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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS INSTITUCIONAIS FRANCIANE AMORIM DE OLIVEIRA LIMA AFASTAMENTO DO TRABALHO A PARTIR DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE NO CONTEXTO DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR NATAL, RN 2017

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · absenteísmo-doença dos servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O estudo descritivo com ... do processo de afastamento

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

GESTÃO DE PROCESSOS INSTITUCIONAIS

FRANCIANE AMORIM DE OLIVEIRA LIMA

AFASTAMENTO DO TRABALHO

A PARTIR DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE NO CONTEXTO DE

UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR

NATAL, RN

2017

FRANCIANE AMORIM DE OLIVEIRA LIMA

AFASTAMENTO DO TRABALHO

A PARTIR DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE

NO CONTEXTO DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Gestão de Processos Institucionais, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para

obtenção do título de Mestre em Gestão de Processos

Institucionais.

Linha de Pesquisa: Inovação e bem estar no contexto das

organizações.

Orientadora: Prof.ª Dra. Denise Pereira do Rêgo.

NATAL, RN

2017

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas – SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN –

Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCHLA

Lima, Franciane Amorim de Oliveira.

Afastamento do trabalho a partir do sistema de informação em

saúde no contexto de uma instituição federal de ensino superior / Franciane Amorim de Oliveira Lima. - 2017.

97f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de

Pós-Graduação em Gestão de Processos Institucionais. Natal, RN, 2017.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Denise Pereira do Rêgo.

1. Saúde do trabalhador. 2. Afastamento do trabalho. 3.

Sistema de Informação em Saúde. I. Rêgo, Denise Pereira do. II.

Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 331.47

FRANCIANE AMORIM DE OLIVEIRA LIMA

AFASTAMENTO DO TRABALHO

A PARTIR DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE

NO CONTEXTO DE UMA INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Gestão de Processos Institucionais, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para

obtenção do título de Mestre em Gestão de Processos

Institucionais.

Aprovada em:____/______/____

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________

Prof.ª Dra. Denise Pereira do Rêgo

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

(Presidente)

________________________________________________________

Prof.ª Dra. Cleonice Andréa Alves Cavalcante

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

(Examinador interno)

_______________________________________________________

Prof.ª Dra. Elisângela Franco de Oliveira Cavalcante

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

(Examinador interno)

_______________________________________________________

Prof. Dr. João Bosco Filho

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN

(Examinador externo)

Dedico esta dissertação aos servidores da UFRN, por

representarem a maior riqueza da instituição,

demandando desta, maior investimento em saúde e

qualidade de vida no trabalho. “Foi o tempo em que

dedicastes à tua rosa que a fez tão importante”.

Pequeno príncipe

“Em Deus faremos proezas”

Davi

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida e por representar tudo para mim, sou grata pela força, graça

e ajuda decisiva na concretização de mais um sonho: o mestrado.

A minha mãe Francisca Amorim, mulher de fé, batalhadora. É aposentada da UFRN,

e me deu a honra de auxiliar no regaste histórico da Junta médica, é meu exemplo maior.

Ao meu amado esposo Alexandre Henrique, por tanto amor, companheirismo e

paciência nessa jornada. Extensivo aos nossos amados filhos: Alexandre Felipe e André

Felipe, pela compreensão, mesmo tão pequenos, se tornaram como grandes para entender os

momentos de ausência e dedicação ao mestrado, vocês são o meu melhor.

À família: irmãs Franciana, Francileide, Francilene, cunhados e sobrinhos, minha

base.

Agradeço especialmente à Prof.ª Drª. Denise Rêgo, minha orientadora, exemplo de

humildade e sabedoria, por compartilhar de forma tão nobre seus conhecimentos, sempre

procurando me tranquilizar nessa árdua jornada.

Às minhas amigas professoras da Escola de Saúde/UFRN: Lúcia Macedo, Cleonice

Andreia e Elisangela Franco, me ajudaram durante o mestrado, meus anjos.

À Gilvânia Moraes, Coordenadora da Coordenadoria de Qualidade de Vida/UFRN,

sua amizade e força foram primordiais para mim. Exemplo de perseverança.

À Mirian Dantas, Pró-reitora de Gestão de Pessoas/UFRN, por seu incentivo e ajuda

no momento em que as forças estavam se esgotando, me fazendo prosseguir.

À família da Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor DAS/UFRN, em destaque, à

equipe da perícia em saúde (Unidade SIASS-UFRN), pela colaboração e conhecimento

partilhado no estudo, vocês são simplesmente especiais.

Aos estimados mestres e colegas do PPGPI/ UFRN, pela amizade e construção

coletiva do conhecimento.

À UFRN, pelo investimento na qualificação profissional dos seus servidores. Aqui eu

cresci, estudei e há vinte e dois anos faço parte do seu quadro funcional, uma honra.

LIMA, Franciane Amorim de Oliveira. Afastamento do trabalho a partir do Sistema de

Informação em Saúde no contexto de uma Instituição Federal de Ensino Superior. 2017.

95f. Dissertação (Mestrado em Gestão de Processos Institucionais) - Centro de Ciências

Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.

RESUMO

O afastamento do trabalho por licença para tratamento da própria saúde ou absenteísmo-

doença destaca-se como relevante temática na área da saúde do trabalhador. Este estudo teve

como objetivo analisar o afastamento do trabalho por absenteísmo-doença a partir do Sistema

de Informação em Saúde e Segurança no Trabalho (SIAPE SAÚDE), no contexto de uma

Instituição Federal de Ensino Superior. Buscou-se, assim, entender o funcionamento do

Sistema de Informação em Saúde e sua contribuição para produção das informações sobre o

absenteísmo-doença dos servidores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O

estudo descritivo com procedimento multimétodo sequencial, com etapas quantitativa e

qualitativa, foi realizado na sede da Unidade do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do

Servidor Público Federal (Unidade SIASS-UFRN), desenvolvido em duas fases. Inicialmente,

uma pesquisa documental visando efetuar um mapeamento dos afastamentos dos servidores

da instituição no ano 2016, através da consulta aos relatórios gerenciais disponíveis no

sistema. Na segunda fase, foram realizadas entrevistas com a equipe da perícia em saúde para

ampliar o conhecimento sobre o processo institucional dos afastamentos, notadamente,

através de um olhar analítico do Sistema de Informação em Saúde. No tratamento dos dados

foram utilizadas a estatística descritiva e a análise de conteúdo. Os resultados evidenciam que

ocorreram 992 afastamentos por perícia, nos quais se destacam aqueles decorrentes de

Transtornos Mentais e Comportamentais (CID F), que acometem servidores nos cargos de

assistentes em administração, auxiliares de enfermagem e professores do magistério superior.

Observou-se a prevalência de afastamentos entre o sexo feminino e nos Hospitais

Universitários. Em relação à análise do processo de afastamento e seu registro no sistema, o

SIAPE SAÚDE foi avaliado positivamente, principalmente por promover uma unificação do

registro para todos os órgão federais. Entretanto, como ponto negativo, destaca-se a

necessidade de avaliação contínua, atualização e melhorias, uma vez que trata-se de uma base

de dados antiga. Conclui-se, então, que o sistema representa um avanço para análise dos

afastamentos no nível local, porém, requer maior investimento da Administração Pública

Federal visando o seu aprimoramento.

Palavras-chave: Saúde do trabalhador. Afastamento do trabalho. Sistema de Informação em

Saúde.

LIMA, Franciane Amorim de Oliveira. Removal of work from the Health Information

System in the context of a Federal Institution of Higher Education. 2017. 95f.

Dissertation (Master in Management of Institutional Processes) - Center of Human Sciences,

Letters and Arts, Federal University of Rio Grande do Norte, Natal, 2017.

ABSTRACT

The removal of work by license to treat their own health or absenteeism-disease stands out as

a relevant issue in the area of worker health. The objective of this study was to analyze the

absence of absenteeism-disease work from the Health and Safety Information System at Work

(SIAPE SAÚDE), in the context of a Federal Institution of Higher Education. The aim was to

understand the functioning of the Health Information System and its contribution to the

production of information about the absenteeism-illness of the employees of the Federal

University of Rio Grande do Norte. The descriptive study with a sequential multimethod

procedure, with quantitative and qualitative steps, was carried out at the headquarters of the

Federal Public Server Integrated Health Service Subsystem Unit (SIASS-UFRN Unit),

developed in two phases. Initially, a documentary search to map the departures of the

institution's servers in the year 2016, by consulting the managerial reports available in the

system. In the second phase, interviews were conducted with the health expertise team to

increase knowledge about the institutional process of withdrawal, notably through an

analytical view of the Health Information System. Descriptive statistics were used in the

treatment of the data. content analysis. The results evidenced that there were 992 departures

for expertise, in which the ones due to Mental and Behavioral Disorders (CID F), that affect

employees in the positions of administrative assistants, nursing assistants and teachers of the

higher teaching profession, stand out. It was observed the prevalence of separation between

the female sex and the University Hospitals. Regarding the analysis of the removal process

and its registration in the system, SIAPE SAÚDE was evaluated positively, mainly for

promoting a unification of the registry for all federal agencies. However, as a negative point,

there is a need for continuous evaluation, updating and improvements, since it is an old

database. It is concluded, therefore, that the system represents an advance for the analysis of

departures at the local level, however, it requires more investment from the Federal Public

Administration aiming at its improvement.

Keywords: Worker's health. Absence from work. Health Information System.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Levantamento dos serviços e documentos envolvidos no processo

institucional dos afastamentos do trabalho na Unidade SIASS-UFRN, em 2016......

58

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Organograma da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas. Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017..........................................

14

Figura 2 – Acesso ao SIAPEnet módulo saúde.......................................................... 37

Figura 3 – Fluxograma – Etapas da pesquisa ............................................................ 39

Gráfico 1 – Ocorrências de afastamentos dos servidores da UFRN, por grupos da

CID/10, no ano 2016..................................................................................................

42

Gráfico 2 – Número de dias de afastamento dos servidores da UFRN, por grupo da

CID/10, no ano 2016...................................................................................................

43

Gráfico 3 – Percentual de dias de afastamento dos servidores da UFRN por gênero,

grupo F da CID/10, no ano 2016.................................................................................

45

Figura 4 – Organograma da Unidade SIASS-UFRN. PROGESP/DAS/COVEPS

Módulo: Perícia Oficial em Saúde – Licença para tratamento da própria

saúde............................................................................................................................

53

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Quantitativo de afastamentos entre as causas mais frequentes do grupo F da

CID 10, no ano 2016............................................................................................................

44

Tabela 2 – Distribuição da equipe da Unidade SIASS-UFRN, por gênero, no ano

2016.....................................................................................................................................

45

Tabela 3 – Quantitativo de afastamentos dos servidores da UFRN por setor, grupo F da

CID/10, no ano 2016...........................................................................................................

46

Tabela 4 – Vínculo da equipe da Unidade SIASS-UFRN................................................... 59

Tabela 5 – Distribuição da equipe da Unidade SIASS-UFRN, por gênero, em Natal,

RN........................................................................................................................................

59

Tabela 6 - Tempo de trabalho da equipe na Unidade SIASS-UFRN.................................. 59

Tabela 7 – Percepção dos entrevistados sobre o fluxo dos afastamentos na Unidade

SIASS-UFRN, ano 2016, Natal, RN...................................................................................

60

Tabela 8 – Conhecimento do registro dos afastamentos antes da Unidade SIASS-

UFRN..................................................................................................................................

60

Tabela 9 – Pontos considerados positivos no SIAPE SAÚDE/Unidade SIASS-UFRN,

no ano 2016.........................................................................................................................

61

Tabela 10 – Pontos considerados negativos no SIAPE SAÚDE/Unidade SIASS-UFRN,

no ano 2016.........................................................................................................................

61

Tabela 11 – Sugestões de melhorias no SIAPE SAÚDE/Unidade SIASS-UFRN, no ano

2016.....................................................................................................................................

62

Tabela 12 – Acompanhamento dos afastamentos do trabalho dos servidores da UFRN

pela Unidade SIASS-UFRN, no ano 2016..........................................................................

63

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................

12

2 O AFASTAMENTO DO TRABALHO A PARTIR DO SISTEMA DE

INFORMAÇÃO EM SAÚDE – SIS: APORTES TEÓRICOS ..............................

18

2.1 TRABALHO E A SAÚDE DO TRABALHADOR............................................... 18

2.2 VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR .............................................

2.3 ADOECIMENTO E AFASTAMENTO DO TRABALHO ...................................

23

30

2.4 O SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)........................................... 32

3 INVESTIGANDO O AFASTAMENTO DO TRABALHO NO SIS:

METODOLOGIA DA PESQUISA ..........................................................................

39

4 O AFASTAMENTO DO TRABALHO E O FUNCIONAMENTO DO SIS

NO ÂMBITO DA UFRN: RESULTADOS OBTIDOS...........................................

42

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS AFASTAMENTOS COM BASE NOS

RELATÓRIOS PERICIAIS..........................................................................................

42

4.2 O PROCESSO DE AFASTAMENTO NA UNIDADE SIASS-UFRN..................

4.2.1 Resgate histórico do trabalho médico pericial na UFRN...............................

4.2.2 O funcionamento da Unidade SIASS-UFRN...................................................

46

47

52

4.3 O SIAPE SAÚDE NA ÓTICA DOS PRINCIPAIS ATORES ENVOLVIDOS.... 58

4.3.1 Os operadores do Sistema de Informação de Saúde e Segurança do

Servidor Público Federal............................................................................................

58

5. ENTENDENDO OS AFASTAMENTOS E O SIS: DISCUSSÃO DOS

RESULTADOS ...........................................................................................................

64

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 75

REFERÊNCIAS ......................................................................................................

APÊNDICES.............................................................................................................

APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista ....................................................................

APÊNDICE B – Modelo proposto para Fluxo Interno do Servidor para concessão

do afastamento na Unidade SIASS-UFRN.................................................................

APÊNDICE C – Modelo proposto para Planilha de Registro Interno dos

Afastamentos na UFRN..............................................................................................

APÊNDICE D – Distribuição das principais informações do trabalho pericial na

UFRN, entre os anos de 1960 – 2016.........................................................................

ANEXOS....................................................................................................................

ANEXO A – Folder Informativo da Unidade SIASS-UFRN....................................

78

87

88

89

90

91

92

93

ANEXO B – Modelo do Laudo médico pericial........................................................

ANEXO C – Fluxo dos afastamentos na Unidade SIASS.........................................

ANEXO D – Planilha de espera SIASS.....................................................................

94

95

96

12

1 INTRODUÇÃO

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN é a maior Instituição Federal

de Ensino Superior – IFES do Estado do Rio Grande do Norte. A partir da década de 1990,

com a implementação do modelo da administração pública gerencial, as IFES passaram por

um processo de adequação às novas demandas impostas, requerendo novo perfil da sua força

de trabalho (polivalência, habilidade na resolução dos problemas, iniciativa e pró- atividade)

e, a exemplo da iniciativa privada, passaram a priorizar a eficiência, justiça, celeridade dos

processos, qualidade dos serviços e redução dos custos (OLIVEIRA, 2016). Nesse contexto,

ocorreram mudanças na essência do trabalho realizado e na forma como este se organiza.

Para Marx (1996), o trabalho resulta da interação entre o homem e a natureza. Assim,

quando atua sobre a natureza e modificando-a, ao mesmo tempo, ele modifica a sua própria

natureza. Trabalho é, portanto, esforço e resultado. Neste sentido, o trabalho origina-se de

necessidades fisiológicas do ser humano, mas materializa-se essencialmente na relação entre

os homens ou entre estes e o ambiente. Ocupando grande parte do espaço e do tempo na vida

do ser humano, o trabalho não é considerado apenas meio para prover a subsistência e a

satisfação das necessidades básicas, constitui-se, também, em fonte de realização pessoal e de

autoestima (ZANELLI et al., 2014).

As condições a partir das quais o trabalho é desenvolvido, bem como a relação do

sujeito com sua produção, impactam em sua subjetividade, trazendo consequências diversas

(NAVARRO; PADILHA, 2007; LIMA et al., 2012).

Para Dejours e Abdoucheli (2014, p. 143), “o trabalho não é apenas um teatro aberto

ao investimento subjetivo, ele é também um espaço de construção de sentido e, portanto, de

conquista de identidade, da continuidade e historização do sujeito”. Nele, são contempladas as

dimensões psicológica, social e econômica em cada conjuntura, voltadas para atender à lógica

capitalista de produção e efetivada à custa de muito sacrífico, o que se reflete em menos

qualidade de vida e saúde dos trabalhadores (MAGALHÃES, 2011).

Partindo do princípio que o corpo vivencia essas transformações, a vida laboral,

repleta de exigências e estresse, em muitos casos, propicia a perda da autonomia e

potencializa o adoecimento e afastamento do trabalho. Fato é que, num contexto em que a

precarização do trabalho cada vez mais atinge trabalhadores das mais diversas categorias, só

aumentam as chances de se instalarem as doenças, dentre elas, as doenças mentais. Por

conseguinte, o adoecimento e o afastamento são situações que podem comprometer todas as

13

esferas da vida do indivíduo, principalmente o seu trabalho e a relação com familiares e

amigos (COSTA, 2016).

São muitas as formas de adoecimento direta ou indiretamente relacionadas ao trabalho.

As Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhecem o estresse

como a maior epidemia mundial do século devida à estimativa de que cerca de 25% de toda

população irá experimentar sintomas deste agravo pelo menos uma vez na vida (SILVA;

YAMADA, 2008). A OMS estima, ainda, que dentre os afastamentos dos trabalhadores, cerca

de 30% estão relacionados aos Transtornos Mentais menores e, entre 5 a 10%, a transtornos

mentais graves. A depressão grave configura-se, atualmente, como a principal causa de

incapacidade em todo mundo, devendo se manter em tal patamar ou, no máximo, chegar a um

segundo lugar nos próximos 20 anos (BRASIL, 2001).

O Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) também considera o afastamento

por transtornos mentais e comportamentais como a terceira causa de afastamentos longos

(mais que 15 dias) do trabalho no Brasil. Fazendo parte desta estatística, em primeiro lugar,

estão os transtornos de humor (depressão), em segundo lugar, os transtornos neuróticos

(transtornos ansiosos e reações ao estresse), em terceiro lugar, os transtornos por uso de

drogas e álcool (MACHADO, 2012; CAMPELO, 2015).

O afastamento do trabalho também é denominado absenteísmo e, sinteticamente, pode

ser entendido como “a falta ao trabalho por parte do empregado”. A Organização

Internacional do Trabalho (OIT) define o absenteísmo por enfermidade/doença como “o

período de ausência laboral que se aceita como atribuível a uma incapacidade do indivíduo,

exceção feita para aquela derivada de gravidez normal ou prisão” (OIT, 1989, p. 5).

A sistematização dos dados sobre o afastamento do trabalho no serviço público federal

se deu tardiamente, uma vez que as informações só foram efetivamente uniformizadas a partir

do ano 2010, como a implantação do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor

Público Federal – SIASS. Eixos da assistência à saúde, a perícia oficial, a promoção e

vigilância à saúde e o acompanhamento da saúde dos servidores, configuram a Política de

Atenção à Saúde e Segurança do trabalho do Servidor Público Federal – PASS, estabelecida

pelo governo federal (BRASIL, 2009a).

O Sistema de Informação em Saúde – SIS, denominado Sistema de Informações de

Saúde e Segurança no Trabalho da Administração Pública Federal – SIAPE SAÚDE é

configurado como a base dos dados epidemiológicos que subsidia os três eixos de atuação do

SIASS, caracterizando-se por ser o sistema informatizado da Administração Pública Federal

que disponibiliza os dados relativos à saúde do servidor, transformando-os em informações

14

gerenciais, de forma que as áreas de recursos humanos possam acompanhar os afastamentos,

as aposentadorias por invalidez, os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais, dando-

lhes o tratamento adequado (BRASIL, 2017).

No Rio Grande do Norte, o SIASS foi implantado na UFRN (Unidade SIASS –

UFRN) em 2010 pelo Termo de Cooperação Técnica – ACT n° 003/2010, atendendo a

maioria dos servidores públicos federais do Estado. Estes utilizam os serviços de perícia

oficial de saúde para concessão dos seus direitos, a exemplo da Licença para Tratamento da

Própria Saúde do servidor e, consequentemente, o seu afastamento do trabalho (CAMPELO,

2015; COSTA, 2016).

A Unidade SIASS-UFRN localiza-se no campus central da UFRN, nas dependências

da Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS), subordinada a Pró-Reitoria de Gestão de

Pessoas (PROGESP/UFRN), através da Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e

Perícia em Saúde (COVEPS), conforme figura 1.

Figura 1 – Organograma da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas. Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Natal/RN, Brasil, 2017.

Legenda/Fonte: Adaptado do Organograma da PROGESP (MAGALHÃES, 2017).

PROGESP: Pró-reitoria de Gestão de Pessoas; CQVT: Coordenadoria de Qualidade de Vida no Trabalho.

DAS: Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor; CAS: Coordenadoria de Atenção à Saúde do Servidor.

COPS: Coordenadoria de Promoção da Segurança do Trabalho e Vigilância Ambiental.

COAPS: Coordenadoria de Apoio Psicossocial ao servidor.

COVEPS: Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Perícia em Saúde.

Na condição de servidora da UFRN há 20 anos, foi possível para a autora acompanhar

as inúmeras mudanças e desafios vivenciados pela instituição ao longo dos últimos anos,

principalmente no que se refere à implementação das políticas voltadas para a promoção da

saúde e bem estar do trabalhador. Ao vivenciar a rotina do serviço público federal,

notadamente na área da informação em saúde (destes, dezessete anos no Hospital

15

Universitário Onofre Lopes – HUOL e os últimos cinco na Diretoria de Atenção à Saúde do

Servidor – DAS/UFRN), tornou-se comum para a pesquisadora ver o crescente número de

profissionais comparecerem ao serviço da Perícia Oficial em Saúde buscando a concessão do

direito em se afastar do trabalho devido ao adoecimento. Ao mesmo tempo, ao longo desta

trajetória, foi-lhe possível se deparar com as limitações dos relatórios gerenciais do SIAPE

SAÚDE, bem como os inúmeros problemas derivados da ausência de uma maior

sistematização dos dados no âmbito local.

