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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ MESTRADO EM ENGENHARIA QUÍMICA GILVANE BUENO DA PAIXÃO SÍNTESE DE POLIOL A PARTIR DE GLICEROL E ÓLEO DE SOJA EPOXIDADO E SUA APLICAÇÃO NA ENGENHARIA QUÍMICA CURITIBA 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ MESTRADO EM … · Figura 3.4: Estrutura de ressonância do grupamento isocianato ... Figura 5.4: Cromatograma padrões mono (oleína, miristina, estearina

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

MESTRADO EM ENGENHARIA QUÍMICA

GILVANE BUENO DA PAIXÃO

SÍNTESE DE POLIOL A PARTIR DE GLICEROL E ÓLEO DE SOJA EPOXIDADO

E SUA APLICAÇÃO NA ENGENHARIA QUÍMICA

CURITIBA

2014

GILVANE BUENO DA PAIXÃO

SÍNTESE DE POLIOL A PARTIR DE GLICEROL E ÓLEO DE SOJA EPOXIDADO

E SUA APLICAÇÃO NA ENGENHARIA QUÍMICA

Dissertação de mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química do Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Kaminski

Lenzi Profª Dra Sônia Faria

Zawadzki

CURITIBA

2014

Aos meus pais, a quem Deus me deu o privilégio de ser filha,

e ao meu marido, com o qual Deus me presenteou.

AGRADECIMENTOS

Demonstrar gratidão é uma das maneiras de declarar carinho, respeito e

admiração às pessoas que nos apoiaram em nossas conquistas, e também uma

forma de reconhecer que e impossível vencer sozinho.

Agradeço primeiramente a Deus, por sempre colocar em meu caminho

pessoas especiais e pelas oportunidades.

Ao Prof. Dr. Marcelo Kaminski Lenzi, pela orientação, apoio, incentivo,

dedicação e amizade. A quem admiro e respeito pelo seu caráter e dedicação ao

lecionar.

À Prof ª. Dr ª. Sonia Faria Zawadzki, pela coorientação, apoio e amizade.

Ao Prof. Dr. Marcos Lucio Corazza pelo apoio, amizade e por sempre estar

disposto para esclarecer dúvidas.

Ao Prof. Dr. Papa Matar Ndiayer, pelo apoio e amizade.·.

Ao Prof. Dr. Arion Zandoná Filho, pela ajuda nas análises cromatográficas,

apoio e amizade.

À minha família, em especial meus pais, Clarice e Divonzir, pelo amor

incondicional, incentivo e apoio. Por toda dedicação e exemplo, por me ensinarem a

nunca desistir e buscar meus sonhos. À minha irmã Josiane e aos meus sobrinhos

Ruan e Renan, pelo amor e compreensão nos momentos de ausência.

Ao meu marido e amigo Ricardo, por estar sempre ao meu lado. Devido a sua

compreensão, incentivo, amor e companheirismo, este trabalho pôde ser realizado.

É por você que tento ser uma pessoa melhor a cada dia.

À minha querida amiga Patrícia Dias, pelo ombro amigo e momentos de

descontração.

Aos meus amigos e colegas do PPGEQ, que fizeram destes últimos anos,

tempo de companheirismo e alegria, em especial a Fabiane Harmerski, Giselle S.

Silva, Juliana P. Foltin, Luís Ricardo S. Kanda, Michael Prado, Alexis Miguel

Escorsim, Luana O. Pitol, Ricardo M. Storrer e Thiago Bogler. E a meus sempre

bons e velhos amigos Jéssica Jakubiak Bento e Marcus Vinícius Brandalize.

À minha amiga do PPGAL, Paloma Cabral, pela amizade companheirismo e

momentos de alegria.

Ao Doutorando Thiago Alessandre da Silva pela ajuda e amizade.

Ao corpo técnico do PPGEQ, Aline Andreza da C. Lima, Ivan Ricardo de

Barros e Cintia Kuznharski, pelos serviços prestados.

À empresa Inbra, pelo fornecimento do óleo de soja epoxidado.

À empresa Dow do Brasil pelo fornecimento do isocianato.

À Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Química.

A CAPES pelo apoio a pesquisa e incentivo financeiro.

Aos Professores que passaram por minha vida, meu sincero agradecimento,

pois sem a colaboração de todos não seria possível esta conquista. "Se enxerguei

mais longe, foi porque me apoiei sobre os ombros de gigantes." (Isaac Newton)

As demais pessoas que de alguma forma compartilharam comigo os desafios

dessa etapa, e que por um lapso de memória não foram mencionadas.

"O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em

se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo,

quem busca e vence obstáculos, no

mínimo fará coisas admiráveis."

(José de Alencar)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 3.1: Preço médio do barril de petróleo ........................................................... 15

Figura 3.2: Mercado global de PU, por tipo de produto em 2010 .............................. 16

Figura 3.3: Consumo estimado global (2000)............................................................ 18

Figura 3.4: Estrutura de ressonância do grupamento isocianato .............................. 19

Figura 3.5: Principais reações dos isocianatos ......................................................... 19

Figura 3.6: Reatividade das hidroxilas primárias, secundárias, terciárias e fenólicas

................................................................................................................. 20

Figura 3.7: Estrutura química de TDI comercial ........................................................ 21

Figura 3.8: Estrutura química de MDI comercial ....................................................... 22

Figura 3.9: Participação global no mercado de isocianatos em 2000 ....................... 22

Figura 3.10: Estrutura Ácidos Graxos epoxidados do Óleo de Soja .......................... 26

Figura 3.11: Reação de transesterificação ................................................................ 27

Figura 3.12: Etapas da reação de glicerólise (1 – 3) e hidrólise (4 – 6) .................... 28

Figura 3.13:Principais aplicações da glicerina hoje ................................................... 29

Figura 3.14: Consumo final de energia por fonte 2012 ............................................. 33

Figura 3.15: Quem Usou a energia no Brasil em 2012 ............................................. 33

Figura 3.16: Uso das principais matérias-primas usadas na produção de Biodiesel no

Brasil ........................................................................................................ 34

Figura 3.17: Reação de Transesterificação ............................................................... 38

Figura 3.18: Fluxograma simplificado do processo industrial da produção de

Biodiesel ................................................................................................... 41

Figura 3.19: Hidrólise de um triglicerídeo para formar ácido graxo livre (FFA). ........ 43

Figura 3.20: Formação de sabão .............................................................................. 43

Figura 4.1: Separação de ases processo de lavagem Poliol ..................................... 47

Figura 4.2: Rampa de aquecimento da coluna .......................................................... 53

Figura 4.3:Montagem experimental utilizada nas sínteses dos ésteres metílicos ..... 57

Figura 4.4: a) Separação Glicerina Ésteres b) Lavagem ........................................... 58

Figura 4.5: Rampa de temperatura da coluna para determinação de ésteres

metílicos. .................................................................................................. 61

Figura 5.1: Espectro infravermelho(FTIR) do Óleo de soja epoxidado. ..................... 65

Figura 5.2: Índice de hidroxila para determinação do tempo de reação ................... 66

Figura 5.3: Espectro FTIR: a) OESC b) Produto reação R001 tempo 45min ........... 67

Figura 5.4: Cromatograma padrões mono (oleína, miristina, estearina e tripalmitina),

Di e Tri (miristina, estearina e tripalmitina). .............................................. 71

Figura 5.5: Cromatograma: OSEC ............................................................................ 72

Figura 5.6: Cromatograma: R004 .............................................................................. 73

Figura 5.7: Cromatograma: R009 .............................................................................. 74

Figura 5.8: Razão de Áreas de MAG ,DAG e TAG para OSEC e reações (r003 a

R013) Cromatografia Gasosa .................................................................. 75

Figura 5.9: Diagrama de Pareto: A) IOH (mg KOH/g) ; B) % Epóxi ........................... 79

Figura 5.10: Gráfico de valores previstos versus valores observados: A) IOH (mg

KOH/g); b) % Epóxi .................................................................................. 80

Figura 5.11: Espumas sintetizadas A) PU/MSSC 40% B) PU sem MSS e C) PU/MSS

sem calcinar. ............................................................................................ 81

Figura 5.12: MEV Poliuretano e Compósitos de poliuretano: A) Poliuretano sem MSS

75X; B) PU/MSSC 40% 75X ; C) PU/MSS sem calcinar 40% 75X e D)

PU/MSSC 40% 200X. ............................................................................... 82

Figura 5.13: Curva de calibração para determinação, por cromatografia gasosa, de

ésteres metílicos ....................................................................................... 84

Figura 5.14: Cromatograma padrões de ésteres metílicos ........................................ 85

Figura 5.15: Cromatograma: Solução de mix de ésteres metílicos em determinas

concentrações Tabela 4.2 ....................................................................... 86

Figura 5.16: Catatilsadores: A) MSSC; B) Compósito PU/MSSC e C) Compósito

PU/MSSC após utilizado. ......................................................................... 87

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1:Características dos polióis utilizados em espumas rígidas de poliuretano

e espumas flexíveis .................................................................................. 17

Tabela 3.2: Reatividade relativa de isocianatos com diferentes compostos ativos de

hidrogênio ................................................................................................. 20

Tabela 3.3: Principais matérias-primas do biodiesel ................................................. 35

Tabela 3.4: Composição dos óleos em ácidos GRAXO ............................................ 36

Tabela 3.5: Condições típicas de reação para síntese de biodiesel usando

catalisadores homogêneo básico. ............................................................ 40

Tabela 4.1: Matriz de planejamento Fatorial 23 ......................................................... 46

Tabela 4.2: Preparação das soluções de calibração de ésteres metílicos. ............... 62

Tabela 5.1: Caracterização do Óleo de soja epoxidado comercial ............................ 64

Tabela 5.2: Matriz de Planejamento, IOH, viscosidade e teor de epóxi .................... 68

Tabela 5.3: Umidade e voláteis dos polióis de óleo de soja epoxidado .................... 76

Tabela 5.4: Anova-Variável: IOH (mg KOH/g) R2=0,9828 Rajust=0,9427 Erro Puro

0,2252 ...................................................................................................... 77

Tabela 5.5: Estimativa dos Efeitos -Variável: IOH (mg KOH/g) R2=0,9828

Rajust=0,9427 Erro Puro 0,2252 ................................................................ 77

Tabela 5.6: Coeficiente de Regressão -Variável: IOH (mg KOH/g) R2=0,9828

Rajust=0,9427 Erro Puro 0,2252 ................................................................ 78

Tabela 5.7: Anova-Variável: % Epóxi R2= 0,94904 Rajust=0,8301 Erro Puro= 0,0002

................................................................................................................. 78

Tabela 5.8: Estimativa dos Efeitos - Variável: % Epóxi R2= 0,94904 Rajust=0,8301

Erro Puro= 0,0002 .................................................................................... 78

Tabela 5.9: Coeficiente de regressão -Variável: % Epóxi R2= 0,94904 Rajust=0,8301

Erro Puro= 0,0002 .................................................................................... 78

Tabela 5.10:Parâmetros analisados para amostras de ésteres metílicos ................. 88

Tabela 5.11:Teor de Éster Amostras de Ésteres Metílicos resultados obtidos por

análise em cromatografia gasosa, com seus respectivos desvios padrões.

................................................................................................................. 89

LISTA DE ABREVIATURAS

AGL - Ácido Graxo Livre

AGL - Ácido Graxo Livre Glicerol

ANP - Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

CO - Monóxido de Carbono

CO2 - Dióxido de Carbono

DAG - Diglicerídeo ou Diacilglicerol

EM - Éster Metílico

FAEE - Ésteres Etílicos de Ácido Graxos

FAME - Ésteres Metílicos de Ácidos Graxos

FFA - Ácidos Graxos Livres (Free Fat Acid)

FTIR - Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier

G:O - Razão Molar Glicerol:Óleo

Gly - Glicerol

Hap - Hidroxiapatita

HBr - Brometo de Hidrogênio

HC - Hidrocarbonetos

HCl - Ácido Clorídrico

I.I. - Índice de Iodo

I.S. - Índice de Saponificação

IA - Índice de Acidez

IOH - Índice de Hidroxila

KOH - Hidróxido de Potássio

MAG - Monoglicerídeo ou Monoacilglicerol

MDI - Difenilmetano Diisocianato

MEV - Microscopia Eletrônica de Varredura

MM - Massa Molar Média

MSS - Metassilicato de Sódio

MSSC - Metassilicato de Sódio Calcinado

MSTFA - N-methy-N-trimethysiltrifluoroacetamide

NaCl - Cloreto de Sódio

NaOH - Hidróxido de Sódio

NOx - Óxido de Nitrogênio

OSE - Óleo de Soja epoxidado

OSEC - Óleo de Soja epoxidado Comercial

p-MDI - Difenilmetano Di-isocianato Polimérico

PPG - Polipropileno Glicol

PU - Poliuretano

PU/MSS - Composto Poliuretano Metassilicato de Sódio

PU/MSSC - Composto Poliuretano Metassilicato de Sódio calcinado

Pus - Poliuretanos

SOx - Óxido de Enxofre

TAG - Triglicerídeo ou Triacilgliceol

TDI - Tolueno Di-isocianato

tep - Tonelada Equivalente de Petróleo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 13

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 13

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 14

3.1 POLIURETANO .............................................................................................. 14

3.1.1 Matérias-Primas do PU ............................................................................... 16

3.1.1.1 Poliol ................................................................................................ 16

3.1.1.2 Isocianatos ....................................................................................... 19

3.1.1.3 Surfactantes ..................................................................................... 23

3.1.1.4 Catalisadores ................................................................................... 23

3.2 POLIÓIS DE ÓLEOS VEGETAIS ................................................................... 24

3.2.1 Síntese de polióis de óleo vegetal .............................................................. 27

3.2.1.1 Glicerol ............................................................................................. 28

3.2.1.2 Minerais Silicatos ............................................................................. 30

3.2.1.2.1 Silicato de Sódio ........................................................................ 30

3.3 BIODIESEL ..................................................................................................... 31

3.3.1 Matérias-Primas Para a Produção de Biodiesel .......................................... 34

3.3.2 Processo de Produção ................................................................................ 37

3.3.2.1 Transesterificação ............................................................................ 37

3.3.2.1.1 Efeitos do Catalisador ................................................................ 42

3.3.2.1.2 Efeitos da Razão Molar Óleo e Álcool ....................................... 42

3.3.2.1.3 Efeitos da Água e Ácidos Graxos Livres .................................... 42

3.4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS ...................................................................... 43

4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 45

4.1 SÍNTESE DE POLIÓIS ................................................................................... 45

4.1.1 Materiais ..................................................................................................... 45

4.1.2 Reação de Glicerólise ................................................................................. 46

4.1.2.1 Preparação do Catalisador ............................................................... 48

4.1.2.2 Índice de Hidroxila ............................................................................ 48

4.1.2.3 Índice de Acidez ............................................................................... 49

4.1.2.4 Umidade e Voláteis .......................................................................... 50

4.1.2.5 Teor de Epóxi ................................................................................... 50

4.1.2.6 Viscosidade Dinâmica ...................................................................... 51

4.1.2.7 Determinação do Teor de Cinzas ..................................................... 51

4.1.2.8 Índice de Iodo ................................................................................... 51

4.1.2.9 Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier ..... 52

4.1.2.10 Desenvolvimento de Metodologia para Análise de Ésteres de

Ácido Graxo, MAG, DAG e TAG ..................................................................... 52

4.1.2.10.1 Cromatografia Gasosa - Análise de MAG DAG e TAG ............ 53

4.2 OBTENÇÃO DE MATRIZ POLIMÉRICA DE POLIURETANA COMPOSTA

COM METASSILICATO DE SÓDIO .......................................................................... 55

4.2.1 Materiais ..................................................................................................... 55

4.2.1.1 Síntese das Espumas ...................................................................... 55

4.2.1.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) .................................... 55

4.3 SÍNTESE DE BIODIESEL .............................................................................. 56

4.3.1 Materiais ..................................................................................................... 56

4.3.1.1 Reação de Transesterificação Para Produção de Ésteres Metílicos 56

4.3.1.2 Índice de Acidez ............................................................................... 58

4.3.1.3 Índice de Saponificação ................................................................... 59

4.3.1.4 Massa Molar Média .......................................................................... 59

4.3.1.5 Massa Específica ............................................................................. 60

4.3.1.6 Determinação do Teor de Cinzas ..................................................... 60

4.3.1.7 Índice de Iodo ................................................................................... 60

4.3.1.8 Determinação de Sabão em Óleo .................................................... 60

4.3.1.9 Desenvolvimento de metodologia para análise de ésteres metílicos

61

4.3.1.9.1 Preparação e Análise das Soluções de Calibração ................... 62

4.3.1.9.2 Validação das Curvas Padrão ................................................... 62

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 64

5.1 REAÇÃO DE GLICERÓLISE .......................................................................... 64

5.1.1 Avaliação Estatística das Variáveis da Reação de Glicerólise Planejamento

Fatorial 23 .................................................................................................................. 76

5.2 COMPÓSITOS DE POLIURETANO METASSILICATO DE SÓDIO ............... 81

5.3 SÍNTESE DE BIODIESEL .............................................................................. 83

5.3.1 Caracterização do Óleo de Soja Refinado Comercial ................................. 83

5.3.2 Preparo e análise das soluções de calibração ............................................ 83

5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 90

6 CONCLUSÕES .................................................................................................... 92

7 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 93

8 ANEXOS .............................................................................................................. 99

RESUMO

A busca por produtos e processos de fabricação de materiais e combustíveis oriundos de fontes de energia renováveis têm se intensificado cada vez mais. Materiais como o Poliuretano, devido à sua versatilidade e por utilizar o poliol oriundo de fontes renováveis como matérias-primas fundamentais têm recebido atenção das empresas e centros de pesquisa em se buscar fontes alternativas para a sua obtenção. Por outro lado, também se discute muito sobre a viabilidade ou não da produção do biodiesel, em diversos aspectos, como o social, econômico, ambiental e político. Porém, todos acabam recaindo sobre as técnicas usadas para a sua obtenção e os mais diversos impactos causados por elas. No entanto, esses impactos podem ser minimizados a partir do momento que haja um processo de produção eficiente. O presente trabalho concentra-se na síntese de poliol a partir de fontes renováveis, óleo vegetal e glicerol, sendo esse um importante resíduo da produção de biodiesel. Obtendo-se uma matriz polimérica, o Poliuretano, que utilizou poliol produzido a partir da glicerólise do óleo de soja epoxidado comercial. Estudou-se então, a aplicabilidade na produção de um compósito de poliuretano/metassilicato de sódio a ser usado, como catalisador, no processo de produção de Biodiesel e a sua capacidade em reduzir impurezas como sabões e acidez, produzidas durante o processo. O biodiesel foi produzido através da transesterifição do óleo de soja refinado com metanol anidro a temperatura de 60 °C com tempo de reação de 1h. Obteve-se teor de ésteres metílicos médio de 84 % e índice de acidez e teor de sabão reduzido, quando comparados com o metassilicato de sódio calcinado puro. O catalisador PU/MSSC foi reutilizado por mais duas vezes e o teor de éster foi de 39% e 23% respectivamente.

Palavras-chaves: biodiesel, glicerol, metassilicato, poliol, poliuretano, silicato, silicato de sódio.

ABSTRACT

Searching for products and raw materials manufacturing processes and fuels from renewable energy sources has been intensified. Materials like the polyurethanes, due their versatility which can use polyol from renewable sources as primary element, are in the focus of company and research centers to find alternatives to this achievement. On the other hand, also is discussed about the Biodiesel production feasibility, over several aspects, like social, economic, environment and politic aspects. However, all of them follow to the obtainment used techniques and all impacts caused by them. Nevertheless, these impacts can be minimized as soon as we have an efficient production process. The current survey is concentrated on polyol synthesis from renewable sources of vegetable oils and glycerol, which have being an important biodiesel production process residue. It is obtained a polymeric matrix, the polyurethane, which uses polyol from the glycerolysis of the commercial epoxidated soybean oil. So it is studied it application in the production of a composite polyurethane/sodium metasilicate to be used, as catalyst, in the biodiesel production and it properties to reduce impurity as soap and acids, common in the biodiesel production process. The biodiesel was obtained from the transesterification of the refined soybean oil and anhydrous methanol at 60 ºC and reaction time of 1h. It is obtained methyl esters rate of 84% and reduced acid index and soap rate. The catalyst PU/MSSC was reused more twice and esters rate was 39% and 23%.

Keywords: biodiesel, glycerol, metasilicate, polyol, polyurethane, silicate, sodium silicate.

