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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADA DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RODINEIS EDUARDO COLOMBO A SISTEMÁTICA DE CONTRATAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO AMBIENTE LIVRE NATAL - RN 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE … · Agradeço primeiramente a Deus, sobretudo por me conceder saúde, pois sem ela nada seria possível; obrigado pela proteção diária

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADA

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

RODINEIS EDUARDO COLOMBO

A SISTEMÁTICA DE CONTRATAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO

AMBIENTE LIVRE

NATAL - RN

2016

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RODINEIS EDUARDO COLOMBO

A SISTEMÁTICA DE CONTRATAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO

AMBIENTE LIVRE

Monografia apresentada ao Departamento de

Economia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (DEPEC/UFRN) como parte

dos requisitos necessários para obtenção do título

de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientadora: Profa. Dra. Luziene Dantas de Macedo

NATAL - RN

2016

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RODINEIS EDUARDO COLOMBO

A SISTEMÁTICA DE CONTRATAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NO

AMBIENTE LIVRE

Trabalho de conclusão de curso apresentado e aprovado em ___/___/___ pela Banca

Examinadora composta pelos seguintes membros:

_________________________________________

Profa. Dra. LUZIENE DANTAS DE MACEDO

Orientadora – DEPEC/UFRN

________________________________________

Profa. Dra. MARIA LUSSIEU DA SILVA

Examinadora – DEPEC/UFRN

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, sobretudo por me conceder saúde, pois sem ela nada

seria possível; obrigado pela proteção diária e constante e por me fortalecer nos momentos e

períodos mais difíceis dessa longa caminhada, bem como por há seis anos ter me concedido a

oportunidade de iniciar e agora concluir essa etapa.

Agradeço a minha amada esposa Lidivânia Clarice do Nascimento Colombo,

responsável pelo meu retorno ao curso de Economia e por minha vinda e trajetória na UFRN;

obrigado pela compreensão, pela paciência, por todo o companheirismo e presença diária em

todas as etapas e momentos; obrigado pelo cuidado, pelo carinho, pelo amor e por toda

preocupação dedicada a mim.

Aos meus pais Antônio Roberto Colombo e Maria de Lourdes Sarti e minha irmã

Fabiana Aparecida Colombo, por sempre estarem tão perto e tão próximos mesmo estando

distante; obrigado pelos ensinamentos, pela base familiar e educacional que me deram, por

todo o apoio e compreensão.

A minha orientadora Profa. Dra. Luziene Dantas de Macedo; obrigado pelo

incentivo, pelo apoio, pela dedicação e por ter me guiado e conduzido nessa etapa final do

curso, compartilhando todo conhecimento, contribuindo com o seu melhor e sendo

determinante para a conclusão deste trabalho.

Obrigado a todos os professores e professoras do Departamento de Economia e da

UFRN, pelos ensinamentos e conhecimento compartilhado ao longo dessa jornada; obrigado

pela dedicação, sabedoria e por terem contribuído para minha formação acadêmica como

Economista. Especialmente, quero agradecer aos professores doutores Fabrício Pitombo

Leite e Odair Lopes Garcia pelas conversas e orientações acerca do objeto da pesquisa, bem

como a professora Dra. Maria Lussieu da Silva por ter aceitado o convite para fazer parte

da banca de defesa deste TCC e pela leitura cuidadosa e contribuições dadas.

E a todos da turma de Ciências Econômicas 2011.1 e também de outras que

caminharam junto comigo ao longo desses 6 anos, obrigado pelo convívio diário e

harmonioso, por compartilharem conhecimento, sentimentos e momentos.

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RESUMO

Este trabalho objetiva analisar o Ambiente de Contratação Livre (ACL) de energia elétrica,

sua sistemática e caracterização, e, principalmente, sua importância para a economia e

desenvolvimento empresarial, destacando-se a indústria e o comércio. A análise parte da

hipótese de que toda a sistemática de contratação de energia elétrica no ACL é de

fundamental importância para expansão do mercado livre de energia e amadurecimento do

próprio Setor Elétrico Brasileiro (SEB) como um todo, bem como é determinante para o

processo de competitividade da indústria e comércio brasileiro na medida em que consegue

contratar energia elétrica a preços menores que os praticados no Ambiente de Contratação

Regulado (ACR) e, dessa forma, os setores produtivo e comercial conseguem reduzir seus

custos. A metodologia inclui uma pesquisa bibliográfica sobre o SEB e o mercado de

contratação de energia elétrica, bem como destaca-se a análise da regulamentação e legislação

aplicada e vigente no setor, além da discussão dos números e dados sobre a contextualização e

caracterização do ACL. Os resultados apontam para um mercado de energia elétrica

competitivo nos dois ambientes de contratação, ressaltando-se a relevância do ACL em

termos de preços e mecanismos de contratação, uma vez que oferece um ambiente propício

para a expansão da comercialização da energia elétrica, e a possibilidade de um número maior

de potenciais consumidores aptos a migrarem para o ACL. Logo, foi possível constatar, a

partir do acesso aos documentos oficiais e dados disponibilizados na Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a expansão não somente da quantidade dos

agentes, mas também da energia consumida e contratada, principalmente por parte dos

consumidores especiais. Os desafios para os agentes que desejam migrar do mercado cativo

para o livre estão relacionados com a intensificação da contratação e utilização de fontes

renováveis incentivadas, o que implica atuar sob garantia de abastecimento de eletricidade a

preços atrativos e condizentes com os diferentes tipos de atividades realizadas no mercado de

bens e serviços, além do que o ACL exige do consumidor livre ou especial um amplo

planejamento do consumo/demanda de energia elétrica ao longo do tempo.

Palavras-chaves: Setor Elétrico Brasileiro; Mercado e Comercialização de Energia Elétrica;

Ambiente de Contratação Livre.

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ABSTRACT

This paper aims to analyze the Free Contracting Environment (ACL) of electricity, its

systematics and characterization, and, mainly, its importance for an economy and business

development, highlighting an industry and commerce. The analysis starts from the hypothesis

that a whole system of contracting non-ACL electric energy is of fundamental importance for

the expansion of the energy market and maturation of the Brazilian Electric Sector (SEB) as a

whole, as well as determining for the Competitiveness process Of the Brazilian industry and

commerce in that it can contract electricity at lower prices than those practiced in the

Regulated Contracting Environment (ACR) and, in this way, the productive and commercial

sectors are able to reduce their costs. The methodology includes a bibliographical research on

the SEB and the electric energy contracting market, as well as an analysis of the regulations

and legislation applied in the sector, as well as the discussion of numbers and data on a

contextualization and characterization of the ACL. The results point to a competitive electric

energy market in the two contracting environments, highlighting a relevance of the ACL in

terms of prices and contracting mechanisms, since it offers an environment conducive to an

expansion of the commercialization of electricity, and a greater number of potential

consumers who are able to migrate to the ACL. Therefore, it was possible to verify, based on

access data to the documents and data made available in the Electric Energy Trading Chamber

(CCEE), an expansion not only of the quantity of agents but also of the energy consumed and

contracted. The challenges for the agents wishing to migrate from the captive market to the

book are related to the intensification of the contracting and use of incentivized renewable

sources, which implies acting under guarantee of electricity supply at attractive prices and

consistent with the different types of activities None Market of goods and services, in addition

to which the ACL demands from the free or special consumer an ample planning of

consumption / demand of electricity over time.

Keywords: Brazilian Electric Sector; Market and Commercialization of Electric Energy. Free

Contracting Environment.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- SEB - Perfil institucional antes do processo de privatização ................................... 17

Tabela 2 - Relação das empresas privatizadas.......................................................................... 20

Tabela 3 - Consumo de eletricidade na rede por classe ............................................................ 30

Tabela 4 - Número de Agentes ................................................................................................. 54

Tabela 5 - Consumo no centro de gravidade por ambiente de comercialização (em MW

médios). .................................................................................................................................... 55

Tabela 6 - Consumo dos agentes participantes do ACL (em MW médios). ............................ 55

Tabela 7 - Produtores independentes de energia elétrica - quantidade e taxa de variação anual

(%) ............................................................................................................................................ 58

Tabela 8 - Montantes de Contratos (MWmed) no centro de gravidade por classe de vendedor e

comprador. ................................................................................................................................ 60

Tabela 9 - Energia contratada pelo autoprodutor de energia (APE). ........................................ 61

Tabela 10 - Energia contratada pelo produtor independente (PI) ............................................. 61

Tabela 11 - Montante de contratos no centro de gravidade por classe do comprador (em MW

médios) transacionado pelo agente comercializador. ............................................................... 67

Tabela 12 - Quantidade de agentes por classe. ......................................................................... 68

Tabela 13 - Número de contratos por ambiente de negociação e classe .................................. 69

Tabela 14 - Montante de contrato de compra de consumidores livres e especiais no centro de

gravidade por duração (em MWmed). ...................................................................................... 70

Tabela 15 - Consumo de agentes livres e especiais, no centro de gravidade, por ramo de

atividade (em MWmed). ........................................................................................................... 71

Tabela 16 - Tarifas médias por classe de consumo (R$/MWh) ............................................... 72

Tabela 17 - Tarifas médias por tensão de fornecimento (R$/MWh). ....................................... 73

Tabela 18 - Distribuição da Geração (em MWmed) e Capacidade (MW) das usinas de geração

de eletricidade por tipo de fonte renovável .............................................................................. 75

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – SEB - Estrutura Institucional .................................................................................. 25

Figura 2 - Capacidade de Geração Instalada por Fonte ............................................................ 27

Figura 3 – Evolução da capacidade instalada por fonte de geração. ........................................ 28

Figura 4 - PLD - Valores médios anuais (em R$/MWh), maio de 2003 a setembro de 2016 .. 41

Figura 5 – PLD - Valor anual médio (em R$/MWh) – maio de 2003 a março de 2005. ......... 41

Figura 6 - PLD - Média mensal (em R$/MWh), 2014. ............................................................ 43

Figura 7 - PLD - Valores mensais (em R$/MWh), 2015. ........................................................ 45

Figura 8 – PLD - Valores mensais (em R$/MWh), 2016. ........................................................ 46

Figura 9 - Participação dos agentes (%). .................................................................................. 54

Figura 10 - Participação do ACL (%) no consumo médio de energia ...................................... 55

Figura 11 - Participação dos agentes do ACL (%) no consumo médio de energia .................. 56

Figura 12 – Produtores independentes de energia elétrica - Participação (%) sobre total de

agentes registrados na CCEE e sobre os agentes geradores. .................................................... 58

Figura 13 - Número de consumidores livres e especiais .......................................................... 59

Figura 14 - PI e APE – Participação (%) sobre o consumo total e sobre o consumo no ACL . 59

Figura 15 - Participação (%) da energia contratada pelo autoprodutor. ................................... 62

Figura 16 - Participação (%) da energia contratada pelo produtor independente .................... 62

Figura 17 - Participação (%) do comercializador sobre os montantes de energia elétrica

contratados no ACL. ................................................................................................................. 68

Figura 18 - Participação (%) dos agentes por classe ................................................................ 69

Figura 19 - Duração dos contratos de compra dos consumidores livres e especiais ................ 70

Figura 20 - Participação (%) do consumo de consumidores livres e especiais por ramo de

atividade. .................................................................................................................................. 72

Figura 21 - Índices trimestrais e de longo prazo para energia convencional e incentivada ..... 74

Figura 22 - Beneficio acumulado no mercado livre (em R$). .................................................. 74

Figura 23 - Participação da geração das usinas movidas por fonte renovável no ACL, ACR e

PROINFA. ................................................................................................................................ 76

Figura 24 - Participação (%) da capacidade das usinas movidas por fonte renovável no ACL,

ACR e PROINFA. .................................................................................................................... 76

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - ACR - Tipos de Leilões. ......................................................................................... 37

Quadro 2 - ACL e ACR - Diferença entre participantes, contratação, tipos de contratos e

preço. ........................................................................................................................................ 52

Quadro 3 - Requisitos para se tornar consumidor livre ............................................................ 53

Quadro 4 - Requisito para se tornar consumidor especial. ....................................................... 53

Quadro 5 - Cronologia das regras de migração para o ACL aplicada aos consumidores

conectados antes de 08/07/1995. .............................................................................................. 63

Quadro 6 - Etapas de migração para o ACL. ............................................................................ 65

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LISTA DE SIGLAS

ABRACEEL – Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia

ABRADEE – Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica

ACL – Ambiente de Contratação Livre

ACR – Ambiente de Contratação Regulada

ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica

APE – Autoprodutor de Energia

BIG - Banco de Informações de Geração

BIG - Banco de Informações de Geração (BIG)

CCC - Conta de Consumo de Combustível

CCD - Contrato de Conexão às Instalações de Distribuição

CCEAL – Contrato de Compra e Venda de Energia Elétrica no Ambiente Livre

CCEAR - Contrato de Comercialização de Energia no Ambiente Regulado

CCEE - Câmara de Comercialização de Energia Elétrica

CCPE - Comitê Coordenador do Planejamento da Expansão

CCT – Contrato de Conexão às Instalações de Transmissão

CDE - Conta do Desenvolvimento Energético

CEI – Compra de Energia Incentivada

CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais

CEPEL - Centro de Pesquisa de Energia Elétrica

CER – Contrato de Energia de Reserva

CFURH - Compensação Financeira pelo Uso dos Recursos Hídricos

CGH – Central de Geração Hidrelétrica

CGH – Central de Geração Hidrelétrica

CHESF – Companhia Hidrelétrica de São Francisco

CMO - Custo Marginal de Operação

CMSE - Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

CMSE - Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico

CNPE - Conselho Nacional de Política Enérgica

CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

CONUER - Contratos de Uso de Energia de Reserva

COPEL - Companhia Paranaense de Energia

CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz

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CUSD - Contrato de Uso do Sistema de Distribuição

CUST – Contrato de Uso do Sistema de Transmissão

DNAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica

EER - Encargo de Energia de Reserva

EPE - Empresa de Pesquisa Energética

EPE - Empresa de Pesquisa Energética

ESS - Encargo de Serviços do Sistema

FGV – Fundação Getúlio Vargas

GCOI - Grupo Coordenador para Operação Interligada

GW- Gigawatt

KV – Quilovolt

LER - Leilões de Energia de Reserva

MAE – Mercado Atacadista de Energia

MCP – Mercado de Curto Prazo

MME - Ministério de Minas e Energia

MP – Medida Provisória

MRE - Mecanismo de Realocação de Energia

MW- Megawatt

OIEE - Oferta Interna de Energia Elétrica

ONS - Operador Nacional do Sistema

PCH – Pequena Central Hidrelétrica

PCH – Pequenas Centrais Hidrelétricas

PDE – Plano Decenal de Energia

PIE – Produtor Independente de Energia

PLD – Prelo de Liquidações das Diferenças

PMO – Programa Mensal de Operações

PND - Programa Nacional de Desestatização

PPT - Programa Prioritário de Termeletricidade

PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica

RAG - Receita Anual de Geração

RE-SEB - Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro

RGR - Reserva Global de Reversão

SEB – Setor Elétrico Brasileiro

SIN - Sistema Interligado Nacional

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SIN – Sistema Interligado Nacional

SMF – Sistema de Medição para Faturamento

TUSD – Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição

TUST– Taifa de Uso do Sistema de Transmissão

UHE – Usinas Hidrelétricas

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 13

1. REGULAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO: da década de 1990 a reforma de

2004. ......................................................................................................................................... 16

1.1- A primeira Reforma e Privatizações do Setor Elétrico Brasileiro: década de 1990. ..... 16

1.2 - A segunda Reforma do SEB: modelo de 2004 até os dias atuais. ................................ 22

1.2.1- Organização Institucional do Novo Modelo do SEB ............................................. 24

1.3 - Matriz Elétrica Brasileira: uma breve apresentação e dados de previsão de crescimento

da capacidade de geração e consumo de eletricidade. .......................................................... 25

1.3.1- Energia Elétrica: discussão do lado da oferta de eletricidade ................................ 26

1.3.2 - Consumo de Energia: discussão do lado da demanda de eletricidade .................. 29

2. O MERCADO E OS AMBIENTES DE COMERCIALZIAÇÃO DE ENERGIA

ELÉTRICA NO BRASIL ......................................................................................................... 31

2.1 - Regras Gerais de Comercialização de Energia Elétrica e o Ambiente de Contratação

Regulada (ACR). .................................................................................................................. 31

2.2 - Mercado de curto prazo (MCP) o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD): síntese e

discussão. .............................................................................................................................. 38

2.3 - Prorrogação das concessões de geração de energia elétrica e o regime de cotas (Lei nº

12.783/15): uma breve discussão. ......................................................................................... 46

3 - AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO LIVRE DE ENERGIA ELÉRICA: caracterização e

discussão. .................................................................................................................................. 51

3.1 - Contextualização do Mercado Livre de Energia .......................................................... 51

3.2 - Regras de comercialização e caracterização do ACL. .................................................. 56

3.3 - Consumidores livres por ramo de atividade. ................................................................ 71

3.4 – Tarifas de energia elétrica: uma breve apresentação dos dados atuais ........................ 72

3.5 – Fonte de energia elétrica contratada no ACL. ............................................................. 75

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 77

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13

INTRODUÇÃO

Ao longo do tempo, desde o surgimento da energia elétrica no final do século XIX, a

indústria de energia elétrica e o processo de eletrificação sempre estiveram relacionados

diretamente com o processo de desenvolvimento social e econômico do país e/ou região. O

Setor Elétrico Brasileiro (SEB) e a indústria de energia elétrica passaram por diversas

transformações e adequações para chegar ao modelo atual e vigente, sendo possível dividir as

transformações e a evolução do SEB em três macros períodos.

O primeiro deles, entre o final do século XIX até a década de 1930, caracterizado pela

presença de empresas privadas, sobretudo de capital estrangeiro que controlavam a geração e

a distribuição de energia elétrica, sendo também um período de relativa desregulamentação,

onde as empresas existentes objetivavam atender principalmente os interesses do capital.

A partir da década de 1930, a proposta de um estado mais competitivo e presente

ganha força e, considerando as mudanças de paradigmas do pensamento econômico, presente

em vários países, o poder público passa a atuar nos três segmentos da indústria de energia

elétrica, criando um monopólio estatal verticalizado. Esse segundo macro período, entre 1930

e 1990, é caracterizado por forte intervenção estatal, iniciada em 1934, com o Código de

Águas, mas que posteriormente essa intervenção assume outras atribuições reguladoras e

fiscalizadoras, passando a investir diretamente na geração de energia elétrica, principalmente

a partir da década de 1960 com a criação da Eletrobrás. (MALAGUTI; GASTALDO, 2009).

O período de expansão do SEB, experimentado até a década de 1970 e início de 1980,

começa a enfrentar um período de arrefecimento devido ao endividamento público brasileiro,

decorrente das duas crises do petróleo, ocorridas na década de 1970, e da elevação das taxas

de juros internacionais nesse período. Diante desse cenário, o estado foi perdendo sua

eficiência e liquidez, a tal ponto que a capacidade de investimento do SEB foi se reduzindo

drasticamente, tendo como resultados imediatos o endividamento das empresas do setor e a

redução da capacidade produtiva de geração de eletricidade. Conforme Malaguti (2009) “de

um monopólio verticalmente integrado bem-sucedido até a década de 70, evidenciaram-se,

nos anos subsequentes, ineficiências nessa composição industrial”.

O terceiro marco período é iniciado a partir da década de 1990, foco desse estudo, e

tem como principal elemento a instauração de privatizações e a redução do papel do Estado na

economia e, por consequência, no SEB, passando a ser um agente mais fiscalizador e menos

“produtor”. Apesar da reformulação realizada no SEB ao longo da década, as ações e

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14

planejamento, leis e decretos não foram suficientes e capazes de impedir a crise de energia

elétrica ocorrida em 2001, sendo o desenvolvimento e implantação do atual modelo do SEB, a

partir desse período, o marco da reestruturação do modelo de contratação e comercialização

da energia elétrica do país, tendo o Estado assumido novamente o papel de planejar e

direcionar os investimentos necessários à expansão da capacidade geração e a garantia do

abastecimento ao longo do tempo.

Nesse contexto, o mercado livre de energia, criado em 1995 por meio da Lei nº 9.074,

começa a expandir-se a partir de 2004, destacando-se o Ambiente de Contratação Livre

(ACL) e as novas regras de comercialização, nos quais permitiram aos consumidores livres

escolherem o agente comercializador dessa energia, tendo o preço, condições de mercado,

quantidade e duração dos contratos o espaço necessário de negociação a partir dos contratos

bilaterais realizados entre os agentes geradores e consumidores, ou mesmo por intermédio de

um comercializador.

Atualmente, o ACL representa aproximadamente 25% de toda a carga nacional de

energia elétrica, mas possui potencial máximo para atingir 48%, sendo o consumidor especial

o agente que possui maior potencialidade de crescimento relativo, no qual poderá atingir 16%

de representatividade, contra os 3% atuais, enquanto que os consumidores livres,

autoprodutores e produtores independentes de energia, que representam 22% no ACL,

passariam a apresentar 29%. (ABRACEEL, 2016).

Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é entender a sistemática de contratação de

energia elétrica no ambiente livre, buscando entender as regras de comercialização, sua

contextualização, caracterização e a dinâmica de atuação dos agentes.

