of

sheep to pastejo in capim-tifton 85. Sheep ones had been used 30 prove and changeable

number of regulating animals, with initial weight corporal (PC) of 20 kg, which had

been distributed in an experimental delineation entirely casualizado in factorial

arrangement 3x2, being three periods of rest (PD): 4,5; 6,5 and 8,5 (leaves/tiller) and

two post-grazing residues (RPP): 5 and 10 cm. For determination of the bromatologic-

chemical composition and the in vitro digestibility of the dry substance was carried

through simulation of pastejo in 1º and 4º day of occupation. The PDs and the RPPs had

influenced the time of pastejo of the animals. The grass managed under 8,5 PD of

leaves/tiller and residue of 10 cm had provided to greater time of grazing and

ruminating to the comparative animals to the too much grass. 4º day of grazing provided

to greater time in grazing and ruminating. The intake of salt and water sufficiently was

reduced. The averages of tax of bits verified in the grass under 4,5 PD of leaves/tiller

demonstrate that the lowest biomass compelled the animals to increase the number of

bits as form to optimize the fodder plant intake. 4º day of pastejo provided to increase of

the tax and number of bits and reduction of the mass of the bit. Better the 6,5 PDs

corresponding 4,5 and leaves/tiller had provided animal performance. The biggest

capacity of support, in animal unit, was observed for the grass managed under 8,5 PD of

leaves/tiller.

Index-terms: intake, grazing, ruminating, nutritive value.

110

INTRODUÇÃO

Para a eficiente exploração da pastagem é necessário o conhecimento das

relações existentes na interface planta-animal, o que envolve o estudo de como as

condições de pastejo interferem no comportamento ingestivo animal e no seu

desempenho, de forma a identificar condições de manejo adequadas à categoria animal

e ao sistema de produção adotado. A disponibilidade de forragem é um importante fator

no consumo, porém, a habilidade física do animal em colher a forragem e os efeitos da

estrutura do pasto no comportamento ingestivo podem ser determinantes no controle da

ingestão (PENNING et al., 1991). As práticas de manejo interferem no ritmo de

atividade dos animais em pastejo, tornando fundamental a avaliação do padrão diário de

variação do ritmo de atividade dos ovinos para a redução das interferências no

comportamento natural de pastejo (MEDEIROS et al., 2007).

A quantidade de alimento consumida em determinado período de tempo é

afetada conforme o número de refeições, a duração e a velocidade de ingestão, além de,

como especificado por Pedroso et al. (2004), variações no tempo de pastejo, na taxa de

bocados, no peso do bocado e na qualidade da forragem ingerida. Os diferentes estádios

fenológicos das forrageiras também fazem com que os animais utilizem diversas

estratégias para otimizar o consumo, podendo variar o peso e/ou freqüência do bocado

ou o tempo de pastejo, influenciando também o período de ruminação dos animais.

A avaliação do comportamento ingestivo constitui-se em ferramenta valiosa na

avaliação das dietas, possibilitando ajustar o manejo alimentar dos animais, que poderá

refletir em melhoria do desempenho produtivo. Nesse sentido, o conhecimento do

comportamento animal torna-se importante, pois possibilita promover o melhor

ajustamento da produção animal (GRANDIN, 2000). De acordo com Raslan (2008) os

conhecimentos gerados em função de investigações nos comportamentos dos animais

têm sido utilizados com uma freqüência cada vez maior, para melhorar as estratégias de

manejo e ajudar no desenvolvimento de novas técnicas de produção.

As atividades diárias dos ovinos compreendem períodos alternados de pastejo,

ruminação e ócio, sendo que a duração e distribuição dessas atividades são

influenciadas pelas características da pastagem, manejo, condição climática, categoria e

atividades dos animais em grupo (FISCHER et al., 1998).

111

Em pastejo intermitente, em especial sob pressões de pastejo médio e alta, ao

longo do período de ocupação do piquete, há redução na disponibilidade de forragem e

mudanças na estrutura das plantas, principalmente na relação lâmina foliar/colmo, que

pode afetar de forma severa o comportamento ingestivo e, conseqüentemente, a

produção animal (CHACON & STOBBS, 1976).

Considerando a hipótese de que a estrutura do pasto pode interferir no consumo

de forragem, no desempenho animal produtivo e no comportamento de ovinos, este

experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar, a resposta de ovinos ao pastejo

em capim-tifton 85 manejados sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-

pastejo.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida no Setor de Produção de Ovinos do Campo

Experimental de Bebedouro, pertencente à Embrapa Semiárido, localizado no

Município de Petrolina-Pernambuco. Durante o mês de outubro foi efetuada a divisão

da área em piquetes e ajuste da metodologia de trabalho. A coleta de dados ocorreu

entre os meses de novembro de 2008 a junho de 2009, totalizando nove meses.

O clima da região é classificado como quente e seco, sendo caracterizada por

duas estações bem definidas, uma chuvosa, de janeiro a maio, e outra seca, de junho a

dezembro. Os dados sobre as condições de temperaturas máxima e mínima do ar e

precipitação pluvial durante o período experimental foram obtidos da Estação

Agrometeorologia de Bebedouro, Petrolina-Pernambuco e são apresentados na Tabela

1.

112

Tabela 1. Dados climáticos observados durante o período experimental

Mês Precipitação (mm) Temperatura (ºC)

Máxima Mínima Média

outubro/2008 0,0 33,7 21,7 27,7 novembro/2008 0,0 34,8 23,2 28,7 dezembro/2008 54,6 33,7 22,6 27,1 janeiro/2009 45,7 34,3 23,0 27,5 fevereiro/2009 127,0 32,4 22,1 26,1 março/2009 152,9 33,0 22,2 26,3 abril/2009 223,6 31,1 22,3 25,5 maio/2009 85,4 28,8 21,2 24,2 Junho/2009 14,5 29,7 19,5 23,6 Dados obtidos da Estação Agrometeorologia de Bebedouro, Embrapa Semiárido, Petrolina-Pernambuco.

Foram avaliados três períodos de descanso 4,5; 6,5 e 8,5 (número de

folhas/perfilho) e dois resíduos pós-pastejo 5 e 10 cm, em um delineamento

experimental inteiramente casualizado em arranjo fatorial 3x2 com cinco repetições

(animais). A área experimental foi composta de 0,82 ha de pastagem cultivada com

capim-tifton 85 irrigada por aspersão com canhões com distribuição de água durante o

dia. Utilizou-se o método de pastejo sob lotação intermitente, com lotação variável,

mantendo-se animais prova nos piquetes e também animais reguladores para ajuste da

taxa de lotação, segundo a técnica da taxa de lotação variável. A pastagem foi

subdivida, com tela campestre, em 37 piquetes de 180 m2 cada, destes piquetes 24 foram

considerados amostrais. Foram utilizados 30 ovinos de prova e um número variável de

animais de equilíbrio, da raça Santa Inês, machos castrados, com peso corporal (PC)

inicial de ± 20 kg, os quais foram previamente identificados, vermifugados e, em grupos

de cinco, distribuídos por sorteio em seis tratamentos. Foram efetuadas adubações de

reposição com nitrogênio, em cada piquete, no momento da saída dos animais, nas

seguintes doses: 0,971; 1,110; 1,320; 1,475; 1,666 e 1,800 g, de acordo com o período

de descanso.

Após alguns ciclos de pastejo, com a intensificação do efeito dos tratamentos

sobre a estrutura do pasto, foi conduzido o ensaio de comportamento ingestivo, ao longo

de 24 horas, nos dias 30/01 e 02/02; 26/05 e 29/05 de 2009 que correspondem ao 1º e 4º

dia de pastejo (em cada tratamento) (Figuras 1 e 2), avaliados simultaneamente. Os

animais prova foram devidamente identificados com colares coloridos para facilitar a

113

visualização à distância. Para a realização da avaliação de comportamento utilizaram-se

observadores treinados, cada um responsável pela observação dos cinco animais de

prova de cada tratamento.

Figuras 1 e 2. (1): animais no 1º dia de pastejo e (2): animais no 4º dia de pastejo.

As anotações foram feitas a cada dez minutos, por meio de observação visual,

sendo registradas as atividades de pastejo, ruminação e ócio. O tempo de pastejo

representou o período em que o animal apreendeu ou selecionou a forragem. O tempo

de ruminação foi o período em que o animal não pastejou e mastigou o bolo alimentar

que retornou do rúmen, no qual foram observados movimentos mandibulares do animal

(TREVISAN et al., 2004). Denominou-se ócio como o período em que os animais não

realizaram nenhuma destas atividades, isto é, o período em que os animais não estão

comendo, ruminando ou ingerindo água (COSTA et al., 1983). Também foram tomados

os dados referentes à taxa de bocados dos animais (bocados/minuto), contando-se o

número de bocados por animal durante o processo de pastejo, dividindo-se esse número

pelo tempo transcorrido em segundos e multiplicando-se o resultado por 60, a fim de se

obter a taxa em bocados por minuto (FORBES & HODGSON, 1985). Multiplicando-se

a taxa de bocados pelo tempo de pastejo, obteve-se o número diário de bocados (NDB).

