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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO Mariana Mohr Lolis SUSTENTABILIDADE DE MODELOS DE NEGÓCIO: O efeito da adoção de práticas com diferentes níveis de bem-estar animal na pecuária bovina de corte RIO DE JANEIRO 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO

Mariana Mohr Lolis

SUSTENTABILIDADE DE MODELOS DE NEGÓCIO: O efeito da adoção de

práticas com diferentes níveis de bem-estar animal na pecuária bovina de corte

RIO DE JANEIRO

2015

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MARIANA MOHR LOLIS

SUSTENTABILIDADE DE MODELOS DE NEGÓCIO: O efeito da adoção de

práticas com diferentes níveis de bem-estar animal na pecuária bovina de corte

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de

Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Mestre em Administração.

Orientador: Prof. Celso Funcia Lemme

D.Sc. em Administração de Empresas

RIO DE JANEIRO

2015

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MARIANA MOHR LOLIS

SUSTENTABILIDADE DE MODELOS DE NEGÓCIO: O efeito da adoção de

práticas com diferentes níveis de bem-estar animal na pecuária bovina de corte

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Administração, Instituto COPPEAD de

Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Mestre em Administração.

Aprovada em

_____________________________________________

Prof. Celso Funcia Lemme, DSc. – Orientador

(COPPEAD/UFRJ)

_____________________________________________

Prof. Mateus Jose Rodrigues Paranhos da Costa, DSc

(FCAV / UNESP)

_____________________________________________

Prof. Antonio Roberto Ramos Nogueira, DSc

(COPPEAD / UFRJ)

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À minha mãe, Mali (em memória) e ao meu pai Roberto

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Celso Funcia Lemme, pela dedicação e pelo exemplo,

dentro e fora de sala de aula.

Aos professores Mateus Paranhos e Gregory Neville, e aos especialistas do

grupo ETCO, em especial à Tâmara Duarte Borges, Janaína da Silva Braga e Filipe

Antônio Dalla Costa, por terem dedicado uma parcela de seu tempo a esse estudo,

tornando-o possível.

Aos professores do COPPEAD, em especial ao Otávio Figueiredo e Roberto

Nogueira, pela disposição em contribuir para esse estudo.

Aos funcionários do COPPEAD, em especial à Cida, Leonardo, Mariana,

Adriana e Cláudia, por todo o suporte no período do mestrado e por tornarem os

dois anos passados no mestrado uma experiência agradável.

Ao André, pelo companheirismo e apoio incondicionais.

Aos demais colegas de turma de Mestrado de 2013 do COPPEAD, pela

convivência intensa e transformadora.

Aos meus pais, meus grandes incentivadores, por serem exemplos de caráter

e de vida.

Aos meus avós, por todo o suporte.

À família Costa Pinto e à Dilma Melo e à por todo o apoio na mudança para o

Rio de Janeiro e durante o período de mestrado.

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RESUMO

LOLIS, Mariana Mohr. SUSTENTABILIDADE DE MODELOS DE NEGÓCIO:

O efeito da adoção de práticas com diferentes níveis de bem-estar animal na

pecuária bovina de corte. Orientador: Celso Funcia Lemme. Rio de Janeiro:

COPPEAD/UFRJ; 2015. Dissertação (Mestrado em Administração).

Este trabalho teve como objetivo avaliar a sustentabilidade de modelos de

negócio na pecuária bovina de corte. Para isso, foi feita uma tentativa de relacionar,

utilizando métodos estatísticos, a adoção de práticas com diferentes níveis de bem-

estar animal (BEA) ao resultado econômico em uma das etapas da criação de

bovinos, a etapa de pré-abate. Adicionalmente, os impactos econômicos da adoção

de tais práticas foram resumidos em um modelo preliminar de avaliação do

diferencial na etapa de pré-abate bovino. O resultado da análise de relação foi

inconclusivo. O modelo preliminar proposto resume os impactos econômicos dos

fatores discutidos no trabalho para as partes interessadas que enxergam a adoção

de práticas com mais alto nível de BEA como um imperativo para a sustentabilidade

do negócio.

Palavras-chave: Avaliação de empresas; Sustentabilidade corporativa;

Pecuária bovina de corte; Bem-estar animal.

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ABSTRACT

LOLIS, Mariana Mohr. BUSINESS MODEL SUSTAINABILITY: The effect of

adoption of practices with different levels of animal welfare on beef cattle production.

Orientador: Celso Funcia Lemme. Rio de Janeiro: COPPEAD/UFRJ; 2015.

Dissertação (Mestrado em Administração).

This study aimed to assess the sustainability of business models in cattle

ranching. For this, an attempt was made to link, using statistical methods, the

adoption of practices with different levels of animal welfare and the economics results

in one of the stages of the beef industry, the pre-slaughter stage. In addition, the

economic impacts of adopting such practices were summarized in a preliminary

evaluation model of the differential in the pre-slaughter step. The analysis result was

inconclusive. The proposed preliminary model summarizes the economic impact of

the factors discussed in the paper to stakeholders who see the adoption of practices

with the highest level of animal welfare as an imperative for business sustainability.

Keywords: Valuation; Sustainability; Beef Cattle Production, Animal Welfare.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Contribuição da exportação de carnes para a balança comercial

brasileira. ................................................................................................................... 16

Figura 2 - Aproximação Bottom-up de integração dos dados de diferentes

medidas para uma avaliação geral do animal. .......................................................... 26

Figura 3 - A relação entre BEA e produtividade. ............................................ 29

Figura 4 – A estrutura econômica da produção animal, incluindo a

acomodação do valor do BEA, conforme o benefício percebido pela sociedade ...... 32

Figura 5 – Curva de demanda por BEA. ......................................................... 35

Figura 6 - Lógica seguida para chegar aos ganhos econômicos pela adoção

de práticas de elevação do nível de BEA .................................................................. 43

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Sumário de Produção e consumo de carne bovina por país. ........ 15

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Medidas de bem-estar. ................................................................. 23

Quadro 2 - Os princípios e critérios que são a base para os protocolos de

avaliação da Welfare ................................................................................................. 26

Quadro 3 - Fluxo de Caixa Descontado .......................................................... 38

Quadro 4 - Descrição da formação e área de atuação dos entrevistados na

pesquisa .................................................................................................................... 42

Quadro 5 - Variáveis independentes não–métricas do modelo de análise e os

respectivos símbolos ................................................................................................. 44

Quadro 6 - Variáveis independentes métricas do modelo e os respectivos

símbolos .................................................................................................................... 44

Quadro 7 - Hipóteses de igualdade de médias entre grupos nas variáveis .... 46

Quadro 8 - Estatísticas descritivas das variáveis métricas ............................. 49

Quadro 9 - Resultado dos testes de hipóteses formulados para reduzir os

modelos ..................................................................................................................... 51

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Quadro 10 - Resultado das regressões com as variáveis dependentes

hematomas e pH ....................................................................................................... 52

Quadro 11 – Resultado das regressões com os casos extremos da variável

dependente hematomas ............................................................................................ 52

Quadro 12 – Resultado das regressões com os casos extremos da variável

dependente pH .......................................................................................................... 52

Quadro 13 - Transformação das variáveis dependentes em variáveis

categóricas binárias .................................................................................................. 53

Quadro 14 - Variáveis incluídas no modelo de regressão logística ................ 53

Quadro 15 – Classificação das observações com a variável dependente

tem_hematomas ........................................................................................................ 54

Quadro 16 - Classificação das observações com a variável dependente pH . 54

Quadro 17 - Coeficientes de determinação da regressão com observações do

Lote ........................................................................................................................... 54

Quadro 18 - Coeficiente de determinação da regressão com a variável

dependente Hematomas Novos ................................................................................ 54

Quadro 19 - Impacto econômico da adoção de práticas com mais alto nível de

BEA na etapa de transporte ...................................................................................... 56

Quadro 20 - Impacto econômico da adoção de práticas com mais alto nível de

BEA na etapa de manejo frigorífico ........................................................................... 57

Quadro 21 - Impacto econômico esperado pela melhoria do nível de BEA.... 57

Quadro 22 - Modelo genérico de avaliação do diferencial econômico da

adoção de práticas com mais alto nível de BEA no pré-abate bovino ....................... 58

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BEA Bem-Estar Animal

FAWC Farm Animal Welfare Committee

FCD Fluxo de Caixa Descontado

EUA Estados Unidos da América

HSI Human Society International

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MDIC Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio exterior

OIE Organização Mundial pela Saúde Animal

PETA People for Ethical Treatment of Animals

pH Potencial Hidrogeniônico

PIB Produto Interno Bruto

UE União Europeia

USDA Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

WSPA World Society for the Protection of Animals

WTO World Trade Organization

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 14

1.1. OBJETIVOS DA PESQUISA .................................................................... 19

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 20

2.1. DEFINIÇÃO DE BEM ESTAR ANIMAL .................................................... 20

2.2. A QUESTÃO DE SUSTENTABILIDADE NA EVOLUÇÃO DO MODELO

DE NEGÓCIOS NA PECUÁRIA ................................................................................ 27

2.3. RELAÇÃO ENTRE O DESEMPENHO FINANCEIRO CORPORATIVO E O

BEM-ESTAR ANIMAL ............................................................................................... 37

2.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS DA REVISÃO DE LITERATURA ................. 38

3. MÉTODO DE PESQUISA ........................................................................ 40

3.1. DESCRIÇÃO DA BASE DE DADOS ........................................................ 40

3.2. ENTREVISTAS COM ESPECIALISTAS .................................................. 41

3.3. PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DOS DADOS ................................... 42

3.3.1. Seleção das variáveis e definição do método de análise ............ 42

3.3.2. Análise estatística preliminar ....................................................... 45

3.3.3. Redução do modelo .................................................................... 45

3.4. IDENTIFICAÇÃO DAS ETAPAS DA PRODUÇÃO E SEUS IMPACTOS

ECONÔMICOS ......................................................................................................... 47

3.5. LIMITAÇÕES DO MÉTODO ESCOLHIDO ............................................... 47

4. RESULTADOS ......................................................................................... 49

4.1. ANÁLISE DOS DADOS ............................................................................ 49

4.1.1. Análise estatística preliminar ....................................................... 49

4.1.2. Redução do modelo .................................................................... 50

4.1.3. Análise de regressão ................................................................... 51

4.2. IDENTIFICAÇÃO DAS ETAPAS DE PRODUÇÃO E SEU IMPACTO NO

RESULTADO ECONÔMICO ..................................................................................... 55

4.2.1. Transporte ................................................................................... 55

4.2.2. Manejo frigorífico ......................................................................... 56

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4.2.3. Comercialização .......................................................................... 57

4.2.4. Modelo preliminar ........................................................................ 58

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 60

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 62

APÊNDICE A – RELAÇÃO COMPLETA DAS VARIÁVEIS PRESENTES NA BASE DE DADOS DO GRUPO ETCO ................................................................................ 68

APÊNDICE B – ETAPAS DO MANEJO BOVINO .................................................... 72

APÊNDICE C - DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA DAS VARIÁVEIS DO MODELO 73

APÊNDICE D – GRÁFICOS DE RELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS INDEPENDENTES DO MODELO E A DEPENDENTE HEMATOMAS .................... 82

APÊNDICE E – BOX-PLOT DAS VARIÁVEIS DEPENDENTES ............................. 90

APÊNDICE F– TESTE DE IGUALDADE DE MÉDIAS DA AMOSTRA .................... 91

APÊNDICE G– COEFIICIENTES DA REGRESSÃO DE HEMATOMAS ................. 92

APÊNDICE H– COEFIICIENTES DA REGRESSÃO DE pH .................................... 93

ANEXO A – LISTA DE PRÁTICAS DA PECUÁRIA INDUSTRIAL CONSIDERADAS POBRES EM BEA .................................................................................................... 94

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1. INTRODUÇÃO

Segundo o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

(USDA, 2015), os Estados Unidos (EUA) são hoje o maior produtor mundial de carne

bovina, tendo produzido 11 milhões de toneladas métricas de carne no ano de 2014.

O Brasil fica em segundo lugar no ranking mundial, com 9,7 milhões de toneladas

métricas produzidas em 2014 - valor superior ao consumo doméstico, que atingiu 7,8

milhões de toneladas métricas no mesmo ano (ver Tabela 1). O que mais chama a

atenção no relatório, é que, mesmo produzindo mais carne, os EUA possuem menos

cabeças de gado do que o Brasil – enquanto este possuía em 2014 207,9 milhões

de cabeças de gado, aquele possuía apenas 88,5 milhões. Segundo Ahola (2014),

isso se deve ao fato de que, na América do Sul, por conta de uma preocupação dos

consumidores, tecnologias que aumentam a eficiência na produção de carne - como

implantes que promovem um crescimento mais rápido, antibióticos e beta-agonistas

- não são usadas.

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Tabela 1 - Sumário de Produção e consumo de carne bovina por país.

Fonte: USDA (2013)

A previsão é que a demanda de carne aumente significativamente,

principalmente devido ao Leste Asiático, em especial a China (AHOLA, 2014).

Entretanto, o principal desafio desse crescimento, segundo Ahola (2014), está em

aumentar a eficiência sem deixar de lado a busca por uma produção sustentável.

