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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS URUGUAIANA CURSO DE ENFERMAGEM ANDRÉIA MARTINS DO COUTO DIANA CONCEIÇÃO CARVALHO LIAMARA SAIKOSKI NOAL O CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS ACERCA DA VENTILAÇÃO MECÂNICA: UMA ANÁLISE POR MEIO DO SEU TRABALHO Uruguaiana 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS URUGUAIANA

CURSO DE ENFERMAGEM

ANDRÉIA MARTINS DO COUTO

DIANA CONCEIÇÃO CARVALHO

LIAMARA SAIKOSKI NOAL

O CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS ACERCA DA VENTILAÇÃO MECÂNICA: UMA ANÁLISE POR MEIO DO SEU TRABALHO

Uruguaiana 2010

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ANDRÉIA MARTINS DO COUTO

DIANA CONCEIÇÃO CARVALHO

LIAMARA SAIKOSKI NOAL

O CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS ACERCA DA

VENTILAÇÃO MECÂNICA:UMA ANÁLISE POR MEIO DO SEU

TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora, como requisito para a obtenção do título de Graduação em Enfermagem na Universidade Federal do Pampa. Orientador: Prof. Valdecir Zavarese da Costa.

Uruguaiana

2010

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ANDRÉIA MARTINS DO COUTO DIANA CONCEIÇÃO CARVALHO

LIAMARA SAIKOSKI NOAL

O CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS ACERCA DA

VENTILAÇÃO MECÂNICA: UMA ANÁLISE POR MEIO DO SEU TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora, como requisito para a obtenção do título de Graduação em Enfermagem na Universidade Federal do Pampa. Área de concentração: Enfermagem

Trabalho apresentado em: 16 de dezembro de 2010. Banca examinadora:

__________________________________________________________

Prof. Valdecir Zavarese da Costa Orientador

Enfermagem - Unipampa

__________________________________________________________ Prof. Msc. Cynthia Fontella Sant’ Anna

Enfermagem - Unipampa

__________________________________________________________ Prof. Msc. Anali Martegani Ferreira

Enfermagem - Unipampa

__________________________________________________________ Prof. Carliuza Luna Fernandes

Enfermagem – SMSRG

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RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo analisar o que os enfermeiros de Unidade de Terapia Intensiva conhecem acerca do processo de ventilação mecânica por meio do seu que fazer diário. A metodologia compreendeu uma pesquisa qualitativa e teve como sujeitos os enfermeiros de UTI de cinco cidades abrangidas pela 10ª Coordenadoria Regional de Saúde do estado do Rio Grande do Sul. A coleta de dados ocorreu por meio de um questionário contendo cinco questões semi-estruturadas gravada. O questionário foi previamente testado e contemplou a caracterização dos sujeitos, a sua formação e o seu vínculo empregatício. A análise dos dados ocorreu por meio de análise qualitativa temática e as categorias qualitativas principais foram visualizadas por meio do predomínio de seus significados. Os dados relativos aos conhecimentos dos sujeitos do estudo sobre a Ventilação Mecânica no seu trabalho foram analisados por agrupamento das categorias mais freqüentes, de acordo com as falas. A análise dos resultados e a discussão foram apresentadas seguindo a conformação do processo de trabalho (MARX, 2010) com olhar específico na dinâmica do processo de ventilação mecânica (VM) visando atingir os objetivos propostos, ou seja, a análise seguiu as ações desenvolvidas e finalidades, objeto e instrumentos de trabalho e o seu produto. Deste modo, a pesquisa qualitativa nos possibilitou compreender que o conhecimento dos enfermeiros acerca do processo de VM encontra-se focalizado nos instrumentos de trabalho pertinentes direta ou indiretamente ao processo de VM, constituindo o instrumental utilizado em pacientes em situação crítica de vida. E, com menor enfoque incluem o paciente ou seu objeto de trabalho e os cuidados relativos a ele, bem como a equipe, como participante desse processo. Neste sentido, espera-se contribuir para a construção de conhecimentos de enfermagem na área da ventilação artificial, oportunizando a ampliação e desenvolvimento desta área de conhecimento para a enfermagem. Palavras-chave: Ventilação Mecânica, Enfermagem, Cuidados Intensivos.

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RESUMEN

El actual trabajo tiene el objetivo de analizar lo que saben los enfermeros de la unidad de terapia intensiva referentes a el proceso de ventilación mecánica por medio de su que hacer diario. La metodología entiendió una investigación cualitativa y tuve como sujetos los enfermeros de UTI de cinco ciudades incluidas en la 10ª Coordenadoria Regional de la Salud del estado de Rio Grande del Sul. La colecta de datos ocurrió por medio de un cuestionario contenindo cinco preguntas semi-estructuradas grabada El cuestionario fué probado previamente y contempló la caracterización de los sujetos, de su formación y de su enlace del empleo. El análisis de los datos ocurrió por medio del análisis cualitativo temático, las categorías cualitativas principales fueran visualizadas por medio del predominio de sus sentidos. Los datos relativos al conocimiento de los sujetos del estúdio sobre la ventilación mecánica en su trabajo fueron analizados por agrupamiento de las categorías más frecuentes, de acuerdo con la habla. El análisis de los resultados y la discusión fueran presentados seguindo la conformación del proceso de trabajo (MARX, 2010) con mirar específico en la dinámica del proceso de ventilación mecánica (VM) visando alcanzar los objetivos propuestos, es decir, el análisis siguió las acciones desarroladas y finalidades, objeto y instrumentos del trabajo y su producto. De esta manera, la pesquisa cualitativa nos posibilitó compreender que el conocimiento de las enfermeras referentes al proceso de la VM se encuentra enfocalizado en los instrumentos pertinentes directa ou indirectamente al proceso de VM, constituyendo el instrumental utilizado en pacientes en situación crítica de vida. E, con menor acercamiento incluye el paciente o su objeto del trabajo y los cuidados relativos a él, así como el equipo, como participante de este proceso.En este sentido, se espera contribuir para la construcción de conocimientos de enfermería en el área de la ventilación artificial, oportunizando la ampliación y desenvolvimiento de esta área del conocimiento para la enfermagem. Palabras-llave: Ventilación Mecânica. Enfermagem. Cuidados Intensivos.

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LISTA DE ABREVIATURAS

CEP- Comitê de Ética em Pesquisa

CRS/RS - Coordenadoria Regional de Saúde do estado do Rio

Grande do Sul

Fi- Fluxo Inspiratório

FR- Frequência Respiratória

PaCO2- Pressão Parcial Arterial de Gás Carbônico,

PEEP- Pressão Expiratória Final Positiva

UTI- Unidade de Terapia Intensiva

VC- Volume Corrente

VM- Ventilação Mecânica

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................7 2 O PROCESSO DE SUPORTE VENTILATÓRIO ARTIFICIAL ....................... 9

2.1 História da Ventilação Mecânica ............................................................. 10 2.2 Ventilação Mecânica ............................................................................... 10

3 A ENFERMAGEM NO CONTEXTO DO PACIENTE COM NECESSIDADE DE VENTILAÇÃO ARTIFICIAL ..................................................................... 177

3.1 Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva .................................... 177 3.2 Enfermagem no processo de Ventilação Mecânica ................................ 18

4 METODOLOGIA ......................................................................................... 211 4.1 Tipo de estudo ...................................................................................... 211 4.2 Cenário do estudo ................................................................................ 211 4.3 Seleção das instituições ....................................................................... 211 4.4 Sujeitos do estudo ................................................................................ 222 4.5 Critérios de inclusão no estudo ............................................................. 222

4.5.1 Da unidade de terapia intensiva ..................................................... 222 4.5.2 Do sujeito ....................................................................................... 222

4.6 Trabalho de campo ............................................................................... 233 4.7 Instrumento de pesquisa ....................................................................... 233 4.8 Procedimentos éticos............................................................................ 244 4.9 Análise dos dados ................................................................................ 244

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 26 6 CONCLUSÕES ............................................................................................. 49 ORÇAMENTO...................................................................................................51 CRONOGRAMA................................................................................................52 REFERÊNCIAS.................................................................................................53 APÊNDICE A - Consentimento Livre e Esclarecido..........................................56 APÊNDICE B - Questionário da pesquisa 1ª parte...........................................57 APÊNDICE C - Questionário da pesquisa 2ª parte...........................................59 ANEXO A – Carta de liberação do orientador do trabalho de conclusão de curso..................................................................................................................60 ANEXO B – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa.....................................61

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1 INTRODUÇÃO

Avanços na tecnologia tornam-se notáveis na área da saúde, sendo o

ventilador mecânico um dos equipamentos em destaque, pois é um dos

principais recursos de suporte à vida utilizado em Unidades de Terapia

Intensiva (UTI’s). “A ventilação mecânica é entendida como o emprego de uma

máquina que substitui total ou parcialmente, a atividade ventilatória do

paciente” (DREYER; ZUNIGÃ, 2000,p. 351).

Considerando este contexto o enfermeiro tem como objeto de trabalho o

cuidado em saúde, sendo um dos profissionais que mais tempo permanece

com o paciente internado, e para tanto deve conhecê-lo, dominar seu

diagnóstico clínico e necessidades apresentadas a fim de prestar um cuidado

adequado e resolutivo ao paciente. Destaca-se com o mesmo sentido, que é

necessário que este profissional conheça e tenha habilidade também com

aparato tecnológico aplicado como suporte no tratamento, recuperação e

reabilitação clínica dos pacientes com vistas à prestação de um cuidado com

qualidade, uma vez que se reconhece a existência de problemas oriundos do

uso inadequado, neste estudo em específico, da ventilação artificial.

É neste contexto que

A enfermeira realiza, a cada plantão, um exame completo do paciente. Esta avaliação clínica deve ser global, pois a VM tem repercussões sobre órgãos distantes e há importante interação entre os aparelhos e sistemas no paciente em estado grave (DREYER e ZUNIGÃ, 2000, p. 356).

O enfermeiro tem um papel notável no cuidado a este paciente, pois é

ele quem observa as primeiras alterações dos pacientes com respirador,

através de uma observação adequada a este paciente, o que permite identificar

inadequações, que por sua vez permitirão implementar cuidados preventivos e

relevantes.

A literatura nacional pouco tem apresentado sobre a temática, sendo

esta uma breve justificativa para o estudo, que se completa na importância da

temática para o enfermeiro pela importância do cuidado de enfermagem ser

crucial para a

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beneficência da recuperação do usuário de unidade intensiva dependente da

ventilação mecânica.

A partir da identificação da complexidade do cuidado que circunda o

paciente em situação crítica que faz uso de ventilador artificial surge à questão

orientadora deste estudo, apresentada a seguir:

Que conhecimentos o Enfermeiro de UTI tem sobre o processo de VM e

quais os cuidados que ele assiste ao paciente que dela necessita?

Diante do exposto, este estudo tem como objetivo analisar o que os

enfermeiros de UTI conhecem acerca do processo de ventilação mecânica por

meio do seu que fazer diário.

Com isso, ressaltamos a importância da atenção do enfermeiro a este

recurso que não se caracteriza como terapêutico, porém mantém a estabilidade

ventilatória do paciente, podendo tornar-se nocivo ao mesmo se não for

adequado dentro dos parâmetros recomendados.

Aprimorar a prática do enfermeiro na assistência a pacientes em uso de

suporte ventilatório é uma questão reflexiva pertinente à busca incessante da

melhoria da qualidade dos serviços prestados. Tal relação orienta a atuação

deste profissional de maneira a fortalecer as ações de observar, interpretar,

decidir e agir frente a possíveis anormalidades no processo do cuidado.

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2 O PROCESSO DE SUPORTE VENTILATÓRIO ARTIFICIAL

O sistema respiratório será brevemente apresentado visando facilitar a

compreensão do objeto principal do estudo, o processo de ventilação artificial.

Desse modo, tal sistema está incumbido de realizar as trocas gasosas durante

a ventilação, onde a inspiração leva ar para o interior do trato respiratório

visando o suprimento das células com oxigênio e a liberação do catabólito

dióxido de carbono para o meio externo.

Partindo disto, torna-se necessário que o enfermeiro compreenda o

funcionamento adequado do sistema respiratório para avaliar anormalidades

presentes.

A ventilação no organismo como cita Smeltzer et al. (2009) apresenta-se

como uma das necessidades humanas básicas para sobrevivência. Alguns

sintomas como dispnéia, tosse, dor torácica, escarros ou cianose demonstram

uma alteração do sistema respiratório causando deficiência nas demandas

metabólicas. Com isso, torna-se importante à enfermagem realizar uma

anamnese adequada deste paciente, dando ênfase a história pregressa de

sinais, sua duração, se há alívio esporádico, além de questionar sobre hábitos,

alergias, exposições a fumaças e história de problemas respiratórios na família,

além da realização do exame físico orientado para o problema, principalmente

das estruturas respiratórias e da respiração.

Pacientes com alterações respiratórias podem evoluir para um estado

crítico, o que lhes impõem a necessidade de tratamento em Unidade de

Terapia Intensiva (UTI), onde as prioridades em termos de tempo de cuidados

são mais próximos conforme descreve a Portaria da ANVISA nº 466/MS/SVS

de 04 de junho de1998.

O princípio básico do atendimento em uma UTI são os cuidados intensivos, com uma equipe multidisciplinar competente, capacitada a atuar no momento certo de forma rápida e eficaz, utilizando técnicas de suporte cada vez mais complexas, com equipamentos sofisticados, para a manutenção da vida (SOARES; GERELLI; AMORIM, 2010, p. 421).

É neste setor que o paciente em situação crítica tem a sua disposição

instrumentos tecnológicos, os quais tem como objetivo participar na

manutenção erecuperação da vida. Entre estes recursos, neste estudo

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trataremos especificamente do ventilador mecânico como instrumento

tecnológico de manutenção e recuperação da vida humana quando esta se

apresenta em situação crítica. Para tanto, é de extrema importância

conhecermos a história dos ventiladores mecânicos.

