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0 Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica Engenharia Naval e Oceânica Projeto de Graduação FELIPE ANTONIO GOBBO PIERAMI LAYOUT DE ESTALEIROS VOLTADOS PARA CONSTRUÇÃO DE IATES Rio de Janeiro Agosto de 2018

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola Politécnica

Engenharia Naval e Oceânica

Projeto de Graduação

FELIPE ANTONIO GOBBO PIERAMI

LAYOUT DE ESTALEIROS VOLTADOS PARA CONSTRUÇÃO DE IATES

Rio de Janeiro

Agosto de 2018

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FELIPE ANTONIO GOBBO PIERAMI

LAYOUT DE ESTALEIROS VOLTADOS PARA A CONSTRUÇÃO DE IATES

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Naval e Oceânica, da

Escola Politécnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título

de Engenheiro Naval.

Área de Concentração: Tecnologia de

Sistemas Oceânicos

Orientador:

Marta Cecília Tapia Reyes

Rio de Janeiro

Agosto de 2018

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Pierami, Felipe Antonio Gobbo

Layout de Estaleiros Voltados para a Construção de

Iates/ Felipe Antonio Gobbo Pierami – Rio de

Janeiro:UFRJ/Escola Politécnica,2018.

X,57 p.:il.; 29,7 cm

Orientador: Marta Cecília Tapia Reyes

Projeto de Graduação – UFRJ/Escola

Politécnica/Curso de Engenharia Naval e Oceânica, 2018

Referências Bibliográficas: p.60-60

1.Introdução - 2.Construção de Iates - 3.Construção

de Estaleiros de Iates – 4.Estaleiros de Iate no Brasil –

5.Análise – 6. Conclusão – 7.Referência Bibliográfica

I. Tapia Reyes, Marta Cecilia II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Escola Politénica, Curso de

Engenharia Naval. III. Layout de Estaleiros Voltados para a

Contrução de Iates

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LAYOUTS DE ESTALEIROS VOLTADOS PARA CONSTRUÇÃO DE IATES

Felipe Antonio Gobbo Pierami

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DE GRAU DE ENGENHEIRO NAVAL.

Examinado por:

Prof. Marta Cecilia Tapia Reyes, D.Sc.

(Orientador)

Prof. Severino Fonseca da Silva Neto, D.Sc.

(Examinador)

Prof. Alexandre Teixeira de Pinho Alho, D.Sc.

(Examinador)

Rio de Janeiro, RJ - Brasil

Agosto de 2018

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Dedico esse trabalho a Deus e a

minha família, que me sempre

estiverem comigo, me guiando e

me apoiando em todas as decisões.

Sem eles nada disso seria possível.

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Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter me guiado, iluminado e abençoado nessa

minha caminhada durante a minha vida acadêmica.

Agradeço aos meus pais, Maria Inês e Luiz, pelo amor, carinho e proteção dados a

mim em todos os momentos da minha vida, sempre fornecendo todo o suporte necessário

para que eu chegasse até aqui.

Agradeço à minha irmã, Gabriela, pelo amor, amizade e conselhos. Ao meu cunhado

Caiubi, pela amizade e ajudas. A toda minha família, especialmente aos meus avós.

Agradeço aos amigos e colegas que fiz no Rio de Janeiro, que são para a vida toda, e

sem eles não seria possível passar pelos bons e também difíceis momentos vividos nessa

cidade. Em especial aos meus amigos Nicholas, Bruno e Rafael que se tornaram uma família

para mim durante esses anos. Aos meus amigos de Jundiaí, que sempre me ajudaram

durante esse período.

Agradeço a todos os Professores que passaram pela minha formação e me ensinaram

muito. Em especial à Professora Marta Cecilia Tapia Reyes, que me orientou durante esse

projeto, me ajudando muito.

Agradeço a todos os funcionários da UFRJ, em especial aos que fazem parte da Naval,

pois sem eles seria impossível concluir o curso.

Por fim, agradeço à Universidade Federal do Rio de Janeiro e à cidade do Rio de

Janeiro, que me receberam e onde vivi momentos muito felizes de minha vida.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval.

Layout de Estaleiros Voltados para a Construção de Iates

Felipe Antonio Gobbo Pierami

Agosto/2018

Orientador: Marta Cecília Tapia Reyes.

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

O layout de estaleiros é um fator de extrema importância para a produção de qualquer

embarcação, pois se a organização do estaleiro está correta a produção será feita de uma

maneira natural, obtendo melhores resultados, tanto na qualidade do produto final como na

parte financeira para o estaleiro. Este projeto tem como objetivo desenvolver um layout ideal

para um estaleiro de iates de 40 a 80 pés, feitos em fibra de vidro. Para isso, serão

apresentados os processos de fabricação necessários para se construir um iate desse tipo e

apresentadas teorias sobre organizações de fábricas em geral e então mostrar suas aplicações

voltadas para estaleiros de iate. Por último, será apresentado um esquema de layout ideal com

o posicionamento dos setores e os fluxos do produto e dos recursos transformadores, e então a

descrição do layout desenvolvido.

Palavras – chave: Layout de estaleiro, iates, estaleiros de iates, layout ideal.

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 10

1.1 Os estaleiros no Brasil ............................................................................................... 11

1.2 Características Gerais ................................................................................................ 12

1.3 Objetivo ..................................................................................................................... 13

1.4 Estrutura do projeto ................................................................................................... 14

2 CONSTRUÇÃO DE IATES ............................................................................................ 16

2.1 Características gerais ................................................................................................. 16

2.2 Etapas da fabricação .................................................................................................. 17

2.2.1 Plugs e Moldes ................................................................................................... 17

2.2.2 Laminação .......................................................................................................... 19

2.2.3 Pré-montagem ..................................................................................................... 22

2.2.4 Acabamento externo e Pintura ............................................................................ 23

2.2.5 Montagem ........................................................................................................... 24

3 ORGANIZAÇÃO DE ESTALEIROS DE IATES ........................................................... 27

3.1 Produção Artesanal .................................................................................................... 27

3.2 Tipos de sistemas de produção .................................................................................. 28

3.2.1 Sistema de produção segundo padrão de demanda ............................................ 29

3.3 Tipos de arranjos físicos ............................................................................................ 30

3.4 Definição preliminar para um layout de estaleiro ...................................................... 34

3.5 Características gerais e necessidades ......................................................................... 35

4 PROPOSTA DE LAYOUT .............................................................................................. 37

4.1 Principais necessidades .............................................................................................. 38

4.1.1 Desenvolvimento de plugs e modelos ................................................................ 38

4.1.2 Laminação peças grandes ................................................................................... 40

4.1.3 Laminação peças pequenas ................................................................................. 41

4.1.4 Armazenamento de moldes ................................................................................ 42

4.1.5 Pré-montagem ..................................................................................................... 43

4.1.6 Acabamento (laminação) .................................................................................... 44

4.1.7 Mecânica ............................................................................................................. 45

4.1.8 Hidráulica ........................................................................................................... 46

4.1.9 Serralheria ........................................................................................................... 46

4.1.10 Elétrica ................................................................................................................ 47

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4.1.11 Marcenaria .......................................................................................................... 48

4.1.12 Estofado e móveis ............................................................................................... 49

4.1.13 Cabine de Pintura ............................................................................................... 51

4.1.14 Piscina de testes .................................................................................................. 52

4.1.15 Escritórios ........................................................................................................... 53

4.1.16 Refeitório e Área de Lazer.................................................................................. 53

4.1.17 Vestiários ............................................................................................................ 54

4.1.18 Recebimento e Estoque de Recursos .................................................................. 54

4.2 Layout ideal para um estaleiro ................................................................................... 55

4.3 Análise do Layout proposto ....................................................................................... 61

5 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 62

6 Bibliografia ....................................................................................................................... 64

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Lista de Figuras

Figura 1 - Distribuição da produção de embarcações de lazer no Brasil (Fonte: ACOBAR) ..... 12

Figura 2 - Plug para confecção do molde do casco (Foto:Neomarine HS38) ........................... 18

Figura 3 - Molde de um casco (Foto: Intermarine) .................................................................. 18

Figura 4 - Laminação Manual ................................................................................................... 20

Figura 5 - Esquema de laminação a vácuo (Manual de Construção de Barcos, Jorge Nasseh) 21

Figura 6 - Laminação por infusão a vácuo ................................................................................ 21

Figura 7 - Colocação de anteparas, tubulações na etapa de Pré-Montagem (Foto:

Intermarine) .............................................................................................................................. 22

Figura 8 - Casaria e casco instantes antes da união – Pré-Montagem (Foto: Intermarine) ..... 23

Figura 9 - Operários fazendo o trbalho de acabamento no hardtop (Foto: intermarine) ....... 24

Figura 10 - Casa de máquinas de um iaate de 80 pés (Foto: Intermarine) .............................. 25

Figura 11 - Arranjo Físico Posicional ......................................................................................... 31

Figura 12- Arranjo Físico por Processo ..................................................................................... 32

Figura 13- Arranjo Físico Celular ............................................................................................... 32

Figura 14 - Arranjo Físico por Produto ..................................................................................... 33

Figura 15 - Seleção do arranjo de acordo com o volume e a variedade da produção ............. 33

Figura 16 - Setor de desenvolvimento de Plugs e Moldes ....................................................... 39

Figura 17 - Setor de laminação de grandes peças .................................................................... 40

Figura 18 - Setor de Laminação de Pequenas Peças ................................................................ 42

Figura 19 - Setor de Armazenamento de Moldes .................................................................... 43

Figura 20 - Setor de Pré-Montagem e Acabamento da Laminação ......................................... 44

Figura 21 - Setor de Mecânica e Hidráulica .............................................................................. 46

Figura 22 - Setor Serralheria ..................................................................................................... 47

Figura 23 - Setor de Elétrica ..................................................................................................... 48

Figura 24 - Setor de Marcenaria ............................................................................................... 49

Figura 25- Setor de Estofado e Móveis..................................................................................... 50

Figura 26 - Pátio de Montagem ................................................................................................ 51

Figura 27 - Setor de Pintura ...................................................................................................... 52

Figura 28 - Setor da Piscina de Testes ...................................................................................... 53

Figura 29 - Layout ideal ............................................................................................................ 56

Figura 30 - Fluxo dos processos de produção .......................................................................... 57

Figura 31 – Fluxo da produção no layout projetado ................................................................ 60

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1 INTRODUÇÃO

O mercado náutico é composto por diferentes tipos de embarcações, desde embarcações

voltadas a funções militares, a práticas esportivas até as embarcações de lazer. Neste

projeto o assunto a ser tratado será voltado para o ramo correspondente às embarcações de

lazer, mais precisamente a construção de iates.

