62
0 Universidade Federal do Pampa LUÍSA RICARDO NETTO WENDEL MOMBAQUE DOS SANTOS PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM SOBRE O RISCO NO PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS Trabalho de Conclusão de Curso II URUGUAIANA 2010

Universidade Federal do Pampa - cursos.unipampa.edu.brcursos.unipampa.edu.br/cursos/enfermagem/files/2011/03/NETTO-L.-R... · 5.1.2 O Conhecimento sobre a Enfermagem Oncológica

  • Upload
    duongtu

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

0

Universidade

Federal do

Pampa

LUÍSA RICARDO NETTO WENDEL MOMBAQUE DOS SANTOS

PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM SOBRE O

RISCO NO PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS

Trabalho de Conclusão de Curso II

URUGUAIANA

2010

1

LUÍSA RICARDO NETTO WENDEL MOMBAQUE DOS SANTOS

PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM SOBRE O RISCO NO PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE ANTINEOPLÁSICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Pampa, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II.

Orientadora: Profª Ana Paula Scheffer Schell da Silva

Uruguaiana 2010

2

3

RESUMO

Existe preocupação com a saúde do profissional de enfermagem e esforços vêm

sendo empregados visando à redução de acidentes de trabalho. Estes podem ser

causados por diversos fatores de risco. O objetivo desta pesquisa foi conhecer a

percepção dos profissionais de Enfermagem que trabalham em um serviço de

oncologia, a respeito dos principais riscos a que estão expostos na administração de

agentes antineoplásicos. Foi realizado um estudo de caso qualitativo de caráter

exploratório-descritivo com profissionais da equipe de Enfermagem de um serviço de

oncologia localizado no Município de Uruguaiana-RS. A coleta das informações foi

realizada por meio de entrevista semi-estruturada e analisadas com auxílio da

Análise de Conteúdo. Foram identificados como os principais riscos durante a

administração de antineoplásicos: o de acidente, exposição direta a drogas

antineoplásicas e de troca de terapias antineoplásicas. Esse estudo busca contribuir

de forma efetiva através de estratégias para a melhoria das condições de saúde dos

trabalhadores de Enfermagem que atuam em serviços de oncologia, assim como

divulgar o trabalho dos enfermeiros que atuam nesses serviços no curso de

Enfermagem da UNIPAMPA.

DESCRITORES: Enfermagem, Enfermagem Oncológica, Enfermagem do Trabalho,

Quimioterapia.

4

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 8

3 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 9

3.1 Fisiopatologia e estadiamento do câncer .............................................................. 9

3.2 Tipos de tratamentos para o câncer .................................................................... 14

3.3 Cuidado de Enfermagem em oncologia .............................................................. 17

3.4 Riscos do trabalho da Enfermagem na administração de antineoplásicos ......... 19

4 METODOLOGIA ..................................................................................................... 25

4.1 Tipo de Estudo .................................................................................................... 25

4.2 Local do Estudo ................................................................................................... 26

4.4 Coleta das Informações....................................................................................... 26

4.5 Análise das Informações ..................................................................................... 27

4.6 Considerações Bioéticas ..................................................................................... 28

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................ 30

5.1 O Trabalho em Enfermagem Oncológica ............................................................ 31

5.1.1 As Competências da Enfermagem em Oncologia ............................................ 31

5.1.2 O Conhecimento sobre a Enfermagem Oncológica ......................................... 35

5.2 A Segurança no Ambiente Quimioterápico ......................................................... 37

5.2.1 A Segurança do Paciente ................................................................................. 37

5.2.2 A Segurança do Profissional ........................................................................... 40

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 46

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50

APÊNDICE I ............................................................................................................. 56

APÊNDICE II ............................................................................................................ 58

APÊNDICE III ........................................................................................................... 59

ANEXO I .................................................................................................................... 59

ANEXO II ................................................................................................................... 60

ANEXO III .................................................................................................................. 61

5

1 INTRODUÇÃO

A palavra câncer (cancer) tem sua origem na língua inglesa derivando, por

sua vez, da palavra grega karkinos que significa crab (caranguejo). O câncer é

constituído de um conjunto que envolve duzentas doenças distintas com variedade

de causas e história natural. O primeiro a descrever e definir o câncer como uma

doença de mau prognóstico foi Hipócrates, em 500 a.C. na Grécia (BOFFETTA,

2004; BRENTANI et al., 1998; SHIMKIN, 1997).

Para tratar essa doença, que quando diagnosticada causa tanto medo e

ansiedade nas pessoas, existem diversos tipos de tratamento. Os agentes

antineoplásicos ou quimioterápicos são medicamentos utilizados para

destruir células malignas tendo como finalidade inibir o crescimento e a

disseminação de tumores. É o tratamento mais comumente conhecido pela

população e, consiste no emprego de substâncias químicas combinadas ou isoladas

para tratar neoplasias malignas, sendo uma modalidade de tratamento sistêmico.

Outros tratamentos incluem a radioterapia, modalidade de tratamento localizado que

utiliza radiações ionizantes com o objetivo de atingir as células malignas impedindo

sua multiplicação ou levando à morte celular, a iodoterapia utilizada em algumas

terapias para tumores benignos e malignos localizados na glândula tireóide, o

tratamento cirúrgico que pode ser utilizado para controlar ou curar cânceres

principalmente em suas fases iniciais, o transplante de células-tronco

hematopoéticas que consiste na infusão de células-tronco hematopoéticas capazes

de repopular a medula óssea, e a bioterapia que consiste no uso de agentes

derivados de fontes biológicas (BRASIL, 2002; BRASIL, 2008; BONASSA,

SANTANA, 2005; MOHALLEM; RODRIGUES, 2007).

Mesmo com a utilização dos tratamentos disponíveis, é crescente o número

de óbitos de pacientes portadores de câncer. Anualmente, mais de sete milhões de

pessoas morrem em função da patologia, que é responsável por cerca de 13% de

todas as causas de óbito no mundo. O Brasil registrou, no ano de 2004, 141 mil

óbitos, o que demonstra que a incidência de câncer cresce no país assim como em

todo mundo, acompanhando o ritmo de envelhecimento populacional decorrente do

aumento da expectativa de vida. A magnitude do câncer, como problema de saúde

6

pública mundial, é bem conhecida e vem ocupando, no Brasil, as primeiras posições

em termos de mortalidade (BRASIL, 2006; LATORRE, 2001).

A grande alteração da distribuição do câncer segundo idade, sexo e

localização, pode ser elucidada pelas diferenças entre as regiões no que se refere à

prevalência de múltiplos fatores tais como a prevenção, a diferença na composição

demográfica, a exposição ambiental e o estilo de vida (FRANCO, 1994;

SANKARANARAYANAN et al., 1996).

Devido ao alto grau de complexidade no tratamento que necessitam os

pacientes portadores de câncer, os profissionais que trabalham com a área

oncológica são reconhecidos pela especificidade do cuidado e necessidade de

capacitação permanente devido às mudanças constantes no conhecimento. Dentre

os vários tipos de profissionais que trabalham com pacientes oncológicos ressalta-se

a Enfermagem, pois tem papel fundamental no cuidado prestado diretamente ao

paciente, incluindo-se a administração de medicamentos, em especial, os agentes

antineoplásicos (QUEIROZ, 2008; ROCHA, MARZIALE, ROBAZZI, 2004).

O trabalho do enfermeiro, neste campo de atuação, caracteriza-se pela

exigência de conhecimentos técnico-científicos qualificados, além de um preparo

emocional para lidar com as situações de terminalidade do ser. Portanto, o cuidado

de Enfermagem em oncologia reveste-se de ampla complexidade, demandando do

profissional habilidades que vão além da competência, com consequências nas

várias dimensões do seu existir dado o esforço para viabilizar o cuidado ético

(CLARK, MC GEE et al., 1997; POPIN, 2001).

A motivação em conhecer o trabalho da Enfermagem em oncologia surgiu a

partir das experiências vivenciadas com familiares e pacientes que foram

acometidos por câncer, as quais tivemos a oportunidade de ter maior contato

durante o estágio curricular realizado em um serviço de oncologia do município de

Uruguaiana. Esta experiência nos possibilitou observar que o profissional que

trabalha nessa área está exposto a riscos ocupacionais que vão além dos biológicos

comumente encontrados na área da saúde. Esta constatação despertou a

curiosidade em conhecer os riscos do trabalho em Enfermagem oncológica,

principalmente no que tange a administração dos agentes antineoplásicos.

Cabe ressaltar que os locais em que os profissionais de saúde atuam são

reconhecidamente ambientes que apresentam variabilidade de riscos à saúde, onde

7

as condições de exposição são sabidamente reconhecidas como condições

insalubres de trabalho (BRASIL, 1994).

A partir dessa inquietação vários questionamentos foram feitos: quais são os

riscos a que estão expostos os trabalhadores de Enfermagem na administração de

agentes antineoplásicos? Qual a percepção dos trabalhadores no trabalho em

oncologia? O que é observado na prática do trabalho em oncologia e o que a

literatura normatiza?

O presente estudo abordou a percepção dos profissionais de Enfermagem

que trabalham em um serviço de oncologia a respeito dos principais riscos

envolvidos na administração de agentes antineoplásicos.

É notável a dificuldade que os profissionais de Enfermagem têm em perceber

as condições capazes de gerar acidentes no seu fazer diário. Além da grande

exposição deste profissional a agentes quimioterápicos e radioterápicos vale

ressaltar a importância de manter protocolos ideais na execução de procedimentos

que coloquem em risco a integridade dos profissionais que, por sua vez, necessitam

estar cientes destes riscos. Por isso, a participação de trabalhadores na identificação

das condições geradoras de acidentes e doenças é fundamental (MAURO, 2005;

SILVEIRA, RIBEIRO, LINO, 2005).

Atualmente, esforços vêm sendo empregados visando à redução de acidentes

relacionados ao trabalho, sendo que alguns hospitais e instituições reconhecem a

necessidade de oferecer melhores condições de trabalho para melhorar a

assistência prestada, pois os acidentes podem ser causados por riscos

ergonômicos, psicossociais, químicos, físicos e biológicos (MARZIALE, 1999;

ROCHA, MARZIALE, ROBAZZI, 2004).

A partir destas considerações, percebeu-se a necessidade de desenvolver

este estudo para conhecer os riscos a que estão expostos os profissionais de

Enfermagem que trabalham na área de oncologia, entendendo que a promoção da

saúde não se ocupa apenas em prestar o cuidado ao paciente, mas também de

prevenir acidentes com os profissionais de saúde. Este estudo permitiu reflexões

sobre questões relativas aos riscos que os profissionais de Enfermagem em

oncologia estão expostos na administração de agentes antineoplásicos.

8

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral da presente pesquisa foi conhecer a percepção dos

profissionais de Enfermagem que trabalham em um serviço de oncologia a respeito

dos principais riscos a que estão expostos na administração de agentes

antineoplásicos.

2.2 Objetivos Específicos

- Identificar os riscos na administração de agentes antineoplásicos a que

estão expostos os profissionais de Enfermagem que trabalham em um serviço de

oncologia;

- Relacionar os riscos identificados na administração de agentes

antineoplásicos com a percepção dos profissionais de Enfermagem acerca do risco

no seu cotidiano de trabalho;

- Relacionar os riscos identificados com a percepção dos profissionais de

Enfermagem comparando com os riscos descritos na literatura sobre a

administração de agentes antineoplásicos.

9

3 REVISÃO DE LITERATURA

A seguir serão apresentados a fisiopatologia e estadiamento do câncer, os

tipos de tratamento, os cuidados de Enfermagem em oncologia e os riscos do

trabalho da Enfermagem nessa área de atuação.

3.1 Fisiopatologia e estadiamento do câncer

O câncer é causado pela mutação ou alguma forma de ativação anormal de

genes celulares que controlam o crescimento e as mitoses celulares. O

aparecimento do câncer está relacionado à intensidade e a duração da exposição

das células aos genes desencadeadores da doença. Apesar de o organismo

humano encontrar-se exposto a vários fatores carcinogênicos, a predisposição

individual tem um papel decisivo na resposta final, entretanto não é possível definir a

relação entre a dose e o tempo de exposição ao carcinógeno e a resposta do

organismo à exposição (BRASIL, 1996; BRASIL, 2008; GUYTON e HALL, 2002).

As causas da lesão genética e da transformação neoplásica são

categorizadas em fatores físicos, fatores virais, fatores químicos e hereditariedade.

Entre os fatores físicos, os agentes que sabidamente ocasionam câncer são a

radiação ionizante, radiação ultravioleta e o asbesto (DE VITA, HELLMAN e

ROSENBERG, 2001).

A radiação ionizante consiste na radiação eletromagnética e na radiação de

partículas, que são carcinógenos que fazem parte do meio ambiente. Uma única

exposição à radiação ionizante já é o suficiente para formar o tumor, podendo ser

evidenciada nos trabalhadores da mineração que trabalham com elementos

radioativos e tem o risco aumentado de câncer de pulmão. Além disso, a incidência

de certos tipos de leucemia esteve e está aumentada em sobreviventes das bombas

atômicas lançadas no Japão e no acidente atômico ocorrido em Chernobyl.

(BRASIL, 2008; COTRAN et al., 2005; DE VITA, HELLMAN e ROSENBERG, 2001;

SPENCE e JOHNSON, 2001).