2.1 História da Ventilação Mecânica

Os primeiros ventiladores começaram a figurar no ano de 1915, em

Copenhage por Holder Holgaard, e difundiram-se na década de 50, quando

uma epidemia de Poliomielite devastou a Escandinávia e os Estados Unidos,

acarretando paralisia muscular e insuficiência respiratória, a uma parte da

população, levando com isto a inúmeros óbitos. Os primeiros pulmões artificiais

possuíam grandes limitações e eram usados com pressão negativa, a mesma

respiração normal de humanos, uma vez que a inspiração induz a pressão

negativa no tórax. Foi quando Bjorn Ibsen, anestesista, indicou através de uma

experiência que seria possível a realização da Ventilação Mecânica (VM) com

pressão positiva, melhorando assim a insuficiência respiratória. Chegamos

então à fase dos respiradoresmicroprocessados, de última geração que nos

permite um melhor controle e monitorização de pacientes usuários da VM.

2.2 Ventilação Mecânica

Notabiliza-se assim a relevância do cuidado a este paciente,

enfatizando-se que a observação do mesmo e do funcionamento de

tecnologias para seu tratamento são imprescindíveis a sua reabilitação de

maneira a esta ser completa e sem prejuízos relacionados à complexidade da

terapêutica e de seu suporte. Com isso, devemos compreender o paciente em

UTI como único, necessitado de cuidados intermitentes,tanto fisiológica como

psicologicamente, preocupando-nos não somente com ele e sua terapêutica

em si, mas com o todo, abarcando-se aqui a unidade, os profissionais, o

tratamento, o suporte e o apoio.

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O estudo de Damasceno et al. (2006), abrangendo a observação de 40

UTIs do Brasil evidenciou que mais da metade dos pacientes em tratamento

intensivo fazem uso de respiração artificial e a faixa etária predominante é

acima dos 60 anos, apesar dos descritos de Smeltzer et al. (2009) nos

revelarem que o sistema respiratório de idosos parece ser o mais capacitado

para compensar as alterações funcionais. No entanto, também explicitam que a

eficiência respiratória diminuída pode acontecer por calcificação e

enfraquecimento dos músculos da parede torácica, fatores visíveis nesta fase

da vida. Ainda, Damasceno et al. (2006) descriminam que a maioria dos

pacientes são do sexo masculino e que o período médio de internação é de

quase três vezes o número de dias de usuários da UTI que não são

dependentes de ventiladores mecânicos.

O uso de VM atenta para o cuidado deste aparato, da sua ligação com o

paciente, devido aos riscos e às conseqüências que o mesmo pode

desencadear ao seu usuário. Essa atenção se torna mais relevante pela

situação, geralmente grave, em que se encontra o paciente, sendo que a VM é

um dos recursos de suporte a vida utilizados em UTI. A decisão de inserção do

VM no tratamento condiz com:

A análise das manifestações clínicas e dos exames laboratoriais, compreendendo a presença de importantes alterações gasométricas, a resposta inadequada ao tratamento clínico, a incapacidade para expectorar na vigência de grande quantidade de secreções respiratórias e o excessivo trabalho respiratório com evidencia de fadiga da musculatura respiratória (Farias e Guanaes, 2001, p. 140).

O uso do ventilador mecânico também é indicado principalmente em

casos de pacientes com problemas respiratórios crônicos, quando não se

obtém resposta aos tratamentos clínicos indicados e o paciente evolui para

insuficiência respiratória. De acordo com Damasceno et al. (2006), no Brasil, as

principais causas de insuficiência respiratória aguda com a utilização de

ventilação artificial foram enfermidades como broncoaspiração, insuficiência

cardíaca, pneumonia, pós-operatório, Síndrome da Angústia Respiratória

Aguda (SARA), Sepse e trauma, dentre as quais a que mais se destacou foi a

pneumonia.

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De acordo com Andreoli et. al. (1994) o nível de oxigenação inadequado

ou a hipercapnia torna imprescindível o uso da VM. Os parâmetros como PaO2

baixa, saturação inferior a 90%, PaCO2 aumentada e pH diminuído de 7,30 são

manifestações que levam ao possível diagnóstico de insuficiência respiratória

aguda.

Existem ainda outras indicações para o uso da VM, que pode variar

conforme avaliação do quadro clínico, como exemplo pode-se mencionar a

ressuscitação cardiopulmonar, a hipertensão intracraniana advinda de trauma

cranioencefálico, proteção das vias aéreas, redução do trabalho cardíaco em

choque cardiogênico, overdose de substâncias, distúrbios neuromusculares,

lesão por inalação, doença pulmonar obstrutiva crônica, trauma múltiplo,

choque, falência de múltiplos sistemas e coma. No entanto, cabe ressaltar que

a VM tem seu uso restrito ao suporte de vida, não possuindo cunho curativista,

sendo que “a Ventilação Mecânica é indicada sempre que a respiração

espontânea não for suficiente para manter a vida.”(SOARES; GERELLI;

AMORIM, 2010 p.438).

O princípio de funcionamento do ventilador mecânico é a aplicação de

uma pressão positiva na via aérea para alcançar um volume predeterminado,

no entanto uma respiração espontânea contrai o diafragma e expande o tórax,

gerando assim uma pressão negativa intratorácica, com isto aumenta o retorno

venoso e conseqüentemente o débito cardíaco.

O ventilador mecânico é definido como “uma máquina que substitui por

modo invasivo ou não de forma parcial ou total, a atividade respiratória do

paciente, por meio de pressão positiva” (SOARES; VIANA, 2009, p.175)

A partir dessa definição torna-se importante ao enfermeiro compreender

o ventilador mecânico como um instrumento tecnológico, o qual apresenta

conhecimentos específicos para o seu funcionamento adequado, logo, antes de

ser instalado ao paciente, é preciso testá-lo para saber se está em seu perfeito

funcionamento, o que inclui conferir as conexões, as válvulas, os tubos,

verificar se todo o circuito-paciente está em condições adequadas (DREYER;

ZUNIGÃ, 2000).

Preencher o copo umidificador com água destilada estéril em sua

capacidade máxima, encaixar o copo na base de sistema de umidificação

aquecida, não se esquecendo de etiquetar com data, hora, volume de água, e

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horário para a próxima troca (PALOMO, 2007). E, como um último teste,

conectá-lo a um pulmão artificial, verificando o seu funcionamento e realizando

os ajustes conforme necessário.

Outro fator importante nesse processo de montagem e verificação do

funcionamento é a verificação das redes de oxigênio e ar comprimido, somente

a partir destes cuidados, o equipamento pode ser conectado ao paciente

devendo-se observar as reações deste, e se necessário revisar os parâmetros

definidos e sua necessidade específica, uma vez que o uso do ventilador deve

ser estudado conforme cada caso, ou seja, deve ser realizada uma avaliação

clínica específica das necessidades individuais. Salienta-se, entretanto, que em

casos emergenciais, como em situações pós parada cardiorrespiratória, onde

os recursos básicos findaram-se, não deve ser contestado o seu uso, pois o

mesmo terá como finalidade a proteção das vias aéreas.

Enquanto o paciente permanece em respiração artificial, deve-se manter

esforços para investigar a causa do déficit respiratório, partindo-se de que sua

etiologia pode apresentar-se de diversas maneiras.

O ajuste dos parâmetros do ventilador mecânico deve ser compreendido

para sua melhor interpretação quando este está instalado no paciente e nos

permite identificar as alterações presentes. Mediante esta necessidade

enunciaremos sucintamente os parâmetros a serem programáveis neste

aparelho conforme (DREYER; ZUNIGÃ, 2000):

A Fração Inspiratória de Oxigênio (FiO2) é a concentração de oxigênio

fornecida pelo respirador, a qual deve ser iniciada utilizando-se o valor 1 e

reduzida para alcançar a oxigenação adequada. O Volume Corrente (VC) é o

volume de cada respiração e é inicialmente programável entre 6 e 10 ml por Kg

de peso corporal.

Evita-se o uso de VC’s elevados devido a seu potencial agravante de

lesão pulmonar. A Freqüência Respiratória (FR) deve ser ajustada de acordo

com a PaCO2 e o pH desejados, e dependerá do modo ventilatório, da taxa

metabólica do paciente, do nível de ventilação espontânea e do espaço morto.

De imediato é programada entre 10 a 14 ciclos por minuto, em adultos. O Fluxo

Inspiratório (Fi) é a velocidade com que a mistura gasosa será administrada

durante a inspiração e deve ser programado em cinco a seis vezes o VC por

minuto, geralmente abaixo de 40l/min, devendo estar entre 40 e 100l/min em

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pacientes que utilizam-se de VM e que respiram espontaneamente. A Relação

Tempo Inspiratório por Tempo Expiratório (I:E) geralmente deve apresentar-se

de 1:2 e pode ser elevada para uma melhora na oxigenação. Em alguns

ventiladores é ajustada diretamente e em outros é definida em conformidade

com outros parâmetros. A Sensibilidade (S) do VM é entendida como o nível de

esforço realizado pelo paciente para deflagrar uma nova inspiração assistida

pelo ventilador. É programada geralmente de – 0,5 a -2 cm de H2O negativa ou

1 a 3l/min de fluxo de esforço respiratório. A PEEP é definida como a

manutenção da pressão alveolar acima da pressão atmosférica ao final da

expiração. Usada com programação de 3 a 5 cm de H2O ou maiores que estes

valores na SARA.

Outro parâmetro que auxilia na amplificação do processo ventilatório

artificial é a Pressão Expiratória Final Positiva (PEEP), visto que “a distensão

pulmonar pela ventilação mecânica, associada ou não a PEEP, também

aumenta a resistência vascular pulmonar. Ambos os efeitos podem diminuir o

débito cardíaco” (FARIAS;GUANAES, 2001, p.153). Esta diminuição do débito

cardíaco é das complicações da VM que ocorre principalmente em pacientes

hipovolêmicos, causando uma hipotensão e, além disso, de acordo com Farias

e Guanaes (2001), a presença do tubo endotraqueal aumenta a possibilidade

de aspiração das secreções da orofaringe, a qual também elimina alguns

mecanismos de defesa das vias aéreas como transporte mucociliar, facilitando

as complicações devido ao uso do ventilador mecânico (FARIAS; GUANAES,

2001).

Após realizar os ajustes, torna-se necessário certificar a adequação dos

parâmetros utilizados e, para isso, cerca de vinte minutos após a instalação do

VM, a interpretação do resultado dos gases sanguíneos (gasometria) deverá

ser realizada para conseqüente ajuste dos parâmetros. E ainda como uma

medida de cuidado, os alarmes dos ventiladores mecânicos devem estar

ligados para detecção de possíveis falhas a serem corrigidas, sendo que a VM

assim como traz benefícios, também pode apresentar malefícios ao paciente,

sendo assim seu uso deve ter o tempo adequado, visando evitar complicações

e efeitos adversos.

Este é um ponto considerável, pois são pequenas ações como aspirar o

tubo e manusear o paciente, bem como o ato da lavagem das mãos que evitam

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complicações de difícil solução. Outros efeitos negativos causados pela VM

pode estar relacionado a toxicidade ocasionada pelo oxigênio quando

administrado em altas concentrações, o que pode ocasionar atelectasias.

Estas são apenas algumas das muitas complicações que o paciente

submetido à VM pode apresentar. Algumas delas são evitáveis, pois decorrem

do manuseio inadequado do ventilador, apresentando assim uma falha na

comunicação entre médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. Por esta razão, o

trabalho multidisciplinar, em torno de um paciente gravemente enfermo e

usuário do ventilador mecânico são importantíssimos para a sua recuperação.

Outros fatores que podem produzir agravamento ao estado clínico do paciente

em uso de equipamentos respiratórios, são as colonizações de bactérias, assim

como o sistema de umidificação e os que se utilizam de água aquecida,

tornando-se estes responsáveis pelas complicações com maior taxa de

contaminação segundo Palomo(2007).

O paciente em situação grave quando está sob o auxílio da VM passa

por diferentes fases positivas ou negativas. Ocorrendo a melhora no quadro

clínico, o paciente passará a recuperar seus movimentos respiratórios e

mudanças deverão ocorrer gradualmente até que se inicie o processo de

retirada da VM. Esse processo se denomina desmame, o qual é definido como:

Uma fase da ventilação mecânica em que se inicia a retirada gradual do paciente da ventilação mecânica, a partir da passagem do paciente da ventilação do modo controlado para o modo de ventilação assistida (THIESEN, 2000, p.367).

Nesse processo alguns modos ventilatórios, os quais determinam a

forma como os ciclos ventilatórios são iniciados, mantidos e finalizados, podem

servir de auxílio. Como por exemplo, na ventilação controlada o ventilador é

responsável por todo o processo de trocas gasosas que são realizadas para

manter o paciente com os níveis normais de oxigênio, e quando utilizada como

modo de ventilação assistida tem-se o objetivo de realizar a readaptação do

sistema respiratório do paciente para que este retome sua autonomia,

realizando de forma espontânea e natural sua ventilação.

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Embora não existam dados objetivos que definam quando se deve iniciar

o processo de desmame, a avaliação clínica é indicada, recomendando-se a

monitorização da respiração espontânea. (IRWIN; RIPPE, 2007).

A avaliação dos riscos e benefícios das modalidades ventilatórias nos

remete a observar as complicações sistêmicas e pulmonares que ocorrem com

o paciente enquanto apresenta-se em uso de VM para que ocorra uma

readaptação correta pós curso de ventilação artificial.

Em caso de pacientes lúcidos, deve ser realizada orientação para

esclarecer sobre os eventos que ocorrerão durante o período do desmame,

bem como os esclarecimentos sobre as sensações que o paciente poderá

vivenciar durante cada fase deste processo, pois com este diálogo será

possível estabelecer um vínculo de confiança, diminuindo o medo do paciente

e obtendo uma maior colaboração do mesmo.