O cotidiano do trabalho desenvolvido na DAS, levou a elaboração de vários

questionamentos sobre como ocorre o processo institucional dos afastamentos do trabalho na

instituição, em destaque para coleta, processamento e transformação destes dados em

informações epidemiológicas para subsidiar a gestão no planejamento das ações de promoção

à saúde e qualidade de vida no trabalho. Propiciou, ainda, uma reflexão sobre os problemas

inerentes as limitações quanto à sistematização de dados sobre os afastamentos por motivo de

saúde, ponto de partida para a investigação proposta. Assim, o desenvolvimento deste estudo

orientou-se pela busca de respostas para as seguintes questões: Quais as causas do

afastamento do trabalho entre os servidores da UFRN? Como ocorre a alimentação e

retroalimentação do SIAPE SAÚDE na instituição? Diante das limitações do SIAPE SAÚDE,

como a UFRN está acompanhando e realizando o diagnóstico dos afastamentos do trabalho na

instituição? Quais os pontos positivos e negativos que exigem um ajuste visando à melhoria

do SIAPE SAÚDE no âmbito da UFRN?

A proposição de um estudo sistemático buscou problematizar como o SIAPE SAÚDE

está contribuindo para a implementação da PASS e, principalmente, para o conhecimento e

acompanhamento dos afastamentos no nível local. Considerando o importante papel que a

informação em saúde tem em subsidiar a gestão na tomada de decisões, principalmente no que

se refere ao absenteísmo-doença na instituição, busca-se neste trabalho, lançar um olhar

analítico sobre o sistema de informação em saúde, de modo a ampliar o conhecimento sobre

seu funcionamento, limites e possibilidades.

Neste sentido, o presente estudo teve como objetivo geral analisar o afastamento do

trabalho por absenteísmo-doença a partir do Sistema de Informação em Saúde e Segurança no

Trabalho – SIAPE SAÚDE no contexto de uma Instituição Federal de Ensino Superior, a

UFRN. Como objetivos específicos, buscou-se:

Caracterizar os afastamentos a partir da disponibilidade dos relatórios

gerenciais do referido sistema;

Descrever o funcionamento do SIAPE SAÚDE na Unidade SIASS-UFRN;

16

Identificar os pontos positivos e negativos do Sistema;

Apresentar sugestões visando melhorias do sistema para o nível local,

notadamente no que se refere ao registro dos afastamentos.

Levando em conta que o banco de dados do SIAPE SAÚDE é considerado a base para

a produção do conhecimento sobre saúde e segurança dos servidores públicos federais

(organizado em cinco módulos: perícias em saúde, exames médicos periódicos, promoção à

saúde, vigilância dos ambientes e processos de trabalho, concessões de adicionais

ocupacionais, exames para investidura em cargo público e informações gerenciais) e que os

dados coletados e transformados em informações representam ferramentas, indicadores

necessários para analisar eventos, bem como, subsidiar o planejamento das ações de

prevenção e promoção à saúde, é fato que nem sempre tais informações são acessíveis.

A limitação ou indisponibilidade dos dados do SIAPE SAÚDE (principalmente para o

nível local) contraria o que recomenda as diretrizes do Sistema Único de Saúde – SUS para

um Sistema de Informação em Saúde, uma vez que este deve possibilitar a análise da situação

de saúde (interna), justamente por ser localmente que cabe a responsabilidade não apenas com

a alimentação dos sistemas, mas também, com a sua análise, organização e gestão. Assim, o

nível local deve dispor de maior número de variáveis para efetuar suas análises

epidemiológicas, considerando que as informações devem ter oportunidade, atualidade e

disponibilidade (BRASIL, 2009, p. 17).

A exemplo do que ocorreu em todo pais, o primeiro módulo do SIAPE SAÚDE

implantado na UFRN, em 2010, foi o da Perícia Oficial em Saúde. Nele, são registrados os

atos periciais e, entre estes, o afastamento do trabalho por motivo de saúde. Hoje, a instituição

é a que sistematiza o maior número de servidores públicos (com mais de 5.000) do Estado do

Rio Grande do Norte, prestando um relevante serviço à sociedade potiguar. Entretanto, a

experiência da autora mostrou que, no âmbito local, nem sempre há oportunidade, atualização

e disponibilização de informações. Neste sentido, a investigação justifica-se pela necessidade

de melhor entender como se dá o registro dos afastamentos do trabalho, de modo a ampliar a

compreensão sobre o Sistema de Informação em Saúde no âmbito da UFRN. Mostrando-se

relevante do ponto de vista institucional, uma vez que poderá contribuir com a melhoria de tal

sistema, principalmente no que concerne à atualização e disponibilização de dados, conforme

apregoado pelo SUS.

O presente documento apresenta os resultados da investigação realizada, sendo

estruturada em cinco capítulos. O primeiro capítulo discute o afastamento do trabalho a partir

do SIS, destacando alguns aportes teóricos que permitem um maior entendimento sobre a

17

saúde do trabalhador, o adoecimento e o afastamento do trabalho e o próprio SIS. O segundo

capitulo apresenta a metodologia da pesquisa, descrevendo como se deu a investigação sobre

o processo de afastamento do trabalho e seu registro no SIS. Em seguida, no capítulo três, são

apresentados os resultados obtidos, com destaque para a caracterização dos afastamentos,

conforme relatórios gerenciais do SIAPE SAÚDE, bem como dados derivados de observação

e entrevistas com os servidores da Unidade SIASS-UFRN sobre o funcionamento do SIS no

âmbito da UFRN. O capítulo quatro discute os resultados obtidos e nele são analisados o

processo de afastamentos e as particularidades do funcionamento do SIS. Por fim, a título de

conclusão do estudo, o capítulo cinco destaca os achados e as limitações da pesquisa, bem

como as contribuições e proposições visando uma melhoria nos processos institucionais e

ampliação do conhecimento sobre o tema.

18

2 O AFASTAMENTO DO TRABALHO A PARTIR DO SISTEMA DE

INFORMAÇÃO - SIS: APORTES TEÓRICOS

2.1 TRABALHO E A SAÚDE DO TRABALHADOR

A palavra trabalho deriva da expressão grega tripalium (instrumento de tortura)

representando um sentimento de mal-estar, esforço demasiado e castigo que estava associado

ao pensamento e as práticas escravistas do Império Romano. A concepção do que seja

trabalho vai mudando de acordo como a dinâmica social, sendo a mudança mais visível

aquela derivada do surgimento do capitalismo, por volta do século XVIII na Inglaterra,

quando o trabalho passa a condição de aspecto fundamental no desenvolvimento do Estado

moderno e manutenção da recém criada burguesia (ZANELLI et al., 2014).

Segundo Zanelli et al. (2014), se na Grécia Antiga o trabalho era exercido por escravos

ou pelos homens livres, os não cidadãos, estando associado à desonra e a desgraça e, do

mesmo modo, na Renascença e início da Idade Moderna, estava reservado aos que não tinham

poder ou dinheiro ou, no máximo, voltava-se exclusivamente para garantir a subsistência de

servos e senhores feudais, na Idade Contemporânea, com o advento do Capitalismo Moderno,

ele assume, enfim, um valor positivo. Engendrou-se, assim, uma concepção do trabalho que o

exalta como central na vida das pessoas, como único meio digno de ganhar a vida,

independentemente de seu conteúdo.

Ainda para esses autores, nos primórdios do capitalismo, progressivamente se

consolida a ideia de que o trabalho duro conduz ao sucesso econômico. Inicialmente, a fábrica

ou a oficina representavam a única opção em relação ao campo (onde imperava a extrema

falta de meios de sobrevivência) e nelas, a realidade do trabalho concreto era extremamente

adversa.

Sob o capitalismo, desponta o pensamento de Karl Marx, que assinalava o progressivo

processo de alienação a que era submetido o trabalhador, dando visibilidade à luta de classes

inerente a esse modo de produção, de um lado, a classe burguesa, detentora dos meios de

produção e de outro, a classe do proletariado, que vendia sua força de trabalho como

mercadoria em troca de um salário não justo (MARX, 1996).

No sistema capitalista de produção, a criatividade é substituída pelo trabalho abstrato,

em que o operário realiza sua tarefa e contribui com parte do produto de forma repetitiva e

alienada, sem ter a noção do todo, atuando em ambientes fechados e insalubres, trabalhando

por longas horas, potencializando o adoecimento e o afastamento do trabalho.

19

Naquele momento, o consumo da força de trabalho, resultante da submissão

dos trabalhadores a um processo acelerado e desumano de produção, exigiu

uma intervenção, sob pena de tornar inviável a sobrevivência e reprodução

do próprio processo (MENDES; DIAS, 1991, p. 341).

Um conjunto de fatos socioeconômicos e políticos cria o contexto favorável às

mudanças na forma de gerenciar o trabalho e leva à elaboração de uma sustentação científica

para a concepção e organização deste. Surge, então, a Administração Científica, (que tem

como expoentes Taylor e Fayol) que visava, basicamente, o controle absoluto do processo de

trabalho a partir de um gerenciamento sistemático que instaura a divisão social do trabalho

(quem planeja e quem executa) e reduzia o homem a uma máquina (LACAZ, 2014).

Foucault (2001) assinala que o capitalismo redefiniu a relação social e subjetiva

quanto ao controle sobre o corpo e sobre a saúde, até por que, para que pudesse se

desenvolver, era fundamental moldar controladamente os corpos ao processo de produção.

Alienado, sem nenhum controle ou autonomia em relação ao ritmo ou a forma como se

apropriará do próprio trabalho, o trabalhador mais e mais adoece e é nesse momento que a

medicina, enquanto principal encarregada de cuidar da saúde corporal (visando manter os

empregados aptos) ganha espaço (MENDES; DIAS, 1991).

Progressivamente, se instaura o esgotamento do modelo taylorista-fordista. Fatores

tais como o declínio da hegemonia das superpotências, a diminuição da produtividade em

decorrência da resistência organizada pelos trabalhadores, a internacionalização da economia,

a recessão (baixas taxas de crescimento e altas taxas de inflação), a adoção de novas

tecnologias na produção (informática e automação), a revolução dos meios de comunicação, a

flexibilização do processo produtivo e a globalização, dentre outros, deram margem para o

surgimento de novos estilos de gestão (LACAZ, 2014; HOEFEL; SEVERO, 2011).

Reestruturação produtiva, redução dos postos de trabalho, surgimento de formas

desregulamentadas de trabalho, precarização e inovação são as marcas do trabalho na

contemporaneidade. A ameaça aos trabalhadores de ter sua força de trabalho dispensada a

qualquer momento, a instabilidade e o estresse cotidiano, a submissão (por vezes consciente)

a situações de risco, promovem uma explosão de novas queixas de saúde. E nesse território

mutante, fluido e flexível da acumulação do capital que se configura o “novo” mundo do

trabalho e no qual se desenha o perfil dos trabalhadores urbanos – e crescentemente dos rurais

nos agronegócios – com reflexos sobre sua vida e sua saúde. É sob o capitalismo que o

trabalho torna-se central para o homem, a ponto de ser tido como aspecto determinante na

20

saúde e adoecimento dos sujeitos, mas como se instituiu e se desenvolveu o campo de estudos

sobre as relações entre trabalho e saúde? A seguir, uma breve incursão sobre esse tema.

Com a Revolução Industrial e o estabelecimento do capitalismo moderno, o

gerenciamento do trabalho passou a se pautar na utilização, à exaustão, da força de trabalho

disponível, o que propiciou o aumento dos casos de afastamento e adoecimento entre os

trabalhadores e a consequente diminuição nos índices de produtividade e desempenho. A

Medicina do Trabalho, como fruto da preocupação dos proprietários das fabricas pelo alto

índice de adoecimento e absenteísmo dos seus operários, emerge como instrumento voltado

para o ajustamento do trabalhador, visando reconduzi-lo ao trabalho, de modo a não

comprometer os lucros e a produção da mais valia, portanto, inserida em um modelo médico

privatista (MENDES; DIAS, 1991).

Se vislumbrava uma nova era: os conhecimentos da "medicina científica",

unicausal, com base na teoria microbiana, somavam-se ao reconhecimento

dos conceitos da Medicina Social, onde aspectos como habitação,

saneamento, trabalho e outros entram como cofatores determinantes na

gênese do processo de doença. O modelo de serviços médicos dentro das

empresas difundiu-se para vários países da Europa e de outros continentes,

paralelamente ao processo de industrialização, e passou a ter um papel

importante no controle da força de trabalho através do aumento da

produtividade e regulação do absenteísmo (MENDES; DIAS, 1991, p. 341).

A Medicina do Trabalho, baseada na teoria da unicausalidade1, tinha como proposta

central a adaptação do trabalhador ao trabalho por meio da manutenção da saúde deste, uma

pratica que refletia o pensamento mecanicista (que fundou a própria medicina), o

desenvolvimento da anatomopatologia e da fisiologia e, principalmente, Administração

Científica do Trabalho (MENDES; DIAS, 1991).

A prática da Medicina do Trabalho, após a segunda guerra mundial, abre espaço para

uma nova forma de ação político-sanitária, denominada de Saúde Ocupacional. Baseada no

modelo multicausal do processo saúde-doença2, tal proposição amplia o olhar sobre a

concepção de saúde e doença, focando-se em intervenções nos ambientes de trabalho e no

envolvimento de outros profissionais de saúde.

Para Mendes e Dias (1991), a Saúde Ocupacional emerge ante a impotência da

Medicina do Trabalho em responder aos problemas de saúde causados pelos processos de

1 Unicausalidade: teoria que atribui as causas das doenças ser provenientes unicamente dos vírus e bactérias. 2Multicausalidade: teoria que atribui a causa das doenças ser advinda de diversos fatores como as características

individuais, comportamentais, fatores de risco, estilo de vida, entre outras coisas.

21

produção. A ênfase é na higiene industrial, visando controlar os riscos, principalmente os de

natureza ambiental.

“Saúde Ocupacional” surge, sobretudo, dentro das grandes empresas, com o

traço da Multi e interdisciplinaridade, com a organização de equipes

Progressivamente multiprofissionais, e a ênfase na Higiene "industrial",

refletindo a origem histórica dos serviços médicos e o lugar de destaque da

indústria nos Países "industrializados (MENDES; DIAS, 1991, p. 343).

Ainda segundo esses autores, no fim da década de 1970, com a crise do capitalismo

mundial e o esgotamento do modelo de acumulação taylorista/fordista, da administração

keynesiana e do Estado de bem-estar social, ocorre à remodelação das estruturas de poder.

Na medida em que novas formas de organização flexível ganham cada vez mais

espaço, um novo perfil da classe trabalhadora é exigido. O modelo toyotista, caracterizado

pela flexibilização da produção (ou adequação da estocagem dos produtos conforme a

demanda, em oposição à premissa básica do sistema anterior - o fordismo, que defendia a

máxima acumulação dos estoques) e do próprio trabalho (ao longo do processo produtivo, um

mesmo trabalhador realiza diversas funções, diferentemente do fordismo, em que o trabalho

era mecânico e repetitivo), bem como o fenômeno da terceirização, por exemplo, impuseram

uma mudança no modo de trabalho e de vida, agora sustentados “na volatilidade, efemeridade

e descartabilidade sem limites”, como assinalam Antunes e Druck (2015, p. 20).

Neste contexto, tem-se uma hegemonia da “lógica financeira” e aspectos como a

terceirização, informalidade e a precarização são vitais à preservação e ampliação dessa lógica

que, cada vez mais se consolida:

E a lógica do curto prazo, que incentiva a “permanente inovação” no campo

da tecnologia, dos novos produtos financeiros e da força de trabalho,

tornando obsoletos e descartáveis os homens e mulheres que trabalham

(ANTUNES; DRUCK, 2015, p. 20).

A reestruturação produtiva (flexibilização, novas tecnologias, novos modelos de

gestão, globalização), a democracia e maior participação dos trabalhadores nas questões de

saúde e segurança, as novas políticas sociais e leis de proteção, assinalam um progressivo

desenvolvimento na forma de lidar com as questões relacionadas à saúde nos contextos de

22

trabalho, ancorado em uma mudança na perspectiva sobre o processo saúde-doença, agora

baseada na teoria da determinação social das doenças3.

Na nova teoria saúde ou doença são uma expressão, ao nível individual, das condições

coletivas de vida (produção, trabalho e perfil de consumo) e das condições favoráveis e

desfavoráveis de saúde e de sobrevivência Baseado em tal perspectiva, fica cada vez mais

evidente que os riscos não se restringem a fatores ambientais, mas também à organização do

trabalho e tudo que ela compreende (uso de novas tecnologias e modificações nos processos

de trabalho, por exemplo), conforme assinalam Mendes e Dias (1991).

Tendo como referência um conceito ampliado de saúde, surge o movimento sanitário

brasileiro, que reivindica condições dignas de trabalho e a criação de políticas de saúde para a

população (HOEFEL; SEVERO, 2011).

A Saúde do Trabalhador no Brasil emerge no início dos anos de 1980, no período da

transição democrática, buscando explicação sobre o adoecer e o morrer das pessoas, em

destaque dos trabalhadores. Ainda para Mendes e Dias (1991), refere-se a um campo que

busca entender as relações entre o trabalho e o processo saúde/doença através da realização de

estudos dos processos de trabalho, de forma articulada com o conjunto de valores, crenças e

ideias, das representações sociais e da possibilidade de consumo de bens e serviços na

moderna civilização urbano-industrial.

Saúde e doença são vistos como processos dinâmicos que refletem a história, o

desenvolvimento político, econômico e social, sendo o ambiente de trabalho tido como um

fator que contribui diretamente no adoecimento do trabalhador (BRASIL, 2001).

Assim, o campo da Saúde do Trabalhador se foca no processo saúde e doença dos

grupos humanos em sua relação com o trabalho, visando compreender como e porque

ocorrem, e ainda, buscando alternativas de intervenção que levem à transformação em direção

à apropriação pelos trabalhadores, da dimensão humana do trabalho.

Ganha o corpo um novo pensar sobre processo saúde-doença, e o papel

exercido pelo trabalho na sua determinação. Há o desvelamento circunscrito,

porém inquestionável, de um adoecer e morrer dos trabalhadores,

caracterizado por verdadeiras “epidemias”, tanto de doenças profissionais

clássicas (intoxicação por chumbo, mercúrio, benzeno e silicose), quanto de

novas doenças relacionadas ao trabalho, como a LER (Lesões por Esforços

Repetitivos), por exemplo. (MENDES; DIAS, 1991 p. 348).

3 Teoria da determinação social das doenças: Paradigma que trabalhou no sentido de construir um método capaz

de abordar a questão da saúde-doença numa perspectiva de totalidade, ressaltando o seu duplo caráter, biológico

e social.

23

O campo da Saúde do Trabalhador busca compreender o processo saúde-doença

como determinação social. Seu desenvolvimento se consolidou nas discussões da VIII

Conferência Nacional de Saúde de 1986 e na realização da I Conferência Nacional de Saúde

dos Trabalhadores, nos quais foi discutido um conceito ampliado de saúde, posteriormente

incorporado à Constituição Federal de 1988 – CF/88, que no artigo 196, assinala:

Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas

sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros

agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua

promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988).

O texto da Lei toma por base um conceito ampliado de saúde em que está se

caracteriza como resultante das condições de alimentação, educação, habitação, renda, meio

ambiente, trabalho, transporte, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de

saúde, em consonância com o que diz o texto da VIII Conferência Nacional de Saúde, no

qual:

À saúde é um conceito abstrato, mas que se define num dado momento

histórico de determinada sociedade e em dado momento de seu

desenvolvimento, devendo ser conquistada pela população em suas lutas

cotidianas (CNS, 1986).

O adoecimento decorrente de aspectos diretamente relacionados aos contextos de

trabalho vem crescendo nas últimas décadas em todo o mundo. As relações estabelecidas

entre algumas doenças físicas e psíquicas e determinados contextos de trabalho ganham

destaque e, de modo geral, a saúde do trabalhador passa a estar diretamente vinculada à

valorização do ser humano, aspecto essencial em qualquer contexto de trabalho. Esse

entendimento (ou o não reconhecimento do referido preceito), se expressa na legislação, que,

por sua vez, se modifica e reproduz o momento histórico, conforme pode ser identificado a

partir da breve exposição a seguir.

2.2. VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR

No Brasil, a evolução da preocupação com a saúde do trabalhador se expressa nas

inúmeras leis que foram sendo criadas visando atender as demandas sociais e que são um

indicativo das progressivas conquistas obtidas nessa área. Com a publicação do Decreto-Lei

n° 2.865, de 12 de dezembro de 1940, por exemplo, observam-se avanços em relação à

administração pública, pois além de tratar de aspectos relativos à previdência social,

24

destacava-se também uma preocupação com a assistência e a saúde do trabalhador (COSTA,

2012; CAMPELO, 2015).

Em 1943, com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a questão da Segurança e

Medicina do Trabalho ganha destaque com a Criação das Comissões Internas de Prevenção de

Acidente – CIPAS (VASQUEZ-MENEZES, 2012).

A saúde do trabalhador é uma conquista institucionalizada na Constituição Federal de

1988, no seu artigo 200 que define como competências do SUS, dentre as suas atribuições,

“executar as ações de saúde do trabalhador, colaborar na proteção do meio ambiente, nele

compreendido o do trabalho” (BRASIL, 1988).

A Saúde do Trabalhador tem por objetivo o estudo e intervenção nas relações entre o

trabalho e a saúde, atuando na promoção e proteção da saúde através da realização de ações

de vigilância dos riscos presentes nos ambientes de trabalho, das condições de trabalho

oferecidas, dos agravos à saúde, da organização e assistência aos trabalhadores (BRASIL,

2001).

A Lei Orgânica da Saúde n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, que institui o Sistema

Único de Saúde (SUS). O art. 3° assinala:

A Saúde do Trabalhador se refere a um conjunto de atividades que se

destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária,

à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como aos riscos e

agravos advindos das condições de trabalho. Visa à recuperação e a

reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos

advindos das condições de trabalho (BRASIL, 1990a).