O Brasil é um país com potencial muito grande no mercado náutico voltado a embarcações

de lazer, como lanchas, veleiros e iates. Esse potencial crescimento é visto com bons olhos

por empresários do ramo devido à imensidão da costa brasileira com 7480 quilômetros de

extensão, além de rios, lagos, represas e hidrovias que somam no total uma extensão de

32550 quilômetros de águas navegáveis. Soma-se a isso o clima adequado para a utilização e

aproveitamento dessas águas durante praticamente todos os meses dos anos na maior parte

do território nacional.

Apesar de todo esse potencial, os números mostram que o mercado náutico de lazer no

Brasil é bem pequeno, principalmente quando comparados a outros países, principalmente

os Estados Unidos e países Europeus. No Brasil existem aproximadamente, segundo dados

da ACOBAR (Associação Brasileira dos Construtores de Barco), 70 mil embarcações de

recreio acima de 16 pés, e se considerarmos todas as embarcações de recreio a proporção é

de uma embarcação a cada 1600 habitantes. Esse número é mínimo quando comparamos

com outros países como os Estados Unidos onde existe um barco a cada 18 habitantes, a

Holanda que tem a proporção de um barco a cada 40 habitantes, a Inglaterra é de 130

habitantes por barco, a Alemanha tem um barco a cada 185 habitantes e o Japão tem a

proporção de 450 habitantes por barco (SweBoat). Esses dados servem para ilustrar o déficit

desse setor náutico no Brasil comparado a diferentes regiões no mundo.

A relação de barcos por habitantes ser tão baixa no Brasil pode ser explicada por uma soma

de fatores. O primeiro deles é o poder aquisitivo da maior parte da população brasileira, pois

quando se trata de embarcações o valor agregado do produto é bem alto, fazendo com que

não seja fácil a sua aquisição, principalmente em uma população com grandes problemas

financeiros. Outro fato a ser ponderado nesta análise é o cultural, pois o brasileiro não tem a

cultura de passar finais de semanas em barcos, muitas vezes as praias, que na maior parte

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são propícias ao banho, já são o suficiente para o seu lazer, enquanto nesses outros países

citados anteriormente o lazer náutico é enraizado em sua cultura.

Dessa forma, é possível ver que o mercado náutico voltado para o lazer no Brasil tem um

grande espaço para crescimento, mas, para isso, é necessário o investimento em novas

tecnologias, estudos aprofundados das organizações dos estaleiros e dos processos de

produção, que ocasionará num produto de maior qualidade, produzido num tempo menor e

com custo mais acessível.

1.1 Os estaleiros no Brasil

A produção de embarcações voltadas para esportes e lazer, desde pranchas a iates, teve

início no começo do século XX, porém apenas a partir da década de 1960 que passaram a

existir estaleiros focados totalmente na construção de barcos para lazer, como lanchas e

iates. (ACOBAR)

No Brasil, a concentração maior desse tipo de estaleiros começou no Rio de Janeiro e São

Paulo, exatamente por ser a região onde o mercado consumidor mais forte se encontrava,

porém a partir da década de 1990 foi possível ver o mercado consumidor se expandindo

para o Nordeste e, principalmente, para o Sul, onde hoje concentra um grande número de

estaleiros voltados para a produção de embarcações de lazer. (ACOBAR)

Com o desenvolvimento do setor náutico no Brasil alguns polos se formaram e hoje os mais

ativos são: Grande São Paulo, Baixada Fluminense, Santa Catarina, Rio Grande do Sul,

Alagoas e Pernambuco. Esses dados podem ser vistos na figura 15, retirada de uma pesquisa

sobre o mercado náutico no Brasil realizada pela ACOBAR (Associação Brasileira de

Construtores de Barcos e seus Implementos).

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Figura 1 - Distribuição da produção de embarcações de lazer no Brasil (Fonte: ACOBAR)

Quando os estaleiros voltados para a construção de embarcações de lazer chegaram ao

Brasil este era um mercado muito pequeno e o interesse da maior parte dos compradores

era em embarcações pequenas. Dessa forma, os estaleiros começaram a produzir

embarcações de pequeno porte, como lanchas, por exemplo. Com o aquecimento do

mercado os barcos produzidos passaram a crescer e assim a produção de iates passou a ser

desenvolvida no Brasil.

1.2 Características Gerais

O fato de os primeiros barcos voltados a lazer no Brasil serem de pequeno porte fez com que

os estaleiros não necessitassem de um grande espaço para a produção. Porém, com a

mudança de mercado e o interesse por barcos maiores e iates os estaleiros se viram sem

opção: ou aumentavam seu espaço para a produção de embarcações maiores ou ficariam

estagnados, perdendo mercado para estaleiros mais bem preparados.

Dessa forma, os estaleiros foram obrigados a se organizar de uma maneira que possibilitasse

a construção de embarcações maiores, porém, muitas vezes as expansões não foram feitas

de maneira correta, pensando no planejamento da produção, dificultando, assim, um

melhor aproveitamento do local e uma organização correta para a produção de iates.

Essa ausência de organização desde o início faz com que as operações e os processos, sejam

prejudicados, sendo necessária mais movimentação de recursos, fazendo com que o tempo

de produção seja maior, assim os custos são elevados, acarretando em maiores custos para

os produtos, que reflete no preço dos produtos finais.

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Muitos dos estaleiros de iate no Brasil hoje em dia passaram por esse processo de expansão

e sofrem com problemas, tais como, setores em locais mais afastados da produção, pois

foram terrenos adquiridos posteriormente, setores com menos espaço que o necessário,

dificultando a movimentação dos recursos e o trabalho dos operários. Necessidade elevada

de movimentação da embarcação, o que não é indicado, devido ao tamanho do barco, mas o

posicionamento dos setores e tamanho dos galpões obriga essa movimentação.

Esses problemas citados, que são encontrados em diversos estaleiros no Brasil podem ser

corrigidos a partir de estudos de seus layouts e adequar a organização ao espaço disponível,

porém essas mudanças geram custos e tempo para o estaleiro, algo que não é muito bem

visto pelos donos, pois estão “funcionando” da forma que estão atualmente.

Apesar desse pensamento, uma alteração no layout pode aumentar o lucro da empresa,

visto que o tempo de produção de uma embarcação pode ser reduzido consideravelmente,

além de diminuir desperdícios e melhora o valor da relação hora-homem (HH). Dessa forma,

com a diminuição no custo da produção é possível reduzir o preço de seu produto final, e

com isso levar vantagem sobre a concorrência, aumentar sua margem de lucro e buscar

investimentos em novas tecnologias.

1.3 Objetivo

O dinâmico desenvolvimento de tecnologias, produtos diferenciados com alta qualidade, faz

com que o consumidor se torne cada vez mais exigente no momento de comprar algum

produto ou bem material. Essa exigência e a competição entre os produtores faz com que

estes sempre busquem um aperfeiçoamento de seus produtos, e uma excelência em seu

processo de fabricação, visando qualidade e custos.

O mercado da indústria náutica é um mercado que tem suas características muito

peculiares, principalmente quando se trata de um nicho voltado ao setor de lazer. Isso

ocorre pelo fato de ser uma indústria que é muito pautada pelas exigências dos clientes,

muitas vezes fazendo produtos únicos, com um alto valor agregado, o que dificulta, na maior

parte do tempo, um planejamento da produção das embarcações, pois, apesar de se

produzir diversos exemplares de um mesmo modelo, cada um tem suas particularidades,

visto que os clientes tem uma certa autonomia para fazer alterações no projeto inicial.

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Além disso, outro fato que dificulta esse planejamento é que a fabricação de embarcações

de lazer, como iates, por exemplo, tem processos que são considerados artesanais,

precisando demasiadamente do ser humano para realizar diversos procedimentos, fazendo

com que a qualidade do produto, a velocidade de produção, os custos causados por

desperdícios de materiais e retrabalhos sejam variáveis diretamente dependentes da

qualificação do trabalhador.

Desta forma, para se conseguir uma produção de embarcações com alta qualidade, que

satisfaçam os clientes, num tempo satisfatório e, principalmente, com preços que permitem

a concorrência com o mercado, é necessário que os processos de fabricação estejam em

sintonia, ou seja, devem-se reduzir ao máximo os erros, reduzindo tempo de produção,

custos extras e visando sempre a qualidade e satisfação do cliente. Para isso, um ponto

muito relevante é a organização, o layout, do estaleiro que constrói este tipo de

embarcação, pois, a partir disso, o planejamento e o funcionamento da produção ocorrerá

de maneira mais natural, acarretando em resultados de mais sucessos para o estaleiro.

O objetivo deste projeto consiste em, a partir de estudos realizados, definir uma organização

adequada para um estaleiro voltado para a construção de iates em fibra de vidro de médio

porte, ou seja, a partir de todo o conteúdo que será apresentado no decorrer do projeto

será confeccionado um layout julgado “ideal” para a construção deste tipo de embarcação,

buscando a redução de desperdícios, de tempo de construção e de custos para o produtor.

1.4 Estrutura do projeto

A estrutura do projeto será:

Apresentação das características gerais do processo de fabricação de um iate

de porte intermediário, entre 40 e 80 pés, de fibra de vidro, descrevendo de

maneira sucinta cada um dos processos mais relevantes (Seção 2);

Estudo sobre a teoria do layout em organizações fabris, buscando sempre a

teoria que melhor se encaixa em estaleiros voltados para a construção de iates

(Seção 3);

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Apresentação que se deve ter em um estaleiro desse tipo e os processos a

serem executados em cada setor, além da criação de um layout “ideal” de

acordo com as teorias apresentadas e processos descritos (Seção 4);

Conclusão do projeto fazendo uma rápida comparação entre a realidade dos

estaleiros nacionais e o idealizado no projeto, além de mostrar quais podem ser

as melhorias implementadas a partir do resultado apresentado (Seção 5).