Conforme Thiesen (2000) alguns fatores clínicos devem ser

considerados e corrigidos antes do início do desmame, como por exemplo, em

casos que o paciente apresente anemia, débito cardíaco diminuído, choque,

dor, cansaço e sonolência por privação do sono, arritmias cardíacas,

febre/infecção, hiperglicemia, alterações hidroeletrolíticas e ácido-básicas,

desnutrição ou depleção nutricional, suspensão prévia de sedativos e

preferindo-se o período diurno para a realização deste procedimento. O ritmo

do sono favorece o processo, pois durante este ocorre o relaxamento muscular

que pode interferir na eficiência da interrupção da VM. Se for necessária a

reutilização da ventilação artificial em 48 horas após a extubação, é

imprescindível a correção das falhas para a realização de uma nova tentativa

de desmame que deverá ocorrer preferencialmente após o período de 24 a 36

horas de repouso.

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3 A ENFERMAGEM NO CONTEXTO DO PACIENTE COM NECESSIDADE DE VENTILAÇÃO ARTIFICIAL

3.1 Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva

O trabalho da Enfermagem em UTI tem seu marco com Florence

Nightingale, a qual decidiu classificar os doentes conforme o grau de

dependência aos trabalhos destes profissionais para maior vigilância e melhor

atendimento, de acordo com o que relatam Nishide, Malta e Aquino (2000) e no

Brasil, a implantação das UTI’s teve início na década de 1970. Atualmente é

uma unidade presente no contexto hospitalar. Esta oferece profissionais de

saúde com uma dedicação maior em termos de cuidados e horários e dispõe

dos instrumentos com maior tecnologia devido ao estado crítico que se

encontram os pacientes.

Com o passar dos anos, foi atribuído aos enfermeiros a função pela

observação e acompanhamento do tratamento de pacientes em situação grave.

Com a implantação de tecnologias instrumentais como a VM, os enfermeiros

tiveram que incorporar aos seus conhecimentos a manipulação das máquinas

aliando-a aos cuidados prestados aos seus pacientes. Considerando que o

paciente em estado crítico apresenta:

Alto risco de desenvolver problemas que põem em risco a vida e requer avaliação constante, intensiva, multidisciplinar, além de intervenções que restaurem a estabilidade, evitem complicações e alcancem resultados ideais que devem ser mantidos (FERGUSON; HUDDLESTON, 2006, p.6).

Assim, “cabe ao enfermeiro de UTI a responsabilidade de cuidar do

paciente, tanto nos casos de emergência quanto no contexto de apoio a vida”

(NISHIDE,MALTA; AQUINO, 2000, p. 25). O que reporta que este trabalhador

deve estar apto às exigências desta unidade de cuidados, o que lhes exige

conhecimento científico acerca dos procedimentos realizados e a

especialização para um maior entendimento em suas habilidades.

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3.2 Enfermagem no processo de Ventilação Mecânica

Através do olhar enquanto acadêmicas notamos que por ser objeto de

trabalho desta área da saúde, o paciente torna-se o único alvo de

implementação do tratamento para recuperação, excluindo-se a importância de

observar que todos os recursos materiais e o bom funcionamento destes são

de grande relevância para a terapêutica do cliente.

Com isso, este trabalho tem como foco a importância das condutas de

enfermagem frente ao paciente em uso de VM, o qual se apresenta em

desequilíbrio orgânico e classifica-se como paciente intensivo, merecendo

maior atenção e cuidados da equipe de enfermagem, de acordo com o que trás

a Portaria nº466/MS/SVS de 04 de junho de1998, fato este que exige do

enfermeiro um olhar clínico que abranja todas as possíveis alterações que o

paciente poderá vir a desenvolver.

Pacientes que se encontram sob monitoramento do ventilador mecânico,

exigem atenção e responsabilidade da equipe de saúde, pois é necessário que

se tenha conhecimentos sobre a doença do paciente e as suas possíveis

complicações e ainda o domínio sobre as complicações que podem decorrer do

uso dos instrumentos tecnológicos, facilitando a visualização do processo de

evolução do quadro clínico. Segundo Smeltzer et al. (2009), faz-se necessário

uma visão crítica do enfermeiro frente ao estado de saúde do paciente em

permanência de dependência ventilatória para que seja possível a detecção

precoce de alterações que podem vir a causar danos irreversíveis aos

mesmos.

Vale lembrar que:

Em UTI, como em outras áreas de atuação, Enfermagem, é antes de tudo, interação humana. A segurança e a tranqüilidade no manuseio dos equipamentos e na aplicação de técnicas são necessárias para poder cuidar dos pacientes e familiares. Cuidar é um ideal ético cujas finalidades são aproteção, o realce e a preservação da dignidade humana. (DREYER;ZUNIGÃ, 2000, p.364).

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Nesse contexto, o enfermeiro tem um papel imprescindível na equipe de

saúde, pois, em alguns casos é ele quem vai identificar os primeiros sinais que

podem vir a indicar a necessidade de o paciente usar o suporte

ventilatório. O enfermeiro de uma UTI deve observar e reconhecer alterações

que o paciente poderá demonstrar. Para que isto ocorra, o profissional deve ter

condições e entendimento suficiente sobre a VM e a necessidade desta

ventilação.

O profissional enfermeiro deve ter ciência dos modos ventilatórios, dos

parâmetros e do acionamento dos alarmes para que possa acompanhar a

evolução deste paciente. Além disso, “o enfermeiro pode realizar o exame

físico de maneira a observar anormalidades e alterações no padrão respiratório

do paciente em VM por meio dos seus achados na avaliação física”

(HUDDLESTON; FERGUSON, 2006, p.61). A observação voltada ao problema

específico deste, a monitorização a beira do leito, dando ênfase as reações

objetivas e a interpretação de exames que podem detectar alterações

hemodinâmicas dos mesmos, fazem-se de suma importância acerca da

observação do quadro clínico de pacientes dependentes de respiradores

artificiais, já que este aparato é unicamente usado como suporte de vida,

porém é imprescindível que o enfermeiro tenha ciência de que este pode vir a

causar vários danos aos pacientes, o que nos ressalva que se não estiver em

perfeito controle dos parâmetros prescritos para cada caso pode tornar-se

ainda mais prejudicial.

O enfermeiro não deve abster-se da principal causa do uso de VM,

dando maior atenção à insuficiência respiratória. Com isso, este deve realizar

avaliações do estado respiratório do paciente durante sua permanência na UTI,

verificando FR, VC, ventilação por minuto, capacidade vital, força inspiratória e

complacência segundo o que ressalta Smeltzer et al. (2009).

Desde sua instalação até o término do período de utilização do

ventilador mecânico, o enfermeiro deve estar atento as conexões internas e

externas deste instrumento, para tanto, ressalta-se que o entendimento do

funcionamento deste aparato tecnológico e suas alterações, devem ser

notadas por estes profissionais, perfazendo-se com isto, a necessidade de uma

qualificação na área de atuação onde as ações devem ser repensadas por

estes, afim de que haja uma compreensão da relevância deste aparelho em

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conformidade com a recuperação do paciente, proporcionando uma melhoria

no cuidado ao usuário em estado crítico dependente de VM.

Salienta-se que a equipe de enfermagem deve estar em vigília contínua

aos pacientes em uso de respiradores artificiais e deve reconhecer alterações e

complicações acerca desta utilização, reduzindo assim, as complicações que

podem ocorrer pelo descaso à atenção desta relação.

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4 METODOLOGIA

O percurso metodológico foi desenvolvido tendo em vista o objetivo de

analisar o que os enfermeiros de UTI conhecem acerca do processo de

ventilação mecânica por meio do seu que fazer diário.

4.1 Tipo de estudo

Este estudo caracterizou-se por uma pesquisa qualitativa, de análise

temática.

4.2 Cenário do estudo

O cenário do estudo compreendeu as UTI’s dos hospitais pertencentes

às cidades integrantes da 10ª Coordenadoria Regional de Saúde do Rio

Grande do Sul – 10ª CRS/RS, responsáveis pelas UTI’s na área de

abrangência do estudo, credenciadas oficialmente junto a esta, que situa-se na

cidade de Alegrete-RS. A mesma tem como abrangência as cidades de

Alegrete, Barra do Quaraí, Itaqui, Maçambará, Manoel Viana, Quaraí, Rosário

do Sul, Santa Margarida do Sul, Santana do Livramento, São Gabriel e

Uruguaiana.

4.3 Seleção das instituições

Dentre estas cidades integrantes da 10ª CRS/RS, compreenderam como

cenários do estudo, as cidades de: Alegrete com o hospital Irmandade Santa

Casa de Caridade, Rosário do Sul com o Hospital de Caridade Nossa senhora

Auxiliadora, São Gabriel com o Hospital Irmandade Santa Casa de São

Gabriel, Uruguaiana com o Hospital Santa Casa de Caridade de Uruguaiana,

Santana do Livramento com os Hospitais Santa Casa de Misericórdia de

Santana do Livramento e Centro Hospitalar Santanense Ltda, considerando

que estas instituições possuem UTI’s adulto. Assim, tivemos o total de seis

instituições integrantes do estudo. No entanto, identificou-se que a cidade de

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Santana do Livramento encontra-se com a UTI interditada temporariamente no

Hospital Santa Casa de Misericórdia, sendo momentaneamente descartada do

estudo. Ressaltamos, porém, que caso essa condição fosse modificada no

transcorrer do período de coleta de dados do estudo, a mesma seria re-

inserida.

Outro fator que foi considerado é a identificação de duas UTI’s adulto,

nas cidades de Itaqui e Quaraí. No entanto, não há um registro oficial das

mesmas junto à 10ª CRS/RS e, desse modo, não foram inclusas as mesmas

no estudo.

4.4 Sujeitos do estudo

Foram integrantes do estudo todos os enfermeiros com atuação

permanente em UTI’s de hospitais das cidades que compreendem a 10ª

CRS/RS que aceitaram participar do estudo.

4.5 Critérios de inclusão no estudo

O presente estudo obedeceu aos seguintes critérios de seleção:

4.5.1 Da unidade de terapia intensiva

- Pertencer à área de abrangência da 10ª CRS/RS;

- Tratou-se de UTI exclusivamente para pacientes adultos.

4.5.2 Do sujeito

- Tratou-se de profissionais enfermeiros que atuam permanentemente

em UTI adulto;

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4.6 Trabalho de campo

O trabalho de campo ocorreu mediante a realização de entrevista

gravada, a qual foi desenvolvida a partir de um instrumento contendo cinco

questões (Apêndice C), onde o sujeito entrevistado pode discorrer sobre a sua

atuação no que trata da temática VM. O questionário foi previamente testado e

contemplou, também, a caracterização dos sujeitos, da sua formação e do seu

vínculo empregatício.

O agendamento das entrevistas foram realizadas por via telefônica.

Neste momento foi explicado o objetivo do estudo e a forma de coleta de dados

(entrevista semi-estruturada gravada) visando ter uma aceitação prévia da

participação do sujeito no estudo.

A coleta dos mesmos foi realizada por três alunas do oitavo semestre do

curso de Enfermagem, da Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA, além

do pesquisador responsável e sob orientação do mesmo. O período de coleta

dos dados compreendeu o mês de dezembro de 2010, respeitando o parecer

do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Pampa

(UNIPAMPA), e o deslocamento até as UTI’s dos municípios integrantes da 10ª

CRS/RS ocorreu por meio do transporte intermunicipal.

Após o agendamento, no momento da entrevista propriamente dita, foi

apresentado o Termo de consentimento livre e esclarecido do participante

(ApêndiceA), onde o mesmo foi explicado ao sujeito da pesquisa no momento

anterior a aplicação da entrevista e, se aceito, solicitado a sua assinatura

consentindo a sua participação na pesquisa. Foram fornecidas duas cópias,

onde uma ficou sob custódia do entrevistador e outra sob custódia do sujeito

participante.

4.7 Instrumento de pesquisa

A obtenção dos dados ocorreu por meio de um questionário composto

por duas partes: a primeira parte teve como objetivo conhecer os sujeitos da

pesquisa, a sua formação e o seu vínculo empregatício, servindo de

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caracterização dos sujeitos entrevistados. A segunda parte foi composta do

protocolo de questões propriamente dito, o qual foi composto por cinco

questões abertas, onde o sujeito entrevistado pode discorrer sobre a sua

atuação no que trata da temática VM.

Como forma de averiguação e validação do questionário de pesquisa, foi

realizado um estudo-piloto, o qual foi aplicado a uma UTI, dentre as

selecionadas integrantes da 10ª CRS/RS.

4.8 Procedimentos éticos

Visando aos aspectos éticos da pesquisa e em respeito à Resolução

n°.196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o projeto foi encaminhado para o

CEP na Área da Saúde da UNIPAMPA e recebeu parecer favorável (número

026 2010); e para os sujeitos participantes, foi utilizado um consentimento livre

e esclarecido.

Foi solicitada à 10ª CRS/RS a autorização para o desenvolvimento do

estudo nas UTI’s que se encontram na sua área de abrangência. E, foi

encaminhado aos diretores dos Hospitais que estão na área de abrangência da

10ª CRS/RS a autorização emitida pela mesma, bem como uma solicitação de

autorização própria de cada Hospital.

No que tange os sujeitos participantes foi utilizado um termo de

consentimento livre e esclarecido, no qual lhes foi apresentado às orientações

pertinentes sobre o estudo, garantindo-lhes o direito de se retirar do estudo em

qualquer momento que assim desejar.

4.9 Análise dos dados

A análise dos dados referentes à primeira parte do instrumento de coleta

de dados (caracterização dos sujeitos, formação e vínculo empregatício) foi

realizada por meio de estatística descritiva. E, a segunda parte do instrumento,

contendo o protocolo com as questões de pesquisa com os dados obtidos no

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trabalho de campo, realizou-se através da análise qualitativa temática

(MINAYO, 1993).