10

A radiação ultravioleta é normalmente dividida em UVA, UVB e UVC,

conforme a porção ultravioleta do espectro solar. Estes raios provocam a inibição da

divisão celular, inativação de enzimas, indução de mutação e morte celular. Os

danos ao DNA por meio de excitação e produção de radicais livres são originados

pelos raios UVB e UVC, já os danos mutagênicos são provocados pelos raios UVA.

A ocorrência dos raios UVB tem aumentado em função da destruição da camada de

ozônio. Por outro lado, os raios UVA não sofrem influência da camada de ozônio e

causam câncer em quem se expõe a altas doses e por um longo período de tempo

(BRASIL, 2008; COTRAN et al., 2005; WAKEFORD, 2004).

As fibras do asbesto são citotóxicas e genotóxicas provocando no DNA

quebra do filamento duplo, mutação e danos ao cromossomo. É o principal

responsável pelo mesotelioma, porém o risco de câncer brônquico é significativo (DE

VITA, HELLMAN e ROSENBERG, 2001).

Há cerca de 50 anos percebeu-se que as infecções virais podem dar origem

ao câncer. Inúmeros vírus de DNA e RNA produzem cânceres em animais e vários

destes foram implicados em tumores humanos, que envolvem diversos mecanismos

para transformar as células. Os vírus de RNA e DNA agem modificando a expressão

genômica da célula e a oncogênese pode ser de origem viral ou ser um gene de um

hospedeiro impropriamente expresso após a infecção viral (BRASIL, 2008; KINLEN,

2004; MOHALLEM e RODRIGUES, 2007; SARID, KLEPFISH e SCHATTNER,

2002).

Os vírus de RNA se relacionam mais raramente com o ser humano, pois não

é possível a integração direta no genoma do hospedeiro. Inicialmente o RNA viral é

convertido em uma cópia de DNA, o provírus, utilizando RNA como modelo e enzima

codificada pelo vírus, de modo que o provírus se integre ao genoma do hospedeiro e

se replique. Dentre os RNA virais, os comprovados causadores de neoplasia são: o

retrovírus HTLV 1 que é responsável pela leucemia/linfoma da células T do adulto e

pelo linfoma cutâneo de células T, e o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)

(BRASIL, 2008; ELFGREN, 2004; OREM, OTIENO e REMICK, 2004; WHITE, 2004).

Logo após a entrada do vírus de DNA na célula do hospedeiro, segue-se a

transcrição de DNA viral e tradução em proteínas virais. Dentre os DNA virais os

principais causadores de neoplasia incluem o vírus Epstein-Barr, Papilomavírus e o

vírus da hepatite B (FU, VOO e WANG, 2004; KANDA et al., 2004; KINLEN, 2004;

SPENCE e JOHNSON, 2001).

11

A capacidade de agentes químicos causarem câncer foi comprovada por

experiências com animais. A oncogênese química é dividida em duas partes: a

iniciação e a promoção. A iniciação do câncer por meios químicos consiste em um

fator que causa mutação celular. As células mutadas permanecem latentes até que

sobre elas atuem agentes promotores, no caso os agentes químicos. A promoção

pelos meios químicos estimula o crescimento da célula que sofre mutação, sendo

que o agente promotor não tem ação mutagênica nem carcinogênica devendo

persistir no ambiente para conseguir efeito biológico. Isso significa que os efeitos se

revertem se a exposição for suspensa, exposição esta que é a ação preventiva para

evitar o câncer (BRASIL, 2008; HART e SUINI, 1992; HASKELL, 2001).

O fumo e determinadas ocupações foram grandes determinantes para a

associação do câncer com estilo de vida e influências ambientais. Outros fatores

químicos têm sido associados ao risco para neoplasias como a degradação de

produtos que geram gás radioativo, a interação do cloro com produtos químicos

orgânicos encontrados na água contaminada, o arsênico inorgânico em água

contaminada e a poluição dentro de casa causada por altos níveis de vapor de óleo

de cozinha (BOFFETTA, 2004; HASKELL, 2001; HUFF, 1999).

Muitas evidências, atualmente, indicam que um grande número de cânceres

não ocorre apenas por influências ambientais, mas também por predisposição

hereditária. Um exemplo clássico é o câncer de pulmão, onde a mortalidade é quatro

vezes maior entre parentes não fumantes de pacientes com a doença do que não

fumantes sem histórico familiar da patologia (COTRAN et al., 2005).

Ponderando que a genética está presente em todos os processos celulares,

as neoplasias e a hereditariedade estão fortemente ligadas. A divisão e crescimento

celular são processos que dependem de fatores reguladores. No câncer a célula não

obedece estes fatores de modo que haja três principais classes de genes que estão

envolvidos no câncer: oncogenes, genes de reparo de DNA e genes supressores de

tumores (MOHALLEM e RODRIGUES, 2007; SPENCE e JOHNSON, 2001).

Os oncogenes são genes que, através de algum estímulo, podem multiplicar-

se de forma desordenada de modo a formar tumores. A proliferação celular é

regulada por fatores de crescimento positivos ou negativos, fatores estes que são

transmitidos para o núcleo da célula por meio de interações entre o fator de

crescimento e o receptor do fator de crescimento. A tumorigênese reflete a disfunção

destas moléculas de sinalização, além dos fatores de transcrição da célula. Até o

12

momento, foram descobertos em torno de 100 oncogenes distintos. Nas células

ainda estão presentes os antioncogenes que são supressores da ativação dos

oncogenes. Os produtos dos oncogenes são chamados de oncoproteínas, que

lembram os produtos normais dos protooncogenes com a exceção de que não

apresentam os elementos reguladores. A ativação dos protooncogenes pode resultar

em hiperprodução dos fatores de sinalização celular, de modo a promover o

crescimento celular excessivo e desordenado (COTRAN et al., 2005; SPENCE e

JOHNSON, 2001).

O reparo dos danos no DNA pode acontecer por excisão de nucleotídeos,

processo pelo qual a lesão do DNA é excisada e substituída por novo DNA. O

mecanismo de excisão tem ampla especificidade, sendo capaz de reconhecer várias

alterações no DNA, que resultam em distorção de sua estrutura. Outro tipo de reparo

é o dos erros de pareamento na replicação, desempenhando uma função essencial

para a correção dos erros de pareamento que escapam da revisão feita pelas

polimerases, atuando assim como um importante mecanismo para assegurar a

fidelidade do DNA (COTRAN et al., 2005; MONTENEGRO e FRANCO, 1999;

SPENCE e JOHNSON, 2001).

Os genes supressores de tumor atuam como reguladores do crescimento da

célula e são recessivos, ao contrário do efeito dominante das mutações. A perda ou

inativação de um gene supressor de tumor resulta na perda de inibição do

crescimento. O gene p53, localizado no cromossoma 17p13.1, foi descrito como

guardião do genoma humano, tendo como principal função a parada do ciclo celular

e início da apoptose em resposta a lesão de DNA. Estima-se que 50% dos tumores

têm formação neste gene, sendo assim o principal alvo de mutações nos cânceres

em humanos (BRENTANI et al., 1998; COTRAN et al., 2005; GUYTON e HALL,

2002; SPENCE e JOHNSON, 2001).

O estadiamento é a avaliação da extensão do câncer pelo seu crescimento e

invasão local, invasão de órgãos vizinhos e pela disseminação regional ou sistêmica

de modo a ajudar no planejamento, sugestão de prognóstico, avaliação da resposta

do paciente a terapêutica utilizada e facilitar a pesquisa e a troca de informações

entre os institutos de tratamento. Além do estadiamento, devem ser considerados os

dados da anamnese, exame físico, biópsia com resultado histopatológico e outros

exames complementares para a correta avaliação e diagnóstico do câncer (MURAD;

KATZ, 1996; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CANCEROLOGIA, 1999).

13

Os fatores de risco são identificados através da anamnese e do exame físico,

de modo que os exames complementares são indicados conforme a suspeita de

câncer. Estes exames são indicados de modo a avaliar o ponto de vista patológico e

anatômico, a extensão da neoplasia, órgãos e funções comprometidos. O

diagnóstico definitivo é realizado caracterizando-se a presença ou ausência de

malignidade através do exame anatomopatológico (BADELLINO; GIPPONI, 1998;

BROWN et al., 2001; MURAD; KATZ , 1996).

O sistema aceito internacionalmente e recomendado para definir o

estadiamento do tumor é o “TNM” da União Internacional Contra o Câncer. Este

método de estadiamento não considera outros fatores relativos ao tumor, além do

modelo anatômico. São levados em conta os aspectos de extensão do local do

tumor, a distância e a presença ou ausência de metástases em linfonodos regionais

e sua extensão (FOSP, 1993; MOHALLEM; RODRIGUES, 2007).

A classificação TNM consiste em (FOSP, 1993; BRENTANI et al., 1998):

• T – tumor primário

TX – tumor primário não pode ser avaliado

Tis – tumor in situ

T0 – não há tumor primário

T1, T2, T3, T4 – variam de acordo com a extensão e diâmetro do

tumor.

• N – linfonodo

NX – linfonodo regional não pode ser avaliado

N0 – não há envolvimento de linfonodos regionais

N1, N2, N3, N4 – envolvimento progressivo de linfonodos regionais.

• M – metástase à distância

MX – não pode ser avaliada

M0 – não há metástase a distância

M1 – presença de metástase à distância.

A designação “cTNM” de estadiamento considera apenas os dados do exame

clínico e métodos de diagnóstico não-invasivos, que são prévios ao tratamento. Já a

classificação “pTNM” refere-se ao paciente pós-cirúrgico sendo a mais procurada

por utilizar os achados cirúrgicos. E a classificação “rTNM” se refere aos tumores

recorrentes. A combinação destas variantes determina o estágio clínico do paciente,

podendo ir de I a IV. O estadiamento representa, nos dias atuais, o meio mais

14

importante para definir a terapêutica e prognóstico dos pacientes (BRASIL, 2006;

CLARK et al., 1997).

3.2 Tipos de tratamentos para o câncer

As opções de tratamento disponíveis aos pacientes com câncer devem ser

baseadas em objetivos realistas e atingíveis, tendo como metas de tratamento a

eliminação completa da doença, sobrevida prolongada e controle do crescimento da

célula cancerosa ou diminuição dos sintomas associados à doença. A equipe de

atendimento, o paciente e sua família devem ter conhecimento das opções e

objetivos do tratamento. Múltiplas terapias podem ser utilizadas em qualquer

momento do tratamento. Saber e entender os princípios de cada terapia e como elas

se inter-relacionam é de suma importância na compreensão da escolha e objetivos

do tratamento (BRASIL, 2008; SMELTZER e BARE, 2005).

A seguir serão apresentados os tipos de tratamento mais indicados para os

pacientes com diagnóstico de câncer.

Um dos métodos de tratamento frequentemente indicado é a cirurgia que

remove todo o câncer. O procedimento cirúrgico indicado no início da doença tem

dois objetivos: controlar a doença ou eliminá-la. No entanto, a escolha do

procedimento cirúrgico pode variar por vários motivos. A cirurgia pode ser o

tratamento de primeira escolha, ou pode ser profilática, reconstrutora ou paliativa

(BRASIL, 2008; SMELTZER e BARE, 2005).

As duas condutas cirúrgicas normalmente utilizadas para tratar tumores

primários são as excisões local e ampla. É seguro realizar a excisão local quando a

massa é pequena. Nesta remoção está incluída a remoção da massa e de uma

pequena parte de tecido normal que é de fácil acesso. As excisões amplas ou

radicais incluem a remoção do tumor primário, linfonodos, estruturas adjacentes

envolvidas e dos tecidos circunvizinhos que podem estar ameaçados pela

disseminação tumoral. As excisões amplas são indicadas quando o tumor pode ser

removido por completo e se é alta a possibilidade de controle e cura (SMELTZER e

BARE, 2005).

15

Na cirurgia profilática os tecidos não-vitais ou órgãos prováveis para o

desenvolvimento de câncer são removidos. Os fatores a seguir são considerados

quando a cirurgia profilática é eleita: história familiar e predisposição genética,

presença/ausência de sintomas, riscos e benefícios potenciais, capacidade de

detectar o câncer em estágio inicial, reação do paciente após o resultado do pós-

operatório. Como os efeitos fisiológicos e psicológicos em longo prazo da cirurgia

profilática são desconhecidos, ela é oferecida de forma seletiva para pacientes e tem

que ser discutida claramente com o paciente e a família. São fornecidos o

esclarecimento e o aconselhamento pré-operatórios, bem como o acompanhamento

a longo prazo (SMELTZER e BARE, 2005).

Quando a cura não é possível, os objetivos do tratamento são fazer com que

o paciente sinta-se o mais confortável possível e que ele possa ter uma vida

satisfatória e produtiva pelo máximo de tempo possível. A cirurgia paliativa é

indicada na tentativa de diminuir as complicações do câncer, como as ulcerações,

obstruções, hemorragia, dor e derrames malignos (SMELTZER e BARE, 2005).

A cirurgia reconstrutora é realizada na tentativa de promover uma melhor

função ou obter um efeito estético mais desejável. Ela pode ser efetuada em uma

única operação ou em vários estágios. Os pacientes que irão submeter-se a cirurgia

primária são instruídos as opções cirúrgicas reconstrutoras antes da cirurgia. Este

tipo de cirurgia pode estar indicado para os cânceres de mama, cabeça, pescoço, e

pele (SMELTZER e BARE, 2005).