A justificativa está relacionada ao fato de a energia elétrica ser um insumo básico para

a realização de toda a cadeia produtiva de bens e serviços, compondo, assim, um dos itens da

formação de preço das mercadorias, sendo, nesse sentido, sua contratação e comercialização

imprescindível à dinâmica do mercado e estabelecimento das políticas de oferta de todos os

bens comercializados no mercado. Optou-se, assim, pela análise do ACL por entender ser este

mecanismo de contratação e comercialização da eletricidade no país uma alternativa para a

aquisição desse insumo a preços mais competitivos do que os praticados no ACR, sobretudo

para as empresas do setor industrial e comercial.

O estudo envolve, assim, uma análise da dinâmica e dos elementos que compõem o

processo de contratação/comercialização de energia elétrica no ambiente livre, procurando

entender a sistemática da expansão desse mercado e os desafios inerentes às operações de

compra e venda de energia no período analisado. Trata-se de uma pesquisa teórico-empírica

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15

sobre o ambiente de contratação livre de energia elétrica, cuja base de discussão está na

análise da bibliografia acerca do tema em questão e na coleta de dados secundários. Do ponto

de vista do método, pode-se classificar essa pesquisa como do tipo exploratória, pois a ideia é

analisar a partir dos dados oficiais e disponibilizados na Internet o ACL nos seus aspectos

mais específicos, associando-o, quando for o caso, as outras modalidades de contratação de

energia existente tais como o ACR e o MCP.

Portanto, a maioria da coleta de dados será realizada via documentos oficiais,

particularmente em sites tais como Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE),

Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Ministério de Minas e Energia (MME), Agência

Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), bem como em outras fontes disponibilizados na

Internet, tais como no Canal Energia, Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia

(ABRACEEL), Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE),

dentre outros.

Para tanto, esse trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro apresenta uma

visão geral do SEB, abordando as transformações históricas associadas ao processo de

regulação do referido setor entre 1990 e 2004, além do que será discutido sucintamente alguns

dados de previsão de crescimento da capacidade de geração e consumo de eletricidade. No

segundo capitulo é apresentada uma visão geral do mercado e do ambiente de

contratação/comercialização de energia elétrica no Brasil, expondo incialmente as regras

gerais de comercialização de energia elétrica no ACR e a dinâmica do MCP, relacionando-as

com os efeitos e impactos da Medida Provisória 579 (MP 579), transformada na Lei de nº

12.783/13, sobre a própria dinâmica do SEB nos seus mecanismos de contratação de energia

elétrica, destino e preços praticados. O ACL, ou simplesmente “Mercado Livre”, é abordado

no terceiro capítulo e visa entender sua organização, contextualização, as regras de

comercialização e caracterização do ambiente de contratação de energia elétrica, bem como

discutir a dinâmica de atuação dos agentes por ramo de atividade, tarifas de energia elétrica e

as fontes de geração de eletricidade contratadas no mercado livre e regulação. Por fim, segue

as considerações finais.

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16

1. REGULAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO: da década de 1990 a

reforma de 2004.

Este capítulo apresenta uma visão geral do SEB, discutindo os fundamentos básicos

das reformas e reestruturações ocorridas no setor na década de 1990 e partir de 2004 aos dias

atuais. Posteriormente, faz-se uma apresentação de alguns dados sobre a oferta e consumo de

energia elétrica, tomando-se como base o Plano Decenal de Expassão de Energia, chamado de

PDE 2024.

1.1- A primeira Reforma e Privatizações do Setor Elétrico Brasileiro: década de 1990.

Para o Setor Elétrico Brasileiro (SEB), a década de 1990 foi caracterizada por

dificuladades e transformações em sua estrutura. Com o endividamento das empresas estataias

atuantes no SEB, os investimentos foram reduzidos e como consequência os planos de

expansão de geração de energia elétrica comprometidos e descontinuados. O cenário de

endividamento e falta de investimento estatal, transformou a possibilidade de falta de energia

- presente desde o início da década - em uma realidade. Diante desse contexto, o processo de

privatização foi apresentado como opção e uma das alternativaa para soluciionar os problemas

financeiros das concesisonárias, as quais precisavam com urgência se reestrututar. No entanto,

o sucesso do processo de privatização dependia da regulamentação de suas atividades.

(GASTALDO, 2009)

No início da década de 1990, toda a coordenação do SEB estava predominantemente

centralizado na Eletrobrás, sendo a controladora de empresas que atuavam em todos os

segmentos: geração, transmissão e também distribuição. Entre as empresas de geração e

transmissão, era a a empresa controladora de quatro grandes empresas regionais, as quais

juntas detinham aproximadamente 57% da capacidade total de greação, possuindo ainda

participação minoritária nas empresas estatais que detinham a capacidade restante de geração.

Na distribuição de energia, controlava empresas estatais como a Light do Rio de Janeiro e

Escelsa do Espirito Santo, mas também possuia participação minoritária em empresas

municpais e de investidores privados. (BAER e MACDONALD, 1997, pag. 21)

A tabela 1 apresenta o perfil institucional do SEB, mostrando o estado como centralizador

de todas as decisões, atuando diretamente no setor e consequentemente diminuindo a

importância das instituições, o qual tinha a Eletrobrás como empresa holding e principal meio

e instrumento de intervenção no setor. Como proprietário das empresas mais importantes, a

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União concentrava as atividades de geração e transmissão e os estados as de distribuição. O

Ministério de Minas e Energia – MME era responsável pelas políticas setoriais, e o órgão

regulador representado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DNAEE). As quatro

principais empresas de geração e transmissão (Eletrosul, Furnas, Chesf e Eletronorte) e duas

de distribuição federais (Escelsa e Light) eram controladas pela Eletrobrás, além de outras

empresas como a Nuclen, empresa responsável pela geração de eletricidade a partir de fonte

nuclear, a parte nacional da hidrelétrica de Itaipu e o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

(CEPEL), órgão encarregado de realizar pesquisas do setor elétrico. (LOSEKANN, 2003, p.

145).

Parte das 29 concessionárias estaduais que prestavam serviços de distribuição detinha

participação em ativos de geração e transmissão de empresas como Companhia Energética de

Minas Gerais (CEMIG) e a Companhia Paranaense de Energia (COPEL). Uma grande

quantidade de pequenas empresas municipais e privadas participava do sistema elétrico,

gerando e distribuindo eletricidade para municípios do interior do país, porém apesar de

serem muitas empresas, possuíam pequena representatividade sobre todo o setor.

(LOSEKANN, 2003, p. 146)

Tabela 1- SEB - Perfil institucional antes do processo de privatização

Órgão / Empresa Função

MME Política Setorial

DNAEE Órgão Regulador

Eletrobrás Holding

Itaipu Geração - Binacional

Eletrosul

Geração/Transmissão - Federais Furnas

CHESF

Eletronorte

Escelsa Distribuição - Federais

Light

CESP Geração - Estadual

CEMIG

Geração/Transmissão/Distribuição - Estaduais COPEL

CEEE

CELG

24 empresas Distribuição - Estaduais

4 empresas Distribuição - Municipais

20 empresas Geração / Distribuição - Privadas

Nota: a) A Eletronorte também atua como distribuidora para consumidores eletrointesivos e atende também a

sistemas isolados; b) A CESP considerada como uma geradora, mas como distribuidora atende a grandes

consumidores, que compõem o nono maior mercado do país.

Fonte: Losekann (2003) apud Oliveira et al. (1999).

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Diante da opção pela redução do papel do Estado, o governo brasileiro decidiu lançar

um abrangente programa de desestatização. Com a publicação da Lei nº 8.031/1990, foi

criado o Programa Nacional de Desestatização (PND), e em 1992 o Governo sinalizou a

intenção de privatizar as empresas do grupo Eletrobrás. (TONIM, 2009, p.18 apud

RAMALHO, 2003).

A condição prévia para que se implantasse o modelo foi a decisão de desverticalizar a

cadeia produtiva, separando as atividades de geração, transmissão, distribuição e

comercialização de energia elétrica, as quais a partir daquele momento, passariam a ser

consideradas áreas de negócios independentes.

Em 1993, com a aprovação da Lei 8.631, é dado o primeiro passo na direção de uma

reforma que privilegiasse a mercantilização do SEB. Logo, por meio das principais mudanças

ocorridas, como a eliminação do nivelamento geográfico das tarifas e dos 10% mínimos de

retorno sobre os ativos, a nova modalidade para a fixação das tarifas foi baseada na estrutura

de custos e projetada para refletir as necessidades de fluxo de caixa das empresas, em vez de

constituir uma meta arbitrária para o retorno do ativo.

Ainda em relação a Lei 8.631, cabe destacar que foram definidos dois conjuntos de

tarifas de energia elétrica: a tarifa de suprimento e a de fornecimento. A tarifa de suprimento

diz respeito ao índice de atacado cobrado por uma geradora de energia elétrica na venda para

as empresas de distribuição, enquanto que a tarifa de fornecimento era considerada o índice

cobrado do consumidor final pelas empresas de distribuição de energia, sendo que os índices

cobrados eram diferentes para cada setor (domicilio, indústrias, empresas comerciais),

diferenciando-se, também, de acordo com a quantidade de energia consumida.

Apesar dessa tentativa, a Lei 8.631 não foi inicialmente eficiente para recuperação do

valor real das tarifas do setor elétrico, pois, mesmo após a promulgação da referia lei, o

governo federal decidiu que os reajustes das tarifas públicas deveriam ser realizados abaixo

do índice de inflação.

Do ponto de vista técnico, o programa de privatização já havia iniciado, mas ainda não

possuía um forte compromisso por parte do governo federal em implanta-lo. Somente em

1995 é que a estruturação e privatização do setor elétrico ocorreram, sendo nesse mesmo ano

aprovada no Congresso a Lei Geral de Concessões nº 8.987, no qual possibilitou em 1995, a

entrada de capital privado no SEB e implantação da sistemática de licitações competitivas

para concessões. No mesmo ano, a Lei de Conversão das Concessões Elétricas nº 9.074 criou

as figuras do consumidor livre e do produtor independente de energia, indispensáveis para a

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instalação de um ambiente competitivo, além do que, instituiu o livre acesso às redes de

transporte. (FERREIRA, 2000, p.195)

Na prática, as referidas leis definiram as bases da primeira reforma do setor elétrico e

conforme Tonim (2009) apud Ramalho (2003) os principais pontos abordados foram:

(i) licitação de novos potenciais hídricos, visando proporcionar competição na

geração; (ii) livre acesso à rede de transmissão e definição de uma malha básica; (iii)

divisão dos consumidores entre livres e cativos; (iv) regulação por tetos tarifários; (v)

introdução do Produtor Independente de Energia (PIE), regulamentado pelo Decreto n.

2.003/1996; (vi) obrigatoriedade de conclusão de projetos paralisados, ou mesmo nova

licitação dessas concessões; e (vii) mecanismos facilitadores para a privatização.

(TONIM, 2009 apud RAMALHO, 2003)

A partir desse conjunto de leis, foi iniciado o processo de privatização do SEB,

primeiramente com as distribuidoras e posteriormente as geradoras. O início pelas

distribuidoras foi justificado pelo faturamento dessas empresas ser oriundo diretamente do

consumidor final e não de empresas estatais, que possuíam perfil e histórico de inadimplência

no setor. Esse movimento transmitiria maior credibilidade, sendo uma forma de evitar a

resistência e desconfiança dos investidores. Em relação a geração, os investimentos

envolviam maiores incertezas, sobretudo devido ao desenho institucional e regulatório não

estar implantado.

O governo objetivava vender a totalidade dos ativos de distribuição e iniciou pelas

empresas que estavam sobre responsabilidade federal. As primeiras a serem vendidas foram a

Escelsa, distribuidora do estado ES, e a Light do RJ. Na geração, devido a resistências

políticas e de especialistas do setor, o processo foi um pouco mais demorado, mesmo assim

foram quatro empresas privatizadas, que corresponderam a 20% da receita setorial. As plantas

nucleares e a parte nacional de Itaipu continuaram sobre propriedade do estado.

O avanço do processo de privatização foi maior na distribuição, com 19 empresas

privatizadas. Dessas 19 empresas, destaca-se a Coelba-BA com 65% dos ativos vendidos,

cujos valores à época corresponderam a R$1,73 bilhões, AES Sul com 90% vendido ao valor

de R$1,5 bilhões. No total, foram privatizadas 23 empresas do SEB, as quais totalizaram um

valor arrecadado de aproximadamente R$ 26 bilhões, fazendo do SEB o setor que mais

contribuiu para o sucesso e efetivação do PND. A tabela 2 relaciona as empresas privatizadas,

informando data da privatização, estado de origem, empresa compradora, valor e % da venda.

(LOSEKANN, 2003, p. 150)

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Tabela 2 - Relação das empresas privatizadas

Nome Data

Privatização UF Comprador

Preço - R$

Milhões

****

%

Vendida

Ágio

%

ESCELSA 12-jul-95 ES IVEN S. A., GTD

Participações 385 50 11,78

LIGHT 21-mai-96 RJ AES; Houston; EDF;

CSN. 2.230,00 51 0

CERJ (AMPLA) 20-nov-96 RJ Endesa (SP); Enersis;

Ed Port. 605,3 70,26 30,27

COELBA 31-jul-97 BA Iberdrola; BrasilCap;

Previ; BBDTVM 1.730,90 65,64 77,38

AES SUL 21-out-97 RS AES 1.510,00 90,91 93,56

RGE 21-out-97 RS CEA; VBC; Previ 1.635,00 90,75 82,7

CPFL 5-nov-97 SP VBC; Previ; Fundação

CESP 3015 57,6 70,1

ENERSUL 19-nov-97 MS Escelsa 625,6 76,56 83,79

CEMAT 27-nov-97 MT Grupo Rede; Inepar 391,5 85,1 21,09

ENERGIPE 3-dez-97 SE Cataguazes; Uptick 577,1 85,73 96,05

COSERN 11-dez-97 RN Coelba; Guaraniana;

Uptick 676,4 77,92 73,6

COELCE 2-abr-98 CE

Consócio Distriluz

(Enersis Chilectra,

Endesa, Cerj)

867,7 82,69 27,2

ELETROPAULO** 15-abr-98 SP Consórcio Lightgás 2.026,00 74,88 0

CELPA 9-jul-98 PA

QMRA Participações

S. A. (Grupo Rede e

Inepar)

450,3 54,98 0

ELEKTRO ** 16-jul-98 SP /

MS

Grupo Enron

Internacional 1.479,00 46,6 98,94

CACHOEIRA

DOURADA 5-set-97 GO

Endesa/Edegel/Fundos

de Investimentos 779,8 92,9 43,49

GERASUL * 15-set-98 RS Tractebel (Belga) 945,7 50,01 0

BANDEIRANTE* 17-set-98 SP EDP (Portugal) -

CPFL 1.014,00 74,88 0

CESP Tietê*** 27-out-99 SP AES Gerasul Emp. 938,07 - 29,97

BORBOREMA*** 30-nov-99 PB Cataguazes-

Leopoldina 87,38 - -

CELPE* 20-fev-00 PE Iberdrola/Previ/BB 1.780 79,62 -

CEMAR*** 15-jun-00 MA PP&L 552,8 86,25 -

SAELPA*** 31-nov-00 PB Cataguazes-

Leopoldina 363 - -

CTEEP 28-jun-06 SP ISA (Interconexión

Eléctrica S/A Esp.) 1.193 - 57,89

TOTAL 25.858,55

*Informações obtidas em jornais

Nota: **Informações sobre Num. de Consumidores e GWh obtidas no site da Empresa;

***Informações obtidas no site do Provedor de Informações Econômico-Financeiras do Setor Elétrico Brasileiro,

UFRJ/ELETROBRÁS; ****Valores em R$ à época.

Fonte: ABRADEE adaptado de MME (2016)

O Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro (RE-SEB), elaborado através

da contratação de um consórcio liderado pela consultoria Coopers & Lybrand, definiu as

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diretrizes da reforma. O trabalho da consultoria ocorreu em conjunto com especialistas

brasileiros e em 1997 foi apresentando o relatório final com o novo modelo, estrutura

industrial e a definição dos papéis das instituições. (LOSEKANN, 2003, p. 151)

As principais recomendações apresentadas no documento foram:

Criação de um mercado atacadista de eletricidade (MAE)1;

Estabelecimento de contratos iniciais de compra e venda de energia com vistas a criar

uma fase de transição para o mercado competitivo;

Desmembramento dos ativos de transmissão e criação de um Operador Nacional do

Sistema (ONS) para administrar o sistema interligado;

Organização das atividades financeiras e de planejamento da expansão, que ficou a

cargo do Comitê Coordenador do Planejamento da Expansão (CCPE), coordenado

pela Secretaria de Energia do MME, no qual deveria orientar as ações do governo para

assegurar o fornecimento de energia elétrica, em conformidade com a Política

Energética Nacional definida pelo Conselho Nacional de Política Enérgica (CNPE).

(RAMALHO, 2003, p.24; FGV, 2014)

Conforme Tonim (2009), a próxima etapa para a legislação setorial foi dada em

dezembro de 1996 com a criação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),

instituída como autarquia especial pela Lei n. 9.427/19962.

O aprimoramento da estrutura legal do SEB veio com a criação da agência reguladora,

fiscalizadora e mediadora (ANEEL), e muitas medidas de aprimoramento foram tomadas. A

Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e

criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; a Lei 9.648, de 27 de maio

de 1998, criou o Mercado Atacadista de Energia (MAE) e a figura do Operador Nacional do

Sistema (ONS)3; o Decreto 2.335, de 6 de outubro de 1997, constituiu a ANEEL e aprovou

sua Estrutura Regimental4. (GASTALDO, 2009)

1 Ambiente para realização das transações de compra e venda de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional

(SIN), incluindo também as atividades de contabilização destas transações e liquidação das diferenças entre os

valores contratados e os verificados por medição. (RAMALHO, 2003, p.26) 2 A Lei n. 9.427/1996 também ampliou o universo dos chamados “consumidores livres”, permitindo que

consumidores com carga maior ou igual a 500 kW comprassem energia de PCHs, usinas de biomassa, eólica ou

solar, mediante contratos de compra e venda de energia elétrica diretamente com a usina 3 O ONS é uma pessoa jurídica de direito privado, sob a forma de associação civil, sem fins lucrativos, criado em

26 de agosto de 1998, pela Lei nº 9.648/98, com as alterações introduzidas pela Lei nº 10.848/04 e

regulamentado pelo Decreto nº 5.081/04. É o órgão responsável pela coordenação e controle da operação das

instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), sob a

fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Para o exercício de suas atribuições

legais e o cumprimento de sua missão institucional, o ONS desenvolve uma série de estudos e ações a serem

exercidas sobre o sistema e seus agentes para manejar o estoque de energia de forma a garantir a segurança do

suprimento contínuo em todo o País. O ONS é constituído por membros associados e membros participantes,

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Um dos resultados imediatos foi que em 1999, o sistema elétrico operava com uma

capacidade nominal instalada de 63,9 GW, sendo que para o período de 1999 a 2004, as

projeções da Eletrobrás apontavam um crescimento médio de consumo de energia de 5,5%

a.a., necessitando portando de uma capacidade instalada de 85GW. (PIRES et al., 2002 apud

RAMALHO, 2003, p 28)

Diante da iminente insuficiência de Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE), para o

período de 2001 a 2003, foi criado pelo governo através do Decreto 3.371 de 24 de fevereiro

de 2000, o Programa Prioritário de Termeletricidade (PPT), tendo inicialmente a Eletrobrás

atuando como compradora de última instância da energia gerada pelas usinas termelétricas

implantadas. Mas o PPT não foi implantado no tempo esperado, principalmente devido ao

embaraço que se instalou entre o MME, ANEEL, Petrobras e Ministério da Fazenda quanto

ao repasse da variação cambial do preço do gás aos consumidores no intervalo entre os

reajustes anuais de tarifas. Como o preço do gás é denominado em dólares e as regras da

moeda nacional só permitia o reajuste tarifário anual, havia dificuldade na compensação da

variação cambial. (RAMALHO, 2003; FGV, 2014).

Conforme previsões do ONS realizadas em dezembro de 2000, eram boas as

perspectivas e possibilidades para o ano seguinte ter uma situação mais favorável de

suprimento, porém as perspectivas mudaram completamente a partir da hidrologia

desfavorável, e em março de 2001 foi solicitado pelo ONS ao poder concedente o

contingenciamento de 20% da carga. O racionamento de energia foi anunciado em 11 de maio

de 2001 e iniciado em 1º de junho de 2001. (KELMAN, 2001, p.12)

Para Macedo (2015):

[...] o modelo do setor de energia elétrica, implementado na segunda metade da

década de 1990, não levou em consideração a especificidade do sistema elétrico

brasileiro, ocasionando sérios problemas que poderiam ter sido evitados, caso não

tivessem creditado toda a confiança no bom funcionamento do “mercado” e na sua

capacidade de assumir funções antes designadas às atividades específicas de

planejamento.

1.2 - A segunda Reforma do SEB: modelo de 2004 até os dias atuais.

Ao longo da década de 1990 foram realizadas diversas mudanças na legislação até a

edição da Medida Provisória nº 144, de dezembro de 2003, a qual reformulou novamente as

regras do SEB. A referida Medida Provisória, transformada em Lei nº 10.848, de 15 de março

compõe-se, assim, de empresas de geração, transmissão, distribuição, bem como de consumidores livres de

grande porte. Também participam importadores e exportadores de energia, além MME. (ONS, 2014). 4 Maiores detalhes sobre outras definições ocorridas no período ver Gastaldo (2009).

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de 2004, estabeleceu o novo modelo institucional do setor elétrico no país. Conforme

Ministério de Minas e Energia (MME, 2003), os principais objetivos do programa são:

Garantir a segurança de suprimento;

Promover a modicidade tarifária;

Promover a inserção social no setor elétrico, em particular pelos programas de

universalização de atendimento.