Primeiramente os dados foram disponibilizados no formato de texto

transcrito e organizado no formato de arquivos de texto. Desse modo, foram

destacados e preparados os dados a fim de compor um sistema de relações a

partir das categorias de análise do processo de VM. As categorias qualitativas

principais foram visualizadas por meio do predomínio de seus significados. Os

dados relativos aos conhecimentos dos sujeitos do estudo sobre a VM no seu

trabalho foram analisados por agrupamento das categorias mais freqüentes, de

acordo com as falas. Na apresentação dos resultados as falas dos sujeitos do

estudo foram identificadas por meio de um código referente à categoria

profissional (ENF – Enfermeiros) e o número da entrevista correspondente no

banco de dados.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos resultados e a discussão serão apresentadas seguindo a

conformação do processo de trabalho (MARX, 2010) com olhar específico na

dinâmica do processo de ventilação mecânica (VM) visando atingir os objetivos

propostos, ou seja, a análise seguirá as ações desenvolvidas e finalidades,

objeto e instrumentos de trabalho e o seu produto. Deste modo, a pesquisa

qualitativa nos possibilitou compreender que o conhecimento dos enfermeiros

acerca do processo de VM encontra-se focalizado nos instrumentos de trabalho

pertinentes direta ou indiretamente ao processo de VM, constituindo o

instrumental utilizado em pacientes em situação crítica de vida. E, com menor

enfoque incluem o paciente ou seu objeto de trabalho e os cuidados relativos a

ele, bem como a equipe, como participante desse processo.

Quando os enfermeiros falam sobre as ações de enfermagem no seu

que fazer diário em relação ao processo de VM, eles têm como centralidade o

cuidado, seja com o instrumento, ventilador mecânico, seja com o paciente. No

que se refere ao instrumento, os mesmos dão prioridades as ações de

higienização, montagem, testagem e instalação da máquina. No entanto, ao

discorrerem sobre o paciente, os mesmos relatam cuidados com o instrumento

que desencadeiam ações diretamente relacionadas ao paciente como a

hiperventilação, porém dando mais ênfase a cuidados no paciente em uso de

ventilação artificial, como a identificação deste, a aspiração do tubo

endotraqueal e a localização correta do mesmo como também o teste do

balonete, além de cuidados com a sedação e extubação.

Os enfermeiros ao serem questionados com quem realizam seu trabalho

em relação ao processo de VM, responderam em sua maioria desenvolver

suas ações com a equipe multiprofissional de saúde, enquanto uma parte

destes relatou desenvolver com o paciente. Em relação a como desenvolvem

este processo, referiram realizar em torno do equipamento através da limpeza,

manutenção e montagem, porém também referiram ações no equipamento

diretamente com o paciente ou mesmo cuidados específicos ao paciente como

úlceras de pressão e mudança de decúbito. Ainda, ressaltaram desenvolver

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seu processo através de estudos, com a busca de atualização sobre a

temática.

Quanto a onde os enfermeiros desenvolvem suas atividades em relação

ao processo de VM no seu que fazer diário, estes relataram realizar na UTI, no

paciente em necessidade de ventilação artificial e mesmo no equipamento,

ventilador mecânico. No entendimento dos trabalhadores acerca da finalidade

de suas ações frente ao processo de VM no seu trabalho, a centralidade destes

referiu ser parte do seu que fazer diário, através das rotinas da UTI, solicitação

da instituição ou competência profissional, trazendo também em suas falas a

complexidade do quadro do paciente em VM e as conseqüências que podem

emergir desta utilização.

Este trabalho com o entendimento de que o processo de VM trata do

controle ou sustentação da respiração artificial, onde os respiradores alteram

pressões que movem o ar para dentro e para fora dos pulmões,

(HUDDLESTON; FERGUSON, 2006).

Este processo além do instrumento ventilador mecânico, ressalta-se o

paciente e a necessidade de uso deste pelo ventilador mecânico, quando

ocorre um desequilíbrio entre a demanda e a capacidade ventilatória deste

paciente (SIQUEIRA et al, 2010), indicada sempre que a respiração

espontânea não for suficiente para manter a vida (SOARES; GERELLI;

AMORIM, 2010).

A ventilação mecânica é indicada para pacientes com insuficiência

respiratória provocada pelo acúmulo de CO2 nos pulmões e na circulação

sanguínea, tratamento de pacientes após grandes cirurgias, prevenção de

atelectasias, redução e prevenção de secreções, correção do distúrbio ácido-

básico, insuficiência respiratória provocada pela falência de múltiplos órgãos

(FURCOLIN; ROGANTE, 1991)

Sabe-se que a VM é uma atividade que tem o enfoque multidisciplinar

em que o foco é o paciente, onde a demanda de necessidades do paciente

grave é constante, faz com que a enfermagem passe a ser o elemento de

vigilância do estado e evolução do paciente (NEPOMUCENO; SILVA, 2007), o

que nos faz ressaltar ao que nos faz ressaltar a importância do trabalhador

enfermeiro necessitar de qualificação para sua atuação frente ao processo de

VM. Além disso, o processo de VM precisa englobar uma estrutura adequada à

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utilização do mesmo, o que no direciona a relatar que a estrutura da UTI faz-se

necessário para tal, devido a possuir uma equipe multidisciplinar, técnicas de

suporte complexas e equipamentos sofisticados para a manutenção da vida

(SOARES; GERELLI; AMORIM, 2010), além de ações fundamentadas no

método científico através da aplicação de um plano de trabalho baseado na

sistematização da assistência de enfermagem para a prevenção de

complicações (BATISTA; ALCÂNTARA; PAULA, 2007).

Ao discorrer acerca das funções desenvolvidas no processo de

Ventilação Mecânica, no seu trabalho, pode-se verificar que a centralidade das

respostas dos enfermeiros compreende ações realizadas especificamente em

torno do equipamento, ventilador mecânico. Ao discorrerem sobre as suas

ações técnicas relacionadas ao ventilador mecânico relatam a montagem e a

desmontagem do instrumento ventilador mecânico, a limpeza e a testagem que

realizam no mesmo, além da instalação e observação do seu funcionamento.

Ainda, relataram outros cuidados técnicos específicos com esse instrumento,

como a identificação da data de teste e de quem o realizou, o encaminhamento

para esterilização e outros procedimentos que devem ser feitos previamente a

instalação do equipamento. Ao discorrerem sobre o equipamento eles

identificam as peças que o integram.

Além destas atividades, os enfermeiros referiram também ações

técnicas relacionadas à instalação do equipamento junto ao paciente, referindo-

se à conexão do ventilador mecânico. A referência feita por eles acerca das

ações que desenvolvem no processo de ventilação mecânica constitui as suas

responsabilidades mediante as atribuições técnicas, específicas com o

aparelho, seu instrumento de trabalho no processo de VM.

Ao discorrerem sobre as suas ações técnicas estes trabalhadores

relataram o manuseio direto do aparelho e mesmo a alteração de parâmetros

devido à liberdade que possuem da instituição e comentam as restrições

existentes no manuseio do instrumento devido a atuação de outros

trabalhadores.

A testagem descrita pelos enfermeiros trata dos cuidados relativos ao

aparato instrumental do ventilador constituídas no seu funcionamento e nos

cuidados integrais ao paciente em uso do ventilador mecânico. Incluindo nesse

percurso o desmame ou a retirada do mesmo e a posterior limpeza do

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aparelho, reiniciando o ciclo de testagem, compreendendo assim as ações

realizadas em torno do equipamento, ventilador mecânico, como trazido nas

falas a seguir:

Enf.3 - A gente faz a manutenção dos equipamentos, faz o teste, se ele ta em funcionamento ou não, a gente tem uma escala de manutenção também, então a cada quinze dias se ele é esterilizado, se não foi usado e é testado novamente, cada uso nós fizemos o processo de esterilização e os testes com os respiradores, que são os ventiladores mecânicos. Na hora que a gente for instalar no paciente, também fizemos o teste antes, já deixa eles com data quando foi testado, por quem que foi testado e que está em bom funcionamento. Enf.13 - Bom assim quanto ao processo de ventilação mecânica, sou eu que monto e desmonto os aparelhos de ventilação mecânica, quem mais manuseia com eles até o momento do paciente começar o processo de ventilação mecânica é o enfermeiro, as atividades daqui é só a gente que desenvolve. No caso o paciente vai internar e o médico pede: ó vamos colocar em ventilação, ai é tarefa do enfermeiro montar o aparelho na parede, o oxigênio, o ar comprimido. Monta e deixa o aparelho pronto e testado pra no momento que o médico for colocar o paciente em ventilação mecânica já estar prontinho ali. O medico só regula os parâmetros. Desde a montagem até o momento do uso é o enfermeiro que manuseia o aparelho, o médico só mexe nos parâmetros e após o uso da ventilação, se o paciente saiu da ventilação quem desmonta e encaminha para a área de higienização é o enfermeiro e a equipe de enfermagem, não necessariamente a gente que desmonta.

Os enfermeiros ao discorrerem sobre o instrumento, ventilador

mecânico, trazem como subsídios nas falas, a higienização, montagem,

testagem e instalação do mesmo. Embora a prática do enfermeiro em relação à

ventilação mecânica constitua-se em um conjunto de atividades as quais

devem ser realizadas mesmo antes do ventilador mecânico ser colocado em

uso (BATISTA; ALCÂNTARA; PAULA, 2007), verifica-se a grande maioria

destes trabalhadores está centrada somente nos aspectos relativos à questão

mecânica, visualizando minoritariamente no seu que fazer diário, o seu objeto

de trabalho como sendo o paciente e os cuidados relativos diretamente a este,

preocupando-se com a máquina, que para estes pode ser uma maneira de

cuidado ao paciente.

Isso não quer dizer que estes enfermeiros estão errados no prover o cuidado

ao paciente em VM, pois os cuidados com o instrumento são fundamentais,

porém verifica-se maior atenção ao instrumento em detrimento da integralidade

deste cuidado gerido no paciente grave.

Quanto a montagem referida pela centralidade dos enfermeiros como

uma das ações realizadas no equipamento, estes preocupam-se com esta

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signitivamente, constituindo-se a mesma como uma função do enfermeiro,

sendo importante pois a montagem do circuito de maneira correta previne

conseqüências desastrosas ao paciente ( BATISTA; ALCÂNTARÁ, PAULA,

2007).

Pode-se notar diante das falas correlacionadas com a literatura, que os

enfermeiros restringem seus relatos a montagem no geral, sem salientar alguns

aspectos relevantes presentes nesta atividade.

No entanto, alguns destes relatam que a montagem do ventilador

mecânico pelos enfermeiros só é realizada quando o mesmo não encontra-se

conectado ao paciente, sendo que no momento em que este deve ser montado

em relação ao paciente, esta atribuição passa a ser do trabalhador médico.

Esta ação do enfermeiro está relacionada diretamente ao seu potencial

gerencial e organizacional, o qual requer que o enfermeiro proveja a unidade

dos instrumentais necessários a prestação da assistência em saúde. Eles

demonstram dominar o instrumento, mas não este em funcionamento,

preocupando-se em deixá-los pronto para uma questão emergencial, embora

ainda deixem a desejar uma avaliação respiratória do paciente ou a relação

patológica do paciente com o uso da VM.

Porém a minoria dos trabalhadores refere ser função do enfermeiro e

realizarem durante seu processo de trabalho, a montagem no paciente e nos

circuitos para o funcionamento do aparato respiratório no momento que este é

instalado no paciente, onde antes de preparar o ventilador cuidadosamente, o

preparo do ventilador consiste em instalação, montagem do circuito e pré

regulagem dos parâmetros ventilatórios (PALOMO, 2007).

Alguns trabalhadores discorrem acerca da higienização do equipamento,

detalhando as tarefas que realizam em torno desta atividade, o que faz-se

supor que os mesmos preocupam-se somente na centralização do seu cuidado

em relação ao aparato tecnológico utilizado no processo de VM, ou mesmo

pela preocupação frente ao combate a infecção hospitalar que trás

conseqüências aos pacientes da unidade ou mesmo devido a cobrança do

setor de controle de infecção hospitalar que decaem sobre o enfermeiro como

responsável pela unidade.

Estes parecem otimizando a utilização da tecnologia em sua

singularidade, preocupando-se muitas vezes na utilização desta em prol do

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cuidado com o paciente. Com isso, pensa-se no relacionamento do manuseio

das tecnologias duras à descaracterização do cuidado de enfermagem (SILVA,

In: CINTRA, 2000).

Em relação aos parâmetros ventilatórios, a centralidade dos enfermeiros

entrevistados relata não possuir autonomia para tal e descrevem que esta é

uma função do médico, seja pela restrição imposta pela instituição ou mesmo

do trabalhador médico da unidade, embora alguns refiram que possuem

conhecimento sobre os mesmos. No entanto, o ajuste dos parâmetros do

ventilador mecânico deve ser compreendido para sua melhor interpretação

quando este está instalado no paciente e permite identificar as alterações

presentes (DREYER; ZUNIGÃ, 2000).

Porém, outros enfermeiros trazem que com a observação da FiO2,

modo ventilatório e sincronismo do paciente com o aparelho, indo de encontro

ao que referem que a enfermagem não participa da definição do modo

ventilatório, atuação no ajuste de parâmetros e controle dos alarmes

(NEPOMUCENO; SILVA, 2007).

Neste sentido, muitas das atribuições que o enfermeiro poderia estar

exercendo ficam a cargo de outros trabalhadores, porém, é o enfermeiro que

continua a ser responsável pelo bem-estar do paciente em sua assistência. A

vigilância e o empenho do enfermeiro bem preparado são essenciais ao

paciente criticamente enfermo (SWEETWOOD, 1982).

