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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA JULIE ANDRADE SOUZA Variação espaço-temporal da precipitação na bacia do rio Potengi-RN Natal, RN 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · A precipitação nada mais é que toda água proveniente do meio atmosférico que atinge a superfície terrestre. Chuva, granizo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

JULIE ANDRADE SOUZA

Variação espaço-temporal da precipitação na bacia do rio Potengi-RN

Natal, RN

2017

JULIE ANDRADE SOUZA .

Variação espaço-temporal da precipitação na bacia do rio Potengi-RN

Monografia apresentada ao Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de Bacharel em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo de Freitas Amorim

Natal, RN

2017

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas,

Letras e Artes – CCHLA

Souza, Julie Andrade.

Variação espaço-temporal da precipitação na bacia do Rio

Potengi-RN / Julie Andrade Souza. - 2017.

49f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Curso de

Geografia - bacharelado. Natal, RN, 2017.

Orientador: Prof. Dr. Rodrigo de Freitas Amorim.

Coorientadora: Prof.ª Dr.ª Juliana Felipe Farias.

Coorientador: Prof. Dr. Sérgio Bezerra Pinheiro.

1. Precipitação. 2. Bacia hidrográfica do Rio Potengi (Rio

Grande do Norte). 3. Variação espaço-temporal. 4. Tempo de

retorno. 5. Gumbel. I. Amorim, Rodrigo de Freitas. II. Farias,

Juliana Felipe. III. Pinheiro, Sérgio Bezerra. IV. Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 551.578.1(282.2)

O rio só chega ao oceano pois contorna os obstáculos Mao Tsé-Tung

AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, aos meus pais, Clayton e Rosângela, minha

base, meu tudo.

Ao meu namorado Felipe, que há quase 7 anos divide comigo todos os bons

e maus momentos.

Aos meus colegas de turma, em especial, Carol Barros, Samara, Tati, Lígia e

Paulinha, que tornaram essa caminhada mais divertida e prazerosa.

Aos professores, que de uma forma ou de outra contribuíram para o meu

aprendizado e crescimento pessoal.

A Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN)

pelos dados cedidos à pesquisa.

Em especial, ao meu orientador Rodrigo, que sem nem me conhecer aceitou

esse desafio. Por todas as orientações e ajudas, o meu muito obrigada!

Por fim, obrigada a todos aqueles que não citei, mas que contribuíram, direta

ou indiretamente, para minha formação.

RESUMO

A variação espaço-temporal da precipitação é a variável mais importante, quando se

pretende compreender a dinâmica da estrutura superficial da paisagem, sendo

responsável pelo desencadeamento dos processos de reafeiçoamento e formação

de depósitos sedimentares. O presente trabalho tem como objetivo estudar a

variação espaço-temporal da precipitação pluvial na bacia hidrográfica do rio Potengi

(BHRP), evidenciando as consequências nas paisagens urbanas e rurais. Para

atingir os objetivos, a metodologia compreende o uso de ferramentas estatísticas de

espacialização de dados e a utilização do método de Gumbel para calcular os

tempos de retorno de precipitações máximas na bacia. Os resultados demonstram

que há uma significativa variação espaço-temporal da precipitação dos diferentes

compartimentos da bacia. Com relação aos eventos máximos, foi possível verificar

que no intervalo de retorno de 10 anos, todos os três municípios apresentam valores

de precipitação acima de 100mm em 24h. Pode-se concluir que os fenômenos

climatológicos de precipitação com alta magnitude e baixa recorrência são

frequentes em uma escala de tempo de décadas, estando, esses, vinculados à

dinâmica climática regional e aos condicionantes de controle global.

Palavras-chave: Variação espaço-temporal. Precipitação. Bacia hidrográfica.

Tempo de retorno. Gumbel.

ABSTRACT

The spatio-temporal variation of precipitation is the most important variable, when we

intend to understand the dynamics of the landscape structure, being responsible for

the triggering of the processes of improvement and formation of sedimentary

deposits. The present study aims to study the spatial-temporal variation of rainfall in

the Potengi river basin (BHRP), showing the consequences in urban and rural

landscapes. In order to reach the objectives, the methodology includes the use of

statistical tools of data spatialization and the use of the Gumbel method to calculate

the maximum rainfall return times in the basin. The results demonstrate that there is

a significant space-time variation of the precipitation of the different compartments of

the basin. Regarding the maximum events, it was possible to verify that in the 10-

year return interval, all three municipalities present values of precipitation above

100mm in 24h. It can be concluded that precipitation climatological phenomena with

high magnitude and low recurrence are frequent in a time scale of decades, being

these, linked to the regional climatic dynamics and to the conditioning factors of

global control.

Keywords: Spatio-temporal variation. Precipitation. Hydrographic basin. Return time.

Gumbel.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Localização da Bacia Hidrográfica do Potengi no Estado do Rio Grande do

Norte ......................................................................................................................... 16

Figura 2 Geologia da Bacia Hidrográfica do Rio Potengi .......................................... 17

Figura 3 Perfil topográfico da Bacia Hidrográfica do Rio Potengi .............................. 23

Figura 4 de solos da Bacia Hidrográfica do Rio Potengi ........................................... 26

Figura 5 Precipitação média mensal - Cerro Corá (1992 - 2016) .............................. 30

Figura 6 Precipitação média mensal - São Paulo do Potengi (1992-2016) ............... 31

Figura 7 Precipitação média mensal - Natal (1992-2016) ......................................... 31

Figura 8 Mapa com a localização das estações pluviométricas utilizadas ................ 33

Figura 9 Espacialização da precipitação média anual na Bacia do Potengi. ............. 36

Figura 10 Espacialização da precipitação média - JAN, FEV, MAR, ABR (1992-2016)

.................................................................................................................................. 37

Figura 11 Espacialização da precipitação média - MAI, JUN, JUL, AGO .................. 38

Figura 12 Espacialização da precipitação média - SET, OUT, NOV, DEZ ................ 39

Figura 13 Precipitação média mensal (1992-2016) ................................................... 39

Figura 14 Assoreamento do rio Potengi em área de dragagem para comercialização.

.................................................................................................................................. 43

Figura 15 Desastre ocorrido em Mãe Luiza .............................................................. 44

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Tipos de solos ........................................................................................... 23

Tabela 2 Precipitação média anual ........................................................................... 35

Tabela 3 Precipitações máximas diárias anuais em Natal, Cerro Corá e SP do

Potengi. ..................................................................................................................... 41

Tabela 4 Cálculo das precipitações máximas dia em milímetros, para vários períodos

de retorno usando a distribuição de Gumbel ............................................................. 42

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11

2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 15

2.1. Geral ............................................................................................................... 15

2.2. Específicos .................................................................................................... 15

3. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA ÁREA ............................................... 16

3.1. Localização .................................................................................................... 16

3.2 Geologia .......................................................................................................... 17

3.2.1 Caicó ortognaisse ...................................................................................... 18

3.2.2 Grupo Seridó ............................................................................................. 18

3.2.3 Jucurutu ..................................................................................................... 19

3.2.4 Barreiras .................................................................................................... 20

3.2.5 Depósitos colúvio-eluviais .......................................................................... 20

3.2.6 Depósitos eólicos litorâneos de paleodunas .............................................. 20

3.2.7 Depósitos aluvionares ................................................................................ 21

3.3 Geomorfologia ................................................................................................ 21

3.3.1 Planalto da Borborema .............................................................................. 22

3.3.2 Depressão Sertaneja ................................................................................. 22

3.3.3 Tabuleiro Costeiro...................................................................................... 22

3.4 Solos ............................................................................................................... 23

3.4.1 NEOSSOLOS LITÓLICOS ......................................................................... 24

3.4.2 LUVISSOLOS ............................................................................................ 24

3.4.3 LATOSSOLO AMARELO Distrófico ........................................................... 24

3.4.4 PLANOSSOLO NÁTRICO ......................................................................... 25

3.4.5 NEOSSOLOS FLÚVICOS ......................................................................... 25

3.4.6. GLEISSOLOS ........................................................................................... 25

3.4.7 NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS .......................................................... 26

3.5 Clima ............................................................................................................... 27

3.5.1 Zona de Convergência Intertropical ........................................................... 28

3.5.2 Complexos convectivos ............................................................................. 28

3.5.3. Ondas de leste .......................................................................................... 28

3.5.4 Circulações Orográficas ............................................................................. 29

3.5.6 Distribuição média mensal da precipitação ................................................ 30

4. METODOLOGIA ................................................................................................. 32

4.1. Caracterização ambiental ............................................................................. 32

4.2 Espacialização da precipitação .................................................................... 32

4.3 Determinação dos períodos de retorno dos totais pluviométricos ........... 33

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 35

5.1 Variação espaço-temporal ............................................................................ 35

5.2 Período de retorno ......................................................................................... 40

5.3 Consequências socioambientais .................................................................. 43

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 46

11

1. INTRODUÇÃO

Na região intertropical a variação espaço-temporal da precipitação é a

variável mais importante, quando se pretende compreender a dinâmica da estrutura

superficial da paisagem. Tal importância deve-se as consequências que esta pode

ocasionar, tanto pela baixa ou elevada quantidade, ao ambiente físico e aos diversos

arranjos espaciais. Dentre as consequências na paisagem, destaca-se o

desencadeamento dos processos de reafeiçoamento e formação de depósitos

sedimentares. No que tange às interações com os arranjos espaciais, tem-se

enchentes, inundações em áreas rurais e urbanas, erosão do solo de áreas

agricultáveis, assoreamento de reservatórios hídricos, entre outros.