A partir da introdução do novo modelo, uma das principais alterações em relação ao

modelo anterior, foi na forma de comercializar a energia elétrica. A competitividade do setor

de geração foi mantida com direcionamentos específicos, como o de garantir de forma

planejada a expansão da capacidade instalada, a segurança no suprimento e assegurar custos

menores na tarifa final. Ainda em relação à geração, a construção de novas usinas ficou

condicionada a demanda das distribuidoras, as quais deverão informar ao MME suas

projeções de demanda futura. Na realização dos leilões de concessão, o critério de maior

preço para se definir a empresa vencedora, foi substituído pelo de menor tarifa, e se antes a

empresa vencedora da concessão deveria conseguir a licença ambiental e ainda captar

mercados para vender sua energia, com as novas regras a realização do leilão passou a ocorrer

somente após a concessão da licença ambiental, além do vencedor do leilão ter garantido o

contrato de venda, chamado de Power Purchase Agreement (PPA). (BRDE, 2004).

Paralelamente à execução do modelo, foram criados novos agentes institucionais quais

sejam: a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Câmara de Comercialização de Energia

Elétrica (CCEE) e o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) 5. Além disso,

foram alteradas algumas condições importantes na dinâmica de atuação do SEB, cujas

características principais são, entre outros, conforme destaca a CCEE (2016):

Financiamento através de recursos públicos e privados; Empresas divididas por atividade: geração, transmissão, distribuição, comercialização,

importação e exportação; Convivência entre empresas estatais e privadas; Competição na geração e comercialização; Consumidores livres e cativos; Convivência entre Mercados livre e regulado; Contratação: 100% do mercado mais reserva; Sobras/déficits do balanço energético liquidados na CCEE;

5 Cuja função é acompanhar e avaliar permanentemente a continuidade e a segurança do suprimento eletro

energético em todo o território nacional.

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Mais do que uma nova organização institucional do SEB, o novo modelo revelava ser

uma tentativa do estado de retomar o processo de planejamento setorial do sistema elétrico do

país. Nesse sentido, as tomadas de decisões no setor seriam avaliadas e determinantes para o

processo de expansão da geração e distribuição de eletricidade, cujo objetivo maior era

assegurar uma oferta interna de energia elétrica (OIEE) capaz de atender uma demanda

crescente, no qual implicava ter que diversificar as fontes de geração de eletricidade e tornar o

ambiente de comercialização mais condizente com a capacidade de atendimento da demanda

no presente e futuro. Para tanto, necessitava-se de um ambiente institucional que pudesse unir

mercado, Estado, empresas privadas em torno da necessidade de fortalecer o setor em suas

diversas formas de geração e comercialização de energia elétrica.

1.2.1- Organização Institucional do Novo Modelo do SEB

O governo brasileiro, através de leis aprovadas em 2004, estabeleceu as diretrizes para

o funcionamento do atual modelo do SEB. Dentro destas diretrizes, ocorreram algumas

alterações importantes como, por exemplo, a definição do exercício do poder concedente ao

MME e a ampliação da autonomia do Operador Nacional do Sistema (ONS).

A atuação da ANEEL foi priorizada nos seus diversos papéis, em especial os de

regulação, fiscalização e do estabelecimento das tarifas, de forma a preservar tanto o

equilíbrio econômico-financeiro dos agentes como o de proteger os consumidores quanto aos

custos da energia fornecida.

Destaca-se, também, a importância do Conselho Nacional de Políticas Energéticas

(CNPE), cuja função principal é atuar como um órgão consultivo da Presidência da

República, tendo como principais atribuições a definição de diretrizes do SEB e a aprovação

das políticas energéticas formuladas pelo MME.

A Figura 1 apresenta a estrutura institucional do SEB.

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Figura 1 – SEB - Estrutura Institucional

Fonte: ANEEL (2008)

Conforme a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE,

2016), destaca-se na estrutura institucional do SEB, aspectos técnicos e regulatórios a serem

considerados. No que tange aos aspectos técnicos pode-se inferir que no SEB existem agentes

de governo responsáveis pela política energética do setor, sua regulação, operação

centralizada e comércio de energia. Efetivamente, os agentes diretamente ligados à produção

e transporte de energia elétrica são os de geração, transmissão e distribuição. Em relação aos

aspectos regulatórios destacam-se as atividades de governo exercidas pelo CNPE, MME e

CMSE. As atividades regulatórias e de fiscalização são exercidas pela ANEEL. As atividades

de planejamento, operação e contabilização são exercidas por empresas públicas ou de direito

privado sem fins lucrativos, como a EPE, ONS e CCEE. As atividades permitidas e reguladas

são exercidas pelos demais agentes do setor: geradores, transmissores, distribuidores e

comercializadores.

1.3 - Matriz Elétrica Brasileira: uma breve apresentação e dados de previsão de

crescimento da capacidade de geração e consumo de eletricidade.

Um dos principais instrumentos de planejamento da expansão de energia elétrica no

Brasil, os planos decenais, é realizado a partir de um processo interativo entre estudos de

mercado de energia e planejamento energético, subsidiado por pesquisas e análises realizadas

pela EPE e MME. Desde 2007, os Planos Decenais foram ampliados, tendo uma abrangência

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maior dos estudos, incorporando uma visão integrada da expansão da demanda e da oferta de

diversas fontes de geração de energia, entre as quais a eletricidade.

Nesse sentido, e com base nos resultados e dados disponíveis no PDE 2024 (MME/EPE,

2015), esse item irá mostrar, ainda que de forma superficial, as projeções para oferta e

demanda de energia elétrica.

1.3.1- Energia Elétrica: discussão do lado da oferta de eletricidade

A partir do Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro (RE-SEB), de 1996,

o mercado brasileiro de energia elétrica tornou-se um setor desverticalizado em sua cadeia

produtiva, tornando-se independente das áreas de negócios como geração, transmissão,

distribuição e comercialização de energia elétrica. (CPFL RENOVÁVEIS, 2014)

Conforme informações disponibilizadas pela ABRADEE (2016):

No Brasil o segmento de distribuição de energia elétrica recebe grande quantidade de

energia do sistema de transmissão, distribuindo-a de forma pulverizada para

consumidores médios e pequenos, sendo responsável pela administração e operação

de linhas de transmissão de menor tensão (abaixo de 230 mil Volts), mas

principalmente das redes de média e baixa tensão, como aquelas instaladas nas ruas e

avenidas das grandes cidades. Atualmente, a distribuição de energia elétrica é

composta por 63 concessionárias, sendo essas empresas de distribuição as

responsáveis pela entrega de energia nas residências e também nos comércios e

indústrias de menor porte. Existem também unidades geradoras de menor porte,

normalmente menores do que 30 MW, que injetam sua produção nas redes do sistema

de distribuição. (ABRADEE, acessado em 02 de novembro de 2016)

Diferentemente do segmento de geração, a transmissão e a distribuição de energia no

Brasil, o mercado de energia tem seus preços regulados pela ANEEL, de modo que as

empresas não possuem mecanismos para determinar os preços, sendo estes inseridos nos

contratos de concessão, onde consta a precificação da energia com revisões e ajustes

periódicos.

Ainda conforme a ABRADDE (2016), o segmento de transmissão conta no Brasil com

77 concessionárias responsáveis pela administração e operação de mais de cem mil

quilômetros de linhas de transmissão, conectando, por esse meio, os geradores aos grandes

consumidores (ou distribuidoras).

A comercialização de energia elétrica é um segmento relativamente novo no Brasil, e

sua implantação deveu-se a primeira reforma do SEB, ocorrida na década de 1990.

A geração é o segmento da indústria de eletricidade responsável por produzir energia

elétrica e injetá-la nos sistemas de transporte (transmissão e distribuição) para que chegue aos

consumidores. (ABRADEE, 2016).

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Ainda conforme informações disponibilizadas no endereço eletrônico da ABRADEE

(2016), até 2012 o segmento de geração era considerado competitivo no Brasil, pois a maioria

absoluta dos geradores era livre para negociar seus preços diretamente com consumidores

livres, ou por meio de leilões regulados. A partir de 2013, muitas usinas hidroelétricas antigas

passaram a ter seus preços controlados pela ANEEL, pois essa foi a condição para a

renovação antecipada de seus contratos de concessão

Conforme informações disponibilizadas no Banco de Informações de Geração (BIG)

da ANEEL, em 20 de março de 2016, a capacidade de geração do Brasil conta com um total

de 4.481 empreendimentos em operação, totalizando 142.158.487 KW de potência instalada.

Conforme dados da Figura 2, as usinas hidrelétricas correspondem a 61% da potência

fiscalizada (kW) em operação, seguidas pelas usinas de combustível fóssil com 17%,

biomassa 9%, eólica 6% e nuclear 1%. A importação de energia equivale a 6% do total, sendo

que dos 8.170.000 kW, 69% da energia elétrica importada é proveniente da Usina Itaipu

Binacional, localizada no Rio Paraná, 28% da Argentina, 2% da Venezuela e 1% do Uruguai.

Figura 2 - Capacidade de Geração Instalada por Fonte

Fonte: BIG (ANEEL, 20 de março de 2016).

Já para 2024 estima-se uma matriz de geração de energia elétrica onde as renováveis

deverão representar perto de 86%, superando a atual predominância destas fontes. Destaque

para a energia eólica, que, de uma representatividade de cerca de 3 % na matriz elétrica

Biomassa; 13.332.241; 9%

Eólica; 8.479.802; 6%

Fóssil; 26.174.385; 17%

Hídrica; 92.159.142; 61%

Nuclear; 1.990.000; 1%

Solar; 22.916; 0%

Importação; 8.170.000; 6%

Biomassa Eólica Fóssil Hídrica Nuclear Solar Importação

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nacional, deverá passar para 11,6 % em 2024, devido projeção de expansão de

aproximadamente 20 GW no período (MME/EPE, 2015).

O que se projeta ao longo do período é a consolidação de um processo de

diversificação da matriz de energia elétrica nacional, que, embora ainda predominantemente

baseada em energia hidráulica, espera-se um crescimento expressivo de outras fontes

renováveis.

No PDE 2024 estão previstos investimentos globais da ordem de R$ 1,4 trilhão, dos

quais 26,7% correspondem ao segmento de energia elétrica. Dentre os principais parâmetros

físicos, haverá ampliação de capacidade instalada de energia elétrica até 2024, de 132,9 GW,

em 2014, para 206,4 GW, não incluída a autoprodução, sendo estes dados importantes para à

possibilidade de atendimento da carga de eletricidade no SIN.

A figura 3 apresenta a evolução da capacidade instalada por fonte para o decênio

2014-2024, comparando-as em termos absolutos e relativos. Em 2024, a fonte hídrica

continuará sendo a mais representativa com 56,7%, porém sua participação sobre o total será

reduzida em aproximadamente 10,9 p.p. São projetadas reduções também na participação das

usinas térmicas e nucleares, de 0,5 p.p.e 0,1 p.p., respectivamente. Porém, em sentido oposto,

fontes como a biomassa e as PCHs terão a participação ampliada, sobretudo a eólica e solar.

Se na capacidade instalada de 2014, a energia elétrica oriunda de fonte solar não está

sinalizada, para 2024 a estimativa aponta para uma participação de 3,3%, enquanto que a

eólica passará a representar 11,6%, contra 3,7%, em 2014, confirmando, assim, o processo de

diversificação da matriz elétrica nacional na direção da ampliação dos recursos renováveis

existentes no país.

Figura 3 – Evolução da capacidade instalada por fonte de geração.

Fonte: MME/EPE, 2015, p.96.

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1.3.2 - Consumo de Energia: discussão do lado da demanda de eletricidade

Os consumidores brasileiros de energia elétrica podem ser classificados em duas

grandes categorias: livres e cativos. Os consumidores cativos podem ser residenciais,

comerciais ou industriais e compram a energia elétrica utilizada da distribuidora local

exclusivamente, por meio de tarifa regulada, não contando com qualquer flexibilidade

contratual. Os consumidores livres, por sua vez, são os grandes consumidores industriais, que

apresentam consumo igual ou superior a 3 MW. Diferentemente do consumidor cativo, o livre

pode optar por continuar a ser atendido pela distribuidora local (neste caso, o consumidor é

chamado de “potencialmente livre”) ou comprar a energia elétrica diretamente de um produtor

independente ou de autoprodutores com excedentes, ou, ainda, obter energia por intermédio

de um comercializador. Eles negociam livremente as condições comerciais previstas em seus

contratos, de modo que, mesmo que esteja conectado ao sistema elétrico de determinada

concessionária, pode optar pela compra de energia de outro agente, pagando à concessionária

apenas uma tarifa pelo uso do sistema de distribuição. (ANEEL, 2008).

Há ainda os consumidores especiais ou grupo de consumidores reunidos em torno de

um interesse comum, com consumo igual ou superior a 0,5 MW. Estes, por sua vez, poderão

comprar energia elétrica diretamente de geradores independentes ou de autoprodutores com

excedentes, desde que os geradores sejam PCHs, ou com base em fontes solar, eólica ou

biomassa, desde que respeitados os limites de potência instalada. (ANEEL, 2008).

Conforme informado no PDE 2024, entre 2014 e 2024 a taxa média de crescimento do

consumo na rede é de 3,9% ao ano, atingindo 692 TWh, sendo a classe comercial a que

apresenta maior expansão, seguida pela classe residencial. A indústria poderá reduzir sua

representatividade no consumo de energia na rede, apresentando taxa de crescimento inferior

à média.

A tabela 3 mostra a projeção do consumo nacional de energia elétrica na rede (isto é,

exclusive autoprodução) desagregada por classe de consumo.

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Tabela 3 - Consumo de eletricidade na rede por classe

Nota: Outros - engloba as classes de consumo poder público, iluminação pública, rural e consumo próprio.

Fonte: MME/EPE (2015)

Entre as classes consumidoras com maior participação sobre o consumo total de

energia elétrica em 2015, destaca-se a industrial (36,1%), seguida pela residencial (28,7%),

comercial (19,6%) e, por fim, a classe outros com participação de 15,5%. Em 2024, conforme

projeções, a classe industrial continuará sendo a mais representativa, porém sua participação

sobre o consumo total diminuirá para 34,6%, ocorrendo o mesmo em relação a classe

residencial, que, apesar de no ano de 2019 ampliar sua representatividade, em 2024 retornará

a uma participação inferior, cuja estimativa é de 28,5%, contra 28,7%, em 2015. Em sentido

oposto, a classe comercial passará dos 19,6% registrados em 2015 para 21,4% em 2024 e a

classe outros permanecerá apresentando uma participação estável durante o período analisado.

Essa maior participação da classe comercial para 2024 é reflexo da expansão do

consumo que crescerá a uma taxa de 6% a.a. no período 2019-2024, contra 4% em 2014-

2019, sendo que considerando um horizonte de 10 anos, a estimativa da variação percentual é

5,1% a.a., logo, superior a variação percentual total de 3,9% a.a., e em relação a todas as

demais classes de consumo registradas no mesmo período. Para todos os anos analisados,

projeta-se para a classe industrial uma variação percentual do consumo de eletricidade na rede

inferior às estimativas reveladas para as demais classes, bem de sua representatividade, como

já enfatizado.

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2. O MERCADO E OS AMBIENTES DE COMERCIALZIAÇÃO DE ENERGIA

ELÉTRICA NO BRASIL

Este capítulo tem por objetivo apresentar uma visão geral do mercado e do ambiente de

comercialização de energia elétrica no Brasil, expondo incialmente as regras gerais de

comercialização de energia elétrica no Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e a

dinâmica do Mercado de Curto Prazo (MCP), relacionando-as com os efeitos e impactos da

MP 579, transformada na Lei de nº 12.783/13. O Ambiente de Contratação Livre (ACL), ou

simplesmente “Mercado Livre”, será exposto e abordado no capítulo seguinte.

2.1 - Regras Gerais de Comercialização de Energia Elétrica e o Ambiente de

Contratação Regulada (ACR).

O novo modelo do Setor Elétrico Brasileiro (SEB), implantado em 2004, considerado

o marco regulatório do setor a partir daquele momento, introduziu significativas alterações na

regulamentação do SEB, como enfatizado no capítulo anterior. Mas também significou a

implantação de novas regras de comercialização de energia elétrica por meio da Lei nº 10.848,

de 15 de março de 2004, e do Decreto nº 5.163, de 30 de julho do mesmo ano.

Estas regras definiram as bases para a contratação da energia elétrica no país, no qual

passou a ser realizado em dois ambientes denominados de Ambiente de Contratação Livre

(ACL), ou simplesmente “mercado livre”, e Ambiente de Contratação Regulada (ACR), onde

os agentes de distribuição realizam as operações de compra e venda de energia para atender a

demanda dos consumidores.

A criação de dois ambientes de comercialização de energia elétrica foi apenas uma das

principais características do novo modelo, no qual incluiu também outros aspectos, conforme

destaca o Art. 2º da Lei nº 10.848/04, como por exemplo, a obrigatoriedade de as empresas

distribuidoras de energia elétrica adquirirem uma quantidade suficiente de energia para

satisfazer a totalidade de sua demanda, bem como a exigência de lastro físico de geração para

toda a energia comercializada em contratos.

Além do mais, outras medidas restritivas direcionadas a empresas distribuidoras foram

incluídas na referida lei, que, tomando-se por base os parágrafos do Art. 8º, é possível

destacar as restrições a certas atividades como forma de assegurar e garantir serviços mais

eficientes aos seus consumidores, assim como a proibição para venda de eletricidade aos

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consumidores livres, nos quais também não poderiam desenvolver atividades de geração e

transmissão de energia.

Esta lei estabelece ainda, em seu § 9° do Art. 1º, que as regras de comercialização

aplicam-se às concessionárias, permissionárias e autorizadas de geração, de distribuição e de

comercialização de energia elétrica, incluindo as empresas que estão sob o controle federal,

estadual ou municipal.

O Art. 1º deixa claro que:

A comercialização de energia elétrica entre concessionários, permissionários e

autorizados de serviços e instalações de energia elétrica, bem como destes com seus

consumidores, no Sistema Interligado Nacional - SIN dar-se-á mediante contratação

regulada ou livre, nos termos desta Lei e do seu regulamento. (LEI Nº 10.848,

15/03/2004).

Enquanto que no § 2° do artigo citado fica claro que é “submeter-se-ão à contratação

regulada a compra de energia elétrica por concessionárias, permissionárias e autorizadas do

serviço público de distribuição de energia elétrica, nos termos do art. 2o desta Lei, e o

fornecimento de energia elétrica para o mercado regulado”. (Lei nº 10.848, 15/03/2004).

No que tange a contratação livre, o§ 3° evidencia que:

Dar-se-á a partir e nos termos do art. 10 da Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998,

mediante operações de compra e venda de energia elétrica envolvendo os agentes

concessionários e autorizados de geração, comercializadores e importadores de

energia elétrica e os consumidores que atendam às condições previstas nos arts. 15 e

16 da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995, com a redação dada por esta Lei. (LEI

10.848, 15/03/2004).

Já o mercado de curto prazo pode ser entendido, conforme a Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), como o local onde:

São contabilizadas as diferenças entre os montantes de energia elétrica contratados

pelos agentes e os montantes de geração e de consumo efetivamente verificados e

atribuídos aos respectivos agentes, sendo as diferenças apuradas, positivas ou

negativas, contabilizadas para posterior liquidação financeira e valoradas ao Preço de

Liquidação das Diferenças (PLD). (CCEE, 2016)

O § 1º do Art. 1º do Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004, determina a Agência

Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) expedir os seguintes atos: “a convenção de

comercialização; as regras de comercialização; e os procedimentos de comercialização”.

As condições a serem obedecidas para comercialização de energia elétrica é tratada no

Art. 2º do referido decreto (com redação dada pelo Decreto nº 8.828, de 2016), da seguinte

forma:

I - os agentes vendedores deverão apresentar lastro para a venda de energia para

garantir cem por cento de seus contratos;

II - os agentes de distribuição deverão garantir o atendimento a cem por cento de seus

mercados de energia por intermédio de contratos registrados na Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica - CCEE e, quando for o caso, aprovados,

homologados ou registrados pela ANEEL;

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III - os consumidores não supridos integralmente em condições reguladas pelos

agentes de distribuição e pelos agentes vendedores deverão garantir o atendimento a

cem por cento de suas cargas, em termos de energia, por intermédio de geração

própria ou de contratos registrados na CCEE e, quando for o caso, aprovados,

homologados ou registrados na ANEEL.

O adequado equilíbrio entre confiabilidade de fornecimento e modicidade de tarifas e

preços é tratado no Art. 4º, cabendo ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE)

propor os critérios gerias.

O Art. 2º da Lei nº 10.848/04 trata ainda de questões contratuais e das diretrizes que

deverão ser consideradas, destacando-se que:

As concessionárias, as permissionárias e as autorizadas de serviço público de

distribuição de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional – SIN deverão

garantir o atendimento à totalidade de seu mercado, mediante contratação regulada,

por meio de licitação, conforme regulamento (LEI Nº 10.848, 15/03/2004).