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2 CONSTRUÇÃO DE IATES

Nesta seção do projeto serão descritas e explicadas as características gerais do processo de

fabricação de iates considerados de tamanho intermediário (40 a 80 pés), sendo eles feitos

em fibra de vidro. Além disso, serão mostradas as etapas que fazem parte de todo o

processo de construção deste tipo de embarcação, com explicações básicas de cada uma

delas.

A apresentação e explicação deste processo são necessárias nesta etapa do projeto para que

seja possível se chegar ao objetivo final, que é o desenvolvimento de um layout “ideal”.

Dessa forma, será possível justificar a organização do estaleiro de acordo com as operações

necessárias para seu funcionamento com sucesso.

2.1 Características gerais

A construção de um iate se inicia na concepção de seu projeto, onde serão definidas as

características que se adequam às necessidades do cliente, como, por exemplo, o número de

passageiros, desempenho, local de navegação, dentre outras características que são pedidos

do cliente ao projetista. A partir daí será definido o material a ser utilizado na construção,

normalmente iates intermediários são feitos de fibra de vidro ou alumínio, porém neste

projeto o foco é a fibra de vidro.

Com o projeto finalizado inicia-se a construção dos plugs que servirão como forma para a

confecção dos moldes da embarcação. Esses plugs e moldes servirão pra a produção do

casco, convés, casaria, hard top, e até mesmo para se produzir alguns móveis, painéis, que

farão parte da finalização e acabamento da embarcação. Na maioria das vezes os plugs são

feitos em madeira e os moldes em fibra de vidro, assim como os elementos que serão

moldados nele.

Com os moldes prontos, é possível se produzir os elementos que farão parte da embarcação,

como cascos, conveses, casarias, dentre outros. A grande parte dos elementos são

laminados utilizando um processo de laminação a vácuo, principalmente quando são peças

grandes, que não possuem pequenos detalhes, já as mais trabalhosas ainda precisam passar

pelo processo de laminação a mão. Depois de retiradas dos moldes, as peças passam por

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uma etapa de acabamento, onde são lixadas e algumas vezes massadas para corrigir suas

imperfeições, que são comuns nos processos de laminação.

A próxima etapa é o processo de pré-montagem, onde as peças que foram modeladas de

maneiras separadas serão unidas. Durante essa etapa é bom que se coloque a maior

quantidade de elementos, como tanques, tubulações, que facilitará a finalização da

embarcação futuramente. Além disso, nessa etapa já é possível que as divisões dos cômodos

dentro da embarcação já sejam definidas e construídas.

A partir daí a embarcação passa pela fase de montagem, que é onde são feitas as instalações

dos equipamentos, como motores, geradores, bombas, propulsores, eixos, dos sistemas

necessários da embarcação, como os de águas, combustível, arrefecimentos de motor,

dessalinização, dentre outros. Além disso, a parte de estofamento, design do interior,

instalações dos elementos de habitação estão caminhando em paralelo. Por último, são

finalizadas as instalações elétricas, interligando toda a embarcação, desde a casa de

máquinas aos painéis de controle, assim como toda a parte de iluminação e acionamento

dos sistemas independentes. A partir daí a embarcação está pronta para passar pelos testes

necessários e então se entregue ao comprador.

2.2 Etapas da fabricação

No item anterior foi descrito de maneira sucinta a ordem dos processos de fabricação de um

iate em fibra de vidro de médio porte, porém as etapas citadas anteriormente serão

explicadas nesta seção, para que seja possível um maior conhecimento de cada um dos

processos e assim ser coerente ao se definir um layout “ideal” ao final do projeto.

2.2.1 Plugs e Moldes

A primeira etapa de produção para um iate após o projeto da embarcação é

desenvolvimentos dos plugs, que servirão como formas para as confecções dos moldes. Os

plugs podem ser feitos em madeira, gesso ou espuma sintética, porém o mais comum é a

utilização da madeira. Eles são considerados cópias das peças que serão produzidas e esses

plugs servem para que os moldes sejam produzidos. Um exemplo de plug de um casco pode

ser visto na figura 1. Geralmente os plugs são utilizados uma única vez para a confecção do

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molde e então descartados. Esses plugs devem ser o mais perfeito possível, pois os

problemas apresentados neles estarão também na peça final.

Figura 2 - Plug para confecção do molde do casco (Foto:Neomarine HS38)

Os moldes que serão utilizados na produção das peças que farão parte das

embarcações são, na maior parte das vezes, de fibra de vidro e laminados sobre esses plugs.

Com os moldes prontos, é possível se iniciar a produção das peças do barco, que serão

laminadas sobre o molde. Na figura 2 é possível ver o molde de um casco.

Figura 3 - Molde de um casco (Foto: Intermarine)

Praticamente todas as peças de fibra de vidro que fazem parte das embarcações são

produzidas através dos moldes, desde peças maiores, como o casco, casaria, liners (peça que

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é o chão do interior da embarcação), conveses, até peças menores como tanques de água,

combustível, alguns móveis, painéis. Os plugs e os moldes podem ser tanto do tipo macho

quanto fêmea, dependendo das peças que serão produzidas a partir deles. (Nasseh, Manual

de Construção de Barcos, 2011)

2.2.2 Laminação

O processo de laminação se inicia no momento de preparar o molde, que deve ser muito

bem limpo e polido, para que diminua ao máximo a possibilidade de imperfeições nas peças.

Além disso, aplica-se no molde um agente desmoldante (um tipo de cera), que facilita a

retirada da peça depois de pronta.

Feito isso, é aplicado o gelcoat, que tem a função de impermeabilizar e de proteger a peça

das condições ambientais, dando mais durabilidade a ela. Além disso, o gelcoat tem uma

função estética muito importante, dando brilho e muitas vezes a cor definitiva à peça.

Após a preparação do molde, deve-se iniciar de fato a laminação da peça. Para isso, existe

um plano de laminação desenvolvido pelo projetista, onde é feita a combinação de tecidos,

resinas e estruturas sanduíche (divynicell, madeira, espumas), para que as peças tenham a

resistência, o peso, tamanho, corretos. Existem algumas formas diferentes de laminação, os

mais comuns são: laminação manual e laminação por infusão a vácuo, que serão explicados

a seguir. Após todo tipo de laminação existe o tempo de cura, que é basicamente o tempo

de a resina e o tecido secarem e possibilitar a retirada da peça do molde. (Nasseh, Manual

de Construção de Barcos, 2011)

Laminação manual

A laminação manual é a forma mais simples e a mais antiga de se laminar uma peça. Ela é

caracterizada por se adicionar uma folha de tecido, passar a resina, adicionar outra folha,

mais resina e assim por diante, até se chegar à espessura desejada. Hoje em dia, nos

estaleiros maiores, esse método é mais utilizado para se produzir peças menores e com mais

detalhes, sendo necessária a laminação manual para se atingir a forma desejada na peça.

Na figura 3 é possível ver a laminação manual do casco de uma embarcação dentro de seu

molde, o que não é comum de se ver em estaleiros de grande porte hoje dia, que se utiliza

da laminação manual apenas para peças menores e mais detalhadas. Na imagem é possível

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ver o processo da colocação do tecido e adição de resina com a utilização de um rolo

metálico. Esse processo é repetido até se chegar à espessura desejada. (Nasseh, Métodos

Avançados de Construção em Composites, 2007)

Figura 4 - Laminação Manual

Laminação por infusão a vácuo

A laminação utilizando o método de infusão a vácuo é algo mais novo no mercado. Esse

processo é utilizado nos estaleiros para a laminação de peças grandes e que não tenha

tantos detalhes.

Nesse processo, todas as camadas de tecidos e estruturas sanduíches são colocadas no

molde, de forma a ficarem na ordem correta, como indica o plano de laminação. Após isso é

inserido uma bolsa de vácuo sobre todas essas camadas, que é fechada em seus extremos,

além de pequenas mangueiras que serão responsáveis pelo escoamento da resina até as

diferentes partes. Com o auxílio de uma bomba de vácuo é criado o vácuo dentro dessa

bolsa, deixando todas as camadas prensadas, e, aos poucas, vai sendo injetada a resina

nessa bolsa. Dessa forma, a resina se espalha de maneira uniforme pelo molde, ocupando

todos os espaços.

A figura 4 (Nasseh, Manual de Construção de Barcos, 2011) mostra um esquema para a

montagem das camadas de tecidos, tubos plásticos para o escoamento da resina, a bolsa de

vácuo, além de outros elementos necessários para a laminação a vácuo. Já a figura 5 mostra

a laminação a vácuo em um molde real.

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Figura 5 - Esquema de laminação a vácuo (Manual de Construção de Barcos, Jorge Nasseh)

Figura 6 - Laminação por infusão a vácuo

A laminação a vácuo passou a ser cada vez mais utilizada pelos construtores de barcos, pois

a qualidade do laminado é muito maior que quando a laminação é feita de maneira manual.

Isso ocorre pelo fato de com a aplicação do vácuo os espaços entre as camadas torna-se

praticamente inexistente, fazendo com que a resina se espalhe de maneira uniforme, sem a

formação de bolhas e sem um excesso de resina desnecessário. Dessa forma, o acabamento

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fica muito melhor e o peso do laminado fica menor, o que faz com que o controle de

qualidade seja mais fácil. (Nasseh, Métodos Avançados de Construção em Composites, 2007)

2.2.3 Pré-montagem

Após a laminação das principais peças, tais como casco, conveses, casaria, liners, tanques, é

possível se iniciar a pré-montagem da embarcação. Nessa etapa o casco receberá o convés,

que serão unidos através da laminação de suas partes, assim como ocorrerá com os liners,

com a casaria. Os itens necessários para permitir essas junções entre os itens já são

pensados durante o projeto da laminação. Na figura 8 é possível se ver a casaria e o casco

logo antes de serem unidos.

Nessa etapa é o momento em que os tanques entram em suas posições, anteparas,

divisórias de cômodos, algumas tubulações, assim como a realização de furos para a

passagem de encanamentos e fios. Esta etapa de pré-montagem é de extrema importância e

necessita um planejamento bem detalhado, pois ela facilitará a execução de etapas

seguintes, se bem executada. A figura 7 mostra uma das partes de pré-montagem.