A precipitação nada mais é que toda água proveniente do meio atmosférico

que atinge a superfície terrestre. Chuva, granizo e neve são formas de precipitação,

diferenciadas pelo estado em que a água se encontra. Suas principais

características são duração, distribuição temporal e espacial. Para Bertoni e Tucci

(2002), a chuva é o tipo de precipitação mais importante para a hidrologia. Contudo,

o total precipitado não tem significado real se não estiver ligado a uma duração.

Desta forma, a partir de uma série de dados de 30 anos, período clássico

definido pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM) para obter um padrão

climatológico considerável, é possível identificar os valores máximos e mínimos de

precipitação, além de calcular as condições médias para uma determinada área.

Sendo, a precipitação média, a lâmina de água de altura uniforme sobre toda a área

considerada, associada a um período de tempo dado (como hora, dia, mês, ano),

calculada através de métodos como média aritmética, Método de Thiessen, Método

das isoietas, entre outros.

Os valores mínimos são definidos como sendo a precipitação pluviométrica

mínima baseada em uma longa série histórica de dados. O mapeamento da

precipitação mínima provável associada a um período, local e frequência de

ocorrência, consiste em importante ferramenta para subsídios de práticas agrícolas.

Já a precipitação máxima é entendida como a ocorrência extrema, com duração,

distribuição temporal e espacial crítica para uma área ou bacia hidrográfica (TUCCI,

2015).

Segundo Mello et al. (2001) “as variáveis que caracterizam chuvas intensas

são a duração, a intensidade e a frequência de ocorrência, conhecida como período

12

de retorno da precipitação.” Para Silva et al. (2003) “as chuvas intensas, chuvas

extremas ou chuvas máximas, são aquelas que apresentam grande lâmina

precipitada, que supera um valor mínimo em um certo intervalo de tempo.”

Em termos geomorfológicos, entende-se por eventos máximos aqueles cujo

volume de chuva em (mm) é capaz de mobilizar sedimentos em uma encosta ou em

canais de primeira ordem (AMORIM, 2015). Com relação à variação espaço-

temporal, Araújo et al. (2008) afirma que esse tipo de chuva tem distribuição

irregular tanto temporalmente quanto espacialmente, sofrendo diversas influencias

como altitude, massas de ar, uso do solo, posição geográfica entre outros

Especificamente sobre a Bacia do Rio Potengi, que tem sua nascente na

Serra de Santana, no município de Cerro Corá e deságua no Oceano Atlântico em

Natal, formando o maior estuário do Estado, verifica-se uma distribuição espaço-

temporal de chuvas bastante peculiar. Na região da foz a precipitação máxima

ocorre em junho. Na parte central da bacia o mês de maior precipitação é março. Já

na nascente, o máximo de precipitação também ocorre em março; porém, por estar

em uma região mais elevada, registra chuvas mais regulares e abundantes que a

parte central segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN

(EMPARN, 2017).

Sendo assim, as técnicas de espacialização, por meio dos Sistemas de

Informações Geográficas (SIGs), viabilizam a análise da forma como as

precipitações se distribuem no espaço, assim como a associação com diversos

fatores do ambiente, possibilitando estudos mais abrangentes, com rapidez e

precisão (ARAI, 2010). Diversos trabalhos têm usado métodos de interpolação

espacial para efetuar estimativas e espacializar variáveis climáticas. Neste trabalho,

utilizou-se o método de Interpolação pela Ponderação do Inverso da Distância

(IDW), através do método de classificação denominado Quantil.

Nesse sentido, a distribuição espaço-temporal das chuvas é uma

característica muito importante, tanto para o meio ambiente, como para a sociedade

e economia, e seu conhecimento pode servir de instrumento para orientar decisões

a fim de mitigar os danos decorrentes da irregularidade das chuvas.

Considerando os possíveis danos que as chuvas intensas podem causar,

Bastos (1998) afirma que uma econômica decisão é tratar de prever futuras

ocorrências, no sentido de determinar a frequência de chuvas de similar intensidade.

De grande importância também é conhecer a característica estacional das chuvas

13

máximas de 24 horas, sua contribuição para o montante pluviométrico, e o tempo de

retorno. Por exemplo, uma chuva intensa em época de estiagem ou seca com o solo

com baixa disponibilidade de água, pode ter diferente consequência que a mesma

intensidade de chuva em época chuvosa, com o solo próximo ou em nível de

capacidade de campo.

Desta forma, o período de retorno pode estimar a frequência com que uma

precipitação de certa magnitude pode ocorrer, ser igualada ou até mesmo ser

superada, e o método de Gumbel nos dá condições de determinar estes períodos,

visando melhorar as atividades de planejamento em diversas atividades humanas.

O diagnóstico do meio natural constitui uma ferramenta para se pensar novas

formas de apropriação da paisagem, a partir do conhecimento integrado dos seus

elementos bióticos e abióticos. Este conhecimento perpassa a ideia de que tudo faz

parte de um todo e que, para ser compreendido, precisa ser tomado como um

sistema, algo que não pode ser apreendido apenas pelas partes, mas sim, como um

conjunto indissociável e complexo no qual tudo se interliga e interage, a partir da

troca constante de matéria e energia, passíveis de intervenções humanas. Assim, a

análise sistêmica oferece o suporte necessário para o entendimento da interação

dos elementos naturais e antrópicos. (LIMA, 2010)

Nesta perspectiva, o desenvolvimento da pesquisa adotou a abordagem

Geossistêmica por possibilitar análise integrada dos componentes ambientais da

Bacia Hidrográfica do Rio Potengi (BHRP). Dentre eles, o clima é um fator

condicionante na configuração da paisagem. Segundo Santos (2013), é ele quem

regula o processo de entrada e saída de energia dentro de uma bacia hidrográfica

atuando como controlador dos processos e da dinâmica do geossistema, ao fornecer

calor e umidade.

Considerando a BHRP como um sistema, alimentada continuamente por fluxo

de energia e ciclo de matéria, os processos que nela atuam não produzem

consequências apenas nos lugares que ocorreram. “Os componentes da paisagem

podem ser sensíveis à mudança em determinadas circunstâncias, e a mudança em

um componente pode, e muitas vezes desencadeiar instabilidade em outros lugares

do sistema.” (THOMAS, 2001, p. 84, tradução nossa).

Deste modo, o entendimento da dinâmica e estrutura da paisagem torna-se

imprescindível para um melhor aproveitamento dos recursos naturais em

14

consonância com suas potencialidades e limitações, além de influenciar diretamente

na sua estrutura espacial.

Para Lima (2010), essa abordagem além de influenciar diretamente a

estrutura espacial, possibilita uma melhor representação e compreensão da

dinâmica da paisagem, configurando-se em um elo de integração entre a teoria

geossistêmica e a gestão do território, que exige um conhecimento integrado de

seus recursos naturais, com suas respectivas potencialidades e limitações.

Viabilizando assim, o estabelecimento de estratégias de uso dos espaços, conforme

sua capacidade de suporte.

Assim, considerando a importância dos recursos naturais no desenvolvimento

socioeconômico, se buscou analisar as condições meteorológicas da BHRP, a partir

da variável precipitação, numa série de 25 anos (1992-2016), tendo em vista a falta

de dados de anos anteriores.

15

2. OBJETIVOS

2.1. Geral

O presente trabalho tem como objetivo estudar a variação espaço-temporal

da precipitação pluvial na BHRP, evidenciando as consequências nas paisagens

urbanas e rurais. .