Dividindo-se o consumo de forragem estimado nos dias de avaliação do comportamento

ingestivo (em g MS) pelo NDB, obteve-se a massa estimada de cada bocado, em g

MS/bocado (FORBES, 1988).

Os animais de prova foram pesados a cada 20 dias para estimativa do desempenho

e os reguladores foram pesados mensalmente para acompanhamento do ganho de peso

(Figuras 3 e 4). As pesagens foram realizadas após jejum de alimento e água de 16

1 2

114

horas (COATES & PENNING, 2000). O ganho de peso total (GPT) foi determinado de

acordo com a equação: GPT = PCF – PCI, sendo: PCF = peso corporal final e PCI =

peso corporal inicial. Já o ganho médio diário (GMD) foi obtido dividindo-se o valor de

GPT pelo período em que os animais permaneceram no sistema. O peso corporal final

foi o peso obtido na última pesagem.

Figuras 3 e 4. (3): Preparo da balança, no centro de manejo e (4): pesagem dos animais.

Nos dias correspondentes à entrada e saída dos animais nos piquetes (1º e 4º dias

de pastejo), foi coletada a massa de forragem, aparentemente consumida pelos animais

prova, em vinte pontos diferentes do piquete por meio da técnica de simulação de

pastejo (GIBB & TREACHER, 1976). Foram colhidos 400g de massa fresca de

forragem, que foram pesados e submetidos à pré-secagem em estufa de ventilação

forçada a uma temperatura de 550C, até atingir o peso constante. Em seguida, as

amostras foram moídas em peneira com crivos de 1mm e armazenadas em sacos

plásticos para a realização das análises químico-bromatológicas.

A estimativa do consumo de matéria seca foi efetuada com a coleta total de fezes,

compreendendo três dias de coleta ao fim de cada ciclo de pastejo. As fezes foram

coletadas e pesadas diariamente (às 8h:30). Após a homogeneização do material,

retirou-se uma alíquota diária de 10% para preparação de uma amostra composta por

animal, que foi armazenada em freezer a -5°C. Ao término do ensaio as amostras foram

descongeladas à temperatura ambiente em seguida, procedeu-se à pré-secagem das fezes

em estufa de ventilação forçada a 55oC, até atingir o peso constante. As amostras foram

3 4

115

trituradas em moinho tipo Wiley, em peneira com crivos de 1 mm para determinação

dos teores de matéria seca (MS), conforme descrito por Silva e Queiroz (2002).

Figuras 5 e 6. (5): preparo dos animais para coleta de fezes e (6): animal com bolsa coletora de

fezes e arreio.

A determinação do consumo de forragem pelos animais procedeu-se com base nas

estimativas da produção fecal do animal e da digestibilidade in vitro da forragem,

conforme indicado por Astigarraga (1997):

Consumo (kg/animal. dia) = produção fecal total (kg MS/dia)

(1 - DIVMS)

Na análise dos aspectos comportamentais foi adotada inicialmente análise de

variância no fatorial completo, formado pelos três períodos de descanso e dois resíduos

pós-pastejo. O desdobramento da interação no fatorial completo foi efetuado quando

esta foi significativa ao nível de 5% de probabilidade. Na comparação das médias foi

realizado o teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. Em seguida, avaliado o

efeito do dia de pastejo para cada variável comportamental, na média dos seis

tratamentos, definindo-se a diferença estatística entre o primeiro e último dia de pastejo

por meio do teste F, ao nível de 5% de probabilidade. O desempenho animal, a

composição químico-bromatológica e a digestibilidade in vitro da matéria seca, foram

submetidos a análise de variância e teste de comparação de médias. O desdobramento da

interação no fatorial completo foi efetuado quando esta foi significativa ao nível de 5% de

5 6

116

probabilidade. A comparação de médias foi efetuada utilizando-se o teste de Tukey, ao

nível de 5% de probabilidade. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas, utilizou-

se o procedimento GLM, do programa estatístico SAS (SAS INSTITUTE, 2003).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O tempo de pastejo (min/dia) foi influenciado pela interação PD x RPP (P 0,05)

(Tabela 2). Os ovinos mantidos nos pastos sob PD de 6,5 fol/perf e resíduo de 5 cm

despenderam menor tempo diário pastejando, ao passo que os animais mantidos nos

pastos sob o PD 8,5 fol/perf tenderam a apresentar maior tempo diário de pastejo,

comportamento semelhante ao ocorrido nos pastos manejados sob o PD 4,5 fol/perf.

Sabe-se que os animais em pastejo apresentam um requerimento diário de nutrientes,

recorrendo a essa atividade até saciá-lo. Os ovinos nos pasto manejados sob PD 6,5

fol/perf, despenderam menor tempo com pastejo, provavelmente devido ao pasto

apresentar elevado valor nutritivo e estrutura adequada ao pastejo (alta densidade de

perfilhos e relação lâmina foliar/colmo). De acordo com Carvalho e Moraes (2005) um

pasto com uma massa de forragem adequadamente dimensionada, com alta proporção

de folhas jovens e, ou, uma massa de forragem residual pós-pastejo com elevada

proporção de folhas, representa um ambiente confortável e adequado do ponto de vista

alimentar para os animais em pastejo. Na situação contrária, os ovinos no pasto sob o

PD 8,5 fol/perf necessitaram de maior tempo de pastejo, a fim de atingir seus

requerimentos diários, já que o valor nutritivo do pasto sob PD mais longo não foi

elevado (Capítulo 5) e a estrutura (Capítulo 4) também não favoreceu o consumo (baixa

relação lâmina foliar/colmo) e por haver maior dispersão da massa de forragem ao

longo do dossel.

O tempo de ruminação (min/dia) foi influenciado pelo PD (P 0,05) (Tabela 2).

Esta atividade foi fortemente influenciada pelo tempo de pastejo e a qualidade da dieta,

ou seja, os pastos sob PD de 4,5 e 8,5 fol/perf, despenderam maior tempo em

ruminação, como consequência do maior tempo gasto com a atividade de pastejo. Como

as atividades do comportamento ingestivo são excludentes, a maior permanência dos

animais em pastejo, nos pastos sob PD de 4,5 e 8,5 fol/perf e resíduos de 10 cm,

implicou redução do tempo de ócio total, que diferiu entre o RPP (P<0,05) (Tabela 2).

117

Estes resultados similares aos verificados por Manzano et al. (2007) ao avaliarem o

comportamento ingestivo de novilhos sob suplementação em pastagens de capim-

tanzânia sob diferentes intensidades, verificaram que o maior tempo em ócio dos

animais poderia ser explicado pelos menores tempos de pastejo e ruminação.

Em relação às atividades consumo de sal e água, o período de permanência ou o

número de vezes, em que foram ao saleiro e ao cocho, foi pequeno, ocorrido devido à

idade do pasto, horário das avaliações e também pelos requerimentos dos animais. Foi

verificado efeito da interação PDxRPP (P 0,05) para o consumo de sal. Nos pastos sob

PD de 6,5 fol/perf e resíduo de 10 cm e 8,5 fol/perf e resíduos de 10 e 5 cm, foi

observado os menores consumo de sal (Tabela 3). A ingestão de água foi influenciada

pelo RPP (P 0,05) (Tabela 3). Os animais mantidos nos pastos manejados sob RPP de

10 cm foram mais vezes a procura de água, este comportamento pode estar associado ao

maior consumo de matéria seca (MS), fato observado para este resíduo (Tabela 6). A

freqüência de ingestão de água depende da temperatura (MENDES et al., 1976) e

também da natureza da dieta. A ingestão de água observada nos animais deste estudo foi

reduzida, provavelmente em decorrência da temperatura amena observada nos dias de

avaliação, associada a forragem verde, resultando em baixa ingestão.

118

Tabela 2. Atividades contínuas e pontuais de ovinos em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Resíduo pós-pastejo

Períodos de Descanso (folhas/perfilho)

Média 4,5 6,5 8,5

Pastejo (min/dia)

10 cm 577,00Aa 520,00Aa 592,00Ba 563,00

5 cm 543,00Ab 514,50Bb 553,00Aa 536,83

Média 560,00 517,25 572,5 -

Ruminação (min/dia)

10 cm 525,00 517,50 537,00 513,50

5 cm 443,00 416,00 474,50 444,50

Média 484,00a 466,75b 505,75a -

Ócio (min/dia)

10 cm 338,00 403,00 350,00 363,66B

5 cm 454,00 510,50 373,50 446,00A

Média 396,00 456,75 361,75 -

Ingestão de Sal (nº de vezes/ovino x dia)

10 cm 1,20Aa 0,75Bb 0,70Ba 0,88

5 cm 1,15Aa 1,65Aa 0,50Bb 1,10

Média 1,17 1,20 0,60 -

Ingestão de Água (nº de vezes/ovino x dia)

10 cm 1,80 1,30 0,90 1,33A

5 cm 0,85 1,05 0,95 0,95B

Média 1,32 1,17 0,92 -

Médias seguidas de mesmas letras, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