Outro método utilizado no tratamento do câncer é a radioterapia que consiste

em uma especialidade que utiliza a radiação ionizante para o tratamento dos

pacientes. Constitui-se de um tratamento localizado podendo ser utilizada para

controlar a doença, de forma profilática ou paliativa, para amenizar os sintomas da

doença metastática. A radioterapia atinge mais facilmente os tecidos corporais que

sofrem divisão celular. Os tecidos de crescimento mais lento ou tecidos em repouso

(ex. muscular, cartilaginoso e conjuntivo), se comparados com os outros, são mais

radiorresistentes. O paciente ainda pode estar fazendo aplicação de quimioterapia

simultaneamente a radioterapia, onde os agentes quimioterápicos podem agir como

radiossensibilizadores dos tumores hipóxicos aos efeitos da radioterapia. A radiação

pode ser liberada por meios externos ou internos nos sítios tumorais (BRASIL, 2002;

RIEGER; ESCALANTE, 2000; SMELTZER; BARE, 2005).

16

A radioterapia pode ser aplicada por meio de teleterapia ou braquiterapia. A

teleterapia é utilizada dependendo da profundidade do tumor. Atualmente o maior

meio para a realização da teleterapia é gerada pelo acelerador linear, que pode

gerar elétrons ou raios X de alta energia. Os raios X são empregados no tratamento

de tumores profundos e os elétrons são empregados no tratamento de tumores

superficiais (BARROS; GIORDANI, 2000; OTTO, 2002).

A braquiterapia consiste em um implante de radioterapia no interior ou

próximo à área com câncer, que libera uma alta dose de radiação para a área

delimitada. Essa radiação interna pode ser introduzida por meio de agulhas, grãos,

contas ou cateteres dentro de cavidades corporais ou em compartimentos

intersticiais. A via oral é outra opção de administração da braquiterapia. Os

implantes utilizados no tratamento podem ser temporários ou permanentes, isto

depende dos radioisótopos utilizados. Na radioterapia interna, a dosagem será

menor quanto mais longe estiver o tecido da fonte de radiação. Isso protege o tecido

sadio da dose de radiação (MOHALLEM; RODRIGUES, 2007; SMELTZER; BARE,

2005).

Está sendo usada em alguns centros a radioterapia intra-operatória (IORT),

que libera uma única dose de radioterapia de alta fração para o local exposto do

tumor. A IORT é realizada no momento em que a cavidade corporal está aberta. A

toxicidade da IORT é diminuída porque a radiação é direcionada exatamente para as

áreas afetadas, evitando a exposição da pele e estruturas suprajacentes

(SMELTZER; BARE, 2005).

A quimioterapia faz parte da modalidade primária de tratamento curativo de

muitos tumores e é uma das mais importantes maneiras de combater a doença,

mesmo quando diagnosticada em um estágio avançado. Este tipo de tratamento

aumenta a sobrevida de portadores de quase todos os tipos de cânceres. Constitui-

se de um tratamento com a utilização de drogas com a finalidade de destruir as

células neoplásicas. Os objetivos do tratamento podem ser curativos ou paliativos

(BARTON-BURKE; WILKES; INGWERSON, 2001; BONASSA; SANTANA, 2005;

CHU et al., 2001; SMELTZER; BARE, 2005).

A associação da quimioterapia com outras formas de tratamento é comum,

podendo ser combinada com radioterapia, cirurgia, hormonioterapia e imunoterapia.

O objetivo de ser empregada antes da cirurgia é avaliar a resposta do organismo ao

antineoplásico e a possível redução do tumor, sendo esta chamada de quimioterapia

17

neo-adjuvante. Quando a utilização de quimioterápicos é feita após o tratamento

cirúrgico, é para erradicar micrometástases, sendo chamada de quimioterapia

adjuvante (BONASSA; SANTANA, 2005).

Os medicamentos antineoplásicos são classificados de acordo com sua

estrutura bioquímica, mecanismo de ação ou origem biológica. Do ponto de vista do

mecanismo de ação podem ser divididos em: drogas ciclo-específicas que são as

drogas que agem contra as células que se encontram em divisão e drogas

inespecíficas que agem em qualquer fase do ciclo celular, incluindo as que estão em

repouso (BERKEY; CLERI; SKARIN, 1997; BONASSA, 2000; TORTORICE, 2000).

Do ponto de vista biológico e considerando a estrutura bioquímica, podem ser

divididos em: agentes alquilantes, antimetabólicos; antibióticos antitumorais,

miscelânea; agentes hormonais e derivados de plantas (BERKEY; CLERI; SKARIN,

1997; BONASSA, 2000; BROWN et al., 2001; TORTORICE, 2000).

Os indesejáveis efeitos colaterais ou tóxicos, conhecidos e causadores de

medo nos indivíduos que serão submetidos a este tipo de tratamento, são causados

pelo ataque indiscriminado das drogas antineoplásicas às células de rápida

proliferação, cancerosas ou normais. O enfermeiro tem papel técnico, relacionado

com o manuseio das drogas, além disso, tem que ser um multiplicador de

informações realistas a respeito do tratamento antineoplásico, esclarecendo dúvidas,

tabus, medos e preconceitos enraizados entre os pacientes e a população em geral

(BONASSA; SANTANA, 2005).

3.3 Cuidado de Enfermagem em oncologia

Cuidado é entendido como ir ao encontro, dar sentido à existência, buscar

transpor a realidade do sofrimento e da dor mediante formas criativas e efetivas,

vislumbrando novos horizontes de cuidado. Desta maneira, o cuidar na Enfermagem

é traduzido como uma dinâmica de troca e interação, com base na confiança,

respeito, ética e na experiência compartilhada de vida (CELICH, 2004).

O enfermeiro é um dos profissionais habilitados e disponíveis para apoiar e

orientar o paciente e a família durante o processo da doença, tratamento e

reabilitação. Este profissional também é responsável por ajudar o paciente e a

18

família a controlar os diversos efeitos adversos da terapia e complicações que os

pacientes com câncer estão pré-dispostos (BRASIL, 2008).

Os enfermeiros em oncologia desempenham papel de relevância singular,

preenchendo necessidades técnicas, físicas, psicossociais e educacionais do

paciente acometido pelo câncer e sua família. O foco dos cuidados de Enfermagem

é reduzir o impacto da doença sobre paciente e família, e também salientar o

cuidado com os diversos efeitos colaterais provocados pelas várias modalidades de

terapia. O objetivo da Enfermagem em oncologia é o de procurar promover e

assegurar a sensação de bem-estar do paciente, sob os pontos de vista a que estão

expostos como o físico, psicológico, social e/ou espiritual (MIDDELTON et al., 2002;

ROSENTHAL; CARIGNAN; SMITH, 1995).

As responsabilidades do enfermeiro no cuidado ao câncer são (SMELTZER;

BARE, 2005):

• Dar suporte à idéia de que o câncer é uma doença crônica que apresenta

exacerbações agudas, e não uma doença cujo sinônimo é morte e

sofrimento.

• Avaliar o próprio nível de conhecimento em relação à fisiopatologia do

processo da doença.

• Fazer uso dos achados de pesquisa e práticas atualizadas no cuidado do

paciente com câncer e sua família.

• Identificar os pacientes em alto risco de câncer.

• Participar dos esforços de prevenção primários e secundários.

• Avaliar as necessidades de cuidado de Enfermagem do paciente com câncer.

• Avaliar as necessidades de aprendizagem, desejos e capacidades do

paciente com câncer.

• Identificar os problemas de Enfermagem do paciente e da família.

• Avaliar as redes de suporte social disponíveis para o paciente.

• Planejar as prescrições de Enfermagem com o paciente e a família.

• Ajudar o paciente a identificar as forças e limitações.

• Auxiliar o paciente a idealizar as metas de curto e longo prazo para o

cuidado.

19

• Implementar um plano de cuidado de Enfermagem que tenha interface com o

regime de cuidado médico e que seja compatível com as metas

estabelecidas.

• Colaborar com os membros da equipe multidisciplinar para incentivar a

continuidade do cuidado.

• Avaliar as metas e os resultados obtidos do cuidado com o paciente, família e

membros da equipe multidisciplinar.

• Reavaliar e rever a direção do cuidado conforme determinado pela evolução.

O espectro, as responsabilidades e as metas da Enfermagem no cuidado ao

paciente com câncer são tão diversificados e complexos como aqueles para

qualquer especialidade de Enfermagem. Como muitas pessoas associam o câncer à

dor e à morte, os enfermeiros precisam identificar suas próprias reações ao câncer e

estabelecer metas realistas para satisfazer aos desafios inerentes ao cuidado desse

paciente (SMELTZER; BARE, 2005).

3.4 Riscos do trabalho da Enfermagem na administração de antineoplásicos

Atualmente a preocupação com a saúde do profissional de Enfermagem é

grande e esforços vêm sendo empregados visando à redução de acidentes

(ROCHA; MARZIALE; ROBAZZI, 2004).

Os acidentes de trabalho podem ser causados por diversos fatores de risco,

entre os quais podemos citar os riscos psicossociais, químicos, físicos, biológicos

ergonômicos e acidentes que são potencialmente capazes de prejudicar a saúde

dos trabalhadores (MARZIALE, 1999).

Os riscos biológicos ocorrem por meio de microorganismos que, em contato

com o homem, podem provocar inúmeras doenças. Os riscos químicos ocorrem pela

manipulação de produtos químicos que podem causar danos físicos ou prejudicar a

saúde. Os riscos ergonômicos são os fatores que podem afetar a integridade física

ou mental do trabalhador, podendo ocasionar desconforto ou doença. Riscos de

acidentes são todos os fatores que colocam em perigo a saúde do trabalhador

afetando sua integridade física e mental (BRASIL, 2008).

20

Os trabalhadores de Enfermagem ficam expostos a riscos durante o preparo,

administração e descarte de agentes antineoplásicos. O contato com fluidos

corpóreos dos pacientes nas primeiras 48 horas após a administração dos agentes

antineoplásicos também oferece riscos de exposição ao profissional (BONASSA,

SANTANA, 2005).

Os riscos de exposição, durante o preparo de agentes antineoplásicos,

consistem na abertura de ampolas, na retirada de solução do frasco ampola, na

reconstituição de drogas e na retirada de ar da seringa que contém citostático. Já os

riscos durante a administração consistem na retirada de ar da seringa que contém o

agente antineoplásico, na injeção da droga em push e na conexão e desconexão de

equipos, seringas e tampas (BONASSA, SANTANA, 2005).

A manipulação de drogas antineoplásicas, na ausência de medidas de

proteção adequadas, tem sido associada com a absorção dos medicamentos entre

os profissionais de Enfermagem, evidenciado-se casos de aparecimento de tumores

e maiores chances de aparecimento de câncer nestes trabalhadores (ROCHA;

MARZIALE; ROBAZZI, 2004; SORSA; ANDERSON, 1996; VALANIS et al., 1993).

Várias evidências dos perigos da manipulação de antineoplásicos foram

comprovadas cientificamente por estudos que alertam a mutagenicidade dessas

substâncias. Uma investigação realizada com profissionais de Enfermagem

envolvidos na administração e preparo destes medicamentos demonstrou que a

quantidade de linfócitos com danos no DNA foi maior no grupo de profissionais que

não faziam o uso dos equipamentos de proteção individual ou os utilizavam de modo

inadequado. Em outro estudo realizado foi evidenciado que profissionais do sexo

feminino expostos a altas doses de agentes antineoplásicos apresentam maior

incidência de ciclo menstrual irregular. Dessa forma, a trabalhadora com gravidez

confirmada deve ser afastada de serviços de radioterapia e quimioterapia, devendo

ser remanejada para outra função (LABUHN, 1998; ROBAZZI; MARZIALE, 2004;

SHORTRIDGE et al., 1995; ÜNDEGER et al., 1999).

O ambiente onde são preparadas as drogas e o filtro de câmaras de fluxo

laminar apresentam partículas de antineoplásicos no ar, teto e chão, assim como

nos filtros das máscaras utilizadas durante a manipulação destes medicamentos.

Deste modo, durante todo o processo de preparo e administração de agentes

antineoplásicos é necessário a utilização de medidas de segurança pelos

profissionais que manipulam estes agentes. As normas relativas à manipulação são

21

preconizadas pela agência Norte-Americana Occupational Safety and Helth

Administration, que determina e especifica como equipamento de proteção individual

obrigatório durante a manipulação de antineoplásicos: luvas grossas de látex ou

polipropileno descartáveis e não entalcadas; aventais, que devem apresentar frente

fechada, mangas longas, punhos com elásticos e descartáveis; máscaras com

proteção de carvão ativado, o qual age como filtro químico para partículas de até

0,2µ; óculos de proteção, devendo impedir contaminação frontal e lateral de

partículas sem reduzir o campo visual. Já para os equipamentos de proteção

coletiva é estabelecido o uso de capela de fluxo laminar vertical classe II, tipo B que

promove a liberação de 30% a 100% do ar da capela para fora do ambiente de

trabalho, sendo indicada para o manuseio de materiais altamente tóxicos, ou seja,

sendo ideal para o manuseio de agentes antineoplásicos (BONASSA, SANTANA,

2005; ROCHA; MARZIALE; ROBAZZI, 2004; SORSA et al., 1998; YODAIKEN;

BENNETT, 1986).