2.2. Específicos

Espacializar os volumes médios da precipitação anual e trimestral, na Bacia

Hidrográfica do Rio Potengi, utilizando a distribuição de Gumbel;

Realizar a caracterização da geologia, geomorfologia, dos solos e climática;

Compreender a dinâmica da variação espaço-temporal dos eventos na

BHRP;

Analisar os tempos de retorno de precipitações máximas nos intervalos: 2, 5,

10, 20, 50, 100, 500 e 1000 anos;

Fornecer subsídios ao planejamento e gestão da BHRP.

16

3. CARACTERIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA ÁREA

3.1. Localização

A Bacia Hidrográfica do Potengi possui uma área de 4093,00 km²,

abrangendo parte das mesorregiões Central, Agreste e Leste do Estado do Rio

Grande do Norte, entre as coordenadas geográficas 5°42’ e 6°12’ de latitude Sul e

35°11’ e 36°23’ de longitude Oeste. Tem sua nascente na Serra de Santana, no

município de Cerro Corá (Figura 1). Se estende de oeste para leste, com medidas

de 135km e de norte a sul 50km, o que torna a bacia com características

longitudinais. Limita-se ao sul com a bacia do Rio Jacu e ao norte com a bacia do

Rio Ceará Mirim, desaguando no Oceano Atlântico em Natal, formando o maior

estuário do Estado. Grande parte da rede hidrográfica apresenta-se de forma

intermitente durante a maior parte do ano, com exceção do baixo curso, onde são

perenes devido às influências das ações das marés e pelo maior volume de chuva.

Abrange os municípios de Rui Barbosa, São Tomé, Cerro Corá, Barcelona,

Sítio Novo, Riachuelo, Lagoa de Velhos, Tangará, Santa Maria, Serra Caiada, São

Paulo do Potengi, São Pedro, Ielmo Marinho, Senador Elói de Sousa, Bom Jesus,

São Gonçalo do Amarante, Macaíba e Natal.

Figura 1 Localização da Bacia Hidrográfica do Potengi no Estado do Rio Grande do Norte

Fonte: Elaboração própria, 2017

17

3.2 Geologia

A porção oriental tem seu embasamento geológico constituído por sedimentos

quaternários, destacando-se extensas áreas aluvionares dos rios Potengi e Jundiaí,

e rochas sedimentares terciário-quaternárias do Grupo Barreiras. A porção centro-

ocidental é caracterizada, integralmente, por rochas cristalinas relacionadas ao Pré-

Cambriano.

Os terrenos de suaves ondulações são constituídos de rochas sedimentares

do Grupo Barreiras na direção do rio Jundiaí, as terras baixas que correspondem às

zonas de estuário, mangues, aos vales fluviais e aos terraços fluviais e de praia,

apresentam terrenos com elevações de 15-16m, 7-8m e 2-3m acima do leito dos rios

(ARAÚJO, 2002).

Figura 2 Geologia da Bacia Hidrográfica do Rio Potengi

Fonte: CPRM, 2006.

18

A descrição das unidades litoestatigráficas da bacia do Potengi (Figura 2) foi

realizada a partir do relatório do “Programa Geologia do Brasil”, desenvolvido pelo

CPRM - Serviço Geológico do Brasil (2006).

3.2.1 Caicó ortognaisse

Definido por Meunieur (1964) e por Ferreira e Albuquerque (1969) como uma

seqüência litológica de alto grau metamórfico, constituída, basicamente, por

gnaisses e migmatitos, que incluem indistintamente litotipos do Grupo São Vicente

de Ebert (1969).

A Unidade de ortognaisse é a unidade predominante no subdomínio do

Embasamento Rio Piranhas. Trata-se de uma suíte magmática expandida com

composição gabróica, tonalítica, granodiorítica e granítica, com predominância dos

termos tonalítico graníticos. As rochas granitóides apresentam coloração cinza à

esbranquiçada, granulação média a grossa, também com textura augen

microporfirítica, contendo biotita e/ou hornblenda, por vezes parcialmente migmatiza

das, e também migmatitos. A estrutura gnáissica mostra bandamento metamórfico

de espessura centimétrica, por vezes pouco destacado, podendo conter enclaves

estirados de dioritos e anfibolitos.

As rochas metaplutônicas do Complexo Caicó são corpos intrudidos

concordantemente ou truncando o bandamento gnáissico das supracrustais da

unidade inferior.

3.2.2 Grupo Seridó

O Grupo Seridó constitui a Faixa de Dobramentos Seridó de Brito Neves

(1975), comumente denominada de Faixa Seridó, que ocorre na porção central do

Estado do Rio Grande do Norte, associada à Orogênese Brasiliana/Panafricana. Sua

área de exposição está compreendida entre os limites tectônicos do Domínio Rio

Piranhas-Faixa Seridó.

Ferreira e Albuquerque (1969) definem o Grupo Seridó como constituído

pelas formações Equador (base), Jucurutu e Seridó (topo), cabendo a Jardim de Sá

e Salim (1980) e Jardim de Sá (1984) o empilhamento estratigráfico atualmente

19

aceito, com a Formação Jucurutu, na base da seqüência, sucedida pelas formações

Equador e Seridó, no topo.

O reconhecimento das relações estratigráficas internas do Grupo Seridó, e

deste com o embasamento, são em parte dificultadas pela deformação e

metamorfismo superimpostos.

3.2.3 Jucurutu

Foi definida por Ferreira e Albuquerque (1969) para englobar,

aproximadamente, o que Ebert (1969) denominou de formações Florânia, Quixaba e

Equador. Para aqueles autores, a Formação Jucurutu consta, essencialmente, de

gnaisses de cor cinzentoazulada com lentes de epidoto, uniformemente distribuídas

e que podem evoluir até formar tactitos, muitas vezes scheelitíferos, com

abundantes intercalações lenticulares de mármores, às vezes associados a tactitos

scheelitíferos.

Ela ocorre no interior da faixa dobrada como estreitas camadas bordejando

plutons graníticos como no batólito de Acari ou localmente bordejando

braquiantiformes da Formação Equador, por vezes aflora em estruturas dômicas

como na estrutura a leste de Currais Novos, e na zona de charneira da antiforme da

serra das Queimadas (quartzito da Formação Equador) em uma janela erosiva.

A Formação Jucurutu está constituída principalmente por biotita ± epidoto ±

anfibólio paragnaisses, com intercalações de mármores (m), rochas calcissilicáticas

e skarns (Salim,1993), micaxistos, quartzitos (qt), formações ferríferas,

metavulcânicas dominantemente básicas e intermediárias (v), alguns

metaconglomerados basais e possíveis níveis de metachertes (ch). Inclusos nos

paragnaisses ocorrem níveis e nódulos de rochas calcissilicáticas e de

metagrauvacas (bastante feldspáticas) com aspecto maciço.

A esta unidade associam-se os principais depósitos de scheelita (CaWO4), da

Província Scheelitífera do Nordeste, hospedados em skarns. Associados aos skarns

ocorrem além de W, mineralizações de Au e Mo. Na mina Bonfim a mineralização

aurífera está associada a rochas calcissilicáticas (metaultramáficas). Ressaltam-se

ainda os espessos horizontes de mármore da unidade.

20

3.2.4 Barreiras

Os sedimentos do Grupo Barreiras ocorrem ao longo de uma faixa próxima ao

litoral potiguar em forma de tabuleiros, por vezes constituindo falésias litorâneas.

Eles recobrem indistintamente litotipos do embasamento precambriano e do Grupo

Apodi da Bacia Potiguar.

Os autores retromencionados reconheceram nesta unidade a presença de

fácies típicas de um sistema fluvial entrelaçado e de fácies transicionais para leques

aluviais e planícies litorâneas (flúvio-lagunares).

A fácies fluvial entrelaçada dominante na área pesquisada, pode ser

subdividida em duas. A fácies mais dominante ocorre preferencialmente próximo aos

rios de grande porte, é formada por depósitos contendo cascalho e areias grossas a

finas, em geral feldspáticas, com coloração esbranquiçada, creme amarela a

avermelhada. Intercalam-se microclastos sob a forma de camadas,filmes e lentes de

argila/silte. Predominam estratificações cruzadas acanaladas de grande e pequeno

porte e de médio e baixo ângulo, com sets granodecrescentes iniciados por

cascalhos quartzo-feldspáticos e seixos da argila.