Essa discussão sobre eficiência versus sustentabilidade da produção é

particularmente relevante para o Brasil pela importância que a produção de carne

2011 2012 2013 2014 2015p

Produção

Estados Unidos 11.983 11.848 11.752 11.078 11.055

Brasil 9.030 9.307 9.675 9.723 9.820

EU 8.114 7.708 7.388 7.410 7.440

China 6.475 6.623 6.730 6.890 6.825

India 3.308 3.491 3.800 4.125 4.500

Argentina 2.530 2.620 2.850 2.700 2.700

Australia 2.129 2.152 2.359 2.595 2.275

Mexico 1.804 1.821 1.807 1.827 1.845

Paquistão 1.536 1.587 1.630 1.675 1.725

Russia 1.360 1.380 1.380 1.370 1.370

Canadá 1.141 1.060 1.049 1.075 1.015

Outros 8.739 8.914 9.092 9.222 8.436

Total 46.166 46.663 47.760 48.612 47.951

Consumo doméstico

Estados Unidos 11.646 11.739 11.608 11.244 11.292

Brasil 7.730 7.845 7.885 7.896 7.905

EU 8.034 7.760 7.520 7.480 7.495

China 6.449 6.680 7.052 7.297 7.305

Argentina 2.320 2.458 2.664 2.503 2.500

Russia 2.346 2.398 2.393 2.279 2.112

India 2.040 2.080 2.035 2.043 2.100

Mexico 1.921 1.836 1.873 1.839 1.845

Paquistão 1.503 1.538 1.576 1.616 1.661

Japão 1.237 1.255 1.232 1.226 1.228

Canada 996 1.019 1.017 985 925

Outros 10.281 10.424 10.963 11.221 10.371

Total 56.503 57.032 57.818 57.629 56.739

Sumário de Produção e Consumo de Carne Bovina

1.000 toneladas métricas (peso equivalente da carcaça)

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tem para o país. No resultado acumulado no ano de 2014, somente a exportação de

carne bovina “in natura” e processada foi de US$ 6,6 bi e representou 2,9% das

exportações, colaborando para melhorar o saldo de transações correntes da balança

comercial brasileira (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO INDÚSTRIA E

COMÉRCIO EXTERIOR (MDIC), 2014). Um histórico da contribuição da exportação

de carnes para a balança comercial brasileira é apresentado na Figura 1.

Figura 1 - Contribuição da exportação de carnes para a balança comercial brasileira.

Fonte: MDIC (2014)

O país é o segundo maior exportador de carne no mundo (USDA, 2015) e de

acordo com a última pesquisa, datada de 2010, a cadeia de produção bovina gera

uma movimentação financeira de 167,5 bilhões de dólares além de arrecadar 16,5

bilhões em impostos agregados, abastecendo cerca de 50 segmentos industriais

com matérias-primas (BORGES, 2013). Em reais, os números correspondem a R$

328,3 bilhões movimentados em um ano, correspondendo a 7,9% do Produto Interno

Bruto (PIB) (BORGES, 2013). Assim, nota-se a relevância da pecuária bovina

brasileira tanto no cenário internacional quanto na economia nacional e a

importância de o Brasil estar na vanguarda das técnicas de produção de carne

bovina.

Para que isso aconteça, é necessário entender, antes de tudo, quais são as

tendências na produção de carne e derivados e de que formas pode ocorrer uma

mudança nas práticas hoje adotadas. Uma dessas tendências é a crescente

preocupação com o bem-estar animal (BEA), vide o caso recente da principal

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franquia do Mc Donald’s na América Latina, a Arcos Dourados, que exigiu que os

seus fornecedores de carne suína tenham até 2016 um plano documentado para

limitar o uso de celas de gestação na criação (REDAÇÃO GLOBO RURAL, 2014). O

que se discute ainda é de que forma essa mudança irá ocorrer, já que essa evolução

pode ser tanto forçada pela regulamentação, quanto provocada pelo mecanismo de

mercado (INGENBLEEK et al., 2013), puxada pela demanda dos consumidores.

Na União Europeia são verificados os dois movimentos, tanto o empurrado

pela regulamentação, quanto o puxado por mecanismos de mercado. Segundo

Broom (2010), o aumento da eficiência da comunicação fez com que mais pessoas

tomassem conhecimento das consequências de práticas inaceitáveis na criação de

animais para consumo. As imagens e o conhecimento de como funciona a criação

industrial, que antes eram restritos aos participantes da indústria, passaram a ser

divulgados. Surgiram vídeos, como o “A Carne é Fraca” (2005), do Instituto Nina

Rosa, “Food Inc.” (2008), da Magnolia Pictures e “Glass Walls” (2009) do PETA.

Esses vídeos mostram as piores práticas na produção de carne e derivados, mas

atingem um público restrito. Posteriormente, mídias de grande impacto também

passaram a divulgar tais práticas, atingindo um público mais amplo. Um exemplo

recente foi o da revista Rolling Stones (2013), que mostrou em um artigo extenso,

inclusive com vídeos, as crueldades que são praticadas contra os animais em um

sistema industrial de produção de carne.

Como resultado de tais campanhas, aliadas a preocupações com outros

problemas atribuídos ao consumo de carne - como a causa de doenças ou

desmatamento para criação de gado - é crescente a tendência de adoção de dieta

vegetariana ou até mesmo vegana entre os consumidores (PAUL, 2014). No Brasil,

por exemplo, já em 2006, 28% das pessoas declaravam que “têm procurado comer

menos carne” (BERNARDES; NOGUEIRA; PEREIRA, 2006). Em 2012, 8% da

população afirmava ser adepta do estilo vegetariano (IBOPE, 2012). Essas são

demonstrações de como o mecanismo de mercado pode agir para mudar o modelo

de produção.

Outra forma de mudar o modelo de produção atual é por meio da

regulamentação. Os pioneiros em mudanças da regulamentação para atingir um

maior nível de BEA na produção de carne são os países da União Europeia. Desde

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2007 a União Europeia proíbe a produção de vitelos em celas, sendo que desde a

década de 90 a Inglaterra já havia adotado essa medida (PERIN, 2012). Além disso,

a União Europeia proibiu o uso de gaiolas de bateria para galinhas poedeiras a partir

de 2012 e de baias de porcas a partir de 2013. A mesma regulamentação, que

proíbe a criação de galinhas poedeiras em gaiolas, também deve ser adotada até

2015 pelo estado da Califórnia, nos Estados Unidos (PERIN, 2012) e a tendência é

que cada vez mais regulamentações como essas sejam adotadas ao redor do

mundo, podendo vir a criar barreiras no fornecimento para multinacionais, como no

caso do Mc Donald’s, ou inclusive barreiras de comércio internacional.

Uma possível solução para os problemas associados à criação de animais

para consumo é a carne artificial. Segundo artigo publicado na The Huffington Post

(2013), diversos investidores têm voltado sua atenção para a carne produzida in

vitro, incluindo a PETA (People for ethical treatment of animals) e Bill Gates. Espera-

se que essa nova técnica resolva os problemas de BEA - já que não haveria criação

de fato -, de meio-ambiente - eliminando a necessidade de uso de terra, de

antibióticos e a emissão de gases do efeito estufa -, de saúde humana - já que não

haveria risco de proliferação de doenças animais - e também sociais - já que a

ineficiência na produção de carne limita a sua capacidade de produção e o consumo

da população mais pobre (NEWKIRK, 2013).

Essa demanda crescente por BEA também é percebida pelos produtores e

por investidores. Alguns produtores participaram de uma pesquisa feita por

Ingenbleek et al. (2013) e falaram que eles próprios percebem um aumento da

conscientização da população, mas ainda não conseguem resolver conflitos ligados

à escolha entre BEA e outras resultantes da produção – relacionadas a questões

ambientais, sanitárias e principalmente econômicas. Já os investidores sentem falta

de ferramentas que os permitam avaliar o desempenho relativo de empresas com

níveis diferentes de BEA e de estudos robustos, que não tratem o BEA como apenas

uma questão de ética, na avaliação de negócios (SULLIVAN; MY-LINH; AMOS,

2012). Esse estudo demonstra a relevância de um estudo que auxilie a cadeia de

valor da produção de carne bovina a mensurar o impacto da mudança de modelo de

negócios de forma objetiva.

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1.1. OBJETIVOS DA PESQUISA

O objetivo deste trabalho foi o de realizar uma análise do relacionamento

entre BEA e o desempenho financeiro da cadeia de produção de carne bovina.

Como complemento, realizou-se uma modelagem preliminar do resultado econômico

no manejo pré-abate da adoção de práticas de BEA.

A etapa a ser avaliada na análise foi o manejo pré-abate de bovinos, que

inclui, para essa pesquisa, os processos de transporte, desembarque, manejo de

condução dentro da planta frigorífica e análise de carcaças.

A intenção do desenvolvimento da análise e do modelo preliminar foi o de

oferecer à academia, aos empresários, aos investidores e aos formuladores de

políticas públicas mecanismos objetivos para comparar sistemas com diferentes

níveis de BEA, e, assim, avaliá-los de maneira mais embasada.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A revisão bibliográfica deste trabalho está dividida em três seções. A primeira

pretende esclarecer o conceito de bem-estar animal (BEA) e de que forma ele pode

ser medido objetivamente, e sem depender da consideração de questões subjetivas

ou dependentes de julgamento pessoal. São apresentados os conceitos mais

aceitos atualmente e a metodologia de cálculo de escores de BEA, justificando a sua

relevância. A segunda seção relaciona essa questão do BEA com a sustentabilidade

no longo-prazo dos negócios da indústria de proteína animal – ou seja, a resistência

do atual modelo de negócios. Esta seção pretende esclarecer como a manutenção

de sistemas com pobre BEA representa uma ameaça para os participantes da

cadeia de produção, e de que formas a adoção de sistemas com mais altos níveis

de BEA pode ser revertido em oportunidades no longo-prazo. Finalmente, a terceira

seção trata do impacto econômico imediato da adoção de práticas de BEA. É

importante salientar que o que se está fazendo é uma revisão bibliográfica sem a

opinião da autora.

2.1. DEFINIÇÃO DE BEM ESTAR ANIMAL

O BEA se tornou um importante atributo no conceito de qualidade sensorial e

ética dos alimentos de origem animal, e um tema de interesse no comércio exterior,

devido à sua importância para a saúde animal e produtividade da pecuária

(ROMERO; SÁNCHEZ, 2012). Os primeiros conceitos de BEA começaram a ser

estudados por um conjunto de pesquisadores do Reino Unido, que formavam o

comitê Brambell (1965, apud FARM ANIMAL WELFARE COMMITEE (FAWC), 2011)

em resposta às pressões da sociedade após a publicação do livro Animal Machines,

de Ruth Harrison, que relatava os maus-tratos a que os animais eram submetidos

(BROOM, 2008; PERIN, 2012).

Em 1965, o comitê Brambell (1965, apud FARM ANIMAL WELFARE

COMITEE (FAWC), 2011) especificou quais são as cinco liberdades que devem ser

dadas aos animais para que eles tenham um mais alto nível de bem-estar. São

liberdades de:

- Fome ou sede;

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21 - Desconforto;

- Dor, machucados ou doença;

- Medo ou estresse; e

- Expressar o comportamento natural, tendo o espaço e instalações

apropriados, além da companhia de animais de sua própria espécie.

Para Broom (2008), bem-estar é um termo que pode ser usado tanto para

homens quanto para animais. Segundo a definição mais aceita atualmente “O bem-

estar de um indivíduo é o seu estado no que diz respeito às suas tentativas de lidar

com o seu meio ambiente”(BROOM, 1986). Mas antes de utilizar essa definição, é

necessário entender do que ela trata. Quando trata meio-ambiente, o autor se refere

ao que está fora do controle do animal e o afeta, podendo ser tanto sua composição

genética quanto o espaço em que ele está confinado. Este meio-ambiente afeta

então o que o autor chama de estado do indivíduo, que abrange a condição de todos

os seus sistemas (p. ex. imunológico, psíquico). O estado pode ser, a título de

exemplo, um estado de sofrimento e de doença, em um extremo, ou de prazer e boa

saúde, em outro extremo.

Assim, se somados os estados de todos os sistemas do indivíduo, o seu bem-

estar pode ser classificado em uma escala que vai de pobre até o grau bom

(BROOM; MOLENTO, 2004). O posicionamento de um indivíduo nessa escala

depende da forma com que ele lida com fatores fora de seu controle. Logo, para que

seja feita uma avaliação do bem-estar do animal, deve-se levar em conta uma gama

de medições e interpretações objetivas (p. ex. de comportamento, psicológicos, de

danos físicos), que devem se basear no conhecimento da biologia das espécies e

em sinais de que as tentativas de lidar com o meio-ambiente estão tendo sucesso ou

não (BROOM, 2008). O autor argumenta que a definição das cinco liberdades feitas

pelo comitê Brambell foi um bom ponto de partida para o desenvolvimento de

estudos no sentido do BEA, mas atualmente existem definições mais precisas de

quais são as reais necessidades de cada espécie.

O BEA incorpora três questões principais: o estresse, sensações e o nível de

saúde (BROOM, 2008). O estresse é incluído porque indica uma falha em lidar com

o meio-ambiente. Sempre que houver estresse, o nível de bem-estar é baixo.

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Finalmente, o sofrimento, que ocorre quando o animal experimenta sensações

negativas, deve ser reconhecido e prevenido sempre que possível.

Apesar de essas questões parecerem subjetivas, elas podem ser medidas por

mudanças no comportamento fisiológico de alguns bioindicadores hormonais

(BROOM, 2005; PARTIDA et al., 2007; SPORER et al., 2008), como o pH, que se

muito elevado (≥5,8) indica que o animal passou por estresse (AMTMANN et al.,

2006), e a quantidade de hematomas.

