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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MECIDINA DE SOBRAL CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA JEDSON ANTONIO DE SOUZA ARAGÃO ANÁLISE E APLICAÇÕES BIOTECNOLOGIAS DE PROTEÍNAS LIGANTES À QUITINA DE SEMENTES DE CAJUEIRO ANÃO-PRECOCE (Anacardium occidentale var. nanum) Sobral CE 2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE … · Entre os tipos de proteínas de sementes várias têm função de reserva, estrutural ou metabólica. ... reservation function, structural

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  • 1

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR

    FACULDADE DE MECIDINA DE SOBRAL

    CURSO DE PS-GRADUAO EM BIOTECNOLOGIA

    JEDSON ANTONIO DE SOUZA ARAGO

    ANLISE E APLICAES BIOTECNOLOGIAS DE PROTENAS LIGANTES

    QUITINA DE SEMENTES DE CAJUEIRO ANO-PRECOCE (Anacardium

    occidentale var. nanum)

    Sobral CE

    2015

  • 2

    JEDSON ANTONIO DE SOUZA ARAGO

    ANLISE E APLICAES BIOTECNOLOGIAS DE PROTENAS LIGANTES

    QUITINA DE SEMENTES DE CAJUEIRO ANO-PRECOCE (Anacardium

    occidentale var. nanum)

    Dissertao submetida coordenao do curso

    de ps-graduao em Biotecnologia da

    Universidade Federal do Cear, como requisito

    parcial para obteno do grau de Mestre em

    biotecnologia.rea de Concentrao:

    Macromolculas

    Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Maranguape

    Silva da Cunha.

    .

    Sobral

    2015

  • 3

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao

    Universidade Federal do Cear

    Biblioteca do Curso de Medicina Campus de Sobral

    A671a Arago, Jedson Antonio de Souza.

    Anlise e aplicaes biotecnolgicas de protenas ogantes quitina de sementes de cajueiro ano-

    precoce (Anacardium occidentale var. nanum). / Jedson Antonio de Souza Arago. 2015.

    79 f. : il. color., enc. ; 30 cm.

    Dissertao (mestrado) Universidade Federal do Cear, Curso de Medicina, Programa de Ps-

    Graduao em Biotecnologia, Sobral, 2015.

    rea de Concentrao: Macromolculas.

    Orientao: Prof. Dr. Rodrigo Maranguape Silva da Cunha.

    1. Quitinase. 2. Patgeno. 3. Anacardium. I. Ttulo.

    CDD 660.6

  • 4

    JEDSON ANTONIO DE SOUZA ARAGO

    ANLISE E APLICAES BIOTECNOLOGIAS DE PROTENAS LIGANTES

    QUITINA DE SEMENTES DE CAJUEIRO ANO-PRECOCE (Anacardium

    occidentale var. nanum)

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Programa de Ps-Graduao em Biotecnologia,

    da Universidade Federal do Cear, como

    requisito parcial para obteno do Ttulo de

    Mestre em Biotecnologia rea de

    Concentrao: Macromolculas.

    Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Maranguape Silva

    da Cunha

    Aprovada em ____/____/____

    BANCA EXAMINADORA

    ______________________________________________________

    Prof. Dr. Rodrigo Maranguape Silva da Cunha (Orientador)

    Universidade Estadual Vale do Acara UVA.

    ______________________________________________________

    Prof. Dr. Joo Garcia Alves Filho (Examinador)

    Universidade Estadual Vale do Acara UVA.

    _____________________________________________________

    Prof. Dr. Victor Alves Carneiro (Examinador)

    Instituto de Teologia Aplicada INTA.

  • 5

    minha me, Clia de Sousa, por ser

    meu exemplo e minha sustentao,

    dedico.

  • 6

    AGRADECIMENTOS

    Finalizada essa etapa da minha vida, no poderia deixar de expressar o mais

    profundo agradecimento a todos queles que me apoiaram nesta caminhada e

    contriburam para a realizao deste trabalho.

    Em primeiro lugar agradeo a Deus, Aquele que tornou tudo possvel, me deu

    foras e fortaleceu minha f em todos os momentos da minha vida.

    minha famlia, principalmente aos meus pais, Clia e Jos Felipe, ao meu

    irmo Jefferson Sousa e minha av materna,Laide Lima, por serem minha base e quem

    com todo carinho, dedicao, amor e compreenso me deram foras e incentivo para

    realizar meus sonhos.

    Ao meu orientador professor Dr. Rodrigo Maranguape Silva da Cunha, pela

    oportunidade que me deu desde a graduao, pela contribuio em minha formao

    acadmica, orientao e confiana durante a realizao desde trabalho.

    Ao professor Thales Granjeiro, pela grande ateno e colaborao nesse trabalho

    orientando parte dos estudos.

    Aos amigos do laboratrio de Gentica Molecular, do Ncleo de Biotecnologia

    de Sobral (NUBIS) que me ajudaram direta e indiretamente na realizao desse

    trabalho. No tenho palavras para agradecer por tanta ajuda e carinho, alm da amizade

    e dos momentos de descontrao durante o trabalho. As companheiras de longa data,

    das quais compartilhei muitos momentos, alegrias e tristezas antes e durante o mestrado:

    Aurilene Gomes e Vitoria Virginia. As grandes amigas Nayanne Hardy e Mnica

    Valria pela amizade e por todos os momentos que passamos, seja na faculdade ou no

    laboratrio. Aos grandes amigos Raulzito Moreira e Daniel de Brito que mesmo estando

    longe sempre mostraram-se disponveis quando precisei. Aos companheiros de trabalho

    Carlos Franciney, Pedro Cunha, Tatiana Farias, Paulo de Tarso, Rafael Bastos, Erivan

    Alves e Flvia Muniz, que sempre se mostraram disponveis quando a ajuda era

    necessria. tcnica do NUBIS, Maria Auxiliadora que estava sempre disposta a

    ajudar.

    amiga Simone Torres, que sem sua ajuda no seria possvel a realizao de

    parte desse trabalho, e ao novos colegas do LABGEN: Suellen, Juscelino e Ednsio que

    foram de grande ajuda no trabalho.

    Aos colegas e professores do mestrado em Biotecnologia, pelo convvio e troca

    de conhecimentos.

  • 7

    EMBRAPA Agroindstria Tropical, pela disponibilidade das amostras de folha de

    cajueiro.

    Aos membros da banca examinadora, professores Joo Garcia Alves Filho e

    Victor Carneiro pelas contribuies ao trabalho.

    CAPES pela bolsa concedida.

    Universidade Federal do Cear, por contribuir na minha formao

    profissional.

    todos aqueles que de alguma forma contriburam para a realizao deste

    trabalho.

    Obrigado!

  • 8

    Esse s o comeo do fim da nossa vida

    Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida

    que a gente vai passar. - Marcelo Camelo

  • 9

    RESUMO

    O cajueiro (Anacardium occidentale L.) uma planta nativa do Brasil com grande valor

    comercial. Isso contribui com a gerao de milhares de empregos diretos e indiretos,

    especialmente na Regio Nordeste, em poca de estiagem. Programas de melhoramento

    gentico vem selecionando cultivares de cajueiro melhores adaptados ao ambiente

    semirido a fim de coloc-lo em um mercado cada vez mais competitivo. Entre os tipos

    de protenas de sementes vrias tm funo de reserva, estrutural ou metablica. Alm

    disso, as plantas so dispostas de uma variedade de mecanismos de defesa contra o

    ataque de patgenos. Uma das respostas de defesa mais estudada diz respeito

    expresso de protenas relacionadas com a patognese nas quais se inclui o grupo das

    quitinases. A enzima quitinase (EC 3.2.1.14) hidrolisa o polmero de quitina para a N-

    acetil glucosamina por qualquer uma das endo ou exo clivagens da ligao (1-4). As

    respostas moleculares nos perfis das plantas a nvel transcricional tm demonstrado

    serem cruciais para o estabelecimento de um conjunto de mecanismos de defesa contra

    patgenos invasores. Usando ferramentas de bioinformtica foram identificados, no

    transcriptoma de cajueiro CCP076, dez contigs apresentando alto grau de semelhana

    com quitinases, endoquitinases, e quitinases-like das famlias GH18 e GH 19 de Ricinus

    communis, Cicer arietinum, Mangifera indica, Citrus sinensis, Euonymus europaeus,

    Vitis vinifera, Aegilops tauschii e Hevea brasiliensis. Os ensaios enzimticos das

    protenas da castanha confirmaram a presena quitinases em seu proteoma. Ainda

    revelaram uma atividade cataltica tima em pH 5. Um perfil de protenas com sitio de

    ligao quitina tambm foi encontrado. Dessa forma, demonstrado um grande

    potencial biotecnolgico nas quitinases provenientes da castanha de cajueiro CCP76.

    Palavras-Chave: cajueiro, patgeno, quitinase.

  • 10

    ABSTRACT

    The cashew (Anacardium occidentale L.) is a plant native to Brazil with high market

    value. This contributes to the generation of thousands of direct and indirect jobs,

    especially in the Northeast, in the dry season. Breeding program has been selecting the

    best cashew cultivars adapted to semi-arid environment in order to put it in an

    increasingly competitive market. Among the types of seed proteins have several

    reservation function, structural or metabolic. Furthermore, plants are arranged in an

    array of defense mechanisms against pathogen attack. One of the most studied defense

    response with respect to the expression of pathogenesis related proteins which are

    included in the group of chitinases. The enzyme chitinase (EC 3.2.1.14) hydrolyse the

    polymer chitin to N-acetyl glucosamine by either endo or exo cleavage of connection

    (1-4). The molecular profiles of responses in plants transcriptional level have been

    shown to be crucial for the establishment of a set of defense mechanisms against

    invading pathogens. Using bioinformatics tools were identified in the transcriptome

    cashew CCP076 ten contigs having high degree of similarity with chitinases,

    endoquitinases and chitinase-like the GH18 family and GH 19 of Ricinus communis,

    Cicer arietinum, Mangifera indica, Citrus sinensis, Euonymus europaeus , Vitis

    vinifera, Aegilops tauschii and Hevea brasiliensis. The enzyme assays of chestnut

    chitinase protein confirmed the presence in their proteome. Also revealed a great

    catalytic activity at pH 5. A protein profile with chitin-binding site was also found. Of

    these, it is demonstrated great potential in biotechnological chitinase from CCP76

    cashew nuts.

    Keywords: cashew, pathogen, chitinase.

  • 11

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Fruto e pseudofruto do cajueiro 20

    Figura 2 Estrutura qumica de quitina 25

    Figura 3 Estrutura tridimensional de quitinases GH18 e GH19 de plantas

    definidas por cristalografia disponveis no Protein Data Bank

    (PDB)

    25

    Figura 4 Representao dos domnios conservados no contig identificado

    como quitinase de Ricinus communis (XP_002515664.1) 33

    Figura 5 Representao dos domnios conservados no contig identificado

    como endoquitinase PR4-like de Cicer arietinum

    (XP_012570981.1)

    34

    Figura 6 Representao dos domnios conservados no contig identificado

    como quitinase de Mangifera indica (ACD69683.1) 34

    Figura 7 Representao dos domnios conservados no contig identificado

    como uma quitinase-like de Citrus sinensis (XP_006488866.1) 35

    Figura 8 Representao dos domnios conservados no contig identificado

    como quitinase de Euonymus europaeus (AAP35272.1) 35

    Figura 9 Representao dos domnios conservados no contig identificado

    como endoquitinase PR4-like de Vitis vinifera (XP_010650683.1) 36

    Figura 10 Representao dos domnios conservados no contig identificado

    como endochitinase de Aegilops tauschii (EMT27212.1) 36

    Figura 11 Representao dos domnios conservados no contig identificado

    como quitinase de Hevea brasiliensis (CAA09110.1) 37

    Figura 12 Representao dos domnios conservados no contig identificado

    como endoquitinase PR4 de Vitis vinifera (XP_002274537.1) 37

    Figura 13 Representao dos domnios conservados no contig identificado

    como quitinase de Vitis vinifera (ABD64687.1) 37

    Figura14 Representao dos domnios conservados no contig identificado

    como albumina 2S de Anacardium occidentale (AAL91665.1).