Para Alheiros et al. (1988) o Grupo Barreiras representa a evolução de um

sistema fluvial construído em fortes gradientes e sob clima dominantemente árido,

sujeito a oscilações.

3.2.5 Depósitos colúvio-eluviais

São sedimentos arenosos e arenoargilosos esbranquiçados e avermelhados,

por vezes constituindo depósitos conglomeráticos com seixos de quartzo

predominantes. Eles são encontrados especificamente nos compartimentos

elevados da bacia, especificamente próximo às áreas de cimeiras.

3.2.6 Depósitos eólicos litorâneos de paleodunas

Estes depósitos são constituídos por areias esbranquiçadas, de granulação

fina a média, bem selecionadas, maturas, com estruturas de grain fall e

21

estratificações cruzadas de baixo ângulo, formando dunas tipo barcana, barcanóide

e parabólica.

Originam-se por processos eólicos detração, saltação e suspensão subaérea,

representando as fácies de dunas e interdunas de planície costeira. Elas são

recobertas por dunas móveis.

3.2.7 Depósitos aluvionares

Ocorrem ao longo dos vales dos principais rios que drenam o estado. São

constituídos por sedimentos arenosos e argilo-arenosos, com níveis irregulares de

cascalhos, formando os depósitos de canal, de barras de canal e da planície de

inundação dos cursos médios dos rios. Originam-se por processos de tração

subaqüosa, compreendendo fácies de canal e barras de canal fluvial.

Os depósitos de canal se constituem nos principais jazimentos de areia em

volume de reservas para uso na construção civil, enquanto nos depósitos de planície

(várzea) encontram-se as argilas vermelhas e subordinadamente as argilas brancas.

3.3 Geomorfologia

No contexto morfo-estrutural regional, a bacia abrange três domínios

geomorfológicos: Planalto da Borborema, Depressão Sertaneja e Tabuleiros

Costeiros (RADAMBRASIL, folha Jaguaribe/Natal 1981). No alto curso da bacia,

onde localiza-se a nascente do Rio Potengi está o Planalto da Borborema, nele

ocorrem relevos convexos e aguçados, sob condições subúmidas semiáridas.

No médio curso da bacia, predominam formas menos movimentadas,

destacando-se formas mais aplainadas pertencentes domínio da Depressão

Sertaneja, pontuadas por massas rochosas de ocorrência isolada ao longo de

lineamentos estruturais, que afloram em função da erosão diferencial, mais

conhecido como inselbergues (GOUDIE, 2004).

Desaguando junto à cidade de Natal, o Rio Potengi forma uma planície flúvio-

marinha que, para montante, transforma-se em planície fluvial, ambas pertencentes

à unidade geomorfológica da Faixa Litorânea e envolvidas por relevos tabulares dos

Tabuleiros Costeiros, predominantes na porção sul da bacia.

22

3.3.1 Planalto da Borborema

Na bacia o Planalto da Borborema compreende o compartimento que vai da

cota de aproximadamente 550m até a cota de 160m, com um arcabouço geológico

marcado pela natureza litológica cristalina com idades variando de 550 a 1.100ma e

sistemas de falhas e zonas de cisalhamento de contexto regional. Segundo Corrêa

et al. (2010) esse domínio é formado por “litotipos cristalinos correspondentes aos

maciços arqueanos remobilizados, sistemas de dobramentos brasilianos e intrusões

ígneas neoproterozóicas sin-tardi- e pós-orogênicas”.

3.3.2 Depressão Sertaneja

A Depressão Sertaneja ocupa a porção central da bacia, com uma superfície

suavemente ondulada e interflúvios convexos de altimetria média abaixo de 150m. O

aspecto topográfico uniforme do relevo é quebrado pela existência de relevos

residuais (inselbergues), os quais ocorrem pontualmente na forma de intrusões

litológicas ou zonas estruturais de maior resistência.

A unidade também é marcada pelo truncamento das estruturas

indistintamente de sua origem lito-estrutural, e formação de pedimentos

retrabalhados pela erosão aerolar (RADAMBRASIL, 1981).

3.3.3 Tabuleiro Costeiro

Os tabuleiros costeiros são classificados como uma forma topográfica que se

assemelha a um planalto, terminando de maneira abrupta que contorna a zona

costeira, apresentando um todo plano com vegetação típica. Os sedimentos

constituintes dos tabuleiros costeiros variam sua tonalidade de cores, do vermelho

ao alaranjado, com a presença de seixos de quartzo arredondados e de cascalhos

de quartzo oxidados, formando couraças ferruginosas.

Os tabuleiros costeiros estão presentes na área costeira da cidade de Natal.

Em algumas dessas áreas eles comportam-se como falésias, são semi-plana, com

altura em torno de 90 metros que geralmente terminam abruptamente em barreiras

às margens do estuário e em falésias nas praias (MEDEIROS et al, 2007).

23

Figura 3 Perfil topográfico da Bacia Hidrográfica do Rio Potengi

Fonte: Google Earth, 2017

3.4 Solos

As unidades de mapeamento, que constituem o mapa pedológico

(E:1:500.000), apresentam a dominância das classes de solos relacionadas a seguir,

junto com as respectivas áreas e percentuais de suas distribuições na superfície da

bacia:

Tabela 1. Tipos de solos

Fonte: IGARN, 2009.

Classes de Solos Área

Km² %

NEOSSOLOS LITÓLICOS Eutróficos 931,4 22,9

LUVISSOLOS VERMELHO-AMARELO Eutrófico 900,7 22,0

LATOSSOLO AMARELO Distrófico 698,2 17,0

LUVISSOLOS CRÔMICOS 499,3 12,2

PLANOSSOLO NÁTRICO 479,6 11,7

NEOSSOLOS FLÚVICOS 329,1 8,0

GLEISSOLOS 61,5 1,5

NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS Distróficos 9,1 0,2

Lagoas/Açudes 184,1 4,5

Total 4.093,0 100,0

24

A descrição e o mapa de solos (Figura 4) a seguir foram feitos com base no

relatório “Sistema Brasileiro de classificação dos solos”, desenvolvido pela Embrapa

(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Solos (2006).

3.4.1 NEOSSOLOS LITÓLICOS

Solos pouco evoluídos constituídos por material mineral, ou por material

orgânico com menos de 20cm de espessura, não apresentando qualquer tipo de

horizonte B diagnóstico. Horizontes glei, plíntico, vértico e A chernozêmico, quando

presentes, não ocorrem em condição diagnóstica para as classes Gleissolos,

Plintossolos, Vertissolos e Chernossolos, respectivamente. Solos com horizonte A

ou hístico, assentes diretamente sobre a rocha ou sobre um horizonte C ou Cr ou

sobre material com 90% (por volume) ou mais de sua massa constituída por

fragmentos de rocha com diâmetro maior que 2mm (cascalhos, calhaus e

matacões), que apresentam um contato lítico típico ou fragmentário dentro de 50cm

da superfície do solo. Admite um horizonte B em início de formação, cuja espessura

não satisfaz a qualquer tipo de horizonte B diagnóstico.

3.4.2 LUVISSOLOS

Solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B textural

com argila de atividade alta e alta saturação por bases, imediatamente abaixo de

qualquer tipo de horizonte A, exceto A chernozêmico, ou sob horizonte E, e

satisfazendo o seguinte requisito: horizontes plíntico, vértico e plânico se presentes,

não satisfazem os critérios para Plintossolos, Vertissolos, Planossolos,

respectivamente; ou seja não são coincidentes com a parte superficial do horizonte

B textural.

3.4.3 LATOSSOLO AMARELO Distrófico

Solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B latossólico

imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A, dentro de 200cm da

superfície do solo ou dentro de 300cm, se o horizonte A apresenta mais que 150cm

25

de espessura. Solos com matiz 7,5YR ou mais amarelo e com saturação por bases

baixa (V < 50%) na maior parte dos primeiros 100cm do horizonte B (inclusive BA).

3.4.4 PLANOSSOLO NÁTRICO

Solos constituídos por material mineral com horizonte A ou E seguidos de

horizonte B plânico, não coincidente com horizonte plíntico ou glei. Solos

apresentando horizonte plânico com caráter sódico imediatamente abaixo de um

horizonte A ou E.

3.4.5 NEOSSOLOS FLÚVICOS

Solos pouco evoluídos constituídos por material mineral, ou por material

orgânico com menos de 20cm de espessura, não apresentando qualquer tipo de

horizonte B diagnóstico. Horizontes glei, plíntico, vértico e A chernozêmico, quando

presentes, não ocorrem em condição diagnóstica para as classes Gleissolos,

Plintossolos, Vertissolos e Chernossolos, respectivamente.