11

1 INTRODUÇÃO

No atual contexto econômico e ambiental mundial, no qual o consumo de

combustíveis fósseis intensificou-se, bem como seus impactos ambientais, e a

incerteza em termos de preço e disponibilidade de petróleo, tem-se intensificado o

desenvolvimento por estudos e iniciativas de investimentos na busca, pesquisa e

uso de combustíveis e produtos de base biológica. Este recebe essa designação

quando e sintetizado a partir de fontes renováveis de energia. Seguindo essa

tendência mundial de sustentabilidade, os mais variados segmentos da indústria têm

investido em pesquisas para a descoberta e aperfeiçoamento de processos de

fabricação de seus produtos e serviços de modo a tornarem mais sustentáveis e

mais ambientalmente corretos.

Os Poliuretanos (PUs), tornaram-se um dos grupos mais versáteis de

polímeros, por exibirem propriedades adequadas para uso em diversos setores da

indústria, em aplicações de polímeros-espuma, elastômeros, materiais

termoplásticos, termorrígidos, adesivos, revestimentos, selantes, fibras, e assim por

diante. Além disso, eles são usados em algumas aplicações especiais, tais como

cirurgia biomédica. PUs são obtidos pela reação de um poliol oligomérico (polímero

de baixo peso molecular com grupos hidroxilo terminais) e um di-isocianato (ou poli-

isocianato). Todas estas matérias-primas são provenientes de petróleo, mas

recentemente, a indústria química tem atribuído um interesse intenso para a

produção de polióis de base biológica, principalmente os sintetizados a partir de

óleos vegetais.

Nesse mesmo sentido, o estudo de diferentes rotas para a produção de

biodiesel tem se intensificado, como catalise heterogênea, enzimática e a utilização

de fluidos supercríticos. No entanto, até o momento nenhuma dessas é

economicamente viável, quando comparada com a rota de produção convencional,

mesmo essa tendo seus agravantes como alta geração de resíduos e elevado custo

de purificação, pois essa rota envolve a utilização de catalisadores homogêneos

geralmente NaOH e KOH, esses não são reutilizados e devem ser neutralizados e

descartados gerando águas residuais com presença de sais. Entretanto, o biodiesel

ainda é mais caro que o diesel derivado de petróleo. Atualmente vários países como

Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Itália e Áustria utilizam biodiesel

12

misturado ao diesel, sendo essa mistura em torno de 2 a 5% de biodiesel em relação

ao diesel. No Brasil, esforços políticos vêm sendo realizados para aumentar de 5%

para 7% a mistura de biodiesel ao diesel. Mesmo tendo o biodiesel, propriedades

similares ao do diesel, sua utilização em maiores concentrações pode ser

economicamente inviável devido o biodiesel ser mais caro que o diesel. Contudo,

muito se discute sobre a viabilidade econômica e ambiental da aplicação do bidiesel,

e também sobre a necessidade de estudos de novas rotas para a produção de

biodiesel, sendo a rota por catalise heterogênea a que tem se mostrado mais

promissora.

No presente estudo, em que se concentra no segmento de polímeros de

poliuretano (PU), mais especificamente na sua matéria-prima principal, o poliol, e no

ramo de combustíveis com uma aplicação subsequente do poliuretano na produção

de biodiesel, a investigação segue na mesma linha de tendência que é a busca de

processos produtivos mais eficientes e sustentáveis. A demanda mundial de

espumas de poliuretano é crescente graças às demandas dos setores moveleiro,

automobilístico, de calçados e construção civil. Esses setores também têm

testemunhado o desenvolvimento das espumas “verdes” de poliuretano.

Atualmente, também se discute muito sobre a viabilidade ou não da produção

do Biodiesel, em diversos aspectos, como o social, econômico, ambiental e político.

Porém, todos acabam recaindo sobre as técnicas usadas para a sua obtenção e os

mais diversos impactos causados por elas. No entanto, esses impactos podem ser

minimizados a partir do momento que haja um processo de produção eficiente.

O presente trabalho irá se concentrar na síntese de Poliol a partir de fontes

renováveis, de óleos vegetais e glicerol, sendo esse um importante resíduo da

produção de Biodiesel. Obtendo-se uma matriz polimérica de poliuretano, que

utilizou o poliol, a partir de uma fonte de energia renovável como matéria-prima,

estudou-se a sua aplicação na produção de um compósito de

poliuretano/metassilicato de sódio a ser usado, como catalisador heterogêneo, no

processo de produção de Biodiesel. Investigou-se então, a capacidade desse

catalisador em reduzir as impurezas, como sabão e acidez produzidos na fabricação

de Biodiesel promovidos pela matriz polimérica do poliuretano, na qual o catalisador,

metassilicato, está disperso e sua atividade catalítica por meio da reutilização no

processo.

13

2 OBJETIVOS

Síntese de poliol a partir de fontes renováveis para obtenção de matrizes

poliméricas de compósitos de poliuretano, visando sua aplicação como catalisador

na produção de biodiesel.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1) Estudo da síntese do poliol a partir de óleo de soja epoxidado e glicerol,

utilizando como catalisador o metassilicato de sódio;

2) Avaliação estatística das variáveis, temperatura, razão glicerol óleo e

porcentagem de catalisador na produção de polióis;

3) Caracterização dos polióis;

4) Síntese de compósitos poliméricos de poliuretano e metassilicato;

5) Síntese de biodiesel utilizando como catalisador compósito de poliuretano e

metassilicato;

6) Caracterização dos Ésteres Metílicos.

14

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 POLIURETANO

Poliuretanos (PU) são alguns dos mais versáteis polímeros em todo o mundo,

devido à flexibilidade de seu projeto estrutural. As espumas flexíveis e rígidas são

duas das aplicações mais comuns de PU, enquanto revestimentos, vedantes,

adesivos e elastômeros são outras aplicações significativas do PU. Alguns dos

principais usos de espuma de PU são encontrados nos setores automotivos, de

construção e indústrias de isolamento.

Devido à alta versatilidade dos materiais de poliuretano, novos estudos de

aplicações mais nobres para esses polímeros vêm se intensificando. Há vários

estudos utilizando materiais poliméricos de poliuretano, como biomateriais aplicados

como dispositivos de intervenção para aplicações biomédicas, cardiovasculares e

utilizado com implantes ósseos. (FRASCINO e BRAILE, 2003); (WANG, FENG, et

al., 2002); (SCHUSTER, ANKERSMIT, et al., 2001)

Membranas mistas de PU vêm sendo aplicadas para a remoção de íons de

águas. JANG, MIN, et al., (2008) estudaram a capacidade de remoção de íons de

Pb2+ de soluções aquosas em espumas de compósitos de hidroxiapatita /

poliuretano. O estudo mostrou que a espuma compósita HAp / PU é um adsorvente

promissor para íons Pb2+ de solução aquosa. Ainda, CIOBANU e GARJA (2010)

estudaram a utilização de membranas de matriz mista assimétricas, à base de

poliuretano e SAPO-5 zeólita, para remoção de eletrólitos (NaCl) da água. As

membranas de matriz mista mostraram alta rejeição para o sal da água, o que

demonstra o potencial da zeólita preenchido com membranas de PU para a remoção

de (NaCl) a partir de soluções aquosas.

Os poliuretanos foram descobertos em 1937, por um cientista alemão

chamado Otto Bayer. Otto e sua equipe descobriram que o PU pode ser produzido a

partir de reação de isocianatos (di ou polifuncional) com um poliol, formando uma

ligação uretana. Catalisadores apropriados e surfactantes são utilizados com o

objetivo de controlar a velocidade da reação de polimerização e o tamanho das

células, respectivamente (DAVID e STALEY, 1979). Os polióis podem variar quanto

15

ao peso molecular, natureza química e funcionalidade. Os isocianatos podem ser

alifáticos aromáticos, como também ser ciclo alifático ou policíclico. (VILAR, 1999)

As duas matérias-primas principais (polióis e isocianatos) são em grande

parte derivados do petróleo, o que torna a indústria de poliuretano intimamente

dependente do petróleo. Com a instabilidade das indústrias petrolíferas e com a

difícil relação política com países do Oriente Médio o preço do petróleo continua a

subir, como demonstrado na Figura 3.1.

FIGURA 3.1: PREÇO MÉDIO DO BARRIL DE PETRÓLEO FONTE: (MAIA, J ; LEÃO,T.,2014)

O consumidor comum só torna-se consciente sobre o aumento do preço do

petróleo, quando há o impacto diante do custo da gasolina. No entanto, essas

grandes variações do preço do petróleo também afetam as indústrias, que

dependem do petróleo para produção, como é o caso das indústrias de PU, o que

resulta em produtos de poliuretanos mais caros em todo o mercado. De 2006 a

2008, os polióis derivados do petróleo, para a aplicação de espuma flexível e rígida,

aumentaram cerca de 18 e 25%, respectivamente. O aumento do preço do petróleo

e o possível esgotamento das reservas mundiais do produto tem impulsionado uma

extensa pesquisa para produzir polióis de base biológica (biopoliós), a partir de

fontes renováveis, para substituir os convencionais polióis à base de petróleo.

(YEBO, 2011)

O mercado mundial de PU foi estimado em 13.650 kton em 2010 e é

esperado que atingisse 17.946 kton em 2016, um crescimento de 4,7% de 2011 a

2016. Em termos de receita estima-se o mercado em 2010 em 33 bilhões de dólares

e espera-se atingir 55,5 bilhões de dólares em 2016. América do Norte, Asia-

0

20

40

60

80

100

120

Pre

ço (

US

$)

Ano

Preço médio do barril de petróleo

16

Pacífico, e Europa dominam o mercado de PU e juntos somam-se 95% da demanda

global de PU em 2010. No entanto, Ásia-Pacífico, Europa Oriental, e África do Sul

são esperados para direcionar a demanda para as próximas décadas.

(MARKETSANDMARKETS.COM, 2011)

Espumas flexíveis geram a maior demanda de PU, contando com 36,98% de

todo o mercado em 2010. A segunda maior demanda está por conta das espumas

rígidas, contando com 28,04% de todo o mercado em 2010. Veja a Figura 3.2

FIGURA 3.2: MERCADO GLOBAL DE PU, POR TIPO DE PRODUTO EM 2010 FONTE: (MARKETSANDMARKETS.COM, 2011)

A demanda mundial por espumas tem aumentado, e a expectativa de

aumento até o ano de 2018 será de 7,03%. Um dos fatores que tem influenciado

para esse cenário é a crescente demanda dos setores de camas, mobiliário e

indústrias de construção. (Global Polyurethane Foam Market 2014-2018, 2014)

3.1.1 Matérias-Primas do PU

3.1.1.1 Poliol

Embora a alta reatividade do grupo isocianato seja uma característica única

da tecnologia do poliuretano, é o poliol que determina, em grande parte, as

propriedades finais do polímero de poliuretano. A extensa gama de tipos de poliol

que estão disponíveis para a indústria de poliuretanos, pode explicar porque o

28,04%

36,98%

13,02%

6,98%

11,98%3,00%

Espumas rígidas

Espumas flexíveis

Revestimentos

Adesivos e selantes

Elastômeros

Outros

17

poliuretano tornou-se o mais versátil da família de materiais poliméricos. (LEE e

RANDALL, 2002)

O termo "poliol" descreve compostos com grupo hidroxila que reage com

isocianatos para produzir polímeros de poliuretano. A primeira característica comum

de polióis para poliuretanos é a presença de grupos hidroxila terminais. O número de

hidroxilas é definido pela quantidade de grupos hidroxilas, disponíveis para reagir

com isocianatos. Sendo aquele expresso em miligramas de hidróxido de potássio

equivalente para um grama de amostra (mgKOH/g). Tipicamente os polióis contêm

de 2 a 8 grupos hidroxila reativos e têm peso molecular médio de 200 a 8000 g/mol.

As duas classes chave de produtos são poliéteres e poliésteres. A Tabela 3.1 mostra

as características de polióis utilizados em espumas rígidas e flexíveis de poliuretano.

(LEE e RANDALL, 2002)

TABELA 3.1:CARACTERÍSTICAS DOS POLIÓIS UTILIZADOS EM ESPUMAS RÍGIDAS DE POLIURETANO E ESPUMAS FLEXÍVEIS

Propriedade do Poliol Espumas Flexíveis Espumas Rígidas

Peso Molecular (g/mol) 1000-6500 150-1600

Funcionalidade (fn) 2-3 3-8

Número Hidroxila (mg KOH/g) 28-160 250-1000 FONTE: (LEE E RANDALL, 2002)

Os polióis inicialmente utilizados eram predominantemente poliésteres, até

final dos anos 50, quando foi descoberto que polióis poliéter eram particularmente

mais adequados para a fabricação de espumas flexíveis, o que os tornou

rapidamente a classe dominante de polióis, representando atualmente 80% do

consumo total. O consumo total de polióis cresceu de 1,75 milhões de toneladas em

1985 para 4,5 milhões de toneladas em 2000. (LEE e RANDALL, 2002)

O principal fator de escolha de um poliol para aplicação em poliuretano,

exceto o efeito técnico, é o custo. Um poliol selecionado deve ser competitivo com

outros polióis e também possibilitar que o produto final, ou seja, o poliuretano torne-

se viável para comercialização. Os principais tipos de polióis podem ser vistos na

Figura 3.3. (LEE e RANDALL, 2002)

18

FIGURA 3.3: CONSUMO ESTIMADO GLOBAL (2000) FONTE: (LEE E RANDALL, 2002)

A indústria química tem feito grandes esforços no intuito de encontrar

alternativas para as matérias-primas petroquímicas.

Uma possibilidade são as fontes renováveis, as quais já atuam como

importante rota de desenvolvimento da indústria química. Esses recursos renováveis

são relativamente baratos, acessíveis e produzidos em grandes quantidades. A

obtenção de poliois de base biológica consiste no uso de recursos naturais como

óleos (vegetal e animal). Polióis de óleos vegetais vêm sendo produzidos por

empresas como CARGIL, BASF, HUNSTMAM para diversas aplicações.

(DESROCHES, ESCOUVOIS, et al., 2012)

O glicerol, no entanto, já vem sendo amplamente utilizado na síntese de

polióis poliéter, para espumas flexíveis de PU, e respectivamente poliéter, para

espumas rígidas, esses são produzidos pela hidrólise de triglicerídeos naturais

(ésteres de glicerol com ácido graxo com C6 a C22 átomos de carbono), de fontes

vegetais e animais. Grandes quantidades de glicerol aparecem na produção de

biodiesel, pela transesterificação de óleos naturais com metanol. (IONESCU, 2005)

Polióis poliésteres terminados em

hidroxila(19%)

Polióis poliétersterminados em

hidroxila(76%)

Polióis diversos(5%)

Polióis poliésteres alifáticos levemente

ramif icados e lineares(11%)

Policaprolactonas(2%)

Polióispolicarbonato

(1%)

Polipropileno Glicol (PPG)(65%)

Polióis poliésteres aromáticos

5%

Polióis poliéter reforçados

SAN/PHD/PIPA(7%)

Polióis poliéter com terminação amina

(<1%)

Politetrahidrofurano(PTHF)(4%)

Polióis acrílicos(4%

Polihidroxibutadieno(<<1%)

Polióis reciclados(<<1%)

Produtos naturais especialmente óleo

de mamona(<<1%)

Polióis retardantesde chama

(<1%)

19

3.1.1.2 Isocianatos

Na formação de poliuretanos as reações de isocianato ocorrem

frequentemente através da adição à dupla ligação C=N. A estrutura eletrônica do

grupo isocianato favorece as seguintes estruturas de ressonância como mostrado na

Figura 3.4 (VILAR, 1999)

FIGURA 3.4: ESTRUTURA DE RESSONÂNCIA DO GRUPAMENTO ISOCIANATO

Os isocianatos reagem com uma gama de compostos contendo átomos de

hidrogênio ativos. As principais reações dos isocianatos são mostradas na Figura

3.5.

FIGURA 3.5: PRINCIPAIS REAÇÕES DOS ISOCIANATOS

−=−↔==−↔=−−−++−

OCNROCNROCNR

O

RN

COR'O

CNH

R''

alofanato

OH

O

R

N

C

NH

R'

O

C

NH

R''

biureto

O

RNH

COR'

uretana

H2NR'

aminaR

NHCNH

O

R'

ureia

H2O

águaR

NHCOH

O

ácido carbâmico

CO2

dióxido de carbono

RN

CO

isocianato

+ R' OH

álcool

RN

CO

isocianato

+

RN

CO

isocianato

+ +

O

RNH

COR'

uretana

+R

NC

O

isocianato

RNHC

NH

O

R'

ureia

+R

NC

O

isocianato

+R

NC

O

isocianato

RNHC

NH

O

R'

ureia

R NCO

20

Hidroxilas primárias são mais reativas que grupos de hidroxilas secundárias e

são muito mais reativas que hidroxilas terciárias ou grupos de hidroxilas fenólicas,

como ilustrada na Figura 3.6. A Tabela 3.2 mostra as taxas de reação relativa dos

isocianatos com diferentes grupos de hidrogênio ativo.

FIGURA 3.6: REATIVIDADE DAS HIDROXILAS PRIMÁRIAS, SECUNDÁRIAS, TERCIÁRIAS E FENÓLICAS

Hidroxilas primárias são grupos três vezes mais reativos que grupos de

hidroxilas secundárias, e essas são 200 vezes mais reativas que grupos de

hidroxilas terciárias, como é mostrado na Tabela 3.2. (IONESCU, 2005)

TABELA 3.2: REATIVIDADE RELATIVA DE ISOCIANATOS COM DIFERENTES COMPOSTOS ATIVOS DE HIDROGÊNIO

FONTE: (IONESCU, 2005)

R CH2OH

R'

RCHOH R'

R

R"

COH AR OH≥>>>

Hidroxila primária

Hidroxila secundária Hidroxila terciária

Hidroxila fenólica

Composto com hidrogênio ativo

FórmulaTaxa reação Relativa*(não

catalisada a 25°C )

Amina alifática primária R-NH2 2.500

Amina alifática secundária RR’NH 500-1250

Amina aromática primária Ar-NH2 5-7,5

Hidroxila primária RCH2-OH 2,5

Água HOH 2,5

Ácido carboxílico RCOOH 1

Hidroxila secundária RR’CH-OH 0,75

Uréia R-NH-CO-NH-R 0,375

Hidroxila terciária RR’R”C-OH 0,0125

Hidroxila Fenólica AR-OH 0,0025-0,0125

Uretano R-NH-CO-O-R 0,0025

21

Pólios para poliuretanos são comercializados em grande número de tipos e

estruturas. No entanto, limitados tipos de isocianatos são utilizados. Os isocianatos

mais importantes, cobrindo a maioria de aplicações em poliuretanos, são os

isocianatos aromáticos, tolueno diisocianato (TDI) e difenilmetano diisocianato (MDI).

Estruturas de MDI e TDI comercial são mostradas na Figura 3.7 e Figura 3.8. A

classe mais importante, de produtos químicos utilizados na preparação de

poliuretanos são os poliisocianatos devido a sua alta funcionalidade, em especial os

diisocianatos. (DOMBROW, 1965); (LEE e RANDALL, 2002); (IONESCU, 2005).

FIGURA 3.7: ESTRUTURA QUÍMICA DE TDI COMERCIAL

CH3

NCO

NCO

CH3

NCONCO

CH3

NCO

NCO

80% 20%

TDI 80/20

CH3

NCO

NCO

CH3

NCONCO

65% 35%

TDI 65/35

2,4 TDI

22

FIGURA 3.8: ESTRUTURA QUÍMICA DE MDI COMERCIAL

Segundo LEE e RANDALL (2002) a participação de cada tipo de isocianato

no mercado de poliuretanos é 61,3% para o MDI, 34,1% para o TDI, considerando

um mercado de 4,4 milhões de toneladas, conforme apresentado na Figura 3.9.

TDI; 34,10%

HDI & IPDI; 3,40%

MDI; 61,30%

Outros; 1,20%

FIGURA 3.9: PARTICIPAÇÃO GLOBAL NO MERCADO DE ISOCIANATOS EM 2000 FONTE: (LEE E RANDALL, 2002)

NCO

NCO

NCO NCO NCO

n

NCO

NCO

NCO

NCO

4,4’MDI puro 2,4 MDI2,2 MDI

MDI polimérico (PAPI)

23

3.1.1.3 Surfactantes

Aditivos ativos de superfície, ou surfactantes, são usados na manufatura da

maioria das espumas de poliuretano e seguem duas regras. Primeiro, eles ajudam

na mistura de componentes incompatíveis, e segundo, têm uma importante atuação

na estabilização nos estágios iniciais da formação estrutural da espuma, até que

uma suficiente polimerização tenha ocorrido, formando uma matriz polimérica

autossustentável. A mais importante função do surfactante é estabilizar a formação

das células da espuma.