Ainda sobre questões contratuais e das diretrizes, o referido decreto, em seu§ 1º, destaca

que a contratação regulada e os riscos hidrológicos serão assumidos de acordo com a

modalidade contratual, sendo que para os geradores estará destacado nos Contratos de

Quantidade de Energia, enquanto que para os compradores nos Contratos de Disponibilidade

de Energia, repassando, assim, direito de repassar as tarifas aos consumidores finais. No

entanto, com a redação dada pela Lei nº 13.203/15, definiu-se que:

A contratação regulada, a critério do Ministério de Minas e Energia, e os riscos

hidrológicos serão assumidos, total ou parcialmente, pelos geradores ou pelos

compradores, com direito de repasse às tarifas dos consumidores finais, conforme as

seguintes modalidades contratuais: I - Contratos de Quantidade de Energia e II -

Contratos de Disponibilidade de Energia. (LEI Nº 13.203, 08/12/2015).

Além do mais, no § 2ª da Lei 10.848, é disposto que:

A contratação regulada de que trata o caput deste artigo deverá ser formalizada por

meio de contratos bilaterais denominados Contrato de Comercialização de Energia no

Ambiente Regulado – CCEAR, celebrados entre cada concessionária ou autorizada de

geração e todas as concessionárias, permissionárias e autorizadas do serviço público

de distribuição. (LEI Nº 10.848, 15/03/2004).

Nesse sentido, as distribuidoras ficam obrigadas a oferecer garantias, além de atenderem

aos prazos de entrega e de suprimento estabelecidos conforme a geração de energia elétrica

ser proveniente de empreendimentos de geração existente ou de novos empreendimentos.

Com a redação dada pela Lei nº 13.097, de 19 de janeiro de 2015, a energia elétrica

proveniente de empreendimentos de geração existentes, com início de entrega no ano

subsequente ao da licitação e com prazo de suprimento de no mínimo três e de no máximo

cinco anos, passou a ter o prazo de início para entrega no mesmo ano ou até no segundo ano

subsequente ao da licitação; e prazo de suprimento de no mínimo um ou no máximo quinze

anos.

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Para a energia elétrica proveniente de novos empreendimentos não houve alterações nos

prazos de entrega e de suprimentos a partir da nova redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015.

Conforme § 1º do Art. 28 do Decreto nº 5.163, os CCEARs poderão ter as modalidades

por quantidade e por disponibilidade de energia elétrica, devendo constar e estar previsto no

CCEAR de modalidade por quantidade de energia elétrica que: I - o ponto de entrega será no

centro de gravidade do submercado onde esteja localizado o empreendimento de geração; e

II - os custos decorrentes dos riscos hidrológicos serão assumidos pelos agentes vendedores.

O parágrafo 4º do referido Art. revela que nos CCEARs, conforme a modalidade por

disponibilidade de energia elétrica:

Os custos decorrentes dos riscos hidrológicos serão assumidos pelos agentes

compradores, e eventuais exposições financeiras no mercado de curto prazo da CCEE,

positivas ou negativas, serão assumidas pelos agentes de distribuição, garantido o

repasse ao consumidor final, conforme mecanismo a ser estabelecido pela ANEEL

(DECRETO Nº 5.163, 30/07/2004).

Sendo assim, é possível reafirmar, portanto, que um dos objetivos do novo marco

regulatório do SEB é a promoção da modicidade tarifária, sendo a mesma garantida e

assegurada por meio do § 4º da Lei nº 10.848/04, no qual determina que o repasse das tarifas

ao consumidor final será determinada em função do custo de aquisição de energia elétrica, já

adicionados os encargos e tributos, com base nos preços e quantidades de energia resultantes

das licitações realizadas.

No que tange a responsabilidade de regular e realizar as licitações, cabe a ANEEL,

conforme descrito no §11º da Lei nº 10.848/04, a responsabilidade pela regulação e realização

das licitações para contratação de energia elétrica, podendo promovê-las diretamente ou por

intermédio da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Porém, a redação dada pelo Decreto nº 8.828, de 2016, destaca que a totalidade do

mercado de energia elétrica deve ter o seu atendimento garantido integralmente e na sua

totalidade pelos agentes de distribuição, a partir dos contratos registrados na CCEE, e em

situações que se fizer necessário, esses contratos deverão ser aprovados, homologados ou

registrados pela ANEEL. Ou seja, a CCEE assume uma posição importante no processo de

garantia dos contratos de geração e distribuição de energia elétrica, enquanto que a ANEEL

passa a ser encarada como uma agência que substancia os contratos a partir do que a CCEE

entendeu como sendo um empreendimento capaz de cumprir todas as regras contratuais

estabelecidas.

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Nesse sentido, e para atendimento dessa obrigatoriedade contida no Art. 2º do Decreto nº

5.163/04, a contratação da energia elétrica deverá ser realizada por meio de leilões6, sendo

essa energia proveniente de empreendimentos de geração já existentes ou novos, podendo

também ser oriunda de (BERGER, dezembro de 2010, ed. 59):

Geração distribuída, desde que a contratação seja precedida de chamada

pública realizada pelo próprio agente de distribuição, contratação esta limitada ao

montante de 10% do mercado do distribuidor;

Usinas que produzem energia elétrica a partir de fontes eólicas, pequenas

centrais hidrelétricas e biomassa, contratadas na primeira etapa do Programa de

Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA);

Itaipu Binacional, no caso de agentes de distribuição cuja área de concessão

esteja localizada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Adicionalmente, conforme descrito no mesmo artigo do Decreto nº

5.163/2004, os contratos firmados pelos agentes de distribuição até 16 de março de

2004 também são considerados como energia contratada para atendimento à

totalidade de seus respectivos mercados.

São considerados novos empreendimentos de geração, conforme § 1º do Art. 11º, do

Decreto nº 5.163/04, aqueles que até a data de publicação do Edital de leilão, não forem

detentores de concessão, permissão ou autorização, ou não sejam parte de empreendimento

existente que venha a ser objeto de ampliação, mas de apenas expansão de capacidade

instalada.

No que se refere à realização dos leilões de energia elétrica proveniente de novos

empreendimentos, o Ministério de Minas e Energia (MME) definirá, conforme consta no Art.

12 do Decreto nº 5.163/04: I - o montante total de energia elétrica a ser contratado no ACR,

segmentado por região geo-elétrica, quando cabível; e II - a relação de empreendimentos de

geração aptos a integrar os leilões.

Como garantia de que o mercado consumidor de energia elétrica seja atendido

integralmente, a seção II do Decreto nº 5.163/04, no Art. 17, estabelece que todos os agentes

de distribuição, vendedores, autoprodutores e os consumidores livres deverão informar ao

MME, até o dia 1º de agosto de cada ano, as previsões de seus mercados ou cargas para um

período de cinco anos subsequentes.

Da mesma forma, em 2010, conforme Decreto nº 7.317, em seu o Art. 18, fica claro a

preocupação com a possibilidade de se ter um acompanhamento da carga de energia ao longo

do tempo, como forma de minimizar possíveis crises de racionamentos e/ou de não

6 Conforme § 3º do Decreto nº 8.828 /16, os agentes de distribuição não se submeterão ao processo de

contratação por meio de leilão nos casos referidos no inciso III do art. 13, que trata sobre a obrigatoriedade dos

agentes de distribuição contratar energia suficiente para atenderem a totalidade do mercado, sendo a

contabilização dessa energia elétrica contratada, realizada nos leilões de compra de energia elétrica proveniente

de empreendimentos de geração existentes, inclusive os de ajustes, e de novos empreendimentos de geração.

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atendimento contínuo da demanda de eletricidade, inclusive por consumidores potencialmente

livres7. Nesse sentido:

[...] todos os agentes de distribuição, a partir de 1ºde janeiro de 2006, deverão

apresentar declaração ao Ministério de Minas e Energia, conforme prazos e condições

estabelecidos em ato do Ministro de Estado de Minas e Energia, definindo os

montantes a serem contratados por meio dos leilões, a que se refere o art. 19, para

recebimento da energia elétrica no centro de gravidade de seus submercados e

atendimento à totalidade de suas cargas. (DECRETO Nº 7.317, 2010, Art. 18).

Uma forma importante de garantir que a totalidade da população brasileira tenha cesso

ao serviço de energia elétrica é garantir que este serviço seja disponibilizado tanto no curto

como no longo prazo. Para tanto, faz-se necessário planejar a oferta interna de energia elétrica

(OIEE) e, nesse sentido, o Estado assume um papel importante no processo de geração dessa

energia, a partir da realização de investimentos que possam aumentar a potencialidade

instalada.

Sob o direcionamento do Estado, a contratação de energia é realizada por meio de

leilões, cuja dinâmica é regida pelo mercado regulado, onde se estipulam regras que estejam

em consonância com a capacidade de geração de energia existente sob a forma de diversas

fontes disponíveis, normas ambientais e técnicas, preço competitivo e garantia contratual de

mercado presente e futuro.

O referido Decreto nº 5.163/04 destina a seção III, do Art. 19 ao 26, para tratar e

disciplinar a compra de energia elétrica por meio da realização de leilões. O Art. 19, com

redações dadas pelo Decreto nº 6.048, de 2007, e 8.213, de 2014, dispõe sobre os tipos de

leilões, sendo os prazos de duração dispostos na seção IV que trata dos contratos de compra e

venda de energia elétrica. Esta formalização é necessária prioritariamente para os projetos

habilitados a participarem dos leilões de energia provenientes de empreendimentos de geração

novos ou existentes.

No que tange a segmentação dos tipos de leilões, a divisão conforme o tipo de

empreendimento, se novo ou existente, e a classificação por prazos para atendimento das

demandas das distribuidoras são importantes em razão, principalmente, dos elevados custos

de capital demandados por cada tipo de empreendimento e sua operação no Sistema

Interligado Nacional (SIN). Por exemplo, os empreendimentos novos, recém-construídos,

requerem maiores investimentos na construção e operação. Isso se deve aos prazos de

amortização dos investimentos, nos quais são elevados para empreendimentos novos,

enquanto que para os empreendimentos existentes, com maior tempo de atividade,

7 Entende-se por consumidores potencialmente livres para fins de comercialização de energia elétrica, conforme

definido no § 2º do Art. 1º do Decreto nº 5.163/04, aqueles que, [...], podem ser atendidos no Ambiente de

Comercialização Regulada (ACR).

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principalmente os mais antigos que estejam em operação e que entregam a chamada “energia

velha”, a amortização do investimento já ocorreu. (ABRADEE, 2016).

Considerando que os leilões de energia apresentam algumas conceituações próprias, é

necessário expor o significado das siglas, por exemplo, A-1, A-3, A-5, etc. para melhor

entendimento. Nesse sentido, a letra A representa o ano em que o leilão foi (ou será) realizado

e o número diz respeito ao prazo de entrega da energia no ACR.

O Quadro 1 resume os tipos básicos de leilões e seus respectivos prazos:

Leilão Objeto Prazos

Ano A e A-1 Energia elétrica proveniente de

empreendimento de geração existente

Mínimo 1 e máximo 15

anos, contados do início do

suprimento.

Entre os anos A-1 e A-5 Energia elétrica proveniente dos leilões de

compra exclusiva de fontes alternativas

Mínimo 10 e máximo 30

anos, contados do início do

suprimento.

Nos anos A-5 e A-3 Energia elétrica proveniente de novo

empreendimento de geração

Mínimo 15 e máximo 30

anos, contados do início do

suprimento.

Entre os anos A-5 e A-3

Energia proveniente de projetos de geração

indicados por Resolução do CNPE e aprovada

pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da

República

Mínimo 15 e máximo 30

anos, contados do início do

suprimento.

Quadro 1 - ACR - Tipos de Leilões.

Fonte: Elaboração própria a partir das informações contidas no Decreto nº 5.163/2004.

Além dos tipos de leilões mostrados no quadro acima, o Art. 26 do Decreto nº

5.163/04 trata sobre os leilões de ajustes, os quais tem como propósito adequar a contratação

de energia pelas distribuidoras, tratando, por esse meio, de eventuais desvios oriundos da

diferença entre as previsões feitas pelas distribuidoras em leilões anteriores e o

comportamento do mercado. No entanto, conforme o § 1º, o montante total de energia

contratado em leilões de ajuste, será de até 5% da carga total contratada de cada agente de

distribuição, desde que a critério do MME8.

8 Outros leilões foram realizados em períodos específicos, como o Leilão de Venda, realizado em 2002, com o

objetivo de tornar disponíveis aos agentes distribuidores e comercializadores, os lotes de energia ofertados por

empresas geradoras federais, estaduais e privadas, assegurando-se, dessa forma, igualdade de acesso aos

interessados. Toda a implementação e execução do processo foi de responsabilidade do Mercado Atacadista de

Energia (MAE), que antecedeu a CCEE. O leilão público atendeu ao disposto do Art. 27 da Lei nº 10.438/02.

Ainda, segundo a CCEE (2016), em 2003 e 2004, foram realizados Leilões de Compra, nos quais permitiram aos

distribuidores e comercializadores comprarem energia dos geradores, produtores independentes e

comercializadores/distribuidores com sobras contratuais. A implantação deu-se devido a Lei nº 9.648/1998. Já o

leilão de Excedentes foi realizado também pelo MAE, em 2003, tendo como objetivo vender a energia elétrica

excedente das concessionárias e autorizadas de geração decorrentes da liberação de contratos iniciais. A energia

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Desde 2008, o SEB conta com a chamada energia de reserva, na qual é contratada e

viabilizada a partir da realização de leilões específicos, denominados Leilões de Energia de

Reserva (LER), previsto e disposto no § 3º do Art. 3º e no Art. 3º da Lei nº 10.848/2004,

regulamentada pelo Decreto nº 6.353/2008. O objetivo e destino da energia de reserva é elevar

o nível de segurança do abastecimento de eletricidade no SIN, sendo esta, portanto, uma

energia produzida por empreendimentos novos ou já existentes, contratados especificamente

para essa finalidade. A Energia de Reserva pode ser entendida como uma espécie de “seguro”

no processo de suprimento de energia, mas que gera custos adicionais decorrentes da

contratação, tais como custos administrativos, financeiros e tributários. Tais custos adicionais

foram convertidos em encargos, a saber: o Encargo de Energia de Reserva (EER), rateado

entre todos os usuários9 da energia de reserva. Ademais, toda a energia de reserva é

contabilizada e liquidada no mercado de curto prazo. (CCEE, 2016).

2.2 - Mercado de curto prazo (MCP) o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD):

síntese e discussão.

De acordo com a CCEE (2016), a contabilização e liquidação de diferenças no mercado

de curto prazo são realizadas com base no PLD, e todos os contratos de compra e venda de

energia elétrica, firmados pelos agentes, seja no ACL ou ACR, devem ser registrados na

CCEE, que realiza a medição dos montantes efetivamente produzidos/consumidos por cada

agente, podendo também a CCEE exigir comprovação da existência e validade dos contratos.

As diferenças apuradas, positivas ou negativas, são contabilizadas para posterior liquidação

financeira no MCP e valoradas ao PLD (DECRETO Nº 5.163, 2004, ART. 56 e 57; CCEE,

2016).

O cálculo da PLD10

é realizado antecipadamente, com periodicidade máxima semanal,

considerando três patamares de carga (leve, média e pesada) para cada submercado

(Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Nordeste e Norte) do SEB, tendo como base o custo marginal de

ofertada nesse leilão pode ser comparada somente por consumidores que atendam aos critérios específicos.

(CCEE, 2016). 9 A Resolução Normativa ANEEL nº 337/2008 define quem são os usuários de energia de reserva: agentes de

distribuição, consumidores livres, consumidores especiais, autoprodutores (na parcela da energia adquirida),

agentes de geração com perfil de consumo e agentes de exportação participantes da CCEE. 10

Por meio da utilização dos modelos computacionais NEWAVE e DECOMP.

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39

operação11

, limitados por preços mínimos e máximos12

, observando, além do mais

(DECRETO nº 5.163, 30 de julho de 2004, Art. 57 § 1°):

I – A otimização do uso dos recursos eletro-energéticos para o atendimento aos

requisitos da carga, considerando as condições técnicas e econômicas para o despacho

das usinas;

II - As necessidades de energia elétrica dos agentes;

III - Os mecanismos de segurança operativa, podendo incluir curvas de aversão ao

risco de déficit de energia;

IV - O custo do déficit de energia elétrica;

V – As restrições de transmissão entre submercados;

VI – As interligações internacionais; e

VII - Os intervalos de tempo e escalas de preços previamente estabelecidos que

deverão refletir as variações do valor econômico da energia elétrica.

Conforme dados de 20 de março de 2016, disponibilizados pelo Banco de Informações

de Geração (BIG) da ANEEL, as usinas hidrelétricas representam 61% de toda geração de

energia elétrica geração no país, exigindo, portanto, o uso planejado e equilibrado das fontes

de energia, sobretudo a hídrica. Nesse sentido, modelos matemáticos são utilizados para o

cálculo do PLD, que têm por objetivo encontrar a solução ótima de equilíbrio entre o

benefício presente do uso da água e o benefício futuro de seu armazenamento, medidos em

termos da economia esperada do uso dos combustíveis nas usinas termelétricas. (CCEE,

2016).

Do ponto de vista econômico, a premissa fundamental e imediata é minimizar os

custos de operações provenientes da geração de energia elétrica por fonte hídrica. Este cálculo

é possível a partir da máxima utilização dos recursos hídricos disponíveis em cada período, no

entanto, essa premissa resulta em maiores riscos de déficits futuros. Por outro lado, preservar

o nível dos reservatórios de água resulta em aumento dos custos de operação, visto que outras

fontes serão acionadas em detrimento da redução da geração hídrica, como, por exemplo, a

fonte térmica, que possui custo de operação relativamente mais elevado, desencadeando, a

partir de seu uso para efeito de geração de eletricidade, o repasse dos custos para as tarifas de

energia elétrica.

Nesse sentido, o modelo de precificação obtém a geração ótima a partir de variáveis

como condições hidrológicas, demanda de energia, preço de combustível, custo de déficit,

entrada de novos projetos e disponibilidade de equipamentos de geração e transmissão. A

partir do modelo utilizado, definem-se o tipo de geração de obtém-se o Custo Marginal de

11

Corresponde ao custo para produzir o próximo MW/h que o sistema necessita, sendo estabelecido para cada

submercado (SE/CO, S, NE e N), período e semana de comercialização. Representa, portanto, o custo para

atender, no curto prazo, uma unidade adicionada à demanda para a qual o sistema foi constituído, de modo a

supri-la ao menor custo. 12

Conforme informação disponibilizada no CCEE (2016), os valores mínimos e máximo que limitam o PLD em

2016 está entre R$/MWh 30,25 e R$/MWh 422,56.

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40

Operação (CMO) para o período estudado, considerando cada patamar de carga e

submercados específicos. (CCEE, 2016).

Para cálculo do PLD, a energia comercializada é tratada como igualmente disponível

em todos os seus pontos de consumo e, como consequência, com preço único dentro de cada

uma dessas regiões. Nesse sentido, no cálculo dos preços não são consideradas as restrições

de transmissão interna a cada submercado e as usinas em testes, mas consideram-se apenas as

restrições de transmissão de energia entre os submercados. (CCEE, 2016).

Conforme informações disponibilizadas pela CCEE (2016), “o cálculo do preço se

baseia no despacho ex-ante, ou seja, é apurado com base em informações previstas, anteriores

à operação real do sistema, considerando-se os valores de disponibilidades declaradas de

geração e o consumo previsto de cada submercado’’.

O mercado de curto prazo tem se mostrado ao longo do tempo, significativamente

volátil, imprevisível e com elevado grau de incerteza. Essa volatilidade está associada à

dinâmica das afluências, mas não apenas, pois outro problema do PLD é não levar em

consideração a reação da demanda, sendo somente a hidrologia presente e futura a formadora

de preço. (CASTRO; LEITE; TIMPONI, 2010).

Logo, as variações no PLD estão basicamente associadas ao cenário hidrológico estar

ou não favorável, representado pelos níveis dos reservatórios e pelo nível de precipitação

pluviométrico.

A CCEE disponibiliza em seu endereço eletrônico a média mensal do PLD por

submercado, sendo que para o cálculo da média são considerados os preços semanais por

patamar de carga – leve, médio e pesado – ponderado pelo número de horas em cada patamar

e em cada semana do mês.

A Figura 4 apresenta os valores médios anuais (R$/MWh) da série histórica do PLD

de maio de 2003 a setembro de 2016 para os submercados Sudeste/Centro-Oeste, Sul,

Nordeste e Norte, obtidos a partir dos dados da CCEE (2016).

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41

Figura 4 - PLD - Valores médios anuais (em R$/MWh), maio de 2003 a setembro de 2016

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (03/11/2016).

O período de racionamento de energia elétrica, ocorrido entre junho de 2001 e

fevereiro de 2002, impactou no comportamento dos consumidores, que, ao reduzirem o

consumo de energia elétrica, aumentaram a diferença entre a demanda e oferta de energia no

mercado. Essa situação refletiu nos preços de energia elétrica no curto prazo, sendo possível

observar em todos os submercados uma relativa estabilidade dos preços entre 2003, 2004 e

primeiro trimestre de 2005. (CASTRO; LEITE; TIMPONI, 2010). A Figura 5 apresenta esses

dados, onde é possível observa a relativa estabilidade do valor anual médio da energia, no

período maio de 2003 a março de 2005.

Figura 5 – PLD - Valor anual médio (em R$/MWh) – maio de 2003 a março de 2005.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (03/11/2016).