Solos derivados de sedimentos aluviais e que apresentam caráter flúvico.

Horizonte glei, ou horizontes de coloração pálida, variegada ou com mosqueados

abundantes ou comuns de redução, se ocorrerem abaixo do horizonte A, devem

estar a profundidades superiores a 150cm.

3.4.6. GLEISSOLOS

Solos constituídos por material mineral com horizonte glei iniciando-se dentro

dos primeiros 150cm da superfície, imediatamente abaixo de horizonte A ou E, ou de

horizonte hístico com espessura insuficiente para definir a classe dos Organossolos,

não apresentando horizonte vértico ou horizonte B textural com mudança textural

abrupta acima ou coincidente com horizonte glei, tampouco qualquer outro tipo de

horizonte B diagnóstico acima do horizonte glei, ou textura exclusivamente areia ou

areia franca em todos os horizontes até a profundidade de 150cm a partir da

superfície do solo ou até um contato lítico. Horizonte plíntico se presente deve estar

à profundidade superior a 200cm da superfície do solo.

26

3.4.7 NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS

Solos pouco evoluídos constituídos por material mineral, ou por material

orgânico com menos de 20cm de espessura, não apresentando qualquer tipo de

horizonte B diagnóstico. Horizontes glei, plíntico, vértico e A chernozêmico, quando

presentes, não ocorrem em condição diagnóstica para as classes Gleissolos,

Plintossolos, Vertissolos e Chernossolos, respectivamente.

Solos sem contato lítico dentro de 50cm de profundidade, com seqüência de

horizontes A-C, porém apresentando textura areia ou areia franca em todos os

horizontes até, no mínimo, a profundidade de 150cm a partir da superfície do solo ou

até um contato lítico; são essencialmente quartzosos, tendo nas frações areia

grossa e areia fina 95% ou mais de quartzo, calcedônia e opala e, praticamente,

ausência de minerais primários alteráveis (menos resistentes ao intemperismo).

Figura 4 de solos da Bacia Hidrográfica do Rio Potengi

Fonte: EMBRAPA SOLOS, 2006.

27

3.5 Clima

Na metade leste da bacia há uma predominância do tipo As´, da classificação

climática de Köppen, caracterizado por um clima tropical chuvoso com verão seco e

estação chuvosa se adiantando para o outono; na porção centro-oeste, predomina o

tipo BSs´h´- clima muito quente e semiárido, com estação chuvosa que se adianta

para o outono; e, no extremo oeste, perfazendo cerca de 10% da área total da bacia,

o tipo BSw´h´ - clima muito quente e semiárido, com estação chuvosa que se atrasa

para o outono (IGARN, 2009).

De um modo geral, as chuvas anuais médias de longo período decrescem do

litoral para o interior, passando de cerca de 1.600 mm na foz para 500 mm na

nascente, gerando um gradiente de aproximadamente 1100m para uma bacia de

extensão longitudinal.

A variação espaço-temporal da precipitação na área de estudo decorre da

atuação isolada e/ou combinada de sistemas sinóticos em diferentes níveis de

escala: global, regional e orografia local, esta última atuando principalmente no

aumento da umidade na porção ocidental da bacia. Ao mesmo tempo, tem-se que

levar em consideração que a bacia está localizada em uma região que é

caracterizada por ser o final de atuação de diferentes sistemas climáticos.

Os mecanismos dinâmicos que produzem chuvas na região da bacia podem

ser classificados em grande escala, responsáveis por cerca de 30% a 80% da

precipitação observada dependendo do local, e mecanismos de meso e micro

escalas, que completam os totais observados. Dentre os mecanismos de grande

escala, destaca-se a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), cujo

posicionamento está relacionado às condições do Dipolo do Atlântico.

Dentre os sistemas de mesoescala, têm-se as perturbações ondulatórias no

campo dos ventos Alísios, ou ondas de leste e complexos convectivos de

mesoescala como os principais produtores das precipitações. Em uma escala mais

reduzida, observa-se a atuação das brisas marítimas, decorrente da variação

barométrica diária entre continente e oceano e a circulações orográficas, formando

pequenas células convectivas de atuação localizada.

28

3.5.1 Zona de Convergência Intertropical

A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é uma grande região de

confluência dos ventos alísios de nordeste, oriundos do sistema de alta pressão ou

anticiclone subtropical do Hemisfério Norte, e dos ventos Alísios de sudeste,

oriundos da alta subtropical do Hemisfério Sul. É caracterizada por uma banda de

nebulosidade e chuvas no sentido leste-oeste aproximadamente (MOLION e

BERNARDO, 2002).

Sobre o Atlântico, a ZCIT migra de sua posição mais ao norte, cerca de 14ºN

em agosto-setembro, para a posição mais ao sul, cerca de 4ºS, durante março-abril.

Esse deslocamento da ZCIT está relacionado aos padrões da Temperatura da

Superfície do Mar (TSM) sobre essa bacia do oceano Atlântico Tropical, e por isso, a

TSM é um dos fatores determinantes na sua posição e intensidade (UVO, 1989).

3.5.2 Complexos convectivos

Os Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM) caracterizam-se como um

conjunto de nuvens cumulonimbus (Cb) frias e espessas que apresentam a forma

circular e crescimento vertical explosivo num intervalo de tempo entre 6 a 12 horas e

associam-se, frequentemente, com eventos de precipitação intensa, acompanhados

de fortes rajadas de vento (SILVA DIAS, 1987).

Os CCMs são responsáveis pela maior parte da precipitação nos trópicos e

em várias localidades de latitudes médias durante a estação quente. A maioria dos

CCMs se forma ao entardecer e nas primeiras horas da noite, quando células

convectivas isoladas se desenvolvem e se unificam em áreas com condições

favoráveis a convecção, sendo então necessário recorrer a um mecanismo de

modulação diurna para acionar o gatilho da convecção, desde que a atmosfera

esteja condicionalmente instável do ponto de vista termodinâmico (CAMPOS e

EICHHOLZ, 2011).

3.5.3. Ondas de leste

Os Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOLs) ou Ondas de Leste (OL) são

sistemas meteorológicos de escala sinótica definidos pela Administração Nacional

29

Oceânica e Atmosférica (NOAA), como sendo um dos mais importantes no que se

diz respeito ao regime de precipitação em muitas regiões tropicais do globo (CHOU,

1990). São ondas que se formam no campo de pressão atmosférica, na faixa tropical

do globo terrestre, na área de influência dos ventos alísios, e se deslocam de oeste

para leste, ou seja, desde a costa da África até o litoral leste do Brasil. Ele provoca

chuvas principalmente na Zona da Mata que se estende desde o Recôncavo Baiano

até o litoral do Rio Grande do Norte (FERREIRA e MELLO, 2005).

Podem ser definidos como perturbações sinóticas associadas a cavados e à

temperatura elevada da superfície do mar, normalmente em baixos níveis (~850-700

hPa), caracterizada por nuvens geralmente convectivas (VAREJÃO SILVA, 2005).

3.5.4 Circulações Orográficas

A variação no relevo é fator que condiciona o aumento da precipitação da

porção ocidental da Bacia, onde a altitude chega a 550m. Conforme é observado na

figura 03, na direção litoral interior vai ocorrendo um aumento topográfico, o que

contribui para na porção mais elevada tem uma variação positiva no volume de

precipitação. Essa condição provocar as chuvas orográficas, que ocorrem quando

uma parcela de ar dotada de certo teor de umidade adevecta paralelamente à

superfície até encontrar a escarpa da Serra de Santana.

Quando isso acontece, o ar tende a continuar seu percurso devido à energia

cinética que possui, elevando-se conforme a inclinação do terreno. Como o

gradiente médio de decréscimo de temperatura é de 6 a 7°C para cada 1000 metros

de elevação (gradiente pseudoadiabático), o ar resfria-se cada vez mais à medida

que se eleva devido ao obstáculo (LIMA, 2015). Com isso, essa parcela de ar

poderá se condensar, o que ocorrerá quando a temperatura do ponto de orvalho

tornar-se igual ou maior que a temperatura dessa própria parcela, formando colunas

de nuvens, normalmente situadas sobre esses obstáculos.

Nas áreas a sotavento de um obstáculo, como uma cadeia montanhosa, há

uma queda nos totais pluviométricos devido ao fato do ar já ter perdido parte ou a

totalidade de sua umidade ao transpô-lo.