Durante a fase inicial de crescimento da espuma, o gás carbônico é difundido

dentro das bolhas de ar, as quais atuam como regiões nucleantes. À medida que a

espuma se expande a interface entre líquido e gás aumenta, reduzindo a

concentração de surfactante na interface predominante, aumentado à tensão

superficial. Isso é compensado parcialmente, pela difusão das moléculas de

surfactante na massa de líquido, e parcialmente pela migração de surfactante ao

longo da superfície das áreas de maior concentração para as de menor

concentração. Essa migração ou transporte pela superfície delimitam camadas de

massa de material, reduzindo a tendência de formação de células abertas ou

atrasando a ruptura de células (LEE e RANDALL, 2002).

3.1.1.4 Catalisadores

Os catalisadores são usados para controlar as taxas de reação relativa do

isocianato com água (expansão) e com o poliol (gel polimérico). Os catalisadores

mais empregados nas reações de polimerização de poliuretanos são aminas

terciárias alifáticas ou aromáticas, compostos organometálicos ou sais de ácido

carboxílico. (VILAR, 1999); (LEE e RANDALL, 2002)

Catalisadores têm um papel importante na síntese de espumas de

poliuretano. Quando a formação de gás ocorrer muito rapidamente em comparação

com a reação de formação de gel, o resultado serão células abertas antes que haja

viscosidade suficiente para promover uma estrutura de espuma com resistência

suficiente para sustentar a espuma, levando ao colapso desta. Por outro lado, se a

24

reação de formação de gel for mais rápida do que a formação de gás, pode resultar

em espuma com células fechadas, ficando assim impedida a expansão.

Catalisadores têm a finalidade fundamental de afinar a cinética de modo que a

formação de gás e gel seja devidamente sincronizada. (LEE e RANDALL, 2002);

(ZHAO, ZHONG, et al., 2014)

Dependendo da concentração de catalisadores na formação de espuma, a

atividade será diferente. A atividade está relacionada com a catálise da reação de

gel e expansão, que tem um grande impacto sobre as propriedades do poliuretano.

(ZHAO, ZHONG, et al., 2014); (LEE e RANDALL, 2002)

3.2 POLIÓIS DE ÓLEOS VEGETAIS

A incerteza em termos de preço e disponibilidade de petróleo, além da política

global e tendências institucionais para a sustentabilidade, ecologia industrial,

ecoeficiência e química verde estão guiando o desenvolvimento da próxima geração

de materiais, produtos e processos. Os polímeros biodegradáveis, e de base

biológica em recursos renováveis, podem formar o alicerce para um portfólio de

produtos sustentáveis e ecoeficientes, capacitados para competir em mercados que

atualmente são dominados por produtos baseados exclusivamente em matérias-

primas petroquímicas. (MOHANTAY, MISRA e DRZAL, 2002)

Na indústria de PU, o desenvolvimento de polióis com base em recursos

renováveis sempre desempenhou um papel importante. Pode-se dizer que toda a

história do PU foi fortemente ligada aos recursos renováveis. Assim, o glicerol, é

uma das matérias-primas mais importante na síntese de polióis poliéter para

espumas de poliuretano flexíveis. Para espumas rígidas, poliol poliéter é produzido

pela hidrólise de triglicerídeos naturais (ésteres de glicerol com ácidos graxos com

C6 a C22 átomos de carbono), a partir de recursos vegetais ou animais. O glicerol é

um subproduto do processo de produção de biodiesel, por transesterificação de

óleos naturais com metanol. (IONESCU, 2005)

Óleos vegetais e gorduras são recursos muito importantes para polióis. Os

óleos vegetais, tais como: soja, rícino, girassol, palma, colza, oliva, linhaça e etc.,

apresentam uma produção mundial de cerca de 110 Milhões t / ano (em 2000).

25

Sendo destes, 76% utilizados em alimentos, 19,5% em aplicações técnicas, dos

quais somente 7,5% é convertida em sabões, e 10,5% são utilizados na indústria de

óleo química e 1,5% em outras aplicações. O óleo de soja é o óleo vegetal mais

importante produzido em todo o mundo, representando 25% do total de óleos e

gorduras. (IONESCU, 2005); (ZHANG, XIA, et al., 2013); (BAILOSKY, BENDER, et

al., 2013)

Óleo de soja é um triglicerídeo que tem uma composição média de 15% de

ácido esteárico (C18:0), 25% de ácido oleico (C18:1), 51% de ácido linoleico

(C18:2), e 9% de ácido linolênico (C18:3). Ácidos oleico, linoleico e linolênico têm

duplas ligações cis, sendo a primeira entre os carbonos 9 e 10, sendo a segunda

entre os carbonos 12 e 13, e sendo o terceiro entre os carbonos 15 e 16. O óleo de

soja tem uma distribuição aleatória de ácidos graxos. Os triglicerídeos podem ter

qualquer número de ligações duplas a partir de zero (se composto por três ácidos

esteáricos saturados), ou para nove (se composto por três triplamente insaturados).

(IONESCU, 2005); (ZHANG, XIA, et al., 2013); (BAILOSKY, BENDER, et al., 2013).

Para polióis, os mais importantes são os óleos altamente insaturados, onde

pelo uso, de várias reações químicas é possível funcionalizar os óleos vegetais,

como por exemplo, a epoxidação seguida de uma transesterificação, para obtenção

de polióis com funcionalidade maior ou igual a 2. Uma infinidade de óleos vêm

sendo utilizados para síntese de polióis oleoquímicos, como o óleo de rícino, sendo

esse composto por uma insaturação e um grupo hidroxila; óleo de girassol, óleo de

peixe, óleo de palma e óleo de algas. A transformação de um triglicerídeo insaturado

num poliol é feita pela geração de grupos hidroxila. O processo mais comumente

utilizado para transformar um óleo vegetal insaturado em um poliol é a epoxidação

das duplas ligações, seguido por diversas reações para abertura do anel epóxido,

esses anéis epóxi são transformados em grupos hidroxila. (IONESCU, 2005);

(PETROVIC, WAN, et al., 2013).

Óleo de soja epoxidado é um produto comercial utilizado como extensor de

cadeia em PVC. A síntese do óleo de soja epoxidado ocorre pela adição de um

oxigênio às instaurações. A reação de epoxidação de óleos vegetais mais

comumente usada é realizada via perácido orgânico (gerado in situ pela reação de

peróxido de hidrogênio com ácido acético ou fórmico), na presença de um

catalisador ácido. Os ácidos graxos majoritários do óleo de soja epoxidado, podem

ser representados pela Figura 3.10.

26

FIGURA 3.10: ESTRUTURA ÁCIDOS GRAXOS EPOXIDADOS DO ÓLEO DE SOJA

Ácido cis-9-octadecenóico

Ácido 9- epoxi –octadecanóico

Ácido 9,10- dihidroxi -octadecanóico

Ácido -9,12-octadecadienoico

Ácido 9,10,12,13 -tetrahidroxi-octadecanoico

Ácido 9,12, diepoxi-octadecanoico

Ácido 9,12 -epoxi -octadecenoico

Ácido 9-epoxi ,12- hidroxi-octadecanoico

Ácido 9-hidroxi,12- epoxi-octadecanoico

Ácido cis-9-octadecenóico

Ácido 9- epoxi –octadecanóico

Ácido 9,10- dihidroxi -octadecanóico

27

As reações mais importantes para a abertura do anel epóxido, para

transformação desses em grupos hidroxila e consequentemente resultando em

polióis de óleo vegetal (frequentemente chamados polióis oleoquímicos) são as

seguintes: reação com ácidos (orgânico ou inorgânico), hidrólise, transesterificação e

hidrogenólise. (LIN, YANG, et al., 2008); (IONESCU, 2005)

3.2.1 Síntese de polióis de óleo vegetal

A forma fundamental de síntese de polióis de óleo vegetal é usando reações

envolvendo grupos éster como reação de transesterificação. Por transesterificação

de um triglicerídeo insaturado (por exemplo, óleo de soja epoxidado) com glicerol,

uma mistura de monoacilgliceróis (MAGs) (maioria), diacilgliceróis (DAGs) e

triacilgliceróis (TAGs) de ácidos graxos insaturados são obtidas. A transesterificação

com glicerol é um caso especial, podendo ser chamada de glicerólise, essa reação

tem sido intensamente estudada. (IONESCU, 2005) . Veja Figura 3.11.

H2C-OCOR1

H2C-OCOR2

H2C-OCOR3

HC-OH

H2C-OH

H2C-OCOR3

+ +

TRIACILGLICERÍDEO DIACILGLICERÍDEOMONOACILGLICERÍDEO

H2C-OH

HC-OH

H2C-OH

GLICEROL

H2C-OH

H2C-OCOR2

H2C-OCOR3

2

FIGURA 3.11: REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO

Em escala industrial, monoacilgliceróis e diacilgliceróis, são obtidos pela

reação de glicerólise de triacilgliceróis a 220-250 ºC e catalisadores alcalinos como

NaOH, KOH e Ca(OH)2 são usados para acelerar o processo. O uso de temperatura

elevada tem por finalidade aumentar a solubilidade do glicerol no óleo, que é cerca

de 4 % a temperatura ambiente. Ao final da reação (normalmente 4 horas), o

catalisador é neutralizado e o meio de reação é resfriado rapidamente, minimizando

a reversão da reação. Com a diminuição da temperatura, o glicerol excedente é

separado formando uma camada abaixo da fase orgânica. O produto resultante é

28

uma mistura de mono, di e triacilgliceróis, ácidos graxos livres e seus respectivos

sais (sabão). (FIAMETTI, USTRA, et al., 2012); (SINGH e MUKHOPADHYAY, 2012);

(NOUREDDINI,. HARKEY e GUTSMANC, 2004)

Da reação de glicerólise são produzidos MAGs e DAGs a partir de moléculas

de glicerol ligadas a moléculas de TAGs. A reação está representada pelas seis

etapas na Figura 3.12, sendo que as etapas (1-3) mostram as reações envolvidas na

glicerólise e as etapas representadas (4-5) indicam as reações de hidrólise que

podem ocorrer paralelamente, caso haja água suficiente no meio. (KRÜGER, 2010);

(VOLL, 2011)

FIGURA 3.12: ETAPAS DA REAÇÃO DE GLICERÓLISE (1 – 3) E HIDRÓLISE (4 – 6) ONDE: GLY = GLICEROL E AGL = ÁCIDOS GRAXOS LIVRES

Como ilustrado na Figura 3.12, um mol de TAG reage com um mol de glicerol

produzindo um mol de MAG e um mol de DAG. Assim, um mol de DAG reage

novamente com um mol de glicerol para a formação de outros dois moles de MAGs.

Ou seja, teoricamente, a glicerólise de um mol de TAG e dois moles de glicerol pode

produzir três moles de MAGs, entretanto, o rendimento em MAGs depende do

equilíbrio estabelecido em diferentes condições (KRÜGER, 2010).

3.2.1.1 Glicerol

Glicerol (1,2,3 - propanotriol , C3H8O3) ocorre como suporte principal em

triglicéridos, que são os principais constituintes de todas as gorduras e óleos

vegetais e animais. O termo glicerol aplica-se geralmente ao composto puro, ou seja,

TAG + Gly ↔ MAG + DAG

DAG + Gly ↔ 2MAG

TAG+ MAG ↔ 2DAG

TAG + H2O ↔ DAG + AGL

DAG + H2O ↔ MAG + AGL

MAG + H2O ↔ Gly + AGL

(1)

(2)

(3)

(4)

(5)

(6)

29

ao 1,2,3-propanotriol, enquanto o termo glicerina aplica-se aos produtos comerciais

que contenham 95% (m/m) ou mais de glicerol na sua composição. O

Processamento de óleos e gorduras em sabão tem sido a principal fonte de glicerol

até o meio do século XX. Durante a Primeira Guerra Mundial, a fermentação

microbiana foi utilizada comercialmente para a produção de glicerol. O primeiro

glicerol sintético a partir de derivado de petróleo, usando propileno e cloro, foi

produzido em 1943 pela I.G Farben em Oppau e Heydebreck (Alemanha), e em

1948 pela Shell em Houston, Texas (USA.). (MARTIN e RICHTER, 2011)

A produção de biodiesel por transesterificação de óleos vegetais com metanol

apareceu como uma alternativa para preservar os recursos de petróleo, e um grande

excesso de glicerol foi criado como subproduto. O biodiesel é obtido por

transesterificação dos triglicéridos encontrados nos óleos vegetais e gorduras

animais, com excesso de um álcool primário ( mais comumente metanol ) na

presença de um catalisador homogêneo ou heterogêneo. O glicerol é coproduzido

no presente processo. A produção de uma tonelada de biodiesel acumula 100 kg de

glicerol bruto. O Glicerol bruto tem alto teor de sal e de ácidos graxos livres e uma

cor substancial, que vai do amarelo ao marrom escuro. (MARTIN e RICHTER, 2011)

O glicerol, na sua forma química pura, tem uma base versátil, devido às suas

propriedades físicas e químicas, que tem sido usado há várias décadas para fabricar

uma variedade de produtos, em razão de ser atóxica e incolor (MOTA, DA SILVA e

GONÇALVES, 2009). As aplicações principais hoje são dadas pela Figura 3.13.

Síntese de resinas, ésteres;

18%

Aplicações farmacêuticas;

7%

Uso em cosméticos;

40%

Uso alimentício;

24%

Outros; 11%

FIGURA 3.13:PRINCIPAIS APLICAÇÕES DA GLICERINA HOJE FONTE: (GLICERINA-SUBPRODUTO DO BIODIESEL, 2014)

30

Desde a década de 90, a crescente oferta de glicerol, produzido como

subproduto da produção de biodiesel, ocasionou uma diminuição no seu preço de

mercado. Tornou-se, desta forma, necessário buscar novas aplicações para a

utilização da glicerina. (Glicerina-Subproduto do Biodiesel, 2014)

3.2.1.2 Minerais Silicatos

Rochas da crosta terrestre e seus subprodutos – os vários tipos de solos,

argilas e areias – são compostos na sua quase totalidade, aproximadamente 95%,

de minerais silicatos e sílica. Essa predominância de silicatos e aluminossilicatos são

reflexos da abundância de O, Si, e Al, os quais são os elementos mais comuns da

crosta terrestre. Apesar da grande abundância de tipos estruturais e a ampla

variação estequiométrica os quais são inigualáveis no ramo da química, é possível

classificar essas estruturas com base em alguns simples princípios. Quase

invariavelmente, o Si é coordenado tetraedricamente por quatro átomos de oxigênio,

e essa unidade {SiO4} pode existir mesmo como entidades estruturais discretas ou

podem combinar-se compartilhando os átomos de carbono em largas unidades.

(GREENWOOD e EARNSHAW, 1984)

3.2.1.2.1 Silicato de Sódio

O silicato de sódio tem como fórmula geral Na2SiO3. Os silicatos líquidos são

cristalinos, líquidos grossos, enquanto os em pó são granulares com superfície

branca. Os silicatos de sódio são uma mistura de sais de sódio ou potássio.

Geralmente consistem de metassilicato (Na2SiO3), dimetasilicato (Na2Si2O5) e

ortosilicato (Na4SiO4). Todos são vítreos, incolores e dissolvem-se em água.

(BULATOVIC, 2007)

Sendo silicato de sódio ou metassilicato um composto de fórmula Na2SiO3

também conhecido como “vidro líquido” e “água de vidro”, muito utilizado em

cimentos, proteção passiva ao fogo, refratários, produção de têxteis e madeira.

31

O carbonato de sódio e dióxido de silício reage quando misturados para

obtenção de silicato de sódio e dióxido de carbono. (GREENWOOD e EARNSHAW,

1984)

O silicato de sódio anidro possui uma cadeia polimérica composta de

unidades de SiO4 tetraédricas compartilhadas. No entanto, existe a forma hidratada

com a fórmula Na2SiO3•nH2O (onde n = 5, 6, 8, 9) a qual contém o ânion tetraédrico

SiO2(OH)22− com água de hidratação. (WELLS, 1984)

Na indústria, os vários tipos de silicato de sódio são classificados por sua

proporção molar SiO2:Na2O, a qual pode variar entre 2:1 e 3,75:1. Tipos com essa

proporção abaixo de 2,85:1 são denominados “alcalinos”. Aqueles que possuem

maiores proporções são denominados neutros. (LAGALY, TUFAR, et al., 2005)

Somente os Silicatos de metais alcalinos são solúveis em água. Outros

silicatos, principalmente aqueles que ocorrem naturalmente, são insolúveis em água,

e nessas substâncias são encontrados anions de polissilicato com arranjo bastante

complicado. (CHAMBERS e HOLLIDAY, 1975)

Os metassilicatos têm sido utilizados como agente catalisador na produção de

biodiesel, esse obtido através do processo de transesterificação, no qual são

tradicionalmente utilizados óleo de soja, um álcool de baixo peso molecular, por

exemplo, o metanol e um agente catalisador. (SUIB, 2013)

3.3 BIODIESEL

São considerados biocombustíveis, as substâncias combustíveis produzidas a

partir da biomassa e neles se incluem o biodiesel (FAME ou FAEE). Segundo a LEI

Nº 11.097, DE 13 DE JANEIRO DE 2005

• "Biocombustível: combustível derivado de biomassa renovável para uso em

motores a combustão interna ou, conforme regulamento para outro tipo de

geração de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustível de

origem fóssil";

• "Biodiesel: biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em

motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme o

32

regulamento para geração de outro tipo de energia, que possa substituir

parcial ou totalmente combustível de origem fóssil."

A LEI Nº 11.097, DE 13 DE JANEIRO DE 2005 estabelece, que cabe a

Agência Nacional de Petróleo (ANP) especificar a qualidade do biodiesel. Segundo

ANP: "Biodiesel combustível composto de alquil ésteres de ácido carboxílicos de

cadeia longa, produzido a partir da transesterificação e/ou esterificação de matérias

graxas, de gorduras de origem vegetal ou animal, e que atenda a especificação

contida no Regulamento Técnico n° 4/2012, parte integrante desta resolução."

Regulamento Técnico n° 4/2012 encontra-se em anexo. (Anexo I) (ANP, 2014)

Mesmo sendo o biodiesel preterido em face aos derivados de petróleo, este

mostra características que o tornam um combustível com grande potencial, pois

apresenta excelente propriedade lubrificante, podendo ser utilizado nos motores a

diesel com pequenas ou até mesmo nenhuma modificação. Além disso, o biodiesel é

um combustível não tóxico, biodegradável e isento de enxofre, o que torna deste

modo a queima limpa do combustível, quando comparada com a provocada pela

queima do diesel proveniente do petróleo, reduzindo assim, as emissões de óxido de

enxofre (SOx), óxido de nitrogênio(NOx), Monóxido de carbono (CO),

hidrocarbonetos (HC) e partículas sólidas (FAZAL, HASEEB e MASJUKI, 2011);

Em 2003, tiveram início os primeiros estudos concretos para a criação de uma

política do biodiesel no Brasil e, em dezembro de 2004, o governo lançou o

Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). O objetivo, na etapa

inicial, foi introduzir o biodiesel na matriz energética brasileira, com enfoque na

inclusão social e no desenvolvimento regional. Como um dos principais resultados

dessa primeira fase, foram editadas duas Leis e diversos atos normativos infralegais.

(Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, 2014)

A mistura de biodiesel ao diesel fóssil teve início em dezembro de 2004, em

caráter autorizativo. Em janeiro de 2008, entrou em vigor a mistura legalmente

obrigatória de 2% (B2), em todo o território brasileiro. Com o perceptível

amadurecimento do mercado brasileiro, esse percentual foi ampliado pelo Conselho

Nacional de Política Energética (CNPE) sucessivamente até atingir 5% (B5) em

janeiro de 2010. (Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, 2014)

Segundo o Ministério de Minas e Energia, o consumo de óleo diesel em 2012

foi de 46,280 milhões de toneladas equivalente de petróleo (tep) acarretando um

aumento de 6,3% em relação a 2011, sendo que deste total 5% é biodiesel. Como

33

mostra a Figura 3.14, o óleo diesel é uma das principais fontes de energia no Brasil,

sendo os setores de transportes e agropecuário responsáveis por 31,3% e 4,1%,

respectivamente, pelo consumo energético como é demonstrado pela Figura 3.15.

Lixívia 1,8% Querosene 1,5% GLP 3,2%

Gasolina2 9,7%

Óleo Combustível

1,6%

Óleo Diesel1 18,3%

Etanol 4,2%

Eletricidade 16,9%

Bagaço de Cana 11,2%

Lenha 6,5%

Gás Natural 7,2%

Outras Fontes3 18,0%

1 Inclui biodiesel2 Inclui apenas gasolina automotiva

3 Inclui gás de refinaria, coque de carvão mineral e carvão vegetal, dentre outros

FIGURA 3.14: CONSUMO FINAL DE ENERGIA POR FONTE 2012 FONTE: (BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL 2013)

Indústrias 35,1%

Transportes 31,3%

Residências 9,4%

Setor Energético

9,0%

Agropecuária 4,1%

Serviços 4,5% Uso não Energético 6,6%

FIGURA 3.15: QUEM USOU A ENERGIA NO BRASIL EM 2012 Atualmente, o percentual de biodiesel no diesel é de 5% e aguarda-se o

aumento da mistura para 7% em 2014, já que em 2013 o Brasil importou óleo diesel

34

24% a mais que em 2012, pois a produção local não consegue atender o mercado

interno e precisa importar o combustível a preços maiores que os praticados no país,

o que provoca perdas.