Os hematomas resultantes de problemas no manejo dos animais e pobre

BEA são facilmente observáveis após o abate. Há estudos que encontraram relação

direta entre as altas porcentagens de lesões nos bovinos (AMTMANN et al., 2006;

MINKA; AYO, 2007; SCHWARTZKOPF-GENSWEIN et al., 2008) com os seguintes

fatores:

O tempo do transporte;

A frequência com que os golpes são dados pelos manejadores;

Más práticas de condução;

O uso de caminhão inapropriado ou com falta de manutenção;

A falta de proteção contra mudanças climáticas;

O treinamento do condutor; e

A presença de animais com chifres.

Entre eles, o mais crítico para a queda no nível de BEA dos animais é o

tempo de transporte. Tempos de transporte superiores a 16h e tempos de espera

prolongados reduzem de maneira significativa a qualidade das carcaças de novilhos,

aspecto que se evidencia por um incremento de aproximadamente 10% na aparição

de carnes classificadas como corte escuro e na diminuição de peso da carcaça

(GALLO; LIZONDO; KNOWLES, 2003). A Organização Mundial de Saúde Animal

inclusive incluiu, no código de saúde para animais terrestres, recomendações para o

BEA no transporte, tanto por terra quanto por ar e mar (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL

PELA SAÚDE ANIMAL (OIE), 2013).

Nesse percurso do transporte, alguns dos fatores que desencadeiam o

estresse no animal são (DE WITTE, 2009; FERGUSON; WARNER, 2008; MINKA;

AYO, 2007):

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Maior movimentação e manejo com choques elétricos ou batidas;

Mistura de animais com diferente procedência e contato com pessoal

desconhecido;

Transporte e desafios físicos, como rampas, superfícies escorregadias,

densidade de carga, movimento, barulho e vibração;

Contato com ambientes não familiares;

Privação de comida e água;

Mudanças em condições climáticas como temperatura, radiação e

humidade; e

Impossibilidade de descanso.

A saúde também é parte do bem-estar e a presença de doenças sempre

contribui para uma piora nesse atributo. É importante ter isso em mente ao se

deparar com uma escolha entre outras melhorias no bem-estar e a maior

susceptibilidade a contração de doenças. Levando todos esses fatores em conta, as

medidas de bem-estar definidas por Broom (2008) são apresentadas no Quadro 1.

Quadro 1 - Medidas de bem-estar.

Medidas de Bem-estar

Indicadores psicológicos de prazer

Indicadores comportamentais de prazer

Grau de liberdade para expressar os comportamentos naturais

Variedade de comportamentos naturais mostrados ou contidos

Grau de liberdade para desenvolvimento corporal e psicológico normais

Grau de comportamento aversivo demonstrado

Tentativas psicológicas para lidar com o meio-ambiente

Imunossupressão

Prevalecimento de doenças

Tentativas corporais de lidar com o meio-ambiente

Patologia comportamental

Mudanças cerebrais

Prevalecimento de danos corporais

Habilidade reduzida para crescer

Expectativa de vida reduzida

Fonte: BROOM (2008)

No entanto, McInerney (2004) questiona até que ponto essas medidas de

bem-estar podem ser utilizadas em questões gerenciais. Isso porque, apesar de

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objetivas, elas nem sempre podem ser comparadas. Como, por exemplo, um

produtor pode decidir entre um sistema com melhor ambiente e outro com melhores

condições sanitárias?

É necessário reconhecer que o nível de BEA é resultado da combinação de

diversos fatores, que contribuem positivamente ou negativamente. Enquanto alguns

fatores são aditivos (melhor ambiente com melhores condições sanitárias contribuem

mais do que qualquer um sozinho), outros são substitutos. Assim, para que seja

possível comparar sistemas com impactos diferentes em cada uma das medidas

relacionadas ao BEA, McInerney (2004) sugere o desenvolvimento de um índice de

bem-estar, semelhante ao desenvolvido pelos economistas para medir o

desenvolvimento social, na forma da equação:

� = �(��,��,��,… ,�� )

Apesar de reconhecer que essa é uma supersimplificação de uma realidade

tão complexa, McInerney (2004) argumenta que este é um passo necessário para

que haja uma racionalidade no tratamento do BEA e na sua relação com o valor

econômico. Sem essa informação, não é possível determinar qual o sistema mais

eficiente do ponto de vista econômico para se alcançar um ganho marginal de bem-

estar (MCINERNEY, 2004).

Essa questão também está presente no texto de Fraser (2005), quando ele

discute os impactos da intensificação da produção animal. O sistema de produção

industrial tem como principais características a maior produtividade e o uso de

confinamento em ambiente fechado e de automação no lugar do trabalho manual

(para uma descrição detalhada ver Concentrated Animal Feeding Operations

(USDA, 2013)).

Esse sistema de produção industrial é comumente criticado com o argumento

de que é pior do ponto de vista do BEA (FRASER, 2005). O levantamento feito por

Perin (2012) das principais práticas de maus-tratos aos animais nesse sistema (ver

ANEXO A) ilustra como esse argumento é forte.

Fraser (2005), no entanto, questiona se essas críticas são válidas, pelo

mesmo motivo que McInerney (2004) crítica a aplicabilidade do conceito de bem-

estar: ao mesmo tempo que o sistema industrial piora algumas dimensões do bem-

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estar, ele também melhora outras. Para contrariar a visão predominante, o autor cita

o exemplo do estudo de Akos e Bilkei (2004) que, ao comparar o sistema de criação

de porcos em confinamento e ao ar-livre, encontrou mais animais mancos e com

uma menor expectativa de vida entre os porcos mantidos ao ar-livre.

Heerwagen, Christensen e Sandoe (2013) levantam uma discussão

semelhante para o caso da vaca leiteira. Apesar da literatura mostrar que os

consumidores perceberem um maior bem-estar na vaca criada no pasto, ainda

existem diferentes opiniões de especialistas sobre a forma com que esse tipo de

criação afeta as vacas. Se, por um lado, a vaca criada ao ar livre consegue

expressar o seu comportamento natural, por outro lado, ela também está mais

sujeita a doenças, desordens metabólicas e infecções parasitárias.

Com a finalidade de responder a questionamentos como esses, tornando

mais palpável a melhoria em BEA, e gerando sistemas confiáveis de monitoramento

da produção e de informação ao consumidor, a União Europeia criou em 2004 o

projeto Welfare Quality®. Mais de quarenta institutos e universidades (originários de

treze países Europeus e quatro países Latino-Americanos) com expertise no

assunto participaram nesse projeto de pesquisa integrado (CANALI; KEELING,

2010). O projeto teve duração de cinco anos e abrangeu desde pesquisas sobre as

preocupações dos consumidores, vendedores e produtores, até pesquisas para a

definição de uma avaliação de bem-estar com quatro escalas, indo de pobre até

bom. A definição do bem-estar teve como base os princípios do Quadro 2.

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Quadro 2 - Os princípios e critérios que são a base para os protocolos de avaliação da Welfare

Princípios Critérios

Alimentação 1 Ausência de fome prolongada 2 Ausência de sede prolongada

Estadia 3 Conforto no descanso 4 Conforto térmico 5 Facilidade de movimentação

Saúde 6 Ausência de feridas 7 Ausência de doenças 8 Ausência de dor induzida por

procedimentos de lida Comportamento 9 Expressão de comportamentos

sociais 10 Expressão de outros

comportamentos 11 Boa relação humano-animal 12 Estado emocional positivo

Fonte: adaptado de Welfare Quality (2009)

O projeto Welfare Quality® desenvolveu medidas de avaliação para cada um

dos critérios, dando preferência a medidas que não necessitam de conhecimento

especializado para serem coletadas. O projeto desenvolveu também um processo

de apuração da classificação do animal em quatro níveis de BEA. Ele consiste em

três etapas: em primeiro lugar, os dados são combinados para calcular o escore de

cada um dos critérios listados no Quadro 2, em seguida esses escores são

combinados para chegar a um escore para cada um dos princípios listados no

mesmo quadro, por último esses escores são combinados para classificar o animal

em um dos quatro níveis de bem-estar propostas pelo projeto (WELFARE QUALITY,

2009). O processo é detalhado na Figura 2.

Figura 2 - Aproximação Bottom-up de integração dos dados de diferentes medidas para uma avaliação geral do animal.

Fonte:adaptado de Welfare Quality (2009)

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27 O projeto Welfare Quality deve contribuir para a redução das práticas com

pobre BEA por permitir uma comparação entre diferentes modelos de negócio. Vale

a pena ressaltar que o debate sobre bem-estar animal não tenta responder à

questão de consumir ou não produtos animais, mas sim à questão de como eles

devem ser tratados (BONNEY, 2006).

2.2. A QUESTÃO DE SUSTENTABILIDADE NA EVOLUÇÃO DO MODELO DE

NEGÓCIOS NA PECUÁRIA

De uma maneira mais abrangente, a sustentabilidade nos negócios é definida

como sendo a resistência de uma empresa ao longo do tempo. Negócios

sustentáveis são aqueles que sobrevivem a choques por terem sistemas saudáveis

tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental e social (FINANCIAL TIMES,

2014). Uma empresa com um negócio sustentável adere aos princípios do

desenvolvimento sustentável, conceito cunhado no relatório “Nosso futuro comum”,

lançado em 1987 pela World Commission on Environment and Development, e que

significa "o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a

possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades"

(WORLD COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT (WCED), 1987,

tradução nossa).

Deve-se ressaltar que o desenvolvimento sustentável não é um estado

permanente de equilíbrio, mas muda de acordo com o acesso aos recursos e com

as mudanças que ocorrem na sociedade ao longo do tempo, ou seja,

(...) é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a

direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a

mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e

futuro, a fim de atender às necessidades e às aspirações humanas.

(WORLD COMMISSION ON ENVIRONMENT AND DEVELOPMENT

(WCED), 1987, tradução nossa).

Assim, um dos sinais de que um sistema se tornou insustentável é a

percepção, por parte de grande parcela da população, de que ele não atende às

aspirações da sociedade. Este conceito será importante mais à frente no trabalho,

quando forem discutidas as mudanças no acesso à informação pelos consumidores

e a consequente mudança de atitude destes frente ao consumo de carne.

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28 O conceito de Triple Bottom Line incorpora essa noção de sustentabilidade

nas decisões de um negócio. Ele foi criado em 1997 por John Elkington (1998) para

se referir à gestão conjunta dos resultados financeiros, sociais e ambientais de um

negócio. Ele incorpora também a ideia de que a empresa não tem responsabilidade

apenas com os shareholders, mas sim com todos os stakeholders, ou seja, com

“aqueles grupos sem os quais a companhia deixa de existir” (FREEMAN; REED,

1983). A justificativa para tal inclusão é dada por Lemme (2010), que afirma não

fazer sentido tratar aspectos financeiros, ambientais e sociais como concorrentes,

pois estas são partes inseparáveis de um mesmo processo.

Para discutir como os diferentes sistemas de pecuária estão relacionados

com essa questão de sustentabilidade é imprescindível entender quais são e como

funcionam os principais sistemas. O primeiro é o sistema que neste trabalho será

chamado de tradicional, em que o animal é criado livre, de acordo com seu

comportamento natural - um sistema com menor escala, intensivo em trabalho

humano e considerado melhor do ponto de vista social e ambiental (RÍOS-NÚÑEZ;

COQ-HUELVA; GARCÍA-TRUJILLO, 2013). O segundo é o sistema que neste

trabalho será chamado de sistema de criação industrial, em que o animal é criado

em confinamento – um sistema com maior escala, mais intensivo em capital e em

consumo de energia e com menor qualidade do ponto de vista ambiental e social

(RÍOS-NÚÑEZ; COQ-HUELVA; GARCÍA-TRUJILLO, 2013).

Segundo Molento (2005), devido a pressões comerciais, no início do século

XX, o sistema de produção industrial - também conhecido como criação intensiva –

começou a ser adotado. Para a autora, os sinais econômicos recebidos pelos

produtores foram em grande parte responsáveis pelo aumento da adoção deste tipo

de sistema já que, como o BEA parece não ser ter valor comercial à primeira vista, o

interesse principal dos produtores passou a ser no aumento de produtividade, que

tem um retorno financeiro claramente visível. A relação entre BEA e produtividade

proposta por (MCINERNEY, 2004) e apresentada na Figura 3 explica então porque o

BEA foi prejudicado com essa busca incessante por maior produtividade. A curva

mostra que em baixos níveis de produção o aumento do bem-estar gerado pelo

melhor manejo (nutrição, instalações, controle sanitário, etc.) levam a aumentos na

produção. Ela tem, no entanto, um ponto de inflexão, ou seja, a partir de um certo

nível de produção, o ganho marginal de produção é acompanhado de uma piora no

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nível de BEA, já que o sistema se torna mais intensivo e as técnicas de produção

procuram explorar ainda mais o potencial biológico do animal.

Figura 3 - A relação entre BEA e produtividade.

Fonte: McInerney (2004)

A principal vantagem deste modelo é o aumento da produtividade, que tornou

possível o acompanhamento da crescente demanda por alimentos. Enquanto a

população mundial dobrou na segunda metade do século 20, o apetite por carne

aumentou cinco vezes (DE BOER; AIKING, 2011). Bradford (1999) lembra que,

mesmo assim, nos países em desenvolvimento há uma demanda reprimida por

proteína animal, e que, portanto, o aumento do consumo de carne nessas regiões

que se verifica nos últimos anos é benéfico para a população. A desvantagem do

sistema industrial é que ele impõe externalidades negativas ao sistema, como o

aumento da resistência bacteriana à antibióticos que passaram a ser rotineiramente

adicionados ao alimento na pecuária (DE BOER; AIKING, 2011).

