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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA POLITÉCNICA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA PISOS PODOTÁTEIS ACESSIBILIDADE AMBIENTAL NO MEIO URBANO E CONSTRUÍDO ISABEL CRISTINA GUERREIRO FERREIRA RIO DE JANEIRO 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA POLITÉCNICA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA

PISOS PODOTÁTEIS

ACESSIBILIDADE AMBIENTAL NO MEIO URBANO E CONSTRUÍDO

ISABEL CRISTINA GUERREIRO FERREIRA

RIO DE JANEIRO 2009

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PISOS PODOTÁTEIS ACESSIBILIDADE AMBIENTAL NO MEIO URBANO E CONSTRUÍDO

Trabalho de monografia Isabel Cristina Guerreiro Ferreira

Trabalho de Conclusão apresentado ao CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista em Engenharia Urbana. Prof. Orientador Rosane Martins Alves, D.Sc. Escola Politécnica / UFRJ

RIO DE JANEIRO 2009

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PISOS PODOTÁTEIS ACESSIBILIDADE AMBIENTAL NO MEIO URBANO E CONSTRUÍDO

MONOGRAFIA

ISABEL CRISTINA GUERREIRO FERREIRA

Objetivo: Trabalho para aprovação do curso Curso: ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA

Data de aprovação em ___ / ___ / ____

Prof. Orientador Rosane Martins Alves, D.Sc. Escola Politécnica / UFRJ

Nome completo e titulação - banca examinadora

Nome completo e titulação - banca examinadora

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“Como passear descontraidamente pela

rua sem temer os veículos, os buracos no passeio ou na estrada, as escadas íngremes e os obstáculos inesperados. Sentir-nos-íamos completamente isolados do mundo, presos numa caixa escura, feita de sons, texturas e odores, errando à margem de uma sociedade dominada pelas imagens visuais. Deficiência não é um obstáculo, mas um desafio à prossecução dos objectivos profissionais e académicos.”

Salomé Silva.

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DEDICATÓRIA

“Dedico este trabalho as minhas lindas e estimadas filhas Beatriz e Gabriela ,pela compreensão das horas que não pude estar presente em suas vidas. Ao meu esposo e companheiro pelo apoio e incentivo a minha carreira profissional.A minha mãe querida e ao meu pai in memorium”

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AGRADECIMENTO

Agradeço à Professora Rosane Martins Alves, D.Sc. Escola Politécnica / UFRJ, orientadora do presente trabalho,que com seus

conhecimentos e dedicação na formação de especialistas Engenharia Urbana, muito

acrescentou a minha vida profissional e humana,ressalvando seu trabalho competente e

pleno de coordenadora do curso.

A todos os professores do Curso de Especialização Urbana da Escola

Politécnica, em especial a professora Angela Maria Gabriella Rossi, D.Sc. Escola Politécnica / UFRJ, que ficará para sempre como exemplo de determinação e

constante paixão na busca de melhoria da qualidade de vida das cidades brasileiras.

Um espaço reservado a todos os amigos que cursaram este curso, pelas

caracteristicas singulares do grupo, todos em busca do mesmo propósito da melhoria do

espaço urbano, “o Direito de todo o cidadão ‘a viver sua Cidade”.

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RESUMO

Este estudo foca as normas de uso de revestimento piso podotátil, cujas

características são a presença de relevos que podem ser sentidos através dos sapatos,

indicando o surgimento de obstáculos físicos, evitando acidentes com deficientes visuais e idosos, na acessibilidade ambiental do ambiente construído e no meio urbano de

nossas cidades.

O estudo parte da pressuposição de que a utilização do piso podotátil ainda

é pouco difundida, uma qualidade intrínseca à acessibilidade, que vem sendo

concretizada no Brasil a partir de exigência legal, e não a partir de uma evolução natural

da sociedade.

Essa constatação é percebida pelo pouco conhecimento do tema nos

ambientes acadêmicos de formação dos técnicos da construção civil, bem como ainda

desconhecida de arquitetos e engenheiros civis. Percebe-se diversas dúvidas a respeito

da legislação de acessibilidade, através de avaliações de elementos concretizados nas

obras que já foram implementadas com a pretensão de atendimento as normas.

Outra questão é levar a consciência aos profissionais de engenharia e

arquitetura, quanto à utilização de técnicas de APO (avaliação pós-ocupação) junto aos

usuários. A fim de levantar se as exigências legais estão conseguindo tornar as

edificações e o meio urbano de forma realmente acessíveis, ou seja, se as edificações

projetadas e construídas após a vigência da legislação estão satisfazendo os níveis de

competência ambiental das pessoas com deficiência.

Palavras-chave: Piso podotátil; acessibilidade; legislação e normas técnicas; pessoas

com deficiência visuais ou baixa visão.

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ABSTRACT

This study seal the norms of use of covering tactile pavements, whose

characteristics are the presence of reliefs that they can be felt through the shoes,

indicating the appearance of physical obstacles, avoiding accidents with deficient visual

and senior, in the environmental accessibility of the built atmosphere and in the urban

way of our cities.

The study part of the presupposition that the use of the tactile pavements is still

little spread, an intrinsic quality to the accessibility that has been rendered in Brazil

starting from legal demand, and not starting from a natural evolution of the society.

That verification is noticed by the little knowledge of the theme in the academic

atmospheres of the technicians' of the building site formation, as well as still ignored of

architects and civil engineers. It is noticed several doubts regarding the accessibility

legislation, through evaluations of elements rendered in the works that were already

implemented with the service pretension the norms.

Another subject is to take the conscience to the engineering professionals and

architecture, as for the use of techniques of APO (evaluation powder-occupation) close to

the users. In order to lift the legal demands is getting to turn the constructions and the

urban way in way really accessible, in other words, if the projected constructions and built

after the validity of the legislation are satisfying the levels of the people's environmental

competence with deficiency.

Key-Words: tactile pavements, accessibility, legislation, technical norms.

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LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Referências para locomoção – Deficiente visual 24 Figura 02 – Globo Ocular 30 Figura 03 – Olho 32 Figura 04 – Piso Intertravado e Podotatil 40 Figura 05 – Corrimão Lateral 41 Figura 06 – Sugestão de piso de alerta e guia no urbano 41 Figura 07- pisos Alerta existentes, em materiais diversos e, em destaque, modelo utilizado neste projeto de pesquisa, com especificações previstas pela norma NBR 9050 (2004) 45 Figura 08- modelo de pisos Guia existentes no mercado. À direita, adaptação 45 proposta na pesquisa, a partir da norma brasileira Figura 09 - à esquerda, pisos Alerta aplicados com outra função, visando informar a necessidade de escolha de rota. Em seqüência, novo modelo proposto 46 especificamente para este fim, de modo a evitar conflito de signos Figura 10 - aplicação esquemática dos pisos táteis. Pisos Alerta (1), Guia (2) e Decisão (3) 46 Figura 11- exemplos de aplicação incorreta. À esquerda, piso Alerta sendo utilizado como Guia e, em seqüência, aplicação sem função ou utilidade 47 Figura.12 – Faixa de Piso 49 Figura. 13 – Posicionamento de juntas e grelhas 50 Figura. 14 – Diferenciação de textura de piso em rampas e escadas 51 Figura .15 – Exemplos em mobiliario urbano 52 Figura 16 — Sinalização tátil de alerta – Modulação do piso 53 Figura 17 — Sinalização tátil de alerta em obstáculos suspensos – Exemplo . 54

Figura 18 — Sinalização tátil de alerta nos rebaixamentos das calçadas — Exemplo 55 Figura 19 — Sinalização tátil de alerta nos rebaixamentos das calçadas – Exemplo 55 Figura 20 — Sinalização tátil de alerta nas escadas – Exemplo 56 Figura 21 – Sinalização tátil de alerta junto à porta de elevador – Exemplo 56

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Figura 22 – Sinalização tátil de alerta junto a desnível em plataforma de embarque e desembarque – Exemplo 57 Figura 23 – Piso tátil externo 58

Figura 24 – Faixa interna do piso tátil 58

Figura 25 — Sinalização tátil direcional – Modulação do piso 59 Figura 26 — Composição de sinalização tátil de alerta e direcional – Exemplo 60 Figura 27 — Composição de sinalização tátil de alerta e direcional – Exemplos de mudanças de direção 61 Figura 28— Composição de sinalização tátil de alerta e direcional nos rebaixamentos das calçadas 61 Figura 29 — Comp. de sinalização tátil de alerta e direcional nos reb. das calçadas 62 Figura 30 — Composição de sinalização tátil de alerta e direcional junto as portas de elevadores – 62 Figura 31 — Rebaix. de calçada com sinalização tátil de alerta e direcional 63 Figura 32 — Faixa elevada com sinalização tátil de alerta e direcional 63 Figura 33— Sinalização tátil de alerta e direcional no ponto de ônibus 64 Figura 34 - Vista Sup. Demarcação no piso da plataforma para encaminhamento de Deficiente Visual 65 Figura 35 -Estação de metro de São Paulo 69 Figura 36 - Estação de metrô de São Paulo 69 Figura 37 – Boa aplicação do piso podotátil na cidade de São Paulo 70

Figura 38 – Rua Voluntários da Pátria 71 Figura 39 – Rua Uruguai esquina com Barão Bom Retiro 72 Figura 40 – Rua Uruguai, esquina com Rua Barão do Bom Retiro 72 Figura 41 – Rua Voluntária da Pátria 73 Figura 42– Av. Rio Branco, próximo ao Edifício Central 73

Figura 43 – Mobiliario Urbano e bom exemplo de aplicação do piso podotatil 74 Figura 44– Faixa de pedestre com ilha de mobiliario urbano 74

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TABELAS Tabela 01– Evolução da atitude da sociedade com o deficiente 28 Tabela 02– Patologias oculares 34 Tabela 03– Dimensão do Piso Tatil de alerta 53 Tabela 04– Dimensão do Piso Tatil direcional 59

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO................................................................................................. 12 CAPITULO I 1 – INTRODUÇÃO............................................................................................... 15 1.1. ACESSIBILIDADE......................................................................................... 17 1.2. Percepção ambiental - deficiente visual........................................................ 24 1.2.1. Classificação clínica –OMS (BANGKOK/1992).......................................... 27 1.2.1.2. Classificação educacional........................................................................ 27 1.2.1.3. Sist. Função visual conc.def.visual......................................................... 29 1.2.2 Desenho universal....................................................................................... 38 CAPITULO II 2.1. PISOS PODOTÁTEIS .................................................................................... 42 2.2. SINALIZAÇÃO................................................................................................ 50 2.2.1. NBR 9050 : 2004 ........................................................................................ 52 2.2.1.1. Sinalização tátil no piso ........................................................................... 52 2.2.1.2. Sinalização tátil de alerta ........................................................................ 53 2.2.1.3. Sinalização tátil direcional ....................................................................... 58 2.2.1.4. Composição da sinalização tátil de alerta e direcional ........................... 60 2.3. NBR 14021: 1997 .......................................................................................... 64 2.3.1. Pessoa portadora de deficiência visual ...................................................... 64 2.3.2. Comunicação e sinalização ........................................................................ 64 2.3.3. Estação de Metro de SP- Modelo para portadores de deficiencia visual 65 CAPITULO III 3.1. ANÁLISE VISUAL EM RUAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO ................. 70 3.2. CARACTERISTICAS TECNICAS DE ESPECIFICAÇÃO .............................. 75 3.2.1. Descrição Piso Tátil de Alerta ............................................................... 75 3.2.1.1. Descrição Piso Tátil direcional ........................................................ 76 3.2.2. Tipos de piso e protótipos comerciais .................................................. 76 3.2.2.1. DE SOBREPOR (uso interno, sob autorização do Depto. de Projetos) .. 76 3.2.2.2. INTEGRADO .................................................................................... 77 3.2.2.3. APLICAÇÃO ..................................................................................... 77 3.2.2.4. EXECUÇÃO ...................................................................................... 78 3.2.2.5. RECEBIMENTO ............................................................................... 79 CONCLUSÃO ................................................................................................... 80

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 82

ANEXO ........................................................................................................ 87

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APRESENTAÇÂO

De acordo com a ONU, nos últimos 30 anos várias iniciativas, programas e planos

de ação foram desenvolvidos com o objetivo de melhorar a vida de pessoas com algum

tipo de deficiência. Em relatório realizado em 2006, foi possível descrever um cenário

geral da situação de pessoas com deficiência em todo o mundo. Embora tenham sido

identificados alguns progressos nesta área, em muitos casos, a intenção de gerar

melhorias é muito maior que a ação em si.

Dentre inúmeros fatores alarmantes encontrados, destaca-se o problema da

acessibilidade, que apresenta um amplo campo para melhorias, considerando-se esta

área como pré-requisito para a interação de pessoas com deficiências na sociedade.

As barreiras percebidas, no transporte, nas ruas e vias públicas em geral, tornam

o espaço urbano intransitável para qualquer pessoa e inacessível para as que têm

dificuldade de locomoção ou mobilidade reduzida. Em decorrência, estes problemas

fazem da locomoção dos deficientes visuais uma verdadeira aventura pela cidade,

tornando as atividades que poderiam ser muito simples, algo complexo que atrapalha de

modo significativo o nosso direito de ir e vir”.

A disposição desordenada e caótica do mobiliário urbano ganha realce e

visibilidade através das pessoas cegas que deparam com barreiras tais como: a)

cabines telefônicas ou orelhões e lixeiras sem sinalização; b) veículos estacionados

irregularmente em passeios públicos; c) obras sem proteção ou cordão de isolamento,

cuja maleabilidade e altura não são detectadas pela bengala; d) esgoto e bueiros

abertos, dejetos, buracos, sacos de lixo, entulhos, pisos quebrados; e) cartazes, placas

publicitárias, mesas e cadeiras nas calçadas; f) falta de sinais sonoros nas ruas; g)

toldos baixos avançados nas calçadas e outros obstáculos aéreos; h) vegetação

agressiva, vasos, canteiros, jardineiras e árvores com ramos baixos sem proteção; i)

camelôs, bancas de frutas, carrinhos de pipoca e de hot-dog; j) pavimentação irregular,

calçadas com aclives e declives; k) portões abertos ou que se abrem automaticamente;

l) barras de ferro, postes metálicos finos e de difícil localização pela bengala; m) falta de

alinhamento na construção dos edifícios; n) excesso de ruído próprio dos centros

urbanos; o) elemento surpresa como andaimes nas calçadas; p) falta de sinais de

trânsito nas ruas e avenidas mais movimentadas; q) falta de faixas de segurança com

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sinaleira para travessia de pedestre; r) inexistência de calçamento, degraus nas

calçadas; s) semáforos com pouca luz; t) todo tipo de barreira arquitetônica e ideológica.

O impacto destas barreiras sobre as pessoas com dificuldade de locomoção ou

mobilidade reduzida reflete o caos e a desordem dos centros urbanos. A relação de

incompatibilidade entre os cidadãos e o meio circundante é caracterizada pelos

ambientes restritivos, espaços inacessíveis e pelas estruturas excludentes.

Nos últimos 10 anos, novas leis de acessibilidade, regulamentações e normas

foram criadas no Brasil buscando assegurar os direitos de inclusão para todas as

pessoas. Apesar das conquistas legais, grande parte dos espaços públicos brasileiros –

abertos e edificados – ainda não oferece condições para sua acessibilidade espacial.

Para permitir a inclusão social de forma plena são necessárias, além de ações políticas

e legislativas, mudanças culturais e de atitude. Nesse contexto, a adequação do meio

físico e a provisão de equipamentos de tecnologia assistiva adquirem notada relevância,

visto que a adequação dos atributos de espaços e objetos às necessidades das pessoas

com deficiência é essencial para permitir a acessibilidade espacial e, assim, contribuir

para a sua inclusão social.