Houve influência do PD (P<0,05) para a taxa de bocado (Tabela 3). Nos pastos

manejados sob PD de 4,5 fol/perf foram verificados maiores taxas quando comparados

aos pastos manejados sob PD de 6,5 fol/perf. O animal em pastejo procura ajustar seu

comportamento ingestivo de modo a manter seu consumo mesmo com a variação na

119

estrutura da pastagem. Acredita-se que a superioridade da taxa de bocados dos ovinos

pastejando nestes pastos tenha sido em função da menor disponibilidade de forragem e

menor número de perfilhos, estando à massa de forragem mais dispersa ao longo do

perfil horizontal da pastagem. As médias de taxa de bocados verificadas nos pastos sob

PD de 4,5 fol/perf demonstraram que a baixa biomassa obrigou os animais a

aumentarem o número de bocados como forma de otimizar o consumo de forragem,

tendo em vista o suprimento das suas necessidades diárias. Silva et al. (2007)

verificaram que quanto menor a oferta de pasto e o número de perfilhos, maior a taxa de

bocados indicando que os animais tentam compensar à disponibilidade limitada. Para os

ovinos submetidos ao pastejo nos pastos manejados sob o PD 8,5 fol/perf a menor taxa

de bocados provavelmente ocorreu em função da maior dispersão da forragem ao longo

do perfil vertical da pastagem, além da ocorrência de lâminas mais resistentes à

apreensão pelo animal. Em condições em que a quantidade de forragem apreendida em

cada bocado é prejudicada a compensação pode ser feita aumentando o tempo de

pastejo ou alterando a taxa de bocados (CARVALHO et al., 2001). Neste estudo, os

ovinos utilizaram a taxa de bocados como principal estratégia para manter seu consumo

diante da variação na estrutura da pastagem.

Observou-se efeito da interação PDxRPP (P 0,05) para o número diário de

bocados (Tabela 3). Nos pastos manejados com PD de 6,5 fol/perf e ambos os resíduos

foram verificados menor número de bocados por dia.

Houve efeito da interação PDxRPP (P 0,05) para a massa do bocado (Tabela 3).

Com a variação na taxa de bocados era esperada uma variação na massa de bocados,

como forma de compensação para manter o consumo (CARVALHO et al., 2001;

AGREIL et al., 2005). Nos pastos manejados sob PD de 6,5 fol/perf e ambos os

resíduos foram verificados maiores valores de massa do bocado. Este comportamento

era esperado, visto que nestes pastos a taxa de bocado foi menor. A associação entre

massa do bocado e tempo do bocado, geralmente é negativa, pois, quanto maior for a

massa de forragem apreendida em um bocado, menor será o número de bocados

efetuados em determinado período de tempo.

120

Tabela 3. Taxa de bocado, número diário de bocados e massa do bocado de ovinos em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Resíduo pós-pastejo

Períodos de Descanso (folhas/perfilho)

Média 4,5 6,5 8,5

Taxa de Bocados (bocados/minuto)

10 cm 31,61 30,19 31,96 31,25

5 cm 32,30 30,30 30,90 31,16

Média 31,96a 30,25b 31,43ab -

Número diário de bocados (bocados/dia)

10 cm 18636,93Aa 16694,29Ba 15971,10Bb 17100,77

5 cm 17217,23Ab 15758,99Bb 18954,91Aa 17205,57

Média 17927,08 16226,64 17463,00 -

Massa do bocado (g/MS/bocado)

10 cm 0,029Bb 0,035Ab 0,034Ba 0,032

5 cm 0,034Ba 0,039Aa 0,030Bb 0,034

Média 0,031 0,037 0,032 -

Médias seguidas de mesmas letras, maiúscula na coluna e minúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

Os dias de pastejo afetaram o tempo de pastejo, de ruminação e de ócio (P<0,05)

(Tabela 4). Os ovinos no 4º dia de pastejo despenderam maior parte do tempo nas

atividades de pastejo e ruminação. Este comportamento pode ser explicado pelo fato de

no 4º dia de pastejo o rebanho, que executa o pastejo em camadas, já estar consumindo

o segundo terço ou o terço inferior das lâminas foliares verdes, cuja presença da nervura

central lignificada reduz sua taxa de degradação, incorrendo na necessidade de maior

tempo de ruminação. Além disso, por ser uma fração da lâmina foliar também com

menor potencial de degradação, provavelmente disponibilizará menos nutrientes e

energia para o animal, demandando maior tempo de pastejo por parte deste para atingir

sua saciedade, resultando no menor tempo em ócio.

121

O consumo de sal e água, em função dos dias de pastejo diferiu (P<0,05) (Tabela

4), onde as maiores freqüências foram verificadas no 4º dia de pastejo. Este

comportamento pode ser explicado pela redução na oferta de forragem.

Tabela 4. Atividades contínuas e pontuais nas 24 horas do 1º e 4º dia de pastejo de

ovinos em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Dias de pastejo

Aspectos comportamentais Pastejo

(min/dia) Ruminação (min/dia)

Ócio (min/dia)

Ingestão de Sal (nº de

vezes/ovino x dia)

Ingestão de Água (nº

de vezes/ovin

o x dia) 1º dia 500,00b 452,67b 487,33a 0,78b 1,00a 4º dia 597,16a 505,33a 337,51b 1,20a 1,28a

Média1 548,58 479,00 412,42 0,99 1,14 Médias nas colunas seguidas de mesma letra não diferem (P<0,05) entre si pelo teste de Tukey. 1Média do número de vezes (freqüência) que os cinco ovinos executaram a atividade ao longo do período das 24 horas.

A taxa de bocado, o número diário de bocados e a massa de bocado em função

dos dias de pastejo diferiram entre os tratamentos (P<0,05) (Tabela 5). A taxa de

bocado é uma resposta direta a variações na pastagem (HODGSON, 1986) e aumenta

quando diminuem a biomassa e a altura (ALLDEN & WHITTAKER, 1970). O mesmo

comportamento foi verificado para o número diário de bocados. A massa do bocado

teve resultado contrario, uma vez que, com a redução da oferta de forragem, esta tende

a diminuir.

Tabela 5. Taxa de bocado, número diário de bocados e massa do bocado nas 24 horas

do 1º e 4º dia de pastejo de ovinos em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Dias de pastejo

Aspectos comportamentais Taxa de bocados (bocados/min)

Número diário de bocados

(bocados/dia)

Massa de bocado (g/MS/bocado)

1º dia 30,33b 15214,5b 0,043a 4º dia 32,09a 19196,7a 0,024b

Média1 31,21 17205,6 0,033 Médias nas colunas seguidas de mesma letra não diferem (P<0,05) entre si pelo teste de Tukey. 1Média do número de vezes (freqüência) que os cinco ovinos executaram a atividade ao longo do período das 24

horas.

122

A matéria seca (MS) das amostras obtidas através da simulação de pastejo foi

influenciada pelos dias de pastejo (P<0,05) (Tabela 6). O maior teor de MS foi

verificado no 1º dia de pastejo.

Os teores de proteína bruta (PB) foram influenciados pelos períodos de descanso

(PD) e resíduos pós-pastejo (RPP) (P<0,05) (Tabela 6). As amostras obtidas nos pastos

manejados sob PD de 4,5 fol/perf e RPP de 5 cm apresentaram maior teor de PB no 1º

dia de pastejo, provavelmente pelo menor PD e conseqüentemente uma menor idade

fisiológica, resultando melhor qualidade da forragem ofertada para o animal. Carnevalli

et al. (2001), avaliando o desempenho de ovinos e as características do dossel forrageiro

de Tifton 85 em pastos mantidos em diferentes alturas, também observaram maior teor

de PB para os pastos mantidos mais baixos. Isso demonstra a importância de se manter

os pastos em idade mais jovem, apresentando menor massa de forragem. Voltolini et al.

(2009) em pesquisa conduzida com capim-tifton 85 em ciclos de pastejo de 24 dias,

verificaram teor de proteína bruta de 10,86%, inferior aos teores obtidos nesta pesquisa

no 1º dia de pastejo, indicando que a forragem utilizada no 1º dia de pastejo apresentou

elevado valor nutritivo.

Os teores de extrato etéreo (EE) em função dos PD; RPP e dias de pastejo, não

apresentaram diferença (P 0,05) (Tabela 6).

O teor de fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) em função dos dias de

pastejo diferiu (P<0,05). Os teores no 4º dia de pastejo foram superiores em todos os

pastos em comparação aos teores no 1º dia de pastejo (Tabela 6). Esta superioridade

pode ser explicada pela condição estrutural do pasto, pois no 1º dia de pastejo o pasto

contém maior proporção de lâminas foliares verdes e conseqüentemente, melhor

qualidade, e com o pastejo seletivo feito pelo animal sobre a fração lâmina foliar nos

primeiros dias de pastejo a relação lâmina foliar/colmo diminui, aumentando o teor de

FDN do pasto ofertado e, conseqüentemente, da dieta selecionada pelos ovinos nos

últimos dias de pastejo. De acordo com Barthram e Grant (1984) essa resposta também

é conseqüência do pastejo em camadas realizado pelos ruminantes, ingerindo a

forragem contida no ápice do dossel nos primeiros dias, restando à forragem mais velha

para ser consumida nos últimos dias de pastejo. Cândido et al. (2005) avaliando o valor

nutritivo da dieta amostrada por pastejo simulado em piquetes de Panicum maximum cv.