Além disso, é nesse momento que o casco é colocado em seu picadeiro, que muitas vezes é

móvel, pois este deve ser fácil de ser movimentado pela fábrica, visto que em etapas

seguintes é possível que o barco precise ser deslocado para outros setores do estaleiro,

como, por exemplo, para a cabine de pintura. (Nasseh, Manual de Construção de Barcos,

2011)

Figura 7 - Colocação de anteparas, tubulações na etapa de Pré-Montagem (Foto: Intermarine)

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Figura 8 - Casaria e casco instantes antes da união – Pré-Montagem (Foto: Intermarine)

2.2.4 Acabamento externo e Pintura

As peças feitas durante a laminação sempre saem com imperfeições, dessa forma, é

necessário encontra-las e arrumá-las. Para isso, as peças são rigorosamente checadas e

então passam pelo processo de acabamento, onde elas são massadas, lixadas, polidas e tem

o gelcoat aplicado novamente nos locais de imperfeições, para que essas sejam corrigidas,

deixando o barco com um acabamento perfeito. Na figura 9 é possível ver o trabalho

minucioso dos operários para corrigir essas imperfeições.

Essa etapa é uma das que mais demanda tempo e mão-de-obra em um estaleiro, visto que

essas imperfeições muitas vezes não são vistas facilmente e demandam muito trabalho para

corrigi-las. Devido a este trabalho de acabamento, que pode ser considerado um retrabalho,

ou seja, um gasto de excessivo de recursos faz com que a busca por uma laminação de

melhor qualidade, moldes de melhor qualidade, além de tecnologias que facilitam este

processo seja algo que os estaleiros venham buscando cada vez mais.

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Figura 9 - Operários fazendo o trbalho de acabamento no hardtop (Foto: intermarine)

Outra etapa que se enquadra na de acabamento é a pintura. Para barcos de fibra de

vidro ela pode ser feita diretamente na aplicação do gelcoat, que recebe pigmentos e

corantes, fazendo com que seja possível definir a cor do barco nesse momento. Apesar

dessa possibilidade, muitas vezes durante o processo de construção o gel pode sofrer

danificações, e a dificuldade para se chegar à cor exata novamente é muito difícil, sendo

assim, na maior parte das vezes as peças são produzidas da cor branca.

A maneira mais utilizada para se pintar os barcos é o mesmo método utilizado na

indústria automobilística. Neste método é utilizada uma tinta primer no início, para facilitar

a fixação da tinta Poliéster, que é a final. Esta tinta tem uma durabilidade bem alta, o brilho

se mantém por um longo tempo e o acabamento da pintura é muito satisfatório. Para esse

tipo de pintura é aconselhável que exista uma área isolada, ou seja, uma cabine de pintura

adequada, devido ao cheiro da tinta e por ser um ambiente isolado o acabamento é melhor.

(Nasseh, Métodos Avançados de Construção em Composites, 2007)

2.2.5 Montagem

Neste momento da produção são instaladas as máquinas necessárias para o funcionamento

da embarcação, como motores, gerados, dessalinizadores, bombas, estabilizadores, entre

outros que são responsabilidades do setor de mecânica do estaleiro. Além disso, ainda

devem ser instalados os eixos, propulsores, flaps, que fazem parte do sistema propulsivo,

que são produzidos pelo setor da serralheria, e fazer a instalação deles em conjunto com os

motores. Essa etapa de montagem dos equipamentos demanda bastante tempo e mão-de-

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obra, visto que é um trabalho que engloba diferentes setores e é de extrema importância

para o funcionamento da embarcação. Na figura 10 é possível ver uma casa de máquinas de

uma embarcação de 80 pés, que é considerada grande para o seguimento.

Figura 10 - Casa de máquinas de um iaate de 80 pés (Foto: Intermarine)

O processo de instalação dos sistemas, como, por exemplo, de combustível, aguas doce,

negra e cinza, arrefecimento do motor também passam a ser conectados com os tanques e

tem suas tubulações instaladas como é indicado no projeto.

Grande parte deste processo ocorre na casa de máquinas da embarcação, que para

embarcações desse tipo são muito pequenas, o que dificulta o trabalho nela, por isso é

considerado muito importante o trabalho de pré-montagem, citado anteriormente, pois este

facilita as instalações necessárias. Além disso, o processo de pré-montagem influencia muito

na instalação dos diversos sistemas, pois as aberturas, furos, canaletas já estarão

preparadas, facilitando a colocação de tubulações e seu acabamento. (Nasseh, Manual de

Construção de Barcos, 2011)

Montagem Elétrica

O setor de elétrica é responsável por fazer toda a ligação elétrica dentro do barco, desde os

sistemas essenciais para o funcionamento de equipamentos como motores, geradores,

controles gerais da embarcação, até as instalações de iluminação, tomadas, som,

funcionamento do painel de comando, ou seja, tudo relacionado à eletricidade é de

responsabilidade desse setor. As instalações elétricas são de extrema importância, pois caso

haja algum problema grave nela pode ocasionar sério problemas, como incêndios, perda de

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governabilidade, dessa forma, essa etapa deve ser feita de maneira muito cuidadosa e com

uma mão-de-obra especializada. (Nasseh, Manual de Construção de Barcos, 2011)

2.2.5.1 Design interior

Ao se tratar de iates, que são artigos de luxo, o design de interiores, decoração, a disposição

dos móveis é algo muito relevante para quem está adquirindo este bem. Dessa forma, o

estaleiro deve ter um setor de marcenaria e de estofados, que serão responsáveis pela

produção dos móveis da embarcação, visto que estes devem ser muito bem planejados,

devido a escassez de espaço, sendo necessário um planejamento muito aprofundado para

que haja o melhor aproveitamento de todos os espaços da embarcação.

Além disso, é nesse momento que são instalados os equipamentos de utilização dos

passageiros, como geladeira, fogão, televisão, que estão diretamente relacionados com o

design interior do barco.

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3 ORGANIZAÇÃO DE ESTALEIROS DE IATES

Quando se fala sobre a organização de estaleiros pode-se considerar que está se falando da

distribuição dos espaços físico (Layout), da logística de funcionamento e da relação entre as

diferentes áreas do estaleiro. Nesse projeto o foco é a organização dos setores, a

distribuição desses no espaço físico disponível para a instalação do estaleiro, ou seja, o foco

é o layout do estaleiro. Um layout ideal busca que o estaleiro tenha uma produção em um

tempo satisfatório e que evite desperdícios de recursos e matérias, visando uma diminuição

do custo do produto final. Sendo assim, um estaleiro com uma organização adequada estará

sempre mais perto de produzir com mais qualidade e terá vantagens no mercado, por isso é

de extrema importância o layout de um estaleiro.

Nesta seção serão analisadas as teorias sobre organizações fabris sempre fazendo relações

com estaleiros de iates, que é o tema do projeto em questão. A literatura relacionada a

layout de estaleiros de iates não é algo muito vasto, existem pouquíssimos livros e teses

relacionadas a esse tema, dessa forma, a literatura utilizada nesse estudo será voltada para

fábricas em geral e sempre buscando aplica-la a estaleiros de iates.

3.1 Produção Artesanal

A construção de barcos de lazer em fibra de vidro é algo que pode ser considerado artesanal

até hoje em dia, visto que, ainda é necessário o trabalho manual dos operários para que se

obtenha um resultado de excelência no produto desejado.

Além disso, segundo (Dennis, 2008), uma produção artesanal é configurada por: uma força

de trabalho com funcionários com habilidades em desenhos, na utilização de máquinas e em

montagens; o volume de produção não é elevado e o produto final tem um alto valor

agregado; o comprador acompanha a produção; pequenas oficinas fornecendo a maioria das

peças; o produto é, essencialmente, um protótipo.

Com essa definição descrita é possível dizer que a produção de iates de fibra de vidro ainda

pode ser considerada artesanal, pois de fato depende muito da habilidade de projetistas e

designers para se criar um barco que chame a atenção de clientes, da habilidade de

trabalhadores para manusear máquinas no momento de dar o acabamento refinado na

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embarcação e até mesmo no momento da laminação e da montagem, para que fique

perfeito, o que depende muito do olho e da mão humana. Além disso, o volume da

produção é pequeno e muitos barcos têm suas particularidades, até mesmo os do mesmo

modelo, sempre tem suas especificidades de acordo com o cliente, que acompanha a

construção desde a concepção do projeto. Por último, é possível dizer que um estaleiro

desse tipo é formado por “pequenas” oficinas, que fornecem suas peças, que com o

andamento da produção vão se unindo até formar o produto final, que tem um valor

agregado muito alto.

3.2 Tipos de sistemas de produção

A classificação do sistema de produção de um determinado produto é de extrema

importância para o entendimento de como deve se lidar com os processos para se chegar ao

resultado final de maneira satisfatória. Além disso, a partir da classificação do sistema de

produção é possível definir técnicas de planejamento, facilitando a gestão da produção e

possibilitando que a solução de problemas seja encontrada de maneira mais eficaz.

A variedade de produtos no mercado, as diferenças nas características de manufaturas e na

produção fizeram com que as classificações de sistemas de produções fossem criadas, e

segundo (Slack, 1997) estas se dividem em cinco diferentes grupos: processos de projeto,

processos de jobbing, processos em lotes ou bateladas, processos de produção em massa e

processos contínuos.

Os processos de projeto são caracterizados por produtos discretos e bastante customizados,

que levam um tempo consideravelmente longo para serem produzidos, acarretando num

baixo volume de produção. Além disso, neste tipo de sistema de produção as atividades

envolvidas podem ser consideradas incertas em alguns momentos, permitindo mudanças no

decorrer da execução do projeto. Outra característica relevante é o fato de os processos que

fazem parte deste tipo de produção tem início e fim em momentos diferentes e os seus

recursos transformadores são organizados de forma única, ou seja, cada recurso faz parte de

um processo e terá características diferentes.

Os processos de jobbing são caracterizados por lidarem com grande variedade, porém

pequeno volume de produtos. Neste tipo de processo os produtos têm seus recursos de

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projeto são compartilhados entre si, ou seja, não existe exclusividade de um recurso para

determinado produto, apesar disso, cada produto tem características diferentes, tendo suas

necessidades exatas. O processo de jobbing se diferencia do processo de projeto pelo fato

de produzir mais itens e normalmente produtos menores, porém ambos têm um grau de

repetição baixo e os produtos são praticamente únicos.