Além disso, Boer e Aiking (2011) apontam que, no caso da criação intensiva

de bovinos, a criação industrial apresenta outro problema ambiental: os animais

criados nestas condições competem com os humanos pelo consumo de grãos – ao

contrário dos bovinos criados ao ar-livre, que consomem pasto. Atualmente cerca de

40% dos grãos produzidos mundialmente são utilizados na pecuária para alimentar

os animais. Os autores concluem que acabar com a criação intensiva de gado

resultaria em uma redução na demanda por terra para agricultura, já que, se os

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grãos fossem utilizados diretamente para consumo humano, a quantidade de grãos

necessária para obter a mesma quantidade de proteínas ao final seria um quarto do

que é utilizado hoje para alimentar os animais. Consequentemente, haveria uma

redução da pressão sobre a biodiversidade e recursos hídricos (DE BOER; AIKING,

2011).

A criação industrial de animais também tem impactos sociais. Segundo Cox

(2007), os países em desenvolvimento estão cada vez mais expandindo e

intensificando seus sistemas de produção. O problema social que essa

intensificação cria é que estes países estão, ao mesmo tempo, se tornando cada vez

mais dependentes de tratores, fertilizantes, sementes, processadores, entre outros

insumos, importados de países desenvolvidos. Ainda segundo a autora, os

produtores que adotam a criação industrial procuram reduzir os custos contratando

menos trabalhadores e expondo estes trabalhadores a condições insalubres,

adquirindo o material necessário de empresas fora da região – desestimulando

assim a economia das comunidades locais – e expulsando os pequenos fazendeiros

da região, que são incapazes de competir com as grandes corporações.

Em reação a um ou mais dos impactos do atual sistema industrial de criação

de carne acima citados, a população já está tomando atitudes para mudar seus

hábitos alimentares, adotando uma dieta mais sustentável (VINNARI; TAPIO, 2012).

Segundo os autores, o consumo de carne já foi questionado sob pelo menos três

aspectos, que resumem os pontos que foram abordados anteriormente:

- Os efeitos do consumo de carne para o meio-ambiente;

- O sofrimento animal e o valor intrínseco que os animais possuem; e

- Os efeitos emocionais que o abate de animais causa nos seres humanos.

Como já foi dito, a sustentabilidade não é um estado estável, e as empresas

devem ficar atentas para sinais de que mudanças nos recursos ou na sociedade irão

tornar seus negócios insustentáveis. A tendência no Brasil é que cada vez mais

aumente a demanda por um mais alto nível de BEA e vários fatores levam a essa

conclusão: a pressão da regulamentação; a crescente consciência e preocupação

do consumidor sobre a questão do BEA e da proveniência dos alimentos; para os

fornecedores, a necessidade de responder a expectativas dos varejistas (que não

querem ter a sua reputação afetada); o risco de ferir a imagem da marca por ser

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citado em campanhas ou escândalos relacionados à questão do BEA; o potencial de

aumentar a eficiência operacional, margens e lucro por meio da redução do

desperdício; e a oportunidade de acessar novos mercados e consumidores ou

aumentar a participação de mercado como resultado da adoção de melhores

práticas. (SULLIVAN; MY-LINH; AMOS, 2012);

É importante salientar que apesar de analisadas separadamente, questões

como o comportamento do consumidor e a regulamentação, por exemplo, estão

intimamente ligadas, já que é necessário haver um envolvimento da parte dos

consumidores na definição da legislação (DE BOER; AIKING, 2011).

Com respeito às regulamentações, tanto a União Europeia (UE) quanto os

Estados Unidos (EUA) já evoluíram no sentido de aumentar o limite mínimo de BEA

aceitável para animais de produção (HUMAN SOCIETY INTERNATIONAL (HSI),

2008). Na UE a primeira legislação em BEA foi feita em 1974, exigindo que

houvesse insensibilização antes do abate. Legislações que surgiram posteriormente

abordaram, entre outras questões, a regulamentação do transporte animal, o uso de

animais em experimentos, e a extinção de técnicas com baixo nível de BEA na

produção de ovos, suínos, bezerros e frangos (GHK CONSULTING, 2010).

Essas restrições podem vir a criar barreiras para a exportação de carne para

estes países. Mesmo que a Organização Mundial do Comércio (WTO) ainda não

permita barreiras comerciais relacionadas ao método de produção, já existem

projetos na WTO para liberar o uso de critérios de BEA em barreiras comerciais

(MOLENTO, 2005). Para isso ele teria que ser incluído no artigo XX do acordo geral

de tarifas e comércio (WORLD TRADE ORGANIZATION (WTO), 1986), que

estabelece os casos excepcionais em que barreiras comerciais podem ser usadas

sem restrições. Apesar de a OMC ainda não ter definido essa questão, a

Organização Mundial pela Saúde Animal (OIE) tomou a liderança no

desenvolvimento e disseminação padrões de BEA reconhecidos internacionalmente

(BLOKHUIS et al., 2008). Vale ressaltar que a OIE é reconhecida pela WTO e é

inclusive a organização oficial no estabelecimento de regras para a saúde e controle

de zoonoses em animais para este órgão (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL PELA SAÚDE

ANIMAL (OIE), 2014).

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32 O governo brasileiro deu o primeiro passo na direção da inclusão da questão

do BEA na regulamentação das práticas de produção de animais. O Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) (2011) promulgou a instrução

normativa nº 56 de 2008, que estabelece recomendações de Boas Práticas de Bem-

Estar para Animais de Produção e de Interesse Econômico nos sistemas de

produção e transporte. Já a portaria nº 575 de 2012 (BRASIL, 2012) instituiu um

grupo de trabalho multidisciplinar para elaborar e propor entre outras coisas, uma

regulamentação de transporte de animais de produção.

Mesmo que essa mudança de regulamentação demore, as empresas que

aderiram a sistemas de produção com mais alto nível de BEA ainda têm a opção de

recorrer à rotulagem para diferenciar seus produtos e atingir a um nicho de mercado

que aceita pagar mais por isso. Alguns exemplos de rótulos com este objetivo

disponíveis na UE são o RSPCA (rótulo da associação Freedom Foods) e o Red

Tractor que, entre outras coisas, indicam que o animal foi produzido com respeito a

normas de BEA. A demanda também pode surgir por parte do varejista, que está

preocupado com a sua reputação. A rede de supermercados Tesco – um grande

varejista do Reino Unido -, por exemplo, enfrentou em 2008 uma pressão por parte

da mídia por vender frango criado com práticas consideradas pobres em BEA. A

empresa se viu obrigada a tratar o tema e pelo seu tamanho acabou impactando a

indústria de alimentos britânica como um todo (SULLIVAN; MY-LINH; AMOS, 2012).

Nestes casos uma perspectiva do comportamento do consumidor é

necessária para explorar o status da carne, o valor que eles atribuem ao BEA na

produção de alimentos e os danos de imagem resultantes da divulgação de práticas

de maus-tratos de animais. Segundo McInerney (2004) os animais não têm apenas

um valor “usável” para os consumidores, mas também o que se chama em economia

de valor “não-usável”, que no caso do BEA, está ligado ao valor dado pelo

sentimento de conforto por saber que o animal foi bem tratado, que normalmente

residem na adequação a valores éticos, culturais, entre outros. A Figura 4 demonstra

essa relação.

Figura 4 – A estrutura econômica da produção animal, incluindo a acomodação do valor do BEA, conforme o benefício percebido pela sociedade

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Fonte: McInerney (2004).

Uma técnica comumente utilizada para mensurar em valores monetários este

valor “não usável” é o emprego de entrevistas e questionários willingness to pay

(WTP), que em uma tradução livre é a disposição que os consumidores têm a pagar

por um benefício percebido, como o do BEA. Neste campo, já foram realizado

alguns estudos mensurando essa propensão a pagar em diferentes regiões, pelo

bem-estar de diferentes tipos de animais (CARLSSON; FRYKBLOM; LAGERKVIST,

2005; CARTER, 2009; GALLI; CASOTTI; LEMME, 2011; SCHNETTLER et al.,

2009).

No estudo de Galli, Casotti e Lemme (2011) foi verificado que a propensão a

pagar aumentava conforme o nível de informação que a população tem sobre a

forma com que os animais usados na produção de alimentos são tratados. O estudo

de Carlsson et al. (2005) chegou à conclusão de que os consumidores suecos

estavam dispostos a pagar um prêmio pela carne produzida com o uso de uma

técnica de transporte bovino com um mais alto nível de BEA. Carter (2009)

encontrou um resultado que indica que existe uma sequência de eventos que levam

os consumidores americanos a pagarem um prêmio por um produto ou serviço que

comunique informação ética. Já Schnettler et al. (2009), que fizeram o estudo no

Chile, chegaram à conclusão de que esses consumidores, apesar de perceberem o

BEA como uma condição desejável, não estavam dispostos a pagar

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significativamente mais pela carne produzida com maior nível de BEA. Estes

estudos demonstram que existem diferenças na propensão a pagar por melhorias no

BEA.

Tully (2013) fez uma meta-análise de oitenta e três estudos já feitos, não

sobre BEA em específico, mas sobre “bens socialmente responsáveis”. A autora

chegou à conclusão de que esses produtos custavam, em média, 17,3% a mais do

que produtos similares sem a característica de ser socialmente responsável. Ainda,

mais de 60,1% dos entrevistados nesses estudos estavam dispostos a pagar um

prêmio por essa característica. Ainda não existe estudo semelhante a esse para a

propensão a pagar mais pelo BEA, mas o estudo de Tuly (2013) corrobora com a

afirmativa de McInerney (2004) de que existe um valor não-usável ético.

Pode-se questionar de que forma esse valor não usável é traduzido na

postura do consumidor. Por isso, o projeto Animal Welfare (2007) abrangeu, além da

definição dos índices já mencionados, o estudo da postura dos consumidores

Europeus com relação à questão de BEA na produção de alimentos. Para este

estudo, foram aplicados questionários em 10.500 pessoas, em sete países da UE.

As conclusões mais relevantes da pesquisa foram:

- Apesar de a maioria dos entrevistados se dizer preocupado com o BEA,

essa preocupação não está necessariamente refletida nas escolhas de compra;

- As principais barreiras declaradas para o consumo de produtos com mais

altos níveis de BEA são a falta de informação e a disponibilidade;

- Em todos os países, os consumidores declararam acreditar que a etapa de

transporte é mais crítica para o BEA do que o abate; e

- No caso de um escândalo relacionado à questão de BEA, os consumidores

declararam confiar mais nos esclarecimentos dados por organizações protetoras dos

animais e por organizações de consumo. Políticos e varejistas são vistos como os

menos confiáveis.

Esse entendimento do comportamento do consumidor é essencial para se ter

uma ideia de como se comporta a curva de demanda por BEA. De acordo com a

curva proposta por McInerney (2004), essa demanda se comporta de acordo com a

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35

Figura 5, e aumentos na renda per-capita ou alterações nas atitudes em relação aos

animais causam um deslocamento da curva para a direita. Além disso, o valor

marginal da demanda por BEA diminui com o aumento do grau de bem-estar. Ou

seja, quanto maior for o bem-estar dos animais, menos a população estaria disposta

a pagar por um aumento marginal dessa qualidade.

Figura 5 – Curva de demanda por BEA.

Fonte: Adaptado de McInerney (2004)

Heerwagen, Christensen e Sandoe (2013) fizeram uma análise do

funcionamento do mercado de produção de leite na Dinamarca, que é um caso bem

sucedido de melhoria de BEA conduzida por forças de mercado. Lá, as vendas de

leite produzido com a vaca criada no pasto correspondem a 50% do mercado de

leite no país. Eles concluíram que, no caso da Dinamarca, o consumo em massa do

leite produzido com um maior bem-estar foi impulsionado não apenas por essa

característica, mas também por outras características percebidas como positivas

pelo consumidor, como uma rotulagem apropriada, pronta disponibilidade, baixo

prêmio embutido no preço e maior saudabilidade percebida. Para eles, se o prêmio

embutido no preço for muito alto, o produto continuará sendo um produto de nicho,

como o que acontece hoje com produtos feitos com um melhor BEA, como o frango

da empresa Korin Agropecuária Ltda (PERIN, 2012).

O estudo de Galli, Casotti e Lemme (2011) indicou que o uso de imagens tem

forte influência sobre o comportamento do consumidor. Entretanto, não encontramos

0

20

40

60

80

100

120

140

1 2 3 4

Valor Marginal

Nível de BEA

Cenário original

Aumento da rendaper-capita

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36

nenhum estudo específico sobre o impacto econômico da perda de reputação pela

associação de uma marca a práticas com pobre BEA.

Além de entender as tendências que indicam uma mudança no sentido de

maior BEA, é necessário entender como os envolvidos nessa cadeia se

movimentam no sentido de uma mudança no sistema de produção. Lankester (2013)

fez uma pesquisa qualitativa com o objetivo de entender como se dá o aprendizado

que promove a sustentabilidade no contexto do gerenciamento de recursos naturais

em geral e, mais especificamente, para a indústria de carne bovina na região

nordeste da Austrália. Os resultados mostraram que os fatores que motivam os

produtores de carne bovina a aprenderem novas práticas são:

- A necessidade de sobreviver a mudanças na indústria;

- Experiência de dificuldades financeira e pessoais; e

- A participação em programas de aprendizado organizados.