As recomendações da Occupational Safety and Helth Administration

relacionados a manipulação de antioneoplásicos são (BONASSA; SANTANA, 2005):

• Durante o Preparo – a quimioterapia tem que ser preparada por funcionários

especializados e treinados em uma área com acesso restrito; toda

manipulação deve ser efetuada em capela de fluxo laminar vertical classe II

tipo B; na ausência de capela é recomendado o uso dos equipamentos de

proteção individual; utilizar avental de manga longa, fechado frontalmente,

com punhos ajustados e de preferência descartável; manipular com luvas

apropriadas ou colocar 2 luvas em cada mão, não tocando com a luva em

nenhum material fora da capela. Trocá-las a cada 30 minutos; Limpar

diariamente a capela com álcool 70% e semanalmente com uma solução

alcalina seguida de água; preencher com soro os equipos antes da colocação

dos antineoplásicos; minimizar a aerossolização por meio de técnicas

adequadas; é recomendável o uso de um dispositivo que permite a entrada

de ar e a saída de aerossóis; identificação dos frascos e seringas; descartar

todos os objetos manipulados dentro da capela; o fracionamento de

medicamentos orais deve ser realizado na capela; é proibido beber, comer,

fumar e aplicar cosméticos na área do preparo.

• Durante a administração – lavar as mãos antes e após colocação de luvas;

manter frascos e seringas em saco plástico fechado; utilizar avental de manga

22

longa, fechado frontalmente, com punhos ajustados e de preferência

descartável; se o equipo não estiver preenchido realizar dentro do saco

plástico em uma gaze; colocar uma gaze próxima as conexões para coletar

eventuais vazamentos; não retirar o ar das seringas (deve ser realizado na

capela); observar todas as conexões para verificar vazamentos; descartar

agulhas e as seringas em recipiente apropriado e os frascos de soro e equipo

em saco plástico fechado depositando em lixo identificado como material

contaminado.

• Relacionados ao descarte e desinfecção de materiais – materiais reutilizáveis

devem ser bem lavados com água corrente e sabão; o destino final dos

materiais não reutilizáveis deve ser a incineração; sobras de antineoplásicos

têm que ser desprezadas em contêineres fechados, impermeáveis e

resistentes, sendo envoltos em saco plástico; aventais e roupa de cama

contaminados devem ser levados a lavanderia em saco plástico duplo e

identificados como material contaminado.

Ainda em relação aos antineoplásicos pode haver acidente ambiental e

pessoal. O acidente ambiental consiste na contaminação do ambiente devido ao

extravasamento do medicamento no envase ao qual está acondicionado, enquanto

que o pessoal ocorre quando há contato direto com o medicamento (ROBAZZI;

MARZIALE, 2004).

A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA) nº 220 de 2004 aprovou o regulamento técnico de

funcionamento dos serviços de terapia antineoplásica, que atribui como os

equipamentos de proteção individual: luvas (tipo cirúrgica) de látex, punho longo,

sem talco e estéreis; avental longo ou macacão de uso restrito a área de

preparação, com baixa liberação de partículas, baixa permeabilidade, frente

fechada, com mangas longas e punho elástico. A paramentação, quando

reutilizável, deve ser guardada separadamente, em ambiente fechado, até que seja

lavada, sendo que o processo de lavagem deve ser exclusivo a este vestuário

(BRASIL, 2004).

Esta mesma resolução visa as Boas Práticas de Administração da Terapia

Antineoplásica (BPATA) onde o profissional, envolvido na administração de

antineoplásicos, deve receber treinamento inicial e conínuo, de modo a permanecer

atualizado e capacitado. A prescrição médica necessita ser avaliada pelo enfermeiro

23

quanto à viabilidade, interações medicamentosas, medicamentos adjuvantes e de

suporte, antes da sua administração (BRASIL, 2004).

Todo serviço de terapia antineoplásica deve conter um kit de derramamento

identificado e disponível para todas as áreas que envolvem a manipulação,

administração e armazenamento de antineoplásicos, devendo conter luvas de

procedimentos, avental de baixa permeabilidade, compressas absorventes, proteção

respiratória, proteção ocular, sabão, descrição do procedimento, formulário para o

registro do acidente e recipiente identificado para recolhimento dos resíduos de

acordo com RDC/ANVISA nº 33, de 25/02/2003 (BRASIL, 2001; BRASIL, 2004).

No caso de acidente pessoal o vestuário deve ser removido, as áreas

atingidas devem ser lavadas com água e sabão e deve ser providenciado

acompanhamento médico. Nos acidentes ambientais, o profissional deve usar os

equipamentos de proteção individual antes de iniciar o procedimento de limpeza, a

área de derramamento deve ser restrita e limitada com compressas absorventes, os

pós devem ser recolhidos com compressas úmidas e os líquidos com compressas

secas, após a área deve ser limpa com água e sabão (BRASIL, 2004).

O Conselho Federal de Enfermagem do Brasil elenca na resolução 210 de

1998 os seguintes itens como competências dos enfermeiros em quimioterapia

antineoplásica (COFEn, 2001):

• Organizar, supervisionar, executar, planejar e avaliar as atividades de

Enfermagem.

• Elaborar protocolos terapêuticos de Enfermagem no tratamento, prevenção e

minimização de efeitos colaterais nos pacientes.

• Realizar consulta de Enfermagem nos clientes baseado no processo de

Enfermagem.

• Atender, integralmente, as famílias e os pacientes, tendo como alicerce o

Código de Ética da Enfermagem.

• Administrar o antinoplásico, conforme protocolo e farmacocinética.

• Difundir e promover medidas de prevenção de riscos.

• Facilitar condições para o aprimoramento da equipe de Enfermagem do

serviço.

• Participar da construção de programas de estágio, desenvolvimento e

treinamento de profissionais de Enfermagem.

24

• Participar da aquisição de material.

• Participar da definição de recursos humanos.

• Participar da definição da área física do setor.

• Fazer cumprir todas as normas e regulamentos pertinentes a essa área de

atuação.

• Desenvolver estudos investigacionais e de pesquisa.

• Registrar dados e informações pertinentes a Enfermagem.

• Formular manuais técnicos de Enfermagem.

• Formular manuais educativos aos usuários.

• Manter atualização técnica e cientifica, permitindo a atuação em situações de

rotina e emergência.

A resolução do COFEn 210 de 1998 também dispõe sobre as competências

dos técnicos de Enfermagem em serviços de quimioterapia, que são (COFEn, 2001):

• Executar ações de Enfermagem aos clientes, sob a supervisão do enfermeiro.

• Participar dos protocolos terapêuticos de Enfermagem no tratamento,

prevenção e minimização de efeitos colaterais nos pacientes.

• Participar dos programas de qualidade em serviço de quimioterapia.

• Fazer cumprir todas as normas e regulamentos pertinentes a essa área de

atuação.

• Registrar dados e informações pertinentes a Enfermagem.

• Manter atualização técnica e científica, permitindo a atuação em situações de

rotina e emergência.

• Participar de programas de orientação e educação de pacientes e familiares.

Essas legislações, resoluções e orientações para a atuação dos profissionais

de Enfermagem que manipulam antineoplásicos visam promover a segurança

destes trabalhadores (ROCHA, MARZIALE, ROBAZZI, 2004).

25

4 METODOLOGIA

A seguir são apresentados o tipo de estudo, local do estudo, sujeitos da

pesquisa, coleta de informações, análise das informações e considerações bioéticas.

4.1 Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo de caso qualitativo, de caráter exploratório e descritivo.

A pesquisa qualitativa abrange varias técnicas visando descrever e decodificar os

objetos de um ambiente complexo, de modo a reduzir a distância entre pesquisador

e sujeito, entre a ação e a teoria. Ao empregar o uso do método qualitativo, o

pesquisador observa e relaciona-se melhor com o contexto de pesquisa obtendo,

assim, uma maior compreensão do objeto de estudo (GIL, 1999; MAANEN, 1979;

NEVES, 1996).

O estudo exploratório consiste em um estudo preliminar, que tem como

principal objetivo familiarizar-se com o fenômeno a ser observado. O estudo

exploratório permite ao investigador definir o seu problema de pesquisa e formular a

sua hipótese com mais precisão, também permite escolher as técnicas mais

adequadas para sua pesquisa e decidir as questões que mais necessitam de

atenção, podendo alertá-lo para dificuldades, sensibilidades e as áreas de

resistência. No estudo de caso exploratório o pesquisador não espera obter a

resposta definitiva para o problema em estudo, e sim uma visão mais aprofundada.

(GIL, 2009; THEODORSON; THEODORSON, 1970).

A pesquisa descritiva é aquela que tem como função a análise do objeto de

modo a descrever, classificar e observar os fenômenos ocorridos. Caracteriza-se

pela seleção de amostras aleatórias de pequenas ou grandes populações, de modo

a obter conhecimentos empíricos. O estudo de caso descritivo proporciona uma

vasta descrição do objeto em estudo no seu contexto de origem (GIL, 2009;

VALENTIM, 2005).

26

4.2 Local do Estudo

A pesquisa foi realizada em um serviço de quimioterapia e radioterapia que

funciona desde o ano de 1981 em um município da fronteira oeste do Rio Grande do

Sul. É um serviço de atendimento regional que tem como propósito o atendimento

profissional qualificado, em quimioterapia e radioterapia. Possui atendimento

semanal de segunda a sexta-feira, das 8 horas às 18 horas. Representa o serviço de

referência da região oeste do Estado do Rio Grande do Sul, pois as cidades

atendidas, em sua maioria, não possuem um serviço para atendimento de pacientes

oncológicos (IRON, 2009).

O serviço possui um corpo profissional composto por quatro médicos, dois

enfermeiros, um técnico de Enfermagem, um estagiário de curso técnico de

Enfermagem, três técnicos em radiologia, um farmacêutico, um secretário, um

psicólogo, um recepcionista, um auxiliar de serviços gerais e dois higienistas

terceirizados (IRON, 2009).

4.3 Sujeitos

Os sujeitos da presente pesquisa foram profissionais da equipe de

Enfermagem do IRON, composta por enfermeiros e técnicos de Enfermagem que

trabalham no setor de quimioterapia do referido serviço.

4.4 Coleta das Informações

A coleta de informações com os sujeitos ocorreu no mês de outubro 2010 e

realizou-se por meio de entrevista semi-estruturada com roteiro pré-estabelecido

com as seguintes perguntas norteadoras (APÊNDICE I):

1. Descreva o seu trabalho no serviço de oncologia.

27

2. Existem riscos no trabalho de enfermagem em oncologia (em especial na

preparação e administração de antineoplásicos)?

3. Você ou algum colega já sofreu acidente durante a preparação ou a

administração de antineoplásicos? Em caso positivo como ocorreu? Qual foi a

conduta utilizada?

E, além disso, foram coletados dados para caracterização dos sujeitos

entrevistados como: Idade; Formação Profissional; Tempo de formação; Tempo de

atuação no serviço; Se possui formação específica para atuar na área de oncologia;

Data da realização da formação específica.

As entrevistas foram realizadas exclusivamente pelos pesquisadores e

gravadas por meio de recurso digital (MP3 e gravador de áudio).

A entrevista semi-estruturada consiste em uma modalidade de entrevista que

parte de certos questionamentos baseados em teorias e hipóteses, oferecendo a

possibilidade de interrogativas e novas hipóteses, que vão surgindo no desenrolar

do diálogo estabelecido entre pesquisador e sujeito de pesquisa (MATHEUS;

FUSTIONI, 2006).

4.5 Análise das Informações

As informações foram analisadas através da Análise de Conteúdo que

consiste em um conjunto de técnicas de análise das transmissões empregando

processos sistemáticos e objetivos da descrição do conteúdo das informações.

Realiza-se em torno das seguintes etapas (BARDIN, 1977):

• Pré-análise: consiste na escolha dos documentos, formulação das hipóteses,

objetivos e identificação dos indicadores que irão fundamentar a interpretação

final. Nesta fase devem ser realizadas a leitura flutuante, escolha dos

documentos, formulação das hipóteses e objetivos, referenciação de índices,

elaboração de indicadores e a preparação do material.

• Exploração do material: consiste na codificação das informações, ou seja, o

processamento dos dados brutos que são transformados e agregados em

unidades, permitindo uma descrição exata das características do conteúdo. A

codificação compreende o recorte por temas, a enumeração de modo a

28

utilizar a frequência para as regras de contagem e classificação e agregação

dos materiais conforme palavras chave. A exploração e codificação do

material permitiu a divisão nas seguintes categorias:

o O trabalho em Enfermagem oncológica;

o A segurança no ambiente quimioterápico.

• Tratamento, inferência e interpretação: consistem na síntese e seleção dos

resultados, a investigação das causas a partir dos efeitos, ou vive-versa, de

determinado achado e a interpretação dos resultados. A interpretação é

realizada de modo que os conteúdos recolhidos se constituam em dados

qualitativos ou análises reflexivas, em observações individuais ou gerais das

entrevistas que serão realizadas com os sujeitos.

As entrevistas foram transcritas pelos pesquisadores e, em seguida, o

material foi explorado através de leitura flutuante. Os resultados coletados foram

confrontados com a literatura já revisada no Capítulo três “Revisão de Literatura” do

presente trabalho.

Foi utilizado o software de análise qualitativa NVivo®, para auxiliar na

organização e categorização das informações coletadas. Os softwares de análise

qualitativa têm como objetivo organizar, codificar, criar categorias, filtrar, fazer

buscas, auxiliando na análise e na interpretação dos resultados (LOWE, 2007).