Os processos em lotes ou bateladas são caracterizados por, assim como seu nome já indica,

produzir em lotes, ou seja, grandes quantidades e uma menor variedade comparada aos

outros processos explicados até aqui. Dessa forma, é possível dizer que as operações são

repetidas até a finalização do lote.

Os processos de produção em massa são caracterizados por produtos que são produzidos

em grandes quantidades e variedade estreita. É possível que alguns produtos tenham

diferenças, como no caso de uma fábrica de automóveis, onde os processos de fabricação

são iguais, mudando apenas algumas particularidades. Os processos são muito repetitivos e

previsíveis.

Os processos contínuos são caracterizados por produções em quantidades maiores e

variedades ainda menores se comparadas às de produção em massa. Muitas vezes esses

produtos tem uma produção com fluxo contínuo e o processo de fabricação é inflexível.

A classificação dos sistemas de produção pode ser feito a partir da combinação de dois ou

mais processos diferentes. Dessa forma, é possível dizer que na produção de iates os

processos que mais se aproximam ao tipo de fabricação são os processos de projeto e

processos de jobbing, pois nesse tipo de produção o volume é pequeno e os produtos tem

uma variedade ampla. Como um estaleiro de iate é formado por diferentes setores, cada um

com seu funcionamento diferente, podem existir outras classificações para cada um dos

setores, porém de maneira geral é possível afirmar que a produção de iates é uma

combinação de sistemas de produção com processos de projeto e processos de jobbing.

(Slack, 1997)

3.2.1 Sistema de produção segundo padrão de demanda

Como dito anteriormente, o sistema de produção que mais se adequam a produção de iates

são os processos de projetos e de jobbing, e o que acaba unindo esses dois tipos de

processos são o padrão de demanda, volume de produção e a variedade dos produtos.

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Dessa forma, serão apresentadas opções de modelagens para os sistemas de produção, que

pode ser aplicadas a estaleiros de iates, tais como a produção por projetos e a intermitente

sob demanda, segundo (PINTO M. M., 2007)

Modelagem em sistemas por produção por projetos

Este tipo de sistema procura minimizar o tempo de projeto, respeitando os limites de

utilização dos recursos e programando os processos do projeto de acordo com a

disponibilidade de recursos e necessidades do cliente. Normalmente este sistema de

produção é definido para produtos únicos ou terão poucos exemplares do mesmo. Deve ser

dada bastante atenção às datas de execução das atividades (tarefas), principalmente àquelas

que fazem parte das etapas críticas da produção. (PINTO M. M., 2007)

Modelagem em sistemas de produção intermitente sob encomenda

Nesse sistema o produto final não é estocado, pois ele é feito apenas após uma encomenda

ser efetivada. Dessa forma, pode-se afirmar que o volume da produção não é elevado e

torna-se possível a customização dos produtos de acordo com o cliente. Assim que uma

encomenda é recebida, ela serve de disparo para o início da produção e dá um start em todo

o processo. (PINTO M. M., 2007)

3.3 Tipos de arranjos físicos

A partir da classificação do tipo de sistema de produção é possível definir o tipo de arranjo

físico que se enquadra melhor em determinado caso. Define-se então o posicionamento das

máquinas, dos diferentes setores, onde serão executados os processos, ou seja, é possível

definir o layout da produção, para se chegar ao resultado satisfatório.

Na definição do layout é importante levar em consideração que a finalidade de um

planejamento deste tipo é minimizar o volume de materiais, diminuir seu movimento, ou

seja, busca-se um arranjo onde a combinação materiais, mão-de-obra, equipamentos e

espaços disponíveis estejam organizados de uma maneira lógica, buscando a otimização do

processo de produção.

Segundo (Slack, 1997), para se definir o arranjo, deve-se antes analisar os produtos a serem

fabricados, as quantidades, o tempo de produção e o espaço disponível. A partir daí, o

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arranjo pode ser definido como quatro diferentes tipos: arranjo físico posicional, arranjo

físico por processo, arranjo físico celular e arranjo físico por produto.

Em um arranjo físico posicional o produto fica parado enquanto os recursos

transformadores (colaboradores e equipamentos) se movimentam até o produto no

momento em que serão utilizados. O produto tem dimensões bem grandes, por isso a

movimentação dos recursos é mais inteligente, como pode ser visto na Figura 11. A eficácia

das operações depende da programação da produção e do acesso ao local de

transformação.

Figura 11 - Arranjo Físico Posicional

Em um arranjo físico por processo os recursos são organizados ao redor do processo,

tratando-se de um processo intermitente, no qual os grupos de trabalho são agrupados,

como pode ser visto na Figura 12. Nesse caso, as informações e produtos fluem através da

operação, passando de processo em processo de acordo com as suas necessidades. Este tipo

de arranjo faz com que haja uma grande movimentação de matérias e a mão-de-obra deve

ser muito especializada, porém a produção fica menos vulnerável a paradas, e pelo fato de

máquinas semelhantes estarem agrupadas em um mesmo setor existe uma maior

flexibilidade para a troca de produtos.

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Figura 12- Arranjo Físico por Processo

Em um arranjo físico celular os recursos transformadores são selecionados

previamente para movimentarem-se para uma localidade específica onde se encontram

todos os recursos transformadores necessários a atender as suas necessidades imediatas,

como pode ser visto na Figura 13. Um arranjo deste tipo aumenta a flexibilidade do

processo, diminui a movimentação de materiais e do estoque.

Figura 13- Arranjo Físico Celular

Em um arranjo físico por produto os recursos transformadores ficam posicionados

linearmente, numa ordem que é determinada de acordo com a conveniência do recurso que

está sendo transformado, como pode ser visto na Figura 14. Neste tipo de arranjo o controle

é mais fácil, pois o fluxo de produtos e informações é muito previsível, o que reduz a

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movimentação de recursos e o estoque necessário. Apesar disso, este arranjo está mais

suscetível a paradas, devido a sua organização e mais engessado para a mudança da

produção.

Figura 14 - Arranjo Físico por Produto

A Figura 15 mostra como é possível a sobreposição de arranjos diferentes, dependendo do

volume e a variabilidade da produção, mostrando que em alguns casos um arranjo físico

misto é aconselhável.

Figura 15 - Seleção do arranjo de acordo com o volume e a variedade da produção

Na produção de iates é possível afirmar que o arranjo da produção será um arranjo físico

misto, ou seja, é a combinação desses tipos de arranjos apresentados anteriormente. Isso

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ocorre, pois a produção de iates tem diversos processos menores, que fazem parte de

setores, ou seja, se pode falar que um estaleiro de iates é formado por várias “mini-

fábricas”, que, a partir dos recursos produzidos por elas, são construídos os iates. Dessa

forma, pode-se afirmar cada um dos diferentes setores que compõem o estaleiro terá um

diferente tipo de arranjo, por isso o arranjo de um estaleiro é considerado misto. Porém, se

observar o estaleiro de uma maneira geral os principais arranjos serão o posicional,

evitando-se ao máximo a movimentação do produto, e o por processos e o celular, pelo fato

da existência das “mini-fábricas”, já citadas anteriormente. (Slack, 1997)

3.4 Definição preliminar para um layout de estaleiro

O projeto do layout de estaleiros demanda muitos estudos, análises das áreas disponíveis e

necessárias para a construção, além de um profundo conhecimento dos processos que farão

parte da construção de uma embarcação. Segundo Young Joo Song, engenheiro principal do

estaleiro Samsumg, na Coréia do Sul, e Jong Hun Woo, professor da Korea Marine University,

o projeto do layout de um estaleiro é dividido em três diferentes partes, sendo elas: projeto

preliminar, projeto básico e projeto detalhado.

A etapa do projeto preliminar é configurada pela determinação dos setores necessários para

o estaleiro, da capacidade de produção e o ciclo de processos de produção. Na etapa do

projeto básico são definidos os tamanhos necessários para cada setor, os deslocamentos

que serão feitos pelos recursos e produtos, os tempos gastos nos processos, além de

alterações no projeto preliminar, caso necessário. Já no projeto detalhado cada um dos

setores é projetado de maneira detalhada, com todos os equipamentos necessários,

posicionamento de cada um deles, áreas de circulação, entre outros.

Dessa forma, para se projetar o layout de um estaleiro deve-se inicialmente determinar as

áreas necessárias para que o estaleiro funcione de maneira satisfatória de acordo com seu

volume de produção, assim, serão definidas as áreas dos principais setores, sempre levando

em conta suas necessidades. Além disso, deve-se considerar e analisar os fluxos dos

produtos e dos recursos que serão utilizados durante a construção de uma embarcação,

buscando sempre reduzir ao máximo as movimentações destes.

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Além disso, para se iniciar o projeto de um layout de estaleiro são necessárias algumas

informações, inputs, tais como: características gerais do local para a instalação do estaleiro,

características das embarcações a serem construídas, volume de produção planejado e o

volume da capacidade de produção. A partir daí são definidos alguns dados de saída do

projeto, os outputs, que são: tamanho máximo de cada um dos setores e posição ótima dos

setores de acordo com os processos de produção. (Woo, 2013)

3.5 Características gerais e necessidades

A partir dos estudos realizados nesta seção sobre layout de fábricas e sistemas de produção

e das necessidades de um estaleiro para a construção de iates, segundo os processos que

fazem parte dessa produção, apresentados na seção 2, é possível chegar a conclusões de

qual caminho seguir no desenvolvimento de um layout ideal para o tipo de estaleiro

abordado nesse projeto.

Dessa maneira, pode-se dizer que a organização de um estaleiro de iate irá combinar

diversos sistemas de produção diferentes, desde produção em lotes ou bateladas, quando se

trata de estofados, móveis em algumas ocasiões até sistemas de produção por projetos e de

jobbing, obedecendo à demanda do estaleiro. Uma visão ampla do estaleiro, vendo ele de

maneira geral é possível afirmar que se trata de um sistema de produção por projetos e

jobbing e que modelagens de sistemas de produção de projeto e intermitente sob demanda

será o mais adequado. Quando o foco é voltado para os diferentes setores, que é possível

chamar de mini-fábricas, o sistema adotado será diferente para cada uma dela, dependendo

muito das características das mesmas. Porém o escopo deste projeto é a visão geral do

estaleiro, por isso as organizações detalhadas de cada um dos setores não serão discutidas

nesse momento.