30

3.5.6 Distribuição média mensal da precipitação

As figuras 5, 6 e 7 a seguir, representam as médias mensais de três

municípios por serem representativos na região da bacia, sendo eles localizados no

alto, médio e baixo curso da Bacia (Cerro Corá, São Paulo do Potengi e Natal,

respectivamente),

É possível notar, apesar da variação total de precipitação de cada município,

que os meses mais chuvosos em toda área da bacia, vão de janeiro a Setembro.

Os municípios de Cerro Corá (Figura 5) e São Paulo do Potengi (Figura 6)

apresentam os maiores índices de precipitação nos meses de março e abril,

coincidindo com a época de maior atuação da ZCIT na região da bacia.

Figura 5 Precipitação média mensal - Cerro Corá (1992 - 2016)

Fonte: Elaboração própria, 2017

0

20

40

60

80

100

120

140

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

31

Figura 6 Precipitação média mensal - São Paulo do Potengi (1992-2016)

Fonte: Elaboração própria, 2017

O município de Natal (Figura 7) tem no mês de junho a maior média de

precipitação. Tal fenômeno é justificado principalmente pelos complexos convectivos

de mesoescala associados aos distúrbios ondulatórios de leste.

Figura 7 Precipitação média mensal - Natal (1992-2016)

Fonte: Elaboração própria, 2017

0

20

40

60

80

100

120

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

32

4. METODOLOGIA

Partindo da hipótese que a bacia em estudo apresenta uma variabilidade

espacial da precipitação e que a recorrência dos eventos máximos de precipitação

pode ser definida com base na aplicação de modelos matemáticos, estabeleceu-se

um conjunto de procedimentos para o falseamento ou validação das hipóteses

iniciais.

4.1. Caracterização ambiental

Para descrição das unidades litoestratigráficas da área utilizou-se as

informações contidas na Carta Geológica do Rio Grande do Norte, escala de

1:500.000, desenvolvida pela CPRM.

Para descrição da compartimentação geomorfológica utilizou-se a Folhas SB

24/25 Jaguaribe/Natal, na escala de 1:1.000.000, do Radambrasil e perfis

topográficos gerados no ArcGIS 10.1, utilizando os dados topográficos do SRTM.

Os mapeamentos de solos disponíveis para região apresentam escalas

variáveis e com baixa compatibilidade com a escala do trabalho, são eles: Ministério

da Agricultura (1968) escala 1:1.500 000, Embrapa 1972, na escala de 1:500.000 no

Estado do Rio Grande do Norte, RadamBrasil (1981) escala 1:1.000 000.

Já os dados climatológicos foram obtidos através da Empresa de Pesquisa

Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), cotendo as séries pluviométricas

dos municípios da BHRP.

4.2 Espacialização da precipitação

Neste trabalho foram utilizados dados de precipitação, fornecidos pela

Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), referentes

a um período máximo de 25 anos (1992 a 2016) para os 18 municípios. Foi utilizado

um total de 18 pontos de coleta de dados de precipitação, distribuídas por toda a

Bacia Hidrográfica do Rio Potengi, como mostra a figura 8.

33

Figura 8 Mapa com a localização das estações pluviométricas utilizadas

Fonte: elaboração própria, 2017.

Para gerar a espacialização média pluviométrica, foram calculados os valores

das precipitações médias anuais de cada estação da bacia do Potengi, em seguida

as informações foram espacializadas através do Sistema de Informação Geográfica

ArcGis 10.1®. Utilizou-se o método de Interpolação – Inverso da Distância (IDW) e o

Quantil como método de classificação.

4.3 Determinação dos períodos de retorno dos totais pluviométricos

O período de retorno de totais pluviométricos foi determinado através do

método de Gumbel, o qual consiste em uma distribuição de valores extremos anuais,

obtidos como limitantes das distribuições de maiores (ou menores) valores em

amostras aleatórias de tamanho de amostra crescente.

De acordo com Cordeiro et al. (2009) a determinação do período de retorno é

uma maneira de estimar, a partir de dados observados, a previsão de futuras

34

ocorrências de certo evento. Pode ser definido como o tempo médio decorrido entre

as ocorrências de um evento que exceda ou iguale certa magnitude.

Respaldado na sequência de procedimentos para a aplicação da distribuição

Gumbel, foi feita a organização dos dados mensais, em tabela, para todo o período.

Em seguida, foram calculados os parâmetros estatísticos: média aritmética e desvio

padrão. A partir da série histórica foram escolhidos somente os valores máximos

diários de cada ano.

Segundo Righetto (1998), a distribuição de Gumbel foi introduzida em 1941,

com o objetivo de identificar os valores máximos de enchente de um rio, a máxima

precipitação, o máximo vento, etc. Ou seja, ela busca individualizar os eventos de

alta magnitude que promovem histereses nos sistemas naturais e sociais.

Para analisar as maiores valores das precipitações, é usada a distribuição de

Gumbel, conforme Righeto, 1998:

- ln ( ln ( 1 / (1 – (1 / T ))))

Sendo: S = desvio padrão

= média

e = parâmetros P = precipitação T = tempo

Com os dados tratados, foram elaborados gráficos e tabelas que ajudaram a

compreender da melhor forma os resultados.

Por fim, foi realizada uma interpretação dos dados à luz do referencial teórico-

metodológico da Geografia, de forma que a variável meteorológica em questão

(precipitação) fosse compreendida no contexto da dinâmica da paisagem, na

perspectiva da visão geossistêmica.

35

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Variação espaço-temporal

Tomando como base os dados de precipitação de 18 postos de coleta na

Bacia Hidrográfica do Potengi e entorno imediato, a precipitação média anual foi

tabulada (Tabela 02) e especializada (Figuras de 09 a 12). Os dados demonstram

que há uma variação na distribuição espacial da precipitação de 1.241,7mm.

Tabela 2 Precipitação média anual

Posto de Coleta Coordenada X Coordenada Y Precipitação Média Anual

Rui Barbosa -5°55’0.01” -35°56’43.54” 502,776

São Tome -5°58’0.01” -36°4’0.03” 456,918

Cerro Cora -6°3’0.03” -36°21’0.00” 595,352

Barcelona -5°57’0.03” -35°55’0.01” 554,716

Sítio Novo -6°6’0.01” -35°55’0.01” 547,538

Riachuelo -5°49’0.03” -35°49’0.02” 577,544

Lagoa De Velhos -6°0’0.03” -35°52’0.01” 546,175

Tangará -6°10’59.96” -35°47’0.04” 504,933

Santa Maria -5°50’0.02” -35°43’0.03” 713,9

Serra Caiada -6°6’0.02” -35°42’0.02” 576,144

São Paulo Do Potengi -5°54’0.03” -35°46’0.03” 602,216

São Pedro -5°54’0.02” -35°38’0.02” 630,145

Ielmo Marinho -5°49’0.01” -35°33’0.01” 702,77

Senador Elói De Sousa -6°2’0.00” -35°42’0.03” 499,977

Bom Jesus -5°59’0.07” -35°34’0.11” 745,224

São Gonçalo Do Amarante -5°48’0.03” -35°20’0.01” 1203,52

Macaíba -5°53’59.84” -35°21’59.95” 1210,536

Natal -5°50’15.14” -35°12’28.31” 1698,568

Fonte: Elaboração própria, 2017

36

A Figura 9 mostra que os setores mais próximos do litoral apresentam valores

médios de precipitação superiores, os quais vão decrescendo à medida que vai se

afastando do litoral, sentido leste-oeste, com valores que variam de 1.616mm à

457mm. Essa diminuição está nitidamente relacionada aos controles climáticos de

escala local e regional, com destaque para atuação do Vórtice Ciclone na Atmosfera

Superior - VCAN, um sistema que causa a inibição de precipitações na região do

semiárido brasileiro.

Figura 9 Espacialização da precipitação média anual na Bacia do Potengi.

Fonte: elaboração própria, 2017.

O gradiente de diminuição da precipitação é revertido à medida que tem-se a

elevação das cotas topográficas, especialmente nas proximidades da nascente do

Rio Potengi, onde observa-se um ligeiro aumento do valor médio da precipitação

anual. Essa condição decorre da influência do fator orográfico, que tendem a

promover uma convecção forçada do ar úmido que advecta em baixos níveis

atmosféricos, resultando em precipitação localizada.