123

Mombaça ao longo do período de pastejo verificou teores de FDN para o 1º dia de pastejo

em média de 66,1% e no 5º dia de pastejo 70,5% de FDN na dieta amostrada.

O teor de fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) em função dos dias de

pastejo diferiu (P<0,05). Os teores de FDA no 4º dia de pastejo foram superiores em

todos os pastos em relação aos teores no 1º dia de pastejo (Tabela 6). Estas diferenças

estão associadas à mudança da composição da estrutura do pasto no decorrer dos dias de

pastejo, conforme explicado anteriormente, nos manejados sob RPP de 5 cm foi

verificado que os teores de FDA foram inferiores, quando comparado aos pastos com

RPP de 10 cm. Os menores teores de FDA no RPP de 5 cm podem ser explicados

devido à constante renovação de folhas em pastos manejados mais baixos, contribuindo

para a menor proporção de constituintes da parede celular. Avaliando o teor de FDA da

dieta amostrada por pastejo simulado em piquetes de Panicum maximum cv. Mombaça

sob três períodos de descanso, Cândido et al. (2005) obteve médias em função dos dias

de pastejo médias de 31,5% para o 1º dia de pastejo e 35,9% para o 5º dia de pastejo

Os dias de pastejo afetaram a digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS)

da dieta consumida pelos ovinos (P<0,05) (Tabela 6). No 1º dia de pastejo, as médias

observadas para a digestibilidade aparente da forragem foram superiores (P<0,05), em

todos os pastos, em relação às medias observadas nos pastos no 4º dia de pastejo. O

decréscimo da DIVMS foi mais destacado à medida que avançou o período de pastejo do

1º para o 4º dia de pastejo, especialmente nos maiores períodos de descanso (6,5 e 8,5

fol/perf), reafirmando que a qualidade da forragem diminui com o suceder dos dias do

período de pastejo, decorrente da seleção dos ovinos das frações de maior valor

nutritivo nos primeiros dias, reduzindo essa oferta nos últimos dias de pastejo. Do ponto

de vista de nutrição animal, Hamilton et al. (1970) relataram que valores acima de 65%

para a DIVMS são indicativos de bom valor nutritivo, o que permite bom consumo de

energia digestível.

124

Tabela 6. Composição químico-bromatológica e DIVMS das amostras obtidas através da simulação de pastejo no 1º e 4º dia de ocupação do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Dia de pastejo

Período de descanso e resíduo pós-pastejo 4,5 e 10

cm 4,5 e 5

cm 6,5 e 10

cm 6,5 e 5

cm 8,5 e

10 cm 8,5 e 5

cm Média

Matéria seca CV % = 14,46 1º 22,78 26,87 25,30 23,49 26,44 26,59 25,24A 4º 17,34 17,97 19,23 21,62 20,65 19,71 19,42B

Média 20,06 22,42 22,26 22,55 23,54 23,15 - Proteína bruta (%MS) CV % = 23,50

1º 11,45 15,48 10,70 11,67 9,79 9,42 11,41A 4º 10,48 7,08 8,67 7,51 8,35 10,58 8,77B

Média 10,96ab 11,28a 9,68ab 9,59ab 9,07b 10,00ab - Extrato etéreo (%MS) CV % = 30,68

1º 2,07 2,26 2,12 2,18 2,04 1,58 2,04 4º 2,05 2,07 2,23 1,87 2,27 1,43 1,98

Média 2,06 2,16 2,17 2,02 2,15 1,50 -

Fibra insolúvel em detergente

neutro (%MS) CV % = 2,91

1º 75,66 75,94 77,25 76,01 77,59 77,61 76,67B 4º 78,12 78,61 77,70 77,68 79,25 78,44 78,30A

Média 76,89 77,27 77,47 76,84 78,42 78,02 -

Fibra insolúvel em detergente

ácido (%MS) CV % = 5,86

1º 29,75 29,62 31,32 30,83 31,61 30,91 30,67B 4º 33,02 32,16 33,52 31,68 33,51 31,43 32,55A

Média 31,38 30,89 32,42 31,25 32,56 31,17 -

Digestibilidade in vitro da

matéria seca (%MS) CV % = 4,80

1º 66,19 68,83 65,24 66,79 61,69 64,19 65,50A 4º 55,94 52,94 52,69 52,95 52,32 52,23 53,17B

Média 61,10 60,88 58,96 59,87 57,00 58,21 - Médias seguidas de mesmas letras, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de

Tukey (P>0,05).

125

O peso corporal final (PC) dos animais foi influenciado pelo PD (P<0,05)

(Tabela 7), e os ovinos mantidos nos pastos manejados sob PD de 4,5 fol/perf

apresentaram maior PC final quando comparados aos ovinos dos demais tratamentos,

provavelmente o maior PC, deve ser resultado do consumo de pastos de melhor

qualidade e que tenham suprido as exigências nutricionais dos animais.

O ganho de peso total (GPT) foi influenciado pelo PD (P<0,05) (Tabela 7). Os

ovinos mantidos nos pastos manejados sob PD de 4,5 fol/perf em ambas as alturas

residuais, apresentaram maior GPT. Isso é resultado do menor período de descanso ao

qual a gramínea foi submetida, propiciando uma forragem de melhor qualidade, o que

corrobora o maior ganho médio diário GMD observado nos ovinos mantidos nestes

pastos. Neste estudo o maior acúmulo de forragem foi verificado nos pastos manejados

sob maior PD, no entanto isso não resultou em maiores ganhos de peso para os animais,

pode-se deduzir, portanto, que ocorreu menor eficiência de utilização da forragem

produzida nos pastos sob PD de 8,5 fol/perf, uma vez que, a maior eficiência de

utilização é conseguida quando o manejo associa período de descanso e resíduo pós-

pastejo de forma a minimizar as perdas de forragem. Em experimento avaliando a

resposta animal em relação à altura do dossel em pastagem de Tifton 85, numa

amplitude de 5 a 20 cm, Carnevalli et al. (2001)verificaram maiores ganhos individuais

de ovinos e produção por área nas maiores alturas do pasto, onde também foram

verificadas as maiores disponibilidades de forragem.

O GMD foi afetado pelo PD e pelo RPP (P<0,05) (Tabela 7), observou-se que os

ovinos mantidos nos pastos manejados sob PD de 4,5 fol/perf apresentaram

desempenho superior aos mantidos nos pastos sob PD de 6,5 fol/perf, que por sua vez,

foram superiores àqueles mantidos nos pastos sob PD de 8,5 fol/perf. Os maiores GMD,

observados nos PDs de 4,5 e 6,5 fol/perf, podem ser justificados pela melhor qualidade

da forragem disponível, uma vez que folhas mais jovens apresentam valor nutritivo

superior e permitem maiores incrementos diários de peso vivo. O comprometimento do

desempenho animal, nos pastos manejados com maiores PDs, pode ser consequência da

redução do consumo de forragem, devido as características estruturais, principalmente a

redução da relação lâmina foliar/colmo. Os pastos manejados com o maior resíduo

foram diferentes (P<0,05) dos pastos com menor resíduo. Essa resposta era esperada,

uma vez que, um resíduo mais alto favorece a seletividade do animal, permitindo o

126

consumo de uma forragem de melhor qualidade, e, por consequência um desempenho

superior. Bianchini (1998) comparou o efeito de quatro alturas de manejo em pastagem

de coast cross no desempenho de ovinos, onde as alturas da forragem remanescente pós-

pastejo foram: 4 a 6; 10 a 13; 16 a 19 e 22 a 25 cm, onde as duas maiores alturas de

manejo, mostraram redução na proteína e disgetibilidade da matéria seca, bom como,

menor ganho de peso vivo por área. Os valores de GMD dos ovinos no presente estudo

foram similares aos relatados por Carnevalli et at. (2001), que, estudando o desempenho

de ovinos em pastagem de Tifton 85 sob lotação contínua, relataram ganhos variando de

31,3 a 46,8 g/ovino x dia.

O consumo de matéria seca foi influenciado pelo RPP (P<0,05) (Tabela 7), os

pastos manejados sob RPP de 10 cm obtiveram melhor resposta no consumo de matéria

seca, com médias diárias de 0,604 (g/ovino), em relação a menor altura residual de

pastejo. Esta resposta no consumo de matéria seca, nos pastos com maior altura

residual, é reflexo da maior oferta de forragem, permitindo o pastejo seletivo e o

consumo de forragem de melhor qualidade, propiciando ao animal uma melhor

performance. Andrade (2003) observou em bovinos que de uma forma geral, pastos

mantidos mais baixos resultaram em menor massa de bocado, o que levou a um menor

consumo de forragem e, conseqüentemente, desempenho animal, apesar da tentativa dos

animais compensarem essa redução por meio do aumento do número de bocados

realizados por unidade de tempo e aumento do tempo gasto com a atividade de pastejo.

No entanto o consumo de matéria seca dos ovinos neste estudo foi inferior ao relatado

na literatura, e provavelmente tenha sido comprometido pela ocorrência de chuvas ao

longo do período experimental.