As atividades relacionadas a saúde do trabalhador, conforme a Lei nº 8.080, de 19 de

setembro de 1990, compreendem: a assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho

ou portador de doença profissional e do trabalho; a participação em estudos, pesquisas,

avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de

trabalho; a participação da normatização, fiscalização e controle das condições de produção,

extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de

máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador, assim como a

avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde, a informação ao trabalhador e à

sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença

profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e

exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética

profissional (BRASIL, 1990a).

25

Com a publicação da Lei Orgânica da Saúde, em 1990, observa-se uma preocupação

com a participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do

trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas. Nela, sugere-se a revisão

periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho (tendo na sua

elaboração a colaboração das entidades sindicais), bem como, a garantia ao sindicato dos

trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de serviço ou

de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde

dos trabalhadores (BRASIL, 1990a).

Ainda em relação à Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, vale ressaltar que, com a

incorporação da Saúde do Trabalhador às ações do SUS, são estabelecidas as bases para a

Vigilância em Saúde do Trabalhador (VISAT)4, através da Portaria n.º 3.120, de 1º de julho

de 1998. A VISAT tornou-se um componente do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde,

conforme descrição da Portaria GM/MS nº 3.252, de 22 de dezembro de 2009, com vistas à

promoção da saúde e à redução da morbimortalidade da população trabalhadora, por meio da

integração de ações do SUS com as Vigilâncias – sobretudo com a Sanitária (VISA),

Epidemiológica (VE) e Saúde Ambiental (VSA) - e as redes assistenciais. Em 2013 foi

instituída a Portaria n° 1.378, de 9 de julho de 2009 (revogando a Portaria n° 3.252, de 22 de

dezembro de 2009), definindo as diretrizes para execução e financiamento das ações de

Vigilância em Saúde5, e as competências da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS/MS)6 e

da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) com a vigilância da saúde do

trabalhadores (BRASIL, 2013).

A Portaria/MS nº 3.120, de 30 de outubro de 1998, que estabelece procedimentos para

orientar e instrumentalizar as ações e serviços de saúde do trabalhador no SUS, no seu artigo

1º discorre sobre o objetivo de orientar e instrumentalizar a realização das ações de saúde do

4 A Vigilância em Saúde do Trabalhador compreende uma atuação contínua e sistemática, ao longo do tempo, no

sentido de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes dos agravos à saúde

relacionados aos processos e ambientes de trabalho, em seus aspectos tecnológico, social, organizacional e

epidemiológico, com a finalidade de planejar, executar e avaliar intervenções sobre esses aspectos, de forma a

eliminá-los ou controlá-los (BRASIL, 1998). 5 Art. 2º A Vigilância em Saúde constitui um processo contínuo e sistemático de coleta, consolidação, análise e

disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde, visando o planejamento e a implementação de

medidas de saúde pública para a proteção da saúde da população, a prevenção e controle de riscos, agravos e

doenças, bem como para a promoção da saúde. Art. 3º As ações de Vigilância em Saúde são coordenadas com as

demais ações e serviços desenvolvidos e ofertados no Sistema Único de Saúde (SUS) para garantir a

integralidade da atenção à saúde da população (BRASIL, 2013). 6 Art. 6º Compete à SVS/MS: I – ações de vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis, a

vigilância e prevenção das doenças e agravos não transmissíveis e dos seus fatores de risco, a vigilância de

populações expostas a riscos ambientais em saúde, gestão de sistemas de informação de vigilância em saúde de

âmbito nacional e que possibilitam análises de situação de saúde, as ações de vigilância da saúde do trabalhador

e ações de promoção em saúde (BRASIL, 2013).

26

trabalhador e da trabalhadora (urbano e rural), pelos Estados, o Distrito Federal e os

Municípios, as quais devem nortear-se pelos pressupostos básicos da universalidade e

equidade7, integralidade das ações8, direito à informação sobre a saúde9, utilização do critério

epidemiológico e de avaliação de riscos no planejamento e na avaliação das ações, no

estabelecimento de prioridades e na alocação de recursos e, ainda, configuração da saúde do

trabalhador como um conjunto de ações de vigilância e assistência, visando à promoção, à

proteção, à recuperação e à reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos a riscos e

agravos advindos do processo de trabalho (BRASIL, 1998).

O reconhecimento da relação entre trabalho e o processo saúde doença dos

trabalhadores ficou estabelecido na Portaria nº 1.339, de 18 de novembro de 1999, com a

edição da Listagem de Doenças Relacionadas ao Trabalho e a relação de agentes ou fatores de

riscos de natureza ocupacional, com as respectivas doenças que podem estar relacionadas com

eles10. Documento que também foi adotado pelo Ministério da Previdência e Assistência

Social (MPAS) para uso clínico e epidemiológico (BRASIL, 1999).

Somando-se a legislação voltada para uma assistência integral à saúde do trabalhador

brasileiro, em 2002 o Ministério da Saúde criou a Portaria GM/MS nº 1.679, de 19 de

setembro de 2002, que dispões sobre a estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral à

Saúde do Trabalhador (RENAST), tendo como uma das suas estratégias, a organização e

implantação de redes sentinelas, como a dos Centros de Referências em Saúde do Trabalhador

(CRST/CEREST), organizados estadual e regionalmente (SILVA, 2012).

A Portaria nº 777, de 28 de abril de 2004, dispõe sobre os procedimentos técnicos para

a notificação compulsória de onze agravos à saúde do trabalhador11, no Sistema de

7 Universalidade e equidade: todos os trabalhadores, urbanos e rurais, com carteira assinada ou não, empregados,

desempregados ou aposentados, trabalhadores em empresas públicas ou privadas, devem ter acesso garantido a

todos os níveis de atenção à saúde 8 Integralidade das ações: tanto em termos do planejamento quanto da execução, com um movimento constante

em direção à mudança do modelo assistencial para a atenção integral, articulando ações individuais e curativas

com ações coletivas de vigilância da saúde, uma vez que os agravos à saúde, advindos do trabalho, são

essencialmente preveníeis 9 Direito a informação sobre a saúde: acesso e o repasse de informações aos trabalhadores, sobretudo os riscos,

os resultados de pesquisas que são realizadas e que dizem respeito diretamente à prevenção e à promoção da

qualidade de vida 10 Doenças Relacionadas ao Trabalho (DRT) consiste na doença em que a atividade laboral é fator de risco

desencadeante, contributivo ou agravante de um distúrbio latente ou de uma doença preestabelecida (BRASIL,

2014). 11 I - Acidente de Trabalho Fatal; II - Acidentes de Trabalho com Mutilações; III - Acidente com Exposição a

Material Biológico; IV - Acidentes do Trabalho em Crianças e Adolescentes; V - Dermatoses Ocupacionais; VI -

Intoxicações Exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados); VII -

Lesões por Esforços Repetitivos (LER), Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT); VIII -

Pneumoconioses; IX - Perda Auditiva Induzida por Ruído – PAIR; X - Transtornos Mentais Relacionados ao

Trabalho; e XI - Câncer Relacionado ao Trabalho (BRASIL, 2004).

27

Informação dos Agravos de Notificação (SINAN), considerando que a gravidade do quadro

de saúde dos trabalhadores brasileiros está expressa, entre outros indicadores, pelos acidentes

do trabalho e doenças relacionadas ao trabalho; assim como, considerando a necessidade da

disponibilidade de informação consistente e ágil sobre o perfil dos trabalhadores e a

ocorrência de agravos relacionados ao trabalho para orientar as ações de saúde, a intervenção

nos ambientes e condições de trabalho, subsidiando o controle social (BRASIL, 2004).

A Política Nacional de Promoção à Saúde (PNPS), foi implantada através da Portaria

nº 687 MS/GM, de 30 de março de 2006, trazendo como conceito para a promoção da saúde:

Apresenta-se como um mecanismo de fortalecimento e implantação de uma

política transversal, integrada e Inter setorial, que faça dialogar as diversas

áreas do setor sanitário, os outros setores do Governo, o setor privado e não-

governamental, e a sociedade, compondo redes de compromisso e

corresponsabilidade quanto à qualidade de vida da população em que todos

sejam partícipes na proteção e no cuidado com a vida (BRASIL, 2006).

A Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), instituída por meio

do Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011, traz como objetivos a promoção da saúde e a

melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes e de danos à saúde

relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso dele, por meio da eliminação ou redução

dos riscos nos ambientes de trabalho (BRASIL, 2011).

A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNST), foi instituída

por meio da Portaria MS n º 1.823, de 23 de agosto de 2012, tendo como finalidade (Art. 2º)

definir os princípios, as diretrizes e as estratégias a serem observados pelas três esferas de

gestão do SUS, para o desenvolvimento da atenção integral à saúde do trabalhador, com

ênfase na vigilância, visando à promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores e a redução

da morbimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimento e dos processos produtivos.

Dentre os objetivos descritos no capítulo II, Art. 8º, destacam-se, entre outros, o

fortalecimento da Vigilância em Saúde do Trabalhador e a integração com os demais

componentes da Vigilância em Saúde; Promover a saúde e ambientes de trabalho saudáveis;

Garantir a integralidade na atenção à saúde do trabalhador; Incorporar a categoria trabalho

como determinante do processo saúde-doença dos indivíduos e da coletividade, incluindo-a

nas análises de situação de saúde e nas ações de promoção em saúde (BRASIL, 2012).

A Portaria nº 1.823, de 23 de agosto de 2012, por fim, abrange todos os trabalhadores,

priorizando pessoas e grupos em situação de maior vulnerabilidade, como os que estão

inseridos em atividades ou em relações informais e precárias de trabalho, em atividade de

28

risco para saúde, na perspectiva de superar desigualdades sociais e de saúde (BRASIL,

2012b).

De modo geral, a legislação tem evoluído de modo a atender as novas demandas

derivadas dos contextos de trabalho. No âmbito do serviço público federal, a Lei n° 8.112, de

dezembro de 1990, que representa o Regime Jurídico Único dos servidores públicos civis da

União, das autarquias e das fundações públicas federais, dispõe, em seu artigo 230, sobre a

assistência dos servidores e de sua família (que compreende assistência médica hospitalar,

odontológica, psicológica e farmacêutica), tendo como diretriz básica o implemento de ações

preventivas voltadas para a promoção da saúde (BRASIL, 1990b).

Na tentativa de criação de uma política especifica, o Governo Federal cria em 2003, a

Coordenação Geral de Seguridade do Servidor (CGSS), dentro da estrutura da Secretaria de

Recursos Humanos (SRH) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Em

2006, como desdobramento, por meio do Decreto nº 5.961, de 13 de novembro de 2006 e a

Portaria nº 1.675, de 6 de outubro de 2006, é proposto um projeto piloto denominado Sistema

Integrado de Saúde Ocupacional do Servidor Público (SISOSP), visando uniformizar as

informações da área de perícia, promoção e assistência à saúde dos órgãos da Administração

Pública Federal (APF) que, sem uma sistematização, procediam cada um a seu modo (SILVA,

2009; COSTA, 2016).

Silva (2009) e Costa (2016), pontuam que durante a operacionalização do processo do

SISOSP foi notado sinais de retrocesso que o inviabilizou, sendo retomado o processo em

2007, com debates em nível nacional para a redefinição dos objetivos propostos pelo sistema

e no sentido de atender a complexa realidade do serviço público. Durante esse processo, surge

a nova denominação para a política, o Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor -

SIASS.

A Política de Atenção à Saúde e Segurança no Serviço Público Federal (PASS), surge

portanto, organizada através dos três eixos de atuação do SIASS, conforme Decreto n° 6.833,

de 29 de abril de 2009, art. 3º (BRASIL, 2009a):

I – assistência à saúde: ações que visem à prevenção, a detecção precoce e o

tratamento de doenças e, ainda, a reabilitação da saúde do servidor,

compreendendo as diversas áreas de atuação relacionadas à atenção à saúde

do servidor público civil federal; II – perícia oficial: ação médica ou

odontológica com o objetivo de avaliar o estado de saúde do servidor para o

exercício de suas atividades laboratoriais; III – promoção e vigilância à

saúde: ações com o objetivo de intervir no processo de adoecimento do

servidor, tanto no aspecto individual quanto nas relações coletivas no

ambiente de trabalho (BRASIL, 2009a).

29

A PASS instaura como banco de dados epidemiológico (base para o desenvolvimento

das suas diretrizes e eixos do SIASS), o Sistema de Informação em Saúde e Segurança do

Servidor Público Federal (SIAPE SAÚDE), distribuído em cinco eixos de atuação: Perícia

Oficial; Exames Periódicos de Saúde; Promoção e Vigilância; Investidura em Cargo Público e

Informações Gerenciais (BRASIL, 2010a).

Em 25 de maio de 2009 foi instituído o Decreto n° 6.856, que regulamenta o art. 207-

A da Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dispondo sobre os exames médicos periódicos.

Dando prosseguimento aos avanços, é instituído o Decreto nº 7.003, de 09 de novembro de

2009, que regulamenta a licença para tratamento de saúde, que tratam os artigos 202 a 205 da

Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de 1990; A Portaria SRH nº 1.261, de 5 de maio de 2010,

com os Princípios, Diretrizes e Ações em Saúde Mental, que traz na seção IV, quanto a

informação, formação, comunicação e pesquisa em saúde mental, no Art. 5º para uma

intervenção qualificada no processo saúde e trabalho no serviço público é preciso dispor de

um sistema de informação com dados confiáveis e iniciativas de pesquisa, cujos dados

produzam conhecimentos importantes relacionados com a área de saúde mental no trabalho.

Somando-se a necessidade de criar e manter atualizados sistemas de informação sobre saúde,

como indicadores de saúde mental padronizados e garantia do livre acesso aos dados

consolidados, preservando o sigilo das informações individuais (BRASIL, 2010b).

Por fim, a Portaria Normativa n° 03, de 25 de março de 2013, que institui as diretrizes

gerais e a concepção que fundamenta a promoção à saúde12, buscando contemplar as ações

voltadas para educação em saúde, prevenção dos riscos, agravos e danos à saúde dos

servidores, tais ações deverão priorizar, conforme o art. 10, as áreas de saúde do adulto, saúde

bucal, saúde do homem, saúde do idoso, saúde mental, saúde da mulher, saúde das pessoas

com deficiência e saúde ocupacional. Na área da informação em saúde, o art. 15, destaca-se

como uma das competências das unidades SIASS a elaboração do perfil epidemiológico da

saúde dos servidores, a partir de fontes de informação existentes, com o objetivo de orientar

as ações de atenção à saúde do servidor, em especial a intervenção nos ambientes e processo

de trabalho (BRASIL, 2013).

Na atualidade, a legislação tem buscado atender as necessidades do trabalhador, mas,

conforme sinalizam Antunes e Druck (2015), está em marcha um processo global de

precarização estrutural do trabalho, exigindo o desmonte da legislação social. A exemplo da

12 Promoção à saúde do servidor federal no art. 4° propõe melhoria dos ambientes, da organização e processo de

trabalho, de modo a ampliar a conscientização, a responsabilidade e a autonomia dos servidores, em consonância

com os esforços governamentais de construção da cultura de valorização da saúde para a redução da

morbimortalidade, por meio de hábitos saudáveis de vida e trabalho (BRASIL, 2013).

30

legislação trabalhista que fragiliza ainda mais as relações de trabalho e consequentemente,

repercute na saúde dos trabalhadores. Enquanto tal processo não se consolida, discute-se a

seguir o Sistema de Informação em Saúde, instrumento fundamental para subsidiar ações

voltadas para a promoção da saúde e prevenção de agravos.

2.3 ADOECIMENTO E AFASTAMENTO DO TRABALHO

O adoecimento e o afastamento do trabalho têm sido foco de diversos estudos na

atualidade, por se configurar como problema crucial tanto para as organizações privadas como

para as públicas e, respectivamente, para os seus gestores, que percebem a repercussão entre

os trabalhadores e o reflexo na qualidade do serviço prestado a sociedade. Suas causas podem

advir de múltiplos fatores, que incluem aspectos biológicos, ambientais, sociais, familiares e

funcionais (SOUZA, 2007).

O absenteísmo-doença é um fenômeno que tem várias causas e, no contexto da crise

na produção capitalista no século XXI, o clima desafiador e estressante decorrente da

flexibilização e precarização das relações de trabalho, a implementação das novas tecnologias,

o enfraquecimento dos sindicatos, o desmonte dos direitos trabalhistas e o temor do

desemprego vem deixando os trabalhadores mais vulneráveis e suscetíveis ao adoecimento

psíquico (PIRES, 2008; MARQUES, 2016).

O capitalismo é um sistema parasitário. Como todos os Parasitas, pode

prosperar durante certo período, desde que encontre um organismo ainda não

explorado que lhe forneça alimento. Mas não pode fazer isso sem prejudicar

o hospedeiro, destruindo assim, cedo ou tarde, as condições de sua

prosperidade ou mesmo de sua sobrevivência (BAUMAN, 2010, p. 8-9).

Segundo Araújo (2012), o registro dos afastamento e ausências do trabalho por razões

de saúde teve atenção especial na OIT, durante a Convenção nº. 161, de 07 de junho de 1985

em Genebra, a fim de poder identificar qualquer relação entre as causas de doença que podem

apresentar-se no ambiente de trabalho. O Brasil passou a adotar a pratica a partir de 1991,

com o maior desenvolvimento dos sistemas de informações no país. A seguir, uma breve

discussão sobre esse fenômeno.

O afastamento do trabalho também é denominado absenteísmo, termo que tem origem

na palavra francesa absenteísme, que significa uma pessoa que falta ao trabalho ou ainda se

ausenta do serviço por inúmeros motivos, sejam eles propositais ou por circunstâncias alheias

à vontade do trabalhador, podendo estar relacionado a todos os tipos de ausência do

31

funcionário na empresa, como férias e licenças legais, entre outros (GEHRING JUNIOR et

al., 2007; ARAÚJO, 2012).

Para Quick e Lapertosa (1982) o termo absenteísmo é antigo e origina-se do campo,

sendo primeiramente aplicado aos proprietários rurais que abandonavam suas terras para

viverem na cidade. Posteriormente, no período industrial, já no Século XIX, o termo passou a

definir os trabalhadores que faltavam ao serviço.

A saúde do trabalhador é comprometida por ser negligenciada. Importantes fatores do

ambiente laboral, como a organização do trabalho (cujo impacto é observado no aparelho

psíquico) e as más condições de trabalho (que colocam o corpo em risco de acidente, doenças

profissionais, aumento do índice de morbidade, diminuição do período de vida, entre outros),

em muito colaboram com tal comprometimento. Nas condições de trabalho o corpo é

atingido, na organização do trabalho, o alvo é o funcionamento da mente (DEJOURS, 2003).

No serviço público federal o servidor13 tem o direito de se afastar do trabalho sem

prejuízo da remuneração através da concessão de quatro tipos de licenças médicas

preconizadas pela Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, a licença por motivo de doença em

família (art. 83), a Licença para tratamento da própria saúde (arts. 202, 203, 204), a Licença

gestante (art. 207) e a Licença por acidente em serviço (arts. 211 e 212) (BRASIL, 1990b).

A Licença para tratamento da Própria Saúde é o direito de o servidor ausentar-se, sem

prejuízo da remuneração a que fizer jus, dentro dos prazos previstos, conforme a legislação

vigente, sendo concedida a pedido ou de ofício14. O servidor deve apresentar a LMPS ao

serviço de Perícia Oficial para avaliação e concessão do seu direito de afastar-se do trabalho,

através da emissão do laudo médico pericial15 (BRASIL, 2017).

Os transtornos mentais e comportamentais (TMC) assumem o primeiro lugar como

causa de afastamento do trabalho em todo o mundo. Os TMC do tipo leve causam perdas

anuais de quatro dias de trabalho e os graves cerca de 200 dias (com o agravante de que, entre

os acometidos, há uma demora maior em serem reinseridos no mercado de trabalho do que

13 Pessoa legalmente investida em cargo público, seja efetivo ou comissionado, nos termos da Lei nº 8.112, de 11

de dezembro de 1990b. 14 A perícia de ofício é aquela onde o afastamento é concedido sem a anuência do servidor, mas não sem que ele

seja visto e avaliado, e seu quadro médico/odontológico de incapacidade muito bem documentado. Se ele não

reconhece a incapacidade e não concorda com o afastamento cabe a licença por ofício. À equipe

multiprofissional cabe o acompanhamento do servidor e orientação à família (BRASIL, 2017). 15 A perícia oficial em saúde do servidor público federal é concluída por meio da emissão do laudo pericial. Os

modelos dos laudos variam conforme o tipo de perícia e estarão adequados à necessidade do pleito, tanto sob o

aspecto técnico quanto legal. Os laudos podem ser médico ou odontológico e contemplam os seguintes tipos com

seus respectivos quesitos: Licença para tratamento de saúde do servidor; Licença para tratamento de saúde do

trabalhador; Licença por motivo de doença em pessoa da família; Licença por motivo de acidente em serviço ou

doença profissional e a Licença por motivo de acidente de trabalho (BRASIL, 2017).

32

quando se trata de outras patologias), promovendo, ambos, baixa produtividade laboral,

potencialização de acidentes e aposentadorias por invalidez. Os transtornos depressivos e

ansiosos são os principais transtornos que causam absenteísmo-doença (RAZZOUK, et al.,

2015; CRUZ, 2011).

2.4 O SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE (SIS)

A informação16 em saúde é um instrumento essencial para a tomada de decisões17,

representando a base para a gestão dos serviços, uma vez que orienta a implantação,

acompanhamento e avaliação dos modelos de atenção à saúde e as ações de prevenção e

controle de doenças. É considerada também como a ferramenta imprescindível à Vigilância

Epidemiológica (VE)18, como fator desencadeador do processo “informação-decisão-ação”

(BRASIL, 2009b).

O principal instrumento de coleta dos dados epidemiológicos são os Sistemas de

Informações, que representam:

Conjunto de estruturas administrativas e unidades de produção,

perfeitamente articuladas, com vistas à obtenção de dados, mediante o seu

registro, coleta, processamento, análise, transformação dos dados em

informação e a sua oportuna divulgação (BRASIL, 2009b, p. 63).