3.3.1 Matérias-Primas Para a Produção de Biodiesel

Mundialmente, há mais de 350 oleaginosas identificadas como fontes

potenciais para a produção de biodiesel. A Tabela 3.3 mostra as principais matérias-

primas do biodiesel, os óleos frequentemente utilizados na produção deste

biocombustível são: óleo de soja, colza, girassol, palma, jatropha (conhecido

também como pinhão-manso) e óleo de algodão. No Brasil, segundo a agência

nacional de petróleo o óleo mais utilizado para a produção de biodiesel é o óleo de

soja, como mostra a Figura 3.16, na qual se identifica também, as matérias- primas

do biodiesel.

FIGURA 3.16: USO DAS PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS USADAS NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL NO BRASIL FONTE: (BOLETIM MENSAL DO BIODIESEL, 2014)

73,92%

21,21%

2,45% 2,42%0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

Óleo de Soja Gordura Bovina Óleo de Algodão Outros materiais graxos

35

TABELA 3.3: PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS DO BIODIESEL

FONTE: (ATABANIA, SILITONGA, ET AL., 2012)

Óleos cosmetíveis Óleos não cosmetíveis Gordura Animal Outras fontes

Soja (Glycine max ) Pinhão-manso Bannha de porco Bactérias

Colza (Brassica napus L. ) Mahua (Madhuca indica ) Sebo bovino Algas (Cyanobacterias )

Cártamo Pongamia (Pongamia pinnata ) Gordura de aves Microalgas (Chlorellavulgaris )

Óleo de farelo de arroz (Oryza sativum ) Camelina (Camelina Sativa ) Óleo de Peixe Terpenos

Cevada Sementes de algodão (Gossypium hirsutum ) Gordura de Frango Poplar

Gergelim (Sesamum indicum L. ) Karanja ou Honge (Pongamia pinnata ) Switchgrass

Sorgo Cardo (Cynara cardunculus ) Miscanthus

Trigo Abutilon muticum Látex

Milho Neem (Azadirachta indica ) Fungos

Coco Jojoba (Simmondsia chinensis )

Canola Semente Paixão (Passiflora edulis )

Amendoin Moringa (Moringa oleifera )

Palma (Elaeis guineensis ) Sementes de seringueira (Hevca brasiliensis )

Girassol (Helianthus annuus ) Óleo de Salmão

Sauaro (Carnegiea gigantea )

Café arábico (Coffea arabica )Nagchampa (Calophyllum inophyllum )

Croton megalocarpus

Munguba(Pachira glabra )

Nogueira de Iguape (Aleurites moluccana )

Terminalia belerica

36

Preferencialmente, a matéria-prima deve cumprir dois requisitos principais:

baixos custos de produção e produção em grande escala. A disponibilidade de

matéria-prima para a produção de biodiesel depende do clima regional, localizações

geográficas, condições locais do solo e as práticas agrícolas de todo o país.

Segundo ATABANIA, SILITONGA, et al., (2012) constatou-se que a matéria-prima

isoladamente, representa 75% do custo total da produção de biodiesel.

Do ponto de vista químico, os óleos de diferentes fontes têm diferentes

composições de ácidos graxos como mostra a Tabela 3.4. Os ácidos graxos variam

no seu comprimento de cadeia, número de carbono e no número de ligações

insaturadas que eles contêm. Gorduras e óleos são essencialmente insolúveis em

água, substâncias hidrofóbicas no reino vegetal e animal que são feitos de um mol

de glicerol e três mols de ácidos graxos comumente referidos como os triglicerídeos.

(ATABANIA, SILITONGA, et al., 2012); (LUQUE e MELERO, 2012)

Quimicamente, os óleos e gorduras consistem de 90-98 % triglicerídeos e

pequena quantidade de mono e diglicéridos. Os triglicerídeos contêm uma

quantidade substancial de oxigênio em sua estrutura. Quando três ácidos graxos

são idênticos, o produto é um triglicérido simples, quando eles são diferentes

formam um triglicérido misto. Esses ácidos graxos podem conter nenhuma, uma,

ou várias ligações duplas, e são chamados de ácidos graxos saturados e

insaturados, respectivamente.

Triglicéridos completamente saturados levam a depósitos excessivos de

carbono em motores . Quimicamente, o biodiesel é referido como alquil ésteres de

ácidos graxos de cadeia longa, derivados a partir de fontes renováveis de lípidos.

(ATABANIA, SILITONGA, et al., 2012); (LUQUE e MELERO, 2012)

TABELA 3.4: COMPOSIÇÃO DOS ÓLEOS EM ÁCIDOS GRAXO

FONTE: BALAT E BALAT, 2010.

16:0 16:1 18:0 18:1 18:2 18:3 Outros ácidos

Algodão 28,3 - 0,9 13,3 57,5 - -

Amendoim 11,4 - 2,4 48,3 32,0 0,9 9,1

Colza 3,5 0,1 0,9 54,1 22,3 - 0,2

Soja 11,9 0,3 4,1 23,2 54,2 6,3 -

Girassol 6,4 0,1 2,9 17,7 72,9 - -

Óleo VegetalComposição em ácidos graxos (% massa)

37

Na Tabela 3.4 os números separados por dois pontos representam o número

de átomos de carbono e o número de ligações duplas presentes no ácido graxo. É

por meio desta nomenclatura que estão classificados os ácidos graxos. Por exemplo,

o 16:1 corresponde ao ácido palmitoleíco, que possui 16 átomos de carbono e uma

ligação dupla. Os óleos também são constituídos por outros compostos, mas em

quantidades muito reduzidas como os esteróis, terpenóides, ceras e fosfolípidos.

(BALAT e BALAT, 2010); (LUQUE e MELERO, 2012)

Os óleos e gorduras utilizados como matéria-prima devem passar por um

tratamento de neutralização que reduz a sua acidez, através de uma lavagem com

hidróxido de sódio ou potássio, e por um processo de desumidificação, com o

objetivo de melhorar as condições para a reação e consequentemente, obter

máxima taxa de conversão.

3.3.2 Processo de Produção

Consideráveis esforços têm sido feitos para desenvolver derivados de óleo

vegetal, que se aproximam das propriedades e desempenho de diesel combustível

baseados em hidrocarbonetos. O problema com a substituição de triglicerídeos para

diesel combustível está principalmente associado com suas características de alta

viscosidade, baixa volatilidade e poli-insaturação. Isso pode ser modificado no

mínimo por quatro maneiras: pirólise, microemulsão, diluição e transesterificação.

(SINGH e SINGH, 2010). Dentre todas essas técnicas, a transesterificação parece

ser a melhor escolha, devido às características físicas dos ésteres de ácidos graxos

serem muito próximas às do diesel combustível e do processo ser relativamente

simples. (BALAT e BALAT, 2010).

3.3.2.1 Transesterificação

A transesterificação é uma reação que envolve um triglicerídeo e um álcool de

baixo peso molecular, usando um catalisador homogêneo ou heterogêneo

produzindo biodiesel e glicerol. O uso de um catalisador é importante, pois melhora a

38

taxa de reação e o rendimento. Excesso de álcool também é usado para deslocar o

equilíbrio da reação em direção ao produto, devido à tendência de reversão natural

da reação. Por esse motivo álcoois alifáticos monohíbridos primários e secundários

tendo de um a oito átomos de carbono são usados. (SINGH e SINGH, 2010)

O processo de transesterificação consiste de um número de reação

consecutivas e reversíveis. Os triglicerídeos são convertidos passo a passo de

triglicerídeos para monoglicerídeos, diglicerídeos e finalmente em glicerol. Um mol

de éster é liberado a cada passo do processo, como explicado na Figura 3.17

(SINGH e SINGH, 2010)

H2C-OCOR1

H2C-OCOR2

H2C-OCOR3

H2C-OH

H2C-OCOR2

H2C-OCOR3

H2C-OH

H2C-OCOR2

H2C-OCOR3

HC-OH

H2C-OH

H2C-OCOR3

HC-OH

H2C-OH

H2C-OCOR3

H2C-OH

HC-OH

H2C-OH

R4OH+

+

+

+

+

+

CatalisadorR4-COOR1

H2C-OCOR1

H2C-OCOR2

H2C-OCOR3

+

H2C-OH

HC-OH

H2C-OH

+

TRIACILGLICERÍDEO

TRIACILGLICERÍDEO

DIACILGLICERÍDEO

DIACILGLICERÍDEO

ÁLCOOL

MONOACILGLICERÍDEO

MONOACILGLICERÍDEO GLICEROL

GLICEROL

ALQUIL ÉSTER

R4OHCatalisador

ÁLCOOL

R4-COOR2

ALQUIL ÉSTER

R4OHCatalisador

ÁLCOOL

R4-COOR3

ALQUIL ÉSTER

R4-COOR3

R4-COOR2

R4-COOR1

R4OHCatalisadorÁLCOOL

ALQUIL ÉSTER

FIGURA 3.17: REAÇÃO DE TRANSESTERIFICAÇÃO

39

Comercialmente, o método industrial mais utilizado para a produção de

biodiesel de óleos vegetais e graxos é o processo de transesterificação, usando

base catalítica de KOH ou NaOH como catalisador homogêneo e MeOH como álcool

de baixo peso molecular. A vantagem desse processo é a produção de éster metílico

a um rendimento muito alto sob condições amenas, sendo que a reação dura em

média uma hora para ser completada. No entanto, esse processo tem várias

desvantagens como grande uso de energia, a recuperação do glicerol é difícil, o

catalisador tem que ser removido do produto, a água residual alcalina requer

tratamento, e os ácidos graxos livres e a água interferem na reação. O fluxograma

apresentado na Figura 3.18 descreve um fluxograma simplificado do processo de

obtenção do biodiesel e a Tabela 3.5 mostra as condições para reação de

transesterificação utilizando catalisador homogêneo básico. Segundo ATADASHI,

AROUA e AZIZ, (2011), atualmente o custo de purificação representa de 60 a 80%

do custo de processamento. Nesse sentido, tem se intensificado pesquisas por

rotas de catálise heterogênea ou reação com álcool supercrítico para produção de

biodiesel, no entanto, essas rotas são de elevado custo. Reações com álcool

supercrítico necessitam de altas temperatura de 239-385°C e equipamntos caros .

Na grande maioria das rotas de catálise heterogênea a temperatura de reação é de

180-220 °C ou altas, para temperaturas amenas uma alta razão molar de metanol

se faz necessária para se atingir as conversões desejadas.O processo de produção

do catalisador pode também requerer altas temperaturas. (ATADASHI, AROUA e

AZIZ, 2011); (SEMWAL, BADONI e TULI, 2011); (Helwani , Z; Othman ,M R; Aziz ,N;

Fernando , W J N; Kim, J, 2009).

SEMWAL, BADONI e TULI, ( 2011) apresentam vários catalisadores

heterogêneos para a produção de ésteres metílicos a partir de óleo de soja, com as

seguintes condições de reação: temperatura de 60°C, 10% (m/m) catalisador em

relação ao óleo de soja, razão molar metanol:óleo de 65:1 e tempo de reação de 3

horas. São esses, NaNO3/Al2O3 temperatura de calcinação do catalisador de 650°C ,

Metil éster formado (%m/m) de 95,1, KNO3/Al2O3 temperatura de calcinação do

catalisador de 550°C , metil éster formado (%m/m) de 94,7 e CaNO3/Al2O3

temperatura de calcinação do catalisador de 450°C , metil éster formado (%m/m) de

94,1.

Segundo ATADASHI, AROUA e AZIZ, (2011), o desenvolvimento de

catalisadores heterogêneos de baixo custo para a produção de bidiesel são

40

necessários, pois estes catalisadores são capazes de reduzir os efeitos da formação

de sabão, contribuindo para a redução do custo de separação e purificação do

biodiesel. Conforme SEMWAL, BADONI e TULI, (2011), para um catalisador ser

promissor, a atividade catalótica, reciclabilidade e baixo custo são extremamentes

importantes, uma vez que, esses parametros tem efeito direto no custo total do

processo.

TABELA 3.5: CONDIÇÕES TÍPICAS DE REAÇÃO PARA SÍNTESE DE BIODIESEL USANDO CATALISADORES HOMOGÊNEO BÁSICO.

Síntese de Biodiesel com catalisador básico

Temperatura PressãoCatalisador Concentração Catalisador

NaOH (mais comum)0,5-2% wt.%

Matéria-prima

Conversão ≥ 95% pode ser esperado depois de 1 h de reação

Razão molar álcool óleo (recomendado)

Mistura de Triglicerídeos com baixa quantidade de ácidos graxos livre (<5%) e.g.Óleos vegetais refinado + Álcool anidro de cadeia curta (geralmente metanol)

06:01

60-65 °C1,4-4,1 bar

FONTE: (HELWANI , Z; OTHMAN ,M R; AZIZ ,N; FERNANDO , W J N; KIM, J, 2009)

41

FIGURA 3.18: FLUXOGRAMA SIMPLIFICADO DO PROCESSO INDUSTRIAL DA PRODUÇÃO DE BIODIESEL FONTE: (KNOTHE, GERPEN E KRAHL, 2005)

Reator SeparadorNeutralização e

Remoção do Metanol

Lavagem com água

SecadorAcidificação e Separação FFA

Remoção do Metanol

Reativação de Metanol/Água

Biodiesel acabado

Ácido

Ácidos Graxos livres

Metanol

Óleo

Catalisador

Éster Metílico

Glicerol (50%)

Glicerol crú (85%) Água

Armazenamento de Metanol

Água de Lavagem

42

Inúmeros parâmetros interferem nas reações de transesterificação, podendo

ser incompleta, com baixo rendimento ou levando à formação de subprodutos

indesejáveis. Esses podem afetar de forma significativa o processo de produção de

biodiesel, dificultando a purificação do mesmo tornando o processo dispendioso. Os

parâmetros mais importantes que afetam o processo são catalisador, razão molar

óleo álcool, teor de água e ácidos graxos livres.

3.3.2.1.1 Efeitos do Catalisador

O alto consumo de energia e custo de separação do catalisador homogêneo

do meio reacional tem justificado a necessidade do desenvolvimento de

catalisadores heterogêneos para as reações de transesterificação, o qual é

facilmente separado e reciclado. Vários autores têm usado catalisadores

heterogêneos, com o objetivo de eliminar as etapas de neutralização e lavagem

necessárias no processo onde se aplicam catalisadores homogêneos.

3.3.2.1.2 Efeitos da Razão Molar Óleo e Álcool

Uma das mais importantes variáveis que afetam o rendimento de ésteres é a

razão molar de álcool para o triglicerídeo. A razão estequiométrica para a

transesterificação requer três mols de álcool e um mol de glicerina para rendimento

de três mols de éster de ácido graxo e um mol de glicerol. A razão molar está

associada ao tipo de catalisador usado. (ATADASHI, AROUA e AZIZ, 2011), (MA e

HANNA, 1999)

3.3.2.1.3 Efeitos da Água e Ácidos Graxos Livres

Água e FFA em óleos e graxos podem causar grandes problemas durante a

transesterificação. Quando a água está presente, especialmente a elevada

43

temperatura, ela pode hidrolisar os triglicerídeos para diglicerídeos e formar FFA,

conforme mostra a Figura 3.19. Entretanto, a presença de água a média

temperatura, induz a formação excessiva de sabão. Quando um catalisador alcalino

como o hidróxido de sódio ou de potássio está presente, o FFA irá reagir para formar

um produto saponificado, Figura 3.20. A formação de produtos saponificados de

ácidos graxos saturados tende a ser fortalecida à temperatura ambiente nesse

sentido, a mistura de reação pode gelificar e formar uma substância semisólida que

é muito difícil recuperar. Os efeitos negativos da excessiva formação de sabão

incluem, entre outros, consumo de catalisador, redução da efetividade catalítica,

dificuldade na separação do glicerol e dificuldade na purificação do biodiesel cru.

(ATADASHI, AROUA e AZIZ, 2011), (MA e HANNA, 1999)

H2C-OCOR1

H2C-OCOR2

H2C-OCOR3

H2C-OH

H2C-OCOR2

H2C-OCOR3

H2O+ +OH-C-R1

TRIACILGLICERÍDEO DIACILGLICERÍDEO

ÁGUA ÁCIDO GRAXO

O

FIGURA 3.19: HIDRÓLISE DE UM TRIGLICERÍDEO PARA FORMAR ÁCIDO GRAXO LIVRE (FFA).

OH-C-R1

O

ÁCIDO GRAXO

+ X+ - O-C-R1

OBASE

XOH

SABÃO

+ H2O

ÁGUA

FIGURA 3.20: FORMAÇÃO DE SABÃO

3.4 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

O estudo do estado da arte mostrou que a busca por produtos e processos de

fabricação de materiais e combustíveis, oriundos de fontes de energia renováveis e

de processos de produção sustentáveis, têm se intensificado cada vez mais.

O potencial econômico e ambiental da utilização de fontes renováveis para a

produção de polióis, a crescente demanda mundial de polióis e derivados de

poliuretano. A aplicação desses nas áreas de engenharia e medicina tem

intensificado pesquisas para produção de polióis de fontes renováveis, matrizes

44

como glicerol, óleo de algas, de peixe, palma entre outros, têm sido utilizadas, além

disso, esforços têm sido dirigidos com objetivo de encontrar variáveis de operação

ideais (rota, temperatura, tempo, quantidade de catalisador). A literatura tem

mostrado várias rotas para a produção de polióis, sendo a maioria deles sintetizados

a partir de óleo vegetal epoxidado, o que mostra a importância do estudo de novos

catalisadores. No entanto, poucos trabalhos apresentam a avaliação estatística das

variáveis do processo.

No mesmo sentido, se discute muito sobre a viabilidade ou não da produção

do biodiesel, em diversos aspectos, como o social, econômico, ambiental e político.

Segundo a literatura, o processo de produção convencional de biodiesel é caro

devido ao alto custo de purificação do biodiesel e o baixo valor agregado de seu

subproduto o glicerol, sendo esse em média 10% do total da produção de biodiesel.

Segundo ATADASHI, AROUA e AZIZ, (2011) e SEMWAL, BADONI e TULI, (2011) ,

o desenvolvimento de catalisadores heterogêneos de baixo custo para a produção

de biodiesel são necessários. Pois estes catalisadores são capazes de reduzir os

efeitos da formação de sabão, contribuindo para a redução do custo de separaçaõ e

purificação do biodiesel, no entanto, esses devem ter alta atividade catalítica,

reciclabilidade e baixo custo. Porém, a literatura apresenta catalisadores

heterogêneos de alto custo, ou processos que requerem altas temperaturas e altas

razões molares de álcool quando se emprega o uso destes catalisadores. .

De todos os trabalhos apresentados até o momento na literatura, não foi

encontrado nenhum que tenha aplicado como catalisador heterogênio compósitos de

poliuretano, sendo o poliuretano sintetizado a partir de glicerolise de óleo de soja

epoxidado comercial com glicerol, o que pode tornar o processo sustentável. Neste

contexto, o presente trabalho aborda a produção de polióis, a partir de fontes

renováveis como óleo de soja epóxiadado e glicerol para obtenção de matriz

polimérica de poliuretano, visando sua aplicação na produção de um compósito de

poliuretano/metassilicato de sódio a ser usado, como catalisador heterogêneo, no

processo de produção de biodiesel.

45

4 MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo são apresentadas as descrições dos materiais utilizados, dos

aparatos experimentais e dos procedimentos adotados para a realização desse

trabalho, assim como metodologias utilizadas no tratamento de dados experimentais.

As matrizes poliméricas de poliuretano foram obtidas da seguinte forma,

primeiramente com a reação de glicerólise entre o óleo de soja epoxidado comercial

e a glicerina, aplicando como catalisador o metassilicato de sódio calcinado a 400°C,

para obtenção de poliol. Esse poliol oleoquímico foi utilizado para a síntese das

matrizes poliméricas de poliuretano composta com metassilicato de sódio, sem

tratamento e calcinado a 400°C. Posteriormente foram sintetizados ésteres metílicos

por transesterificação empregando como catalisador um compósito de

poliuretano/metassilicato de sódio. Para efeito de comparação, foram realizadas

reações somente com metassilicato livre de matriz polimérica de poliuretano. Todas

as análises foram feitas em duplicata e as reações de síntese de poliol, do

planejamento experimental, foram feitas de forma aleatória.