Apesar de recente, existe já no Brasil oferta de pisos para acessibilidade, ou pisos

podotáteis, para uso em áreas urbanas externas principalmente em concreto e ladrilho

hidráulico. No entanto, ainda não é possível encontrar variedade de produtos adequados

para utilização em áreas edificadas internas e que possuam condições técnicas de

aplicação e maior qualidade estética. A criação de linha de pisos cerâmicos táteis para

acessibilidade viria então suprir esta lacuna por possibilitar tanto a manutenção de

características de desempenho técnico necessárias, como por serem os pisos cerâmicos

largamente utilizados em áreas edificadas internas.

Existe, portanto a necessidade de reflexão pelos profissionais envolvidos em

obras do ambiente construído, estes devem verificar se as exigências legais e

normativas estão conseguindo tornar as novas edificações realmente acessíveis, ou

seja, as edificações projetadas e construídas após a vigência da legislação satisfazem

os níveis de competência ambiental das pessoas com deficiência, de forma a permitir o

desenvolvimento positivo de suas identidades pessoal e social?

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Os materiais de construção disponiveis na cadeia produtiva brasileira apresentam

o desempenho previsto e almejado nas normas. Estes materiais, respondem as

exigências relatadas pelos usuarios portadores de deficiência?

Ao analisarmos essa complexa questão, identificamos duas situações que podem

auxiliar na compreensão do problema como um todo. Primeiramente, é preciso saber se

os profissionais de projeto estão incorporando os critérios legais e normativos de

acessibilidade em seus projetos e como esse fato está influenciando a concepção dos

projetos e a construção dos edifícios.

Depois, para sabermos se essas edificações estão satisfazendo os níveis de

competência ambiental das pessoas com deficiência, é importante verificarmos se esses

edifícios estão sendo utilizados por esses usuários e, caso estejam, como esses

usuários se sentem e se comportam ao fazerem uso deles.

Ao tentarmos desvendar essas duas questões, objetivamos compreender a

prática e a eficácia da acessibilidade (efetivada a partir de exigências legais e

normativas) gerando o conhecimento necessário à análise crítica e ao desenvolvimento

de soluções teóricas e práticas que resultem numa ambiência urbana e edificada

verdadeiramente acessível e universal.

O tema dessa pesquisa será desenvolvido a partir da realidade vivida por pessoas

cegas ou com baixa visão no que diz respeito à locomoção e mobilidade, abordando-se

de forma mais específica os pisos podotáveis.

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CAPITULO I 1 - INTRODUÇÃO

As pessoas com deficiência tiveram seus direitos sociais reconhecidos há

relativamente pouco tempo. As dificuldades em vencer os condicionantes ambientais

para uma vida social ativa só se tornaram evidentes para a sociedade após as duas

grandes guerras mundiais, que deixaram um grande número de veteranos de guerra

mutilados e deficientes. Até então, a atitude predominante era de exclusão,

discriminação e estigmatização.

Na história, encontramos vários vestígios de exclusão das pessoas com

deficiência. Sociedades antigas, como a de Esparta, praticavam a eugenia, sacrificando

as pessoas que tinham deficiências. Em Atenas, Platão defendeu a aplicação de

medidas como o abandono das crianças “defeituosas”. Na Índia antiga, há cerca de

2.000 anos, o Código de Manu, que consolidou as leis bramânicas, negava o direito de

herança àqueles que possuíam deficiências (DIREITOS E GARANTIAS, 1998).

Outras sociedades antigas provocavam deficiências em indivíduos como punição

ou como forma de estigmatizá-los e de demonstrar poder sobre eles, reservando-lhes

posições específicas e subalternas, como faziam com as mulheres chinesas até o início

do século XX, quebrando e deformando seus pés, e com os eunucos, em diversas

sociedades (DIREITOS E GARANTIAS, 1998).

O apogeu da discriminação contra as pessoas com deficiência na era moderna

ocorreu a partir do século XIX, quando se desenvolveu o movimento eugenista que

preconizava o incentivo à reprodução apenas dos “bem dotados” (sic.) e o impedimento

da reprodução das pessoas com deficiência. Leis eugênicas chegaram a ser aprovadas

em mais de vinte estados norte-americanos e diversos países europeus, como a

Alemanha, a Finlândia e a Suíça, determinando a esterilização compulsória de pessoas

com doenças hereditárias e outras medidas como o aborto de fetos com deficiências

(DIREITOS E GARANTIAS, 1998).

Do ponto de vista simbólico, na Antiguidade, a deficiência, assim como a loucura,

representava o sinal ora da presença dos deuses ora da presença do demônio. Em

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outras épocas, representava algo da esfera do supra-humano ou do âmbito do infra-

humano, que ia do venerável saber do oráculo cego a monstrualidade do corcunda de

Notredame. (PRADO, 2001)

Os direitos sociais das pessoas com deficiência começaram a ser reconhecidos no

período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, assim como o direito social em geral.

O primeiro marco foi o lançamento da Recomendação n° 99, em 1955, pela

Conferência Geral da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que tratava da

reabilitação de pessoas com deficiência. A partir daí vários documentos foram

elaborados com o intuito de garantir os direitos das pessoas com deficiência. Entretanto,

foi somente em 1975 que a ONU (Organizações das Nações Unidas) lançou a

“Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes”.

A falta de adequação física e simbólica dos ambientes construídos às pessoas

com deficiência é uma característica que acompanha a tradição arquitetônica ocidental,

fundamentada na exclusão e discriminação praticadas e aceitas pelas sociedades que

nos precederam. No entanto, os direitos sociais das pessoas com deficiência já foram

reconhecidos há quase meio século, mas a teoria, a prática e a crítica da arquitetura e

do urbanismo no Brasil ainda não reconheceram a acessibilidade ambiental como

elemento essencial à arquitetura.

Atualmente no Brasil, “as iniciativas para concretizar a acessibilidade ambiental no

espaço construído surgem de fora para dentro, ou seja, a partir de exigências legais,

fundamentadas por normas técnicas, e não a partir de uma evolução intrínseca da

arquitetura” (GUIMARÃES, 1996).

A legislação brasileira estabelece hoje normas gerais e critérios básicos de

acessibilidade para espaços urbanos e edificações. Ela estabelece regras mínimas para

a construção de espaços acessíveis para as pessoas com deficiência. As normas

técnicas, como o próprio nome sugere, são mais técnicas do que a legislação e

fornecem características construtivas, medidas e parâmetros ergométricos relacionados

ao uso ambiental das pessoas com deficiência. A legislação estabelece as condições

mínimas de acessibilidade para os diversos tipos de edificações e espaço urbano e, para

garantir a correta execução dos elementos que constituem a acessibilidade de um

espaço, refere-se aos parâmetros e critérios das normas técnicas de acessibilidade.

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1.1. ACESSIBILIDADE

A Constituição Federal de 1988 sancionou amplas garantias e regulamentou os

direitos de eqüidade e cidadania das pessoas portadoras de deficiências (CARVALHO,

2001). A parcela da população brasileira atingida por algum tipo de deficiência é

significativa.

De acordo com dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia

Estatística (IBGE), de 2001, há no Brasil, 24,6 milhões de pessoas portadoras de

deficiências (PPDs). Destas, mais de 9 milhões são portadoras de algum tipo de

deficiência física.

Para o Instituto, portador de deficiência física é aquele que "tem alguma das

seguintes deficiências: paralisia permanente total; paralisia permanente das pernas;

paralisia permanente de um dos lados do corpo; falta de perna, braço, mão, pé ou dedo

polegar.”.

Pela pesquisa foi revelado que a cada 100 brasileiros, no mínimo 14 apresentam

limitações de ordem física ou sensorial. Por outro lado, os dados revelam a exclusão

praticada no país, afinal, nem todos têm possibilidade de acesso a emprego, educação,

saúde, lazer, dentre outros direitos fundamentais.

Diante deste retrato da deficiência no Brasil, a acessibilidade tornou-se o ditame

principal nas relações da sociedade para com os seus integrantes portadores de

deficiência, abrangendo um amplo conjunto de aspectos: emprego, saúde, educação,

reabilitação e também o espaço urbano e edificado que deve receber o portador de

deficiência livre de barreiras arquitetônicas e urbanas. Todavia, por mais que se tenha

ciência deste panorama, por mais que haja regulamentos que determinem a eliminação

de barreiras, sua aplicação ainda se verifica muito restrita e o que se vê é a falta de

acessibilidade no ambiente em geral (CIRICO, 2001).

Segundo Carvalho (2001), em vários segmentos da sociedade são notórias as

inúmeras dificuldades sociais e econômicas enfrentadas pelo portador de deficiências.

Sendo que as barreias, principalmente físicas, encontradas por grande parte destas

pessoas estão presentes em suas próprias residências e seguem para áreas públicas e

ambientes de trabalho.

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Vários são os ambientes de interação do ser humano, contudo a habitação se

apresenta como um dos mais importantes. Neste espaço particular o homem se apropria

do espaço, impondo-o às suas necessidades, buscando encontrar sua identidade,

fazendo prevalecer seu direito à privacidade e ao convívio familiar. Devido à importância

apresentada por este ambiente, é fundamental que ele atenda às suas necessidades e

especialmente, em se tratando de um morador que depende de uma cadeira de rodas,

garanta seu uso e deslocamento (SANTOS, 2004).

A Lei da Acessibilidade, nº10.098, de 19 de dezembro de 2000, estabelece

normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas

portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Para fins desta lei é dada a

definição de acessibilidade:

Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida.

Santos (2004) destaca que a acessibilidade é um dos principais fatores que rege

a inter-relação entre a sociedade e indivíduos portadores de deficiências, influenciando

em vários aspectos diretamente ligados a seus direitos enquanto cidadão. Pode-se

identificar uma grande falta de informações voltadas a esta problemática, principalmente

no campo da ergonomia, no que diz respeito a sua relação com os produtos que usa e

ambientes que freqüentam. Estas informações seriam importantes à concepção de

dispositivos, mobiliários e ambientes de trabalho mais adequados a estes indivíduos.

(CARVALHO, 2001).

O problema da acessibilidade no ambiente construído é agravado se levarmos em

conta que o déficit habitacional no Brasil é estimado em cerca de 6,5 milhões de

unidades e o suprimento destas edificações deverá, necessariamente, contemplar as

necessidades das pessoas ao longo de todo o seu ciclo de vida (IBGE, 2000). Além

disso, é importante notar que cerca de 50% dos portadores de deficiência situam-se na

faixa de renda mais baixa, ou seja, menos do que três salários mínimos. Apesar disso,

verifica-se que a grande maioria dos conjuntos habitacionais projetados para abrigar as

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classes economicamente menos favorecidas geralmente não tem incluído a

acessibilidade como requisito mínimo de projeto (SANTOS, 2000).

Os problemas no sistema da habitação de interesse social iniciam-se nos

programas de financiamento que privilegiam tão-somente os custos de construção, e

não os custos totais para a família ao longo do ciclo de vida da habitação. O predomínio

do fator econômico sobre o técnico e o sociocultural determina a contenção de despesas

mediante a simplificação da habitação, seja ela pela redução no dimensionamento dos

ambientes ou pelo uso de materiais e processos construtivos com desempenho

deficiente, o que implica o rebaixamento do padrão de acabamento e conforto (BOMM;

ELY; SZÜCS, 2003).

A acessibilidade é definida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), através da norma NBR 9050/94, que dispõe acerca da “Acessibilidade de

pessoas portadoras de deficiências a edificações, espaço mobiliário e equipamentos

urbanos – A possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e

autonomia, de edificações, espaço, mobiliário e equipamento urbano.”.

A gênese da Política Pública ora denominada Acessibilidade se deu em 1981,

quando as Nações Unidas declarou como o Ano Internacional dos Portadores de

Deficiência. Em 03.10.1982, através da Resolução 37/82, a Assembléia Geral das

Nações Unidas, foi aprovado o Programa de Ação Mundial para Pessoas Portadoras de

Deficiência, eqüalizando o direito das pessoas com deficiência às mesmas

oportunidades que os demais cidadãos além de usufruir das melhorias nas condições de

vida resultantes do avanço econômico e social.

De acordo com Cunha (1996), este programa demonstra o significado de

impedimento, deficiência, incapacidade, que são definições da Organização Mundial de

Saúde – OMS, como também aponta os conceitos de prevenção, reabilitação e

equiparação de oportunidade, que são incorporados à discussão, dos quais se

destacam:

“Impedimento – Situação desvantajosa para um determinado indivíduo, em conseqüência de uma deficiência ou de uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho de um papel que é normal em

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seu caso (em função de idade, sexo e fatores sociais e culturais) (...) O impedimento está em função da relação entre as pessoas incapacitadas e seu ambiente. (...) Essa relação ocorre quando essas pessoas enfrentam barreiras culturais, física ou sociais que a impedem de ter acesso aos diversos sistemas da sociedade à disposição dos demais cidadãos. O impedimento é, portanto, a perda ou a limitação das oportunidades de participar na vida da comunidade na igualdade de condições com os demais. Equiparação de oportunidades é o processo mediante o qual o sistema geral da sociedade – como o meio físico e cultural, moradia e transporte, serviços sociais e de saúde, oportunidade de educação e de trabalho, vida cultural e social, inclusive instalações desportivas e de lazer – se torna acessível a todos.

Deste modo, constata-se que o impedimento está no ambiente e nas barreiras

criadas neste que impedem a pessoa deficiente física de deter isonomia de

possibilidades e igualdade de direitos.

Prado (2006) enfatiza que:

(...) não é possível pensar em uma cidade que não se proponha a rever seu planejamento discutindo programas/ações com metas para facilitar a circulação, a interação, promovendo a inclusão das pessoas com deficiências e aquelas com mobilidade reduzida, que por conta de alguma limitação temporária (...) se vêem limitadas.

E conclui:

O objetivo da acessibilidade é permitir um ganho de autonomia e de mobilidade a um número maior de pessoas, até mesmo àquelas que tenham reduzido a sua mobilidade ou dificuldade em se comunicar, para que usufruam os espaços com mais segurança, confiança e comodidade.

Araújo & Símón (2006) destacam:

Assegurar a essa significante parcela da população bens e direitos é obrigação do Estado, que deve zelar ela concretização dos direito fundamentais de todos os cidadãos, sempre pautados na cidadania e na dignidade da pessoa humana. Para tanto, respaldado

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pelo princípio da igualdade, deverá expedir norma que garanta o usufruto desses bens e o gozo desses direitos.

Diversos diplomas legais brasileiros têm surgido com o intuito de promover a

inclusão social dos deficientes físicos.

A Constituição Federal de 1988 através dos artigos 227 e 244 garante a

acessibilidade às cidades, às edificações e aos transportes. A lei disporá sobre normas

de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de

veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas

portadoras de deficiência (CF, art. 227, § 2º).

A lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso público e

dos veículos de transporte coletivo atualmente existentes a fim de garantir acesso

adequado às pessoas portadoras de deficiência, conforme o disposto no Art. 227, § 2º.

(CF, Art. 244).

Em dezembro de 2004 foi publicado o Decreto nº 5.296, que regulamenta a Lei nº

10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas

portadoras de deficiência, aos idosos, às gestantes, às lactantes e às pessoas

acompanhadas por crianças de colo e a Lei nº 10.098 de 19 de dezembro, de 2000, que

pode ser considerada o Estatuto de Acessibilidade, estabelece normas gerais e critérios

básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou

com mobilidade reduzida. O conceito de acessibilidade adotado pelo Decreto é amplo e

envolve um macro sistema, desde via de acesso, calçada, terminal, veículo até

capacitação de pessoal.

O Programa de Acessibilidade, dentre outros aprimoramentos como facilitação de

acesso nas edificações públicas ou privadas, no espaço público, logradouros e seu

mobiliário, na educação, nas comunicações e sinalização, investe também no sistema

de transportes, desde o embarque até o desembarque de passageiros, ao garantir

direito de ir e vir – um dos direitos primordiais do cidadão estabelecido na Constituição

Federal – com segurança e autonomia, a partir do qual tantos outros direitos são

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decorrentes. Percebe-se, dessa forma, que o desenvolvimento deste projeto significa

melhoria no Índice de Desenvolvimento Humano do país.