O Sistema de Informação (SI) deve, portanto, disponibilizar o suporte necessário para

que o planejamento, as decisões e as ações dos gestores em um determinado nível decisório

(municipal, estadual e federal), não sejam baseados em dados subjetivos, em conhecimentos

ultrapassados ou em conjecturas, mas sim, em dados atuais para atender as necessidades

pontuais em conformidade com a conjuntura social, como redutor de incertezas.

O SI é parte dos Sistemas Informação em Saúde (SIS), e, como tal, integra suas

estruturas organizacionais e contribui para sua missão. Sendo constituído por vários

subsistemas, e tem como propósito geral, facilitar a tomada de decisões. O SIS pode ser assim

definido:

16 Considera-se que há uma distinção entre os termos Dado e Informação. Dado “o número bruto que ainda não

sofreu qualquer espécie de tratamento estatístico, a matéria – prima da informação”. E informação: “uma

descrição de uma situação real, associada a um referencial explicativo sistemático” (BRASIL, 2009b). 17 A qualidade da informação depende, sobretudo, da adequada coleta de dados gerados no local onde ocorre o

evento sanitário (dado coletado). É também nesse nível que os dados devem primariamente ser tratados e

estruturados, para se constituírem em um poderoso instrumento – a INFORMAÇÃO – capaz de subsidiar um

processo dinâmico de planejamento, avaliação, manutenção e aprimoramento das ações (BRASIL, 2009b). 18 Conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos

fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar

as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos (BRASIL, 2009b).

33

Instrumentos padronizados de monitoramento e coleta de dados, que tem

como objetivo o fornecimento de informações para análise e melhor

compreensão de importantes problemas de saúde da população, subsidiando

a tomada de decisões nos níveis municipal, estadual e federal (BRASIL,

2009b, p. 63).

Na concepção do Sistema Único de Saúde (SUS), o objetivo básico dos SIS é

possibilitar a análise da situação de saúde no nível local, tomando como referencial

microrregiões homogêneas e considerando, necessariamente, as condições de vida da

população na determinação do processo saúde-doença. Se mal usado pode ser sistema de

controle.

As informações devem dispor de oportunidade, atualidade, disponibilidade e cobertura

e estas são características que determinam a qualidade da informação e são fundamentais para

que todo Sistema de Vigilância Epidemiológica (SVE) apresente um bom desempenho.

Assim:

[...] o nível local tem, então, a responsabilidade, não apenas com a

alimentação dos sistemas de informações em saúde, mas também com a sua

organização e gestão. Desse modo, outro aspecto de particular importância é

a concepção do sistema de informação, que deve ser hierarquizado, no qual o

fluxo ascendente de variáveis ocorra de modo inversamente proporcional à

agregação geográfica, ou seja, no nível local deve se dispor de maior número

de variáveis, para as análises epidemiológicas. (BRASIL, 2009b, p. 64)

Grifo nosso.

Na atualidade, com a modernização e a utilização da Tecnologia da Informação (TI),

que se desenvolveu com a revolução da informática, os recursos do processamento eletrônico

estão sendo amplamente utilizados pelos SIS, aumentando a sua eficiência (alimentação e

retroalimentação do sistema)19, na medida em que possibilitam a obtenção e o processamento

de um volume de dados cada vez maior, além de permitirem a articulação entre diferentes

subsistemas. No país, no âmbito do Ministério da Saúde cinco SIS se destacam, são eles: o

Sistema de Informação dos Agravos de Notificação (SINAN)20, Sistema de Informação sobre

Mortalidade (SIM), Sistema de Informação Sobre os Nascidos Vivos (SINASC), Sistema de

19 Um dos pilares do funcionamento do sistema de vigilância, em qualquer de seus níveis, é o compromisso de

responder aos informantes, de forma adequada e oportuna. Fundamentalmente, essa resposta – ou

retroalimentação – consiste no retorno regular de informações às fontes produtoras, demonstrando a sua

contribuição no processo (BRASIL, 2009b, p. 25). 20 O SINAN deve ser alimentado por todas as unidade de saúde. No que se refere a investigação das doenças

relacionadas ao trabalho, estas se configuram como uma demanda para todos os níveis. Incluído como uma

demanda da Perícia Oficial de Saúde, conforme orientação do Manual da Perícia Oficial de Saúde (BRASIL,

2017).

34

Informações Hospitalares (SIH/SUS) e o Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS

(SAI/SUS) (BRASIL, 2009b).

No Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, assim como os demais órgãos

governamentais são utilizados diversos recursos da Tecnologia da Informação e Comunicação

(TIC), dentre outros sistemas, citamos: Sistema Integrado de Administração Financeira do

Governo Federal (SIAFI); Sistema de Administração de Pessoas (SIAPE), em seguida, a

versão do Siape para a internet (SIAPE net), que contempla o módulo saúde, denominado

Sistema de Informação em Saúde e segurança do Servidor público federal (SIAPE SAÚDE)

destacando-se como objeto de análise desta pesquisa, e o recém implantado Sistema Integrado

de Gestão de Pessoas (SIGEPE), em substituição do SIAPE (BRASIL, 2010a).

O SIAPE SAÚDE é o sistema informatizado da administração pública

federal (APF), gerido pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministério de

Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,

que consolida informações sobre a saúde dos servidores da administração

pública, de forma descentralizada e estruturada por meio de módulos,

(BRASIL, 2010a, p. 4).

O Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal (SIASS),

instituído pelo Decreto nº 6.833, de 29 de abril de 2009, tem por escopo coordenar e integrar

as ações e os programas nas área de promoção e vigilância à saúde, prevenção de doenças,

perícia oficial e o acompanhamento da saúde dos servidores públicos federais.

Para atender a finalidade do SIASS foi desenvolvido parceria do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão com o Serviço Federal de Processamento de Dados –

SERPRO, criando o SIAPE SAÚDE, como um instrumento de gestão de pessoas e controle

das ações da saúde e segurança no trabalho, com dados epidemiológicos coletados na forma

de prontuário eletrônico de saúde21, para nortear os eixos do Subsistema: assistência à saúde,

perícia oficial e promoção e vigilância à saúde (BRASIL, 2010a).

O SIAPE SAÚDE é obrigatório nas Unidades SIASS e integra informações sobre a

saúde do servidor público do Poder Executivo Federal, incluindo os aspectos relativos a seis

módulos: 1 – Perícia em saúde; 2 – Exames médicos periódicos; 3 – Promoção à saúde; 4 –

Vigilância dos ambientes e processos de trabalho; 5 – Concessões de adicionais ocupacionais

e 6 – Exames para investidura em cargo público (BRASIL, 2010b).

21 O prontuário médico trata-se de um documento de caráter legal e sigiloso que permite, conforme níveis

diferenciados de acesso, a comunicação entre membros da equipe multiprofissional de atenção à saúde do

servidor e segurança no trabalho e a continuidade do monitoramento e da atenção prestados aos servidor público

federal (BRASIL, 2017).

35

O SIAPE SAÚDE tem por objetivo prover subsídios para a APF atuar na prevenção e

no cuidado do bem estar físico e psicológico dos servidor no local de trabalho, formando um

banco de dados que contenha o seu histórico ocupacional de saúde, e que possa gerar,

consequentemente informações gerenciais atuais para o planejamento e tomada de decisões,

com vistas a melhoria das condições de trabalho e a redução dos afastamentos e

aposentadorias precoces no serviço público federal, “a implantação do Sistema é, portanto, a

tradução de uma política nacional de atenção à saúde do servidor, que sem dúvida, contribui

para a melhoria dos serviços prestados à população” (PEREZ, 2011. p. 7).

No prontuário, as causas do afastamento estão registradas em conformidade com a

Classificação Internacional de Doenças e Problema Relacionados com a Saúde, na sua décima

revisão (designada pela sigla CID/10) e a avaliação da capacidade laboral do trabalhador, de

acordo com a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF). Estas duas ferramentas22

criadas pela OMS auxiliam na avaliação da situação mórbida do servidor e sua relação como

o contexto de trabalho (LEITE, 2011; MACHADO, 2012).

A busca e necessidade de se estabelecer o nexo causal entre saúde e trabalho vem da

antiguidade. Hipócrates, considerado “o pai da medicina”, viu que, entre as interpelações

relativas às enfermidades, deve-se acrescentar ao estudo a pergunta “que arte exerce?”,

conduta também seguida por Bernardino Ramazzini conhecido como “o pai da medicina no

trabalho” (RIBEIRO, 1999).

As avaliações realizadas pela equipe multiprofissional da perícia oficial em saúde

devem se voltar para a compreensão do processo saúde, doença e trabalho, buscando romper

com o pensamento cartesiano de compreender a saúde a partir do binômio mente e corpo,

ampliando seu campo de abordagem, de modo a incluir a saúde psíquica.

Os dados da anamnese social e do prontuário médico são ferramentas que, usadas de

forma adequadas, possibilitam identificar as reais necessidades do servidor, mesmo quando a

queixa inicial da procura pelo serviço não traz o que realmente está influenciando a situação,

“desta forma, é possível fazer uma interferência preventivamente, no âmbito pessoal”

(PASTÓRIO, 2011. p. 4).

Sendo desenvolvido para acesso via internet, permitindo diferentes níveis de ingresso,

de acordo com os perfis envolvidos em cada submódulo para coleta, a sistematização e a

22 É importante também reconhecer a sobreposição entre a CID-10 e a CIF. As duas classificações começam com

os sistemas do corpo. Deficiências referem-se às estruturas e funções do corpo que são, em geral, parte do

“processo de doença” e portanto, também utilizadas na CID-10. Não obstante, a CID-10 utiliza as deficiências

(tais como, sinais e sintomas) como partes de um conjunto que forma um a “doença” ou, algumas vezes, como os

motivos de contato com serviços de saúde, enquanto que o sistema da CIF utiliza as deficiências como

problemas das funções e estruturas do corpo associados aos estados de saúde (OMS, 2004).

36

análise de informações do sistema constituem a base para a verificação do perfil

epidemiológico dos servidores, bem como, da análise do impacto negativo das doenças

ocupacionais e dos acidentes de trabalho (BRASIL, 2017).

Para Silva (2014), o sistema permite apresentar as informações de maneira integral, a

partir do atendimento, mas desconhece a realidade do ambiente de trabalho no que se refere

ao bem estar do funcionário. As informações são importantes para avaliação do ambiente e do

processo de trabalho, possibilitando um acompanhamento do servidor afastado e suporte ao

tratamento.

Por se tratar de um estudo sobre o afastamento do trabalho, será abordado com mais

detalhes o modulo da Perícia Oficial em Saúde, que propõe um modelo novo de perícia para

os servidores públicos federais, embasado em parecer de uma equipe multidisciplinar, ao

invés de uma avaliação focada exclusivamente na análise efetuada pelo médico.

O módulo da Perícia Oficial em Saúde integra, como funcionalidades, o Cadastro das

Unidades de Saúde, Cadastro dos Gestores da Unidade, Cadastro de Peritos, a alimentação

das tabelas do sistema, o registro dos prontuários dos servidores (com anamnese, exames,

CID e diagnóstico), o controle de agenda do perito, a realização das perícias singulares e

juntas, a emissão de laudos oficiais (médico e odontológico), a junta médica, a Comunicação

de Acidente de Trabalho e a solicitação de pareceres à equipe multiprofissional (BRASIL,

2010a).

A Perícia Oficial em Saúde é o ato administrativo que consiste na avaliação médica de

questões relacionadas à saúde e a capacidade laboral23, realizada na presença do servidor por

médico ou odontólogo formalmente designado. De acordo com o Decreto nº 7.003, de 09 de

novembro de 2009, a perícia oficial em saúde compreende duas modalidades: Junta Oficial

em Saúde e a Perícia Singular em Saúde24.

Os dados da Perícia Oficial em Saúde coletados no SIAPE SAÚDE representam uma

importante ferramenta na produção das informações epidemiológicas sobre o absenteísmo-

doenças, servindo para identificar o perfil de saúde do servidor e as doenças prevalentes nesta

população, tanto aquelas de origem ocupacional como aquelas sem relação como o trabalho.

23 É o estado físico e mental que define se o servidor está em condições para exercer as atividades inerentes ao

cargo. Ter capacidade laborativa significa que o examinado reúne as condições orfopsico-fisiológicas

compatíveis com o desempenho dessas atividades. Importante ressaltar que a capacidade laborativa não implica

obrigatoriamente na ausência de doença ou lesão. Na avaliação da capacidade laborativa do examinado deve ser

considerada a repercussão da sua doença ou lesão no desempenho das atividades laborais. 24 Junta Oficial em Saúde (perícia oficial em saúde realizada por grupo de três médicos ou de três cirurgiões-

dentistas); 2) Perícia Oficial Singular em Saúde (perícia oficial em saúde realizada por apenas um médico ou um

cirurgião-dentista (BRASIL, 2017).

37

O Sistema de Informação da Saúde e Segurança dos Servidores Públicos Federais

SIAPE SAÚDE, se propõe a coletar dados sobre a saúde e segurança dos servidores federais,

balizando as ações de prevenção e promoção à saúde, permitindo o delineamento e

conhecimento do perfil de morbidade como base para realização das pesquisas na área da

saúde dos servidores (LEITE, 2011).

Os perfis25 de acesso ao sistema compreendem o gestor do sistema, o gestor da

unidade, o técnico administrativo da unidade, os peritos (médico e cirurgião-dentista) e a

equipe multiprofissional. Os acessos ao SIAPE SAÚDE e aos relatórios gerenciais26 são

realizados somente por usuários previamente cadastrados na senha-rede27 e pelo gestor central

do sistema, como é o caso da Unidade SIASS-UFRN (BRASIL, 2010. p. 9).

O SIAPEnet foi implantado como sítio oficial das informações do SIAPE,

disponibilizado pelo Ministério do Planejamento através do endereço www.siapenet.gov.br,

conforme figura 2.

Figura 2 – Acesso ao SIAPEnet módulo saúde

Fonte: Manual do SIASS (BRASIL, 2010).

25Conjunto de “transações /funcionalidades” disponibilizadas ao operador do sistema para realização de suas

atividades (BRASIL, 2014). 26Os relatórios gerenciais no portal SIAPENet- Módulo Saúde, contemplam as consultas: Afastamento por

Cargo; Afastamento por CID; Afastamento por local de trabalho; CATs emitidas por emissor; Consulta

afastamentos; Consulta concessão de afastamento administrativo; Pareceres por formação; Pareceres por

membro do quadro multiprofissional; Perícias concluídas por faixa etária; Perícias concluídas por resultado;

Perícias concluídas por Tempo de afastamento; Perícias concluídas por tipo de perícia; Perícias por perito e

situação; Perícias por unidade SIASS e situação; Registro de Atestado por CID; Registro de atestado por faixa

etária; Registro de Atestado por tempo de afastamento; Registro de atestado por Unidade SIASS e Servidores

Afastados por Faixa etária (SIAPE SAÚDE, 2017). 27 Senha-rede: Sistema de rede do SERPRO é o responsável pelo acesso dos diversos sistemas do Governo

Federal e visa garantir a inviolabilidade das senhas, tornando seguro o acesso ao SIAPE SAÚDE.

38

Na disponibilização dos dados, o sistema recomenda que todos os profissionais que

trabalham nas unidades de atenção à saúde do servidor, quando do manuseio dos documentos

oficiais, guardem sigilo sobre os assuntos de que têm ciência em razão do cargo, emprego ou

função. As informações produzidas pelo sistema informatizado poderão ser objeto de estudo,

observadas as restrições referentes aos dados de caráter sigiloso e/ou pessoal (BRASIL, 2010.

p. 14).

Segundo alguns autores (COSTA, 2017, 2016; CAMPELO, 2015; COSTA, 2012;

SILVA, 2009), na atualidade, devido à limitação de acesso aos dados oficiais, o perfil

epidemiológico dos servidores, o acompanhamento dos afastamentos e a realização de

pesquisas na área do absenteísmo-doença estão comprometidos na UFRN, representando um

desafio para gestão de pessoas. O produto final deste estudo, buscou propor formas de

contribuir com a UFRN na otimização e acesso aos dados epidemiológicos produzidos no

referido sistema.

39

3 INVESTIGANDO O AFASTAMENTO DO TRABALHO NO SIS: METODOLOGIA

DA PESQUISA

Neste capítulo, são descritos os procedimentos utilizados a fim de alcançar os

objetivos propostos para o presente trabalho. Serão apresentados o delineamento da pesquisa,

a definição do cenário e dos participantes, bem como os procedimentos, instrumentos e

técnicas para acesso e tratamento dos dados nos relatórios do SIAPE SAÚDE.

A pesquisa foi realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),

maior instituição de ensino superior do Estado do Rio Grande do Norte, conforme as

premissas éticas e legais previstas na Resolução 510, de 07 de abri de 2016, do Conselho

Nacional de Saúde (CNS). Constitui um estudo descritivo por descrever características de

uma população, assim como, identificar a existência de relações entre variáveis, neste caso,

sistema de informação em saúde e dados dos afastamentos do trabalho (GONÇALVES,

2001).

Como estratégia de investigação adotou-se o procedimento multimétodo sequencial,

com etapas quantitativa e qualitativa, com intuito de expandir os achados de um método por

levantamento de dados epidemiológicos, com os de outros métodos de aplicação, como

questionário e entrevista (CRESWELL, 2010).

Em relação aos procedimentos, a pesquisa constou de duas etapas distribuídas em

cinco passos descritos a seguir, conforme figura 3.

Figura 3 – Fluxograma: Etapas da pesquisa

Fonte: Elaboração da pesquisadora, 2017.

Em relação a primeira etapa, no primeiro passo foi realizado análise documental nos

manuais do SIASS, legislações específicas da área da perícia em saúde e trabalhos científicos,

40

ampliando o conhecimento sobre o tema, em seguida, realizada visita a Unidade SIASS-

UFRN, sendo disponibilizados os relatórios anuais da Unidade e o levantamento dos dados

secundários dos relatórios gerenciais do SIAPE SAÚDE, para efetuar assim, uma

caracterização dos registros dos afastamentos.

O universo da pesquisa incluiu o registro dos afastamentos por Licença Médica para

tratamento da própria saúde, dos servidores da UFRN, no ano 2016. A amostra foi constituída

no total de 992 registros por perícia. Como critério de inclusão, a pesquisa restringiu-se

apenas aos registros da UFRN, sendo excluídos os das outras instituições federais, mesmo que

cadastrados na unidade SIASS-UFRN.

O ano 2016 foi escolhido em virtude de ser o mais recente na consolidação dos dados

do sistema, além de favorecer à análise e descrição atuais do funcionamento do SIAPE

SAÚDE na Unidade SIASS-UFRN, e, consequentemente, do processo institucional dos

afastamentos para tratamento da própria saúde.

Como segundo passo, para proceder a análise e descrição do Sistema de Informação,

sob a orientação da coordenação da Unidade SIASS-UFRN, foram selecionados 5 serviços e

17 participantes da Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Perícia em Saúde

(COVEPS) que lidam diretamente com o sistema, quer registrando, a saber, os serviços que

compreendem a perícia oficial em saúde, incluso o administrativo da perícia, a avaliação

médica pericial, realizada por médicos peritos ou odontólogos peritos através da perícia

singular ou junta médica, e a equipe multiprofissional; bem como, contemplados os serviços

da coordenação e assessoria técnica, por consultarem os relatórios gerenciais do sistema.

Na segunda etapa, fez-se contato com os servidores selecionados por e-mail,

apresentando os objetivos da pesquisa, dando prosseguimento com visitas aos serviços para

apresentação individual destes objetivos, agendamento e realização das entrevistas após

leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o termo de

autorização para gravação de voz, está gravação sendo realizada no gravador da pesquisadora,

respeitando os aspectos éticos. Conjuntamente com a dinâmica das entrevistas, procedendo a

observação do processo institucional dos afastamentos na instituição.

A entrevista teve 17 participantes da Unidade SIASS-UFRN, entre peritos médicos,

peritos odontólogos, enfermeiros do trabalho, assistente social, psicólogo, técnico e auxiliar

administrativo. O roteiro de entrevista (Apêndice A), foi estruturado com perguntas abertas

sobre o SIAPE SAÚDE, módulo da perícia oficial em saúde, referente as Licenças para

tratamento da própria saúde, em duas partes, iniciando com a caracterização do participante e

prosseguindo com o funcionamento do sistema de informação, com ênfase no nível local. Para

41

manter o sigilo dos entrevistados, as transcrições e trechos de falas foram nomeados

numericamente, participante 1 ao participante 17.

Para uma melhor compreensão do atual modelo da perícia oficial em saúde, sentiu-se a

necessidade de conhecer o histórico do trabalho pericial na UFRN, seus desdobramentos,

formas de registro e encaminhamentos em relação ao acompanhamento dos afastamentos; na

ausência de informações oficiais, a pesquisa também contemplou esse resgate histórico. Neste

caso, seis servidores entre perito médico, enfermeiro, auxiliar e técnico de enfermagem e

auxiliar administrativo, foram entrevistados, sendo considerado as orientações da coordenação

da Unidade SIASS-UFRN sobre a atuação dos mesmos nesse contexto, todos foram

convidados e aceitaram participar desta importante construção, alguns já aposentados.

O levantamento histórico não teve entrevista estruturada, apenas uma pergunta

norteadora sobre “as experiências no serviço pericial da UFRN antes da implantação do

SIASS”. Para garantir o anonimato dos participantes da pesquisa, estes receberam codinome

de flores nas falas e transcrições, a saber, Antúrio, Crisântemo, copo de leite, Gardênia,

Girassol e tulipa, em virtude das flores representarem a parte de onde sairá a semente ou o

fruto, em si, o nascimento e perpetuação das novas plantas, assim como os participantes deste

histórico, cada um a sua época contribuiu com dedicação para estruturação do que temos hoje.

No que se refere aos procedimentos de análise, os resultados obtidos por meio da

consulta às bases de dados foram interpretados utilizando-se a estatística descritiva. Já as

entrevistas tiveram o seu teor transcrito e interpretado por meio da técnica da análise de

conteúdo (BARDIN, 2011).