37

Em relação aos valores médios de precipitações relativas às quadras

chuvosas (Figuras 10, 11 e 12), é evidente a predominância de chuva nas quadras

de Janeiro-Fevereiro-Marco-Abril e Maio-Junho-Julho-Agosto, em torno de 90% do

total anual. Este comportamento já era o esperado e validam os resultados, pois, os

principais mecanismos formadores de chuvas nestas regiões são a Zona de

Convergência Intertropical, atuando entre janeiro e abril e as Brisas marítimas

intensificadas pelas Ondas de Lestes, atuando entre os meses de maio a agosto.

Figura 10 Espacialização da precipitação média - JAN, FEV, MAR, ABR (1992-2016)

Fonte: elaboração própria, 2017.

Cabe ressaltar que a quadra chuvosa que vai de maio a agosto se concentra

apenas na porção litorânea da bacia (Figura 11), tendo em vista que os sistemas

produtores da precipitação dificilmente consegue produzir precipitações na porção

mais interior do continente.

38

Figura 11 Espacialização da precipitação média - MAI, JUN, JUL, AGO

Fonte: elaboração própria, 2017.

No período que compreende os meses de setembro, outubro, novembro e

dezembro, as precipitações diminuem e concentram-se na porção litorânea, onde a

gangorra barométrica continente-oceano produz chuvas rápidas e com baixos

volumes (Figura 12). É o período mais seco na bacia, sendo que os maiores valores

se concentram no litoral, porém esses valores são significativamente baixos

comparados com o período chuvoso.

39

Figura 12 Espacialização da precipitação média - SET, OUT, NOV, DEZ

Fonte: elaboração própria, 2017.

A figura 13 apresenta a distribuição média anual da precipitação em três

diferentes postos da bacia, onde fica evidente o comportamento do volume e

distribuição anual entre as três estações. Os postos de Cerro Corá e São Paulo do

Potengi têm nos meses de março e abril os maiores valores de precipitação,

enquanto no posto de Natal os dois meses mais chuvosos são junho e julho. Tal fato

demonstra que sistemas distintos controlam a precipitação nos diferentes setores da

bacia.

Figura 13 Precipitação média mensal (1992-2016)

Fonte: EMPARN, 2017

0 25 50 75

100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Natal SP Potengi Cerro Corá

40

5.2 Período de retorno

Buscou-se caracterizar os eventos de precipitações máximas (eventos de alta

magnitude e baixa recorrência) na escala de décadas, no contexto da bacia

hidrográfica do Potengi, como base na distribuição de Gumbel. Para tanto, a unidade

bacia hidrográfica constituiu o delimitador da área de estudo e a dinâmica

geomorfológica embasou o entendimento de eventos capazes de promover

alteração na paisagem.

Em termos geomorfológicos, entende-se por eventos máximos aqueles cujo

volume de chuva em (mm) é capaz de mobilizar sedimentos em uma encosta ou em

canais de primeira ordem. Assim, adotou-se como eventos máximos os que

possuem valor de precipitação acima de 50mm e precipitações concentradas em

24h (LEITE, ADACHESKI e VIRGENS FILHO, 2011; SOUZA, 2014; AMORIM,

2015). Segundo Souza (2014), o valor de 50mm/dia de precipitação é utilizado

historicamente para a identificação das chuvas extremas nos EUA.

Com base nas séries históricas de dados de precipitação das estações

meteorológicas de Natal, Cerro Corá e São Paulo Do Potengi, foram aplicados filtros

para identificação das precipitações máximas diárias de cada ano, entre os anos de

1992 e 2016. Esses três postos pluviométricos foram escolhidos por constituírem

amostras representativas dos três contextos de volumes de precipitação existentes

na bacia.

Para o posto localizado na cidade de Natal, distante a 2,3 km do mar, ao

longo do período analisado, foram identificados 25 eventos de precipitação máxima,

ou seja, valores diários acima de 50mm, o que representa a quantidade de 1 evento

por ano. Desse total, 16 eventos tiveram valores acima de 100mm e dois eventos

com valores superiores a 200mm.

O posto localizado no município de São Paulo do Potengi, distante a 65,3 km

do mar, registrou 16 eventos de precipitação com valores acima de 50mm, o que

representa uma quantidade de 0,6 evento por ano. Desse total, 2 eventos superaram

os 100mm.

No posto localizado no município de Cerro Corá, distante a 129,5 km do mar a

uma altitude de 565m, foram identificados 19 eventos com valores de precipitação

diária acima de 50mm, o que representa uma quantidade de 0,8 evento por ano,

sendo 8 deles com valores superiores a 100mm.

41

Cabe ressaltar que há inexistência de dados de precipitação nos anos 2003 e

2016 para o município de Cerro Corá, desta forma, enquanto Natal e São Paulo do

Potengi tiveram uma série de 25 anos de dados, Cerro Corá apresentou apenas 23.

A Tabela 3 apresenta todos os dados de eventos de precipitação máxima anual para

o período descrito.

Tabela 3 Precipitações máximas diárias anuais em Natal, Cerro Corá e SP do Potengi.

Ano Precipitação

máxima diária (mm) – Natal

Ano

Precipitação máxima diária (mm) - Cerro

Corá

Ano

Precipitação máxima diária (mm) - SP do

Potengi

1992 94,2 1992 103 1992 56,5

1993 70 1993 87,4 1993 30,4

1994 87,4 1994 44,6 1994 71

1995 103,8 1995 110 1995 60

1996 79 1996 74 1996 40

1997 122,2 1997 156 1997 156

1998 253,2 1998 30 1998 36

1999 122,6 1999 98 1999 45

2000 184,8 2000 63 2000 61

2001 153,1 2001 64 2001 89

2002 117,5 2002 64 2002 75

2003 82,6 2003 - 2003 26,8

2004 152 2004 72 2004 58,5

2005 163,5 2005 44,7 2005 105,6

2006 128,9 2006 107,7 2006 41,8

2007 118,4 2007 118,7 2007 79,9

2008 216,8 2008 86,2 2008 106

2009 115,5 2009 100 2009 62

2010 69 2010 106 2010 23,5

2011 115,6 2011 142 2011 75

2012 92,7 2012 27 2012 36

2013 125,6 2013 91 2013 77

2014 222 2014 62 2014 65

2015 69,9 2015 50,3 2015 66,2

2016 92,6 2016 - 2016 47,2

média 126,116 média 82,68 média 63,62

Desvpad 49,64 Desvpad 33,5 desvpad 29,47

ᵝ 38,7 ᵝ 26,13 ᵝ 23

ᵅ 103,786 ᵅ 67,60 ᵅ 50,35

42

Com base nos valores máximos de cada ano, foi calculada a média, o desvio

padrão e os parâmetros ᵅ e ᵝ, e os resultados obtidos foram utilizados no método de

gumbel, para calcular as precipitações nos períodos estimados (2, 5, 10, 20, 50, 100,

500 e 1000 anos).

Tabela 4 Cálculo das precipitações máximas dia em milímetros, para vários períodos de retorno usando a distribuição de Gumbel

Variáveis Tempo de retorno de precipitação (mm/dia)

Período de

retorno (ano) 2 5 10 20 25 50 100 500 1000

São Paulo do

Potengi 58,9 84,9 102,1 118,7 123,9 140,1 156,1 193,2 209,3

Cerro Corá 77,27 106,8 126,4 145,2 151,2 169,5 187,8 229,9 248,2

Natal 118,1 161,8 190,9 218,7 227,6 254,8 281,8 344,1 371,2

Pode-se observar que houve uma significativa correlação entre os totais

pluviométricos medidos e aqueles verificados de acordo com o período de retorno

determinado pelo método de Gumbel. Tornando os resultados obtidos satisfatórios,

ao mesmo tempo em que demonstra o grande potencial de aplicação do presente

estudo na gestão do território.

No intervalo de retorno de 10 anos, todos o postos apresentam valores de

precipitação acima de 100mm em 24h, sendo que em Natal esse valor é de

190,9mm, demonstrando que a capital potiguar está sujeita a eventos pluviométricos

que podem desencadear inúmeros transtornos ao ambiente urbano.

Na tabela 3 pode ser observado que a chuva de 222mm, registrada no evento

de junho de 2014, corresponde a um período de retorno entre 10 e 20 anos, ou seja,

é uma chuva com tempo de recorrência curto, do ponto de vista da dinâmica da

paisagem, que pode ocasionar diversos prejuízos, como foi o caso do

voçorocamento que ocorreu em Mãe Luiza.