A principal fonte de aprendizado dos produtores de carne bovina se dá de

maneira informal, por experiência própria, observação da prática de outros e

compartilhamento de experiências com colegas e membros da família. Por isso,

pode-se dizer que uma mudança dos sistemas de produção animal em direção a um

modelo de negócios sustentável envolve um processo de aprendizado que

impulsiona uma reflexão crítica através da participação e experimentação

(LANKESTER, 2013).

Mesmo com estudos que comprovam que em condições de níveis elevados

de BEA a qualidade da carne é melhor, o que se verifica é que não são essas as

condições que predominam nos frigoríficos (PARTIDA et al., 2007). É importante

destacar que um dos inconvenientes mais destacados para a implantação de

normas de BEA tem a ver com a falta de incentivos para os produtores. Na UE e nos

EUA, as carnes produzidas sob esses critérios têm um preço de mercado

diferenciado, e neste último as granjas recebem subsídios do Estado para adotar

tais critérios de BEA (BLOKHUIS et al., 2008). Os investidores, que também

poderiam incentivar práticas de BEA, prestam menos atenção ainda a questões de

BEA, a não ser em casos em que empresas específicas viraram manchete por

práticas especialmente pobres em BEA (SULLIVAN; MY-LINH; AMOS, 2012).

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37 Como grande parte da perda de BEA é atribuída à criação industrial, o Brasil

tem uma grande vantagem frente aos demais países nessa questão, já que a

pecuária é feita majoritariamente pela forma extensiva, ou seja, com os animais

criados no pasto. A criação de animais em confinamento é pouco significativa dentro

do volume total produzido no Brasil (CASSANO et al., 2011) e, por isso, o Brasil tem

a chance de liderar a mudança na direção de uma produção com mais alto nível de

BEA com menos esforço do que países como os EUA, que ainda usam

majoritariamente o sistema industrial.

2.3. RELAÇÃO ENTRE O DESEMPENHO FINANCEIRO CORPORATIVO E O

BEM-ESTAR ANIMAL

Além das questões já levantadas, que podem afetar o negócio no longo

prazo, é importante atentar para a sobrevivência do negócio no curto prazo. Vale

lembrar que o desempenho financeiro está incluído no conceito do Triple Bottom

Line. Assim, a questão de sustentabilidade do negócio também passa pelo impacto

financeiro imediato da adoção de práticas visando um mais alto nível de BEA na

cadeia de produção.

Em um primeiro momento, pode-se pensar que a adoção de tais práticas

impacte somente os custos de produção, mas quando se olha mais a fundo,

percebe-se que um mais alto nível de BEA pode gerar também ganhos de

produtividade.

A perda de produtividade causada por baixos níveis de BEA é relatada na

literatura. Altos níveis de estresse nos animais causam perdas econômicas

relacionadas a contusões de diferentes graus, mortalidade animal, baixo rendimento

da carcaça e alteração de características que podem ser percebidas pelos sentidos

humanos, como coloração e odor (ROMERO; SÁNCHEZ, 2012).

O tempo de transporte prolongado, por sua vez, que afeta diretamente e

negativamente o bem-estar animal, aumenta as perdas de peso vivo, o risco de

queda, morte e contusões dos bovinos, que se traduzem em perdas econômicas

pela retirada da carne contundida, menor rendimento da carcaça e decaimento na

categoria de tipificação da carcaça (GALLO, 2008).

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38 Já o pH elevado da carne resultante do estresse pelo qual o animal passa

resulta em uma carne com aspecto escuro e consistência dura e seca, que pode ser

utilizada apenas em processos industriais, diminuindo seu valor comercial por causa

da rejeição dos consumidores a esses produtos quando vendidos in natura

(BROOM, 2005).

A maciez da carne, que atinge no seu pior nível quando o pH se eleva para

valores entre 5.8 e 6.3, é considerada o fator mais determinante da satisfação do

consumidor (KING et al., 2006). Isso explica em parte o porquê da queda de valor

dessa carne. Em alguns países, a carne com pH elevado é inclusive descartada,

porque pode representar um risco sanitário (KING et al., 2006), e mesmo em países

em que essa carne não é descartada, ela limita a possibilidade de exportação e não

pode ser empacotada a vácuo, resultando também em uma perda de valor

(AMTMANN et al., 2006).

Na avaliação financeira todas essas perdas causam uma diferença no

resultado do frigorífico. Uma das formas de quantificar essa perda ao longo dos anos

é de estimar o diferencial no fluxo de caixa livre para a empresa. Para isso, pode-se

utilizar o modelo de avaliação de empresas por fluxo de caixa descontado

apresentado no Quadro 3. Essa é a base para a construção do modelo de Fluxo de

Caixa Descontado (KOLLER; GOEDHART; WESSELS, 2000, p. 131–136;

MARTELANC; PASIN; PEREIRA, 2005, p. 13–49).

Quadro 3 - Fluxo de Caixa Descontado (+) Receitas

(-) Custos

(-) Depreciação

(-) Despesas Operacionais

(-) Imposto de renda sobre operações

(=) Lucro operacional após imposto de renda

(+) Depreciação

(-) Imobilizações

(-) Aumento do capital de giro

(=) Fluxo de caixa livre para a empresa

Fonte: MARTELANC, PASIN, PEREIRA (2005)

2.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS DA REVISÃO DE LITERATURA

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39 O conceito de bem-estar animal já está consolidado na literatura. Na primeira

parte da revisão de literatura, buscou-se mostrar que o bem-estar animal está

diretamente associado a atributos que podem ser objetivamente medidos. O atributo

do BEA em produtos animais é, portanto, um atributo que existe independentemente

de crenças ou ideologias.

Em um segundo momento foi analisada mais a fundo a questão ética do

assunto. Não poderia ser diferente, já que o consumo e a comercialização de

produtos animais passam por essa questão e estão diretamente ligados à

sustentabilidade, ou sobrevivência, do atual modelo de negócios. Assim, a segunda

parte da revisão de literatura mostrou como pressões, principalmente de

consumidores e de órgãos reguladores, estão fazendo com que cada vez mais as

empresas tenham que se adaptar e adotar práticas com mais altos níveis de bem-

estar.

Se analisadas sob uma diferente perspectiva, essas pressões podem ser

encaradas como oportunidades. Foi o que foi mostrado na terceira parte da revisão

de literatura. Foram apresentados estudos que mostram que essa adaptação pode

gerar, além do ganho de imagem para a empresa, ganhos financeiros no curto-

prazo. Seguindo essa linha, a presente pesquisa buscou relacionar o BEA ao

resultado econômico na cadeia de produção de carne bovina.

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40

3. MÉTODO DE PESQUISA

O projeto surgiu como uma parceria entre o Grupo de Estudos e Pesquisas

em Etologia e Ecologia Animal (ETCO) da Universidade Estadual de São Paulo

(UNESP) de Jaboticabal e o Instituto COPPEAD de Administração. O objetivo

principal desta parceria foi o de relacionar variáveis de manejo que impactam o BEA

ao resultado financeiro da etapa de manejo pré-abate.

Com este propósito, foi feita uma análise estatística da base de dados com

variáveis de manejo fornecidas pelo grupo ETCO. Para a empresa, o resultado

dessa análise se reflete na estimativa do diferencial do resultado em função da

adoção de práticas de BEA.

Foi feito também um modelo preliminar de avaliação do diferencial econômico

no manejo pré-abate com a adoção de práticas de BEA, identificando os fatores que

merecem mais atenção. Ainda que a revisão de literatura trate de tais fatores, as

entrevistas com especialistas foram essenciais para a compreensão do impacto no

contexto empresarial.

3.1. DESCRIÇÃO DA BASE DE DADOS

A base de dados utilizada neste trabalho contém informações do processo de

manejo bovino no pré-abate. Os dados foram coletados pela equipe de especialistas

do Grupo ETCO entre dezembro de 2010 e março de 2012, em três frigoríficos da

região sudeste do Brasil. A coleta de dados somou 33.760 observações e 127

variáveis, apresentadas no APÊNDICE A. Cada observação corresponde a um boi

abatido no frigorífico. A etapa acompanhada é conhecida como manejo pré-abate e

é apresentada no APÊNDICE B, juntamente com o processo completo do manejo

bovino. Todas as análises foram feitas usando o software SPSS versão 22.0.

Durante o período de coleta, os pesquisadores passaram uma semana por

mês em cada um dos frigoríficos acompanhando o trajeto de cada lote de animais.

Pela impossibilidade de acompanhar o trajeto de cada animal individualmente, as

variáveis coletadas antes do abate foram referentes ao lote de animais, tendo sido

atribuído a cada observação dentro de um conjunto, o valor médio da medição.

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41 Um lote corresponde a um grupo de bois que veio da mesma fazenda, foi

transportado em um mesmo caminhão e mantido em um mesmo curral. As únicas

variáveis que foram medidas individualmente foram: peso, quantidade de

hematomas e pH. As demais variáveis assumem valores constantes em

observações de um mesmo lote. Com isso se perdeu a informação de variabilidade

entre observações de um mesmo lote.

Por limitações da pesquisa, os dados foram coletados em uma etapa

intermediária do processo, na planta frigorífica. Desta forma, as variáveis relativas ao

transporte e a origem foram coletados com base na observação do veículo e em

entrevista dos especialistas do grupo ETCO com o motorista do caminhão. Ainda por

esse motivo, não foi possível realizar um controle da amostra em relação a variáveis

antecedentes ao transporte.

3.2. ENTREVISTAS COM ESPECIALISTAS

Ao longo da concepção do trabalho foram feitas entrevistas com especialistas

das áreas de zootecnia e medicina veterinária. As entrevistas foram completamente

abertas e contribuíram para a compreensão do significado de bem-estar animal,

para a delimitação das variáveis do estudo, e outros assuntos relacionados à

pecuária bovina de corte. No Quadro 4 são descritos os perfis dos entrevistados.

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42

Quadro 4 - Descrição da formação e área de atuação dos entrevistados na pesquisa

Formação e atuação

1 Ocupa a cadeira de professor de “Psicologia para o bem-estar animal” na Universidade de

Londres

Especialização em bem-estar animal, produção de animais em fazenda, controle de peste em

vertebrados, e ciência da carne

2 Ocupa a cadeira de professor de Etologia e Bem-estar Animal na Faculdade de Ciências

Agrárias e Veterinária da UNESP

Pós-doutorado na Universidade de Cambridge

DSc em Psicobiologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP

MSc em Zootecnia na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP

Graduação em Zootecnia na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP

3 Doutorado em curso em Zootecnia na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP

MSc em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Paraná - UFPR

Graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU

4 Doutorado em curso em Zootecnia na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP

MSc em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal do Paraná - UFPR

Graduação em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia

5 Mestrado em curso em Zootecnia na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP

Graduação em Medicina Veterinária pela Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

3.3. PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DOS DADOS

3.3.1. Seleção das variáveis e definição do método de análise

A base de dados coletada pelo grupo ETCO permitiu que fosse feita uma

tentativa de relacionar diferentes práticas aplicadas ao processo de manejo bovino a

variações no resultado do frigorífico. Toda a análise estatística foi feita com o

objetivo de identificar impacto de cada uma das práticas de melhoria de bem-estar

animal no resultado do manejo pré-abate.

Estudos feitos anteriormente e indicados na revisão de literatura encontraram

uma relação de causalidade entre a mudança nos processos de manejo pré-abate e

um mais alto nível de bem-estar animal, como indica a Figura 6. A melhoria no bem-

estar animal, por sua vez, resultaria em uma menor incidência de hematomas na

carne, em menos casos de carcaças com um nível de pH inapropriado e,

consequentemente, em ganhos econômicos.

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43

Figura 6 - Lógica seguida para chegar aos ganhos econômicos pela adoção de práticas de elevação do nível de BEA

O método estatístico para análise dos dados levou em conta o objetivo da

análise e os tipos das variáveis disponíveis. Ao final, o que se desejava era

encontrar uma relação entre diversas variáveis de processo, algumas métricas e

outras não métricas, e as variáveis resultantes, hematomas totais e pH médio.

Vale lembrar que cada hematoma corresponde, em média, a 500g de carne

desperdiçados, e que a elevação do pH implica em um menor valor de venda para a

carne. Assim, a relação entre as variáveis do processo e as duas variáveis

escolhidas permitiria estimar o diferencial no resultado do pré-abate. Ao final, o

método escolhido foi a regressão múltipla, por permitir fazer uma relação entre

variáveis.

O passo seguinte foi determinar, dentre todas as variáveis disponíveis, as

variáveis independentes relevantes para o modelo. Com esse intuito, dois critérios

foram observados:

1) Em um primeiro momento foram selecionadas as variáveis que, de acordo

com as entrevistas com especialistas seriam relevantes dentro do modelo;

2) Em seguida, foi feito um filtro das variáveis redundantes (p.ex. distância ao

frigorífico foi eliminada por estar diretamente ligado ao tempo de viagem).

Foram utilizadas como variáveis independentes oito variáveis não-métricas

(Quadro 5) e oito métricas (Quadro 6).