    38

    Figura 15 Alinhamento de nucleotdeos realizado pelo programa Clustal

    verso 2.0.10, comparando Cajueiro ano-precoce e gigante na 40

  • 12

    procura de SNPs.

    Figura 16 Alinhamento de aminocidos realizado pelo programa Clustal

    verso 2.0.10, comparando Cajueiro ano-precoce e gigante na

    procura de SNPs.

    41

    Figura 17 Estrutura Tridimensional das sequncias de quitinases GH19 de

    cajueiros ano-precoce CCP76 e Gigante mostrando posio da

    substituio do resduo de aminocido.

    41

    Figura 18 Estrutura tridimensional obtida por RMN de albumina 2S isolada

    de Brassica napus (PDB 1PNB). 45

    Figura 19 Eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) a 15 % de

    protenas de amndoas de cajueiro extradas e fracionadas em pH5

    e coradas com de Azul Brilhante de Coomassie R-250

    58

    Figura 20 Eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) a 15 % de

    protenas de amndoas de cajueiro extradas e fracionadas em pH2

    e coradas com de Azul Brilhante de Coomassie R-250.

    60

  • 13

    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 Concentrao de protenas solveis em mg/ml em diferentes

    tampes de extrao 52

    Grfico 2 Atividade quitinsica total dos extratos proteicos em diferentes pH 53

    Grfico 3 Atividade quitinsica em unidades em cada 1mL (U/mL) dos

    extratos proteicos em diferentes pH 53

    Grfico 4 Atividade quitinsica total dos extratos proteicos em diferentes pH

    antes e depois da dilise 55

    Grfico 5 Atividade quitinsica em unidades em cada 1mL (U/mL) dos

    extratos proteicos em diferentes pH antes e depois da dialise 55

    Grfico 6 Cromatografia de afinidade realizada com matriz de quitina do

    extrato proteico em tampo acetato de sdio pH5 56

    Grfico 7 Atividade quitinsica total dos picos cromatogrficos do extrato

    em tampo acetato de sdio pH 5,0 57

    Grfico 8 Atividade quitinsica (U/mL) dos picos cromatogrficos do extrato

    em tampo acetato de sdio pH 5,0 57

    Grfico 9 Concentrao de protenas solveis em mg/ml do extrato proteico e

    fraes dialisadas em tampo Glicina-HCl pH 2,0. 60

    Grfico 10 Teste de concentrao inibitria mnima realizada com a frao

    60-90% contra C. albicans 61

    Grfico 11 Ensaio de atividade antibiofilme de albumina 2S contra C.

    albicans 61

    Grfico 12 Teste de concentrao inibitria mnima realizada com a frao

    60-90% contra C. tropicalis. 62

    Grfico 13 Ensaio de atividade antibiofilme de albumina 2S contra C.

    tropicalis 62

  • 14

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Principais caractersticas dos cajueiros dos tipos comuns e anos

    precoce.

    20

    Tabela 2 Estatsticas de montagem do transcriptoma de cajueiro CCP 76 usando o

    programa Velvet/Oases.

    32

    Tabela 3 Quitinases identificadas manualmente pelo Blastx no

    transcriptoma de semente de Cajueiro ano-precoce CCP76.

    39

  • 15

    LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SMBOLOS

    % Porcentagem

    C Grau Celsius

    L Microlitro

    A260 Absorbncia a 260 nm

    A260/280 Relao entre absorbncia 260 e 280

    ACC Amndoa da Castanha do Caju

    BLAST Ferramenta Bsica de Alinhamento Local (Basic Local Alignment Search

    Tool)

    CCP

    DMAB

    Clone de Cajueiro de Pacajus

    P- dimetil amino benzaldedo

    DNA cido Desoxirribonucleico

    EDTA cido etilenodiamino tetra-actico (Ethylene diaminetetra acetic acid)

    Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

    g

    GH

    Grama

    Glicosil Hidrolases

    GO Ontologia Gnica (Gene Ontology)

    h Hora

    HCl cido Clordrico

    KEGG Enciclopdia de genes e genomas de Kyoto (Kyoto Encyclopedia of Genes

    and Genomes)

    Kg Quilograma

    LCC Lquido da Castanha de Caju

    m Metro

    M

    mRNA,

    Molar

    RNA mensageiro

    m/v Massa/volume

    mA Mili ampere

    min Minutos

    mL Mililitro

    mM Milimolar

    NGS Nova Gerao de Sequenciamento (Next Generation Sequencing)

  • 16

    PDB Protein Data Bank

    pH

    PR

    Potencial hidrogeninico

    Relacionado a patgeno (pathogenesis-related)

    Rpm Rotaes por minuto

    TBE Tampo contendo Tris, cido brico e EDTA

    TE Tampo contendo Tris e EDTA

    W Wats

  • 17

    SUMRIO

    INTRODUO..........................................................................................................................18

    1.REVISO DE LITERATURA...............................................................................................19

    1.1 Aspectos Gerais do Caju...................................................................................................19

    1.2 Importncia econmica.....................................................................................................21

    1.3 Protenas de Semente ........................................................................................................22

    1.4 Protenas PR (Pathogenesis-Related)................................................................................22

    1.5 Quitinases..........................................................................................................................23

    2. ANLISE IN SILICO DE PROTENAS LIGANTES QUITINA PRESENTES NOS

    TRANSCRIPTOMA DE CAJUEIRO ANO PRECOCE CCP76.......................................27

    2.1 Transcriptoma....................................................................................................................27

    2.2 SNP-Single Nucleotide Polymorphism.............................................................................28

    2.2 OBJETIVOS.........................................................................................................................29

    2.2.1 Objetivo Geral................................................................................................................29

    2.2.2 Objetivos Especficos.....................................................................................................29

    2.3 MATERIAIS E MTODOS................................................................................................30

    2.3.1. Obteno das sequncias do transcriptoma do cajueiro................................................30

    2.3.2 Montagem do transcriptoma ..........................................................................................30

    2.3.3 Identificao in silico de quitinases e triagem das sequncias com CDS completo......30

    2.3.4 Anlise de SNPs.............................................................................................................31

    2.4 RESULTADOS E DISCUSSES.......................................................................................32

    2. 4.1 Montagem do transcriptoma utilizando o Velvet e Oases.............................................32

    2.4.1. Identificao e classificao dos transcritos..................................................................33

    2.4.1.2 Identificao de SNP nos contigs identificados .........................................................40

    2.5 CONCLUSO.......................................................................................................................42

    3. AVALIAO DO EFEITO INIBITRIO DO CRESCIMENTO MICROBIANO DE

    ALBUMINA 2S DE CASTANHA DE CAJU (Anacardium Occidentale var. nanum).........44

    3.1 Albumina 2s......................................................................................................................44

    3.2 OBJETIVOS.........................................................................................................................46

    3.2.1 Objetivo Geral................................................................................................................46

    3.2.2 Objetivos Especficos.....................................................................................................46

    3.3 MATERIAIS E MTODOS................................................................................................47

    3.3.1 Extrao de protenas das Castanhas de CCP076..........................................................47

    3.3.2 Determinao da concentrao de protenas..................................................................47

    3.3.3 Atividade Quitinsica.....................................................................................................47

  • 18

    3.3.4 Eletroforese em gel de poliacrilamida em presena de SDS (PAGE-SDS)...................48

    3.3.5 Cromatografia de afinidade em matriz de quitina..........................................................49

    3.3.6 Precipitao com Sulfato de Amnio.............................................................................49

    3.3.7 Ensaio de atividade antimicrobiana (CIM)....................................................................49

    3.3.8 Ensaio de atividade antibiofilme....................................................................................50

    3.3.9. Quantificao da biomassa..........................................................................................50

    3.4 RESULTADOS E DISCUSSES......................................................................................51

    3.4.1 Extrao de protenas solveis.......................................................................................51

    3.4.2 Ensaio da atividade quitinsica......................................................................................51

    3.4.3 Cromatografia de afinidade em matriz de quitina..........................................................54

    3.4.2 Avaliao de albuminas 2S presentes na castanha de CCP076......................................59

    3.4.3 Atividade antimicrobiana...............................................................................................59

    3.5 CONCLUSES.....................................................................................................................64

    4. BIBLIOGRAFIA...................................................................................................................65

  • 19

    1. INTRODUO

    O cajueiro (Anacardium occidentale L.) uma espcie de origem brasileira,

    encontrada principalmente em climas tropicais e subtropicais, e a nica espcie

    cultivada comercialmente do seu gnero (PAIVA; CRISSTOMO; BARROS, 2003). A

    variedade ano-precoce vem substituindo o cajueiro comum por proporcionar maior

    produtividade, facilitar a colheita e a conduo dos pomares em razo do seu baixo

    porte. Alm disso, o cajueiro ano-precoce apresenta maior uniformidade da castanha,

    do pednculo e da produo, permitindo uma explorao comercial mais rentvel

    (BARROS; CRISSTOMO, 1995; OLIVEIRA et al., 2002). O uso de clones representa

    uma forma de manejo econmico, ecolgico e seguro, impedindo a invaso de pragas e

    doenas, alm de proporcionar uma melhor utilizao da variabilidade gentica da

    espcie (PAIVA; BARROS, 2004).

    Entre os tipos de protenas de sementes, vrias tm funo protetora, ou

    estrutural ou metablica. Embora as protenas PR (Pathogenesis-Related) estejam

    envolvidas na defesa de plantas, elas no so necessariamente identificadas por sua ao

    antipatognica, mas sim por seu simples acmulo em plantas submetidas situao de

    patognese (VAN LOON, 1997). Entre as PR encontram-se as quitinases que parecem

    ter um papel direto na defesa do vegetal ao hidrolisar os polmeros de quitina , o

    principal componente da parede celular da maioria dos fungos (COLLINGE et al.,

    1993).Quitinases so enzimas capazes de hidrolisar as ligaes covalentes -1,4 entre os

    resduos de GlcNAc que constituem as cadeias de quitina. Essas enzimas podem ocorrer

    em vrios organismos, desde animais, plantas, insetos at vrus e bactrias. (DAHIYA

    et al., 2006;).

    O desenvolvimento de novas tcnicas de sequenciamento tem proporcionado

    uma maneira mais rpida e eficiente de mapear e quantificar o transcriptoma em um

    mtodo conhecido como RNA-Seq (WANG et al. 2010). A utilizao da tecnologia do

    RNA-Seq oferece uma grande quantidade de informao sobre o transcriptoma como a

    avaliao dos nveis de expresso, mapeamento de genes expressos e descoberta de

    novos genes, sem haver a necessidade de um genoma previamente sequenciado (WANG

    et al. 2009).