127

Tabela 7. Desempenho produtivo e consumo de matéria seca de ovinos em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Resíduo pós-pastejo

Períodos de Descanso (folhas/perfilho)

Média 4,5 6,5 8,5

Peso corporal final (kg) CV% = 10,25

10 cm 32,92 31,90 31,50 32,10

5 cm 31,30 31,14 30,26 30,90

Média 32,11a 31,52b 30,88b -

Ganho de peso total (kg) CV% = 26,40

10 cm 8,18 9,08 6,58 7,94

5 cm 8,98 6,48 5,68 7,04

Média 8,58a 7,78ab 6,13b -

Ganho médio diário (g/animal x dia) CV% = 26,62

10 cm 46,21 34,81 45,40 42,14A

5 cm 50,33 29,58 31,76 37,22B

Média 48,27a 38,58ab 32,19b -

Consumo de matéria seca (g/ovino x dia) CV% = 16,15

10 cm 0,620 0,669 0,633 0,640A

5 cm 0,511 0,530 0,555 0,532B

Média 0,565 0,599 0,594 -

Médias seguidas de mesmas letras, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

A taxa de lotação de animais por hectare, foi influenciada somente pelos PDs

(P<0,05) as menores taxas foram verificadas nos pastos manejados sob PD de 4,5 e 6,5

fol/perf em relação àqueles manejados sob PD 8,5 fol/perf (Tabela 8). A taxa de lotação

em unidades animal por hectare teve o mesmo comportamento que os pastos manejados

sob PD 8,5 fol/perf foram superiores (P<0,05) (Tabela 8) aos pastos sob PDs 4,5 e 6,5

fol/perf e que este último tendeu a ser superior aos piquetes sob PD mais curto. As

diferenças entre as duas taxas de lotação entre os pastos são reflexos, em grande parte,

do maior tempo de crescimento dado aos pastos sob o PD 8,5 fol/perf em relação aos

128

mantidos sob o PD 6,5 fol/perf e desses em relação aos submetidos ao PD 4,5 fol/perf,

fato esse que acarretou menor acúmulo de forragem nos pastos manejados sob menores

PDs. A maior capacidade de suporte, em unidades animal, observada para os pastos

manejados sob PD de 8,5 fol/perf, deve ser analisada com atenção, pois, embora se

consiga manter maior número de ovinos por hectare, a produtividade é baixa, resultando

em menor desempenho dos animais.

Tabela 8. Taxa de lotação de ovinos em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Resíduo pós-pastejo

Períodos de Descanso (folhas/perfilho)

Média 4,5 6,5 8,5

Taxa de lotação em animais/ha CV% = 13,15

10 cm 70,0 74,3 84,1 76,13

5 cm 69,1 72,5 85,2 75,6

Média 69,55b 73,4b 84,65a -

Taxa de lotação em unidades animais/ha CV% = 12,00

10 cm 8,0 7,9 8,0 7,9

5 cm 7,6 7,0 8,5 7,7

Média 7,8b 7,4b 8,2a -

Médias seguidas de mesmas letras, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

O consumo de matéria seca em função dos dias de pastejo foi diferente entre o 1º

e 4º dia de pastejo (P<0,05) (Tabela 10), onde as médias do 1º dia de pastejo foram

superiores em todos os pastos. A superioridade do consumo de matéria seca no 1º dia de

pastejo, provavelmente está relacionada com a maior seletividade do pastejo pelos

ovinos. O teor de FDN constitui o componente químico-bromatológico do volumoso

que possui mais estreita correlação com o consumo, sendo esta inversa e valores acima

de 55 a 60% se correlacionam negativamente com o consumo de forragem (VAN

SOEST, 1965; MERTENS, 1987). O consumo de alimento relaciona-se com os

bocados, tanto em número, quanto em massa do bocado. Mudanças na taxa de bocados

têm sido observadas, como mecanismo compensatório, para manter a ingestão de

129

matéria seca relativamente constante, frente a variações na massa de bocados em

situação de baixa disponibilidade de forragem (CHACON et al., 1976; PENNING et al.,

1991).

Tabela 10. Consumo de matéria seca de ovinos no 1º e 4º dia de ocupação do capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Dia de pastejo

Período de descanso e resíduo pós-pastejo 4,5 e 10

cm 4,5 e 5

cm 6,5 e 10

cm 6,5 e 5

cm 8,5 e 10

cm 8,5 e 5

cm Méd

ia Consumo de matéria seca

(g/ovino x dia) CV % = 17,24

1º 0,712 0,573 0,802 0,615 0,731 0,641 0,679A

4º 0,528 0,449 0,536 0,445 0,535 0,468 0,494B

Média 0,620ab 0,511b 0,669a 0,530ab 0,633ab 0,554ab - Médias seguidas de mesmas letras, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).

CONCLUSÕES

O comportamento ingestivo de animais em pastejo é sensível a variações na

estrutura do dossel forrageiro

Os ovinos mantidos nos pastos sob PD de 4,5 e 8,5 fol/perf em ambos os

resíduos pós-pastejo despederam maior tempo em pastejo.

O maior consumo de matéria seca foi obtido no 1º dia de pastejo.

Os ovinos mantidos nos pastos manejados a uma altura residual de 10 cm

apresentaram maior ganho médio diário e maior consumo de matéria seca.

Os pastos manejados sob períodos de descanso de 4,5 e 6,5 fol/perf

proporcionaram melhor desempenho animal.

130

REFERÊNCIAS

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133

CAPÍTULO 7

____________________________________________________________

Características de carcaça, componentes não-carcaça e composição centesimal do músculo Longissimus dorsi de ovinos terminados em capim-

tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

134

Características de carcaça, componentes não-carcaça e composição centesimal do músculo Longissimus dorsi de ovinos em capim-tifton 85 manejado sob três

períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

RESUMO: Avaliaram-se as características da carcaça de ovinos da raça Santa Inês,

submetidos a diferentes estratégias de manejo, em pastagem de capim-tifton 85. Foram

utilizados 30 ovinos prova e número variável de animais reguladores, com peso corporal

(PC) inicial de 20 kg, os quais foram distribuídos em um delineamento experimental

inteiramente casualizado em arranjo fatorial 3x2, sendo três períodos de descanso (PD):

4,5; 6,5 e 8,5 (nº de folhas/perfilho) e dois resíduos pós-pastejo (RPP): 5 e 10 cm. Após

alguns ciclos de pastejo, com a intensificação do efeito dos tratamentos sobre o ganho

de peso dos animais, foi realizado o abate, quando os animais atingiram uma média de

32 kg, pelo grupo de animais de prova de tratamento, sendo que, neste momento, todos

os animais de prova de todos os tratamentos foram abatidos no mesmo dia. Períodos de

descanso do pasto de 4,5; 6,5 e 8,5 fol/perf não alteram o rendimento comercial, a

espessura de gordura e a área de olho de lombo em ovinos pastejando em capim-tifton

85. O resíduo pós-pastejo mais elevado proporcionou maior rendimento biológico.

Termos para indexação: cortes, espessura de gordura, manejo, rendimento de carcaça.

135

Characteristics of carcass, components not-carcass and centesimal composition of the Longissimus muscle dorsi of sheep of the tifton 85 grass managed under three

periods of rest and two post-grazing residues

Abstract: The characteristics of the carcass of sheep of the race had been evaluated

Saint Ines, submitted the different strategies of handling, in pasture of capim-tifton 85.

Sheep ones had been used 30 prove and changeable number of regulating animals, with

weight corporal (PC) initial of 20 kg, which had been distributed in an experimental

delineation entirely casualizado in factorial arrangement 3x2, being three periods of rest

(PD): 4,5; 6,5 and 8,5 (leaves/tiller) and two residues after-pastejo (RPP): 5 and 10 cm

After some cycles of pastejo, with the intensification of the effect of the treatments on

the profit of weight of the animals, abate were carried through it, when the animals had

reached a of 32 kg, for the group of animals of test of treatment, being that, at this

moment, all the animals of test of all the treatments had been abated in the same day.

Periods of rest of the grass of 4,5; 6,5 and 8,5 leaves/tiller do not modify the

commercial income, the thickness of fat and the loin eye area in sheep grazing in

capim-tifton 85. The raised post-grazing residues more provided to greater biological

income.

Index-terms: cuts, thickness of fat, handling, income of carcass.

136

INTRODUÇÃO

A criação de pequenos ruminantes no Nordeste brasileiro é uma atividade básica

e generalizada, sendo praticada por grande número de produtores rurais, representando

uma atividade de grande importância sócio-econômica. A exploração de ovinos na

região Nordeste é conduzida na maioria, sob forma extensiva, apresentando pouca

produtividade, em razão ao baixo nível tecnológico aplicado ao manejo animal e do

potencial genético dos rebanhos, que muitas vezes só permite que o animal adquira peso

adequado ao abate ao atingir idade elevada, encarecendo, portanto, o produto final

(SIQUEIRA, 1999; REIS, 2001).