Devido à dimensão territorial do Brasil, suas peculiaridades regionais,

geográficas, econômicas, culturais e infra-estruturais, o Inmetro tem realizado estudos

aprofundados, que visam diagnosticar a realidade do país e encontrar as melhores

soluções técnicas para que o Programa de Acessibilidade1.

Percebe-se que a legislação nacional que protege a pessoa portadora de

deficiência é incisiva.

Logo, Araújo & Simon (2006) concluem que:

É necessário, contudo, que tanto o Estado como a sociedade firmem políticas de observância irrestrita dessa legislação. A Instituição do Ministério Público tem importante papel neste sentido, porque, mais do que simplesmente auxiliar na conscientização dos atores sociais, na compreensão do motivo pelo qual devem ser instituídas essas formas de proteção, tem mecanismos que possibilitam a efetividade concreta dessa legislação.

A maior parte dos ambientes seja construída ou não, apresenta barreiras visíveis

e invisíveis. Constituem-se barreiras visíveis os impedimentos concretos, entendidos

como a falta de acessibilidade dos espaços. As invisíveis compõem a forma como as

pessoas são vistas pela sociedade, na maior parte das vezes representada pelas suas

deficiências e não pelas suas potencialidades (PRADO, 2006).

A responsabilidade pelo Urbanismo é interdisciplinar. Porquanto, arquitetos,

engenheiros, projetistas e designers devem atentar-se a forma de conceber os espaços

de modo a concretizar as garantias constitucionais dos deficientes físicos.

A acessibilidade deve estar presente nas edificações, no meio urbano, nos

transportes e nas suas mútuas interações, conforme a exigência legal.

1 Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/qualidade/acessibilidade.asp Acesso em 17.10.2008

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O objetivo da acessibilidade é permitir um ganho de autonomia e de mobilidade a

uma gama maior de pessoas, até mesmo àquelas que tenham reduzida a sua

mobilidade ou dificuldade em se comunicar, para que usufruam dos espaços e das

benesses que os ambientes podem lhe proporcionar (ARAÚJO, 2006).

A Associação Brasileira de Norma Tecnicas ao publicar em 1994 a norma de

acessibilidade, chamou a atenção dos projetistas dos espaços publicos e privados para

os deficientes físicos, a partir desse importante marco, as edificações e as intervenções

de obras urbanas passaram a introduzir nos projetos os elementos necessarios a

acessibilidade, porém esses beneficios focaram mais aos deficientes físicos,

recentemente, a partir da publicação da norma revisada em 2004 ,e que os deficientes

visuais e outras categorias de deficientes,tiveram a atenção das entidades regionais do

conselho de classe dos profissionais Arquitetos e Engenheiros .

É cada dia mais importante a concientização de que todos os cidadãos estão

sujeitos há um dia, necessitarem dos espaços adaptados, seja de forma temporaria ou

permanente, a redução de mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção.

Para os termos técnicos deste trabalho adotaram-se os termos:

• Acessibilidade – possibilidade e condição do portador de deficiência alcançar e

utilizar, com segurança e autonomia, edificações e equipamentos urbanos;

• Barreira arquitetônica ambiental – impedimento da acessibilidade ao portador

de deficiência, representado por obstáculo natural ou resultante de implantações

arquitetônicas ou urbanísticas;

• Parâmetros antropométricos – medidas referenciais consideradas de adoção

necessária eindispensáveis nas edificações e equipamentos urbanos, para que

possam torná-los acessíveis aos portadores de deficiência.

• Medidas e Padrões referenciais básicos - As medidas ou padrões referenciais

para atender aos portadores de deficiência ambulatória;

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Figura 01 - Referências para locomoção – Deficiente visual

Fonte: www.ibdd.org.br2

1.2- PERCEPÇÃO AMBIENTAL - PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS VISUAIS

Portadores de deficiência são as pessoas com deficiências, temporárias ou

permanentes, que, sem condições especiais de recepção e acessibilida de àinfra-

estrutura, não têm como se utilizar, com segurança e autonomia, das edificações e

equipamentos urbanos.

A pessoa com deficiência é um individuo que têm reduzidas, limitadas ou

anuladas, as suas condições de mobilidade ou percepção das características do

ambiente onde se encontra.

Os profissionais de criação dos espaços ambientais construídos podem

minimizar as dificuldades dos individuos portadores de algum tipo de deficiência. No

caso do deficiente visual, a criação do piso podotátil vem a atender e fornecer a

possibilidade de acesso aos espaços da cidade.

Pode-se entender como portador de deficiência sensorial visual, o individuo com

perda total ou parcial da visão, capaz de lhes trazer insegurança ou desorientação, e

consequente perda da cognição da percepção ambiental;

O termo deficiência visual refere-se a uma situação irreversível de diminuição da

resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após

tratamento clínico e/ ou cirúrgico e uso de óculos convencionais.

2 Disponível em:http// www. ibdd.org.br. acesso em 05.02.2009

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Segundo a OMS (Bangkok, 1992), o indivíduo com baixa visão ou visão

subnormal é aquele que apresenta diminuição das suas respostas visuais, mesmo após

tratamento e/ ou correção óptica convencional, e uma acuidade visual menor que 6/ 18 à

percepção de luz, ou um campo visual menor que 10 graus do seu ponto de fixação,

mas que usa ou é potencialmente capaz de usar a visão para o planejamento e/ ou

execução de uma tarefa.

Há vários tipos de classificação. De acordo com a intensidade da deficiência, A

diminuição da resposta visual pode ser: a deficiência visual leve, moderada,

profunda(que compõem o grupo de visão subnormal ou baixa visão),severa e perda total

da visão(cegueira, ausência total da resposta visual ). De acordo com comprometimento

de campo visual, temos o comprometimento central, periférico e sem alteração. De

acordo com a idade de início, a deficiência pode ser congênita ou adquirida. Se está

associada a outro tipo, como surdez, por exemplo, a deficiência pode ser múltipla ou

não.

CAMBIAGHI,2007,apresenta em seu livro Desenho Universal ,o que a Lei n. 10.048

de 2000 descreve como deficiente visual:

“Cegueira,na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor

olho,com a melhor correção ótica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e

0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais o somátorio da

medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º;ou a ocorrência

simultânea de qualquer das condições anteriores;”

Segundo a OMS-Organização Mundial de Saúde, cerca de 1% da população

mundial apresenta algum grau de deficiência visual. Mais de 90% encontram-se nos

países em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos, a população com deficiência

visual é composta por cerca de 5% de crianças, enquanto os idosos são 75% desse

contingente. Dados oficiais de cada país não estão disponíveis.

Os estudos desenvolvidos por BARRAGA (1976), distinguem 3 tipos de

deficiência visual:

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• CEGOS: têm somente a percepção da luz ou que não têm nenhuma visão e

precisam aprender através do método Braille e de meios de comunicação que

não estejam relacionados com o uso da visão.

• Portadores de VISÃO PARCIAL: têm limitações da visão à distância, mas são

capazes de ver objetos e materiais quando estão a poucos centímetros ou no

máximo a meio metro de distância.

• Portadores de VISÃO REDUZIDA: são considerados com visão indivíduos que

podem ter seu problema corrigido por cirurgias ou pela utilização de lentes.

As principais causas da cegueira e das outras deficiências visuais têm se

relacionado a amplas categorias:

• · Doenças infecciosas;

• · Acidentes;

• · Ferimentos;

• · Envenenamentos;

• · Tumores;

• · Doenças gerais e influências pré-natais e hereditariedade

De maneira genérica, podemos considerar que nos países em desenvolvimento

as principais causas são infecciosas, nutricionais, traumáticas e causadas por doenças

como as cataratas. Nos países desenvolvidos são mais importantes as causas genéticas

e degenerativas. As causas podem ser divididas também em: congênitas ou adquiridas.

• Causas congênitas: amaurose congênita de Leber, malformações

oculares, glaucoma congênito, catarata congênita.

• Causas adquiridas: traumas oculares, catarata, degeneração senil de

mácula( relacionada a idade ), glaucoma, alterações retinianas

relacionadas à hipertensão arterial ou diabetes.

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1.2.1. Classificação Clínica –OMS (Bangkok/1992) : • Uma pessoa com Baixa Visão é aquela que possui deficiência da

função visual mesmo após o tratamento e/ou correção do erro refrativo

e que possui AV menor do que 6/18(0,3) à percepção de luz ou CV

menor do que 10 graus a partir do ponto de fixação,mas que usa ou é

potencialmente capaz de usar a visão para o planejamento e/ou

execução de uma tarefa.

1.2.1.2. Classificação Educacional: • Educandos que utilizam o sistema Braille como principal veículo de

comunicação no processo ensino/aprendizagem, e não utilizam a visão

para a aquisição de conhecimentos, mesmo que a percepção de luz os

auxilie na orientação e mobilidade.

• Aqueles que podem ver objetos a poucos centímetros (2 ou 3cm) e

utilizam a visão para ler e escrever, com ou sem auxílios ópticos, e

outros precisam complementar essas atividades utilizando o sistema

Braille.

• Aqueles que em algum grau estão limitados no uso de sua visão, mas

utilizam-na, porém predominantemente no processo de

ensino/aprendizagem, necessitando muitas vezes de iluminação

especial, auxílios ópticos, etc

Segundo os dados do IBGE (2003) 14,5% da população nacional apresentam

algum tipo de incapacidade, ou seja, alguma dificuldade de locomover-se, enxergar,

ouvir ou com alguma deficiência física, mental ou sensorial. Os deficientes visuais

representam 48,1% deste contingente, sendo por isso, o grupo de maior

representatividade, e o enfoque desse trabalho. Apesar dos altos índices apresentados

acima, são poucas as áreas urbanas e construídas adaptadas e acessíveis para esse

grupo específico da população.

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Tabela 01- Evolução da Atitude da sociedade com o deficiente

Fonte: Profª Maria Cecília Lara de Toledo3

Segundo Pe.Thomas J. Carroll, dentre as consequências a cegueira adquirida

ocasiona diversas perdas dentre as quais se destacam neste trabalho a perda de

identidade e as perdas na apreciação e mobilidade (percepção visual).

As adaptações dos espaços urbanos, construídos e dos locais públicos se

tornam claramente necessárias quando se compreende que as atividades realizadas em

ambientes naturais, como mobilidade direito de ir e vir pelas ruas da cidade, propiciam

uma riqueza de estímulos visuais, sonoros, olfativos, táteis e sinestésicos, além de

permitirem ao deficiente visual ultrapassar seus limites, aumentar sua auto-estima e

proporcionar maior socialização.

Os ambientes que têm total acessibilidade para os deficientes exigem uma maior

preocupação dos projetistas quanto: à localização de mobiliários urbanos; disposição

dos ambientes. Sempre que possivel deve-se substituir as escadas por rampas,por

exemplo.

Na construção dos projetos urbanos e das edificações deve ser considerada a

acessibilidade dentro de um processo elaborativo amplo, o sucesso do projeto pode ser

prejudicado se não ocorrer à participação do deficiente no processo da criação. A APO -

avaliação pós ocupação, técnica que permite aos projetistas medir junto aos usuários se

suas criações atendem as perrogativas qualititativas almejadas, são indispensaveis, pois

3 Disponível em: http// www. mcltoledo.com. acesso em 15.02.2009

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sem melhoria continua, não temos como evoluir no atendimento adequado da criação

desses espaços a esse tipo de usuario.

Muito já se evoluiu no desenho universal(produto utilizado pelo mais amplo

numero de pessoas possiveis) em atendimento ao deficiente físico, no entanto para o

deficiente visual, somente agora as cidades começam a exigir as adaptações

necessárias e adequadas.

1.2.1.3. Sistema e função visual – Conceituando a deficiência visual

A formação da imagem visual depende de uma rede integrada, de estrutura

complexa, da qual os olhos são apenas uma parte, envolvendo aspectos fi siológicos,

função sensório-motora, perceptiva e psicológica.

A capacidade de ver e de interpretar as imagens visuais depende

fundamentalmente da função cerebral de receber, decodificar, selecionar, armazenar e

associar essas imagens a outras experiências anteriores.

Para ver o mundo em formas e cores é necessário que o nervo óptico e a

retina(camada interna que reveste a câmara ocular) estejam intactos. A retina é formada

por células foto-receptoras, os cones, responsáveis pela visão central e visão decores, e

pelos bastonetes, responsáveis pela visão periférica e adaptação a poucailuminação –

visão noturna.

A concentração das células nervosas na retina passa a constituir a mácula,

pontocentral da visão, cuja função é a acuidade visual, responsável pela visão nítida e

dedetalhes. As terminações dessas células nervosas constituem o nervo óptico

queconduz o estímulo visual ao cérebro, onde as imagens são interpretadas.

A parte externa é constituída pela esclerótica, membrana fi brosa e resistente

(obranco dos olhos), responsável por sua proteção. A córnea é transparente,

parapossibilitar a passagem dos raios luminosos.

A túnica média é constituída pela coróide, membrana pigmentada, rica emvasos

sangüíneos, responsáveis pela irrigação e pela nutrição da retina.

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O corpo ciliar é um espessamento da túnica média, ligando a coróide à íris.Produz

o humor aquoso, fl uido transparente que ocupa o espaço entre a córneae o cristalino,

parte anterior. Junto com o humor vítreo (substância gelatinosae transparente), ocupa o

espaço posterior do cristalino e retina, formando osmeios líquidos.

A íris, o disco colorido dos olhos, é formada, na parte central, pela pupila

(meninados olhos), que controla a entrada e a quantidade do estímulo luminoso.

Pelaação dos músculos da íris, controlada pelo sistema autônomo, a pupila se dilatano

escuro e se contrai em alta iluminação, regulando a quantidade de luz quepenetra no

olho.

Atrás da íris, fica o cristalino, uma lente biconvexa, transparente, responsável

pelofoco e nitidez da imagem. O estímulo atravessa os diversos meios transparentes,

córnea, humor aquoso, cristalino e corpo vítreo, para chegar ao fundo do olho.

Figura 02 – Globo Ocular Fonte: : Profª Maria Cecília Lara de Toledo3

3 Disponível em: http// www.mcltoledo.com .Acesso em 15.02.2009

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Qualquer má formação ou alteração, nesse sistema, pode prejudicar seriamentea

função visual. As sensações visuais, recebidas invertidas pela retina, são levadas ao

cérebro,pelo nervo óptico, e corrigidas pelo córtex visual occipital, que,

interpretadas,tornam-se conscientes.

Os cones e bastonetes fazem sinapse com células bipolares que, conectadas

àscélulas ganglionares, formam os axônios do nervo óptico.

As imagens visuais se formam através da excitação, pela luz, das moléculas

fotossensíveis, desencadeando reações químicas e gerando impulsos nervosos, que

são conduzidos pelo nervo óptico ao córtex visual, responsável pela decodifi cação,

interpretação e associação de imagens.

A visão tridimensional ou estereoscópica ocorre quando há

binocularidade,possibilitando a percepção da posição dos objetos no espaço, o cálculo

da distânciaentre eles e a noção de profundidade.

A imagem integrada no cérebro ocorre porque a informação visual de ambos

osolhos (visão binocular) é fundida em uma única imagem, pelas células

corticaisconectadas às vias ópticas de ambos os olhos.

A visão binocular se desenvolve normalmente, se os dois olhos

trabalharemjuntos. Com imagens diferentes por desvio dos olhos (estrabismo) ou por

erro derefração, não ocorre a fusão. Dessa forma, a criança passa a preferir o melhor

olho,suprimindo a imagem do outro ou fi xando alternadamente, podendo desenvolvera

ambliopia ou baixa visão.

As alterações da visão binocular, as dificuldades de convergência (desvio)

eacomodativas (acomodação da lente ocular para ver em diferentes distâncias),podem

acarretar na criança sensações desagradáveis como: imagens duplas(diplopia), difi

culdade de discriminação de fi gura e fundo e de orientação noespaço.