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Quadro 5 - Variáveis independentes não–métricas do modelo de análise e os respectivos símbolos

Variáveis Número de casos Símbolo

Frigorífico 3 ��

Tipo de veículo 6 ���

Conservação 3 ��

Piso com borrachão (caminhão) 3 ���

Piso com grade (caminhão) 2 ���

Material gaiola (caminhão) 3 ���

Condição da estrada 4 ���

Curso de BEA (motorista) 2 ���

Quadro 6 - Variáveis independentes métricas do modelo e os respectivos símbolos

Variáveis métricas Símbolo

Tempo experiência (motorista) ���

Tempo de viagem ���

Média quedas no desembarque ���

Média batidas no desembarque ���

Média choques no desembarque ���

Média quedas no frigorífico ���

Média porteiradas no frigorífico ���

Média choques no frigorífico ���

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45 Os modelos explicativos do resultado se resumem às equações 1 e 2.

ℎ�������� = �� + ����� + ����� + ����� + ����� + ����� + ����� +

����� + ����� + ����� + ������ + ������� + ������� + ������� + ������� + ������� +

������ + ������ + ������ � + ������ � + ������ � + ������ � + ������ � + ������� +

������� + ������� + ������ + ∈� (1)

�� = �� + ����� + ����� + ����� + ����� + ����� + ����� + ����� +

����� + ����� + ������ + ������� + ������� + ������� + ������� + ������� +

������ + ������ + ������ � + ������ � + ������ � + ������ � + ������ � + ������� +

������� + ������� + ������ + ∈� (2)

3.3.2. Análise estatística preliminar

Em um primeiro momento, foi feita uma análise descritiva (média, mediana,

desvio-padrão, máximo e mínimo) das variáveis métricas incluídas no modelo no

passo anterior, e foram traçados os gráficos de distribuição de frequência de todas

as variáveis. Foram também traçados gráficos relacionando cada uma das variáveis

independentes às variáveis dependentes e os box-plots variáveis dependentes.

3.3.3. Redução do modelo

Nessa etapa foi feita uma tentativa de redução do modelo. Para isso foram

testadas hipóteses de igualdade de médias de hematomas e de pH entre diferentes

casos das variáveis não métricas. Variáveis para as quais a hipótese foi rejeitada, ou

seja, que apresentaram indícios de relação com as variáveis dependentes, foram

mantidas no modelo.

O Quadro 7 apresenta as hipóteses testadas:

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46

Quadro 7 - Hipóteses de igualdade de médias entre grupos nas variáveis

H01: Não há diferenças na quantidade de hematomas e pH médio entre animais em diferentes frigoríficos

H01A: A distribuição de Hematomas totais é a mesma entre diferentes frigorífico

H01B: A distribuição de pH é a mesma entre diferentes frigorífico

H02: Não há diferenças na quantidade de hematomas e no pH em animais transportados em diferentes tipos de veículos

H02A: A distribuição de Hematomas totais é a mesma entre as categorias de transporte de animais

H02B: A distribuição de pH é a mesma entre as categorias de transporte de animais

H03: Não há diferenças na quantidade de hematomas e no pH médio em animais transportados em caminhões com diferentes condições de conservação

H03A: A distribuição de Hematomas totais é a mesma entre as categorias de condição de conservação do caminhão

H03B: A distribuição de pH é a mesma entre as categorias de condição de conservação do caminhão

H04: Não há diferenças na quantidade de hematomas e no pH médio em animais transportados em caminhão com ou sem borrachão

H04A: A distribuição de Hematomas totais é a mesma entre as categorias de piso no quesito borrachão

H04B: A distribuição de pH é a mesma entre as categorias de piso no quesito borrachão

H05: Não há diferenças na quantidade de hematomas e no pH médio em animais transportados em caminhões com e sem grade no piso

H05A: A distribuição de Hematomas totais é a mesma entre as categorias de piso no quesito grade

H05B: A distribuição de pH é a mesma entre as categorias de piso no quesito grade

H06: Não há diferenças na quantidade de hematomas e no pH médio em animais transportados em caminhões com diferentes materiais de carcaça

H06A: A distribuição de Hematomas totais é a mesma entre as categorias de material de carcaça

H06B: A distribuição de pH é a mesma entre as categorias de material de carcaça

H07: Não há diferenças na quantidade de hematomas e no pH médio em animais transportados por estradas com diferentes condições

H07A: A distribuição de Hematomas totais é a mesma entre as categorias de condição da estrada

H07B: A distribuição de pH é a mesma entre as categorias de condição da estrada

H08: Não há diferenças na quantidade de hematomas e no pH médio em animais transportados por motoristas com e sem treinamento em BEA

H08A: A distribuição de Hematomas totais é a mesma entre as categorias de treinamento em BEA

H08B: A distribuição de pH é a mesma entre as categorias de treinamento em BEA

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47 Em todos os testes foi usado um nível de significância de 0,05.

3.4. IDENTIFICAÇÃO DAS ETAPAS DA PRODUÇÃO E SEUS IMPACTOS

ECONÔMICOS

O modelo preliminar de avaliação do buscou identificar, de uma maneira mais

genérica, de que maneira a adoção de práticas que a literatura indica que resultam

em uma melhoria no bem-estar animal impactam na geração de valor da operação.

As entrevistas com especialistas permitiram relacionar os fatores do resultado

financeiro do frigorífico às mudanças nas práticas de manejo para um mais alto nível

de BEA.

3.5. LIMITAÇÕES DO MÉTODO ESCOLHIDO

O processo de coleta de dados foi limitado por diversos fatores técnicos. No

caso da base de dados utilizada nessa análise, o principal fator limitante foi a

inexistência de ambientes controlados, ou a baixa validade interna da pesquisa.

Além disso, as variáveis baseadas em entrevistas têm a limitação de contar

com escalas subjetivas, que dependem da percepção dos entrevistados e estão

sujeitas a diferentes interpretações por pessoas diferentes.

A primeira questão diz respeito à metodologia de coleta de algumas das

variáveis utilizadas como variáveis independentes do modelo. Como já foi dito nas

limitações do método, por impossibilidade técnica, algumas delas não puderam ser

medidas diretamente (p. ex. tempo de viagem, que era fornecido pelo motorista).

Outras, não puderam ser medidas por serem qualitativas, e dependerem

principalmente da entrevista com o motorista (p. ex. condição da estrada). Essas

variáveis estão então sujeitas a variações dependendo do entrevistado e da

metodologia da pesquisa.

Pode-se também levantar uma questão a respeito ao controle da amostra.

Deve-se notar que as variáveis passaram a ser coletadas apenas a partir da etapa

de transporte e não houve um controle prévio das variáveis resultantes. Assim, não

se tem informação suficiente para garantir que o resultado não tenha sido produzido

em uma etapa anterior, isto é, na criação.

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48 A terceira questão, que foi discutida ao longo do texto, é a falta de

variabilidade das variáveis, fator esse essencial na execução do modelo de

regressão. Se a grande maioria das observações da amostra não apresentou

hematomas, ou teve um pH adequado, a tarefa de revelar os fatores que levam a um

número de hematomas elevado ou a um pH inadequado é limitada.

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49

4. RESULTADOS

4.1. ANÁLISE DOS DADOS

4.1.1. Análise estatística preliminar

O Quadro 8 resume as estatísticas descritivas para as variáveis métricas

inseridas no modelo.

Quadro 8 - Estatísticas descritivas das variáveis métricas

N válidos Média Mediana Mínimo Máximo Variância

Hematomas 33.760 2,1 1 0 19 2,3

pH 28.550 5,8 5,8 5,2 6,9 0,1

tempo

experiência

18.382 14,9 11 0 53 11,4

tempo viagem 19.213 221,9 180 10 1.410 191,2

quedas no

desembarque

17.646 0,01 0 0 0,3 0,02

batidas no

desembarque

15.034 0,1 0,1 0 3 0,2

choques no

desembarque

13.458 0,03 0 0 10 0,3

quedas no

frigorífico

21.464 0,03 0,01 0 3 0,1

porteiradas no

frigorífico

21.461 0,06 0,04 0 1 0,1

choques no

frigorífico

21.427 2,2 2,1 0 11,2 1,2

Os gráficos de distribuição de frequência, tanto das variáveis métricas quanto

das não métricas, são apresentados no APÊNDICE C. Já os gráficos de relação

entre as variáveis independentes e a dependente “hematomas totais” podem ser

visualizados no APÊNDICE D.

Nos resultados das variáveis dependentes, nota-se que a variável “pH médio”

apresenta um desvio padrão de apenas 0,132, e ainda que o gráfico da variável

“total hematomas” está bastante concentrado em zero. Da mesma forma, na análise

do box-plot variáveis dependentes (ver APÊNDICE E) verificou-se que os limites dos

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50

quartis de ambas as variáveis estavam muito concentrados, com muitos casos

posicionados além dos quartis extremos.

Dentre as variáveis independentes não métricas, observa-se que as variáveis

“Frigorífico”, “Conservação” e “Piso com grade” têm ao menos 70% das observações

concentradas em apenas um dos valores da variável. Já as variáveis “Tipo de

veículo”, “Piso com borrachão” e “Curso de bem-estar animal” tem um valor de

variável com ao menos 60% das observações.

Da mesma forma, entre as variáveis independentes métricas, nota-se que as

variáveis “Média quedas no desembarque”, “Média batidas no desembarque”,

“Média choques no desembarque”, “Média quedas no frigorífico”, e “Média

porteiradas no frigorífico” apresentam média abaixo de 0,2 e desvio padrão inferior a

0,3.

Assim, nessa primeira análise pode ser destacada a baixa variabilidade dos

dados contidos na base, o que pode ter um impacto na análise de regressão, já que

ela é, de uma forma simplista, uma comparação de variações.

4.1.2. Redução do modelo

O resultado da tentativa de redução do modelo é descrito no Quadro 9. O

APÊNDICE F contém o detalhamento dos métodos aplicados.

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Quadro 9 - Resultado dos testes de hipóteses formulados para reduzir os modelos

Teste p-valor Decisão

H01A Kruskal-Wallis 0,00 Rejeitar a hipótese nula

H01B Kruskal-Wallis 0,00 Rejeitar a hipótese nula

H02A Kruskal-Wallis 0,00 Rejeitar a hipótese nula

H02B Kruskal-Wallis 0,00 Rejeitar a hipótese nula

H03A Kruskal-Wallis 0,00 Rejeitar a hipótese nula

H03B Kruskal-Wallis 0,00 Rejeitar a hipótese nula

H04A Kruskal-Wallis 0,00 Rejeitar a hipótese nula

H04B Kruskal-Wallis 0,00 Rejeitar a hipótese nula

H05A U de Mann-Whitney 0,272 Reter a hipótese nula

H05B U de Mann-Whitney 0,00 Rejeitar a hipótese nula

H06A Kruskal-Wallis 0,867 Reter a hipótese nula

H06B Kruskal-Wallis 0,00 Rejeitar a hipótese nula

H07A Kruskal-Wallis 0,033 Rejeitar a hipótese nula

H07B Kruskal-Wallis 0,00 Rejeitar a hipótese nula

H08A U de Mann-Whitney 0,992 Reter a hipótese nula

H08B U de Mann-Whitney 0,00 Rejeitar a hipótese nula

Os modelos resultantes da simplificação são:

ℎ�������� = �� + ����� + ����� + ����� + ����� + ����� + ����� +

����� + ����� + ����� + ������ + ������� + ������� + ������� + ������� + ������� +

������ + ������ + ������ � + ������ �+ ������� + ������� + ������� + ∈� (3)

�� = �� + ����� + ����� + ����� + ����� + ����� + ����� + ����� +

����� + ����� + ������ + ������� + ������� + ������� + ������� + ������� +

������ + ������ + ������ � + ������ � + ������ � + ������ � + ������ � + ������� +

������� + ������� + ������ (4)

4.1.3. Análise de regressão

A primeira tentativa de regressão foi feita de acordo com os modelos

resultantes da etapa anterior. No entanto, como mostra o Quadro 10, os modelos

resultantes da regressão dessa base de dados não têm significado prático, já que os

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coeficientes de determinação (R²) resultantes foram muito baixos. Os coeficientes

dos modelos são apresentados nos APÊNDICES G e H.

Quadro 10 - Resultado das regressões com as variáveis dependentes hematomas e pH

Resumo do modelo

Dependente R R quadrado R quadrado ajustado Erro padrão da estimativa

Hematomas ,274 0,075 0,072 2,1687

pH 0,167 0,028 0,024 0.12567

Como o resultado foi diferente do descrito em outros estudos descritos na

revisão de literatura, foram feitas outras tentativas de análise. A primeira delas foi a

de executar a análise incluindo apenas observações com valores extremos de

hematomas e pH, discrepantes dos demais. Isso porque foi cogitado que essas

observações poderiam guardar uma relação mais forte entre as variáveis estudadas.

Foram feitas tentativas com variados níveis de corte e ainda assim não foi

encontrada nenhuma relação significativa. Os resultados da aplicação dos modelos

de regressão incluindo apenas observações filtradas são apresentados nos Quadros

11 e 12.

Quadro 11 – Resultado das regressões com os casos extremos da variável dependente hematomas

Observações N R R quadrado R quadrado ajustado Erro padrão

>= 4 hematomas 1016 0,145 0,021 0,008 2,1663

>= 9 hematomas 79 0,370 0,137 -0,020 3,0736

>= 10 hematomas 44 0,675 0,455 0,244 2,7195

Quadro 12 – Resultado das regressões com os casos extremos da variável dependente pH

Observações

N R R quadrado

R quadrado

ajustado

Erro padrão

da estimativa

> 5,1 2229 0,226 0,051 0,044 0,16953

> 5,6 4279 0,168 0,028 0,024 0,12320

> 5,8 1419 0,176 0,031 0,021 0,15281

> 6 107 0,317 0,100 -0,037 0,23190

Com R² tão baixos, ainda não foi possível dizer que existe, nessa base de

dados, algum ajustamento no modelo proposto para relacionar as variáveis

dependentes (hematomas e pH) às variáveis independentes.