  • 20

    1. REVISO DE LITERATURA

    1.1 Aspectos Gerais do Caju

    Pertencente a famlia Anacardiaceae, o cajueiro possui distribuio tropical e

    subtropical, incluindo cerca de 70 gneros e 700 espcies, sendo que no Brasil ocorrem

    13 gneros e cerca de 60 espcies. Diversas Anacardiaceae apresentam frutos ou

    pseudofrutos comestveis, este o caso do cajueiro (Anacardium occidentale), cujo

    fruto a castanha de caju, mundialmente conhecida, sendo o seu pseudofruto originado

    do desenvolvimento do pednculo, e tem sido comercializado in natura ou na forma de

    doces, sucos ou sorvetes (SOUZA; LORENZI, 2008).

    Existem dois tipos bem definidos, em relao ao porte da planta, o tipo comum e

    ano-precoce. O cajueiro comum apresenta porte grande, variao na distribuio dos

    ramos e formatos da copa, a castanha e o pednculo podem apresentar uma grande

    variabilidade. Em sua maioria, produz menos de 5 kg de castanha por safra podendo

    haver plantas com produo prxima a 200 kg. Sua produo estabilizada apenas aps

    8 anos. O tipo ano-precoce tem como caractersticas um porte baixo, copa homognea,

    dimetro do caule e envergadura da copa bem inferior ao tipo comum. A propagao da

    maioria das plantas feita por sementes ou por enxertia, com florao tendo inicio j no

    primeiro ano e apresentando caractersticas com menor variabilidade em relao ao tipo

    comum (BARROS, 2002).

    O cajueiro uma planta perene, de ramificao baixa e porte mdio, cuja copa

    atinge altura mdia de 5 a 8 metros e dimetro mdio entre 12 e 14 metros no tipo

    comum. Podendo atingir at 15 m de altura e dimetro da copa superior a 20 m,

    dependendo do gentipo e das condies de clima e solo. No caso do cajueiro ano-

    precoce, a altura mdia no ultrapassa 4 metros e a envergadura varia entre 6 e 8 metros.

    Suas folhas so simples, inteiras, alternas, de aspecto subcoriceo, glabras e curto-

    pecioladas, medindo de 10 a 20 cm de comprimento por 6 a 12 cm de largura

    (BARROS, 2002) (Tabela 1).

    O fruto (Figura 1) um aqunio, conhecido popularmente como castanha,

    consiste de epicarpo, mesocarpo, endocarpo e amndoa. O peso varivel, encontrando-

    se castanhas de 3 a 12 g, e o aumento deste limite superior um dos principais objetivos

    do melhoramento. Tem colorao esverdeada, de incio, tornando-se avermelhada e por

    ltimo apresenta cor acinzentada. Sua superfcie cerosa, brilhante e resistente,

  • 21

    ornamentada de inmeras pontuaes escuras. O pseudofruto (Figura 1) tem alto teor de

    gua e normalmente rico em vitamina C e em acares, quando maduro. O

    pseudofruto apresenta uma epiderme muito fina e brilhante, de colorao varivel do

    amarelo ao vermelho, podendo ter pontuaes (BARROS et al., 1993; FERRO, 1995).

    Figura 1: Fruto e pseudofruto do cajueiro.

    Fonte: Google imagens.

    Tabela 1: Principais caractersticas dos cajueiros dos tipos comum e ano-precoce.

    Caractersticas Comum Ano-precoce

    Porte Alto (8 - 15) Baixo (

  • 22

    O sistema reprodutivo da espcie predominantemente alogmico, ou seja, a

    fecundao preferencialmente cruzada, sendo que a viabilidade do plen do cajueiro

    normalmente alta. Existe a possibilidade de ocorrer polinizao entre flores de uma

    mesma planta. Por causa disto, o plantio por sementes resulta em grande variao entre

    plantas, o que afeta no s o seu formato como tambm sua produo. A flor tem odor

    bastante ativo, indicando ser atrativa para os insetos (BARROS, 2013).

    1.2 Importncia Econmica

    A cajucultura ocupa no mundo, uma rea estimada de 3,39 milhes de hectares,

    com uma produo mundial estimada em 3,1 milhes de toneladas. O Vietn o maior

    produtor mundial de castanha de caju. O Brasil o dcimo produtor mundial de

    castanha de caju, e possui uma rea cultivada de 740.000 ha, com uma produo de 250

    mil toneladas da castanha de caju e dois milhes de toneladas de caju, gerando em

    mdia divisas da ordem de U$ 225 milhes anuais (OLIVEIRA, 2008; FAO, 2012).

    O Brasil apontado pelas mais renomadas instituies internacionais como um

    dos principais supridores de alimentos, fibras e biomassa para um mundo em crescente

    demanda e aumento populacional. O agronegcio nacional ganhou outra magnitude e

    mais complexidade. As exportaes brasileiras ligadas ao agronegcio foram de US$ 20

    bilhes em 2000. Em 2010, passou de US$ 76 bilhes. (LOVATELLI, 2011).

    A cajucultura no Brasil distribuda em vrias regies do Pas, tendo como

    principal produtor a regio Nordeste, respondendo por 94% da produo nacional, onde

    os maiores plantios localizam-se principalmente nas faixas litorneas e de transio dos

    estados do Cear, Piau e Rio Grande do Norte. A castanha como matria-prima

    alimenta um parque industrial formado por uma dezena de fbricas de grande porte e

    cerca de 80 pequenas fbricas, responsveis pela obteno da amndoa de castanha de

    caju, destinada em sua maioria exportao, gerando em mdia divisas da ordem de

    US$ 225 milhes anuais. Atualmente, as sucessivas estiagens vm prejudicando a

    produo de castanha de caju nos principais estados produtores. Em 2014 a produo

    foi de apenas 17.023 toneladas gerando US$ 110 milhes (OLIVEIRA, 2008; SECEX,

    2015).

  • 23

    1.3 Protenas de Semente

    Um dos primeiros trabalhos sobre protenas de sementes foi publicado em 1891

    por Osborne (apud Vickery, 1945) onde essas foram isoladas de acordo com a

    solubilidade em diversos solventes e as classificaram de acordo com as fraes extradas

    em gua pura (albuminas), solues salinas diludas (globulinas), solues alcolicas

    (prolaminas) e solues alcalinas ou cidas diludas (glutelinas) (HELDT, 2005).

    Ainda no existe um sistema de classificao universalmente, mas Shewry

    (2000) considera mais vlido dividir as protenas primeiro em relao sua funo e,

    para as protenas de reserva, utilizar a classificao de Osborne modificada. Essa

    classificao divide as protenas de reserva em quatro grupos, definidos pelas fraes de

    Osborne e por seus coeficientes de sedimentao, que representam a medida de seu

    tamanho molecular, a saber: prolaminas, albuminas 2S e globulinas 7S e 11S.

    Entre os outros tipos de protenas de sementes, vrias tm funo protetora,

    estrutural ou metablica. Dentre os protetores, os inibidores de proteinases so,

    provavelmente, os mais abundantes e amplamente distribudos, sendo particularmente

    comuns em sementes de leguminosas, proporcionando resistncia contra herbivoria.

    Existem tambm endo-hidrolases, como as -1,3-glucanases e endoquitinases, que

    parecem ter propriedades antifngicas; lectinas, que se ligam glicoprotenas do

    intestino e interferem na absoro dos nutrientes; protenas inativadoras de ribossomo;

    protenas inibidoras de poligalacturonase, entre outras. Outras protenas estruturais ou

    metablicas incluem componentes estruturais da parede celular, transportadores e

    protenas estruturais associadas a membranas de clulas e organelas, e enzimas

    (SHEWRY; LUCAS, 1997).

    1.4 Protenas PR (Pathogenesis-Related)

    As plantas so dispostas de uma variedade de mecanismos de defesa contra o

    ataque de patgenos (SHARMA et al., 2011). Apesar da ausncia de sistema imunitrio,

    que as torna susceptveis a organismos patognicos (HUYNH et al., 1992), as plantas

    esto envolvidas numa variedade de mecanismos potentes de defesa que incluem a

    sntese de compostos de baixo peso molecular (SELITRENNIKOFF, 2001). Estas

    respondem induzindo a expresso de um vasto nmero de genes codificadores de

    protenas que assumem um papel importante na defesa (COLLINGE et al., 1993).

  • 24

    Uma das respostas de defesa mais estudada diz respeito expresso de protenas

    relacionadas com a patognese nas quais se inclui o grupo das quitinases (HUYNH et

    al., 1992). Descrita pela primeira vez em 1911 por Bernard em orqudeas, o mesmo

    autor observou atividade antifngica sensvel e termo resistente. Desde ento, essa

    enzima considerada como parte de mecanismos de defesa que as plantas possuem

    contra uma variedade de patgenos. O aumento significativo nos nveis de quitinase por

    numerosos agentes abiticos (etileno, cido saliclico, solues salinas, oznio, luz UV)

    e por fatores biticos (fungos, bactrias, vrus, virides componentes da parede celular

    de fungos e oligossacardeos) embasam a afirmao anterior (GUPTA et al., 2010.).

    O termo pathogenesis-related (PR) foi mais tarde introduzido, em 1980, pelo

    grupo de trabalho de Antoniw e colaboradores (1980) tendo sido este definido como o

    conjunto completo de protenas que so codificadas por uma planta hospedeira,

    induzidas em condies de patogenicidade ou relacionadas com a mesma (DATTA;

    MUTHUKRISHNAN, 1999). De acordo com a definio, qualquer protena produzida

    pelo hospedeiro induzida por qualquer tipo de agente infeccioso, ou condio

    comparvel, agrupada neste grupo; ainda assim, as caractersticas de incluso

    implicam critrios de identificao como as propriedades qumicas ou a localizao

    celular. Foi tambm introduzida a terminologia PR-like proteins de modo a designar as

    protenas homlogas a PRs deduzidas a partir de sequncias de aminocidos ou

    previstas pela sequncia nucleotdica de seu cDNA correspondente ou gene, mas cujo

    desenvolvimento da induo feito controladamente, especificamente em determinados

    tecidos (EDREVA, 2005).

    O desenvolvimento da pesquisa em mecanismos de defesa das plantas conduziu

    a um rpido e contnuo interesse nas quitinases, uma vez que foram as primeiras

    protenas induzidas por patgenos cuja funo foi identificada (DATTA;

    MUTHUKRISHNAN, 1999).

    1.5 Quitinases: Definio e Classificao

    A enzima quitinase (EC 3.2.1.14) hidrolisa o polmero de quitina para a N-acetil

    glucosamina por qualquer uma das endo ou exo clivagens da ligao (1-4) (VAN

    AALTEN et al., 2000). Essa classificada em vrias categorias com base no seu

    isolamento, caractersticas funcionais e estruturais. Ela pertence as famlias 18 e 19 de

    glicosil hidrolases (GH) (HENRISSAT; DAVIES, 1997), que so enzimas fundamentais

  • 25

    para o metabolismo de carboidratos (HENRISSAT, 1991). Estas duas famlias contm

    endo e exo quitinases. Endoquitinases clivam aleatoriamente na cadeia de quitina

    gerando polimeros ou oligomeros de NacGlc, como a quitotetraose, quitotriose e a

    diacetilquitobiose. Enquanto as exoquitinases clivam a partir da extremidade redutora

    ou no redutor da cadeia de quitina liberando monomeros de NacGlc. (DAHIYA et al.,

    2006; SUZUKI et al., 1999).