Essas dificuldades devem ser corrigidas por correção óptica, oclusão

ouintervenção cirúrgica, quando for o caso, o mais cedo possível, antes da reduçãoda

plasticidade neuronal e cortical, para que a criança tenha um desenvolvimentonormal do

sistema e função visual.

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Figura 03 – OLHO Fonte: : Profª Maria Cecília Lara de Toledo3

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1.2.1.4. Percepção dos portadores de baixa visão

A Visão Subnormal, também conhecida como Ambliopia ou Baixa Visão,

caracteriza-se pela capacidade que o indivíduo tem para a percepção de massas, cores

e formas, e por limitação para ver ao longe, embora com possibilidade para discriminar e

identificar objetos e materiais situados em local próximo, poucos centímetros ou no

máximo a poucos metros.

Segundo a OMS, mais de 180 milhões de pessoas no mundo têm deficiência

visual. Dessas, 45 milhões são cegas e 135 milhões têm baixa visão. A cada ano, 2

milhões de novos casos de cegueira são registrados, sendo que 80% correspondem a

indivíduos com mais de 60 anos de idade.

• Baixa Visão- É a alteração da capacidade funcional da visão, decorrente

de inúmeros fatoresisolados ou associados, tais como: baixa acuidade

visual signifi cativa, reduçãoimportante do campo visual, alterações

corticais e/ou de sensibilidade aoscontrastes, que interferem ou que

limitam o desempenho visual do indivíduo.

A perda da função visual pode se dar em nível severo, moderado ou leve,

podendoser influenciada também por fatores ambientais inadequados.

• Cegueira- É a perda total da visão, até a ausência de projeção de luz.Do

ponto de vista educacional, deve-se evitar o conceito de cegueira

legal(acuidade visual igual ou menor que 20/200 ou campo visual inferior a

20° nomenor olho), utilizada apenas para fi ns sociais, pois não revelam o

potencial visual útil para a execução de tarefas.

A baixa visão pode ocorrer por causa de doenças congênitas, hereditárias,

traumas, diabetes, glaucomas, cataratas e pela idade. Embora a redução da visão

central seja a mais comum, ela também pode resultar da dificuldade do olho de se

ajustar a diferentes intensidades de iluminação ou diminuição da sensibilidade ao

contraste. Em cada pessoa, a redução da visão pode ser moderada, severa ou profunda.

Por isso, a reabilitação do paciente vai depender do grau da dificuldade. Os principais

tipos de visão subnormal são: defeito de campo visual central (ocorre muito na

degeneração macular relacionada à idade), contração de campo visual (decorrente, por

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exemplo, do glaucoma avançado) e ausência de defeito de campo com diminuição da

sensibilidade ao contraste e acuidade visual (catarata não operada, por exemplo).

Tabela 02- Patologias oculares

Fonte: www.portal.mec.gov.br

O ser humano focaliza um objeto por meio de raios luminosos, naturais ou

artificiais, que ele reflete, incidentes sobre os olhos. A luz é refratada sobre a córnea e o

cristalino, protegidos pela pupila, criando a imagem do objeto captada pela retina. Esta

imagem é então transmitida para o lóbulo occipital do cérebro, para ser interpretada.

O feixe de luz portador do objeto traz consigo a forma, a dimensão, o volume e as

cores que lhe são definidoras. Sobre elas as várias funções visuais que atuam

resultando na visão normal.

Segundo Gibson (1974), a imagem da retina, que é composta basicamente da luz

registrada, denomina-se campo visual, distinta da imagem que o ser humano percebe, à

qual denomina mundo visual, que é como o homem constrói as imagens recebidas no

cérebro.

Nesse processo, para a visão normal, acomodam-se as variações de luz,

ajustam-se às passagens dos ambientes claros para os ambientes de completa

escuridão. As cores são percebidas por meio dos cones retiníamos, os quais fazem a

síntese cromática mostrando os pontos onde essas cores são reconhecidas. A

aproximação ou o afastamento dos objetos em relação às imagens retinianas é o que

nos dá a sensação do tridimensional. A extensão da visão, enfim, depende do tamanho

dos objetos, do brilho e da iluminação incidentes.

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A visão normal também permite a avaliação da distância e da posição de um

objeto ou plano em um ambiente. Ela atualiza e unifica a informação, permitindo que o

todo seja apreendido em um só momento.

A visão normal funciona como um motivador para a exploração do ambiente, um

facilitador de transferência da informação para os outros sistemas sensoriais (tato,

paladar, audição, olfato).

Responsável por 80% da captação de sensações do ambiente, o olho humano é

opticamente equivalente a uma máquina fotográfica com um sistema de lentes que

focaliza a imagem e projeta na retina. A imagem é invertida e contrária em relação ao

objeto, mas que é “concertada” pelo cérebro. A retina é o envoltório mais intenso do

globo ocular. Formada por tecido nervoso é a região fortossensível do olho onde estão

os cones e bastonetes, responsáveis pela visão no escuro. Embora não distingam as

radiações luminosas, os bastonetes são mais sensíveis à luz possibilitando a visão preta

e branca em ambientes com pouca luz.

Existem 3 tipos diferentes de cone, cada uma delas com um pigmento individual

capaz de reagir especificamente às radiações luminosas de uma faixa de comprimento

de onda própria. Cada um dos tipos de cone é sensível a uma das três radiações das

chamadas cores primárias (vermelho, azul e verde). Se a retina recebe ao mesmo tempo

duas ou três radiações básicas, serão estimulados dois ou três tipos de cone

simultaneamente e a soma desses estímulos será processada no cérebro, convertendo-

se na percepção das cores secundárias.

As cores que vemos, é resultado de uma reflexão da cor que mais reflete.

Tomemos como exemplo uma maçã bem vermelha, quando iluminada pela luz branca,

reflete a vermelha e absorve as demais cores. A cor preta é a ausência de cor

provocada pela absorção das radiações luminosas, já o branco é a reflexão de todas as

cores.

Nossos olhos, na verdade, são muito mais que receptores de luz, são

computadores do mundo (MERLEAU-PONTY, 1989, p. 52).

Há muito a investigar para que possamos melhor compreender a realidade do

portador de deficiência visual, é necessário um verdadeiro laboratório de pesquisa, e

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metodologia de trabalho, esse esforço deve ser implementado no mundo acadêmico,

pois os profissionais de Arquitetura e Engenharia precisam apreender sobre como se

processa os sentidos nos deficientes.

Pesquisando no portal do MEC sobre pedagogia para deficientes visuais,chamou-

me a atenção o sequinte trecho .”Bolas de cores fortes, marcadores de campo e goals

que contrastam com o fundo possibilitam aos portadores de deficiências visuais a

utilização da visão residual. Pelo fato de a natureza das limitações visuais variar muito, é

importante falar para saber quais modificações poderão ajudar mais. Há pessoas que

enxergam, melhor, objetos luminosos multicoloridos sob luzes fortes, enquanto outros

precisam de objetos coloridos sólidos sob luzes moderadas que não produzem brilho.

(www.portal.mec.gov.br).

“Em Glauco Mattoso, portador de cequeira gradual e poeta, observei em seu texto

a seguinte descrição:” impressões mais graves, como a perda progressiva das cores (o

vermelho e o verde foram as primeiras a dar lugar a um cinza pálido), típicas da fase terminal da

capacidade visual,”

Pelo que podemos avaliar com a expressão dos sentidos descritos por Glauco ,

parece a principio , que se utilizarmos elementos de cores constrastantes ,facilitariamos

a percepção das imagens ,mesmo que estas não estejam no tom real,seriam no entanto

percepidas,facilitando portanto a percepção do espaço pelos portadores de baixa visão.

Os portadores de baixa visão ocupam uma posição intermediária no continuum

entre a realidade dos que enxergam e a realidade dos cegos. Todavia, ao serem

tratados como cegos, os portadores de baixa visão ficam muitas vezes impedidos de

desenvolver seu resíduo visual. Eles têm consciência de que não são cegos, mas vivem

um constante medo de perder a visão, eles tendem a vivenciar um ajustamento pouco

harmonioso causado por sentimentos conflitantes que experimentam, tais como:

ansiedade, frustrações, medos, que acarretam aspectos limitadores em suas funções

cognitivas. O desenvolvimento de sua capacidade visual depende de seu uso, quanto

mais olham, mais os canais cerebrais e a retina são estimulados. Esse desenvolvimento

raramente é espontâneo, sendo necessária a orientação no processo de discriminação

das formas, contornos, figuras, cores e na sua adaptação às várias modalidades de luz.

Não basta apenas conhecer a doença e a personalidade de cada portador de baixa

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visão, é preciso construir um campo de mediação,e investigação, que possibilite um

encontro desses portadores de baixa visão com os técnicos de planejamento dos

espaços.

Poucos trabalhos existem para a especificação de cores no ambiente urbano e

construído dos deficientes visuais. Necessitamos crescer a ideía e a consciência dessa

vontade nos profissionais de projetos.

O uso do contraste adequado melhora a função visual, segundo o trabalho

realizado pelo MEC,”saberes da inclusão social,disponivel no portal do ministério da

educação”, no caso de alunos com baixa visão, a lousa deve ser escura o suficiente

para permitir bom contraste com o giz, sendo o ideal o quadro negro com giz branco ou

amarelo, evitando-se o giz verde ou vermelho, pois são cores menos contrastantes e

mais difíceis de serem vistas, principalmente pelos alunos com deficiências congênitas

da visão de cores. A lousa de cor verde fosco pode favorecer melhor adaptação,

evitandose o reflexo e o brilho da lousa negra.E prossegue especificando que os

materiais escolares, como cadernos, devem ter as pautas bem pretasou verdes, e até

mesmo ampliadas se necessário, isto é, riscadas manualmentecom traços mais escuros,

conforme a necessidade visual do aluno. O ideal é usar tinta preta, em papel branco ou

palha, ou lápis preto n.º 1 ou n.º 6B, cujo grafi teé mais mole e portanto mais

contrastante. Para gráficos e cartazes, recomenda usar cores como o amarelo em fundo

preto, azul ou verde em fundo branco, cores escuras em fundo luminoso, cores fl

uorescentesbem contrastantes. As canetas de ponta porosa são muito utilizadas. No

caso dematerial mimeografado pode ser necessário reforçar as linhas com tinta preta

para melhorar a nitidez.

Alguns portadores de deficiência visual desenvolvem habilidades durante suas

vidas somente baseando-se no campo visual, aproveitando seus resíduos de visão,

outros desenvolvem também percepções dos tipos táteis e cinestésica.

Percepção tátil é a transformação paulatina da informação que recebemos

sucessivamente acerca de indícios particulares do objeto. (...) o tato é um processo de

captação desdobrada e sucessiva de traços, e sua síntese, posterior à visão, dispõe de

um aparelho para perceber simultaneamente as formas complexas do objeto (LURIA,

1979, p. 54).

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Ela é lenta e analítica, recebendo as informações de forma fracionada, o apalpar

identifica o objeto e reúne as frações em uma única imagem. Quanto mais dedos o

portador de deficiência usar na identificação, mais sensações estará acrescentando ao

processo. Esse trabalho conjunto da sucessão de atos táteis e de captações dos demais

órgãos do sentido é que caracteriza a percepção cinestésica, completando a imagem

formada.

A percepção da informação vai além dos estímulos e sensações presentes;

dependerá da contribuição do observador para que se estabeleça um elo de

comunicação, no sentido de levar, segundo Luria (1991, p. 40), “à reanimação dos

remanescentes da experiência anterior”. Em todo processo cognitivo, juntamente com as

experiências vêm às emoções e as imagens já vivenciadas, que estão guardadas na

memória.

O conhecimento dos profissionais arquitetos e engenheiros quanto ao tema

acessibilidade e cognição dos deficientes é muito restrito, pois o assunto é recente, não

faz parte dos currículos acadêmicos e a maior parte da bibliografia é estrangeira.

Portanto, torna-se urgente aprofundar estudos de avaliação das condições de

acessibilidade espacial em edifícios e espaços públicos e que façam sugestões de

alteração segundo a ABNT.

Barreiras, são também formas de exclusão social, é preciso aprofundar os

conceitos e conhecimentos dos trabalhos já concretizados na busca da acessibilidade

ambiental, como é o caso do Desenho Universal.

1.2.2. Desenho Universal

Para a idealização de um projeto de acessibilidade para portadores de deficiência

visual, necessitamos aprender a pesquisar sobre as percepções não visuais, algo muito

além da Teoria em Arquitetura, aprender a projetar o espaço adequado às necessidades

especiais deste grupo da população e algo desafiador, visto que o conceito arquitetonico

passa pelas perrogativas do “olhar” ,”do belo”,vinculado a percepção do visível.

Projetar para portadores de deficiencia visual significa um estabelecimento de

novo padadigma, isto é, que o projeto dos espaços deve atender mais do que uma

percepção puramente visual, deve relarcionar-se com todas as percepções sensoriais.

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Normalmente, as limitações das pessoas portadoras de deficiências não estão

presentes na vida de uma pessoa padrão, o que reduz a sua capacidade de

compreender a verdadeira dimensão do problema, propor e executar soluções

adequadas.

O conceito de desenho universal parte da premissa que a capacidade funcional

das pessoas aumenta quando as barreiras ambientais são removidas. O Center for

Universal Design, sediado na Escola de Design da Universidade da Carolina do Norte –

EUA,desenvolveu sete princípios para a técnica de pesquisa de projeto de

acessibilidade,são elas :

• Equiparação nas possibilidades de uso, para todos os tipos de pessoas;

• Flexibilidade no uso;

• Uso simples e intuitivo;

• Informação perceptivel, independentementedas condições ambientais

deste;

• Minimizar os riscos;

• Minimo esforço fisico;

• Dimensionamento de espaços para acesso e uso de todos os tipos de

usuarios;

Espaços de características predominantemente planas são as melhores opções

para intervenções dedicadas aos deficientes visuais, pois não tendo declives, aclives,

escadarias, rampas ou nenhum tipo de obstáculos possibilitam uma passagem livre e

segura.

Tem-se como definição de Rota Acessivel, o trajeto contínuo, desobstruído e

sinalizado, que conecta os ambientes externos ou internos de espaços e edificações e

que pode ser utilizado de forma autonoma e segura por todas as pessoas, inclusive

aquelas com deficiência. A rota acessivel externa pode incorporar estacionamento,

calçadas rebaixadas, faixas de travessia de pedestres, rampas, escadas, elevadores,

etc.

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A Rota Acessivel é baseada nas necessidades específicas dos deficientes visuais

conceitua que todas as áreas de circulação devem ser feitas com materiais e

equipamentos exclusivos para o acesso seguro dos usuários portadores de deficiência.

Todo o percurso da pista deve ser regular, sem obstáculos ou imperfeições no

piso. Um dos tipos de piso mais adequados para esse percurso é o piso intertravado,

pois além de apresentar baixa manutenção e vida longa, é ideal para a circulação de

cadeira de rodas.

Ao longo de toda a pista, devem ser colocados os pisos podotáteis, que são pisos

em alto-relevo, com textura e volumetria especiais para deficientes visuais. Esses pisos

servem de guia direcional e de alerta para possíveis alterações na rota

Figura 04 – Piso Intertravado e Podotatil Fonte: www.ampid.org.br

Em espaços com inclinações, declives e aclives podem ser feitas intervenções

para que o percurso predestinado aos deficientes visuais seja adequado. Deve-se evitar

a utilização de escadarias ou degraus, priorizando nestas situações a utilização de

rampas de acesso, com inclinação adequada, pisos táteis, alerta e direcionais,

corrimãos, seguindo, portanto as normas técnicas da ABNT NBR 9050/04.