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53 A terceira tentativa feita foi a de simplificar as variáveis dependentes

(hematomas e pH) e transformá-las em variáveis categóricas binárias (com problema

e sem). Desta forma foi possível realizar duas regressões logísticas, tendo como

dependentes as variáveis alteradas. As transformações feitas estão descritas no

Quadro 13.

Quadro 13 - Transformação das variáveis dependentes em variáveis categóricas binárias

Variável Valor Significado

tem_hematomas 0 boi sem hematomas

1 boi com hematomas

pH 0 pH normal (abaixo de 5,8)

1 pH alterado (superior a 5,8)

Além da transformação, foi feita também uma filtragem das variáveis. Em um

primeiro momento foram utilizadas as variáveis já citadas, sem nenhum tipo de

alteração. Na execução do modelo, as variáveis não representativas foram excluídas

e restaram apenas as variáveis descritas no Quadro 14.

Quadro 14 - Variáveis incluídas no modelo de regressão logística

Dependente Independentes

tem_hematomas Tempo de viagem

Média de choques no frigorífico

pH Tempo de viagem

Média de choques no frigorifico

Média de batidas no desembarque

Ao final os modelos resultantes foram:

�(ℎ��������) = �

����(��������������) (5)

�(��)= �

����(��������������������

) (6)

Os Quadros 15 e 16 mostram os resultados da classificação das observações

de teste de acordo com os coeficientes encontrados na regressão. Verificou-se que

as previsões se aproximaram do resultado aleatório, ou seja, o modelo resultante da

regressão logística nessa base, não ajuda a explicar o resultado.

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Quadro 15 – Classificação das observações com a variável dependente tem_hematomas

Observado Previsto

0 1 Observado = previsto

0 3020 1151 72,4%

1 1547 2437 61,2%

Percentagem global 56,0% 44,0% 66,9%

Quadro 16 - Classificação das observações com a variável dependente pH

Observado Previsto

0 1 Observado=previsto

0 2488 1183 67,8%

1 1129 2257 66,7%

Percentagem global 51,3% 48,7% 67,2%

Outras tentativas relevantes foram:

- Relacionar as mesmas variáveis independentes à média de hematomas e de pH do

lote, de forma a contornar a questão de falta de variância em observações do

mesmo lote, Os coeficientes R² encontrados mostram que ainda assim não foi

possível chegar em uma relação válida entre o resultado do manejo e as variáveis

independentes selecionadas. Os resultados são apresentados no Quadro 17.

Quadro 17 - Coeficientes de determinação da regressão com observações do Lote

Dependente R² ajustado

Média de hematomas totais 0,178

Média de pH 0,116

-Relacionas as variáveis independentes à variável “hematomas novos”, na tentativa

de eliminar da análise hematomas causados antes da etapa avaliada. Os resultados

são apresentados no quadro

Quadro 18 - Coeficiente de determinação da regressão com a variável dependente Hematomas Novos

Dependente R² ajustado

Hematomas novos 0,081

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4.2. IDENTIFICAÇÃO DAS ETAPAS DE PRODUÇÃO E SEU IMPACTO NO

RESULTADO ECONÔMICO

As entrevistas com especialistas revelaram que o manejo pré-abate envolve

duas etapas do processo: o transporte e o manejo frigorífico. A adoção de práticas

que levem a um mais alto nível de BEA nessas três etapas do processo poderia

impactar na etapa final do frigorífico: a comercialização da carne.

4.2.1. Transporte

A etapa de transporte dos animais da fazenda até o frigorífico é a primeira

etapa do manejo pré-abate. Nessa etapa, as seguintes práticas afetam tanto o nível

de BEA quanto o resultado econômico:

- Escolha da fazenda de origem, fator relacionado ao tempo de viagem;

- Treinamento do motorista em bem-estar animal, fator relacionado tanto ao

treinamento em BEA que o motorista alega ter tido quanto à quantidade de lesões

sofridas pelo animal no desembarque (p. ex. batidas no desembarque);

- Transporte com veículo de um andar, já que o veículo com dois andares

exige mais esforço do animal;

- Conservação do caminhão, que diminui a incidência de ferimentos;

- Instalação de piso com borrachão antideslizante ou grades para melhorar a

estabilidade do animal;

O Quadro 19 resume os impactos econômicos da adoção das práticas

descritas.

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Quadro 19 - Impacto econômico da adoção de práticas com mais alto nível de BEA na etapa de transporte

Prática de melhoria no bem-

estar animal

Impactos econômicos Linhas do fluxo de caixa

Aquisição do animal em uma

fazenda mais próxima e

consequente redução do

tempo de viagem

Variação do custo do boi gordo

em diferentes regiões; redução

dos custos de transporte

- Compra do animal na fazenda

de criação

- Gastos com gasolina

- Gastos com motorista

Treinamento do motorista em

bem-estar animal

Dispêndio em treinamento - Treinamento em bem-estar

para motoristas

Transporte com veículo de um

andar

Redução da capacidade de

animais por transporte;

variação no investimento do

caminhão

- Investimento em troca da

frota

- Gastos com transporte

Manutenção do caminhão Dispêndio com manutenção - Manutenção dos caminhões

Instalação de borrachão no

piso

Investimento no caminhão - Investimento em piso com

borrachão

Instalação de grade no piso Investimento no caminhão - Investimento em piso com

grade

4.2.2. Manejo frigorífico

Na etapa de manejo frigorífico, as práticas que resultam em um mais alto

nível de bem-estar animal são:

- Treinamento dos funcionários;

- Adequação das instalações do frigorífico;

- Manutenção de salários adequados, que aumenta a retenção de mão-de-

obra qualificada.

Ambos os fatores estão relacionados com o número de lesões causadas nos

animais no frigorífico (p. ex. batidas no frigorífico), além de melhor aproveitamento

dos recursos do frigorífico. Nesse quesito, os especialistas destacaram que um

melhor treinamento incorre também em economia com a água tratada usada no

banho dos animais. O Quadro 20 apresenta um resumo de tais impactos.

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Quadro 20 - Impacto econômico da adoção de práticas com mais alto nível de BEA na etapa de manejo frigorífico

Prática de melhoria no bem-

estar animal

Impactos econômicos Linhas do fluxo de caixa

Treinamento dos funcionários - Gasto com treinamento;

redução do gasto de água

- Treinamento em bem-estar

para funcionários do frigorífico

- Economia com tratamento da

água

Adequação das instalações do

frigorífico para facilitar o

manejo

- Investimento em novas

instalações que facilitar o

manejo

- Instalações no frigorífico

Salários adequados - Despesas com salários - Adequação dos salários dos

funcionários

4.2.3. Comercialização

De acordo com resultados apresentados na revisão de literatura e com a

entrevista com especialistas, cada uma das práticas acima citadas, que melhoram o

bem-estar animal, resultam também em uma receita diferencial. Essa receita

diferencial provém tanto da redução de perdas da carne retirada dos hematomas

quanto da valorização da carne com nível de pH apropriado, como mostrado no

Quadro 21.

Quadro 21 - Impacto econômico esperado pela melhoria do nível de BEA

Resultante da melhoria no

bem-estar

Impactos econômicos Linhas do fluxo de caixa

Hematomas Para cada hematoma a menos,

em média, são salvos 500g de

carne

- Redução de perdas por

hematomas

pH Aumento do preço do Kg da

carne vendida

- Redução de perdas por pH

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58 4.2.4. Modelo preliminar

Tendo os fatores definidos foi possível conceber um modelo preliminar de

avaliação do diferencial econômico no manejo pré-abate de bovinos decorrente da

adoção de melhores práticas do ponto de vista do BEA, apresentado no Quadro 22.

Quadro 22 - Modelo genérico de avaliação do diferencial econômico da adoção de práticas com mais alto nível de BEA no pré-abate bovino

(+) Receitas

Redução de perdas por hematomas

Redução de perdas por pH

(-) Custos

Compra do animal da fazenda de criação (Boi gordo)

Gastos com gasolina

Gastos com salário do motorista

Adequação dos salários dos funcionários

(-) Despesas

Treinamento em bem-estar para motoristas

Treinamento em bem-estar para funcionários do frigorífico

Manutenção dos caminhões

Tratamento de água

(-) Imposto de renda sobre operações

(=) Lucro operacional

(-) Investimentos

Troca da frota

Instalação de piso com borrachão

Instalação de piso com grade

Instalações no frigorífico

(=) Fluxo de caixa livre da empresa

Quadro 21

Quadro 21

Quadro 19

Quadro 19

Quadro 19

Quadro 20

Quadro 19

Quadro 20

Quadro 19

Quadro 20

Quadro 20

Quadro 20

Quadro 20

O modelo preliminar serve como guia para o levantamento das linhas de

recursos empregados e retornos gerados na adoção de práticas com um mais alto

nível de BEA. A partir dessas informações, é possível calcular o fluxo de caixa

diferencial. Assim, as partes interessadas podem estimar o fluxo de caixa

descontado, e avaliar o impacto econômico da mudança.

Com base no modelo preliminar, um empresário que esteja interessado em

conhecer o impacto econômico direto da adoção de um tipo de caminhão adequado,

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por exemplo, sabe que deve levar em conta não apenas o investimento inicial, mas

também o ganho de produtividade resultante. Nesse caso, conhecendo os valores

das linhas “Troca de frota”, “Redução de perdas por hematoma”, “Redução de

perdas por pH” e a taxa de desconto apropriada, é possível estimar o impacto da

decisão no valor da empresa. Desta forma, pode-se dizer que o modelo preliminar é

adequado como ferramenta de auxílio na tomada de decisão.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A acentuação de críticas a sistemas com baixo nível de bem-estar animal

(BEA) ameaça a sustentabilidade do modelo de negócios predominante na pecuária

bovina. Movimentos de rejeição ao consumo de carne bovina da parte dos

consumidores e de imposição de legislações mais rígidas colocam em cheque os

atuais modelos de negócio no setor de produção de carne bovina. Esses

movimentos abrem espaço inclusive para o surgimento de inovações disruptivas,

como a produção de carne em laboratório.

Na posição de segundo maior produtor de carne bovina do mundo, e tendo

em vista a importância dessa cadeia de produção para a economia brasileira, essa é

uma questão relevante não só para os produtores, mas também para os

formuladores de políticas públicas. Para os integrantes no setor, esse movimento

pode ser enxergado como uma oportunidade, já que o Brasil apresenta vantagens

na transição para uma produção com mais alto nível de BEA frente ao maior

produtor de carne atual, os Estados Unidos.

Ainda assim, a adoção de práticas com mais alto nível de BEA no manejo

esbarra em questões econômicas de curto e médio prazo do setor, por demandarem

investimentos e implicarem em maiores custos. No entanto, pela maior dificuldade

de mensuração, nem sempre são levados em conta os ganhos de produtividade e

de valor na comercialização. Dessa forma, se faz necessária uma conexão entre as

disciplinas de zootecnia, estratégia e finanças. Assim, a proposta da presente

pesquisa foi a de apresentar um modelo de mensuração dos reais impactos

econômicos da adoção de práticas de BEA na bovinocultura, levando em conta

inclusive potenciais ganhos no curto prazo.

O objetivo dessa pesquisa foi verificar empiricamente as relações descritas na

revisão de literatura entre a adoção de práticas com mais alto nível de BEA e

ganhos de produtividade e de comercialização. Assim, a primeira etapa do estudo

consistiu na análise estatística de uma base com dados do processo de manejo pré-

abate bovino buscando encontrar essa relação. Ao final, nessa base de dados não

foi encontrada uma relação com significado prático.

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61 Em uma segunda etapa, foi construído um modelo preliminar de avaliação do

diferencial econômico da adoção de práticas de BEA na etapa de pré-abate,

resumindo os fatores discutidos ao longo da dissertação. Ainda que preliminar, o

modelo guia as partes interessadas na mensuração do impacto das decisões

tomadas.

Pontuadas as restrições, ao final deste trabalho foi possível chegar a um

modelo preliminar que resume o que foi discutido ao longo da dissertação. Um

próximo passo possível seria o de mensurar o resultado em um ambiente

controlado. Assim, seria possível estimar com mais precisão os ganhos de

produtividade resultantes da melhoria no nível de BEA. Outro possível

desdobramento dessa pesquisa seria um modelo para avaliar as perdas no longo-

prazo resultantes principalmente de mudanças no comportamento do consumidor e

na legislação vigente, tendo em vista que o modelo preliminar proposto captura

apenas ganhos e perdas no curto e médio prazo.