Já a partir de abril de 2005 e até 2008, devido à ausência de novos investimentos em

capacidade de geração de energia elétrica, o deslocamento entre demanda e oferta foi

mai/03 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 set/16

SE/CO 18,03 24,61 26,95 56,58 94,14 134,65 33,84 77,08 28,83 163,94 260,53 653,52 283,07 100,00

S 17,62 19,03 28,88 67,30 96,99 135,29 38,74 69,99 29,46 166,64 262,54 690,00 288,11 70,95

NE 18,48 19,03 34,10 69,30 90,81 134,58 40,15 69,78 27,91 166,89 253,79 661,63 282,71 68,93

N 18,69 41,55 18,52 32,70 94,40 136,13 32,04 84,49 29,12 161,13 263,42 669,53 310,57 177,15

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

500,00

600,00

700,00

800,00

R$

/MW

h

SE/CO S NE N

mai/03 2004 1T2005

SE/CO 18,03 24,61 19,09

S 17,62 19,03 18,33

NE 18,48 19,03 21,37

N 18,69 41,55 18,33

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

R$

/MW

h

SE/CO S NE N

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42

substituído por uma aproximação, contribuindo para o início de um período de volatilidade

cada vez maior dos preços. (CASTRO; LEITE; TIMPONI, 2010).

Desde aquele momento, eventos distintos contribuíram para aumentar o PLD e sua

volatilidade, principalmente a partir de maio de 2007 com a redução da participação de

algumas usinas térmicas na OIEE. No mesmo ano, em setembro e dezembro, há ainda outros

dois eventos que contribuíram para uma elevação expressiva do PLD, baixa afluência na

região Sudeste e a seca que assolou a região Nordeste. Essas duas situações fizeram com que

o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) autorizasse a utilização de usinas

térmicas para geração de energia elétrica, com custo marginal expressivamente superior

(CASTRO; LEITE; TIMPONI, 2010).

Concomitante a baixa afluência e a seca, o atraso no início da época úmida, ocorrida

entre meados de dezembro e a primeira quinzena de janeiro de 2008, ocasionou uma queda no

volume dos reservatórios, tendo como consequência imediata o acionamento de todas as

usinas térmicas, que, se por um lado garantiu a OIEE e o atendimento dos mercados em sua

totalidade, por outro elevou o PLD em todos os submercados, tendo como teto máximo R$

569,59/MWh, ocasionando sérios problemas de inadimplência13

na CCEE (CASTRO; LEITE;

TIMPONI, 2010).

Conforme Panorama Semanal divulgado pela Comerc Energia, em 09 de janeiro de

2012, desde que o PLD passou a vigorar em maio de 2003 até a terceira semana de janeiro de

2008, o valor máximo não havia sido atingido, ficando inclusive bem abaixo, como, por

exemplo, destaca-se o PLD de R$ 136,13/MWh, no submercado Norte, o valor máximo da

série nesse período, considerando todos os submercados.

Entende-se, assim, que, no caso anterior, o despacho térmico ocorreu de forma

imediata, sem o mínimo de planejamento, que mesmo que tenha sido como resultado da

queda do volume de água nos reservatórios, seu acionamento perpassa pelos impactos que

acarreta também no PLD. Logo, o planejamento de longo prazo, o conhecimento prévio do

mercado de energia e o desenvolvimento de novas fontes alternativas precisam ser realizados

para minimizar/atenuar o uso das térmicas como backup do SIN.

A partir dos Relatórios divulgados pela CCEE, de Informação ao Público - análise

anual 2012 e 2013 - é possível comparar os volumes de geração em 2012 com o ano anterior.

Sendo assim, observa-se que a geração hidráulica reduziu 2,8%, enquanto a geração térmica

aumentou 59%, em razão da hidrologia desfavorável no período. Esse movimento se

13

A inadimplência de algumas comercializadoras na CCEE resulta da venda de energia sem lastro de compra

correspondente.

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43

mantivera no ano seguinte, e ao comparar os MW médios gerados pelas duas fontes de

energia, a hidráulica reduziu 5,3% em relação ao montante verificado em 2012, enquanto a

térmica aumentou 47%, sendo predominante a geração térmica a gás natural.

As incertezas, instabilidade e imprevisibilidade do PLD retornaram a partir de 2013 e

permaneceram até 2015, impactando e pressionando o PLD, sobretudo devido mais uma vez à

hidrologia desfavorável e, consequentemente, ao nível baixo dos reservatórios das

hidroelétricas, principalmente os localizados na região Sudeste, quando apresentaram o mais

baixo nível de água desde janeiro de 2001 (ano da última crise de racionamento de energia,

ocorrido no país).

De acordo com informativo ao mercado divulgado na página da CCEE e publicação

no Diário Oficial da União, de 20 de dezembro, por meio da Resolução Homologatória

1.667/13, destaca-se que em 2014 o PLD passou a ter novos patamares, com valor mínimo de

R$ 15,62/MWh e o máximo de R$ 822,83/MWh, em comparação com o ano de 2013, quando

os valores foram de R$ 14,13/MWh e R$ 780,03/MWh.

Entre a 1ª semana de fevereiro e a última de maio de 2014, o valor do PLD atingiu o

teto máximo de R$ 822,83/MWh em todos os submercados e patamares de carga. O MWh

médio desse período para todos os submercados e patamares de carga foi de R$ 740,00. A

partir da 1ª semana de junho, o PLD passou a ter um preço médio de R$ 386,00/MWh, no

entanto, devido a persistência da hidrologia desfavorável, os valores máximos retornaram,

apresentando o valor médio de R$ 724,00/MWh entre a 3ª semana de julho e a última de

dezembro, sendo que entre a 3º semana de outubro e 4ª de novembro, o PLD máximo foi

novamente alcançado em praticamente todos os submercados e patamares de carga (conforme

os dados apresentados na Figura 6).

Figura 6 - PLD - Média mensal (em R$/MWh), 2014.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (03/11/2016).

822,83

0

200

400

600

800

1000

jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14 ago/14 set/14 out/14 nov/14 dez/14

R$

/MW

h

jan/14 fev/14 mar/14 abr/14 mai/14 jun/14 jul/14 ago/14 set/14 out/14 nov/14 dez/14

SE/CO 378,22 822,83 822,83 822,83 806,97 412,65 592,54 709,53 728,95 776,88 804,54 601,21

S 378,22 822,83 822,83 822,83 806,97 206,99 503,1 709,53 728,95 731,53 804,54 601,21

NE 379,35 755,9 756,37 744,28 772,21 412,6 592,54 709,53 728,95 776,88 804,54 601,21

N 364,8 452,44 696,21 640,73 334,59 412,6 592,54 709,53 728,95 776,88 804,54 601,21

Teto PLD 822,83 822,83 822,83 822,83 822,83 822,83 822,83 822,83 822,83 822,83 822,83 822,83

SE/CO S NE N Teto PLD

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44

No final de novembro de 2014, a ANEEL, por meio da Resolução Homologatória nº

1.832, aprovou e definiu os novos valores mínimos e máximos do PLD para o ano de 2015. O

preço-teto teve redução de 53%, de forma que os R$ 822,83/MWh, vigente durante o ano de

2014, foi reduzido para R$ 388,48/MWh, já o valor mínimo do PLD foi elevado de R$

15,62/MWh para R$ 30,26/MWh.

Segundo a CMU Comercializadora de Energia, em 22 de dezembro de 2014, esta

redução significativa da PLD deveu-se a uma mudança no tipo de usina térmica utilizada

como referência para definição do teto14

, tendo como consequência imediata a redução das

despesas no processo de contratação de déficits de energia no MCP por parte das

distribuidoras e demais agentes contratados. Contudo, apesar da significativa redução do

preço-teto no PLD, os custos do sistema para continuar despachando as termelétricas

continuaram elevados, de modo que esse custo, antes cobrado via PLD, passou a ser rateado

entre todos os consumidores via Encargo de Serviços do Sistema (ESS).

Ainda de acordo com a CMU Comercializadora de Energia:

O piso, ou valor mínimo do PLD, foi elevado de R$ 15,62/MWh para R$ 30,26/MWh.

O valor de 2014, e de anos anteriores, considerava o custo de operação da usina de

Itaipu, e o que vigorará para 2015 considera a receita dos contratos de concessão

renovados no regime de cotas, conforme Decreto 7.805 de 2012 e Lei 12.783 de 2013.

(CMU, 22/12/2014).

Na Figura 7 é possível observar que, apesar da redução de 53% do valor máximo do

PLD, em 2015, os valores do PLD determinados em todos os submercados continuaram

atingindo o preço-teto ao longo do 1º semestre de 2015, apresentando, assim, um valor médio

de R$ 362,00/MWh, mas que a partir do 2º semestre, esse valor médio reduziu cerca de 44%,

passando para R$ 203,00/MWh, em razão do aumento das afluências dos rios e,

consequentemente, da redução da geração térmica no SIN.

14

Nesse sentido, entende-se que a referência para o cálculo do teto da PLD passou a ser a usina térmica que

apresenta relativamente o menor custo variável unitário de operação, se ela for utilizada intensamente nos

maiores picos de carga de energia.

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Figura 7 - PLD - Valores mensais (em R$/MWh), 2015.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (03/11/2016).

Para o ano 2016, o PLD foi estabelecido pela ANEEL com limite mínimo de R$

30,25/MWh e máximo de R$ 422,56/MWh. Para o cálculo do piso, a agência reguladora

considerou a Receita Anual de Geração (RAG) das usinas hidrelétricas em regime de cotas

nos termos da Lei 12.783, de 11 de janeiro de 2016. Nesse sentido, os valores relacionados à

remuneração e a reintegração de investimentos foram excluídos, sendo adicionada a

estimativa de Compensação Financeira pelo Uso dos Recursos Hídricos (CFURH) e as

estimativas dos custos de geração da UHE Itaipu para o ano seguinte. Em relação ao preço

máximo, foi considerado para o cálculo o custo variável unitário mais elevado da usina

termelétrica a gás natural em operação comercial, contratada por meio de Contrato de

Comercialização de Energia no Ambiente Regulado (CCEAR), definido no Programa Mensal

de Operação (PMO) 15

de dezembro, no caso, a UTE Mário Lago. (CCEE, 2015; ANEEL,

2015).

Conforme projeções do PLD para 2016, divulgadas pela CCEE, em 11 de agosto de

2015, o cenário projetado para um PLD próximo ao valor mínimo se confirmou, em parte

devido ao desligamento de 21 usinas térmicas movidas a combustíveis mais caros como óleo,

carvão e gás. Entre janeiro e março de 2016, nos submercados Sul, Sudeste/Centro-Oeste e

Norte, o PLD médio mensal atingiu valores muito próximo ao mínimo (R$ 30,25 MWh).

Conforme relatórios InfoPLD divulgados semanalmente e mensalmente pela CCEE, a

15

O Programa Mensal de Operação Energética (PMO) é elaborado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico

– ONS com a participação dos agentes. Os estudos – realizados em base mensal, divididos em etapas semanais e

por patamar de carga, revistos semanalmente – fornecem metas e diretrizes a serem seguidas pelos órgãos

executivos da Programação Diária da Operação Eletroenergética e da Operação em Tempo Real. As

responsabilidades e produtos do PMO estão descritos no Submódulo 7.3 dos Procedimentos de Rede do ONS.

(ONS, 2014)

388,48

0

100

200

300

400

500

jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15

R$

/MW

h

jan/15 fev/15 mar/15 abr/15 mai/15 jun/15 jul/15 ago/15 set/15 out/15 nov/15 dez/15

SE/CO 388,48 388,48 388,48 388,48 387,24 372,73 240,08 145,09 227,04 212,32 202,87 116,08

S 388,48 388,48 388,48 388,48 387,24 372,73 205,97 145,09 227,04 203,72 186,28 110,55

NE 388,48 388,48 388,48 388,48 387,24 372,73 243,74 145,09 227,04 218,92 274,9 303,22

N 388,48 388,48 339,91 127,36 137,14 372,73 241,24 145,09 227,04 218,92 257,6 166,89

Teto PLD 388,48 388,48 388,48 388,48 388,48 388,48 388,48 388,48 388,48 388,48 388,48 388,48

SE/CO S NE N Teto PLD

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elevação das afluências e dos níveis dos reservatórios tem impactado positivamente para a

redução do PLD ao longo de 2016 em praticamente todos os submercados, exceto para o

Nordeste que tem permanecido recebedor de energia dos demais submercados, e,

consequentemente, com preços diferentes. A Figura 8 apresenta os dados do PLD para o ano

de 2016.

Figura 8 – PLD - Valores mensais (em R$/MWh), 2016.

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da CCEE (03/11/2016).

Considerando que a base de geração de energia elétrica no SEB é a hidrelétrica, que,

por sua natureza, dependente do regime de chuvas, a ocorrência de fatores naturais e

climáticos negativos, como a ausência de chuvas, baixa afluência e temperaturas elevadas

contribuem para uma degradação do cenário de abastecimento de eletricidade e atendimento

da carga de energia, cujo impacto imediato é a elevação do PLD, conforme evidenciado

anteriormente nos anos de 2013 a 2015, com maior destaque para 2014.

Os mercados de curto de prazo são naturalmente instáveis, imprevisíveis e

consequentemente incertos, e o MCP de energia elétrica não é diferente. Os anos de 2013 e

2014 foram marcados pelo cenário hidrológico desfavorável e também por alterações na

regulamentação do SEB, como o regime de cotas imposto pelo governo, através da MP 579

transformada na Lei nº 12.783/13, sendo uma das condições para que as empresas geradoras

de energia elétrica tivessem suas concessões prorrogadas.

Os desdobramentos e impactos da Lei nº 12.783 e as relações existentes com o

mercado de energia e os ambientes de contratação serão expostos no próximo subitem.

2.3 - Prorrogação das concessões de geração de energia elétrica e o regime de cotas (Lei

nº 12.783/15): uma breve discussão.

A Medida Provisória nº 579 (MP 579), de 11 de setembro de 2012, convertida em Lei

nº 12.783, de 11 de janeiro de 2013, tem como principal objetivo reduzir para em média

422,56

0

200

400

600

jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 set/16

R$

/MW

h

jan/16 fev/16 mar/16 abr/16 mai/16 jun/16 jul/16 ago/16 set/16

SE/CO 35,66 30,42 37,73 49,42 75,93 61,32 83,43 115,58 149,02

S 35,61 30,42 37,73 49,42 74,91 56,13 83,43 112,36 140,35

NE 310,38 166,28 249,11 266,71 106,07 118,6 108,68 119,47 149,02

N 63,49 30,42 37,73 49,46 88,98 102,22 106,13 119,47 149,02

Teto PLD 422,56 422,56 422,56 422,56 422,56 422,56 422,56 422,56 422,56

SE/CO S NE N Teto PLD

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20,2% a tarifa de energia elétrica para os consumidores brasileiros. Resumidamente, a

redução proposta pelo governo é resultado de três medidas (FGV ENERGIA, 31/03/2014):

Desoneração de alguns dos encargos setoriais;

Antecipação da prorrogação das concessões de geração, transmissão e

distribuição anteriores à Lei nº 8.987, de 1995, que venceriam a partir de 2015;

Aporte de R$ 3,3 bilhões anuais pela União à Conta do Desenvolvimento

Energético (CDE).

A desoneração de alguns dos encargos setoriais foi obtida pelo governo por meio do

fim da cobrança da Conta de Consumo de Combustível (CCC), da Reserva Global de

Reversão (RGR) e da diminuição do valor da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE)

nas tarifas, em 25%. (CASTRO, et. al., 2013).

Porém, segundo a FGV Energia (2014), “para viabilizar essa redução nos encargos e

fazer frente às despesas previstas pelos programas cobertos por tais encargos, em 2013 e

2014, a medida previa um aporte de R$ 3,3 bilhões do Tesouro para a conta da CDE, em

2013, e de R$ 3,6 bilhões, em 2014”.

Em paralelo a desoneração de alguns dos encargos setoriais com objetivo de reduzir os

custos da indústria de energia elétrica, o governo propôs a renovação antecipada das

concessões de usinas hidroelétricas e de linhas de transmissão com contratos vincendos entre

2015 e 2017, nos quais possuíam um volume físico de 22.341 MW e 85.326 km de linhas de

transmissão, respectivamente. (CASTRO et al., 2013).

A ideia foi retirar da tarifa a parcela correspondente aos ativos já amortizados e

depreciados, enquanto que para os investimentos ainda não amortizados, as concessões de

geração de energia hidrelétrica deveriam ser indenizadas, obtendo em contrapartida a

renovação e ampliação do prazo de concessão por 30 anos (FVG ENERGIA, 2014).

Nesse sentido, no que se refere às prorrogações das concessões de geração de energia

elétrica, contata-se que:

A partir de 12 de setembro de 2012, as concessões de geração de energia hidrelétrica

alcançadas pelo art. 19 da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995, poderão ser

prorrogadas, a critério do poder concedente, uma única vez, pelo prazo de até 30

(trinta) anos, de forma a assegurar a continuidade, a eficiência da prestação do serviço

e a modicidade tarifária. (LEI Nº 12.783, 11/01/2013).

Dessa forma, a prorrogação dependerá da aceitação por parte das concessionárias das

seguintes condições (conforme § 1° do Art. 1° da Lei nº 12783, de janeiro de 2013):

I – para cada usina hidrelétrica a remuneração será por tarifa calculada pela ANEEL;

II – alocação de cotas de garantia física de energia e de potência da usina hidrelétrica

as distribuidoras de energia elétrica integrantes do SIN, a ser definida pela ANEEL,

conforme regulamento do poder concedente.

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Segundo a FGV Energia (2014), a energia em negociação correspondia a 34% da

energia contratada pelas distribuidoras para suprir o mercado regulado; logo, o sucesso da

medida dependia de os contratos das distribuidoras com os geradores serem interrompidos e

(re)contratados novamente a um preço inferior, conforme as cotas proporcionais do mercado

de cada uma no SIN, permitindo, com isso, que o consumidor se beneficiasse das diferenças

de preços entre os contratos antigos e novos (FGV Energia, 2014).

As concessões de geração, transmissão e distribuição que não fossem prorrogadas, nos

termos da Lei nº 12.783, seriam licitadas, na modalidade leilão ou concorrência, por até 30

(trinta) anos16

.

Diante dessas condições, prazos e dos números divulgados pelo governo (que estavam

muito abaixo do esperado pelas empresas), a adesão das concessionárias de geração à

proposta do governo foi em torno de 60% do volume incialmente previsto, de modo que cerca

de 10 MW, de um volume físico total de aproximadamente 22 MW, ficaram fora da

renovação e consequentemente não entraram no regime de cotas (FGV ENERGIA, 2014).

Conforme CASTRO et al. (2013) “as únicas empresas geradoras de grande porte que

aceitarem a proposta do governo foram as pertencentes ao Grupo Eletrobrás. CEMIG e CESP

recusaram a antecipação e preferiram continuar com as concessões atuais até a data de

vencimento, nas condições comerciais originais”.

A não adesão à proposta do governo por parte das concessionárias geradoras resultou

dois efeitos, segundo a análise da FGV Energia (2014). O primeiro está associado a diferença

entre o percentual de redução das tarifas ao consumidor final, previsto incialmente em torno

de 20%, mas que, devido a não adesão de parte das geradoras, ficaria em torno de 16%,

obrigando o governo a subsidiar essa diferença a partir de um desembolso adicional de R$ 5,1

bilhões. O segundo efeito, e talvez o mais impactante, está relacionado à descontratação das

distribuidoras de energia elétrica, as quais em 2013 passaram para subcontratadas, em curto

espaço de tempo.

Ou seja,

Conforme os contratos das distribuidoras com essas geradoras que não aderiram foram

vencendo, parte da energia de que elas dispunham deixou de existir. Como tais

geradoras não renovaram suas concessões, a energia produzida por elas não fazia parte

do sistema de cotas previsto pelas regras da renovação. Logo, elas estavam livres para

negociar sua produção no mercado livre. Assim, as distribuidoras ficaram

involuntariamente descontratadas para o atendimento de seu mercado, e teriam que

recorrer ao mercado de curto prazo para atender sua demanda prevista (FGV

ENERGIA, 31 DE MARÇO DE 2014).

16

Art. 8º da Lei nº 12.783 de 11 de janeiro de 2013

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Diante deste cenário, para poder atender a demanda, as distribuidoras subcontratadas

tiveram que recorrer ao mercado de curto prazo, espaço onde os preços de energia elétrica são

mais elevados se comparados aos preços estipulados nos leilões, o que, em princípio, não se

trata de um grande problema, pois, conforme consta no § 5º do Art. 1º da Lei nº 12.783/15,

nas prorrogações, considerando o Mecanismo de Realocação de Energia (MRE), os riscos

hidrológicos serão assumidos pelas concessionárias e permissionárias de distribuição do SIN,

com direito de repasse dos custos à tarifa do consumidor final. Isto é, o custo adicional para

adquirir energia mais cara no mercado de curto prazo, incialmente a cargo da distribuidora, é

posteriormente repassado aos consumidores, quando do repasse anual dos custos da parcela A

17. No entanto, o cenário hidrológico desfavorável agravou o problema, tornando o custo da

energia contratada no mercado de curto de prazo ainda mais elevado, sobretudo devido aos

maiores despachos de geração térmica (Lei 12.783/15; FGV Energia, 2014).

A MP 579, que tinha como principal objetivo reduzir as tarifas de energia elétrica

acabou gerando uma séria de descontentamentos e incertezas para o SEB, inclusive com

reflexo negativo no Ambiente de Contratação Livre (ACL), nos leilões de contratação de

energia nova promovidos pela ANEEL, no valor de mercado das empresas, resultando em

uma série de liminares na justiça. (CANAL ENERGIA, 2013). Ainda segundo a fonte citada,

mesmo um ano após o anúncio da referida MP, quanto se trata de avaliar os benefícios ou

prejuízos trazidos pela nova lei, várias opiniões divergem sobre os benefícios (ou não)

resultantes desta lei.