4.1 SÍNTESE DE POLIÓIS

4.1.1 Materiais

Para as reações do poliol, o óleo de soja epoxidado foi cedido pela empresa

Inbra Indústria Química Ltda (Diadema, SP). O metassilicato de sódio (CAS: 6834-

92-0) foi cedido pela empresa Manchester Química do Brasil S.A. (Criciúma - SC).

Foi também utilizado Glicerina (99,7% P.A) (CAS: 56-81-5). Todos os outros

reagentes foram adquiridos em grau analítico (P.A) e usados como recebidos.

Nas análises cromatográficas foram utilizados piridina (CAS 110-86-1), n-

heptano (CAS 142-82-5) e N-methy-N-trimethysiltrifluoroacetamide (MSTFA) (CAS

24589-78-4) como reagente derivatizante. Os padrões analíticos monooleina (CAS

111-03-5), monomiristina (CAS 76685-86-6), monoestearina (CAS 123-94-4),

monopalmitina (CAS 542-44-9), dimiristina ( CAS 770-09-4), diestearina ( CAS

46

61732-58-9 ), dipalmitina ( CAS 502-52-3) e , trimiristina (CAS 555-45-3) ,

triestearina (CAS 555-43-1) , dipalmitina (CAS 555-44-2) todos de grau

cromatográfico (Supelco).

4.1.2 Reação de Glicerólise

Os polióis (MAG e DAG) foram produzidos por glicerólise do óleo de soja

epoxidado comercial com glicerina (P.A), em excesso estequiométrico, empregando

como catalisador metassilicato de sódio calcinado a 400°C. GUO, PENG, et al.,

(2010) utilizaram silicato de sódio (Na2OnSiO2) para reação de transesterificação de

óleo de soja e metanol para obtenção de ésteres metílicos, visto potencial desse

catalisador para reações de transesterificação. SILVA, NDIAYE, et al., 2012

sintetizou polióis de óleo vegetal usando como catalisador metassilicato de sódio e

ortossilicato de sódio.

Para obtenção de informações mais claras sobre o comportamento da

glicerólise do óleo de soja epoxidado comercial utilizando o MSSC como catalisador,

foi desenvolvido planejamento fatorial 2k (k= número de parâmetros) com triplicata

no ponto central (Tabela 4.1), com três parâmetros, sendo eles: temperatura de 120

e 240 °C, razão molar glicerina: óleo de 2:1 e 6:1 e com razão de metassilicato de

sódio (MSSC) de 0,1 a 1,5 % (m/m, em relação à massa de óleo).

TABELA 4.1: MATRIZ DE PLANEJAMENTO FATORIAL 23

1 0,1 120 22 1,5 120 23 0,1 240 24 1,5 240 25 0,1 120 66 1,5 120 67 0,1 240 68 1,5 240 6

9 (central) 0,8 180 410 (central) 0,8 180 411 (central) 0,8 180 4

Pontos MSS(%)Temperatura

(°C)Razão molar glicerol:óleo

47

O tempo de reação foi o mesmo para todas as reações, sendo esse

determinado, fazendo uma reação do ponto central até um tempo de 3 horas.

Retirando-se amostras antes de iniciar a reação, após atingir a temperatura de

reação e nos tempos de 15, 45, 75, 120, 240 e 360 minutos de reação. Avaliou-se

em qual tempo foram obtidos os melhores resultados. Essa reação foi realizada em

duplicata. O volume reacional foi de 400 mL e o volume de amostra retirada a cada

tempo foi de 10 mL, um total de 70 mL foi removido o equivalente a 17,5% do

volume reacional.

As reações foram conduzidas em balão de vidro de fundo redondo de 500 mL

e 250 mL, com aquecimento em manta térmica sob agitação mecânica de 400 rpm

(Fisatom 713D). Ao final da reação, o produto foi imerso em banho de gelo e sua

temperatura aferida até 30°C, e então, centrifugado por 10 minutos a 3000 rpm para

retirada do catalisador. Posteriormente, o conteúdo foi transferido para um funil de

separação. O produto foi lavado com diclorometano e água. O volume de

diclorometano utilizado foi metade do volume de produto produzido e o volume de

água igual ao de produto foi deixado em repouso por uma noite. Observou-se então,

visualmente, a presença de duas fases, sendo a fase superior glicerina e água e a

inferior MAG, DAG, e diclorometano. A fase inferior é coletada e o diclorometano foi

eliminado por rota-evaporação (equipamento: rotoevaporador Heidolph Laborata

4000). Repetiu-se a lavagem por duas vezes.

FIGURA 4.1: SEPARAÇÃO DE ASES PROCESSO DE LAVAGEM POLIOL

MAG,DAG,TAG e Diclorometano

Glicerina e

48

4.1.2.1 Preparação do Catalisador

GUO, PENG, et al., (2010), avaliaram várias condições de tempertura e

tempo para o preparo do silicato de sódio e concluíram que as melhores condições

são, temperatura de 400°C e tempo de 2 horas, também concluíram que esse deve

ser desidratado para se obter uma calcinação ótima.

Metassilicato de sódio foi desidratado a 200°C por 20 minutos e

posteriormente calcinado a 400°C por 2 horas. Esse deve ser fragmentado e

passado através de peneira de malha Mesh 120.

4.1.2.2 Índice de Hidroxila

O índice de hidroxilas dos polióis foi analisado através da norma ASTM

D 1957 – 86 (ASTM, 2001), onde a amostra é acetilada com anidrido acético e o

excesso de ácido acético é titulado com uma solução alcoólica de hidróxido de

potássio, com algumas adaptações na escala do ensaio. As amostras foram

adicionadas em tubos de ensaio distintos, aproximadamente 0,7 g, seguido da

adição de 2,5 mL de uma solução de piridina - anidrido acético (3:1). Em um tubo

vazio, foram adicionados 2,5 mL desta mesma solução para ser usado como

"branco". Em um dos tubos, foi adicionado apenas 5 mL de piridina para

determinação do valor ácido. Os tubos foram fechados e mantidos em aquecimento

a 90°C por 60 min. Posteriormente, adicionou-se 5 mL de água destilada em cada

tubo e mantêm-nos sob aquecimento por mais 10 minutos. Na sequência, os tubos

devem ser retirados do aquecimento e aferidos à temperatura ambiente. Então as

amostras foram transferidas para Erlenmeyer de 250mL em seguida, adicionado

12,5 mL de álcool n-butílico para lavagem dos tubos e 1 mL de solução de

fenolftaleína em cada Erlenmeyer e titula-se as amostras com solução alcoólica de

KOH 0,5 N até o surgimento de uma cor rósea persistente. Sendo o índice de

hidroxila expresso pela seguinte equação. As titulações foram acompanhas

utilizando como padrão óleo de mamona com índices de hidroxila entre 140-160 mg

KOH/g.

49

��� =� + ��/�� − �

����56,1

Onde:

IOH = Índice de hidroxila, em MG KOH por g de amostra;

A = volume da solução titulante (mL) para o valor ácido;

B = volume da solução titulante (mL) do branco;

C = massa de amostra usada (g) para o valor ácido;

S = massa de amostra usada (g) para acetilação;

N = normalidade da solução de KOH.

V= volume de solução de KOH necessária para titulação da amostra acetilada, em

mL

4.1.2.3 Índice de Acidez

Para determinar o índice de acidez foi utilizada a norma ASTM D 4662-03

(ASTM, 2004). A amostra foi titulada com solução alcoólica de KOH 0,5 mol/L

padronizada. Primeiramente, pesou-se em torno de 2,5 g da amostra um Erlenmeyer

de 250 mL, adicionado 50 mL de etanol e 0,5 mL de solução de fenolftaleína 1%. Em

seguida, titulou-se solução alcoólica de KOH 0,5 mol/l até o aparecimento da cor

rósea persistente. Posteriormente foi feito um ensaio em "branco" com 50 mL de

etanol para obter a acidez do álcool.

Sendo o índice de acidez expresso pela seguinte equação:

� =� − ��.��56,1

Onde:

IA = Índice de acidez, em mg de KOH por grama;

A= volume gasto da solução alcoólica de KOH para amostra, em mL;

B= volume gasto da solução alcoólica de KOH para o branco, em mL;

W =massa da amostra, em g;

N= normalidade exata da solução alcoólica de KOH.

50

4.1.2.4 Umidade e Voláteis

A umidade e voláteis (em percentagem) foram obtidas segundo a norma

AOCS Ca 2c-25 (AOCS, 1993). Sendo utilizados cadinhos de porcelana de 25 mL,

previamente secos em estufa de circulação forçada (Nova ética modelo 400/ND) e

aferidos à temperatura ambiente em dessecador, posteriormente adicionou-se em

torno de 2,0 g de amostra em cada cadinho, as quais foram secas em estufa de

circulação a 130°C até peso constante.

�����������á!��"�%� =��""������"!$�"�%��&�

��""������"!$��'�%����&�. 100

4.1.2.5 Teor de Epóxi

Determinou-se o teor de epóxi segundo a norma AOCS Official Method Cd 9-

57( (AOCS, 1993). Pesou-se aproximadamente 0,5 g de amostra em Erlenmeyer de

50 mL, dissolvendo em 10 mL de clorobenzeno ( CAS 7647-01-0) e adicionando 0,1

mL de indicador violeta de cristal, posteriormente titulou-se a amostra com solução

padronizada de brometo de hidrogênio (CAS 3824-90-97) 0,1N (Sigma Aldrich 33%

m/m em ácido acético ) até a mudança de roxo para um azul esverdeado. Alguns

cuidados devem ser tomados, os Erlenmeyer devem ser fechados com rolha de

borracha furada e a ponta da bureta deve ficar próxima à superfície da solução para

que não ocorra perda de solução de brometo de hidrogênio.

Dado o teor de epóxi pela equação:

%)*ó�� =���1,60

,

Sendo:

A= Volume de solução de brometo de hidrogênio, em mL;

W=Massa de amostra, em g;

N= Normalidade solução de Brometo de Hidrogênio.

51

4.1.2.6 Viscosidade Dinâmica

A viscosidade dinâmica foi determinada segundo a norma ASTM D 4878-03

(ASTM, 2004). Foi utilizado um Reômetro Digital Brookfield DV-III, com torque

oscilando entre 20 a 80 %, tempo de leitura de 7 min, e spindle LV-2 e LV-3, à

temperatura de 50 °C, à velocidade de 6, 12, 30 e 60 rpm, a viscosidade foi

determinada em centiPoise (cP).

4.1.2.7 Determinação do Teor de Cinzas

O teor de cinzas (em percentagem) foi determinado conforme a norma AOCS

Ca 11-55 (AOCS, 1993).Foram pesados em torno de 2 g de amostra em cadinhos de

porcelana 25 mL, previamente secos em estufa e aferido à temperatura ambiente

em dessecador. Posteriormente foi feita a incineração da amostra em uma chapa

de aquecimento (marca Edulab modelo XM-TD701) a 300 °C, e estas foram

mantidas na chapa até cessar a fuligem emitida pela amostra durante a queima. Em

seguida, os cadinhos com a amostras foram introduzidos na mufla (marca Quimis

modelo Q.318.D25T) para calcinação à temperatura de 550 °C por 4 horas. A

seguir, as amostras foram retiradas da mufla e aferidos à temperatura ambiente em

um dessecador com sílica gel, ápos foi pesada para a determinação das cinzas (%).

Os resultados foram expressos em porcentagem e calculados da seguinte forma:

��'-�"�%� = massaresidual�g�

massadaamostrainicial�g�× 100

4.1.2.8 Índice de Iodo

Para determinação do índice de iodo foi utilizada a norma AOCS Cd-1-25.

(AOCS, 1993). Que consiste na titulação da amostra com solução de Tiossulfato de

Sódio (CAS 10102-17-7) a 0,1 mol/L padronizada. Inicialmente, adicionou-se cerca

de 5 g do óleo em um Erlenmeyer de 250 mL, 15 mL de tetracloreto de carbono, 25

52

mL de solução de Wijs (Sigma Aldrich), este foi tampado e colocado em um local

livre da luz por um período de 30 minutos a 25°C. Após este período foram

adicionados 20 mL de Iodeto de Potássio (CAS 7681-11-0) e 100 mL de água

destilada. Em seguida, foi feita a titulação com o tiossulfato de sódio até mudança da

coloração para amarela. A seguir, foi adicionado 1 mL do indicador de amido 1% ,e

continuou-se a titulação até a solução ficar com uma coloração azul. Foi realizada

uma prova em "branco". Para a determinação do índice de iodo da amostra,

empregou-se a equação abaixo:

�. �. =�=� − � ∙ , ∙ 12,69

=

Onde:

I.I. = Índice de Iodo, em g de I2 por g de amostra;

PB = Volume gasto na prova em branco;

A = Volume gasto do titulante;

M = Molaridade [0,1 mol/L de tiossulfato de sódio (Na2S2O3)];

P = Massa da amostra de óleo em gramas.

4.1.2.9 Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier

As análises foram realizadas para caracterização dos reagentes e produtos

em equipamento Varian 660-IR na região do infravermelho, na forma de filme

utilizando cristal de brometo de potássio diâmetro de 30 mm. Os espectros foram

obtidos por medidas de transmitância, número de onda na faixa de 4000 a 400 cm-1,

com resolução de 4 cm-1 com 64 varreduras.

4.1.2.10 Desenvolvimento de Metodologia para Análise de Ésteres de Ácido Graxo, MAG, DAG e TAG

A necessidade de acompanhar o comportamento das reações levou ao

desenvolvimento de uma metodologia que fosse capaz de determinar o rendimento

de amostras, que não tivessem reação completa. Neste sentindo, foi desenvolvido

53

em nosso grupo de pesquisa, uma metodologia capaz de analisar ésteres de ácidos

graxos e MAG DAG e TAG na mesma corrida cromatográfica.

O acompanhamento de reações seguindo normas específicas de análise é

impraticável e custoso, pois essas normas são aplicadas ao produto final, ou seja,

nos quais se tem rendimentos elevados.

4.1.2.10.1 Cromatografia Gasosa - Análise de MAG DAG e TAG

O acompanhamento da reação de glicerólise foi realizado de forma qualitativa

para reações com óleo de soja epoxidado, por não haver padrão "verdadeiro"

disponível. O acompanhado se dá pelo decréscimo da área de TAG e aumento da

área de DAG e MAG. Utilizando-se cromatografia em fase gasosa (Thermo-Trace

1310), com injetor Split/split-less ( modo PTV), provido de um detector de ionização

de chama (FID) , um sistema de processamento de dados ChromQuest 5.0, coluna

Select Biodiesel para glicerídeos (CP9080) com 30 m x 0,25 mm. A temperatura no

detector foi de 420 ºC. No injetor, inicialmente a temperatura foi de 70 ºC por 0,1

min, em seguida, a temperatura foi elevada para 100 ºC com taxa de aquecimento

de 5 ºC/s e tempo de espera de 2 minutos e para 410 ºC com taxa de aquecimento

de 10 ºC/s e tempo de espera de 28 minutos. Na coluna a rampa de aquecimento é

ilustrada na Figura 4.2.

FIGURA 4.2: RAMPA DE AQUECIMENTO DA COLUNA

90

150150

190190

220

220

350350

400 400

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40

Tempo (min)

Tem

pera

tura

(°C

)

54

O volume de amostra injetada foi de 1,5 µL e os gases utilizados foram: ar

sintético e hidrogênio em razão de 10:1 (v/v) e nitrogênio como gás de arraste (0,8

mL/min) em modo split de 1:10. Para a quantificação foi utilizado o método de

padronização externa.

As faixas de tempo de retenção foram obtidas por padrões analíticos

monooleina (CAS 111-03-5), monomiristina (CAS 76685-86-6), monoestearina (CAS

123-94-4), monopalmitina (CAS 542-44-9), dimiristina (CAS 770-09-4), diestearina

(CAS 61732-58-9), dipalmitina (CAS 502-52-3) e, trimiristina (CAS 555-45-3) ,

triestearina (555-43-1) , dipalmitina (CAS 555-44-2).

Para análises de MAG, DAG e TAG por cromatografia gasosa é necessária a

sililação das amostras e padrões. O preparo da amostra foi com base MOHD (2012),

essas foram pesadas, e 12 a 13 mg de amostras sendo dissolvidas em 1 mL de

piridina (solução "mãe"), em seguida, retirou-se uma alíquota de 250 µL dessa

solução transferiu para um vial e posteriormente adicionou-se 100 µL do reagente

derivatizante, então foram aquecidas em banho de areia a 60°C por 20 minutos, e

depois aguardou-se o resfriamento das mesmas em temperatura ambiente, após,

adicionou-se 650 µL n-heptano e finalmente procedeu-se para a injeção no

cromatógrafo. As amostras e MSTFA e n-hepatno e solução "mãe" foram pesadas

em balança analítica (Bel 250A; e=0,001g; mín.: 0,010g), a fim de se obter

concentrações em mg/g.

A validação do método para análise de MAG, DAG e TAG foram realizadas

por CABRAL, (2014), utilizando-se curvas de calibração de monooleína, dioleína e

trioleína para a validação das curvas. Realizaram-se testes para verificar a

confiabilidade das curvas de calibração obtidas com os padrões externos. Para tal,

foram preparadas amostras sintéticas, nas quais foram adicionados padrões

externos de monooleína, dioleína e trioleina, todos em concentrações conhecidas e

levadas para análise. As porcentagens (m/m) obtidas para cada composto em cada

amostra foram comparadas com as porcentagens adicionadas nas amostras

sintéticas. Estes testes foram realizados em duplicata para todas as amostras. A

média dos erros entrados foi: 8,125% para MAG, 4,685% para DAG e 6,86% para

TAG. Esses valores foram considerados erros aceitáveis e as curvas de calibração

válidas.

55

4.2 OBTENÇÃO DE MATRIZ POLIMÉRICA DE POLIURETANA COMPOSTA COM METASSILICATO DE SÓDIO

4.2.1 Materiais

Para a obtenção de matriz polimérica de poliuretano composta com

metassilicato de sódio, foi utilizado Isocianato p-MDI (PAPI 27) (CAS 9016-87-9)

cedido pela empresa Dow Brasil (São Paulo, SP). O metassilicato de sódio (CAS

6834-92-0) foi adquirido junto à empresa Manchester Química do Brasil S.A.

(Criciúma - SC). Todos os outros reagentes foram adquiridos em grau analítico (P.A)

e usados como recebidos.

4.2.1.1 Síntese das Espumas

As espumas de poliuretano foram preparadas utilizando-se o poliol sintetizado

anteriormente com percentual de 20 e 40% de metassilicato de sódio calcinado e

sem calcinar em relação à massa de poliol. A razão NCO/OH utilizadas foi de 0,8 e o

índice de hidroxila do poliol 212 mg KOH/g. Primeiramente, adicionou-se o

metassilicato de sódio ao poliol e agitou-se a 3500 rpm por um minuto, depois

juntou-se o isocianato p-MDI (PAPI 27) à mistura e agitou-se a 3500 rpm até o ponto

de creme, que é quando a espuma começa a expandir . O processo de cura foi feito

à temperatura ambiente.

4.2.1.2 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

As micrografias foram realizadas no Centro de Microscopia Eletrônica (CME)

da Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde se utilizou um Microscópio

Eletrônico de Varredura JEOL JSM 6360-LV, com resolução de 3 nm. As amostras

foram fatiadas e fragmentadas à temperatura ambiente na espessura de

56

aproximadamente 1mm e metalizadas com ouro/paládio (80/20% em massa) durante

40 segundos.

4.3 SÍNTESE DE BIODIESEL

4.3.1 Materiais

Na síntese de biodiesel, o óleo de soja refinado, foi cedido pela empresa

IMCOPA Importação, Exportação e Indústria de Óleos S.A.(Araucária, PR)

Todos os outros reagentes foram adquiridos em grau analítico (P.A) e usados

como recebidos. Nas análises cromatográficas foram utilizados n-heptano, padrões

analíticos de ésteres metílicos dos ácidos linolênico (L2626), linoleico (L1876), oleico

(75160), palmítico (67107) e esteárico (S5376), bem como os padrões de

monooleina (CAS 111-03-5), monomiristina (CAS 76685-86-6), monoestearina (CAS

123-94-4), monopalmitina (CAS 542-44-9), dimiristina (CAS 770-09-4), diestearina

(CAS 61732-58-9), dipalmitina (CAS 502-52-3) e, trimiristina (CAS 555-45-3) ,

triestearina (CAS 555-43-1) , dipalmitina (CAS 555-44-2).