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62

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APÊNDICE A – RELAÇÃO COMPLETA DAS VARIÁVEIS PRESENTES NA

BASE DE DADOS DO GRUPO ETCO

nº Variável Tipo Descrição

1 Frigorifico Nominal Número de referência do frigorífico em que os dados foram coletados

2 Carcaça Nominal Número que identifica a carcaça no frigorífico

3 Caminhão código novo Nominal Número único para cada placa de caminhão

4 ID caminhão código novo Nominal Identificação do caminhão

5 ID curral Nominal Número que identifica o curral

6 ID lote Nominal Número do lote segundo classificação do frigorifico

7 Data abate - Data do abate

8 Lote Nominal Número do lote segundo classificação do grupo ETCO

9 D_N Razão Quantidade hematomas novos na direita

10 D_V Razão Quantidade hematomas velhos na direita

11 E_N Razão Quantidade hematomas novos na esquerda

12 E_V Razão Quantidade hematomas velhos na esquerda

13 Dir_L_N Razão Quantidade hematomas novos na lombar direita

14 Dir_D_N Razão Quantidade hematomas novos na dianteira direita

15 Dir_T_N Razão Quantidade hematomas novos na traseira direita

16 Dir_C_N Razão Quantidade hematomas novos na costela direita

17 Esq_L_N Razão Quantidade hematomas novos na lombar esquerda

18 Esq_D_N Razão Quantidade hematomas novos na dianteira esquerda

19 Esq_T_N Razão Quantidade hematomas novos na traseira esquerda

20 Esq_C_N Razão Quantidade hematomas novos na costela esquerda

21 Dir_L_V Razão Quantidade hematomas velhos na lombar direita

22 Dir_D_V Razão Quantidade hematomas velhos na dianteira direita

23 Dir_T_V Razão Quantidade hematomas velhos na traseira direita

24 Dir_C_V Razão Quantidade hematomas velhos na costela direita

25 Esq_L_V Razão Quantidade hematomas velhos na lombar esquerda

26 Esq_D_V Razão Quantidade hematomas velhos na dianteira esquerda

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nº Variável Tipo Descrição

27 Esq_T_V Razão Quantidade hematomas velhos na traseira esquerda

28 Esq_C_V Razão Quantidade hematomas velhos na costela esquerda

29 Hem_L Razão Total hematomas lombar

30 Hem_D Razão Total hematomas dianteira

31 Hem_T Razão Total hematomas traseira

32 Hematomas costela Razão Total hematomas costela

33 Hematomas novos Razão Total hematomas novos (vermelho vivo/sangrando)

34 Hematomas velhos Razão Total hematomas velhos (escuros)

35 Hematomas direita Razão Total hematomas direita

36 Hematomas esquerda Razão Total hematomas esquerda

37 Hematomas total Razão Total hematomas

38 pH direito Intervalar Medida de pH direita

39 pH esquerdo Intervalar Medida de pH esquerda

40 Média pH Intervalar média Ph

41 pH inteiro Intervalar média pH arredondado

42 Peso Razão Peso da carcaça

43 Categoria peso Nominal Categoria de peso da carcaça

44 Categoria padronização Nominal Categoria do animal

45 Data de desembarque -

46 Tipo veículo Nominal Categoria do veículo

47 borrachão Nominal Tem ou não borrachão

48 Grade Nominal Tem ou não grade

49 conservação Ordinal Estado de conservação do caminhão

50 Número de compartimentos Razão Número de compartimentos do caminhão

51 Compartimento 1

Razão Medida em m do comprimento do compartimento 1

52 Compartimento 2

Razão Medida em m do comprimento do compartimento 2

53 Compartimento 3

Razão Medida em m do comprimento do compartimento 3

54 Compartimento 4

Razão Medida em m do comprimento do compartimento 4

55 Material gaiola Nominal Material gaiola

56 DC1 Razão Densidade animal/m no compartimento 1

57 DC2 Razão Densidade animal/m no compartimento 2

58 DC3 Razão Densidade animal/m no compartimento 3

59 Dc4 Razão Densidade animal/m no compartimento 4

60 Hora Chegada - Hora chegada no frigorifico

61 Hora Documento - Hora de entrada no frigorifico

62 Hora saída fazenda -

63 Hora do peso -

64 Hora do embarque -

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nº Variável Tipo Descrição

65 Hora boiada -

66 Nome - Nome do motorista

67 Código motorista novo Nominal

68 Idade Razão idade do motorista

69 Tempo experiência (anos) Razão tempo de experiência do motorista

70 Curso de bem-estar animal Nominal Fez ou não curso de BEA

71 Quantidade asfalto Razão Quilômetros andados em asfalto

72 Quantidade terra Razão Quilômetros andados em terra

73 Condição estrada Ordinal Condição da estrada segundo o motorista

74 Condição asfalto Ordinal Condição da estrada asfaltada segundo o motorista

75 Condição terra Ordinal Condição da estrada de terra segundo o motorista

76 Paradas Razão Quantidade de paradas na viagem

77 Tempo viagem Razão Tempo de viagem

78 Teve deitados Nominal Se algum animal deitou durante a viagem, 1, caso contrario 0

79 Animais compartimento 1 Razão Quantidade de animais no compartimento 1

80 Animais compartimento 2 Razão Quantidade de animais no compartimento 2

81 Animais compartimento 3 Razão Quantidade de animais no compartimento 3

82 Animais compartimento 4 Razão Quantidade de animais no compartimento 4

83 Cidade de Origem - Nome da cidade onde fica a fazenda de origem

84 Distância ao Frigorífico Razão Distância da cidade até o frigorifico (medida no google maps)

85 Classe distância Ordinal Classificação da distância 86 Hora Desembarque (inicial) - Hora do inicio do desembarque

87 Fêmeas Razão Quantidade de fêmeas no mesmo caminhão

88 Machos Razão Quantidade de machos no mesmo caminhão

89 Deitados Razão Quantidade de animais deitados antes do desembarque

90 Quedas Razão Quantidade de quedas durante o desembarque

91 Batidas guilhotina Razão Quantidade de batidas de guilhotina

92 Batidas porteira Razão Quantidade de batidas de porteira

93 Uso choque Nominal Choque foi usado, 1, ou não

94 Quantidade de choques Razão Quantidade de choques

95 Curral (menor) Nominal

Em casos em que os animais de um mesmo veiculo foram separados em dois currais, essa coluna mostra somente o menor

96 Curral Nominal Número do(s) curral(is) em que os animais do veiculo especificado ficaram

97 Hora final do desembarque -

98 Duração desembarque Razão Final desembarque - inicio desembarque

99 Horário início manejo -

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nº Variável Tipo Descrição

100 Horário final manejo - 101 Chuveiro porteiradas Razão Quantidade de porteiradas no chuveiro

102 Chuveiro quedas Razão Quantidade de quedas no chuveiro

103 Chuveiro choques Razão Quantidade de choques no chuveiro

104 Seringa porteiradas Razão Quantidade de porteiradas na seringa

105 Seringa quedas Razão Quantidade de quedas na seringa

106 Seringa choques Razão Quantidade de choques na seringa

107 Brete porteiradas Razão Quantidade de porteiradas no brete

108 Brete quedas Razão Quantidade de quedas no brete

109 Brete choques Razão Quantidade de choques no brete

110 MED chuveiro porteiradas Razão Media de porteiradas no chuveiro (para o lote a que o boi pertence)

111 MED chuveiro queda Razão Media de quedas no chuveiro 112 MED chuveiro choques Razão Media de choques no chuveiro

113 MED seringa porteiradas Razão Media de porteiradas na seringa

114 MED seringa quedas Razão Media de quedas na seringa

115 MED seringa choques Razão Media de choques na seringa

116 MED brete porteiradas Razão Media de porteiradas no brete

117 MED brete quedas Razão Media de quedas no brete

118 MED brete choques Razão Media de choques no brete

119 Duração Razão Duração do manejo (de todos os bois)

120 Velocidade (animais/h) Razão Velocidade média dos animais no manejo

121 N°Animais Razão Número de animais no lote

122 Raça Nominal Raça do animal

123 Animal pisoteado manejo Nominal O animal foi pisoteado, 1, ou não, 0.

124 Animal ferido manejo Nominal O animal foi ferido no manejo, 1, ou não, 0.

125 Animal com dificuldade de andar manejo Nominal

O animal teve dificuldade de andar, 1, ou não, 0.

126 Animal com fratura manejo Nominal O animal teve fraturas, 1, ou não, 0.

127 Abate de emergência manejo Nominal O animal passou por abate de emergência, 1, ou não, 0.

128 Observações

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APÊNDICE B – ETAPAS DO MANEJO BOVINO

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73 APÊNDICE C - DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA DAS VARIÁVEIS DO

MODELO

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APÊNDICE D – GRÁFICOS DE RELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS

INDEPENDENTES DO MODELO E A DEPENDENTE HEMATOMAS

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APÊNDICE E – BOX-PLOT DAS VARIÁVEIS DEPENDENTES

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APÊNDICE F– TESTE DE IGUALDADE DE MÉDIAS DA AMOSTRA

Passo 1

Categoria do

teste

Passo 2

Tipo de Variável

Teste de hipóteses

Paramétrico Apenas dois

valores possíveis

t de Student

Três ou mais

valores possíveis

ANOVA

Não-paramétrico Apenas dois

valores possíveis

Mann-Whitney

Três ou mais

valores possíveis

Kruskall-Wallis

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APÊNDICE G– COEFIICIENTES DA REGRESSÃO DE HEMATOMAS

Coeficiente Erro padrão t P-valor

�� 2,025 0,289 7,014 0,000

�� 0,002 0,003 0,705 0,481

�� 0,001 0,000 4,947 0,000

�� 10,871 1,521 7,148 0,000

�� 1,700 0,326 5,219 0,000

�� -0,574 0,122 -4,700 0,000

�� 4,578 0,515 8,892 0,000

�� -2,709 0,549 -4,934 0,000

�� -0,132 0,028 -4,659 0,000

��

��� -0,162 0,242 -0,668 0,504

���

��� -2,111 0,325 -6,493 0,000

��� -0,285 0,147 -1,942 0,052

���

���

��� -0,157 0,077 -2,034 0,042

��� 1,642 0,433 3,795 0,000

���

��� 0,101 0,114 0,891 0,373

��� 0,505 0,089 5,644 0,000

��� 0,367 0,079 4,616 0,000

���

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APÊNDICE H– COEFIICIENTES DA REGRESSÃO DE pH

Erro padrão t Sig.

�� 5,664 0,082 68,925 0,000

�� 0,000 0,000 0,673 0,501

�� -4,234E-5 0,000 -2,710 0,007

�� -0,170 0,096 -1,769 0,077

�� -0,047 0,021 -2,227 0,026

��

�� -0,095 0,057 -1,673 0,094

�� 0,035 0,035 1,011 0,312

�� 0,005 0,002 2,545 0,011

��

��� 0,023 0,019 1,226 0,220

��� 0,020 0,009 2,185 0,029

��� 0,006 0,025 0,223 0,823

���

���

���

��� -0,011 0,085 -0,054 0,957

��� -0,011 0,085 -0,133 0,894

���

��� -0,038 0,036 -1,049 0,294

���

��� 0,065 0,079 0,819 0,413

��� 0,095 0,076 1,255 0,210

���

��� 0,006 0,006 1,128 0,259

��� 0,022 0,005 4,375 0,000

��� -0,001 0,004 -0,152 0,879

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ANEXO A – LISTA DE PRÁTICAS DA PECUÁRIA INDUSTRIAL CONSIDERADAS

POBRES EM BEA

Animal de Produção

Prática Consequência

Galinha poedeira

Enclausurar o animal em gaiola de arame (com piso também de arame) de tamanho médio de 432-555 cm2 por ave (espaço de chão pouco menor que uma folha de papel carta).

- Severa restrição do movimento e privação de comportamentos naturais, tais como construir o ninho, subir e descer de poleiros, realizar banho de areia, ciscar, correr, alongar, bater as asas.

- Osteoporose devido à restrição do movimento que não permite o fortalecimento dos ossos.

- Presença de galinhas dominantes (o poleiro serve como um refúgio para as galinhas subordinadas e sistemas de confinamento não possuem poleiros).

Aves de corte

Falta de controle e/ou controle inadequado da qualidade do ar

- Aerossaculite (processo inflamatório dos sacos aéreos), doenças no tecido respiratório. - Cortes e rupturas do sistema digestivo são mais intenso em aves com aerossaculite.

Suínos Celas de gestação para porcas prenhas - medida padrão da cela: 0,6m x 2,1m (do tamanho do animal). - solo total ou parcialmente ripado para que os excrementos da porca caiam em poço diretamente abaixo da cela.

- Severa restrição do movimento (animal é impedido de virar-se) e privação de comportamentos naturais, tais como fuçar, morder, farejar, pastar, caminhar, mastigar. - Elevado risco de infecções urinárias (porcas em celas bebem menos água e urinam menos), ossos enfraquecidos, redução da massa muscular e claudicação. - Estereotipias, tais como morder barras, movimentar a cabeça repetidamente e pressionar bebedores sem beber)sobretudo devido à privação de comportamentos naturais. - Doenças respiratórias (como os excrementos, que caem através do solo ripado, ficam depositados embaixo da porca, o animal fica exposto a quantidades elevadas de amônia). - Elevada frequência cardíaca em descanso se comparada às porcas alojadas em grupo.

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Vitelos Celas para vitelos (bovinos, geralmente machos, com até 18 semanas de idade) - medida padrão da cela: 66 a 76 cm de largura (tamanho do animal) - coleiras para impedir o animal de movimentar certos músculos, fornecendo carne mais macia

- Severa restrição do movimento, como deitar na posição requerida e ficar de pé e se deitar naturalmente. - Privação de comportamentos naturais, tais como brincar, galopar, dar patadas e lutar. A falta de convívio social com outros bezerros também causa estresse e frustração, que é acentuada pela separação da mãe. - Superaquecimento, pois o bezerro é impedido de se deitar em posições que facilitem a sua termo regulação. - Desenvolvimento ósseo e muscular anormal e doenças articulares. - Atividade adrenal mais elevada do que os bezerros alojados em grupos.

Dieta com restrição de ferro e de fibras

- Dificuldade de locomoção e doenças articulares.