Além disso, ao analisar de uma forma geral a organização de um estaleiro de iates de fibra

de vidro é possível afirmar que o arranjo mais adequado para seu funcionamento,

cumprindo todos os requisitos segundo seus processos, seria um arranjo misto, sendo ele

em sua maioria posicional, após a etapa de montagem da embarcação (junção do casco,

convés, casaria, etc.), já que esta seria um tipo arranjo físico por processos. O arranjo

também deverá ter características de um arranjo físico celular, devido ao fato de os setores

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sendo caracterizados como “mini-fábricas”, fazendo com que, apesar de se buscar a menor

movimentação possível do produto, ele seja obrigado a ser movimentado até os setores

sequentes da produção. Além disso, assim como na classificação do sistema de produção, os

diferentes setores terão arranjos físicos que melhor se adequam às suas funções.

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4 PROPOSTA DE LAYOUT

A partir dos estudos realizados anteriormente, nos quais foram apresentados os processos

necessários para a produção de um iate de médio porte em fibra de vidro, a teoria de layout

de organizações fabris, buscando sempre relacionar com os requisitos de um estaleiro

voltado para a construção desse tipo de embarcação e o panorama e as características

desses estaleiros no Brasil, será feita uma análise que proporá um layout ideal para este tipo

de estaleiro, que produza em média 40 embarcações entre 40 e 80 pés por ano, sempre

levando em consideração as teorias apresentadas e a realidade vivida pelo Brasil.

O layout de um estaleiro é algo determinante para o sucesso do mesmo. A correta

organização dos setores causa a diminuição da necessidade de movimentação dos recursos,

acarretando em uma diminuição do tempo de produção, fazendo com que a empresa tenha

menos custos durante todo esse processo.

Dessa forma, este projeto irá propor um layout de estaleiro voltado para a construção de

iate que, segundo os estudos realizados, irá fazer com que a produção funcione de uma

maneira continua, sem desperdício de tempo e de recursos. Como dito anteriormente,

muitos estaleiros brasileiros sofrem com esse problema e este projeto pode ajudar a sanar

alguns desses problemas.

O estaleiro deste estudo terá seu layout desenvolvido como se o espaço disponível para a

construção não seja um limitante, pois se trata de um estaleiro ideal, além disso, tem como

missão produzir cinco diferentes modelos de iates, sendo eles: 40 pés (12,2m), 50 pés

(15,24m), 60 pés (18,3m), 70 pés (21,34m) e 80 pés (24,4m). Todos os iates da linha de

produção desse estaleiro são em fibra de vidro, o que torna a forma de produção deles bem

similar. Além disso, a média de produção do estaleiro será de 40 barcos por ano, o que o

torna um estaleiro de um porte considerável, se levar em conta os estaleiros voltados para

esse tipo de produção no Brasil. Por último, será considerado que o estaleiro será instalado

em um local distante da costa, devido às realidades encontradas no Brasil, tais como o preço

de terrenos em regiões costeiras e a mão-de-obra especializada se concentrar próxima de

grandes polos industriais, que muitas vezes também estão distante do mar.

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4.1 Principais necessidades

A organização de estaleiros de iate é feita pela disposição dos setores que fazem parte dele.

Nesse projeto, o foco é ter uma visão do estaleiro de uma maneira geral, ou seja, o

desenvolvimento do layout será com base no funcionamento do estaleiro em uma visão

macro e não analisando minuciosamente o funcionamento de cada um dos setores.

Sendo assim, serão apresentados os setores que farão parte da organização do estaleiro,

assim como algumas características que são essências para o posicionamento do setor. Os

setores que devem ser levados em conta no desenvolvimento do layout estão mostrados a

seguir.

4.1.1 Desenvolvimento de plugs e modelos

A fabricação de plugs é algo que demanda uma mão-de-obra muito específica, e o gasto

para produzi-los é muito elevando, sendo necessário ter uma especialidade nesse tipo de

produção. Sendo assim, foi feita a opção por se terceirizar este serviço, visto que o

investimento necessário para se ter um setor responsável pela produção de plugs demanda

um espaço considerável no estaleiro, além de custos elevados com mão de obra e processos

de fabricação. Além disso, essa decisão foi tomada, pois existem empresas voltadas

exatamente para a construção de plugs, para onde os projetos das embarcações são

mandados com todas as peças e assim todos os plugs confeccionados e então transportados

até o estaleiro.

Dessa forma, o setor em questão será responsável apenas pela fabricação dos moldes, pois

estes são feitos em fibra de vidro, assim como as peças finais, e a mão-de-obra presente no

estaleiro já tem um conhecimento de como são os processos da laminação.

Sendo assim, no setor de desenvolvimento de moldes será necessário para que os plugs

sejam recebidos, laminados para a confecção dos moldes e então descartados, pois estes

são usados apenas uma vez e então descartados ou reciclados. Além disso, neste setor serão

confeccionados os moldes para todas as peças das embarcações. No esquema apresentado

na figura 16 é possível ver espaços destinados para a confecção de peças grande e peças

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pequenas, mas este é apenas uma configuração de momento, podendo ser alterada de

acordo com a demanda do estaleiro.

Além disso, as pontes rolantes estão dispostas facilitando as movimentações dos moldes

para que estes possam ser levados para as áreas de laminação e para o seu armazenamento

de uma maneira prática através destas pontes rolantes.

Figura 16 - Setor de desenvolvimento de Moldes

Além disso, ao lado do setor de laminação existirá um espaço onde os plugs serão

desmontados e armazenados até o momento de seu descarte, que por se tratar de um

grande volume a ser descartado, deve-se contratar uma empresa para fazer esse serviço.

Essa ára pode ser vista no layout apresentado na figura 29.

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4.1.2 Laminação peças grandes

Este é o setor onde as peças grandes, como, por exemplo, cascos, casarias, liners, conveses,

hardtops, são laminados, utilizando na maior parte das vezes, o método de laminação por

infusão a vácuo. Esse é um setor que demanda um espaço suficiente para a laminação de no

mínimo duas peças consideradas grandes, como casco e casaria e cada um dos modelos.

Apesar disso, como as peças não são laminadas todo o tempo do processo de produção, os

espaços destinados para um determinado modelo pode ser utilizado na produção de peças

de outros modelos. Além do espaço para a laminação também é necessário o espaço para a

circulação dos trabalhadores, possibilitando que eles façam as operações que são

necessárias e espaços para os equipamentos utilizados na laminação, que basicamente são

as bombas de vácuo e as bombas de injeção da resina, elementos estes que não ocupam um

grande espaço.

Dessa forma, foi determinada a área necessária para o setor de laminação de grandes peças,

assim como a disposição dos seus elementos. Os resultados obtidos podem ser vistos na

fórmula a seguir e na figura 17.

Figura 17 - Setor de laminação de grandes peças

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4.1.3 Laminação peças pequenas

Este é o setor em que pequenas peças podem ser laminadas, como plataformas, painéis,

parte do interior da embarcação, tanques, entre outras. Essas peças podem ser laminadas

tanto manualmente quanto utilizando o método de laminação por infusão a vácuo. Este

necessita ser um espaço grande, com várias mesas e suportes para a laminação, pois muitas

peças serão produzidas nesse setor.

Na figura 18 é possível ver o setor de laminação de peças pequenas, com os espaços

definidos para a laminação das peças, sendo elas de diversos tipos, por isso estão

representadas por retângulos de diferentes tamanhos, que representam apenas

esquematicamente os espaços em que as peças serão laminadas, tais como tanques, painéis,

escadas, plataformas, entre outras, no esquema apresentado. A quantidade de retângulos

foi definida a partir do volume de embarcações que são produzidas no estaleiro, imaginando

que podem ser produzidas ao menos cinco peças simultaneamente para cada barco em

construção simultaneamente. A movimentação das peças laminadas até o setor de pré-

montagem serão feitas através de veículos com essa especialidade, visto que as peças são

menores e não há a necessidade de pontes rolantes para esses deslocamentos. Com essas

definições também foi possível definir a área necessária para este setor, como apresentada

na fórmula a seguir.

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Figura 18 - Setor de Laminação de Pequenas Peças

4.1.4 Armazenamento de moldes

Este é o setor onde os moldes que não estão sendo utilizados podem ser guardados. Neste

setor a organização é algo de extrema importância, visto que a ordem correta dos moldes,

de acordo com o planejamento de projetos do estaleiro, causará uma economia de tempo

muito grande na produção, pois alguns moldes são grandes, de difícil movimentação, então

quanto menos movimentos a serem feitos, melhor para a produção.

Neste setor também existirá pontes rolantes para facilitar as movimentações necessárias. Os

moldes, se arrumados de uma maneira correta, podem ser acomodados um sobre os outros,

pensando nisso foi definida a área necessária para o setor de armazenamento de moldes,

onde estarão guardados desde os moldes maiores aos menores. Normalmente, quando o

barco está em produção, seus maiores moldes, como é o caso do casco, estarão

posicionados no setor de laminação, sendo apenas o convés, liners, entere outros os

armazenados, além das peças menores, que muitas vezes podem ser utilizadas em mais de

uma embarcação e tem seus moldes utilizados na área de laminação de pequenas peças e

então guardados. A área determinada para este setor e seu esquema pode ser vistos na

fórmula a seguir e na figura 19.

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Figura 19 - Setor de Armazenamento de Moldes

4.1.5 Pré-montagem

Este é o setor onde se inicia a união das peças que foram laminadas, nele são montados os

tanques, algumas tubulações, divisórias de cômodos, paredes, sendo também possível a

colocação de equipamentos maiores, como motores e geradores, durante este processo, o

que facilitara as etapas seguintes. Após a colocação dos equipamentos possíveis de acordo

com o projeto e com a organização do estaleiros, é nessa etapa onde o casco com o convés,

com a casaria e com o liner são unidos. Além disso, são feitas preparações para as

instalações que serão feitas mais tarde, facilitando muito os processos que deverão ser

executados por outros setores. Este setor deve ter uma dimensão suficiente para se montar

no mínimo de 3 a 4 barcos de uma vez, para isso é preciso do espaço para a movimentação

das peças e os picadeiros posicionados. Sendo assim, foi necessário definir áreas para a

movimentação de peças, do produto quando esta etapa for finalizada e este tiver que ser

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transportado até outra área, além de regiões reservadas para as ferramentas e materiais

necessários nesta etapa do trabalho.