Outro aspecto importante falado pelos enfermeiros trata dos alarmes, no

qual a minoria relata agir frente aos alarmes do ventilador mecânico de maneira

autônoma, modificando parâmetros ou realizando ações que condizem com as

mudanças destes. No entanto, pensa-se que este aspecto deve ser

preocupação dos trabalhadores em geral, principalmente porque o enfermeiro é

o profissional que mais está próximo do paciente durante seu período de

recuperação, lembrando que todo o ventilador mecânico possui alarmes

auditivos e visuais que detectam alterações como pressão de vias aéreas,

volume, FiO2, freqüência respiratória, bateria fraca e ventilador não operando,

sendo estes ajustes e a identificação destas causas, cruciais para uma

assistência de enfermagem ventilatória de qualidade (SILVA, 2003).

A identificação do objeto de trabalho do enfermeiro, o paciente, é

referida por eles perante a sua atuação no processo de VM. Deste modo, o

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paciente é identificado em uso de ventilação artificial, sendo uma das ações do

enfermeiro a identificação do paciente, a necessidade de observação do

equipamento quando mantido no paciente, a localização correta do tubo, os

cuidados para evitar a extubação e a hiperventilação, além dos cuidados com o

paciente sedado. Ao discorrerem sobre a observação, referem atentar para a

ciclagem do aparelho, os alarmes, o modo ventilatório e os parâmetros.

Também como atenção ao paciente evidenciou-se os cuidados de

enfermagem relativos ao processo de VM, como a aspiração para prevenção

de obstrução do tubo endotraqueal por acúmulo de secreções, além do teste

com o balonete e da assistência ao médico no processo de entubação e

inicialização do processo de VM.

Enf.9 - Bom, aqui na UTI da santa casa a enfermeira tem o cuidado com o ventilador, falando primeiro do aparelho assim tem o cuidado geral com o ventilador, tem a limpeza das traquéias, é sob nossa responsabilidade a montagem e no geral com respirador então a responsabilidade é da enfermeira, então nós temos o dever de assim que o paciente foi a óbito e não está mais usando o respirador nós temos que tirá-lo, montar, testar e deixar pronto para o próximo uso. Sobre ventilação, a gente tem o fisioterapeuta aqui, então a gente não tem muito no que interferir na ventilação. No caso o médico coloca o paciente em ventilação e o fisioterapeuta que acompanha, nós falamos sobre intercorrências, um alarme de pressão muito alta, se o paciente não está bem sedado conforme o que vai alarmando na tela do respirador a gente vai tomando as atitudes. Os cuidados com os pacientes em ventilação é o cuidado com obstrução do tubo que a enfermagem tem que estar atenta, cuidado para o paciente não se extubar, que acontece muito do paciente estar acordado e estar fazendo hiperventilação, e cuidado com sedação para uma boa ventilação, mas acontece do paciente estar acordado e se estiver sedado, manter a boa sedação pra que ele possa ventilar e ter uma terapêutica correta. Enf.12 - Aqui a rotina dentro da nossa UTI adulta é nós chegarmos, identificarmos o paciente, verificarmos o tubo, se o tubo está no lugar, se o balonete está insuflado, a questão da aspiração, em respirador a gente não mexe em nada, a gente verifica na chegada o modo ventilatório, a Fio2 que ele utiliza, somente isso, modo respiratório, questão de mudança de modo a gente não tem essa autonomia aqui.

Ao relatarem sobre suas ações frente ao processo de VM, alguns

enfermeiros identificaram seu objeto de trabalho, o paciente. Entre estes,

alguns referiram acerca dos cuidados relativos à especificidade dos pacientes

em uso de VM, enquanto outros mencionaram cuidados integrais ao paciente,

supondo-se assim que esses trabalhadores possuem uma visão mais ampla

sobre esse processo.

Dentre os que comentaram sobre cuidados no paciente por meio do

aparato ventilatório, nota-se que os mesmos ainda identificam a máquina como

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prioridade no seu que fazer diário frente ao processo de VM, diferenciando-se

dos que atentam apenas para o instrumento. Assim, os mesmos referem a

observação do equipamento quando este está em funcionamento mantido no

paciente, identificando modos ventilatórios, ciclagem do aparelho, parâmetros e

alarmes.

Quando estes itens apresentam-se nos resultados, retomamos quando

alguns referem que estas seriam observações a serem feitas pelo trabalhador

médico ou mesmo o fisioterapeuta, muitas vezes retirando a responsabilidade

do enfermeiro de estar atento a estas atividades, deixando de realizar tarefas

que seriam pertinentes a eles, principalmente por sabermos que a enfermagem

está presente permanentemente na avaliação do paciente internado e desta

depende a avaliação de alterações ou estabilidade do quadro clínico do

mesmo.

Se pensarmos em relação ao modo ventilatório, cada caso de

instabilidade faz com que o trabalhador médico decida sobre um tipo de modo

ventilatório, porém é a enfermagem que deve preocupar-se com a manutenção

deste modo ventilatório, identificando se o paciente não está competindo com a

máquina e assim alterando parâmetros programáveis a este. A cada plantão o

enfermeiro deve realizar um exame completo do paciente com uma avaliação

clínica global, pois a VM tem conseqüências sobre órgãos distantes e há uma

interação entre o aparelho e sistemas no paciente em estado grave (DREYER;

ZUNIGÃ, 2000).

Quanto aos parâmetros, sabe-se que a decisão dos parâmetros na

instalação do ventilador mecânico no paciente é prescrita pelo médico, porém

somente a minoria dos enfermeiros relata os parâmetros ventilatórios como um

cuidado a ser desenvolvido pelo enfermeiro, como dito nas falas por alguns que

eles não possuem autonomia institucional ou obedecem uma hierarquia de

afazeres, consentindo de que esta não seja função sua. No entanto, deve-se

salientar que alterações fisiológicas ou patológicas e problemas no aparato

tecnológico podem alterar estes parâmetros e o enfermeiro deveria estar atento

durante a utilização deste pelo equipamento, mesmo porque estes deveriam

comunicar estas alterações ou mesmo verificá-las quando estas são de sua

alçada para a estabilidade do processo ventilatório, relembrando também que o

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aparelho, ventilador mecânico, possui em sua tecnologia as sonoridades ou

visualidades perfazendo os alarmes ventilatórios.

Assim, o trabalhador da enfermagem deve ter ciência dos modos

ventilatórios, dos parâmetros e do acionamento dos alarmes para que possa

acompanhar a evolução deste paciente. Além disso, o enfermeiro deve realizar

o exame físico de maneira a observar anormalidades e alterações no padrão

respiratório do paciente em VM por meio dos seus achados na avaliação física

(HUDDLESTON; FERGUSON, 2006).

Para isso, o enfermeiro deve atentar para análise das manifestações

clínicas ou exames pós instalação do ventilador mecânico, compreendendo

alterações, resposta inadequada ao tratamento, incapacidades de

expectoração, excessivo trabalho respiratório, entre outros (FARIAS;

GUANAES, 2001). No entanto, alguns parâmetros demonstram que a

insuficiência respiratória persiste, levando a um nível de oxigenação

inadequado (ANDREOLI et. al, 1994) e o enfermeiro deve estar atento a estas

modificações.

Quanto a estes, sejam por problemas técnicos ou alterações de

parâmetros ou hemodinâmica do paciente, acabam por bipar frequentemente

quando estão instalados no paciente. Como pode-se notar a tangencia dos

trabalhadores frente aos parâmetros ventilatórios, infere-se que estes podem

ficar apáticos frente a esta atividade que deveria ser identificada e solucionada

a cada sonar para a estabilidade e melhora na ventilação do paciente e

consequentemente evolução do paciente.

Em relação às conexões pertinentes ao uso da ventilação mecânica, os

enfermeiros relatam como cuidados a hiperventilação. Supõe-se que este

esteja presente nos relatos, evidenciando-se que para a aspiração do tubo

endotraqueal, necessita-se hiperventilar o paciente para posterior aspiração de

secreções, porém a permanência desta hiperventilação é nociva ao paciente,

devendo ser evitada uma vez que a vasoconstrição sustentada reduz o fluxo

sanguíneo cerebral a níveis deletéricos, podendo gerar isquemia (ABREU;

ALMEIDA, 2009). No entanto, os mesmos autores divergem ressaltando que

nem sempre a hiperventilação torna-se nociva e na verdade apresenta-se

como necessária diante de alguns casos, como quando utilizada em prol da

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diminuição da pressão intracraniana em pacientes em suporte ventilatório, cuja

etiologia foi diagnosticada como traumatismo cranioencefálico.

Estendendo a atividade em relação ao tubo endotraqueal, os

enfermeiros ressaltam como cuidado ao paciente em uso de VM, a localização

correta do tubo. Pode-se inferir que este é a conexão mais estreita entre o

aparelho, ventilador mecânico e o paciente, já que o mesmo faz a passagem

do ar que sai do aparato e entra no organismo do paciente. Porém, este deve

ser verificado quanto a sua localização correta, pois o deslocamento do mesmo

pode acarretar sérios danos ao paciente, seja por insuficiência respiratória, seja

por laceração das mucosas.

O tubo utilizado possui marcas visíveis à luz natural e filamento

radiopaco em toda sua extensão (PALOMO, 2007), o que nos refere já existir

para avaliação da posição correta do mesmo no trajeto da traquéia do paciente.

Com isso, o enfermeiro deve atentar para duas atividades que desempenha e

que podem acarretar no deslocamento do tubo, como o balonete não estar

insuflado na medida correta para que o ar não escape da traquéia (PALOMO,

2007) ou a troca de fixação do tubo, onde sua inadequada fixação pode

modificar a localização do tubo ou danificar o guia balonete por imperícia

(CASTELLÕES; SILVA, 2007). A medição da pressão do balonete do tubo

endotraqueal é mencionado como afazer diário em relação ao processo de VM

por um enfermeiro, o que deveria ser uma realidade nas atividades

desempenhadas por enfermeiros na assistência a pacientes em suporte

ventilatório. A verificação da pressão do balonete deve ser um cuidado a ser

desempenhado a cada 12 horas como rotina em relação ao paciente ventilado

artificialmente, de maneira que a pressão deve manter-se inferior a 25 mm de

Hg, e esta deve ser uma atividade desempenhada pelo profissional enfermeiro

(PALOMO, 2007), já que a alteração desta pode vir a acarretar o deslocamento

do tubo e prejudicar a ventilação deste paciente,

Estes procedimentos nos remetem a outro cuidado relatado pelos

enfermeiros nos resultados, o cuidado com a extubação. O paciente acordado

em uso de VM sente-se angustiado com os aparelhos instalados nele e pode

vir a realizar a autoextubação, o que faz com que o enfermeiro faça-se vigilante

nestes casos, realizando a sedação em caso de prescrição ou através da

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orientação ao paciente sobre sua necessidade de manter esta tecnologia para

o benefício de sua saúde.

No entanto, a extubação pode ser uma conseqüência do manuseio do

paciente em VM pela equipe multiprofissional, onde na realização das tarefas

diárias como banho de leito, mudança de decúbito, troca da fixação do tubo,

entre outros pode vir a extubar acidentalmente o paciente (CASTELLÕES;

SILVA, 2007). Os mesmos referem que apesar dos enfermeiros estarem a par

da temática de ventilação mecânica, ainda existe rara reflexão sobre

extubação, principalmente a causada pelo cuidado de enfermagem,

vivenciando uma prática que pouco se modifica frente a cuidados entendidos

como padronizados pelas necessidades comuns a pacientes em uso de

suporte ventilatório.

Por fim, os enfermeiros entrevistados referem como atividade no seu

que fazer diário no seu processo de trabalho a aspiração do tubo endotraqueal.

No entanto, verifica-se que muitas vezes essa atividade é desempenhada pela

equipe técnica de enfermagem e para isso o enfermeiro deve utilizar-se de sua

chefia, onde uma das tarefas deve ser a capacitação da equipe de enfermagem

em relação as técnicas a serem desempenhadas.

Com isso, o enfermeiro deve atentar para a esterilidade que este

procedimento necessita, reconhecendo a importância desta atividade e o uso

de diretrizes que venham a reduzir riscos para o agravo a saúde destes

pacientes (FARIAS; FREIRE; RAMOS, 2006), ressaltando cuidados com o

procedimento de aspiração como mencionado pelos trabalhadores enfermeiros,

o qual trás alguns relevantes na literatura deste, como lavar as mãos antes de

realizá-lo, usar luvas estéreis, dobrar a FiO2 ou regular a 100%, utilizar

equipamentos de proteção individual, aspirar por no máximo 15 segundos, em

intervalos reiniciar a VM e retornar a FiO2 inicial, dentre outros que devem ser

explicados à equipe técnica e realizados pelos enfermeiros no momento de

realizar este procedimento.

No entanto, um enfermeiro refere a identificação do paciente em uso de

VM, supondo-se que a preocupação em torno do paciente em uso de

ventilação artificial inicia desde a preocupação com a gravidade que o paciente

possa estar, até as alterações que a máquina pode vir a provocar no paciente.

Para a realização desta atividade com segurança, há um cartão com dados de

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identificação que consta a identificação do paciente, nome do mesmo, registro,

unidade e leito que este se encontra, a data e hora de instalação do

equipamento e por fim a identificação do profissional com nome e registro do

órgão de classe da profissão (PALOMO, 2007).

Quando instigados a responder acerca de quem participa do processo

de VM, os trabalhadores enfermeiros afirmam desenvolver suas atividades

essencialmente com a equipe multiprofissional atuante na UTI, referindo assim

realizar o processo de ventilação mecânica com os profissionais médicos,

enfermeiros, fisioterapeutas e técnicos em enfermagem. Em específico, em

relação ao processo de VM desenvolvido com os técnicos em enfermagem, o

processo resume-se a passagem de informações.