4.3.1.1 Reação de Transesterificação Para Produção de Ésteres Metílicos

Para obtenção de ésteres metílicos, foi realizado a reação de

transesterificação do óleo de soja refinado com metanol anidro, em excesso

estequiométrico, utilizando como catalisador metassilicato de sódio calcinado e

úmido e o compósito PU/MSS, úmido e calcinado com 40% de MSS em relação ao

poliol sob as seguintes condições: 3% de catalisador (m/m em relação ao óleo),

razão molar metanol: óleo de 7,5, temperatura de 60°C e tempo reação de uma

hora. Essas condições foram adotas, pois, segundo GUO, PENG, et al., (2010), sob

estas condições obteve teores de ester de 95% utilizando MSSC como catlalisador .

Para comparação foi utilizado metassilicato de sódio puro calcinado e sem calcinar,

compósito de PU/MSS calcinado e PU/MSS sem calcinar, todos com 3% de

57

metassilicato em relação à massa de óleo. Os reagentes foram adicionados em

reator de vidro de fundo redondo, depois esse foi conectado a um condensador de

refluxo imerso em banho térmico e a mistura reacional foi agitada a 300 rpm, o

controle de temperatura foi realizado no meio reacional e no banho térmico

utilizando termopar tipo K ( Instrutherm TH-060), como mostras a Figura 4.3.

FIGURA 4.3:MONTAGEM EXPERIMENTAL UTILIZADA NAS SÍNTESES DOS ÉSTERES METÍLICOS

Após a reação a mistura foi filtrada, depois o metanol foi rotaevaporado

(rotaevaporador Heidolph lLaborata 4000), a mistura então foi colocada em funil de

separação. Após a decantação, a glicerina foi retirada, sendo então feita a lavagem

com água a 80°C o volume de água correspondeu a 30% do volume de produto, na

fase inferior, a água foi retirada e o processo foi repedido por mais duas vezes esse

método. Finalmente o produto foi filtrado com sulfato de sódio com objetivo de

retirar a água, para posterior análise cromatográfica.

58

FIGURA 4.4: A) SEPARAÇÃO GLICERINA ÉSTERES B) LAVAGEM

4.3.1.2 Índice de Acidez

Para determinar o índice de acidez foi utilizada a norma NBR 11115 (ABNT,

1998), com algumas adaptações na escala do ensaio. A amostra é titulada com

solução alcoólica de KOH 0,1 mol/L padronizada. Primeiramente pesou-se 2,5 g da

amostra um Erlenmeyer de 250 mL, adicionado 50 mL de etanol (número CAS: 64-

17-5) e 2 gotas de solução de fenolftaleína (número CAS: 64-17-5 ) 1%. Em seguida,

titulou-se solução alcoólica de KOH 0,5 mol/L, até o aparecimento da cor rósea

persistente. Sendo o índice de acidez expresso pela seguinte equação:

� =56,1. �. �

,

Onde:

IA = Índice de acidez, em mg de KOH por grama;

V = volume gasto da solução alcoólica de KOH, em mL;

M =massa da amostra, em g;

N= normalidade exata da solução alcoólica de KOH.

Ésteres Metílicos

Glicerina

Fase aquosa

Ésteres Metílicos

a) b)

59

4.3.1.3 Índice de Saponificação

O índice de saponificação foi determinado a partir da norma AOCS Official

Method Cd-3-25 (AOCS, 1993), que consiste na titulação de uma amostra de óleo

com solução de HCl 0,5 N padronizada. Primeiramente, pesou-se cerca de 2 g da

amostra de óleo em um Erlenmeyer de 250 mL, adicionando 50 mL de solução

alcoólica de KOH 0,5 N e algumas pérolas de vidro. O Erlenmeyer foi então

adaptado a um condensador e seu conteúdo fervido sob refluxo por 30 minutos.

Após o resfriamento, efetuou-se a lavagem do sistema com água destilada e, em

seguida, adicionou-se 2 gotas de solução de fenolftaleína 1% então titulado com

solução de HCl 0,5 N até o aparecimento da cor rósea persistente. O índice de

saponificação expresso pela equação:

�� =� − �� ∙ �A ∙ 56,1

=

Onde:

IS = índice de saponificação, em mg de KOH por g de amostra

B = volume de solução de HCl gasto com a titulação da amostra, em mL.

A = volume de solução de HCl gasto com a titulação do branco, em mL.

N1 = normalidade real da solução de HCl.

P = massa em da amostra, em g.

4.3.1.4 Massa Molar Média

A massa molecular média do óleo foi determinada a partir do índice de

saponificação (I.S.) (MORETTO, 1998). Como um equivalente químico de acilglicerol

equivale a três equivalentes de KOH (PM= 56,1 g/gmol), o cálculo do peso molecular

(g/gmol) foi realizado pela equação:

,,óBCD =3 ∙ 56,1 ∙ 1000

��

Onde:

MMóleo = massa molar média, em gramas por gramas mol

IS = índice de saponificação, em mg de KOH por g de amostra

60

4.3.1.5 Massa Específica

A determinação da massa específica foi realizada em um densímetro (Anton

Paar DMA 5000 M), que é composto por um sensor que transforma a oscilação de

um tubo em formato de U preenchido com aproximadamente 1 mL da amostra em

um sinal de frequência. Esta análise é feita a 15 °C conforme resolução

Regulamento Técnico ANP n° 4/2012 o qual se encontra em anexo (Anexo I),

segundo esse a massa específica do biodiesel deve estar entre 0,85 g/mL e 0,90

g/mL.

4.3.1.6 Determinação do Teor de Cinzas

Conforme descrito no capítulo 4.1.2.7.

4.3.1.7 Índice de Iodo

Conforme descrito no capítulo 4.1.2.8.

4.3.1.8 Determinação de Sabão em Óleo

O índice de sabão em óleo foi determinado a partir da norma AOCS

Recommended Practice Cc-17-79 (AOCS, 1993). A amostra é titulada com solução

de HCl 0,01 N padronizada. Primeiramente, adicionou-se 100 mL de solução de

acetona (CAS 67-64-1) contendo 2 % de água em um Erlenmeyer de 250 mL e 0,5

mL de solução indicadora de azul de bromofenol (CAS 115-39-9) 0,4%. Essa mistura

deve ser neutralizada com solução HCl (CAS 7647-01-0) 0,01 N até a mudança de

coloração de azul para amarelo. Em seguida, adicionou-se 100 g da amostra na

solução e titulou-se até a mudança de cor de azul para amarelo. A determinação de

sabão (ppm) é dada pela equação :

61

**� =�F ∗ ��� ∗ 304,4

Onde:

mL = volume gasto de HCl na titulação da amostra, em mL.

N = normalidade real da solução de HCl.

m = massa da amostra, em g.

4.3.1.9 Desenvolvimento de metodologia para análise de ésteres metílicos

A análise das amostras de ésteres metílicos foi realizada utilizando-se

cromatografia em fase gasosa (Thermo-Trace 1310) com injetor split/split-less (modo

PTV), detector de ionização de chama (FID) e sistema de processamento de dados

ChromQuest 5.0. Foi usada uma coluna Select Biodiesel para acilgliceróis (CP9080)

com 30 m x 0,25 mm x 0,25 µm. A temperatura no detector foi de 420 ºC; no injetor,

inicialmente a temperatura foi de 70 ºC por 0,1 min, em seguida, a temperatura foi

elevada para 100 ºC com taxa de aquecimento de 5 ºC/s e tempo de espera de 2

minutos e para 410 ºC com taxa de aquecimento de 10 ºC/s e tempo de espera de

28 minutos; e, na coluna, a rampa de temperatura pode ser observada na Figura

4.5.

FIGURA 4.5: RAMPA DE TEMPERATURA DA COLUNA PARA DETERMINAÇÃO DE ÉSTERES METÍLICOS.

O volume de amostra injetada foi de 1,5 µL e os gases utilizados foram: ar

sintético e hidrogênio em razão de 10:1 (v/v) e nitrogênio como gás de arraste (0,8

90

150150

190190

220

220

350350

400 400

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33

Tempo (min)

Tem

pera

tura

(°C

)

62

mL/min) em modo split de 1:10. Para a quantificação foi empregado o método de

padronização externa.

4.3.1.9.1 Preparação e Análise das Soluções de Calibração

Preparou-se uma solução mix "mãe" contento os padrões externos ésteres

metílicos dos ácidos linolênico, linoleico, palmítico e esteárico nas proporções

aproximadas do óleo de soja. Foram preparadas soluções de cada éster de ácido

graxo separadamente, com a finalidade de se obter o tempo de retenção de cada

um desses. A partir dessas preparou-se quatorze soluções de calibração em

diferentes concentrações, conforme Tabela 4.2. Todas as pesagens foram feitas em

balança analítica (Shimadzu AUW220D; e=0,1mg).

TABELA 4.2: PREPARAÇÃO DAS SOLUÇÕES DE CALIBRAÇÃO DE ÉSTERES METÍLICOS.

.

4.3.1.9.2 Validação das Curvas Padrão

Foram realizados testes para verificar a eficiência e confiabilidade das curvas

de calibração obtidas com padrões externos. Para tal, foram preparadas seis

amostras com padrão interno, do seguinte modo: foram adicionados a amostras

Solução de calibração Concentração (mg/g)Mix OSM1 0,15Mix OSM2 0,20Mix OSM3 0,40Mix OSM4 0,56Mix OSM5 0,73Mix OSM6 0,75Mix OSM7 0,96Mix OSM8 1,12Mix OSM9 1,47Mix OSM10 1,49Mix OSM11 2,20Mix OSM12 2,94Mix OSM13 4,39Mix OSM14 5,90

63

sintéticas padrões internos de éster metílico de ácido nanodecanóico, em

concentrações conhecidas. Após vigorosa agitação das amostras, foram coletadas

alíquotas para análise. As percentagens (m/m) obtidas para cada composto foram

comparadas com as percentagens adicionadas nas amostras sintéticas.

64

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo serão apresentados os resultados das análises da reação de

glicerólise do OSEC, compósitos de poliuretano/metassilicato, produção de ésteres

metílicos, avaliação estatística das variáveis com relação à reação de glicerólise e a

validação da metodologia para análise de ésteres metílicos. Os dados apresentados

quanto ao número de algarismos significativos, incerteza, erro padrão e cálculo de

propagação de erros foram baseados em INMETRO (2012) e VUOLO (1992).

5.1 REAÇÃO DE GLICERÓLISE

O poliol foi produzido por glicerólise do óleo de soja epoxidado (OSE)

utilizando óleo de soja epoxidado comercial. A opção do emprego de óleo de soja

epoxidado comercial (OSEC) foi feita a fim de se eliminar uma etapa do processo,

visto que, esse já é comercializado. Com o emprego de óleo de soja epoxidado

comercial a caracterização da matéria-prima se fez necessária, como medidas de

teor de umidade e voláteis, teor de epóxi, cinzas, índice de iodo, índice de hidroxila e

FTIR, como são mostrados na Tabela 5.1 e Figura 5.1.

TABELA 5.1: CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO DE SOJA EPOXIDADO COMERCIAL

*FONTE: (ESPECIFICAÇÃO DE PRODUTO: DRAPEX6.8(OLÉO DE SOJA EPOXIDADO), 2011)

O espectro do óleo de soja epoxidado comercial Figura 5.1, não apresenta as

regiões de estiramento de =C-H por volta de 3100-3000 cm -1 e nem a banda de

absorção fraca perto dos 1680-1640 cm-1, representando que o número de

insaturações existente no óleo de soja epoxidado não é representativo para ser visto

Determinado Informado pelo Fabricante*Umidade e voláteis( % ) 0,0703 ± 0,0019 < 0,20

Cinzas ( %) 0,0066 ± 0,0010 Não InformadoÍndice de Acidez (mg KOH/g) 0,22 ± 0,01 Não informado

Teor de Epoxi (%) 6,65 ± 0,08 >6,40Índice de Hidroxila (mg KOH/g) 46,3 ± 0,37 Não Informado

Índice de Iodo (g I2/100 g amostra) 2,24 ± 0,02 <3,5

Peso Molecular g/mol - 900

65

no espectro FTIR, o que é coerente com índice de iodo que é de 2,24±0,02 g

I2/100g. A banda de intensidade fraca de 914 cm-1 é referente ao anel epóxi. Essa

banda é atribuída à deformação do grupo-C-O presente no epóxio. (THEOPHILE,

2012), (SILVERSTEIN, WEBSTER e KIEMLE, 2006). A caracterização do óleo de

soja se mostrou dentro das especificações do fabricante.

FIGURA 5.1: ESPECTRO INFRAVERMELHO(FTIR) DO ÓLEO DE SOJA EPOXIDADO. .

4000 3800 3600 3400 3200 3000 2800 2600 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400Wavenumber (cm-1)

2925.4

72854.1

2

1743.3

3

1459.8

41380.7

8

1241.9

3

1160.9

31103.0

81058.7

21012.4

4914.0

9 840.8

1823.4

5727.0

3 406.9

1

Número de ondas (cm-1)

Tra

nsm

itân

cia

66

As reações de glicerólise foram acompanhadas por cromatografia gasosa,

índice de hidroxila, índice de acidez, teor de epóxi, viscosidade e inicialmente por

FTIR.

Inicialmente foi determinado o tempo de reação, a qual foi feita em duplicata

com as condições do ponto central, temperatura de reação de 180°C, razão mássica

catalisador: óleo de soja epoxidado de 0,8 % e razão molar glicerol: óleo de soja

epoxidado de 4:1 e tempo total de reação 3 horas. A reação foi acompanhada pelo

índice de hidroxila nos pontos retirados conforme Figura 5.2. Podemos observar que,

a partir de 75 minutos não há variação significativa no índice de hidroxila, dessa

forma foi fixado o tempo de 75 minutos para as demais reações.

FIGURA 5.2: ÍNDICE DE HIDROXILA PARA DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE REAÇÃO

O acompanhamento da reação foi feito também por FTIR conforme Figura

5.3. Onde é comparado o FTIR do óleo de soja epoxidado comercial com o produto

da reação há um tempo de 75 minutos. Podemos observar pela Figura 5.3, que

ocorre o aparecimento de duas bandas características das hidroxilas presente no

produto quando comparado com o espectro do OSEC, uma banda em 3434 cm-1,

devido à deformação axial do O-H e outra em 1386 cm -1, devido à deformação

angular do O-H, ambas devido à formação de MAG e DAG.

0

50

100

150

200

250

0 50 100 150 200

IOH

(mg

KO

H/g

)

Tempo reação (min)

R001

R002

67

FIGURA 5.3: ESPECTRO FTIR: A) OESC B) PRODUTO REAÇÃO R001 TEMPO 45MIN

A matriz do planejamento experimental desenvolvido para este estudo, bem

como os valores dos índices de hidroxila, teor de epóxi e viscosidade, são

apresentados na Tabela 5.2. O planejamento fatorial 23 empregou razões molares

de glicerol: óleo de 2:1 e de 6:1, temperatura de 120 e de 240 °C e concentrações

0,1 e 1,5 % (m/m) de metassilicato de sódio em relação à massa de OSEC. A

escolha das condições foi baseada em reações de glicerólise que empregavam

como catalisador NaOH e óleo de soja refinado. Por exemplo, NOUREDDINI,

HARKEY e GUTSMANC (2004) que empregando razões molares de glicerol:Óleo

de soja 2,5:1, temperatura de 230 °C razão de 0,18 % (m/m) de NaOH em relação

ao óleo de soja, obtiveram rendimentos de (m/m) 58 % em MAG e 36 % de DAG.

A Tabela 5.2 traz os resultados de índice de hidroxila , viscosidade, teor de epóxi e

índice de acidez, podendo-se observar que a medida que o índice de hidroxila se

intensifica, a viscosidade também aumenta. No presente trabalho, que estuda a

síntese de polióis a partir de glicerolise utilizando como catalisador metassilicado de

sódio e OSEC, obteve-se polióis com IOH de 92 a 356 mgKOH/g e viscosidade de

24 a 2863 cP a 50°C.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500Wavenumber (cm-1)

721.24819.59

833.09933.37993.161047.15

1108.861172.5

1245.781299.78

1386.561467.56

1739.47

2852.192923.54

3434.58

a)

Número de ondas (cm-1)

b)

68

TABELA 5.2: MATRIZ DE PLANEJAMENTO, IOH, VISCOSIDADE E TEOR DE EPÓXI

1 R003 0,1 120 2 94,02 ± 1,35 84,48 ± 0,23 6,65 ± 0,06 0,108 ± 0,00210 (central) R004 0,8 180 4 212,1 ± 1,27 617,87 ± 1,04 2,47 ± 0,02 0,056 ± 0,005

2 R005 1,5 120 2 92,70 ± 1,53 83,02 ± 0,11 5,69 ± 0,07 0,106 ± 0,0049 (central) R006 0,8 180 4 211,52 ± 1,85 607,88 ± 2,56 2,45 ± 0,03 0,055 ± 0,001

5 R007 0,1 120 6 88,70 ± 1,27 92,98 ± 0,14 6,06 ± 0,02 0,104 ± 0,0037 R008 0,1 240 6 319,56 ± 1,49 2179,53 ± 3,16 0,49 ± 0,01 0,053 ± 0,0018 R009 1,5 240 6 356,20 ± 1,85 2863,39 ± 2,17 0,48 ± 0,01 0,054 ± 0,0014 R010 1,5 240 2 302,68 ± 1,13 2119,55 ± 1,98 0,81 ± 0,01 0,052 ± 0,0046 R011 1,5 120 6 100,00 ± 1,61 83,62 ± 0,21 6,51 ± 0,02 0,084 ± 0,002

11 (central) R012 0,8 180 4 211,16 ± 1,35 611,56 ± 1,07 2,47 ± 0,01 0,054 ± 0,0053 R013 0,1 240 2 112,57 ± 1,48 1687,64 ± 2,08 2,45 ± 0,04 0,056 ± 0,003

*Condições experimentais do planejamento foram realizadas em sequência aleatória.

Índice acidez (mg KOH/g)

Catalisador (%)Reações Pontos *Viscosidade (cP) a

50°C% EpoxiIOH (mg KOH/g)G:OTemperatura °C

69

MONTEAVARO, SILVA, et al., (2005), sintetizaram polióis a base de óleo de

soja em uma única etapa de reação de epoxidação utilizando ácido fórmico e

peróxido de hidrogênio com tempos de reação de 20 a 240 min, obtendo polióis de

óleo de soja epoxidado com índices de hidroxila de 53 a 162 mg KOH/g e

viscosidades de 230 a 9844 cP a 30°C. GUO, JAVNII e PETROVIC, ( 2000),

produziram polióis a partir de óleo de soja epoxidado pela reação de alcoólise com

metanol para abertura do anel epóxi, obtendo polióis com IOH 184 a 215 (mg

KOH/g) e viscosidade de 7200 a 10400 cP a 30°C. Segundo DESROCHES,

ESCOUVOIS, et al., (2012), grande parte dos polióis sintetizados industrialmente a

partir de óleos vegetais, são sintetizados com base em óleos vegetais epoxidados,

HUNSTMAN company comercializa desde março de 2010 o poliol JEFFADD TM

B650, este poliol é sintetizado através de óleo de soja epoxidado tendo de 2 a 6

grupos epóxidos por molécula com álcool amina a 120 °C por 4 horas. Obtendo um

produto com IOH 650 mg KOH/g e viscosidade de 30000 cP a 25°C. BIOBASED

TECHNOLOGIES desenvolveu uma gama de produtos AGROL ® a partir de óleo de

soja com IOH de 65 a 350 (mg KOH/g) e viscosidade de 230 a 21500 cP a 25 °C, os

polióis são sintetizados em duas etapas. A primeira etapa, epoxidação das

insaturações via perácido, em seguida os anéis epóxidos são abertos com o

subproduto ácido da primeira etapa e então realizada uma reação de amidificação. A

partir do que foi encontrado na literatura, a rota de síntese de polióis a partir de

OSEC catalisada por MSSC se mostra promissora.

As reações também foram acompanhadas por cromatografia gasosa, no

entanto, esta foi de forma qualitativa, pelo fato de não existirem padrões verdadeiros

para MAG, TAG e DAG hidroxilados e epoxidado, não sendo assim possível obter

uma curva de padrões para a quantificação. A aplicação de normalização de área

também não é possível, pois a magnitude do sinal gerado pelo detector de ionização

de chama (DIC) é proporcional ao número de átomos de carbono e hidrogênio da

molécula que está sendo analisada. Sendo este, proporcional aos átomos de

carbonos ligados a átomos de hidrogênios, no entanto, existem fatores intrínsecos

de uma determinada molécula que afetam a resposta do DIC, dentre estes, a

presença de oxigênio, que diminui a resposta do DIC.(COLLLINS, BRAGA e

BONATO, 2006)

No entanto, padrões de monooleína (C18:1), monomiristina (C14:0),

monoesteárina (C18:0) , monopalmítina (C16:0), dimiristina, diesteárina, dipalmítina,

70

trimiristina, triesteárina e tripalmitina foram utilizados para definir as regiões de MAG,

DAG e TAG. Esses foram escolhidos devido à sua disponibilidade, número de

carbono e por esses estarem presentes na composição do óleo de soja. A Figura 5.4

mostra o cromatograma com esses padrões. Conforme a Figura 5.4, as regiões de

MAG, DAG e TAG estão entre os tempos de retenção de 22 a 27 min. para MAG, de

27,5 a 29 min. para DAG e de 29,1 a 33 min. para TAG. A Figura 5.7 apresenta o

cromatograma do OSEC, da R004 e da R009.