Em reportagem especial da agência Canal Energia, publicada em 06/09/13, o

presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, revela que

“independente do que ocorreu no setor elétrico a mudança foi estrutural”. Segundo ele, “a

tarifa de energia elétrica hoje estaria em um patamar 20% mais alto se não houvesse sido

implementada a redução”. De acordo com sua avaliação, a questão da geração térmica

adicional é maior motivo de reclamações e críticas por parte dos diversos agentes. Logo,

segundo o referido presidente da EPE: “as variações conjunturais fazem parte do sistema

elétrico nacional e que as tarifas tendem a variar normalmente no Brasil. O discurso do

governo federal é de que deve-se separar o que é conjuntural (o momento hidrológico) do

estrutural (MP 579)”. (CANAL ENERGIA, 06/09/2013).

17

A Parcela A, ou Custos Não Gerenciáveis, envolve os custos incorridos pela distribuidora relacionados às

atividades de geração e transmissão, além de encargos setoriais previstos em legislação específica. Trata-se de

custos cujos montantes e preços, em certa medida, escapam à vontade ou gestão da distribuidora. Os itens que

compõe a Parcela A estão relacionados com a aquisição e transporte de energia, além dos encargos setoriais.

(ANEEL, 11/03/2016).

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Contudo, para Cláudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, a diferenciação

entre o que é conjuntural e estrutural é classificada como uma simplificação imprópria da MP

579. Nas suas palavras:

O balanço que fazemos é extremamente negativo, pois o setor elétrico é muito

complexo e não há mudança que não interfira de maneira diferente nos inúmeros

elos da cadeia. [...], o novo marco regulatório do próprio setor elétrico, de 2004, foi

um bom exemplo de como as coisas devem ser conduzidas, com negociações,

conversas e discussões acerca de um tema tão complexo e que, [...], consagrou a

prática da transparência. A MP 579 corrompeu toda essa prática de maneira

desastrosa, [...]. (CANAL ENERGIA, 06/09/2013).

Ainda de acordo com a reportagem citada, um ano após a divulgação da MP, as

empresas distribuidoras de energia, que já passam por revisões tarifárias mais intensas durante

os ciclos periódicos, receberam uma ajuda considerada importante para manter o fluxo de

caixa. Na contramão, o segmento que mais vem reclamando da condição da renovação das

concessões é o mercado livre. Desde o lançamento das bases da MP 579 e das medidas

adicionais, “todos os agentes adotaram o discurso da falta de isonomia com os grandes

consumidores de energia que representam cerca de 27% da demanda nacional” (CANAL

ENERGIA, 06/09/2013), sendo, segundo a fonte citada, o principal ponto de discussão a

destinação de todo o volume de 'energia velha', transformado em cotas, para o mercado

regulado.

Conforme CASTRO et. al. (2013):

A MP 579, convertida na Lei nº 12.783, promove uma mudança estrutural na relação

entre os mercados cativo e livre (ACL e ACR), representando a busca da política

energética governamental com objetivo de fortalecer o mercado cativo. O instrumento

adotado pelo governo para este fim foi a transferência dos contratos de venda da

energia diretamente para o portfólio de contratos das distribuidoras.

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3 - AMBIENTE DE CONTRATAÇÃO LIVRE DE ENERGIA ELÉRICA:

caracterização e discussão.

Este capítulo visa entender como está organizado o ambiente de contratação livre de

energia elétrica, sua contextualização, as regras de comercialização e caracterização do ACL,

bem como discutir a dinâmica de atuação dos agentes por ramo de atividade, tarifas de

energia elétrica e as fontes de geração de eletricidade contratadas no ACL.

3.1 - Contextualização do Mercado Livre de Energia

O Ambiente de Contratação Livre (ACL) também conhecido como Mercado Livre é o

local em que o consumidor escolhe livremente seu fornecedor de energia elétrica, pois as

operações de compra e venda de energia são realizadas por meio de contratos bilatérias com

condições, volume e preços negociados livremente entre os geradores, comercializadores,

importadores e exportadores de energia. As distribuidoras de energia elétrica atuam no

Ambiente de Contratação Regulada (ACR), também conhecido como mercado regulado, e

não podem participar do ACL. Logo, as distribuidoras atuam somente no ACR, enquanto que

os comercializadores, consumidores livres e especiais exclusivamente no ACL.

Cabe destacar que a dinâmica de atuação desses mercados diz respeito apenas ao

ambiente de comercialização e não para os geradores18

, nos quais é permitido optar em qual

segmento irão vender a energia gerada. (PORTAL BRASIL, 2011).

A expansão do mercado livre ocorreu através das Leis nº 9.648, de 1998, 10.762, de

2003, do Decreto 5.163, de 2004 e da Resolução Normativa ANEEL nº 247/2006.

O artigo 8º da Lei nº 10.762, de 11 de novembro de 2003, criou uma nova

classificação de consumidor no mercado livre, o consumidor especial, definido pela

Resolução da ANEEL nº 247, de 2006, como “consumidor responsável por unidade

consumidora ou conjunto de unidades consumidoras do Grupo “A”, integrante(s) do mesmo

submercado no SIN, reunidas por comunhão de interesses de fato ou de direito, cuja carga

seja maior ou igual a 500 KW”, nos quais podem:

Comprar energia de forma alternativa ao suprimento da concessionária local,

independente da tensão em que fossem atendidos, desde que tal fornecimento seja

proveniente de geração declarada como "fonte alternativa" de energia elétrica que é

caracterizada por usinas hidrelétricas com capacidade instalada de até 30.000 kW

(definidas como CGH e PCH), ou usinas de cogeração de energia elétrica a partir da

18

Concessionárias de serviço público de geração, produtores independentes de energia, autoprodutores ou

comercializadores.

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biomassa (bagaço de cana de açúcar, casca de arroz, resíduos de madeira, e outras

fontes), ou fontes solares, ou ainda fontes eólicas. (ATUAL ENERGIA, 2011).

O Decreto nº 5.163, de 2004, instituiu o ACL caracterizando-o por contratos

livremente negociados. No que se refere a comercialização de energia elétrica no ACL, o Art.

47 do referido decreto assinala que “a contratação no ACL dar-se-á mediante operações de

compra e venda de energia elétrica envolvendo os agentes concessionários, permissionários e

autorizados de geração, comercializadores, importadores, exportadores de energia elétrica e

consumidores livres”

Uma das principais diferenças do ambiente de contratação livre em relação ao

ambiente de contratação regulado são as relações comerciais e contratuais. No ACL, por

exemplo, as “relações comerciais serão livremente pactuadas e regidas por contratos bilaterais

de compra e venda de energia elétrica, onde estarão estabelecidos, entre outros, prazos e

volumes19

”.

Ambiente Livre Ambiente Regulado

Participantes Geradoras, comercializadoras,

consumidores livres e especiais.

Geradoras, distribuidoras e comercializadoras.

As comercializadoras podem negociar energia

somente nos leilões de energia existente –

(Ajuste e A-1)

Contratação Livre negociação entre os

compradores e vendedores

Realizada por meio de leilões de energia

promovidos pela CCEE, sob delegação da

Aneel.

Tipo de contrato Acordo livremente estabelecido

entre as partes

Regulado pela Aneel, denominado Contrato de

Comercialização de Energia Elétrica no

Ambiente Regulado (CCEAR)

Preço Acordado entre comprador e

vendedor Estabelecido no leilão

Quadro 2 - ACL e ACR - Diferença entre participantes, contratação, tipos de contratos e preço.

Fonte: CCEE (2016).

Os clientes do mercado livre são classificados como consumidores livres e especiais,

os quais possuem em comum a liberdade de negociar a compra de eletricidade, sendo o

volume de energia consumido que os diferencia. (NC ENERGIA, 2013).

Podem ser consumidores livres os que possuem demanda contratada igual ou maior a

3.000 KW, atendidos em tensão de fornecimento acima de 69 kv, e, se atendidos em tensão

inferior, estejam ligados ao SIN, após 08 de julho de 1995. A aquisição de energia pelo

consumidor livre pode ser realizada de fontes convencionais, nas quais incluem grandes

19

Parágrafo único do Art. 47 do Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004.

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usinas hidrelétricas ou termoelétricas, acima de 50 MW e/ou incentivadas oriundas de PCHs,

biomassa, eólica e solar com geração de até 50 MW. (CPFL BRASIL, 2016).

O Quadro 3 resume os requisitos necessários para se tornar consumidor livre.

Tipo de

Consumidor

Demanda

Contratada Data de Conexão

Tensão de

Conexão Fonte de Energia

Consumidor

Livre > 3.000 KW

Ligados após 08/07/1995 Qualquer Tensão Qualquer Fonte

Ligados antes 08/07/1995

< 69 kV Energia de Fontes

Incentivadas

> 69 kV Qualquer Fonte de

Energia Quadro 3 - Requisitos para se tornar consumidor livre

Fonte: Adaptado (CPFL BRASIL; ABRACEEL, 2016).

Os consumidores especiais são os que possuem demanda contratada maior ou igual a

500 KW até o limite de 2.999 KW, individualmente ou por comunhão de fato (mesmo

endereço) ou de direito (mesmo CNPJ), sendo a aquisição de energia elétrica realizada

somente através de fonte incentivada, no qual possibilita aos consumidores especiais obterem

descontos de até 100% da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) e Taifa de Uso

do Sistema de Transmissão (TUST) (CPFL BRASIL, 2016; NEOENERGIA, 2013).

O Quadro 4 resume os requisitos necessários para se tornar consumidor especial.

Tipo de Consumidor Demanda Contratada Tensão Fonte de Energia

Consumidor Especial

> 500 KW e < 3.000 KW

> 2,3 kV Incentivada Unidades que somadas

atinjam 500 KW Quadro 4 - Requisito para se tornar consumidor especial.

Fonte: Adaptado de CPFL BRASIL (2016).

A Tabela 4 apresenta a quantidade de agentes que participaram da contabilização na

CCEE, em dezembro de cada período, entre 2009 e setembro de 2016, e a Figura 9 mostra a

participação de cada agente, com destaque para a representatividade dos consumidores

especiais entre os agentes compradores, e para o Produtor Independente entre os agentes

vendedores.

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Tabela 4 - Número de Agentes

Agentes 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*

Comercializador 70 93 113 144 150 156 171 186

Importador/Exportador 1 1 1 n.d. n.d. n.d. n.d. n.d.

Produtor Independente 169 262 312 445 545 647 837 925

Geradores 28 28 31 32 39 41 31 43

Autoprodutor 28 35 41 41 45 51 61 58

Distribuidor 45 45 46 47 45 46 46 48

Consumidor Especial n.d. 455 587 985 1.142 1.168 1.203 2.469

Consumidor Livre n.d. 483 514 592 613 623 623 760

Total CE e CL 665 938 1.101 1.577 1.755 1.791 1.826 3.229

TOTAL DE AGENTES 1.006 1.402 1.645 2.286 2.579 2.732 2.972 4.489

Nota: base - dezembro de cada período.

* Dados de setembro.

Fonte: Adaptado de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

Figura 9 - Participação dos agentes (%).

Nota: base - dezembro de cada período

* dados de setembro.

Fonte: Adaptado de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

Com base nas informações apresentadas, em setembro de 2016 o ACL representou 27%

do consumo total em MW médios. Os dados se referem ao consumo contabilizado pela CCEE

em dezembro de cada período, como enfatizado. Entre 2010 e 2013, a participação do ACL

no consumo é crescente, contudo, obteve um arrefecimento em 2014 e 2015, retomando-se

em 2016.

No que diz respeito ao consumo no centro de gravidade por ambiente de

comercialização, percebe-se em termos absolutos que ao longo dos anos apresentados o

consumo no ACR é relativamente mais significativo que no ACL, em razão do número maior

de consumidores cativos. Entretanto, considerando a variação no período, constata-se que o

consumo no ACL cresceu acima do consumo total, representando uma variação percentual de

7% 7% 7% 6% 6% 6% 6% 4%

17% 19% 19% 19% 21% 24% 28% 21%

3% 2% 2% 2% 2% 2% 2%

1% 4% 3% 3% 2% 2% 2%

2%

1%

66% 67% 67% 69% 68% 66% 61% 72%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*

Comercializador Importador/Exportador Produtor Independente Geradores Autoprodutor Distribuidor Total CE e CL

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19,6%, enquanto que no ACR essa mesma variação percentual ficou abaixo da variação do

consumo total.

Tabela 5 - Consumo no centro de gravidade por ambiente de comercialização (em MW médios).

Ambiente 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016* Var. (%)

2016/2010

ACR 42.033 42.747 45.462 45.845 47.392 48.414 44.184 5,1

ACL 13.662 14.258 14.770 15.300 14.143 13.381 16.335 19,6

TOTAL 55.695 57.005 60.232 61.145 61.535 61.795 60.519 8,7

Nota: base - dezembro de cada período.

* dados de setembro

Fonte: Adaptado de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE, 2016)

Considerando esses números, em termos participação percentual (Figura 10), percebe-

se que a representatividade do consumo dos participantes do ACL foi em média de 24% no

total do período, já no ACR esse consumo representou em média 76%.

Figura 10 - Participação do ACL (%) no consumo médio de energia

Nota: base - dezembro de cada período

* dados de setembro

Fonte: Adaptado de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE, 2016)

Com relação ao consumo dos agentes participantes do ACL, constata-se que o

consumidor especial cresceu a uma variação de percentual de 163,2%, acima do crescimento

percentual total do consumo dos agentes no ACL, que foi de 19,6%. O consumo do agente

livre cresceu 16,5% no período.

Tabela 6 - Consumo dos agentes participantes do ACL (em MW médios).

Agentes 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016* Var. (%)

2016/2010

ACL 13.662 14.258 14.770 15.300 14.143 13.381 16.335 19,6

ACL | CE + CL** 9.355 9.738 10.332 11.057 10.209 10.214 12.990 38,9

Especial n.d. 1.122 1.624 1.782 1.742 1.633 2.953 163,2

Livre n.d. 8.617 8.708 9.275 8.467 8.580 10.037 16,5

APE + PI 3.419 3.557 3.515 3.296 3.086 2.555 2.734 -20,0

GERADOR 888 937 923 948 848 612 609 -31,4

EXPORTAÇÃO n.d. 25 n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. -

COMERCIALZIADOR n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. 3 -

75% 75% 75% 75% 77% 78% 73%

25% 25% 25% 25% 23% 22% 27%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

ACL

ACR

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Nota: base - dezembro de cada período; o consumo da classe Geradora corresponde ao atendimento aos

consumidores finais por Chesf e Eletronorte, por meio de contratos com tarifas reguladas pela ANEEL.

* dados de setembro

** representa a informação do total dos agentes, especiais e livres, que atuam no ACL.

Fonte: Adaptado de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

Com relação à representatividade, destaca se que o consumidor livre apresentou no

período uma participação de 61%, em média, enquanto que o consumidor especial

representou 12% no total do consumo registrado no ACL, perfazendo, com isso, uma

participação média total de ambos no ACL de 72%.

Figura 11 - Participação dos agentes do ACL (%) no consumo médio de energia

Fonte: Adaptado de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE)

Base Dezembro de cada período

* Dados de Setembro.

Ou seja, em termos de participação percentual, o consumo dos agentes livres apresenta

uma representatividade significativamente maior que o consumo do agente especial. Contudo,

os consumidores especiais obtiveram o maior crescimento percentual do consumo no período,

como já destacado.

3.2 - Regras de comercialização e caracterização do ACL.

O mercado livre de energia elétrica surgiu em julho de 1995, através da Lei nº 9.074. Por

meio da referida lei foi criada a figura do consumidor livre e do produtor independente. Nesse

contexto, o mercado livre de energia elétrica surgiu com objetivo de atrair capital privado e

aliviar os investimentos públicos em infraestrutura, para, assim, estimular a livre

68% 68% 70% 72% 72% 76% 80%

25% 25% 24% 22% 22% 19% 17%

6% 7% 6% 6% 6% 5% 4%

8% 11% 12% 12% 12% 18%

60% 59% 61% 60% 64% 61%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

ACL | CE + CL APE + PI GERADOR

EXPORTAÇÃO COMERCIALIZADOR Consumidor Especial

Consumidor Livre

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concorrência, aumentando consequentemente a competividade das empresas brasileiras na

medida que pudessem reduzir seus custos de aquisição de energia elétrica. (EDP, 2012).

É considerado produtor independente de energia elétrica (conforme seção II, Art. 11 da

Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995) “a pessoa jurídica ou empresas reunidas em consórcio

que recebam concessão ou autorização do poder concedente, para produzir energia elétrica

destinada ao comércio de toda ou parte da energia produzida, por sua conta e risco”.

Nesse sentido, a venda de energia elétrica pelo produtor independente poderá ser

destinada (seção II, Art. 12 da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995) ao (a):

I - concessionário de serviço público de energia elétrica;

II - consumidor de energia elétrica, nas condições estabelecidas nos arts. 15 e 16;

III - consumidores de energia elétrica integrantes de complexo industrial ou comercial,

aos quais o produtor independente também forneça vapor oriundo de processo de co-

geração;

IV - conjunto de consumidores de energia elétrica, independentemente de tensão e

carga, nas condições previamente ajustadas com o concessionário local de

distribuição;

V - qualquer consumidor que demonstre ao poder concedente não ter o concessionário

local lhe assegurado o fornecimento no prazo de até cento e oitenta dias contado da

respectiva solicitação.

Com base nos dados divulgados pela CCEE nos relatórios mensais de informe ao

mercado (Infomercado), constata-se que em setembro de 2016 foram contabilizados 925

produtores independentes, nos quais representam aproximadamente 20% dos 4.489 agentes

registrados na CCEE. Se excluídos os agentes consumidores (livres e especiais),

distribuidores e comercializadores, a quantidade de produtores independentes passam a

representar 90% entre os agentes que geram e vendem energia. Ainda conforme a CCEE, e

tomando-se como base o mês de dezembro de cada período, é possível comparar a partir de

2009 a representatividade do produtor independente em relação ao total de agentes, bem como

em relação ao total de agentes que atuam no ACL.

Dessa forma, observa-se, conforme a Figura 12, que os produtores independentes de

energia elétrica representaram em média 21% sobre todos os agentes elencados no período, e,

se considerarmos somente os agentes geradores, autoprodutores de energia (APE), produtores

independentes (PI) e Geradores, os PI representam em média 85%.

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Figura 12 – Produtores independentes de energia elétrica - Participação (%) sobre total de agentes registrados

na CCEE e sobre os agentes geradores.

Nota: base - dezembro de cada período.

* dados de setembro.

Fonte: Adaptado de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

A Tabela 7 mostra o crescimento anual em números absolutos e relativos, tendo como

base a quantidade de produtores independentes registrados na CCEE, em dezembro de cada

período. Logo, é possível observar que os produtores independentes de energia elétrica

cresceram a uma taxa média de 28% ao ano, passando de 169 agentes, em 2009, para 925 em

setembro de 2016, perfazendo uma variação percentual total de 447,3%, entre 2009 e 2016.

Tabela 7 - Produtores independentes de energia elétrica - quantidade e taxa de variação anual (%)

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 * Var. (%) –

2016/2009

Produtor

Independente 169 262 312 445 545 647 837 925

447,3

Taxa de variação em

relação a dezembro do

ano anterior

- 55% 19% 43% 22% 19% 29% 11%

-

Base Dezembro de cada período

* Dados de Setembro

Fonte: Elaboração própria a partir de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

Com relação aos consumidores livres, é possível comparar a quantidade de agentes

(especiais e livres) a partir de 2010, e, nesse sentido, constata-se que esses têm crescido a uma

taxa média de 25% ao ano, sendo que em 2016 a quantidade de consumidores livres avançou

77% em relação a quantidade registrada em dezembro do ano anterior. O destaque são os

consumidores especiais, que totalizaram 1.203, em dezembro de 2015, e 2.469, em setembro

de 2016, logo, obtiveram um acréscimo de 1.266 novos agentes, representando uma variação

positiva de 105,2%.

17% 19% 19% 19% 21% 24% 28% 21%

75% 81% 81% 86% 87% 88%

90% 90%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

140%

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*

Participação sobre os agentes geradores (APE, PI e GERADORES)

Participação sobre todos os agentes elencados

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Figura 13 - Número de consumidores livres e especiais

Nota: base - dezembro de cada período

* dados de setembro.

Fonte: Adaptado de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

Esse aumento significativo na quantidade de consumidores livres, sobretudo dos

especiais, deveu-se basicamente a migração de agentes do mercado cativo para o mercado

livre, entre 2015 e 2016, em razão de custos mais baixos e, consequentemente, melhor

previsibilidade na fatura mensal de energia elétrica.

Em relação ao consumo (MWmed), os produtores independentes (PI) e os

autoprodutores de energia (APE) representaram em média 5% do consumo total20

, e 22% do

consumo registrado no ACL21

(Figura 14). Entre janeiro de 2010 e setembro de 2016, a média

mensal de consumo do APE e PI foi de 3.256 MWmed.

Figura 14 - PI e APE – Participação (%) sobre o consumo total e sobre o consumo no ACL

Nota: base - dezembro de cada período

* dados de setembro.