4.6 Considerações Bioéticas

O projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Pampa, obtendo parecer favorável através da Carta de

Aprovação n° 014 2010 (ANEXO I).

Foram encaminhados documentos para o responsável técnico do IRON

(ANEXO II) e ao enfermeiro responsável pela equipe de enfermagem do IRON

(ANEXO III) visando dar ciência do projeto a ser desenvolvido no âmbito do serviço.

A fim de realizar as entrevistas com a equipe de Enfermagem foi solicitada a

autorização dos mesmos através de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) (APÊNDICE II), que foi encaminhado aos sujeitos no momento que

aceitaram o convite em participar da pesquisa, sendo assinado pelos participantes e

29

pelos pesquisadores em duas vias de mesmo teor, ficando uma cópia com o

participante e a outra com os pesquisadores. Previamente a entrevista, os

profissionais foram informados sobre o TCLE, onde constava a voluntariedade na

participação, o objetivo da pesquisa, a possibilidade de desistência a qualquer

momento do estudo sem penalizações, o compromisso com a confidencialidade dos

dados utilizados e a preservação integral do anonimato dos sujeitos, seguindo a

portaria nº 2048/2009 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2009).

Os pesquisadores, assim como sua orientadora, se comprometem em

preservar a privacidade das informações e de seus participantes, sendo que as

informações serão utilizadas exclusivamente para execução do presente projeto,

sendo divulgadas de forma anônima (APENDICE III).

A pesquisa não ocasionou riscos físicos e/ou morais, já que se desenvolveu

de forma anônima e voluntária. Os funcionários não foram obrigados a participar

desta pesquisa, podendo desistir a qualquer momento e solicitar que seus dados

fossem excluídos. Para fins de organização dos sujeitos, foi utilizada a letra “S”

seguido do número do sujeito entrevistado para denominar os informantes da

presente pesquisa.

Os dados serão arquivados por cinco anos e após este período serão

eliminados conforme preconiza a Lei de Direitos Autorais (BRASIL, 1998).

O relatório final da presente pesquisa será apresentado para o serviço

analisado. Caso sejam encontrados problemas relativos a segurança dos

funcionários, os pesquisadores se colocarão a disposição do serviço para realizar

atividade de atualização sobre segurança no ambiente de trabalho em oncologia.

30

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Participaram do estudo profissionais da equipe de Enfermagem com idade

mínima de 28 anos e máxima de 41 anos. O tempo mínimo de formação foi de

quatro anos e máximo de 11 anos, e o tempo mínimo de atuação no serviço de um

ano e um mês a 17 anos.

Este capítulo apresenta a análise de conteúdo dos temas, subcategorias e

categorias que emergiram durante a organização e categorização das informações

(QUADRO 1).

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS TEMAS

O Trabalho em Enfermagem

Oncológica

As Competências da

Enfermagem em Oncologia

- Administrativa;

- Assistencial;

- Resoluções.

O Conhecimento sobre a

Enfermagem Oncológica

- Conhecimento dos

quimioterápicos;

- Reações das medicações;

- Treinamento.

A Segurança no

Ambiente Quimioterápico

A Segurança do Paciente

- Manipulação dos

equipamentos;

-Toxicidade das medicações;

- Troca de medicações entre

pacientes.

A Segurança do Profissional

- Conhecimento e atitudes

em relação ao cuidado de si

- Percepção do risco na

administração de

antineoplásicos

- Ocorrência de acidentes

Quadro 1 – Categorias, subcategorias e temas emergidos durante o processo de análise

das informações.

31

5.1 O Trabalho em Enfermagem Oncológica

O enfermeiro pode atuar nos diversos níveis de atenção a saúde, que estão

hierarquizados segundo o grau de complexidade, desenvolvendo ações de

planejamento, coordenação e execução que incluem a assistência de enfermagem

em oncologia clínica, cirúrgica e cuidados paliativos (COFEN, 2001).

Para Bonassa (2005), os enfermeiros em oncologia desempenham papel de

importância singular, preenchendo necessidades técnicas, físicas, psicossociais e

educacionais do paciente acometido pelo câncer e sua família. O foco dos cuidados

de Enfermagem é reduzir o impacto da doença sobre paciente e família, e também

salientar o cuidado com os diversos efeitos colaterais provocados pelas várias

modalidades de terapia.

Essa categoria subdivide-se nas seguintes subcategorias: “As Competências

da Enfermagem em Oncologia” e “O Conhecimento sobre a Enfermagem

Oncológica” e serão apresentadas a seguir.

5.1.1 As Competências da Enfermagem em Oncologia

Diversas são as competências do enfermeiro no trabalho com pacientes

oncológicos, sendo este um dos profissionais habilitados para trabalhar com esta

população. Os sujeitos entrevistados mencionaram seu trabalho no serviço de

quimioterapia, como pode ser visto no trecho a seguir:

O trabalho de Enfermagem tanto aqui na oncologia quanto em qualquer

outro lugar é administrativo. Á Enfermagem [...] cabe administrar toda

clínica, sendo a parte da secretária, médicos, os técnicos de Enfermagem,

ficam sob a responsabilidade do enfermeiro. Avaliar clinicamente o

paciente, dar condições pra ele no cotidiano dele fora daqui, orientar o

tratamento, [...] prevenção também, a instalação de quimioterápico [e]

preparação também, a gente prepara muitas vezes, tem o farmacêutico que

prepara, mas muitas vezes quando solicitado pelo médico a gente prepara e

32

a gente tem condições de preparar [...] não é só pela legislação o

enfermeiro pode preparar quimioterapia, então preparar, instalar

quimioterapia, orientar pacientes sobre o tratamento, dar todo apoio [...],

toda parte de protocolos, a gente faz o protocolo, manual de Enfermagem,

que esse ano teve que renovar todos, até os POPs que os alunos ajudaram

também, que os POPs antigamente não tinham, era só os manuais, é em

contato com o COREN também, tá sempre em contato com o COREN [...]

(S2).

Pela análise do trecho anterior fica evidente que o enfermeiro executa a

maioria das atividades de Enfermagem como preconiza a Resolução do COFEN nº

210 de 1998, que traz como competências do Enfermeiro o planejamento, a

organização, a supervisão, a execução e a avaliação de todas as atividades de

Enfermagem, em clientes submetidos a tratamento quimioterápico, assim como a

elaboração de protocolos terapêuticos de Enfermagem no que diz respeito a

prevenção, tratamento e formas de minimizar os efeitos colaterais em clientes

submetidos a esse tratamento. Ao enfermeiro também é destinado a administração

de quimioterápico, conforme a farmacocinética da droga e protocolo terapêutico,

além de promover e participar da integração da equipe multiprofissional, procurando

garantir a assistência integral ao cliente e familiares, de forma a estabelecer

relações técnico-científicas com as unidades afins, desenvolvendo estudos

investigativos e de pesquisa.

E os setores de oncologia têm responsabilidades, juntamente com os

profissionais que lá atuam, sendo estas: participar de programas de garantia da

qualidade em serviço de quimioterapia de forma setorizada e global; proporcionar

condições para o aprimoramento dos profissionais de Enfermagem atuantes na

área, através de cursos e estágios em instituições afins; participar da definição da

política de recursos humanos, da aquisição de material e da disposição da área

física, necessários à assistência integral aos clientes; manter a atualização técnica e

científica da biossegurança individual, coletiva e ambiental que permita a atuação

profissional com eficácia em situações de rotinas e emergenciais, visando

interromper e/ou evitar acidentes ou ocorrências que possam causar algum dano

físico ou ambiental; cumprir e fazer cumprir as normas, regulamentos e legislações

pertinentes às áreas de atuação (COFEn, 2001).

33

A análise do excerto permite perceber que o enfermeiro está focado na parte

administrativa do seu trabalho. Esta visão pode ser evidenciada, também, no trecho

a seguir:

[...] na parte administrativa não é diferente de um hospital, além da parte

que agente administra conforme as normas do COREN que eles exigem

uma normatização regrada que a gente tem que fazer, tem mais a nossa [...]

que a gente investe em cima do programa de qualidade. Então têm normas

e rotinas que agente coloca em cima [...], também, a responsabilidade [...]

nos profissionais subordinados (S1).

Analisando o excerto, fica explícito que o sujeito entrevistado desenvolve

atividades administrativas específicas do enfermeiro, bem como a responsabilidade

com sua equipe de trabalho, trabalhando de forma a cumprir a rotina conforme a

legislação vigente.

Quanto às competências dos técnicos de enfermagem, esses podem executar

ações de Enfermagem a clientes submetidos ao tratamento quimioterápico apenas

sob a supervisão do enfermeiro (COFEn, 2001), mas não é o que se evidencia no

serviço conforme os trechos que seguem

[...] quando o enfermeiro ia lá pra cima [no hospital], instalar uma quimio, daí

eu ficava supervisionando, se tinha que dar alguma medicação ou fazer

uma punção [...] (S3).

[...] a última vez que eu fui lá ... olhei todos pacientes... não tinha nada,

todos acessos nos conformes, mas daí se tem que instalar, eu instalo (S3).

Pelos excertos pode-se inferir que o serviço não respeita todas as normas e

resoluções do COFEN, pois há momentos em que o enfermeiro precisa se ausentar

da sala de quimioterapia e não há outro profissional graduado para substituí-lo, uma

vez que há, apenas, um enfermeiro por turno no setor. Dessa forma, as ações de

34

enfermagem ficam sob a responsabilidade do técnico que enfermagem, que executa

atividades sem supervisão do enfermeiro.

O dimensionamento da equipe de enfermagem não segue nenhuma

regulamentação ou cálculo, como demonstra o seguinte relato:

Não existe uma coisa regrada nem em termos de COREN, isso ai vai do

bom senso do enfermeiro que administra a instituição observar. Eu acho,

não tenho certeza, que aqui conosco atende 10 pacientes tem que ter o

enfermeiro e o técnico que é suficiente pra isso, mas tu atender mais de 20

não, indiferente a rotatividade, não é o atendimento no dia de quantos

pacientes tu atende, e sim no momento (S1).

O excerto apresentado demonstra a falta de informação do sujeito em relação

ao que se estabelece de parâmetros para unidades assistenciais, como o serviço de

quimioterapia, dimensionando o quadro de profissionais de enfermagem nas

instituições de saúde, de modo a garantir maior segurança e qualidade da

assistência ao cliente, a continuidade ininterrupta da atuação da Enfermagem

(COFEn, 2004).

Dessa forma, conforme os avanços tecnológicos e a complexidade do

cuidado prestado ao cliente, compete ao enfermeiro estabelecer o quadro

quantiqualitativo de profissionais necessários a prestação da assistência de

enfermagem evitando, assim, que o serviço fique desassistido de um enfermeiro no

turno de serviço, como ocorre algumas vezes no setor, bem como não

sobrecarregando os profissionais que lá atuam.

Conforme a resolução do COFEN nº 293 de 2004 descreve, em unidades

especializadas como psiquiatria e oncologia, deve-se classificar o cliente tendo

como base as características assistenciais específicas, adaptando-as ao Sistema de

Classificação de Pacientes (SCP) para estabelecer o dimensionamento de pessoal

para a unidade (COFEn, 2004).

35

5.1.2 O Conhecimento sobre a Enfermagem Oncológica

Para que os enfermeiros desempenhem adequadamente seu papel no serviço

de oncologia é necessário conhecimento técnico, educacional e da legislação

pertinente à atividade. Além de reduzir o impacto da doença sobre paciente e

família, o enfermeiro deve salientar o cuidado com os diversos efeitos colaterais

provocados pelas várias modalidades de terapia.

O conhecimento sobre a Enfermagem oncológica pode ser visto nos excertos

a seguir:

[...] tem que ter conhecimento das quimioterapias e o conhecimento dos

quimioterápicos envolve toda a oncologia em si, oncoclinica, que é desde o

que [...] a medicação faz no corpo do paciente, o que é o câncer, como é

que ela age no organismo, reações adversas, efeitos colaterais que são

causados, além de todos os cuidados que [...] a gente tem que ter e orientar

o paciente [...] na administração da medicação (S1).

É importante o enfermeiro saber tudo que a gente aprende em farmacologia

que é saber da estabilidade da medicação, em que ela vai ser diluída, a

estabilidade pós-reconstituição, fotossensibilidade, se ela é compatível ou

não com medicações, [...] porque conforme tu tá administrando e o paciente

apresentar um sintoma, um sinal, tu tem que saber: não essa medicação ela

faz isso e tem esse tipo de sinal. Já tem que sempre tá um passo a frente,

tem que orientar o paciente, o familiar e saber o cuidado que tu vai prestar

(S1).

O enfermeiro que trabalha com quimioterapia basicamente tem que saber

as medicações, os riscos de cada medicação [...], como que ela é

preparada, com o quê eu posso preparar ela, a toxidade da medicação, que

ela pode levar os efeitos colaterais (S2).

[...] saber quais as medicações vesicantes, o que elas podem ocasionar e

saber no extravasamento o que eu posso utilizar, compressa fria [ou]

compressa quente, orientação e observação sempre do quimioterápico que

o paciente tá usando pra poder seguir depois as orientações dos protocolos

que a gente tem na clínica (S2).