Analisando os cromatogramas apresentados nas Figura 5.5,Figura 5.6 e

Figura 5.7, observa-se que para a Figura 5.7 reação R009 em Figura 5.6 relação à

R004 ocorre um alargamento da base dos picos, isso pode ser explicado devido ao

teor de epóxi ser menor para a reação R009 que para a R004.

A partir dos cromatogramas de cada reação e do cromatograma do óleo de

soja epoxidado, pode-se acompanhar as reações. Esse acompanhamento foi feito

pelas razões entre as áreas de formação MAG, DAG e TAG nas reações R003 a

R013 e a áreas iniciais de MAG, DAG e TAG do OSEC, sob as mesmas

concentrações, os valores dessas foram de 2,80 ± 0,20 mg/g. A Figura 5.8 mostra

as razões de área dadas pela cromatografia das reações, em relação às áreas do

óleo de soja epoxidado. Observa-se para as reações R003,R005,R007 e R011 que

as razões de TAG são altas e MAG e DAG são baixas, o que corrobora com IOH,

como ilustrado na Tabela 5.2.

No entanto, como mencionado anteriormente, as análises cromatográficas

foram apenas qualitativas.

71

FIGURA 5.4: CROMATOGRAMA PADRÕES MONO (OLEÍNA, MIRISTINA, ESTEARINA E TRIPALMITINA), DI E TRI (MIRISTINA, ESTEARINA E TRIPALMITINA).

Minutos

Mili

volts

72

FIGURA 5.5: CROMATOGRAMA: OSEC

OSEC

Minutos

73

FIGURA 5.6: CROMATOGRAMA: R004

Mili

volts

Minutos

R004

74

FIGURA 5.7: CROMATOGRAMA: R009

Miliv

olts

Minutos

R009

75

FIGURA 5.8: RAZÃO DE ÁREAS DE MAG ,DAG E TAG PARA OSEC E REAÇÕES (R003 A R013) CROMATOGRAFIA GASOSA :

0,84

0,02

0,73

0,01

0,82

0,00 0,00 0,00

0,85

0,01 0,00

0,60

8,45

1,28

7,16

0,70

13,72

14,86

5,50

1,93

7,16

6,36

1,68

9,13

1,59

10,42

1,51

12,5412,89

6,42

1,59

10,42

6,09

G:O=2 G:O=4 G:O=2 G:O=4 G:O=6 G:O=6 G:O=6 G:O=2 G:O=6 G:O=4 G:O=2

120°C 180°C 120°C 180°C 120°C 240°C 240°C 240°C 120°C 180°C 240°C

%Cat=0,1 %Cat=0,8 %Cat=1,5 %Cat=0,8 %Cat=0,1 %Cat=0,1 %Cat=1,5 %Cat=1,5 %Cat=1,5 %Cat=0,8 %Cat=0,1

R003 R004 R005 R006 R007 R008 R009 R010 R011 R012 R013

Razão Área TAG reação/TAG OSEC

Razão Área DAG reação/DAG OSEC

Razão Área MAG reação/MAG OSEC

76

A umidade de todos os produtos também foi analisada como mostra Tabela

5.3. A umidade de polióis é um fator importante, pois a água reage com isocianato

formado CO2 como é demonstrado na Figura 3.5

TABELA 5.3: UMIDADE E VOLÁTEIS DOS POLIÓIS DE ÓLEO DE SOJA EPOXIDADO

.

5.1.1 Avaliação Estatística das Variáveis da Reação de Glicerólise Planejamento Fatorial 23

O planejamento fatorial 2 3 com 3 fatores (temperatura, razão molar glicerol

óleo e % de catalisador, esse sempre em relação à massa de óleo) e dois níveis (de

120 a 240°C, 2 a 6 e 0,1 a 1,5 % ) respectivamente, com triplicata no ponto central.

Esse planejamento teve como objetivo determinar quais fatores têm influência sobre

a reação de glicerólise. A análise dos resultados foi feita através do software

Statistica, com um nível de confiança de 95%.

A Figura 5.9 apresenta os diagramas de Pareto que mostra os efeitos que são

estatisticamente relevantes para as variáveis do processo (temperatura, razão molar

glicerol óleo e % de catalisador), sob as variáveis respostas (IOH e % Epóxi). Os

efeitos cujos retângulos estiverem à direita da linha divisória (p=0,05), ou seja, os

valores de p na Tabela 5.4 e Tabela 5.7 são menores que 5%, mostram que essas

variáveis devem ser consideradas no modelo matemático, pois são estatisticamente

relevantes, assim como suas interações. O erro padrão presente nas Tabela 5.5, e

Reação Umidade (%)R003 2,07 ± 0,18 R004 0,88 ± 0,06 R005 2,14 ± 0,17R006 1,98 ± 0,19R007 0,91 ± 0,12R008 1,10 ± 0,02R009 1,65 ± 0,10R010 1,89 ± 0,11R011 1,76 ± 0,12R012 2,31 ± 0,05R013 1,06 ± 0,01

77

Tabela 5.8 corroboram para essa afirmativa, pois esses são menores que os valores

reais dos efeitos.

Assim, os modelos matemáticos para as variáveis respostas são:

��� = 212,1 − 201,5. � − 0,893. J − 57,6. L + 1,6. �. J + 31,9. �. L + 0,467. J. L

− 0,247. �. J. L

%)*ó�� = 10,2 − 0,62. � − 0,03. J + 0,17. L − 0,004. �. J + 0,21. �. L − 0,003. J. L

+ 0,0003. �. J. L

Onde;

IOH : índice de hidroxila, em miligramas de KOH por g;

C: % catalisador em relação à massa de OSEC

T: temperatura em °C

R: razão molar glicerol OSEC

Os valores previstos versus valores observados são apresentados na Figura

5.10, e mostra um ajuste satisfatório, pois os dados estão próximos à reta.

TABELA 5.4: ANOVA-VARIÁVEL: IOH (MG KOH/G) R2=0,9828 RAJUST=0,9427 ERRO PURO 0,2252

TABELA 5.5: ESTIMATIVA DOS EFEITOS -VARIÁVEL: IOH (MG KOH/G) R2=0,9828 RAJUST=0,9427 ERRO PURO 0,2252

Fatores SQ dF MS F p (1) Catalisador (%) 7005,2 1 7005,15 31101,9 0,000032

(2) Temperatura (°C) 64008,3 1 64008,31 284188,4 0,000004(3) Razão Molar Glicerol:Óleo 8612,6 1 8612,64 38239,0 0,000026

1 e 2 5873,8 1 5873,75 26078,7 0,0000381 e 3 2479,8 1 2479,85 11010,2 0,0000912 e 3 8354,8 1 8354,83 37094,3 0,0000271*2*3 3448,3 1 3448,31 15310,0 0,000065

Falta de ajuste 1745,9 1 1745,95 7751,8 0,000129Erro Puro 0,5 2 0,23Total SQ 101529,2 10

Mean/Interc. 191,02 0,14 0,000001(1) Catalisador (%) 59,18 0,34 0,000032

(2) Temperatura (°C) 178,90 0,34 0,000004(3) Razão Molar Glicerol:Óleo 65,62 0,34 0,000026

1 e 2 54,19 0,34 0,0000381 e 3 -35,21 0,34 0,0000912 e 3 64,63 0,34 0,0000271*2*3 -41,52 0,34 0,000065

EfeitoErro Pad.: erro puro

pFatores

78

TABELA 5.6: COEFICIENTE DE REGRESSÃO -VARIÁVEL: IOH (MG KOH/G) R2=0,9828 RAJUST=0,9427 ERRO PURO 0,2252

TABELA 5.7: ANOVA-VARIÁVEL: % EPÓXI R2= 0,94904 RAJUST=0,8301 ERRO PURO= 0,0002

TABELA 5.8: ESTIMATIVA DOS EFEITOS - VARIÁVEL: % EPÓXI R2= 0,94904 RAJUST=0,8301 ERRO PURO= 0,0002

TABELA 5.9: COEFICIENTE DE REGRESSÃO -VARIÁVEL: % EPÓXI R2= 0,94904 RAJUST=0,8301 ERRO PURO= 0,0002

Mean/Interc. 212,154 1,799625 0,000072(1) Catalisador (%) -201,506 1,694950 0,000071

(2) Temperatura (°C) -0,893 0,009496 0,000113(3) Razão Molar Glicerol:Óleo -57,599 0,402885 0,000049

1 e 2 1,634 0,008933 0,0000301 e 3 31,913 0,379002 0,0001412 e 3 0,467 0,002123 0,0000211*2*3 -0,247 0,001998 0,000065

Fatores Coeficiente de

RegressãoErro Pad.: erro puro

p

Fatores SQ dF MS F p (1) Catalisador (%) 0,58112 1 0,58112 2659,5 0,000376

(2) Temperatura (°C) 53,42968 1 53,42968 244519,5 0,000004

(3) Razão Molar Glicerol:Óleo 0,53282 1 0,53282 2438,4 0,000410

1 e 2 0,16145 1 0,16145 738,9 0,001351

1 e 3 1,15491 1 1,15491 5285,4 0,000189

2 e 3 0,78028 1 0,78028 3570,9 0,000280

1*2*3 0,00654 1 0,00654 29,9 0,031827

Falta de ajuste 3,04153 1 3,04153 13919,5 0,000072

Erro Puro 0,00044 2 0,00022

Total SQ 59,68876 10

Mean/Interc. 3,32 0,00 0,000002

(1) Catalisador (%) -0,54 0,01 0,000376

(2) Temperatura (°C) -5,17 0,01 0,000004

(3) Razão Molar Glicerol:Óleo -0,52 0,01 0,000410

1 e 2 -0,28 0,01 0,001351

1 e 3 0,76 0,01 0,000189

2 e 3 -0,62 0,01 0,000280

1*2*3 0,06 0,01 0,031827

Fatores EfeitoPad. Erro erro puro

p

Mean/Interc. 10,21 0,06 0,000030

(1) Catalisador (%) -0,62 0,05 0,007249

(2) Temperatura (°C) -0,03 0,00 0,000105

(3) Razão Molar Glicerol:Óleo 0,17 0,01 0,005323

1 e 2 0,00 0,00 0,003423

1 e 3 0,21 0,01 0,003141

2 e 3 0,00 0,00 0,000529

1*2*3 0,00 0,00 0,031827

Fatores Coeficiente de

RegressãoPad. Erro erro puro

p

79

FIGURA 5.9: DIAGRAMA DE PARETO: A) IOH (MG KOH/G) ; B) % EPÓXI

B) Diagram a de Pareto; Variável : % Epóxi

5,470631

-27,1822

-49,3804

-51,5702

-59,7571

72,70094

-494,489

p=,05

Estim ativa de Efe i tos Padronizado(Valor absoluto)

1*2*3

1by2

(3)Razão Gl icerol :Oleo

(1)Catal isador(%)

2by3

1by3

(2)T em peratura (°C)

A) Diagram a de Pareto; Variável : IOH(m g KOH/g)

-104,929

-123,734

161,4889

176, 3574

192,5989

195, 5479

533,0932

p=,05

Estim ativa de Efe i tos Padronizado (va lor absoluto)

1by3

1*2*3

1by2

(1)Cata l i sador(%)

2by3

(3)Razão Gl icero l :Oleo

(2)T em peratura (°C)

80

FIGURA 5.10: GRÁFICO DE VALORES PREVISTOS VERSUS VALORES OBSERVADOS: A) IOH (MG KOH/G); B) % EPÓXI

A) Observados vs. Valores PrevistosIOH (m g KOH/g)

50 100 150 200 250 300 350 400

Valores Observados

50

100

150

200

250

300

350

400

Va

lore

s P

revi

sto

s

B) Observados vs. Valo res Previ tos

% Epóxi

-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8

Valores Observados

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

Va

lore

s P

revi

sto

s

81

5.2 COMPÓSITOS DE POLIURETANO METASSILICATO DE SÓDIO

Para a análise de compósitos PU/MSS foi realizada uma microscopia

eletrônica de varredura (MEV).

Observando as imagens obtidas por MEV, Figura 5.12, e comparando as

imagens A e B. Temos que com a adição do metassilicato de sódio, (Figura 5.12 B),

ao poliuretano. Ocorre um aumento no número de células e a presença de células

abertas, o que não se observa na Figura 5.12 A), onde se encontra apenas células

fechadas. Em relação às Figura 5.12B e C, observa-se que na Figura 5.12 C ocorre

o colapso da espuma de poliuretano quando se utilizou metassilicato de sódio sem

calcinar, devido à alta umidade e voláteis presente no MSS, que é de 13,3 ±1,9 % .

Devido à alta umidade, a reação de expansão, onde o isocianato reage com a água

para formar dióxido de carbono (CO2) e poliureia. Se o dióxido de carbono formado

pela reação de isocianato com a água forma-se rapidamente antes do que a reação

de gelificação, ou seja, que as células de poliuretano estejam suficientemente fortes

para conter o gás, ocorre o colapso da espuma como mostra a Figura 5.11.

Na Figura 5.12 D) podemos observar na região em destaque, um aglomerado

de metassilicato de sódio, onde observar-se o recobrimento do metassilicato de

sódio com poliuretano, que indica interação química entre o MSS e o PU, devido a

presença do átomo de Si presente no MSS.

FIGURA 5.11: ESPUMAS SINTETIZADAS A) PU/MSSC 40% B) PU SEM MSS E C) PU/MSS SEM CALCINAR.

A) B) C)

82

FIGURA 5.12: MEV POLIURETANO E COMPÓSITOS DE POLIURETANO: A) POLIURETANO SEM MSS 75X; B) PU/MSSC 40% 75X ; C) PU/MSS SEM CALCINAR 40% 75X E D) PU/MSSC 40% 200X.

PU/ MSSCPU Sem MSS

PU/ MSS sem calcinar PU/ MSSC

A) B)

C) D)

83

5.3 SÍNTESE DE BIODIESEL

5.3.1 Caracterização do Óleo de Soja Refinado Comercial

Os ésteres metílicos foram produzidos por transesterificação do óleo de soja

refinado e álcool metílico anidro. O emprego do óleo de soja refinado teve como

objetivo melhorar as condições para as reações, eliminado os efeitos de compostos

não glicerídeos (fosfolipídios, ceras, esteróis e terpenóides) sobre o rendimento da

reação. Nesse sentido se fez necessária a avaliação das seguintes propriedades: do

óleo de soja refinado comercial: índice de acidez de 0,048±0,001(mg KOH/g) ; índice

de saponificação de 178,0 ± 3,7 mg KOH/g, que corresponde ao material graxo

passível de transformação em monoésteres graxos, massa molar média (MM) de

945,64 ± 14,51 g./mol; índice de iodo de 126,8±2,4 g I2./100 g, esse é um parâmetro

relacionado com a quantidade de ácidos graxos insaturados presentes na amostra ;

massa específica a 15 °C de 0,923b ± 0,001 g/.mL; viscosidade cinemática a 40 °C

de 27,850±0,003 mm²./s; umidade e voláteis de 0,004±0,001% (m/m) e teor de cinza

não detectado. Os parâmetros estão dentro do estabelecido pela empresa IMCOPA.

(Produtos Imcopa: Composição Típica Óleo de Soja Refinado , 2014)

5.3.2 Preparo e análise das soluções de calibração

As equações obtidas com as curvas padrões (concentração versus área) da

solução mix de ésteres metílicos podem ser observadas na Figura 5.13. A Figura

5.14 mostra os cromatograma dos ésteres metílicos separados e a Figura 5.15 o

cromatograma das soluções mix de determinadas concentrações presentes na

Tabela 4.2.

84

FIGURA 5.13: CURVA DE CALIBRAÇÃO PARA DETERMINAÇÃO, POR CROMATOGRAFIA GASOSA, DE ÉSTERES METÍLICOS

A validação do método foi feita utilizando padronização interna. Foram

adicionados em duas amostras sintéticas de ésteres metílicos, padrão de éster

metílico de ácido nonadecanoico de concentração de 2,05 mg/mL. O teor de ésteres

(em percentagem) foi calculado pela curva de calibração obtida por padronização

externa e conforme Norma Europeia EN 14103 (EN, 2011). As amostras

apresentaram teor de éster metílico (% m/m) de 103,91±7,63% pela curva de

calibração e 102,89±2,95% pela norma, apresentando um erro relativo médio de

3,20%.

Assim, a partir da curva de calibração obtém-se a equação da reta para:

Y=12009309. X com R2=0,999, onde X = concentração (mg/g) e Y= Área (UA). O

resultado de concentração encontrado para cada amostra, utilizando a curva de

calibração, foi dividido pela concentração inicial da amostra e multiplicado por 100.

Desta maneira, foram obtidos os resultados, em percentagem, dos ésteres metílicos

em relação à massa total da amostra (%m/m). No a ANEXO 2 são apresentados

alguns cromatogramas de ésteres metílicos.

y = 12009309xR² = 0,999

0

10000000

20000000

30000000

40000000

50000000

60000000

70000000

80000000

0 1 2 3 4 5 6 7

Áre

a

C (mg/g)

85

.

FIGURA 5.14: CROMATOGRAMA PADRÕES DE ÉSTERES METÍLICOS

C16

:0

C18

:2C

18:3

C18

:1

C18

:0

Mili

volts

Mili

volts

Minutos

86

FIGURA 5.15: CROMATOGRAMA: SOLUÇÃO DE MIX DE ÉSTERES METÍLICOS EM DETERMINAS CONCENTRAÇÕES TABELA 4.2

Mili

volts

Mil

ivo

lts

Minutos

87

Os valores dos teores de ésteres das amostras obtidos por cromatografia

gasosa são apresentados na Tabela 5.11. Observando esses valores, percebe-se

que o teor de ésteres para reações, empregando como catalisador MSSC e

compósitos de PU/MSSC ambos utilizando 3% de metassilicato de sódio é de 89,4

% e 83,9 % respectivamente, a Figura 5.16 mostra esses catalisadores.

Pretendendo-se avaliar a atividade catalítica do catalisador depois de recuperado da

reação EM PU/MSSC 3% (2), foi reutilizado mais duas vezes obtendo-se teores de

ésteres de 39,0 % e 23,3 % respectivamente. O uso de metassilicato de sódio sem

calcinar e compósitos de PU/MSS sem calcinar, nas sínteses de ésteres metílicos

apresentou teores de ésteres de 79,5% e 54,4 %. Essa diferença pode ser devido ao

colapso das espumas de compósitos PU/MSS sem calcinar. O desvio de 6,3 das

reações utilizando como catalisador compósitos de PU/MSSC pode ser devido ao

fato de MSSC não estar bem distribuído na matriz da espuma, o que é observado na

Figura 5.12 D).

FIGURA 5.16: CATATILSADORES: A) MSSC; B) COMPÓSITO PU/MSSC E C) COMPÓSITO PU/MSSC APÓS UTILIZADO.

As análises de alguns parâmetros, como índice de acidez e teor de sabão,

são relevantes para síntese de ésteres metílicos. A Tabela 5.10 mostra os valores

desses parâmetros. Observa-se que tanto a acidez quanto o teor de sabão são

menores para as amostras sintetizadas com compósitos de PU/MSSC, a presença

de ácidos graxos livres e sabões pode prejudicar motores e dificultar o processo de

purificação do biodiesel. A densidade das amostras também é um parâmetro

importante, observa-se que quanto maior teor de éster, menor a densidade.

A) B) C)

88

TABELA 5.10:PARÂMETROS ANALISADOS PARA AMOSTRAS DE ÉSTERES METÍLICOS

Os valores de acidez e teor de sabão apresentados na Tabela 5.10, mostram

a redução de acidez e teor de sabão nas reações, quando é empregado como

catalisador compósito de PU/MSS.