    A quitina (Figura 2) um biopolmero insolvel, linear e no ramificado de N-

    acetil--D-glucosamina (2-acetamido-2-desoxi--D-glucopiranose; GlcNAc), com os

    resduos de GlcNAc unidos por ligaes O-glicosdicas -(1,4) [nomenclatura IUPAC:

    (14)-2- acetamido-2-desoxi--D-glucano], principal componente estrutural da parede

    celular dos fungos e exoesqueleto dos artrpodes. considerado um dos polimeros

    naturais mais importantes no mundo (RINAUDO et al., 2006).

    Com base em similaridade de sequncias as quitinases podem ser classificadas

    em 6 classes (KESARI et al., 2015). Como mencionado anteriormente, as mesmas so

    agrupadas em duas grandes famlias: GH 18 (classes III e V, contm TIM barrel

    domain) e GH19 (I, II, IV e VI). Segundo Kesari e colaboradoras (2015) as classes

    pertencentes a GH18 possuem baixa similaridade de sequncia com as agrupadas em

    GH19. GH18 amplamente distribuda entre os seres vivos, j GH19 parece ocorrer

    principalmente em plantas e algumas bactrias (OHNUMA et al., 2011).

    provvel que as quitinases das famlias GH18 e GH19 tenham evoludo de

    ancestrais diferentes, pois alm de no compartilharem similaridade em suas seqncias

    de aminocidos, possuem estruturas tridimensionais e mecanismos enzimticos

    completamente diferentes. Assim, os domnios catalticos de quitinases da famlia

    GH18 (Figura 3A) possuem uma estrutura tridimensional caracterizada por um barril

    (/), ou barril TIM (triose fosfato isomerase) (BANNER et al., 1975), enquanto que

    aqueles de quitinases da famlia GH19 (Figura 3B) tm um elevado contedo de -

    hlices devido presena de resduos no polares na regio do ncleo e uma estrutura

    semelhante aquelas encontradas em quitosanases e lisozimas (CHUANG et al., 2008).

  • 26

    Figura 2. Estrutura qumica de quitina.

    (A) Estrutura em cadeira monomero de quitina: -(1-4)-N-acetil-D-glicosamina. (B)

    Organizao espacial do polimero de quitina. Fonte: Rinaudo (2006).

    Figura 3: Estrutura tridimensional de quitinases GH18 e GH19 de plantas definidas por

    cristalografia disponveis noProtein Data Bank(PDB).

    (A) quitinaseGH18 de Crocus vernuse cadeia A (PDB: 3SIM) ,(B) quitinase GH19 IV de

    Norway spruce (PDB: 3HBD). Fonte:Protein Data Bank.

    A B

    A B

  • 27

    CAPTULO I

    ANLISE IN SILICO DE PROTENAS LIGANTES QUITINA

    PRESENTES NOS TRANSCRIPTOMA DE CAJUEIRO ANO

    PRECOCE CCP76

  • 28

    2. ANLISE IN SILICO DE PROTENAS LIGANTES QUITINA

    PRESENTES NOS TRANSCRIPTOMA DE CAJUEIRO ANO

    PRECOCE CCP76

    2.1 Transcriptoma

    O transcriptoma o conjunto completo de transcritos (mRNAs, RNAs no

    codificados e micro RNAs) em um tecido, e sua quantificao especfica para um

    estgio de desenvolvimento ou condio fisiolgica (WANG et al., 2009). O processo

    de evoluo das plantas envolve alteraes celulares, moleculares, fisiolgicas e

    bioqumicas para se adaptar e sobreviver a condies adversas, como estresse bitico

    causado por patgenos. As respostas moleculares nos perfis das plantas a nvel

    transcricional tm demonstrado serem cruciais para o estabelecimento de um conjunto

    de mecanismos de defesa contra patgenos invasores (FU et al., 2012).

    Para estudar o transcriptoma de um organismo o mtodo que tem sido utilizado

    atualmente a nova gerao de sequenciamento de DNA, denominada RNA-seq. O

    mRNA utilizado para a sntese de cDNA, que ento sequenciado em equipamento de

    altssima produtividade. A principal vantagem de RNA-seq a capacidade de

    sequenciar uma grande proporo de transcritos presentes em uma amostra, incluindo os

    de baixa expresso. Outra vantagem a de no necessitar de conhecimento prvio da

    sequncia, como no caso de microarranjo onde se utiliza sequncias conhecidas para

    mensurar a expresso gnica. Entretanto, o genoma de referncia de extrema

    importncia para estudos de transcriptoma porque permite que seja feita a identificao

    dos genes que esto sendo expressos em uma dada condio (CHEN et al., 2007).

    A anlise de transcriptoma permite detectar quais tipos de transcritos esto sendo

    expressos, incluindo RNA mensageiro (mRNA), variantes alternativos (derivado do

    processo de splicing alternativo), RNA no codificador e pequenos RNAs(WANG; et

    al., 2009).

    Alves Filho (2013) utilizou a abordagem De novo para a montagem do primeiro

    esboo do transcriptoma de sementes de cajueiro (A. occidentale L.), utilizando dados

    sequenciados pela plataforma Illumina, que descrita na literatura como eficiente para a

    verificao da expresso de genes, metilao do DNA, re-sequenciamento, bem como

  • 29

    para o sequenciamento de transcriptoma De novo (PARCHMAN et al., 2010; WANG et

    al., 2010).

    Sequenciamento do transcriptoma usando tecnologias Next Generation

    Sequencing - NGS permite rpida e barata descoberta SNP dentro dos genes e evita

    regies altamente repetitivas do genoma (MOROZOVA at al., 2008)

    2.2 SNP-Single Nucleotide Polymorphism

    As variaes allicas dentro de um genoma de uma mesma espcie podem ser

    classificados em trs grandes grupos que incluem diferenas no nmero de repeties

    em srie num local especfico (microssatlites, ou simples repetio de seqncia -

    SSRS ) (WEBER et al. 1987), inseres/delees segmentares (indels) (OPHIR el al.

    1997), e polimorfismos de nucleotdeo nico (SNPs) (WANG et al., 1998).

    Single Nucleotide Polymorphism (SNP) so marcadores do tipo Polimorfismo de

    nica Base que se baseiam em alteraes mais elementares da molcula de DNA, isto ,

    mutaes em apenas uma das bases nitrogenadas da cadeia (Adenina, Citosina, Timina e

    Guanina). As mutaes mais recorrentes so as do tipo transio, quando h troca de

    purina por outra purina (A - G) ou de uma pirimidina por outra pirimidina (C - T), e

    transverses, quando h a troca de uma purina por pirimidina e vice-versa (A/C, A/T,

    G/C, G/T) (BROOKES, 1999).

    Assim, na prtica, SNPs so marcadores bi-allicos, podendo ocorrer tri-allicos

    em uma proporo menor, de forma que o contedo informativo em um nico SNP

    limitado, em comparao com os marcadores microssatlites (SSR) que so poliallicos

    (GRIFFIN; SMITH, 2000; GUPTA et al., 2001; ORAGUZIE et al., 2007).

    Em primeiro lugar descobriu no genoma humano, os SNPs provou ser universal,

    bem como as formas mais abundantes de variao gentica entre indivduos da mesma

    espcie (GHOSH et al.,2002). Os SNPs ocorrem tanto em regies codificadoras como

    em no codificadoras dos genomas. Em regies codificadoras, quando resultam em uma

    substituio de aminocido na sequncia proteica, so denominados no sinnimos,

    podendo a substituio ser conservativa ou no conservativa em funo das

    caractersticas dos aminocidos envolvidos na troca. Nesses casos, pode haver

    modificaes estruturais e funcionais na protena (GUIMARES; COSTA, 2002).

  • 30

    2.2. OBJETIVOS

    2.2.1 Objetivo Geral

    Identificar e descrever sequncias de proteinas ligantes quitina e identificar

    SNPS no transcriptoma de A. occidentale var. nanum CCP76

    2.2.2 Objetivos Especficos

    Realizar uma nova montagem do transcriptoma usado por Garcia Filho (2013)

    Identificar protenas ligantes quitina no transcriptoma de castanha de caju;;

    Descrever sequncias de proteinas ligantes quitina no transcriptoma de

    castanha de caju;

    Realizar anlise de polimorfismo de nica base nos genes identificados

  • 31

    2.3 MATERIAIS E MTODO

    2.3.1. Obteno das sequncias do transcriptoma do cajueiro

    As sequncias do transcriptoma do cajueiro foram previamente obtidas de

    trabalhos realizados por Alves-Filho (2013). Amostras de sementes De ano-precoce

    CCP 76 foram coletadas em Itapipoca-CE. O RNA das sementes (ALVES-FILHO,

    2013) foi extrado a partir das amostras congeladas em nitrognio lquido, no Ncleo de

    Biotecnologia de Sobral e encaminhadas para sequenciamento no Laboratrio de

    Biotecnologia Animal - Esalq-USP utilizando a plataforma Illumina HiSeq2000. O

    sequenciamento das bibliotecas de cDNA foi do tipo paired-end e produziu reads de 50

    pb.

    2.3.2 Montagem do transcriptoma

    Os dados foram processados em um computador HP proliant com 8 ncleos de

    processamento e 16,7 Gb de memria RAM. Inicialmente as bibliotecas de reads brutos

    (arquivos em formato fastq) foram avaliadas pelo programa FastQCa fim de determinar

    a qualidade do sequenciamento. Os reads que apresentaram baixa qualidade foram,

    ento,trimados (removidos) utilizando a ferramenta FastX Toolkit. A montagem De

    novo foi realizada atravs do programa Velvetseguido por Oases. Os parmetros

    utilizados foram: k-mer 31, valor de cobertura de 30, corte de cobertura de 30 e

    tamanho mnimo do transcrito (arquivo de sada do Oases) de 300.

    2.3.3 Identificao in silico de quitinases e triagem das sequncias com CDS

    completo.

    A identificao dos genes que codificam enzimas quitinases do cajueiro foi feita

    pelo algoritmo Basic Local AlignmentSearch Tool (Com o programa BLASTx)

    utilizando as sequncias do transcriptoma de sementes dos cajueiros ano-precoce

    CCP76 contra os bancos de dados do Swiss-ProteTrEMBL. Os parmetros foram

    ajustados para conter apenas sequncias com o E-value inferior ou igual a 1x10-5.

  • 32

    As sequncias dos bancos de dados foram obtidas pelo servidor UniProt e

    filtradas por pesquisa booleana para exibir apenas sequncias de quitinases.

    Posteriormente foi feita uma busca por genes com a regio CDS completa, atravs de

    BLAST manual, alinhando os contigs do cajueiro contra os genes depositados no

    Genbank do NCBI. Os genes de quitinases que apresentaram maior percentual de

    identidade com os genes depositados no banco de dados, que possuam CDS completo,

    foram selecionados e tiveram suas sequncias traduzidas, nos 6 frames de leitura,

    utilizando a ferramenta translate tool do ExPASy (http://web.expasy.org/translate/), e as

    sequncias traduzidas foram novamente alinhadas, por alinhamento global, utilizando o

    software online ClustalW2 (http://www.ebi.ac.uk/Tools/msa/clustalw2/), a fim de

    determinar seu grau de similaridade e verificar se alinhavam completamente.