Na figura 20 é possível ver a distribuição dos espaços, com a simulação de quatro barcos

sendo produzidos ao mesmo tempo. Além disso, na fórmula abaixo é possível ver a área

necessária para este setor de pré-montagem.

Figura 20 - Setor de Pré-Montagem e Acabamento da Laminação

4.1.6 Acabamento (laminação)

Este é o setor onde as peças, como, por exemplo, cascos, casarias, hardtops, passarão pelo

processo de lixamento, polimento, corrigindo os defeitos da laminação. Este processo pode

ser realizado simultaneamente à pré-montagem. Este é um trabalho onde a precisão e o

detalhamento do trabalhador é muito importante, por isso é um processo que demanda um

tempo durante a produção de um barco.

O espaço físico deste setor é o mesmo que o setor de pré-montagem, apresentado na figura

20, porém a mão-de-obra é diferente, sendo cada especializada em sua área. O trabalho de

acabamento é realizado ao redor do barco, utilizando lixas, massa para fibra de vidro e

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ferramentas para polimentos. Além disso, é necessário um espaço ao redor do barco, onde

serão colocados andaimes possibilitando que os trabalhadores cheguem aos lugares que

precisam ser melhorados.

4.1.7 Mecânica

Este setor é o responsável pela montagem do sistema propulsor da embarcação, como eixos,

propulsores, rabetas, além de ser responsável por toda a área de mecânica da embarcação,

montagem dos motores, instalação, funcionamento do sistema de governabilidade, entre

outros. Este é um setor que demanda uma mão-de-obra especializada, com conhecimento

técnico.

Além disso, o espaço nesse setor deve ter bancadas para a montagem de alguns sistemas,

elementos, além de uma área de armazenamento, com os recursos necessários com fácil

acesso para os trabalhadores. Com isso, foi definida uma área que foi julgada o suficiente

para atender a demanda de todas as embarcações em produção, sendo necessário espaço

para a produção de elementos de responsabilidade do setor de mecânica, como filtros,

dessalinizadores, bombas, além de elementos que são de responsabilidade do setor de

hidráulica, que compartilham o mesmo espaço, como tubulações, montagem de sistemas,

por exemplo. Dessa forma, é possível ver a área necessária para este espaço na fórmula a

seguir. A disposição do setor da mecânica, que terá sua área compartilhada com o setor de

hidráulica pode ser visto na figura 21.

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Figura 21 - Setor de Mecânica e Hidráulica

4.1.8 Hidráulica

Este setor é o responsável pala montagem dos sistemas de água doce, cinza, negra, sistema

de combustível, entre outros. Este setor irá utilizar o mesmo espaço físico do setor da

mecânica e muitas vezes utilizar a mesma mão-de-obra, apenas fazendo a alocação dos

funcionários de maneira correta, pois muitos têm os conhecimentos técnicos necessários

para os dois tipos de trabalho. Grande parte dos trabalhos realizados pela hidráulica e pela

mecânica é feitos dentro dos barcos, o que também facilita o compartilhamento do espaço.

Dessa forma, a figura 21 apresenta o arranjo deste setor.

4.1.9 Serralheria

Este é o setor responsável por fazer diversas peças que fazem parte da embarcação, dentre

elas peças maiores como escadas, passarelas, guarda-mancebo, e peças menores, como

saídas de água, ralos, conexão de mangueiras, entre outros. Este é um setor que precisa de

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uma mão-de-obra especializada na utilização de aço, ferro, além de ser capacitada para

mexer com solda.

Este setor necessita de espaços para as bancadas onde irão trabalhar os funcionários,

bancadas específicas para os diferentes processos e equipamentos que são responsabilidade

deste setor, tais como serras, equipamentos de soldagem, caldeiras, por exemplo.

Dessa forma, na figura 22 é possível ver a disposição das bancadas da serralheria, com

espaços necessários para realizar todos os trabalhos A área necessária para esse setor foi

determinada através deste esquema e está apresentada na fórmula a seguir.

Figura 22 - Setor Serralheria

4.1.10 Elétrica

Este é o setor responsável pela montagem de todos os sistemas elétricos presentes nos

barcos, desde a parte elétrica dos equipamentos principais, como motores, geradores,

painéis de controle, ar condicionado, até a iluminação da embarcação, sistema de som,

entre outros. A área ocupada por este setor deve ter bancadas para a preparação de painéis,

chicotes, organização dos fios, equipamentos necessários, mas a maior parte do trabalho é

realizado dentro do barco. A partir desses requisitos o setor de elétrica foi definido e está

representado pela figura 23 e a sua área necessária mostrada na equação a seguir.

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Figura 23 - Setor de Elétrica

4.1.11 Marcenaria

Este setor é o responsável por lidar com madeiras em geral que são utilizadas durante o

processo de construção de um barco. Nesse setor existe uma máquina de corte a lazer

(CNC), que facilita a produção de móveis e dá o suporte necessário para as outras áreas.

Apesar de o setor de desenvolvimento de plug ter sua própria área para se trabalhar a

madeira, o setor de marcenaria também pode servir de apoio, dependendo das demandas

dentro do estaleiro. Os móveis têm suas peças cortadas na marcenaria, porém a montagem

é feita no setor de estofado e móveis. O espaço destinado por esse setor deve ser deve ser o

suficiente para acomodar as máquinas para se trabalhar a madeira, como serras, lixadeiras,

entre outras, e a máquina de corte a lazer (CNC) é muito grande, sendo necessário um

espaço destinado a ela.

Na área de trabalho é onde estão posicionadas as ferramentas e os equipamentos, como os

diferentes tipos de serras necessárias para esse setor. Além disso, existem postos de

trabalhos onde os trabalhadores lidam com a madeira. A área necessária para este setor e a

disposição do mesmo pode ser vista na equação a seguir e na figura 24.

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Figura 24 - Setor de Marcenaria

4.1.12 Estofado e móveis

Este é o setor responsável pela montagem de praticamente todos os móveis que farão parte

do interior do barco, assim como os estofados de sofás, poltronas. Além disso, os estofados

da área externa do barco também são fabricados nesse setor, estes devem ter um

tratamento especial pela necessidade de serem impermeáveis, não sofrerem danos com

água salgada, exposição ao sol.

Este setor precisa de uma mão-de-obra muito especializada, por este ser um trabalho

praticamente artesanal, onde os detalhes, acabamentos são de extrema importância, ainda

mais dentro de um mercado de luxo, onde o valor agregado do produto final é muito alto.

Além disso, neste setor é necessário que tenha equipamentos para costura dos estofados,

montagem dos móveis, armários, sofás, mesas, entre outros, devido a isso é necessário um

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espaço suficiente para a montagem desses móveis. A partir dessas necessidades foi definida

a disposição dos elementos do setor além da área necessária para ele. Na figura 25 é

possível ver seu esquema e na equação a seguir a área necessária.

Figura 25- Setor de Estofado e Móveis

4.1.12.1 Pátio de Montagem

É neste setor onde todos os elementos produzidos nos outros setores, mecânica, hidráulica,

serralheria, marcenaria, estofado e móveis, são montados dentro da embarcação. Ou seja,

após sair da pré-montagem, o barco é levado até o pátio de montagem, com a utilização de

veículos que tem um engate para levar os barcos que estão nos picadeiros móveis, e a partir

daí os setores passam a trabalhar dentro dos barcos dispostos no pátio, até que fiquem

prontos o possam ser levados até a piscina para testes, ou então até a cabine de pintura

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para o acabamento final. Além disso, existe uma ponte rolante para se colocar nos barcos

equipamentos grandes e pesados, como os motores por exemplo. A área necessária pode

ser vista na equação a seguir e a disposição do pátio na figura 26.

Figura 26 - Pátio de Montagem

4.1.13 Cabine de Pintura

Este setor é responsável pela pintura de algumas peças e até pela pintura do barco inteiro.

Boa parte das vezes as peças já saem com sua cor definida da laminação devido ao gelcoat,

precisando apenas passar por acabamentos, mas existem aquelas que precisam ser pintadas

de fato, como é o caso da parte externa do barco quando finalizada. Este setor deve ter um

tamanho que consiga pintar o maior barco da linha de produção. Sendo assim, a cabine de

pintura deve ser um ambiente isolado, com uma atmosfera limpa, para melhor acabamento,

e algo isolando o restante do estaleiro do cheiro. A área necessária pode ser vista na

equação a seguir e o esquema da cabine de pintura na figura 27.

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Figura 27 - Setor de Pintura

4.1.14 Piscina de testes

Este é um setor do estaleiro onde deve haver uma piscina com tamanho e profundidade

suficiente para receber a maior embarcação da linha de produção do estaleiro. A

necessidade de existir uma piscina para os teste existe, pois o estaleiro estará localizado em

uma posição distante da costa, sendo assim a piscina possibilitará a realização dos testes em

que o barco necessita estar na água. Nela serão realizados os testes dos sistemas de água,

funcionamento de alguns equipamentos, além de checar as especificações técnicas definidas

no projeto, como o caso do deslocamento. O espaço necessário para este setor é o

suficiente para se fazer os testes em uma embarcação do maior modelo. Além disso, no

setor da piscina deve existir um pequeno pórtico com capacidade suficiente para transportar

a maior embarcação do picadeiro para dentro da piscina. Sendo assim, a área necessária e as

dimensões deste setor estão presentadas na fórmula a seguir e na figura 28.

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Figura 28 - Setor da Piscina de Testes

4.1.15 Escritórios

O setor dos escritórios é onde as áreas que são responsáveis por coordenar o

funcionamento do estaleiro estão alocadas. Dentro deste setor é possível afirmar que terá o

setor de engenharia e projetos, marketing, planejamento e controle da produção, compras e

vendas, diretoria, recursos humanos, entre outros considerados vitais para o bom

funcionamento do estaleiro.