42

4 O AFASTAMENTO DO TRABALHO E FUNCIONAMENTO DO SIS NO ÂMBITO

DA UFRN: RESULTADOS OBTIDOS

Neste capítulo serão descritos os resultados obtidos ao longo da investigação.

Inicialmente, tem-se a caracterização dos afastamentos com base nos relatórios gerenciais

disponibilizados pelo SIAPPE SAUDE. Na sequencia, o detalhamento sobre como se dá o

registro e acompanhamento dos afastamentos na Unidade SIASS-UFRN (serviços e ações

envolvidas no trabalho da perícia em saúde). Por último, apresenta-se, os resultados das

entrevistas realizadas com alguns elementos chave visando ampliar o conhecimento sobre o

funcionamento do Sistema de Informação, desde o seu nascedouro (a partir de um resgate

histórico), até a identificação das limitações e entraves que exigirão algum tipo de

reformulação.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS AFASTAMENTOS COM BASE NOS RELATÓRIOS

PERICIAIS

Para caracterização dos afastamentos ocorridos na UFRN por perícia em 2016, 992

servidores se afastaram do trabalho por perícia. O Gráfico 1, a seguir, apresenta os percentuais

de afastamentos do trabalho em função da causa, levando em conta a subdivisão proposta na

CID/10, por grupos de patologias.

Gráfico 1 – Ocorrências de afastamentos dos servidores da UFRN, por grupos da CID/10,

no ano 2016.

Fonte: SIAPE SAÚDE, 2017 (UFRN: 01/01/2016 – 31/12/2016 – Todos os cargos).

43

O percentual das ocorrências de afastamentos por grupo da Classificação Internacional

de Doenças (CID/10), as doenças do grupo F, equivalente aos Transtornos Mentais e

Comportamentais, representam 30%, configurando-se como principal causa de afastamento

do trabalho na UFRN no ano 2016. Em seguida, estão os transtornos do grupo M, equivalente

às doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, que são responsáveis por 21%

do total dos afastamentos.

Percebe-se uma estreita relação entre o Gráfico 1, em que o grupo F ocupa 30% das

causas dos afastamentos e o Gráfico 2, que ilustra o numero de dias de afastamento do

trabalho na UFRN em 2016 e apresenta um percentual mais elevado 43% quando se trata de

afastamento em decorrência de doenças do grupo F. Esses dados corroboram os resultados

obtidos em outros estudos nos quais os transtornos mentais despontam como principais causas

de afastamento do trabalho nos últimos tempos em todo o mundo.

Gráfico 2 – Número de dias de afastamento dos servidores da UFRN, por grupo da CID/10,

no ano 2016.

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500

F41.2 - Transtorno misto ansioso e depressivo

F32 - Episódios depressivos

Z34 - Supervisão de gravidez normal

F32.2 - Episódio depressivo grave

F33.2 - Transtorno depressivo recorrente

F41 - Outros transtornos ansiosos

C50 - Neoplasia maligna de mama

F31 - Transtorno afetivo bipolar

Z54.0 - Convalescência após cirurgia

3040

2001

1830

1401

1036

805

728

644

597

Fonte: SIAPE SAÚDE, 2017. (UFRN – 01/01/16 a 31/12/2016).

Como é possível constatar, também no âmbito da UFRN, dentre os dez resultados

mais significativos no que concerne a relação entre causa e dias de afastamento, sete estão

vinculados aos transtornos mentais e comportamentais, a saber: “F412 - Transtorno misto

ansioso e depressivo” (3.040 dias); “F32 – “Episódios depressivos” (2001 dias); “F322 -

Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos” (1401 dias); “F332 - Transtorno

depressivo recorrente, episódio atual grave sem sintomas psicóticos” (1.286 dias); “F33 -

Transtorno depressivo recorrente” (1036); “F41 - Outros transtornos ansiosos” (805) e o

“F31- Transtorno afetivo bipolar” (644).

44

Dentre as dez causas que mais afastam os servidores por licença para tratamento da

própria saúde, no grupo F, destacam-se: “Transtorno misto ansioso e depressivo - F412” que

no período contabiliza 100 afastamentos, 11273 dias de afastamento e 204 servidores

afastados, ocupou o primeiro lugar. Em seguida, o “Episódios depressivos” - F32” com 70

afastamentos, 805 dias de afastamento entre 41 servidores, em terceiro lugar “Outros

transtornos ansiosos” com 37 afastamentos, 805 dias de afastamento e 25 servidores acometidos

(Tabela 1).

Tabela 1 – Quantitativo de afastamentos entre as causas mais frequentes do grupo F da CID

10, ano 2016

CID Nº de

Afastamento

Nº Dias

Afastamento

Servidor

F412 – Transtorno misto ansioso e

depressivo

100 3040 49

F32 – Episódios depressivos 70 15,52 41

F41 – Outros transtornos ansiosos 37 805 25

F322 – Episódio depressivo grave sem

sintomas psicóticos

32 1401 18

F332 – Transtorno depressivo recorrente,

episódio atual grave sem sintomas

psicóticos

27 1286 17

F33 – Transtorno depressivo recorrente 23 1036 12

F31 – Transtorno afetivo bipolar 20 644 11

F329 – Episódio depressivo não

especificado

14 252 10

F321 – Episódio depressivo moderado 13 413 10

F432 – Transtornos de adaptação 12 395 11

Total 348 11273 204

Fonte: SIAPE SAÚDE, 2017. (UFRN – 01/01/16 a 31/12/2016). Elaboração: da autora, 2017.

A tabela 2 a seguir, apresenta o quantitativo de afastamento por cargo. Os dez maiores

índices em 2016 correspondem aos assistentes em administração, com 17,74%, seguidos pelos

auxiliares de enfermagem 12,42 %, e, na sequência, os professores do magistério superior,

com 10,86%, corroborando dados obtidos em outros estudos similares desenvolvidos em

instituições de ensino superior (CAMPOS, 2015; CAMPELO, 2016).

Destaca-se, a título de esclarecimento, que o contingente de servidores técnico

administrativos em tais instituições é proporcionalmente maior que o de docentes e

profissionais de saúde.

45

Tabela 2 – Quantitativo de afastamentos dos servidores da UFRN por cargo, grupo F da CID

10, no ano 2016.

Fonte: SIAPE SAÚDE, 2017. (UFRN – 01/01/16 a 31/12/2016 – dez primeiros cargos)

Vale a pena destacar que, ainda de acordo com o Quadro 3, o percentual de

afastamentos entre profissionais da saúde é bem representativo, considerando que os

auxiliares de nutrição e dietética apresentaram o maior percentual por categoria profissional

28,57%, seguido então pelos Técnicos em Enfermagem, com 13,33% e Auxiliares de

Enfermagem 8,91%.

Gráfico 3 – Percentual de dias de afastamento dos servidores da UFRN por gênero, grupo F

da CID/10, no ano 2016.

67%

33%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Feminino Masculino

Fonte: SIAPE SAÚDE, 2017 (UFRN – 01/01/16 a 31/12/2016).

CARGOS Nº de

Afastamentos Percentual

Total

Dias

Total de

Servidores

Categoria

(%)

Assistente em Administração 80 17,74 2812 33

4,39

Auxiliar de Enfermagem 56 12,42 1179 22 8,91

Professor do Magistério

Superior 49 10,86 2432 26

1,24

Técnico em Enfermagem 41 9,09 1307 12

13,33

Enfermeiro - Área 29 6,43 975 9

7,20

Técnico Laboratório Área 25 5,54 1108 8

4,79

Auxiliar em Administração 20 4,43 694 7

4,93

Técnico em Assuntos

Educacionais 17 3,77 501 3

4,41

Auxiliar de Nutrição e

Dietética 16 3,55 684 4

28,57

Técnico de Tecnologia da

Informação 15 3,33 365 4

6,67

Total 348 77,16 1057 128 ---

46

Em relação à distribuição por gênero, os dados do Gráfico 3 revelam que o percentual

das licenças saúde concedidas às mulheres 67% foi bem superior aquelas concedidas aos

homens 33%, corroborando outros estudos conduzidos no Brasil que evidenciaram essa

situação (VEIGA, et. al., 2012; SCHLINDWEIN, 2014).

Tabela 3 – Quantitativo de afastamentos dos servidores da UFRN por setor, grupo F da

CID/10, no ano 2016.

UNIDADE DE LOTAÇÃO Nº de

Afastamentos

Percentual

(%)

Total

Dias

Total de

Servidores

Hospital Universitário Onofre Lopes 536 25,87 10380 189

Maternidade Escola Januário Cicco 190 9,17 4125 75

Diretoria de Atenção à Saúde do

Servidor 93 4,49 1673 33

Colégio de Aplicação – NEI 81 3,91 1151 31

Superintendência de Infra-estrutura 58 2,8 953 27

Hospital Maternidade Ana Bezerra 58 2,8 1388 27

Departamento de Odontologia 50 2,41 1386 20

Biblioteca Central Zila Mamede 46 2,22 965 16

Divisão de Segurança e Patrimonial 39 1,88 851 20

Diretoria de Desenvolvimento de

Pessoas 38 1,83 438 14

Total 1189 57,38 23310 452 Fonte: SIAPE SAÚDE, 2017 (UFRN – 01/01/16 a 31/12/2016).

Na tabela 3 foram apresentados os dez setores com maior quantitativo de

afastamentos. Destacam-se o Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), no qual foram

registrados 25,87% dos afastamentos, seguido da Maternidade Escola Januário Cicco

(MEJEC), com 9,17 % e, ainda, a Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS) com

4,17%. Novamente, o numero de afastamento é significativamente maior nos setores voltados

para a assistência á saúde.

4.2 O PROCESSO DE AFASTAMENTOS NA UNIDADE SIASS-UFRN

De modo a melhor compreender como se dá o processo de afastamento na UFRN e o

funcionamento do Sistema de Informação em Saúde, será apresentada a seguir uma síntese do

resgate histórico sobre o trabalho médico pericial e, na sequencia, informações sobre o

funcionamento do sistema.

47

4.2.1 Resgate histórico do trabalho médico pericial na UFRN

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte teve sua fundação em 1958, através

da Lei nº 2.307, de 30 de agosto de 1954 e Decreto Federal nº 45.116, de 26 de dezembro de

1958, com as faculdades existentes: Farmácia, Odontologia, Direito, Medicina, Filosofia,

Ciências, Letras e Engenharia. Através da Lei nº 3.846, de 17 de dezembro de 1960,

aconteceu a sua federalização, passando a ser uma Instituição Federal de Ensino Superior –

IFES (VARELA, 2005).

Para compreensão dos anos de 1960 a 1990, vale a pena ressaltar a atuação do médico

perito Décio Leal Teixeira. Pode-se dizer que o Dr. Décio é “o pai da junta média da UFRN”,

por ter trabalhado cinquenta anos na UFRN, boa parte na Junta. Em 1960, por recomendação

judicial, assumiu como primeiro presidente da Junta Médica o Dr. Olavo Silva de Medeiros

(dermatologista) e os membros, Dr. Gilberto Wanderley e Dr. Marcelo Carvalho. Interessante

registrar que Dr. Décio Leal ingressou na junta em 1964, antes de terminar o curso de

medicina, atuando poucos meses na parte administrativa, como secretário do serviço

(ANTÚRIO, COPO DE LEITE).

A sede da primeira Junta Médica foi no antigo Hospital das Clinicas, que em 1994

recebeu outra denominação (Hospital Universitário Onofre Lopes - HUOL), em homenagem

ao criador da UFRN. O serviço funcionava duas vezes na semana, nos dias terça e quinta pela

manhã. As coisas eram muito simples, no início funcionava nas enfermarias da dermatologia,

era um serviço itinerante (ANTÚRIO).

Em 1968 ocorreu a reforma universitária no país. A UFRN passou por um processo de

reorganização, que marcou o fim das faculdades e a consolidação da atual estrutura, com o

agrupamento de diversos departamentos acadêmicos, que a depender da natureza dos cursos e

disciplinas, organizaram-se em centros acadêmicos. Em 1970, teve início a construção do

Campus Central (VARELA, 2005).

Com o tempo, Dr. Olavo saiu da presidência da Junta, assumindo como segundo

presidente o Dr. Cleone Noronha (cirurgião), seguido por Dr. João Cabral Neto

(Oftalmologista) e Dr. Décio Teixeira Leal (Pediatra) como quarto presidente, passando

quinze anos no cargo e sendo sucedido Dr. José Deusamar de Sousa Fernandes

(oftalmologista), último presidente deste modelo, destacando também nesse contexto, Izabel

dos Santos Bezerra, por trabalhar 28 anos como secretária da Junta, de 1982 a 2010

(ANTÚRIO, COPO DE LEITE E TULIPA).

48

A junta permanecia sem local fixo e passou a funcionar no terceiro andar do prédio do

Centro de Ciências da Saúde (CCS). Porém, pela dificuldade de acessibilidade dos servidores

enfermos, foi transferida para uma sala própria no CCS, antigo arquivo do Centro, de acordo

com antúrio, copo de leite, tulipa e girassol. Em 1990, a Junta Médica passou a ser regida pela

Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, o Regime Jurídico Único dos servidores federais,

prestando inegáveis e relevantes serviços à instituição por meio de um conjunto de atividades,

as que se referem ao processo de avaliação da capacidade laboral, homologação das licenças

médicas para tratamento de saúde, e aposentadorias por invalidez, entre outras (SILVA,

2002).

Em 1994, a Junta foi transferida para o Centro de Convivência no Campus

Universitário, por sugestão do então reitor Prof. Geraldo dos Santos Queiroz, passando apenas

quatro meses nas dependências do Departamento de Pessoal – DP, em conformidade com o

relato de copo de leite. Em 1995, num contexto de significativas mudanças político-gerenciais

na Administração Central da UFRN, foi criada a Pró-reitora de Recursos Humanos – PRH, na

primeira gestão do Prof. Ivonildo do Rego (1995-1999), incorporando oficialmente em sua

estrutura, a junta médica da instituição (SILVA, 2012; CAMPELO, 2015).

Silva (2012) aponta a criação da PRH/UFRN como um avanço no sentido de estruturar

ações mais abrangentes de cuidados com o servidor, ampliando o setor denominado

Departamento de Pessoal – DP que, neste ponto, passou a se constituir a partir de três

Departamentos, o Departamento de Administração de Pessoal – DAP, o Departamento de

Desenvolvimento de Recursos Humanos – DDRH e o Departamento de Assistência ao

Servidor – DAS.

O DAS passou a funcionar com três divisões: Divisão de Assistência à Saúde (DAS),

Divisão de Assistência Social (DSO) e a Divisão de Higiene Segurança e Medicina do

Trabalho (DHSMT), nessa última, a Junta médica estava enquadrada como serviço de Perícia

Médica ao lado da Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). Na gestão do diretor

Benedito Braz Baracho no DAS, entre o ano 2000 a 2003, precisamente no ano 2002, chega

no departamento, a enfermeira Neuma Maria da Silva, vinda do HUOL. Por ter experiência na

área de sistemas de informações em saúde, o diretor apresentou preocupação em realizar um

levantamento sobre a morbidade dos servidores da UFRN, em virtude do elevado número de

servidores se afastando e se aposentando (CRISÂNTEMO, ANTÚRIO, GIRASSOL).

Para ajudar na realização da primeira pesquisa sobre a morbidade dos servidores da

instituição, chega no DAS, a assistente social Ana Beatriz Medeiros de Siqueira, cedida do

HUOL para assessorar Neuma Silva e a gestão na elaboração desse importante trabalho. Os

49

dados registrados pelos membros da Junta Médica nas Fichas Individuais de Registro de

Licenças Médicas e o Livro de Registro das Aposentarias por Invalidez, progressivamente

passaram a ser digitadas (SILVA, 2002, p. 9).

A partir da aquisição de microcomputadores por essa Divisão e com o apoio

decisivo da Assessoria Técnica da PRH, teve início o processo de

informatização da Junta Médica, o que abriu possibilidades mais concretas

para o planejamento e a implementação de um sistema de informação que, se

adequadamente estruturado, poderá funcionar como uma importante

ferramenta gerencial, com capacidade para gerar e disponibilizar

informações epidemiológicas confiáveis, ágeis e oportunas (SILVA, 2002, p.

9).

O programa informatizado era simples, na linguagem do MS-DOS, dificultando

exportação dos dados para o ambiente Windows. Desta forma, os dados foram digitados

novamente, cerca de três mil registros numa planilha do Excel. Em junho de 2002, o projeto

piloto foi realizado, sendo intitulado “Características da morbidade em servidores da UFRN, a

partir dos dados gerados pela Junta Médica”, conforme descreveram (GIRASSOL,

CRISÂNTEMO).

Do desenvolvimento dessas atividades resulta considerável volume de dados

de interesse da Epidemiologia, os quais, se transformados em informações,

poderão fornecer valiosa contribuição ao conhecimento de importantes

aspectos do processo saúde-doença de significativa parcela de servidores.

Conhecimento esse, indispensável ao planejamento e melhor gerenciamento

das políticas de recursos humanos da instituição (SILVA, 2002, p. 9).

Na conjuntura de 2003, o governo por meio do Ministério do Planejamento, criou a

Coordenação Geral de Seguridade Social e Benefícios do servidor. No âmbito da UFRN, esse

momento também é marcado por mudança de gestão no DAS, assumindo como diretor do

DAS Joseleno Marques e Neuma Silva a coordenação da DHSMT (GIRASSOL, COPO DE

LEITE).

O documento final foi concluído, sendo denominado “Contribuição ao conhecimento

sobre o perfil da morbidade em servidores da UFRN, a partir de dados registrados pela Junta

Médica Oficial da Instituição, no período de janeiro a dezembro de 2003”. O documento,

junto com o piloto (de 2002), se configuram como os primeiros documentos institucionais

sobre o perfil epidemiológico de morbidade dos servidores da universidade (GARDÊNIA,

CRISÂNTEMO, GIRASSOL).

Em relação à Junta Médica, a gestão passou a realizar mudanças significativas. Entre

outros pontos, merece destaque a revisão da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que

50

assinala que nem todos os casos de licença para tratamento da própria saúde deveriam ser

encaminhadas para Junta Médica. A lei previa que até 29 dias de afastamento no prazo de 12

meses, o servidor deveria passar por perícia simples (atualmente perícia singular) e, acima de

120 dias em 12 meses, seria submetido a Junta Médica (TULIPA, GIRASSOL).

A perícia em saúde do DAS passou a ser realizada por meio de duas modalidades:

perícia simples (presença de um médico perito) e a junta médica (composição de três médicos

peritos). Desta forma, observa-se uma melhoria para a instituição, por otimizar o serviço da

perícia médica e para o servidor, por ser menos exposto, pois todos os servidores,

independentemente da quantidade de dias de afastamento solicitados, passavam pela junta

(GIRASSOL).

A gestão do DAS atuou também na estruturação do que vem a ser hoje o prontuário

físico do servidor, pois percebeu-se, na época, que os laudos periciais eram enviados para o

arquivo geral da UFRN. A partir de cinco anos guardados, entretanto, como esses documentos

não constavam na régua dos documentos oficiais, eram descartados. Os laudos passaram a ser

arquivados junto com o atestado médico do servidor, se constituindo no seu prontuário físico.

Os prontuários, organizados em envelopes, por ordem alfabética, arquivados em caixa arquivo

(GARDÊNIA, GIRASSOL, COPO DE LEITE).

Assim como, a gestão promoveu análise no banco de dados informatizado da época,

considerando o sistema falho, porque todo programa, todo banco de dados precisa de

manutenção, atualização e desenvolvimento e não era o caso do sistema em uso “a junta

médica se sentiu insegura em ficar só jogando os dados no sistema, na época a cópia de

segurança era em disquete, não tinha rede, não tinha toda estrutura como hoje” (GIRASSOL,

TULIPA).

Nesse período foi estruturado um novo modelo no fluxo dos afastamentos do trabalho

da UFRN, pois o Ministério do Planejamento não dispunha de nenhuma normatização ou

regulamento para orientar as IFES sobre como esses serviços deveriam funcionar (tudo

dependia da necessidade imediata dos diversos órgãos federais e cada um fazia do seu modo).

O fluxo proposto consistia na orientação ao servidor para que este, ao sair do seu médico

assistente com um atestado, informasse a chefia imediata e entregasse o atestado diretamente

no DAS no prazo de cinco dias corridos (TULIPA, GIRASSOL e ANTÚRIO).

O processo de implantação da Unidade SIASS-UFRN ocorreu de forma gradual.

Carneiro (2011) pontua que os caminhos para a construção da Política de Atenção à Saúde e

Segurança do Serviço Público Federal – PASS se deu por meio de discussões coletivas,

ocorridas nos Encontros Nacionais de Atenção à Saúde do Servidor, com planejamento

51

estratégico conduzido pelo Ministério do Planejamento, fóruns, oficinas, formação de grupos

de trabalho para discussão de assuntos específicos, realização de consulta pública, reunião

com gestores de diversos órgãos da Administração Pública Federal (APF) e publicações de

legislações e documentos, como manuais, normas operacionais, decretos e portarias.

A partir de 2009, as instituições públicas federais foram orientadas a formar Unidades

do SIASS, cuja operacionalização ocorreu por meio da assinatura do Acordo de Cooperação

Técnica (ACT), envolvendo um grupo de instituições das quais uma referida unidade seria

escolhida como sede, numa lógica de parceria, conforme estabelece a Portaria Normativa nº

1.397, de 10 de agosto de 2012 (BRASIL, 2012a).

Vale a pena ressaltar que a organização do serviço na UFRN serviu de base para o

SIASS, com destaque para o fluxo, (sendo detectado que outros órgãos federais já

trabalhavam de forma semelhante) e o estudo da morbidade dos servidores da UFRN

realizado em 2002, serviu de base para estruturação do subsistema nacional, tendo Neuma

Silva à frente das negociações do SIASS no RN (GARDÊNIA, GIRASSOL).