    2.3.4 Anlise de SNPs

    Os contigs de CCP76 e Cajueiro comum foram alinhados no software do

    MUMmer usando a ferramenta Nucmer. O arquivo de sada foi filtrado e utilizado a

    ferramenta show-SNPs para obter as alteraes nucleotdicas. A partir do resultado

    obtido, uma triagem foi feita pelas sequncias encontradas anteriormente da qual

    somente uma apresentou SNP entre os gentipos. Em seguida, foi feito um alinhamento

    global utilizando o Clustalw2 com as sequncias de nucleotdeos e aminocidos a fim

    de ver a posio da substituio. Tambm foi feita uma modelagem por homologia

    utilizando o SWISS-MODEL para analisar possveis modificaes na estrutura protica.

    http://web.expasy.org/translate/http://www.ebi.ac.uk/Tools/msa/clustalw2/

  • 33

    2.4 RESULTADOS E DISCUSSES

    2. 4.1 Montagem do transcriptoma utilizando o Velvet e Oases

    Os parmetros utilizados para montagem para as bibliotecas de cajueiro ano

    CCP 76 foi de 31 para o valor de k-mer, a cobertura esperada (Exp_cov) foi 30 e o valor

    de corte de cobertura (Cov_cutoff) foi de 2.

    Para a montagem do cajueiro ano CCP 76, foi utilizado um total de 42.786.272

    reads e a montagem revelaram a presena de 2.243 contigs sendo que o maior deles

    possui 5.382 nucleotdeos de tamanho. O valor de N50 460 com a montagem feita

    utilizando 17,205 % dos reads. O programa Oases utilizou os dados processados pelo

    Velvet adicionando como parmetro o menor transcrito possuindo 100 pb resultando em

    68.811 transcritos (Tabela 2).

    O resultado da montagem do Velvet foi otimizada aps a utilizao do programa

    Oases, o qual reduziu o nmero de contigs. O programa Oases foi desenvolvido

    especificamente para a montagem de transcriptomasDe novo usando reads curtos e leva

    em considerao a montagem feita pelo Velvet.Garg e colaboradores (2011) sugerem

    que a montagem no Velvet seguido pelo Oases produz os melhores contigs/transcritos.

    Ashrafi e colaboradores (2012) obtiveram 68.737 contigs na montagem De novo

    do transcriptoma de pimento (Capsicumannuum), utilizando o programa Velvet com

    valor de k-mer de 31. No presente estudo, foram obtidos 68.811 contigs no cajueiro,

    utilizando parmetros de montagem semelhantes aos utilizados por Ashrafi e

    colaboradores.

    Tabela 2 Estatsticas de montagem do transcriptoma de cajueiro CCP 76 usando o programa

    Velvet/Oases.

    Dados de Montagem - CCP76

    Tamanho do k-mer 31

    Cobertura esperada 30

    Corte de cobrtura 2

    Tamanho mnimo de contig 300

    N de reads 42.786.272

    N de ns 8.568

  • 34

    N50 460

    Tamanho do maior contig 5.382

    Porcentagem de reads usados 7.361.509 (17,205 %)

    N de contigs 2.243

    N de transcritos 68.811

    Fonte: O Autor

    2.4.2. Identificao e classificao dos transcritos

    Na busca de genes pelo transcriptoma foram identificados dez sequncias que

    obtiveram alguma similaridade com quitinases vegetais (Tabela 2). O primeiro contig

    (Figura 4) identificado com de 1457 bases, obteve 86% de similaridade com a sequncia

    de uma possvel quitinase de Ricinus communis (XP_002515664.1). Apresentando

    regies conservadas que o caracteriza como pertencente superfamlia lisozima-like e

    da famlia quitinase GH19 indo do resduo 428 ao 1136. Ainda apresenta outras duas

    regies conservadas. A primeira de um possvel stio de ligao a acar que esto nos

    resduos de nmero 518521(GGGA), 554557 (ATAA), 782788 (GTTGAAG),

    800--803 (AGGA), 893896 (TTCC), 959962 (CTGG) e a segunda regio com

    resduos catalticos de 794797 (GTAA), 893896 (TTCC), 959962 (CTGG).

    Figura 4: Representao dos domnios conservados no contig identificado como quitinase de

    Ricinus communis (XP_002515664.1).

    Fonte: NCBI

    O segundo contig (Figura 5), com 1325 bases, obteve 57% de similaridade com

    uma endoquitinase PR4-like de Cicer arietinum (XP_012570981.1). Apresentando

    regies conservadas que o caracteriza como pertencente superfamlia lisozima-like e

    da famlia quitinase GH19 indo do resduo 494 ao 1084. Ainda apresenta outras duas

  • 35

    regies conservadas. A primeira de um stio de ligao a carboidrato de resduos 386

    388 (AGT), 392400 (TACGGTTAT), 404406 (GGC), 419421 (TAT) e a

    segunda regio com resduos catalticos 674676 (GAA).

    Figura 5: Representao dos domnios conservados no contig identificado como endoquitinase

    PR4-like de Cicer arietinum (XP_012570981.1).

    Fonte: NCBI

    Tambm foi identificado um contig (Figura 6) com 1071 bases e 88% de

    similaridade com uma quitinase de Mangifera indica (ACD69683.1). Apresentando

    regies conservadas que o caracteriza como pertencente superfamlia lisozima-like e

    da famlia quitinase GH 19 indo do resduo 290877. Ainda apresenta outras trs

    regies conservadas. A primeira de um stio de ligao a carboidrato nos resduos 173

    175 (AGT), 179187 (TTTGGTTAC), 191193 (GGC), 206208 (TAC); a segunda

    regio com resduos catalticos no residuos 467469 (GAA), 530532 (AAC), 590

    592 (ACC) e um possvel stio de ligao a acar de resduos 467469 (GAA), 530

    532 (AAC), 594596 (CAG), 599604 (TACAAC), 564566 (AAT), 800802

    (AAG).

    Figura 6: Representao dos domnios conservados no contig identificado como quitinase de

    Mangifera indica (ACD69683.1).

    Fonte: NCBI

  • 36

    O terceiro identificado com 1157 bases, esse contig (Figura 7) obteve 84% de

    similaridade com uma quitinase-like de Citrus sinensis (XP_006488866.1).

    Apresentando regies conservadas que o caracteriza como pertencente superfamlia

    lisozima-like e da famlia quitinase GH19 indo do resduo 228938. Ainda apresenta

    outras duas regies conservadas. A primeira de um possvel sitio de ligao a acar nos

    resduos 402404 (AAA), 468470 (GAA), 561563 (CCT), 576581 (TACAAC),

    807809 (TAT), 846848 (TCC); e a segunda regio com resduos catalticos no

    resduos 402404 (AAA), 468470 (GAA), 567569 (TAC).

    Figura 7: Representao dos domnios conservados no contig identificado como uma quitinase-

    like de Citrus sinensis (XP_006488866.1).

    Fonte: NCBI

    Um contig (Figura 8), com 433 bases, obteve 78% de similaridade com uma

    quitinase de Euonymus europaeus (AAP35272.1). Apresentando regies conservadas

    que o caracteriza como pertencente superfamlia lisozima-like e da famlia quitinase

    GH19. Ainda apresenta outra regio conservada com resduos catalticos na posio

    104106 (GAA), 170172 (GAA), 551553 (TCT).

    Figura 8: Representao dos domnios conservados no contig identificado como quitinase de

    Euonymus europaeus (AAP35272.1).

    Fonte: NCBI

  • 37

    Com 210 bases, um quinto contig (Figura 9) obteve 73% de similaridade com

    uma endoquitinase PR4-like de Vitis vinifera (XP_010650683.1). Apresentando regies

    conservadas com um stio de ligao a carboidrato nos resduos 811 (GCCA), 1423

    (ATAGCCAAAT), 2629 (ACTG).

    Figura 9: Representao dos domnios conservados no contig identificado como endoquitinase

    PR4-like de Vitis vinifera (XP_010650683.1).

    Fonte:NCBI

    Tambm foi identificado um contig (Figura 10) com 297 bases que obteve 77%

    de similaridade com uma endoquitinase de Aegilops tauschii (EMT27212.1).

    Apresentando regies conservadas do resduo 104 ao 297 que o caracteriza como

    pertencente superfamlia lisozima-like e da famlia quitinase GH19.

    Figura 10: Representao dos domnios conservados no contig identificado como endoquitinase

    Aegilops tauschii (EMT27212.1).

    Fonte: NCBI

    Com 306 bases, outro contig (Figura 11) obteve 83% de similaridade com uma

    quitinase de Hevea brasiliensis (CAA09110.1). Apresentando regies conservadas que

    o caracteriza como pertencente superfamlia lisozima-like e da famlia quitinase

    GH18.

  • 38

    Figura 11: Representao dos domnios conservados no contig identificado como quitinase

    Hevea brasiliensis (CAA09110.1).

    Fonte: NCBI

    Com 522 bases, esse contig (Figura 12) obteve 66% de similaridade com uma

    endoquitinase PR4 de Vitis vinifera (XP_002274537.1). Apresentando regies

    conservadas nos residuos 56 ao 476 que o caracteriza como pertencente superfamlia

    lisozima-like e da famlia quitinase GH19. Ainda apresenta outra regio conservada

    com resduos catalticos na posio 231233 (GAA).

    Figura 12: Representao dos domnios conservados no contig identificado como endoquitinase

    PR4 de Vitis vinifera (XP_002274537.1).

    Fonte: NCBI

    Com 115 bases, esse contig (Figura 13) obteve 76% de similaridade com uma

    quitinase de Vitis vinifera (ABD64687.1). Apresentando regies conservadas nos

    residuos 2 ao 109 que o caracteriza como pertencente superfamlia lisozima-like e da

    famlia quitinase GH18.

    Figura 13: Representao dos domnios conservados no contig identificado como quitinase de

    Vitis vinifera (ABD64687.1).

    Fonte: NCBI

  • 39

    Tambm foi identificado um sequncia que obteve similaridade com albumina

    vegetal. O contig identificado (Figura 14) com de 490 bases, obteve 100% de

    similaridade com uma sequncia de uma albumina 2S de Anacardium occidentale

    (AAL91665.1). Este apresenta regies conservadas que o caracteriza como pertencente

    subfamilia de inibidores de alfa-amilase (AAIs) e protenas de armazenamento de

    sementes (SS) indo do resduo 128--311. Ainda apresenta outras duas regies

    conservadas. A primeira de um possvel stio de ligao alfa-amilase que esto nos

    resduos de nmero 128131(AAAC), 251254 (CTCT), 272281 (CCTTCTGTCT)

    e a segunda regio de interface de dmeros de 128131 (AAAC), 251254 (CTCT),

    272281 (CCTTCTGTCT), 137140 (GCCC), 155158 (ACTG), 163166

    (TTCA), 185188 (TTCA)

    Figura14: Representao dos domnios conservados no contig identificado como albumina 2S

    de Anacardium occidentale (AAL91665.1).

    Fonte: NCBI

    A subfamlia AAI_SS composta por protenas que so simultaneamente

    inibidoras da alfa-amilase (AAI) tem funo de armazenamento em sementes (SS). So

    encontradas principalmente nas sementes de plantas superiores. AAI desempenham um

    papel importante nas defesas naturais das plantas contra insetos e organismos

    patognicos tais como fungos, bactrias e vrus. AAI impedem a digesto de amido e

    protenas de plantas por inibio alfa-amilases e proteases digestivas. Tambm esto

    includos nesta subfamlia so protenas SS tais como albumina 2S, gama-gliadina,

    napina, e prolaminas. Estas protenas aais e SS so tambm conhecidos alergnios em

    humanos. (STROBL et al., 1998; KUMARI; HOORN, 2011)

  • 40

    Tabela 3: Protenas ligantes quitina identificadas manualmente pelo Blastx no transcriptoma de semente de Cajueiro ano-precoce CCP76.