Quando a paisagem é vista como um elemento da modificação social, com

construções e diferentes tipos de transformações no meio físico, um tempo de

retorno de 10 a 20 anos pode parecer longo, porém é necessário considerar que os

prejuízos gerados e os risco de perdas humanas justifica-se a necessidade de

adotar medidas que permitam adequar o uso do solo à essa dinâmica natural.

43

5.3 Consequências socioambientais

Dentre as consequências dos eventos de precipitação com alta magnitude e

baixa recorrência, os processos erosivos, enchentes e alagamento são os mais

comuns no que tange aos problemas socioambientais.

Nas vertentes de bacias hidrográficas, a erosão hídrica é identificada como a

principal causa do empobrecimento do solo agrícola, em cujo processo a estrutura

do solo é destruída pelo impacto da chuva que atinge a superfície do terreno e, em

seguida, o material solto, rico em nutrientes e matéria orgânica, é removido do local

e depositado nas depressões no interior das vertentes e no fundo dos vales, tendo

como resultado o assoreamento dos leitos dos rios (Pissarra et al., 2005). Na bacia

em análise esse processo é especialmente identificado no baixo curso, onde é

observado um intenso processo de assoreamento do leito menor do rio (Figura 14).

Figura 14 Assoreamento do rio Potengi em área de dragagem para comercialização.

Fonte: Blog Grito Verde, 24 de maio de 2009.

Alem do elevado poder erosivo dos eventos de alta magnitude, têm-se

intervenção humana, por meio da ocupação e uso intensivo do solo, removendo a

44

cobertura vegetal, permitindo que os horizontes superficiais do solo sejam

rapidamente removidos. A mudança de cobertura da terra e a adoção de práticas

agrícolas inadequadas à conservação do solo facilitam a formação de sulcos e

ravinas, especialmente quando o escoamento da água é torrencial (Endres et al.,

2006).

Ao mesmo tempo em que a água transporta os sedimentos, fertilizantes e

agroquímicos vão sendo arrastados, provocando problemas e poluição na rede

hidrográfica, produzindo a eutrofização de mananciais e elevando os custos para o

tratamento do abastecimento humano (SANTOS, GRIEBELER e OLIVEIRA, 2009).

Quando a precipitação se dá sem áreas urbanas, impermeabilizadas, sem um

planejamento urbano capaz de suportar tais eventos, criam uma realidade

desfavorável à população e a seu modo de vida cotidiana. São consequências da

precipitação: as enchentes, inundações, alagamentos e deslizamentos de terra,

como o caso do bairro de Mãe Luíza em Natal/RN, em junho de 2014 (Figura 15).

Figura 15 Desastre ocorrido em Mãe Luiza

.Fonte: RioGrandedoNorte.net, 17 de junho de 2014.

45

Segundo Lima (2017), a dinâmica ambiental intensa, a formação geológica e

geomorfológica, associada à ocorrência de intensas chuvas em uma área com solo

desprotegido (fator que propicia o movimento de massa), e as características

socioambientais do bairro (ausência de infraestrutura e ações de

prevenção/mitigação), foram fatores que levaram à ocorrência do desastre em junho

de 2014, o qual atingiu residências e deixou várias famílias desabrigadas.

A ocorrência de precipitação anômala de chuvas, no período de 13 a 15 de

junho de 2014, foi considerada como a maior precipitação concentrada dos últimos

50 anos em Natal – RN (CPRM, 2014). Cabe destacar que a ocorrência de 03 dias

seguidos com chuva foi resultado da combinação de condições atmosféricas

favoráveis à convecção local e a junção com muita umidade vinda do oceano.

Em referência à ocorrência desse grande volume de chuva, que precipitou,

em um período de 36 horas, cerda de 340 mm, não se pode dizer que foi um evento

raro em uma escala de tempo 100 anos, isso ocorre por influência da Zona de

Convergência Intertropical (ZCIT) e pelas ondas de leste, que faz dos meses de

junho e julho os mais chuvosos.

Desta forma, a erosão hídrica proveniente de chuvas intensas tem

ocasionado problemas de ordem ambiental, econômico e social relevantes ao

equilíbrio natural dos geossistemas em uso.

46

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A paisagem é dinâmica e está sempre evoluindo. Nessa perspectiva, a

precipitação pluviométrica é a responsável por adicionar água ao solo fazendo com

que os processos intempéricos atuem e aprofundem os mantos de intemperismos e

possibilitem o desenvolvimento da vegetação. Por sua vez, quando os valores de

precipitação ultrapassam os limiares de resistência da paisagem, o material friável

passa a ser remobilizado, transitando por diferentes compartimentos

geomorfológicos.

Os dados de espacialização demonstram que há uma significativa variação

espaço-temporal da precipitação dos diferentes compartimentos da bacia. Essa

diferenciação decorre do posicionamento da bacia em relação à área de atuação de

diferentes sistemas climáticos, notadamente a ZCIT e as Ondas de Leste, bem como

relacionada aos controles exercidos pelo o relevo.

Com relação a variação na distribuição espacial da precipitação, foi

observado uma amplitude de 1.241,7mm, com média máxima de 1698mm para a

cidade de Natal e média mínima de 456mm para o município de São Tomé.

Constatou-se, também, que os municípios mais próximos do litoral

apresentam valores médios de precipitação superiores, os quais vão decrescendo à

medida que vai se afastando do litoral. Entretanto, o gradiente de diminuição da

precipitação é revertido à medida que tem-se a elevação das cotas topográficas,

como é o caso do município de Cerro Corá.

O período chuvoso da bacia ficou compreendido entre os meses de janeiro a

agosto, concentrando cerca de 90% do total anual de chuvas, sendo o primeiro

quadrimestre devido principalmente à atuação da Zona de Convergência

Intertropical e o segundo devido as Brisas marítimas intensificadas pelas Ondas de

Leste.

Considerando eventos máximos os que possuem valor de precipitação acima

de 50mm, constatou-se que nos anos de 1992 a 2016 (25 anos), o município de

Natal identificou pelo menos 1 evento máximo por ano. O município de São Paulo do

Potengi registrou eventos máximos em apenas 16 anos, enquanto que Cerro Corá

registrou eventos de precipitação máxima em 19 dos 25 anos estudados.

47

No intervalo de retorno de 10 anos, todos os três municípios apresentam

valores de precipitação acima de 100mm em 24h. Já a chuva de 222mm, registrada

no evento de junho de 2014, corresponde a um período de retorno entre 10 e 20

anos apenas no município de Natal. Os tempos de retorno de precipitações máximas

demonstram a importância de visualizar os fenômenos de forma dinâmica, com a

identificação dos valores que superam a normalidade.

A erosão hídrica proveniente de chuvas intensas tem ocasionado problemas

de ordem ambiental, econômico e social ao longo da bacia do Potengi. À medida

que o homem promove o desmatamento das matas ciliares, os sedimentos são

transportados para dentro do leito do rio, provocando assoreamento ao longo de seu

curso. Em áreas urbanas, a precipitação causa diversos prejuízos à população,

como no caso das enchentes, inundações, alagamentos e deslizamentos de terra.

Na perspectiva do planejamento, observa-se que uma parte significativa da

construção-reconstrução do espaço, não leva em consideração a existência de

inputs de energia e matéria com capacidade para causar danos no tecido urbano.

Grande parte das ações de intervenção na infraestrutura considera apenas valores

médios e pontuais, destoante de uma realidade mais dinâmica e complexa com

grandes variabilidades espaciais e temporais.

Cabe destacar a importância da coleta, de forma contínua e organizada, dos

dados de precipitação para compreensão dos eventos causadores de histerese em

sistemas naturais e sociais. Nesse contexto, observa-se a falta de uma coleta de

dados mais sistematizada por parte dos órgãos competentes, bem como a grande

quantidade de falhas e falta de dados nas séries históricas.

De modo geral, deve-se ressaltar que, apesar das conclusões referidas, por

meio das análises feitas neste trabalho, é importante ainda o estudo de outras

variáveis para que, através, de outras apreciações, possa se ter um maior

entendimento e interpretação geográfica e do regime pluviométrico da bacia do

Potengi, com o intuito de enriquecer conhecimento da mesma. No que tange às

análises do presente trabalho, pode-se concluir que os fenômenos climatológicos de

precipitação com alta magnitude e baixa recorrência são frequentes em uma escala

de tempo de décadas, estando, esses, vinculados à dinâmica climática regionais e

aos condicionantes de controle global.

48

7. REFERÊNCIAS

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