Através do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) n° 033/2010, a Unidade do SIASS-

UFRN foi oficializda, atendendo a maioria dos servidores públicos federais do Estado que

utilizam os serviços de Perícia Oficial de Saúde para a concessão dos seus direitos, a exemplo

da Licença para Tratamento da Própria Saúde. Sendo a partir de então, alimentado o banco do

SIAPE SAÚDE na UFRN. A Enfermeira Neuma Silva assume como primeira coordenadora

da Unidade. Em 26 de maio de 2010, foi realizado uns dos primeiros eventos do SIASS à

nível de Brasil, o “I Encontro dos Integrantes da Rede SIASS do RN: Integrando pessoas e

internalizando conhecimento para uma nova prática de Atenção à Saúde do Servidor Público”,

depois de Brasília (CAMPELO, 2015; COSTA, 2016).

Em seguida, foi elaborado o primeiro folder da Unidade SIASS-UFRN (ANEXO A)

com as orientações sobre o afastamento por Licença para Tratamento da Própria Saúde:

Direitos e Deveres dos servidores, na gestão da segunda coordenadora da Unidade SIASS-

UFRN, a Enfermeira Lúcia de Fátima Macedo com as orientações que constam atualmente na

Carta de serviço da Diretoria de Administração de Pessoal (DAP) (GIRASSOL, TULIPA).

Como os avanços proporcionados pelo Plano de Reestruturação e Expansão da UFRN

(REUNI), o Regime Interno da Reitoria (ano 2011) foi reformulado, contemplando os

princípios da PASS, a parir de então, a estrutura da UFRN passou por reformulações internas,

a PRH/UFRN passou a denominar-se Pró-reitora de Gestão de Pessoas - PROGESP/UFRN

(UFRN, 2011).

52

A PROGESP/UFRN tem a missão de “Promover a política de Gestão de Pessoas da

UFRN, visando o desenvolvimento pessoal, social e profissional, zelando pelos direitos,

saúde e qualidade de vida no trabalho”, com a visão de “Ser referência na Gestão de Pessoas

no âmbito do serviço público federal, com práticas inovadoras e atendimento de excelência”

(UFRN, 2016, p. 5).

O novo organograma da PROGESP/UFRN traz como composição: Assessoria

Técnica, Secretaria Administrativa, Coordenadorias (Concurso; Atendimento; Qualidade de

Vida e Acumulação de Cargos) e Diretorias (Diretoria de Administração de Pessoal – DAP;

Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas – DDP e a Diretoria de Atenção à Saúde do

Servidor – DAS).

A DAS é o setor “responsável pela gestão de ações referentes à saúde, perícia em

saúde e vigilância e segurança no trabalho e qualidade de vida”, conforme Regimento

Interno/2011. A composição da DAS também foi reestruturada, com Secretaria administrativa

e quatro Coordenadorias (Coordenadoria de Assistência à Saúde do Servidor – CAS,

Coordenadoria de Apoio Psicossocial do Servidor – COAPS, Coordenadoria de Promoção da

Segurança do Trabalho e Vigilância Ambiental – COPS e a Coordenadoria de Vigilância

Epidemiológica e Perícia em Saúde – COVEPS), nas quais são atendido os servidores em

busca do direito de afastamento do trabalho (UFRN, 2011).

Na atualidade assumem a coordenação da Unidade SIASS-UFRN as enfermeiras do

trabalho Danielle Loren Costa e Lídia Costa Araújo Magalhães, juntamente com a equipe da

perícia em saúde da COVEPS formada por servidores da UFRN e de outros órgãos federais

parceiros, nas diversas categorias profissionais, incluindo médicos peritos, odontólogos

peritos, auxiliares e técnicos administrativos, com a colaboração das demais coordenadorias

da DAS, com uma equipe multiprofissional ampla, que contempla, médicos do trabalho,

enfermeiros do trabalho, psicólogos, assistentes sociais, engenheiro e técnicos em segurança

no trabalho, técnicos e auxiliares de enfermagem (GARDENIA, TULIPA, GIRASSOL,

CRISÂNTEMO) .

4.2.2 O Funcionamento da Unidade SIASS-UFRN

A Unidade SIASS-UFRN tem sede no campus universitário em Natal, com quatro

extensões nos municípios de Caicó, Currais Novos, Santa Cruz e Mossoró. A sede ocupa o

espaço físico na Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor – DAS e opera por meio da

Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Perícia em Saúde – COVEPS.

53

Em 2016, tal Unidade sistematizava dados de 32 órgãos da Administração Pública

Federal no Estado do Rio Grande do Norte, dos quais destacam-se, entre outros, o Instituto

Federal do Rio Grande do Norte do Rio Grande do Norte (IFRN), a Universidade Federal do

Semiárido (UFERSA), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o

Departamento de Polícia Rodoviária, a Fundação Nacional de Saúde e a Advocacia Geral da

União (AGU), realizando cerca de 12000 atendimentos anuais (COSTA, 2016).

A Unidade funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, de acordo como o horário

da DAS. A COVEPS conta com servidores das diversas categorias profissionais, como:

médico perito, odontólogo perito, enfermeira do trabalho, assistente social, psicólogo, médico

do trabalho, engenheiro, técnico de segurança, técnicos e auxiliares administrativos, da UFRN

e demais órgãos parceiros.

A perícia em saúde na Unidade SIASS-UFRN, compreende sete serviços diretos:

coordenação, assessoria técnica, Perícia Oficial em Saúde (POS) contemplando o

administrativo da perícia, avaliação médica pericial e a equipe multiprofissional, o

administrativo da COVEPS e o arquivo. Destes, cinco trabalham diretamente com o SIPAE

SAÚDE, quer alimentando: os serviços da POS (administrativo da perícia, avaliação médica

pericial e a equipe multiprofissional), quer consultando, para fins gerenciais (a coordenação e

a assessoria técnica), esses serviços foram os selecionados para realização das entrevistas.

O organograma da Unidade SIASS-UFRN, exposto a seguir na Figura 4, contempla os

sete serviços envolvidos no trabalho da COVEPS no módulo da POS, específico para os

afastamentos para tratamento da própria saúde do servidor. Ressalta-se nesse organograma a

presença da equipe multiprofissional, por constar entre os serviços da POS, mesmo que atuem

mais nas outras modalidades de afastamento, a exemplo dos afastamentos para acompanhar

familiares.

Figura 4 – Organograma da Unidade SIASS-UFRN. PROGESP/DAS/COVEPS

Módulo: Perícia Oficial em Saúde – Licença para tratamento da própria saúde.

Fonte: Elaboração da autora (2017).

54

Na observação, verificou-se que outros serviços da DAS também participam da

dinâmica do trabalho pericial, a saber: primeira recepção, sala de enfermagem (pré-consulta),

segunda recepção, sala do plantão psicossocial e a Assessoria Técnica (ASTEC). Portanto, 12

serviços participam da rotina do processo institucional dos afastamento do trabalho da

Unidade SIASS-UFRN (COVEPS: 7 e DAS: 5).

A seguir serão descritas algumas atribuições dos serviços da COVEPS, segundo

observação e depoimento dos entrevistados.

A coordenação é “responsável pela COVEPS e gestão da Unidade SIASS-UFRN e

atende no primeiro andar da DAS, atuando diretamente no acompanhamento dos módulos do

SIAPE SAÚDE em funcionamento na Unidade”.

Faço a escala dos médicos peritos e dou apoio a parte administrativa da

perícia, vejo as marcações das juntas médicas junto com os servidores de lá,

se os atestados estiverem fora do prazo, oriento os servidores. Analiso os

processos na coordenação de perícia judicial, remoção por motivo de saúde,

entre outros, para encaminhar aos peritos (PARTICIPANTE 8).

A assessoria técnica “exporta os dados do sistema, assim como, dá suporte técnico

aos que alimentam o sistema”.

Realizo extração de relatórios do SIAPE SAÚDE (Internos/UFRN,

Externo/Mestrado, doutorado). Manuseio os módulos implantados do SIAPE

SAÚDE (Perícia Oficial em Saúde, Exame médico periódico), dando apoio

técnico aos servidores que usam e manuseiam diariamente o sistema, estudo,

olho e encaminho chamadas, por exemplo, na busca de melhorias do SIAPE

SAÚDE: envio as demandas para o Ministério do Planejamento através do

“ALÔ SEGEPE” (PARTICIPANTE 10).

O administrativo da perícia “acessa o SIAPE SAÚDE” para contagem dos dias de

afastamento solicitado no atestado médico e utiliza o critério legal da contagem de dias para

realizar a dispensa de perícia ou encaminhamento para avaliação médica pericial via sistema.

Observa-se que o atestado médico é avaliado nesse serviço. Quanto o seu prazo de

entrega na DAS, equivale a cinco dias corridos da sua emissão. Caso contrário, é necessário

entrar com a justificativa de decurso de prazo. Seu preenchimento correto que deve conter

nome do servidor, CID da enfermidade, dias de afastamento, carimbo e assinatura do médico

ou odontólogo. Em relação à contagem dos dias de atestado, aqueles que totalizam até cinco

dias (que na contagem no sistema totalize até 14 dias em doze meses), implicam em dispensa

de perícia, com emissão do registro de licença para tratamento de saúde inferior a 15 dias. Os

atestados que totalizem a partir de cinco dias (em que a soma dos afastamentos for superior a

55

14 dias até 120 dias em doze meses) exigem uma perícia singular e, nos casos da soma ser

superior a 120 dias em doze meses, é obrigatório o parecer da junta médica para que o

afastamento seja possível.

Quando o servidor chega aqui, a gente pergunta o nome dele, pega o CPF, o

telefone e coloca no SIPAE NET para fazer a consulta, para ver se é

dispensa, perícia ou junta. No caso de atestado de até 5 dias e contabilizar

menos de 14 dias nos últimos 12 meses, homologamos o atestado e

concedemos a dispensa administrativa. Nos casos que o atestado some mais

de 14 dias até 120 dias em 12 meses, precisa passar pela perícia médica, aí é

realizado agenda de perícia, a marcação que a gente faz é sempre para o dia,

se for acima de 120 dias em 12 meses agendamos junta médica, se puder

para o mesmo dia, ou se não, outra data mais próxima. Nós fazemos a

distribuição para o atendimento pericial, as juntas (tentamos colocar no

máximo 4 juntas) por ser mais demorado, a exemplo dos pedidos de

remoção. No caso de ter três peritos, eles também atendem a perícia singular,

e nós vamos otimizando o atendimento, e incluindo as prioridades (idosos,

servidor cirurgiado), a gente tenta intercalar (PARTICIPANTE 13).

O serviço de avaliação médica pericial é realizado por médicos peritos ou

odontólogos peritos, por meio da perícia singular ou avaliação da junta médica. A partir

dessas, o prontuário eletrônico do servidor no SIAPE SAÚDE e alimentado e, ao final, é

emitido o laudo médico pericial (ANEXO B).

Quando o servidor chega, abro o SIAPE SAÚDE, na primeira parte, vou

registrar os dados do atestado no sistema e ele vai dizendo o que está

acontecendo, sentindo durante quanto tempo. Isso é anamnese do prontuário,

a gente tem uma área que é para registrar os dados do atestado. Registra (a

data, o nº CRM do médico, o estado, registra o CID, quantos dias de

afastamento aí inclui os dados do atestado) e se inicia a perícia. Coloca qual

a função do servidor, atividade profissional do servidor, coloca os dados da

anamnese, determinado quadro clínico, como evoluiu, como está no

momento, as informações sobre a quantidade de anos e em que setor se

encontra no serviço, já está registrado no cadastro dele, a idade, endereço,

atividade profissional e o que exerce/atual setor, a gente pergunta (porque

tem muito desvio de função). O campo do exame físico, a gente coloca os

Sinais vitais e algo mais que a gente identifica no exame físico, tem o campo

dos exames laboratoriais, exames de imagem, tem o campo da terapêutica do

tratamento, e aí os diagnóstico(s). Na segunda parte, se é concedido a

licença ou não, se o servidor deverá retornar após o termino da licença,

acredito que nesse prazo o servidor tem condições de retornar, a gente coloca

“Sim” ou “Não”. Como o servidor tem uma função que exige muito dele, ele

está com esse problema de saúde, é melhor a gente reavaliar. Deverá retornar

ao trabalho no final da licença, a gente coloca “Não”, deverá retornar por

avaliação de junta médica “Sim”, se “Sim”, qual a data. Coloca o número de

dias lá em baixo, início do afastamento, e aparece o término, quando a gente

coloca 30 dias, a gente coloca data inicial, automaticamente o sistema já gera

a data final, aí conclui a perícia com Laudo médico pericial, que não vai

constar o CID, vai constar só o período de afastamento, se o servidor vai

56

voltar ao termino da licença, dizendo que ele está inapto no momento

(PARTICIPANTE 5).

Nos casos em que a avaliação médica necessita de parecer técnico de outros

profissionais, a equipe multiprofissional é acessada via sistema. Tal equipe, por sua vez,

elabora os pareceres técnicos e retorna essas informações, via sistema, para o solicitante.

Na rotina da equipe multiprofissional, quando chega uma solicitação, vem de

modo automático, abro o sistema para ver todo histórico daquele servidor, a

gente consegue ver as perícias anteriores para subsidiar uma decisão nesse

sentido. Tem lá um módulo agora que é o psicossocial, dentro dos pareceres

“social, psicológico, psicossocial”, é muito comum essa atuação da

psicologia com o serviço social, a gente faz de modo separado ou então, em

equipe. Tem um campo de avaliação social e aí ao fim tem a conclusão, é o

parecer. Ainda não é tão comum, mas essa ferramenta do sistema precisa ser

mais utilizada (PARTICIPANTE 17).

Os documentos institucionais de “registro de dispensa e laudos médicos periciais” são

emitidos em duas vias, uma é entregue ao servidor e outra fica na instituição. Esses

documentos, juntamente com os respectivos atestados são enviados, via malote, para o Setor

administrativo da COVEPS, onde os laudos são digitalizados no Sistema Integrado de

Gerenciamento de Recursos Humanos (SIGRH) da UFRN, que, por sua vez, envia e-mail para

o servidor e chefia imediata, dando ciência do registro da ausência. Em seguida, esses

documentos institucionais são encaminhados via malote para o arquivo, onde serão separados

por órgãos e arquivados em envelopes que se configuram no prontuário físico do servidor,

organizados em caixa arquivo por ordem alfabética, de acordo com corredor e compartimento

específico.

Em relação ao fluxo do processo de afastamento, observa-se que a DAS oferece o

suporte para o trabalho da COVEPS. O processo se inicia pela primeira recepção, porta de

entrada da DAS, onde o servidor se identifica através do documento de Cadastro de Pessoas

Físicas (CPF). Neste momento, o serviço vai investigar se o atendimento se trata de “demanda

programada” (casos agendados para a junta médica, consultando, para isso, a “planilha de

acompanhamento do SIASS”), ou “demanda espontânea” (no caso do servidor não estar

agendado e/ou quando recorre pela primeira vez ao serviço) sendo, então, alimentada a

“planilha de espera SIASS” e, de acordo com os dias solicitados no atestado (até cinco dias, o

servidor é encaminhado diretamente para aguardar atendimento do administrativo da perícia).

Os atestados que totalizam acima de cinco dias e os agendados para junta médica são

encaminhados para a sala da enfermagem (pré-consulta), onde serão aferidos os sinais vitais

57

(SSVV), a saber: Pressão Arterial (PA); Frequência Respiratória (FR); Frequência Cardíaca

(FC); Temperatura (T); peso e altura. Os dados são digitados na “planilha do posto de

enfermagem”. Após atendimento, os servidores são encaminhados para a segunda recepção,

onde aguardarão o atendimento do administrativo da perícia e, consequentemente, da POS.

Ao final da avaliação médica pericial, caso o servidor necessite, será encaminhado

para sala do plantão psicossocial, serviço realizado por um assistente social e um psicólogo

por turno, para dar suporte emocional aos servidores afastados, conforme relato a seguir.

No HUOL, depois da implantação da Empresa Brasileira de Serviços

Hospitalares - EBESH, os adoecimentos por problema psíquico aumentaram

bastante, então, todos vem alegando que o adoecimento foi desencadeado

por inadaptação as novas regras da gestão ... muitas vezes o servidor chega

aqui detonado, psicologicamente fragilizado, chorando o tempo todo,

precisando realmente de um apoio psicológico (PARTICIPANTE 4).

Por fim, destaca-se a atuação da Assessoria Técnica de Informática (ASTEC), no

processo institucional dos afastamentos na Unidade SIASS-UFRN. Embora não trabalhe

diretamente com o SIAPE SAÚDE, tal assessoria é responsável pela informatização dos

dados na DAS, efetuando a comunicação direta entre os computadores ligados à rede local,

dando suporte aos serviços que utilizam os instrumentos envolvidos no trabalho da primeira

recepção, com a “planilha de espera SIASS” e da sala de enfermagem, com a “planilha do

posto de enfermagem”.

O servidor chega na primeira recepção, a gente aqui no administrativo da

perícia abre a “planilha de espera SIASS”, através da aba do MSN

Messenger, temos contato direto com o pessoal da recepção. Com o

computador ligado a gente tem esse acesso, aí a gente chama através do

MSN Messenger, e a segunda recepção visualiza e quando o servidor chega

aqui, nós colocamos atendido, nessa “planilha de espera SIASS”

(PARTICIPANTE 12).

O sistema da DAS hoje é interno, nós organizamos tudo isso. Temos o LAN

Mensagem, instrumento que a gente faz comunicação como se fosse MSN

(comunicação via internet), é instalado em todos os computadores da DAS.

Temos a rede DAS, para guardar os dados gerados, as planilhas que só quem

tem acesso são os servidores que as manuseiam, a ASTEC dá assessoria aos

servidores, faz backups semanal e mensal, por um computador denominado

servidor (PARTICIPANTE 14).

Portanto, vários serviços e documentos institucionais são utilizados na dinâmica do

processo de afastamento do trabalho na Unidade SIASS-UFRN, conforme registrado no

Quadro 1.

58

Quadro 1 – Levantamento dos serviços e documentos envolvidos no processo institucional

dos afastamentos do trabalho na Unidade SIASS-UFRN, em 2016.

DESTAQUES COVEPS

(Perícia em Saúde)

DAS

(Suporte)

SETORES

1-Coordenação

2-Assessoria Técnica

3-Administrativo da perícia (POS)

4-Avaliação médica pericial (POS)

(Perícia singular e junta médica)

5- Equipe multiprofissional* (POS)

5-Administrativo COVEPS

6-Arquivo

1-Primeira recepção (CAS)

2-Sala de enfermagem (CAS)

3-Segunda recepção (CAS)

4-Plantão psicossocial (COAPS)

5-Assessoria Técnica de

Informática (ASTEC)

DOCUMENTOS

1-Planilha “acompanhamento do

SIASS”

2-Justificativa de decurso de prazo

3-Orientação para servidor em

trânsito

4-Perícia hospitalar

5-Laudo do registro de dispensa

6-Laudo médico pericial (Anexo B)

1-Planilha posto de enfermagem

2-Planilha de espera SIASS

(*) Equipe multiprofissional: participam todas Coordenadorias da DAS (COVEPS/CAS/CPOS/ COAPS)

Legenda/Fonte: elaboração da pesquisadora, 2017.

DAS: Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor.

CAS: Coordenadoria de Atenção à Saúde do Servidor.

COPS: Coordenadoria de Promoção da Segurança do Trabalho e Vigilância Ambiental.

COAPS: Coordenadoria de Apoio Psicossocial ao servidor.

COVEPS: Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Perícia em Saúde.

POS: Perícia Oficial em Saúde.

SIASS: Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor Público Federal – SIASS.

4.3 O SIAPE SAÚDE NA ÓTICA DOS PRINCIPAIS ATORES ENVOLVIDOS

Ao longo do estudo de campo foram realizadas 17 entrevistas com os servidores que

lidam com o SIAPE SAÚDE na Unidade SIASS-UFRN (o roteiro da entrevista encontra-se

no apêndice A). A seguir, uma síntese dos dados obtidos no que se refere à caracterização dos

participantes e sobre o entendimento destes quanto ao funcionamento do Sistema de

Informação em Saúde – SIS.

4.3.1 Os operadores do Sistema de Informação de Saúde e Segurança do Servidor

Público Federal – SIAPE SAÚDE

Visando elaborar uma breve caracterização dos principais agentes envolvidos na

manutenção e alimentação de dados no Sistema de Informação em Saúde da UFRN, algumas

informações são apresentadas a seguir.

59

Em relação ao vínculo, relativo à parte I da entrevista, 76,47% dos que integram a

equipe de da Unidade SIASS são servidores da UFRN e 23,53% estão vinculados a outros

órgãos parceiros, conforme mostra a Tabela 4.

Tabela 4 – Vínculo da equipe da Unidade SIASS-UFRN

Resposta Frequência absoluta Percentual

(%)

1 – UFRN 13 76,47

2 – Outros órgãos parceiros 4 23,53

Total 17 100,00 Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Na distribuição por gênero, 76,47% são do sexo feminino e 23,53% do sexo

masculino, conforme descrito na Tabela 5.

Tabela 5 – Distribuição da equipe da Unidade SIASS-UFRN, por gênero, em Natal, RN.

Resposta Frequência absoluta Percentual

(%)

1 – Feminino 11 76,47

2 – Masculino 6 23,53

Total 17 100,00 Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Entre os que participam da equipe, 41,18% estão na Unidade SIASS-UFRN de 1 a 6

anos. 35,29% já estão há mais de 7 anos e 23,53% estão há menos de 1 ano (Tabela 3).

Tabela 6 – Tempo de trabalho da equipe na Unidade SIASS-UFRN

Resposta Frequência absoluta Percentual

(%)

1 – 7 anos ou mais 6 35,29

2 – De 1 a 6 anos 7 41,18

3 – Até 1 ano 4 23,53

Total 17 100,00 Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Sobre a percepção dos servidores quanto ao fluxo dos afastamentos do trabalho na

instituição, de acordo com a parte II da entrevista, 52,95% dos entrevistados informaram

conhecer parte do processo e 35,29% referem conhecer todo processo (Tabela 4).

60

Tabela 7 – Percepção dos entrevistados sobre o fluxo dos afastamentos na Unidade SIASS-

UFRN, ano 2016, Natal, RN.