36

Estes relatos demonstram que os sujeitos do serviço percebem a importância

de ter conhecimento sobre a área em que atuam. Uma vez que a área de oncologia

está em contínua evolução, os profissionais antes de iniciar a trabalhar no serviço

necessitam de treinamento específico, além de manter-se atualizados, conforme as

manifestações dos sujeitos entrevistados:

Em questão de quimioterapia, com certeza, o enfermeiro tem que ter

treinamento específico [...]. Por exemplo, o enfermeiro que vai trabalhar aqui

[...] procura se trazer um profissional que já tenha experiência [...] em

oncologia, ou se não tiver [...] procura ser feito um treinamento, mas todo

profissional enfermeiro que entrou aqui passou por treinamento (S1).

[...] o que eu acho bem importante [...] é um curso de especialização, saber

que a gente precisa saber muito além [...] sempre buscar se especializar [...]

buscar coisas novas pra clínica. [...] E a clínica dá oportunidade, o [nome]

paga, é só tu ver o curso e querer fazer (S2).

O [nome] até manda agente ir [...] fazer alguma reciclagem porque diz que é

importante... Mas o único treinamento que tive foi de formação mesmo...

Mas o [nome] se tu pedir pra fazer algum curso ou treinamento ele até paga

é só ir conversar com ele, porque ele acha importante pro serviço esse

treino... (S3).

Os trechos evidenciam que os sujeitos percebem a importância de receber

treinamento específico quanto ao trabalho em oncologia, bem como quanto a se

manter atualizado. Esta constatação vai ao encontro com a RDC/ ANVISA nº 220 de

2004, que visa as Boas Práticas de Administração da Terapia Antineoplásica

(BPATA) onde o profissional, envolvido na administração de antineoplásicos, deve

receber treinamento inicial e contínuo, de modo a permanecer atualizado e

capacitado (BRASIL, 2004).

É de suma importância o conhecimento aprofundado na área de oncologia

para poder atuar, principalmente por ser uma área que trata com pessoas

debilitadas emocionalmente e em nível de sistema imunológico, então, é importante

não só o conhecimento como a formação específica. Fica claro pelos trechos

analisados que os sujeitos acham indispensável o treinamento específico e, mesmo

37

com o incentivo do serviço, evidenciou-se que nenhum deles possui formação

específica em oncologia.

5.2 A Segurança no Ambiente Quimioterápico

Essa categoria subdivide-se nas seguintes subcategorias: “A Segurança do

Paciente” e “A Segurança do Profissional” e serão apresentadas a seguir.

O paciente submetido ao tratamento com drogas antineoplásicas está exposto

a vários riscos como contaminação, troca de protocolos na preparação das doses

terapêuticas e na administração. O enfermeiro, que é o profissional habilitado para a

administração de antineoplásicos, precisa conhecer seus pacientes através da

realização do Histórico de Enfermagem a cada aplicação de antineoplásico, de

forma a estar ciente do estado de saúde atual e possíveis riscos aumentados, de

forma a antever possíveis danos, preservando o paciente de possíveis acidentes.

Sabendo-se que os trabalhadores de Enfermagem ficam expostos a riscos

durante o preparo, administração e descarte de agentes antineoplásicos, a

manipulação de drogas antineoplásicas na ausência de medidas de proteção

adequadas, tem sido associada com a absorção dos medicamentos entre os

profissionais de Enfermagem, evidenciando-se casos de aparecimento de tumores e

maiores chances de aparecimento de câncer nestes trabalhadores (ROCHA;

MARZIALE; ROBAZZI, 2004; SORSA; ANDERSON, 1996; VALANIS et al., 1993).

5.2.1 A Segurança do Paciente

A técnica asséptica para manipulação de qualquer medicamento deve sempre

ser utilizada, inclusive para as drogas antineoplásicas, pois a grande maioria dos

pacientes que as utilizam podem estar imunodeprimidos, seja pela doença ou pela

própria quimioterapia. Uma vez que o ataque indiscriminado promovido pelas drogas

38

antineoplásicas às células cancerosas ou normais é de rápida proliferação, o

enfermeiro precisa estar atento aos indesejáveis efeitos colaterais. Essa conduta fica

evidente nos trechos a seguir:

[...] o grande problema nosso da enfermagem, infelizmente, é a toxidade

das medicações [...] compromete muito a rede venosa do paciente e nesse

comprometimento, às vezes, causa lesões nos vasos (S1).

O que a gente tem assim é, por exemplo, alguma reação adversa que não é

costumeira da quimioterapia [...] porque conforme tu tá administrando e o

paciente apresentar um sintoma um sinal, tu tem que saber [o que a]

medicação faz e tem esse tipo de sinal, já tem que sempre tá um passo a

frente, tem que orientar o paciente, o familiar e saber o cuidado que tu vai

prestar (S2).

Os sujeitos entrevistados percebem somente os riscos não modificáveis no

tratamento do paciente que faz uso de quimioterápico como o comprometimento da

rede venosa e o extravasamento de medicação que pode causar lesões, além das

reações adversas. Talvez isso ocorra porque o enfermeiro deve estar apto para

realizar o atendimento imediato à esses pacientes quando necessário.

Porém, conforme Bonassa (2005), para a equipe que trabalha em oncologia é

fundamental dar atenção às doses e esquemas terapêuticos porque pequenas

variações ou erros podem provocar danos letais ao paciente. Os profissionais

envolvidos no preparo e na manipulação deverão certificar-se lendo e relendo a

prescrição por pelo menos três vezes, antes da manipulação. E é de fundamental

importância checar a dose já recebida, principalmente quando o paciente recebe

drogas com toxicidade cumulativa definida, ou seja, aquelas que se tornam

proibitivamente tóxicas a determinados órgãos vitais a partir de uma dose total

predefinida.

Quanto ao risco da troca do medicamento quimioterápico quando da

aplicação nos pacientes:

39

[...] com quimioterapia, por exemplo, aqui se tu errar um medicamento num

paciente no outro dia tu vai ver. Se tu usar num paciente medicação que

não faz queda de cabelo e no outro dia o paciente vir sem cabelo [...]? Vão

chegar em ti... tu vai dizer: não, eu fiz a medicação certa, e na realidade

muitas vezes tu não fez, tu achou que fez [...] tem que simplesmente

procurar diminuir os riscos de ter esse tipo de erro, rotular, cada prescrição

é um paciente, identificar o paciente corretamente. E todo cuidado envolve

também como a gente aprende na faculdade né: nome, dosagem, e todas

aquelas orientações que agente recebe quando aprende farmacologia (S1).

[...] o principal é a atenção, responsabilidade do que tá fazendo, se tu tiver

isso tu vai diminuir o risco infimamente, tu pode trabalhar com as coisas

mais perigosas do mundo né, se tu prestar atenção, ter atenção no que tá

fazendo e ter responsabilidade naquilo que tu faz dificilmente tu vai ter

algum dano (S1).

O excerto permite inferir que os riscos referentes à troca de medicação entre

pacientes ocorrem por falta de atenção e responsabilidade do profissional que está

prestando o cuidado. Além disso, os profissionais que trabalham na área da saúde

tem responsabilidade redobrada, uma vez que o erro pode ser fatal para o paciente,

principalmente os que estão imunodeprimidos.

Percebe-se, pela observação da prática em estágio curricular supervisionado

realizado previamente, que o risco para a ocorrência de iatrogenias está aumentado

quando os serviços de saúde estão atendendo mais pacientes do que o planejado.

O serviço em questão tem um limite de atendimento simultâneo de 10 pacientes,

entretanto, há momentos em que se ultrapassa esse limite, de modo que os

funcionários colocam cadeiras entre os leitos e poltronas dificultando a identificação

do paciente, o que pode levar a troca de quimioterápicos e diminuição na qualidade

do atendimento.

40

5.2.2 A Segurança do Profissional

O risco de exposição dos profissionais ocorre em qualquer fase, desde o

preparo, administração e descarte dos quimioterápicos. A contaminação pode

ocorrer por inalação da droga aerossolizada, por contato direto com a pele e

mucosas.

Os temas que serão analisados nesta subcategoria são os seguintes:

“Conhecimento e atitudes em relação ao cuidado de si” e “Percepção do risco na

administração de antineoplásicos” e “Ocorrência de acidentes”.

Conforme Bonassa (2005) existem riscos para os profissionais que trabalham

em oncologia desde o preparo, administração e o descarte dos agentes

antineoplásicos:

Durante o preparo:

• Retirada de solução do frasco ampola.

• Reconstituição de drogas.

• Abertura de ampolas.

• Retirada de ar da seringa que contém citostático.

Durante a administração:

• Injeção da droga “em push”.

• Retirada de ar da seringa que contém quimioterápico.

• Conexão e desconexão de equipos, seringas e tampas.

Durante o descarte:

• Manuseio de fluidos corpóreos.

• Descarte de fluidos corpóreos e quimioterápicos.

• Manuseio de roupas contaminadas por fluidos corpóreos.

• Descarte de materiais contaminados (seringas, aventais, luvas).

Os sujeitos entrevistados estão cientes do quê devem fazer para cuidarem de

si e evitar acidentes no ambiente de trabalho, além de demonstrarem que o serviço

vem procurando se adequar à legislação para prestar segurança ao profissional e

qualidade no atendimento, como pode ser observado nos seguintes relatos:

41

Dependendo do tipo de quimioterapia se usa certos tipos de EPIs. Além dos

EPIs tem os equipamentos de proteção ambiental [...], por isso que a gente

sempre orienta os familiares a não permanecer junto na sala

acompanhando o paciente. Alguns pacientes, às vezes, têm a necessidade

de ter um familiar junto, mas de preferência não, porque a quimioterapia [...]

por mais que a gente faça ela em sistema fechado alguma coisa fica no ar,

então por mais que a gente use a máscara, os familiares não e [por isso]

quem entra numa sala de quimioterapia sente o cheiro (S1).

[...] máscara, avental, luva. A máscara é com filtro de carvão pra trabalhar

na capela, embora essa não seja minha função, agora é função da

farmacêutica... Eu até fazia antes, se precisasse, mas agora como ela veio

ficou a cargo dela [...] quando iniciei não tinha a farmacêutica, nem a

capela, e com o tempo acabou vindo a capela, a farmacêutica, tá vindo

enfermeiro e a informação tá maior até porque veio o farmacêutico, o

enfermeiro e agora temos vocês aqui [os alunos]... e antes não tinha

enfermeiros eram só atendentes (S3).

Segundo a RDC nº 220 de 2004 os EPIs para manipulação de antineoplásicos

são os seguintes (BRASIL, 2004):

• Luvas (tipo cirúrgica) de látex, punho longo, sem talco e estéreis.

• Avental longo ou macacão de uso restrito a área de preparação, com baixa

liberação de partículas, baixa permeabilidade, frente fechada, com mangas

longas e punho elástico.

• A paramentação, quando reutilizável, deve ser guardada separadamente, em

ambiente fechado, até que seja lavada. O processo de lavagem deve ser

exclusivo a este vestuário.

E conforme as recomendações da OSHA, os cuidados durante a

administração dos antineoplásicos vão além do uso dos EPIs, devendo o profissional

(BONASSA; SANTANA, 2005):

• Lavar as mãos sempre antes e após colocação das luvas que devem ser

trocadas de 15 em 15 minutos no máximo.

• Utilizar avental de mangas longas, punhos ajustados, fechado frontalmente,

preferencialmente descartável. Algumas referências preconizam o uso de

42

óculos de proteção e/ou protetores faciais e outras somente se existir risco de

aerossolização.

• Utilizar um campo descartável, impermeável na face inferior e absorvente na

face superior, na área de aplicação de quimioterapia.

• Se o equipo não estiver preenchido, deve-se preenchê-lo dentro do saco

plástico em uma gaze. No entanto, o equipo deve ser previamente preenchido

exclusivamente com o diluente.

• Manter uma gaze próxima às conexões para coleta de eventuais vazamentos,

em especial no momento da introdução e retirada de equipos ou conectores.

• Não retirar o ar das seringas: elas devem vir já prontas para aplicação.

• Observar todas as conexões e respiros para detectar vazamentos.

• Descartar agulhas e seringas em recipientes apropriados e frascos de soros e

equipos em saco plástico fechado, depositado em lixo identificado como

material contaminante e nunca reencapar agulhas.

Pela observação realizada em estágio, estas recomendações são

parcialmente seguidas no serviço. Não ocorre a utilização do campo descartável na

área de aplicação de quimioterapia, as agulhas para a aplicação do antiemético são

reencapadas, é utilizada apenas uma seringa e uma agulha para realizar a

administração dessa medicação em todos os pacientes, fato esse que pode

contribuir para a contaminação cruzada entre esses, além de contribuir para o risco

de acidentes durante o reencape das agulhas.

Em 1970 a Occupational Safety and Health Administration (OSHA) definiu

normas que garantissem o manuseio seguro dos citostáticos do ponto de vista

pessoal e ambiental, sendo o mais importante elemento de proteção a capela de

fluxo laminar vertical (BONASSA, 2005).

“Aquela capela ali, ela tá no lugar errado, mas ela não traz risco,

porque o risco em si é alguém manusear ela erradamente, porque

aquela capela de seis em seis meses... vem um profissional, não sei

se é de São Paulo, é um técnico que vem e faz todas as medições e

troca o filtro dela, também conforme toda a rotina da RDC que

normatiza o serviço de quimioterapia [...] não deixar quimioterapia

escapar a vazão né, pra ela filtrar a quimioterapia. [...] a capela ia

trazer um risco pra nos ali [...] se ela tivesse sendo usada errada e se

ela não tivesse essa manutenção necessária [...] e aonde é

43

controlado, porque tu imagina ela no lugar errado e ainda funcionando

errado, ai ela tava expelindo quimioterapia junto conosco, por isso

que a importância da capela ser preparada e sair o sistema fechado

de dentro da capela, só usa quando vai usar no paciente, ai que eu

digo pra vocês da importância de a gente usar máscara quando tá

manuseando principalmente quando tá fazendo uma medicação no

paciente em bolus [...] que é nesse momento em que agente não

enxerga, mas libera partículas aerossóis (S1)”.