Fonte: Elaboração própria a partir de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

20

Consumo total = Soma do Consumo em MWmed no ACR e ACL. 21

Consumo no ACL = Soma do consumo em MWmed dos agentes consumidores especiais e livres, dos agentes

geradores, exportadores e comercializadores

938 1.101

1.577 1.755 1.791 1.826

3.229

455 587

985 1.142 1.168 1.203

2.469

483 514 592 613 623 623 760

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*

Total Consumidores Especiais e Livres Consumidores Especiais Consumdiores Livres

6% 6% 6% 5% 5% 4% 5%

25% 25% 24% 22% 22%

19% 17%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Participação sobre consumo TOTAL Participação sobre consumo no ACL

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Os montantes de contratos em MW médios no centro de gravidade por classe de

vendedor e comprador, registrado em dezembro de 2014, 2015 e setembro de 2016, apontam

que os APE e PI, representaram 2% e 38%, respectivamente do montante total contratado no

período. Diferentemente ocorre com os agentes compradores, pois essa representatividade foi

de 4% e 6%, respetivamente.

Tabela 8 - Montantes de Contratos (MWmed) no centro de gravidade por classe de vendedor e comprador.

Classe do Vendedor Dez-

14

Dez-

15

Set-

16 Classe do Comprador

Dez-

14

Dez-

15

Set-

16

Autoprodutor 2% 2% 2%

Autoprodutor 4% 4% 3%

Comercializador 30% 29% 32%

Comercializador 21% 21% 25%

Consumidor Especial 0% 0% 0%

Consumidor Especial 2% 2% 3%

Consumidor Livre 0% 0% 0%

Consumidor Livre 11% 10% 10%

Distribuidor 0% 0% 0%

Distribuidor 53% 53% 48%

Gerador 33% 30% 26%

Gerador 3% 3% 3%

Produtor Independente 35% 38% 39%

Produtor Independente 5% 6% 7%

TOTAL 100% 100% 100%

TOTAL 100% 100% 100%

Base Dezembro de cada período

* Dados de setembro.

Fonte: Elaboração própria a partir de Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

As Tabelas 9 e 10 apresentam os montantes médios de energia transacionada pelos

APE e PI como compradores, nos períodos de 2014, 2015 e setembro de 2016, considerando

contratos entre perfis dos mesmos agentes, sendo os agentes classificados como vendedores e

compradores. Conforme definição da Resolução Normativa ANEEL, nº 611 de 8 de abril de

2014, agentes vendedores são agentes da CCEE pertencentes a categoria de geração e classe

de agentes comercializadores.

Na comparação dos montantes médios de energia elétrica contratada pelo APE, nos

anos de 2014 e 2015, ressalta-se que os maiores volumes foram registrados pelos PIs, agente

gerador e comercializador, respectivamente. A partir de 2016, ocorre uma alternância nessa

composição, com redução superior a 500 MW médios dos montantes contratados do agente

gerador.

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Tabela 9 - Energia contratada pelo autoprodutor de energia (APE).

Autoprodutor Montante médio (MWmed) Montante total (MWmed)

2014 2015 2016 2014 2015 2016 *

Autoprodutor 74 85 177 891 1.026 1.593

Comercializador 624 927 1.087 7.482 11.126 9.785

Gerador 1.190 1.116 507 14.276 13.397 4.559

Produtor Independente 1.423 1.664 1.757 17.071 19.969 15.814

TOTAL 3.310 3.793 3.528 39.720 45.517 31.751

Nota: base - dezembro de cada período

* dados de setembro

Fonte: Adaptado de Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

O total dos montantes médios de energia elétrica contratada pelos PIs segue uma

tendência crescente (Tabela 10), sobretudo se comprado o ano de 2016, em relação a 2015, no

qual destaca-se que até setembro desse ano foram registrados um acréscimo de mais de 700

MW médios, o equivalente a um crescimento percentual de 14,3%.

Tabela 10 - Energia contratada pelo produtor independente (PI)

Produtor Independente Média Mensal - Montante em R$ Total Anual - Montante em R$

2014 2015 2016 2014 2015 2016 *

Autoprodutor 112 88 65 1.345 1.054 586

Comercializador 2.464 2.408 2.770 29.565 28.897 24.927

Consumidor Especial* 1 5 16 6 64 148

Consumidor Livre* 0 1 10 1 3 94

Gerador 555 524 729 6.655 6.285 6.558

Produtor Independente 1.878 2.350 2.559 22.541 28.197 23.028

TOTAL 5.010 5.376 6.149 60.114 64.500 55.342

Nota: base - dezembro de cada período

* dados de setembro

Fonte: Adaptado de Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

Com relação a participação percentual, constata-se, conforme Figuras 15, que em

média 45% dos montantes de contratos registrados pelos APEs é realizado através de um

produtor independente, sendo seguido por 27% de um agente gerador.

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Figura 15 - Participação (%) da energia contratada pelo autoprodutor.

Nota: base - dezembro de cada período

* dados de setembro.

Fonte: Elaboração própria a partir de Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

Já com relação à participação percentual da energia contratada pelo produtor

independente, destaca-se, conforme a Figura 16, que em média 46% dos montantes de

contratos do produtor independente são realizados por meio de um agente comercializador,

sendo os percentuais restantes distribuídos entre os próprios produtores independentes (41%),

agente gerador (11%) e APE (2%).

Figura 16 - Participação (%) da energia contratada pelo produtor independente

Nota: base - dezembro de cada período

* dados de setembro.

Fonte: Elaboração própria a partir de Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

Sobre a compra de energia elétrica por parte dos consumidores, a seção III, Art. 15 da

Lei nº 9.074/1995, dispõe que:

Respeitados os contratos de fornecimento vigentes, a prorrogação das atuais e as

novas concessões serão feitas sem exclusividade de fornecimento de energia elétrica a

consumidores com carga igual ou maior que 10.000 kW, atendidos em tensão igual ou

superior a 69 kV, que podem optar por contratar seu fornecimento, no todo ou em

parte, com produtor independente de energia elétrica.

2% 2% 5% 19% 24%

31%

36% 29% 14%

43% 44% 50%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

2014 2015 2016

Autoprodutor Comercializador Gerador Produtor Independente

2% 2% 1%

49% 45% 45%

11% 10% 12%

37% 44% 42%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

2014 2015 2016

Autoprodutor Comercializador Gerador Produtor Independente

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Em redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998, fica claro que, decorridos três anos, os

consumidores, referidos no Art. 15 da Lei nº 9.074/1995, poderão estender sua opção de

compra a qualquer concessionário, permissionário ou autorizado de energia elétrica do SIN e,

decorridos cinco anos da publicação desta lei, os consumidores com carga igual ou superior a

3.000 kW, atendidos em tensão igual ou superior a 69 kV, poderão optar pela compra de

energia elétrica a qualquer concessionário, permissionário ou autorizado de energia elétrica do

mesmo sistema interligado, sendo que após oito anos da publicação desta lei, o poder

concedente poderá diminuir os limites de carga e tensão estabelecidos nos Art. 15º e no Art.

16º.

Os consumidores de energia elétrica instalados após a publicação da Lei nº 9.074, ou

seja, após 7 de julho de 1995, e cuja carga fosse igual ou maior que 3.000 KW, já estariam

caracterizados como consumidores livres, independentemente do nível de tensão que fossem

atendidos. (LEI Nº 9.074, 1995; ATUAL ENERGIA, 2011).

O Quadro 5 resume cronologicamente as regras de migração para o ACL aplicadas aos

consumidores conectados anteriormente a publicação da Lei nº 9.074/1995.

Consumidores* 1995 1998 2000 2003

Carga > 10 MW > 10 MW > 3 MW

Poder concedente poderá

diminuir os limites de carga

e tensão

Tensão > 69 Kv > 69 Kv > 69 Kv

Origem da Energia

Contratada

Produtor

Independente

Sem

Restrição

**

Sem

Restrição

** Quadro 5 - Cronologia das regras de migração para o ACL aplicada aos consumidores conectados antes de

08/07/1995.

Nota: * Consumidores com instalação ativa anterior a Lei nº 9.074; ** Podem optar pela compra de energia

elétrica de qualquer concessionário, permissionário ou autorizado de energia elétrica do mesmo sistema

interligado.

Fonte: adaptado da Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995

Gradualmente ao longo anos, as regras de migração para o ACL foram flexibilizadas,

com redução dos 10 MW, exigidos entre os anos de 1995 e 1998, para 3 MW a partir do ano

2000, ocorrendo também alterações na origem da energia contratada, na qual a partir de 1998

deixou de ser restrita apenas ao produtor independente.

O projeto RE-SEB, iniciado em 1996 e concluído em agosto de 1998 sob a

coordenação do MME, definiu a estrutura conceitual e institucional do modelo, lançado

durante os anos de 2003 e 2004, e implantado no SEB, a partir das Leis nº 10.847 e 10.848 e

Decreto nº 5.163. Nesse contexto, é possível enfatizar que é a partir da desverticalização do

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64

SEB e, sobretudo das novas regras de comercialização de energia implantadas em 2004, que o

ACL ganha importância (CELESC, 2011), privilegiando, assim, um modelo de

comercialização de energia que pudesse unir o mercado livre e o regulado em torno da

necessidade de garantir o abastecimento de forma condizente com as regras específicas de

cada ambiente de comercialização, respectivamente no tocante a determinação do preço livre

e regulado, sendo este último para os agentes que atuam no ACR, onde a contratação de

energia é baseada no princípio da modicidade tarifária, logo, pressupõe preços mais

competitivos no processo de comercialização de eletricidade.

Dessa forma e conforme a legislação, os requisitos para um consumidor migrar do

ambiente de contratação regulado para o de contratação livre, e ser, por esse meio, inserido no

ACL como consumidor especial, é necessário que “os consumidores ou conjunto de

consumidores reunidos por comunhão de interesse de fato ou de direito, possuam carga maior

ou igual a 500 Kw e que adquiram energia nas formas previstas no parágrafo 5º do Art. 26 da

Lei no 9.427, de 26 de dezembro de 1996”22

.

Logo, e obrigatório que os consumidores livres sejam agentes da CCEE, nos quais

estarão sujeitos ao pagamento de todos os tributos e encargos devidos pelos demais

consumidores, salvo expressa previsão legal ou regulamentar em contrário, podendo a

ANEEL determinar que os encargos, taxas e contribuições setoriais sejam pagos no momento

da liquidação das transações no mercado de curto prazo da CCEE23

.

Caso os consumidores livres queiram retornar à condição de consumidor atendido

mediante tarifas e condições reguladas, deverão formalizar e notificar o agente de distribuição

local com antecedência mínima de cinco anos, sendo que esse prazo poderá ser reduzido a

critério do respectivo agente de distribuição24

.

Além dos consumidores livre e especiais, há também a figura do consumidor

parcialmente livre, criado através da Resolução Normativa Aneel nº 376, de 25 de agosto de

2009. Conforme Art. 15 da resolução supracitada, esse tipo de consumidor é aquele “que

compra parte de suas necessidades de energia elétrica no mercado livre e outra parte da

distribuidora local, nas mesmas condições reguladas aplicáveis a consumidores cativos,

inclusive tarifas e prazos”.

22

Art. 48 do Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004. 23

Art. 50 e 51 do Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004 24

Art. 52 do Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004.

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65

Caso o consumidor atenda aos requisitos de elegibilidade e decida deixar de ser

consumidor cativo para migrar para o mercado livre, deverá seguir as etapas detalhadas no

Quadro 6.

1ª Avaliar os requisitos

de tensão e demanda

É preciso ter demanda contratada de, no mínimo, 500 Kw para se tornar

consumidor especial e de 3 MW para se tornar livre, caso o consumidor

tenha se conectado ao sistema antes de 7/7/1995, deve, ainda, ter nível

de tensão igual ou superior a 69 KV para ser consumidor livre.

Analisar os contratos

vigentes com a

distribuidora

O contrato de compra de energia regulado ou contrato de fornecimento

tem, usualmente, vigência de 12 meses e para efeitos de migração deve

ser rescindido com seis meses de antecedência.

Realizar estudo de

viabilidade

econômica

Após analisar os contratos vigentes, o consumidor deve realizar um

estudo de viabilidade econômica, comparando as previsões de gastos

com a eletricidade no mercado livre e cativo.

Enviar carta de

denúncia do contrato

a distribuidora

Caso o consumidor decida pela migração para o mercado livre, o

consumidor deve enviar uma carta a distribuidora comunicando a

denúncia dos contratos vigentes. Caso queira antecipar a rescisão

contratual, deve pagar pelo encerramento antecipado do contrato.

5ª Comprar Energia no

ACL

O próximo passo é compra de energia no ACL, por meio de contratos de

compra de energia em ambiente de contratação livre (CCEAL) e/ou de

contratos de compra de energia incentivada (CCEI). A energia

contratada pode ser de comercializadores, geradores, ou outros

consumidores (por meio de cessão).

6ª Adequar-se ao SMF

O próximo passo é a adequação do sistema de medição para faturamento

(SMF). Os consumidores livres e especiais precisam adequá-lo aos

requisitos descritos no procedimento de rede, submódulo 12.2*.

Realizar adesão a

CCEE e fazer a

modelagem dos

contratos

O último passo para migração do consumidor é realizar a adesão a

CCEE e fazer a modelagem dos contratos de energia comprados no

ACL.

Quadro 6 - Etapas de migração para o ACL.

Nota: *Instalação do sistema de medição para faturamento, submódulo 12.2 (ONS). Saiba mais

http://extranet.ons.org.br/operacao/prdocme.nsf/videntificador-

logico/91D2F3D5E0A476AC83257945005B18FC/$file/Submodulo%2012.2_Rev_2.0.pdf?openelem

Fonte: ABRACEEL (2016).

A Resolução Normativa Aneel nº 376, de 25 de agosto de 2009, trata das relações

contratuais do consumidor livre estabelecendo em seu Art. 3º que o exercício da opção de

compra de energia elétrica pelo consumidor livre implicará a celebração dos seguintes

contratos:

I - Contrato de Conexão às Instalações de Distribuição - CCD ou de Transmissão -

CCT, nos termos da regulamentação específica;

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66

II - Contrato de Uso do Sistema de Distribuição - CUSD ou de Transmissão - CUST,

nos termos da regulamentação específica; e

III - Contrato de Compra de Energia no Ambiente de Contratação Livre - CCEAL,

com o agente vendedor.

Conforme CCEE (2016), as operações de compra e venda de energia elétrica são

pactuadas por meio de Contratos de Compra de Energia no Ambiente Livre, os quais devem

ser obrigatoriamente registrados na CCEE. Há cinco tipos de contratos no ACL: Contrato de

Compra de Energia Incentivada (CCEI), Contrato de Compra e Venda de Energia Elétrica no

Ambiente de Contratação Livre (CCEAL), Contratos Bilaterais, Contrato de Energia de

Reserva (CER) e os Contratos de Uso de Energia de Reserva (CONUER).

A oferta de energia ao mercado livre é realizada por meio dos agentes

comercializadores, importadores, autoprodutores25

, geradores e também por cessão de

excedentes entre consumidores livres e especiais, desde que cadastrados como agentes da

CCEE. (ABRACEEL, 2016)

A compra de energia pelos consumidores livres pode ser realizada através de contratos

de compra de energia incentivada e/ou convencional. Se a energia contratada provém de

fontes incentivadas, os consumidores livres têm direito a redução na TUST e TUSD. Há três

níveis de desconto nessas tarifas: 50%, 80% e 100%, sendo que o percentual de desconto

dependerá da data de homologação da outorga ou do registro do empreendimento na ANEEL,

bem como do tipo de fonte de geração, de forma que o incentivo final sobre as tarifas de

TUST e TUSD poderá variar entre os extremos. Já a contratação de energia convencional não

gera descontos nas tarifas de fio. (ABRACEEL, 2016; COMERC, 2014).

Os consumidores livres podem contratar energia elétrica através dos

comercializadores, os quais não geram energia elétrica, mas a “adquire de diferentes

fornecedores, criando um portfólio diversificado de produtos a serem ofertados aos

consumidores e outros agentes compradores” (ABRACEEL, 2016).

Os comercializadores, apesar de não possuírem ativos de geração, estão sob forte

regulação na ANEEL, que, por meio da Resolução Normativa nº 678, de 1º se setembro de

2015, estabelece os requisitos e os procedimentos atinentes à obtenção e à manutenção de

autorização para comercializar energia elétrica no SIN. O Art. 3º da referida Resolução

Normativa diz que a “atividade de comercialização de energia elétrica somente poderá ser

exercida após a obtenção da autorização da ANEEL e a subsequente adesão à Câmara de

Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, nos termos das normas vigentes”.

25

Autoprodutores são autorizados a vender somente a energia excedente.

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67

No que se refere aos requisitos para obtenção de autorização para exercer a atividade

de comercialização de energia elétrica, no âmbito do SIN, as empresas comercializadoras

devem cumprir uma série de exigências e satisfazer todas as condições especificadas no Art.

4º da referida resolução, no qual destaca, entre outros aspectos, a necessidade de capital social

integralizado de, no mínimo, R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais).

Com base nos relatórios de informe ao mercado divulgado mensalmente pela CCEE

(2016), os comercializadores de energia movimentaram por meio de transações contratuais

entre os agentes, cerca de 19.700 MWmed de energia, o que corresponde a aproximadamente

45% do mercado livre e 22% de todo o mercado de energia elétrica do país.

A Tabela 11 apresenta a média dos montantes de contratos (em MWmed) do agente

comercializador para os períodos de 2014 a setembro de 2016. Com base nessas informações

é possível observar que em 2015 e 2016, o montante de contratos (média mensal) aumentou

8% e 20,2%, enquanto que considerando o total anual, constata-se uma redução em 2016, com

relação ao ano de 2015, cerca de 10%, passando de 227.294 MWmed em 2015, para 204.892,

em 2016. A tendência é que ao final de 2016, os comercializadores totalizem

aproximadamente 273.200 MWmed, aumentando, assim, sua participação sobre o total

transacionado tanto no ACL como em todo o mercado de comercialização de energia elétrica

no país.

Tabela 11 - Montante de contratos no centro de gravidade por classe do comprador (em MW médios)

transacionado pelo agente comercializador.

Classe do

Comprador

Média Mensal - Montante em

MWmed

Total Anual - Montante em MW

med

2014 2015 2016 2014 2015 2016

Autoprodutor 3.310 3.793 3.528 39.720 45.517 31.751

Comercializador 17.466 18.941 22.766 209.593 227.294 204.892

Consumidor Especial 1.971 1.896 2.390 23.650 22.751 21.506

Consumidor Livre 10.117 9.906 10.430 121.409 118.868 93.868

Distribuidor 44.210 47.524 50.119 530.515 570.283 451.069

Gerador 2.445 2.865 2.969 29.335 34.380 26.724

Produtor

Independente 5.010 5.375 6.149 60.114 64.500 55.342

TOTAL 84.528 90.299 98.350 1.014.338 1.083.594 885.152

Fonte: Adaptado de Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

Em termos de participação percentual, a Figura 17 destaca que o agente

comercializador representa em média 22% do montante de contratos negociados

mensalmente, e cerca de 45% do montante dos contratos transacionados anualmente.

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68

Figura 17 - Participação (%) do comercializador sobre os montantes de energia elétrica contratados no ACL.

Fonte: Elaboração própria a partir de Infomercado (CCEE).

A quantidade de agentes que participaram da contabilização de energia elétrica

registrada na CCEE, em dezembro de cada período, entre 2009 e 2015, e em setembro de

2016, está disponibilizada por classes/tipos de agentes conforme Tabela 12.

Conforme pode-se depreender da referida tabela, a quantidade de agentes cresceu no

período a uma variação percentual de 346,2% (taxa média de 25% ao ano), sendo os

produtores independentes e consumidores livres (especiais e livres) os agentes que

apresentaram maior variação percentual, bem como maior participação em relação aos demais

agentes, conforme Figura 18. Entre dezembro de 2015 e setembro de 2016, 1.517 novos

agentes passaram a fazer parte das contabilizações da CCEE, sendo 1.403 consumidores

livres, 88 produtores independentes, 12 geradores e 15 agentes comercializadores (Tabela 12).

Tabela 12 - Quantidade de agentes por classe.

Classe 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016* Var. (%)

2016/2009

Comercializador 70 93 113 144 150 156 171 186 165,7

Importador/Exportador 1 1 1 n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. -100,0

Produtor Independente 169 262 312 445 545 647 837 925 447,3

Geradores 28 28 31 32 39 41 31 43 53,6

Autoprodutor 28 35 41 41 45 51 61 58 107,1

Distribuidor 45 45 46 47 45 46 46 48 6,7

Consumidor Especial 455 587 985 1.142 1.168 1.203 2.469 442,6

Consumidor Livre 483 514 592 613 623 623 760 57,3

Total CE e CL 665 938 1.101 1.577 1.755 1.791 1.826 3.229 385,6

TOTAL 1.006 1.402 1.645 2.286 2.579 2.732 2.972 4.489 346,2 Nota: base - dezembro de cada período

* dados de setembro

Fonte: Adaptado de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

Conforme os dados apresentados na Figura 18, os consumidores livres (especiais e

livres) destacam-se em termos de representatividade, perfazendo uma participação de em

média 67% no total de agentes participantes da comercialização de energia elétrica na CCEE,

sendo seguidos pelo produtor independente, com 21%, e comercializador, com 6%.

21% 21% 23%

43% 44% 47%

0%

20%

40%

60%

80%

2014 2015 2016

Participação sobre o TOTAL Participação sobre o ACL

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69

Figura 18 - Participação (%) dos agentes por classe

Nota: base - dezembro de cada período

* dados de setembro

Fonte: Adaptado de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

Do total de contratos transacionados e contabilizados pela CCEE, em dezembro de

2014 e 2015, os consumidores livres e especiais representaram 32% do total, enquanto que em

setembro de 2016 essa participação aumentou para 38%. Já em relação ao total transacionado

no ACL, a participação dos consumidores livres é em média de 70%. A Tabela 13 apresenta a

quantidade de contratos transacionados distribuídos por ambiente de negociação e comprador.