Resposta Frequência absoluta Percentual

(%)

1 – Conhece todo processo 6 35,29

2 – Conhece parte do processo

3 – Desconhece o processo

9

2

52,95

11,76

Total 17 100,00 Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Em relação ao conhecimento do fluxo dos afastamentos na unidade, o critério para

alocação na alternativa “conhece todo processo” se aplicou para os que identificaram os cinco

serviços da COVEPS envolvidos na perícia em saúde, a saber: coordenação, assessoria

técnica, perícia oficial em saúde (administrativo da perícia, avaliação médica e a equipe

multiprofissional), administrativo da COVEPS e o arquivo. Os que “conhecem parte do

processo” são os entrevistados que citaram três destes serviços e os que desconhecem o

processo são aqueles que só mencionaram seu próprio serviço.

Em relação ao conhecimento dos servidores sobre o registro dos afastamentos do

trabalho na UFRN antes da implantação do SIASS, 41,18% “desconhecem como era o

registro”. 35,59% afirmam que “ouviram falar como era o registro” e 23,53% assinalam que

sabem como ocorria esse trabalho, conforme registrado na Tabela 5. Tal resultado guarda

relação com aqueles apresentados na Tabela 3, que revelou ter a equipe menos de sete anos na

Unidade SIASS-UFRN.

Tabela 8 – Conhecimento do registro dos afastamentos antes da Unidade SIASS-UFRN.

Resposta Frequência absoluta Percentual

(%)

Conheceu como era o registro 4 23,53

Ouviu falar como era o registro

Desconhece

6

7

35,59

41,18

Total 17 100,00 Fonte: Elaboração da autora, 2017.

No que se refere à avaliação do Sistema de Informação em Saúde, notadamente no que

alude ao registro, atualização e disponibilização de dados relativos ao afastamento por

absenteísmo doença, na Tabela 6 são apresentados os pontos considerados positivos do

SIAPE SAÚDE.

61

Tabela 9 – Pontos considerados como positivos no SIAPE SAÚDE/ Unidade SIASS-UFRN,

no ano 2016.

Resposta Frequência absoluta Percentual

(%)

1 – Sistema unificado para todos os

órgãos federais

6 35,29

2 – Sistema que registra a história

pericial do servidor

3 – Sistema que contém dados

importantes para estudo

4 – Sistema é muito eficiente, ágil e

ajustável

5

3

3

29,41

17,65

17,65

Total 17 100,00 Fonte: Elaboração da autora, 2017.

Como é possível observar, 33,29% destacaram como ponto positivo o fato de o SIS

representar um “sistema unificado de perícia para todos os órgãos federais”. 29,41%

consideram valido, uma vez que “o Sistema que registra a história pericial do servidor”. Por

fim, 17,65% reconhecem que é um “Sistema que contém dados importantes para estudo” e

17,65% destacam que “o Sistema é muito eficiente, ágil e ajustável”.

Com relação aos pontos considerados negativos, 50,00% referem que “a base de dados

do Sistema é antiga” (software ultrapassado), apresentando problemas (pane devido à

sobrecarga, lentidão) quando há necessidade de se produzir dados concomitantes (folha de

pagamento, férias). Para 21,42% dos entrevistados, “os dados dos relatórios gerenciais são

limitados”. 14,29% consideram “os dados do prontuário informatizado centralizados no perfil

perito” e indicam que “Não há uma articulação entre os módulos” do sistema (Tabela 7).

Tabela 10 – Pontos considerados negativos no SIAPE SAÚDE/Unidade SIASS-UFRN, no

ano 2016.

Resposta Frequência Absoluta Percentual

(%)

1 – Base de dados antiga (software

ultrapassado), apresenta problemas com dados

concomitantes: folha de pagamento, férias

7 50,00

2 – Os dados dos relatórios gerenciais são

limitados

3 21,42

3 – Os dados do prontuário informatizado

centralizados no perfil perito

4 – Não há uma articulação entre os módulos

2

2

14,29

14,29

Total 14 100,00 Fonte: Elaboração: da autora, 2017.

62

Como sugestão visando promover melhorias no SIS, 35,73% dos respondentes

apresentam como alternativa principalmente “a necessidade de constante avaliação e

atualização do Modulo”. 21,42% destacam a necessidade de “ampliação dos relatórios

gerenciais” e 7,14% sugerem, respectivamente, a descentralização de informações, o aumento

de recursos e treinamento, o incentivo á utilização do Sistema e a necessidade de realização

de mais estudos na área, conforme explicitado na Tabela 8.

Tabela 11 – Sugestões de melhorias no SIAPE SAÚDE/Unidade SIASS-UFRN, no ano 2016.

Fonte: Elaboração: da autora, 2017.

Em relação ao conhecimento sobre como se dá o acompanhamento dos afastamentos

na UFRN (Tabela 9), 35,30% “não tem clareza como o processo acontece”, 23,53% acha que

“é feito pela equipe da Coordenadoria de Apoio Psicossocial – COAPS” e 23,53% afirmam

que “é realizado pela equipe da COAPS”, o que indica que, mesmo entre os que alimentam,

operam/ atualizam e se utilizam do Sistema cotidianamente, prevalece a limitação ou mesmo

ausência de informação, mesmo quando se trata do fluxo de um processo que se desenvolve

em ambientes de trabalho fisicamente muito próximos.

Tabela 12 – Acompanhamento dos afastamentos do trabalho dos servidores da UFRN pela

Unidade SIASS-UFRN, no ano 2016.

Resposta Frequência Absoluta Percentual

(%)

Resposta Frequência Absoluta Percentual

(%)

1 – O módulo precisa de avaliação e

atualização

5 35,73

2 – Os relatórios gerenciais precisam ser

ampliados

3 – É preciso descentralizar as informações,

disponibilizando dados para toda a equipe

do SIASS

4 – Deve haver um aumento de recursos

humanos e treinamento para uso do sistema

5 – Há necessidade de enfatizar a cultura de

utilização do sistema

6 –É necessário a realização de estudos na

área

3

2

1

1

1

1

21,42

14,29

7,14

7,14

7,14

7,14

Total 14 100,00

63

1 – Não tem clareza como o processo

acontece

2 – Acha que é feito pela equipe da COAPS

3 – É realizado pela equipe da COAPS

4 – É realizado pela gestão

5 – Não existe

6

4

4

1

1

1

35,30

23,53

23,53

5,88

5,88

5,88

Total 17 100,00 Fonte: Elaboração: da autora, 2017.

De modo geral, os resultados obtidos apontam que, no âmbito da UFRN, a maioria dos

afastamentos se deve a incidência de Transtornos Mentais e Comportamentais que acometem

principalmente as servidoras, notadamente nos cargos técnico-administrativos e entre as

categorias profissionais da área da saúde. O processo de afastamento passou por varias

mudanças e a partir da implantação do Sistema de Informação em Saúde, a forma de

sistematizar e gerenciar os dados permitiu uma ampliação considerável e maior acessibilidade

do conhecimento. Resta explicar como e porque tal processo assim se constituiu.

64

5 ENTENDENDO OS AFASTAMENTOS E O SIS: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

O afastamento do trabalho por licença médica para tratamento da saúde é um direito

do servidor, por outro lado, representa um importante indicador para avaliação do seu estado

de saúde, possibilitando o planejamento das ações de promoção à saúde e qualidade de vida

no trabalho, tendo entre outros objetivos, a redução destes afastamentos.

O crescimento dos índices de afastamento do trabalho devido ao adoecimento é

notório na classe trabalhadora (COSTA, 2016; MAGALHÃES, 2017). Ao analisar este

fenômeno entre os servidores da UFRN a partir dos dados registrados no SIAPE SAÚDE, foi

possível constatar um aumento de 34,23% no ano 2016, com 992 servidores afastados por

perícia (ressaltando-se que o sistema não disponibiliza os dados das dispensas

administrativas). Como explicar o fato de que, historicamente, a instituição vivencia um

crescimento nos índices de adoecimento e afastamento? O que faz com que o trabalho e

mesmo a instituição se constituam como elementos potencializadores de agravos,

promovendo mal estar e adoecimento? Será possível estabelecer um nexo causal entre o

trabalho (sua natureza, as condições em que se dá) e a incidência cada vez mais frequente de

transtornos físicos e psíquicos.

As constantes mudanças no mundo do trabalho advindas da crise na produção

capitalista no século XXI, marcada pela flexibilização e precarização das relações de trabalho

tanto no setor privado como no serviço público, promoveram um clima laboral desafiador,

tanto para o setor privado, como para o serviço público, a mesma lógica capitalista,

requerendo maior eficácia, eficiência, iniciativa e pró-atividade dos servidores. Tornando

assim, o trabalho e as instituições como fontes que intensificam o adoecimento psíquico e o

afastamento do trabalhado (PIRES, 2008; CAMPELO, 2015; COSTA, 2016; MARQUES,

2016; OLIVEIRA, 2016; MAGALHÃES, 2017).

Ao investigar os principais tipos de enfermidades que levaram os servidores a se

afastarem do trabalho na UFRN, constatou-se que figuram como causa, em primeiro lugar, os

problemas relativos aos transtornos de natureza psíquica, as doenças do grupo F, equivalente

aos Transtornos Mentais e Comportamentais (TMC), seguido pelo grupo M, relativo às

doenças do sistema osteomusculares e do tecido conjuntivo.

Os transtornos mentais acarretam prejuízos na vida do trabalhador, afetando-o em

todas as esferas (família, trabalho entre outros aspectos) e notadamente no que se refere as

suas relações sociais, o afastamento do trabalho temporário gera sofrimento e pode evoluir de

65

uma incapacidade temporária para uma incapacidade permanente, desdobrando-se em

aposentadoria por invalidez (APA, 2014; SILVA JUNIOR, FISCHER, 2015).

O impacto destas enfermidades na sociedade se traduz em um alto custo social,

econômico e principalmente, na vida do sujeito adoecido, sendo os transtornos tidos como

mais dispendiosos a depressão, o transtorno bipolar, a esquizofrenia e os transtornos

relacionados ao uso de álcool e drogas (RAZZOUK, et al., 2015).

Seligmann-Silva (2011) pontua que, em virtude de diversos fatores imprevistos, o

trabalhador não consegue cumprir suas atribuições totalmente e tem se tornado habitual a sua

responsabilização pela situação, causando constrangimento e forte ansiedade, que assume

várias formas, podendo desencadear um processo depressivo.

Dentre os resultados mais significativos quando se investiga a relação entre dias de

afastamento e os dez primeiros grupos doenças elencadas na da CID/10, no ano 2016 na

UFRN, patologias relacionadas aos TMC (o transtorno misto ansioso e depressivo, os

episódios depressivos e os episódios depressivos graves sem sintomas psicóticos) se

destacam. Ou seja, tais transtornos são a principal causa de afastamento por longos períodos

entre os servidores da instituição.

Na 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), a

depressão caracteriza-se pela presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de

alterações somáticas e cognitivas que afetam de forma significativa a capacidade de

funcionamento do indivíduo. De acordo como a American Psychiatric Association (APA), o

termo “depressivo” prevalece entre os diagnósticos e a depressão tem figurado como um mal

que cada vez mais acomete pessoas no mundo inteiro (OMS, 2016; COSTA, 2016). Neste

sentido, pode-se conjecturar que o que se observa na UFRN expressa a generalização de uma

forma de adoecimento que, mesmo considerando seu caráter multifacetado, não pode ser

desvinculada dos efeitos nocivos que certos modos de vida e trabalho promovem.

Em relação à média dos servidores afastados por categoria profissional, observa-se que

os auxiliares de nutrição e dietética assumem o primeiro lugar (com 28,57% de servidores

afastados), seguidos pelos técnicos de enfermagem (13,33%) e pelos auxiliares de

enfermagem (8,91%). Assim, das dez profissões que mais se afastaram, cinco são

profissionais de saúde (CAMPELO, 2015; COSTA, 2016).

Pela natureza do trabalho desenvolvido nos hospitais e outros contextos voltados para

a oferta de cuidados, os profissionais de saúde são consensualmente tidos como

potencialmente vulneráveis ao adoecimento. O entorno do trabalho, o cotidiano, que promove

uma constante aproximação com a dor e a morte podem desencadear diversas doenças, tais

66

como o estresse e síndrome de burnout, entre outros tipos de sofrimento psíquico

(SELIGMANN-SILVA, 2011).

Por outro lado, os Hospitais Universitários (HUs) da UFRN desde o ano 2013

passaram a ser gerenciados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).

Obviamente, tal mudança no gerenciamento dos processos de trabalho, na organização e

controle do tempo e do ritmo de atuação de cada servidor e mesmo na forma de distribuir

recompensas ou propiciar a participação e autonomia dos sujeitos, traz inúmeras

consequências, notadamente impactando na subjetividade de cada envolvido e se refletindo na

saúde, qualidade de vida e da assistência prestada pelo profissional.

Robbins (2002), assinala que nas organizações contemporâneas, o ambiente de

trabalho é cada vez mais dinâmico, mutante, de modo que quem não se adapta e se modifica

não consegue sobreviver ou o faz a custa de muito gasto de energia, sofrimento e estresse. Um

alto nível de estresse ou mesmo um estresse moderado, mas constante ao por um grande

período de tempo, podem levar à insatisfação, à desmotivação e à queda no desempenho.

Esse processo reflete a necessidade do acompanhamento dos servidores que se afastam

do trabalho, para tanto, a instituição precisa estar munida dos dados epidemiológicos

produzidos no ato médico pericial. A UFRN adotou diversos modelos deste serviço, a partir

do resgate histórico, é possível afirmar que a perícia em saúde experienciou três períodos

distintos: período inicial – 1960 a 2002”; período intermediário - 2003 a 2009 e o período

atual – 2010 a 2016, conforme (APENDICE D).

O período inicial (1960 a 2002), destaca-se o modelo da “Junta Médica” serviço

realizado por três médicos peritos, que teve início no Hospital Universitário Onofre Lopes

(HUOL). Na década de 1990 passou a compor o quadro do recém-criado Departamento de

Assistência ao Servidor (DAS). Os servidores para aquisição do seu direito, eram orientados a

recorrer ao Departamento de Pessoal do seu local de trabalho com o atestado médico para dar

abertura a um processo, este era enviado para o DAS, que convocava os servidores para junta

médica. Os documentos institucionais consistiam no “atestado médico, laudo médico pericial

emitido em três vias, uma do servidor, outra para ser anexado ao processo, que seria

encaminhada ao setor de origem para tomada de conhecimento da chefia, e a terceira da

instituição que ficava guardada até cinco anos em envelope do servidor. O registro ocorria de

forma manual, em pequenas fichas de acompanhamento dos afastamentos dos servidores, a

equipe vivenciava diversas situações de estresse ocupacional.

67

O mais estressante era procurar as fichinhas, porque se um profissional

precisasse e tivesse tirado aquela ficha, até encontrar ..., ficava segura só

com clip e o clip se enganchava em outras coisas, às vezes a gente não

encontrava de jeito nenhum, procurava de todo o jeito e não encontrava,

então abria uma nova e quando entregava para o médico, ele dizia: cadê a

ficha dele, esse servidor tem mais licença, não é porque a gente não achou,

ah não ... era bem estressante (GARDÊNIA).

No período intermediário, compreendido entre (2003 a 2009), foi implementado

modelo de perícia médica, desenvolvido no DAS, através da Divisão de Higiene Segurança e

Medicina no Trabalho (DHSM), sendo composto por dois serviços “perícia simples” com

atendimento pericial realizado por um médico perito e “junta médica”, na necessidade a

avalição de três médicos peritos, quando o atestado era superior há 90 dias. As orientações ao

servidor foram modificadas, estes deveriam dar ciência do atestado a chefia imediata e

apesentar este documento no DAS, no prazo de cinco dias corrido, não necessitando mais de

abertura de processo.

Assim como, o laudo médico passou a ser emitido em duas vias, uma do servidor e

outra da instituição, a chefia recebia por e-mail a informação do afastamento. O documento

acrescido ao período anterior, foi o prontuário físico do servidor, em que o laudo passou a

permanecer na instituição de forma permanente, junto ao atestado médico. O registro

permanecia manual.

Já o período atual, entendido entre 2010 a 2016, o modelo vigente desde 2010 foi o da

Unidade SIASS, através da perícia em saúde, que teve a atuação de outros profissionais, além

do médico. A Unidade SIASS UFRN tem suas atividades realizadas pela COVEPS, na

Diretoria de Atenção à Saúde do Servidor (DAS), através do serviço da perícia oficial em

saúde mediante perícia singular e junta médica. Permanecendo a mesma orientação ao

servidor, de avisar a chefia imediata sua necessidade de afastar-se do trabalho, e presença na

DAS até cinco dias corridos, conforme primeiro folder da unidade.

Dentre os demais documentos inseridos no processo, foram acrescidos o registro de

dispensa de perícia, denominado de “licença para tratamento de saúde inferior a 15 dias” e a

permanência do “laudo médico pericial” ambos impressos em duas vias, uma do servidor e

outra da instituição, que passou a serem digitalizados no SIGRH, antes de serem enviados via

malote para o arquivo no prontuário físico do servidor.

A chegada dos computadores e do sistema para nós foi assustador, porque o

novo por si só assusta, e no caso da gente que papel agora estaria

praticamente abolido, seria um sistema que faria a contagem de dias. Na

cabeça da gente o sistema era um bicho sem cabeças, e criou-se na gente a

68

falsa ilusão de que os servidores do SIASS receberiam gratificação,

inicialmente gerou um mal estar muito grande. Depois que a gente fez o

treinamento as coisas foram acalmando, recebemos mais peritos, a equipe

teve uma agregação muito grande, e realmente facilitou muito a vida.

Antigamente a exemplo da licença gestante, a gente tinha que pegar o

calendário e contar os dias todinhos, agora não, você coloca a data inicial e

já está lá. A vida até 2010 ficou no envelope (TULIPA).

As entrevistas realizadas identificaram que a maior parte dos entrevistados estão na

Unidade SIASS há menos de seis anos, e só tem conhecimento de como era realizado o

registro do ato pericial por meio do relato dos mais antigos, a exemplo das falas, tais como

“Eu tive conhecimento que os peritos anotavam os dados do atestado numa ficha que ficava

arquivada no setor administrativo (apenas para saber o quantitativo de dias)”. Assim como,

quando questionados sobre o conhecimento do fluxo dos afastamentos na Unidade, e os

setores envolvidos no processo, a maioria da equipe referiu “conhecer parte do processo”,

quando fez menção de pelo menos três serviços da COVEPS, dentre os cinco envolvidos

(coordenação, assessoria técnica, administrativo da perícia, avaliação médica pericial, e a

equipe multiprofissional).

Pode-se perceber em relação ao fluxo dos afastamentos na Unidade SIASS-UFRN, a

coexistência de três fluxos institucionais: primeiro, um fluxo de “orientação geral/externa”

ao servidor que necessita afastar-se do trabalho por Licença para tratamento da própria saúde.

Segundo, um fluxo que contempla o “trajeto que o servidor percorre dentro da Unidade

SIASS” para homologação do seu atestado médico. Por último, o “fluxo interno” do processo,

que contempla todos os serviços envolvidos na DAS.

Recentemente, a PROGESP, juntamente com a Coordenação do SIASS, fizeram o

mapeamento e avaliação do Sistema, denominando de “fluxo da licença para tratamento de

saúde – servidor” o sequenciamento das ações (ANEXO C). A PROGESP contribuiu com a

pesquisadora na elaboração do considerado “Modelo proposto para Fluxo Interno do Servidor

para concessão do afastamento na Unidade SIASS-UFRN”, classificado como “processo de

afastamento do servidor – trajeto realizado para concessão da licença” (APÊNDICE B). Faz-

se necessário elaborar o terceiro fluxo, voltado para o mapeamento do processo interno de

afastamento e denominado “fluxo interno do processo institucional dos afastamentos da

Unidade SIASS-UFRN”, e que seja divulgado entre todos que fazem parte do processo,

fortalecendo o processo de comunicação interna na Unidade SIASS-UFRN.

Comunicação interna é um processo organizacional interativo e contínuo de

troca de informações, opiniões e percepções que ocorrem por meio de um

conjunto diversificado de canais, diálogos, relacionamentos e dinâmicas

69

sociais constituídas por atributos de linguagem, estéticos e discursivos,

pertinentes à cultura dessa organização, que visa promover identificação e

cooperação entre seus membros para a consecução de objetivos comuns,

com a finalidade de prosperar e perpetuar-se como grupo (COSTA, 2010, p.

86).

Conforme Kunsch (2003), a comunicação interna é vista como uma ferramenta

estratégica para compatibilização dos interesses dos envolvidos, através do estímulo ao

diálogo, à troca de informações e de experiências e à participação de todos. O flagrante

desconhecimento por parte dos servidores sobre o funcionamento e o fluxo dos processos

assinala o quanto a comunicação institucional merece um maior investimento. Percebe-se a

necessidade de uma efetiva e adequada ordenação da comunicação na equipe da Unidade

SIASS-UFRN, tanto na elaboração e ampla divulgação do seu fluxo interno, como

acessibilidade ao trabalho da equipe multiprofissional e dos peritos.

Existem determinadas situações que a nossa integralidade poderia ser maior

com a equipe multiprofissional (PARTICIPANTE 4).

Como não existe uma integração entre os profissionais, peritos e equipe

multiprofissional, por exemplo de trocar figurinhas, de estudo de caso, então

a gente fica muito fragmentado. É preciso ter uma sistematização do

trabalho, ter agenda dos estudos de casos uma vez por mês

(PARTICIPANTE 17).

Os pontos considerado positivos no SIAPE SAÚDE pelos entrevistados voltaram-se

para os vários benefícios trazidos para o trabalho pericial, por ser um sistema unificado para

todos os órgãos federais, por registrar a história pericial do servidor, por conter dados

importantes para estudo e ser um sistema muito eficiente, ágil e ajustável.

Representa a memória do histórico pericial, é extremamente importante

sobretudo nos processos de decisão pertinente ao servidor, decisões periciais,

então, essa memória no sistema é fundamental, o acesso ao prontuário para

consultar (PARTICIPANTE 2).

Hoje realmente tudo é documentado, no prontuário eletrônico do servidor

consta todas as informações sobre o seu agravo, seu adoecimento, aí um

banco de dados excelente para se multiplicar as atividades que poderão com

o tempo se tornarem adequadas, ideais para a questão da promoção

(PARTICIPANTE 3).