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Figura 05 – Corrimão lateral Fonte: www.ampid.org.br

Figura 06 – Sugestão de piso de alerta e guia no urbano. Fonte: www.arq.ufsc.br

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CAPITULO II

2.1. PISOS PODOTÁTEIS

Entende-se como piso podotátil a forma pela qual uma informação é sentida pelos

seres humanos através da sensação tátil da planta dos pés. As pessoas cegas ou de

baixa visão têm as sensações táteis aguçadas e através dos pés sentem diferentes

relevos no solo. Daí a eventual referência a Podotátil. Ao formatar e padronizar estes

relevos cria-se uma linguagem tátil que pode ser decodificada e entendida, gerando

orientações em especial à mobilidade. A linguagem usualmente aceita é uma linguagem

binária que combina elementos táteis de pontos e traços. Existem dois modelos de

pisos: pisos direcionais e pisos de alerta, que como próprio nome demonstra, orientam o

leitor.

È importante considerar que, apesar de visar atender a necessidades específicas

de orientação espacial das pessoas com deficiência visual, o projeto de pisos táteis não

contempla apenas esse grupo. Afinal, todos os indivíduos que circulam pelos espaços

são usuários destes, ainda que indiretos. Assim, é importante que os pisos projetados

tenham atributos formais e técnicos que possibilitem o fornecimento de informações

espaciais não visuais, mas que seu uso seja confortável para todos. As funções centrais

dos pisos táteis são: criar percursos seguros indicando as direções a seguir, e indicar as

barreiras ou perigos potenciais existentes ao longo deste percurso. No caso das

pessoas com restrição visual total, a obtenção destas informações se dará

principalmente através da introdução de contrastes de sonoridade, textura e resistência

nos pisos táteis em relação aos pisos circundantes. Para as pessoas com visão residual

(baixa visão), além destas características, deve-se considerar os tipos de contraste de

cor perceptíveis e a eliminação de reflexos (ANDRADE et al, 2007).

O piso tátil tem a função de orientar a pessoa portadora de deficiência visual em

sua locomoção nas vias e logradouros públicos, uma vez que permite a percepção de

rotas e obstáculos com os pés ou bengalas de rastreamento.

Auxiliam aos portadores de deficiência visual em sua localização, posicionamento

e locomoção com autonomia, segurança e conforto, prevenindo acidentes.

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O piso tátil deve ser de material rígido, firme, estável e antiderrapante sob

qualquer condição, atendendo aos requisitos específicos determinados pelas normas

técnicas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A sinalização tátil no

piso pode ser dos tipos alerta ou direcional. Ambas com cores contrastantes e podendo

ser sobrepostas ou integradas ao piso existente, atendendo às seguintes opções:

• Quando o piso tátil se sobrepor a um piso existente, o desnível resultante deve

ser chanfrado e não exceder a 3 mm.

• Quando as superfícies forem integradas, não deve haver desnível.

Para o design dos pisos táteis para acessibilidade – tanto na definição da lógica

do sistema quanto na definição dos aspectos técnicos do produto em si –, foi essencial

realizar pesquisa teórica sobre avaliações dos pisos já existentes, além de uma extensa

busca de modelos similares em diversos países. Os pisos estudados por Andrade et al

(2007) eram de materiais variados, tais como concreto, emborrachados e metal, além

dos produzidos em cerâmica. Com base nesta pesquisa bibliográfica, na observação

crítica da aplicação dos produtos já existentes aplicados em algumas cidades brasileiras,

na avaliação dos atuais sistemas por usuários com deficiência visual, no estudo das

matérias-primas e dos processos produtivos, foi desenvolvida uma família de produtos

composta por três peças distintas, apresentadas a seguir:

1. Piso Alerta: tem por função alertar os usuários sobre a presença de

perigos iminentes como obstáculos suspensos; rebaixamentos de

calçadas; presença de trânsito veicular; início e término de escadas

fixas,

2. Escadas rolantes e rampas; junto às portas dos elevadores e junto a

desníveis, tais como plataformas de embarque e desembarque, palcos,

vãos, entre outros.

O piso tátil consiste em um conjunto de relevos tronco-cônicos com cor

contrastante em relação ao entorno, dispostos paralelamente, garantindo, em sua

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modulação, textura adequada e padrão de informação. Deve ser utilizado para sinalizar

situações que envolvam risco de segurança.

O piso tátil de alerta deve ser implantado em:

• Rebaixamento de calçada junto às travessias de pedestres.

• Rebaixamento em canteiros divisores de pista, junto às travessias de pedestres.

• Plataforma de embarque e desembarque.

• Mobiliário urbano em vias públicas.

• Faixa elevada.

• Locais onde o piso tátil direcional muda de direção.

• Em escadarias e passarelas.

• Especificação de piso tátil de alerta sem escala

O piso tátil de alerta deve ser colocado conforme o tipo de rebaixamento, como

segue: Tipo I e Tipo II:

a) ao longo do acesso principal com largura (Lp) de 0,40 m e distando 0,50 m do

meio-fio.

b) acompanhando a rampa principal e as abas laterais, com largura (Lp) entre 0,20

m e 0,50 m.

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Figura 07 - pisos Alerta existentes, em materiais diversos e, em destaque, modelo utilizado neste projeto

de pesquisa, com especificações previstas pela norma NBR 9050 (2004). Fontes: ADB (2007), Armor Tile (2007), Cotel (2007)

3. Piso Guia: também chamado de piso tátil direcional, tem a função de

orientar o deslocamento dos usuários ao longo de áreas de circulação

livres de obstáculos indicando caminhos preferenciais a serem

percorridos em locais onde não podem obter outras referências de

orientação. Também é indicado em avenidas amplas e travessias,

aeroportos e terminais urbanos de transporte (rodoviária e metrô).

Figura 08 - modelos de pisos Guia existentes no mercado. À direita, adaptação proposta na pesquisa, a

partir da norma brasileira. Fontes: Armor Tile (2007), Comper (2007)

4. Piso Decisão: instalado sempre associado ao percurso do piso guia ou

tátil direcional, tem a função de informar ao usuário sobre a presença de

pontos de tomada de decisão relativas a mudanças de direção de

escolha de novas rotas.

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Figura 09 - à esquerda, pisos Alerta aplicados com outra função, visando informar a necessidade de

escolha de rota. Em seqüência, novo modelo proposto especificamente para este fim, de modo a evitar conflito de signos.

Fonte: Armor Tile (2007)

É importante salientar que a proposta dos pisos formulada prevê sua aplicação de

forma integrada, criando percursos onde os três tipos de pisos estão associados de

acordo com suas funções. No sistema proposto, apenas o piso Alerta pode ser utilizado

de forma isolada, marcando os locais de perigo potencial (início e término de escadas,

plataformas etc.), enquanto os pisos Guia e Decisão estão necessariamente associados,

conforme ilustrado abaixo.

(3)

Figura 10 - aplicação esquemática dos pisos táteis. Pisos Alerta (1), Guia (2) e Decisão

Fonte: Andrade et al, 2007

No modelo de Alerta, Andrade et al (2007) estudaram as variações permitidas

pela ABNT NBR 9050 (2004) em relação aos espaçamentos e dimensões de base e

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topo dos relevos trapezoidais. Já a categoria de piso Decisão não é contemplada pela

norma brasileira e envolve, portanto, a criação de um modelo de piso tátil inexistente no

Brasil. Ainda segundo essa norma, o Alerta é que cumpriria essa finalidade, o que pode

gerar conflito de signos. Através de linhas diagonais no piso Decisão, buscou-se

trabalhar no sentido de criar relevos que ofereçam ruptura à continuidade linear do piso

Guia, tornando mais fácil sua identificação ao caminhar sobre o percurso ou explorando

com a bengala. Quanto ao Guia, foram estudadas pequenas modificações em relação

ao modelo proposto pela norma citada, diminuindo o espaçamento entre os relevos com

objetivo de proporcionar maior conforto ao usuário (inclinação do pé ao caminhar), visto

que, neste caso, há uma interação dinâmica de longa duração ao caminhar.

Figura 11 - exemplos de aplicação incorreta. À esquerda, piso Alerta sendo utilizado como Guia e, em seqüência, aplicação sem função ou utilidade.

Fonte: Andrade et al, 2007

Como, em muitas situações observadas nos espaços públicos, costuma haver

aplicação incorreta de pisos táteis (por exemplo, conflito entre as funções dos pisos Guia

e Alerta), é preciso considerar práticas de projeto que reduzam a complexidade do

sistema. Nas fases iniciais do projeto, considerou-se o desenvolvimento de um quarto

tipo de piso em cerâmica, intitulado Parada ou Informacional, que teria por função

demarcar áreas de permanência, como pequenos equipamentos urbanos ou fontes de

informações, identificando cabines telefônicas, caixas de correio, balcão informações,

mapas táteis, máquinas de autoatendimento, sanitários, salas de espera, bilheterias,

entre outros. Por questões de viabilidade econômica e para evitar erros de lógica na

aplicação, buscou-se restringir o número de peças dentro desse sistema. Nesse sentido,

a função atribuída a esta peça será suprida de outra forma, podendo ainda assim fazer

parte do sistema ao utilizar-se o mesmo piso circundante ou outro piso comum já

existente, de modo a criar uma área plana. Ademais, existe a possibilidade de

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contemplar sua função através de outros materiais e mesmo com mais eficiência que a

própria cerâmica, como, por exemplo, utilizando polímeros. Neste caso, é possível

trabalhar também a variação de consistência, o que pode ser de grande vantagem em

termos de percepção tátil e compreensão de seu significado no ambiente (ANDRADE et

al, 2007).

Em relação à cor, as recomendações e normas nacional e internacional

determinam que os pisos para acessibilidade apresentem contraste com o piso

circundante na razão de “claro no escuro” e “escuro no claro”. Apenas a ADAAG (2007),

em seu apêndice 4.29.2, cita valores objetivos sobre este contraste: refletância de luz de

70% entre os pisos de acessibilidade e seu piso circundante. Esta determinação, no

entanto, é contestada por inúmeras entidades de apoio ao deficiente visual. Para estas,

mais do que a determinação quantitativa de contraste, cabe considerar também os

códigos subjetivos relacionados às cores em que, por exemplo, o “amarelo segurança” é

universalmente identificado como aviso de perigo. De fato, uma pesquisa Americana de

meados dos anos 90 (U.S. DEPARTMENT OF TRANSPORTATION, 1994) indicou que

os pisos na cor “amarelo segurança” são reconhecíveis por pessoas com baixa visão

ainda que instalados em piso circundante com até 40% de refletância de luz, como o

concreto novo, cinza esbranquiçado. Mais do que isso, a pesquisa também revelou que

o piso em “amarelo segurança” instalado sobre uma superfície nova de concreto é 87%

mais detectável do que um piso escuro instalado nesta mesma superfície. Assim, esta

tonalidade é a mais indicada para o piso alerta, considerando, naturalmente, as

circunstâncias para cada caso.

Quanto ao contraste sonoro, recomendações internacionais, bem como a norma

brasileira de acessibilidade (ABNT NBR 9050, 2004), solicitam como característica física

desejável nos pisos para acessibilidade (com especial ênfase nos que alertam riscos)

que produzam som diferenciado do piso circundante quando tocados pela bengala.

Bentzen (2000), ao testar produtos instalados em áreas externas, constatou que o

contraste sonoro entre o pavimento de alerta e o piso circundante está relacionado ao

material com o qual o piso é produzido e com seu modo de instalação. Neste caso a

presença de um pequeno intervalo entre o piso e o substrato resulta em maior contraste

sonoro ao toque da bengala.

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Outro aspecto importante refere-se à resistência a intempéries e abrasão,

preservando ao máximo suas propriedades mecânicas e físicas (forma, cor, textura). É

necessário, neste caso, aplicar o conhecimento existente sobre os materiais cerâmicos e

poliméricos, aliado a testes mais específicos em laboratório. É desejável, também,

aplicar diferentes características quanto à consistência (no caso do material polimérico)

e textura para auxiliar na diferenciação entre os três tipos de pisos táteis por parte dos

usuários. Este aspecto é importante tanto do ponto de vista da percepção sensorial

quanto da significação. No caso do piso Alerta, pode-se adicionar uma textura superficial

mais áspera, a fim de indicar desconforto e perigo. Para o Guia, grau de dureza maior e

textura mais lisa para aumentar a sensação de conforto e movimento contínuo. Já para o

piso Decisão, consistência mais macia e textura lisa, para contrastar com o sistema,

indicando a necessidade de o usuário decidir sobre uma mudança de direção.

A percepção da superfície agrega também outros tipos de significação,

envolvendo dimensões cognitivas e psicológicas, e fornecendo informações que serão

posteriormente confirmadas ou desmentidas sobre aspectos muitas vezes subjetivos,

como segurança, higiene, conforto, resistência, preço, qualidade (KUNZLER; CHYTRY;

KINDLER JÚNIOR, 2001). Sem desconsiderar os fatores trazidos por todos os ângulos

explicitados, o design desta nova linha de produtos foi centrada no atendimento de

necessidades de usuários específicos – pessoas com distintos tipos de deficiência visual

–, visando criar condições para sua acessibilidade. Nesse sentido, foram considerados

os diversos aspectos da dimensão humana, como conforto, segurança, psicologia,

cognição, ergonomia e antropometria dentro de uma metodologia de Desenho Universal.

Figura.12 – Faixa de Piso Fonte: www.ibdd.org.br

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Diferenciação – nas áreas de circulação, recomenda-se a utilização de faixas de

piso com textura e cor diferenciadas, para facilitar a identificação do percurso pelas

pessoas portadoras de deficiência sensorial visual.

Juntas e grelhas – as juntas de dilatação e grelhas devem ser embutidas no

piso,transversalmente à direção do movimento e, preferencialmente, instaladas fora do

fluxo principal de circulação

Figura. 13 – Posicionamento de juntas e grelhas Fonte: www.ibdd.org.br

2.2. SINALIZAÇÃO

_ Acesso principal: nas entradas principais dos empreendimentos que tenham

acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência, deve existir o Símbolo

Internacional de Acesso;

_ circulações: as circulações que possibilitem acesso às pessoas portadoras de

deficiência devem ser sinalizadas com o Símbolo Internacional de Acesso,

acompanhado,quando necessário, de seta indicativa do sentido de deslocamento;

_ degraus, rampas e escadas fixas: os degraus, rampas e escadas fixas devem

ter faixas com texturas diferenciadas, com o mínimo de 0,28m, ocupando toda a largura

dos degraus, rampas e escadas fixas, localizadas antes do início e após o término da

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mudança de inclinação ou de plano. As rampas em passeio devem ter faixa de piso

comtextura diferenciada da faixa do passeio e da faixa do seu próprio piso (figura );

_ elevadores: junto às portas dos elevadores para pessoas portadoras de

deficiência deve ser afixado o Símbolo Internacional de Acesso. As botoeiras e

comandos devem ser acompanhados de comunicação tátil. Para um número de paradas

superior a dois, deve também haver comunicação auditiva dentro da cabine do elevador,

indicando o andar onde o elevador se encontra parado.

Figura. 14 – Diferenciação de textura de piso em rampas e escadas Fonte: www.ibdd.org.br

Os equipamentos de uso turístico adequados ao uso de pessoas portadoras de

deficiência devem ser identificados com o Símbolo Internacional de Acesso. Nos

telefones públicos onde houver possibilidade de ligações interurbanas/internacionais,

deve ser colocada a respectiva comunicação tátil. Qualquer equipamento que tiver

volume maior na parte superior do que na base deve ter o piso com textura e cor

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diferenciadas, contendo a projeção do volume (figura ). Isso não é necessário se houver

vão livre mínimo de 2m acima do piso.

Figura .15 – Exemplos em mobiliario urbano Fonte: www.ibdd.org.br

2.2.1. Norma NBR 9050 : 2004

Os projetos de acessibilidade (qualidade dos espaços se tornarem e oferecer

acesso a todos os tipos de deficientes, pessoa que possui limitação ou incapacidade

para o desempenho de atividade, sejam: físicas;auditivas;visuais;mentais e multiplas)

devem orientar-se na norma NBR 9050 : 2004, elaborada a partir de critérios técnicos

de facilitar e garantir a maior acessibilidade autonoma do defiente a todo o ambiente

urbano e construído. A norma estabelece os dimensionamentos, as sinalização dos

espaços, locais e serviços urbanos, tais como: rampas; passeios públicos, calçadões;

passarelas; mobiliario urbano; escadas; portas; veículos; transportes públicos entre

outros.