O rebanho ovino do Brasil é de 14.027.271 cabeças, sendo que na Região

Nordeste encontra-se 8.001.613 cabeças (ANULPEC, 2008). O país ocupa o 16º lugar

no ranking mundial em número de cabeças, sendo que a China está em 1º lugar com

366.641.000 cabeças. O consumo de carne ovina no Brasil ainda é baixo, em torno de

800 g/per capita/ano, no entanto, o setor está em fase de crescimento, pois estima-se

que a produção atingirá 100 milhões de cabeças nos próximos 10 anos e o segmento se

firmará como boa alternativa de investimento. A carne apresenta-se com uma alternativa

viável economicamente para o setor da ovinocultura. O mercado da carne ovina está em

franca ascensão em todo o país. Os preços hoje praticados no âmbito de unidade

produtiva representam bem mais do que o preço pago pela carne bovina nas mesmas

condições.

A produção de carne representa uma alternativa econômica para o Nordeste,

principalmente pela a adaptação dos animais as condições climáticas. Entretanto nota-se

que há escassez de informações sobre as características quantitativas da carcaça. Estas

informações são de grande importância, uma vez que, torna-se um ponto chave para

obter carcaças magras com peso e idade de abate adequados, em virtude de um mercado

consumidor cada vez mais exigente em produtos saudáveis. A preferência pela carne

ovina apresenta aspectos comuns, como busca por carne macia com pouca gordura e

muito músculo, comercializada a preços acessíveis (SILVA SOBRINHO, 2001).

A carne ovina, esta é uma fonte de proteína de alto valor biológico, presente na

dieta das populações de quase todos os países (ALMEIDA, 1990). Contudo, devido à

atenção que o consumidor tem dado para a relação entre dieta e saúde, há uma crescente

137

preocupação com o conteúdo de gordura e colesterol dos produtos de origem animal.

Atualmente, os profissionais da saúde recomendam dietas com baixas calorias, baixo

teor de gorduras saturadas e baixo colesterol a fim de reduzir o risco à saúde. Devido a

estes aspectos, o conhecimento da composição tecidual da composição centesimal e do

teor de colesterol da carne ovina adquire grande importância, fazendo-se necessários

estudos que identifiquem produtos mais saudáveis e que atendam a demanda dos

consumidores.

Alguns aspectos são fundamentais, nesta fase de plena expansão da atividade de

produção de carne, como: adoção de estratégias de manejo e abate adequado, com o

objetivo de se obter um produto de boa qualidade. De acordo com Sañudo e Sierra

(1993), a alimentação pode alterar as características da carcaça. A utilização de

forrageiras de alta qualidade e elevado valor nutritivo é considerada uma alternativa nos

sistemas de produção de carne ovina, o que reflete de maneira significativa no ganho de

peso do animal. Outro aspecto de extrema relevância no sistema de produção é a

exploração de raças adaptadas as condições da Região Nordestina. A raça Santa Inês é a

que apresenta precocidade aliada a uma resistência as parasitoses, fertilidade e

prolificidade, mostrando-se promissora para a produção de carne.

A pesquisa foi realizada com o objetivo de avaliar as características da carcaça e

composição centesimal da carcaça de ovinos da raça Santa Inês, terminados em

pastagem de capim-tifton 85 submetidos a três períodos de descanso e dois resíduos

pós-pastejo, no Nordeste brasileiro.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida no Setor de Produção de Ovinos do Campo

Experimental de Bebedouro, pertencente à Embrapa Semiárido, localizado no

Município de Petrolina-Pernambuco. Durante o mês de outubro foi efetuada a divisão

da área em piquetes e ajuste da metodologia de trabalho. A coleta de dados ocorreu

entre os meses de novembro de 2008 a junho de 2009, totalizando nove meses. O clima

da região é classificado como quente e seco, sendo caracterizada por duas estações bem

definidas, uma chuvosa, de janeiro a maio, e outra seca, de junho a dezembro.

138

Foram avaliados três períodos de descanso 4,5; 6,5 e 8,5 (número de

folhas/perfilho) e dois resíduos pós-pastejo 5 e 10 cm, em um delineamento

experimental inteiramente casualizado em arranjo fatorial 3x2 com cinco repetições

(animais). A área experimental foi composta de 0,82 ha de pastagem cultivada com

capim-tifton 85 irrigada por aspersão com canhões com distribuição de água durante o

dia. Utilizou-se o método de pastejo sob lotação intermitente, com lotação variável,

mantendo-se animais prova nos piquetes e também animais reguladores para ajuste da

taxa de lotação, segundo a técnica da taxa de lotação variável. A pastagem foi

subdivida, com tela campestre, em 37 piquetes de 180 m2 cada, destes piquetes 24 foram

considerados amostrais. Foram utilizados 30 ovinos de prova e um número variável de

animais de equilíbrio, da raça Santa Inês, machos castrados, com peso corporal (PC)

inicial de ± 20 kg, os quais foram previamente identificados, vermifugados e, em grupos

de cinco, distribuídos por sorteio em seis tratamentos. Foram efetuadas adubações de

reposição com nitrogênio, em cada piquete, no momento da saída dos animais, nas

seguintes doses: 0,971; 1,110; 1,320; 1,475; 1,666 e 1,800 g, de acordo com o período

de descanso.

O abate foi realizado no dia 2 de junho de 2009, no Abatedouro Escola do

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão de Pernambuco (IF

Sertão PE). O critério utilizado para determinar o abate dos animais foi o alcance de um

peso corporal de ± 32 kg pelo grupo de animais de prova de um tratamento, sendo que a

neste momento, todos os animais de prova de todos os tratamentos foram abatidos no

mesmo dia. Na véspera do abate, os ovinos foram pesados e mantidos em jejum

alimentar por 16 horas (COATES & PENNING, 2000). O abate foi realizado através de

atordoamento e sangria da veia jugular e artéria carótida, com coleta e pesagem do

sangue. Em seguida foi feita a esfola e a evisceração. O trato gastrintestinal (TGI), a

bexiga e a vesícula biliar foram esvaziados e limpos para a obtenção do peso do corpo

vazio (PCV), que foi obtido subtraindo-se do peso ao abate (PA), os pesos referentes ao

conteúdo do TGI e aos líquidos contidos na bexiga e na vesícula biliar. Todos os não

componentes da carcaça foram separados e pesados, sendo: vísceras, conteúdo do trato

gastrintestinal cheio, conteúdo do trato gastrintestinal vazio e pele (OSÓRIO, 1992).

Após a separação dos não componentes da carcaça foi obtido o peso da carcaça

quente (PCQ), que foi utilizado para estimar o rendimento de carcaça quente (RCQ =

139

PCQ/PA x 100). O rendimento biológico (RB) foi obtido a partir da razão entre o peso

da carcaça quente e o peso de corpo vazio (RB = PCQ/PCV x 100). Em seguida, as

carcaças foram acondicionadas em sacos plásticos e transportadas para uma câmara fria

a 5ºC, onde permaneceram penduradas pelos tendões da perna com ganchos de metal

por um período de 24 horas (Figuras 1 e 2). Ao final desse período as carcaças foram

pesadas para a obtenção do peso da carcaça fria (PCF), que foi utilizado para estimar o

rendimento da carcaça fria (RCF = PCF/PA x 100). O porcentual de perda de peso da

carcaça pelo resfriamento foi obtido pela fórmula PPR= ((PCF/ PCQ) x 100).

Figuras 1 e 2. (1): carcaças de ovinos acondicionadas em sacos plásticos e (2): Carcaças de

ovinos na câmara fria a 5ºC.

As carcaças foram divididas longitudinalmente (Figura 4), em seguida, a meia

carcaça direita foi dividida em seis cortes comerciais: pescoço, serrote, costilhar, paleta,

lombo e pernil, os quais foram pesados para cálculo dos seus rendimentos em relação ao

peso da carcaça (Figura 3). Entre a 12ª e a 13ª vértebras torácicas, foi realizado um corte

para expor a secção transversal do músculo Longíssimus dorsi, sobre o qual foi traçada

a área de olho do lombo (AOL) em película transparente (Figura 5) e em seguida foram

efetuadas mensurações para a obtenção da referida área, com o auxilio do programa

AutoCAD. Ainda no músculo longissimus dorsi, foi obtido à espessura de gordura, com

o paquímetro (Figura 6) e as amostras do músculo (Figura 7) foram em seguida

1 2

140

homogeneizadas em multiprocessador para serem determinados os teores de umidade,

matéria mineral e proteína bruta, conforme procedimentos descritos em Carvalho e Jong

(2002). O estrato etéreo foi determinado por meio do extrator de gordura, modelo

ANKOM® XT – 10.

Figura 3. Meia carcaça foi dividida em seis cortes comerciais: pescoço, serrote, costilhar, paleta, lombo e pernil.

Pescoço

Paleta Pernil

Lombo

Serrote

Costilhar

141

Figuras 4, 5, 6 e 7. (4): Corte longitudinal da carcaça; (5): Traçado da área de olho de lombo em película transparente; (6): Medição da espessura de gordura, com o paquímetro digital e (7): Longíssimus dorsi.

Os dados foram submetidos à análise de variância e teste de comparação de

medias. A comparação de médias foi efetuada utilizando-se o teste de Tukey, ao nível

de 5% de probabilidade. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas, utilizou-se

o procedimento GLM, do programa estatístico SAS (SAS INSTITUTE, 2003).