    N de acesso Protena Organismo Tamanho Similaridade Famlia Sitio Locus F L

    XP_002515664.1 Quitinase Ricinus communis 1457 86% GH19 Acar, cataltico 410 -2

    XP_012570981.1 Endoquitinase

    PR4-like

    Cicer arietinum 1325 57% GH19 Carboidrato,

    cataltico

    1421 +2

    ACD69683.1 Quitinase Mangifera indica 1071 88% GH19 Acar, cataltico,

    carboidrato

    4849 +2

    XP_006488866.1 Quitinase-like Citrus sinensis 1157 84% GH19 Acar, cataltico 5472 +3

    AAP35272.1 Quitinase Euonymus europaeus 433 78% GH19 Cataltico 8370 +2

    XP_010650683.1 Endoquitinase

    PR4-like

    Vitis vinifera 210 73% ChtB Carboidrato 8715 -3

    EMT27212.1 Endoquitinase Aegilops tauschii 297 77% GH19 11904 -2

    CAA09110.1 Quitinase Hevea brasiliensis 306 83% GH18 17280 +3

    XP_002274537.1 Endoquitinase PR4 Vitis vinifera 522 66% GH19 17811 +3

    ABD64687.1 Quitinase Vitis vinifera 115 76% GH18 56367 +2

    AAL91665.1 Albumina 2S Anacardium occidentale

    490 100% AAI_SS Ligao alfa-

    amilase

    -1

    Fonte: NCBI

  • 41

    2.4.3 Identificao de SNP nos contigs identificados

    Na busca por SNPs nos contigs identificados como quitinases foi observado a

    presena de uma alterao nucleotdica em apenas um dos genes identificados. Essa

    mutao foi observada no primeiro contig de cajueiro ano-precoce CC76 (Figura 4) de

    1457 bases e 86% de similaridade com uma sequncia de uma possvel quitinase de

    Ricinus communis quando comparado com o mesmo gene de cajueiro gigante. Na

    posio 1113 do contig de CCP76 h uma citosina, enquanto no contig correspondente

    de cajueiro comum h uma adenina na posio 1032 (Figura 15) em uma regio

    codificante. H uma predominncia de SNPs em regies codificantes, o que observado

    no trabalho de Klheim et al, (2009). Segundo Gonzales Martinez e colaboradores

    (2006), SNPs localizados em regies codificantes tm grande importncia por ser mais

    provvel que estas variaes nucleotdicas tenham algum tipo de significado funcional,

    em nvel fenotpico, nos organismos.

    Figura 15: Alinhamento de nucleotdeos realizado pelo programa Clustal verso 2.0.10,

    comparando Cajueiro ano-precoce e gigante na procura de SNPs.

    A regio destacada em vermelho mostra a localizao dos SNP. Fonte: autor.

    Essa alternncia de nucleotdeo caracteriza uma transverso, quando a

    substituio do nucleotdeo de uma purina para uma pirimidina nesse caso. A mutao

    observada nesse estudo no acorre com maior frequncia, as substituies por transio

    tem com maior ocorrncia no genoma de diversos organismos (LEWIN, 2008). Embora

    as variaes de transio ocorram numa frequncia mais alta que as transverses em

    genomas eucariotos, possivelmente como resultado de mecanismos moleculares pelos

    quais so geradas, existem evidencias que isso no universal (KELLER et al., 2007).

    Em trabalhos realizados com cafeeiros, foram encontrados 80% de mutaes causadas

  • 42

    por transverses e 20% decorrentes de transies (ZARATE et al., 2010), o que embasa

    ocorrncia de uma transverso nesses contigs.

    Essa mutao ocasionou uma mudana no cdon codificante que resultou em

    uma alterao no aminocido codificado de uma arginina (R), carregado positivamente,

    no CCP76 para uma leucina (L), apolar, no cajueiro gigante na posio 75 da protena

    (Figura 16). Esse um caso de mutao no sinnima, isto , a mudana no cdon

    gerou alterao do aminocido. Essa alternncia no ocorreu em uma estrutura

    funcional (Figura 17), dessa forma, presume-se que sua funo no foi afetada.

    Figura 16: Alinhamento de aminocidos realizado pelo programa Clustal verso 2.0.10,

    comparando Cajueiro ano-precoce e gigante na procura de SNPs.

    A regio destacada em vermelho mostra a localizao dos SNP. Fonte:autor

    Figura 17 Estrutura Tridimensional das sequncias de quitinases GH19 de cajueiros ano-

    precoce CCP76 e Gigante mostrando posio da substituio do resduo de aminocido.

    (A) quitinase GH19 de CCP76 ,(B) quitinase GH19 Cajueiro Gigante. Fonte:Protein Data Bank.

  • 43

    2.5 CONCLUSO

    Foram detectados 10 contigs com sequncias semelhantes quitinases de

    diversos organismos. Ainda foram identificados domnios conservados de stios

    catalticos e de ligao a carboidratos e acares. No contig identificado como quitinase

    de Ricinus communis observou-se a presena de um SNP havendo uma substituio de

    nucleotideo do tipo transverso no qual resultou um mutao no sinnima. Foi

    identificado um contig com 100% de similaridade com uma albumina 2S de

    Anacardium occidentale apresentando regies conservadas que o caracteriza

    pertencente subfamlia AAI_SS e dominios conservados de stio de ligaco alfa-

    amilase e regio de interface de dmeros.

  • 44

    CAPTULO II

    CARACTERIZAO DE PROTEINAS DE CASTANHA DE

    CAJU (Anacardium occidentale var. nanum) LIGANTES QUITINA

    E AVALIAO DO SEU EFEITO INIBITRIO NO

    CRESCIMENTO MICROBIANO

  • 45

    3 CARACTERIZAO DE PROTEINAS DE CASTANHA DE CAJU

    (Anacardium occidentale var. nanum) LIGANTES QUITINA E AVALIAO

    DO SEU EFEITO INIBITRIO NO CRESCIMENTO MICROBIANO

    3.1 Albumina 2S

    A primeira albumina 2S foi isolada a partir de soja corresponde a uma cadeia

    polipeptdica rica em cido asprtico com massa molecular aparente 4.4 kDa (ODANI,

    KOIDE; ONO, 1987). As albuminas 2S podem ser consideradas um dos maiores grupos

    de protenas presentes nos tecido de reserva da semente, juntamente com as globulinas

    (BERROCAL-LOBO et al., 2002).So protenas solveis em gua, amplamente

    distribudas por sementes de dicotiledneas e monocotiledneas, so ricas em cistena,

    arginina, glutamina e asparagina (MONSALVE et al., 2007).Seu nome devido ao

    coeficiente de sedimentao prximo a 2S(DA SILVA et al., 1996), e est foi relatada

    em sementes de importncia comercial, como a soja (LIN et al., 2006) e amendoim

    (LEHMANN et al., 2006 ).

    Estas protenas podem ser classificadas de acordo com a distribuio conservada

    das cistenas ao longo da cadeia polipeptdica (KREIS et al., 1985) como pertencentes

    superfamlia das prolaminas, que incluem tambm inibidores de tripsina e -amilase do

    tipo cereal, puroindolinas e protenas de transferncias de lipdeos no especficos. Elas

    so produzidas no retculo endoplasmtico rugoso e depositadas em vacolos

    especficos, onde atuam principalmente como reserva proteica para o desenvolvimento

    do embrio at a formao da radcula (LEE et al., 2003). Contudo, estudos comprovam

    que as albuminas 2S tambm esto associadas processos regulatrios durante o

    desenvolvimento do embrio, por apresentarem atividade antimittica(GALVEZ; DE

    LUMEN, 1999)

    As albuminas 2S podem ser compostas por duas cadeias polipeptdicas unidas

    por duas pontes dissulfeto, sendo que a cadeia curta apresenta aproximadamente 3 a

    5kDa e a cadeia longa apresenta aproximadamente 8 a 10 kDa (Figura 1), sendo ambas

    codificadas por um mesmo gene (KOPPELMAN et al., 2004).

  • 46

    Figura18 - Estrutura tridimensional obtida por RMN de albumina 2S isolada de Brassica napus

    (PDB 1PNB).

    A estrutura em verde indica a cadeia curta - com duas - hlices, enquanto a estrutura em azul

    indica a cadeia longa, com trs -hlices. As ligaes em vermelho indicam as pontes dissulfeto.

    Fonte: Protein Data Bank - PDB

    Alm da 2S apresentar atividade contra tripsina, como j citado anteriormente

    muito destas protenas apresentam potencial biotecnolgico, podendo atuar como

    agentes emulsificantes (BURNETT et al., 2002) , fungicidas (RIBEIRO, 2010),

    bactericidas (NETO, 2009), Ribonuclease RNAse (FANG; WONG; LIN; NG, 2010)

    atividade alergnica em humanos (NASCIMENTO et al., 2011).

    As albuminas 2S podem estar associadas tambm reaes alrgicas. Embora o

    mecanismo ligado ao potencial alergnico das albuminas, estudo indicam que essa

    caracterstica pode estar relacionado regio denominada regio hiper varivel, que

    corresponde aos aminocidos 30 -50, sendo possvel que este loop seja responsvel por

    desencadear a produo de anticorpos do tipo IgG (Imunoglobulina do tipo G) e IgE

    (Imunoglobulina do tipo E), o que desencadeia a produo de histamina, causando a

    reao alrgica (MONSALVE et al., 2007).

  • 47

    3.2 OBJETIVOS

    3.2.1 Objetivo Geral

    Avaliar o perfil de protenas ligante quitina presentes em castanha de caju e o

    efeito inibidor microbiano de albumina 2S ligante a quitina.

    3.2.2 Objetivos Especficos

    Extrair protenas das castanhas de caju;

    Fazer uma cromatografia de afinidade em matriz de quitina;

    Fazer eletroforese em gel de poliacrilamida com presena de SDS das pores

    retidas na matriz cromatogrfica;

    Precipitar protenas em sulfato de amnio;

    Fazer eletroforese em gel de poliacrilamida com presena de SDS das fraes;

    Fazer um teste de concentrao mnima inibitria contra microrganismos;

    Realizar ensaio de atividade antibiofilme.

    Quantificao da biomassa do biofilme

  • 48

    3.3 MATERIAIS E MTODOS

    3.3.1 Extrao de protenas das Castanhas de CCP076

    A fim de obter o melhor rendimento protico para uma posterior anlise da

    atividade quitinsica foram preparados nove tampes de extrao com diferentes nveis

    de pH . Os tampes utilizados foram:tampo glicina-HClpH2 e pH3; tampo acetato de

    sdio pH4 e pH5; tampo fosfato de sdio pH6 e pH7, tampo tris-HClpH8;tampo

    glicina-NaOH pH9 e pH10, todos em uma concentrao de 50mM.

    A castanha do caju foi macerada com nitrognio liquido. A farinha obtida, ento,

    foi de lipidada em acetona e misturada em tampo de extrao na proporo de 1:14

    (M/V) e deixada sob agitao por 2 horas a 25 C. Em seguida a soluo foi

    centrifugada a 12.000 x g por 20 minutos a 4 C e coletado o sobrenadante.Os extratos

    obtidos foram imediatamente utilizados para as anlises ou armazenados a -20 C.

    3.3.2 Determinao da concentrao de protenas

    A concentrao de protenas solveis foi determinada usando a metodologia

    descrita por Bradford (1976). A cada 100 L de amostra (diluda ou no) foram

    adicionados 2,5 mL do reagente de Bradford, e a mistura agitada e deixada em repouso.