Os sujeitos entrevistados mencionaram ter consciência que a capela do

serviço está posicionada em local inadequado, mas, ao mesmo tempo, relataram

que essa não traz risco para os profissionais que circulam no ambiente e para os

pacientes.

Conforme descrito na RDC nº 220 de 2004 deve existir uma sala exclusiva

para preparação de medicamentos para a terapia antineoplásica, com área mínima

de cinco m2 por cabine de segurança biológica, sendo esta cabine do tipo B Classe

II, de modo que o profissional não fique exposto a partículas dos antineoplásicos

(BRASIL, 2004). No serviço, observou-se que a capela encontra-se instalada em

lugar inadequado, pois na mesma sala está o posto de enfermagem, dois armários

para depósito de medicamentos e um refrigerador de pequeno porte para

armazenamento de medicamentos. Além disso, ao lado da capela estão as lixeiras

para o descarte dos resíduos do serviço.

Percebe-se que os riscos na administração de agentes antineoplásicos vão

muito além dos identificados pelos sujeitos entrevistados. Os excertos demonstram

que eles identificam alguns riscos durante a administração de agentes

antineoplásicos, porém não mencionam as precauções para os riscos a que estão

expostos. Inclusive apontam os cuidados no descarte dos materiais para prevenir

danos aos profissionais responsáveis pela higienização do serviço, como pode ser

observado nos relatos a seguir:

A nossa higienização é terceirizada. Antes não era, agora a gente terceiriza,

mas existe toda normatização de como funciona: gerenciamento de

resíduos, [que] também envolve a enfermagem junto com a farmácia na

oncologia. É um problema sério hospitalar, que a gente não dá muita

44

importância pra isso, que a gente tem que se importar desde o momento

que a gente produz até a finalização do resíduo, aonde que ele vai para a

gente [...] ter ciência (S1).

[...] é tem que saber, principalmente o pessoal da limpeza, que manipula o

lixo [...] e aquele lixo é tóxico, gases né [...] (S3).

Observa-se que os sujeitos entrevistados têm consciência do descarte correto

dos materiais para prevenir o risco de acidente, principalmente para os profissionais

da higienização. Entretanto, foi observado na prática do serviço um acidente durante

a troca de um quimioterápico, havendo extravasamento do mesmo para o ambiente,

sendo que os funcionários responsáveis pela limpeza utilizaram, apenas, um pano

úmido que foi deixado sobre o local, medida que demonstra a falta de conhecimento

desses funcionários sobre a limpeza de acidentes com quimioterápicos.

As medidas preconizadas na literatura ao haver um extravasamento de

quimioterápico consistem em, primeiramente, o profissional da higienização colocar

os EPIs recomendados. Em seguida, remover o quimioterápico com plástico

absorvente desprezando-o em saco identificado como lixo tóxico, colocar sobre o

local onde a medicação foi derramada a solução hipoclorito de sódio a 1% embebida

em uma compressa e deixá-la agir por 15 minutos, realizando a limpeza mecânica

com detergente logo em seguida (BONASSA, SANTANA, 2005).

Os trabalhadores de Enfermagem, durante a assistência ao paciente, estão

expostos a inúmeros riscos ocupacionais causados por fatores químicos, físicos,

biológicos, ergonômicos, de acidentes e psicossociais, que podem ocasionar

doenças ocupacionais e acidentes de trabalho.

Quanto à ocorrência de acidentes no serviço:

“Não, não tive... o que a gente tem assim é, por exemplo, alguma reação

adversa que não é costumeira da quimioterapia (S1)”.

“Nunca, nem picada, nunca nada, e nem no hospital também eu acho que é

o cuidado [...] a maioria dos funcionários que se pica é reencapando

[agulhas] no horário entre seis e sete da manhã que é o maior fluxo de

acidente de trabalho, horário que o funcionário já tá cansado e tá fazendo

tudo rápido, é o horário das medicações. Ou é reencapando, HGT deixam

solto na bandeja se picam e é o maior fluxo da mania de reencapar a gente

45

tem que puncionar e largar na bandeja mandril mas nunca me piquei...(S2)”.

“Não que eu lembre... acho que tiveram poucos até com os pacientes [...]

não soube de ninguém, ninguém se pico nem nada... daí nesses anos que

trabalho aqui não soube de nenhum acidente (S3)”.

Como observado, os sujeitos entrevistados relatam nunca ter sofrido

acidentes de trabalho. Segundo eles, apenas sofre acidente e/ou causa algum

acidente o profissional que atua com a atenção diminuída. Porém foi observado que,

no serviço em questão, o reencape de agulhas é uma prática frequente, de modo

que estes profissionais estão expostos diariamente a situações de risco de acidentes

com material biológico e químico, como foi demonstrado pelo estudo realizado por

Brandi, Benatti e Alexandre (1998) onde os maiores índices de acidentes foram por

com agulha e, principalmente, ao reencapá-las.

46

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os agentes antineoplásicos são drogas utilizadas na terapêutica contra

câncer, e sua utilização tem aumentado consideravelmente com o passar dos anos

em função de suas propriedades terapêuticas. No entanto, seus efeitos

mutagênicos, carcinogênicos e teratogênicos podem proporcionar riscos para os

profissionais que os manuseiam quando medidas de segurança não são adotadas.

A pesquisa desenvolvida teve como objetivo geral conhecer a percepção dos

profissionais de Enfermagem que trabalham em um serviço de oncologia a respeito

dos principais riscos a que estão expostos na administração de agentes

antineoplásicos. E como objetivos específicos: identificar os riscos na administração

de agentes antineoplásicos a que estão expostos os profissionais de Enfermagem

que trabalham em um serviço de oncologia; relacionar os riscos identificados na

administração de agentes antineoplásicos com a percepção dos profissionais de

Enfermagem acerca do risco no seu cotidiano de trabalho; e relacionar os riscos

identificados com a percepção dos profissionais de Enfermagem comparando com

os riscos descritos na literatura sobre a administração de agentes antineoplásicos.

A literatura demonstra que os riscos advindos da manipulação de

antineoplásicos envolvem a inalação de aerossóis, o contato direto da droga com a

pele e mucosas, a ingestão de alimentos e medicações contaminadas por resíduos

desses agentes (BONASSA; SANTANA, 2005).

As formas de contaminação podem provocar danos à saúde dos

trabalhadores como mutagenicidade celular, infertilidade, aborto e malformações

congênitas, disfunções menstruais, bem como sintomas imediatos como tontura,

cefaléia, náusea, alterações de mucosas e reações alérgicas em trabalhadores que

manipularam essas drogas (LABUHN et al, 1998).

O serviço de oncologia analisado apresentou os seguintes riscos para os

pacientes e profissionais:

• Troca de terapias antineoplásicas: pelo fato do serviço atender, em alguns

momentos, uma quantidade superior de pacientes que pode comportar e

de, por vezes, o profissional de Enfermagem de nível técnico ficar

47

responsável pelo setor de quimioterapia sem a supervisão de um

Enfermeiro;

• Acidentes: pelo frequente hábito de reencapar agulhas, que no caso são

utilizadas para aplicar a medicação em mais de um paciente, podendo levar a

uma contaminação cruzada entre esses;

• Exposição direta a drogas e inalação de partículas aerossolizadas: por manter

a capela em local inadequado, por medidas incorretas em situações de

extravasamento para o meio e pela não utilização de todos os EPIs

recomendados durante o manuseio de antineoplásicos.

Diante disso, os profissionais que manipulam e administram a terapia

antineoplásica devem estar devidamente qualificados, preparados e cientes dos

riscos, das precauções e das adequações nos procedimentos técnicos envolvidos no

preparo e administração dessas substâncias, bem como sobre o descarte de

materiais, de forma a tornar a prática de trabalho segura.

Com relação à troca de terapias antineoplásicas entre pacientes, os

profissionais consideraram que o risco não depende da quantidade de clientes que o

serviço atende, além de demonstrarem que a quantidade de funcionários permite

uma adequada assistência aos clientes. Para evitar erros durante a administração

de medicamentos a resolução 293 de 2004 do COFEn, estabelece parâmetros para

o dimensionamento da equipe de Enfermagem, para que o serviço não fique

desassistido de um enfermeiro durante todo o período de funcionamento, prestando

uma assistência de qualidade aos clientes e no caso do serviço de quimioterapia os

profissionais de nível técnico terão sempre a supervisão de um enfermeiro (COFEn,

2004).

Quanto ao risco de acidentes ao reencapar as agulhas, os profissionais

reconhecem tal risco, mas não houve relatos quanto a utilização da mesma seringa

e agulha para administrar medicação nos pacientes que passam no serviço durante

o dia de trabalho. Para evitar o risco de acidente e a contaminação cruzada entre

pacientes, é recomendado o descarte de agulhas e seringas imediatamente após o

uso, bem como nunca devem serem reencapadas (BONASSA; SANTANA, 2005).

Os profissionais não entendem como risco o fato de estarem expostos à

drogas e à inalação de partículas em função de que a capela está em local

inadequado. Entretanto, a literatura nos remete quanto a necessidade de utilizar

todos os EPIs, não apenas no caso de acidente ambiental com quimioterápico, mas

48

inclusive na manipulação de drogas e em capelas, esta que, por sua vez, deve estar

em uma sala exclusiva para preparação de medicamentos (BRASIL, 2004;

BONASSA, SANTANA, 2005).

Os resultados deste estudo demonstram que os profissionais entrevistados

possuem ciência do papel do enfermeiro no gerenciamento de serviços oncológicos,

pelo fato de exercerem atividades administrativas e assistenciais. Porém, foi

observado que as práticas adotadas pelos sujeitos entrevistados durante a

manipulação de antineoplásicos os expõem a grandes riscos de contato direto com

as drogas e a inalação de partículas aerossolizadas, além de favorecer a

contaminação do ambiente de trabalho.

Assim, o profissional de Enfermagem necessita ter conhecimento específico

para trabalhar em um serviço oncológico, pois esses setores requerem alta

especialização, assim como constante atualização dos profissionais.

Diante do exposto, percebe-se a necessidade da realização da educação

permanente, de forma a garantir a segurança do profissional que atua no serviço de

quimioterapia e elevar ainda mais a qualidade prestada aos pacientes. Ressalta-se

que, apesar dos profissionais do serviço analisado terem apoio no custeio de cursos

por parte do empregador, os mesmos não o fazem.

Ressaltamos a receptividade do serviço para a realização da pesquisa, visto

que são iniciativas como esta que colaboram infimamente para compreendermos o

trabalho do profissional de Enfermagem em serviços de terapia antineoplásica e

que, por conseguinte, ajudam a qualificar as atividades prestadas no local.

Além disso, também se ressalta as limitações do estudo, uma vez o serviço

possui um pequeno número de profissionais com formação em Enfermagem. Dessa

forma, percebe-se a necessidade de ampliação dos informantes, de forma a

abranger os demais profissionais do serviço.

Espera-se, contudo, que este trabalho contribua para melhorar as condições

de saúde dos profissionais, através da divulgação dos resultados no serviço. No que

tange a redução dos riscos durante a administração de terapia antineoplásica,

aguçar a visão do profissional sobre seu ambiente de trabalho, trazendo melhores

condições de trabalho acompanhadas de segurança e capacitação, com o objetivo

de oferecer um tratamento de excelência.

Igualmente almeja-se contribuir para o curso de Enfermagem da Universidade

Federal do Pampa, visto que o local pesquisado faz parte dos campos de estágio do

49

curso e, desse modo, insere o aluno no ambiente, facilitando a compreensão do

trabalho local. Além disso, auxiliar o serviço referido, implementando ações que

visem a melhoria das condições de trabalho e saúde dos profissionais e, por

conseguinte, o melhor atendimento aos pacientes.

50

REFERÊNCIAS

BADELLINO, F.; GIPPONI, M. Flow charts for diagnosis and stagin of câncer in developed and developing countries. UICC – International Union Against Cancer Programme on Detection and Diagnosis. Geneva, Switzerland. 1998. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70, 1977. BARROS, M.A.; GIORDANI, M.A.S. Radioterapia. São Paulo, 2000. BARTON-BURKE, M.; WILKES, G.M.; INGWERSON, K. Cancer chemotherapy: a nursing process approach. Jones and Bartlett Publishers. Sudbury, Massachusetts, USA, 2001. BERKERY, R.; CLERI, L.B.; SKARIN, A.T. Oncology pocket guide do chemotherapy.London, Mosby-Wolfe Medcial Communications, 1997. BOFFETTA, P. Epidemiology of environmental and occupational cancer. Nature Oncogene, v. 23, n. 38, p. 6392-403, 2004. BONASSA, E.M.A. Enfermagem em terapêutica oncológica. São Paulo, Atheneu, 2000. BONASSA, E.M.A; SANTANA, T.R. Enfermagem em terapêutica oncológica. São Paulo, Editora ateneu, 2005. BRANDI, S; BENATTI, MCC; ALEXANDRE, NMC. Ocorrência de acidente do trabalho por material perfuro cortante entre trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário da cidade de Campinas, Estado de São Paulo.Rev Esc Enf USP, v.32, n.2, p.124-33, 1998. BRASIL. Casa Civil – Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei Nº 9.610, De 19 De Fevereiro De 1998. Brasilia, Brasil, 1998. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 33, de 19 de abril de 2000. Aprova o Regulamento Técnico sobre Boas Práticas de Preparação de Medicamentos em farmácias e seus Anexos. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil, Brasília, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 220, de 21 de setembro de 2004. Aprova o Regulamento Técnico de funcionamento dos Serviços de Terapia Antineoplásica. D.O.U. - Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil, Brasília, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2048, de 3 de setembro de 2009 – Aprova o regulamento do Sistema Único de Saúde. Brasília, Brasil, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional De Câncer. A Situação do Câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2006.