Enf.3 - O processo é feito com a equipe da UTI e com os enfermeiros que trabalham na UTI e o médico também se a gente tem alguma dúvida sobre o equipamento que não funcionou, a gente também desenvolve com ele, os cuidados com os técnicos da UTI, e com os enfermeiros, com a equipe toda então. Enf.13 - As atividades são desenvolvidas com a equipe multidisciplinar de saúde da UTI no caso que envolve técnicos de enfermagem, o médico e o enfermeiro. O enfermeiro independente se for eu ou outro enfermeiro q estiver lá na hora.

Quando perguntado ao trabalhador com quem ele desenvolve o seu de

trabalho em relação ao processo de VM, a grande maioria relatou desenvolver

com técnicos, médicos, com a equipe em geral, mas não especificam um

trabalho desenvolvido juntos, e sim apenas passando informações necessárias

sobre o paciente em VM.

A partir dos resultados observa-se que os trabalhadores enfermeiros

mostram sua percepção do processo de trabalho em VM, em um trabalho de

equipe, mas não em conjunto, e sim um trabalho fragmentado, cada um teu o

seu papel e diferentemente atuam no paciente. Poucos afirmam discutir

questões e diagnósticos com estes trabalhadores, apenas dúvidas sobre

montagem do sistema, parâmetros entre outros.

O intenso processo de especialização na área da saúde contempla essa

idéia do trabalho individual, não os conhecimentos e saberes (PEDUZZI, 2001)

O processo de trabalho em saúde de uma equipe deve buscar interagir

sobre todo o processo que envolve o paciente, neste caso paciente submetido

à ventilação artificial, conjuntamente, em prol da melhora do paciente que faz

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uso deste aparato tecnológico, buscando informações necessárias para que

possam ser utilizadas para uma conduta mais apropriada das ações a serem

investidas no paciente.

Essa visão de trabalhar em equipe, mas fragmentado, que não se

caracteriza em si em uma equipe, vem das cadeiras da academia que muitas

vezes, não focam a idéia de unir os cursos da área da saúde, conhecimentos

diferenciados, buscando e focando a melhora no individuo, cada um tem sua

especificidade.

E estas atitudes vem a refletir na prática, como se vê o trabalho em

equipe nas unidades de UTI. Os agentes envolvidos neste processo atuam no

mesmo objeto de trabalho, mas conduzem este processo de maneira

fragmentada, cada um com sua especialidade e agindo de maneira individual.

Há uma hierarquização entre as profissões e os saberes, todos partilham

do valor comum atribuído ao modelo biomédico, deixando em segundo plano a

problematização e discussão sobre o objeto de trabalho. Neste sentido não

existe um trabalho nuclear, e sim a assistência individual, a alienação do sujeito

de sua própria capacidade de ser um individuo no sentido de posicionar-se

diante das situações e tomar decisões diante de seu conhecimento e ciente

das regras que fundamentam o consenso (PERUZZI, 2001).

Na medida em que estas situações são revertidas e o trabalho em

equipe é efetivamente colocado em prática, são maiores as possibilidades de

interação em situações livres, buscando assim um consenso acerca da

finalidade e do modo de agir ao executar o trabalho.

Com menor enfoque, os trabalhadores identificam que fazem o

processo de VM com os pacientes, seus objetos de trabalho.

Nesta referência, os mesmos relatam que discutem sobre o processo de

VM com a equipe, bem como a realização das alterações necessárias no

ventilador mecânico conjuntamente com o médico, buscando, deste modo, a

solução para as dúvidas pertinentes aos procedimentos envoltos no processo

de VM, como a montagem e a análise do mesmo.

Ao discorreram que desenvolvem suas atividades relativas ao processo

de VM com o paciente, eles explicitam os pacientes em situação críticas

mantidos na Unidade. Um entrevistado referiu o teste do equipamento quando

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este está instalado no paciente, sendo um dos processos que desenvolve em

conformidade com o mesmo.

Enf.5-Pacientes da UTI que necessitam de ventilação mecânica.

Outro ponto que nota-se nos resultados foi que uma pequena parte

observou que também o paciente é parte do processo, que este também é

desenvolvido com o paciente o seu objeto de trabalho.

Desenvolver o processo de VM envolve tanto a equipe multiprofissional

como o paciente, são dois pontos muito importantes. Um trabalho em equipe

trará um benefício ainda maior ao paciente unindo as várias percepções destes

trabalhadores envolvidos neste processo, o paciente por si só trará as

informações que deverão ser modificadas ou não, é ele que mostrará a este

trabalhador se tal conduta está sendo realizada de maneira correta, através

das suas reações ao tratamento.

Ao instituirmos a pergunta sobre como o enfermeiro desenvolve as suas

atividades relativas ao processo de VM verificou-se que os mesmos identificam

que as suas ações concentradas em torno do ventilador mecânico e no

paciente.

Deste modo, a forma como os enfermeiros desenvolvem o seu trabalho

em relação ao processo de VM na especificidade do instrumento ventilador

mecânico, eles referem-se principalmente as ações de higienização, de

testagem e montagem do mesmo. O manuseio do aparelho aparece de forma

restrita. Ainda nesta referência, alguns relatam o controle do aparelho e a

observação dos parâmetros de funcionamento. Contudo, discorrem que os

parâmetros ficam sob responsabilidade médica, restringindo-se o seu que fazer

a assisti-los, a instalação do equipamento.

Enf.3 - As atividades são desenvolvidas durante o paciente que está em ventilação mecânica, a gente tem os cuidados com a ventilação e com o paciente e a relação dele com a ventilação mecânica, e a gente passa nas reuniões que a gente faz que são mensais, a gente fala sobre, se tem algum problema com o equipamento em relação aos cuidados de aspiração, de ventilação, a gente faz mensalmente durante as reuniões.

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Ao questionarmos aos enfermeiros como desenvolvem as suas

atividades em relação ao processo de VM, estes em sua maioria relatam que

suas ações estão centradas em torno do ventilador mecânico e no paciente.

Quando se referem ao aparelho o Ventilador mecânico citam

principalmente as funções de higienização, de testagem e montagem do

mesmo demonstrando assim, que a maioria destes profissionais possui uma

visão voltada ao aparelho. Este ponto também sofre influência da instituição,

pois, as funções da equipe de enfermagem na VM variam de uma instituição

para outra, em função do número de outros profissionais implicados e da

existência de serviços de apoio responsáveis pelos equipamentos respiratórios

(DREYER; ZUNIGÃ, 2000).

Estes profissionais relatam que o manuseio do ventilador mecânico é

restrito, conforme a instituição, alguns relatam que os profissionais

fisioterapeutas podem alterar os parâmetros, também relatam, que conforme as

relações de confiança com o médico que é adquirido através da demonstração

do conhecimento estes permitem que o enfermeiro realize alterações nos

parâmetros. No entanto, a maioria dos relatos discorrem que os parâmetros

ficam sob responsabilidade médica, desta forma o enfermeiro restringe o

desenvolvimento do seu trabalho a assisti-lo e a instalação do equipamento.

Embora a determinação dos parâmetros não seja, normalmente,

responsabilidade da equipe de enfermagem, é importante que a enfermeira os

conheça e acompanhe a evolução do paciente (DREYER; ZUNIGÃ, 2000).

Os profissionais enfermeiros devem procurar conhecer os parâmetros

dos ventiladores e a implicação que venha acarretar as alterações dos

mesmos, pois estas situações podem denotar perigo aos pacientes, desta

forma se faz necessário que os enfermeiros detenham conhecimento para

desenvolver o seu trabalho e em conjunto com a equipe multiprofissional,

trazendo maior beneficio aos pacientes que estão em VM.

No que trata de como desenvolvem o seu fazer com o paciente eles

referiram os cuidados ao paciente durante o processo de ventilação mecânica.

Conforme os relatos, os cuidados constituem-se na observação do paciente, o

que lhes permite avaliar o estado destes na sua relação com o equipamento

ventilador mecânico. Assim, discorrem acerca da avaliação e resposta do

paciente ao modo ventilatório utilizado, ao estado de sedação e a sua sincronia

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com a máquina, os parâmetro ventilatórios: como o volume adequado para o

peso do paciente, a saturação apresentada, a fluidez do tubo endotraqueal,

perante a condição clínica do paciente e do diagnóstico médico, além dos

demais sinais e sintomas da patologia do mesmo.

Destes, um profissional enfermeiro referiu ainda os cuidados integrais de

enfermagem ao paciente internado em uma UTI, para isso ele referiu cuidados

que envolvem outros cuidados ao paciente, tais como: o cuidado com as

úlceras de pressão e a mudança de decúbito.

Enf.11 - A gente avalia o paciente, qual o grau de dependência do paciente em relação ao ventilador, avalia modo ventilatório, que modo que o paciente está, se está em modo controlado, se está em modo assistido, se o paciente está sedado ou não, se está sincronizado, avalia a FIO2 do paciente o volume. Às vezes o volume não está tão adequado, o paciente é pequeno e está com o volume muito grande ou o paciente é grande, tem um peso maior e está com um volume menor. Enf.14 - A gente sempre procura ver o paciente, a sintomatologia, os sinais, qual a patologia, se está respondendo bem a ventilação, a gente sempre procura pedir para os técnicos que tenham atenção na queda de saturação, procurar aspirar, ver se não está fazendo tampão, vê se a ventilação esta sendo eficaz, se o paciente não está competindo com o respirador. A gente tem que ter este olhar mais clínico, assim um pouquinho mais aguçado para ver se a ventilação vai ter o efeito satisfatório, não adianta às vezes hiperventilar um paciente que não está necessitando, então está enchendo o paciente de oxigênio e não vai dar resposta nenhuma. A gente tem que ter este olhar para poder ver quando o paciente está hiperventilando ou está competindo com o respirador, chamar o médico para ver se realmente é necessário que continue com a ventilação mecânica nessa parte, assim é mais atribuição do enfermeiro, não só por atribuição, mas tem que saber ver no paciente esses sinais, às vezes uma queda de saturação, a ventilação se está mais agônica ou se está hiperventilando, quando começa a competir com o respirador. Não tem que conhecer só o aparelho, mas tem que conhecer bastante o paciente.

Durante os relatos os enfermeiros referiram como desenvolvem o seu

fazer com o paciente e os cuidados que prestam a estes durante o processo de

ventilação mecânica. Em sua maioria relatam os cuidados relacionados à

observação do paciente, pois possibilita a avaliação da interação que está

ocorrendo entre o paciente e o ventilador mecânico, enfatizam a importância do

modo ventilatório, a sedação do paciente e a sincronia com máquina, os

parâmetros ventilatórios: como o volume adequado para o peso do paciente, a

saturação apresentada, a fluidez do tubo endotraqueal, perante a condição

clínica do paciente e do diagnóstico médico, além dos demais sinais e sintomas

da patologia do mesmo.

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A vigilância constante de pacientes submetidos à VM é responsabilidade

dos profissionais de enfermagem que permanecem perto do paciente 24h por

dia. A observação clínica contínua e a monitorização à beira do leito são de

vital importância, pois fornecem informações que permitem a identificação

rápida de problemas e alterações do quadro clínico (DREYER; ZUNIGÃ, 2000).

Um dos profissionais apresentou uma visão diferenciada ao referir além

dos cuidados específicos com a ventilação mecânica, cuidados integrais como

o cuidado com úlceras de pressão e a mudança de decúbito, pois o paciente

internado em uma UTI demanda do profissional enfermeiro uma percepção do

seu quadro clínico geral, sendo necessário estar atentos a todos os pacientes

para prestar um cuidado de forma absoluta.

A segurança e a tranqüilidade no manuseio dos equipamentos e na

aplicação de técnicas são necessárias para poder cuidar dos pacientes e

familiares. Cuidar é um ideal ético cujas finalidades são a proteção, o realce e a

preservação da dignidade humana (DREYER; ZUNIGÃ, 2000).

Ao discorrer sobre a temática um trabalhador referiu que desenvolve o

seu processo de trabalho em relação à ventilação mecânica, por meio da

atualização constante de seus conhecimentos, através de pesquisa na internet,

livros, materiais adquiridos no período de graduação ou por meio do

questionamento a profissionais que compreendem melhor sobre a temática.

Enf.8 - Acho que sempre procurando mais estudos. Eu procuro pesquisar muito na internet, livro, alguma coisa que eu ainda tenho da faculdade, assim eu consigo achar alguma coisa, mas se não acho, vou para a internet e procuro e se não acho também, eu pergunto para as minhas colegas que tem mais experiência que eu e para os médicos também. Tem uns que são bem acessíveis, a gente consegue conversar, o médico coordenador aqui da UTI, ele é bem acessível, a gente conversa direto com ele e com a enfermeira do CCIH também, a gente sempre ta trabalhando em conjunto.

Também se observou que um dos trabalhadores durante seu relato

discorreu que desenvolve seu processo de trabalho, através da atualização

constante dos conhecimentos. Ressalta-se a importância da consciência deste

profissional, pois a área da saúde está em constante transformação, devido à

amplitude do campo há vários estudos sendo desenvolvidos e para os

profissionais da área estar atualizados é necessária a reciclagem constante de

seus conhecimentos.

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E alguns outros salientam a responsabilidade e atenção necessárias no

seu que fazer relativo ao processo de VM, justificando que o paciente

dependente de ventilação artificial está em estado crítico de saúde.

Enf.13 - As minhas atividades assim têm que ser desenvolvida com muita responsabilidade e atenção porque o paciente que está em ventilação mecânica, o estado dele já é crítico, já é um como diz a unidade, já é um cuidado intensivo que tem que ter ali, então tem que ter muita atenção e responsabilidade perante o paciente com ventilação mecânica.

De todos os respondentes, um desviou-se da resposta, ignorando-a.

Ao discorrerem sobre onde é desenvolvido o trabalho relativo ao

processo de VM os enfermeiros relataram que o mesmo é desenvolvido na

UTI, no paciente e no próprio equipamento, o ventilador mecânico, porém a

centralidade das falas apontam para a unidade de terapia intensiva e, assim

discorrem acerca das instalações internas da unidade.