2.2.1.1. Sinalização tátil no piso A sinalização tátil no piso pode ser do tipo de alerta ou direcional. Ambas devem

ter cor contrastante com a do piso adjacente, e podem ser sobrepostas ou integradas ao

piso existente, atendendo às seguintes condições:

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a) Quando sobrepostas, o desnível entre a superfície do piso existente e a superfície

do piso implantado deve ser chanfrado e não exceder 2 mm;

b) Quando integradas, não deve haver desnível.

2.2.1.2. Sinalização tátil de alerta

A textura da sinalização tátil de alerta consiste em um conjunto de relevos tronco-

cônicos conforme tabela 1, dispostos conforme figura 6. A modulação do piso deve

garantir a continuidade de textura e o padrão de informação.

Tabela 03 — Dimensão do piso tátil de alerta Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

Figura 16 — Sinalização tátil de alerta – Modulação do piso

Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

A sinalização tátil de alerta deve ser instalada perpendicularmente ao sentido de

deslocamento nas seguintes situações:

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a) obstáculos suspensos entre 0,60 m e 2,10 m de altura do piso acabado, que tenham o

volume maior na parte superior do que na base, devem ser sinalizados com piso tátil de

alerta. A superfície a ser sinalizada deve exceder em 0,60 m a projeção do obstáculo,

em toda a superfície ou somente no perímetro desta, conforme figura 7;

b) nos rebaixamentos de calçadas, em cor contrastante com a do piso, conforme figuras

8 e 9;

c) no início e término de escadas fixas, escadas rolantes e rampas, em cor contrastante

com a do piso, com largura entre 0,25 m a 0,60 m, afastada de 0,32 m no máximo do

ponto onde ocorre a mudança do plano, conforme exemplifica a figura 10;

d) junto às portas dos elevadores, em cor contrastante com a do piso, com largura entre

0,25 m a 0,60 m, afastada de 0,32 m no máximo da alvenaria, conforme exemplifica a

figura 11;

e) junto a desníveis, tais como plataformas de embarque e desembarque, palcos, vãos,

entre outros, em cor contrastante com a do piso. Deve ter uma largura entre 0,25 m e

0,60 m, instalada ao longo de toda a extensão onde houver risco de queda, e estar a

uma distância da borda de no mínimo 0,50 m, conforme figura 12.

Figura 17 — Sinalização tátil de alerta em obstáculos suspensos – Exemplo Fonte: ABNT NBR 9050, 200

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Figura 18 — Sinalização tátil de alerta nos rebaixamentos das calçadas — Exemplo

Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

Figura 19 — Sinalização tátil de alerta nos rebaixamentos das calçadas – Exemplo

Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

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Figura 20 — Sinalização tátil de alerta nas escadas – Exemplo

Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

Figura 21– Sinalização tátil de alerta junto à porta de elevador – Exemplo Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

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Figura 22 – Sinalização tátil de alerta junto a desnível em plataforma de embarque e desembarque – Exemplo

Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

Para áreas externas, como calçadas e pátios, é necessário que o piso

diferenciado seja de alta resistência e com relevos bem definidos. Nas áreas internas, a

faixa de piso tátil pode ser textura ou relevo mais suave, com largura de 40cm. O

principal é que ela se destaque do piso restante em cor e textura. O tipo de material

escolhido para piso tátil de alerta em um prédio deve ser o mesmo em todos os

ambientes internos em que for utilizado. E é preciso que seja colocado sem que haja

desnível entre o piso do local e a faixa de piso tátil. A projeção dos elementos que se

lançam ou cruzam o espaço com altura inferior a 2,10m, deve ser demarcada no piso

com sinalização tátil ou outra forma que a delimite.

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Figura 23– Piso tátil externo

Fonte: Prefeitura Rio, 2003

Figura 24– Faixa interna do piso tátil Fonte: Prefeitura Rio, 2003

2.2.1.3. Sinalização tátil direcional A sinalização tátil direcional deve:

a) ter textura com seção trapezoidal, qualquer que seja o piso adjacente;

b) ser instalada no sentido do deslocamento;

c) ter largura entre 20 cm e 60 cm;

d) ser cromodiferenciada em relação ao piso adjacente.

NOTA: Quando o piso adjacente tiver textura, recomenda-se que a sinalização tátil direcional seja lisa.

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A textura da sinalização tátil direcional consiste em relevos lineares,

regularmente dispostos, conforme tabela 2 e figura 15.

Tabela 04 — Dimensão do piso tátil direcional Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

Figura 25 — Sinalização tátil direcional – Modulação do piso Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

A sinalização tátil direcional deve ser utilizada em áreas de circulação na

ausência ou interrupção da guia de balizamento, indicando o caminho a ser percorrido e

em espaços amplos.

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2.2.1.4. Composição da sinalização tátil de alerta e direcional Para a composição da sinalização tátil de alerta e direcional, sua aplicação deve

atender às seguintes condições:

a) quando houver mudança de direção entre duas ou mais linhas de sinalização tátil

direcional, deve haver uma área de alerta indicando que existem alternativas de

trajeto. Essas áreas de alerta devem ter dimensão proporcional à largura da

sinalização tátil direcional, conforme figura 16.

Figura 26 — Composição de sinalização tátil de alerta e direcional – Exemplo Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

b) quando houver mudança de direção formando ângulo superior a 90°, a linha-guia

deve ser sinalizada com piso tátil direcional, conforme figura 27.

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Figura 27 — Composição de sinalização tátil de alerta e direcional – Exemplos de mudanças de direção

Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

c) nos rebaixamentos de calçadas, quando houver sinalização tátil direcional, esta deve

encontrar com a sinalização tátil de alerta, conforme figuras 18 e 19.

Figura 28 — Composição de sinalização tátil de alerta e direcional nos rebaixamentos das calçadas – Exemplo

Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

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Figura 29 — Composição de sinalização tátil de alerta e direcional nos rebaixamentos das calçadas –

Exemplo Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

d) nas portas de elevadores, quando houver sinalização tátil direcional, esta deve

encontrar a sinalização tátil de alerta, na direção da botoeira, conforme figura 20.

Figura 30 — Composição de sinalização tátil de alerta e direcional junto às portas de elevadores – Exemplo

Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

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e) nas faixas de travessia, deve ser instalada a sinalização tátil de alerta no sentido

perpendicular ao deslocamento, à distância de 0,50 m do meio-fio. Recomenda-se a

instalação de sinalização tátil direcional no sentido do deslocamento, para que sirva de

linha-guia, conectando um lado da calçada ao outro, conforme figuras 21 e 22.

Figura 31 — Rebaixamento de calçada com Figura 32 — Faixa elevada com sinalização tátil de alerta e direcional – sinalização tátil de alerta e direcional- Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

f) nos pontos de ônibus devem ser instalados a sinalização tátil de alerta ao longo do

meio fio e o piso tátil direcional, demarcando o local de embarque e desembarque,

conforme figura 23.

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Figura 33 — Sinalização tátil de alerta e direcional no ponto de onibus –

Exemplo Fonte: ABNT NBR 9050, 2004

2.3. NBR 14021: 1997 Esta Norma estabelece os princípios gerais para a acessibilidade à pessoa

portadora de deficiência, de forma segura, em trens metropolitanos. Deve ser aplicada

em projetos novos. Para os sistemas já existentes, esta Norma deve ser aplicada

sempre que as adaptações resultantes não constituírem impedimentos operacionais

inexeqüíveis.

2.3.1. Pessoa portadora de deficiência visual Na plataforma, os locais de embarque e desembarquepara o portador de

deficiência visual não devem coincidir com os locais de embarque para o portador de

deficiência ambulatória.

2.3.2. Comunicação e sinalização Os locais de embarque e desembarque devem estar demarcados no piso ou em

painel suspenso, ou em ambos, com o Símbolo Internacional de Acesso, conforme a

NBR 9050.

Deve haver sinalização para o encaminhamento do portador de deficiência

visual, desde o acesso da estação até o local de embarque na plataforma, utilizando, por

exemplo, a diferenciação de cor e textura no piso. O piso no local de embarque deve ter

cor e textura diferenciadas daquelas do encaminhamento normal, para indicar a

proximidade da faixa de segurança .

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Figura 34 - Vista Superior Demarcação no piso da plataforma para encaminhamento de Deficiente visual Fonte: ABNT NBR 14021, 1997.

Deve haver informação, o mais perto possível dos acessos da estação,

indicando para a pessoa portadora de deficiência visual que existem faixas sinalizando o

trajeto a ser percorrido. A informação deve indicar as diferentes possibilidades de

destino em cada estação.

2.3.3.Estação Marechal Deodoro do metrô de São Paulo - Modelo para o portador de deficiência visual

A estação de metrô Marechal Deodoro foi inaugurada recentemente como

"estação modelo" de acessibilidade. Várias providências foram tomadas pela Companhia

do Metrô de São Paulo ao longo dos últimos anos para garantir a acessibilidade da

pessoa portadora de deficiência, entre as quais: instalação de elevador entre o acesso e

a plataforma; instalação de cancela na linha de bloqueios, para facilitar a circulação de

usuários em cadeira de rodas; e adequação dos sanitários públicos, possibilitando sua

utilização por pessoas com mobilidade reduzida ou em cadeira de rodas. Recentemente

foram acrescentados: sinalização tátil com instruções de uso do elevador e dos

dispositivos de comunicação; sinalização visual da localização do elevador e do local de

embarque preferencial nas plataformas bem como o rebaixamento das calçadas no

entorno dos acessos da estação, para facilitar a circulação de pessoas com mobilidade

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reduzida ou em cadeira de rodas; instalação de piso tátil para pessoas com deficiência

visual, com cor e textura diferenciada, sendo o piso de alerta nas escadas e nas bordas

das plataformas e o piso tátil de direcionamento para orientar o deslocamento desde os

acessos até o local de embarque nas plataformas, possibilitando a circulação com

autonomia no interior da estação.

A Companhia do Metrô de São Paulo optou por estudar as intervenções a serem

implantadas nas demais estações do sistema metroviário, a partir de avaliação da

estação Marechal Deodoro, devido ao grande movimento de usuários idosos ou

portadores de deficiência naquela estação, em função da distribuição do "Bilhete

Especial" e da proximidade de instituições de atendimento como a Laramara -

Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual.

Segundo a arquiteta do Metrô, Maria Beatriz Barbosa, para garantir a

acessibilidade de usuários portadores de deficiência foram considerados os princípios do

Desenho Universal e também os critérios estabelecidos nas normas vigentes da

AssociaçãoBrasileiradeNormasTécnicas(ABNT). "As adequações que identificamos como necessárias foram classificadas conforme sua

finalidade: foram caracterizadas as intervenções destinadas aos usuários portadores de

deficiência visual e as destinadas aos usuários com dificuldade de mobilidade ou em cadeira de

rodas). Neste caso específico, as instalações de elevador, entre o acesso e as plataformas, e a

instalação de cancela na linha de bloqueios, garantem a circulação

dessesegmentodeusuários",esclarece.

Beatriz destaca que as adequações para os usuários portadores de deficiência

visual foram estabelecidas a partir de um convênio estabelecido entre o Metrô e a

Laramara, visando estudar a eliminação de barreiras e a implantação de sinalização tátil

- piso tátil - desde os acessos até a área de embarque nas plataformas.

A necessidade de instalação de piso tátil nas áreas de uso público foi introduzida pela

ABNT (Associação Brasileira de normas Técnicas) em 1994 para escadas fixas e

rampas e somente em 1997 para direcionamento desde o acesso até o local de

embarque nas plataformas, sendo ainda objeto de estudo e especificação por parte da

ABNT.

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Vale ressaltar também que as visitas às estações realizadas pelos técnicos do

Metrô juntamente com as entidades ligadas ao Conselho Estadual de Assuntos para a

Pessoa Portadora de Deficiência - CEAPPD, entre as quais a AME, bem como

pesquisas junto aos outros metrôs nacionais e internacionais vêm subsidiando a revisão

das normas de acessibilidade em sistemas metro-ferroviários, a fim de que estas

possam refletir as reais necessidades das pessoas portadoras de deficiência ou com

mobilidade reduzida

A arquiteta ressalta que a instalação do piso tátil na estação Marechal Deodoro

não significa o final do processo. "No início de 2000 contatamos fabricantes de piso tátil

no Brasil e no exterior e instalamos protótipos para avaliação nas duas plataformas e na

área externa. Nessa etapa solicitamos a avaliação de usuários com diferentes graus e

tipos de deficiências, desde cegueira até baixa visão, acompanhados pelos profissionais

das instituições Laramara e Dorina Nowill, que são referência internacional. A partir de

agora, várias outras instituições e usuários portadores de deficiência visual serão

contatados, entrevistados e orientados visando avaliação do piso instalado, não apenas

quanto à percepção de contraste de cor e textura, mas também a avaliação de todo o

percurso, desde o acesso até o local de embarque nas plataformas. Dessa forma

teremos retorno desses usuários quanto à possibilidade de autonomia nos seus

deslocamentos",

O projeto arquitetônico das estações deve priorizar as configurações geométricas

mais simples, ou seja, aproveitamento de espaços retangulares e quadrangulares,

desenhados por meio de linhas retilíneas (nas áreas de entrada, saída, de distribuição,

corredores, mezaninos e plataformas). Os ambientes com desenhos irregulares, linhas

curvas e reentrâncias nas linhas das paredes devem ser evitados para que as próprias

linhas retas das paredes sejam usadas como "linhas-guias" e possam ser rastreadas

pelo deficiente visual, favorecendo o encaminhamento dentro das estações.

"É fundamental que se eliminem os obstáculos aéreos nessas áreas de circulação geral

(telefones públicos suspensos, hidrantes e extintores de incêndio, painéis de informação

e mapas, vãos livres sob as escadas, paredes em arco ou vigas abaixo de 2,20 m,

projeção dos galhos e folhagens da vegetação, etc). A melhor alternativa é um novo

desenho ou reposicionamento desses equipamentos de forma a deixarem de ser

obstáculos aéreos", observa.

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Segundo João Felippe, a colocação de "linhas-guias" por meio de piso tátil

cromodiferenciado de direcionamento é a melhor adaptação para a locomoção orientada

dos deficientes visuais nas entradas, saídas, bilheterias, postos de atendimento,

escadas fixas e rolantes, elevadores, linha de bloqueio, percurso para as plataformas e

para as áreas preferenciais de embarque e desembarque.

"É imprescindível também que as pessoas com deficiência visual tenham a oportunidade

de se familiarizar com todas as adaptações, por meio de vivências práticas e

sistematizadas, oferecidas pelos próprios operadores dos serviços. Elas devem avaliar

essas adaptações e serem ouvidas nas suas sugestões", ressalta.

Para esclarecer a respeito dos pisos táteis de direcionamento e de alerta, o professor

explica que a cor azul foi adotada em decorrência de não se confundir com a sinalização

de cor branca ou amarela - de fila ou de alerta respectivamente - já existente nas

dependências do Metrô. "A opção azul se deu para criar o piso cromodiferenciado e

atender às pessoas com baixa visão. A textura com barras paralelas e longitudinais à

linha de caminhada são definidas como "linhas-guias" direcionais e favorecem o

deslocamento orientado nas dependências da estação. O usuário com deficiência visual

pode rastrear essa "linha-guia" com a bengala longa ou mesmo pisando sobre essa linha

direcional".

Além do piso direcional, a estação conta com piso tátil de alerta em situações de

risco, antecedendo as escadas e a faixa amarela de segurança nas plataformas,

embaixo dos "orelhões", embaixo de arcos nas paredes - obstáculos aéreos - bem como

nas mudanças de direção quando se acompanha a "linha-guia" direcional.

João Felippe destaca que a importância de um ambiente arquitetonicamente acessível

para a pessoa portadora de deficiência visual está no direito de exercer a sua cidadania

plena, o direito de ir e vir previsto constitucionalmente. "O direito a chegar nos locais

para estudar, para trabalhar, para se divertir e para conviver socialmente e,

principalmente, buscar a sua inclusão como ser humano", completa

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Figura 35 -Estação de metro de São Paulo

Fonte: site METRO SP.