    As leituras de absorbncia a 595 nm foram realizadas a seguir, em espectrofotmetro

    Genesys 10UV Scanning (Thermo Fischer Scientific - Waltham, MA, USA). A

    concentrao proteica foi estimada utilizando uma curva obtida a partir de

    concentraes conhecidas de albumina srica bovina (BSA).

    3.3.3 Atividade Quitinsica

    A atividade quitinoltica foi determinada segundo o mtodo colorimtrico

    descrito por Boller (1985), tendo como parmetro a liberao de N-acetil-D-

    glucosamina a partir da ao hidroltica da protena sobre a quitina coloidal, obtida a

    partir de quitosana (MOLANO et al., 1977), pela metodologia descrita por Boller

    (1992).

    As amostras (250 L) foram incubadas com quitina coloidal 1% (m/v) (250 L)

    a 37 C, por 1 h, com agitao constante A reao foi interrompida por aquecimento a

  • 49

    100 C, em banho-maria, por 5 min. Aps resfriamento, as amostras foram

    centrifugadas (13.000 x g, 10 min, a 25 C) e o sobrenadante (300 L) foi transferido

    para novo tubo, contendo - glucuronidase (10 L). A mistura foi incubada a 37 C por

    1 h e a reao interrompida por aquecimento (100 oC, 5 min). Em seguida, tampo

    acetato de sdio 0,05 M pH 5,2 (100 L) e tetraborato de potssio 0,6 M (190 L)

    foram adicionados mistura, que foi novamente aquecida (100 C, por exatos 5 min).

    Aps resfriamento em banho de gelo, foi adicionada soluo de p- dimetil amino

    benzaldedo [DMAB 10% (m/v) preparado em cido actico contendo 12,5% de HCl

    11,5 M] diluda 1x em cido actico PA. A mistura foi incubada a 37 C por 20 min e, a

    leitura da absorbncia a 585 nm foi realizada.

    Para o clculo da quantidade de acar liberado na reao, foi utilizada uma

    curva padro construda a partir de concentraes conhecidas de N-acetil-D-

    glucosamina, variando de 100 a 1.000 M (REISSIG et al., 1955). Uma unidade de

    atividade enzimtica (U) foi definida por 1nmol de GlcNAc.

    3.3.4 Eletroforese em gel de poliacrilamida em presena de SDS (PAGE-SDS)

    A eletroforese de protenas (SDS-PAGE) foi realizada segundo protocolo de

    Laemmli (1970), com modificaes para montagem dos gis (espessura de 2 mm) entre

    placas de vidro. O gel de concentrao continha acrilamida 4% e SDS 1%, e foi

    montado em tampo Tris-HCl 0,5 M pH 6,8, enquanto que o gel de separao possua

    acrilamida 15% e SDS 1%, montado em tampo Tris-HCl 3 M pH 8,8. As amostras a

    serem analisadas foram diludas em tampo de amostra [Tris-HCl0,0625 M, pH 6,8;

    SDS 2% (m/v) e azul de bromofenol 0,001%(m/v)], aquecidas a 100 C por 7 min,

    resfriadas a temperatura ambiente. A corrida eletrofortica foi realizada a voltagem

    constante de 120 V em tampo decorrida Tris-HCl 0,025 M pH 8,3, contendo glicina

    0,192 M e SDS 0,1% (m/v). Aps acorrida, os gis foram corados com soluo de Azul

    Brilhante de Coomassie R-250 0,2%(m/v), preparado em metanol 50% (v/v), cido

    actico 10% (v/v). Para deteco das bandas de protenas, e descorados com uma

    soluo deisopropanol 12,5% (v/v), cido actico 10% (v/v).

  • 50

    3.3.5 Cromatografia de afinidade em matriz de quitina

    A cromatografia foi realizada utilizando uma matriz de quitina bruta lavada com

    HCl 0,1 M, NaOH 0,1 M e gua. Aps a montagem a coluna foi equilibrada em tampo

    acetato de sdio no mesmo pH de extrao da amostra. Os picos retidos foram eludos

    com cido actico 0,1 M e 0,5M e logo em seguida foram dialisados contra tampo

    acetato de sdio 50 mM no mesmo pH do equilbrio.

    No processo cromatogrfico, o fluxo de eluio foi de 1mL/min,cada alquota

    com 3 mL. Todas elas foram analisadas por medida da absorbncia a 280 nm (A280) em

    espectrofotmetro Genesys 10UV Scanning (Thermo Fischer Scientific - Waltham, MA,

    USA).

    3.3.6 Precipitao com Sulfato de Amnio

    O extrato proteico foi submetido precipitao com sulfato de amnio

    (NH4)2SO4, empregando trs intervalos de saturao: 0-30% (m/m), 30-60% (m/m), 60-

    90% (m/m). A cada saturao com sulfato de amnio a soluo foi deixada em descanso

    por uma noite (overnight), centrifugada a 12.000 x g por 20 minutos e coletado o

    precipitado.

    3.3.7 Ensaio de atividade antimicrobiana (CIM)

    A atividade antibacteriana do extrato dever ser verificada segundo o teste

    de microdiluio em placas de poliestireno de 96 poos, padronizada segundo a diretriz

    M07 A 9 edio, Metodologia para Testes de Sensibilidade aos Antimicrobianos por

    Diluio para Bactrias de Crescimento Aerbico (CLINICAL AND LABORATORY

    STANDARDS INSTITUTE, 2012).

    Para o teste com a albumina, cada poo da placa ser preenchido com 100

    L de meio de cultura SDB caldo estril com exceo da primeira linha, a qual vai ser

    preenchida com 200 L da frao proteica na concentrao de 1.640 g.mL. Sero

    feitas diluies seriadas na base dois para obteno de diferentes concentraes

    proteicas. Em seguida 100 L de bactria 2 x 106 UFC.mL-1sero adicionados aos poos

    da placa obtendo um volume final de 200 L com concentrao bacteriana de 1 x 106

    UFC.mL-1. Os poos que contiver apenas inculo e meio de cultura SDB caldo estril

  • 51

    devero ser utilizados como controle de crescimento da bactria e poos que tiverem os

    tratamentos antimicrobianos sem a presena de inoculo sero utilizados como controle

    de turbidez. Para determinao da Concentrao Inibitria Mnima (CIM), ser

    considerada a menor concentrao de capaz de inibir visualmente o crescimento

    bacteriano aps 24 h de incubao.

    3.3.8 Ensaio de atividade antibiofilme

    As placas de poliestireno de fundo chato sero montadas como descrito

    anteriormente. Entretanto, aps 24 h de incubao aerbica em estufa a 37 C a

    biomassa do biofilme formado ser quantificada atravs da colorao com Cristal

    Violeta (CV) como descrito a seguir.

    3.3.9 Quantificao da biomassa

    Para a quantificao da biomassa com CV, as clulas planctnicas sero

    removidas e os poos lavados trs vezes com gua destilada. Aps secagem da placa a

    temperatura ambiente, 200 L de lcool metlico P.A. sero adicionados e deixados em

    contato por 15 minutos para fixao das clulas aderidas. Aps a remoo do metanol,

    200 L de CV 0,1% sero ainda adicionados por 10 minutos para permitir uma

    quantificao indireta da biomassa do biofilme atravs da colorao. Em seguida o CV

    ser removido e repetir-se- o processo de lavagem e secagem da placa onde sero

    adicionados 200 L de cido actico 33% por 10 minutos para dissoluo do corante

    preso ao biofilme. A suspenso obtida em cada poo ser transferida para uma nova

    placa de 96 poos e ser realizada a medio da absorbncia com o auxlio de um leitor

    de microplacas a 590 nm.

  • 52

    3.4 RESULTADOS E DISCUSSES

    A partir de evidencias da presena de quitinases no transcriptoma do Cajueiro

    ano-precoce CCP76 resolveu-se avaliar as condies nas quais as proteinas ligantes

    quitina atuam. Os estudos sobre quitinases em Anacardium occidentale so escassos. O

    nico trabalho envolvendo essa enzima foi publicado em 1991 por Marques e Xavier

    Filho. Esse trabalho avalia a atividade enzimtica e inibitria do exsudato do cajueiro

    mostrando a presena de quitinase.

    Devido a essa escassez de dados referentes presena de quitinases e sua

    atividade cataltica em Anacardium occidentale foi iniciada uma investigao para

    determinar as condies ideais de funcionamento dessas protenas nas sementes desse

    organismo.

    3.4.1 Extrao de protenas solveis

    A fim de obter o melhor rendimento proteico para uma posterior anlise da

    atividade quitinsica foram preparados nove tampes de extrao com diferentes nveis

    de pH. Os extratos proteicos apresentaram as seguintes concentraes: 0,38 mg/ml em

    tampo glicina-HCl pH2;1,62 mg/ml em tampo glicina-HCl pH3;1,17 mg/ml em

    tampo acetato de sdio pH4;3,89 mg/ml em tampo acetato de sdio pH5;5,79 mg/ml

    em tampo fosfato de sdio pH6;12,65 mg/ml em tampo fosfato de sdio pH7, 15,24

    mg/ml em tampo tris-HCl pH8; 15,17 mg/ml em tampo glicina-NaOH pH9; 16,18

    mg/ml em tampo glicina-NaOH pH10 (Grfico 1).

    Silva e coladoradores (2012) observaram uma maior concentrao de protenas

    totais de Eichhornia crassipes utilizando tampes de extrao com nveis de pH mais

    elevados corroborando com os resultados obtidos nesse trabalho. Tonelli e

    colaboradores (2015) tambm conseguiram um maior rendimento proteico usando um

    tampo mais alcalino para extrao proteica de sementes de Albizianio poides.

    3.4.2 Ensaio da atividade quitinsica

    As condies para que uma quitinase seja ativa so bastante variveis de acordo

    com o organismo em que atua ou produzida de maneira heterloga. A quitinase da

    classe III de Bambusa oldhamii tem sua atividade quitinsica estvel em pH 3,0 e 4,0

  • 53

    (KUO et al., 2008). J a endoquitinase de Limonium bicolor, produzida em Pichia

    pastoris, que tem sua atividade quitinsica mantida estvel em uma faixa de pH 3,0

    pH 10,0 (LIU et al., 2010).

    Desse modo, para chegar condio tima de atividade das quitinases presentes

    na amndoa do caju CCP076 foi realizado um ensaio quitinoltico de todos os extratos

    proteicos brutos em seus respectivos valores de pH. Os extratos proteicos apresentaram

    as seguintes atividades totais: 580,50 U em tampo glicina-HClpH2; 580,50 U em

    tampo glicina-HCl pH3; 446,55 U em tampo acetato de sdio pH4; 626,35 U em

    tampo acetato de sdio pH5; 548,64 U em tampo fosfato de sdio pH6; 473,09 U em

    tampo fosfato de sdio pH7, 252,59 U em tampo tris-HCl pH8; 208,38 U em tampo

    glicina-NaOH pH9; em tampo glicina-NaOH pH10 no houve atividade (Grfico 1).

    Aps observaros extratos com pH 4, 5 e 6 com os resultados mais promissores, na

    atividade quitinoltica total (Grfico 2) e da atividade por ml obtido (Grfico 3), as

    anlises seguiram como descritas posteriormente. Antes de dar continuidade com a

    investigao, as amostras foram submetidas a uma dilise para certificar-se do pH

    presente na amostra, visto que foi observada uma mudana desse nos extratos proteicos

    (dados no mostrados).