Nesta fala os trabalhadores se referem aos locais onde trabalham com o

processo de VM ou mesmo que se utilizam do ventilador mecânico, citando: o

pronto socorro, o bloco cirúrgico, relacionando-os aos casos de emergência.

Enf.11-Aqui dentro da UTI com os pacientes que estão em ventilação mecânica e atuo também no pronto-socorro da Santa Casa do outro hospital, que acontecem casos do paciente precisar de ventilação mecânica e a gente ter que fazer este processo também. Enf.13-Aqui no hospital é na UTI ou bloco cirúrgico, por exemplo, eventualmente no caso de uma urgência.

Ao serem questionados de onde os enfermeiros desenvolvem o seu

processo de trabalho, a maioria deles refere realizar suas atividades em

relação ao processo de VM na UTI. Estes não visualizam seu objeto de

trabalho e sim referenciam o local onde o realizam, deslocando a resposta que

deveriam visualizar. Há possibilidade que eles considerem o local por ser onde

estão os ventiladores mecânicos, sinal que estes visualizam somente o

instrumental tecnológico.

Isso pode nos remeter novamente ao que fazer diário encontrado nos

resultados, onde os enfermeiros em sua centralidade preocupam-se com o

aparelho, ventilador mecânico, ressaltando que o atendimento em uma UTI

embarga cuidados intensivos, como uma equipe multiprofissional, capacitada a

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atuar no momento certo e com eficácia, utilizando-se de técnicas de suporte

cada vez mais complexas e com equipamentos sofisticados para a manutenção

da vida (SOARES; GERELLI; AMORIM, 2010).

Não tangenciando muito este cuidado, ao serem questionados onde

desenvolvem seu processo de trabalho em relação à VM, relatam a UTI por

este ser o local onde o equipamento é mais utilizado em pacientes que dele

necessitam, sendo o ventilador mecânico um dos principais recursos de

suporte a vida utilizados em UTI (DREYER; ZUNIGÃ, 2000).

Além disso, alguns referem ser na UTI por ser o local onde realizam as

reuniões com os técnicos em enfermagem e outros enfermeiros ou mesmo

onde montam o equipamento para posterior instalação, porém, ignoram a

resposta do seu objeto de trabalho, seja ele o paciente ou o equipamento.

Alguns enfermeiros referem desenvolver o seu trabalho em relação à

ventilação mecânica no paciente de UTI com necessidade de ventilação

artificial. Apenas um dos entrevistados referiu somente o paciente como seu

local de realização do processo de VM, sem contextualizá-lo.

Enf.5- Na UTI em pacientes que precisam da ventilação mecânica.

Enf.7- No paciente.

Quando os enfermeiros discorrem sobre o paciente como onde realizam

seu processo de trabalho em relação a VM, alguns destes o paciente de UTI,

sem lembrarem-se de que nem todo o paciente de UTI está em uso de VM. Por

outro lado, outros mencionam o paciente que necessitam de suporte

ventilatório, demonstrando a preocupação com este paciente em específico, o

que nos faz supor que estes entendem melhor o processo de VM ou

preocupam-se mais com a gravidade com que esse paciente está por estar

dependente de uma máquina para seguir ventilando. Estes pacientes por

encontrarem-se com alterações respiratórios, muitas vezes encontram-se em

estado crítico que lhes coloca em necessidade de tratamento em UTI, onde o

tempo de cuidados são mais próximos (ANVISA nº 466/MS/SVS, 1998).

Ainda, um trabalhador refere realizar atividades no processo de VM no

paciente indicado pelo médico, demonstrando na sua fala a hierarquia de

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tarefas, onde o médico decide o diagnóstico e o tratamento a ser realizado no

paciente e o enfermeiro incumbe-se de assistir a este paciente através das

prescrições geradas pelo médico, em relação a VM, esta fala nos refere à

indicação do uso da ventilação artificial, que é indicada sempre que a

respiração espontânea não for suficiente para manter a vida (SOARES;

GERELLI; AMORIM, 2010).

Também, de acordo com o relato de um enfermeiro, este relata

desenvolver seu trabalho em pacientes em VM, caracterizando este como

grave. Sabe-se que a utilização da VM pode acarretar conseqüências no

metabolismo do paciente em uso da máquina respiratória, sendo necessária

uma visão crítica do enfermeiro frente ao estado de saúde do paciente em

permanência de dependência ventilatória para que seja possível a detecção

precoce de alterações que podem vir a causar danos irreversíveis aos mesmos

(SMELTZER et, al, 2009).

Do mesmo modo, um profissional enfermeiro descreve aplicar seu

trabalho em relação ao processo de VM somente no equipamento, ventilador

mecânico, referindo-se apenas a montagem e a limpeza do mesmo.

Enf.1- Somente na limpeza do equipamento e na montagem.

No entanto, quando questionado sobre onde realiza o seu trabalho em

relação ao processo de VM, um enfermeiro refere desenvolver na limpeza e na

montagem do equipamento, ventilador mecânico, comprovando mais uma vez

que estes trabalhadores estão mais preocupados com o aparato tecnológico

que suporta o paciente para seu tratamento e as ações que desenvolve com

este instrumento do que com o paciente em si como o principal objeto de

trabalho, embora refiram-se ao instrumental visualizando indiretamente o

cuidado ao paciente. Porém, estes parecem não compreender que o aparato

tecnológico é apenas um suporte de vida, não possuindo cunho curativista

(DREYER; ZUNIGÃ, 2000), não devendo ser então, o principal cuidado

realizado por este trabalhador, apesar de ser importantíssimo no contexto da

utilização da VM, porém a visão do paciente em si deve estar em primeiro lugar

através da avaliação global do paciente em relação com a máquina.

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O entendimento acerca das finalidades processo de VM para os

enfermeiros encontra-se no paciente e nos seus que fazeres. Deste modo, os

enfermeiros relatam que a finalidade das atividades que realizam em relação

ao processo de VM por meio dos seus que fazeres o expõe pela constituição

das suas atribuições. Nesta conformação eles referem às solicitações da

instituição, a rotina da UTI, a própria competência do enfermeiro para a

avaliação do processo de VM, a necessidade de realizá-lo, ou mesmo, o gosto

pela temática.

Enf.7- Porque é necessário, quando há necessidade. Enf.11- Porque eu sou Enfermeira da unidade e eu tenho que fazer isso e faz parte do papel da Enfermeira da UTI.

Quando perguntado ao trabalhador enfermeiro o porquê realiza suas

atividades, alguns relataram que as atividades desenvolvidas no processo de

VM são rotinas, outros por serem cobrados da instituição para desenvolver o

trabalho daquele modo ou mesmo pelo gosto pela atividade na UTI.

As rotinas diárias e a cobrança da instituição muitas vezes são

considerados estressores do processo de trabalho, principalmente em uma

unidade que requer muita atenção e habilidades dos agentes que lá atuam.

É neste sentido que o trabalhador que atua nesta área deve desenvolver

um trabalho adequado, sempre buscando como finalidade deste processo o

bem estar do paciente que esta sob os seus cuidados, e também não

esquecendo do seu próprio bem estar e da sua equipe que esta atuando

juntamente com o paciente submetido a ventilação mecânica.

O desenvolvimento da sistematização da assistência de enfermagem

neste setor trás muitos benefícios ao trabalhador e ao paciente devido ao

cuidado individualizado para o paciente, o organização deste processo e com

isso trazendo uma satisfação para o enfermeiro que o desenvolve (TRUPPEL,

2009).

Ao se referirem as finalidades por meio dos seus que fazeres, os

enfermeiros discorrem sobre os cuidados específicos aos quais os pacientes

submetidos à ventilação mecânica são submetidos, devido à complexidade do

quadro diagnóstico do mesmo e os riscos que podem emergir como

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conseqüências desta utilização. Para tanto, exemplificam situações que podem

decorrer do processo de VM, como, por exemplo, o derrame pleural.

Enf.12- Pela importância do enfermeiro saber na alta complexidade deste paciente, entender este paciente, saber as conseqüências que podem acontecer se ele não faz uma ventilação adequada. A gente sabe se o paciente não está ventilando bem, ele vai saturar, ele pode se estiver saturando mal também fazer um derrame pleural, então existe uma série de conseqüências que o paciente sofre se a gente não monitora direitinho, se a gente não cuida, não vê, não percebe os sinais que ele nos mostra quando ele está ventilando errado. Conseqüências quem sofre é ele, a gente nem tanto. Enf.9- Porque os pacientes que estão submetidos a ventilação, automaticamente tem os cuidados que tem que serem feitos e a gente auxilia, explica pra equipe que cuidados ter com um paciente em ventilação.

Com a aplicação da sistematização da assistência de enfermagem é

possível contextualizar o paciente e os cuidados que a ele serão prestados,

pois com a elaboração de um plano de cuidados adequado ao paciente

verifica-se a recuperação mais breve do mesmo, demonstrando a eficiência do

cuidado prestado.

Ao relatarem as finalidades dos seus que fazeres os enfermeiros

discorrem sobre cuidados específicos que os pacientes que estão em uso da

ventilação mecânica necessitam, devido à complexidade do quadro diagnóstico

e as conseqüências que podem vir a ocorrer.

Denotam a preocupação com a complexidade do seu processo de

trabalho, pois é da competência do enfermeiro prestar a assistência em

conjunto com sua equipe.

As principais responsabilidades do profissional de enfermagem são

sempre: manter vigilância continua e sistemática, evitando e /ou detectando

complicações, elaborar e executar um plano de cuidados incluindo todos os

aspectos da assistência de enfermagem, e estabelecer uma relação e

confiança com o paciente e sua família (DREYER; ZUNIGÃ, 2000).

Alguns profissionais relatam a necessidade de explicar a equipe técnica

os cuidados de enfermagem que se deve ter junto ao paciente em ventilação

mecânica. Enfatizando a importância do conhecimento do enfermeiro para a

realização de uma assistência de qualidade aos pacientes.

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Alguns deles ainda referiram que a finalidade compreende a

necessidade de explicar os cuidados de enfermagem ao paciente em uso de

ventilação artificial à equipe técnica de enfermagem.

Alguns ao responderem acerca das finalidades descrevem-nas apenas

perante a necessidade do aparelho, ventilador mecânico, estar em

funcionamento, e assim, referem desde a preparação do equipamento até a

instalação do mesmo no paciente, porém não ultrapassam essa referência.

Enf.4- Porque o processo de ventilação mecânica é uma parte complexa da parte respiratória do paciente, então a gente tem que ter toda essa técnica, dependente disso, pelo processo complexo que é o respirador em si.

Enf.6- Para testagem do aparelho, fazer a limpeza, para saber se está tudo ok, pra no momento que eu precisar usar no paciente não ter problema nenhum.

Em UTI por ser uma unidade com amplo aparato tecnológico, exige dos

profissionais conhecimentos específicos, mas deve ser mantida a sensibilidade,

pois seres humanos dependem da deste desenvolvimento aliado ao cuidado

integral.

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6 CONCLUSÕES

Com o objetivo de analisar o que os enfermeiros de UTI conhecem

acerca do processo de ventilação mecânica por meio do seu que fazer diário, a

pesquisa nos proporcionou compreender através do relato dos sujeitos, que os

mesmos em sua centralidade dão ênfase ao trabalho de enfermagem em

relação ao processo, baseado no instrumental, enquanto uma pequena parte

relata cuidados referentes ao paciente ou ao ventilador mecânico quando este

está instalado no paciente, demonstrando uma preocupação indireta com a

recuperação e a saúde do paciente por meio das atividades relativas a este.

Pode-se supor que os mesmos preocupam-se com o equipamento,

devido a função do enfermeiro em realizar atividades em torno do equipamento

para que este esteja sempre limpo, testado e montado para a utilização quando

de sua necessidade ou mesmo por ser cobrado pelo centro de controle de

infecção hospitalar, além de demonstrarem com isso a preocupação com a

infecção e as conseqüências que esta pode causar ao paciente em uso de

ventilação artificial.

O paciente crítico depende totalmente da equipe de enfermagem sendo

que esta permanece por mais tempo junto a ele sendo responsável pelo

reconhecimento de suas necessidades e pelas implementações da assistência.

Para que ocorra uma assistência ventilatória adequada, acreditamos que

os enfermeiros devam possuir um conhecimento acerca da relação ventilação

artificial- paciente e realizar uma observação clínica contínua que permitam a

identificação rápida de modificações no quadro clínico e a interrupção de

complicações advindas destas alterações.

Como encontrado nos resultados, pode-se observar que há a

preocupação com o bem estar do paciente como finalidade do que fazer diário

dos enfermeiros, embora a maioria deles centralize seu cuidado na atenção ao

instrumento, mas que em UTI torna-se de extrema importância devido a ser um

local onde existem vários aparatos tecnológicos, verificando-se a preocupação

na integralidade do paciente grave, embora mencionada direta ou

indiretamente ao paciente.

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Partindo-se disso, os profissionais enfermeiros encontram maneiras de

cuidar instrumentalizadas como desafio diário para a prática dessa assistência,

salientando-se que a tecnologia da VM apresenta-se como uma aliada ao

tratamento de pacientes de UTI, porém devem ser utilizadas por profissionais

que possuam um entendimento de seu funcionamento para que esta venha em

prol da recuperação dos mesmos. Com isso, salientamos que há uma

necessidade dos enfermeiros em avaliar padrões respiratórios e reconhecer

alterações nos parâmetros e na causa do acionamento dos alarmes, já que

estes enfatizam em sua grande parte como se estas fossem funções apenas

do médico, porém estes devem conhecer estas atividades para que possa

intervir de maneira mais segura diante de uma alteração no equipamento ou no

paciente em ventilação mecânica.

Enfim, o estudo contribui no aprimoramento do conhecimento acerca da

assistência de enfermagem a pacientes em uso de suporte ventilatório, visando

o cuidado de enfermagem à prevenção dos riscos e complicações decorrentes

da utilização da VM para a melhoria na qualidade da assistência de

enfermagem no atendimento a estes pacientes.