51

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 2 .ed. - Rio de Janeiro: INCA, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3. ed. rev. atual. ampl. – Rio de Janeiro: INCA, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Falando sobre o câncer e seus fatores de risco. Rio de Janeiro, 1996. BRASIL. Ministério do Trabalho. Gabinete do ministro. Portaria nº. 3214, de 08 de junho de 1978: Normas regulamentadoras. Segurança e Medicina do trabalho. São Paulo: Atlas, 1994. BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria GM n.º 939, de 18 de novembro de 2008. Norma Regulamentadora 32. Segurança e Saúde do Trabalho em Estadiamento de Saúde. Brasília, 2008. BRENTANI, M.M. et al. Bases da Oncologia. São Paulo, Lemar, 1998. BROWN, K.A. et al. Chemotherapy and biotherapy guidelines and recommendations for practice. ONS Publishing Division, Oncology Nursing Society, 2001. SMELTZER, S.C.; BARE, B.G. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica/ Suzanne C. Smeltzer, Brenda G. Bare; Trad. Brunner & Suddarth. 9.ed Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. ROSENTHAL, S.; CARIGNAN, J.R.; SMITH, B.D. Oncologia Prática: Cuidados com o Paciente. 2ed. Rio de Janeiro. Revinter, 1995. CELICH, K.L.S. Dimensões do processo de cuidar: a visão das enfermeiras. Rio de Janeiro, EPUB, 2004. CHU, E. et. al. Manual de drogas antineoplásicas em uso nos EUA. São Paulo, Organização Andrei, 2001. CLARK, J.C.; MC GEE, R.F. (org) et. al. Enfermagem Oncológica – um currículo básico. 2.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEn). Resolução 210 de 01 de julho de 1998. Dispõe sobre a atuação dos profissionais de enfermagem que trabalham com quimioterápicos. In: Conselho Federal de Enfermagem (COFEn) (BR). Documentos Básicos de Enfermagem. São Paulo (SP): COFEn; 2001. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (COFEn). Resolução 293. Fixa e Estabelece Parâmetros para o Dimensionamento do Quadro de Profissionais de Enfermagem nas Unidades Assistenciais das Instituições de Saúde e Assemelhados. 2004.

52

COTRAN, R.S. et al. Bases patológicas das doenças. Rio de Janeiro, Elsevier, 7ed., 2005. DE VITA, V.T.; HELLMAN, S.; ROSENBERG, A.S. Cancer: principles & practices of oncology. 6ed. Philadelphia, Lippncott Williams e Wilkens, 2001. ELFGREN, K. Longitudinal studies of human papillomavirus infection – whith special reference to screening for cervical cancer and treatment of CIN. Acta Oncol; v. 43, n. 1, p. 125-126, 2004. FOSP – FUNDAÇÃO ONCOCENTRO DE SÃO PAULO . UNIÃO INTERNACIONAL CONTRA O CANCER. Atlas TNM. São Paulo, 1993. FRANCO, E.L. Cancer Epidemiolgy: Substance and methods. Cienc. Cult., n. 46, p.46-62, 1994. FUT.; VOO, K.S.; WANG, R. Critical Role of EBNA1-especific CD4+ T Cells in control of mouse Burkitt Lymphoma in vivo. J. Clin. Invest., v.114, n. 4, p. 542-550, 2004. GIL, A.C. Estudo de caso: fundamentação científica – subsídios para coleta e análise de dados – como redigir o relatório. São Paulo: Atlas, 2009. GIL, M.B. Estresse dos trabalhadores de enfermagem: estudo em uma unidade de psiquiatria. 1999. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Faculdade de enfermagem – UFRJ, Rio de Janeiro, 1999. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 10ed. Rio de Janeiro: Guanabra Koogan S.A. 2002. HASKELL, C.M. Cancer treatment. 5ed. Philadelphia, W.B. Saunders Company, 2001. HUFF, J. Long-term chemical carcinogenesis biossays predict human cancer hazards: issus, controversies, and uncertainties. Ann NY Acad, p. 56-79, 1999. IRON – Instituto de Radioterapia e Oncologia. Informativo e Relatório Estatístico de 2004 a 2008. Uruguaiana, RS, 2009. KAKEHASCHI, T.Y.; PINHEIRO, E.M. A observação em pesquisa qualitativa. In: MATHEUS, M.C.C.; FUSTIONI, S.M. Pesquisa qualitativa em enfermagem. São Paulo: Livraria Médica Paulista, 2006. p. 105-110. KANDA, T. et al. Hepatitis B virus X protein (HBx), induced apoptosis in HuH-7 cells: influence of HBV genotype and basal core promoter mutations. Scand J Gastroenterol, v. 39, n. 5, p. 478-485, 2004. KINLEN, L. Infections and immune factors in cancer: the role of epidemiology. Nature Oncogene 2004; v.39, n.5, p. 478-485.

53

LATORRE, M.R.D.O. Câncer em Goiânia: Análise da incidência e da mortalidade no período de 1988 a 1997. (Tese). USP, 2001. LABUHN, K. et al. Nurses' and pharmacists' exposure to antineoplastic drugs: Findings from industrial hygiene scans and urine mutagenicity tests. Cancer Nursing, v. 21, n. 2, p. 79-89, 1998.

LOWE, W. Software for content analysis – A review. Cleveland, State University of Ohio, 2007. MAANEN, J.V. Reclaiming qualitatives methods for organizathional research: a preface. Administrative Science Quarterly, v. 24, n. 4, p. 520-526, 1979. MARZIALE, M.H.P. Abordagem ergonômica do trabalho de enfermagem. [tese]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 1999. MATHEUS, M.C.C.; FUSTIONI, S.M. Pesquisa qualitativa em enfermagem. São Paulo: Livraria Médica Paulista, 2006. MAURO, M.Y.C. Projeto integrado: Saúde e condições de trabalho de enfermagem no contexto do saber e da prática em instituições de assistência e de ensino nos setores público e privado. Universidade do estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: FENF/UERJ, 2005. MIDDELTON, L.; DIMOND, E.; CALZONE, K.; DAVIS, J.; JENKINS, J. The Role of the Nurse in Cancer Genetics. Cancer Nursing, v. 25, n. 3, p. 196-206, 2002. MOHALLEM, A.G.C.; RODRIGUES, A.B. Enfermagem Oncológica. Barueri, São Paulo: Manole, 2007. MONTENEGRO, M.R.; FRANCO, M. Patologia processos gerais. 4ed. São Paulo. Atheneu 1999. MURAD, A.M.; KATZ, A. Oncologia bases clínicas do tratamento. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1996. NEVES, J.L. Pesquisa Qualitativa: Caracteristicas, usos e possibilidades. Caderno de Pesquisa em Administração. São Paulo, v. 1, n. 3, 1996 OREM, J.; OTIENO, M.W.; REMICK, S.C. AIDS – associated cancer in developing nations. Curr. Opin. Oncol., v. 16, n. 5, p. 468-476, 2004. OTTO, S.E. Oncologia. Rio de Janeiro, 2002. POPIN, R.C. O cuidador na ação de cuidar na enfermagem oncológica: uma perspectiva orientada sob o enfoque de Alfred Schütz. 2001. Tese (Doutorado). Escola de enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. 2001.

54

QUEIROZ, S.G. Condições de trabalho e saúde dos enfermeiros em oncologia. Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 2008. RADÜNZ,V. Uma Filosofia para Enfermeiros: O Cuidar de si, a convivência com a finitude e a evitabilidade do Burnout.Florianópolis: UFSC/Programa de pósgraduação em enfermagem, 2001. RIEGER, P.T.; ESCALANTE, C.P. Complicações do tratamento do câncer. Em: BOYER KL, FORD MB, JUDKINS AF, LEVIN B. Oncologia na clínica geral. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2000. ROBAZZI, M.L.C.C.; MARZIALE M.H.P. A norma regulamentadora 32 e suas implicações sobre os trabalhadores de enfermagem. Rev Latino-Am. Enfermagem, v. 12, n. 5, p.834-836, 2004. ROCHA, F.L.R.; MARZIALE, M.H.P.; ROBAZZI, M.L.C.C. Perigos potenciais a que estão expostos os trabalhadores de enfermagem na manipulação de quimioterápicos antineoplásicos: conhecê-los para prevení-los. Rev Latino-am Enfermagem, v. 12, n. 3, p. 511-517, 2004. SANKARANARAYANAN, R. et al. Variations in Cancer Survival. Cancer, v. 78, p. 2461-2464. 1996. SARID, R.; KLEPFISH, A.; SCHATTNER, A. Virology, pathogenetic mechanisms, and associated diseases of Kaposi sarcoma-associated Herpesvirus (humam herpes-virus 8). Clin. Proc.,v. 77, n.9, p. 941-949, 2002. SHIMKIN, M.B. Contrary to nature. Washington, U.S. Departament Of Health, Education and Welfare, 1997. SHORTRIDGE, L.A. et al. Menstrual cycles in nurses handling antineoplastic drugs. Cancer Nursing, v.18, n. 6, p. 439-444, 1995. SILVEIRA, A.M.; RIBEIRO, F.S.N.; LINO, A.P.P.F. O controle Social no SUS e a RENAST. In: Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador, 3ª Conferência nacional de saúde do trabalhador, 3, CNST: Trabalhar sim! Adoecer Não!, 2005. Brasília. Coletânea de Textos... Ministério da Saúde, Ministério do trabalho e emprego, ministério da previdência privada e assistência social. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CANCEROLOGIA – SBC. Departamento de Educação Continuada. Curso básico de cancerologia. São Paulo, 1999. SORSA, M. et al. Biological and environmental monitoring of occupational exposure to cyclophosphamide in industry and hospitals. Mutat. Res., v. 204, p. 465-479, 1998. SORSA, M.; ANDERSON, D. Monitoring of occupacional exposure to cytostatic anticancer agents. Mutat. Res., v. 555, p. 253-261, 1996.

55

SPENCE RAJ, JOHNSON PG. Oncologia. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001. STUMM, E.M.F.; LEITE, M.T.; MASCHIO, G. VIVÊNCIAS DE UMA EQUIPE DE ENFERMAGEM NO CUIDADO A PACIENTES COM CÂNCER. Cogitare Enferm., v. 13, n. 1, p. 75-82, 2008. THEODORSON, G. A.; THEODORSON, A. G. A modern dictionary of sociology. London, Methuen, 1970. TORTORICE, P. Cancer nursing: principles and practice. 5 ed. Jones and Barlett Publishes, 2000. ÜNDEGER, Ü. et al. Assessment of DNA damage in nurses handling antineoplasic drugs by alkaline COMET assay. Mutat Res, v.439, p. 277-285, 1999 VALANIS, B.G., et al.. Acute symptoms associated with antineoplastic drug handling among nurses. Cancer Nursing., v. 16, n. 4, p. 288-295, 1993. VALENTIM, M.L.P. (Org.). Métodos qualitativos de pesquisa em Ciência da Informação. São Paulo: Polis, 2005.

WAKEFORD, R. The Cancer epidemiology or radiation. Nature Oncogene, v. 23, n. 38, p. 6404-6428, 2004. WHITE, R.J. RNA polymerase III transcription and cancer. Nature Oncogene, v. 23, n. 18, p. 3208-3216, 2004. YODAIKEN, R.E.; BENNETT, D. OSHA work-practice guidelines for personnel dealing with cytotoxic (antineoplasic) drugs. Am J Hosp. Pharm., n. 5, p. 1193-1204, 1986.

56

APÊNDICE I - Roteiro da Entrevista

Número do Entrevistado: Idade:

( ) Enfermeiro ( ) Técnico de Enfermagem

Tempo de formação (ano): Quanto tempo atua no serviço:

Formação específica para atuar na área de oncologia (cursos, pós-graduação,

atualização etc): _______________________ Data da realização:_____________

Perguntas Norteadoras:

4. Descreva o seu trabalho no serviço de oncologia.

5. Existem riscos no trabalho de enfermagem em oncologia (em especial na

preparação e administração de antineoplásicos)?

6. Você ou algum colega já sofreu acidente durante a preparação ou a

administração de antineoplásicos? Em caso positivo como ocorreu? Qual foi a

conduta utilizada?

57

58

59

ANEXO I

Carta de aprovação do comitê de ética em pesquisa

60

ANEXO II

Declaração do Responsável Técnico do Instituto de Radioterapia e Oncologia do

Município de Uruguaiana

61

ANEXO III

Declaração do Enfermeiro Responsável Técnico do Instituto de Radioterapia e

Oncologia do Município de Uruguaiana