Amostra Densidade (g/cm3) Acidez (mg KOH/g) teor de sabão (ppm)*

* análise foi realizada em duplicata em 4 pontos com desvio de 0,001 ; 0,003; 0,005 e 0,002 repectivamente

EM MSSC 3% (1) 0,88804 ± 0,00001

EM PU/MSSC 3% (1)

0,89035 ± 0,00027

EM MSSC 1%* 0,89177 ± 0,00004

EM PU/MSSC 1% 0,89597 ± 0,00009

EM MSSC 3% (2) 0,88707 ± 0,00020

EM PU/MSSC 3% (2)

0,88949 ± 0,00070

EM MSSC 3% (3) * 0,88842 ± 0,00004

EM PU/MSSC 3% (3)

0,88636 ± 0,00011

EM MSS sem calc. 3% (1)*

0,89173 ± 0,00013

EM PU/MSS sem calc. 3% (1)

0,90295 ± 0,00007

EM MSS sem calc. 3% (2)

0,88568 ± 0,00004

EM PU/MSSC 3% 1° reutilização

0,90954 ± 0,00007

EM PU/MSSC 3% 2° reutilização

0,91697 ± 0,00004

0,065 ± 0,004

0,043 ± 0,001

0,065 ± 0,001

0,043 ± 0,007

0,064 ± 0,002

0,043 ± 0,001

0,064 ± 0,005

0,043 ± 0,002

0,065 ± 0,008

0,043 ± 0,004

0,054 ± 0,003

0,064 ± 0,001

0,043 ± 0,007

0,128

0,016

0,096

0,016

0,048

0,015

0,095

0,016

0,190

0,716

0,062

0,062

0,092

89

TABELA 5.11:TEOR DE ÉSTER AMOSTRAS DE ÉSTERES METÍLICOS RESULTADOS OBTIDOS POR ANÁLISE EM CROMATOGRAFIA GASOSA, COM SEUS RESPECTIVOS DESVIOS PADRÕES.

LEGENDA: EM= ÉSTER METÍLICO; MSSC OU PU/MSSC= CATALISADOR UTILIZADO NA REAÇÃO; 3% OU 1% = QUANTIDADE DE CATALISADOR (%M/M) .

Média Teor de

1 1,84 20888019 1,74 94,522 1,83 20682216 1,72 94,111 1,86 19591801 1,63 87,912 2,00 21112850 1,76 87,921 1,84 19161774 1,60 86,892 1,97 20187789 1,68 85,331 1,69 15415617 1,28 75,882 1,85 16891297 1,41 75,911 2,01 21265300 1,77 88,142 1,97 21299497 1,77 89,871 1,90 19911763 1,66 87,302 1,93 20016710 1,67 86,401 1,89 17187756 1,43 75,632 1,96 17808907 1,48 75,781 1,86 18813726 1,57 84,172 1,98 19620124 1,63 82,391 1,88 12612404 1,05 55,952 1,96 12473108 1,04 52,861 1,81 8586468 0,71 39,472 1,92 8907948 0,74 38,731 1,90 5398983 0,45 23,692 1,97 5469453 0,46 23,071 1,79 15903564 1,32 73,932 1,93 17707711 1,47 76,511 1,84 14988619 1,25 67,652 1,85 15070676 1,25 67,77

83,92

79,49

54,41

39,10

23,38

75,22

67,71

94,32

87,91

86,11

75,90

89,01

86,85

75,71

83,28

54,41

39,10

23,38

75,22

67,71

Média Teor de

Éster (%) Reaões

0,52

0,43

1,82

0,09

Desvio Padrão Reações

Teor de Éster(%)

4,43

3,89

6,32

-

-

-

-

-

1,23

0,64

0,10

1,25

2,18

Desvio Padrão Cromatografia

Teor de Éster(%)

0,30

0,01

1,10

0,02

89,45

Teor de Éster (%)Duplicata

EM PU/MSSC 1%

EM MSSC 1%

EM PU/MSSC 3% 2° reutilização

EM PU/MSSC 3% 1° reutilização

EM PU/MSS sem calc. 3% (1)

EM MSS sem calc. 3% (2)

EM MSS sem calc. 3% (1)*

EM PU/MSSC 3% (3)

EM PU/MSSC 3% (2)

EM MSSC 3% (3)

EM MSSC 3% (2)

Conc. Calcula reta cal. (mg/g)

Conc. Inicial (mg/g)

Amostra Áreas

EM MSSC 3% (1)

EM PU/MSSC 3% (1)

90

A literatura apresenta vários estudos de catalisadores heterogêneos para

síntese de ésteres metílicos e enfatiza a necessidade do desenvolvimento de novos

catalisadores. SEMWAL, BADONI e TULI, ( 2011) presentam a utilização de vários

catalisadores heterogêneos para a produção de ésteres metílicos a partir de óleo de

soja. Condições da reação, temperatura de 60°C, 10% (m/m) catalisador em relação

ao óleo de soja, razão molar metanol:óleo de 65:1 e tempo de reação de três horas,

são eles: NaNO3/Al2O3 temperatura de calcinação do catalisador de 650°C , Metil

éster formado (%m/m) de 95,1, KNO3/Al2O3 temperatura de calcinação do

catalisador de 550°C , Metil éster formado (%m/m) de 94,7 e CaNO3/Al2O3

temperatura de calcinação do catalisador de 450°C , Metil éster formado (%m/m) de

94,1.

Segundo ATADASHI, AROUA e AZIZ, (2011), o desenvolvimento de

catalisadores heterogêneos de baixo custo para a produção de bidiesel são

necessários, pois estes catalisadores são capazes de reduzir os efeitos da formação

de sabão, contribuindo para a redução do custo de separação e purificação do

biodiesel. Nesse contexto, temos que os catalisadores de compositos PU/MSS

podem ser viáveis para sintese de biodiesel.

5.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados apresentados neste capítulo contribuem para o melhor

entendimento da glicerólise do óleo de soja epoxidado utilizando como catalisador

metassilicato de sódio calcinado. Contatou-se, portanto que é possível fazer

acompanhamento de reações de glicerólise por cromatografia gasosa.

Em relação à produção de compósitos de poliuretano com metassilicato de

sódio, pôde se observar pelas imagens obtidas por MEV, que o compósito de

PU/MSS possui células abertas, ou seja, a adição de metassilicato sódio a

poliuretanos proporciona a formação de dessas células abertas quando comparados

a espumas sem adição de MSS.

A utilização compósitos de PU/MSS visando sua aplicação na produção como

catalisador heterogêneo, no processo de produção de biodiesel, se mostrou

promissor, pois o teor de éster foi de 84 %%, Índice de acidez de 0,043 (MG KOH/g)

e erro de sabão 0,016 ppm, também pode ser realizado. Esses resultados

91

demonstram que o catalisador de PU/MSSC pode ser uma rota catalítica viável a

produção de biodiesel, pois esse utiliza um subproduto da produção de biodiesel é

de fácil produção.

92

6 CONCLUSÕES

Os experimentos realizados provaram o potencial do uso de óleo de soja

epoxidado para a produção de poliol, utilizando como catalisador o metassilicato de

sódio, pois conforme os resultados apresentados, é possível obter uma gama de

polióis com diferentes índices de hidroxila, epóxi e viscosidade, dependendo das

propriedades desejadas da PU.

O emprego de compósitos de PU/MSS como catalisador para produção de

ésteres metílicos se mostrou promissor, pois se conseguiu teor de éster (84%)

empregando temperaturas amenas (60°C), razão molar de álcool (7,5) relativamente

baixa quando comparada a outras rotas de catálise heterogêneas.

O metassilicato de sódio promoveu a formação de células abertas no

poliuretano, e o silício presente no MSS faz interação com a matriz polimérica de

poliuretano, como é observado na microscopia eletrônica de varredura, apresentada

na Figura 5.12.

Pode-se dizer que a metodologia apresenta para análise de ésteres, MAG,

DAG E TAG por cromatografia gasosa, mostrou-se satisfatória quantitativamente e

qualitativamente para os compostos citados.

93

7 REFERÊNCIAS

Biodiesel 9. Disponivel em: <http://www.mme.gov.br/programas/biodiesel/menu/biodiesel/pnpb.html>. Acesso em: 03 Maio 2014.

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99

8 ANEXOS

Anexo 1 - REGULAMENTO TÉCNICO ANP Nº 4/2012

1. Objetivo

Este Regulamento Técnico aplica-se ao biodiesel nacional ou importado e

estabelece a sua especificação.

2. Normas Aplicáveis

A determinação das características do biodiesel deverá ser feita mediante o

emprego das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), das

normas internacionais da "American Society for Testing and Materials" (ASTM), da

"International Organization for Standardization" (ISO) e do "Comité Européen de

Normalisation" (CEN).

Os dados de repetitividade e de reprodutibilidade fornecidos nos métodos relacionados neste

Regulamento devem ser usados somente como guia para aceitação das determinações em duplicata

do ensaio e não devem ser considerados como tolerância aplicada aos limites especificados neste

Regulamento.

A análise do produto deverá ser realizada em amostra representativa obtida segundo os métodos

ABNT NBR 14883 - Petróleo e produtos de petróleo - Amostragem manual, ASTM D 4057 - Practice

for Manual Sampling of Petroleum and Petroleum Products ou ISO 5555 - Animal and vegetable fats

and oils - Sampling.

As características constantes da Tabela I de Especificação do Biodiesel deverão ser determinadas de

acordo com a publicação mais recente dos seguintes métodos de ensaio:

2.1. Métodos ABNT

MÉTODO TÍTULO

NBR 6294 Óleos lubrificantes e aditivos - Determinação de cinza sulfatada

NBR 7148 Petróleo e produtos de petróleo - Determinação da massa específica, densidade relativa e

ºAPI - Método do densímetro

NBR

10441

Produtos de petróleo - Líquidos transparentes e opacos - Determinação da viscosidade

cinemática e cálculo da viscosidade dinâmica

NBR

14065

Destilados de petróleo e óleos viscosos - Determinação da massa específica e da

densidade relativa pelo densímetro digital.

NBR

14359 Produtos de petróleo - Determinação da corrosividade - Método da lâmina de cobre

100

NBR

14448

Produtos de petróleo - Determinação do índice de acidez pelo método de titulação

potenciométrica

NBR

14598

Produtos de petróleo - Determinação do ponto de fulgor pelo aparelho de vaso fechado

Pensky-Martens

NBR

14747 Óleo Diesel - Determinação do ponto de entupimento de filtro a frio

NBR

15341

Biodiesel - Determinação de glicerina livre em biodiesel de mamona por cromatografia em

fase gasosa

NBR

15342

Biodiesel - Determinação de monoglicerídeos e diglicerídeos em biodiesel de mamona por

cromatografia gasosa

NBR

15343

Biodiesel - Determinação da concentração de metanol e/ou etanol por cromatografia

gasosa

NBR

15344 Biodiesel - Determinação de glicerina total e do teor de triglicerídeos em biodiesel

NBR

15553

Produtos derivados de óleos e gorduras - Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos -

Determinação dos teores de cálcio, magnésio, sódio, fósforo e potássio por

espectrometria de emissão ótica com plasma indutivamente

acoplado (ICP-OES)

NBR

15554

Produtos derivados de óleos e gorduras - Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos -

Determinação do teor de sódio por espectrometria de absorção atômica

NBR

15555

Produtos derivados de óleos e gorduras - Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos -

Determinação do teor de potássio por espectrometria de absorção atômica

NBR

15556

Produtos derivados de óleos e gorduras - Ésteres metílicos/etílicos de ácidos graxos -

Determinação do teor desódio, potássio, magnésio e cálcio por espectrometria de

absorção atômica

NBR

15586 Produtos de petróleo - Determinação de microrresíduo de carbono

NBR

15764 Biodiesel - Determinação do teor total de ésteres por cromatografia gasosa

NBR

15771 Biodiesel - Determinação de glicerina livre - Método Volumétrico

NBR

15867

Biodiesel - Determinação do teor de enxofre por espectrometria de emissão ótica com

plasma indutivamente acoplado (ICP-OES)

NBR

15908

Biodiesel - Determinação da glicerina livre, monoglicerídeos, diglicerídeos, triglicerídeos e

glicerina total por cromatografia gasosa

NBR

15995 Biodiesel - Determinação da contaminação total

101

2.2. Métodos ASTM

MÉTODO TÍTULO

ASTM D93 Flash point by Pensky-Martens closed cup tester

ASTM

D130 Corrosiveness to copper from petroleum products by copper strip test

ASTM

D445

Kinematic viscosity of transparent and opaque liquids (and calculation of dynamic

viscosity

ASTM

D613 Cetane of Diesel fuel oil

ASTM

D664 Acid of petroleum products by potentiometric titration

ASTM

D874 Sulfated ash from lubricating oils and additives

ASTM

D1298

Density, relative density (specific gravity) or API gravity of crude petroleum and liquid

petroleum products by hydrometer

ASTM

D4052 Density and relative density of liquids by digital density meter

ASTM

D4530 Determination of carbon residue (micro method)

ASTM

D4951

Determination of additive elements in lubricating oils by inductively coupled plasma

atomic emission spectrometry

ASTM

D5453

Determination of total sulfur in light hydrocarbons, spark ignition engine fuel, diesel

engine fuel, and engine oil by ultraviolet fluorescence

ASTM

D6304

Determination of water in petroleum products, lubricating oils, and additives by

coulometric Karl Fisher titration

ASTM

D6371 Cold filter plugging point of Diesel and heating fuels

ASTM

D6584

Determination of total monoglyceride, total diglyceride, total triglyceride, and free and total

glycerin in b-100 biodiesel methyl esters by gas chromatography

ASTM

D6890

Determination of ignition delay and derived cetane (DCN) of Diesel fuel oils by

combustion in a Constant volume chamber

2.3. Métodos EN/ ISO

MÉTODO TÍTULO

EN 116 Determination of cold filter plugging point

EN ISO Petroleum products - Corrosiveness to copper - Copper strip test

102

2160

EN ISO

3104

Petroleum products - Transparent and opaque liquids - Determination of kinematic

viscosity and calculation of dynamic viscosity

EN ISO

3675

Crude petroleum and liquid petroleum products - Laboratory determination of density -

Hydrometer method

EN ISO

3679 Determination of flash point - Rapid equilibrium closed cup method

EN ISO

3987 Petroleum products - Lubricating oils and additives - Determination of sulfated ash

EN ISO

5165

Diesel fuels - Determination of the ignition quality of diesel fuels - Cetane engine

method

EN 10370

Petroleum Products - Determination of carbon residue - Micro Method

EN ISO

12185 Crude petroleum and liquid petroleum products. Oscillating U-tube method

EN ISO

12662 Liquid Petroleum Products - Determination of contamination in middle distillates

EN ISO

12937 Petroleum Products - Determination of water - Coulometric Karl Fischer titration method

EN 14103 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of ester and

linolenic acid methyl ester contents

EN 14104 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of acid value

EN 14105 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of free and total

glycerol and mono, di- and triglyceride content - (Reference Method)

EN 14106 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of free glycerol

content

EN 14107 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of phosphorous

content by inductively coupled plasma (ICP) emission spectrometry

EN 14108 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of sodium content

by atomic absorption spectrometry

EN 14109 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of potassium

content by atomic absorption spectrometry

EN 14110 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of methanol

content

EN 14111 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of iodine value

EN 14112 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of oxidation

103

stability (accelerated oxidation test)

EN 14538

Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) - Determination of Ca, K, Mg and

Na content by optical emission spectral analysis with inductively coupled plasma (ICP-

OES)

EN 15751 Fat and oil derivatives - Fatty acid methyl esters (FAME) and blends with diesel fuel.

Determination of oxidation stability by accelerated oxidation method

EN ISO

20846

Petroleum Products - Determination of sulfur content of automotive fuels - Ultraviolet

fluorescence method

EN ISO

20884

Petroleum Products - Determination of sulfur content of automotive fuels - Wavelength-

dispersive X-ray fluorescence spectrometry

Tabela I: Especificação do Biodiesel

CARACTERÍSTICA UNIDADE LIMITE MÉTODO

ABNT

NBR ASTM D EN/ISO

Aspecto - LII (1) - - -

Massa específica a 20º C kg/m³ 850 a

900

7148

14065

1298

4052

EN ISO 3675

EN ISO

12185

Viscosidade Cinemática a 40ºC mm²/s 3,0 a 6,0 10441 445 EN ISO 3104

Teor de água, máx. mg/kg (2) - 6304 EN ISO

12937

Contaminação Total, máx. mg/kg 24 - - EN ISO 12662

NBR 15995

Ponto de fulgor, mín. (3) ºC 100,0 14598 93 EN ISO 3679

Teor de éster, mín % massa 96,5 15764 - EN 14103

Resíduo de carbono, máx. (4) % massa 0,050 15586 4530 -

Cinzas sulfatadas, máx. % massa 0,020 6294 874 EN ISO 3987

Enxofre total, máx.

mg/kg

10

15867

5453

EN ISO 20846

EN ISO

20884

Sódio + Potássio, máx. mg/kg 5

15554

15555

15553

15556

-

EN 14108

EN 14109

EN 14538

Cálcio + Magnésio, máx. mg/kg 5 15553 - EN 14538

104

15556

Fósforo, máx. mg/kg 10 15553 4951 EN 14107

Corrosividade ao cobre, 3h a 50 ºC,

máx. - 1 14359 130 EN ISO 2160

Número Cetano (5) - Anotar - 613

6890 (6) EN ISO 5165

Ponto de entupimento de filtro a frio,

máx. ºC (7) 14747 6371 EN 116

Índice de acidez, máx. mg

KOH/g 0,50

14448

-

664

- EN 14104 (8)

Glicerol livre, máx. % massa 0,02

15341 (8)

15771

-

6584 (8)

-

EN 14105 (8)

EN 14106 (8)

Glicerol total, máx. (9) % massa 0,25 15344

15908

6584 (8)

- EN 14105 (8)

Monoacilglicerol, máx. % massa 0,80

15342 (8)

15344

15908

6584 (8) EN 14105 (8)

Diacilglicerol, max. % massa 0,20

15342 (8)

15344

15908

6584 (8) EN 14105 8)

Triacilglicerol, máx. % massa 0,20

15342 (8)

15344

15908

6584 (8) EN 14105 (8)

Metanol e/ou Etanol, máx.

% massa

0,20

15343

-

EN 14110 (8)

Índice de Iodo

g/100g

Anotar

-

-

EN 14111 (8)

Estabilidade à oxidação a 110ºC, mín.

(10)

h

6

-

-

EN 14112 EN

15751 (8)

Nota:

(1) Límpido e isento de impurezas, com anotação da temperatura de ensaio.

(2) Será admitido o limite de 380 mg/kg 60 dias após a publicação da Resolução. A partir de 1º de

janeiro de 2013 até 31 de dezembro de 2013 será admitido o limite máximo de 350 mg/kg e a partir

de 1º de janeiro de 2014, o limite máximo será de 200 mg/kg.

(3) Quando a análise de ponto de fulgor resultar em valor superior a 130º C, fica dispensada a análise

de teor de metanol ou etanol.

105

(4) O resíduo deve ser avaliado em 100% da amostra.

(5) Estas características devem ser analisadas em conjunto com as demais constantes da tabela de

especificação a cada trimestre civil. Os resultados devem ser enviados à ANP pelo Produtor de

biodiesel, tomando uma amostra do biodiesel comercializado no trimestre e, em caso de neste

período haver mudança de tipo de material graxo, o Produtor deverá analisar número de amostras

correspondente ao número de tipos de materiais graxos utilizados.

(6) O método ASTM D6890 poderá ser utilizado como método alternativo para determinação do

número de cetano.

(7) Limites conforme Tabela II. Para os estados não contemplados na tabela o ponto de entupimento

a frio permanecerá 19ºC.

(8) Os métodos referenciados demandam validação para os materiais graxos não previstos no

método e rota de produção etílica.

(9) Poderá ser determinado pelos métodos ABNT NBR 15908, ABNT NBR 15344, ASTM D6584 ou

EN14105, sendo aplicável o limite de 0,25% em massa. Para biodiesel oriundo de material graxo

predominantemente láurico, deve ser utilizado método ABNT NBR 15908 ou ABNT NBR 15344,

sendo aplicável o limite de 0,30% em massa.

(10) O limite estabelecido deverá ser atendido em toda a cadeia de abastecimento do combustível.

Tabela II - Ponto de Entupimento de Filtro a Frio

UNIDADES DA

FEDERAÇÃO

LIMITE

MÁXIMO, ºC

JAN FEV MA ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

S P - M G - M S 1 4 1 4 1 4 1 2 88888 1 2 1 4 1 4

GO/DF - MT - ES -

RJ 14 14 14 14 10 10 10 10 10 14 14 14

P R - S C - R S 1 4 1 4 1 4 1 0 55555 1 0 4 1 4

106

Anexo 2 - CROMATOGRAMA ÉSTERES METÍLICOS

Mili

volts

Minutos

EM MSSC 3% (1)

107

Miliv

olts

Minutos

EM PU/MSSC 3% (2)

108

Mili

volts

Minutos

EM PU/MSSC 3% 1ª Reutilização