Figura 36 - Estação de metrô de São Paulo Fonte: site METRO SP.

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CAPITULO III 3.1. ANALISE VISUAL EM RUAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Para facilitar a circulação de pessoas com algum grau de deficiência visual, a

Prefeitura de São Paulo adotou o Piso Referencial Podotátil, já aplicado em alguns

pontos da cidade: Largo de São Bento, Anhangabaú e Av. Juscelino Kubitschek.

Desenvolvido pela fabricante Glasser a pedido da CPA – Comissão Permanente de

Acessibilidade da Secretaria Municipal de Habitação, o Podotátil atende a normas de

segurança como rebaixamentos em projetos urbanísticos. O piso compõe-se de esferas

levemente destacadas que servem para chamar a atenção do deficiente e orientar seu

direcionamento, assim que atravessa a via e pisa na calçada.

Figura 37 – Exemplo de boa aplicação do piso podotátil na cidade de São Paulo.

Fonte: site prefeitura SP

No caso do Rio de Janeiro o Programa Rio Cidade realizou intervenções

urbanisticas que tinha como um dos pressupostos de projeto o atendimento a

acessibilidade. A fim de exemplificar para reflexões sobre o tema dessa pesquisa,

buscou-se in loco análises da aplicação de pisos podotáteis nos Projetos Rio Cidade de

Botafogo; Grajau e na Avenida Rio Branco, como pode ser verificados nas figuras: 38,

39, 40, 41 e 42.

Constata-se que ainda é necessário melhor entendimento por parte dos

projetistas e executores desse piso, pois foi mal aplicado em varias partes da cidade do

Rio de Janeiro, como ilustra as figuras a seguir.

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Figura 38 – Rua Voluntários da Pátria

Má aplicação do piso direcional para jardineira Fonte:Foto do autor

Na figura 38 verifica-se que o piso direcional não está colocado corretamente,

pois vai de encontro com a jardineira sem a colocação do piso de alerta para detectação

da mesma, Já o piso de alerta que consta, deveria estar em uma cor mais viva.

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Figura 39 – Rua Uruguai esquina com Barão Bom Retiro Piso Alerta não circunda o mobiliario de cesta de lixo

Fonte:Foto do autor

Figura 40 – Rua Uruguai, esquina com Rua Barão do Bom Retiro

Piso de alerta deve ser maior de dimensão no entorno do mobiliario frade. Para melhor ajuda é caso de apontar o uso de um direcional antes do alerta a fim de orientar para a travessia.

Fonte: Foto do autor

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Figura 41 – Rua Voluntários da Pátria

Nota-se neste caso o alerta no entorno da cesta de lixo, no entanto não ajuda o usuário a utilizar o mobiliário, utilizando do piso direcional.

Fonte:Foto do autor

Figura 42– Av. Rio Branco, próximo ao Edifício Central

Piso direcional mal aplicado, levando o ususario a um mobiliario urbano de Totem de propaganda Fonte:Foto do autor

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Percebe-se que em todos os exemplos acima ilustrados, as cores dos pisos

não foram bem aplicadas. É necessário criar contraste para pessoas cegas que

enxergam pouco, o piso tátil deve ser de uma cor que contraste com o piso a sua volta.

Figura 43 - Mobiliário urbana, e bom exemplo de aplicação do Piso Podotátil

Fonte: Person,Elisangela-2006

Figura 44- Faixa de pedestres com ilha de mobiliário urbano

Fonte: Person ,Elisangela-2006

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3.2. CARACTERISTICAS TECNICAS DE ESPECIFICAÇÃO 3.2.1. Descrição Piso Tátil de Alerta

• A sinalização tátil de alerta consiste em um conjunto de relevos tronco-

cônicospadronizados pela ABNT, cujo objetivo principal é sinalizar as situações

de risco aodeficiente visual e às pessoas com visão subnormal. Também é

utilizada em composição com o piso tátil direcional, para sinalizar as mudanças ou

alternativas de direção.

Características:

• O piso cromo diferenciado tátil de alerta deve apresentar cor contrastante com a

do piso adjacente:

o Em superfícies claras (bege, cinza claro, etc.): amarelo, azul ou marrom;

o Em superfícies escuras (preta, marrom, cinza escuro, etc.): amarelo ou

azul.

• A sinalização tátil de alerta deve ter largura de 250mm a 600mm;

• As peças do piso tátil devem apresentar modulação que garanta a continuidade

da textura e padrão de informação, podendo ser sobrepostas ou integradas ao

piso existente:

o Quando sobreposta, o desnível entre a superfície do piso existente e a

superfície do piso implantado deve ser chanfrado e não exceder 2mm;

o Quando integrada, não deve haver desnível com relação ao piso

adjacente, exceto aquele existente no próprio relevo.

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3.2.1.1. Descrição Piso Tátil direcional

• A sinalização tátil direcional consiste em relevos lineares, regularmente dispostos

e textura com seção trapezoidal padronizada pela ABNT. É utilizada para orientar

o deficiente visual, sinalizando o percurso ou a distribuição espacial dos

diferentes elementos de um edifício.

Características:

• O piso cromo diferenciado tátil direcional deve apresentar cor contrastante com a

do piso adjacente:

o Em superfícies claras (bege, cinza claro, etc.): amarelo, azul ou marrom;

o Em superfícies escuras (preta, marrom, cinza escuro, etc.): amarelo ou

azul.

• A sinalização tátil direcional deve ter largura de 200mm a 600mm.

• As peças do piso tátil devem apresentar modulação que garanta a continuidade

da textura e padrão de informação, podendo ser sobrepostas ou integradas ao

piso existente:

o Quando sobreposta, o desnível entre a superfície do piso existente e a

superfície do piso implantado deve ser chanfrado e não exceder 2mm;

o Quando integrada, não deve haver desnível com relação ao piso

adjacente, exceto aquele existente no próprio relevo.

3.2.2. Tipos de piso e protótipos comerciais: 3.2.2.1. DE SOBREPOR (uso interno, sob autorização do Depto. de Projetos)

• Pisos em placas de borracha, espessura 2mm, dimensões 250 x 250mm, de

assentamento com cola à base de neoprene. Indicados exclusivamente para

aplicação em áreas secas internas, com baixo tráfego, diretamente sobre o piso

existente, quando se deseja evitar quebra de piso e o assentamento com

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argamassa for inconveniente. Nunca aplicar em áreas submetidas a lavagens

frequentes.

Cores: amarelo, azul e marrom

- Piso: DAUD, STEEL RUBBER

- Cola: PETROCOLA P4000, BRASCOLA

3.2.2.2. INTEGRADO

• Pisos em placas de borracha, espessura 7mm, dimensões 250 x 250mm, de

assentamento com argamassa, indicados para aplicação em áreas internas e

externas.

Cores: amarelo, azul e marrom (a cor azul não deve ser utilizada em áreas externas)

- Piso: DAUD

• Pisos cimentícios, tipo ladrilho hidráulico, espessura 20mm, dimensões 250 x

250mm, de assentamento com argamassa colante, indicados para aplicação em

áreas internas e externas.

Cores: café, mostarda e vinho

- Piso: CASA FRANCEZA

3.2.2.3. APLICAÇÃO

• Em situações que oferecem risco de acidentes: obstáculos suspensos à altura

entre 0,60m a 2,10m, rebaixamentos de guias do passeio público, porta de

elevadores, início e término de rampas, início e término de lances de escadas e

desníveis (plataformas, palcos, etc.), obedecendo os critérios estabelecidos na

NBR 9050 e de acordo com o projeto.

• Em composição com o piso tátil direcional, para sinalizar mudança ou alternativas

de direção, conforme indicado em projeto.

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NOTA: O projeto deve especificar tipo de piso, cor e, no caso de piso cimentício em

áreas internas, também opção de acabamento, considerando:

• indicação de aplicação para áreas internas ou externas;

• variações dimensionais das placas conforme os padrões de cada fabricante;

• contraste com cor / tonalidade das superfícies dos pisos adjacentes.

3.2.2.4. EXECUÇÃO

• A execução do piso deve estar de acordo com o projeto de arquitetura, atendendo

também às recomendações da NBR 9050 - Acessibilidade a edificações,

mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.

• Pisos de borracha colados: A superfície do piso existente, onde será aplicado o

piso tátil, deve estar perfeitamente limpa e seca, totalmente isenta de poeira,

oleosidade e umidade. Deve-se evitar dias úmidos e chuvosos para execução do

serviço. Lixar o verso da placa do piso com lixa de ferro 40/80/100 para abrir os

poros da borracha (quando se notar presença de oleosidade na placa, antes de

lixar a superficíe de contato, deve-se limpar a placa com acetona líquida). Passar

cola de contato à base de neoprene no verso das placas e na superfície do piso

existente, em área máxima de 10m². Aguardar a evaporação do solvente até o

ponto de aderência da cola para iniciar o assentamento das placas. Atentar para

o perfeito alinhamento entre as placas e para que não se forme bolhas de ar,

garantindo-se a máxima aderência das placas no piso existente.

Após execução do serviço, aguardar 24 horas, no mínimo, para liberar o piso ao

tráfego.

• Pisos de borracha assentados com argamassa: o contrapiso deve ser feito com

argamassa de cimento e areia no traço 1:3, nivelado, desempenado e rústico.

Efetuar excelente limpeza com vassoura e água e molhar o contrapiso com água

e cola branca.

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A argamassa de assentamento deve ter traço 1:2, com mistura de cola branca e

água na proporção 1:7 (aproximadamente, 1 saco de 50kg de cimento: 4 latas de 18

litros de areia: 5 litros de cola branca: 35 litros de água). Passar argamassa no verso das

placas, preenchendo completamente as garras da placa e colocar o piso batendo com

martelo de borracha (ou batedor de madeira) até o piso atingir a posição desejada e o

perfeito nivelamento com o piso adjacente.

• Pisos cimentícios, tipo ladrilho hidráulico, assentados com argamassa colante: o

contrapiso deve ser feito com argamassa de cimento e areia no traço 1:3,

nivelado e desempenado. Com a base totalmente seca, aplicar uma camada de

argamassa com 6mm de espessura, em uma área de aproximadamente 1m², em

seguida passar a desempenadeira metálica dentada criando sulcos na

argamassa. Logo a seguir, assentar os ladrilhos secos, batendo com um sarrafo

ou martelo de borracha macia, até o piso atingir a posição desejada e o perfeito

nivelamento com o piso adjacente. Nunca bater diretamente sobre o ladrilho.

3.2.2.5. RECEBIMENTO

• O serviço pode ser recebido se atendidas as condições de fornecimento de

materiais e execução.

• Aferir especificações dos pisos e colas.

• Verificar acabamento das placas, observando ausência de defeitos como:

o bolhas de ar, rebarbas - para pisos de borracha; - buracos, trincas,

lascados, falhas na pintura, formato dos relevos - para pisoscimentícios; -

amassados, rebarbas - para pisos metálicos e verificar também aplicação

de material vedante.

o Verificar o posicionamento, tipo, cor e acabamento das placas, conforme

indicado em projeto.

o Não deve haver desalinhamento nem desnivelamento entre as peças

contíguas.

o Para os pisos integrados, verificar o perfeito nivelamento com o piso

adjacente.

o No caso de pisos colados, verificar a perfeita aderência das placas sobre o

piso.

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CONCLUSÃO

Ao examinarmos a estrutura física de nosso entorno urbano podemos

observar que, na maioria das vezes, não é seguido o princípio básico que a cidade deve

ser de e para todos. A qualidade de vida de todos os cidadãos inclui o direito à

participação das atividades econômicas e sociais da cidade, somente possível se lhes

for franqueado, também, o acesso físico aos distintos elementos constitutivos da

estrutura urbana.

Desde a necessária locomoção entre os seus diversos pontos, realizada

tanto em meios de transportes quanto a pé, até a também necessária fruição do tempo

livre em parques e praças, passando pela freqüência a restaurantes, museus, cinemas,

teatros, prédios públicos e privados. As cidades são pouco receptivas aos seres

humanos, especialmente àqueles que, por diferentes motivos, têm reduzidos suas

condições de mobilidade, entre os quais os deficientes visuais e os idosos formam o

grupo mais especial.

Os Projetos dos espaços urbanos e construtivos devem garantir o uso e a

acessibilidade para deficientes físicos, pessoas com mobilidade reduzida, deficientes

visuais, cegos ou parcialmente cegos.

As autoridades públicas, as instituições universitárias, a sociedade civil, e

principalmente os profissionais de arquitetura e engenharia, devem postular uma atitude

de comprometimento e firmeza de propósito no atendimento das intervenções urbanas e

edilícias, nos requisitos da norma de acessibilidade e nos principios do Desenho

Universal. Colaborar com o desenvolvimento de pesquisas e constância de buscas de

técnicas projetuais acertativas, a fim de prover a inclusão social destes grupos a

ambientes naturais, abertos e públicos, pode-se dizer o “Direito pleno à Cidade”.

"O princípio da igualdade de direitos entre pessoas com ou sem deficiência

significa que as necessidades de todo indivíduo são da mesma importância; que essas

necessidades devem constituir a base do planejamento social e que todos os recursos

devem ser empregados de maneira que garantam igual oportunidade de participação a

todo indivíduo".

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA …dissertacoes.poli.ufrj.br/dissertacoes/dissertpoli1121.pdf · Figura. 14 – Diferenciação de textura de piso em rampas e escadas

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Com a edição das leis federais números 10.048/2000 e 10.098/2000, ambas

regulamentadas pelo Decreto Nº. 5.296/2004, somado a estas as leis estaduais e a farta

legislação municipal do Rio de Janeiro, podemos afirmar que em termos legislativos na

área da acessibilidade avançamos consideravelmente. No entanto, não obstante a esse

progresso legal e à mudança cultural brasileira frente à necessidade e dever de

acessibilizar, ainda vivemos uma realidade fática do não acessível.

Possibilitar igualdade é dever dos governos, por isso a instituição de políticas

públicas, as decisões governamentais e os programas de acessibilidade são

indispensáveis para impulsionar uma nova atitude do pensar e agir acessível.

Quando políticas públicas de reordenação do meio ambiente, urbano ou outros,

são direcionadas a propiciar mobilidade e acesso às pessoas com deficiência ou com

mobilidade reduzida, temos que ter em mente o universo antopométrico que o estudo

requer, pois do contrário estaremos fadados a acessibilizar os meios somente a usuários

de cadeira de rodas, esquecendo-se das pessoas idosas, com deficiência visual, surdas

ou com deficiência intelectual.

Algumas cidades brasileiras já estão mostrando suas preocupações nesse

sentido, desenvolvendo projetos com vistas a uma sociedade inclusiva.

São necessários muitos trabalhos sobre o tema, com objetivo de qualificar os

profissionais tanto da cadeia produtiva de materiais, tanto de projeto urbano e execução

das obras, em vista de uma verdadeira cidade inclusiva. .

"Uma sociedade só evolui quando é capaz de respeitar seus deficientes", grupo

fragilizado que requer maior oportunidade de equiparação. Podemos afirmar ainda, que

uma cidade só alcança o status de inclusiva quando puder programar políticas públicas

voltadas para igualar seus cidadãos em oportunidades e direitos. Este é o desafio que

se desponta para as cidades nos próximos anos.

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ABNT. NBR 9050:1994 de 31 de setembro de 1994. Acessibilidade de pessoas

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ABNT .NBR 14273/99 . Acessibilidade de pessoa portadora de deficiência no transporte aéreo comercial.

BRASIL. Decreto n°. 5.296 de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis n°.

10.048, de 8 dezembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que

especifica e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e

critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de

deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. BRASIL. Lei n°. 10.098 de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e

critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de

deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências.

BRASIL. Lei nº. 7.853 de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas

portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE -, institui a tutela jurisdicional

de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério

Público, define crimes e dá outras providências.

BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil. 1º de outubro de 1988.

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ANEXO A INTERAÇÃO SOCIAL COM A PESSOA PORTADORA DE

DEFICIÊNCIA VISUAL DESENVOLVENDO COMPETÊNCIAS PARA O ATENDIMENTO ÀS NECESSIDADES

EDUCACIONAIS ESPECIAIS DE ALUNOS CEGOS E DE ALUNOS COM BAIXA VISÃO Ministério da Educação - MEC

A visão é o mais importante canal de relacionamento do indivíduo com o mundo

exterior. A cegueira sensorial foi sempre tratada, através dos séculos, com medo,

superstição e ignorância. Na Idade Média, chegava-se a considerar a cegueira

como um castigo dos céus.

Hellen Keller abriu os olhos do mundo para a imensa capacidade e

disponibilidade que o deficiente visual tem de ser útil à sociedade e interagir com o meio.

Cabe à sociedade cooperar e dar oportunidade para que esses indivíduos, que

têm limitação em seu relacionamento com o mundo, possam desenvolver e usufruir

de toda a sua capacidade física e mental.

Pretendemos, com estas informações, esclarecer aos educadores, aos familiares

e à sociedade em geral alguns tópicos sobre defi ciência visual, suas capacidades

e limitações, ampliando nossos horizontes no relacionamento humano.

1. Considerações Gerais • Não se refira à cegueira como um infortúnio. Ela pode ser assim encarada logo após a

perda da visão, mas a orientação adequada, a educação especial, a reabilitação e a

profi ssionalização conseguem minimizar os seus efeitos.

• A cegueira não é contagiosa, razão pela qual cumprimente seu vizinho, conhecido ou

amigo cego, identifi cando-se, pois ele não o enxerga.

• A cegueira não restringe o relacionamento com as pessoas nem com o meio ambiente,

desde que as pessoas com as quais o cego conviva não lhe omitam ou encubram fatos

e acontecimentos, o que lhe trará muita insegurança ao constatar que foi enganado.

• O cego não enxerga a expressão fi sionômica e os gestos das pessoas. Por este

motivo fale sobre seus sentimentos e emoções, para que haja um bom relacionamento.

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• Não trate a pessoa como um ser diferente porque ela não pode enxergar. Saiba que

ela está sempre interessada nos acontecimentos, nas notícias, nas novidades, na vida.

• O cego não tem a visão das imagens que se sucedem na TV, no cinema, no teatro.

Quando ele perguntar, descreva a cena, a ação e não os ruídos e diálogos pois estes

ele escuta muito bem.

• O cego organiza seu dinheiro com o auxílio de alguém de sua confi ança, que enxerga.

• Aqueles que aproximam o dinheiro do rosto para identifi cá-lo são pessoas com baixa

visão.

• Não generalize aspectos positivos ou negativos de uma pessoa cega que você

conheça, estendendo-os a outros cegos. Não se esqueça de que a natureza dotou a

todos os seres de diferenças individuais mais ou menos acentuadas. O que os cegos

têm em comum é a cegueira, porque cada um tem sua própria maneira de ser.

• Procure não limitar as pessoas cegas mais do que a própria cegueira o faz, impedindo-

as de realizar o que elas sabem, e devem fazer sozinhas.

• Ao se dirigir a uma pessoa cega chame-a pelo seu nome. Chamá-la de cego ou

ceguinho é desrespeitoso.

• A pessoa cega não necessita de piedade e sim de compreensão, oportunidade,

valorização e respeito como qualquer pessoa. Mostrar-lhe exagerada solidariedade não

a ajuda em nada.

• Não fale com a pessoa cega como se ela fosse surda. Ao procurar saber o que ela

deseja, pergunte a ela e não a seu acompanhante.

• O cego tem condições de consultar o relógio (adaptado) , discar o telefone ou assinar o

nome, não havendo motivo para que se exclame “maravilhoso”, “extraordinário”.

• A pessoa cega não dispõe de “sexto sentido”, nem de “compensação da natureza”. Isto

são conceitos errôneos. O que há na pessoa cega é simples desenvolvimento de

recursos latentes que existe em todas as pessoas.

• Conversando sobre a cegueira com quem não vê, use a palavra cego sem rodeios.

• Ao ajudar a pessoa cega a sentar-se, basta pôr-lhe a mão no espaldar ou no braço da

cadeira, que isto indicará sua posição, sem necessidade de segurá-lo pelos braços ou

rodar com ele ou puxá-lo para a cadeira.

• Cuide para não deixar nada no caminho por onde uma pessoa cega costuma passar.

• Ao entrar no recinto ou dele sair, onde haja uma pessoa cega, fale para anunciar

sua presença e identifi que-se.

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• Quando estiver conversando com uma pessoa cega, necessitando afastarse,

comunique-o. Com isso você evitará a desagradável situação de deixá-la falando

sozinha, chamando a atenção dos outros sobre si.

• Ao encontrar-se com uma pessoa cega, ou despedir-se dela, aperte-lhe a mão. O

aperto de mão cordial substitui para ela o sorriso amável.

• Ao encontrar um cego que você conhece, vá logo dizendo-lhe quem é,

cumprimentando-o. Colocações como “Sabe quem sou eu?”... “Veja se adivinha quem

está aqui...” “Não vá dizer que não está me conhecendo ...” Só o faça se tiver realmente

muita intimidade com ele.

• Apresente seu visitante cego a todas as pessoas presentes. Assim procedendo você

facilitará a integração dele ao grupo.

• Ao notar qualquer incorreção no vestuário de uma pessoa cega comuniquelhe.

• Muitos cegos têm o hábito de ligar a luz, em casa ou no escritório. Isso lhe permite

acender a luz para os outros e, não raro, ela própria prefere trabalhar com luz. Os que

enxergam pouco (baixa visão) benefi ciam-se com o uso da luz.

• Ao dirigir-se ao cego para orientá-lo quanto ao ambiente, diga-lhe: a sua direita, a sua

esquerda, para trás, para frente para cima ou para baixo. Termos como aqui ou ali não

lhe servem de referência.

• Encaminhe bebês, crianças, adolescentes ou adultos com defi ciência visual, que não

receberam atendimento especializado, aos serviços de Educação Especial.

• O uso de óculos escuro para os cegos tem duas fi nalidades: de proteção do globo

ocular e estética quando ele próprio preferir.

• Quando se dispuser a ler para uma pessoa cega, jornal, revista, etc., pergunte a ela o

que deseja ser lido.

2. Na Residência • Mudanças de móveis constantes prejudicam a orientação e locomoção do cego. Ao

necessitar fazê-lo, comunique-o para que ele se reorganize.

• Pequenos cuidados facilitarão a vida do defi ciente visual. Assim, as portas deverão fi

car fechadas ou totalmente abertas. Portas entreabertas favorecem que o mesmo se

bata. Portinhas de armários aéreos bem como gavetas deverão estar sempre fechadas;

cadeiras fora do lugar e pisos engordurados e escorregadios são perigosos.

• Os objetos de uso comum deverão fi car sempre no mesmo lugar, evitando assim cada

vez que o cego necessite de um objeto, (tesoura, pente, lixeira, etc.), tenha que

perguntar onde se encontram.

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• Os objetos pessoais do cego devem ser mantidos onde ele os colocou, pois assim

saberá encontrá-los.

• Na refeição, diga ao cego o que tem para comer e quando houver várias pessoas à

mesa pergunte a ele, pelo seu nome, o que ele deseja.

• O prato pode ser pensado como se fosse um relógio e a comida distribuída segundo as

horas. Assim, nas 12:00 horas, que fi ca para o centro da mesa, será colocado, por

exemplo, o feijão. Nas 3:00 horas, à direita do prato, o arroz, nas 6:00 horas, próximo ao

peito do cego, a carne, facilitando assim ser cortada por ele, e às 09:OO horas, à

esquerda do prato, a salada. Prato cheio complica a vida de qualquer pessoa.

• O cego tem condições de usar garfo e faca, bem como pratos raso, podendo sozinho

cortar a carne em seu prato, fi rmando a carne com o garfo e situando, com a faca, o

tamanho da carne e o pedaço a ser cortado.

• Ao servir qualquer bebida não encha em demasia o copo ou a xícara, alcançando-os

na mão do cego para que ele possa situar-se quanto a sua localização.

• Não fique preocupado em orientar a colher ou garfo da pessoa cega para apanhar a

comida no prato. Ela pode falhar algumas vezes, mas acabará por concluir sua refeição.

• Pequenas marcações em objetos de utilização do cego poderão ajudá-lo a identifi car,

por exemplo, sua escova de dentes, sua toalha de banho, as cores das latinhas de pasta

de sapatos, cor de roupas, as latas de mantimentos, etc.

Estas poderão ser feitas em braile, com esparadrapo, botão, cordão, pontos

de costura ou outros.

• Objetos quebráveis (copos, garrafas térmicas, vasos de fl ores, etc.) deixados na

beirada de mesas, pias, móveis ou pelo chão constituem perigo para qualquer pessoa e

obviamente perigo maior para o cego.

• Mostre a seu hóspede cego as principais dependências de sua casa, a fim de queele

aprenda detalhes signifi cativos e a posição relativa dos cômodos, podendo, assim,

locomover-se sozinho. Para realizar esta tarefa, devemos colocar o cego de costas para

a porta de entrada e dali, com auxílio, ele mesmo fará o reconhecimento à direita à

esquerda, como é cada peça e qual é a distribuição dos móveis.

3. Na Rua • Ao encontrar uma pessoa cega na rua, pergunte se ela necessita de ajuda, tal como:

atravessar a rua, apanhar táxi ou ônibus, localizar e entrar em uma loja, etc.

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• Ofereça auxilio à pessoa cega que esteja querendo atravessar a rua ou tomar

condução. Embora seu oferecimento possa ser recusado, ou mal recebido, por algumas

delas, esteja certo de que a maioria lhe agradecerá o gesto.

• O pedestre cego é muito mais observador. Ele tem meios e modos de saber onde está

e para onde vai, sem precisar estar contando os passos. Antes de sair de casa ele faz o

que toda pessoa deveria fazer: procura saber bem o caminho a seguir para chegar a seu

destino. Na primeira caminhada poderá errar um pouco, mas depois raramente se

enganará. Saliências, depressões, quaisquer ruídos e odores característicos, tudo ele

observa para sua boa orientação. Nada é sobrenatural.

• Em locais desconhecidos, a pessoa cega necessita sempre de orientação, sobretudo

para localizar a porta por onde deseja entrar.

• Não tenha constrangimento em receber ajuda, admitir colaboração ou aceitar

gentilezas por parte de uma pessoa cega. Tenha sempre em mente que solidariedade

humana deve ser praticada por todos e que ninguém é tão incapaz que não tenha algo

para dar.

• Ao guiar a pessoa cega basta deixá-la segurar seu braço que o movimento de seu

corpo lhe dará a orientação de que ela precisa. Nas passagens estreitas, tome a frente e

deixe-a seguí-lo, com a mão em seu ombro. Nos ônibus e escadas basta pôr-lhe a mão

no corrimão.

• Quando passear com um cego que já estiver acompanhado não o pegue pelo outro

braço, nem lhe fique dando avisos. Deixe-o ser orientado só por quem o estiver guiando.

• Ao atravessar um cruzamento guie a pessoa cega em L, que será de maior segurança

para você e para ela. Cruzamento em diagonal pode fazê-la perder a orientação.

• Para indicar a entrada em um carro faça a pessoa cega tocar com a mão na porta

aberta do carro e com a outra mão no batente superior da porta. Avise-o se tem assento

na dianteira, em caso de táxi.

• Ao bater a porta do automóvel, onde haja uma pessoa cega, certifi que-se primeiro de

que não vai prender-lhe os dedos. Estes são sua maior riqueza.

• Se você encontrar uma pessoa cega tentando fazer compras sozinha em uma loja ou

supermercado, ofereça-se para ajudá-la. Para ela é muito difícil saber a exata

localização dos produtos, assim como escolher marcas e preços.

• Não “siga” a pessoa com defi ciência visual, pois ele poderá perceber sua presença,

perturbando-se e desorientando-se. Oriente sempre que for necessário.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA …dissertacoes.poli.ufrj.br/dissertacoes/dissertpoli1121.pdf · Figura. 14 – Diferenciação de textura de piso em rampas e escadas

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• O deficiente visual, geralmente, sabe onde é o terminal de seu ônibus. Quando

perguntar por determinada linha é para certificar-se. Em um ponto de ônibus onde

passam várias linhas o deficiente visual necessita de seu auxílio para identificar o ônibus

que deseja apanhar. Se passar seu ônibus, onde passa só uma linha, o deficiente visual

o identificará pelo ruído do motor, abertura de portas, movimento de pessoas subindo e

descendo, necessitando sua ajuda apenas para localizar a porta. Em trajetos retos, sem

mudança do solo, o cego não pode adivinhar o ponto onde irá descer e precisará de sua

colaboração. Em trajetos sinuosos ou que modificam o solo ele faz seu esquema mental

e desce em seu ponto, sem precisar de auxílio. Quando você for descer de um ônibus e

perceber que uma pessoa cega vai descer no mesmo ponto ofereça sua ajuda. Ela

necessitará de sua ajuda para atravessar a rua ou informações sobre algum ponto de

referência.

• Ajude a pessoa cega que pretende subir em um ônibus colocando sua mão na alça

externa vertical e ela subirá sozinha, sem necessidade de ser empurrada ou levantada.

• Dentro do ônibus não obrigue a sentar-se, deixando à sua escolha. Apenas informe-o

onde há lugar colocando sua mão no assento ou no encosto caso ele deseje sentar-se.

• Constituem grande perigo para os deficientes visuais os obstáculos existentes nas

calçadas tais como lixeiras, carros, motos, andaimes, venezianas abertas para fora,

jardineiras, árvores cujos troncos atravessam a calçada, tampas de esgotos abertas,

buracos, escadas, andaimes, etc.

4. No Trabalho • Em função adequada e compatível, o defi ciente visual produzirá igual ou mais que as

pessoas de visão normal, pois seu potencial de concentração é mais bem utilizado.

• Ao ingressar na empresa o defi ciente visual, como qualquer outro funcionário deve ser

apresentado a todos os demais colegas, chefi as e ser orientado quanto à área física

(distribuição das salas, máquinas, santirário, refeitório, outros).

• Todo o cidadão tem direitos e deveres iguais frente à sociedade. Dessa forma o defi

ciente visual deve desempenhar, na íntegra, seu papel enquanto trabalhador cumprindo

seus deveres, quanto à pontualidade, assiduidade, responsabilidade, relações humanas,

etc.

• Se o defi ciente visual não corresponder ao que a empresa espera dele, não generalize

os aspectos negativos a todos os defi cientes visuais; lembre-se que cada pessoa tem

características próprias.

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• Pelo fato de ter-se tornado defi ciente visual o trabalhador ou funcionário não deve ser

estimulado a buscar sua aposentadoria, mas a reabilitar-se, podendo continuar na

empresa ou habilitar-se em outras funções e outros cargos.

5. Na Escola • Criança com olhos irritados que esfrega as mãos neles, aproxima muito para ler ou

escrever, manifesta dores de cabeça, tonturas, sensibilidade excessiva à luz, visão

confusa, deve ser encaminhada a um oftalmologista.

• Todo defi ciente visual, por amparo legal, pode freqüentar escola da rede regular de

ensino (público ou particular).

• Se a criança enxerga pouco deverá estar na primeira fi la, no meio da sala ou com

distância sufi ciente para ler o que está escrito no quadro.

• A incidência de refl exo solar e/ou luz artifi cial no quadro negro devem ser evitadas.

• Trate a criança defi ciente visual normalmente, sem demonstrar sentimentos de

rejeição, subestimação ou superproteção.

• Todos podem participar de aulas de Educação Física e Educação Artística. Use o

próprio corpo do defi ciente visual para orientá-lo.

• Trabalhos de pesquisa em livros impressos em tinta podem ser feitos em conjunto com

colegas de visão normal.