Nesse sentido, destaca-se o incremento de 5.875 contratos no ACL entre dezembro de 2015 e

setembro de 2016, logo um crescimento de cerca de 59%, sendo que desse total os

consumidores livres e especiais representam aproximadamente 70% dos contratos negociados

no ACL.

Tabela 13 - Número de contratos por ambiente de negociação e classe

Ambiente de Negociação Classe - Comprador Dez./14 Dez./15 Set./16 Var. (%)

Set./16/Dez./15

ACR Distribuidor 10.946 10.645 13.593 27,7

ACL

Autoprodutor 208 212 225 6,1

Comercializador 2.038 2.256 3.422 51,7

Consumidor Especial 4.284 4.446 8.348 87,8

Consumidor Livre 2.247 2.276 2.758 21,2

Gerador 86 77 137 77,9

Produtor Independente 715 764 1.016 33,0

Subtotal 9.578 10.031 15.906 58,6

TOTAL 20.524 20.676 29.499 42,7 Fonte: Adaptado de Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

7% 7% 7% 6% 6% 6% 6% 4%

17% 19% 19% 19% 21% 24% 28% 21%

3% 2% 2% 2% 2% 2% 2%

1% 4% 3% 3% 2% 2% 2%

2%

1%

66% 67% 67% 69% 68% 66% 61% 72%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*

Comercializador Importador/Exportador Produtor Independente Geradores Autoprodutor Distribuidor Total CE e CL

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Os montantes de contrato de compra de consumidores livres e especiais no centro de

gravidade por duração (em MWmed) estão apresentados na Tabela 14, onde observa-se um

crescimento percentual expressivo dos contratos com duração entre 1 mês e 5 meses, embora

a participação maior seja de contratos com duração de tempo maior.

Tabela 14 - Montante de contrato de compra de consumidores livres e especiais no centro de gravidade por

duração (em MWmed).

Duração dos Contratos Dez./14 Dez./15 Set./16 Var. (%)

Set./16/Dez./15

1 mês 47 157 374 138,2

2 a 5 meses 58 177 320 80,8

6 meses a 1 ano 884 1.652 1.841 11,4

Acima de 1 ano até 2 anos 1.371 769 1.162 51,1

Acima de 2 anos até 4 anos 2.442 2.038 2.770 35,9

Acima de 4 anos 6.322 6.387 7.060 10,5

Total 11.125 11.180 13.533 21,0 Fonte: Adaptado de Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

A Figura 19 apresenta a representatividade dos montantes contratados por duração dos

contratados, mostrando que entre dezembro de 2014, 2015 e setembro de 2016, mais de 70%

do montante contratado está concentrado em contratos com duração superior a dois e quatro

anos.

Figura 19 - Duração dos contratos de compra dos consumidores livres e especiais

Fonte: Elaboração própria a partir de Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

1 mês 2 a 5 meses 6 meses a 1 ano Acima de 1 ano

até 2 anos

Acima de 2 anos

até 4 anos

Acima de 4 anos

dez-14

dez-15

set-16

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71

3.3 - Consumidores livres por ramo de atividade.

Em geral, os consumidores classificados como livres são as grandes indústrias,

enquanto que os consumidores especiais são classificados como as médias indústrias e o

comércio. Como exemplo de consumidores especiais destacam-se os shoppings, bancos,

supermercados, hotéis, entre outros. A Tabela 15 apresenta o consumo (MWmed) dos agentes

livres e especiais, no centro de gravidade, por ramo de atividade em dezembro de cada

período.

Com base nesses dados, é possível destacar o crescimento percentual do consumo de

energia elétrica dos setores madeira, borracha e plástico, serviços, bebidas e alimentos,

minerais metálicos e não metálicos, enquanto a metalurgia e produtos de metal obtiveram uma

redução de consumo de energia elétrica cerca de 12% no período.

Tabela 15 - Consumo de agentes livres e especiais, no centro de gravidade, por ramo de atividade (em MWmed).

Consumo Médio Mensal - Em

MW Médio 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*

Var. (%)

2016/2010

Metalurgia e Produtos de Metal 3.725 3.414 3.331 3.257 2.977 2.857 3.294 -11,6

Químicos 1.460 1.544 1.625 1.677 1.606 1.603 1.705 16,8

Minerais Metálicos e Não Metálicos 983 1.362 1.397 1.524 1.630 1.649 1.653 68,2

Veículos e Transporte 701 762 770 826 797 702 726 3,6

Celulose 645 692 696 724 878 810 927 43,7

Bebidas e Alimentos 579 671 802 951 975 961 1.105 90,8

Madeira, Borracha e Plástico 429 490 619 708 956 934 1.024 138,7

Têxteis 376 368 404 455 427 398 434 15,4

Serviços 237 268 345 398 551 543 564 138,0

Outros 509 630 819 1.030 470 461 565 11,0

Total Geral 9.645 10.200 10.806 11.548 11.267 10.917 11.996 24,4 Fonte: Adaptado de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE)

Base - dezembro de cada período

* até setembro

Desde 2010 até setembro de 2016, o ramo de metalurgia e produtos de metal são os

setores com maior representatividade no consumo de energia elétrica, seguidos pelos setores

químico e o de minerais metálicos e não metálicos, nos quais representaram em média mais

de 50 % de todo o consumo dos agentes livres e especiais.

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Figura 20 - Participação (%) do consumo de consumidores livres e especiais por ramo de atividade.

Base - dezembro de cada período

* até setembro

Fonte: Elaboração própria a partir de Boletim Informativo e Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

3.4 – Tarifas de energia elétrica: uma breve apresentação dos dados atuais

Conforme informações contidas no Anuário Estatístico de Energia Elétrica, ano base

2015, divulgado pela Empresa de pesquisa Energética (EPE), entre 2010 e 2014 o preço

médio do MWh para as classes de consumo industrial e comercial foram de R$ 241,4 e R$

290,1. Em 2015, a tarifa industrial e comercial praticada no ACR aumentou, respectivamente,

cerca de 35% e 38%, em relação a 2014. Os valores praticados em cada uma das classes de

consumo, entre 2010 e 2015, e as variações nos preços da energia, entre 2015 e 2014, estão

apresentadas na Tabela 16.

Tabela 16 - Tarifas médias por classe de consumo (R$/MWh)

Classe de Consumo

no ACR 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Var. (%)

2015/2014

Residencial 300,56 315,6 333,4 285,2 305,4 419,3 37,3

Industrial 231,89 245,5 257,3 223,2 249,0 335,3 34,7

Comercial 284,82 295,2 307,5 269,9 293,1 403,8 37,8

Rural * 172,30 198,7 204,6 181,0 202,6 293,0 44,6

Poder Público 300,56 315,9 329,7 286,1 306,0 384,7 25,7

Iluminação Pública 166,39 174,6 182,5 161,3 178,9 239,7 34,0

Serviço Público ** 220,74 211,0 221,0 193,9 219,9 327,7 49,0

Consumo Próprio 284,42 309,7 322,5 282,8 308,2 372,5 20,9 Nota: Valores sem Impostos.

* Rural (rural; agricultor; irrigante).

** Serviço Público (tração elétrica, água, esgoto e saneamento).

Fonte: EPE (2016); ANEEL (2016).

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Metalurgia

e Produtosde Metal

Quimicos Minerais

Metálicos eNão

Metálicos

Veiculos e

Transporte

Celulose Bebidas e

Alimentos

Madeira,

Borracha ePlástico

Têxteis Serviços Outros

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*

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73

Em relação aos preços por nível de tensão (Tabela 17), percebe-se que entre 2010 e

2014 o preço médio do MWh praticado no ACR para o grupo A3 (nível de tensão > 69Kv) e

A4 (entre 2,3 e 25 kV) foram de R$ 197,3 e R$ 246,8. Em 2015, a tarifa de energia elétrica

dos dois grupos citados aumentou, respectivamente, 37% e 48%, em relação a 2014, chegando

a apresentar cerca de 88% de aumento para o grupo A1 (nível de tensão > 230kv).

Tabela 17 - Tarifas médias por tensão de fornecimento (R$/MWh).

Níveis de Tensão 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Var. (%)

2015/2014

A1 (230 kV ou mais) 155,22 160,79 162,97 143,57 167,10 313,68 87,7

A2 (88 a 138 kV) 198,90 208,41 215,96 166,71 189,37 305,71 61,4

A3 (69 kV) 200,11 217,35 225,05 164,53 179,52 246,30 37,2

A3a (30 kV a 44 kV) 198,89 215,47 224,55 203,17 229,47 355,44 54,9

A4 (2,3 a 25 kV) 236,86 250,91 261,27 230,19 254,67 377,27 48,1

AS (Subterrâneo) 271,42 271,99 287,12 266,29 294,32 438,38 48,9

BT (BAIXA TENSÃO) 288,15 300,92 316,09 272,67 292,30 408,80 39,9 Fonte: Anuário Estatístico de Energia Elétrica – EPE (2016); ANEEL.

Conforme ABRACEEL (2016), considerando um cenário de bandeira tarifária verde26

,

a tarifa média das 27 maiores distribuidoras do Brasil é de R$ 243,84/MWh, enquanto que o

preço médio de longo prazo para o ACL é 35% inferior (R$ 158,22/MWh).

Na edição de 17 de novembro de 2016, o Boletim Semanal da Curva Forward27

com

divulgação semanal pela DCIDE28

, apurou índices trimestrais, nos quais agregam os produtos

entre dezembro de 2016 a fevereiro de 2017, de R$ 157,11/MWh para a fonte de energia

convencional e de R$ 185,92/MWh para a incentivada. Num cenário de longo prazo -

próximos quatro anos (2018 a 20121) - o preço de referência para energia convencional foi

estimado em R$ 153,95/MWh, enquanto que o índice de energia incentivada foi de R$

187,57/MWh. A Figura 21 apresenta os índices trimestrais e de longo prazo para energia

26

O sistema de Bandeiras tarifárias está vigente no Brasil desde 2015 e possui três bandeiras: verde, amarela e

vermelha, as quais indicam se a energia custará mais ou menos, em função das condições de geração de

eletricidade. A Bandeira verde representa condições favoráveis de geração de energia elétrica e sem nenhum

acréscimo na tarifa. Já as Bandeira amarela e vermelha representam condições menos favoráveis, sendo que na

amarela a tarifa tem acréscimo de R$ 0,015 para cada quilowatt-hora (KWh) consumidos e na vermelha

acréscimo de R$ 0,030 se for patamar 1 e R$ 0,045 se for patamar 2. O sistema de bandeiras é aplicado por todas

as concessionárias conectadas ao Sistema Interligado Nacional - SIN, e desde 1º de julho de 2015, o sistema de

bandeiras passou a ser aplicado também pelas permissionárias de distribuição de energia, exceto Roraima por

não ser conectada ao Sistema Interligado Nacional – SIN (ANEEL, 2016). 27

Os índices apresentados no boletim são calculados com base nas métricas do Pool de preços apuradas

semanalmente pela Dcide utilizando as referências da curva Forward de energia elétrica dos agentes mais

comercialmente ativos. (DCIDE,2014). 28

Empresa que captura e processa informações de preços de energia elétrica a futuro, que servem como

referência para a comercialização de eletricidade no país.

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convencional e incentivada, bem como o índice PLD da semana e as respectivas variações

mensal e anual.

Figura 21 - Índices trimestrais e de longo prazo para energia convencional e incentivada

Nota: 1. Reflete o preço de referência da energia, na respectiva fonte, de novembro/2016 a janeiro/2017

(trimestre móvel).

2. Reflete o preço médio de referência de energia, na respectiva fonte, de 2018 a 2021 (longo prazo).

Fonte: Dcide (2016).

Ao comparar os custos de energia do mercado cativo com os custos de energia

adquirida no mercado livre, constata-se que desde 2003 o mercado livre de energia

proporcionou uma redução média de 21% ou R$42 bilhões em termos de redução de custos

para a indústria brasileira que adquire eletricidade no ACL. (ABRACEEL, 2016).

Figura 22 - Beneficio acumulado no mercado livre (em R$).

Fonte: Thymos/Abraceel (2016).

Nesse contexto, enfatiza-se a tendência de alta nos preços de energia elétrica

praticados no ACR, no qual os consumidores de todas as classes de consumo e níveis de

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tensão estão inseridos, enquanto que os agentes classificados como potencialmente livres, ou

seja, aqueles não atendidos pelo mercado regulado, vê no ACL a possibilidade de reduzir os

custos com energia elétrica, podendo, assim, migrarem do mercado cativo para o livre se as

condições de preço e fornecimento de energia forem relativamente adequadas e melhores do

que os praticados no ACR.

3.5 – Fonte de energia elétrica contratada no ACL.

Parte dos contratos realizados no ACL provém de fontes renováveis, a chamada

energia limpa e classificada como energia incentivada, gerada por usinas eólicas, biomassa,

solar, PCHs e Centrais de Geração Hidrelétrica (CGHs). A Tabela 18 apresenta a geração e a

capacidade das usinas distribuídas entre o ACR, ACL e o Programa de Incentivo às Fontes

Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA)29

.

Tabela 18 - Distribuição da Geração (em MWmed) e Capacidade (MW) das usinas de geração de eletricidade

por tipo de fonte renovável

Eólica Biomassa PCHs e CGHs

Dez/14 Dez/15 Set/16 Dez/14 Dez/15 Set/16 Dez/14 Dez/15 Set/16

Geração

(MWmed) 1.877 2.783 4.808 2.020 1.892 4.047 2.676 2.891 1.852

ACR 1.138 1.699 3.286 413 499 1.325 194 181 126

ACL 336 713 1.091 1.527 1.302 2.510 1.808 2.074 1.370

PROINFA 404 372 431 80 91 213 674 678 392

Capacidade

instalada (MW) 5.439 8.277 9.714 10.350 10.999 11.625 4.947 5.114 5.316

ACR 3.124 4.852 6.327 3.272 3.028 3.154 343 399 433

ACL 1.350 2.461 2.422 6.518 7.412 7.912 3.478 3.589 3.728

PROINFA 965 965 965 559 559 559 1.125 1.125 1.155 Fonte: Adaptado de Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

Conforme dados apresentados na Figura 23, as PCHs e CGHs destinam cerca de 70%

de sua geração de eletricidade para o ACL, seguida pelas usinas movidas a biomassa, com

69% da sua geração concentrada no ACL. Na sequência estão as usinas eólicas, que

diferentemente das PCHs/CGHs e biomassa, concentram 63% da geração para o ACR,

destinando para o ACL 22% da geração.

29

Criado pela Lei nº 10.438/2002, o PROINFA apresenta como objetivo principal o de aumentar a participação

de fontes renováveis (PCHs, eólica e biomassa) na geração de energia elétrica, contribuindo, assim, para

diversificar a matriz elétrica nacional.

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Figura 23 - Participação da geração das usinas movidas por fonte renovável no ACL, ACR e PROINFA.

Fonte: Elaboração própria a partir de Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

Com relação a participação percentual da capacidade das usinas no ACL, destaca-se as

PCHs e CGHs, nos quais concentram 70% de sua capacidade de geração no ACL e 22% para

o PROINFA. A biomassa destina em média 66% de sua capacidade para o ACL e 29% para o

ACR. Já a fonte eólica, por sua vez, tem uma maior capacidade de geração de eletricidade

concentrada no ACR (em média 60%), enquanto que para o ACL e PROINFA, o percentual

de representatividade da capacidade de geração é de em média 27% e 13%, respectivamente,

conforme mostramos dados da Figura 24.

Figura 24 - Participação (%) da capacidade das usinas movidas por fonte renovável no ACL, ACR e PROINFA.

Fonte: Elaboração própria a partir de Infomercado Mensal (CCEE, 2016).

61% 61% 68%

20% 26% 33%

7% 6% 7%

18% 26%

23%

76% 69% 62%

68% 72% 74%

22% 13% 9% 4% 5% 5%

25% 23% 21%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

dez/14 dez/15 set/16 dez/14 dez/15 set/16 dez/14 dez/15 set/16

Eólica Biomassa PCHs e CGHs

ACR ACL PROINFA

57% 59% 65%

32% 28% 27%

7% 8% 8%

25% 30%

25%

63% 67% 68%

70% 70% 70%

18% 12% 10% 5% 5% 5%

23% 22% 22%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

dez/14 dez/15 set/16 dez/14 dez/15 set/16 dez/14 dez/15 set/16

Eólica Biomassa PCHs e CGHs

ACR ACL PROINFA

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como o objetivo analisar a sistemática de contratação de energia

elétrica no ambiente livre. Fez-se necessário contextualizar os avanços do setor elétrico ao

longo do tempo, e apresentar, por sua vez, uma visão geral das reformas realizadas na década

de 1990, iniciada com o processo de privatizações, sendo estas seguidas pela nova

reestruturação realizada no ano de 2004. Esses dois processos de reorganização do SEB foram

imprescindíveis e determinantes para que o setor pudesse avançar no sentido de tornar as

regras de comercialização de energia mais transparentes além de praticar preços mais

competitivos e, sobretudo, garantir a segurança do suprimento energia elétrica, de modo a não

repetir problemas de abastecimento de eletricidade tal como o que ocorreu em 2001, onde o

país enfrentou a chamada “Crise do Apagão”.

Nesse contexto, a comercialização de energia foi instituída no novo modelo

juntamente com outros ambientes de comercialização/contratação de energia elétrica, a saber,

o de curto prazo, o regulado e o livre. O mercado de curto prazo está relacionado com a

dinâmica e a demanda de energia dos outros dois ambientes de contratação, além de

considerar outras variáveis, como as condições hidrológicas do país, no processo de

determinação do preço da energia elétrica no curto prazo. Em 2013, por meio da promulgação

da Lei 12.783, o Governo Federal objetivava reduzir em até 20% os preços da energia elétrica

através de desonerações de alguns encargos setoriais e da antecipação da prorrogação de

concessões. Apesar de toda a discussão acerca dessa lei, algumas inclusive apresentando

opiniões divergentes, as medidas sobre concessões de geração, transmissão e distribuição de

energia elétrica foram implantadas, porém os resultados alcançados não foram condizentes

com o estipulado, a priori, pela referida lei, sobretudo em função do cenário hidrológico

desfavorável em 2014. Nesse contexto de mudanças regulatórias, os agentes integrantes do

ACL se viram prejudicados com a nova medida e a discussão central oriunda desses

acontecimentos esteve relacionada com a destinação de todo o volume de “'energia velha”,

transformado em cotas, para o mercado regulado.

No entanto, devido aos preços de energia elétrica, praticados no ambiente regulado,

permanecer elevado entre 2014 e 2015, logo com pouca perspectiva de redução, as projeções

de expansão para o ACL, anuladas em 2013, foram recuperadas, principalmente a partir do

final de 2015. Isso motivado em parte pela sobra de energia elétrica no mercado regulado,

decorrente tanto da recessão econômica como das tarifas de energia elétrica praticadas no

ambiente regulado, de modo que poderia ser direcionado para as classes comercial e industrial

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a preços mais elevados que os praticados no ACL, cuja energia contratada é de longo prazo,

tendo os contratos duração superior a 4 anos.

Historicamente, o preço da energia elétrica determinado no ACL é 20% inferior ao

praticada no ACR, no entanto, a depender do período que se faça a comparação e a

contratação, a redução de preço pode ser ainda mais significativa, desde que comporte um

número maior de agentes e de consumo de eletricidade em MW médios.

O resultado desses elementos nos leva a entender que o mercado livre oferece um

ambiente propício para a expansão da contratação e comercialização da energia elétrica, com

uma potencialidade maior de consumidores aptos a migrarem para o ACL. Logo, a partir da

análise de dados e informações disponibilizadas pela CCEE, foi possível constatar esse

crescimento não somente na quantidade dos agentes, mas também na energia consumida e

contratada, destacando-se a representatividade principalmente dos consumidores especiais.

De forma geral, os consumidores especiais são empresas comerciais como

supermercados, faculdades e shoppings, nos quais possuem média de contratos de energia

elétrica com valores mensais entre R$ 60 e R$ 300 mil. Em contrapartida, os consumidores

livres são caracterizados pelas grandes indústrias, com contratos mensais que podem variar

entre R$ 300 e R$ 500 mil. O ramo de atividade com maior representatividade no consumo

dos clientes livres e especiais é a metalurgia e produtos de metal, seguido pelo químico e

mineral não metálico.

As negociações, realizadas bilateralmente entre consumidor e gerador ou por

intermédio de comercializador, são registrados em contratos predominantemente de longo

prazo (acima de 4 nos), porém se somados os montantes contratado, com duração entre 2 e 4

anos, a representatividade em relação ao todo é superior a 70 %.

Com relação às fontes de energia elétrica que atendem o ACL, destacam-se as PCHs e

CGHs, nos quais destinam cerca de 70% de sua geração de eletricidade para esse mercado,

sendo seguida pelas usinas movidas a biomassa, onde 69% da sua geração está concentrada no

ACL, e as eólicas, que, diferentemente das PCHs/CGHs e biomassa, concentram 63% da

geração para o ACR, destinando para o ACL apenas 22% de sua produção.

Sendo assim, e diante do cenário exposto, constata-se a relevância do ACL não apenas

para o SEB, mas, sobretudo, para a economia e desenvolvimento empresarial, principalmente

para a indústria e o comércio, sendo toda a sistemática de contratação de energia elétrica no

ACL de fundamental importância para a expansão do próprio mercado livre, bem como

determinante no processo de competitividade e amadurecimento do próprio setor elétrico

como um todo.

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