4 5

6 7

142

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O peso vivo de abate (PVA) e peso da carcaça fria (PCF) não foram

influenciados pelos PDs (P 0,05), nem pelos RPPs (P 0,05) e nem pela PDxRPP

(Tabela 1). Apesar de não ter sido verificado diferenças significativas entre os ovinos

mantidos nos pastos manejados sob PDs e RPPs diferentes, os terminados nos pastos

sob PD 4,5 fol/perf e resíduo de 10 cm apresentaram maior valor numérico nas médias

para o PVA.

O peso da carcaça quente (PCQ) foi afetado pelo PD (P 0,05) (Tabela 1). Os

ovinos terminados nos pastos manejados com PD 4,5 fol/perf apresentaram maiores

médias. Os PCF e PCQ encontrados neste experimento foram considerados aceitáveis

para o comércio, pois de acordo com Pires et al. (1999) o consumidor prefere carcaças

com peso entre 12 e 15 kg. O maior PCQ correspondeu ao peso mais elevado de abate,

igualmente ao relatado por Motta et al. (2001). Essa clássica relação positiva, entre o

peso vivo e o peso da carcaça, sugere o uso do peso vivo pelos produtores para a

realização da seleção de animais para o abate, sejam de uma mesma raça ou

geneticamente semelhantes. O peso máximo de abate foi obtido nos pastos manejados

sob o menor PD. Destaca-se o fato de que pequenas mudanças na altura ou oferta de

lâminas foliares resultaram em grandes alterações no peso final dos ovinos.

Os rendimentos apresentados neste experimento foram inferiores aos obtidos

para borregos Santa Inês que são especializados para carne (ALVES et al. 2003). Esses

menores rendimentos podem ser atribuídos aos animais com grau de acabamento de

carcaça inferior. Houve efeito do PD (P<0,05) para rendimento verdadeiro (RV) onde

os maiores rendimentos foram obtidos nos pastos manejados sob PD de 4,5 fol/perf

(Tabela 1).

O período de descanso (P<0,05) e a altura de manejo do pasto (P<0,05)

interferiram no rendimento biológico (RB). Os ovinos mantidos os pastos manejados

sob PD de 4,5 fol/perf e resíduo de 10 cm apresentaram maior RB. O menor período de

descanso proporcionou aos ovinos uma forragem de melhor valor nutritivo, atendendo

as necessidades nutricionais. A altura de manejo determinou, indiretamente, a

quantidade de nutrientes disponíveis para serem convertidos em produto animal. Em

baixas alturas residuais, como nos pastos a 5 cm de altura, o desempenho dos animais

143

foi restringido tanto pela oferta de forragem como pela sua dificuldade de apreensão

(POPPI et al., 1987).

A diferença verificada com relação ao rendimento de carcaça é um dado

importante do ponto de vista de mercado, pois, de acordo com Carvalho et al. (2005b), o

menor rendimento de carcaça faz com que uma menor proporção de material comestível

resultante do abate esteja disponível para o consumidor, o que acaba prejudicando o

resultado final obtido pelo sistema produtivo utilizado.

Não foi verificado efeito do PD (P 0,05), do RPP (P 0,05) e nem da interação

PDxRPP (P 0,05) para a espessura de gordura (EG) e a área de olho de lombo (AOL).

A EG quando em excesso, pode ser restritiva na escolha do consumidor. O valor médio

para esta variável neste trabalho foi de 1,48 mm, podendo ser considerado baixo, não

proporcionando boa cobertura de gordura nas carcaças. De acordo com Silva Sobrinho

(2001) a baixa espessura de gordura (EG) pode estar relacionada à idade dos animais ou

processo de retirada do couro, uma vez que parte dessa gordura pode ter sido removida

com a pele, pode-se ainda citar a alimentação a base exclusivamente de pastagem como

um dos fatores para o resultado esperado. Para a variável AOL, o valor médio para

todos os animais foi 10,65 cm², sendo considerado que a quantidade de músculo da

carcaça produzida, é que a parte comercialmente mais valorizada.

144

Tabela 1. Características da carcaça, espessura de gordura e área de olho de lombo de ovinos em pastagem de capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Médias seguidas de mesmas letras maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey.

De acordo com Osório et al. (1996b) o não-aproveitamento adequado dos

componentes de não-carcaça representa uma perda de alimento e matéria-prima, que

Resíduo Pós-Pastejo Período de Descanso (n0 de folhas/perfilho)

4,5 6,5 8,5 Média Peso vivo de abate – PVA (kg) CV = 8,40

10 cm 32,91 29,16 31,39 31,15 5 cm 31,42 30,26 31,71 31,13

Média 32,16 29,71 31,55

Peso da carcaça quente – PCQ (kg) CV = 11,05

10 cm 14,34 12,10 14,03 13,49 5 cm 14,18 11,99 13,88 12,86

Média 14,26a 12,04b 13,95ab

Peso da carcaça fria – PCF (kg) CV = 12,56

10 cm 13,75 11,83 13,48 13,02 5 cm 12,09 11,75 12,41 12,57

Média 12,92 11,79 12,94

Rendimento verdadeiro – RV (%) CV = 6,33

10 cm 45,74 41,45 42,57 43,25 5 cm 44,80 39,69 39,35 41,28

Média 45,27a 40,57b 40,94b

Rendimento biológico – RB (%) CV = 6,32

10 cm 50,93 46,86 48,23 48,67A 5 cm 49,95 44,37 44,68 46,33B

Média 50,44a 45,61b 46,45b

Rendimento comercial – RC (%) CV = 8,42

10 cm 42,96 40,48 41,72 41,72 5 cm 43,68 38,88 38,32 40,29

Média 43,32 39,68 40,02

Espessura de gordura – EG (mm) CV = 27,92

10 cm 1,86 1,30 1,34 1,50 5 cm 1,29 1,56 1,57 1,47

Média 1,57 1,43 1,45

Área de olho do lombo – AOL (cm) CV = 20,78

10 cm 10,68 11,39 10,12 10,73 5 cm 10,89 10,63 10,20 10,57

Média 10,78 11,01 10,16

145

poderiam colaborar para diminuir o preço dos produtos para os consumidores e

melhorar o nível de vida das populações de baixo poder aquisitivo. Além do que,

conforme Silva Sobrinho (2001), a comercialização de constituintes de não-carcaça

também pode trazer benefícios econômicos para os produtores de cordeiros, agregando

valor ao produto. De acordo com Delfa et al. (1991) o fígado, o coração e os rins

apresentam elevada demanda pelos consumidores, pois são os mais atrativos e de fácil

digestão (HOPKINS, 1981), o que os tornam mais valorizados comercialmente, quando

comparados com as demais vísceras comestíveis, como exemplo, os pulmões, traquéia,

língua, entre outros.

Foi verificado efeito do PD (P 0,05) para o peso (kg) do conteúdo do trato

gastrointestinal cheio (Tabela 2). Os ovinos terminados nos pastos sob PD de 8,5

fol/perf apresentaram maior peso para este componente, quando comparado aos ovinos

dos demais pastos. O aumento do peso do conteúdo do trato gastrointestinal cheio com

o avanço do período de descanso pode ser explicado pela necessidade dos animais em

ingerir uma maior quantidade de pasto visando atender a necessidade energética.

Segundo MERTENS (1992), alimentos volumosos apresentam uma baixa densidade

energética quando comparados a alimentos concentrados, o que leva a uma maior

necessidade de ingestão. Outra justificativa pode estar relacionado ao aumento dos

níveis de fibra da dieta reduzindo a digestibilidade e o consumo de MS (capítulo 6), o

que resultou no enchimento do trato gastrointestinal, fazendo com que o alimento

permanecesse por mais tempo no rúmen.

Os pesos (kg) do conteúdo do trato gastrointestinal vazio, coração, fígado,

pulmão, rins e sangue não diferiram entre as estratégias de manejo impostas aos pastos

(P>0,05) (Tabela 2). Os resultados obtidos podem ser justificados pelo fato dos animais

apresentarem idade e peso corporal próximos, podendo-se inferir que o

desenvolvimento dos órgãos também está ligado ao tamanho do animal. Mahendrakar

et al. (1988) e Fimbres et al. (2001), quando avaliaram características de carcaça de

cordeiros, alimentados em pastagens e concluíram que os pesos dos órgãos são mais

relacionados ao tamanho dos animais.

O peso (kg) da pele foi afetado pelo PD (P 0,05). Foram verificados maiores

pesos de pele nos ovinos terminados nos pastos sob PD de 4,5 e 8,5 fol/perf (Tabela 2).

146

Tanto a pele como a carcaça desenvolvem-se na mesma velocidade do peso vivo, como

foi observado nesta pesquisa.

Tabela 2. Pesos (kg) de não componentes da carcaça de ovinos em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Médias seguidas de mesmas letras maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey.