    Grfico 1 Concentrao de protenas solveis em mg/ml em diferentes tampes de extrao.

    pH

    2

    pH

    3

    pH

    4

    pH

    5

    pH

    6

    pH

    7

    pH

    8

    pH

    9

    pH

    10

    0

    5

    1 0

    1 5

    2 0

    Pro

    ten

    as

    so

    lv

    eis

    mg

    /mL

    pH2 (tampo glicina-HCl), pH3 (tampo glicina-HCl), pH4 (tampo acetato de sdio), pH5

    (tampo acetato de sdio), pH6 (tampo fosfato de sdio), pH7 (tampo fosfato de sdio), pH8

    (tampo tris-HCl) pH9 (tampo glicina-NaOH) pH10 (tampo glicina-NaOH). Fonte:autor.

  • 54

    Grfico 2 Atividade quitinsica total dos extratos proteicos em diferentes pH.

    pH

    2

    pH

    3

    pH

    4

    pH

    5

    pH

    6

    pH

    7

    pH

    8

    pH

    9

    pH

    10

    0

    2 0 0

    4 0 0

    6 0 0

    8 0 0

    Ati

    vid

    ad

    e T

    ota

    l (U

    )

    Valores de pH em que ocorreram a atividade quitinsica: pH2(tampo glicina-HCl), pH3

    (tampo glicina-HCl), pH4 (tampo acetato de sdio), pH5 (tampo acetato de sdio), pH6

    (tampo fosfato de sdio), pH7 (tampo fosfato de sdio), pH8 (tampo tris-HCl) pH9 (tampo

    glicina-NaOH) pH10 (tampo glicina-NaOH). Fonte: autor

    Grfico 3 Atividade quitinsica em unidades em cada 1mL (U/mL) dos extratos proteicos em

    diferentes pH

    pH

    2

    pH

    3

    pH

    4

    pH

    5

    pH

    6

    pH

    7

    pH

    8

    pH

    9

    pH

    10

    0

    5 0

    1 0 0

    1 5 0

    Ati

    vid

    ad

    e (

    U/m

    L)

    Valores de pH dos tampes em que ocorreram a atividade quitinsica: pH2(tampo glicina-

    HCl), pH3 (tampo glicina-HCl), pH4 (tampo acetato de sdio), pH5 (tampo acetato de

    sdio), pH6 (tampo fosfato de sdio), pH7 (tampo fosfato de sdio), pH8 (tampo tris-HCl)

    pH9 (tampo glicina-NaOH) pH10 (tampo glicina-NaOH). Fonte: autor

  • 55

    Novos ensaios quitinolticos foram realizados com os extratos dialisados e uma

    alterao no padro dos resultados foi observada (Grfico 4). Houve uma significante

    reduo da atividade quitinoltica no pH 4 aps a dilise de 3117 U para 1339U -

    reduzindo o potencial de uso das enzimas nessa faixa de pH. O extrato no pH 5 manteve

    a mesma faixa de atividade de antes da dilise e no pH 6 houve um aumento da

    atividade enzimtica indo de 1623 U para 2403 U. Quando feita uma proporo das

    unidades enzimticas pelo volume do extrato (Grfico 5), tambm se observou o extrato

    com pH 5 com a maior atividade quitinoltica. As protenas relacionadas patognese,

    como as quitinases, apresentam propriedades fsico-qumicas tpicas como estabilidade

    em pH baixo, corroborando com os resultados obtidos. Essas protenas ainda so

    resistentes a ao de enzimas proteolticas e possuem estabilidade trmica

    (CAVALCANTI; BRUNELLI; STANGARLIN, 2005).

    Quitinases extradas de sementes de Cucumis melo e Tamarindus indica

    apresentaram atividade em pH 5 (WELBAUM et al., 2003; KUMAR et al.,2009).

    Endoquitinases de Zea mays e Coix lachryma-jobi mostratam pH timo no mesmo valor

    e mesmo tampo desse estudo (ZHE-FU, 1992). Assim como, Chang e colaboradores

    (2014) que isolaram uma endoquitinase da famlia GH19 de Glycine max nas mesmas

    condies corroborando com os resultados obtidos nesse estudo. Quitinases de sementes

    de lentilha vermelha (Lens culinaris) demonstraram atividade enzimtica e inibitria em

    pH 5 (WANG , 2007).

    3.4.3 Cromatografia de afinidade em matriz de quitina

    Aps a eleio do pH 5 como o ideal para a atividade das quitinases presentes no

    proteoma da castanha, o extrato proteico sob essas condies foi submetido a uma

    cromatografia com matriz de quitina a fim de selecionar as protenas com domnio de

    ligao quitina das demais. A cromatografia apresentou um perfil com dois picos

    principais. O primeiro pico eludo com acido actico a 0,1 M apresentou uma

    absorbncia de 2,372 nm na frao 55, enquanto o segundo, eludo com acido actico

    0,5 M , apresentou absorbncia de 218 nm na frao 85.

  • 56

    Grfico 4 Atividade quitinsica total dos extratos proteicos em diferentes pH antes e depois da

    dilise.

    Valores de pH dos extratos proteicos em que ocorreram a atividade quitinsica: pH4:(tampo

    acetato de sdio), pH5 (tampo acetato de sdio), pH6 (tampo fosfato de sdio); pH4D extrato

    dialisado, pH5D extrato dialisado, pH6D:extrato dialisado. Fonte: autor

    Grfico 5 Atividade quitinsica em unidades em cada 1mL (U/mL) dos extratos proteicos em

    diferentes pH antes e depois da dilise.

    Valores de pH dos extratos proteicos em que ocorreram a atividade quitinsica: pH4:(tampo

    acetato de sdio), pH5 (tampo acetato de sdio), pH6 (tampo fosfato de sdio); pH4D extrato

    dialisado, pH5D extrato dialisado, pH6D:extrato dialisado. Fonte: autor.

    pH

    4

    pH

    5

    pH

    6

    pH

    4 D

    pH

    5 D

    pH

    6 D

    0

    1 0 0 0

    2 0 0 0

    3 0 0 0

    4 0 0 0

    5 0 0 0

    Ati

    vid

    ad

    e T

    ota

    l (U

    )

    pH

    4

    pH

    5

    pH

    6

    pH

    4 D

    pH

    5 D

    pH

    6 D

    0

    2 0

    4 0

    6 0

    8 0

    Ati

    vid

    ad

    e (

    U/m

    L)

  • 57

    Grfico 6: Cromatografia de afinidade realizada com matriz de quitina do extrato proteico em

    tampo acetato de sdio pH5.

    Equilbrio: tampo acetato de sdio50mM a pH 5; Eluio: acido actico 0,1 M (a) e 0,5 M (b)

    em fluxo constante de 1 mL/min. Fonte:autor.

    Esse perfil cromatogrfico (Grfico 6) evidencia a presena de dois tipos de

    protenas ligantes a quitina com interaes diferentes no stio de ligao. A primeira

    frao proteica com uma ligao mais fraca e a segunda frao com uma interao mais

    forte. A fim de avaliar a atividade quitinoltica das protenas retinas na matriz, alm de

    sua afinidade quitina, foi realizado um ensaio quitinsico nas fraes cromatograficas.

    Foram submetidas atividade o pico no retido e as fraes eludas com acido actico

    0,1M e 0,5M (Grficos 7 e 8).

    A frao no retida apresentou atividade cataltica, assim como, a primeira

    frao, eluda com cido actico 0,1M, apresentou atividade quitinsica. A concentrao

    protica submetida cromatografia pode ter sido superior a quantidade mxima de

    ligao da matriz deixando-a saturada, dessa forma, quitinases podem ter passado pela

    matriz sem ligar-se quitina dando frao no retida um perfil cataltico. A primeira

    frao apresentou atividade cataltica assim como afinidade ao substrato, evidenciando

    quitinases com dois domnios em sua estrutura. O perfil proteico da frao no retida e

    dos picos retidos mostrado no SDS-PAGE (Figura 19).

  • 58

    Grfico 7 - Atividade quitinsica total dos picos cromatogrficos do extrato em tampo acetato

    de sdio pH 5,0.

    PNR: Pico no retido na matriz de quitina; PR0,11: Pico retido na matriz de quitina e eludo

    com cido actico 0,1M ; PR0,5: Pico retido na matriz de quitina e eludo com cido actico

    0,5M. Fonte: autor

    Grfico 8 - Atividade quitinsica (U/mL) dos picos cromatogrficos do extrato em tampo

    acetato de sdio pH 5,0.

    PNR: Pico no retido na matriz de quitina; PR0,11: Pico retido na matriz de quitina e eludo

    com cido actico 0,1M ; PR 0,12: Pico retido na matriz de quitina e eludo com cido actico

    0,1M; PR0,5: Pico retido na matriz de quitina e eludo com cido actico 0,5M. Fonte: autor

    PN

    R

    PR

    0,1

    .1

    PR

    0,1

    .2

    PR

    0,5

    0

    5 0

    1 0 0

    1 5 0

    Ati

    vid

    ad

    e (

    U/m

    L)

  • 59

    O segundo pico, retido na matriz de quitina e eludo com cido actico 0,5M,

    no apresentou atividade quitinsica. Esse resultado uma evidncia da presena de

    quitinase-like (QTL) que corrobora com os resultados adquiridos in silico. No

    transcriptoma analisado foi identificado contigs com alto grau de similaridade com

    quitinases-like de Cicer arietinum, Citrus sinensis e Vitis vinifera embasando a

    afirmao anterior. Essas proteinas compartilham alta similaridade na estrutura e

    sequncia com quitinases das famlias GH18 e 19, podendo no ter a ligao ou

    atividade cataltica devido presena de substituies no domnio de ligao quitina.

    (KESARI et al., 2015) A anlise gentica molecular revela que os acontecimentos da

    duplicao de genes, seguido de mutao no gene da quitinase existente resultaram na

    perda dessa atividade (BUSSINK et al., 2007).

    As QTLs tm um grande potencial biotecnolgico, elas so conhecidas por inibir

    o crescimento dos fungos pela inibio de xilanases fngicas (PAYAN et al., 2003;

    KUMAR et al., 2010). Em outras protenas tais DLQ evoluiram para reconhecer

    molculas de quitina desempenhando assim um papel importante nos processos de

    crescimento e desenvolvimento (KESARI et al., 2015)

    Figura 19: Eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) a 15% de protenas de amndoas

    de cajueiro extradas e fracionadas em pH5 e coradas com de Azul Brilhante de Coomassie R-

    250.

    MW/KDa: marcador de baixo peso molecular com bandas variando de 14,4 a 97 KDa. Ext:

    extrato proteico extrado em tampo acetato de sdio com pH5. ExtD: Extrato proteico

    dialisado. NR: pico no retido na matriz cromatogrfica; P1: Pico eludo com acido actico

    0,1M; P2: pico eludo com cido actico 0,1M; P3: Pico retido com cido actico 0,5M. Fonte:

    autor.

  • 60

    3.4.4 Avaliao de albuminas 2S presentes na castanha de CCP076

    As protenas foram extradas em tampo glicina pH 2 e logo em seguida

    submetidas a um fracionamentos por sulfato de amnio. Aps o fracionamento, a

    concentrao proteica foi mesurada e os precipitados foram submetidos a uma

    eletroforese SDS-PAGE (Figura 20). O extrato proteico bruto apresentou uma

    concentrao de 0,3 mg/mL, a frao 0-30% apresentou uma concentrao de 0,17

    mg/mL; a frao 30-60% obteve uma concentrao 2,5 mg/mL; e a frao 60-90%

    apresentou concentrao de 1,64 mg/mL (Grfico 9). Na raia com do gel SDS-PAGE

    com a frao 60-90%