Antes do sistema existia a dificuldade de quantificar os afastamentos, por ser

um sistema federal, dá uma visão boa dos órgãos federais do estado, dos

servidores públicos federais. O sistema é muito bom (PARTICIPANTE 12).

70

Por meio do portal do SIASS, a informatização do sistema possibilita transparência e

uniformização das perícias oficiais em saúde. Os dados já consolidados revelam

potencialidades, identificam problemas e possibilitam a produção de informações que

proporciona a análise de informações coletivas que constituem a base do perfil

epidemiológico dos servidores, importantes para gestão (MACHADO, 2013; BRASIL, 2014;

MAGALHÃES, 2017).

A sistematização da informação efetivamente é positiva para a instituição. Um bom

exemplo e a elaboração e implementação de ações, projetos e programas em decorrência da

publicitação de dados gerados pelo sistema. Os primeiros relatórios sobre os afastamentos

produzidos pela Unidade SIASS-UFRN em 2010, revelaram ser os transtornos mentais e

comportamentais e as doenças do sistema osteomuscular as principais causas de afastamento.

Coube à Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGESP), lidar com esse problema

preocupante. Após dois anos dessa sistematização dos dados, foi realizada uma pesquisa

diagnóstica para o conhecimento de qualidade de vida na ótica dos servidores e suas

necessidades, para nortear as ações da universidade na formulação da Política institucional na

área (ALBUQUERQUE, 2015).

Recentemente o Conselho de Administração Superior da UFRN (CONSAD), publicou

a resolução nº 011/2017, que instituiu oficialmente a Política de Qualidade de Vida no

Trabalho na UFRN, bem como, regulamentou o Viver em Harmonia através da resolução nº

012/2017 (UFRN, 2017b; UFRN, 2017c).

Todas as informações do sistema são importantes para se elaborar programas

de promoção à saúde, como aqui na UFRN, através da CAS, o programa

HIPERBETES (controle da Hipertensão e Diabetes), PESO (Programa de

Enfrentamento ao Sobre Peso). Criaram agora o programa anti tabagismo e

para os TMC, o programa de enfrentamento de fobia, ansiedade social e

depressão. Tem o Viver em Harmonia que realiza diversas modalidade de

atividades físicas, a atividade física pode ajudar a diminuir os afastamentos

por problemas osteomusculares, a atividade física é muito importante

(PARTICIPANTE 8).

Em contrapartida, apesar de fornecer informações que subsidiam o trabalho da gestão,

são inúmeros os pontos negativos do SIS destacados pelos entrevistados. Para eles, a base de

dados é antiga (não suportando sobrecarga na solicitação de informações) e os dados

epidemiológicos fornecidos nos relatórios gerenciais são limitados. Pesquisas realizadas

apontam algumas limitações do SIAPE SAÚDE e indicam, por exemplo, que o sistema só

disponibiliza relatórios gerenciais com até três tipos de variáveis relativas aos afastamentos

(basicamente, por cargo, por CID e por local de trabalho e, eventualmente, faixa etária)

71

Entretanto, para elaboração do perfil epidemiológico dos servidores afastados, são

necessários outros dados sócio demográficos e funcionais, tais como sexo, estado civil, renda,

tempo de serviço, tempo de trabalho no local atual, assim como, a possibilidade do

cruzamento destas variáveis (por exemplo: local de trabalho x cargo x causa/CID) para

nortear as ações (COSTA, 2016).

Os entrevistados que utilizam os dados do sistema informam:

Quando alguém pede dados para relatórios é uma coisa bem trabalhosa,

preciso copiar, colar, porque o sistema não exporta dados, ele só mostra na

tela, uso outro computador para isso. Questões de cargos, só aparece os 100

mais significativos (não sei o que é isso), exportar dados é uma mão de obra

grande. Ele não tem dados de escolaridade, estado civil ele tem na base de

dados do SIAPE, quem faz epidemiologia poderia cobrar mais, exemplo

faixa etária, aparece os menores de 14 anos, não padroniza intervalo de

idades iguais, aparece dispensa administrativa e pericia fica comprometido,

quando fazemos um filtro dá o mesmo número, trabalhar com esse sistema

tem que ter todo cuidado (PARTICIPANTE 10).

Para realizar trabalho científico sobre os afastamento na instituição, ainda é

preciso recorrer ao arquivo manual para conseguir alguns dados, devido a

limitação dos relatórios gerenciais (PARTICIPANTE 16).

Se precisar fazer o cruzamento de uma variável, ele dá informação de um

diagnóstico coletivo, para acessar de forma individual, por exemplo por

categoria, é preciso procurar o prontuário do servidor e fazer intervenção

individual, a gente não tem condição para isso (PARTICIPANTE 9).

Existem muitas dúvidas de como fazer a leitura dos relatórios do SIAPE

SAÚDE, nós não temos um tutorial que explique sobre cada relatório que já

está pronto, a gente vai acessando e vai interpretando, fazendo os cálculos e

vendo que está dando muitas diferenças (PARTICIPANTE 10).

Os relatórios precisam de aprimoramento, são muitas dúvidas nas leituras e

interpretações, e nós da equipe precisamos de treinamento e capacitação para

poder interpretar esses relatórios (PARTICIPANTE 8).

É preocupante que uma instituição como a UFRN não possa dispor a contento dos

dados da saúde e segurança dos seus servidores, notadamente, dados sobre absenteísmo-

doença, mesmo ocupando lugar de destaque nacional no desenvolvimento de sistemas tais

como os Sistemas de Integrados de Gestão (SIGs), Sistema Integrado de Gestão de Atividades

Acadêmicas (SIGAA), Sistema Integrado de Patrimônio, Administração e Contratos (SIPAC),

Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos (SIGRH), Sistema Integrado de

Administração e Comunicação (SIGAdmin), Sistema Integrado de Gestão de Planejamento e

Projetos (SIGPP), Sistema Integrado de Gestão de Documentos (SIGED) e o Sistema

Integrado de Gestão de Eleições (SIGElege),alguns deles tidos como modelo, sendo copiados

72

por diversas instituições, dentre elas, organizações sediadas no eixo sudeste e sul,

tradicionalmente consideradas regiões bem mais desenvolvida e com acesso facilitado a

recursos e tecnologia de ponta (UFRN, 2013).

No SIGRH, por exemplo, encontram-se os dados dos laudos (registros de dispensa e

médico pericial), que são digitalizados no Setor administrativo da COVEPS. Entretanto, estes

se restringem as informações relativas ao período de afastamento apresentado no atestado,

número de dias de afastamento sugeridos no atestado, base legal, data, e assinatura do

profissional. Em virtude do sigilo quanto a causa da enfermidade, o código da Classificação

Internacional das Doenças (CID/10) não consta no sistema, inviabilizando assim, a

possibilidade deste fornecer dados de morbidade para realização de estudos sobre o tema.

Outro ponto considerado negativo refere-se ao fato de as informações do prontuário

informatizado do servidor ficarem restritas ao perfil perito, ou seja, só os médicos que

realizam a perícia tem acesso aos referidos dados. Embora tenha ocorrido a mudança do

modelo da perícia médica para o modelo da perícia em saúde, os dados dos afastamentos não

estão à disposição de todos os profissionais que integram a equipe do SIASS, permanecem

restritas ao médico (perito), dificultando a gestão e a produção de relatórios mais detalhados

sobre os afastamentos, assim como, a elaboração e emissão de parecer da equipe

multiprofissional e o suporte ao acompanhamento dos servidores com mais de 500 dias de

afastamento.

As sugestões visando melhorias no sistema voltam-se para a necessidade de

avaliação e atualização do módulo da perícia oficial em saúde, em destaque, do módulo em

estudo, o da Licença para tratamento da própria saúde, bem como, a solicitação de aumento

de recursos humanos e treinamento para uso do sistema, a necessidade de investir numa

cultura de utilização do sistema e na realização de estudos na área.

Todo banco de dados, todo sistema precisa de manutenção, atualização e

desenvolvimento, todos precisam (PARTICIPANTE 15).

Os pedidos de ajustes, resolução de problemas no sistema são enviados ao

Ministério do Planejamento através de uma ferramenta chamada “ALÔ

SEGEPE”. Eles respondem, tem época que mais rápido, em outras épocas

demoram um pouco, às vezes podem demorar, mais é resolvido. Melhorias

já é um negócio mais complicado porque envolve dinheiro, tudo é pago ao

SEPRO que é terceirizado, então sempre demoram muito, é complicado

(PARTICIPANTE 10).

O SIASS do RN ele é referência para o Brasil, essa é a realidade, o único

que eu conheça que tem 33 conveniados, só servidor da UFRN são mais de

5000 tem muita gente, a gente fica sobrecarregado. Não tem previsão de

concurso para médico, concurso especificamente para médico do SIASS.

73

Brasília quando criou o sistema era bem intencionado, mais quando mudou

de governo então as coisas mudam também, pois essa era a proposta do

programa inicial (PARTICIPANTE 7).

Tem trabalhos que começam e não vão para frente por saber que os dados

não vão contemplar o que se quer, aí as pessoas vão por outro caminho e não

fazem mais, desistem, é preciso ter mais crítica do sistema

(PARTICIPANTE 10).

Após diagnóstico realizado sobre a implantação do SIAPE SAÚDE em unidades do

SIASS, Schuster (2013, p. 8), refere que “a implantação de um sistema novo necessita de

muito planejamento e, além disso, na execução, devem ser monitorados todos os processos, a

fim de realizar as correções necessárias”. Conforme objetivo proposto, os dados do SIAPE

SAÚDE devem ser disponibilizados e utilizados pelos serviços de saúde das Unidades do

SIASS, pelas coordenações e/ou chefias de recursos humanos nos diversos níveis e instancias

de governo, em especial, pela Secretaria de Recursos Humanos (SRH).

Sobre o conhecimento da realização do acompanhamento dos afastamentos na

Unidade SIASS-UFRN, a maioria dos entrevistados “não tem clareza sobre como o processo

acontece” e alguns “acham que é feito pela equipe da COAPS”. O afastamento do trabalho é

produto final do trabalho da perícia oficial em saúde, e o acompanhamento destes

afastamentos é de suma importância para o servidor e para a instituição. Observou-se que pela

dificuldade de recursos humanos, esse serviço não é realizado pela COVEPS.

A equipe que existe hoje, com o número de recursos humanos que temos,

não tem tempo para fazer a promoção por mais que se queira, deveria ser

uma equipe só dedicada para isso, para perícia, pois a equipe também se

volta para outras ações (a exemplo dos periódicos), não tem pessoal como

deveria (PARTICIPANTE 9).

Era para ter uma servidor aqui, pesquisador para estar fazendo esses estudos,

temos poucos recursos humanos, ... precisamos de um estatístico ... já

pedimos a contrapartida dos outros órgãos (PARTICIPANTE 10).

Os acompanhamentos dos afastamentos na Unidade atualmente são realizadas pela

COAPS, com o objetivo de acompanhar os servidores com mais de 500 dias de afastamento

(para orientar sobre a proximidade da aposentadoria por invalidez e seus desdobramentos), os

servidores com restrições e os que precisam de acompanhamento para retornarem ao trabalho,

todos mediante encaminhamento pericial.

No acompanhamento dos servidores afastados a mais de 500 dias, o

parâmetro desses dias foram estabelecidos institucionalmente, mais precisam

74

ser revistos, em virtude do servidor já está perto da aposentadoria

(PARTICIPANTE 17).

Com 730 dias de afastamento, o servidor pode ser encaminhado para

aposentadoria por invalidez, porque não menos dias? Pode ser uma intenção

futura, pelo número de servidores da COAPS, não se conseguiria atender,

pois temos outras demandas institucionais (PARTICIPANTE 16).

É preciso estabelecer projeto para acompanhamento dos afastamentos do

trabalho na UFRN, nesse momento, no HUOL, por causa do aumento dos

afastamentos por transtornos mentais e comportamentais. É uma realidade

que a junta está vivenciando depois da implantação da EBSERH, está cada

dia pior. A perícia tem o papel de mostrar essas incongruências, esses

gatilhos que desencadeiam a doença mental e o sofrimento do servidor no

seu ambiente de trabalho (PARTICIPANTE 4).

As entrevistas revelaram que na Unidade SIASS-UFRN, os serviços que alimentam o

SIAPE SAÚDE não apresentam grandes problemas de funcionalidade. Porém, aqueles que

utilizam os dados dos relatórios gerenciais para produção das informações epidemiológicas se

deparam com inúmeras limitações do sistema que, somadas a ausência de treinamento e de

tutoriais para produzi-los, manejá-los e interpretá-los, dificultam a produção de um

conhecimento preciso e o acompanhamento dos afastamentos do trabalho em nível local.

75

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente investigação se propôs analisar os afastamentos do trabalho a partir do

sistema de informação em saúde no contexto de uma instituição federal de ensino superior. O

Sistema em destaque é o Sistema de Informação de Saúde e Segurança dos servidores federais

– SIAPE SAÚDE, gerenciado pelo nível federal através do módulo da perícia oficial em

saúde nas Unidade SIASS do país, em destaque, na Unidade SIASS-UFRN.

Apesar de ter sido possível efetuar uma caracterização dos afastamentos do trabalho

entre os servidores da instituição em 2016, o percurso da investigação colocou em evidencia

as fragilidades do sistema. Notadamente, os relatórios gerenciais do SIAPE SAÚDE

disponibilizados para tal, apresentaram diversas limitações, necessitando serem ampliados

tanto no que se refere ao aumento no numero de variáveis, como também em relação à

abrangência. Ou seja, é preciso disponibilizar o máximo de dados para se ter mais subsídios

que fundamentem as tomadas de decisão. Um exemplo é a necessidade de disponibilizar

dados das dispensas de perícia - licença para tratamento da saúde inferior a 15 dias em 12

meses, por se configurarem, também, como dados de afastamento do servidor, representando

um volume maior que os dados por perícia.

Constata-se a necessidade da Administração Pública Federal realizar avaliação e

atualização no módulo da perícia oficial em saúde, uma vez que, como qualquer sistema de

informação, este tende a ser rapidamente ultrapassado se não incorpora ou leva em

consideração as especificidades do contexto em que se desenvolve. Em 2016, foi realizada a

avaliação do módulo dos exames médicos periódicos. Entretanto, o módulo da perícia oficial

em saúde, primeiro a ser implantado nas unidades SIASS, ainda não foi submetido a uma

atualização visando sua otimização.

Buscando uma maior compreensão sobre o funcionamento do processo de afastamento

na Unidade SIASS-UFRN, foi realizado um registro histórico da atuação da junta médica no

âmbito da instituição, destacando a evolução do trabalho pericial, dos primórdios até os dias

atuais.

Na atualidade, constata-se a escassez de recursos humanos que irão compor a equipe da

perícia em saúde, sendo necessário maior contrapartida dos órgãos federais participantes.

Constata-se também a necessidade do Ministério do Planejamento rever o plano inicial de

realização de concurso público e contratação de pessoal para as Unidades, mesmo em meio à

conjuntura política atual desfavorável. Efetivamente, a instituição tem experienciado um

gradativo aumento de demanda por serviços de saúde, o adoecimento e afastamento do

76

trabalho entre os servidores, mas o efetivo de pessoas qualificadas e devidamente para

gerenciar e operar o SIS ainda é reduzido.

A contribuição maior da presente investigação refere-se à sistematização das

informações que serviram de base para a elaboração do fluxo denominado “processo de

afastamento do servidor – trajeto realizado pelo servidor para concessão da licença”, bem

como, a indicação de elementos que irão nortear a elaboração do “fluxo interno de

funcionamento”, necessário para a divulgação e o fortalecimento da comunicação interna na

Unidade.

Outra contribuição do estudo é a proposição de um protocolo do fluxo de processo de

afastamento que, em nível local, resolve temporariamente os problemas relativos à

indisponibilidade dos dados centralizados no sistema federal. No referido Protocolo

(APENDICE C) são acrescentados, para uso interno de todos que integram a equipe envolvida

no processo de afastamento, dados sócio demográficos, funcionais e de morbidade do

servidor, incluindo o numero do CID, ampliando assim, a “Planilha de Espera SIASS”

(ANEXO D). Acredita-se que, com a implementação dessa medida, em num futuro próximo,

a equipe do SIASS terá acesso às informações que necessita, subsidiando a contento, o

planejamento das ações de promoção à saúde e qualidade de vida no trabalho na UFRN,

incluindo entre essas ações, um projeto de acompanhamento dos afastamentos dos servidores

do HUOL, conforme sinalizado pelos médicos peritos.

O estudo teve como limitações as dificuldades derivadas do fato de a pesquisadora não

trabalhar diretamente na área da perícia em saúde, o que, por vezes, trouxe certo

estranhamento nos termos técnicos e rotinas dos serviços, exigindo a busca de informações

por meio de canais formais e informais, embora tenha recebido total apoio da equipe

envolvida e, ainda, a confrontação com os estraves e fragilidades do Sistema de Informação,

notadamente no que se refere à produção dos relatórios gerenciais do SIAPE SAÚDE,

vivenciando, na prática, dificuldades em acessar dados que permitissem um aprofundamento

do conhecimento sobre os afastamentos do trabalho em nível local, esclarecendo o motivo da

desistência e /ou diminuição de esforços por parte de pesquisadores que a precederam em

investigações que buscaram problematizar a questão do absenteísmo-doença entre os

servidores da UFRN.

Por último, e não menos importante, fica a sugestão para que outros estudos sobre o

tema sejam realizados, principalmente no âmbito dos Hospitais Universitários da UFRN, os

quais, como foi possível constatar, cada vez mais, demandam uma maior atenção quando o

77

assunto é melhoria da qualidade de vida do servidor, com destaque para estudos e

intervenções no ambiente de trabalho dessas instituições.

78

REFERÊNCIAS

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Unidade SIASS na UFRN, Natal, 2010.

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______. Resolução no 012 de 2017 - CONSAD, de 06 de abril de 2017. Regulamenta o

Viver em Harmonia – Programa de Qualidade de Vida no Trabalho da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte – UFRN. 2017c. Disponível em:

<https://sigrh.ufrn.br/sigrh/public/colegiados/filtro_busca.jsf>. Acesso em: 05 out. 2017

______. PRÓ-REITORIA DE GESTÃO DE PESSOAS – PROGESP. Planejamento

Estratégico de 2016. Disponível em:<http://www.progesp.ufrn.br>. Acesso em: 12 abr. 2017.

ZANELLI, J. C; BORGES-ANDRADE, J. E; BASTOS, A. V. B. (Org.). Psicologia,

organizações e trabalho no Brasil. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 616 p.

87

APÊNDICES

88

APÊNDICE A – Roteiro de Entrevista (UNIDADE SIASS-UFRN)

Sistema de Informação em Saúde e Segurança do Serviço Público Federal – SIAPE SAÚDE

(Módulo: Perícia oficial em Saúde -Licença para Tratamento da Própria Saúde)

PARTE I – Caracterização

Nº da entrevista:

Setor/Local:

Função ou cargo do entrevistado:

Tempo de Serviço na Instituição:

Principais atividades desenvolvidas no que se refere aos Sistemas de Informação em Saúde na

UFRN:

PARTE II – Funcionamento do Sistemas de Informação, ênfase no nível local

1 – Percepção sobre o fluxo dos afastamentos do trabalho na Unidade?

2 – Conhecimento do registro dos afastamentos antes do sistema?

3 – Quais os pontos que você elenca como positivos no sistema?

4 – Quais os pontos que você elenca como negativos no sistema?

5 – Que sugestões você daria visando melhorias no sistema?

6 – Como ocorre o processo de acompanhamento dos afastamentos do trabalho na UFRN?

89

APÊNDICE B – Modelo Proposto para fluxo interno do servidor para concessão do

afastamento na unidade SIASS-UFRN

90

APÊNDICE C – Modelo proposto para planilha de registro interno dos afastamentos na

UFRN

I – Dados demográficos e funcionais:

1. Data

2. Hora

3. Nome do Servidor

4. Situação

5. Hora que foi encaminhado

6. Órgão de Lotação

7. Cargo

8. Local

9. Setor

10. Tempo de serviço na instituição e no setor atual

11. Idade

12. Gênero

13. Causa – CID/10

14. Tipo de Serviço (Dispensa/Perícia Singular/Junta médica/outros)

15. Observações

II – Preenchimento da Planilha:

Os dados sugeridos devem ser preenchidos no setor administrativo da

perícia/COVEPS.

91

APÊNDICE D – Distribuição das principais informações do trabalho pericial na UFRN, entre

os anos de 1960 – 2016.

ANOS

MODELOS

SERVIDOR

(Orientação)

DOCUMENTOS REGISTO

1960-2002

Período Inicial

Junta Médica

(HUOL-DAS)

-DP

-Departamento de

Assistência do

Servidor (DAS)

-Atestado

-LMP

-Processo físico

Manual

2003-2009

Período

Intermediário

Perícia Médica

(DAS: DHST)

Perícia Simples

Junta médica

Chefia

DAS

Atestado Médico

Licença Médica

Memo. Chefia

Prontuário físico

Manual

2010-2017

Período Atual

Perícia em Saúde

(Unidade SIASS-

DAS: COVEPS)

“Perícia Oficial em

Saúde”:

Perícia Singular

Junta Médica

Chefia

-Diretoria de Atenção

à Saúde do Servidor

(DAS)

Atestado Médico

Registro Ausência

Licença Médica

SIGRH: e-mail

Prontuário Físico

Informatizado

Fonte: elaboração da autora, 2017.

HUOL: Hospital Universitário Onofre Lopes;

DP: Departamento Pessoal;

Divisão de Higiene Segurança e Medicina no Trabalho - DHSMT;

Sistema de Informação em Saúde e Segurança - SIAPE SAÚDE.

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ANEXOS

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ANEXO A – Folder Informativo da Unidade SIASS-UFRN (Licença para Tratamento da

Saúde do servidor: Direitos e Deveres)

94

ANEXO B – Modelo do Laudo médico pericial

95

ANEXO C – Fluxo dos afastamentos na Unidade SIASS

96

ANEXO D – Planilha de espera SIASS