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ORÇAMENTO

Os itens listados na tabela a baixo são referentes à previsão dos custos

que serão de responsabilidade do pesquisador. Salienta-se que o estudo não

apresenta riscos a integridade física e mental do participante e, deste modo

não existe a possibilidade de indenização subjugada à participação dos

mesmos na pesquisa.

ORÇAMENTO

MATERIAL QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL

TRANSPORTE

TRANSPORTE intermunicipal URUGUAIANA A ALEGRETE

08 R$ 25,25 R$ 202,00

TRANSPORTE intermunicipal URUGUAIANA A ROSÁRIO DO SUL

08 R$ 44,15 R$ 353,20

TRANSPORTE intermunicipal URUGUAIANA A SANTANA DO LIVRAMENTO

08 R$ 46,20 R$ 369,60

TRANSPORTE intermunicipal URUGUAIANA A SÃO GABRIEL

08 R$ 55,00 R$ 440,00

DIÁRIAS

Alimentação 08 R$ 100,00 R$ 800,00

Hospedagem 08 R$ 140,00 R$ 1120,00

Transporte 08 R$ 50,00 R$ 400,00

MATERIAIS DE CONSUMO

Canetas 03 R$ 2,00 R$ 6,00

Gravador 01 R$ 200,00 R$ 200,00

Papel 50 R$ 0,05 R$ 2,50

Pastas 03 R$ 2,00 R$ 6,00

Pilhas 10 R$ 2,00 R$ 20,00

PRODUÇÃO TEXTUAL

Transcrição 24 R$ 30,00 R$ 720,00

Traduções 02 R$ 50,00 R$ 100,00

Correção língua portuguesa

02 R$ 50,00 R$ 100,00

TOTAL R$ 4.838,90

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CRONOGRAMA

Os itens listados na tabela a baixo são referentes as datas prováveis de

realização das atividades.

CRONOGRAMA

ATIVIDADE Mar Abr Mai Jun Jul Ag Set Out Nov Dez

Reuniões com o orientador

X X X X X X X X X X

Aprofundamento Teórico-

metodológico

X X X X X X X X X X

Construção do Projeto de Pesquisa

X X X X

Elaboração do instrumento de coleta de dados

X X

Apresentação do projeto de TCC I

para banca

X

Envio ao Comitê de Ética e

Pesquisa – CEP – UNIPAMPA

X

Treinamento para saída de campo

X X X

Coleta dos dados Entrevista

Estruturada

X

Digitação e transcrição das

entrevistas

X

Análise dos Resultados

X

Elaboração do Relatório Final do

TCC

X

Apresentação do TCC Final

X

Elaboração de um texto científico

X

Encaminhamento do texto para

periódicos

X

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REFERÊNCIAS

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FARIAS, Augusto Manoel de Carvalho; GUANAES, André. Introdução à Ventilação Mecânica. In: BARRETO, Sérgio Saldanha Menna; VIEIRA, Silvia Regina Rios; FARIAS, Glaucea Maciel de; FREIRE, Izaura Luzia Silvério; RAMOS; Cristiane da Silva. Aspiração endotraqueal: estudo em pacientes de uma unidade de urgência e terapia intensiva de um hospital da região metropolitana de Natal – RN. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 08, n. 01, p. 63 – 69, 2006. HUDAK, C. M.; GALLO, B. M. Suporte ventilatório. In:Cuidados intensivos de enfermagem: uma abordagem holística. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 409-438,1997. HUDDLESTON, Sandra Smith; FERGUSON, Sondra G. Emergências Clínicas: Abordagens, Intervenções e Auto-avaliação. 3. ed. Rio de Janeiro: LAB, 2006. IRWIN, Richard S; RIPPE, James M. Manual de Terapia Intensiva. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. MARX, K. O capital: crítica da economia política. 27ª edição: Rio de Janeiro. Editora Civilização Brasileira, 2010. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 11. ed. São Paulo: Hucitec, 2008. NEPOMUCENO, Raquel de Mendonça; DA SILVA Lolita Dopico. Pesquisa bibliográfica dos sistemas de vigilância em ventilação mecânica: o estado da arte na enfermagem. Revista Eletrônica de Enfermagem. v.09, n.01, p.191-199, 2007. NISHIDE, Vera Médice; MALTA, Mônica Alexandre; de AQUINO, Kátia Stancato. Aspectos Organizacionais em UTI. In: CINTRA, Eliane de Araújo; NISHIDE, Vera Médice; NUNES, Wilma Aparecida. Assistência de Enfermagem ao Paciente Crítico. São Paulo: Atheneu, 2000. p. 13-27. PALOMO, Jurema da Silva Herbas. Enfermagem em Cardiologia: Cuidados Avançados. São Paulo: Manole, 2007.

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PEDUZZI, Marina. Equipe Multiprofissional de Saúde: Conceito e Tipologia. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v.35, n.1, p.103-109, 2001. SANTOS, Viviane Euzébia Pereira; VIANA, Dirce Laplaca. Fundamentos e Práticas para Estágio em Enfermagem. 3. ed. São Caetano do Sul: Yendis, 2009.

PINHEIRO, Cleovaldo Tadeu dos Santos. Rotinas em Terapia Intensiva. 3. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. p. 139-156.

SIQUEIRA, Tiago Branco. et al. Mecânica respiratória de pacientes neurocríticos sob ventilação mecânica submetidos à umidificação aquosa aquecida e a um modelo de filtro trocador de calor. Revista Brasileira de Terapia Intensiva. São Paulo, v.22, n.3, p.264-259. 2010. SILVA, L.D. Cuidados ao Paciente Crítico – Fundamentos para a Enfermagem. 2 ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica; 2003. SMELTZER, Suzanne. C. et al. Brunner & Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico- Cirúrgica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. SWEETWOOD HM. Enfermagem na Unidade de Tratamento Respiratório Intensiva. 2ed.. São Paulo: Andrei, 1982. SOARES, Maria Augusta Moraes; GERELLI, Anacira Maria; AMORIM, Andréia Sousa. Enfermagem: cuidados básicos ao indivíduo hospitalizado. Porto Alegre: Artmed, 2010. TRUPPELL, Thiago Christel. et al. Sistematização da Assistência de Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília, v.62, n.2,p. 221-227. Mar/Ab, 2009.

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APÊNDICE A - Consentimento Livre e Esclarecido

Universidade Federal do Pampa

Campus Uruguaiana

Curso de Enfermagem

CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado (a) Participante

Solicitamos a sua colaboração para participar do estudo intitulado: O conhecimento dos

Enfermeiros acerca da Ventilação Mecânica: uma análise por meio do seu trabalho, que está sendo

desenvolvido pelas acadêmicas de enfermagem Andréia Martins do Couto, Diana Conceição Carvalho e

Liamara Saikoski Noal e coordenado pelo Professor Valdecir Zavarese da Costa, pertencente à

Universidade Federal do Pampa.

O objetivo geral deste estudo é analisar o que os Enfermeiros de UTI conhecem acerca dos

ventiladores mecânicos por meio do seu que fazer diário. Para participar deste estudo, faremos uma

coleta de dados mediante a realização de entrevistas, as quais serão gravadas.

As entrevistas serão descritas, garantindo o anonimato dos participantes e o caráter confidencial

das informações obtidas. Visando o seu anonimato, as entrevistas serão identificadas por um código.

Garante-se que não haverá nenhuma repercussão ou implicação legal para você, participante do estudo.

A pesquisa tem finalidade acadêmica e destina-se a explorar os conhecimentos de enfermagem

relativos à VM. Assim, asseguramos o compromisso com os princípios éticos no desenvolvimento do

trabalho, bem como nos seus produtos de divulgação, reiteramos o respeito à privacidade e o anonimato

de cada participante sobre a garantia de receber respostas ou esclarecimentos a qualquer pergunta ou

dúvida acerca de riscos, benefícios e demais assuntos relacionados à pesquisa.

CONSENTIMENTO:

Declaro ter sido informado(a) de forma clara e detalhada sobre os objetivos, a justificativa, e o

desenvolvimento da entrevista, sendo garantido: o esclarecimento de dúvidas, a liberdade de deixar de

participar do estudo sem prejuízos, o anonimato, os preceitos éticos e legais (antes, durante e após o

desenvolvimento do estudo) e do uso de gravador.

Desta forma, concordo em participar deste estudo.

Assinatura do pesquisador em loco: ______________________________________________ Assinatura do participante: _______________________________________ Data: ___/___/___ Assinatura do coordenador do estudo: _______________________________________ Rua Tiradentes, 2617/408 Centro Uruguaiana/RS CEP 97510-501 E-mail: [email protected]

UNIPAMPA - Campus Uruguaiana Endereço: BR 472 - Km 592 - Caixa Postal 118 - Uruguaiana - RS - CEP: 97500-970

Fone: (55) 3413-4321 / (55) 3414-1484

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APÊNDICE B – Questionário da pesquisa 1ª parte

Universidade Federal do Pampa

Campus Uruguaiana

Curso de Enfermagem

QUESTIONÁRIO

1ª parte

Identificação do sujeito

a) Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

b) Idade (em anos completos): ________ FORMAÇÃO:

c) Escolaridade: ( ) Ensino superior completo

d) Instituição de formação: ( ) Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS ( ) Universidade Federal de Santa Maria – UFSM ( ) Universidade Federal de Pelotas – UFPel ( ) Universidade Federal do Rio Grande - FURG ( ) Universidade Regional Integrada – URI ( ) Universidade Regional da Campanha – URCAMP ( ) Outra. Qual?________________________________________

e) Ano de conclusão: ___________________________________________________

f) Pós-graduação: ( ) Sim ( ) Não Qual? Especialização: ( ) Sim ( ) Não Se sim, qual a área temática: ( ) Saúde do adulto ( ) UTI ( ) Saúde Pública ( ) Outras. Qual?________________________________________

g) Ano de conclusão: _________________________________________

h) Instituição: ( ) Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS ( ) Universidade Federal de Santa Maria – UFSM ( ) Universidade Federal de Pelotas – UFPel ( ) Universidade Federal do Rio Grande - FURG ( ) Universidade Regional Integrada – URI ( ) Universidade Regional da Campanha – URCAMP ( ) Ensino a distância. Qual?________________________________________

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( ) Outra. Qual?__________________________________________________

i) Mestrado: ( ) Sim ( ) Não

Se sim, qual a área temática: ( ) Saúde do adulto ( ) UTI ( ) Saúde Pública ( ) Outras. Qual?___________________________________________

j) Ano de conclusão: _________________________________________

k) Instituição: ( ) Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS ( ) Universidade Federal de Santa Maria – UFSM ( ) Universidade Federal de Pelotas – UFPel ( ) Universidade Federal do Rio Grande - FURG ( ) Ensino a distância. Qual?________________________________________ ( ) Outra. Qual?__________________________________________________

l) Doutorado: ( ) Sim ( ) Não

Se sim, qual a área temática: ( ) Saúde do adulto ( ) UTI ( ) Saúde Pública ( ) Outras. Qual?___________________________________________

m) Ano de conclusão: _________________________________________

n) Instituição: ( ) Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS ( ) Universidade Federal de Santa Maria – UFSM ( ) Universidade Federal de Pelotas – UFPel ( ) Universidade Federal do Rio Grande - FURG ( ) Ensino a distância. Qual?________________________________________ ( ) Outra. Qual?__________________________________________________

PROFISSIONAL

o) Instituição: ( ) Pública ( ) Privada

p) Tipo: ( ) Hospital

q) Setor: ( ) UCC ( ) UCM ( ) UTI ( ) Maternidade ( ) BC ( ) UPS ( ) UP

Outra. Qual?_________________________________________

r) Carga horária semanal: _____horas semanais

s) Tens outro vínculo empregatício: ( ) Sim ( ) Não Qual? ( ) Instituição Pública ( ) Instituição Privada

t) Tipo: ( ) Hospital ( ) UBS ( ) UBSF ( ) UE ( ) Outra. Qual?_________

u) Tempo de atuação em UTI _______________________________________________

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APÊNDICE C – Questionário da pesquisa 2ª parte

Universidade Federal do Pampa

Campus Uruguaiana

Curso de Enfermagem

2ª parte

QUESTIONÁRIO

1. Por gentileza, discorra sobre as atividades que você desenvolve no seu

trabalho em relação ao processo de VM? - O que você faz?

2. Com quem você desenvolve as suas atividades em relação ao processo

de VM?

3. Como você desenvolve as suas atividades em relação ao processo de

VM?

4. Onde você desenvolve ou aplica o seu trabalho em relação ao processo

de VM?

5. Porque você desenvolve as suas atividades em relação ao processo de

VM?

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ANEXO A – Carta de liberação do orientador do trabalho de conclusão de curso

CARTA DE LIBERAÇÃO DO ORIENTADOR DO TRABALHO DE

CONCLUSÃO DE CURSO

Declaro que as acadêmicas: Andréia Martins do Couto, Diana Conceição

Carvalho e Liamara Saikoski Noal, estão liberadas para entregar o Trabalho de

Conclusão de Curso, intitulado: “O conhecimento dos enfermeiros acerca da

Ventilação Mecânica: uma análise por meio do seu trabalho, para a banca

examinadora, composta pelos professores titulares: Anali Martegani Ferreira,

Cynthia Fontella Sant’ Anna e Carliuza Luna Fernandes. Salienta-se que a

apresentação para a banca será aos dezesseis dias do mês de dezembro de

dois mil e dez, às quatorze horas, no auditório do prédio 700 da Universidade

Federal do Pampa (UNIPAMPA), campus Uruguaiana, como pré requisito

acadêmico para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Uruguaiana, 14 de dezembro de 2010

______________________________________________________________

Professor Orientador Valdecir Zavarese da Costa

Universidade Federal do Pampa

Campus Uruguaiana