Resíduo Pós-Pastejo Período de Descanso (n0 de folhas/perfilho) 4,5 6,5 8,5 Média

Conteúdo do trato gastrointestinal (cheio) CV = 17,88 10 cm 9,50 8,92 10,51 9,64 5 cm 9,59 9,77 12,07 10,47

Média 9,54b 9,34b 11,29a Conteúdo do trato gastrointestinal (vazio) CV = 10,18

10 cm 3,86 3,35 3,20 3,47 5 cm 3,73 3,19 3,28 3,40

Média 3,79 3,27 3,24 Coração CV = 19,56

10 cm 0,16 0,13 0,16 0,15 5 cm 0,15 0,14 0,15 0,14

Média 0,15 0,13 0,15 Fígado CV = 8,61

10 cm 0,55 0,47 0,59 0,53 5 cm 0,56 0,48 0,50 0,51

Média 0,55 0,47 0,54 Pulmão CV = 16,62

10 cm 0,32 0,36 0,37 0,35 5 cm 0,36 0,35 0,33 0,34

Média 0,34 0,35 0,35 Rins CV = 35,10

10 cm 0,25 0,18 0,19 0,20 5 cm 0,16 0,17 0,22 0,18

Média 0,20 0,17 0,20 Pele CV = 11,04

10 cm 2,19 1,84 2,17 2,06 5 cm 1,91 1,81 2,25 1,99

Média 2,05ab 1,82b 2,21a Sangue CV = 15,94

10 cm 1,42 1,34 1,41 1,39 5 cm 1,49 1,33 1,54 1,45

Média 1,45 1,33 1,47

147

Não foi verificado efeito dos PDs (P 0,05), nem dos RPPs (P 0,05) e nem pela

PDxRPP para o peso (kg) do pescoço, serrote, costilhar, paleta, lombo e pernil (Tabela

3). Isso possivelmente devido à proporcionalidade de crescimento das distintas regiões

da carcaça, ocorrendo maior peso dos cortes com o aumento da massa corporal e

reforçando a lei da harmonia anatômica (BOCCARD & DUMONT, 1960), segundo a

qual carcaças de pesos e quantidades de gordura similares apresentam proporções

semelhantes das diferentes regiões anatômicas, independentemente da conformação dos

genótipos considerados.

Tabela 3. Pesos (kg) dos cortes comerciais de ovinos em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Médias seguidas de mesmas letras maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey.

Resíduo Pós-Pastejo Período de Descanso (n0 de folhas/perfilho) 4,5 6,5 8,5 Média

Pescoço CV = 15,38 10 cm 0,57 0,48 0,58 0,54 5 cm 0,43 0,54 0,58 0,51

Média 0,50 0,51 0,58 Serrote CV = 17,36

10 cm 0,57 0,54 0,71 0,60 5 cm 0,51 0,63 0,67 0,60

Média 0,54 0,58 0,69 Costilhar CV = 14,31

10 cm 1,07 1,04 1,02 1,04 5 cm 0,96 1,05 1,01 1,00

Média 1,01 1,04 1,01 Paleta CV = 12,43

10 cm 1,23 1,05 1,20 1,16 5 cm 1,10 1,11 1,18 1,13

Média 1,16 1,08 1,19 Lombo CV = 18,50

10 cm 0,60 0,55 0,59 0,58 5 cm 0,51 0,57 0,67 0,58

Média 0,55 0,56 0,63 Pernil CV = 14,56

10 cm 2,11 1,93 2,16 2,06 5 cm 1,94 2,05 2,19 2,06

Média 2,02 1,99 2,17

148

De acordo com Prata (1999), a composição centesimal da carne ovina apresenta

valores médios de 75% de umidade. Neste experimento, os resultados observados

estiveram dentro da média relatada pelo referido autor. A carne dos ovinos terminados

nos pastos manejados sob os maiores PDs apresentou o maior teor de umidade (P<0,05)

(Tabela 4). O aumento do teor de umidade da carne em relação aos PDs foi

provavelmente devido ao alto teor de gordura. Almeida Jr. et al. (2004) relataram que à

medida que o teor de gordura aumenta, também aumenta o teor de umidade.

Não foi verificado efeito dos PDs (P 0,05), nem dos RPPs (P 0,05), e nem

PDxRPP (Tabela 4). Os valores de matéria mineral variam muito pouco, mesmo

comparando-se com trabalhos em confinamento (SOUZA et al., 2002).

Diversas pesquisas realizadas têm observado que a proteína é o componente que

menos varia nas carnes. O teor de proteína não foi influenciado pelos PDs (P 0,05),

nem pelos RPPs (P 0,05) e nem PDxRPP (Tabela 4). Gutler el al. (1987) afirmaram que

a proteína é o principal componente orgânico do músculo, apresentando teores em torno

de 20%, valores similares aos obtidos neste experimento para os ovinos terminados nos

pastos sob PD de 4,5; 6,5 e 8,5 fol/perf em ambos os resíduos. Os ovinos em pastejo

apresentam alta atividade metabólica, e direcionam os nutrientes em quantidade

adequada para formação muscular resultando em elevado valor de proteína bruta.

Houve efeito somente dos PDs (P<0,05) para o teor de extrato etéreo da carne.

Maiores teores foram verificados nos ovinos terminados nos pastos manejados sob PD

de 8,5 fol/perf (Tabela 4). Contudo, o teor de extrato etéreo obtido nesta pesquisa é

bastante inferior aos relatos da literatura. Kolb et al. (1984) afirmaram que as carnes

com conteúdo de gordura menor que 5% são consideradas magras. Diaz et al. (2002)

mencionaram que cordeiros terminados em pastejo, geralmente, têm menos gordura

que cordeiros terminados em confinamento, isso porque animais em pastejo tem

maiores exigências de energia que animais confinados em razão de um aumento no

metabolismo basal devido à presença de fibra na sua dieta e aumento da atividade

associada ao pastejo.

149

Tabela 4. Composição centesimal do músculo longissimus dorsi de ovinos em capim-tifton 85 manejado sob três períodos de descanso e dois resíduos pós-pastejo

Médias seguidas de mesmas letras maiúsculas na coluna e minúsculas na linha diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey.

CONCLUSÕES

Períodos de descanso do pasto de 4,5; 6,5 e 8,5 fol/perf não alteram o

rendimento comercial, a espessura de gordura e a área de olho de lombo em ovinos

pastejando em capim-tifton 85.

O resíduo pós-pastejo mais elevado proporcionou maior rendimento biológico.

Resíduo Pós-Pastejo Período de Descanso (n0 de folhas/perfilho)

4,5 6,5 8,5 Média Umidade (% MS) CV = 1,31

10 cm 75,43 76,62 75,65 75,90 5 cm 74,75 75,80 76,97 75,84

Média 75,09b 76,21a 76,31a -

Matéria mineral (%MS) CV = 8,20

10 cm 1,32 1,41 1,40 1,37 5 cm 1,21 1,27 1,37 1,28

Média 1,26 1,34 1,38 -

Proteína Bruta (%MS) CV = 3,21

10 cm 22,40 22,12 22,01 22,17 5 cm 22,33 21,74 21,58 21,88

Média 22,36 21,93 21,79 -

Extrato Etéreo (%MS) CV = 16,96

10 cm 1,73 1,80 2,64 2,05 5 cm 1,57 1,65 2,01 1,74

Média 1,65b 1,72b 2,32a -

150

REFERÊNCIAS

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CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES

A produção sustentável de pequenos ruminantes a pasto deve ter como base o

manejo da pastagem, permitindo a maximização da produção. Este manejo deve levar

em consideração o período de descanso e o resíduo pós-pastejo que possam favorecer a

rebrotação da planta. O menor período de descanso associado a uma menor altura

residual mostrou-se mais eficiente na redução da perda excessiva da massa seca de

forragem verde por senescência e no controle do alongamento do colmo, sem resultar na

degradação da pastagem, em virtude da maior frequência e intensidade de pastejo.

As mudanças nas características estruturais do pasto, juntamente com a

composição químico-bromatologica do mesmo, são de fundamentais importância no

momento de se avaliar o valor nutritivo dos pastos, com a finalidade de se obter

informações mais concretas a respeito do valor nutritivo dos mesmos além do

conhecimento do vigor da rebrotação do pasto, persistência e produtividade animal por

área. Sendo assim, o pasto manejado sob o período de descanso de 4,5 fol/perf e resíduo

pós-pastejo de 5 cm apresentou a melhor composição químico-bromatologica dentre os

que foram avaliados neste experimento.

Os resultados obtidos confirmam que a adoção de práticas ideais de manejo para

gramíneas, como as do gênero Cynodon sp, possibilitam altas taxas de produção animal.

Apesar de, na realidade do produtor rural, ser difícil praticar a lotação variável, em

virtude principalmente da dificuldade de se manejar parte dos animais tão

constantemente. Um segundo problema é o ajuste da taxa de lotação, pela

impossibilidade de conseguir ou retirar animais em tempo hábil para manter a estrutura

do pasto no alvo desejado.

Vale ainda salientar que esses resultados foram relativos ao pasto adubado e

irrigado e que, portanto, devem ser planejadas outras estratégias de manejo, a fim de

atender à demanda dos animais por alimento nas condições do Semiárido Brasileiro,

garantindo o suprimento de nutrientes o ano inteiro, de acordo com as metas planejadas

e,ou, idealizadas para o sistema de produção. Considera-se ainda que a produção animal

e a pecuária competitiva devem ser economicamente sustentáveis, respeitando o meio

ambiente e ainda atendendo às necessidades do mercado consumidor.