4.1.16 Refeitório e Área de Lazer

O setor de refeitório é onde todos os funcionários do estaleiro irão fazer suas refeições

diárias em seus períodos de alimentação. As refeições dos funcionários são feitas por turnos,

sendo que uma combinação de setores almoçam juntos em um horário e uma segunda em

outro horário. Além disso, é necessária a existência de uma área de lazer para os

funcionários, onde podem descansar em seu horário de almoço. O posicionamento do

refeitório e da área de lazer pode ser visto na figura 29.

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4.1.17 Vestiários

Os vestiários estão posicionados na entrada/saída dos funcionários no estaleiro, pois assim

que chegarem já trocam suas roupas, colocando uma roupa própria para a circulação dentro

do estaleiro e colocam suas roupas comuns apenas antes de saírem do estaleiro,

obedecendo a normas de segurança. O posicionamento dos vestiários, masculino e

feminino, pode ser visto na figura 29.

4.1.18 Recebimento de recursos e Almoxarifado

Este é o setor onde todos os recursos necessários para a produção dos barcos são recebidos

e então guardados no almoxarifado. Deve-se ter um cuidado especial no setor de

almoxarifado com as condições ambientais, visto que as resinas utilizadas na laminação

dependem de condições ambientais especificadas por seus fabricantes para um bom

funcionamento. Todos os materiais que serão utilizados na produção dos barcos, desde

tecidos, fibras de vidro, resinas, tintas, até parafusos, chapas de aço inox, bombas, são

armazenados no almoxarifado e transferidos aos determinados setores no dia em que serão

utilizados de acordo com o planejamento da produção. Além disso, a organização dos

recursos dentro do estoque é algo de extrema importância, sempre levando em conta os

planos de produção do estaleiro. O posicionamento deste setor pode ser visto na figura 29.

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4.2 Layout ideal para um estaleiro

As análises realizadas no processo de construção de iates de médio porte em fibra de vidro e

o estudo realizado sobre as teorias de organizações para fábricas de uma maneira geral,

além da teoria sobre o projeto de layouts para estaleiros, fizeram com que fosse possível

definir as áreas necessárias para o estaleiro que é objeto de estudo nesse projeto. Dessa

forma, foram definidas as áreas de cada um dos setores, assim como uma definição prévia

de sua organização A partir daí foi definida a posição de cada um dos setores, pensando na

movimentação dos recursos transformadores, peças e do próprio produto, buscando sempre

uma minimização da quantidade de movimentos necessários para a produção, pois isto irá

gerar uma diminuição de custos, tempo, hora trabalhada, entre outros fatores. O layout

definido, de uma maneira geral, pode ser visto na figura 29.

A área necessária para o estaleiro foi definida de acordo com as áreas necessárias para cada

um dos setores e, a partir das necessidades, ordem de processos a serem realizados na

produção do barco, foram definidos seu posicionamentos e então chegar à área total

necessária para a instalação do estaleiro desenvolvido no decorrer do projeto. A área

necessária pode ser vista na fórmula a seguir.

O fluxo dos processos de construção de um iate de médio porte em fibra de viro pode ser

visto no fluxograma apresentado na figura 30. Onde estão definidas as etapas em uma

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Figura 29 - Layout ideal

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Figura 30 - Fluxo dos processos de produção

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As movimentações necessárias estão mostradas na figura 31, onde as movimentações dos

recursos transformadores e das peças são representadas por setas vazias e as

movimentações do produto em si por setas preenchidas. Nessa figura os setores estão

representados apenas por retângulos, sem apresentação de detalhes e o seu

posicionamento está obedecendo ao definido no layout da figura 29.

Como já foram explicadas as etapas do processo de fabricação de um iate de fibra de vidro

nas seções anteriores, neste momento o foco será mostrar a movimentação de cada um dos

recursos, peças e produtos, explicando o esquema apresentado na figura 30.

O processo de fabricação de um iate se inicia nos setores de laminação das peças que farão

parte do barco. Nos setores de laminação as peças são produzidas nos moldes, que foram

produzidos no estaleiro através dos plugs encomendados de empresas especializadas em

sua produção, e então transferidas, através de pontes rolantes até o setor de pré-montagem

quando prontas. Os moldes, que não serão mais utilizados no momento são movimentados

até o setor de armazenagem de moldes, também utilizando o sistema de pontes rolantes.

Depois de finalizada a etapa de pré-montagem, o barco é transferido para o pátio de

montagem com a utilização de veículos com engates para movimentar o picadeiro móvel,

que é onde a embarcação está sendo construída. Com o barco no pátio de montagem, todos

os recursos produzidos pelos setores de Marcenaria, Estofado e Móveis, Mecânica,

Hidráulica, Serralheria e Elétrica são movimentados até o pátio de montagem, onde o barco

estará parado, algumas vezes manualmente, outras com o auxílio de veículos responsáveis

pelo transporte de pesos e algumas até mesmo com o auxílio de uma ponte rolante

existente no pátio de montagem. A partir daí, os processos são executados dentro do barco.

Com a finalização dos processos de montagem o barco é movimentado até a cabine de

pintura, onde será pintado e passará pelo processo final de acabamento, deixando-o pronto

para a entrega. Porém, antes de entregar ao cliente o barco é levado até a piscina de testes

com a utilização do veículo próprio para isso e com a ajuda de um pequeno pórtico existente

na piscina ele é transportado para dentro dela.

Após a realização dos testes e sua aprovação a embarcação é colocada em uma carreta para

ser transportada até um local com água nevegável, onde será realizada a entrega ao cliente.

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Quando o estaleiro é localizado longe do litoral, é necessária a retirada do hardtop, devido a

limitações das estradas, e para isso é utilizada a ponte rolante existente no setor de pré-

montagem. Além disso, neste caso é preciso existir uma base de apoio, para realizar a

“remontagem” no local de entrega da embarcação.

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Figura 31 – Fluxo da produção no layout projetado

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4.3 Análise do Layout proposto

O layout desenvolvido no decorrer desse projeto foi levando em conta as teorias de

organizações de fábricas em geral, teoria de layout de iates e o processo de fabricação de

iates em fibra de vidro.

O resultado final foi um layout onde os movimentos dos recursos transformadores, peças e

do próprio produto foram minimizadas, sendo este o objetivo, pois o tempo de produção é

reduzido, assim como a relação homem-hora, o que ocasiona em melhores resultados, tanto

economicamente quanto na qualidade do produto, pois a melhor organização ocasionará

uma redução na quantidade de retrabalhos, erros, e desperdícios.

Ao analisar o layout desenvolvido na figura 29 e o fluxo de suas movimentações na figura 30

é possível afirmar que o posicionamento dos setores, de acordo com as suas inter-relações

fez com que a quantidade de movimentações de recursos, produto e mão-de-obra fossem

reduzidas, pois os setores foram alocados de acordo com a ordem dos processos de

fabricação, sempre buscando um fluxo contínuo de materiais e do produto, além de

favorecer que os setores trabalhem juntos, de uma forma integrada, o que afeta

positivamente no resultado do produto final. Um fator a ser ressaltado no layout projetado é

o fato de ele facilitar a pré-montagem, fazendo com que boa parte da embarcação fique

pronta antes de fechá-la com o convés e casaria, o que facilita a produção.

Além disso, a possibilidade de uma estrutura adequada ao projeto do layout é algo de

extrema importância para o sucesso do estaleiro, pois alguns fatores, como por exemplo a

disposição de pontes rolantes são elementos que viabilizam ou não um projeto desse tipo,

pois facilitam as movimentações dentro do estaleiro, fazendo com que a produção ocorra de

uma maneira mais satisfatória.

Dessa forma, é possível dizer que o layout desenvolvido nesse projeto pode ser considerado

ideal, pois as teorias de arranjos de produção, assim como a teoria de projeto de layout de

estaleiros foram seguidas. Os processos de produção de um iate em fibra de vidro estão

todos representados nos setores necessários, com seus espaços físicos adequados e

posicionados da melhor maneira possível, tendo em vista a otimização do processo.

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5 CONCLUSÕES

A partir das teorias de organizações fabris e de estaleiros, assim como do estudo do

processo de fabricação de um iate de médio porte em fibra de vidro, foi possível desenvolver

um layout de estaleiro considerado ideal segundo os estudos realizados.

Para o desenvolvimento do projeto foi necessário um estudo aprofundado sobre cada um

dos processos de fabricação de um iate em fibra de vidro, para assim ser possível definir

quais eram as necessidades de um estaleiro voltado para a construção de embarcações

desse tipo. Além disso, os estudos sobre as organizações de fábricas de uma maneira geral e

sobre layout de estaleiros auxiliou no desenvolvimento do layout apresentado na figura 30.

Dessa forma, a partir desses estudos, o aluno conseguiu definir os setores, os espaços

necessários para cada um dos setores e seus posicionamentos, atingindo, assim seu objetivo.

O layout desenvolvido no decorrer desse projeto é julgado como ideal, pois este minimiza as

movimentações de recurso, peças e do próprio produto durante o processo de construção.

Além disso, os setores trabalham de uma forma integrada, o que facilita o entendimento do

processo, diminuindo a chance de erros, retrabalhos e custos adicionais ao orçados durante

o projeto.

A instalação de um estaleiro desse tipo depende de muitas variáveis, como, por exemplo, a

proximidade ao litoral, boa localização em relação a estradas, existência de mão-de-obra

especializada, dentre outras. O layout desenvolvido levou em consideração um espaço

distante do litoral, porém localizado estrategicamente em relação à estrada e mão-de-obra.

Caso um estaleiro seja instalado próximo ao litoral, as adaptações feitas ao layout

desenvolvido seriam mínimas e tornariam o layout mais simplificado, sem a necessidade de

piscina de testes e preocupações com o transporte por estradas ao final do processo.

Com isso, é possível concluir que a organização de um estaleiro, onde seu layout tem uma

relevante importância, é algo que determinará seu sucesso ou insucesso muitas vezes.

Buscando sempre o sucesso, é necessário que o empresário tenha em mente que o projeto

de um estaleiro, com sua correta determinação das áreas necessárias, da disposição dos

seus setores, causará um fluxo de materiais de uma maneira natural, melhorando seu

processo produtivo e, assim, diminuindo a necessidade de custos adicionais com mão-de-

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obra, retrabalho, movimentação de recursos, o que acarretará, também, na diminuição no

tempo de produção, ganhando uma grande vantagem dentro do mercado.

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